vestibular ufu professor henrique landim11 - ainda com base na leitura do livro a moratória, de...
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VESTIBULAR UFU
PROFESSOR HENRIQUE LANDIM
1 - Levando em consideração a leitura do romance A Cor Púrpura, de Alice Walker,
podemos dizer que em sua estrutura NÃO encontramos a seguinte temática:
a) Exaltação do infanticídio.
b) Crítica ao patriarcalismo.
c) Aversão ao racismo.
d) Defesa do feminismo.
2 - Avalie todas as asserções abaixo sobre a obra A Cor Púrpura, de Alice Walker, e
marque a única alternativa INCOERENTE com o livro:
a) O livro é um romance tradicional que se passa em uma pequena cidade da
Filadélfia (EUA) aproximadamente em 1909.
b) Observamos que as suas narrativas apresentam, como pano de fundo,
“narradores” e personagens afro-americanos integrantes da consciência
histórica.
c) O forte engajamento em suas convicções a fez cunhar o termo “womanist” (algo
como “mulherismo”), perceptivelmente porque o feminismo não abrangia as
perspectivas das mulheres negras.
d) A utilização das cartas expõe a intenção de recontar de forma fragmentada a
construção de identidade da personagem Celie.
3 - Com base em os seus conhecimentos acerca do livro A Cor Púrpura, de Alice Walker,
leia atentamente todos os itens a seguir e marque o único CORRETO:
a) Alice Walker narra a história de Celie Johnson, uma menina de 16 anos que foi
violentada pelo suposto primo e se tornou mãe de três filhos que foram
arrancados dos seus braços.
b) Ao longo da narrativa, um dos únicos meios que Celie tem par a suportar as
agruras da vida é escrever cartas para Deus.
c) O único amor que restou a Celie foi o de seu marido, o verdadeiro amor da
protagonista.
d) A obra é composta pelas 92 cartas que constroem o romance e que se estendem
por mais ou menos 42 anos.
4 - Leia com atenção o trecho a seguir retirado do livro A Cor Púrpura, de Alice Walker,
para se fazer o que é pedido:
Você sabia que existiam grandes cidades na África maiores que Milledgeville e
até Atlanta, milhares de anos atrás? Que os egípcios que construíram as
pirâmides e escravizaram os israelitas eram pretos? Que a Etiópia sobre a qual
nós lemos na Bíblia era antigamente a África toda? (WALKER, 1986, p. 121)
A respeito do livro e do trecho selecionado julgue os itens a seguir e marque o único
ERRADO:
a) Nettie transforma as cartas em um paralelo de conhecimento de mundo ao fazer
referências aos elementos da ancestralidade.
b) O ato da escrita torna-se um ritual que, de certa forma, distancia as figuras
personificadas, pois os relatos inscritos são mecanismos de ódio.
c) A função da carta para esse “eu” é justamente de proporcionar um espaço de
acolhimento, no qual o ato da escrita de Celie transcorre e auxilia na construção
desse sujeito que se encontra perdido e desamparado.
d) A inserção das cartas no romance de Alice Walker apresenta o gênero como meio
possível para a fala dos “silenciados”, visto que se escreve por não poder falar.
5 - Analise com atenção o trecho, retirado do romance A Cor Púrpura, de Alice Walker,
para, em seguida, se fazer que é pedido:
Querido Deus,
Enquanto nossa nova mamãe tá duente eu peço pra ele me pegá invés da Nettie.
Mas ele só perguntou de que queu tô falando. Eu falo pra ele queu pudia me
arrumar pra ele. Eu me enfio no meu quarto e apareço usando rabo-de-cavalo,
pena e um par dos sapato de salto alto da nossa nova mamãe. Ele me bateu
purque eu me visti como vagabunda, mas fez cumigo de toda maneira. (...) Eu
fico na cama chorando. A Nettie, ela finalmente viu a luz do dia, clara. Nossa nova
mamãe, ela também vê (WALKER, 1986, p. 17)
De acordo com a leitura do livro qual é a grande preocupação da Celie com a irmã
Nettie? Assinale o item CORRETO:
a) A sua grande preocupação está concentrada na figura da irmã Nettie, pelo medo
de que ela sofra abusos sexuais e de que cometa o “pecado” do incesto.
b) Havia um profundo medo de Nettie pudesse se envolver com Harpo e, em
consequência, ter um novo filho.
c) Que a irmã não terminasse o seu curso superior e, posteriormente, não
conseguisse ascender socialmente.
d) O medo seria que a Nettie não conseguisse retornar ao solo norte americano.
6 - Procure ler com bastante atenção as informações abaixo sobre o livro A Cor Púrpura,
de Alice Walker, e assinale a única alternativa ERRADA:
a) O romance se passa nos Estados Unidos urbano, mais precisamente em Nova York, em meados do século XX.
b) É através de Shug que Celie se redescobre enquanto mulher e sujeito e decide enfrentar seus opressores.
c) O contato com as origens faz com que Nettie conheça a real história do seu povo, sem intermédios do discurso opressor.
d) A narração de Nettie sobre sua experiência com a África expressa o conflito vivenciado pelo afro-americano com o seu sentimento de pertença.
