versus magazine #12 fevereiro / março '11

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Page 1: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

VERSUS MAGAZINE

AC Ernesto MartinsVERSUS MAGAZINEAlameda da Azenha de Cima116 - 3D4460 - 252 Senhora da HoraPortugal

Telem 918 481 127E-Mail versusmagazineptgmailcomWeb BREVEMENTE MySpace versusmagazineFacebook BREVEMENTE

PUBLICACcedilAtildeO BiMESTRALDownload Gratuito

DIRECCcedilAtildeOErnesto MartinsAndreacute Monteiro

GRAFISMOAMonteiro - Design amp Multimeacutedia wwwandremonteirocompt

EQUIPAAndreacute MonteiroCarla FernandesCarlos FilipeCristina SaacuteDaniel GuerreiroDicoEduardo RamalhadeiroErnesto MartinsHenrique PintoJoatildeo FerreiraJorge CastroLuiacutes FerreiraPaulo EirasPaulo MartinsPedro AlmeidaPedro SaacuteRenato Conteiro

FOTOGRAFIACreacuteditos nas Paacuteginas

PUBLICIDADEgeralversus-magazinecom

Todos os direitos reservados A VERSUS MAGA-ZINE estaacute sob uma licenccedila Creative Commons Atribuiccedilatildeo-Uso Natildeo-Comercial-Natildeo a Obras De-rivadas 25 Portugal

O utilizador podecopiar distribuir exibir a obra

Sob as seguintes condiccedilotildeesAtribuiccedilatildeo - O utilizador deve dar creacutedito ao au-tor original da forma especificada pelo autor ou licenciante

Uso Natildeo-Comercial O utilizador natildeo pode utili-zar esta obra para fins comerciais

Natildeo a Obras Derivadas O utilizador natildeo pode alterar transformar ou criar outra obra com base nesta

Nesta ediccedilatildeo da VERSUS Magazine voltamos a insistir uma aposta menos oacutebvia os Silent Stream of Godless Elegy O regresso em grande forma natildeo soacute motivou a atribuiccedilatildeo das honras de capa agrave formaccedilatildeo checa como tambeacutem distinguiu laquoNaacutevazraquo como Aacutelbum do MecircsSendo este o primeiro nuacutemero de 2011 eacute o local propiacutecio para vos dar a conhecer ndash pela primeira vez na VERSUS ndash a opiniatildeo da nossa equipa sobre o que de melhor se publicou em 2010Mas haacute mais nesta 12ordf ediccedilatildeo para aleacutem das onze entrevistas e de um nuacutemero consideravelmente maior de criacuteticas de discos na seccatildeo retro-Versus recordamos duas peacuterolas discograacuteficas (dos Metallica e Megadeth) que celebram este ano as bodas de prataAh e atenccedilatildeo tambeacutem ao passatempo alusivo ao novo trabalho dos For-gotten Suns Enviem-nos a vossa opiniatildeo para versusmagazineptgmailcom Todo o feedback eacute bem-vindoBoas leituras Ernesto Martins

Manowar Regresso a Portugal Doze anos apoacutes a uacuteltima passagem pelo nosso paiacutes os Manowar estatildeo de regresso a Portugal tendo data marcada para 2 de Abril do corrente segundo o site oficial da banda Para aleacutem dos claacutessicos a banda vai interpretar na totalidade o aacutelbum ldquoBattle Hymnsrdquo nos vaacuterios concertos que iraacute efectuar em 2011 Miss LavaNovo trabalho em 2011Depois do sucesso alcanccedilado com ldquo Blues for the Dangerous Miles rdquo que culminou com duas di-gressotildees em Inglaterra e abertura de um con-certo para Slash os Miss Lava voltam agrave estrada antes de entrarem em estuacutedio para gravar o seu 2ordm aacutelbum de originaisPara jaacute as datas conhecidas satildeo as seguintes- 04 de Fevereiro Rock nrsquoShots Cascais pelas 23h- 12 de Marccedilo Bafo de Baco Louleacute pelas 23h- 26 de Marccedilo Hard Club Porto pelas 23h

Ava Inferi novo aacutelbum novo som laquoOnyxraquo eacute o tiacutetulo do novo aacutelbum dos portu-gueses Ava Inferi com data de lanccedilamento prevista para 14 de Fevereiro Com mistura e masterizaccedilatildeo a cargo do guru Dan Swanouml o 4ordm registo de originais da banda nacional traz com ele segundo o guitarrista e principal composi-tor da banda Rune Eriksen a promessa de uma sonoridade mais vintage e mais em linha com o som claacutessico de algum metal dos anos 80

Urban Tales Novo aacutelbum ldquoLoneliness Still is the FriendrdquoMais de dois anos depois do lanccedilamento do aclamado ldquoDiary of a Nordquo os Urban Tales estatildeo de volta com o seu segundo trabalho ldquoLoneli-ness Still is the FriendrdquoA data de lanccedilamento estaacute marcada para 7 de Marccedilo e o trabalho iraacute apresentar 10 novas can

ccedilotildees Pode ouvirver o primeiro single ldquoStand Alonerdquo no site oficial da banda (wwwurbanta-lesmusiccom) enquanto o segundo single ldquoFly awayrdquo conquista as raacutedios nacionais

Heavenwood Single e novo baixista ldquoMorning Glory Clouds (In Manus Tuas Domine)rdquo eacute o primeiro tema a ser extraiacutedo do novo aacutelbum dos Heavenwood ldquoAbyss Masterpiecerdquo o qual se encontra disponiacutevel online para audiccedilatildeo exclu-siva no myspace da banda Entretanto a banda portuense revela ainda que Paulo Chanoca (De-mon Dagger Decrepidemic) seraacute seu novo baix-ista de sessatildeo

Leaves Eyes Novo album ldquoMeredeadrdquo Os Leaves Eyes banda formada pela ex-vocalis-ta dos Theatre of Tragedy Liv Kristine Espenaes Krull e por membros dos Atrocity definiram ldquoMeredeadrdquo como o tiacutetulo de seu novo aacutelbum com lanccedilamento previsto para 22 de Abril O produtor e co-vocalista Alexander Krull trata tambeacutem da mistura final do CD nos Master-sound Studio A arte graacutefica do aacutelbum foi criada por Stefan Heilemann

Watain escuridatildeo sem lei daacute preacutemio Por causa do uacuteltimo aacutelbum laquoLawless Darknessraquo os Watain acabam de ser galardoados na sua Sueacutecia natal com um Grammy na categoria Hard Rock Na cerimoacutenia de entrega do preacutemio que decorreu a 17 de Janeiro em Estocolmo o frontman Erik Danielsson afirmou que ldquosempre pensei que os criteacuterios de elegibilidade dos can-didatos a estes preacutemios fossem a conformidade e a insipidez por isso estou surpresohellip eacute sem duacutevida um vitoacuteria para o Diabordquo

A Versus Magazine tem para oferecer 5 coacutepias de laquoRevelationsraquo o novo trabalho dos Forgotten Suns aos primeiros cin-co leitores que respon-derem correctamente agrave seguinte pergunta

Segundo a entrevista ao guitarrista Ricardo Falcatildeo publicada nas paacuteginas desta ediccedilatildeo de que aacutelbum dos Forgotten Suns foi retirado o tema ldquoBetrayedrdquo

As respostas devem ser enviados por email para versusmagazineptgmailcom indicando nome e endereccedilo postal completo

Este passatempo termina agraves zero horas do dia 26 de Fevereiro data em que seratildeo divulgados os premiados em wwwmyspacecomversusmagazine

Qual foi o objectivo do lanccedilamento deste EP em 2010Ricardo Falcatildeo laquoRevelationsraquo eacute uma espeacutecie de lu-fada de oxigeacutenio para os seguidores da banda entre produccedilatildeo de LPrsquos e a forma de algumas muacutesicas que tiacutenhamos guardadas das antigas sessotildees de laquoInner-gyraquo encontrarem um lugar digno na nossa discogra-fia Desta feita mantemos a comunicaccedilatildeo aberta com o puacuteblico com os media e ganhamos mais tempo de qualidade para continuar a trabalhar afincadamente no proacuteximo aacutelbum

O 1ordm single eacute ldquoDoppelgaumlngerrdquo Qual o significado do temaA ideia surgiu do facto de observar constantemente muitas semelhanccedilas fiacutesicas nas pessoas com quem nos cruzamos na rua Quem eacute que ainda natildeo viu al-gueacutem tatildeo parecido ao ponto de julgar que seria de facto essa pessoa Dias mais tarde apoacutes conversar com o sujeito em questatildeo eacute que chegamos agrave con-clusatildeo que afinal natildeo era que essa pessoa nunca

estivera nesse lugar a tais horasUm dia resolvi investigar e descobri que existe mes-mo uma lenda com factos reais e relatos uma espeacutecie de clone maleacutefico diz-se que quando algueacutem avista o seu proacuteprio lsquoDoppelgaumlngerrsquo que eacute um pressaacutegio de morte essa eacute a parte mais interessante e a muacutesica eacute sobre isso

No seguimento da pergunta anterior fala-nos um pouco do viacutedeo Que significado tem a mudanccedila de cores ndash BrancoPretoO conceito do viacutedeo segue o conceito original da

muacutesica ndash a dualidade entre o bem e o mal No viacutedeo a partir do momento em que o poder do Doppel-gaumlnger se apodera de noacutes todos sofremos alteraccedilotildees (efeitos especiais) e passamos a estar amaldiccediloados como se da lenda se tratasse Todas as pessoas tecircm um lsquodark sidersquo essa eacute uma das mensagens do viacutedeo que capta tambeacutem toda a energia dinacircmica e por-menores dos muacutesicos com os seus instrumentos Trabalhaacutemos com o Horta do Rosaacuterio um jovem re-alizador e um craque de After Effects que eacute tambeacutem um fatilde da saga Star Wars na qual esta batalha entre a Forccedila e o Dark Side estatildeo tambeacutem muito presentes

Foi um privileacutegio e uma honra podermos trabalhar com algueacutem tatildeo dedicado agrave sua arte e tatildeo talentoso como ele Realizar este viacutedeo foi um verdadeiro tra-balho de equipa do qual estamos todos muito orgul-hosos

Ainda sobre o tema anterior ldquoDoppelgaumlngerrdquo foi alvo de uma re-estruturaccedilatildeo algum motivo espe-cial para a escolha recair sobre este tema como 1ordm singleNatildeo foi bem uma re-estruturaccedilatildeo mas mais um re-mistura e a escolha foi simples Natildeo temos de facto muitas muacutesicas com um formato tatildeo convencional para promoccedilatildeo lsquoeasy listeningrsquo dada a natureza pro-gressiva da banda que nos leva a compor temas sem limites e tambeacutem porque achamos que eacute uma das faixas mais poderosamente concentrada sem duacutev-ida uma das melhores referecircncias da capacidade camaleoacutenica da banda se re-inventar de tema para tema

ldquoProg Nationrdquo

Depois do lanccedilamento de laquoInnergyraquo eis que os Forgotten Suns nos pre-senteiam com laquoRevelationsraquo um EP lanccedilado em 2010 com (excelentes) te-

mas gravados nas sessotildees de laquoInnergyraquo Jaacute com 20 anos de carreira e antes do lanccedilamento de um novo aacutelbum Ricar-

do Falcatildeo acedeu a ldquofalarrdquo agrave Versus

Neste EP vocecircs acabam por ldquoreciclarrdquo um tema de ldquoFiction Edgerdquo Como eacute que foi feita a transiccedilatildeo para este novo lanccedilamentoSabiacuteamos que ldquoBetrayedrdquo era uma faixa extra em laquoFiction Edgeraquo um tema que usaacutemos muitas vezes para fechar concertos da banda e uma das muacutesicas preferidas dos fatildes Assim que comeccedilaacutemos a estru-turar o EP ficou claro que poderia ser um dos bons upgrades e uma forma das pessoas perceberem o quanto esta banda evoluiu desde o ano 2000 Com um cuidadoso trabalho de samples alguns arranjos mais modernos a parte II (Grey Zone) e uma per-formance mais apurada penso que conseguimos dar ao tema o brilho que sempre desejaacutemos

Haacute alguma histoacuteria subjacente a este tema agora que juntaram neste EP a parte I e IITodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por de-traacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir um guiatildeo natildeo escrito mas que se vai materializando conforme a criatividade musi-cal nos vai conduzindo ao longo do processo ldquoBe-

trayedrdquo eacute uma histoacuteria de ficccedilatildeo ao jeito da lsquoDisneyrsquo em que um rapaz descobre uma caixa de muacutesica com uma bailarina pela qual fica encantado Ao de-sejar estar tanto com ela acaba por se ver enfeiticcedilado e transportado para um mundo encantado apenas no fim ele vai descobrir que a bailarina eacute maleacutevola roubando-lhe a alma e aprisionando-o para sempre no seu mundo ndash a muacutesica foi originalmente com-posta em 95 e foi um dos primeiros temas que es-crevemos Ao juntarmos a parte II que eacute mais re-cente o tema fica completo e finalmente apoacutes tantos anos eacute revelado ao puacuteblico

A ediccedilatildeo jaacute natildeo eacute feita pela ProgRock mas sim pela vossa proacutepria editora Como eacute ser independenteDaacute mais trabalho mas eacute um sinal dos tempos eacute im-portante sermos independentes agora porque natildeo podemos andar ao sabor de vontades alheias e que natildeo seguem a direcccedilatildeo que pretendemos

Este acaba por ser o vosso primeiro trabalho a ser promovido internacionalmente Como jaacute vi tan-

tas bandas a queixarem-se da promoccedilatildeo (ou falta dela) como estaacute a ser neste aspecto o trabalho de-senvolvido pela Metal Revelation A receptividade tem sido boaSim fantaacutestica Daacute para perceber o quanto a banda cresceu e termos a Metal Revelation connosco eacute vital para chegarmos cada vez mais longe e a mais pes-soas

Segundo li jaacute se encontram a trabalhar num novo disco Podes adiantar alguma coisa sobre a sonori-dade Seraacute mais pesado ConceptualO proacuteximo aacutelbum seraacute conceptual e pouco mais posso revelar por agora O material deste novo lsquofull lengthrsquo eacute totalmente novo ideias frescas e provav-elmente um dos trabalhos musicais mais arrojados que fizemos ateacute agrave data Estamos a trabalhaacute-lo com muito cuidado porque sabemos que vai ser sem duacutevida uma lsquomasterpiecersquo

Trecircs perguntas para terminar Que tens a dizer agraves bandas de garagem que esper-am um dia poder afirmar-seSe tecircm um sonho forccedila de vontade e algo a dizer

atraveacutes da musicanatildeo desistam ao primeiro de-saire sejam fieacuteis aos vossos princiacutepios estudem e estejam preparados para dar a volta por cima em qualquer situaccedilatildeo

Achas que se faz boa musica de RockMetal pro-gressivo em PortugalAcho que o underground nacional tem muitas ban-das interessantes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral Existem infelizmente centenas de muacutesicos que tocam apenas para as paredes que natildeo vivem o sonho e isso natildeo eacute ser-se muacutesico de uma forma completa

Desde jaacute obrigado pelo teu tempo e peccedilo-te que deixes uma palavra final aos leitores da Versus Magazine podes sempre imaginar que estas a pro-mover o EP ou o novo aacutelbumEspero que gostem do novo EP laquoRevelationsraquo e que a curiosidade despertada por este trabalho vos con-duza a conhecer o mundo dos Forgotten Suns

Entrevista Eduardo Ramalhadeiro

ldquoTodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por detraacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir

um guiatildeo ()rdquo

ldquoAcho que o underground nacional tem muitas bandas interes-santes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral ()rdquo

Sol glacial

A uacuteltima vez que entrevistei os Helrunar falei com o Dionysos (guit) Porque eacute que ele jaacute natildeo se encon-tra na bandaSkald Draugir O Dionysos tinha ideias diferentes das nossas relativamente agrave muacutesica e aos conceitos liacutericos Foi por isso que abandonou os Helrunar Ag-ora somos apenas dois o Alsvartr e eu e a nossa co-operaccedilatildeo tem sido perfeita dado que estamos sem-pre em sintonia Aliaacutes natildeo podiacuteamos estar a melhor como banda e mesmo os nossos muacutesicos de sessatildeo ndash o Discordius o Harcon e o Samiel ndash tecircm dado um contributo inestimaacutevel quando tocamos ao vivo

O novo aacutelbum laquoSoacutelraquo eacute sem duacutevida um trabalho monumental no verdadeiro sentido do termo O que nos podes dizer sobre a geacutenese deste 4ordm aacutelbum dos HelrunarEacute definitivamente um ponto de viragem para noacutes Comeccedilamos a trabalhar neste disco no Veratildeo de 2008 altura em que surgiram as primeiras ideias para o conceito geral de laquoSoacutelraquo mas nesse momento natildeo havia maneira de antecipar que resultaria num duplo aacutelbum As primeiras composiccedilotildees saiacuteram

mais negras mais Black Metal mas agrave medida que fo-mos avanccedilando o processo criativo evolui rompeu com fronteiras e abriu-nos novos horizontes tanto musicais como liacutericos Voltei a usar siacutembolos da mitologia noacuterdica mas o aacutelbum conteacutem tambeacutem influecircncias de poesia moderna principalmente ex-pressionista e surrealista No final de 2009 comeccedilou a tornar-se evidente que um CD natildeo seria suficiente para apresentar todo o material jaacute escrito ateacute entatildeo Mas noacutes natildeo queriacuteamos deixar nada de fora uma vez que tudo era bom e tudo tinha o seu lugar no conceito O lanccedilamento em duplo CD pareceu nesta altura inevitaacutevel O processo criativo terminou no iniacutecio de 2010 e os retoques finais foram dados jaacute em estuacutedio Em Agosto terminei a ediccedilatildeo do livro de 50 paacuteginas que acompanha a ediccedilatildeo principal de laquoSoacutelraquo

laquoSoacutelraquo eacute bastante diferente do aacutelbum anterior laquoBaldr ok Iacutessraquo natildeo eacute tatildeo extremo e parece favorecer uma abordagem mais atmosfeacuterica O que nos po-des dizer sobre estas mudanccedilas Seraacute que foi uma questatildeo de deixar a muacutesica fluir de forma a reflec-tir o conteuacutedo liacuterico da melhor maneira possiacutevel

Depois de uma deacutecada na obscuridade 2011 poderaacute ser finalmente o ano de viragem para os Helrunar Alteraccedilotildees recentes na formaccedilatildeo cri-aram condiccedilotildees para uma revisatildeo do paradigma black metal de origem abrindo caminho a uma dinacircmica criativa que culminou na maior obra ateacute agora do grupo germacircnico o duplo-aacutelbum laquoSoacutelraquoPara nos guiar atraveacutes das passagens escuras e tortuosas deste quarto registo de originais ningueacutem melhor do que Skald Draugir o vocalista e mentor liacuterico da banda

Sim foi Neste aacutelbum a muacutesica e as letras relacion-am-se de forma muito iacutentima Desta vez tambeacutem tentamos evitar os chamados riffs catchy Quisemos sobretudo criar atmosferas intensas e muacutesica mui-to emocional com o dom de transportar o ouvinte numa viagem mental Trata-se duma abordagem que desenvolvemos neste disco e que tentaremos aperfeiccediloar em trabalhos futuros No passado a nossa muacutesica esteve muito orientada para as estru-turas rock convencionais Agora acho que integra-mos mais influecircncias claacutessicas de muacutesica ambiente e bandas sonoras

Do ponto de vista liacuterico este aacutelbum parece ser bastante diferente de tudo o que os Helrunar fiz-eram ateacute aqui Fala-nos um pouco do conceito sub-jacente a laquoSoacutelraquoEste aacutelbum encerra vaacuterias ldquocamadasrdquo de significados Podes interpretaacute-lo numa perspectiva mitoloacutegica social espiritual histoacuterica ou ateacute psicoloacutegica Ba-sicamente revolve em torno dos conflitos de um indiviacuteduo tanto os conflitos internos como os con-flitos com o mundo exterior Tem a ver com uma es-peacutecie de processo iniciaacutetico de busca do verdadeiro eu Contudo haacute outros significados possiacuteveis ndash tentei

deixar os textos bastante abertos a outras interpre-taccedilotildees de modo que cada ouvinte possa reflectir por si proacuteprio Nesse sentido penso que consegui tirar partido de estilos literaacuterios que ainda natildeo tinha ex-plorado e atraveacutes dos quais pintei com novos tons a base miacutetica e simboacutelica que caracteriza este aacutelbum

Os Helrunar sempre se expressaram em alematildeo (ou em norueguecircs) No entanto dado que as letras de-sempenham neste aacutelbum um papel preponderante eacute provaacutevel que os fatildes sintam agora mais do que nunca que o idioma os impede de apreciar a vossa arte em todas as dimensotildees O que pensas disto Alguma vez pensaram em cantar em inglecircs Achas que isso iria de encontro ao conceito da bandaBem a todos os fatildes que natildeo percebem alematildeo soacute posso dizer que lamentohellip Mas como com-preenderatildeo trata-se da minha liacutengua natal e eacute por-tanto nela que me expresso melhor Natildeo o inglecircs natildeo iria contrariar o conceito inerente agrave banda e ateacute eacute provaacutevel que um dia venha a escrever algumas canccedilotildees em inglecircs No entanto acho que escrever le-tras em inglecircs eacute de certa maneira demasiado faacutecil Podes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito ldquocoolrdquo Escrever boas canccedilotildees

em alematildeo eacute um desafio muito maiorhellip e penso que o mesmo se aplica a outras liacutenguas que natildeo o inglecircs Assim para todos os que nos ouvem e que natildeo en-tendem alematildeo aqui fica o meu conselho tentem captar o som das palavras e a atmosfera da muacutesica Veratildeo que isso chega para que consigam interpretar vocecircs mesmos o essencial de laquoSoacutelraquo

Presumo que as diferenccedilas musicais entre os dois CDs laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo estejam ligadas agraves letras O que nos podes dizer sobre isso Seraacute que o mate-rial presente em cada um dos CDs foi composto em tempos diferentesNatildeo toda a muacutesica foi escrita ao mesmo tempo em-bora duma forma faseada No entanto o alinhamen-to do aacutelbum foi fixado apenas quando a trama liacuterica ficou estabelecida Cada um dos temas ficou com as letras adequadas e cada muacutesica tem o seu lugar certo no conceito liacuterico A primeira parte laquoSoacutel Iraquo eacute a mais black metal e eacute a que expressa os conflitos internos do indiviacuteduo A segunda parte laquoSoacutel IIraquo eacute um pouco mais experimental e reflecte os conflitos com o mundo exterior

Algumas partes dos temas ldquoAschevolkrdquo e ldquoDie Muumlh-lerdquo incluiacutedos em laquoSoacutel IIraquo fazem lembrar na minha opiniatildeo o estilo dos vossos compatriotas Secrets of the Moon Reconheces esta semelhanccedilaAchas mesmo Natildeo me tinha apercebido disso Pen-so que os Secrets of the Moon fazem um black metal diferente do nosso e nem os consideramos como uma grande influecircncia Mas gostamos muito do que fazem e eles ateacute satildeo uns tipos porreiros

Sendo laquoSoacutelraquo um duplo aacutelbum conceptual porquecirc disponibilizar tambeacutem as suas duas partes laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado Natildeo achas que a estrateacute-gia comercial pode ferir a integridade do conceito artiacutesticoEacute um bom ponto de vista O lanccedilamento em dois CDs separados constituiu uma espeacutecie de compro-misso A ediccedilatildeo principal eacute uma artbook edition que conteacutem os dois CDs mais um livro de 50 paacute-ginas profusamente ilustrado onde expandi todo o conteuacutedo liacuterico Os lanccedilamentos de laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado destinam-se mais aos fatildes que estatildeo interessados exclusivamente na muacutesica e natildeo estatildeo dispostos a pagar o custo adicional (substancial)

do livro Podia-se ter pensado numa ediccedilatildeo com os dois CDs e sem o livro mas como o orccedilamento jaacute ia alto chegou-se agrave conclusatildeo que era mais econoacutemico optar pela ediccedilatildeo independente dos dois CDs De qualquer maneira penso que assim estaacute bem pois o conceito inclui de facto duas partes que se podem separar musicalmente e liricamente

Vejo que voltaram a gravar com o Markus Stock e mais uma vez o resultado foi impressionante Quatildeo diferente foi o processo de gravaccedilatildeo de laquoSolraquo em comparaccedilatildeo com o laquoBaldr ok Iacutessraquo Quando en-traram em estuacutedio jaacute levavam tudo escrito ao de-talheSim jaacute tiacutenhamos tudo composto No estuacutedio em Maio soacute afinamos alguns detalhes As gravaccedilotildees foram relativamente raacutepidas gravamos tudo em duas semanas Regressamos ao estuacutedio em Agosto para dar os toques finais e fazer a mistura e a master-izaccedilatildeo O Discordius o nosso guitarrista de sessatildeo deu uma grande ajuda nas gravaccedilotildees e o Markus compreendeu bem quais eram as nossas intenccedilotildees para este disco relativamente a som e atmosfera Como sempre foi muito bom trabalhar com ele

Ia exactamente perguntar-te sobre o Discordius acho que ele apresenta aqui um trabalho notaacutevel O solo de 5 minutos no tema ldquoSoacutelrdquo eacute particularmente brilhante O que nos podes dizer mais sobre eleAh esse solo natildeo eacute do Discordius foi tocado pelo Alsvartr De qualquer maneira estou de acordo contigo ele eacute um guitarrista muito bom E tambeacutem trouxe para as sessotildees de gravaccedilatildeo algumas boas ideias assim como equipamento que contribuiu de forma muito positiva para o som do aacutelbum O Dis-cordius esteve ateacute agora envolvido em vaacuterios projec-tos de pequena dimensatildeo de entre as quais o mais importante eacute talvez o seu grupo de doompost rock Melon Kallisti

Muito obrigado pelo tempo que dispensaste agrave Ver-sus Magazine Queres deixar aqui uma mensagem final para os leitoresSaudaccedilotildees e obrigado a todos Lembrem-se que o conhecimento eacute uma arma Portanto armem-se

Entrevista Ernesto Martins

ldquoPodes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito lsquocoolrsquordquo

ldquo[laquoSoacutelraquo] eacute definitivamente um ponto de viragem para noacutesrdquo

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 2: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Manowar Regresso a Portugal Doze anos apoacutes a uacuteltima passagem pelo nosso paiacutes os Manowar estatildeo de regresso a Portugal tendo data marcada para 2 de Abril do corrente segundo o site oficial da banda Para aleacutem dos claacutessicos a banda vai interpretar na totalidade o aacutelbum ldquoBattle Hymnsrdquo nos vaacuterios concertos que iraacute efectuar em 2011 Miss LavaNovo trabalho em 2011Depois do sucesso alcanccedilado com ldquo Blues for the Dangerous Miles rdquo que culminou com duas di-gressotildees em Inglaterra e abertura de um con-certo para Slash os Miss Lava voltam agrave estrada antes de entrarem em estuacutedio para gravar o seu 2ordm aacutelbum de originaisPara jaacute as datas conhecidas satildeo as seguintes- 04 de Fevereiro Rock nrsquoShots Cascais pelas 23h- 12 de Marccedilo Bafo de Baco Louleacute pelas 23h- 26 de Marccedilo Hard Club Porto pelas 23h

Ava Inferi novo aacutelbum novo som laquoOnyxraquo eacute o tiacutetulo do novo aacutelbum dos portu-gueses Ava Inferi com data de lanccedilamento prevista para 14 de Fevereiro Com mistura e masterizaccedilatildeo a cargo do guru Dan Swanouml o 4ordm registo de originais da banda nacional traz com ele segundo o guitarrista e principal composi-tor da banda Rune Eriksen a promessa de uma sonoridade mais vintage e mais em linha com o som claacutessico de algum metal dos anos 80

Urban Tales Novo aacutelbum ldquoLoneliness Still is the FriendrdquoMais de dois anos depois do lanccedilamento do aclamado ldquoDiary of a Nordquo os Urban Tales estatildeo de volta com o seu segundo trabalho ldquoLoneli-ness Still is the FriendrdquoA data de lanccedilamento estaacute marcada para 7 de Marccedilo e o trabalho iraacute apresentar 10 novas can

ccedilotildees Pode ouvirver o primeiro single ldquoStand Alonerdquo no site oficial da banda (wwwurbanta-lesmusiccom) enquanto o segundo single ldquoFly awayrdquo conquista as raacutedios nacionais

Heavenwood Single e novo baixista ldquoMorning Glory Clouds (In Manus Tuas Domine)rdquo eacute o primeiro tema a ser extraiacutedo do novo aacutelbum dos Heavenwood ldquoAbyss Masterpiecerdquo o qual se encontra disponiacutevel online para audiccedilatildeo exclu-siva no myspace da banda Entretanto a banda portuense revela ainda que Paulo Chanoca (De-mon Dagger Decrepidemic) seraacute seu novo baix-ista de sessatildeo

Leaves Eyes Novo album ldquoMeredeadrdquo Os Leaves Eyes banda formada pela ex-vocalis-ta dos Theatre of Tragedy Liv Kristine Espenaes Krull e por membros dos Atrocity definiram ldquoMeredeadrdquo como o tiacutetulo de seu novo aacutelbum com lanccedilamento previsto para 22 de Abril O produtor e co-vocalista Alexander Krull trata tambeacutem da mistura final do CD nos Master-sound Studio A arte graacutefica do aacutelbum foi criada por Stefan Heilemann

Watain escuridatildeo sem lei daacute preacutemio Por causa do uacuteltimo aacutelbum laquoLawless Darknessraquo os Watain acabam de ser galardoados na sua Sueacutecia natal com um Grammy na categoria Hard Rock Na cerimoacutenia de entrega do preacutemio que decorreu a 17 de Janeiro em Estocolmo o frontman Erik Danielsson afirmou que ldquosempre pensei que os criteacuterios de elegibilidade dos can-didatos a estes preacutemios fossem a conformidade e a insipidez por isso estou surpresohellip eacute sem duacutevida um vitoacuteria para o Diabordquo

A Versus Magazine tem para oferecer 5 coacutepias de laquoRevelationsraquo o novo trabalho dos Forgotten Suns aos primeiros cin-co leitores que respon-derem correctamente agrave seguinte pergunta

Segundo a entrevista ao guitarrista Ricardo Falcatildeo publicada nas paacuteginas desta ediccedilatildeo de que aacutelbum dos Forgotten Suns foi retirado o tema ldquoBetrayedrdquo

As respostas devem ser enviados por email para versusmagazineptgmailcom indicando nome e endereccedilo postal completo

Este passatempo termina agraves zero horas do dia 26 de Fevereiro data em que seratildeo divulgados os premiados em wwwmyspacecomversusmagazine

Qual foi o objectivo do lanccedilamento deste EP em 2010Ricardo Falcatildeo laquoRevelationsraquo eacute uma espeacutecie de lu-fada de oxigeacutenio para os seguidores da banda entre produccedilatildeo de LPrsquos e a forma de algumas muacutesicas que tiacutenhamos guardadas das antigas sessotildees de laquoInner-gyraquo encontrarem um lugar digno na nossa discogra-fia Desta feita mantemos a comunicaccedilatildeo aberta com o puacuteblico com os media e ganhamos mais tempo de qualidade para continuar a trabalhar afincadamente no proacuteximo aacutelbum

O 1ordm single eacute ldquoDoppelgaumlngerrdquo Qual o significado do temaA ideia surgiu do facto de observar constantemente muitas semelhanccedilas fiacutesicas nas pessoas com quem nos cruzamos na rua Quem eacute que ainda natildeo viu al-gueacutem tatildeo parecido ao ponto de julgar que seria de facto essa pessoa Dias mais tarde apoacutes conversar com o sujeito em questatildeo eacute que chegamos agrave con-clusatildeo que afinal natildeo era que essa pessoa nunca

estivera nesse lugar a tais horasUm dia resolvi investigar e descobri que existe mes-mo uma lenda com factos reais e relatos uma espeacutecie de clone maleacutefico diz-se que quando algueacutem avista o seu proacuteprio lsquoDoppelgaumlngerrsquo que eacute um pressaacutegio de morte essa eacute a parte mais interessante e a muacutesica eacute sobre isso

No seguimento da pergunta anterior fala-nos um pouco do viacutedeo Que significado tem a mudanccedila de cores ndash BrancoPretoO conceito do viacutedeo segue o conceito original da

muacutesica ndash a dualidade entre o bem e o mal No viacutedeo a partir do momento em que o poder do Doppel-gaumlnger se apodera de noacutes todos sofremos alteraccedilotildees (efeitos especiais) e passamos a estar amaldiccediloados como se da lenda se tratasse Todas as pessoas tecircm um lsquodark sidersquo essa eacute uma das mensagens do viacutedeo que capta tambeacutem toda a energia dinacircmica e por-menores dos muacutesicos com os seus instrumentos Trabalhaacutemos com o Horta do Rosaacuterio um jovem re-alizador e um craque de After Effects que eacute tambeacutem um fatilde da saga Star Wars na qual esta batalha entre a Forccedila e o Dark Side estatildeo tambeacutem muito presentes

Foi um privileacutegio e uma honra podermos trabalhar com algueacutem tatildeo dedicado agrave sua arte e tatildeo talentoso como ele Realizar este viacutedeo foi um verdadeiro tra-balho de equipa do qual estamos todos muito orgul-hosos

