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Revista do Grupo Cemig Ano 1 - N 0 4 - Novembro-Dezembro/2010 Ventos que sopram energia PROJETO BENEFICIA MORADORES QUE VIVEM PRÓXIMOS ÀS LINHAS DE TRANSMISSÃO EXPOSIÇÃO DE RONALDO FRAGA HOMENAGEIA O RIO SÃO FRANCISCO Parques eólicos da Cemig ampliam a capacidade de produção de matrizes energéticas alternativas

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Revista do Grupo Cemig Ano 1 - N0 4 - Novembro-Dezembro/2010

Ventos quesopram energia

PROJETO BENEFICIA MORADORES QUE VIVEM PRÓXIMOS ÀS LINHAS DE TRANSMISSÃO

EXPOSIÇÃO DE RONALDO FRAGA HOMENAGEIA ORIO SÃO FRANCISCO

Parques eólicos da Cemig ampliam a capacidade de produçãode matrizes energéticas alternativas

compra deenergia

geração

geração(construção)

transmissão

transmissão(construção)

distribuiçãode gás

distribuição cliente livrecemig

geração eólica(construção)

geração eólica

ExpEdiEntEdiretor-presidente:Djalma Bastos de Moraisdiretor Vice-presidente:Arlindo Porto Netodiretor de distribuição e Comercialização:José Carlos de Mattosdiretor de Finanças, Relações comInvestidores e Controle de Participações:Luiz Fernando Rolladiretor de Geração e transmissão:Luiz Henrique de Castro CarvalhoDiretor de Gestão Empresarial:Marco Antonio Rodrigues da Cunhadiretor de desenvolvimento denovos negócios:Fernando Henrique Schuffner Netodiretor Comercial:Bernardo Afonso Salomão de Alvarengadiretor de Gás:Márcio Augusto Vasconcelos Nunes

Universo CemigRevista institucional do Grupo CemigAno I - número 4 Novembro-Dezembro/2010Av. Barbacena, 1.200 - 19º andarTel.: (31) 3506-4949|3506-2052Caixa Postal 992Belo Horizonte|MGe-mail: [email protected]. internet: www.cemig.com.br

Editor responsável: Luiz Henrique Michalick - Reg. no 2.211 SJPMGCoordenação de edição: João Batista Pereira e Carlos Henrique SantiagoApoio: Jonatas AndradeProjeto Gráfico: Press Comunicação Empresarialprodução, redação e edição:Press Comunicação Empresarial(Jornalista responsável – Licia Linhares MG 10.283)Edição de arte e diagramação: Press Comunicação EmpresarialRevisão: Cláudia RezendeImpressão: Tamóiostiragem: 24.000Foto capa: Parque Eólico Praias de Parajuru

Filiado à Aberje

FINALIZAÇÃO JÁ EM TAMANHO MÍNIMO PARA APLICAÇÃOAS LOGOS NÃO PODEM SER REDUZIDAS

COLORIDAS

NEGATIVAS

TRAÇO

ELEMENTOS MÍNIMOS

Presença sul-americanaEm 58 anos, o Grupo Cemig investiu na diversificação e na qualidade de

seus serviços, expandindo sua atuação no Brasil e na América do Sul.

Confira onde a Companhia está presente e suas respectivas operações.

Universo Cemig2

Novembro - Dezembro/2010 3

SUMáRIo

04 Editorial Fontes renováveis e energia

limpa

05 Tecnologia Cemig e ABB selam parceria

no desenvolvimento de equipamentos inovadores ambientalmente corretos

08 Investimento Usina Baguari liga a quarta

turbina e amplia capacidade de geração de energia

12 Artigo HVDC se torna alternativa de

transmissão energética no país

18 Capa Construção de três parques

eólicos no Ceará reafirma o pioneirismo da Cemig na busca por fontes energéticas limpas

14 Foco Social Projeto reassenta famílias

moradoras próximas às linhas de transmissão

23 Sustentabilidade Utilização de fontes de energia

alternativas reafirma pioneirismo da Cemig

26 Regionalismo Exposição de Ronaldo Fraga

conta a história do Rio São Francisco por meio da moda

30 Vitrine Entidades e artistas mineiros

lançam moda com foco no reaproveitamento de materiais

32 Cultura BH e cidades mineiras se

enfeitam com muita luz para a chegada do Natal

34 Com a Palavra Inventário da arborização

reduz impacto ambiental e problemas nas cidades

35 Retratos do Brasil

Arquivo Cemig

Universo Cemig4

EDIToRIAL

Fontes renováveis e produção de energia limpa

A Diretoria de Geração e Trans-missão (DGT) sente-se orgulhosa em contribuir significativamente para o crescimento da Cemig, atuando com reconhecida competência técnica na expansão da Empresa, desde a con-cepção de engenharia e implantação de usinas, linhas e subestações até operação, controle ambiental e ges-tão dos ativos.

A Cemig é um dos maiores grupos geradores do país, com capacidade instalada superior a 6.700 MW, sendo 98% de fontes de energia renováveis. O portfólio diversificado de usinas hidrelétricas e eólicas fortalece a sus-tentabilidade do negócio de geração e o Índice Dow Jones.

Em nossa estratégia de cresci-mento, manteremos o atual patamar de fontes renováveis em nossa ma-triz, construindo novas hidrelétricas, ampliando a participação da energia eólica e introduzindo a energia da biomassa e outras fontes renováveis.

Somos reconhecidos internacio-nalmente pela nossa competência e domínio técnico em desenvolver projetos e implantar usinas hidrelé-tricas com customização e agregação de valor. Agora, estamos trabalhando efetivamente para obter esse mes-mo grau de excelência em projetos e implantação de usinas eólicas. Criamos um grupo de trabalho na DGT para planejar nossas ações de engenharia e vencer esse desafio em breve espaço de tempo, nos capaci-tando tecnicamente para explorar o potencial eólico de Minas Gerais e as novas oportunidades dentro e fora do Brasil.

Perseguimos, ainda, a excelência em soluções de engenharia para in-

trodução de outras fontes de energia limpa em nossa matriz energética, como a biomassa e a energia deriva-da de resíduos sólidos urbanos (lixo), que já se apresentam como novas oportunidades de expansão.

o pioneirismo e o compromisso da Cemig com a sustentabilidade podem ser exemplificados com a introdução no Brasil das turbinas do tipo bulbo para hidrelétricas e com a concepção e a implantação em socie-dade da UHE Igarapava na década de 1990.

Nesta edição da revista Universo Cemig, os leitores poderão, ainda, conhecer em detalhes a parceria firmada entre Cemig, Furnas e Neo-energia que resultou na UHE Baguari, cuja construção foi beneficiada pela experiência adquirida com a tecnolo-gia Bulbo. Além disso, a Diretoria se orgulha em apresentar as empresas de energia eólica no Ceará, constitu-ídas através da parceria entre Cemig e Energimp.

Portanto, percebe-se que o cres-cimento da Cemig está alinhado com o seu Direcionamento Estratégico, buscando sempre as fontes disponí-veis e mais competitivas para a for-mação de sua matriz, sendo inovado-ra na busca de soluções tecnológicas para o negócio, sendo excelente na gestão de investimentos em geração e na prospecção de novas fontes de energia limpa para o crescimento sustentável.

Afinal, temos de construir um presente que garanta um futuro me-lhor para as próximas gerações.

Luiz Henrique de Castro CarvalhoDiretor de Geração e Transmissão

“Em nossa estratégia de crescimento, manteremos o atual patamar de

fontes renováveis em nossa matriz, construindo novas hidrelétricas,

ampliando a participação da energia eólica e introduzindo a energia da

biomassa e outras fontes renováveis.”

Arqu

ivo

Cem

ig

Novembro - Dezembro/2010 5

TECNoLoGIA

Parceirosde valorABB e Cemig trabalham juntas na criação de equipamentos inovadores e verdes

A Cemig tem um histórico de par-cerias bem-sucedidas. Empresas de tecnologia nacionais e interna-cionais, órgãos governamentais e instituições de ensino formam o

rol de parceiros de qualidade que a companhia acumula ao longo de sua história. Uma das mais frutíferas alianças surgiu com a ASEA Brown Bo-veri – grupo resultante de duas empresas cen-tenárias e que, atualmente, é conhecido sim-plesmente como ABB. Com sede em Zurique, na Suíça, a multinacional é líder no desenvolvi-mento de tecnologias que aliam melhora de de-sempenho com redução de impacto ambiental.