7 – O romance A Cor Púrpura, de Alice Walker, é aberto por meio da seguinte epígrafe:
“É melhor você nunca contar pra ninguém, só pra Deus” (WALKER, 2019, p. 9). Essa
epígrafe pode ser vinculada a qual personagem abaixo? Marque a alternativa CORRETA:
a) Albert
b) “Pai” de Celie
c) Harpo
d) Shug Avery
8 – No romance A Cor Púrpura, de Alice Walker, a referida cor do título é por várias vezes
associada à figura de Shug Avery. Dessa maneira, essa cor, metaforicamente, pode
expressar:
a) Transformação
b) Medo
c) Raiva
d) Melancolia
9 - Com base na leitura da peça A moratória, de Jorge Andrade, marque a única
alternativa CORRETA:
a) Na cidade, as atitudes de Joaquim permanecem plenamente inalteradas
(autoritário, arbitrário, poderoso, rico).
b) Olímpio, antes o “doutorzinho que só sabe falar”, torna-se a única fonte de
esperança de Quim, já que, como advogado, empenha-se em obter a fazenda de
volta.
c) Quim ao longo das páginas do livro permanece completamente com um ódio
visceral para com Olímpio.
d) Tia Elvira arremata as terras e apenas contribui para o sustento da família de
Quim com humilhantes porções semanais de leite e café
10 - Sobre o livro A moratória, de Jorge Andrade, julgue os itens a seguir e marque o
único INCOMPATÍVEL com o texto:
a) O trabalho, para Helena, não é uma opção, é um sacrifício, a ponto de pensarmos
que a filha está presa àquela casa.
b) Se Quim morresse ou Marcelo assumisse o sustento dos pais, por exemplo,
Lucília poderia se libertar, casar-se, formar sua própria família.
c) Marcelo não tem condições de tomar o lugar da irmã, falta-lhe força: não se
habitou ao novo modo de vida e, fraco, esconde-se ou foge das preocupações.
d) Quim procura se adaptar à nova realidade, contudo está preso a um modo de
vida que preencheu suas ações, mas no final se liberta completamente do
passado.
11 - Ainda com base na leitura do livro A Moratória, de Jorge Andrade, marque o único
item ERRADO sobre o texto:
a) O texto teatral A Moratória, de Jorge Andrade, aborda a ruína de uma família
proprietária de cafezais no interior do estado de São Paulo, em decorrência da
crise financeira e da produção cafeeira, por volta dos anos de trânsito da década
de 1920 para a 1930.
b) Escrita em 1954, encenada pela primeira vez no ano seguinte, a peça emerge
como um dos “fantasmas” da infância do autor.
c) A obra constitui um ato de reflexão sobre a realidade paulista em seus aspectos
sociais, morais e psicológicos, por isso pode ser compreendida como um
romance psicológico.
d) O tema da decadência dos latifúndios cafeeiro representa uma espécie de fim de
toda uma classe patriarcal e semifeudal de aristocratas sucumbidos à crise
econômica de 1929 e a nova ordem social imposta por Vargas em 1930.
12 - Com relação a obra A moratória, de Jorge Andrade, marque a única opção CORRETA
sobre o livro:
a) Ao mesmo tempo, focaliza em seu interior o conflito de gerações, o conflito de
valores tradicionais em uma sociedade que vive e aceita com tranquilidade a
rápida mudança pela nova ordem social.
b) Centralizando o conflito está o velho Quim, um coronel à antiga, que vê os filhos
e a mulher minguarem, saudosos dos velhos tempos e sem perspectivas de
futuro. A peça é ambientada em dois momentos - os anos de 1929 e 1932.
c) Antes e depois do desastre econômico, a estrutura dramatúrgica intercala cenas
na casa da fazenda e cenas na pequena casa da cidade, onde a família passa a
viver dos modestos ganhos dos filhos, especialmente de Lucília, que se torna
cozinheira.
d) Os diálogos são bastante longos, indiretos, ora carregados de tensão, revolta,
ora de ternura. Há muitos monólogos. A linguagem formal justifica-se pelas
cenas familiares reproduzidas.
13 - Analise o trecho a seguir:
“[...] Que importância o quê. Esses dotorzinhos só sabem falar. Aposto que não
sabe nem olhar a idade de um cavalo!” (ANDRADE, 1975, p. 61).
Essa fala conservadora acerca das pessoas dotadas de curso superior pode ser vinculada
ao(à) personagem:
a) Marcelo
b) Helena
c) Joaquim
d) Lucília
14 - Procure ler com bastante atenção os itens a seguir sobre o livro A moratória, de
Jorge de Lima e marque o único ERRADO:
a) A peça trata de temas como a crise do café, a decadência da aristocracia cafeeira,
além dos ciclos históricos como os do ouro e das bandeiras paulistas.
b) Para a composição do enredo, Andrade buscou inspiração nos cafezais de seu
avô e no sofrimento dele com a perda de sua fazenda, após a crise de 1929.
c) O tom melancólico do drama andradino viria da agonia de uma sociedade que se
vê diante do desmoronamento de um processo social, antes dominado pelos
coronéis e barões do café, e do nascimento de outro, o urbano.
d) Andrade representou no palco o contraste entre o rural e o urbano
simultaneamente, em três planos: o da esquerda (fazenda de café em 1929), o
da direita (cidade já em 1931) e o surrealista (inconsciente de Joaquim).
15 - Leia com atenção o fragmento a seguir da peça A moratória, de Jorge Andrade:
JOAQUIM – (Pausa) Quando meus antepassados vieram de Pedreiras das Almas para
aqui, ainda não existia nada. [...] (Pausa) era um sertão virgem! (Sorri) a única maneira
de se ganhar dinheiro era fazer queijos. Imagine Lucília, enchiam de queijos um carro de
bois e iam vender na cidade mais próxima, a quase duzentos quilômetros! Na volta
traziam sal, ferramentas, tudo que era preciso na fazenda. Foram eles que, mais tarde,
cederam as terras para se fundar esta cidade. [...] (ANDRADE, 1986, p. 124)
Joaquim é um personagem representativo:
a) De uma mentalidade nostálgica.
b) De um mundo arcaico e patriarcal.
c) De um universo citadino.
d) Dos valores pitorescos.
