vender saúde nos hipers

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22 Julho/Agosto de 2012 STORE MAGAZINE Negócio As parafarmácias da grande distribuição são hoje responsáveis por mais de dois terços da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e afirmam-se cada vez mais como uma alternativa para uma compra mais económica. Auchan, Continente e Pingo Doce explicaram à Store o que estão a fazer nestes espaços e como é que, no Verão, reforçam algumas das suas campanhas Planos personalizados nos cen- tros de estética, rastreios de nu- trição, campanhas de desconto nos serviços de massagens e tratamentos de corpo. Estas são algumas das propostas que os espaços de saúde da distri- buição moderna oferecem aos seus clientes neste Verão. A ideia principal não é apresentar serviços novos, mas sim reforçar algumas propostas que já se en- contram disponíveis todo o ano ou apresentar condições mais vantajosas para a sua aquisição. Nutrição e estética são apenas a ponta de um icebergue que tem Vender saúde nos hipers vindo a ganhar cada vez mais terreno: os espaços de saúde na distribuição moderna. No final de Maio funcionavam 352 espaços de saúde em hiper e supermer- cados em Portugal. É na área da venda dos medi- camentos não sujeitos a recei- ta médica (MNRSM) que a sua mais-valia para o consumidor tem vindo a consolidar-se: um estudo da DECO de Novembro do ano passado indicava que os hipermercados vendiam aque- les medicamentos 20 por cento mais baratos do que nas farmá- cias. Esta diferença de preços expli- ca-se por duas razões: margens mais baixas e um trabalho di- recto com a indústria farmacêu- tica, evitando, assim, o circuito dos armazenistas. Os primeiros espaços de saúde na moderna distribuição surgiram em 2006 e o seu potencial de evolução é enorme em áreas como a der- mocosmética, a puericultura, a higiene e a veterinária. É prová- vel que a sua importância nes- te mercado venha a atingir um peso e a importância equivalen- te à que têm hoje no mercado dos combustíveis em Portugal. Um estudo da DECO de Novembro do ano passado indicava que os hipermercados vendiam aqueles medicamentos 20 por cento mais baratos do que nas farmácias

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Vender saúde nos hipers

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Page 1: Vender saúde nos hipers

22 Julho/Agosto de 2012 STORE MAGAZINE

Negócio

As parafarmácias da grande distribuição são hoje responsáveis por mais de dois terços da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e afirmam-se cada vez mais como uma alternativa para uma compra mais económica. Auchan, Continente e Pingo Doce explicaram à Store o que estão a fazer nestes espaços e como é que, no Verão, reforçam algumas das suas campanhas

Planos personalizados nos cen-tros de estética, rastreios de nu-trição, campanhas de desconto nos serviços de massagens e tratamentos de corpo. Estas são algumas das propostas que os espaços de saúde da distri-buição moderna oferecem aos seus clientes neste Verão. A ideia principal não é apresentar serviços novos, mas sim reforçar algumas propostas que já se en-contram disponíveis todo o ano ou apresentar condições mais vantajosas para a sua aquisição.Nutrição e estética são apenas a ponta de um icebergue que tem

Vender saúde nos hipersvindo a ganhar cada vez mais terreno: os espaços de saúde na distribuição moderna. No final de Maio funcionavam 352 espaços de saúde em hiper e supermer-cados em Portugal. É na área da venda dos medi-camentos não sujeitos a recei-ta médica (MNRSM) que a sua mais-valia para o consumidor tem vindo a consolidar-se: um estudo da DECO de Novembro do ano passado indicava que os hipermercados vendiam aque-les medicamentos 20 por cento mais baratos do que nas farmá-cias.

Esta diferença de preços expli-ca-se por duas razões: margens mais baixas e um trabalho di-recto com a indústria farmacêu-tica, evitando, assim, o circuito dos armazenistas. Os primeiros espaços de saúde na moderna distribuição surgiram em 2006 e o seu potencial de evolução é enorme em áreas como a der-mocosmética, a puericultura, a higiene e a veterinária. É prová-vel que a sua importância nes-te mercado venha a atingir um peso e a importância equivalen-te à que têm hoje no mercado dos combustíveis em Portugal.

