vida orgânica em capella - os fatos

76
EDITORIAL OS LIMITES DA FICÇÃO Não é muito fácil estabelecer uma linha demarcatória entre realidade e ficção. Ainda mais num país onde a educação é tão precária, onde um número reduzido de pessoas consegue uma leitura correta do mundo. Ler significa interpretar, ou seja, dar significado a uma série de acontecimentos à nossa volta. Trata-se de uma atividade tão ampla que a todo tempo estamos realizando: quando lemos um significado em algum acontecimento, examinamos o comportamento de alguém, a reação que apresentamos diante de alguma situação, observamos um quadro, ao tentarmos encontrar uma cidade no mapa ou nas brincadeiras de um animal doméstico. Quanto melhor é a observação que fazemos do mundo, das coisas à nossa volta, melhor é a leitura que realizamos, maior quantidade de símbolos identificamos, maior significado obtemos. Ao estabelecermos conexões entre as experiências anteriores e as informações armazenadas em nossa memória, mais próximo chegamos do significado dos acontecimentos. Trata- se de uma arte que precisa ser aprendida, não depende da intelectualidade avançada: quem a domine terá interesse por tudo que o cerca. A leitura não se restringe ao texto – entendida como qualquer significado articulado de uma determinada linguagem escrita ou oral. Um quadro contendo uma pintura qualquer, pode ser um texto, pois tem um significado articulado através da linguagem pictórica. Um filme apresenta além do texto verbal dos diálogos, um texto visual,

Upload: albino-a-c-de-novaes

Post on 12-Jun-2015

1.490 views

Category:

Documents


32 download

DESCRIPTION

Análise científica da possibilidade de vida orgânica nas esferas capelinas. Desfazendo mitos existentes sobra o exílio de Espíritos que reencarnaram na Terra.

TRANSCRIPT

Page 1: Vida orgânica em Capella - os fatos

EDITORIAL

OS LIMITES DA FICÇÃO

Não é muito fácil estabelecer uma linha demarcatória entre realidade e ficção. Ainda mais num país onde a educação é tão precária, onde um número reduzido de pessoas consegue uma leitura correta do mundo. Ler significa interpretar, ou seja, dar significado a uma série de acontecimentos à nossa volta.

Trata-se de uma atividade tão ampla que a todo tempo estamos realizando: quando lemos um significado em algum acontecimento, examinamos o comportamento de alguém, a reação que apresentamos diante de alguma situação, observamos um quadro, ao tentarmos encontrar uma cidade no mapa ou nas brincadeiras de um animal doméstico. Quanto melhor é a observação que fazemos do mundo, das coisas à nossa volta, melhor é a leitura que realizamos, maior quantidade de símbolos identificamos, maior significado obtemos. Ao estabelecermos conexões entre as experiências anteriores e as informações armazenadas em nossa memória, mais próximo chegamos do significado dos acontecimentos. Trata-se de uma arte que precisa ser aprendida, não depende da intelectualidade avançada: quem a domine terá interesse por tudo que o cerca.

A leitura não se restringe ao texto – entendida como qualquer significado articulado de uma determinada linguagem escrita ou oral. Um quadro contendo uma pintura qualquer, pode ser um texto, pois tem um significado articulado através da linguagem pictórica. Um filme apresenta além do texto verbal dos diálogos, um texto visual, constituído pelo cenário, expressões fisionômicas dos atores e figurantes. A televisão também explora esse tipo de texto.

Não é fácil atribuir significados para realizar essa tarefa de leitura. Depende da vivência de cada leitor, pois é exatamente essa vivência que faz cada um de nós observarmos o mundo de uma forma diferente da dos outros. Verifique o que cada pessoa pensa a respeito de um assunto e terá várias leituras diferentes. Pode-se aí tomar uma ficção como realidade, tomar idéias falsas como verdadeira, sem perceber o ardil do autor na ilusão criada por guardar certa relação com algumas descobertas da ciência. Somente uma leitura crítica é capaz de detectar os significados não explícitos, escondidos, ou seja os significados conotativos ou figurados. É quando surgem algumas perguntas que dirigimos ao texto: O que o autor pretende mostrar ou demonstrar com esse texto? Quais os valores que nele aparecem? Como as idéias apresentadas e o ponto de vista assumido se

Page 2: Vida orgânica em Capella - os fatos

ligam à época da produção do texto? Qual a relação do texto com o atual contexto histórico social? Quais as contradições que o texto apresenta com a ciência atual?

Analisando alguns livros sob essa ótica, encontramos muitos livros que não podem ser entendidos senão como obras de ficção, em bom número são obras consideradas mediúnicas. Um dos maiores astrônomos do século XIX, na França, Camille Flammarion, produziu obras como URÂNIA – escrito em forma de diálogos intercalados por informações e idéias do movimento espírita francês e da Astronomia, misturando dados científicos com concepções resultantes de sua imaginação criativa; O FIM DO MUNDO, cuja primeira edição apareceu na França em 1893. Foi traduzido no Brasil por M. Quintão e publicada pela Federação Espírita Brasileira. Uma obra que pode ter levado algumas pessoas ao suicídio por ocasião do aparecimento do Cometa da Halley em 1910. Descreve o fim do sistema solar por volta do século XXV; NARRAÇÕES DO INFINITO, escrito em 1866 e publicado na Revue du XIX e Siècle, na França com a denominação “Lumen”. É considerado um “romance astronômico” escrito em forma de diálogo entre dois personagens sendo um encarnado e o outro um Espírito; ESTELA é também uma obra de ficção. Trata-se de uma narrativa envolvendo dois personagens: Rafael e Estela. O autor não deixa de trazer informações científicas envolvendo Astronomia, sob a forma de debate contendo temas materialistas e espiritualistas.

Algumas obras têm sido campeãs de venda e merecem um lugar em nossa lista e não são consideradas obras mediúnicas: O Código Da Vinci Dan Brown, Anjos e Demônios (Dan Brown), Os Segredos do Código (Dan Burstein), Maria Madalena e o Santo Graal de Margareth Starbind.

Os médiuns brasileiros também produziram textos de ficção. Concentraremos nossa atenção no livro “A Caminho da Luz”, atribuída à psicografia de Emmanuel através de Francisco Cândido Xavier. Do mesmo autor, temos ainda: Nosso Lar, Há dois mil anos, Cinquenta Anos Depois, Renúncia e outros mais, que são aceitos sem nenhum questionamento por um grande número de pessoas.

Nenhuma dessas obras informa o caráter de ficção que apresentam, confudem-se com a realidade. Surge então a questão: Espíritos originários de Capella podem ter-se exilado na Terra?

Page 3: Vida orgânica em Capella - os fatos

Albino A. C. de Novaes02/11/1947 – Recife (PE)

Professor, Astrometista, Físico e Matemático.Educado por pais espíritas, conheceu outras religiões por força da profissão, tendo atuado em instituições educacionais católicas e batistas, sem nunca ter deixado o Espiritismo de lado.

No campo profissional entregou-se à educação como professor de Matemática graduado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Bioestatística, em cursos de especialização na área de saúde. Dedicou boa parte de sua vida às pesquisas envolvendo Lógica estrutural e Teoria da Significação aplicada à Métodos de Leitura de textos verbais e não verbais, sistemas de codificação e decodificação de linguagens matemáticas (criptografia). Tem a Exobiologia como a principal área de interesse, despertada após longos estudos de Astronomia, onde pesquisa a possibilidade de que outros mundos sejam habitados por diversas inteligências. Como espírita, faz aplicar o método de leítura crítica, sendo por esse motivo combatido por muitas pessoas. Sua curiosidade o leva a perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo que lê nos livros, sobre a sociedade, as associações espíritas, sobre o movimento espírita de um modo geral. Interessa-se pelas coisas, pensa sobre elas, e com freqüência suspeita de tudo que é dito facilmente através de diversas formas de linguagens, das convenções estabelecidas, principalmente as que são produzidas mediunicamente. É um questionador, pois se dedica a avaliar o significado das idéias levando em conta a história de cada uma delas, a época, o contexto social que as envolveram. Considera em seus estudos, o

Page 4: Vida orgânica em Capella - os fatos

grau de novidade que as idéias apresentam no momento em que são criadas e o desgaste que sofrem com o surgimento de outras idéias mais significativas. Não dá valor à crítica gratuita, baseada no gosto e na opinião individual, subjetiva. Despende esforços para praticar a crítica objetiva, que independe do gosto e que está fundamentada na mais pura lógica.

OS EXILADOS DE CAPELLA

Vários livros têm sido escritos sobre o assunto, inúmeras citações e destaques são encontrados em diversas obras consideradas espíritas e outras mais de cunho espiritualista; romances, ficção, palestras, etc. O que há de verdade em tudo isto? Totalidade das obras espíritas que abordam o exílio dos capelinos na Terra tem uma única fonte: o livro “A Caminho da Luz”, obra escrita por Francisco Cândido Xavier em 1938 e atribuída a um Espírito que se identificou como Emmanuel. Temos também o livro “Os Exilados de Capella”, escrito por Edgard Armond que também utiliza o livro do Chico como referência. São os mais antigos.

Este é o sistema Capella que quase totalidade dos Espíritas acredita. Um sistema estável, a irradiar luz diáfana para o espaço, aquecendo mundos com alguma semelhança com a Terra, abrigando uma humanidade mais evoluída.

Ao questionar a fonte original, estamos colocando sob suspeita todas as obras que utilizaram essa mesma fonte. E não o fazemos com intuito de contestar por contestar ou de fazer uso de critérios estritamente materialistas. Aplicamos os critérios recomendados por Kardec, com apoio da mais estrita lógica, do raciocínio científico apoiado na moderna filosofia científica, por este motivo precisamos de um método.

“O método é uma conexão de muitos juízos, ou raciocinações, instituída para descobrir a verdade, ou para comunicar a outros, depois de descoberta. O método com que se descobrem as verdades, subindo-se para universais com indução dos singulares, chama-se ANALÍTICO, isto é, de RESOLUÇÃO; porque se resolvem os particulares e deles se tiram as

Page 5: Vida orgânica em Capella - os fatos

verdades universais; mas o método com que ensinamos as verdades descobertas, descendo dos universais para os particulares, chama-se SINTÉTICO, isto é, de COMPOSIÇÃO”. (Antonio Genovesi – séc. XVII).

O método de pesquisar a VERDADE CIENTÍFICA é o mesmo que deve ser empregado na conquista da VERDADE RELIGIOSA. Não há qualquer diferença entre uma verdade científica e uma verdade religiosa: a verdade é por si mesma. Não há dois processos diferentes de aprendizagem ou de construção de conhecimento. Existe um único e natural caminho: INDAGAR, DEDUZIR, EXPERIMENTAR, CONFRONTAR, OBSERVAR e CONCLUIR, sem o qual não é possivel chegar à solução dos problemas científicos e religiosos.

Não vivemos mais a era dos dogmas e dos rituais. O imperialismo perde força, deixa de ser dominante tanto na ciência, como na política e na religião. Hoje, o conhecimento não se impõe, constrói-se laboriosamente. O homem quer pensar e agir com liberdade, direito inalienável concedido a todos por Deus.

