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ANA KARINA MOREYRA SALCEDO “Variação temporal e espacial e importância ecológica de macroinvertebrados aquáticos num córrego periurbano do Distrito Federal” Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ecologia. Orientadora: Profa. Cláudia Padovesi Fonseca Abril/ 2006

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Page 1: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

ANA KARINA MOREYRA SALCEDO

“Variação temporal e espacial e importância ecológica de macroinvertebrados aquáticos num

córrego periurbano do Distrito Federal”

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ecologia.

Orientadora: Profa. Cláudia Padovesi Fonseca

Abril/ 2006

Page 2: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

À minha família

Page 3: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

Nossa sabedoria é a dos rios. Não temos outra. Persistir. Ir com os rios, onda a onda. Os peixes cruzarão nossos rostos vazios. Intactos passaremos sob a correnteza feita por nós e o nosso desespero. Passaremos límpidos. E nos moveremos, rio dentro do rio, corpo dentro do corpo, como antigos veleiros. Carlos Nejar Árvore do Mundo (1977)

Mercy mercy me (the ecology)

Oh, mercy mercy me Oh, things ain't what they used to be

No, no Where did all the blue sky go? Poison is the wind that blows

From the north, east, south, and sea Oh, mercy mercy me

Oh, things ain't what they used to be No, no

Oil wasted on the oceans and upon our seas Fish full of mercury

Oh, mercy mercy me Oh, things ain't what they used to be

No, no Radiation in the ground and in the sky

Animals and birds who live nearby are dying Oh, mercy mercy me

Oh, things ain't what they used to be What about this overcrowded land?

How much more abuse from man can you stand? My sweet Lord My sweet Lord My sweet Lord

Marvin Gaye

What´s going on (1971)

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Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio

financeiro na concessão de bolsa de estudos.

Ao programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade de Brasília pela

viabilização das coletas para a realização da dissertação.

A minha orientadora Claudia Padovesi Fonseca, pelo incentivo, apoio e assistência tanto

no desenvolvimento do trabalho de campo quanto na elaboração da dissertação.

Aos membros da banca examinadora, Professoras Maria Júlia Martins-Silva, Luciana de

Mendonça Galvão, Maria do Socorro Rodrigues, pelas valiosas sugestões.

Ao professor Kiniti Kitayama (Unb) pelo auxílio na medição da biomassa.

Ao Laboratório de Geoquímica, na pessoa do Professor Geraldo Rezende Boaventura

pelas facilidades concedidas para as análises físicas e químicas.

Aos técnicos Mardônio, pelo auxílio no campo, a Consolação pelo auxílio no

laboratório e aos colegas do Laboratório de Limnologia pelo apoio ao trabalho.

Aos colegas de sala de aula que fizeram do primeiro ano de mestrado muito

enriquecedor tanto ao nível de estudo quanto na amizade.

À Natália, Silvia e Camila, compartilhamos juntas os sensabores de vir morar numa

cidade desconhecida e juntas conseguimos fazer de nossa “ovokitinete” uma casa que

ficará sempre na memória, a nossa amizade continuará apesar da distância.

À Fabiola, Rosie, Bel e Luciana, sem seu apoio e sua amizade nesta minha constante

oscilação de estado de ânimo, da apatia à empolgação geral, eu não teria conseguido

terminar de escrever, valeu muito.

À minha família, por terem me dado sempre seu apoio incondicional apesar da

distância, suas constante presenças “virtuais” fazem o meu dia a dia muito mais fácil. É

bom saber que os tenho sempre “por perto”.

Page 5: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

Resumo

Nesse estudo a fauna de macroinvertebrados foi utilizada para caracterizar a

comunidade aquática em função da distribuição temporal e espacial de sua abundância,

diversidade, riqueza, categorização funcional de alimentação e biomassa e relacionar

esta informação com variáveis físicas e químicas de qualidade de água e com a

qualificação visual do grau de preservação das condições ecológicas e de diversidade

de hábitats de um córrego periurbano. Foi objeto de estudo o Ribeirão Sobradinho (DF)

que banha a cidade do mesmo nome. A estratégia amostral foi desenvolvida de forma a

comparar os principais impactos agindo no ribeirão Sobradinho sobre a comunidade de

macroinvertebrados aquáticos, ou seja, o desmatamento das margens, o assoreamento

dos rios, e o impacto da poluição orgânica (como esgoto). Foram amostradas oito

estações de coleta distribuídas desde sua nascente até sua desembocadura no Rio São

Bartolomeu. As características ecológicas do Ribeirão foram avaliadas segundo

protocolo proposto por Callisto et al.(2002). Foram realizadas coletas de

macroinvertebrados aquáticos e de água mensalmente no período de chuva de

dezembro de 2004 a março de 2005 e de seca de maio a agosto de 2005. A avaliação

feita pelo protocolo mostrou a ocorrência de um gradiente de perturbação baseada na

presença e a classe de atividade antrópica desenvolvida na área. A análise da qualidade

da água mostrou a influência da poluição orgânica (esgoto) e a ausência dela sobre

alguns variáveis como condutividade elétrica, concentrações de oxigênio dissolvido e

amônia. O estudo da distribuição da abundância, diversidade, riqueza de táxons da

comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em

cada trecho do córrego proporcionaram condições específicas que determinaram o

aparecimento de diferentes biótipos. Os resultados da análise de biomassa de

macroinvertebrados aquáticos não seguiram o mesmo padrão observado para os valores

de abundância, mas quando focalizados sob o ponto de vista dos grupos funcionais de

alimentação obtivemos respostas que deram maior informação sobre as relações tróficas

que podem estar acontecendo nos trechos do córrego considerados alterados. Em

ecossistemas aquáticos submetidos à influência antrópica como a maioria dos córregos

periurbanos brasileiros, as interações bióticas e condições ambientais afetam a

comunidade de macroinvertebrados aquáticos e o uso da biomassa pode se tornar uma

ferramenta importante no esforço de tentar compreender a resposta da fauna aos

impactos antropogênicos.

Palavras-chave: comunidade de macroinvertebrados, rios, poluição urbana, cerrado, DF.

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Abstract

In this study, macroinvertebrate fauna was used to characterize the spatial and

temporal distribution of abundance, diversity, richness, feeding functional group and

biomass of the aquatic community. This information was related to physical and

chemical properties of the water and to the visual qualifications of degree of

preservation of ecological conditions and habitat diversity in a boundary urban stream.

The object of this study was Sobradinho stream (DF) located around the city with the

same name. The study design was developed to compare the principal impacts acting on

the aquatic macroinvertebrates community in Sobradinho stream, being, riparian

vegetative zone desforestation, sedimentation of stream and the impact of organic

enrichment (as sewage effluent). Eight stream sections distributed along Sobradinho

stream from sites near the headwaters to sites near the confluence with the São

Bartolomeu River were studied. The ecological characteristics of the stream were

evaluated using the protocol proposed by Callisto et al. (2002b). Macroinvertebrate and

water sampling was performed monthly: wet season (december 2004 to march 2005)

and dry season (may to august 2005). Environmental assessments showed the

occurrence of a disturbance gradient based on human presence and the type of

development activities in the stream stretches. The result of quality analysis of water

showed an influence of organic enrichment and the absence of this, on any properties as

electric conductivity, ammonium concentration and dissolved oxygen. The study of the

distribution of abundance, diversity and richness of taxa of aquatic macroinvertebrate

communities showed that the use or occupation of land in each stream stretch provided

specific conditions that determined the presence of different biotypes. Analysis results

of aquatic macroinvertebrate biomass did not follow the pattern observed for the values

of abundance, but when this information was analyzed in terms of the functional feeding

group, we obtained answers that provide information about the trophic relations that

may be taking place in altered stream stretches. In aquatic ecosystems submitted to

anthropogenic influence as is the case with most of boundary urban streams of Brazil,

biotic interactions and environmental conditions affect the aquatic macroinvertebrate

community and the use of biomass can be an important tool in the effort to try to

understand the response of the aquatic fauna to the anthropogenic impacts.

Key words: macroinvertebrates community, stream, urban pollution, Cerrado, DF.

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Sumário

1. Introdução

1.1. Bases teóricas 1

1.2. Objetivo Geral 6

1.3. Hipóteses 6

2. Materiais e métodos

2.1. Área de estudo 8

2.2. Estações de coleta 10

2.3. Características ecológicas de trechos do Ribeirão Sobradinho 13

2.4. Período de amostragem 16

2.5. Variáveis físicas e químicas da água 16

2.6. Macroinvertebrados aquáticos 16

2.7. Tratamento dos resultados 17

3. Resultados

3.1. Caracterização ambiental da área de estudo

3.1.1. Condições ecológicas 19

3.1.2. Precipitação 21

3.1.3. Medidas das variáveis físicas e químicas da água 22

3.1.4. Condições ecológicas e variáveis físicas e químicas da água 26

3.2. Caracterização da comunidade de macroinvertebrados aquáticos 29

3.2.1. Distribuição da comunidade de macroinvertebrados por período de coleta 31

3.2.2. Distribuição da fauna por estação de coleta 33

3.2.3. Grupos funcionais de alimentação de macroinvertebrados aquáticos 37

3.2.4. Biomassa de macroinvertebrados aquáticos 41

3.2.5. Biomassa de macroinvertebrados aquáticos e grupos funcionais de alimentação 43

4. Discussão 46

5. Conclusões 57

6. Considerações finais 58

6. Referências bibliográficas 59

Anexos

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Índice de Figuras Figura 1 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do São Bartolomeu e quatro

das principais sub-bacias da região centro norte do DF. EMA/SEMATEC

1994. (Modificado de Pinelli, 1999) 8

Figura 2 - Imagem de satélite da ocupação do solo no entorno das estações de coleta

ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF (Fonte: Image, 2006 Digital

Globe). 10

Figura 3 - Localização das oito estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho,

DF. Representação esquemática. Extraído de IEMA/SEMATEC. 1994.

Modificado. 11

Figura 4 – Detalhe das estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF. 12

Figura 5 - Pluviosidade mensal (mm³) para o período de dezembro de 2004 a

novembro de 2005. As barras com estrela indicam os meses de coleta

(dados fornecido pelo INMET, DF). 21

Figura 6 - Variação das médias e desvio padrão da temperatura da água nas estações

de coleta no Ribeirão Sobradinho,nos meses de dez/04 a mar/05 e de

mai/05 a ago/05. 22

Figura 7 - Variação dos valores das variáveis medidas nas oito estações de coleta,

agrupadas segundo Protocolo de Avaliação Rápida (Callisto, et al.,

2002b). 28

Figura 8 - Densidade média (ind./m²) e desvio padrão dos organismos encontrados

durante o período de chuva e seca no Ribeirão Sobradinho, DF (dez/04 a

mar/05 e mai/05 a ago/05). 31

Figura 9 -Freqüência relativa (%) de larvas do táxon Chironominae presentes no

Ribeirão Sobradinho, durante os meses de coleta. 32

Figura 10 -Variação da Diversidade de Shannon-Wienner, Equitabilidade de Pielou e

riqueza taxonômica de organismos no Ribeirão Sobradinho (DF),

agrupadas segundo resultado do Protocolo de Avaliação Rápida (Callisto,

et al., 2002b) 35

Figura 11 - Biomassa total (g/m²) dos macroinvertebrados aquáticos ao longo do

período de estudo no Ribeirão Sobradinho, DF. 41

Page 9: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

Figura 12 - Biomassa total (g/m²) encontrada em cada estação de coleta caracterizada

segundo classificação de Protocolo de Avaliação Rápida (Callisto et al.,

2002b) ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF. 42

Figura 13 - Densidade e biomassa relativa dos macroinvertebrados aquáticos

amostrados em cada estação de coleta durante o período de estudos ao

longo do Ribeirão Sobradinho, DF (dez/04 a mar/05 e mai/05 a ago/05). 42

Figura 14 - Biomassa dos grupos funcionais de alimentação encontrados nas estações

de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF. 44

Figura 15 - Grupos funcionais de alimentação com a variação da biomassa relativa a

cada classe de tamanho nas 8 estações de coleta no Ribeirão Sobradinho.

