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1 Verificação da aplicação da norma regulamentadora nr-17 no setor de fabricação de eletroeletrônico de uma empresa do polo industrial de manaus. Françoise Paloma G Mamede de Lima 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em ergonomia e otimização de processoFaculdade Ávila Resumo A décima sétima norma regulamentadora (NR17) da portaria nº 3.214 de 8-6-1978, cujo título é ergonomia, afirma ter como objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Considerando a afirmação anterior à concepção desse artigo visou apresentar, analisar, discutir e verificar o atendimento dos itens de tal norma sob o enfoque de uma empresa do Polo Industrial de Manaus (PIM) classificada dentro do grupo de CNAE 26.40-0. A metodologia utilizada foi à análise dos itens e subitens da norma, de forma descritiva e observativa. Constatou-se que muitas ações tem sido eleaboradas, afim de cumprir com os itens da norma a qual a empresa do estudo se enquadra e isso esta sendo realizado de forma gradual, mas com perceptivel resultado de cumprimentos. Dessa forma, com este artigo, espera-se contribuir para o entendimento e melhor aplicação dos principais itens da NR 17, para demonstrar através do exemplo o quanto a norma quando aplicada de forma correta pode torna-se instrumento eficaz para a prevenção de acidentes de trabalho e, consequentemente, para a redução do risco de responsabilidade civil do empregador. Palavras-chave: Ergonomia; NR17; prevenção. 1. Introdução Primeiramente se faz necessário destacar que as normas de proteção ao trabalhador estão estabelecidas em diversas legislações, iniciando pela Constituição Federal. Não menos importantes são as Consolidações das Leis Trabalhistas (CLT) e as normas regulamentadoras, todas norteadoras da relação empregatícia. E que após observância e análise dessas legislações, o empregador deve ter consciência de atender aos seus requisitos e objetivar adequar-se sempre que necessário considerando é claro as peculiariedades de sua atividade econômica. "A Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem" (IIDA,1990). Na lição de Itiro Iida, Ela é um estudo aprofundado sobre a relação de trabalho do homem. De fato é perceptível que exista uma correlação entre o trabalho e o homem daí a importância de se estudar mais profundamente tal convivência, pois o trabalho muitas das vezes pode ser muito prazeroso ao homem, mas ao mesmo tempo pode se tornar um fardo e ser muito cansativo, dependendo das condições do trabalho a que se é exposto. Muitos problemas existentes no ambiente de trabalho das mais diversas áreas e classes profissionais estão muitas das vezes diretamente relacionados à ausência de padrões ergonômicos no ambiente laboral. 1 Pós-graduando em Ergonomia 2 Orientadora; Especialista em Metodologia da Pesquisa Científica; Graduada em Fisioterapia; Docente no Centro Universitário do Norte e na Universidade Paulista.

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1

Verificação da aplicação da norma regulamentadora nr-17 no

setor de fabricação de eletroeletrônico de uma empresa do polo

industrial de manaus.

Françoise Paloma G Mamede de Lima1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-graduação em ergonomia e otimização de processo– Faculdade Ávila

Resumo

A décima sétima norma regulamentadora (NR17) da portaria nº 3.214 de 8-6-1978, cujo

título é ergonomia, afirma ter como objetivo estabelecer parâmetros que permitam a

adaptação das condições de trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores,

de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

Considerando a afirmação anterior à concepção desse artigo visou apresentar, analisar,

discutir e verificar o atendimento dos itens de tal norma sob o enfoque de uma empresa do

Polo Industrial de Manaus (PIM) classificada dentro do grupo de CNAE 26.40-0. A

metodologia utilizada foi à análise dos itens e subitens da norma, de forma descritiva e

observativa. Constatou-se que muitas ações tem sido eleaboradas, afim de cumprir com os

itens da norma a qual a empresa do estudo se enquadra e isso esta sendo realizado de forma

gradual, mas com perceptivel resultado de cumprimentos. Dessa forma, com este artigo,

espera-se contribuir para o entendimento e melhor aplicação dos principais itens da NR 17,

para demonstrar através do exemplo o quanto a norma quando aplicada de forma correta

pode torna-se instrumento eficaz para a prevenção de acidentes de trabalho e,

consequentemente, para a redução do risco de responsabilidade civil do empregador.

Palavras-chave: Ergonomia; NR17; prevenção.

1. Introdução

Primeiramente se faz necessário destacar que as normas de proteção ao trabalhador estão

estabelecidas em diversas legislações, iniciando pela Constituição Federal. Não menos

importantes são as Consolidações das Leis Trabalhistas (CLT) e as normas regulamentadoras,

todas norteadoras da relação empregatícia. E que após observância e análise dessas

legislações, o empregador deve ter consciência de atender aos seus requisitos e objetivar

adequar-se sempre que necessário considerando é claro as peculiariedades de sua atividade

econômica.

"A Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem" (IIDA,1990). Na lição de Itiro

Iida, Ela é um estudo aprofundado sobre a relação de trabalho do homem. De fato é

perceptível que exista uma correlação entre o trabalho e o homem daí a importância de se

estudar mais profundamente tal convivência, pois o trabalho muitas das vezes pode ser muito

prazeroso ao homem, mas ao mesmo tempo pode se tornar um fardo e ser muito cansativo,

dependendo das condições do trabalho a que se é exposto. Muitos problemas existentes no

ambiente de trabalho das mais diversas áreas e classes profissionais estão muitas das vezes

diretamente relacionados à ausência de padrões ergonômicos no ambiente laboral.