16 - Sobre a compreensão do livro A Moratória, de Jorge Andrade, analise os itens a
seguir e assinale o único INCOMPATÍVEL acerca da peça:
a) Quanto à esposa de Quim, Helena, trata-se de uma mulher compreensiva que,
após a derrocada financeira da família, torna-se ainda mais beata, dedicando seu
tempo somente a rezar na igreja.
b) Lucília se mostra a menos sensata da família, pois sempre se deixou levar pelos
discursos grandiosos do pai, dedicando-se somente a garantir o sustento da casa
com seu honesto ofício de costureira.
c) Helena faz de tudo para manter a harmonia em sua casa, inclusive acobertando
as libertinagens do filho Marcelo, que troca os dias pelas noites, a beber.
d) Marcelo é o filho náufrago, desesperançado e inadequado que nunca se
interessou pelos assuntos da fazenda. O seu comportamento ocioso sempre foi
motivo de desagrado para Quim.
17 - A peça A moratória, de Jorge Andrade, representa uma sociedade em crise de um
mundo urbano destruindo aspectos rurais. Dessa maneira, leia os itens a seguir e
marque a única alternativa INCORRETA sobre o livro:
a) Mesmo na ruína, Quim deixa de lado o seu orgulho. Em vários momentos do
presente, percebemos a sua dificuldade em aceitar a condição de precariedade
da família, mas consegue dar a reviravolta em sua mentalidade conservadora.
b) A peça se inicia no primeiro plano, com Lucília trabalhando na máquina de
costura, quando então Joaquim entra com uma cafeteira na mão.
c) Na primeira cena do livro já é explícita a rotina da família na cidade de Jaborandi,
onde Lucília se ocupa com as muitas costuras e Quim, por sua vez, ocupa-se com
os afazeres da casa, para se sentir útil.
d) A peça mostra a personalidade resignada de Joaquim, diferente dos tempos de
fazendeiro, quando ele então exercia sua autoridade de patriarca, sobretudo
com Lucília.
18 - Nos fins do século XIX e no início do século XX, o café se destacou como essencial
para o desenvolvimento e a economia do Brasil. Os grandes cafeicultores considerados
na época como “barões do café” foram responsáveis por esse feito, influenciando
fortemente também a política, sobretudo após a Proclamação da República, em 1889,
quando o regime de poder descentralizou-se e os estados passaram a exercer
autonomia nas decisões políticas, econômicas e militares. Adiante, ocorreu uma série
crise em todo o processo produtivo do café. A peça A moratória, de Jorge Andrade,
dialoga com esse último fato histórico. Sendo assim, o livro representa:
a) A transição do rural para o urbano.
b) A decadência da construção da cidade.
c) A benevolência do patriarcalismo.
d) A migração de retirantes nordestino.
19 - Assinale a alternativa que NÃO se aplica à obra de Carlos Drummond de Andrade: a) Participante da Semana de Arte Moderna, sua poesia é típica representante da primeira geração modernista brasileira. b) Em muitos poemas, apresenta seu desencanto em relação à vida. c) “Morte do leiteiro” é um poema baseado na problemática do dia-a-dia. d) Extrai do mundo interiorano de Itabira o tema para alguns de seus poemas. e) "A procurada poesia" é um poema em que o autor se preocupa com a própria confecção da poesia. 20 - Sobre Carlos Drummond de Andrade, é INCORRETO afirmar que:
a) o autor dedicou sua carreira exclusivamente à poesia. b) a obra poética do autor percorreu várias fases, representando a própria evolução da poesia moderna brasileira. c) utiliza em muitos de seus poemas o verso livre, correspondendo aos ideais renovadores instaurados em 1922. d) cita em muitos poemas Itabira, sua cidade natal. e) estreou em 1930 com o livro Alguma Poesia. 21 - Assinale a alternativa em que se resume a trajetória da poesia de Carlos Drummond de Andrade. a) Nasce mística e elevada; desencanta-se e se faz satírica; readquire uma visão religiosa e adota posição combativa em favor da salvação do Homem. b) Nasce influenciada pelo simbolismo; conquista a simplicidade da linguagem coloquial; passa a tematizar sobretudo a morte, em tom frio e superior. c) Nasce irônica e corrosiva; adota posição combativa e socializante ao tempo da Segunda Guerra; desencanta-se e se faz amarga e metafísica; volta-se para a memória autobiográfica e para a crítica da sociedade de consumo. d) Nasce influenciada pelo surrealismo; encontra seu próprio caminho nos experimentos de vanguarda; supera o conceito de verso e explora sugestivamente o branco da página. e) Nasce romântica e amorosa; faz-se católica e mística, abandonando a sensualidade da primeira fase; explora temas bíblicos em tom elevado. 22 - Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta da denominada Segunda Geração do Modernismo cujas principais características são: I. Grande preocupação com a renovação da linguagem. II. Arte pela arte. III. Produção com forte dimensão social. a) Somente a afirmação I está correta. b) As afirmações II e III estão corretas. c) As afirmações I e III estão corretas. d) Somente a afirmação III está correta e) Somente a afirmação II está correta 23 - Leia o texto a seguir e faça o que é pedido: A FLOR E A NÁUSEA Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me. Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me? Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse. Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos. O sol consola os doentes e não os renova. As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase. Vomitar esse tédio sobre a cidade. Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado. Nenhuma carta escrita nem recebida. Todos os homens voltam para casa. Estão menos livres mas levam jornais e soletram o mundo, sabendo que o perdem. [...] Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. Para responder à questão, assinalar com V (verdadeiro) ou com F (falso) as afirmativas abaixo, sobre a flor que “nasceu na rua”. No poema, a flor nascida no asfalto ( ) simboliza a resistência à coisificação do homem nas grandes cidades, regidas pelo ritmo dos “negócios”. ( ) irrompe com uma força inusitada, substituindo o tédio e a náusea pela esperança. ( ) não consegue reverter o sentimento de tédio e de ódio que toma conta do eu-lírico do poema. ( ) é apenas uma imagem para ressaltar que nada pode modificar o cenário desumano da cidade. ( ) passa despercebida de muitos na rotina da cidade, embora o inusitado do seu nascimento. O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é: A) V – F – V – V – F
