viagem no túnel do tempo brasil

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LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS MODALIDADE A DISTÂNCIA DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE ARTE NO BRASIL IIUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROFESSOR: LUÍS EDEGAR COSTA ALUNA:LAURALICE MARCOLIN HEBERLE VIAGEM NO TÚNEL DO TEMPO Como é da minha rotina a dois anos, nos horários vou a página da REGESD e encontro o convite do professor Luís Edegar Costa Palavras do professor “Consegui uma vaga para voçês alunos desta disciplina no “Vortex”( onibus de viagem espaço temporal, criado no ano 2020 por físicos Cubanos, de passagem pela UFRGS), iremos ao Rio Janeiro nos idos de 1959.Fui sorteada . E por um mês lecionara no Colégio Santo Inácio.É um dos colégios mais tradicionais da cidade, onde figuras ilustres da sociedade carioca e brasileira estudaram, como, por exemplo, Vinicius de Moraes , Mário Henrique Simonsen , Cazuza , Dom Luciano Mendes de Almeida , Armínio Fraga , Pedro Malan , Arnaldo Jabor , dentre outros. Fiquei eufórica , pensando noem que universo irímos nos enveredar.O professor neste momento só nos deixou clar a localização e que irímamos ficar o dia lá. Como uma boa viagente do tempo, preparei meu material de época (não devemos chamar atenção,devemos nos integrar o ambiente):Roupa para uma senhora

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LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS MODALIDADE A DISTÂNCIADISCIPLINA: SEMINÁRIO DE ARTE NO BRASIL IIUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULPROFESSOR: LUÍS EDEGAR COSTAALUNA:LAURALICE MARCOLIN HEBERLE

VIAGEM NO TÚNEL DO TEMPO

Como é da minha rotina a dois anos, nos horários vou a página da REGESD e encontro o convite do professor Luís Edegar CostaPalavras do professor “Consegui uma vaga para voçês alunos desta disciplina no “Vortex”( onibus de viagem espaço temporal, criado no ano 2020 por físicos Cubanos, de passagem pela UFRGS), iremos ao Rio Janeiro nos idos de 1959.Fui sorteada . E por um mês lecionara no Colégio Santo Inácio.É um dos colégios mais tradicionais da cidade, onde figuras ilustres da sociedade carioca e brasileira estudaram, como, por exemplo, Vinicius de Moraes, Mário Henrique Simonsen, Cazuza, Dom Luciano Mendes de Almeida, Armínio Fraga, Pedro Malan, Arnaldo Jabor, dentre outros. Fiquei eufórica , pensando noem que universo irímos nos enveredar.O professor neste momento só nos deixou clar a localização e que irímamos ficar o dia lá.Como uma boa viagente do tempo, preparei meu material de época (não devemos chamar atenção,devemos nos integrar o ambiente):Roupa para uma senhora

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Equipamentos para registrar os momentos

Malas prontas, fui ao encontro do professor que deu as seguintes instruções:“Você mora no Rio de Janeiro nos idos de 1959, e lerá daqui uns dez dias, no café da

manhã, o Manifesto Neoconcreto publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, publicação que serve de abertura para a 1ª Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de Arte Moderna/RJ. Depois da leitura matinal, instigados por ela, você resolveu visitar a exposição nesse mesmo dia. Intuem que se trata de um evento histórico. Atenta professora de educação artística que é, atuando no nível que corresponderia hoje ao Ensino Médio, depois de visitar a exposição, concluindo pela relevância histórica do evento, decide propor uma mediação para um grupo de alunos e alunas, uma visita orientada. Em sala de aula, com esse mesmo grupo, vocês retomam a exposição, e passam a explorá-la a partir do que traz o Manifesto Neoconcreto.

O objetivo é construir um percurso para contextualizar esse movimento na arte

brasileira, investigando sua importância e orientando os alunos na compreensão sobre a

importância do evento. Trata-se de um roteiro comentado, o que você irá elaborar, com itens

que entendem necessários mencionar e expor para essa contextualização, para fazer com que

os alunos e alunas entendam o que representa esse evento, para fazer com que possam discuti-

lo.

