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VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA PROFISSIONALISMO, ÉTICA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO 20 a 24/MAI/2014 PARIPIRANGA - BAHIA - BRASIL ANAIS ANAIS.indd 1 19/07/2014 10:21:28 ISSN: 2358-3436

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VI SEMANA DE PRODUÇÃO

CIENTÍFICA

PROFISSIONALISMO, ÉTICA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

20 a 24/MAI/2014

PARIPIRANGA - BAHIA - BRASIL

ANAIS

ANAIS.indd 1 19/07/2014 10:21:28

ISSN: 2358-3436

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VI SEMANA DE PRODUÇÃO

CIENTÍFICA

PROFISSIONALISMO, ÉTICA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

20 a 24/MAI/2014

PARIPIRANGA - BAHIA - BRASIL

ANAIS ANAIS.indd 2-3

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AGES

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Diretor Geral Prof. José Wilson dos Santos

Diretor Adjunto Prof. Rusel Marcos Batista Barroso

Secretária Acadêmica Belª. Maria de Fátima Rabelo Andrade e Oliveira

Editoração Eletrônica Equipe de Comunicação e Projetos AGES

Impressão Sercore Artes Gráficas

Faculdade AGES Av. Universitária, 23 - Parque das

Palmeiras 48430-000 Paripiranga - Bahia -

Brasil (75) 3279-2210

[email protected]

www.faculdadeages.com.br

ANAIS.indd 4-5

SUMÁRIO

ARTIGOS

AFETIVIDADE NA PRÁTICA DOCENTE COMO FORMA DE COMBATER A EVASÃO ESCOLAR: EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO INSTITUTO LUCIANO BARRETO JÚNIOR .......................... 11

AS REDES SOCIAIS NOS PROCESSOS DE INFOINCLUSÃO DIGITAL DESENVOLVIDOS PELO INSTITUTO LUCIANO BARRETO JÚNIOR ................................................................................................ 19

SERÁ QUE UMA BOA ESCOLA PROPORCIONA REALMENTE EDUCAÇÃO? ............................................... 31

EDUCOMUNICAÇÃO: UMA ABORDAGEM DA INTERFACE ENTRE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO ....................................................................................................................................................... 39

EDUCAÇÃO POPULAR EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: VISITAS DOMICILIARES E SANEAMENTO BÁSICO .......................................................................................................................................... 48

POLÍTICA: UMA VISÃO DE REPRESENTANTES PÚBLICOS DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE SERGIPE ........................................................................................................................................... 56

BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE ................................................. 66

O NEOLIBERALISMO, AS INIQUIDADES EM SAÚDE E A FRAGILIDADE DA CIDADANIA ...................... 77

ENFERMAGEM: A CIÊNCIA DO CUIDADO ......................................................................................................... 89

RESUMOS

DEPRESSÃO PÓS-PARTO E PREJUÍSOS PARA A CRIANÇA ............................................................................. 96

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL, PROLAPSO RETAL E PÓLIPOS CÓLICOS ............................................................................................................ 98

TABAGISMO: UMA ANÁLISE FISIOLÓGICA E METAFÍSICA ......................................................................... 100

SAÚDE DOS PROFESSORES NO COLÉGIO MONTESSORI .............................................................................. 102

O QUE MOTIVA OS PACIENTES A FREQUENTAREM OU NÃO AO CAPS? .................................................. 104

PLANTAS MEDICINAIS: O USO TERAPÊUTICO NA ATENÇÃO BÁSICA ..................................................... 106

COMO O PROFISSIONAL DE SAÚDE PODE AJUDAR O INDIVÍDUO EM SUA COMUNIDADE, A SOLUCIONAR SEUS PROBLEMAS ATRAVÉS DA AÇÃO EDUCATIVA? ................................................... 108

A OBESIDADE E O FATOR EMOCIONAL COMO UMA DAS CARACTERÍSTICAS DA VIDA MODERNA ................................................................................................................................................................ 110

OS DETERMINATES SOCIAIS E A TUBERCULOSE NO BRASIL .................................................................... 112

PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON TÊM MAIOR RISCO PARA APRESENTAR DEPRESSÃO? ........................................................................................................................................................... 115

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE SUBMETIDA À RECONSTITUIÇÃO DE MAMA DIREITA COM TRAM- RELATO DE CASO ............................................................................................ 120

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE ................................................ 122

A OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA: MODO DE VIDA E CONSEQUÊNCIAS ............................................... 126

A IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA BALANCEADA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS ............................................................................................................................................ 129

O CUIDADO AOS PORTADORES DE ALZHEIMER ............................................................................................ 131

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ESTRÁTEGIA SAÚDE DA FAMÍLIA AO PORTADOR DE HANSENÍASE ...................................................................................................... 133

CONTAMINAÇÃO DE AGENTE FÍSICO, QUÍMICO, BIOLÓGICO E ERGONÔMICO NO SETOR DE SERVIÇOS GERAIS NO AMBIENTE HOSPITALAR ........................................................................ 135

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE PORTADOR DE SÍNDROME DE FOURNIER: RELATO DE CASO............................................................................................................................. 137

AS REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS NO INDIVIDUO APÓS O DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS ............................................................................................................................................ 139

LEITURA: PROPOSTA QUE MOTIVA, ENSINA, APRENDE E FAZ TODA DIFERENÇA ............................... 141

EXISTE RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E DEPRESSÃO? ................................................................................ 149

O DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO) NO MUNICÍPIO DE ADUSTINA BAHIA ............................. 153

AÇÕES AFIRMATIVAS VERSUS MÉRITO NO VESTIBULAR: UM ESTUDO SOBRE O DEBATE JUDICIAL EM TORNO DO PROGRAMA DE AÇÕES AFIRMATIVAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE ............................................................................................................ 155

DEVERIA HAVER PENA DE MORTE NO BRASIL? ............................................................................................ 160

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS CUIDADORES DE PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER .................................................................... 162

O USO DA TECNOLOGIA COMO PROPOSTA DE AUMENTO DE RENDA E DESENVOLVIMENTO NA AGRICULTURA ......................................................................................................... 164

RESSOCIALIZAÇÃO: A POSSIBILIDADE DE MODIFICAR A REALIDADE DE PESSOAS QUE POSSUEM O ESTIGMA ENRAIZADO PELA SOCIEDADE........................................................................ 166

A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA ERISIPELA ................................................................................................................................................................ 167

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PORTADOR DE DIABETES MLLITUS APRESENTANDO COMPLICAÇÕES CRÔNICAS VASCULARES: RELATO DE CASO BASEADO NA TEORIA DO AUTOCUIDADO DE OREM ................................................................................... 169

A ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL .................................................................................................................. 171

É POSSÍVEL O USO DE MEDICAÇÕES NA GESTAÇÃO SEM TOXICIDADE FETAL? .................................. 172

QUAIS OS FATORES DE RISCOS QUE OS OPERADORES DE MAQUINA AGRICOLA ENFRENTAM NO DIA-A-DIA NO MUNICIPIO DE ADUSTINA-BA ................................................................. 174

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA .............................................................................................................. 179

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O SUICÍDIO ATRELADO À SAÚDE MENTAL: COMPORTAMENTOS E ASPECTOS QUE CARACTERIZAM O ATO ........................................................................................................................................ 180 MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTAS INSTITUCIONAIS ....................................................................................... 182

A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................................... 183

QUALIDADE DA ÁGUA EM FAVOR DA SUA SAÚDE, LEVANTAMENTO DE DADOS E AÇÃO EDUCATIVA SOBRE O TRATAMENTO E CONSUMO DE ÁGUA NO POVOADO LOGRADOR FAZENDA VELHA – PARIPIRANGA/BA .............................................................................................................. 184

CONTRIBUIÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO PARA A CURA DE UM PACIENTE COM AVE ............... 186

PACIENTE PORTADORA DA FENILCETONÚRIA .............................................................................................. 188

AÇÃO EDUCATIVA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA: ANALISE DA AÇÃO DESENVOLVIDA NO POVOADO MATOSO ................................................................... 191

PREVALÊNCIA DA DIABETES EM POPULAÇÃO DA MICRO-ÁREA II DO MUNICÍPIO DE PARIPIRANGA-BA: UM OLHAR FOCADO NA SAÚDE ..................................................................................... 193

DA HOMOSSEXUALIDADE AOS LGBT: DISCURSO ACADÊMICO ................................................................ 195

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE HAS, DIABÉTICO, ICC E APRESENTANDO ERISIPELA EM MIE. - RELATO DE CASO........................................................................... 196

O MÉTODO ATIVO DA APRENDIZAGEM APLICADO AO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II DE ENFERMAGEM NO ÂMBITO HOSPITALAR ....................................................................................................... 198

DIABETES INSIPIDUS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO .................................................................................... 200

A ATENÇÃO BÁSICA INTEGRADA A SAÚDE MENTAL: VISÃO DOS PORTADORES DE TRANSTORNOS FRENTE AOS ATENDIMENTOS NAS UBS ............................................................................ 203

FATORES E CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE, NA INFÂNCIA ................................................................... 205

CONSIDERAÇÕES SOBRE O TDAH, TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE, NA IDADE ESCOLAR .......................................................................................................... 207

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS POR ALUNOS DA ACADEMIA DA CIDADE CORONEL JOÃO SÁ – BA ................................................................................................................ 208

O NOVO CODIGO PENAL: PROPOSTA SOBRE ABORTO ................................................................................. 220

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Apresentação

A Semana de Produção Científica é um evento acadêmico que congrega professores, alunos e

convi-dados em torno de um tema geral, com o objetivo de promover a troca de experiências, com

foco na tessitura de redes do saber. Visa a ampliação dos diálogos científicos, ao encontro entre

profissionais, estudantes e a comunidade e, sobretudo, à afirmação do lugar social da Academia

como espaço de construção de um saber novo, com caráter emancipador e sensível aos problemas

da realidade local e ao desafio de formular um novo ethos social, capaz de construir um perfil

diferenciado para a so-ciedade. A VI Semana de Produção Científica aconteceu entre os dias 05 e 10 de novembro de 2014 e foi

cons-tituída por conferências, mesas redondas, cafés filosóficos, oficinas, apresentações culturais,

salas temáticas para apresentação de produções científicas, momentos de confraternização/encontro

entre estudantes, professores, populares e pesquisadores de diversas universidades com

reconhecimento local e nacional. “Ciência e tecnologia para transformação social” foi o tema que direcionou as atividades no evento. A ideia nasceu dos constantes momentos de diálogo entre professores e estudantes sobre as problemá-

ticas sociais, econômicas, ambientais e o desejo de construir um comportamento intelectual, político e

comunitário que responda aos anseios locais e nutra a legitimidade da luta por um mundo melhor. A Academia é o lócus privilegiado de construção do conhecimento, sendo a pesquisa a ferramenta ne-

cessária para tal fim. Constitui-se de um espaço para a reflexão, reformulação, desconstrução, trans-

formação. Tem como propósito a formação profissional, a capacitação técnica e a preparação para o

mercado de trabalho. Porém, para além destas habilidades, a Academia deve ter um compromisso ético de responder por demandas sociais e suprir, por meio da construção do conhecimento

científico, as necessidades locais, bem como contribuir para a transformação social como um todo,

através do diálogo constante entre os diferentes campos do saber, de forma compartilhada com a

comunidade científica global. É preciso aliar a necessidade do saber com a preocupação com os

problemas locais, ou seja, é preciso produzir um saber comprometido. A realidade muda a todo instante, e, do mesmo modo, as formas de compreensão sobre ela. Assim,

o conhecimento deve estar em constante manutenção, reavaliação e produção. Sendo a Academia

mo-vida pela troca e construção do conhecimento, a atividade de pesquisa se apresenta como

fundamental para a formação acadêmica, em todas as áreas existentes, visto que tem como objetivo

responder pro-blemas a partir do emprego de procedimentos científicos. A proposta de reforma

universitária nos traz que o ensino superior deve oportunizar a pesquisa, o desenvolvimento das

ciências, letras e artes e a formação profissional. Portanto, uma faculdade comprometida com a

formação do aluno em todas as suas esferas, deve promover oportunidades para que ele possa tirar o

máximo proveito da experiência acadêmica, sendo o envolvimento na produção do conhecimento

um elemento significativo para isto. Desta forma, espaços de diálogos e trocas acerca dessas

produções são fundamentais para fazer circu-lar este saber produzido na experiência acadêmica e

profissional. Configurando-se, assim, na proposta da SPC, que, de modo geral, tem apresentado

resultados bastante positivos, como podem ser obser-vados nas produções aqui disponibilizadas.

Suzana Almeida Araújo Jaldemir Batista

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AFETIVIDADE NA PRÁTICA DOCENTE COMO FORMA DE COMBATER

A EVASÃO ESCOLAR: EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO INSTITUTO

LUCIANO BARRETO JÚNIOR

Fábio Mauricio Fonseca Santos - ILBJ/SE

Especialista em Psicopedagogia e Graduado em Segurança do Trabalho pela UNIASSELVI, Especialista em Mídias na Educação pela UFPE/USP-NCE, Graduando em Licenciatura em Informática – UNIT, pós-graduando em Docência no

Ensino superior pela Estácio e Educador Social do Instituto Luciano Barreto Júnior.

Resumo

O presente artigo apresenta o relato de uma experiência vivenciada em espaço de aprendizagem de

uma instituição voltada ao atendimento de jovens sergipanos, em situação de risco pessoal e/ou

social. Centra-se, a problemática investigada, nos aspectos que permeiam a evasão escolar a partir

das reflexões acerca da afetividade em sala de aula. Nessa proposta, com base na bibliografia

existente sobre a temática, segue-se a metodologia na modalidade de estudo de caso, fundamentada

com a técnica da observação para obtenção dos dados, que implicaram em um projeto bem-

sucedido no aspecto de superação dos problemas evidenciados ao longo do caminho percorrido.

Palavras-chave: Afetividade. Evasão. Ensino-aprendizagem. Educador. Praxis.

Introdução

No âmbito da discussão acerca da práxis pedagógica, a evasão escolar é considerada uma das

problemáticas mais estudadas no domínio da educação, construída a partir de enfoques diferencia-

dos, frequentemente antagônicos e, muitas vezes, entendida como resultado do fracasso escolar do

estudante e da própria instituição de ensino. Nesse sentido, entender e interferir positivamente no

processo de evasão escolar é um desafio que requer uma atitude reflexiva para se alcançar a

abrangência do tema, constatando-se a necessidade de conscientização, por parte de quem é

mediador do

conhecimento, no que concerne, primeiramente, a ter coragem para querer a mudança e, depois, em

admitir a relevância de aprender efetivamente a ensinar.

Partindo-se do pressuposto que a afetividade é elemento fundamental para criar um ambiente

de convivência mais humana àqueles adolescentes que necessitam reconstruir uma história diferenciada

de vida, o presente artigo apresenta o recorte de uma experiência realizada em ambiente institucional, na

vivência profissional como professor em dois projetos distintos, justificando-se a escolha da temática por se entender que a escola, enquanto espaço de formação humana, é constituída pela

heterogeneidade de ideias, valores, experiências e crenças, cabendo ao docente desempenhar papel

fundamental na construção da pessoa e do conhecimento, ajudando, com o afeto demonstrado, no

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desenvolvimento da personalidade e do comportamento do aprendiz.

Acerca da Evasão e da Afetividade na Educação

Na perspectiva de Ceratti (2008), a evasão escolar, caracterizada como o abandono da escola

pelo aluno que deixa de frequentar a aula durante o ano letivo, tem sido um grande desafio para o

sistema educacional no Brasil. Sabe-se, todavia, que esta é uma questão difícil de resolver em curto

espaço de tempo, uma vez que as dificuldades pessoais dos aprendizes nela se encontram refletidas,

originadas das diversas condições com que se estes deparam em sua vida particular e escolar. Con-

siderando-se que tal problemática precisa ser compreendida para ser combatida, torna-se importante

questionar se é possível, no âmbito escolar, realizar ações que diminuam os índices de evasão, co-

nhecendo-se que a escola, muitas vezes, sem se dar conta, faz uso de algumas práticas de ensino que

acabam contribuindo para a fuga do aluno.

Percebe-se, neste contexto, a necessidade de compreensão e estímulo por parte do professor para

superação das dificuldades e desafios que muitos encontram em seus caminhos, sendo gerados, muitas

vezes, pela falta de acolhimento da escola, acreditando-se, por conseguinte, que o principal meio para se

evitar essas evasões encontra-se na afetividade, nos vínculos que se estabelecem em sala de aula,

fazendo com o discente sinta-se motivado a permanecer na escola. De acordo com Fernandes,

Luft e Guimarães (1998), o termo afetividade corresponde ao sentimento de inclinação para alguém,

simpatia, afeição, encontrando-se eventualmente, na literatura, a utilização dos termos afeto,

emoção e sentimento, aparentemente como sinônimos.

Na visão de Wallon (1968), a afetividade tem uma concepção mais ampla que engloba um

componente orgânico, corporal, motor, plástico (emoção), um componente cognitivo, representacio-

nal (sentimentos) e um componente expressivo (comunicação), os quais dão sustentação às ações

dos indivíduos. Intrinsecamente vinculada à cognição, a afetividade constitui-se fator essencial na

vida escolar, encontrando-se na teoria de Piaget (1994) que ela cumpre o papel de fonte de energia

para o funcionamento da inteligência e, apesar de não lhe modificar a estrutura, pode interferir no

que se refere a acelerar ou retardar o desenvolvimento do processo de aprendizagem dos indivíduos.

Sob essa ótica, a afetividade exerce um papel crucial na vida das pessoas e forma um elo na

relação professor-aluno, no âmbito da qual educar é ajudar o educando a tomar consciência de si

mesmo, dos outros e da sociedade em que vive, bem como de seu papel dentro dela para aceitar-se

e, principalmente, ao outro, com seus defeitos e qualidades. Pode-se supor, nessa perspectiva, que a

afetividade se constitui como um fator de grande relevância na determinação da natureza das

relações que se estabelecem entre o aluno e os diversos objetos de conhecimento, tais como os

conteúdos es-colares, bem como em sua disposição diante das atividades propostas e desenvolvidas.

Na verdade, são as experiências vivenciadas com as outras pessoas que irão marcar e con-

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ferir aos objetos de aprendizagem um sentido afetivo, remetendo ao entendimento de Vygotsky

(1993) de que o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental ge-

rado pela motivação, isto é, pelos desejos e necessidades, interesses e emoções. É incontestável,

portanto, a afetividade no funcionamento da inteligência, pois na interação afetiva existe o interesse

e a motivação, além do desenvolvimento de sentimentos positivos com os quais o aluno irá

construir sua autoimagem, envolvido não somente intelectualmente, mentalmente, mas por inteiro

no processo de aprendizagem.

Nessa perspectiva, evidenciou-se a necessidade, enquanto professor, do empenho em cativar

o educando dentro de um contexto comunicacional participativo, acreditando que o caminho para a

inclusão social do discente passa pela educação conscientizadora, levando-o ao desenvolvimento da

competência para operar com a tecnologia, de acordo com os programas mantidos pelo Instituto em

análise, a qual se configura como uma organização sem fins lucrativos que mantém e desenvolve

atividades designadamente na área socioeducativa, com o principal objetivo de possibilitar a infoin-

clusão social de adolescentes e jovens sergipanos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Nesse contexto, para a construção de um trabalho como educador social e visando a redução

da evasão escolar, uniu-se pesquisa e intervenção na situação observada, envolvendo tal problemá-

tica, pautando a ação em três fases distintas, de acordo com a pedagogia de Freire (1987), a saber: a

elaboração do diagnóstico do problema, a elaboração preliminar da proposta de trabalho,

propriamen-te dita, e o desenvolvimento e complementação do processo com a participação de toda

a comunidade pedagógica da Instituição na implementação da proposta.

Partindo-se da análise estatística dos índices de evasão, procurou-se auxiliar na averiguação,

prevenção e intervenção dos problemas de aprendizagem, atuando, de maneira prática e efetiva, junto

aos sujeitos envolvidos no ato pedagógico, com foco na qualidade das relações estabelecidas entre

professores e alunos, caracterizando-se a pesquisa realizada como um estudo de caso, levando-se em

conta que o resultado deste se sustenta no desenvolvimento prévio de proposições teóricas que con-

duzem a coleta e a análise dos dados, com a intenção de propiciar uma visão global do problema ou de

identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados (YIN, 2001).

Mediante tal configuração, utilizou-se da observação que, conforme salienta Vianna (2007),

representa uma técnica valiosa, especialmente na coleta de dados não verbais, mediante a qual o ob-

servador pode utilizar os sentidos para captar fatos evidenciados no realismo da situação observada.

Dessa maneira, os sujeitos observados foram os alunos dos cursos de Informática Avançada nos tur-

nos da manhã e tarde, perfazendo um total de 160 alunos, além de seis professores, uma

coordenadora e uma assistente pedagógica, com o objetivo de se coletar informações que

possibilitassem intervir no sentido de se buscar a solução da evasão, tendo como referência a ideia

de que a elaboração cognitiva deve centrar-se na relação com o outro.

Nas observações feitas, teve-se a oportunidade de comprovar que era comum nos jovens con-

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siderados em situação de risco social, a manifestação de um comportamento arredio e de baixa au-

toestima, os quais não realizavam as tarefas, não tinham zelo e acabavam se isolando; por outro

lado, o professor entrava em sala esperando mais uma aula monótona e sem a participação dos

alunos, ficando, portanto, em posição de defesa e agindo, até certo ponto, com relativa grosseria e

prepotên-cia. Na análise do comportamento dos professores, verificou-se que ministravam aulas

muito técnicas e tediosas, acontecidas apenas no campo cognitivo, sem o estabelecimento, pois, de

vínculos como expressão da afetividade, do mesmo modo que os alunos, por não estarem

suficientemente motivados, acabavam por prejudicar as aulas com conversas paralelas até o

abandono total de seus estudos na Instituição.

Baseando-se na perspectiva teórica fundamentalmente social de autores como Piaget (1994),

Vygotsky (1993) e Wallon (1968), defendeu-se a proposta de que a afetividade, enquanto elemento

inseparável do processo de construção da aprendizagem, deveria se manifestar na relação professor-

-aluno, levando-se em conta que a qualidade da interação pedagógica iria conferir um sentido

afetivo ao objeto de conhecimento a partir das experiências vividas entre eles. Nesse sentido, a

Instituição em estudo, como um todo (coordenação, professores e educandos), precisava

compreender e aplicar a afetividade, aprendendo a cuidar adequadamente das emoções das pessoas

que dela fazem parte, uma vez que somente desta maneira seria propiciada uma vida emocional

plena e equilibrada, prin-cipalmente aos educandos que se sentiriam mais acolhidos e valorizados

no ambiente de ensino, acreditando que absolutamente todos se preocupam com eles, sua opinião e

o andamento de sua aprendizagem, passando a ser o centro das atenções e não somente um número,

ou mais um no meio de tantos outros alunos.

Para tanto, orientando-se pelo principal objetivo de demonstrar a importância da relação

entre o afetivo e o cognitivo no âmbito de sala de aula, buscou-se direcionar os alunos no que se

referia ao reconhecimento das potencialidades da aprendizagem das tecnologias no Instituto,

ressignificar conceitos pessoais capazes de influenciar em uma relação mais afetiva dos sujeitos

consigo mesmo e com o outro, estimular a construção de uma visão do conhecimento num contexto

de inter-relações, bem como propor aos professores a elaboração de um planejamento adequado

para cada turma e/ou alunos específicos.

Com a firme intenção de facilitar o aprendizado a partir da perspectiva do valor do dis-

cente, procurou-se oferecer uma educação que possibilitasse sua constituição como pessoa dotada

de atitudes sociais, tornando-o capaz de respeitar não somente a si mesmo, como também o outro. A

coordenação, em parceria com os professores, buscou alternativas capazes de solucionar os proble-

mas advindos da falta de motivação dos alunos, consciente de que estes não se limitavam apenas ao

alunado, mas apresentando uma proporção maior devido às dificuldades no estabelecimento de vín-

culos afetivos na instituição, o que, consequentemente, implicou em maior respeito pelo

profissional docente, compreensão por seu trabalho e na autorresponsabilidade.

Identificou-se, com isso, que os docentes tornaram-se não somente favoráveis, como tam-

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bém passaram a solicitar à execução de um planejamento voltado à concretização de cursos e dinâ-

micas onde pudessem participar e interagir uns com os outros e, assim, rompidas as resistências, o

relacionamento melhorou consideravelmente, permitindo transformar a coordenação e os

professores em uma equipe única de colaboradores. Essas transformações impactaram na evasão,

conforme se pode observar nos dados relativos ao curso de Informática Avançada:

Gráfico 1- Índice de Evasão

Evasão - Informática Avançada

30,8

de

Alu

no

s

17,9

17,9 %

14,2

5,6

2008 2009 2010 2011 2012 Dados retirado do sistema acadêmico no dia 23.07.12

Nessa experiência vivenciada dentro de um contexto maior, o projeto âncora da Instituição,

denominado de Projeto Conectando com o Futuro, por meio da afetividade, conseguiu facilitar a

comunicação e a aproximação do educador com o educando, reduzindo-se, consequentemente, a evasão,

levando para o ensino no Projeto Crescer, no âmbito da mesma Instituição, a resposta para uma relação

educativa duradoura, a qual envolve os aspectos cognitivos, emocionais e afetivos entre professor e

aluno em sala de aula, após ter se chegado à conclusão que os sentimentos negativos inter-ferem

desfavoravelmente e comprometem o processo de aprendizagem de jovens com dificuldades.

O Projeto Crescer para o Futuro, ou simplesmente Projeto Crescer, possui o objetivo de opor-

tunizar a ressocialização de jovens e adolescentes advindos de instituições de acolhimento, tratando--se

de uma parceria do Ministério Público de Sergipe com o Instituto, cuja natureza humanística tem na

educação o motor para o processo de transformação pessoal e social, com duração de 10 meses e

constituído das seguintes disciplinas básicas: Informática, Matemática, Português e Cidadania e Tra-

balho. Diante de sua especificidade, originalmente o Projeto Crescer reunia, em uma mesma turma,

apenas os jovens abrigados, o que representava, em média, 25 a 30 destes educandos, mas terminando

com somente 3 ou 5, no máximo, o que levou a equipe pedagógica e docente a reconsiderar esta com-

posição, redirecionando-os para diferentes turmas do curso de Informática na Instituição.

Entretanto, notou-se que, mesmo assim, os problemas com evasão e indisciplina permane-ciam,

motivo pelo qual, a título de experiência, no ano de 2012, esse grupo foi conduzido às aulas de

Informática Avançada que são ministradas pelo autor, contrariamente a exigência, do próprio Insti-

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 15

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tuto, relativa a todo aluno ingressante ter que passar, pelo menos, um ano no módulo de Informática

Básica para só então ser introduzido em outra modalidade deste tipo de ensino, mas levando em

conta os bons resultados que vem se alcançando no tocante à evasão, disciplina, aprendizagem e

relaciona-mento.

Com a implantação do educador social, em 2011, na Instituição, e um olhar diferenciado pela

experiência vivenciada na proposta de conscientização da importância da afetividade nas aulas do

Projeto Conectando com o Futuro, assumiu-se as turmas oriundas de abrigos, constituindo-se um

desafio reuni-los a alunos, ditos “normais”, em uma mesma sala, pois além dos problemas oriundos

de suas histórias de vida, encontrariam outros obstáculos por nunca haverem mantido contato com o

computador, o que, possivelmente, implicaria na dificuldade em fazer com que eles interagissem

com os demais e, principalmente, conseguissem acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem

do grupo já integrado ao conhecimento de Informática, incorrendo, fatalmente, em evasão.

Nesse sentido, contrariando várias ideias arraigadas na prática docente, como o apego a uma

planificação rígida, foi proposto aos alunos envolvidos nesse grupo de necessidades, os meios inte-

lectuais e afetivos para ultrapassar os obstáculos naquela situação educativa, tendo como diferencial

as competências profissionais observadas em professores que se afastaram do modelo docente tradi-

cionalista e identificaram-se mais com aquelas que caracterizam o educador social. Nessa dinâmica,

levou-se em consideração a cuidada atenção às diferenças dos alunos e a concretização de ocasiões

de interação entre eles, de acordo com a perspectiva de Astolfi (1995 apud DUARTE, 2005) que

embasa a pedagogia diferenciada.

Assim, organizando a turma em grupos, lançou-se mão do método de aprendizagem no qual

os alunos com mais domínio de conceitos ou competências da Informática puderam ajudar, em cada

unidade, àqueles com dificuldades, alcançando certas noções pela reformulação em termos mais

sim-ples, além da intervenção docente em exposições breves, atentando sempre às formulações de

cada aprendiz. A aprendizagem de todos os alunos ganhou um novo impulso, em decorrência da

ampliação do relacionamento entre educador e os educandos, cujos resultados puderam ser

identificados na re-dução da evasão, conforme se identifica abaixo:

Gráfico 2- Redução da evasão no Projeto Crescer

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ANAIS.indd 16-17

Para que isso acontecesse, a troca de experiências, a tomada de consciência acerca da

importância do afeto na construção da noção do eu e do outro, num processo concomitante de

diferen-ciação e socialização (PIAGET, 1994), foi fundamental para que os alunos provenientes dos

abrigos conseguissem, com êxito, acompanhar a turma e continuar em outros projetos no Instituto.

O estabe-lecimento dos laços de afetividade, companheirismo e amor tornaram significativas as

contribuições das observações, cuja intencionalidade de tornar concreto o afeto na ação pedagógica

promoveu uma forma precisa para uma aprendizagem eficaz e, consequentemente, evitou-se o

aumento das evasões que vinha apresentando um índice constante em sua trajetória.

Considerações Finais

Através do espaço institucional optado, procurou-se refletir, respaldado em diversas teorias,

sobre os considerados problemas de aprendizagem humana dentro da abordagem da afetividade, fa-

zendo-se uma observação da prática docente que permitiu a obtenção de subsídios para concluir

que, no caso em questão, a evasão podia ser analisada como uma resposta do aluno às condições

relacio-nais existentes, implícitas ou explícitas, no ambiente escolar. Isso originou a preocupação

com as es-pecificidades da aprendizagem que deve ocorrer em sala de aula, de acordo com a visão

de educação que torna perceptível a necessidade do indivíduo ser trabalhado em sua afetividade e

cognição, prin-cipalmente aqueles estudantes que, pelas dificuldades diagnosticadas, exigem maior

compreensão e acompanhamento no ensino.

Sublinha-se que é a organização escolar quem produz o insucesso dos alunos quando não

consegue responder às diferentes expectativas e necessidades dos jovens ao oferecer o conhecimento

apenas como algo meramente ensinável, destituído de vínculos de afeto e confiança, representando,

assim, uma combinação infeliz quando ligada à história sociocultural, econômica e familiar do edu-

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cando.

Resta acrescentar que a exposição, mesmo breve, de um trabalho realizado com a pertinente

preocupação de dar significado à própria experiência docente, permite reconhecer que a reflexão

sobre os quadros de referência acerca do ensino e de suas múltiplas faceta interfere significativa-

mente nos processos de aprender a ser professor, apontando algumas sugestões para servir de apoio

à modificação de atitudes, em termos de experimentação de um procedimento pedagógico capaz de

desencadear novo entusiasmo mesmo em mentes céticas e desiludidas.

Referências

CERATTI, M. R. N. Evasão escolar: causas e consequências. Paraná: 2008. Disponível em:

<http:// www.diadiaeducação.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/242/pdf>. Acesso em 06 out. 2012.

DUARTE, J. B. Pedagogia diferenciada para uma aprendizagem eficaz. São Paulo: Cortez Edi-

tora, 2005.

FERNANDES, F.; LUFT, C. P.; GUIMARÃES, F.M. Dicionário Brasileiro Globo. São Paulo:

Glo-bo, 1998.

PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. VIANNA,

H. M. Pesquisa em educação: a observação. Brasília: Liber- Livro Editora, 2007.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

WALLON, H. P. H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968.

YIN, R. K. Estudo de casos: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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AS REDES SOCIAIS NOS PROCESSOS DE INFOINCLUSÃO DIGITAL

DESENVOLVIDOS PELO INSTITUTO LUCIANO BARRETO JÚNIOR

Fábio Maurício Fonseca Santos – ILBJ1

[email protected]

Jonathas Fontes Santos – ILBJ2

[email protected]

Resumo

Este artigo pretende analisar a importância dos sites de redes sociais (SRS) na promoção da

Infoinclusão Digital de adolescentes e jovens com idade entre 15 e 25 anos, provenientes de

famílias vulnerabilizadas pelas desigualdades sociais. O Instituto Luciano Barreto Júnior (ILBJ)

espaço de aprendizagem e construção de conhecimento se configura no âmbito da educação não-

formal (GOHN, 2010), instituição sem fins lucrativos desde 2003, desenvolve projetos para o

desenvolvimento social sustentável e fortalecimento da cidadania a partir do conceito de

infoinclusão digital e de sua percepção acerca dos fatores que levam a exclusão digital no país,

(SORJ, 2003). Desenvolve-se numa abordagem de pesquisa exploratória (GIL, 2002), através de

três etapas: levantamento bibliográfico; coleta de dados, mediante questionário online, e análise e

interpretação dos dados, a partir do qual, descrevemos algumas percepções dos jovens a respeito

dos sites de redes sociais utilizados pelo ILBJ e identificamos razões que evidenciam estes sites

como relevantes ao seu processo de infoinclusão digital.

Palavras-chave: Educação não formal; Infoinclusão Digital; Redes Sociais.

Introdução

Sendo a desigualdade social fator de grande preocupação para a sociedade contemporânea,

o combate as suas múltiplas dimensões é um dos grandes desafios na atualidade. A exclusão digital

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constitui-se em um exemplo destas dimensões, que Sorj (2003, p.13) a define como “a distribuição

desigual entre os países – e no interior de cada sociedade – dos recursos associados às tecnologias

da informação e comunicação” (TIC). O impacto destes recursos na sociedade leva a um aumento

desta desigualdade, já que apenas os setores da população mais favorecidos é que, inicialmente,

apropriam-se deles ampliando as vantagens sobre os demais, por dispor de recursos e educação. Em

contrapartida as classes menos favorecidas necessitam de uma garantia de acessibilidade e

conectividade com as inovações tecnológicas (SORJ, 2003).

Tal garantia pode ocorrer através da infoinclusão digital, pois ela possibilita ao sujeito

em situação de exclusão, domínio técnico e capacidade intelectual e profissional para explorar as

múltiplas potencialidades oferecidas pela telemática.

A luta contra a exclusão digital pode ser entendida como “um esforço para não permitir

que a desigualdade cresça ainda mais com as vantagens que os grupos da população com mais

recursos e educação podem obter pelo acesso exclusivo a este instrumento.” (SORJ, 2003, p.62).

Para Sorj (2003), este tipo de exclusão depende de cinco fatores que determinam o nível

de universalização dos sistemas telemáticos: 1) a existência de infraestruturas físicas de

transmissão; 2) a disponibilidade de equipamento/conexão de acesso; 3) treinamento no uso dos

instrumentos do computador e da internet; 4) capacitação intelectual e inserção social do usuário,

produto da profissão, do nível educacional e intelectual e de sua rede social, que determina o

aproveitamento efetivo da informação e das necessidades de comunicação pela internet, 5) o último

fator que é a produção e uso de conteúdos específicos adequados às necessidades dos diversos

segmentos da população. Desta forma, compreendemos que o combate a esta dimensão da

desigualdade social deve suprir a falta de acesso aos recursos, desenvolver no sujeito competências

e habilidades para o seu uso e oferecer conteúdos adequados às suas necessidades.

Com base na breve contextualização teórica e no que Gil (2002) reconhece como

objetivo da pesquisa exploratória, que é o de “proporcionar maior familiaridade com o problema

com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses” (p. 41), além de aprimorar ideias ou

descobertas de intuições; partimos para uma abordagem mais específica dos temas considerados na

pesquisa, sendo os sites de redes sociais (SRS) e a infoinclusão digital, para então discorrer sobre

suas relações com as ações desenvolvidas no Instituto Luciano Barreto Junior (ILBJ).

Os sites de redes sociais e a infoinclusão digital

A comunicação mediada pelo computador trouxe novos meios de organização,

identificação, conversação e mobilização social (RECUERO, 2009). Sabemos que há inúmeras

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potencialidades na exploração deste tipo de comunicação, e para o jovem que ingressa no ILBJ

é essencial que no processo de infoinclusão digital sejam a ele oferecidas condições que o façam

explorar estas potencialidades, de modo responsável, consciente e ético.

Através desta mediação tornou-se possível a criação e expressão de redes sociais no mundo

virtual, permitindo interações entre pessoas, organizações e grupos sociais através dos SRS. É

indiscutível a aceitação e interesse por estes sites por boa parte dos jovens e adolescentes da sociedade. Partindo desta observação, temos com a sua utilização, um excelente propulsor capaz de mobilizar

os jovens que ingressam no ILBJ a buscarem compreender e dominar habilidades básicas de acesso

à internet, com intuito de fazer parte deste mundo virtual, que só é possível com a comunicação

mediada pelo computador.

Podemos exemplificar o uso do correio eletrônico, o envio e recebimento de arquivos, a

visualização de arquivos de multimídias, uso de comunicadores instantâneos e compartilhamento de

informações, como apenas algumas das habilidades que podem ser adquiridas em consequência desta

mobilização ao uso dos SRS. Assim, o uso destes sites possui relação importante de contribuição com o

processo de alfabetização digital, que é “o treinamento no uso do computador e da Internet” (SORJ, 2003, p.38).

Constituindo o ILBJ um espaço que desenvolve ações voltadas à educação não formal,

numa análise das dimensões do processo político pedagógico de aprendizagem e produção de

saberes, tem-se neste tipo de educação a aprendizagem para a cidadania e para atuação no mundo

do trabalho (GOHN, 2010). Relacionando estas dimensões à forma como a alfabetização digital

deve ser promovida, que é de modo a proporcionar “a aquisição de habilidades básicas para o uso

de computadores e da Internet, mas também que capacite as pessoas para a utilização dessas mídias

em favor dos interesses e necessidades individuais e comunitárias, com responsabilidades e senso

de cidadania.” (TAKAHASHI, p.31) encontramos uma ligação entre a aprendizagem da educação

não formal com a alfabetização digital, no que se refere ao exercício da cidadania.

Segundo Gohn (2010, p.16) “a educação não formal é aquela que se aprende ‘no mundo

da vida’, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços de

ações coletivos cotidianos” e apesar de o agente do processo de construção do saber neste tipo de

educação ser o educador social, para a autora o principal educador é aquele com quem o sujeito

interage e se integra (GOHN, 2010). Neste sentido, o fato de os SRS oferecerem espaços para a

promoção de interação e integração no ciberespaço, os aprendente que fazem uso deles têm como

opção, novas formas de construir o saber por meio destas interações com outros aprendentes,

educadores, equipe pedagógica e outros indivíduos também pertencentes à rede.

Ainda sobre interação, sabe-se que na educação não formal, os espaços educativos onde ela

pode acontecer são em “locais onde há processos interativos e intencionais” (GOHN, 2010, p.17), sendo

a intencionalidade peça fundamental. E através dos SRS é possível, como já foi apresentado,

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processos de interação entre os sujeitos envolvidos, possibilitando a promoção de espaços

educativos que darão lugar a construção de novos conhecimentos, experiências, valores etc.

Também para Gohn (2010, p.35), as “redes de sociabilidades virtuais, atualmente uma

grande força propulsora de atividades de natureza diversa (associativa, de lazer, de negócios,

política, cultural, religiosa etc.)” não devem se vincular apenas a aprendizagens escolares, entende-

se com isto que deve fazer parte também de outras formas de aprendizagens, a exemplo da

aprendizagem para a cidadania e o mercado de trabalho.

O Uso de Sites de Redes Sociais no ILBJ

Em 2005 o ILBJ realizou uma avaliação das atividades de infoinclusão social

desenvolvidas nos dois primeiros anos de fundação, a fim de entender quem eram, como viviam e o

que pensavam os adolescentes e jovens que participavam dos projetos. Nesta avaliação, preocupou-

se também em refletir sobre o conceito de inclusão digital desenvolvido desde 2004 por meio do

Projeto Conectando com a Vida (PROJETO INSTITUCIONAL, 2007).

Diante dos resultados obtidos, concluiu-se que, além de dar continuidade as ações já

desenvolvidas, a instituição necessitava criar novas ações, dentre as quais se propôs a “criar espaços de

comunicação e de acesso à informação, assim como contribuir para o desenvolvimento de competências

básicas para que os adolescentes e jovens possam participar do processo de produção e distribuição da

informação, grande meta para a sociedade do conhecimento” (PROJETO INSTITUCIONAL, 2007).

Ao analisarmos o uso da internet temos como opção duas dimensões: sua utilização como

“instrumento de comunicação e divulgação” ou como meio de “acesso à informação” (SORJ, 2003,

p.68), nesta perspectiva, a internet é um instrumento indispensável à concretização da ação proposta.

O Facebook, considerado SRS e um tipo de comunicação mediada pelo computador,

permite processos de interação, característica que possibilita processos educativos da educação não

formal, razão pela qual o ILBJ criou um perfil onde há publicação de eventos, programações e

avisos; diálogos por meio de comunicador instantâneo; esclarecimentos de dúvidas e

questionamentos; divulgação de arquivos de multimídia e compartilhamento de mensagens com

teor de conscientização para o exercício da cidadania. Além destas finalidades, também permite a

educadores desenvolver ações que o explore como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem.

Percebe-se claramente a intencionalidade da instituição com o uso do site no processo de

infoinclusão digital. Nesta perspectiva, o ILBJ explora tendo-o principalmente como instrumento de

comunicação e divulgação, mas também abre possibilidades para que novas iniciativas sejam

desenvolvidas por meio dos SRS a fim de fornecer acesso à informação, contribuir para a aprendizagem,

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conscientizar sobre temas de relevância para o aprendente envolvido neste processo como qualquer

outra ação que venha beneficiar o processo.

O que ocorre quase sempre no início é a chegada de jovens possuindo conhecimentos

básicos sobre o ciberespaço, relacionados em sua maioria a sites como Facebook e Orkut,

sobressaindo raras exceções, e eles possuem uma visão do recurso como uma alternativa de

entretenimento. No entanto, são indivíduos que não são capazes de explorar o computador e a

internet para finalidades que exijam um pouco mais de habilidades e capacidade intelectual.

Mas, mesmo sem esta capacidade intelectual com o uso da internet, sabe-se que estes

conhecimentos não devem ser desconsiderados, pois possuem sua importância para a alfabetização

digital, e os educadores sociais devem aproveitar-se e a partir deles levar os aprendentes a construir

novos conhecimentos relacionados ao uso do computador e da internet.

A exploração deste site pelo ILBJ também desperta nos aprendentes a percepção de que

os SRS não possuem o entretenimento como exclusiva ou principal forma de uso, mas tudo depende

da finalidade e interesse de quem está utilizando além de ser uma excelente ferramenta de

comunicação e interação, podendo também ser uma ferramenta essencial para a construção de novas

experiências com o ciberespaço.

Outra ação a ser considerada na relação entre o uso do Facebook e as ações do ILBJ é a

possibilidade do desenvolvimento dos capitais sociais relacional e cognitivo. Para melhor

compreensão é necessário entender sobre a colaboração que a educação não formal pode dar a um

determinado grupo, conforme o que propõe Gohn (2010) e os valores que podem ser construídos ao

fazer parte de determinados SRS, com base na contribuição de Recuero (2009).

Quando a educação não formal colabora para o desenvolvimento e fortalecimento de um

grupo, contribui para a criação de seu capital social, que Gohn (2010, p.20) prefere denominar

como “acervo sociocultural e político”, e para a autora o grupo tem na qualidade deste acervo a sua

força e potencial de atuação. Com base na consideração de que os SRS são “capazes de construir e

facilitar a emergência de tipos de capital social que não são facilmente acessíveis aos atores sociais

no espaço off-line.” (RECUERO, 2009, p.107), temos nestes sites a possibilidade de contribuir para

o desenvolvimento do acervo sociocultural e político dos jovens.

Há uma relação entre o uso dos SRS e os capitais sociais relacional e o relacional

cognitivo, tal relação ocorre por meios de valores que podem ser construídos com a participação nos

SRS, que são: visibilidade, reputação, popularidade e autoridade (RECUERO, 2009).

A visibilidade é construída por meio da capacidade que uma pessoa possui em está

conectada e mais visível numa determinada rede, e isto aumenta as possibilidades do indivíduo receber

determinadas informações compartilhadas ou comentadas na rede, além de obter auxílio com mais

facilidade para algo que esteja encontrando dificuldades. Apesar de a visibilidade decorrer da

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própria presença desta pessoa na rede, o valor irá ser importante também na construção dos demais

valores e está ligada ao capital social relacional (RECUERO, 2009).

A reputação é a percepção que se tem do ator construída pelos demais integrantes da rede,

implicando o “eu”, o “outro” e a relação entre estes. Relaciona-se ao que outras pessoas constroem

como impressões de nós, tendo por base as informações sobre quem somos e o que pensamos. Sabendo-

se também que este valor é influenciado por meio de nossas ações e do que os outros estabelecem sobre

elas. Este valor tem uma percepção qualitativa, ou seja, não deve depender da quantidade de conexões

que temos com outros atores, mas da impressão que estes têm de nós. Está ligado ao capital social

relacional, por ser consequência das conexões existentes entre os atores, e também ao cognitivo, por

depender do tipo de informação que publicamos (RECUERO, 2009).

A popularidade possui relação com a audiência, esta é possível visualizar por meios das

conexões e referência a alguém na rede. Este valor é relativo à posição que ele possui dentro da rede

a qual participa. Ele tem um valor quantitativo, ou seja, um jovem é mais popular por ter mais

pessoas conectadas a ele, podendo este ter uma forte capacidade de influência que outros por causa

desta popularidade. Está também relacionado ao capital relacional, mas com maior ligação a laços

fracos por causa de sua associação à quantidade de conexões e não a sua qualidade.

Por último temos a autoridade, que trata do poder de influência que uma pessoa possa ter na

rede, compreende-se também de autoridade a presença de reputação, pelo fato de haver a necessidade de

uma análise da real influência do indivíduo com relação à sua rede e da percepção que os outros têm da

reputação desta pessoa. Ela está relacionada tanto ao capital relacional como também ao cognitivo e só

pode ser medido “através dos processos de difusão de informações nas redes sociais e da percepção dos

atores dos valores contidos nessas informações.” (RECUERO, 2009, p.114).

Por enquanto, destacou-se a importância do Facebook no processo, mas há outra

iniciativa que explora o uso de SRS e que também cabe destacar, que é o weblog para aprendentes

do Projeto Informática Avançada.

O “Blog do Avançado”, como é chamado, foi idealizado com o intuito de disponibilizar

informações pelos educadores, coordenação pedagógica e psicossocial, informações estas relacionadas a

oportunidades de emprego, processos seletivos, eventos internos e externos relacionados ou não ao

ILBJ, dicas sobre mercado de trabalho, temas sobre cidadania, ética, tecnologia e dentre outros.

Tomamos com base para considerar o “Blog do Avançado” como SRS a definição de

Recuero (2009, p.102) que o considera como “toda ferramenta que for utilizada de modo a permitir

que se expressem as redes sociais suportadas por ela”, para a autora fotologs, weblogs e ferramentas

de micromessaging atuais podem ser também incluídos neste tipo de site, por possuírem

mecanismos de individualização, mostrar as redes sociais de cada ator de forma pública e

possibilitarem que eles construam interações por meio destes sistemas.

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Podemos definir weblog como uma

[...] página na Web que se pressupõe ser actualizada com grande frequência através da

colocação de mensagens – que se designam “posts” – constituídas por imagens e/ou textos

normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sites de interesse e/

ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma cronológica,

sendo as mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar. (GOMES,

2005, p.311).

O blog, abreviação de weblog, pode ser explorado como “recurso pedagógico” ou

“estratégia pedagógica” (GOMES, 2005, p.312). Como recurso proporciona um espaço de “acesso a

informação especializada” ou “disponibilização de informação por parte do professor”, enquanto

que como estratégia permite a criação de: portfólio digital, espaço de intercâmbio e colaboração,

espaço de debate – role playing ou espaço de integração (GOMES, 2005).

Se pensarmos nas duas dimensões de uso da internet, descritas anteriormente, percebe-

se que o blog não permite apenas explorar a primeira, mas também ser um meio de acesso à

informação, possibilitando o alcance do quinto fator, do qual também está relacionada a exclusão

digital, já que através dele o educador pode produzir ou direcionar os aprendentes para conteúdos

específicos conforme adequação às suas necessidades.

O educador tem através do uso deste recurso, distintas formas de exploração na educação

não formal, podendo acompanhar a abordagem de conteúdos nas aulas; disponibilizar conteúdos,

estabelecendo ligações a sites que tenha alguma relação; fazer comentários, tanto em sala como no blog;

fazer referências a notícias atuais, caso estas possuam relevância aos conteúdos abordados em aulas,

além de outras que estejam em acordo com a intenção do ILBJ no exercício de suas ações. Apresentamos aqui apenas algumas possibilidades, valendo para a criação de outras a criatividade

do educador e a preocupação em está contribuindo para os objetivos da educação não formal,

propostos por Gohn (2010): a justiça social, os direitos (humanos, sociais, políticos, culturais etc.), a

liberdade, a igualdade e o respeito à diversidade cultural, a democracia, o combate a toda e qualquer

forma de discriminação e o exercício da cultura e manifestação das diferenças culturais.

Resultados

Procuramos fundamentar a análise nas contribuições de autores que tratam de três temas:

exclusão digital, educação não formal e expressão de redes sociais na internet. No que se refere à

exclusão digital, tomamos como base os conceitos de Sorj (2003) e os fatores que o autor apresenta

como itens importantes no combate a exclusão digital. Em relação ao tipo de educação desenvolvido

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pelo instituto, fizemos referência à contribuição de Gohn (2010) sobre a educação não formal,

analisando características, objetivos, locais onde pode acontecer, sua relação com a construção do

capital social e a observação de que o principal educador para este tipo de educação é o “outro” com

quem o aprendente interage e se integra.

Ainda em análise das contribuições teóricas, destacamos as referências feitas ao

trabalho de Recuero (2009), onde tivemos como associar objetivos da educação não formal com os

valores construídos na utilização dos SRS, no que se refere ao desenvolvimento do acervo

sociocultural e político de um determinado grupo.

Considerando que o ILBJ desenvolve ações relacionadas à educação não formal, as

reflexões sobre o uso dos SRS foram realizadas pensando nas suas relações de contribuição com os

objetivos propostos por Gohn (2010) para este tipo de educação. Buscamos para estas reflexões uma

breve demonstração de valores construídos nos SRS que ajudam no desenvolvimento do capital social

relacional e cognitivo (RECUERO, 2009) e uma demonstração da exploração do weblog na educação

não formal, tanto como estratégia quanto como recurso da prática pedagógica (GOMES, 2005).

Na construção de dados foi utilizado um questionário on-line aplicado a aprendentes do

Projeto Informática Avançada que participaram ou estão participando em 2012 do curso, constituindo o

principal objetivo analisar se o uso do perfil do ILBJ no Facebook tem sido visto pelos aprendentes que

fazem parte de sua lista de “amigos” como meio de comunicação, divulgação e interação. Isto para saber

se os objetivos propostos pelo instituto com o uso da ferramenta estão sendo alcançados.

Outro objetivo foi o de saber se na residência destes aprendentes havia computador com acesso à

internet, por ser este um dos fatores que caracterizam a exclusão digital. Com isto tivemos como

analisar o nível de importância do ILBJ como local de acesso à internet para os jovens, já que

muitos não dispõem dos recursos necessários ao acesso à internet em suas próprias residências.

Os aprendizes responderam a questões com abordagens sobre: idade, sexo, escolaridade e se

possuíam computador com acesso a internet em casa. As demais questões tinham por objetivo

identificar pontos relacionados à relação deles com o Facebook e com o perfil alimentado pelo ILBJ.

O primeiro ponto observado foi que dos 80 participantes que responderam ao questionário

70% não possuem conexão à internet em suas residências, diante desta informação e convertendo

tal percentual para o universo de jovens matriculados no ILBJ em 2012, que é de 1400, percebemos

que temos uma estimativa de que 980 jovens não possuem conexão em suas residências.

Em segundo lugar, observamos como se dá a relação dos jovens que possuem perfil no

Facebook e pertencem à lista de amigos do ILBJ. De início percebemos que apenas 29,5% dos

aprendentes estão conectados à lista, 43,58% apesar de possuírem perfil no site não estão e apenas

26,92% ainda não possuem um perfil no site. Diante destas informações confirma-se o interesse que

há dos jovens pelos SRS, já que mais de 70% fazem parte do SRS, mas descobre-se algo que nos

deixa curiosos, pois nota-se que muitos jovens apesar de fazer parte não estão conectados à lista do

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ILBJ, motivo que deixa-nos com um item a ser abordado nas próximas análises, a fim de

compreender o porquê desta escolha.

Como nosso objetivo foi analisar a relação dos aprendentes que estão conectados à lista,

cabe-nos tratar dos resultados encontrados. Dos 29,5% conectados à lista, questionou-se o seguinte:

“Fazer parte da lista de amigos do ILBJ no Facebook, tem sido útil para você de que forma?”. É

possível visualizar o percentual das respostas dos jovens no gráfico abaixo:

Através destes dados é possível analisar a percepção que estes jovens estão tendo em

integrar a lista de amigos do instituto. Em primeiro lugar, observamos que os maiores índices, de

como os adolescentes têm explorado esta relação, são justamente os que enfatizam a interação entre

aprendente e equipe ILBJ (gerência, coordenação e educadores) e acesso a informações

relacionadas à instituição e divulgadas no espaço (eventos, mini-cursos, cursos, atividades,

palestras, oficinas e seleções).

Mas não é apenas para interação com a equipe ILBJ que os jovens utilizam esta lista, há um

nível considerável que utiliza como meio de interagir com outros jovens, tanto para construção de novas

amizades (onde se enquadra o valor visibilidade, que está relacionado ao desenvolvimento do capital

social), como também para manter-se atualizado das informações que os demais jovens estão

compartilhando, comentando e/ou “curtindo”. Nestas interações é possível ocorrer processos educativos

da educação não formal, já que neste tipo de educação não temos apenas o educador social como único

agente para se construir o saber, mas é no “outro” que o aprendente também encontra, através da

interação e integração, um meio de desenvolver seu acervo sociocultural e político (GOHN,

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2010).

Com a construção de novas conexões por meio da rede é possível também o aumento do

valor visibilidade que contribui com o capital social relacional do indivíduo. A visibilidade,

segundo Recuero (2009), pode funcionar como matéria-prima na criação de outros valores, como a

reputação e popularidade.

Com estes dados percebemos também que o menor índice está relacionado ao

entretenimento, pois buscou saber se o jovem acessa o perfil do ILBJ apenas para ver coisas tidas

por eles como engraçadas, já que muitos indivíduos buscam em tais redes apenas conteúdos de teor

humorístico. Então, concluímos que a maioria deles não busca apenas este tipo de conteúdo no

perfil do instituto, mas principalmente interação e informação sobre assuntos de seus interesses que

estão em sua maioria relacionados às ações desenvolvidas pelo instituto.

Através deste questionário analisamos a relação dos jovens com o Facebook e com o

perfil do instituto, mas também procuramos saber qual percepção que eles têm construído a respeito

do blog. E dar espaço para que eles contribuíssem com sugestões do que poderia ser melhorado para

eles obterem um maior aproveitamento com o uso do recurso.

Os jovens responderam a dois questionamentos, sendo um a respeito da importância do

blog para eles enquanto aprendentes do curso e outra com objetivo de dar espaço para saber o que

eles teriam de sugestões para o blog.

Em análise das respostas constatamos que há uma percepção clara de que eles têm o

espaço como meio para realização de duas principais finalidades, uma é explorá-lo como meio de

acesso a informação e conhecimento, e a outra para ter acesso a oportunidades de emprego. Estas

são as que mais foram lembradas pelos entrevistados em suas respostas, mas outras foram

pontuadas, a exemplo de: interação, entretenimento, resolução de questões e dicas relacionadas ao

mercado de trabalho e concursos públicos.

Visando receber sugestões que sirvam de subsídios ao desenvolvimento de novas ações

com o uso do blog, foi aplicada uma questão para que o aprendente deixasse suas ideias de como o

espaço poderia ser melhorado. Numa síntese geral do que eles propuseram, temos uma visão de que

eles querem uma participação mais ativa do espaço, saindo de meros expectadores e passando a

autores de informação, conteúdo e experiências.

Quatro aprendentes defendem que suas experiências devem ter espaço para publicação,

podendo ser compartilhadas através de multimídias. Já outros sugerem que o “Espaço do aluno”, parte

que há no blog reservado a postagem de conteúdos criados pelos jovens e que disponibilizaram para

compartilhar com os demais, seja mais valorizado. Além de outras sugestões, destacamos algumas

delas: maior número de postagens com informações sobre mercado de trabalho, curiosidades e

entretenimento; maior liberdade para download de músicas, vídeos e imagens; divulgação de mais

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oportunidades de emprego; maior interatividade e que esteja sempre atualizado.

Considerações finais

Diante dos resultados apresentados percebemos que o ILBJ tem contribuído para o

desenvolvimento do acervo sociocultural e político dos aprendentes por meio dos SRS, tanto como

instrumento de comunicação e divulgação, quanto como recurso pedagógico no caso do weblog.

Mas, com esta pesquisa abrimos espaço para novas reflexões e perspectivas de pesquisas na busca

de melhorar ainda mais as ações já desenvolvidas com o uso de SRS.

As possibilidades são muitas, de exploração dos SRS no processo, que podem ganhar

espaços e serem aplicadas. Por exemplo, se há um blog para os aprendentes do avançado, nada impede

que o ILBJ possa criar outros blogs como recursos e/ou estratégia pedagógica a serem explorados pelos

demais projetos, ou até, centralizar todas as ações relacionadas ao desenvolvimento de ações

pedagógicas por meio de weblog em um único recurso reservado a todos os projetos.

Também é necessário considerar as sugestões dos aprendentes para o weblog no

desenvolvimento de novas ações direcionadas ao uso do recurso, e por que não pensar em

estratégias pedagógicas onde os aprendentes sairiam de receptores de conteúdos e produziriam seus

próprios blogs para compartilhar conhecimentos, experiências, trabalhos artísticos, opiniões etc.

De acordo com os resultados, a percepção dos aprendentes a respeito da utilidade em

fazer parte da lista de amigos do ILBJ e de como o weblog, enquanto recurso pedagógico tem

contribuído com algumas das expectativas dos jovens, demonstram uma concretização da

intencionalidade do instituto na aplicabilidade dos SRS em suas ações, principalmente no processo

de infoinclusão digital. Mas, leva-nos a refletir a respeito de nossa prática como educadores sociais

que objetiva desenvolver novas ações, a fim de valorizar mais a participação dos aprendizes como

autores no uso de weblog, podendo para isto considerar a exploração pedagógica do weblog como

estratégia, onde eles poderiam construir portfólios digitais e promover espaços de intercâmbio e

colaboração, de debate e de integração.

Podemos então, reafirmar como razões que demonstram a importância dos SRS no

processo de infoinclusão digital promovido pelo ILBJ: a utilidade dos SRS como instrumento de

comunicação e divulgação; o favorecimento da construção nos jovens de uma percepção contrária a

de que sites como Facebook servem apenas como forma de entretenimento; a importância no

desenvolvimento do acervo sociocultural e político destes aprendentes, por meio de valores que

podem ser construídos e a possibilidade de uso como recurso pedagógico para o educador

disponibilizar informações de relevância para o processo.

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GOHN, Maria da Glória. Educação não formal e o educador social: atuação no desenvolvimento de

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GOMES, Maria João. Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica. VII Simpósio Internacional de Informática Educativa – SIIE05, Leiria, Portugal, 16-18 Novembro de 2005. Disponível em:<http://

repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4499/1/Blogs-final.pdf>. Acesso em: 16/08/2012.

Instituto Luciano Barreto Junior. PROJETO INSTITUCIONAL, 2007.

TAKAHASHI, Tadao. (Org) Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.

(Endnotes)

1 Graduação em Segurança do Trabalho e especialista em Psicopedagogia pela UNIASSELVI, pós-graduando UFPE/USP-NCE, Programa de Educação Continuada Mídias na Educação UFPE/USP-NCE, e Educador Social do

Instituto Luciano Barreto Júnior. 2 Graduação em Informática e Gestão da Informação UNIT, pós-graduando, Programa de Educação Continuada Mídias na Educação UFPE/USP-NCE, professor de Informática do SESC-SE, e Educador Social do Instituto

Luciano Barreto Júnior.

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SERÁ QUE UMA BOA ESCOLA PROPORCIONA REALMENTE

EDUCAÇÃO?