A confiança depositada no informante não é garantia de que o que foi informado possa ser verdadeiro. Há sempre o risco de que a informação não expresse a verdade. Professor, Médium, Padre, Pastor, Espírito, etc. são autoridades nas quais, em geral se tem depositado irrestrita confiança. É ingenuidade pensar que eles não possam errar. Por acaso existem professores infalíveis? Médiuns e Espíritos infalíveis? Padres ou pastores infalíveis? Muitos espíritas alegam ser Emmanuel um Espírito Puro e o mesmo têm dito do Chico. Reconheço o valor do Chico como grande médium que foi, mas não vou além disso. Quanto à avaliação que conduz estes ou quaiquer outros Espíritos à categoria de pureza, não posso admitir – para conhecer o referencial ou seja o limite estabelecido por Deus para, a partir do mesmo, estabelecer uma linha divisória entre os puros e os ainda imperfeitos espíritos é preciso

Page 6: Vida orgânica em Capella - os fatos

ser puro ou ser Deus. Fico com Erasto: “...nunca será demasiado repetir, não aceiteis nada cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso, aprofundado e severo.” (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns) . Não houve tal cuidado com nenhuma das obras publicadas no Brasil como sendo espíritas. Cabe-nos então proceder este exame, e o faremos mesmo que isso possa contrariar interesses e crenças, pois não há nenhuma violação de direito quando se objetiva a verdade e não é possivel construí-la sem o esforço da pesquisa. Impedir ou proibir, sob qualquer pretexto, o exercício e a manifestação do sistema científico – uma conexão de muitas verdades descobertas por juízos, raciocinações e métodos – é o mesmo que silenciar o filósofo, infrigir-lhe o banimento intelectual e de acordo com Sócrates, o pior crime que se poderia cometer contra ele. É ainda mais que isto: significa um retorno ao dogmatismo.

Aceitar a informação de que espíritos exilados de Capella reencarnaram na Terra, sem nenhum exame, sem nenhum estudo, com base na crença que sustenta, pela autoridade que representam seus informantes é o mesmo que adotar para si o CONHECIMENTO TEOLÓGICO, produto da fé humana, fé depositada num ser tido como superior e infalivel e que lhe traz respostas prontas que não poderam ou não quiseram obter com os conhecimentos vulgar, científico ou filosófico. Ao contrário do que recomenda Kardec:

O CONHECIMENTO FILOSÓFICO tem por origem a capacidade do homem e por instrumento exclusivo o racocínio. O homem é o tema permanente de suas considerações, o filosofar pressupõe a existência de um dado determinado sobre o qual refletir, por isso apóia-se nas ciências.

O CONHECIMENTO CIENTÍFICO resulta da investigação metódica, sistemática da realidade. Ele transcede os fatos e os fenômenos em si mesmos analisam-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem. Como objeto da Ciência é o Universo material, físico, naturalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante ajuda de instrumentos de investigação, o conhecimento científico é verificável na prática, por demonstração ou experimentação.

O Conhecimento vulgar ou empírico não pode ser dispensado, pois faz parte do conhecimento subjetivo que adquirimos com a vida cotidiana ao acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Em geral resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto sem observação metódica nem verificação sistemática por isso carece de caráter científico. Pode resultar de simples transmissão de geração para geração e assim fazer parte das tradições de uma coletividade.

Page 7: Vida orgânica em Capella - os fatos

O SER precede o conhecimento que temos dele, sem que os seres, os fatos, os fenômenos, enfim o mundo sensível exerça qualquer ação sobre os órgãos dos nossos sentidos, é impossivel obtermos qualquer conhecimento objetivo. Em outras palavras, isto significa que a causa de nossas sensações é a própria realidade tangível. As sansações dã-nos a imagem do Universo real, onde qualquer objeto material atua de alguma forma sobre os órgãos dos nossos sentidos, causando-nos uma sensação. Essa informação é transmitida para o cérebro e forma uma imagem exata, a cópia do objeto. Algumas vezes os órgãos sensoriais precisam de instrumentos ou equipamentos que possam ampliar nossa capacidade natural de sentir. Isso significa que podemos conhecer realmente o MUNDO MATERIAL, ou seja, dele obtermos um conhecimento subjetivo. Por exemplo, nossos olhos não são capazes de ver o que se passa na intimidade dos astros que nos cercam, das estrelas anos-luz de distância; não conseguimos ver um virus ou uma bactéria; mas com ajuda de instrumentos ópticos e eletrônicos podemos ampliar as imagens e obter detalhes significativos. Radiotelescópios detectam a presença de astros que nem mesmo os mais poderosos telescópios ópticos podem observar; assim, nossos sentidos recebem a sensação da presença de um objeto que está a alguns milhões da anos-luz distante de nós. Somente assim é que podemos conhecer realmente o mundo material, ou seja, dele obtermos um conhecimento objetivo.

O conhecimento racional objetivo não dispensa o conhecimento sensível: tomando a ciência como ponto de apoio, a Filosofia produz conhecimento racional objetivo. Quando não considera os dados científicos produz tão somente conhecimento racional abstrato ou seja, conhecimento subjetivo. O conhecimento de que os “exilados vieram de Capella” sustentado sem apoio científico, se encaixa perfeitamente nos domínios do conhecimento subjetivo, pois todo conhecimento teológico que sabemos ser produto exclusivo da fé, é conhecimento IDEAL, METAFÍSICO e ABSTRATO.

Quando deturpamos a verdade, deturpamos também o conhecimento – isto se aplica em todos os segmentos do saber. A verdade é a realidade das coisas. Toda vez que há divergência entre o objeto real e a percepção que temos dele, ocorre uma deformação da realidade, portanto, uma deturpação da verdade. Por seu turno, toda vez que há coincidência entre o objeto real e a percepção que temos dele, com suas propriedades reais, ocorre a representação da própria realidade, portanto, o conhecimento da verdade.

Page 8: Vida orgânica em Capella - os fatos

VIDA ORGÂNICA EXTRASOLAR

“O tempo das hipóteses desconexas e imóveis passou, como passou o tempo das experiências isoladas e curiosas. Daqui em diante, a hipótese é sintese.” (G. Bachelard – O Novo Espírito Científico)

Não vejo a Lógica como uma arte de contenda movida por prazer efêmero de pompa e de vitória, no modelo dos Gregos Sofistas, e depois deles pelos Filósofos Escolásticos; vejo-a como uma arte que governa o Espírito Humano na indagação da sabedoria necessária ou útil à construção do Conhecimento, onde a opinião subjetiva não encontra espaço além do que se espera. A reta razão faz-se com o exercício e uso do entendimento. Em qualquer objeto científico em que se pretenda construir algum conhecimento, primeiramente se adquirem as idéias das coisas singulares; depois disto, pouco-a-pouco, se fazem os princípios com a comparação das idéias, e a prática nos conduz ao raciocínio que permite inalar conclusões.

Nosso objeto científico é a “Vida Orgânica Extrasolar” e as primeiras idéias necessecitam de novas técnicas que estão sendo incrementadas para a obtenção de dados que têm aumentando de forma acelerada nosso conhecimento sobre os planetas extrasolares. Os cientistas têm encontrando um grande número de planetas fora do sistema solar, até agora a maioria

significativa tem sido de planetas maiores do que Júpiter, mas já se tem detectado planetas de tamanho aproximadamente igual ao da Terra. Na figura ao lado temos um disco negro, correspondente a um planeta descoberto em órbita da estrela HD49674, na constelação de Aurigae, a uma distância de 0,05 UA (cerca de 7.500.000 km)

desta estrela. Sua massa corrsponde a cerca de 0,15 da massa de Jupiter ou seja 40 vezes a massa da Terra. Provavelmente ele não está sozinho, pois, foi encontrada uma possível massa planetária com uma dimensão semelhante à de Netuno, tudo indica ser um planeta gasoso, ambos girando em torno da estrela Cancri 55, que é conhecida por ter em sua órbita três outros planetas gasosos gigantes.

Poucas aventuras científicas modernas podem se comparar com as que estão vivendo os modernos navegadores, que no lugar de embarcações rústicas, naus e galeras, utilizam-se de modernos telescópios eletrônicos

Page 9: Vida orgânica em Capella - os fatos

colocados em órbita da Terra e sem sairem do lugar, munidos de seus equipamentos, alcançam distâncias inimagináveis que seriam impossíveis aos limitados sentidos humanos.

“Os caçadores de planetas” estão posicionados em diversas latitudes e longitudes, nos dois hemisférios do planeta e agora também no espaço na estação orbital tripulada idealizada pelos russos e nas automáticas colocadas em órbita da Terra .

Telescópio eletrônico em órbita da Terra - Chandra

No dia 13 de junho de 2002, um selecto grupo encontrou, após 15 anos de exaustiva e minuciosa procura, um sistema planetário muito parecido com o nosso Sistema Solar. A equipe coordenada pelo prof. Geoffrey Marcy, da University of California, em Berkeley, juntamente com o Astrônomo Paul Butter, do Carnegie Institution of Washington, fazendo o uso de um telescópio óptico de 3 metros de diâmentro, instalado no Lick Observatory e operado pela University of California, detectaram pela primeira vez um planeta muito semelhante a Jupiter em órbita de uma estrela anã do mesmo tipo espectral e com massa equivalente ao Sol. Um outro fato que chamou a atenção foi a semelhança entre as distâncias deste planeta e sua estrela, com a que temos entre Jupiter e o Sol. A descoberta despertou muito euforia, apesar de já se ter encontrado vários outros planetas do tipo-Jupiter em

Page 10: Vida orgânica em Capella - os fatos

órbita de algumas estrelas. Mas existe um fato que notabilizou a nova descoberta: todos os outros planetas encontrados até então, possuíam órbitas não circulares, muito alongadas, e estavam muito próximos às estrelas. São chamados “Jupiteres quentes”; ao contrário do recém descoberto, sua órbita o coloca praticamente nas mesmas condições de temperatura que o nosso planeta gigante.

A ilustração, concebida artisticamente pelos computadores da NASA, permite uma comparação entre os dois sistemas: o Solar e o 55 Cancri, onde foi descoberto o planeta do tipo Jupiter.

Os astrônomos procuram planetas de algum modo semelhantes à Terra, e por certo existem muitos – encontrá-los significa muito para o exobiólogo: a medalha de ouro para a maratona espacial - . Muito mais que prestígio, seria uma injeção de ânimo portentosa numa maratona muito mais difícil: a corrida para encontrar o primeiro ser vivo fora do sistema solar. Vida por certo há em toda parte do universo, mas vida biológica é algo raro. Os estudiosos da exobiologia sabem que procurar vida, mesmo nas vizinhanças é algo que pode demandar várias décadas, na previsão mais otimista. O fato de termos percorrido, nos seis últimos anos, uma distância imensa na direção certa, não significa ainda garantia de que estejamos no limiar do encontro tão esperado. A descoberta do primeiro organismo extra-solar pode ainda estar um pouco distante.

