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Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 22/23, p.29-44, jan./dez. 1991. VARIAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA DE ESPÉCIES E PROCEDÊNCIAS DE PINUS CENTRO-AMERICANOS EM TRÊS LOCAIS NA REGIÃO DOS CERRADOS Vicente Pongitory Gifone Moura * Maria Luiza Spinelli Parca ** Marco Aurélio Silva *** RESUMO Procedências de Pinus oocarpa Shiede, Pinus caribaea Morelet /var. hondurensis (Senecl.) Barret & Golfari, Pinus caribaea Morelet var. bahamensis (Griseb). Barret & Golfari e Pinus patula Schiede & Deppe subsp. tecunumanii (Eguiluz & Perry) Styles foram avaliadas quanto à densidade básica da madeira, e parâmetros de crescimento em Planaltina (DF), Serranópolis (GO) e Jaciara (MT) dentro da região dos cerrados. Diferenças significativas foram encontradas tanto para locais como para procedências: a Interação Genótipo Ambiente - IGA, foi também significativa, embora tenha contribuido pouco para a variação total. Para local, a densidade básica variou de 0,37 g/cm 3 (Pinus caribaea var. hondurensis de Alamicamba) em Planaltina a 0,44 g/cm 3 (Pinus oocarpa de Pimientilla) em Serranópolis; no geral, as médias foram menores em Planaltina, local de maior altitude, e maiores em Jaciara, local de menor altitude. As procedências de P. oocarpa foram as que apresentaram as maiores densidades básicas, em todos os locais. As procedências de P. caribaea foram as de maior instabilidade, variando positivamente à medida que a altitude do local de plantio diminuía. As correlações significativas entre densidade básica e dados de crescimento foram poucas, sendo dispersas dentro de local e procedências. Seleções para densidade básica devem ser feitas dentro de local e por procedência. A procedência de Dipilto de P. oocarpa, foi a que mais se destacou em densidade básica e crescimento, principalmente altura. Procedências de P. patula subsp. tecunumanii apresentaram excelente crescimento, porém, a densidade ficou abaixo da média. As procedências de P. caribaea var. hondurensis foram as que apresentaram as maiores variações tanto em densidade básica como em crescimento. P. caribaea var. bahamensis, foi a de menor crescimento em todos os locais e sua densidade básica sempre esteve abaixo da média local, exceto em Jaciara. PALAVRAS-CHAVE: Melhoramento, Pinus oocarpa, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus patula, qualidade da madeira. * Eng. Florestal, Ph.D., CREA n° 16105/D, Pesquisador da EMBRAPA - Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados. ** Eng. Florestal, B. Sc., CREA n° 7987/D, Universidade de Brasília. *** Eng. Florestal, B. Sc., CREA n° 8007/D, Universidade de Brasília.

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Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 22/23, p.29-44, jan./dez. 1991.

VARIAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA DE ESPÉCIES EPROCEDÊNCIAS DE PINUS CENTRO-AMERICANOS EM TRÊS LOCAIS NA

REGIÃO DOS CERRADOS

Vicente Pongitory Gifone Moura*

Maria Luiza Spinelli Parca**

Marco Aurélio Silva***

RESUMO

Procedências de Pinus oocarpa Shiede, Pinus caribaea Morelet /var. hondurensis(Senecl.) Barret & Golfari, Pinus caribaea Morelet var. bahamensis (Griseb). Barret& Golfari e Pinus patula Schiede & Deppe subsp. tecunumanii (Eguiluz & Perry)Styles foram avaliadas quanto à densidade básica da madeira, e parâmetros decrescimento em Planaltina (DF), Serranópolis (GO) e Jaciara (MT) dentro daregião dos cerrados. Diferenças significativas foram encontradas tanto para locaiscomo para procedências: a Interação Genótipo Ambiente - IGA, foi tambémsignificativa, embora tenha contribuido pouco para a variação total. Para local, adensidade básica variou de 0,37 g/cm3 (Pinus caribaea var. hondurensis deAlamicamba) em Planaltina a 0,44 g/cm3 (Pinus oocarpa de Pimientilla) emSerranópolis; no geral, as médias foram menores em Planaltina, local de maioraltitude, e maiores em Jaciara, local de menor altitude. As procedências de P.oocarpa foram as que apresentaram as maiores densidades básicas, em todos oslocais. As procedências de P. caribaea foram as de maior instabilidade, variandopositivamente à medida que a altitude do local de plantio diminuía. As correlaçõessignificativas entre densidade básica e dados de crescimento foram poucas, sendodispersas dentro de local e procedências. Seleções para densidade básica devemser feitas dentro de local e por procedência. A procedência de Dipilto de P.oocarpa, foi a que mais se destacou em densidade básica e crescimento,principalmente altura. Procedências de P. patula subsp. tecunumanii apresentaramexcelente crescimento, porém, a densidade ficou abaixo da média. Asprocedências de P. caribaea var. hondurensis foram as que apresentaram asmaiores variações tanto em densidade básica como em crescimento. P. caribaeavar. bahamensis, foi a de menor crescimento em todos os locais e sua densidadebásica sempre esteve abaixo da média local, exceto em Jaciara.