Ainda sobre o tema anterior ldquoDoppelgaumlngerrdquo foi alvo de uma re-estruturaccedilatildeo algum motivo espe-cial para a escolha recair sobre este tema como 1ordm singleNatildeo foi bem uma re-estruturaccedilatildeo mas mais um re-mistura e a escolha foi simples Natildeo temos de facto muitas muacutesicas com um formato tatildeo convencional para promoccedilatildeo lsquoeasy listeningrsquo dada a natureza pro-gressiva da banda que nos leva a compor temas sem limites e tambeacutem porque achamos que eacute uma das faixas mais poderosamente concentrada sem duacutev-ida uma das melhores referecircncias da capacidade camaleoacutenica da banda se re-inventar de tema para tema

ldquoProg Nationrdquo

Depois do lanccedilamento de laquoInnergyraquo eis que os Forgotten Suns nos pre-senteiam com laquoRevelationsraquo um EP lanccedilado em 2010 com (excelentes) te-

mas gravados nas sessotildees de laquoInnergyraquo Jaacute com 20 anos de carreira e antes do lanccedilamento de um novo aacutelbum Ricar-

do Falcatildeo acedeu a ldquofalarrdquo agrave Versus

Neste EP vocecircs acabam por ldquoreciclarrdquo um tema de ldquoFiction Edgerdquo Como eacute que foi feita a transiccedilatildeo para este novo lanccedilamentoSabiacuteamos que ldquoBetrayedrdquo era uma faixa extra em laquoFiction Edgeraquo um tema que usaacutemos muitas vezes para fechar concertos da banda e uma das muacutesicas preferidas dos fatildes Assim que comeccedilaacutemos a estru-turar o EP ficou claro que poderia ser um dos bons upgrades e uma forma das pessoas perceberem o quanto esta banda evoluiu desde o ano 2000 Com um cuidadoso trabalho de samples alguns arranjos mais modernos a parte II (Grey Zone) e uma per-formance mais apurada penso que conseguimos dar ao tema o brilho que sempre desejaacutemos

Haacute alguma histoacuteria subjacente a este tema agora que juntaram neste EP a parte I e IITodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por de-traacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir um guiatildeo natildeo escrito mas que se vai materializando conforme a criatividade musi-cal nos vai conduzindo ao longo do processo ldquoBe-

trayedrdquo eacute uma histoacuteria de ficccedilatildeo ao jeito da lsquoDisneyrsquo em que um rapaz descobre uma caixa de muacutesica com uma bailarina pela qual fica encantado Ao de-sejar estar tanto com ela acaba por se ver enfeiticcedilado e transportado para um mundo encantado apenas no fim ele vai descobrir que a bailarina eacute maleacutevola roubando-lhe a alma e aprisionando-o para sempre no seu mundo ndash a muacutesica foi originalmente com-posta em 95 e foi um dos primeiros temas que es-crevemos Ao juntarmos a parte II que eacute mais re-cente o tema fica completo e finalmente apoacutes tantos anos eacute revelado ao puacuteblico

A ediccedilatildeo jaacute natildeo eacute feita pela ProgRock mas sim pela vossa proacutepria editora Como eacute ser independenteDaacute mais trabalho mas eacute um sinal dos tempos eacute im-portante sermos independentes agora porque natildeo podemos andar ao sabor de vontades alheias e que natildeo seguem a direcccedilatildeo que pretendemos

Este acaba por ser o vosso primeiro trabalho a ser promovido internacionalmente Como jaacute vi tan-

tas bandas a queixarem-se da promoccedilatildeo (ou falta dela) como estaacute a ser neste aspecto o trabalho de-senvolvido pela Metal Revelation A receptividade tem sido boaSim fantaacutestica Daacute para perceber o quanto a banda cresceu e termos a Metal Revelation connosco eacute vital para chegarmos cada vez mais longe e a mais pes-soas

Segundo li jaacute se encontram a trabalhar num novo disco Podes adiantar alguma coisa sobre a sonori-dade Seraacute mais pesado ConceptualO proacuteximo aacutelbum seraacute conceptual e pouco mais posso revelar por agora O material deste novo lsquofull lengthrsquo eacute totalmente novo ideias frescas e provav-elmente um dos trabalhos musicais mais arrojados que fizemos ateacute agrave data Estamos a trabalhaacute-lo com muito cuidado porque sabemos que vai ser sem duacutevida uma lsquomasterpiecersquo

Trecircs perguntas para terminar Que tens a dizer agraves bandas de garagem que esper-am um dia poder afirmar-seSe tecircm um sonho forccedila de vontade e algo a dizer

atraveacutes da musicanatildeo desistam ao primeiro de-saire sejam fieacuteis aos vossos princiacutepios estudem e estejam preparados para dar a volta por cima em qualquer situaccedilatildeo

Achas que se faz boa musica de RockMetal pro-gressivo em PortugalAcho que o underground nacional tem muitas ban-das interessantes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral Existem infelizmente centenas de muacutesicos que tocam apenas para as paredes que natildeo vivem o sonho e isso natildeo eacute ser-se muacutesico de uma forma completa

Desde jaacute obrigado pelo teu tempo e peccedilo-te que deixes uma palavra final aos leitores da Versus Magazine podes sempre imaginar que estas a pro-mover o EP ou o novo aacutelbumEspero que gostem do novo EP laquoRevelationsraquo e que a curiosidade despertada por este trabalho vos con-duza a conhecer o mundo dos Forgotten Suns

Entrevista Eduardo Ramalhadeiro

ldquoTodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por detraacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir

um guiatildeo ()rdquo

ldquoAcho que o underground nacional tem muitas bandas interes-santes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral ()rdquo

Sol glacial

A uacuteltima vez que entrevistei os Helrunar falei com o Dionysos (guit) Porque eacute que ele jaacute natildeo se encon-tra na bandaSkald Draugir O Dionysos tinha ideias diferentes das nossas relativamente agrave muacutesica e aos conceitos liacutericos Foi por isso que abandonou os Helrunar Ag-ora somos apenas dois o Alsvartr e eu e a nossa co-operaccedilatildeo tem sido perfeita dado que estamos sem-pre em sintonia Aliaacutes natildeo podiacuteamos estar a melhor como banda e mesmo os nossos muacutesicos de sessatildeo ndash o Discordius o Harcon e o Samiel ndash tecircm dado um contributo inestimaacutevel quando tocamos ao vivo

O novo aacutelbum laquoSoacutelraquo eacute sem duacutevida um trabalho monumental no verdadeiro sentido do termo O que nos podes dizer sobre a geacutenese deste 4ordm aacutelbum dos HelrunarEacute definitivamente um ponto de viragem para noacutes Comeccedilamos a trabalhar neste disco no Veratildeo de 2008 altura em que surgiram as primeiras ideias para o conceito geral de laquoSoacutelraquo mas nesse momento natildeo havia maneira de antecipar que resultaria num duplo aacutelbum As primeiras composiccedilotildees saiacuteram

mais negras mais Black Metal mas agrave medida que fo-mos avanccedilando o processo criativo evolui rompeu com fronteiras e abriu-nos novos horizontes tanto musicais como liacutericos Voltei a usar siacutembolos da mitologia noacuterdica mas o aacutelbum conteacutem tambeacutem influecircncias de poesia moderna principalmente ex-pressionista e surrealista No final de 2009 comeccedilou a tornar-se evidente que um CD natildeo seria suficiente para apresentar todo o material jaacute escrito ateacute entatildeo Mas noacutes natildeo queriacuteamos deixar nada de fora uma vez que tudo era bom e tudo tinha o seu lugar no conceito O lanccedilamento em duplo CD pareceu nesta altura inevitaacutevel O processo criativo terminou no iniacutecio de 2010 e os retoques finais foram dados jaacute em estuacutedio Em Agosto terminei a ediccedilatildeo do livro de 50 paacuteginas que acompanha a ediccedilatildeo principal de laquoSoacutelraquo

laquoSoacutelraquo eacute bastante diferente do aacutelbum anterior laquoBaldr ok Iacutessraquo natildeo eacute tatildeo extremo e parece favorecer uma abordagem mais atmosfeacuterica O que nos po-des dizer sobre estas mudanccedilas Seraacute que foi uma questatildeo de deixar a muacutesica fluir de forma a reflec-tir o conteuacutedo liacuterico da melhor maneira possiacutevel

Depois de uma deacutecada na obscuridade 2011 poderaacute ser finalmente o ano de viragem para os Helrunar Alteraccedilotildees recentes na formaccedilatildeo cri-aram condiccedilotildees para uma revisatildeo do paradigma black metal de origem abrindo caminho a uma dinacircmica criativa que culminou na maior obra ateacute agora do grupo germacircnico o duplo-aacutelbum laquoSoacutelraquoPara nos guiar atraveacutes das passagens escuras e tortuosas deste quarto registo de originais ningueacutem melhor do que Skald Draugir o vocalista e mentor liacuterico da banda

Sim foi Neste aacutelbum a muacutesica e as letras relacion-am-se de forma muito iacutentima Desta vez tambeacutem tentamos evitar os chamados riffs catchy Quisemos sobretudo criar atmosferas intensas e muacutesica mui-to emocional com o dom de transportar o ouvinte numa viagem mental Trata-se duma abordagem que desenvolvemos neste disco e que tentaremos aperfeiccediloar em trabalhos futuros No passado a nossa muacutesica esteve muito orientada para as estru-turas rock convencionais Agora acho que integra-mos mais influecircncias claacutessicas de muacutesica ambiente e bandas sonoras

Do ponto de vista liacuterico este aacutelbum parece ser bastante diferente de tudo o que os Helrunar fiz-eram ateacute aqui Fala-nos um pouco do conceito sub-jacente a laquoSoacutelraquoEste aacutelbum encerra vaacuterias ldquocamadasrdquo de significados Podes interpretaacute-lo numa perspectiva mitoloacutegica social espiritual histoacuterica ou ateacute psicoloacutegica Ba-sicamente revolve em torno dos conflitos de um indiviacuteduo tanto os conflitos internos como os con-flitos com o mundo exterior Tem a ver com uma es-peacutecie de processo iniciaacutetico de busca do verdadeiro eu Contudo haacute outros significados possiacuteveis ndash tentei

deixar os textos bastante abertos a outras interpre-taccedilotildees de modo que cada ouvinte possa reflectir por si proacuteprio Nesse sentido penso que consegui tirar partido de estilos literaacuterios que ainda natildeo tinha ex-plorado e atraveacutes dos quais pintei com novos tons a base miacutetica e simboacutelica que caracteriza este aacutelbum

Os Helrunar sempre se expressaram em alematildeo (ou em norueguecircs) No entanto dado que as letras de-sempenham neste aacutelbum um papel preponderante eacute provaacutevel que os fatildes sintam agora mais do que nunca que o idioma os impede de apreciar a vossa arte em todas as dimensotildees O que pensas disto Alguma vez pensaram em cantar em inglecircs Achas que isso iria de encontro ao conceito da bandaBem a todos os fatildes que natildeo percebem alematildeo soacute posso dizer que lamentohellip Mas como com-preenderatildeo trata-se da minha liacutengua natal e eacute por-tanto nela que me expresso melhor Natildeo o inglecircs natildeo iria contrariar o conceito inerente agrave banda e ateacute eacute provaacutevel que um dia venha a escrever algumas canccedilotildees em inglecircs No entanto acho que escrever le-tras em inglecircs eacute de certa maneira demasiado faacutecil Podes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito ldquocoolrdquo Escrever boas canccedilotildees

em alematildeo eacute um desafio muito maiorhellip e penso que o mesmo se aplica a outras liacutenguas que natildeo o inglecircs Assim para todos os que nos ouvem e que natildeo en-tendem alematildeo aqui fica o meu conselho tentem captar o som das palavras e a atmosfera da muacutesica Veratildeo que isso chega para que consigam interpretar vocecircs mesmos o essencial de laquoSoacutelraquo

Presumo que as diferenccedilas musicais entre os dois CDs laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo estejam ligadas agraves letras O que nos podes dizer sobre isso Seraacute que o mate-rial presente em cada um dos CDs foi composto em tempos diferentesNatildeo toda a muacutesica foi escrita ao mesmo tempo em-bora duma forma faseada No entanto o alinhamen-to do aacutelbum foi fixado apenas quando a trama liacuterica ficou estabelecida Cada um dos temas ficou com as letras adequadas e cada muacutesica tem o seu lugar certo no conceito liacuterico A primeira parte laquoSoacutel Iraquo eacute a mais black metal e eacute a que expressa os conflitos internos do indiviacuteduo A segunda parte laquoSoacutel IIraquo eacute um pouco mais experimental e reflecte os conflitos com o mundo exterior

Algumas partes dos temas ldquoAschevolkrdquo e ldquoDie Muumlh-lerdquo incluiacutedos em laquoSoacutel IIraquo fazem lembrar na minha opiniatildeo o estilo dos vossos compatriotas Secrets of the Moon Reconheces esta semelhanccedilaAchas mesmo Natildeo me tinha apercebido disso Pen-so que os Secrets of the Moon fazem um black metal diferente do nosso e nem os consideramos como uma grande influecircncia Mas gostamos muito do que fazem e eles ateacute satildeo uns tipos porreiros

Sendo laquoSoacutelraquo um duplo aacutelbum conceptual porquecirc disponibilizar tambeacutem as suas duas partes laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado Natildeo achas que a estrateacute-gia comercial pode ferir a integridade do conceito artiacutesticoEacute um bom ponto de vista O lanccedilamento em dois CDs separados constituiu uma espeacutecie de compro-misso A ediccedilatildeo principal eacute uma artbook edition que conteacutem os dois CDs mais um livro de 50 paacute-ginas profusamente ilustrado onde expandi todo o conteuacutedo liacuterico Os lanccedilamentos de laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado destinam-se mais aos fatildes que estatildeo interessados exclusivamente na muacutesica e natildeo estatildeo dispostos a pagar o custo adicional (substancial)

do livro Podia-se ter pensado numa ediccedilatildeo com os dois CDs e sem o livro mas como o orccedilamento jaacute ia alto chegou-se agrave conclusatildeo que era mais econoacutemico optar pela ediccedilatildeo independente dos dois CDs De qualquer maneira penso que assim estaacute bem pois o conceito inclui de facto duas partes que se podem separar musicalmente e liricamente

Vejo que voltaram a gravar com o Markus Stock e mais uma vez o resultado foi impressionante Quatildeo diferente foi o processo de gravaccedilatildeo de laquoSolraquo em comparaccedilatildeo com o laquoBaldr ok Iacutessraquo Quando en-traram em estuacutedio jaacute levavam tudo escrito ao de-talheSim jaacute tiacutenhamos tudo composto No estuacutedio em Maio soacute afinamos alguns detalhes As gravaccedilotildees foram relativamente raacutepidas gravamos tudo em duas semanas Regressamos ao estuacutedio em Agosto para dar os toques finais e fazer a mistura e a master-izaccedilatildeo O Discordius o nosso guitarrista de sessatildeo deu uma grande ajuda nas gravaccedilotildees e o Markus compreendeu bem quais eram as nossas intenccedilotildees para este disco relativamente a som e atmosfera Como sempre foi muito bom trabalhar com ele

Ia exactamente perguntar-te sobre o Discordius acho que ele apresenta aqui um trabalho notaacutevel O solo de 5 minutos no tema ldquoSoacutelrdquo eacute particularmente brilhante O que nos podes dizer mais sobre eleAh esse solo natildeo eacute do Discordius foi tocado pelo Alsvartr De qualquer maneira estou de acordo contigo ele eacute um guitarrista muito bom E tambeacutem trouxe para as sessotildees de gravaccedilatildeo algumas boas ideias assim como equipamento que contribuiu de forma muito positiva para o som do aacutelbum O Dis-cordius esteve ateacute agora envolvido em vaacuterios projec-tos de pequena dimensatildeo de entre as quais o mais importante eacute talvez o seu grupo de doompost rock Melon Kallisti

Muito obrigado pelo tempo que dispensaste agrave Ver-sus Magazine Queres deixar aqui uma mensagem final para os leitoresSaudaccedilotildees e obrigado a todos Lembrem-se que o conhecimento eacute uma arma Portanto armem-se

Entrevista Ernesto Martins

ldquoPodes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito lsquocoolrsquordquo

ldquo[laquoSoacutelraquo] eacute definitivamente um ponto de viragem para noacutesrdquo

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 3: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Qual foi o objectivo do lanccedilamento deste EP em 2010Ricardo Falcatildeo laquoRevelationsraquo eacute uma espeacutecie de lu-fada de oxigeacutenio para os seguidores da banda entre produccedilatildeo de LPrsquos e a forma de algumas muacutesicas que tiacutenhamos guardadas das antigas sessotildees de laquoInner-gyraquo encontrarem um lugar digno na nossa discogra-fia Desta feita mantemos a comunicaccedilatildeo aberta com o puacuteblico com os media e ganhamos mais tempo de qualidade para continuar a trabalhar afincadamente no proacuteximo aacutelbum

O 1ordm single eacute ldquoDoppelgaumlngerrdquo Qual o significado do temaA ideia surgiu do facto de observar constantemente muitas semelhanccedilas fiacutesicas nas pessoas com quem nos cruzamos na rua Quem eacute que ainda natildeo viu al-gueacutem tatildeo parecido ao ponto de julgar que seria de facto essa pessoa Dias mais tarde apoacutes conversar com o sujeito em questatildeo eacute que chegamos agrave con-clusatildeo que afinal natildeo era que essa pessoa nunca

estivera nesse lugar a tais horasUm dia resolvi investigar e descobri que existe mes-mo uma lenda com factos reais e relatos uma espeacutecie de clone maleacutefico diz-se que quando algueacutem avista o seu proacuteprio lsquoDoppelgaumlngerrsquo que eacute um pressaacutegio de morte essa eacute a parte mais interessante e a muacutesica eacute sobre isso

No seguimento da pergunta anterior fala-nos um pouco do viacutedeo Que significado tem a mudanccedila de cores ndash BrancoPretoO conceito do viacutedeo segue o conceito original da

muacutesica ndash a dualidade entre o bem e o mal No viacutedeo a partir do momento em que o poder do Doppel-gaumlnger se apodera de noacutes todos sofremos alteraccedilotildees (efeitos especiais) e passamos a estar amaldiccediloados como se da lenda se tratasse Todas as pessoas tecircm um lsquodark sidersquo essa eacute uma das mensagens do viacutedeo que capta tambeacutem toda a energia dinacircmica e por-menores dos muacutesicos com os seus instrumentos Trabalhaacutemos com o Horta do Rosaacuterio um jovem re-alizador e um craque de After Effects que eacute tambeacutem um fatilde da saga Star Wars na qual esta batalha entre a Forccedila e o Dark Side estatildeo tambeacutem muito presentes

Foi um privileacutegio e uma honra podermos trabalhar com algueacutem tatildeo dedicado agrave sua arte e tatildeo talentoso como ele Realizar este viacutedeo foi um verdadeiro tra-balho de equipa do qual estamos todos muito orgul-hosos

Ainda sobre o tema anterior ldquoDoppelgaumlngerrdquo foi alvo de uma re-estruturaccedilatildeo algum motivo espe-cial para a escolha recair sobre este tema como 1ordm singleNatildeo foi bem uma re-estruturaccedilatildeo mas mais um re-mistura e a escolha foi simples Natildeo temos de facto muitas muacutesicas com um formato tatildeo convencional para promoccedilatildeo lsquoeasy listeningrsquo dada a natureza pro-gressiva da banda que nos leva a compor temas sem limites e tambeacutem porque achamos que eacute uma das faixas mais poderosamente concentrada sem duacutev-ida uma das melhores referecircncias da capacidade camaleoacutenica da banda se re-inventar de tema para tema

ldquoProg Nationrdquo

Depois do lanccedilamento de laquoInnergyraquo eis que os Forgotten Suns nos pre-senteiam com laquoRevelationsraquo um EP lanccedilado em 2010 com (excelentes) te-

mas gravados nas sessotildees de laquoInnergyraquo Jaacute com 20 anos de carreira e antes do lanccedilamento de um novo aacutelbum Ricar-

do Falcatildeo acedeu a ldquofalarrdquo agrave Versus

Neste EP vocecircs acabam por ldquoreciclarrdquo um tema de ldquoFiction Edgerdquo Como eacute que foi feita a transiccedilatildeo para este novo lanccedilamentoSabiacuteamos que ldquoBetrayedrdquo era uma faixa extra em laquoFiction Edgeraquo um tema que usaacutemos muitas vezes para fechar concertos da banda e uma das muacutesicas preferidas dos fatildes Assim que comeccedilaacutemos a estru-turar o EP ficou claro que poderia ser um dos bons upgrades e uma forma das pessoas perceberem o quanto esta banda evoluiu desde o ano 2000 Com um cuidadoso trabalho de samples alguns arranjos mais modernos a parte II (Grey Zone) e uma per-formance mais apurada penso que conseguimos dar ao tema o brilho que sempre desejaacutemos

Haacute alguma histoacuteria subjacente a este tema agora que juntaram neste EP a parte I e IITodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por de-traacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir um guiatildeo natildeo escrito mas que se vai materializando conforme a criatividade musi-cal nos vai conduzindo ao longo do processo ldquoBe-

trayedrdquo eacute uma histoacuteria de ficccedilatildeo ao jeito da lsquoDisneyrsquo em que um rapaz descobre uma caixa de muacutesica com uma bailarina pela qual fica encantado Ao de-sejar estar tanto com ela acaba por se ver enfeiticcedilado e transportado para um mundo encantado apenas no fim ele vai descobrir que a bailarina eacute maleacutevola roubando-lhe a alma e aprisionando-o para sempre no seu mundo ndash a muacutesica foi originalmente com-posta em 95 e foi um dos primeiros temas que es-crevemos Ao juntarmos a parte II que eacute mais re-cente o tema fica completo e finalmente apoacutes tantos anos eacute revelado ao puacuteblico

A ediccedilatildeo jaacute natildeo eacute feita pela ProgRock mas sim pela vossa proacutepria editora Como eacute ser independenteDaacute mais trabalho mas eacute um sinal dos tempos eacute im-portante sermos independentes agora porque natildeo podemos andar ao sabor de vontades alheias e que natildeo seguem a direcccedilatildeo que pretendemos

Este acaba por ser o vosso primeiro trabalho a ser promovido internacionalmente Como jaacute vi tan-

tas bandas a queixarem-se da promoccedilatildeo (ou falta dela) como estaacute a ser neste aspecto o trabalho de-senvolvido pela Metal Revelation A receptividade tem sido boaSim fantaacutestica Daacute para perceber o quanto a banda cresceu e termos a Metal Revelation connosco eacute vital para chegarmos cada vez mais longe e a mais pes-soas

Segundo li jaacute se encontram a trabalhar num novo disco Podes adiantar alguma coisa sobre a sonori-dade Seraacute mais pesado ConceptualO proacuteximo aacutelbum seraacute conceptual e pouco mais posso revelar por agora O material deste novo lsquofull lengthrsquo eacute totalmente novo ideias frescas e provav-elmente um dos trabalhos musicais mais arrojados que fizemos ateacute agrave data Estamos a trabalhaacute-lo com muito cuidado porque sabemos que vai ser sem duacutevida uma lsquomasterpiecersquo

Trecircs perguntas para terminar Que tens a dizer agraves bandas de garagem que esper-am um dia poder afirmar-seSe tecircm um sonho forccedila de vontade e algo a dizer

atraveacutes da musicanatildeo desistam ao primeiro de-saire sejam fieacuteis aos vossos princiacutepios estudem e estejam preparados para dar a volta por cima em qualquer situaccedilatildeo

Achas que se faz boa musica de RockMetal pro-gressivo em PortugalAcho que o underground nacional tem muitas ban-das interessantes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral Existem infelizmente centenas de muacutesicos que tocam apenas para as paredes que natildeo vivem o sonho e isso natildeo eacute ser-se muacutesico de uma forma completa

Desde jaacute obrigado pelo teu tempo e peccedilo-te que deixes uma palavra final aos leitores da Versus Magazine podes sempre imaginar que estas a pro-mover o EP ou o novo aacutelbumEspero que gostem do novo EP laquoRevelationsraquo e que a curiosidade despertada por este trabalho vos con-duza a conhecer o mundo dos Forgotten Suns

Entrevista Eduardo Ramalhadeiro

ldquoTodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por detraacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir

um guiatildeo ()rdquo

ldquoAcho que o underground nacional tem muitas bandas interes-santes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral ()rdquo

Sol glacial

A uacuteltima vez que entrevistei os Helrunar falei com o Dionysos (guit) Porque eacute que ele jaacute natildeo se encon-tra na bandaSkald Draugir O Dionysos tinha ideias diferentes das nossas relativamente agrave muacutesica e aos conceitos liacutericos Foi por isso que abandonou os Helrunar Ag-ora somos apenas dois o Alsvartr e eu e a nossa co-operaccedilatildeo tem sido perfeita dado que estamos sem-pre em sintonia Aliaacutes natildeo podiacuteamos estar a melhor como banda e mesmo os nossos muacutesicos de sessatildeo ndash o Discordius o Harcon e o Samiel ndash tecircm dado um contributo inestimaacutevel quando tocamos ao vivo

O novo aacutelbum laquoSoacutelraquo eacute sem duacutevida um trabalho monumental no verdadeiro sentido do termo O que nos podes dizer sobre a geacutenese deste 4ordm aacutelbum dos HelrunarEacute definitivamente um ponto de viragem para noacutes Comeccedilamos a trabalhar neste disco no Veratildeo de 2008 altura em que surgiram as primeiras ideias para o conceito geral de laquoSoacutelraquo mas nesse momento natildeo havia maneira de antecipar que resultaria num duplo aacutelbum As primeiras composiccedilotildees saiacuteram

mais negras mais Black Metal mas agrave medida que fo-mos avanccedilando o processo criativo evolui rompeu com fronteiras e abriu-nos novos horizontes tanto musicais como liacutericos Voltei a usar siacutembolos da mitologia noacuterdica mas o aacutelbum conteacutem tambeacutem influecircncias de poesia moderna principalmente ex-pressionista e surrealista No final de 2009 comeccedilou a tornar-se evidente que um CD natildeo seria suficiente para apresentar todo o material jaacute escrito ateacute entatildeo Mas noacutes natildeo queriacuteamos deixar nada de fora uma vez que tudo era bom e tudo tinha o seu lugar no conceito O lanccedilamento em duplo CD pareceu nesta altura inevitaacutevel O processo criativo terminou no iniacutecio de 2010 e os retoques finais foram dados jaacute em estuacutedio Em Agosto terminei a ediccedilatildeo do livro de 50 paacuteginas que acompanha a ediccedilatildeo principal de laquoSoacutelraquo

laquoSoacutelraquo eacute bastante diferente do aacutelbum anterior laquoBaldr ok Iacutessraquo natildeo eacute tatildeo extremo e parece favorecer uma abordagem mais atmosfeacuterica O que nos po-des dizer sobre estas mudanccedilas Seraacute que foi uma questatildeo de deixar a muacutesica fluir de forma a reflec-tir o conteuacutedo liacuterico da melhor maneira possiacutevel

Depois de uma deacutecada na obscuridade 2011 poderaacute ser finalmente o ano de viragem para os Helrunar Alteraccedilotildees recentes na formaccedilatildeo cri-aram condiccedilotildees para uma revisatildeo do paradigma black metal de origem abrindo caminho a uma dinacircmica criativa que culminou na maior obra ateacute agora do grupo germacircnico o duplo-aacutelbum laquoSoacutelraquoPara nos guiar atraveacutes das passagens escuras e tortuosas deste quarto registo de originais ningueacutem melhor do que Skald Draugir o vocalista e mentor liacuterico da banda

Sim foi Neste aacutelbum a muacutesica e as letras relacion-am-se de forma muito iacutentima Desta vez tambeacutem tentamos evitar os chamados riffs catchy Quisemos sobretudo criar atmosferas intensas e muacutesica mui-to emocional com o dom de transportar o ouvinte numa viagem mental Trata-se duma abordagem que desenvolvemos neste disco e que tentaremos aperfeiccediloar em trabalhos futuros No passado a nossa muacutesica esteve muito orientada para as estru-turas rock convencionais Agora acho que integra-mos mais influecircncias claacutessicas de muacutesica ambiente e bandas sonoras

Do ponto de vista liacuterico este aacutelbum parece ser bastante diferente de tudo o que os Helrunar fiz-eram ateacute aqui Fala-nos um pouco do conceito sub-jacente a laquoSoacutelraquoEste aacutelbum encerra vaacuterias ldquocamadasrdquo de significados Podes interpretaacute-lo numa perspectiva mitoloacutegica social espiritual histoacuterica ou ateacute psicoloacutegica Ba-sicamente revolve em torno dos conflitos de um indiviacuteduo tanto os conflitos internos como os con-flitos com o mundo exterior Tem a ver com uma es-peacutecie de processo iniciaacutetico de busca do verdadeiro eu Contudo haacute outros significados possiacuteveis ndash tentei

deixar os textos bastante abertos a outras interpre-taccedilotildees de modo que cada ouvinte possa reflectir por si proacuteprio Nesse sentido penso que consegui tirar partido de estilos literaacuterios que ainda natildeo tinha ex-plorado e atraveacutes dos quais pintei com novos tons a base miacutetica e simboacutelica que caracteriza este aacutelbum

Os Helrunar sempre se expressaram em alematildeo (ou em norueguecircs) No entanto dado que as letras de-sempenham neste aacutelbum um papel preponderante eacute provaacutevel que os fatildes sintam agora mais do que nunca que o idioma os impede de apreciar a vossa arte em todas as dimensotildees O que pensas disto Alguma vez pensaram em cantar em inglecircs Achas que isso iria de encontro ao conceito da bandaBem a todos os fatildes que natildeo percebem alematildeo soacute posso dizer que lamentohellip Mas como com-preenderatildeo trata-se da minha liacutengua natal e eacute por-tanto nela que me expresso melhor Natildeo o inglecircs natildeo iria contrariar o conceito inerente agrave banda e ateacute eacute provaacutevel que um dia venha a escrever algumas canccedilotildees em inglecircs No entanto acho que escrever le-tras em inglecircs eacute de certa maneira demasiado faacutecil Podes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito ldquocoolrdquo Escrever boas canccedilotildees

em alematildeo eacute um desafio muito maiorhellip e penso que o mesmo se aplica a outras liacutenguas que natildeo o inglecircs Assim para todos os que nos ouvem e que natildeo en-tendem alematildeo aqui fica o meu conselho tentem captar o som das palavras e a atmosfera da muacutesica Veratildeo que isso chega para que consigam interpretar vocecircs mesmos o essencial de laquoSoacutelraquo

Presumo que as diferenccedilas musicais entre os dois CDs laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo estejam ligadas agraves letras O que nos podes dizer sobre isso Seraacute que o mate-rial presente em cada um dos CDs foi composto em tempos diferentesNatildeo toda a muacutesica foi escrita ao mesmo tempo em-bora duma forma faseada No entanto o alinhamen-to do aacutelbum foi fixado apenas quando a trama liacuterica ficou estabelecida Cada um dos temas ficou com as letras adequadas e cada muacutesica tem o seu lugar certo no conceito liacuterico A primeira parte laquoSoacutel Iraquo eacute a mais black metal e eacute a que expressa os conflitos internos do indiviacuteduo A segunda parte laquoSoacutel IIraquo eacute um pouco mais experimental e reflecte os conflitos com o mundo exterior

Algumas partes dos temas ldquoAschevolkrdquo e ldquoDie Muumlh-lerdquo incluiacutedos em laquoSoacutel IIraquo fazem lembrar na minha opiniatildeo o estilo dos vossos compatriotas Secrets of the Moon Reconheces esta semelhanccedilaAchas mesmo Natildeo me tinha apercebido disso Pen-so que os Secrets of the Moon fazem um black metal diferente do nosso e nem os consideramos como uma grande influecircncia Mas gostamos muito do que fazem e eles ateacute satildeo uns tipos porreiros

Sendo laquoSoacutelraquo um duplo aacutelbum conceptual porquecirc disponibilizar tambeacutem as suas duas partes laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado Natildeo achas que a estrateacute-gia comercial pode ferir a integridade do conceito artiacutesticoEacute um bom ponto de vista O lanccedilamento em dois CDs separados constituiu uma espeacutecie de compro-misso A ediccedilatildeo principal eacute uma artbook edition que conteacutem os dois CDs mais um livro de 50 paacute-ginas profusamente ilustrado onde expandi todo o conteuacutedo liacuterico Os lanccedilamentos de laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado destinam-se mais aos fatildes que estatildeo interessados exclusivamente na muacutesica e natildeo estatildeo dispostos a pagar o custo adicional (substancial)

do livro Podia-se ter pensado numa ediccedilatildeo com os dois CDs e sem o livro mas como o orccedilamento jaacute ia alto chegou-se agrave conclusatildeo que era mais econoacutemico optar pela ediccedilatildeo independente dos dois CDs De qualquer maneira penso que assim estaacute bem pois o conceito inclui de facto duas partes que se podem separar musicalmente e liricamente

Vejo que voltaram a gravar com o Markus Stock e mais uma vez o resultado foi impressionante Quatildeo diferente foi o processo de gravaccedilatildeo de laquoSolraquo em comparaccedilatildeo com o laquoBaldr ok Iacutessraquo Quando en-traram em estuacutedio jaacute levavam tudo escrito ao de-talheSim jaacute tiacutenhamos tudo composto No estuacutedio em Maio soacute afinamos alguns detalhes As gravaccedilotildees foram relativamente raacutepidas gravamos tudo em duas semanas Regressamos ao estuacutedio em Agosto para dar os toques finais e fazer a mistura e a master-izaccedilatildeo O Discordius o nosso guitarrista de sessatildeo deu uma grande ajuda nas gravaccedilotildees e o Markus compreendeu bem quais eram as nossas intenccedilotildees para este disco relativamente a som e atmosfera Como sempre foi muito bom trabalhar com ele