As condições para existir vida em algum lugar do universo precisam ser as mesmas da Terra?

Existe alguma forma de vida com base numa química ainda desconhecida do homem?

Segundo Antonio Genovesi, um padre e filósofo italiano do século XVIII, o ofício do Filósofo é indagar bem as verdades, não uma qualquer, mas a necessária ou, ao menos, a útil à vida humana. Aqui, nossas indagações obedecem também a um fim útil: a construção do conhecimento verdadeiro que, sem ser absoluto, abrirá espaços para que outros questionamentos possam ser feito fazendo avançar a ciência do homem, corrigindo alguns pontos e levantando outros. A verdade é minha primeira preocupação conceitual, pois afinal, “A verdade é o caráter essencial de toda REVELAÇÃO. Revelar um segredo, é dar a conhecer um fato; se a

Page 11: Vida orgânica em Capella - os fatos

coisa é falsa, não é um fato e, por coseqüência, não há revelação. Toda revelação desmentida pelos fatos não é revelação (...)” (A Genese – Allan Kardec: cap. I-03). O objetivo da Ciência é demonstrar ou negar a informação que se obtém através de algum meio de observação – utiliza-se de um método, o método científico.

A primeira pergunta tem levado os exobiólogos a aprofundar seus conhecimentos da vida terrestre, levando-os, inclusive a uma reformulação do conceito de vida. A existência de alguma forma de vida orgânica está condicionada à várias outras questões que não podemos desprezar, salvo se quisermos correr o risco de um mergulho no oceano obscuro da opinião subjetiva. E a opinião não tem valor científico. Por este motivo nenhuma resposta científica pode ter o valor de uma opinião. Antes de responder a primeira pergunta precisamos examinar o conceito biológico de vida. De acordo com o prof. Oró, autor de uma obra intitulada “Avances de la Bioquimica” – Salvat, Barcelona, 1977 – pode-se admitir até dez tipos e definições de vida (nos dias de hoje acrescentam-se mais algumas): vida inteligente; vida animal; vida vegetal; vida multicelular; vida unicelular, de células eucariotas (com núcleo visível e desenvolvido); vida subcelular; virus complexos; virus simples e vida molecular, de uma molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico) que não pode existir em si sem a presença das enzimas e dos mecanismos necessários para a reprodução do material genético. Não se pode dar uma definição tão abrangente que possa servir para todos os conceitos de vida. Conceituar vida tornou-se assim um intrincado quebra cabeça. Ao responder a pergunta proposta no início deste segmento, pensamos vida numa dimensão que transcede a tudo que os biólogos possam definir fazendo uso do conhecimento científico. Mas há algo que precisamos estar atentos: “Dois elementos ou, se quiserem, duas forças regem o Universo: o elemento espiritual e o elemento material; da ação simultânea desses dois princípios nascem os fenômenos especiais que são naturalmente inexplicáveis, se se faz abstração de um deles, absolutamente como a formação da água seria inexplicável se se fizesse abstração de um dos dois elementos constitutivos: o oxigênio e o hidrogênio.” (Introdução – A Gênese / Allan Kardec). As condições a serem satisfeitas dependem, portanto, do tipo de vida que se pretende encontrar, de que natureza é; assim, as condições não precisam ser exatamente as mesmas. Precisamos determinar com precisão que tipo de vida pretendemos encontrar. Se for vida biológica, a química não pode ser diferente, ou seja, os elementos químicos forçosamente deverão ser os mesmos, as substâncias poderão variar em gênero e número de forma incomensurável; afinal, podemos comparar os seres vivos orgânicos das profundas fossas marinhas – como a fossa de Java, por exemplo, com cerca de 11.000 metros de profundidade – com os animais terrestres ou dos mares

Page 12: Vida orgânica em Capella - os fatos

a baixa profundidade? O mesmo se dá, na devida escala com os diversos ambientes planetários. Mesmo na superfície terrestre, encontramos grande diversidade nas formas e na natureza dos seres vivos: em que se asemelha um gafanhoto com o homem? Sua química, por certo. Os elementos químicos da base constitutiva da vida orgânica precisam estar presentes: a química do organismo precisa existir.

A segunda pergunta encontra-se a meu ver respondido pela própria Química. Vou tentar justificar. Não existe outra química se considerarmos a estrutura da matéria. Precisamos levar em conta dois números importantes. O primeiro, representado pela letra Z, é o número de prótons no núcleo. Por exemplo, o número atômico do carbono é 6, portanto, um número inteiro. O outro é indicado pelo número de prótons mais o número de neutrons, representado pela letra A e é conhecido como número de massa. Para o carbono temos A=12. Costuma-se representar o carbono por 12C6. As propriedades químicas de um elemento são determinadas pelo número atômico. Assim, para que se tenha o carbono é preciso que se tenha Z=6, caso contrário não será carbono. Não existe nenhum outro elemento com o mesmo número atômico. Isto se aplica a todos os outros elementos químicos. De que modo foi organizada a Tabela Periódica?

A base teórica na qual os elementos químicos estão arranjados atualmente - número atômico e teoria quântica - era desconhecida na época de Dimitri Ivanovich Mendeleev. Foi desenvolvida inicialmente não teoricamente, mas com base na observação química de seus compostos, permanecendo no formato idealizado por várias décadas. Em 1869, Mendeleev, que gostava de jogar cartas, vencido pela exaustão

depois de trabalhar três dias e três noites em um problema, adormeceu e sonhou que distribuia sobre a mesa as cartas e viu surgir no lugar dos naipes, os 63 símbolos químicos conhecidos na época. Ao acordar, acrescentou ao livro de química orgânica que estava escrevendo, uma tabela com as cartas que havia criado para cada símbolo, a massa atômica e suas propriedades químicas e físicas. As cartas foram organizadas seguindo a ordem crescente de suas massas atômicas. Em 1906, Mendeleev recebeu

o Prêmio Nobel por este trabalho.Um passo decisivo para a organização da moderna

tabela periódica foi dada, em 1913, pelo cientista britânico Henri Mosseley ao descobrir que o número de prótons no núcleo de um determinado átomo, era sempre o mesmo. Fato que o levou a usar essa idéia para o número atômico de cada átomo. O trabalho de Mosseley motivou uma reformulação na tabela

Page 13: Vida orgânica em Capella - os fatos

periódica de Mendeleev, que passou a ser organizada de acordo com o número atômico, trazendo solução para os problemas que antes existiam na tabela.

Em 1950 tivemos outra alteração significativa com a descoberta do Plutônio e de toda a série dos actinídios, por Glenn Seaborg outro Prêmio Nobel. O sistema de numeração dos grupos da tabela periódica atual é recomendado pela IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada) – utilizam-se algarismos arábicos na numeração que é feita de 1 a 18, da esquerda para a direita, sendo atribuído o grupo 1 aos metais alcalinos e o 18 o dos gases nobres. Os elementos transurânicos vão do número atômico 94 até o 102. Já são conhecidos elementos acima do seabórgio (número atômico 106), mas não há como incluir qualquer outro elemento abaixo desse, uma vez que a tabela não oferece nenhum espaço e os números atômicos são números inteiros. Conclusão: não há outra química!

AS QUESTÕES QUE PRECISAM SER RESOLVIDAS

As questões propostas a seguir, visam verificar se um determinado sistema estelar, escolhido como alvo de estudo, apresenta ou não características físicas que possibilitem esferas planetárias onde a vida orgânica possa se desenvolver. Utilizaremos o sistema Capella como modelo para nossas considerações, afinal nosso objetivo é mostrar que a crença nos “exilados de Capella” não passa de um mito.

A estrela está na seqüência

principal?

O diagrama de Hertzsprung-Russel (HR), que relaciona temperatura e luminosidade, tomando o Sol como referência, mostra as regiões ocupadas pelas estrelas de vários tipos ou populações. Na seqüência principal encontramos estrelas compostas da População I onde o Sol se encontra. A expressão “população estelar” designa uma coleção de estrelas dotadas de certas propriedades comuns (físicas ou químicas), ou que obedecem a uma lei de distribuição bem definida (posições ou

Page 14: Vida orgânica em Capella - os fatos

velocidades). As estrelas da População I são mais estáveis, tendo mais chances de possuir planetas em condições de abrigar a vida orgânica. Alpha-A e Alpha-B aurigae (Capella) estão fora da seqüência principal na faixa das gigantes amarelas. No diagrama HR vemos as posições do Sol e das gigantes amarelas do Sistema Capella.

O fato de não ser satisfeita a primeira condição, ou seja, pertencer à seqüência principal por si só já constitui uma dificuldade considerável à existência de vida orgânica em qualquer de suas esferas, pois o item estabilidade está comprometido. As duas componentes não são suficientemente estáveis, além de outros fatores negativos que verificaremos mais adiante.

A estrela possui elementos químicos pesados?

Espectro de Alpha Aurigae ou Capella

Podemos mapear os elementos químicos existentes numa estrela observando seu espectro, como o que se encontra acima. No caso de Alpha Aurigae encontramos elementos químicos pesados, como podemos ver nos espectros ultravioletas do RSCVn sistema luminoso binário, Capella (HD34029 – G8III + G0III) obtido entre 10 e 13 de dezembro de 1992. Foi obtido um espectro rico de linhas de emissão num tempo de integração de 20 horas, sendo detectado ferro ionizado identificados como FeXV, FeXVI, FeXVIII extendendo-se até Fe XXIV. Ainda de acordo com o “extreme ultraviolet spectre” (70-740 angstrons), a medida de emissão para o sistema revela uma distribuição contínua de temperaturas de plasma entre 1E+05 K a 1E+7,8 K registrando uma temperatura mínima superficial em torno de 1E06 K até um máximo de 6E06 K. Com um “electron density diagnostics” baseado em FeXXI indicando N_ e 4E+11 para 1E+13 cm3 a T_e=1E+07 K

A estrela ou o sistema é estável? A que classe espectral pertence?

Levando-se em conta o diagrama HR, o espectro e vários dados colhidos pelas estações observacionais, concluímos que Alpha Aurigae não é um sistema que se pode dizer estável. Os campos de emissão de plasma

Page 15: Vida orgânica em Capella - os fatos

estão configurados na figura abaixo. Não é preciso ser especialista para entender o que significam.

Capella é um sistema complexo com duas estrelas amarelas gigantescas em seu coração, orbitando um centro comum de gravidade a cada 104 dias. Estes dois não estão sós - eles são acompanhados por pelo menos oito outras estrelas. A.K. Dupree (1), N.S. Brickhouse (1), G.A. Doschek (2), J.C. Green (3), e J.C. o Raymond (1)

A classe espectral de Capella

Capella é do tipo espectral G8III e G0III (se levarmos em conta tão somente as duas

gigantes amarelas)

Posição de Capella no mapa estelar

CLASSIFICAÇÃO ESPECTRAL

O - AZUIS E BRANCAS: 35.000 KB - BRANCO AZULADA : 20.000 KA – BRANCAS: 10.000 KF – BRANCO AMARELADAS: 7.000 KG – AMARELAS: 6.000 KK – ALARANJADAS: 4.000 KM – VERMELHAS: 2.500 a 3.000 K

Page 16: Vida orgânica em Capella - os fatos

A estrela tem idade suficiente?