“No início da década, iniciaram-se as parce-rias para o desenvolvimento de equipamentos com tecnologias inovadoras”, recorda Alexan-dre Bueno, superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig. Ele aponta como uma das primeiras grandes contribuições da ABB o reparo in situ de um transformador de potência acidentado da Cemig. “Equipamentos assim, de grandes potências, podem ter peso superior a cem toneladas e grandes volumes, o que torna seu transporte complicado e dispen-dioso”, pontua.

o reparo do transformador deve ser efetua-do em ambientes controlados, que apresentem baixas temperatura e contaminação, além de níveis de umidade dentro de estreitas faixas Ar

quiv

o Ce

mig

Subestação Móvel utiliza óleo verde e realiza manutenções corretivas

sem interrupção do fornecimento de energia. Melhoria resultante da

parceria entre a Cemig e a ABB

Universo Cemig6

de tolerância. “A ABB e a Cemig realizaram a primeira operação do tipo em um equipamento de alta-tensão, em que foram feitos novos inves-timentos, incluindo a construção de um galpão em torno do equipamento, de forma a manter as condições ideais de temperatura, limpeza e umidade”, explica Alexandre.

Inovações importantes

Entres as várias contribuições que viabili-zaram inovações importantes, o superinten-dente destaca duas: o óleo vegetal, como meio isolante e refrigerante para transformadores de potência, e o kit de monitoramento on-line para transformadores. São eles que permitem a transmissão de grandes quantidades de energia a longas distâncias. “A utilização do óleo vegetal segue uma tendência mundial de buscar a utili-zação de tecnologias e produtos de baixo impac-to ambiental”, argumenta. Assim como apresen-ta boas características isolantes e refrigerantes, o fluido é menos inflamável que os óleos mine-rais tradicionalmente utilizados.

Com a evolução tecnológica, os transforma-dores a óleo vegetal se tornaram mais capazes de suportar sobrecargas. “Entretanto a sua me-lhor característica é o fato de ser totalmente biodegradável. No caso de algum vazamento ou de contaminação no meio ambiente, as conse-quências são menores, e os custos de reparação também”, aponta.

o passo seguinte foi a criação de um sistema de monitoramento on-line dos transformadores. “Muitos equipamentos falham ou queimam, e ficamos sem saber a causa”, afirma Anderson Neves Cortez, gerente de Desenvolvimento e Engenharia de Ativos da Distribuição da Cemig. o processo de criação do kit de monitoramento começou com o desenvolvimento de sensores, que, acoplados ao transformador, vigiam em tempo real o funcionamento do equipamento e, em caso de problemas, enviam mensagens via computador. “Uma vantagem é a possibilidade de realizar diagnósticos preventivos. Assim, po-demos acompanhar a evolução de um problema, agindo antes que a queima ou o desligamento repentino ocorram”, fala Anderson.

Alexandre Bueno destaca os pontos

positivos do trabalho em conjunto entre as duas empresas

Arquivo Cemig

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Subestação móvel

outra poderosa ferramenta criada pe-los engenheiros da ABB e da Cemig foi a subestação móvel inaugurada em 2008, a primeira do mundo de seu tipo totalmente alimentada por óleo vegetal. Ela se desti-na a substituir partes de uma subestação convencional, permitindo que sejam feitas manutenções corretivas sem interrupção do fornecimento de energia. Menor, mais leve e com um ganho de 40% da potência em virtude da utilização do óleo vegetal, a subestação móvel pode ser transportada pelas rodovias de uso geral sem compro-meter o tráfego (foto à direita).

Carro-Sonda

outro importante equipamento da Ce-mig, para rápido atendimento em qualquer ponto de Minas Gerais e até do país, é o carro-sonda. No início de outubro, o veí-culo foi cedido à Eletrobras Amazonas para auxiliar no reparo de um cabo subaquáti-co, instalado no rio Negro, de mais de 4,5 mil metros de extensão, que se rompeu. “o modelo é dotado de equipamentos mo-dernos para a identificação de obstruções em condutores elétricos”, afirma Ricardo Jardim Carnevalli, engenheiro da Cemig. “Conectado a uma das extremidades do cabo, ele emite um sinal com determinada frequência. Ao atingir o ponto obstruído, esse sinal é refletido, e os aparelhos do carro conseguem determinar o local exato do problema”, completa.

Além de poupar tempo na investigação do ocorrido – tendo em vista as grandes extensões dos cabos –, o carro-sonda pro-porciona economia, pois evita que seg-mentos de cabos em condições de uso se-jam substituídos desnecessariamente.

o uso de óleo vegetal nos transformadores de potência, além de reduzir custos, minimiza

os impactos ambientais na Subestação Cidade Industrial, em Contagem (MG)

Fotos Arquivo Cemig

Universo Cemig8

INVESTIMENTo

operação da Usina Baguari ganhanovos impulsos

Com as quatro turbinas já em funcionamento, consórcio deverá

aumentar a capacidade de geração de 140 MW com aumento

da vazão do Rio Doce

O início da época de chuvas na região de Governador Valadares, Leste de Mi-nas, marca uma nova fase na história da Usina Hidrelétrica Baguari (UHE). Pela primeira vez, o empreendimento

que nasceu do consórcio formado por Neoenergia (51%), Cemig (34%) e Furnas (15%) deverá operar uma capacidade com potencial de geração de 140 MW. o resultado será possível graças ao sistema de turbinas tipo bulbo, com operação a fio d’água, que entra em velocidade máxima no período de maior afluência do Rio Doce.

Isso só se tornou possível devido ao início da ope-ração, realizado em tempo recorde, no primeiro se-mestre do ano, da quarta e última unidade geradora de energia. Cada uma das turbinas é responsável por operar 35 MW. A expectativa da equipe da usina é de que as chuvas permitam uma vazão média de 900 metros cúbicos. “A potência é diretamente propor-cional ao volume de água que movimenta as turbi-

Novembro - Dezembro/2010 9

meira vez que um empreendimento da Cemig entrou com um escritório de projetos, alicerça-do pelo Project Management Institute (PMI), e consultoria direta do chairmain da Empresa, Ricardo Viana Vargas. “Adotamos as melhores práticas de gerenciamento de projetos, em conjunto com os demais parceiros do consór-cio. A experiência foi muito positiva também para dar mais segurança na relação com os ór-gãos ambientais e para agilizar os processos”, ressalta a gerente de Integração de Novos Em-preendimentos de Geração e Transmissão da Cemig, Débora Alvarenga Guerra Martins.

A partir de agora, o pioneirismo do PMI em Baguari passa a servir como base para todos os empreendimentos da companhia. Em termos práticos, a metodologia impactou diretamente sobre o resultado final da implantação: a usina já representa um incremento significativo no abastecimento energético do país.

nas”, comenta o gerente operacional do Con-sórcio UHE Baguari, Bruno Pontes Rodrigues.

o consórcio representa uma energia média assegurada de 80,2 MW, suficiente para abas-tecer uma cidade com 450 mil habitantes. A produção é distribuída por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN), informa o diretor técnico do consórcio e gestor de empreen-dimentos da Cemig, Roberto Alves Barrio. “É uma usina com grande potencial, construída em tempo recorde”, acrescenta o executivo.

Baguari iniciou as operações 120 dias an-tes do cronograma de projetos e representa um incremento significativo no abastecimento energético do país. A produção é transmitida por uma subestação de 230 kV e rede associa-da de 2,9 quilômetros, com 17 torres, também construídas pelo empreendimento.

A eficiência na implantação da Usina Ba-guari tem uma razão muito especial. Foi a pri-

Leo Moraes

Universo Cemig10

Energia mais limpa

A geografia da região onde a usina foi ins-talada motivou o desenvolvimento das opera-ções pelo sistema de turbinas do tipo bulbo, ainda pouco utilizado no Brasil, mas que con-solida uma nova tendência na construção de hidrelétricas. Um dos grandes motivadores são a consciência ambiental e a redução dos impactos nas comunidades das regiões com potencial para instalação desse tipo de empre-endimento.