(Classe 1: < 10 mm, Classe 2: 10 mm a 15 mm, Classe 3: 15 a 20 mm e

classe 4: > 20 mm). 45

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Lista de tabelas e quadros Tabela 1 - Caracterização das condições ecológicas dos trechos estudados no Ribeirão

Sobradinho usando o Protocolo de Avaliação Rápida proposto por Callisto

et al. (2002b) 20

Tabela 2 - Precipitação mensal nos anos 2004 e 2005. (Dados fornecido pelo INMET,

DF). 22

Tabela 3 - Valores médios e desvio padrão das medidas físicas e químicas realizadas

nas estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho (dez/04 a mar/05

e mai a ago/05). 24

Tabela 4 - Resultados do Teste Kruskal-Wallis para os efeitos das estações de coleta

sobre as medidas das variáveis físicas e químicas realizadas ao longo do

Ribeirão Sobradinho (dez/04 a mar/05 e mai/05 a ago/05). 23

Tabela 5 - Variação média das variáveis físicos químicas ao longo do Ribeirão

Sobradinho durante o período de chuva (Dez/2004 a mar/2005) e seca

(mai/2005 a ago/2005). 25

Tabela 6 - Resultados do Teste Kruskal-Wallis para os efeitos das estações de coleta

classificadas segundo Protocolo, sobre as medidas físicas e químicas

realizadas nas estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho (dez/04

a mar/05 e mai/05 a ago/05). 26

Tabela 7 - Densidade média (ind/m²), desvio padrão e freqüência de ocorrência (%)

dos táxons encontrados nas estações de coleta durante o período de estudo

no Ribeirão Sobradinho, DF. 29

Tabela 8 - Resultados da riqueza taxonômica, Equitabilidade de Pielou e Diversidade

Shannon-Wienner, segundo Magurran (1991), e densidade (ind./m²) para

organismos encontrados por mês de coleta e por período de chuva e seca

no Ribeirão Sobradinho, DF. 32

Tabela 9 - Resultados do teste de Kruskal-Wallis para os efeitos do mês de coleta

sobre a densidade, Diversidade de Shannon-Wienner, Equitabilidade de

Pielou e riqueza taxonômica de organismos no Ribeirão Sobradinho (DF). 33

Tabela 10 - Resultados do teste Kruskal-Wallis par aos efeitos de cada estação de

coleta sobre a densidade, Diversidade de Shannon-Wienner,

Equitabilidade de Pielou e riqueza taxonômica de organismos no Ribeirão

Sobradinho (DF). 34

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Tabela 11 - Resultados da riqueza taxonômica, Equitabilidade de Pielou e

Diversidade Shannon Wienner, segundo Magurran (1991), e densidade

(ind./m²) para organismos encontrados durante o período de estudo por

estações de coleta no Ribeirão Sobradinho (DF). 34

Tabela 12 – Classificação dos macroinvertebrados aquáticos encontrados no Ribeirão

Sobradinho , DF segundo o grupo funcional de alimentação . 38

Tabela 13- Biomassa (média e desvio padrão) dos macroinvertebrados aquáticos por

grupos funcionais de alimentação ao longo das oito estações de coleta no

Ribeirão Sobradinho (DF) durante os meses de dez/04 a mar/05 e maio a

ago/05. 40

Tabela 14 - Resultado do Teste Kruskall- Wallis para o efeito das estações de coleta

sobre os grupos funcionais de alimentação no Ribeirão Sobradinho , DF. 43

Tabela 15 - Resultado do Teste Kruskall-Wallis para o efeito das classes de tamanho

sobre os grupos funcionais de alimentação no Ribeirão Sobradinho, DF. 44

Quadro 1: Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Hábitat em trechos de

bacias hidrográficas, proposto em Callisto et al. (2002b). 14

Quadro 2: Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de

bacias hidrográficas, proposto por Callisto et al. (2002b). 15

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1. Introdução

1.1 Bases teóricas

A conservação dos ecossistemas aquáticos continentais, visando sua utilização

racional é um dos aspectos centrais da Limnologia moderna. Conservar estes ambientes

significa manter suas condições as mais naturais possíveis para que possam ter seus

múltiplos usos garantidos tais como fornecimento de água para abastecimento

doméstico e industrial, geração de energia elétrica, produção de alimentos para o

homem e animais, lazer e conservação da vida silvestre (Esteves, 1998).

A “saúde ecológica” de rios é atualmente um assunto de crescente e fundamental

importância no manejo de recursos hídricos em todo o mundo. Os ecossistemas

aquáticos no Brasil vêm sofrendo uma série de impactos antropogênicos que alteram o

seu funcionamento (Silveira, 2004). As principais fontes de poluição dos recursos

hídricos reconhecidos são os rejeitos domésticos, e os resíduos químicos das atividades

industriais e agrícolas. A contaminação por esgotos domésticos é mais comum nos

países em desenvolvimento, onde a infra-estrutura de saneamento e tratamento de água

ainda é deficitária (Tundisi, 2003).

A necessidade de utilização racional dos recursos hídricos torna-se evidente

quando se leva em consideração que, de toda água da Terra, somente cerca 1% está na

forma de água doce. Além desta reduzida disponibilidade para o homem, sua

distribuição na Terra é muito heterogênea. Enquanto a Europa e a Ásia juntas detêm

68% da população mundial, suas reservas de água doce são de apenas 31% do total

realmente aproveitável no planeta (Tundisi, 2003). Neste sentido, cabe ao limnólogo

estabelecer planos e critérios que viabilizem a utilização racional destes ecossistemas e

de suas comunidades.

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Os avanços dos estudos sobre o funcionamento dos ecossistemas aquáticos

(Hynes, 1974; Whitton, 1975; Vannote et al., 1980; Wallace & Webster, 1996), aliados

aos trabalhos realizados avaliando os efeitos adversos de atividades humanas nesses

ecossistemas (Hilsenhoff, 1987; Lenat & Crawford, 1994; Wallace et al., 1996; Thorne

& Williams, 1997; Roy et al., 2003; Ometo et al., 2000) vêm demonstrando, que é

possível utilizar informações biológicas para detectar os impactos antrópicos. Tais

estudos consideram que as comunidades aquáticas respondem de maneira previsível às

variações ambientais (Vannote et al., 1980; Armitage et al., 1983) e que os impactos de

origem humana, por representarem elementos externos ao sistema, afetam este

equilíbrio dinâmico, resultando em alterações nos padrões esperados. Quando os

impactos são severos o suficiente para afetar a resiliência da comunidade (capacidade de

retorno à conformação original após um distúrbio), é possível afirmar que está

ocorrendo um processo de degradação ambiental (Ghetti & Salmoiraghi, 1994).

O padrão de distribuição de organismos aquáticos é resultado da interação entre

hábito, condições físicas que caracterizam o hábitat (substrato, fluxo da correnteza,

turbulência) e disponibilidade alimentar (Merrit & Cummins, 1996). Assim, os vários

fatores ambientais que atuam na composição e distribuição das espécies num dado

hábitat devem ser considerados em conjunto com as interações entre os organismos

(Whitton, 1975).

As comunidades de organismos aquáticos (protozoários, ciliados, algas,

macroinvertebrados, peixes, etc.) têm estado sujeitas às alterações ambientais diversas

sendo em muitos ambientes substancialmente reduzidas ou mesmo eliminadas (Bailey et

al., 2004).

Macroinvertebrados aquáticos são de fundamental importância no ambiente

aquático, por desempenharem um papel central na dinâmica de nutrientes, na

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transformação da matéria e no fluxo de energia do ecossistema. Uma definição genérica

das comunidades de macroinvertebrados refere-se aos organismos que habitam os

substratos de fundo de ecossistemas aquáticos continentais (sedimentos, pedaços de

madeira, restos de troncos, pedras, macrófitas aquáticas, algas filamentosas, etc.), ao

menos durante parte de seus ciclos de vida sendo os animais que ficam retidos em

malhas com diâmetro de poro maior que 200 - 500µm (Esteves, 1998).

Vários pesquisadores (Rosemberg & Resh, 1993; Merritt & Cummins, 1996;

Callisto et al., 2001) salientam as bases para o estudo da fauna aquática, especialmente

os macroinvertebrados aquáticos por serem organismos cosmopolitas e abundantes, de

grande tamanho de corpo e a maioria deles possui suas características ecológicas bem

conhecidas. Além disso, muitos táxons são sedentários sendo representativos das

condições locais e têm a vantagem de caracterizarem a qualidade da água não apenas

no instante de sua medida mas refletindo também sua situação em um período de tempo

consideravelmente mais longo, permitindo verificar-se os efeitos de um poluente de

forma mais precisa.

Desde a metade da década de 70, a ênfase da pesquisa com macroinvertebrados

aquáticos mudou de um foco baseado na estrutura da comunidade para estudos de

processo e função. Como exemplo temos os estudos de taxa de produção de biomassa,

repartição de recursos alimentares e parâmetros populacionais como interações de

competição e predação (Cummins, 1973; Macan, 1977). Os invertebrados de ambientes

lóticos (de água corrente) também são um importante componente do debate mundial

sobre a perda da biodiversidade global (Wilson, 1988).

Atualmente a utilização de macroinvertebrados aquáticos é cada vez mais aceito

entre os ecólogos como indicadores de qualidade de água (p. ex. Johnson et al., 1993;

Callisto et al., 2001; Usseglio-Polatera et al., 2000; Hering et al., 2003; Rodrigues et

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al., 2001) e junto com variáveis físicas e químicas constituem-se em um conjunto de

variáveis utilizadas na avaliação de impactos ambientais que de alguma forma afetam os

ecossistemas aquáticos continentais (Pérez, 1992; Rosenberg & Resh, 1993; Bailey et

al., 2004).

Mudanças na estrutura de comunidades de macroinvertebrados aquáticos em

uma escala espacial, têm sido utilizadas como importante ferramentas ecológicas em

monitoramento de fontes poluidoras. Em escala temporal, estes estudos têm sido úteis

na descrição de alterações no estado trófico de ecossistemas aquáticos continentais

(Callisto, 1994). As mudanças que se sucedem na estrutura das comunidades alternam-

se de complexas e diversas com organismos próprios de águas limpas, a simples e de

baixa diversidade, com organismos próprios de águas poluídas, variando facilmente

com o efeito da poluição doméstica (Pérez, 1992; Ward, 1992).

A distribuição de organismos aquáticos é principalmente determinada pelo tipo e

pela diversidade de hábitats disponíveis para a comunidade. Há evidências, de que tanto

a qualidade, quanto a quantidade dos hábitats disponíveis afetam a estrutura e a

composição das comunidades biológicas residentes (Petts & Calow, 1996).

As condições que caracterizam o hábitat dos macroinvertebrados aquáticos são

resultados da interação entre a velocidade da correnteza, o tipo de substrato e as

condições físicas e químicas da água (Hawkins & Sedell, 1981). Além destes, destaca-

se também a importância da qualidade e da quantidade de recursos alimentares

disponíveis (Merrit & Cummins, 1996).

Em relação a córregos urbanos, Pedersen & Perkins (1986) reportam que a

interferência antrópica nos ambientes lóticos próximos às áreas urbanas, seja por

desmatamentos, construção de barragens, mineração, etc., pode ser um fator importante

que afeta a biota do rio. Estes fatores podem impactar a fauna aquática diretamente, por

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meio de mudanças específicas nos hábitats, ou diretamente, através da redução

temporária na disponibilidade alimentar e de alteração em outras variáveis ambientais,

como por exemplo o oxigênio dissolvido, pH , temperatura da água.