Érica Monize Chagas Santos

Camila Souza

Resumo

A educação sofreu variações, consoante os tempos e países. Cada sociedade possui um sistema edu-

cativo que se impõe aos indivíduos com uma força irresistível. Dentre uma visão interacionista, esse

processo de ensino-aprendizagem é centrado nos atores sociais, os professores e os alunos, os quais se

interrelacionam, trocando informações, construindo conhecimentos e produzindo mudanças de co-

nhecimento entre si. O principal motivo dos alunos irem para a escola é que vão encontrar um espaço

democrático, onde poderão compartilhar conhecimento e a experiência com o diferente. O trabalho foi

realizado em dois momentos. Primeiramente foi feita a leitura da obra “A escola que sempre so-nhei

sem imaginar que pudesse existir”. Numa fase posterior, foram feitas outras leituras de obras que

trabalhavam com a temática da educação e foram feitas as correlações entre todas para a construção do

trabalho acadêmico. Observou-se que aescola é um canal de mudanças, devendo promover a inclu-são.

Esta faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino, todos ganham com ela, apren-de-se

todos os dias a exercitar tolerância e o respeito ao próximo, seja ele quem for. Em uma escola de

Portugal analisada na obra em questão, a educação, mais do que um caminho, é um percurso feito à

medida de cada educando e solidariamente partilhado por todos. O aluno é o verdadeiro sujeito do

currículo. Na escola da ponte, as crianças conseguem entender o mundo e realizam-se como pessoas. A ponte é uma passagem e a escola é uma ponte. Esta escola é um espaço onde se vive o que se apren-

de e se aprende o que se vive. Conclui-se, que uma boa escola pode promover uma boa educação para

alunos, professores e demais funcionários. Cada criança deve agir como participante solidário de um

projeto de preparação para o exercício da cidadania. A descoberta de valores comuns permite percorrer

um itinerário comum, que reforça vínculos afetivos e é gerador de um imenso sentimento de pertença.

As escolas devem buscar uma escola de cidadãos que se formem como sujeitos demo-cráticos e

participativos. É preciso acreditar que a educação é algo que deve ser renovado a cada dia.

Palavras-chave: alunos; desenvolvimento educacional; escola; professores.

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A educação sofreu variações infinitas, consoante os tempos e países (...). Cada sociedade

pos-sui um sistema educativo que se impõe aos indivíduos com uma força irresistível. Aprender e

educar são processos educativos que envolvem a transmissão, fixação e a produção de saberes,

memórias, sentidos, significados, práticas e performances (DURKEIM, 1984 apud VIEIRA, 2006).

A educação escolar pode ser concebida como “um processo de influência interpessoal

(ensino) visando à produção de mudanças comportamentais no aluno (aprendizagem)”. Dentre uma

visão in-teracionista, esse processo de ensino-aprendizagem é centrado nos atores sociais, os

professores e os alunos, os quais se interrelacionam, trocando informações, construindo

conhecimentos e produzindo mudanças de conhecimento entre si: conhecimento, habilidade

interesse, atitude (DARÉ; CARVA-LHO; BARBIERI, 1998).

O ator social definido como professor, quando interagem com os alunos, atua em equipe

com os alunos, tornam-se durante alguns momentos alunos de seus alunos (DARÉ; CARVALHO;

BAR-BIERI, 1998).

Antropologia e educação parecem constituir, hoje, um campo de confrontação, em que a

com-partimentação do saber atribui à antropologia a condição de ciência e à educação, a condição

de prática. O diálogo entre antropologia e educação, percebido por muitos como uma “novidade”

que se instaura com as transformações da década de 1970, neste século, é mais antigo que isso e

reporta-se a um momento crucial da história da ciência antropológica (GUSMÃO, 1997).

No entanto, Galli (1993) apud Gusmão (1997) afirmou que “a realidade de seu tempo apon-

tava um risco para os povos do futuro e para o futuro da própria civilização. A razão era que, his-

toricamente, a nossa sociedade e a escola que lhe é própria não desenvolviam - e não desenvolvem -

mecanismos democráticos, perante as diversidades sociais e culturais”. Antropologia e a educação

estabelecem um diálogo. A educação realiza-se, então, no interior da sociedade, composta por dife-

rentes grupos e culturas, visando certo controle sobre a existência social, de modo a assegurar sua

reprodução por formas sociais coletivamente transmitidas (GUSMÃO, 1997).

De acordo com Boas apud Gusmão (1997) através de estudos diretos obtidos no campo edu-

cacional, demonstra que a escola inexiste como instituição independente e, como tal, não possibilita

independência e autonomia dos sujeitos que aí estão. A meta da escola centra-se num aluno-modelo

que desconsidera a diversidade da comunidade escolar e, para contê-la, atua de forma autoritária.

Segundo Ferreira; Bozzo (2009) a escola é um canal de mudanças, portanto a inclusão de

crianças com síndrome de Down na rede de ensino pode ser um começo para outras transformações

não somente de pensamentos mais de atitudes. A palavra incluir significa abranger, compreender,

so-mar, é nisso que se deve pensar quando se fala em inclusão de pessoas com deficiência, é trazer

para perto, dar a ela o direito de ter as mesmas experiências, é aceitar o diferente e aprender com

ele. O principal motivo das crianças irem para a escola, é que vão encontrar um espaço

democrático, onde poderão compartilhar conhecimento e a experiência com o diferente.

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Para Ferreira; Bozzo (2009) a inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do

ensino e o primeiro passo para que isso de fato aconteça é olhar a educação com outros olhos.

Todos ganham com a inclusão, pois aprendemos todos os dias a exercitar tolerância e o respeito ao

próximo seja ele quem for.

Werneck (1993) apud Ferreira; Bozzo (2009) diz que evoluir é perceber que incluir não é

tratar igual, pois as pessoas são diferentes. Incluir é abandonar estereótipos. É preciso acreditar que

a educação é algo que deve ser renovado a cada dia. Ter um aluno portador de deficiência em sala

de aula é aceitar que todos de alguma forma são diferentes uns dos outros e deve-se ter direitos e

opor-tunidades iguais.

De acordo com Kant in Durkeim (1984) apud Vieira (2006), afirmava que a finalidade da

educação consiste em desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que ele é susceptível. Freire (1997) apud Vieira (2006) afirma que formar é mais do que puramente treinar o educando no

desem-penho de destrezas e depois mais adiante, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possi-bilidades para a sua produção ou a sua construção.

Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensina-ram

raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,

desembrulhar-me e ser eu. O essencial é saber ver, isso exige um estudo profundo, uma aprendizagem

de desaprender. A memória nos torna prisioneiros do passado, não nos deixa perceber a eterna novi-

dade do Mundo. Os neuróticos são prisioneiros da sua mesmice, a psicanálise é uma pedagogia da

desaprendizagem. É preciso esquecer o que se sabe, a fim de ver o que não se via (ALVES, 2001).

Em 1976, a escola da ponte era um arquipélago de solidões, os professores remetiam para o

isolamento físico e psicológico em espaços e tempos justapostos. O trabalho escolar era exclusiva-

mente centrado no professor, informado por manuais iguais para todos, repetição de lições,

passivida-de. Entregues a si próprios. As crianças que chegavam à escola com uma cultura diferente

da que ali prevalecia eram desfavorecidas pelo não conhecimento da sua experiência sociocultural.

Se os pais eram chamados a escola, pedia-se castigo para o filho ou pediam-se contributos para

reparações ur-gentes. Na escola da ponte, como em outros lugares, é indispensável alterar a

organização e interrogar práticas educativas dominantes (ALVES, 2001).

Em 1988, o tribunal foi substituído por uma comissão de ajuda com composição e funções muito

diferentes. O velho e ineficaz castigo foi substituído pelo ficar a refletir. Como o objetivo dos objetivos

é fazer das crianças pessoas felizes, foi substituída uma caixinha de segredo, essa caixinha ensina os

professores a reaprender. A autodisciplina é a filha dileta do autoritarismo e da permissivi-dade. A

disciplina a que me refiro é a liberdade que conscientemente exercida, conduz a ordem, não é a ordem imposta que nega a liberdade. O sucesso dos alunos depende da solidariedade exercida no

seio de equipes educativas que facilita a compreensão e resolução de problemas comuns (ALVES,

2001).

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Segundo Alves (2001) a educação é sempre uma aventura coletiva de partilha, de afetos e

sen-sibilidades, de conhecimento, saberes, experiências, atitudes. Reforçar os mecanismos de

interação solidaria e os procedimentos cooperativos são, pois um imperativo de qualquer política

educativa que pretenda assumir a educação como uma responsabilidade social. A experiência de

autonomia da escola da ponte é hoje, apontada como um paradigma de excelência.

Nenhum pensamento reclama tanto a comunhão dos olhares para fora e para dentro como o

pensamento sobre a educação. A educação é um permanente movimento no sentido de decantação e

da intersecção desses olhares. Começamos por treinar e desenvolver apenas o olhar para fora. Du-

rante alguns anos, permanecemos cegos para o que não existe. Só descobrimos o olhar para dentro e

começamos a pressentir o que não existe quando se nos impõe ou nos é imposta a necessidade de

interrogar e compreender o que vemos fora de nós. Esse é o primeiro momento mágico da

educação. O mundo interior, só é captável pelo olhar para dentro, quando dá expressão á nossa

identidade e singulariza o nosso destino (ALVES, 2001).

De acordo com Alves (2001) á medida que o ser humano vai tomando consciência desse mun-do

interior é que, vai aperfeiçoando a focagem do olhar para fora, ou seja, aperfeiçoando a própria

percepção e compreensão do mundo exterior que avança para o segundo e decisivo momento mágico da

educação, o momento em que finalmente pode-se começar a escrever a própria vida. A educação é um

caminho e um percurso, um caminho que de fora se nos impõe e o percurso que nele fazemos. Os

caminhos existem para ser percorridos. E para reconhecermos interiormente por quem os percorre.

O olhar para fora vê apenas o caminho, identifica-o como um objeto alheio e porventura estranho.

Só olhar para dentro reconhece o percurso, apropriando-se dos seus sentidos. O século XX, não foi

o século do renascimento da educação, mas foi o século da agonia da educação, da sua colonização

instrumental.

Portanto, Alves (2001) aborda que a escola da ponte foi a doce e fraternal serenidade dos

olhares, dos gestos e das palavras de todos, adultos ou crianças. Ali, ninguém tem necessidade de

en-grossar a voz, e de pôr em beiços de pés para se fazer ouvir ou reconhecer pelos demais, porque

todos sabem que a sua voz conta e é para ser ouvida. Como as crianças não são educadas para a

competição, mas para entre ajuda, essa entre ajuda está instituída em todos os níveis da escola como

se fosse à verdadeira matriz do seu projeto cultural. As pulsões de inveja, ciúme, rivalidade e toda

agressividade comportamental que lhes anda associada, estão quase ausentes dos gestos cotidianos

dos membros dessa comunidade educativa.

Por isso é que na escola da ponte não faz sentido falar de problemas de indisciplina, porque

todos apoiam todos, todos ajudam todos, todos são efetivamente cúmplices de todos, todos são soli-

dariamente responsáveis por todos. Todos procuram reconhecer e respeitar a identidade de todos. A

serenidade que espreita nos olhares, nos gestos e nas palavras das crianças não é mais do que o re-

sultado esperado e inevitável do segredo da intervenção pedagógica dos profissionais da educação da

ponte. Um segredo feito, simplesmente de duas palavras é das correspondentes atitudes: a meiguice

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e a paciência, na escola da ponte acontecem de uma forma absolutamente espantosa (ALVES, 2001).

Conforme Alves (2001) os ambientes amigáveis e solidários de aprendizagem são precisa-

mente aqueles que mais e melhor favorecem a aprendizagem, porque é neles que as crianças, de

fato, sentem-se muito mais seguras, disponíveis e motivadas para aprender e o que não é menos

significa-tivo em termos educacionais, para aprender uma com as outras e não apenas com os

adultos. A escola da ponte não é apenas um ambiente solidário e amigável de aprendizagem. Mais

do que uma escola, ela é verdadeiramente, sem eufemismos, uma comunidade educativa. É uma

comunidade profunda-mente democrática e autorregulada. Democrática, no sentido de que todos os

seus membros concor-rem genuinamente para a formação de uma vontade e de um saber coletivo.

Autorregulada, no sentido de que as normas e regras que orientam as relações societárias não são

injeções impostas ou importadas simplesmente do exterior, mas nas normas e regras próprias que

decorrem da necessidade sentida por todos de agir e interagir de uma certa maneira, de acordo com uma

idéia coletivamente apropriada e partilhada do que deve ser o viver e o conviver numa escola que se

pretenda constituir como ambiente amigável e solidário de aprendizagem. O que distingue a escola da

ponte é uma práxis de educação na cidadania. A educação na cidadania é o próprio respirar e sentir da

comunidade. É da prática do civismo que resultam a aprendizagem e a consciência da cidadania. As

crianças pesquisam, investigam e aprendem em grupo e as mais dotadas se responsabilizam pelo

acompanhamento e apoio a aprendizagem das menos dotadas (ALVES, 2001).

Na ponte, tudo ou quase tudo parece obedecer a uma outra lógica. Não há aulas, turmas,

folhas, testes elaborados pelos professores para avaliação dos alunos. Não há manuais escolares,

toques de campainha, sineta. Não há professores, de tal modo eles se confundem com os alunos, as

salas de aula são sem divisões. Nesse ambiente escolar havia disciplina, concentração, alegria e

eficiência. O observador procura ver e compreender melhor tudo o que se passa ali, ele acaba perce-

bendo o sentido de tudo, a tal lógica singular de organização e funcionamento da escola da ponte. E

percebe que a filosofia subjacente ao projeto pedagógico daquela comunidade é

extraordinariamente simples e coerente com tudo o mais. Ele percebe que naquela escola o

currículo não é o professor, mas o aluno (ALVES, 2001).

De acordo com Alves (2001) educação naquela escola, mais do que um caminho, é um per-

curso feito á medida de cada educando e solidariamente, partilhado por todos. O aluno é o

verdadeiro sujeito do currículo, não é um instrumento ou um mero destinatário do currículo. Os

professores não estão no centro da vida escolar, não são o sol do sistema curricular. Então,

relativamente às crianças procuram acompanhar, orientar e reforçar o percurso de aprendizagem e

de desenvolvimento pessoal e social de cada aluno. Em vez, de se fechar como uma ilha de virtudes

as interferências e a curiosida-de tantas vezes mórbida e depredadora dos estranhos, a escola da

ponte tem sempre as portas abertas para os amigos e os inimigos, para os cúmplices e os detratores.

Portanto, Nietzsche apud Alves (2001) disse que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver.

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Ver é coisa complicada, não é função natural, precisa ser aprendida. Soares apud Alves (2001) o

que vemos não é o que vemos, senão o que somos. É preciso ser diferente para ver diferente. O ser

feito de palavras, prisioneiros da linguagem, só vemos aquilo que a linguagem permite e ordena ver.

A visão é um processo pelo qual construímos nossas impressões óticas segundo o modelo que a

linguagem impõe. Então, para se ver diferente, é inútil refinar a linguagem, refinar as teorias. O

refinamento das teorias só aumenta a clareza da mesmice.

Os aprendizes (alunos) trabalham sem que seja preciso que alguém lhes diga que devem

trabalhar. Trabalham com concentração e alegria, inteligência e emoção de mãos dadas. Isso sempre

acontece quando se está tentando produzir o próprio rosto. Ao final, terminando o trabalho, o aprendiz

sorri feliz, admirando o objeto produzido. Aprendem assim, formando pequenos grupos com interesse

comum por um assunto, reúnem-se com uma professora e ela, estabelece um programa de trabalho de

15 dias, dando orientações sobre o que pesquisar e os locais onde pesquisar. Ao final dos 15 dias se

reúnem novamente e avaliam o que aprenderam. Se o que aprenderam foi adequado, aquele grupo

se dissolve, forma-se um outro para estudar outro assunto (ALVES, 2001).

Segundo Alves (2001) as crianças aprendem a ler frases inteiras, é assim que aprendiam a ler.

Elas aprendem palavras inteiras, pois somente palavras inteiras fazem sentido, A aprendizagem e o

ensino são um empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender

saberes, as crianças estão aprendendo valores. A ética perpassa silenciosamente, sem explicações,

as relações em sala. Em uma parede havia dois quadros de avisos. Num deles estava afixada a frase:

tenho necessidade de ajuda em, e no outro, a frase: posso ajudar qualquer criança que esteja tendo

di-ficuldades em qualquer assunto coloca-se o assunto e o seu nome. Um outro colega, vendo o

pedido, vai ajudá-la. Assim, se forma uma rede de relações de ajuda.

Na escola da ponte, as crianças são convidadas a ver o bom, o bonito, o generoso e falar sobre

eles. Havia problemas de disciplina, para tais situações as crianças estabeleceram um tribunal. Aquele

que desrespeita as regras de convivência por elas mesmas estabelecidas tem de comparecer perante esse

tribunal. Sua primeira pena é pensar durante três dias sobre os seus atos. O conhecimento é uma

árvore que cresce da vida. Na escola da ponte percebe-se o conhecimento crescendo a partir das expe-

riências vividas pelas crianças. Gente de boa memória jamais entenderá aquela escola. Para entender

é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento (ALVES, 2001).

A inteligência é essencialmente prática, está a serviço da vida. Na escola da ponte, as crianças

aprendem e tem prazer em aprender. Quanto a ciência que se aprende a partir da vida, ela não é esque-

cida nunca. A vida é o único programa que merece ser seguido. A escola da ponte é um único espaço,

partilhado por todos, a lição social é que todos partilham de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são

companheiros numa mesma aventura. São as crianças que estabelecem as regras da convivência: a

necessidade de silencio, de trabalho não perturbado. O espaço da escola tem de ser como o espaço do

jogo, o jogo para ser divertido e fazer sentido, tem de ter regras. A vida social depende de que cada um

abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva (ALVES, 2001).

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No entanto, Alves (2001) cita que na escola da ponte, as crianças conseguem entender o

mun-do e realizam-se como pessoas. A ponte é uma passagem e a escola é uma ponte. A escola da

ponte é um espaço onde se vive o que se aprende e se aprende o que se vive. A escola é apenas

espelho, não chega a ser reflexo, conforto, compaixão e certeza são tônicos de aprendizagem,

educar é viver. Após uma primeira fase (iniciação), as crianças convivem e aprendem nos mesmos

espaços, sem conside-ração pela faixa etária, mas apenas pela vontade de estar no mesmo grupo. O

critério de formação dos grupos é o afetivo e o afeto não tem idade.

Read apud Alves (2001) disse: “a educação no sentido mais amplo, como crescimento

guiado, pode assegurar que a vida seja vivida em toda a sua natural espontaneidade criadora e em

toda a ple-nitude sensorial, emocional e intelectual”. Educar é mais doa que preparar alunos para

fazer exames, é ajudar as crianças a entenderem o mundo e a realizarem-se como pessoas, muito

para além do tempo de escolarização. As crianças aprendem a ser naturalmente, como aprendem a

falar e a escrever e cada qual nos seu próprio momento. Os alunos gerem, quase em total

autonomia, os tempos e os espaços educativos. Escolhem o que querem estudar e com quem. Se

acontecesse desinteresse por parte de um aluno, a escola está doente, está doente o aluno ou estão

ambos enfermos. Bastará determinar a etiologia, buscar remédio e verificar os efeitos do tratamento.

Conclui-se a partir desse trabalho que uma boa escola verdadeiramente pode ajudar numa

boa educação para alunos, professores e demais funcionários. Na ponte, cada criança age como

partici-pante solidário de um projeto de preparação para a cidadania no exercício da cidadania. A

descoberta de valores comuns permite percorrer um itinerário comum, que reforça vínculos afetivos

e é gerador de um imenso sentimento de pertença. A escola da Ponte busca uma escola de cidadão

indispensável ao atendimento e a prática da democracia. Procuram no mais íntimo pormenor da

relação educativa, formar o cidadão democrático e participativo, o cidadão sensível e solidário, o

cidadão fraterno e tolerante.

Referencias bibliográficas

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VIEIRA, Ricardo. Processo educativo e contextos culturais: notas para uma antropologia da edu-

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EDUCOMUNICAÇÃO: UMA ABORDAGEM DA INTERFACE ENTRE

EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Jonathas Fontes Santos – SESC/SE1

[email protected]

Resumo

Trabalho que pretende apresentar os elementos sociais e as áreas de intervenção da educomunicação,

campo de intervenção social que emerge da inter-relação entre a educação e a comunicação, o qual tem

ser apresentado, segundo Soares (2011), como proposta inovadora capaz de renovar as práticas sociais

que visam ampliar as condições de expressão do ser humano, especialmente da infância e da juventude.

A abordagem baseia-se em contribuições de pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Comunicação e

Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP) e que são abordadas por Soares (2011); informações disponíveis no endereço eletrônico do próprio NCE/USP, além de

refletir sobre textos (LAURITI, 1999; SOARES, 2000; KAPLÚN, 1999) que tratam sobre a inter-

relação. A pesquisa apresenta a interdiscursividade e a interdisciplinaridade como elementos sociais

do campo, além de tratar sobre as áreas de intervenção reconhecidas por Soares (2011) como partes

em que o campo se materializa, finalizando com o entendimento de que este mesmo campo traz

consigo novas posturas teóricas e práticas, abre caminho para uma educação cidadã emancipatória,

elabora novos conceitos e faz surgir novas necessidades, a exemplo de um profissional preparado

para atuação nesta inter-relação, o educomunicador.

Palavras-chave: Educomunicação. Intervenção Social. Comunicação. Educação.

Conhecendo a Educomunicação

O Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), órgão da Universidade de São Paulo

(USP), surgiu em 1996 através da formação de um grupo de professores com um interesse em comum, o

estudo da inter-relação entre Comunicação e Educação. Sua primeira pesquisa com grande destaque foi um trabalho que envolveu especialistas de doze países da América Latina e países da Península

Ibérica possuindo duas finalidades, uma delas era compreender o pensamento dos coordenadores de

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projetos desta área de estudo e o outro descrever o perfil dos profissionais com atuação nesta inter-

relação. Desta pesquisa constatou-se que havia acontecido uma transformação, ou seja, a interface

entre Comunicação e Educação que se configurava na conhecida forma de uma complementação

mútua transformou-se numa integração, surgindo então um novo campo de intervenção social, a

Educomunicação, que em síntese tem por meta a construção da cidadania, baseando-se no direito à

expressão e à comunicação que cada sujeito possui (NCE/USP, 2011).

A pesquisa permitiu ao núcleo definir o campo da educomunicação como o

[...] espaço que membros da sociedade se encontram para implementar ecossistemas

comunicativos democráticos, abertos e participativos, impregnados da intencionalidade

educativa e voltado para a implementação dos direitos humanos, especialmente o direito à

comunicação. (NCE/USP, 2011).

Em uma breve análise histórica da inter-relação, observamos que em 1980 tivemos um

campo internacionalmente voltado à educação para a recepção dos produtos midiáticos, uma década

depois a apresentação de metodologias de abordagem para práticas de educação à mídia, possuindo um

diferencial marcante, que era a passagem de práticas com apenas “leitura de mídia” para “produção de

comunicação” de maneira democrática e participativa. Foi então a partir de 1999 que o termo passou a

ser corrente em textos do NCE/USP, levando a elaboração de um conceito, fundamentado na pesquisa

realizada pelo núcleo. Um ano depois a interpretação dada ao conceito obteve circulação internacional.

Diante destes fatos e considerando que pesquisadores se depararam com a figura emergente de um novo

profissional, identificou-se a necessidade de criar uma formação universitária, proposta esta que foi

concretizada pela USP em 2009, lançando a licenciatura em Educomunicação.

Aprovada pelo Conselho Universitário, a graduação, foi lançada com intuito de oferecer

ao país um novo profissional, dotado de condições para contribuir com o sistema de ensino básico

nacional, no que se refere ao alcance das metas previstas. A razão de se optar pela licenciatura é que

este profissional deveria ser um professor de comunicação no âmbito do magistério e especialmente

voltado a atender a demanda do ensino médio. O conselho ao deliberar a formação estabeleceu que

este professor devesse ser habilitado à pesquisa e consultoria, representando respectivamente, a

capacidade de analisar e sistematizar experiências em educomunicação e a de assessorar projetos de

comunicação educativa (SOARES, 2011).

Os estudos realizados pelo NCE a respeito do tema corroboraram com a consideração da

educomunicação como sendo um campo oferecedor de suporte teórico-metodológico que direcionam

agentes sociais a compreensões da importância da ação comunicativa para o convívio humano, a

produção do conhecimento e a elaboração e implementação de projetos colaborativos de mudanças

sociais. Somando-se, também, estes conceitos e práticas às propostas dos Parâmetros Curriculares

Nacionais, especificamente à área das linguagens e suas tecnologias.

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Temos dois pressupostos para a educomunicação, o de que a “educação só é possível

enquanto ação comunicativa’” e que “toda comunicação – enquanto produção simbólica e

intercâmbio/ transmissão de sentidos – é em si, uma ‘ação educativa’” (SOARES, 2011, p. 17),

resumindo-se na ideia de que comunicação e educação, concomitantemente e cada um a seu modo,

exercem tanto o papel de educar como também o de comunicar, reconhecendo como princípio o

direito universal à expressão garantidos tanto a mídia, quanto a seu público.

Mas, historicamente educação e comunicação, quando instituídas pela racionalidade

moderna, tiveram campos de atuação com demarcações, no contexto do imaginário social de

maneira independente e aparentemente neutra. À educação cabendo administrar a transmissão do

saber indispensável ao desenvolvimento social e à comunicação difundir as informações, promover

lazer popular e manter o sistema produtivo através da publicidade. E, foi a partir das contribuições

teórico-prática de filósofos da educação e comunicação, junto aos avanços das conquistas

tecnológicas, que grupos de especialistas ativamente e organizados iniciaram o processo de

aproximação entre os dois campos, processo este irreversível (SOARES, 2000).

Entre os filósofos da educação que contribuíram com o processo de aproximação, Soares

(2000), destaca Paulo Freire como um dos pioneiros que refletiram sobre a inter-relação no cenário

latino-americano, já que em “Extensão ou Comunicação?” defendeu um agir pedagógico libertador por

meio de processos comunicacionais, ou seja, a comunicação já podia ser vista como componente do

processo educativo, mas não devendo ser apenas parte do “messianismo tecnológico”.

Em relação à preocupação de não permitir que este messianismo, de fato aconteça, é

necessário o entendimento de que a educomunicação não “é sinônimo de ‘Tecnologias da Educação’ (TE), ou mesmo de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs).”, pois o importante “não é a

ferramenta disponibilizada, mas o tipo de mediação que elas podem favorecer para ampliar os diálogos

sociais e educativos.” (SOARES, 2011, p. 18), e conforme é descrito posteriormente a mediação

tecnológica no contexto educacional funciona apenas como uma de suas áreas de intervenção.

Neste mesmo entendimento, Kaplún (1999) já considerava que a Comunicação no

contexto educacional, denominada por ele como “Comunicação Educativa”, não deveria ser vista

como mero instrumento midiático e tecnológico, mas como componente pedagógico e com um

olhar interdisciplinar e, enquanto campo de conhecimento, deveria convergir numa leitura tanto da

pedagogia a partir da comunicação como numa leitura de ordem inversa.

Elementos Essenciais

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Temos como elementos essenciais da epistemologia do campo a interdiscursividade e a

interdisciplinaridade (SOARES, 2000). Para Lauriti (1999), a interdiscursividade funciona como um dos

eixos construtores desta área de confluência, e devido ao campo possuir a polifonia discursiva como

elemento estruturante, a autora atentou para o fato de que é preciso deixar de priorizar nas análises sobre

o campo apenas as práticas de incorporação das TIC no processo educativo e buscar um maior

aprofundamento teórico, motivo pelo qual a autora justificou a elaboração de seu trabalho denominado

“Comunicação e Educação: território de interdiscursividade”. Numa reflexão sobre o ponto em que a

epistemiologia relacionada ao campo de inter-relação se encontra, constatamos que tal aprofundamento

teórico pode-se considerar concretizado, pois nos últimos anos foram realizados diferentes estudos sobre

o tema e há importantes experiências com abordagens de práticas educomunicativas aplicadas tanto no

Brasil como em outros países.

Para compreender a razão da necessidade de interdiscursividade, devemos se

conscientizar sobre o fato de que o discurso da educação não é capaz de

[...] isoladamente posicionar-se diante do novo contexto criado pelas novas tecnologias da

comunicação e da informação. Sua metanarrativa é insuficiente para ressiginificar seu

discurso diante dessas novas mediações. Assim, educador e comunicador não podem ser

pensáveis como atores independentes e isolados deste novo ecossistema da comunicação

educativa. (LAURITI, 1999, p. 2).

A interdiscursividade requer da educação tanto uma busca de ressignificação do estatuto

epistemológico como uma re-flexibilização do discurso atual, considerando a necessidade de uma

relação dialógica com a comunicação. “Trata-se de uma re-fundamentação teórico-prática e ético-

política, tanto do agir pedagógico, quanto do agir comunicativo.” (LAURITI, 1999, p. 2), ou seja, o

discurso pedagógico deve ser revitalizado e através do diálogo com a comunicação ocorrer o

exercício da interdiscursividade.

Referindo-se a interdisciplinaridade, Garcia (1998) afirma que comunicação e educação

possuem, respectivamente, a mediação e o processo como aspectos centrais, sendo que nas mediações

há um caráter processual e nos processos educacionais há uma natureza mediadora, permitindo assim

compreender a razão que caracteriza a interdisciplinaridade também como elemento essencial.

Destas relações interdimensionais resultam duas subáreas, a de mediações comunicacionais

em educação e a de processos educacionais em comunicação, em que temos “a dimensão da

comunicação insinuando-se sobre a educação e a aceitação desta das funções daquela” (GARCIA,

1998, p. 10) e a da educação insinuando-se sobre a comunicação.

Partindo desta perspectiva caberia ao educador o domínio da tecnologia, inserção dos meios

nas ações curriculares, democratização da temática cultural, ver-se como sujeito de mediações e possuir

a capacidade de dar significado e sentido ao volume de informação. Já ao comunicador

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caberia pensar nos meios como processos educativos e como espaço de polifonia e pluralidade

cultural, além de programar e produzir com respeito à dignidade humana e de olho na construção do

bem comum.

Em síntese, o espaço público mediatizado deve-se constituir em “espaço de troca e

negociações dos novos sentidos da vida que os processos comunicacionais põem em pauta e a

Educação não pode ficar à margem”, já os processos educativos em comunicação acontecerem

“pela ótica da cidadania, da construção do bem comum, da validação de um contrato social

plurilateral, em que os significados da vida tenham sentido no coletivo, discutido em uma longa

conversa com toda a sociedade.” (GARCIA, 1998, p. 11).

Áreas de Intervenção

Encontramos nas áreas de intervenção, “pontes”, que segundo Soares (2011, p. 49)

devem ser postas “entre os sujeitos sociais e o mundo da mídia, do terceiro setor, da escola,

oferecendo um diálogo sobre determinado âmbito da ação educomunicativa.”.

Em Soares (2000), o autor reconheceu as seguintes áreas de intervenção social, como partes

em que o campo se materializa, sendo elas: educação para comunicação, mediação tecnológica, gestão

da comunicação no espaço educativo e reflexão epistemológica sobre esta inter-relação como fenômeno

cultural emergente. Mas, também destacou que estas não seriam excludentes e nem as únicas, apresentavam-se apenas como síntese, pois pareciam aglutinar as distintas ações possíveis.

Em estudos mais recentes, Soares (2011) acrescentou também como áreas a expressão comunicativa

através de artes e a pedagogia da comunicação.

Estas áreas apresentam-se como percurso para a construção de ecossistemas

comunicativos em espaços educacionais. Para Lauriti (1999) os ecossistemas devem contemplar de

modo concomitante: formas heterogêneas de experiências culturais, mediações proporcionadas

pelas novas TIC e criação de maneira que conserve o encanto do processo de aprendizagem.

A educação para a comunicação constitui-se na compreensão do fenômeno da

comunicação, podendo acontecer tanto em nível interpessoal e grupal, como em nível

organizacional e massivo. Encontramos reflexões em torno da relação entre os produtores, o

processo produtivo e a recepção das mensagens, além de formações no campo pedagógico de

receptores autônomos e críticos em consequência dos meios. Há também projetos que através de

suas ações permitem a apropriação dos meios e das linguagens da comunicação (SOARES, 2000).

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A expressão comunicativa através das artes, como uma das áreas de intervenção, tem

numa comunidade educativa a atenção dirigida essencialmente ao potencial criativo e emancipador

das diferentes formas de manifestação artística, tornando este potencial num meio de comunicação

acessível a todos. Quando primordialmente voltadas para o potencial comunicativo da expressão

artística, concebida como uma produção coletiva, mas de performance individual, possui uma

aproximação de práticas identificadas com a Arte-Educação (SOARES, 2011).

No contexto educomunicativo, as mediações tecnológicas voltam-se a procedimentos e

reflexões no que se refere à presença das TIC e suas múltiplas explorações pela comunidade educativa,

garantindo formas democráticas de sua gestão. Tal mediação, enquanto ação educomunicativa, não deve

estar centrada apenas na acessibilidade a recursos tecnológicos (SOARES, 2000 e 2011).

As TIC podem prover um espaço de vivência pedagógica com uma excelente aproximação

do imaginário de crianças e adolescentes, com isto a ideia, enquanto ação educomunicativa, é

proporcionar a criação de projetos que pretendam abordar o uso social das invenções que caracterizam a

Era da Informação, desconsiderando para isto ações que tenham como preocupação principal apenas o

manejo de aparelhos tecnológicos. Esta mediação ganha espaço quando a apropriação de recursos

técnicos acontece de forma solidária e democrática (SOARES, 2000 e 2011).

A pedagogia da comunicação como área de intervenção volta-se ao cotidiano da

didática e busca multiplicar as ações de professor e alunos através do trabalho em conjunto. Há a

escolha, quando conveniente por ações através da pedagogia de projetos (SOARES, 2011).

Mas, para que estas áreas de intervenção abordadas satisfaçam as expectativas de qualquer

ação educomunicativa há a necessidade da área de gestão da comunicação, pois ela terá o papel de

planejamento e a execução de planos, programas e projetos, que permitirão a criação de ecossistemas

comunicativos. Os processos e procedimentos abordados por esta área são referentes às demais áreas de

intervenção, a ela cabendo definir indicadores para avaliação dos ecossistemas existentes. Com isto

percebemos que se trata de uma área central e indispensável (SOARES, 2000 e 2011).

A área de gestão requer a presença de um sujeito capaz de incentivar os educadores no

exercício em termos de escolhas de opções de áreas de intervenção e com capacidade de suprir

necessidades do ambiente em relação a espaços de convivência e tecnologias necessárias (SOARES,

2000 e 2011).

Os ecossistemas comunicacionais criados por intermédio dos planejamentos da área

descrita possuem um conceito que designa “organização do ambiente, a disponibilização dos

recursos o modus faciendi dos sujeitos envolvidos e o conjunto das ações que caracterizam

determinado tipo de ação comunicacional.” (SOARES, 2000, p. 22), sendo que eles podem ser

criados em ambiente familiar, na comunidade educativa ou numa emissora de rádio, onde cada

indivíduo e instituição poderão atuar em distintos ecossistemas, considerando que o pertencimento

pode ocorrer simultaneamente em vários ecossistemas (SOARES, 2011).

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Este fenômeno cultural emergente, compreendido da inter-relação entre educação e

comunicação, também precisa que experiências e estudos sejam sistematizados, obrigatoriamente de

maneira coerente, no que diz respeito à relação entre teoria e prática. E será justamente a área de

reflexão epistemológica que garantirá esta sistematização, dando unicidade às suas práticas e,

consequentemente, proporcionando seu reconhecimento, evolução e legitimação (SOARES, 2000 e

2011).

Considerações Finais

Fica evidente o surgimento de um campo que traz consigo novas posturas teóricas e práticas,

além de abrir caminho para uma educação cidadã emancipatória. Novos conceitos são elaborados para a

inter-relação e também surgem novas necessidades, a exemplo da figura do educomunicador, profissional

com diferentes características, típicas de professor, comunicador, pesquisador e consultor.

Não há dúvida de que o campo de intervenção social emergente, abordado neste trabalho já

foi efetivamente formado e conquistou autonomia, não sendo tão somente uma disciplina a acrescentar

nos currículos escolares, mas na verdade o surgimento de um novo paradigma discursivo transverso e

detentor de conceitos transdisciplinares, que requer nosso olhar atento e nossa disposição para a busca

de compreender como poderemos criar espaços comunicativos, seja em espaço escolar, no terceiro setor,

em ambiente empresarial, enfim, a fim de desenvolver práticas educomunicativas (SOARES, 2000).

Numa abordagem de como as áreas de intervenção devem ser promovidas, compreende-

se que tanto individualmente como em conjunto para seu desenvolvimento é exigido um pensar a

partir de um olhar especialmente educomunicativo.

Em pesquisas referenciadas por Soares (2011), temos a constatação de pontos, tais como a

incapacidade do ensino em atrair o interesse dos jovens pelo aprendizado e o alto percentual de jovens

que deixam a escola por desinteresse. Mas, também a identificação de como práticas educomunicativas

realizadas por ONGs em diferentes regiões do Brasil têm atraído cada vez mais jovens a envolverem-se

com suas ações. Devendo-se esta atração, principalmente, à “atitude reflexiva e crítica que elas

demonstram ter diante da sociedade de massa guiada pela ideologia do consumo.” (SOARES, 2011, p. 29).

Os jovens devem ser instigados a pensar, expor suas opiniões, conhecer como os meios

de comunicação agem e a envolver-se com processos de produções midiáticas, para se abrirem a

compreender criticamente a realidade social e ampliar seu interesse em participar da construção de

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uma sociedade mais justa. Ações como estas levam os jovens a escolherem a opção democrática da

vida em sociedade, graças à participação, pois ela permite maior conhecimento e interesse pela

comunidade onde vivem, além de desenvolver a capacidade de inspirarem ações coletivas de

educomunicação (SOARES, 2011).

Há um consenso entre documentos internacionais a respeito da necessidade de priorizar

o estabelecimento de canais de comunicação entre jovens, a fim de permitir que sejam ouvidos, que

tenha participação e que desenvolva papéis de liderança através de informações que lhes sejam

proporcionadas. Esta participação irá refletir-se num ganho de autonomia, autoconfiança e

autodeterminação, já que o jovem tem em suas possibilidades de expressão e de comunicação um

caminho para a conquista da autonomia (SOARES, 2011).

Diante deste campo promissor é possível que nossas reflexões abram espaços para a busca

por aprofundamento teórico e prático sobre a inter-relação aqui apresentada, desta maneira, na tentativa

de oferecer algumas indicações de referências bibliográficas, além das que foram exploradas na

elaboração deste texto, compartilhamos algumas que fazem parte da Coleção Educomunicação:

Citelli e Costa (2011) e Citelli (2012).

Muitos textos também podem ser encontrados no endereço eletrônico do NCE/USP e na

Revista “Comunicação e Educação” do Departamento de Comunicações e Artes da ECA/USP, que sem

dúvida permitirão um maior aprofundamento em assuntos relacionados à inter-relação abordada.

Há também a Rede de Experiências em Comunicação, Educação e Participação (Rede

CEP), existente desde 2004, que reúne diferentes organizações, um centro de pesquisa e dois

colaboradores com vasta experiência em educomunicação. No endereço eletrônico da rede é

possível encontrar sugestões de sites e portais com informações sobre mudanças no âmbito da

educação, garantia de direitos e comunicação social no Brasil e no mundo; lista das organizações

que constituem a rede junto a seus respectivos sites; histórico e outros conteúdos que possuem sua

utilidade específica a quem pretenda encontrar informações sobre o campo.

Referências Bibliográficas

CITELLI, Adílson Odair; COSTA, Maria Cristina Castilho. Educomunicação: construindo uma

nova área de conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011.

CITELLI, Adílson, (org.). Educomunicação: Imagens do professor na mídia. São Paulo:

Paulinas, 2012.

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GARCIA, Edson Gabriel. Comunicação e educação: campos e relações interdisciplinares.

Núcleo de Educação e Comunicação – NCE/USP. Disponível em: <

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/21. pdf>. Acesso em: 25/09/2012.

KAPLÚN, Mário. Processos educativos e canais de comunicação. Comunicação & Educação, São

Paulo, (14): 68 a 75, jan./abr. 1999. Disponível em: < http://www.revistas.univerciencia.org/index.

php/comeduc/article/view/4417/4139>. Acesso em: 25/09/2012.

LAURITI, Nádia C. Comunicação e educação: território de interdiscursividade. Núcleo de

Educação e Comunicação – NCE/USP. Disponível em:< http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/142.

pdf>. Acesso em: 25/09/2012.

Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo – NCE/USP. Disponível em: <www.usp.br/nce>. Acesso em: 25/09/2012.

SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação:

contribuições para a reforma o ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011.

SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação & Educação, São Paulo, (19): 12 a 24, set./dez. 2000. Disponível em: < http://www.revistas.univerciencia.org/

index.php/comeduc/article/view/4147/3888>. Acesso em: 25/09/2012.

(Endnotes) 1 Graduação em Informática e Gestão da Informação UNIT, pós-graduando, Programa de Educação Continuada Mídias na Educação UFPE/USP-NCE, professor de Informática do SESC-SE, e Educador Social do Instituto Luciano

Barreto Júnior/ILBJ-SE.

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EDUCAÇÃO POPULAR EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: VISITAS

DOMICILIARES E SANEAMENTO BÁSICO

Maria Estela Santos Nascimento

Acadêmica do 8º Período de Enfermagem pela Faculdade AGES e Técnica em Enfermagem pelo Colégio Cenecista Laudelino Freire – CENEC.

Fabiana Lopes Martins

Enfermeira, Professora de Enfermagem na Faculdade AGES-BA.

Resumo

As condições do ambiente influenciam diretamente no processo saúde/doença. Assim, a Estratégia de

Saúde da Família (ESF) tem buscado cada vez mais aproximar as equipes do Programa de Saúde da

Família (PSF) das comunidades, facilitando a interação entre profissionais de saúde e usuários, além de

permitir a observação in loco dos principais problemas que influem na qualidade de vida e saúde da

população. Assim, as atividades de educação em atenção primária à saúde têm adotado como principal

medida para atingir tais objetivos as visitas domiciliares. Seguindo este prisma, alunos do curso de

Bacharelado em Enfermagem da Faculdade AGES, realizaram atividades de práticas educa-tivas no

Povoado Conceição de Campinas, no município de Paripiranga-BA, onde foram realizadas visitas

domiciliares nas quais os moradores foram entrevistados, tendo sido aplicado um questionário

estruturado, previamente preparado. Além de realizarem as entrevistas e orientarem a população, os

discentes observaram características do ambiente, tendo constatado, dentre os principais problemas, a

falta de provimento, por parte do poder público, de infraestrutura de saneamento básico.

Palavras-Chave: Educação em Saúde, Visitas Domiciliares, Saneamento Básico.

Introdução

O conceito de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ultrapassa a frontei-ra

da ausência de doença, sendo, portanto, descrito como um estado de bem-estar, não somente físico, mas

também mental e social. Seguindo esta definição, o Sistema Único de Saúde (SUS), traz como

princípios norteadores de suas ações a universalidade, integralidade e equidade no atendimento.

Com o objetivo de alcançar estes princípios, os programas de saúde pública trazem em seu

bojo propostas de implementação de ações educativas em atenção básica à saúde, como medida im-

prescindível. Nesse ínterim, as visitas domiciliares surgem como uma das medidas mais eficazes no

processo de educação em atenção primária à saúde, contando com a participação de todos os profis-

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sionais que compõem as equipes de Saúde da Família em interação com a comunidade. “Dentro

dessa abordagem, a Promoção da Saúde é definida como o processo de capacitação da comunidade

para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no

controle desse processo” (MACHADO et al, 2007, p. 336).

Segundo Mano e Prado (2010), é necessário que as atividades de prática em educação popu-lar

aplicadas à saúde sejam implementadas nos currículos dos cursos de saúde, para que os futuros

profissionais, desde o período de formação, desenvolvam a habilidade de interação com a sociedade.

Nesse contexto, é urgente trazer para as práticas de educação permanente, no SUS, os

aprendi-zados da educação popular, até a pouco, centrada nas relações com as comunidades. Essa é

a grande novidade da educação popular em saúde nos últimos anos: a constatação de sua pertinência

na forma-ção profissional. (MANO e PRADO, 2010, p. 17).

Desse modo, pode-se perceber a importância das atividades de práticas educativas

pertinentes ao currículo do curso de Bacharelado em Enfermagem promovido pela Faculdade

AGES, em especial no que se refere às visitas domiciliares.

O presente artigo tem como foco as informações referentes a problemas relativos à falta sa-

neamento básico, colhidas durante as visitas domiciliares realizadas por alunos do 6º período do

refe-rido curso, no Povoado Conceição de Campinas, município de Paripiranga, no Estado da

Bahia, fator este indicado como potencial causador de problemas de saúde na população local.

Revisão bibliográfica

A educação popular em saúde tem se revelado um excelente meio na busca de promoção do

cuidado integral, baseado nas relações com as comunidades, e destas com o ambiente no qual estão

inseridas.

Com expansão da Estratégia Saúde da família, um número enorme de profissionais de saúde vem sendo

inserido em serviços muito próximos das famílias e das comunidades. Essa proximidade os tem levado a

perceber a ineficácia do modelo médico e sanitário tradicional. Está gerando uma angústia e uma busca

de novos caminhos de enfrentamento dos problemas de saúde. Nesse contexto, assiste-se a um

crescimento do interesse pela educação popular em saúde. (MANO e PRADO, 2010, p. 14).

Observa-se que a educação popular em saúde tem se revelado um instrumento em potencial

para a implementação das políticas de saúde pública, visando à promoção da integralidade, univer-

salidade e equidade, previstas pelo SUS, através do diálogo das equipes de saúde da família com as

comunidades. “A Estratégia Saúde da Família (ESF) representa uma concepção de atenção à saúde

focada na família e na comunidade, com práticas que apontam para o estabelecimento de novas re-

lações entre os profissionais de saúde envolvidos, os indivíduos, suas famílias e suas comunidades”

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(BRASIL, 2000, p. 9).

Vale ressaltar que a práxis de educação popular na atenção primária deve estar presente nos

currículos dos cursos de formação profissional em saúde para que os discentes comecem a encarar,

já durante o processo de formação, os desafios da interação com as comunidades e assim, tornarem-

-se aptos ao desempenho desta nova prática ao chegarem ao mercado de trabalho. Segundo Mano e

Prado,

Verifica-se que a educação popular já não é apenas um instrumento de relação dialogada e engajada de

técnicos, militantes e intelectuais com a população, mas também um instrumento de formação

profissional e de gestão participativa das políticas de saúde. A educação popular não está mais apenas nas

comunidades, mas também nas universidades, secretarias de saúde e centros de formação. Tem-se

descoberto a poten-cialidade da educação popular para a formação dos doutores e para organização de

políticas de saúde mais adequadas. (MANO e PRADO, 2010, p. 16).

Saliente-se que essa interação aqui proposta deve ocorrer de forma horizontal, respeitando as

peculiaridades da cultura de cada comunidade, os conhecimentos transmitidos através das gerações,

os saberes populares, os recursos provenientes do ambiente, de modo que a aprendizagem acontece

em um sistema de reciprocidade, ou seja, ao passo que os profissionais interagem com a população,

orientando sobre medidas básicas para se ter qualidade de vida e acesso ao aparelho de saúde

pública; adquirem informações valiosas, provenientes da cultura das localidades assistidas.

Certamente aprendi mais do que ensinei com essa vivência, tendo contribuído em algum grau para

atenuar as dificuldades da vida dessas pessoas, além de ter tentado aliviar o peso da percepção tradicional

sobre o atendimento odontológico, mas muito resta a fazer, assim como muito ainda tenho que aprender

na relação com os usuários e trabalhadores dos serviços de saúde. (MANO e PRADO, 2010, P. 144).

As ações de educação popular em saúde também devem apontar a importância da relação do

homem com o ambiente, das políticas ambientais, para a qualidade de vida e saúde da população,

“Trata-se, pois, de tomar consciência da inter-relação tanto ‘espiritual’ quanto biológica dos ser hu-

mano com os ecossistemas, dentro da biosfera em evolução, onde se necessita reequilibrar as

posturas e atitudes históricas que a humanidade tomou” (PELIZZOLI, 2002, p. 52).

Referindo-se à relação existente entre as características do ambiente, suas alterações provoca-das

pela ação antrópica e a influência para a qualidade de vida e saúde, não só do homem, mas de todos os

seres, Pelizzoli afirma que “O primeiro passo de Capra é mostrar que estamos vivendo uma ‘crise

profunda, complexa, multidimensional, que afeta a todos os níveis de nossa vida’ – saúde e modo de

vida, qualidade do ambiente e relações sociais economia ciência e política.” (PELIZZOLI, 2002, p. 52).

Assim, pode-se afirmar que as condições de saneamento básico interferem diretamente na qualidade de

vida e o nível de adoecimento da população, devendo-se voltar o olhar, principalmente, para as

comunidades mais carentes ou, àquelas situadas distantes dos centros urbanos.

Assim, valorizando a inter-relação entre os seres humanos, entre estes e todos os seres e

elementos que compõem o ambiente onde vivem, a educação popular em atenção primária à saú-de

tornou-se um elemento imprescindível no cuidado da saúde e promoção da qualidade de vida,

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principalmente no tocante às comunidades mais carentes. Seguindo este prisma, as visitas

domicilia-res funcionam como instrumento essencial às práticas educativas populares.

[...] é por meio da visita domiciliar que o profissional de saúde poderá avaliar as condições socioambien-

tais e habitacionais em que vive o indivíduo (seu paciente) e sua família, bem como realizar a busca ativa,

planejar e executar as medidas assistenciais adequadas. (MATOS, apud AZEREDO et al, 2007, p. 750).

É importante ressaltar que somente as visitas domiciliares em si não se constituem grandes

inovações na atenção primária à saúde. É necessário, no bojo das discussões contemporâneas em

metodologia de saúde básica, que elas ocorram dentro de um planejamento sistematizado, para que

se possa obter, a partir delas, elementos que possibilitem planejamento na ESF.

“A visita domiciliar só se configura como parte do arsenal de intervenções de que dispõem

as equipes de saúde da família quando planejada e sistematizada. De outra forma, configura mera

ativi-dade social” (TAKAHASHI e OLIVEIRA, apud SILVA, 2009, p. 10).

Ela permite a observação in loco da realidade das comunidades, sendo, portanto, um impor-

tante instrumento na ESF, uma vez que permite a identificação de determinantes do processo saúde/

doença, encontrados no ambiente onde estão inseridas as famílias, em especial as condições de

sanea-mento, servindo como base para a implementação de atividades educativas para a promoção

da saúde e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

A implementação de medidas de saneamento básico constitui, dentre todas as atividades de

saúde pública, uma das principais medidas preventivas contra uma série de doenças. A Organização

Mundial de Saúde, (OMS) apresenta a seguinte definição: “saneamento é o controle de todos os fa-

tores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-

estar físico, mental ou social”.

O saneamento tem como principal objetivo a promoção da saúde do homem, uma vez que

muitas doenças têm como fator de proliferação a carência de medidas adequadas de saneamento, le-

vando à existência de elementos como ambiente poluído, destinação inadequada do lixo, falta de

água de boa qualidade para o consumo humano, bem como má destinação dos dejetos,

responsáveis, por exemplo, por muitas mortes de crianças com idade em torno de um ano, causadas

por diarreia, a maior parte dos casos de internação pediátrica têm como causa a falta de saneamento,

além de um grande número de casos de esquistossomose. Segundo Cynamon (1986), “O

Saneamento é condicionante indispensável á saúde do homem. E no momento em que se pretende

ampliar a cobertura sanitária terá de haver maior cobertura com Saneamento Básico” (p. 145).

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Metodologia

O presente trabalho trata-se de um estudo observacional, tendo como instrumentos principais

usados para a coleta de dados a realização de entrevistas aplicadas durante as visitas domiciliares e

a observação in loco de fatores ambientais que possuem forte influência sobre a qualidade de vida e

o surgimento de problemas de saúde. Sua realização deu-se em quatro etapas, conforme descrito nos

parágrafos seguintes.

Na fase primeira foram elaborados questionários para serem aplicados durante as visitas do-

miciliares, tendo como base os conteúdos referentes a educação em atenção básica de saúde,

apresen-tados em sala de aula pela professora Fabiana.

Já na segunda etapa, foi colocado em prática todo o planejamento anterior, quando o grupo

se dirigiu para o Povoado Saco para a realização das atividades educativas, com o objetivo de

observar fatores ambientais e aplicar os questionários junto às famílias, ao passo que as orientava

sobre uma série de cuidados, tais como tratamento da água para consumo humano, descarte do lixo,

cuidados com alimentos, dentre outros.

A terceira etapa consta de um estudo bibliográfico, cujo tema central é o processo de educação

popular em atenção básica de saúde direcionando para a questão do saneamento básico, tendo como

base teórica as obras indicadas pela professora e artigos obtidos a partir de publicações eletrônicas.

Por último, foram confrontados os dados obtidos durante as entrevistas e observações com o

referencial teórico.

Análise Dos Resultados

Em termos gerais, a maioria das do Povoado Saco são construídas com alvenaria e boa parte

com tijolos, apresentando, em sua maior parte, boa estrutura, embora existam algumas, cujas famí-

lias são mais carentes, possuindo estrutura inferior, sem oferecer boas condições de conforto a seus

moradores, inclusive, algumas das quais, por não serem rebocadas, apresentando possíveis focos de

barbeiros e outros insetos.

Na maior parte das residências a água para consumo humano é originária das chuvas, sendo que

mais de 60% por cento das famílias informaram que utilizam o processo de filtração antes do consumo,

porém, a porcentagem de residências onde a água não passa por nenhum processo de puri-ficação antes

do consumo ainda é muito alto, cerca de 24%, conforme apresentado no gráfico 1, o que pode levar à

incidência de uma série de doenças, conforme demonstrado na fundamentação teórica.

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Gráfico 1 – Distribuição dos domicílios do Povoado Conceição de Campinas segundo o tratamento de água

Fonte: Pesquisa de campo realizada pelas autoras, 2012.

É interessante observar que nestes casos os moradores foram informados sobre os riscos de

se consumir a água sem antes passar por qualquer processo de tratamento, tendo sido orientados a

adotarem alguma das medidas de tratamento, sendo que em todos os casos as sugestões foram bem

recebidas pelas pessoas.

Embora todas as residências visitadas sejam abrangidas pelo serviço de coleta do lixo resi-

dencial, em apenas 24% os dejetos do esgoto residencial são lançados na rede pública, sendo que em 66% são destinados a fossas e em 15% são lançados a céu aberto, o que pode ser visto no gráfico 2,

a seguir.

Gráfico 2 – Distribuição dos domicílios de Conceição de Campinas segundo o destino do esgoto sanitário

Fonte: Pesquisa de campo realizada pelas autoras, 2012

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Quanto à água, depois de utilizada nas residências, devido a não abrangência da rede pública

de saneamento básico, na maioria dos domicílios é lançada em esgoto a céu aberto. Assim, observa-

se que as condições de saneamento básico são bastante precárias, sendo, portanto, um fator em

potencial para o surgimento de doenças na população local.

Desse modo, faz-se necessária a articulação das políticas públicas de promoção de saúde, vol-

tadas para a instalação de infraestrutura urbana de saneamento básico e ações educativas no sentido de

sensibilizar toda a comunidade sobre a importância de uma convivência harmoniosa com o meio

ambiente, como fator preponderante na promoção da qualidade devida e preservação da saúde.

Considerações Finais

As atividades desempenhadas no Povoado Saco demonstraram o quanto é importante o desen-

volvimento de práticas educativas na atenção primária à saúde, tendo em vista que se pode observar de

perto os problemas relativos ao meio ambiente e infraestrutura, como principais fatores relaciona-dos à

má qualidade de vida e ao surgimento dos casos de doenças mais recorrentes nas comunidades.

Além disso, o diálogo com a comunidade proporciona uma fantástica troca de experiência,

pois, ao passo em que os alunos transmitiam à população informações técnicas essenciais à

prevenção de doenças, promoção da saúde e qualidade de vida, adquiria-se um grande aprendizado

oriundo dos saberes populares da cultura local.

Neste sentido, de acordo com MANO e PRADO (2010), o processo de educação popular em

saúde ocorre de forma horizontal, por meio da interação entre os conhecimentos técnicos dos profis-

sionais e o saber presente na cultura local das comunidades.

Nesse contexto, a visita domiciliar deve ser considerada enquanto aspecto central da educação em saúde

por contribuir para a mudança de padrões de comportamento e, conseqüentemente, promover a qualidade

de vida através da prevenção de doenças e promoção da saúde. (AZEREDO et al, 2007, pp. 750-751).

Com as visitas, constatou-se que a falta de infraestrutura de saneamento básico se apresen-ta

como um dos principais problemas que poderá surgir como principal fator para o surgimento de

doenças na população, facilitando a perpetuação de ciclos de transmissão de doenças parasitárias in-

testinais, entre outras de veiculação hídrica. Tais condições colocam a população em risco de

contrair doenças infecciosas, sobretudo as crianças. Daí a necessidade da atuação do poder público

no sentido de melhorar as condições sanitárias, essenciais à qualidade de vida e promoção da saúde.

Com esta experiência prática, foi possível perceber a importância do envolvimento da facul-

dade com a comunidade para a formação de profissionais de saúde qualificados e preparados para en-

frentar os desafios desta nova concepção de atenção básica à saúde, pautada em atividades educativas

junto à população. Segundo HORTA, apud Souza et al (2004), é papel da enfermagem comunitária

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prestar assistência no âmbito familiar e comunitário, seja diretamente pela enfermeira ou por meio

dos técnicos e auxiliares, atuando nos níveis preventivos e de atenção às necessidades básicas.

Referências bibliográficas

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tância da visita domiciliar no contexto do Programa de Saúde da Família. Ciência & Saúde Co-

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POLÍTICA: UMA VISÃO DE REPRESENTANTES PÚBLICOS DE UM

MUNICÍPIO DO INTERIOR DE SERGIPE

RESUMO

“Na Grécia antiga a política era o ápice da vida humana e atualmente se vê a vida política como

safa-da e político com pilantra, ou seja, era uma atividade considerada importante e agora é

vergonhosa”. A partir desta reflexão feita por Janine e Cortella em seu livro, “Política para não ser

idiota” reali-zamos o presente trabalho com o objetivo de conhecer a opinião de alguns

representantes públicos do município de Lagarto – Sergipe, sobre a política e analisar se estes

percebem a política como um instrumento de cidadania como mencionado no livro. Realizou-se um

estudo empírico com análise qualitativa e abordagem descritiva. A amostra foi composta

aleatoriamente por oito representantes do poder executivo. Os dados foram organizados em quatro

categorias: Conceito de política; Forma de exercer a política; Benefícios da política na vida das

pessoas e visão da política atualmente. A maioria das respostas dos representantes públicos do

município não se distanciou do conceito de política dis-cutido por Janine e Cortella. Algumas falas

apontam a necessidade de aproximar a população da po-lítica, por isso é preciso desenvolver formas

mais avançadas de participação, organização e controle popular sobre o que é público.

Palavras-Chave: política; cidadania, participação social.

INTRODUÇÃO

O livro “política para não ser idiota” de Cortella e Janine (2010) nos instigou sobre o tema

“Política”, a partir da discussão dos autores passamos a perceber a política com outros olhos e a nos

sentir parte dela. O livro fala da política como instrumento para governar, utilizando o poder para de-

fender os direitos sociais, a liberdade de se expressar e de ter uma opinião, contribuindo desta forma

para uma sociedade mais justa. No nosso cotidiano, a palavra política é utilizada de diversas formas,

relacionando-a apenas com a política partidária e com a forma de agir de alguns de nossos represen-

tantes, por isso muitas pessoas falam que não gostam de política.

A política é citada de forma pejorativa como sinônimo de “politicagem”, devido às notícias

de corrupção, desvios de verbas públicas, somada ainda à impunidade dos envolvidos. Aranha e Mar-

tins, 1993, citam “politicagem”, como a falsa política em que predominam os interesses particulares

sobre os coletivos. Janine (2010) comenta que a política passa pela fala, pela conversa, pelo diálogo,

se opondo assim as ditaduras, onde não há liberdade de expressão; esse seria o lado positivo. O lado

negativo seria o desinteresse da sociedade pela política, possibilitando desta forma que alguns se be-

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neficiam, aumentando a corrupção e a impunidade.

A política seria uma maneira de lançarmos luz sobre teias invisíveis que nos dominam e ten-

tarmos controlá-las. O indivíduo não pode ter direitos se não cumprir certos deveres. Cortella

(2010) em relação à política observa na população uma atitude de desprezo, de asco ou nojo e ainda

uma atitude de tédio, pois, segundo ele, os adultos não conseguiram fazer com que os jovens se

encantas-sem com a política, sem associá-la a uma coisa menor, à política partidária dos acordos

espúrios e da corrupção.

Então, com o passar dos tempos percebemos que na época grega, por exemplo, a política era o

ápice da vida humana e atualmente se vê a vida política como safada e político com pilantra, ou

seja, era uma atividade considerada importante e agora é vergonhosa (Janine; Cortella, 2010).

Contudo o presente trabalho objetivou conhecer a opinião de alguns representantes públicos de um

município do interior de Sergipe sobre a política e analisar se estes percebem a política como um

instrumento de cidadania

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado no fórum do município de Lagarto, região centro-sul de Ser-

gipe. Realizou-se um estudo empírico buscando conhecer a opinião dos entrevistados sobre política.