PALAVRAS-CHAVE: Melhoramento, Pinus oocarpa, Pinus caribaea var.hondurensis, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus patula,qualidade da madeira.

*

Eng. Florestal, Ph.D., CREA n° 16105/D, Pesquisador da EMBRAPA - Centro de Pesquisa Agropecuária dosCerrados.

** Eng. Florestal, B. Sc., CREA n° 7987/D, Universidade de Brasília.*** Eng. Florestal, B. Sc., CREA n° 8007/D, Universidade de Brasília.

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WOOD BASIC DENSITY VARIATION OF CENTRAL AMERICAN PINEPROVENANCES AND SPECIES IN THREE "CERRADO" LOCATIONS.

ABSTRACT

The wood basic density and growth parameters of provenances of Pinus oocarpaShiede, Pinus caribaea Morelet var. hondurensis (Senecl.) Barret & Golfari, Pinuscaribaea Morelet var. bahamensis (Griseb). Barret & Golfari and Pinus patulaSchiede & Deppe subsp. tecunumanii (Eguiluz & Perry) Styles were evaluated inPlanaltina (DF), Serranópolis (GO) and Jaciara (MT) in the "cerrado" region.Significant differences were found between sites and provenances. Genotypeenvironment interaction (GEI) was also significant but its contribution to the totalvariation was small. Within sites, the wood basic density varied from 0,37 g/cm3

(Pinus caribaea var. hondurensis from Alamicamba) in Planaltina to 0,44 g/cm3

(Pinus oocarpa from Pimientilla) in Serranópolis; the overall provenance meanswere smaller in Planaltina (site of higher altitude) than in Jaciara (site of loweraltitude). The P. oocarpa provenances increased its wood basis density with thelowering of altitude plantation site. The significant correlations index between basicdensity and growth parameters (height and DBH) were just a few, being dispersewithin sites and provenances should be done within sites and by provenance. TheDipilto provenance of P. oocarpa presented the best performance both in woodbasic density and growth, mainly height. The provenances of P. patula subsp.tecunumanii presented the best growth but wood basic density was lower than theaverage in all sites. The provenances of P. caribaea var. hondurensis showed thehighest variation both in basic density and growth. P. caribaea var. bahamensis, inall sites presented the lowest rate of growth and its basic density was always belowthe average, except in Jaciara.

KEY-WORDS: Improvement, Pinus oocarpa, Pinus caribaea var. hondurensis,Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus patula, wood quality.

1. INTRODUÇÃO

Os testes internacionais com espécies de Pinus spp. têm o potencial defornecer valiosas informações no controle genético e ambiental da variação e dainteração genótipo-ambiente (IGA).

Um programa cooperativo internacional foi delineado através do OxfordForestry Institute (OFI), e o Brasil é um dos países participantes com experimentosinstalados em várias partes do seu território.

Como parte deste programa, alguns ensaios foram instalados pelo Projeto deDesenvolvimento e Pesquisa Florestal (PRODEPEF) e, posteriormente, pelaEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em áreas de cerrado.Tais ensaios estão sendo avaliados através de um grande número decaracterísticas de campo. No âmbito tecnológico, a densidade da madeira vemmerecendo a maior atenção, já que este caráter é um bom indicador daspropriedades mecânicas e do potencial de utilização da madeira (HANS, 1974),podendo tanto afetar a qualidade, a produção de polpa como as propriedades damadeira sólida e seus derivados.

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O objetivo do presente trabalho é estudar as variações de densidade básicada madeira entre espécies e procedências de Pinus e suas interações com oambiente, em experimento instalado em três locais dentro da região do cerrado,visando a seleção de material para plantio.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As espécies/procedências com suas respectivas localizações geográficas edados climáticos da região de origem estão na Tabela 1 e na Figura 1.