1 Pós-graduando em Ergonomia

2 Orientadora; Especialista em Metodologia da Pesquisa Científica; Graduada em Fisioterapia; Docente no

Centro Universitário do Norte e na Universidade Paulista.

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2

No Polo Industrial de Manaus o número efetivo de empresas encontra-se em torno de 500, e

estas representam a maior força econômica do Estado do Amazonas, pois seu crescimento é

contínuo, colocando a cidade de Manaus como a terceira maior renda dentre as capitais do

país (FIEAM, 2009). Uma das características das indústrias que constituem o PIM é o

permanente crescimento competitivo pela qualidade de seus produtos, influenciado pelo

mercado mundial e pelas intervenções de políticas econômicas, ao longo dos anos, que

geraram, dentre outras medidas, um decreto em 1993 que obrigava as empresas da PIM ao

cumprimento das Normas Técnicas da série ISO 9000. En concomitante a esta corrida pela

qualidade de seus produtos, as indústrias do PIM, como as de todo o país, devem buscar

meios de garantir a integridade física de seus colaboradores, tendo em vista a antecipação na

redução dos índices de absenteísmo, acidentes de trabalho, queixas de trabalhadores sobre

áreas dolorosas ou desconforto, perdas de produtividade, dispêndio de tempo de equipe

técnica para administrar as incidências de afastamento e remanejamento de funcionários,

custos para auxílio à saúde de funcionários afastados etc.

Iida (2005, p. 159) afirma que “muitos produtos e postos de trabalho inadequados provocam

tensões musculares, dores e fadiga”, ou seja, a configuração dos produtos e postos de

trabalho, muitas vezes, são responsáveis pelos constrangimentos humanos no trabalho, que

podem gerar prejuízo ao desempenho do trabalhador, contribuir com a incidência de

absenteísmo nas empresas e riscos de distúrbios músculo-esqueléticos. Daí a relevância desse

estudo que buscou apresentar, analisar, discutir e verificar a atuação com relação a proteção

do trabalhador dentro do escopo descrito nos itens da NR 17 em uma empresa do PIM,

considerando suas peculiariades. Pois entende-se que existe a obrigatoriedade do

cumprimento da norma, mas tambem há por parte das empresas a necessidade de um

conhecimento técnico-científico e de metodos para aplicação da mesma de forma correta.

Uma vez que postos de trabalho ergonomicamente adequados trarão mais conforto e

segurança aos usuários, maiores lucros e menores prejuizos econômicos e sociais,

favorecendo dessa forma a competitividade das empresas que dispõem-se as mudaças.

2. Referencial Teórico

Segundo Moraes e Mont’ Alvão, (2000) as atividades e seu ambiente físico e social exercem

sobre os trabalhadores constrangimentos, exigindo-lhes gastos físico, mental, emocional e

afetivo, ocasionando desgastes e custo.

Para Guérin et al., (2001) “transformar o trabalho é a finalidade primeira da ação ergonômica”

e esta transformação deve contribuir para que as situações de trabalho não alterem a saúde dos

trabalhadores e que possam exercer suas competências de modo individual e coletivo,

encontrando possibilidade de valorização de suas potencialidades.

A Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, (IIDA,1990).

A Ergonomia visa melhorar o trabalho humano. Ela estuda as diversas capacidades que o

homem utiliza para realizar suas atividades e, a partir daí, faz a adaptação das máquinas, das

ferramentas, do ambiente e da organização do trabalho, às características humanas

(MÁSCULO, 2003, p.1).

Segundo Feliciano, (2002) a Norma Regulamentadora (NR) 17 pode ser analisada ainda em

campo mais amplo, para alcançar desde a adaptação das condições de trabalho até as

condições psicológicas do trabalhador, fazendo com que o trabalhador exerça suas atividades

de maneira confortável e segura, para seu próprio bem estar, e, eficiente, para atender ao

interesse dos empregadores. O ambiente do trabalho deve ser equilibrado e para isso é

necessário adotar parâmetros ergonômicos adequados.

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É o diagnóstico dos problemas e suas conseqüências tanto para o funcionário como para a

empresa. É condição primordial para que se possa então proceder aos projetos de modifica-

ções, visando o bem estar do ser humano e a produtividade com qualidade (VOLPI, s.d., p.1).

Segundo Vidal, (2002, p.145) as Análises Ergonômicas “são análises quantitativas e

qualitativas que permitem a descrição e a interpretação do que acontece na realidade da

atividade enfocada”.

Uma Análise Ergonômica simples é muito fácil de ser feita: basta andar pela fábrica ou

escritório e ir olhando aspectos macroscópicos que saltam à vista, tais como: braços acima do

nível dos ombros, tronco encurvado, situação das cadeiras, posicionamento dos pés, manuseio

de cargas pesadas, e assim por diante. [...] No entanto, em boa parte das vezes, a Análise

Ergonômica de aspectos macroscópicos é falha, pois limita-se à superficialidade do problema.