Um dos benefícios mais importantes do uso das turbinas é que elas não exigem a for-mação de grandes lagos para acumular água: o sistema atua sobre volume e velocidade do recurso natural. “A vazão de água que chega nas turbinas é a mesma que sai, daí, a nomen-clatura ‘operação a fio d’água’”, explica Bruno Rodrigues, gerente operacional do Consórcio UHE Baguari. De acordo com especialistas em estudos de tecnologia sobre barragens, esse sistema diminui até oito vezes o tamanho do lago.

o reservatório da Usina Baguari tem 16 quilômetros quadrados, uma das menores áreas de lago para uma capacidade de geração

equivalente. “o local onde a usina foi instalada possuía uma queda d’água com declive que fa-vorecia a opção pelas turbinas do tipo bulbo”, completa o gerente operacional. A área do reservatório tem extensão de 22 quilômetros no Rio Doce e 5 quilômetros no Rio Corrente Grande, afluente do Rio Doce.

A opção pela tecnologia também rende frutos na área ambiental. De acordo com o gerente Ambiental de Baguari, Gustavo Tava-res Martins, já é possível perceber, por meio do monitoramento de peixes (ictiofauna), uma redução significativa na mortandade de espé-cies, em comparação com empreendimentos que utilizam outros investimentos de geração. “Mesmo no período de piracema, que costu-ma ter impactos mais visíveis, percebemos esse resultado positivo”, destaca.

É o período de chuvas – no caso do Leste de Minas, de novembro a março – que con-tribui para o melhor resultado de geração de energia. “No período seco, a usina opera com uma ou duas turbinas, dependendo da vazão”, completa Gustavo.

Uso das turbinas reduz até oito vezes o tamanho do lago. o sistema atua sobre o volume e a velocidade da água

Leo

Mor

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Uma usina jovem

Em um ano de operações, a Usina Baguari come-mora alguns importantes avanços, como a realização das manutenções preventivas, revisão de mil horas das unidades geradoras, elaboração de manuais e plantas, procedimentos e padronização operacional. “Consegui-mos cumprir as normas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atender aos procedimentos de rede do operador Nacional do Sistema Elétrico (oNS) e fornecer cerca de 500 GWh para o Sistema Interligado Nacional”, comenta Bruno Rodrigues.

Para Roberto, esse é um momento de adaptar a operação e ficar atento aos projetos de meio ambiente que ainda precisam ser desenvolvidos. “Ainda existem muitos desafios e questões ambientais a serem estuda-das e monitoradas. Agora, é a fase do ajuste fino, tanto do ponto de vista operacional quanto de impactos so-cioeconômicos e ambientais”, acrescenta.

Durante a construção da Usina Baguari, foram de-senvolvidos 38 programas ambientais em três áreas dis-tintas: biótica, socioeconômica e física, além de diversas iniciativas e campanhas de conscientização ambiental com a população local. ”Um dos grandes projetos é o monitoramento hidrogeológico, que vai nos ajudar a entender como será a dinâmica do rio a partir do enchi-mento do reservatório”, conta Gustavo Tavares Martins.

Entre os programas compensatórios e mitigadores dos impactos do empreendimento ao meio ambiente, destaca-se, também, a criação de 34 hectares de Re-serva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). O local escolhido é a ilha de São Manuel, que passa a se deno-minar RPPN São Manuel. “Identificamos a reserva como o maior fragmento conservado. Já está no primeiro ano de reflorestamento, com cerca de 20 espécies nativas da região, e manutenção dos remanescentes florestais”, informa o gerente ambiental Bruno Rodrigues.

Do ponto de vista socioeconômico, ainda na fase de construção, o consórcio realocou 71 famílias do município de Periquito (MG), devido à formação do lago da Usina Baguari. “No distrito de Pedra Corrida, 61 famílias foram realocadas para um novo loteamen-to, na entrada do distrito. Já na sede, foram transferi-das dez famílias para outro bairro”, explica.

Em 2010, a Usina Baguari entregou à Prefeitura Municipal de Periquito a área de lazer Francisco Diniz, com o objetivo de proporcionar a melhoria na qualida-de de vida da população. Ainda neste ano, o consórcio irá inaugurar três postos de saúde para o município de Governador Valadares.

REtROSpECtiVA

Maio de 2007Início das obras da Usina Baguari e primeira fase do desvio do Rio Doce.

Setembro de 2008Começo da construção do loteamento em Pedra Corrida e de casas em Periquito.

Junho de 2009Enchimento do reservatório.

Setembro de 2009Início da geração comercial da primeira unidade geradora de energia.

22 de Outubro de 2009Inauguração oficial da Usina Hidrelétrica Baguari.

novembro de 2009- Início da geração comercial da segunda unidade geradora de energia.- Funcionamento do Sistema de Transposição de Peixes (escada de peixes).

Fevereiro de 2010Começo da geração comercial da terceira turbina.

Maio de 2010Início da operação da quarta e última unidade geradora de energia.

Leo Moraes

Universo Cemig12

ARTIGo

Expansão da transmissão em corrente contínua: perspectivas e estratégia

transmissão em corrente contínua - Brasil e América do Sul

A transmissão em corrente contínua (HVDC) é uma tecnologia consagrada, contando com quase 80 GW instalados em mais de cem em-preendimentos em operação, nos cinco conti-nentes, e mais 40 GW em projeto ou construção até 2012, somente na China, além de outros empreendimentos de destaque na Índia e no sul da áfrica.

Devido à economia proporcionada em ca-bos, isoladores e estruturas de torres de linhas

Os Sistemas de Transmissão em Corrente Contínua (HVDC, sigla em inglês para High Voltage Direct Current) vêm se mostrando, no Brasil e no mundo, uma alternativa muito competiti-va para a transmissão de grandes blocos de energia a grandes distâncias, devendo consoli-

dar-se, no médio prazo, como a alternativa de transmissão preponderante no cenário energético do Brasil e dos demais países em fase de crescimento acelerado e com grandes dimensões geográficas e grandes rios, como a China, a Índia e o sul da África.

de transmissão, a tecnologia é muito atrativa para a transmissão de grandes blocos de ener-gia, a grandes distâncias, com a notável vanta-gem de ser tecnicamente superior à transmis-são em corrente alternada com compensação reativa, proporcionando melhor estabilidade, melhor controle e menores perdas e interferên-cia ambiental.

o potencial hidrelétrico da Amazônia brasilei-ra é estimado em até 120 GW. A transmissão de grande parte dessa energia aos centros de carga se dará via corrente contínua, em função das dis-tâncias, em torno de dois mil quilômetros.

Para o horizonte 2012, estão previstos lei-lões de transmissão de 19 GW, associados aos aproveitamentos hidroelétricos de Belo Monte,

Válvula de uma estação conversora de HVDC

Novembro - Dezembro/2010 13

Tapajós e Teles Pires. Além desses empreendi-mentos, há, também, grande possibilidade de consolidação, no médio prazo, de empreendi-mentos de usinas hidroelétricas, com até 8 GW, no Peru, com participação brasileira, e da Usina Hidrelétrica Binacional Brasil/Bolívia de Guaja-rá-Mirim/Abunã, de 3 GW, em Rondônia. Tais projetos, provavelmente, utilizarão a tecnologia HVDC para conexão à região Sudeste do Brasil. Há, também, grande possibilidade de concreti-zação, em HVDC, do empreendimento chileno Aysén–SIC (Sistema Interconectado Central do Chile), de 2,4 GW, que será licitado até 2012.

No horizonte 2017, as perspectivas de apli-cação de corrente contínua no Brasil, especial-mente para conexão da região Norte e países vizinhos às regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, são da ordem de 38 GW, já incluídas as projeções de curto prazo acima citadas. Caso se considere, além do sistema HVDC chileno Aysén–SIC, os sistemas HVDC e de conversão back-to-back que serão licitados no Chile, no médio prazo, tais como o sistema HVDC SIC–SING (Sistema Interconectado do Norte Grande do Chile), com 600 MW, e os sistemas de con-versão back-to-back Chile–Argentina (Centro), Chile–Argentina (Sul) e Chile–Peru, com mais 2 GW, a perspectiva de investimentos em corren-te contínua na América do Sul, a médio prazo (até 2017), é de que as aplicações somem algo em torno de 40 GW.