Minha viagem começa assim:

Embarquei no Vortex e em segundos estava em 1959, o condutor e o professor me levaram a

casa que ficaria naquele mês. Apresentada a dona da pensão como tia do professor e professora

substituta no colégio Santo Inácio, chegando naquele momento dos pampas.

A dona da pensão é saudosista da era “Vargas”, nutrindo o maior respeito por pessoas do sul.

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Vista da Pensão do meu quarto.

Após breve entrevista , me despeço do professor e marco com ele o retorno para o fim do

mês.

Me acomodo do meu aposento, de minha janela avisto o colégio Santo Inácio e parte do

bairro.

Levanto as 5 horas para me apresentar ao Padre Ormindo Sodré Viveiros de Castro as 5 horas e trinta , o padre estudou no Colégio Santo Inácio, onde o “garoto de praia” encontrou sua

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vocação. Em 1933 entrou para o noviciado no Colégio Anchieta em Nova Friburgo/RJ. Neste Colégio iniciou sua carreira como professor em 1938, ensinando Gramática e Matemática. Em 1944 voltou ao Colégio Santo Inácio para atuar como professor e “Prefeito dos alunos”. Em 1945 seus Superiores na Ordem Jesuítica consideraram que sua formação em Pedagogia deveria ser aprofundada, e Padre Ormindo foi enviado ao West Baden College em Indiana/EUA, onde se ordenou sacerdote em 1947. Entre 1950 e 1951 fez cursos de Pedagogia e Educação em Londres e Nova York. Retorna ao colégio e administra o pedagógico da escola e me coloca a seguinte situação .

Seu dialógo é quase um monólogo de seus desejos em minha pratica educativa durante este mês.Aulas de desenho clássico, historia da arte e atualidades nas artes, visitas monitoradas a museus,o contato com atualidades na arte é justificado pelo Padre por nossos alunos pertencerem a elite carioca que deseja um ensino amplo e atualizado.Meu trabalho seria seguir o modelo educacional da época”Na prática, o ensino de desenho nas escolas primárias e secundárias fazia analogias com o trabalho , valorizando o traço, o contorno e a repetição de modelos que vinham geralmente de fora do país; o desenho de ornatos, a cópia e o desenho geométrico visavam à preparação do estudante para a vida profissional- e para as atividades que se desenvolviam tanto em fábricas quanto em serviços artesanais.

Os programas de desenho do natural, desenho decorativo e. desenho geométrico eram centrados nas representações convencionais de imagens;. os conteúdos eram bem discriminados, abrangendo noções de proporção, perspectiva, construções geométricas; composição, esquemas de luz e sombra.

Do ponto de vista metodológico, os professores, seguindo essa "pedagogia tradicional" (que permanece até hoje), encaminhavam os conteúdos através de atividades que seriam fixadas pela repetição. e tinham por finalidade exercitar a vista, a mão, a inteligência, a memorização, o gosto e o senso moral. O ensino tradicional está interessado principalmente no produto do trabalho escolar e a relação professor e aluno mostra-se bem mais autoritária. Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas.”Esta é a turma

Mas nem tudo é tão fácil, esperava uma turma participativa e bastante culta. Na realidade encontro jovens bloqueados por uma rigidez educacional e que não emitem opinião .

Pois a cada pergunta , resposta decoradas surgem rapidamente. Em minhas aulas tento

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explorar o movimento em linhas mas sou solicitada a todo momento a ver cópias de obras ou de fotos que eles fizeram.

Comecei minhas aulas no dia 10 de março e cada dia aumentava minha ansiedade com o dia 21 o dia do Manifesto e ter o privilégio de ler o jornal novinho, cheirando a tinta. Acordei , corri para a sala de refeições em busca do jornal.

O que li foi o seguinte:Manifesto neoconcreto (publicado em 1959 no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, serve como abertura da 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/RJ, na qual fica clara a distância entre o grupo de Gullar e os concretistas de São Paulo).