Existe uma ampla variedade de medidas bioindicadoras de qualidade da água

usando macroinvertebrados aquáticos: medidas de riqueza – número de espécies ou

unidades taxonômicas específicas encontradas numa amostra ou em um ponto de coleta;

enumerações – contagem de todos os organismos coletados para estimar a abundância

relativa de diferentes grupos taxonômicos (ex: número de indivíduos em ordens,

famílias ou espécies, ou táxons dominantes dentro destes grupos); índices de

diversidade – combinam os dados de riqueza com as enumerações através de cálculos

estatísticos (ex: Índice de Shannon- Wienner) e medidas tróficas – porcentagem de

índivíduos de diferentes categorias funcionais de alimentação (fragmentadores,

coletores, filtradores, predadores) (Resh & Jackson, 1993; Barbour et al., 1999). A

resposta de aumento ou diminuição do valor de uma medida bioindicadora irá depender

do seu comportamento em relação a um impacto (Silveira, 2004).

É conhecido que as estimativas de biomassa são fundamentais na descrição da

estrutura e distribuição das comunidades (Begon et al., 1996) e constituem um

parâmetro importante para responder muitas questões ecológicas dos ambientes

aquáticos (Benke, 1996; Benke et al., 1999). A biomassa de macroinvertebrados pode

também ser utilizada em estudos de taxas de colonização ou na quantificação dos papéis

que os macroinvertebrados têm na decomposição de folhas (Cummins & Klug, 1979;

Abelho & Graça, 1996).

O uso de biomassa é freqüentemente o método mais escolhido para estimativas

de abundância em vez do número de indivíduos (Eaton, 2003). Estudos realizados por

Ortiz (2005) revelam a importância da medição de biomassa em trabalhos de

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biomonitoramento focalizados sobre os aspectos funcionais do ecossistema de rios.

Além disso, é uma importante ferramenta ecológica para estudos biológicos sobre

indicadores de poluição em ecossistemas aquáticos dentro de programas de

monitoramento bem estruturados que envolvam tanto avaliações físicas, químicas e

biológicas (Callisto et al., 2002a).

Porém, estudos sobre os macroinvertebrados de ambientes lóticos

freqüentemente carecem de informações sobre sua biomassa , apesar da informação

sobre biomassa e suas variações sazonais constituir parâmetro importante para o

entendimento da história de vida e interações biológicas incluindo as relações tróficas

entre os grupos funcionais (Meyer, 1989; Benke, 1996; Burgherr & Meyer, 1997).

1.2. Objetivo geral

Caracterizar a comunidade de macroinvertebrados aquáticos em função da

distribuição temporal e espacial de sua abundância, diversidade, riqueza, categorização

funcional de alimentação e biomassa e relacionar esta informação com parâmetros

físicos e químicos de qualidade de água e com a qualificação visual do grau de

preservação das condições ecológicas e de diversidade de hábitats de um córrego

periurbano.

1.3. Hipóteses

Esta pesquisa é norteada pela seguinte hipótese: “Assumindo o papel da

comunidade de macroinvertebrados aquáticos como bioindicadores da qualidade de

água, é possível utilizar a estrutura e composição da comunidade como indicador de

grau de preservação de um córrego peri-urbano submetido a diferentes tipos e grau de

intensidade de influência antrópica”.

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Para nortear este estudo foram levantadas as seguintes perguntas:

- Um Protocolo de Avaliação Rápida baseada em qualificação visual pode

ser utilizado para caracterizar as condições ecológicas e diversidade de

hábitat de um córrego periurbano?

- Existem diferenças significativas nas medidas das variáveis física e

químicas da qualidade de água entre os trechos do córrego periurbano

estudado?

- Existem diferenças significativas na estrutura e composição das

comunidades de macroinvertebrados aquáticos entre os períodos de chuva

e seca de 2004/2005?

- A distribuição da abundância, diversidade, riqueza de táxons, categorização

funcional de alimentação e biomassa dos macroinvertebrados está

relacionada com a informação obtida sobre o grau de preservação dos

trechos estudado ao longo do córrego periurbano?

- O uso da biomassa tem um valor potencial como indicador do grau de

preservação e pode ser utilizado como mais um parâmetro de

biomonitoramento?

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2. Materiais e métodos

2.1. Área de estudo

O Distrito Federal é drenado por rios pertencentes a três das mais importantes

bacias hidrográficas brasileiras: Bacia do Rio São Francisco (Rio Preto), Bacia

Tocantins/Araguaia (Rio Maranhão) e Bacia do Rio Paraná (rios São Bartolomeu e

Descoberto).

A Bacia do Rio São Bartolomeu é a bacia hidrográfica de maior área no Distrito

Federal, ocupando 62,5% de sua área total. Esta bacia nasce no norte do DF e se estende

no sentido norte-sul, drenando todo o seu trecho central. Nesta bacia estão situadas parte

das regiões administrativas de Sobradinho, Planaltina, Paranoá e São Sebastião. Dentre

as planícies que ocorrem no Distrito Federal, destaca-se, por sua extensão e largura, a

do Rio São Bartolomeu. O Rio São Bartolomeu representa o principal curso d’água

desta bacia. Este corta o Distrito Federal no sentido norte-sul e tem como afluentes de

maior importância o Ribeirão Sobradinho, que banha a cidade-satélite de mesmo nome

(SEDUH, 2002) (Figura 1).

Figura 2 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do São Bartolomeu e 4 dasprincipais sub-bacias da região centro norte do DF. EMA/SEMATEC 1994.(Modificado de Pinelli, 1999).

Área da Bacia Hidrográfica do São Bartolomeu no Distrito Federal

1 - Sub-bacia do Pipiripau.2 -Sub-bacia do Mestre D`armas.3 - Sub-bacia do Sobradinho.4 - Sub-bacia do Paranoá.

4

3

21

1 : 300000Escala Aproximada

Brasília

15 50`

47 50`

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Segundo a classificação de Köppen, o clima do Distrito Federal é tropical (AW),

nas áreas com cotas altimétricas abaixo de 1.000 metros (bacias hidrográficas dos rios

São Bartolomeu, Preto, Descoberto/Corumbá, São Marcos e Maranhão) (SEDUH,

2002). No clima do Distrito Federal observa se a existência de duas estações, uma

chuvosa, no verão, e outra seca, no inverno. A temperatura média situa-se acima de 19

graus centígrados. As temperaturas mais baixas ocorrem entre junho e julho, com

uma média de 19,6 graus centígrados nas mais altas entre setembro e outubro, com

media de 22,8 graus centígrados. A precipitação pluviométrica anual excede 1500 mm,

caracterizando se as chuvas como de grande intensidade e de curta duração,

distribuídas irregularmente. De abril a setembro, devido a ausência quase total de

chuvas, com menos de 1% da precipitação anual, a umidade relativa do ar sofre uma

queda sensível em relação as suas médias anuais, de 68%, atingindo níveis inferiores a

25%.

Nesta dissertação foi objeto de estudo o Ribeirão Sobradinho que tem uma

extensão de 28 km e área de drenagem de 153 km2 . A profundidade do ribeirão varia de

0,50 m e largura de 0,60 m em áreas próximas à nascente a profundidade de 2 m e

largura de 9 m nas proximidades da foz com Rio São Bartolomeu. A sub-bacia do

Ribeirão Sobradinho está localizada na porção centro norte do Distrito Federal a 22 km

de Brasília, entre os paralelos 15° 36’25” e 15°45’35” e os meridianos 47o53’00’’ e

47o31’08’’. No Ribeirão Sobradinho, o grande problema é a intensa expansão da

ocupação urbana. As principais fontes de alteração reconhecidas na área são: efluentes

domésticos provenientes da Cidade de Sobradinho, dos Condomínios e dos

assentamentos urbanos. Observa-se ainda a presença de resíduos da adubação química e

defensivos agrícolas, entretanto estas se apresentam como atividade secundária na área

(Figura 2).

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Figura 2 - Imagem de satélite da ocupação do solo no entorno das estações de coleta ao

longo do Ribeirão Sobradinho, DF (Fonte: Image, 2006 Digital Globe).

2.2. Estações de coleta

Em coletas preliminares ao longo do Ribeirão Sobradinho foram estabelecidos

para o presente estudo 8 estações de coleta distribuídas desde sua nascente até sua

desembocadura no Rio São Bartolomeu, considerando os locais próximos as áreas de

nascentes, fontes pontuais de poluição, proximidades com centros urbanos, de culturas

agrícolas e com facilidade de acesso. O mapa da Figura 3 ilustra a sub-bacia do Ribeirão

Sobradinho e a localização das estações de coleta, seguido por fotos que caracterizam as

áreas estudadas (Figura 4).

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Figura 3 – Localização das oito estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho,

DF. Representação esquemática. Extraído de IEMA/SEMATEC. 1994. Modificado.

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Figura 4 – Fotos das estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF.

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2.3. Características Ecológicas de trechos do Ribeirão Sobradinho

Para avaliação das condições ambientais das estações de coleta localizadas no

Ribeirão Sobradinho e no seu entorno foi utilizado um Protocolo de Avaliação Rápida

das Condições Ecológicas e da Diversidade de Hábitat em Trechos de Bacias

Hidrográficas, que busca avaliar não só o ambiente aquático, mas também, o uso e

ocupação do solo na região de seu entorno, proposto por Callisto et al. (2002b). O

protocolo avalia um conjunto de parâmetros em categorias descritas e pontuadas de 0 a

4 (Quadro 1) e de 0 a 5 (Quadro 2). Esta pontuação é atribuída a cada parâmetro com

base na observação das condições do hábitat. O valor final do protocolo de avaliação é

obtido a partir do somatório dos valores atribuídos a cada parâmetro

independentemente. As pontuações finais refletem o nível de preservação das condições

ecológicas dos trechos estudados, onde valores entre 0 e 40 pontos representam trechos

impactados, 41 e 60 pontos representam trechos alterados e, acima de 61 pontos, trechos

naturais.

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Quadro 1: Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Hábitat em trechos de

bacias hidrográficas, proposto em Callisto et al. (2002b).Obs.: 4 pontos (situação

natural), 2 e 0 pontos (situações leve ou severamente alteradas).

Descrição do Ambiente Localização: Data de Coleta: ___ /___/___ Hora da Coleta: __________ Tempo (situação do dia): Modo de coleta (coletor): Tipo de Ambiente: Córrego ( ) Rio ( ) Largura média: Profundidade média: Temperatura da água:

PONTUAÇÃO PARÂMETROS

4 pontos 2 pontos 0 ponto

1.Tipo de ocupação das margens do corpo d’água (principal atividade)

Vegetação natural

Campo de pastagem/Agricultura/

Monocultura/ Reflorestamento

Residencial/ Comercial/ Industrial

2. Erosão próxima e/ou nas margens do rio e assoreamento em seu leito

Ausente Moderada Acentuada

3. Alterações antrópicas Ausente Alterações de origem

doméstica (esgoto, lixo)

alterações de origem industrial/ urbana

(fábricas, siderurgias, canalização, retilização do

curso do rio)

4. Cobertura vegetal no leito parcial Total Ausente

5. Odor da água nenhum Esgoto (ovo podre) óleo/industrial

6. Oleosidade da água ausente Moderada Abundante

7. Transparência da água transparente turva/cor de chá-forte opaca ou colorida

8. Odor do sedimento (fundo) nenhum Esgoto (ovo podre) óleo/industrial

9. Oleosidade do fundo ausente Moderado Abundante

10. Tipo de fundo pedras/cascalho Lama/areia cimento/canalizado

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Quadro 2: Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Hábitats em trechos de

bacias hidrográficas, proposto por Callisto et al. (2002b). Obs.: 5 pontos (situação

natural), 3, 2 e 0 pontos (situações leve, moderada ou severamente alteradas). PARÂMETROS PONTUAÇÃO

5 pontos 3 pontos 2 pontos 0 ponto

11. Tipos de fundo Mais de 50% com hábitats diversificados; pedaços de

troncos submersos; cascalho ou outros hábitats estáveis.