Ia exactamente perguntar-te sobre o Discordius acho que ele apresenta aqui um trabalho notaacutevel O solo de 5 minutos no tema ldquoSoacutelrdquo eacute particularmente brilhante O que nos podes dizer mais sobre eleAh esse solo natildeo eacute do Discordius foi tocado pelo Alsvartr De qualquer maneira estou de acordo contigo ele eacute um guitarrista muito bom E tambeacutem trouxe para as sessotildees de gravaccedilatildeo algumas boas ideias assim como equipamento que contribuiu de forma muito positiva para o som do aacutelbum O Dis-cordius esteve ateacute agora envolvido em vaacuterios projec-tos de pequena dimensatildeo de entre as quais o mais importante eacute talvez o seu grupo de doompost rock Melon Kallisti

Muito obrigado pelo tempo que dispensaste agrave Ver-sus Magazine Queres deixar aqui uma mensagem final para os leitoresSaudaccedilotildees e obrigado a todos Lembrem-se que o conhecimento eacute uma arma Portanto armem-se

Entrevista Ernesto Martins

ldquoPodes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito lsquocoolrsquordquo

ldquo[laquoSoacutelraquo] eacute definitivamente um ponto de viragem para noacutesrdquo

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 4: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Neste EP vocecircs acabam por ldquoreciclarrdquo um tema de ldquoFiction Edgerdquo Como eacute que foi feita a transiccedilatildeo para este novo lanccedilamentoSabiacuteamos que ldquoBetrayedrdquo era uma faixa extra em laquoFiction Edgeraquo um tema que usaacutemos muitas vezes para fechar concertos da banda e uma das muacutesicas preferidas dos fatildes Assim que comeccedilaacutemos a estru-turar o EP ficou claro que poderia ser um dos bons upgrades e uma forma das pessoas perceberem o quanto esta banda evoluiu desde o ano 2000 Com um cuidadoso trabalho de samples alguns arranjos mais modernos a parte II (Grey Zone) e uma per-formance mais apurada penso que conseguimos dar ao tema o brilho que sempre desejaacutemos

Haacute alguma histoacuteria subjacente a este tema agora que juntaram neste EP a parte I e IITodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por de-traacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir um guiatildeo natildeo escrito mas que se vai materializando conforme a criatividade musi-cal nos vai conduzindo ao longo do processo ldquoBe-

trayedrdquo eacute uma histoacuteria de ficccedilatildeo ao jeito da lsquoDisneyrsquo em que um rapaz descobre uma caixa de muacutesica com uma bailarina pela qual fica encantado Ao de-sejar estar tanto com ela acaba por se ver enfeiticcedilado e transportado para um mundo encantado apenas no fim ele vai descobrir que a bailarina eacute maleacutevola roubando-lhe a alma e aprisionando-o para sempre no seu mundo ndash a muacutesica foi originalmente com-posta em 95 e foi um dos primeiros temas que es-crevemos Ao juntarmos a parte II que eacute mais re-cente o tema fica completo e finalmente apoacutes tantos anos eacute revelado ao puacuteblico

A ediccedilatildeo jaacute natildeo eacute feita pela ProgRock mas sim pela vossa proacutepria editora Como eacute ser independenteDaacute mais trabalho mas eacute um sinal dos tempos eacute im-portante sermos independentes agora porque natildeo podemos andar ao sabor de vontades alheias e que natildeo seguem a direcccedilatildeo que pretendemos

Este acaba por ser o vosso primeiro trabalho a ser promovido internacionalmente Como jaacute vi tan-

tas bandas a queixarem-se da promoccedilatildeo (ou falta dela) como estaacute a ser neste aspecto o trabalho de-senvolvido pela Metal Revelation A receptividade tem sido boaSim fantaacutestica Daacute para perceber o quanto a banda cresceu e termos a Metal Revelation connosco eacute vital para chegarmos cada vez mais longe e a mais pes-soas

Segundo li jaacute se encontram a trabalhar num novo disco Podes adiantar alguma coisa sobre a sonori-dade Seraacute mais pesado ConceptualO proacuteximo aacutelbum seraacute conceptual e pouco mais posso revelar por agora O material deste novo lsquofull lengthrsquo eacute totalmente novo ideias frescas e provav-elmente um dos trabalhos musicais mais arrojados que fizemos ateacute agrave data Estamos a trabalhaacute-lo com muito cuidado porque sabemos que vai ser sem duacutevida uma lsquomasterpiecersquo

Trecircs perguntas para terminar Que tens a dizer agraves bandas de garagem que esper-am um dia poder afirmar-seSe tecircm um sonho forccedila de vontade e algo a dizer

atraveacutes da musicanatildeo desistam ao primeiro de-saire sejam fieacuteis aos vossos princiacutepios estudem e estejam preparados para dar a volta por cima em qualquer situaccedilatildeo

Achas que se faz boa musica de RockMetal pro-gressivo em PortugalAcho que o underground nacional tem muitas ban-das interessantes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral Existem infelizmente centenas de muacutesicos que tocam apenas para as paredes que natildeo vivem o sonho e isso natildeo eacute ser-se muacutesico de uma forma completa

Desde jaacute obrigado pelo teu tempo e peccedilo-te que deixes uma palavra final aos leitores da Versus Magazine podes sempre imaginar que estas a pro-mover o EP ou o novo aacutelbumEspero que gostem do novo EP laquoRevelationsraquo e que a curiosidade despertada por este trabalho vos con-duza a conhecer o mundo dos Forgotten Suns

Entrevista Eduardo Ramalhadeiro

ldquoTodas as nossas muacutesicas tecircm uma histoacuteria por detraacutes um conceito Quando compomos eacute como se estiveacutessemos a seguir

um guiatildeo ()rdquo

ldquoAcho que o underground nacional tem muitas bandas interes-santes mas bastante desvalorizadas pelo puacuteblico em geral ()rdquo

Sol glacial

A uacuteltima vez que entrevistei os Helrunar falei com o Dionysos (guit) Porque eacute que ele jaacute natildeo se encon-tra na bandaSkald Draugir O Dionysos tinha ideias diferentes das nossas relativamente agrave muacutesica e aos conceitos liacutericos Foi por isso que abandonou os Helrunar Ag-ora somos apenas dois o Alsvartr e eu e a nossa co-operaccedilatildeo tem sido perfeita dado que estamos sem-pre em sintonia Aliaacutes natildeo podiacuteamos estar a melhor como banda e mesmo os nossos muacutesicos de sessatildeo ndash o Discordius o Harcon e o Samiel ndash tecircm dado um contributo inestimaacutevel quando tocamos ao vivo

O novo aacutelbum laquoSoacutelraquo eacute sem duacutevida um trabalho monumental no verdadeiro sentido do termo O que nos podes dizer sobre a geacutenese deste 4ordm aacutelbum dos HelrunarEacute definitivamente um ponto de viragem para noacutes Comeccedilamos a trabalhar neste disco no Veratildeo de 2008 altura em que surgiram as primeiras ideias para o conceito geral de laquoSoacutelraquo mas nesse momento natildeo havia maneira de antecipar que resultaria num duplo aacutelbum As primeiras composiccedilotildees saiacuteram

mais negras mais Black Metal mas agrave medida que fo-mos avanccedilando o processo criativo evolui rompeu com fronteiras e abriu-nos novos horizontes tanto musicais como liacutericos Voltei a usar siacutembolos da mitologia noacuterdica mas o aacutelbum conteacutem tambeacutem influecircncias de poesia moderna principalmente ex-pressionista e surrealista No final de 2009 comeccedilou a tornar-se evidente que um CD natildeo seria suficiente para apresentar todo o material jaacute escrito ateacute entatildeo Mas noacutes natildeo queriacuteamos deixar nada de fora uma vez que tudo era bom e tudo tinha o seu lugar no conceito O lanccedilamento em duplo CD pareceu nesta altura inevitaacutevel O processo criativo terminou no iniacutecio de 2010 e os retoques finais foram dados jaacute em estuacutedio Em Agosto terminei a ediccedilatildeo do livro de 50 paacuteginas que acompanha a ediccedilatildeo principal de laquoSoacutelraquo

laquoSoacutelraquo eacute bastante diferente do aacutelbum anterior laquoBaldr ok Iacutessraquo natildeo eacute tatildeo extremo e parece favorecer uma abordagem mais atmosfeacuterica O que nos po-des dizer sobre estas mudanccedilas Seraacute que foi uma questatildeo de deixar a muacutesica fluir de forma a reflec-tir o conteuacutedo liacuterico da melhor maneira possiacutevel

Depois de uma deacutecada na obscuridade 2011 poderaacute ser finalmente o ano de viragem para os Helrunar Alteraccedilotildees recentes na formaccedilatildeo cri-aram condiccedilotildees para uma revisatildeo do paradigma black metal de origem abrindo caminho a uma dinacircmica criativa que culminou na maior obra ateacute agora do grupo germacircnico o duplo-aacutelbum laquoSoacutelraquoPara nos guiar atraveacutes das passagens escuras e tortuosas deste quarto registo de originais ningueacutem melhor do que Skald Draugir o vocalista e mentor liacuterico da banda

Sim foi Neste aacutelbum a muacutesica e as letras relacion-am-se de forma muito iacutentima Desta vez tambeacutem tentamos evitar os chamados riffs catchy Quisemos sobretudo criar atmosferas intensas e muacutesica mui-to emocional com o dom de transportar o ouvinte numa viagem mental Trata-se duma abordagem que desenvolvemos neste disco e que tentaremos aperfeiccediloar em trabalhos futuros No passado a nossa muacutesica esteve muito orientada para as estru-turas rock convencionais Agora acho que integra-mos mais influecircncias claacutessicas de muacutesica ambiente e bandas sonoras

Do ponto de vista liacuterico este aacutelbum parece ser bastante diferente de tudo o que os Helrunar fiz-eram ateacute aqui Fala-nos um pouco do conceito sub-jacente a laquoSoacutelraquoEste aacutelbum encerra vaacuterias ldquocamadasrdquo de significados Podes interpretaacute-lo numa perspectiva mitoloacutegica social espiritual histoacuterica ou ateacute psicoloacutegica Ba-sicamente revolve em torno dos conflitos de um indiviacuteduo tanto os conflitos internos como os con-flitos com o mundo exterior Tem a ver com uma es-peacutecie de processo iniciaacutetico de busca do verdadeiro eu Contudo haacute outros significados possiacuteveis ndash tentei

deixar os textos bastante abertos a outras interpre-taccedilotildees de modo que cada ouvinte possa reflectir por si proacuteprio Nesse sentido penso que consegui tirar partido de estilos literaacuterios que ainda natildeo tinha ex-plorado e atraveacutes dos quais pintei com novos tons a base miacutetica e simboacutelica que caracteriza este aacutelbum

Os Helrunar sempre se expressaram em alematildeo (ou em norueguecircs) No entanto dado que as letras de-sempenham neste aacutelbum um papel preponderante eacute provaacutevel que os fatildes sintam agora mais do que nunca que o idioma os impede de apreciar a vossa arte em todas as dimensotildees O que pensas disto Alguma vez pensaram em cantar em inglecircs Achas que isso iria de encontro ao conceito da bandaBem a todos os fatildes que natildeo percebem alematildeo soacute posso dizer que lamentohellip Mas como com-preenderatildeo trata-se da minha liacutengua natal e eacute por-tanto nela que me expresso melhor Natildeo o inglecircs natildeo iria contrariar o conceito inerente agrave banda e ateacute eacute provaacutevel que um dia venha a escrever algumas canccedilotildees em inglecircs No entanto acho que escrever le-tras em inglecircs eacute de certa maneira demasiado faacutecil Podes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito ldquocoolrdquo Escrever boas canccedilotildees

em alematildeo eacute um desafio muito maiorhellip e penso que o mesmo se aplica a outras liacutenguas que natildeo o inglecircs Assim para todos os que nos ouvem e que natildeo en-tendem alematildeo aqui fica o meu conselho tentem captar o som das palavras e a atmosfera da muacutesica Veratildeo que isso chega para que consigam interpretar vocecircs mesmos o essencial de laquoSoacutelraquo

Presumo que as diferenccedilas musicais entre os dois CDs laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo estejam ligadas agraves letras O que nos podes dizer sobre isso Seraacute que o mate-rial presente em cada um dos CDs foi composto em tempos diferentesNatildeo toda a muacutesica foi escrita ao mesmo tempo em-bora duma forma faseada No entanto o alinhamen-to do aacutelbum foi fixado apenas quando a trama liacuterica ficou estabelecida Cada um dos temas ficou com as letras adequadas e cada muacutesica tem o seu lugar certo no conceito liacuterico A primeira parte laquoSoacutel Iraquo eacute a mais black metal e eacute a que expressa os conflitos internos do indiviacuteduo A segunda parte laquoSoacutel IIraquo eacute um pouco mais experimental e reflecte os conflitos com o mundo exterior

Algumas partes dos temas ldquoAschevolkrdquo e ldquoDie Muumlh-lerdquo incluiacutedos em laquoSoacutel IIraquo fazem lembrar na minha opiniatildeo o estilo dos vossos compatriotas Secrets of the Moon Reconheces esta semelhanccedilaAchas mesmo Natildeo me tinha apercebido disso Pen-so que os Secrets of the Moon fazem um black metal diferente do nosso e nem os consideramos como uma grande influecircncia Mas gostamos muito do que fazem e eles ateacute satildeo uns tipos porreiros

Sendo laquoSoacutelraquo um duplo aacutelbum conceptual porquecirc disponibilizar tambeacutem as suas duas partes laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado Natildeo achas que a estrateacute-gia comercial pode ferir a integridade do conceito artiacutesticoEacute um bom ponto de vista O lanccedilamento em dois CDs separados constituiu uma espeacutecie de compro-misso A ediccedilatildeo principal eacute uma artbook edition que conteacutem os dois CDs mais um livro de 50 paacute-ginas profusamente ilustrado onde expandi todo o conteuacutedo liacuterico Os lanccedilamentos de laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado destinam-se mais aos fatildes que estatildeo interessados exclusivamente na muacutesica e natildeo estatildeo dispostos a pagar o custo adicional (substancial)

do livro Podia-se ter pensado numa ediccedilatildeo com os dois CDs e sem o livro mas como o orccedilamento jaacute ia alto chegou-se agrave conclusatildeo que era mais econoacutemico optar pela ediccedilatildeo independente dos dois CDs De qualquer maneira penso que assim estaacute bem pois o conceito inclui de facto duas partes que se podem separar musicalmente e liricamente

Vejo que voltaram a gravar com o Markus Stock e mais uma vez o resultado foi impressionante Quatildeo diferente foi o processo de gravaccedilatildeo de laquoSolraquo em comparaccedilatildeo com o laquoBaldr ok Iacutessraquo Quando en-traram em estuacutedio jaacute levavam tudo escrito ao de-talheSim jaacute tiacutenhamos tudo composto No estuacutedio em Maio soacute afinamos alguns detalhes As gravaccedilotildees foram relativamente raacutepidas gravamos tudo em duas semanas Regressamos ao estuacutedio em Agosto para dar os toques finais e fazer a mistura e a master-izaccedilatildeo O Discordius o nosso guitarrista de sessatildeo deu uma grande ajuda nas gravaccedilotildees e o Markus compreendeu bem quais eram as nossas intenccedilotildees para este disco relativamente a som e atmosfera Como sempre foi muito bom trabalhar com ele

Ia exactamente perguntar-te sobre o Discordius acho que ele apresenta aqui um trabalho notaacutevel O solo de 5 minutos no tema ldquoSoacutelrdquo eacute particularmente brilhante O que nos podes dizer mais sobre eleAh esse solo natildeo eacute do Discordius foi tocado pelo Alsvartr De qualquer maneira estou de acordo contigo ele eacute um guitarrista muito bom E tambeacutem trouxe para as sessotildees de gravaccedilatildeo algumas boas ideias assim como equipamento que contribuiu de forma muito positiva para o som do aacutelbum O Dis-cordius esteve ateacute agora envolvido em vaacuterios projec-tos de pequena dimensatildeo de entre as quais o mais importante eacute talvez o seu grupo de doompost rock Melon Kallisti

Muito obrigado pelo tempo que dispensaste agrave Ver-sus Magazine Queres deixar aqui uma mensagem final para os leitoresSaudaccedilotildees e obrigado a todos Lembrem-se que o conhecimento eacute uma arma Portanto armem-se

Entrevista Ernesto Martins

ldquoPodes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito lsquocoolrsquordquo

ldquo[laquoSoacutelraquo] eacute definitivamente um ponto de viragem para noacutesrdquo

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 5: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Sol glacial

A uacuteltima vez que entrevistei os Helrunar falei com o Dionysos (guit) Porque eacute que ele jaacute natildeo se encon-tra na bandaSkald Draugir O Dionysos tinha ideias diferentes das nossas relativamente agrave muacutesica e aos conceitos liacutericos Foi por isso que abandonou os Helrunar Ag-ora somos apenas dois o Alsvartr e eu e a nossa co-operaccedilatildeo tem sido perfeita dado que estamos sem-pre em sintonia Aliaacutes natildeo podiacuteamos estar a melhor como banda e mesmo os nossos muacutesicos de sessatildeo ndash o Discordius o Harcon e o Samiel ndash tecircm dado um contributo inestimaacutevel quando tocamos ao vivo

O novo aacutelbum laquoSoacutelraquo eacute sem duacutevida um trabalho monumental no verdadeiro sentido do termo O que nos podes dizer sobre a geacutenese deste 4ordm aacutelbum dos HelrunarEacute definitivamente um ponto de viragem para noacutes Comeccedilamos a trabalhar neste disco no Veratildeo de 2008 altura em que surgiram as primeiras ideias para o conceito geral de laquoSoacutelraquo mas nesse momento natildeo havia maneira de antecipar que resultaria num duplo aacutelbum As primeiras composiccedilotildees saiacuteram

mais negras mais Black Metal mas agrave medida que fo-mos avanccedilando o processo criativo evolui rompeu com fronteiras e abriu-nos novos horizontes tanto musicais como liacutericos Voltei a usar siacutembolos da mitologia noacuterdica mas o aacutelbum conteacutem tambeacutem influecircncias de poesia moderna principalmente ex-pressionista e surrealista No final de 2009 comeccedilou a tornar-se evidente que um CD natildeo seria suficiente para apresentar todo o material jaacute escrito ateacute entatildeo Mas noacutes natildeo queriacuteamos deixar nada de fora uma vez que tudo era bom e tudo tinha o seu lugar no conceito O lanccedilamento em duplo CD pareceu nesta altura inevitaacutevel O processo criativo terminou no iniacutecio de 2010 e os retoques finais foram dados jaacute em estuacutedio Em Agosto terminei a ediccedilatildeo do livro de 50 paacuteginas que acompanha a ediccedilatildeo principal de laquoSoacutelraquo

laquoSoacutelraquo eacute bastante diferente do aacutelbum anterior laquoBaldr ok Iacutessraquo natildeo eacute tatildeo extremo e parece favorecer uma abordagem mais atmosfeacuterica O que nos po-des dizer sobre estas mudanccedilas Seraacute que foi uma questatildeo de deixar a muacutesica fluir de forma a reflec-tir o conteuacutedo liacuterico da melhor maneira possiacutevel

Depois de uma deacutecada na obscuridade 2011 poderaacute ser finalmente o ano de viragem para os Helrunar Alteraccedilotildees recentes na formaccedilatildeo cri-aram condiccedilotildees para uma revisatildeo do paradigma black metal de origem abrindo caminho a uma dinacircmica criativa que culminou na maior obra ateacute agora do grupo germacircnico o duplo-aacutelbum laquoSoacutelraquoPara nos guiar atraveacutes das passagens escuras e tortuosas deste quarto registo de originais ningueacutem melhor do que Skald Draugir o vocalista e mentor liacuterico da banda

Sim foi Neste aacutelbum a muacutesica e as letras relacion-am-se de forma muito iacutentima Desta vez tambeacutem tentamos evitar os chamados riffs catchy Quisemos sobretudo criar atmosferas intensas e muacutesica mui-to emocional com o dom de transportar o ouvinte numa viagem mental Trata-se duma abordagem que desenvolvemos neste disco e que tentaremos aperfeiccediloar em trabalhos futuros No passado a nossa muacutesica esteve muito orientada para as estru-turas rock convencionais Agora acho que integra-mos mais influecircncias claacutessicas de muacutesica ambiente e bandas sonoras

Do ponto de vista liacuterico este aacutelbum parece ser bastante diferente de tudo o que os Helrunar fiz-eram ateacute aqui Fala-nos um pouco do conceito sub-jacente a laquoSoacutelraquoEste aacutelbum encerra vaacuterias ldquocamadasrdquo de significados Podes interpretaacute-lo numa perspectiva mitoloacutegica social espiritual histoacuterica ou ateacute psicoloacutegica Ba-sicamente revolve em torno dos conflitos de um indiviacuteduo tanto os conflitos internos como os con-flitos com o mundo exterior Tem a ver com uma es-peacutecie de processo iniciaacutetico de busca do verdadeiro eu Contudo haacute outros significados possiacuteveis ndash tentei

deixar os textos bastante abertos a outras interpre-taccedilotildees de modo que cada ouvinte possa reflectir por si proacuteprio Nesse sentido penso que consegui tirar partido de estilos literaacuterios que ainda natildeo tinha ex-plorado e atraveacutes dos quais pintei com novos tons a base miacutetica e simboacutelica que caracteriza este aacutelbum

Os Helrunar sempre se expressaram em alematildeo (ou em norueguecircs) No entanto dado que as letras de-sempenham neste aacutelbum um papel preponderante eacute provaacutevel que os fatildes sintam agora mais do que nunca que o idioma os impede de apreciar a vossa arte em todas as dimensotildees O que pensas disto Alguma vez pensaram em cantar em inglecircs Achas que isso iria de encontro ao conceito da bandaBem a todos os fatildes que natildeo percebem alematildeo soacute posso dizer que lamentohellip Mas como com-preenderatildeo trata-se da minha liacutengua natal e eacute por-tanto nela que me expresso melhor Natildeo o inglecircs natildeo iria contrariar o conceito inerente agrave banda e ateacute eacute provaacutevel que um dia venha a escrever algumas canccedilotildees em inglecircs No entanto acho que escrever le-tras em inglecircs eacute de certa maneira demasiado faacutecil Podes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito ldquocoolrdquo Escrever boas canccedilotildees

em alematildeo eacute um desafio muito maiorhellip e penso que o mesmo se aplica a outras liacutenguas que natildeo o inglecircs Assim para todos os que nos ouvem e que natildeo en-tendem alematildeo aqui fica o meu conselho tentem captar o som das palavras e a atmosfera da muacutesica Veratildeo que isso chega para que consigam interpretar vocecircs mesmos o essencial de laquoSoacutelraquo

Presumo que as diferenccedilas musicais entre os dois CDs laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo estejam ligadas agraves letras O que nos podes dizer sobre isso Seraacute que o mate-rial presente em cada um dos CDs foi composto em tempos diferentesNatildeo toda a muacutesica foi escrita ao mesmo tempo em-bora duma forma faseada No entanto o alinhamen-to do aacutelbum foi fixado apenas quando a trama liacuterica ficou estabelecida Cada um dos temas ficou com as letras adequadas e cada muacutesica tem o seu lugar certo no conceito liacuterico A primeira parte laquoSoacutel Iraquo eacute a mais black metal e eacute a que expressa os conflitos internos do indiviacuteduo A segunda parte laquoSoacutel IIraquo eacute um pouco mais experimental e reflecte os conflitos com o mundo exterior

Algumas partes dos temas ldquoAschevolkrdquo e ldquoDie Muumlh-lerdquo incluiacutedos em laquoSoacutel IIraquo fazem lembrar na minha opiniatildeo o estilo dos vossos compatriotas Secrets of the Moon Reconheces esta semelhanccedilaAchas mesmo Natildeo me tinha apercebido disso Pen-so que os Secrets of the Moon fazem um black metal diferente do nosso e nem os consideramos como uma grande influecircncia Mas gostamos muito do que fazem e eles ateacute satildeo uns tipos porreiros

Sendo laquoSoacutelraquo um duplo aacutelbum conceptual porquecirc disponibilizar tambeacutem as suas duas partes laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado Natildeo achas que a estrateacute-gia comercial pode ferir a integridade do conceito artiacutesticoEacute um bom ponto de vista O lanccedilamento em dois CDs separados constituiu uma espeacutecie de compro-misso A ediccedilatildeo principal eacute uma artbook edition que conteacutem os dois CDs mais um livro de 50 paacute-ginas profusamente ilustrado onde expandi todo o conteuacutedo liacuterico Os lanccedilamentos de laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado destinam-se mais aos fatildes que estatildeo interessados exclusivamente na muacutesica e natildeo estatildeo dispostos a pagar o custo adicional (substancial)

do livro Podia-se ter pensado numa ediccedilatildeo com os dois CDs e sem o livro mas como o orccedilamento jaacute ia alto chegou-se agrave conclusatildeo que era mais econoacutemico optar pela ediccedilatildeo independente dos dois CDs De qualquer maneira penso que assim estaacute bem pois o conceito inclui de facto duas partes que se podem separar musicalmente e liricamente

Vejo que voltaram a gravar com o Markus Stock e mais uma vez o resultado foi impressionante Quatildeo diferente foi o processo de gravaccedilatildeo de laquoSolraquo em comparaccedilatildeo com o laquoBaldr ok Iacutessraquo Quando en-traram em estuacutedio jaacute levavam tudo escrito ao de-talheSim jaacute tiacutenhamos tudo composto No estuacutedio em Maio soacute afinamos alguns detalhes As gravaccedilotildees foram relativamente raacutepidas gravamos tudo em duas semanas Regressamos ao estuacutedio em Agosto para dar os toques finais e fazer a mistura e a master-izaccedilatildeo O Discordius o nosso guitarrista de sessatildeo deu uma grande ajuda nas gravaccedilotildees e o Markus compreendeu bem quais eram as nossas intenccedilotildees para este disco relativamente a som e atmosfera Como sempre foi muito bom trabalhar com ele

Ia exactamente perguntar-te sobre o Discordius acho que ele apresenta aqui um trabalho notaacutevel O solo de 5 minutos no tema ldquoSoacutelrdquo eacute particularmente brilhante O que nos podes dizer mais sobre eleAh esse solo natildeo eacute do Discordius foi tocado pelo Alsvartr De qualquer maneira estou de acordo contigo ele eacute um guitarrista muito bom E tambeacutem trouxe para as sessotildees de gravaccedilatildeo algumas boas ideias assim como equipamento que contribuiu de forma muito positiva para o som do aacutelbum O Dis-cordius esteve ateacute agora envolvido em vaacuterios projec-tos de pequena dimensatildeo de entre as quais o mais importante eacute talvez o seu grupo de doompost rock Melon Kallisti

Muito obrigado pelo tempo que dispensaste agrave Ver-sus Magazine Queres deixar aqui uma mensagem final para os leitoresSaudaccedilotildees e obrigado a todos Lembrem-se que o conhecimento eacute uma arma Portanto armem-se

Entrevista Ernesto Martins

ldquoPodes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito lsquocoolrsquordquo

ldquo[laquoSoacutelraquo] eacute definitivamente um ponto de viragem para noacutesrdquo

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 6: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Sim foi Neste aacutelbum a muacutesica e as letras relacion-am-se de forma muito iacutentima Desta vez tambeacutem tentamos evitar os chamados riffs catchy Quisemos sobretudo criar atmosferas intensas e muacutesica mui-to emocional com o dom de transportar o ouvinte numa viagem mental Trata-se duma abordagem que desenvolvemos neste disco e que tentaremos aperfeiccediloar em trabalhos futuros No passado a nossa muacutesica esteve muito orientada para as estru-turas rock convencionais Agora acho que integra-mos mais influecircncias claacutessicas de muacutesica ambiente e bandas sonoras

Do ponto de vista liacuterico este aacutelbum parece ser bastante diferente de tudo o que os Helrunar fiz-eram ateacute aqui Fala-nos um pouco do conceito sub-jacente a laquoSoacutelraquoEste aacutelbum encerra vaacuterias ldquocamadasrdquo de significados Podes interpretaacute-lo numa perspectiva mitoloacutegica social espiritual histoacuterica ou ateacute psicoloacutegica Ba-sicamente revolve em torno dos conflitos de um indiviacuteduo tanto os conflitos internos como os con-flitos com o mundo exterior Tem a ver com uma es-peacutecie de processo iniciaacutetico de busca do verdadeiro eu Contudo haacute outros significados possiacuteveis ndash tentei

deixar os textos bastante abertos a outras interpre-taccedilotildees de modo que cada ouvinte possa reflectir por si proacuteprio Nesse sentido penso que consegui tirar partido de estilos literaacuterios que ainda natildeo tinha ex-plorado e atraveacutes dos quais pintei com novos tons a base miacutetica e simboacutelica que caracteriza este aacutelbum

Os Helrunar sempre se expressaram em alematildeo (ou em norueguecircs) No entanto dado que as letras de-sempenham neste aacutelbum um papel preponderante eacute provaacutevel que os fatildes sintam agora mais do que nunca que o idioma os impede de apreciar a vossa arte em todas as dimensotildees O que pensas disto Alguma vez pensaram em cantar em inglecircs Achas que isso iria de encontro ao conceito da bandaBem a todos os fatildes que natildeo percebem alematildeo soacute posso dizer que lamentohellip Mas como com-preenderatildeo trata-se da minha liacutengua natal e eacute por-tanto nela que me expresso melhor Natildeo o inglecircs natildeo iria contrariar o conceito inerente agrave banda e ateacute eacute provaacutevel que um dia venha a escrever algumas canccedilotildees em inglecircs No entanto acho que escrever le-tras em inglecircs eacute de certa maneira demasiado faacutecil Podes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito ldquocoolrdquo Escrever boas canccedilotildees

em alematildeo eacute um desafio muito maiorhellip e penso que o mesmo se aplica a outras liacutenguas que natildeo o inglecircs Assim para todos os que nos ouvem e que natildeo en-tendem alematildeo aqui fica o meu conselho tentem captar o som das palavras e a atmosfera da muacutesica Veratildeo que isso chega para que consigam interpretar vocecircs mesmos o essencial de laquoSoacutelraquo

Presumo que as diferenccedilas musicais entre os dois CDs laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo estejam ligadas agraves letras O que nos podes dizer sobre isso Seraacute que o mate-rial presente em cada um dos CDs foi composto em tempos diferentesNatildeo toda a muacutesica foi escrita ao mesmo tempo em-bora duma forma faseada No entanto o alinhamen-to do aacutelbum foi fixado apenas quando a trama liacuterica ficou estabelecida Cada um dos temas ficou com as letras adequadas e cada muacutesica tem o seu lugar certo no conceito liacuterico A primeira parte laquoSoacutel Iraquo eacute a mais black metal e eacute a que expressa os conflitos internos do indiviacuteduo A segunda parte laquoSoacutel IIraquo eacute um pouco mais experimental e reflecte os conflitos com o mundo exterior

Algumas partes dos temas ldquoAschevolkrdquo e ldquoDie Muumlh-lerdquo incluiacutedos em laquoSoacutel IIraquo fazem lembrar na minha opiniatildeo o estilo dos vossos compatriotas Secrets of the Moon Reconheces esta semelhanccedilaAchas mesmo Natildeo me tinha apercebido disso Pen-so que os Secrets of the Moon fazem um black metal diferente do nosso e nem os consideramos como uma grande influecircncia Mas gostamos muito do que fazem e eles ateacute satildeo uns tipos porreiros

Sendo laquoSoacutelraquo um duplo aacutelbum conceptual porquecirc disponibilizar tambeacutem as suas duas partes laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado Natildeo achas que a estrateacute-gia comercial pode ferir a integridade do conceito artiacutesticoEacute um bom ponto de vista O lanccedilamento em dois CDs separados constituiu uma espeacutecie de compro-misso A ediccedilatildeo principal eacute uma artbook edition que conteacutem os dois CDs mais um livro de 50 paacute-ginas profusamente ilustrado onde expandi todo o conteuacutedo liacuterico Os lanccedilamentos de laquoSoacutel Iraquo e laquoSoacutel IIraquo em separado destinam-se mais aos fatildes que estatildeo interessados exclusivamente na muacutesica e natildeo estatildeo dispostos a pagar o custo adicional (substancial)

do livro Podia-se ter pensado numa ediccedilatildeo com os dois CDs e sem o livro mas como o orccedilamento jaacute ia alto chegou-se agrave conclusatildeo que era mais econoacutemico optar pela ediccedilatildeo independente dos dois CDs De qualquer maneira penso que assim estaacute bem pois o conceito inclui de facto duas partes que se podem separar musicalmente e liricamente

Vejo que voltaram a gravar com o Markus Stock e mais uma vez o resultado foi impressionante Quatildeo diferente foi o processo de gravaccedilatildeo de laquoSolraquo em comparaccedilatildeo com o laquoBaldr ok Iacutessraquo Quando en-traram em estuacutedio jaacute levavam tudo escrito ao de-talheSim jaacute tiacutenhamos tudo composto No estuacutedio em Maio soacute afinamos alguns detalhes As gravaccedilotildees foram relativamente raacutepidas gravamos tudo em duas semanas Regressamos ao estuacutedio em Agosto para dar os toques finais e fazer a mistura e a master-izaccedilatildeo O Discordius o nosso guitarrista de sessatildeo deu uma grande ajuda nas gravaccedilotildees e o Markus compreendeu bem quais eram as nossas intenccedilotildees para este disco relativamente a som e atmosfera Como sempre foi muito bom trabalhar com ele

Ia exactamente perguntar-te sobre o Discordius acho que ele apresenta aqui um trabalho notaacutevel O solo de 5 minutos no tema ldquoSoacutelrdquo eacute particularmente brilhante O que nos podes dizer mais sobre eleAh esse solo natildeo eacute do Discordius foi tocado pelo Alsvartr De qualquer maneira estou de acordo contigo ele eacute um guitarrista muito bom E tambeacutem trouxe para as sessotildees de gravaccedilatildeo algumas boas ideias assim como equipamento que contribuiu de forma muito positiva para o som do aacutelbum O Dis-cordius esteve ateacute agora envolvido em vaacuterios projec-tos de pequena dimensatildeo de entre as quais o mais importante eacute talvez o seu grupo de doompost rock Melon Kallisti