B) F – F – V – V – V C) V – F – V – F – F D) V – V – F – F – V E) V – F – F – V – V 24 - Analise o texto a segui e faça o que se pede: ÁPORO Um inseto cava cava sem alarme perfurando a terra sem achar escape. Que fazer, exausto, em país bloqueado, enlace de noite raiz e minério? Eis que o labirinto (oh razão, mistério) presto se desata: em verde, sozinha, antieuclidiana, uma orquídea forma-se. (DE ANDRADE, Carlos Drummond. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004,
p. 150)
Julgue os itens a seguir e marque o único ERRADO sobre o texto:
a) O poema “Áporo” parece ser tirado de "A Flor e a Náusea": um inseto, o áporo,
cava a terra sem achar saída. Assemelha-se ao eu-lírico do outro poema, que se
via diante de um muro e da inutilidade do discurso.
b) O texto é uma performance poética clássica, isto é, um soneto composto de dois
quartetos e dois tercetos, respectivamente, dotado de dez sílabas poéticas.
c) Drummond continua discursando, vivendo, assim como o inseto continua
cavando. Então, do impossível surge a transformação: do asfalto surge a flor, da
terra-labirinto-beco surge a orquídea.
d) Podemos ver uma referência a Luís Carlos Prestes ("presto se desata"), que
acabara de ser libertado pelo regime ditatorial. A figura histórica pode ser vista,
portanto, como um áporo buscando caminho na pátria sem saída que se tornou
o Brasil na Era Vargas.
25 - Leia, cuidadosamente, o texto a seguir e faça o que se pede:
CIDADE PREVISTA
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos,
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade toda
que há dentro de cada um.
Uma cidade sem portas,
de casas sem armadilha,
um país de riso e glória
como nunca houve nenhum.
Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro : Nova Aguilar, 1992, p.
158-159)
O texto ressalta, poeticamente:
a) o ritmo sem pressa com que anda o tempo na fantasia dos poetas e daqueles
que desejam um mundo sem limites.
b) o sonho de um mundo ímpar, sem restrições, sem donos e fronteiras; mas que
respeite o jeito diferente de cada um ser.
c) o sentimento de desamparo do poeta, por saber que nunca verá o mundo de
seus desejos e de sua esperança.
d) o desejo da liberdade para os homens dos centros urbanos, onde seja possível
viver, afortunada e gloriosamente, sem limites e sem ameaças.
e) a esperança de que os poetas ainda terão um mundo ideal, que seja o mundo
deles e de todo homem.
26 - Leia o poema a seguir e faça o que se pede:
PASSAGEM DA NOITE
É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.
Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!
(DE ANDRADE, Carlos Drummond. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004,
p. 132-133)
O poema foi publicado no livro A rosa do povo, de 1945, que reúne textos escritos por
Drummond durante a Segunda Guerra Mundial e a ditadura do Estado Novo, instaurada
por Getúlio Vargas no Brasil. Considerando esse fato, indique a afirmativa FALSA.
a) No poema, a contradição entre dia e noite expressa o descontentamento do eu lírico
com a passagem do tempo.
b) A noite, representa para o eu lírico um momento de tristeza e de desesperança,
possivelmente relacionado com a guerra e a ditadura.
c) Apesar do descontentamento com o momento político, o poema manifesta a
esperança de um futuro melhor.
d) As palavras noite e dia, empregadas de forma conotativa, representam
respectivamente um tempo de dificuldades um tempo de redenção
27 - Ainda sobre o poema da questão anterior, “Passagem da Noite”, de Carlos
Drummond de Andrade, diga qual relação que há entre a 2ªestrofe e a anterior?
a) Contradição
b) Oposição
c) Confirmação
d) Aproximação
28 - O livro A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1945, é considerado uma das obras mais notáveis de sua produção poética. Nessa obra, Drummond atinge seu mais alto nível literário, inclusive sem descuidar do momento histórico em que está inserido. Os textos abaixo são fragmentos dos poemas "O medo" e "Nosso tempo", respectivamente: Em verdade temos medo Nascemos escuro. As existências são poucas: Carteiro, ditador, soldado. Nosso destino, incompleto. E fomos educados para o medo. Cheiramos flores de medo. Vestimos panos de medo. De medo, vermelhos rios Vadeamos. ("O medo", p. 35) O poeta Declina de toda responsabilidade
Na marcha do mundo capitalista e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas promete ajudar a destruí-lo como uma pedreira, uma floresta, um verme. ("Nosso tempo", p. 45) Da leitura dos versos acima, afirma-se que essa obra poética:
a) funciona como instrumento de militância sociopolítica, que alerta os homens sobre os riscos do Socialismo.
b) reflete sobre os problemas do mundo, manifestando-os numa espécie de ação pelo testemunho.
c) assume uma função política, orientando os homens a evitar os perigos da vida em sociedade.
d) serve como testemunho do pavor gerado no mundo capitalista, que descuida da natureza.
