vendo jesus - o argumento contra gravuras do senhor jesus cristo - peter barnes

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  • 7/22/2019 Vendo Jesus - O Argumento Contra Gravuras Do Senhor Jesus Cristo - Peter Barnes

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    Vendo JesusO Argumento Contra Gravuras do

    Senhor Jesus Cristo

    Peter Barnes

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    THE BANNER OF TRUTH TRUST

    3 Murrayeld Road, Edinburgh EH126ELP.O Box 621, Carlisle, Pennsylvania 17013, USA

    Copyright The Banner of Truth Trust 1990Originally published in English under the title Seeing JesusBy The Banner of Truth Trust, Edinburgh EH12 6EL UK

    All rights reserved

    Vendo Jesus

    O Argumento Contra Gravuras do Senhor Jesus CristoPor Peter Barnes

    proibida a reproduo total ou parcial desta publicao, semautorizao por escrito dos editores, exceto citaes em resenhas.

    Editor ResponsvelManoel Sales Canuto

    Editorao Eletrnica e Capa:Heraldo Almeida

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    SUMRIO

    VENDOJESUS...................................................... 4

    QUALAQUESTO? ............................................ 4

    PORQUENOTERGRAVURASDECRISTO? ............. 7O TESTEMUNHODAIGREJA................................. 13

    ASNECESSIDADESDOMOMENTO......................... 19

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    VENDOJESUS

    Na ltima semana antes da crucicao, alguns gregosvieram a Jerusalm para celebrar a Pscoa. Eles encon-traram Filipe, um dos doze apstolos, e perguntaram-lhe:Senhor, ns desejamos ver Jesus (Joo 12:20-21). Jesusrespondeu, no permitindo-lhes uma viso mais prximade Sua aparncia fsica, mas pronunciando um discurso

    sobre o signicado da Sua morte e a necessidade de mor-

    rer a m de ter vida (ver Joo 12:13). Hoje a solicitaodos inquiridores gregos tem tomado um signicado maisliteral e menos desejvel, e a resposta da Igreja tem seafastado daquela dada pelo seu Senhor. Mesmo nas igrejasque traam sua herana espiritual at a Reforma, tem ha-vido uma difundida aceitao de representaes ilustradas

    com gravuras de Cristo. H lmes que representam Cristo,quadros que O retratam, ilustraes dEle em livros e umacrescente tolerncia de esttuas e imagens.

    QUALAQUESTO?

    Respondendo a esta situao devemos, em primeira ins-tncia, considerar a base sobre a qual a questo a favorou contra gravuras de Cristo est para ser decidida. Esta uma daquelas questes que a Escritura nos permiteresolver em termos de utilidade? Quer dizer, temossimplesmente que perguntar at onde gravuras de Cristo

    podem ser julgadas teis e proveitosas? Ou estamos nosdefrontando com um relevante princpio bblico que ex-clui qualquer justicativa por consideraes baseadas em

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    Qual a Questo?

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    utilidade? H uma boa razo para crer que a Bblia nosoferece um princpio claro que muitssimo relevantepara a questo que estamos discutindo. Ele se encontrano segundo mandamento que declara: No fars para tiimagem esculpida ou qualquer semelhana de qualquercoisa que est em cima no cu ou embaixo na terra, nemnas guas debaixo da terra; no te encurvars a elasnem as adorars. Porque Eu, o Senhor teu Deus, sou umDeus zeloso, que visito a iniqidade dos pais nos lhos

    at a terceira e quarta gerao daqueles que me odeiam,porm mostro misericrdia para milhares, queles que meamam e guardam Meus mandamentos (xodo 20:4-6;ver Deuteronmio 5:8-10).

    A Bblia inteira troveja a mesma mensagem noapenas os falsos deuses no devem ser adorados, mas oDeus verdadeiro no deve ser adorado atravs de imagens

    (e,g. Levtico 26:1; Salmo 115:1-8; Isaas 2:8; 40:18-20; 41:21-29;46:5-7; Osias 13:2; Ams 5:26-27; Atos17:24-25, 29; Romanos 1:22-25; 1 Joo 5:21). Algumasdas censuras mais severas dos profetas so reservadaspara descrever a loucura daqueles que cortam rvores eusam parte do tronco para cozinhar uma refeio e para semanterem aquecidos, enquanto a outra parte esculpida

    na forma de um deus e adorada (Isaas 44:9-20). Imagensso inteis elas tm de ser pregadas para que no des-moronem; elas no podem falar, ouvir ou mover-se; e soincapazes de fazer bem ou mal (Jeremias 1-5); o Deus vivoe verdadeiro, em contraste, no pode ser representado emforma de gravuras.

