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VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO A PASTO PARA VACAS EM LACTAÇÃO SOB MANEJO
ROTACIONADO
AFONSO AURÉLIO DE CARVALHO PERES
“UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE”
“CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ”Novembro - 2006
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VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO A PASTO PARA VACAS EM LACTAÇÃO SOB MANEJO
ROTACIONADO
AFONSO AURÉLIO DE CARVALHO PERES
Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal
“Orientador: Prof. Hernan Maldonado Vasquez”
“CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ”Novembro - 2006
3
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCTA/UENF 018/2007
Peres, Afonso Aurélio de Carvalho
Viabilidade técnica e econômica de sistemas de produção a pasto para vacas em lactação sob manejo rotacionado / Afonso Aurélio de Carvalho Peres. – 2006.
181 f.
Orientador: Hernan Maldonado VasquezTese (Doutorado em Produção Animal) – Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ, 2006.
Bibliografia: f. 150 – 169.
1. Análises de sensibilidade e risco 2. Indicador econômico 3. Produção de leite 4. Suplementação volumosa 5. Taxa de prenhez 6. Vacas em lactação I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. II. Título.
CDD - 636.2142
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VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO A PASTO PARA VACAS EM LACTAÇÃO SOB MANEJO
ROTACIONADO
AFONSO AURÉLIO DE CARVALHO PERES
Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal
Aprovada em 30 de novembro de 2006
Comissão examinadora:
___________________________________________________________________PqC João Batista Pereira de Carvalho (Doutor, Reprodução Animal) - APTA
___________________________________________________________________Prof. José Fernando Coelho da Silva (PhD, Nutrição de Ruminantes) - UENF
___________________________________________________________________Prof. Paulo Marcelo de Souza (Doutor, Economia Rural) - UENF
___________________________________________________________________Prof. Hernan Maldonado Vasquez (Doutor, Forragicultura) - UENF
(Orientador)
ii
Não digas tudo que sabesNão faças tudo que podesNão creias em tudo que vêsNão gastes tudo que tens
Porque:
Aquele que diz tudo que sabeAquele que faz tudo que podeAquele que crê em tudo que vêAquele que gasta tudo que tem
Muitas vezes:
Diz o que não convémFaz o que não deveJulga o que não vêGasta o que não pode
Provérbio Árabe
No UnIvErSo Da SaBeDoRiA...MaIs Do QuE o CoNhEcImEnTo,
É pReCiSo AdMiNiStRaR aS vAiDaDeS,PaRa Se TeR uM mUnDo MaIs HuMaNo.
Lelo Peres (2006)
iii
Dedico esta tese:
À TIA (31/05/1957-20/11/2006)
omentos felizes e marcantes viveram todos ao teu lado, em
tua casa,
AAAfagos e beijos te tornaram amada, idolatrada e respeitada
por nós,
icos e fortalecidos ficaram aqueles que receberam o teu
amor e o teu carinho,
nesquecível foi o olhar sincero, o abraço aconchegante que
tiveste para cada um,
gradecemos a Deus pela bela e majestosa obra que Ele
esculpiu e nos ofereceu...
ternamente serás nossa mãe, nossa rainha que nos
abençoará, junto a Deus Pai,
iariamente, serás lembrada como nossa amiga, nossa
ouvinte e nossa conselheira,
nesquecíveis serão tuas palavras cheias de vida, de amor e
de alegria,
ua força, tua vibração e tua emoção serão substratos para
cada conquista,
umanidade, simplicidade, humildade são valores que
deverão ser cultivados, pois aprendemos contigo...
iv
AGRADECIMENTOS
A meu pai Afonso, a minha mãe Ana, a minha namorada Joana, a minha
pequena Lívia, a meu irmão Álvaro, a minha cunhada Andréia, a meus sobrinhos
Aline e Allan, a meus afilhados Aline e Lucas, por acreditarem que a realização
deste trabalho seria possível e pela força, pelo carinho e pelo incentivo.
A Deus e a Nossa Senhora de Mediugórie, pela saúde e paz na condução
deste trabalho.
À Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), ao Centro de
Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) e ao Laboratório de Zootecnia e
Nutrição Animal (LZNA) pela oportunidade de realização do curso.
À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)
pela concessão da bolsa de estudos.
À Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e ao Pólo
Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba
(PRDTA-VP) pela realização do experimento de campo.
Ao amigo e orientador Prof. D.Sc. HERNAN MALDONADO VÁSQUEZ pelo
apoio, sugestões e confiança sempre em mim depositada.
Ao Prof. Ph.D. JOSÉ FERNANDO COELHO DA SILVA, pela oportunidade
de trabalhar junto, pelas sugestões e convivência ao longo desses anos.
Ao Prof. D.Sc. PAULO MARCELO DE SOUZA pela amizade, convívio e
orientação nos trabalhos da área de economia.
v
Ao PqC JOÃO BATISTA PEREIRA DE CARVALHO, pela participação na
banca examinadora, pelas sugestões e idéias. Pelo preparo dos animais
experimentais e os trabalhos na área de reprodução bovina. Pelos conselhos e
sugestões ao longo da condução dos trabalhos.
Aos professores do CCTA, em especial do LZNA, pelos ensinamentos
transmitidos para minha formação profissional.
Aos PqCs, M.Sc. OMAR VIEIRA VILLELA pela amizade, confiança, apoio e
divulgação do projeto na região, D.Sc. IRINEU ARCARO JÚNIOR, pela credibilidade,
D.Sc. CARLOS AUGUSTO BRANDÃO DE CARVALHO pela amizade, auxílio nos
trabalhos de campo, sugestões e conselhos.
Às empresas parceiras, SOCIEDADE EXTRATIVA DOLOMIA LTDA, em
especial ao amigo SÉRGIO PERETTA, pela doação de 40 toneladas de calcário
agrícola, COM. E IND. IMP. E EXP. MATSUDA LTDA, em especial ao amigo
MARCEL FERNANDES, pela doação de 150 kg de sementes de capim-mombaça,
DELAVAL LTDA, em especial aos amigos CLÁUDIO e BARBOSA pelo desconto na
compra dos equipamentos de cerca, ALTA GENÉTICA, em especial ao amigo JOSÉ
RENATO, pela doação de 100 doses de sêmen de touro holandês, e ainda, a estes
parceiros que contribuíram na realização e custeio dos eventos “Dia de campo”
realizados no Pólo Regional para produtores, estudantes e profissionais do setor.
À PREFEITURA MUNICIPAL DE PINDAMONHANGABA e ao
DEPARTAMENTO DE AGRICULTURA, pelos serviços prestados, em especial ao
amigo MARINHO que realizou as medições da área e divisão dos piquetes.
Aos amigos e técnicos de apoio a pesquisa científica e tecnológica MARIA
INÊS DE AQUINO BARBOSA CARVALHO, pelas informações zootécnicas do
rebanho, acompanhamento nas avaliações e as palavras de apoio e incentivo e
FERNANDO CÉSAR DOS SANTOS, pelo apoio no levantamento e cotações de
preços dos itens que compõem a análise financeira.
Aos funcionários do PÓLO REGIONAL DO VALE DO PARAÍBA, em especial
ao setor de ZOOTECNIA, principalmente àqueles que acreditaram e torceram pelo
sucesso do trabalho e que de alguma maneira ou de outra contribuíram na
implantação, condução e realização do projeto de pesquisa.
Às funcionárias SILVIA e SANDRA do setor agronômico que contribuíram no
processamento e acondicionamento das amostras de forrageiras coletadas.
vi
À Dona GRAÇA pela atenção e pelos cuidados dispensados na alimentação
e conforto na hospedaria. Acolheu-me como filho.
Ao AFONSO PERES DA SILVA NOGUEIRA pela revisão do português e à
JACINTA FERNANDES pela revisão do inglês na tese e artigos.
Aos estagiários da ESCOLA TÉCNICA LIMASSIS, UNISA, UNIFENAS e
UFRRJ pela contribuição nos trabalhos de campo e manutenção dos sistemas.
Ao técnico do LZNA/CCTA/UENF CLÁUDIO LOMBARDI, pela atenção e
ajuda na realização das análises laboratoriais.
Às secretárias da Pós-Graduação em Produção Animal, ETIENE MARQUES
e JOVANA CAMPOS e a secretária do LZNA SIMONE TARGETTA, pela atenção e
bom humor.
Aos amigos MIRTON MORENZ, MANOEL MESSIAS, ISMAIL HADDADE,
LAÉLIO SCOLFORO, FÁBIO NUNES, JULIEN CHIQUIERI, FRANCISCO FILHO,
DENÍLSON BURKERT, e às amigas EUZILENI MANTOANELLI, PATRÍCIA
SOBRAL, RENATA CLIPES, TALITA PEREIRA, THAÍS SILVA, LUCIANA KONDA,
PAULA MELO, BIANCA VENTURA, pelo convívio, apoio e incentivo.
A todos os pós-graduandos da UENF que me acompanharam nesta
caminhada pelos momentos de conversa, vivência e contribuição durante esses
anos, fortalecendo nossas amizades.
Aos pesquisadores e funcionários da APTA e do PRDTA-VP, pelos
conselhos e conversas durante a realização deste trabalho e o convívio.
E a todos aqueles que não foram citados, mas que direta ou indiretamente
torceram ou contribuíram na realização desse trabalho.
vii
BIOGRAFIA
AFONSO AURÉLIO DE CARVALHO PERES, filho de Afonso Peres da Silva
Nogueira e Ana de Carvalho Peres, nasceu em 26 de julho de 1973, na cidade de
Guaratinguetá, estado de São Paulo.
Sua carreira profissional iniciou-se em setembro de 1993, na Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica-RJ, quando ingressou no
curso de graduação em Zootecnia, obtendo o título de Zootecnista em novembro de
1998. Em março de 1999, iniciou o curso de Pós-Graduação lato sensu em Gestão e
Estratégias no Agribusiness, Especialização, concluindo-o em fevereiro de 2002.
Em março de 2000, ingressou no curso de Pós-Graduação stricto sensu em
Produção Animal, Mestrado, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF),
em Campos dos Goytacazes-RJ, obtendo o título de Mestre em abril de 2002. Em
março de 2002, iniciou o curso de Doutorado, na UENF, submetendo-se à defesa de
tese para a obtenção do título de Doutor em Produção Animal, em novembro de
2006.
Em 01 de junho de 2005, foi nomeado Pesquisador Científico no Pólo
Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba
(PRDTA/VP), em Pindamonhangaba-SP, pertencente ao Departamento de
Descentralização do Desenvolvimento (DDD) da Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do
Estado de São Paulo (SAA/SP).
viii
CONTEÚDO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... xv
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................xxiv
RESUMO................................................................................................................ xxv
ABSTRACT...........................................................................................................xxvii
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................01
2. REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................05
2.1 Capim-mombaça (Panicum Maximum, Jacq., cv. Mombaça)..........................05
2.2 Suplementação volumosa ...............................................................................07
2.2.1 Aveia.. .......................................................................................................07
2.2.2 Sorgo.........................................................................................................10
2.2.3 Cana-de-açúcar.........................................................................................11
2.3 Avaliação morfológica das forrageiras nos sistemas de produção..................13
2.3.1 Altura do dossel e massa de forragem......................................................13
2.3.2 Altura do dossel e resíduo pós-pastejo .....................................................14
2.4 Avaliação qualitativa das forrageiras nos sistemas de produção ....................15
2.4.1 Qualidade ..................................................................................................15
ix
2.4.2 Composição químico-bromatológica .........................................................17
2.4.3 Fracionamento de compostos nitrogenados..............................................19
2.4.4 Fracionamento de carboidratos.................................................................21
2.4.5 Digestibilidade in vitro................................................................................22
2.5 Avaliação produtiva das vacas leiteiras nos sistemas de produção ................23
2.5.1 Peso vivo e escore de condição corporal ..................................................23
2.5.2 Produção de leite e taxa de lotação das pastagens ..................................24
2.5.3 Qualidade do leite produzido.....................................................................26
2.6 Avaliação reprodutiva das vacas leiteiras nos sistemas de produção.............28
2.6.1 Sincronização da ovulação........................................................................28
2.7 Análise financeira ............................................................................................30
2.7.1 Fluxo de caixa ...........................................................................................34
2.7.2 Indicadores econômicos............................................................................34
2.7.2.1 Valor presente líquido..........................................................................35
2.7.2.2 Taxa interna de retorno .......................................................................35
2.7.3 Análise de sensibilidade............................................................................36
2.7.4 Análise de risco .........................................................................................36
3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................38
3.1 Caracterização da região ................................................................................38
3.1.1 Localização geográfica..............................................................................38
3.1.2 Caracterização edáfica e climática............................................................39
3.2 Caracterização do experimento.......................................................................42
3.2.1 Escolha da área ........................................................................................42
3.2.2 Preparo das áreas.....................................................................................43
3.2.3 Aplicação de corretivos .............................................................................44
3.2.4 Aplicação de fertilizantes...........................................................................44
3.2.5 Plantio de sementes e mudas ...................................................................46
x
3.2.6 Manejo na área experimental ....................................................................46
3.2.7 Ecótipo Mantiqueira...................................................................................47
3.2.8 Escolha e preparo dos animais experimentais ..........................................48
3.2.9 Manejo dos animais experimentais e coleta de dados ..............................49
3.2.10 Exigências nutricionais e ração concentrada ..........................................49
3.2.11 Tratamentos ............................................................................................51
3.2.12 Análise estatística....................................................................................51
3.2.12.1 Estação chuvosa ...............................................................................51
3.2.12.2 Estação seca.....................................................................................52
3.3 Parâmetros avaliados......................................................................................54
3.3.1 Altura do dossel e massa de forragem no pré-pastejo ..............................54
3.3.2 Altura do dossel e massa de forragem no pós-pastejo..............................55
3.3.3 Simulação manual do pastejo ...................................................................56
3.3.4 Taxa de acúmulo de forragem...................................................................56
3.3.5 Estimativa da forragem removida..............................................................56
3.3.6 Estimativa do consumo de volumosos ......................................................57
3.3.7 Peso vivo e escore de condição corporal ..................................................57
3.3.8 Produção de leite.......................................................................................58
3.3.9 Qualidade do leite......................................................................................59
3.3.10 Sincronização da ovulação......................................................................59
3.3.11 Análises laboratoriais ..............................................................................61
3.3.12 Fracionamento dos compostos nitrogenados e carboidratos ..................62
3.3.12.1 Compostos nitrogenados...................................................................62
3.3.12.2 Carboidratos......................................................................................63
3.4 Análise financeira ............................................................................................64
3.4.1 Construção do fluxo de caixa ....................................................................65
3.4.2 Determinação dos indicadores econômicos ..............................................66
xi
3.4.2.1 Valor presente líquido..........................................................................66
3.4.2.2 Taxa interna de retorno .......................................................................67
3.4.3 Realização da análise de sensibilidade.....................................................67
3.4.4 Realização da análise de risco..................................................................68
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................70
4.1 Estação chuvosa .............................................................................................70
4.1.1 Características do dossel forrageiro da pastagem ....................................70
4.1.1.1 Altura do dossel forrageiro no pré-pastejo...........................................70
4.1.1.2 Massa de forragem disponível no pré-pastejo.....................................71
4.1.1.3 Estrutura do dossel forrageiro no pré-pastejo .....................................73
4.1.1.4 Altura do dossel forrageiro no pós-pastejo ..........................................74
4.1.1.5 Massa de forragem residual no pós-pastejo........................................75
4.1.1.6 Estrutura do dossel forrageiro no pós-pastejo.....................................76
4.1.1.7 Taxa de acúmulo de forragem.............................................................77
4.1.1.8 Estimativa da forragem removida ........................................................78
4.1.1.9 Estimativa do consumo de volumosos ................................................79
4.1.2 Características qualitativas da pastagem..................................................80
4.1.2.1 Composição químico-bromatológica ...................................................80
4.1.2.2 Simulação manual do pastejo .............................................................82
4.1.2.3 Fracionamento de proteínas................................................................83
4.1.2.4 Fracionamento de carboidratos...........................................................84
4.1.3 Características qualitativas da alimentação concentrada..........................86
4.1.3.1 Composição químico-bromatológica ...................................................86
4.1.3.2 Fracionamento de proteínas e carboidratos ........................................87
4.1.4 Avaliação do desempenho produtivo.........................................................88
4.1.4.1 Peso vivo, escore de condição corporal, ganho médio, taxa de lotação
e carga animal .................................................................................88
xii
4.1.4.2 Produção e qualidade do leite .............................................................91
4.1.5 Avaliação do desempenho reprodutivo .....................................................96
4.1.5.1 Sincronização da ovulação..................................................................96
4.1.5.2 Intervalo de partos...............................................................................98
4.2 Estação seca...................................................................................................99
4.2.1 Características do dossel forrageiro das pastagens..................................99
4.2.1.1 Altura do dossel forrageiro no pré-pastejo.........................................100
4.2.1.2 Massa de forragem disponível no pré-pastejo...................................101
4.2.1.3 Estrutura do dossel forrageiro no pré-pastejo ...................................103
4.2.1.4 Altura do dossel forrageiro no pós-pastejo ........................................104
4.2.1.5 Massa de forragem residual no pós-pastejo......................................105
4.2.1.6 Estrutura do dossel forrageiro no pós-pastejo...................................106
4.2.1.7 Estimativa do consumo de volumosos ..............................................107
4.2.2 Características qualitativas das pastagens .............................................108
4.2.2.1 Composição químico-bromatológica .................................................108
4.2.2.2 Fracionamento de proteínas..............................................................116
4.2.2.3 Fracionamento de carboidratos.........................................................120
4.2.3 Características qualitativas da alimentação concentrada........................125
4.2.3.1 Composição químico-bromatológica .................................................125
4.2.3.2 Fracionamento de proteínas e carboidratos ......................................126
4.2.4 Avaliação do desempenho produtivo.......................................................127
4.2.4.1 Peso vivo, escore de condição corporal, ganho médio, taxa de lotação
e carga animal ...............................................................................127
4.2.4.2 Produção e qualidade do leite ...........................................................130
4.2.5 Avaliação do desempenho reprodutivo ...................................................134
4.2.5.1 Sincronização da ovulação................................................................134
4.2.5.2 Intervalo de partos.............................................................................136
xiii
4.3 Análise financeira ..........................................................................................137
4.3.1 Indicadores econômicos..........................................................................137
4.3.1.1 Valor Presente Líquido ......................................................................137
4.3.1.2 Taxa Interna de Retorno....................................................................138
4.3.2 Análise de sensibilidade..........................................................................140
4.3.3 Análise de risco .......................................................................................143
5. Conclusões.........................................................................................................149
6. Recomendações ................................................................................................149
7. Referências bibliográficas ..................................................................................150
8. Apêndices...........................................................................................................170
xiv
LISTA DE TABELAS
TABELA 01. Classificação das frações da proteína dos alimentos, a natureza dos
compostos nitrogenados e sua velocidade de degradação .............20
TABELA 01a. Composição química dos solos da área experimental utilizada para
implantação da pastagem de capim-mombaça .............................171
TABELA 02. Classificação das frações dos carboidratos presente nos alimentos, a
natureza dos compostos e sua velocidade de degradação .............22
TABELA 02a. Composição química dos solos da área experimental utilizada para o
cultivo de sorgo para silagem e posteriormente implantação da
pastagem de aveia-preta ...............................................................172
TABELA 03. Relação entre escore linear (EL), contagem de células somáticas
(CCS, x1000) e perda de leite (kg/dia).............................................28
TABELA 03a. Composição química dos solos da área experimental utilizada para o
cultivo da cana-forrageira IAC86-2480 ..........................................173
TABELA 04. Temperaturas médias mensais, médias de máximas e mínimas, em
ºc, e umidade relativa do ar, em %, durante o período de 01 de
outubro de 2003 a 30 de setembro de 2005 ....................................40
TABELA 04a. Ingredientes utilizados e composição da ração balanceada, em %,
formulada mensalmente ................................................................173
xv
TABELA 05. Índices de precipitação pluviométrica, dias de ocorrências de chuvas
e evapotranspiração, por mês, em mm, durante o período de 01 de
outubro de 2003 a 30 de setembro de 2005 ....................................41
TABELA 05a. Composição química do sal mineral fornecido para vacas leiteiras,
Top Millk.......................................................................................173
TABELA 06. Exigências nutricionais para vacas de leite com 454 kg de peso vivo
para produções diárias de 10 e 20 litros de leite, respectivamente,
segundo o NRC (2001), utilizando dietas com 68 % de NDT ..........50
TABELA 06a. Identificação das vacas do ecótipo Mantiqueira utilizadas no
experimento durante a estação chuvosa .......................................174
TABELA 07. Análise de variância do delineamento para respostas de fluxo
continuado - ensaios rotativos .........................................................54
TABELA 07a. Identificação das vacas do ecótipo Mantiqueira utilizadas no
experimento durante a estação seca .............................................177
TABELA 08. Altura do dossel forrageiro (cm), em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................71
TABELA 08a. Esquema experimental para o ensaio segundo delineamento para
respostas de fluxo continuado - ensaios rotativos .........................179
TABELA 09. Massa de forragem disponível, em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................72
TABELA 10. Estrutura do dossel forrageiro (%), em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................73
TABELA 11. Altura do dossel forrageiro (cm), em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................74
TABELA 12. Massa de forragem residual, em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................75
xvi
TABELA 13. Estrutura do dossel forrageiro (%), em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................76
TABELA 14. Taxas mensais de acúmulo de forragem (kg//ha/dia de MS), em três
subáreas da pastagem de capim-mombaça, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................77
TABELA 15. Massa de forragem média removida (kg/ha de MS), em três subáreas
da pastagem de capim-mombaça, durante o pastejo de vacas
leiteiras na estação chuvosa............................................................78
TABELA 16. Estimativa de consumo das vacas do ecótipo Mantiqueira por ciclo de
pastejo (kg de MS/animal/dia), na pastagem de capim-mombaça,
durante a estação chuvosa..............................................................79
TABELA 17. Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in
vitro de MS (%) de lâminas foliares do capim-mombaça, durante a
estação chuvosa..............................................................................80
TABELA 18. Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in
vitro de MS (%) das hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a
estação chuvosa..............................................................................81
TABELA 19. Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in
vitro de MS (%) de amostras coletadas por meio da simulação
manual do pastejo, durante a estação chuvosa...............................83
TABELA 20. Teores (% de PB), das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos
nitrogenados das lâminas foliares, das hastes + bainhas e da
simulação manual do pastejo do capim-mombaça, durante a estação
chuvosa ...........................................................................................83
TABELA 21. Teores (% de MS) da fibra em detergente neutro corrigida para
cinzas (FDNc), da celulose (CELl), da hemicelulose (HEMICEL), da
lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT), do carboidrato não fibroso
(CNF – frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos de
lâminas foliares, de hastes + bainhas e da simulação manual do
pastejo do capim-mombaça, durante a estação chuvosa ................85
xvii
TABELA 22. Composição químico-bromatológica (% de MS) da alimentação
concentrada fornecida, durante a estação chuvosa.........................86
TABELA 23. Teores (% de MS), das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos
nitrogenados, do carboidrato total (CHOT), da fibra em detergente
neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da
hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato não fibroso
(CNF - frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos da
alimentação concentrada fornecida, durante a estação chuvosa ....87
TABELA 24. Peso vivo aos 15 dias antes da parição (PV-15d, kg), peso vivo aos
10 dias após a parição (PV+10d, kg), peso vivo aos 150 dias após a
parição (PV+150d, kg) e seus respectivos escore de condição
corporal (ECC-15d, ECC+10d e ECC+150d, escala de 1 a 5), ganho
diário por área (GDA, kg/ha/dia), ganho total por área (GTA, kg/ha),
ganho médio diário (GMD, kg/dia), taxa de lotação média (TLM,
animais/ha), taxa de lotação instantânea (TLI, animais/ha), carga
animal média (CAM, U.A./ha), carga animal instantânea (CAI,
U.A./ha) de vacas leiteiras em pastagem de capim-mombaça,
durante a estação chuvosa..............................................................88
TABELA 25. Produção de leite média diária (PLMD, kg/vaca/dia), produção de
leite por área por dia (PLAD, kg/ha), produção de leite média diária
por lactação (PLMDL-305d, kg/vaca) e a produção de leite total por
lactação (PLTL-305d, kg/vaca) de vacas leiteiras do ecótipo
Mantiqueira, durante a estação chuvosa .........................................91
TABELA 26. Relação entre o número de vacas e a contagem de células somáticas
(CCS, x1000), teor de gordura (%), teor de proteína (%), teor de
lactose (%) e teor de sólidos totais (%) de vacas leiteiras do ecótipo
Mantiqueira, durante a estação chuvosa .........................................93
TABELA 27. Número de vaca vazia, de vaca prenhe por cobertura, total de vacas
vazias, total de vacas prenhe, total de vacas sincronizadas e a taxa
de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas à
sincronização da ovulação, durante a estação chuvosa..................96
xviii
TABELA 28. Número de vaca vazia, de vaca prenhe por cobertura, total de vacas
vazias, total de vacas prenhe, total de vacas sincronizadas e a taxa
de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas a diferentes
protocolos de sincronização da ovulação, durante a estação chuvosa
.........................................................................................................97
TABELA 29. Intervalo de partos (IDP) de vacas do ecótipo Mantiqueira,
submetidas à sincronização da ovulação, durante a estação chuvosa
.........................................................................................................99
TABELA 30. Altura do dossel forrageiro (cm), das pastagens de capim-mombaça
e de aveia-preta, na condição de pré-pastejo, durante a estação
seca. ..............................................................................................100
TABELA 31. Massa de forragem disponível das pastagens de capim-mombaça e
aveia-preta, na condição de pré-pastejo, durante a estação seca.101
TABELA 32. Estrutura do dossel forrageiro (%), das pastagens de capim-
mombaça e aveia-preta, na condição de pré-pastejo, durante a
estação seca..................................................................................103
TABELA 33. Altura do dossel forrageiro (cm), da pastagem de capim-mombaça,
na condição de pós-pastejo, durante a estação seca....................105
TABELA 34. Massa de forragem residual da pastagem de capim-mombaça, na
condição de pós-pastejo, durante a estação seca.........................106
TABELA 35. Estrutura do dossel forrageiro (%), da pastagem de capim-mombaça,
na condição de pós-pastejo, durante a estação seca....................107
TABELA 36. Estimativa de consumo das vacas do ecótipo Mantiqueira, por ciclo
de pastejo (kg de MS/animal/dia), nas pastagens de capim-mombaça
e aveia-preta e das suplementações volumosas (cana-de-açúcar e
silagem de sorgo), fornecidas no cocho, durante a estação seca .107
TABELA 37. Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in
vitro de MS (%) de lâminas foliares e hastes + bainhas do capim-
mombaça, durante a estação seca................................................109
xix
TABELA 38. Monitoramento da composição químico-bromatológica (% de MS) e
da digestibilidade in vitro de MS (%) de lâminas foliares de aveia-
preta, durante a estação seca (início, meio e término do
experimento). .................................................................................110
TABELA 39. Monitoramento da composição químico-bromatológica (% de MS) e
da digestibilidade in vitro de MS (%) de hastes + bainhas de aveia-
preta, durante a estação seca (início, meio e término do
experimento). .................................................................................112
TABELA 40. Monitoramento da composição químico-bromatológica (% de MS) e
da digestibilidade in vitro de MS (%) de inflorescências de aveia-
preta, durante a estação seca (início, meio e término do
experimento). .................................................................................113
TABELA 41. Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in
vitro de MS (%) de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480
(fornecida), durante a estação seca...............................................114
TABELA 42. Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in
vitro de MS (%) de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480
(sobras), durante a estação seca...................................................115
TABELA 43. Teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos
nitrogenados das lâminas foliares e das hastes + bainhas do capim-
mombaça, durante a estação seca................................................117
TABELA 44. Monitoramento dos teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e
C de compostos nitrogenados das lâminas foliares da aveia-preta,
durante a estação seca (início, meio e término do experimento)...117
TABELA 45. Monitoramento dos teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e
C de compostos nitrogenados de hastes + bainhas da aveia-preta,
durante a estação seca (início, meio e término do experimento)...118
TABELA 46. Monitoramento dos teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e
C de compostos nitrogenados de inflorescências da aveia-preta,
durante a estação seca (início, meio e término do experimento)...119
xx
TABELA 47. Teores médios e desvios padrão (% de PB), das frações A + B1, B2,
B3 e C de compostos nitrogenados de silagem de sorgo e cana-
forrageira IAC 86-2480, durante a estação seca ...........................120
TABELA 48. Teores médios e desvios padrão (% de MS) da fibra em detergente
neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da
hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total
(CHOT), do carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das
frações B2, e C dos carboidratos de lâminas foliares e de hastes +
bainhas do capim-mombaça, durante a estação seca...................121
TABELA 49. Monitoramento dos teores (% de MS), da fibra em detergente neutro
corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose
(HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT), do
carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das frações B2, e C
dos carboidratos de lâminas foliares, das hastes + bainhas e das
inflorescências da aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e
término do experimento) ................................................................122
TABELA 50. Teores médios e desvios padrão (% de MS), da fibra em detergente
neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da
hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total
(CHOT), do carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das
frações B2, e C da silagem de sorgo e da cana-forrageira IAC 86-
2480, durante a estação seca........................................................124
TABELA 51. Composição químico-bromatológica (% de MS) da alimentação
concentrada fornecida, durante a estação seca ............................125
TABELA 52. Teores médios e desvios padrão (% de PB) das frações A + B1, B2,
B3 e C de compostos nitrogenados e teores médios e desvios padrão
(% de MS) da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas
(FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina
(LIG), do carboidrato total (CHOT), do carboidrato não fibroso (CNF -
frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos da
alimentação concentrada fornecida, durante a estação seca ........126
xxi
TABELA 53. Peso vivo aos 15 dias antes da parição (PV-15d, kg), peso vivo aos
10 dias após a parição (PV+10d, kg), peso vivo aos 150 dias após a
parição (PV+150d, kg) e seus respectivos escore de condição
corporal (ECC-15d, ECC+10d e ECC+150d, escala de 1 a 5), ganho
diário por área (GDA, kg/ha/dia), ganho total por área (GTA, kg/ha),
ganho médio diário (GMD, kg/dia), taxa de lotação média (TLM,
animais/ha), taxa de lotação instantânea (TLI, animais/ha), carga
animal média (CAM, u.a./ha), carga animal instantânea (CAI u.a./ha)
de vacas leiteiras em pastagem de capim-mombaça, recebendo
diferentes fontes de suplementação volumosa, durante a estação
seca ...............................................................................................127
TABELA 54. Produção de leite média diária (PLMD, kg/vaca/dia), produção de
leite média diária corrigida a 4 % de gordura (PLMD 4 %,
kg/vaca/dia), produção de leite por área por dia (PLAD, kg/ha),
produção de leite média diária por lactação (PLMDL-305d, kg/vaca) e
a produção de leite total por lactação (PLTL-305d, kg/vaca) de vacas
leiteiras do ecótipo Mantiqueira, segundo o sistema de produção,
durante a estação seca..................................................................131
TABELA 55. Relação entre o número de vacas e a contagem de células somáticas
(CCS, x 1000), teor de gordura (%), teor de proteína (%), teor de
lactose (%) e teor de sólidos totais (%), de vacas leiteiras do ecótipo
Mantiqueira, de acordo com o sistema de alimentação, durante a
estação seca..................................................................................133
TABELA 56. Número de vaca vazia, de vaca prenhe por cobertura, total de vacas
vazias, total de vacas prenhe, total de vacas sincronizadas e a taxa
de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas à diferentes
protocolos de sincronização da ovulação, durante a estação seca
.......................................................................................................134
TABELA 57. Intervalo de partos (IDP) de vacas do ecótipo Mantiqueira,
submetidas à sincronização da ovulação, durante a estação seca
.......................................................................................................136
TABELA 58. Valor presente líquido, em reais (R$), dos sistemas de produção,
para as taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano...................137
xxii
TABELA 59. Taxa interna de retorno, em %, obtida para cada sistema de
produção........................................................................................139
TABELA 60. Mudança do VPL, em reais (R$), decorrente de uma variação de 10
% dos preços dos itens que compõem cada sistema de produção,
sempre no sentido desfavorável ....................................................140
TABELA 61. Resultado da análise probabilística do risco: probabilidade dos
sistemas de produção apresentarem VPL negativo, quando
submetidos às taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano........144
xxiii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01. Diagrama do protocolo empregado para o grupo 1. ........................60
FIGURA 01a. Ilustração da Simulação de Monte Carlo. ......................................180
FIGURA 02. Diagrama do protocolo empregado para o grupo 2 .........................60
FIGURA 02a. Distribuição triangular ....................................................................181
FIGURA 03. Distribuição das freqüências acumuladas e os respectivos VPLs
simulados, quando aplicadas taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 %
ao ano, no sistema capim-mombaça + aveia-preta .......................145
FIGURA 04. Distribuição das freqüências acumuladas e os respectivos VPLs
simulados, quando aplicadas taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 %
ao ano, no sistema capim-mombaça + cana-forrageira.................146
FIGURA 05. Distribuição das freqüências acumuladas e os respectivos VPLs
simulados, quando aplicadas taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 %
ao ano, no sistema capim-mombaça + silagem de sorgo..............146
xxiv
RESUMO
PERES, Afonso Aurélio de Carvalho; D.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense; Novembro/2006; Viabilidade técnica e econômica de sistemas de produção a pasto para vacas em lactação sob manejo rotacionado; Professor orientador: Hernan Maldonado Vásquez. Professores conselheiros: José Fernando Coelho da Silva e Paulo Marcelo de Souza.
O trabalho de campo foi conduzido no Setor de Zootecnia, localizado no Pólo
Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba,
em Pindamonhangaba-SP, durante o período de outubro de 2004 a setembro de
2005, compreendendo as estações chuvosa e seca. Objetivou-se a instalação de
sistemas de alimentação para vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira, manejadas em
pastagem de capim-mombaça, visando à avaliação do desempenho produtivo e
reprodutivo e, ainda, analisar o efeito sobre a rentabilidade dos diferentes sistemas
testados. Avaliaram-se as características do dossel forrageiro da pastagem de
capim-mombaça, por meio da altura e massa de forragem, nas condições de pré e
pós-pastejo. Determinou-se a composição químico-bromatológica das diferentes
fontes de alimentos. Mediu-se a produção leiteira de vacas do ecótipo Mantiqueira,
do 42º dia pós-parto até 126º dias de lactação e a taxa de prenhez, quando
submetidas a diferentes protocolos de sincronização da ovulação. Realizaram-se
análises determinísticas e de probabilidade para determinação da viabilidade
econômica de cada sistema. Foram utilizadas 36 vacas do ecótipo Mantiqueira,
durante a estação chuvosa, e 24 durante a estação seca, entre 3ª e 5ª cria e peso
vivo entre 400 e 500 kg. Avaliou-se o desempenho das vacas em pastagem de
xxv
capim-mombaça, durante a estação chuvosa. Na estação seca, o desempenho foi
avaliado quando manejadas em pastagem de capim-mombaça, recebendo
diferentes fontes de alimentação volumosa. As fontes foram: SP1 - aveia-preta; SP2
- cana-de-açúcar (cana-forrageira) + uréia e SP3 - silagem de sorgo. A altura média,
do dossel forrageiro da pastagem de capim-mombaça, foi de 90 25 cm, durante a
estação chuvosa, e em média, 58 21 cm durante a estação seca, na condição de
pré-pastejo. Após a saída dos animais dos piquetes, na condição de pós-pastejo, a
altura média do dossel forrageiro observada foi 41 12 cm, durante a estação
chuvosa e, em média 34 11 cm, na estação seca. A produtividade média de
matéria seca da pastagem, na condição de pré-pastejo, foi de 5.971 1.557
kg/ha/ciclo de pastejo, durante a estação chuvosa e, na estação seca, de 4.433
1.339 kg de MS/ha/ciclo de pastejo. Na condição de pós-pastejo, a produtividade,
durante a estação chuvosa, foi de 3.797 660 kg de MS/ha/ciclo e na estação seca,
em média, 2.871 524 kg de MS/ha. A produção de leite média foi de 12,2 2,2
kg/dia, durante a estação chuvosa, e na estação seca, as produções médias foram
de 13,9 2,9; 11,3 1,8 e 11,8 2,2 kg/dia, respectivamente, para aveia-preta,
cana-forrageira e silagem de sorgo. Considerando, a primeira e segunda cobrições,
a taxa de prenhez observada, durante a estação chuvosa, foi de 52,9 % para as
vacas, que receberam o protocolo CIDR® e de 66,7 % para vacas, que receberam o
protocolo CIDR® com eCG. Na estação seca, obteve-se 63,6 % e 70,0 %,
respectivamente, para CIDR® e CIDR® + eCG. A análise financeira dos sistemas de
produção mostrou-se favorável à adoção de qualquer um deles. Realizou-se análise
determinística dos fluxos de caixa, submetidos à taxa de desconto de 6 % ao ano,
observando valor presente líquido positivo para os sistemas. A taxa interna de
retorno do capital investido foi de 11,91 %; 9,43 % e 8,46 %, para os sistemas aveia-
preta, cana-forrageira e silagem de sorgo, respectivamente. A categoria mais
sensível às mudanças de preços foi o preço de venda do leite. Conclui-se que o
sistema capim-mombaça + silagem de sorgo, apresentou o maior risco econômico.
Palavras-chave: análises de sensibilidade e risco, indicadores econômicos, produção
de leite, suplementação volumosa, taxa de prenhez, vacas em lactação.
xxvi
ABSTRACT
PERES, Afonso Aurélio de Carvalho; D.Sc.; Fluminense North State University, November/2006; Technical and economic viability of pasture production systems for cows in lactation period under rotation management; Advisor: Hernan Maldonado Vásquez. Committee members: José Fernando Coelho da Silva and Paulo Marcelo de Souza.
This work was carried out in the Zootechnie Sector, located at Technological
Development Regional Polo for Agribusiness in Pindamonhanga City, São Paulo
State, in rainy and dry seasons from October 2004 to September 2005. The objective
was installing the feeding systems for the Mantiqueira ecotype dairy cows managed
in mombaçagrass pasture, aiming at valuating the productive and reproductive
performance and also analyzing the effect upon the profitability of the different
systems tested. The forage structural characteristics of the mombaçagrass pasture
were valuated by means of forage mass and height, in pre and post grazing
conditions. It was determined the chemical composition of the different feeding
sources. It was also established the dairy production of the Mantiqueira ecotype cows
from the 42nd day postpartum period to the 126th day of lactation and the pregnancy
rate, when submitted to different synchronization protocols of ovulation. Deterministic
and probability analysis were carried out to determine the economic viability of each
system. 60 Mantiqueira ecotype dairy cows, between third and fifth breeds with alive
weight varying between 400 and 500 kilograms were analyzed. From these 60 cows,
36 were analyzed in rainy season and 24 in dry season. It was observed the
performance of the cows in mombaçagrass pasture, in rainy season. In dry season,
xxvii
the performance was valuated when the cows were managed in mombaçagrass
pasture, receiving different roughage feeding sources. The roughage feeding sources
were: PS1 - Black oat; PS2 - sugar cane (forage cane) + urea and PS3 - silage
sorghum. The structural forage height of the mombaçagrass pasture of 90 25
centimeters in rainy season, and took of 58 21 centimeters in dry season, in pre
grazing conditions. After the animals leave from paddocks, in post grazing conditions,
the structural forage height of the mombaçagrass pasture of 41 12 centimeters in
rainy season, and an average of 34 11 centimeters in dry season. After the animals
leave from paddocks, in post grazing conditions, the structural forage height of the
mombaçagrass pasture varied between 36 11 and 46 11 centimeters in rainy
season, and an average of 34 11 centimeters in dry season. The average
productivity of the pasture dry mater under pre grazing conditions varied between
5,971 1,557 kg/ha per grazing periods in rainy season, and in dry season it was of
4,433 1,339 kg de DM/ha per grazing periods. Under the condition of post grazing,
the productivity in rainy season of the 3,797 660 kg of DM/ha per periods, and in
dry season it reached an average of 2,871 524 kg of DM/ha. The milk average
production from 12.2 2.2 kg/day in rainy season, and in dry season the average
production was of 13.9 2.9; 11.3 1.8 and 11.8 2.2 kg/day, respectively for black
oat , forage cane and silage sorghum. Considering the first and second services, the
pregnancy rate in rainy season was 52.9 % for the cows which received the CIDR®
protocol with eCG. In dry season it was 63.6 % and 70.0 %, for CIDR® and CIDR® +
eCG, respectively. The financial analysis of the production systems showed in favor
of the adoption of any of them. Deterministic analysis of the cash flow was carried out
under a rate of 6.0 % discount a year, observing net present value for the systems.
The return internal rates of the deal capital were of 11.91 %; 9.43 % e 8.46 % for the
systems black oat; forage cane and, sorghum silage, respectively. The category most
sensitive to price changing was the selling price of the milk. It was concluded that the
mombaçagrass + sorghum silage system showed the highest economical stroke.
Key-words: cows in lactation, economic indicators, milk production, pregnancy rate,
roughage supplementation, sensible and risk analysis.
1
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a pecuária leiteira, dominada há séculos pelo amadorismo
casuístico, vem, ao longo dos últimos anos, passando por mudanças estruturais
profundas, sinalizando um mercado dinâmico e bastante competitivo. Apesar dos
baixos índices de produtividade, a cadeia agroindustrial leiteira se moderniza,
impulsionada, sobretudo, pela desregulamentação do mercado, pela abertura para o
exterior e Mercosul e, principalmente, fortalecida pela estabilização econômica.
Mudanças estas surgidas, a partir da década de 90, quando o mercado do leite
alcançou maior competitividade e agressividade pela adoção de conhecimentos
técnicos que envolvem o aprimoramento das raças, a nutrição, a sanidade animal, a
higiene e a conservação do produto.
Segundo JANK et al. (1999), vários fatores contribuíram para o atual quadro
concorrencial do setor, citando entre eles: a liberalização e diferenciação de preços
da matéria-prima, a diversidade de marcas e maior oferta dos produtos em seus
locais de comercialização, a entrada de produtos importados, as alianças formadas
no meio empresarial, a ampliação do poder dos laticínios multinacionais e dos
supermercados, a ampliação da coleta a granel de leite refrigerado, a redução global
do número de produtores, a reestruturação geográfica da produção e,
principalmente, os problemas com a padronização do produto. Mais recentemente,
com a implantação da instrução normativa, N. 51 de 18 de setembro de 2002 do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que trata do aperfeiçoamento e
modernização da legislação sanitária federal sobre a produção de leite (MAPA,
2
2006). Observa-se, nos dias de hoje, que a cadeia agroindustrial do leite ainda vem
sofrendo estas adequações de ordem institucional, organizacional e tecnológica,
pois, o mercado não encerrou sua reestruturação.
Diante das mudanças na cadeia agroindustrial brasileira, citadas
anteriormente, aliadas ao perfil do produtor rural brasileiro que explora a atividade de
maneira extrativista e ineficiente, obtendo baixos índices de produtividade, e ainda,
com elevado custo de produção por litro de leite produzido, o quadro atual é
caracterizado por produtores que estão abandonando a atividade leiteira e migrando
para a atividade de corte ou para os grandes centros em busca de outras atividades.