Um estudo da DECO de Novembro do ano passado indicava que os hipermercados vendiam aqueles medicamentos 20 por cento mais baratos do que nas farmácias

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Julho/Agosto de 2012 23STORE MAGAZINE

Os espaços de “Saúde & Bem--Estar” das cadeias Jumbo e Pão de Açúcar estão firmemen-te empenhados na progressiva desconstrução do conceito “a Saúde não tem preço”, tão “arduamente elaborado pelos vários actores com interesses económicos no sector”, afir-ma Paulo Monteiro, director de “Saúde & Bem-Estar” do grupo Auchan. Como é que o faz? “Afirmando uma alterna-tiva económica e de confian-ça, materializada na qualidade das respectivas equipas e na presença, em cada loja, de um farmacêutico ou técnico de far-mácia”. Naqueles espaços, a par da venda de produtos, tem cresci-do a oferta de serviços comple-mentares (estética, massagens, recomendação nutricional e medição de diversos parâme-tros, por exemplo) numa lógica de oferta integrada. O mesmo

desconstruir “a saúde não tem preço”

responsável afirma também que, para além da redução de custo (directa ou indirecta por via de promoções ou utilização de car-tões de fidelidade/descontos) e poupança de tempo, devem ser adicionadas uma maior disponi-bilidade para o diálogo por parte das respectivas equipas.Sobre os preços que são pratica-dos nos MNSRM, Paulo Monteiro afirma que eles são mais baratos nos espaços “Saúde & Bem-Es-tar” do que nas farmácias pois a generalidade das insígnias da mo-derna distribuição tem absorvido os incrementos anuais de preço de custo da responsabilidade dos fabricantes. O modelo de negócio da moderna distribuição distin-gue-se do da farmácia por operar com margens mais baixas.No actual contexto de quebra de rendimentos das famílias, os espaços de saúde nos hipermer-cados, na lógica de democratizar o acesso aos produtos de saúde

mais básicos, “constituirão uma formidável alternativa para a com-pra mais económica de um con-junto alargado de produtos de saúde, ganhando particular desta-que os MNSRM, a dermocosméti-ca (protectores solares, emagreci-mento, capilares e cremes de mão e rosto), puericultura (nutrição e higiene), higiene (oral, corporal e íntima) e ainda a veterinária.

24 Espaços Saúde

AuCHAn

O grupo Auchan, através das insígnias Jumbo e Pão de Açú-car, disponibiliza actualmente aos seus clientes os produtos e serviços de 24 locais de venda de MNSRM, tendo aberto o pri-meiro espaço de “Saúde & Bem-Estar” em Setúbal, em Junho de 2006, e desde então criado mais de 120 postos de trabalho.

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24 Julho/Agosto de 2012 STORE MAGAZINE

A Well’s, a marca do Continente para os espaços de saúde que tem nos seus hipermercados, considera que “está sempre atenta às necessidades dos clientes e isso reflecte-se na própria evolução do negócio para outras áreas de actuação”, afirma Tiago Simões, director da Well’s. Foi o caso dos centros de estética, lançados no ano pas-sado, e da venda e prestação de serviços na área da ortopedia, que arrancou em 2012. Estes são apenas alguns exemplos de como a Well’s vai de vento em popa.As 150 lojas actualmente exis-tentes em Portugal Continental e Regiões Autónomas apresen-tam duas tipologias: lojas Well’s Saúde e lojas Well’s Óptica, sen-do que existem situações em que as duas áreas de negócio estão no mesmo espaço. Entre os produtos mais procurados encontram-se os suplementos

