verbete – explicação e compreensão (parte 2- weber e seus ... · schluchter, friedrich...

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Fonte: Blog do Sociofilo [blogdosociofilo.com] 1 Verbete – Explicação e compreensão (Parte 2: Weber e seus contemporâneos) Gabriel Peters A ameaça positivista No post anterior desta série-verbete, vimos que a relação entre explicação e compreensão foi objeto de controvérsias acerbas na Alemanha da passagem para o século XX. O estudo “naturalista” da atividade humana e de seus produtos histórico- culturais, o qual parecia avançar a par e passo com transformações mais abrangentes da sociedade alemã (p.ex., a industrialização e a urbanização aceleradas), foi intensamente combatido por representantes da tradição “humanística” nas universidades germânicas. Pairava sobre tais cabeças mandarinescas, em suma, o ameaçador espectro do “positivismo”. Antes que membros do Círculo de Viena viessem a reclamar orgulhosamente o termo comtiano para si próprios lá pelos anos de 1920, a palavra era (como é hoje, aliás) muito mais um rótulo derrogatório do que uma autoclassificação. Grosso modo, esse rótulo

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Fonte: Blog do Sociofilo [blogdosociofilo.com]

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Verbete–Explicaçãoecompreensão(Parte2:Webereseuscontemporâneos)

GabrielPeters

Aameaçapositivista

No post anterior desta série-verbete, vimos que a relação entre explicação e

compreensãofoiobjetodecontrovérsiasacerbasnaAlemanhadapassagemparao

séculoXX.Oestudo“naturalista”daatividadehumanaedeseusprodutoshistórico-

culturais, o qual parecia avançar a par e passo com transformações mais

abrangentes da sociedade alemã (p.ex., a industrialização e a urbanização

aceleradas), foi intensamente combatido por representantes da tradição

“humanística” nas universidades germânicas. Pairava sobre tais cabeças

mandarinescas, em suma, o ameaçador espectro do “positivismo”. Antes que

membrosdoCírculodeVienaviessemareclamarorgulhosamenteotermocomtiano

parasipróprioslápelosanosde1920,apalavraera(comoéhoje,aliás)muitomais

um rótulo derrogatório do que uma autoclassificação. Grossomodo, esse rótulo

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espinafravaconcepçõesnaturalistasdosmétodosdasciênciashumanas,sobretudo

quandoessasconcepçõesseexpressavamnabuscade“leisnaturais”queoperariam

àmargemdaconsciênciaedolivre-arbítriodoanthropos.Umadessasperspectivas

apareceunotrabalhodohistoriadorKarlLampretch,paraoqualahistóriaseria,em

última instância, uma “psicologia aplicada”, fundada sobre as “leis naturais” que

governariamopsiquismohumano(Weber,2012:7;17-18).

NotamosqueWilhelmDiltheyocupouumpapeldeproanareaçãoaopositivismo,

aomartelar comvigor asdiferenças entre as ciências naturais, de um lado, e as

ciências humanas ou do “espírito”(Geist),de outro. Com efeito, tal como Kant

buscaraestabelecerfundaçõesepistêmicasparaaciêncianaturalcomsuaCríticada

razãopura,Diltheyprocuroulevaracabouma“críticadarazãohistórica”(2002:

213)que fincasseosalicercesdahistória comoempreitada científica.Aomesmo

tempo, ainda que ele houvesse estabelecido um paralelo entre o seu

empreendimentofundacionistaeodeKant,oautorconcebeuoestudohistóricoda

atividade humana e de seus produtos socioculturais como um modo de

conhecimento radicalmente distinto das ciências da natureza. O prévio capítulo

desta série-verbete consistiuemumsingeloesforçoparamostrarqueaobrade

Diltheyémaiscomplexaenuançadadoquerezaofolclorepedagógicoarespeito

dessepersonagemnahistóriadasciênciashumanas.

Um texto didático e (espera-se) curto sobre Weber impõe, por seu turno, uma

dificuldadedistinta:nãobastasseacomplexidadeintrínsecaàsuaobra,aliteratura

dedicada à sua interpretação é tão vasta que a weberologia de hoje exige não

somenteoconfrontocomostextosdohomemmesmo,mastambémcomaprópria

história de sua exegese, tal como levada a cabo por autores como Wolfgang

Schluchter, Friedrich Tenbruck e outros tantos (cf. Sell [2013] para um

competentíssimoexemplo).Pelomenosnaopiniãodestequevosescreve,ajábem-

estabelecidaweberologiatupiniquimnãodeixanecaadesejaraosseuscongêneres

doAtlânticoNorte,incluindo-seaíaquelesqueaprenderamalínguadeMaxdesdeo

berço. Seja como for, alguns dessesweberólogos eruditíssimos se digladiam, até

hoje, em tornodediversaspendengasrelativasaoopusweberianum, tais comoo

graude influênciaqueRickert teriaexercidosobreWeberou, ainda,oquantoas

análises histórico-sociológicas substantivas do autor alemão seriam

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(in)consistentescomasdiretrizesexplícitasdeseusescritosmetodológicos(Cohn,

2003;Freitas,2012;Gusmão,2000;Mata,2013;Merquior,1980;Ringer,1997;Sell,

2013;Vandenberghe,2012).