A pecuária de leite tem se tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a
exercem, pois é do conhecimento de todos que se precisa melhorar a produtividade
dos rebanhos, aumentar a escala de produção e reduzir os custos envolvidos no
processo produtivo para que haja competitividade e lucro.
Historicamente, o Brasil é um país classificado como grande importador
mundial de derivados lácteos. Este quadro se deve ao fato da produção interna não
atender a demanda de leite, fazendo com que o Brasil seja um importador do
produto oriundo de países como Argentina, Uruguai, Nova Zelândia, entre outros.
Além disso, o mercado consumidor é bastante exigente em preços baixos e algumas
correntes vêm incentivando o consumo de produtos que sejam produzidos,
respeitando o meio ambiente. A partir dessas imposições do mercado, os produtores
têm outro desafio pela frente, inovar na forma de exploração e com os sistemas
adotados, produzir sem agredir ao meio ambiente, e ainda, apresentar preços
acessíveis. Então, faz-se necessário que as propriedades rurais brasileiras
aumentem a escala de produção, reduzam os custos, para que possam atender a
demanda do mercado interno e se tornarem competitivas frente ao mercado mundial.
Dados publicados por KRUG (2000) refletem a má distribuição mundial do
leite e elucida o potencial que a pecuária brasileira tem a sua frente para explorar.
Segundo o autor, apenas 30 % do leite produzido no mundo, encontra-se nos países
em desenvolvimento que abrigam 78 % da população mundial. Por outro lado,
observa-se que 22 % da população mundial presente nos países desenvolvidos têm
a sua disposição a comercialização de 70 % do leite produzido. Isto gera um déficit
na disponibilidade de leite per capita mundial. Recentemente, grandes mercados
foram abertos, principalmente no continente asiático, podendo citar países como a
China, a Índia, entre outros.
3
Para a FAO/ONU (2006), a recomendação mínima de leite por habitante por
ano deve ser de 146 litros, porém, registra-se uma disponibilidade mundial de 83
litros per capita. Segundo KRUG (1996), nos países desenvolvidos esse índice
alcança, em média, 273 litros por habitante por ano, ao passo, que nos países em
desenvolvimento, a média está em 26 litros per capita. Ao analisar estes dados,
deparamos com um quadro catastrófico, pois considerando que o leite é uma das
principais fontes de alimentação do ser humano, é inadmissível que em muitos
países esse produto não atenda às necessidades da população.
Na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, no estado de São Paulo que
compreende os Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR) de Guaratinguetá e
Pindamonhangaba, 48 % da pecuária desenvolvida é de atividade leiteira, 29 % da
atividade é voltada para o corte e 23 % de produção mista, leite e carne (IEA, 2004).
Segundo levantamento realizado pelo projeto LUPA da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, a região possui 12.739
propriedades rurais. Desse total, 83,3 % das propriedades possuem área de até 100
ha e 93,2 % possuem áreas com pastagens entre nativas e cultivadas, totalizando
599.919 ha. A média do rebanho bovino é de 48 animais, com produção média de
leite inferior a 10 kg/vaca/dia (IEA, 1997).
Durante a época das águas, é possível a obtenção de produções diárias de
leite em torno de 10 a 12 kg/vaca, para animais criados somente a pasto, sem o
fornecimento de suplementação alimentar (DERESZ et al., 1994). Porém, para
animais de alta produção, acima de 30 kg/vaca/dia, o potencial produtivo seria
limitado pela ingestão de matéria seca e digestibilidade dos volumosos das
pastagens consumidas, uma vez que se observa baixo consumo alimentar oriundo
da pouca quantidade de massa de forragem disponível por área (COWAN, 1996). No
entanto, a atividade leiteira sendo realizada exclusivamente em pastagens formadas
por forrageiras tropicais de alta produção por área e de qualidade podem refletir em
aumento na produção animal e melhoria dos índices zootécnicos do rebanho
durante a estação chuvosa (CAMARGO, 1996; SANTOS et al., 1999; AGUIAR,
2000; DERESZ, 2001b; MATOS, 2001). Outro ponto que deve ser considerado é a
diminuição dos custos de produção da atividade. Para a estação seca, faz-se
necessário o fornecimento de fontes alternativas de suplementação alimentar para
suprir deficiências provenientes das pastagens tropicais. Diante disto, a adoção de
sistemas de produção para vacas leiteiras em pastagens, aliadas a práticas de
4
manejo mais intensivas e corretas podem melhorar a exploração da atividade na
região, tornando-a mais atrativa.
Nesse sentido, os sistemas de produção em pastagens destinados a
produção leiteira, devem ser estabelecidos a partir do uso de espécies forrageiras
que tenham boa produtividade de matéria seca por área e o material forrageiro
disponível apresente bom valor nutritivo, além de ser adaptado às condições edafo-
climáticas da região. Sem dúvida, o uso de forrageiras em pastagens representa
uma das formas mais garantidas de se elevar à produtividade do rebanho e reduzir
os custos de produção, desde que o material apresente bom valor nutritivo e elevado
índice de digestibilidade.
Dentre as forrageiras recomendadas para a implantação de sistemas de
produção em pastagens, tem-se o capim-mombaça (Panicum maximum, Jacq., cv.
Mombaça). Esta espécie apresenta boa adaptação ao clima tropical, elevado
potencial de crescimento com boa produção de matéria seca por área, além de um
valor nutritivo considerado satisfatório e que atende as necessidades diárias dos
animais criados em pastagens, durante o período das águas (MACHADO et al.,
1997). Visando manter constante a produção de leite, durante o ano, no período
seco, para suprir a ingestão diária de matéria seca dos animais, o uso de pastagens
de inverno, formadas por forrageiras temperadas podem ser alternativas para a
região do Vale do Rio Paraíba, pois, nesta época, a produção de matéria seca do
capim-mombaça tende a diminuir consideravelmente nas pastagens. E ainda,
visando incrementar o fornecimento de nutrientes capazes de suprir parte da
demanda nutricional das vacas em produção, pode-se recomendar uma
suplementação alimentar, fornecida no cocho, utilizando rações concentradas. Entre
outras alternativas, para suprir a deficiência de volumosos nas pastagens, na época
seca, tem-se o uso de forrageiras anuais de verão cultivadas e conservadas na
forma de silagem, sendo fornecidas no cocho, como o sorgo-forrageiro (Sorghum
bicolor, L.) e forrageiras perenes de inverno como a cana-de-açúcar (Saccharum
spp, L.), com adição da mistura uréia-sulfato de amônio.
Objetivou-se, com este trabalho, medir o efeito dos sistemas de alimentação
volumosa sobre o potencial produtivo e reprodutivo de vacas de leite mantidas em
pastagens de capim-mombaça (Panicum maximum, Jacq., cv. Mombaça) e realizar
análise financeira dos diferentes sistemas testados, observando o efeito destes
sobre a rentabilidade.
5
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Capim-mombaça (Panicum maximum, Jacq., cv. Mombaça)
A espécie Panicum maximum (Jacq.) é originária do continente africano,
podendo ser cultivada desde o nível do mar até 1.800 metros de altitude (BOGDAN,
1977). Segundo JANK (1995), após inúmeras pesquisas com o gênero Panicum,
realizadas no Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Corte (CNPGC), foi
lançada, em 1993, uma nova cultivar chamada Mombaça (Panicum maximum, Jacq.,
cv. Mombaça).
Gramínea de crescimento cespitoso apresenta porte ereto, sendo bastante
exigente quanto à fertilidade do solo. Sua produção forrageira pode ser aumentada
quando fornecidas boas doses de adubação. O capim-mombaça tem sido
implantado em sistemas de produção em pastagens que adotam a lotação
rotacionada, aliado ao uso de fertilizantes, e também em sistemas que utilizam
irrigação, almejando o aumento da produtividade animal por área (AGUIAR, 2000).
O capim-mombaça apresenta boa produção de matéria seca (MS) por área,
sendo capaz de fornecer material forrageiro que apresente bom valor nutritivo
(MACHADO et al., 1997). Produção forrageira de 165 t/ha/ano de massa verde e de
33 t/ha/ano de massa foliar seca foram obtidas por SAVIDAN et al. (1990), com
teores de proteína bruta, em torno de 13 e 10 %, respectivamente para as folhas e
6
colmos. Destaca-se pela boa produtividade forrageira, podendo alcançar 40 t de
MS/ha/ano, com uma produção de 80 % de folhas e 20 % de colmos (HERLING et
al., 2001). Produções de 41 t de MS/ha/ano foram observadas por SANTOS et al.
(1999) que relataram também uma produção de 81,9 % de folhas com 13,4 % de
proteína bruta na base da MS, em média, enquanto que o teor de proteína bruta
presente nos colmos foi de 9,7 %.
Períodos de 35 e 42 dias de descanso e intensidades de pastejo de 1.000,
2.000 e 3.000 kg/ha de MS residual foram estudados por HERLING et al. (1998). Os
autores concluíram que o período de descanso deveria ser mais bem ajustado de
acordo com a época do ano e que período de descanso de 42 dias era um tempo
muito longo, pois observaram aumento na quantidade de material fibroso e nas
perdas por pastejo. Para a época, em que se observa maior disponibilidade dos
fatores de crescimento desejáveis a forrageiras tropicais, SANTOS (1997) afirma
que para o capim-mombaça um período de descanso inferior a 28 dias seria o mais
indicado.
As espécies pertencentes ao gênero Panicum podem apresentar produções
anuais de até 55 t/ha de MS (AGUIAR, 1998), com média de produção entre 20-30
t/ha/ano (CORSI, 1995). Este gênero é bastante adaptado às mais variadas
condições ambientais brasileiras, com várias espécies que apresentam
produtividades baixas de 10 t/ha/ano até produtividades altas em torno de 50
t/ha/ano e, além disso, apresentam espécies adaptadas aos mais variados sistemas
de produção, com espécies menos produtivas sendo utilizadas em sistemas que
adotam como manejo o pastejo contínuo, ao passo que, para sistemas onde o
manejo adotado é o pastejo rotacionado, tem-se recomendado espécies que
apresentam maior produção de MS por área, como as cultivares Mombaça,
Tanzânia e Tobiatã.
Cultivares de Panicum maximum, (Jacq.) foram avaliadas quanto ao
desempenho agronômico. HERLING et al. (2001) observaram produções totais
médias de 165, 153, 132, e 84 t de MV/ha/ano, para Mombaça, Tobiatã, Tanzânia-I
e Colonião, com produções médias de 33, 27, 26 e 14 t de MS/ha/ano,
respectivamente. Os autores observaram nas cultivares avaliadas, 82, 81, 80 e 62 %
de produção de lâminas foliares com teores protéicos, variando entre 12,5 e 16,1 %.
Já, BRÂNCIO et al. (2001) avaliaram o teor de PB nas folhas da forrageira durante a
7
estação chuvosa, nos meses de setembro, novembro e março e encontraram teores
variando entre 7,6 e 12,9 %.
LOURENÇO et al. (1998) trabalharam com animais da raça Nelore em
pastagens de Panicum maximum, Jacq. Avaliaram o desempenho produtivo dos
bovinos em cinco cultivares da espécie e observaram ganhos médios de 0,500;
0,521; 0,532; 0,598 e 0,613 kg/animal/dia e ganhos por área de 620, 703, 705, 769 e
627 kg/ha, para as cultivares Vencedor, Tobiatã, Mombaça, Tanzânia e Aruana,
respectivamente. As taxas de lotação observadas foram, respectivamente, 3,62;
3,94; 3,85; 3,75 e 2,97 animais/ha. O maior desempenho animal individual
observado para o capim-aruana pode ser resultado da menor taxa de lotação
utilizada, porém, observa-se que ao analisar a produtividade por área, esta cultivar
apresenta produção inferior as cultivares Tanzânia, Mombaça e Tobiatã.
2.2 Suplementação volumosa
2.2.1 Aveia
O Brasil apresenta características climáticas diversas que podem ser
definidas por duas épocas ou estações, a época das águas (estação chuvosa) e a
época da seca (estação seca). Este fato gera um quadro contrastante na produção
forrageira, com altas produções por área durante a época das águas para as
espécies pertencentes ao gênero Panicum, ao passo que, na época da seca, a
produção forrageira por área é baixa, não sendo suficiente para atender as
necessidades de ingestão dos animais. Segundo MORAES & LUSTOSA (1999),
durante o período que se caracteriza pela baixa produção forrageira (época seca),
observa-se que em algumas regiões brasileiras têm-se baixas temperaturas e a
ocorrência de geadas que paralisam o crescimento das forrageiras tropicais. Em
outras regiões, tem-se temperatura amena, mas o grande agravante para a
produção forrageira é o déficit hídrico observado. Visando melhorar a disponibilidade
de forragem durante o ano e amenizar as quedas nos desempenhos produtivos dos
animais, a utilização de culturas hibernais ou culturas de inverno, como a aveia,
parece ser uma alternativa favorável de fonte de alimentação para a época seca. Os
maiores agravantes no crescimento de culturas hibernais seriam as baixas
temperaturas extremas, próximas a zero, a ocorrência de um fotoperíodo curto e a
8
baixa precipitação pluviométrica em determinadas regiões, podendo este efeito ser
minimizado com o uso de irrigação.
De maneira geral, as culturas de inverno podem ser fornecidas no cocho ou
a pasto, sendo que, nesta segunda opção é importante que o acesso à pastagem
seja controlado, para evitar a grande intensidade de pisoteio provocada pelos
animais, o que pode comprometer a persistência da espécie cultivada. Segundo
MORAES & LUSTOSA (1999), dentre as forrageiras de inverno mais cultivadas no
Brasil estão o azevém e a aveia, que são cultivadas, principalmente, no estado do
Rio Grande do Sul e ocupam quase que 90 % das áreas de pastagens daquele
estado. A aveia apresenta alto rendimento de forragem verde e seca, resistência às
doenças e ao pisoteio dos animais (FLOSS, 1988), podendo ser cultivada desde o
nível do mar até 1.000 m de altitude (PRIMAVESI et al., 2000).
A produtividade da aveia, no estado de São Paulo, foi avaliada por
PRIMAVESI et al. (1999) na cidade de São Carlos. Os autores avaliaram o
rendimento de matéria seca por hectare, determinaram o teor de proteína bruta (PB),
de fibra em detergente neutro (FDN) e a digestibilidade in vitro da matéria seca
(DIVMS) de três cultivares: São Carlos, UPF 3 e IAPAR 61. Dentre as cultivares
avaliadas a produção forrageira oscilou entre 6.810 a 7.942, 6.780 a 8.208, 7.190 a
8.855 e de 9.083 a 10.310 kg de MS/ha para o período de 28, 35, 42 e 56 dias de
crescimento, respectivamente. O teor de PB obtida nas três cultivares, em quatro
idades de crescimento, oscilou de 15,0 a 21,1 %; para a FDN os teores variaram
entre 48,3 a 58,2 %, com os maiores teores sendo observados para as idades de 42
e 56 dias de crescimento. A DIVMS oscilou de 69,7 a 81,7 %, com a melhor
digestibilidade sendo observada aos 28 dias de crescimento. No Rio Grande do Sul,
em condições de pastejo foram observadas produções de 16,0 t de MS/ha para a
mistura de aveia-preta com azevém e trevo vesiculoso (QUADROS, 1984).
Trabalhando com aveia na região de Jaboticabal-SP, MOREIRA et al. (2005)
avaliaram cinco genótipos para a produção de forragem, sendo quatro de aveia-
amarela e um de aveia-preta. As produções de matéria seca dos genótipos amarela
oscilaram entre 4,3 a 5,8 t/ha e a produção do genótipo preta foi de 5,7 t/ha no
primeiro corte, enquanto que no segundo, realizado 56 dias após a rebrota, a
produção oscilou entre 1,3 a 2,2 t/ha e 0,2 t/ha para amarela e preta,
respectivamente. A composição química obtida para aveia-amarela oscilou entre
16,3 a 19,9 % e 11,8 a 13,7 % de proteína bruta, respectivamente, no primeiro e
9
segundo cortes, enquanto que para aveia-preta, os teores foram de 18,7 e 13,3 %
de PB, respectivamente. Os teores médios (dois cortes) de hemicelulose e celulose
oscilaram entre 18,8 a 21,7 % e 21,6 a 23,7 %, respectivamente. Os constituintes da
parede celular foram determinados sendo observados teores médios (dois cortes)
entre 45,4 a 49,8 %, 25,7 a 28,3 % e 4,1 a 5,2 %, respectivamente, para FDN, FDA e
lignina. Os teores médios (dois cortes) obtidos para a DIVMS variaram de 57,0 a
64,4 %.
Em trabalho realizado na região Norte Fluminense, FEROLLA (2005) avaliou
a produção de matéria seca por hectare de aveia-preta em função da época do
plantio (abril, maio e junho) e do sistema de colheita (corte e pastejo). A produção
total de matéria seca durante o período foi de 6.952,45 kg de MS/ha quando
submetida ao corte e de 3.508,25 kg de MS/ha quando submetida ao pastejo. Os
teores de proteína bruta oscilaram de 16,12 a 22,96 %.
RODRIGUES & GODOY (2000) avaliaram a produção leiteira e o ganho de
peso vivo de vacas mestiças holandês-zebu na região de São Carlos. Os autores
observaram produções médias de 14,6 e 13,3 kg de leite/vaca/dia, respectivamente,
para os animais que receberam 10 kg de silagem de milho no cocho mais o pastejo,
restringido de 3 horas, em pastagem de aveia, cv. São Carlos e silagem de milho, à
vontade, no cocho, como única fonte de volumoso. Em ambos os tratamentos, os
animais receberam 5 kg de concentrado. O ganho de peso vivo foi de 0,53
kg/vaca/dia para os animais que tiveram acesso a pastagem de aveia e receberam a
silagem de milho e de 0,25 kg/vaca/dia para os animais que receberam somente a
silagem de milho.
Segundo MELLO (2000), é possível obter produções de 4.000 a 6.000 litros
de leite/ha, durante um período de 140 a 150 dias, em pastagem de inverno,
utilizando a mistura de aveia-preta + azevém + trevo vesiculoso, na proporção de 50
kg/ha de sementes de aveia-preta, com 12-15 kg/ha de azevém e de 10-12 kg/ha de
trevo vesiculoso, para o plantio. Recomenda-se que, para a entrada dos animais
nesta mistura, a aveia-preta deve estar com uma altura entre 30-35 cm, devendo ser
adotado o pastejo rotativo com 25 a 35 dias de descanso. Produções de leite de
11,65 kg/vaca/dia em pastagem de aveia-preta, durante um período de 62 dias,
utilizando uma lotação média de 2,0 vacas/ha, foram obtidas por SOUZA et al.
(1990).
10
2.2.2 Sorgo
O sorgo tem sido considerado, depois do milho, a cultura anual de verão
mais importante para a produção de silagem, podendo proporcionar desempenho
animal, quanto à produção de leite ou ao ganho de peso em ruminantes, semelhante
aos obtidos com silagens de bons híbridos de milho.
Diversos fatores favorecem o cultivo do sorgo para a produção de silagem,
em regiões de clima tropical, dentre eles o alto potencial de massa seca, tolerância à
escassez de água, adaptabilidade ao plantio e maior resistência a intempéries. Além
disso, tem-se o fator social, pois quando se tem uma cultura de milho cultivada
próxima a regiões urbanas, observa-se alta incidência de furtos das espigas.
Dentre os tipos de sorgo cultivados no Brasil, tem-se: o sorgo granífero, o
sorgo silageiro e o sorgo forrageiro. O sorgo-silageiro é uma espécie que vem sendo
utilizada no Brasil como mais uma alternativa de alimento volumoso para bovinos. É
uma cultura que se destina à produção de silagem para ser oferecida durante a
época seca. Apresenta valor nutritivo pouco inferior ao milho, porém, o que lhe difere
dessa cultura é a boa resistência ao déficit hídrico, proveniente da ausência de
chuvas ou a inconstante incidência observada em algumas regiões brasileiras. Pode-
se observar no cultivo do sorgo-silageiro maior resistência quando comparado ao
milho, no que diz respeito ao déficit hídrico, constatando-se uma boa produtividade
por área. Em trabalho realizado com seis diferentes híbridos de sorgo para a
produção de silagem foi possível observar a boa qualidade apresentada pelo
material, após 240 dias de armazenamento. Os autores observaram teores de MS,
variando entre 27,86 e 34,81 % e os teores de PB presentes na silagem, oscilaram
entre 6,73 e 8,39 % na base da MS (GENRO et al., 2001).
A cultura do sorgo para a produção de silagem pode proporcionar produções
de até 70 t de MV/ha, com teores de 16-18 % de PB na base da MS, recomendando-
se realizar o corte entre 100 e 120 dias, após o plantio. Em caso de pastejo com
animais, manter uma altura mínima que pode variar de 30 cm (MELLO, 2000) a 40
cm (SILVA FILHO & BLANCO, 1996), dependendo da fertilidade do solo e da
adubação aplicada. Em Sete Lagoas-MG analisou-se a qualidade nutritiva do sorgo.
Foram coletadas amostras de sorgo pelo corte e em pastejo, sendo que no ponto de
pastejo, a altura adotada foi entre 1,00 e 1,20 m. Foram obtidos valores de PB na
base da MS, entre 9 e 12 % no colmo, 15 e 18 % nas folhas e de 12 e 16 % na
11
planta inteira (RODRIGUES, 2000). Produções de 9,13; 11,93; 16,41 e 16,47 t de
MS/ha, em 3 cortes, para o sorgo adubado com 0, 100, 200 e 300 kg de N/ha,
respectivamente, foram obtidas por MEDEIROS et al. (1979). Para a espécie sorgo-
sudão e os híbridos BRS 800 e AG 2501, respectivamente, para 42 e 56 dias de
crescimento, foram registradas produções médias de 3,56; 4,18 e 4,43 t de MS/ha
(FERREIRA et al., 2000). Os teores médios de MS obtidos foram 13,75; 13,40 e
13,34 %, e para PB, 9,92, 11,00 e 9,58 % na base da MS, respectivamente, para o
sorgo-sudão e os híbridos BRS 800 e AG 2501.
Em sistema de plantio direto, é possível, por um período de 120-130 dias,
obter produções de 5.000 a 8.000 litros de leite/ha (MELLO, 2000). O início do
pastejo deve ser quando as plantas estão entre 60 e 80 cm de altura, adotando o
período de um dia de ocupação com 25 a 30 dias de descanso.
ROSA et al. (2001) avaliaram o desempenho de novilhos em confinamento,
recebendo silagem de diferentes híbridos de sorgo, sendo dois forrageiros e dois de
duplo propósito. Os teores de MS e PB encontrados foram 25,80; 37,18; 29,50 e
32,41 % e 5,26, 5,49, 5,84 e 6,21 % na base da matéria seca, respectivamente, para
AGX-213, AGX-217, AG-2002 e AG-2005.
2.2.3 Cana-de-açúcar
O Brasil é, atualmente, o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. 90 %
da produção destinam-se às indústrias de açúcar e álcool e somente, 10 % da cana
produzida destinam-se à alimentação animal. Considerada uma boa fonte de
volumoso, a cana é apreciada por pecuaristas por produzir material forrageiro em
uma época (inverno) em que as pastagens estão com baixa produção de forragem.
Além disso, apresenta outras características como facilidade de cultivo, colheita na
época da estiagem, possibilidade de armazenamento ou conservação no campo,
persistência da cultura, grande produção por área e, ainda, boa aceitação pelos
animais (LANDELL et al., 2002).
A cana-de-açúcar apresenta dois importantes componentes, os teores de
açúcar e o material fibroso, que são utilizados, diferentemente, com uma rápida
fermentação no rúmen dos açúcares, sendo bem aproveitados pelo animal, e uma
utilização lenta do material fibroso (PRESTON & LENG, 1980). Ao fornecer a cana-
de-açúcar para a alimentação dos bovinos, o teor de fibra em detergente neutro
12
(FDN) presente pode limitar o consumo dos animais e, conseqüentemente, a
ingestão de açúcar solúvel estaria comprometida, sendo esta a principal fração do
alimento utilizada para fornecer energia aos bovinos (GOODING, 1982). A idade de
corte da cana e o manejo da cultura em talhões podem ser uma alternativa para
minimizar os efeitos prejudiciais ao bom aproveitamento desta fonte de alimento.
A cultivar IAC 86-2480 da cana-de-açúcar é um híbrido resultante do
cruzamento manual feito em 1986, sendo bastante exigente em relação à fertilidade
do solo. De crescimento ereto, apresenta touceiras e tem boa adaptação a
diferentes latitudes (15-22º Sul), sendo avaliada em diversas regiões brasileiras do
sudeste e centro-oeste. A IAC 86-2480 já foi introduzida em ambientes com altitudes
que variaram de 50 a 1.100 metros. Diante disto, observa-se que a cultivar IAC 86-
2480 apresenta boa adaptação às condições edafo-climáticas das regiões Sudeste e
Centro-Oeste (LANDELL et al., 2002).
Sendo uma cultivar trabalhada para fins forrageiros, a cana-de-açúcar IAC
86-2480 destina-se à alimentação de bovinos, sendo fornecida picada, no cocho,
podendo ser misturada com uréia, durante a época seca. A produtividade da cultivar
IAC 86-2480 foi determinada por CARVALHO et al. (1993), que obtiveram produções
de 129,9, 93,9 e 94,3 t. de cana/ha, respectivamente, para o 1º, 2º e 3º cortes.
Comparando com outra cultivar de cana-de-açúcar, a RB 72-454, mais cultivada no
Brasil para fins forrageiros na alimentação de bovinos, obtiveram-se produções de
143,5, 101,6 e 106,0 t de cana/ha, para o 1º, 2º e 3º cortes, respectivamente. Foram
observados teores de FDN na cana-de-açúcar IAC 86-2480 na ordem de 44,18 % na
base da MS, com 15,55 % de sacarose, gerando uma relação entre FDN/sacarose
de 2,88 e a DIVMS variou entre 63,19 e 65,90 %. Para a cultivar RB 72-454, obteve-
se 50,86 % de FDN na base da MS, 15,59 % de sacarose, relação de FDN/sacarose
de 3,31 e a DIVMS oscilou entre 53,39 e 60,46 %. No mesmo trabalho, outra cultivar
que se mostrou com boa qualidade foi a cultivar RB 83-5486 que apresentou 45,61
% de FDN na base da MS, 15,77 % de sacarose e relação de 2,93 de
FDN/sacarose, com uma DIVMS oscilando entre 67,40 e 68,96 %. As cultivares, IAC
86-2480 e RB 83-5486 se destacaram em qualidade sobre a cultivar RB 72-454 por
apresentar uma digestibilidade in vitro da MS acima de 60 %, e relação
FDN/sacarose menor que 3,00, índices estes, desejáveis e recomendados pelos
autores, pois tornam as cultivares excelentes alternativas de alimentação para o
gado, durante o período de estiagem. Apesar da produção por área da cana IAC 86-
13
2480 ser um pouco inferior quando comparada a cultivar RB 72-454, esta diferença
pode ser compensada em desempenho animal pelo melhor aproveitamento da
cultivar, lançada pelo IAC (RODRIGUES et al., 2001).
LANDELL et al. (2002) avaliaram o potencial produtivo de leite de vacas
manejadas em pastagem de capim-elefante, recebendo como fonte de
suplementação alimentar cana-de-açúcar com 0 e 2 kg de concentrado/vaca/dia,
durante a estação seca do ano. Foram observadas produções médias diárias de 7,7
e 8,9 kg de leite/vaca. Já, MENDONÇA et al. (2001), trabalhando com vacas da raça
holandesa e mestiça, observaram produções de 18,6 e 20,1 kg de leite/vaca/dia,
recebendo como alimentação volumosa cana-de-açúcar e ração concentrada. A
dieta fornecida continha proporções de 60:40 e 50:50, respectivamente, para cana-
de-açúcar e concentrado. O concentrado fornecido continha 15,5 % de PB. Novilhas
da raça Canchim foram alimentadas com dietas contendo cana-de-açúcar, cultivares
IAC 86-2480 e RB 72-454 e apresentaram ganhos médios diários de peso vivo de
0,890 e 0,760 kg/animal e, conversão alimentar de 7,64 e 9,32 kg de MS/kg de
ganho, respectivamente, para as cultivares IAC 86-2480 e RB 72-454 (RODRIGUES
et al., 2002).
2.3 Avaliação morfológica das forrageiras nos sistemas de produção
2.3.1 Altura do dossel e massa de forragem
A determinação da altura do dossel forrageiro e a quantificação da produção
forrageira são ferramentas importantes nos sistemas de produção bovina conduzidos
em pastagens. Com estas avaliações, sendo realizadas ao longo da utilização dos
sistemas de produção, é possível observar o comportamento da forrageira nas
diferentes épocas do ano. Sendo assim, pode-se determinar e recomendar o manejo
da pastagem mais adequado à época do ano em que se explora o potencial
forrageiro das pastagens.
CARNEVALLI (2003) analisou e descreveu a dinâmica de acúmulo de
forragem de pastagem de capim-mombaça implantadas na região de São Carlos-SP,
submetidas a regimes de desfolhação intermitente, com uso de vacas da raça
holandesa. Neste trabalho, a autora avaliou, na condição de pré-pastejo, a altura do
dossel forrageiro e a massa de forragem produzida quando a interceptação luminosa
14
(IL) no dossel atingia 95 e 100 %, após o crescimento forrageiro iniciado a 30 cm e
50 cm de altura de resíduo na pastagem. Com essas duas interceptações luminosas
foi possível observar que a altura do dossel forrageiro atingia 90 e 115 cm, com 24 e
35 dias de descanso durante o período de crescimento (estação chuvosa),
proporcionando um maior número de pastejos, em torno de 7,6 para a IL de 95 % e
de 5,9 para a IL de 100 %. Observou-se ainda, que houve diferença na produção e
composição morfológica da forragem. O acúmulo líquido de lâminas foliares foi de
6.300 kg/ha de MS, maior quando os pastejos foram realizados com 95 % da IL,
sendo que a autora concluiu que a partir deste ponto, a estrutura do dossel
forrageiro ficou comprometida no próximo pastejo, pois se observou maior proporção
de hastes e material morto, devido ao maior alongamento das hastes e senescência
das plantas. Neste trabalho, a melhor produção forrageira foi de 25.900 kg de MS/ha
quando os pastejos foram realizados a 95 % de IL e resíduo pós-pastejo de 30 cm
de altura.
Na prática, o produtor rural pode adotar a medição da altura do dossel
forrageiro na pastagem, pois segundo CARNEVALLI (2003), esta medida é um
parâmetro de alta confiabilidade e pode ser utilizada como guia de manejo de
pastagens, definindo o momento adequado de entrada dos animais para o pastejo
no piquete.
2.3.2 Altura do dossel e resíduo pós-pastejo
A determinação da altura do dossel forrageiro no pós-pastejo e a produção
residual de forragem são indicadores importantes no manejo do pastejo em sistemas
de produção que adotam as pastagens como principal fonte de alimento volumoso
para os bovinos. Uma boa massa de forragem residual nas pastagens permite
melhor rebrota e recuperação do dossel forrageiro para o próximo ciclo de pastejo. A
altura mínima do dossel forrageiro também é importante, pois a partir dela, é
possível prever se a forrageira terá um maior alongamento de hastes e maior
senescência de plantas podendo comprometer a produtividade e a qualidade do
material forrageiro no próximo pastejo.
Alguns trabalhos conduzidos em pastagens avaliam o resíduo forrageiro no
pós-pastejo dos animais. Acredita-se que valores em torno de 1.500 a 2.500 kg de
MS/ha sejam adequados para se obter um bom desempenho animal no próximo
15
ciclo de pastejo e as perdas da forragem sejam mínimas. Se a adubação na área de
pastagem for alta, recomenda-se que se trabalhe com resíduos de pastejo mais
baixos, próximos a 1.500 kg de MS/ha e, em sistemas de produção, onde não se
adota esta prática, recomenda-se que os resíduos apresentem uma produção
forrageira entre 2.000 a 2.500 kg de MS/ha (CORSI, 1980).
Outra forma de avaliar a produção forrageira no pós-pastejo está no controle
da altura do dossel durante o pastejo dos animais. Alguns trabalhos relatam a altura
mínima do dossel para cada espécie forrageira, permitindo a sua rebrota e
garantindo sua sobrevivência nas pastagens, garantindo alimento volumoso de
qualidade no próximo pastejo, sem o comprometimento do stand de forrageiras.
CARNEVALLI (2003) estudou o comportamento de pastagem de capim-
mombaça submetida à desfolhação intermitente com altura residual de 30 e 50 cm e
interceptação luminosa (IL) de 95 e 100 %. A autora observou uma menor massa de
forragem quando as pastagens atingiam 95 % de IL, a partir de um dossel forrageiro
que se iniciou a 30 cm de altura. A maior produção forrageira foi alcançada pelas
pastagens que atingiam 100 % de IL e o dossel iniciou seu crescimento a 50 cm de
altura. A autora concluiu, que para se obter uma maior eficiência de produção e
colheita da forragem para o capim-mombaça, é preciso adotar uma altura residual do
dossel forrageiro de 30 cm e a entrada dos animais nos piquetes para pastejo seria
realizada quando o dossel forrageiro atingisse 95% de IL, o que na prática seria
equivalente a uma altura de 90 cm, durante o período de crescimento (estação
chuvosa).
2.4 Avaliação qualitativa das forrageiras nos sistemas de produção
2.4.1 Qualidade
Na instalação de qualquer sistema de produção em pastagens destinado a
alimentação de bovinos, vários fatores devem ser considerados, pois qualquer erro
no planejamento pode gerar grandes perdas produtivas e, principalmente,
econômicas no futuro. Dentre os fatores estruturais, ambientais, sanitários, genéticos
e econômicos, que devem ser considerados no momento do planejamento, os
fatores nutricionais, que dizem respeito à qualidade do alimento que será produzido
e fornecido aos animais, vêm merecendo uma atenção especial, pois, para que haja
16
a expressão do potencial genético dos animais, faz-se necessário, que estes
estejam bem nutridos. Diante disto, a escolha da espécie forrageira mais adaptada e
produtiva, os períodos de ocupação e descanso dos piquetes, a taxa de lotação
animal utilizada, os níveis de adubação e outros tratos culturais podem exercer
algum tipo de resposta na quantidade e, principalmente, na qualidade do alimento
produzido que estará disponível para o rebanho.
No Brasil, existem diversas raças bovinas, bem como vários tipos de
cruzamentos industriais que buscam sempre o aumento da produtividade animal e
melhoria nos índices zootécnicos brasileiros. Mas, somente o potencial genético não
é capaz de refletir em elevadas produtividades por animal e por área. Aliada à
seleção e ao melhoramento de raças mais produtivas está a nutrição animal que
deve gerar, a cada dia, maiores informações sobre o valor nutritivo das forrageiras
cultivadas em sistemas de produção em pastagens. Uma vez conhecendo a
composição nutricional dos alimentos fornecidos aos animais e o potencial de cada
raça, pode-se estimar a produtividade que se deseja obter no sistema de produção
explorado. Com essas informações, também se pode determinar o uso de uma
suplementação que venha suprir alguma deficiência nutricional proveniente das
pastagens, em determinadas épocas do ano.
No entanto, o método de amostragem utilizado na avaliação da qualidade da
forrageira deve ser cuidadosamente estudado, para que não gere informações
equivocadas sobre a qualidade do alimento fornecido, refletindo interpretação
errônea na interação planta-animal. Algumas técnicas de amostragem são
empregadas para avaliar a qualidade das forrageiras cultivadas em pastagens, entre
elas, o pastejo simulado e da utilização fístula esofágica, por meio de intervenção
cirúrgica. Dentre estas técnicas citadas, a fístula esofágica é a mais indicada para
avaliar a forragem selecionada pelos animais em sistemas de produção a pasto
(BISHOP & FROSETH, 1970). Outra alternativa, que pode ser adotada para
amostrar forrageiras cultivadas em pastagens, seria o uso da simulação manual do
pastejo, que consiste em coletar as partes das forrageiras colhidas pelos animais,
após a observação minuciosa do hábito de pastejo e preferência alimentar destes.
Trabalhos de avaliação dos métodos de amostragem de pastagens
manejadas sob lotação rotacionada e avaliação qualitativa de forrageiras foram
realizados na região Norte Fluminense. Os sistemas de produção utilizados para a
recria de novilhas leiteiras foram formados por forrageiras tropicais, capim-elefante e
17
capim-mombaça, sendo avaliados por CLIPES (2003). A autora comparou os
métodos de amostragem, fístula esofágica e simulação manual do pastejo e
determinou o valor nutritivo das forrageiras, encontrando diferenças entre os
métodos para os componentes da parede celular (FDN, FDA, celulose e lignina) do
capim-elefante, que apresentou maiores teores para amostras, obtidas via extrusa,
ao passo que, para o capim-mombaça os maiores teores foram para proteína bruta e
extrato etéreo, em amostras obtidas pela simulação manual do pastejo. LISTA
(2003) também avaliou os métodos de amostragem, simulação manual do pastejo e
fístula esofágica, e ainda, avaliou qualitativamente as pastagens de capim-elefante e
capim-mombaça em função do período de ocupação. Em outro trabalho, o autor
estimou o valor energético das pastagens e simulou parâmetros do desempenho
produtivo dos animais, utilizando as equações preditas do National Research Council
de 2001. O autor observou diferenças na composição químico-bromatológica das
amostras obtidas pelos métodos quando avaliou a pastagem de capim-elefante, ao
passo que, ao avaliar a pastagem de capim-mombaça, os resultados observados
pelo método de simulação manual do pastejo assemelharam-se aos resultados
obtidos pela extrusa esofágica. Quando avaliou qualitativamente as pastagens em
função do período de ocupação, observou que as reduções observadas nos teores
de MS e na fração C da proteína do capim-elefante sugerem que a qualidade desta
forrageira foi pouco afetada pelos dias de ocupação, ao passo que, para o capim-
mombaça os resultados obtidos concluem que houve queda da qualidade com o
passar dos dias. Ao estimar o consumo voluntário de matéria seca em função da
disponibilidade energética das forrageiras, capim-elefante e capim-mombaça,
utilizando as equações preditas pelo NRC de 2001, o autor observou que os valores
preditos diferiram dos valores observados.
2.4.2 Composição químico-bromatológica
As pesquisas científicas desenvolvidas na área de nutrição animal têm
revelado, a cada dia, mudanças em alguns conceitos de uso habitual entre os
pesquisadores, no que diz respeito à composição químico-bromatológica dos
alimentos utilizados pelos ruminantes. Um conceito clássico publicado por MILFORD
& MINSON (1966), que diz respeito sobre o consumo voluntário dos animais criados
em pastagens, limitar-se-á quando os teores de proteína bruta presente em
18
forrageiras estiverem abaixo de 7 %, pode estar mudando. Atualmente, diversas
pesquisas têm sido realizadas e sugerem que os compostos nitrogenados não sejam
somente determinados em termos de teores de proteína bruta (SNIFFEN et al.,
1992; LICITRA et al., 1996; MALAFAIA & VIEIRA, 1997; TEIXEIRA & SANTOS,
2001; CLIPES 2003). Estes autores sugerem que os compostos nitrogenados
presentes nas forrageiras fossem separados em cinco frações diferentes (A, B1, B2,
B3 e C) com diversos estágios de degradação ruminal, que vai desde uma
degradação ruminal instantânea até uma fração não degradável. Diante disto, vem
se demonstrando, com pesquisas recentes, que mais importante que o teor de
proteína bruta presente nas forrageiras, são os teores que compõem essas cinco
frações dos compostos nitrogenados. Ao se determinar, por exemplo, um teor de
proteína bruta de 8 % em determinada espécie forrageira cultivada em pastagens,
concluiríamos, segundo conceito habitual de MILFORD & MINSON (1966) que os
animais criados nesta pastagem não apresentariam problemas no consumo
voluntário, porém, se os teores da fração C (não degradável) presente nestas
forrageiras, forem elevados, provavelmente, os animais iriam apresentar problemas
no consumo, segundo os novos conceitos.
Para VAN SOEST (1994), determinar a composição químico-bromatológica
de plantas forrageiras em pastagens é bem complicado, pois vários fatores que
influem no estado vegetativo das plantas devem ser considerados. A época do ano,
idade, espécie, fertilidade do solo, condições climáticas, entre outros, são
responsáveis por aumentar a variação entre os compostos nitrogenados presentes
nas forrageiras cultivadas. Toda avaliação deve ser feita cuidadosamente para que
não gere informações errôneas sobre a espécie avaliada, pois grandes são as
variações que ocorrem na composição química da planta quando esta é submetida
às variações climáticas da região, por exemplo. Observa-se que a cada dia, o valor
nutritivo das plantas se altera, devido a inúmeros fatores, já citados, anteriormente. E
ainda, essa diferença do valor qualitativo da forrageira avaliada pode estar ligada
também ao método de amostragem, conforme demonstram os resultados dos
trabalhos conduzidos por CLIPES (2003) e LISTA (2003).
A média da composição químico-bromatológica dos resultados obtidos em
diferentes trabalhos científicos realizados no Brasil utilizando forrageiras tropicais ou
temperadas foi publicada nas Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos para
Bovinos (VALADARES FILHO et al., 2006).
19
2.4.3 Fracionamento de compostos nitrogenados
Para TEIXEIRA & SANTOS (2001) os modernos conceitos em nutrição
animal podem definir a fração nitrogenada presente nos alimentos em:
- Proteína bruta (PB): descreve o conteúdo total de nitrogênio de um alimento;
- Proteína digestível (PD): é o conteúdo de proteína bruta multiplicado por sua
digestibilidade;
- Proteína ou nitrogênio solúvel (Psol): compostos nitrogenados ou proteína que são
rapidamente degradados a amônia no rúmen;
- Proteína não degradada no rúmen (PNDR): proteínas que não são degradadas no
rúmen, passam pelo rúmen e ficam disponíveis para a digestão no intestino delgado,
também denominada de proteína de escape ou “by-pass”;
- Proteína degradada no rúmen (PDR): fração da proteína que é degradada pelos
microrganismos do rúmen, compreende a fração solúvel mais uma outra que é
digerida enquanto o alimento permanece no rúmen.
Porém, uma outra maneira é adotada para estimar e conceituar a fração
nitrogenada dos alimentos, descrita no sistema Cornell, que consiste em dividir os
compostos nitrogenados em cinco frações (SNIFFEN et al., 1992). Este sistema
permite predizer com melhor precisão as exigências em proteína para o crescimento
e a produção leiteira (TEIXEIRA & SANTOS, 2001). Este método baseia-se na
determinação das frações nitrogenadas aplicando tratamento prévio da amostra com
substâncias que promovam a solubilização de determinado grupo de compostos,
que podem ser quantificados pela diferença entre o teor de nitrogênio total e o teor
de nitrogênio remanescente no resíduo insolúvel.
A proteína presente nos alimentos pode ser dividida em frações. Em um
primeiro momento, temos três frações, que são: fração A - compostos nitrogenados
não protéicos, fração B - proteína degradada no rúmen e fração C - proteína não
degradada no rúmen. A fração B pode ainda ser fracionada em três outras frações,
que são: fração B1 - proteína com degradação rápida, fração B2 - proteína com
degradação mediana e fração B3 - proteína com degradação lenta. Na Tabela 01,
pode-se observar a classificação das frações da proteína dos alimentos, quanto à
natureza dos compostos nitrogenados e à velocidade de degradação (SNIFFEN et
al., 1992, LICITRA et al., 1996, TEIXEIRA & SANTOS, 2001).