[...] Daí a importância da análise ‘microscópica’ ou de ‘fatores ocultos’ Couto (1995, p.371).

3. Metodologia

O objeto e campo de estudo delimitado exigiram distintos níveis de investigação, desde

estudos exploratórios a estudos descritivos. As bases para a mesma foram a análise e

correlação de itens da NR 17 e os mecânismos de atuação para o atendimento e aplicação dos

mesmos por parte da empresa, sem interferir ou manipular as situações ali encontradas, isso

através de entrevistas informais, aplicação de questionário de verificação e observações in

loco.

4. Resultados e Discussão

As Normas Regulamentadoras NR, que são relativas à segurança e medicina do trabalho,

foram criadas ao final da década de 70 (ATLAS, 2005). Estas são de observância obrigatória

pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta,

bem como pelos órgãos dos poderes legislativo e judiciário, que possuam empregados regidos

pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Mais especificamente, a NR-17 Ergonomia

foi desenvolvida com o objetivo básico de estabelecer parâmetros que permitam a adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Esta norma, é

composta por 06 itens, listados a seguir:

- 17.1. Objetivo e campo de aplicação;

- 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais;

- 17.3. Mobiliário dos postos de trabalho;

- 17.4. Equipamentos dos postos de trabalho;

- 17.5. Condições ambienais de trabalho;

- 17.6. Organização do trabalho.

Estes 6 itens são distribuídos em 36 subitens, acompanhados também de 2 anexos (Trabalho

em Checkouts e dos operadores de caixa de supermecado, Segurança e Saúde no Trabalho

em Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing ), além de 1 Nota técnica.

Mediante a elaboracão desse estudo os critérios para apresentar, analisar, discutir e verificar o

atendimento da NR 17, foram selecionados a partir da identificação dos principais itens e

subitens que constituem a norma e discutidos a seguir, levando em consideração a aplicação

destes como exemplo em uma empresa do Polo Industrial considerando seu ramo de atividade

e peculiaridades empresarial

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A empresa do estudo de caso em questão esta inserida no grupo do ramo de Eletroeletrônico,

localizada no distrito industrial de manaus ha mais de 10 anos, atualmente com 700

funcionários, CNAE 23.40- 0, trabalhando em 3 turnos, com a finalidade de montagem e

fabricação de aparelhos decodificadores. Neste trabalho, realizou-se uma análise dos itens

aplicados parcialmente ou em totalidade na empresa objeto desse estudo de caso sendo

descrito nos itens abaixo.

Verificação e Monitoramento de Atendimento a NR - 17 - Ergonomia

Nº Item de Verificação Atendimento

Observações / Registros

Ações

1 As condições ergonômicas do trabalho são avaliadas?

2 É proibida a execução de transporte manual de cargas com peso

capaz de comprometer a saúde ou a segurança do trabalhador?

3

Os trabalhadores designados para o transporte manual regular de

cargas pesadas recebem treinamento ou instruções sobre os

métodos de trabalho capazes de salvaguardar sua saúde e prevenir

acidentes?

4

O transporte manual de cargas, o mobiliário (bancadas, mesas,

escrivaninhas e painéis, assentos) atendem às condições de

conforto e segurança previstas na norma?

5 As bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis proporcionam ao

trabalhador condições de boa postura, visualização e operação?

6

Os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés tem

posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance e

obedeçam aos padrões ergonômicos?

7

Para as atividades em que os trabalhos devem ser realizados de pé,

são colocados assentos para descanso em locais em que possam ser

utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas?

8 Os assentos utilizados nos postos de trabalho atendem aos

requisitos mínimos de conforto previstos no subitem 17.3.3?

9

Os equipamentos de processamento eletrônico de dados com

terminais atendem às condições de mobilidade, possuem teclado

independente e móvel, permitem adequadas distâncias (olho-tela,

olho teclado e olho documento) e possuem regulamento de altura?

10

As condições ambientais de trabalho são adequadas às

características psico-fisiológicas dos trabalhadores e à natureza do

trabalho a ser executado?

11

Em todos os locais de trabalho, existe iluminação adequada,

natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza

da atividade?

12

Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou

dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e

inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, são

incluídas pausas para descanso?

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5

13

São fornecidos monitores de vídeo capazes de proporcionar

corretos ângulos de visão e de serem posicionados frontalmente ao

operador?

14

Os monitores de vídeo são dotados de regulagem que permita o

correto ajuste da tela à iluminação do ambiente de forma a

proteger o trabalhador contra reflexos indesejáveis?

15

São executadas análises ergonômicas e previstos períodos e

procedimentos adequados de capacitação e de adaptação antes da

introdução de novos métodos ou dispositivos tecnológicos que

tragam alterações sobre os modos operatórios dos trabalhadores?

16

São adotadas as medidas necessárias para atender o disposto no

item 17.5.2, alínea "a" da NR-17, tais como: arranjo físico geral e

dos postos de trabalho; isolamento acústico do ruído externo;

tamanho, forma, revestimento e distribuição das divisórias entre

os postos de trabalho?