A expressão neoconcreto é uma tomada de posição em face da arte não-figurativa “geométrica” (neoplasticismo, construtivismo, suprematismo, Escola de Ulm) e particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista. Trabalhando no campo da pintura, escultura, gravura e literatura, os artistas que participam desta I Exposição Neoconcreta encontraram-se, por força de suas experiências, na contingência de rever as posições teóricas adotadas até aqui em face da arte concreta, uma vez que nenhuma delas “compreende” satisfatoriamente as possibilidades expressivas abertas por estas experiências.

Nascida com o cubismo, de uma reação à dissolvência impressionista da linguagem pictórica, era natural que a arte dita geométrica se colocasse numa posição diametralmente oposta às facilidades técnicas e alusivas da pintura corrente. As novas conquistas da física e da mecânica, abrindo uma perspectiva ampla para o pensamento objetivo, incentivariam, nos continuadores dessa revolução, a tendência à racionalização cada vez maior dos processos e dos propósitos da pintura. Uma noção mecanicista de construção invadiria a linguagem dos pintores e dos escultores, gerando, por sua vez, reações igualmente extremistas, de caráter retrógrado como o realismo mágico ou irracionalista como Dadá e o surrealismo. Não resta dúvida, entretanto, que, por trás de suas teorias que consagravam a objetividade da ciência e a precisão da mecânica, os verdadeiros artistas - como é o caso, por exemplo, de Mondrian ou Pevsner - construíam sua obra e, no corpo-a-corpo com a expressão, superaram, muitas vezes, os limites impostos pela teoria. Mas a obra desses artistas tem sido até hoje interpretada na base dos princípios teóricos, que essa obra mesma negou. Propomos uma reinterpretação do neoplasticismo, do construtivismo e dos demais movimentos afins, na base de suas conquistas de expressão e dando prevalência à obra sobre a teoria. Se pretendermos entender a pintura de Mondrian pelas suas teorias, seremos obrigados a escolher entre as duas. Ou bem a profecia de uma total integração da arte na vida cotidiana parece-nos possível e vemos na obra de Mondrian os primeiros passos nesse sentido ou essa integração nos parece cada vez mais remota e a sua obra se nos mostra frustrada. Ou bem a vertical e a horizontal são mesmo os ritmos fundamentais do universo e a obra de Mondrian é a aplicação desse princípio universal ou o princípio é falho e sua obra se revela fundada sobre uma ilusão. Mas a verdade é que a obra de Mondrian aí está, viva e fecunda, acima dessas contradições teóricas. De nada nos servirá ver em Mondrian o destrutor da superfície, do plano e da linha, se não atentamos para o novo espaço que essa destruição construiu.

O mesmo se pode dizer de Vantongerloo ou de Pevsner. Não importam que equações matemáticas estão na raiz de urna escultura ou de um quadro de Vantongerloo, desde que só à experiência direta da percepção a obra entrega a “significação” de seus ritmos e de suas cores. Se Pevsner partiu ou não de figuras da geometria descritiva é uma questão sem interesse em face do novo espaço que as suas esculturas fazem nascer e da expressão cósmico-orgânica que, através dele, suas formas revelam. Terá interesse cultural específico determinar as aproximações entre os objetos artísticos e os instrumentos científicos, entre a intuição do artista e o pensamento objetivo do físico e do engenheiro. Mas, do ponto de vista estético, a obra começa a interessar precisamente pelo que nela há que transcende essas aproximações exteriores: pelo universo de significações existenciais que ela a um tempo funda e revela.

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Malevitch, por ter reconhecido o primado da “pura sensibilidade na arte”, salvou as suas definições teóricas das limitações do racionalismo e do mecanicismo, dando a sua pintura uma dimensão transcendente que lhe garante hoje uma notável atualidade. Mas Malevitch pagou caro pela coragem de se opor, simultaneamente, ao figurativismo e à abstração mecanicista, tendo sido considerado até hoje, por certos teóricos racionalistas, corno um ingênuo que não compreendera bem o verdadeiro sentido da nova plástica. Na verdade, Malevitch já exprimia, dentro da pintura “geométrica” uma insatisfação, uma vontade de transcendência do racional e do sensorial que hoje se manifesta de maneira irreprimível.