20
Tabela 01 - Classificação das frações da proteína dos alimentos, a natureza dos compostos nitrogenados e sua velocidade de degradação
Fração Natureza Velocidade de degradação
A Compostos nitrogenados não protéicos Instantânea
B1 Peptídeos e oligopeptídeos Rápida
B2 Proteínas citoplasmáticas Mediana
B3 Proteína insolúvel em detergente neutro Lenta
C Proteína insolúvel em detergente ácido Insolúvel
Fontes: SNIFFEN et al. (1992), LICITRA et al. (1996), TEIXEIRA e SANTOS (2001)
MALAFAIA & VIEIRA (1997) caracterizaram as frações nitrogenadas de
alguns alimentos utilizados na alimentação de ruminantes no Brasil. Os alimentos
caracterizados foram: gramíneas (capim-tifton 85, capim-elefante, braquiária
brizanta, braquiária decumbens, capim-gordura), leguminosas (soja perene e alfafa
em dois estágios de crescimento), silagem de milho, fenos e concentrados
energéticos e protéicos. Os autores observaram que para as gramíneas avaliadas os
teores de proteína bruta oscilaram entre 5,95 a 10,22 %, enquanto que para as
leguminosas os teores oscilaram entre 15,87 e 20,19 %. Para a silagem, o teor
observado foi de 5,96 %, enquanto que para os fenos, os teores variaram entre 2,85
e 7,38 %. Teores de proteína bruta variaram entre 9,30 e 17,55 % e de 47,46 a
49,09 % para os concentrados energéticos e protéicos, respectivamente. Segundo
os autores, a interpretação dos dados deve ser feita comparando-se os alimentos de
mesma classe. Com a determinação das frações protéicas dos alimentos, os autores
citaram que a semelhança dos teores de proteína bruta dos concentrados protéicos
avaliados pode atender diferentes necessidades nutricionais dos ruminantes, uma
vez que ao fornecer farelo de soja, a principal exigência atendida seria no que diz
respeito à necessidade de peptídeos pelos microrganismos ruminais que utilizam
carboidratos não estruturais, enquanto que ao utilizar o farelo de algodão, este pode
propiciar maior aporte de nitrogênio nos intestinos, uma vez que se observou alto
teor da fração B1 para o farelo de soja, ao passo que para o farelo de algodão o
maior teor observado foi para a fração B3. Comparando as leguminosas, observaram
que a soja perene apresentou um maior teor da fração C. Para as gramíneas
avaliadas, os teores obtidos para as frações caracterizadas foram bem semelhantes,
21
exceto para a braquiária decumbens com maior fração A e menor fração C, quando
comparada com as demais gramíneas, resultados estes provenientes de amostras
de forrageiras mais novas.
2.4.4 Fracionamento de carboidratos
Os carboidratos presentes nas forrageiras podem ser classificados em
carboidratos estruturais (CE) ou fibrosos (CF) e carboidratos não estruturais (CNE)
ou não fibrosos (CNF). Compreendem os CF, aqueles encontrados na parede
celular, como a hemicelulose, celulose e lignina, principalmente nas hastes e
compreendem os CNF, os que são encontrados no conteúdo celular, como
açúcares, amido e pectina, principalmente em folhas e sementes (MERTENS, 1992).
Segundo TEIXEIRA & SANTOS (2001), os carboidratos são os principais
componentes da dieta de vacas leiteiras, e contribuem com 60 a 70 % da energia
líquida usada para a produção de leite. Além de serem a principal fonte de energia,
contribuem com precursores para três importantes componentes do leite: lactose,
gordura e proteína.
Os carboidratos merecem a atenção especial, quando se formula e fornece
uma ração balanceada, ou quando se utiliza uma pastagem de alta produção
forrageira para alimentação de vacas leiteiras. Para isso, a classificação dos
carboidratos e seu fracionamento devem ser estudados e avaliados para melhor
entender as frações presentes nos alimentos e poder predizer o uso destas fontes
em dietas. No fracionamento dos carboidratos, quatro frações são propostas.
MERTENS (1992) e SNIFFEN et al. (1992) fracionaram os carboidratos não
estruturais nas frações A e B1, enquanto que os carboidratos estruturais foram
fracionados nas frações B2 e C. Esta proposta de fracionamento para os
carboidratos se torna mais apropriada uma vez que se baseia em características
nutritivas e não nas funções que estes compostos exercem na planta. A seguir,
pode-se observar na Tabela 02, a proposta de fracionamento dos carboidratos
presente nos alimentos.
22
Tabela 02 - Classificação das frações dos carboidratos presente nos alimentos, a natureza dos compostos e sua velocidade de degradação
Fração Natureza Velocidade de degradação
A Açúcares Instantânea
B1 Amido e pectina Intermediária
B2 Fibra potencialmente degradável Lenta
C Fibra potencialmente indegradável Indigerível
Fontes: MERTENS (1992), SNIFFEN et al. (1992)
2.4.5 Digestibilidade in vitro
Conhecer a qualidade da dieta fornecida aos bovinos é de extrema
importância, pois reflete positivamente em bom desempenho produtivo e reprodutivo,
além de ser um indicativo para redução de custos com alimentação em sistemas de
produção bovina.
Segundo PEREZ (1997), uma maneira possível de determinar a qualidade
dos alimentos seria pelo produto da digestibilidade vezes o consumo de matéria
seca, intimamente correlacionado com o consumo de energia. As estimativas de
digestibilidade têm grande valor prático, e aquelas determinadas por sistemas in vitro
propiciam a avaliação dos alimentos a baixo custo e em curto prazo. Na avaliação de
forrageiras, para estimar a digestibilidade, a adoção de sistemas de simulação in
vitro parece ser a mais indicada (MOTT & MOORE, 1969). A partir das estimativas
de valores obtidos, para as forrageiras utilizadas em pastagens ou como fonte de
suplementação volumosa, fica mais fácil a formulação de dietas para ruminantes, a
baixo custo, e que permitam atender as necessidades nutricionais de mantença e
produção. Aliada a essas estimativas, informações sobre os períodos de ocupação e
descanso das pastagens podem auxiliar na determinação da qualidade da dieta,
bem como, melhorar as práticas de manejo das pastagens. Com isso, o produtor
terá um melhor aproveitamento da espécie forrageira cultivada.
O método in vitro tem sido mais recomendado e vem sendo muito utilizado,
sendo este método descrito por TILLEY & TERRY (1963). De acordo com os
autores, ele simula os fenômenos digestivos ocorridos nos ruminantes com a
23
utilização de um meio de cultura composto por uma solução tampão que simula a
saliva do animal (McDOUGALL, 1948).
Várias espécies de forrageiras pertencentes ao gênero Panicum foram
submetidas a sistemas in vitro para determinação de coeficientes de digestibilidade
da matéria seca, sendo encontrados valores entre 45,0 % e 70,6 % (PEREZ, 1997,
VALADARES FILHO et al., 2006).
2.5 Avaliação produtiva das vacas leiteiras nos sistemas de produção
2.5.1 Peso vivo e escore de condição corporal
O acompanhamento do ganho de peso de vacas leiteiras e a determinação
do escore de condição corporal (ECC), no momento da pesagem, são práticas de
avaliação que devem ser encaradas como rotineiras na propriedade rural. Em
sistemas de produção leiteira, o período periparturiente é aquele que compreende as
três semanas anteriores e até três posteriores à parição. Este período parece
tranqüilo, mas é neste momento que se faz à transição da vaca de uma dieta que ela
vem recebendo para uma dieta específica para a lactação que irá se iniciar, evitando
o aparecimento de doenças metabólicas e infecciosas comprometedoras do estado
de saúde e da produção de leite. Diante disto, são importantes o acompanhamento
mensal do peso vivo e a determinação do ECC das vacas de leite. Com a pesagem
dos animais, periodicamente, fica mais fácil para o produtor identificar vacas que não
estão apresentando um bom desenvolvimento ponderal, ou ainda, não estão
respondendo ao desempenho esperado com a dieta fornecida, facilitando também a
identificação da ocorrência de doenças metabólicas ou infecciosas.
O ECC não está relacionado diretamente com o peso do animal, mas esta
medida passa ser uma ferramenta essencial de manejo, para monitorar a eficiência
nutricional, reprodutiva e produtiva do rebanho (SANTOS & PEIXOTO JÚNIOR,
2000). Com a avaliação do manejo nutricional, aplicado ao rebanho leiteiro utilizando
o ECC como ferramenta, torna mais fácil a avaliação das reservas de gordura do
animal, e ainda, permite ao produtor identificar o grau de magreza ou obesidade das
vacas (TEIXEIRA & SANTOS, 2001).
Segundo TEIXEIRA (1997) a avaliação do animal pelo método do ECC deve
ser realizada pelo mesmo observador, por se tratar de uma medida subjetiva, requer
24
certo treinamento, leva em conta aspectos visuais e táteis em determinadas regiões
do corpo dos animais (inserção da cauda, região lombar, ísquio, íleo e costelas
posteriores) e os valores atribuídos devem ficar a critério de quem realiza a
avaliação. Esses valores variam dependendo do sistema de avaliação adotado, que
pode ser: britânico, australiano ou americano. No continente americano, segundo o
autor, o sistema mais utilizado é o americano que utiliza escalas de 1 a 5, podendo
adotar sub-escalas de 0,25 ou 0,5 ponto. A classificação para este sistema é a
seguinte: (1) animal muito magro, (2) magro, (3) boa condição, (4) gordo e (5) muito
gordo. Deve-se considerar ainda, a época de realização e o estado fisiológico do
animal.
2.5.2 Produção de leite e taxa de lotação das pastagens
Devido às características geográficas e edafo-climáticas do Brasil, a
viabilidade da produção de leite obtida com a utilização de sistemas de produção em
pastagens é inquestionável, pois apresenta menores custos de produção. Com
cerca de 80 % do território brasileiro concentrado na faixa tropical a adaptabilidade
de diversas espécies forrageiras tropicais é excelente. Explorando o potencial destas
espécies, que apresentam alta eficiência fotossintética e acelerada velocidade de
crescimento é possível a obtenção de alta produtividade de massa verde e com bom
valor nutritivo durante a estação chuvosa, refletindo em boa produção leiteira
individual e boa produtividade por área.
Para manter a produtividade do rebanho constante ao longo do ano, faz-se
necessário o fornecimento de suplementação volumosa, durante a estação seca,
para suprir a baixa produtividade das pastagens neste período (AROEIRA et al.,
1999), visando minimizar os efeitos sazonais da produção de forragem provenientes
das pastagens.
Caracterizando os sistemas de produção de leite no mundo, pode-se usar
como referência a produção média anual das vacas. Neste caso, encontramos
diferentes produtividades que oscilam entre 2.000 a 6.500 kg de leite, podendo ser
observadas, em alguns países, produções abaixo deste intervalo com 1.000 kg de
leite ou países onde a produtividade alcança 12.000 kg de leite. Nesta situação, não
se preocupa em observar se a propriedade, que produz menor quantidade de
leite/vaca/ano, tem o pior índice zootécnico ou se a propriedade, que produz a maior
25
quantidade, tem o melhor índice zootécnico e, sim, analisar em conjunto a
produtividade do rebanho em um determinado país com os insumos e a infra-
estrutura necessária para atingi-lo.
O rebanho bovino leiteiro de Israel apresenta uma produção média de 6.519
kg de leite/vaca/ano e caracteriza-se pelo alto fornecimento de concentrados e uma
baixa utilização em alimentos volumosos (VOLCANI, 1974; FAO, 1977). Já, para
índices de produtividade menores, como da Nova Zelândia, os sistemas são viáveis
economicamente e atingem uma produção média de 3.125 kg de leite/vaca, mas
caracterizam-se por serem explorados exclusivamente em pastagens, sendo estas
exploradas intensivamente (BUXTON & FRICK, 1976). Na comunidade européia,
segundo o CAS (1978), países como Reino Unido e Irlanda, que estão na mesma
região geográfica, apresentam viabilidade financeira em seus sistemas de produção
de leite, porém estes são explorados de forma diferente, apresentam índices de
produtividade diferentes, mas existe um consenso, são explorados intensivamente.
SCHMIDT & VAN VLECK (1974) reportaram que pecuaristas americanos
trabalhando em áreas tropicais alcançaram índices de produtividade semelhantes
aos alcançados por pecuaristas localizados em países de clima temperado.
Fazendeiros alemães alcançam a mesma produção que fazendeiros neozelandeses,
explorando um menor número de vacas em pastagens, porém estas vacas leiteiras
são mais especializadas, recebendo fontes de suplementação alimentar de alto valor
nutritivo e maior uso de concentrados (HOG, 1979).
No Brasil, a produção média de leite é de 1.154 kg/vaca/ano, colocando o
país na 16ª posição do ranking mundial (EMBRAPA-CNPGL, 2001). Segundo
SANTOS et al. (2003) a produção anual brasileira é de 21 bilhões de litros de leite.
Essa produção coloca o país como sendo o sexto maior produtor mundial. Esta
posição no ranking mundial não é fruto da alta produção individual de vacas leiteiras,
nem do aumento da produtividade por área e, sim, do aumento de animais em fase
de lactação e da ampliação de áreas destinadas a exploração leiteira. Do total de
leite produzido no Brasil, grande parte é proveniente de vacas não especializadas,
mantidas em pastagens mal manejadas, sob severas restrições nutricionais.
CAMARGO (1996) trabalhando com vacas de leite, obteve uma área de 53
m2/animal/dia, quando utilizou 4,6 vacas/ha ou 5,5 U.A./ha com uma adubação de
200-250-200 kg/ha de N-P2O5-K2O. Ao adotar ciclos de pastejo maiores, a área
disponível pode ser menor, devido a maior produção forrageira obtida por área,
26
porém, deve-se tomar o cuidado com o valor nutritivo proporcionado pela forrageira.
Considerar nas pastagens, uma disponibilidade de matéria seca de lâmina foliar de
10 kg para cada 100 kg de peso vivo por dia. Diante disto, pode-se obter após a
saída dos animais dos piquetes um resíduo pós-pastejo considerado satisfatório e
que garanta uma rebrota vigorosa da forrageira e a sustentabilidade da pastagem.
2.5.3 Qualidade do leite produzido
A qualidade do leite produzido pelas vacas está diretamente ligada,
principalmente, com o tipo de alimentação consumida. Além da alimentação, o
estado de saúde da vaca e de sua glândula mamária também interfere nos
componentes presentes no leite. Os componentes sólidos do leite são: gordura,
proteína, lactose e minerais, e segundo TEIXEIRA & SANTOS (2001) os valores de
cada componente oscilam, de acordo com a raça do animal, o estágio de lactação, o
nível de produção de leite, a idade, o ambiente, a ocorrência de doenças e a
nutrição. Os autores relatam que 55 % da variação na composição do leite é devido
à hereditariedade e que 45 % é devido a fatores ambientais e os teores normais de
gordura estariam oscilando de 3,7 % a 4,9 %, para a proteína os teores encontrados
podem oscilar de 3,1 % a 3,8 %. Para a lactose, é usual empregar uma faixa de 4,6
% a 4,8 %, enquanto que o teor médio considerado para minerais presente no leite é
de 0,74 %.
Sabendo-se que, atualmente, empresas e cooperativas vêm pagando preços
diferenciados pela qualidade do leite produzido nas propriedades, estratégias de
manejo e alimentação devem ser tomadas, a fim de melhorar a qualidade do leite e
proporcionar um melhor preço de venda para o produtor. Leite com maior teor de
proteína, reflete em maior produção de queijo, melhorando o valor econômico
recebido pelo produtor. Ao passo que, ao elevar o teor de gordura do leite, não
parece ser interessante, pois o mercado está à busca de leite ou produtos lácteos
com baixos teores de gordura, considerados mais saudáveis.
TEIXEIRA (1997) e TEIXEIRA & SANTOS (2001) apresentaram as principais
mudanças efetuadas no manejo da alimentação do rebanho que podem afetar a
composição do leite. Se os animais alimentados tiverem ingestão máxima, se essa
ingestão for fornecida com maior freqüência, observa-se aumento nos teores de
gordura e proteína. Quando a dieta for deficiente de energia, ou tiver excesso de
27
fibra, tanto para a gordura quanto para a proteína serão observadas diminuição nos
teores. Em dietas, à base de grãos, com níveis normais de carboidratos não
estruturais, os teores de gordura e proteína aumentam e se mantém,
respectivamente, ao passo que o excesso diminui os teores de gordura. Já, dietas
com partículas pequenas e/ou com baixa fibra favorecem o aumento dos teores de
proteína no leite e diminuem em 1 % ou mais os teores de gordura.
Exames laboratoriais realizados, periodicamente, em amostras de leite,
podem ser uma ferramenta de extrema importância para a identificação do estado de
saúde da glândula mamária e da qualidade do leite produzido. A partir destes, é
possível que medidas de manejo e profiláticas possam ser adotadas visando
melhorar a produção individual das vacas e a qualidade do leite produzido. O exame
de contagem de células somáticas (CCS) pode ser um indicativo do estado
fisiológico da glândula mamária, uma vez que, se os níveis estiverem elevados, a
glândula mamária elimina maior quantidade de células de defesa e,
conseqüentemente, as perdas na produção leiteira diária são maiores. Já, o exame
de composição do leite (gordura, proteína, lactose e sólidos totais), informa se a
dieta ingerida pelo animal está deficiente em algum nutriente (CLÍNICA DO LEITE,
2005).
Perdas diárias na quantidade de leite produzido são freqüentes na atividade
leiteira, seja por falta de higiene dos funcionários que realizam a ordenha, seja pela
ineficiência na limpeza de equipamentos e utensílios utilizados no momento da
ordenha. Porém, estas perdas não aparecem de forma quantitativa na produção
diária, mas sabe-se que a falta de higiene acarreta queda na produção devido à
infecção da glândula mamária, provocada através da contaminação por agentes
patógenos veiculados através das mãos dos funcionários, equipamentos e utensílios
utilizados na sala de ordenha. Na Tabela 03, encontra-se a relação entre o escore
linear, a contagem de células somáticas e a perda de leite diária.
28
Tabela 03 - Relação entre escore linear (EL), contagem de células somáticas (CCS, x1000) e perda de leite (kg/dia)
EL CCS (x1000) PERDA DO LEITE EL CCS (x1000) PERDA DO LEITE
0 0 a 17 - 5 274 a 546 2,0
1 18 a 34 - 6 547 a 1092 2,7
2 35 a 68 - 7 1093 a 2165 3,4
3 69 a 136 0,7 8 2186 a 4371 4,0
4 137 a 273 1,4 9 4372 ou + 4,8
Fonte: CLÍNICA DO LEITE (2005)
2.6 Avaliação reprodutiva das vacas leiteiras nos sistemas de produção
2.6.1 Sincronização da ovulação
No Brasil, a formação do preço pago pelo leite produzido é inversamente
proporcional a produção leiteira, levando as unidades compradoras e beneficiadoras
a ofertarem melhores preços na estação seca, quando as pastagens estão com
baixa produção de volumosos, conseqüentemente, baixa produção de leite das
vacas, ao passo que na estação chuvosa, a oferta de forragem é alta, refletindo em
altas produções. Nesta estação, as unidades compradoras e beneficiadoras pagam
aos produtores preços mais elevados, somente, pela produção semelhante àquela
entregue na estação seca, formando o que chamamos de cota. O excedente de leite
classifica-se pelas unidades como extracota, recebendo, praticamente, 50 % do
valor pago ao leite, classificado como cota.
Aliado a esse fator econômico, atualmente, verifica-se uma forte tendência
pela utilização intensiva das pastagens, principalmente em países de clima tropical,
que apresentam grandes extensões territoriais. O uso intensivo de pastagens
formadas por forrageiras de alta produção de matéria seca e com bom valor nutritivo
surge como alternativa viável de minimizar os custos de produção, devido à redução
do uso de alimentos concentrados na alimentação dos ruminantes (MATOS, 2001).
Em geral, o manejo das vacas leiteiras em sistema de produção com base no uso de
pastagens, verificado em diversos países, classicamente mantém um padrão
sazonal, que está relacionado com a massa de forragem disponível nas pastagens.
29
Assim, as vacas que não conseguem atingir o intervalo anual de parição, ou são
descartadas ou incluídas no período subseqüente de monta, provocam grandes
perdas econômicas (CÓRDOBA & FRICKE, 2001).
As diferenças nutricionais e a capacidade genética do rebanho para a
produção de leite são evidentes e apresentam efeitos adversos na performance
produtiva e reprodutiva das vacas leiteiras (DISKIN et al., 2003). Vacas de leite
manejadas intensivamente em sistemas de produção em pastagens podem
apresentar desordens reprodutivas, quando não atendidas as exigências nutricionais
diárias no pós-parto. Estas desordens se caracterizam pelo anestro apresentado por
20 % (RHODES et al., 2003) e pela condição cística ovariana observada em 10 %
das vacas (GARVERICK, 1997), além de outros fatores constituintes de baixa
fertilidade.
No pós-parto, os requerimentos nutricionais de bovinos leiteiros mudam
abruptamente com o aumento da produção de leite, resultando no balanço negativo
de energia, que por sua vez, está associado com as mudanças na secreção e nos
níveis circulantes de hormônios reprodutivos. Com o balanço negativo de energia,
observa-se um desequilíbrio temporário entre a ingestão de matéria seca
proveniente das pastagens e a demanda de energia para o aumento da produção
leiteira (CARVALHO, 2004). Com isso, observam-se impactos negativos da atividade
de produção leiteira sobre a performance reprodutiva das vacas de leite, uma vez
que, no pós-parto estas apresentam mudanças metabólicas, incluindo o aumento na
ingestão de alimentos, interação dos estímulos responsáveis para o aumento da
produção e mecanismos necessários para a retomada da atividade ovariana.
Para minimizar esses efeitos e melhorar os índices de fertilidade das vacas
leiteiras nesse sistema de produção, parece ser favorável a utilização de
suplementação de progesterona (P4) (RHODES et al., 2003), associada a
gonadotrofina coriônica eqüina (eCG) como indutor da ovulação (CUTAIA et al.,
2003) nos programas de inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
No entanto, desenvolver um programa de IATF para vacas leiteiras tem
como objetivo preparar esses animais para que, a partir do 60º dia pós-parto,
apresentando boa condição corporal, boa ciclicidade ovariana e uma recuperação
favorável do balanço negativo de energia, estejam aptos à cobertura. Além disso, o
programa de IATF permite ao produtor organizar melhor o manejo do rebanho,
formar dois lotes para duas estações de monta diferentes, um na estação chuvosa e
30
outro na estação seca, concentrando as parições e, possivelmente, melhorando a
formação de sua cota na unidade compradora e beneficiadora. Para ter uma cota
maior, é preciso que na estação de monta, concentre-se 60 % da parição das vacas
leiteiras para a estação seca e as outras 40 % para a estação chuvosa. Esse
programa traz vantagens zootécnicas e econômicas. As principais são a redução do
intervalo de partos, o aumento no número de produtos nascidos, a redução de vacas
em anestro pós-parto, a diminuição da mão-de-obra para a observação do cio em
animais criados em pastagens, a redução da perda de cios e a melhoria nas práticas
de manejo rotineiro da propriedade.
CARVALHO (2004), trabalhando com Bos indicus (Gir, Nelore), Bos taurus
(Holandês, Angus) e seus cruzamentos Bos indicus x Bos taurus (Gir-Holandês,
Nelore-Angus), estudou os efeitos do tratamento com dispositivo intravaginal de
progesterona CIDR (Controlled Internal Drug Release) desenvolvido por McMILLAN
et al. (1991), associado ou não à aplicação de prostaglandina na dinâmica folicular
das novilhas. O autor observou que o tratamento com prostaglandina no dia inicial
do protocolo aumentou a taxa de crescimento folicular e a taxa de ovulação das
novilhas, permitindo a sincronização dos animais e a adoção da IATF. Com a
adoção desta biotecnologia da reprodução, o produtor poderá sincronizar o
crescimento folicular e a ovulação das vacas leiteiras do rebanho,
conseqüentemente adotará a IATF, sem a necessidade de detecção do estro (cio) a
campo.
2.7 Análise financeira
Com a perspectiva mundial da formação de blocos econômicos e o livre
comércio entre os países, a competição entre produtos de origem animal tem
aumentado a cada dia. No contexto mundial, o principal fator que torna um produto
competitivo é, sem dúvida, o preço de venda, pois ao fornecê-lo para o mercado
consumidor, respeitando as normas de comercialização e padrão, a decisão do
consumidor por qual produto adquirir estará ligada ao seu preço de venda. Diante
disto, uma propriedade rural para manter-se na atividade deve a todo o momento
acompanhar seus custos de produção, atualizando-os diariamente. No Brasil, pode-
se observar que na maioria das propriedades, ocorre falta de controle sobre a
produção, ocorrendo simplesmente uma exploração de recursos, sem o devido
31
controle da atividade. Em um determinado período, a atividade pode estar sendo
aparentemente remunerada, no entanto, não está, pois o simples fato de haver
receitas superando os desembolsos, não quer dizer que o investimento está sendo
recuperado. Diante disto, o produtor (investidor) poderá estar iniciando um processo
de descapitalização e, na maioria das situações, o investimento inicial é elevado, o
que o impossibilita abandonar a atividade, pois os prejuízos seriam ainda maiores. O
Brasil é o país com maior potencial para a produção leiteira no mundo (DEBLITZ,
2001). Segundo o autor, para que esse potencial seja alcançado, é necessário que a
atividade leiteira se torne mais especializada, seja eficiente no setor produtivo e,
adote modelos de exploração adequados às realidades de cada região brasileira.
Países como Nova Zelândia, Argentina e Uruguai, encaram a pecuária leiteira como
sendo uma atividade enquadrada na cadeia agroindustrial com exploração racional,
altamente produtiva e rentável.
Qualquer investimento de capital implica em dispêndio monetário em bens
duráveis (bens de capital) destinados a produzir outros bens, durante certo período
definido de tempo no futuro (NORONHA, 1987). Baseado nisso, todo produtor, ao
definir o tipo de atividade que irá exercer e qual o melhor sistema de produção a
adotar, deverá considerar as conseqüências futuras de decisões tomadas no
presente. Nesta premissa, a análise financeira vem fornecer informações
importantes e decisivas na tomada de decisão dos produtores, podendo estes
continuar na atividade, devido à boa remuneração recebida ou realizar inovações e
modificações no processo produtivo, melhorando a rentabilidade econômica de sua
atividade.
Segundo NORONHA et al. (2000), em uma análise econômica, é
imprescindível que o produtor faça anotações dos dados de forma coerente e real,
além de realizar os cálculos corretamente e, por fim, interpretar os resultados obtidos
com imparcialidade. Porém, no Brasil é difícil encontrar propriedades com custos de
produção e a análise financeira corretos, principalmente entre pequenos e médios
produtores.
A pecuária de leite é uma exploração que apresenta grande diversidade
quanto aos sistemas de produção adotados, pois se desenvolvem nas mais variadas
condições de solo, combinações de forrageiras, raças bovinas e práticas de manejo
da pastagem e do rebanho. A segmentação da atividade nas fases de cria, recria e
lactação aumenta ainda mais essa diversidade. A maximização dos lucros e a
32
minimização dos custos, possibilitando localizar os pontos de estrangulamento da
atividade, são fundamentais para a aplicação dos esforços gerenciais e
tecnológicos, objetivando o sucesso da pecuária leiteira (LOPES & CARVALHO,
2000). Ao realizar-se uma análise financeira, tem-se então, como primeira
dificuldade, as restrições e a generalização colocadas por cada sistema de
produção, sendo necessárias uma definição metodológica e a caracterização de
cada sistema avaliado (COSTA et al., 1986).
Segundo PILAU et al. (2003), muitas vezes os trabalhos científicos visam
otimizar o potencial biológico dos sistemas de produção explorados, não sendo a
sua viabilidade econômica o fator determinante para avaliar o sucesso dos
resultados obtidos. Para PÖTTER et al. (2000), a maioria dos trabalhos não avalia a
viabilidade financeira das novas tecnologias estudadas, havendo pouca informação
sobre os seus benefícios na lucratividade dos sistemas de produção explorados. No
entanto, informações sobre a rentabilidade e o risco de diferentes sistemas de
produção e de novas tecnologias são de extrema importância para o produtor rural,
pois, permite a ele inovar e melhorar não só os índices zootécnicos, mas também
tornar sua atividade mais atrativa.
PERES et al. (2004) analisaram a viabilidade econômica de três sistemas de
produção em pastagem de capim-elefante na recria de novilhas leiteiras, na região
Norte Fluminense. Os sistemas estudados foram: SP1- pastagem de capim-elefante
sem suplementação, SP2 - pastagem de capim-elefante com suplementação
concentrada e SP3 - pastagem de capim-elefante com suplementação volumosa de
estilosantes Mineirão (leguminosa). Foram aplicadas sobre o fluxo de caixa de cada
sistema de produção, taxas de desconto de 8, 10 e 12 % ao ano. Os autores
concluíram que todos os sistemas testados apresentaram viabilidade econômica à
taxa de desconto de 10 % ao ano. Determinaram a taxa interna de retorno dos três
sistemas, observando taxas atraentes, pois foram obtidas 29,58; 30,10 e 10,46 % ao
ano, respectivamente, para SP1, SP2 e SP3, ou seja, taxas superiores à
remuneração obtida com investimentos disponíveis no mercado, como a caderneta
de poupança, que no mesmo período de estudo apresentou um rendimento médio
de 6 % ao ano. Os autores recomendaram que na interpretação do indicador
econômico, seja feita uma análise comparativa dos resultados e não do valor
absoluto apresentado. Realizaram ainda, as análises de sensibilidade para
determinar os itens que exercem maior influência nos resultados econômicos de
33
cada sistema e risco, para determinar a probabilidade de insucesso do sistema,
diante das oscilações de preços ocorridas no mercado. Observaram que o item que
exerce maior impacto econômico sobre os resultados dos sistemas foi o preço de
venda das novilhas. O preço de compra das novilhas foi o item que apresentou
sensibilidade secundária para os sistemas, que não utilizaram suplementação ou
suplementação com concentrados e, a mão-de-obra foi o segundo item mais
sensível quando o sistema adotou suplementação volumosa com o fornecimento de
leguminosa. Quando submetido à análise de risco (Simulação de Monte Carlo), o
sistema de produção em pastagem de capim-elefante que utilizava suplementação
com pastagem de leguminosa estilosantes cv. Mineirão apresentou maior risco
econômico, quando comparado aos demais sistemas. A probabilidade observada
pelos autores dos sistemas se tornarem inviáveis, quando submetidos à taxa de
desconto de 10 % a.a. foi de 70,19 %, 11,70 % e 5,08 %, respectivamente para
capim-elefante + estilosantes, capim-elefante + concentrado e capim-elefante sem
suplementação.
HADDADE et al. (2005) propuseram um sistema de produção de leite para a
região Norte do estado do Rio de Janeiro, explorado em pastagens cultivadas
durante a estação chuvosa com fornecimento de cana-de-açúcar, no cocho, durante
a estação seca, com possibilidade do uso de irrigação nas pastagens e no canavial.
Analisaram esse sistema sob o ponto de vista financeiro, considerando os índices
zootécnicos esperados, as condições da região e a possibilidade de implantação. Na
formação do fluxo de caixa, projetado para um horizonte de 20 anos de exploração
da atividade, os autores encontraram viabilidade financeira, a partir da aplicação dos
indicadores econômicos de rentabilidade, valor presente líquido (VPL) e taxa interna
de retorno (TIR) e, realizaram a análise de sensibilidade para determinar os
principais itens que possam levar a atividade ao fracasso. Para o VPL foram
observados resultados positivos, quando o fluxo de caixa foi submetido às taxas de
desconto de 6 e 10 % ao ano, com R$ 197.880,00 e R$ 8.067,00, respectivamente,
e, a TIR obtida para o sistema proposto foi de 10,22 % ao ano, sugerindo sua
implantação. Os autores identificaram, por ordem decrescente de importância, os
itens que mais exercem impacto sobre os resultados financeiros do sistema, sendo:
preço de venda do leite, preço de compra e venda de matrizes leiteiras e mão-de-
obra. O risco encontrado para o sistema proposto foi de 39 % de probabilidade, ou
seja, o sistema não conseguirá remunerar o capital investido à taxa de desconto de
34
6 % ao ano, taxa esta semelhante à remuneração proporcionada pela caderneta de
poupança. Concluíram que a probabilidade obtida (39 %) é preocupante, pois existe
no sistema proposto um grande investimento em ativos fixos, de elevada
especificidade na atividade leiteira, impedindo o empresário rural, diante de
situações de baixa rentabilidade, sair da atividade e, se isso fizesse os seus
prejuízos seriam ainda maiores.
2.7.1 Fluxo de Caixa
Fluxos de caixa são valores expressos em reais, que têm por objetivo
refletirem as entradas e as saídas, por unidade de tempo, dos recursos e produtos,
formando uma proposta de investimento.
Para a formação de um fluxo de caixa é importante conhecer as
especificações técnicas dos insumos e recursos necessários para produzir, bem
como as especificações dos bens produzidos. De posse desses dados, torna-se
possível sua construção. O principal objetivo do produtor é maximizar o valor
presente líquido do patrimônio da propriedade, verificando qual será a contribuição
marginal da proposta de investimento no sentido de atingir o objetivo central da
atividade.
Não existe uma fórmula única para formar um fluxo de caixa confiável. Para
cada tipo de projeto e para cada tipo de atividade, existe um fluxo de caixa capaz de
melhor refletir a contribuição da proposta de investimento para o sucesso do objetivo
preconizado. Em todo e qualquer projeto tem-se basicamente o fluxo de entradas e
saídas de recursos, sendo o fluxo líquido a diferença obtida entre eles. Sobre este
fluxo aplicar-se-ão as técnicas de desconto, para assim calcular a rentabilidade dos
investimentos.
2.7.2 Indicadores econômicos
Quando se deseja realizar uma análise financeira, deve-se procurar
identificar qual dos métodos de avaliação econômica melhor se adapta ao interesse
do investidor. Alguns investidores, geralmente, estão interessados no valor presente
do investimento, outros preferem conhecer a taxa interna de retorno obtida com o
empreendimento, outros preferem conhecer o tempo real que seu investimento terá
35
para recuperar o capital investido e, em alguns casos, deseja-se saber qual a
relação benefício/custo do investimento. Todos os métodos de avaliação econômica
apresentam resultados satisfatórios e a escolha de um deles depende, como citado
anteriormente, do objetivo do investidor, pois, para cada método, tem-se o
suprimento de diferentes necessidades, com vantagens e desvantagens que devem
ser observadas e analisadas, cuidadosamente. Apesar de cada método apresentar
vantagens e desvantagens, recomenda-se em uma análise econômica, adotar
métodos que empregam a técnica de desconto. Esta técnica consiste em atualizar
os fluxos de caixa futuros, monetariamente. Assim sendo, os métodos que adotam a
técnica de desconto apresentam superioridade sobre aqueles que não a empregam.
Diante desta consideração, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de
Retorno (TIR) são os métodos mais indicados para a realização de uma análise
financeira de sistemas de produção em pastagens.
2.7.2.1 Valor Presente Líquido
O valor presente líquido (VPL) serve para indicar a viabilidade ou não de um
projeto, sendo considerado um critério de avaliação de projetos mais rigoroso e
isento de falhas técnicas (CONTADOR, 1988).
Ao analisar um projeto de investimento, por exemplo, a instalação de um
sistema de produção para bovinos, deve-se optar por aquele sistema que apresentar
o maior VPL positivo. Segundo DANTAS (1996), se o projeto analisado apresentar
VPL superior a zero significará que o mesmo apresenta viabilidade econômica, pois
será possível cobrir os seus custos de implantação e manutenção. Ao passo que, se
o VPL do projeto for igual a zero significará que este atingiu um ponto de
nivelamento de rentabilidade, mas se o VPL apresentado pelo projeto for negativo, a
sua adoção resultará em prejuízos, pois não será possível cobrir os custos
envolvidos.
2.7.2.2 Taxa Interna de Retorno
CONTADOR (1988) define taxa interna de retorno (TIR) como sendo a taxa
de juros que iguala a zero o VPL de um projeto, ou seja, é a taxa de desconto que
iguala o valor presente dos benefícios de um projeto ao valor presente dos seus
36
custos. Um projeto é viável e deve ser adotado quando sua taxa interna de retorno é
igual ou maior que o custo de oportunidade dos recursos para a sua implantação.
2.7.3 Análise de sensibilidade
A análise de sensibilidade é uma ferramenta que permite observar de que
maneira as variações ocorridas em uma das variáveis do projeto poderão influenciar
sua viabilidade econômica. Através desta, é possível determinar em que medida um
erro ou modificação de uma das variáveis incide nos resultados do projeto
(BUARQUE, 1991).
Conhecer as variáveis com maior peso na determinação dos resultados do
projeto é de extrema importância, pois, ao identificar os itens que devem ser
estudados com maior cuidado, pode-se evitar que erros em subestimativas venham
proporcionar grandes conseqüências.
Uma vez calculado o VPL ou a TIR do sistema de produção avaliado, pode-
se usar as melhores estimativas dos fluxos de caixa para saber qual a sensibilidade
do valor obtido em relação à determinada variável (NORONHA, 1987). Com a
análise de sensibilidade feita, é possível prever como se comportará o sistema de
produção diante de uma mudança na economia, ou até mesmo qual será o resultado
apresentado se ocorrer queda na produtividade.
2.7.4 Análise de risco
A análise de risco é realizada por meio da técnica da Simulação de Monte
Carlo que serve para avaliar o risco envolvido nos diversos sistemas de produção,
comparando-os quanto à probabilidade de tornarem-se inviáveis, diante das
oscilações de preços ocorridas no mercado. Exemplos de utilização dessa técnica
para a abordagem do risco em atividades agrícolas podem ser encontrados em
vários trabalhos (ALMEIDA et al., 1985; SHIROTA et al., 1987; NORONHA &
LATAPIA, 1988; BISERRA, 1994; ARAÚJO & MARQUES, 1997).
Conforme destacado por NORONHA (1987), a simulação de Monte Carlo é,
dentre os métodos que utilizam probabilidade na análise dos riscos, o mais simples
do ponto de vista prático, além de apresentar custo razoavelmente baixo. O princípio
básico do processo de simulação reside no fato de que a freqüência relativa de
37
ocorrência do acontecimento de certo fenômeno tende a aproximar-se da
probabilidade matemática de ocorrência desse mesmo fenômeno, quando a
experiência é repetida um grande número de vezes e assume valores aleatórios
dentro dos limites estabelecidos (HERTZ, 1964).
38
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento de campo foi conduzido na unidade de produção de bovinos
de leite pertencente ao Setor de Zootecnia do Pólo Regional de Desenvolvimento
Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba (PRDTA/VP) do Departamento
de Descentralização do Desenvolvimento (DDD) da Agência Paulista de Tecnologia
dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do
Governo do Estado de São Paulo, em Pindamonhangaba. O período de realização
das atividades foi de 03 de outubro de 2003 a 02 de setembro de 2005, envolvendo
a implantação, estruturação e utilização das áreas experimentais. A coleta de dados
na estação chuvosa foi realizada de 23 de dezembro de 2004 a 14 de abril de 2005
e na estação seca de 01 de junho a 02 de setembro de 2005.
3.1 Caracterização da região
3.1.1 Localização geográfica
De acordo com o levantamento realizado pela Secretaria de Recursos
Hídricos, Saneamento e Obras do Governo do Estado de São Paulo (SRHSO,
1999), o Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale
do Paraíba situa-se na região paulista do Rio Paraíba do Sul, apresentando uma
localização estratégica no eixo Rio de Janeiro - São Paulo, os dois maiores centros
urbanos do país. A área de atuação do Pólo Regional compreende 39 municípios
39
abrangendo a área do Vale do Rio Paraíba do Sul, a região Serrana e o Litoral. A
região localizada na parte sudeste do Estado, faz divisa com os Estados de Minas
Gerais e Rio de Janeiro, sendo cortada pelo Trópico de Capricórnio. O Pólo Regional
está localizado entre as coordenadas geográficas, 22º55’55’’ de latitude Sul e
45º27’22’’ de longitude Oeste de Greenwich (SILVA et al. 1986).
3.1.2 Caracterização edáfica e climática
Segundo VERDADE et al. (1961), o relevo da região varia de plano a
ondulado com boa drenagem, apresentando solos que se originaram de sedimentos
argilo-arenosos terciários e aluviões quaternários. A altitude média registrada na
região do Vale do Paraíba é de 550 m (SILVA et al. 1986). Nas áreas montanhosas,
que abrangem as Serras da Mantiqueira e do Mar, o relevo é extremamente
acidentado com altitudes que ultrapassam 2.000 m (SRHSO/SP, 1999).
O clima na região, segundo a classificação de Köppen, citado por
GUARAGNA et al. (1986) e SILVA et al. (1986), é do tipo mesotérmico CWA, com
verão quente e chuvoso e inverno seco. As temperaturas médias do mês mais frio
estão em torno de 18 ºC e do mês mais quente acima de 22 ºC, com umidade
relativa média anual de 92,8 %. Durante o período mais seco do ano, a precipitação
pluviométrica não ultrapassa 30 mm e a distribuição anual de chuvas varia entre
1.100 a 1.700 mm nas áreas baixas do vale, enquanto que nas áreas altas, há
ocorrência de precipitações entre 1.300 a 2.800 mm anuais na Serra do Mar e de
1.300 a 2.000 mm anuais na Serra da Mantiqueira (SRHSO/SP, 1999). A estação
seca estende-se de abril a setembro com máxima intensidade em julho e, a estação
chuvosa, de outubro a março, com o ápice das chuvas ocorrendo nos meses de
janeiro e fevereiro.
Os valores mensais das temperaturas médias, das médias de máximas e
mínimas e das médias da umidade relativa do ar são apresentados na Tabela 04 e
os índices mensais de precipitação pluviométrica, dias de ocorrências de chuvas e
evapotranspiração são apresentados na Tabela 05, durante o período de 01 de
outubro de 2003 a 30 de setembro de 2005, foram obtidos junto ao Centro Integrado
de Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO) do Instituto Agronômico de
Campinas (IAC) da APTA/SAA/SP.