    Desde que Deus Esprito (Joo 4:24) e conseqen-temente invisvel (1 Timteo 1:17), uma representaofsica dEle impossvel. Por isso que Moiss advertiu

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    os israelitas: Acautelai-vos; pois no vistes qualquerforma quando o Senhor vos falou em Horebe, no meio dofogo; para que no venhas a agir corruptamente e faaispara vs uma imagem esculpida na forma de qualquergura: na semelhana de macho ou fmea, na gura de

    qualquer animal que est na terra ou gura de qualquer

    ave que voa pelos cus, na gura de qualquer coisa que

    rasteja sobre o solo ou na gura de qualquer peixe que

    est na gua debaixo da terra (Deuteronmio 4:15-18).

    Desde que Deus trino, isto signica logicamente queno devemos retratar o Pai nem o Filho nem o EspritoSanto. Cristos que no aceitam a relevncia do segundomandamento para este caso, tendem apenas a retratar oFilho, o Senhor Jesus Cristo. Eles assim fazem fundamen-tados em que foi Ele quem revestiu-se de humanidade etornou-se carne e que apenas como homem que Ele est

    sendo representado. Responderemos este argumento nummomento. Ser armado que um argumento equivocado,porm a sinceridade daqueles que o propem no estem discusso. Aceitamos que a representao grca deCristo em forma visvel feita freqentemente por bonsmotivos, s vezes at com zelo evangelstico. No fomosconvocados para julgar os motivos dos colegas cristos,

    mas ns somos solicitados a julgar todos os argumentosda Escritura.

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    PORQUENOTER

    GRAVURASDECRISTO?1. TODOSOSRETRATOSDECRISTOSOINEVITAVELMENTEIM-PRECISOSEDEPENDENTESDAIMAGINAO.

    Uma das mais extraordinrias caractersticas da Bblia que ambos os Testamentos testicam de Cristo (Joo5:39); contudo, eles no fornecem descries dEle. Ape-

    nas duas tnues aluses so dadas quanto aparncia fsicade Cristo. A primeira se encontra na profecia de Isaas:Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raizduma terra seca; no tinha aparncia nem formosura;

    olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradas-se (Isaas 53:2). Tudo o que podemos deduzir disto que parece no haver nada de majestoso ou admirvel naaparncia fsica do Verbo encarnado.1

    A segunda aluso se encontra na polmica entre Je-sus e os judeus. Nosso Senhor declarou para os judeus:Vosso pai Abrao alegrou-se por ver o meu dia, viu-oe regozijou-se (Joo 8:56). Com isto os judeus caramatnitos e replicaram: Ainda no tens cinqenta anos,

    e viste a Abrao? (Joo 8:57). Em Sua humanidade,Cristo tinha apenas pouco mais que trinta anos de idade(Lucas 3:23), mas aparentemente Seu estilo de vida notendo um lugar onde reclinar Sua cabea (Mateus 8:20)e trabalhando duramente para proclamar o reino de Deusem meio a muita incompreenso e oposio (Mc 3:20-21;6:31-34) o tinha envelhecido prematuramente.

    1Talvez seja tambm instrutivo notar que o Apstolo Paulo no era sica-mente uma gura imponente (Ver 2 Corntios 10.10).

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    De qualquer forma, estas duas aluses de maneiraalguma so descries, antes so apenas leves idias quetemos da aparncia fsica de Cristo. Sob a inspirao doEsprito Santo, os apstolos simplesmente no houverampor bem descrever o Senhor para ns. Isto est de acordocom a declarao de Jesus para Tom: Bem-aventuradosos que no viram, e creram (Joo 20:29). O apstoloPedro tambm garante que a maioria dos cristos, mesmono primeiro sculo, no tinha visto Cristo (1 Pedro 1:8).O ponto permanece: Cristo veio na carne, porm ns notemos uma idia de como Ele era. O Esprito Santo nonos disse se Cristo era baixo ou alto; forte ou delgado,com olhos azuis ou castanhos, cabelo escuro ou claro; taiscoisas no esto contadas entre aquelas necessrias parafazer-nos sbios para a salvao.

