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CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL V ÉSPERA ENEM – 2013 3 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias OSG.: 73640/13 PROPOSTA 1* Com base nos textos motivadores abaixo, nos seus conhecimentos de mundo e nas suas experiências acumuladas ao longo de sua formação estudantil, produza um texto dissertativo-argumentativo com base no tema: A relevância da fé na juventude. Use a Nova Ortografia na escrita do seu texto. Texto I FAÇAM COMO O PAPA Depois da eleição que transformou o hermano Bergoglio, um religioso da Ordem dos Franciscanos no despojado Papa Francisco, a simplicidade passou a ter um sinônimo na pessoa dele. Simplicidade e humildade passaram a caminhar de mãos dadas com o novo Papa que assumiu o lugar do carrancudo e distante Bento XVI. Depois de sua aparição diante da multidão que foi ver quem era o representante de Pedro que assomou na Basílica de San Pietro, no Vaticano, o primeiro teste de popularidade, propriamente dito, o fez cruzar o Atlântico e pousar no Rio de Janeiro para o abraço fraterno do Cristo Redentor. E mais que isso, após recusar as sapatilhas estilosas de cor fúcsia, ele abriu mão do ouro e da prata e trocou o anel do Pescador e o cordão de ouro por objetos semelhantes, mas forjados em aço. Mais ainda, dispensou o automóvel/casamata blindado, verdadeira fortaleza fria por um carro simples, igual ao que o brasileiro emergente compra em uma concessionária popular. E ainda mais, correu, digamos assim, para abraçar a galera, sem medo de ser feliz, de ser agredido, de sofrer atentado, violência ou xingamentos. Afora, é claro, a manifestação do grupo que não quer nem saber o que está acontecendo, pois o que quer mesmo é ser do contra. Deixando de lado os que se sentem ofendidos pela discriminação da igreja secular, que insiste em não se modernizar nem se atualizar no contexto de um novo tempo, uma nova era, e condena as preferências de muitos de seus fiéis, interrupção de gravidez de risco, essas coisas, o único “fora Papa” mostrado em um cartaz por um solitário circunstante não ganhou espaço na mídia. O beijaço foi divertido e as mulheres que aproveitaram o cenário para mostrar os peitos pintados eram muito pobres de geografia, mais nada. Ah, teve o lance do “desbatismo”, o que suscitou dúvida se a desinência também pode ser aplicada a outras coisas que, pela lógica, não podem mais deixar de ter acontecido, como as guerras, as roubalheiras dos políticos, a falta de pudor de certos homens públicos e aqui, neste exato momento, a “mistura” dos temas é meramente proposital porque é esse o objetivo desta divagação semanal. O Papa Francisco passou incólume pelo corredor de admiração, afeição, carisma esbanjado, simpatia do povo que esqueceu a molecagem que lhe é peculiar e demonstrou um carinho poucas vezes visto. Alguém disse que seriam os jovens que fariam a segurança do Papa. E nem precisou quando seu carro simples, sem ser blindado nem nada, cercado apenas por meia dúzia de seguranças aflitos, ficou entalado no trânsito, o mesmo que faz sofrer, todo dia, o carioca e demais brasileiros Brasil afora, na sua desorganização contumaz. O Francisco simples, o Papa do Povo em nenhum momento demonstrou preocupação com a multidão que gritava seu nome, que queria tocá-lo, vê-lo mais de perto, sorrir para ele. Queria ver se os mesmos que foram eleitos fazendo promessas de moralização, de respeito à fé dos brasileiros que ainda insistem em manter a esperança como seu maior sonho, seriam capazes de sair pelas ruas, como saiu o Francisco simples, também eleito, e se submeter ao corredor das avenidas por onde ele desfilou como homem simples. Queria ver o cordão dos mensaleiros, mesmo em grupos, para demonstrarem união nas suas falcatruas, empresários dados à facilidade de seus superfaturamentos e outras aventuras impunes, aceitarem ser submetidos à aceitação popular... O cordão da simpatia, dos rostos alegres, das lágrimas de emoção logo se transformaria em um corredor polonês e cada um levaria cascudos bem aplicados para tomar vergonha na cara. Vamos lá, bando de aproveitadores, façam como o Papa, saiam de dentro dos carros blindados, comprados com o dinheiro dos nossos bolsos esvaziados pelos impostos aviltantes, e encarem o povo como fez o Papa Francisco. O brasileiro pode dizer que Habemus Papam, um Hermano digno da mitra da qual não faz questão, que não tem ouro, nem prata, apenas um sorriso mágico e palavras seguras, sinceras. Quando, um dia, haveremos de dizer que “Habemus Presidentam da Replublicam”? A. Capibaribe Neto. Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, 28 de julho de 2013

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CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUALVÉSPERA ENEM – 2013

3

Linguagens, Códigos e suas TecnologiasOSG.: 73640/13

PROPOSTA 1*

Com base nos textos motivadores abaixo, nos seus conhecimentos de mundo e nas suas experiências acumuladas ao longo de sua formação estudantil, produza um texto dissertativo-argumentativo com base no tema: A relevância da fé na juventude.Use a Nova Ortografi a na escrita do seu texto.