17

Foi implementado programa de vigilância epidemológica precoce

para detecção de doenças relacionadas ao trabalho,comprovadas

ou objeto de suspeita,com procedimentos de vigilância ativa, por

intermédio de exames médicos dirigidos que incluam, além dos

exames obrigatórios por norma, a coleta de dados sobre sintomas

referentes aos aparelhos psíquico, oesteomuscular, vocal, visual e

auditivo, analisados e apresentados com a utilização de

ferramentas estatísticas e epidemiológicas?

18

É feita, por meio da emissão da CAT, a notificação das doenças

profissionais e das produzidas em virtude das condições especiais

de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita?

19

São consideradas as necessidades dos trabalhadores portadores de

deficiência no que se refere às condições de trabalho; acesso às

instalações; mobiliário; equipamentos; condições ambientais;

organização do trabalho; capacitação, condições sanitárias;

programas de pré prevenção e cuidados para segurança pessoal?

20 É considerada a implementação da adequação gradual do

mobiliários dos postos de trabalho

Figura 1- Check list de verificação de atendimento a NR 17

NR 17 - Ergonomia

O item e seus subitens descritos abaixo especificam os objetivos e a aplicação da NR-17 da

Portaria 3.214 de 1977,

17.1 Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parâmetros que

permitam a adaptação das condições de trabalho às características

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um

máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

17.1.1. - As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao

levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos

equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e a

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própria organização do trabalho.

17.1.2. - Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às

características psico-fisiológicas dos trabalhadores, cabe ao

empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a

mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme

estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

Embora o texto desse item da NR, afirme que visa estabelecer parâmetros para a adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e que para

avaliar esta adaptação cabe as empresas realizar análise ergonômica do trabalho, o texto não

deixa claro ou não sugere metodologias para estas avaliações de riscos ergonômicos. No

manual de aplicação desta norma regulamentadora, também não define ou orienta quanto aos

métodos a serem utilizados para avaliação dos riscos ergonômicos das atividades

ocupacionais. O que percebemos é que existe sim uma carência de um roteiro “passo a passo”,

simples e direto, escrito de forma clara e objetiva, que sirva de base para sua execução.

Deixando as empresas e os profissionais que executam o trabalho, sem um respaldo técnico

cientifico, identificando assim um elo fraco nesse questão de parâmetros. Ressaltando que não

há, para esse tipo de ação, a faculdade ou arbítrio do empregador, mas a sua efetiva

realização, vinculada à uma exigência normativa.

Afim de alcançar uma proximidade do que diz o item em discussão, evidentemente faz-se

necessário todo o conhecimento possivel das mais diversas áreas da ciência humana, e mesmo

assim ainda talvez, não se chegue a completa listagem das caracteristicas psicofisiológicas do

homem.

No estudo de caso em questão, foram evidenciados que à empresa realizou e realiza a análise

ergonômica de todos os postos de seu processo produtivo, buscando com primeira demanda a

identificação de Postos criticos.

Para isso a mesma utiliza como métodos Qualitativos:

a) Observações/Inspeções In loco, afim de avaliar as condições de trabalho da forma

como se trabalha;

b) Entrevista com os trabalhadores.

Como métodos Quantitativos:

a) Aplicação de ferramentas - RULA e Moore Garg;

b) Uso de instrumentos de medição como ex: Dinanômetro.

O registro da AET é feito no Formulário elaborado por Hudson Couto e disponivel no site de

sua empresa.

Até o momento a criticidade, nesse caso, na maioria dos postos esta segundo eles ligada a

questão:

a) Posturas e movimentos;

b) Dispositivos e equipamentos;

c) Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT);

d) Arranjo físico (layout);

e) Organização do trabalho.

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1. Informações do posto de Trabalho

Setor: Produção

Função: Testador

Atividade Principal: Teste do Decodificador

Data:

15/06/2010

2. Tarefas previstas

- Realizar o teste do decodificador

3. Tarefas e atividades realizadas / Modo operatório

A descrição das atividades do encaixe da tampa;

1- Pegar o decodificador da bancada;

2- Colocar o Cartão;

3- Precionar os botões do painel frontal;

4- Scanear a etiqueta;

5- Fazer anotações na etiqueta;

6- Retirar o decotificador do jig.

7-

Teste do LP

Seqüência de ações Biomecânica Parte do corpo 1. Pegar o decodificador da bancada

FREQUENCIA: EVENTUAL

- Flexão

- Flexão

- Discreta Flexão

- Desvio Ulnar

- Ombro

- Cotovelo

- Tronco

- Punho

2. Colocar o Cartão

FREQUENCIA: EVENTUAL

- Discreta Flexão

- Discreta Flexão

- Flexão

- Flexão

- cervical

- Ombro Esquerdo

- Cotovelo

- Punho

3. Testar botões do painel frontal - Discreta Extensão

- Discreta Flexão

- Flexão bilateral

- Flexão

- Cervical

- Ombros

- Cotovelos

- Punhos

Avaliação Ergonômica do posto de

Trabalho

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FREQUENCIA: EVENTUAL

4. Scanear a etiqueta

FREQUENCIA: EVENTUAL

- Flexão

- Discreta Flexão

- Flexão

- Desvio Ulnar

- Cervical

- Ombros

- Cotovelo Esquerdo

- Punho Esquerdo

5. Fazer anotações na etiqueta

FREQUENCIA: EVENTUAL

- Flexão

- Discreta Flexão

- Flexão

- Extensão

- Cervical

- Ombros

- Cotovelos

- Punhos

6. Retirar o decodificador do Jig

FREQUENCIA: EVENTUAL

- Flexão

- Extensão

- Flexão

- Ombro esquerdo

- Cotovelo Esquerdo

- Punho

TRADUÇÃO DA FREQUÊNCIA

1. PERMANENTE A exposição se processa durante toda a jornada de trabalho sem interrupção.

2. INTERMITENTE A exposição se repete algumas vezes durante a jornada de trabalho com os tempos somado totalizando longos períodos.