No Brasil, a tecnologia para implantação e operação/manutenção de sistemas em HVDC já está consolidada. Nesse cenário, torna-se estra-tégico para a Cemig investir na capacitação de seus quadros técnicos e gerenciais para agregar competitividade aos leilões de transmissão no Brasil e no exterior, com ênfase no Chile, e nos processos de avaliação para aquisição de ativos existentes ou em construção.

Alinhamento com a nova Visão, o plano diretor e o Planejamento Estratégico da Cemig

A Empresa tem como premissa o crescimen-to sustentável e de qualidade, com busca cons-tante das melhores oportunidades de agrega-ção de valor nos investimentos.

Na perspectiva estratégica de investimento em novas tecnologias, pela busca de oportuni-dades em novos projetos de expansão, via lei-lões da Aneel ou de fusões/aquisições, a Cemig vem desenvolvendo grande esforço na capaci-tação de seus quadros técnicos em Sistemas de HVDC e em Facts (Sistemas Flexíveis de Trans-missão em Corrente Alternada).

Em sintonia com a tendência de aplicação em escala cada vez maior dos sistemas de trans-missão em corrente contínua nos projetos na Amazônia brasileira e no exterior, a Cemig vem promovendo sua capacitação e especialização na tecnologia, com visitas às fábricas de equi-pamentos e sistemas, instalações em operação comercial e em construção no Brasil e exterior, cursos e treinamentos, participação em simpó-sios e seminários nacionais e internacionais, organização de palestras internas e workshops com fabricantes e consultores, participação no Comitê de Estudos de Corrente Contínua do Cigré-Brasil, dentre outras ações que objetivam dotar seu pessoal técnico dos requisitos neces-sários ao dimensionamento de um sistema em HVDC e do conhecimento para uma avaliação técnica produtiva para aquisição de ativos asso-ciados a Sistemas de Transmissão em Corrente Contínua.

Por Rodrigo de Oliveira Barata, engenheiro de Projetos do Sistema Elétrico da Cemig e membro do Comitê de Estudos de Corrente Contínua do Cigré-Brasil

MERCAdO dE tRAnSMiSSãO EM CORREntE COntínUA

nO COnE SUL

(Brasil/Chile/Argentina/Peru/Bolívia)

Estimativa de Valores (R$ bilhões)

CEnáRiOS

pOtênCiA

inVEStiMEntOS

Até 2012(curto prazo)

32,4 GW

31,0

Até 2017(médio prazo)

40,6 GW

38,9

Até 2025/2030(longo prazo)

136,0 GW

130,1

ABB / Halvor Molland

Universo Cemig14

FoCo SoCIAL

Vida fora de perigoPrograma da Cemig retira famílias das áreas de risco e possibilita qualidade de vida e recuperação da cidadania

As dificuldades em se encontrar um local, que seja ideal para construir um lar le-vam, muitas vezes, as pessoas a ergue-

rem moradias em áreas inadequadas. Em alguns casos, além de impróprias, as escolhas oferecem riscos consideráveis para os habitantes, como nas chamadas faixas de passagem, nas proximi-dades das linhas de transmissão de energia.

Ciente desse problema, a Cemig desenvol-ve o programa Equacionamento e Prevenção da ocupação Humana sob Linhas de Transmis-são e Subtransmissão, com o objetivo de reas-sentar as famílias que vivem em áreas de risco. Segundo omar de Alvarenga, um dos engenhei-ros responsáveis pelo programa, o principal ris-co das ocupações irregulares é o acidente por choque elétrico. “As construções se aproximam dos cabos condutores de energia. Apenas essa aproximação já basta para o choque acontecer, pois são rompidas as distâncias de segurança da rede”, explica.

os níveis de tensão nas torres vão de 69 mil até 500 mil volts. Em caso de contato, gera uma descarga fatal ao ser humano. De acordo com o engenheiro, outros tipos de acidentes também podem ocorrer, como a queda de pessoas que, inadvertidamente, sobem nas estruturas das torres e o rompimento dos cabos de energia por furto ou vandalismo.

Para evitar tais problemas, as desocupações das famílias acontecem de duas formas. A pri-meira é chamada de desocupação parcial, na qual são removidos apenas os moradores em si-tuação mais crítica. Nesse caso, são retiradas as casas localizadas em um raio de 11,5 metros das estruturas e as construções feitas nos vãos das torres, que estão perigosamente próximas dos cabos. “Algumas ocupações têm dois, três e até quatro pavimentos”, pontua omar Alvarenga. Na segunda forma, é realizada a desocupação integral das faixas, ou seja, todas as construções no entorno e entre as torres são removidas.

Morro das pedras

Um caso de desocupação integral está ocor-rendo na região dos bairros Gutierrez e Grajaú, no aglomerado Morro das Pedras, na capital mi-neira. Para essa ação, a Cemig firmou um convê-nio com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no valor de R$ 16 milhões. “São quase 400 famílias beneficiadas que serão reassentadas, tornando esse o maior projeto do tipo realizado pela Com-panhia até hoje”, diz omar Alvarenga.

O beneficiado pelo empreendimento pode optar por receber o dinheiro referente ao imóvel ou trocá-lo por um apartamento construído pela

Nadnélia de Jesus é uma das

beneficiadas pelo programa. Ela e

sua família não irão mais viver sob o

perigo das linhas de transmissão

Rona

ldo

Gui

mar

ães

Novembro - Dezembro/2010 15Novembro - Dezembro/2010 15

Universo Cemig16

Prefeitura nas proximidades. Nadnélia de Jesus dos Santos, moradora do Morro há 25 anos, é uma das pessoas favorecidas e optou por rece-ber o dinheiro, parte do qual usou para retornar com a família à Bahia, onde nasceu. Mãe de três filhos, ela conta que sempre viveu ansiosa, por causa do perigo oferecido pelas linhas. “Quando vamos colocar as roupas no varal, geralmente, tomamos choque. Como sei que é perigoso, eu mesmo as lavo e as coloco para secar”, relata.

Luis Ferreira, que está na comunidade há 30 anos, também está aliviado por se mudar do bairro e gostou muito da localização dos aparta-mentos novos. “Quando ouvia sobre essa inicia-tiva, temia que nos levassem para regiões muito distantes do Centro da cidade. No entanto, vou viver bem próximo de onde moro atualmente, em uma área muito boa e de ótimo acesso”, co-memora.

Maria Santana, ou apenas “Santa” para os vizinhos, não vê a hora de se mudar para o novo

Condomínio construído pela Cemig irá abrigar 400 famílias

reassentadas, tornando esse o maior projeto do tipo realizado

pela Companhia

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apartamento. “Meu guarda-roupas já está ali, pronto para a mudança!”, diverte-se. Ela conta que sempre viveu com medo, por causa das tor-res. “Quando o tempo ameaça chover, começa a inquietação. Fecho as portas e janelas e fico bem quieta dentro de casa. Quando chove, as linhas emitem um zumbido muito alto”, diz.

Com a mudança em novembro, ela e outras oito famílias amigas formaram um grupo que ocupará o mesmo bloco de apartamentos. Eles já discutem como será a nova vida. “Para síndica, eu acho que não levo muito jeito, mas já avisei que posso me encarregar da limpeza. Gosto de tudo limpinho!”, avisa “Santa”.

Importância das parcerias

“Todas as soluções desse porte precisam ser multissetoriais”, afirma Patrícia de Castro Batista, coordenadora-executiva da Urbel (ór-gão da Prefeitura de Belo Horizonte responsável pela política municipal de habitação popular) e gerente-geral do Projeto Morro das Pedras. Segundo ela, problemas complexos como o do aglomerado pedem o envolvimento de mais de uma organização para serem equacionados. “Nesse caso, os custos são divididos igualmente entre a Cemig e a PBH, o que facilita muito o trabalho”, explica.