É um outro ponto muito importante: uma estrela pode ser ou muito jovem ou muito velha para fornecer a quantidade exata de energia a um planeta que possa abrigar alguma forma de vida orgânica. Se for muito jovem não terá tido tempo suficiente para desenvolver a química necessária à vida. Mais do que isso: pode não ter tido tempo suficiente para “amadurecer” quimicamente os planetas em sua órbita, ou seja, o ciclo vital não estará completo e as cadeias orgânicas não estarão formadas. Sabemos que o primeiro elo da cadeia quimico-orgânica evolutiva está situado na matéria interestelar, constituída primitivamente de hidrogênio. As transformações termonucleares no interior das estrelas deverão estar completas para que outros elementos possam ter-se originado sem as quais não teremos carbono, nitrogênio, oxigênio, etc. E, consequentemente, a combinação destes elementos organogênicos não ocorrerá para originar moléculas simples. Em muitas nuvens estelares temos encontrado tais moléculas e até mesmo, moléculas biológicas mais complexas. Por certo outras etapas ficam também comprometidas: a evolução protobiológica, ou seja, mecanismos responsáveis pela interação entre proteinas e ácidos nuclêicos que acabam por resultar na primeira molécula com capacidade de auto-reproduzir-se. E evolução biológica, tal como ocorreu em nosso planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos e que chegou até o ser humano, não tem como ocorrer sem que o primeiro elo se estabeleça.

O Sol com cerca de 6 bilhões de anos é considerada uma estrela de idade mediana e é estável. Teve tempo suficiente para realizar todos os cíclos – se um planeta rochoso estiver na posição certa, dificilmente deixará de completá-los. E foi o que aconteceu: a Terra reúne todas as condições.

Diferentemente, Capella é uma estrela muito jovem, sua idade estimada é de 525 milhões de anos. Mas seu ciclo de vida será muito menor do que o do Sol, pois possui aproximadamente 2,7 Msol . A outra componente apresenta massa 2,4 Msol . As outras estrelas do sistema são anãs brancas, anãs vermelhas e uma anã marron, que é na verdade uma proto-estrela e suas massas

Page 17: Vida orgânica em Capella - os fatos

são consideravelmente menores do que a massa solar. Seu ciclo de transformações termonucleares ainda não se completou, mas alguns elementos químicos importantes já existem e algumas combinações podem ser detectadas: uma nuvem de poeira e moléculas de água foram encontradas. Mas não é suficiente. Muito provavelmente Capella não terá tempo para completar todas as etapas, pois uma de suas componentes caminha rapidamente para o fim. Mostra sinais que a aproximam de uma supernova. A outra componente já demonstra os mesmos sinais, embora não tão visíveis – tem massa um pouco menor, vai mais devagar. Há outro fato a considerar: não possui formação planetária.

Os telescópios eletrônicos estão sendo equipados com instrumentos de precisão cada vez maior e pouco-a-pouco minúsculos planetas estarão sendo detectados, e o alcance ultrapassará em breve o raio de 500 Ly. Atualmente planetas do tamanho de Júpiter podem ser encontrados na periferia dos 100 Ly.

Estrelas turbulentas, não estáveis, geralmente, despejam a grandes distâncias jatos de plasma a elevadas temperaturas. Inviabiliza qualquer forma de vida orgânica, mesmo porque a quantidade de Raio X seria mortal.

Uma estrela agonizante ou explodindo levaria consigo qualquer formação planetária e produziria então, uma reciclagem de quase totalidade da matéria ao seu alcance.

Page 18: Vida orgânica em Capella - os fatos

Dependendo do tamanho e da massa da estrela, jatos de plasmas podem alcançar cerca de 200 UA e sua temperatura pode superar muitos milhões de graus Kelvin.

É indispensável que a estrela tenha condições de formar planetas

Page 19: Vida orgânica em Capella - os fatos

Foto em infravermelho resolve o objeto 2M 1207 e revela a primeira imagem direta de um planeta extra-solar. Os astrônomos inferiram que o planeta tem 5 vezes mais massa que Júpiter, enquanto sua estrela é 25 vezes mais massiva que o maior planeta do Sistema Solar – o que faz dela uma anã-marrom. A estrela-mãe do sistema é QG Lupi e o planeta encontra-se a uma distância correspondente a 100 UA ou seja 3 vezes mais que a distância de

Netuno ao Sol, o que ajudou a separar as imagens do planeta e da estrela, possibilitando assim sua detecção.

Page 20: Vida orgânica em Capella - os fatos

O sistema Capella não possui planetas. Foi detectada uma formação protoplanetária tão somente. Mais um fator contrário à existência de vida orgânica neste sistema. A existência de planetas em sistemas múltiplos é possivel, mas suas órbitas estão sujeitas a variações. Logo abaixo mostramos duas simulações orbitais, uma para cada componente de Alpha Centauri.

Os Astrônomos estão prestes a deliberar algumas alterações para o sistema solar. Recentemente (em 2004 e 2005) o astrônomo Michael Brown causou grande confusão na cabeça dos cientístas com as descobertas que fêz. Novos corpos celestes foram descobertos:

Page 21: Vida orgânica em Capella - os fatos

Santa – identificado em 2004, menor que Plutão, mas possui dois satélites. Possui um formato oval e não foi considerado planeta pelo seu descobridor. Coelho da Páscoa – descoberto no período da Páscoa em 2005. Está sendo considerado juntamente com o Santa fósseis do sistema

Solar, formados há cinco bilhões de anos de material expelido pelo Sol.

Xena – maior que Plutão, demora 560 anos para percorrer uma órbita em torno do sol e num plano transversal. Foi descoberto em 2005 e praticamente obrigou os astrônomos a repensar o conceito de planeta. Tem um diâmetro aproximado de 3500 km ou seja 0.5 vezes DPlutão. O achado foi noticiado no

Brasil e no mundo, como sendo o décimo planeta do Sistema Solar. As descobertas não param aí.

Quaoar – é outro corpo celeste descoberto por Brown. Percorre uma órbita alongada, além de Plutão. Possui um diâmetro aproximado de 1250 km, portanto bem menor que Plutão que tem cerca de 2360 km. Encontra-se em seu afélio a 8 bilhões de quilômetros do Sol. É considerado um planetóide.

Sedna – foi descoberto em 2004, chegou a ser considerado também o décimo planeta fartamente noticiado na imprensa e nos telejornais. Tem cerca de 1700 km de diâmetro e sua órbita em torno do Sol é percorrida em 10500 anos e é externa a Plutão. O alongamento orbital tem intrigado os cientistas e segundo me parece é também uma órbita transversa.

Posição de Sedna

Page 22: Vida orgânica em Capella - os fatos

Caso sejam validados como planetas, a Lua e todos os satélites com diâmetro em torno de 1200 km, serão elevados à mesma categoria. Um novo conceito de planeta poderá surgir. Caso contrário Plutão será rebaixado e a Terra contará então com apenas 8 planetas. O interessante é que todas as descobertas de Brown foram possíveis com um telescópio de mais de 50 anos de uso, que se encontrava abandonado.

Formação protoplanetária

Se todas as questões anteriores estiverem resolvidas satisfatoriamente, ainda assim há outras que precisam ser contempladas. A

Page 23: Vida orgânica em Capella - os fatos

existência de algum planeta no sistema nos arremeça a outras que por sua vez não são muito simples.

O que é preciso para que um planeta possa abrigar vida orgânica?

É indiscutível que precisa ser um planeta rochoso. No sistema solar, por exemplo, podemos descartar os planetas: Jupiter, Netuno, Urano e Saturno, pois são planetas gasosos. Todos eles estão localizados em órbitas

exteriores a Marte e são conhecidos como planetas jupiterianos ou gigantes gasosos, porque são compostos basicamente por hidrogênio e hélio. Costumo dizer que são “estrelas que não deram certo”. Não podemos dizer que Plutão seja um planeta terrestre ou rochoso, embora tenha uma superfície sólida, constituída basicamente de gelo. É

um planeta atípico, não se enquadra em nenhuma das duas classificações anteriores.

O planeta Jupiter teve o seu nome inspirado no deus grego Zeus, o rei do Olimpo. Sua composição é basicamente hidrogênio e hélio, a mesma que encontramos em estrelas como o Sol. Possui um intenso campo magnético e uma pressão muito alta: cerca de 3.000.000 vezes a atmosfera da Terra. Seu volume é também colossal, supera em mil e trezentas vezes o volume do nosso planeta e sua massa é 318 vezes maior, o que denota uma densidade baixa. Encontra-se a 778 milhões de quilômetros do Sol e no afélio chega a ficar 950 milhões de quilômetros mais distantes. Possui mais de 60 satélites naturais descobertos. Sua atmosfera pode ter 200 km de

espessura e é também composta de hidrogênio e hélio. Toda a sua superfície encontra-se recoberta por um “oceano” de hidrogênio líquido metálico, com cerca de 40.000 quilômetros de profundidade. Seu movimento de rotação leva apenas 9h 50min para completar uma volta. Leva quase 12 anos terrestre para completar

sua órbita em torno do Sol. Sua temperatura de superfície é em média -147ºC e seu diâmetro é cerca de 143.000 km. É notável pela sua grande mancha vermelha.

Saturno é um outro planeta que nos interessa. Mais adiante justificarei o motivo desse interesse. Segundo

a mitologia grega, seu nome

Page 24: Vida orgânica em Capella - os fatos

corresponde a Cronos, tido como o deus do tempo. É um pouco menor que Jupiter, apresenta um diâmetro de 120.536 quilômetros. Sua distância média em relação ao Sol é de 1,4 mil milhões de quilômetros, com uma temperatura média de -180ºC. Ele seria ainda mais frio, se à semelhança de Jupiter, seu interior não fosse uma fonte ativa de energia calorífica a ponto de irradiar para o espaço mais energia do que recebe do Sol. Seu movimento de rotação é completado em 10h 39min e o de translação, a uma velocidade de 35,5 km/s, em órbita quase circular, leva 29,4 anos terrestres. É composto predominantemente por hidrogênio e hélio. Seu interior é semelhante ao de Júpiter, formado por um pequeno núcleo e um profundo oceano de hidrogênio líquido. Possui cerca de 34 satélites naturais identificados até agora. Titã é o maior e mais famoso de todos, chega a ser maior que Mercúrio e pode ser elevado à categoria de planeta. Sua atmosfera é peculiar, composta principalmente de nitrogênio e metano em estado líquido e gasoso.

