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VIAGEM BOTÂNICA À SINTRA ROMÂNTICA PARQUE DE MONSERRATE BIOLOGIA NO VERÃO 2006

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VIAGEM BOTÂNICA À SINTRA ROMÂNTICA ���� PARQUE DE MONSERRATE

BIOLOGIA NO VERÃO 2006

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BIOLOGIA NO VERÃO – PROGRAMA CIÊNCIA VIVA A Biologia no Verão é uma iniciativa do programa Ciência Viva do Ministério da Ciência e da Tecnologia, na qual participam várias instituições portuguesas, que durante alguns dias abrem as portas para ensinar o que é a biologia a todos os que tiverem curiosidade. Neste âmbito, a Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A. convida-vos a fazerem uma viagem ao mundo da Biologia através da realização de um percurso no Parque de Monserrate, orientado por biólogos. Ao longo da visita serão abordados vários aspectos da vertente natural deste parque histórico da Serra de Sintra, em que se destaca a exuberante vegetação. O visitante terá a oportunidade de conhecer um jardim romântico do séc. XIX, onde a natureza se manifesta de forma imponente, com inúmeras espécies exóticas oriundas dos vários cantos do mundo, pequenos lagos e árvores centenárias que nos contam histórias de outros tempos.

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A SERRA DE SINTRA 1. A ORIGEM GEOLÓGICA DA SERRA DE SINTRA Ao contemplarmos a magnífica serra de Sintra, tudo nos leva a crer que este imponente e luxuriante monumento natural sempre existiu na forma que hoje conhecemos. Não é essa a realidade, porém. A serra de Sintra formou-se há cerca de 60-70 milhões de anos, e deve a sua origem a um fenómeno denominado intrusão magmática. Este processo consiste no aprisionamento de uma bolha de magma no interior da crosta terrestre que solidifica lentamente, permitindo a formação dos cristais que constituem o granito. Devido às movimentações da crosta terrestre, esta massa de granito acaba, eventualmente, por emergir à superfície, formando, no caso de Sintra, uma serra. 2. UM CLIMA MUITO ESPECIAL Por se erguer perpendicularmente à linha de costa, serra de Sintra é o primeiro obstáculo natural que os ventos carregados de humidade, vindos do oceano Atlântico, encontram a interceptar o seu percurso. Este facto permite a existência neste local de um microclima mediterrânico de feição oceânica, com níveis de humidade característicos dos climas subtropicais. A evapotranspiração gerada pela floresta e a protecção constante proporcionada pelas suas copas, bem como a manta morta gerada pela queda das folhas e dos ramos, contribuem para a manutenção de temperaturas e de níveis de humidade no solo propícias ao desenvolvimento da grande diversidade de espécies que aqui podemos encontrar. 3. A VEGETAÇÃO EXUBERANTE A vegetação exuberante da Serra de Sintra está longe de ser um vestígio da floresta primitiva que cobria praticamente toda a área que viria a ser Portugal antes das modificações de paisagens impostas pela acção do Homem. De facto, devido às intervenções ao longo dos tempos, como as explorações agrícola, florestal e a utilização da terra para pastagens, a serra encontrava-se, em pleno século XIX, praticamente despida de vegetação. Foi com a chegada do Romantismo a Sintra que a situação se inverteu. 4. O ROMANTISMO

O romantismo foi um movimento cultural europeu, que surgiu nos finais do século XVIII e cuja influência se consolidou até meados do século XIX. A estética romântica aliou a busca pelo exotismo a uma importância crescida dos sentimentos, o gosto da natureza, o culto do misticismo e o regresso ao passado. Foi neste contexto que se deu início à plantação dos parques românticos em Sintra, exemplos únicos que influenciaram diversas paisagens na Europa.

4.1 SIR FRANCIS COOK

Em 1856, um rico comerciante inglês, Francis Cook, adquire Monserrate e inicia a transformação da propriedade. A antiga vivenda é transformada num singular palácio de traços orientais, e o espaço rural é modificado num exótico jardim, com a

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Figura 1 - Cedro-do-Buçaco

plantação de muitas espécies de plantas exóticas, provenientes de todos os continentes. O arquitecto responsável pela criação do palácio foi James Knowles Jr., enquanto que para a concepção dos jardins, Francis Cook chamou a Portugal um jardineiro inglês de nome Burt. A sensibilidade de Sir Cook conseguiu fazer de Monserrate, um harmonioso e exuberante conjunto artístico e ambiental onde se sente, de uma forma viva e marcante, o «glorioso Eden» que Lord Byron tão bem soube cantar.

O PARQUE DE MONSERRATE O domínio das forças da natureza sobre o homem é a essência e o espírito do exótico jardim de Monserrate criado no século XIX por Sir Francis Cook. Este milionário Inglês procurou recriar em Monserrate ambientes de várias partes do mundo aproveitando as extraordinárias condições naturais e as possibilidades cénicas oferecidas. A paisagem, assim construída, levou a que o Parque fosse considerado um dos mais notáveis Jardins Românticos do mundo, no período vitoriano. A exploração do Parque de Monserrate transporta-nos numa viagem no tempo e no espaço à medida que se descobre os recantos e a larga diversidade de ambientes onde podemos encontrar espécies provenientes de diferentes climas e zonas geográficas. Ao longo do percurso proposto no âmbito deste programa pretende-se dar a conhecer algumas espécies botânicas notáveis, exóticas e autóctones, aspectos da sua biologia e curiosidades etnobotânicas e culturais. No que respeita à fauna, a grande diversidade de ambientes deste Jardim proporciona habitats para muitas espécies que é possível aqui encontrar.