Um ponto importante e particularmente gra-tificante para a gerente é a sensível melhoria nas condições de vida dos moradores. “Eles saem de uma situação de ansiedade, doenças e riscos de choque para viverem com mais dignidade e qualidade de vida”, argumenta. Um aspecto importante é que os moradores que optarem por viver nos apartamentos serão inseridos no Projeto Conviver, da Cemig, responsável por for-necer lâmpadas econômicas e substituir eletro-domésticos antigos e “gastadores” por outros de menor consumo.

interior de Minas

Um programa semelhante ao do Morro das Pedras também está acontecendo na Vila Mau-ricéia, em Montes Claros, no Norte de Minas. Cerca de 50 famílias já se mudaram para dois blocos de apartamentos construídos pela Prefei-tura da cidade. A previsão é de que, até meados de 2011, mais 50 famílias sejam retiradas das áreas de risco. A iniciativa foi orçada em R$ 2,3 milhões e conta com recursos da Cemig, do Mi-nistério das Cidades e da Prefeitura de Montes Claros. A Companhia também está negociando com a Prefeitura de Ipatinga a implantação do programa na cidade, com previsão de início para o próximo ano.

Luis Ferreira, que mora no Morro das Pedras há 30 anos, aprovou a iniciativa e a localização de sua nova casa

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CAPA

Ventos cheios de energiaEnergia eólica ganha força dentro e fora de Minas Gerais. Inauguração de três parques no Ceará confirma o pioneirismo da Cemig no domínio dessa matriz limpa

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Em setembro, entrou em operação o Parque Eólico Volta do Rio, localizado no município cearense de Acaraú, a 260 quilômetros de Fortaleza. A usina é a terceira a iniciar a produção de três

parques eólicos construídos pela Cemig, em par-ceria com a empresa argentina Energimp. Volta do Rio ocupa uma área de 377 hectares e possui 28 aerogeradores, com capacidade de 42,4 MW. os outros parques – o de Parajuru, no municí-pio de Beberibe (CE), e o de Morgado, também em Acaraú – entraram em operação em 2009 e 2010, respectivamente. Juntos, os três empre-endimentos possuem uma capacidade instalada para geração de 99,6 MW.

A busca da Cemig por fontes alternativas de energia começou nos anos 1960, quando foram realizados os primeiros estudos de potencial energético. “Em 1984, iniciamos o levantamento do potencial eólico em Minas Gerais com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)”, conta Alexandre Heringer Lisboa, gestor de Pro-jetos de Energia Alternativa da Companhia.

Depois de construir três estações híbridas (capazes de gerar tanto energia solar quanto eó-lica) durante os anos 1980, a Cemig iniciou, em 1992, a construção da primeira usina eólica ex-perimental ligada ao sistema de transmissão de energia do Brasil. Inaugurada em 1994, a Usina Eólio-Elétrica Experimental de Morro do Cameli-nho, instalada no município de Gouveia, no Vale do Jequitinhonha (MG), possui quatro geradores com 250 kW de potência cada, criando uma ca-pacidade de geração de energia superior a 1.000 MWh por ano.

Identificação de sítios eólicos

“Com o sucesso em Camelinho, decidimos priorizar o programa de identificação de sítios eólicos”, explica Alexandre. A partir daí, várias outras regiões de Minas Gerais foram estudadas e tiveram verificados seus potenciais de geração eólica. “Entre 1997 e 1999, fizemos medições na Serra do Espinhaço, no Norte de Minas, e detec-tamos um alto potencial”, conta o gestor. Esse processo exige algum tempo e muita dedicação, pois, além dos estudos topográficos, são insta-ladas antenas anemométricas, que servem para medir a intensidade e a frequência dos ventos. Essas medições demandam de dois a três anos para que os resultados possam ser validados.

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Rompendo fronteiras

Uma das diretrizes da Cemig, definida pelo acionista majoritário, o Governo de Minas, é a aplicação de recursos em fontes renováveis, dentro e fora do Estado. Procurada pelos investi-dores da Energimp, uma multinacional com sede na Argentina e empreedimentos em diversos países, a Cemig entrou como sócia no empre-endimento, passando a deter 49% das usinas. “Foram R$ 213 milhões investidos pela Cemig, e, a partir de 2008, enviamos pessoas das áreas jurídica e ambiental para acompanhar de perto a montagem das instalações”, diz Alexandre.

novas tecnologias

Um dos responsáveis por verificar de perto as condições de fechamento da parceria entre Cemig e Energimp, o engenheiro Humberto Má-rio Paganini, gestor de Implantação de Empre-endimentos, esteve no Ceará e acompanhou pessoalmente a construção das usinas. “o obje-tivo era garantir que tudo ocorresse dentro dos padrões de qualidade da Empresa e que fossem evitados problemas depois que os parques en-trassem em operação”, explica. o foco em quali-dade também procurou otimizar a utilização de recursos para reduzir custos e tornar o investi-mento ainda mais atrativo.

Para Paganini, a opção por diversificar a matriz energética, hoje predominantemente hidráulica, possibilita a ampliação das possibili-dades de negócios e permite que a Cemig tenha uma participação de mercado cada vez maior.

Muita coisa mudou também no aspecto tecnológico, desde os tempos da Usina de Ca-melinho. Além de maiores, as torres instaladas no Ceará contam com uma tecnologia chamada de ímã permanente. “os ventos são fontes de energia impossíveis de se controlar totalmente. Com o sistema de imãs, podemos trabalhar me-lhor com as variações de velocidade do vento, mantendo a frequência de produção de energia estável”, explica o gestor.

Somados, os investimentos da Cemig e Ener-gimp nos três parques ultrapassaram os R$ 500 milhões. “A parceria foi excelente, e os benefí-cios são muitos. Especialmente no que diz res-peito à troca de experiência entre as empresas e a captação de recursos, que se torna mais fácil”, avalia.

“A energia eólica deixou de ser uma solução alternativa e se transformou em uma solução efetiva de engenharia e produção de energia”, afirma Flávio Fernandes Novaes, gerente da En-genharia Eletromecânica de Expansão da Gera-ção e Fontes Alternativas. O crescente interesse dos investidores, aliado à evolução da tecnologia e ao maior número de fabricantes, fez com que

o governador Antonio Anastasia, ao lado do presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, no lançamento do Atlas Eólico de Minas Gerais

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Ventos de Minas

Interessada em revelar os bons ventos de seu Estado de origem, a Cemig lançou, em maio de 2010, o Atlas Eólico de Minas Gerais. o estu-do reiterou o enorme potencial eólico da região da Serra do Espinhaço e apresentou números importantes sobre o potencial energético do Estado. “Com torres a 100 metros, Minas tem a possibilidade de produzir energia eólica de até 39 GW. Isso é 2,5 vezes a capacidade de Itaipu e 3,5 vezes a capacidade que terá Hidrelétrica de Belo Monte, que será construída no Pará”, atesta o gestor Humberto Paganini.

o Atlas é um importante guia para inves-tidores interessados em apostar no potencial dos ventos mineiros.

para saber mais sobre o projeto, acesse:

www.cemig.com.br/atlas_eolico_2010/

index.htm

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o preço de instalação de eólicas caísse 32% nos últimos anos. Para Novaes, um importante pa-pel dessa fonte é o de servir como complemento ao sistema de produção de energia hidrelétrica. “Quanto mais participação das eólicas no siste-ma de transmissão, menos teremos que recorrer às usinas térmicas em caso de escassez de chu-vas, por exemplo”, conclui.

Investimento em pesquisa

Como parte da mentalidade da empresa de investir em fontes alternativas de energia, a Cemig iniciou, já em 2002, uma parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no projeto de pesquisa para o desenvolvimento de turbinas eólicas de baixa potência. Um dos pesquisadores envolvidos é o professor Rogério Pinto Ribeiro, do departamento de Engenharia Mecânica. Ele faz questão de frisar que o uso da energia eólica não é recente na história humana. “O barco a vela é uma forma de utilização desse recurso. os moinhos também são exemplos do uso dos ventos como fonte de energia mecâni-ca”, esclarece.

o professor acredita, ainda, que a energia eólica apresenta vantagens até mesmo em rela-ção à energia solar. “Do ponto de vista econômi-co, a energia eólica é mais viável”, argumenta. No entanto, Rogério acredita que a verdadeira vocação da energia eólica é a de fonte comple-mentar, justamente pela falta de regularidade dos ventos.

o projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) “Desenvolvimento de Centrais Eólicas Adaptadas às Condições de Vento do Estado de Minas Gerais – Parceria UFMG/Cemig” prevê a montagem de um sistema completo. “Primeiro, estudamos a camada limite atmosférica da re-gião em que pretendemos trabalhar”, explica. Em seguida, foi feito um convênio entre UFMG, Cemig e Instituto Estadual de Florestas (IEF) para a construção de um centro de pesquisa em ener-gia eólica de campo no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Está tudo bem encaminhado”, co-memora Rodrigo.