29 - (PUC-RS)
Não faça versos sobre acontecimentos,
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
Não aquece nem ilumina.
Uma das constantes da obra de Carlos Drummond de Andrade, como se verifica nos
versos acima, é:
a) a louvação do homem social.
b) negativismo destrutivo.
c) a violação e desintegração da palavra.
d) questionamento da própria poesia.
30 - Leia as afirmações abaixo sobre a obra Contos Negreiros, de Marcelino Freire, para
em seguida marcar o único item INCOMPATÍVEL com a leitura do livro:
a) A obra Contos Negreiros, de Marcelino Freire, aborda temas delicados e
polêmicos como racismo, turismo sexual, tráfico de órgãos e homossexualismo
por meio da uma ótica eufemística de uma criança. A paisagem urbana é o
cenário principal de seus cantos (contos).
b) Algumas paisagens de importantes centros urbanos, como Recife e São Paulo,
como as zonas de prostituição, morros, favelas e pontos turísticos, tornam-se
palcos para a exposição de uma realidade complexa e miserável, vivida por
prostitutas, “bichas”, negros, índios, além de abrigar traficantes de órgãos e de
drogas, e turistas sexuais.
c) Marcelino Freire apresenta 16 narrativas (contos) que procuram aproximar-se
de uma linguagem coloquial, memorial e, às vezes, musical, baseada nas
influências deixadas pela oralidade das ladainhas e canções nordestinas.
d) Temos uma obra a partir do ponto de vista de brasileiros miseráveis ou mortos-
vivos, que, como “zumbis”, vendem de tudo para sobreviver: drogas, o corpo, o
rim. O livro passa pela valorização da memória, oriunda das heranças culturais –
a cultura popular nordestina – e a percepção de um tempo presente.
31 - Procure ler com atenção todos os itens abaixo sobre o livro Contos Negreiros, de
Marcelino Freire, para assinalar o único item ERRADO.
a) As experiências ocorridas no dia a dia das metrópoles brasileiras apresentam
testemunhos de sujeitos que estão à margem da sociedade contemporânea.
b) Notamos que a prática da escrita acadêmica em Freire opera um percurso que
abomina a oralização.
c) Sujeitos sem voz, sem espaços para o testemunho, vistos quase como objetos ou
tratados como objetos pela mídia e por toda sociedade.
d) São narrados acontecimentos comuns à vida de sujeitos comuns. Fatos do dia a
dia narrados por seus protagonistas, aqueles que sempre têm suas vozes
emudecidas pelos próprios acontecimentos dos quais são autores.
32 - Leia com bastante atenção as afirmações a seguir sobre o conto “Nação Zumbi”, de
Marcelino Freire, e assinale a única alternativa CORRETA:
a) O “canto” apresenta a história de um personagem sem nome, que estava prestes
a fechar um negócio: a venda das próprias córneas para traficantes de órgãos.
b) O personagem narra com indignação e frustração a interrupção da venda do rim,
a impossibilidade do fechamento do negócio.
c) A polícia, no início do conto, descobre a trama e o desfecho da história é a
afirmação: “sei que vão encher meu rim de soco”.
d) O canto é o maior da obra Contos Negreiros, possui uma extensão próxima ao de
um romance.
33 - Sobre o conto “Trabalhadores do Brasil”, de Marcelino Freire, leia o fragmento a
seguir e faça o que é pedido:
Enquanto Zumbi trabalha cortando cana na zona da mata pernambucana
Olorô-Quê vende carne de segunda a segunda ninguém vive aqui com a bunda
preta pra cima tá me ouvindo bem?
Enquanto a gente dança no bico da garrafinha Odé trabalha de segurança
pega ladrão que não respeita quem ganha o pão que o Tição amassou
honestamente enquanto Obatalá faz serviço pra muita gente que não levanta
um saco de cimento tá me ouvindo bem?
Hein seu branco safado?
Ninguém aqui é escravo de ninguém (FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. 11ª
ed. Rio de Janeiro: Record, 2019. p. 20-21).
Sobre o conto marque o único item ERRADO:
a) No canto/conto primeiro, “Trabalhadores do Brasil”, o autor refere-se aos
homens e mulheres que se esforçam todos os dias em subempregos para
sobreviver.
b) As personagens desse canto/conto recebem os nomes de alguns Orixás e de
referências africanas e afro-brasileiras: Olorô-quê, Zumbi, Tição, Obatalá,
Olorum, Ossonhe, Rainha Quelé, Sambongo.
c) O narrador interpela diretamente a personagem Totonia com a pergunta ao final
de cada parágrafo: “(...) tá me ouvindo bem?”
d) Sem nenhuma pontuação, o texto explode em uma crítica indignada aos “pré-
conceitos” relacionados aos negros.
34 - Analise todas as afirmativas abaixo feitas sobre o conto “Solar dos príncipes”, de
Marcelino Freire, e marque a única alternativa ERRADA:
a) O texto trata-se de um grupo de amigos do Morro do Pavão que quer filmar um
apartamento de luxo e fazer uma entrevista com um morador.
b) Ao sair da favela, os jovens fazem um “caminho” inverso, pois são as pessoas de
classes abastadas que fazem esse tipo de excursão para a favela.
c) Ao decorrer do conto, podemos perceber que Marcelino Freire assume um
posicionamento distanciado as ditas minorias identitárias.
d) A primeira “barreia” entre os dois modos de sociabilidade representado, é o
porteiro, nordestino, supostamente negro e que, subalternizado a um
comportamento de “guarda-valores”, estabelece a conflitiva pobre x pobre.