Realizou-se análise qualitativa com uma abordagem descritiva. A amostra foi composta aleatoria-

mente por oito representantes do poder executivo.

As entrevistas foram agendadas com antecedência e os entrevistados foram informados

sobre a gravação e aspectos éticos da pesquisa. A entrevista iniciou após assinatura do Termo de

Consenti-mento Livre e Esclarecido (permitindo a gravação e a entrevista), conforme determina a

Resolução 196/96/CONEP.

Os dados foram coletados durante o mês de março de 2011 por meio da aplicação de ques-

tionários, compostos por cinco questões abertas aos participantes da pesquisa, e, através da análise

de conteúdo, estes foram organizados, agrupados e transcritos em quatro categorias referentes ao

objetivo proposto.

As perguntas realizadas foram:

O que é política para você?

Onde podemos exercer a política?

Você acha que a política te traz liberdade? De que forma?

Como você vê a política atualmente? O que te faz pensar assim?

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Você considera que a política te ajuda a ser mais humano?

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados coletados foram organizados, analisados e agrupados em quatro categorias, as

quais se apresentam a seguir.

Conceito de política:

Ao questionar sobre o conceito de política destacamos algumas falas.

“... refere-se á forma como os homens se organizam socialmente no sentido de gerenciarem

as relações de poder...”(E1).

Cortella (2010) afirma que a política é resultado de nossos atos, conscientes ou não. Visto

que se faz política mesmo quando não se sabe que está fazendo. A política de ação, não só a política

do cotidiano, mas a política como atividade e vida pública, exige participação. Parte das gerações

mais jovens tem a felicidade como ideal de vida, Aristóteles pregava que a finalidade da política é a

feli-cidade, isto é a eudaimonia. Para Janine política é o mundo da heteronomia, política é o mundo

feio, em que os políticos mandam. Eles fazem coisas que independem de nós. Somos autores do

quadro atual, somos responsáveis por ele.

Já para Platão a política é “a arte de governar os homens com o seu consentimento” e o polí-

tico é precisamente aquele que conhece essa difícil arte, só poderá ser chefe quem conhece a ciência

política. Platão critica a política do seu tempo e recusa as formas de poder degeneradas (Aranha,

Martins, 1993).

“é o instrumento pelo qual os indivíduos de uma sociedade devem se valer para viabilizar,

através da discussão de idéias, a vida em comunidade”(E2).

Kuschnir (2006) sugeriu que a política é entendida, aqui, principalmente como um meio de

acesso aos recursos públicos, no qual o político atua como mediador entre comunidades locais e di-

versos níveis de poder. Esse fluxo de trocas é regulado pelas obrigações de dar, receber e retribuir, o

que o antropólogo Marcel Mauss ([1924] 1974) chamou de “lógica da dádiva”, e cujo princípio

fundamental está no comprometimento social daqueles que trocam para além das coisas trocadas.

As pessoas que participam dessas redes, seja como eleitores, seja como políticos, nunca

concordariam com os acadêmicos que consideram suas ações um mero “clientelismo”.

“lutar para que os nossos direitos e deveres sejam cumpridos”(E3).

Aristóteles relata que a finalidade da ação moral é a felicidade do indivíduo, também a política

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tem por fim organizar a cidade feliz. A lei é para Aristóteles o princípio que rege a ação dos cidadãos, é

a expressão política da ordem natural. Usando o critério axiológico (de valor), Aristóteles considera que

algumas formas de governo podem ser consideradas boas, quando visam o interesse comum, e más,

corrompidas, degeneradas, quando tem como objetivo o interesse particular. A ética política se distingue

da moral privada, uma vez que a ação política deve ser julgada a partir das circunstâncias vividas, tendo

em vista os resultados alcançados na busca do bem comum (Aranha, Martins, 1993).

Na nova perspectiva, para fazer política é preciso compreender o sistema de forças

existentes e calcular a alteração do equilíbrio provocada pela interferência de sua própria ação nesse

sistema (Aranha, Martins, 1993). Lefort in Aranha, Martins (1993) cita: “em definitivo, em nenhum

lugar está traçada a vida real da política”, cabe ao homem de ação descobrir, na paciente exploração

dos possíveis, os sinais da criação histórica e assim inscrever sua ação no tempo.

Formas de exercer a política:

Percebemos as várias formas de acordo com as seguintes respostas:

“em quaisquer relações sociais, seja no âmbito familiar, social, político, entre outras”(E1).

Segundo Cortella (2010), fazemos política no prédio, no bairro, escrevendo, na convivência

com a família, no modo como nos relacionamos com as pessoas com quem trabalhamos e assim por

diante. Ele afirma antes de tudo que a política, não é obrigatoriamente consenso. O consenso é uma

parte do ato político, mas não é a única forma de lidar com as diferenças.

“em todas as instituições sociais: família, igreja, escola...”(E2).

As organizações sociais e políticas criam espaços públicos e estruturas de oportunidade para

a deliberação sobre questões coletivas e para aprender sobre política (VERBA et al., 1995; AVRIT-

ZER, 2002; BAIOCCHI, 2003 in Rennó (2006). Assim, os participantes dessas organizações são

mais propensos a entrar em contato com as ideias e opiniões de outros membros da organização. É

também mais provável que esses membros obtenham informações sobre políticas dos líderes de

suas organi-zações. Pode-se supor que a distribuição da informação política dentro dessas

organizações torna seus membros, em comparação com os não-militantes, mais informados.

Seguindo a maior parte da literatura sobre o papel da informação nas eleições, não se espera

que os eleitores saibam tudo sobre política para fazerem uma escolha esclarecida (LUPIA e

MCCUB-BINS, 1998; SNIDERMAN et al., 1991 in Rennó (2006). O partidarismo, portanto, é um

atalho de informação que resume outras informações. Segundo Delli Carpini e Keeter (1996) in

Rennó (2006), os eleitores devem saber quem são os atores do sistema político, quais as questões

mais importantes e qual a posição dos atores diante dessas questões.

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“no dia-a-dia, em debates de idéias...”(E3).

Rennó (2006) afirma que a maior parte da literatura, especialmente aquela sobre o orçamento

participativo (OP) do Partido dos Trabalhadores do Brasil, sustenta que o OP é uma estrutura de opor-

tunidade para que os indivíduos se reúnam e debatam não só problemas locais, mas também discutam

política num sentido mais amplo. O paradoxo está no fato que, numa democracia, espera-se equidade

pelo menos na esfera política. O OP é um instrumento de democracia direta através do qual os cida-dãos

influenciam a formulação dos orçamentos de investimento municipais por meio de assembleias

periódicas nos bairros; é uma forma de democracia que enfatiza a deliberação dos cidadãos, bem como a

transparência e accountability na política orçamentária.

Nas reuniões, as prioridades de investimento na cidade são definidas mediante o voto direto dos

participantes. Seguindo a literatura, a principal hipótese testada é que aqueles que participam de

reuniões do OP se tornam mais bem informados sobre a política. Uma segunda hipótese, que ainda não

foi levantada tampouco testada, é que os níveis de informação dos militantes, adquiridos através da

participação no OP, não se diferenciarão entre homens e mulheres, ricos e pobres, negros e brancos.

Neste sentido, a participação no OP aumenta diferenças de informação entre ativistas e não-

-ativistas, mas atenuaria as diferenças de gênero, raça e renda dos participantes. A principal hipótese,

neste caso, é que as organizações que estão mais diretamente ligadas ao sistema político, tais como

sindicatos e partidos, terão um impacto mais decisivo sobre os graus de informação política dos mi-

litantes do que organizações mais voltadas a questões extra-políticas e de nível local e preocupações

extra-políticas, como associações de bairro, grupos ligados à igreja e o próprio OP (RENNÓ, 2006).

Existe benefício da política na vida das pessoas:

Percebe-se os benefícios de acordo com as seguintes respostas:

“a política acaba trazendo liberdade, sobretudo num Estado democrático de direito. A

liberdade traz consigo a responsabilidade pelos atos em nome dela praticados. Sem a política, não

somos humanos, a política só se faz entre homens...”(E1).

De acordo com Cortella (2010), o idiota não é livre porque toma conta do próprio nariz, pois só

é livre aquele que se envolve na vida pública, na vida coletiva. Cortella (2010) afirma que, o que nos

torna mais humanos é justamente a capacidade do exercício da política como convivência e como

conexão de uma vida. Turgeon Rennó (2010) diz que não é novidade que o cidadão brasileiro, como

outros vivendo em países democráticos, em média sabem pouco sobre seus governos e sobre as

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orientações ideológicas da maioria dos candidatos e partidos políticos.

“quando dentro da política se vê o querer social, podemos escolher fazendo uso da

liberdade. A política nos torna mais humanos quando visa o bem comum...”(E2).

A explicação corrente é que eleitores usam atalhos cognitivos e dicas recebidas através de redes

de amigos, membros da família ou grupos para informar os seus votos e atitudes (HUCKFELDT e SPRAGUE, 1995; BAKER, AMES e RENNÓ, 2006 in Turgeon; Rennó (2010)). Assim, encontramos

evidências de que mudança nos níveis de informação política é um importante fator na formação de

opiniões e atitudes políticas. Uma atitude política define-se como uma avaliação positiva ou negativa de

certo objeto político como um partido, um programa governamental, uma política pública e assim por

diante, e pode ser baseada em elementos afetivos ou cognitivos ou em ambos (SCHWART e BOHNER, 2001 in TURGEON; RENNÓ (2010)).

O impacto da informação política em atitudes políticas declaradas não é trivial e que uma

cidadania mais bem informada sobre política pensa diferentemente de uma menos informada.

“a política não traz liberdade, porque não é efetiva no que propõe. Dessa forma não me

torna mais humano, não me ajuda em nada”(E3).

Segundo alguns, a falta de informação afeta de maneira importante as atitudes políticas dos

eleitores. Já para outros, a informação política não é relevante para formação de opiniões. Décadas

de pesquisa, no Brasil e em outros países, corroboram que a maioria dos cidadãos sabe pouco acerca

da política (BENNETT, 1989; Converse, 1964; DELLI CARPINI & KEETER, 1996; RENNÓ,

2007 in TURGEON; RENNÓ (2010)). De acordo com alguns pesquisadores, a ausência de

informação tem poucas consequências, porque a maioria das pessoas vota como deveria e têm

atitudes “corretas” ou previsíveis, mesmo com níveis informacionais baixos. Ou seja, os eleitores

comportam-se da mesma forma quando têm pouca ou muita informação política (BOWLER &

DONOVAN, 1998; LUPIA, 1994; LUPIA & MCCUBBINS, 1998; POPKIN, 1991; SNIDERMAN,

BRODY & TETLOCK, 1991 in TURGEON; RENNÓ (2010)).

Para Howlett (2000), os meios de comunicação desempenham um papel muito ativo e

continuado, influenciando e refletindo a construção da agenda. Influencia a formação de políticas ao

gerar a atenção do público e, através dela, a pressão política para que certos atores passem a atuar

sobre uma questão particular.

A cobertura da mídia, porém, não apenas aumenta as percepções e atenção públicas sobre

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várias questões, mas as constrói, definindo-as como econômicas ou políticas, sociais ou pessoais,

radicais ou conservadoras. O que é relatado, como é relatado, quem relata e o caráter do meio de

comunicação, tudo isso tem implicações para a mensagem da mídia ao público. No entanto, existem

várias limitações ao papel da mídia como ator no processamento das políticas que a tornam um

agente mediador imperfeito para a opinião pública e faz com que a ligação entre a opinião pública e

a formação de políticas seja indireta.

Visão da política atualmente:

Pôde-se visualizar este fato nas falas seguintes:

“a moralização política sempre será mais lenta que os tentáculos da corrupção...”(E1).

Cortella (2010) relata que a política era o ápice da vida humana e atualmente se vê a vida

política como safada e político com pilantra, ou seja, era uma atividade considerada e agora é

vergonhosa. Janine defende a idéia que a corrupção não aumentou, ela só esta sendo mais

percebida. A corrupção é o que há de mais anti- republicano, porque vai na jugular da res publica,

põe em xeque a coisa pública e o bem comum.

Ele pensa que, para estimar a política é importante a ação ser eficaz: o indivíduo precisa

sentir que sua iniciativa tem um retorno, produz algum resultado. Se ele nunca tiver uma resposta

positiva, acabará desistindo de agir. Por um lado, as pessoas não sabem exatamente o que esperar da

política, por outro lado sentem que os resultados obtidos são limitados. Janine afirma ser um erro

nossos políticos pensarem que se ganharem, levarão tudo. Ele diz que política faz bem, que nos

sentimos vivos, e sentir-se vivo é saber que a corrupção é algo que não se deseja e por isso, deve ser

empreendida uma ação para que ela deixe de existir. Sentir-se vivo é também sentir-se participante.

Afinal, a mesma situação que gera o problema e a consciência dele, gera também os meios

para resolvê-los. A política não pode ser anulação, tem de propiciar possibilidades de convivência.

Ele é a favor da política.

Para Kuschnir (2006) a política opera com valores da sociedade mais abrangente,

tradicionalmente associados a outras esferas da vida social, como família e religião, mas

considerados ilegítimos quando operados na esfera política. Como afirmou Abélès (1997) in

Kuschnir (2006), a antropologia não tem como objetivo criticar as práticas políticas, mas entender a

maneira pela qual as relações de poder emergem numa situação determinada, adquirindo significado

para os atores sociais. Parte sempre do pressuposto de que a “democracia” é um modelo teórico, e

que, portanto, não existe de forma pura.

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ANAIS.indd 62-63

“o político está desacreditado, não pensam no bem comum...” (E2).

Valente (2009) mostra que a primeira constatação é que se trata de um fenômeno atual a

desimportância da política como esfera decisória dos destinos públicos, confundida apenas com o

ato de votar de tempos em tempos. Essa “desimportância” se amplia cada vez mais com o enorme

peso econômico das corporações, que tornam sem valor os controles da cidadania sobre a vida

pública. A terceira constatação é que a própria política está mais e mais reduzida ao espetáculo.

Em sociedades de massa, com mecanismos de controle e participação popular praticamente

inexistentes, prepondera o peso dos meios de comunicação na definição daquilo que é ou não é

importante do ponto de vista do debate público. Tamanha é a desimportância da política que mesmo

as grandes questões parecem ser decididas por fora dessa esfera. Qualquer leitor mais atento

percebe que a política desapareceu dos cadernos dos grandes jornais destinados a tratar desse tema.

A política hoje se revela ou nos cadernos de economia, onde estão retratadas as grandes

transações, que definem a vida de milhões, mas que emergem pouco à esfera pública, ou nos

cadernos de cotidiano, que tratam da verdadeira crise social em que o país está mergulhado, com

ausência de recursos para as áreas sociais, colapso e privatização do sistema de saúde, sucateamento

da educação pública, explosão da violência nos perímetros pobres das grandes cidades.

“vejo a política voltada aos interesses próprios e de seus familiares...” (E3).

A overdose de denúncias de corrupção – que pode até não ter crescido, mas apenas ganhado

novos holofotes – cria no imaginário popular a sensação de que tal prática tornou-se tão cotidiana e

constante a ponto de contaminar toda a política. Ou seja, a corrupção é algo natural ao Estado e aos

políticos brasileiros que, portanto, não são dignos ou capazes de participar do jogo democrático e

decidir os rumos da nação.

Para Brooks in Howlett (2000) descobrindo a pouca relação entre opinião pública e a formação

de políticas, chama o fenômeno de “frustração democrática”, sugerindo que ele resulta de um problema

quando o sistema de políticas não reage de maneira apropriada ao sistema democrático. O ato de votar é muitas vezes concebido em termos de avaliação de políticas, ou seja, como uma atividade coletiva

em que eleitores individuais julgam as políticas de um governo.

No entanto, embora o ato de votar seja o mais básico e importante meio de participar dos

processos políticos dos estados democráticos, ele dá ao eleitor a oportunidade de expressar apenas

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sua escolha geral de governo, mais que sua escolha de políticas específicas. Em outras palavras,

ainda que os partidos e os candidatos em busca de votos possam tentar oferecer pacotes de políticas

que, esperam, atrairão os eleitores, o sistema eleitoral não é estruturado de modo a permitir aos

eleitores uma escolha de políticas específicas.

CONCLUSÃO

As respostas dos representantes públicos do município estudado nos fizeram aprofundar

nossa reflexão sobre política. Não percebemos um distanciamento de suas respostas com o que

Janine e Cortella discutem em seu livro “Política para não ser idiota”. Algumas falas apontam a

necessidade de aproximar a população da política, é preciso desenvolver formas mais avançadas de

participação, organização e controle popular sobre o que é público. Por tudo isso, é preciso

aumentar participação popular e mecanismos eficazes de transparência e controle público.

Por fim, é importante participar ativamente da sociedade, se mostrando um cidadão

comprometido com sua família, com seu bairro, cidade, país, dando exemplo de honestidade e

cidadania em pequenos gestos, como não “furar a fila”, devolver objetos esquecidos, não jogar lixo

no chão, participar das reuniões do conselho de saúde, ou do conselho comunitário, votar

conscientemente, desestimulando a prática da venda de votos, dentre outros pequenos gestos que

fazem toda a diferença. É necessário se responsabilizar pela sociedade, participando dos assuntos

que são de interesse social, para que desta forma possamos ter uma vida melhor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia De arruda; Martins, Helena Pires. Filosofando: introdução á filosofia.

São Paulo: Moderna, 1993.

Cortella, Mário Sérgio; Ribeiro, Renato Janine. Política para não ser idiota. São Paulo: Papirus 7

mares, 2010.

Howlett, Michael. A Dialética da Opinião Pública: efeitos recíprocos da política pública e da opi-

nião pública em sociedades democráticas contemporâneas. São Paulo,v.6, p.167-186, 2000.

Kuschnir, Karina. Métodos e explicações da política. São Paulo, v.22, p.166-178, 2006.

Rennó, Lúcio. Os militantes são mais informados? Desigualdade e informação política nas

eleições de 2002. São Paulo, v.12, p.329-347, 2006.

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ANAIS.indd 64-65

Turgeon, Mathieu; Rennó, Lúcio. Informação política e atitudes sobre gastos governamentais e

impostos no Brasil: evidências a partir de um experimento de opinião pública. São Paulo, v.16,

p.143-159, 2010.

Valente, Ivan. Estudos avançados: a crise da grande política. São Paulo, p.119-125, 2009. FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 65

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE

Geziana Silva Siqueira Nunes (Mestra pelo Núcleo de Pós Graduação em Ecologia e Conservação - NPEC, na UFS)

[email protected]

Adauto de Souza Ribeiro (Prof. Doutor do NPEC da UFS)

[email protected]

Juliana de Carvalho Cordeiro (Mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, na UFS)

[email protected]

Jusivânia Silva dos Santos Cruz (Graduada em Ciências Biológicas pela UFS)

[email protected]

RESUMO

O conhecimento a respeito da biologia reprodutiva é importante para uma melhor compreensão sobre

alguns aspectos do nicho reprodutivo de uma taxocenose estudada. O presente estudo tem como objetivo

descrever alguns aspectos morfológicos das gônadas e os ciclos reprodutivos das serpentes de seis

municípios no contato da Caatinga do estado de Sergipe. Foram examinados no laboratório 119 exemplares de serpentes representando 34 espécies. A reprodução das espécies na taxocenose

estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas

(35%) estarem em fase reprodutiva, com folículos vitelogênicos. Com relação à sincronia reprodutiva

dentro da espécie, os dados sugerem que algumas espécies podem não ser sincrônicas, porque houve a

presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas num mesmo período. Na Caatinga estudada não

houve diferença significante entre as serpentes fêmeas e os machos reprodutivos coletados durante os

dois anos de estudo, sugerindo que ambos os sexos estão reprodutivos nas mesmas épocas.

Palavras-chave: Gônadas; Reprodução; Serpentes; Caatinga; Sergipe.

INTRODUÇÃO

A biologia reprodutiva de serpentes é uma dimensão ecológica fundamental para conhecermos

e interpretarmos o nicho reprodutivo das espécies de serpentes na comunidade onde estão inseridas

(Pianka, 2000). Serpentes são animais difíceis de serem estudados sob este aspecto. Encontrar cobras

no campo é obra do acaso e este fator constitui uma séria limitação, porque para estudos desta

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natureza são necessárias amostras periódicas regulares (Seigel & Ford, 1987; Vanzolini, 1986).

Uma alternativa que dá bons resultados é estudar aspectos reprodutivos de uma ou duas espécies

através de exemplares preservados em coleções, o que possibilita análises de séries que cobrem

vários anos (Marques, 1996; Alves et al., 2005; Prudente et al., 2007). Outra é fazer inferências

sobre os aspectos reprodutivos através da literatura.

Para estudos de comunidades de serpentes feitos em curto espaço de tempo, as coletas embora

intensivas, não são robustas ao ponto de cobrir todos os períodos do ano para todas as espécies (Sawaya et al., 2008; Fitch, 1985). Neste caso, todas as informações que puderem ser obtidas serão

muito bem-vindas para compor um cenário, cujos elementos possam expressar algumas dimensões

do nicho reprodutivo de uma taxocenose. Os objetivos do presente estudo são abordados sob três

dimensões: descrever a morfologia das gônadas das serpentes machos e fêmeas, analisar os órgãos

do sistema reprodutor para determinar estágios reprodutivos e não-reprodutivos, bem como discutir

sobre os ciclos reprodutivos.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo: Os dados foram obtidos na região da Caatinga do estado de Sergipe, nas

seguintes localidades: Itabaiana (10o43’S, 37o28’41W); Lagarto (10o54’S, 37o39’W); Pedra Mole

(10o36’S, 37o41’W); Poço Redondo (9o47’S, 37o40’W); Poço Verde (10o45’S, 38o9’53W); Simão Dias

(10o45’S, 37o46’W); Tobias Barreto (11o11’S, 37º59’W).

Figura 1 – Mapa dos municípios que serão amostrados em Sergipe

(Modificado - Atlas digital sobre recursos hídricos, Secretaria de

Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia, 2008).

Km

Material e Métodos: Foram examinados no laboratório 119 exemplares de serpentes

representando 34 espécies. Com um bisturi era feito um corte na região ventral, desde a área cloacal

até o final da região onde se localizava o aparelho reprodutor. Os cortes variavam de tamanho a

depender da espécie e porte do indivíduo e as camadas do revestimento corporal eram rebatidas

com auxílio de espátulas e pinças, para que as gônadas pudessem ser visualizadas, medidas com uso

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de paquímetro digital, analisadas em sua morfologia e fotografadas. Os espécimes foram coletados

entre 2008-2009, licença de coleta 21198-1 SISBIO. Os espécimes foram obtidos através de busca

ativa (Crump & Scott, 1994) e também coletados por moradores da região. Após análises, o

material foi devidamente etiquetado, fixado em formalina 10% e conservado em álcool 70%. Os

exemplares encontram-se tombados no Instituto Butantan e na Coleção Herpetológica da

Universidade Federal de Sergipe - CHUFS. Na análise estatística utilizou-se o teste Q de Cochran.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Morfologia das gônadas e principais aspectos reprodutivos das fêmeas

O sistema reprodutor das serpentes fêmeas (Figuras 2-4) é formado por dois ovários e dois

ovidutos, dispostos assimetricamente, o direito é mais anterior. Os ovários são constituídos por folículos

formados por células especializadas, cujo número varia entre as espécies. Nas cobras imaturas os

folículos (oócitos) são pequenos e as células são indiferenciadas. Ao atingirem a primeira reprodução as

células foliculares se diferenciam e formam camadas compostas pelas oôgonias. Nesta fase começa a

deposição de vitelo – lipoproteína formada no fígado –, cuja função é nutrir o embrião caso haja

fecundação. Aldridge (1979) denominou esta fase de vitelogênese primária, a qual ocorre em todas as

serpentes (em todos os répteis), mas varia de acordo com fatores externos. Estes fatores externos, por

exemplo, a temperatura e a pluviosidade, vão desencadear os processos reprodutivos, os quais variam

dentro da mesma espécie, dependendo da região geográfica. Nem todos os folículos ficam vitelogênicos,

apenas aqueles mais anteriores, próximos aos ovidutos. E destes, nem todos ficam vitelogênicos ao

mesmo tempo, vai depender do ciclo de cada espécie.

Numa fase mais adiantada há aumento de água, cálcio, lipídeos e proteínas nos folículos

vitelogênicos, os quais, macroscopicamente ficam amarelados e de tamanho muito maior do que os

demais folículos. É a vitelogênese que Aldridge (1979) classificou como secundária. Os folículos

nesta fase estão prontos para se desprenderem dos ovários e migrarem para os ovidutos. O

desprendimento do folículo deixa uma cicatriz, formada por um tecido de aspecto fibroso, de cor

esbranquiçada. É o corpo lúteo, que após algumas semanas pode desaparecer. Esta estrutura é

importante para caracterizarmos uma desova recente e inferirmos se o indivíduo produz mais de

uma ninhada na mesma estação reprodutiva (Ibid).

Os dois ovidutos são estruturas tubulares de paredes elásticas, que ligam os ovários à cloaca.

São neles onde os óvulos são fecundados e se forma o envoltório que no meio externo evita o

dessecamento. Nos indivíduos reprodutivos os ovidutos são convolutos, esbranquiçados e elásticos; nos

indivíduos não reprodutivos ou imaturos os ovidutos são diáfanos e não convolutos. Os ovidutos

acompanham as alterações foliculares. A região anterior dos ovidutos é chamada infundíbulo, não

contém dobras e é bem irrigada por vasos linfáticos, presa por ligamentos no intestino e no fígado.

Esta região do oviduto possui uma abertura lateral voltada para os ovários, conhecida por óstio, e uma

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região mediana denominada tuba uterina; na região da cloaca é a vagina (Gomes & Puorto, 1993).

Foram observadas algumas diferenças nos folículos vitelogênicos das serpentes da Caatinga. Em Boiruna sertaneja os folículos têm forma elipsóide, são deprimidos nas extremidades; em Chironius

os folículos têm forma elipsóide, as extremidades são arredondadas. É possível que estas variações

morfológicas estejam relacionadas ao número e tamanho dos embriões e o espaço no corpo da mãe para

alojá-los (Almeida-Santos, 2005). Em Boiruna foram encontrados 11 folículos vitelogênicos, em

Chironius o exemplar tinha 5 folículos vitelogênicos. Os tamanhos dos folículos vitelogênicos maiores

variam entre as espécies (Ibid). Por exemplo, Boiruna sertaneja apresentou folículos com 53mm,

Chironius flavolineatus 33mm, Leptodeira annulata 15mm, Leptophis ahaetulla 24mm, Oxyrhopus

trigeminus 26mm, Philodryas nattereri 20mm e Philodryas patagoniensis 38mm.

Morfologia das gônadas e principais aspectos reprodutivos dos machos

O sistema reprodutor dos machos (Figuras 5-6) é formado pelos testículos, epidídimos e

ductos deferentes. Os testículos estão suspensos pelo mesórquio e por ligamentos, assimetricamente

situados no abdome, o testículo esquerdo é mais anterior em todos os exemplares dissecados. Além

disso, afiguram-se esbranquiçados e sua forma varia de acordo com o estado reprodutivo. No geral

são alongados e se comunicam com a cloaca através dos dutos deferentes (Almeida-Santos, 2005).

Nos machos reprodutivos os testículos são mais volumosos, convolutos, cujo tamanho

depende da espécie. Por exemplo, num exemplar de Chironius adulto pode chegar até 20 mm, já

num exemplar adulto de Leptotyphlops o testículo não ultrapassa 4 mm. Na fase reprodutiva os

epidídimos estão hipertrofiados, convolutos, de cor esbranquiçada, cujo tamanho depende da

espécie; ligam-se das adrenais até o início dos ductos deferentes (Seigel & Ford, 1987). O conjunto

epidídimos-adrenais é envolto por um tecido conjuntivo contido no meso que prende lateralmente

os testículos à aorta. Os ductos deferentes que estão em continuação aos epidídimos na sua porção

posterior são menos convolutos (Ibid).

O hemipênis tem a função de se fixar na cloaca das fêmeas durante a cópula, geralmente só um

lado é introduzido. É uma adaptação comum entre os vertebrados, de forma a garantir fecundação. Os

hemipênis das serpentes, como em todos os répteis, apresentam diferenças morfológicas entre as

espécies e é um importante caráter sistemático (Mossmann, 2001). Por exemplo, na Caatinga os

hemipênis de Chironius são bifurcados, com espículas cutâneas distribuídas por todo o órgão, já os

hemipênis de Crotalus são estruturas pares tubulares, profundamente bifurcadas, com as espículas

cutâneas mais concentradas na base, as extremidades são lisas (Figura 6). Entretanto, em alguns gêneros

a morfologia do hemipênis é semelhante entre as espécies, como é o caso de Philodryas (D’Agostini,

Cappellari & Santos-Costa, 2000). Normalmente os hemipênis ficam retraídos na região caudal das

serpentes, como em todos os répteis.

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Figura 2. Óvulos e ovidutos de Boiruna sertaneja.

Figura 3. Óvulos e ovidutos de Chironius flavolineatus.

Figura 5. Boa constrictor: te - testículo esquerdo, int -intestino,

rie - rim esquerdo (adaptado de Gomes et al., 1989).

Figura 6. A. Hemipênis de Chironius flavolineatus -

vista ventral; B. Hemipênis de Crotalus durissus,

vista dorsal.

Figura 4. Boa constrictor: ovad - ovário direito, ovae - ovário esquerdo,

ovu - óvulos, ov - ovidutos, int - intestino, rid - rim direito, rie - rim

esquerdo, pu - papila urinária (adaptado de Gomes et al., 1989).

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Modos reprodutivos

Pragmaticamente podemos categorizar os tipos de reprodução das serpentes em partenogênese,

ovíparas e vivíparas. Entre os répteis a partenogênese – reprodução sem fertilização, só fêmeas – é mais

comum em lagartos, por exemplo, no gênero Cnemidophorus e Gymnophthalmus (Vrijenhoek et al.,

1989). A serpente citada na literatura como sendo partenogenética é o tiflopídeo (família Typhlopidae)

Ramphotyphlops braminus, que ocorre na Ásia e África (Wynn et al., 1987).

A maioria das serpentes é ovípara, os ovos são desenvolvidos nos ovidutos, fecundados e

depositados em vários locais para serem incubados. O tempo de incubação varia entre as espécies.

Na reprodução por viviparidade os filhotes já nascem vivos. Os embriões se desenvolvem através

de modificações do epitélio maternal, havendo trocas gasosas entre o embrião e a mãe (Albieri et

al., 1989). Há na literatura uma interessante discussão sobre este modo reprodutivo porque algumas

serpentes retêm os ovos no abdome por algum tempo, nascendo os filhotes vivos (Shine &

Thompson, 2006). Então entre as espécies vivíparas existe uma gradação morfológica e fisiológica

entre as espécies que apresentam retenção uterina dos ovos e aquelas nas quais ocorrem

modificações no epitélio materno, envolvendo trocas gasosas com o feto. Uma hipótese seria que a

viviparidade teria como evento precursor a retenção de ovos e estaria relacionada com climas frios,

uma adaptação para a proteção dos ovos (revisões em Yaron, 1985; Nunes, 2008).

Nas serpentes da Caatinga, as leptotyphlopídeas e typhlopídeas são ovíparas (famílias

Leptotyphlopidae e Typhlopidae). São vivíparas as boídeas, jibóias e a salamanta (família Boidae),

e as viperídeas (família Viperidae), com exceção da surucucu pico-de-jaca (Lachesis muta), que é

ovípara. A surucucu é o típico exemplo de animal amazônico que – entre outros – são encontrados

no domínio da Mata Atlântica (Shine & Thompson, 2006). É uma serpente que não ocorre na

Caatinga e nem no Cerrado. Na região de Sergipe há referências populares para esta espécie, mas

até o momento não se tem notícia de nenhum exemplar que houvesse sido coletado.

As elapídeas (família Elapidae), das cobras corais verdadeiras, são ovíparas; as colubrídeas

(família Colubridae) podem ser ovíparas ou vivíparas, a primeira categoria é mais comum. Na

região da Caatinga sergipana nós temos Thamnodynastes pallidus como exemplo de colubrídea

vivípara, como todas as espécies do gênero (Franco & Ferreira, 2002). O gênero Helicops apresenta

dois modos reprodutivos: as espécies H. angulatus e H. hagmani (da Amazônia) são ovíparas, as

demais são vivíparas (Pizzato et al., 2006). Em Sergipe ocorre H. angulatus.

Ciclo reprodutivo

Até a década de 1980, a maioria das informações sobre ciclo reprodutivo foi obtida nas regiões

temperadas, principalmente nos Estados Unidos (Fitch, 1982; Licht, 1984). Nesta época aumentaram os

relatos sobre biologia reprodutiva de serpentes, com dados sobre a Mata Atlântica, Cerrado e

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Caatinga (Vanzolini et al., 1980; Vitt & Vangilder, 1983). As informações mais detalhadas são com

relação ao ciclo das fêmeas, porque incluem associações entre o tamanho da ninhada por fêmea,

tamanho e massa corporal das fêmeas em relação ao tamanho e massa corporal dos ovos, frequência

de desovas e sazonalidade (Vitt & Seigel, 1985).

Há uma interessante hipótese, bastante testada nas últimas décadas, envolvendo a reprodução de

serpentes de regiões temperadas e de regiões tropicais: nas primeiras a reprodução seria sazonal e

uniforme, na segunda seria contínua (Shine, 1977, Aldridge, 1982). Estudos posteriores mostraram que

as estratégias reprodutivas são muito mais complexas, porque a mesma espécie pode apresentar

reprodução contínua num domínio e ser sazonal em outro. No geral a reprodução das serpentes nas

regiões tropicais ocorre na época das chuvas, em lugares onde a pluviosidade é regular, mas nas regiões

com pouca chuva ou estas são irregulares, como na Caatinga, pouco sabemos como os ciclos

reprodutivos das serpentes respondem (Almeida-Santos, 2005).

As Tabelas 1 e 2 sumarizam os dados reprodutivos das serpentes da Caatinga deste estudo.

As amostragens foram muito irregulares e o número de exemplares coletado por espécie também foi

baixo, como era esperado em estudos sobre comunidades de serpentes. Entretanto, algumas inferências

podem ser feitas: A reprodução das espécies na comunidade estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é

baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas (doze espécies que representam 35% do total

amostrado) estarem reprodutivas, com folículos vitelogênicos. A pergunta que emerge é a seguinte:

Qual é o período reprodutivo das serpentes da Caatinga sergipana? Fica como hipótese a ser verificada a

possibilidade da reprodução das espécies na área de estudo ser durante a estação chuvosa, o que na

região vai de maio a agosto. Talvez esta hipótese explique também o número de espécies não

reprodutivas (dezessete), já que a maior parte das coletas foi realizada durante os meses da estiagem,

setembro a abril. Para as demais espécies (cinco) não foi possível obter dados sobre a reprodução.

Com relação à sincronia reprodutiva dentro da espécie, os dados revelam que algumas

espécies não são sincrônicas, já que houve a presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas

dentro da amostragem realizada (oito espécies, Tabela 1) num mesmo período. Esta observação dá

motivo para a formulação de algumas perguntas, por exemplo: Por quanto tempo é possível

observamos corpos lúteos nos ovários? Quantas ninhadas uma fêmea produz por período

reprodutivo? Estes são dados fundamentais para entendermos também a estrutura das populações

das espécies na área de estudo e podermos produzir as tabelas de vida (Pianka, 2000).

Com relação aos machos, é possível que estes estejam produzindo espermatozoides durante o

decorrer de todo o ano, como ocorre comumente com espécies de outras regiões (Vitt & Vangilder,

1983). Entretanto, esta hipótese só poderá ser verificada através de dados histológicos das gônadas,

desde que tenhamos uma boa série por período, o que, como dito, não é tarefa fácil (Ibid).

Na Caatinga estudada não houve diferença significante entre as fêmeas e os machos

reprodutivos coletados durante os dois anos de estudo, sugerindo que ambos os sexos estão

reprodutivos nas mesmas épocas (Q Cochran = 0.0667, g.l. = 1, p> 0.05, Tabela 2).

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Tabela 1. Condição das gônadas das serpentes fêmeas e (*) número de exemplares analisados.

Reprodutivos + Não

Reprodutivos Não Reprodutivos Reprodutivos

Atractus cf. ronnie (2) Boiruna sertaneja (1) Leptotyphlops borapeliotes (1)

Chironius flavolineatus (4) Leptophis ahaetulla (2) Typhlops brongersmianus (1)

Leptodeira annulata (2) Philodryas patagoniensis (3) Boa constrictor (2)

Liophis miliaris (4) Taeniophallus occipitalis (1) Epicrates cenchria (5)

Liophis poecilogyrus (8) Eunectes murinus (1)

Liophis viridis (4) Atractus cf. taeniatus (1)

Oxyrhopus trigeminus (7) Chironius carinatus (1)

Philodryas nattereri (9) Erythrolamprus aesculapii (1)

Helicops angulatus (1)

LiophiWs cobella (1)

Oxyrhopus petola (2)

Philodryas olfersii (1)

Pseudoboa nigra (1)

Siphlophis compressus (1)

Xenodon merremii (1)

Micrurus ibiboboca (3)

Bothrops leucurus (5)

8 espécies 4 espécies 17 espécies

Tabela 2. Condição das gônadas de serpentes machos e fêmeas.

Espécie Fêmeas Reprodutivas Machos Reprodutivos

Leptotyphlops borapeliotes 0 0

Typhlops brongersmianus 0 0

Boa constrictor 0 0

Epicrates cenchria 0 1

Eunectes murinus 0 0

Atractus cf. ronnie 1 0

Atractus cf. taeniatus 0 0

Boiruna sertaneja 1 0

Chironius carinatus 0 0

Chironius flavolineatus 1 1

Erythrolamprus aesculapii 0 0

Helicops angulatus 0 1

Leptodeira annulata 1 1

Leptophis ahaetulla 1 0

Liophis cobella 0 0

Liophis miliaris 1 0

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Liophis poecilogyrus 1 1

Liophis viridis 1 1

Oxybelis aeneus 0 1

Oxyrhopus petolaW 0 0

Oxyrhopus trigeminus 1 1

Philodryas nattereri 1 1

Philodryas olfersii 0 1

Philodryas patagoniensis 1 0

Pseudoboa nigra 0 1

Siphlophis compressus 0 1

Spilotes pullatus 1 0

Taeniophallus occipitalis 0 0

Thamnodynastes hypoconia 0 0

Thamnodynastes pallidus 0 0

Xenodon merremii 0 1

Micrurus ibiboboca 0 1

Bothrops leucurus 0 1

Crotalus durissus 0 0

(Q Cochran = 0.0667, g.l. = 1, p> 0.05).

CONCLUSÕES

A reprodução das espécies na taxocenose estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é

baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas coletadas que corresponde a 35%, se

encontrarem na fase reprodutiva, apresentando folículos vitelogênicos. Com relação à sincronia

reprodutiva dentro da espécie, os dados sugerem que algumas espécies podem não ser sincrônicas,

porque houve a presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas num mesmo período.

No tocante aos indivíduos machos, é provável que estes estejam produzindo

espermatozoides durante o ano inteiro, num ciclo contínuo.

REFERÊNCIAS

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O NEOLIBERALISMO, AS INIQUIDADES EM SAÚDE E A FRAGILIDADE

DA CIDADANIA

Marcos Martins Meireles Graduando em Enfermagem pela AGES - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Fabiana Lopes Martins Professora de Enfermagem na Faculdade AGES – BA; Especialista em Educação Profissional na área de saúde na

UFMG; Enfermeira formada pela Fundação Educacional “Dr Raul Bauad” - FEOJ

RESUMO

O Neoliberalismo, modelo político-econômico em vigência no mundo capitalista, preza a iniciativa

individual, produz desigualdades entre os povos, destitui a cidadania e causa efeitos na saúde. O

presente estudo pretende esclarecer questões sobre o supracitado modelo a partir de sua relação com as

desigualdades sociais no Brasil e dos conflitos com os princípios do SUS. O texto tem como objetivo

compreender como os mecanismos de produção de iniquidades em saúde, os fatores determinantes da

saúde, sobretudo, os sociais influenciam o estado de saúde das pessoas. Busca, ainda, conhecer e

compreender os conceitos, significados e expressões que implicam no entendimento sobre

determinantes sociais da saúde e cidadania. As questões voltadas para o analfabetismo, trabalho, renda,

desenvolvimento do ciclo da pobreza e exclusão social tomam centralidade nesta discussão. Intentamos

com esse texto, colaborar para a reflexão dos profissionais de saúde e acadêmicos sobre a atual

conjuntura e a importância da teorização de saúde coletiva para busca de estratégias.

Palavras-chave: Neoliberalismo; Desigualdades sociais; Determinantes da saúde; Exclusão; Cidadania.

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos países, uma das nações que apresenta maiores e consideráveis desigualdades

sociais, ficando na frente somente de alguns países. Sendo caracterizado por “grandes desigualdades

entre os diversos estratos sociais e econômicos. Está situado em 11º lugar entre os mais desiguais do mundo em termos de distribuição de renda, superando apenas por seis países da África e quatro da

América Latina” (TEMPORÃO, 2008, p.11).

Essas desigualdades sociais e econômicas produzem por sua vez, uma série de problemas,

a exemplo das iniquidades em saúde que segundo Temporão (2008), poderiam ser evitadas. As

iniquidades, ou seja, as desigualdades em saúde “são produto de grandes desigualdades entre os

diversos estratos sociais e econômicos da população brasileira” (...) “além de sistemáticas e

relevantes são também evitáveis injustas e desnecessárias” (TEMPORÃO, 2008, p. 11). FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 77

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Essas desigualdades sociais e econômicas, que por sua vez geram iniquidades em saúde, são

provenientes do sistema neoliberal, modelo político-econômico exposto como um fator que

promove tais desigualdades. “O neoliberalismo atualmente produz o terror pela a ameaça do

desemprego, para ainda os desempregados, e a crescente exclusão econômica e social da maioria da

população. A desigualdade é cada vez maior e fica mais evidente” (PIRES e REIS, 1999).

Nesse sentido, Oliveira, et al (1998) especifica que a expansão e a consolidação do modelo

econômico neoliberal no Brasil expressa-se na área da saúde. Segundo Oliveira, et al (1998) as

evidências que comprovam tal fato, apregoam-se nos indicadores de morbimortalidade que

traduzem os processos que excluem e destituem a cidadania de 30 milhões de brasileiros situados

abaixo da linha de pobreza.

Enquanto o modelo neoliberal destitui a cidadania, a Constituição, por sua vez, assegura “a

garantia do exercício da cidadania ao declarar o direito à saúde e considerá-la como resultante de

condições adequadas de moradia, alimentação, educação, renda, meio ambiente, lazer, trabalho,

transporte, emprego, liberdade, posse da terra e acesso aos serviços de saúde” (MOURA, 1996, p. 3).

Nessa perspectiva, cidadania “significa, em essência, o direito de viver decentemente” (DIMENSTEIN,

2000, p.29).

Essas condições adequadas, citadas acima, caracterizam-se como Determinantes Sociais em

Saúde (DSS). De acordo com Sobral e Freitas (2010) os determinantes sociais geram iniquidades

em saúde, os quais se “expressam, com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente

bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da

população estão relacionadas com sua situação de saúde” (BUSS E PELLEGRINI, 2007, p.02).

Segundo Buss e Pellegrini (2007) nas últimas décadas houve extraordinários avanços sobre

os estudos dos determinantes sociais da saúde. Conforme Villar, apud Sobral e Freitas (2010),

alguns acontecimentos na atualidade, como o desgaste do modelo neoliberal de desenvolvimento e

as tensões geradas pela crescente iniquidade socioeconômica e seus efeitos sobre a saúde, tem

contribuído para o redirecionamento do foco das atenções da saúde pública para esse tema.

Tendo em vista essas questões, o presente estudo assume significativa relevância, no sentido

de contribuir para a reflexão dos profissionais de saúde e acadêmicos acerca das desigualdades

sociais, assim como com a relação com a situação socioeconômica e a produção das iniquidades em

saúde, de modo a assinalar um breve entendimento sobre a atual conjuntura e a importância da

teorização de saúde coletiva para busca de estratégias.

A pretensão de esclarecer questões sobre o neoliberalismo sua relação com as desigualdades

sociais no Brasil e os conflitos com os princípios do SUS é objeto epistemológico-científico

assumido como proposta motriz deste artigo. Buscando entender como os mecanismos de produção

de iniquidades em saúde, os fatores determinantes da saúde, sobretudo, os sociais influenciam o

estado de saúde das pessoas. Para tanto, buscou-se explicar conceitos e significados de expressões

que têm relação direta com as temáticas. Conforme Dimenstein (2000) para compreender melhor o

funcionamento das questões sociais é preciso conhecer bem os significados de expressões e

conceitos complicados.

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Com vistas o alcance dos objetivos reportados, o estudo fora inicialmente estruturado de

forma a traçar relações entre os temas, o que resultou nos seguintes tópicos: Neoliberalismo e a

desigualdade social; Desigualdade social e as iniquidades em saúde; As iniquidades em saúde, a

fragilidade da cidadania e os princípios do SUS; SUS e o Neoliberalismo. Em seguida, são

apresentados e discutidos os resultados da pesquisa de campo.

Neoliberalismo e a Desigualdade Social

Segundo Cambaúva e Silva, (2005) o modo de como a sociedade está estruturada comunga com

os pressupostos do neoliberalismo, modelo político-econômico em vigência no mundo capitalista. Ainda segundo tais autores, a visão que alicerça esse modelo é a seguinte:

Os homens são desiguais por natureza. Concebido como juiz de suas próprias aspirações,

cada indivíduo deve lutar para atingir seus próprios objetivos, mesmo causando prejuízo

aos seus semelhantes. Nesse “cada um por si”, o homem pode contar apenas consigo

mesmo, posto que, na perspectiva neoliberal, é dotado de capacidades tais como

autocontrole e autossuficiência diante dos demais (CAMBAÚVA e SILVA, 2005, p. 3).

Nessa perspectiva, esse modelo político-econômico institui uma competição entre os sujeitos.

Essa situação de competitividade causa a exclusão de muitos, gerando grande desigualdade na

sociedade. “O neoliberalismo atualmente produz o terror pela a ameaça do desemprego, para ainda os

desempregados, e a crescente exclusão econômica e social da maioria da população. A desigualdade é cada vez maior e fica mais evidente” (PIRES e REIS, 1999).

O neoliberalismo além de promover, incentiva a desigualdade entre os homens e as

sociedades, justificando-se através desse pensamento que lhe é característico, sendo, pois, condição

importante para o crescimento econômico, no qual poucos concentram riquezas. Desse modo, o

pensamento neoliberal entende que “a desigualdade social é um valor positivo para gerar e manter o

desenvolvimento econômico. A desigualdade é importante para a prosperidade, e a concentração de

riquezas” (PIRES e REIS, 1999, p. 3).

A Desigualdade social e as iniquidades em saúde

Segundo Peres (2007) o Brasil está em 9º lugar em renda per capita na classificação entre os

países em desenvolvimento e o 25º lugar em se tratando da proporção de pobres. O que evidencia

que o Brasil não é um país pobre, mas desigual. Esses números colocam o país “entre os países de

alta renda e alta pobreza. Ao mesmo tempo em que está entre o 10% dos mais ricos, o Brasil integra

a metade mais pobre dos países em desenvolvimento” (PERES, 2007, p. 6).

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Todavia, o que significa renda per capita e o que é pobreza? Segundo Dimenstein (2000) a

expressão per capita quer dizer por cabeça, ou seja, renda por cabeça, por habitante. “É quando

dividimos a produção de um país, ou seja, o Produto Interno Bruto (PIB) pelo número total de

habitantes. Em 1996, a renda per capita brasileira era equivalente a cerca de metade do preço de um

carro popular” (DIMENSTEIN, 2000 p. 80). A pobreza é configurada quando a renda familiar não

atinge determinada quantia por pessoa. “É considerada pobre a família com rendimento per capito

igual ou inferior a meio salário mínimo” (DIMENSTEIN, 2000 p. 65).

A autora Peres (2007) esclarece que a pobreza tem sua existência “quando um segmento da

população é incapaz de gerar renda suficiente para obter elementos básicos que lhe garantam uma

qualidade de vida digna. Esses são, por exemplo, água, saúde, educação, alimentação, moradia, entre

outros” (PERES, 2007, p. 6). De acordo com a autora, um país pode ter pobreza mesmo quando seu

volume de riqueza é expressivo. Isso acontece quando esse volume de riqueza é mal distribuído.

Conforme Peres (2007) é por causa dessa má distribuição que o Brasil é considerado um dos

primeiros do mundo em desigualdade social. Os números expressam essa desigualdade quando temos a

metade dos brasileiros mais pobres se apropriando apenas do mesmo valor que o 1% dos brasileiros

mais ricos. “A renda de uma pessoa rica é 25 a 30 vezes maior que a de uma pessoa pobre. De acordo

com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 56.9 milhões de pessoas abaixo da

linha de pobreza e 24.7 milhões vivendo em extrema pobreza” (PERES, 2007, p. 6).

A desigualdade social tem como efeito a pobreza, ou seja, desigualdade social produz pobreza, a

qual influencia a situação da saúde. Segundo Peres (2007), esse arranjo social tem como um dos traços

mais marcantes as iniquidades em saúde entre os grupos. “A consequência emblemática negativa

produzida pela desigualdade social é a pobreza (PERES, 2007, p. 6), fenômeno emblemático

contemporâneo, ora presente em âmbito mundial, revela no campo da saúde sua face mais cruel”

(PERES, 2007, p. 1).

As iniquidades em saúde, a fragilidade da cidadania e os princípios do SUS

Conforme Temporão (2008), o Brasil situa-se entre os países com maiores iniquidades em

saúde. Essas iniquidades, ou seja, as desigualdades em saúde entre os grupos populacionais “são

produto de grandes desigualdades entre os diversos estratos sociais e econômicos da população

brasileira (...) além de sistemáticas e relevantes são também evitáveis, injustas e desnecessárias”

(TEMPORÃO, 2008, p. 11).

Alguns autores expõem o conceito de iniquidade como algo que “corresponde à injustiça, seja

como negação da igualdade, seja no âmbito da superestrutura político-ideológica, seja como um produto

inerente à própria estrutura social” (PAIM e SILVA, 2010, p. 6). Nesse sentido, “a marginalização

inerente aos direitos mínimos (...) se reproduz na maior parte do país onde a população, carente de

serviços, se submete ao Estado numa relação de gratidão e não de exercício de cidadania”

(MOURA, 1996, p. 3).

Se por um lado, o “Estado assume seu papel conservador de proteção social”, (MOURA,

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ANAIS.indd 80-81

1996, p. 3). Por outro, a Constituição contrapõe quando assegura ao sujeito a garantia do exercício da

cidadania, declarando assim o direito à saúde e considerando a “saúde como resultante de condições

adequadas de moradia, alimentação, educação, renda, meio ambiente, lazer, trabalho, transporte,

emprego, liberdade, posse da terra e acesso aos serviços de saúde” (MOURA, 1996, p. 3).

Outro contraponto a respeito das iniquidades em saúde e a essa postura do Estado de protetor

social é o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Gouveia e Palma, (1999) o SUS tem sua

institucionalização na Constituição Federal, nas Leis Orgânicas Federais 8080/8140 (...) apresentando

como “princípios a universalidade do atendimento, a equidade das ações, a descentralização dos

serviços e a participação social em seu controle” (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 2).

O principio equidade tem uma grande importância nesse contexto. Segundo Paim e Silva (2010),

a equidade é considerada como um contraponto as desigualdades. Sendo essas desigualdades no aspecto

socioeconômico ou no aspecto de saúde. “A equidade implica em diminuir as diferenças evitáveis e

injustas, ao mínimo possível e na oferta dos serviços de saúde em função das necessidades de

pagamentos” (PAIM e SILVA, 2010, p. 3). Em relação à “distribuição de recursos, a noção de equidade

admite a possibilidade de atender desigualmente os que são desiguais, priorizando aqueles que mais

necessitam para poder alcançar a igualdade” (PAIM e SILVA, 2010, p. 4).

Em relação ao principio universalidade, Paim e Silva (2010) afirmam que o sistema de saúde, ao

ser universal, incide uma pressão em termos de qualidade, tendo em vista que todas as classes sociais

utilizariam o sistema, ou pelo menos por partes da classe média. Desse modo, “conceber e implementar

serviços de saúde universais pode ser uma estratégia de assegurar as classes populares acesso a serviço

de melhor qualidade e, portanto, exercitar a equidade” (PAIM e SILVA, 2010, p. 4).

De acordo com Paim e Silva, (2010) a defesa de políticas universais e igualitárias não

impede que, num momento seguinte, prevaleça o princípio da equidade. É possível constatar

sistemas universais que buscam a equidade para se tornarem mais justo.

No SUS, supõe que todos os brasileiros tenham acesso igualitário aos serviços de saúde e

respectivas ações, sem qualquer barreira de natureza legal, econômica, física ou cultural. A

equidade possibilita a concretização da justiça, com a prestação de serviços, destacando um

grupo ou categoria essencial alvo especial das intervenções. E a integralidade tende a

reforçar as ações de intersetoriais e a construção de uma nova governança na gestão de

politicas públicas (PAIM e SILVA, 2010, p. 4).

SUS e o Neoliberalismo

Segundo Gouveia e Palma, (1999) a importância do SUS como política social que marcha

no sentido contrário dos atuais processos ideológicos, políticos e econômicos de exclusão social, é

reforçada quando se expõe propostas como a da Organização Pan-americana de Saúde. Nessa

proposta o dirigente sugere que:

O governo brasileiro, em meio à crise, abandone os atuais princípios constitucionais com

relação à saúde e passasse a garantir apenas uma “cesta básica” (sic) de doenças e

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procedimentos, composta por vacinas, atenção primária e saneamento, além do fim da

“gratuidade” dos serviços. Para além disso, o mercado de planos e seguros (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 3).

Segundo Gouveia e Palma (1999) trata-se de uma proposta neoliberal, que não é nada

inovadora; é, contudo, a reprodução do que o Banco Mundial defende há mais de uma década. Esse

Banco propõe, “explicitamente para o Brasil, o fim da saúde como direito, e de seu caráter público,

universal e igualitário, Tal direito seria substituído por determinados procedimentos simplificados e

de baixo custo, os demais destinados aos que pudessem pagar” (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 3).

Os autores Gouveia e Palma (1999) ressaltam que a tese contraria de uma só vez, quatro dos

princípios constitucionais básicos do Sistema Único de Saúde, “contra a universalidade, uma política

focalista; contra a integralidade, uma “cesta básica”; contra a igualdade, o favor e a porta do fundo de

alguns hospitais; contra o controle público, as leis do mercado” (GOUVEIA e PALMA, 1999, p. 3).

METODOLOGIA

Este trabalho constitui-se como um desdobramento dos estudos desenvolvidos na disciplina de

Ações de Enfermagem em Atenção Básica de Saúde no segundo semestre de 2011. O estudo

caracteriza-se por levantamento bibliográfico, aprofundamento teórico sobre o tema e pesquisa de

campo. Baseia-se no modelo descritivo de pesquisa, apropriando-se da abordagem quantitativa, a partir

da aplicação de entrevistas estruturadas. Na referida tipologia de entrevista, são feitas as mesmas

perguntas para cada um dos informantes, sendo elas perguntas claramente definidas. No caso específico

desse estudo, foram utilizadas, para a obtenção dos resultados, questões da ficha de Visita Domiciliar,

que se configura como um instrumento de coleta de informação utilizado no âmbito da intervenção de

enfermagem de saúde pública. Participaram do estudo cinco famílias, totalizando vinte e cinco sujeitos,

moradores do povoado Baixa do Juá, localizado no município de Paripiranga-

BA.

As questões da ficha de Visita Domiciliar englobam os aspectos ambientais, comportamentais, e

natureza da atenção à saúde oferecida. Procurou-se focar sobre questões de identificação pessoal,

número de moradores, saneamento básico, grau de escolaridade, trabalho e renda. Os dados foram

analisados de acordo com a apreciação do conteúdo. Para imprimir consistência ao trabalho, utilizou-se

alguns aportes teóricos, a saber: As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil; O cidadão de

papel; Atenção primária à saúde: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia; e alguns

artigos. Estas obras se constituíram como suporte teórico e por vezes metodológico, concedendo

orientações para o desenvolvimento e aprofundamento desse estudo.

Procurou-se, anteriormente à coleta de dados, esclarecer sobre as questões envolvidas no

trabalho, tais como: objetivo da pesquisa e metodologia. Os dados recolhidos foram agrupados por

temas e apresentados em forma de gráficos. Os resultados alcançados, a partir das questões

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problemáticas, foram analisados e confrontados com referencial teórico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Pesquisa de Campo

A pesquisa de campo tem como eixo os determinantes da saúde relacionados a comportamento e

estilo de vida, a acesso a ambientes e serviços essenciais como saúde e educação, a condições

habitacionais; a condições econômicas, culturais e ambientais. Para análise e discussão realizou-se um

paralelo dos dados da pesquisa com dados estatísticos nacionais e baseou-se no modelo de produção

social da doença elaborado por Diderichsen e colaboradores (2007). “Esse modelo enfatiza a

estratificação social gerada pelo contexto social, que confere aos indivíduos posições sociais distintas, as

quais, por sua vez, provocam diferenciais de saúde” (SOBRAL e FREITAS, 2010).

Nessa perspectiva, a pesquisa focalizou questões voltadas para o analfabetismo, trabalho,

renda, desenvolvimento do ciclo da pobreza e exclusão social. Para tanto, coletou-se dados sobre

escolaridade e renda per capita dos moradores do povoado Baixa do Juá, localizado no município de

Paripiranga-BA.

Em relação à escolaridade 12% das pessoas estudaram entre 8 a 11 anos, 40% das pessoas

estudaram entre 4 a 7 anos, 28% das pessoas estudaram entre 1 a 3 anos e 20% das pessoas nunca

estudaram, ou seja, são analfabetas. É polêmica a definição de analfabetismo. “No Brasil, considera-se

oficialmente alfabetizado quem sabe escrever um bilhete simples. Mas existem estudos indicando que

quem não foi pelo menos quatro anos à escola pode ser considerado analfabeto de fato” (DIMENSTEIN, 2000, p. 161).

Gráfico 1. Média de anos de estudos das pessoas de 15 anos ou mais de idade do povoado Baixa do Juá Paripiranga BA 2011

Fonte: Meireles (2011)

Os números mostram que houve uma mudança significativa em relação ao índice de

analfabetismo no país entre os anos de 1940 a 2000. “Na esfera do desenvolvimento social ocorreram

também grandes mudanças nas últimas décadas. Em 1940, 56% da população brasileira era analfabeta,

percentual que cai para 40% em 1960 e 13% em 2000” (TEMPORÃO, 2008, p. 29). Segundo

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Dimenstein (2000), o analfabetismo se constitui como um dos sintomas da falta de cidadania, o

mesmo compromete em vários aspectos a liberdade de um indivíduo.

Segundo Temporão (2008), o nível de instrução tem efeitos que são manifestados em

diferentes formas: “na percepção dos problemas de saúde; na capacidade de entendimento das

informações sobre saúde; na adoção de estilos de vida saudáveis; no consumo e na utilização dos

serviços de saúde; e na adesão dos procedimentos terapêuticos” (TEMPORÃO, 2008, p. 46).

Em relação à renda per capita familiar 100% das famílias têm renda igual ou inferior a meio

salário mínimo, 60% das famílias têm renda igual ou inferior a um quarto salário mínimo. “É

considerada pobre a família com rendimento per capito igual ou inferior a meio salario mínimo”

(DIMENSTEIN, 2000 p. 65). “Estatisticamente são consideradas indigentes famílias com rendimento

per capito igual ou inferior a um quarto do salário mínimo” (DIMENSTEIN, 2000 p. 65).

Gráfico 2. Distribuição percentual das pessoas por classe de rendimento médio

mensal domiciliar per capita do povoado Baixa do Juá Paripiranga BA 2011

Fonte: Meireles (2011)

Segundo Temporão (2008) os dados do censo, no ano de 2000 revelam que quase um terço,

ou seja, “cerca de 30% da população tinha uma renda familiar per capita menor que meio salário e

75% uma renda familiar menor que dois salários mínimos, situando outro extremo 3% da população

com uma renda familiar per capita superior a dez salários mínimos” TEMPORÃO (2008, p. 24). O

autor revela ainda que índice como o de Gini mostra que houve uma piora na distribuição de renda,

entre 1960 e 1991, e houve uma pequena melhora em 2000.

Conforme Temporão (2008), existe uma forte associação entre os temas renda, escolaridade a

resultados de saúde. O autor ressalta que análises de dados do censo de 2000, realizado por Messias

(2003) revelou que o PIB per capita, a distribuição de renda e a taxa de analfabetismo estão

associados à expectativa de vida.

Os dados apresentados da pesquisa relacionados a determinantes sociais da saúde, renda e

escolaridade despontam a um cenário de analfabetismo, pobreza e miséria. “esses elementos, que

definem as posições ou estratos sociais, influenciam os diferenciais de exposição e vulnerabilidade

aos riscos de danos à saúde, na forma de doenças ou acidentes, bem como das consequências sociais

e o estado de saúde”. (SOBRAL E FREITAS, 2010).