Muito obrigado pelo tempo que dispensaste agrave Ver-sus Magazine Queres deixar aqui uma mensagem final para os leitoresSaudaccedilotildees e obrigado a todos Lembrem-se que o conhecimento eacute uma arma Portanto armem-se

Entrevista Ernesto Martins

ldquoPodes cantar facilmente a maior merda em inglecircs que soa sempre muito lsquocoolrsquordquo

ldquo[laquoSoacutelraquo] eacute definitivamente um ponto de viragem para noacutesrdquo

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 7: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Slava Primeiro do que tudo gostaria de congrat-ular a banda por um magniacutefico lanccedilamento apoacutes tantos anos de silecircncio Tecircm continuado por tantos anos possuem muita qualidade e merecem mais apreciaccedilatildeo Infelizmente nem toda a gente pocircde conhecer os SSOGEhellip Assim diz-nos por que razatildeo decidiram ter tatildeo fantaacutestico nome Pensam que eacute faacutecil de lembrar e que embeleza o espiacuterito quando o dizemos De qualquer maneira possui toda a magia que podemos esperar ouvir nas vossas muacutesi-cashellipRadek Hajda Natildeo haacute nenhum segredo por detraacutes do nome da nossa banda Simplesmente eacuteramos jovens rapazes haacute quinze anos atraacutes entusiastas das ban-das Doom com um nome comprido como My Dy-ing Bride In the Woods e cenas como essas Assim lembro-me de estar a pensar num tiacutetulo que pode-ria descrever a nossa muacutesica e que fosse comprido como o inferno De certeza que natildeo eacute faacutecil de ser

O invocar de um feiticcedilo que a todos une

Surgidos em 1995 na parte mais a leste da Repuacuteblica Checa a Moraacutevia os Silent Stream of Godless Elegy tecircm criado desde o iniacutecio preponderantes el-egias agrave sua cultura ancestral Providenciando a cada aacutelbum fervor caraacutecter

e qualidade demonstram com o seu sexto lanccedilamento laquoNaacutevazraquo que a ascen-satildeo para aleacutem das fronteiras do seu paiacutes pode natildeo ter sido faacutecil mas que tecircm tudo para serem considerados como os criadores de um dos melhores aacutelbuns do ano e avanccedilarem rumo a maiores metas Respondendo agrave Versus o guitar-

rista e fundador dos SSOGE Radek Hajda

lembrado e isso eacute uma maneira de falarem de noacutes muitos dos nossos fatildes usam simplesmente ldquoSilentrdquo Eu sei que Silent Stream of Godless Elegy natildeo eacute o melhor nome para posters publicidade ou cataacutelogos mas como dizes ndash tem a magiahellip

No iniacutecio a banda tinha algumas influecircncias de Paradise Lost Anathema e My Dying Bride mas progrediram o vosso som inspirados no folclore da regiatildeo onde vivem O que consideras ser a mais provaacutevel definiccedilatildeo para SSOGESim tens razatildeo Na verdade noacutes crescemos a partir de bandas de DoomDeath metal mas olhamos cada vez mais para a fusatildeo da nossa muacutesica folk e rockmetal ainda com um forte toque doom Eacute disso que gostamos e queremos fazer A conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute inteiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e da her-anccedila dos nossos antepassados Podem encontrar na

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 8: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

nossa muacutesica e liacutericas motivos folcloacutericos tal como motivos da literatura verbal folk Penso que se pode criar a melhor muacutesica quando esta surge do iacutentimo E noacutes somos da Moraacutevia a parte mais a leste da Repuacuteblica Checa

Alguma vez pensaram que a banda seria consid-erada uma das melhores e mais originais bandas de Folk-Metal a niacutevel mundial Aleacutem de terem aparecido em rsquo95 longe desta modahellipHonestamente eu natildeo gosto desse clicheacute mas eacute uma maneira natural para noacutes Cada vez mais estamos in-teressados nas nossas raiacutezes e isso tem de transpar-ecer na nossa muacutesica tambeacutem Natildeo tem a ver com o facto do ldquofolk-metal eacute uma moda agorardquo Existimos haacute mais de quinze anos e ainda vamos pelo nosso caminho natildeo olhando para o que os outros fazem E eu afirmo que o nosso estilo eacute mesmo uacutenico pois natildeo conheccedilo nenhuma banda semelhante Olha para as bandas folk-metal recentes ndash eacute um alegre ldquopubrdquo met-al ldquopiratardquo metal ou black-metal com liacutericas folk Eu natildeo compreendo isso Eu gosto de bandas que criem muacutesica em que eu possa sentir as suas raiacutezes tal como fazem Orphaned Land ou Amorphis ou como os noruegueses Gaate fizeram Eacute disso que eu gosto

Desde os anos 90 conseguiram aparecer em di-versas compilaccedilotildees Como eacute que isso tudo surgiu Acham que foi um grande esforccedilo promocional que fez com que a banda fosse mais conhecida Alguns outros convites para talNo iniacutecio de 1997 foi a laquoBreath of Doomraquo a com-pilaccedilatildeo de bandas Doom-Metal checo desse periacuteodo Depois em 2000 foi laquoA Tribute to Masterrsquos Ham-merraquo o que foi realmente muito divertido porque natildeo havia nem uma banda de Black-metal nesse tributo Depois disso houve dois outros tributos - a White Zombie e a Led Zeppelin ndash que nos ajudou com a promoccedilatildeo especialmente nos EUA jaacute que ambos foram editados pela Dwell Records White

Zombie Ok nenhum de noacutes estava a ouvi-los mas Led Zeppelin Isso eacute um culto genuiacuteno Assim ti-ramos prazer disso o maacuteximo possiacutevel Ambas as canccedilotildees (WZ ndash ldquoBlood Milk amp Skyrdquo LZ ndash ldquoKash-mirrdquo) excitaram muitas respostas ambivalentes ndash al-guns gostaram outros detestaram E isso eacute exacto cem pessoas cem gostos pessoaishellip Para dizer a verdade costumaacutevamos tocar Kashmir ao vivo por muito tempo como um boacutenus e a audiecircncia adorava A uacuteltima compilaccedilatildeo em que entramos foi laquoCaroh-ranihellipraquo

Foi estranho serem convidados para o CD de fol-clore laquoCarohrani aneb z Korenu Moravskeho Folk-loru vzesleraquo sendo SSOGE uma banda de metal Jaacute agora que muacutesica usaram Quais foram os comen-taacuterios depoisBem foi um tanto fora do comum jaacute que eacuteramos a uacutenica banda de metal laacute No entanto tambeacutem foi uma honra jaacute que estatildeo laacute ldquograndes nomesrdquo da muacutesi-ca folcloacuterica checa e da cena alternativa como Iva Bittova ou Hradistan Assim muitas pessoas desco-briram que existimos mesmo Usamos uma versatildeo-demo da muacutesica ldquoGigulardquo A versatildeo normal saiu no nosso aacutelbum anterior laquoRelic Dancesraquo

Tendo ganho dois Grammys (ou Andĕl como eacute chamado desde 2005) na categoria Hard Nrsquo Heavy conseguiram ser mais conhecidos no vosso paiacutes e tambeacutem fora dele De qualquer maneira a primei-ra vez que o venceram com o aacutelbum laquoThemesraquo isso pareceu pocircr um certo stress na banda jaacute que a maior parte dos membros saiuhellip Da segunda vez com laquoRelic Dancesraquo as coisas pareceram ser mais seguras Esperam ganhar outra vez com esta ediccedilatildeo de 2011Em 2000 ajudou-nos de uma forma estranha jaacute que eu tive de despedir a maior parte da banda Natildeo havia outra maneira Eu detesto quando algueacutem age como uma estrela do rock No entanto tive muito sucesso com o renascimento e assim retroactiva-

mente valorizo isso como um momento positivo Em 2005 tudo estava bem e este preacutemio ajudou-nos de forma muito prazenteira Com uma formaccedilatildeo estaacutevel comeccedilamos a tocar nos maiores festivais da cena checa tivemos um concerto de duas horas numa televisatildeo nacional e muitas entrevistas nas maiores magazines Um momento excelentehellip Para dizer a verdade em relaccedilatildeo agraves nossas expectativas nada esperamos Criamos muacutesica porque adoramos muacutesica Se existe algum preacutemio para noacutes porreiro mas isso nada significa comparado com o facto de que gravamos um outro bom aacutelbum e finalmente encontramos uma editora grande e respeitada como a Season of Mist

Haacute cerca de dois anos foram tambeacutem convidados para colaborar no filme ldquoLabyrinthrdquo Infelizmente ateacute agora ainda natildeo foi lanccedilado Gravaram duas faixas para ele mas apenas mostraram uma ao puacuteblico expectante ldquoDufayrdquo Porquecirc Jaacute agora sabem alguma coisa em relaccedilatildeo a quando eacute que o filme iraacute ser lanccediladoSim o azarado ldquoLabyrinthrdquo Fomos convidados a compor alguma muacutesica para o filme e tambeacutem a providenciar algumas faixas-demo do nosso futuro aacutelbum O realizador discutiu com os produtores cada um foi para o seu lado depois houve proble-mas com os direitos e o dinheiro uma nova empresa de produccedilatildeo novas lutashellip Realmente natildeo sei se este filme iraacute alguma vez ser lanccedilado Na verdade eles ainda nos devem dinheiro Em relaccedilatildeo agrave nossa muacutesica noacutes compusemos e gravamos duas faixas mas apenas uma intitulada ldquoDufayrdquo estaacute sob o nome de SSOGE A segunda faixa foi o resultado inicial do nosso (refiro-me a alguns membros dos SSOGE) projecto paralelo na onda do RockAlternativo

Como referem no vosso website eacute um tipo de thrill-erhellip O realizador disse-vos que geacutenero de atmos-fera era preciso para as muacutesicas ou em que partes do filme estariam Como ldquoDufayrdquo concede ao ou-vinte um belo panorama natildeo me importaria de ouvir a outra faixa Imaginam criar uma banda sonora integral para um filmeSim sabiacuteamos que tipo de filme e atmosfera seria Uma banda sonora integral Soa muito atractivo mas receio que tal natildeo eacute possiacutevel devido agrave nossa vida actual Sabes temos os nossos empregos famiacuteliashellip

mas se eu tiver a muacutesica como o meu emprego natildeo haacute problema iria apreciar esse tipo de trabalho eacute um desafiohellip

Tendo um aacutelbum editado pela Season of Mist eacute um preacutemio haacute muito tempo merecido que iraacute impul-sionar a banda ateacute um maior espectro de puacuteblico Como eacute que esse acordo surgiu Alguma vez pen-saram que iria ser possiacutevel Afinal de contas ex-istem cinco CDs editados anteriormente e outros cinco anos de ausecircnciahellipA esperanccedila morre quando o uacuteltimohellip Sempre tentamos propor os nossos aacutelbuns a vaacuterias editoras estrangeiras mas sem qualquer sucesso Assim dis-semos ldquofoda-serdquo e tentamos ficar focados apenas na muacutesica Compusemos ensaiamos arduamente arranjamos a muacutesica com o nosso produtor Tomas Kacko e convidados musicais Depois reservamos os GrapowStudios e gravamos o aacutelbum com o proacuteprio Roland Grapow Com algumas faixas misturadas propusemos a nossa muacutesica outra vez agraves editoras e finalmente tivemos sucesso Tivemos algumas propostas e escolhemos a Season of Mist dado que gostamos do seu rol de ediccedilotildees e trabalho E se men-cionas essa ausecircncia ndash sabes embora pareccedila que eacute quase seis anos desde o nosso uacuteltimo aacutelbum laquoRelic Dancesraquo natildeo eacute como se estiveacutessemos a trabalhar todo esse tempo no novo aacutelbum Simplesmente es-tivemos a apoiar o aacutelbum anterior por algum tempo a viver as nossas vidas tu sabes ndash casamentos divoacuter-cios crianccedilas apartamentos hipotecas ganhando dinheirohellip Assim acho que foi apenas nos uacuteltimos dois anos que pusemos o ceacuterebro a trabalhar e a ar-ranjar o nosso material

Quanto tempo levaram a gravar Embora fizessem uma preacute-produccedilatildeo antes de entrarem em estuacutedio outras ideias apareceram enquanto estavam a gra-varPenso que estivemos a gravar durante duas semanas depois o Roland trabalhou na mistura por algum tempo e apoacutes isso fizemos a mistura final Sim fize-mos uma preacute-produccedilatildeo Referindo isto julgo que natildeo estivemos tatildeo bem preparados para gravar do que desta vez Tudo devido ao nosso trabalho aacuterduo e toneladas de sessotildees de gravaccedilatildeo no computador de casa Realmente aprendemos muitohellip

ldquoA conexatildeo entre a nossa muacutesica e a terra onde vivemos eacute in-teiramente oacutebvia Partimos da memoacuteria folcloacuterica e cultural e

da heranccedila dos nossos antepassadosrdquo

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 9: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

O tiacutetulo do aacutelbum laquoNaacutevazraquo refere-se a um amu-leto tradicional feito de cabelo folhas de amora silvestre cinza e outros ingredientes Em que eacute que esse amuleto era usado e porque eacute que decidiram dar esse nome ao aacutelbum Aleacutem da primeira faixa que eacute o tema-tiacutetulo seraacute que se relaciona com algu-ma outra muacutesica criando assim um certo conceitoEste amuleto costumava ser feito para proteger em Nav que eacute um termo slavoacutenico para o mundo in-ferior na nossa mitologia sendo colocado entre as raiacutezes do grande carvalho Quando pensamos acer-ca de um tiacutetulo para o aacutelbum estivemos a procurar uma palavra que poderia ldquoconectarrdquo todas as muacutesi-cas Descobrimos uma palavra muito antiga ndash natildeo sendo usada actualmente ndash ldquoNaacutevazrdquo Um talismatilde Sendo tambeacutem substantivo ldquoNaacutevazrdquo eacute derivado do verbo ldquonavazovatrdquo que significa ldquoconectar algordquo ou ldquose unirrdquo na nossa liacutengua E como dizes correcta-mente esses talismatildes antigos eram feitos unindo flo-res com cabelo penas cinza etc Gostamos de saber que tivemos sucesso em vir com um segundo senti-do com o tiacutetulo do aacutelbum laquoNavazraquo ldquoo ajuntamentordquo em inglecircs ndash noacutes nos juntamos (conexatildeo) ao nosso passado agraves nossas raiacutezes Este aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircs

Apoacutes o aacutelbum laquoRelic Dancesraquo por que foi decidido que as liacutericas fossem escritas em checoSabes foi um grande dilema em relaccedilatildeo agrave liacutengua jaacute que antes costumaacutevamos cantar em inglecircs mas afinal de contas decidimos usar a nossa liacutengua ma-terna pois parece um passo loacutegico ndash tocamos muacutesica com fortes raiacutezes folcloacutericas entatildeo porquecirc deveriacutea-mos usar o inglecircs No entanto para dizer a verdade eacute um tanto traiccediloeiro jaacute que eacute muito mais difiacutecil es-crever e cantar liacutericas em checo (do que em inglecircs) Natildeo obstante penso que eacute o caminho certo e iremos continuar assim

A que se referem as liacutericas no novo aacutelbum Apoacutes alguma pesquisa no vosso website indago-me se os tiacutetulos foram mudados ou decidiram gravar muacutesi-cas diferentes enquanto estavam no estuacutediohellip Se assim aconteceu porquecircPenso que nenhum tiacutetulo foi modificado [NR difer-entes traduccedilotildees dos tiacutetulos no site] Todas as liacutericas escritas pela nossa vocalista Haneke se situam em antigos tempos pagatildeos e se existe algo que as una eacute o respeito pela Natureza e pelo culto da Mulher Por exemplo ldquoThe Mother Earthrdquo (Mokos em checo) eacute a Deusa da Terra o seu equivalente sendo Hera na

mitologia grega e Juno na romana Na nossa histoacuteria eacute usado um tipo de metaacutefora pois ela eacute esposa e matildee ao mesmo tempo Estando enraivecida devido aos guerreiros (os seus filhos) verterem sangue ela rec-usa-se a receber os seus corpos de volta Eles pedem pelo seu perdatildeo as suas esposas rezam por eles No final a Matildee-Terra ferida e suja devido ao sangue de-les perdoa-os e deixa-os descansar no seu amplexo no lugar de onde surgiram Na verdade esta histoacuteria eacute sobre a paz aquela universal bem como a da alma Entrem na Matildee Terrahellip

Desde haacute algum tempo que tecircm uma formaccedilatildeo es-taacutevel sendo o violinista Pavel Zouhar o uacuteltimo a entrar em 2008 De qualquer maneira eu lembro-me de ver um viacutedeo no YouTube adicionado em Fevereiro de 2008 em que tocam a muacutesica ldquoSlavardquo com a antiga violinista no Masters of Rock 2007 e que estaacute no alinhamento do vosso aacutelbum Com-puseram a maior parte das muacutesicas para este lan-ccedilamento desde essa alturaSabes passamos metade das nossas vidas a compor muacutesicas e ficamos mais velhos Alguns membros an-tigos escolheram uma vida familiar alguns carecem de persistecircncia e claro existem ndash de tempos a tem-pos ndash conflitos humanos e musicais Eu tenho or-gulho em agirmos como uma famiacutelia por quase dez anos de uma certa maneira somos um ciacuterculo fechado Se despendes horas e anos com algueacutem numa sala de ensaios numa carrinha no palco ex-iste uma espeacutecie de ligaccedilatildeo que as pessoas de fora natildeo podem compreender Penso que eacute difiacutecil vir a ser ndash ou ficar ndash um membro nesse tipo de banda Como mencionaste Pavel sim ele eacute o uacuteltimo a en-trar na banda pois a nossa antiga violinista Petra decidiu ter uma famiacutelia e agora ela tem duas lindas crianccedilas Assim fizemos um concurso e Pavel foi quem ganhou Ele eacute um muacutesico talentoso com ex-periecircncia em vaacuterios grupos folcloacutericos Em relaccedilatildeo agrave composiccedilatildeo embora algumas faixas sejam antigas eacute apenas desde haacute dois anos que estamos a trabalhar arduamente no novo aacutelbum

Apoacutes mais de quinze anos concedendo-nos tantos lanccedilamentos de qualidade agora na Season of Mist e provavelmente tendo mais concertos agendados existe algum plano para lanccedilar um DVD jaacute que se-ria um grande passo para mostrar a todos que natildeo vos podem ver ao vivo o que a banda eacutePorque natildeo Mas como somos um certo tipo de pedantes e ambiciosos em relaccedilatildeo agrave visatildeo artiacutestica

ldquoEste aacutelbum eacute um talismatilde para todos vocecircsrdquotemos de fazer disso um ponto essencial para que um excelente DVD seja feito Assim natildeo estamos realmente com pressa

Como estaacute a tua editora a Redblack A compilaccedilatildeo de aniversaacuterio ldquoRedblackrdquo CD+DVD foi editada e com uma versatildeo vossa Se sim diz-nos mais acerca dissohellipTenho de clarificar isto A Redblack natildeo eacute a minha editora Eu soacute trabalhei para eles por algum tempo e isso eacute passado desde haacute muitos anos para mim Para dizer a verdade natildeo existe qualquer marca recente da actividade deles o que eacute uma penahellip Em relaccedilatildeo agrave compilaccedilatildeo sim foi haacute quase 2-3 anos atraacutes que nos foi proposto fazer uma versatildeo de uma muacutesica para essa ediccedilatildeo mas depois ndash silecircnciohellip Acerca da nossa versatildeo concebemos isso de maneira livre Assim fizemos uma divertida Aerosmithrsquos ldquoTaste of Indiardquo No entanto temo que natildeo seraacute alguma vez editadahellip

Planeiam gravar algo com o agrupamento musical Slovaacutecko ml ou meramente tocar ao vivo Existe algum viacutedeo do vosso concerto com eles disponiacutevel na netEacute difiacutecil sabes Somos um monte de entusiastas e natildeo podemos providenciar a esses agrupamentos nada mais do que o nosso entusiasmo E quando se fala acerca do dinheiro que poderaacute surgir eacute ver-dadeiramente mau Assim tocamos 2-3 concer-tos com o grupo Slovacko e acabou Como natildeo eacute a nossa primeira experiecircncia negativa tivemos de administrar tudo isso de uma outra forma Assim quando pensamos em gravar o nosso novo aacutelbum falamos com alguns muacutesicos de folclore amigaacuteveis e crediacuteveis e fizemos um tipo de grupo ldquovirtualrdquo contendo o dulcimer alguns violinos e violoncelo Como funcionou bem no estuacutedio acho que iremos continuar assim a natildeo ser que encontremos alguns fanaacuteticos similares a noacutes

Como descreves o Metal no teu paiacutes Existem mui-tos festivais lugares para concertos ou algumas bandas que devemos ter em contaSe me perguntasses isso haacute mais de dois anos atraacutes eu poderia responder numa muito longa frase jaacute que era o gerente de uma loja de Metal em Brno e es-tava no ldquocentrordquo dos eventos Agora tendo movido para Ostrava trabalhando no negoacutecio de IT infeliz-mente natildeo tenho qualquer pista sobre o que estaacute a acontecer por aqui Assim soacute posso presumir seg-undo o que posso ver em relaccedilatildeo agraves actividades dos SSOGE Existem duas grandes magazines impres-sas algumas boas e-magazines e algumas estaccedilotildees de raacutedio que estatildeo disponiacuteveis para tocar Metal Em relaccedilatildeo agrave TV tudo desabou maldiccedilatildeo Em relaccedilatildeo a concertos existem muitos festivais (posso mencio-nar Masters of Rock ou Brutal Assault como os mais conhecidos) e clubes aqui mas sabes isso depende da posiccedilatildeo da banda E ndash somos ainda um pequeno paiacutes pouco interessante para o negoacutecio da muacutesica algures no leste longiacutenquo

Agradeccedilo-te por responderes agrave entrevista Diz-nos os teus feiticcedilos para os momentos vindouroshellip Manteacutem o espiacuterito inflamadoE agradeccedilo-te pelo teu apoio Para dizer a verdade indagamo-nos sobre o que iraacute acontecer no futuro recente Termos o aacutelbum publicado atraveacutes de uma grande editora como a Season of Mist e estarmos na mesma lista dos Septic Flesh Cynic ou Morbid An-gel soa como um sonho Assim soacute existe uma coisa da qual tenho a certeza ndash temos de trabalhar ardu-amente cada vez mais Mas amamos o que fazemos A muacutesica eacute uma parte integral das nossas vidas as-sim estamos ansiosos pelo futuro Mergulhem na corrente ouccedilam a elegia

Entrevista Jorge Ribeiro de Castro

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 10: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Findo mais um ano eacute tempo de passar em revista o que de melhor 2010 nos trouxe Depois de vaacuterios dias a revirar pilhas de discos e a ouvir muitos gigabytes de ficheiros mp3 ndash o que quase lhes valeu um envenenamento com metais pesados ndash o staff da VERSUS Magazine revela finalmente as selecccedilotildees dos melhores aacutelbuns do ano a niacutevel internacional e nacional

Andreacute Monteiro1- A DAY TO REMEMBER - laquoWhat Separates Me from Youraquo2- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and En-emiesraquo3- THIS OR THE APOCALYPSE - laquoHaunt Whatrsquos Leftraquo4- WOE IS ME - laquoNumber[s]raquo5- OF MICE AND MEN - laquoOf Mice and MenraquoCarla Fernandes1- CEREBRAL BORE - laquoManiacal Miscreationraquo2- CEPHALIC CARNAGE - laquoMisled by Certaintyraquo3- DECAYED - laquoChaos Undergroundraquo4- INHERIT DISEASE - laquoVisceral Transcendenceraquo5- DECREPIT BIRTH - laquoPolarityraquoCarlos Filipe1- MAR DE GRISES - laquoStreams Inwardsraquo2- EREB ALTOR - laquoThe Endraquo3- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo5- LES DISCRETS - laquoSeptembre et ses Derniegraveres PenseacuteesraquoCristina Saacute1- LANTLOS - laquoneonraquo2- IMPERIUM DEKADENZ - laquoProcella Vadensraquo3- JALDABOATH - laquoRise of the Heraldic Beastsraquo4- DEATHSPELL OMEGA - laquoParacletusraquo5- CONSPIRACY - laquoIrremediableraquoEduardo Ramalhadeiro1- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo2- OVERKILL - laquoIronboundraquo3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo4- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Timeraquo5- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt OneraquoErnesto Martins1- IHSAHN - laquoAfterraquo2- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of ORwarriORraquo3- LANTLOS - laquoneonraquo4- DIMMU BORGIR - laquoAbrahadabraraquo5- SHINING - laquoBlackjazzraquo

Jorge Ribeiro de Castro1- FOREST STREAM - laquoThe Call of Winterraquo

2- HORNED ALMIGHTY - laquoNecro Spiritualsraquo3- GNAW THEIR TONGUES - laquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort

Triomphanteraquo4- OCTOBER TIDE - laquoA Thin Shellraquo

5- THE VISION BLEAK - laquoSet Sail to MisteryraquoLuis Almeida Ferreira

1- ANATHEMA - laquoWersquore Here Because Wersquore Hereraquo2- PAIN OF SALVATION - laquoRoad Salt Oneraquo

3- ALCEST - laquoEacutecailles de Luneraquo4- ORPHANED LAND - laquoThe Never Ending Way of the

ORwarriORraquo5- THE DILLINGER ESCAPE PLAN - laquoOption Paralysisraquo

Renato Conteiro1- AVANTASIA - laquoWicked Symphonyraquo

2- BLIND GUARDIAN - laquoAt the Edge of Time3- IRON MAIDEN - laquoThe Final Frontierraquo

4- MAumlGO DE OZ - laquoGaia IIIraquo5- NEVERMORE - laquoThe Obsidian Conspiracyraquo

Andreacute Monteiro1- MORE THAN A THOUSAND - laquoVol4 Make Friends and

Enemiesraquo2- HILLS HAVE EYES - laquoBlack Bookraquo

Carla Fernandes1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo

2- DECAYED - laquoChaos UndergroundraquoCarlos Filipe

1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo2- PAINTED BLACK - laquoCold Comfortraquo

Cristina Saacute1- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

2- MOURNING LENORE - laquoLoosely Bound InfinitiesraquoErnesto Martins

1- CRUSHING SUN - laquoTaoraquo2- GWYDION - laquoHorn Triskelionraquo

Renato Conteiro1- TARANTULA - laquoSpiral of Fearraquo

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 11: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Da perpeacutetua ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

Patrik Jensen um verdadeiro ldquohomem dos sete instrumentosrdquo veste a pele de guitarrista e fundador dos Witchery para nos falar do uacuteltimo produto das ldquomalas artesrdquo da banda laquoWitchkriegraquo apresenta o atractivo suplementar de ser o primeiro aacutelbum a contar com Legion como vocalista De uma forma divertida que lhe eacute peculiar o nosso en-trevistado explica-nos as transmutaccedilotildees da ldquocaccedila agraves bruxasrdquo

festa e b) tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noite Ora aiacute tens uma descriccedilatildeo perfeita

Como conseguem fazer tanta coisa ao mesmo tem-po Qual eacute o segredo por traacutes da magniacutefica ldquosobre-vivecircnciardquo dos WitcheryA minha teimosia [risos] Gosto de estar ocupado E escrever um aacutelbum dos Witchery natildeo eacute assim tatildeo difiacutecil quando nos juntamos os cinco Temos gos-tos musicais muito semelhantes pelo menos dentro do geacutenero que tocamos nesta banda portanto todos sabemos o que fazer com as ideias que cada um de noacutes produz

Qual eacute a relaccedilatildeo entre o nome da banda a vossa muacutesica e os temas das vossas letrasNatildeo sei a seacuterio Nunca pensei nisso Todas as ban-das em que tenho estado tecircm nomes relacionados com fantasmas ou mortos vivos ou o sobrenatural por exemplo Seance The Haunted e Witchery Natildeo sei dizer-te a razatildeo Acho giro eacute tudo

laquoWitchkriegraquo eacute o vosso quinto longa duraccedilatildeo Natildeo posso deixar de dizer que gostei muito do aacutelbum Parece ter uma atmosfera muito diferente da do anterior que tambeacutem lanccedilaram com a Century Media Na tua opiniatildeo de onde vem a diferenccedilaEu acho que cada um dos nossos aacutelbuns tem a sua atmosfera proacutepria Por exemplo laquoDont Fear the Reaperraquo eacute mais negro e assustador que laquoWitchkriegraquo laquoRestless and Deadraquo eacute mais brutal etc laquoWitchkriegraquo talvez seja mais equilibrado do que o aacutelbum anteri-or Por outras palavras se o ouvires todo seguido de uma ponta agrave outra vais senti-lo como uma unidade

Por que razatildeo Toxine [o anterior vocalista] aban-donou os WitcheryEstava farto de ensaiar e tocar ao vivo apesar de natildeo o fazermos muitas vezes Estamos muito contentes por termos o Legion connosco agora

E que acrescentou ele agrave vossa ldquofeiticcedilariardquoUma malignidade ameaccediladorahellip Penso que ele daacute mais forccedila agraves nossas canccedilotildees que o Toxine O nosso anterior vocalista era muito bom nas faixas lentas e atmosfeacutericas O Legion eacute mais agressivo na forma de cantar e na sua postura

laquoWitchkriegraquo parece ser um aacutelbum poliacutetico Con-cordasNatildeo natildeo o vejo assim Para mim os nossos aacutelbuns satildeo um meio para escapar agrave realidade durante 40 e alguns minutos A capa do aacutelbum evoca a propagan-da sovieacutetica dos anos 40 eacute uma foto de Estaline com

Todos vocecircs fazem parte de grandes bandas para aleacutem de renderem vassalagem a Witchery Qual eacute a diferenccedila entre estar nessas outras bandas e partici-par neste projecto particular Patrik Jensen Na minha opiniatildeo a principal diferenccedila reside no facto de natildeo associarmos esta banda a tra-balho ao contraacuterio do que acontece com as nossas out-ras bandas Por outras palavras estar nas outras ban-das tambeacutem eacute divertido mas eacute com esse trabalho que

pagamos as nossas contas Fazer parte dos Witchery eacute soacute divertimento talvez ateacute porque nos juntamos pou-cas vezes devido aos conflitos de agenda com as nossas outras bandas

A muacutesica que vocecircs fazem parece intrigar muito os que pretendem atribuir-vos uma etiqueta Como de-screves o vosso estilo Seraacute que varia de aacutelbum para aacutelbum

Ser uma banda que ningueacutem sabe classificar eacute um sonho que se transformou em realidade Isso deve sig-nificar muito simplesmente que temos um som muito proacuteprio [risos] Pelo menos eacute assim que vemos esse facto Natildeo sei descrever a nossa muacutesica Apenas es-crevemos o que nos apetece escrever No entanto te-mos dois criteacuterios para filtrar o material a) tem de fazer com que as pessoas sintam vontade de tocar uma guitarra ou uma bateria virtuais e de ouvir o CD numa

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 12: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

uma caveira no lugar da cabeccedila A faixa que deu o tiacute-tulo ao aacutelbum fala sobre a necessidade de te manteres fiel a ti proacuteprio de defenderes a tua opiniatildeo o que era completamente proibido nos estados comunistas E haacute uns seacuteculos atraacutes se te mostrasses excecircntrico e tivesses opiniotildees muito fora do habitual acusavam-te de bruxaria e queimavam-te Mas a nossa muacutesica serve apenas um meio de fugir agrave realidade As letras das canccedilotildees todas juntas formam uma mensagem e cada uma delas eacute uma histoacuteria de horror em min-iatura

As capas dos vossos aacutelbuns anteriores faziam lem-brar ilustraccedilotildees de romances de terror mas o estilo desta eacute mais realista Foi feito intencionalmenteAs capas dos nossos uacuteltimos trecircs aacutelbuns foram feitas pelo Andreas Pettersson meu amigo desde a infacircn-cia Ele tambeacutem criou o logo para os The Haunted e as capas dos trecircs primeiros aacutelbuns deles Compreen-demo-nos muito bem e ele adora fazer capas para aacutel-buns de metal para descansar do seu habitual trabal-ho publicitaacuterio para multinacionais Tem uma grande capacidade de ver o que funciona realmente Foi ele que criou o conceito de laquoThe Haunted Made Me Do Itraquo que causou grande sensaccedilatildeo Portanto eu confio nele a 100 Foi ele que teve as ideias de base tanto para laquoDonrsquot Fear the Reaperraquo como para o laquoWitch-kriegraquo Eacute dele a ideia de usar a foto de Estaline e de imitar o estilo graacutefico dos sovieacuteticos por exemplo usar duas cores e um vermelho que natildeo era bem ver-melho porque eles natildeo tinham os meios necessaacuterios para usarem essa cor nos folhetos da propaganda As capas do Andreas satildeo sempre intencionais

Por que aparece sempre um esqueleto nas capas dos vossos aacutelbunsEacute uma espeacutecie de mascote como o ldquoEddierdquo dos Iron Maiden ou o ldquoVic Rattleheadrdquo dos Megadeth A nossa chama-se Ben Wrangle e de facto ateacute agora tem sur-gido em todas as nossas capas Natildeo sei se seraacute sem-pre assim Mas ele estaacute connosco desde o iniacutecio e noacutes temos querido que ele faccedila parte de todas as nossas aventuras

Por que convidaram tantas celebridades para par-ticipar neste aacutelbumEssa eacute faacutecil porque podemos fazecirc-lo Convidaacutemo-los eles viram o que queriacuteamos que fizessem gostaram e aceitaram participar Era um sonho nosso que con-

seguimos concretizar Ainda ficaram alguns muacutesicos para uma proacutexima ocasiatildeo portanto eacute provaacutevel que os Witchery voltem a ter convidados