Texto I

FAÇAM COMO O PAPA

Depois da eleição que transformou o hermano Bergoglio, um religioso da Ordem dos Franciscanos no despojado Papa Francisco, a simplicidade passou a ter um sinônimo na pessoa dele. Simplicidade e humildade passaram a caminhar de mãos dadas com o novo Papa que assumiu o lugar do carrancudo e distante Bento XVI. Depois de sua aparição diante da multidão que foi ver quem era o representante de Pedro que assomou na Basílica de San Pietro, no Vaticano, o primeiro teste de popularidade, propriamente dito, o fez cruzar o Atlântico e pousar no Rio de Janeiro para o abraço fraterno do Cristo Redentor. E mais que isso, após recusar as sapatilhas estilosas de cor fúcsia, ele abriu mão do ouro e da prata e trocou o anel do Pescador e o cordão de ouro por objetos semelhantes, mas forjados em aço. Mais ainda, dispensou o automóvel/casamata blindado, verdadeira fortaleza fria por um carro simples, igual ao que o brasileiro emergente compra em uma concessionária popular. E ainda mais, correu, digamos assim, para abraçar a galera, sem medo de ser feliz, de ser agredido, de sofrer atentado, violência ou xingamentos.

Afora, é claro, a manifestação do grupo que não quer nem saber o que está acontecendo, pois o que quer mesmo é ser do contra. Deixando de lado os que se sentem ofendidos pela discriminação da igreja secular, que insiste em não se modernizar nem se atualizar no contexto de um novo tempo, uma nova era, e condena as preferências de muitos de seus fi éis, interrupção de gravidez de risco, essas coisas, o único “fora Papa” mostrado em um cartaz por um solitário circunstante não ganhou espaço na mídia.

O beijaço foi divertido e as mulheres que aproveitaram o cenário para mostrar os peitos pintados eram muito pobres de geografi a, mais nada. Ah, teve o lance do “desbatismo”, o que suscitou dúvida se a desinência também pode ser aplicada a outras coisas que, pela lógica, não podem mais deixar de ter acontecido, como as guerras, as roubalheiras dos políticos, a falta de pudor de certos homens públicos e aqui, neste exato momento, a “mistura” dos temas é meramente proposital porque é esse o objetivo desta divagação semanal. O Papa Francisco passou incólume pelo corredor de admiração, afeição, carisma esbanjado, simpatia do povo que esqueceu a molecagem que lhe é peculiar e demonstrou um carinho poucas vezes visto.

Alguém disse que seriam os jovens que fariam a segurança do Papa. E nem precisou quando seu carro simples, sem ser blindado nem nada, cercado apenas por meia dúzia de seguranças afl itos, fi cou entalado no trânsito, o mesmo que faz sofrer, todo dia, o carioca e demais brasileiros Brasil afora, na sua desorganização contumaz. O Francisco simples, o Papa do Povo em nenhum momento demonstrou preocupação com a multidão que gritava seu nome, que queria tocá-lo, vê-lo mais de perto, sorrir para ele. Queria ver se os mesmos que foram eleitos fazendo promessas de moralização, de respeito à fé dos brasileiros que ainda insistem em manter a esperança como seu maior sonho, seriam capazes de sair pelas ruas, como saiu o Francisco simples, também eleito, e se submeter ao corredor das avenidas por onde ele desfi lou como homem simples. Queria ver o cordão dos mensaleiros, mesmo em grupos, para demonstrarem união nas suas falcatruas, empresários dados à facilidade de seus superfaturamentos e outras aventuras impunes, aceitarem ser submetidos à aceitação popular...

O cordão da simpatia, dos rostos alegres, das lágrimas de emoção logo se transformaria em um corredor polonês e cada um levaria cascudos bem aplicados para tomar vergonha na cara. Vamos lá, bando de aproveitadores, façam como o Papa, saiam de dentro dos carros blindados, comprados com o dinheiro dos nossos bolsos esvaziados pelos impostos aviltantes, e encarem o povo como fez o Papa Francisco. O brasileiro pode dizer que Habemus Papam, um Hermano digno da mitra da qual não faz questão, que não tem ouro, nem prata, apenas um sorriso mágico e palavras seguras, sinceras. Quando, um dia, haveremos de dizer que “Habemus Presidentam da Replublicam”?