Descartamos qualquer forma de vida orgânica nos planetas gasosos, ao contrário do que sustentam alguns mitos. Um raciocínio precipitado poderia levar algumas pessoas a supor que estamos negando a possibilidade de vida em outras esferas planetárias. Apenas não vemos possibilidade de quase totalidade dos planetas conhecidos apresentarem formas de vida orgânica. É temerário tomar por base apenas a literatura mediúnica para concluir pela existência de globos habitados, uma vez que é precário o controle das intervenções espirituais. Há a acrescentar o fato de Camille Flammarion, insigne astrônomo francês, ter sido o médium responsável por muitas das mensagens publicadas na Revista Espírita de Allan Kardec e na Codificação Espírita. A imaginação de Flammarion era muito fértil, tanto que várias de suas obras são de pura ficção. Ainda muito jovem, escreveu “A Pluralidade dos Mundos Habitados” e sua fama foi sendo construída

rapidamente a cada publicação, seus livros não paravam nas estantes das livrarias; 500 exemplares do livro de filosofia científica esgotou-se em muito pouco tempo. Conquistou a admiração de Saint-Beuve, Henri Martim, Allan Kardec – do qual se tornou amigo-, Victor Hugo, que lhe possibilitaram estudos e uma efetiva construção de conhecimentos envolvendo a espiritualidade. Seus trabalhos se avolumavam e ganhavam em qualidade, conquistando mais ainda o gosto do público. Mas seu gosto pela ficção não á abandonado: “Os Mundos Imaginários dos Reaes” é uma outra obra que também encontra aceitação.

Page 25: Vida orgânica em Capella - os fatos

Com apenas 23 anos torna-se redator científico da Revue Française. Seu primeiro contato com a doutrina dos espíritos se deu em uma livraria onde ele teve acesso a “O Livro dos Espíritos” em 1861, onde encontrou, entre outros assuntos, os que estavam sendo tratados no livro que estava escrevendo: Pluralidade dos Mundos Habitados. Foi quando procurou Allan Kardec e passou a frequentar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. “Durante seus exercícios de “escrita automática” obteve diversas mensagens atribuídas ao Espírito Galileu, algumas das quais aproveitadas por Kardec em “ A Gênese”. O próprio Flammarion coloca em dúvida sua própria mediunidade, dando provas da retidão de seu caráter, coisa incomum entre grande maioria dos médiuns de hoje. Esta dúvida passa a perseguí-lo até o final de sua existência terrena. Em sua autobiografia ele deixa claro que não estava negando a existência dos Espíritos e a sua comunicabilidade, mas colocava em dúvida a forma de se identificar as comunicações predominantemente anímicas das comunicações autenticamente mediúnicas. Ainda hoje este problema não foi resolvido satisfatoriamente.

“Eu não demorei a observar que as nossas coumicações mediúnicas refletiam simplesmente nossas idéias pessoais, e que Galileu por mim, e que os habitantes de Júpiter por Sardou, são estranhos a estas produções incoscientes dos nossos espíritos” (Flammarion – 1923)

É importante destacar que, durante a época em que Camille Flammarion redigia suas memórias, manifestava seu ressentimento com o movimento espírita da época, especialmente com os que adotam a postura de crédulos e que parece terem se voltado contra suas idéias de parcimônia científica para com as pesquisas espíritas. Ele admite a existência de “forças desconhecidas e faculdades da alma ainda inexplicadas” (Flammarion – 1911).

“Há espíritas de uma fé cega, que estão certos de estar em comunicação com os Espíritos. Não há argumentação entre eles. Não me perdoam de não partilhar de forma alguma de suas certezas, que se tornam crenças religiosas em suas casas. Mas há entre estes, outros que compreendem que apenas o método científico nos pode conduzir ao conhecimento da verdade. Estes se tornaram meus amigos” (Flammarion – 1911).

Parafraseando Flammarion há entre nós, espíritas de uma fé cega que sustentam a crença de que Júpiter, Saturno, Marte e Capella (um planeta capellino) sejam habitados por seres moral e cientificamente mais elevados que os da Terra, com base em opiniões duvidosas atribuídas aos Espíritos, negando-se a considerar provas científicas em contrário.

Page 26: Vida orgânica em Capella - os fatos

Os planetas estão à distância “certa”?

Por que é importante que os planetas estejam à distância certa da(s) estrela (s) componentes do sistema?

Apesar do cáos que parece reinar em diversas partes do Universo, os astrônomos têm encontrado certa ordem entre os planetas do nosso sistema solar e entre os planetas de alguns outros sistemas estelares. A categoria estabelecida para classificar os planetas solares não se pode aplicar aos extrasolares. Por exemplo, o Sistema Táu Boötis (HD209458b), 50 Ly da Terra, apresenta um gigantesco planeta gasoso, com massa 1000 vezes maior do que a da Terra (tamanho similar ao de Júpiter), 1200 °C de temperatura, com um movimento de translação tão rápido que o ano tem uma duração correspondente a apenas três dias terrestres. Encontra-se a apenas 7 milhões de quilômetros da estrela-mãe.

Este planeta recebeu o nome de Osiris, e foi descoberto em 1999 por George Marcy e Paulo Butler. Em 2003, uma equipe internacional, liderada por Alfred Vidal-Madjar (Instituto de Astrofísica de Pais) detectou um processo de evaporação acentuado. Em decorrência de sua proximidade da estrela-mãe, o planeta é atingido com grande intensidade e arrasta parte de sua atmosfera. Táu Boötis é uma estrela do mesmo tipo espectral do nosso Sol, com mangnitude 7 e não pode ser visto sem o uso de lentes prismáticas. Em sua atmosfera foram detectadas moléculas d’água em

Page 27: Vida orgânica em Capella - os fatos

grande quantidade, sendo notável a presença de oxigênio e carbono. Convém ressaltar que Osiris é também um gigante gasoso, e em sua atmosfera os elementos tendem a combinar-se muito rapidamente, conforme denunciam o estado livre dos mesmos. Em Júpiter e em Saturno, os átomos de hidrogênio, oxigênio e carbono se encontram combinados, sendo encontrados em moléculas de metano e água na alta atmosfera e na forma livre na baixa atmosfera. Mas devido as altas temperaturas de Osiris os enlaces químicos destas moléculas são rompidos. Calcula-se que em Táu Boötis ou HD209458b escapam para o espaço cerca de 10 mil toneladas de hidrogênio a cada segundo. O vento estelar ao arrastar estes átomos forma uma enorme cauda de matéria luminosa. O mais importante vem agora: de acordo com a equipe de Alfred Vidam Madjar, devem exisitir planetas similares a Osiris cuja atmosfera tenha se vaporizado por completo, deixando a descobertos seus núcleos rochosos dando origem a planetas tais como Venus, Terra e Marte. Muito provavelmente assim nasceram os planetas terrestres. Há indícios que nos permitem pensar num caminho diferente do até então admitido para a evolução planetária, desde sua origem. O grande número de planetas gasosos nos leva a supor que todos os planetas terrestres tenham antes sido gigantes gasosos muito próximos de suas estrelas-mães e que mudaram de posição como bolas de uma partida de bilhar. Estas mudanças podem colocá-los a uma distância favorável da estrela-mãe e assim possibilitar o desenvolvimento da vida orgânica.

Existem outros planetas onde a vida orgânica é altamente improvável. Segundo os astrônomos, notadamente os equipados de melhor tecnologia observacional – seguramente os telescópios e centrais observacionais eletrônicos – além dos inóspitos gigantes superquentes, muito próximos de estrelas, temos outros em posições também desfavoráveis. Se, por exemplo, Júpiter estivesse no lugar de Mercúrio ou ainda mais próximo, lá estaria ocorrendo o mesmo que se verifica em Osiris, mas neste caso a Terra também não teria muita chance de abrigar

vida orgânica no estágio atual: seria atingida por toneladas de hidrogênio empurradas pelo vento solar. Os astrônomos encontraram outras situações interessantes e consideramos inóspitas à vida orgânica: planetas que, apesar de se localizarem ao lado de suas estrelas, são extremamente

gelados. É o caso do planeta que gira a apenas 32 quilômetros de Gliese 876, com 670 vezes a massa da Terra e que apresenta uma temperatura de -90°C. Esta temperatura baixa somente pode ser explicada pelo fato da

Page 28: Vida orgânica em Capella - os fatos

estrela-mãe ser uma estrela do tipo espectral M de baixa atividade: com uma temperatura oscilando entre 3000 e 4000 graus célsius, tendo massa três vezes menor que o nosso Sol, ela não consegue aquecer o planeta vizinho como o Sol e outras estrelas fariam.

Algumas situações semelhantes à do nosso sistema solar também são comuns, onde são detectados planetas gelados afastados de sua estrela-mãe. Por exemplo, em Upsilon Andromedae temos um planeta em sua órbita a uma distância de 360 milhões de quilômetros, ou seja, a 2,4 UA, com uma temperatura média de -70°C. Tem sido observados planetas a distâncias medianas de suas estrelas, entre os gigantes de superaquecidos e os gélidos, como no sistema HD134987 – na costelação de Libra – a 82 Ly da Terra: um planeta com uma temperatura superficial de aproximadamente 42°C, perfeitamente suportavel por qualquer habitante, durante o verão, do Rio de Janeiro. Com essa temperatura seria de se esperar alguma forma de vida orgânica por lá, se não fosse um grande incoveniente: sua força gravitacional esmagaria qualquer ser vivente como os que temos na Terra, isto sem contar sua altíssima pressão atmosférica.

Contém os elementos químicos adequados?

É um outro problema importante. Se o planeta não se encontra à distância certa e se não tem a química adequada, nada de vida orgânica. E qual pode ser a química

adequada?

A explosão de uma estrela pode ser um dos mais notáveis entre todos os fenômenos cósmicos.

A Química é a Ciência que estuda a estrutura e composição dos diferentes materiais que compõem o Universo, bem como as suas

Page 29: Vida orgânica em Capella - os fatos

transformações e fenômenos que nelas ocorrem. Sabemos que a matéria básica constitutiva do Universo é o hidrogênio (H) – presente tanto na esfera terrestre como em todos os outros planetas, em todas as estrelas e nuvens protoestelares e protoplanetárias. Segue-se, em importância para as estruturas orgânicas, o carbono (C) pelo fato de apresentar 4 elétrons na camada mais externa, o que facilita a ligação com um outro átomo de carbono, possibilitando assim a formação de uma cadeia que pode receber o hidrogênio, e com ele agrupar-se em três ordens diferentes, tornando a simetria invariante, pois apresentará um tríplice C2 (ou seja 3C2) distintos: C2H6 (Etana), C2H4 (Etileno) e C2H2 (Acetileno) – são os hidrocarbonetos. O hidrogênio e o carbono são encontrados no Sol de forma abundante: Para cada 106 de átomos de hidrogênio encontramos 50/200.000 de hélio, 500 de oxigênio, 400 de nitrogênio, 200 de carbono, fora os demais como magnésio, silício, enxofre, alumínio, sódio, cálcio e ferro, entre outros. Os átomos de hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio são os elementos mais comuns na constituição dos congregados moleculares que formam a estrutura dos seres orgânicos. Encontramos também, em alguns constituintes vitais, porém em quantidades menores outros elementos como o enxofre e o fósforo. Certos processos bioquímicos dependem de alguns metais, tais como o ferro e o cobre; substâncias como o magnésio, o cálcio, o sódio e o potássio, entre outras, têm presença reduzida mas são essenciais à matéria viva. O correto funcionamento da fisiologia celular depende de alguns elementos como o zinco, o cobalto e muito provavelmente também do gálio e do boro. A natureza química dos corpos celestes é o alvo principal da astronomia planetária e hexoplanetária. Qual a composição do solo de Marte? De que são constituídos os satélites de Jupiter e de Saturno e seus anéis? A terra tem sido bombardeada por fragmentos do universo trazendo mais química em seus componentes. A compreensão da Química vai pouco a pouco desvendando o mistério da origem da vida, de como se formaram as primeiras moléculas quirais, ou seja, moléculas que possuem a propriedade de fazer girar o plano de polarização da luz polarizada.