Nomais,acomplexidadedatarefadecompreensãodaobradeWebernãoderiva

somenteda fortunacríticaacumuladaapósasuamorte,mastambémdopróprio

cenáriohistóricoeintelectualnoqual–apartirdoqual,paraoqualecontraoqual

–aditaobrafoiformulada.Emboraoentendimentodotrabalhodequalquerautor

reclame alguma sensibilidade ao contexto no qual ele emergiu, a atenção a tal

contexto ganha particular urgência quando o assunto é a ciência social de Max

Weber.Istoporquesuasprópriasperspectivassociocientíficasforam,emaltograu,

formuladasmedianteumdiálogodeincorporação-e-críticacomumavariedadede

autores de seu tempo, oriundos de procedências disciplinares como a economia

(p.ex.,Menger,Roscher,Knies),afilosofia(p.ex.,Simmel,Windelband,Rickert)eo

direito(p.ex.,Mommsen,Kries,Jellinek).Webersesaidessaconversapolifônicacom

umavisãooriginalenuançadaacercadetópicosvariadosdodebateepistemológico

sobre as ciências humanas. Como mostrou Gabriel Cohn (2003: 121), tal

originalidade intelectual vem frequentemente embalada, no entanto, em uma

terminologiaquefazusopragmáticodosvocabuláriosdeoutrosautores.Namedida

emqueograudeinfluênciaintelectualdetalouqualautorsobreWebernãopode

seringenuamenteinferidodemerassemelhançasterminológicas,boapartedoque

faz a weberologia contemporânea é uma averiguação detalhada dos principais

influenciadores do mestre alemão. Para oferecer somente a ilustração mais

ostensiva,éocaso,diga-seumavezmais,daspolêmicassobrequãoinspiradoWeber

teria sido por Rickert, de quem tomou emprestado um punhado de conceitos.

WolfgangSchluchter(1985:13-19),GuyOakes(1990)eSérgiodaMata(2013:67-

86),porexemplo,percebemumaprofundainfluênciadosegundosobreoprimeiro,

enquantoGabrielCohn(2003:81-97),JoséGuilhermeMerquior(1980:147-152)e

FritzRinger(1997:41-49)tomamaditainfluênciacomomenossignificativadoque

pareceriaàprimeiravista.(Quantoàminhaopiniãosobreacontrovérsia,sóseique

nadasei.)

Aciênciacomoformação;ouolegadohumanístico

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ComoperitonaobradeWeberenahistóriadaAlemanhamoderna,Ringer(1997)

pintaumpanoramainformativodaatmosferaintelectualnaqualnossoheróiestava

imerso.Diferentementedosoutrosdoisporquinhosdasociologiaclássica,Marxe

Durkheim,Webernãochegouaoterrenosociológicoadvindodafilosofia,mas,sim,

de uma formação robusta emhistória dodireito e da economia (Giddens, 2005:

175). No post anterior desta série, vimos que o status epistemológico do

conhecimentohistóricotornara-se,então,umapreocupaçãocentralparaumlargo

contingentedeintelectuaisgermânicos.Emsuasreflexõessobreoqueseparariatal

espéciedeconhecimentodasciênciasdanatureza,autorescomoDiltheyeDroysen

trouxeramparaadiscussãoepistêmica certosmotifscarosà tradiçãohumanística

alemã pelo menos desde Humboldt e Goethe. De particular importância nessa

tradiçãofoioidealda“Bildung”,umaconcepçãodaculturacomomeiode“cultivo”

ou“formação”daprópriapersonalidade.Aindaqueotemasejavastíssimoerepleto

de nuances, podemos citar, de maneira espetacularmente simplificadora, três

aspectos desse legado humanístico que produziram um impacto discernível nos

debatessobreostatusepistêmicodasciênciashumanas.

Em primeiro lugar, a noção de cultura como via para a formação “perfectiva”

(Merquior,1983)daprópriapersonalidadenãosereferiaàaquisiçãoestritamente

intelectual de saber, mas a uma transformação inteira da personalidade. O

transbordamentodessaperspectivaparaodebateepistemológicoapresenta-senas

concepções que tomam a compreensão histórica como fundada, nos termos

deDilthey, em uma “revivência” ou “revivescência” da experiência alheia. Tal

revivêncianãomobilizariaapenasointelecto,masengajariaasensibilidadetodado

pesquisador.Assim,porexemplo,acompreensãodoêxtasenaexperiênciareligiosa

passariapelacapacidadede“reproduzir”avivênciaextáticanaprópriapsique,pelo

menosemalgumgrau,omesmovalendoparaacompreensãodevivênciascomoo

entusiasmoguerreironacondutamilitareoarrebatamentoestéticonacomposição

musicaloupoética.Nessesentido,aproduçãobem-sucedidadeconhecimentonas

ciências humanas reclamaria faculdades de sensibilidade, intuição e imaginação

similaresàquelasdequeseriamdotadosgrandesartistas.

Umsegundoaspectodaquelaconcepçãoperfectivadaculturacomo“Bildung”,oqual

também se fez sentir na reflexão epistemológica sobre o conhecimento sócio-

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histórico,consistiaemumacentosobreoúnicoeosingular.Tomadadeiníciocomo

umatributo de personalidades individuais notáveis, a começar por aquela do

incomparávelcultordesimesmoquefoiGoethe,asingularidadelogopassouaser

brandidatambémcomotraçode“povos”e“culturas”intoto.ComosublinhouElias

nas primeiras dezenas de páginas d’O processo civilizador(1994), o acento

germânico sobre particularidades culturais foi explicitamente contraposto, no

mínimodesdeoromantismodeHerder(Carpeaux,2013:57-59),aouniversalismo

implicadonaideiade“civilização”promulgadapelosfranceses.Algumacoisadesse

contraponto entre “civilização” e “cultura” encontra-se, no tocante às ciências

humanas, no contraste entre um saber generalizante, homogeneizante e

quantificadordecunhonaturalista,deumlado,eumsabervoltadoàcompreensão

departicularidadeshistóricaseculturaiscomoseualvoúltimo,deoutro.