A FLORA DO PARQUE DE MONSERRATE

1. FLORA NOTÁVEL

Nome comum: Cedro-do-Buçaco Nome científico: Cupressus lusitanica M. Origem: América Central Etimologia: Cupressus = cedro em latim; lusitanica = proveniente de Portugal. Descrição e curiosidades: Esta espécie encontra-se amplamente representada nesta área do parque, sendo possível observar diversos espécimens nos canteiros que ladeiam o caminho. Os Cedros-do-Buçaco podem atingir 25 a 30 m de altura, com copas amplamente piramidais, apresentando as árvores mais antigas ramos pendulares. A casca é grossa e de cor castanha-avermelhada com fissuras longitudinais. A

folhagem é distintamente verde-azulada. Apesar de oriunda da região da Guatemala, esta espécie é vulgarmente conhecida como Cedro do Buçaco ou Cedro de Portugal. No séc. XVIII, quando se iniciou a classificação taxonómica das espécies, na Europa, os exemplares mais antigos desta árvore, foram encontrados em Portugal, associando-se por isso o seu nome à região lusitânica. Entretanto, a

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Figura 2 – Búnia-búnia

Figura 3 - Araucária–de–Norfolk

classificação estendeu-se aos outros continentes e, os exemplares mais antigos desta espécie foram encontrados na América Central. Calcula-se que tenham sido trazidos pelos navegadores portugueses durante a época dos descobrimentos, que também os terão introduzido em Goa.

Nome comum: Búnia-búnia Nome científico: Araucaria bidwillii H. Origem: Nova Caledónia, Austrália Etimologia: O curioso nome comum desta árvore deriva da forma aportuguesada do nome dado pelos nativos da sua região de origem. Descrição e curiosidades: É uma árvore que chama a atenção pelo seu aspecto invulgar. O seu tronco apresenta marcas semelhantes a mamilos, nos locais onde existiram ramos. É uma das poucas

coníferas que tem folha larga em vez de agulhas. A copa é formada por ramos que se distribuem radialmente em volta do tronco. É vulgar encontrá-la em parques e jardins. A grande Búnia-búnia que podemos ver em Monserrate ultrapassa já os 35 m de altura e tem um perímetro superior a 6 m, o que a torna num dos maiores exemplares do parque. A pinha da Búnia-búnia é provavelmente a mais pesada pinha que uma conífera pode produzir, chegando a pesar mais de 7 kg! O pinhão, também de grandes de dimensões é comestível e, na sua região de origem, a altura de colheita dos pinhões era celebrada festivamente. As várias tribos que habitavam a região uniam-se e partilhavam entre si este alimento nutritivo.

Nome Comum: Araucária–de–Norfolk Nome científico: Araucaria heterophylla F. Origem: Ilha de Norfolk, Pacífico Etimologia: Araucaria = que provém da região de Arauco (Chile), onde se descobriu a primeira espécie; heterophylla = do grego, significa vários tipos de folhas, aludindo à diferença entre as folhas juvenis e adultas. Descrição e curiosidades: Esta árvore é por vezes denominada de “Pinheiro Estrela” devido às formas regulares dos seus ramos horizontais que se dispõem

em andares, sobrepostos a iguais distâncias, diminuindo gradualmente de comprimento até ao vértice, dando à árvore, a forma de uma pirâmide cónica. No Parque de Monserrate reconhece-se facilmente a grande araucária que se situa na base do relvado e que já é a árvore mais alta do jardim com os seus imponentes 50 m de altura. Esta grande e majestosa araucária é uma das raras coníferas que se podem encontrar no hemisfério Sul. É também uma árvore resistente ao sal; todas as partes da árvore encontram-se protegidas por uma camada cerosa, sendo por essa razão muito usadas como quebra-ventos em zonas costeiras.

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Figura 4 - Ginkgo

Nome comum: Ginkgo Nome científico: Ginkgo biloba L. Origem: Sudeste da China Etimologia: Gingko = do seu nome nativo yinkuo); biloba = refere-se aos dois lóbulos da folha. Descrição e curiosidades: Esta árvore apresenta folhas muito características, em forma de leque, que partem dos ramos agrupadas na base. O verde-mate da folhagem desta caducifólia torna-se amarelo vivo no

outono, o que torna a árvore muito conspícua nessa altura do ano, com os seus reflexos dourados. É uma espécie dióica, em que as estruturas reprodutoras masculinas e femininas se encontram separadas em árvores diferentes. Os frutos que podem ser observados nas árvores femininas assemelham-se a pequenas ameixas de invólucro prateado e exalam um odor desagradável a manteiga rançosa ao apodrecerem no chão. Por esta razão, as árvores masculinas são habitualmente preferidas para fins ornamentais, como é o caso deste espécimen. Os fósseis mais antigos desta espécie datam do Jurássico, a era dos dinossauros. Dado que estes eram os grandes dispersores das suas sementes, o declínio das várias espécies deste género poderá ter sido influenciado pela extinção destes animais, há 65 milhões de anos atrás. O Ginkgo é, porém, uma árvore muito resistente a insectos, fungos, vírus e bactérias, bem como ao ozono, à poluição causada pelo dióxido de enxofre, ao fogo e até mesmo à exposição radioactiva. Por esse motivo, uma árvore desta espécie pode viver mais de 1000 anos, tendo o espécimen mais antigo conhecido cerca de 3500 anos. As propriedades terapêuticas desta espécie, considerada sagrada pelos budistas, são referidas desde 2800 a.C.. Os princípios activos extraídos desta árvore têm acção anti-inflamatória, antifúngica, antibacteriana, antidepressiva, antidiabética, e, por estimular a circulação, é indicado para prevenir o envelhecimento e auxiliar no tratamento de impotência sexual e doenças vasculares.