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3. EVENTUAL A exposição se repete algumas vezes durante a jornada de trabalho, com os tempos somados totalizando curtos períodos

4. ESPORÁDICO A exposição se repete em períodos irregulares, não fazendo parte da

jornada normal de trabalho

5. Análise dos Equipamentos dos Postos de Trabalho. Requisito NR (17.4)

Todos os equipamentos que compõem o posto de trabalho estão adequados às características

psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho executado.

6. Análise das Condições Ambientais de Trabalho. Requisito NR (17.5)

Conforme PPRA vigente 2011

Todos os valores encontrados atendem a legislação.

Ambiente climatizado. Iluminação artificial.

REQUISITOS

VALORES

ENCONTRADOS

LIMITE

TOLERÁVEL

MINIMO

RUIDO (dB) 76,9 85

TEMPERATURA

(IBUTG) Ambiente

climatizado -

LUMINOSIDADE

(LUX) 452 300

O ruído está abaixo do limite de tolerância segundo o

anexo I da NR 15.

A temperatura está abaixo do limite de tolerância.

A iluminação esta atendendo a exigência da NBR

5413.

Espaço físico: Suficiente para o desenvolvimento

das atividades desenvolvidas.

7. Análise da Organização do Trabalho. Requisito NR (17.6)

a) Norma de produção

Atividade Principal: Testar o Decodificador.

Pressão por produtividade: Não foi identificado.

Regime de trabalho: O empregado trabalha em regime de cinco

(5) por dois (2). Em horário comercial com início às 06h00minh

até as 15h45minh de segunda-feira a sexta-feira Com uma hora

para a refeição e pausas de 10 minutos pela tarde e pela manhã.

Carga horária: 8:00h por dia.

Ausentar-se do posto: O trabalhador possui liberdade para

ausentar-se com objetivo de atender as necessidades fisiológicas

(Ingerir água e ir ao banheiro) desde que avise previamente o

líder de produção.

b) Exigência de tempo.

O trabalho é considerado leve, é realizado de forma intermitente,

com micro pausas de aproximadamente 60 segundos entre cada

ciclo da atividade. O tempo total do ciclo é de aproximadamente

100 segundos.

4. Análise do Mobiliário do Posto de Trabalho. Requisito NR (17.3)

A atividade permite que o funcionário trabalhe alternando as posturas em pé e

sentado.

O mobiliário utilizado no posto de trabalho atende aos requisitos da NR. Possuindo;

Altura ajustável à estatura do trabalhador;

Características de pouca ou nenhuma conformação do assento;

Borda frontal arredondada;

Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para a proteção da região lombar.

O posto de trabalho dispõe de apoio para os pés ajustados corretamente com relação à

altura do colaborador.

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10

c) Ritmo de trabalho

Dentro das condições das ações técnicas realizadas pelo

trabalhador durante a execução da atividade o ritmo é considerado

lento.

d) Conteúdo das

tarefas

A tarefa possui as seguintes atividades:

1- Pegar o decodificador da bancada;

2- Colocar o Cartão;

3- Precionar os botões do painel frontal;

4- Scanear a etiqueta;

5- Fazer anotações na etiqueta;

6- Retirar o decotificador do jig.

e) Mecanismo de

regulação.

Há pausas de 10 minutos pela parte da manhã e a tarde, onde o

funcionário circula livremente nas dependências da empresa, para

beber água, ir ao banheiro e/ou de acordo com a necessidade do

trabalhador. Alem disso a empresa possui um programa de

ginástica laboral que acontece diariamente por um período de 10

minutos às 9h e 30mim.

h) Análise dos Aspectos e Impactos:

Impacto da tecnologia sobre os

trabalhadores

O trabalho é realizado de forma manual para

acionar os botões, se faz necessário o uso do

scaner, este, proporciona boa pega da

ferramenta.

Impacto da condição do maquinário e

mobiliário atual sobre os trabalhadores

A altura da bancada com relação à cadeira não

exige movimentos biomecanicamente

desnecessário ou que por ventura poderiam ser

lesivos ao trabalhador, uma vez que a atividade é

realizada na postura em pé, e a cadeira é

utilizada nas pausas dentro do ciclo.

Impacto de material e matéria prima

sobre os trabalhadores Não foi identificado.

Impacto de método sobre os

trabalhadores Não foi identificado.

Impacto das políticas e práticas

relacionadas à gestão de pessoas

sobre os trabalhadores

Não foi identificado.