40
Tabela 04 - Temperaturas médias mensais, médias de máximas e mínimas, em C, e médias da umidade relativa do ar, em %, durante o período de 01 de outubro de 2003 a 30 de setembro de 2005
Temperatura do ar (C)
Médias MensaisMês/Ano
Média Máximas Mínimas
Umidade
Relativa
(%)
Outubro/2003 22,8 28,1 17,8 89,1
Novembro/2003 23,6 28,8 18,8 90,1
Dezembro/2003 25,3 30,1 20,7 90,3
Janeiro/2004 24,2 28,7 19,8 92,9
Fevereiro/2004 24,0 28,6 19,3 94,8
Março/2004 23,0 28,1 18,2 94,6
Abril/2004 23,0 27,7 18,5 96,0
Maio/2004 19,0 24,0 14,3 94,2
Junho/2004 17,8 23,8 11,8 95,4
Julho/2004 17,0 23,2 10,9 95,4
Agosto/2004 18,8 26,1 11,4 95,5
Setembro/2004 23,3 30,8 16,6 91,6
Outubro/2004 21,8 26,2 17,3 91,0
Novembro/2004 24,4 29,0 19,7 89,8
Dezembro/2004 24,6 28,9 20,0 92,4
Janeiro/2005 25,6 29,3 21,3 95,2
Fevereiro/2005 24,4 29,6 19,1 96,3
Março/2005 24,9 29,3 20,3 97,6
Abril/2005 23,8 29,4 19,3 97,9
Maio/2005 19,9 25,9 14,3 98,5
Junho/2005 19,2 25,2 13,3 97,7
Julho/2005 18,2 24,0 12,3 98,3
Agosto/2005 20,1 27,7 12,4 80,1
Setembro/2005 21,1 26,0 17,1 73,1
Fonte: CIIAGRO/IAC/APTA/SAA/SP (2006)
41
Tabela 05 - Índices de precipitação pluviométrica, dias de ocorrência de chuvas e evapotranspiração, por mês, em mm, durante o período de 01 de outubro de 2003 a 30 de setembro de 2005
Precipitação pluviométrica Evapotranspiração
Mês/Ano (mm) (dias) (mm)
Outubro/2003 159,2 12 83
Novembro/2003 135,7 16 95
Dezembro/2003 146,8 19 131
Janeiro/2004 199,9 18 142
Fevereiro/2004 196,9 17 116
Março/2004 184,4 16 107
Abril/2004 99,6 15 91
Maio/2004 73,8 10 60
Junho/2004 69,7 10 45
Julho/2004 71,1 10 52
Agosto/2004 5,7 2 67
Setembro/2004 12,6 3 103
Outubro/2004 169,3 14 98
Novembro/2004 144,4 14 136
Dezembro/2004 122,3 17 139
Janeiro/2005 187,2 22 159
Fevereiro/2005 78,2 11 120
Março/2005 123,9 18 110
Abril/2005 98,7 10 86
Maio/2005 94,2 7 62
Junho/2005 12,5 4 55
Julho/2005 22,1 8 48
Agosto/2005 8,4 6 70
Setembro/2005 73,1 18 94
Fonte: CIIAGRO/IAC/APTA/SAA/SP (2006)
42
3.2 Caracterização do experimento
3.2.1 Escolha da área
A área experimental destinada à instalação do sistema de produção foi
escolhida próxima ao estábulo de produção de leite, onde se realiza a ordenha
mecânica, de fácil acesso, apresentando relevo plano, totalizando 12,8 ha. Desse
total, 11,4 ha foram destinados a implantação da pastagem de capim-mombaça
(Panicum maximum, Jacq., cv. Mombaça), posteriormente dividida em 57 piquetes
de 2.000 m2 cada, sendo o restante, 1,4 ha destinados à instalação de corredores de
acesso, áreas de descanso, áreas de sombra, bebedouros e cochos para sal
mineral. A demarcação da área total destinada ao experimento foi feita por cerca
convencional de cinco fios de arame farpado. Os piquetes foram demarcados por
cerca elétrica com um único fio.
As áreas destinadas ao cultivo de forrageiras utilizadas para suplementação
volumosa das vacas, durante a estação seca, foram de 4,5 ha, 0,5 ha e 1,0 ha,
respectivamente para aveia-preta (Avena strigosa, Schereb, cv. Preta), cana-
forrageira (Saccharum spp, L., cv. IAC 86-2480) e sorgo-forrageiro (Sorghum bicolor,
L., cv. Volumax).
Para o cálculo da área de cada piquete que compõe o sistema de produção
de leite, considerou-se uma produtividade de 2.500 kg de MS/ha/ciclo de pastejo na
pastagem de capim-mombaça, com 36 dias de descanso e 3 dias de ocupação
(SCOLFORO, 2003). Foram adotados, para efeito dos cálculos, 2 dias de ocupação
e 36 dias de descanso, perfazendo um ciclo de pastejo de 38 dias. Foram utilizados
12 animais do ecótipo Mantiqueira com peso vivo médio de 450 kg. Adotou-se, para
efeito de consumo voluntário de matéria seca dos animais, 2,5 % P.V. e perdas de
forragem na pastagem, na ordem de 30 %. Diante dessas considerações, os
piquetes apresentaram uma área de 2.000 m2, disponibilizando aproximadamente 83
m2/animal/dia de pastejo. A carga animal prevista para as pastagens, baseada nos
cálculos, foi de 3,2 U.A./ha, não considerando as práticas de calagem e adubação. A
área disponível por animal, por dia de pastejo nos piquetes, segundo HILLESHEIM
(1995) deve oscilar entre 50 e 100 m2/animal/dia, que de acordo com o autor, deve
atender aos requerimentos de volumosos de uma vaca leiteira próximos a 100
m2/animal/dia quando o pastejo for por um período de 24 horas, ou próximos a 50
43
m2/animal/dia para um turno de 12 horas de pastejo, quando utilizados ciclos de
pastejo de 30 dias.
3.2.2 Preparo das áreas
O preparo das áreas experimentais iniciou-se a partir da primeira quinzena
do mês de julho do ano de 2003, com coleta das amostras de solo. De acordo com
as recomendações de WERNER et al. (1997) e VILELA et al. (2004), cada área
utilizada foi amostrada para realização da análise química do solo. A amostra
enviada para o laboratório foi coletada, em função do relevo apresentado, da
vegetação predominante e do histórico de uso de cada área. A partir daí, em cada
gleba foram coletadas 20 amostras simples de solo, na profundidade de 0-20 cm,
para formar uma amostra composta. Após o preparo, homogeneização e secagem
de cada amostra composta, retirou-se uma subamostra de 500 gramas, que foi
acondicionada, identificada e enviada para laboratório credenciado e,
posteriormente, realização da análise e determinação da composição química. Os
resultados das análises das áreas destinadas a implantação da pastagem de capim-
mombaça, do cultivo de sorgo e, posteriormente, a implantação da pastagem de
aveia-preta e da implantação do canavial com o cultivar IAC 86-2480 podem ser
observados nas Tabelas 01A, 02A e 03A, respectivamente.
O preparo da área onde foi implantada a pastagem de capim-mombaça
constou de uma aração a 25-30 cm de profundidade, para enterrar os restos
culturais e as sementes de plantas invasoras e ervas daninhas. Utilizou-se um arado
de discos, realizando-se o trato cultural nos dias 12 e 13 de novembro de 2003.
Após a aplicação do corretivo recomendado foi realizada uma gradagem pesada,
com uso de grade aradora, em toda área experimental para melhor incorporação e
reação do calcário. Durante esse período, utilizando-se de uma aração e uma
gradagem, foi possível a exposição das raízes das plantas nativas e invasoras,
diminuindo a infestação da área experimental, bem como a emergência de novas
plantas. A partir de 05 e 06 de fevereiro de 2004, foram realizadas duas gradagens,
em sentido cruzado, sendo uma gradagem pesada na área experimental, com uso
de grade aradora, para a eliminação de qualquer espécie forrageira presente, bem
como plantas invasoras e ervas daninhas que emergiram durante este período e
outra gradagem leve, com uso de grade niveladora, para que o solo fosse bem
44
destorroado e nivelado, sendo possível iniciar o plantio das sementes de capim-
mombaça, proporcionando uma emergência rápida e uniforme das plântulas.
Para as áreas destinadas ao plantio com a cana-de-açúcar IAC 86-2480,
com sorgo Volumax para a produção de silagem e com aveia-preta Embrapa 29
para pastagem de inverno, foi adotado o preparo convencional, com uma aração e
duas gradagens, em sentido cruzado, com posterior plantio. A cana-forrageira foi
plantada em três talhões, durante os meses de outubro, novembro e dezembro de
2003. O sorgo foi plantado no início de dezembro de 2004, e a aveia-preta em 01 de
abril de 2005.
3.2.3 Aplicação de corretivos
Em 23 e 30 de dezembro de 2003, foi aplicado na área, onde se implantou o
capim-mombaça, calcário agrícola para correção da acidez do solo, aumento de pH,
elevação dos teores de cálcio e magnésio e melhorar os níveis de saturação de
bases. De acordo com os resultados obtidos na análise química do solo, a
recomendação da quantidade a ser aplicada por gleba foi realizada objetivando a
elevação dos teores de saturação de bases para 60 % (WERNER et al., 1997,
VILELA et al., 2004). O calcário utilizado é classificado como de uso agrícola, do tipo
dolomítico, faixa b, a granel, com poder relativo de neutralização total (PRNT) de 60
%. Diante disto, foram aplicadas 1,6 ton/ha e 4,1 ton/ha, nas glebas um e dois,
respectivamente, para a área destinada a pastagem de capim-mombaça.
Nas áreas destinadas a implantação do canavial com a cana-de-açúcar IAC
86-2480 (cana-forrageira), do sorgo para a produção de silagem e da aveia-preta
para utilização como pastagem de inverno não foi aplicado corretivo, uma vez que se
observou, nos resultados obtidos na análise química do solo, bom nível de fertilidade
e por serem áreas descansadas provenientes do cultivo de outras culturas, no
passado.
3.2.4 Aplicação de fertilizantes
A recomendação da adubação utilizada na implantação da pastagem de
capim-mombaça foi baseada na análise química do solo. No plantio, foram aplicadas
50 kg/ha e 350 kg/ha de superfosfato simples, respectivamente na gleba um e dois,
45
glebas estas que foram separadas para coleta de amostras de solo para a
realização da análise química. Esta adubação permitiu elevar os níveis de fósforo
para 15 mg/dm3. A adubação potássica, também aplicada no momento do plantio,
sendo realizada somente na gleba dois, na quantidade de 80 kg de cloreto de
potássio por hectare. Entre 40 e 50 dias após o plantio do capim-mombaça foi
realizada adubação nitrogenada, na quantidade de 110 kg de uréia por hectare,
aplicados em cobertura. A adubação nitrogenada permitiu atender níveis de 50 kg de
N/ha. Após o corte desta forrageira com colhedeira de forragem, aplicou-se 100 kg
de N/ha, utilizando-se como adubo uréia agrícola.
Na adubação de manutenção, realizada durante o período experimental,
foram feitas duas aplicações, na forma de cobertura. Na primeira aplicação, utilizou-
se o adubo superfosfato simples, na quantidade de 250 kg/ha. Na segunda
aplicação, utilizou-se o adubo formulado 20-05-20, na quantidade de 50 kg por
piquete de 2.000 m2, disponibilizando 50 kg de N/ha, 12,5 kg de P2O5/ha e 50 kg de
K2O/ha, respectivamente.
Na implantação das forrageiras utilizadas como suplementação volumosa
durante a estação seca, recomendou-se o adubo formulado 08-28-16. No plantio das
forrageiras, foram aplicados 300 kg/ha no sulco, 350 kg/ha em linha e 250 kg/ha em
linha do adubo formulado para a cana-de-açúcar, sorgo e aveia-preta,
respectivamente. A adubação utilizada permitiu atender à cultura de cana-de-açúcar,
no momento do plantio, em 24 kg de N/ha, 84 kg de P2O5/ha e 48 kg de K2O/ha,
níveis estes próximos aos recomendados por WERNER et al. (1997) e LANDELL et
al. (2002), para uma produção esperada de até 100 t/ha de cana-de-açúcar. Para o
sorgo, a adubação fornecida permitiu disponibilizar níveis de 28 kg de N/ha, 98 kg de
P2O5/ha e 56 kg de K2O/ha, níveis estes para alcançar uma produtividade esperada
de 50 t./ha de MV (PITTA et al., 2001), enquanto que para a aveia-preta os níveis
disponíveis foram 20 kg de N/ha, 70 kg de P2O5/ha e 40 kg de K2O/ha, de acordo
com as recomendações de PRIMAVESI et al. (2000).
Na manutenção das culturas utilizadas para suplementação, utilizou-se o
adubo formulado 20-05-20. A quantidade utilizada foi de 100 kg/ha, aplicada na
forma de cobertura para a cana-de-açúcar e para o sorgo, quando apresentavam
alturas em torno de 30 a 40 cm (PITTA et al., 2001). Para a aveia-preta não foi
aplicada adubação de manutenção, pois a cultura de inverno foi utilizada durante um
46
período de três meses e o pastejo adotado foi em faixa, sendo realizado uma única
vez, em toda área experimental, diariamente.
3.2.5 Plantio de sementes e mudas
Na implantação da pastagem de capim-mombaça, realizou-se, antes do
plantio, a análise de qualidade das sementes. Foram obtidos, 35,1 % de pureza e
73,0 % de germinação. Estes índices resultaram no valor cultural de 25,6 % para as
sementes. Os resultados obtidos são superiores aos padrões mínimos exigidos de
30,0 % para a pureza, 60,0 % para o poder germinativo, resultando em um valor
cultural mínimo de 18,0 % (OLIVEIRA, 2001, DEPARTAMENTO TÉCNICO DE
SEMENTES MATSUDA, 2003).
No plantio das sementes, realizado em linha, adotou-se profundidade de 2
cm recomendada para forrageiras do gênero Panicum (HERLING et al., 2001). Para
aveia-preta, a profundidade adotada foi de 1 cm (PRIMAVESI et al., 2000). No
plantio do sorgo, adotou-se 4 cm de profundidade (VIANA et al., 2001). As mudas de
cana-forrageira foram plantadas nos sulcos, a uma profundidade de 20 cm
(LANDELL et al., 2002). Para o plantio do capim-mombaça e da aveia-preta, utilizou-
se uma plantadeira-adubadeira de 10 linhas acoplada a um rolo de compactação e,
para o sorgo plantadeira-adubadeira de discos de 4 linhas.
O espaçamento adotado entre as linhas no plantio para as forrageiras foi de
20 cm para o capim-mombaça (HERLING et al., 2001) e aveia-preta (PRIMAVESI et
al., 2000), 100 cm para o sorgo (VIANA et al., 2001) e 120 cm para a cana-forrageira
(LANDELL et al., 2002).
A quantidade de sementes utilizadas foi de 15 kg/ha para o capim-mombaça
(DEPARTAMENTO TÉCNICO DE SEMENTES MATSUDA, 2003), 70 kg/ha para a
aveia-preta (PRIMAVESI et al., 2000) e 5 kg/ha para o sorgo (VIANA et al., 2001).
Para as mudas de cana-forrageira adotou-se de 3 a 4 nós por tolete de cana, no
sulco do plantio, em linha (LANDELL et al., 2002).
3.2.6 Manejo na área experimental
A área experimental foi utilizada durante um ano, compreendendo os 11,4 ha
de pastagem. Na estação chuvosa foi dividida em 3 subáreas com 19 piquetes cada.
47
Adotou-se no manejo da pastagem de capim-mombaça, o pastejo rotacionado, com
ciclos de pastejo de 38 dias, sendo 36 dias de descanso e 2 dias de ocupação. A
permanência dos animais nos piquetes foi de 48 horas, com acesso as áreas de
sombra e descanso, bebedouros e cochos para suplementação mineral. Na estação
seca, o manejo adotado foi o pastejo rotacionado, com ciclos de 57 dias, sendo 56
dias de descanso e 1 dia de ocupação. O pastejo foi realizado durante o período
noturno. Durante o dia, entre as ordenhas da manhã e tarde, os animais foram
suplementados com diferentes fontes de volumosos. Durante o período de
fornecimento da suplementação volumosa, os animais tinham acesso à água e às
áreas de descanso e sombra.
3.2.7 Ecótipo Mantiqueira
Segundo relatos de GUARAGNA et al. (1984), o gado Mantiqueira, também
denominado de “tribofe” pelos produtores rurais, teve origem na região Sul do estado
de Minas Gerais, por volta do ano de 1.900. Informações colhidas junto aos
produtores, através de relato oral, demonstra que o gado Mantiqueira teve início a
partir do uso de reprodutores da raça holandesa, que foram importados e utilizados
em cruzamentos com vacas mestiças de taurinos com Caracu, abundantes na região
sul do estado de Minas Gerais. A utilização desses reprodutores tornou-se atrativa
para os produtores da região, uma vez que, observou-se uma excelente aptidão
destes em transmitir para seus descendentes as características de produção leiteira,
além de caracteres particulares da pelagem. Posteriormente, relata-se o início de
intercâmbio entre produtores de leite e criadores destes animais, que mesmo
estando num relativo isolamento entre propriedades, por falta de meios de
comunicação e infra-estrutura, proporcionaram ao “tribofe” atravessar fronteiras
estaduais e ocupar a região do Vale do Rio Paraíba do Sul, no estado de São Paulo,
em propriedades rurais modestas e até aquelas, ditas modelares granjas produtoras
de leite.
Observando o crescimento e interesse dos produtores rurais pela exploração
desses animais, pesquisadores do antigo Departamento de Produção Animal do
atual Instituto de Zootecnia, hoje pertencente à Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios, adquiriram cerca de 50 animais, a partir de 1.952, para que fosse
realizado um trabalho de ampliação e armazenamento desse germoplasma e que os
48
cruzamentos realizados fossem mais bem controlados e avaliados do ponto de vista
do interesse zootécnico.
Para os pesquisadores, o que chamou a atenção pelo gado Mantiqueira
foram às características produtivas e reprodutivas apresentadas pelos animais. O
gado Mantiqueira apresentava na ocasião, características morfológicas bem
definidas, boa produção leiteira, adaptação acentuada aos ambientes mais simples
de criação, boa fertilidade e elevada potência na transmissão à prole (GUARAGNA
et al., 1984), persistindo até os dias de hoje, com animais mantendo produções de
leite, consideradas satisfatórias, em ambientes rústicos de criação que utilizam
pastagens mal manejadas ou nativas.
3.2.8 Escolha e preparo dos animais experimentais
Em outubro de 2003, procedeu-se a coleta de informações para a escolha
dos possíveis animais experimentais. A coleta foi realizada junto ao Núcleo de
Controle Zootécnico (NCZ) do PRDTA-VP/DDD/APTA/SAA/SP, através do software
MONTY®. Do total de aproximadamente 450 vacas de leite do ecótipo Mantiqueira,
pertencentes ao rebanho do Pólo Regional, foram escolhidas e selecionadas 80
vacas para serem avaliadas no campo, e posteriormente preparadas para utilização
no experimento, através da sincronização do cio.
Do total dos animais selecionados, 45 vacas foram preparadas para serem
utilizadas na estação chuvosa 2004/2005, enquanto que o restante, 35 vacas foram
preparadas para utilização durante a estação seca do ano de 2005.
Na estação chuvosa 2004/2005, foram utilizadas 36 vacas como animais
testes e o restante, 9 vacas foram utilizadas como animais de reposição. Para a
estação seca do ano de 2005, foram utilizadas como animais testes, 24 vacas,
durante o período experimental, e o restante, 11 vacas como animais de reposição.
Visando a maior homogeneidade entre os animais experimentais, alguns
parâmetros na escolha e seleção foram adotados, seguindo a metodologia descrita
por PIMENTEL-GOMES (2000). Os parâmetros foram: animais de mesma raça
(ecótipo), mesmo grau de sangue, com período reprodutivo entre 3ª e 5ª cria, peso
vivo e produções leiteiras semelhantes. E ainda, para atender a proposta do projeto
de pesquisa, adotou-se produções médias entre 8 e 12 kg de leite/vaca/dia e, as
vacas escolhidas apresentaram mesmo estado fisiológico.
49
3.2.9 Manejo dos animais experimentais e coleta de dados
Após a escolha dos animais, verificou-se o estado reprodutivo de cada vaca,
bem como o escore de condição corporal.
Na preparação, cada animal experimental foi submetido ao diagnóstico
reprodutivo, identificando o estado de gestação e observando sua ciclicidade
ovariana. Em função das informações obtidas pela palpação retal, aplicou-se o
tratamento de sincronização do cio, mediante a aplicação de 1 ml de prostaglandina,
na parede lateral da vulva do animal. Posteriormente, durante um período de 72
horas, após a aplicação, passou-se a observar a manifestação do cio a campo e,
quando detectado, a vaca era coberta por um reprodutor da raça holandesa. Os
animais cobertos foram separados em pastos de capim-braquiária, recebendo uma
suplementação concentrada para melhorar o ganho de peso e o escore de condição
corporal e atingir um peso considerado satisfatório no momento da parição. Os
animais que estavam em estágio de lactação continuaram no manejo rotineiro da
fazenda. Esse manejo proporcionou concentrar a parição das vacas experimentais
para o período que antecede a condução do experimento e obter no momento da
avaliação maior homogeneidade de vacas em produção.
Nas duas estações, o período de realização do experimento compreendeu o
acompanhamento das vacas desde 30 dias antes da parição prevista até o
diagnóstico de gestação da próxima parição, envolvendo a adaptação ao
experimento e a coleta de dados. Para a avaliação da produção leiteira, procedeu-se
a coleta de dados desde a parição da primeira vaca até o momento do diagnóstico
de prenhez. Para análise dos dados, utilizaram-se os dados coletados entre o 42º e
126º dia de lactação. Vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira foram utilizadas como
animais de equilíbrio em alguns piquetes durante o período chuvoso, devido à
grande massa de forragem produzida, necessitando o repasse do pasto para
rebaixamento do resíduo pós-pastejo.
3.2.10 Exigências nutricionais e ração concentrada
Na Tabela 06 estão apresentadas as exigências nutricionais diárias para
gado de leite, com peso vivo médio de 454 kg, em estágio intermediário de lactação,
segundo o NRC (2001). As exigências são referentes às produções médias de leite
50
de 10 e 20 litros/dia, durante um período de 90 dias após o pico de lactação,
utilizando dietas com 68 % de nutrientes digestíveis totais (NDT).
Tabela 06 - Exigências nutricionais para vacas de leite com 454 kg de peso vivo para produções diárias de 10 e 20 litros de leite, respectivamente, segundo o NRC (2001), utilizando dietas com 68 % de NDT
Nutrientes 10,0 kg 20,0 kg
Gordura 4,0 % 4,0 %
Proteína verdadeira 3,0 % 3,0 %
Ingestão de matéria seca 12,4 kg 16,0 kg
Ganho de peso diário 0,900 kg 0,400 kg
Energia líquida de produção 15,3 Mcal 22,7 Mcal
Proteína degradada no rúmen (PDR) 1240 g 1560 g
Proteína não degradada no rúmen (PNDR) 230 g 680 g
Proteína degradada no rúmen (PDR) 10,0 % 9,8 %
Proteína não degradada no rúmen (PNDR) 1,9 % 4,3 %
Proteína bruta (PB) 11,9 % 14,1 %
Nutrientes digestíveis totais (NDT) 68,0 % 68,0 %
Fonte: NRC (2001)
O fornecimento da ração concentrada durante o período experimental, nas
estações chuvosa e seca, foi de 1 kg/animal/dia, sendo fornecida 0,5 kg/animal no
momento da ordenha, em duas ordenhas diárias. As fontes de alimentos
concentrados utilizados para formulação da ração foram: farelo de algodão 38 %,
milho em grão moído, farelo de trigo, polpa cítrica, podendo ser usado como
eventuais substitutivos, o farelo de soja, a casca de soja e a uréia pecuária (Tabela
04A). A formulação da ração concentrada seguiu as recomendações de
MONTARDO (1998), sendo calculada para fornecer níveis mínimos de 18 % de
proteína bruta e 72 % de nutrientes digestíveis totais, para vacas em lactação.
A suplementação mineral para as vacas constou-se do fornecimento, ad
libitium, no cocho, de uma mistura de sal mineral comercial específico para vacas
51
em lactação (Top milk) e sal comum, na proporção de 2:1. A composição química
do sal mineral comercial pode ser visualizada na Tabela 05A.
Quando se utilizou a suplementação volumosa com cana-de-açúcar durante
a estação seca, adotou-se o fornecimento de uréia, misturada na quantidade de 10 g
de uréia pecuária para cada 100 kg de peso vivo, por animal, diariamente, durante
todo o período experimental.
3.2.11 Tratamentos
Na estação chuvosa, avaliou-se o desempenho produtivo e reprodutivo das
vacas manejadas nas três subáreas da área experimental com 12 vacas em cada. O
sistema de produção avaliado compreendeu a pastagem de capim-mombaça com
fornecimento de ração concentrada. Os dados de desempenho produtivo e
reprodutivo foram utilizados para a composição do fluxo de caixa, na análise
financeira posteriormente realizada.
Já, na estação seca foram avaliados três sistemas de alimentação volumosa
para vacas leiteiras mantidas em pastagem de capim-mombaça:
- SP1: capim-mombaça + aveia-preta + ração concentrada;
- SP2: capim-mombaça + cana-de-açúcar com uréia + ração concentrada;
- SP3: capim-mombaça + silagem de sorgo + ração concentrada;
Os resultados obtidos para o desempenho produtivo e reprodutivo durante a
estação seca foram utilizados na composição do fluxo de caixa na análise financeira.
3.2.12 Análise estatística
3.2.12.1 Estação chuvosa
A avaliação do desempenho produtivo e reprodutivo de vacas do ecótipo
Mantiqueira em lactação, manejadas em três lotes no sistema de produção capim-
mombaça + ração concentrada durante a estação chuvosa, foi realizada por meio de
estatística descritiva utilizando-se 36 vacas, em estágio inicial de lactação. Os dados
foram analisados descritivamente, por meio da média e respectivos desvios padrão,
haja visto que não existem tratamentos experimentais no sistema de produção,
52
adequando os resultados obtidos para a composição do fluxo de caixa mensal, por
um período estimado de 12 anos.
A unidade experimental utilizada foi cada vaca do ecótipo Mantiqueira
selecionada no rebanho bovino do Pólo Regional. A identificação, as características
e os índices zootécnicos dos animais encontram-se na Tabela 06A. Os resultados
experimentais utilizados para análise foram obtidos durante o período compreendido
entre o 42º e o 126º dia de lactação.
3.2.12.2 Estação seca
A avaliação das diferentes fontes de suplementação alimentar, durante a
estação seca, foi realizada segundo o Delineamento para Respostas de Fluxo
Continuado para Ensaios Rotativos (SAMPAIO, 2002). Segundo o autor, para se
avaliar a produção de leite total por vaca, o coeficiente de variação apresenta-se na
faixa de variação de 48 a 60 %, mesmo que se trabalhe com grupos de animais
selecionados e fenotipicamente uniforme. Mas, ao considerar, durante o período de
lactação, a resposta produção diária, torna-se uma resposta de fluxo continuado,
podendo ser medida em um ensaio rotativo, ou “changer-over”, que espelha a
estrutura de um quadrado latino.
De acordo com SAMPAIO (2002), a faixa ideal de experimentação se
encontra depois do pico de lactação, entre 30 e 60 dias pós-parto, até a metade da
gestação seguinte, o que limita entre 3 a 5 meses. Os resultados analisados
compreenderam a produção de leite diária obtida a partir do 42º ao 126º dia de
lactação. Para análise dos dados, desconsiderou-se a produção de leite obtida na
primeira semana quando fornecida a suplementação volumosa para que se
realizasse a adaptação dos animais a dieta fornecida e, permitir a correção do efeito
residual da suplementação fornecida anteriormente sobre os dados coletados no
próximo período de avaliação, quando os animais estariam recebendo nova fonte de
suplementação volumosa.
Os dados experimentais foram analisados utilizando o pacote estatístico
SAEG (UFV, 2000). A interpretação dos resultados obtidos foi realizada por meio de
análise de variância (Tabela 07). Posteriormente, realizou-se o teste de tukey, a 5 %
de significância.
53
A unidade experimental utilizada foi cada vaca do ecótipo Mantiqueira
selecionada no rebanho bovino do Pólo Regional. A identificação, as características
e os índices zootécnicos dos animais encontram-se na Tabela 07A. Do total de 24
vacas em estágio inicial de lactação, foram aplicados 8 modelos de avaliação,
semelhantes à estrutura do quadrado latino, balanceados em 3 X 3. Os tratamentos
foram distribuídos por meio de sorteio, a fim de obter completa casualização dos
mesmos, como exemplificado na Tabela 08A. Foram considerados 3 períodos de 28
dias cada para coleta das produções diárias de leite, utilizando-se 3 fontes de
suplementação volumosa, com alternância no fornecimento, ao término de cada
período experimental. Diariamente, os animais receberam 0,5 kg de ração
concentrada pela ordenha da manhã e 0,5 kg de ração concentrada durante a
ordenha da tarde.
Com a utilização deste número significativo de animais dispostos no
delineamento, foi possível obter um número de graus de liberdade adequados para a
estimativa não tendenciosa da variância do erro experimental (SAMPAIO, 2002).
Antes da execução da análise de variância, foram realizados os testes de
Lilliefors e de Cochran, disponíveis no pacote estatístico SAEG (UFV, 2000), para
verificar a normalidade e a homogeneidade de variância, respectivamente. Quando
não observada distribuição normal e/ou homogeneidade de variâncias, os dados
foram transformados na base logarítmica, com o objetivo de atender as premissas
do modelo.
O modelo estatístico adotado foi o seguinte:
Yijk = + Ai + Pj + Tk + + eijk (01)
onde:
Yijk = variável resposta do k-ésimo tratamento no i-ésimo animal, durante o j-ésimo
período;
= efeito médio geral;
Ai = efeito do i-ésimo animal (i = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,
18, 19, 20, 21, 22, 23, 24);
Pj = efeito do j-ésimo período (j = 1, 2, 3);
Tk = efeito do k-ésimo tratamento (volumoso) (k = 1, 2, 3);
eijk = efeito do erro aleatório, suposto NID ~ N (0, 2);
54
Tabela 07 - Análise de variância do Delineamento para Respostas de Fluxo Continuado - Ensaios Rotativos
Fonte de Variação GL
Volumoso 2
Período 2
Animal 23
Resíduo 44
Total 71
3.3 Parâmetros avaliados
3.3.1 Altura do dossel e massa de forragem no pré-pastejo
As medições de altura do dossel forrageiro na pastagem de capim-mombaça
foram realizadas nas estações chuvosa e seca e da aveia-preta, na estação seca.
Para medição, foi utilizado um sarrafo de madeira de 250 cm, graduado a cada cinco
centímetros. Em cada piquete amostrado, a medição foi realizada aleatoriamente,
abrangendo toda extensão, sendo realizadas 40 medições, antes da entrada dos
animais. Cada medição foi realizada paralelamente ao dossel forrageiro para o
capim-mombaça e da planta inteira para a aveia-preta.
A massa de forragem disponível foi determinada em cada piquete
amostrado, coletando-se em três pontos distintos e representativos, amostras de
capim-mombaça e aveia-preta, escolhidas aleatoriamente, antes da entrada dos
animais. As amostras foram obtidas diretamente através do corte da forragem,
utilizando-se um “cutelo” serrilhado. Procedeu-se a coleta do material forrageiro
contido no interior de três áreas quadradas de 1 m2 (1,00 x 1,00) por piquete,
alocados em pontos cuja altura fosse semelhante a condição média do dossel
forrageiro (adaptado de HERLING et al., 1998). Os cortes foram realizados a 5 cm
de altura do nível do solo. Antes do corte, no interior do quadrado foram realizadas
três medições da altura do dossel forrageiro. As amostras coletadas foram colocadas
em sacos de plástico, devidamente identificados. Posteriormente, essas amostras
foram levadas ao laboratório para serem pesadas e fracionadas, determinando-se as
proporções de lâminas foliares, hastes com bainhas das folhas e material morto,
55
para o capim-mombaça, enquanto que para a aveia-preta, as amostras foram
fracionadas em lâminas foliares, hastes com bainhas das folhas, material morto e
inflorescência, quando presente nas amostras.
Durante a estação chuvosa, na pastagem de capim-mombaça, em cada
amostragem realizada, foi escolhido um piquete para cada subárea, totalizando nove
amostras que foram coletadas e fracionadas, individualmente. Para cada ciclo de
pastejo, foram amostrados três piquetes por subárea, sendo escolhidos aqueles
mais representativos no início, no meio e no final da área que abrangia cada
subárea. Durante a estação seca, as amostragens foram realizadas a cada 14 dias,
amostrando-se os piquetes, antes da entrada dos animais, seguindo-se os mesmos
critérios de amostragem e avaliação, adotados para a estação chuvosa.
3.3.2 Altura do dossel e massa de forragem no pós-pastejo
Seguindo a mesma metodologia descrita no item anterior, na condição de
pós-pastejo foram realizadas as medidas da altura do resíduo do dossel forrageiro,
durante as estações chuvosa e seca, somente na pastagem de capim-mombaça.
Para a pastagem de aveia-preta, não se procedeu a realização das avaliações, uma
vez que, através da observação visual da área, constatou-se que a quantidade de
material forrageiro deixado pelos animais, não permitiria uma rebrota vigorosa e
recuperação da forrageira. Este fato ocorreu devido o manejo do pastejo adotado ter
sido realizado em faixa, permitindo que toda área disponível fosse utilizada durante
os três meses de avaliação, durante uma única vez.
Na pastagem de capim-mombaça, foram escolhidos para a avaliação, os
mesmos piquetes avaliados na condição de pré-pastejo. Após a saída dos animais,
no dia seguinte, procedeu-se à avaliação das medidas das alturas do dossel
forrageiro e a coleta, através do corte, da massa de forragem residual, deixada pelos
animais, no pós-pastejo. Após a avaliação, os procedimentos de coleta, preparo,
processamento e acondicionamento da forrageira seguiram a mesma metodologia
adotada no pré-pastejo.
56
3.3.3 Simulação manual do pastejo
Para determinação do valor nutricional da pastagem formada por capim-
mombaça, foi adotada a simulação manual do pastejo. Este método de avaliação
consiste em o observador coletar o material forrageiro, que será submetido à
determinação químico-bromatológica, bem próximo aos animais no momento do
pastejo, permitindo que o material coletado seja semelhante aquele ingerido pelos
animais (JOHNSON, 1978). No presente trabalho, a simulação manual do pastejo foi
realizada no período da tarde, após a ordenha, no momento que os animais
experimentais entravam no piquete a ser amostrado. A coleta respeitou sempre a
área de seleção dos animais, através da observação do material que estava sendo
coletado no bocado, bem como da observação visual do piquete anterior.
3.3.4 Taxa de acúmulo de forragem
O acúmulo de forragem foi calculado por meio da diferença entre a massa
de forragem no pré-pastejo e a massa de forragem no pós-pastejo anterior para
cada ciclo de pastejo. Esse valor foi dividido pelo número de dias do período de
descanso correspondente, gerando-se a taxa de acúmulo de forragem (kg/ha/dia de
MS). Médias mensais foram então calculadas de forma ponderada a partir das taxas
de cada ciclo de pastejo e do número de dias de cada mês correspondente a cada
ciclo de pastejo.
3.3.5 Estimativa da forragem removida
A forragem removida foi estimada a partir da diferença entre os valores de
massa de forragem disponível no pré-pastejo e no pós-pastejo. A quantidade total de
forragem removida durante os períodos de avaliações na estação chuvosa,
correspondeu ao somatório dos valores referentes a cada ciclo de pastejo (kg/ha/dia
de MS).
57
3.3.6 Estimativa do consumo de volumosos
O consumo animal na pastagem de capim-mombaça, durante a estação
chuvosa, foi estimado de acordo com o proposto por DERESZ (2001a). O consumo
foi estimado, com base na forragem removida, em kg de MS/ha. Essa estimativa por
ciclo de pastejo foi dividida pelo número de piquetes. O resultado obtido foi dividido
pela taxa de lotação média da pastagem (animais/ha), sendo o valor obtido, dividido
pelo número de dias de ocupação dos piquetes. Considerou-se uma perda de
forragem na ordem de 30 %, sobre o valor final obtido desse cálculo, gerando assim
a estimativa de consumo de capim-mombaça por animal por dia (kg/vaca/dia).
A estimativa de consumo para as diferentes fontes de suplementação
volumosa, fornecida durante a estação seca, foi feita de acordo com a forma de
fornecimento. Para as suplementações com cana-de-açúcar e silagem de sorgo foi
pesada a quantidade fornecida e disponibilizada no cocho, sendo as sobras
pesadas, após o arraçoamento dos animais. A estimativa de consumo foi
determinada pela diferença entre o fornecido e a sobra. Para a suplementação
volumosa com pastagem de aveia-preta, a estimativa de consumo foi determinada
pela massa de forragem disponível, seguindo a mesma forma de estimativa adotada
para a pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa. Não foi medida a
massa de forragem residual, pois o manejo da pastagem adotado, foi o pastejo em
faixa, sendo disponibilizada uma área de 100 m2/animal/dia.
3.3.7 Peso vivo e escore de condição corporal
A determinação do peso vivo (PV) e avaliação do escore de condição
corporal (ECC) dos animais experimentais foram realizadas a cada 28 dias, durante
todo o período experimental. As avaliações foram realizadas na parte da manhã
após a ordenha, utilizando-se balança mecânica com capacidade de pesagem de
2.000 kg, com intervalos de peso de 0,5 kg. O PV e o ECC das vacas foram medidos
também, aos 15 dias antes da data de parição prevista e 10 dias após a data de
parição e a última avaliação aos 150 dias pós-parto. Por se tratar de vacas leiteiras
em estágio inicial de lactação, não se procedeu a jejum prévio dos animais, antes da
pesagem.
58
3.3.8 Produção de leite
A realização da ordenha dos animais experimentais foi feita diariamente, às
6:00 e 15:00 horas. Durante todo o período de avaliação, a produção leiteira foi
medida diariamente, individualmente, sendo realizada nas duas ordenhas, manhã e
tarde, sendo o total produzido por dia por vaca igual ao somatório da produção de
leite das duas ordenhas. Para a medição da produção de leite, foi utilizado um
medidor de leite, tipo Mark V®, da empresa Delaval Ltda, acoplado ao equipamento
de ordenha mecânica. A leitura do medidor é feita na vertical, sendo este graduado
de dois em dois quilos, considerando a linha formada pelo leite na graduação do
equipamento, excluindo-se a espuma presente, formada no momento da realização
da ordenha.
O cálculo da produção estimada, para 305 dias de lactação, foi realizado
utilizando-se o método de intervalo entre controles leiteiros, preconizado pelo
Ministério da Agricultura (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES, 1987).
Este método foi descrito no regulamento do serviço de controle leiteiro da
Associação Brasileira de Criadores, normatizado pela Portaria nº 45 de Normas
Técnicas de 10 de outubro de 1986 da Secretaria Nacional de Produção
Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A fórmula adotada para o cálculo da produção de leite em 305 dias de
lactação (P350) foi a seguinte:
nn
n
ii
ii ECECC
ECP
1
111350 2
(02)
onde:
P305 = produção de leite nos 305 dias de lactação;
C1 = total de leite produzido no primeiro controle leiteiro;
Ci = produção de leite obtida no i-ésimo controle leiteiro;
Cn = produção de leite obtida no n-ésimo controle leiteiro;
E1 = intervalo entre a data do parto e a data do primeiro controle (dias);
Ei = intervalo entre dois controles leiteiros consecutivos (dias);
En = intervalo entre a data da secagem e a data do último controle leiteiro (dias);
n = número total de controles leiteiros realizados;
59
3.3.9 Qualidade do leite
Para determinação da qualidade do leite produzido pelas vacas leiteiras,
foram coletadas amostras, individualmente, a cada período de 15 dias. As amostras
de leite foram coletadas, após a pesagem da produção de leite, realizada na
ordenha da manhã. Procedeu-se a coleta no próprio medidor de leite, por uma
válvula de coleta, após a homogeneização da amostra, durante um tempo de 10
segundos, conforme recomendação da Clínica do Leite da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP). A
amostra coletada foi acondicionada em recipiente de plástico, contendo cápsula de
conservante específico, devidamente identificado, permitindo assim que as amostras
não sofressem qualquer alteração, durante um período de cinco dias. Após a coleta
das amostras individuais, estas eram identificadas, acondicionadas em uma caixa e
enviadas para o laboratório da Clínica do Leite da ESALQ/USP, para determinação
da qualidade do leite produzido pelas vacas experimentais.
As amostras de leite coletadas e enviadas para análise serviram para
determinação da Contagem de Células Somáticas (CCS), e dos teores de Gordura,
Proteína, Lactose e Sólidos Totais. A análise de CCS foi realizada a cada 30 dias,
enquanto que para as demais, as análises foram realizadas, quinzenalmente.
Diariamente, foi realizado nos animais experimentais, antes da ordenha, o
teste da “caneca preta” ou TAMIS para possível identificação de mastite clínica.
Mensalmente, foi realizado o teste do CMT (California Mastit Test) para possível
identificação de mastite sub-clínica.
3.3.10 Sincronização da ovulação
Todos os animais experimentais foram utilizados na sincronização da
ovulação para utilização do programa de inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Foram escolhidas as vacas recém-paridas do ecótipo Mantiqueira, com
aproximadamente 60 a 80 dias de parição. Antes do tratamento intravaginal com
progesterona (P4), utilizando o CIDR, as vacas foram avaliadas pelo escore de
condição corporal (ECC) e por palpação retal, sendo classificadas posteriormente,
em vacas cíclicas (presença de corpo lúteo funcional) e vacas acíclicas (presença de
folículo grande e corpo lúteo ausente). Após essa classificação foram separadas
60
eqüitativamente em dois grupos e adotaram-se os seguintes tratamentos: Grupo 1
(CIDR) e Grupo 2 (CIDR + 400 U.I. Gonadotrofina Coriônica Eqüina - eCG).
Todas as vacas foram tratadas com dispositivo intravaginal contendo
progesterona (P4) por oito dias (D8) e 2,0 mg de Benzoato de estradiol (BE),
aplicado via intramuscular (I.M.) no momento da inserção do CIDR (D0). No oitavo
dia (D8), após a retirada do dispositivo intravaginal (CIDR), uma dose de 25 mg de
prostaglandina (PGF2) foi administrada em todas as vacas dos grupos 1 e 2 e nas
vacas do grupo 2, administrou-se ainda, 400 U.I. de eCG. Ambas aplicações foram
realizadas via I.M. No dia seguinte (D9), após 24 horas foi administrado 1 mg de
benzoato de estradiol, via I.M. No décimo dia (D10), todas as vacas foram cobertas
por monta controlada ou inseminadas artificialmente, independente da manifestação
do comportamento de cio. Os diagramas esquemáticos dos protocolos empregados
para o programa de IATF podem ser visualizados nas Figuras 01 e 02.