Vi no youtube o vosso viacutedeo oficial para ldquoReturn of the ConquerorrdquoPor que escolheram esta muacutesica e natildeo a faixa que deu o tiacutetulo ao aacutelbum Eacute a vossa muacutesica favorita E por que fizeram o viacutedeo num con-certoDe facto tambeacutem fizemos um viacutedeo para a faixa do tiacutetulo ateacute antes deste Mas pareceu-nos boa ideia ha-ver viacutedeos para duas canccedilotildees e escolhemos esta para o segundo Fizemo-lo num concerto porque o orccedila-mento disponiacutevel era pequeno como eacute habitual nos dias que correm em que jaacute quase ningueacutem compra CDs Sobrou algum dinheiro do viacutedeo da laquoWitch-kriegraquo e noacutes gastamo-lo a fazer este segundo viacutedeo no Gothenburgrsquos Metaltown Festival

O que vatildeo fazer para promover o vosso aacutelbum Acham que vatildeo conseguir fazer alguns concertos nos intervalos das digressotildees das vossas outras bandas Tambeacutem vi que planeavam lanccedilar um DVD ao vivo Como vai esse projectoVamos tentar fazer o maacuteximo de concertos que pu-dermos mas vai ser realmente difiacutecil porque todos temos uma agenda muito carregada com The Haunt-ed Arch Enemy e Opeth Vamo-nos concentrar nos festivais porque nos permitem tocar para muita gen-te num soacute dia Gostaacutevamos muito de fazer uma di-gressatildeo dos Witchery mas para jaacute fica no reino dos sonhos porque natildeo temos tempo livre

O Legion jaacute actuou em Portugal quando era vocal-ista dos Marduk E os outros membros da banda Jaacute caacute vieram Que tal vos parece a ideia de virem ofi-ciar num dos templos da cena metal portuguesaJaacute estivemos muitas vezes em Portugal com os The Haunted e o mesmo aconteceu com os Arch Enemy e os Opeth Os Witchery tocaram no Porto e em Lis-boa em 2000 a fazer a primeira parte de concertos dos Moonspell e dos Kreator Temos boas record-accedilotildees de Portugal e gostariacuteamos muito de voltar a to-car no vosso paiacutes Portanto convenccedilam um festival a contratar-nos e noacutes iremos de certeza

Entrevista CSA

ldquo [A nossa muacutesica] tem de ser adequado para ouvires no teu mp3 quando andares a passear num velho cemiteacuterio agrave noiterdquo

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 13: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Consciecircncia do caminho

Apesar do percurso dos Crushing Sun ter jaacute alguns anos soacute em 2007 eacute que assinaram pela Major Label Industries lanccedilando um split com os EAK intitulado laquoBipolarraquo Trecircs anos depois lanccedilam o seu aacutelbum de estreia laquoTAOraquo com onze faixas recheadas de uma secccedilatildeo riacutetmica incriacutevel Depois deste lanccedilamento falamos com o Bruno Silva front-man do quarteto vila-condense procurando saber as reacccedilotildees a este aacutelbum e projectos futuros

Boas Bruno Para quem conhece os Crushing Sun soacute de concertos fala-nos um pouco sobre este pro-jectoBruno Silva Boas Crushing Sun (CS) nasce em 2003 pela matildeo dum grupo de pessoas que embo-ra natildeo partilhassem um passado comum tinham o mesmo objectivo e os mesmos gostos musicais Com o passar dos anos fomos refinando a nossa so-noridade isto eacute vincando uma personalidade um som proacuteprio assim como uma atitude diferente uma forma de estar diferente no underground na-cional embora seja demasiado redutor falar apenas no nosso underground Tudo o que temos feito ateacute agora eacute acima de tudo uma tentativa de criaccedilatildeo de algo com que os membros de CS ndash e por CS natildeo me refiro agrave Comunicaccedilatildeo Social ndash se identifiquem que gostem obviamente por extensatildeo e como nenhum de noacutes se acha diferente aos olhos do mundo cer-tamente existiratildeo pessoas com os mesmos gostos e filosofia que noacutes O nosso som eacute para noacutes e para es-sas pessoasFalando um pouco em relaccedilatildeo agrave dita sonoridade muita gente tem dificuldade em catalogar o que faze-mos noacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o queremos ter Se disseacutessemos que eacuteramos uma banda assumidamente Death Sludge Black Core seja o que for natildeo soacute estariacuteamos a impor barreiras como estariacuteamos a condicionar quem ouve Gosta-mos de estimular os nossos sentidos e de quem nos ouve tanto tocamoscompomos muacutesicas ldquoagressi-

vasrdquo como musicas mais ldquotrippyrdquo Visto incorporar-mos diferentes geacuteneros e subgeacuteneros no nosso som penso que a melhor forma de nos definir enquanto banda seria Metal sem palas

Apoacutes lanccedilarem o split em 2008 sentiram-se pre-parados para realizarem um trabalho mais pro-fundo como este aacutelbumSim sem duacutevida O laquoBipolarraquo permitiu agrave banda crescer e saber o que eacute estar em estuacutedio Trouxe dis-ciplina agrave banda Aleacutem do mais ajudou a definir um rumo a termos uma visatildeo criacutetica muito mais apura-da do que tiacutenhamos ateacute agrave gravaccedilatildeo do split Embora em termos sonoros o laquoTAOraquo esteja bastante difer-ente do laquoBipolarraquo se natildeo fosse este uacuteltimo dificil-mente sairia o aacutelbum que saiu

Sei que houve uma grande evoluccedilatildeo vossa como banda Vocecircs tiveram essa noccedilatildeo de estar a formar uma base mais consistente e especiacutefica dentro do vosso geacuteneroNoacutes tivemos a noccedilatildeo de estarmos a criar algo difer-ente algo com identidade A consistecircncia do nosso trabalho eacute uma consequecircncia loacutegica de todos estes anos em que fomos evoluindo juntos sempre com a mesma formaccedilatildeo

Depois do lanccedilamento do aacutelbum quais estatildeo a ser as reacccedilotildees de quem vos tem ouvido nestas onze faixas Como chegaram ao nome ldquoTAOrdquo

O feedback que nos tem chegado tem sido exce-lente principalmente fora de Portugal Laacute ldquoforardquo parecem apreciar o nosso trabalho aqui nem tanto isto eacute existem pessoas a gostar e a apoiar mas natildeo tantas como se vecirc noutros subgeacuteneros do Metal aqui em Portugal Mas se vivecircssemos obcecados com isso tocaacutevamos Thrash e faziacuteamos 30 datas a tocar no mesmo siacutetio para as mesmas pessoas e apan-haacutevamos altas borracheiras em todos os concertos Talvez este aacutelbum venha a ter a atenccedilatildeo que merece em Portugal quando a banda deixar de existir ou se fizermos carreira laacute por fora Quanto ao nome do aacutelbum tem a ver com a temaacuteti-ca do Taoismo ainda que apenas tenha servido de base natildeo eacute um aacutelbum focado nessa mesma temaacutetica exclusivamente e aprofundadamente Mas ldquoTAOrdquo significa literalmente ldquoO Caminhordquo algo que estaacute representado quer liricamente a par da temaacutetica quer no artwork do aacutelbum

Neste momento estatildeo em divulgaccedilatildeo deste aacutelbum mas haacute jaacute algum projecto futuro em matildeosNeste momento queremos saborear o momento e tocar o maacuteximo possiacutevel Eventualmente e porque eacute inevitaacutevel para a evoluccedilatildeo da banda iremos tentar uma tour laacute por fora

Entrevista Inumater

ldquohellipnoacutes proacuteprios natildeo temos um roacutetulo definido e natildeo o quere-mos terrdquo

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 14: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

A esperanccedila no meio do desespero

laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo eacute o seu aacutelbum de estreia lanccedilado em Setembro passado pela Major Label Industries A banda ndash com raiacutezes nos Accedilores e uma histoacuteria de dois anos ndash destaca-se por um deathdoom meloacutedico de contornos bem especiais e por letras que desde logo acusam o toque da poesia nacional Estes dados levaram a Versus Magazine agrave conversa com Joatildeo Arruda (guitarra) e Joatildeo Galrito (vozguitarra)

Sei que vens dos Accedilores e que fazes parte da cena local sobejamente conhecida Que peso tem essa filiaccedilatildeo na muacutesica feita pela bandaJoatildeo Arruda Efectivamente quando formei os Mourning Lenore jaacute trazia alguma bagagem Nos Accedilores havia sido vocalistaguitarrista de uma banda ndash Schism ndash que chegou a ter alguma pro-jecccedilatildeo para o pouco tempo que esteve activa (cerca de 2 anos) Tambeacutem criei o website Metaliciacutediocom que me permitiu manter contacto com uma enorme panoacuteplia de muacutesicos estar na frente da or-ganizaccedilatildeo de eventos etc Naturalmente esta ex-periecircncia foi importante pois jaacute sabia muito bem o que era estar numa banda e conhecia as armas para batalhar contra as dificuldades que uma banda am-adora enfrenta

Numa das entrevistas que li afirmavas que o doom metal natildeo desperta tanto interesse no puacutebli-co portuguecircs como outros subgeacuteneros do metal Que razotildees encontras para tal fenoacutemeno jaacute que os Portugueses satildeo tidos por melancoacutelicos e nos-taacutelgicosJA Se calhar por os portugueses serem tatildeo mel-ancoacutelicos e nostaacutelgicos por natureza procuram muacutesica que lhes permita explorar outros sentimen-tos (risos) Sinceramente natildeo faccedilo a menor ideia e ateacute eacute algo relativamente estranho pois em Portugal haacute bandas deste geacutenero com enorme qualidade

Apesar de laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo ser o vosso aacutelbum de estreia tecircm feito vaacuterios concertos pelo paiacutes acompanhando bandas com nome na cena metal europeia Em que medida essa experiecircncia de palco vos ajudou a lanccedilar o vosso aacutelbum de es-treiaJA Os concertos satildeo sempre uma componente es-sencial da vida de qualquer banda pois ajudam-nos a perceber ateacute certo ponto se estamos a con-seguir passar ao puacuteblico a nossa mensagem Aleacutem disso satildeo sempre uma oportunidade para trocar impressotildees com outros muacutesicos sobre como tra-balham a sua muacutesica a sua imagem e palco que

material usam etc e nessa perspectiva todos os concertos satildeo bons sejam com bandas nacionais ou internacionais

Como reages agraves criacuteticas sobre laquoLoosely Bounded Infinitiesraquo que referem a presenccedila de elementos de rock e doom metal dos anos 90 ligeiras influecircn-cias progressivas e psicadeacutelicas e ateacute toques jazzyJA Natildeo podia reagir melhor as influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutes Ateacute fico particularmente orgulhoso por as termos con-seguido exprimir de modo a que fossem notaacuteveis (risos)

E por falar da vossa muacutesica quem eacute responsaacutevel pela composiccedilatildeo nos Mourning Lenore JA Por regra trabalhamos na sala de ensaios riffs que o Galrito ou eu trazemos de casa e aiacute em con-junto compomos os temas

As criacuteticas satildeo essencialmente favoraacuteveis agrave banda destacando a qualidade musical e vocal do vosso trabalho Mas todos sabemos que qualquer tra-balho tem defeitos O que gostariam os Mourning Lenore de rever e melhorar no proacuteximo aacutelbumJA Sinceramente ainda natildeo paramos para pen-sar nas criacuteticas digeri-las processa-las e repensar (ou natildeo) o nosso trabalho pois o processo de pro-moccedilatildeo ainda estaacute a decorrer a todo o gaacutes Natural-mente que apreciaremos com cuidado as criacuteticas eacute exactamente para isso que elas servem para nos ajudar a crescer mas por outro lado tudo faremos para nos mantermos fieacuteis a noacutes proacuteprios

Adorei as letras das vossas canccedilotildees Quem as es-creveu

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 15: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

JA Eu e o GalritoA propoacutesito de Mourning Lenore evoca-se Poe Eacute do seu poema que vem o nome da banda Eacute pos-siacutevel encontrar a sua influecircncia neste aacutelbumJA O nome da banda faz efectivamente uma alusatildeo a Edgar Allan Poe mas algumas pessoas levam isso muito a peito o que as pode levar a esperar coisas que natildeo correspondem agrave realidade Consideramos que haacute uma alusatildeo ao universo Poeiano na nossa muacutesica mas natildeo de uma maneira expressa ou di-recta Eacute uma questatildeo de atmosfera

Curiosamente as letras de duas das vossas can-ccedilotildees (ldquoContours of a dreamrdquo e ldquoReminiscencerdquo) fizeram-me lembrar a poesia simbolistadecaden-tista de Maacuterio de Saacute-Carneiro contemporacircneo e amigo de Fernando Pessoa Que pensas desta as-sociaccedilatildeoJoatildeo Galrito Atrevo-me a dizer que Fernando Pes-soa sim teve e tem um impacto enorme em mim ndash enquanto escritor enquanto pensador enquanto sofredor de inuacutemeras questotildees que se interligam e identificam com a minha vida pessoal De facto eacute

evidente a forma como as letras estatildeo carregadas de iacutecones texturas e metaacuteforas que se traduzem na mente de quem as lecirc

As funccedilotildees de baixista em Mourning Lenore satildeo desempenhadas por uma mulher Que podes diz-er-nos sobre a presenccedila feminina na cena metal actual em Portugal e no estrangeiro O que mu-dou se eacute que te parece que alguma coisa mudouJA A presenccedila feminina na cena metal actual a meu ver jaacute eacute algo perfeitamente natural Nos dias que correm jaacute haacute um sem fim de mulheres em bandas de metal mais marcadamente nos estilos de contornos goacuteticos mas tambeacutem em bandas ex-tremas E finalmente Eu pessoalmente natildeo olho a sexos na muacutesica Penso que eacute uma questatildeo abso-lutamente irrelevante na medida em que cresci a ouvir imensas bandas que tinham elementos femi-ninos e isso para mim sempre foi algo tatildeo natural como o sol ou a chuva

Entrevista CSA

ldquoAs influecircncias rock prog e jazz sempre foram assumidas por noacutesrdquo (JA)

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 16: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

ANTIMATTERlaquoAlternative Matterraquo(2010 Prophecy Productions)

Dez anos apoacutes o primeiro aacutelbum os Antimatter lanccedilam uma com-pilaccedilatildeo de temas natildeo gravados e versotildees alternativas compiladas por Mick Moss Esta compilaccedilatildeo eacute composta por dois CDs e nela podemos encontrar uma versatildeo de Dead Can Dance vaacuterias versotildees ou remixes para a mesma muacutesica e versotildees raras ao vivo De re-alccedilar a participaccedilatildeo de Duncan Patterson (ex-Anathema) laquoAlter-native Matterraquo eacute uma excelente compilaccedilatildeo semi-acuacutestica a fazer lembrar Anathema ou Opeth (laquoDamnationraquo) que merece verda-deiramente ser ouvida com muita atenccedilatildeo A ter em conta[8510] Eduardo Ramalhadeiro

CRUSHING SUNlaquoTaoraquo(2010 Major Label Industries)

Esqueccedilam o que ouviram em 2008 no split com os EAK pois estes satildeo os novos Crushing Sun Em lugar de rajadas disparadas em todas as direcccedilotildees o que o colectivo apresenta agora eacute um metal moderno e vigoroso mais contido na agressatildeo mas que natildeo pre-scinde da sua dose letal de riffs death Mais importante eacute sem duacutevida a nova abertura a um espectro de influecircncias mais alargado ndash que natildeo compromete a coerecircncia do todo ndash bem como a ad-miraacutevel progressatildeo na qualidade das composiccedilotildees Uma das boas surpresas nacionais do ano [810] Ernesto Martins

HOLY GRAILlaquoCrisis In Utopiaraquo(2010 Prosthetic Records)

laquoCrisis in Utopiaraquo eacute o aacutelbum de estreia dos californianos Holy Grail Influenciados pelo NWOBHM speed e thrash Metal e com um EP na bagagem os Holy Grail satildeo uma tiacutepica banda de puro Heavy Metal que tem em laquoCrisis In Utopiaraquo uma soacutelida e consistente proposta Os temas desfilam numa miscelacircnea de estilos que conseguimos reconhecer aqui e ali Natildeo acrescentam nada de novo ao panorama do Metal limitando-se a conseguir apresentar uma nova roupagem ao jaacute muito caracterizado som heavy metal Acima de tudo laquoCrisis in Utopiaraquo eacute uma demonstraccedilatildeo cabal de eficiecircncia poder veloci-dade e virtuosismo Resta agora os mesmos conseguirem talhar e caracterizar o seu som no futuro[7510] Carlos Filipe

MIRROR OF DECEPTIONlaquoA Smouldering Fireraquo(2010 Cyclone Empire)

Satildeo uma das mais antigas formaccedilotildees germacircnicas de doom metal tradicional e acabam de regressar com nova proposta centrada em riffs graves e massivos e cadecircncias arrastadas ao bom velho estilo de bandas como Candlemass e Saint Vitus Introspectivo vaga-mente psicadeacutelico e claramente mais variado do que laquoShardsraquo este eacute um registo de altos e baixos que tanto conteacutem as melhores composiccedilotildees de sempre do quarteto como temas relativamente pobres e desinteressantes[7510] Ernesto Martins

MORBID CARNAGElaquoNight Assassinsraquo(2010 Pulverised Records)

Apesar de natildeo estarmos certamente perante uns Evile ou uns Pitch Black e de jaacute natildeo haver pachorra para esta imagem estafada de machotildees violentos e aceacutefalos haacute que reconhecer nestes huacutengaros alguma capacidade para reavivar o entusiasmo pelo velho thrash metal Sem surpresas laquoNight Assassinsraquo eacute uma torneira aberta de malhas sujas e rasgadas energicamente articuladas por uma maquinaria infernal bem oleada que nos transporta ateacute agraves gloacuterias dos 80s protagonizadas por lendas como Slayer e Kreator Uma estreia decente mas soacute para fanaacuteticos do geacutenero[6510] Ernesto Martins

NIGHTFALLlaquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo(2010 Metal Blade Records)

Os gregos Nightfall apresentam-nos no ano de 2010 o seu trabal-ho laquoAstron Black And The Thirty Tyrantsraquo Melodias de peso voz presente e todo um misto de velocidade e calma com a vertente miacutestica das letras aliada ao progresso e exploraccedilatildeo Os cerca de vinte anos deste grupo sempre em constante mudanccedila mostram-se carregados de sabedoria e trabalho e culminam neste registo agradaacutevel aos ouvidos[810] Daniel Guerreiro

THULCANDRAlaquoFallen Angelrsquos Dominionraquo(2010 Napalm Records)

Pelos vistos Steffen Kummerer dos Obscura eacute tatildeo doente pelos Dissection que montou com a ajuda de alguns amigos este pro-jecto com o intuito de fazer algo ldquoinspiradordquo na banda de Jon Nod-tveidt Pena eacute que a matildeo lhe tenha escorregado e a alegada in-spiraccedilatildeo tenha dado lugar a uma coacutepia a papel quiacutemico do estilo caracteriacutestico da histoacuterica formaccedilatildeo sueca Claro que competecircncia natildeo lhe falta para recriar com sucesso a atmosfera gelada e as tor-rentes meloacutedicas de blast-beats legadas para a posteridade num laquoThe Somberlainraquo O problema eacute que por melhor que ele o faccedila o original eacute sempre preferiacutevel[610] Ernesto Martins

UNITOPIAlaquoArtificialraquo(2010 InsideOut)

Unitopia eacute o projecto de Mark Trueack e Sean Timms que depois de um primeiro aacutelbum promissor soacute volvidos 10 anos e pela matildeo da InsideOut eacute que os Unitopia levantaram finalmente do chatildeo laquoArtificialraquo eacute o terceiro aacutelbum (segundo pela InsideOut) e um mas-terpiece de Rock progressivo A riqueza musical aqui presente eacute magniacutefica e de um requinte de qualidade musical elevadiacutessima Os Unitopia conseguem incorporar na sua muacutesica elementos tatildeo dis-pares como muacutesica do mundo jazz heavy rock ou groove fazendo com que laquoArtificialraquo nos surpreenda em cada muacutesica[910] Carlos Filipe

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 17: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Um Caminho Evolutivo

Sempre a desafiar os limites da proacutepria banda e do seu Metal Goacutetico os Tristania tecircm com laquoRubiconraquo um novo opus onde acrescentam mais uma camada musical agrave sua jaacute longa carreira Com uma secccedilatildeo vocal completamente renovada e mantendo a mesma estrutura criativa os Tristania conseguiram-nos brindar com uma muacutesica mais fresca e mainstream mas sempre vincadamente Tristania A conversa com o mentor da banda e baixista Ole Vistness

Como vecircem hoje todo o caminho evolutivo feito pelos Tristania desde o aacutelbum de estreia em 1997 laquoTristaniaraquo ateacute ao actual lanccedilamen-to de 2010 laquoRubiconraquo Ole Vistness Cada aacutelbum novo dos Tristania eacute sempre uma encruzilhada ou damos um passo em frente para cima ou para os lados em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior Com laquoRubi-conraquo decidimos seguir em frente e afastar-mo-nos da agressividade e obscurantismo de laquoAshesraquo e da atmosfera mais sombria de laquoIlu-minationraquo Tal como laquoAshesraquo com a sua so-noridade mais crua potente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores megaloacutema-nos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sin-foacutenica jaacute de noacutes conhecida dos anos 90 A ha-bilidade em evoluir crescer e explorar novos territoacuterios musicais desconhecidos foi sempre uma forte faceta dos Tristania Mantemo-nos sempre criativos e atentos enquanto procura-mos avidamente por novos conceitos Com isto em mente soacute posso dizer que estamos orgulhosos do nosso nome e do nosso legado como banda Eacute por isso que acho que vocecirc usa a frase perfeita para descrever a nossa viagem musical Um caminho evolutivo

Como eacute que vecircs a transiccedilatildeo dos Tristania desde os primeiros dias ateacute hoje A razatildeo da minha questatildeo prende-se com o facto de ha-ver sempre os fatildes mais nostaacutelgicos e obstina-dos que continuam acorrentados aos primei-ros aacutelbuns dos Tristania argumentando que eles continuam a ser os melhores aacutelbuns es-quecendo que a banda tem de avanccedilar para poder crescer ndash claro isto sem comprometer o seu passado Suponho que com o passado dos Tristania e a sua progressatildeo ao longo destes anos todos este problema provavelmente seja recorrente em cada aacutelbum novo Qual a tua opiniatildeo acerca destes sentimentos nostaacutel-gicos Tal como havia dito na resposta anterior noacutes Tristania estamos sempre num caminho evo-lutivo Daiacute consideramos que qualquer tran-

siccedilatildeo na nossa muacutesica seja algo de natural E as razotildees satildeo variadas Primeiro porque jaacute natildeo temos 17 anos e desde entatildeo decorreram anos de experiecircncia nas nos-sas vidas ambas musicais e pessoais Segundo criamos muacutesica com os nossos coraccedilotildees Eacute uma atitude iacutente-gra que reflecte aquilo que somos como pessoas num dado momento num dado local quando estamos a criar muacutesica Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos quando eacuteramos adolescentes Natildeo obstante respeito totalmente a opiniatildeo das pes-soas que gostam mais dos nossos primeiros aacutelbuns Noacutes estamos a falar de muacutesica e cada indiviacuteduo tem o direito a ter uma opiniatildeo No entanto haacute sempre pessoas a ficarem bastantes zangadas quando as suas

Quais satildeo as tuas expectativas com o presente lanccedilamento laquoRubiconraquo Estamos extremamente satisfeitos com o aacutel-bum que fizemos e acho que conseguimos tudo aquilo a que nos propusemos fazer ao niacutevel criativo e de produccedilatildeo Estas eram as nossas expectativas e elas foram completa-mente preenchidas O nosso pensamento ag-ora eacute fazer uma tourneacutee a mais longa quanto possiacutevel de forma a divulgar laquoRubiconraquo A nossa primeira tourneacutee Europeia jaacute eacute histoacuteria neste momento procuramos tentar ir a outras paragens e abraccedilar todas as ofertas para tocar em festivais

Onde eacute que colocas laquoRubiconraquo no seio da dis-cografia dos Tristania Eu natildeo tenho nenhuma lista com os meus aacutelbuns favoritos de Tristania laquoRubiconraquo eacute o primeiro aacutelbum em que estive envolvido e por isso eacute-me bastante especial Mas tal como jaacute disse eacute o aacutelbum mais perfeito e uacutenico que poderiacuteamos fazer hoje O nosso proacuteximo aacutel-bum seraacute a seu tempo o mais perfeito aacutelbum a ser feito por noacutes Eu sei que eacute um clicheacute mas se tu puderes fazer o teu melhor aacutelbum de cada vez que fazes um porque eacute que haverias de fazer somente um aacutelbum perfeito Este eacute o nosso objectivo e onde coloco laquoRubiconraquo Um passo natural depois de laquoIlluminationraquo e um aacutelbum que apresenta os novos membros e faz sobressair a banda continuando a sermos fieacuteis ao legado dos Tristania

O aacutelbum estaacute nos escaparates desde final de Agosto 2010 Quais tecircm sido as reacccedilotildees ateacute agoraAs reacccedilotildees tecircm sido extraordinariamente boas pelo facto de ser o primeiro aacutelbum com Mariangela e Kietil nas vozes Eu questiona-va-me como seria a reacccedilatildeo dos fatildes e da imp-rensa ao aacutelbum Quando as pessoas seguiram a banda tantos anos eacute compreensiacutevel que uma mudanccedila na linha da frente da mesma possa resultar numa repulsa natildeo necessariamente com a muacutesica mas sim com o facto da sua

bandas favoritas afastam-se daquilo que eram quando as descobriram e se apaixonaram por elas e a sua muacutesi-ca As pessoas reagem diferenciadamente nestas situ-accedilotildees umas interiorizam o facto de as ldquosuas bandasrdquo mudarem e perdem o interesse outras ficam de tal maneira irritadas que acabam por lanccedilar comentaacuterios depreciativos e odiosos na Internet Algumas das min-has bandas favoritas mudaram de sonoridade e estilo ao longo dos anos e mesmo que eu ficasse instintiva-mente desapontado e traiacutedo depois de ouvi-los com uma mente aberta tenho de reconhecer que a muacutesica continua excelente E os antigos aacutelbuns aqueles pelos quais me apaixonei no iniacutecio continuam aiacute para serem ouvidos vezes sem conta Posso ouvi-los as vezes que me apetecer

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 18: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

ldquohellip Tal como laquoAshesraquo com a sua sonoridade mais crua po-tente e simples era uma reacccedilatildeo aos coros e sintetizadores

megaloacutemanos de laquoWorld of Glassraquo laquoRubiconraquo eacute uma reacccedilatildeo a laquoIluminationraquo e o abrir da porta sinfoacutenica jaacute de noacutes conhecida

dos anos 90rdquodois compositores e um letrista principal passaacutemos a funcionar como um todo onde todos contribuem de igual modo na componente criativa Eu e o Anders escrevemos a maior parte da muacutesica os vocalistas escreveram a maior parte da sua componente vocal ndash o que natildeo acontecia antes No que toca agrave direcccedilatildeo geral e sonoridade da banda noacutes somos uma democ-racia forte onde todas as decisotildees satildeo efectuadas com todos envolvidos Graccedilas a isto laquoRubiconraquo eacute um produto inspirado e desenvolvido por noacutes todos jun-tos novos e antigos membros em equidade

Como foi trabalhado laquoRubiconraquo ateacute este atingir a fase de estuacutedio e produccedilatildeolaquoRubiconraquo foi escrito e arranjado quase completa-mente antes de termos entrado em estuacutedio A forma como o fazemos eacute atraveacutes da Internet Gravamos id-eias e muacutesicas e enviamo-las uns aos outros para re-visatildeo ou para algueacutem brincar e experimentar Apesar deste processo criativo funcional o cerne da criaccedilatildeo e escrita das muacutesicas acontece quando eu e Anders jun-tamos forccedilas na sala de ensaios Eacute aqui que as ideias nascem e satildeo trabalhadas ateacute termos uma muacutesica Depois desta fase a muacutesica eacute apresentada aos vocal-istas eles acrescentam as suas ideias para compor a parte vocal e os seus respectivos arranjos A seguir organizamos uma sessatildeo de preacute-produccedilatildeoarranjos

banda favorita jaacute natildeo ser a mesma de quando a desco-briram E de facto isso aconteceu com esta transiccedilatildeo em que alguns fatildes expressaram tristeza e raiva Feliz-mente estes constituem uma curta minoria O que ressalta de isto tudo para onde quer que nos viremos eacute que as reacccedilotildees foram boas e as pessoas sentem que demos passos importantes como banda mantendo a mesma veia e atmosfera que fez os Tristania

Musicalmente falando eu diria que laquoRubiconraquo eacute um aacutelbum soacutelido e com uma sonoridade fresca Acho-o ligeiramente diferente de laquoIlluminationraquo marcando definitivamente um novo tom para os Tristania De que modo todas estas mudanccedilas na banda afecta-ram a muacutesica composiccedilatildeo e letrasObrigado Um dos cumprimentos que me deixa pes-soalmente mais contente eacute dizerem que laquoRubiconraquo eacute fresco Num geacutenero sobrepovoado eacute muito comum as bandas apresentarem um som idecircntico Eu espero realmente que as outras bandas olhem para o nosso caso e que saibam interpretar-nos da mesma forma ou seja que interiorizem que trouxemos algo de novo para cima da mesa que exploramos os confins daquilo que eacute o Metal Goacutetico As mudanccedilas na ban-da desde laquoIlluminationraquo tiveram algum impacto na direcccedilatildeo musical definida para laquoRubiconraquo A maior delas e a mais importante foi ao inveacutes de termos

com o Waldemar [Sorychta] em que a uacuteltima des-tas sessotildees tem lugar dias antes de entrar em estuacutedio onde cada pedra eacute virada e cada ideia aperfeiccediloada Assim ao entrarmos em estuacutedio restam-nos alguns detalhes para limar o que nos deixa uma liberdade total para nos focarmos 100 na performance per-mitindo que faccedilamos cada muacutesica a melhor e mais potente possiacutevel

Mencionaste a participaccedilatildeo como co-produtor de Waldemar Sorychta Um dos factores chave que se manteacutem intacto de laquoIlluminationraquo eacute a sua con-tribuiccedilatildeo como co-produccedilatildeo Quanto profundo foi a contribuiccedilatildeo de Waldemar com os Tristania e quais as mudanccedilas que ele introduziu em laquoRubiconraquoWaldemar desempenhou um papel importante du-rante as gravaccedilotildees como co-produtor consultor teacutec-nico e participou na gravaccedilatildeo das partes vocais de Mariangela Mas a sua contribuiccedilatildeo mais significante foi durante a preacute-produccedilatildeo onde trabalhamos cada uma das muacutesicas cada parte cada detalhe sempre com o objectivo de encontrar a melhor das soluccedilotildees e eliminar todos os elementos desnecessaacuterios da can-ccedilatildeo essencialmente aqueles elementos musicais que se poderiam tornar cegos para noacutes ndash apoacutes termos con-vivido com a muacutesica ao longo de meses Como tudo na arte para extrairmos o melhor possiacutevel da nossa criaccedilatildeo temos de por vezes eliminar aquilo que nos eacute mais chegado deixar cair ideias das quais nos apa-ixonamos porque soacute assim conseguiremos ter a mel-hor canccedilatildeo possiacutevel A melhor forma de encarar este desafio eacute trazer algueacutem de fora em quem confiamos Para noacutes Waldemar eacute essa pessoa Noacutes confiamos no seu julgamento mesmo que por vezes discordemos e natildeo seguimos o seu conselho Eacute excelente ter um par de ldquoorelhas novasrdquo para noacutes apontar os pontos fracos

Ouvindo o aacutelbum todo consigo extrair duas coisas Haacute menos partes guturais masculinas e uma inter-pretaccedilatildeo feminina excelente por parte da Mariange-la Demurtas que arrebata o aacutelbum todo Como foi definido esta centralidade na Mariangela Concordo com o facto de a Mariangela brilhar em laquoRubiconraquo Ela daacute agraves muacutesicas intensidade e profun-didade conseguindo ao mesmo tempo revelar todo o potencial da sua voz Mas apesar da forccedila de Mari-angela natildeo acho que laquoRubiconraquo esteja centrado agrave sua volta O aacutelbum eacute muito mais diversificado e conta

igualmente com as fortes vozes de Oslashsten e Kjetil para natildeo esquecer da performance de Pete Johansen no vi-olino No fundo para mim o cerne do aacutelbum aquilo que eacute a essecircncia nos meus ouvidos satildeo as muacutesicas Cada execuccedilatildeo vocal ou instrumental estaacute marcada para fazer de cada canccedilatildeo a melhor onde cada de-talhe musical eacute focado minuciosamente naquilo que pede a canccedilatildeo Conta-nos como foi a chegada de Mariangela agrave ban-da Qual o seu backgroundDepois da saiacuteda de Vibeke a banda tirou umas feacuterias Com isto muitas cantoras mostraram o seu interesse em ocupar o lugar deixado pela Vibeke nos Tristan-ia Mariangela foi uma de entre muitas centenas que enviaram uma demo tape e de imediato emergiu do lote como uma das candidatas mais fortes Ela e outras duas raparigas foram convidadas a vir ateacute Stavanger na Noruega para ensaiar connosco Apoacutes alguns dias de intenso trabalho ficou claro que havia uma quiacutemi-ca entre ela e a banda Era definitivamente a pessoa certa e a sua voz era perfeita para levar os Tristania a novos territoacuterios O seu background musical eacute mais orientado para o Blues e o Soul no entanto ela tem uma forte paixatildeo pelo Metal Desde que comeccedilaacutemos a escrever e trabalhar o material novo ela sofreu uma grande evoluccedilatildeo tornando-se numa cantora com um repertoacuterio vocal enorme Com laquoRubiconraquo Mariange-la aprendeu novas formas de cantar e ver a muacutesica