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Os autores Sobral e Freitas (2010) expõem que os elementos estruturantes da estratificação

social, ou seja, a “causas das causas” são as políticas macroeconômicas, sociais e de saúde, o

contexto político e social e os valores e normas sociais e culturais. “Esses elementos estruturantes

determinam e condicionam as posições ou estratos sociais” (SOBRAL E FREITAS, 2010).

Os dados seguintes referem-se às condições de vida, como habitação, comportamento, estilo

de vida, acesso a ambientes e serviços essenciais de saúde, e adoecimento, este último sendo

resultante dos demais e influenciado por aspectos socioeconômico-ambientais. “A carga de

doenças, tanto em países pobres quanto em países ricos, está intimamente relacionada às condições

em que as pessoas nascem, vivem e trabalham, e são moldadas pela estratificação social e pelas

condições econômicas, culturais, sociais e ambientais” (SOBRAL E FREITAS, 2010).

Nesse sentido, contemplou-se as seguintes questões: meio ambiente, atentando para o

saneamento básico, qualidade da água; comportamento social e cultural relacionado ao uso de

álcool e tabaco; natureza da atenção à saúde oferecida relacionado à procura do serviço de saúde em

caso ou não de doenças, atendimento devido a problema de saúde.

No que se referem ao ambiente: ao esgotamento sanitário 100% dos domicílios convivem

com o esgoto a céu aberto, e sobre a qualidade da água os números expressam que 100% dos

domicílios são abastecidos por água da chuva e não há tratamento. Conforme Temporão (2008),

houve melhoria nos índices de cobertura de água e esgoto no período de 1999 a 2004 no país.

“Segundo a PNAD 2004, o percentual de domicílios particulares atendidos por rede geral abastecida

por água aumentou de 80% para 83% e o percentual de domicílio servido por esgotamento sanitário

adequado aumentou de 65% para 70%, no referido período” (TEMPORÃO, 2008, p. 55).

Sobre o comportamento social e cultural: 20% das pessoas consomem tabaco, 24% das pessoas

são etilistas, consomem álcool. De acordo com Temporão, (2008) o tabagismo é reconhecido como

doença crônica gerada pela nicotina (...) sendo atribuindo “ao consumo de tabaco 45% das mortes por

doenças coronariana, 85% das mortes por doença obstrutiva crônica, 25% das mortes por doenças

cerebrovasculares e 30% das mortes por câncer” (TEMPORÃO, 2008, P. 87). Quanto ao alcoolismo

Temporão (2008) expõe que 3,2 % das mortes em todo o mundo estejam relacionadas ao álcool. “o

consumo excessivo pode provocar cirrose, pancreatite, acidente cerebrovascular, demência,

polineuropatia, miocardite, desnutrição, hipertensão, infarto e certos tipos de cânceres” (TEMPORÃO, 2008, p. 90).

No que diz respeito à natureza da atenção à saúde oferecida: 30% das pessoas foram atendidas

pelo serviço de saúde quando tiveram problemas de saúde. Segundo Temporão, (2008) apesar dos

avanços em produção de serviços e dos princípios que regem o SUS, “ainda se observam importantes

desigualdades na oferta de recursos e serviços, assim como uma forte influência da posição social do

indivíduo no acesso” (TEMPORÃO, 2008, p. 67). “Dados da Pesquisa Mundial de Saúde mostram uma

associação entre o melhor nível socioeconômico e maior uso de serviços de saúde” (TEMPORÃO, 2008, p. 70).

Na pesquisa somente 8% das pessoas procuraram atendimento nos serviços de saúde nos

últimos quinze dias. Temporão, (2008) expõe estudos que identificam o perfil dos indivíduos que FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 85

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procuraram o serviço nos últimos 15 dias sem êxito. Os estudos de “Ribeiro et al (2006) observaram

maior dificuldade para aquele com pior nível socioeconômico (...) os problemas se esgotam nas

características socioeconômicas do individuo, refletindo também problemas de oferta e organização

dos serviços de saúde” (TEMPORÃO, 2008, p. 71).

Gráfico 3. Distribuição percentual das pessoas do povoado Baixa do Juá, segundo Determinantes da Saúde Paripiranga - BA (2011)

Fonte: Meireles (2011)

Os dados sobre os determinantes sociais da saúde apresentado influencia a saúde dos moradores.

Desse modo, “a saúde de um indivíduo ou uma população é determinada por sua combinação genética,

mas grandemente modificado pelo ambiente social e físico, por comportamentos que são cultural ou

socialmente determinados e pela natureza da atenção à saúde oferecida” (STARFIELD, 2002 p. 22).

Observa-se que apesar de ter havido melhoramento em algumas questões como

analfabetismo, distribuição de renda, saneamento básico no país, a situação dos moradores do

povoado Baixa do Juá é desastrosa, expressa a desigualdade social, quando depara-se com a maioria

das famílias vivendo em condição de indigência, e a totalidade vivendo em condição de pobreza,

vulnerabilidade, sem as mínimas condições de viver decentemente.

Nesse contexto da pesquisa entende que há uma situação que Dimenstein, (2000) chama de

ciclo vicioso, pobreza produtora de pobreza. “A família é pobre. Mora numa casa onde não tem

saneamento básico. O ambiente facilita a transmissão de doenças. As doenças enfraquecem o corpo,

que já é desnutrido. A criança desnutrida não aprende direito o que é ensinado. E quem não estuda

não consegue arrumar um bom emprego” (DIMENSTEIN, 2000 p. 15).

Conforme Sobral e Freitas (2010) para o combate dessas iniquidades em saúde é proposto

intervir nos mecanismos de estratificação social, incluindo “políticas que diminuam as diferenças

sociais, como as relacionadas ao mercado de trabalho, educação e seguridade social” (SOBRAL e

FREITAS, 2010).

Outras intervenções dizem respeito a inserir políticas que “busca diminuir os diferenciais de

exposição a riscos, tendo como alvo, por exemplo, os grupos que vivem em condições de habitação

insalubres, (...) ou estão expostos a deficiências nutricionais” (SOBRAL e FREITAS, 2010); inserir

“políticas de fortalecimento de redes de apoio a grupos vulneráveis para mitigar os efeitos de

condições materiais e psicossociais adversas” (SOBRAL e FREITAS, 2010).

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E, por fim, Sobral e Freitas (2010) propõem intervir no sistema de saúde buscando reduzir

os diferenciais de conseqüências ocasionadas pela doença, “incluindo a melhoria da qualidade dos

serviços a toda a população, (...) mecanismos de financiamento equitativos, que impeçam o

empobrecimento adicional causado pela doença (SOBRAL e FREITAS, 2010).

CONCLUSÃO

O neoliberalismo, modelo político-econômico vigente, valoriza a desigualdade entre os

homens, a iniciativa individual, incentiva a competitividade entre os sujeitos, que de alguma forma

abate as relações de solidariedade e confiança. Esse modelo político-econômico estabelece um

contexto em que uma minoria se apropria e concentra riqueza, e um mercado de trabalho que tem

como desígnio o desemprego e a exploração.

Com o estabelecimento desses desígnios, concretizada pelas políticas sociais e econômicas

neoliberais, a má distribuição de renda, a desigualdade social, a pobreza e a exclusão tornam-se

inevitáveis. Não obstante, dessas condições, os processos ideológicos, políticos e econômicos de

exclusão social se expressa quando se propõem o fim da saúde como direito, o que contraria os

princípios constitucionais do SUS.

Constatou-se que desigualdade social, provocada pelo neoliberalismo, causa iniquidades em

saúde, por evitar que os sujeitos tenham acesso à saúde que é resultante de condições adequadas de

moradia, alimentação, educação, renda, meio ambiente, lazer, trabalho, transporte, emprego,

liberdade, posse da terra e acesso aos serviços de saúde.

Na análise dos dados relacionados aos determinantes sociais da saúde, escolaridade e renda,

constatou-se que a estratificação social da maioria dos moradores situa-se na indigência, abaixo da

linha da pobreza, e pode-se considerar que se trata de pessoas com grandes níveis de exposição e

vulnerabilidade aos riscos de danos à saúde, na forma de doenças ou acidentes, bem como das

consequências sociais e o estado de saúde.

Constatou, ainda, alguns aspectos que denotam a fragilidade da cidadania, como

analfabetismo, pobreza, indigência. O índice de analfabetismo dos moradores é maior que o índice

nacional. Se considerar analfabeta a pessoa que frequentou a escola menos quatro anos, teremos

35% a mais do índice nacional; e o índice das famílias com renda per capita inferior a meio salário

mínimo a diferença é exorbitante, sendo 70% a mais que o índice nacional.

Diante disso, considera-se interessante para o combate das iniquidades em saúde intervir

sobre os níveis macro, intermediário e micro dos determinantes sociais da saúde, como políticas que

diminuam as diferenças sociais, como as relacionadas ao mercado de trabalho, educação e

seguridade social; políticas que diminuam os diferenciais de exposição a riscos; e intervenções no

sistema de saúde buscando reduzir os diferenciais de consequências ocasionadas pela doença.

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STARFIELD, B. Atenção Primária à Saúde: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e

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TEMPORÃO, José Gomes ET AL., As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. CNDSS, 2008. 216p.

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ENFERMAGEM: A CIÊNCIA DO CUIDADO

Maria Estela Santos Nascimento Graduanda do 8º Período em Enfermagem pela Faculdade AGES-BA e Técnica em Enfermagem pelo Colégio Cenecista

Laudelino Freire - CNEC.

Ernande Valentim do Prado Sanitarista, Enfermeiro, Professor de Enfermagem na Faculdade AGES – BA e Universidade Federal de Sergipe – cam-pus

de Lagarto (UFS). Rede de Educação Popular em Saúde do Ministério da Saúde (CNEPS).

RESUMO

A enfermagem é uma das profissões ligadas à área de saúde que tem buscado se firmar como

ciência própria, e não como atividade auxiliar da medicina. Este artigo consta de um estudo

bibliográfico que tem como principal objetivo demonstrar que a enfermagem tornou-se uma ciência

independente, vol-tada para o cuidado, visando promover o bem-estar das pessoas, pacientes ou

não; assim, o cuidado é seu princípio fundamental e formador. Apresenta, também, uma síntese das

etapas que compõem o processo de enfermagem, dentro da fenomenologia do cuidado, pois

considera o Processo de Enfer-magem etapa fundamental do saber/fazer da Enfermagem.

Palavras-chave: Ciência, Cuidado, Processo de enfermagem.

1. INTRODUÇÃO

Ciência é um conjunto de conhecimentos ou práticas sistematizados, baseados em pesquisas e

experiências. Segundo Horta (1979, p.4), “uma atividade humana desenvolvendo um conjunto cres-

cente, do ponto de vista histórico, de técnicas, conhecimentos empíricos e teorias relacionadas entre si e

referentes ao universo natural”. Partindo do pressuposto de que a enfermagem tem acumulado ao longo

da história uma gama de conhecimentos e técnicas empíricas, não resta dúvida que esta nobre atividade

enquadra-se no rol das ciências, a ciência do cuidado que, de acordo com algumas defini-ções é

empírica, mas para alguns autores, tal como Horta, a Enfermagem é uma ciência aplicada.

Este é um artigo de revisão bibliográfica que tem como objetivo principal demonstrar que a

enfermagem tornou-se uma ciência independente, a qual tem como princípio basilar o cuidado. Além

disso, este trabalho também descreve as etapas que compõem o processo de enfermagem, que é um

conjunto integrado de ações que devem ser realizados através da interação entre os seres cuidador e

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cuidado. Segundo Andrade (2007), a aproximação do profissional de enfermagem com o paciente,

por meio de uma relação de afeto baseada no cuidado, pode despertar o instinto de luta pela sobrevi-

vência e pela recuperação.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Enfermagens e ciência

Apresentando a enfermagem como ciência, Horta (1979, p. 27), a define não como uma

ciên-cia empírica, mas sim, aplicada, e faz a seguinte afirmação: “Acreditamos ser a enfermagem

uma ciência aplicada, saindo hoje da fase empírica para a científica, desenvolvendo suas teorias,

sistema-tizando seus conhecimentos, pesquisando e tornando-se dia a dia uma ciência

independente”. Ainda de acordo com a referida autora, “Como ciência, a enfermagem, na busca do

correlacionamento de seus conhecimentos, vem desenvolvendo teorias que procuram explicar seus

eventos referentes ao universo natural.” (p. 9).

O propósito da enfermagem é assistir o paciente, proporcionando-lhe bem-estar, não

somente físico, mas também psicológico, desenvolvendo atividades com o escopo de prevenir,

manter e pro-mover a saúde.

De acordo com Andrade (2007, p. 97), a sistematização da assistência de enfermagem (SAE)

é uma importante estratégia na assistência baseada em conhecimentos científicos, essencial à

evolução científica da profissão.

2.2 O cuidado de enfermagem

Tendo em vista o cuidado como principal fundamento da enfermagem, Waldow (2004, p.

23), afirma que vários estudiosos desta área adotam as ideias de Mayeroff, autor que enfoca o

cuidado em sua obra, apresentando os elementos elencados a seguir como essenciais para prática do

cuidado: conhecer o sujeito que receberá os cuidados, alternar ritmos com o intuito de buscar o

melhor resulta-do, ter paciência no sentido de permitir que o outro se encontre, “ver o outro como

ele é e não como gostaria ou pensa que deveria ser.”, confiar nas decisões e na capacidade de

crescimento do outro, ser humilde ao entender que sempre há o que aprender e que também se

aprende com o ser que está sendo cuidado, esperança e coragem. Para Boff (1999, p. 162), o

cuidado deve ocorrer na medida certa, “Por isso o cuidado não convive nem com o excesso nem

com a carência. Ele é o ponto ideal de equilíbrio entre um e outro”.

Waldow (2004), citando Bishop e Scudder, diz que a prática da enfermagem encontra sentido no

ato de cuidar, o qual afirma a humanidade do profissional e do paciente. O cuidado tem a presença como

uma de suas principais categorias, a qual desenvolve no paciente a autoconfiança, encorajan-do-o,

fazendo com que ele acredite em sua recuperação. É importante salientar que não se devem

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generalizar as relações de cuidado, pois elas ocorrem de forma diversa, variando de acordo com o

contexto e com a natureza das pessoas envolvidas.

Conforme se depreende de Nascimento (Nascimento et al, 2008), no decorrer da História, a

assistência de enfermagem foi gerida baseada em um modelo tradicional rígido, excessivamente

especializada, centrada na doença e não no ser humano; porém, a partir da década de 70 este modelo

vem dando lugar a uma assistência com qualidade mais humanizada, buscando uma aproximação maior

dos pacientes e do meio social em que ele se insere. Ainda segundo Nascimento, “Assim, torna--se

premente a busca por processos mais dinâmicos e sistemas cooperacionais complexos no processo do

cuidado, que valorizem as diferentes concepções do ser humano e que sejam capazes de integrar as

várias dimensões do cuidado, de forma inovadora e criativa”.

E importante que a ação de cuidar, dentro do processo de enfermagem, escape dos padrões

meramente técnicos e se torne espontânea e humanizada, de modo que ocorra a interação entre o(a)

enfermeiro(a) e o paciente, do contrário não surgirá confiança e, consequentemente, não haverá re-

ceptividade e, com isto, o cuidado ocorre de forma deficiente, ou simplesmente não ocorre. Waldow

(2004) afirma que “O cuidado se inicia por nós, com a preocupação com o outro, com o seu bem

estar. Cuidar significa praticar a convivalidade, o respeito, a solidariedade”.

Segundo Boff (1999), o cuidado é um princípio presente na vida do ser humano,

acompanhan-do-o em todas as situações no decorrer de sua caminhada terrena. Para ele, a prática do

cuidado torna a vida mais suave, de modo que cada circunstância, cada momento, traz a

possibilidade de crescimen-to de sua prática.

Seguindo essa acepção de realização do ser humano através do cuidado, Prado et al (2011)

afirma que não existe cuidado verdadeiro sem envolvimento, de modo que é essencial a criação de

um vínculo por meio da interação entre o profissional de saúde e paciente, vínculo este que só se

torna possível se houver sentimento, se houver afetividade. Além disso, deve-se salientar que para

haver uma interação com tais características, é necessário conhecer o perfil, as características, e

vivências de cada indivíduo. Nestes termos, “a promoção de saúde, portanto, vai além de cuidados

técnicos de saúde, pressupõe a preocupação verdadeira, a empatia, o comprometimento com as

causas do agravo, o cuidado, enfim”.

2.3 O processo de enfermagem

Neste prisma, o cuidado é traduzido por Horta (1979, salientando, pois, que atualmente o

interesse da enfermagem pelo indivíduo tem chegado a um limiar que jamais esteve e defende que a

contribuição à saúde e bem-estar dos humanos se deve à gama de conhecimentos teóricos que

funda-menta a prática.

Horta (1979), afirma que “o processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas e

inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano. Caracteriza-se pelo inter-relacionamento e

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dinamismo de suas fases ou passos”. Estas fases são:

• Histórico de enfermagem;

• Diagnóstico de enfermagem;

• Plano assistencial;

• Plano de cuidados, ou prescrição de enfermagem;

• Evolução de enfermagem;

• Prognóstico de enfermagem;

• Assistência de enfermagem e;

• Cuidado de enfermagem.

O histórico é realizado no ato da admissão, constando da identificação do paciente e levanta-

mento dos dados significativos que poderão influenciar o desenvolvimento da doença, bem como in-

terferir na evolução do tratamento, tais como problemas de saúde anteriores, hábitos, alimentação etc.

“Diagnóstico de enfermagem é a determinação da natureza e extensão dos problemas de

enfer-magem apresentados pelos pacientes ou família, que recebem cuidados de enfermagem”

(ADELLAH apud, Horta, 1979, p. 58). Segundo esta autora, a metodologia para se chegar ao

diagnóstico de enfer-magem é feita de acordo com os passos a seguir: problemas de enfermagem,

sintomas e análise, onde este último aponta as necessidades e dependência.

A partir da análise do diagnóstico de enfermagem, traça-se o plano assistencial. Já o plano

de cuidado deve ser claro e conciso: composto pelos cuidados prioritários, de modo que nem

sempre estarão todos escritos. Diária ou periodicamente devem-se lançar no prontuário do paciente

as mu-danças ocorridas (avaliação do plano de cuidados).

Em relação ao prognóstico, informa-se que este indica as condições em que o paciente se en-

contra na alta médica, constando, portanto, de uma avaliação de todas as fases anteriores.

A consulta de enfermagem consiste na aplicação do processo de enfermagem, ou seja, apli-

cação dos passos acima. Referindo-se ao planejamento da assistência, Andrade (2007, p. 98) diz que

“este processo nos permite diagnosticar as necessidades do cliente, fazer a prescrição adequada dos

cuidados e, além de ser aplicado à assistência, pode nortear tomada de decisões em diversas

situações [...]”.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas palavras de Horta (1979), levando-se em consideração que o processo de enfermagem

ocorre a partir do levantamento de dados, a partir de conhecimentos técnicos, o cuidado de enferma-

gem passa de empírico para científico.

Nestes termos, pode-se afirmar que a Enfermagem está contemplada no rol das ciências e,

conforme delineado no corpo do presente artigo, como seu principal fundamento é a arte de cuidar,

aplicando os conhecimentos e técnicas desenvolvidos ao longo de sua historia, é cabível a

afirmação de que a enfermagem é “a ciência do cuidado”, ou ainda, segundo a mencionada autora:

Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades

básicas, de torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado; de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais (Horta, 1979).

De acordo com Souza (Souza, et al, 2005), “compreender o valor do cuidado de enfermagem

requer uma concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si, começando pela va-

lorização da própria vida para respeitar a do outro em sua complexidade, suas escolhas, inclusive a

escolha da enfermagem como profissão”. Destarte, foi demonstrado que o processo de enfermagem deve

ocorrer por meio da interação entre o profissional e o paciente ou grupo de pacientes.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Andréia de Carvalho. A enfermagem não é mais uma profissão submissa. Ver Bras Enferm, Brasília 2007 jan-fev; 60(16): 96-98.

BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis,RJ: Vozes, 1999.

HORTA, Vanda de Aguiar. Processo de Enfermagem. Colaboração de Brigitta E. P. Castellanos.

São Paulo, SP: EPU, 1979.

SANTOS, José Wilson dos; BARROSO, Rusel Marcos B. Manual de Trabalhos Acadêmicos:

Ar-tigos, Ensaios, Fichamentos, Relatórios, Resumos e Resenhas. Aracaju: Secore, 2007.

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WALDOW, Vera Regina. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos. Petró-

polis, RJ: Vozes, 2004.

NASCIMENTO, Keyla Cristiane do Nascimento; BACKES, Dirceu Stein; KOERICH, Magda San-

tos; ERDMANN, Alacoque Lorenzini. Sistematização da assistência de enfermagem: vislum-

brando um cuidado interativo, complementar e multiprofissional. Disponível em: <

www.scielo. br/pdf/reeusp/v42n4/v42n4a04.pdf >. Acesso em 26 set. 2010.

PRADO, Ernande Valentim; FALLEIRO, Letícia Moraes; MANO, Maria Amélia. Cuidado,

Promo-ção de Saúde e Educação Popular – Porque um não pode viver sem os outros. Ver

APS. 2011 out/ dez; 14(4): 464-471.

SOUZA, Maria de Lourdes; SARTOR, Vicente V. de Bona; PADILHA, Maria Itayra C. de; PRADO, Marta Lenise do. O Cuidado em enfermagem – uma aproximação teórica. Disponível em: <

www. scielo.br/pdf/tce/v14n2/a15v14n2.pdf >. Acesso em 26 set. 2010.

RESUMOS

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DEPRESSÃO PÓS-PARTO E PREJUÍSOS PARA A CRIANÇA

Elitani Costa Cruz

[email protected]

Hoga Rejane Teles Santos

[email protected]

Hoga Rejane Teles Santos

INTRODUÇÃO

O artigo traz uma reflexão sobre depressão pós-parto e suas características analisam como

uma gestante que passa por diversos aborrecimentos e ansiedades podem desenvolver a depressão

pós- parto e trazer assim prejuízos futuros para a criança como um mau desenvolvimento cognitivo

e emocional. Mostra a importância de a doença ser diagnosticada precocemente, pois assim a

gestante irá ser tratada e cuidará de seu filho adequadamente para que ele não venha desenvolver

problemas futuros. Logo, profissionais devem conhecer bem a doença para trabalhar na prevenção

da depressão pós- parto.

MÉTODOS

Foram realizadas pesquisas por meio de busca eletrônica, com artigos científicos referentes

ao tema, sendo selecionados aqueles que trouxeram informações relevantes. Houve realização de

pesquisa de campo com entrevistas a gestante e puérperas, utilizando questionários.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi realizado com seis mulheres que encontravam- se em diferente período de ges-

tação, onde o perfil das gestantes era de casadas e com idade superior a 25 anos e outras com idade

inferior; o objetivo é identificar os fatores de risco da depressão pós- parto e como elas estavam lidan-do

com as mudanças decorrentes desse período gestacional. Das entrevistadas todas estavam casadas e

tinham o apoio da família, mais apenas três gestantes estavam curtindo a fase, duas são casadas há mais

de 8 anos e queriam muito ter filhos, estão gostando do pré- natal e tem apoio familiar e do mari-do, o

seu grau de ansiedade se encontra baixo e só pensam na chegada do bebê como algo parte de si.

Essas mulheres vivem bem e seu psicológico não se encontra abalado, elas já interagem com

o bebê, criando vínculo maior com ele. A entrevistada R.S.C, possui 17 anos e na pesquisa foi um

diferencial, pois mesmo estudando e sendo uma adolescente está adorando esta fase. Foi possível

perceber que a gravidez constituiu uma maneira de ir morar com o namorado e sair de sua casa, das

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mulheres pesquisadas, essas que estão gostando do período gestacional, sem grau de ansiedade e tristeza

não possui abalo emocional, físico e psicológico, estão tendo uma boa gestação, sem nenhum fator de

risco que as levem a ter uma depressão pós- parto e futuro transtornos pra a criança.

Pra confirmar o artigo, três entrevistadas têm fator de risco para a depressão e vão ser anali-

sadas individualmente, e sendo apontados e analisados os fatores de risco. I.R.J era casada, tem 21

anos e durante a gestação era maltratada pelo marido, ele faleceu de overdose antes do bebê nascer

e a criança ao nasceu com problemas mentais, relatado pela mãe que foi erro médico. São muitos os

fatores que podem levar essa mãe a ter depressão pós- parto, ela teve um grau de ansiedade e

tristeza muito grande durante e depois a gestação por causa da doença da filha, mais a mãe ajuda e

sua família dá todo o apoio necessário, I.R.J estava evoluindo para um estado depressivo grave, que

não evoluiu porque a família lhe deu todo apoio emocional e psicológico. Foi possível perceber que

como o esta-do depressivo não permaneceu, a criança também não apresentou deficiências

emocionais e cogniti-vas. A gestante A.G tem 18 anos e se encontra deprimida, por causa dos

planos feitos por ela antes da gestação, mais ela gosta do bebê e tem muito apoio familiar, sua

tristeza é decorrente dos falatórios, mais tem afeto pelo filho, esse afeto materno traz proteção para

a criança e não deixa que a depressão permaneça durante toda a gestação.

CONCLUSÃO

Foi possível concluir que a gravidez é um período de muitas emoções e que necessita de

apoio, principalmente familiar. Mulheres casadas há muito tempo e que têm apoio familiar possui

menos chances de desenvolver depressão pós- parto. As mulheres que são adolescentes, que ainda

es-tudam, são maltratadas e os filhos nascem com doenças tem maiores chances de ter DPP, mais o

apoio familiar e do marido pode diminuir o grau de ansiedade e não deixando que a depressão

permaneça durante a gestação e parto.

É importante que essas mães tenham apoio e que profissionais desenvolvam trabalhos com

elas, pois crianças que com histórico de mãe depressiva podem sofrer transtornos psicossociais, e

não irão conseguir manter vínculo com as pessoas, podendo assim, trazer futuros problemas para a

sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Depressão pós parto; Gestante; Bebê; Profissional.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE COM

TRANSTORNO MENTAL, PROLAPSO RETAL E PÓLIPOS CÓLICOS

Cleidiane Castro da Silva

[email protected]

Simone Argolo da Silva

[email protected]

Bárbara Andrade Araújo

[email protected]

Michele Evangelista Matos

[email protected]

INTRODUÇÃO

A saúde é um direito do cidadão e todos devem ter acesso à prevenção e tratamento de doen- ças por meio das ações básicas de saúde, cabendo ao poder público garantir um atendimento de qua-

lidade. Segundo o Ministério da Saúde, o desenvolvimento da Estratégia de Saúde da Família nos

últimos anos interagindo com os serviços substitutivos em saúde mental, especialmente os Centros

de Atenção Psicossocial (CAPS) marca um progresso indiscutível da política do SUS. A busca ativa é um dos pontos fortes do Programa Saúde da família, pois a equipe vê de perto a realidade de cada

família e toma providências para promoção e prevenção. Numa Unidade Básica de Saúde, a equipe

de enfermagem desempenha um papel importante na assistência contínua à comunidade e por isso

deve estar atenta aos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, a fim de prevenir a agudização

das crises e encaminhá-los ao serviço de saúde responsável. Segundo MELLO, a depressão é um

crônico transtorno, de curso variável, que pode aparecer em diversas fases da vida. É um problema

de saúde pública e apontada além de causador de custos sociais, econômicos e sofrimento, podendo

levar alguns portadores ao pela Organização Mundial de saúde como uma das principais causas da

incapacidade, suicídio.

OBJETIVO

Aplicar a sistematização da assistência de enfermagem a uma paciente com diagnóstico de

Transtorno mental, Prolapso retal e Pólipos Cólicos.

MÉTODOLOGIA

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O presente estudo de caso, de caráter descritivo e exploratório, permite uma investigação e um

respaldo teórico-prático a respeito do cuidado de enfermagem prestado ao paciente do ponto de vista

biopsicossocial e espiritual, visando atender aos princípios éticos que norteiam as pesquisas en-volvendo

os seres humanos, utilizando uma abordagem qualitativa. O estudo foi realizado a partir de visitas

domiciliares a uma paciente inserida nos programas de políticas públicas (CAPS e PSF Sede I, Área 002, micro área 04 Família 47) de Cícero Dantas/BA, pelos acadêmicos do Curso de

Gradua-ção em Enfermagem da Faculdade AGES, solicitado pela disciplina Projeto Integrador,

utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem. A coleta de dados foi realizada após a

aprovação dos familiares e usuária em participar da pesquisa mediante a assinatura do (TCLE)

Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido.

DISCUSSÃO

Prolapso do reto significa a saída completa ou parcial desse segmento do intestino grosso

pelo ânus, podendo ser aparente ou oculto. Segundo Goligher (2008), pelo que está convencionado,

usa-se, o termo procidência (descida de alguma parte do corpo para fora do seu lugar - sinônimo de

caída ou de prolapso) para diferenciar o prolapso completo (toda a espessura da parede do reto) do

incompleto ou “parcial” em que somente a mucosa sai pelo canal anal. Pólipos são crescimentos

anormais da mucosa do cólon, como pequenas protuberâncias. Geralmente são assintomáticos e de

causa desconhecida. Os pólipos variam de milímetros a pequenos centímetros. Quando pequenas

essas lesões são benignas, mas, ao continuarem crescendo, transformam-se em lesões malignas. No

passado recente, seu tratamento era realizado através da abertura do abdômen e do intestino.

Portanto, além do tratamento do pólipo, faz-se, também, a prevenção do câncer do intestino grosso.

Fisica-mente a depressão é causada por uma falha nos neurotransmissores, que são os agentes

químicos que levam a informação de um neurônio para outro. Os neurônios, ao contrário do que se

imagina, não estão unidos uns aos outros como as demais células do corpo.

CONCLUSÃO

Ao termino do presente trabalho percebe-se a importância que a Assistência de Enfermagem se

da no decorrer do estudo, levando em consideração que a paciente se encontrava em local de difícil

acesso e em condições precárias, permanecendo distante dos meios de saúde publica, preconizados pela

constituição federal como um dos princípios doutrinários do SUS a “universalidade do acesso”. Através da literatura podemos nos aprofundar no caso da C.G.A relacionando teoria e pratica e po-

dendo assim promover um plano assistencial baseado nos sinais e sintomas relatados pela paciente e

descritos no prontuário, relatório medico, e exames. Por fim podemos notar que o papel do enfermeiro é fundamental para desenvolver a busca ativa junto a equipe da estratégia de saúde da família, para

que, dessa forma venha a contribuir de forma significativa na qualidade de vida da mesma.

PALAVRAS-CHAVE: Paciente; Prolapso retal; Pólipos cólicos; Transtorno mental; Assistência.

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TABAGISMO: UMA ANÁLISE FISIOLÓGICA E METAFÍSICA

Deise Soares Almeida

[email protected]

Jacyara Nascimento Mendoça

[email protected]

Angélica Vieira de Jesus

[email protected]

Thauane Fontes Correia

[email protected]

INTRODUÇÃO

O tabaco é uma planta da qual é extraída a nicotina e varias outras substancias tóxicas que

causam a dependência química no homem. A forma mais comum do uso do tabaco é fumando ou

inalando em forma de cigarro, charuto e cachimbo. A população mais afetada é a adolescente devido à curiosidade e influências sociais. Trabalhando com essa droga, que se mostra cada vez mais pauta

das ações de saúde pública brasileira, esse trabalho teve como objetivo aprofundar os

conhecimentos sobre as conseqüências fisiológicas dessa droga, mostrando a realidade de um

viciado, ao adentrar uma análise metafísica.

MÉTODOLOGIA

O estudo foi iniciado com uma revisão bibliográfica acerca das consequências bioquímicas e

fisiológicas do tabagismo, seguido por pesquisa de campo envolvendo entrevista de um viciado vo-

luntário, esclarecido cientificamente sobre o tema. Após essas etapas foi elaborada uma análise das

informações obtidas visando confronto com a teoria metafísica de Valcapelli e Gasparetto.

A entrevista foi realizada com um morador da cidade de Paripiranga-BA, sendo este nascido

e criado no estado de São Paulo, com curso superior completo na área biológica e completa

consciência do tema. Foi criado e aplicado um questionário com nove perguntas diretas sobre o

tema desse estudo, entre os meses de março e abril do ano de 2011. O participante assinou um

termo de consentimento onde diz estar de acordo com a pesquisa.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após avaliar os resultados bibliográficos e fazer uma análise do voluntário entrevistado, che-ga-

se à colusão de que ele tem bronquite. Segundo o resultado da pesquisa bibliográfica, apresenta todos os

sintomas da patologia. Como ele e fumante há sete anos, supostamente os cílios que se en-contram nas

vias aéreas, que tem a função de capturar os resíduos e expelir o muco para fora do trato respiratório,

perderam a sua função ficando paralisados devidos as substâncias que se encontram no cigarro, melhor

dizendo na fumaça, e que irá provocar a paralisia dos cílios, fazendo com que o muco produzido pelas

células caliciformes fique acumulado provocando assim a tosse. Esse muco também estreita as vias

aéreas tornando a respiração mais difícil, sinais esses que o paciente apresenta.

Apesar de saber das consequências do que cigarro causa, ele não consegue deixar de fumar,

praticando tal vício exageradamente. Em um determinado momento o fumante fez uso, dentro de 10

minutos, de três cigarros, o que dá para perceber e que não é só o ato de fumar é que lhe dar prazer,

mas só o fato de estar com o cigarro acesso na mão também proporciona prazer por que uma grande

parte do cigarro acaba sem que fume.

Enfim, há uma discussão infinita quando se aborda temas como este, uma vez que a cada dia

podem ser encontros novos problemas relacionados à droga como também ser descoberta uma nova

solução para problemas já existente. Portanto, é dessa forma que este é um problema que ainda irá

perpetuar no mundo durante décadas.

CONCLUSÃO

A pesquisa de campo e o respaldo científico mostram a realidade em que o Brasil se

encontra na questão do uso de drogas licitas, onde existe muita deficiência dos governantes em

relação a essa realidade sendo que esta poderia ser mudada, melhorando cada vez mais a criação das

políticas de educação, a divulgação dos seus efeitos maléficos mesmo que as pessoas já tenham o

conhecimento, palestras educativas com dinâmicas para chamar atenção das crianças nas escolas.

Dessa maneira, conscientizar as crianças é a base espacial onde ainda não estão visíveis os

malefícios do mundo, e também os adolescentes, principalmente nas periferias, onde há uma maior

disseminação do uso de drogas, e também nos centros de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Tabagismo, Nicotina, Fisiologia, Metafísica, Dependência. FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 101

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SAÚDE DOS PROFESSORES NO COLÉGIO MONTESSORI

Raquel Bianca Leite César

[email protected]

Renata Dórea Nogueira

[email protected]

Maria Luísa Matos Mota

[email protected]

INTRODUÇÃO

Até a década de 80 a saúde do trabalhador tinha como objetivo principal sanear os espaços do

trabalho e cuidar do corpo doente do trabalhador. A partir da década 90 cuidar da saúde dos trabalha-

dores passa a ser um dos eixos das ações executadas pelo SUS. A lei 8.080 cria importantes inovações a

descentralização e maior participação popular, propondo soluções para os problemas relacionadas à saúde, tendo caráter permanente e universal. Conforme a OIT cerca de 60% dos brasileiros traba-lham

no mercado informal, não gerando informações e nem dados suficientes para criar projetos para

melhorar a saúde de todos os trabalhadores.Observa-se atualmente que trabalhadores que executam a

mesma função estão expostos de maneira diferente aos agentes ambientais de risco, por isso ao falar-

mos de atenção a saúde do trabalhador temos que pensar em ações coletivas e individualizadas.Nesse

contexto podemos citar os professores, expostos diariamente a diversos agentes ambientais de risco,

como o químico (pó de giz), físico (ruído), ergonômicos (postura em pé e movimentos repetitivos ao

usar a lousa) e psicossociais. Sendo assim este trabalho tem como objetivo analisar as condições de

saúde dos professores do Colégio Montessorino Município de Paulo Afonso.

MÉTODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa de caráter descritivo de natureza qualitativa com pesquisa biblio-

gráfica e de campo. Foram entrevistados professores do Colégio Montessorino Município de Paulo

Afonso. Na analise utilizamos a técnica de analise temática de conteúdo, segundo os passos nele

previsto evidenciando os objetivos e fundamentos teóricos da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Amaioria dos professores entrevistados são mulheres, que a distribuição por idade a que mais

chamou atenção é que grande parte tinha de 36 a 40 anos, percebendo com isso que os novos edu-

cadores, ainda perdem na questão de experiência para os antigos, grande parte também apresentava

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cansaço mental, que tinham em média de 7 a 11 anos de trabalho como professores, muitos relatos

que não se arrependeram de ter escolhido essa profissão, pois estão bem realizados, reclamavam da

carga horária que é exausta muitas vezes, pois alguns trabalham cerca de 60 horas semanais, pois

trabalham alem do colégio onde foram entrevistados em outros da rede particular ou ate mesmo da

publica, para poder dar uma boa qualidade de vida para sua família, grande parte também se queixa

se problemas relacionados à dor na coluna e nos braços pelo esforço repetitivo de escrever nas

lousas, apagar, corrigir provas e trabalhos, ficando com isso exposto a problemas de garganta pelo

esforço exercido também de muitas vezes ter de gritar nas salas de aula para poder passar o

conteúdo aos seus alunos, poucos deles trabalham com giz, mas mesmo assim os poucos que

trabalham tiverem rinite alérgica, irritação nos olhos entre outros, uma grande maioria também

tinha alguns problemas relacionados à sonolência, redução de visão em alguns casos, falta de ar,

palpitações devido ao stress sofrido diariamente.

CONCLUSÃO

Portanto, percebe-se que a saúde dos trabalhadores ainda tem muito que mudar e novas

trans-formações precisam ser realizados para que todos tenham acesso a ela, e não os de carteira

assinadas, como também os que trabalham em casa ou de modo terceirizado e que exista mais

planos de ações para que eles não sofram tanto acidentes de trabalhos, não ficando exposto também

a agentes quími-cos, físicos ou biológicos entre tatos outros problemas que tem que haver para

melhorar a saúde dos trabalhadores. Na questão dos professores, vale ressaltar que muitos ainda seu

piso salarial ainda é muito baixo, a carga horária excessiva porque tem de trabalhar em vários

locais, os problemas re-lacionados à voz, postura corporal, cansaço físico e mental, esforços

repetitivos têm de haver ações para que possa diminuir tudo isso.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde, Professores, Contexto de saúde do trabalhador, Sintomas,

Doenças, Fatores da Saúde Mental, Fatores da Saúde Corporal.

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O QUE MOTIVA OS PACIENTES A FREQUENTAREM OU NÃO AO CAPS?

Alexsandro Araujo França

[email protected]

Welde Natan Borges de Santana

[email protected]

Érica Pereira de Jesus

[email protected]

Vanuce Sandrali Moraes Cardoso

[email protected]

INTRODUÇÃO

O CAPS É um Centro referencial destinado ao tratamento de pessoas com sofrimento

psíqui-co. É um recurso em saúde mental extra-hospitalar que é atualmente usado em nosso país.

Este mo-delo veio substituir as internações em manicômios, buscando a reinserção do indivíduo a

sociedade na qual habitam, priorizando o resgate de sua cidadania.

É um serviço de cunho substitutivo de atenção a saúde mental que tem demonstrado efetividade na

substituição da internação de longos períodos, por um tratamento que não isola os pacientes de suas

famílias e da comunidade.

Um dos maiores desafios apresentados por este novo modelo assistencial foi a de possibilitar que o

doente mental permaneça o maior tempo possível com sua família, visando a reintegração do

mesmo à sociedade, eliminado o antigo conceito o qual suponha que o sofredor psíquico deveria ser

isolado do meio que vivia, por seu um perigo social, obrigando os familiares a mantê-los em

cárceres por lon-gos períodos; visto que esta percepção preconceituosa tornava a situação ainda

mais complexa, pois manter estes indivíduos enjaulados como animais contribuía para o aumento de

sua agressividade e rejeição.

MÉTODO

A estratégia utilizada para desenvolver esse estudo foi mediante a uma pesquisa etnográfica

de cunho observativo, na qual o CAPS fora o ambiente escolhido, o trabalho foi realizado após dois

dias de observação, na qual possibilitou a exposição teórica do conteúdo.

Esclarecemos que o nosso propósito era uma reflexão sobre o funcionamento, vivência e in-

tegração dos usuários uns com os outros, as estratégias utilizadas, tratamentos, uso dos psicotrópicos e

oficinas educativas. Pedimos permissão para que a fala de alguns usuários com os quais decorreu e

diálogo o nome da entidade se fizessem presentes em meio ao artigo, esclarecendo que não havia

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necessidade de identificação pessoal. Obtivemos o consentimento oral da mantenedora da

instituição e posteriormente demos início ao estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi possível identificar no relato de alguns usuários o descontentamento para com o serviço

prestado pelo caps. Os dados colhidos na fala dos usuários, familiares e profissionais do CAPS

foram transcritos na integra. Partindo desta linha de raciocínio, irei demonstrar os desafios que os

usuários muitas vezes têm que passar para ter acesso ao serviço de saúde mental.

A partir da fala de alguns familiares de usuários podemos notar a insatisfação de alguns com

a forma que o CAPS funciona e do atendimento de alguns profissionais: “...o medico passou uns re-

médios que quando ela toma fica toda sonolenta...”

Podemos notar, a partir de alguns relatos que o CAPS possui, que há sim fragilidades, tanto

administrativas, como de atendimento por parte de alguns profissionais, sendo que essas, em muitas

vezes, não visam à inserção social dos usuários, assim não contribuindo para o resgate de sua cida-

dania.

CONCLUSÃO

O intuito deste trabalho não é obter respostas de soluções para problemas relativos ao CAPS,

mas sim tentar chegar à essência do seu entendimento por seus usuários, para que através disto possa-

mos entender melhor esse contexto através das pessoas portadoras de sofrimento psíquico; já que seu

objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social

dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer e fortalecimento dos laços familiares e comunitários; isto tem

que ficar claro para os principais interessados no assunto, que são os usuários e seus familiares.

Para os usuários o CAPS representa uma forma especial de atenção que é valorizada e reco-

nhecida pelos mesmos, representa ainda a possibilidade de mudanças, de pensar em trabalhar ou re-

tomar o trabalho; de “retornar à realidade”. Destarte, este é um serviço essencial para a saúde

mental de uma grande parcela da população, mas ainda é uma área muito negligenciada quanto aos

serviços de atenção à saúde, devido talvez, ao estigma e aos recursos limitados, ou a falta de

competência de alguns gestores públicos.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde mental, sofrimento psíquico, exclusão.

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PLANTAS MEDICINAIS: O USO TERAPÊUTICO NA ATENÇÃO BÁSICA

José Lenildo Gonçalves Pereira

[email protected]

Josefa Vandercleide Oliveira S. dos Santos

[email protected]

Josefa Lúcia Oliveira Silva

[email protected]

Maria Ivana Castro Moreno

[email protected]

INTRODUÇÃO

A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de doenças, é

uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. A Organização Mundial de Saúde

acredita que, atualmente, a prática do uso de plantas medicinais é tida como a principal opção tera-

pêutica de aproximadamente 80% da população mundial. No Brasil, em especial nas regiões Norte e

Nordeste, é inegável que a população mais pobre recorre ao uso de plantas medicinais como um dos

únicos lenitivo para suas patologias. Este estudo teve como objetivo verificar o conhecimento e o uso de

plantas medicinais das mulheres moradoras da comunidade assistida pela Unidade Básica de Saúde da Família Senhor do Bonfim, localizada no município de Paulo Afonso-BA. Trata-se de uma

pesquisa do tipo descritiva, exploratória e de campo, com abordagem quantiqualitativa. A amostra foi

constituída por 26 mulheres, selecionadas de forma não probabilística, conforme os critérios de inclusão

e exclusão. A pesquisa de campo foi realizada nos meses de agosto à outubro de 2012, com aplicação de

um formulário estruturado. As variáveis quantitativas foram analisadas por distribuição de porcentagem

e comparadas à luz da literatura atual. Os dados qualitativos foram analisados através da técnica de

Discurso do Sujeito Coletivo. A presente pesquisa foi fundamentada e delineada no que preconiza a

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os resultados evidenciam que 23% das mulheres

entrevistadas estavam com idade igual ou superior a 61 anos, a maioria delas, 61% se declararam

casadas, com ensino fundamental incompleto, onde 57% dizem serem donas de casas. Com relação ao

uso de plantas medicinais 30% das participantes afirmam utilizá-las frequentemente. 78% atribuem a

aquisição de conhecimento sobre plantas medicinais aos avós e aos pais. 52% das en-trevistadas obtém

as plantas na casa dos vizinhos. 72% das entrevistadas relataram fazer uso da flora medicinal a mais de

15 anos. No total foram citadas 82 espécies de plantas medicinais. Constatou-se que as folhas 41% são

as partes das plantas mais utilizadas nas preparações e o modo de preparo mais utilizado para confecção

de remédio é à infusão 42%. Com relação à dosagem da preparação, 47% das mulheres relataram seguir

a recomendação de amigos e parentes. A análise qualitativa revelou que as benzedoras e as rezadeiras

constituem um núcleo importante do sistema local de saúde do ponto de vista comunitário, visto que são

procurados para a cura dos males que as afligem. Conclui-se que a utilização de plantas medicinais é

comum na comunidade e que o conhecimento ainda é baseado na herança cultural, embora a população

necessite de informações com base cientifica, principalmente quanto aos riscos e interações

medicamentosas. Estudos como este buscam o desenvolvimento de

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ANAIS.indd 106-107

medidas informativas para esclarecer a população a cerca do uso indiscriminado de fitoterápicos e

plantas medicinais, visto que a falta de informações pode acarretar danos a saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Fitoterapia, plantas medicinais, conhecimento popular, prevenção,

Atenção Básica.

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COMO O PROFISSIONAL DE SAÚDE PODE AJUDAR O INDIVÍDUO EM

SUA COMUNIDADE, A SOLUCIONAR SEUS PROBLEMAS ATRAVÉS DA

AÇÃO EDUCATIVA?

Érica Monize Chagas Santos

[email protected]

INTRODUÇÃO

O homem no processo de civilização tem atuado sobre a paisagem original, modificando-a, al-

terando os ecossistemas, empobrecendo a parte biótica, animal e vegetal e provocando mudanças nas

comunidades naturais. Com o aumento da população e mais recentemente da urbanização, a pressão

sobre os ambientes é cada vez maior, pois é premente a obtenção de recursos. Durante séculos a água foi

considerada um bem público de quantidade infinita, a disposição do homem por se tratar de um recurso

autossustentável pela sua capacidade de autodepuração, mas hoje constatamos que a água é finita e que

precisa ser valorizada e economizada para que nós e as gerações futuras não soframos por sua escassez.

O principal benefício que a água tratada proporciona à saúde publica é a prevenção das doenças

infecciosas intestinais e helmintíases. Essas doenças podem levar a desnutrição e a situações de

fragilidade. O indicador que permite avaliar o impacto do sistema de abastecimento de água nessas

doenças é a morbidade, por causa do enorme contingente de pacientes que procuram os serviços de

saúde, onerando o setor com despesas que poderiam ser evitadas. Esse trabalho propõe relatar um dos

principais problemas ambientais que a população da Lagoa Preta vem enfrentando durante anos

seguidos, a falta de abastecimento e tratamento de água.

MÉTODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em três momentos. Primeiramente foram feitas dez entrevistas aos

moradores da Lagoa Preta, buscando dados pessoais, como: nome do morador (es), endereço, ida-

de, quantidade de moradores na residência, doenças que eram acometidos, entre ouros. Numa fase

posterior, foi feita a coleta de materiais fotográficos para anexar no trabalho. Logo após foi feito um

levantamento dos dados coletados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise dos dados, verificou-se que o principal problema enfrentado pelos moradores

residentes no bairro da Lagoa Preta em Paripiranga-Bahia é a falta de abastecimento e de tratamento

da água: a população armazena água da chuva e a utiliza sem nenhum tipo de tratamento da água. A

ausência de sistemas de abastecimento de água, associado à falta de informação e conscientização

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para o hábito da higiene, são responsáveis por 7% de todas as mortes e doenças e todo o mundo, sendo

que 2,5 milhões de pessoas morreram de doenças diarréicas em 1996. O armazenamento inadequado da

água pode propiciar condições de transmissão de doenças ao homem, principalmente associadas a

hospedeiros intermediários como caramujos da esquistossomose e ligadas a vetores biológicos como os

anofelinos transmissores de parasitos da malária. Outras doenças podem acometer essa população como:

viroses, cólera, febre tifóide, disenterias bacilares e amebianas. Além disso, a água não é en-contrada

pura na natureza. Ao cair na forma da chuva já incorpora impurezas da atmosfera e no escoa-mento

carreia substâncias que alteram ainda mais a sua qualidade. Portanto, antes do consumo a água precisa

passar por um processo de adequação das suas características aos padrões de potabilidade.

CONCLUSÃO

Duas conclusões podem ser tiradas da pesquisa feita: a primeira é o pouco investimento da

prefeitura em querer minimizar os problemas que a população da Lagoa Preta vem enfrentando, onde foi

possível observar que é preferível gastar mais em saúde a investir para diminuir as idas dos mora-dores

aos serviços públicos de saúde de Paripiranga, já a segundo, refere-se ao fato de que é possível

modificar a atual situação daquele povo, por meio, pois, de campanhas de conscientização, de pro-

moção e prevenção de saúde, investir em abastecimento de água e em uma estação de tratamento da

água. Não é preciso que as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram. A vida social depende

de que cada um abra mão da sua vontade, naquilo em que ela se choca com a vontade coletiva.

PALAVRAS-CHAVE: Saneamento básico; água; medidas de prevenção; ação educativa;

educa-ção.

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A OBESIDADE E O FATOR EMOCIONAL COMO UMA DAS

CARACTERÍSTICAS DA VIDA MODERNA

Renata Dórea Nogueira

[email protected]

Raquel Bianca Leite César

[email protected]

Maria Luisa Matos Mota

[email protected]

INTRODUÇÃO

O século XX foi marcado por uma epidemia mundial, denominada obesidade, atingindo in-

discriminadamente, independe de sexo, classe socioeconômica, as pessoas que vivem nos dias atuais

estão cada vez mais gordas características não muito comuns nos indivíduos dos séculos passados. A Obesidade é uma doença que não tem cura, porém, existem métodos que podem frear os proces-sos

metabólicos e driblar o aumento de tamanho nas células adipócitas. Para isso é necessário muita força de

vontade, é essencial ter uma dieta balanceada, rica em frutas, legumes, cereais, leguminosos e hortaliças,

evitar massas, açúcares, e gorduras. É imprescindível em uma dieta para perda de peso ingerir menos

calorias e aumentar o gasto energético e praticar exercícios físicos regularmente. Os resultados da

análise foram relacionados com a obra de Valcapelli e Gasparetto, que aborda o Siste-ma Endócrino

(incluindo obesidade) e o Sistema Muscular. Este artigo foi realizado através de uma pesquisa descritiva

e exploratória. Descritiva, pois busca conhecer as diversas situações que ocorrem na vida social,

econômica e demais aspectos do comportamento humano; exploratória devido o pouco conhecimento

sobre o problema a ser estudado. O artigo contou com uma amostra realizada através de um individuo

do sexo feminino que convivia com a obesidade há mais de cinco anos e que há dois anos realizou a

redução de estômago. Os dados coletados foram organizados, analisados, agrupados e transcritos na

forma de tema, em três categorias que seguem abaixo. Os dados foram analisados qualitativamente

durante todo o transcorrer do trabalho e confrontados com o referencial bibliográfi-co, favorecendo a

análise e a observação do tema proposto. Este artigo tem o objetivo de observar a obesidade, a cirurgia

Fob-Capella como uns dos tratamentos mais utilizados e os principais fármacos adotados nesse processo

e quais os principais fatores que podem desencadear esta doença. Ao final chega-se à conclusão que não

apenas distúrbios alimentares, comportamento ou questões genéticas podem condicionar o indivíduo a

desenvolver obesidade, mais também fatores psíquicos e emocio-nais. Observa-se também que a

redução de estômago é um processo que envolve muita conscienti-zação referente aos novos hábitos

alimentares e comportamentais que deverão ser tomados para um bom resultado, pessoas que nunca se

exercitarão, que tem compulsão em alimentos calóricos, ricos em gordura e açúcares têm mais

dificuldade em mudar seus hábitos, como todo procedimento cirúrgi-co exige cuidados e a paciência e

determinação torna – se os maiores aliados nesse processo de perda de peso.

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PALAVRAS-CHAVE: Obesidade, redução de estomago, fatores psíquicos, dieta,

comportamento, genética.

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OS DETERMINATES SOCIAIS E A TUBERCULOSE NO BRASIL

Samile Aquino de Matos

[email protected]

Erika Mayara Nascimento Major

[email protected]

RESUMO

Demonstra-se a necessidade de se interligar a evolução da patogenia da tuberculose a as-

pectos sociais comumente encontrados no Brasil o que é correlacionado por se tratar de um país em

desenvolvimento abrangendo assim aspectos epidemiológicos e de política pública para melhor

com-preensão da situação atual, assim como a descrição das medidas tomadas para prevenção e

controle tendo base no trabalho sobre a equidade social princípio do SUS relatado na Lei Orgânica

8.080, tendo como destaque o Programa Nacional de Controle a Tuberculose - PNCT dentro da

Estratégia de Saúde da Família.

INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe uma ampla reflexão sobre o conceito dos determinantes sociais na saú-

de voltando-os aos casos de tuberculose no Brasil, podendo assim determinar e entender o porquê

da população que é mais susceptível a essa patologia o que nos remete a explicações patologias e

fisiológicas que envolvem a evolução do caso de tuberculose. Debate-se também a ligação que o

tema tem com a política pública, pois não abrange apenas medidas de saúde, mas também medidas

educacionais e de assistência social agindo de forma integrada para mudar a situação em que o

Brasil se encontra em relação à prevenção e o controle da Tuberculose. Essa reflexão acontece

dentro dos princípios trazidos pela Lei Orgânica da Saúde - 8.080 e da Constituição Federal de 1988

que carac-terizam o atendimento em saúde no Brasil.

Explica-se a importância do controle epidemiológico, com as devidas notificações e alimentação dos

sistemas de informação para que os dados sejam os mais próximos à realidade, pois eles são à base de

todo trabalho em todos os níveis de prevenção sendo eles segundo Laprega in Franco e Passos (2004) prevenção primária quando é feita no período de pré-patogênico sendo dividida em dois

níveis de aplicação que compreendem tanto a promoção da saúde quanto a proteção específica,

prevenção secundária e terciária no período patogênico sendo que a prevenção secundária abrange

os níveis de diagnóstico precoce com tratamento imediato e as medidas de limitação de

incapacidade, e a preven-ção terciária abrange as atividades de reabilitação.

Nessa questão deve reconhecer a importância da Estratégia de Saúde da Família – a ESF – nesse con-

trole, pois possui grande responsabilidade dentro do Programa Nacional do Controle a Tuberculose

– PNCT.

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Brasil (2009) relata que o Brasil e outros vinte e um países em desenvolvimento somam 80% dos

casos da doença no mundo, deixando clara a importância dos determinantes sociais na evolução da

doença, pois nesses países as iniqüidades sociais estão fortemente presentes e apesar dos conheci-

mentos adquiridos quanto no que tange à compreensão do processo patogênico da tuberculose,

assim como o desenvolvimento e uso da BCG para a imunização da população acessível nas

unidades bási-cas de saúde em todo o país, que previne os casos graves da doença não foram o

suficiente para que esse agravo merecesse menos empenho dos profissionais de saúde.

MÉTODOS

O presente trabalho foi utilizado para montar uma concepção da tuberculose e dos determi-

nantes sociais dentro de literaturas atuais abordando a saúde e os determinantes sociais dentro dos

seus conceitos, o conhecimento sobre a população susceptível, juntamente com os aspectos

patológi-cos da doença, assim como a manifestação da tuberculose no Brasil e a estratégia da saúde

da família e o programa nacional contra a tuberculose.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho em questão nos traz o enfoque do trabalho empregado principalmente na ESF que

tem um importante papel dentro do Programa Nacional de Controle a Tuberculose. A atuação do Pro-

grama Nacional de Controle da Tuberculose compreende estratégias inovadoras que visam ampliar e

fortalecer a estratégia com o enfoque na articulação com outros programas governamentais para am-

pliar o controle da Tuberculose e de outras co-morbidades, como, por exemplo, a AIDS. Além disso,

privilegia a descentralização das medidas de controle para a Atenção Básica, ampliando o acesso da

população em geral e das populações mais vulneráveis ou sob risco acrescido de contrair a Tubercu-

lose, além da articulação com organizações não governamentais ou da sociedade civil, para fortalecer o

controle social e garantir a sustentabilidade das ações de controle.

CONCLUSÃO

Através das reflexões propostas, entendemos o quão enraizados são os determinantes sociais

se encontram no processo patológico que envolve a Tuberculose, e que mudar essa situação requer

não apenas do aparato tecnológico que temos atualmente, mas também da mudança nas condições

de vida da população que requer medidas que não englobam apenas as políticas de saúde, mas

também diversas outras políticas de saúde, como também situações geradoras das iniqüidades, pois

como sabemos o Brasil é um país de enormes diferenças na distribuição de renda, e apesar dos

esforços e alguns avanços, ainda há muito a melhorar em relação tanto a prevenção quanto ao

controle dessa doença.

Entretanto, não podemos deixar de falar da importância e organização do Sistema Único de

Saúde dentro da sua integralidade de ações principalmente dentro Atenção Primária à Saúde junta-

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mente com o controle epidemiológico feito pela Vigilância Epidemiológica e dos Sistemas de Infor-

mação e da acessibilidade rápida e fácil pelo DATASUS que ajuda o melhor planejamento e interven-

ções contribuindo no aumento da qualidade das ações e serviços de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: determinantes sociais, tuberculose, prevenção de saúde, saúde pública,

Pro-grama Nacional Contra a Tuberculose ( PNCT).

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PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON TÊM MAIOR RISCO PARA

APRESENTAR DEPRESSÃO?

Josivânia Neri Menezes

[email protected]

Juliana de Souza Correia

[email protected]

Ortencia de Souza Correia

[email protected]

Maria Eulidênia Oliveira Carvalho

[email protected]

RESUMO

O presente artigo trata de uma pesquisa bibliográfica sobre a relação entre a doença de

Parkin-son e a depressão. Discute-se que o aumento progressivo na expectativa de vida implica no

aumento da morbidade por doenças crônicas não transmissíveis, que muitas vezes são

incapacitantes e que são determinantes da maior parte dos gastos com a saúde, levando a um

impacto negativo na qualidade de vida e risco de suicídio. Os pacientes com doença de Parkinson

podem apresentar alterações muscu-loesqueléticas como fraqueza e encurtamento muscular e as

alterações neurocomportamentais como demência, depressão e tendência ao isolamento e

comprometimento cardiorrespiratório. Conclui-se, portanto, que a depressão é a principal variável

que influencia negativamente a qualidade de vida dos pacientes parkinsonianos e que a abordagem

multidimensional da doença é de grande importância, visando melhoria na sua qualidade de vida.

INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson resulta da depleção de um neurotransmissor chamado dopamina. É

um distúrbio extrapiramidal comum, qual se origina no córtex motor e nas áreas circundantes do

cerebe-lo. Ele afeta principalmente os gânglios basais e as conexões da substância negra e do corpo

estriado. A deficiência de dopamina nessas áreas afetadas altera o equilíbrio entre a dopamina e a

acetilcolina; em decorrência disso, são produzidos distúrbios do movimento, uma de suas principais

caracterís-ticas. Em geral, a doença de Parkinson começa após os 50 anos de idade e o termo

parkinsonismo é usado para descrever o grupo de sintomas similares aos da doença de Parkinson

que ocorre devido a várias etiologias (SMITH e TIMBY, 2005)

Segundo Brunner e Suddarth, 2008, embora a causa da maioria dos casos de doença de Parkinson não

seja conhecida, pesquisas sugerem diversos fatores causais, incluindo genética, aterosclerose, acú-mulo

excessivo de radicais livres de oxigênio, infecções viróticas, traumatismos crânio-encefálicos,

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uso crônico de medicações e algumas exposições ambientais. Sendo a doença de Parkinson, a quarta

doença neurodegenerativa mais comum e afeta mais freqüentemente homens que mulheres.

Doenças clínicas podem contribuir para a patogênese da depressão através de efeitos diretos na fun-

ção cerebral ou através de efeitos psicológicos ou psicossociais. Tal associação pode ser vista de

modo bidirecional: a depressão precipitando doenças crônicas e as doenças crônicas exacerbando

sintomas depressivos. Essa complexa relação tem implicações importantes tanto para o manejo das

doenças crônicas, quanto para o tratamento da depressão (DUARTE e REGO, 2007).