Colocação do CIDR Retirada do CIDR
+ +2,0 mg BE 25,0 mg PGF2 1,0 mg BE IATF
D0 D8 D9 D10
Figura 01 - Diagrama do protocolo empregado para o grupo 1
Colocação do CIDR Retirada do CIDR
+ +2,0 mg BE 25,0 mg PGF2 + 400 U.I. eCG 1,0 mg BE IATF
D0 D8 D9 D10
Figura 02 - Diagrama do protocolo empregado para o grupo 2
CIDR
CIDR
61
3.3.11 Análises laboratoriais
Por ocasião do corte das forrageiras avaliadas, as amostras obtidas foram
pesadas, determinando-se a massa verde total do piquete. As amostras foram
levadas para o laboratório, sendo fracionadas em lâmina foliar, haste e bainha,
inflorescência (quando havia) e material morto. Foram retiradas sub-amostras de
cada componente presente, bem como das amostras obtidas por simulação manual
do pastejo determinando-se o peso e, identificando-as e acondicionando-as em
sacos de papel. As sub-amostras foram colocadas separadamente em estufa de
ventilação forçada a 55-65C, por 72 horas, para serem secas e, posteriormente
determinar-se o teor de matéria seca ao ar (ASA), segundo metodologia descrita por
SILVA (1998). Após o período de 72 horas, as subamostras obtidas eram retiradas
da estufa e após 1 hora, em temperatura ambiente, eram pesadas, determinando-se
o peso seco. Para a pesagem das sub-amostras, utilizou-se balança analítica de
precisão. Após a determinação da ASA, cada componente, exceto o material morto,
foi desintegrado em moinho tipo “Willey”, com peneira de malha de 1,0 mm. Após a
moagem, retirou-se uma amostra que foi acondicionada em vidro, fechado com
tampa de polietileno, devidamente identificado. O material foi levado para o
Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) do Centro de Ciência e
Tecnologia Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF), para posterior realização das análises laboratoriais e determinação da
composição químico-bromatológica.
Para as fontes de suplementação volumosa, cana-forrageira com e sem
uréia e silagem de sorgo, fornecidas durante a estação seca, foram retiradas
amostras homogêneas, no mesmo dia em que foram amostradas as pastagens,
antes do arraçoamento dos animais. As amostras dessas fontes de volumosos
seguiram a mesma metodologia de coleta, preparo e acondicionamento adotado
para as forrageiras das pastagens e determinação da ASA. Para a ração
concentrada, retirou-se uma amostra, em cada lote produzido na fábrica de rações,
sendo esta moída, identificada e acondicionada em vidros, para posteriormente,
realizar-se a análise laboratorial desta fonte de alimento.
No mesmo dia, após o arraçoamento dos animais experimentais com
diferentes fontes de suplementação volumosa, sobras dos alimentos foram colhidas
no cocho e pesadas. As amostras foram identificadas e levadas para o laboratório
62
para determinação da ASA e, após serem moídas e armazenadas, foram
encaminhadas para realização das análises laboratoriais. As amostras de cana-
forrageira e cana-forrageira com uréia foram coletadas separadamente.
Para cada amostra que foi processada, preparada e acondicionada em
vidros identificados, foi realizada análise laboratorial, sendo determinados os teores
de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta
(PB) e extrato etéreo (EE) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS),
segundo técnicas descritas por SILVA (1998). Os teores de fibra em detergente
neutro (FDN), de fibra em detergente ácido (FDA), do nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN), do nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e da
lignina em ácido sulfúrico a 72% foram determinados pelo método seqüencial
descrito por VAN SOEST et al. (1991).
3.3.12 Fracionamento de compostos nitrogenados e carboidratos
3.3.12.1 Compostos nitrogenados
Para a determinação das frações dos compostos nitrogenados foram
utilizadas as padronizações propostas por SNIFFEN et al. (1992), MALAFAIA &
VIEIRA (1997). A proteína presente nos volumosos foi fracionada nas seguintes
frações: A+B1, B2, B3 e C.
Determinou-se a fração nitrogenada solúvel dos volumosos (frações A + B1),
que compreende os compostos nitrogenados não protéicos, os aminoácidos, os
peptídeos e as proteínas. Para esta determinação, procedeu-se a incubação de 0,5
g de amostra, utilizando-se um becker de 100 ml, adicionando-se 50 ml de solução
tampão borato-fosfato (TBF). Foi adicionado, em seguida, 1 ml de solução de azida
sódica, que atua como inibidor enzimático. Após 3 horas de incubação à
temperatura ambiente, filtrou-se a amostra. Após secagem da amostra filtrada,
retirou-se a amostra residual e determinou-se o nitrogênio residual insolúvel no TBF,
utilizando o método Kjeldahl, descrito por SILVA (1998). A seguir, a expressão
utilizada para determinar o teor protéico das frações A + B1:
100)(% 21
t
tt N
NNNBA (03)
63
A fração B2 foi determinada pela diferença da fração do nitrogênio insolúvel
no TBF menos a fração do nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), como
segue:
100)(% 22
tt N
NIDNNNB (04)
A partir da determinação da fração do nitrogênio insolúvel em detergente
neutro (NIDN) e da determinação da fração do nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA), por diferença, determinou-se a fração B3, conforme a expressão:
100)(%3
t
t N
NIDANIDNNB (05)
A última fração a ser determinada foi a fração C, utilizando como resultado
os teores obtidos para determinação do nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA), segundo VAN SOEST et al. (1991), LICITRA et al. (1996), conforme abaixo:
tt N
NIDANC )(% (06)
Determinaram-se ainda, os teores da proteína insolúvel em detergente ácido
(PIDA) e da proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), utilizando os valores de
NIDN e NIDA obtidos, multiplicando-os por 6,25, respectivamente.
PIDA = NIDA X 6,25 (07)
PIDN = NIDN X 6,25 (08)
3.3.12.2 Carboidratos
Na determinação das frações dos carboidratos, adotou-se os protocolos
descritos por SNIFFEN et al. (1992). Os carboidratos presentes nos volumosos
foram fracionados nas seguintes frações: A + B1, B2 e C.
Determinaram-se os carboidratos totais (CHOT) presentes nos volumosos,
utilizando-se a seguinte fórmula:
CHOT (% MS) = 100 - PB (% MS) - EE (% MS) - MM (% MS) (09)
Para os carboidratos não fibrosos (CNF) que constituem as frações A e B1
utilizou-se à fórmula, descrita por WEISS (1999), em que:
CNF (% MS) = 100 - PB (% MS) - EE (% MS) - MM (% MS) - FDNc (% MS) (10)
onde, FDNc constitui a parede celular vegetal isenta de cinzas, ou seja:
)(%)(%)(%1 MSFDNcMSCHOTMSBA (11)
64
A fração C foi obtida seguindo o proposto por SNIFFEN et al. (1992),
multiplicando o teor obtido de lignina por 2,4.
)(%4,2)(% MSxLigninaMSC (12)
Para a determinação da fração B2, utilizou-se o teor obtido da fração C,
subtraindo-se do teor obtido para a FDNc, como mostra a expressão:
)(%)(%)(%2 MSCMSFDNcMSB (13)
3.4 Análise financeira
Para iniciar a análise financeira dos diferentes sistemas de produção
estudados, foi preciso realizar na região do Pólo Regional do Vale do Paraíba a
cotação dos itens utilizados em cada sistema. Pesquisas de preço foram realizadas
junto ao mercado regional, em instituições de pesquisa, órgãos de extensão rural,
em cooperativas, lojas agropecuárias, junto aos técnicos e produtores do setor
agropecuário. Foram consultadas as publicações “Série Informações Estatísticas da
Agricultura” editadas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura (SAA) do
Governo do Estado de São Paulo, referentes aos anos de 2003, 2004 e 2005 (IEA
2004, IEA 2005 e IEA 2006), confrontando os preços médios publicados com os
preços colhidos na região.
Todos os preços praticados foram consultados mensalmente, sendo
posteriormente, tabulados em planilhas “MS-Excel”. Sobre esses preços foi aplicado
o Índice Geral de Preços - Disponibilidade interna (IGP-DI), publicado pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV, 2006) para o respectivo período de coleta e avaliação,
permitindo assim atualizar monetariamente os preços para o mês de setembro de
2005.
Com o levantamento realizado e devidamente atualizado foi possível iniciar a
construção dos fluxos de caixa mensais, com entradas e saídas, das receitas e dos
gastos, respectivamente para cada sistema de produção. A partir daí, foi possível
realizar a análise financeira, com determinação dos indicadores econômicos, valor
presente líquido (VPL) e taxa interna de retorno (TIR) e das análises de sensibilidade
e risco.
65
3.4.1 Construção do fluxo de caixa
O fluxo de caixa foi construído mensalmente, utilizando planilhas do “MS-
Excel” permitindo uma melhor dinâmica e visualização de cada sistema. Para cada
fluxo de caixa construído foram computadas todas as entradas e saídas,
mensalmente, possibilitando a obtenção do fluxo líquido mensal. Foram admitidas,
como entradas as receitas advindas da venda do leite (leite B cota indústria, leite B
extracota indústria, leite B cota consumo de qualidade, leite B bonificação de
qualidade, gordura butirométrica), venda de bezerros machos, venda de bezerras
fêmeas, venda de vacas de descarte, venda de esterco de curral, venda de animais
de trabalho e valor residual da terra, venda de máquinas, equipamentos e
benfeitorias, considerando o valor de sucata de cada item que foi utilizado no
sistema, de acordo com a vida útil utilizada. Como saídas foram consideradas às
despesas incorridas na compra de terra, construção de benfeitorias (sala de
ordenha, sala de leite, sala de equipamentos e ferramentas, escritório, curral de
espera, curral de alimentação, entre outras), aquisição de máquinas e equipamentos
(trator, carroça, ordenhadeira mecânica, tanque de leite, bomba de vácuo, bomba
d’água, botijão de sêmen, operações mecanizadas, entre outros), aquisição de
animais (reprodutor, matrizes, animais de trabalho), mão-de-obra (contratada,
temporária, assistência técnica, entre outras), nutrição animal (aquisição de insumos,
volumosa, concentrada, sal, leite para bezerros), sanidade animal (medicamentos,
vacinas, seringas, exames, hormônios, entre outros), reprodução animal (bainhas,
luvas, nitrogênio líquido, sêmen, entre outros), equipamentos de ordenha (camisa de
filtro, detergentes, iodo, cloro, óleo para bomba, borrachas de reposição, teteiras,
mangueiras de reposição, entre outros), impostos (ITR, IPVA, PIS, COFINS,...),
taxas (associações, sindicatos,...) e outros custos (água, energia elétrica,
combustível, material de limpeza, material de escritório, manutenção de máquinas,
equipamentos, reparo em benfeitorias, entre outros).
Para cada sistema de produção, formou-se um fluxo de caixa com os itens
específicos e as particularidades observadas, durante o período experimental,
totalizando três fluxos de caixa, independentes. Considerou-se o pleno
funcionamento do sistema de produção para sua exploração por um período de 12
anos, período este considerado em longo prazo, compreendendo a vida útil das
cercas, não necessitando considerar a depreciação destas.
66
Na formação do fluxo de caixa, utilizou-se como base, os resultados obtidos
na avaliação de desempenho produtivo e reprodutivo das vacas, analisados durante
as estações chuvosa e seca, permitindo assim estimar, a produção de leite, o
intervalo de partos, os produtos produzidos (crias e esterco), bem como os custos
envolvidos na manutenção e exploração do sistema, necessários para pleno
funcionamento.
3.4.2 Determinação dos indicadores econômicos
Para análise financeira da viabilidade de cada sistema foram utilizados,
como indicadores de resultados econômicos, o valor presente líquido (VPL) e a taxa
interna de retorno (TIR), sendo estes indicadores considerados de fácil entendimento
e clareza pelos produtores. Esses indicadores têm, como vantagem, o fato de
considerar o efeito do tempo sobre o fluxo monetário de cada sistema de produção,
razão pela qual foram empregados.
3.4.2.1 Valor Presente Líquido
O VPL corresponde à soma algébrica dos valores do fluxo do sistema
atualizada à taxa ou às taxas de desconto do período avaliado. A expressão
utilizada para cálculo do VPL foi a seguinte:
tn
t
rVFVPL )1/(0
(14)
em que:
VPL = valor presente líquido;
VF = valor do fluxo líquido (diferença entre entradas e saídas);
n = número de fluxos;
r = taxa de desconto;
t = período de análise (i = 1, 2, 3...).
A partir da obtenção dos resultados desse indicador, o produtor pode decidir
pela adoção do sistema que melhor se adapte as suas condições financeiras e as
condições da propriedade e, conseqüentemente, decidir por sua implantação.
67
No cálculo do VPL foram aplicadas taxas de desconto sobre o fluxo líquido
mensal de cada sistema. As taxas adotadas foram 6, 8, 10 e 12 % ao ano,
equivalentes a 0,49; 0,64; 0,80 e 0,95 % ao mês, respectivamente.
3.4.2.2 Taxa Interna de Retorno
A taxa interna de retorno (TIR), é a taxa que iguala a zero os fluxos de caixa
depois de aplicadas as taxas de desconto adotadas.
A expressão algébrica utilizada para determinação da TIR foi:
nn
r
VF
r
VF
r
VF
r
VFVFVPL
)1()1()1()1( 33
22
11
0
(15)
em que:
F = fluxos de caixa líquido (0, 1, 2, 3,...,n);
r = taxa de desconto;
Segundo os critérios de aceitação, quanto maior for a TIR obtida, maior será
a atratividade do sistema para implantação. Assim sendo, será escolhido aquele que
apresentar a maior TIR.
3.4.3 Realização da análise de sensibilidade
Para a realização da análise de sensibilidade, os itens que compõem o fluxo
de caixa de cada sistema de produção foram estudados individualmente.
Posteriormente, foi utilizada a taxa de desconto mais apropriada, dentre as utilizadas
para determinação do indicador econômico VPL. No presente trabalho, para
realização da análise de sensibilidade adotou-se a taxa de desconto de 6 % ao ano,
equivalente à taxa média obtida na caderneta de poupança, no mesmo período.
Na análise de sensibilidade, considerou-se uma variação de 10 %, sempre
no sentido desfavorável para os resultados de cada sistema, nos preços médios
deflacionados pelo IGP-DI de cada um dos itens que compõem o fluxo de caixa,
determinando-se um novo VPL. A partir daí, foi possível observar qual item
apresentou maior efeito sobre o indicador de resultado econômico do sistema, isto é,
o VPL. Em seguida, foram identificados os dez principais itens que compõem cada
sistema, de acordo com a análise de sensibilidade, que foram posteriormente,
classificados e utilizados para a realização da análise de risco.
68
3.4.4 Realização da análise de risco
Na realização da análise de risco (Simulação de Monte Carlo), ferramenta
esta que gera informações sobre o risco que cada sistema tem diante das oscilações
de preços ocorridas no mercado durante determinado período, a seqüência de
cálculos adotada para esta análise seguiu a metodologia de NORONHA (1987). A
seqüência de cálculos foi a seguinte: em primeiro lugar, identificou-se a distribuição
de probabilidade de cada uma das variáveis relevantes do fluxo de caixa do sistema.
O segundo passo foi selecionar ao acaso um valor de cada variável, a partir de sua
distribuição de probabilidade. O terceiro passo foi calcular o valor do indicador de
escolha cada vez que for feito o sorteio indicado no item anterior. E por fim, repetiu-
se esse processo até que se obteve uma confirmação adequada da distribuição de
freqüência do indicador escolhido. Os resultados desta distribuição serviram de base
para a tomada de decisão de qual sistema adotar. O diagrama que ilustra a
Simulação de Monte Carlo pode ser observado na Figura 01A.
Devido à impossibilidade de se estudar a distribuição de probabilidade de
todas as variáveis do sistema, a melhor alternativa consiste em identificar, através
da análise de sensibilidade, aquelas que têm maior efeito sobre o resultado
financeiro do sistema avaliado. Outro aspecto é que, embora existam,
estatisticamente, vários tipos de distribuições de probabilidade, a tarefa de identificar
a distribuição específica de uma determinada variável é freqüentemente difícil e
custosa. Em face da dificuldade envolvida na identificação das distribuições de
probabilidade de cada uma das variáveis mais relevantes, é procedimento usual
empregar a distribuição triangular, utilizada neste trabalho. A distribuição triangular é
definida pelo nível médio mais provável ou moda (m), por um nível mínimo (a) e um
nível máximo (b) de preços obtidos no mercado que é especialmente importante
quando não se dispõe de conhecimento suficiente sobre as variáveis. Na Figura 02A
pode-se visualizar a disposição da distribuição triangular.
Diante disso, utilizando uma planilha do programa “MS-Excel”, foi proposta
uma distribuição de probabilidade para cada uma das variáveis consideradas
importantes, aplicando-se a distribuição triangular. Mediante a geração de números
aleatórios, os valores foram obtidos para as variáveis identificadas, resultando em
vários fluxos de caixa e, conseqüentemente, vários indicadores de resultados foram
determinados. Em seguida, foi realizado esse procedimento um número significativo
69
de vezes, visando gerar uma distribuição de freqüências do indicador, permitindo
assim aferir a probabilidade de insucesso do sistema de produção proposto.
Neste trabalho, foram submetidas ao processo de Simulação de Monte Carlo
as principais variáveis identificadas previamente na análise de sensibilidade. As
demais variáveis, consideradas de menor importância foram agregadas e admitidas,
para efeito dos cálculos, como valores determinísticos, ou seja, como se fossem
conhecidas com certeza.
Na planilha eletrônica do MS-Excel construída para cada sistema de
produção foram simulados 5.000 fluxos de caixa, utilizando os preços gerados entre
o preço mínimo, preço médio e o preço máximo praticado para determinado item na
região, sendo estes preços deflacionados pelo IGP-DI, durante o período de outubro
de 2003 a setembro de 2005. Com esse montante de fluxos de caixa foi possível
determinar a probabilidade de insucesso de cada sistema de produção.
70
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Estação chuvosa
4.1.1 Características do dossel forrageiro da pastagem
O dossel forrageiro da pastagem de capim-mombaça, durante a estação
chuvosa, foi caracterizado por meio das variáveis altura e massa de forragem
disponível, nas condições de pré e pós-pastejo.
4.1.1.1 Altura do dossel forrageiro no pré-pastejo
Na Tabela 08, têm-se os valores médios e os respectivos desvios padrão da
altura do dossel forrageiro avaliada em três subáreas da pastagem de capim-
mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação chuvosa.
A média geral da altura do dossel forrageiro na estação chuvosa, durante o
período experimental, assemelha-se à altura média obtida de 93,3 3,05 cm
encontrada por CARNEVALLI (2003), durante o verão, quando adotada a altura
média de 30 cm na condição de pós-pastejo. Segundo a autora, que avaliou a
dinâmica da rebrotação de pastos de capim-mombaça submetidos à desfolhação
intermitente, recomenda-se que, no momento do pré-pastejo, a pastagem apresente
90 cm de altura média, pois nesta condição de manejo obtém-se a maior eficiência
de produção e colheita de forragem.
71
Tabela 08 - Altura do dossel forrageiro (cm), em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação chuvosa
Ciclo de pastejo Média desvio padrão
1 76,2 14,6
2 112,2 28,5
3 85,1 21,7
Média geral 90,3 24,6
Avaliando a altura média do dossel forrageiro no sistema de produção a
cada ciclo de pastejo, na condição de pré-pastejo, observa-se que no primeiro ciclo a
altura média de entrada da pastagem foi menor que 90 cm, altura esta recomendada
por CARNEVALLI (2003). No ciclo seguinte, a altura média de entrada foi superior a
recomendada pela autora, podendo ser atribuída à maior disponibilidade de
nutrientes provenientes da adubação de cobertura realizada após a saída dos
animais, durante o primeiro ciclo, e a grande ocorrência de chuvas registradas
durante o mês de janeiro de 2005, proporcionando maior crescimento da forrageira
(Tabela 05).
4.1.1.2 Massa de forragem disponível no pré-pastejo
Na Tabela 09, pode-se observar as médias e os respectivos desvios padrão
da massa de forragem disponível, em kg de MV/ha e da massa de forragem
disponível, em kg de MS/ha, obtida em três subáreas da pastagem de capim-
mombaça, durante a estação chuvosa, na condição de pré-pastejo.
A massa de forragem aumentou a cada ciclo de pastejo, em função da maior
altura (Tabela 08) do dossel forrageiro no momento da entrada dos animais. Este
fato pode ser atribuído ao período de descanso de 36 dias adotado no manejo da
forrageira.
72
Tabela 09 - Massa de forragem disponível, em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação chuvosa
Massa de forragem Massa de forragem
Ciclo de pastejo kg de MV/ha kg de MS/ha
1 22.312 5.537 5.017 1.245
2 28.933 6.263 6.162 1.334
3 29.362 7.388 6.718 1.690
Média geral 26.869 7.008 5.971 1.557
Média e desvio padrão
A produção média de matéria seca por área na pastagem de capim-
mombaça, durante o período experimental, foi superior as produções médias obtidas
de 2.268 e 2.321 kg de MS/ha por SCOLFORO (2003), que adotou no manejo dos
pastos de capim-mombaça, 36 dias de descanso e três dias de ocupação. A menor
produção de MS do capim-mombaça obtida no trabalho do autor é devido à forma de
avaliação, pois foi determinada através do pastejo simulado, coletando somente as
folhas e os colmos tenros, ao passo que neste trabalho, determinou-se a massa de
forragem disponível, considerando todo material forrageiro produzido e material
morto presente na área amostrada. Outro fato, que deve ser considerado, foi a
época de avaliação do trabalho do autor que compreendeu o período entre os
meses de junho e dezembro, observando aumento da produção de MS ao longo do
período, quando se caminhava para o início da estação chuvosa e melhoria das
condições climáticas. BRÂNCIO et al. (2000) observaram uma produção de 2.732,5
kg de MS/ha para pastagem de capim-mombaça manejada sob lotação rotacionada,
com sete dias de ocupação e 35 dias de descanso, adubada com 50 kg de
N/ha/ano. Essa produção foi inferior a observada no trabalho, conduzido em
condições semelhantes de adubação de manutenção. A menor produção pode ser
decorrente do período de ocupação adotado (7 dias) em relação ao período de
ocupação no experimento (2 dias) e a altura média de 48,7 cm, observada na
pastagem do referido trabalho, comparada a altura média de 90,3 cm, observada no
experimento (Tabela 08).
73
4.1.1.3 Estrutura do dossel forrageiro no pré-pastejo
Os valores médios e os respectivos desvios padrão do dossel forrageiro em
três subáreas da pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa, na
condição de pré-pastejo, estão apresentados na Tabela 10.
Tabela 10 - Estrutura do dossel forrageiro (%), em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pré-pastejo, durante a estação chuvosa
Ciclo de pastejo Lâminas foliares Hastes + bainhas Material morto
1 45,7 3,5 32,3 4,2 22,1 6,0
2 54,5 6,5 32,5 3,9 13,0 3,5
3 43,6 2,6 41,2 5,7 15,2 3,8
Média geral 47,9 6,4 35,3 6,0 16,8 5,7
Média e desvio padrão
CARNEVALLI (2003) avaliou a estrutura do dossel forrageiro de capim-
mombaça durante a estação do verão, mesmo período de avaliação do experimento.
A autora encontrou proporção média de 64,6 0,67 % de lâminas foliares, 28,1
4,04 % de hastes + bainhas e 15,1 1,75 % de material morto, quando a altura
média do dossel forrageiro foi de 98,7 2,16 cm. A menor proporção de lâminas
foliares observadas no experimento pode estar relacionada às diferentes condições
de manejo, aos níveis de fertilidade e ao ambiente utilizado nos dois trabalhos. A
maior proporção de hastes + bainhas durante o terceiro ciclo de pastejo (Tabela 10)
foi proveniente da maior altura do dossel observada no segundo ciclo (Tabela 08) na
condição de pré-pastejo, proporcionando o prolongamento desta estrutura e
aumentando a altura média do dossel forrageiro na condição de pós-pastejo (Tabela
11). Outro fator que pode estar influenciando no aumento da proporção de hastes +
bainhas no terceiro ciclo é a proximidade do período de florescimento da forrageira,
que no experimento, ocorreu próximo ao mês de maio.
A proporção média de lâminas foliares obtidas no experimento foi inferior a
relatada por HERLING et al. (2001) que avaliaram o desempenho agronômico de
74
cultivares de Panicum maximum (Jacq.) e observaram para o capim-mombaça 82 %
de produção de folhas. Esta diferença está relacionada à forma de avaliação, pois a
forrageira apresenta comportamentos diferentes quando submetida à avaliação de
desempenho agronômico em condições extremamente controladas e quando
avaliada em sistema de produção que utiliza a pastagem, como principal fonte de
alimento volumoso, sofrendo grande impacto da presença dos animais.
4.1.1.4 Altura do dossel forrageiro no pós-pastejo
Os valores médios e os respectivos desvios padrão da altura do dossel
forrageiro em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-
pastejo, durante a estação chuvosa, estão apresentados na Tabela 11.
Tabela 11 - Altura do dossel forrageiro (cm), em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação chuvosa
Ciclo de pastejo Média desvio padrão
1 29,2 5,0
2 48,0 9,7
3 45,5 10,4
Média geral 40,9 11,9
A altura média observada no dossel forrageiro da pastagem, na condição de
pós-pastejo, foi superior aos 30 centímetros, recomendado por CARNEVALLI (2003),
que após avaliar a rebrotação de pastos de capim-mombaça sob dois tipos de
interceptação luminosa, de 95 e 100 %, concluiu que a altura mínima de 30 cm
permite ao stand forrageiro, recuperar-se para o próximo ciclo de pastejo, durante o
verão. Para a autora, com essa altura média no dossel da pastagem, é possível
obter boa produção forrageira e ter um melhor aproveitamento da forragem
produzida no próximo ciclo.
No primeiro ciclo de pastejo, a altura média obtida esteve próxima àquela
recomendada pela autora, porém com a realização da adubação de cobertura, após
75
a saída dos animais, associada ao período de maior precipitação pluviométrica
(Tabela 05) e ao período de descanso de 36 dias, observou-se que nos ciclos
seguintes, a altura média do dossel forrageiro aumentou, resultando em maior altura
do dossel, na entrada dos animais, no próximo ciclo de pastejo (Tabela 08).
A maior altura do dossel na condição de pós-pastejo proporcionou o
alongamento das hastes e, por conseqüência, aumento na proporção deste
componente da estrutura do dossel no ciclo seguinte.
O período de descanso de 36 dias, adotado no manejo da pastagem, pode
ser considerado longo, pois se observou a ocorrência de alturas maiores da
forrageira, com maior prolongamento de hastes. Com a continuidade deste manejo,
provavelmente, no próximo ano, a pastagem necessitaria de ser roçada, para que a
estrutura do dossel forrageiro não fosse comprometida e, possa garantir material
volumoso de melhor qualidade.
4.1.1.5 Massa de forragem residual no pós-pastejo
Os valores médios e os respectivos desvios padrão da massa de forragem
residual, em kg de MV/ha, e da massa de forragem residual, em kg de MS/ha, em
três subáreas da pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa, na
condição de pós-pastejo estão apresentados na Tabela 12.
Tabela 12 - Massa de forragem residual, em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação chuvosa
Massa de forragem Massa de forragem
Ciclo de pastejo kg de MV/ha kg de MS/ha
1 12.740 3.329 3.051 611
2 19.037 3.122 4.140 221
3 19.485 3.879 4.199 265
Média geral 17.087 4.570 3.797 660
Média e desvio padrão
76
Observou-se, durante o período experimental, o aumento na massa de
forragem residual, a cada ciclo de pastejo, resultado da maior altura do dossel, no
momento da saída dos animais. Este fato resultou no aumento da altura da estrutura
da pastagem nos ciclos seguintes.
A massa de forragem residual média observada na pastagem, em kg de
MS/ha, durante o período experimental, a cada ciclo de pastejo (Tabela 12) esteve
acima de 2.000 e 2.500 kg de MS/ha. Essa produção, segundo CORSI (1980), é a
mínima necessária que deve permanecer na pastagem, após a saída dos animais,
em sistema de produção com baixo nível de adubação. Nesta condição, segundo o
autor, é possível obter um bom desempenho animal, sem que as perdas de forragem
sejam altas. Referencia ainda, que acima desta produção de MS, o material
forrageiro disponível será de boa qualidade, no próximo pastejo.
No entanto, é preciso adequar a taxa de lotação da pastagem, no ciclo de
pastejo seguinte para que não ocorram grandes perdas de forragens, pois se a
quantidade de sobras for elevada, observa-se perda de material forrageiro de boa
qualidade, que poderia estar sendo mais bem aproveitado na alimentação dos
animais.
4.1.1.6 Estrutura do dossel forrageiro no pós-pastejo
Os valores médios e os respectivos desvios padrão do dossel forrageiro em
três subáreas da pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa, na
condição de pós-pastejo, estão apresentados na Tabela 13.
Tabela 13 - Estrutura do dossel forrageiro (%), em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação chuvosa
Ciclo de pastejo Lâminas foliares Hastes + bainhas Material morto
1 31,8 3,0 34,7 1,2 33,5 2,9
2 41,3 2,1 44,2 2,3 14,4 1,2
3 37,5 3,9 42,7 3,4 19,8 6,4
Média geral 36,9 4,9 40,6 4,9 22,6 9,2
Média e desvio padrão
77
A proporção de lâminas foliares, observada no sistema de produção, durante
o período experimental, na condição de pós-pastejo foi de 36,9 4,9 %. A proporção
de hastes + bainhas foi de 40,6 4,9 %, enquanto que a proporção de material
morto foi de 22,6 9,2 %. CARNEVALLI (2003) avaliando a estrutura do dossel
forrageiro de capim-mombaça, durante o verão, encontrou uma estrutura do dossel
residual variando entre 31,1 2,53 a 50,5 2,53 % de lâminas foliares, 19,9 3,00 a
34,0 3,00 % de hastes + bainhas e 24,1 2,64 a 27,1 2,64 % de material morto,
quando avaliou duas alturas do resíduo (30 e 50 cm) submetidas a dois níveis de
interceptação luminosa (95 e 100 %).
A maior proporção de material morto, observada no primeiro ciclo de pastejo,
pode ser proveniente do início do experimento e da adaptação dos animais ao
manejo, proporcionando maiores perdas de forragem pelo pisoteio.
No segundo e terceiro ciclos de pastejo, a proporção de hastes + bainhas foi
maior devido ao alongamento das hastes e a maior altura residual da pastagem.
Outro fator a ser considerado, é a seletividade e preferência do animal pelas lâminas
foliares no momento da apreensão, resultando assim em maior proporção de hastes
+ bainhas, após a saída dos animais.
4.1.1.7 Taxa de acúmulo de forragem
As taxas mensais de acúmulo de forragem, em três subáreas da pastagem
de capim-mombaça, durante a estação chuvosa, são apresentadas na Tabela 14.
Tabela 14 - Taxas mensais de acúmulo de forragem (kg//ha/dia de MS), em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Mês Média desvio padrão
Janeiro 85 9
Fevereiro 69 15
Março 58 28
78
Os valores médios obtidos das taxas mensais de acúmulo de forragem do
capim-mombaça, durante a estação chuvosa foram inferiores aos observados por
CARNEVALLI (2003). A autora encontrou taxas médias mensais de 125 9; 107
12 e 92 7 kg/ha/dia de MS, respectivamente para os meses de janeiro, fevereiro e
março, período este, semelhante ao avaliado no experimento. Avaliando gramíneas
tropicais, EUCLIDES et al. (1995), observaram que o capim-mombaça destacou-se
em relação ao capim-tobiatã e ao capim-marandu, pois suportou um número maior
de animais por área (ha) e apresentou maior porcentagem de folhas e produção de
matéria seca, durante a estação chuvosa. A taxa de crescimento na estação foi, em
média, 73 kg/ha/dia de MS, semelhante à média observado no experimento, durante
o mesmo período de avaliação.
O decréscimo observado na taxa de acúmulo de forragem ao longo dos
meses demonstra que, com a chegada da estação seca, haverá menor produção
forrageira na pastagem. Este fato ocorre devido às condições climáticas na região
não serem favoráveis ao crescimento da forrageira, devido à baixa incidência de
chuvas, à ocorrência de temperaturas amenas e ao menor fotoperíodo durante a
estação seca, caracterizando a estacionalidade de produção da forrageira.
4.1.1.8 Estimativa da forragem removida
As estimativas da forragem removida, em três subáreas da pastagem de
capim-mombaça, pelo pastejo dos animais durante a estação chuvosa, são
apresentadas na Tabela 15.
Tabela 15 - Massa de forragem média removida (kg de MS/ha), em três subáreas da pastagem de capim-mombaça, durante o pastejo de vacas leiteiras na estação chuvosa
Ciclo Média desvio padrão
01 2.150 968
02 2.116 1.050
03 2.314 1.301
Média 2.193 1.118
Total 6.580
79
Da massa de forragem acumulada durante o intervalo entre pastejos,
somente parte dela foi retirada pelos animais através do pastejo, denominando-se
forragem removida: ingerida ou desperdiçada. O total estimado da forragem
removida, durante o período experimental, foi menor que o valor estimado por
CARNEVALLI (2003), que estimou para o mesmo período de avaliação uma
remoção de 9.970 kg/ha de MS. Do total médio estimado de forragem removida,
durante o período de 2.193 1.118 kg de MS/ha, considerou-se a ocorrência de 30
% de perdas pelo ato do pastejo, estimando-se uma massa de forragem média
disponível de 1.535 kg/ha de MS.
Da massa de forragem média disponível (kg/ha de MS) para o consumo dos
animais, estimou-se a quantidade de lâminas foliares que estaria disponível para
cada animal, por dia de ocupação, em cada piquete. A quantidade média de lâmina
foliar estimada disponível foi de 6,1 kg de MS/animal/dia. Essa quantidade está
abaixo da recomendação proposta por CAMARGO (1996), que sugere considerar
nas pastagens, uma disponibilidade diária de MS de lâminas foliares em torno de 10
kg para cada 100 kg de peso vivo. Talvez por isso, pode-se observar o baixo ganho
de peso vivo dos animais (Tabela 23) durante o período experimental.
4.1.1.9 Estimativa do consumo de volumosos
As estimativas de consumo das vacas do ecótipo Mantiqueira por ciclo de
pastejo, em kg de MS/animal/dia, na pastagem de capim-mombaça, durante a
estação chuvosa, são apresentadas na Tabela 16.
Tabela 16 - Estimativa de consumo das vacas do ecótipo Mantiqueira por ciclo de pastejo (kg de MS/animal/dia), na pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Ciclo kg de MS/animal/dia % peso vivo
01 12,5 2,9
02 12,3 2,7
03 13,5 2,9
80
Os dados estimados para o consumo de volumosos, durante a estação
chuvosa, das vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira demonstram que houve
atendimento das necessidades diárias de ingestão de matéria seca dos animais.
Devido a única fonte de volumoso disponível para os animais ser proveniente da
pastagem de capim-mombaça e o valor nutritivo observado não ser de alta qualidade
(Tabela 17), acredita-se que o atendimento das necessidades nutricionais, no que
diz respeito a qualidade do alimento, pode ter sido suprido, em parte, pela ração
concentrada fornecida (Tabela 22).
4.1.2 Características qualitativas da pastagem
4.1.2.1 Composição químico-bromatológica
Na Tabela 17, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão da composição químico-bromatológica e a digestibilidade in vitro da MS de
lâminas foliares do capim-mombaça, durante a estação chuvosa.
Tabela 17 - Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in vitro de MS (%) de lâminas foliares do capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Componente Média desvio-padrão
Matéria seca (MS) 24,42 1,56
Matéria orgânica (MO) 90,66 1,24
Matéria mineral (MM) 9,34 1,24
Proteína bruta (PB) 8,41 1,24
Extrato etéreo (EE) 0,75 0,43
Fibra em detergente neutro (FDN) 73,57 3,32
Fibra em detergente ácido (FDA) 42,68 1,94
Nitrogênio insolúvel (NIDN) 0,61 0,21
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 3,81 1,32
Nitrogênio insolúvel (NIDA) 0,11 0,03
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,65 0,22
Digestibilidade in vitro na MS (DIVMS) 63,02 2,60
81
A composição químico-bromatológica do capim-mombaça obtida durante a
estação chuvosa assemelha-se aos valores publicados por VALADARES FILHO et
al. (2006). A DIVMS das lâminas foliares do capim-mombaça foi inferior aos valores
publicados pelos autores, que oscilou entre 68,34 e 70,60 %.
Comparando-se os teores médios de PB entre as duas estações avaliadas,
observa-se que o teor médio obtido para a estação chuvosa, foi menor que o teor
médio obtido na estação seca, que foi 10,22 1,45 % (Tabela 36). Esse fato pode
ser atribuído ao maior crescimento das plantas forrageiras durante a estação
chuvosa, promovendo assim, um decréscimo nas concentrações de nitrogênio,
devido ao efeito de diluição (BOTREL et al., 2000). O teor médio obtido no
experimento, durante a estação chuvosa está compreendido entre os valores de 7,6
e 12,9 %, observados por BRÂNCIO et al. (2001), que avaliaram folhas do capim-
mombaça coletadas em diferentes épocas do ano e, são inferiores aos obtidos por
HERLING et al. (2001) que observaram teores protéicos na lâmina foliar, variando
entre 12,5 e 16,1 %.
Os teores médios obtidos de MS, MO, PB e FDN de lâminas foliares na
pastagem de capim-mombaça assemelham-se aos resultados obtidos por
SCOLFORO (2003) que avaliando o desempenho produtivo de novilhas leiteiras em
pastagem de capim-mombaça sob manejo rotacionado, com 36 dias de descanso,
encontrou teores variando entre 23,90 a 25,28 %; 91,09 a 91,24 %; 8,86 a 9,10 % e
72,80 a 73,01 %, respectivamente para MS, MO, PB e FDN.
Na Tabela 18, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão da composição químico-bromatológica e a digestibilidade in vitro da MS de
hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a estação chuvosa.
Tabela 18 - Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in vitro de MS (%) de hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Componente Média desvio-padrão
Matéria seca (MS) 17,64 1,57
Matéria orgânica (MO) 89,06 1,64
Matéria mineral (MM) 10,94 1,64
82
Tabela 18, Cont.
Proteína bruta (PB) 3,43 0,79
Extrato etéreo (EE) 0,61 0,20
Fibra em detergente neutro (FDN) 78,22 4,50
Fibra em detergente ácido (FDA) 47,07 2,57
Nitrogênio insolúvel (NIDN) 0,25 0,08
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 1,57 0,47
Nitrogênio insolúvel (NIDA) 0,06 0,02
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,36 0,11
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 60,71 5,33
Os teores médios de EE e FDN, presentes nas hastes + bainhas do capim-
mombaça foram semelhantes aos 0,59 % e 77,36 %, respectivamente, publicados
por VALADARES FILHO et al. (2006), ao passo, que os teores médios de PB, FDA e
os valores de DIVMS foram menores que os 4,99 1,45, 49,12 2,10 e 66,42 %,
publicados pelos autores, respectivamente. Para MM, no presente trabalho foram
observados teores maiores quando comparados com os resultados publicados (8,58
%) pelos autores.
4.1.2.2 Simulação manual do pastejo
A composição químico-bromatológica das amostras de capim-mombaça
obtidas por simulação manual do pastejo (Tabela 19), durante a estação chuvosa
apresentou melhor valor nutritivo, quando comparada com a composição químico-
bromatológica das amostras de lâminas foliares (Tabela 17), pois se observa a
ocorrência de maiores teores de MS, PB e EE e menores teores de FDN e FDA nas
amostras provenientes da simulação manual. Esta superioridade pode ser atribuída
à coleta das amostras analisadas, pois na coleta de lâminas foliares obtém-se a
lâmina foliar toda, cortando-se na inserção bainha, enquanto que na amostras
obtidas por simulação manual, coleta-se a parte superior (em torno de 2/3) da lâmina
foliar, semelhante àquela removida pelo animal nas pastagens, no momento do
pastejo, pela ação do bocado.
83
Tabela 19 - Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in vitro de MS (%) de amostras coletadas por meio da simulação manual do pastejo, durante a estação chuvosa
Componente Média desvio-padrão1
Matéria seca (MS) 24,67 2,64
Matéria orgânica (MO) 90,45 0,71
Matéria mineral (MM) 9,55 0,71
Proteína bruta (PB) 9,91 2,43
Extrato etéreo (EE) 1,46 0,23
Fibra em detergente neutro (FDN) 70,73 3,07
Fibra em detergente ácido (FDA) 38,66 3,13
Nitrogênio insolúvel (NIDN) 0,67 0,26
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 4,22 1,65
Nitrogênio insolúvel (NIDA) 0,09 0,04
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,58 0,21
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 65,16 3,881Análise realizada em 2/3 da lâmina foliar coletada
4.1.2.3 Fracionamento de proteínas
Os teores médios e os respectivos desvios padrão das frações A + B1, B2, B3
e C dos compostos nitrogenados de lâminas foliares, de hastes + bainhas e da
simulação manual do pastejo do capim-mombaça, durante a estação chuvosa, são
representados na Tabela 20.
Tabela 20 - Teores (% de PB), das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados das lâminas foliares, das hastes + bainhas e da simulação manual do pastejo do capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Componente Lâminas foliares Hastes + bainhas Simulação manual1
Fração A + B1 58,98 5,62 63,02 4,99 53,36 3,91
84
Tabela 20, Cont.
Fração B2 5,57 2,48 3,47 1,51 9,30 5,10
Fração B3 29,20 5,18 23,04 4,83 32,03 1,98
Fração C 6,24 1,36 10,47 2,15 5,32 0,16
Média e desvio padrão1Análise realizada em 2/3 da lâmina foliar coletada
Os teores encontrados para a fração A + B1 das amostras de Lâminas
foliares e da simulação manual, foram maiores aos teores observados por CLIPES
(2003), que obteve teores médios de 26,0 e 5,3 % para as frações A e B1,
respectivamente, de amostras de capim-mombaça coletadas por meio da simulação
manual do pastejo. A discrepância entre os valores observados no experimento e os
publicados pela autora, pode ser atribuída, principalmente, a época de coleta das
amostras, que foi de dezembro a abril (experimento) e de junho a dezembro (autora)
e as diferenças edafo-climáticas das regiões onde foi cultivada a forrageira. O
manejo da pastagem adotado em ambos trabalhos foi o pastejo rotacionado. O
mesmo comportamento observou-se para a fração B2, porém, este foi inverso com
os resultados da fração sendo maiores no trabalho da autora (31,3 %) e menores no
experimento. Já, as frações B3 e C, apresentaram teores semelhantes ao trabalho
da autora (32,4 e 5,1 %, respectivamente para B3 e C).
Com estes resultados pode-se considerar que o aporte de nitrogênio
fornecido pela pastagem aos bovinos em pastejo foi bom, pois a única fonte de
alimentação volumosa foi proveniente da pastagem.
4.1.2.4 Fracionamento de carboidratos
Os teores médios e os respectivos desvios padrão das frações A + B1, B2, e
C dos carboidratos presentes nas lâminas foliares, nas hastes + bainhas e na
simulação manual do pastejo do capim-mombaça, durante a estação chuvosa, são
representados na Tabela 21.
85
Tabela 21 - Teores (% de MS), da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT), do carboidrato não fibroso (CNF –Frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos de lâminas foliares, de hastes + bainhas e da simulação manual do pastejo do capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Componente Lâminas foliares Hastes + bainhas Simulação manual1
FDNc 72,99 3,07 76,71 5,43 69,56 2,13
CEL 35,67 1,55 39,57 1,39 32,02 2,65
HEMICEL 30,89 2,40 31,18 2,64 32,07 3,38
LIG 3,98 0,59 4,99 0,83 3,48 0,61
CHOT 81,51 1,59 85,01 2,13 79,12 2,79
CNF (Fração A + B1) 9,02 3,10 7,45 2,76 9,55 4,32
Fração B2 62,92 2,97 65,58 2,47 61,2 2,49
Fração C 9,56 1,41 11,98 1,99 8,37 1,48
Média e desvio padrão1Análise realizada em 2/3 da lâmina foliar coletada
Os resultados obtidos no fracionamento dos carboidratos de lâminas foliares
e de hastes + bainhas do capim-mombaça corroboram com as informações citadas
por MERTENS (1992) de que os teores de carboidratos fibrosos (celulose,
hemicelulose e lignina) são maiores em hastes, ao passo que em lâminas foliares
temos maiores teores de carboidratos não fibrosos (açúcares, amido e pectina)
quando se comparam estas duas estruturas da forrageira. Os resultados obtidos no
presente trabalho para os CNF e a fração C assemelham-se aos publicados por
CLIPES (2003) que encontrou para as amostras de capim-mombaça coletadas por
simulação manual do pastejo, teores médios de 10,96 e 8,27 %, respectivamente.