Quando eacute que poderemos ver finalmente os Tristania em Portugal Seraacute que isso iraacute acontecer na tourneacutee de laquoRubiconraquoA primeira parte da tourneacutee ldquoRubicon Tourrdquo tomaraacute parte na Noruega e Europa durante Outubro 2010 Infelizmente natildeo foi possiacutevel incluir nenhuma data para Portugal Temos datas confirmadas para Ingla-terra Israel e novamente Noruega isto antes de par-tirmos para uma tourneacutee nos Estados Unidos A seg-unda parte da tourneacutee que teraacute lugar durante 2011 e ainda natildeo estaacute confirmada Espero sinceramente que possamos passar por Portugal quando esse tempo vier

Entrevista Carlos Filipe

ldquo hellip Nada soaria mais artificial ou forccedilado se com os nossos trinta e tais anos fizeacutessemos a mesma muacutesica que faziacuteamos

quando eacuteramos adolescentes ldquo

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 19: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Fogo Lento

Satildeo uma das formaccedilotildees mais antigas de doom claacutessico na Alemanha e citam

o nosso Joseacute Saramago como uma das principais influecircncias liacutericas Para

nos falar sobre o mais recente trabalho laquoA Smouldering Fireraquo que marca o

20ordm aniversaacuterio do quarteto chegamos agrave fala com o guitarrista Jochen Fopp

Fala-nos um pouco distoO novo aacutelbum eacute realmente muito variado o que tambeacutem natildeo significa que os discos ante-riores tenham sido unidimensionais O ldquoBell-wethersrdquo eacute uma espeacutecie de homenagem aos Primordial uma banda de que todos gostamos muito Na verdade sempre tivemos um pouco de influecircncias folk no que toca agraves melodias Para noacutes o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuterito O doom pode existir segundo vaacuterias formas e vaacuterias cores ndash eacute como a vida

Por outro lado ldquoLauernder schmerzrdquo soa como uma vulgar canccedilatildeo de rock e por isso eacute de estranhar num disco dos MoD Porquecirc este temaA muacutesica para essa faixa resultou duma jam e gostamos dela exactamente porque tem esse feeling diferente Foi por isso que decidimos incluiacute-la no aacutelbum Em geral soacute completamos canccedilotildees que achamos suficientemente boas para suportar o teste do tempo num aacutelbum

Desta vez incluiacuteram um total de trecircs temas in-strumentais PorquecircBem os aacutelbuns laquoForegoneraquo e laquoShardsraquo tam-beacutem contaram com algumas pequenas peccedilas instrumentais Desta vez incluiacutemos trecircs temas assim distribuiacutedos entre as restantes faixas porque achamos que datildeo um pouco mais de atmosfera e fluecircncia ao aacutelbum

A banda cita o escritor portuguecircs Joseacute Sara-mago como uma das suas principais influecircn-cias Que livros do nosso preacutemio Nobel eacute que serviram de inspiraccedilatildeo neste novo aacutelbum Em que temas eacute que os seus escritos satildeo usadosO texto do tema ldquoUnforeseenrdquo eacute vagamente ba-seado no romance ldquoEnsaio sobre a Cegueirardquo de Joseacute Saramago Natildeo eacute que siga exactamente a linha narrativa do livro eacute mais uma espeacutecie de cenaacuterio inspirado no livro Devo admitir

que esse foi o uacutenico romance do Saramago que li ateacute agora Fiquei tatildeo absorvido pelo livro que o devorei em pouco tempo Em breve vou comeccedilar a ler outra obra dele ldquoA Cavernardquo

Haacute dias apercebi-me que os vossos com-patriotas Doomshine incluiacuteram no aacutelbum mais recente uma cover dum tema dos MoD ldquoVanishedrdquo O que nos podes dizer sobre isto Vocecircs conhecem pessoalmente os membros dos DoomshineJaacute conhecemos os tipos dos Doomshine haacute muito tempo dado que somos da mesma regiatildeo da Alemanha Claro que nos sentimos muito honrados pelo facto deles terem incluiacutedo uma cover dum tema nosso no aacutelbum deles Tudo comeccedilou em 2005 no concerto comemora-tivo do nosso 15ordm de aniversaacuterio Nessa altura convidamos os Doomshine os Voodooshock e os Blackpuzzle para actuar e desafiamo-los a preparar uma cover dum tema dos MoD Os Doomshine escolheram o ldquoVanishedrdquo e apre-sentaram ao vivo uma fantaacutestica interpretaccedilatildeo dessa canccedilatildeo Mas o que mais nos surpreendeu eacute que eles gostaram tanto do tema que fizeram questatildeo de o gravar no uacuteltimo aacutelbum [NR laquoPiper at the Gates of Doomraquo] Curiosamente o disco onde o original do ldquoVanishedrdquo aparece o EP laquoConversionraquo foi gravado em 2003 ex-actamente no estuacutedio do baixista dos Doom-shine

Este ano os MoD celebram o seu 20ordm an-iversaacuterio Quais satildeo para ti as grandes re-cordaccedilotildees destas duas deacutecadas na bandaTem sido maravilhoso conhecer e partilhar o palco com grupos que nos influenciaram mui-to no iniacutecio como eacute o caso dos Count Raven Solitude Aeturnus e Revelation bem como fazer amizade com alguns dos membros des-tas bandas Os concertos no estrangeiro satildeo sempre especiais para noacutes particularmente quando nos permitem algum tempo para faz-

Para uma banda agora a completar jaacute a segunda deacute-

cada de existecircncia os Mirror of Deception (MoD)

contam com um nuacutemero invulgarmente reduzido de

aacutelbuns na discografia apenas quatro Porquecirc

Jochem Fopp Bem nos nossos primeiros dez anos

gravaacutemos um total de cinco demos e um mini-CD O

primeiro aacutelbum soacute viria a surgir em 2001 jaacute com trecircs

anos de atraso Penso que natildeo fossos propriamente

preguiccedilosos o problema eacute que natildeo suscitamos muita

atenccedilatildeo na fase das demos

O novo aacutelbum laquoA Smouldering Fireraquo parece ser o

mais variado de sempre da banda Aleacutem do doom

claacutessico por que os MoD satildeo jaacute conhecidos temos

aqui algumas surpresas como o ldquoBellwethers in

mistrdquo uma faixa baseada numa bela melodia folk

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 20: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

ldquohellip o doom eacute muito mais do que um simples andamento ou um simples estado de espiacuteritordquo

er tambeacutem um pouco de turismo A Irlanda e a Fin-lacircndia foram grandes experiecircncias Outras grandes recordaccedilotildees que guardo com afecto satildeo as primeiras vezes em que tive nas matildeos a nossa primeira demo e depois o primeiro aacutelbum Foram momentos muito especiais

Que planos eacute que haacute para celebrar esta dataA melhor maneira de celebrar eacute mesmo com este novo aacutelbum que vem acompanhado de um CD boacute-nus de ediccedilatildeo limitada que eacute uma espeacutecie de presente especial de aniversaacuterio para os fatildes e para noacutes mesmos Mas claro tambeacutem vamos festejar este aniversaacuterio a tocar ao vivo Vamos fazer um concerto que envolv-eraacute ex-membros dos MoD bem como alguns amigos da banda Dreaming

Uma das coisas que os fatildes devem estar jaacute a sentir falta na produccedilatildeo dos MoD eacute um DVD Haacute planos para issoEacute bem provaacutevel que um dia faccedilamos um DVD mas natildeo seraacute tatildeo cedo Para jaacute vamos continuar a juntar material para ele e a pensar entretanto num bom plano para o apresentar

Qual eacute a tua percepccedilatildeo acerca do interesse que o doom metal tem despertado nas editoras Muitos dos fatildes mais novos associam de imediato o doom metal ao hibrido doom-death esquecendo que as formas seminais de doom foram criados pelos Can-

dlemass Trouble etc Que pensas distoAcho que a situaccedilatildeo melhorou bastante nos uacuteltimos dez anos Haacute por aiacute algumas pequenas editoras a in-teressar-se por doom Duma forma geral o doom tem sido alvo de maior atenccedilatildeo Natildeo estou muito preocu-pado se as pessoas acham que tudo comeccedilou com o doom-death Se essas pessoas estiverem mesmo in-teressadas em saber elas iratildeo mais longe na sua pes-quisa e seguiratildeo o geacutenero ateacute agraves suas raiacutezes

Da experiecircncia que adquiriste com a organizaccedilatildeo do festival Doom Shall Rise como eacute que vecircs a evoluccedilatildeo do doom metal nos uacuteltimos dez anosPenso que haacute mais bandas e mais fatildes De outro modo o Doom Shall Rise e outros festivais do geacutenero natildeo seriam possiacuteveis A internet faz uma grande diferen-ccedila Actualmente eacute muito mais faacutecil promover bandas e festivais Mas eacute claro que o doom continua a atrair apenas uma minoria entre os fatildes de metal Penso que isso nunca vai mudar

Entrevista Ernesto Martins

Para comeccedilar gostaria de saber porque eacute que este segundo aacutelbum levou tanto tempo a concluir Seg-undo informaccedilatildeo no vosso myspace este interregno de quatro anos entre os dois discos foi algo forccedilado externamente O que vos atrasou ao certoManuel drsquoAlbuquerque O que nos atrasou foi ba-sicamente o facto de nenhuma editora apostar na banda e sermos obrigados a custear os nossos dis-cos bem como todo o trabalho inerente agrave promoccedilatildeo embora tenha havido um retorno que acaba por ir suportando o projecto Um caso caricato sucedeu com o 1ordm aacutelbum quando a Muacutesica Activa fechou e ficaacutemos com imensos discos no armazeacutem Fizemos uma proposta agraves FNACs para colocarem o disco agrave venda agrave consignaccedilatildeo - ou seja natildeo teriam despesa nenhuma nem prejuiacutezo - e mesmo assim recusaram Acabaacutemos por vender 1300 CDs pela internet e nos concertos Tambeacutem demoraacutemos mais tempo a che-gar ao 2ordm aacutelbum por forccedila da mudanccedila de elementos embora a formaccedilatildeo base se tenha mantido Musicalmente falando que diferenccedilas mais salientes

ldquoBanda MalditardquoApesar de marcados por constantes dificuldades causadas pelas temaacuteti-cas controversas que sempre orientaram as suas canccedilotildees os Dr Salazar persistem firmes na sua luta contra ventos e mareacutes tendo voltado re-centemente agrave carga com o novo aacutelbum laquoLaacutepis AzulraquoA propoacutesito deste sucessor de laquoAntes amp Depoisraquo Manuel drsquoAlbuquerque vocalista e mentor da poleacutemica formaccedilatildeo de Lisboa falou-nos da surdez da imprensa de discos com distribuiccedilatildeo recusada e de espectaacuteculos boi-cotados

podes apontar entre o laquoLaacutepis Azulraquo e o 1ordm aacutelbumO som do laquoLaacutepis Azulraquo eacute mais actual natildeo eacute tatildeo old school embora se mantenham os traccedilos originais que satildeo a marca da banda Por vaacuterias vezes obtive-mos preacutemios de originalidade No laquoLaacutepis Azulraquo eu soacute canto enquanto que no 1ordm aacutelbum tocava guitarra tambeacutem Agora a vocalizaccedilatildeo estaacute mais solta e o re-forccedilo do Costa na guitarra faz um bloco melhor com o Marco Fundamentalmente este aacutelbum estaacute mais maduro Eacute o resultado de muitas horas na estrada Em breve os DrSalazar incluiratildeo um elemento de apoio nas teclas e maacutequinas o Francisco ex Prison Flag e antigo colaborador no aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo

Um dos aspectos singulares e inescapaacuteveis nos Dr Salazar satildeo as temaacuteticas interventivas das letras Neste aspecto a vossa atitude eacute um pouco semelhan-te agrave das bandas de hardcore Que achasAs nossas letras satildeo de criacutetica social com roupagem de metal industrial Ateacute jaacute nos disseram que eacute inter-ventivo Eacute bem possiacutevel fazer a mesma coisa noutros

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 21: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

geacuteneros musicais O Zeacute Maacuterio Branco nunca teve nada a ver com o metal penso eu O Seacutergio God-inho com as suas letras compridas e meio faladas quase que fazia rap antes dele ter surgido

O aspecto que nunca deixa me de surpreender eacute o facto de apresentarem canccedilotildees sobre temas que remetem para a ditadura salazarista Qual eacute a vossa motivaccedilatildeo para cantar sobre estes assuntos em par-ticular Seraacute que pode dizer-se que assumem para vocecircs mesmos a missatildeo de recordar este lado do nosso passado agraves geraccedilotildees mais novas O nome Dr Salazar estaacute associado aos primeiros temas da banda que abordavam a guerra colonial Queriacuteamos um nome diferente de fixaccedilatildeo faacutecil e como estaacutevamos a falar de coisas da ditadura o nome Dr Salazar veio mesmo a calhar Claro que notaacutemos desde logo que este nome nos iria trazer al-guma hostilizaccedilatildeo mas agora tem a vantagem de ser um dos nomes mais conhecidos do underground No poacutes-25 de Abril pretendeu-se criar a ideia de que na ditadura estava tudo errado e que com a rev-oluccedilatildeo dos cravos tudo passaria a ser bem feito Hoje eacute oacutebvio que natildeo eacute assim e muito provavelmente os democratas jaacute cometeram mais erros que o Salazar Quanto agrave liberdade de expressatildeo que de facto natildeo existia tambeacutem eacute oacutebvio que continua a natildeo existir embora os mecanismos de limitaccedilatildeo sejam outros Portugal estaacute hoje numa situaccedilatildeo peacutessima e em muito o deve aos erros cometidos com a democra-cia mas isso natildeo eacute politicamente correcto dizer Va-mos tentando pocircr as pessoas a pensar estabelecer um paralelismo haacute muita informaccedilatildeo disponiacutevel e seria bom que as pessoas natildeo se ficassem pelo jornal gratuito (esse eacute mesmo duvidoso) Jaacute agora o jornal Destak recusou noticiar a saiacuteda do aacutelbum dos Dr Salazar agrave semelhanccedila do que fez o Jornal da Regiatildeo

com o laquoAntes amp Depoisraquo Porque teraacute sido

Acham que faz sentido falar ainda nesse siacutembolo da censura que foi o laacutepis azul Na vossa opiniatildeo eacute real-mente verdade que ldquoO laacutepis ganhou outras coresrdquo Haacute sinais claros disso Toda a informaccedilatildeo e cultura que natildeo alinha pela esquerda dificilmente se faz ou-vir Haacute uma formataccedilatildeo agrave esquerda ateacute no ensino e os miuacutedos voltam a usar a camisola do Che Guevara mesmo ignorando quem ele foi realmente Existem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se man-dam as pessoas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delas

Neste novo aacutelbum as temaacuteticas ligadas ao tempo da ditadura salazarista jaacute natildeo satildeo tatildeo fortes Seraacute isto um sinal de que o tema se estaacute a esgotar para os Dr SalazarDe maneira alguma Mateacuteria para o estilo interven-tivo dos DrSalazar eacute o que natildeo falta O novo aacutelbum descola da guerra colonial e os temas natildeo contam histoacuterias passadas Haacute uma reflexatildeo sobre aspectos mais actuais e a conjuntura ateacute ajuda Por este andar haveraacute mais noacutedoas a apontarlimpar da democ-racia do que do antigo regime Ateacute jaacute apareceu um partido denominado lsquoNova Democraciarsquo seraacute que esta jaacute natildeo presta

Como jaacute referiste os Dr Salazar sempre foram viacuteti-mas de algum ostracismo ao longo da sua carreira Entre outras coisas isso traduziu-se na recusa da distribuiccedilatildeo do aacutelbum laquoAntes amp Depoisraquo Podes ex-plicar-nos o que aconteceu exactamente Que tipo de exclusatildeo eacute que a banda tem sentidoBastante cedo comeccedilaacutemos a sentir os efeitos da es-colha corajosa do nome DrSalazar sem no entanto

ldquoExistem mecanismos nos dias de hoje que satildeo LAacutePIS AZUIS a fazer o mesmo que no antigo regime Natildeo se mandam as pes-

soas para o Tarrafal ou Caxias ndash compra-se o patratildeo delasrdquo

ldquohellip na final de um concurso de bandas da C M de V F de Xira ouvimoshellip laquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do

DrSalazarraquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemiordquofazermos a apologia do ditador ou assumirmos uma atitude de provocaccedilatildeo Jaacute dissemos imensas vezes que natildeo somos extremistas e natildeo pertencemos a nenhuma organizaccedilatildeo neo-qualquer-coisa Somos livres e temos a perfeita noccedilatildeo de que a nossa ex-istecircncia no antigo regime natildeo era possiacutevel No aacutel-bum laquoAntes amp Depoisraquo falamos do Tarrafal (prisatildeo politica) e agora no laquoLaacutepis Azulraquo falamos de cen-sura temas que certamente nos garantiam um lu-gar na Prisatildeo de Caxias Temos a certeza que quem nos exclui pelo nome natildeo conhece as nossas letras Eacute uma cegueira parvaEm 2003 estaacutevamos na final de um concurso de bandas da Cacircmara Municipal de Vila Franca de Xira e ouvimos o elemento da Cacircmara (supomos que era um vereador) que iria entregar os preacutemios a dizer ldquoEacute paacute que ganhe um qualquer menos os do DrSalazarrdquo Azar dele porque ganhaacutemos mesmo o 1ordm preacutemioNa Queima das Fitas da Universidade do Algarve fomos retirados do programa a uma semana do concerto O nosso interlocutor disse-nos apenas que eram ordens de cima sem mais nenhuma ex-plicaccedilatildeo No festival de Coruche fomos abordados por elementos locais dizendo que era uma vergonha estar ali uma banda com este nomeA imprensa em geral ignora os nossos emails e as notiacutecias divulgadas para os media pela produtora com quem trabalhamos simplesmente natildeo saem nem mesmo quando lanccedilamos discos Com excep-ccedilatildeo dos jornais O Crime e o Correio da Manhatilde que nos entrevistaram natildeo haacute sinais Televisatildeo nem pensar Resta-nos a internet e concertos ao vivo bem como programas de raacutedio especiacuteficos na aacuterea do Heavy Metal

Apesar das dificuldades do passado parece que as coisas estatildeo a melhorar para o vosso lado ndash desta vez estatildeo com a Compact Records a distribuir Como eacute que isto aconteceuChegaacutemos agrave Compact Records pela matildeo do Antoacutenio de los Santos antigo membro da Muacutesica Activa e de facto ficaacutemos surpreendidos por nos terem aceite de imediato Julgamos que se comeccedila a dissipar essa id-eia errada que tecircm de noacutes e tambeacutem comeccedila a haver menos gente com a cabeccedila quadrada que vecirc tudo bem de um lado e tudo mal de outro Sabemos hoje que Salazar natildeo era um papatildeo assim tatildeo grande e que por outro lado temos entre os nossos democra-tas alguns verdadeiros bandidos Natildeo se pode meter

tudo no mesmo saco e natildeo se deve ter medo de ser livre

E quanto a editora Ainda nenhuma das editoras na-cionais mostrou interesse nos Dr Salazar Ateacute agora natildeo mas isso natildeo seraacute totalmente pelo nome porque temos a noccedilatildeo de que o nosso per-fil natildeo tem a componente comercial suficiente para motivar uma editora ao investimento Poderaacute acon-tecer um dia mas eacute preciso que a banda tenha procu-ra e para isso precisa de ser divulgada O estatuto mais certo eacute o de banda maldita e aiacute as coisas podem mudar Os Matildeo Morta editaram muitos discos sem editora pela mesma razatildeo

No aacutelbum anterior o ldquoCulpa do sistemardquo foi talvez o tema mais emblemaacutetico Neste novo disco eu es-colheria o ldquoAqui drsquohell reirdquo ou mesmo o ldquoLaacutepis azulrdquo como as faixas mais fortes Estaacutes de acordo ou tens outras preferecircncias Sim concordo Eacute aquilo que normalmente se diz de serem temas orelhudos O laquoLaacutepis Azulraquo tem um re-fratildeo brutal ndash o ldquocorta cortardquo funciona agrave primeira ndash e o ldquoAqui drsquoel Reirdquo tem ainda mais forccedila porque nos saiu melhor a produccedilatildeo Pessoalmente gosto imenso do ldquoErupccedilotildeesrdquo por ter uma esteacutetica que aponta mais para o futuro Temos tambeacutem um tema o ldquoPonto mais altordquo que nos parece mais radiofoacutenico mas du-vidamos que alguma vez faccedila parte de uma play list de uma estaccedilatildeo de raacutedio dita grande embora o tra-balho tenha sido entregue a todas as raacutedios

Para terminar uma questatildeo mais do foro pessoal pelo que sei tu eacutes o pai do Pedro Neto (bateria) Como eacute que pai e filho funcionam numa banda En-tretanto vejo que haacute agora outro Neto na banda o Costa Seraacute tambeacutem familiarOk eu sou pai do Pedro Neto e o parentesco acaba aqui Tudo funciona muito bem entre noacutes O Pe-dro comeccedilou a tocar comigo aos 7 anos num outro projecto e os instrumentos laacute em casa satildeo como os moacuteveis estatildeo por todo o lado Se calhar o pai eacute mais tipo irmatildeo mais velho O Costa Neto (novo guitar-rista da banda) e o 2ordm baixista da banda o Ricardo Joatildeo Neto embora tenham o mesmo apelido natildeo tecircm nenhuma relaccedilatildeo familiar entre si nem com os restantes elementos

Entrevista Ernesto Martins

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 22: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

laquoPeace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo segundo aacutelbum da banda de Dave Mustaine e primeiro pela Capitol Records eacute um portento do Thrash Metal Lanccedilado haacute 25 anos o sucessor do freneacutetico aacutelbum debutante laquoKilling is My Businesshellip And Business is Goodraquo foi a prova da dimen-satildeo dos Megadeth naquela altura jaacute que a independente Combat Records natildeo foi capaz de o misturar correcta-mente nem tinha a capacidade de o distribuir conveni-entemente laquoPeace Sellshellipraquo foi o primeiro grande trabalho de Mustaine agrave eacutepoca de lanccedilamento de outros dois iacutecones Thrash ndash laquoReign in Bloodraquo dos Slayer e laquoMaster of Pup-petsraquo dos Metallica ndash e eacute um item essencial para qualquer fatilde de heavy metallaquoPeace Sellshellipraquo eacute o primeiro dos grandes claacutessicos de Megadeth e eacute a par de laquoRust in Peaceraquo um dos melhores lanccedilamentos de Dave Mustaine e seus capangas Com um complexo e soberbo trabalho de guitarras solos de cortar a respiraccedilatildeo bruscas mudanccedilas de tempo composiccedilotildees jazziacutesticas uma feroz e inquieta secccedilatildeo riacutetmica este eacute tam-beacutem um aacutelbum marcado pelas letras onde Mustaine es-creve sobre temaacuteticas obscuras como a adoraccedilatildeo ao diabo ou rituais de bruxaria Bem se sabe que o frontman nunca foi conhecido pelos seus dotes vocais e muita gente haacute que os ache irritantes mas de alguma forma ele sempre arran-

25 anos de MEGADETH laquo Peace Sellshellip But Whorsquos Buyingraquo

Se haacute um aacutelbum que pela sua importacircncia no Heavy Metal eacute indiscutivelmente o nuacutemero um esse aacutelbum soacute pode ser laquoMaster of Puppetsraquo dos Metallica (Quem nunca o ouviu pare por favor de ler e vaacute ouvi-lo primeiro) laquoMaster of Puppetsraquo reuacutene a agressividade e a velocidade de laquoKill lsquoem Allraquo com a teacutecnica de laquoRide the Lightningraquo em composiccedilotildees extremamente elaboradas riffs pesados freneacute-ticos e solos complexos Numa altura em que o Metal estava ainda em idade ldquoadolescenterdquo foi com este lanccedilamento que se fez ldquohomemrdquo Numa eacutepoca onde reinavam as hair bands laquoMaster of Puppetsraquo foi como uma pedrada no charco e os Metallica passaram de banda culto de garagem a super-ban-daComo eacute oacutebvio natildeo se pode dissociar este disco da morte de Cliff Burton Apesar de ter sido O Ano dos Metallica 1986 foi tambeacutem o ano mais triste e traacutegico devido agrave morte de Cliff Burton baixista que segundo James Hetfield influen-ciou fortemente a imagem e muacutesicas iniciais dos Metallica laquoMaster of Puppetsraquo eacute um aacutelbum conceptual que aborda o tema do domiacutenio controlo e abuso do poder Dos oito temas presentes ndash oito eacutepicos todos eficazes agrave sua maneira ndash natildeo haacute dois semelhantes Apesar da sua complexidade laquoMaster of Puppetsraquo consegue ter riffs acessiacuteveis ao ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo

25 anos de METALLICA laquoMaster of Puppetsraquo Quando o Metal se fez ldquohomemrdquo

ldquoDamage Incrdquo eacute raacutepido pesado freneacutetico e teacutecnico um exemplo claacutessico do que era o Thrash Metal dos anos 80laquoMaster of Puppetsraquo representou para os Metallica musicalidade paixatildeo e intensi-dade e por tudo aquilo que deu agrave muacutesica merece indiscutivelmente ser considera-do o nuacutemero um do Heavy Metal ldquoCannot the Kingdom of Salvation Take Me HomerdquoCliff Burton 10021962 - 270986

Eduardo Ramalhadeiro

ldquoBatteryrdquo abre com um segmento acuacutestico com um certo ldquosaborrdquo a Flamengo explodindo depois em riffs pesados lin-eares e aparentemente simples mas de uma tremenda eficaacute-cia resultando num dos melhores temas interpretados ao vivo ldquoMaster of puppetsrdquo a faixa-tiacutetulo eacute uma combinaccedilatildeo perfeita de riffs eacutepicos com outros que ldquoencaixamrdquo no ouvido e de faacutecil memorizaccedilatildeo Seria indiscutivelmente o melhor tema dos Metallica natildeo fosse ldquoOnerdquo Baseado num conto de HP Lovecraft ldquoThe thing that should not berdquo fala sobre uma batalha contra o controlo de forccedilas sobrenaturais ldquoWelcome home (Sanitarium)rdquo baseado na obra de Ken Kesey ldquoVoando sobre um ninho de cucosrdquo eacute um tema melancoacutelico calmo com um solo (quase) interminaacutevel ldquoDisposable heroesrdquo eacute mais um eacutepico de 8m30seg raacutepido pesado aumentando de intensidade agrave medida que a muacutesica chega ao teacutermino ldquoLeper messiahrdquo aborda a tele-evangelizaccedilatildeo e o controlo que esta exerce sobre os espectadores Natildeo eacute tatildeo raacutepido como ldquoMas-terhelliprdquo ou ldquoDisposablehelliprdquo mas eacute igualmente pesado ldquoOrionrdquo eacute um instrumental de grande maturidade e disciplina com vaacuterias mudanccedilas de ritmo e tempo melodias e harmonias simplesmente perfeitas e um soberbo trabalho de baixo O solo quase que ldquosussurradordquo no iniacutecio como que ldquoavelu-dadordquo acaba numa simbiose perfeita entre as guitarras e o baixo fazendo de laquoOrionraquo uma obra-prima O uacuteltimo tema

jou maneira de dar a volta agrave situaccedilatildeo e isso eacute tatildeo patente neste lanccedilamento de 1986 no qual ele faz o melhor uso de uma das suas imagens de marca ndash o snarling (rosnar numa traduccedilatildeo livre) Eacute tambeacutem aqui que a mascote da banda Vic Rattlehead faz a sua primeira apariccedilatildeoA faixa de abertura ldquoWake up deadrdquo eacute uma liccedilatildeo de riffs heavy metal e duelos de solos Como outros pontos fortes do aacutelbum temos ldquoPeace sellsrdquo (quem natildeo se lembra daquela linha de baixo) ldquoDevils islandrdquo (um claacutessico de Megadeth grandes riffs grandes solos e um refratildeo catchy a ajudar) a velociacutessima ldquoBad omenrdquo (ainda a lembrar algo de laquoKilling is My Businesshellipraquo) e ldquoMy last wordsrdquo (uma introduccedilatildeo atmosfeacuterica bastante bem conseguida a ex-plodir no que de melhor o Speed Metal tem para ofer-ecer)laquoPeace Sellshellipraquo soacute natildeo eacute mais reconhecido devido a laquoMaster of Puppetsraquo ter sido lanccedilando no mesmo ano Contudo eacute um marco na histoacuteria dos Megadeth e um marco na histoacuteria das (nossas) sonoridades mais pesadas Felizes bodas de prata senhor Mustaine

Luis Almeida Ferreira

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 23: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

Haacute jaacute bastantes anos que fazes parte da cena metal europeia Como tiveste a ideia de formar uma banda de BM num paiacutes integrado na ex-Uniatildeo SovieacuteticaCarpathian Wolf Durante a vigecircncia do regime so-vieacutetico era estritamente proibido comprar LPs de metal Felizmente o irmatildeo do baterista da banda era marinheiro e trazia-nos ndash clandestinamente ndash tudo o que lhe pediacuteamos Por outro lado nos anos 80 as pessoas que tinham familiares nos EUA e no Canadaacute e que estavam autorizadas a ir visitaacute-los traziam cas-setes Portanto eu tive acesso a toda a muacutesica que queria ouvir A maior diferenccedila entre a cena metal em Moscovo e em paragens remotas do Oeste da Ucracircnia (de onde sou oriundo) era que na capital jaacute se podia tocar em concertos e assistir a eles e noacutes nem sequer podiacuteamos sonhar com isso Havia bandas russas que actuavam regularmente como os Aria ou os Black

Em guerra contra a intoleracircncia

Fundador dos Conspiracy e uacutenico membro da banda durante muito tem-po Carpathian Wolf (ou na versatildeo latina Lupus Carpatius) fala-nos do seu terceiro longa duraccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash e recorda para a Versus Magazine um percurso musical que comeccedilou nas encostas nevadas dos Caacuterpatos na Ucracircnia e prossegue na Holanda incluindo algumas par-agens memoraacuteveisCabe ao leitor curioso seguir-nos nesta viagem musical para com-preender como a muacutesica ndash e a arte em geral ndash podem ser motivo para reflexatildeo sobre a vida e armas contra a intoleracircncia

Coffee Lembro-me de ter sido espancado pela poliacute-cia da minha cidade por usar na rua uma t-shirt dos Judas Priest Dois anos mais tarde em 1988 fui a Moscovo com os amigos assistir ao concerto dos Black Sabbath Portanto como vecircs as coisas mudar-am muito para a cena metal antes e depois do iniacutecio da ldquoperestroikardquo Em 1988 fortemente influenciado por bandas como Venom Celtic Frost Destruction Razor Sodom e Death formei a minha primeira banda ndash Hell Raiser Nessa altura estava fascinado pelo satanismo e pelo ocultismo que vira nos filmes de terror dos anos 80 ndash Evil Dead e Hell RaiserDepois de ter estado no exeacutercito jaacute em 1994 formei a minha actual banda ndash Conspiracy

Por que razatildeo a tua banda se desfez ao fim de um ano Sabes o que aconteceu aos outros membrosEntraacutemos em conflito depois de um concerto As

nossas divergecircncias eram demasiado grandes para podermos continuar juntos Portanto separaacutemo-nos e eu fui juntar-me aos Melechesh Dois outros membros da primeira formaccedilatildeo tecircm as suas proacutepri-as bandas gravam aacutelbuns e fazem concertos ao vivo Mas natildeo esperem que lhes faccedila publicidade

Qual a importacircncia da tua passagem pelos Me-lechesh como AlrsquoHazred para ConspiracyAprendi a concentrar-me mais no trabalho em vez de o ver como um sonho Melechesh eacute uma banda muito disciplinada muito profissional Os seus membros satildeo muito exigentes consigo proacuteprios o que daacute sempre bons resultados quer no estuacutedio quer no palco Depois de 12 anos com os Melech-esh eu sei como funciona a induacutestria do metal Eacute claro que todo o conhecimento que adquiri e as competecircncias que desenvolvi satildeo muito importantes para a carreira dos Conspiracy

A muacutesica dos Conspiracy eacute descrita como tendo evoluiacutedo do BM para um hard rock com traccedilos deste subgeacutenero e depois integrado ainda out-ras influecircncias Esta descriccedilatildeo parece-te ad-equadaPor que natildeo Pela parte que me toca natildeo perco tem-po com definiccedilotildees Esse trabalho cabe aos meacutedia e aos fatildesNatildeo passo tempo a pensar ldquoOra bem Agora vou pegar numa passagem de hard rock e misturaacute-la com BM e acrescentar alguma orquestraccedilatildeordquo A muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazer Conspiracy resultou de uma indagaccedilatildeo que tem ocupado toda a minha vida e que visa criar uma versatildeo original de metal combinando elemen-tos negros e extremos mas agradaacuteveis ao ouvidoNo que se refere a este uacuteltimo aacutelbum posso acres-centar agrave tua lista o termo ldquoprogressivordquo por causa do recurso em simultacircneo a arranjos musicais pouco ortodoxos complementados pela orquestraccedilatildeo a solos de guitarra caracteriacutesticos do heavy metal e a diferentes estilos vocais entre os quais os gritos aacutesperos tiacutepicos do BM

O facto de viveres na Holanda teve alguma in-fluecircncia nessa evoluccedilatildeoEacute apenas o paiacutes onde eu vivo actualmente Gosto imenso de viver aqui Tanto o paiacutes em si como as pessoas tecircm muitos aspectos positivos Mas isso tem pouco a ver com a minha muacutesica