O experimento foi instalado em três diferentes locais dentro da região doscerrados, em Planaltina (DF), Serranópolis (GO) e Jaciara (MT). As coordenadasgeográficas e dados de clima destes locais estão dispostos na Tabela 2.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com dozetratamentos e cinco repetições, em parcelas quadradas de 49 plantas dispostasnum espaçamento de três metros entre plantas, com bordadura de uma linha.

Para o cálculo da densidade básica, amostras de madeira (baguetas) foramretiradas de seis árvores escolhidas aleatoriamente, após pré-amostragem quedeterminou ser este o número mínimo aceitável.

As baguetas foram retiradas com o auxílio de Sonda "Pressler" (5 mm) àaltura do peito, no sentido leste-oeste. Estas baguetas foram divididas, na regiãoda medula. Obtiveram-se, separadamente, os pesos das partes leste e oeste, afim de detectar diferenças de densidade entre as partes analisadas. Para o cálculoda densidade básica usou-se o método do máximo teor de umidade, descrito porSMITH (1954).

Durante a coleta das baguetas, medidas de altura e diâmetro à altura dopeito foram tomadas para as seis árvores amostradas. Estes dados, juntamentecom os de densidade básica, foram submetidos a uma análise de variância(ANOVA) (SAS, 1985) e as comparações entre médias dos tratamentos foramfeitas através de Teste Duncan. Correlações foram feitas entre os dados dedensidade e os de crescimento para se verificar até que ponto estes podeminfluenciar a densidade básica do material, calculados de acordo com o método dePearson.

Como os resultados da análise de variância mostraram diferençassignificativas entre as médias feitas nos dois lados, optou-se adotar nasdiscussões a densidade básica média.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da análise de variância conjunta para densidade básica estãoapresentados na Tabela 3. Verifica-se que o local foi o responsável pelo maiorpercentual da variância total, contribuindo com 55,4%, enquanto procedênciacontribuiu com cerca da metade deste valor (25,8%). Embora a interaçãogenótipo-ambiente (IGA) tenha sido significativa (P > 0,006), sua contribuição paraa variância total foi pequena, apenas 6,3%. Esta mesma tendência foi verificadapor BARNES et al. (1977) em trabalho com estas espécies na África. Dentro deuma mesma espécie de Pinus tropical, a IGA do parâmetro densidade básica temsido reportada como irrelevante (BARNES et al., 1977; BARNES et al., 1983 eWRIGHT et al., 1986 e 1987), porém isto necessariamente não acontece entrevariedades de uma espécie e entre espécies (BIRKS & BARNES, 1990). Esta

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última afirmação está de acordo com os resultados encontrados neste trabalho.Diferenças significativas não foram verificadas entre as médias gerais dedensidade básica entre os locais Serranópolis e Jaciara. No entanto, as médiasdestes foram significativamente diferentes das verificadas em Planaltina, onde adensidade foi menor (Tabela 4).

A média geral de densidade básica nos três locais mostrou superioridade dasprocedências de Po, seguida das de Pch, de Ppt e da de Pcb (Figura 2 e Tabela5). As maiores diferenças entre médias de densidade básica foram para asprocedências de Pch, com a procedência de Poptun terceira em ordemdecrescente e Alamicamba, a última.

Na Figura 3 e Tabela 6, estão mostradas as densidades básicas médias deespécies/procedências por local. As diferenças entre médias de densidade básicaforam altamente significativas em Planaltina e Serranópolis e apenas significativasem Jaciara (Tabela 7). Em Planaltina as procedências de Po apresentam asmaiores densidades, juntamente com a procedência de Poptum de Pch. Asprocedências de Ppt apresentaram as menores densidades, juntamente com asprocedências de Alamicamba e Culmi de Pch e a de Andros do Pinus caribaeavar. bahamensis (Pcb).

Em Serranópolis, todas as espécies/procedências apresentaram médias dedensidade básica superiores às de Planaltina. A única exceção registradaaconteceu com a procedência de Los Limones de Pch. Em Planaltina, estaprocedência foi a sétima e, em Serranópolis, a última.

Em Jaciara, a faixa de distribuição das médias de espécies/ procedências foibem menor do que nos outros dois locais. Neste local a superioridade do conjuntodas procedências de Po não foi tão nítida e também notou-se uma elevação dasmédias de algumas procedências de Pch e da procedência de Andros do Pcb.

As correlações feitas com as médias de densidade básica entre locais forampositivas e significativas (Tabela 8) entre Planaltina e Serranópolis e entrePlanaltina e Jaciara, entretanto, não significativas entre Jaciara e Serranópolis,corroborando com o acima exposto. Isto demonstra a mudança de comportamentodas procedências de Po e Pch em Jaciara.