Finalmente, uma das mais impactantes ressonâncias daquele ideal humanístico

daBildungna reflexão epistemológica aparece na ênfase sobre uma irredutível

dimensão de livre-arbítrio na conduta humana em face de seus contextos sócio-

históricos(p.ex.,Droysen,1897:63).Osmandarinshumanísticosatacaramatese,

empunhadaporalgunsnaturalistasmaisentusiasmados,dequeasaçõeshistóricas

dossereshumanos,mesmoasmaissublimes,poderiamserexplicadascombaseem

umdeterminismosimilaràquelequeexplicaochoqueentrebolhasdebilharouo

funcionamentodigestivodosorganismos.Umaideiacomoestasoava,aosherdeiros

da tradiçãohumanista,nãoapenas comoumerroontológico,mas tambémcomo

umaafrontamoralàdignidademesmadoanthropos.Combaseemumaassimilação

danoçãode“causalidade”comotalà ideiade“necessidadenatural”(assimilação

errônea, diráWeber depois em uma crítica a Knies [Weber, 2001a: 33]), vários

autores chegaram a rechaçar,já destacamos, o próprio conceito de “causa” do

âmbitodasciênciashumanas.

IdioseNomos;ouaeconomiaentreahistóriaeateoria

ComoDiltheyviriaafazer,ohistoriadorJohannGustavDroysen(1897[1868];Assis,

2014)jácontrapuseraaexplicaçãoexteriordosfenômenosdanatureza,governados

queseriamporleisemecanismosimpessoais,àcompreensão“apartirdedentro”

dasobraseatoshumanos.Tomandoacompreensãocomo“aessênciadométodo

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histórico”(Ibid.:12),oautortambémjápropunhaumadistinçãoentreaorientação

generalizante das ciências naturais, que só se interessariam por fenômenos

particularesenquantoinstânciasdeclassesgerais,eapreocupaçãopredominante

dahistoriografiacomconfiguraçõessingularesdeeventos,osquaisinteressariamà

pesquisaprecisamentenoquepossuemdeúnicoenãorepetível–nessesentido,

paradarsomenteumexemplo,umestudohistoriográficosobreareligiosidadedos

antigosromanosatrairianossointeressemenospeloquereveladoqueosromanos

teriamemcomumconoscoemuitomaispelodesvelodostraçosemqueeleseram

diferentesdenós.NaterminologiatécnicadeautorescomoWindelband,Rickerteo

próprioWeber,asorientaçõescognitivasparaogeraleparaoparticularvierama

ser descritas, respectivamente, como saber nomotético (ou nomológico) e saber

idiográfico (Windelband, 1998 [1894]: 13). O radical“nomos”alude a um

conhecimento sistematizado, pelo menos na sua forma mais acabada, em um

conjunto de “leis gerais” como aquelas que tanto impressionam na física

newtoniana.Oradical“idios”,porseuturno,refere-seaoqueéprópriodealguém,

peculiar,singular,distinto,único.Oadjetivo“individual”poderiaserincluídonessa

lista,desdequetomadoporsinônimode“singular”ou“particular”.Nessesentido,

as “individualidades” que são objeto do conhecimento idiográfico não incluem

somenteindivíduoshumanos,masquaisquerrealidadessócio-históricasespecíficas

– “a Comuna de Paris” e o “espírito do capitalismo”moderno são, por exemplo,

"indivíduos" ou “individualidades históricas” segundo a terminologia

frequentementeempregadaporMenger,RickerteWeber(2001a:129).

Weber [i] viria a enfrentar essas questões não com referência aDroysen,mas à

chamada “escola histórica de economia” a que pertenciam autores como Knies,

Hildebrand, Roscher, Schmoller e outros (Ibid.: 1-105). Em contraponto ao

formalismoteóricodaeconomianeoclássicadeestilobritânico,aquelatradiçãode

pensamentoacentuavatantoavariedadehistóricadaspráticaseconômicas(p.ex.,o

cálculo autointeressado, cuja universalidade seria erroneamente afirmada pelas

“robinsonadas” [Marx] da economia neoclássica), quanto o entrelaçamento da

esferaeconômicacomasdemaisdimensõesdotodosocial (instituiçõespolíticas,

representações culturais etc.) [ii]. Os primeiros estudos deWeber nas áreas de

história antiga e medieval são tributários legítimos dessa escola histórica de

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economiaemdiversosaspectos,taiscomosuaorientaçãoparaparticularidadese

seusensoagudodasinterconexõesentreaesferaeconômicaeasdemaisesferasda

vida social (p.ex., o direito, âmbito em que a erudição histórica de Weber era

igualmente sólida). Por outro lado,Weber tambémnão era insensível às críticas

“naturalistas” dirigidas aos pressupostos epistemológicos daquela tradição. O

sociólogoalemãofoiumleitoratentodasdefesasdateoriaeconômicaneoclássica

desenvolvidas,contraosrepresentantesdaescolahistórica,porCarlMenger(1985;

Weber, 2001: 32). Antecipandoum argumento que apareceria emWindelband e

Rickert, Menger (1985: 35) notara que a diferença entre conhecimento

generalizante (“ciências teóricas”) e conhecimento de singularidades (“ciências

históricas”)nãosesobrepunhaperfeitamenteàdistinçãoentreciênciasdanatureza

e ciências humanas. Segundo ele, osmesmos aspectos do real poderiam ser, na

verdade, estudados segundo uma ou outra orientação cognitiva, a depender dos

interessesquemotivamapesquisacientífica.

OutrateseimportantedeMengerconsistiaemlembrarque“asciênciasteóricasnão

são igualmente estritas” (1985: 50) nas suas generalizações, isto é, que o

conhecimentodogeralnãoprecisaassumirsomenteaforma“forte”eprecisadeleis

geraisàmaneiradafísicanewtoniana.Emdisciplinascomoaeconomia,umsaber

sobreogeraltambémpodeapareceremversõesmaisfrouxasoumitigadas(Ibid.:

57),sobaformade“padrões”e“sequênciascausais”recorrentesnomundosócio-

histórico(p.ex.,atesedequeaindustrializaçãodeumpaístendeacaminharpari

passucom o aumento da instrução formal entre os seus habitantes). Finalmente,

Menger (Ibid.: 212) também sublinhou que, nas ciências humanas, os conceitos

relativosatipos(p.ex.,acondutaracionaleautointeressadadohomooeconomicus)

não apenas não precisam corresponder exatamente à realidade empírica, mas

seriam metodologicamente úteis precisamente em função do seu caráter

simplificadoou,diráWeberdepois(2000:141),“purificado”frenteàcomplexidade

doreal.Ocaráterde"idealizaçãopura"dosconceitossociocientíficosseria,como

veremosposteriormentecomWeber,oquepossibilitaaelucidaçãodefenômenos

sociais empíricos pela análise de quanto estes fenômenos se aproximam ou se

afastamdaqueles conceitos em sua forma típico-ideal (p.ex., o grau emque uma

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relação concreta de dominação possui traços da "dominação tradicional" ou da

"dominaçãocarismática"como"tipospuros").