8.Conclusão quanto ao impacto dos fatores de organização do trabalho na origem de

sobrecarga para os trabalhadores

A organização do trabalho permite que o funcionário execute suas atividades dentro de um

ambiente em condições agradáveis, as ferramentas utilizadas permitem um boa pega, o

mobiliário utilizado permite que sejam feito adaptações conforme a necessidade, não há

presença de riscos a saúde do colaborador. 9. Análise Quanto ao Risco Ergonômico

Preocupações Ergonômicas / Fatores Biomecânicos

Interfaciais N.A.;

Posturais e biomecânica

Não há presença de amplitudes extremas que pudessem

levar o colaborador a trabalhar com desconforto ou levar a

lesão, todas as amplitudes necessárias para que sejam

executadas cada tarefa mencionada acima estão dentro de

padrões funcionais.

Movimentacionais N.A.

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11

Preocupações Ergonômicas / Fatores Biomecânicos

Interfaciais N.A.;

Posturais e biomecânica

Não há presença de amplitudes extremas que pudessem

levar o colaborador a trabalhar com desconforto ou levar a

lesão, todas as amplitudes necessárias para que sejam

executadas cada tarefa mencionada acima estão dentro de

padrões funcionais.

Movimentacionais N.A.

Psicossociais Não foi identificado conflito entre indivíduos, e grupos

sociais, dificuldades de comunicação e interações

interpessoais;

Espaciais/Arquiteturais:

Não foi identificado problema de isolamento acústico,

insolação, aeração e iluminação natural do ambiente, áreas

de circulação e layout de instalações das estações de

trabalho, ambiência gráfica, cores do ambiente e dos

elementos de arquitetura.

Informacionais

Não foram identificados problemas com visibilidade,

legibilidade, compreensibilidade e quantidade de

informação, priorização e ordenação, padronização;

Acionais N.A.

Organizacionais:

O colaborador é treinado para a execução das suas

atividades, é oferecida a participação nos lucros da empresa

anualmente, existem metas a serem cumpridas.

Esforço físico em realizar a

atividade:

A atividade não requer esforço físico quanto a sua

realização, não é feito o transporte manual de carga, não há

a necessidade de deslocamento ou outro fator que poderia

vir a requerer do trabalhado a realização de grande esforço

físico. O Peso do produto equivale à 936 gramas, ainda o

ritmo é lento, pois o colaborador precisa aguardar que a

maquina de teste realize a aproação do produto.

10. Conclusão das análises ergonômicas

Para fins de estudo destas atividades foi feito o estudo minucioso da biomecânica corporal em cada posto de

trabalho, que mostrou a inexistência de posturas ou padrões de movimentos que poderiam vir a gerar desconforto ao

colaborador, isso se levando em consideração estudos recentes de angulações e padrões de movimento considerados

de risco.

Para quantificar os riscos da atividade estuda foram aplicadas ferramentas de análise ergonômica

internacionalmente reconhecidas como RULA, REBA, e Moore & Garg.

A aplicação da ferramenta ergonômica RULA possui uma variação de escores entre 1 e 7 sendo que os

valores 1 e 2 representam ausência de risco, 3 e 4 baixo risco 5 e 6 riscos médios e 7 alto risco de lesão, para o posto

de colocação da tampa a ferramenta apresentou o escore 3 que caracteriza a atividades com baixo potencial para o

desencadear de lesões.

A ferramenta REBA, possui uma variação de escore entre 1 e 15 onde 1 representa ausência de risco, 2 e

3 baixo risco de lesão, de 4 a 7 risco médio, de 8 a 10 alto risco de lesão e de 11 a 15 risco muito alto de lesão. A

aplicação da ferramenta REBA para o posto do LP apresentou escore 3 que indica baixo risco biomecânico.

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O quadro de interpretação da ferramenta Moore & Garg interpreta valores menores que 3 como baixo

risco de lesões biomecânicas, valores entre 3 e 7 risco duvidoso ou questionável, valores maior que 7 como alto risco

de lesão biomecânica. Para o posto do LP a ferramenta apresentou um escore de 2 que quantifica a atividade como

baixo risco de lesão biomecânica.

A OBSERVAÇÃO DIRETA ALIADA AS MEDIDAS DE MITIGAÇÃO AO RISCO EMPREGADAS PELA

TECNICOLOR, ASSOCIADOS AOS VALORES ENCONTRADOS COM A APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE

ANÁLISE ERGONÔMICA NOS LEVAM A ENTENDER QUE A ATIVIDADE NÃO APRESENTA RISCO

BIOMECÂNICO AO TRABALHADOR.

11. Termo de encerramento

A presente AET (Análise Ergonômica do Trabalho) da Tecnicolor, do setor de produção

na atividade de colocar a tampa do decoder realizada no mês de Junho de 2011, tendo sido

elaborada e desenvolvida pelos profissionais abaixo assinado, no total de 08 (oito) folhas,

sendo todas as páginas rubricadas e esta devidamente assinada. Não contendo nada no verso.

___________________________________ ___________________________________

12. Referencias bibliográficas

COUTO. Hudson de Araujo. Como gerenciar a questão das ler/DORT: lesões por

esforços repetitivos, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Ed. Ergo, 1998.

DUTTON, Mark. Fisioterapia Ortopédica, exame, avaliação e intervenção. Ed. Artmed,

2006.