Para a fração B2, os resultados observados no experimento foram maiores que os
publicados pela autora, que encontrou teores de 51,65 %.
Os resultados obtidos para celulose e hemicelulose nas lâminas foliares
foram maiores quando comparados aos 31,02 e 28,81 %, respectivamente,
publicados por VALADARES FILHO et al. (2006), em folhas de capim-mombaça.
Para lignina, os teores obtidos foram menores quando comparados aos 6,51 %
publicados pelos autores. Nas hastes + bainhas, observou-se teores médios maiores
86
para celulose e hemicelulose e teores médios menores para lignina, quando
comparados aos publicados nas tabelas de VALADARES FILHO et al. (2006).
4.1.3 Características qualitativas da alimentação concentrada
4.1.3.1 Composição químico-bromatológica
Na Tabela 22, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão da composição químico-bromatológica da alimentação concentrada
fornecida, durante a estação chuvosa.
Tabela 22 - Composição químico-bromatológica (% de MS) da alimentação concentrada fornecida, durante a estação chuvosa
Componente Média desvio-padrão
Matéria seca (MS) 87,84 0,53
Matéria orgânica (MO) 89,82 1,70
Matéria mineral (MM) 10,18 1,70
Proteína bruta (PB) 20,32 2,02
Extrato etéreo (EE) 2,94 0,51
Fibra em detergente neutro (FDN) 35,39 9,11
Fibra em detergente ácido (FDA) 19,97 6,13
Nitrogênio insolúvel (NIDN) 0,37 0,10
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 2,29 0,60
Nitrogênio insolúvel (NIDA) 0,12 0,01
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,77 0,06
Os valores obtidos (% de MS), para a alimentação concentrada fornecida
para as vacas leiteiras durante a estação chuvosa, demonstraram que sua
composição químico-bromatológica esteve de acordo com a formulação predita e
atenderam aos níveis recomendados pelo NRC (2001).
87
4.1.3.2 Fracionamento de proteínas e carboidratos
Os teores médios e os respectivos desvios padrão das frações A + B1, B2, B3
e C das proteínas e das frações A + B1, B2, e C dos carboidratos presentes na
alimentação concentrada, fornecida durante a estação chuvosa, são representados
na Tabela 23.
Tabela 23 - Teores (% de MS), das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados, do carboidrato total (CHOT), da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato não fibroso (CNF - Frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos da alimentação concentrada fornecida, durante a estação chuvosa
Fracionamento dos compostos nitrogenados
Componente Média desvio-padrão
Fração A + B1 54,63 5,89
Fração B2 33,93 6,28
Fração B3 7,62 3,42
Fração C 3,81 0,34
Fracionamento dos carboidratos
Componente Média desvio-padrão
CHOT 66,55 1,75
FDNc 33,76 9,10
CEL 17,30 6,96
HEMICEL 15,43 4,04
LIG 3,63 1,68
CNF (Fração A + B1) 36,71 12,09
Fração B2 21,00 14,45
Fração C 7,65 4,45
Pode-se observar que os resultados obtidos no fracionamento dos
compostos nitrogenados da ração concentrada forneceram um aporte significativo de
88
proteínas para os animais, uma vez que o teor de proteína bruta atendeu as
recomendações do NRC (2001).
Os resultados obtidos para as frações dos compostos nitrogenados
assemelham-se aos valores publicados por MALAFAIA & VIEIRA (1997) para o
farelo de trigo. Os autores encontraram 32,04; 17,59; 35,66; 11,73 e 2,97 %,
respectivamente, para as frações A, B1, B2, B3 e C. A tendência de similaridade entre
os valores obtidos no concentrado fornecido com os valores obtidos pelos autores
para o farelo de trigo pode ser explicada pela maior participação desta fonte
alimentar na composição da ração concentrada, que foi na ordem de 40 %. Os
teores encontrados de celulose, hemicelulose e lignina nos concentrados são
inferiores aos observados em volumosos, pois se observa baixa quantidade desses
carboidratos fibrosos presentes nos grãos.
4.1.4 Avaliação do desempenho produtivo
4.1.4.1 Peso vivo, escore de condição corporal, ganho médio, taxa de
lotação e carga animal
Os índices de desempenho produtivo de vacas leiteiras do ecótipo
Mantiqueira manejadas em pastagem de capim-mombaça, durante a estação
chuvosa, são apresentados na Tabela 24.
Tabela 24 - Peso vivo aos 15 dias antes da parição (PV-15d, kg), peso vivo aos 10 dias após a parição (PV+10d, kg), peso vivo aos 150 dias após a parição (PV+150d, kg) e seus respectivos escore de condição corporal (ECC-15d, ECC+10d e ECC+150d, escala de 1 a 5), ganho diário por área (GDA, kg/ha/dia), ganho total por área (GTA, kg/ha), ganho médio diário (GMD, kg/dia), taxa de lotação média (TLM, animais/ha), taxa de lotação instantânea (TLI, animais/ha), carga animal média (CAM, U.A./ha), carga animal instantânea (CAI, U.A./ha) de vacas leiteiras em pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa
Variável Média desvio-padrão
PV-15d 511 44
ECC-15d 3,2 0,3
89
Tabela 24, Cont.
PV+10d 445 47
ECC+10d 2,9 0,4
PV+150d 462 36
ECC+150d 3,1 0,3
GTA 52
GDA 0,344
GMD 0,109
TLM 3,16
TLI 60
CAM 3,24
CAI 61,57
A média do ECC determinada para as vacas leiteiras, aos 15 dias antes da
parição prevista (ECC-15d), situou-se entre a faixa de variação de 3,0 a 4,0 (escala
de 1,0 a 5,0), recomendada por TEIXEIRA (1997), porém situou-se abaixo do ECC
3,5, considerado pelo autor como o mais recomendado, para que bovinos leiteiros,
na época do parto, estejam em boas condições de parição. O ECC nesta condição
fisiológica foi decorrente do manejo aplicado para as vacas experimentais, antes da
parição, pois estas foram alocadas em piquetes formados por braquiária, sem
nenhuma fonte de suplementação alimentar, até o momento do parto. Para a
condição de avaliação, realizada aos 10 dias (ECC+10d) após a parição, o ECC
médio, esteve acima do ECC desejável de 2,5, com variação de 2,0 a 2,5,
recomendada pelo autor. Aos 150 dias de lactação (ECC+150d), o ECC médio foi
determinado, situando-se entre a faixa recomendada por Teixeira (1997), de 3,0 e
3,5, sendo desejável o ECC igual a 3,0. Nesta condição, a vaca leiteira poderá
recuperar sua condição corporal para a próxima parição. Por apresentar, ECC nas
diversas fases fisiológicas, dentro da faixa desejável, pode-se dizer que vacas do
ecótipo Mantiqueira, manejadas em sistemas de produção que tem basicamente
como fonte de alimentação, os volumosos provenientes da pastagem, apresentam
boa adaptação e rusticidade, não sendo observados maiores problemas de
recuperação da condição corporal após a parição.
90
Com o ganho de peso médio diário (GMD) das vacas leiteiras, da parição até
150 dias pós-parto, especula-se que estes animais atingiriam peso vivo final, na
parição seguinte, abaixo do apresentado no momento da parição anterior.
Considerando que, as vacas em fase de lactação precisam de dietas que atendam a
produção leiteira, proporcionem um ganho de peso satisfatório, e ainda,
proporcionem condições do animal retornar atividade reprodutiva, é de extrema
importância que animais criados exclusivamente em pastagens recebam uma
suplementação alimentar de qualidade. O não fornecimento de uma suplementação
concentrada em quantidades satisfatórias a atender as necessidades diárias das
vacas pode comprometer a gestação e a lactação seguintes.
Vacas muito magras e com baixo desempenho produtivo, geralmente
diminuem a produção e a quantidade de gordura no leite e de outros componentes,
prejudicando a qualidade do produto, além de permanecerem por um longo período
de anestro pós-parto (TEIXEIRA & SANTOS, 2001). Nestas condições, observa-se
em rebanhos bovinos leiteiros, um maior intervalo de partos e a primeira ovulação,
maior período de serviço e menor taxa de prenhez, conseqüentemente, aumento
nos custos de produção e diminuição da rentabilidade da atividade. O uso de
alimentos concentrados, em quantidades que atendam as necessidades diárias,
pode melhorar o desempenho produtivo de vacas leiteiras, porém, deve-se tomar
cuidado para que a quantidade de ingestão de matéria seca diária, proveniente da
pastagem seja atendida e, que esta fonte de volumoso seja de boa qualidade. Aliado
ao uso de concentrados na dieta, deve-se fazer uma análise financeira dos custos
envolvidos, observando a rentabilidade do sistema de produção. Com isso, o
período, para que estes animais possam sair do balanço energético negativo,
diminui. Uma alternativa para diminuir os efeitos reprodutivos seria lançar mão de
biotecnologias da reprodução, como por exemplo, a sincronização da ovulação para
inseminação artificial em tempo fixo (IATF), assunto este, que será discutido no item
4.1.5., porém deve-se estar ciente que a adoção de novas tecnologias implica em
aumento nos custos de produção dos sistemas explorados. Ressalta-se que
nenhuma biotecnologia pode substituir uma nutrição deficiente, pois animais com
deficiências nutricionais, dificilmente conseguem realizar suas atividades fisiológicas,
por um longo período.
O ganho de peso médio diário (GMD) observado pode ser considerado
satisfatório, considerando que a alimentação dos animais, durante o período
91
experimental, foi basicamente proveniente da pastagem. Nas primeiras avaliações
do peso vivo, os animais apresentaram queda no desempenho, recuperando-se
após o pico de lactação, posteriormente. Dessa forma, acredita-se que a dieta
consumida pelos animais atendeu basicamente a produção leiteira, sem
proporcionar ganhos expressivos ao peso vivo. O GMD só foi possível, porque foram
utilizados animais com boa rusticidade e adaptação.
A taxa de lotação média (TLM) da pastagem foi de 3,16 animais/ha,
resultando em carga animal média (CAM) de 3,24 U.A./ha. A TLM e a CAM obtida no
experimento, foi inferior às obtidas por CAMARGO (1996), que trabalhando com
vacas de leite, utilizou 4,6 vacas/ha ou 5,5 U.A./ha, com aplicação de adubação de
200-250-200 kg/ha de N-P2O5-K2O, na pastagem. A menor TLM e CAM obtidas no
trabalho pode ser explicado pelo nível de adubação aplicado na pastagem, durante o
período experimental, que foi de 50-62,5-50 kg/ha de N-P2O5-K2O.
4.1.4.2 Produção e qualidade do leite
Os resultados de produção de leite, de vacas do ecótipo Mantiqueira
manejadas em pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa, são
apresentados na Tabela 25.
Tabela 25 - Produção de leite média diária (PLMD, kg/vaca/dia), produção de leite por área por dia (PLAD, kg/ha), produção de leite média diária por lactação (PLMDL-305d, kg/vaca) e a produção de leite total por lactação (PLTL-305d, kg/vaca) de vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira, durante a estação chuvosa
Variável Produção de leite
PLMD1 12,2 2,2
PLAD 38,5
PLMDL-305d 8,6
PLTL-305d 2.619,01Média desvio-padrão
92
A produção de leite média diária (PLMD), durante o período compreendido
entre o 42º dia pós-parto até o 126º dias de lactação, foi superior às produções
encontradas por CÓSER et al. (1996), que avaliaram pastagem de capim-elefante
sob lotação rotacionada, adotando 30 dias de intervalos entre pastejos e 1, 3 e 5
dias de ocupação dos piquetes. Os autores não observaram diferença significativa
na produção leiteira, nos diferentes períodos de ocupação, durante três anos, sendo
constatadas produções entre 9,5 e 11,6 kg de leite/vaca/dia. Trabalhando com
diferentes períodos de descanso em pastagem de capim-elefante, na Embrapa
Gado de Leite, em Coronel Pacheco-MG, DERESZ et al. (1994), observaram
produções médias diárias de 13,5; 14,6; 13,9 e 13,4 kg de leite/vaca, durante um
período de 180 dias (estação chuvosa), em pastagem com 30 dias de descanso sem
suplementação concentrada, 30; 37,5 e 45 dias de descanso com suplementação
concentrada, na quantidade de 2 kg/vaca/dia, resultados estes, superiores aos
observados no experimento. Em outro trabalho, DERESZ (2001b), observou
produções de 11,9 e 13,4 kg de leite/vaca/dia, trabalhando com pastagem de capim-
elefante, manejadas com 3 dias de ocupação e 30 dias de descanso, durante a
estação chuvosa, avaliando tratamentos sem e com concentrado (2 kg/vaca/dia),
respectivamente. Os trabalhos citados demonstram que em condições tropicais, o
uso de sistemas de produção de leite, exclusivamente em pastagem, com baixo
fornecimento de concentrado, possibilita aos animais atingirem uma produção média
de 12 kg de leite/vaca/dia. Esses resultados corroboram com os obtidos no
experimento, e demonstram, que vacas do ecótipo Mantiqueira são capazes de
produzir, em média, 12,2 kg de leite/vaca/dia, sem corrigir a gordura para 4 %,
durante a estação chuvosa, manejadas em pastagem de capim-mombaça,
recebendo 1 kg de concentrado por dia. Aliada a esta produção sugere-se uma
análise comparativa e o confronto entre os índices zootécnicos obtidos neste
trabalho, com os resultados econômicos apresentados no item 4.3, pois assim,
pode-se afirmar sobre a viabilidade da atividade, com esses níveis de produção, em
condições exclusivas que utilizam pastagens tropicais formadas por capim-
mombaça. Os resultados obtidos vêm estimular, na região do Vale do Paraíba, os
pecuaristas que atuam na atividade leiteira, a investir na formação de pastagens
cultivadas, pois segundo dados do IEA (2004), o total de pastagens utilizado para a
produção bovina na região é: 54,78 % de pastagens nativas, 45,19 % de pastagens
cultivadas e 0,03 % de áreas destinadas a produção de sementes. Diante disto, o
93
aumento de áreas, formadas por pastagens cultivadas, pode proporcionar um
incremento nos índices zootécnicos da região, com reflexos no aumento da
produção leiteira individual dos animais e por área, melhorando a rentabilidade da
atividade de pequenos e médios produtores, além de resgatar as características
históricas de bacia leiteira que o Vale do Paraíba possui.
A produção de leite total estimada, durante 305 dias de lactação, foi inferior
aos 3.125 kg de leite/vaca, registrados na Nova Zelândia. Segundo BUXTON &
FRICK (1976), naquele país, as vacas leiteiras são manejadas em sistemas de
produção, formados exclusivamente por pastagem, exploradas intensivamente e são
viáveis financeiramente. Nos sistemas avaliados, o nível de adubação aplicado foi
baixo e o aumento nos níveis de fertilizantes, na manutenção da pastagem, pode
proporcionar um aumento na produção forrageira e na qualidade do material
consumido, refletindo em aumento da produtividade por área.
O estado de saúde da glândula mamária, avaliado através dos resultados de
contagem de células somáticas (CCS, x1000) e a qualidade do leite produzido,
avaliada através dos teores de gordura, proteína, lactose e sólidos totais, de vacas
do ecótipo Mantiqueira, manejadas em pastagem de capim-mombaça, durante a
estação chuvosa, são apresentados na Tabela 26.
Tabela 26 - Relação entre o número de vacas e a contagem de células somáticas (CCS, x 1.000), teor de gordura (%), teor de proteína (%), teor de lactose (%) e teor de sólidos totais (%) de vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira, durante a estação chuvosa
Variável (CCS) Número de vacas
0 a 17 0
18 a 34 2
35 a 68 3
69 a 136 3
137 a 273 7
274 a 546 7
547 a 1.092 9
1.093 a 2.165 2
2.186 a 4.371 3
4.372 ou mais 0
Total de vacas 36
94
Tabela 26, Cont.
Componente Teor (%)
Gordura1 3,20 0,97
Proteína1 2,91 0,25
Lactose1 4,34 0,25
Sólidos totais1 11,47 1,051Média e desvio padrão
A produção diária de leite pode ser afetada pelo estado de saúde da
glândula mamária, desde que fatores como nutrição e sanidade estejam sob controle
(CLÍNICA DO LEITE, 2005). Já, a composição do leite, pode ser afetada por
diversos fatores, que incluem: genética, estádio de lactação, nível de produção,
idade da vaca, doenças (ocorrência de mastite), ambiente (higiene de máquinas,
equipamentos, instalações e funcionários) e nutrição (TEIXEIRA & SANTOS, 2001).
A realização de análises laboratoriais em amostras do leite produzido, para
determinação da CCS, permite avaliar o estado de saúde da glândula mamária,
sendo este, um indicativo de extrema importância, que traz benefícios econômicos
ao sistema de produção e à atividade. Do total de 36 vacas avaliadas durante a
estação chuvosa, observou-se que 86,1 %, produziram leite classificado acima do
escore linear (EL) 2, ou seja, o número de células somáticas presente, esteve acima
de 68.000. Acima do EL = 2, registra-se perdas diárias de leite, levando o animal a
apresentar uma produção abaixo daquela que poderia ser expressa, se estivesse
com a glândula mamária sadia. A partir desses resultados, o produtor pode estimar a
perda diária de leite em seu rebanho. No presente experimento, estimou-se a
ocorrência de perdas diárias, na ordem de 64,0 kg de leite/dia ou 2,1 kg de
leite/vaca/dia. Estas perdas refletem diretamente nos resultados do fluxo de caixa do
sistema de produção e, o maior controle da ocorrência de mastite, pode melhorar os
índices de rentabilidade da atividade.
Os teores de gordura determinados nas amostras de leite estão abaixo dos
valores normais recomendados para as raças: Holandesa (3,7 %) e Jersey (4,9 %).
Com isso, um maior controle sobre a dieta consumida deve ser feito, pois quanto
maior os teores de gordura presentes no leite, melhores serão os retornos
95
econômicos para o produtor com a produção de derivados lácteos. Outro fato
importante é quando o teor de gordura no leite apresenta-se normal, demonstra uma
normalidade nos processos de fermentação ruminal dos animais e proporciona um
melhor estado de saúde. Com a depressão no teor de gordura do leite, observa-se
maior incidência de problemas de casco, como a laminite, bem como o aparecimento
de outros distúrbios metabólicos, como acidose e problemas de ingestão de
alimentos. Para que os resultados das análises reflitam teores próximos a realidade,
é preciso alguns cuidados, principalmente, no momento da coleta, pois a forma de
coleta e a intensidade de agitação do tubo influenciam na determinação dos
componentes do leite. Ao agitar o tubo, para diluir o conservante, com grande
intensidade, pode-se ter a quebra de moléculas de gordura, interferindo nos
resultados, fato este constatado no presente experimento.
Observou-se que os teores obtidos de proteína no leite estiveram abaixo dos
valores médios, citados por TEIXEIRA & SANTOS (2001), para as raças Holandesa
e Jersey, que devem apresentar 3,1 e 3,8 %, respectivamente. A proteína é um
componente importante e de valor econômico considerado, pois o leite que
apresentar elevados teores de proteína, proporciona altas produções de queijo.
Os teores médios de lactose e sólidos totais, obtidos no presente
experimento estão abaixo da média recomendada para a raça Holandesa, que
apresenta teores médios variando entre 4,6 e 4,8 % (TEIXEIRA & SANTOS, 2001).
O baixo fornecimento de concentrado, durante o período experimental, pode
ter influenciado na composição do leite. Atualmente, tem se observado, no mercado
de empresas beneficiadoras de leite, tendências de melhor remuneração aos
produtores rurais que entregam leite com maiores teores de gordura e proteína, ou
seja, o produtor que entregar o leite que apresente teores elevados destes
componentes, terá bônus, pois a empresa terá uma matéria-prima de melhor
qualidade, beneficiando a produção de derivados lácteos, como manteiga e queijos,
respectivamente (TEIXEIRA & SANTOS, 2001).
Algumas estratégias para maximizar a produção de leite e de sólidos totais
no leite são: formular alimentação concentrada apropriada atendendo as
recomendações prescritas pelos estudos científicos, maximizar a ingestão de
alimentos dos bovinos (volumosos e concentrados), monitorar a composição da dieta
fornecida, fornecer forragem de qualidade e em quantidade adequada. Ao adotar
estas estratégias, pode-se obter a maximização da ingestão de alimentos que reflete
96
na minimização do balanço negativo de energia, principalmente no início da
lactação. Minimizando o balanço negativo, o produtor poderá observar em seu
rebanho, crescimento do peso corporal dos animais, mudanças visuais no ECC e o
leite produzido, apresentará teores de gordura e proteína mais elevados, além da
vaca retornar a sua atividade reprodutiva mais cedo.
4.1.5 Avaliação do desempenho reprodutivo
4.1.5.1 Sincronização da ovulação
Na Tabela 27, são apresentados os números, de vacas vazias, vacas com
prenhez confirmada por cobertura e a taxa de prenhez de vacas do ecótipo
Mantiqueira criadas em pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa,
submetidas à sincronização da ovulação para inseminação artificial em tempo fixo
(IATF).
Tabela 27 - Número de vaca vazia, de vaca prenhe por cobertura, total de vacas vazias, total de vacas prenhe, total de vacas sincronizadas e taxa de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas à sincronização da ovulação, durante a estação chuvosa
Vacas Número de vacas
Vazia 12
Prenhez confirmada (1ª cobertura) 9
Prenhez confirmada (2ª cobertura) 12
Prenhez confirmada (3ª cobertura) 2
Total de vacas vazias* 12 (34,3 %)
Total de vacas prenhe* 23 (65,7 %)
Total de vacas sincronizadas* 35 (100,0 %)
**Taxa de prenhez (%) 60,0
* Porcentagem referente ao total de vacas sincronizadas (entre parênteses)** Considerando prenhez confirmada na 1ª e 2ª coberturas
97
Do total de 36 vacas experimentais, 35 destas foram submetidas à
sincronização da ovulação para inseminação artificial em tempo fixo (IATF),
utilizando dispositivo intravaginal, durante a estação chuvosa. O restante, somente
uma única vaca, não foi submetido ao procedimento, por não apresentar condições
fisiológicas e reprodutivas adequadas para a aplicação desta biotecnologia. Das
vacas submetidas à sincronização da ovulação, 65,7 % apresentaram após
diagnóstico de palpação retal, prenhez positiva, e o restante, 34,3 % foram
classificadas como vazias, considerando 1ª, 2ª e 3ª coberturas realizadas após a
aplicação da biotecnologia.
A determinação da taxa de prenhez foi realizada, considerando a 1ª e 2ª
coberturas, sendo obtida uma taxa de 60,0 %. Os protocolos de sincronização da
ovulação, em sua maioria, são aplicados em rebanhos bovinos de corte para
implantação do sistema de estação de monta controlada, e poucos trabalhos podem
ser encontrados em rebanhos bovinos leiteiros. No caso de vacas do ecótipo
Mantiqueira, nenhum trabalho de sincronização da ovulação foi realizado. Segundo
CARVALHO (2004), existe uma grande variabilidade das respostas em termos de
taxas de prenhez, quando se utilizam protocolos de sincronização do cio/ovulação.
Em trabalho realizado, COLAZO et al. (1999), obtiveram 54,1 % de taxa de prenhez,
em novilhas cruzadas Bos indicus que tiveram a inserção do CIDR® por um período
de 8 dias, associada à administração de benzoato de estradiol, via intramuscular,
condições estas semelhantes à utilizada no experimento. Os resultados obtidos com
vacas do ecótipo Mantiqueira foram superiores aos relatados pelos autores.
Na Tabela 28, são apresentados os números de vacas vazias, com prenhez
confirmada por cobertura e a taxa de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira,
manejadas em pastagem de capim-mombaça, durante a estação chuvosa,
submetidas a diferentes protocolos de sincronização da ovulação.
Tabela 28 - Número de vaca vazia, de vaca prenhe por cobertura, total de vacas vazias, total de vacas prenhe, total de vacas sincronizadas e taxa de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas a diferentes protocolos de sincronização da ovulação, durante a estação chuvosa
98
Protocolos de sincronização
Vacas CIDR® CIDR® + eCG
Vazia 8 4
Prenhez confirmada (1ª cobertura) 2 7
Prenhez confirmada (2ª cobertura) 7 5
Prenhez confirmada (3ª cobertura) 0 2
Total de vacas vazias** 8 (47,1 %) 4 (22,2 %)
Total de vacas prenhe** 9 (52,9 %) 14 (77,8 %)
Total de vacas sincronizadas** 17 (100,0 %) 18 (100,0 %)
*Taxa de prenhez (%) 52,9 66,7
* Considerando prenhez confirmada na 1ª e 2ª coberturas** Porcentagem referente ao total de vacas sincronizadas (entre parênteses)
Em bovinos, a principal causa de infertilidade é o anestro pós-parto. Este
fato é decorrente, principalmente do efeito da amamentação, aliado as condições
nutricionais que os animais estão submetidos, logo após a parição. Neste sentido,
pode-se observar insucesso em alguns programas de IATF e segundo ROCHE et al.
(1992), uma alternativa para aumentar as taxas de prenhez em programas de IATF
aplicados em bovinos, em anestro, é a utilização de eCG (gonadotrofina coriônica
eqüina), no momento da retirada do dispositivo intravaginal. Para CUTAIA et al.
(2003), a utilização do eCG, proporciona o aumento da taxa de prenhez, de vacas
em anestro pós-parto ou em vacas com baixo escore de condição corporal (ECC).
No experimento, foram obtidas 52,9 % e 66,7 % de taxa de prenhez, para os
protocolos CIDR® e CIDR® + eCG, respectivamente, confirmando as recomendações
de ROCHE et al. (1992) e CUTAIA et al. (2003).
4.1.5.2 Intervalo de partos
Na Tabela 29, são apresentados os números de vacas, de acordo com o
intervalo de partos, total de vacas prenhe, total de vacas vazias, total de vacas
sincronizadas, manejadas em pastagem de capim-mombaça, durante a estação
chuvosa.
99
Tabela 29 - Intervalo de partos (IDP) de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas à sincronização da ovulação, durante a estação chuvosa
Intervalo de partos (IDP) Número de vacas
11 a 12 meses 3
12 a 13 meses 9
13 a 14 meses 6
14 a 15 meses 2
15 a 16 meses 2
16 a 17 meses 1
Total de vacas prenhe* 23 (65,7 %)
Total de vacas vazias* 12 (34,3 %)
Total de vacas sincronizadas* 35 (100,0 %)
* Porcentagem referente ao total de vacas sincronizadas (entre parênteses)
Do total de 35 vacas sincronizadas, 65,7 % apresentaram prenhez positiva.
Das vacas com prenhez confirmada, 78,3 % apresentaram intervalo de partos entre
11 e 14 meses. A aplicação dos protocolos reduziu o intervalo de partos das vacas
sincronizadas entre o 60º e 100º dia pós-parto. A utilização desta biotecnologia traz
retornos econômicos para o produtor rural, que reduz seus custos de produção com
vacas vazias e vacas que apresentam longos períodos de anestro, além de melhorar
os índices de rentabilidade do sistema de produção.
4.2 Estação seca
4.2.1 Características do dossel forrageiro das pastagens
O dossel forrageiro das pastagens de capim-mombaça e aveia-preta,
durante a estação seca, foi caracterizado por meio das variáveis altura e massa de
forragem disponível, nas condições de pré e pós-pastejo para o capim-mombaça e
de pré-pastejo para a aveia-preta.
100
4.2.1.1 Altura do dossel forrageiro no pré-pastejo
Na Tabela 30, têm-se os valores médios e os respectivos desvios padrão da
altura do dossel forrageiro das pastagens de capim-mombaça e de aveia-preta, na
condição de pré-pastejo, durante a estação seca.
Tabela 30 - Altura do dossel forrageiro (cm), das pastagens de capim-mombaça e de aveia-preta, na condição de pré-pastejo, durante a estação seca
Média desvio padrão
Capim-mombaça Aveia-preta
Data de coleta Inflorescência Lâminas foliares
07/06/05 63 15 117 8 92 7
21/06/05 43 14 118 10 94 8
07/07/05 67 21 86 11 66 11
21/07/05 66 13 118 9 94 10
04/08/05 63 28 124 14 94 9
18/08/05 45 15 81 10 58 10
Média geral 58 21 107 20 83 18
A média da altura do dossel forrageiro da pastagem de capim-mombaça, na
condição de pré-pastejo, durante a estação seca, foi menor que a altura média de
104,2 3,31 cm, encontrada por CARNEVALLI (2003), durante o inverno, quando
adotada uma altura média de 30 cm de resíduo no pós-pastejo. Pode-se observar,
que ao longo dos períodos de avaliação, as alturas médias da pastagem de capim-
mombaça, estiveram oscilando entre 43 14 e 67 21 cm. A baixa altura
constatada, durante o período experimental, é proveniente das condições edafo-
climáticas desfavoráveis ao crescimento e desenvolvimento da forrageira na região.
Condições estas, como os baixos índices de precipitação pluviométrica (Tabela 05),
a ocorrência de baixas temperaturas (Tabela 04), presença de menores índices de
fotoperíodo, bem como a não utilização de irrigação e aplicação de fertilizantes.
101
A altura média da pastagem de aveia-preta, no momento do pastejo, durante
o período experimental, na estação seca, foi de 107 20 cm para a inflorescência e
de 83 18 cm para a primeira lâmina foliar da planta. O bom crescimento da
forrageira pode ser atribuído as baixas temperaturas registradas na região (Tabela
04). A baixa ocorrência de chuvas (Tabela 05), durante o período, não prejudicou o
desenvolvimento da forrageira, uma vez que se observa na região, a ocorrência de
orvalhos no período noturno. A altura elevada do dossel da aveia-preta, no momento
do pastejo, propiciou as plantas atingirem seu estado de maturidade, e por
conseqüência a emissão de inflorescências. A utilização da pastagem de aveia-
preta, para suplementação volumosa, adotando altura de entrada menor, pode
possibilitar à forrageira maior capacidade de rebrotação, uma vez que na prática, foi
observado pelo ato do pastejo, que as vacas leiteiras removiam a planta inteira
através do bocado, quando pastejavam.
4.2.1.2 Massa de forragem disponível no pré-pastejo
Na Tabela 31, pode-se observar as médias e os respectivos desvios padrão
da massa de forragem disponível, em kg de MV/ha e da massa de forragem
disponível, em kg de MS/ha, das pastagens de capim-mombaça e aveia-preta,
durante a estação seca, na condição de pré-pastejo.
Tabela 31 - Massa de forragem disponível das pastagens de capim-mombaça e aveia-preta, na condição de pré-pastejo, durante a estação seca
Capim-mombaça Aveia-preta
Data de coleta kg de MV/ha kg de MS/ha kg de MV/ha kg de MS/ha
07/06/05 30.467 10.323 6.770 1.148 9.557 1.502 2.881 335
21/06/05 9.833 1.801 2.185 200 15.233 1.793 4.592 400
07/07/05 38.367 32.603 8.525 3.627 12.833 1.270 3.868 283
21/07/05 9.067 2.503 2.015 278 10.600 3.639 3.195 812
04/08/05 19.333 8.520 4.296 948 8.167 2.887 2.462 644
18/08/05 12.633 8.864 2.807 986 3.700 265 1.115 59
Média geral 19.950 12.037 4.433 1.339 10.015 3.975 3.019 887
Média e desvio padrão
102
A maior variação de produção forrageira, em kg de MV/ha, observada
durante a estação seca, está relacionada ao piquete amostrado, que apresentou
resíduo pós-pastejo alto, durante a estação chuvosa. O maior resíduo, pós-pastejo,
proporcionou maior altura de entrada, no pastejo realizado durante a estação seca,
promovendo o alongamento das hastes do dossel forrageiro.
A produção média obtida na pastagem de capim-mombaça, em kg de
MS/ha, foi inferior a obtida por CARNEVALLI (2003), que encontrou produtividade
média de 6.330 221 kg de MS/ha, para duas alturas de resíduo no pós-pastejo (30
e 50 cm), com 95 e 100 % de interceptação luminosa, durante a estação de
outono/inverno. A menor produção obtida no experimento, quando comparada com
os resultados de CARNEVALLI (2003), pode estar relacionada a menor altura média
de entrada nos piquetes do experimento (58 21 cm), na condição de pré-pastejo,
contra a altura média do trabalho da autora (107 2,16 cm), e também, devido à
influência da adubação nitrogenada, aplicada no experimento (50 kg de N/ha/ano),
inferior a adubação utilizada pela autora, que foi de 195 kg de N/ha/ano.
A massa de forragem média disponível, na pastagem de aveia-preta,
aumentou nas primeiras avaliações. Houve incremento na massa de forragem
disponível, uma vez que a forrageira encontrava-se em fase de crescimento (em
torno de 90 dias). A partir daí, a pastagem apresentou queda gradual na produção
de forragem, em kg de MV/ha. Esta queda se deu, provavelmente, devido a
forrageira ter atingido sua maturidade. A baixa produção forrageira da aveia-preta,
no último período de avaliação, está relacionada com a maior senescência das
plantas.
A produção média da pastagem de aveia-preta foi inferior a encontrada por
FEROLLA (2005), que avaliando a aveia-preta, em pastejo, em diferentes épocas de
plantio, encontrou uma produção média de 3.508,25 kg de MS/ha. RODRIGUES &
GODOY (2000), encontraram produções de 1.700; 2.651; 3.633 e 4.825 kg de
MS/ha, durante os meses de junho, julho, agosto e setembro, respectivamente, para
a cultivar São Carlos, submetida ao pastejo, sob lotação rotacionada, restringida a
três horas diárias. A produção média, obtida durante o referido período, foi de
3.202,3 kg de MS/ha, superior a produção encontrada no experimento, que restringiu
o pastejo em faixa em seis horas diárias.
103
4.2.1.3 Estrutura do dossel forrageiro no pré-pastejo
Os valores médios e os respectivos desvios padrão do dossel forrageiro das
pastagens de capim-mombaça e aveia-preta, durante a estação seca, na condição
de pré-pastejo, estão apresentados na Tabela 32.
Tabela 32 - Estrutura do dossel forrageiro (%), das pastagens de capim-mombaça e aveia-preta, na condição de pré-pastejo, durante a estação seca
Capim-mombaça
Data de coleta Lâmina foliar Hastes + bainhas Matéria morta
07/06/05 18,4 5,8 54,6 7,2 27,0 2,0
21/06/05 33,0 9,9 28,8 7,3 38,2 5,8
07/07/05 28,9 7,1 51,5 15,2 19,5 9,8
21/07/05 45,8 6,0 24,5 5,6 29,7 3,1
04/08/05 31,3 10,3 49,1 15,7 19,5 5,4
18/08/05 34,7 7,4 29,9 18,5 35,5 11,5
Média 32,0 10,7 39,7 16,5 28,3 9,5
Aveia-preta
Data de coleta Lâmina foliar Hastes + bainhas Inflorescência Matéria morta
07/06/05 18,4 1,1 67,0 2,9 14,6 1,7 0,0 0,0
21/06/05 13,3 0,8 67,0 3,1 19,6 2,2 0,0 0,0
07/07/05 18,3 2,5 60,9 0,6 19,5 2,7 1,3 0,2
21/07/05 17,1 3,0 52,1 9,4 28,1 7,3 2,6 0,1
04/08/05 7,8 3,2 64,2 4,4 22,4 2,8 5,5 0,2
18/08/05 14,7 0,7 61,3 4,6 13,5 4,2 10,5 0,3
Média 14,9 4,2 62,1 6,7 19,6 6,0 3,3 3,8
Média e desvio padrão
A proporção média de lâminas foliares obtidas no experimento, foi inferior a
média obtida por CARNEVALLI (2003), que encontrou 57,3 2,27 %, durante o
mesmo período de avaliação. Para hastes + bainhas e material morto, as proporções
104
obtidas foram maiores, quando comparadas com as obtidas pela autora, que
encontrou 18,4 1,16 % e 15,9 1,75 % para hastes + bainhas e material morto,
respectivamente. As diferenças na composição morfológica, obtida no experimento,
quando comparada ao trabalho de CARNEVALLI (2003), podem estar relacionadas,
a altura média de entrada (58 21 cm), nos piquetes do experimento e a altura
média de entrada (107 2,16 cm), do trabalho da autora e a influência dos níveis de
adubação nitrogenada aplicados e ao manejo de pastagem adotado.
A composição morfológica média da aveia-preta, na condição de pré-
pastejo, foi de 14,9 4,2 % para lâminas foliares, 62,1 6,7 % para hastes +
bainhas, 19,6 6,0 % para inflorescências e 3,3 3,8 % para material morto.
FEROLLA (2005) avaliando o desempenho agronômico de aveia-preta e triticale em
diferentes épocas de plantio (abril, maio e junho) e formas de colheita (corte e
pastejo), obteve para a aveia-preta, semeada no mês de abril e colhida sob pastejo,
uma composição morfológica de 23,01 % para lâminas foliares, 36,13 % para hastes
+ bainhas, 38,70 % para inflorescências e 2,15 % para material morto. A proporção
obtida de lâminas foliares, pelo autor, foi superior a proporção obtida no experimento
e menor para hastes + bainhas e inflorescências. Esta diferença pode ser explicada,
pelo uso da irrigação, proporcionando maior desenvolvimento da planta, pelos níveis
de adubação fornecidos e pela realização da primeira coleta, realizada aos 60 dias,
após a semeadura, e a segunda coleta, realizada aos 30 dias após a primeira,
diferente ao manejo adotado na pastagem de aveia-preta, que foi o pastejo em faixa,
proporcionando maior crescimento das plantas, refletindo no aumento das
proporções de hastes + bainhas e inflorescências e diminuição da proporção de
lâminas foliares.
4.2.1.4 Altura do dossel forrageiro no pós-pastejo
A altura média do dossel forrageiro da pastagem de capim-mombaça,
durante a estação seca, na condição de pós-pastejo, esteve próximo a recomendada
por CARNEVALLI (2003). A autora avaliou o capim-mombaça, manejado em duas
alturas (30 e 50 cm), na condição de pós-pastejo, submetido a dois tratamentos de
interceptação luminosa (IL), 95 e 100 %. O melhor desenvolvimento do dossel
forrageiro e maior aproveitamento da forragem produzida, no ciclo de pastejo
seguinte, foi na condição de 30 cm de resíduo pós-pastejo, sendo recomendada pela
105
autora, como a altura média residual da pastagem, quando adotado o pastejo
rotacionado.
Os valores médios e os respectivos desvios padrão da altura do dossel
forrageiro da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a
estação seca, estão apresentados na Tabela 33.
Tabela 33 - Altura do dossel forrageiro (cm), da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação seca
Data de coleta Média desvio padrão
10/06/05 33 7
24/06/05 30 6
10/07/05 38 13
24/07/05 36 11
07/08/05 39 13
21/08/05 30 9
Média geral 34 11
4.2.1.5 Massa de forragem residual no pós-pastejo
A produção da massa de forragem residual obtida, em kg de MS/ha, do
capim-mombaça, assemelha-se à produção média obtida por CARNEVALLI (2003),
adotando resíduo de 30 cm. Nesta condição, a produção da pastagem foi de 2.870
242 kg de MS/ha.
Em pastagem, que se aplica baixo nível de adubação, recomenda-se que a
produção da massa de forragem residual esteja entre 2.000 e 2.500 kg de MS/ha,
permitindo assim boa recuperação do stand de plantas e rebrota vigorosa de todo o
dossel, além de se produzir material forrageiro de boa qualidade, para o próximo
ciclo de pastejo (CORSI, 1980).
Os valores médios e os respectivos desvios padrão da massa de forragem
residual, em kg de MV/ha, e da massa de forragem residual, em kg de MS/ha, da
106
pastagem de capim-mombaça, durante a estação seca, na condição de pós-pastejo,
estão apresentados na Tabela 34.
Tabela 34 - Massa de forragem residual da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação seca
Massa de forragem Massa de forragem
Data de coleta kg de MV/ha kg de MS/ha
10/06/05 15.867 7.850 3.715 525
24/06/05 6.367 3.349 1.491 224
10/07/05 26.567 8.262 6.221 552
24/07/05 8.800 1.572 2.061 105
07/08/05 9.733 3.009 2.279 201
21/08/05 6.233 1.447 1.460 97
Média 12.261 7.837 2.871 524
Média e desvio padrão
4.2.1.6 Estrutura do dossel forrageiro no pós-pastejo
A proporção média de lâmina foliar do dossel forrageiro foi inferior à obtida
por CARNEVALLI (2003), que encontrou, em média, 36,8 1,79 %. Para hastes +
bainhas e material morto, as proporções obtidas foram superiores, as encontradas
pela autora, que obteve, em média, 25,8 1,48 e 40,5 2,64 %, respectivamente,
na condição de 30 cm de resíduo pós-pastejo. A maior proporção de hastes +
bainhas, na composição morfológica, do dossel residual, foi devido a seletividade
dos animais, que no ato do pastejo, tem preferência alimentar pelas lâminas foliares.
Os valores médios e os respectivos desvios padrão do dossel forrageiro da
pastagem de capim-mombaça, durante a estação seca, na condição de pós-pastejo,
estão apresentados na Tabela 35.
107
Tabela 35 - Estrutura do dossel forrageiro (%), da pastagem de capim-mombaça, na condição de pós-pastejo, durante a estação seca
Capim-mombaça
Período Lâmina foliar Hastes + bainhas Matéria morta
10/06/05 20,6 2,8 31,9 7,9 47,5 5,2
24/06/05 21,9 3,9 29,5 9,4 48,6 7,7
10/07/05 24,7 4,6 47,6 1,9 27,7 6,5
24/07/05 31,8 4,7 29,2 4,4 38,9 9,1
07/08/05 36,8 3,3 30,6 5,8 32,6 6,7
21/08/05 28,5 4,3 17,8 8,4 53,6 5,2
Média 27,4 6,2 28,5 5,4 44,1 7,5
Média e desvio padrão
4.2.1.7 Estimativa do consumo de volumosos
As estimativas de consumo das vacas do ecótipo Mantiqueira, por ciclo de
pastejo, em kg de MS/animal/dia, nas pastagens de capim-mombaça e aveia-preta e
das suplementações volumosas (cana-de-açúcar e silagem de sorgo), em kg de
MS/animal/dia, fornecidas no cocho, durante a estação seca, são apresentadas na
Tabela 36.