Orealempedaços;ouaherançaneokantiana

Segundoas leiturasargutasdeautores comoGabrielCohn (2003)eFritzRinger

(1997),ainfluênciadasideiasepistemológicasdeSimmelsobreWebertendeaser

maior do que permitiriam entrever os débitos explicitamente reconhecidos pelo

autor d’A ética protestante e o espírito do capitalismo. Relevantes para nossos

propósitossãoasvisõesmatizadasqueSimmel(2001)trouxe,sobretudoemsuas

discussões sobre a filosofia da história, para distinções epistêmicas que outros

autorestomavamcomooposiçõesradicais, comoexplicação causal/compreensão

interpretativa e conhecimento nomotético/conhecimento idiográfico. Simmel e

Weber eram ambos suficientemente "neokantianos" para salientar os limites do

intelectohumanonaapreensãodeumarealidadeque,emsi,éinfinitaeinesgotável.

Otermo“Históriauniversal”,porexemplo,constituiriaparaSimmel“umaexpressão

infeliz...porque sugere uma extensão de conhecimentos que não podemos ter”

(Simmel,2001:60).Todoconhecimentodorealseria,naverdade,dependentede

operaçõesdeseleçãorealizadaspelosujeito cognoscente,oqualnão teriaescolha

senãosedebruçarsobreaspectosourecortesdomundotomadoscomointeressantes

segundo tais ou quais critérios. Isto significa que qualquer estado de coisas

complexo(p.ex.,abatalhadeAusterlitz[Aron,2000:455])possuiriaumnúmerode

componenteselementaresmuitomaiordoqueaqueleapreensívelporumsujeito

cognoscentehumano(p.ex.,asvivênciassubjetivasdecadaumdossoldadosque

lutaramnaquelabatalha[Ibid.]).ComoescreveuWeber:

"...todooconhecimentodarealidade infinita,realizadopeloespíritohumanofinito,

baseia-se na premissa tácita de que apenas um fragmento dessa realidade poderá

constituirdecadavezoobjetodacompreensãocientífica"(2001a:124).

A infinitude do mundo real, em função da qual não há alternativa ao intelecto

humanosenãooconhecimentode“pedaços”selecionadosdarealidade,seestende

tambémaodomíniodas conexões causais.Tal comoacontece comosobjetosda

pesquisacientífica,nenhumaexplicaçãocausaljamaispoderiaserexaustiva,jáque

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todofenômenoresultadeumamultiplicidadehumanamenteincontáveldecausas.

Oqueaexplicaçãodefenômenossócio-históricospoderiafazeréapontarparaum

oumaisfatorescausaissemosquaisaquelesfenômenosquesebuscaexplicarnão

teriamocorridocomoocorreram.Paraoferecerumailustraçãofamosíssimadessa

tesemetodológicain actu:Weber atribuiu à ética da vocação do “protestantismo

ascético” um papel causal importante na consolidação histórica do capitalismo

moderno,masnão deixou de reconhecer nem a influência recíproca do segundo

sobre a primeira nem uma multiplicidade de outras influências causais “que

plasma[ra]maculturamoderna”(Weber,2004:167;Santos,2008)[iii].

EmuminfluentediscursodepossecomoreitordaUniversidadedeEstrasburgoem

1894,ofilósofoWilhelmWindelband(1998[1894])deuumacontribuiçãocentralà

“controvérsia metodológica”(Methodenstreit)do tempo ao questionar a proposta

diltheyana de localizar a diferença entre as ciências naturais e as disciplinas

históricas em uma distinçãoontológicaentre seus respectivos objetos, a saber, a

matériaexteriormenteexplicáveleo“espírito”internamentecompreensível(Ibid.:

11). Já naquela época, a própria existência de uma psicologia hipernaturalista,

voltada a explicações neurofisicalistas dos processos mentais, mostraria que a

distinçãonãoeraaplicávelatodososramosdoconhecimento.Emlugardocritério

delineadoporDilthey,nessesentido,oautorfundamentouadiferençaentreaquelas

duascategoriasdeciênciasemtermosmetodológicos,combaseemumcontraste

entre duas orientações cognitivas: nomotética e idiográfica (Ibid.: 13) O

conhecimento nomotético, já vimos, seria voltado à descoberta de leis gerais e

invariantes“transfenomênicos”,comonastesesdeNewtonsobreomovimento.Em

contraste, o saber idiográfico seria orientado para a apreensão detalhada de

entidades,contextoseeventossingulares,localizadosnotempoenoespaço[iv].O

caráter formaloumetodológicodadistinção indicaqueosmesmosconjuntosde

fenômenospoderiamserestudadossegundolentesnomotéticasouidiográficas[v].

Nessesentido,nãosomenteumsabernomológicoquantoaossereshumanosera

buscadonasvertentesnaturalistasdapsicologiacomoumsaberidiográficoquanto

ao universo físico era procurado, por seu turno, em certas ciências da natureza,

comoilustramapesquisaastronômicadahistóriadenossosistemasolarouoexame

geológicodastransformaçõesnasuperfíciedaTerra.