30 a 50% de hábitats diversificados; hábitats

adequados para a manutenção das populações

de organismos aquáticos.

10 a 30% de hábitats diversificados; disponibilidade

de hábitats insuficiente; substratos freqüentemente

modificados.

Menos que 10% de hábitats diversificados; ausência de

hábitats óbvia; substrato rochoso instável para fixação

dos organismos.

12. Extensão de rápidos

Rápidos e corredeiras bem desenvolvidas; rápidos tão largos quanto o rio e com o comprimento igual ao dobro

da largura do rio.

Rápidos com a largura igual à do rio, mas com

comprimento menor que o dobro da largura do rio.

Trechos rápidos podem estar ausentes; rápidos não tão largos quanto o rio e seu

comprimento menor que o dobro da largura do rio.

Rápidos ou corredeiras inexistentes.

13. Freqüência de rápidos

Rápidos relativamente freqüentes; distância entre

rápidos dividida pela largura do rio entre 5 e 7.

Rápidos não freqüentes; distância entre rápidos

dividida pela largura do rio entre 7 e 15.

Rápidos ou corredeiras ocasionais; hábitats formados

pelos contornos do fundo; distância entre rápidos

dividida pela largura do rio entre 15 e 25.

Geralmente com lâmina d’água “lisa” ou com rápidos

rasos; pobreza de hábitats; distância entre rápidos

dividida pela largura do rio maior que 25.

14. Tipos de substrato

Seixos abundantes (prevalecendo em

nascentes).

Seixos abundantes; cascalho comum.

Fundo formado predominante- mente por cascalho; alguns

seixos presentes.

Fundo pedregoso; seixos ou lamoso.

15. Deposição de lama

Entre 0 e 25% do fundo coberto por lama.

Entre 25 e 50% do fundo coberto por lama.

Entre 50 e 75% do fundo coberto por lama.

Mais de 75% do fundo coberto por lama.

16. Depósitos sedimentares

Menos de 5% do fundo com deposição de lama; ausência de deposição nos remansos.

Alguma evidência de modificação no fundo, principalmente como

aumento de cascalho, areia ou lama; 5 a 30% do fundo afetado; suave deposição

nos remansos.

Deposição moderada de cascalho novo, areia ou lama nas margens; entre 30 a 50% do fundo afetado; deposição

moderada nos remansos.

Grandes depósitos de lama, maior desenvolvi-

mento das margens; mais de 50% do fundo modificado; remansos ausentes devido à significativa deposição de

sedimentos.

17. Alterações no canal do rio

Canalização (retificação) ou dragagem ausente ou

mínima; rio com padrão normal.

Alguma canalização presente, normalmente

próximo à construção de pontes; evidência de

modificações há mais de 20 anos.

Alguma modificação presente nas duas margens; 40 a 80%

do rio modificado.

Margens modificadas; acima de 80% do rio modificado.

18 Características do fluxo das águas

Fluxo relativamente igual em toda a largura do rio; mínima quantidade de

substrato exposta.

Lâmina d’água acima de 75% do canal do rio; ou

menos de 25% do substrato exposto.

Lâmina d’água entre 25 e 75% do canal do rio, e/ou maior

parte do substrato nos “rápidos” exposto.

Lâmina d’água escassa e presente apenas nos remansos.

19. Presença de mata ciliar

Acima de 90% com vegetação ripária nativa,

incluindo árvores, arbustos ou macrófitas; mínima

evidência de desflorestamento; todas as plantas atingindo a altura

“normal”.

Entre 70 e 90% com vegetação ripária nativa;

desflorestamento evidente mas não afetando o desenvolvimento da

vegetação; maioria das plantas atingindo a altura

“normal”.

Entre 50 e 70% com vegetação ripária nativa;

desflorestamento óbvio; trechos com solo exposto ou vegetação eliminada; menos

da metade das plantas atingindo a altura “normal”.

Menos de 50% da mata ciliar nativa; desfloresta-

mento muito acentuado.

20 Estabilidade das margens

Margens estáveis; evidência de erosão mínima ou

ausente; pequeno potencial para problemas futuros.

Menos de 5% da margem afetada.

Moderadamente estáveis; pequenas áreas de erosão freqüentes. Entre 5 e 30% da margem com erosão.

Moderadamente instável; entre 30 e 60% da margem com erosão. Risco elevado de erosão durante enchentes.

Instável; muitas áreas com erosão; freqüentes áreas

descobertas nas curvas do rio; erosão óbvia entre 60 e 100%

da margem.

21. Extensão de mata ciliar

Largura da vegetação ripária maior que 18 m; sem

influência de atividades antrópicas (agropecuária,

estradas, etc.).

Largura da vegetação ripária entre 12 e 18 m;

mínima influência antrópica.

Largura da vegetação ripária entre 6 e 12 m; influência

antrópica intensa.

Largura da vegetação ripária menor que 6 m; vegetação restrita ou ausente devido à

atividade antrópica.

22. Presença de plantas aquáticas

Pequenas macrófitas aquáticas e/ou musgos distribuídos pelo leito.

Macrófitas aquáticas ou algas filamentosas ou

musgos distribuídas no rio, substrato com perifiton.

Algas filamentosas ou macrófitas em poucas pedras ou alguns remansos, perifiton

abundante e biofilme.

Ausência de vegetação aquática no leito do rio ou grandes bancos macrófitas

(p.ex. aguapé).

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2.4 Período de amostragem

As coletas de macroinvertebrados aquáticos e de água foram realizadas

mensalmente nos meses de dezembro de 2004 a março de 2005, correspondendo ao

período de chuva e de maio a agosto de 2005 , correspondendo ao período de seca do

Bioma Cerrado na região do Distrito Federal.

2.5 Variáveis físicas e químicas da água

Em cada estação de coleta foram feitas medidas de temperatura da água com

auxílio de um termômetro de mercúrio graduado (0,1°C). Foram coletadas amostras de

água para medição em laboratório dos parâmetros: pH, condutividade elétrica (µS/cm) e

turbidez (FTU) com auxílio de um medidor HACH. As concentrações de Oxigênio

Consumido (mg/L) foram determinadas pelo método do Permanganato de Potássio, a

alcalinidade (mg/L) pelo método titulométrico (Golterman et al, 1978) e Oxigênio

Dissolvido (mg/L) pelo método de Winkler (Golterman et al., 1978). Com um

espectrofotômetro HACH DR 2000 foi determinado o teor de amônia (N-NH3+) pelo

método de Nessler e também o fosfato (P-PO4-). A concentração de Nitrato (Mg/L) foi

determinada pelo método de leitura de absorbância em espectrofotômetro .

2.6. Macroinvertebrados aquáticos

Para a coleta de macroinvertebrados aquáticos foi utilizado uma amostrador tipo

puçá ( 250 μm de malha e 30 cm de largura) . Em cada coleta, foi amostrada uma área

de 1,50m x 0,31m (0,465 m²). Foram feitas três réplicas para cada estação de coleta ao

longo do período de estudo. As amostras foram condicionadas em sacos plásticos, e

levadas para o laboratório onde foram lavadas sobre peneiras com abertura de malhas de

1,00 e 0,50 mm, triadas com auxílio de microscópio estereoscópio e os exemplares

fixados em álcool 70%. Para a identificação ao nível de família foram utilizadas chaves

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de identificação para grupos específicos: Merritt & Cummins (1996), Perez (1988) e

Pennak (1989). Durante a identificação, os organismos foram contados e suas

densidades expressadas como indivíduos por m² (ind./m²). Os organismos encontrados

foram classificados nos seguintes categorias funcionais de alimentação (Merrit &

Cummins, 1996 e Cummins et al., 2005): coletores-catadores, coletores-filtradores,

raspadores, predadores e fragmentadores. Para cada categoria , os indivíduos foram

separados por classes de tamanho: classe 1: menor de 10 mm; classe 2: tamanho entre

10 e 15 mm; classe 3: tamanho entre 15 e 20 mm e classe 4: maior de 20 mm. As pupas

não sendo classificadas em grupos funcionais de alimentação foram retiradas desta

análise. Para determinação da biomassa seca, os macroinvertebrados foram retirados dos

seus casulos ou conchas no caso de moluscos e separados segundo a sua categoria

funcional e seu tamanho. Foram colocados em bandejas de alumínio previamente

pesadas, secadas em estufa a 60°C por 48 horas e pesadas novamente em balança

Metler H54 com precisão de 0,01 mg. Preservação em álcool 70% pode causar

mudança na biomassa de macroinvertebrados (Leuven et al., 1985 e González et al.,

2003). No entanto, devido ao fato de que as amostras permaneceram fixadas por mais de

5 meses tais tendências não devem afetar a sua utilização na obtenção dos resultados,

que tem como único objetivo a comparação da biomassa entre as estações de coleta e os

períodos de amostragem.

2.7. Tratamento dos Resultados

Para avaliar a estrutura da comunidade de macroinvertebrados aquáticos foram

calculados os índices de diversidade de Shannon-Wienner e equitabilidade de Pielou

segundo Magurran (1991), foi estimada a densidade de organismos (indivíduos/m2), a

biomassa (g/m²), o percentual de ocorrência (de indivíduos e de grupos funcionais de

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alimentação) e a riqueza taxonômica , através do número total de táxons encontrado por

amostra.

Os resultados obtidos nas análises físicas e químicas da água e da comunidade

de macroinvertebrados aquáticos foram submetidos ao teste de normalidade

Kolmogorov-Smirnov. Como a maioria das variáveis não apresentou distribuição

normal, foram utilizados testes não paramétricos. Para avaliar se as diferenças foram

significativas foram utilizados o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis e Mann-

Whitney (Zar, 1999) com os dados obtidos entre os períodos amostrais e entre as

estações de coleta. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa

SPSS 12.0 for Windows (SPSS Inc., Illinois, USA).

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3. Resultados

Considerando a influência dos fatores ambientais na ocorrência e distribuição

das espécies aquáticas e a importância de se distinguir as respostas da fauna relativas às

variações naturais dos sistemas, daquelas relacionadas com atividades antrópicas,

optou-se por apresentar em primeiro lugar os resultados da caracterização ambiental e,

em seguida, os resultados de distribuição dos macroinvertebrados aquáticos.

3.1 Caracterização ambiental da área de estudo

3.1.1.Condições ecológicas

O Protocolo de Avaliação Rápida mostrou diferenças nos níveis de preservação

das condições ecológicas ao longo do Ribeirão Sobradinho. Os resultados demonstram a

ocorrência de um gradiente ambiental que variou de acordo com a presença humana e o

tipo de atividade desenvolvida na área. A estação de coleta #01 foi classificada como

pertencente a trechos naturais (pontuação 66). No entanto sua pontuação foi

relativamente baixa para um ambiente natural, devido à descaracterização do leito

(perda da diferenciação entre áreas correnteza e remanso, diminuição da diversidade de

substratos, entre outros), porém sem influência antrópica direta evidente. As estações

de coleta SOBR 03, 04, 05 e 06 próximas do centro urbano, foram classificadas com

pertencentes a trechos impactados (pontuação entre 18 e 39). A estação SOBR 05

apresentou a pontuação mais baixa devido à proximidade de uma estação de tratamento

de esgoto, que tem conseqüências diretas sobre as condições ecológicas do entorno. As

estações de coleta SOBR 02, 07 e 08 foram classificadas como pertencentes a trechos

alterados (pontuação entre 53 e 60). Nesses locais, a ocupação das margens para

agricultura, amplificou os efeitos da erosão e assoreamento. Além disso, a própria

dinâmica de uso e interação dos agricultores com o rio é mais intenso, o que também

aumenta a intensidade dos processos de degradação (Tabela 1).