MONTEIRO NETO. Luis Ferreira. Avaliação Admissional. apostila. Bio cursos AM, 2009.

VERONESI JUNIOR. José Ronaldo. Fisioterapia do trabalho: cuidando da saúde

funcional do trabalhador. Ed. Andreoli, 2008.

Figura 2 - Formulário de Análise ergonômica

17.2. - Levantamento, transporte e descarga individual de materiais

17.2.3. - Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as

leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho

que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes

O levantamento de peso ainda é necessário em várias atividades, mesmo apesar do processo

de automatização. Esse é, segundo Dul e Weerdmeester (1995), uma das maiores causas das

dores nas costas, já que muitos trabalhos envolvendo levantamento de peso não satisfazem os

requisitos ergonômicos.

Percebeu-se que os funcionários que realizam levantamento e transporte de carga, possuem

porte fisico para fazê-lo, em questinamento com a médica do trabalho a respeito de

acompanhmaneto de queixas a mesma afirmou que o indíce é baixo, pois a carga levantada

além de estar muito abaixo do valor legal, que é de 60 kg, os funcionários são treinados

quanto a como fazer e a não realizar nenhum procedimento relacionado a isso que venha

prejudicar sua saúde.

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Quanto aos equipamentos utilizados para o transporte, empilhadeiras e paleteiras estes

conforme verificação de documentos e conversa com supervisor de manutenção, passam por

manutenção preventiva periódica.

Figura 3 e 4 – Levantamento e transporte de carga manual

17.3 - Mobiliário dos postos de trabalho

17.3.2. – ” Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito de pé, as bancadas, mesass

e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e

operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos...”

17.3.3 -Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender a requisitos mínimos de

conforto.

A Nr comenta que o mobiliário deve ser concebido com regulagens que permitam ao

trabalhador adaptá-lo as suas características antropométricas (altura, peso, comprimento das

pernas etc.). Deve permitir também alternâncias de posturas (sentado, em pé etc.), pois não

existe nenhuma postura fixa que seja confortável. Diz ainda que não é recomendável que as

dimensões dos postos de trabalho sejam adaptadas somente à população que esteja

empregada, pois quando se pretende modificar os postos de trabalho visando a uma melhor

adaptação, não se deve basear apenas nas medidas antropométricas da população que já esteja

ocupando os postos, mas sim basear-se em dados de toda a população brasileira. Isso por que

os trabalhadores atuais podem já ter sofrido uma seleção, formal ou informal, e terem

permanecido apenas aqueles que melhor se adaptaram e, portanto, não serem representativos

de todos que poderão, no futuro, ocupar esses postos.

Na empresa constatou-se que existe um planejamento de mudanças e adaptação de postos de

trabalho e assentos. Ela possue um programa de Gestão em ergonomia, cujo foco é além de

atender a NR proporcionar melhoria da qualidade do trabalho e consequentemente o

surgimento de doenças ocupacionais relacionadas com LER/DORT, este programa está sendo

executado atrevés da ferramenta de gestão PDCA. E já mostra resultados significativos, pois a

engenharia de processo diz hoje participar a área responsavel pela segurança do trabalho todas

as mudanças de produtos e lay out de linha e isso anteriormente não acontecia, a comunicação

era apenas em caso de acidentes e uso de Epi’s.

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Figura 5, 6 ,7 e 8 – Mobiliários dos postos de trabalho

17.4. - Equipamentos dos postos de trabalho.

17.4.1. - Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados

às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

“Adequados à natureza do trabalho” significa que os equipamentos devem facilitar a execução

da tarefa específica. Os seres humanos sempre procuraram adaptar suas ferramentas às suas

necessidades, diminuindo o esforço.

A empres busca por novas tecnológias e/ou adptações nas ferramentas e equipamentos

utilizado em alguns postos que se fizer necessário. A mesma tem consciência de que nesse

caso é necessário a participação dos funcionários nesse processo, e isso acontece, pois eles é

quem sabem a necessidade uma vez que excutam a ação operatória durante todo o dia, além

disso uma má escolha pode penalizar os trabalhadores durante muito tempo já que não se

pode simplesmente jogar os equipamentos no lixo, prejudicando o desempenho eficiente da

atividade , relata a gerência de Produção. Exemplo: parafusadeiras, alicates, Jig’s.

17.5. - Condições ambientais de trabalho.

17.5.2. - Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação

intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de

desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes

condições de conforto:

a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no

INMETRO.

b) índice de temperatura efetiva entre 20 e 23 ºC.

c) velocidade do ar não superior a 0,75 m/s.

d) umidade relativa ao ar não inferior a 40% (quarenta por cento).

17.5.2.1. - Para as atividades que possuem as características definidas no subitem 17.5.2, mas

não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível

de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB e a curva de avaliação de ruído

(NC) de valor não superior a 60 dB.

Para cumprimento desse item, foi verificado que existe o PPRA Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais. Neste consta todo o levantamento qualitativo e quantitativo no que se

refere a norma quanto a níveis de ruído, indíce de temperatura, umidade relativa do ar e niveis

de iluminamento. É notório que quanto a isso a empresa está em sua totalidade dentro dos

padrões estabelecidos pela legislação.