Como conheceste Aryan Blaze Que papel desem-penha ele na vossa conspiraccedilatildeo musical Por outras palavras o que haacute agora em Conspiracy que natildeo ex-istia antes da vinda deleEncontrei-o numa loja onde fui comprar equipa-mento para o meu estuacutedio Fiquei maravilhado com a forma como tocava guitarra estava apenas a mos-trar a um miuacutedo como tirar o maior proveito de um equipamento de somSe comparares os aacutelbuns anteriores de Conspiracy com o nosso terceiro CD ndash laquoIrremediableraquo ndash veraacutes logo a diferenccedila que reside na orquestraccedilatildeo profis-sional e na excelente teacutecnica de guitarra Foi isto que ele trouxe aos Conspiracy Ele tem conhecimentos de muacutesica claacutessica de onde provecircm elementos que sempre tentei incorporar nas minhas canccedilotildees Com ele no meu projecto Conspiracy deu mais um passo na direcccedilatildeo desejada

Sei que a vossa muacutesica aborda temas como o oacutedio pelo monoteiacutesmo e o satanismo Natildeo te parece que haacute aqui uma contradiccedilatildeo Afinal o satanismo eacute uma forma de monoteiacutesmo ou natildeoNatildeo natildeo eacute O satanismo tem muitas formas difer-entes Haacute um satanismo simboacutelico e as praacuteticas satacircnicas ligadas ao ocultismo Para mim Satanaacutes eacute o siacutembolo do pensamento livre o inimigo e o acu-sador de Deus que eu vejo como um siacutembolo da opressatildeo e do controle exercidos pelas instituiccedilotildees religiosas sobre a Humanidade submissa Natildeo adoro Satanaacutes literalmente falando Uso o satanismo como uma forma de protesto que pode levar as pes-soas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutev-el com a democracia moderna O monoteiacutesmo devia ser proibido e assim poderiacuteamos viver em paz Lecirc o ldquoDevilrsquos Notebookrdquo de LaVey se quiseres saber mais sobre a minha perspectiva

E onde encontras a inspiraccedilatildeo para a tua po-esia heroacuteica e guerreira Proveacutem da cultura do teu paiacutes como no pagan ou folk metalNatildeo preciso de ir tatildeo longe Venho do paiacutes que gan-hou a Segunda Guerra Mundial Todas as famiacutelias da antiga Uniatildeo Sovieacutetica perderam pelo menos um membro nessa Guerra Morreram 25 milhotildees de ci-dadatildeos sovieacuteticos para libertar a Europa das garras dos Nazis Venho de uma famiacutelia em que todos os homens serviram no exeacutercito O meu avocirc foi oficial durante 30 anos o meu pai e os meus tios tambeacutem e eu estive na tropa durante 3 anosO aacutelbum anterior ndash laquoConcordatraquo ndash tinha muitos te-

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 24: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

mas de poesia guerreira Tratavam sobretudo da Segunda Guerra Mundial e da forma como o Vati-cano e as autoridades catoacutelicas de um modo geral ajudaram a legitimar o que os Nazis estavam a fazer enquanto os ateus da minha paacutetria lutavam contra eles e defendiam a Europa

Passando agora ao vosso uacuteltimo longa du-raccedilatildeo ndash laquoIrremediableraquo ndash que me agradou muito numa entrevista que li falavas da sua estrutura dizendo que era constituiacutedo por seis faixas de BM uma peccedila claacutessica e duas canccedilotildees de heavy metal Ateacute indicavas os nomes destas duas canccedilotildees que satildeo fantaacutesticas e as minhas faixas favoritas neste aacutelbum O que te levou a fazer esta combinaccedilatildeoSe ouvires todo o aacutelbum canccedilatildeo apoacutes canccedilatildeo vais logo perceber qual eacute a razatildeo Tenho um problema de personalidade muacuteltipla [risos]Na minha opiniatildeo esta estrutura gera uma experiecircn-cia auditiva uacutenica O novo aacutelbum compreende treze faixas e todas elas tecircm um estilo diferente e geram emoccedilotildees diferentes Haacute poemas de Charles Baude-laire de Aleister Crowley e outros mestres da po-esia claacutessica que eu muito admiro Natildeo conseguiria exprimir todas as minhas emoccedilotildees e as deles tam-beacutem usando apenas um subgeacutenero do metal Algu-mas das canccedilotildees satildeo agressivas e outras eacutepicas ou apenas sinistras

O som do vosso aacutelbum anterior eacute descrito como sendo ldquomuito cru pouco trabalhado e de pouca qualidaderdquo Estas caracteriacutesticas resultaram das condiccedilotildees de trabalho que tinhas na altura ou de opccedilotildees tuasDas duas causas Natildeo quero comparar a minha muacutesica agrave dos Venom ou Bathory mas eu adoro as suas canccedilotildees apesar de os aacutelbuns serem brutais e a produccedilatildeo de maacute qualidade Ainda gosto mais das suas primeiras criaccedilotildees por serem aquelas em que o som eacute menos trabalhado Gostaria que as pessoas aceitassem as minhas composiccedilotildees tal como elas satildeo

mas nem toda a gente suporta a falta de uma exce-lente produccedilatildeo Haacute criacuteticos musicais que ouvem um aacutelbum durante um soacute minuto e julgam que podem tirar conclusotildees capazes soacute porque natildeo gostaram de ldquoConcordatrdquo Natildeo quero saber disso para nada Soacute faccedilo a minha muacutesica para os milhares de fatildes que gostam dela e que deixam comentaacuterios maravilho-sos no myspace

Neste terceiro aacutelbum o som eacute muito diferente Estaacutes de acordo com esta ideiaOs elementos de orquestraccedilatildeo exigiam um tipo de som diferente Satildeo muito mais instrumentos a tocar-em ao mesmo tempo portanto o som tinha de ser mais claro Usaacutemos bateria preacute-gravada tocada por Dirk Verbeuren o baterista dos Aborted As batidas ferozes esmagadoras e raacutepidas como relacircmpagos deste baterista fizeram com que o som deste aacutelbum fosse muito melhor que o dos dois anteriores

A informaccedilatildeo sobre laquoIrremediableraquo faz refer-ecircncia agrave influecircncia de Baudelaire e de Crowley Conheccedilo especialmente o poeta francecircs porque estudei a sua obra e sou uma grande fatilde da colectacircnea ldquoLes Fleurs du Malrdquo Onde podemos encontrar no teu aacutelbum a influecircncia deste po-eta sofisticado Baudelaire viu o lado demoniacuteaco da Humanidade ndash a consciecircncia de que se estava a praticar o Mal Eacute conscientemente que matamos enganamos rou-bamos e em geral fazemos sofrer os outros E haacute tambeacutem a questatildeo do destino e do livre arbiacutetrio Seraacute

que Deus nos programou e ao mundo para sermos assimPodes encontrar Baudelaire no tiacutetulo do aacutelbum e na faixa correspondente Tambeacutem usaacutemos um quadro de um dos seus amigos ndash o pintor satacircnico Feacutelicien Rops ndash para a capa do aacutelbum e o livro que acom-panha o CD

No mesmo texto laquoIrremediableraquo eacute apresentado como um aacutelbum a natildeo perder para os fatildes de King Diamond Bathory e dos Cradle of Filth na sua primeira fase Que pensas distoSou um grande fatilde de King Diamond e conheci pes-soalmente o meu guitarrista favorito ndash Andy La Rocque ndash quando os Melechesh gravaram no seu estuacutedio Haacute duas canccedilotildees neste aacutelbum onde eacute pos-siacutevel encontrar elementos da primeira muacutesica de KD ndash laquoIrremediableraquo e ldquoBukovinardquo Natildeo queria im-itaacute-lo mas sim fundir este tipo de heavy metal com as minhas ideias originais Muitos fatildes que ouviram essas canccedilotildees e o resto do aacutelbum gostaram imenso da atmosfera especial por elas criadaNo que se refere a Bathory as minhas canccedilotildees ldquoFaithrdquo e ldquoCouragerdquo que fazem parte do segundo aacutelbum dos Conspiracy [ldquoConcordatrdquo] tecircm uma atmosfera semelhante agraves de algumas baladas de Bathory ou Manowar Mas neste terceiro aacutelbum natildeo haacute traccedilos deles Detesto repetir o que jaacute fiz e cada aacutelbum meu nunca eacute uma coacutepia do anteriorHaacute quem mencione CoF como influecircncia cada vez que ouve BM raacutepido e meloacutedico com recurso a tecla-dos Parece-me uma forma um pouco baacutesica de ver a

muacutesica Mas concordo que provavelmente os fatildes de CoF tambeacutem vatildeo gostar do laquoIrremediableraquo

A capa deste aacutelbum eacute muito diferente das dos CDs anteriores Por que razatildeo usaram de for-ma tatildeo proacutexima do original o quadro de Feacutel-icien Rops (Tenho de confessar que fui ver esse quadro na net)O design da capa dos trecircs aacutelbuns foi feito pelo mes-mo artista ndash Warmaster of Necrodaemon ndash mas as capas dos dois aacutelbuns anteriores satildeo da autoria de Dan Seagrave Pedi-lhe que pintasse algo para a capa deste terceiro aacutelbum mas ele recusou dizendo que queria afastar-se dos temas satacircnicos e que estava demasiado ocupado Portanto resolvi eu proacuteprio o assunto escolhendo uma obra de Rops por este ter sido amigo de Baudelaire e o quadro me parecer adequado Mas foi preciso dar agrave pintura um ar mais frio e mais coacutesmico para complementar a atmosfera criada pela muacutesica do aacutelbum Acho que Warmaster fez um trabalho maravilhoso nesta capa

Vatildeo fazer uma digressatildeo para promover este aacutelbum Incluiacuteram Portugal no roteiro dessa di-gressatildeoA minha muacutesica natildeo eacute feita para o palco O melhor lugar para a ouvir eacute o teu automoacutevel quando fazes uma longa viagem e podes pensar na vida sem nada para perturbar a tua imaginaccedilatildeoHaacute bebidas alcooacutelicas como a cerveja que se sab-oreiam melhor num bar confortaacutevel e cheio de gen-te Outras sabem melhor quando as bebemos nas noites tenebrosas de Inverno diante da lareira Ateacute agora nunca senti a necessidade de fazer di-gressotildees Mas se alguma vez pensar em fazecirc-lo natildeo me esquecerei de pocircr Portugal no nosso reoteiro Adoro o vosso paiacutes que jaacute visitei e admiro a sua heranccedila cultural e os vinhos do Datildeo e do Douro Obrigado pelo interesse pela nossa muacutesica

Entrevista CSA

ldquoUso o satanismo como uma forma de protesto que pode le-var as pessoas a pensar pelas suas proacuteprias cabeccedilas e a detestar

qualquer tipo de religiatildeo A religiatildeo natildeo eacute compatiacutevel com a democracia modernardquo

ldquoA muacutesica forma-se na minha cabeccedila Porquecirc e como Natildeo faccedilo a miacutenima ideia Limito-me a transferi-la para o mundo

material quando tenho tempo e disposiccedilatildeo para o fazerrdquo

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 25: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

posteriormente para me juntar a eles Nessa altura pretendia-se que a banda praticasse mais um Speed Thrash ao estilo de Slayer O conceito de banda tam-beacutem natildeo estava muito solidificado e nem um nome surgia naturalmente Na brincadeira alcunhaacutevamos a banda de Xicatildeo Band que era uma espeacutecie de hom-enagem ao gato do Valter Mais tarde o Valter aban-donou a banda O irmatildeo do Seacutergio tambeacutem pre-cisava de mais tempo para se dedicar a outra banda onde se inseriu e ficaacutemos reduzidos a dois Foi entatildeo que decidimos enveredar por uma banda totalmente nova e desta feita de Death Metal Nascia entatildeo Hate Disposal e com a banda uma era de criacuteticas negativas que englobavam fundamentalmente frases como ldquoIsso natildeo vai a lado nenhumrdquo Para mim natildeo foi o primeiro projecto Jaacute tinha tido um grupo que preferia jogar agrave bola e ir para a praia a ensaiar Para o Seacutergio foi Tiveram um processo de formaccedilatildeo algo controverso iniciando-se apenas com dois elementos nessa fase jaacute havia material na gaveta de algum dos elemen-tos Como foi fomentar o actual grupo sendo este formado por quatro elementosSeacutergio Nessa altura o Luiacutes jaacute tinha composiccedilotildees das quais algumas foram aproveitadas e outras refeitas de raiz Quanto ao grupo o resto dos elementos sur-giram gradualmente A irmatilde do Luiacutes a Vera que ac-tualmente preenche o lugar de baixista como guest player nos concertos entrou pouco depois como membro para o lugar do baixo Foi preciso mais um ano depois de tudo isto para encontrarmos um vo-

VinganccedilaHate Disposal trazem na bagagem apenas demos home made mas uma forccedila de vontade enorme e um empenho invejaacutevel para so-lidificar um projecto explosivo ainda sem editora Num misto de revolta e luta entrei numa conver-sa com o guitarrista e o baterista Luiacutes e Seacutergio respectivamente para nos transportarem por trecircs anos de luta em nome da Muacutesica

calista e soacute vaacuterios meses depois encontraacutemos um guitarrista Entretanto ocorreram algumas contra-riedades e antipatias que fizeram com que o grupo sofresse uma separaccedilatildeo O Luiacutes continuou com o projecto e encontrou o Steve actual guitarrista Mais tarde resolveram-se incompatibilidades eu voltei a integrar o grupo assim como o Bruno actual vocal-ista De momento estamos desprovidos de baixista permanente e apenas contamos com a Vera para concertos quando a mesma se disponibiliza

Torna-se difiacutecil classificar-vos quanto a um geacutenero especifico jaacute que tecircm influencias algo diversifica-das como Dimmu Borgir Metallica Arch En-emy(hellip) Vocecircs assumem-se facilmente em algum geacutenero dentro do Heavy MetalLuiacutes Natildeo Gostamos de bandas de muitos estilos diferentes de facto Tanto ouvimos na nossa sala de ensaio Chimaira e Necrophagist como Cannibal Corpse Metallica Dimmu Borgir ou Dream Theat-er Provavelmente isso reflecte-se na criaccedilatildeo dos temas e consequentemente tambeacutem natildeo consegui-mos ouvir aquilo que fizemos no fim e dizer com certeza absoluta ldquoSomos do geacutenero X de metalrdquo Asseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesado Mas penso que andamos mais pelo Death Metal com influecircncias de Thrash e Black

Jaacute tiveram oportunidade de partilhar o palco com bandas como Switchtense e Darkside of Innocence nomes bem conhecidos dentro do Heavy metal tuga

Como descrevem o sentimento natildeo soacute de poderem tocar com estas bandas mas tambeacutem da reacccedilatildeo do puacuteblico perante a vossa prestaccedilatildeoSeacutergio Noacutes gostamos de partilhar o palco tanto com uma banda mais conhecida como Darkside of In-nocence ou Switchtense como com outra banda menos conhecida no Heavy metal em Portugal O que procuramos eacute mostrar o nosso trabalho criar impacto e claro criar novas amizades com as ban-das com quem tocamos se bem que por vezes natildeo eacute faacutecilQuanto ao puacuteblico ateacute hoje de forma geral aquele com quem fomos tendo contacto foi muito receptivo agraves nossas actuaccedilotildees Esperamos que assim continue pois trabalhamos de forma a marcar a diferenccedila de forma positiva

Se surgir a possibilidade de realizarem uma demo jaacute existe material suficiente para isso Na criaccedilatildeo do vosso material existiu algum tema especiacutefico ou vaacuterios Luiacutes Sim existe material suficiente para realizar uma demo em estuacutedio Em relaccedilatildeo aos temas as muacutesicas que satildeo criadas natildeo o satildeo logo com um tema em mente Geralmente satildeo criadas tendo em conta apenas uma sonoridade agressiva Depois de criado ouvimos o material e debatemos sobre que tema nos faz pensar Jaacute aconteceu fazerem-nos pen-sar em eventos apocaliacutepticos ou mensagens de re-volta para com o conformismo geral por exemplo

Entrevista Inumater

Hate Disposal eacute um nome extremamente recente dentro do universo underground portuguecircs Como foi o nascimento desta banda Foi o primeiro pro-jecto para todos os elementosLuiacutes A ideia comeccedilou depois de um amigo nosso o Valter que eacute guitarrista ter entrado em contacto com o Seacutergio para se juntar a ele e ao irmatildeo nu-mas jam sessions O Valter contactou-me tambeacutem

ldquoAsseguramo-nos apenas de que o que fazemos tem peso e se possa dizer com toda a certeza que eacute metal pesadordquo

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 26: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

SILENT STREAM OF GODLESS ELEGYlaquoNaacutevazraquo(2011 Season of Mist)

O iniacutecio deste ano daacute-nos a conhecer o sexto lanccedilamento dos pioneiros do DoomFolk Silent Stream of Godless Elegy que surgidos em 1995 na regiatildeo da Moraacutevia na Republica Checa nos presenteiam com mais um magniacutefico ma-nancial de muacutesicas inspiradas na tradiccedilatildeo e folclore locais Apesar dos proble-mas a niacutevel de membros da banda que saiacuteram entre os aacutelbuns laquoThemesraquo(00) e laquoRelic Dancesraquo(04) deixando apenas o guitarrista Radek Hajda e o violon-celista Michal Syacutekora o agrupamento conseguiu ganhar dois Grammys (a partir de 2005 designados por Andĕl) com esses dois lanccedilamentos no seu paiacutes de ori-gem E este aacutelbum natildeo foge agrave qualidade com que o agrupamento jaacute nos presen-teou Vertendo reconfortantes tonalidades naquele aperto que nos aproxima da dor descobre-se uma ilustre beleza em cada muacutesica Aleacutem do soberbo con-traste entre os vocais masculino e feminino os instrumentos (entre os quais se evidenciam o dulcimer o violino e o violoncelo) por vezes impregnam-nos com um sentimento tatildeo eacutepico que nos fazem acreditar que cada melodia deste aacutelbum tenha o condatildeo de nos aquecer para aleacutem de qualquer inverno Talvez o lugar onde vivem seja mesmo maacutegico se inspirou o agrupamento a criar muacutesi-cas tatildeo maravilhosas embora tenha a certeza que os SSOGE sempre estiveram para aleacutem do mundano Bem-vindos de volta

[9510] Jorge Ribeiro de Castro

CONTROL DENIEDlaquoThe Fragile Art of Exis-tenceraquo(2010 Relapse Records)

laquoThe Fragile Art of Existenceraquo (TFAoE) eacute o uacutenico projecto paralelo do genial e malo-grado Chuck Schuldiner (CS) ndash Death - que nasceu da ne-cessidade de concentrar (ain-da mais) a sua genialidade no que diz respeito agrave composiccedilatildeo e guitarra Ao contraacuterio dos Death CS natildeo divide as vo-calizaccedilotildees com a guitarra em vez disso entregou tal tarefa a Tim Aymar A voz cumpre muito bem meloacutedica muito competente e encaixa (qua-se) na perfeiccedilatildeo uma vez que este registo eacute mais meloacute-dico e progressivo que os De-ath Eacute quase perfeito porque imagino as vocalizaccedilotildees se-rem feitas pelo Warrel Dane ndash Nevermore Se a voz de CS ficaria melhor A resposta se-ria natildeo da mesma maneira que a voz de Tim Aymar natildeo encaixaria nos Death As le-tras satildeo mais pessoais e in-trospectivas e mostram uma clara separaccedilatildeo da visatildeo que CS tem dos Death Sobre os temas o que se espera dos temas compostos por CS e interpretados por muacutesicos como Richard Christy Steve DiGiorgio e Shannon Hamm Esta reediccedilatildeo conteacutem um CD extra (e que CD) com todas as demos de TFAoE apesar de serem temas onde se no-tam algumas falhas (quase imperceptiacuteveis) proacuteprias de quem estaacute a ensaiar digo tomara muitas bandas lan-ccedilarem aacutelbuns com uma qua-lidade destas demos Os te-mas ldquoConsumedrdquo ldquoBreaking the brokenrdquo ldquoThe fragile art

DEMONIC RESURRECTIONlaquoThe Return to Darknessraquo(2010 Candlelight)

of existencerdquo satildeo totalmen-te instrumentais e haacute ainda uma segunda versatildeo de ldquoBre-aking the brokenrdquo com CS na voz No uacuteltimo tema ldquoTunel of Evilrdquo eacute o proacuteprio diabo a tocar bateria guitarra e a cantar Para um CD de demos a som estaacute excelente e com qualidade acima da meacutedia Para os aceacuterrimos defensores de Death poderaacute natildeo ser um aacutelbum que se ouve logo agrave pri-meira talvez por faltar a voz de CS mas seraacute sempre uma obra-prima do Grande Geacutenio que foi e para sempre conti-nuaraacute imortalldquoSupport music not rumoursrdquo - Chuck Schuldiner (130567 - 131201)[1010] Eduardo Ramalha-deiro

Quem teve a oportunidade de ver o documentaacuterio ldquoGlobal Metalrdquo de Sam Dunn deve estar pelo menos vagamente familiarizado com o nome De-monic Resurrection um dos colectivos mais activos da flo-rescente cena metal na India Contando jaacute com uma deacuteca-da de existecircncia tornaram--se recentemente na primeira banda daquele ponto do glo-bo a assinar por uma editora ocidental de peso e a romper fronteiras com este novo re-gisto de originais O que fa-zem eacute basicamente um black metal sinfoacutenico colado por vezes a Dimmu Borgir com nuances de Cradle of Filth mas que reverte frequente-mente para outros modos de operaccedilatildeo mais em linha com

o death e o progressivo e ateacute com tiques ocasionais de po-wer metal Tirando o melhor partido desta sopa de influecircn-cias a formaccedilatildeo de Bombaim apresenta um trabalho soacutelido e fluente que impressiona pela musicalidade ao longo dos sessenta e tal minutos da sua duraccedilatildeo Individual-mente haacute que destacar o liacute-der do grupo Sahil Makhija pela manifesta versatilidade vocal bem como a excelente prestaccedilatildeo do guitarrista solo de descendecircncia portuguesa Daniel Rego Por outro lado o disco soa tambeacutem dema-siadamente calculado e pre-visiacutevel Para um grupo jaacute no terceiro aacutelbum seria de espe-rar pelo menos algum arrojo para aleacutem dos padrotildees ex-plorados e seguros jaacute para natildeo falar de alguma infusatildeo de motivos locais capazes de conferir agrave sonoridade uma identidade distinta De qual-quer modo este eacute um aacutelbum interessante duma banda com um talento inquestionaacute-vel que vale a pena manter debaixo de olho[810] Ernesto Martins

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 27: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

DR SALAZARlaquoLaacutepis Azulraquo(2010 Independente)

Para os que natildeo conhecem os Dr Salazar deixo aqui a necessidade que urge de cor-rerem para descobrir esta excelente banda nacional de Metal Rock Industrial Forma-dos em 2002 os Dr Salazar conseguiram amealhar uns quantos concursos de bandas e lanccedilar em 2006 o seu pri-meiro aacutelbum laquoAntes amp De-poisraquo fazendo entatildeo alguma sensaccedilatildeo no meio metaacutelico nacional e fora dele essen-cialmente pelo nome poleacute-mico da banda ndash O fantasma do verdadeiro ainda paira por aiacute ndash mas acima de tudo pela tenacidade e acutilacircncia so-cial das suas letras Assim eacute com grande regozijo que anuncio o seu segundo opus de produccedilatildeo proacutepria chama-do laquoLaacutepis Azulraquo Apesar de ao niacutevel das letras os Dr Salazar estarem ao mesmo niacutevel que os caracteriza e os projecta abordando vaacuterios temas da nossa sociedade ou do antigo regime ndash como acontece com a muacutesica tiacutetulo ndash mas revistos nos nossos dias aquilo que mais emerge agrave primeira audi-ccedilatildeo de laquoLaacutepis Azulraquo eacute a matu-ridade do som dos Dr Salazar ao niacutevel da personalizaccedilatildeo da sonoridade (quer por via mu-sical quer por via vocal) e das muacutesicas que soam muito mais coesas e melhor cons-truiacutedas Sente-se o progres-so nesta banda do primeiro aacutelbum para este segundo No outro lado da balanccedila estaacute a proacutepria evoluccedilatildeo desta sono-ridade Metal Industrial Inter-ventivo ndash como jaacute apelidado

que a meu ver estaacute bastante menos industrial e mais alter-nativo Groove e progressivo enfim mais actual ndash isto para nem abordar a vertente inter-ventiva ndash e ao estilo bem ldquore-volucionaacuteriordquo preconizado pe-los Dr Salazar No fundo um estilo musical muito proacuteprio e caracteriacutestico que ainda fervi-lha em plena ebuliccedilatildeo laquoLaacutepis Azulraquo eacute um excelente traba-lho dos Dr Salazar revelando maturidade a todos os niacuteveis mostrando-nos que estes Lis-boetas estatildeo no bom cami-nho Todo o aacutelbum estaacute nive-lado por cima com canccedilotildees que jaacute satildeo autecircnticos hinos como laquoLaacutepis Azulraquo laquoCasa da vergonharaquo ou laquoAqui drsquoel Reiraquo Definitivamente os Dr Salazar natildeo ficaram ldquoagrave espera do milagre de nosso senhorrdquo[910] Carlos Filipe

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Caso curioso no rock pesado nacional os Dr Salazar es-tatildeo prestes a completar os primeiros dez anos de uma carreira marcada tanto pela teimosia em persistir num caminho deveras singular na muacutesica de intervenccedilatildeo como pelas alegadas dificuldades que a postura poleacutemica lhes tem causado Depois dum in-terregno de quatro anos o grupo estaacute de regresso com um aacutelbum que remete desde logo para o universo histoacuteri-co da ditadura salazarista temaacutetica que sempre foi por assim dizer a raison drsquoetre do colectivo da Amadora mas que jaacute surge aqui em dose mais moderada ldquoLaacutepis Azulrdquo conta com dez novos temas de hard rock acutilante e musculado com alguns riffs de recorte industrial e apon-tamentos bem colocados de sintetizadores que conferem um leve toque sci-fi A pro-gressatildeo em relaccedilatildeo ao aacutelbum anterior ldquoAntes amp Depoisrdquo acusa um vago amadureci-mento que eacute patente quer nos temas com refratildees con-tagiosos que incitam a acom-panhar como ldquoAqui drsquohell reirdquo

e a faixa-tiacutetulo quer noutros mais contidos como eacute o caso de ldquoErupccedilotildeesrdquo Contudo o disco tambeacutem tem momentos que natildeo parecem funcionar muito bem Por exemplo haacute segmentos em ldquoCasosrdquo e em ldquoTodos querem falarrdquo onde o texto declamado pelo Manuel drsquoAlbuquerque ou eacute despro-vido de qualquer musicali-dade ou estaacute em completa dissonacircncia com a restante sonoridade surgindo forccedila-do e anacroacutenico no contexto Trata-se de um arranhar de ouvido que natildeo eacute novidade nos Dr Salazar mas que sur-preende mais por se tratar do segundo aacutelbum[710] Ernesto Martins

Com mais de 20 anos de car-reira os Forgotten Suns (FS) satildeo das melhores bandas pro-gressivas em Portugal tendo sido algo esquecidos e de al-guma maneira subestimados Depois do lanccedilamento do ex-celente laquoInnergyraquo eis que ganha vida laquoRevelationsraquo um EP com 5 temas que resul-tam das sessotildees do trabalho anterior De facto ldquoDoppel-gaumlngerrdquo foi alvo de uma nova mistura e eacute o primeiro single de laquoRevelationsraquo Eacute o tema com maior potencial e easy--listening do EP ldquoPhenotyperdquo eacute a muacutesica mais ldquoleverdquo melo-diosa com um bom trabalho de voz especialmente na par-te do chorus acabando num registo bem pesado e raacutepido

FORGOTTEN SUNSlaquoRevelationsraquo(2010 Pathfinder Records)

ldquoPinpointsrdquo e ldquoThe hillrdquo ndash com uma entrada a fazer lembrar os Dream Theater do tempo de laquoImages and Wordsraquo ndash satildeo duas faixas muito pare-cidas estruturalmente aquilo a que poderemos chamar de power ballads Por fim ldquoBe-trayedrdquo ndash um tema ldquorecicladordquo do aacutelbum laquoThe fiction Edgeraquo a melhor faixa do aacutelbum Este tema sofreu um upgra-de havendo agora uma parte 2 ndash ldquoGrey zonerdquo O tema foi originalmente composto em 1995 e com esta nova parte a histoacuteria do tema fica final-mente completa Excelente EP dos FS como que a ldquoabrir o apetiterdquo para 2011 Espe-ramos ansiosamente pelo novo lanccedilamento do FS[810] Eduardo Ramalha-deiro

A existecircncia prova que por mais luz que nos possa guiar eacute difiacutecil nos afastarmos de certas obras tatildeo monstru-osamente inspiradas cuja pretensatildeo natildeo eacute apenas nos arrepiar a pele mas cobrir a nossa consciecircncia com a mais vil mortalha e crivar no nosso acircmago aquela fragilidade in-sondaacutevel que nem a noite tar-dia pocircde antes ensinar Nada nos surge como lampejo de sanidade e avanccedilamos agar-rados ao nosso corpo tentan-do natildeo sentir um quezilento frio que se auto-glorifica ao morder sem pudorhellip Conheci-do pela qualidade deste pro-jecto o multi-instrumentista Mories expurga um quinto

GNAW THEIR TONGUESlaquoLrsquoArriveacutee de la Terne Mort Triomphanteraquo(2010 Candlelight)

lanccedilamento onde transcorre uma soturna ambiecircncia que se refugia por entre melo-dias contagiantes lastimadas por insinuaccedilotildees industriais Aqui conspurcadas por uma toada black-metal onde os gritos satildeo perversidades que sorriem a morte eacute um con-ceito primordial que pouca esperanccedila de redenccedilatildeo nos transmite Natildeo que precise-mos dela quando nos confor-tamos com a ebriedade ins-piradora desta ediccedilatildeo Apesar das influecircncias as mais oacuteb-vias sendo In Slaughter Nati-ves Blood Axis e Sunn O))) existe aquele algo mais que se torna uacutenico com cada au-diccedilatildeo Tal eacute muito devido agraves diferentes camadas sonoras que abrigam mais realidades do que se poderia enunciar se natildeo houver a descontrac-ccedilatildeo suficiente ou impiedosa sujeiccedilatildeo que nos afaste da realidade do dia-a-dia[910] Jorge Ribeiro de Cas-tro

Diretamente do moshpit vem uma ode a todos os head-bangers Inicia-se com uma introduccedilatildeo que nos deixa expectantes Em ldquoStorm Of Steelrdquo eacute-nos apresentada a foacutermula do aacutelbum bateria a dois mil agrave hora sempre acompanhada por pesadas guitarradas solos potentes e uma poderosa voz gritada Satildeo de realccedilar as faixas ldquoThe Killing Is Facelessrdquo onde se destacam os raacutepidos e teacutecni-

GOF DETHRONEDlaquoUnder The Sign of the Iron Crossraquo(2010 Metal Blade Records)

cos solos e a voz se mostra imperial e ldquoUnder The Sign Of The Iron Crossrdquo com um comeccedilo agradaacutevel que re-lembra o metal claacutessico mas que depressa volta ao trilho das faixas anteriores A in-tercalaccedilatildeo de voz limpa estaacute tambeacutem presente entre a sel-va de cordas desenfreadas Agrave medida que avanccedilamos re-para-se que a uacuteltima metade do aacutelbum parece natildeo igualar o que a primeira parte pro-porcionara sentindo-se uma perda de qualidade no impac-to Jaacute nos uacuteltimos momen-tos somos brindados com um final orquestral suave e limpo mas com o mesmo poder presente ateacute entatildeo O conteuacutedo liacuterico eacute baseado na Primeira Guerra Mundial to-cando um pouco em todos os pontos desde as estrateacutegias agraves consequecircncias e passando ainda por todos os soldados glorificados Um aacutelbum rico em conteuacutedo histoacuterico reple-to de guitarras freneacuteticas mas repetitivas com solos furio-sos mas bem apresentados e uma voz bem executada mas algo monoacutetona Apresentan-do uma construccedilatildeo de faixas bem pensada embora peque na sua transiccedilatildeo trata-se as-sim de um registo com altos e baixos[710] Daniel Guerreiro

Comeccedilando a sua carreira no iniacutecio de 2002 este agrupa-mento dinamarquecircs de Bla-ckThrash-Metal tem pon-tuado o underground com dissonantes imponecircncias que

HORNED ALMIGHTYlaquoNecro Spiritualsraquo(2010 Candlelight)

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 28: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

fascinam qualquer fatilde do geacute-nero pela sua ultrajante qua-lidade Como a peste que fi-brilha por entre os poros de um fanaacutetico religioso que escarnece da escuridatildeo Hor-ned Almighty corroacutei qualquer glorioso projecto advindo de miriacuteades celestiais e o torna um podre adjectivo moribun-do Isso porque nos remete a dimensionalidades extremas onde nenhum preceito es-clavagista os agrilhoahellip Sem sensibilidade para qualquer harmonia ou conceitos des-proporcionais agrave mais justa imoralidade este seu quarto aacutelbum pode natildeo expandir ho-rizontes muito pelas influecircn-cias de Celtic Frost Bathory e Darkthrone mas descarre-ga uma bem-vinda fuacuteria que repele qualquer insiacutepida lan-guidez A escuridatildeo que se agarra agrave alma concede menos prazer do que a caoacutetica diver-satildeo que Horned Almigthy nos presenteia neste lanccedilamento pois sempre existe quem de-teste a paacutelida sociedade que tanto descreacutedito merece pela forma como tenta automa-tizar a todos Ouvindo este CD sem parar libertamo-nos do que existe para aleacutem do recinto onde estamos mas somos trucidados por ritmos exponenciais agrave tempestade enquanto os vocais rasgam os mais inspirados trilhos Natildeo importam os traumatis-mos sorrimos por estarmos embriagados por convulsotildees carismaacuteticas e o corpo brilhar pela transpiraccedilatildeo[8510] Jorge Ribeiro de Castro