    Desta maneira incontestvel que todas as gravuras de

    Cristo so imprecisas e que no temos meios para saber oquanto so imprecisas. Um mestre como El Greco pintoua puricao do templo por Cristo de um modo que retratabrilhantemente a intensidade do Senhor, singularidade depropsito e poder santo. Contudo, quo autntico isto ?No temos qualquer modo de saber. bastante difcil retratarcaracteres modernos de um modo visvel. Recentemente,

    Kathryne Lindskoog reclamou que o lme Shadowlands(Terras Sombrias) transformou C.S. Lewis numa gura su-ave de vov, de olhos azuis com uma f experimental e JoyDavidman numa luminosidade bela e renada mulher desensibilidade irresistvel e radiante.2 Contudo, Shadowlan-ds foi exibido na televiso americana em 1986, exatamentevinte e trs anos aps a morte de C. S Lewis! Com Cristo,uma tarefa que sempre difcil, torna-se impossvel.

    2 K. Lindskoog, The C. S. Lewis Hoax, Multnomah, Oregon, 1988, p. 94.

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    Por que no ter Gravuras de Cristo?

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    Muitos cristos argumentam que no importa, podemosdesenhar Cristo independente do resultado ser precisoou no. Porm, seria estranho se uma esposa, quandoseu marido estivesse fora, olhasse continuamente para afotograa de um outro homem e armasse que no tinhaimportncia porque ela estava pensando no seu esposo.

    O Papa Gregrio, o Grande (c.540-604) e Joo deDamasceno (c.575-749), ambos defenderam as imagens,justicando que elas so os livros dos analfabetos. Nas

    palavras de Joo Damasceno: O que um livro para oliterato, uma gura para o iletrado. A imagem fala vistacomo as palavras ao ouvido: ela nos traz compreenso.3

    Uma variao deste argumento ouvido freqentementehoje a m de defender o uso de gravuras e lmes de Je-sus. Porm, seguramente vlido perguntar se a causa daverdade pode ser servida pela falsidade e pelo ngimento.

    2. GRAVURASDECRISTONOSOAPENASINEXATAS, MASSOUMMEIODEINTRODUZIRMUITOSERROSREFERENTESAELE.

    Quando homens comeam a retratar Cristo quase ine-vitvel a tendncia de recri-lo sua prpria imagem.Quando Adolf Von Harnack procurou remover o elementosobrenatural da vida de Cristo deixando o que se tornouconhecido como o protestantismo liberal, o catlico ro-mano George Tyrrell fez a notvel crtica: O Cristo queHarnack v, olhando em retrospectiva atravs dos deze-nove sculos de escurido catlica apenas o reexo deuma face liberal protestante vista ao fundo de um poo.4

    Ao prprio Tyrrell foi difcil evitar o mesmo erro uma

    indicao da verdade que est ciente de um perigo no3Citado em N. Baynes, Idolatry and the Early Church in Byzantine Studiesand Other Essays, Greenwood Press, Connecticut, 1955, p. 136.4 Citado em I. H. Marshall, I Believe in the Historical Jesus, Hodder &Stoughton, London, 1977, p. 113.

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    o mesmo que evit-lo. Cada gravura de Cristo reeteesta tendncia de recriar Cristo imagem do artista e suacultura. Da que encontramos o Cristo bizantino, o Cristoanglo-saxnico, o Cristo africano, o Cristo hippy, e por aa fora mas, nenhum deles o Cristo autntico. A luzdo Mundo de Holman Hunt no exceo.

    3) GRAVURASDECRISTOINEVITAVELMENTEODESONRAM.