O neoconcreto, nascido de uma necessidade de exprimir a complexa realidade do homem moderno dentro da linguagem estrutural da nova plástica, nega a validez das atitudes cientificistas e positivistas em arte e repõe o problema da expressão, incorporando as novas dimensões “verbais” criadas pela arte não-figurativa construtiva. O racionalismo rouba à arte toda a autonomia e substitui as qualidades intransferíveis da obra de arte por noções da objetividade científica: assim os conceitos de forma, espaço, tempo, estrutura - que na linguagem das artes estão ligados a uma significação existencial, emotiva, afetiva - são confundidos com a aplicação teórica que deles faz a ciência. Na verdade, em nome de preconceitos que hoje a filosofia denuncia (M. Merleau-Ponty, E. Cassirer, S. Langer) - e que ruem em todos os campos, a começar pela biologia moderna, que supera o mecanismo pavloviano - os concretos racionalistas ainda vêem o homem como uma máquina entre máquinas e procuram limitar a arte à expressão dessa realidade teórica.

Não concebemos a obra de arte nem como “máquina” nem como “objeto”, mas como um quasi-corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos; um ser que, decomponível em partes pela análise, só se dá plenamente à abordagem direta, fenomenológica. Acreditamos que a obra de arte supera o mecanismo material sobre o qual repousa, não por alguma virtude extraterrena: supera-o por transcender essas relações mecânicas (que a Gestalt objetiva) e por criar para si uma significação tácita (M. Pority) que emerge nela pela primeira vez. Se tivéssemos que buscar um símile para a obra de arte, não o poderíamos encontrar, portanto, nem na máquina nem no objeto tomados objetivamente, mas, como S. Lanoer e W. Wleidlé, nos organismos vivos. Essa comparação, entretanto, ainda não bastaria para expressar a realidade específica do, organismo estético.

É porque a obra de arte não se limita a ocupar um lugar no espaço objetivo – mas o transcende ao fundar nele uma significação nova - que as noções objetivas de tempo, espaço, forma, estrutura, cor etc não são suficientes para compreender a obra de arte, para dar conta de sua “realidade”. A dificuldade de uma terminologia precisa para exprimir um mundo que não se rende a noções levou a crítica de arte ao uso indiscriminado de palavras que traem a complexidade da obra criada. A influência da tecnologia e da ciência também aqui se manifestou, a ponto de hoje, invertendo-se os papéis, certos artistas, ofuscados por essa terminologia, tentarem fazer arte partindo dessas noções objetivas para aplicá-las como método criativo. Inevitavelmente, os artistas que assim procedem apenas ilustram noções a priori, limitados que estão por um método que já lhes prescreve, de antemão, o resultado do trabalho. Furtando-se à criação espontânea, intuitiva, reduzindo-se a um corpo objetivo num espaço objetivo, o artista concreto racionalista, com seus quadros, apenas solicita de si e do espectador uma reação de estímulo e reflexo: fala ao olho como instrumento e não olho como um modo humano de ter o mundo e se dar a ele; fala ao olho-máquina e não ao olho-corpo.

É porque a obra de arte transcende o espaço mecânico que, nela, as noções de causa e efeito perdem qualquer validez, e as noções de tempo, espaço, forma, cor estão de tal modo integradas - pelo fato mesmo de que não preexistiam, como noções, à obra - que seria impossível falar delas como de termos decomponíveis. A arte neoconcreta, afirmando a integração absoluta desses elementos, acredita que o vocabulário “geométrico” que utiliza pode assumir a expressão de realidades humanas complexas, tal como o provam muitas das obras de Mondrian, Malevitch, Pevsner, Gabo, Sofia Taueber-Arp etc. Se mesmo esses artistas às vezes confundiam o conceito de forma-mecânica com o de forma-expressiva, urge esclarecer que, na linguagem da arte, as formas ditas geométricas

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perdem o caráter objetivo da geometria para se fazerem veículo da imaginação. A Gestalt, sendo ainda uma psicologia causalista, também é insuficiente para nos fazer compreender esse fenômeno que dissolve o espaço e a forma corno realidades causalmente determináveis e os dá como tempo - como espacialização da obra. Entenda-se por espacialização da obra o fato de que ela está sempre se fazendo presente, está sempre recomeçando o impulso que a gerou e de que ela era já a origem. E se essa descrição nos remete igualmente à experiência primeira - plena - do real, é que a arte neoconcreta não pretende nada menos que reacender essa experiência. A arte neoconcreta funda um novo “espaço” expressivo.