Nome comum: Magnólia Nome científico: Magnolia grandiflora L. Origem: SE dos Estados Unidos Etimologia: Magnolia = nome dado por Lineu, em honra de Pierre Magnol, um famoso professor de medicina e botânica de Montepellier, no início do séc. XVIII); grandiflora = flores de grande tamanho. Descrição e curiosidades: Esta distinta árvore de folha

perene presenteia-nos entre Maio e Julho, com grandes flores de cor branca, e de odor muito agradável. As folhas são grandes e de um verde brilhante, aveludadas na página inferior, e os frutos, cónicos, largam pequenas sementes de cor vermelha, que quando maduras, pendem de finos fios semelhantes a teias de aranha. Planta representativa dos estados do Mississipi e do Louisiana, esta árvore cresce preferencialmente ao longo de cursos de água e nos solos férteis das margens pantanosas do Sul dos Estados Unidos. Todos os membros deste género apresentam uma folhagem luxuriante e flores fragrantes. As folhas que caem e se

Figura 5 - Magnólia

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Figura 6 - Medronheiro

Figura 7- Teixo

acumulam debaixo das copas, demoram muito tempo para se decomporem. A sua madeira é usada para fazer contraplacado e caixas para transportar vegetais.

2. FLORA AUTÓCTONE

Nome comum: Medronheiro Nome científico: Arbutus unedo L. Origem: Região mediterrânica até Sul da Inglaterra e Sul da Irlanda Etimologia: Arbutus = de Arbor que significa arbusto; Unedo = um e mais nenhum e foi adoptado para esta espécie porque os seus frutos, ainda que comestíveis, quando estão verdes possuem um sabor desagradável, levando a que, quem os prove, não tencione repetir a experiência uma segunda vez.

Descrição e curiosidades: O medronheiro é um arbusto ou uma árvore de pequena dimensão que pode atingir os 8 a 10 m ainda que usualmente não ultrapasse os 5 m. O tronco possui uma casca avermelhada delgada, muito escamosa, caduca em pequenas placas nos exemplares mais antigos. A copa desta espécie é oval e as folhas são persistentes, verde escuras na página superior e mais claras na página inferior. As flores encontram-se reunidas em cachos compostos, terminais e pendentes e são esverdeadas. Os frutos – medronhos - são baciformes, globosos, granulosos ou eriçados na superfície. Medem entre 20 a 25 mm, são vermelhos quando estão maduros e possuem sementes pequenas, angulares e de cor castanha. O medronheiro é explorado no Algarve, sobretudo nas Serras de Monchique e do Caldeirão, para a produção de aguardente, a chamada “aguardente de medronho”, um produto regional de destaque. Para produzir 1l de aguardente é necessário destilar em alambique 1 kg de medronhos. Estes frutos são ainda conhecidos pela capacidade de provocar dores de cabeça e embriaguez a quem os consome em excesso, uma vez que, quando maduros, possuem uma certa quantidade de álcool. As folhas e a casca do medronheiro são ricas em taninos que são utilizados para curtir as peles e, na medicina popular, para curar as diarreias, as desinterias e as infecções urinárias e a sua madeira é um excelente combustível.

Nome comum: Teixo Nome científico: Taxus baccata L. Origem: Europa e Ásia menor Etimologia: Taxus = do grego toxon que significa veneno; baccata = do latim baccatus, com frutos em baga ou parecidos com bagas, aludindo o seu fruto. Descrição e curiosidades: Árvore de folha perene que

pode crescer até aos 24 m, esta conífera produz bagas vermelhas e carnudas em vez de pinhas! As suas folhas escuras e em forma de agulha, dispõem-se em espiral à volta dos ramos. Segundo os druidas, o Teixo era a árvore da imortalidade e era, por isso, considerada sagrada. Mais tarde, os cristãos plantaram-na nos seus cemitérios pois, por ser venenosa, consideravam que representava a morte. Esta espécie foi, mais tarde, substituída pelos Cedros porque consta que os burros que levavam os funerais para o cemitério comiam folhas de Teixo enquanto aguardavam

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Figura 8 - Azevinho

Figura 9 - Gilbardeira

o fim da cerimónia e morriam como consequência. É a árvore com maior longevidade da Europa, sendo comum encontrar exemplares com mais de 1000 anos pois o seu crescimento é muito lento. A madeira desta árvore foi muito utilizada na idade média no fabrico de arcos. Diz a lenda que o famoso arqueiro e fora-da-lei, Robin Hood casou à sombra de um teixo. As várias partes da árvore são tóxicas, sendo perigoso o seu consumo por parte de homens e animais. No entanto, uma substância extraída a partir da casca e das agulhas do teixo, o taxol, tem reconhecidas propriedades no combate ao cancro dos testículos e dos ovários.

3. FLORA AUTÓCTONE AMEAÇADA Nome comum: Azevinho Nome científico: Ilex aquifolium L. Etimologia: Ilex = nome latino da azinheira, por ser parecido com as suas folhas; Aquifolium: acus = agulha e folius = folha, aludindo aos espinhos das mesmas. Descrição e curiosidades: O azevinho encontra-se espalhado um pouco por todo o Parque da Pena. Sendo

facilmente reconhecido através do verde-escuro e brilhante da sua folhagem, que se mantém durante todo o ano. Esta árvore pode atingir os 20 m de altura e as suas folhas apresentam uma forma variada com as margens espinhosas, característica que é mais evidente nos indivíduos jovens. As flores são pequenas e brancas ou tingidas de púrpura, nascendo agrupadas na axila da folha, no final da Primavera. A frutificação, no final do Outono, é composta por pequenas bagas vermelhas. Esta árvore, tradicionalmente usada no nosso país durante a época natalícia, é actualmente uma espécie protegida por lei. A apanha desregrada de azevinho contribuiu para a sua quase extinção no território nacional. O arbusto, caracterizado pelo aspecto espinhoso das suas folhas, apresenta uma aparência diferente no estado arbóreo. Com o desenvolvimento do porte da árvore, o rebordo das folhas suaviza-se, pois os espinhos não são mais do que uma defesa contra predadores que poderiam desfolhar completamente esta planta na sua fase juvenil. Legislação: Desde 4 de Dezembro de 1989, através da promulgação do decreto-lei 423/89, que é proibido, em todo o território do continente, o arranque, o corte total ou parcial, o transporte e a venda do azevinho espontâneo Ilex aquifolium L., também conhecido por pica-folha, visqueiro ou zebro.