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Windelbandnota,comotambémofarãoRickerteWeber(2001a:9),quedisciplinas

orientadas para o geral fazem uso de saberes idiográficos, assim como o

conhecimentodefenômenosecircunstânciassingularessevaledegeneralizações

de algum tipo como instrumentos heurísticos [vi]. Por exemplo, a elucidação de

acontecimentos sócio-históricos específicos pressupõe, muitas vezes

implicitamente, ideias gerais sobre “como seres humanos pensam, sentem e

desejam”(Windelband,1998:19).Pensemosemumenunciadocomo“Nodiax,os

operáriosdafábricayserevoltaramaoreceberainformaçãodequeseussalários

seriam reduzidos pelametade;e, após assembleia, resolveram entrar em greve”.

Aindaquetalenunciadosejaparticularou“instancial”,parausara linguagemda

filosofia da ciência posterior, ele pressupõe implicitamente certas ideias gerais

sobreossereshumanos:suasnecessidadeseafetos(p.ex.,oqueéosentimentode

revoltadiantedeumprejuízosofrido),seusmodosdecondutaeinteração(p.ex.,o

queéumaassembleiaou,maisabstratamente,umaaçãocoletivacalcadaemum

interessecompartilhado)etc.Dequalquermaneira,taisgeneralizaçõesnãoapenas

teriam uma forma lógica bemmais frouxa do que as leis causais da física, mas

tambémseriam,antesdetudo,meiosparaofimúltimodasciênciasdoespírito:a

elucidação de realidades históricas particulares. Se perspectivas naturalistas

tomavamosingularcomomeioparaoconhecimentodogeral,comonoindutivismo

por vezes propugnado por Durkheim (1999), Weber herdará de autores como

WindelbandeRickertaideiadeque,nasciênciashumanas,osabernomológicoé

sobretudoinstrumento de auxílioao conhecimento de singularidades históricas

(Gusmão,2000).

QuantoaRickert(1986[1902]),váriasdentreastesessuasqueinfluenciaramas

visõesdeMaxWeberjáforamantecipadasacima:umaconcepçãodomundoemsi

como infinito e inesgotável, portanto jamais passível de ser conhecido em sua

totalidade(Ibid.:17);umacríticaaqualquerretratodoconhecimentohumanocomo

“cópia” ou “reprodução” da realidade, substituída pelo acento sobre o caráter

necessariamenteseletivoeparcialdenossosabersobreomundo(Ibid.:43-45);uma

distinçãoentreciênciasdanaturezaeciênciashumanasnãoembasesontológicas,

mas lógicasoumetodológicas, conformeseus interesses cognitivosdirijam-seao

“universal” ou ao “singular” (Ibid.: 54). As duas últimas ideias se enlaçam no

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pensamento rickertiano:as singularidades históricas estudadas pelas ciências

humanas são, elaspróprias, construtos intelectuais resultantesdasoperaçõesde

seleçãodosujeitocognoscente.Namedidaemqueoconhecimentosejaditadopela

buscadosingular,osconceitosreferentesàsrealidadeshistóricasquesepretende

apreenderacentuarãooqueédistintivonessasrealidades,nãooqueelaspossuem

em comum com outras. Nesse sentido, mesmo os fenômenos sócio-históricos

particularesqueohistoriadorprocuradescrevernãopodemserapreendidoscomo

totalidades, mas também segundo construções conceituais que isolam

artificialmente alguns de seus traços (como Weber fará, por exemplo, com o

“espíritodocapitalismo”[2004]).Mutatismutandis,adiferençaqueWebertraçará

entreosseus“tiposideais”,deumlado,eos“tiposmédios”,deoutro,seassentano

mesmo ponto:enquanto os últimos diluem as diferenças entre os fenômenos

analisados (p.ex., entre formas tradicionais e racional-legais de dominação), os

primeiros não apenas as reconhecem como asexacerbampropositadamente no

domínioconceitual.

Em contraste com vários de seus contemporâneos, Rickert antecipa Weber ao

diferenciarrelaçõescausaisentrefenômenosparticularesdasconexõesnecessárias,

dedutíveisdeleisinvariantes,estabelecidasporcertasáreasdasciênciasnaturais.

Nesse passo, ele afastou das ciências humanas a visão “necessitarista” de

causalidade sem deixar de reconhecer, comobom kantiano, que “o princípio da

causalidade” está entre as “pressuposições epistemológicas...indispensáveis à

história” (Rickert,1986:202), assimcomoaqualquer conhecimentoempírico.A

sentençaanteriorquantoaumagrevedeoperários,porexemplo,pressupõeuma

conexãocausaldecertotipo.O fatodequeestaconexãopassapelasorientações

subjetivasdecondutadeindivíduosparticulareséjustamenteoquelevaráWebera

afirmarque,naanálisedeassuntoshumanos,diferentementedoqueacontecenas

ciênciasdanatureza,éprecisocompreenderparasepoderexplicar(2000:cap.1).

RickertinfluenciaráWebersobretudoemsuaconcepçãodoqueditaasseleçõesde

objetonasciênciashumanas:osvaloresdopesquisador.Emprincípio,arelevância

de tal ou qual objeto de pesquisa não derivaria da realidade mesma, mas das

significaçõesvalorativasquecientistasatribuemasetoresdessarealidade(Rickert,

1986:99-107;Weber,2003:79-127).Aatribuiçãovalorativaderelevânciacientífica

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acertofenômenonãoseria,emoutraspalavras,umresultadodasinvestigaçõesde

circunstânciashistórico-culturais,masumpressupostosemoqualtaisinvestigações

nãoteriamdeondepartir.Decorrequenãoserianempossívelnemdesejávelevitar

que tais seleções de objeto fossem ditadas pelos valores do pesquisador. O que

Rickert e Weber entendem como “relação a valores” ou “relevância valorativa”

consiste nesse papel orientador de interesses de valor no estabelecimento dos

fenômenos que serão selecionados, em meio a uma realidade inerentemente

inesgotável,comoobjetodeestudocientífico.Comoumcomponentedapesquisa

científica,a"relevânciavalorativa"deveriaserdistinguidade"valoraçõespráticas"

(Rickert, 1986: 94) ou julgamentos de valor propriamente ditos. A biografia de

Robespierre,porexemplo,podesertomadacomoigualmenterelevante,emtermos

científicos, por historiadores cujos juízos práticos de valor quanto a esse

personagem histórico são radicalmente discrepantes - uns denunciando-o como

"fanático sanguinário", digamos, enquanto outros o celebram como "arauto da

civilizaçãomoderna".