novas áreas de negócio para melhor satisfação dos clientes

alimentares, os medicamentos não sujeitos a receita médica, as-sim como produtos de beleza e óptica. Neste Verão a marca promove um conjunto de campanhas e inicia-tivas “que permitem aos consu-midores conhecer e usufruir em condições mais vantajosas os produtos e serviços disponibiliza-dos. Estas campanhas abrangem produtos, mas também serviços disponibilizados pela Well’s, no-meadamente nos seus centros de estética, que têm vindo a re-gistar uma procura significativa”, afirma o mesmo responsável. Por exemplo, oferecem planos perso-nalizados de corpo a preços muito competitivos, “relativamente aos quais se verificou já uma grande procura”.A mais-valia que a marca oferece assenta na disponibilização de produtos a preços competitivos em associação ao Cartão Conti-nente, “o que permite ao cliente

acumular e beneficiar dos descon-tos associados ao cartão”. Sobre a evolução do mercado, Tiago Simões afirma que hoje o formato das parafamácias da grande distri-buição é responsável por mais de dois terços da venda de MNSRM fora das farmácias. No entanto, “se considerarmos todo o merca-do (incluído farmácias) este valor é muitíssimo mais reduzido”. A for-ma como vai evoluir depende da evolução do negócio das farmá-cias na área dos medicamentos sujeitos a receita médica.

1000 colaboradores

WeLL’s

As mais de 150 lojas Well’s integram cerca de mil colaboradores – incluindo farmacêuticos, técnicos de farmácia e optometristas - especialistas no retalho de saúde e bem-estar. A marca foi criada em 2010 mas o negócio de saúde do grupo Sonae surgiu em 2006.

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Julho/Agosto de 2012 25STORE MAGAZINE

Uma experiência de com-pra diferente daquela que é encontrada nas farmácias é um dos argumentos usados pelo Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, para ex-plicar o potencial de negó-cio dos MNSRM na moderna distribuição. Um preço mais atractivo é outro argumen-to de peso. Como é que se conseguem praticar preços mais baixos? Tem a palavra a empresa: “Geralmente, as far-mácias adquirem os produtos comprando aos armazenistas que, neste negócio, são in-termediários e não apresen-tam condições comerciais; no nosso caso, trabalhamos directamente com a indústria farmacêutica, comprando di-rectamente aos laboratórios farmacêuticos que, além de apresentarem uma tabela de preços inferior aos armazenis-tas, também trabalham com

uma experiência de compra diferente

condições comerciais”.Os primeiros espaços em super-mercados Pingo Doce abriram em 26 de Setembro de 2006 (Linda-a-Velha) e nos hipermer-cados em 4 de Julho de 2007. Posteriormente, abriram as lojas Bem Estar. Actualmente, o Bem Estar está presente em 210 lojas (de um total de 370 lojas Pingo Doce no país) das quais: 189 através dos móveis junto aos check-out e 21 através de lojas próprias Bem Estar. A empresa refere que os móveis de check--out estão claramente assentes num modelo de conveniência em que os MNSRM atingem cerca de 90 por cento das vendas. De uma forma global os produtos mais vendidos são medicamen-tos em quantidade e suplemen-tos em valor.O Pingo Doce optou por não apresentar serviços especiais para a altura do Verão, mas pro-move alguns dos serviços que

vai tendo ao longo do ano como, por exemplo, os rastreios de nu-trição para divulgação do pro-grama de nutrição. Também faz campanhas de descontos nos serviços de massagens e trata-mentos de corpo que apresenta em algumas das lojas.

210 lojas, 21 autónomas

Pingo DoCe

O Bem Estar está presente em 210 lojas (de um total de 370 lojas Pingo Doce no país) das quais: 189 através dos móveis junto aos check-out e 21 através de lojas próprias. Neste momento, existem seis pessoas a trabalhar na estrutura central. Cada uma das 21 lojas tem um mínimo de três colaboradores que, nalguns casos, podem aumentar por motivos de sazonalidade. Nos móveis de check-out não há criação de posto de trabalho.