Nome comum: Gilbardeira Nome científico: Ruscus aculeatus L. Origem: Mediterrâneo Etimologia: aculeatus = com espinhos ou ferrões.

Descrição e curiosidades: Este pequeno arbusto não apresenta folhas. Os caules são espalmados, terminando em espinhos (a que se dá o nome de cladódios), que tomam a aparência de folhas. No centro de cada cladódio surgem as

pequenas flores de coloração violeta e depois as bagas vermelhas. Pode crescer até cerca de 70 cm de altura e 1m de largura. Não suporta temperaturas negativas, pelo

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Figura 10 – Feto-folha-de-hera

Figura 11 - Feto-dos-carvalhos

que se adapta muito bem ao clima da serra de Sintra, onde temperaturas tão baixas raramente são atingidas. Floresce desde o Outono até à Primavera. A sua distribuição estende-se por toda a Europa temperada, mesmo em solos rochosos e pouco férteis. Para além de possuir grande número de propriedades medicinais (anti-inflamatório, vasoconstritor, laxante e diurético), em alguns locais consomem-se os rebentos jovens de forma similar aos espargos. As sementes podem ser utilizadas como substitutas do café. Noutros tempos utilizavam-se os ramos maduros como vassouras, com as quais os talhantes limpavam os blocos de cortar a carne.

Nome comum: Feto-folha-de-hera Nome científico: Asplenium hemionitis L. Origem: Açores, Madeira, ilhas Canárias, Península Ibérica Descrição e curiosidades: Planta herbácea, vivaz, de rizoma curto e frondes persistentes com 10-35cm, dispostas em tufo frouxo, semelhantes a folhas de hera. Na página inferior da frondes é possível observar os soros lineares e

alongados. Esta espécie encontra-se apenas nas regiões de Mafra e Sintra, em sítios húmidos e sombrios, nas fendas de muros ou nas paredes musgosas de tanques e poços. É frequentemente confundida com a hera que ocupa o mesmo habitat.

Nome comum: Feto-dos-carvalhos Nome científico: Davallia canariensis L. Origem: Ilhas Canárias, Ilha da Madeira Etimologia: Davallia = em homenagem ao botânico suíço Edmund Davall, do séc. XVIII; canariensis = oriundo das Canárias. Descrição e curiosidades: Feto decíduo ou semi-persistente cujas frondes triangulares e de aspecto rendilhado podem atingir cerca de 50cm de comprimento. Os rizomas, habitualmente conspícuos, parecem estar

cobertos por pequenas escamas que fazem lembrar papel. Durante muito tempo utilizou-se para baixar a febre e como sudorífero, assim como na cura de doenças venéreas. Hoje em dia está demonstrado que não é uma planta muito activa e já pouco se utiliza em preparados farmacêuticos. Trata-se de uma espécie epifítica que cresce sobre troncos de árvores, evitando a competição com outras espécies no solo e procurando condições ideais de insolação, normalmente logo abaixo da copa. É um dos fetos mais tolerantes ao frio, nunca suportando, porém, temperaturas negativas. O seu nome comum deve-se ao facto de crescer preferencialmente sobre os troncos dos carvalhos por estes apresentarem rugosidades propícias ao desenvolvimento de musgo que retém a água e os nutrientes necessários à sua sobrevivência.

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A FAUNA DO PARQUE DE MONSERRATE Num habitat tão rico do ponto de vista da flora, com tantos ambientes diferentes que aqui foram criados, é inevitável referir-se alguns aspectos da fauna do Parque de Monserrate. Pretende-se, apenas, destacar alguns grupos de animais. Uns por serem fáceis de observar pela sua abundância, como os anfíbios e os répteis. Outros, por incluírem espécies particularmente sensíveis do ponto de vista conservacionista, como os mamíferos. A referência aos insectos é, igualmente, inevitável por dependerem deste grupo os restantes, uma vez que estão na base da teia trófica.

OS ANFÍBIOS Numa serra como a de Sintra, onde a água é tão abundante, não podíamos deixar de referir este grupo tão importante. Estes animais são dos mais fáceis de observar ao longo do percurso, nos tanques e nos lagos que se vai encontrando pelo caminho. Entre a água e a terra Não há dúvida que a vida na água precedeu a vida na terra firme e que muitos grupos de animais passaram de um elemento para o outro, obrigados por factores diversos. Os animais que dispunham de uma maior capacidade de adaptação, ou seja, que possuíam órgãos mais facilmente modificáveis para se adaptarem às novas condições, conseguiram conquistar o habitat terrestre. Há mais de 350 milhões de anos, os anfíbios foram os primeiros animais vertebrados que se atreveram a sair da água para conquistar a terra. Porém os anfíbios não conseguiram tornar-se completamente independentes da água e a sua maioria necessita de água para se reproduzir. Características dos anfíbios Os anfíbios são animais de sangue frio, o que quer dizer que a sua temperatura interna varia em função da temperatura do meio exterior. Possuem pele nua, ou seja, não têm a revesti-los pêlos, penas ou escamas, o que possibilita a respiração cutânea. Possuem muitas glândulas na pele secretoras de substâncias químicas para se protegerem dos predadores e que ajudam a manter a humidade do corpo.