Na Figura 4 e Tabela 9 são mostradas as médias por conjunto deprocedência das quatro espécies estudadas nos três locais. Os resultadossugerem que tanto a altitude do local de plantio como a da origem das sementespodem influenciar a densidade básica. As procedências de Ppt, originárias dealtitude elevada, em Jaciara, local de menor altitude, apresentaram os menoresvalores de densidade. Enquanto a procedência de YucuI, em Planaltina,apresentou densidade básica acima da média geral de espécies/procedências(Tabela 6 e Figura 3), comportamento inverso foi verificado para a procedência deAndros (10 m de altitude) de Pcb, onde a maior densidade foi verificada emJaciara, local de altitude baixa e de clima de características mais tropicais.Condições de maior tropicalidade de acordo com BIRKS & BARNES (1990)parecem favorecer positivamente a densidade de Pcb; evidências deste fato sãoencontradas nos trabalhos de BARNES et al. (1977) em Gonye e Chiwengwa(Zimbabwe) e, também com os de SHIMIZU & MASSAKI (1990). Em Araquari(50m de altitude), no litoral de Santa Catarina, a densidade básica de Pcb foisignificativamente mais alta do que em Agudos, e Capão Bonito (SP) com 550 e647 metros de altitude, respectivamente. Esta tendência de aumento de densidadeem condições de maior tropicalidade tem sido relatada como normal para a

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espécie P. caribaea (WRIGHT et al., 1987).Enquanto as procedências de Alamicamba de Pch e de Mt. Pine Ridge de

Ppt apresentaram comportamento similar nos três locais, com densidade básicasempre abaixo da média, a procedência de Poptun de Pch, juntamente com asprocedências de Po, apresentaram as mais altas densidades. Para estasprocedências, o fator altitude aparentemente não teve nenhuma influência. Asprocedências de Culmi e de Los Limones de Pch apresentaram alta instabilidadenos três locais. Esta última procedência apresentou resposta altamente positivaem Jaciara. Em Planaltina e Serranópolis esteve na sétima e décima segundaposição, respectivamente, enquanto, em Jaciara, foi a terceira.

As médias de altura e diâmetro estão apresentadas na Tabela 10. Asdiferenças entre as médias de altura e diâmetro foram significativas tanto paralocal como para procedências, porém a IGA foi significativa apenas para oparâmetro altura (Tabela 11 e Figura 5). GIBSON (1982) também não encontroumaiores efeitos da IGA para parâmetros de produtividade em espécies de Pinustropicais. As médias gerais de altura variaram de 15,1 a 16,9 m, nos três locais,(Tabela 12) com Planaltina e Serranópolis não apresentando diferençassignificativas entre si, porém superiores às médias de espécies/procedências emJaciara.

As médias gerais de DAP variaram de 14,5 a 17,8 cm, com Planaltinasignificativamente inferior à Serranópolis, e Jaciara não apresentando diferençasentre os outros dois locais (Tabela 12).

As médias gerais de altura de procedências para os três locais variaram de13,6 a 17,4 m, com superioridade para as procedências de Ppt e a de Mt. PineRidge de Pch e a de Dipilto de Po. Pcb apresentou o menor crescimentojuntamente com as procedências de Pimientilla e San Juan de Po (Tabela 10).

As diferenças para DAP foram menores do que para altura, variando de 13,2a 17,4 cm. Procedências de Pch (Los Limones, Mt. Pine Ridge e Alamicamba),juntamente com a procedência de YucuI de Ppt, apresentaram os maiores valoresde DAP. Entretanto, somente a procedência de YucuI foi significativamentediferente das procedências de Pimientilla de Po e de Andros de Pcb, última naordem.

Devido à ausência de IGA para DAP, para cada local, serão discutidosapenas as diferenças das médias de altura. (Tabela 13 e Figura 7).

Da análise dos dados, verifica-se que nos três locais, Pcb apresentou sempreo menor crescimento em altura. Ao contrário, as procedências de Dipilto de Po, aprocedência de Mt. Pine Ridge de Pch e a procedência de Yucult de Pptapresentaram os maiores valores para altura colocando-se entre as cincomelhores.