A Química da Terra é a mesma do Universo, não existe outra química. A composição química do Universo consiste principalmente de hidrogênio e hélio. Todos os demais elementos químicos existentes aparecem com percentuais muito pequenos. Se pesarmos todos os bários existentes no Universo constataremos que 75% são de hidrogênio, 24% de hélio e apenas 1% corresponde a todo o resto, conforme mostra a figura acima.

Em nosso planeta a vida teve origem somente após a ocorrência da água no estado líquido e de compostos químicos baseados no carbono. Já existe um consenso sobre isso entre químicos e astrônomos. Não vejo como

Page 30: Vida orgânica em Capella - os fatos

acaso tal evento. A biota, ou seja, conjunto de sistemas vivos está fundamentada em um meio aquoso e no carbono que tem uma grande capacidade de ligação com outros átomos, permitidno a formação de extensas e complexas cadeias moleculares. Grande maioria dos exobiólogos acredita que o padrão biológico da Terra é universal e será encontrado em muitos mundos. Não considero nosso planeta privilegiado e sim suficientemente preparado para abrigar uma grande diversidade de vida biológica. Por certo pode haver outro padrão de vida biológica, mas não tão eficiente quanto a cadeia carbônica. Conter elementos químicos adequados é fundamental: sem carbono, sem hidrogênio, sem nitrogênio, sem oxigênio, dentre os principais, não há como pensar em vida biológica. Este fato somente sofre questionamento por parte dos leigos em exobiologia.

Os primeiros estudos sobre o nucleossíntese primordial feitos por George Gamow e seus colaboradores, em 1948, mostraram sem deixar dúvidas que a composição química do Universo primordial não deveria conter outros elementos químicos senão os que encontramos nas estrelas mais novas. A descoberta dos ciclos de reações nucleares estelares veio explicar o processo de formação do hélio até o ferro. Os trabalhos sobre nucleosíntese explosiva, que ocorre durante os estágios finais da evolução de estrelas de grande massa (com valores que igualam ou ultrapassam 8

Page 31: Vida orgânica em Capella - os fatos

vezes a massa solar), explicam a formação de elementos compreendidos entre o ferro e o urânio. Certamente não causa surpresa a idéia de que o hidrogênio possa ser o elemento primordial para a geração de todos os outros elementos químicos, únicos e universais. A foto acima exibe um possível fóssil de bactéria encontrado em um meteorito marciano, segundo a revista Science de agosto de 1996. Tem uma idade calculada em 4000 milhões de anos.

O processo de formação dos elementos químicos é conhecido como nucleosíntese. No interior de estrelas como o nosso sol, as temperaturas e/ou pressões, desencadeiam interações do tipo próton-próton, cuja cadeia expõe a antipartícula pósitron codificada como e+, o neutrino ν e a radiação gama γ. A figura acima ilustra os estágios inciais para a formação de elementos pesados nessas estrelas agonizantes.

Se é assim, porque então os Espíritismo afirmaram na Codificação Kardeciana, que todos os mundos são habitados?

Como vimos até aqui, ao submetermos o sistema Capella a uma correta apreciação científica, logo descartamos a possibilidade de que tenha em algum tempo abrigado alguma forma de vida orgânica e muito menos uma humanidade que possa ter-se exilado na Terra. O mesmo ocorrerá com muitos outros globos planetários. Por certo ainda sobrarão muitos mundos que fornecerão respostas positivas a todas indagações

Page 32: Vida orgânica em Capella - os fatos

investigativas. Por certo muitos mundos são habitados. Quanto mais nos aprofundamos no estudo da exobiologia mais nos convencemos que os planetas – todos eles – têm um papel significativo na seqüência evolutiva que acaba possibilitando o advento do ser biológico e consequentemente da vida inteligente.

Os exilados não são de Capella

“O Mundo consta de séries muito bem ordenadas de causas e efeitos. É ofício do Filósofo indagar estas coisas.”

Antonio Genovesi (*)

Ser Espírita significa também ser racional, porque, conhecendo as relações das coisas, avalia e raciocina. Ainda de acordo com Genovesi, a verdade se defende com a verdade e argumentos, não com violência e palavras injuriosas. Somente os que temem a verdade, temem os filósofos, tentam silenciá-lo sob pretextos vis.

A todos compete indagar a verdade e encontrar caminhos para o entendimento com que podemos distintamente perceber os objetos, julgar, raciocinar, abstrair, refletir, imaginar, recordar-nos, etc. Segundo Allan Kardec “Toda idéia nova vem, necessariamente, suplantar uma idéia velha. Se ela é falsa, ridícula e impraticável, ninguém lhe dá importância, pois, instintivamente, compreende-se que não tem vitalidade. Deixam-na morrer de morte natural. Se é justa e fecunda, ela atemoriza aqueles que , a qualquer título, por orgulho ou interesse material, estiverem interessados em manter a idéia antiga. Estes a combaterão, e, com tanto ardor quanto melhor perceberem o perigo, que representa aos seus interesses.”

Qualquer neófito da Doutrina Espírita tem contato com a “lenda” dos exilados de Capella. Crescem com ela, tem contato com um sem número de livros que repetem a mesma história sem ao menos pensar em sua lógica, sem verificar o que a Ciência tem a dizer a respeito. Quando aparece alguém com uma idéia nova que contesta a antiga, causa comoção e levanta contra ele a indignação de todos os crentes, que não se importam em negar os mais inteligentes critérios para verificação da verdade. Têm receio de colocar suas idéias em confronto, esquecendo-se de que “Não há fé

Page 33: Vida orgânica em Capella - os fatos

inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.” A realidade o tem demonstrado: centros espíritas evitam tocar no assunto, proibem e calam os que ousam contestar Emmanuel; o tema foi proibido até mesmo em uma emissora de rádio sob a alegação de que “a maioria aceita que os exilados vieram de Capella”. Calar um filósofo é a maior violência que se pode cometer contra ele e suas idéias. “Pode-se, de modo geral, julgar a importância de uma idéia pela oposição que ela suscita.” (Allan Kardec). De fato, temos recebido forte oposição de todos os lados, mas grande parte delas decorrente da ignorância demonstrada pelas pessoas tanto no que afeta a Ciência material como também a metodologia kardeciana. Faltam noções de epistemologia. Em ciência trabalha-se com fatos. Observado um FATO, elabora-se uma hipótese. A experimentação é importante para testar a hipótese. Os fatos previstos devem ser confirmados pela observação e experimentação que deve ter como objetivo a solução do problema que está sendo estudado. No Movimento Espírita atual improvisa-se quase sempre e para formular uma hipótese basta a palavra de um Espírito, seja qual for o médium; nada é verificado: a autenticidade da assinatura, a universalidade, a validade da informação. A maioria vive ainda imersa na fantasia, ou seja, na formatação que são dadas às coisas que não se tem como provar diretamente ou por ignorância ou por falta de vontade; são imagens que são aumentadas livremente ou ajuntadas a outras imagens. Subprodutos da imaginação de um Espírito ainda imperfeito. Capella assim está configurada, desde os tempos antigos quando a estrela já exercia certo fascínio.

Capella já foi chamada de “cabra-estrela-chuvosa”, pois a palavra “cabra” era associada a “vento de tempestade”, pois nos meses em que se apresentava mais visivel e esplendorosa no firmamento, coincidia o período de chuvas e ventos fortes, inundações e tormentas. Entre os árabes teve vários nomes: Ayyuk, Alathod, Alkatod, Alatudo, Atud, e Al’Ans. É simbolizada por uma figura que apresenta o cocheiro trazendo sobre seu ombro esquerdo uma cabra. Durante algum tempo foi também conhecida como Amalthea, que consultou a cabra que amamentou o bebe Zeus (Jove/Jupiter). Amalthea era a mãe do Haed (as duas estrelas descritas como cabras do pequeno Zeta (Hoedus 1) e Eta Aurigae (Hoedus 11) que foi posta de lado para acomodar seu filho, e com sua irmã Melissa, alimentou o deus-infanto com leite da cabra e mel . No Egito, Capella teve lugar no Zodíaco de Denderah, onde aparece representada pelo gato mumificado na mão estendida de uma figura masculina coroada com penas. É uma estrela importante e alvo de adoração do templo egípcio do grande Ptah. Entre os gregos também se apresenta como objeto de adoração, onde pode ter sido o ponto de orientação de um templo em Eleusis consagrada à

Page 34: Vida orgânica em Capella - os fatos

deusa Diana. Na India, Capella era tida como sagrada – conhecida como Brahma Ridaya ou seja “Coração de Brahma. Na Babilônia na língua Akkadian (uma das notáveis linguas da história do mundo antigo) aparece grafada como I-ku dik-gan, que significa “mensageiro da luz”, e também como Babill dil-gan ou seja “Estrela padroeira da Babilônia”. Uma inscrição cuneiforme Akkadian, utilizada , segundo se supõe para consultas espirituais dirigidas à Capella, foi traduzida por Jensen Askar, como “deus da tempestade” e a “a tabuleta dos trinta ursos das estrelas” ou o seu sinônimo Miliampère-um-tu. Segundo José de Costa, jesuita espanhol que viveu no século XVI, os antigos peruanos identificavam essa estrela como Colca ou seja pastor. Como vimos, Capella, era utilizada por muitos povos como centro de adoração ou como oráculo e adivinhatórios, conservando assim forte mistiscismo em seu entorno. E não é de estranhar que essa tradição tenha chegado aos brasileiros, visto que sua adoração vem de tempos remotos. Algumas pessoas, certamente, vão querer ver nisso uma “prova” de que os exilados vieram de Capella, sem atinar que não passa de fascínio natural que o Espírito humano sempre nutriu pelos astros, principalmente por aqueles que mais enfeitam os céus. Os costumes antigos são transmitidos pelos espíritos mais ingênuos em ciência e/ou em moralidade, de encarnação a encarnação, e somente se libertam deles quando passam a compreender os astros como esferas que completam o cenário do Universo material, destinados a atender os propósitos da vida em sua extensão cósmica. Adorá-los, seja qual for a forma, é sinal de sentimentos primitivos dominantes. Afinal, mais difícil do que convencer alguém a aceitar novos conceitos é convencer alguém a “se livrar” dos velhos.