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Tabela 1 - Caracterização das condições ecológicas dos trechos estudados no Ribeirão Sobradinho usando o Protocolo de Avaliação Rápida

proposto por Callisto et al. (2002b)

SOBR 01 SOBR 02 SOBR 03 SOBR 04 SOBR 05 SOBR 06 SOBR 07 SOBR 08Tipo de ocupação das margens Natural Natural Urbano Agricultura Urbano Agricultura Agricultura AgriculturaErosão Ausente Moderada Acentuada Acentuada Acentuada Acentuada Moderada ModeradaAlterações antrópicas Ausente Ausente lixo lixo esgoto canalização fabrica lixoCobertura vegetal no leito parcial parcial ausente ausente ausente total total totalOdor da água ausente ausente esgoto ausente esgoto ausente ausente ausenteOleosidade da água ausente ausente ausente ausente ausente ausente ausente ausenteTransparência da água transparente transparente turva turva opaca turva turva turvaOdor do sedimento (fundo) Ausente Ausente esgoto ausente esgoto ausente ausente ausenteOleosidade do fundo Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente AusenteTipo de fundo lama e areia lama e areia lama e areia lama e areia lama e areia lama e areia lama e areia lama e areia

Tipos de fundo

Extensão de rápidos

Freqüência de rápidos

Tipos de substrato

Deposição de lama 25- 50% 25- 50% 50-75% 50-75% >75% >75% 25- 50% 25- 50%Depósitos sedimentares 5-30% 30-50% 30-50% 30-50% > 50% 30-50% 5-30% 5-30% Alterações no canal do rio <40% 40-80% 40-80% >80% >80% 40-80% <40% <40%Fluxo das águasPresença de mata ciliar 50 e 70% 50 e 70% < de 50% < de 50% < de 50% 50 e 70% 50 e 70% 50 e 70%

Estabilidade das margens 5-30% 30-60% 60-100% 60-100% 60-100% 30-60% 30-60% 30-60%Extensão de mata ciliar 6-12m 6-12m <6 m <6 m <6 m 6-12m 6-12m 6-12mPlantas aquáticasPontuação 66 60 32 30 18 39 53 55Classificação natural alterado impactado impactado impactado impactado alterado alterado

Trechos rápidos podem estar ausentes; rápidos não tão largos quanto o rio e seucomprimento < que o dobro da largura do rio.

Rápidos com a largura igual à do rio,mas com comprimento < que o dobro dalargura do rio.

Rápidos ou corredeiras ocasionais; habitats formados pelos contornos do fundo;distância entre rápidos dividida pela largura do rio entre 15 e 25. Geralmente com lâmina d’água “lisa” ou com rápidos

rasos; pobreza de habitats; distância entre rápidos divididapela largura do rio > que 25.

Rápidos ou corredeiras ocasionais;habitats formados pelos contornos dofundo; distância entre rápidos divididapela largura do rio entre 15 e 25.

Rápidos ou corredeiras inexistentes.

Estações de coletaPARÂMETROS

30 a 50% de habitats diversificados; habitats adequados para a manutenção das populações de organismos aquáticos

Menos que 10% de habitats diversificados; ausência de habitats óbvia; substrato rochoso instável para fixação dos organismos.

30 a 50% de habitats diversificados; habitatsadequados para a manutenção das populações de organismos aquáticos

Ausência de vegetação aquática no leito do rio ou grandes bancos macrófitas

Fundo formado por cascalho; alguns seixos presentes Fundo pedregoso; seixos ou lamoso Fundo formado por cascalho; alguns seixos presentes

Lâmina d’água acima de 75% do canal do rio; ou menos de 25% do substrato exposto.

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3.1.2. Precipitação

O regime de chuvas é um fator ambiental importante na dinâmica de

organização e estrutura das comunidades aquáticas. Ele afeta alguns dos principais

parâmetros associados à distribuição de espécies como vazão, entrada de matéria

orgânica nos corpos d’água, estabilidade e disponibilidade de microhábitats. Além

disso, altera os processos de aumento ou redução na entrada de nutrientes nos corpos

d’água procedente das áreas ocupadas nas margens do córrego, o que invariavelmente

afeta as comunidades aquáticas.

Foram feitas comparações dos dados de precipitação encontrados no ano 2004 e

2005. A comparação entre as duas escalas temporais é necessária, pois apesar de ter

uma estação chuvosa e seca diferenciada, as regiões de clima tropical são caracterizadas

por uma certa instabilidade na dinâmica das chuvas, o que pode ocasionar mudanças

ambientais importantes e afetar o comportamento esperado da fauna.

Durante o período de estudo, a pluviosidade mensal variou de 220 mm³ no mês

de dezembro/04 a 39,1 mm³ no mês de agosto/05, o menor volume de chuvas foi

registrado no mês de julho/04 (0,2 mm³) (Figura 5).

Figura 5 - Pluviosidade mensal (mm³) na região de estudo para o período de dezembro

de 2004 a novembro de 2005. As barras com estrela indicam os meses de coleta (dados

fornecido pelo INMET, DF).

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05

Meses

Pluv

iosi

dade

(mm

³)

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No verão de 2004/2005 houve aumento gradual da pluviosidade com a maior

parte das chuvas concentrando-se no mês de março, em contraste com a variação da

pluviosdade mensal do ano anterior. Notamos ainda, que os meses de maio a julho de

2005 tiveram valores muito baixos de precipitação em relação ao ano anterior enquanto

o mês de agosto apresentou uma pluviosidade relativamente alta para o período de

inverno, evidenciando novamente um desequilíbrio na distribuição das chuvas. Estas

alterações podem vir a afetar os resultados encontrados, já que esperávamos uma maior

distribuição da pluviosidade nos meses estudados (Tabela 2).

Tabela 2 - Precipitação mensal na área de estudo nos anos 2004 e 2005 (Dados

fornecido pelo INMET, DF).

3.1.3. Medidas das variáveis físicas e químicas da água

Durante o período de estudo, a temperatura média da água nas estações de coleta

variaram entre 21,40 °C ± 1,33 (SOBR 06) a 22,23 °C ±1,10 (SOBR 02) (Figura 6).

Não houve diferenças significativas entre as estações de coleta (Kruskall-Wallis;

p>0,05).

Ano JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ2004 43,7 215,9 126,6 142,0 90,7 27,9 27,3 0,3 16,9 99,2 151,3 220,12005 245,2 262,2 398,6 28,0 17,0 5,4 0,2 39,1 55,9 57,3 226,5 422,2

20,4020,6020,8021,0021,2021,4021,6021,8022,0022,2022,4022,60

SOBR 01 SOBR 02 SOBR 03 SOBR 04 SOBR 05 SOBR 06 SOBR 07 SOBR 08

Estações de coleta

Tem

pera

tura

(°C

)

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Figura 6 - Variação das médias e desvio padrão da temperatura da água nas estações de

coleta no Ribeirão Sobradinho,nos meses de dez/04 a mar/05 e de mai/05 a ago/05.

O pH variou entre 5,91 ± 0,58 na estação SOBR 01 a 6,45 ± 0,38 na estação

SOBR 03. Não houve diferenças significativas entre as estações de coleta (Kruskall-

Wallis; p>0,05). Os valores de Oxigênio Consumido (OC mg/L) não foram diferentes

significativamente entre as estações de coleta apresentando valores médios entre 2,75 ±

1,33 em SOBR 04 e 4,72 ± 1,84 em SOBR 05 (Tabela 3).

As concentrações de Sólidos Totais Dissolvidos (TDS mg/L), Oxigênio

Dissolvido (OD mg/L) e Alcalinidade (mg/L CaC03) assim como as medidas de

Condutividade elétrica (us/cm) e Turbidez (FTU) foram significativamente diferentes

entre as estações de coleta (Kruskall- Wallis; p< 0,05) (Tabela 4).

Tabela 4 - Resultados do Teste Kruskal-Wallis para os efeitos das estações de coleta

sobre as medidas das variáveis físicas e químicas da água ao longo do Ribeirão

Sobradinho (dez/04 a mar/05 e mai/05 a ago/05).

OD

mg/L pH TDS mg/L

Condu. us/cm

Alcalinidade mg/L CaC03

OC mg/L

Turbidez FTU

X² 36,939 8,810 28,852 30,067 34,279 7,151 27,770 Df 7 7 7 7 7 7 7 P ,000* ,267 ,000* ,000* ,000* ,413 ,000*

A estação SOBR 05 apresentou o valor médio mais elevado de alcalinidade

(39,58 ± 5,88 mg/L CaCO3), Sólidos Totais Dissolvidos (48,64 ± 21,86 mg/L),

Condutividade elétrica (100,71 ± 43,49 µS/cm), P- PO4- (0,22 ± 0,20 mg/L) e N-NH3

+

(7,16 ± 1,12 mg/L) e o menor valor médio de Oxigênio Dissolvido (3,6 ± 0,46 mg/L) .

A estação SOBR 1 apresentou a média mais baixa de Sólidos Totais

Dissolvidos (5,61 ± 4,76 mg/L), Alcalinidade (11,95 ± 6,26 mg/L Ca CO3),

Condutividade elétrica (12,70 ± 9,92 µS/cm), Turbidez (8,50 ± 3,12 FTU), N-NO3-

(1,74 ± 1,34 mg/L) e N-NH3+ (0,02 ± 0,03 mg/L) (Tabela 3).

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Tabela 3 - Valores médios e desvio padrão das medidas físicas e químicas da água nas estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho

(dez/04 a mar/05 e mai a ago/05).

OD TDS Cond N-NH3+ P-PO4 3+ Alc OC Turbidez N- NO3 - Estação

de coleta (mg/L) pH

(mg/L) (µS/cm) (mg/L) (mg/L) (mg/L CaC03) (mg/L) (FTU) (mg/L)

SOBR 01 5,81 ± 0,60 5,91 ± 0,58 5,61 ± 4,76 12,70 ± 9,92 0,02 ± 0,03 0,06 ± 0,09 11,95 ± 6,26 3,28 ± 2,61 8,50 ± 3,12 1,74 ± 1,34

SOBR 02 5,94 ± 0,39 6,19 ± 0,46 21,76 ± 2,98 45,26 ± 6,04 0,29 ± 0,40 0,09 ± 0,12 15,90 ± 3,52 3,16 ± 2,35 43,63 ± 48,57 8,70 ± 0,75

SOBR 03 5,40 ± 0,59 6,45 ± 0,38 23,64 ± 2,43 48,78 ± 5,33 0,32 ± 0,58 0,13 ± 0,17 19,45 ± 4,05 3,73 ± 3,86 50,63 ± 72,23 8,60 ± 1,05

SOBR 04 5,57 ± 0,39 6,38 ± 0,34 21,73 ± 2,21 44,74 ± 4,48 0,19 ± 0,16 0,06 ± 0,07 24,65 ± 6,40 2,75 ± 1,33 26,63 ± 12,68 4,39 ± 0,93

SOBR 05 3,61 ± 0,46 6,33 ± 0,30 48,64 ± 21,86 100,71 ± 43,49 7,16 ± 1,12 0,22 ± 0,20 39,58 ± 5,88 4,72 ± 1,84 26,50 ± 5,15 5,63 ± 2,54

SOBR 06 5,55 ± 0,62 6,11 ± 0,38 19,46 ± 7,11 41,10 ± 15,17 0,81 ± 0,58 0,05 ± 0,05 15,35 ± 6,62 4,00 ± 1,68 16,75 ± 4,06 7,03 ± 1,58

SOBR 07 6,95 ± 0,59 6,27 ± 0,34 21,09 ± 7,86 44,15 ± 16,45 0,41 ± 0,31 0,06 ± 0,05 14,35 ± 9,75 4,31 ± 2,29 17,25 ± 6,78 7,69 ± 1,46

SOBR 08 6,14 ± 0,77 6,39 ± 0,34 20,06 ± 7,71 33,51 ± 18,50 0,21 ± 0,21 0,04 ± 0,05 13,50 ± 4,32 3,58 ± 2,25 21,00 ± 6,65 7,35 ± 1,32

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A análise comparativa das médias das oito estações de coleta revela que dentre

as dez medidas analisadas foram encontradas diferenças significativas (Mann Whitney;

p< 0,05) entre os períodos de chuva e seca para seis medidas, a variação média dos

parâmetros Sólidos Totais Dissolvidos (TDS mg/L) e Condutividade elétrica (µS/cm)

foi maior durante o período de seca, enquanto que as medidas de Turbidez (FTU),

Alcalinidade (mg/L CaC03) e os teores de P- PO4- (mg/L) e Oxigênio Consumido

(mg/L) foram maiores durante o período de chuva (Tabela 5).