James LaBrie eacute um dos no-mes mais importantes do rock progressivo dos uacuteltimos 20 anos isto porque milita como vocalista na banda de metal progressivo mais im-portante dos uacuteltimos 20 anos os Dream Theater Engane-se quem pense que vai ouvir algo similar a DT no trabalho a solo de LaBrie vai encon-trar pequenos trejeitos vaacute laacute Mas eacute por isso mesmo que se enceta em projectos a solo para trabalhar em aspectos que natildeo se podem espelhar numa banda com um som extremamente caracteriacutestico Este novo lanccedilamento do vo-calista eacute jaacute o quarto na sua carreira a solo e eacute o sucessor de laquoElements of Persuasionraquo de 2005 Eacute tambeacutem o mais pesado e energeacutetico ateacute agrave data laquoStatic Impulseraquo eacute no fundo Melodeath Com a aju-da do seu co-compositor Matt Guillory que aqui acumula as funccedilotildees de teclista e vocalis-ta secundaacuterio do guitarrista Marco Sfogli (que por mo-mentos faz esquecer Petruc-ci) do baixista Ray Riendeau (Rob Halford) e do baterista Peter Wildoer (Darkane ex--Majestic e ex-Arch Enemy) nas vocalizaccedilotildees berradas (e atraacutes da bateria claro estaacute) LaBrie conjuga aqui peso e melodia de uma maneira ex-traordinaacuteria Eacute nos refrotildees cantados e catchy carregados de teclados que o frontman molda o seu som agrave cadecircncia do Death Metal Meloacutedico mais recente ndash algo que podemos encontrar nos uacuteltimos aacutelbuns de In Flames por exemplo Este novo lanccedilamento eacute bas-tante consistente natildeo tem muacutesicas maacutes mas ao termos que apontar alguns trunfos atentemos a ldquoJekyll or Hiderdquo ldquoEuphoricrdquo ldquoWho you think I amrdquo ou ldquoJust watch merdquo Um disco que de certo agradaraacute aos fatildes ndash eacute que LaBrie soa ex-tremamente bem em laquoStatic Impulseraquo e haacute que lhe dar creacutedito por se ter munido de grandes muacutesicos e ter conse-guido um espantoso e refres-cante aacutelbum[7510] Luiacutes Almeida Fer-reira

JAMES LABRIElaquoStatic Impulseraquo(2010 InsideOut)

Como uma viagem que nos separa do esplendor das ho-ras claras e bebe conforto de um cansaccedilo que carece de agonizantes arrepios Mour-ning Lenore nos daacute a conhe-cer o seu primeiro aacutelbum cuja qualidade prima pela satisfa-ccedilatildeo Tendo em conta que eacute uma banda com pouco mais de dois anos ter um aacutelbum editado que esteja acima da mediania jaacute eacute um grande ponto a favor As seis muacute-sicas com que nos presen-teiam as duas uacuteltimas como boacutenus tendo sido anterior-mente editadas aquando do split com Insaniae referente ao aniversaacuterio da ldquoDaemo-nium Zinerdquo nos conquistam pela sua faustosa cadecircncia Embora estas natildeo se rebelem contra os elegantes cacircnones do que eacute normal no Doom--Metal demonstram que a banda possui bons muacutesicos e que inspiraccedilatildeo para algo mais natildeo lhes falta Ao ouvir o aacutel-bum somos acariciados por melodias que conquistam agrave primeira audiccedilatildeo sendo no entanto faacutecil de reconhecer a rispidez de barreiras cujas arestas rasgam certas seme-lhanccedilas com as nuances mais cruas de Paradise Lost Ana-thema e Katatonia O impor-tante eacute que beber de certas influecircncias natildeo pressupotildee uma roupagem totalmente igual e o agrupamento vinga sem alguma vez pender para um descarado aborrecimento Este pode natildeo ser um aacutelbum ultra-sublime mas tem muito para agraciar os amantes do

MOURNING LENORElaquoLoosely bounded infinitiesraquo(2010 Major Label Indus-tries)

geacutenero soacute se esperando que o proacuteximo lanccedilamento natildeo seja tatildeo lento quanto a muacute-sica[7510] Jorge Ribeiro de Castro

Um aacutelbum invulgar sem duacute-vida tendo em conta o meio extremo em que se insere mas que natildeo surpreende face ao percurso artiacutestico da ban-da em causa De facto depois do alucinogeacutenio laquoAssassinsraquo a opccedilatildeo por uma abordagem menos psicadeacutelica e mais rocklsquonrsquoroll patente neste se-gundo tomo de laquoBlack Me-ddleraquo soa ateacute como um se-guimento natural Da esteacutetica extrema do black metal que moldou originalmente o co-lectivo norte-americano res-ta agora pouco mais do que a voz rouca do liacuteder Blake Judd bem como um som carac-teristicamente sujo que na verdade joga muito a favor do hard-rock retro que pauta mais de metade dos temas Na sua maior parte laquoAddictsraquo eacute um aacutelbum cheio de compo-siccedilotildees padronizadas mas ple-nas de balanccedilo com refratildees apunkalhados que natildeo nos saem mais da cabeccedila e gan-chos que soam bizarros de tatildeo catchy havendo ateacute espaccedilo para alguns devaneios pop Aquele loop incessantemente ondulante em laquoNo funeralraquo fica para a posteridade como um das ideias mais descon-certantes em todo o aacutelbum E os solos muito vintage saiacutedos das seis cordas dos convi-dados Matt Johnson (Phara-

NACHTMYSTIUMlaquoAddicts Black Meddle pt2raquo(2010 Candlelight)

oh) e do ex-Pentagram Russ Strahan conjuram da melhor maneira o espiacuterito revivalis-ta que a banda pretende in-vocar Agrave primeira impressatildeo laquoAddictsraquo poderaacute soar como uma incursatildeo excessiva em universos distantes mas no fim a sensaccedilatildeo que perdura eacute a de uma combinaccedilatildeo muito bem conseguida entre o rockpunk dos 70s e a crueza tiacutepi-ca das sonoridades mais ne-gras do metal [910] Ernesto Martins

Antes de mais Nucleus Torn natildeo eacute uma banda de rock muito menos metal Podere-mos definir como experimen-tal avant-garde neo-claacutessi-cal folk O mentor por traacutes deste projecto eacute o suiacuteccedilo Fredy Schnyder Em laquoAndrome da Waitingraquo os temas satildeo iden-tificados simplesmente por nuacutemeros romanos Muacutesica ambiente atmosfeacuterica cal-ma eteacuterea de alguma ma-neira medieval com as voca-lizaccedilotildees femininas a cargo de Maria DrsquoAlessandro Entre os instrumentos que compotildeem os dois aacutelbuns podemos en-contrar guitarras (eleacutectrica claacutessica e acuacutestica) hamme-red dulcimer violoncelo vio-lino flauta e bandolim entre outrosNo que diz respeito a laquoTravel-lersraquo esta eacute uma compilaccedilatildeo que reuacutene alguns temas de trabalhos anteriores assim como dois temas nunca an-tes lanccedilados e encontra-se

NUCLEUS TORNlaquoAndromeda Waitingraquo elaquoTravellersraquo(2010 Prophecy Produc-tions)

dividida em 4 partes os pri-meiros quatro temas perten-centes ao EP com o sugesti-vo nome de ldquoKraumlhenkoumlniginrdquo satildeo divididos em I a IV Satildeo totalmente acuacutesticos com excelente produccedilatildeo captan-do todos os pormenores da viola acuacutestica A segunda parte eacute composta pelos te-mas ldquoSilverrdquo ldquoBeggarrdquo ldquoWit-nessrdquo e ldquoNucleus tornrdquo todos pertencentes ao EP laquoSilverraquo Com excepccedilatildeo de ldquoSilverrdquo que segue a linha do EP an-terior todos os outros temas satildeo semi-acuacutesticos ldquosalpica-dosrdquo com voz num registo quase progressivo ldquoNeon-li-ght submissionrdquo e ldquoTravellerrsquos restrdquo satildeo duas faixas instru-mentais que fazem parte da demo laquoSubmissionraquo Apesar de manterem a atmosfera avant-gardefolk satildeo as mais progressivas desta compila-ccedilatildeo apresentando alguma distorccedilatildeo nas guitarras fun-dindo muito bem estes trecircs geacuteneros musicais Por fim ldquoLeadlessrdquo e ldquoLurkingrdquo duas faixas novas mantecircm o mes-mo registo folk semi-acuacutesti-co natildeo instrumental com a voz competente e um solo de saxofone em ldquoLeadlessrdquo[7510] Eduardo Ramalha-deiro

Antes de mais laquoRoad Salt Oneraquo natildeo pode ser ouvido e analisado como um tiacutepi-co aacutelbum de Pain of Salva-tion (PoS) no geacutenero de laquoRemedy Laneraquo ou laquoThe Perfect Element pt1raquo Eacute uma abordagem comple-

PAIN OF SALVATIONlaquoRoad Salt One pt 1 ndash Ivo-ryraquo(2010 InsideOut)

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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Page 29: Versus Magazine #12 Fevereiro / Março '11

tamente diferente que jaacute vinha ganhando forma com laquoScarsickraquo ndash uma re-invenccedilatildeo com tudo o que de negativo pode traz-er (ou natildeo) No entanto laquoRoad Salt Oneraquo natildeo de-ixa de ser um aacutelbum pro-gressivo mas com grandes influecircncias de RockBlues dos anos 7080 com par-tes a fazer lembrar Frank Zappa Anathema e ateacute Marillion Eacute um aacutelbum emo-cional triste melancoacutelico que se ldquoaprenderdquo a ouvir precisa de ser ldquodigeridordquo e a produccedilatildeo eacute ldquocruardquo pa-recendo sair directamente da garagem De destacar ainda os temas laquoSistersraquo laquoSleeping with the starsraquo e laquoRoad saltraquo Uma ultima palavra para as vocaliza-ccedilotildees ndash soberbas[8510] Eduardo Rama-lhadeiro

SPIRITUAL BEGGARSlaquoReturn to Zeroraquo(2010 InsideOut)

Apoacutes um interregno de cinco anos eis que a ban-da de Michael Amott (Car-cassArch Enemy) surge com laquoReturn to Zeroraquo Este aacutelbum parece ter che-gado directamente das deacute-cadas de 7080 revelando uma mescla de influecircncias ndash Black Sabbath (laquoLost in Yesterdayraquo) orgatildeo Ham-mond a fazer lembrar Jon Lord (Deep Purple) mas menos intenso Rainbow (laquoComing homeraquo) Iron Maiden (laquoSpirit of the windraquo) e geacuteneros musi-cais ndash Rock Doom e Sto-ner Metal O resultado eacute um aacutelbum retro muito bem

produzido com riffs pode-rosos e um fantaacutestico tra-balho de Michael Amott tanto a niacutevel de composi-ccedilatildeo como de guitarra esta em perfeita harmonia com as teclas De referir que este natildeo seria um grande aacutelbum sem uma voz com-petente e Apollo Papatha-nasio (Firewind) faz esse trabalho na perfeiccedilatildeo De destacar por fim os te-mas menos bons laquoBelieve in meraquo e laquoDead weightraquo (todas as outras satildeo exce-lentes) Uma palavra para laquoSpirit of the windraquo um tema diferente que vale a pena ser ouvido[910] Eduardo Ramalha-deiro

STAR ONElaquoVictims Of Modern Ageraquo(2010 InsideOut)

Foram necessaacuterios espe-rar oito longos anos para podermos desfrutar de mais um capiacutetulo do pro-jecto Space Opera de Ar-jen A Lucassen projecto em que cada muacutesica se re-fere a um filme de Ficccedilatildeo Cientiacutefica Categorizado como uma vertente mais pesada e operaacutetico do que os Ayreon ndash de onde deri-va Star One constitui-se desde o primeiro dia como um projecto muito inte-ressante e sempre repleto de figuras conhecidas do mundo do metal Assim em 2010 temos o segundo opus laquoVictims of Modern Ageraquo com praticamente o mesmo lineup e trecircs dos quatro vocalista do 1ordm aacutel-bum Sir Russell Allen Da-mian Wilson e Floor Jan-

sen sendo a novidade a introduccedilatildeo de Dan Swanouml Sendo um projecto lateral de Arjen a sonoridade de laquoVictims of Modern Ageraquo sofre infelizmente da sua ldquomarcardquo musical Esta co-lagem ao universo Arjen eacute mais do que evidente e talvez a maior decepccedilatildeo em relaccedilatildeo a este lanccedila-mento Penso que se per-deu alguma originalidade e distanciamento da so-noridade matildee conseguido no primeiro aacutelbum Salvo a veia mais pesada e a introduccedilatildeo de mais con-vidados do que os laacute pre-sentes tais como Tony Martin Mike Andersson e Rodney Blaze este pode-ria ser mais um aacutelbum dos Ayreon Posto isto de lado laquoVictims of Modern Ageraquo constitui um excelente aacutel-bum de Space Metal com um naipe de muacutesicas bas-tantes ecleacuteticas ao mes-mo tempo que contribuem para que laquoVictims of Mo-dern Ageraquo seja um aacutelbum integro e de inspiraccedilatildeo conceptual Estaacute laacute tudo ao seu melhor niacutevel da-quilo que se espera de Ar-jen A Lucassen e compa-nhia[7510] Carlos Filipe

THE ACACIA STRAINlaquoWormwoodraquo(2010 Prosthetic Records)

Surgiu em mim uma certa dificuldade em compre-ender como o sentimento ldquoraivardquo se pode interligar tatildeo bem com a amaacutelgama de ritmos e melodias que este agrupamento de De-

athCore criou em ldquoWor-mwoodrdquo Sim eacute esta a condiccedilatildeo primordial que a Prosthetic Records indica como poacutelo atractivo dando a entender que uma metra-lhadora a meio gaacutes calma-mente manejada por de-traacutes de uma colina supera qualquer fuacuteria desmedida invocada pela intensidade do momento Pondo isso de parte o certo eacute que o quinto aacutelbum dos The Aca-cia Strain nos lidera por terrenos arenosos por vezes lamacentos onde cada toada hipnotizante nos pretende conjurar um grito de auxiacutelio algo que talvez nem possamos fa-zer devido agraves atribulaccedilotildees que soerguem detraacutes de uma cortina de trevas e fumo enquanto ouvimos hediondos trovotildees gritan-do monotonamente para que fujamos Pois ouvir algueacutem rasgar as cordas vocais dizendo que odeia a tudo e todos enquanto parece estar aleacutem da re-alidade assistindo o lento trucidar do vento num dia de chuva pode natildeo pa-recer assim tatildeo doloroso mas ao surgir da noite tal se torna inequivocamen-te enlouquecedor Apesar de natildeo ser um estilo que oiccedila muito surgiu-me um enigmaacutetico sorriso ao sen-tir-me arranhado por me-lodias contagiantes que prestigiam a qualidade deste agrupamento The Acacia Strain apresenta--nos uma estranha forma de nos libertarmos de toda a carga negativa que este mundo oferecehellip[810] Jorge Ribeiro de Castro

THE FEW AGAINST MANYlaquoSotraquo(2010 Pulverised Records)

Para um muacutesico proliacutefico como Christian Alvestam que jaacute operou em mais de uma dezena de bandas in-cluindo os Scar Symmetry Incapacity e Torchbearer o que mais poderia servir de motivaccedilatildeo para formar um novo projecto Bom desta vez nada de mais prosaico do que a vontade de gravar e publicar ma-terial que ao longo dos anos foi ficando na gave-ta por natildeo se adequar agraves formaccedilotildees em que o gui-tarristavocalista estava a trabalhar no momento Dito desta maneira ateacute pa-rece que estamos peran-te uma banda de segunda apanha e um disco feitos de sobras Mas na verda-de natildeo eacute o caso dado que os TFAM apresentam uma proposta de death metal meloacutedico com pelo menos dois aspectos relevantes Um tem a ver com os ar-ranjos orquestrais (cordas e coros tiacutepicos de algum black metal) bastante invulgares no contexto do geacutenero cuja delicade-za acentua bem o peso e a densidade da restante sonoridade O segundo aspecto eacute que apesar de toda a melodia cujas par-tes de teclados fazem lem-brar o trabalho a solo de Dan Swano (Moontower) a brutalidade mecacircnica das guitarras as ocasio-nais explosotildees devastado-ras de blast-beats e o gru-nhido gutural de Alvestam

(que prescinde aqui do re-gisto limpo do tempo dos Scar Symmetry) a par de uma produccedilatildeo a condizer conferem a este disco uma aura visceral e ameaccedila-dora que remete de certa forma para os claacutessicos old school do death metal sueco Com quase todos os temas interpretados na liacutengua materna do colecti-vo laquoSotraquo apresenta uma forma relativamente dife-rente de fazer death metal com melodia e recomen-da-se especialmente aos fatildes do geacutenero[710] Ernesto Martins

THE SHADOW THEORYlaquoBehind The Black Veilraquo(2010 InsideOut)

Nas palavras de Devon Graves (DG) - ldquoSo turn down the lights Light a candle and some incense Sit in a comfortable chair Turn it up loud and pre-pare for our first rock ci-nema ()rdquo DG (Psychotic Waltz e Deadsoul Tribe) criou um aacutelbum conceptu-al onde um homem acorda de pesadelo em pesadelo ateacute que natildeo consegue dis-tinguir onde o sonho aca-ba e a realidade comeccedila A combinaccedilatildeo de estilos mu-sicais (e todo o conceito que o rodeia) eacute por demais evidente thrash psicadeacute-lico progressivo e sinfoacuteni-co fazem deste aacutelbum dos melhores do ano 2010 Os temas satildeo negros esqui-zofreacutenicos meloacutedicos (a utilizaccedilatildeo da flauta trans-versal faz lembrar obvia-mente Jethro Tull) e o tra-

balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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balho das vozes eacute soberbo Temas como ldquoWelcomerdquo ldquoThe sound of fliesrdquo ou ldquoGhostriderdquo com o seu comeccedilo tiacutemido e acuacutestico levam-nos para outro niacute-vel de agressividade com o desenrolar da muacutesica Apesar de laquoBehind the Black Veilraquo ser um aacutelbum muito coeso destacam--se os temas ldquoOpen up my eyesrdquo e ldquoSnakeskinrdquo ndash de algum modo esquizofreacute-nicos com riffs pesados e soberbos ldquoGhostriderdquo o mais pesado e ldquothrashyrdquo do aacutelbum e por fim ldquoA symphony of shadowsrdquo o tema mais sinfoacutenico e or-questrado De realccedilar por fim a orquestraccedilatildeo e o ambiente criado pelo te-clista Demi Scott[910] Eduardo Ramalha-deiro

TRISTANIAlaquoRubiconraquo(2010 Napalm Records)

Sempre desafiando-se a si proacuteprios na acircnsia de rege-nerar o som da banda os Tristania tecircm conseguido acrescentar sempre algo de novo agrave jaacute sua extensa discografia laquoRubiconraquo eacute mais uma camada musi-cal que acrescentam por vezes mais mainstream por outras mais Tristania ndash Prova disto satildeo laquoYear of the Ratraquo e laquoExilraquo respec-tivamente mas sempre metal goacutetico e neste lanccedila-mento de 2010 claramen-te diferente dos dois ante-riores aacutelbuns laquoAshesraquo e laquoIlluminationraquo Atacando

as hostilidades em laquoRubi-conraquo com um line-up re-novado novos vocalistas Mariangela e Kjetil e novo segundo guitarrista Gyri e contando com a partici-paccedilatildeo do conhecido pro-dutor Waldemar Sorychta laquoRubiconraquo eacute uma propos-ta deveras actual e soacutelida dos Tristania natildeo defrau-dando em nada as expec-tativas isto se tivermos paciecircncia para ouvirmos o aacutelbum com um espiacuteri-to aberto umas quantas vezes O aacutelbum natildeo entra logo agrave primeira por cau-sa da componente mais mainstream e soacute a partir de laquoExilraquo ndash muacutesica 5 ndash eacute que os nostaacutelgicos se sen-tiratildeo em casa De facto apesar de laquoRubiconraquo ser uma proposta consistente existe uma linha invisiacutevel que divide o aacutelbum entre as quatro primeiras muacutesi-cas e as restantes o que prejudica o todo e incute uma percepccedilatildeo errada ao ouvir somente as primei-ras canccedilotildees[810] Carlos Filipe

WATAINlaquoLawless Darknessraquo(2010 Season of Mist)

Se laquoSworn to the Darkraquo o aacutelbum anterior dos Wa-tain soou como uma co-lagem estiliacutestica evidente mas ainda assim bem-vin-da a bandas como Dissec-tion e Dawn o mesmo jaacute natildeo se poderaacute dizer deste novo registo de estuacutedio O que natildeo eacute propriamen-te motivo para alarme os fatildes daquelas magniacuteficas

melodias desoladas ce-lebrizadas pela banda do malogrado Jon Nordveit podem dormir descansa-dos pois estas continuam a surgir aqui no seu me-lhor por entre riffs old--school embora de uma forma mais subtil Mas embora dependa muito menos desses elementos o que se salienta em laquoLa-wless Darknessraquo eacute o arse-nal de influecircncias thrash e heavy tradicional que o trio sueco recupera do seu passado remoto traduzin-do-as em malhas tatildeo ines-peradas que por vezes nos esquecemos que estamos a ouvir uma banda de bla-ck metal Eacute o que acontece de forma notoacuteria no am-bicioso ldquoWaters of Ainrdquo em especial naquele gran-de final apoteoacutetico bem como nos leads de ldquoTotal funeralrdquo Outros temas dignos de nota satildeo os bri-lhantes ldquoHymn to Qayinrdquo e ldquoKiss of deathrdquo estes sem solos e mais em linha com o que ouvimos do colec-tivo de Uppsala nos dois discos anteriores Apesar de modesto no que toca a aspectos de originalidade este quarto longa duraccedilatildeo ganha pelo niacutevel superior de composiccedilatildeo que exibe tanto nas passagens me-loacutedicas de beleza diaboacuteli-ca como nos segmentos mais furiosamente puni-tivos Liricamente natildeo haacute surpresas este eacute mais um monumento erigido agraves forccedilas da escuridatildeo com uma intensidade blasfema suficiente para pulverizar de um sopro meia duacutezia de congregaccedilotildees religiosas[8510] Ernesto Martins

No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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No passado dia 7 de Dezembro de 2010 o BE (Bar do Estudante da Universidade de Aveiro) foi palco para mais um evento realizado pela MYOproductions Desta feita o cartaz contou novamente com os Motim para a abertura dos concertos com uma actu-accedilatildeo no miacutenimo caricata proacutepria desta banda que prima natildeo soacute pela muacutesica mas tam-beacutem pela boa disposiccedilatildeo Seguiram-se os After Hate que com os seus riffs carregados de peso e influecircncias de metal e hardcore conseguiram cativar o puacuteblico e aquecer o ambienteA terceira banda a pisar o palco foram os espanhoacuteis Farm School Holocaust com o seu estonteante math core Impressionante a performance desta banda que consegue deixar o puacuteblico exausto devido agrave construccedilatildeo das suas muacutesicas Muita rapidez de de-dos teacutecnica excepcional e muita matemaacutetica convertida em muacutesica Os elementos mais entusiastas do puacuteblico natildeo conseguiram deixar de lsquodanccedilarrsquo ao som de muacutesicas como lsquoEpic Failrsquo lsquoIron Stormrsquo ou lsquoAfter the SparkrsquoO uacuteltimo concerto coube aos Skypho que conseguiram juntar uma enorme multidatildeo em frente ao palco Jaacute fazia bastante tempo desde a uacuteltima vez que esta banda oriunda de Albergaria marcara presenccedila em Aveiro Grande actuaccedilatildeo marcada pelo seu som bastante caracteriacutestico e abrangente que apresenta influecircncias de metal rock alterna-tivo e tribal Destaque especial para o momento em que tocaram os temas mais anti-gos como lsquoNowhere Neverlandrsquo ou lsquoMy Insomniarsquo Muacutesicas bem conhecidas do puacuteblico aveirenseDe parabeacutens ficam tambeacutem todos os envolvidos na produccedilatildeo do evento aleacutem da equipa da MYOproductions tais como Rui Carvalho (teacutecnico de som) Bleeding Heart entre outros indiviacuteduos que fizeram questatildeo de colaborar

Texto Bernardo LeiteFotografia Bernardo Oliveira Leite

Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

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Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

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Ser mediacuteocre por opccedilatildeo ndash II

Sendo a muacutesica uma aacuterea de natural exposiccedilatildeo puacuteblica natildeo surpreende que a partir do momen-to em que os executantes se tornam conhecidos tripliquem a ldquocarteirardquo de ldquoamigosrdquo Reproduzem-se como coelhos Passa instantaneamente a haver uma legiatildeo de tubarotildees interesseiros auto-intitu-lados ldquoamigosrdquo do muacutesico ldquoXrdquo ainda que ambos soacute hajam privado escassos minutos uma vez na vida Quando tocava nos Dinosaur entre 1990 e 1992 o recorde de pessoas a conviver em simultacircneo no meu quarto de 10m2 (onde se encontrava monta-da a bateria) foi 13 entre amigos genuiacutenos (dois) conhecidos e sanguessugas oportunistas (todos os restantes) Quando abandonei o grupo soacute os verdadeiros amigos permaneceram (julgava eu) tendo as restantes ldquoespeacuteciesrdquo debandado calma e ordeiramente sem que eu sequer lhes sentisse a falta Fora dos Dinosaur a minha figura jaacute natildeo era atractiva para os tubarotildees exibirem agrave famiacutelia e aos amigos qual bichinho de circoApoacutes esse episoacutedio comecei a organizar a for-maccedilatildeo dos Orion Belt ndash projecto que seria a geacutenese dos Powersource ndash com o meu amigo e guitarrista Rui Lourenccedilo Certo dia recebi uma chamada de um amigo de longa data a que chamarei ldquoM2rdquo Falaacutevamos do meu abandono dos Dinosaur e da dificuldade em completar a formaccedilatildeo dos Orion Belt quando sarcaacutestica e maldosamente ldquoM2rdquo afirmou num riso nervoso e com voz estridente ldquonunca conseguiraacutes formar uma banda tua Podes tentar mas natildeo vais conseguir ha hardquo Esta atitude maldosa de amesquinhamento pre-meditado surpreendeu-me e chocou-me pro-

fundamente Mal consegui retorquir Seria capaz de por as matildeos no fogo por ldquoM2rdquo que percebi naquele momento era apenas mais um tubaratildeo Agrave semelhanccedila de outros durante muito tempo estehelliprdquoamigordquo havia-se alimentado do protagonis-mo dos Dinosaur Frustrado vivera dos holofotes que o apanhavam de raspatildeoNos tempos aacuteureos ldquoM2rdquo passara longas horas na minha casa Gabava-se publicamente de pri-var com a banda de assistir aos ensaios e de ver concertos gratuitamente Sentindo-se traiacutedo pelo meu abandono do grupo (facto que o impedia de continuar a alimentar o ego inchado) resolveu vingar-se tentando arrastar-me para o fundo do poccedilo Obviamente a amizade terminou nesse mesmo telefonema Vaacuterios anos mais tarde jaacute apoacutes eu ter fundado os Powersource (facto que ldquoM2rdquo afirmara ser impos-siacutevel recordam-se) e ter gravado com os Sacred Sin eu e esse ex-amigo encontraacutemo-nos casual-mente duas vezes tendo-se ele manifestado arre-pendido da sua atitude Queria reatar a amizade Tentei fazecirc-lo de ambas as vezes dando-lhe o benefiacutecio da duacutevida mas jaacute eacuteramos pessoas tatildeo diferentes com valores radicalmente opostos nal-guns casos que natildeo fazia sentido algum levar por diante uma amizade sem alma Afastei-me de forma natural Agraves vezes eacute melhor assim

reflexotildees musicais

dico

Antigo jornalista e criacutetico de muacutesica fundador dos blogues ldquoMetal Incandescenterdquo e ldquoA a Z do Metal Portu-guecircsrdquo Dico publica actualmente no blogue ldquoSounD()ZonErdquo o texto ldquoBreve Histoacuteria do Metal Portuguecircsrdquo Disponibilizado em quatro partes cada uma delas in-cidindo numa deacutecada especiacutefica ndash desde os anos 60 ateacute agrave deacutecada de 90 ndash este trabalho visa dar a conhecer os verdadeiros primoacuterdios da muacutesica pesada nacional e sua evoluccedilatildeo no tempo Segundo o autor ldquoao contraacuterio do que muitos fatildes julgam a geacutenese do Metal portuguecircs natildeo reside na deacutecada de oitenta Com efeito haacute toda uma vasta histoacuteria preacute-anos 80 escrita a sangue suor e laacutegrimas por grupos cuja existecircncia deve ser lembrada e preservadardquo Os artigos compostos por textos de con-textualizaccedilatildeo histoacuteria poliacutetica social e musical bem como por biografias das bandas retratadas satildeo dis-ponibilizados online com uma periodicidade bimes-tral sofrendo actualizaccedilotildees quando necessaacuterio Os tex-tos sobre os anos 60 e 70 (ateacute ao 25 de Abril) jaacute podem ser lidos em httpsoundzonemagazineblogspotcom

Ser fatilde de muacutesica eacutePrimeiro que tudo ser um animal com palas nos olhos eacute como quem diz abominar a diversidade musical ou seja adorar cegamente um ou dois estilos musicais e odiar ferozmente tudo o restoEm segundo lugar mandar postas de pescada bacalhau e salmatildeo a tudo e mais alguma coisa Ou porque natildeo satildeo como ldquoestesrdquo ou porque eacute o mesmo de estar a ouvir ldquoaquelesrdquoE por fim arranjar confusotildees do meio do nada puxan-do assuntos que em nada se relacionam com conversas a decorrerSe segues estas trecircs regras de ouro parabeacutens eacutes um ver-dadeiro fatilde de muacutesica aos olhos da sociedade do mun-do atual Agora se pelo contraacuterio ouves um pouco de tudo respeitas todo e qualquer artista e o seu trabalho mesmo que natildeo gostes nem um pingo do que este faz eacutes civilizado e tentas manter uma discussatildeo saudaacutevel e aberta com quem tiver algo de inteligente e racional a dizer amigo revecirc os teus valores porque neste mundo natildeo eacutes nadaA atualidade crucifica quem tem espiacuterito criacutetico con-strutivo e mente aberta enquanto vai glorificando todo aquele que insulta rebaixa se mostra ignorante e idola-tra ideais vazios clicheacutes e estereoacutetiposTodos noacutes jaacute abrimos foacuteruns de discussatildeo ou simples-mente lemos uma notiacutecia online com possibilidade para comentar e deparaacutemo-nos com as maiores bar-baridades cometidas natildeo soacute pelos conhecidos como haters mas tambeacutem por aqueles do outro lado da lin-ha que separa os extremos ou seja quem endeusa os artistas e natildeo aceita qualquer tipo de falha nos mes-mos Vecirc-se em cada esquina das comunidades music-ais ciberneacuteticas guerras entre estas duas faccedilotildees ainda que com algumas pessoas sensatas metidas ao barulho ningueacutem lhes daacute ouvidos fala-se sempre do mesmo sempre em busca do porquecirc da razatildeo que leva um ar-tista a fazer muacutesica de certa forma mas natildeo querendo realmente saber a resposta Eacute dizer que o que buscam eacute nada mais que querer mostrar-se superiores a artistas e a fatildes demonstrando assim a grande lacuna de respeito

que envolve o mundo de hoje E agora falando num campo mais proacuteximo de to-dos noacutes o panorama nacional Basta iniciarmos uma pequena e raacutepida vista de olhos ao top nacional de dis-cos para termos uma ideia de que a variedade natildeo eacute algo que consta da dita lista mas gostos satildeo gostos e quem compra compra com gosto No entanto rara eacute a pessoa que se fica pelos seus proacuteprios gostos numa con-versa e depressa uma discussatildeo paciacutefica se torna num autecircntico campo de batalha onde natildeo se fala de gos-tos ataca-se com puro oacutedio e argumentos descabidos tudo o que natildeo coincide com as caracteriacutesticas do gosto pessoal Ingressa-se assim numa batalha onde o mais hipoacutecrita ignorante e desrespeitoso se sagra vitoriosoPortugal reis do Pimba e senhores do Fado mas seraacute que por isso teremos de ficar por aqui Muitas satildeo as mentes que responderiam afirmativamente a esta questatildeo Mas essas mesmas mentes natildeo querendo gen-eralizar babam-se perante a presenccedila do Pop e talvez do Kizomba esfolando completamente sonoridades mais pesadas como o Metal ou ateacute mesmo o simples e velho Rock Tende-se a dizer que o que eacute nacional eacute bom mas seguindo essa linha de raciociacutenio era necessaacuteria a acei-taccedilatildeo de toda e qualquer coisa que fosse nacional tal implicaria que natildeo fosse apenas o que eacute mais popular O que se ganha com a exclusatildeo e agressatildeo de alguns estilos musicais Esta questatildeo natildeo tem barreiras to-dos noacutes em algum aspeto atacamos o que natildeo gosta-mos independentemente do que quer que seja o que eacute necessaacuterio focar eacute nada mais nada menos que o facto de que a criaccedilatildeo de ldquogrupos restritosrdquo que impedem a intervenccedilatildeo de alguns estilos musicais empobrece a mentalidade de quem deles faz parte neste caso quem aceita uma parte do mundo da muacutesica mas rejeita por completo tudo o restoUm apelo a todos os fatildes de muacutesica se natildeo gostam ou natildeo compreendem a maneira como um artista faz a sua muacutesica e se tecircm preguiccedila de tentar entender ou ainda se simplesmente natildeo conseguem ao menos respeitem

ObrigadoDaniel Guerreiro

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