OS ESPÍRITOS NÃO REVELAM FATOS CIENTÍFICOS QUE COMPETEM AO HOMEM, PELO SEU ESFORÇO, DESVENDAR:

Os Espíritos não podem guiar descobertas nem investigações científicas. A Ciência é obra do gênio e só deve ser adquirida pelo trabalho, pois é por este que o homem progride. Que mérito teríamos nós se, para tudo saber, apenas bastasse interrogar os Espíritos? Por esse preço, todo imbecil poderia tornar-se sábio. (CI – cap. X)

Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregue às suas próprias forças. Isso o sabe hoje perfeitamente os espíritas. De há muito, a experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se

Page 35: Vida orgânica em Capella - os fatos

apresente para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, eles constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, no plano invisível também os há superiores e vulgares; muitos, pois, que, científica e filosoficamente, sabem menos do que certos homens; eles dizem o que sabem, nem mais, nem menos. Do mesmo modo que os homens, os Espíritos mais adiantados podem instruir-nos sobre maior porção de coisas, dar-nos opiniões mais judiciosas, do que os atrasados. (GE – cap. I: 60)

Não obstante os apontamentos kardecianos, a todo o momento vemos publicadas obras atribuídas aos Espíritos, num visível processo de banalização da psicografia e/ou da inspiração, portadoras de informações pseudo-científicas, como se tivessem, autoridade e permissão para antecipar descobertas aos homens. No tempo de Kardec, muitas mensagens contendo relatos de vidas em outros planetas, como Jupiter e Saturno, eram bem comuns, mas a prática era submetê-las à apreciação dos estudiosos e especialistas em ciências, à comunidade espirita, a outros Espíritos e aos demais homens, na Europa e na América, através da publicação da Revue Spirite. Hoje, os meios eletrônicos de comunicação, possibilitam um “campo de ensaio” incomensuravelmente maior do que o que Kardec utilizava:

“Aliás, os leitores assíduos da Revue hão tido ensejo de notar, sem dúvida, em forma de esboços, a maioria das idéias desenvolvidas aqui nesta obra, conforme o fizemos, com relação às anteriores. A Revue, muita vez, representa para nós um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de admiti-los como partes constitutivas da doutrina.” (Introdução da 1ª edição publicada em 1868)

Esse é o motivo pelo qual não se admite a Revista Espírita como sendo uma obra da Codificação Kardeciana, nem como sendo sua complementação..

“ ... lembrai-vos de que, se á absurdo repelir sistematicamente todos os fenômenos de Além Tumulo, também, não é prudente aceitá-los de olhos fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso, aprofundado e severo” (O Livro dos Médiuns).

Page 36: Vida orgânica em Capella - os fatos

ALGUMAS CONTRADIÇÕES DO LIVRO A Caminho da Luz

História da Civilização à Luz do Espiritismo

Eis o que se lê logo no frontispício da obra de F. C. Xavier que se atribui ao Espírito Emmanuel. Mais adiante, encontramos no Antilóquio uma observação que lhe é contraditória. “Não deverá ser este um trabalho histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres.”

Afinal, trata-se ou não da História da Civilização? Se não houve um exame criterioso da obra, em todos os seus aspectos, pode então se afirmar como sendo “à Luz do Espiritismo” ?

“A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta (...)”

“Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a temperatura se eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente (...)”

Page 37: Vida orgânica em Capella - os fatos

Quando trata da solidificação da matéria, Emmanuel comete um erro científico grave que revela seu desconhecimento da Química Elementar: Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando origem ao hidrogênio.

Anteriormente ele admitiu ter a Terra se desprendido da nebulosa solar e depois que ela se formara de matérias ignescentes. Como entender uma nebulosa sem hidrogênio? E a matéria ignescente que solidificou? Por acaso não se encontra hidrogênio na matéria que aflora à superfície do planeta originárias das camadas igneas ainda existentes no interior da Terra?

Qualquer discussão que se possa fazer a respeito da composição química da Terra primitiva terá, forçosamente, de começar por sua atmosfera. Tanto astrônomos como geofísicos estão convictos de que a atmosfera continha hidrogênio em abundância. Em 1929 chegou-se à feliz conclusão de que o hidrogênio é o elemento predominante do sistema solar e hoje se sabe que é também predominante no Universo. 80% da massa solar é constituída de hidrogênio.

Existe a possibilidade de a Terra ser os “restos” de um planeta gigante que teve grande parte de seu hidrogênio varrida pelos ventos solares no seu primeiro bilhão de anos de existência.

Há quem defenda outra origem. De acordo com alguns cientistas, nosso planeta deveria ter sido uma enorme massa pastosa incandescente que ao longo do tempo se resfriou, desprendendo gases e vapores. De qualquer forma o hidrogênio é o primeiro elemento presente em qualquer

Page 38: Vida orgânica em Capella - os fatos

formação primária estelar ou planetária. Assim como os demais planetas do Sistema Solar, a Terra foi provavelmente originada através de uma força gravitacional que condensou diversos materiais preexistentes no espaço. Tais materiais foram constituídos de partículas como poeira cósmica e gás. Muitos elementos químicos formados entraram nesta composição, sendo que os elementos mais densos tenderam a permanecer no centro deste redemoinho gravitacional. Por outro lado, os elementos menos densos, os gases, permaneceram na superfície deste redemoinho. As temperaturas do núcleo do redemoinho permaneceram bastante elevadas e baixavam gradualmente nas regiões que se aproximavam da superfície. Ainda hoje os resquícios destas origens podem ser observados: o núcleo da Terra é constituído de materiais como o níquel e o ferro, em estado ígneo.

Considero mais atraente a primeira possibilidade, pois abre amplas possibilidades de termos muitos outros planetas semelhantes à Terra e de que outros incontáveis sejam formados ou melhor, transformados.

“Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias divinas do Ilimitado.”

Page 39: Vida orgânica em Capella - os fatos

Em nenhum momento Emmanuel percebeu que não se tratava de uma estrela, mas de um sistema de estrelas, onde duas componentes impressionam por suas turbulências.

CAPELLA ou ALPHA AURIGAE

Page 40: Vida orgânica em Capella - os fatos

Apresenta-se bem visível no hemisfério norte principalmente no inverno. Capella brilha quase diretamente em cima, sua aparência, por certo não denuncia seu caráter múltiplo e se apresenta como uma das três estrelas brilhantes espalhadas em torno do céu do norte. Apresenta o mesmo brilho, de Arcturus suave e alaranjado, de Vega quente e branco. Assim podemos ver Capella como uma estrela de tonalidade amarelo-branco e no meio da escala de temperatura. Quando apontamos para o sistema Capella as lentes do Hubble ou modernos telescópios eletrônicos que são

verdadeiras estações de observação, temos outra realidade. A mesma foto, fizemos passar por um filtro, tornando possível uma visão mais detalhada do efeito maré existente entre as duas componentes gigantes e a captura de massa por parte de Alpha Ab companheira de Alpha Aa.

As outras componentes do sistema não estão visíveis na foto, pois a área coberta era pequena se levarmos em conta a extensão do sistema.

Visualmente não há como deixar de perceber a deformação sofrida por Alpha Ab em presença de Alpha Aa. Há um fluxo de massa estelar de Ab para Aa.

Page 41: Vida orgânica em Capella - os fatos

Na Terra o efeito maré devido à Lua é percebido com a variação das marés, daí ter emprestado o nome ao fenômeno. A Lua encontra-se a uma distância segura e não há captura de massa lunar pela Terra.

Esquema comparativo das dimensões do Sol com Alpha Aa Capela ou Aurigae, Arcturo e Aldebaran

SOL α A AURIGAE

ARCTURO

ALDEBARAN

Page 42: Vida orgânica em Capella - os fatos

As nove componentes conhecidas até o momento são:

ALPHA-Aa AURIGAE ALPHA-Ab AURIGAE NSV0189713 AURHR34029SAO 40186BD+451077FK5:193WDS 05167+4600A

Page 43: Vida orgânica em Capella - os fatos

Trata-se de um sistema estelar constituído de uma estrela do tipo GIII - Alpha A Aurigae (Capela A), a mais brilhante na constelação e a sexta mais brilhante no céu inteiro. Seu nome em latim significa “a Ela-Cabra” e segunda estrela dominante também é do tipo G8-k0 IIIe spectral-luminosity, alta fonte de Raio X (emite 10000 vezes mais do que o Sol) – provavelmente por causa da atividade magnética de sua superfície, similar àquela vista no Sol, mas não se pode garantir que a estrela é sua fonte única . É também emissora de plasma superquente, algo em torno de 30 mlhões Kelvin. Cada uma das componentes apresenta a mesma temperatura de superfície que o Sol (cerca de 5500 K). Raios equivalentes a 9 e 12,2 vezes o raio solar. A estrela principal do sistema é uma estrela variável do tipo RS-CVn, tendendo para uma supernova do tipo NSV1897. Completam o sistema 7 outras estrelas, sendo dois pares de anãs brancas, um par de anãs vermelhas e uma anã marron - nenhum planeta foi encontrado. Suspeita-se de uma formação protoplanetária.

Capella não se encontra na sequencia principal, pois se trata de um sistema onde as duas estrelas principais são gigantes amarelas instáveis, massas respectivamente iguais a 2,4 e 2,7 da massa solar, com

Page 44: Vida orgânica em Capella - os fatos

um ciclo de vida equivalente a ¼ da solar, rapidamente caminham para a fase de super nova. O sistema é bem mais jovem do que o nosso Sol - numa escala comparativa humana, se o Sol tem 30 anos, podemos dizer que Capela tem 31 meses de vida se tanto, e mesmo assim é um sistema envelhecido. As estrelas de maior quantidade de hidrogênio morrem mais cedo, ou seja, atingem seu ciclo vital mais rapidamente. Possui cerca de 525 milhões de anos. As duas juntas têm um brilho que varia de 80 a 150 vezes maior do que o nosso Sol. Estão afastadas por

Page 45: Vida orgânica em Capella - os fatos

aproximadamente 100 milhões de quilômetros. Segundo os cálculos que andei fazendo, elas estão “perigosamente” próximas uma da outra e perto da distância crítica, posso até prever para daqui uns dez ou

Page 46: Vida orgânica em Capella - os fatos

quinze milhões de anos a explosão de uma delas pelo efeito da maré. Se tal ocorrer a parte da matéria ignescente poderá ser absorvida pela de maior massa e outra parte considerável poderá originar inclusive alguma formação planetária (obviamente trata-se apenas de uma hipótese digna de contestação com observações mais detalhadas).