Tabela I - Principais grupos de anfíbios

Ordem Característica principal Exemplo

Anuros sem cauda Sapos, Rãs Urodelos com cauda Tirtões, Salamandras Ápodes Sem pés Cecílias

A metamorfose Os anfíbios são os únicos animais vertebrados que se desenvolvem por metamorfose. Isto significa que durante a sua vida sofrem uma série de transformações que fazem com que o seu corpo de adultos seja completamente diferente da forma que tinham quando nasceram. Estas transformações são tão incríveis que, em muito pouco tempo, um organismo que antes vivia como um peixe converte-se num animal muito diferente, que é capaz de viver respirando fora de

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Figura 12 – Esquema ilustrativo do processo de metamorfose dos

anfíbios

água. Normalmente os ovos são postos na água, onde nascem os jovens girinos, que possuem cauda e brânquias externas, mas não têm pernas. Com o crescimento e desenvolvimento do girino as brânquias desaparecem e vão-se formando os pulmões, surgem as pernas posteriores e as anteriores e a cauda encolhe, chegando mesmo a desaparecer nalguns casos. Para além disso, enquanto vivem na água os anfíbios são herbívoros e convertem-se depois em carnívoros quando passam a viver fora dela.

Os predadores

Apesar de produzirem uma enorme quantidade de ovos, nem todos os girinos dos anfíbios

conseguem atingir com sucesso a idade adulta. Entre os seus inimigos encontram-se animais muito diferentes: peixes, répteis, insectos, mamíferos e aves. Há ainda muitas espécies de anfíbios em que os indivíduos adultos devoram tranquilamente os girinos e mesmo alguns pais que comem os seus próprios filhos (canibalismo).

Meios de defesa contra os predadores Nos adultos, o principal meio de defesa consiste na ocultação e na confiança na sua capacidade de permanecerem completamente imóveis e na sua coloração críptica, coloração que pode modificar-se pela influência de determinados factores. Por outro lado, a pele segrega uma substância mucosa que os torna escorregadios e difíceis de apanhar. Além disso muitas das espécies possuem glândulas secretoras de um veneno que pode ser mais ou menos tóxico. Alguns anfíbios que podemos encontrar no Parque

OS RÉPTEIS

A rastejar pelo Jardim podemos, igualmente, encontrar diversas espécies de répteis (do latim reptare que significa rastejar) cujo nome deriva da principal característica do seu modo de locomoção. Algumas das espécies que aqui existem são protegidas, pelo que é importante conhecê-las.

Figura 13 - Tritão-marmorado

(Triturus marmoratus)

Figura 14 - Salamandra-de-pintas-amarelas

(Salamandra salamandra)

Figura 15 - Sapo comum (Bufo-bufo)

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A história da evolução dos répteis Os répteis foram os primeiros vertebrados a tornarem-se independentes do meio aquático, e dominaram a Terra durante a era Mesozóica, que começou há 225 milhões de anos e durou cerca de 150 milhões de anos. Muitos chegaram a atingir tamanhos gigantescos, como os dinossauros, que no final da era Mesozóica se extinguiram. No processo de evolução da vida animal, ocupam uma posição entre os anfíbios – anteriores – e as aves e os mamíferos – tendo estas duas classes evoluído a partir dos répteis. Características dos répteis Constituem a primeira classe de animais vertebrados a conquistar definitivamente o meio terrestre; para isso, foi necessário que sofressem uma série de adaptações. Possuem uma pele grossa impermeável, seca e sem glândulas, apresentam uma espessa camada de queratina, sendo coberta por escamas epidérmicas (cobras e lagartos) ou placas córneas (crocodilos e caimões) que, nas tartarugas, se unem sobre a pele formando uma carapaça protectora. Em muitos casos ocorrem mudas, com a eliminação das camadas mais superficiais da epiderme para permitir o crescimento do animal. Não são capazes de controlar a temperatura de seu corpo por processos internos, logo precisam de adaptações comportamentais para manter sua temperatura em níveis adequados à actividade (são animais de sangue frio ou pecilotérmicos). A principal causa do sucesso dos répteis no ambiente terrestre está na sua reprodução, que se tornou completamente independente da água. Em primeiro lugar, a fecundação é interna. Os répteis são, na maioria, ovíparos. Depositam ovos em ninhos; sob folhas; em buracos feitos no solo, na areia de praias ou às margens de rios. Após algum tempo de incubação, nascem os filhotes, já independentes para se deslocarem à procura de alimento.

Tabela II - Resumo das principais adaptações dos répteis que permitiram a colonização do meio terrestre

Adaptação Descrição impermeabilização da pele (carapaças, escamas e placas córneas)

para a protecção do animal contra o atrito durante a locomoção; para evitar que o ambiente seco, o vento e o sol desidratem o corpo

respiração pulmonar os pulmões são os órgãos que possibilitaram aos vertebrados a respiração em ambiente gasoso

esqueleto mais forte, sistema muscular mais complexo e sistema nervoso central melhor desenvolvido

o desenvolvimento destes três sistemas possibilita o equilíbrio e a sustentação do animal em ambiente terrestre

excreção urinária concentrada adaptação necessária para evitar a perda de grande quantidade de água, quando o organismo efectua a excreção

reprodução com fecundação interna, desenvolvimento directo, ovos com casca e anexos embrionários

a desova ocorre em ambiente terrestre e os filhotes saem dos ovos com a forma adulta, não passando por estágios intermediários de desenvolvimento

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Figura 17 - Cágado (Mauremys leprosa)

Figura 18 - Licranço ou Cobra-cega

(Blanus cinereus)

Figura 19 - Cobra-de-escada

(Elaphe scalaris)

Figura 20 - Cobra-de-ferradura

(Coluber hippocrepis)