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Figura 9 e 10 – Capa do documento PPRA e planilha de monitoramento quantitativo

17.6. - Organização do trabalho

17.6.3 - Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço,

ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho,

deve ser observado o seguinte:

c) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15

(quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de

produção vigentes na época anterior ao afastamento.

Na empresa existe um Programa de Reintegração de funcionários que retornam de

afastamentos. O programa busca readaptar os funcionários com a realização de rodízio de

atividades, visando o conforto, o bem estar e proporcionar condições adequadas de trabalho.

Ele baseia-se em revezamentos de atividades, permitindo que o funcionário permaneça 25%

do tempo total de trabalho diário em um determinado posto de trabalho, o intuito deste é

diminuir sobrecargas a uma única estrutura realizando compensações para evitar o

agravamento da lesão já instalada bem como novas lesões por overuse em outros

seguimentos.

Para desenvolver e por em prática neste foram adotados procedimentos internos de execução

descritos abaixo:

1. Cartilha de orientações;

2. Avaliação Cinesiofuncional de retorno;

3. Analise de Postos a serem laborados pelos funcionários do programa de reintegração;

4. Acompanhamento da evolução do estado físico até o restabelecimento e reintegração a

estrutura da empresa.

1. Cartilha de orientações

Orientar os funcionários quanto aos procedimentos a serem adotados caso houvesse um novo

afastamento e ainda explicar todo o conteúdo do programa de reintegração e suas diretrizes,

este contendo:

2. Avaliação Cinesiofuncional de retorno

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A avaliação cinésiofuncional de retorno é direcionada a coletar dados importante quanto a

vida pregressa profissional do funcionário. A empresa conta dentro do seu quadro profissional

– SESMT, com um fisioterapeuta cuja atribuiçoes e responsabilidade são: avaliar, planejar,

por meio de métodos, técnicas e recursos terapêuticos específicos para cada etapa existencial

e/ou patologia, em uma perspectiva de prevenção agravos, reabilitação e promoção da saúde,

com intuito de observar com o tempo a evolução do quadro físico do indivíduo.

3.Analise de Postos a serem laborados pelos funcionários do programa de reintegração

Estudar postos de trabalho, para que este possa receber os funcionários com limitações

referentes à lesão apresentada.

Para adequação dos postos foram analisados fatores ergonômicos como:

1. Tempo de exposição;

2. Seguimentos corpóreos requisitados e a biomecânica empregada em cada atividade;

3. Conteúdo da tarefa, ritmo do trabalho;

4. Layout e a organização do posto;

5. Aplicação de ferramentas ergonômicas.

Ao final da coleta de dados foram cruzadas e analisadas as informações para adequação do

quadro clínico apresentado e a atividades a serem realizadas.

5. Conclusão

Quis-se aqui, apenas “apresentar” de que forma uma empresa atua, afim de cumprir com os

itens da NR 17. Verificou-se que os itens que a mesma considera mais relevantes são os

17.1.2 e 17.6.3 alínea c. E que ainda há muitas variáveis que devem ser consideradas pela

mesma durante esse processo de atendimento da norma, mas não se pode deixar de ressaltar

que diante do conteúdo esboçado nesse artigo, percebe-se que existe na prática uma busca por

uma Gestão Ergonômica com foco na melhoria do trabalho objetivando uma melhor

qualidade de vida para seus funcionários.

É através dela que queixas, perdas, lesões etc. ganham significado, qualificando-se e

quantificando-se em números e, mais que isso, em razões explícitas de causa-efeito.

A empresa desse estudo já despertou em sua filosofia o fato de que conforto, segurança e

produtividade devem deixar de ser meros conceitos discutidos dentro de sala pela engenharia

de segurança e processo e tornam-se elementos de busca constante na gestão da empresa

como um todo. Destacando a idéia de que se trabalha melhor quem trabalha com conforto e

com segurança; e a melhoria no trabalho é o propulsor da produtividade isso é uma seqüência

óbvia e absolutamente verdadeira.

Referências

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Misericórdia: um estudo de caso, 2010. 70 f. Disponivel em:

http://www.faac.unesp.br/posgraduacao/design/dissertacoes/pdf/priscillaalves.pdf. acesso em

02/07/2011

COUTO, H.A. Ergonomia aplicada ao trabalho em 18 lições. Porto Alegre: Ergo, 2002.

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COUTO. Hudson de Araujo. Como gerenciar a questão das ler/DORT: lesões por esforços

repetitivos, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Ed. Ergo, 1998

COUTO, H.A. Ergonomia aplicada ao trabalho, Volume II. Belo Horizonte: Ergo Ltda 1996.

COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo

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DUL, J, WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. Tradutor Itiro, Iida. São Paulo: Edgard

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IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e produção. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1998

INSS, Atualização da Norma Técnica sobre Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

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INSS. Norma técnica sobre distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – DORT.

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ISBOA, ROBERTO SENISE. Manual de direito civil: Obrigações e Responsabilidade Civil.

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MORAES, Anamaria de; MONT`ALVÃO, Claudia. Ergonomia: Conceitos e aplicações. Rio

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MENDES. L. F. O processo de mudanças ergonômicas e as relações entre saúde e

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