A doença de Parkinson tem um início gradual e os sintomas evoluem lentamente por um curso crôni-co

e prolongado. Os sintomas clínicos só aparecem depois de haver perda de 60% dos neurônios

pigmentados e de o nível de dopamina do estriado diminuir em 80%, dentre os quais incluem tremor,

rigidez, bradicinesia, instabilidade postural, dentre outras manifestações como sudorese excessiva e não

controlada, rubor facial paroxístico, hipotensão ortostática, retenção gástrica e urinária, constipa- ção intestinal e disfunção sexual. Além de alterações psiquiátricas que estão com frequências inter-

re-lacionadas e podem se predizer mutuamente. Elas incluem depressão, demência (deterioração

mental progressiva), distúrbios do sono e alucinações (BRUNNER e SUDDARTH, 2008)

Os pacientes com doença de Parkinson podem apresentar também, alterações músculo-esqueléticas

como fraqueza e encurtamento muscular e as alterações neurocomportamentais como demência, de-

pressão e tendência ao isolamento e comprometimento cardiorrespiratório, o que interfere

diretamen-te no desempenho funcional e independência destes indivíduos. (GOULART, et al, 2004)

De acordo com Paes, 2002, qual enfatiza a importância da comunicação nas relações interpessoais,

ela é bem precisa ao dizer que ao cuidar de um paciente num ambiente hospitalar o toque é essen-

cial quando o paciente sente-se sozinho, com dor, quando está morrendo, quando a autoimagem e a

autoestima estão baixos, quando está triste, deprimido, com a consciência baixa, no recebimento do

mesmo e na sua despedida. Uma vez que somente pela comunicação efetiva é que o profissional

poderá ajudar o paciente a conceituar seus problemas, enfrentá-los, visualizar sua participação na

experiência e alternativas de solução dos mesmos, além de auxiliá-lo a encontrar novos padrões de

comportamento.

O aumento progressivo na expectativa de vida implica no aumento da morbidade por doenças crôni-

cas não transmissíveis, que muitas vezes são incapacitantes e que são determinantes da maior parte

dos gastos com a saúde nos países desenvolvidos. A depressão na população idosa, por exemplo, é

um importante problema de saúde pública em virtude de sua alta prevalência, frequente associação

com doenças crônicas, impacto negativo na qualidade de vida e risco de suicídio. (DUARTE e

REGO, 2007).

Conforme Kübler-Ross, 1996, apud (Rosii e Santos, 2003), a partir de sua prática clínica com pa-cientes

terminais, identificou cinco estágios caracterizados por atitudes específicas do paciente diante da morte

e do morrer: (1) choque e negação: ocorre quando o paciente toma conhecimento de que está próximo

da morte e se recusa a aceitar o diagnóstico; (2) raiva: ocorre quando os pacientes se sentem frustrados,

irritados ou com raiva pelo fato de estarem doentes, passando a descarregar esses sentimentos na equipe

médica; (3) barganha: ocorre quando o paciente tenta negociar sua cura com a equipe médica, com os

amigos e até com forças divinas, em troca de promessas e sacrifícios; (4) depressão: o paciente

apresenta sinais típicos da depressão, como desesperança, ideação suicida, retraimento, retardo

psicomotor, enquanto reação aos efeitos que a doença opera sobre seu corpo ou como antecipação à

possibilidade de perda real da própria vida; (5) aceitação: ocorre quando o pa-ciente percebe que a

morte é inevitável e aceita tal experiência como universal. (TORPY et al., 2004).

Segundo Paes, 2002, qual enfoca a necessidade do profissional de saúde levar em conta a fragilidade

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dos indivíduos, afirma que num momento de debilidade, de transição, onde essa pessoa precisa de ajuda

para poder voltar rapidamente àquilo que era capaz de fazer sozinha. E que ser profissional, é ser capaz

de fazer a avaliação da necessidade do paciente, percebida por ele mesmo, e daquela neces-sidade que,

às vezes, ele não percebeu, mas que um bom profissional e técnico é capaz de entender.

A depressão é uma síndrome psiquiátrica altamente prevalente na população em geral; estima-se que

acometa 3-5% desta. Já em populações clínicas a incidência é ainda maior, uma vez que a depressão é

encontrada em 5-10% dos pacientes ambulatoriais e 9-16% de internados, Katon, 2003. Apesar desta

alta prevalência em populações clínicas, a depressão ainda é subdiagnosticada e, quando correta-mente

diagnosticada, é muitas vezes tratada de forma inadequada, com subdoses de medicamentos e

manutenção de sintomas residuais, que comprometem a evolução clínica dos pacientes. Apenas 35% dos

pacientes são diagnosticados e tratados adequadamente (HIRCHFELD et al., 1997).

A depressão ocorre em aproximadamente 40% dos pacientes com Doença de Parkinson, com uma

incidência de 1,86% ao ano e um risco cumulativo de 8,6% ao longo da vida. Porém, há variação na

literatura entre 4-70%, incluindo pacientes com depressão maior, depressão menor e distimia. Esta

variação ocorre devido aos diferentes critérios, diagnósticos e metodologias utilizadas. (SILBER-

MAN, et al., 2004).

Demência e depressão são as duas grandes síndromes que podem agravar e trazer conseqüências pro-

blemáticas na evolução do processo da doença de Parkinson. Elas têm influência sobre a qualidade de

vida, aumentam os custos diretos e indiretos do tratamento e sobrecarregam ainda mais o cuidador.

(Silberman, et al., 2004). E de acordo com Paes, 2004, nos grandes sofrimentos, como a morte ou uma

doença aguda ou uma perda muito querida, ninguém quer saber de fórmulas prescrições ou conselhos. O

alívio e o conforto maiores vêm da presença amorosa de outro ser humano.

Num estudo cujo objetivo foi investigar a associação entre doenças crônicas e depressão em idosos de

um ambulatório de referência, em Salvador, Bahia, onde, mais especificamente, o trabalho buscou

avaliar a prevalência de depressão e de doenças crônicas em idosos, foi observado que a doença de

Parkinson foi a patologia que mais se associou com a depressão. (DUARTE e REGO, 2007)

Grande parte dos transtornos neurológicos que possuem algum acometimento do sistema nervoso

central freqüentemente apresenta depressão, tanto pelas alterações neurofisiológicas diretamente im-

plicadas na gênese biológica da depressão, como pelas conseqüências adversas para as capacidades de

adaptação psicossocial que as doenças infligem nestes indivíduos. (TENG e DEMETRIO, 2005).

Aproximadamente 75% dos pacientes com doença de Parkinson apresentam distúrbios do sono. Isso

pode estar relacionado à depressão, à demência ou a medicações. Alucinações auditivas e visuais

foram relatadas em aproximadamente 37% das pessoas portadoras de doença de Parkinson e podem

também estarem associadas à depressão, demência, privação de sono ou a efeitos adversos de medi-

cações. (BRUNNER e SUDDARTH, 2008)

Na Doença de Parkinson sintomas como bradicinesia, fadiga, dificuldade de concentração, alterações do

sono e diminuição da libido podem estar presentes, sem que o paciente esteja deprimido. Even-

tualmente o paciente pode descontinuar atividades sociais em virtude de discinesias incapacitantes ou

mesmo desconforto com sua aparência que pode mimetizar a de um paciente deprimido (bradici-nesia e

diminuição da expressão facial). Neurologistas custam a reconhecer depressão na vigência de Doença de

Parkinson. A depressão aumenta o risco de declínio cognitivo ou demência na Doença de Parkinson.

Assim, reconhecer depressão o mais precocemente possível e tratá-la pode ser importante para alteração

do curso clínico da doença. (Silberman, Laks, Rodrigues e Engelhardt, 2004)

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A doença de Parkinson pode apresentar comorbidade com depressão em até 50% dos pacientes aco-

metidos, o que pode ser explicado pela reação psicológica à incapacitação gerada pela doença ou

pela neurodegeneração de áreas cerebrais comuns às duas patologias, principalmente no circuito

gânglios da base-talamocórtex pré-frontal e frontal, com conseqüente redução da atividade

serotoninérgica, dopaminérgica e noradrenérgica (MCDONALD et al., 2003).

Grande parte dos transtornos neurológicos que possuem algum acometimento do sistema nervoso

central freqüentemente apresenta depressão, tanto pelas alterações neurofisiológicas diretamente

im-plicadas na gênese biológica da depressão, como pelas conseqüências adversas para as

capacidades de adaptação psicossocial que as doenças infligem nestes indivíduos.

(TENG e DEMETRIO, 2005)

Pessoas com DP apresentam desordens motoras e emocionais que podem gerar incapacidades consi-

deráveis em todas as fases da doença. Reduções da velocidade para realizar movimentos e baixa apti-

dão física estão presentes em indivíduos com DP em fases inicial e moderada da doença e não apenas na

fase avançada. Estas alterações interferem nas habilidades funcionais diárias desses indivíduos e é

possível que uma intervenção fisioterapêutica específica seja capaz de melhorar tais habilidades. (GOULART, et al., 2004)

Pode-se afirmar que a interação entre depressão e DP é complexa e bidirecional, ou seja: depressão é um fator de risco para DP, assim como DP é um fator de risco para depressão. É possível se traçar

um perfil mais homogêneo do paciente deprimido com DP que evolui com transtorno cognitivo. A

depressão é uma doença, e não uma manifestação do envelhecimento fisiológico; portanto, necessita

ser diagnosticada e tratada. (Silberman, Laks, Rodrigues e Engelhardt, 2004).

É de grande relevância que todos os pacientes diagnosticados com Doença de Parkinson procurem a

geriatria, possível especialidade clínica que mais se preocupa com a investigação da sintomatologia

depressiva. Na prática, o idoso, que na maioria das vezes é portador de múltiplas patologias crônicas,

termina sendo avaliado por diversos especialistas, e estes, focados no seu alvo de abordagem, perdem a

visão integral do indivíduo, deixando de diagnosticar e tratar doenças que interagem entre si, com

efeitos deletérios sobre a saúde e a qualidade de vida dos seus pacientes (Duarte e Rego, 2007)

Faz necessário ressaltar que é fundamental o correto tratamento da patologia clínica de base, uma vez

que a depressão e as doenças clínicas quase sempre se retroalimentam, interagindo para criar uma

situação deteriorante. Pois, tem-se discutido amplamente que a depressão é a principal variável que

influencia negativamente na qualidade de vida dos pacientes parkinsonianos. (SILBERMAN, at al., 2004).

Conclui-se, portanto, que a abordagem multidimensional do idoso é de grande importância, conside-

rando que a comorbidade nessa população é mais a regra do que a exceção, e que a associação entre

depressão e doença clínica poderá oferecer dificuldades tanto no diagnóstico, como no manejo de

ambas. Possivelmente, poderiam ser atenuadas ou revertidas através da prática de atividade física

regular, ao aumento da habilidade funcional e à maior independência. Sendo assim, os programas de

atividades físicas regulares para adultos e idosos é de fundamental importância para que possa mini-

mizar as consequências da inatividade, favorecendo uma melhor percepção do indivíduo portador de

Doença de Parkinson, associada à depressão, visando melhoria na sua qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Relação, doença de Parkinson, depressão.

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ANAIS.indd 118-119

REFERÊNCIAS

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Silberman C D, Laks J, Rodrigues C S e Engelhardt E. Uma revisão sobre depressão como fator de

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Timby B K e Smith N E. Enfermagem Médico-Cirúrgica; [tradução Marcos Ikeda]. – 8. ed. rev. e

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FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 119

19/07/2014 10:21:43

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE SUBMETIDA À

RECONSTITUIÇÃO DE MAMA DIREITA COM TRAM- RELATO DE CASO

Rosana de Souza Santana

[email protected]

Sandra Regina Santana Silva

[email protected]

Raquel Cardoso Gouveia

[email protected]

José Lenildo Gonçalves Pereira

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente estudo é realizado com base em uma paciente acometida pelo Câncer de Mama no

seio direito. De acordo com o diagnóstico da paciente pretende-se elaborar um plano assistencial

baseado na promoção, manutenção e recuperação da saúde da mesma, levando em consideração suas

individualidades, a partir da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória torna-se

possível fazer uma avaliação continua da assistência ao paciente, utilizando para isso seus conheci-

mentos e habilidades, além de orientação da equipe de enfermagem para a implementação das ações

sistematizadas. Diante do apresentado percebe-se que o planejamento dos cuidados de enfermagem faz-

se necessário a prática da assistência de enfermagem. Então, o presente trabalho se justifica pela grande

relevância social, na medida em que fornece território impar para a construção do conhecimen-to

científico aliado à prática clinica do profissional enfermeiro. Neste sentido, a SAEP como processo

planejado, sistemático e contínuo contribui para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação do

individuo, família e comunidade, trazendo melhor atuação do profissional, maior reconhecimento e

qualidade das suas ações. Assim o presente estudo objetivou aplicar a Sistematização da Assistência de

Enfermagem perioperatória visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde da paciente.

MÉTODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, com uma abordagem qualitativa, do

tipo estudo de caso, realizado a partir de práticas educativas a uma paciente no Hospital Geral Santa

Tereza em Ribeira do Pombal/BA, pelos acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da

Faculdade AGES, no mês de maio de 2012. Tal documento visou atender os princípios éticos que

norteiam as pesquisas envolvendo os seres humanos. A realização do estudo de caso teve início na vi-

sita pré-operatória onde foi realizada avaliação dos dados obtidos durante a entrevista com a paciente,

consulta a ficha pré-operatória de enfermagem e prontuário. A coleta de dados foi realizada após a

aprovação da paciente pelo TCLE (Termo de Concedimento Livre e Esclarecido). Para determinar os

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diagnósticos de enfermagem, foi utilizado, como fonte, as características definidoras e os fatores

rela-cionados pela taxonomia II NANDA, tendo ainda como embasamento teórico outras obras

citadas no contexto do caso. Dessa maneira podem-se identificar as propostas das intervenções de

Enfermagem e a implementação das mesmas nos cuidados integral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os diagnósticos de enfermagem identificados foram: Risco de infecção, Integridade da pele

prejudicada, Ansiedade, Dor aguda, Náusea, Conhecimento deficiente, Estilo de vida sedentário en-

tre outros. Desde 1985 são utilizadas técnicas cirúrgicas que minimizam o dano estético e visam o

aperfeiçoamento da cirurgia reparadora da mama. Além disso, o tratamento para o câncer de mama

foi complementado com várias formas de terapias sistêmicas, de acordo com a idade da paciente e o

estágio da doença; todos procurando tornar o tratamento mais humano e efetivo. O método utilizado

na cirurgia em estudo foi com tecidos do próprio corpo da paciente, do retalho do músculo reto ab-

dominal (TRAM), segundo TIMBY & SMITH é um procedimento cirúrgico no qual a área de uma

mastectomia é remodelada para simular o contorno de uma mama e, opcionalmente, criar um

mamilo e uma aréola. A reconstrução pode ser iniciada no momento da mastectomia se pele

suficiente for poupada, ou pode ser realizada mais tarde. A paciente ficou satisfeita com os resulta

obtidos com a cirurgia, sendo a assistência de enfermagem fornecida de forma sistematizada.

CONCLUSÃO

Na realização do presente trabalho pode-se perceber a tamanha importância que a Assistência de

enfermagem se faz no decorrer do tratamento do paciente, e também se pode comprovar que, por meio

da assistência de enfermagem embasada na SAEP, a possibilidade de identificar as dificuldades dos

profissionais de saúde no cuidado do paciente tornando-se notório a importância de se operacio-nalizar

o processo de enfermagem tomando como referência um modelo assistencial, pois facilita a

identificação de diagnósticos de enfermagem, bem como o desenvolvimento de sua prática.Dessa forma

considera-se o estudo de caso sobre a mamoplastia na situação (reconstrução parcial), com significância

de melhorar auto-imagem, diminuir a insatisfação relacionada com tamanho, forma e aparência

mamária. Salientando que a mamoplastia não é só aumento, mas a reparação, sendo esta uma das

cirurgias mais realizada, oferecida pelo SUS. Ao que pudemos presenciar, sobre a Sistemati-zação da

Assistência de Enfermagem (SAE) é de grande relevância e importância no hospital para um bom

prognóstico. Percebemos, na prática, que a melhor assistência é a individualizada e humanizada, onde o

usuário é um ser único e plural, multidimensional, nas suas necessidades básicas, para tanto devemos

como futuros enfermeiros estar assistindo o cliente como um ser único, respeitando as suas necessidades

biopsicosocioespirutual.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Assistência; Diagnósticos; Intervenções de Enfermagem.

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BIOLOGIA REPRODUTIVA DAS SERPENTES DA CAATINGA DE SERGIPE

Geziana Silva Siqueira Nunes

[email protected]

Adauto de Souza Ribeiro

[email protected]

Juliana de Carvalho Cordeiro

[email protected]

Jusivânia Silva dos Santos Cruz

[email protected]

RESUMO

O conhecimento a respeito da biologia reprodutiva é importante para uma melhor compreen-

são sobre alguns aspectos do nicho reprodutivo de uma taxocenose estudada. O presente estudo tem

como objetivo descrever alguns aspectos morfológicos das gônadas e os ciclos reprodutivos das

serpentes de seis municípios no contato da caatinga do estado de Sergipe. Foram examinados no

labo-ratório 119 exemplares de serpentes representando 34 espécies. A reprodução das espécies na

taxoce-nose estudada pode ser sazonal. Esta conclusão, é baseada no fato de apenas uma parte das

serpentes fêmeas (35%) estarem em fase reprodutiva, com folículos vitelogênicos. Com relação à

sincronia reprodutiva dentro da espécie, os dados sugerem que algumas espécies podem não ser

sincrônicas, porque houve a presença de fêmeas reprodutivas e não reprodutivas num mesmo

período. Na caatinga estudada não houve diferença significante entre as serpentes fêmeas e os

machos reprodutivos cole-tados durante os dois anos de estudo, sugerindo que ambos os sexos estão

reprodutivos nas mesmas épocas.

INTRODUÇÃO

A biologia reprodutiva de serpentes é uma dimensão ecológica fundamental para conhecer-

mos e interpretarmos o nicho reprodutivo das espécies de serpentes na comunidade onde estão inse-

ridas (Pianka, 2000). Serpentes são animais difíceis de serem estudados sob este aspecto. Encontrar

cobras no campo é obra do acaso e este fator constitui uma séria limitação, porque para estudos

desta natureza são necessárias amostras periódicas regulares (Seigel & Ford, 1987; Vanzolini,

1986). Uma alternativa que dá bons resultados é estudar aspectos reprodutivos de uma ou duas

espécies através de exemplares preservados em coleções, o que possibilita análises de séries que

cobrem vários anos (Marques, 1996; Alves et al., 2005; Prudente et al., 2007). Outra é fazer

inferências sobre os aspectos reprodutivos através da literatura.

Para estudos de comunidades de serpentes feitos em curto espaço de tempo, as coletas embora inten-

sivas, não são robustas ao ponto de cobrir todos os períodos do ano para todas as espécies (Sawaya et

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ANAIS.indd 122-123

al., 2008; Fitch, 1985). Neste caso, todas as informações que puderem ser obtidas serão muito bem--

vindas para compor um cenário, cujos elementos possam expressar algumas dimensões do nicho re-

produtivo de uma taxocenose, objetivo deste estudo, que é abordado sob três dimensões: morfologia

das gônadas e discussão sobre os modos e ciclos reprodutivos.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo: Os dados foram obtidos na região da caatinga do estado de Sergipe, nas se-

guintes localidades: Itabaiana, Lagarto, Pedra Mole, Poço Verde, Simão Dias e Tobias Barreto.

Material e Métodos: Foram examinados no laboratório 119 exemplares de serpentes repre-

sentando 34 espécies. Com um bisturi era feito um corte na região ventral, desde a área cloacal até o

final da região onde se localizava o aparelho reprodutor. Os cortes variavam de tamanho a depender da

espécie e porte do indivíduo e as camadas do revestimento corporal eram rebatidas com auxílio de

espátulas e pinças, para que as gônadas pudessem ser visualizadas, medidas com uso de paquímetro

digital, analisadas em sua morfologia e fotografadas. Os espécimes foram coletados entre 2008-2009,

licença de coleta 21198-1 SISBIO. Os espécimes foram obtidos através de busca ativa (Crump & Scott, 1994) e também coletados por moradores da região. Após análises, o material foi devidamente

etiquetado, fixado em formalina 10% e conservado em álcool 70%. Os exemplares encontram-se

tombados no Instituto Butantan e na Coleção Herpetológica da Universidade Federal de Sergipe - CHUFS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Morfologia das gônadas

O sistema reprodutor das serpentes fêmeas é formado por dois ovários e dois ovidutos, dis-

postos assimetricamente. Nos indivíduos reprodutivos os ovidutos são convolutos, esbranquiçados e

elásticos (Gomes & Puorto, 1993).

Foram observadas algumas diferenças nos folículos vitelogênicos das serpentes da caatin-ga.

Em Boiruna sertaneja os folículos têm forma elipsóide, são deprimidos nas extremidades; em

Chironius os folículos têm forma elipsóide, as extremidades são arredondadas. É possível que estas

variações morfológicas estejam relacionadas ao número e tamanho dos embriões e o espaço no

corpo da mãe para alojá-los. Em Boiruna foram encontrados onze folículos vitelogênicos, em

Chironius o exemplar tinha cinco folículos vitelogênicos. Os tamanhos dos folículos vitelogênicos

maiores va-riam entre as espécies. Por exemplo, Boiruna sertaneja apresentou folículos com 53mm,

Chironius flavolineatus 33mm, Leptodeira annulata 15mm, Leptophis ahaetulla 24mm, Oxyrhopus

trigeminus 26mm, Philodryas nattereri 20mm e Philodryas patagoniensis 38mm.

Nos machos reprodutivos os testículos são mais volumosos, convolutos, cujo tamanho de-

pende da espécie. Por exemplo, num exemplar de Chironius adulto pode chegar até 20 mm, já num

exemplar adulto de Leptotyphlops o testículo não ultrapassa 4 mm. Na fase reprodutiva os

epidídimos estão hipertrofiados, convolutos, de cor esbranquiçada, cujo tamanho depende da

espécie; ligam-se das adrenais até o início dos ductos deferentes.

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O hemipênis tem a função de se fixar na cloaca das fêmeas durante a cópula, geralmente só

um lado é introduzido (Mossmann, 2001). Na caatinga, os hemipênis de Chironius são bifurcados,

com espículas cutâneas distribuídas por todo o órgão, já os hemipênis de Crotalus são estruturas

pares tubulares, profundamente bifurcadas, com as espículas cutâneas mais concentradas na base, as

extremidades são lisas.

Modos e ciclos reprodutivos

Pragmaticamente podemos categorizar os tipos de reprodução das serpentes em partenogêne-se,

ovíparas e vivíparas (Pizzato et al., 2006). Em relação às serpentes da caatinga sergipana, temos

classificadas como ovíparas, maioria das serpentes das famílias Leptotyphlopidae, Typhlopidae, Dip-

sadidae e Colubridae. E como vivíparas, serpentes das famílias Boidae e Viperidae.

As amostragens realizadas na presente pesquisa foram irregulares e o número de exemplares

coletado por espécie também foi baixo, como era esperado em estudos sobre comunidades de serpen-tes.

Entretanto algumas inferências podem ser feitas. Na caatinga estudada não houve diferença signi-ficante

entre as fêmeas e os machos reprodutivos coletados durante os dois anos de estudo, sugerindo que

ambos os sexos estão reprodutivos nas mesmas épocas (Q Cochran = 0.0667, g.l. = 1, p>0.05).

CONCLUSÃO

A reprodução das espécies na taxocenose estudada pode ser sazonal. Esta conclusão é

baseada no fato de apenas uma parte das serpentes fêmeas (35%) estarem em fase reprodutiva, com

folículos vitelogênicos. Com relação à sincronia reprodutiva dentro da espécie, os dados sugerem

que algumas espécies podem não ser sincrônicas, porque houve a presença de fêmeas reprodutivas e

não reprodu-tivas num mesmo período.

No tocante aos indivíduos machos, é possível que estes estejam produzindo espermatozoides

o ano todo, como ocorre com espécies de serpentes das demais regiões. Entretanto, esta hipótese só

poderá ser verificada através de dados histológicos das gônadas, desde que tenhamos uma boa série

por período, o que, como dito, não é tarefa fácil.

REFERÊNCIAS

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Amaral e D.catesby (Sentzen) (Serpentes, Colubridae) no sudeste da Bahia, Brasil. Revista

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CRUMP, M. A. & SCOTT JR., N. J. Visual Encounter Surveys. In: Heyer, W. R., M. A.

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FITCH, H. S. Variation in clutch and litter size in new world reptiles. Univ Kans Mus Nat Hist

124 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 124-125

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LICHT, P. Reptiles. In: LAMMING, G. E. ed. Marshalls physiology of reproduction.

Edenbur-gh, Churchill Livingston, v.1, 1984, p.206-282.

MOSMANN, M. N. Guia das principais serpentes do mundo. Ed. Ulbra, Canoas, 2001, 390 p.

PIANKA, E. R. Evolutionary Ecology. Benjamim-Cummings, New York, 6a. ed. 2000.

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PRUDENTE, A. L.; MASCHIO, G. F.; YAMASHINA, C.E. & SANTOS-COSTA, M.C. Mor-

phology, reproductive biology and diet of Dendrophidion dendrophis (Schlegel, 1837) (Serpentes,

Colubridae) in Brazilian Amazon. South American Journal of Herpetology 2 (1): 53-58, 2007.

SAWAYA, R. J.; MARQUES, O. A. V. & MARTINS, M. Composição e história natural

das serpentes de Cerrado de Itirapina, São Paulo, Sudeste do Brasil. Biota Neotropica. Campinas, v.

8, n. 2. 2008, p. 129-151.

SEIGEL, R. A & FORD, N. B. Reproductive ecology. In: Seigel, R. A., J. T. Collins & S. S.

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PALAVRAS-CHAVE: Gônadas; Reprodução; Serpentes; Caatinga; Sergipe.

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19/07/2014 10:21:44

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A OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA: MODO DE VIDA E

CONSEQUÊNCIAS

Erika Mayara Nascimento Major

[email protected]

Samile Aquino de Matos

[email protected]

RESUMO

A obesidade na adolescência alcança índices preocupantes em todo o mundo, em especial no

Brasil. Este problema é decorrente de questões relacionadas ao modo de vida. Neste artigo, dá-se

ênfase ao processo da obesidade em adolescentes. Dentre os múltiplos fatores sociais e metabólicos

relacionados ao ganho de peso, observam-se as patologias decorrentes deste processo e a

necessidade de melhorias no sistema de saúde. Estudo desta natureza é de total relevância, visto que

se percebe um aumento gradativo de obesos nas sociedades.

INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a questão da obesidade na adolescência, relacionando-a com o

modo de vida e suas consequências. Para atingir este objetivo tivemos que vasculhar obras recentes

que versam sobre o tema, a fim de auxiliar na leitura e interpretação de dados colhidos junto a uma

pessoa portadora deste mal. Estudos desta natureza são importantes, especialmente num momento

em que muitos países e, em especial o Brasil começam a despertar para o número de pessoas com

sobrepeso ou em situação de obesidade mórbida. O objetivo é relatar o testemunho de como um

obeso se vê, se sente e pensa dentro da sociedade.

Tem-se o esforço de compreender este fenômeno através das contribuições sociológicas, das

reações metabólicas e do processo saúde/doença. Leituras que nos permitem observar diferentes

aspectos deste processo.

O corpo humano é uma máquina construída por movimento e, o organismo humano se aprimora com o

andar, a falta de movimentação contraria as características da nossa espécie (VARELLA, 2006).

Pessoas sedentárias teriam dificuldade de sobrevivência num mundo sem automóvel e

supermercado na esquina. Antes do surgimento da agricultura, nossos antepassados eram forçados a

consumir vastas quantidades de calorias para poder sobreviver aos grandes intervalos sem nenhuma

alimentação, sen-do assim nosso cérebro herdou o desprezo por alimentos pouco calóricos e a

predileção obstinada por carne gorda, frituras e doces, por oferecer um alto conteúdo energético,

gerando na vida do homem atual uma luta permanente contra a balança.

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MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, que é considerado uma pesquisa qualitativa, segundo Ri-

chardson (1999) a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão

detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelo entrevistado. Esta é de grande

relevância e aprendizagem, visto que, a partir da revisão bibliográfica, ter-se-á um retrato de uma vida

real. Ao se colocar na posição de pesquisador desse estudo de caso, tenta-se analisar e com-preender

cada detalhe que se faz importante para entender a história e o desenvolvimento do caso.

Foi desenvolvida a coleta de dados através de um questionário. Conforme Richardson (1999), a

informação obtida por meio de um questionário permite observar características de um indivíduo.

Tendo a realização de uma entrevista, esta se destaca na forma não estruturada por visar

compreender informações detalhadas, que busca descrever como e por que algo ocorre, fazendo

análise das res-postas e do comportamento. Os dados adquiridos foram coletados na residência

própria da Indivídua pesquisada, oferecendo a esta um ambiente conhecido, para que esta pudesse

deixar transparecer seus sentimentos e emoções. No processo de coleta de dados foram dados os

seguintes passos para obten-ção das informações necessárias: entrevista não estruturada com

levantamentos de dados, associação de informações e emoções para uma análise completa do caso e

relação dos dados obtidos com a revisão bibliográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do estudo de caso focou-se numa adolescente de 13 anos, com 1,60 de altura e peso de

85 quilos, tendo um índice de massa corporal de 33,20 caracterizando assim a presença da obesi-dade.

Seus hábitos alimentares desde a infância são marcados por alimentos ricos em calorias: carnes gordas,

tortas, salgados diversos, bolos, doces e muita comida industrializada. JMNO declara “eu como todos os

tipos de alimentos, mas não me contento com pequenas quantidades, e adoro comer doces e salgados e

são estes que eu sempre quero mais e mais”. Desde a infância ela apresentava um peso acima do

necessário algo que com o tempo só piorou, diante dos seus hábitos alimentares e da não realização de

atividades físicas e nenhum acompanhamento medico para tentar uma resolução do problema. Esta

ainda é muito jovem, mas diz não se incomodar muito com as gozações e apelidos que recebe mais para

valcapelli & Gaspareto (2004) aceitar o próprio corpo não significa acomodar-se na condição que esta.

Assim, ela não é uma pessoa mal resolvida e leva sua vida numa boa. E é tão sossegada que nem se

preocupa com os problemas de saúde que pode ter, sendo que as consequên-cias da obesidade já

começaram a aparecer, ela tem hipercolesterolemia não fazendo nenhum tipo de acompanhamento, sem

uso de medicamentos e realização de dietas, ou seja, nada é feito para promo-ver o controle da doença

sendo que com o tempo pode desencadear efeitos mais graves decorrentes da patologia apresentada,

uma das principais conseqüências do colesterol alto é a aterosclerose, que é o acumulo de gordura nas veias e artérias e pode desencadear o infarto do miocárdio, quando esta

gordura tapa a veia ou artéria por inteiro, causando também hipertensão que é o aumento da pressão

sanguínea, e até um acidente vascular encefálico. Todo esse problema mal controlado futuramente

pode desencadear a morte decorrente das complicações da patologia do colesterol sem controle ou

acompanhamento médico. Esta é uma das grandes falhas do sistema de saúde, que é a falta de cons-

cientização da população acerca do que uma doença mal cuidada ou sem tratamento pode levar à

morte.

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CONCLUSÃO

A obesidade na adolescência e, como geral nas sociedades modernas, é uma consequência

do modelo de vida culturalmente definido pela tecnologia na qual se valoriza o uso de

equipamentos que promovem a facilitação da vida e traz a influência de consumo para uma vasta

quantidade de alimen-tos ricos em lipídeos e carboidratos, como sendo a melhor maneira ideal de se

alimentar. A obesidade origina diversas complicações, pois acarreta o aparecimento de varias

patologias, e dentre estas estão os problemas psicológicos por não se aceitarem como realmente são.

Mas observou-se, diante do estudo de caso, que existem obesos que são realmente felizes como são

e não tem problemas com o que os outros pensam ao seu respeito, como é o caso de JMNO. Enfim,

pode-se dizer que a obesidade é um problema de saúde pública, que traz a necessidade de

tratamentos e acompanhamentos para os que a apresentam, e de conscientização para toda a

sociedade, na tentava de promover saúde in-centivando e demostrando que em geral a obesidade

necessita de escolhas individuais humanas, que devem pregar a busca pela qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Obesidade, Sedentarismo, Qualidade de Vida, Saúde e Sociedade.

128 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

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A IMPORTÂNCIA DE UMA DIETA BALANCEADA EM PACIENTES

PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

Alexsandro Araujo França

[email protected]

Welde Natan Borges de Santana

[email protected]

Maria Eulidênia Oliveira Carvalho

[email protected]

Érica Pereira de Jesus

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo irá discorrer sobre a importância de uma dieta balanceada em pessoas com Diabetes Mellitus, destacarei ainda na avaliação cotidiana destes pacientes suas aflições e angústias

devido a pressão de não poder vivenciar desejos e aventuras como gostaria em detrimento das debili-

dades apontadas como opressoras tanto nos aspectos psicológicos, como físicos e emocionais. Assim

como a mudança de hábitos alimentares e de estilo de vida, devendo, esta, ser regrada e baseada numa

alimentação saudável e balanceada, dependendo unicamente da força de vontade própria para aceitar a

nova realidade. Irei destacar ainda a questão das biomoléculas envolvidas em sua dieta alimentar, bem

como as consequências de uma dieta inadequada para um paciente com diabetes.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 2002 “O Diabetes Mellitus é uma síndrome

de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da mesma de exercer

adequa-damente seus efeitos, resultando em resistência insulínica”. Demonstrando que a

cronicidade desta doença está associada não somente a fatores genéticos, mas também ao estilo de

vida que o indivíduo leva; a diabetes influência nas perspectivas de vida de cada pessoa de maneira

diferente, visto que, uma vez adquirida ou descoberta ela desencadeia um montante de reações em

decorrência do modelo e as regras que lhes são proferidas.

MÉTODOS

A metodologia adotada no presente estudo compõe-se de pesquisas bibliográficas realizadas e

fundamentadas por autores conceituados. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida, utilizando os

autores que discorrem sobre o tema em estudo e análises dos materiais escritos, principalmente livros,

sites de pesquisa científica (Birene, Scielo). Os dados qualitativos são referentes a estudo de caso que

abordaram sentimentos frente à situação do paciente, seu estilo de vida e doenças apresentadas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Podemos notar que no caso de Lara, durante a visita domiciliar pode-se observar a insegu-rança,

falta de higiene e condições mínimas de saúde, estes são fatores que contribuem de maneira negativa em

sua saúde, principalmente por ela ser diabética e ter sido diagnosticada também com hanseníase

multibacilar, que uma de suas características está circunscrita às lesões de pele e perda da sensibilidade

local. Então, com a perda de sensibilidade as pessoas que tem hanseníase se ferem com facilidade e isso

é muito perigoso principalmente para diabéticos, porque eles têm difícil cicatrização, e se for aos

membros inferiores é um risco maior ainda devido à circulação de sangue nos seus mem-bros inferiores

não ser tão boa, por meio das altas taxas de glicose circulante que acabam se ligando às proteínas, entre

elas, as que participam da coagulação. Isso cria um estado de formação de coágulos e trombos no

organismo, entupindo os vasos capilares, diminuindo ainda mais o fluxo sanguíneo, aju-dando na

isquemia local. Fica, portanto, mais difícil para o corpo lutar contra as infecções e curar-se por si só.

Como resultado, qualquer infecção e ferimentos no pé podem tornar-se sério e gragenar.

CONCLUSÃO

Para que Lara consiga melhorar de suas lesões, é necessário que ela tenha um

acompanhamen-to para controlar seu diabetes, hipertensão e a hanseníase, além de uma dieta

balanceada indicada por um nutrólogo ou nutricionista. No caso do profissional enfermeiro, ele

poderá recomendar a ingestão de alimentos ricos em fibras e com pouca glicose para tentar

controlar seu diabetes, além de frutas, legumes, cereais, grãos, etc. A perda de peso e o aumento da

atividade física também são indicados, pois melhoram o controle glicêmico através da diminuição

da resistência à insulina; então seguir um plano dietético adequado pode representar toda a

diferença para uma pessoa que esteja lutando para manter sua glicemia e o seu peso sob controle.

O enfermeiro também deverá orientar sobre a importância de se fazer os curativos das lesões

regularmente para evitar infecções, bem como a necrose dos tecidos que poderá levar a amputação

do membro. Então, é de fundamental importância conscientizar a paciente de todos os riscos que ela

corre se não tratar sua diabetes adequadamente, e alertar que como ela tem alguns agravantes como

a hipertensão e a hanseníase. Faz-se necessário ter cuidados redobrados com suas lesões e seguir o

tratamento da hanseníase corretamente para evitar futuras complicações.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus; Biomoléculas, hábitos alimentares.

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O CUIDADO AOS PORTADORES DE ALZHEIMER

Kátia Andrade Carvalho

[email protected]

Kátia Aves Terriaga

[email protected]

Kecya Santana Brito da Silva

[email protected]

Daiane Miranda dos Santos

[email protected]

INTRODUÇÃO

Trata-se de um trabalho do tipo relato de caso, que tem como objetivo analisar a temática sobre

a história de vida de um portador de Alzheimer sobre relatos do familiar cuidador, relacionan-do com a

obra “O cuidado na Saúde”, bem como elencar os possíveis diagnósticos e intervenções ao paciente

enfocando a importância do cuidado aos pacientes acometido por uma enfermidade que leva a involução

afetiva intelectual e física. Considera-se que Alzheimer é uma doença que gera uma grande mudança no

cotidiano familiar alterando os hábitos de vida de todo seu núcleo o que merece uma abordagem

singular do enfermeiro. Alzheimer é uma doença crônica caracterizada por um tipo de demência aonde o

paciente vai perdendo as funções cognitivas, intelectuais, abstração do senso crítico e perda de memória

suficiente para interferir nas funções sociais e ocupacionais do indivíduo.

OBJETIVO

Analisar a vida de um cliente portador de Alzheimer referente a aspectos sociais, afetivos e

físicos, através de relatos de familiar cuidador, a fim de oferecendo aos acadêmicos o conhecimento de

uma historia de vida baseada em dedicação, amor e cuidado, além de mostrar a importância da

enfermagem na prestação do cuidado mesmo ao paciente que se sabe não ser possível alcançar a cura.

MÉTODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caráter descritivo interpretativo do tipo estudo de caso, que é uma

modalidade de estudo que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e

significativas de episódios da vida rela. Utilizou-se de questionário com perguntas diretas ao familiar do

cliente portador de Alzheimer aonde foi descrito todo processo da enfermidade bem como todas FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 131

19/07/2014 10:21:44

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as limitações e cuidados prestados à cliente, a entrevista foi realizada na residência do cliente no

período de 04 a 29 de Agosto de 2010. A fase posterior da pesquisa envolveu a análise das informa- ções coletadas. Para se chegar aos diagnósticos, foram utilizadas, as características definidoras e os

fatores relacionados ou de risco determinada pela taxonomia da NANDA e por DIAGNÓSTICO

EM EMFERMAGEM de SPARKS.

DISCUSSÃO

As pessoas acometidas por essa patologia aos poucos vão se tornando totalmente dependente

o que necessitam de cuidados integrais exercido na maioria das vezes por familiares muitas vezes

sem experiência para lidar com esse tipo de situação. O enfermeiro como o ser do cuidado tem um

papel primordial no desenvolvimento e aplicação de orientações aos cuidadores. “O cuidado” é o

sentido moral da prática de enfermagem.

RESULTADOS

O relato de caso deixa como reflexão a importância do conhecimento cientifico da enferma-

gem sobre o cuidado e a sua aplicação aos portadores de Alzheimer, tendo em vista a involução

física e mental que esses pacientes são acometidos, devendo incluir no plano de cuidado do

enfermeiro o núcleo familiar, pois a família é o elo do enfermeiro ao paciente, visto que geralmente

o cuidador passa maior parte do tempo dedicado ao paciente acometido pela doença devido à

incapacidade que os acometidos têm de realizar suas tarefas diárias. Esses cuidadores podem vir a

desenvolver alguns sentimentos como estresse, ansiedade, depressão o que merece uma atenção

especial pela equipe de enfermagem devendo ser incluído no plano de cuidado do enfermeiro.

CONCLUSÃO

Essa pesquisa evidenciou também a importância e a necessidade de planejamento eficaz de

políticas de saúde, no que diz respeito á prevenção primária das doenças crônicas degenerativas,

visto que são poucos estudos que esclarecem de forma detalhada sobre o assunto em especial sobre

a atuação do enfermeiro frente os cuidados aos portadores de Alzheimer. O cuidado não deve ser

prestado de modo que só vise à obtenção da cura, esse deve ser oferecido de formar integral a fim

de proporcionar dignidade e respeito a todos independente da enfermidade.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Intervenções; Família; Alzheimer; Enfermagem.

132 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 132-133

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA

ESTRÁTEGIA SAÚDE DA FAMÍLIA AO PORTADOR DE HANSENÍASE

Angélica Vieira de Jesus

[email protected]

Daniele Menezes Araujo Carvalho

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe mostrar a importância da sistematização da assistência em enfer-

magem (SAE) na estratégia saúde da família, especialmente com pessoas portadoras de hanseníase

em do município de Boquim-Se. O individuo é uma adolescente de 14 anos. Foi acometida pela

doença com 12 anos, sendo que fez uso da medicação de forma inadequada por não aderência ao

tratamento advindo dos preconceitos.

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de caráter crônico, multibacilar que acomete o indiví-

duo de maneira sistêmica lesionando a pele e nervos periféricos podendo comprometer as articula-

ções. Desde os tempos passados que a hanseníase é vista com preconceito devido o acometimento

da estrutura física do corpo e pela longa duração do tratamento.

Para maior enfrentamento e diminuição do preconceito da equipe de saúde e em especial ao profis-

sional de enfermagem, objetiva-se, com base na SAE, colocar em prática as etapas da

sistematização desde a investigação até a avaliação desse paciente, realizar o exame neurológico

para identificar si-nais da patologia, conversar, esclarecer as dúvidas, encaminhar ao posto de saúde

e assim o individuo possa realizar o tratamento, para isso é preciso uma relação interpessoal,

trabalhar além da patologia o psicológico desse indivíduo. Trabalhar a comunidade também é

essencial para o progresso de saúde da mesma, pois quando se tem conhecimento sobre determinada

doença o individuo procura melho-res formas de defesa, invés da exclusão social.

MÉTODOLOGIA

Esse trabalho foi realizado nos municípios de Aracaju e Lagarto nos dias 12 e 13 de abril de

2011 e adaptado para Semana de Produção Científica (SPC) em 2012. Foi realizado a partir de rotei-ros

de observação com os seguintes pontos: dados pessoais, antecedentes familiares, dados da doença atual,

e sinais e sintomas da patologia. O roteiro foi elaborado pelos professores do quinto período. FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 133

19/07/2014 10:21:44

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RESULTADO E DISCUSSÃO

O caso apresentado mostrou que existem profissionais que não orientam adequadamente, tan-to

em relação à doença como em relação ao tratamento, o que pode causar resistência ao tratamento.

Percebe-se que a sistematização da assistência em enfermagem ainda não é rotina na prática, porém

seria muito importante para mudar esta situação. Aqui reproduzo dois diagnósticos através do NAN-DA

que seriam possíveis nesta situação, mas que não foram realizados pelo profissional.

• Falta de adesão relacionada ao conhecimento relevante para o comportamento do re-

gime de tratamento, caracterizado por falha em manter compromissos agendados.

• Integridade tissular prejudicada relacionado a fatores biológico caracterizado por

teci-do lesando (pele).

CONCLUSÃO

O diagnóstico de enfermagem se tornou indispensável no atendimento de qualidade, seja

am-bulatorial, hospitalar ou na Estratégia Saúde da Família. Ele diferencia-se do diagnóstico

médico por trabalhar com problemas potenciais e possibilidades reais, enquanto os diagnósticos

médicos indicam somente a doença. Através da SAE profissionais enfermeiros podem realizar um

planejamento mais elaborado e planejar todo seu acompanhamento, evitando fragmentar os

cuidados e obter um prog-nóstico confiável.

PALAVRAS-CHAVE: SAE, Assistência de enfermagem, Hanseníase.

134 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 134-135

CONTAMINAÇÃO DE AGENTE FÍSICO, QUÍMICO, BIOLÓGICO E

ERGONÔMICO NO SETOR DE SERVIÇOS GERAIS NO AMBIENTE

HOSPITALAR

Tatiana dos Santos Oliveira

Elyziane Santana Reis

Hoga Rejane

Elitani Costs Cruz

INTRODUÇÃO

O Estudo de Caso apresentado salienta a contaminação por agentes físicos, químicos, bioló-

gicos e ergonômicos, no ambiente hospitalar, referenciando principalmente os trabalhadores do setor de

serviços gerais e os da lavanderia. O andamento de tal estudo se dá através de uma introdução, em que

são apresentadas várias bibliografias, ajudando o desenvolver do caso. Assim, realizou-se uma pesquisa

de campo onde entrevistamos os trabalhadores desses setores do Hospital Nossa Senhora da Conceição,

com o objetivo de obter o máximo de informações sobre o trabalho que eles realizam e quais as medidas

de prevenção que são tomadas, caso ocorra algum acidente se é notificado entre outros. Com base nas

informações obtidas pela aplicação do subsídio metodológico, foi possível apresentar através de gráficos

todos os dados colhidos, facilitando a compreensão de todos os leitores.

MÉTODOS

Foram realizados pesquisas por meio de busca eletrônica, no banco de dados, com artigos

científicos referentes ao tema, foram selecionados aqueles que trouxeram informações relevantes e

desenvolveu-se pesquisas de entrevistas com trabalhadores de serviços gerais, utilizando questioná-

rios e visitas no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo o Ministério da Previdência Social, caracteriza-se como AT a doença produzida ou

desencadeada pela prática do trabalho peculiar a determinada atividade, e a doença do trabalho, ad-

quirida ou desencadeada em função de condições especiais nas quais o trabalho é realizado. (MAR-

ZIELE,MHP, et al, 1995).

Dos acidentes de trabalhos já ocorridos, vimos que dos 100% dos trabalhadores 57, 1% nunca FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 135

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sofreram acidente e 21,4% já sofreram algum tipo de acidente. Concluímos que, os que já sofram

acidente foram por problemas físicos e outros por desgaste físico devido ao trabalho e as posturas

incorretas.

CONCLUSÃO

Ao concluir esta pesquisa, observamos que o trabalhador está exposto a riscos relacionados a

agentes biológicos, químicos, físicos e ergonômicos, onde estes riscos têm ocupado espaço nas

discussões sobre a saúde e a segurança dos trabalhadores. Entretanto, nos setores de serviços gerais

e lavanderia ficam mais expostos a tais riscos, como também através dos desgastes físicos que

adqui-rem ao decorrer da jornada de trabalho.

Devemos salientar que os trabalhadores precisam do uso de EPI´S, orientação quanto aos

riscos a que estão expostos, treinamento para manuseio de máquinas, estarem cientes sobre a impor-

tância dos exames periódicos, ou melhor, que a empresa oferte a eles, para que possam desenvolver

um bom trabalho e manter uma boa saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Acidente; materiais; riscos; trabalho; exposição.

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ANAIS.indd 136-137

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE PORTADOR DE

SÍNDROME DE FOURNIER: RELATO DE CASO

Kátia Andrade Carvalho

[email protected]

Kecya Santana Brito da Silva

[email protected]

Kátia Alves Terriaga

[email protected]

Daiane Miranda dos Santos

[email protected]

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Fournier é uma patologia infecciosa grave, rara, de rápida progressão, que

aco-mete a região genital e áreas adjacentes, caracterizada por uma intensa destruição tissular,

envolvendo o tecido subcutâneo e a fáscia (FIGUEIREDO, 1997). Essa patologia ocorre mais

freqüentemente em homens, podendo acometer também em mulheres. O índice de mortalidade está

relacionado com a precocidade no diagnóstico e tratamento adequado.

OBJETIVO

Este estudo objetivou aplicar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) indivi-

dualizada e humanizada a um paciente portador de Síndrome de Fournier, baseada na teoria do

auto-cuidado para a operacionalização do processo de enfermagem. O processo de enfermagem de

Orem é um método de determinação das deficiências de autocuidado e a posterior definição dos

papéis da pessoa ou enfermeiro para satisfazer as exigências de autocuidado.

MÉTODOLOGIA

Tratou-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, que

é uma modalidade de estudo que permite uma investigação para se preservar as características holísticas

e significativas de episódios da vida real, como ciclos de vida individuais e processos orga-nizacionais e

administrativos. A coleta de dados foi realizada após autorização por escrito da paciente, os dados foram

coletados através de uma entrevista semi-estruturada guiada por um roteiro padroniza-do denominado

como Histórico de Enfermagem, fundamentado e adaptado à Teoria do Autocuidado

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 137

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de Orem, o qual continha os dados de identificação, história da admissão, exame físico e informações

adicionais como as necessidades humanas básicas. Para subsidiar a pesquisa ainda foram utilizadas

algumas informações contidas no prontuário do cliente tais como resultados de exames realizados e

intercorrências durante a hospitalização. A operacionalização da coleta de dados seguiu os seguintes

passos do processo: realização do levantamento de dados através da entrevista; planejamento das ações

de enfermagem através do sistema de apoio-educação, execução e avaliação das ações de en-fermagem.

A fase posterior da pesquisa envolveu a análise das informações coletadas. Para se chegar aos

diagnósticos, foram utilizadas, como base, as características definidoras e os fatores relacionados ou de

risco determinados pela taxonomia da NANDA, como também o conhecimento e a experiência das

autoras na sistematização da assistência de enfermagem.

RESULTADOS

Os principais diagnósticos de enfermagem identificados foram: risco para controle ineficaz

do regime terapêutico e para infecção, ansiedade, medo, mobilidade física prejudicada, proteção al-

terada, dor aguda, déficit no autocuidado para banho/higiene e de conhecimento, comunicação

verbal prejudicada, interação social prejudicada, distúrbio da imagem corporal, processos familiares

inter-rompidos, padrão respiratório ineficaz, nutrição alterada entre outros. O estudo mostrou a

importância da SAE e da decisão do cliente em engajar-se no autocuidado, a fim de proporcionar

uma melhora no padrão de resposta do doente à doença.

CONCLUSÃO

Com a aplicação dos processos de enfermagem percebeu-se a importância de existir na Unida-de

de Internamento esta sistematização da assistência, pois só assim a enfermagem é capaz de realizar uma

assistência integral e de qualidade, mostrando-se eficaz na evolução satisfatória do cliente.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidados de Enfermagem; autocuidado; Síndrome de Fournier; relato

de caso; SAE.

.

138 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 138-139

AS REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS NO INDIVIDUO APÓS O

DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS

Kátia Alves Terriaga

[email protected]

Kátia Andrade Carvalho

[email protected]

Daiane Miranda dos Santos

[email protected]

Kecya Santana Brito da Silva

[email protected]

INTRODUÇÃO

A prevalência do Diabetes vem crescendo nos últimos anos o que está associado às

mudanças no estilo de vida e em grande parte ao envelhecimento da população, configurando-se

atualmente como uma epidemia. Além da transição demográfica/epidemiológica, o Brasil vem

passando por um processo de transição nutricional substituindo o padrão alimentar de consumo de

cereais por alimen-tos gordurosos contribuindo de forma importante para o aparecimento de doença

crônicas. O Dia-betes Mellitus é considerado um sério problema de saúde pública no Brasil e no

mundo, em função tanto do crescente número de pessoas atingidas quanto pela complexidade que

constitui o processo de viver com essa doença, atualmente dentre as causas mais importantes de

internações hospitalares bem como de mortalidade destacam-se o diabetes mellitus. Esta

enfermidade vem levando os acometidos com freqüência, à invalidez parcial ou total do individuo

com graves repercussões para o paciente e família e sociedade, Porém quando diagnosticada

precocemente, oferece múltiplas chances de evitar complicações quando não delongam a progressão

das já existentes. Investir na prevenção é decisivo não só para garantir a qualidade de vida como

também para evitar a hospitalização e os conseqüentes gastos, principalmente quando se considera o

alto grau de sofisticação tecnológica da medicina mo-derna.

OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo compreender as repercussões psicossociais no indi-víduo

após o diagnóstico de Diabetes Mellitus. O interesse por esse estudo originou-se a partir da curiosidade

de conhecer como os portadores de DM (Diabetes Mellitus) lidam com a condição de ser Diabético bem como a percepções quanto ao enfrentamento e controle dessa patologia e os

sentimen-tos experimentados por esses indivíduos após o diagnóstico.

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MÉTODOLOGIA

Para isso buscou-se realizar uma pesquisa de campo com entrevistas aplicadas a portadores

dessa patologia no município de Itabaiana – SE bem com o uso de bibliografias referente ao assunto

para discussões dos resultados. Trata-se de um estudo descritivo com uma abordagem quantitativa. A amostra correspondeu a 6 pessoas entrevistadas da população-alvo, em que 03 (50%) do total é

do sexo feminino e 03 ( 50%) do sexo masculino. Desta 01 (10%) tem 15 anos e 02 (33%) estão

entre 31 – 59 e 3 (50%) tem mais de 60 anos.

DISCUSSÃO

O interesse por esse estudo originou-se a partir da curiosidade de conhecer como os portado-res

de DM (Diabetes Mellitus) lidam com a condição de ser Diabético bem como a percepções quanto ao

enfrentamento e controle dessa patologia e os sentimentos experimentados por esses indivíduos após o

diagnóstico, a maioria dos entrevistados relatou que não houve mudança significativa no estilo de vida

após o diagnóstico que lidam bem com o fato de ter uma doença crônica.

RESULTADOS

relatam pouca mudança no estilo de vida, sendo a principal mudança nos hábito alimentares

o que não tiveram muitos problemas para se adequar a alimentação. Ao serem questionados sobre o

que sentiram após o diagnóstico do Diabetes, afirmam não ter nenhum sentimento como revolta

medo, angustia relatam terem se adaptado aos novos hábitos de vida.

CONCLUSÃO

Este estudo possibilita refletir sobre as repercussões que a condição crônica por diabetes

mellitus causa na vida das pessoas acometidas. Essas repercussões ocorrem no cotidiano onde estes

experienciam o que é viver com a condição crônica frente algumas restrições e limitações que o

sen-tir-se doente impõem.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus; Repercussões psicossociais; Qualidade de vida;

Hábitos alimentares; Enfrentamento.

.

140 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 140-141

LEITURA: PROPOSTA QUE MOTIVA, ENSINA, APRENDE E FAZ TODA

DIFERENÇA

Luciana Virgília Amorim de Souza

[email protected]

Isabel Maria Amorim de Souza

[email protected]

RESUMO

Como despertar o gosto pela leitura nos alunos do ensino fundamental? Tais perguntas serão

respondidas no artigo, pois propõe mostrar as dificuldades que os alunos sentem pela falta de leitura

em todos os ambientes. Essa motivação pode vir da família, amigos e escola. Ler é imprescindível

para gerar criatividade, desenvolver uma visão de mundo mais abrangente e criticidade. Trabalhar

na sala de aula a leitura prepara o aluno para o aprendizado em geral em diversas disciplinas.

INTRODUÇÃO

O trabalho procura abordar a importância da leitura na sala de aula e as estratégias que o

pro-fessor coloca para o aluno, como forma de desenvolver o cognitivo e despertar o gosto pela

leitura. Dessa maneira, as práticas e atitudes do professor de Língua Portuguesa seriam formas de

melhoria da escrita nas séries iniciais do ensino fundamental.

A leitura tem papel primordial para fazer do aluno um ser mais crítico e criativo, de modo

que as inteligências múltiplas estejam apuradas e ativas no cérebro, como requisito básico para

melhorar o conhecimento e prática das atividades e exercícios que o professor desenvolve na sala de

aula, e assim, faz dele melhorar suas aptidões, a interatividade com o português e a redação e fazer

da prática de leitura e escrita serem melhores desenvolvidas.

Geralmente o professor adota como planos de aula para a disciplina de Língua Portuguesa

(LP) trabalhos com a leitura com alunos de forma tradicional, ou seja, colocando o texto para os

alu-nos lerem, sem trabalhar a parte prática o que é fundamental para desenvolver habilidades. É

preciso rever suas propostas de atividades e propusesse a aplicação de uma aula com mais

participação da integração de texto e fazer com que os alunos se sintam estimulados a compreender,

questionar e criticar o que está lendo.

Pelo simples fato, dos alunos fazerem parte de uma sala diferenciada, a aprendizagem do

aluno deve abranger todos os aspectos como a prática da leitura diária e ampliação, das vivências

habituadas a ver, da interpretação do texto de forma a gerar a opinião e desenvolver autocrítica.

Para aperfeiçoar a leitura na sala de aula, é necessário que antes os alunos tenham a habili-

dade de ler, e assim desenvolver a aptidão pela prática e interação com a leitura. Para cada aluno há

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uma especificidade, aprende dentro do seu tempo e associação neurolinguística e assim, ao ler mais,

interage socialmente com o mundo

.

PROPOSTAS PARA MELHORAR A AULA DE LEITURA

É preciso trabalhar, a linguagem e a sociolinguística no sentido de estudar e interação, a ora-

lidade e a linguagem dos alunos, ensinando-os duas modalidades, não só a linguagem normativa ou

culta, mas a linguagem padrão e coloquial.

Treinar a leitura como prática diária é importante para que os alunos se sintam motivados a

quererem aprender e questionar melhor o assunto discutido, no sentido de interação social e críticas

para formar opiniões. Aplicar ao texto a informação necessária, introduzir aulas interativas, lúdicas

e expor ideias e o sentido do texto com maior participação dos alunos.

Para Vieira (1989):

A leitura, conforme vem sendo encaminhada na escola, não cumpre suas mais fundamentais fun- ções”. Para a professora, a escola não consegue trabalhar a leitura nem no sentido de oferecer

prazer ao aluno. Geralmente atividades de leitura são elaboradas para preencher brechas nas aulas

de Lín-gua Portuguesa, para atribuição de nota, ou simplesmente por uma questão de imposição ou

“mo-dismo” (acreditar numa nova pedagogia de ensino de língua) sem qualquer embasamento

teórico e organização para a prática da leitura.

Para desenvolver a atividade de prática de leitura é preciso formar cantinhos de leituras e

com aplicação de concurso de leitura, pois assim, sentem-se estimulados aprender mais. O papel do

pro-fessor e sua prática da leitura na sala de aula seria colocar como meio de interação social a

disciplina em si e nas especificidades e dificuldades de aprendizagem. O objetivo de leitura e sua

prática não se remetem somente ao professor de Língua Portuguesa. Para Trabalhar a prática de

leitura é preciso escolher um texto em que o aluno se sinta motivado a entender e interpretar as reais

intenções, para interagir com as ideias e construir conhecimento.

“Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividade do de Língua Portuguesa,

quase sempre responsabilizado pela dificuldade do aluno de interpretar questões de outras discipli-

nas. O desconhecimento do que seja leitura e dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos leva

as pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de linguagem.(PAOLINELLI; COSTA,

2009).”

A comunicação efetuada entre os alunos na sala de aula é feita através da utilização de

gêneros discursivos e textuais. O gênero textual é a indicação de como a língua está sendo utilizada

pelos in-terlocutores. Cada pessoa utiliza a língua de acordo com suas características linguísticas e a

variações encontradas no discurso, segundo Maia, comenta:

Podemos, então, conceber as unidades linguísticas como entidades de dupla face ou signos, que têm

como propriedade fundamental o estabelecimento de uma relação entre um plano de expressão e um

plano de conteúdo. O plano de expressão do signo linguístico costuma também ser denominado,

segundo a tradição da linguística estruturalista de Ferdinand de Saussure, de significante. O plano de

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ANAIS.indd 142-143

conteúdo do signo, segundo esta mesma tradição, é também denominado de significado. (2006 p.5).

Para existir produção textual, entre os alunos na sala de aula, é necessário que o professor

ofereça respaldo teórico consistente, no sentido de mostrar subsídios essências para que a produção seja

objetiva, concisa, e sem a intromissão de uma linguagem do cotidiano, ou seja, a linguagem tem que ser

imparcial, denotativa e de acordo com a norma culta, encontrada nos livros e documentos.

Para haver comunicação e absorção do conhecimento é necessário interação com o mundo

diversificado da linguagem e que os professores de diversas matérias ofereceram oportunidades tam-

bém para produzir ciência, ensinar a ler, e despertar o gosto pela busca do saber. Aprender a ler é, antes

de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação me-cânica

de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade (FREIRE, 2001) .

O Texto para ser melhor compreendido pelos alunos na sala de aula tem que passar pelas

esfe-ras sociais e ser estimulante, criando expectativas produzindo conhecimento para despertar

interesse e o gosto pela leitura.

Durante o período de prática na sala de aula, pode-se perceber que o professor de Língua

Por-tuguesa procura aproximar as aulas de interpretação de texto de forma a experimentar conteúdo

que tivesse aparência e vivenciasse o cotidiano dos alunos, com temas mais aprazíveis, isso torna as

aulas mais dinâmicas, interessantes e divertidas, fazendo com que o aluno se senta motivado e

pratique mais a leitura gerando conhecimento e aprendizagem.