35 - O conto trabalha no contrapé, do clichê social, acerca do conceito de violência. Seu
assunto é a violência e, no seu fluxo, põe em xeque o próprio sentido desse termo. O
narrador é um assaltante que está na rua próximo a um semáforo vivendo uma ação de
violência urbana. Essa afirmação é feita sobre qual conto do livro Contos Negreiros?
Marque a alternativa CORRETA:
a) “Solar dos príncipes”
b) “Esquece”
c) “Alemães vão à guerra”
d) “Vaniclélia”
36 - Sobre as afirmativas abaixo, marque a única ERRADA acerca do conto “Coração”,
de Marcelino Freire:
a) A cidade é vista como espaço para a reflexão sobre a solidão presente no modus
urbano, no qual a corporalidade das relações, às vezes, predomina no reino das
relações.
b) Aos poucos, o personagem deixa entrever uma dimensão subjetiva do relato: a
necessidade ou carência afetiva ambientada pela melancolia natalina e
embalada pelo saudosismo musical de Roberto Carlos.
c) Ao fim do relato, a impressão é que se sobressai mais a importância da satisfação
de ordem sexual a que qualquer outro fator subjetivo.
d) O sujeito-falante inicia seu fluxo trazendo para a sua condição (ser homossexual)
um dilema, que se manifestará em diversos outros momentos de fala. A saber, o
dilema é: ter ou não sentimentos? Aqui materializado na figura do coração.
37 - Analise o trecho a seguir que foi retirado do conto “Totonha”, de Marcelino Freire,
para se responder o que é pedido:
Capim sabe ler? Escrever? Já viu cachorro letrado, científico? Já viu juízo de
valor? Em quê? Não quero aprender, dispenso. [...] [...] Já viu fogo ir atrás de
sílaba? [...] Quero ser bem ignorante. Aprender com o vento, ta me entendendo?
[...]
Tem coisa mais bonita? A geografia do rio mesmo seco, mesmo esculhambado?
O risco da poeira? O pó da água? Hein? O que eu vou fazer com essa cartilha?
Número? Só para o prefeito dizer que valeu a pena o esforço? Tem esforço mais
esforço que o meu esforço? [...] Tem melhor bê-á-bá? Assoletrar se a chuva vem?
Se não vem?
Será que eu preciso mesmo garranchear meu nome? Desenhar só pra mocinha
aí ficar contente? Dona professora, que valia tem o meu nome numa folha de
papel, me diga honestamente. Coisa mais sem vida é um nome assim, sem gente.
Quem está atrás do nome não conta? (FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. 11ª
ed. Rio de Janeiro: Record, 2019. p. 79-81).
Assinale a única alternativa ERRADA sobre o texto:
a) Totonha é mais uma voz dissonante colocada em evidência pelo livro Contos
negreiros, no caso dessa velha do interior baiano, estamos diante de uma voz de
conformidade frente ao poder do mundo branco.
b) A protagonista que dá nome à narrativa, verte sua reação (ou vingança) contra o
sistema que tenta alfabetizá-la, impondo-lhe o peso hegemônico da cultura
letrada.
c) Há uma lógica implícita na postura de velha analfabeta: se a proposta é do
sistema, ela se faz contra, compreendendo que este nada lhe deu ou acrescentou
ao longo de sua formação como sujeito.
d) Contraditoriamente, a fala de Totonha é manifesto de um modo de experiência
consideravelmente rico, quando levado em conta a possibilidade de projeção das
individualidades que marcam a condição dos que vivem à margem.
38 - Avalie com bastante cuidado o fragmento abaixo retirado do conto “Curso
superior”, de Marcelino Freire para fazer o que se pede:
O meu medo é que mesmo com diploma debaixo do braço andando por ai
desiludido e desempregado o policial me olhe de cara feia e eu acabe fazendo
uma burrice sei lá uma besteira será que vou ter direito a uma cela especial hein
mãe não sei (FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. 11ª ed. Rio de Janeiro: Record,
2019. p. 98).
Assinale o item INCOMPATÍVEL sobre a leitura do conto:
a) No conto, não há respostas, mas muitas “brechas” ou incompletudes, segundo o
pensamento crítico vigente.
b) O governo, em linhas gerais do texto, é colocado como um mecanismo positivo
de amparo aos grupos menos favorecidos.
c) O narrador do conto, sujeito sem nome próprio, teme, sobretudo, a
impossibilidade de mobilidade social.
d) O protagonista-narrador procura dialogar, e buscar ajuda, na figura de sua mãe
ao longo das páginas.