Todas as procedências de Ppt, Pcb e Po, (exceto a procedência de MalPaso), apresentaram-se estáveis no ordenamento das médias nos três locais. Aprocedência de Poptun, de Los Limones e de Alamicamba de Pch foram as maisinstáveis, e com certeza as que mais contribuíram para a IGA; enquanto aprocedência de Poptun de Pch, cresceu mais em Planaltina e Serranópolis, asprocedências de Los Limones e de Alamicamba desta mesma espécieapresentaram excelente crescimento em Jaciara. Tentativas foram feitas paraexplicar o comportamento instável destas três procedências através decomparações entre as coordenadas geográficas de origem da semente com as deplantio, porém não foi obtido nenhum êxito.

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Os resultados das correlações entre os dados de densidade básica e decrescimento por local estão apresentados na Tabela 14. Nota-se que, a nível deindivíduo, dentro de local, DAP não teve nenhuma influência na densidade básica,haja vista, a ausência de significância. Estes resultados concordam com osencontrados por BARNES et al. (1977), PINHEIRO et al. (1983) e HOUKAL et al.(1988). Embora fracamente, o parâmetro altura influenciou significativamente adensidade básica em Serranópolis e em Jaciara, porém apenas 11 e 19% davariação entre estes dois parâmetros é explicada. Já em Planaltina não existiunenhuma correlação.

Para DAP, as correlações efetuadas a nível de procedências dentro de local,num total de 36, somente para quatro procedências verificou-se correlaçãosignificativa. Estas ocorreram em Serranópolis para a procedência de YucuI (r =0,45; p < 0,012) de Ppt e em Jaciara para as procedências de Dipilto (r = 0,38; p <0,033) e Mal Paso (r = 0,36; p < 0,050) de Po e YucuI (r = 0,37; p < 0,040) de Ppt.

Para altura, o nível de correlação com densidade básica média foi bemmelhor se comparada a DAP. O dobro de procedências apresentou correlaçãoaltamente significativa. Para este parâmetro o fato foi observado nos três locais.Em Planaltina, para as procedências de Dipilto (r = 0,36; p < 0,046) e San Juan (r= 0,38; p < 0,035) (Po); em Jaciara para as procedências de Los Limones (r =0,39; p < 0,032) (Pch), Dipilto (r = 0,41; p < 0,023) (Po) e YucuI (r = 0,48; p <0,007) (Ppt); em Serranópolis para as procedências de Poptum (r = 0,47; p <0,008) (Pch), YucuI (r = 0,39; p < 0,032) (Ppt) e Andros (r = 0,51; p < 0,003) (Pcb).Estes resultados demonstram que crescimento tem pouca ou nenhuma influênciana densidade básica e que esta influência está condicionada às condições do localde plantio, como também às espécies/procedências. Este tipo de comportamentoerrático também foi observado para procedências de Eucalyptus camaldulensispor MOURA (1987). Isto reforça a idéia de que tanto para Pinus como paraEucalyptus necessariamente densidade básica não está condicionada aocrescimento das árvores.

Num programa de melhoramento, a seleção de indivíduos para densidadebásica deve ser feita dentro de procedências, e a selecão destes independe desua taxa de crescimento.

4. CONCLUSÕES

Tanto local como procedência tem efeito significativo na densidade básica.Procedências de Po, independente do local de crescimento, apresentaram as

mais altas densidades. Esta superioridade foi mais diferenciada em Planaltina eem Serranópolis, locais de maior altitude, do que em Jaciara.

As procedências de P. caribaea apresentaram maior instabilidade em relaçãoàs outras procedências das espécies estudadas. Ao contrário, procedências de Poe Ppt foram mais estáveis no ordenamento das médias gerais. Para estasespécies, densidade básica está sob um mais forte controle genético.

Altitude do local de plantio influenciou marcantemente as médias dedensidade básica, sendo mais evidente em P. caribaea. Condições de altitudebaixa e, conseqüentemente, mais tropicais, favorecem positivamente a densidadebásica desta espécie.

A procedência de Dipilto de P. oocarpa foi a que mais se destacou emdensidade básica e crescimento, principalmente altura. Procedências de P. patula

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subsp. tecunumanii apresentaram excelente crescimento, porém a densidade ficouabaixo da média. As procedências de P. caribaea var. hondurensis foram as queapresentaram as maiores variações tanto em densidade básica como emcrescimento. P. caribaea var. bahamensis foi a de menor crescimento em todos oslocais e sua densidade básica sempre esteve abaixo da média, exceto em Jaciara.

Taxa de crescimento teve influência irrelevante na densidade básica equando presente esteve condicionada a local e procedência.

A seleção de indivíduos para densidade básica é inteiramente dependente dolocal do plantio, da espécie/procedência e independe de sua taxa de crescimento.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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