Trabalhar a linguística nas salas de aula é aproximar ao máximo a linguagem coloquial deles

com a norma coloquial. A linguagem coloquial comparada à linguagem culta, requer do professor

habilidade para esclarecer as diferenças e os usos corretos num discurso oral ou escrito.

É realmente preciso conceber que todos os falantes, mesmo quando se acreditam monolíngues

(que não conhecem “línguas estrangeiras”), são sempre mais ou menos plurilíngues, possuem um

leque de competências que se estendem entre formas vernaculares e formas veiculares (CALVET,

2002, p. 114).

Primeiro momento da aula é necessário esclarecer o porquê da importância da leitura, con-

ceitos, atuações. Neste caso, o professor terá que escolher um texto que seja aprazível e acessível ao

conhecimento do dia a dia dos alunos. Deverá fazer as análises interpretativas dos textos com inter-

venções, explicando cada contexto.

A análise linguística deverá ser feita de forma a mostrar as diferenças dos usos dos diversos

tipos de linguagens que poderá ser visualizada no texto pelos alunos. Após ter detectado o uso da

lin-guagem através de exercícios o professor pedirá ao aluno diferentes tipos de discursos e

linguagens empregadas no texto. Neste caso, avaliar-se-á a produção e a compreensão do texto e da

forma como a aluno produz o conteúdo de maneira a deixar claro, o que foi compreendido, no caso,

a mensagens da aula no que refere à análise discursiva e os empregos dos recursos linguísticos

ministrados pelo professor.

A biblioteca são formas de atrair a participação de alunos trazendo com que eles escolham seus

próprios livros sem serem obrigados a lerem somente o que o professor indica, mas aprendam a

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descobrir seus próprios gostos e vontades.

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E CRITICIDADE

A leitura como proposta para o conceito de uma boa educação é indispensável para o aluno

não só mudar de série como mostrar o que aprendeu. Ler não é só decodificar as letras e palavras é

construir ações, conhecimento, interpretação juízo de valor, criticidade e principalmente fazer da

informação, a formação. Leitura não é um mero instrumento de ensino é um ato comunicativo é

uma proposta de construção de saber, de conquista, de liberdade de cada pessoa.

Para Silva (2000, p.23):

A leitura é pensada num processo total de percepção e interpretação dos sinais gráficos e das

relações de sentido que os mesmos guardam entre si. Ler não é, então apenas decodificar palavras,

mas con-verte-se num processo compreensivo que deve chegar às ideias centrais , às inferências, a

descoberta dos pormenores, às conclusões.

O texto e a leitura servem, na maioria das aplicações, para o professor, na sala de aula, ao

usar a gramática correta interpretar melhor os textos, fazendo uso das entrelinhas e informações

relevantes que o texto traz.

Grande parte dos alunos na escola, enquanto estudantes, são péssimos leitores, não tem

habito de ler, não gostam de ler e não fazem nenhuma associação à leitura a sua prática diária. “ler

não seve pra nada”, “para que ler?”. Assim, eles têm dificuldades de ler e não se interessam por

nenhuma lei-tura, nem no ambiente escolar, nem com a família. Pois:

Há uma interação do leitor com o texto, e este por não ser um sistema fechado e definido, é

permeado de vazios, que são preenchidos e atualizados pelo leitor de acordo com o momento, as

circunstâncias e suas experiências, ou seja, com aquilo que elas chamam de horizontes. O que

determina o valor de uma obra literária é justamente a capacidade de alterar ou expandir o

horizonte de expectativas do leitor. (AGUIAR; BORDINI, 1988, p.82).

Ao interpretar um texto na sala com o uso do livro didático, muitas vezes o professor dá res-

posta prontas encontradas nos livros, a mecanicidade da leitura, a desmotivação é grande, e nem mes-

mo os professores querem raciocinar e fazerem seus alunos pensarem sozinhos e construir opiniões.

Trabalhar leitura na escola é necessário rever os atos da comunicação, a linguagem envolvida no

texto, a informação e significação dos sentidos das ideias e a produção e interpretação do texto.

Formar cidadão é construir homem leitores com criticidade, e juízo de valor, para isso é pre-

ciso ler, perguntar e questionar o saber ou informação absorvida. No Brasil se ler mal e se questiona

pouco, aceitam-se tudo pronto vindo da internet ou dos meios de comunicação como a televisão.

O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não se deve

ensinar a ler por meio de práticas centradas na decodificação. Ao contrário, é preciso oferecer aos

alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando aos procedimentos que os bons leitores

144 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

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utilizam. È preciso que antecipem que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento

prévio que possuem, que verifiquem sua suposição tanto em relação á escrita, propriamente, quanto ao

significado. É disso que se está falando quando se diz que é preciso aprender a ler, lendo. (PCN,

1997 p.53).

Os brasileiros segundo INAF (2009) 75% não têm habilidade de leitura e escrita, não sabem

interpretar e entender textos médios e curtos, não decifram o que estão lendo e não compreendam a

informação.

No dia a dia, esses alunos que não leem, não conseguem fazer uso da informação, e os que

leem pouco, não conseguem interpretar o que estão lendo. A falta de desempenho comunicativo e

interação social com compartilhamento de novos conhecimentos dentro da coletividade, favorece a

uma leitura decadente, precária e deficitária.

A escola é a instituição que forma, é responsável pelos leitores, muitas vezes a leitura fica

atrelada a gramática, ou seja, quem lê sabe bem se comunicar gramaticalmente correto.

A concepção de leitura como pluralidade indefinida de significações desafia a escola contemporâ-

nea, já que nossa sociedade a escola ainda representa a via principal ou quase exclusiva de acesso

aos bens culturais, precisando tomar, por um lado, a leitura, como uma atividade intelectual, que

tem um papel fundamental na construção da subjetividade humana e por outro, não ignorar a

dimensão política da leitura, o que exige levar em consideração o capital cultural dos alunos, isto

é, suas expe-riências de vida, suas histórias, sua linguagem. (BAGNO, 2007 p.127).

Essa associação é verdadeira, pois para se comunicar bem é preciso conhecer a funcionalida-

des da língua e os rigores impostos por ela, nos atos da fala. Conhecer as funções da gramática e da

língua e conhecer as aplicabilidades nos níveis fonológico, sintático, semântico e morfológico

.

FORMAÇÃO DE LEITORES COMPETENTES E CRÍTICOS

Ler para compreender o mundo, ler para dar significação e interpretação. É preciso desen-

volver leitores críticos, não só na sala de aula para os alunos, como também para toda sociedade e

família. Só assim, as políticas educacionais encontradas dentro dos PCNs são importantes na

medida em que forma leitores conscientes do papel de cidadão que desenvolvem atividades

formadoras de opiniões e decisões.

Segundo os PCNs da Língua Portuguesa (1997, p.53):

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do

texto, a partir dos seus objetivos, dos seus conhecimentos sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o

que se saber sobre a língua: característica do gênero, do portador, do sistema de escrita, etc.

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Para se chegar à compreensão absoluta do texto lido, o leitor passa por diversos processos de

absorção e compreensão. As combinações de estruturas gramaticais de compreensão como

ortografia, sintáticos e semânticos fazem parte dos itens relevantes no processo de interpretação,

criticidade e entendimento.

A leitura é considerada um processo complexo efetuado entre leitor-sujeito. Esse processo

de leitura está embasado na aplicabilidade da diversidade de gêneros que são empregados na sala,

pelo professor, que coordena como deve ser construído à compreensão e interpretação do que está

sendo lido. A leitura possibilita a construção de ideias e sentidos, além da habilidade de extrair do

livro, informações suficientes para a efetivação do conhecimento.

A capacidade de extrair a expressão do texto é essencial para a articulação de novos concei-

tos e compreensão de informação, dessa forma com atividades interativas, aos poucos, possibilitam

a habilidade de discussão e construção de novas ideias e sentido essenciais para a formação e novas

maneiras de construção da reflexão, e juízo de valor, para aquele que busca na leitura aprendizagem

como meio de informação.

Ao conviver com o mundo da leitura, o indivíduo constrói sua própria história, que reflete e

critica. O ato social que o aluno embute em si mesmo, é o ato da liberdade, criatividade e

capacidade de quebrar paradigmas já impostos como respostas prontas vindas da sociedade

tradicional, pois a leitura liberta.

Por Macêdo (2010) entende-se que:

No ambiente de trabalho, como você sabe, são poucas as pessoas com ideias interessantes, estimu-

lantes e inovadoras. Portanto, se essa for a sua experiência, pegue um bom livro e vá para um lugar

tranquilo e comece a lê-lo e a discuti-lo com o seu autor. Quanto mais tempo você permanecer em

sua companhia, mais sábio você se tornará”.

A leitura tem que está voltada para criação de leitores competentes e críticos de forma ques-

tionadora, pois a realidade vivida é apresentada, construindo um leitor ávido por uma comunicação

necessária para a construção e formação da própria cidadania.

Alguns ícones destacam na influência de um leitor assíduo como o professor, a família, ami-

gos, comunidades e a escola. Esses hábitos de leitura são adquiridos ao longo da insistência em ler

como diversão e prazer. Essa atividade proporciona reflexão, questionamento e construção de saber,

ideias e sentido além de formar opinião.

“Desde os nossos primeiros contatos com o mundo, percebemos o calor e o aconchego de um

berço diferentemente das mesmassensações provocadas pelos braços carinhosos que nos enlaçam.

A luz excessiva nos irrita, enquanto a penumbra tranquiliza. (...) Começamos assim a

compreender, a dar sentido ao que e a quem nos cerca. Esses também são os primeiros passos para

aprender a ler. ( MARTINS , 2006,p. 11).

A construção de novos conceitos, sentidos e ideias vêm de uma prática interativa da leitura

crítica. Dentro da sala, o professor discute a proposta, e levanta questionamento e assim, à medida

que expõe o texto discutido, junto com a experiência vivida pelo aluno, no ambiente interno, a

escola proporciona dialogo, discussão interatividade e constroem informações relevantes e

essenciais para a construção do saber.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um trabalho sem prática educacional voltado para a leitura e construção de ideias que fazem

sentido, não transformam, não motivam e não resultam em mudanças sócio-educativas.

Para a construção de novos conceitos é preciso descartar as ideias já prontas, formuladas

pelo livro didático pelo professor na sala, é necessário analisar, criticar e refletir para a produção

significa-dos relevantes ao aprendizado.

Cabe ao professor, à capacidade de atrair, de instigar, de levantar dúvidas e hipóteses sobre o

ensino da LP (Língua Portuguesa), pois não está somente voltado para a gramática, mas sim para a

interatividade e dinamicidade que assimile uma nova realidade vivida, de forma crítica, para que a

leitura se torna aprazível.

O professor na sala é um articulador e formador de opiniões e ideias. Ele é autor da inserção

do aluno leitor-crítico no mundo de novos conceitos e ideias no meio social transformado da

realidade vivenciada.

É preciso que nas atividades de leitura todos estejam envolvidos, como a família, a escola e

os amigos, ou seja, os fatores sócios pedagógicos estejam ligados mutualmente, no fim único, o co-

nhecimento.

Para que esse propósito esteja bem articulado e o resultado seja promissor é indispensável um

clima peculiar que adequem e congreguem juntos, motivando o aluno a ler, ou seja, esse espaço físico

seja agradável, confortável, proporcione satisfação, prazer e lazer, durante os processos de leitura.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Leitura a Formação do Leitor:

alter-nativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado aberto, 1988.

BAGNO, Marcos; BRITTO, Luiz Percival Leme; JUNG Neiva Maria; SAVELI, Esméria de

Lourdes; FURLANETTO, Maria Marta. Práticas de Letramento no Ensino, Leitura, Escrita e

Discur-so. São Paulo: parábola, 2007.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresen-

tação dos temas transversais e ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CALVET, Louis-jean. Sociolinguística um Introdução Crítica. São Paulo: Parábola, 2002.

MAIA, Marcus. Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas

na área de linguagem. Brasília: LACED/Museu Nacional, 2006.

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler: fundamentos psicológicos para uma nova

peda-gogia da leitura. 8. Ed. São Paulo; Cortez, 2000.

MARTINS, Maria Helena. O Que é Leitura? São Paulo: Brasiliense, 2006.

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MACÊDO, Gutemberg B. de. O Poder Transformador da Leitura. 2010. Disponível em: <http://empregocerto.uol.com.br/info/dicas/2010/11/22/o-poder-transformador-da leitura.html#rm-

cl>. Acesso: 09/11/2011, às 01:06h.

PAOLINELLI, Honoralice de Araújo Matos; COSTA, Sérgio Roberto. Práticas de Leitura/

Escrita em Sala de Aula. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/cardeno09-13.

html>. Acesso: 01/10/2011, às 12:50h.

VIEIRA, Alice. O Prazer do Texto: perspectiva para o ensino de literatura. São Paulo: E.P.U.1989

.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Dificuldade; Motivação; Criticidade.

.

148 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

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EXISTE RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E DEPRESSÃO?

Juliana de Souza Correia

[email protected]

Ortencia de Souza Correia

[email protected]

Ana Carla Oliveira Santos

[email protected]

Josivânia Neri Menezes

[email protected]

RESUMO

O artigo em questão trata de um estudo bibliográfico que enfoca a relação entre obesidade e

depressão. A obesidade envolve aspectos genéticos, metabólicos, endócrinos, nutricionais, psicosso-

ciais e culturais. A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita a

identificação de incômodos com o excesso de peso, independente dos graus de obesidade, favore-cendo

muitas vezes o desenvolvimento de problemas psicológicos, como a ansiedade, depressão e dificuldades

comportamentais, Estudos mostraram uma maior proporção de sintomas depressivos em pessoas obesas

quando comparadas com as de peso normal. Conclui-se, portanto, que a obesidade tem direta relação

com a depressão e é necessário que os profissionais da saúde estejam atentos e habilitados à

compreensão multifatorial das doenças e compreender os determinantes genéticos, orgâ-nicos,

desencadeantes e agravantes psicossociais relacionados à depressão para que se possa realizar um

diagnóstico diferencial, visando um atendimento integral às pessoas portadoras dessas doenças.

INTRODUÇÃO

As doenças e agravos não transmissíveis vêm aumentando, e no Brasil, são as principais

cau-sas de óbitos em adultos, sendo a obesidade um dos fatores de maior risco para o adoecimento

neste grupo. A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a

promoção da saúde e redução da morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante para

outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter implicações

diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida pela sociedade

contemporânea (BRASIL, 2006).

A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita a identificação de

incômodos com o excesso de peso, independente dos graus de obesidade. Nossos padrões culturais

fazem com que até indivíduos com peso dentro dos parâmetros de normalidade possam sentir-se com

peso acima do desejado. É possível observar a importância da participação de vários fatores etio-lógicos

genéticos e orgânicos, da falta de atividades físicas, de fatores educacionais e psicológicos

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(VASQUES et al., 2004).

A obesidade pode ser definida, de forma resumida, como o grau de armazenamento de gordura no

organismo associado a riscos para a saúde, devido a sua relação com várias complicações metabó-

licas. O Índice de Massa Corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em

nível populacional, e o mesmo é estimado pela relação entre o peso e a estatura, e expresso em kg/

m²(BRASIL, 2006).

Pode ser classificada em exógena, aquela causada pela ingestão calórica excessiva, sendo

responsável por mais de 95% dos casos, ou endógena que tem como causa os distúrbios hormonais

e metabólicos. A do tipo I tem como característica o excesso de massa corporal total; II excesso de

gordura nas re-giões abdominal e tronco-andróide; III excesso de gordura vícero-abdominal e o tipo

IV excesso de gordura gluteofemoral (SALVE, 2006).

Além do grau do excesso de gordura, a sua distribuição regional no corpo interfere nos riscos asso-

ciados ao excesso de peso. O excesso de gordura abdominal representa maior risco do que o

excesso de gordura corporal por si só. Esta situação é definida como obesidade andróide, ao passo

que a dis-tribuição mais igual e periférica é definida como distribuição ginecóide, com menores

implicações à saúde do indivíduo (BRASIL, 2006).

Baptista, et al., 2008, define a obesidade como uma doença crônica, que envolve o acúmulo em

exces-so de tecido adiposo em nível comprometedor à saúde dos indivíduos. Trata-se de um

conceito multi-fatorial, que parece envolver aspectos genéticos, metabólicos, endócrinos,

nutricionais, psicossociais e culturais, embora tal etiologia ainda não esteja totalmente esclarecida.

Considerando que aspectos emocionais podem estar associados à obesidade, favorecendo muitas ve-

zes o desenvolvimento de problemas psicológicos, como a ansiedade, depressão e dificuldades com-

portamentais, é fundamental compreender o papel destes transtornos na etiologia ou mesmo como

conseqüência da obesidade. Estudos mostraram uma maior proporção de sintomas depressivos em

pessoas obesas quando comparadas com as de peso normal (LUIZ, et al.,2005).

Os indivíduos que apresentam depressão devem experimentar pelo menos um sintoma adicional de uma

lista que inclui alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora, diminuição da ener-gia,

sentimentos de desvalorização pessoal ou culpa, dificuldades em pensar, concentrar-se ou tomar

decisões, ou pensamentos recorrentes a propósito da morte ou ideação, planos ou tentativas suicidas. (RAPOSO at al., 2009).

Entre os transtornos nutricionais infantis, a obesidade é um dos problemas de saúde mais freqüen-

tes; por isto, é considerada um grave problema de saúde pública. Entre os grupos vulneráveis para o

desenvolvimento da depressão infantil encontra-se, também, a obesidade, que muitas vezes acarreta

dificuldades comportamentais, interferindo assim, no relacionamento social, familiar e acadêmico

da criança (VASQUES, et al. 2004).

Segundo Baptista et al, 2008, obesidade e depressão são dois grandes problemas de saúde pública e

variam em grandes níveis, fazendo-se necessário, o estudo detalhado de ambas no âmbito clínico e

geral, para trazer novas perspectivas e benefícios aos pacientes, a fim de contribuir para a melhora

da qualidade de vida dos obesos mórbidos. Pois a obesidade aumenta o risco da depressão quando

controladas variáveis como doenças físicas crônicas, depressão familiar e fatores de risco sócio-de-

mográficos.

A depressão na adolescência pode trazer maior risco ao desenvolvimento e manutenção da obesidade,

além de acarretar seqüelas psicossociais e complicações médicas em longo prazo que podem propi-

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ciar uma diminuição de oportunidades sociais que levam o indivíduo ao isolamento social potencia-

lizando os sintomas depressivos (BAPTISTA at al. 2008).

Ainda de acordo com o autor acima citado, a obesidade, na maioria das vezes, faz com que a crian-

ça sofra discriminação e estigmatização social, prejudicando seu funcionamento físico e psíquico,

causando um impacto negativo em sua qualidade de vida. A criança obesa pode freqüentemente ser

marginalizada pelos colegas, sobretudo quando participa de exercícios físicos que exigem rapidez e

bom desempenho.

Para Capitão e Tello, 2004, a depressão pode estar relacionada ao peso corporal e ao comer desviante. Num estudo notou-se que o comer compulsivo nas mulheres associa-se a experiências negativas, tais

como a raiva, tristeza, solidão e exaustão, favorecendo o quadro de depressão e o aumento de peso.

Notou-se que a depressão e a obesidade nas mulheres variam de acordo com a sua auto-imagem, ou

seja, o quanto se sentem distantes dos modelos de beleza da sociedade. A compulsão por comida

seria uma forma de compensar uma falta, geralmente a de afeto, assim como ao desejo inconsciente

de ser gorda.

O obeso apresenta aspectos emocionais e psicológicos identificados como causadores ou conse-

qüências ou retroalimentadores da sua condição de obeso, concomitante a uma condição clínica e

educacional alterada. Na obesidade, nem sempre o tratamento farmacológico é a primeira opção

terapêutica; este deve, antes, compor o tratamento que deve ser pautado numa abordagem

multidisci-plinar. Dietoterapia associada à psicoterapia, por serem modalidades não invasivas,

devem ser sempre priorizadas (VASQUES et al., 2004)

Quando a depressão é diagnosticada mediante avaliação psicológica, dependendo da intensidade e

freqüência dos sintomas, pode ser necessário um apoio psicoterápico individualizado. É importante

ressaltar que o tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar, envolvendo médico, nutricionista,

psicólogo, assistente social, enfermeira, bem como professor de educação física (RAPOSO, et al. 2008)

Conclui-se, portanto, que é indispensável que os profissionais da saúde devam estar atentos e habilita-

dos à compreensão multifatorial das doenças e é de grande relevância compreender os determinantes

genéticos, orgânicos, desencadeantes e agravantes psicossociais relacionados à depressão para que se

possa realizar um diagnóstico diferencial, visando um atendimento integral às pessoas portadoras dessas

doenças. Faz-se necessário também a participação dos familiares e amigos para que haja me-lhor adesão

ao tratamento e obtenção de bons resultados. (LUIZ et al. 2005).

REFERÊNCIAS

BAPTISTA, M. N.; VARGAS J. F. e BAPTISTA A. S. D. Depressão e qualidade de vida

em uma amostra brasileira de obesos mórbidos. Aval. Psicol. v.7 n.2 Porto Alegre ago. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Obesidade. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de

Atenção Básica. –Brasília, 2006.

CAPITÃO, C. G. e TELLO, R. R. Traço e estado de ansiedade em mulheres obesas. Psicol. hosp. (São Paulo) v.2 n.2 São Paulo dez. 2004.

LUIZ, A. M. A. G.; GORAYEB, R.; JUNIOR, R. D. R. L. e DOMINGOS, N. A. M. Depressão, ansie-

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dade, competência social e problemas comportamentais em crianças obesas. Faculdade de Medicina

e Enfermagem de São José do Rio Preto. Estudos de Psicologia 2005, 10(3), 371-375.

RAPOSO, J. V.; FERNANDES, H. M.; MANO, M. e MARTINS, M. Relação entre exercício

físico, depressão e índice de massa corporal. Motri. v.5 n.1 Santa Maria da Feira jan. 2009.

SALVE, M. G. C. Obesidade e Peso Corporal: riscos e conseqüências. Movimento e Percepção, Es-

pírito Santo de Pinhal, SP, v.6, v.8, Jan./Jun. 2006-ISSN 1679-8678.

VASQUES, F.; MARTINS, F.C.; de AZEVEDO. Aspectos psiquiátricos do tratamento da

obesidade. A.P. Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 195-198, 2004

PALAVRAS-CHAVE: Estudo, relação, obesidade, depressão.

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ANAIS.indd 152-153

O DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO) NO MUNICÍPIO DE

ADUSTINA BAHIA

Josefa Menezes Andrade

[email protected]

Louise Kathleen Freire Barroso

[email protected]

Maralise Santa Barbara Gois

[email protected]

Adriana Marquilene Nunes Viana

[email protected]

INTRODUÇÃO

Por muito tempo a sociedade acreditou que os recursos naturais eram inexauríveis, o que

gerou uma grande degradação ambiental. Atualmente crescem as preocupações com o ambiente

com relação ao desperdiço da matéria-prima e de energia. Nossa civilização chega ao século XXI

como uma civilização marcada pelo acúmulo de resíduos mais conhecido como resíduos sólidos,

lixo. A sociedade industrial e tecnológica tem a responsabilidade de assimilar novos produtos no

mercado a menos custo e a acima de tudo com menos danos à natureza.

OBJETIVO

Mostrar o destino dos resíduos sólidos no município de Adustina - Bahia.

METODOLOGIA

Utilizou-se da pesquisa de campo com uma análise qualitativa dos dados colhidos, no ano de 2010 no município de Adustina-Ba.

RESULTADOS

O lixo no município de Adustina é depositado em um lixão a céu aberto; não há qualquer tipo

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de seleção ou tratamento do lixo; o município não utiliza técnicas de reciclagem dos resíduos; o

lixo, depois de depositado no lixão é queimado.

CONCLUSÃO

Os lixões a céu aberto representam uma grande ameaça à vida. A reciclagem é um dos cami-

nhos na direção da sustentabilidade e da responsabilidade social, pois, no constante

desenvolvimento socioeconômico, a sociedade atual tem levado em conta além da melhoria da

qualidade de vida das pessoas, a preocupação como meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Lixo; Resíduos sólidos; Meio ambiente; Riscos a saúde.

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AÇÕES AFIRMATIVAS VERSUS MÉRITO NO VESTIBULAR: UM ESTUDO

SOBRE O DEBATE JUDICIAL EM TORNO DO PROGRAMA DE AÇÕES

AFIRMATIVAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

José Lucas Santos Carvalho

[email protected]

Kelly Helena Santos Caldas

[email protected]

INTRODUÇÃO

As políticas de ação afirmativa para afrodescendentes e seus respectivos mecanismos de im-

plementação, notadamente na educação pública superior brasileira, recolocaram na pauta dos

debates públicos do Brasil contemporâneo a questão racial, como também a constitucionalidade ou

não das políticas públicas de mitigação das diferenças. As discriminações positivas no âmbito

educacional suscitaram vigorosas divergências jurídicas, notadamente sobre sua compatibilidade

com o texto constitucional.

Assim, as várias contestações judiciais à adoção de políticas de ação afirmativa para negros nas

Uni-versidades Públicas acabaram por criar uma nova demanda para os juízes, a qual levou o

Judiciário a esboçar respostas jurídicas ao desafio constitucionalmente posto de se construir uma

sociedade mais justa, solidária, tolerante, integrada e igualitária.

Até o Supremo Tribunal Federal se posicionar pela constitucionalidade das ações afirmativas houve

em todo o país decisões divergentes sobre o programa de cotas e, em Sergipe não foi diferente. Para Faria (2002), o Judiciário, provocado adequadamente, pode ser um poderoso instrumento de forma-

ção de políticas públicas.

Pela sua natureza, o debate judicial permite o avanço da democracia ao permitir as discussões de

temas relevantes. Seja lá qual for a nossa opinião a respeito de temas como censura, liberdade de

imprensa, aborto, direitos de minorias, direito de greve, etc., sua submissão a uma discussão judicial

amplia o espaço de democracia, porque exige, com mais ou menos sucesso, a racionalidade das pro-

postas divergentes. Daí a importância desta pesquisa quando busca discutir como o tema das ações

afirmativas foi debatido na Justiça do Estado de Sergipe no ano de 2010, primeiro ano do programa

no estado, cuja população negra é a segunda maior do nordeste, com cerca de 80% de negros.

MÉTODOS

Com relação à amostra, foram coletadas as sentenças das ações impetradas contra o Programa de

Ações Afirmativas da Universidade Federal de Sergipe – PAAF/UFS, proferidas pelos juízes da

Justiça Federal do Estado de Sergipe no ano de 2010.

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Tais documentos foram coletados no sítio eletrônico da Justiça Federal Seção Judiciária de

Sergipe. Os documentos colhidos passaram por um procedimento analítico quantitativo e qualitativo

do seu conteúdo. Concernente à analítica conceitual foi empreendido o uso de pesquisa

bibliográfica, visando a apropriação teórica das discussões contemporâneas sobre a matéria. Uma

vez realizada esta etapa, analisou-se em caráter hermenêutico as decisões judiciais. Ao final da

pesquisa foi possível delinear a postura da Justiça Federal Sergipana diante do tema atual e

relevante da adoção de ações afirmativas no Brasil e perante o debate que se estabeleceu com a

implementação do PAAF/UFS, entre a adoção de ações afirmativas, com base no princípio da

igualdade material, e o princípio do mérito no vestibular.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A coleta dos dados deste estudo foi feita no sítio da Justiça Federal de Sergipe

(www.jfse.jus. br), a partir da busca processual por nome da parte (Universidade Federal de

Sergipe), sendo possível verificar, no primeiro momento, que o instrumento mais utilizado pelos

autores das ações judiciais foi a ação ordinária, totalizando 59, seguida por 35 mandados de

seguranças e apenas uma ação declara-tória incidental, resultando em um total de 95 ações.

Da análise das decisões, observou-se que os magistrados ao julgarem o primeiro processo

sobre o tema, utilizaram a mesma fundamentação nas sentenças seguintes, pois já possuem o seu

convencimento formado. Assim, foi escolhida uma sentença proferida por cada magistrado para

apre-sentação da sua fundamentação.

A partir dos resultados iniciais alcançados, que serão expostos individualmente nos tópicos

referentes a cada Vara Federal, foi feita uma triagem inicial das sentenças colhidas, com a

finalidade de se apurar se a sentença adentrava ou não no dilema existente acerca da

constitucionalidade do programa. Isso porque, durante a pesquisa, constatou-se a existência de

outras ordens de assuntos que são judicializados no debate sobre as cotas, já que há também ações

ajuizadas por vestibulandos que queriam ser enquadrados como cotistas, mas não o foram, em

função de terem estudado parte da vida apenas em escola pública, ou a escola não é pública, mas

tem finalidade filantrópica e mais uma série de situações que não se identificam com o objeto da

presente pesquisa, pois constituem outra vertente do assunto.

Assim, passamos ao exame do entendimento de cada Vara Federal para ao final delinear o

posicionamento majoritário da Justiça Federal de Sergipe sobre o PAAF/UFS.

O ENTENDIMENTO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE

A juíza titular da 1ª Vara Federal, Telma Maria Santos, ao julgar a Ação Ordinária, processo nº

0001372-67.2010.4.05.8500, ajuizada por Júlio César Melo dos Santos Júnior objetivando a sua

matrícula no curso de fisioterapia da UFS, no turno matutino, decidiu pela procedência dos pedidos

contidos na peça inicial e orientou-se, em síntese, pelos seguintes fundamentos e questionamentos: Para

a magistrada, o sistema de cotas instituído pela UFS objetiva garantir o acesso de grupos menos

favorecidos aos cursos por ela ministrados, e não obstante a constatação de quanto os negros foram

vítimas de injustiças atrozes, tem-se indagado se a pouca representatividade deles nas Universidades

Públicas decorre do fato da cor, ou da dificuldade e, até mesmo, em alguns casos, da impossibilidade de

terem acesso a um ensino de qualidade que possibilite condições suficientes de aprendizagem,

156 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 156-157

situação que, na verdade, acomete boa parte da população e mais fortemente, é de se reconhecer, os

afrodescendentes, maioria, segundo apontam dados do IBGE.

Segundo o posicionamento de Telma Maria Santos, o critério renda familiar possivelmente

parece mais palatável do que o baseado na cor porque além de alcançar os carentes existentes entre

os afrodescendentes, também alcança os carentes de cores diversas. Diferentemente da Juíza Telma

Maria Santos, o juiz substituto da 1ª Vara Federal, Fábio Cordeiro de Lima, diante de situação

análo-ga, ao julgar a Ação Ordinária, processo nº 0000736-04.2010.4.05.8500, ajuizada por Nataly

Leite de Castro, a qual requeria a declaração de inconstitucionalidade da Resolução nº 80/2008 que

instituiu o sistema de cotas, com a consequente matrícula da autora para o curso de medicina,

decidiu pela improcedência do pedido autoral.

Para o magistrado, as políticas de ações afirmativas têm por precípua finalidade dar efetivi-

dade ao conteúdo do princípio da isonomia. Salienta ainda que, as ações afirmativas possuem

caráter temporário e devem ser acompanhadas de medidas que tornem cada vez mais desnecessária

a sua utilização.

O ENTENDIMENTO DA 2ª VARA FEDERAL DE SERGIPE

O juiz substituto da 2ª Vara Federal, Fernando Escrivani Stefaniu, ao julgar a Ação

Ordinária, processo nº 0000941-33.2010.4.05.8500, ajuizada por Mariana Oliveira Andrade visando

obter a in-validação da Resolução nº 80/2008 que instituiu o sistema de cotas, com a consequente

matrícula da autora para o curso de direito diurno, decidiu pela procedência do pedido autoral.

O magistrado expõe que o sistema de cotas está alinhado com o princípio da isonomia e a

concretização dos Direitos Fundamentais, encontrando seu fundamento no conteúdo material e di-

nâmico do princípio da isonomia. Para ele, o pressuposto de ordem fática calcado na constatação de

um desequilíbrio relevante de oportunidades dita a necessidade de medidas diferenciadoras voltadas à produção de um resultado final de equilíbrio. Todavia, afirmar a adequação teórica do sistema de

cotas em relação ao princípio da isonomia, não satisfaz, por insuficiente, a indagação sobre a legiti-

midade da providência concretamente adotada pela Universidade Federal de Sergipe, devendo

avaliar dois pontos relevantes: a aptidão normativa e a proporcionalidade da medida.

Portanto, a distorção destes conceitos constitui violação ao sentido da Constituição e produz, por

consequência, atos materiais ou legislativos desprovidos de legitimidade jurídica. Corroborando com a

tese levantada, o magistrado apresentou precedentes em que o Supremo Tribunal Federal teve a

oportunidade de esclarecer o espectro relativo e materialmente delimitado da autonomia universitária.

O juiz titular da 2ª Vara Federal, Ronivon de Aragão, ao julgar os processos de sua

atribuição filiou-se a fundamentação do juiz substituto Fernando Escrivani Stefaniu, adotando-a em

sua íntegra, assim no julgamento do Mandado de Segurança, processo nº 0000550-

78.2010.4.05.8500, impetrado por Thaísa Calumby Lima com a finalidade de obter a determinação

judicial para que lhe fosse pro-movida a matrícula no curso de odontologia, o magistrado concedeu

a segurança para determinar à autoridade impetrada que efetue a referida matrícula.

O ENTENDIMENTO DA 3ª VARA FEDERAL DE SERGIPE

O juiz titular da 3ª Vara Federal, Edmilson da Silva Pimenta, ao julgar a Ação Ordinária, processo nº

0000951-77.2010.4.05.8500, ajuizada por Thaysa Souza Santana pedindo a sua matrícula no curso

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de direito diurno da UFS e a declaração incidental da inconstitucionalidade/nulidade da Resolução

nº80/2008 decidiu pela procedência dos pedidos contidos na peça inicial.

Na fundamentação o magistrado orientou-se pelo entendimento de que a República Federativa do Brasil

que é um Estado Democrático de Direito e tem como uns dos seus pilares o princípio da legali-dade e o

da igualdade, possuindo entre os seus objetivos fundamentais a proibição da discriminação, daí que o

tratamento diferenciado entre os cidadãos somente é possível quando autorizado pela Lei Maior.

Assim, para o magistrado o estabelecimento do sistema de cotas para ingresso nas universidades pú-

blicas é, antes de tudo, uma questão jurídica, que não encontra amparo na Carta Magna, onde foi ve-

dado tratamento discriminatório dessa natureza e que sequer a lei ousou disciplinar. Diante disso, não há

nos dispositivos constitucionais qualquer autorização para edição de Resolução pela universidade,

disciplinando qualquer forma de ingresso mediante discriminação por qualquer critério.

Em sentido diverso, o juiz substituto da 3ª Vara Federal, Rafael Soares Souza, ao julgar a Ação Or-

dinária, processo nº 0000893-74.2010.4.05.8500, ajuizada por Samara Dourado Matos, inscrita nas

vagas para não cotistas, a qual questionava o sistema de cotas da UFS, qualificando-o como

inconsti-tucional, decidiu pela improcedência do pedido autoral.

Quanto aos argumentos favoráveis têm: o combate aos efeitos presentes da discriminação passada; a

promoção da diversidade; a natureza compensatória das ações afirmativas; a criação de modelos posi-

tivos para estudantes e as populações minoritárias e a provisão de melhores serviços às comunidades

minoritárias. Os argumentos contrários fundamentam-se na necessidade de observância do mérito e a

consequente injustiça quanto aos adversários do regime comum de competição; tensão entre um modelo

de proteção individual ou grupal dos direitos e a gravidade de algumas modalidades de ação afirmativa;

caráter prejudicial às minorias raciais, dado o reforço dos estigmas e preconceitos deles decorrentes;

violação ao princípio da legalidade e na igualdade nas condições de acesso e permanên-cia na escola [e

universidade] prevista no art. 206, I da Constituição.

CONCLUSÃO

No tocante a análise dos posicionamentos dos magistrados federais sergipanos nas ações im-

petradas contra o PAAF/UFS no primeiro ano do programa, 2010, chegou-se ao resultado de que

ape-sar de majoritariamente a Justiça Federal de Sergipe ser contrária ao programa de cotas, tal

posiciona-mento não se mostra pacificado. Uma vez que, existem fundamentações diversas para a

resolução do mesmo conflito social, a qual perpassa por dois princípios cruciais: o princípio da

igualdade material e o princípio do justo mérito.

Em breve síntese, os contrários a tais medidas afirmam que a Constituição Federal, nos seus artigos

3º, inciso IV, e 4º, inciso VIII, veda preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação, além do art. 5º, caput, assegurar que todos são iguais perante a lei,

sem distinção de qualquer natureza.

Em razão deste mandamento constitucional, para que a discriminação positiva estabelecida pela

Uni-versidade Federal de Sergipe fosse constitucional era necessário a sua previsão expressa, já que

o princípio da legalidade pondera e limita a aplicabilidade do princípio da igualdade material.

Outro aspecto amplamente rebatido pelos magistrados contrários ao Sistema de Cotas da UFS foi a

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ANAIS.indd 158-159

formalidade adotada pela Universidade para estabelecer a ação afirmativa, a qual se deu mediante

resolução administrativa. Segundo estes, o princípio da autonomia acadêmica não pode ser visto de

maneira ampliada e absoluta, devendo-se ser sempre analisado em consonância com os demais

man-damentos constitucionais, sob pena de extrapolar suas funções.

Enquanto isso, os favoráveis à ação afirmativa específica das cotas, por sua vez e também em breve

síntese, argumentam que o artigo 3º, inciso III, impõe como objetivo fundamental da República

erra-dicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais, ao passo que já é

superada na doutrina a alegada vedação à discriminação positiva (também chamada de tratamento

preferencial), voltada justamente a assegurar a igualdade material (e não apenas formal) entre os

integrantes de um Estado.

Para os favoráveis ao sistema de cotas da UFS, o mesmo mostra-se adequado e eficaz, uma vez que

o princípio da autonomia administrativa possui bases constitucionais capazes de legitimar a adoção

de medidas educacionais concatenadas com as diversas diferenças e realidades sociais apresentadas. Diante da “privatização” das universidades públicas, as quais são maciçamente frequentadas por

egressos das instituições particulares de ensino, a mobilidade social mostra-se inaplicável se não

fos-se a adoção desses mecanismos de redução das desigualdades e geradores de maiores

oportunidades aos estudantes de baixa renda, os quais são, predominantemente, de cor negra.

PALAVRAS-CHAVE: Direito à educação; Políticas públicas de Ação Afirmativa; Poder

Judiciá-rio.

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DEVERIA HAVER PENA DE MORTE NO BRASIL?

Luan Wesley Santana de Jesus

[email protected]

RESUMO

Este ensaio tem como pretensão, discutir com racionalidade, se a pena de morte deveria ser

adotada no Brasil. É notória a precariedade dos sistemas de contenção da violência. O espantoso

cres-cimento de nossa população carcerária, e a incapacidade da prisão, em ressocializar os

delinquentes, tornar o indivíduo criminoso em não criminoso.

A incapacidade de nosso sistema de controle criminal é, consequentemente, revelador da ne-

cessidade de uma profunda reforma no sistema de prevenção criminal e não apenas isso, é

necessário que as causas da violência também sejam adequadamente tratadas. Além disso, devemos

levar em consideração os Direitos Fundamentais e Humanos apresentados na Constituição vigente.

Pois assun-tos deste cunho (pena de morte, prisão perpetua), acabam ferindo os nossos princípios.

O trabalho foi realizado, através de livros, doutrinas, jurisprudências e aulas assistidas no

trans-correr do período. E dentre os argumentos favoráveis a pena de morte, temos a realidade do

nosso país que não são das melhores. O auto índice de violência, o crescimento da população

carcerária, a precariedade das prisões. Este tipo de pena poderia diminuir o índice de criminalidade

solucionar estes problemas.

Nos últimos anos, o Brasil presenciou grandes calamidades, como o caso de Eloá Cristina o

mais longo sequestro em cárcere privado já registrado, e morta pelo ex-namorado, caso este que

adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Isso mostra a fragilidade do sistema de con-

tenção da violência, esta fatalidade poderia ter sido evitada se o Estado oferecesse mais segurança.

E também, o de Isabella Nardoni, que foi arremessada da janela do 6º andar de um prédio.

Os autores deste crime hediondo, Alexandre Nardoni e Anna Jatobá, praticaram este ato, sa-

bendo das consequências que iriam sofrer, no sentido da forma que seriam condenados pelo ocorrido.

Se existisse pena de morte, para crimes como este, acredito que os mesmos não teriam coragem de fazer

isto. Então fatos como estes fazem com que a população se revolte cada vez mais com o Estado.

E peçam que adotem outro sistema.

Quanto à preservação dos Direitos Humanos do condenado da pena de morte, questiona-se se,

com a atitude brutal que os mesmos praticam o ato, poderiam ser considerados humanos. Por fim,

também temos a economia, que, o Estado acarretaria, no sentido em que não teria de bancar o de-

linquente em toda sua estadia no sistema prisional. E este dinheiro poderia servir para beneficiar a

sociedade em diversas formas.

Já, os argumentos contrários a pena de morte, temos os Direitos Fundamentais. Cujo o obje-

tivo é assegurar aos indivíduos proteção contra o Estado e contra os particulares, ao mesmo tempo

que reafirma a sua própria condição humana, é o direito com base na dignidade da pessoa humana,

reconhecidos e protegidos pelo Estado. Tudo isto esta contido no artigo 1º da CF.

160 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 160-161

E também, os Direitos humanos, que, asseguram, declaram, que os homens nascem continuam

livres e iguais em direitos. E, que, as distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.

A pena de morte vai contra os direitos fundamentais, que são os direitos à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade. Neste caso, especialmente à vida que a Constituição Federal

proclama, que o Estado deve assegurar, o direito de continuar vivo, ter vida digna quanto à

subsistên-cia e de certa forma até de nascer, para os indivíduos.

E também, deve-se levar em consideração a tortura que vão submeter-se as pessoas que forem

punidas com este regime. O art. 5º da CF prevê que ninguém, será submetido a tortura nem a trata-

mento desumano ou degradante.

Beccaria (1998) questiona em sua obra Dos delitos e das Penas. “Quem poderia ter concedido

a homens o direito de fazer degolar seus iguais?” e também afirma ser um absurdo que as leis, que

são a expressão da vontade pública e que detestam e castigam o homicídio, o cometam elas

próprias, e para afastarem os cidadãos do assassinato ordenem elas próprias um assassinato público.

O mesmo através de argumentos como estes, pede simplesmente a anulação da pena de morte, por

considerá-la bárbara e inútil.

Enfim, conclui-se que não é uma simples decisão, pois não caberia a pena de morte no Brasil. Como apresentado nos argumentos acima, e também, em um projeto de Emenda Constitucional

para introduzir a pena de morte no país já é inconstitucional. Assim, pois, de acordo com a

Constituição o direito à vida é um direito individual expressamente proclamado e garantido. A

disposição constitu-cional é clara e direta, não deixando qualquer dúvida sobre isso.

E o artigo 60, que trata das Emendas Constitucionais, enumera no § 4º as únicas hipóteses

em que não poderá ser admitida proposta de emenda. Que contém em síntese que o direito à vida é

fundamental e intocável. No sistema jurídico brasileiro o direito à vida é reconhecido e assegurado

como um dos direitos fundamentais do indivíduo, direito que nenhuma pessoa e nenhum órgão pode

restringir nem pode pretender eliminar. É evidente que o país necessita de melhoras, para a

contenção da violência, mas, a pena de morte não seria a melhor opção.

PALAVRAS-CHAVE: Pena de Morte, Direitos Humanos e Fundamentais.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 161

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A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA MELHORIA DA QUALIDADE

DE VIDA DOS CUIDADORES DE PACIENTES COM DOENÇA DE

ALZHEIMER

Maria Riso Barbosa do Nascimento

[email protected]

Maria Eulidênia Oliveira Carvalho

[email protected]

Ana Carla Oliveira Santos

[email protected]

Regivânia Souza Silva

[email protected]

INTRODUÇÃO

O aumento do número de idosos no mundo é algo perceptível, pois o avanço da tecnologia

aliado à melhor qualidade de vida proporciona ao homem maior expectativa em relação à mesma

levando as pessoas a ficarem idosas e consequentemente adquirirem problemas decorrentes da

idade. A doença de Alzheimer é um deles, pois acomete os indivíduos principalmente após os 60

anos. O diagnóstico da D.A. é desanimador, porque a mesma, segundo Smith e Timby, 2005, não

tem cura, e, de acordo com os mesmos autores é um distúrbio cerebral progressivo e deteriorante de

início precoce antes dos 60 anos de idade, e de inicio tardio após 60 anos.

O objetivo desse trabalho é discutir sobre os cuidadores dos pacientes com a D.A e o impacto

trazido por ela à vida dos mesmos e de que forma o enfermeiro pode contribuir para melhorar a qua-

lidade de vida destes indivíduos, nesse sentido, o estudo tem uma grande relevância, uma vez que se

torna necessário uma orientação profissional especializada a estas pessoas que cuidam de pacientes com

DA. Esta orientação deve ser direcionada através de intervenções de enfermagem, tendo como objetivo

minimizar os problemas causados pela doença na vida de portadores e cuidadores.

METODOLOGIA

O estudo realizado trata de uma revisão de literatura descritiva exploratória, cuja coleta de

da-dos foi efetuada por meio de levantamento bibliográfico, baseado em artigos encontrados na

internet pelas bases de dados Scielo. Vários textos foram previamente selecionados e, após leitura e

avalia-ção, foi feita a seleção final de acordo com os objetivos do trabalho. Os autores e suas visões

foram estudadas, mostrando como a Doença de Alzheimer afeta além do portador o cuidador dos

pacientes portadores da mesma. Tendo como descritores utilizados: Cuidador, Doença de

Alzheimer, Enferma-gem.

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ANAIS.indd 162-163

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Doença de Alzheimer compromete em grande escala a vida dos cuidadores dos pacientes,

pois, estes, na maioria das vezes deixam de viver suas próprias vidas para se dedicarem ao cuidado

ao portador da mesma. A esse respeito, Luzardo, Et al, 2006, comenta que a “necessidade de

cuidados ininterruptos, o difícil manejo das manifestações psiquiátricas e comportamentais,

somadas às vivên-cias dos laços emocionais positivos e negativos experienciados pelo convívio

anterior à instalação da doença produzem desgaste físico, mental e emocional.” Sendo assim, é de

fundamental importância a intervenção do profissional enfermeiro no contexto da assistência ao

cuidador, tendo em vista que essa assistência poderá dar suporte, apoio, àquela pessoa que, pelas

circunstancias da vida, vê-se en-volvida com o paciente portador da DA, e com tudo o que esse fato

implica. Segundo Cruz e Handan, 2008, “melhores estratégias de gerenciamento de problemas

influenciam no ajustamento emocional do cuidador, refletindo-se em uma melhor assistência ao

paciente.” O enfermeiro, portanto, deve atuar como educador dos cuidadores, pois, este profissional

está habilitado para contribuir para o planeja-mento, realização e suporte para o cuidado.

CONCLUSÃO

Diante do estudo realizado, se pode concluir que o papel do enfermeiro(a) na assistência aos

cuidadores de pacientes portadores de DA tem relevada importância, pois, é a partir dessa assistên-

cia que essas pessoas terão a oportunidade de serem orientadas sobre como proceder naquilo que se

refere ao manejo com o paciente, a se inserirem em grupos de apoio como terapia familiar, terapia

individual, quando intervenções serão realizadas visando estabelecer um fluxo de informações entre

o profissional de enfermagem, outros profissionais e os cuidadores tendo como objetivo principal a

melhoria da qualidade de vida dos mesmos. Estas intervenções podem contribuir para minimizar os

problemas causados pela DA na vida de portadores e cuidadores.

PALAVRAS-CHAVE: Amor, cuidar, cuidar-se, dedicação, vida.

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O USO DA TECNOLOGIA COMO PROPOSTA DE AUMENTO DE RENDA E

DESENVOLVIMENTO NA AGRICULTURA

José Venicius Andrade Santos

[email protected]

Diego Andrade de Jesus Lelis

[email protected]

RESUMO

O objetivo deste artigo é destacar a importância do uso das tecnologias voltadas para a agri-

cultura, uma vez que as mesmas proporcionam aos agricultores, independentemente de seu porte

um aumento da produtividade, o crescimento social e econômico e o desenvolvimento do país. Para

al-cançar tal objetivo foi realizado um levantamento bibliográfico por meio de consultas a livros,

artigos e periódicos disponíveis em meios eletrônicos ou em acervos públicos, buscando refletir

acerca da importância da tecnologia na agricultura e o beneficio de tais praticas.

INTRODUÇÃO

A agricultura desempenha um papel de grande importância no mundo atual, e certamente

tende a aumentar impulsionada pelas evolutivas taxas de crescimento demográfico, pelo evidente

au-mento do número de pessoas a alimentar e ainda fomentada em atender as demandas de

oleaginosas e outros produtos para fins industriais.

Desde seu inicio até os dias atuais foi um período de longa aprendizagem, de evolução

consti-tuída em descobrimento de técnicas, ferramentas, utilização de insumos e defensivos para um

melhor aproveitamento de rendimento da produção.

Diante do aumento da necessidade de produção de alimentos, o homem passou a usar sua

inteligência para criar novas maneiras de construir instrumentos que fossem capazes de auxiliá-lo

na produção.

Nesse contexto as tecnologias voltadas para a agricultura, teriam a função de aumentar a

produção e fortalecer o mercado interno, gerando o crescimento econômico do país e dos

respectivos protagonistas desse crescimento, no caso, os agricultores sendo responsáveis pelo

desenvolvimento de uma classe forte de pequenos e médios produtores agrícolas, além da redução

substancial do pro-blema social, permitindo assim uma melhor distribuição de renda gerando dessa

forma um ciclo de crescimento e evolução econômica e social.

Mediante tais informações essa pesquisa visa destacar a importância do uso das tecnologias

para o crescimento econômico, fomentando a necessidade de sua utilização para tal crescimento

nes-sa área.

MATERIAIS E MÉTODOS

164 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 164-165

Foi realizada uma revisão bibliográfica por meio de consultas a livros, artigos e periódicos

disponíveis em meios eletrônicos, em acervos públicos e pessoais referente às temáticas que tratam

sobre o uso das tecnologias como peça fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento da

agri-cultura

Assim, através da análise de vários autores, pudemos fazer uma reflexão crítica sobre o re-

ferido tema, que são técnicas e manuseio de utensílios para a realização e aumento da produção na

agricultura fortalecendo a economia nacional e oportunizando o crescimento econômico do

individuo e de seu grupo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A modernização da agricultura, nas últimas décadas passa a ser fator de fundamental impor-

tância para o desenvolvimento do país e conseqüentemente como alavanca de ascensão econômica e

social para os pequenos, médios e grandes agricultores, o campo vem se transformando e fazendo

com que o setor agrícola passe a explorar novas áreas para suprir as necessidades de aumento na

produção interna e externa, visto que muito da produção nacional é voltada para atender o mercado

externo.

O campo sofreu sérias transformações possibilitando o crescimento da produção agrícola e a

expansão do setor agroindustrial, visto que, há uma interdependência nesse processo de ampliação

do mercado capitalista agrícola. Porém, deve-se ressaltar que esse desenvolvimento tecnológico na

agricultura não se da de forma homogênea em todo o território nacional e camadas sociais, os

médios e grandes produtores se sobressaem nesse contexto de modernização e produção, devido a

maior de-tenção de capital e acesso as tecnologias direcionadas a agricultura

Para Diniz (1986) não se pode pensar na agricultura apenas como meio de subsistência, pois

ela deve ter papel de destaque no processo global de desenvolvimento das nações, sobretudo do

mun-do subdesenvolvido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto, é possível perceber a importância do acompanhamento tecnológico pelo

campo e do uso das tecnologias para a agricultura, pois tal utilização proporciona aos agricultores o

aumento da produtividade na área rural, o crescimento social e econômico a partir da aquisição de

bens e conseqüentemente de sua área de plantio. Esta pratica contribuindo de forma ampla e signifi-

cativa para o desenvolvimento do setor e da economia nacional.

Dentro desse contexto O desenvolvimento do setor agrícola tem influenciado a permanência

do proprietário da terra no campo, motivado pelo aumento da produção, através do uso das tecnolo-

gias, aliado a valorização do seu trabalho e ao crescimento de sua renda favorecendo assim

oportuni-dades de melhorar sua qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia, Agricultura, Renda, Desenvolvimento,Produtividade.

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RESSOCIALIZAÇÃO: A POSSIBILIDADE DE MODIFICAR A REALIDADE

DE PESSOAS QUE POSSUEM O ESTIGMA ENRAIZADO PELA

SOCIEDADE

Erica Karine Santana Santos

[email protected]

Bianca Nayara Menezes Dias

[email protected]

Anesângela de Vasconcelos Vieira

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho aborda as questões sobre a deficiência do sistema prisional brasileiro, o

alto índice de reincidência de ex-detentos e principalmente os rótulos impostos pela sociedade,

sendo perceptível várias polêmicas e, consequentemente, o surgimento de indagações. Pretende-se

defender a ideia de que, apesar de considerada uma tarefa árdua, pois vai desde mudanças em todo

o sistema carcerário do país, ou seja, a devida aplicação e cumprimento das leis, até mudanças na

forma de ver e aceitar o ex-detento, apoiá-lo e não apenas discriminá-lo, é possível ressocializar

esse indivíduo que vem inserido nesse contexto de encarceramento envolto por todos os estigmas e

preconceitos. Porém, este deve ser um trabalho individual que deve partir de cada um de nós,

gerando assim um bem cole-tivo.

O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, este tipo de pesquisa é elaborada

com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material

impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos.

Os resultados obtidos no decorrer da pesquisa, nos remete a ideia de que a ressocialização

do detento é o principal objetivo da pena visto com caráter punitivo ou preventivo, mas para isso

deve haver uma mobilização de toda a sociedade, seja ela no respeito à pessoa humana e na chance

a mais que a sociedade deve dar ao ex-detento. Porém, o sistema penitenciário brasileiro é precário

e por isso comete injustiças e não cumpre com a sua função, sendo que no Brasil não há programas

de res-socialização e os poucos presídios que tentam, ou organizações que apoiam, são

“apedrejados” pela população desejosa por vingança que entende a recuperação de um criminoso

como “proteção aos bandidos”. Para a sociedade em geral um ex-delinquente é sempre visto como

um inimigo e nunca como um cidadão.

Haja vista a realidade acima delineada, acreditamos que a ressocialização é sim possível,

mas antes é preciso haver uma mudança radical do Estado e na sociedade em geral, visto que

vivemos em uma cultura totalmente preconceituosa. Portanto, não podemos esquecer que apesar de

se tratar de indivíduos que foram totalmente contra as normas, leis e padrões impostos pela

sociedade, ou seja, indivíduos desviantes que certamente prejudicaram vidas de pessoas tratam se

antes de qualquer coisa de seres humanos.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema prisional; ressocializar; detento e estigma.

166 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 166-167

A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO

DA ERISIPELA

Maria Eulidênia Oliveira Carvalho

nenezinha¬[email protected]

Juliana de Souza Correia

[email protected]

Alexssandro Araújo França

[email protected]

Maria Riso Barbosa

[email protected]

RESUMO

A Erisipela é um processo infeccioso cutâneo, podendo atingir a gordura do tecido celular

subcutâneo, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. A erisipela ocorre por-que

uma bactéria (um Estreptococo) penetra numa pele favorável à sua sobrevivência e reprodução. A porta

de entrada quase sempre é uma micose interdigital (as famosas “frieiras”), mas qualquer ferimento pode

desencadear o mal. Os primeiros sintomas podem ser aqueles comuns a qualquer in-fecção: calafrios,

febre alta, astenia, cefaleia, mal-estar, náuseas e vômitos. As alterações da pele po-dem se apresentar

rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e edema (inchaço) até a formação de bolhas

e feridas por necrose (morte das células) da pele. A localização mais frequente é nos membros

inferiores, na região acima dos tornozelos, mas pode ocorrer em outras regiões como face e tronco. No

início, a pele se apresenta lisa, brilhosa, vermelha e quente. Com a progressão da infecção, o inchaço

aumenta, surgem as bolhas de conteúdo amarelado ou achocolatado e, por fim, a necrose da pele. A

doença deve ter cuidados especiais, para um bom prognóstico, por isto é essencial ter o

acompanhamento de profissionais capacitados para instruir o paciente e cuidar do mesmo, para que

assim seja alcançada a reabilitação. Portanto, o estudo tem como objetivo divulgar a importância do

enfermeiro diante do tratamento de feridas. O trabalho foi realizado com o paciente J.E.B. de 46 anos,

morador da cidade de Moita Bonita o qual já estava internado há onze dias no Hospital Pedro Garcia

Moreno Filho na cidade de Itabaiana/se, com diagnóstico de Erispela. O estudo foi realizado através de

um estudo de caso que possibilitou o acompanhamento durante três semanas. No primeiro contato com

o paciente a lesão se caracterizava em faze de necrose em seu membro inferior direito e sinais

flogísticos. O curativo era realizado todos os dias para que fosse realizada uma avaliação do tipo de

tratamento que deveria seguir. Para que fosse traçado o tratamento, e os cuidados de enfer-magem, foi

aplicado a Sistematização da Assistência de Enfermagem no paciente. O paciente acom-panhado teve

que realizar um debridamento físico, pois estava sendo feito o curativo com papaína a 10% há dez dias e

não estava fazendo efeito. Após o debridamento, o curativo ficou sendo realizado duas vezes ao dia

fazendo uso da papaína a 10%, fato este que fez a acadêmica questionar o tipo de medicamento que

estava sendo usado, então, a prescrição foi mudada para papaína a 2% e hidrogel. Além do tratamento com os antibióticos de acordo com a prescrição médica. Depois do debridamento

físico a lesão ficou com alguns pontos de fibrina com a maior parte de tecido de granulação. Devido a

profundidade da ferida, teve que ser realizado o enxerto e após três dias o paciente recebeu alta para

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 167

19/07/2014 10:21:47

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dar continuidade ao seu tratamento em casa. O presente estudo de caso teve o compromisso com a

assistência prestada ao cliente, podendo assim obter um melhor prognóstico, já que no primeiro

con-tato que o grupo teve com J.E.B. pode verificar a presença de uma grande lesão, ou seja, uma

úlcera já em necrose fazendo o uso da papaína a 10% já há dez dias sem resultado satisfatório tendo

que se submeter à debridação cirúrgica. Após o debridamento o cliente permaneceu fazendo uso da

papaína a 10%, fato este que fez o grupo questionar o tipo de medicamento que estava sendo usado,

então, a prescrição foi mudada para papaína a 2% e hidrogel. Fomos informados que o cliente

passou por um procedimento cirúrgico de enxerto, e hoje já se encontra em casa e se recupera bem.

É importante que o enfermeiro conheça a sistematização para que seja um provedor e preveja com

antecedência a importância da sua atuação. Também é fundamental para um bom trabalho em

equipe. O enfermeiro utiliza um processo de tomada de decisão para determinar um diagnóstico de

enfermagem, projetar um resultado desejado e selecionar intervenções pra chegar a um resultado.

Esse é o enfermeiro que se deve ter nos dias atuais, tendo uma visão holística de cada cliente,

praticando o cuidado e capaci-tando sua equipe para uma assistência humanizada.

PALAVRAS-CHAVE: Erisipela; doença; bactéria, ferida, curativo.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PORTADOR DE

DIABETES MLLITUS APRESENTANDO COMPLICAÇÕES CRÔNICAS

VASCULARES: RELATO DE CASO BASEADO NA TEORIA DO

AUTOCUIDADO DE OREM

Valdiceia da Silva Dantas Gama

[email protected]

Michel Oliveira Caldas

[email protected]

INTRODUÇÃO

Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, o número de portadores da doença em

todo o mundo era de 177 milhões em 2000, com expectativa de alcançar 350 milhões de pessoas em

2005. No Brasil são cerca de seis milhões de portadores, a números de hoje, mas deve alcançar 10

milhões de pessoas em 2010 (BRASIL, 2006). Segundo o SIAB, na Bahia existem 10.356, sendo que do

sexo feminino o índice é maior do que no sexo masculino, pois há aproximadamente 7.030 mulheres

diabéticas e apenas 3.330 homens acometidos por essa patologia. E em Ribeira do Am-paro-BA,

existem cerca de 290 portadores de diabetes, ou seja, 2,04% da população dessa cidade estão

acometidos por essa doença. Esse índice é maior entre pessoas de 15 anos ou mais, sendo que existe

apenas um caso entre pessoas de 0 a 14 anos (DATASUS). Esse trabalho mostrou-se de extre-ma

importância, pois os resultados foram motivadores para a cliente e para equipe de enfermagem. Assim sendo, tornou-se interessante, buscar respostas a várias indagações surgidas. Como se sente o

paciente portador de Diabetes Mellitus? Quais as mudanças no seu estilo de vida? A doença alterou

o seu comportamento? Como é viver com a doença apresentado comprometimento vascular? Como

se sente emocionalmente e socialmente?