Tabela 36 - Estimativa de consumo das vacas do ecótipo Mantiqueira, por ciclo de pastejo (kg de MS/animal/dia), nas pastagens de capim-mombaça e aveia-preta e das suplementações volumosas (cana-de-açúcar e silagem de sorgo), fornecidas no cocho, durante a estação seca
Ciclo kg de MS/animal/dia % peso vivo
Capim-mombaça 3,0 0,7
Aveia-preta 10,9 2,4
Cana-de-açúcar 7,8 1,7
Silagem de sorgo 7,0 1,5
108
As ofertas de massa de forragem das pastagens de capim-mombaça e
aveia-preta poderiam ser consideradas suficientes, uma vez que ao observar as
Tabelas 31 e 34, conclui-se que sempre houve uma grande quantidade de massa de
forragem disponível, bem como massa de forragem residual, após a saída dos
animais. Todavia, a qualidade da forragem (Tabelas 37, 38 39 e 40) e sua estrutura
(Tabelas 32 e 35) variaram durante o período de pastejo, ocorrendo mudanças
morfológicas das pastagens ao longo do tempo, sugerindo assim uma redução no
consumo. Diante disto, os dados apresentados na Tabela 36, sugerem que os
valores estimados para o consumo podem estar superestimados.
Segundo EUCLIDES e EUCLIDES FILHO (1998), durante a estação de
crescimento, é observado um acréscimo na proporção de caule em relação a de
folhas, associado a um acúmulo de material morto como conseqüência da
senescência natural da planta forrageira, que é aumentado em caso de déficit
hídrico. A combinação desses fatores pode resultar em redução do consumo
voluntário, quer seja pela dificuldade de apreensão, quer seja pela dificuldade de se
selecionar uma dieta de melhor valor nutritivo. Com isso, dificulta saber se a
quantidade de forragem, ao longo do tempo, é adequada para garantir o consumo
máximo. Outro fator que prejudica o conhecimento da massa de forragem disponível
com teores nutricionais adequados para um elevado consumo é o pisoteio que ajuda
a superestimar o resíduo pós-pastejo.
Para vacas de leite, o consumo voluntário estimado varia entre 2 e 3 % do
peso vivo, diariamente (NRC, 2001).
4.2.2 Características qualitativas das pastagens
4.2.2.1 Composição químico-bromatológica
Na Tabela 37, pode-se observar a composição químico-bromatológica e a
digestibilidade in vitro da MS lâminas foliares e hastes + bainhas do capim-
mombaça, durante a estação seca.
109
Tabela 37 - Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in vitrode MS (%) de lâminas foliares e hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a estação seca
Média desvio-padrão
Componente Lâmina foliar Hastes + bainhas
Matéria seca (MS) 25,38 1,83 19,68 2,07
Matéria orgânica (MO) 88,17 0,86 88,58 1,54
Matéria mineral (MM) 11,83 0,86 11,42 1,54
Proteína bruta (PB) 10,22 1,45 2,98 0,65
Extrato etéreo (EE) 2,08 1,00 1,69 0,95
Fibra em detergente neutro (FDN) 64,96 4,76 75,94 4,39
Fibra em detergente ácido (FDA) 38,44 2,62 49,18 2,72
Nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) 0,53 0,10 0,18 0,02
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 3,31 0,65 1,15 0,15
Nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) 0,09 0,02 0,06 0,00
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,59 0,13 0,38 0,00
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 61,64 6,09 51,29 3,33
Observou-se que os teores de MS, PB e a DIVMS do capim-mombaça,
durante a estação seca, foram superiores aos teores obtidos, durante a estação
chuvosa, enquanto que para FDN, o teor obtido foi inferior. O melhor valor nutritivo
observado, durante a estação seca, está associado a menor altura da forrageira, na
condição de pré-pastejo e ao menor efeito de diluição dos componentes, sugerido
por BOTREL et al. (2000).
Os teores médios obtidos de MS e FDN foram inferiores aos resultados
publicados por VALADARES FILHO et al. (2006), que após a compilação de
resultados de vários trabalhos realizados com capim-mombaça no Brasil,
encontraram teores médios, na ordem de 31,51 4,46 % e 64,96 %,
respectivamente, enquanto que, para PB, o teor obtido foi semelhante. Os dados
publicados pelos autores, provavelmente foram obtidos da planta inteira, não
somente das lâminas foliares, por isso constata-se os menores teores nas amostras
colhidas.
110
Na Tabela 38, pode-se observar a composição químico-bromatológica e a
digestibilidade in vitro da MS de lâminas foliares de aveia-preta, durante a estação
seca.
Tabela 38 - Monitoramento da composição químico-bromatológica (% de MS) e da digestibilidade in vitro de MS (%) de lâminas foliares de aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta
Componente 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Matéria seca (MS) 22,64 22,81 80,05
Matéria orgânica (MO) 92,36 89,86 91,61
Matéria mineral (MM) 7,64 10,14 8,39
Proteína bruta (PB) 22,39 22,38 8,39
Extrato etéreo (EE) 5,20 4,02 1,59
Fibra em detergente neutro (FDN) 44,04 49,18 62,02
Fibra em detergente ácido (FDA) 28,34 28,66 38,13
Nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) 1,45 0,55 0,41
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 9,06 3,44 2,56
Nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) 0,15 0,18 0,15
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,94 1,13 0,94
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 80,35 73,15 56,62
Para a aveia-preta, os teores obtidos de MS, FDN e FDA nas lâminas
foliares, durante a estação seca, apresentaram comportamento crescente com o
passar dos dias de utilização da pastagem. Esse aumento é decorrente do
crescimento vegetativo da planta, atingindo sua maturidade e entrando em estágio
de florescimento e aumento nos teores dos componentes da parede celular. Para os
componentes PB e EE e a DIVMS, o comportamento foi inverso, ou seja, à medida
que se avançava o período experimental, os teores decresciam. Este
comportamento se deve a diminuição do conteúdo celular e aumento nos teores dos
constituintes da parede celular, à medida que aumenta a idade da planta. Os
111
componentes MO e MM apresentaram pouca variação, nos teores, ao longo do
período experimental.
Os teores de PB obtidos nas lâminas foliares estiveram em torno de 22 %,
em grande parte de utilização da pastagem. Na última quinzena, observou-se queda
acentuada nos teores de PB. A ocorrência da queda acentuada se deve ao fato de
que a pastagem apresentou, no período final de utilização, grande quantidade de
plantas senescentes. Em trabalho, realizado por PRIMAVESI et al. (1999), com
cultivares de aveia, foi observada variação no teor de PB, entre 15,0 e 21,1 %, em
quatro idades de crescimento (28, 35, 42 e 56 dias), no teor de FDN, que esteve
entre 48,3 e 58,2 % e, na DIVMS, que oscilou entre 69,7 e 81,7 %. Estes resultados
sugerem que a aveia-preta (cv. Embrapa 29), semeada no início do mês de abril, na
região do Vale do Paraíba, pode ser utilizada adotando o pastejo em faixa, porém,
deve-se avaliar outras formas de fornecimento, para melhor aproveitamento do
potencial desta forrageira, ou seja, para utilizá-la por um período superior, aquele
utilizado no experimento. E ainda, adotar diferentes épocas de plantio, pode ser uma
recomendação favorável ao melhor aproveitamento da forrageira, por um período
que compreenda toda estação seca.
MOREIRA et al. (2005) avaliaram cinco genótipos de aveia para a produção
de forragem, sendo quatro genótipos da amarela e um da preta, na região de
Jaboticabal-SP, com semeadura realizada, no mês de junho. A composição químico-
bromatológica, obtida pelos autores para o genótipo de aveia-preta, em dois cortes,
foi respectivamente, 18,7 e 13,1 % de PB, 48,1 e 50,8 % de FDN, 27,5 e 28,1 % de
FDA e 62,1 e 58,7 % de DIVMS. A qualidade nutricional da aveia-preta, avaliada
pelos autores, foi inferior aos encontrados no trabalho. Pode-se atribuir essa
qualidade inferior, a época de semeadura (junho), adotada pelos autores, que
proporcionou maiores valores dos componentes da parede celular, menor teor de
proteína e menor teor de DIVMS.
FEROLLA (2005) obteve para a aveia-preta semeada em abril (mesmo mês
de semeadura do experimento), composição químico-bromatológica média obtida
através do pastejo aos 60 dias (1º pastejo) e 30 dias subseqüentes (2º pastejo) de
20,79 % de MS, 17,63 % de PB, 9,51 % de MM, 59,51 % de FDN, 0,16 % de NIDN,
33,04 % de FDA, 3,29 % de lignina, 0,44 % de NIDA e 1,44 % de EE. A qualidade da
aveia, observada pelo autor, foi inferior a observada nos resultados deste trabalho,
podendo ser explicado pelo material analisado, que no experimento, foram as
112
lâminas foliares, enquanto que no trabalho do autor, foi utilizada a planta inteira
(lâminas foliares e hastes + bainhas).
Na Tabela 39, pode-se observar a composição químico-bromatológica e a
digestibilidade in vitro de MS de hastes + bainhas de aveia-preta, durante a estação
seca.
Tabela 39 - Monitoramento da composição químico-bromatológica (% de MS) e da digestibilidade in vitro de MS (%) de hastes + bainhas de aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta
Componente 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Matéria seca (MS) 21,02 21,69 44,08
Matéria orgânica (MO) 93,60 91,99 92,96
Matéria mineral (MM) 6,40 8,01 7,04
Proteína bruta (PB) 10,15 9,51 6,22
Extrato etéreo (EE) 2,03 1,34 1,33
Fibra em detergente neutro (FDN) 67,63 69,92 72,37
Fibra em detergente ácido (FDA) 41,20 43,92 47,17
Nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) 0,26 0,15 0,20
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 1,63 0,94 1,25
Nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) 0,06 0,06 0,09
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,38 0,38 0,56
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 57,28 53,75 43,39
Os teores de MS, MO, MM, PB, EE, NIDN e NIDA, sofreram poucas
oscilações, à medida que se avançava o período experimental, observando no
período final do experimento, quedas acentuadas, devido ao aumento da idade e
senescência do dossel. Para FDN e FDA, observou-se que os teores apresentaram
comportamento crescente, à medida que se passava o período experimental, devido
ao crescimento da forrageira, atingindo a maturidade. O aproveitamento desta
estrutura foi diminuindo com o avanço dos dias de avaliação, podendo ser
observado pelos resultados obtidos para a DIVMS. Por apresentar 62,1 6,7 % de
113
hastes + bainhas (Tabela 32) em sua estrutura do dossel forrageiro, na condição de
pré-pastejo, é importante que a composição químico-bromatológica desse
componente da aveia-preta seja avaliada, pois bovinos em pastejo, pelo ato do
bocado, removem da pastagem, lâminas foliares e hastes + bainhas, tendo este
último componente, grande participação na dieta consumida pelos animais.
Na Tabela 40, pode-se observar a composição químico-bromatológica e a
digestibilidade in vitro das inflorescências de aveia-preta, durante a estação seca.
Tabela 40 - Monitoramento da composição químico-bromatológica (% de MS) e da digestibilidade in vitro de MS (%) das inflorescências de aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta
Componente 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Matéria seca (MS) 38,30 41,59 78,55
Matéria orgânica (MO) 95,80 95,52 96,47
Matéria mineral (MM) 4,20 4,48 3,53
Proteína bruta (PB) 14,38 15,86 14,76
Extrato etéreo (EE) 2,85 3,38 0,88
Fibra em detergente neutro (FDN) 54,36 35,13 33,82
Fibra em detergente ácido (FDA) 27,07 17,93 19,45
Nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) 0,20 0,20 0,20
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 1,25 1,25 1,25
Nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) 0,06 0,06 0,09
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,38 0,38 0,56
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 74,36 71,47 77,35
Os resultados obtidos, na composição químico-bromatológica das
inflorescências de aveia-preta demonstraram, que esta estrutura apresenta bom
valor nutritivo, enriquecendo a dieta consumida pelos animais, e ainda, com o
coeficiente de digestibilidade (DIVMS), variando entre 71,47 e 77,35 % será bem
aproveitado pelo organismo dos animais. Ao analisar os resultados obtidos com o
fracionamento de carboidratos deste componente (Tabela 48), acredita-se que a
114
ingestão deste, através do pastejo, pode trazer benefícios, no que se diz respeito a
ingestão de carboidratos solúveis, beneficiando assim a nutrição dos animais.
Na Tabela 41, pode-se observar a composição químico-bromatológica e a
digestibilidade in vitro de MS de amostras de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC
86-2480 fornecidas como suplementação volumosa, no cocho, durante a estação
seca.
Tabela 41 - Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in vitrode MS (%) de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480 (fornecida), durante a estação seca
Média desvio-padrão
Componente Silagem de sorgo Cana-forrageira
Matéria seca (MS) 29,90 1,42 21,57 1,44
Matéria orgânica (MO) 94,21 1,07 95,72 0,77
Matéria mineral (MM) 5,79 1,07 4,28 0,77
Proteína bruta (PB) 7,19 1,24 4,91 0,87
Extrato etéreo (EE) 2,98 1,78 1,90 0,97
Fibra em detergente neutro (FDN) 64,31 6,68 53,53 6,53
Fibra em detergente ácido (FDA) 40,39 4,61 32,18 3,25
Nitrogênio insolúvel em deterg. neutro (NIDN) 0,36 0,12 0,22 0,05
Proteína insolúvel em deterg. neutro (PIDN) 2,23 0,78 1,38 0,33
Nitrogênio insolúvel em deterg. ácido (NIDA) 0,19 0,05 0,07 0,01
Proteína insolúvel em deterg. ácido (PIDA) 1,22 0,30 0,41 0,08
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 62,90 4,95 65,41 3,24
A silagem de sorgo, fornecida no cocho, para as vacas em lactação, foi
confeccionada em abril de 2004 e disponibilizada para os animais, na estação seca,
do ano de 2005, a partir do mês de junho. Os teores obtidos de MS, PB, FDN, FDA e
a DIVMS, corroboram com os encontrados por GENRO et al. (2001), que avaliaram
seis híbridos de sorgo, para a produção de silagem e consideraram a qualidade
apresentada pelo material como boa, após 240 dias de armazenamento, período
115
este inferior ao experimento (426 dias de armazenamento). Os autores observaram
teores de MS, variando entre 27,86 e 34,81 % e teores de PB, variando entre 6,73 e
8,39 % na base da MS, na silagem armazenada.
Nas tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos de
VALADARES FILHO et al. (2006), pode-se encontrar teores médios para diversas
cultivares avaliadas. A composição químico-bromatológica média foi 26,25 2,62 %
de MS, 5,1 % de MM, 6,66 1,61 % de PB, 4,0% de EE, 55,71 3,14 % de FDN,
32,63 7,20 % de FDA e a DIVMS foi de 53,89 3,17 %. Os resultados de MS, PB,
FDN, FDA e a DIVMS, obtidos com a cv. Volumax foram superiores.
A composição químico-bromatológica média da cana-forrageira fornecida,
picada, no cocho, sem adição de uréia, durante a estação seca, foi de 21,45 1,45
% de MS, 4,91 0,87 % de PB, 53,97 6,01 % de FDN, 32,73 3,24 % de FDA e a
DIVMS de 65,41 3,24 %. CARVALHO et al. (1993) encontraram teores de FDN
para a cultivar IAC 86-2480, na ordem de 44,18 % na base da MS e a DIVMS
variando entre 63,19 e 65,90 %. O teor médio de FDN, obtido no experimento, foi
superior ao encontrado pelos autores, já a DIVMS situou-se entre a variação
encontrada no trabalho mencionado. Por apresentar DIVMS acima de 60 %,
considera-se a cana-forrageira uma fonte de volumoso desejável, sendo excelente
alternativa de alimentação para as vacas, durante o período de estiagem.
A cana-forrageira fornecida diariamente, no cocho, com adição de uréia
pecuária, na forma granulada e espalhada sobre a cana, na proporção de 10 g para
cada 100 kg de peso vivo, durante o período experimental, apresentou teores
médios de 9,01 1,30 % de PB.
Na Tabela 42, pode-se observar a composição químico-bromatológica e a
digestibilidade in vitro da MS de amostras das sobras, no cocho, de silagem de
sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480, durante a estação seca.
Tabela 42 - Composição químico-bromatológica (% de MS) e digestibilidade in vitrode MS (%) de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480 (sobras), durante a estação seca
116
Média desvio-padrão
Componente Silagem de sorgo Cana-forrageira
Matéria seca (MS) 24,63 2,59 29,74 1,79
Matéria orgânica (MO) 94,21 1,31 95,51 1,03
Matéria mineral (MM) 5,79 1,31 4,49 1,03
Proteína bruta (PB) 30,91 4,12 18,36 1,92
Extrato etéreo (EE) 0,33 0,26 0,49 0,20
Fibra em detergente neutro (FDN) 66,85 3,06 63,54 4,72
Fibra em detergente ácido (FDA) 38,88 2,83 39,12 3,53
Nitrogênio insolúvel em deterg. neutro (NIDN) 0,39 0,06 0,36 0,03
Proteína insolúvel em deterg. neutro (PIDN) 2,44 0,36 2,23 0,22
Nitrogênio insolúvel em deterg. ácido (NIDA) 0,19 0,05 0,29 0,04
Proteína insolúvel em deterg. ácido (PIDA) 1,20 0,32 1,79 0,23
Digestibilidade in vitro (DIVMS) 56,32 2,89 63,27 4,01
O componente PB apresentou teores elevados, 30,91 4,12 e 18,36 1,92
%, respectivamente, para a silagem de sorgo e cana-forrageira. O aumento no teor
de PB das sobras da silagem de sorgo pode ser proveniente da concentração de
grãos presentes nas amostras associadas à presença de saliva dos animais. Nas
sobras de cana-forrageira, o aumento no teor de PB, é devido à presença de
grânulos de uréia, não dissolvidos, aliados à presença de saliva.
4.2.2.2 Fracionamento de proteínas
Na Tabela 43, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão (% de PB), das frações A + B1, B2, B3 e C dos compostos nitrogenados de
lâminas foliares e das hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a estação
seca.
117
Tabela 43 - Teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados das lâminas foliares e das hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a estação seca
Média desvio-padrão
Componente Lâmina foliar Hastes + bainhas
Fração A + B1 26,85 5,14 44,15 7,86
Fração B2 40,82 7,40 16,18 8,14
Fração B3 26,59 3,95 26,49 5,94
Fração C 5,74 0,81 13,18 3,04
Os resultados obtidos para as frações A + B1 e B3 das lâminas foliares do
capim-mombaça, foram inferiores aos encontrados por CLIPES (2003), superiores
para a fração B2 e semelhantes para a fração C. A autora encontrou, em amostras
de capim-mombaça, coletadas através da simulação manual do pastejo, 26,0; 5,3;
31,3; 32,4 e 5,1 % para as frações A, B1, B2, B3 e C, respectivamente.
Na Tabela 44, pode-se observar os teores médios, expressos em % de PB,
das frações A + B1, B2, B3 e C dos compostos nitrogenados de lâminas foliares da
aveia-preta, durante a estação seca.
Tabela 44 - Monitoramento dos teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados das lâminas foliares da aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta
Componente 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Fração A + B1 47,79 46,09 43,79
Fração B2 36,32 38,57 25,56
Fração B3 11,72 10,30 19,25
Fração C 4,17 5,04 11,39
118
Os resultados obtidos, para as frações dos compostos nitrogenados de
lâminas foliares, demonstraram que a aveia-preta é uma excelente fonte de
volumoso suplementar. Por apresentar altas proporções das frações solúveis (A, B1
e B2), durante o período experimental, a aveia-preta mostrou-se favorável ao
fornecimento na forma de pastejo em faixa, mesmo que a planta atingisse sua
maturidade, produzindo as inflorescências. Ao término do experimento, observou-se
diminuição nos teores das frações solúveis e aumento nos teores das frações de
menor solubilidade (B3) e insolúvel (C), período este, onde se constatou que as
plantas estavam iniciando o estado de senescência, observado através do
amarelecimento das plantas, diminuição dos teores de umidade e aumento do teor
de matéria seca (Tabelas 38, 39 e 40). O pastejo em faixa apresenta menores
custos de produção na instalação, quando comparado com o pastejo rotacionado, e
aliado à composição químico-bromatológica observada, pode ser uma alternativa de
utilização na suplementação alimentar, com acesso restrito e controlado, além de
liberar a área, para uso em outras atividades agrícolas, durante a estação chuvosa.
Na Tabela 45, pode-se observar os teores médios, expressos em % de PB,
das frações A + B1, B2, B3 e C dos compostos nitrogenados de hastes + bainhas da
aveia-preta, durante a estação seca.
Tabela 45 - Monitoramento dos teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados de hastes + bainhas da aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta
Componente 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Fração A + B1 59,28 60,61 61,63
Fração B2 24,83 29,43 18,10
Fração B3 12,16 6,00 11,11
Fração C 3,73 3,96 9,16
Considerando, que os animais, no momento do pastejo, através do bocado,
fazem a colheita da forrageira (aveia-preta), com hastes + bainhas, torna-se
imprescindível, avaliar os teores das frações de compostos nitrogenados, para este
119
componente. De acordo, com os resultados obtidos na Tabela 45, pode-se observar
que o mesmo comportamento ocorrido para as lâminas foliares se aplica as hastes +
bainhas, apresentando este componente, grande quantidade de frações solúveis,
fornecendo um excelente aporte de proteína para os animais.
Na Tabela 46, pode-se observar os teores médios, expressos em % de PB,
das frações A + B1, B2, B3 e C dos compostos nitrogenados de inflorescências da
aveia-preta, durante a estação seca.
Tabela 46 - Monitoramento dos teores, em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados de inflorescências da aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta
Componente 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Fração A + B1 61,28 56,97 57,24
Fração B2 30,01 35,06 34,22
Fração B3 6,11 5,57 4,71
Fração C 2,61 2,40 3,83
Outra estrutura da aveia-preta, que é ingerida pelos animais, pelo ato do
bocado, é a inflorescência. Este componente apresentou elevados teores das
frações solúveis, durante o período experimental, demonstrando ser de grande
interesse na alimentação dos ruminantes, pelo aporte protéico fornecido.
VASQUEZ et al. (2006) avaliaram a aveia-preta, sob corte e pastejo, em três
épocas de plantio (abril, maio e junho), na região Norte Fluminense. Os autores
observaram, que a aveia-preta semeada em junho, produziu proteína de alta
qualidade, pois apresentou maior proporção das frações solúveis. No experimento, o
plantio foi realizado no mês de abril e mostrou-se favorável, uma vez que as
condições climáticas (Tabelas 04 e 05) da região, favoreceram o crescimento e
desenvolvimento da forrageira.
Na Tabela 47, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão, expressos em % de PB, das frações A + B1, B2, B3 e C dos compostos
120
nitrogenados de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480, durante a estação
seca.
Tabela 47 - Teores médios e desvios padrão (% de PB), das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados de silagem de sorgo e cana-forrageira IAC 86-2480, durante a estação seca
Média desvio-padrão
Componente Silagem de sorgo Cana-forrageira
Fração A + B1 44,74 12,14 45,21 7,15
Fração B2 24,84 14,18 26,67 6,23
Fração B3 13,56 5,98 19,50 6,47
Fração C 16,86 2,86 8,63 2,05
Para as forrageiras (sorgo e cana-de-açúcar) utilizadas como suplementação
alimentar, observa-se que os teores das frações solúveis (A, B1 e B2) dos compostos
nitrogenados foram menores, quando comparados com a aveia-preta. Para as
frações de menor solubilidade (B3) e insolúvel (C) os teores observados foram mais
elevados. Este comportamento permite dizer que, o aporte protéico para os animais
alimentados com estas fontes foi pequeno, uma vez que estas apresentaram baixos
teores de PB (Tabela 41). O baixo aporte protéico, tanto na composição químico-
bromatológica, quanto na solubilidade das frações, influencia na produção leiteira
das vacas.
4.2.2.3 Fracionamento de carboidratos
Na Tabela 48, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão, expressos em % de MS, da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas,
da celulose, da hemicelulose, da lignina, do carboidrato total e das frações A + B1, B2
e C dos carboidratos, presentes nas lâminas foliares e nas hastes + bainhas do
capim-mombaça, durante a estação seca.
121
Tabela 48 - Teores médios e respectivos desvios padrão (% de MS) da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT), do carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos de lâminas foliares e de hastes + bainhas do capim-mombaça, durante a estação seca
Média desvio-padrão
Componente Lâmina foliar Hastes + bainhas
FDNc 64,29 6,78 75,19 5,41
CEL 31,44 1,97 36,52 10,72
HEMICEL 26,52 2,89 26,76 2,62
LIG 3,75 0,67 10,27 8,59
CHOT 75,88 1,34 83,91 1,83
CNF (Fração A + B1) 12,56 3,20 9,31 3,16
Fração B2 52,79 3,06 56,93 2,67
Fração C 9,01 1,62 16,18 1,74
Os teores médios obtidos, nas lâminas foliares e nas hastes + bainhas,
apresentaram o mesmo comportamento das amostras coletadas, durante a estação
chuvosa, e corroboram com as informações de MERTENS (1992), de que hastes
apresentam maiores teores de carboidratos fibrosos e, lâminas foliares, maiores
teores de carboidratos não fibrosos.
Na Tabela 49, pode-se observar os teores, expressos em % de MS, da fibra
em detergente neutro corrigida para cinzas, da celulose, da hemicelulose, da lignina,
do carboidrato total e das frações A + B1, B2 e C dos carboidratos presentes nas
lâminas foliares, hastes + bainhas e inflorescências da aveia-preta, durante a
estação seca.
122
Tabela 49 - Monitoramento dos teores (% de MS), da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT) e do carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos de lâminas foliares, das hastes + bainhas e das inflorescências da aveia-preta, durante a estação seca (início, meio e término do experimento)
Data de coleta 07/06/05 07/07/05 18/08/05
Componente Lâminas foliares
FDNc 39,14 47,07 61,68
CEL 21,98 21,26 32,32
HEMICEL 15,70 20,52 23,89
LIG 4,95 4,81 5,58
CHOT 64,77 63,46 81,63
CNF (Fração A + B1) 20,73 14,28 19,61
Fração B2 27,25 35,52 48,30
Fração C 11,89 11,55 13,38
Componente Hastes + bainhas
FDNc 67,48 68,31 70,83
CEL 34,36 36,00 41,94
HEMICEL 26,44 26,00 25,20
LIG 5,24 7,98 7,08
CHOT 82,26 81,14 85,63
CNF (Fração A + B1) 14,63 11,22 13,26
Fração B2 54,90 49,15 53,84
Fração C 12,58 19,16 16,99
Componente Inflorescência
FDNc 53,26 35,01 33,05
CEL 22,80 14,07 16,58
HEMICEL 27,29 17,21 14,37
LIG 3,80 3,18 4,21
CHOT 78,57 76,28 80,83
CNF (Fração A + B1) 24,22 41,14 47,01
Fração B2 44,15 27,37 22,95
Fração C 9,11 7,64 10,10
123
Observa-se comportamento crescente nos teores de celulose das lâminas
foliares e das hastes + bainhas. Este fato explica-se pelo aumento da idade da
planta, no decorrer do experimento. Para hemicelulose, os teores obtidos
apresentaram comportamentos crescentes nas lâminas foliares e decrescentes nas
hastes + bainhas, enquanto que para lignina os teores foram maiores ao término do
experimento, em ambas estruturas da forrageira.
Os teores obtidos, para os carboidratos fibrosos da aveia-preta, podem ser
explicados pelos fatores fisiológicos de crescimento e senescência das plantas, pois
à medida que se avança na idade fisiológica e atinge a maturidade, observa-se o
aumento, nos teores dos carboidratos estruturais (fibrosos) das lâminas foliares,
devido à morte das folhas. Nas hastes + bainhas, os teores de lignina apresentam
comportamento crescente, por ser um importante componente responsável pela
sustentação da planta.
Nas inflorescências, observou-se decréscimo nos teores de celulose e
hemicelulose de lâminas foliares e hastes + bainhas, uma vez que, ao produzir os
grãos, tem-se o aumento nos teores dos carboidratos não fibrosos e diminuição nos
teores de carboidratos fibrosos.
Os resultados obtidos para as frações A + B1 dos carboidratos, demonstram
que a aveia-preta é uma fonte de alimentação volumosa, que fornece um aporte de
carboidratos não fibrosos de rápida degradação no rúmen, favorecendo os
processos de ruminação e digestão, e ainda, os teores obtidos para a fração B2
permitem dizer que a aveia-preta é uma excelente fonte de fibra, disponível aos
ruminantes, durante a estação seca, suprindo prováveis deficiências oriundas de
pastagens tropicais.
Na Tabela 50, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão, expressos em % de MS, da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas,
da celulose, da hemicelulose, da lignina, do carboidrato total e das frações A + B1, B2
e C dos carboidratos presentes na silagem de sorgo e na cana-forrageira IAC 86-
2480, durante a estação seca.
124
Tabela 50 - Teores médios e desvios padrão (% de MS), da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT) e do carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das frações B2, e C da silagem de sorgo e da cana-forrageira IAC 86-2480, durante a estação seca
Média desvio-padrão
Componente Silagem de sorgo Cana-forrageira
FDNc 62,64 6,84 54,65 1,38
CEL 30,13 4,36 24,12 6,01
HEMICEL 23,92 3,24 21,24 3,35
LIG 8,12 0,96 6,03 0,46
CHOT 84,04 2,69 88,76 1,66
CNF (Fração A + B1) 19,57 5,19 32,32 2,47
Fração B2 43,15 5,58 40,18 1,89
Fração C 19,48 2,29 14,46 1,10
Os teores obtidos de celulose, hemicelulose e lignina para a silagem de
sorgo, foram superiores aos teores publicados por VALADARES FILHO et al. (2006),
que relataram, teores médios de 28,30 3,70; 21,73 7,36 e 6,93 1,60 %,
respectivamente, para celulose, hemicelulose e lignina, para variedades de sorgo
forrageiro, utilizados na produção de silagem. Na determinação das frações de
carboidratos da silagem de sorgo, observa-se um bom aporte de fibra, na dieta dos
ruminantes. Os valores obtidos demonstraram que o sorgo, colhido para a produção
de silagem, tornou-se uma boa fonte de alimento, para ser fornecido aos ruminantes,
durante a estação seca.
Os teores obtidos de celulose e hemicelulose, nas amostras de cana-
forrageira IAC 86-2480, assemelham-se aos encontrados por MELO (2004), que
encontraram 23,24 e 17,22 %, respectivamente. Para lignina, o teor obtido foi
superior ao encontrado pelo autor, atribuindo esta diferença à altura e idade da
planta amostrada para análise. O fracionamento de carboidratos, obtido na cana-
forrageira, demonstrou que esta fonte forneceu um bom aporte de carboidratos e
fibra na dieta das vacas.
125
Diante dos resultados obtidos, ressalta-se que a escolha, por qual fonte de
alimentação volumosa adotar, estará condicionada a avaliação de vários fatores
como: mão-de-obra disponível, capital, infra-estrutura e principalmente, aos custos
de produção, envolvidos na produção de cada suplementação.
4.2.3 Características qualitativas da alimentação concentrada
4.2.3.1 Composição químico-bromatológica
Na Tabela 51, pode-se observar os teores médios e os respectivos desvios
padrão da composição químico-bromatológica da alimentação concentrada
fornecida, durante a estação seca.
Tabela 51 - Composição químico-bromatológica (% de MS) da alimentação concentrada fornecida, durante a estação seca
Componente Média desvio-padrão
Matéria seca (MS) 86,89 0,52
Matéria orgânica (MO) 91,30 0,72
Matéria mineral (MM) 8,70 0,72
Proteína bruta (PB) 21,35 2,21
Extrato etéreo (EE) 2,71 0,58
Fibra em detergente neutro (FDN) 42,87 5,22
Fibra em detergente ácido (FDA) 26,51 3,48
Nitrogênio insolúvel (NIDN) 0,43 0,07
Proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) 2,67 0,46
Nitrogênio insolúvel (NIDA) 0,13 0,03
Proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) 0,81 0,22
O resultado da composição químico-bromatológica da alimentação
concentrada fornecida, durante a estação seca demonstrou que os teores estavam
126
de acordo com a formulação predita e atenderam aos níveis recomendados pelo
NRC (2001), fato este também observado durante a estação chuvosa.
4.2.3.2 Fracionamento de proteínas e carboidratos
Os teores médios e os respectivos desvios padrão das frações A + B1, B2, B3
e C das proteínas e das frações A + B1, B2, e C dos carboidratos presentes na
alimentação concentrada fornecida, durante a estação seca, são representados na
Tabela 52.
Tabela 52 - Teores médios e desvios padrão (% de PB) das frações A + B1, B2, B3 e C de compostos nitrogenados e teores médios e desvios padrão (% de MS) da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas (FDNc), da celulose (CEL), da hemicelulose (HEMICEL), da lignina (LIG), do carboidrato total (CHOT), do carboidrato não fibroso (CNF - frações A + B1) e das frações B2, e C dos carboidratos da alimentação concentrada fornecida, durante a estação seca
Fracionamento dos compostos nitrogenados
Componente Média desvio-padrão
Fração A + B1 52,03 1,58
Fração B2 35,29 3,77
Fração B3 8,80 3,06
Fração C 3,87 1,14
Fracionamento dos carboidratos
Componente Média desvio-padrão
FDNc 42,58 4,99
CEL 23,48 3,64
HEMICEL 16,36 2,41
LIG 4,03 0,27
CHOT 67,23 2,58
CNF (Fração A + B1) 24,36 4,72
Fração B2 32,90 4,87
Fração C 9,68 0,66
127
No fracionamento dos compostos nitrogenados da ração concentrada
fornecida, durante a estação seca, observou-se o mesmo comportamento obtido na
estação chuvosa. A ração concentrada forneceu aporte protéico para os animais, na
quantidade fornecida, devido apresentar bons teores das frações solúveis. Ressalta-
se que o limitante na alimentação concentrada foi à quantidade fornecida e não a
qualidade do alimento, pois com o aumento da quantidade, maior produção de leite
poderia ser observada, com reflexos no aumento da produção individual e por área.
Os resultados obtidos para as frações dos compostos nitrogenados
assemelham-se aos valores obtidos por MALAFAIA & VIEIRA (1997), quando
analisaram o farelo de trigo. Os autores encontraram 32,04; 17,59; 35,66; 11,73 e
2,97 %, respectivamente, para as frações A, B1, B2, B3 e C. A tendência de
similaridade entre os valores obtidos no concentrado fornecido com os valores
obtidos pelos autores, para o farelo de trigo, pode ser explicada pela maior
participação das fontes energéticas na composição do concentrado (Tabela 04A).
4.2.4 Avaliação do desempenho produtivo
4.2.4.1 Peso vivo, escore de condição corporal, ganho médio, taxa de
lotação e carga animal
Os índices de desempenho produtivo de vacas leiteiras do ecótipo
Mantiqueira manejadas em pastagens de capim-mombaça, recebendo diferentes
fontes de suplementação volumosa, durante a estação seca, são apresentados na
Tabela 53.
Tabela 53 - Peso vivo aos 15 dias antes da parição (PV-15d, kg), peso vivo aos 10 dias após a parição (PV+10d, kg), peso vivo aos 150 dias após a parição (PV+150d, kg) e seus respectivos escore de condição corporal (ECC-15d, ECC+10d e ECC+150d, escala de 1 a 5), ganho diário por área (GDA, kg/ha/dia), ganho total por área (GTA, kg/ha), ganho médio diário (GMD, kg/dia), taxa de lotação média (TLM, animais/ha), taxa de lotação instantânea (TLI, animais/ha), carga animal média (CAM, U.A./ha), carga animal instantânea (CAI, U.A./ha) de vacas leiteiras em pastagem de capim-mombaça, recebendo diferentes fontes de suplementação volumosa, durante a estação seca
128
Média desvio padrão
Variável Aveia-preta Cana-forrageira Silagem de sorgo
PV-15d 488 42 490 32 529 40
ECC-15d 3,2 0,2 3,4 0,4 3,5 0,2
PV+10d 422 44 420 28 468 39
ECC+10d 3,0 0,5 2,9 0,6 3,4 0,5
PV+150d 432 33 439 29 496 21
ECC+150d 3,0 0,5 3,0 0,5 3,3 0,5
GTA 14 b 41 a 38 a
GDA 0,228 b 1,432 a 0,444 b
GMD 0,236 b 0,769 a 0,267 b
TLM 0,96 1,86 1,67
TLI 18,31 35,35 31,67
CAM 0,97 1,91 1,70
CAI 18,47 36,30 32,21
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas entre os sistemas de produção são estatisticamente iguais pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade
As médias do ECC, aos 15 dias antes da parição prevista (ECC-15d),
situaram-se entre a faixa de variação de 3,0 e 4,0 (escala de 1,0 a 5,0),
recomendada por TEIXEIRA (1997). Nesta fase, as vacas de leite devem apresentar
ECC médio de 3,5. Por se tratar de animais do ecótipo Mantiqueira, caracterizado
pela boa adaptação e rusticidade aos trópicos, pode-se concluir que as vacas, no
momento do parto, apresentaram uma condição de parição satisfatória. Após a
parição, as vacas apresentaram ECC médio acima de 2,5, sendo este, o
recomendado pelo autor. Com 150 dias de parição, próximos a metade da lactação,
observou-se que o ECC médio das vacas, esteve entre 3,0 e 3,3, sendo desejável o
ECC de 3,0.
Houve diferença estatística (P>0,05) para GMD, GDA e GTA entre os
tratamentos. O maior resultado de GMD, observado para o tratamento com cana-
forrageira, pode ser atribuído, à maior densidade da cana, pois na avaliação do
ganho de peso, não se realizou jejum prévio, sendo a pesagem realizada, após a
ordenha da tarde. Devido a isso, o peso da forragem consumida, foi considerado no
ganho de peso. Nesta situação, o GMD proporcionado pela cana-forrageira pode
129
estar superestimado, refletindo também no GDA e no GTA. No ganho total por área
(GTA), o menor resultado obtido, para o sistema que utiliza aveia-preta, é decorrente
da maior demanda por áreas para implantação do sistema, refletindo em menores
índices, quando comparado, aos demais sistemas avaliados.
O ganho médio diário (GMD) observado, do momento da parição até 150
dias de lactação, para as vacas experimentais, pode ser considerado satisfatório.
Pela condição corporal observada, associada ao GMD, durante o período
experimental, pode-se dizer que as vacas leiteiras, não mobilizaram reservas
corporais para a produção de leite. Este fato, também foi constatado por DERESZ
(2001b), quando avaliou a produção de leite de vacas mestiças holandês-zebu,
durante a estação chuvosa, recebendo concentrado na quantidade de 2 kg/vaca/dia
e não suplementadas com concentrado. Segundo o NRC (2001), vacas leiteiras no
pós-parto, apresentam queda no ganho de peso corporal, no primeiro terço da
lactação, devido a mobilização de reservas corporais, para a produção de leite.
O GMD do sistema que utilizou aveia-preta foi inferior ao GMD observado no
trabalho de RODRIGUES & GODOY (2000), que observaram ganho médio de 0,530
kg/vaca/dia. A superioridade no desempenho produtivo, pode estar relacionada a
alimentação fornecida as vacas, que receberam 10 kg de silagem de milho, no
cocho, mais 5 kg de concentrado e, tiveram acesso restringido a 3 horas, à
pastagem de aveia-preta.
Considerando, o peso vivo aos 150 dias pós-parto e o ganho médio diário
das vacas, acredita-se que estas atingiriam o peso vivo final na parição seguinte,
próximo ao peso vivo apresentado, no momento da parição anterior. A
suplementação volumosa fornecida, aliada ao pastejo de capim-mombaça mais o
fornecimento de 1 kg/vaca/dia de concentrado, durante o período da seca,
propiciaram desempenhos produtivos considerados satisfatórios para vacas em
lactação do ecótipo Mantiqueira. O estado nutricional das vacas leiteiras pode ser
considerado bom, uma vez que, ao analisar os resultados obtidos da composição
químico-bromatológica dos alimentos, conclui-se que os animais receberam
alimentos de boa qualidade. A alimentação fornecida para vacas em lactação,
quando disponibilizada em quantidades suficientes a atender a ingestão diária de
matéria seca e com valor nutricional compatível com suas exigências de mantença e
produção, pode sem dúvida, diminuir os efeitos do balanço energético negativo, que
130
segundo CARVALHO (2004), é comum a ocorrência em vacas leiteiras no pós-parto,
prejudicando, principalmente, a atividade reprodutiva.
Por se tratar de vacas leiteiras em estádio inicial de lactação, não houve
jejum-prévio dos animais, antes da pesagem. Este fato, associado ao pequeno
período de pesagem, pode ter superestimado os resultados para o GMD, pois foi
considerado o peso da forragem consumida.
Na região do Vale do Paraíba, é de extrema importância o fornecimento de
suplementação volumosa, durante a estação seca, devido às condições edafo-
climáticas serem desfavoráveis ao crescimento e desenvolvimento de forrageiras
tropicais. O fornecimento de suplementação volumosa pode manter os índices de
produtividade do rebanho. Cabe ao produtor, avaliar as fontes de suplementação
disponíveis e os custos envolvidos na aquisição e produção destas, optando por
aquela que apresentar os melhores benefícios zootécnicos e econômicos.
A taxa de lotação média foi obtida, considerando, a área da pastagem de
capim-mombaça mais a área necessária para a produção da suplementação
volumosa. Durante a estação seca, em sistemas de produção para bovinos,
exclusivamente em pastagem tropical, com baixo nível de arraçoamento com
concentrados, a taxa de lotação é baixa. Neste período, a pastagem apresenta baixa
produção de massa de forragem, devido às condições edafo-climáticas
desfavoráveis e a forrageira não responder à adubação. No sistema de produção
que utiliza pastagem de aveia-preta, a TLM foi inferior a obtida por SOUZA et al.
(1990), que encontraram 2,0 vacas/ha.
4.2.4.2 Produção leiteira e qualidade do leite
Os resultados de produção de leite, de vacas do ecótipo Mantiqueira
manejadas em pastagem de capim-mombaça, com o fornecimento de diferentes
fontes de suplementação volumosa, durante a estação seca, são apresentados na
Tabela 54.
131
Tabela 54 - Produção de leite média diária (PLMD, kg/vaca/dia), produção de leite média diária corrigida a 4% de gordura (PLMD 4 %, kg/vaca/dia), produção de leite por área por dia (PLAD, kg/ha), produção de leite média diária por lactação (PLMDL-305d, kg/vaca) e a produção de leite total por lactação (PLTL-305d, kg/vaca), de vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira, segundo o sistema de produção, durante a estação seca
Variável Aveia-preta Cana-forrageira Silagem de sorgo
PLMD* 13,9 2,9 a 11,3 1,8 b 11,8 2,2 b
PLMD 4 %* 10,6 2,7 9,8 2,2 10,0 1,9
PLAD 13,5 b 21,6 a 20,1 a
PLMDL-305d 13,8 12,8 12,4
PLTL-305d 4.199,8 3.908,5 3.774,0
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas entre os sistemas de produção são estatisticamente iguais pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidadeSegundo o NRC (1989), o cálculo de PLMD (4 %) = [(0,4 * PLMD) + 15 * (G % / 100) * PLMD]*Média e desvio padrão
Foi observada diferença (P<0,05), para a produção de leite média diária
(PLMD). Os valores de PLMD obtidos no sistema que utilizou a aveia-preta como
fonte suplementar de volumosos foi superior aos valores observados nos demais
sistemas. As médias de produção de leite das vacas refletem o potencial de
produção do ecótipo Mantiqueira e o valor nutritivo das suplementações volumosas,
visto que todas as vacas tiveram acesso à pastagem de capim-mombaça e
receberam a mesma ração concentrada, diferenciando somente a suplementação
volumosa. A maior produção individual das vacas no sistema que utilizou a aveia-
preta está relacionada, principalmente, à quantidade e qualidade do alimento
consumido na pastagem, pois se observou superioridade na composição químico-
bromatológica e na digestibilidade in vitro da MS da aveia-preta, em comparação às
demais fontes de volumosos.