Diferentemente de Rickert (1986: 195-236), que se bateu longamente com essa

questão, Weber não tinha maiores rebuços em admitir que, como quaisquer

compromissos éticos, os valores que guiam as seleções de objeto nas ciências

humanassão"arbitrários",istoé,nãopassíveisdequalquerjustificaçãoobjetivaou

demonstraçãocientíficadesua"validade".Osvaloresqueorientamasescolhasde

certospesquisadores poderão discrepar dos valores queorientamoutros:devido

aos seus diferentes valores culturais, os problemas de pesquisa histórica que

interessavamaWebereaosseuscolegasalemãesdiferiam,porexemplo,daqueles

que avultavam como mais relevantes para "um chinês" (2001a: 114). O

descompassovalorativotambémpoderiasedarentreosvaloresdopesquisador,de

um lado, e os valores sustentados pelos próprios agentes pesquisados,de outro.

Paraficarumavezmaisnailustraçãomaisfamosa,aimensarelevânciavalorativa

que a racionalização da conduta econômica moderna promovida pelo

protestantismoascéticopossuíaparaWebernãooimpediudereconhecer,nofecho

doseulivrodedicadoaotema,oquediferenciavaseuscontemporâneosdoantigo

puritano:esteescolheratalcaminhodevida,aopassoqueaqueleseramobrigadosa

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segui-lo, presos que estavam na "gaiola de ferro" ou (tradução atualizada) "rija

crostadeaço"daengrenagemcapitalistamoderna(Weber,2001a:165).

Os exemplos elencados continuam compatíveis, em princípio, com a distinção

rickertiana entre "relação a valores" e "valorações práticas" (p.ex., a relevância

valorativadoprocessoderacionalizaçãodacondutadavidaépartilhadatantopelo

puritanodevotoquantopeloseucríticonovecentista,adespeitodeseusjuízosde

valor contrastantesquantoaoprocesso).O caminhodeRickertdivergeda trilha

weberiana,noentanto,quandoeletentaatrelaravalidadeobjetivadosresultadosda

pesquisa histórica à validade geral dosvaloresque orientaram a seleção do seu

objeto.SegundoRickert,namedidaemqueosvaloresqueregemaescolhadeobjeto

pelohistoriadorfossempartilhadospelosmembrosdesua"comunidadecultural",

divergências quanto ao que é historicamente (ir)relevante não apareceriam, e a

objetividade daquela pesquisa histórica dependeria inteiramente do "material

factual"porelarecolhido(Rickert,1986:199).Oconhecimentoassimgeradoseria

objetivamenteválidoparatodosaquelesquepartilhassemdosvaloresqueditaram

orecortetemáticodaquelainvestigação.Poroutrolado,segundoasleiturascríticas

de Fritz Ringer e Gabriel Cohn (não por acaso dois autores que sustentam ser a

influênciadeRickertsobreWebermenordoqueparece),ofilósofoalemãotende,

porvezes,apassardessaconcepçãodeobjetividade,centradaemumconsensode

valoresparticularesaumacomunidadecultural,paraumatesemaisousada,naqual

a objetividade estaria ancorada, pelomenos idealmente, em "valoresuniversais"

(Cohn,2003:94)de"validadeabsoluta"(Ringer,1997:42;vertambémKim[2017]).

Emcontraste,Webercombateucomafincoaideiamesmadequevaloreséticose

políticos poderiam ser objetivamente validados pelo discurso racional ou pelo

conhecimentocientífico(Weber,1982:154-183).Aindaquepudesseindicarmeios

àconsecuçãodefinspreviamentedefinidos,bemcomoavaliaraconsistênciadesses

finsentresi,aciênciajamaispoderiaoferecerumajustificaçãoobjetivadospróprios

finsdaatividadehumana.Aomesmotempo,segundoWeber,adependênciaquea

pesquisacientíficatemdevaloresparticulares,racionalmente"arbitrários",nasua

etapadeseleçãodoobjetonãoimplicaqueistocomprometaaobjetividadedosseus

resultados,aomenoscomoidealregulativo(Weber,2001a:82).Paravoltaraoseu

exemploanterior,"seumademonstraçãocientífica,metodologicamentecorretano

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setor das ciências sociais, pretende ter alcançado seu fim, tem de ser aceita

como...corretatambémporumchinês";oudeveriaseresta,pelomenos,aaspiração

metodológicadaquelademonstração (Ibid.:113-114).Comoumapropriedadede

enunciadoscientíficos,aobjetividadeepistêmicaseriapossibilitadaporexigências

demétodoinerentesàideiamesmadeciência,taiscomoaverificaçãoempíricaea

críticaracionaldospares.

Conclusão(StairwaytoWeber)

Ocasamentoentrea“relaçãoavalores”naseleçãodeproblemasdepesquisa,deum

lado,eadefesadeumconhecimentoobjetivocomometaregulativadessamesma

pesquisa,deoutro,meparecetípicodasviasmatizadasqueWebertrilhouemmeio

às oposições epistemológicas em que se embrenharam seus contemporâneos. A

começarpelotemadassemelhançasedessemelhançasentreasciênciasdanatureza

e as ciências humanas,Weber introduziu visões nuançadas que seopunhamaos

unilateralismosradicaisquerdemonistas(p.ex.,Lampretch),querdeseparatistas

(p.ex.,oprimeiroDilthey).Porumlado,oseparatismoepistemológicotinharazão

emsublinharqueo caráter impregnadode significadodomundosócio-histórico

confereaciênciassociais,comoasociologia,tarefasdeinterpretaçãoinexistentes

emdisciplinasqueestudamentidadesdestituídasdesubjetividade.Diferentemente

doqueacontececomaexplicaçãocientíficadeumtrovão,porexemplo,aelucidação

dascondutashumanasexigeoacessoaosmotoressubjetivosqueasanimam,sejam

taiscondutasinsurreiçõesmilitaresoulevantesrevolucionários,trocascomerciais

ouprocedimentosburocráticos,composiçõesmusicaisouritosreligiosos.Poroutro

lado,aosalientarqueoexamecientíficodaaçãosocialreclamaacompreensãodos

significados subjetivos que a movem, Weber não opõe o procedimento

compreensivo à explicação causal;ao contrário, ele toma a compreensão como

ingredienteessencialdaexplicaçãonasciênciashumanas.