OBJETIVO

Mostrar a importância do cuidado de enfermagem a um paciente portador de Diabetes Melli-

tus e com comprometimento vascular, utilizando os diagnósticos e intervenções de Enfermagem.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, que é

uma modalidade de estudo que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e

significativas de episódios da vida real, como ciclos de vida individuais e processos organizacionais

administrativos. Este tipo de estudo ainda contribui, de maneira inigualável, para a compreensão dos

fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. Essa coleta foi feita no

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 169

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período de 14 a 18 de outubro de 2010. Os critérios de inclusão do paciente estabelecidos para a pes-

quisa foram: 1. Paciente portador de diabetes, 2. Precisar de cuidados dos profissionais de saúde e 3.

Aceitar participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados na residência da paciente, através de uma entrevista semiestruturada, o

qual continha os dados de identificação, história da doença, historia familiar.

DISCUSSÃO

Segundo Brasil (2006), a maioria dos casos de diabéticos apresenta excesso de peso ou depo-

sição central de gordura. Em geral, mostram evidência de resistência á ação da insulina e/ou defeito na

secreção de insulina, manifesta-se pela incapacidade de compensar essa resistência. Em alguns é

normal, é o defeito secretor mais intenso. É possível considerar que o uso da teoria do Autocuidado é

um instrumento válido, o qual nos ajudou a promover uma comunicação mais objetiva entre pesquisa-

dor e pesquisado, adequando de certa forma, planejamento da assistência de enfermagem a problemá-

tica desta paciente. Consideramos também, que o processo de enfermagem baseado em Orem nos deu

subsídios para a aplicação sistemática dessa assistência, fazendo-se mudanças necessárias ao plano de

cuidado da paciente. Através da aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

pudemos identificar os diagnósticos e intervenções de enfermagem concernente para esse caso. Em-

basadas na teoria de Orem observamos a necessidade de envolvimento da paciente na assistência, o que

promove maior adesão à terapia utilizada e satisfação pessoal para a cliente e equipe.

CONCLUSÕES

A aplicação da SAE a esta paciente permitiu confirmar a concepção que os autores Valcapelli &

Gasparetto já possuíam, que paciente diabético não pode ser visto somente como um ser biológi-co, mas

também levado em consideração seu lado psicológico e social. Podemos perceber isso com mais clareza

quando Valcapelli & Gasparetto citam: Independentemente da predisposição genética, a manifestação

da diabetes está relacionada a períodos de graves distúrbios emocionais, como rupturas no lar,

frustações afetivas, profissionais ou estresse (2006, p.150). Por intercessão da realização deste estudo

pudemos evidenciar que, por meio da assistência embasada na teoria de Orem, foi possível identificar os

déficits de autocuidado, e que é relevante operacionalizar o processo de enfermagem tomando como

referência um modelo de assistência, pois facilita a identificação de diagnósticos de enfermagem, bem

como o desenvolvimento de sua prática. Percebe-se com este caso que os fatores emocionais

influenciam diretamente no aparecimento da diabetes, pois, além da predisposição gené-tica, a vida

social do cliente conta muito. E nesse caso isso fica evidenciada pela aparente situação emocional da

paciente em questão. Portanto, o cuidado é a essência do ser humano.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Diabetes Mellitus; Paciente; Autocuidado, Assistência.

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A ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL

Marta Andrade Carregosa

[email protected]

RESUMO

Trata-se de artigo que procura analisar a importância da ética na profissão contábil, como um

ponto diferencial de qualidade do seu trabalho buscado pelas organizações. O contabilista irá vivenciar

situações em que o interesse aparecerá fortemente e é nesta hora em que ele deve exercer seus dilemas

éticos sobre o determinado problema, diferenciando o certo do errado e agindo a favor do bem-estar da

sociedade proporcionando assim a justiça. A ética possui como objetivo o estudo do comportamento

humano no meio em que está inserido, buscando os questionamentos das atitu-des morais e valores

pessoais, o indivíduo constrói seu próprio conjunto de valores e crenças, o que determina o

comportameto diante das situações a serem vivenciadas na busca incessante dos seus objetivos, agindo

conforme sua razão. Assim, cada pessoa possui e determina seus interesses e fará o possível para

alcançá-los, consequentemente é natural que surjam conflitos, é nessas diferenças e desentendimento

entre os indivíduos que a ética pretende estabelecer o comportamento adequado à convivência em

sociedade. O código de ética tem por finalidade indicar um padrão de conduta pro-fissional

demonstrando o que é permitido ou não, tornando assim maneiras mais fácies de resolver os problemas

que venham a ocorrer na organização. O profissional deve exercer valores éticos de acordo com a

situação, além de uma conscientização adequada à cultura organizacional focalizando na solu-ção dos

problemas. A análise é construida por meio de pesquisa bibliográfica de livros, textos e temas

relacionados ao respectivo conhecimento estudado, como também a elaboração de uma análise numa

turma de estudantes que cursam contabilidade, para verificar quais as mudanças necessárias que pre-

cisam ser aplicadas, visando a harmonia no meio social. A leitura realizada mostra que a utilização da

ética profissional está sendo um diferencial muito importante para aquele que deseja ter sucesso nessa

área, pois, cada vez mais as organizações avaliam o conceito ético como um fator primordial e

indispensável na contratação de seus profissionais. Tudo isso tem uma explicação básica e clara, onde a

ética profissional deve ser valorizada, utilizada e aplicada, antes de qualquer norma obrigatória dos

conselhos de classes profissionais, classificada como um princípio de vida e respeito para com os ci-

dadãos da sociedade em que convive. A conclusão que pode ser tirada no trabalho é que o profissional

de contabilidade deve desenvolver a ética na sua carreira, buscando desempenhar suas atividades de

forma honesta possuindo um refencial ético comprometido não só com o conselho federal e regional de

contabilidade, mas também com a sociedade, valorizando a dignidade de sua classe contábil. É

importante ressaltar que a corrupção e o lucro fácil jamais promoverão o sentimento de relização

profissional, pois, é nesses aspectos que deixa de ser construida uma economia nacional forte e justa,

com fraudes de balanços e a sonegação de impostos não existe a distribuição de renda e o estado não

pode garantir melhores condições de vida aos demais cidadãos.

PALAVRAS-CHAVE: Ética, contabilidade, sociedade, comportamento, responsabilidade.

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É POSSÍVEL O USO DE MEDICAÇÕES NA GESTAÇÃO SEM TOXICIDADE

FETAL?

Ana Carla Oliveira Santos

[email protected]

Maria Eulidênia Oliveira Carvalho

[email protected]

Maria Riso Barbosa do Nascimento

[email protected]

INTRODUÇÃO

Há no Brasil crescente utilização de medicamentos industrializados, inclusive durante o ciclo

reprodutivo feminino. Com a finalidade de sanar as queixas advindas, por vezes, da falta de atenção às

necessidades básicas de sobrevivência. A utilização de medicamentos industrializados tem crescido ao

ponto de incorporar-se ao acervo popular de conhecimentos, permitindo os palpites diagnósticos e

terapêuticos, num processo que levará à tendência crescente à automedicação afirma BUCHER,1992.

Como toda a população, a gestante está sujeita a intercorrências de saúde que impõem o uso de medi-

camentos. A gestação compreende situação única, na qual a exposição a determinada droga envolve dois

organismos. A resposta fetal, diante da medicação, é diferente da observada na mãe, podendo resultar

em toxicidade fetal, com lesões de variada monta, algumas irreversíveis.

O objetivo dessa pesquisa é avaliar o risco da toxicidade fetal na gravidez. Nesse sentido a

pesquisa tem grande relevância, social e prática. Pois torna-se necessário uma orientação e

prescrição medicamentosa cautelosa, pelos profissionais de saúde com vista á minimizar os

problemas causados pelos fármacos, principalmente as más- formações congênitas.

MÉTODOS

O estudo realizado trata de uma revisão de literatura descritiva exploratória, cuja coleta de

da-dos foi efetuada por meio de levantamento bibliográfico, baseado em artigos encontrados na

internet pelas bases de dados Scielo e Lilacs. Vários artigos foram previamente selecionados e, após

leitura e avaliação, foi feita a seleção final de acordo com os objetivos do trabalho. Os autores e

suas visões foram estudadas, mostrando como o uso indiscriminado de medicação durante a

gestação podem acarretar danos a saúde do feto.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estima-se que 10% ou mais dos defeitos congênitos são resultantes da exposição materna a

drogas. Por este motivo, a Food and Drug Administration (FDA) classifica todas elas em categorias de

risco. Muitas drogas não têm sido avaliadas em estudos clínicos – e, provavelmente, não o serão por

questões éticas. Em estudo de revisão de literatura sobre a farmacogenética dos defeitos congê-nitos,

com foco sobre a necessidade de ensaio genotípico materno preditivo, os autores concluem que os

indivíduos variam em como metabolizam drogas e manipulam exposições ambientais tóxicas. Em

usuárias crônicas de medicamentos, não existe técnica disponível que possa identificar aquelas de risco

de dismorfose. Os polimorfismos de gene para uma determinada enzima específica podem resultar numa

ausência ou redução no nível da atividade enzimática, ou em nenhuma mudança, com pouco efeito sobre

a estrutura/função dos produtos do gene, mas eles não estão associados ao fenótipo clínico, tanto para a

mãe como para o feto. Outros polimorfismos podem ser apenas marcadores.

CONCLUSÃO

Em conclusão, quase 40 anos após o desastre da talidomida, mulheres grávidas continuam

sendo expostas a grande número de medicamentos cuja segurança nem sempre está bem estabeleci-

da. Entre os médicos, duas atitudes extremas podem ser observadas. Por medo da embrio/fetotoxi-

cidade, muitos adotam atitudes excessivamente conservadoras com relação ao uso de medicamentos

durante a gravidez e expõem a mãe a sofrimento desnecessário, enquanto outros prescrevem de

modo irracional e excessivo, expondo a parturiente e feto a sérios riscos. Todavia, medicamentos

necessá-rios para a preservação da integridade da mãe nunca devem ser evitados.

Portanto, acredita-se que o melhor a ser proposto para uma menor exposição a gestantes que

necessitam o uso de medicamentos é estimular à educação continuada dos profissionais de saúde

en-volvidos com o pré-natal, visando uma melhoria da qualidade das prescrições e

consequentemente da atenção à gestante e, principalmente, discussões com todos os sujeitos do

processo sobre a concepção de saúde-doença que norteia as práticas do serviço e da comunidade,

visando resgatar a representação da gestação como um processo fisiológico normal, que exige

cuidados, mas que não é patológico e, portanto, não implica necessariamente em intervenções

curativas, entre elas a prescrição de medica-mentos.

PALAVRAS-CHAVE: Gravidez; toxicidade; dismorfose; feto; educação continuada.

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QUAIS OS FATORES DE RISCOS QUE OS OPERADORES DE MAQUINA

AGRICOLA ENFRENTAM NO DIA-A-DIA NO MUNICIPIO DE ADUSTINA-

BA

Wheidna Suiana Menezes de Melo

[email protected]

Karla Reis Menezes

[email protected]

Josefa Menezes Andrade

[email protected]

Maria Edna Santos Andrade

[email protected]

INTRODUÇÃO

É perceptível, ainda, nos dias atuais um descaso quanto à precaução dos trabalhadores como

um todo, sobretudo os classificados como de terceiro setor, questões as quais estão relacionadas à

falta de informação, capacitação, e muitas das vezes pela própria negligência com que realiza suas

funções.

A problemática dos operadores de máquinas agrícolas está associada aos fatores de riscos

(físico, químico, ambiental e ergonômico) aos quais, direto ou indiretamente, estão expostos durante

a realização do seu trabalho.

A pesquisa em análise foi desenvolvida com o intuito de explanar as probemáticas ocupacio-nais

que incidem sobre a saúde dos operadores de máquinas agrícolas no município de Adustina, BA.

A fim de contribuir para minimizar a prevalência de acidentes com tais trabalhadores, por meio do

conhecimento dos fatores riscos e de ações preventivas. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi

um levantamento epidemiológico acerca da ocorrência de acidentes, associados a fatores ocupacio-

nais, com operadores de máquinas de diversas propriedades agrícolas de Adustina.

Assim, a segurança do trabalho pode ser observada como um conjunto de medidas adotadas

visando a minimização dos acidentes na rotina diária, as doenças ocupacionais, bem como proteger

a integridade e a capacidade de trabalhadores rurais.

As informações necessárias à realização deste trabalho foram obtidas por intermédio de uma

entrevista direta com os motoristas, para tanto foi utilizado um questionário previamente elaborado

contendo questões abertas e fechadas, abordando diversos aspectos todos os quais necessários para

melhor entender as possíveis problemáticas capazes de provocar distúrbios físicos e psíquicos nos

entrevistados.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O trabalho tem um importante papel na vida humana, pois além de ser fonte do seu sustento,

o trabalhador pode se sentir útil, produtivo e valorizado, contribuindo para a melhora da auto-estima

e concreta auto-realização. Entretanto, quando o trabalho é realizado sob condições inadequadas,

pode ser nocivo, prejudicando a saúde, provocando doenças, levando à inatividade, encurtando a

vida e até causando a morte. (MACIEL ET AL, online;2006).

A área de Saúde do Trabalhador, no Brasil, tem uma conotação própria, reflexo da trajetória

que lhe deu origem e vem constituindo seu marco referencial, seu corpo conceitual e metodológico.

A princípio é uma meta, um horizonte, uma vontade que entrelaça trabalhadores, profissionais de

serviços, técnicos e pesquisadores sob premissas nem sempre explicitadas. O compromisso com a

mudança do intrincado quadro de saúde da população trabalhadora é seu pilar fundamental, o que

supõe desde o agir político, jurídico e técnico ao posicionamento ético, obrigando a definições

claras diante de um longo e, presumidamente, conturbado percurso a seguir. (MINAYO-GOMEZ &

THE-DIM-COSTA).

Atualmente, no Brasil, não existem informações precisas sobre o numero de acidentes que

ocorrem pelo exercício do trabalho. Sabe-se, porém, que pouco mais da metade da população eco-

nomicamente ativa encontra-se registrada na previdência social, o que o sub-registro de acidentes é

comum. Estima-se que ocorram, anualmente, cerca de três milhões de acidentes com trabalhadores

no país. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI)

Na zona rural, a situação é bem mais grave, pois as pessoas trabalham por conta própria e

sem carteira assinada e raramente registram a ocorrência de acidentes. Os trabalhadores rurais estão

cons-tantemente expostos a inúmeros agentes que podem causar acidentes, como máquinas e

implementos agrícolas, ferramentas manuais, agrotóxicos, animais domésticos e animais

peçonhentos. Alem disso, outros fatores que poderiam ser associados aos acidentes, como a

ocorrência de eventos estressantes, apresentam freqüência relativamente elevada na população

economicamente ativa. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI).

Segundo o artigo 131 do Decreto nº 2.172, de 05 de março de 1997, acidente de trabalho no

meio rural é o que ocorre na realização do trabalho rural, a serviço do empregador, provocando

lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou redução permanente ou

temporária da capacidade para o trabalho.

De acordo com Rodrigues & Da Silva (1986): Uma das principais conseqüências da mo-

dernização da agricultura brasileira foi a substituição progressiva do trabalho manual pelo trabalho

mecanizado. A introdução de instrumentos e insumos modernos nas tarefas agrícolas ampliou signi-

ficativamente os tipos de acidentes de trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores rurais

Os trabalhadores rurais estão constantemente expostos a inúmeros agentes que podem cau-

sar acidentes, como máquinas e implementos agrícolas, ferramentas manuais, agrotóxicos, animais

domésticos e animais peçonhentos. Além disso, outros fatores que poderiam ser associados aos aci-

dentes, como a ocorrência de eventos estressantes, apresentam freqüência relativamente elevada na

população economicamente ativa. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI).

Nesse sentido, as ações de vigilância em saúde do trabalhador, ainda em processo de cons-

trução, requerem uma articulação intersetorial e uma atuação interdisciplinar, devendo ser uma

intervenção participativa, de caráter contínuo, atuando “sobre riscos, cargas de trabalho, danos,

acidentes, doenças, seqüelas de agravos “ , enfoque que supere abordagens redutoras e

fragmentadas como a inspeção do trabalho, praticada pelo Ministério do Trabalho (LACAZ, 1999).

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19/07/2014 10:21:47

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A Constituição federal de 1988 institui o SUS - Sistema Único de Saúde - e atribui a ele as ações

de Saúde do Trabalhador, as quais são melhor estabelecidas na lei Orgânica da Saúde nº8080 de 1990.

As ações de Saúde do Trabalhador compreendem um conjunto de atividades que se desti-nam, através

das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde do trabalhador

submetido aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Abrangem a assis-tência ao

trabalhador vítima de acidente do trabalho ou portador de doença relacionada ao trabalho, buscando a

sua recuperação e reabilitação; a participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e

agravos potenciais à saúde no trabalho e na normatização, fiscalização e controle das condições de

produção, extração, armazenamento, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e

de equipamentos, que apresentem riscos à saúde do trabalhador; a avaliação do impacto que as

tecnologias provocam na saúde; a informação ao trabalhador; participação na normatização, fiscalização

e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas

(REZENDE,1998) ( ALBUQUERQUE & RAMOS, 2001 ).

Para Deliberato (2002), as doenças ocupacionais são entendidas como uma interação que

ocorre entre o ser humano e seu ambiente tem origem multicausal e divide-se em dois grandes

grupos: intrínseco (relacionado ao trabalho): postura pessoal inadequada, habilidade emocional,

constituição antropométrica inadequada; e extrínseco (aspectos que dizem respeito às empresas):

ritmo da ativida-de, organização do trabalho, condições ambientais desfavoráveis e outros.

Deliberato (2002) divide os fatores etiológicos das doenças ocupacionais por categorias:

1. Fatores biomecânicos: sendo representada por força excessiva na execução da tarefa,

postura estática corporal e/ou segmentar mantida por períodos prolongados, alavancas críticas sobre

as articulações, compressão mecânica dos tecidos moles e elevada repetitividade dos movimentos,

sem que haja o devido reeqüilíbrio das estruturas envolvidas nessa movimentação;

2. Fatores organizacionais: monotonia excessiva, ciclos de trabalhos menores do que 30

segundos, irregularidade das horas extras, problemas de comunicação interna e interdepartamentos,

estímulo nocivo entre funcionários e ausência de programas de prevenção que sejam parte

integrante do cotidiano da empresa;

3. Fatores ambientais: inadequação da iluminação, ruídos, temperatura efetiva, umidade

relativa e velocidade do ar;

4. Fatores psicossociais: falta de adaptação do funcionário a novas tarefas ou modelos

gerenciais, desmotivação em relação à atividade desenvolvida e ausência de projetos de interação da

família com a empresa (atividades de lazer nos finais de semana).

Segundo Oliveira e Murofuse (2001) e Ferreira e Anjos (2001), os agentes capazes de

interfe-rir na saúde e no ambiente e que costumam estar presentes nos locais de trabalho, podem ser

agrupa-das em:

1. Agentes físicos: a sintomatologia como mal estar, cefaléia e náuseas em trabalhadores que

interagem com equipamentos de coleta ou de sistemas de manuseio, transporte e destinação final pode

ser decorrente ao odor emanado. Um agente comum nas atividades com resíduos é a poeira, que pode

causar um desconforto, perda momentânea da visão, problemas respiratórios e pulmonares. Ruídos em

excesso, durante as operações de gerenciamento dos resíduos, podem promover a perda parcial ou

permanente da audição, cefaléia, tensão nervosa, estresse, hipertensão arterial. Sintomas como

lombalgias, dores no corpo e estresse podem sobrevir da vibração de equipamentos. Responsá-veis por

cortes e ferimentos dos trabalhadores da limpeza urbana, os objetos perfurantes e cortantes são sempre

apontados entre os principais agentes de risco nos resíduos sólidos;

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2. Agentes químicos: os agentes químicos dentre os quais merecem destaque e podem

causar danos à saúde são: pilhas e baterias; óleos e graxas; pesticidas/ herbicidas; solventes; tintas;

produtos de limpeza; cosméticos; fármacos; aerossóis. Chumbo, cádmio e mercúrio considerados

metais pesados, têm efeito acumulativo e podem provocar diversas doenças como saturnismo,

distúr-bio do sistema nervoso, entre outros. Pesticidas e herbicidas têm elevadas solubilidade em

gorduras que combinada com a solubilidade química em meio aquoso, pode levar a magnificação

biológica e provocar intoxicações agudas no ser humano;

3. Agentes biológicos: podem ser responsáveis pela transmissão direta e indireta de

doenças. Microorganismos patogênicos ocorrem mediante a presença de curativos, papel higiênico,

fraldas descartáveis, agulhas, lenços de papel e preservativos masculinos, originados da população,

dos resíduos de pequenas clínicas, farmácias e laboratórios;

4. Agentes ergonômicos: a região anatômica exposta, a intensidade, a organização tem-

poral da atividade e o tempo de exposição, se caracterizam por elementos importantes aos fatores de

risco.

A caracterização dos acidentes com tratores agrícolas reveste-se de grande importância, por-

que diferentes tipos de acidentes (capotamento, quedas a distinto nível, atropelamentos, entre

outros) possuem causas e conseqüências específicas (MÁRQUEZ, 1986).

Portanto, acidentes de diferentes tipos exigem práticas, na maioria das vezes, específicas para a

efetiva minimização de seu nível de ocorrência e gravidade. No que se refere às causas, ZÓCCHIO

(1971), ALONÇO (1999) e CARDELLA (1999) definem dois grandes grupos de causas de acidentes de

trabalho: atitudes inseguras e condições inseguras. O primeiro grupo relaciona-se diretamente às falhas

humanas, enquanto o segundo engloba as limitações inerentes à maquina. Neste sentido, MÁRQUEZ (1990) indica que, na Espanha, 84% dos acidentes com tratores agrícolas são causados

por atitudes inseguras.

A saúde é, segundo a Constituição, um direito de todos e um dever do Estado e o acesso a ela,

formalmente, é universal e igualitário. Mas ela não chega de um modo universal e igualitário; ao

contrário, ela é restrita, distintiva, desigual e desumana: tão demasiada e opressivamente insensível e

monstruosa que nem aos animais se dispensam os tratamentos oferecidos aos acidentados. (HIRA- NO; REDKO; FERRAZ).

RESULTADOS

Nesta pesquisa foram entrevistados 20 tratoristas de propriedades rurais diversificadas da ci-

dade de Adustina. Todos os entrevistados eram do sexo masculino, reforçando o conceito de que

essa atividade é peculiar deste sexo.

A partir da análise dos dados pode-se observar que os tratoristas de Adustina têm idade de

30 entre 50 anos, com uma grande variação entre as idades, 30% destes trabalhadores então no

intervalo de 37,2 – 42,4. Dados das entrevistas nos mostraram que 100% dos trabalhadores não

receberam treinamento sobre a função e o uso de EPI que são consideradas ponto de relevância para

este tipo de trabalho, além de apontar que também todos os trabalhadores exigiam esforço físico,

postura inade-quada, situação de estresse físico, com trabalhos em turnos e noturnos, além de

levantamento de peso, monotonia e jornada de trabalho prolongada.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 177

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Foi percebido também o uso de medicamentos por 50% dos trabalhadores, eles utilizam

como forma de estabilizar a doença existente. Doenças estas que apresentam uma diferenciação na

distri-buição dos trabalhadores como distúrbio renal (10%), cãibras (5%), hipertensão arterial

(30%), dia-betes (15%) e que prevalece o problema de coluna e visão sendo 40% dos trabalhadores.

Diante da pesquisa realizada 65% dos trabalhadores sofreram acidentes com máquinas, equi-

pamento manuais, implementos, e o restante dos os 35% dos trabalhadores não sofreram, mas

tiveram ataques com animais peçonhentos. Sendo que a distribuição dos equipamentos prevalece

nas máqui-nas com 40%, e outros se repartem entre manuais com 15% e implementos com 10%.

178 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

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HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Louise Kathleen Freire Barroso

[email protected]

Maria Edna Andrade

Josefa Cleide Andrade

Edcleverson Lacerda de Albuquerque

RESUMO

A hipertensão arterial sistêmica é uma das doenças mais acometidas em adultos jovens no Brasil. As causas da HAS são obesidade, estresse, fumo, baixa escolaridade, sedentarismo, idade, sexo,

qualidade de vida, nível socioeconômico, hábitos alimentares, antecedentes familiares e raça negra. Na

população rural, as taxas de prevalência de indivíduos com hipertensão é alta devido a uma menor

qualidade de vida e também por poderes econômicos baixos ou mínimos a sobrevivência. A obesidade ou o sobrepeso é um fator de risco muito relevante para esta patologia, pois a mesma retém

uma alta quantidade de gordura no corpo, com um consumo de energia muito maior do que o corpo

necessita para a sua manutenção e possíveis realizações de atividades físicas diárias, ou seja, para os

gastos energéticos, por isso, esta patologia contribui para o surgimento da HAS. A falta de atividade

física e o sedentarismo por conta das cargas elevadas de trabalho aumentam o estresse que os indivíduos

enfrentam, porém, a realização da atividade física faz com que neutralize a ação de neu-rotransmissores

como a adrenalina, então, na prática de qualquer tipo de atividade física a endorfina é produzida no

corpo e mais ainda no cérebro, proporcionando uma sensação de bem estar aos seres humanos. Hábitos

alimentares com alto teor de gordura, como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite

integral e salsichas diminuem a qualidade de vida dos indivíduos e aumentam a promoção de células

cancerígenas, como também pode ocasionar um aumento na pressão arterial sistêmica. A evolução

clínica desta doença é lenta, porém, as consequências no aumento da pressão arterial sistêmica podem

ser cardíaca, como angina de peito, infarto agudo do miocárdio, cardiopatia hipertensiva e insuficiência

cardíaca, cerebral, como acidente vascular cerebral e demência vascu-lar, renal, como nefropatia

hipertensiva e insuficiência renal, ocular como retinopatia hipertensiva. Contudo, para que o homem não

adquira a hipertensão ele deve ter algumas orientações fornecidas pela equipe de enfermagem,

incentivar à prática de atividades físicas, orientar a importância de uma alimentação saudável, mostrar

as consequências das doenças através de dados clínicos ou represen-tações de artistas, referenciar o

paciente para a continuidade das consultas de hiperdia, informar os clientes e tirar as suas dúvidas

quanto a HAS, implantar um plano terapêutico de HAS e promover a educação em saúde através de

palestras educativas.

PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial sistêmica; causas; consequências; orientações; equipe

de enfermagem. FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 179

19/07/2014 10:21:47

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O SUICÍDIO ATRELADO À SAÚDE MENTAL: COMPORTAMENTOS E

ASPECTOS QUE CARACTERIZAM O ATO

Hércules de Oliveira Santana

[email protected]

Erica Karine Santana Santos

[email protected]

Bianca Nayara Menezes Dias

[email protected]

RESUMO

Diante das taxas de suicídio que o evidenciam como um problema de saúde pública, ações de

promoção e prevenção de tal ato são indispensáveis. O objetivo deste artigo é discorrer sobre carac-

terísticas, e aspectos para o comportamento suicida, apresentaremos também as possíveis e variadas

intervenções para sua prevenção no que diz respeito à atenção básica de saúde do indivíduo. Dentre os

fatores de risco mais importantes para tal comportamento podemos destacar os transtornos mentais,

antecedentes e relações familiares, sexo, idade, abuso de substâncias, problemas físicos e situação social

desfavorável, buscaremos identificar tais fatores com o intuito de estruturar ações para uma possível

intervenção e solução a serem desenvolvidas no tratamento dos indivíduos.

A pesquisa empreendida teve dois momentos: num primeiro instante, foi feita uma consulta

a dados perante o representante do Ministério Público local; a mesma, não obtendo as informações

as quais precisávamos, fez-nos encaminhar até o cartório de registros, em que o escrivão substituto

dis-cutiu um pouco sobre a causalidade dos atos suicidas conclusos, e sobre a grande incidência na

popu-lação, passados três dias da nossa visita, o mesmo nos entregou uma certidão comprovando

números de um determinado período. Finalmente fez-se uma pesquisa de campo, nos domicílios dos

familiares das vitimas recorrentes, para verificar tais informações a partir de um questionário

semiestruturado, o que possibilita o bom andamento da entrevista, o qual permitia tanto a nós,

quanto aos entrevistados, discorrer sobre o assunto de forma que, surgindo novos questionamentos,

acrescentariam maior peso à pesquisa, assim como, deixando também o entrevistado à vontade e

não se sentir pressionado ao falar sobre o assunto.

Com base no referencial teórico e resultados alcançados pelas entrevistas, percebemos que

as discussões atuais sobre o suicídio nas sociedades envolvem a influência da cultura, dos valores e

da moral religiosa. Pôde-se constatar neste estudo, que os indivíduos que tentaram o suicídio,

aparen-taram possuir menos flexibilidade na resolução de seus problemas, pois como foi trazido

pelos seus familiares, estes indivíduos só podiam ter se deixado levar a tal ato em um momento de

fraqueza ou até mesmo por impulsividade.

Algumas conclusões podem ser tiradas dessa pesquisa de campo. Uma delas é que, é neces-

sário que em primeiro plano conheçamos as representações sociais, na qual o sujeito que praticou o

ato está inserido. Como também é necessário saber se este indivíduo se encaixa em um padrão de

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ANAIS.indd 180-181

normalidade ou se apresenta algum problema psicológico. Fica evidenciado o fato de que o suicídio

nem sempre é resultante de doença mental, visto que entre as vítimas pesquisadas, apenas uma delas

sofria depressão. Cabe asseverar, que para aquelas pessoas que estão sem perspectivas de vida, sem

objetivos ou expectativas futuras, o suicídio é considerado como a cura para todos os males.

PALAVRAS-CHAVE: Suicídio; fatores de risco; comportamento suicida, intervenção. FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 181

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MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTAS INSTITUCIONAIS

Augusto Cesar Santiago Teixeira

RESUMO

Ao longo do século XX os movimentos sociais adquiriram importância no conjunto da socie-

dade e, desde a década de 1940, vem se constituindo em objeto de estudo acadêmico. A ideia básica era

compreender os movimentos como uma espécie de ‘comportamento coletivo’. Isso justifica o fato dos

estudos acadêmicos sobre este tema não estarem próximos dos estudos sobre as eleições. Ao pesquisar

sobre a relação entre movimentos sociais e eleições, pode-se ampliar a compreensão sobre o papel

desses movimentos quanto ao processo de engajamento, militância, participação e con-fronto político.

Inicialmente, como atores que se organizavam em torno de uma causa, mas o apro-fundamento das

relações com a esfera pública imprimiu a necessidade da institucionalização, com a profissionalização

de seus integrantes e atividades. É da busca pelo sentido do engajamento, dos repertórios e dos

desdobramentos da ação junto ao conjunto de atores sociais, especialmente o Estado que se busca

compreender a relação entre os movimentos sociais e os partidos políticos, no sentido de responder a

seguinte indagação: Será os partidos políticos um elemento-chave para se compreender a dinâmica dos

movimentos no Brasil? A eleição de candidatos oriundos dos movimentos sociais vin-culados aos

partidos de esquerda imprimiu uma relação de proximidade e de complementariedade em alguns

momentos, como um porta-voz da causa, ou mesmo de forma simbólica, sinaliza a presença do

movimento no parlamento ou na instância de governo. Estudar a relação entre movimentos sociais e os

partidos políticos é também compreender a dinâmica desse processo, com a devida elucidação das

estratégias dos atores e dos limites dessa relação. Um exemplo possível é a eleição de indivíduos ligados

à questão da educação, que procuram no parlamento ser a voz do segmento que o ajudou no pleito

eleitoral. Ligação e ou identidade anunciada de forma aberta e, em certos casos a sede dos mo-vimentos

são utilizados em alguns momentos do mandato como local de encontros e debates. Fatos como estes

também ocorrem em outras áreas, a exemplo da saúde e segurança pública, em que os candidatos e,

mais tarde, os parlamentares continuam a defender os interesses e bandeiras de luta da-queles que os

ajudaram no momento das eleições. Mas, no caso de Sergipe, a academia ainda carece de esforço

interpretativo desta relação.

PALAVRAS-CHAVE: Movimentos sociais; Politica; Repertório; Engajamento.

182 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 182-183

A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

Josafa de Souza Miranda Junior

[email protected]

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar as possibilidades de inclusão dos deficientes visuais

na escola e nas aulas de Educação Física. Inicialmente, para contextualização da temática, realizou-

se um resgate histórico da legislação sobre Educação Especial; posteriormente, a classificação da

defi-ciência visual, bem como levante dos números de casos no mundo e no Brasil, das principais

causas da deficiência, do papel das famílias, das escolas e profissionais para a inclusão e a ação da

Educação Física. Destaca-se que a inclusão das pessoas portadoras de deficiência visual na escola e

conseqüen-temente na Educação Física escolar é benéfica, tanto para o portador de deficiência,

quanto para o aluno normal. No entanto, a inclusão escolar não é um processo rápido, automático, é

sim um desafio a ser enfrentado devido a vários motivos, principalmente, a falta de professores

habilitados e de es-truturas físicas adequadas aos alunos portadores de deficiências. Salienta-se,

ainda, que a inclusão do deficiente deve ser responsabilidade de toda a comunidade escolar que

carece sentir-se comprometi-da, facilitando assim a plena integração do deficiente.

Colegiado de Educação Física - Orientadora Profª Camila

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física escolar, deficiência visual, inclusão, interação e educação

especial.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 183

19/07/2014 10:21:48

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QUALIDADE DA ÁGUA EM FAVOR DA SUA SAÚDE, LEVANTAMENTO DE

DADOS E AÇÃO EDUCATIVA SOBRE O TRATAMENTO E CONSUMO DE

ÁGUA NO POVOADO LOGRADOR FAZENDA VELHA – PARIPIRANGA/

BA

Mariana Macedo Neves

[email protected]

Manuela Pires Souza

[email protected]

Nicole Miranda de Souza

[email protected]

Suellany Bomfim

[email protected]

Mariana Oliveira de Moura

[email protected]

INTRODUÇÃO

A premissa, o trabalho a ser apresentado mostra a realidade sobre o abastecimento de água no

povoado Baiano Logrador Fazenda Velha – Paripiranga que apresenta uma porcentagem inexistente

para o uso da rede geral de água, sendo o maior índice o abastecimento por meio de cisterna ou poço

que representa 67.5%, em 24.5% foi declarado a fonte de abastecimento sendo a água da chuva.

OBJETIVO

A partir da ação educativa que será realizada no colégio Marizeti com as crianças do ensino

primário e fundamental, temos como objetivo diante da ação sobre o tema “A qualidade da água à

fa-vor da sua saúde” educar e orientar os alunos de forma lúdica, sensibilizando-os quanto a

importância da água tratada, da sustentabilidade e em quanto recurso natural de forma a interagir

com a realidade em que as crianças vivem.

METODOLOGIA

O Projeto Educativo foi elaborado a partir da escolha de um dos problemas levantados na pes-

184 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 184-185

quisa de campo feita a partir das visitas domiciliares da Comunidade Logrador Faz. Velha, e contou

com a participação de 34 alunos do ensino fundamental do Grupo Escolar do Marizeti. O plano de

ação com as crianças foi escolhida após perceber que aproximadamente 30% da população possui

entre 5 e 17 anos e cursam entre pré-escolar e 5ª série dividido em dois turnos, manhã e tarde. A

apresentação do trabalho proposto será realizado no turno da tarde a partir das 2h. Pensando nisso as

crianças seria um meio de levar até suas residências as informações colhidas através das atividades

lúdicas e oficinas elaboradas e realizadas dentro da sala de aula.

RESULTADO E DISCUSSÃO

O plano de ação se deu a partir da coleta de dados, quando notamos que seria de fácil acesso

e de sumo interesse entre ambas às partes, uma vez que de forma lúdica à interação levou de

maneira mais rápida, eficaz e pertinente, fixando as informações sobre a água obtidas no plano de

ação. Se-gundo Saviani (1986), esse processo permite ao educando sair de uma visão sincrética da

totalidade da realidade vivenciada, para uma visão sintética pela mediação da análise.

CONCLUSÃO

Levar a comunidade do Logrador Faz. Velha, através das crianças, a melhor e mais adequada

orientação aos usuários da água que é colhida da chuva e armazenada em cisternas sobre este armaze-

namento, tratamento, uso e possível reuso da água foi de grande responsabilidade e consciência am-

biental. Foi importante refletir e tentar buscar soluções e planos de ação para melhorar a qualidade da

água consumida, uma vez que se esta não for adequada poderá ocasionar graves danos à saúde. Água

contaminada pode transmitir doenças como diarreia, hepatite A, dengue, cólera e esquistossomose, entre

outras. Acreditamos que este foi nosso maior desafio, sensibilizar e educar as crianças, a fim de garantir

que as mesmas levem as informações à seus pais, tios, irmãos, primos, avós, no intuito de que esta

comunidade possa desfrutar de toda a qualidade de vida que a água pode oferecer, visando ainda

cuidados necessários para a preservação do meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Água, Tratamento, Educação, Saúde, Ambiente.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 185

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CONTRIBUIÇÃO DO CUIDADO HUMANIZADO PARA A CURA DE UM

PACIENTE COM AVE

Maria Luísa Matos Mota

[email protected]

Jivania da Silva Carvalho

[email protected]

Alex Henrique de Oliveira

[email protected]

Izis Thamires Santos Menezes

[email protected]

INTRODUÇÃO

A humanização no processo de cuidar tem um papel muito importante, no que diz respeito ao

vínculo que é criado entre o profissional e família que oferece cuidados (WALDOW, 2007, p.08).

“Humanizar responde, pela solidariedade, irmandade, pelo amor e pelo respeito. Logo, humanizar

corresponde ao cuidado”. Diante de todos esses atributos, dessa forma estará sendo oferecido um con-

forto e uma confiança ao paciente doente que terá estímulos para uma boa recuperação. Na obra “A

cientista que curou seu próprio cérebro” ela relata a importância do cuidado e carinho que recebeu de

sua mãe, amigos e estudantes que lhe admiravam. (TAYLOR, 2008, p.109) “Recuperação, seja qual for

sua maneia de defini-la, não é algo que se faz sozinha, e minha recuperação foi completamente

influenciada por todos à minha volta”. Para Jill o cuidado humanizado foi de inteira importância para

sua recuperação, diante da calma que todos tinham com suas dificuldades. Cada etapa foi de funda-

mental importância com a paciência e o respeito que foram peças chaves para sua recuperação. Tendo o

objetivo de mostrar como e importante a humanização no processo de recuperação a um paciente com

AVE, pelas mudanças fisiológica que acontece no organismo havendo a necessidade de reapren-der

algumas atividades, que exige um cuidado especial para esse aprendizado.

METODOLOGIA

Este trabalho foi construído na disciplina de Sociologia no terceiro período para o curso de Enfermagem, no labor de uma produção acadêmica com base na obra “A cientista que curou seu pró-

prio cérebro”. Sendo abordado o cuidado humanizado como instrumentos de cuidados e contribuição

para cura de uma Ave sofrida pela autora da obra, trazendo exemplos a esse tipo de cuidado para au-

xiliar no trabalho da enfermagem a toda atenção prestada aos pacientes em processo de recuperação.

186 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 186-187

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cuidado humanizado foi de grande importância para a recuperação do Ave, pelo fato da

neurocientista ter que aprender atividades que ela havia esquecido. E para reaprender novamente

sua mãe e seus amigos obtiveram muita paciência para ensinar o que havia esquecido. Além do

cuidado humanizado, ela também participou ativamente no seu processo de recuperação. Como

teria que aprender novamente algumas atividades, tinha um gasto energético muito grande em seu

cérebro, e uma forma para poupar essas energias o sono era seu aliado. Quando se sentia muito

cansada dormia para repor suas energias e recomeçar de onde parou cada atividade. Ao realizar

alguns procedimentos a conduta ética se torna essencial devido à exposição do corpo e a vida

pessoal de cada paciente. O cuidar participa de todas essas etapas enquanto estiver presente no

papel do cuidador, conhecer o seu paciente diante de fatos da vida pessoal pode contribuir para uma

recuperação, por estar diante de algumas fragilidades e conquistas vividas por cada um. Cada

profissional tem uma maneira diferente de estabelecer a comunicação com o paciente.

CONCLUSÃO

Contudo, o cuidado humanizado participa ativamente no processo de recuperação até a cura,

pois ele traz instrumentos que auxiliam para obter bons resultados com o carinho, o amor, a dedica-

ção que é oferecida ao paciente. Esse cuidado humanizado traz tranquilidade ao resignado, além da

confiança de que a cura é possível, estimulando ao paciente que tenha vontade de chegar ate a cura. Além desse cuidado, tal prática contribui para a recuperação e a cura de um AVE, correspondendo,

ora, com o profissional que tenha uma maneira diferente para aplicar o cuidado. O ser humano ne-

cessita de cuidados que os deixem sentir bem, capazes de ir até a cura dependendo do caso, a cada

procedimento deve haver o incentivo para que possa chegara ao final de cada um. O cuidado então

esta na essência de cada indivíduo ter esperança e se sentir que pode lutar e conseguir com ajuda

dos profissionais, da família e dos amigos.

REFERÊNCIAS

WALDOW, Vera Regina. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. 2 ed. Petrópolis, vozes, 2007

TAYLOR, Jill Boter. A cientista que curou seu próprio seu cérebro. São Paulo: Ediouro, 2008.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; Humanização; recuperação; comunicação; cura.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 187

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PACIENTE PORTADORA DA FENILCETONÚRIA

Paula Mariza Rabelo da Silva Leal

[email protected]

Daiana Natacha dos Santos

[email protected]

Thais Luciana Oliveira de Moura

[email protected]

Rafaela Pinheiro de Souza

[email protected]

INTRODUÇÃO

Fenilcetonúria ou PKU clássica é uma entre as 300 doenças hereditárias causadas por desor-dens

nos processos bioquímicos celulares, sendo clinicamente a mais encontrada dentro do grupo de doenças

envolvendo erros congênitos no metabolismo de aminoácidos. É uma desordem autossômica recessiva,

causada pela deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase da PAH, resultando na reduzi-da conversão

de Phe em tirosina. Desta maneira o tratamento consiste na dieta alimentar através de frutas, vegetais,

complemento alimentar PKU 2 e outros alimentos : doces, mel, chá, sucos e refrige-rantes comuns. As

formulas metabólicas especiais de um Fenilcetonúrico é a base em (PKU1 Mix e PKU1) são as verdadeiras unidades construtoras. As formulas especiais isentas de fenilalanina, ofe-

recem todos os nutrientes necessários para a suplementação da dieta: aminoácidos essenciais, vitami-

nas, cálcio, ferro e zinco. Trata-se de um estudo de caso realizado na residência paciente localizado no

Povoado Cabeça da Cerra região de Paripiranga- BA, em maio de 2010, utilizando a Sistematização da

Assistência de Enfermagem e propondo diagnósticos de enfermagem com base na taxonomia II

NANDA bem como as intervenções de enfermagem relacionadas. Os principais diagnósticos de en-

fermagem identificados foram: Atraso no crescimento e desenvolvimento, Náusea, Privação do sono, Ansiedade, Hiperterrmia, Comunicação Verbal prejudicada, Medo, entre outros.

OBJETIVOS

O objetivo primordial desse estudo é transmitir para as pessoas que a fenilcetonúria é um

pro-blema genético autossômico recessivo e é fundamental o seu estudo detalhado.

MÉTODOS

188 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 188-189

Essa pesquisa trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, que permite

uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas de episódios da vida real.

Este tipo de estudo ainda contribui, de maneira inigualável, para a compreensão dos fenômenos

individuais, organizacionais, sociais e políticos, representando uma estratégia comum de pesquisa na

psicologia, sociologia e genética. Os dados extraídos da Fenilcetonúria foi atrás do levantamento de

entrevista com mãe da paciente a senhora Rosangela que freqüenta a PAE da cidade de Salvador para os

cuidados de sua filha. Esse trabalho foi desenvolvido mediante a assinatura do Termo de Consen-

timento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados na residência da paciente na Cabeça da Serra Município de Paripiranga no dia 14 de maio do ano 2010, através da orientação do professor Allan e

Fábio da Faculdade AGES.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante o estudo de caso, a paciente E.I.S.S, 2 anos e 9 meses, do sexo feminino, parda, cató-lica,

natural de Paripiranga, residente na Cabeça da Serra, apresentou temperatura normal, tem altura de 85

cm com 10/0,85 Kg, apresenta em seu quadro clínico um problema cujo este esta relacionado a ausência

de uma enzima a fenilalanina hidroxilase. Devido à falta de fenilalanina, nota-se que há uma serie de

fatores relacionados dessa enzima. Segundo a sua mãe Rosângela as queixas principais estão

relacionadas às crises de choro constante, temperatura corpórea 39 ºC, tremor, insônia, náusea, vomito,

odor característico na urina, medo, ansiedade, dificuldade na comunicação e atraso no de-senvolvimento

neuropsicomotor. Urina de 4 a 5 vezes ao dia, porem apresenta pouca quantidade, por ingerir pouca

quantidade de líquido. Quando se expõe ao sol apresenta espirros, as vezes apresenta inflamação nas

amídalas Relata histórico familiar com presença de doenças psiquiátricas. Ao aparecer os sintomas

como a febre e inflamação das amídalas o seu médico prescrevia alguns medicamentos, a Dipirona GT,

o Heprofeno e Amoxilina 250mg. Desta maneira o Complexo B GT é utilizado para reposição de

algumas vitaminas. Os sintomas citados acima surgem caso o tratamento não seja segui-do de forma

correta e a dieta esteja inadequada. Através da ingestão de alimentos de origem animal e origem vegetal

como: as carnes vermelhas e brancas, leites e seus derivados, amendoim, feijão castanha, pipoca,

biscoitos, tortas e chocolates. O tratamento da criança EISS é feito na APAE de Salvador, desta maneira

o portador da fenilcetonúria passara a receber uma dieta especial, que devera ser mantida por toda a vida

e que, de certa forma, poderá alterar sua rotina familiar. Portanto, o apoio dos pais e de toda a família é

fundamental para o sucesso do tratamento da fenilcetonúria. Observa-se que diante os problemas

apresentados há possíveis diagnósticos. A Fenilcetonúria é decorrente de uma má formação genética,

sendo assim isso pode ter uma relação da mãe para o feto. Geralmente o diagnóstico da doença é visto a

partir do momento que a criança nasce para que haja o tratamento adequado. Por não ser algo criado da

própria mente, essas pessoas precisam ter força positiva, para não serem gerados maiores complicações

futura no seu desenvolvimento físico e psicológico.

CONCLUSÕES

O estudo mostrou a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem, tendo

como objetivo passar o cuidado na assistência com o paciente, de modo a proporcionar uma

melhora no padrão de resposta do doente à doença.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 189

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REFERÊNCIAS

GASPARETTO, Luiz Antônio. VALCAPELLI. Metafísica da Saúde vol.1 e 2.

TANNURE, Meire Chucre. GONÇALVES, Ana Maria Pinheiro. Sistematização da Assistência de Enfermagem: Guia Prático. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

H.P.Rang. M.M.Dale. Et al. Farmacologia: Tradução Rodrigues Santos e outros. 6. ed. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2007.

PALAVRAS-CHAVE: Fenilcetonúria; enzima; fenilalanina; genética; alimentos.

190 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 190-191

AÇÃO EDUCATIVA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA

ATENÇÃO BÁSICA: ANALISE DA AÇÃO DESENVOLVIDA NO POVOADO

MATOSO

Rafaela Pinheiro de Souza

[email protected]

Daiana Natacha dos Santos

[email protected]

Paula Mariza Rabelo da Silva Leal

[email protected]

Thais Luciana Oliveira de Moura

[email protected]

INTRODUÇÃO

A atenção básica surge como porta de entrada da saúde visando promoção e prevenção de

saúde, intervindo nos determinantes do adoecimento, prestando assistencialismo aos indivíduos de

forma coletiva. As práticas educativas agem como facilitadoras na prevenção e promoção de saúde,

sendo um arsenal de estratégias de ação eficaz presente na atenção básica.

MÉTODOS

Consiste em analisar a ação educativa realizada no povoado Matoso, avaliando a relação da

prática pedagógica na atenção básica, considerando-a como estratégia de promoção e prevenção de

saúde. Trata-se de uma avaliação dos recursos utilizado nas praticas da ação educativa e sua eficácia

na resolução dos problemas sociais, bem como a participação da comunidade no evento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo Philippe (2005, p 158) dependendo dos hábitos da população, é preciso que ocorram

mudanças de comportamento para que os problemas sejam resolvidos e o desenvolvimento da saúde

seja alcançado. A educação é um poderoso instrumento de apoio ao desenvolvimento de estratégias e

intervenção. O processo de promoção- prevenção- cura- reabilitação é também um processo peda-

gógico, no sentido de que tanto o profissional de saúde quanto o cliente-usuário aprendem e ensinam. Esses conceitos podem mudar efetivamente a forma e os resultados do trabalho em saúde, transfor-

mando pacientes em cidadãos co-participativos do processo de construção da saúde. (ALBURQUE- FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 191

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QUE 2004). Nessa perspectiva, a Atenção Básica age sendo indispensável a sua prática. As

atividades em análise foram desenvolvidas à tarde, no dia 16.11.2011, das 14h e 30min à 16h, tendo

sorteio de brindes como filtro e sextas básicas, literatura de cordel, distribuição de lanche saudável e

hipoclorito. Em local a parte outros acadêmicos caracterizados de personagens infantis

desenvolveram de forma lúdica atividades de aprendizagem com as crianças, enquanto os adultos e

jovens interagiam, tiravam as dúvidas em mesa redonda com os demais acadêmicos.

CONCLUSÃO

A enfermagem como profissão do cuidado deve ter internalizado o ser pedagógico, avaliando e

ensinando o cuidado como método de intervenção educativo e pedagógico, nisto a ação aqui citada

permite compreender o sentido de ser enfermeiro como mediador da promoção de saúde. Em análise

geral, a ação desenvolveu-se de forma produtiva com esclarecimento quanto os problemas de saúde

decorrente da água contaminada, as formas correta de tratar e os cuidados com o armazenamento e

higiene dos mesmos, a população contribuiu com a discussão aceitando as recomendações. .

PALAVRAS-CHAVE: Atenção básica, ação, estratégias, saúde, prevenção.

192 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 192-193

PREVALÊNCIA DA DIABETES EM POPULAÇÃO DA MICRO-ÁREA II DO

MUNICÍPIO DE PARIPIRANGA-BA: UM OLHAR FOCADO NA SAÚDE

Rosana de Souza Santana

[email protected]

Sandra Regina Santana Silva

[email protected]

Raquel Cardoso Gouveia

[email protected]

Rodrigo Andrade Leal

[email protected]

INTRODUÇÃO

O Diabetes estar prevalente cada vez mais na população, sendo que muitos diabéticos desco-

nhecem o fato de apresentar a doença, e muitos que têm o diagnostico prévio da doença não fazem

tratamento. Na micro-área abordada no trabalho acadêmico foram investigados vários indicadores

de saúde dos quais foi analisados as diversas situações. Conforme as questões abordadas a uma

gran-de incidência de pessoas portadoras de diabetes e hipertensão, doenças cardiovasculares,

problemas visuais além de fatores socioeconômicos como plano de saúde, renda familiar,

saneamento básico, tratamento da água e esgoto, posse de bens de consumo. O presente trabalho se

justifica pela grande relevância social, na medida em que fornece território impar para a construção

do conhecimento cien-tífico aliado à prática clinica do profissional enfermeiro. Portanto o objetivo

desse artigo foi levantar uma base epidemiológica da diabetes por revisão bibliográficas e demais

artigos científicos como fonte para uma abordagem teórica, utilizando de dados da entrevistas a

população da micro área II do município de Paripiranga/BA.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo exploratório, de natureza qualitativa e quantitativa. O refe-

rencial teórico abordado se deu através de literaturas e artigos científicos sobre diabetes. Os dados

co-letados através das entrevistas foram submetidos à análise e calculo de tabulação dos mesmos.

Foram selecionadas, mediante entrevistas, para elaboração desse trabalho a população diabética,

localizada na micro área II do no município de Paripiranga no Estado da Bahia. Tal documento

visou atender os princípios éticos que norteiam as pesquisas envolvendo os seres humanos. As

entrevistas foram reali-zadas após a aprovação dos entrevistados através da assinatura do (TCLE)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A população foram entrevistadas utilizando um

questionário contendo questões abertas e fechadas abordando informações sócio-demográfica,

socioeconômica, os hábitos e estivo de vida e patologias mais freqüente.

FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 193

19/07/2014 10:21:48

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao aborda a população entrevistada no total de 117 famílias constatou-se que 5,5% tem o

diagnostico de diabetes sendo que a maioria da população relatava não saber se são portadores dessa

patologia. Sendo que o diabete é uma doença crônica, potencialmente invalidante, a qual determina

mudanças internas nas atividades diárias da pessoa. Essa patologia faz com que o pacientes vivencie

vários sentimentos “como regressão, perda da auto-estima, insegurança, ansiedade, negação da situa-ção

apresentada e depressão. De acordo com a estrutura psíquica da pessoa e seus recursos internos, ela

lidará, melhor ou pior, com a nova situação de doença...” (Graça & cols., 2000, p. 215). Assim, é

importante que as pessoas diabéticas adquiram o conhecimento sobre as ferramentas de autocuidado em

diabetes para as decisões diárias no seu cotidiano. Lunney(2000) apud Becker TAC, Teixeira CRS,

Zanetti ML(2008) ao discutir um estudo de caso em diabetes, ressalta a vantagem dos profis-sionais de

Enfermagem aperfeiçoar a compreensão do comportamento humano no processo de traba-lho da

Enfermagem e mostrar para outros profissionais a necessidade de um modelo para orientar a prática

além de outras funções específicas como a de educador em diabetes.

CONCLUSÃO

Através da realização deste artigo pode-se comprovar que, os casos de diabetes na

população brasileira vêm aumentando a cada dia, e vêm se tornando um problema muito

complicado de solucio-nar. Por isso, é necessário prestar assistência às pessoas que convivem com

essa patologia. A orienta-ção é muito importante, pois tem por objetivo fazer com que os mais

jovens cheguem à idade adulta sem nenhuma complicação, entendendo e atuando ativamente nos

seus tratamentos, com autonomia, independência e cientes de que suas limitações dependerão da

forma com que eles encaram a doença, pois como pode-se notar no decorrer do trabalho o

diagnostico do diabete pode provocar sentimentos de menos-valia, inferioridade, baixa auto-estima,

medo, revolta, raiva, ansiedade, regressão, negação da doença, desesperança, incapacidade de amar

e se relacionar bem com as pessoas, idéias de suicí-dio e depressão. Nesse intuito é de grande

importância os cuidados de enfermagem já que o cuidado de enfermagem possui um sentido único e

transcendental, pois consiste em promover as pessoas a um estado em que percebam o sentido e a

importância de cuidar de si, assim como se compreendam como um ser-no-mundo-com-o-outro e,

portanto, considerem suas responsabilidades consigo e com o próximo.

PALAVRAS-CHAVE: Micro-Área; Diabetes; Saúde da população; Enfermagem.

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DA HOMOSSEXUALIDADE AOS LGBT: DISCURSO ACADÊMICO

Markivan de Santana Dias

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho aborda a questão da construção da nomenclatura homossexualismo no

século XIX aos dias atuais, quando se discute a questão de gênero (masculino/feminino). É um

estudo bibliográfico, com foco nas diferentes percepções sobre um segmento inicialmente

considerado uma anomalia e, resgatado como identidade nas duas últimas décadas do século XX. O

esforço visa ma-pear os diferentes contextos de produção de significados dessa identidade, que

encontra barreiras para se adequar a heteronormatividade. Assim, para se protegerem construíram

estratégias, como os gue-tos que se fizeram para que os homossexuais pudessem ter um local para

viver sua sexualidade sem os olhares de condenação da sociedade. Intercalando esses temas também

tratará de como a religião ao longo desses períodos vê e julga os homossexuais. Passando para as

concepções mais atuais do homossexual, como foram acontecendo os primeiros movimentos de

militância, a ciência como uma possível resposta do porque um ser humano torna-se homossexual,

”o gene da homossexualidade”, a posição da psicologia, com foco na carta de Freud a uma mãe de

um rapaz homossexual nos Estados Unidos. Por fim, mostrando hoje, no século XXI como se

encontra organizado o movimento LGBT, suas leis, suas próprias divisões de gênero. Para assim

levantar questões a cerca do preconceito que até hoje se vê fortemente enraizado na cultura geral.

PALAVRAS-CHAVE: homossexualidade; Foucault; teoria Queer; gênero; LGBT.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE HAS, DIABÉTICO,

ICC E APRESENTANDO ERISIPELA EM MIE. - RELATO DE CASO

Sandra Regina Santana Silva

[email protected]

Rosana de Souza Santana

[email protected]

Raquel Cardoso Gouveia

[email protected]

Josefa Lucia Oliveira Silva

[email protected]

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares e suas complicações continuam na liderança das estatísticas de

causas de óbito e de morbidade em todo o mundo. No Brasil, as doenças do aparelho circulatório são

também as principais causas de óbito para todas as idades em ambos os sexos. Sabe-se que a hiper-

tensão arterial pode ser considerada causa direta ou fator de risco para outras doenças do coração,

principalmente cardiopatia isquêmica e doença cerebrovascular. Diante destas considerações, resol-

vemos desenvolver um estudo aplicando o processo de enfermagem baseado na obra O Cuidado na Saúde de Waldow “As relações entre o eu, o outro e o cosmos” objetivando aplicar a metodologia

da assistência de enfermagem (SAE), em uma paciente com HAS, Diabetes Mellitus II, ICC e

erisipela, baseada na obra de Waldow (2004), para a operacionalização do processo de enfermagem,

buscando detectar os diagnósticos de enfermagem, utilizando os diagnósticos de enfermagem

propostos pela taxonomia II NANDA. Desse modo o presente trabalho se justifica pela grande

relevância social, tendo como proposta o modelo de implementar o plano de cuidado assistencial

com o intuito de pro-porcionar melhoras nas condições de saúde e bem-estar dos pacientes inseridos

na Atenção Básica, para capacitá-los a cuidar-se, reverenciando suas sugestões e decisões, traçando

assim, cuidado com um olhar holístico e proporcionando o bem estar biopsicosocioesperitual.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, com uma abordagem qualitativa, do

tipo estudo de caso, abordando a importância do cuidado de enfermagem prestado ao paciente visto

como ser biopsicosócioespiritual. Tal documento visou atender os princípios éticos que norteiam as

pesquisas envolvendo os seres humanos. A realização deste estudo de caso teve início na Unidade Bá-

sica de Saúde da família, onde é referência para o seu município. A coleta de dados foi realizada após a

aprovação do cliente através da aceitação de participar da pesquisa mediante a assinatura do TCLE. Os

dados foram coletados durante as consultas e visitas na casa da paciente, através de uma entrevista

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semi estruturada guiada por um roteiro padronizado denominado como Histórico de Enfermagem,

fundamentado e adaptado à SAE. Para auxilio da pesquisa foram utilizadas informações

importantes contidas no prontuário do cliente.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A ICC vem se tornando um dos maiores problemas de saúde pública nos últimos anos. Se-

gundo os dados epidemiológicos, a causa mais frequente de IC é a HAS. Além da grande

prevalência de pessoas com níveis sanguíneos elevados de glicose que tem aumentado de forma

exponencial, prevendo-se que as 150 milhões de pessoas atualmente afetadas no mundo passem a

ser 250 milhões dentro de 15 anos. Noventa por cento dos doentes têm DM II, propensos a

desenvolver a erisipela, uma celulite superficial com intenso comprometimento do plexo linfático.

Os diagnósticos de enfer-magem identificados foram: Risco de infecção; Risco de Perfusão renal

ineficaz; Fadiga; Integridade da pele prejudicada; Intolerância à atividade; Perfusão tissular

periférica ineficaz; Mobilidade física prejudicada; Débito cardíaco diminuído; Ansiedade; Medo;

Dor aguda; Náusea; Risco de baixa au-toestima situacional; Risco de glicemia instável e Estilo de

vida sedentário. Waldow (2004, p.13) relata que a cura das doenças com certeza é esperada, mas

que nem sempre isso pode ser alcançado. Mas quando isso acontece, “não significa que o cuidado

não contemple a cura, o que é necessário salientar é que não é a sua prioridade”.

CONCLUSÃO

Nas primeiras visitas a residência, a paciente mostrou-se aberta à ajuda da enfermagem e dis-

posta a interagir na realização das ações planejadas para superar os déficits encontrados. Expressou suas

ansiedades e sentimentos, mostrando querer muito viver. Na última visita, a cliente agradeceu pelo

acompanhamento de enfermagem e informou estar feliz por poder participar do seu cuidado e referiu já

ter planejado as atividades de lazer que gostaria de fazer quando recebesse alta. Isso ca-racterizou que a

paciente reconhecia a importância da realização de atividades de cuidado, e absor-via as sugestões

oferecidas, superando assim alguns déficits de autocuidado. Sendo assim, podemos perceber a tamanha

importância que a Assistência de enfermagem se faz no decorrer do tratamento do paciente. Também se

pode comprovar que, por meio da assistência de enfermagem embasada na SAE e na obra de, Waldow,

2004, foi possível identificar as dificuldades dos profissionais de saúde no cuidado do paciente como ser

biopsicosocioespiritual, e dessa forma é notório a importância de se operacionalizar o processo de

enfermagem tomando como referência um modelo assistencial, pois facilita a identificação de

diagnósticos de enfermagem, bem como o desenvolvimento de sua prática.