Tabela 5 - Variação média das variáveis físicas e químicas da água ao longo do Ribeirão

Sobradinho durante o período de chuva (dez/2004 a mar/2005) e seca (mai/2005 a

ago/2005).

Variáveis Chuva Seca

OD mg/L 5,56 ± 0,91 5,68 ± 1,16

pH 6,16 ± 0,44 6,35 ± 0,37

TDS mg/L 19,73 ± 10,88 25,76 ± 16,55

Condu µS/cm 39,30 ± 22,96 53,43 ± 33,72

N- NH3+ mg/L 1,24 ± 2,07 1,11 ± 2,62

P- PO4- mg/L 0,11 ± 0,10 0,07 ± 0,14

Alcal. mg/L CaC03 22,55 ± 8,66 16,13 ± 11,00

OC mg/L 5,15 ± 2,30 2,23 ± 1,16

Turbidez FTU 34,91 ± 43,99 17,81 ± 7,58

Nitrato mg/L 6,50 ± 2,46 6,28 ± 2,82

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3.1.4. Condições ecológicas e variáveis físicas e químicas da água

Considerando a avaliação das condições ecológicas segundo Protocolo proposto

por Callisto et al. (2002b), as estações de coleta foram agrupadas segundo a pontuação

obtida (1-natural (SOBR 1), 2- alterado (SOBR 02, 07 e 08) e 3- impactado (SOBR 03,

04, 05 e 06).

O teste de Kruskall-Wallis mostrou que as concentrações médias de Sólidos

Totais Dissolvidos (TDS mg/L), Oxigênio Dissolvido (OD mg/L), Alcalinidade (mg/L

CaC03), N-NO3- (mg/L) e N-NH3

+ (mg/L), assim como as medidas de Condutividade

elétrica (µS/cm) e Turbidez (FTU) foram significativamente diferentes entre as

classificações dadas às estações de coleta (Kruskall-Wallis; P<0,05). Os teores de P-

PO4- (mg/L), Oxigênio Consumido (mg/L) e os valores médios de pH não foram

significativamente diferentes (Kruskall-Wallis; p>0,05) (Tabela 6).

Tabela 6 - Resultados do Teste Kruskal-Wallis para os efeitos das estações de coleta

classificadas segundo Protocolo, sobre as medidas físicas e químicas da água nas

estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho (dez/04 a mar/05 e mai/05 a

ago/05).

OD

mg/L pH TDS

mg/L Cond. µS/cm

NH3+

mg/L PO4

-

mg/L Alca. mg/L

CaC03 OC

mg/L Turbidez

FTU NO3

-

mg/L X² 23,241 3,707 19,508 19,631 13,674 2,219 19,774 0,760 19,483 25,876 df 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 P 0,000* 0,157 0,000* 0,000* 0,001* 0,330 0,000* 0,684 0,000* 0,000*

De um modo geral, nota-se que algumas variáveis de qualidade da água foram

mais alteradas que outras, ao longo do gradiente ambiental e de ocupação humana. As

medidas de pH, fosfatos e oxigênio consumido foram relativamente similares entre as

diferentes estações de coleta, enquanto as medidas de amônia, alcalinidade, sólidos

totais dissolvidos, turbidez e condutividade elétrica, apresentaram um aumento

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progressivo, e no caso do oxigênio dissolvido uma diminuição, de acordo com a

intensidade da presença humana e condição de preservação.

Quando comparadas às estações de coletas que tiveram suas condições

ecológicas classificadas como alteradas e impactadas encontrou-se que houve diferenças

significativas para os parâmetros alcalinidade, oxigênio dissolvido, Nitrato e Amônia

(Mann-Whitney; p<0,05).

As estações de coleta agrupadas como trechos impactados (#3) apresentaram

juntas, maiores valores médios de Sólidos Totais Dissolvidos (TDS) (28,37 ± 16,29

mg/L), Alcalinidade (24,76 ±10,84 mg/L CaC03), N-NH3+ (2,12 ± 3,04 mg/L), assim

como as medidas de Condutividade elétrica (58,83 ± 33,18 µS/cm) e Turbidez (30,13 ±

37,22 FTU) enquanto que a concentração média de Oxigênio Dissolvido (OD) foi

menor (5,03 ± 0,97 mg/L). A estação SOBR 1, única classificada como pertencente a

trecho natural (#1) apresentou os menores valores médios nas concentrações dos

nutrientes amônia e nitrato (Figura 7).

Segundo a resolução n° 357 do CONAMA de 2005, que dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a

análise das variáveis físicas e químicas da água realizada durante o estudo no Ribeirão

Sobradinho mostra que a estação de coleta SOBR 1 encontra-se enquadrada dentro dos

padrões de qualidade de água classe 1. A estação SOBR 5 tem as condições da água

dentro dos limites estabelecidos de classe 4 e as demais estações estão enquadradas no

padrão de qualidade água para classe 2. Só a água da estação SOBR 5 não pode ser

destinada ao abastecimento para consumo humano pois tem suas variáveis físicas e

químicos influenciados pela proximidade de uma estação de tratamento de esgotos

provocando um estado de degradação que pode comprometer a saúde humana e a

manutenção da biodiversidade.

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Figura 7 - Variação dos valores das variáveis medidas nas 8 estações de coleta, agrupadas segundo Protocolo de Avaliação Rápida

(Callisto, et al., 2002b). 1- Trecho do rio natural (SOBR 1), 2- trecho alterado (SOBR 02, 07 e 08), 3- trecho impactado (SOBR 3,4,5 e 6).

1 2 3

PROTOCOLO

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00O

D m

g/L

1 2 3

PROTOCOLO

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

TD

S m

g/L

1 2 3

PROTOCOLO

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

Nitr

ato

mg/

L

1 2 3

PROTOCOLO

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

Nh3 m

g/L

1 2 3

PROTOCOLO

0,00

50,00

100,00

150,00C

ond.

(µS

/cm

)

1 2 3

PROTOCOLO

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

Alc

alin

idad

e m

g/L

CaC

03

1 2 3

PROTOCOLO

0

50

100

150

200

250

Tur

bide

z F

TU

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3.2. Caracterização da comunidade de macroinvertebrados aquáticos

Nas estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho foi encontrado um total

de 29.637 organismos distribuídos em 44 táxons. Destes, 4 táxons foram do filo

Mollusca, 2 do filo Annelida, 1 do filo Platyhelminthes, 1 Arachnoidea e 36 da classe

Insecta. A estrutura da fauna seguiu o padrão geral de organização das comunidades de

macroinvertebrados com a ocorrência de muitos táxons raros e alguns poucos táxons

abundantes. A classe Insecta está representada pelas Ordens Ephemeroptera, Odonata,

Hemiptera, Trichoptera, Lepidoptera, Coleoptera e Diptera. Apresentaram maior

número de táxons a Ordem Diptera e Trichoptera, com 8 e 7, respectivamente. Os

táxons com maior freqüência de ocorrência foram os da sub-família Chironominae da

Ordem Diptera (66,61%) e o Annelida da Classe Oligochaeta (18,44%). Trinta e nove

táxons apresentaram freqüência de ocorrência menor que 1% (Tabela 7).

Tabela 7 - Densidade média (ind/m²), desvio padrão e freqüência de ocorrência (%) dos

táxons se macroinvertebrado aquáticos encontrados nas estações de coleta durante o

período de estudo no Ribeirão Sobradinho, DF.

Táxon Densidade média

(ind/m²) Freqüência de ocorrência (%)

Platyhelminthes Turbellaria Tricladida Planariidae 2,59 ± 20,70 0,56 Annelida Oligochaeta 85,38 ± 537,76 18,44

Hirudinea 9,64 ± 34,38 2,08

Mollusca Gastropoda Prosobranchia Planorbidae 2,72 ± 17,48 0,59 Physidae 0,03 ± 0,27 0,01 Thiaridae

Melanoides tuberculatus 0,81 ± 2,91 0,17

Bivalvia Sphaeriidae 1,78 ± 6,98 0,38 Arthropoda Arachnoidea Hydracarina 0,07 ± 0,38 0,01

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Tabela 7 - (continuação)

Táxons Densidade média

(ind/m²) Freqüência de ocorrência (%)

Insecta Ephemeroptera Caenidae 0,03 ± 0,27 0,01 Leptophlebiidae 0,34 ± 1,96 0,07 Baetidae 0,97 ± 5,75 0,21 Odonata Calopterygidae 0,37 ± 1,18 0,08 Coenagrionidae 1,04 ± 1,80 0,22 Gomphidae Aphylla 1,61 ± 3,09 0,35 n.i.* 2,02 ± 4,14 0,44 Libellulidae Libellula 1,98 ± 4,02 0,43 Hemiptera Nepidae 0,07 ± 0,54 0,01 Corixidae 0,17 ± 0,70 0,04 Belostomatidae 0,50 ± 1,52 0,11 Naucoridae 3,90 ± 14,19 0,84 Veliidae 0,20 ± 0,63 0,04 Trichoptera Hydropsychidae 1,28 ± 4,31 0,28 Hydroptilidae 0,24 ± 1,16 0,05 Calamoceratidae Phylloicus 0,24 ± 1,44 0,05 Leptoceridae 0,97 ± 2,65 0,21 Polycentropodidae 0,10 ± 0,60 0,02 Glossomatidae 0,03 ± 0,27 0,01 Trichoptera n.i.* 0,13 ± 0,65 0,03 Lepidoptera Pyralidae Petrophila 0,24 ± 1,39 0,05 Coleoptera Hydrophilidae (Larva) 0,30 ± 1,37 0,07 Hydrophilidae (Adulto) 0,91 ± 3,13 0,20 Dytiscidae (Larva) 0,54 ± 1,58 0,12 Dytiscidae (Adulto) 0,67 ± 1,75 0,15 Elmidae (Larva) 3,33 ± 8,07 0,72 Elmidae (Adulto) 1,78 ± 8,05 0,38 Diptera Tipulidae 0,44 ± 1,49 0,09 Simuliidae 0,27 ± 1,46 0,06 Ceratopogonidae 2,89 ± 5,42 0,62 Chironomidae Chironominae 308,47 ± 995,39 66,61 Tanypodinae 6,25 ± 25,28 1,35 Empididae 0,20 ± 0,99 0,04 Psychodidae 0,17 ± 0,88 0,04 Tabanidae 0,17 ± 1,10 0,04 Diptera n.i.* 17,24 ± 61,76 3,72

* não identificado

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3.2.1. Distribuição da comunidade de macroinvertebrados por época de coleta

Com relação à influência dos períodos de chuva e seca, foi observada maior

densidade média de organismos no período de chuva (4 726,25 ± 6 177,68 ind./m²) que

no período de seca (2 682,75 ± 1289,504 ind./m²), porém com um desvio padrão maior

durante o período de chuva (Figura 8).