    Chegamos agora ao ponto mais srio de todos e aquele

    que responde o argumento que justicvel representara natureza humana de Cristo. Gravuras de Cristo inevi-tavelmente o desonram. Pense novamente no segundomandamento. A m de que algum no diga: Fazemosimagem de Cristo no para ador-lo, mas apenas paradevoes ou auxlio ao nosso entendimento, para uso noensino e no para adorao o mandamento probe no

    apenas a adorao de imagens, mas tambm o fabric--las. Esta proibio devastadora est baseada na verdadeque todasas representaes de Deus O desonram. Isto igualmente verdadeiro para a pessoa de Cristo. Os artistasno podem retratar Cristo na Glria total da Sua deida-de, assim so geralmente forados a tentar retrat-lo nasubmisso da Sua humanidade. Eles no podem tentar

    pintar o cu, assim limitam-se terra. Eles deixam delado o Cristo exaltado cuja glria cegou Saulo de Tarsona estrada de Damasco e a cujos ps o apstolo Joocaiu como morto (Atos 9.3-9; Apocalipse 1.17) e elesrestringiram-se a conjecturas quanto Sua forma humana.A Escritura porm, no permite a separao das duas na-turezas de Cristo. Mesmo no perodo da Sua humilhao,

    agora passado para sempre, foi o fato de que Ele Deusque fez dEle o Salvador. Aqueles que retratam Cristo naforma visvel devem, como disse Thomas Watson, retratar

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    Por que no ter Gravuras de Cristo?

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    um meio Cristo.5 E se ns vemos Cristo apenas comoum homem, ns temos perdido a estupenda verdade docorao do evangelho:

    Velada na carne vede a Trindade!Saudai a encarnada Deidade!

    De acordo com a Escritura h um aspecto de Cristoque necessrio para a salvao. No apenas o da Suahumanidade, mas o da glria da Sua pessoa divina; De

    fato a vontade de meu Pai que todo homem que vir oFilho e nele crer, tenha a vida eterna (Joo 6.40). Esteaspecto salvco de Cristo capacitou Seus discpulos adizerem: Ns contemplamos Sua glria, e o mesmoaspecto, oculto do mundo, que dado aos verdadeiroscrentes hoje (Joo 14.19).

    Excluindo a natureza divina do Senhor Jesus Cristo,os artistas O retratam to innitamente inferior ao queEle era nos dias da Sua carne, quanto ao que Ele hojeem Sua exaltao (2 Co 5:16- NE). Por conseguinte, elesnos condicionam a pensar dEle na exata maneira queo segundo mandamento tenciona excluir. As gravurasinevitavelmente lhe tiram Sua divina glria, Elas repre-

    sentam Deus, o Filho, incomparavelmente inferior ao queEle realmente . Amy Carmichael disse uma vez s suascrianas rfs em Dohnavur, como ele veio a aprender istoe como o orfanato renunciou uma prtica que era entoquase universal entre irmos missionrios na ndia:Quando os convertidos eram presenteados, descobramosque, a menos que fossem ensinados a faz-lo, eles no

    queriam gravuras do Senhor Jesus Cristo. E voc, que5T. Watson: The Ten Commandments, Banner of Truth, Edinburgh, re--editado, 1976, p. 62.

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    foi educado sem elas sabe, quando acontece v-las, quomuitssimo menos belas tais gravuras so do que aquelasque o Esprito Santo tem lhe mostrado. Jamais esqueceuo desapontamento de um de vocs quando algum lhe en-viou um belo quadrinho do nosso Senhor quando Crianano Templo. Eu recordo as lgrimas de desapontamentoquando o cordo foi desatado, os envoltrios tirados e oquadro tirado da sua caixa Eu pensava que Ele erainnitamente mais bonito do que isto! Podemos segura-mente deixar o bendito Esprito mostrar s pessoas a quemfalamos, algo innitamente mais bonito do que isto.6

    John Owen fez o mesmo, numa linguagem mais te-olgica. Depois de falar minuciosamente sobre a glriade Cristo glria de tipo e natureza absolutamentediferente daquela de qualquer outra criatura, seja qualfor ele acrescenta: Podemos ver da a vaidadetanto

    quanto a idolatriados que representam Cristo em glriacomo objeto da nossa adorao, em gravuras e imagens.Eles do forma madeira ou pedra na semelhana de umhomem. Eles a ornamentam com cores e oreios de arte,para apresent-la aos sentidos e s fantasias de pessoassupersticiosas como tendo uma aparncia de glria. Equando terminam, esbanjam o ouro da bolsa, como

    fala o profeta e assim a expem como uma imagemou semelhana de Cristo em glria. Porm, o que h nelepara que se lhe tenha a mnima reverncia a mnimasemelhana da glria? Pelo contrrio, no o meio mais

    6F. Hougthon: Amy Carmichael of Dohnavur, S.P.C.K., 1959, p. 61. Carmi-chael diz que suas dvidas respeito do uso de gravuras de Cristo comeou

    no Japo quando ela ouviu uma garota japonesa descrev-las como mostrandoseu Deus. Mais tarde sua antri, apontando para uma gravura famosa deCristo coroado com espinhos, disse que ele estava sentindo que para o Pai,gravuras do Seu Filho no so boas.