Essa posição é igualmente válida para a poesia neoconcreta que denuncia, na poesia concreta, o mesmo objetivismo mecanicista da pintura. Os poetas concretos racionalistas também puseram como ideal de sua arte a imitação da máquina. Também para eles o espaço e o tempo não são mais que relações exteriores entre palavras-objeto. Ora, se assim é, a página se reduz a um espaço gráfico e a palavra a um elemento desse espaço. Como na pintura, o visual aqui se reduz ao ótico e o poema não ultrapassa a dimensão gráfica. A poesia neoconcreta rejeita tais noções espúrias e, fiel à natureza mesma da linguagem, afirma o poema como um ser temporal. No tempo e não no espaço a palavra desdobra a sua complexa natureza significativa. A página na poesia neoconcreta é a espacialização do tempo verbal: é pausa, silêncio, tempo. Não se trata, evidentemente, de voltar ao conceito de tempo da poesia discursiva, porque enquanto nesta a linguagem flui em sucessão, na poesia neoconcreta a linguagem se abre em duração. Conseqüentemente, ao contrário do concretismo racionalista, que toma a palavra como objeto e a transforma em mero sinal ótico, a poesia neoconcreta devolve-a à sua condição de “verbo”, isto é, de modo humano de presentação do real. Na poesia neoconcreta a linguagem não escorre: dura.

Por sua vez, a prosa neoconcreta, abrindo um novo campo para as experiências expressivas, recupera a linguagem como fluxo, superando suas contingências sintáticas e dando um sentido novo, mais amplo, a certas soluções tidas até aqui equivocadamente como poesia.

É assim que, na pintura como na poesia, na prosa como na escultura e na gravura, a arte neoconcreta reafirma a independência da criação artística em face do conhecimento prático (moral, política, indústria etc).

Os participantes desta I Exposição Neoconcreta não constituem um “grupo”. Não os ligam princípios dogmáticos. A afinidade evidente das pesquisas que realizam em vários campos os aproximou e os reuniu aqui. O compromisso que os prende, prende-os primeiramente cada um à sua experiência, e eles estarão juntos enquanto dure a afinidade profunda que os aproximou.

Amílcar de CastroFerreira GullarFranz WeissmannLygia ClarkLygia PapeReynaldo JardimTheon Spanúdis

Li com atenção o manifesto, fiz anotações necessárias para uma melhor compreensão e sai para comprar a quantidade suficiente para meus alunos..

A tarde depois da escola fui a Exposição, câmera na mão , bloco de anotações e muita curiosidade.

Chego ao prédio e não o reconheço, descubro após algumas perguntas descubro que a transferência à sede própria se deu, em1958, quando é inaugurado seu Bloco Escola. Estando ainda em construção.

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Caminho por entre as obras, e inicialmente me deparo com uma colocação de mostra de trabalho, não vejo uma preocupação curatorial. Caminho entre os poucos visitantes e os observo, em sua maioria são pessoas com o jornal na mão, movidos pela curiosidade ,observam e conversam entre si.

As obras são o resultado do movimento neoconcretista procurando novos caminhos dizendo que a arte não é um mero objeto; há sensibilidade, expressividade, subjetividade, indo muito além do mero geometrismo puro. I sso é feito com o uso mais livre da cor nas telas e com a criação de objetos que dependem da manipulação do espectador. Os neoconcretos podem ser divididos em dois grupos. Com maior liberdade de concepção, o primeiro produz pinturas, esculturas e objetos que combinam essas duas formas de arte. Entre eles destacam-se os escultores Amilcar de Castro (1920-), Franz Weissmann (1914-), Willys de Castro (1926-1988) e Hércules Barsotti (1914-). Amilcar de Castro trabalha com chapas de ferro que são dobradas no espaço como folhas de papel. Willys de Castro faz os chamados relevos de parede, desenvolvendo objetos de madeira ou metal que mesclam pintura e escultura. O segundo grupo estimula a percepção tátil, além da visual, para que o público interaja com suas obras. Seus maiores representantes são Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lygia Pape (1929-).Existe a incorporação efetiva do observador (que ao tocar e manipular as obras torna-se parte delas) . As obras são como tentativas de eliminar a tendência técnico-científica presente no concretismo.