Figura 8 - Densidade média (ind./m²) e desvio padrão dos macroinvertebrados aquáticos

encontrados durante o período de chuva e seca no Ribeirão Sobradinho, DF (dez/04 a

mar/05 e mai/05 a ago/05).

De um modo geral, o aumento do número de indivíduos no período de chuva foi

um resultado surpreendente, considerando que nesta época do ano era esperada uma

menor abundância, em virtude do aumento na pluviosidade. Este resultado pode,

entretanto, estar associado ao fato de que a dinâmica de chuvas no ano de estudo foi

atípica, com uma maior concentração das chuvas no mês de março e relativa

estabilidade da pluviosidade nos meses de dezembro a fevereiro. A época das chuvas é

acompanhada também de um grande aporte de matéria orgânica no rio, o que representa

aumento na disponibilidade de hábitat e alimento para a fauna, assim estes recursos

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

8000,00

10000,00

12000,00

Chuva SecaPeríodo de coleta

Den

sida

de m

édia

(ind

.m²

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podem ter permanecido mais estáveis para a fauna, ocasionando então um aumento na

abundância de táxons.

Considerando os valores de riqueza taxonômica, Equitabilidade de Pielou e

Diversidade Shannon-Wienner não houve diferença significativa entre os períodos de

seca e de chuvas (Tabela 8).

Tabela 8 - Resultados da riqueza taxonômica, Equitabilidade de Pielou e Diversidade

Shannon-Wienner, segundo Magurran (1991), e densidade (ind./m²) para os

macroinvertebrados aquáticos encontrados por mês de coleta e por período de chuva e

seca no Ribeirão Sobradinho, DF.

Foram encontrados maiores valores de densidade nos meses de dezembro 2004 e

junho de 2005. Os valores de densidade totais encontrados durante os meses de coleta

foram devido à presença de larvas da sub-família Chironominae que contribuiu com

mais de 58% da densidade total encontrada em todos os meses de coleta (Figura 9).

Mês de coleta

Período de Chuva Período de seca

dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 Total mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 Total

Riqueza Total 32 28 14 19 37 18 32 22 31 39

Densidade Total 13 985 1 886 1 292 1 742 18 905 1 486 4 297 1 817 3 131 10 731Diversidade Shannon- Wienner (H') 1,44 0,98 0,55 0,92 1,13 0,96 1,35 1,25 1,39 1,38

Equitabilidade (J) 0,415 0,294 0,208 0,312 0,31 0,332 0,390 0,404 0,405 0,38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05

Meses de coleta

Freq

üênc

ia re

altiv

a (%

)

Outros grupos

Chironominae

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Figura 9 - Freqüência relativa (%) de larvas do táxon Chironominae presentes no

Ribeirão Sobradinho, durante os meses de coleta.

Na analise da estrutura da comunidade de macroinvertebrados aquáticos por mês

de coleta observa-se diferenças significativas (Kruskall-Wallis; p<0,05) em relação à

densidade numérica e a riqueza taxonômica de organismos (Tabela 9).

Tabela 9 - Resultados do teste de Kruskal-Wallis para os efeitos do mês de coleta sobre

a densidade, Diversidade de Shannon-Wienner, Equitabilidade de Pielou e riqueza

taxonômica de macroinvertebrados aquáticos no Ribeirão Sobradinho (DF).

Efeito Variável df X² P

Densidade 7 20,305 0,005*

Diversidade 7 12,457 0,086

Equitabilidade 7 3,973 0,783 Mes de coleta

Riqueza 7 28,442 0,000*

À exceção do mês de dezembro de 2004, a estrutura da comunidade seguiu o

padrão esperado de variação sazonal para a região. Os resultados indicam a ocorrência

de uma variação temporal na estrutura das comunidades de macroinvertebrados

avaliadas. Isto também foi observado por outros trabalhos realizados em rios da região

do Brasil central e cerrado de Minas Gerais (Callisto & Goulart, 2005, Bispo et al.,

2001; Bispo & Oliveira 1998), onde a variação sazonal se apresenta como fator de

alteração da estrutura da comunidade de macroinvertebrados aquáticos.

3.2.2. Distribuição da fauna por estação de coleta

Considerando a distribuição de organismos entre as estações de coleta foi

observado que a comunidade de macroinvertebrados aquáticos foi significativamente

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diferente em relação à sua densidade, diversidade, riqueza e equitabilidade (Kruskall-

Wallis; p< 0,05) (Tabela 10).

Tabela 10 - Resultados do teste Kruskal-Wallis para os efeitos de cada estação de coleta

sobre a densidade, Diversidade de Shannon-Wienner, Equitabilidade de Pielou e riqueza

taxonômica de macroinvertebrados aquáticos no Ribeirão Sobradinho (DF).

Efeito Variável df X² P

Densidade 7 25,488 0,001

Diversidade 7 28,408 0,000

Equitabilidade 7 23,806 0,001 Estação de coleta

Riqueza 7 16,860 0,018

Os valores de riqueza taxonômica variaram de 6 (SOBR 5) a 34 táxons (SOBR

01) durante o período de estudo. O mais alto valor do Índice de Diversidade de

Shannon-Wienner foi encontrado na estação de coleta SOBR 1 (2,73) enquanto que os

mais baixos valores foram encontrados nas estações SOBR 03 e SOBR 05 (0, 82)

(Tabela 11).

Tabela 11 - Riqueza taxonômica, Equitabilidade de Pielou e Diversidade Shannon

Wienner, segundo Magurran (1991), e densidade (ind./m²) para macroinvertebrados

aquáticos encontrados durante o período de estudo por estações de coleta no Ribeirão

Sobradinho (DF).

Na estação SOBR 05 uma alta densidade de organismos foi encontrada devido

ao grande número de larvas do grupo Chironominae. A densidade média deste táxon

Estações de coleta SOBR

1 SOBR

2 SOBR

03 SOBR

04 SOBR

05 SOBR

06 SOBR

07 SOBR

08

Riqueza Total 34 22 23 23 6 25 24 28

Densidade Total 768 1 138 2 146 338 21 839 1 185 1 819 404 Diversidade Shannon- Wienner (H') 2,73 1,49 0,82 2,33 0,82 1,77 1,67 2,53

Equitabilidade (J) 0,774 0,482 0,262 0,743 0,458 0,550 0,525 0,759

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nesta estação de coleta foi de 1 920,16 ± 2 292,65 ind./m². A estação SOBR 04

apresentou a mais baixa densidade 338 ind./m², seguido por SOBR 08 com 404 ind./m².

Baixas densidades médias foram encontradas na maioria das demais

populações. Seis dos 7 táxons pertencentes à Ordem Trichoptera e todos os táxons

pertencentes à Ordem Ephemeroptera, Lepidoptera e à Classe Arachnoidea

apresentaram densidades média abaixo de 1ind/m². No total, 27 táxons apresentaram

densidades médias < de 1ind/m² (Anexo A).

Considerando a avaliação das condições ecológicas segundo Protocolo de

Avaliação Rápida proposto por Callisto et al. (2002b), o primeiro destaque destes

resultados é a distinção entre os valores de riqueza de táxons nas áreas impactadas, e os

valores encontrados nas demais estações. Enquanto que na área considerada como

natural, o número de grupos taxonômicos foi de 34 táxons; nas áreas impactadas estes

valores foram reduzidos, sendo observado entre 6 e 25 táxons (Figura 10).

Riqueza Total

05

10152025303540

SOBR01

SOBR02

SOBR03

SOBR04

SOBR05

SOBR06

SOBR07

SOBR08

Diversidade Shannon- Wienner (H')

00,5

11,5

22,5

3

SOBR01

SOBR02

SOBR03

SOBR04

SOBR05

SOBR06

SOBR07

SOBR08

Equitabilidade (J)

00,2

0,40,6

0,81

SOBR01

SOBR02

SOBR03

SOBR04

SOBR05

SOBR06

SOBR07

SOBR08

Trecho natural

Trecho alterado

Trecho impactado

Figura 10 - Variação da Diversidade de Shannon-Wienner, Equitabilidade de Pielou e riqueza

taxonômica de organismos no Ribeirão Sobradinho (DF), agrupadas segundo resultado do

Protocolo de Avaliação Rápida (Callisto, et al., 2002b) 1- natural (SOBR 1), 2- alterado

(SOBR 02, 07 e 08) e 3- impactado (SOBR 03, 04, 05 e 06).

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Os resultados encontrados na estação SOBR 1, o trecho natural, merecem

destaque. Este foi o único local que apresentou uma riqueza de táxons relativamente alta

e maior diversidade (H’=2,73), mas, ao contrario, apresentou uma baixa densidade de

indivíduos (768 indivíduos) semelhante à encontrada nas estações SOBR 4 (trecho

impactado) e SOBR 8 (trecho alterado).

A estação SOBR 1, 8 e 4 parecem ter um mesmo padrão de influência antrópica

nos corpos d’água, podendo levar à perda na abundância de espécies. A diferença entre

elas é que a influência antrópica promoveu, além desta redução, uma perda na riqueza

de táxons, que não foi observada na estação SOBR 1. A ocupação das margens para a

agricultura e a presença de lixo foram a influência de maior intensidade, cujos efeitos

puderam ser diferenciados.

No entanto os índices de diversidade de Shannon-Wienner nas estações SOBR 4

e 8 foram maiores do que os observados nos outros locais impactados e alterados.

Acreditamos que este resultado pode estar associado à teoria do distúrbio intermediário

(Connel, 1978), segundo a qual há um crescimento do número de espécies nas áreas

caracterizadas por um nível intermediário de impacto. Ambas enquadram-se nessa

condição, pois representam uma área de transição entre o trecho preservado e as áreas

de desmatamento mais consolidado. Assim estes trechos do córrego, são influenciados

tanto pelas condições características da área protegida, quanto pelos distúrbios

promovidos pelo desmatamento, proporcionando uma maior heterogeneidade ambiental,

a qual resulta numa maior diversidade de microhábitats para a fauna.

Os trechos do ribeirão considerados como impactados apresentaram os menores

valores de Diversidade (SOBR 03 e 05; H’=0,82) e o menor valor de Riqueza (SOBR

05; 6 taxóns) Os baixos índices de Diversidade de Shannon-Wienner encontrados nas

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estações impactadas 3 e 5 estão associadas à presença de poluição orgânica, detectada

através da avaliação dos parâmetros físicos e químicos. No caso da estação de coleta

SOBR 5 esta associação foi mais evidente devido à proximidade a uma estação de

tratamento de esgoto. Baixas concentrações de oxigênio dissolvido e altas

concentrações de amônia em relação às outras estações de coleta, foram comuns durante

o período de estudo.

Outro resultado a considerar foi relativo aos valores do índice de Equitabilidade

de Pielou. Esperávamos encontrar uma redução em função do gradiente de preservação,

não apresentando nenhum padrão consistente. Como é uma medida baseada na relação

da diversidade com abundância, refletiu as alterações nesses dois parâmetros.