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    O Testemnho da Igreja

    eciente que pode ser obtido para desviar as mentes doshomens da real e verdadeira compreenso dela? A imagemensina algo da substncia da natureza humana de Cristo napessoa do Filho de Deus? Pelo contrrio, no apaga ela to-dos os pensamentos disto? O que representado, por essemeio, da unio dela para Deus e da comunicao imediatade Deus para ela? Declara ela a manifestao de todas aspropriedades gloriosas da divina natureza nEle? Pessoasque no sabem o que viver pela f podem satisfazer--se por um tempo e arruinar-se para sempre, com estasfraudes. Aqueles que tm verdadeira f em Cristo e amorpara Ele, tm um objeto mais glorioso para sua prtica.7

    Como dissemos no incio, o testemunho do segundomandamento deveria ser suciente nesta questo. Pormno vamos subestimar a seriedade da distoro ocasiona-da pelo uso de gravuras como um mtodo de ensino. O

    erro pode ser muito persistente. Um crente que tem umagravura de Cristo em sua casa ou em seu local de ado-rao pode achar-se incapaz de pensar em Cristo excetoem termos daquela gravura. Em tal caso, a gravura nose tornou uma ajuda para devoo ou entendimento masuma escravido. Devia ser destruda.

    O TESTEMUNHODAIGREJA

    triste dizer que o testemunho da Igreja no tem sidosempre to claro quanto deveria sobre esta questo. Toda-

    via muito pode ser aprendido da histria. Possivelmente7J. Owen: Works, Banner of Truth, Endinbourgh, re-editado, 1981, vol. I,

    p. 244.

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    a referncia mais primitiva a gravuras de Cristo vem deIrineu (c.130- c.200), o bispo de Lyon. Irineu conheceuPolicarpo em Esmirna (c.99- c.150) o qual conheceu oapstolo Joo, no sendo sua obra e seu testemunho muitodistante da era apostlica. Em sua obra altamente signi-cativa,Against Heresies, Irineu confrontou gnsticos:Eles tambm possuem imagens, algumas delas pintadase outras formadas de espcies diferentes de material; en-quanto armam que a gura de Cristo foi feita por Pilatosno tempo em que Jesus viveu entre eles.8 Representa-o de Cristo, pintadas ou esculpidas, eram vistas comopeculiaridades gnsticas e resultado de inuncia pag.

    O prximo autor cristo a ser examinado o historiadorEusbio de Cesaria (c.260-c.340). O Imperador Constan-tino tinha uma irm, Constncia, que pediu a Eusbio umretrato de Cristo. Eusbio respondeu em termos vigorosos:

    Tinha ela (i.e. Constncia) j visto alguma coisa dessetipo na igreja ou ouvido de algum sobre tal coisa? Noera, ao contrrio, verdade que no mundo inteiro qualquercoisa desse tipo havia sido banida e excluda das igrejas?No era do conhecimento geral que apenas para os cristostais coisas eram proibidas?.9 Eusbio relembrou que elehavia tomado de uma mulher gravuras que supostamente

    representavam Paulo e Cristo, a m de que o escndalopudesse ser evitado.

    Tal testemunho ainda mais marcante vindo de Eu-sbio. Como sabido, sua atitude para com o ImperadorConstantino era respeitosa a ponto de tornar-se baju-ladora. Ele retratou Constantino no Conclio de Nicia

    como um celestial mensageiro de Deus. Para Eusbio,8Irenaeus:Against Heresies, The Ante-Nicene Fathers, ed. by A. Roberts eJ. Donaldson, Eerdmans, vol.I, re-edio 1981, I, XXV, 6.9Citado em N, Baynes op. cit., p. 122.