Na Escola de Engenharia da UFMG, o pes-quisador, colaboradores e alunos trabalham no protótipo de um gerador com a moderna tecno-logia de ímã permanente. Será criado, ainda, um sistema de ligação da turbina à rede da Cemig. “Uma coisa interessante é que, apesar de ser uma turbina de baixa potência, com sete metros de diâmetro e 10 kW, ela pertence a uma das

categorias mais vendidas atualmente. Como o Brasil necessita de tecnologia própria, optamos por não queimar etapas e começar com as turbi-nas de pequeno porte para, a partir delas, tentar avançar para as maiores”, pondera. o projeto está previsto para entrar em pleno funciona-mento em abril de 2011.

De acordo com Alexandre Heringer, os estudos da Cemig

sobre energia alternativa começaram nos anos 1960

Professor da UFMG Rogério Ribeiro estuda projeto de pesquisa para o desenvolvimento de turbinas eólicas de baixa potência

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SUSTENTABILIDADE

Por uma matriz sustentávelCom o aumento constante da demanda por energia elétrica, o mundo mira os olhos para fontes renováveis

À medida que a demanda por energia cresce, naturalmente, deve haver uma discussão que direcione a escolha das

novas fontes energéticas. Ainda que, no Brasil, haja abundância em recursos hídricos, é fato que outras formas de geração deverão ser im-plantadas para atender as necessidades futuras.

A matriz energética é o conjunto de fontes geradoras de energia ofertadas em um determi-nado país ou região. Atualmente, a matriz bra-sileira é formada, em maior parte, pelas fontes hidráulicas, ou seja, provenientes dos recursos hídricos. o total de 873 hidrelétricas em fun-cionamento no Brasil corresponde a 67% dos

empreendimentos de geração de energia em atividade, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A água, além de recurso renovável, é con-siderada uma fonte limpa para a geração de energia, uma vez que, ao contrário do que ocor-re com relação às usinas termelétricas (que se baseiam na combustão de materiais como óleo, carvão e fonte nuclear), não há emissão de gases poluentes durante o processo de trans-formação. Por esse motivo, no quesito susten-tabilidade, o Brasil está à frente de nações de-senvolvidas, como é o caso dos Estados Unidos e dos países europeus.

Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Cachoeirão é uma das mais novas fontes de energia alternativa da Cemig

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o hidrogênio é uma das apostas de energia alternativa da Cemig

Para definir a matriz energética, é neces-sário fazer uma comparação entre os recursos disponíveis, avaliando as perdas e os ganhos de cada opção. “No caso das hidrelétricas, por exemplo, vemos que seu processo de instala-ção demanda mais gastos e negociações. Por outro lado, quando comparadas às usinas ter-moelétricas, temos vantagem nas emissões de gases, além dos custos para mantê-las em fun-cionamento”, pontua Wilson Grossi, gerente de Licenciamento e Gestão Ambiental da Geração e Transmissão da Cemig.

Opções renováveis

Segundo dados do Plano Decenal de Energia 2010-2019, elaborado pelo Governo Federal, será necessário acrescentar 3.333 MW ao ano no sistema brasileiro, nos próximos dez anos.

Além de construções de hidrelétricas, o go-verno aposta nas fontes alternativas de energia, projetando uma geração complementar, com essas fontes, de 14.655 MW nesse período.

“Podemos dizer que grande parte da capa-cidade de nossos rios já foi utilizada. Na Região Norte do país, ainda há muita oferta de recur-sos, contudo, por estarem na região Amazônica, temos que levar em conta a questão ambiental antes de explorá-los”, explica José Cleber Teixei-ra, gerente de Estruturação de PCHs e Fontes Alternativas da Cemig.

José Cléber ressalta que, nessa corrida por energia, os recursos renováveis devem estar sempre à frente dos demais. Além da água, in-tegram o ranking de fontes “limpas” a biomassa (bagaço de cana-de-açúcar e eucalipto, entre outros resíduos) e as energias solar e eólica. “Temos que aproveitar ao máximo o que a na-tureza oferece, mas sempre com a preocupação de não exaurir os recursos.”

Olhos para o futuro

Ciente da importância dos recursos reno-váveis, a Cemig vem investindo em estudos de viabilização de fontes alternativas de geração de energia. Em 2008, 98,1% da oferta da Compa-nhia originou-se das hidrelétricas, fonte predo-minante na matriz energética da Empresa.

Com a aquisição, no ano passado, de três parques eólicos no estado do Ceará, em parce-ria com a companhia Energimp, a Cemig deu um passo significativo, mostrando-se sintonizada com as tendências mundiais (leia mais sobre o

Cemig investe no aproveitamento da

energia fotovoltaica, que transforma a luz

solar em energia

Arquivo Cemig

Arquivo Cemig

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assunto na pág. 18). A energia eólica é a que mais cresce no mundo. Nos últimos dez anos, a utilização dessa fonte mostrou um aumento de cerca de 30% anualmente.

Atenta à evolução desse recurso, a Cemig lan-çou, em maio deste ano, o Atlas Eólico do Estado de Minas Gerais. “É um estudo que servirá de base não só para a Cemig, mas também para empresas privadas que queiram firmar parcerias no Estado. Temos um potencial de geração de energia que cor-responde a cerca de três usinas de Itaipu”, ressalta José Cleber Teixeira.

Além da energia eólica, a Cemig investe em es-tudos de viabilização de outras fontes renováveis. Em menor escala, porém, com grande importância, um recurso utilizado pela Companhia é a luz solar. A Empresa se vale de duas formas de aproveitamento desse recurso: a fotovoltaica, que exige um meca-nismo para a transformação da luz em energia, e a térmica, que são os coletores usados no aqueci-mento de água.

Um dos programas em andamento é o de aque-cimento de água com Energia Solar em Conjuntos Habitacionais, realizado em parceria com a Compa-nhia Habitacional do Estado de Minas Gerais (Co-hab) e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Pública (Sedru). Por meio do

programa, foram implantados mais de três mil coletores solares de pequeno porte em cidades de Minas Gerais.

Para tornar a viabilização da construção de uma usina solar no Estado com capacidade de 3 MW real, a Cemig firmou parceria com a Solaria, empresa espanhola responsável pela fabricação de painéis fotovoltaicos. Serão investidos cerca de R$ 40 milhões, sendo R$ 25 milhões para a construção da usina, que ficará localizada em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. o projeto está ainda em fase de es-tudos, e a previsão para o início das obras é o primeiro semestre de 2011.

outra fonte renovável estudada pela Ce-mig é a biomassa. Esse recurso consiste-se em substâncias de origem orgânica, como madeira e bagaço de cana-de-açúcar, dentre outros. Para se obter energia, é necessária a combustão di-reta desses materiais. Junto com universidades e centros de pesquisa, a Companhia desenvol-veu, com tecnologia nacional, o primeiro motor do tipo stirling acoplado diretamente a uma for-nalha para queima de cavacos de madeira. Essa instalação, de caráter experimental, permite a geração de 9 kW de energia elétrica.

para saber mais, acesse: http://cemig-energia.blogspot.com/

outro projeto é a energia térmica, em

que são utilizados coletores para o

aquecimento de água

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REGIoNALISMo

Nas águas do Velho Chico

Exposição de Ronaldo Fraga faz resgate moderno da cultura ribeirinha do Rio São Francisco

navegar nas lembranças do passado, te-cendo os fios do futuro. Essa parece ser a tônica usada para compor a exposição

“Rio São Francisco navegado por Ronaldo Fraga: cultura popular, história e moda”, apresentada durante os meses de outubro e novembro, na Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Preocupada em zelar pelo patrimônio cultural, a mostra vai levar para grandes cidades do país a alma do Velho Chico, bordando e arrematando toda a sua ri-queza, as suas crenças e os seus costumes.