A. Capibaribe Neto. Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, 28 de julho de 2013

Texto II

OS CICLOS DA VIDA: A JUVENTUDE

Deus é brasileiro. O Papa Francisco iluminando a obra de Cristo no Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude, visando orientar o comportamento dos jovens. Declarou que Cristo bota fé nos jovens e na família. Os jovens, nos tempos materialistas da atualidade, necessitam realizar suas vidas com fé e esperança em Deus, alcançando a felicidade e a paz espiritual.

O Papa Francisco abre o caminho da esperança quando deseja que os jovens pensem e refl itam espiritualmente no comportamento da humanidade. A Igreja Católica doutrina a paz, a união e a fraternidade entre as pessoas louvando os direitos humanos, a solidariedade e a dignidade com fé em Deus. A evangelização compreende e inspira a relação universal objetivando a harmonia e o amor na humanidade. Através da cultura religiosa ínclita e superior devemos esclarecer certos conceitos, confl itos e crenças populares inferiores. A maturidade, a racionalidade dos padrões e os valores não devem ser subestimados. Jesus, Maria e José, Sagrada Família.

Os Ciclos da Vida são constituídos pela infância, adolescência, adultícia e senescência. Na atualidade, os adolescentes devem estar preparados cognitiva e emocionalmente para sublimarem impulsos levando os jovens a relacionamentos impróprios com enorme variedade. Doenças orgânicas, alterações psíquicas e sociais defi nirão o rumo da sexualidade nas próximas décadas. A liberação incontrolável da sexualidade apresenta consequências mórbidas. Doenças infecto-contagiosas incuráveis e gravidez indesejável, proporcionando fi lhos mal criados sem estrutura familiar compatível com o processo educativo, susceptíveis à delinquência e à criminalidade. Sharon Lebell defi ne a arte de viver como um manual clássico de sabedoria, virtude e felicidade. Experiências com substâncias tóxicas induzidas pela curiosidade, imitação, busca da virilidade ou alienação podem defl agrar longa e cruenta caminhada das drogas, algumas vezes sem retorno. O começo do fi m. Estudos revelam transtornos de jovens socialmente isolados, delinquentes juvenis convictos, subprodutos de classe econômica baixa com privação social, pais ausentes e rejeição materna. Segundo Harol Kaplan, na grande maioria dos criminosos condenados à pena de morte, ocorreram abusos físicos na infância e adolescência. Nas diversas partes do mundo, a drogadição faz dos jovens e adultos vítimas e veículos deploráveis da abominável dependência física ou química.

O Papa Francisco condenou o narcotráfi co dos países vizinhos negligentes, responsável pela morte de milhares de brasileiros. Afi rmou que a liberação das drogas na América Latina não deverá ser permitida. O que o jovem pode ganhar com drogas? Liberdade ou escravidão? Amor ou violência? A vida ou a morte? As drogas representam um desafi o, poder ou alienação?As grandes metrópoles estão convulsionadas. Crimes, sequestros, estupros e corrupção. A degradação do ser humano.

Vamos viver juntos o desafi o das drogas. Família, escola e autoridades. Com educação e disciplina. Leis e penalidades.O tratamento clínico é necessário. E os jovens cruelmente assassinados? É uma crise social alterando o equilíbrio e o discernimento? Ainda não. Talvez o início do desafi o segmentar de populações inquietas com privação social, que conspira contra a hegemonia de uma sociedade mediante malversações sociais. Muita atenção e respeito. Pais e professores devem educar e ensinar. Os jovens aprendem e obedecem, pais e mestres intocáveis, símbolos de um espírito superior.

Os adolescentes devem ser orientados pela família com os conhecimentos emocionais básicos, psicológicos e socioculturais. Os pais devem praticar liberdade orientada e acompanhada com os fi lhos, dentro dos parâmetros da educação. Educar é ensinar. Com o estudo técnico e científi co participativo da família, entidades religiosas, educadores e a comunidade é possível reverter as alterações comportamentais vigentes na população. Indivíduos com transtornos mentais precisam de tratamento psiquiátrico. Salve a juventude e as famílias.

Doutor e Professor de Psiquiatria Josué de Castro. Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, 28/07/2013. Adaptado.