Se a transposição imaginativa para a experiência dos agentes que se pretende

estudar pode auxiliar na compreensão de suas ações, continuou ele, isto não

significaqueelasejaindispensávelatalcompreensão.Estaseancoraria,nomaisdas

vezes,emumtrabalhoinferencial,sobreoqualfalaremosnopróximocapítulodesta

série-verbete. De modo similar, a verificação de hipóteses interpretativas na

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sociologia não derivaria das certeza psicológicas propiciadas por qualquer

“intuicionismo” empático,mas por teses empiricamente averiguáveis por outros

pesquisadores. Como Weber afirma em uma passagem que antecipa a futura

distinção, na filosofia da ciência, entre “contexto da descoberta” e “contexto da

justificação”:

“...temos de chamar a atenção para...o erro básico de todas aquelas teorias [da

compreensão empática], infelizmente amplamente aceitas...por historiadores

profissionais,asquaisachamqueoespecificamente‘artístico’e‘intuitivo’doprocesso

histórico–porexemplo,uma‘interpretação’deuma‘personalidade’–seriaapanágio

daciênciahistórica,fazendocomqueaperguntaquantoaoprocessopsicológicona

formaçãodeumconhecimentofosseconfundidacomaperguntaquantoao‘sentido’

lógicodesuavalidade ‘empírica’.Noqueconcerneaoprocessopsicológico,opapel

desempenhado pela ‘intuição’ é essencialmente o mesmo em todos os setores das

ciências...[...]Ousodedeterminadas‘regras’na‘validaçãoempírica’,tendoporfimo

controleda‘interpretação’dasaçõeshumanas,apenaspodesertidocomodiferente

doprocedimentonas‘ciênciasnaturais’,quandoseabordaestaquestãodemodoassaz

superficial”(Weber,2001a:82).

Desnecessário dizer, o uso excessivo (assaz excessivo) das aspas é, salvo

algumtiltnatraduçãodoalemão,obradopróprioWeber.Dequalquermodo,como

eu dissenoutro canto, a visão weberiana é notavelmente próxima de outros

retratos modernos sobre as conexões entre“inspiração” e

“transpiração”,“loucura”e“método”nainvençãocientífica.

Deresto,seoestabelecimentodeconexõescausaiséumacondiçãosinequanonde

qualquerconhecimentocientífico,Webersustentaqueacausalidadepressuposta

nas ciências humanas não é dedução de eventos particulares com base em leis

gerais.Namedidaemqueessasciênciassedirigemarecortesespecíficosdoreal,

afirmaçõessobrevínculoscausaisnomundosocial(p.ex.,entreaéticadavocação

do protestantismo ascético e o espírito do capitalismomoderno) também serão

necessariamenteparciais,nãoexaustivas.Porúltimo,masnãomenosimportante,

Weberconcordaquantoaofatodequeointeressemagnodapesquisasociocientífica

éaelucidaçãoderealidadessociaisparticulares:"Nocampodasciênciasdacultura,

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oconhecimentodogeralnuncatemvalorporsipróprio"(Weber,2001a:130).Sua

obraintotofoidevotada,comoésabido,aoexamedocarátersingulardoprocesso

multidimensional de racionalização da conduta característico da modernidade

ocidental(Nobre,2008;Pierucci,2003;Schluchter,2014;Souza,2000:cap.1;Sell,

2013; 2017). Foi esse interesse cognitivo que ditou suas incursões por uma

variedadedeoutroscenárioshistórico-culturais,comoemseueruditíssimoestudo

sobrea“éticaeconômicadasreligiõesmundiais”(Weber,2016).Aomesmotempo,

Weber reconheceu que aquele trabalho de elucidação do “socialmente real” nas

ciênciashumanaspode sevalerdeumsaber “nomológico”,pensadosoba forma

mais frouxadeumrepertóriode conceitos “transcontextuais” (p.ex., “dominação

tradicional”ou“açãoracionalcomrelaçãoavalores”)edepadrõesrecorrentesde

açãosocial(p.ex.,atesedeque,comotempo,umadominaçãopredominantemente

carismáticatenderáa“rotinizar-se”porviastradicionaise/ouburocráticas[Weber,

2000:cap.3]).Ésobretudonostermosdessacolaboraçãoentreconhecimentodo

geraleconhecimentodoparticular,comefeito,quedeve-secompreenderarelação

entrea“sociologia”ea“história”naobradessesociólogodoublédehistoriador(e

vice-versa).

Finalmente,podemosentãofalarsobreoesquemaanalíticodopróprioWeber...no

próximopost.

Notas

[i]NaprosadensadopróprioWeber,osabernomológicocaracteriza“ciênciasque

pretendemintroduzir,atravésdousodeconceitosgeraisedeumsistemadeleis,uma

ordemnavariedadeexistente...[...]Oideallógicodessasciênciaséamecânicapura.

Paraconseguirarealizaçãodesteideal,faz-secadavezmaisnecessárioafastardos

eventosedosprocessosconcretostodasortedecasualidadeeacontecimentofortuito.