São inúmeras as histórias que já passaram pelas águas do opará, como o Rio São Francis-co era chamado pelos índios. Mais vasta ainda é sua imensidão de lendas e causos populares, que marcam profundo a vida das pessoas que

Rio São Francisco foi a fonte de inspiração para o estilista Ronaldo Fraga

vivem lá por aquelas bandas. E, para ser fiel a cada detalhe dessa grande colcha de retalhos cultural, Ronaldo Fraga viajou por dois meses pelas margens do São Francisco, garimpando informações e lembranças de infância, que lhe renderam uma coleção de moda e um singular legado particular.

“Minha paixão pelo Velho Chico vem desde criança. Meu pai pescava muito em Pirapora (MG) e cresci ouvindo suas histórias sobre o rio. Inicialmente, minha pesquisa era para compor a coleção apresentada no São Paulo Fashion Week em 2008. Mas, ao visitar essas regiões, vivenciei vários momentos das histórias que meu pai con-tava. Dizem que quem entra nas águas do São Francisco nunca sai, e acho que o mesmo acon-teceu comigo”, diz Ronaldo.

João Marcos Rosa

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A ideia da exposição surgiu, principalmente, da vontade do estilista de mostrar sua leitura desse passado cultural que é transferido de ge-ração em geração. Para ele, o rio fala de tudo: de devoção, de cultura, de história, de religião, de gastronomia e de costumes. “As lembranças que mais tenho são as lendas e o passeio no vapor Benjamim Guimarães. A exposição realiza um resgate moderno da cultura ribeirinha e das me-mórias esquecidas pelas águas do rio”, explica.

Outra figura marcante na abertura da expo-sição foi o ator Wagner Moura, ex-morador da antiga cidade de Rodelas, hoje submersa pelo Rio São Francisco. “Tenho com o Wagner uma relação de afeto, e a sua participação foi muito importante. Ele, como um morador da região, acabou fazendo um resgate da história de seu povoado, de suas histórias de infância. E isso contribuiu para o evento”, complementa Fraga.

Lembranças de um temponão tão distante

o São Francisco é o terceiro maior rio do país, sendo o único de seu porte que nasce e tem 100% de seu curso totalmente em terras brasileiras. Nenhum rio desperta tanto afeto nos brasileiros como o Velho Chico. Suas histó-rias atraem pessoas de todas as idades, sempre dispostas a aprender um pouco mais sobre o passado.

Ao navegar pelas águas da exposição, o vi-sitante irá se deparar com diversos elementos, desde a foz até a nascente, passando por lendas,

Fernanda Takai, da banda Pato Fu, foi uma das visitas ilustres

que prestigiaram a mostra que traz à tona traços e lendas do

Rio São Francisco

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Paulo Lacerda

Em sua mostra, Ronaldo Fraga imerge nas águas do Velho Chico

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religiosidade, cheiros e sabores, música e costu-mes das cidades ribeirinhas, entre outros símbo-los e características únicas.

“Minha família mora na região da cidade de Jacinto (MG), e a mostra resgata muito a tra-dição que nos foi transmitida. Por exemplo, os sacos a granel lembram as mercearias antigas, onde, geralmente, se comercializava os produ-tos a que a população tinha acesso. Às vezes, até os faziam em casa. A minha mãe mesmo plan-tava tudo na fazenda dela. Achei interessante esse resgate, porque isso tudo fica esquecido. As pessoas, hoje, não têm ideia de como foi o passado, de como viveram seus avós”, ressalta a secretária Rita Nunes. Ela decidiu ir à exposição após comentário de um amigo sobre o trabalho do estilista, no Fashion Week. “Fiquei curiosa so-bre o que ele fez. Como falava sobre o Rio São Francisco, resolvi conferir tudo de perto.”

o mais interessante é observar que mesmo quem nunca saiu da capital mineira ou não teve contato com a cultura do interior do Estado fica interessado em conhecer como o rio guarda grande parte do legado cultural das localidades por onde passa.

Ronaldo Fraga, ao lado de sua família, é referência na arte mineira. Em sua recente exposição, ele homenageia a cultura popular, a história e a moda ribeirinha

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sado recente. Ela inspirou também outros artis-tas em busca de novas ideias.

“Vim à exposição porque acrescenta muito para a minha formação. Achei maravilhosa. A importância é quando se questiona a transposi-ção do rio. É importante passar para as pessoas que não sabem sobre esse assunto, para valo-rizar ainda mais a história do rio. A mostra nos ajuda também a visualizar a proporção do São Francisco e sua importância para Minas”, expli-ca a estudante de Design Gráfico Mariana Rena Moreira.

O artista plástico suíço Mark Thomas mora no Brasil há apenas um ano e já se encantou pe-las lendas e costumes do Velho Chico. “Tem mui-tas coisas de que nunca tinha ouvido falar e es-tou conhecendo pela primeira vez. Gosto muito dessa mistura do antigo, do novo, dos detalhes, da criatividade”, diz.

A exposição Rio São Francisco navegado por Ronaldo Fraga percorrerá, a partir de 2011, ou-tras capitais, como São Paulo (SP), Rio de Janei-ro (RJ), Salvador (BA), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE) e Brasília, além de Juazeiro (BA), Petrolina (CE), Pirapora e Januária (MG). Ao fi-nal da itinerância, será lançado um livro sobre a exposição.

A dona de casa Teresinha Timóteo do Carmo nasceu em Belo Horizonte, há 79 anos, quando a capital mineira guardava muitas características do interior. “Não tenho as lembranças de uma infância interiorana, porque, na mesma casa onde nasci, vivi a minha vida inteira. Mesma casa, mesma rua”, diz. Segundo ela, foram os estudos que motivaram seu interesse pela ex-posição. “Estudo na Faculdade da Maturidade e, dentre as matérias que tenho, História da Arte Contemporânea é uma das preferidas. Achei muito bonito e interessante o que o artista fez, como a gente nem imaginaria esse contraste en-tre o moderno e o antigo. O mais importante é o apelo ao Rio São Francisco, para que nós não deixemos que ele se acabe. É um chamado para nós cuidarmos dele”, enfatiza Teresinha.

Inspiração para os artistas

Como o foco da mostra não é apenas a co-leção criada por Ronaldo Fraga, mas toda a rica história do Rio São Francisco, o material exposto no Palácio das Artes atraiu mais do que o público interessado em resgatar fragmentos de um pas-

o público navegou na exposição, passando da foz à nascente do

rio e descobrindo seus costumes, sua

religiosidade e outras tradições mineiras

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VITRINE

A reciclagemda moda

Há muitos anos, a moda influencia os grandes momentos da história e por eles é influenciada. Então, nada mais justo que, quando se busca soluções para o aproveitamento

dos resíduos na confecção têxtil, surjam também as inspirações para bons trabalhos.

Pois esse tem sido o mote do artista Léo Piló, artista plástico e designer de moda mineiro. Há dez anos, ele atua na capacitação de pessoas na Associação de Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte (Asmare). Cerca de 50 alunos já passaram pelas oficinas oferecidas por ele e aprenderam ativi-dades como marcenaria, papelaria, costura e de adereços e bijuterias. “Minha função é tentar repassar a cada participante uma nova forma de pensar sobre o lixo”, explica Léo.

Outra forma de gerar soluções para o apro-veitamento dos resíduos têxteis é a iniciativa desenvolvida na cidade de Caxias do Sul (RS), o Banco do Vestuário. Lá, são recolhidos retalhos

Artistas e entidades desenvolvem projetos sociais focados no aproveitamento de resíduos têxteis

que são repassados às entidades e associações cadastradas. Todo o material é transformado e reutilizado, para suprir a falta de agasalhos, roupas de cama, colchas e cobertores. Segundo Samuel Sartor, responsável pela distribuição dos resíduos têxteis do Banco de Vestuários, em um ano de funcionamento, já foram atendidas 130 entidades, com três mil beneficiados diretos. “Já enviamos 20 toneladas para os grupos com os quais atuamos e distribuiremos mais 20, que es-tão em estoque”, diz.

Além disso, a iniciativa ajuda na recupera-ção da população carcerária da cadeia pública do município. Cinco detentos (reclusos, apena-dos ou privados de liberdade) participaram dos cursos de capacitação do Banco de Vestuário e estão, atualmente, produzindo os cobertores que serão usados pelos outros presos. “Fora esse exemplo, também realizamos recentemen-te uma exposição dos produtos criados pelas entidades em um shopping daqui da cidade”, finaliza Samuel.