As outras companheiras de Capella são mais fracas, são estrelas vermelhas não ofuscantes do tipo anã M e anãs brancas, tendo uma anã marron orbitando a quase 1 ly de distância do par principal. O nosso Sol é uma estrela amarelada também do tipo espectral G. As estrelas do tipo G apresentam uma temperatura de superfície na escala de 5000 K a 5800 K. Têm em seu espectro muitas linhas de absorção de metais neutros e ionizados, junto com algumas faixas de absorção molecular. As linhas de espectrais H e K do cálcio ionizado são particularmente fortes. As estrelas principais de G da seqüência, de que o Sol, Aa Aurigae e Ab Aurigae, são os alvos principais das buscas de plenetas extrasolares (ou exoplanetas). As estrelas gigantes do tipo G, tais como Capella, são ligeiramente menos quentes e mais luminosas do que suas contrapartes principais da seqüência, comparadas com as supergigantes do mesmo tipo com massas de 12 e 16 vezes a correspondente massa solar, e de uma luminosidade de 10.000 a 300.000 vezes maiores do que o Sol.

Page 47: Vida orgânica em Capella - os fatos

“Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos.”

Diante do que vimos até aqui, não há como entender tais afinidades com o globo terrestre. Além do mais, são informações que, se fossem verdadeiras não seriam dadas por um Espírito sério, como vimos, mais acima, na Codificação Espírita. Não acreditamos que tal mensagem realmente tenha partido de Emmanuel.

Sabemos que Capella tem componentes que são anãs brancas e vermelhas. Essas últimas, são estrelas pequenas não ofuscantes, abaixo da seqüência principal, do tipo espectral M ou K. As propriedades características das anães vermelhas sâo: possui pequena massa, algo em torno de 0,1 a 0,5 da massa solar; temperatura de superfície correspondente às baixas faixas de absorção, entre 2500 K a 3500 K, molecular, proeminente no espectro com as faixas do óxido titanium, dominantes na extremidade mais baixa da escala de temperaturas; camadas interiores inteiramente convectivas, ou seja, constituem envelopes e núcleos convectivos. Luminosidade em torno de 8% da luminosidade solar. Um exemplo típico das anães vermelhas, encontramos no sistema Centauri, onde a estrela conhecida como Próxima é do tipo M tal como descrevemos acima.

Page 48: Vida orgânica em Capella - os fatos

Pelo fato de possuir menos massa do que o Sol elas sobrevivem mais, ou seja, possuem vida muito mais longa que o nosso Sol e são, dessa forma, muito mais numerosas do que qualquer outro tipo de estrela, com a exceção provável das anães marrons. Das 31 estrelas mais próxima ao Sol, encontramos 21 delas nesta categoria.

As anãs vermelhas, como vimos, são estrelas de baixa luminosidade, portanto, são frias, localizadas no diagrama HR na extremidade inferior da seqüência principal. Apresentam um raio em torno de 1/10 de o raio solar.

Já as anãs marrons, são mais fracas ainda e difíceis de serem detctadas. A denominação marrom foi proposta em 1975 por Jill Cornell Tarter, astrônoma americana. Na verdade são proto-estrelas de massa menor que 0,08 MSol, que nunca conseguirão queimar o hidrogênio e não chegarão a integrar o grupo selecto da seqüência principal. Sua massa é aproximadamente estimada entre 13 e 80 MJupiter não mais que isto. São conhecidas pouco mais de 150 e uma delas integra o sistema Capella.

Page 49: Vida orgânica em Capella - os fatos

As duas componentes formam uma binária espectroscópica duplamente alinhada, onde Aa ou Alpha Aa aparece ligeiramente mais maciça e menos quente do que Ab sua companheira. Ambas se apresentam em sua primeira fase de “ascent” à fase de gigante vermelha. Suspeita-se que tenham evoluído de um tipo de estrelas anãs. A estrela Aa certamente já deu início à fusão de seu helio interno no carbono como se observa num “gigante do ‘clump’ do helium-burning, fato denunciado pela abundância de do lítio em sua superfície baixa, que indica diluição por um envelope estelar inteiramente convectivo. Entretanto a corona mais profunda e quente de Aa apresenta-se muito mais variável que o de Ab. Os Spectros ultravioletas extremos das duas gigantes indicam a presença de linhas de emissão de ferro XV ao ferro XXIV.

Se algum planeta, algum dia orbitou Capella, muito improvável que tenha ocorrido (somente uma captura justificaria a presença de algum) durante sua juventude efêmera, muito provavelmente foi reduzido à cinza. Para que se possa ter uma idéia, moléculas de água somente seriam possíveis a 7,8 UA de distância do plano orbital das duas estrelas ou seja, a uma

distância de equivalente às distâncias orbitais de Jupiter e Saturno. Um planeta como a Terra somente poderia existir ao redor de 12,5 UA. Mas... Há um fator que complica essa possibilidade: as anãs brancas (3000 k), as duas anãs vermelhas e a anã marron, todas com um tamanho aproximadamente igual ao da Terra e a emissão de raios-X, cuja fonte ainda não está bem determinada.

Page 50: Vida orgânica em Capella - os fatos

Comparação das dimensões de uma anã branca com a Terra

Com base em estudos feitos a partir de 1850, com a descoberta da estrela secundária Sirius, que foi denoaminada Sirius B é que se costuma

conceituar uma anã branca. A componente B de Sirius A é uma estrela 10 mil vezes menos luminosa que esta, mas com massa de 0,98 MSol. Com uma temperatura da ordem de 10000 K e com um raio extremamente pequeno. Este é o motivo pelo qual ficou conhecida como anã branca. De um modo geral dizemos que uma anã branca, de massa comparável à do Sol tem um tamanho apenas

ligeiramente maior do que a Terra. Na figura, a ponta da seta indica a presença de Sirius B.

Page 51: Vida orgânica em Capella - os fatos

Duas anãs brancas em rota de colisão – separadas por apenas 80000 km

Do Observatório Chandra – X-Ray

Segundo pesquisas observacionais realizadas pelo CHANDRA-LETGS X-RAYOBSERVATIONS OF CAPELLA (SPACE RESEARCH ORGANITION NETHERLANDS –SRON), realmente Aa é uma estrela gigante amarela do tipo GB-K0 IIIe spectral-luminosity. Parte dos dados que apresentamos neste artigo podem ser encontrados na fonte que acabamos de citar, em um documento de cerca de 18 páginas explicativas, contendo fotografias e gráficos espectrais, exibindo imagens das duas componentes principais, binárias espectroscópicas, com Alpha Ab ligeiramente mais quente que Alpha Aa.

Como podemos ver, é temerário acreditar na a opinião de um Espírito, seja qual for o nome que traga. O que Emmanuel traz tem apenas o valor de uma opinião pessoal. Nosso critério está na “... concordância universal, corroborada por uma LÓGICA RIGOROSA, para as coisas que viria prematuramente dar uma doutrina como verdade absoluta, se mais tarde, devesse ela ser combatida pela generalidade dos Espíritos?" . Se algum espírito disser: “há vida orgânica no Sol ou nas estrelas”, sua afirmação é no mínimo duvidosa e a esse espírito não pode ser dado nenhum crédito neste particular.

Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas. Portanto, toda comunicação manchada por erros

Page 52: Vida orgânica em Capella - os fatos

manifestos, ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da observação, atesta por isso a inferioridade de sua origem. A ignorância não pode contrafazer o verdadeiro saber, nem o mal confranger o bem de maneira absoluta. Todo Espírito que, sob o nome venerando, diz coisas incompatíveis com o título que se dá, está convicto de fraude (Erasto).

De fato não houve universalidade. Tudo que refere aos exilados capelinos se reportam a uma única obra que prescedeu todas as demais. Qualquer livro que se apóie nessa única fonte se coloca em dúvida, pois parte exatamente da que está sendo questionada e que apresenta evidentes erros científicos e que não foi submetida, antes de ser publicada a uma rigorosa observação. Ingenuamente, alguns tentam obter apoio na Revista Espírita, desconhecendo a finalidade da própria revista: servir de “campo de ensaio” segundo palavras do próprio Kardec. De algum tempo sabemos que Jupiter é um planeta gasoso, tendo sua superfície coberta por um “oceano” de hidrogênio líquido de 40000 km de profundidade. Sua atmosfera resulta uma pressão 3 milhões de vezes maior que a da Terra. Que vida seria possivel nessas condições? Há ainda os que pensam numa vida constituída por outra Química. Não há outra química. Os elementos químicos existentes na Terra são os mesmos que encontraremos em qualquer parte do Universo, a constituição da tabela periódica não deixa qualquer dúvida. Não há buracos para se completar.

A Gênese do Erro

O ato de filosofar exige que se conheça alguma coisa a respeito da natureza da alma. Porque se não eliminarmos qualquer impedimento ao reto filosofar estaremos impedidos de indagar a sabedoria.

O entendimento, o desejo, a liberdade, a vontade, a força – que anima nosso corpo e os afetos - são propriedades da alma que não se encontram no corpo biológico. O entendimento é visto como uma das potências da alma da qual depende nossa percepção. Sem a percepção não podemos distinguir um objeto do outro, nem julgar, abstrair, refletir, imaginar, recordar, etc.

A percepção simples é um conhecimento de uma idéia, sem que se afirme ou negue qualquer coisa. O significado de cada palavra, em qualquer idioma, tomados por si, denotam um nível de percepção. Por exemplo, vocábulos como Homem, Sol, Estrela, Exobiologia, Kardec, Ufologia, Vida – todos da lingua portuguesa – poderiam se juntar a outros tais como Chandra, Image, Galaxy, Clusters, Aurigae, Observatories, etc. A percepção pode ser sugerida por uma imagem de um objeto conhecido ou um outro visto pela primeira vez – precisamos das imagens para

Page 53: Vida orgânica em Capella - os fatos

entendimento mais rápido dos fatos. A leitura correta de uma imagem é fundamental para a construção de um juízo:

Credit: Composite: NASA/JPL/Caltech/P.Appleton et al. X-ray: NASA/CXC/A.Wolter & G.Trinchieri et al.

A leitura de uma imagem depende do conhecimento dos fatos que cercam o objeto examinado. Um leigo em Astronomia não consegue uma leitura correta para as imagens acima. O mesmo acontece com um texto verbal, de uma mensagem ou de um livro, precisamos ter uma compreensão dos assuntos, dos objetos em estudo. As imagens estão presentes em nosso dia-a-dia: o sentido da visão revela a todo momento quadros móveis que são imobilizados em nossa mente – 24 quadros por segundo são suficientes para compor um movimento e dar mobilidade ao

Page 54: Vida orgânica em Capella - os fatos

conjunto de capturas estáticas: a captura é estática, mas a memorização é dinâmica. A fotografia é estática e somente pode ganhar movimento para aquele que possui conhecimento do objeto: maior ou menor conhecimento define melhor ou pior dinâmica.

Veja a diferença.

Trata-se de uma imagem estática para um leigo em ufologia – pelo menos três tipos de atitudes mentais poderão ocorrer: rejeição (nível máximo de estática ideativa) por preconceito científico ou religioso, fé, fanatismo, sem exame; aceitação imaginativa (nível médio de estática ideativa) sem conhecimento científico, imaginação, criatividade, caracteriza o espírito de

ficção, aceitação com base na crença subjetiva; a terceira atitude (nível mínimo de estática ideativa) – sem rejeição e sem aceitação imediatas, tendo como motivação a investigação científica. (Créditos da imagem: Alatorre home site)

Page 55: Vida orgânica em Capella - os fatos