Alógicadesseprocessotemporobjetivosubordinarsistematicamenteconceitosgerais

a outros conceitos ainda mais gerais...[...]Procede-se desta maneira em todos os

setores em que...aquilo que nos interessa saber...coincide com o genérico.[...]...nosso

interesse científico, neste caso, não diz respeito aos casos empíricos em sua

individualidade, pois estes foram transformados em exemplos de conceitos

genéricos.[...]Este procedimento leva...a um afastamento contínuo e crescente da

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realidadeempíricaeconcretaque,portodaparte,existeapenascomcaracterísticas

deindividualidadeeparticularidade”(Ibid.:3-4).Quantoaosaberidiográfico,eleé

próprio de “ciências que têm por escopo o conhecimento da realidade na sua

particularidadequalitativaecaracterísticanasuaindividualidade”(Ibid.:4).Weber

seapressaemdizerquetalformadeconhecimentojamaispoderiaaspirarauma

“representação plena e exaustiva[mesmo]de uma parte da realidade”, já que

qualquer fragmento do real continua a possuir uma infinitude de aspectos.

Diferentementedoqueocorrecomosprocedimentosconceituaisdeumsaberde

orientaçãonomológica,noentanto,asseleçõesrealizadasnosaberidiográficosão

orientadas ao particular: "...a elaboração de um sistema conceitual que

continuamenteseaproximedarealidadeindividualpormeiodaseleçãoedaunião

daquelestraçosqueseapresentamcomocaracterísticos”(Ibid.),istoé,daquiloque

as“realidadesindividuais”possuemdedistintivoediferente,nãodosatributosque

possuememcomum.Umprocedimentometodológicodessanaturezaobedeceaum

interesseidiográficodeconhecimentodosingular,“semquenospreocupemoscom

suaclassificaçãoesubordinaçãodentrodeumsistemade‘conceitosgenéricos’”(Ibid.:

5).

[ii]Oacentonainterconexãodaeconomiacomaesferaculturaltambémsetraduzia,

nopensamentodeKnies,emumlinguajarorganicistasobreo“caráter”eo“espírito”

dospovos.Webernãooporiaobjeçõesaoconceitode“espíritodeumpovo”seele

fosse,comosuasprópriasnoçõesde“mercado”e“estado”(Weber,2000:9),mais

um desses “conceitos relacionais” que resumem convenientemente combinações

complexasdecondutasindividuais.Noentanto,oqueelediagnosticava-ecombatia

ferrenhamente - naquela noção era uma personificação de coletivos “de caráter

metafísico”,segundoaqualo“espíritodopovo”nãoseriasomenteumconceitoque

condensa a “confluência das mais diversas influências culturais” (caso em que

Weber estaria disposto a aceitá-lo), mas a “causa real e fonte da qual todas as

manifestaçõesdeumpovo...[seriam]apenas‘emanações’”(Weber,2001a:8).Weber

eratãoencarniçadonoseudesgostoporessetipodeabordagemque,emumacarta

aRobertLiefmann (Weber,2012:410), atribuiumuitode sua transformaçãoem

“sociólogo”edeseu“individualismometodológico”auminteresseemcombatê-la:

“Seagorametorneiumsociólogo(deacordocomosdocumentosdeminhaposse!),foi,

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em largamedida,porquequeropôrum fima todoessenegócio...de trabalhar com

conceitos coletivos. Em outras palavras:a sociologia também só pode ser levada a

efeitosetomar,comopontodepartida,asaçõesdeumoumais(poucosoumuitos)

indivíduos,istoé,comummétodoestritamente‘individualista’”(Weber,2012:410).

Umaressalvacabeaqui:talcitaçãoé,elaprópria,traduzidanãodooriginalalemão,

mas de uma tradução anglófona de todos os escritos metodológicos de Weber

(2012)-inclusive,comoindicaoexemplo,dascartasemqueeletratadequestões

de método. Sabemos que otraduttoreque traduz da tradução se arrisca a ser

duplamentetraditore.Noentanto,mesmoseseaceitaqueacitaçãodosoriginaisna

línguadeGoethe(eHitler)seja indispensávelparaaweberologiacomopesquisa

especializada,oquejáéquestionável,seriabizarroapelarparaesterequisitoem

discussõessubstantivasdetemasepistemológicosouemtextosdeintençãodidática

comoopresente.

[iii]SegundoWeber,umavezexplorada“asignificaçãoculturaldoprotestantismo

ascético emcomparação com outros elementos que plasmama culturamoderna...,

seria preciso trazer à luz o modo como a ascese protestante foi por sua vez

influenciada...peloconjuntodascondiçõessociaiseculturais,tambémeespecialmente

as econômicas.[...]...não cabe contudo...substituir uma interpretação causal

unilateralmente‘materialista’...dahistóriaporoutraespiritualista.[...]...umaeoutra,

se tiveremapretensãodeser,nãoaetapapreliminar,masaconclusãodapesquisa,

igualmentepoucoservemàverdadehistórica”(Weber,2004:167).

[iv]“...asciênciasempíricasprocuram,noconhecimentodarealidade,ogeralnaforma

da leinaturalouoparticularemforma[Gestalt]historicamentedeterminada.[...]...o

pensamentocientíficoénomotéticoemumcaso,idiográficonooutro.Senosativermos

àsexpressõescostumeiras,podemos falar também,nessesentido,daoposiçãoentre

ciência natural e disciplinas históricas, desde que tenhamos em mente que, nesse

sentido metodológico, a psicologia deve certamente ser contada entre as ciências

naturais”(Windelband,1998:13).

[v]“...essa oposição metodológica classifica apenas o método e não o conteúdo do

conhecimentomesmo.[...]...osmesmosassuntospodemservir comooobjetodeuma

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investigaçãonomotéticae...tambémdeumainvestigaçãoidiográfica”(Windelband,

1998:13).

[vi]“Deixandodeladoamecânicapuraecertossetoresdasciênciashumanas,temos

aabsoluta certezadeque,no seuprocedimentoempírico econcreto,nenhumadas

ciências elaborao seu sistemaconceitual seguindounicamenteumououtrodestes

modelos”(Weber,2001a:5),istoé,nomotéticoeidiográfico.

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