Texto II

OS CICLOS DA VIDA: A JUVENTUDE

Caderno de Produção Textual – 2013

2 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

OSG.: 73640/13

PROPOSTA 2*

• Leia atenciosamente os textos que se seguem.

Texto I

Quem deseja mudanças,não pode levar seu ódiopara as ruas.Quem joga pedras,incendeia motos, carros,ônibus, quebra vidraças,fere inocentes e estabelecedesordens nas viaspúblicas, não é manifestantedo bem, da paz, que trazno coração os desejosde um Brasil melhor.A violência nuncafoi solução.O medo que todo mundotem de uma ruadeserta agora serátransferido para as vias públicas?

Um manifestante do bem,de sã consciência, não

pode acobertar ou permitira ação dos predadores.Do mesmo modo que a

política tem queser repensada,

as manifestações também.Se é em prol da paz,

“a própria paz é o caminho”,como disse Ghandi,

e não a violência.A violência só gera violência.

E se não há controle nasmanifestações, é hora de

voltar para casa e trabalharuma maneira melhor de se

dizer as coisas,de mandar o recado.

Não é saudável misturar o instinto vândalo

com a alma cívica.Principalmente nas ruas.

The Times O MANIFESTANTE

VIOLÊNCIA

ABAIXOA

Mino. Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza 06/07/2013

Texto II

CAPITÃO RAPADURA MINOMINO, O PENSATIVOUm pensador prisioneirodo livre ato de pensar.

SEJA COMO ASMANICURES E

OS DENTISTAS.LUTE COM UNHASE DENTES PELOSSEUS SONHOS.

Jornal Diário do Nordeste. Caderno “Zoeira”, Fortaleza, 27/07/2013

Texto III

D. CHARMO LOBOAQUI É MEU TEMPLO,ONDE PARO PARA REFLETIR

ACEITAMOSGARRAFAS DE

QUALQUER TIPO

... ONDE ENCONTRO MEUS IRMÃOS DE FÉ E REATRIBUO FUNÇÕES A OBJETOS QUE SIMBOLIZAM A DOMINAÇÃO

ASSOCIAÇÃONACIONAL

DOSVÂNDALOS

LEMA:SE É PRA

ACABAR, AGENTE COMEÇA.

Jornal Diário do Nordeste. Caderno “Zoeira”, Fortaleza, 13/07/2013

PROPOSTA 2*

• Leia atenciosamente os textos que se seguem.

Caderno de Produção Textual – 2013

3Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

OSG.: 73640/13

Texto IV

Jornal O Povo, Fortaleza, 23/06/2013

• Agora, após a depreensão das principais ideias neles evidenciadas, produza uma dissertação argumentativa a partir do tema: Manifestações nas ruas: nasceu um novo brasileiro?

Discuta suas ideias com argumentos convincentes, coesos e coerentes a fi m de que convença mais facilmente o leitor. Procure utilizar a Nova Ortografi a e defender pontos de vista que não fi ram os direitos humanos.

*DICAS: PROPOSTA 1

TRÂNSITO E MOBILIDADE

Os meios de comunicação têm divulgado iniciativas propostas por grupos organizados para minimizar a questão do deslocamento nas vias públicas da capital cearense. Louvável a iniciativa de se propor discussões sobre outras formas de tráfego, visto que, infelizmente, não existe um planejamento de políticas públicas “em execução” para daqui a 5, 10 anos. Pelo que se tenha conhecimento. O Detran-CE, cotidianamente, habilita mais de 100 (cem) condutores de veículos assim como realiza o registro de um número considerável de veículos, novos e seminovos, que irão trafegar nessas já tão congestionadas avenidas da cidade. Propor ao cidadão que troque o conforto de seu veículo pela opção desportiva “bicycle” é uma das ideias a ser discutida. A troca seria uma “opção saudável”, a exemplo de alguns países europeus. No entanto, vias adequadas para este tipo de locomoção necessitariam ser construídas e/ou ampliadas e conservadas... Campanhas educativas. Alguém haveria de levantar a questão de que na Europa o tempo frio favorece, mas aqui, o tempo normalmente é escaldante. Não sei se o profi ssional liberal, o empresário, acostumado ao conforto de seu veículo, “toparia tal mudança”. Mas trago uma proposta a ser refl etida pelos setores de transportes e pelos empresários: Estou convencido de que o cidadão irá se sensibilizar por um “transporte coletivo de qualidade” que ofereça o mesmo conforto, as condições similares que ele possui em seu veículo, ou seja, veículos com ar-condicionado, poltronas individuais e roteiros compatíveis ao seu destino! O cidadão, nestas condições, certamente pensará duas vezes, pois a proposta traz em si a questão econômica e a qualidade de vida que esse novo sistema de transporte poderá proporcionar. Pesquisas junto às empresas, públicas e privadas, industriais e comerciais, e instituições em geral, para conhecimento do possível público a ser atingido, assim como a sensibilização e conscientização do cidadão, o futuro usuário. Proposta a se refl etir enquanto grupos de engenharia e de arquitetura da cidade repensam o planejamento urbano da capital alencarina, assim como as possíveis fontes de fi nanciamento.