Figura 21 - Lagarto-de-água

(Lacerta schreiberi)

Figura 16 - Sardão (Lacerta lepida)

Como se alimentam os répteis A maioria dos répteis são carnívoros que procuram as suas presas na água, no solo e até nas árvores. Muitos répteis têm dentes (como o crocodilo), usados para capturar e matar as presas, mas não para as mastigar, pois geralmente engolem-nas inteiras ou em grandes pedaços. Existem, no entanto, alguns que não têm dentes, como a tartaruga, que é herbívora. A sua boca, porém, possui bordos cortantes que desempenham uma função semelhante à dos dentes. Os dentes podem igualmente estar modificados para injectar veneno, como acontece nalgumas serpentes que utilizam veneno para paralisar ou para matar os animais de que se alimentam. Meios de defesa Tal como muitos outros animais, os répteis desenvolveram numerosos métodos de defesa contra os seus inimigos. Os menos elaborados consistem na utilização de alguma parte do corpo como arma (ex.: dentes, mandíbulas ou garras). A cauda é frequentemente utilizada para golpear os adversários como faz, por exemplo, o crocodilo. Os quelónios, por possuírem carapaça, não desenvolveram outros meios de defesa, embora possam demonstrar uma grande agressividade quando se sentem ameaçados. Os escamosos desenvolveram métodos de defesa muito mais sofisticados, como o ataque através de venenos ou o abandono de um fragmento do corpo que é regenerado rapidamente. Algumas espécies de répteis que podemos encontrar no Parque

OS MAMÍFEROS De todos os mamíferos que habitam o Parque de Monserrate, como a raposa e diversas espécies de roedores, destacamos aqui a Geneta e os Morcegos por serem animais pouco conhecidos ou mal compreendidos e, também, por a observação dos seus vestígios ser frequente. São, também, animais que importa conhecer pois os mamíferos incluem algumas das espécies mais ameaçadas pela destruição dos seus habitats que tem vindo a ocorrer e também pela crescente pressão humana.

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Figura 22 - Geneta

A GENETA (Genetta genetta) Como reconhecer a Geneta? A Geneta é um animal de médio porte da família dos viverrídeos. Tem um corpo alongado com 52 a 60cm de comprimento, uma cauda comprida com cerca de 45cm e pesa entre 1kg e 2,2kg. As patas são curtas, as orelhas compridas e o focinho afilado. Por ter hábitos crepusculares e nocturnos grandes e dilatados. O seu pêlo em tons de cinzento acastanhado apresenta 4 a 5 linhas longitudinais de manchas negras em cada flanco. A cauda tem 9 a 12 anéis negros e termina num pincel de pêlos claros. Estes padrões na pelagem tornam-na muito difícil de observar nas copas das árvores, onde se abriga e caça. Que locais prefere a Geneta para viver? Apesar de ser capaz de explorar todos os habitats naturais e cultivados de África e do Sudoeste da Europa, a Geneta prefere bosques fechados, zonas rochosas ou escarpadas, com vegetação densa e próximas de cursos de água. A Serra de Sintra é, por isso, um óptimo habitat para esta espécie pois reúne todos estes elementos. De que se alimenta este animal? Por apresentar características muito diversificadas, toda a zona do Parque Natural de Sintra-Cascais tem uma grande variedade de alimentos disponíveis para este omnívoro. A análise dos dejectos presentes nas latrinas evidenciam que a Geneta não só se alimenta de pequenos roedores como ratos, musaranhos e coelhos como também consome pequenas aves e répteis, insectos, frutos (amoras e figos) e material vegetal diverso, ovos, caracóis e restos de comida humana (nos dejectos surgem detritos humanos como papel e plástico). A percentagem de restos não digeridos destes vários alimentos nos dejectos da Geneta varia muito ao longo do ano o que mostra que este animal tem facilidade em adaptar a sua dieta em função da disponibilidade de recursos. A importância das latrinas na marcação do território Muitos mamíferos marcam o seu território usando as fezes como forma de marcação olfactiva. As genetas costumam escolher locais específicos onde depositam as fezes periodicamente: as latrinas. Preferem, para isso, sítio que sobressaem no ambiente como árvores ou grandes pedras em locais altos. Na Serra de Sintra é comum encontrar latrinas nos grandes penedos de granito que aqui abundam. Para além de servirem como pontos de marcação territorial, as latrinas também servem como locais de troca de informação com as outras genetas e de orientação na sua área vital. A dimensão desta pode variar de 1 a 5 km2 e nela a Geneta pode percorrer cerca de 3,5km por dia! O mistério da origem da Geneta É uma espécie de origem etiópica... Como terá passado do continente Africano para o Europeu? É provável que tenha sido trazida pelos mouros durante as invasões, pois eles domesticavam-nas para controlar as populações de roedores. Na Europa a Geneta domesticada continuou a ser usada até ao século IX, altura em que o gato foi trazido do Egipto.

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Figura 16 - Colónia de Morcego-de-ferradura-

pequeno Rhinolophus hipposideros

A Geneta é uma espécie rara? Apesar de não se saber ao certo o número de indivíduos desta espécie em Portugal, é considerada comum. Existe de Norte a Sul do nosso país e a sua área de distribuição estende-se por todo o Sudoeste Europeu e pela sua zona de origem: o Norte de África. O seu estatuto de conservação é, pois, de espécie não ameaçada. Apesar da Geneta estar incluída na lista de espécies cinegéticas, a sua captura está sujeita a restrições devido a alguns factores de ameaça como por exemplo a mortalidade causada por atropelamentos, pelo controle de predadores e pela procura da sua pele.