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    negar uma solicitao da irm do Imperador, exigiu umanova fora moral e clareza de convico. O modo comoEusbio formou sua recusa indica que sua atitude ree-tiu uma crena largamente rmada na Igreja primitiva.Isto vericado pelo historiador da arte Michael Goughque escreve: Muito poucos episdios existem extradosda vida de Cristo dos tempos pr-Constantinianos, e aPaixo e Crucicao parecem ter sido quase totalmenteexcludas.10

    Contudo, no demorou muito para as atitudes mudarem medida que o quarto sculo passou, a Igreja aparen-temente veio aceitar mais prontamente imagens de Cristo.Mesmo assim nem todos estavam convictos da retido danova e mais ampla viso. Epifnio (c.315-403), o bispode Salamina (re-nomeada Constncia) em Chipre, des-creveu em uma carta escrita em 393 de como ele estava

    viajando na Palestina quando chegou a uma vila chamadaAnablatha onde viu uma lamparina ardendo. Ele registrou:Perguntando que local era aquele e sabendo ser uma igre-ja, entrei para orar e encontrei uma cortina pendendo nasportas da dita igreja, colorida e bordada. Ela apresentavauma imagem de Cristo ou de um dos santos; no recor-do direito de quem era a imagem. Vendo isto e estando

    aborrecido por estar a imagem de um homem penduradana igreja de Cristo, contrariando o ensino das Escrituras,eu rasguei-a em pedaos e avisei aos guardios do lugarpara us-la como mortalha para alguma pessoa pobre.11

    Epifnio continuou a escrever trs tratados contra ima-gens, apelando aos seus colegas bispos e ao Imperador The-

    10M. Gough: The Origins of Christian Art, Praeger, New York, 1973, p. 39.11Jerome:Letters, the Nicene and Post-Nicene Fathers, ed. By P. Schaff andM. Wace, Eerdmans, vol. VI, re-editado 1979, pp. 88-89

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    odsio I.12 Seus rogos foram grandemente mal-sucedidos,porm seu ltimo desejo e testamento revelam suas rmesconvices: Se algum ousar, usando a Encarnao comodesculpa, olhar para a divina imagem do Deus Verbo, pintadacom cores terrenas, seja antema.13 interessante que Epi-fnio mais tarde tenha sido canonizado pela Igreja Romana,sendo o seu dia festivo, o 12 de maio.

    A prxima fase no debate veio quando a Igreja orientalfoi enredada na Controvrsia Iconoclasta de 725 AD a

    483. Em 725 o Imperador Leo III legislou contra ado-rao de imagens e esta poltica teve continuidade comConstantino V. O debate foi vigoroso o Conclio deHieria apoiou o imperador iconoclasta em 753; o Concliode Nicia reverteu isto em 787; mas, uma assemblia debispos em Santa Soa restaurou os decretos de Hieria em815. Em geral, os monges apoiaram o uso de imagens e o

    seu porta-voz era Joo de Damasco. Os imperadores poroutro lado achavam que as imagens eram um empecilhopara a converso de judeus e muulmanos.

    Nesta poca a superstio predominava e foi reivin-dicada pelos Iconodules (defensores do uso de cones/ima-gens) que alguns cones eram de origem imediatamente

    divina; eles eram no feitos por mos humanas.14

    Acreditava-se que Lucas tinha enviado para Telo noapenas o seu evangelho, mas tambm o seu retrato daVirgem Maria e abundantes ilustraes da vida de Cris-to, desenhadas medida que os fatos aconteceram.15 Osimperadores, notadamente Constantino V, no ajudaram

    12J. Quasten,Patrology, vol 3, Westminster, Maryland, 1986, pp.391-3.13Ibid. p. 39314P. Brown: Uma Crise da Idade Mdia: Aspectos da Controvrsia Icono-clasta em The English Historical Review, no CCCXLVI, janeiro, 1973, p.7.15Ibidem p.8

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    sua causa condescendendo com brutalidade e imoralidade.Porm no nal, a questo foi resolvida, pelo menos para aIgreja Oriental, pela viva do Imperador Telo, Teodora,que restaurou o uso de imagens em 843.