39 - A seguir temos uma lista de nomes de contos do livro Contos negreiros, de
Marcelino Freire, assinale qual deles o negro é sistematicamente aviltado? Marque o
item CORRETO:
a) “Linha do tiro”
b) “Caderno de turismo”
c) “Coração”
d) “Meu negro de estimação”
40 - Julgue os itens a seguir acerca do conto “Meu negro de estimação”, de Marcelino
Freire, e, na sequência, marque o único item INCOMPATÍVEL com o texto:
a) É também de despersonificação que nos fala essa performance: note-se que a
primeira frase do conto tem implicações e repercussões em todas as
subsequentes, uma vez que necessário se faz ler os desdobramentos que o
termo “melhor” adquire quando considerada a carga negativa que pesa sobre
substantivo “negro” na doxa vigente.
b) Embora Benjamim, em várias passagens do conto/canto, seja colocado como
elemento pacífico e negligente a respeito de sua própria vida, no final, ele
consegue expressar o seu domínio sobre narrador levando-os ao um evento de
cultural, roda de samba.
c) Se os elementos contextuais enunciadores da negritude vão sendo silenciados,
grita alto ainda a tônica de subjugado, isto é, de alguém que, embora deslocado
da margem, ainda assim, de algum modo, é posto a servir aquele outro que fala
do lugar reificado do mando.
d) Em determinados momentos vê-se que este que serve ainda é alguém que “não
fala”, que “sai da sala” e, para o qual, a voz de mando “não deixa” acessível certas
escolhas, colocando “um cabresto” “para ele não deixar tão cedo”, sendo, por
fim, alguém que no geral, “obedece” e “respeita”.
41 - Analise todos os itens abaixo sobre o conto “Yamami”, de Marcelino Freire, para
em seguida marcar a única alternativa CORRETA:
a) Observa-se na fala da personagem que a pulsão sexual se alarga
progressivamente ao curso de sua narrativa, de modo a se sobrepor a qualquer
outro elemento do processo decisional.
b) O texto é um segundo conto do livro, a performance constitui-se em um diálogo
truncado, mais uma vez, entre interlocutores anônimos que trocam
interrogações, exasperações e frases desencontradas a respeito da viagem de
um deles ao Brasil.
c) A figura de Yamami, criança indígena prostituída em Belém do Pará. É ela o
leitmotiv nessa paisagem polifônica de lembranças de um eu-que-fala.
d) Note-se que o objeto libidinal (Iracema) é repetidamente enunciado na fala da
personagem de modo quase ritualístico, caracterizando um dos elementos
indiciais da obsessão.
42 - Na obra Contos negreiros, de Marcelino Freire, a paisagem urbana é o cenário
principal de seus cantos (contos). Algumas paisagens de importantes centros urbanos,
como Recife e São Paulo, como as zonas de prostituição, morros, favelas e pontos
turísticos, tornam-se palcos para a exposição de uma realidade complexa e miserável.
Diante disso, assinale o único item abaixo dotado de um tema NÃO USADO pelo livro:
a) Turismo sexual
b) Bucolismo
c) Racismo
d) Violência urbana
43 - Todos os itens abaixo foram feitos sobre a obra Contos negreiros, de Marcelino
Freire, procure marcar a única alternativa CORRETA sobre o livro:
a) A capa do livro é objetivamente composta para se referir, exclusivamente, ao
mundo da escravidão colonial brasileira.
b) O livro é escrito a partir do ponto de vista de brasileiros miseráveis ou mortos-
vivos, que, como “zumbis”, vendem de tudo para sobreviver: drogas, o corpo, o
rim.
c) Esta criação literária passa pela desvalorização da memória, oriunda das
heranças culturais – a cultura popular nordestina – e a percepção de um tempo
presente uniforme.
d) As experiências ocorridas no dia a dia do interior brasileiro apresentam
testemunhos de sujeitos que estão à margem da sociedade contemporânea.
44 - Compreenda os itens a seguir todos feitos sobre o Contos Negreiros, de Marcelino
Freire, para em seguida assinalar a única alternativa COMPATÍVEL com o livro:
a) Nos Contos Negreiros, são narrados acontecimentos comuns à vida de sujeitos
pobres. Fatos do dia a dia contados por seus protagonistas, aqueles que sempre
têm suas vozes emudecidas pelos próprios acontecimentos dos quais são
autores.
b) Sujeitos sem voz, sem espaços para o testemunho, vistos quase como objetos ou
tratados como objetos pela mídia e por toda sociedade não apresentam voz no
interior do livro.
c) O escritor não utiliza da oralidade, da memória, ora do relato objetivo, ora do
relato subjetivo, para desenvolver testemunhos que visam formar uma
identidade.
d) Os testemunhos dos personagens apresentam a vida telúrica, em particular
daqueles que habitam no submundo do campo, vivendo à margem, mas que
ganham voz e corpo nas narrativas do autor pernambucano.
45 - A seguir, há inúmeras afirmações sobre os textos do livro Contos Negreiros, porém,
apenas uma delas está CORRETA, procure assinalá-la:
a) O conto “Trabalhadores do Brasil” representa um assalto em que a mulher acha
que o assaltante lhe quer vender chocolates.
b) No texto “Nação zumbi”, um turista, ao viajar pela Amazônia, deixa claro sua
aversão ao Brasil e suas florestas, mas, ao mesmo tempo, narra seu desejo por
uma criança indígena (prostituta).
c) O “Solar dos príncipes” traz um grupo de moradores de uma favela que resolve
filmar o dia a dia dos moradores de um condomínio de luxo.
d) Em “Coração”, uma senhora discursa sobre os motivos de não querer aprender
a escrever: não é mais moça, não tem importância alguma, não quer baixar a
cabeça para imprimir seu nome em um pedaço de papel.