OS MORCEGOS Habitantes das grutas, de casas abandonadas e das numerosas minas de água que existem na Serra, os Morcegos merecem toda a nossa atenção. Estes interessantes mamíferos são, muitas vezes, alvo de receios infundados que urge desmistificar. Devido à destruição dos seus habitats e à pressão humana, muitas espécies deste grupo estão classificadas como raras. Dado que a sensibilização das populações para a protecção dos animais deve passar sempre pelo conhecimento da sua biologia e dos seus hábitos, não podíamos deixar de lhes fazer, aqui, referência. Principais características dos Morcegos Para além de terem conseguido conquistar o ar, do ponto de vista estrutural, os Morcegos não são muito diferentes dos outros mamíferos, excepto pelo facto de possuírem longos dedos onde se fixam as membranas que possibilitam o voo e joelhos que dobram para a frente. Nestes animais nocturnos a ecolocalização (modo de orientação semelhante ao de um radar que consiste na emissão e recepção de ondas) está normalmente associada a grandes orelhas e, em alguns casos, a estruturas faciais desenvolvidas, o que lhes permite capturar insectos voadores à noite. Por esta fonte de alimento ser sazonal e por serem animais de dimensões muito reduzidas, os Morcegos hibernam. Para além disso, é comum as espécies das zonas temperadas apresentarem um torpor diário durante o qual a temperatura corporal desce ao nível da temperatura ambiente. Esta forma de poupança de energia é fundamental para estes pequenos animais, muito activos durante os voos nocturnos em busca de alimento. Factores de ameaça O facto de viverem em colónias torna-os extremamente vulneráveis, pois um grande número de indivíduos pode ser destruído de uma só vez, se a colónia for ameaçada! Isso pode acontecer se, por exemplo, a caverna que lhes serve de abrigo for inundada ou ruir. A destruição do habitat de uma colónia inteira pode, ainda, ser provocada, tão simplesmente, pela obstrução de túneis ou até mesmo dos pequenos buracos que usam para aceder ao interior dos edifícios. Um grande perigo para os Morcegos são, também, alguns tratamentos de madeira dos edifícios, extremamente tóxicos e que os afectam por inalação, por ingestão e por absorção através da pele.

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Por serem animais de reprodução lenta, a recuperação das populações protegidas é também lenta, o que representa uma enorme dificuldade na conservação destas espécies.

Tabela III - Espécies de Morcegos que podemos encontrar na Serra de Sintra

Nome Comum / nome científico classificação

1 Morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale

muito raro

2 Morcego-de-ferradura-pequeno Rhinolophus hipposideros

muito raro

3 Morcego-orelhudo Plecotus austriacus

raro

4 Morcego-anão Pipistrellus pipistrellus

comum

5 Morcego-de-Kuhl Pipistrellus khuli

comum

OS INSECTOS

A importância dos Insectos no Ecossistema Muitas vezes descurados e incompreendidos, os Insectos constituem uma parte muito importante do ecossistema, não só devido ao seu papel de polinizadores, possibilitando a reprodução de muitas espécies vegetais, como também por estarem na base da teia trófica, servindo de alimento a muitos animais. De facto, muitos estudos de populações de mamíferos insectívoros compreendem uma grande parte dedicada à Entomologia (estudo dos Insectos) pois, nos dejectos deixados por estes animais, que são os vestígios mais fáceis de se encontrar, está a chave para se conhecer as suas dietas alimentares. Dada a sua importância é, assim, fundamental procurarmos conhecer melhor este grupo tão numeroso. A polinização Polinização consiste no transporte de pólen desde as anteras (órgão reprodutor masculino) até ao estigma de uma flor (órgão reprodutor feminino); deste modo, obtêm-se as sementes que produzirão uma nova planta. Em alguns casos, o pólen é transportado pelo vento, mas há plantas que dependem dos animais, especialmente dos insectos, para que a polinização ocorra. De facto, ao visitar uma flor, um insecto toca geralmente nas anteras acabando, assim, por levar alguns grãos de pólen agarrados ao seu corpo. Ao encontrar uma nova flor da mesma espécie, os grãos de pólen poderão cair sobre o estigma ocorrendo, deste modo, a polinização. Este tipo de polinização, efectuada pelos insectos, diz-se entomófila. Existem dois tipos de polinização: a polinização directa e a polinização cruzada. A polinização directa ou autopolinização é a transferência dos grãos de pólen da antera de uma flor para o estigma da mesma flor ou de uma outra flor do mesmo pé. A polinização cruzada é a transferência dos grãos de pólen da antera de uma flor para o estigma de outra flor da mesma espécie, mas de pés diferentes. Na natureza, esse tipo de polinização é o mais vantajoso, já que possibilita a formação de novas combinações genéticas que favorecem a formação de sementes, originando novas plantas, mais vigorosas e produtivas.

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Por este motivo, as plantas possuem alguns mecanismos para evitar a autopolinização, nomeadamente os mecanismos que favorecem a polinização cruzada, como o vento, os animais, a água e os insectos. Dentre todos, os insectos são os mais importantes, principalmente as abelhas, que desenvolveram na sua evolução mecanismos apropriados para se tornarem excelentes polinizadores, como pêlos em todo o corpo, que favorecem o transporte dos grãos de pólen, e o seu eficiente sistema de comunicação, que permite a uma abelha indicar rapidamente a todas as outras a localização de uma área florida. Estima-se que as abelhas sejam as responsáveis por 80% deste tipo de polinização.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ferrand de Almeida, N.; Ferrand de Almeida, P.; Gonçalves, H.; Sequeira, F.; Teixeira, J.; Ferrand de Almeida, F. (2001). Anfíbios e Répteis de Portugal. FAPAS, Porto. 249 p.

Freitas, J. S.; Constâncio, R. (1997). Árvores de Monserrate. Associação Amigos de Monserrate. INAPA, 129 pp.