    A Igreja Medieval, tanto no Oriente quanto no Ociden-te, colocou nfase crescente numa apresentao visual daCristandade e foi deixado para a Reforma contradizer isto,restaurando a supremacia da pregao. Calvino rejeitou ouso de qualquer representao ilustrada de Cristo16 e sua

    viso foi endossada por todos os Puritanos do sculo de-zessete. A convico Puritana foi formalizada na Questo109 do Catecismo maior de Westminster, que pergunta:

    Quais so os pecados proibidos no segundo manda-mento?. A resposta mais compreensvel:

    Os pecados proibidos no segundo mandamento so:o estabelecer, aconselhar, mandar, usar e aprovar dequalquer maneira qualquer culto religioso no institudopor Deus mesmo; o fazer qualquer representaode Deus, de todas ou de qualquer das trs Pessoas(nfase nossa), quer interiormente em nosso esprito,quer exteriormente em qualquer forma de imagem ousemelhana de alguma criatura; toda adorao dela, oude Deus nela ou por meio dela; o fazer qualquer repre-sentao de deuses imaginrios e todo culto ou servioa eles pertencentes; todas as invenes supersticiosas,corrompendo o culto de Deus, acrescentando ou tirandodesse culto, quer sejam inventadas e adotadas por ns,quer recebidas por tradies de outros, embora sob o

    ttulo de antigidade, de costume, de devoo, de boainteno, ou por qualquer outro pretexto; a simonia, o

    16J. Calvino: Institutes of the Christian Religion, I, xi, Iff

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    sacrilgio, toda negligncia, desprezo, impedimentoe oposio ao culto e ordenanas que Deus instituiu.

    luz do exposto acima deve-se perguntar: E os queacreditam que Deus tem usado guras de Cristo paralhes falar? Um exemplo que poderia ser citado aqueledo Conde de von Zinzendorf, o lder dos Morvios nosculo dezoito. Zinzendorf nos conta que foi afetado pro-fundamente por uma pintura da Crucicao de Cristoque parecia desa-lo:

    Isto eu z por ti,

    Que zeste por mim?.

    No quero duvidar da realidade da experincia espiri-tual de Zinzendorf, porm a ao de Deus para abrir seusolhos para a cruz naquele momento no signica Suaaprovao do quadro. Signica apenas que Deus togracioso que ocasionalmente dar bno mesmo onde omtodo empregado seja contrrio Sua vontade revelada.Uma outra ilustrao do mesmo fato o uso da chamadaao altar no evangelismo contemporneo o mtodo antibblico e faz muito mal, mas h casos de cristos cujotestemunho que foram convertidos quando caminhavampara frente no apelo feito pelo pregador. No se deve per-mitir que tais exemplos obscuream a questo em jogo.O evangelho de Deus deve ser proclamado maneira deDeus e de nenhuma outra forma.

    Precisamos tambm lembrar: sustentar que a Escritura contra o fazer gravuras de Cristo no o mesmo quedizer que ela contra a arte e a escultura como tais, ou

    mesmo arte e escultura religiosa. Foi Deus quem dissepara Moiss fazer dois querubins de ouro, um para cadaextremidade do propiciatrio (xodo 20:18-20). Uma

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    As Necessidades do Momento

    apreciao da arte totalmente consistente com o princ-pio exposto neste livreto, como a histria pode conrmar.No nos deveria surpreender a armativa do historiadorPeter Brown: Os nicos dois homens na Idade Mdiaque sabemos terem sido profundamente interessados emarte Imperador Telo e o Bispo Theodult de Orle-ans... eram Iconoclastas ou pelo menos, anti-Iconodule(cones/imagens)17. Homens que se opuseram ao uso deimagens, contudo, eram grandes apreciadores das artes.Como declarou Calvino no sculo dezesseis: ...esculturae pintura so dons de Deus18.

    ASNECESSIDADESDOMOMENTO

    As duas grandes necessidades do momento so: uma fsegura e a indispensvel divina pregao. Com esta duasveremos a Igreja restaurada; sem ela veremos apenasfuturo declnio e decadncia.