José Wagner de Paiva Queiroz Lima, psicólogo especialista em trânsito. Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, 05/02/2013

Texto IV

Caderno de Produção Textual – 2013

4 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

OSG.: 73640/13

*DICAS: PROPOSTA 2

CORPOS ESTIRADOS NO CHÃO

Esta crônica é praticamente uma cópia xerox da nossa mesmice sem eco, porque trata de um tema ao qual nos habituamos a aceitar sem reagir, sem fazer nada, a não ser levantar as mãos e, para quem acredita na proteção divina, implorar para não ser morto, coisa que na maioria das vezes não é atendido, a menos que tenha dado a senha do cartão de crédito para o procurador dos céus, o Sr. deputado Feliciano, que afi rmou que “não pagou, Deus não faz...”.

O povo brasileiro, aquele que está diariamente na fi la para ser vítima da violência, aguardando a vez para tremer pela vida diante do revólver covarde de um bandido mais covarde ainda quando escuta a frase aviltante: “perdeu, perdeu, vagabundo...” E vagabundo, a bem da verdade, são os que estão a caminho do trabalho, levando os fi lhos para as escolas ou que se arriscam a comer um sanduíche até mesmo em lanchonetes de periferia ou os abastados que se atrevem a frequentar restaurantes elegantes.

Arrastão deixou de ser uma ação de recolher do mar a rede de pesca para ser conhecido como assalto no atacado com violência. Não é a toa que os programas policiais têm a audiência que têm. Uma parte dos telespectadores, numa espécie de atualização da violência urbana que o torna refém mais estressado quando põe os pés fora de casa nem que seja para ir logo ali, na esquina que seja; do lado da bandidagem, para se regozijar dizendo, do alto da sua certeza de impunidade, “é nóis na fi ta!”, comemorando como se fossem gols a morte de um pai de família, uma criança, uma mulher grávida ou não, um idoso, um circunstante que deu azar e encontrou a sua bala perdida.

Nada do que se diga sensibiliza mais as autoridades com seus discursos escritos pela sua assessoria, preocupada apenas com os índices de popularidade de seus clientes. Desculpas esfarrapadas, autoridades explicando o inexplicável, as alegadas faltas de recursos que só faltam porque foram desviadas ou comidas pela gula crescente do superfaturamento. Até aqui, nenhuma novidade. Vai ver somos realmente os “vagabundos”, como nos chamam os bandidos quando nos apontam uma arma nervosa alugada com numeração raspada, esperando apenas um piscar de olhos nosso para puxar o gatilho.

A moda agora é atirar na cabeça e nem precisa que a vítima tenha reagido. É por prazer mesmo, para ganhar mídia, para aparecer bem na fi ta. A certeza da impunidade da violência brasileira fi cou tão conhecida que está se internacionalizando; os direitos humanos estão tão rigorosos na defesa da integridade dos bandidos e na blindagem de menores de idade com dezessete anos, onze meses, trinta dias, 23 horas, cinquenta e nove minutos e cinquenta e nove segundos, que esse holandês experimentou matar uma criança, deixá-la apodrecendo dentro de um quarto de hotel e preparar uma caixa para colocar o corpo e desová-lo em qualquer lugar de Fortaleza que se enfeita para a Copa das Confederações e a outra, a do Mundo.

Os bandidos estão unidos, organizados e “bandido unido jamais será vencido” e “nóis, ou tóiss”? Ah, “nóis nunca tá bem na fi ta” porque “nóis, do lado de cá, tá sempre estirado no chão, coberto por um lençol e cercado de curiosos sorridentes vendo o desespero de parentes que depois aparecem dizendo que só quero justiça!” Que justiça, minha senhora? Que justiça, meu senhor? A dos homens tarda pra caramba e a divina só com a senha do banco.

A. Capibaribe Neto. Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, 16 de junho de 2013

Erbínio: 12/09/2013 – Rev.: RR

*DICAS: PROPOSTA 2

Caderno de Produção Textual – 2013

5Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

OSG.: 73640/13