Macdonald, D.; Barrett, P. (1993). Mammals of Britain and Europe. Harper Collins, London. 312 p.

Mitchell, A.; Wilkinson, J. (1983). Los árboles de Europa. Omega, Barcelona. 271 p.

Pargana, J. M.; Paulo, O. S.; Crespo, E. G. (1998). Anfíbios e Répteis do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Instituto da Conservação da Natureza, Portalegre. 101 pp.

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GLOSSÁRIO

• Anfíbio – Pequeno animal de pele mole, permeável, geralmente húmida e sem escamas que podemos encontrar na água e em locais húmidos. Possui, geralmente, a capacidade de respirar dentro e fora de água.

• Autóctone – Originário do local onde se encontra. • Biodiversidade – Variedade de organismos vivos de todas as origens,

compreendendo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte. Compreende, ainda, a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

• Biologia – Ciência que estuda a vida. • Caducifólio – ver Decíduo. • Canibalismo – Relação entre organismos da mesma espécie em que um se

alimenta do outro. • Cladódio – Porção de caule dilatado e que apresenta o aspecto de uma folha. • Clorofila – Pigmento verde, existente nas plantas e noutros organismos

fotossintéticos que desempenha um importante papel na captação da energia luminosa durante a fotossíntese.

• Competição – Relação entre seres vivos, que podem ou não ser da mesma espécie, em que se prejudicam mutuamente.

• Córnea (placa) – Estrutura de consistência rija, semelhante a uma escama, que cobre a pele de alguns répteis.

• Decíduo ou caduco – Diz-se de qualquer parte de um vegetal que cai depois do seu completo desenvolvimento.

• Desovar – Fazer uma postura. • Dimorfismo sexual – Distinção dos machos e das fêmeas de uma dada espécie

pelas características externas que apresentam. • Dióica – Espécie vegetal em que as estruturas reprodutoras masculinas e

femininas se encontram separadas em árvores diferentes. • Ecolocalização – Modo de orientação semelhante ao de um radar que consiste

na emissão e recepção de ondas. • Ecossistema – Sistema ecológico formado pelo ambiente e pelos seres vivos

que nele vivem e com o qual se relacionam. • Endemismo – Fenómeno que consiste na ocorrência de espécies ou de

subespécies animais ou vegetais numa única área restrita e relativamente isolada.

• Entomófila – Diz-se da polinização assistida pelos insectos. • Entomologia – Ciência que estuda os insectos. • Epidérmico – Relativo à pele. • Epifítico – Vegetal que cresce sobre outro vegetal sem que se verifique

parasitismo. • Espécie – Conjunto de organismos anatómica e fisiologicamente semelhantes e

que, em condições naturais, se cruzam entre si, dando origem a descendentes férteis.

• Esporos - Células reprodutoras dos fetos e outros organismos. • Evapotranspiração – Libertação de vapor de água pelos organismos vegetais. • Exótico – Animal ou planta que não é natural do local para o qual foi

transportado.

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• Flor (estruturas) – ver figura – Constituição de uma flor completa: • Fotossíntese – Processo que consiste na utilização da energia luminosa, para

libertar a energia química contida em substâncias inorgânicas, de modo a permitir a produção de substâncias orgânicas.

• Fronde – Nome que se dá à folhagem dos fetos e das palmeiras. • Habitat – Local que oferece as condições apropriadas à vida de um ser vivo. • Herbácea – Planta cujo caule é mole e não produz madeira. Geralmente mais

pequena que os arbustos e as árvores. • Inflorescência – Disposição das flores e das folhas no caule. • Intrusão magmática – Aprisionamento de uma bolha de magma no interior da

crosta terrestre, que depois de solidificar emerge à superfície . • Invertebrado – Animal que não possui esqueleto interno. • Magma – Material fundido, rico em gases, que se encontra no interior da Terra. • Manta morta – ver Húmus. • Metamorfose – Conjunto de transformações que ocorre no corpo de alguns

animais desde que nascem até à fase adulta. • Microclima – Conjunto de condições climatéricas específicas de um local,

geralmente devido às condições geográficas existentes. • Nutriente – Substância que constitui os alimentos e que é necessário à vida. • Ovíparo – Animal que se desenvolve fora do corpo materno, dentro de um ovo

que lhe fornece as substâncias necessárias ao seu desenvolvimento. • Ovovivíparo – Animal que se desenvolve dentro de um ovo, no interior do corpo

materno. • Pecilotérmico – Animal de sangue frio. • Perene – Que dura todo ano. • Polinização – Transporte de pólen desde as anteras até ao estigma de uma flor. • Predação – Relação entre organismos de espécies diferentes em que um sai

beneficiado e o outro sai prejudicado a ponto de ser eliminado. • Queratina – Proteína fibrosa, principal componente das unhas, do cabelo, da

camada exterior da pele, das penas, dos chifres, etc. • Rizoma – Caule subterrâneo alongado, que cresce na posição horizontal e

acumula substâncias de reserva.

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• Romantismo – Movimento cultural que surge no século XVIII e que se caracteriza pela exaltação da subjectividade, do individualismo, da natureza e do mundo medieval e oriental.

• Sazonal – Que se verifica numa época ou estação do ano. • Sedentário – Animal que não necessita de efectuar deslocações de grandes

distâncias (migrações) para assegurar a sua sobrevivência. • Semi-persistente – Estado intermédio entre decíduo e perene dependendo das

condições ambientais. • Simbiose – Relação de cooperação duradoura e obrigatória entre dois

organismos de espécies diferentes. • Soros – Receptáculos de esporos que se encontram na página inferior das

frondes dos fetos. • Taxonomia – Classificação científica. • Ubiquista – Indivíduo bem adaptado a uma grande diversidade de condições

ambientais. • Unissexuado – Que só possui um sexo.

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