    Aqui na terra caminhamos pela f, no por vista (2 Co5:7). Ns no vimos o cu nem vimos Cristo. Contudoos cristos contemplam, como num espelho a glria doSenhor (2 Corntios 3:18) e esto ansiosos pela possibili-dade de serem como Cristo, porque haveremos de v-locomo ele (1 Joo 3:2). Porm, este querer acontecersomente quando cristo for revelado. Nesse meio tempo,os cristos olham para Cristo e buscam ser conforme aSua semelhana. No sculo dezessete, o douto Puritano

    17P. Brown, op. cit, p. 9.18J. Calvino, op. cit., I, xi, 12. Ver tambm H.R. Rookmaaker, Art Needsno Justication, IVP, Leicester, 1978; e F.A. Schaeffer, Art and the Bible,IVP, Illinois, 1973.

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    Vendo Jesus

    John Owen contrastou as duas maneiras de tentar conse-guir isto: Os da Igreja de Roma dizem que isto deve serfeito atravs da contemplao de crucixos, com outrasimagens e gravuras dEle e isto com os olhos da carne;ns dizemos que pela contemplao da Sua glria pelaf, como revelado no evangelho e no de outro modo.19

    Quanto mais gravuras e imagens so usadas, mais nosafastamos do modo bblico de contemplar Cristo.

    A m de contemplar Cristo ns precisamos de uma

    clara e fervorosa pregao da Sua Palavra. Quando puniuos glatas, o apstolo Paulo escreveu; glatas insen-satos! Quem vos fascinou a vs outros, ante cujos olhosfoi Jesus Cristo exposto como crucicado? (Glatas 3:1).Paulo no quis dizer que carregava gravuras de Cristo nacruz em favor dos convertidos potenciais. Ao contrrio,Paulo se referia a pregao ungida pelo Esprito e assim,

    to vvida que cada sermo era uma espcie de retratoverbal. Na parfrase de Martinho Lutero: No existepintor que com sua cores possa expor to vivamenteCristo para ns como eu O tenho retratado com a minhapregao; e, ainda assim, vs ainda permaneceis maismiseravelmente fascinados.20

    Este o elemento que falta na pregao de hoje. Osplpitos esto cheios de heresias, supercialidades e im-precises. Desse modo muita pregao contemporneano tem absolutamente qualquer efeito; nem ofende, nemconvence. De modo algum poderiam ser descritos comopalavras vvidas, guras do evangelho da graa. Amy Car-michael armou que a Igreja recorre s gravuras de Jesus

    19J. Owen: Works, vol. 1, p. 39320M. Luther: A Commentary on St. Pauls Epistle to the Galatians, ed. ByP.Watson, James Clarke & Co, Cambridge, re-editado 1972, p. 196

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    somente quando seu poder desaparece.21 Tal alegao temsobre ela todas as marcas da verdade. No sculo dezoitoGeorge Whiteeld declarou: Eu amo aqueles que trove-jam a Palavra. O mundo cristo est num sono profundo!Apenas uma voz estrondosa pode faz-lo despertar.22

    No sero gravuras que reavivaro a Igreja decada;ser a pregao do evangelho com a uno do cu sobreela. Este o meio ordenado por Deus para reavivamento;ousamos no esperar bno de nenhum outro modo.

    FIM.

    21E. Elliot: A Chance to Die: The Life and Legacy of Amy Carmichael,Fleming H. Revell Co., New Jersey, 1987, p. 93.22A. Dallimore, George Whiteeld, vol. 1, Banner of Truth, Edinburgh,1975, p.400.

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    Pinturas de Cristo em retratos ou lmes so vistas comu-mente como teis ou, o que o pior, inofensivas. Pormuma longa tradio do tempo dos primitivos Pais daIgreja tem sido contra tais representaes. Este livretod a base bblica por trs desta tradio e argumenta quea viso do seu Salvador que os cristos tm neste mundopela f inteiramente mais gloriosa do que qualquercoisa jamais imaginada por um artista. Olhando para umquadro de Jesus, um rfo na ndia disse uma vez paraAmy Carmichael, com desapontamento: Eu pensei queEle era innitamente mais bonito do que isto!. O autorargumenta que o que a representao est pretendendorealizar pode, de fato, ser feito apenas pelo Esprito Santo.Viver o cristianismo espiritual no carece de quaisquersubstitutos.

    Peter Barnes, ministro presbiteriano de Nambucca RiverCharge, New South Wales, casado e tem cinco lhos.So tambm escritos por ele e publicados atualmente pelaBanner of Truth Trust: The Milk of the Word e Open YourMouth for the Dumb: Abortion and the Christian.