Leia o texto a seguir: E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. (Aluísio Azevedo, O cortiço). 46 - (FUVEST, 2015) Em que pese a oposição programática do Naturalismo ao Romantismo, verifica-se no excerto – e na obra a que pertence – a presença de uma linha de continuidade entre o movimento romântico e a corrente naturalista brasileira, a saber, a a) exaltação patriótica da mistura de raças. b) necessidade de autodefinição nacional. c) aversão ao cientificismo. d) recusa dos modelos literários estrangeiros. 47 - (FUVEST, 2015) O efeito expressivo do texto – bem como seu pertencimento ao Naturalismo em literatura – baseiam-se amplamente no procedimento de explorar de modo intensivo aspectos biológicos da natureza. Entre esses procedimentos empregados no texto, só NÃO se encontra a a) representação do homem como ser vivo em interação constante com o ambiente. b) exploração exaustiva dos receptores sensoriais humanos (audição, visão, olfação, gustação), bem como dos receptores mecânicos.
c) figuração variada tanto de plantas quanto de animais, inclusive observados em sua interação. d) focalização dos processos de seleção natural como principal força direcionadora do processo evolutivo. 48 - (FUVEST, 2015) Para entender as impressões de Jerônimo diante da natureza brasileira, é preciso ter como pressuposto que há a) um contraste entre a experiência prévia da personagem e sua vivência da diversidade biológica do país em que agora se encontra. b) uma continuidade na experiência de vida da personagem, posto que a diversidade biológica aqui e em seu local de origem são muito semelhantes. c) uma ampliação no universo de conhecimento da personagem, que já tinha vivência de diversidade biológica semelhante, mas a expande aqui. d) um equívoco na forma como a personagem percebe e vivencia a diversidade biológica local, que não comporta os organismos que ele julga ver. 49 - (FUVEST, 2011) — Não entra a polícia! Não deixa entrar! Aguenta! Aguenta! — Não entra! Não entra! repercutiu a multidão em coro. E todo o cortiço ferveu que nem uma panela ao fogo. — Aguenta! Aguenta! Aluísio Azevedo, O cortiço, 1890, parte X. O fragmento acima mostra a resistência dos moradores de um cortiço à entrada de policiais no local. O romance de Aluísio Azevedo: a) representa as transformações urbanas do Rio de Janeiro no período posterior à abolição da escravidão e o difícil convívio entre ex-escravos, imigrantes e poder público. b) defende a monarquia recém-derrubada e demonstra a dificuldade da República brasileira de manter a tranquilidade e a harmonia social após as lutas pela consolidação do novo regime. c) denuncia a falta de policiamento na então capital brasileira e atribui os problemas sociais existentes ao desprezo da elite paulista cafeicultora em relação ao Rio de Janeiro. d) valoriza as lutas sociais que se travavam nos morros e na periferia da então capital federal e as considera um exemplo para os demais setores explorados da população brasileira.
50 - O romance O Cortiço, escrito por Aluísio de Azevedo, integra a estética naturalista da literatura brasileira. A respeito dele, indique, nas alternativas abaixo, a que foge a uma identificação com os fatos e as situações narradas na obra. A) O romance revela a oposição e o contraste entre os dois espaços da narrativa, o cortiço e o sobrado, e a disputa gananciosa que se estabelece entre João Romão e Miranda. B) No cortiço há uma infinidade de tipos, espécie de sínteses sociais com que o autor procurou estabelecer a ponte entre os seres de ficção e a realidade. Por isso, o romance trata dominantemente da história de personagens, em sua individualidade, em detrimento da coletividade.
C) Todos os acontecimentos notáveis do cortiço contam com a participação do grupo de lavadeiras, que desempenha papel simultâneo de espectador e agente dos acontecimentos. D) João Romão se desdobra para enriquecer e o dinheiro é a mola propulsora que o conduz, que o força unicamente para o acumular, ainda que para isso seja necessário roubar, escravizar, mentir, sofrer as maiores agruras. 51 - (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. […]. O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado: a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana. b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos. c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir. d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico. 52 - (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913): O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer
água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar. E tudo era um clamor. A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa
incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em: a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas. c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos... d) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada...
53 - (ESPM) Dos segmentos abaixo, extraídos de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, marque o que não traduza exemplo de zoomorfismo: a) Zulmira tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de fluminense; pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios, faces levemente pintalgadas de sardas. b) Leandra...a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a minhocar,... e multiplicar-se como larvas no esterco. 54- (UEL) A questão refere-se aos trechos a seguir.
“Justamente por essa ocasião vendeu-se também um sobrado que ficava à direita da venda, separado desta apenas por aquelas vinte braças; e de sorte que todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns vinte e tantos metros, despejava para o terreno do vendeiro as suas nove janelas de peitoril. Comprou-o um tal
Miranda, negociante português, estabelecido na rua do Hospício com uma loja de fazendas por atacado.” “E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.” (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 23; 33.)
Com base nos fragmentos citados e nos conhecimentos sobre o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as afirmações a seguir: I. A descrição do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica, indica que, no romance, esse espaço coletivo adquire vida orgânica, revelando-se um “ser” cuja força de crescimento assemelha-se ao poderio de raízes em desenvolvimento constante que ameaçam tudo abalar. II. A inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção imponente, não possuía uma estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava derrubar sua habitação. III. Não obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não se distinguem totalmente, haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por exemplo, os de João Romão e Miranda. IV. Os dois ambientes descritos marcam uma oposição entre o coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por extensão, remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) I, III e IV. Respostas:
1-a
2-a
3-b
4-b
5-a
6-a
7-b
8-a
9-b
10-d
11-c
12-b
13-c
14-d
15-b
16-b
17-a
18-a
19-a
20-a
21-c
22-c
23-d
24-b
25-b
26-a
27-b
28-b
29-d
30-a
31-b
32-b
33-c
34-c
35-b
36-c
37-a
38-b
39-d
40-b
41-a
42-b
43-b
44-a
45-c
46-b
47-d
48-a
49-a
50-b
51-d
52-d
53-a
54-d