A PLMD das vacas, que tiveram acesso ao sistema que utilizou aveia-preta,
foi inferior à observada por RODRIGUES & GODOY (2000). Esta menor produção
está relacionada à quantidade e à qualidade dos alimentos fornecidos, pois no
trabalho dos autores, foram fornecidos silagem de milho (10 kg/animal/dia) e
concentrado (5 kg/animal/dia). Em contrapartida, a PLMD foi superior aos 11,65
kg/vaca/dia obtidos por SOUZA et al. (1990). No sistema, que utilizou cana-
forrageira como suplementação volumosa, as vacas apresentaram PLMD superior à
132
produção de 8,9 kg/vaca/dia, obtida por LANDELL et al. (2002), que avaliaram o
potencial de produção de vacas holandesas em pastagem de capim-elefante,
recebendo 2 kg de concentrado/dia.
Foi observada diferença (P<0,05), para a produção de leite média por área
(PLAD). Os valores de PLAD obtidos no sistema que utilizou pastagem de aveia-
preta como fonte suplementar, foi inferior aos valores observados nos demais
sistemas, devido à necessidade de utilização de maior área, para a implantação da
pastagem.
A produção de leite total estimada, durante a lactação (305 dias), foi superior
à registrada na Nova Zelândia, por BUXTON & FRICK (1976). Naquele país, as
pastagens cultivadas são exploradas intensivamente. Nos sistemas avaliados, o
nível de fertilizantes aplicados, na manutenção da pastagem, pode ser considerado
baixo e o aumento nos níveis de adubação pode proporcionar um incremento na
produção forrageira e na qualidade do material, refletindo em melhorias nos índices
de produção. A produção total estimada esteve acima da média nacional, publicada
pela EMBRAPA-CNPGL (2003), que foi de 1.154 kg/vaca/ano. Porém, ressalta-se
que os dados de produção total por lactação, foram estimados com base na
produção de leite observada no terço inicial da lactação, sendo eminente a
dificuldade de manter dentro da propriedade a produção de massa de forragem e a
qualidade do volumoso fornecido aos animais, por toda a estação seca.
Na análise do sistema de produção, deve-se não só considerar os índices
zootécnicos obtidos e os resultados econômicos, mas também a exploração racional
da terra, pois esta, pode apresentar um alto valor de exploração, quando utilizada
para outras atividades.
O estado de saúde da glândula mamária, avaliado através da contagem de
células somáticas (CCS, x1000) e a qualidade do leite produzido (gordura, proteína,
lactose e sólidos totais), de vacas do ecótipo Mantiqueira, manejadas em pastagem
de capim-mombaça, utilizando diferentes fontes de suplementação volumosa,
durante a estação seca, são representados na Tabela 55.
133
Tabela 55 - Relação entre o número de vacas e a contagem de células somáticas (CCS, x 1000), teor de gordura (%), teor de proteína (%), teor de lactose (%) e teor de sólidos totais (%), de vacas leiteiras do ecótipo Mantiqueira, de acordo com o sistema de alimentação, durante a estação seca
CCS (x 1.000) Quantidade de vacas
0 a 17 0
18 a 34 0
35 a 68 5
69 a 136 5
137 a 273 5
274 a 546 3
547 a 1.092 3
1.093 a 2.165 2
2.186 a 4.371 1
4.372 ou mais 0
Total de vacas 24
Aveia-preta Cana-forrageira Silagem de sorgo
Composição Média desvio padrão
Gordura 2,91 0,54 a 3,09 0,68 a 3,00 0,62 a
Proteína 2,78 0,36 a 2,74 0,22 a 2,69 0,27 a
Lactose 4,31 0,46 a 4,36 0,32 a 4,43 0,26 a
Sólidos totais 10,94 0,59 a 11,12 0,84 a 11,05 0,99 a
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas entre os sistemas de produção são estatisticamente iguais pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade
Conforme discutido, durante o período chuvoso, sobre os prejuízos
causados a produção diária de leite, devido o estado de saúde da glândula mamária
não se apresentar normal, o mesmo foi observado, durante a estação seca. O
mesmo pode ocorrer com a composição do leite, que pode ser afetada por diversos
fatores, inclusive a nutrição. A realização de análises laboratoriais do leite permitiu
avaliar o estado de saúde da glândula mamária e a qualidade do leite produzido. Do
total de 24 vacas leiteiras avaliadas, durante a estação seca, observou-se que 19
vacas foram classificadas acima do escore linear (EL) 2, ou seja, a contagem de
134
células somáticas, esteve acima de 68.000, limite máximo recomendado para indicar
como saudável, o estado de saúde da glândula mamária, sem que haja perdas na
produção de leite. Baseado nas recomendações da CLÍNICA DO LEITE (2005),
calculou-se a perda diária de leite ocorrida, sendo estimadas perdas diárias de 35,4
kg de leite, ou 1,9 kg/vaca/dia.
Não houve influência dos tratamentos nas variáveis da composição química
do leite. Os teores médios obtidos de gordura, proteína, lactose e sólidos totais, não
apresentaram diferenças significativas (P>0,05), entre os tratamentos (Tabela 55).
Apesar do valor nutritivo observado, nas fontes de suplementação volumosa, ser
numericamente diferente, estas não proporcionaram diferenças estatísticas, na
composição química do leite. Segundo BACHMAN (1992), para que sejam
observadas diferenças entre os teores de proteína do leite, são necessários
aumentos mínimos, da ordem de quase 100 %, nos valores de proteína bruta do
alimento consumido. CARVALHO et al. (2005), observaram diferenças nos teores de
gordura e sólidos totais do leite produzido por vacas holandesas, manejadas em
pastagem de capim-elefante, em dois intervalos de desfolha (24 e 30 dias) e duas
alturas de resíduo pós-pastejo (50 e 100 cm), sendo observados maiores valores
para 24 dias. Segundo os autores, nos componentes proteína e lactose, não foram
observadas diferenças nos teores da composição química.
4.2.5 Avaliação do desempenho reprodutivo
4.2.5.1 Sincronização da ovulação
Na Tabela 56, são apresentados os números de vacas vazias, com prenhez
confirmada por cobertura e a taxa de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira,
manejadas em pastagem de capim-mombaça, recebendo diferentes fontes de
suplementação volumosa, durante a estação seca, submetidas a diferentes
protocolos de sincronização da ovulação.
Tabela 56 - Número de vaca vazia, de vaca prenhe por cobertura, total de vacas vazias, total de vacas prenhe, total de vacas sincronizadas e taxa de prenhez de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas à diferentes protocolos de sincronização da ovulação, durante a estação seca
135
Protocolos de sincronização
Vacas CIDR® CIDR® + eCG
Vazia 4 2
Prenhez confirmada (1ª cobertura) 4 2
Prenhez confirmada (2ª cobertura) 3 5
Prenhez confirmada (3ª cobertura) 0 1
Total de vacas vazias** 4 (36,4 %) 2 (20,0 %)
Total de vacas prenhe** 7 (63,6 %) 8 (80,0 %)
Total de vacas sincronizadas** 11 (100,0 %) 10 (100,0 %)
*Taxa de prenhez (%) 63,6 % 70,0 %
* Considerando prenhez confirmada na 1ª e 2ª coberturas** Porcentagem referente ao total de vacas sincronizadas (entre parênteses)
Do total de 24 vacas experimentais, 21 destas foram submetidas a
sincronização da ovulação para inseminação artificial em tempo fixo (IATF),
utilizando dispositivo intravaginal, durante a estação seca. O restante, três vacas
leiteiras, não foi submetido ao procedimento, por não apresentarem condições
fisiológicas e reprodutivas adequadas para a aplicação desta biotecnologia. Das
vacas leiteiras, submetidas à sincronização da ovulação, 58,3 % apresentou após
diagnóstico de palpação retal, prenhez positiva, e o restante, 41,7 % foram
classificadas como vazias, considerando 1ª, 2ª e 3ª coberturas, realizadas após a
aplicação da biotecnologia.
A determinação da taxa de prenhez das vacas sincronizadas, foi feita
considerando a 1ª e 2ª coberturas, sendo obtida 63,6 e 70,0 %, respectivamente
para o tratamento com CIDR® e CIDR® + eCG. Os resultados encontrados foram
superiores aos obtidos por COLAZO et al. (1999), que atingiram 54,1 % de prenhez,
em novilhas cruzadas Bos indicus que tiveram a inserção do CIDR®, por um período
de 8 dias, associado à administração de benzoato de estradiol, via intramuscular,
condições estas, semelhantes à utilizada no experimento.
As vacas leiteiras apresentam um longo período de anestro pós-parto,
quando a dieta consumida é de baixa qualidade, além do efeito da amamentação. O
uso do eCG ao protocolo de sincronização, promoveu uma maior taxa de prenhez,
quando comparado, ao grupo controle. Estes dados corroboram com a afirmativa de
ROCHE et al. (1992), que uma alternativa para aumentar as taxas de prenhez em
136
programas de IATF de bovinos em anestro, é a utilização de eCG no momento da
retirada do dispositivo intravaginal e com os comentários de CUTAIA et al. (2003),
que diz sobre a utilização do eCG, poder aumentar a taxa de prenhez de vacas em
anestro pós-parto ou em vacas com baixo escore de condição corporal.
A utilização do CIDR® + eCG, elevou a taxa de prenhez quando aplicado
entre o 60º e 100º dia de parição comparado a grupo que recebeu o protocolo com
CIDR® somente. Este fato proporciona o aumento na taxa de prenhez de vacas
leiteiras que poderiam estar em anestro no pós-parto, conseqüentemente aumenta o
número de vacas prenhes na linha de produção de leite, melhorando a rentabilidade
do sistema de produção.
4.2.5.2 Intervalo de partos
Na Tabela 57, são apresentados os números de vacas, de acordo com o
intervalo de partos, total de vacas prenhe, total de vacas vazias, total de vacas
sincronizadas, manejadas em pastagem de capim-mombaça, recebendo diferentes
fontes de suplementação volumosa, durante a estação seca.
Tabela 57 - Intervalo de partos (IDP) de vacas do ecótipo Mantiqueira, submetidas à sincronização da ovulação, durante a estação seca
Intervalo de partos (IDP) Total de vacas
11 a 12 meses 0
12 a 13 meses 2
13 a 14 meses 3
14 a 15 meses 4
15 a 16 meses 4
16 a 17 meses 2
Total de vacas prenhe* 15 (71,4 %)
Total de vacas vazias* 6 (28,6 %)
Total de vacas sincronizadas* 21 (100,0 %)
* Porcentagem referente ao total de vacas sincronizadas (entre parênteses)
137
Do total de 21 (100,0 %) vacas sincronizadas, 15 (71,4 %) destas
apresentaram prenhez positiva. Do total de vaca prenhe, 5 (33,3 %) apresentaram
prenhez confirmada e alcançaram um intervalo de partos entre 11 e 14 meses. Os
resultados encontrados demonstraram que a utilização da sincronização da
ovulação para IATF reduziu o intervalo de partos de vacas leiteiras sincronizadas,
entre o 60º e 100º dia pós-parto, porém, durante a estação seca, observou um
número maior de repetição de cios, diminuindo assim a porcentagem de vacas
prenhe entre 11 e 14 meses. Com a repetição maior do número de cios, montas
controladas podem ter sido perdidas, contribuindo assim para o aumento do intervalo
de partos.
O uso da IATF, a partir da aplicação de protocolos que utilizam CIDR®,
proporciona a redução do intervalo de partos de vacas do ecótipo Mantiqueira. Este
fato aumenta o número de vacas em lactação, reduz a quantidade de vacas vazias
e, conseqüentemente, aumenta a receita advinda do leite produzido, com redução
dos custos de produção do sistema.
4.3 Análise financeira
4.3.1 Indicadores econômicos
4.3.1.1 Valor Presente Líquido
A Tabela 58 apresenta os resultados obtidos, para o valor presente líquido
(VPL) em cada sistema de produção, calculados a diferentes taxas de desconto.
Tabela 58 - Valor presente líquido, em reais (R$), dos sistemas de produção, para as taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano
Sistema de produção
Taxa de desconto (%) Aveia-preta Cana-forrageira Silagem de sorgo
6 R$ 132.509,84 R$ 63.446,07 R$ 48.439,97
8 R$ 79.387,12 R$ 23.938,52 R$ 8.179,75
10 R$ 35.323,80 - R$ 8.791,35 - R$ 25.098,63
12 - R$ 1.458,11 - R$ 36.074,49 - R$ 52.776,42
138
Os três sistemas de produção analisados apresentaram VPL positivo, sendo
viáveis economicamente, quando submetidos, à taxa de desconto de 6 % ao ano.
Considerando, a caderneta de poupança, a principal aplicação financeira disponível
no mercado, a adoção de qualquer um dos sistemas, torna-se vantajoso como
aplicação do capital no longo prazo, relativamente à poupança.
Segundo DANTAS (1996), o sistema que apresentar VPL maior que zero,
terá seus custos de implantação e manutenção cobertos, e ainda, quanto maior for o
VPL apresentado, maior a atratividade do sistema. Diante disto, ao analisar o VPL
obtido, em cada sistema submetido a diferentes taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12
% ao ano, observa-se que o sistema de produção, que utilizou aveia-preta como
fonte de suplementação volumosa, foi o mais atrativo, pois apresentou VPL positivo,
à taxa de desconto de 10 % ao ano. Os demais sistemas, que utilizam cana-
forrageira ou silagem de sorgo, apresentaram VPL positivo, somente a taxa de
desconto de 8 % ao ano.
Na situação, em que o sistema de produção, apresentar VPL negativo, deve-
se analisar a taxa de desconto aplicada e comparar com as taxas de rendimentos
obtidas em outras aplicações financeiras, disponíveis no mercado. Nesta situação, o
produtor rural, não conseguirá cobrir os custos de implantação e manutenção, ao
longo dos anos, gerando descapitalização do mesmo, se continuar adotando o
sistema.
Atualmente, observa-se que os trabalhos conduzidos, na área de sistemas
de produção apresentam informações econômicas, colaborando de maneira
adicional, para o entendimento de mudanças e inovações tecnológicas propostas, e
se essas são viáveis ou não financeiramente.
Os produtores rurais, nos dias de hoje, não podem sofrer nenhum tipo de
perda econômica, pois as atividades desenvolvidas no meio rural, vêm sendo
conduzidas no limite de sua rentabilidade, o que os leva a grandes perdas
econômicas, em caso da adoção ou mudança para uma tecnologia que ele não
consiga aplicar.
4.3.1.2 Taxa Interna de Retorno
Na Tabela 59, são apresentados os resultados obtidos, para o indicador de
viabilidade econômica, taxa interna de retorno (TIR).
139
Tabela 59 - Taxa interna de retorno, em %, obtida para cada sistema de produção
Sistema de produção
Aveia-preta Cana-forrageira Silagem de sorgo
11,91 % 9,43 % 8,46 %
O sistema de produção que utiliza aveia-preta, como fonte de
suplementação volumosa, apresentou a maior TIR (Tabela 59). Por apresentar a
maior taxa, o sistema passa a ser o mais atrativo, do ponto de vista para o
investimento. Comparando, com a caderneta de poupança, que no mesmo período,
apresentou uma rentabilidade de 6 % ao ano, a TIR obtida foi maior que o custo de
oportunidade dos recursos para sua implantação e manutenção. Esta situação é
semelhante aos outros sistemas, que utilizaram suplementação volumosa, durante a
estação seca, apresentando taxas superiores à caderneta de poupança. Para
CONTADOR (1988), o sistema que apresentar a maior TIR será o mais indicado
para adoção, do ponto de vista econômico. Pode-se considerar, que um
empreendimento, no meio rural, que proporciona um retorno do capital investido
acima de 6 % ao ano, é interessante. Os sistemas que utilizam a cana-forrageira e a
silagem de sorgo apresentaram TIR atrativas e superiores a taxa mencionada,
porém inferiores ao sistema que utiliza aveia-preta. Diante destes resultados
financeiros, cabe ao produtor rural, avaliar alguns itens que compõem cada sistema
e definir por qual sistema adotar. Por exemplo: na situação, em que o produtor rural
faça a opção pelo sistema que utiliza a aveia-preta, o seu principal limitante será a
disponibilidade de área, para formar a pastagem, o que próximo a centros urbanos
pode ser mais difícil e até inviável, ao passo que se optar pelos demais sistemas, o
produtor terá como limitante o uso de máquinas e equipamentos específicos, além
do apoio de cooperativas, ou serviços terceirizados próximos a sua propriedade.
Com as taxas obtidas para sistemas de produção e comparando-as ao
rendimento obtido com à caderneta de poupança, no mesmo período, cabe dizer
que os sistemas, em um horizonte de 12 anos, pagaram seus custos de implantação
e manutenção, e ainda remuneraram o capital investido equivalente a taxa de
desconto aplicada.
140
4.3.2 Análise de sensibilidade
A Tabela 60 apresenta a resposta que cada item componente dos sistemas,
submetido a uma desvalorização de 10 % nos preços, exerce impacto econômico
sobre os resultados obtidos para o VPL de cada sistema de produção, submetido a
taxa de desconto de 6 % ao ano.
Tabela 60 - Mudança do VPL, em reais (R$), decorrente de uma variação de 10 % dos preços dos itens que compõem cada sistema de produção, sempre no sentido desfavorável
Sistema Categoria Variação
Preço de venda do leite - R$ 95.441,62
Preço de compra das matrizes - R$ 12.014,34
Preço de compra das terras (culturas) - R$ 5.6230,80
Aluguel de máquinas e implementos agrícolas - R$ 5.469,55
Aluguel de pastos - R$ 5.177,95
Preço de venda das bezerras - R$ 3.978,12
Compra de fertilizante (uréia) - R$ 2.897,29
Compra de fertilizante (20-05-20) - R$ 2.892,34
Preço de venda das matrizes (descarte) - R$ 2.829,45
Aveia
Preço de compra das terras (pastagens) - R$ 2.807,25
Preço de venda do leite - R$ 82.010,56
Preço de compra das matrizes - R$ 12.014,33
Mão-de-obra temporária - R$ 5.204,70
Aluguel de pastos - R$ 5.177,95
Preço de venda das bezerras - R$ 3.978,12
Compra de fertilizante (20-05-20) - R$ 3.160,61
Preço de venda das matrizes (descarte) - R$ 2.829,46
Preço de compra das terras (pastagens) - R$ 2.807,24
Consultoria técnica - R$ 2.489,96
Cana
Compra de fertilizante (uréia) - R$ 1.749,73
141
Tabela 60, Cont.
Preço de venda do leite - R$ 88.182,59
Preço de compra das matrizes - R$ 12.014,33
Aluguel de máquinas e implementos agrícolas - R$ 6.103,00
Compra de lona plástica - R$ 5.912,00
Aluguel de pastos - R$ 5.177,95
Preço de venda das bezerras - R$ 3.978,12
Compra de fertilizante (20-05-20) - R$ 3.496,60
Preço de venda das matrizes (descarte) - R$ 2.829,45
Preço de compra das terras (pastagens) - R$ 2.807,24
Sorgo
Consultoria técnica - R$ 2.489,96
Independente do sistema avaliado, o preço de venda do leite produzido
demonstrou ser o item mais sensível, quando submetido à desvalorização dos
preços em 10 %, ou seja, foi o item que mais afetou o fluxo de caixa dos sistemas. O
preço de compra das matrizes leiteiras apresentou o mesmo comportamento nos
três sistemas de produção, sendo considerado de grande importância, pois exerce
forte impacto econômico nos fluxos de caixa. Com este comportamento, fica notória
a fragilidade da pecuária leiteira, diante das políticas públicas aplicadas e do
comportamento da economia mundial do leite.
O sistema de produção que utiliza pastagem de aveia-preta, como
suplementação volumosa, durante o inverno, apresentou como terceiro item mais
sensível, o preço de compra das terras para o plantio de culturas, ou seja, as terras
destinadas ao plantio da aveia-preta. Por ser um sistema, que utiliza pastagem como
única fonte de alimentação volumosa, este requer maior quantidade de área para
plantio da forrageira. Para este sistema, maximizar o uso e o potencial da terra, pode
melhorar a rentabilidade da atividade, pois considerando, que o uso da
suplementação volumosa não é realizado o ano todo, pode-se cultivar outras
culturas.
No sistema que utiliza a cana-forrageira, o terceiro item mais sensível, foi à
mão-de-obra temporária. A mão-de-obra temporária envolve os custos com
contratação temporária e encargos trabalhistas, por um período de 180 dias. Estes
142
custos destinam-se ao corte e limpeza de canas, as práticas de adubação,
manutenção e limpeza do canavial, para a próxima colheita e ao transporte de canas
para alimentação do rebanho.
Os custos envolvidos, no aluguel de máquinas e implementos agrícolas,
para o preparo do solo, plantio, colheita e produção de silagem, ocuparam a terceira
posição no sistema que utiliza a silagem de sorgo, como suplementação volumosa.
Anualmente, faz-se necessário o dispêndio de capital, destinado a produção desta
fonte de suplementação volumosa. Torna-se inviável ao produtor a aquisição de
máquinas e implementos agrícolas para a produção de silagem, pois aliado aos
custos de aquisição, têm-se os custos com a depreciação e manutenção destes. A
alternativa para o produtor que utiliza esta suplementação é o aluguel. Para
produtores que estão filiados a uma cooperativa, este custo pode ser menor, devido
aos subsídios fornecidos pela cooperativa. Neste caso, o produtor arcará somente
com as despesas de manutenção das máquinas e dos equipamentos. Se isto
ocorrer, a atividade terá melhores índices de rentabilidade.
Países que subsidiam a produção de leite exercem grandes impactos na
atividade de países que não fornecem o subsídio. Produtores subsidiados, não
sofrem descapitalização, quando o mercado do leite se apresenta desfavorável,
permitindo assim, a sustentabilidade destes, na atividade. Ao passo que, o preço de
venda do leite produzido, em queda, os produtores que não detém subsídios
governamentais sofrerão grandes perdas econômicas. Nesta situação, o produtor
fica obrigado a entregar o produto, a entrepostos de cooperativas, unidades
beneficiadoras ou indústrias lácteas, por um preço, que na maioria das vezes, não
cobre os custos de produção, gerando uma diminuição na rentabilidade da atividade.
Por não ter condições físicas de estocagem da produção, por se tratar de uma
matéria-prima, altamente perecível, os produtores ficam dependentes de quem faz a
coleta. Com isto, recebem baixa remuneração pelo produto. A partir deste momento,
inicia-se um processo de descapitalização da atividade, sem que se perceba os
sinais indicativos de inviabilidade da atividade.
Nos três sistemas avaliados, dentre os dez principais itens que exercem
impactos econômicos nos resultados financeiros, pode-se relacionar a classe dos
fertilizantes, pois apresenta alta sensibilidade a variação de preços simuladas, no
mercado. O investimento na formação de pastagem formada por capim-mombaça e
a manutenção permanente desta forrageira, realizada anualmente, aliada ao cultivo
143
das outras forrageiras, demandam grande quantidade de fertilizantes nitrogenados,
fosfatados e potássicos. Estes insumos são produzidos por grandes empresas
multinacionais e o comportamento dos preços ofertados varia muito ao longo do ano,
podendo o produtor fazer a aquisição, naqueles meses em que se observa queda
nos preços, podendo ser estocados na própria propriedade. O planejamento de cada
sistema de produção é fundamental para a obtenção de êxito na atividade, aumento
dos índices zootécnicos e melhoria dos índices de rentabilidade.
Na avaliação de cada sistema de produção, não foi considerado, nos fluxos
de caixa, o uso integral das áreas utilizadas para a produção de volumosos
utilizados como suplementação volumosa. A adoção de duas tecnologias exploradas
na mesma área pode melhorar a rentabilidade da atividade leiteira como, por
exemplo, produzir sorgo para silagem, durante o período das águas (verão), e após
a colheita e produção da silagem, promover a semeadura de aveia-preta, para
formação de pastagem de inverno, durante o período da seca (inverno). A
combinação destes dois sistemas maximiza a exploração das terras, reduz o uso de
corretivos e fertilizantes, na implantação de cada tecnologia, e melhora o efeito
residual destes, beneficiando a cultura seguinte.
Na pecuária leiteira, o uso de concentrados na alimentação, é um item que
exerce grande influência, e sempre é apontado como aquele que consome grande
parte dos recursos financeiros. Neste trabalho, este item não se apresentou entre os
dez classificados como mais sensíveis. Por preconizar, a exploração racional das
áreas e cultivá-las com forrageiras de qualidade, o baixo nível de fornecimento de
concentrados, não prejudicou a produção de leite individual das vacas, pois foi
possível atender as necessidades diárias dos animais, em fase de lactação. O uso
de animais, que apresentam características de alta rusticidade e adaptabilidade, às
condições climáticas da região (ecótipo Mantiqueira), também favoreceu a
exploração dos sistemas nos índices zootécnicos apresentados.
4.3.3 Análise de risco
A Tabela 61 apresenta a probabilidade de cada sistema de produção tornar-
se inviável, diante das oscilações de preços ocorridas no mercado.
144
Tabela 61 - Resultado da análise probabilística do risco: probabilidade dos sistemas de produção apresentarem VPL negativo, quando submetidos às taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano
Sistemas de produção
Taxa de desconto (%) Aveia-preta Cana-forrageira Silagem de sorgo
6 < 0,01 % 0,51 % 3,31 %
8 0,14 % 9,51 % 26,47 %
10 4,93 % 47,73 % 71,69 %
12 36,86 % 88,18 % 96,13 %
O sistema de produção que adota pastagem de aveia-preta, como
suplementação volumosa, apresentou a menor probabilidade de apresentar o valor
presente líquido menor que zero (VPL < 0), diante das oscilações de preços
simuladas nos principais itens identificados na análise de sensibilidade. Para a taxa
de desconto de 6 % ao ano, pode-se considerar que o risco é nulo, pois a
probabilidade de ocorrência foi menor que 0,01 %. Comparando, com o rendimento
obtido na caderneta de poupança, para o mesmo período em avaliação, a atividade
apresenta baixo risco econômico. Os demais sistemas também apresentaram baixo
risco de se tornarem inviáveis, a taxa de desconto de 6 % ao ano.
Ao aumentar a taxa de desconto aplicada sobre o capital fixo e circulante,
conseqüentemente, o risco da atividade se tornar inviável aumenta. Esta situação
demonstrou que um aumento elevado nos preços de determinados insumos, ou
serviços, devido a mudanças políticas ou mudanças no comportamento do mercado,
podem levar a atividade apresentar alto risco e o sistema escolhido deixar de ser
atrativo. As avaliações realizadas neste trabalho foram projetadas para um horizonte
de 12 anos, sendo assim, a remuneração do capital investido, bem como os índices
financeiros gerados devem ser visualizados por um período de longo prazo.
Na análise probabilística do risco, não se consideram os riscos oriundos por
fenômenos naturais, nem mesmo, possíveis mudanças climáticas que possam
influenciar na produção das culturas e, conseqüentemente, alterar os índices
zootécnicos e financeiros observados para cada sistema proposto.
Nas Figuras 03, 04 e 05, pode-se visualizar a freqüência acumulada dos
5.000 VPLs simulados a partir do preço mínimo, preço médio e preço máximo
145
deflacionados, para cada um dos dez principais itens identificados na análise de
sensibilidade e seus respectivos VPLs.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
-100000 -50000 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000
VPL (R$)
Fre
qü
ên
cia
acu
mu
lad
a
VPL 6% VPL 8% VPL 10% VPL 12%
Figura 03 - Distribuição das freqüências acumuladas e os respectivos VPLs simulados, quando aplicadas taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano, no sistema de produção capim-mombaça + aveia-preta
146
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
-150000 -100000 -50000 0 50000 100000 150000 200000
VPL (R$)
Fre
qü
ên
cia
acu
mu
lad
a
VPL 6% VPL 8% VPL 10% VPL 12%
Figura 04 - Distribuição das freqüências acumuladas e os respectivos VPLs simulados, quando aplicadas taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano, no sistema de produção, capim-mombaça + cana-forrageira
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
-150000
-100000
-50000 0 50000 100000 150000 200000
VPL (R$)
Fre
qü
ên
cia
acu
mu
lad
a
VPL 6% VPL 8% VPL 10% VPL 12%
Figura 05 - Distribuição das freqüências acumuladas e os respectivos VPLs simulados, quando aplicadas taxas de desconto de 6, 8, 10 e 12 % ao ano, no sistema de produção, capim-mombaça + silagem de sorgo
147
5. CONCLUSÕES
Vacas do ecótipo Mantiqueira com potencial de produção de até 12 kg de
leite/dia, recebendo 1 kg de concentrado, durante a estação chuvosa, da parição até
metade da lactação podem ser manejadas em pastagem de capim-mombaça
adubada com 50 kg de N/ha/ano, com taxa de lotação de 3,16 animais/ha.
Vacas do ecótipo Mantiqueira manejadas em pastagem de capim-mombaça,
suplementadas com fontes alternativas de volumosos (aveia-preta, cana-forrageira e
silagem de sorgo), recebendo 1 kg de concentrado, durante a estação seca, da
parição até metade da lactação alcançam uma produção de leite média diária acima
de 11 kg/dia.
A aplicação do eCG associada ao uso da IATF eleva a taxa de prenhez e
reduz o intervalo de partos, respectivamente, de vacas leiteiras do ecótipo
Mantiqueira e melhora a rentabilidade financeira do sistema de produção.
Os sistemas de produção de leite em pastagem de capim-mombaça com
uso de suplementação volumosa durante a estação seca são viáveis
economicamente.
O sistema de produção em pastagem de capim-mombaça que utiliza aveia-
preta como fonte de suplementação volumosa, durante a estação seca, apresenta o
maior retorno econômico.
O preço de venda do leite produzido é o item que exerce maior impacto nos
resultados econômicos da atividade.
148
O sistema de produção em pastagem de capim-mombaça com fornecimento
de suplementação volumosa de silagem de sorgo, durante a estação seca apresenta
maior risco econômico.
149
6. RECOMENDAÇÕES
A condução de mais estudos sobre alternativas de manejo de pastagens
para aveia-preta na região do Vale do Paraíba será de extrema importância para o
melhor aproveitamento do potencial desta forrageira como fonte de suplementação
volumosa durante a estação seca.
Para manter a boa qualidade nutricional da aveia-preta fornecida como fonte
de suplementação volumosa durante a estação seca na forma de pastejo,
recomenda-se que a semeadura seja feita em diferentes épocas. Paralelamente a
esta recomendação, sugere-se a realização de análise econômica para
determinação dos índices financeiros e viabilidade da técnica.
150
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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170
APÊNDICES
171
Tabela 01A - Composição química dos solos da área experimental utilizada para implantação da pastagem de capim-mombaça
Resultados analíticos de solo
M.O. pH P K Ca Mg Al H + Al S.B. CTC
g/dm3 mg/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3
33 4,9 14 1,6 30 13 0 47 44,5 91,8
V m K/CTC Ca/CTC Mg/CTC Al/CTC H/CTC Relação
% % % % % % % Ca/Mg Ca/K Mg/K
G
L
E
B
A
01 49 0,0 1,7 32,6 14,2 0,0 51,3 2 19 8
M.O. pH P K Ca Mg Al H + Al S.B. CTC
g/dm3 mg/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3
31(29) 4,6 (5,8) 8 (17) 1,1 (1) 21 (22) 10 (11) 0 (0) 53 (34) 32,1 (34) 95,1 (68)
V m K/CTC Ca/CTC Mg/CTC Al/CTC H/CTC Relação
% % % % % % % Ca/Mg Ca/K Mg/K
G
L
E
B
A
02 34 (50) 0,0(0,0) 1,2(1,5) 22,1(32,4) 10,5(16,2) 0,0(0,0) 66,2(50) 2(2) 19 9
Valores entre parênteses referem-se a análise química dos solos coletados na gleba 02 após 60 dias de realizadas as práticas de calagem e adubação.
172
Tabela 02A - Composição química dos solos da área experimental utilizada para o cultivo de sorgo para silagem e posteriormenteimplantação da pastagem de aveia-preta
Resultados analíticos de solo
M.O. pH P K Ca Mg Al H + Al S.B. CTC
g/dm3 CaCl2 mg/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3
47 4,9 43 2,9 22 15 - 47 39,9 86,9
V m K/CTC Ca/CTC Mg/CTC Al/CTC H/CTC Relação
% % % % % % % Ca/Mg Ca/K Mg/K
G
L
E
B
A 46 - - - - - - - - -
Tabela 03A - Composição química dos solos da área experimental utilizada para o cultivo da cana-forrageira IAC86-2480
Resultados analíticos de solo
M.O. pH P K Ca Mg Al H + Al S.B. CTC
g/dm3 mg/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3 mmolc/dm3
41 4,8 11 2,0 22 12 3 43 36,0 78,7
V m K/CTC Ca/CTC Mg/CTC Al/CTC H/CTC Relação
% % % % % % % Ca/Mg Ca/K Mg/K
G
L
E
B
A 46 - 2,5 27,9 15,2 3,8 50,5 1,8 11 6
173
Tabela 04A - Ingredientes utilizados e composição da ração balanceada, em %, formulada mensalmente
Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Farelo de soja 20,0 20,0 20,0
Farelo de algodão - 38 % 25,0 25,0 20,6 20,6 20,6 25,0 25,0 25,0 25,0
Uréia pecuária 1,5 1,5 1,5
Farelo de trigo 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 14,7 14,7 14,7 40,0 40,0 40,0 40,0
Milho em grão moído 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 22,2 22,2 22,2 10,0 10,0 10,0 10,0
Polpa cítrica 30,0 30,0 30,0 41,0 41,0 41,0
Casca de soja 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0
Tabela 05A - Composição química do sal mineral para vacas leiteiras, Top Millk
Níveis de garantia por kg de produto
Cálcio 254 g Manganês 2.000 mg
Fósforo 76 g Níquel 40 mg
Enxofre 19 g Selênio 18mg
Magnésio 23 g Zinco 8.000 mg
Flúor máximo 780 mg Tamponante 25 mg
Cobalto 60 mg Vitamina A 220.000 U.I./kg
Cobre 850 mg Vitamina D 63.000 U.I./kg
Ferro 2.000 mg Vitamina E 150 mg
Iodo 65 mg Solubilidade do fósforo (P) em ácido cítrico à 2 % (mín.) 95 %
174
Tabela 06A - Identificação das vacas do ecótipo Mantiqueira utilizadas no experimento durante a estação chuvosa
ÚLTIMA LACTAÇÃOLOTE ORDEM Nº NOME DATA DE
NASCIMENTO
IDADE DATA DO
ÚLTIMO PARTO
IDADE
CRIA PROD. MÉDIA DURAÇÃO
(dd/mm/aa) (anos) (dd/mm/aa) (nº) (lts.) (dias)
1 4463 Embolia 19/04/93 11,7 20/01/02 5 12,1 317
2 4573 Entrevista 10/09/93 11,3 28/02/03 6 9,2 372
3 4613 Eosina 15/11/93 11,1 06/03/03 5 11,3 365
4 4641 Fábrica 09/01/94 11,0 29/11/03 5 7,4 180
5 4696 Faxina 30/03/94 10,7 20/06/03 6 7,8 281
6 4750 Fisga 08/07/94 10,5 11/11/03 6 6,5 268
7 4797 Fragmose 21/09/94 10,3 10/08/03 5 9,2 281
8 4845 Fugida 22/12/94 10,0 03/03/03 5 8,4 330
9 4859 Gadelha 13/01/95 9,9 27/03/03 4 7,0 253
10 4875 Galanice 01/02/95 9,9 20/06/03 5 9,7 253
11 4892 Galhada 03/03/95 9,8 31/08/03 5 8,9 323
1
12 4902 Galáxia 17/03/95 9,8 04/12/03 6 6,4 246
175
Tabela 06A, Cont.
ÚLTIMA LACTAÇÃOLOTE ORDEM Nº NOME DATA DE
NASCIMENTO
IDADE DATA DO
ÚLTIMO PARTO
IDADE
CRIA PROD. MÉDIA DURAÇÃO
(dd/mm/aa) (anos) (dd/mm/aa) (nº) (lts.) (dias)
13 4888 Galeota 27/02/95 9,8 18/07/03 4 9,2 330
14 4911 Galheta 27/03/95 9,7 24/12/03 6 8,4 282
15 4914 Ganância 04/04/95 9,7 13/07/03 5 8,9 309
16 4918 Garantia 10/04/95 9,7 24/02/03 3 8,1 282
17 4929 Garbosa 24/04/95 9,7 27/08/03 2 9,3 278
18 4958 Gauda 09/06/95 9,5 04/02/03 4 8,5 435
19 5078 Geratriz 25/11/95 9,1 23/07/03 3 8,1 358
20 5109 Grua 26/12/95 9,0 16/04/02 3 8,8 436
21 5142 Halésia 03/02/96 8,9 29/07/03 4 10,6 253
22 5232 Heliogravura 15/05/96 8,6 18/03/03 4 10,5 297
23 5326 Heureca 23/12/96 8,0 13/07/03 4 10,0 239
2
24 5331 Iéde 07/01/97 8,0 23/03/03 3 7,3 379
176
Tabela 06A, Cont.
ÚLTIMA LACTAÇÃOLOTE ORDEM Nº NOME DATA DE
NASCIMENTO
IDADE DATA DO
ÚLTIMO PARTO
IDADE
CRIA PROD. MÉDIA DURAÇÃO
(dd/mm/aa) (anos) (dd/mm/aa) (nº) (lts.) (dias)
25 5332 Ibicuíba 09/01/97 8,0 21/06/03 2 9,6 288
26 5461 Imposta 28/06/97 7,5 03/12/02 2 9,3 330
27 5466 Impetigem 03/07/97 7,5 01/09/03 3 9,5 288
28 5475 Incógnita 21/07/97 7,4 03/08/03 3 10,3 253
29 5490 Impulsiva 27/08/97 7,3 22/07/03 3 9,2 302
30 5565 Jangadeira 14/03/98 6,8 01/05/03 2 6,9 218
31 5577 Jariva 24/04/98 6,7 20/10/03 2 5,4 254
32 5635 Joalheria 02/08/98 6,4 24/12/03 2 7,6 282
33 5647 Judiação 27/08/98 6,3 16/12/03 2 9,0 289
34 5721 Lactação 01/02/99 5,9 18/12/03 2 8,1 232
35 6004 Malhada 24/04/00 4,7 17/03/04 1 9,2 304
3
36 6016 Mandioca 02/05/00 4,6 30/12/03 1 8,8 275
177
Tabela 07A - Identificação das vacas do ecótipo Mantiqueira utilizadas no experimento durante a estação seca
ÚLTIMA LACTAÇÃOLOTE ORDEM Nº NOME DATA DE
NASCIMENTO
IDADE DATA DO
ÚLTIMO PARTO
IDADE
CRIA PROD. MÉDIA DURAÇÃO
(dd/mm/aa) (anos) (dd/mm/aa) (nº) (lts.) (dias)
1 4470 Empada 26/04/93 12,1 21/03/04 8 6,5 346
2 4681 Farra 08/03/94 11,3 08/02/04 7 5,3 285
3 4837 Frota 04/12/94 10,5 17/02/04 6 4,9 271
4 4867 Gaforina 23/01/95 10,4 06/02/04 5 9,2 367
5 4878 Galea 13/02/95 10,3 04/03/04 5 7,6 360
6 5070 Gralha 19/11/95 9,6 21/01/04 5 5,4 299
7 5104 Glia 19/12/95 9,5 25/10/03 4 4,3 337
1
8 5242 Hematina 08/06/96 9,0 23/04/03 4 8,7 436
9 5260 Hégira 16/07/96 8,9 25/12/03 4 4,0 297
10 5329 Iansã 05/01/97 8,4 16/11/03 4 5,4 362
11 5354 Igara 09/02/97 8,4 19/05/04 4 9,2 311
12 5468 Imprevista 08/07/97 7,9 22/03/04 3 6,5 296
13 5570 Jaqueta 09/04/98 7,2 22/12/03 2 7,3 310
14 5575 Jarina 23/04/98 7,2 17/09/03 2 7,6 485
15 5652 Juncada 09/09/98 6,8 10/03/04 2 8,5 303
2
16 5736 Lagosta 15/02/99 6,3 09/10/03 1 7,0 229
178
Tabela 07A, Cont.
ÚLTIMA LACTAÇÃOLOTE ORDEM Nº NOME DATA DE
NASCIMENTO
IDADE DATA DO
ÚLTIMO PARTO
IDADE
CRIA PROD. MÉDIA DURAÇÃO
(dd/mm/aa) (anos) (dd/mm/aa) (nº) (lts.) (dias)
17 4743 Fitologia 28/06/94 11,0 10/11/03 6 5,8 324
18 4948 Gáspea 28/05/95 10,1 31/08/03 5 7,8 303
19 5298 Hena 29/10/96 8,6 29/02/04 5 8,3 380
20 5601 Jiga 07/06/98 7,0 08/11/03 2 7,1 429
21 5756 Lamela 08/03/99 6,3 20/12/03 2 7,5 261
22 5811 Lasanha 20/06/99 6,0 27/04/03 1 5,1 520
23 5939 Maçaneta 12/01/00 5,4 25/02/04 1 6,2 324
3
24 5966 Madureza 27/02/00 5,3 21/02/04 1 7,0 353
179
Tabela 08A - Esquema experimental para o ensaio segundo Delineamento para Respostas de Fluxo Continuado - Ensaios Rotativos
Períodos01 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
02 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
03 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
04 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
05 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
06 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
07 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
08 Vacas I II III
1 Silagem de sorgo Cana-forrageira Aveia-preta
2 Aveia-preta Silagem de sorgo Cana-forrageira
3 Cana-forrageira Aveia-preta Silagem de sorgo
180
Figura 01A - Ilustração da Simulação de Monte Carlo
In íc io
R e so lu ç ã o d e te rm in ís t ic a
E st im a r d is t r ib u iç ã o m a is a d e q u a d a a c a d a v a r iá ve l
S e leç ã o d a v a r iá v e l 1
S e le çã o d a v a r iá v e l 2
S e leçã o d a va r iá v e l 3
S e le çã o d a v a r iá ve l 4C á lcu lo d o in d ic a d o r
d e r e n ta b i l id a d e
Rep
ete-
se n
vez
es
G e ra d is t r ib u iç ã o d o in d ic a d o r
F im
181
a m b
Figura 02A - Distribuição triangular
a - preço mínimo mas provável de ocorrer no mercado;
m - preço médio mais provável de ocorrer no mercado;
b - preço máximo mais provável de ocorrer no mercado;