Feliz em ter participado daquele momento, fui para pensão elaborar um plano para visitar a exposição. Lembro o material que li antes da viagem que o colégio procura manter a sua excelência acadêmica por meio da combinação entre passado e futuro, tradição e modernidade e conservação e mudança isto me motiva ea encontrar o Padre para conseguir levar meus rapazes ao MAM.

Ao conversar com o Padre sobre a saída com alunos e apresentei o seguinte planejamento:

OBJETIVO: Expressar suas ideias e opiniões de forma oral e escrita para aprimorar sua capacidade comunicativa.

Compreender e interpretar o Movimento Neoconcreto como movimento social e artístico. Cronograma dos trabalhos: Atividade 1- Leitura e interpretaçãoReconstrução de períodos da arte.Construção da reflexão sobre o material ofertado em sala.Atividade2 Visita ao MuseuAtividade 3Fechamento com descrição do material observado e construção de modelos(Desenhos,e projetos de esculturas) inspirados nos artistas e obras presentes.Atividade 4Exposição das obras Neo concreto dos estudantesCada atividade compreende 2 aulas de 60 minutos.

Atividade 1:Organizar a turma em grupos de 4 alunosDistribuir o Jornal do Brasil para leitura e compreensão do texto.

Com o acervo da sala de aula de Arte (Enciclopédia Britânica, enciclopédia cujo conteúdo é direcionado ao público adulto e culto,livros franceses de arte e outros com imagens trazidos em sua maioria por pais de alunos).Usando da curiosidade natural dos jovens para que eles desenvolvessem critica perante a arte e seus movimentos, e qual a validade disto para o futuro da arte. Faremos a leitura do texto, para que façam uma reflexão e pedirei que pesquisem em nosso

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material os momentos que antecedem ao Manifesto. Comentarei com os estudantes como até aquele momento oBrasil deixava a cultura francesa, na qual se espelhou por tanto tempo; enalteceu, na fase getulista, o nacionalismo; e agora olhava, com inveja, o florescimento e expansão econômica dos americanos. Zé Carioca e Carmen Miranda faziam sucesso como ícones da cultura brasileira nos EUA - sem deixar de estereotipar o "exotismo" do Brasil. A modernidade tomava conta de nossas capitais que rapidamente se transformaram em metrópoles: ônibus, telefones, e os primeiros arranha-céus. A admiração pelo estilo de vida progressista dos americanos se acentuada na década de 50, quando o país foi invadido pelo rockroll, o chiclete e a coca-cola. Com isso, até o samba, disfarçado de bossa-nova, parecia estar sendo deturpado. E com este Movimento novo na Arte pode desenvolver a sociedade e que comparação fazem entre períodos de arte e a mudança do hoje, o Neoconcretismo. E ao trabalhar o texto, construí-se uma ideia do que podemos esperar no Museu.

Atividade 2:

Organização para a visitação.Roupa de Passeio , autorização dos familiares.Material necessários:Pranchetas para desenhos.Folhas sem linha.Carvão para desenhoBloco para pequenas anotações.Câmeras fotográficas

No MAM veremos às obras dos artistas do Neocontretos: de Lygia Clark, Lygia Pape, Amílcar de Castro, Ivan Serpa, Franz Weissmann, Reynaldo Jardim, Sergio Camargo, Theon Spanudis e Ferreira Gullar.