PALAVRAS-CHAVE: Cuidado; assistência; diagnósticos; intervenções de enfermagem.

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O MÉTODO ATIVO DA APRENDIZAGEM APLICADO AO ESTÁGIO

SUPERVISIONADO II DE ENFERMAGEM NO ÂMBITO HOSPITALAR

Weliton Vieira de Andrade

[email protected]

Rodrigo Andrade Leal

[email protected]

Eduardo Marques de Oliveira Sobrinho

[email protected]

Jéssica Aparecida de Oliveira Souza

[email protected]

INTRODUÇÃO

O curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais AGES, tem

modelado seu projeto pedagógico de forma a atender às exigências das Diretrizes Curriculares

Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem. O objetivo é formar profissionais com compe-

tências para atuar nos variados campos de assistência à saúde, através de uma formação generalista,

humanista, crítica e reflexiva. Assim, a Metodologia Problematizadora constitui um importante re-curso

metodológico para a realização de projetos de ensino, pesquisa e extensão. Na utilização desta

metodologia, o sujeito é levado a se voltar para a realidade que o cerca, refletir sobre ela e indagar as

razões daquilo que lhe parece problemático. A aplicação desse recurso metodológico no contexto

hospitalar possibilita assegurar a integralidade da atenção e a humanização do atendimento de indiví-

duos acometidos por alguma patologia. Assim o presente estudo objetiva descrever a experiência dos

enfermeirandos durante a realização do estágio curricular supervisionado II.

METODOLOGIA

O presente trabalho se inscreve numa perspectiva de relato de experiência vivenciado

durante o estágio curricular supervisionado II, nos meses de Agosto a Outubro de 2012, do curso de

enferma-gem da Faculdade AGES/BA, realizado em hospitais vinculados à Fundação Hospitalar de

Saúde de Sergipe e em outras instituições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o estágio pudemos avaliar a estrutura dos Hospitais, realizando diversas atividades

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no que tange à aplicação dos cuidados de enfermagem à pacientes hospitalizados. Nos campos por

onde passamos, tivemos a oportunidade de elaborar o Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS). Neste instrumento apontamos os principais problemas que dificultam o trabalho da enfer-

magem dentro das unidades hospitalares. Realizamos atividades de gerenciamento em enfermagem

e buscamos entender as patologias que mais assolam os pacientes que necessitam dos serviços de

saú-de, à fim de promover um cuidado humanizado, que cobre os princípios do SUS, que são:

Integrali-dade, Universalidade e Equidade. A metodologia problematizadora permite-nos, como

acadêmico de enfermagem, entender melhor as necessidades que o cliente tem e a melhor conduta

que o enfermeiro deve adotar para promover o cuidado como fator primordial para a melhoria da

qualidade de vida dos pacientes hospitalizados.

CONCLUSÃO

A Problematização sustentou a construção do processo educativo reflexivo, com a participa-

ção de discentes ativos no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo, assim, para a humaniza-

ção do cuidado, acolhimento dos usuários e satisfação das suas necessidades humanas básicas.

PALAVRAS-CHAVE: Estágio supervisionado; enfermagem; metodologias ativas de

aprendiza-gem, Humanização, cuidados de enfermagem.

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DIABETES INSIPIDUS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

Priscila Gardênia Rodrigues dos Santos

[email protected]

Roberta Amaral Menezes

[email protected]

Dária Lidiane Menezes de Mesquita Moura

[email protected]

Lúcia Meirelle Rosa Oliveira

[email protected]

RESUMO

O diabetes insípidos nefrogênico (DIN) é uma rara doença renal caracterizada por um desar-

ranjo, que tem como principal característica a perda excessiva volumes de urina (poliúria) hipotônica,

geralmente acompanhada de polidipsia primária. Poliúria é definida como diurese com Volume uriná-rio

em 24 horas > 3 l [> 40 ml/kg] em adolescentes e adultos e > 2 l/m2 de superfície corporal [> 100

ml/kg] em crianças). E polidipsia que é um sintoma que o paciente apresenta a sensação de sede em

demasia (WEILER ET AL 2008). O DI Nefrogênico é raro, mas estudos mostram que tem prevalência

no sexo masculino de 4 em 1.000.000 de habitantes, ele pode ser herdado ou adquirido. Sua principal

característica é por uma insuficiência em concentrar a urina, apesar da presença de níveis plasmáti-cos

normais ou elevados de ADH. Em geral, a doença é caracterizada por início na infância, história familiar

positiva, sede persistente, poliúria e hipostenúria resistente à administração de vasopressina. Sua

apresentação em quadro clínico manifesta-se por poliúria, polidipsia e hipostenúria. (ROCHA ET AL,

2000) O objetivo deste trabalho é abordar conceitos fundamentais sobre a diabetes insípidos e a atuação

de enfermagem frente a esta patologia e para isso foi traçado objetivos específicos: dis-cutir a

fisiopatologia da doença; relacionar os diagnósticos e intervenções de enfermagem e por fim o

tratamento. A metodologia adotada seguiu os princípios de pesquisa bibliográfica, envolvendo as

atividades básicas de identificação, compilação e fichamento das fontes localizadas através de bases de

consulta do Scielo. Na primeira fase foram coletados 15 artigos sobre a diabetes insipidus. Deste acervo

foram selecionados oito que abordavam especificamente sobre esta patologia. A Discussão inicia pela

fisiopatologia da Diabetes insipidus, pois existe dois diferentes mecanismos causadores da doença. O

central, onde ocorre uma deficiência da glândula hipofisária em liberar o ADH, e que pode ser primário

ou secundário. É primário quando não há uma lesão identificável na hipófise, podendo ser genético ou

esporádico (idiopático); é secundário, quando há danos na hipófise ou no hipotálamo, como cirurgias,

infecções ou traumas. O outro tipo de diabete insípido é o nefrogênico, onde a hipó-fise produz

adequadamente o ADH, mas os rins não respondem em função de um defeito nos túbulos renais que

interferem na reabsorção da água. Esta forma pode ser genética ou adquirida. A DI central ocorre

igualmente em ambos os sexos, com idade de início entre 10 e 20 anos na maioria dos casos, suas

principais causas são danos ao sistema nervoso central como, por exemplo: trauma, cirurgia, tumor,

infecção, sarcoidose, histiocitose etc. (NAVES ET AL, 2003) É importante a diferenciação entre os

tipos de diabetes insípido. Pois os tratamentos para o diabetes insípido central e o renal são

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distintos. O diabetes insípido central, associado à redução na secreção de ADH, é mais freqüente-mente

idiopático, ou associado a trauma, cirurgia, tumores da região hipotalâmica ou a encefalopatia

hipóxica/isquêmica. Já o diabetes insípido renal, associado a diferentes graus de resistência à ação do

ADH, ocorre nas formas hereditárias, induzido por fármacos (por exemplo, lítio) ou secundário à

hipercalcemia (PORTARIA SAS/MS Nº710, 2010).O DI hipofisário é permanente e não pode ser

curado, mas seus sintomas podem ser completamente controlados por meio de diversas drogas, en-tre as

quais se encontra uma forma modificada da vasopressina conhecida como desmopressina ou dDAVP

(AAFP7 IN FIGUEREDO & RABELO 2009).Já o diabetes insípidos nefrogênico não pode ser tratado

com dDAVP, e dependendo da causa que o originou, pode não ser curado, suspendendo-se o

medicamento em questão, ou tratando a enfermidade de base. Até os dias de hoje, não foi encon-trado

tratamento algum para a forma hereditária, assim esta permanece por toda a vida. Atualmente existem

tratamentos parciais que podem reduzir os sinais e sintomas do DI nefrogênico (KOREN, 2003;

NGUYEN; NIELSEN; KURTZ, 2003 IN FIGUEREDO & RABELO 2009). As mudanças decorrentes

da diminuição do Volume de Líquidos no corpo humano provocam alterações no funcio-namento de

todos os sistemas orgânicos. O enfermeiro deve ser capaz para detectar tais alterações o mais precoce

possível, uma vez que a principal intenção é a prevenção dos agravas e das possíveis situações que

podem acontecer a longo e médio prazo. A equipe de enfermagem deverá estar atenta a quaisquer sinais

de choque hipovolêmico, e a comunicação e a interação são potentes ferramentas desse trabalho, entre

esta comunicação existe a verbal e a não-verbal. Neste sentido, a assistência de enfermagem aos

pacientes com risco de choque hipovolêmico, envolve uma avaliação contínua do estado geral do

paciente identificando distúrbios nos parâmetros hemodinâmicos, antecipando e pre-venindo

complicações, fornecendo um plano de cuidados e tratamento de emergência e reanimação caso seja

necessário, além do apoio emocional e a boa comunicação com todos da equipe, com os a pacientes e

familiares (PONTE E ARAGÃO). Por fim Nota-se que a diabetes insípidos é ser uma patologia que

acomete o hipotálamo e os receptores no sistema renal não tem como prevenir. Neste caso a

enfermagem deve trabalhar com educação em saúde, mostrando a importância da adesão ao tratamento

medicamentoso, as reações e as possíveis complicações. Além do incentivo para o cliente manter uma

vida saudável, como a pratica de atividades físicas e uma boa alimentação..

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. B.;PERDIGAO, J. A; LANA, C. Desequilíbrio do Hormônio Antidiuréti-co

(ADH) e Diabetes Insípido;netsaber. Disponível em: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_ar-

tigo_15274/artigo_sobre_desequilibrio_do_hormonio_antidiuretico_(adh)_e_diabetes_insipido. Acesso em 23 de setembro as 13:52.

BRASIL; Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Diabetes Insípido. Portaria SAS/MS nº 710,

de 17 de dezembro de 2010.

FIGUEIREDO, D. M & RABELO, F. L Diabetes insipidus: principais aspectos e análise

comparativa com diabetes mellitus. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 30, n. 2,

p. 155-162, jul./ dez. 2009

NAVES, ET AL. Distúrbios na secreção e ação do hormônio antidiurético. Revista Arq Bras Endo-

crinol Metab vol.47 no.4 São Paulo Aug. 2003.

PONTE, K. M. A.; ARAGÃO A. E. Cirurgia cardíaca: perfil do pacientes, permanência hospitalar e

evolução: KM de Azevedo Pontexa.yimg.com

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ROCHA ET AL. Diabetes Insipidus Nefrogênico: Conceitos Atuais de Fisiopatologia e Aspectos

Clínicos. Revista. Arq Bras Endocrinol Metab. Nº44, 2000

ROSSI, ET AL. Déficit de volume de líquidos: perfil de características definidoras no paciente

porta-dor de queimadura Rev. Latino-Americana. Enfermagem vol. 3 nº.3 Ribeirão Preto July 1998

WEILER Fernanda G; BLUMBERG, Kátia; LIBONI Claudia S.; ROQUE Eduardo A. C.; GÓIS Aécio F. T. de Diabetes insípido em paciente com esclerose múltipla.Revista Arq Bras Endocrinol.

Metab vol.52 no.1 São Paulo Feb. 2008

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes insipidus, cuidados de enfermagem, descontrole eletrolítico.

202 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 202-203

A ATENÇÃO BÁSICA INTEGRADA A SAÚDE MENTAL: VISÃO DOS

PORTADORES DE TRANSTORNOS FRENTE AOS ATENDIMENTOS NAS

UBS

Roberta Amaral Menezes

[email protected]

Priscila Gardênia Rodrigues Santos

[email protected]

Dária Lidiane Menezes de Mesquita Moura

[email protected]

Lúcia Meirelle Rosa Oliveira

[email protected]

RESUMO

A Atenção Básica é um conjunto de ações, de caráter individual e coletivo, situadas no primei-ro

nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agra-vos,

tratamento e a reabilitação (PNAB, 2006). O desenvolvimento da estratégia Saúde da Família nos

últimos anos e dos novos serviços substitutivos em saúde mental – especialmente os Centros de Atenção

Psicossocial (CAPS) – marca um progresso indiscutível da política do SUS. Esse avanço na resolução

dos problemas de saúde da população por meio da vinculação com equipes, e do aumento de

resolutividade propiciado pelos serviços substitutivos em crescente expansão, não significa, contudo,

que tenhamos chegado a uma situação ideal, do ponto de vista da melhoria da atenção. A Saúde Men-

tal, desde os primórdios, padeceu e ainda padece de preconceitos perante a sociedade e seus acometi-dos

que, em sua maioria são intitulados como loucos, doidos, sem juízo. E tais insultos e preconceitos são

opróbrios quando provenientes dos que compõe a equipe de Saúde da Família que é o primeiro contato

do indivíduo com os serviços de saúdes ofertados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que em sua maioria ignoram os fatos voltando-se somente a programas disponibilizados na

Atenção Básica, agindo de forma mecanizada e técnica, fazendo do serviço uma rotina e aquele sujei-to

fica no esquecimento agravando sua situação e, além de não prestar o atendimento básico, não acio-nam

ao menos à especialidade como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou até mesmo não faz uma

contra referência de suporte como o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família). Este trabalho busca

evidenciar os fatores e dificuldades apontados pelos portadores de transtorno mental ao acesso a unidade

básica de saúde. A metodologia utilizada foi um estudo exploratório-descritivo de análise qualitativa,

realizada durante visita domiciliar no primeiro simestre de 2011 sob supervisão dos pro-fessores do 6º

período de enfermagem, colhido uma amostragem de aproximadamente cem pessoas, com questionário

pré-estabelecido e aplicado aos moradores de uma determinada área na cidade Pa-ripiranga-BA.

Utilizou-se para a coleta de dados grupo focal, permitindo a reflexão do grupo sobre o tema abordado.

Os resultados: Diante dos relatos e discorridos, há uma acepção dos portadores de transtornos mentais

que aos olhos daqueles que estão na linha de frente da Atenção Básica, sugerindo que estes já têm um

acompanhamento na atenção psicossocial (como se todas as suas necessidades FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 203

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em saúde fossem supridas nesta atenção), não são estes inseridos no atendimento de nível primário, não

obtendo o merecido tratamento holístico. No entanto há ainda aqueles que trazem traços de um possível

diagnóstico de transtorno mental e esses ainda não foram acolhidos ou referenciados os quais, durante

visita domiciliar poderiam ser encaminhados (pelos ACS) ao PSF para uma avaliação ou até mesmo

acionado à equipe da sua existência e possível transtorno, ofertando a esse usuário qualidade de vida e

gerando pontos positivos no que diz respeito à prevenção e promoção a saúde. Ainda há o envolvimento

da família e a comunidade, ao redor desse indivíduo que muita das vezes não sabe como agir nesses

casos ou a que serviço procurar até por não ter uma orientação adequada e conhecimento relacionado à

possível patologia e suas consequências, deduzindo assim que está tudo nas normalidades agravando a

situação e alimentando o preconceito a desinformação, o rompimento da integralidade e uma

comunidade não participativa em questões de saúde. Porém, essa falta não está voltada apenas para a

Atenção Básica como, também, para os serviços de Atenção Psicossocial que, diante de tal fato estaria

juntamente à Atenção Básica organizando essa assistência e ganhando espaço no nível primário voltado

ao transtorno mental. Conclusão: A necessidade de conjugação e de conhecimento entre os diferentes

serviços de saúde (NASF, PSF E CAPS) continua sendo essencial e de caráter urgente mediante a

situação em que se encontram os serviços, assim como os ACS que são a principal porta de entrada a

estes serviços. O treinamento e uma educação continuada desses servi- ços são fundamentais, a fim de que se tornem agentes multiplicadores de prevenção e promoção da

saúde e assim possam dar devida assistência e aperfeiçoar a aliança entre os serviços para que então

atinjam a comunidade de uma forma positiva. É relevante também que haja uma interação entre os

serviços e comunidades, para poder discutir, informar e propagar saúde, incentivando para que

todos sejam participantes dessa ação somando agentes multiplicadores, no entanto compreendendo

seus conhecimentos e respeitando suas culturas e procurando caminhos que levem a qualidade de

vida e possam propagar o que é viver em saúde mas, para isso ocorra, é necessário que os

profissionais da saúde vistam a camisa da humanização.

REFERÊNCIAS

FOUCAULT, Michel. A História da Loucura na Idade Clássica. 1997. São Paulo, Perspectiva.

Ministério da Saúde, Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. - Brasília,

novembro de 2005

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. Brasília :

Ministério da Saúde, 2006. Disponível em:http://portal.saude.gov.br

PALAVRAS-CHAVE: Atenção básica; saúde mental; comunidade; educação continuada e

integra-lidade.

204 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

ANAIS.indd 204-205

FATORES E CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE, NA INFÂNCIA

Renata Dórea Nogueira

[email protected]

Raquel Bianca Leite César

[email protected]

INTRODUÇÃO

Ao recordarmos épocas passadas podemos observar que a obesidade era algo praticamente

inexistente, pois as pessoas desempenhavam no seu dia – a dia um alto grau de atividade física em

comparação aos alimentos ingeridos, porém com o passar dos tempos podemos observar uma abun-

dância de alimentos o que tem incentivado os indivíduos a comerem mais associado a uma redução nos

níveis de atividades diárias característica de uma sociedade industrializada, o que tornou a obe-sidade

tornou – se uma doença dos tempos modernos, onde não escolhe alvos específicos, podendo atingir

crianças, jovens, adultos e idosos. A obesidade pode ser definida como um distúrbio dos siste-mas

reguladores do peso corporal e caracteriza – se por um peso corporal maior do que 20% segundo o

calculo do IMC que é índice de massa corpórea, esse cálculo pode ser possível devido ao acúmulo

excessivo de tecido adiposo. Estudos indicam que mesmo a obesidade moderada é perigosa à saúde,

podendo estar envolvida, como um fator de risco, na doença cardiovascular, hipertensão, doença pul-

monar, diabetes melitos e tipo II, artrite, certos tipos de câncer, (na mama, útero e colo do intestino

grosso), varizes e doenças da vesícula biliar. Contribuições genéticas também são fatores importantes a

serem considerados, porém não são considerados determinantes e sim condicionantes.

METODOLOGIA

Este artigo é do tipo pesquisa bibliográfica e descritiva, visto que tenta explicar o problema

exposto a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações. É descritiva por

se tratar de uma pesquisa que visa conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida

social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano através de pesquisa

biblio-gráfico, livros, sites e artigos específicos sobre o tema abordado, a partir dos quais foram

analisados fatores e características de crianças obesas, na faixa etária dos 10 aos 12 anos. Na analise

desses documentos, optamos pela técnica de analise temática de conteúdo, segundo os passos nele

previsto evidenciando os objetivos e fundamentos teóricos da pesquisa.

DESENVOLVIMENTO

Conforme o Ministério da Saúde “a Globalização, o consumismo, a necessidade de prazeres

rápidos e respostas imediatas contribuirão para o aparecimento da obesidade como uma questão so- FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 205

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cial”. A obesidade envolve uma complexa relação entre corpo – saúde – alimento e sociedade, uma

vez que os grupos têm diferentes inserções sociais e concepções diversas sobre estes temas, que

variam com a história. A Obesidade é uma doença que não tem cura, porém existem métodos que

podem frear os processos metabólicos e driblar o aumento de tamanho nas células adipócitas,

Obser-va-se que os transtornos alimentares geralmente ocorrem na infância e na adolescência. Na

infância comportamentos alimentares em excesso, na maioria das vezes são considerados normais.

Nesse momento preocupação com o peso e com as formas corporais não são características

relevantes nem para os pais e nem para as crianças, porém as conseqüências de uma alimentação

descontrolada po-dem interferir diretamente em uma criança tanto no comportamento, como no seu

estilo de vida. Já no adolescente os distúrbios alimentares podem estar associados a futuras doenças

como obesidade, anorexia ou bulimia.

DISCUSSÃO

Contudo, a obra de WOODMAN, 2002, relata casos de pessoas que se entregam seriamente

a comer e beber, trabalhar, limpar casa e até mesmo aquelas que não comem por estarem sempre

buscando um corpo ideal ou aqueles que comem, porém sentem-se culpados com se o ato de comer

fosse um crime inafiançável, esta literatura destina – se diretamente a pessoas que de alguma forma

desenvolve distúrbios emocionais que estarão diretamente ligados a seu comportamento e emoções. Entretanto, a obra de WOODMAN, 2002 irá relacionar os distúrbios da obesidade com problemas

psicológicos e emocionais, segundo a autora para o obeso partilhar o alimento é fazer parte da vida.

A obesa e a anoréxica estão lutando para se conscientizar mediante o alimento aceitando – o ou re-

jeitando, em nossa cultura o alimento é catalisador para praticamente qualquer emoção, uma

maneira positiva de expressar amor, alegria, aceitação, ou negativa que expressa culpa, suborno,

medo, rejei-ção.

CONCLUSÃO

Portanto percebe - se que a obesidade não é só um processo bioquímico, onde as células

aumentam de tamanho, devido à ingestão inadequada de alimento e falta de exercícios físicos é um

processo que também está associado a comportamentos psicológicos. Com tudo, nosso emocional

estará diretamente ligado na forma como agimos, pensamos e reagimos ao nosso corpo. È natural

que crianças que tenham experiências difíceis na infância, tenham dificuldade de se relacionar com

seu próprio eu, desencadeando compulsão por alimentos, percebe – se também que a Globalização,

o con-sumismo, a necessidade de prazeres rápidos e respostas imediatas contribuem para o

aparecimento da obesidade como uma questão social.

PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; globalização; genética; psicológico; biológico; comportamento.

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ANAIS.indd 206-207

CONSIDERAÇÕES SOBRE O TDAH, TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE, NA IDADE ESCOLAR

Lais Rocha Santos

[email protected]

Mônica Deyse de Souza Carvalho

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho procura explanar pontos importantes a cerca do Transtorno de déficit de

atenção e hiperatividade na infância inserida no contexto escolar, a partir das dificuldades enfrenta-das

pelos profissionais que lidam com essas crianças, os familiares e o ponto de vista da criança, o que esta

vivencia no seu dia-a-dia, e que forma lida com as características particulares que apresenta e como se

dá seu relacionamento social, a forma como se relaciona com os colegas de classe. Para aclarar e trazer

um pouco da realidade de tais situações para o estudo, contou-se com a observação em âmbito escolar

de duas crianças, uma diagnosticada como portadora do transtorno e outra que era vista sob a ótica da

suspeita por parte da escola. Os resultados refletem a realidade que é vivenciada pela maioria dos

indivíduos com o TDAH. Quando se trata do TDAH, parece haver certas discrepân-cias na sociedade.

Na maior parte dos casos, tanto a família como o portador sequer ouviu falar do transtorno, e

infelizmente a vida dessas pessoas segue arrastada, cheia de dificuldade, ano após ano, sem que

nenhuma medida seja tomada, tornou-se costume acreditar que a vida é assim mesmo, não há o que

fazer para mudá-la. Por isso tem-se como objetivo contribuir com a divulgação de infor-mações corretas

acerca do transtorno, identificar sua principal sintomatologia e, dessa forma, fazer um feedback para a

escola, a fim de melhor esclarecê-los quanto a realidade das crianças portadoras. Pensa-se que a criança

é daquela forma porque é de sua natureza e assim não se cogita a chance ou a possibilidade de haver

tratamento. Para a realização do presente trabalho contou-se com a observação em contexto escolar,

Colégio Cenecista Laudelino Freire, na cidade de Lagarto/SE, onde se procurou observar o dia-a-dia de

duas crianças conideradas hiperativas, bem comocolher informações daqueles que convivem

diariamente com as mesmas, bem como a aplicação do teste psicológico HTP. Diante disso, foi possível

constatar sinais importantes do transtorno de hiperatividade, no entanto muitas características típicas de

crianças nessa fase também foram identificadas, o que aponta para a im-portância do diagnóstico bem

feito, por profissionais sériose competentes, já que se trata da vida de uma criança e da qualidade da

mesma. Além disso, é importante que o profissional da saúde enxergue o portador do TDAH como ser

humano que é, não enxergar só o transtorno, é de bom senso que se considere todas as implicações

sociais e de âmbito emocional que este acarreta.

PALAVRAS-CHAVE: Hiperatividade, atenção, escola, vivências, estigma.

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UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS POR

ALUNOS DA ACADEMIA DA CIDADE CORONEL JOÃO SÁ – BA

Rislane de Jesus Santos

[email protected]

Cleiton Antônio de Oliveira

[email protected]

José Carlos Santana Carregosa

INTRODUÇÃO

Há atualmente uma crescente busca em todo o país por academias, procura essa que deveria

ser para obtenção de uma melhor qualidade de vida, porém o fator estético continua sendo o maior

elemento motivacional. Grande parcela da população procura academias com o intuito de obter o

“corpo ideal”, pois a preocupação com aparência seja para conseguir emprego, estar sempre na

moda assim como manda a sociedade, satisfação quanto à estética são fatores os que influenciam a

socie-dade adolescente, jovem e adulta a ir à busca cada vez mais desse corpo perfeito tão desejado,

sendo esse público cada vez mais influenciado pela mídia que exerce papel fundamental na questão

da estética corpórea na contemporaneidade e é nessa constante busca pelo “corpo perfeito” a

qualquer custo e obtenção rápida, em um curto espaço de tempo que muitos acabam por fazer uso

de recursos ergogênicos nutricionais, que, segundo informações em seus rótulos, fornecem vários

subsídios para que os objetivos sejam alcançados satisfatoriamente, não se importando muitas vezes

com os efeitos adversos, prejudiciais dessas substâncias, bem como para que se destina cada um.

Esse fato é um pro-blema preocupante, pois o padrão cultural de beleza atual é ter força e um corpo

com músculos bem volumosos e definidos, com teor mínimo de gordura. A prática da musculação

vem ao encontro deste ideal, o ganho de força e de massa muscular é importante para a autoestima

do jovem, facilitando sua aceitação junto ao grupo de amigos e impressionando o sexo oposto.

Muito se especula sobre suplementação e recursos ergogênicos, se eles são a mesma coisa, se

fazem bem ou não a saúde, se realmente são positivos quanto aos objetivos de quem faz utilização. Cabe

aqui ressaltar que no estudo proposto os suplementos não se distinguem de recursos ergogêni-cos, mas

sim fazem parte desse “mundo” de substâncias utilizadas não com fins de melhorar a saúde, mas sim a

obtenção de massa muscular, potência, disposição entre outras promessas observadas nos rótulos dessas

substâncias. Os recursos ergogênicos de acordo com sua etimologia significa “produ-ção de trabalho”

(ergo=trabalho, gen=produção de) o uso desses pode ser compreendido por abranger todo e qualquer

mecanismo, efeito fisiológico, nutricional ou farmacológico que seja capaz de melho-

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rar a performance nas atividades físicas, esportivas, ou mesmo ocupacionais. Dessa forma, podemos

subdividir os agentes ergogênicos em 3 grupos: a) fisiológicos; b) nutricionais; c) farmacológicos

(MALFATTI et al., 2008). Atualmente a literatura científica se refere aos recursos ergogênicos

como sendo substâncias ou artifícios utilizados com a pretensão de melhorar a performance do

corpo, hi-pertrofia muscular, diminuição do percentual de gordura, maior disposição.

Os suplementos – recursos ergogênicos nutricionais – de acordo com ELIASON et al.

(1997) citado por PEREIRA, LAJOLO e HIRSCHBRUCH (2003) podem ser definidos como

produtos feitos de vitaminas, minerais, produtos herbais, extrato de tecidos, proteínas, aminoácidos

e outros produtos, consumidos com objetivo de melhorar a saúde e prevenir doenças. Porém não é

com esse destino que eles estão sendo utilizados pela maioria dos frequentadores de academias de

todo o país e principalmente pelos frequentadores da academia de Coronel João Sá. O objetivo de

utilização desses suplementos é conseguir por meio deles maior resistência, disposição para os

treinos e principalmente o ganho de massa muscular em curto espaço de tempo.

O presente artigo objetiva definir e caracterizar os recursos ergogênicos nutricionais, os su-

plementos mais utilizados, seus pontos negativos e positivos, com base em uma pesquisa de campo

embasada nos principais suplementos utilizados pelos frequentadores da academia de Coronel João Sá, e

com utilização de referencial teórico sobre a temática estudada, objetivando também contribuir sobre os

prejuízos que esses podem trazer a saúde de seus usuários, relatando quais informações, indi-cações e

conceitos os usuários possuem sobre os suplementos utilizados diante da pesquisa realizada.

SUPLEMENTOS ALIMENTARES

A busca pelo corpo perfeito virou “epidemia” em todos os locais, e nessa busca a utilização

de meios que podem ser prejudiciais e desnecessários à saúde vem aumentando cada vez mais. É

comum e crescente a grande utilização de recursos suplementares para que os objetivos de obtenção

de massa muscular, formas corpóreas bem definidas sejam alcançadas pelos mais diversos tipos de

frequentadores de academias nos treinos de musculação, aeróbica e por atletas de alto rendimento.

As promessas feitas pelos mais diversos tipos de suplementos provoca nos seres humanos a cobiça,

vontade e desejo de chegar àquilo que se atribui de corpo ideal em um curto período de tempo, para os

homens belos bíceps e tríceps braquial, barriga de “tanquinho”, pernas torneadas e bem definidas,

panturrilhas malhadas, glúteos enrijecidos e empinados. Para as mulheres a tão desejada barriga lisa,

bem definida, sem nenhuma gordurinha ou pneuzinho, glúteos enrijecidos hipertrofiados com grande

volume, seios “durinhos”, pernas malhadas, hipertrofiadas e com muita massa muscular.

Porém poucos realmente sabem o que é suplemento, qual a verdadeira necessidade de utili-

zação dos suplementos dietéticos, bem como os riscos que correm ao se utilizarem desses a partir de

suas dosagens sem um acompanhamento ou manuseio de um nutricionista ou médico específico

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na área. Segundo ALVES e LIMA (2009) suplementos alimentares são definidos como substâncias

utilizadas por via oral com o objetivo de complementar uma determinada deficiência, sendo esses

in-dicados por especialistas na área para aquelas pessoas que precisam de complemento em sua

alimen-tação para fornecer alguns nutrientes que lhe faltam já que o corpo por ação endógena não

consegue produzir. Porém os suplementos estão sendo comercializados como substâncias

ergogênicas capazes de melhorar ou aumentar o desempenho físico. Segundo estudos de BARRET

(1997) isso é fato ve-rídico e preocupante, pois cada vez mais as pessoas acreditam que a saúde seja

comprável, adquirida por meio dos suplementos dietéticos, sendo que esses suplementos são

comercializados com a pro-messa de aumentar energia, melhorar a performance física, diminuir

massa gorda e aumentar a massa magra corpórea, prevenir e tratar alguns problemas de saúde,

quando na verdade não tem todas suas “promessas” comprovadas cientificamente.

De acordo com MELVIN (2004) os suplementos dietéticos são usados por atletas no mundo

todo. Nos Estados Unidos, a lei Dietary Supplement Health and Education Act (Lei sobre Educação

e Saúde dos Suplementos Dietéticos) definiu suplementos dietéticos como substâncias adicionadas

à dieta, principalmente (1) vitaminas, (2) minerais, (3) aminoácidos, (4) ervas ou produtos botâni-

cos e (5) metabólitos/constituintes/extratos ou combinação de qualquer desses ingredientes. Além

dos atuais produtos alimentícios desenvolvidos para atletas e indivíduos fisicamente ativos, diversas

empresas comercializam suplementos dietéticos para atletas, geralmente sob a alegação de que o

desempenho nos esportes pode ser melhorado aliando a isso a busca de um corpo esteticamente per-

feito que é gerado pela falta de uma cultura corporal saudável e que tem levado a população a usar

de forma abusiva, substâncias que possam potencializar no menor espaço de tempo possível os seus

desejos. Dentre essas substâncias, o suplemento tem um destaque primordial, talvez por falta de

uma legislação rigorosa que autorize a sua venda sem receita médica, ou devido às indústrias

lançarem constantemente no mercado produtos ditos ergogênicos prometendo efeitos imediatos e

eficazes. Pa-ralelo a isso, alguns profissionais de Educação Física vêm estimulando o uso do

suplemento com o intuito de melhorar a performance de seu aluno, sem levar em conta os meios

mais saudáveis para se atingir os objetivos traçados (SANTOS e SANTOS, 2002).

De acordo com pesquisas feitas sobre comprovações de positivos resultados do uso de suple-

mentos não restam dúvidas quanto às mudanças favoráveis da composição corporal e a influencia po-

sitiva sobre o desempenho esportivo de atletas após o manejo dietético, através do uso da suplemen-

tação alimentar para casos específicos (HERNANDEZ e NAHAS, 2009), pois diante de pesquisas

abordadas a maioria dos usuários atribui que os suplementos surtem efeitos positivos diante aumento de

massa muscular e auxílio na hipertrofia muscular, na questão de resistência e disposição, dando a essas

substâncias o mérito por conseguir chegar aos objetivos desejados. Porém, HERNANDEZ e NAHAS

(2009) explicitam muito bem que o uso de suplementação deve ocorrer de acordo com prescrição e um

profissional da área e desde que o sujeito tenha a necessidade real de consumo desses produtos devido a

complementar uma alimentação que não é bem equilibrada, balanceada afetada por diversos fatores. Já

para atletas de alto rendimento os suplementos alimentares são importantes caso

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ANAIS.indd 210-211

haja a necessidade de auxilio desses para manter a carga de treinamento, principalmente quando

esses não tem uma alimentação bem balanceada e regrada.

A alimentação saudável e adequada deve ser entendida e compreendida pelos atletas de alto

rendimento ou mesmo praticantes de musculação, principalmente pelos frequentadores da academia

de Coronel João Sá que fazem uso de suplementos, como sendo o ponto de partida para obter o de-

sempenho máximo e considerar as manipulações nutricionais como uma estratégia complementar,

assim como também afirma (SABINO, LUZ, CARVALHO, 2010). Quando os nutrientes se

apresen-tam em quantidades ótimas, a saúde e o bem-estar do indivíduo são maximizados. A

determinação de quais nutrientes são essenciais e das quantidades ótimas dos nutrientes essenciais

têm sido foco de investigações por décadas e as recomendações de nutrientes específicos têm sido

apresentadas nas Recomendações de Ingestão pela Dieta – RIDs (National Research Council, 1989)

citado por (SAN-TOS e SANTOS, 2002).

SUPLEMENTOS: SUBSTÂNCIAS

AMINOACIDOS

Os aminoácidos possuem um importante papel de realizar a síntese protéica, ou seja, é por

meio da junção de vários aminoácidos que as proteínas são formadas, isso por processos anabólicos.

De acordo com estudos realizados os aminoácidos mais utilizados em suplementos são:

• GLUTAMINA: A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no plasma e tecido

muscular sendo utilizado em altas concentrações por células de divisão rápida, para

fornecer energia e favorecer a síntese de nucleotídeos. A suplementação com esse ami-

noácido pode atenuar o estresse oxidativo, reduzir a quantidade de lesões celulares

decorrentes de exercícios físicos exaustivos e melhorar a defesa imunológica.

• BCAAs: São aminoácidos de cadeia ramificada e dentre os BCAAS essenciais estão

a Valina, Leucina e Isoleucina. Esses aminoácidos são necessários para a construção

e manutenção dos músculos, quanto à suplementação com esses aminoácidos eles

atuam na prevenção da fadiga muscular, promovem a síntese protéica, evitam o

catabolismo protéico e serve também como substrato para a gliconeogênese.

Pontos negativos: Doses acima do recomendado podem provocar diarreia e comprometer a

absorção de outros aminoácidos e em longo prazo, leva a sobrecarga renal, desidratação e

problemas cardiovasculares.

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PROTEÍNAS

Suplementos proteicos são compostos de aminoácidos que são elementos fundamentais da

construção muscular. O corpo necessita de gordura e carboidratos para funcionar, porém é impossí-

vel adquirir músculos sem proteína. É por isso que uma fonte de alta qualidade de proteína deve ser

incluída na dieta e rotina de musculação. Os suplementos proteicos são os mais consumidos, desta-

cando-se as proteínas do soro do leite os chamados Whey Proteins e a proteína encontrada na clara

de ovos a Albumina.

• Whey Proteins possuem alto valor nutricional, alto teor de aminoácidos essenciais e

de cadeia ramificada, alto teor de cálcio e peptídeos bioativos do soro. Seus efeitos

bioló-gicos resultam no aumento da síntese proteica muscular, redução da gordura

corporal em função do seu alto teor de cálcio e alta concentração de glutationa,

diminuindo a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos e aumento da

concentração de insulina plasmática favorecendo a captação de aminoácidos para o

interior da célula muscular ALVES e LIMA (2009).

Pontos negativos: Consumido em excesso ele sobrecarrega os rins, pois esses se veem na

necessidade de aumentar seu trabalho para eliminar as substâncias toxicas, tendo como outro fator

importante que toda proteína que não é utilizada para formação de massa muscular vira gordura. E

se a ingestão de carboidrato não for suficiente para liberar energia à prática da atividade, a proteína

será desviada para esse fim. Ou seja, não haverá ganho de massa muscular.

• Albumina é reconhecida como a mais rica proteína animal, sendo fundamental para o

crescimento e regeneração muscular, sendo indicada para pessoas que tem como

objetivo o aumento de massa muscular, sendo também consumidas por pessoas que

necessitam em sua dieta grandes quantidades de proteínas. Ela é uma proteína obtida

a partir da clara do ovo desidratada e pasteurizada, que possui alto valor biológico

sendo fundamental para o crescimento e regeneração muscular.

Pontos negativos: Pode causar gases e o consumo exagerado causa diarreia, diminui a

queima de gordura durante o exercício e engorda.

CREATINA

A creatina é um composto nitrogenado naturalmente sintetizado no fígado, rins e no pâncreas,

que também pode ser obtida pelo consumo de alimentos de origem animal (como carnes, por exem-plo).

No organismo, cerca de 95% estão depositados no músculo esquelético, sendo 1/3 em sua forma livre e

o restante na forma fosforilada (CP) (VIENA, 2006). A creatina fosforilada é uma reserva de energia

nas células e sendo ela utilizada como suplemento parece não aumentar a concentração de

ATP muscular de repouso, mas ajuda a manter os níveis de ATP durante um esforço físico máximo

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(Greenhaff et al., 1993) citado por PERALTA e AMANCIO (2002). De acordo com estudos elabo-rados

a creatina aumenta o pool de creatina corporal, o que potencialmente facilitaria a geração de maior

quantidade de CP, sendo o efeito ergogênico específico para certos tipos de esforço físico, como por

exemplo: exercícios repetitivos, de alta intensidade, curta duração e com períodos de recu-peração muito

curtos. Diante disso, a creatina é utilizada por praticantes de musculação ou mesmo atletas com o intuito

de repor a energia gasta durante o treinamento, potencializando também a síntese de proteínas no

músculo, essa reposição de energia gera no corpo o aumento da disposição levando ao aumento da

sobrecarga e repetições de exercício com intuito de aumentar a massa muscular.

“O consumo de creatina, substância ergogênica não considerada como doping pelo COI, tem se mos-

trado efetivo na melhoria do desempenho esportivo, porém, em condições específicas de exercício,

principalmente em modalidades de curta duração, alta intensidade e períodos curtos de recuperação. Este efeito seria devido ao aumento dos níveis musculares de creatina, o qual poderia potencializar a

rápida regeneração do ATP. A suplementação seria mais efetiva naqueles indivíduos com níveis iniciais

baixos deste composto nos músculos, como vegetarianos e idosos. Os efeitos ergogênicos desta

substância podem ser aumentados quando consumida com glicose, mas a quantidade do car-boidrato

deve ser grande. É importante ressaltar que não são poucos os trabalhos bem controlados sem

demonstração de benefício significativo com o consumo de creatina. Não há, ainda, evidência

conclusiva sobre efeitos colaterais de seu uso. Faltam também mais estudos para determinar se o au-

mento de peso decorrente do seu consumo é devido à retenção de água ou a um aumento verdadeiro da síntese de proteínas.” (PERALTA e AMANCIO, 2002)

Pontos negativos: a creatina consumida erroneamente pode provocar aumento do peso, devi-

do ao aumento de tecido adiposo, retenção de líquidos (dando a falsa impressão de ganho de massa

muscular), inchaço no fígado, interfere na glicogênese, lesão no miocárdio, potencializa a desmine-

ralização óssea, pode provocar distrofia muscular, cãibras, náuseas e vômitos, desconforto

estomacal, diarreia, tonturas, desregula a atividade hormonal, complicações cardíacas, renais e do

fígado, câncer, impotência sexual, insônia, tumores, alterações no colesterol, hipertensão, aumento

de ácido úrico, lesões musculares, dores abdominais, mudanças de hábitos intestinais e urinários,

excesso de cálcio, pedras nos rins e vesículas, altera a glicose, coma e morte, a creatina, a exemplo

de outros suplemen-tos, pode ajudar atletas quando ministrada com cuidado, de acordo com a

necessidade de cada um e com orientação de profissionais da área.

CARNITINA

É uma amina encontrada na carne vermelha, leite e derivados, sendo essa sintetizada a partir da

lisina e metionina no fígado, no cérebro e também no rim. A carnitina é comumente chamada de Fat

Burners (Queimadores de gordura), isso porque a carnitina presente em nosso corpo é quem realiza o

transporte dos derivados da gordura para dentro das mitocôndrias, onde eles serão oxidados. Ao tomar

conhecimento destas reações, algumas indústrias farmacêuticas apressaram-se em produzir e vender

carnitina, afirmando que sua ingestão aumentaria a degradação de lipídeos e ajudaria a quei-mar a

indesejável gordura localizada. Porém, tendo em vista que o catabolismo do tecido gorduroso possui um

grande número de reações, catalisadas por diversas enzimas e reguladas por diversos fato-res, seria

errôneo atribuir que com o consumo desse suplemento sozinho toda esta cadeia de reações FACULDADE AGES ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA | 213

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aconteceriam diminuindo a quantidade de gordura corpórea sem que os outros fatores de catabolismo

fossem alterados, sendo que também os tecidos animais saudáveis já possuem quantidades mais que

suficientes de carnitina para manter as reações, não sendo esse o motivo de maior ou menor queima de

gordura. Portanto é um erro atribuir a carnitina como responsável por “queimar” a gordura do corpo,

sabendo que para que isso acontecesse a carnitina exógena ingerida deveria além de entrar na corrente

sanguínea ela teria que entrar na mitocôndria para que lá ela desempenhasse seu papel.

VITAMINAS

A função das vitaminas no corpo humano como reguladores metabólicos, atuando em uma sé-rie

de processos fisiológicos importantes para o desempenho na prática de exercícios ou nos esportes.

Muitas das vitaminas do complexo B, por exemplo, participa do processamento de carboidratos e

gor-duras para produção de energia, um aspecto importante durante exercícios de intensidade

variadas. Também é prática comum entre atletas o uso de doses extras de vitaminas, principalmente

C e E, por suas propriedades antioxidantes. Segundo um estudo realizado em São Paulo com

universitários de uma instituição privada mostrou que 30,4% dos entrevistados usavam produtos

vitamínicos (ALVES e LIMA 2009).

METODOLOGIA E METODOS

O estudo pauta-se em uma pesquisa de campo foi feita por meio de um questionário misto de

nove quesitos sobre o tema em questão – suplementação – aplicado na academia de musculação na

cidade de Coronel João Sá – BA, sendo esse questionário respondido por frequentadores da mesma.

Ao total foram 32 colaboradores, a pesquisa foi elaborada com base em uma amostra, os quais res-

ponderam os 9 (nove) questionamentos de acordo com o conhecimento que tinham sobre o assunto,

e com o consentimento dos mesmos para uma possível análise e publicação dos dados fornecidos.

Os resultados estão demonstrados por meio de gráficos e tabelas, sendo explicitada a média das

idades dos colaboradores, bem como a faixa etária predominante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados ao total 32 colaboradores, frequentadores de uma academia em Coronel João

Sá com a pretensão de apresentar os suplementos mais utilizados, a indicação, o porquê da

utilização, os resultados obtidos, forma de utilização e principalmente o conceito que cada usuário e

não usuário colaborador da pesquisa possui sobre o uso de recursos ergogênicos nutricionais. Segue

no gráfico 1 a quantidade respectiva quanto ao gênero dos entrevistados:

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Gráfico 1

Fonte: Pesquisa de campo embasada no questionário aplicado na academia de Coronel João Sá.

Diante dos dados da amostra apresentada, mostra-se maior predominância do sexo

masculino quanto à freqüência na academia colaboradora com 53% da população masculina, ou

seja, 17 homens e 47% de população feminina, ou seja, 15 mulheres. A seguir no gráfico 2 segue a

média das idades dos entrevistados, feita a partir de um cálculo de média aritmética de FILHO

(2007) com os seguintes resultados:

Gráfico 2

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A média aritmética das idades foi de 22,5 respectivamente: 14, 16(3), 17(2), 18(2), 19(6), 20(2),

21(2), 23(3), 24, 25(3), 29(3), 30(2), 37, 40. Isso demonstra que a pesquisa feita com base em uma

amostra a maioria dos freqüentadores são jovens com maior predominância aos 19 anos. No gráfico 3 é

evidenciado a quantidade dos usuários de suplementos com fins estéticos, segue o gráfico

3:

Gráfico 3

O gráfico 3 mostra que dos 32 participantes da amostra sendo 17 homens, 12 fazem uso de

suplementos, e das 15 mulheres entrevistadas somente 1 faz utilização de suplementos. Segue no

gráfico 4 o percentual total de homens e de mulheres na amostra que fazem uso de recursos

ergogêni-cos nutricionais para fins estéticos comparado aos frequentadores da academia que não

utilizam essas substâncias.

216 | ANAIS - VI SEMANA DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA FACULDADE AGES

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Gráfico 4

De acordo com o resultados apresentados no gráfico 4, evidencia-se que há maior predo-

minância de freqüentadores que não utilizam suplementos, superando os que utilizam em 18,76%.

Quando perguntado aos colaboradores da amostra referente quais os tipos de suplementos eram

utili-zados os resultados são os que seguem na tabela 6:

Tabela 6

Suplementos Usuários

Massa 3200 Anticatabolic 1

Creatina 8

Mega Massa 2

Monster Nitro Pack (No2) 7

Albumina 1 Fonte: Pesquisa de campo embasada no questionário aplicado na academia de Coronel João Sá.

De acordo com os dados obtidos e apresentados, mostra-se um maior consumo de suplemen-tos

à base de proteínas e aminoácidos de cadeia ramificada, os BCAAs, destacando-se também um alto

índice de utilização da creatina. Dentre os tipos de suplementos utilizados o que aparece com maior

presença é a creatina (8) e o Monster Nitro Pack (No2) (7). O Monster Nitro Pack NO2 é com-posto por

uma combinação ideal de nutrientes proveniente de proteínas de alto valor biológico como a Whey

Protein (Proteína do soro do leite) concentrada e hidrolisada, glutamina peptídeo (proteína hidrolisada

do trigo), BCAAs, guaraná, vitaminas, antioxidantes e minerais quelatos com arginina e é indicado para atletas em treinos moderados e intensos, que desejam uma musculatura mais definida

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e aparente. Outros dois suplementos que também são destacados são a Massa 3200 Anticatabolic e a

Mega Massa. A Massa 3200 Anticatabolic é um suplemento constituído a base de soro do leite iso-lado

(Whey Protein Isolete) com alto teor de glutamina, BCAAs, utilizados para obtenção de massa muscular

e principalmente com o objetivo de diminuir o catabolismo das células musculares. A Mega

Massa é um suplemento a base de Whey Protein, carboidratos complexos e proteínas nobres, ideal

para treino voltado para o ganho de massa magra, volume muscular e também força.

Quanto à indicação dos suplementos indicados na tabela 6 os resultados são os

demonstrados na tabela 7:

Tabela 7

Indicação Usuários

Amigos 4

Personal Treiner 4

Médico 1

Nutricionista 1

Por conta própria 4

Fonte: Pesquisa de campo embasada no questionário aplicado na academia de Coronel João Sá.

A tabela 7 mostra as informações quanto à indicação dos suplementos aos usuários,

mostrando que a maioria usa devido à indicação de amigos, pelo incentivo de um personal treiner e

o pior é que grande parte desses ainda utilizam esses recursos ergogênicos por contra própria.

Quanto aos resultados: 12 usuários afirmaram que os suplementos utilizados cumprem as

promessas em seus rótulos, afirmando eles que eles dão a sensação de mais disposição, energia para

realização dos exercícios e principalmente houve rentabilidade quanto à principal questão para seu

uso que é o ganho de massa muscular. Somente um usuário afirmou que o suplemento utilizado não

tinha ainda surtido o efeito desejado devido ao pouco tempo de consumo (creatina).

Quando perguntado se sabiam o que eram suplementos e seus fins somente três afirmaram

não saber o que são suplementos, os mesmos não faziam utilização desses recursos ergogênicos

nutricionais. Vinte e nove (29) de todos os entrevistados afirmaram saber o que são suplementos,

porém, quando perguntados sobre a concepção que tinham sobre, não souberam afirmar com

clareza o que eram suplementos limitando-se somente a dizer que essas substâncias são positivas ao

corpo em relação à disponibilidade quanto a disposição, fornecimento de maior energia e

principalmente no ganho de massa muscular e que toda utilização desses recursos deve ser indicada

por uma pessoa responsável e de conhecimento na área, no caso nutricionista ou um médico.

A pesquisa feita comprova o uso indiscriminado dessas substâncias promovedoras de ener-gia e

massa muscular corpórea, sendo constatado também o uso desses suplementos sem prescrição nenhuma

de um profissional especifico na área o que pode desencadear futuros problemas de saúde futuramente

caso haja uso indiscriminado. É de importância levar em consideração que muitos desses suplementos

existentes indicam em seus rótulos determinadas quantidades de substâncias sendo que

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essas quantidades quando passadas por testes fica evidenciado que a quantidade descrita no rótulo

não corresponde ao total em exatidão. Um fator interessante a ser relevado é que a maioria dos

entrevis-tados (29) indicou ser de extrema importância utilizar essas substâncias com auxílio de

profissionais na área, porém eles mesmos consomem sem indicação de profissional nenhum,

levando como base as idéias e indicações que amigos têm ou mesmo por conta própria, sendo esses

produtos adquiridos com freqüência e sem nenhuma dificuldade, podendo esses ser comprados em

farmácias, internet principalmente, a instrutores de academias, ou seja, há uma grande banalização

também por parte dos profissionais da educação física, cujos agem como se fossem médicos, tendo

comportamentos errô-neos, indicando, prescrevendo e vendendo essas substâncias sem se importar

com a real necessidade dos usuários, mas sim com o lucro que irão obter com as vendas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notável que o consumo de suplementos foi bastante significante entre os frequentadores da

academia de Coronel João Sá, com um índice de 40,56% de usuários de suplementos na academia

pesquisada. Ligado isso vem os fatores de precauções que os usuários não tem quando fazem a uti-

lização desse recursos ergogênicos nutricionais. Pode-se dizer que os suplementos – recursos ergo-

gênicos nutricionais – ajudam seus usuários a obter maior disponibilidade, energia, massa muscular

desde que esses sejam tomados corretamente, com orientação de um profissional e principalmente

que as substâncias contidas neles seja verídicas com seu rótulo. Os suplementos devem somente ser

usados quando receitado por um médico especialista ou um (a) nutricionista, desde que o indivíduo

realmente tenha a necessidade de utilização desses, visto que uma boa alimentação, com todos os

nu-trientes necessários a para realização das atividades garantem aos seres humanos subsídios

suficientes para garantirem uma boa performance, conseguir massa muscular, ter energia e

disposição suficiente para realizar os exercícios físicos, chegando assim aos objetivos desejados

sem precisar recorrer a nenhum tipo de recurso ergogênicos e que manuseado erroneamente venha a

prejudicar a sua saúde. Por tanto cabe aqui um alerta aos jovens que fazem uso dessas substancias

sem um acompanhamento profissional e sem se importar com os efeitos adversos.

PALAVRAS-CHAVE: Suplementos, recursos ergogênicos, creatina, proteínas, aminoácidos.

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O NOVO CODIGO PENAL: PROPOSTA SOBRE ABORTO

Luan Wesley Santana de Jesus

[email protected]

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como principal objetivo refletir sobre o Direito, em especial, o Novo

Código Penal, que traz em seu anteprojeto vários tabus, erros graves e temas polêmicos que acabam

ferindo os princípios constitucionais, dentre eles os anencefálicos e o aborto.

Indubitavelmente, é uma dificuldade dos legisladores de se ajustar com a realidade do

mundo atual, em que cada vez mais aumenta os índices de criminalidade, violência, o aborto e a sua

pratica clandestina.

Esse Novo Código não pode ser visto como um meio de solução para diminuir a criminali-

dade, pois não é simples combater a mesma, penas mais rígidas não é “sinônimo” de diminuição de

crimes, violência. Como diz Edilson Santana “A erradicação do analfabetismo, o pleno emprego,

as-sistência médica, a distribuição justa das riquezas e um sistema previdenciário de grande alcance

são meios que, com absoluta certeza, reduzem a criminalidade.” (p.91). Então, deve-se investir em

mais educação, lazer, emprego, estes sim são formas de contenção da violência.

Segundo Santana (2008), o Direito Penal é ciência jurídica de origem muito remota. Isso

acontece porque, desde os primeiros tempos da Historia, surgiu a necessidade de coibir-se a prática

delitiva. Assim, o Direito Penal tornou-se imprescindível como ciência que cataloga e estuda as nor-

mas que tipificam os crimes. Além disso, deve-se respeitar a integridade física e moral do ser

humano, por ser um direito fundamental assegurado pela Constituição:

A preservação da integridade física e/ou moral do ser humano constitui direito fundamen-

tal, presente no corpo das Constituições, como clausula pétrea. Ao constituí-la, outro não foi o

pen-samento do legislador constituinte, senão o de combater toda forma de tortura. (SANTANA,

p.21, 2008)

Com isso, temos que destacar que, essa discussão do Novo Código Penal, é de fundamental

importância para o futuro do nosso país. E conforme a Constituição, que é, como reza Alexandre de

Moraes, (p. 6, 2010) “Lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à

estruturação do Estado, à formação de poderes públicos, formas de governo e aquisição do poder de

governo distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.”. E que, principal-

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mente, declara o nosso país, um Estado Democrático, ou seja, a noção de governo do povo.

É dever de todos os cidadãos “lutarem” pelos seus direitos, opinar a respeito das normas, ou

seja, ter o acesso à justiça que de acordo com CAPPELLETTI, e GARTH, é “o sistema pela qual as

pessoas podem reivindicar os teus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado

que, primeiro deve ser realmente acessível a todos, segundo, ele deve produzir resultados que sejam

individual e socialmente justos.” (p. 1). Mas, o acesso não tem a efetividade que desejamos, contém

varias barreiras que impedem.

Dessa forma fica evidente o poder constituinte. A manifestação soberana da vontade

política, de um povo, social e juridicamente organizado. O mesmo pode ser dividido em dois, o

originário e o derivado.

Segundo Moraes (2010), o originário estabelece a Constituição de um novo Estado, organi-

zando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. E o derivado está

inserido na própria Constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional,

portanto, reconhece limitações constitucionais expresses e implícitas e é passível de controle de

cons-titucionalidade.

Então, o Código Penal traz novidades preocupantes, pois vai contra os princípios constitu-

cionais, especificadamente, os Direitos Humanos, que é com base na dignidade da pessoa humana,

reconhecidos e protegidos pelo Estado. Tudo isto está contido no art. 1º da CF. E também, os

mesmos, asseguram, declaram que, os homens nascem e continuam livres e iguais em direitos. As

distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.

O aborto que, conforme o Código Penal Brasileiro nos artigos 123 a 128 CP. Só é permitido

em casos, quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, gravidez resultante de estrupo,

precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. De certa

forma, vão contra os direitos fundamentais, que são os direitos, à vida, à liberdade, à segurança, e à

propriedade. Neste caso, especialmente, à vida que a Constituição Federal proclama que o Estado

deve assegurar, o direito de continuar vivo, ter vida digna quanto à subsistência e de certa forma até

de nascer, para os indivíduos.

Em plena era moderna, o aborto de uma forma geral, ainda é um assunto que discorre muita

polémica, por conta das crenças religiosas, que defendem as tuas teorias, em favor da vida. E tam-

bém, por conta da clandestinidade, pessoas não qualificadas que utilizam locais inapropriados para

fazer o mesmo.

Com relação ao aspecto religioso, por mais que a crença seja fundamental na vida de cada

um, procurei não me ater com os posicionamentos religiosos. Porque, o nosso Estado Brasileiro é

laico, ou seja, é imparcial, quando se refere aos temas religiosos. E com relação ao aborto, em casos

de anencefálicos, que como reza ESPINOSA (1998, p. 27):

Anencéfalo é todo embrião, feto ou bebê que carece de uma parte do sistema nervoso

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central, mais concretamente dos hemisférios cerebrais e de uma parte, maior ou menor, do tronco

encefálico (bulbo raquidiano, situado acima da medula, e os dois seguimentos seguintes: ponte e

pendúculos cerebrais). Como no bulbo raquidiano estão situados os centros da respiração e da

circu-lação sanguínea, o anencefálico pode nascer com vida e viver algumas horas, mais raramente

alguns dias ou poucas semanas.

Então, a anencefalia é quando existe uma má formação, caracterizada pela ausência parcial

do encéfalo, que é o centro do sistema nervoso. Os bebês que contém anencefalia possuem uma

expec-tativa de vida muito curta, apesar de que não se pode estabelecer com precisão o tempo de

vida que terão fora do útero.

A interrupção da gravidez nesses casos, também conhecida como aborto terapêutico, é per-

mitida em casos de anencefalia em diversos países. E o Brasil neste ano de 2012 também autorizou

a realização deste tipo de aborto, mas, precisa de autorização judicial para realizar. A decisão foi

toma-da com base em argumentos, como que, não existe vida possível. Ele é biologicamente vivo,

por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal.

Agora a novidade é que o novo código penal contém em seu anteprojeto, em especial, aonde

trata sobre o aborto, uma proposta, em que a gestante de aproximadamente até 12 semanas poderá

interromper a gravidez desde que um médico ou um psicólogo ateste que a mesma não tenha deter-

minadas condições de arcar com a maternidade.

Este é mais difícil de assimilar do que nos casos anencefálicos, cujo último foi levado em

consideração, principalmente, o sofrimento psicológico que a mãe iria sofrer ao esperar um filho

que tem poucas chances de vida, e até mesmo de certa forma não existe vida possível, por conta da

má formação.

Mas, neste novo caso contido no anteprojeto, o filho é saudável, tem vida, e se for praticar o

aborto, estará matando aquele ser saudável que está para nascer. Além disso, como um medico ou

até mesmo um psicólogo irá avaliar as mulheres, para afirmar com total convicção se ela tem

condições para ser mãe ou não.

É importante destacar que, desde o primeiro momento de sua existência, o nascituro que esta

sendo formado. Deve ser reconhecido os seus direitos de pessoa, em que apesar de já ter vida, pode

ser considerado um ser humano, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.

A legislação brasileira afirma que, a vida do nascituro deve ser salvaguarda por ser vida hu-

mana, e não só porque tem expectativa de direito civil. Como diz o art. 2º do Código Civil: “A

perso-nalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a

concepção, os direitos do nascituro.”

Então, este ser tem direito de nascer, o direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito

deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado da vida. Tudo isto está con-

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tido no art. 5ª da Constituição Federal, e também, o artigo 7º Estatuto da Criança e do Adolescente:

“A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de

políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em

condições dignas de existência.”.

A respeito do aborto, o Código Penal Brasileiro diz que é crime contra a vida humana,

estando contido nos artigos 123 a 128 CP. E só é permitido em casos, quando não há outro meio de

salvar a vida da gestante, no caso de gravidez resultante de estrupo, precedido de consentimento da

gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Neste ano de 2012, o supremo decidiu que

o aborto anencefálico não é “crime”. E está em discussão o anteprojeto de aceitar o aborto, como já

foi dito, a gestante de aproximadamente até 12 semanas, desde que um médico ou um psicólogo

ateste que a mesma tenha incapacidade psicológica.

Então, depende da visão de cada um, se tratando dos anencefálicos para a igreja existe vida

nestes seres, mas, para o “supremo” não existe vida e até mesmo não pode ser considerado crime de

aborto, já que não existe vida possível. Pois o crime de aborto é quando o feto morre por

decorrência das “manobras abortivas”. Além disso, o risco de vida da mãe faz por optar proteger a

vida de quem está vivo do que um que dificilmente irá sobreviver.

Mas, está proposta do novo código penal, que trata sobre o aborto, em que a gestante de apro-

ximadamente até 12 semanas poderá interromper a gravidez desde que um médico ou um psicólogo

ateste que a mesma não tenha determinadas condições de arcar com a maternidade. E deferentemente

dos anencefálicos, o filho que está para nascer é saudável, este sim pode ser considerado uma vida. E a

legislação assegura o direito à vida do nascituro conforme o art. 2º CC. Por isso, tem o direito de ser

humano, dentre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.

E por estas circunstâncias apresentadas acima, e ao decorrer do artigo, não podemos aceitar

está proposta de aborto, contida no anteprojeto.

PALAVRAS-CHAVE: Novo Codigo Penal; Anencefalicos; Aborto.

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