Saiba mais no site www.leopilo.com.br

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Vestido de papel confeccionado a partir de plantas de projetos

Latas de alumínio compõem o leque de materiais utilizados

pelo artista da Asmare

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Cadeira revestida com retalhos de panos descartados e doados ao projeto Banco de Vestuário, em Caxias do Sul (RS)

Blusa de zíperes é uma das peças produzidas

nas oficinas da Asmare

Cartões telefônicos serviram de matéria-prima para Léo Piló criar peças como vestidos e saias

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DICAS CULTURAIS

Magia e encanto nas ruas

Já nas primeiras etapas da montagem, a curiosidade da população fica aguçada. Bas-ta ser mineiro para saber que se tratam dos

preparativos da tradicional ornamentação nata-lina produzida pela Cemig. Neste ano, a brasili-dade pegou carona na festa, com dignas home-nagens, até mesmo da parte do bom velhinho.

De cavaquinho na mão, os bonecos vestidos de Papai Noel, instalados no coreto da Praça da Liberdade, região Centro-Sul da capital mineira, encantam o público com a reprodução de um ritmo tipicamente nacional. Regravados pelo músico Waldir Silva, especialmente convidado pela Cemig, os chorinhos chamam a atenção do público para importância de se preservar a cultura brasileira. “Queremos transmitir aos vi-sitantes a preocupação em valorizar e proteger nossa diversidade cultural”, explica a analista cultural Cecília Bhering.

Além do ritmo brasileiro, outras ações con-vidam os transeuntes a refletirem sobre a pre-servação. Assim como foi feito no ano passado, quando o tema era sustentabilidade ambiental, em 2010, os visitantes irão receber mensagens de gentileza e cuidado com os monumentos his-tóricos. “Como a Praça está passando por um processo de restauração, resolvemos usar esse tema na decoração”, conta Cecília.

de dia e de noite

Uma árvore de 10 metros de altura, 23 anjos suspensos, 40 sinos dourados, 400 estrelas e 14 presentes gigantes. Segundo a projetista Cláudia Travesso, que assina a decoração da praça, os detalhes foram pensados para encantar tanto quem visita o lugar à noite, quando as luzes es-tão acesas, quanto quem vai durante o dia. “Sa-

Cemig presenteia mineiros com a tradicional iluminação natalina

Público belo-horizontino é surpreendido pela

decoração de Natal na Praça da Liberdade

Ronaldo Guimarães

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bemos que muitas famílias visitam a praça aos domingos à tarde, para apreciarem a decoração. Tem também quem passa pelo local diariamente ou pratica esportes por ali. Queremos contem-plar todos.”

Cidade iluminada

A atmosfera natalina tomou conta de outros pontos de BH. O edifício-sede da Cemig ganhou sua banda de Papais Noéis, instalada no hall do prédio, e uma grande árvore de Natal, além de iluminação especial nos 23 andares. De noite, a Avenida Barbacena, onde está localizada a sede, também encanta os transeuntes com suas luzes verdes instaladas ao longo da via. A Igreja São José, no Centro da cidade, a sede do Corpo de Bombeiros, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais e a agência central dos Correios são ou-tros destaques da programação. Em toda a cida-de, foram utilizadas 19 mil microlâmpadas.

Uma novidade deste ano, que tem surpre-endido quem passa pela MG-10 (Linha Verde), é a iluminação da Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas Gerais. A obra, projetada por oscar Niemeyer, ganhou luzes brancas nas pal-meiras e estrelas luminosas em seus edifícios.

Ritmos de paz e luz

Em sua 15ª edição, o Grande Concerto de Natal de Teófi-lo otoni vai encantar os moradores do Vale do Mucuri (MG) e das redondezas. os espetáculos, marcados para a noite de 18 de dezembro, prometem levar cerca de dez mil pessoas à Praça Germânica, no Centro da cidade.

A decoração da Praça vai causar impacto no público. Em um belo prédio de 1928, que, hoje, abriga a Cemig, foram instalados mais de dois mil metros de mangueiras lumino-sas.

A série de concertos terá início às 21 horas e vai reunir o talento de artistas renomados, como o Coral Paulo VI, de Teófilo Otoni. Com 43 anos de bagagem musical, o grupo já se apresentou em diversas cidades do Brasil e da América Latina.

o Coral dos Canarinhos de Petrópolis será outra atração. Em sua trajetória de 67 anos, o grupo já realizou seis tur-nês mundiais, apresentando-se, inclusive, em cerimônias presididas pelo Papa. A noite segue com a presença do Trio Amadeus, formado pela harpista e cantora lírica Marcelle Chagas, pelo violonista e cantor Fábio Lopes e pelo violinista convidado Rafael Marcenes. Uma emocionante encenação do auto de Natal “Um menino nos foi dado”, apresentado pela Palco Produções, completa o evento.

Praça da Liberdade

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CoM A PALAVRA

Muitas pessoas pensam que, com o inventário da arborização urbana, os problemas com as árvores irão acabar. Porém, é necessário plane-jar as ações levantadas. Inventariar a arborização nada mais é que catalo-gar as árvores, ou seja, ter em mãos a situação de como todas as árvores de uma região se encontram. Essa análise pode ser realizada sob vários aspectos, por exemplo, uma conta-gem simples e o levantamento das espécies de uma determinada região caracterizam-se como um inventário. As características que devem ser le-vantadas no inventário podem variar devido à necessidade e à demanda.

Sem o diagnóstico da arborização, fica difícil realizar um planejamento efetivo que reduza os riscos de que-da de árvores e galhos. Para piorar, tem-se notado que as mudanças climáticas, provocadas pelo aqueci-mento global nos últimos anos, vêm aumentando cada vez mais o número de ocorrências de quedas em situa-ções de fortes ventos ou tempesta-des. Para se ter uma ideia, no dia 19 de novembro de 2008, ocorreu uma forte chuva em Belo Horizonte e, so-mente na região da Pampulha, a Pre-feitura registrou mais de 300 ocor-rências, entre quedas de galhos ou árvores. Esse número é assustador se considerarmos o prejuízo que uma árvore ou um galho pode causar, até mesmo, com o risco de mortes.

O profissional que trabalha com a arborização nas cidades é chamado de arborista. Ele deve ser formado em Engenharia Agronômica ou Flo-restal e entender de aspectos fisioló-gicos, que envolvem as árvores, até

O que esperar do inventárioda arborização urbana

as interações entre árvores e outros bens públicos. Quem lida com a arbo-rização nas cidades sabe que, muitas vezes, as árvores podem se tornar um sério problema, por exemplo, quando ela está atacada por alguma doença e corre o risco de cair

Um dos engenheiros da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Agenor Vinicius, acredita que, com o levanta-mento, é possível programar as ativi-dades de forma a priorizar os riscos e administrar os conflitos. Ele ressalta, ainda, que, até hoje, Belo Horizonte nunca teve um planejamento do ma-nejo da arborização urbana, sendo os serviços realizados de acordo com demandas pontuais, o que torna o processo oneroso e pouco produtivo.

A boa notícia é que a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, jun-tamente com a Cemig, por meio do Programa Premiar, irá realizar o in-ventário da cidade. o processo já está em andamento e, em pouco tempo, será iniciado. o que nos resta é esperar que o serviço seja concluí-do e que seja bem utilizado, de forma a trazer conforto e segurança para toda a população.

Luciano SathlerArborista, engenheiro agrônomo e

associado da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU)

“Sem o diagnóstico da arbo-rização, fica difícil realizar

um planejamento efetivo que reduza os riscos de queda de

árvores e galhos.”

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RETRAToS Do BRASIL

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Rio da integração nacional, o Velho Chico traduz em suas águas o

mais puro sentimento do que é ser brasileiro.

Desde sua nascente, na Serra da Canastra (MG), até chegar ao

mar, na divisa de Sergipe e Alagoas,

são mais de dois mil quilômetros de riquezas culturais e paisagens de

tirar o fôlego.

Novembro - Dezembro/2010

Eugê

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Universo Cemig36