Estimularei a observação, a escrita , a descrição em relato e desenho durante o percurso entre as obras.Faremos paradas de 20 minutos a cada hora para dialogar sobre nossas observações.Aproveitarei também para mostrar a maquete da obra e localizar nela o que já esta realizado.Faremos as fotos somente depois de todos terem desenhado ou construidos suas observações, para ter um melhor diálogo nas imagens a serem fotografadas.

Atividade 3Construir relatos individuais da visitaçãoOrganizar a imagens copiadas no Museu

Leitura dos relatosExposição em sala dos desenhos elaborados pelos estudantes com sua visão da obra de cada

artista .Construção de desenhos e projetos que serem realizados durante as aulas restantes para

serem apresentados como resultados da visita ao MAM .Para expor juntamente com seleção de fotos que os alunos tiradas durante a exposição. O Padre não só permitiu como fez questão de participar de todo processo. Sendo meu acompanhante para visitação e montagem da exposição.

Do planejamento a execução passei por momentos maravilhosos de descobertas pessoais e de meus estudantes, hoje retornado para executar a tarefa ao buscar imagens com alegria encontrei um de meus “ estudantes” como artista, o Gordilho que estava lá na foto e hoje realiza exposição .Vale apena conferir seu trabalho. Do padre pedadgogo o que descobri é em 1970 tornou-se Reitor

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da Universidade, num período muito difícil política e financeiramente, para a PUC e para o Brasil. Procurava auxiliar alunos, e suas famílias, que por alguma razão tivessem problemas com os órgãos de repressão política do Governo Militar.

Como ele eu e os outros fomos muito sensibilizados pelo momento e agradeço ao Professor por ter me levado a esta viagem,mas sei que o Movimento Neo Concreto não terminou lá, ou segundo muitos autores ficou restrito ao eixo Rio-São Paulo, ele se expandiu pelo mundo como mais um grito do Brasil em favor a Democratização da Arte.

Cópia do suplemento do Jornal

Ferreira Gullar, Lygia Pape, Theon Spanúdis, Lygia Clark e Reynaldo Jardim unicamp.br

Referências:Material ofeecido pelo Prof. Luís Edegar Costa http://moodle.regesd.tche.br/file.php/279/Manifesto_Neoconcreto.pdf

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http://www.gordilho.com/ee006.jpgExposição de Gordilho um dos rapazes da exposição.http://www.gordilho.com/ee016.jpg

Gordilho na foto , um de meus rapazes, acesso a suas obras.:

http://www.gordilho.com/curriculum.htm

Professor do colégio http://www.ccpg.puc-rio.br/70anos/perfis/galeria-dos-reitores/padre-ormindo-sodre-viveiros-de-castro-sj

Moda:

http://veja.abril.com.br/especiais/brasilia/jk-alta-costura-p-156.htmlhttp://jk.globo.com/Series/JK/0,,AA1092123-5074,00.htmlhttp://themahoganystylist.blogspot.com/2007/11/vintage-pattern-give-away.html

Camera fotográfica:

Camera Fotografica Beautyflex 1959:http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-177812289-camera-fotografica-beautyflex-1959-_JM

Elite carioca e eduação anos 50

http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT14-3931--Int.pdf

O CÉU É O LIMITE: A EDUCAÇÃO ESCOLAR DA ELITE CARIOCA NOSANOS 1950,CHAVES, Miriam Waidenfeld. – UFRJ;GT-14: Sociologia da Educaçãohttp://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT14-3931-

Ferreira Gullar por ele mesmo-oficial

/http://literal.terra.com.br/ferreira_gullar/porelemesmo/manifesto_neoconcreto.shtml?porelemesmo/

Hélio Oiticica e os Parangolês:http://projetandohorizontes.blogspot.com/2010/11/disse-que-me-disse-helio-oiticica-os.html

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“Manifesto Neo-concreto”

http://mesquita.blog.br/page/1277

Jornal do Brasil

http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=11852

Site oficial do colégio Santo Inácio

http://www.santoinacio-rio.com.br/Site/index.phpte

Arquiteto do MAM-

http://www.youtube.com/watch?v=5oVS1s65aOk&feature=player_embedded

História do livro no Brasil

http://cultvox.uol.com.br/historia_do_livro_no_brasil.asp