3.2.3. Grupos funcionais de alimentação de macroinvertebrados aquáticos

Optamos por realizar este tipo de análise por ter um alto número de organismos

com densidades de 1 ind./m². As diferenças na organização funcional da comunidade de

macroinvertebrados entre os pontos de coleta podem refletir melhor a natureza da fonte

alimentar presente em cada estação de coleta (Gonzalez et al., 2003). O estudo de

classificação dos hábitos alimentares dos macroinvertebrados aquáticos permite

identificar alterações na composição das guildas (conjunto de organismos de espécies

diferentes que se alimentam de um mesmo recurso alimentar) e relacioná-las às

mudanças na qualidade da água e no substrato, decorrentes de fontes poluidoras e

assoreamentos (Callisto & Gonçalves, 2002).

A composição em grupos funcionais de alimentação dos macroinvertebrados

aquáticos encontrados no Ribeirão Sobradinho mostrou um domínio claro de predadores

em relação à riqueza taxonômica (22 táxons) e menor riqueza do grupo fragmentadores

com 1 taxón apenas, seguido dos coletores filtradores com 5 táxons (Tabela 12).

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Tabela 12 – Classificação dos macroinvertebrados aquáticos encontrados no Ribeirão

Sobradinho , DF segundo o grupo funcional de alimentação .

Grupos Funcional de alimentação Fragmentador (Frg) Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Calamoceratidae; Phylloicus Coletor- Catador (Co- Ca) Annelida; Oligochaeta Arthropoda; Insecta; Ephemeroptera; Leptophlebiidae Arthropoda; Insecta; Ephemeroptera; Caenidae Arthropoda; Insecta; Ephemeroptera; Baetidae Arthropoda; Insecta; Coleoptera ; Elmidae (Larva) Arthropoda; Insecta; Diptera; Chironomidae; Chironominae Arthropoda; Insecta; Diptera; Psychodidae Coletor- Filtrador (Co-Fil) Mollusca; Bivalvia; Sphaeriidae Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Hydropsychidae Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Leptoceridae (em parte) Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Polycentropodidae Arthropoda; Insecta; Diptera; Simuliidae Raspadores (Rasp) Mollusca; Gastropoda; Planorbidae Mollusca; Gastropoda; Thiaridae; Melanoides tuberculatus Mollusca; Gastropoda; Physidae Arthropoda; Insecta; Hemiptera ; Corixidae Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Glossomatidae Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Hydroptilidae Arthropoda; Insecta; Lepidoptera; Pyralidae; Petrophila Arthropoda; Insecta; Coleoptera ; Elmidae (Adulto) Predadores (Pr) Platyhelminthes ; Turbellaria; Tricladida; Planariidae Annelida; Hirudinea Arthropoda; Arachnida; Acari; Hydracarina Arthropoda; Insecta; Odonata; Calopterygidae Arthropoda; Insecta; Odonata; Coenagrionidae Arthropoda; Insecta; Odonata; Gomphidae; Aphylla Arthropoda; Insecta; Odonata; Gomphidae; n.i. Arthropoda; Insecta; Odonata; Libellulidae; Libellula Arthropoda; Insecta; Hemiptera ; Nepidae Arthropoda; Insecta; Hemiptera ; Belostomatidae Arthropoda; Insecta; Hemiptera ; Naucoridae Arthropoda; Insecta; Hemiptera ; Veliidae Arthropoda; Insecta; Trichoptera; Leptoceridae (em parte) Arthropoda; Insecta; Coleoptera ; Hydrophilidae (Larva) Arthropoda; Insecta; Coleoptera ; Hydrophilidae (Adulto) Arthropoda; Insecta; Coleoptera ; Dytiscidae (Larva) Arthropoda; Insecta; Coleoptera ; Dytiscidae (Adulto) Arthropoda; Insecta; Diptera; Tipulidae Arthropoda; Insecta; Diptera; Ceratopogonidae Arthropoda; Insecta; Diptera; Empididae Arthropoda; Insecta; Diptera; Tabanidae Arthropoda; Insecta; Diptera; Chironomidae; Tanypodinae

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Em relação à densidade média dos grupos funcional de alimentação de

macroinvertebrados aquáticos, todas as estações de coleta (a exceção da estação SOBR

5) apresentaram organismos pertencentes a 4 dos 5 grupos. O grupo dos fragmentadores

(Frg) só esteve presente em uma estação de coleta e em baixa densidade (SOBR 01;

1,88 ± 3,89 ind/m²).

O grupo dos coletores- catadores (Co-Ca) foi encontrado na maioria das

estações de coleta com maiores valores em SOBR 03 (236,02 ± 394,90 ind/m²) e em

SOBR 05 (2 560,22 ± 3 769,67 ind/m²). Nestas estações de coleta os coletores-catadores

foram representados pelas maiores densidades dos táxons Chironominae e Oligochaeta

enquanto que nos outros grupos funcionais as densidades dos táxons foram menores que

20 ind./m².

Na guilda dos predadores (Pred) as densidades estiveram amplamente

distribuídas entre os táxons da Ordem Odonata, tanto para SOBR 1 (entorno de 40

ind/m²) quanto para SOBR 4 (entorno de 20 ind./m²), os valores foram próximos aos

encontrados nos coletores-catadores (Co-Ca), representado pelos táxons Chironominae

e Oligochaeta .

Em SOBR 06 os predadores apresentaram maior densidade média (94,09 ±90,13

ind./m²) e foram representados pelos hirudíneos do Filo Annelida e pela família

Naucoridae da Ordem Hemiptera.

Para o grupo dos coletores-filtradores (Col-Fil) foram encontrados valores

médios entre 0 (SOBR 5) e 9,41± 17,32 ind./m² (SOBR 7), onde esteve representado

pela família Sphaeriidae da Classe Bivalvia (6,45 ± 16,54 ind/m²).

A estação SOBR 5 apresentou a maior densidade de raspadores (Rasp), sendo

representados pela Família Planorbidae da Classe Gastropoda com 18,28 ± 49,15 ind/m²

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enquanto que a menor densidade foi encontrada na estação de coleta SOBR 2 (0,54 ±

1,00 ind/m²) (Tabela 13).

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Tabela 13 - Biomassa (média e desvio padrão) dos macroinvertebrados por grupos funcionais de alimentação ao longo das oito estações de coleta

no Ribeirão Sobradinho (DF) durante os meses de dez/04 a mar/05 e mai a ago/05.

Grupos de alimentação funcional

SOBR 01 SOBR 02 SOBR 03 SOBR 04 SOBR 05 SOBR 06 SOBR 07 SOBR 08

Fragmentador 1,88 ± 3,89 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00

Coletor - Catatador 39,25 ± 43,59 91,40 ± 185,28 236,02 ± 394,90 20,16 ± 21,38 2560,22 ± 3769,67 49,46 ± 63,99 166,40 ± 202,23 26,61 ± 22,23

Coletor -Filtrador 7,80 ± 7,88 0,54 ± 1,00 5,38 ± 10,41 1,88 ± 2,92 0,00 ± 0,00 1,61 ± 2,23 9,41 ± 17,32 5,65 ± 11,72

Raspadores 3,76 ± 5,95 0,54 ± 1,00 7,53 ± 8,68 1,34 ± 2,28 18,28 ± 49,15 1,88 ± 2,68 9,68 ± 21,41 5,38 ± 5,75

Predadores 39,78 ± 29,37 46,51 ± 67,11 15,05 ± 17,43 18,01 ± 29,26 35,75 ± 68,56 94,09 ± 90,13 31,72 ± 40,90 12,63 ± 10,69

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3.2.4. Biomassa de macroinvertebrados aquáticos

Em relação às medições de biomassa total dos macroinvertebrados aquáticos,

observou-se que durante os meses de dezembro 2004 (chuva) e agosto 2005 (seca), os

valores foram maiores com 1,751 e 3,456 g/m², respectivamente (Figura 11).

Quando se analisa o período de coleta, observa-se que a biomassa total no

período de chuva (2,696 g/m²) foi menor que no período de seca (6,241 g/m²) a

diferença do que aconteceu com a densidade onde se observou um resultado inverso.

Figura 11 - Biomassa total (g/m²) dos macroinvertebrados aquáticos ao longo do

período de estudo no Ribeirão Sobradinho, DF.

Não foi encontrado nenhum padrão entre as estações de coleta classificadas

segundo seu nível de preservação pelo Protocolo de Avaliação Rápida proposto por

Callisto et al., (2002b). A biomassa de macroinvertebrados aquáticos foi maior em

SOBR 05 com 3,014 g/m² e a menor biomassa foi encontrada na estação SOBR 4 com

0,095 g/m² (Figura 12).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05

Meses de coleta

biom

assa

(g/

m²)

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Figura 12 - Biomassa total (g/m²) dos macroinvertebrados aquáticos em cada estação de

coleta caracterizada segundo classificação de Protocolo de Avaliação Rápida (Callisto et

al., 2002b) ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF.

Considerando a densidade e biomassa relativa ao total dos macroinvertebrados

aquáticos amostrados por estação de coleta, encontrou-se que a estação SOBR 05

contribuiu com os maiores valores de densidade e biomassa (73,69% e 33,73%,

respectivamente). A estação SOBR 04 teve a menor contribuição das duas variáveis

(densidade de 1,14% e biomassa 1,06%) (Figura 13).

Figura 13 - Densidade e biomassa relativa ao total dos macroinvertebrados aquáticos

amostrados em cada estação de coleta durante o período de estudos ao longo do

Ribeirão Sobradinho, DF (dez/04 a mar/05 e mai/05 a ago/05).

00,5

11,5

22,5

33,5

1 2 3 4 5 6 7 8Estações de coleta

Bio

mas

sa (g

/m²)

Trecho natural

Trecho alterado

Trecho impactado

01020304050607080(% )

SOBR01

SOBR02

SOBR03

SOBR04

SOBR05

SOBR06

SOBR07

SOBR08

Estações de coleta

Densidade

Biomassa

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Dos resultados obtidos, observa-se que existem diferenças tanto espaciais quanto

temporais na biomassa de macroinvertebrados aquáticos. Na perspectiva ecológica, o

uso da biomassa para estimar a abundancia pode ser mais significativa (Benke et al.,

1999). Devido ao fato de que este parâmetro da estrutura da comunidade pode estar

fortemente ligado à natureza e disponibilidade de recursos alimentares, analisamos a

biomassa dos macroinvertebrados ao nível dos grupos funcionais de alimentação.

3.2.5. Biomassa de macroinvertebrados aquáticos e grupos funcionais de

alimentação

As medições de biomassa dos macroinvertebrados aquáticos classificados

segundo os grupos funcionais de alimentação, tiveram diferenças significativas entre as

oito estações de coleta para o grupo dos predadores e fragmentadores (Kruskall-Wallis;

p<0,05) (Tabela 14).

Tabela 14 - Resultado do Teste Kruskall- Wallis para o efeito das estações de coleta

sobre os grupos funcionais de alimentação no Ribeirão Sobradinho , DF.

Predadores Colet- Catad Colet- Filtra. Raspadores Fragmentadores X² 14,844 0,696 4,686 2,419 22,384df 7 7 7 7 7p 0,038* 0,998 0,698 0,933 0,002*

O grupo dos predadores contribuiu com maior biomassa/m² nas estações SOBR

01, 02 04 e 06 (>80%). Só na estação SOBR 5 o grupo dos coletores catadores

contribuiu com a maior biomassa/m² (93,14%) (Figura 14).

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Figura 14 – Biomassa dos grupos funcionais de alimentação de macroinvertebrados

aquáticos encontrados nas estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho, DF.

Quando a biomassa dos organismos pertencentes a um grupo funcional de

alimentação foi separada por classes de tamanho do grupo, houve diferenças

significativas nas classes de tamanho encontradas em coletores-catadores, coletores-

filtradores e raspadores (Kruskall-Wallis; p < 0,05) (Tabela 15).

Tabela 15 - Resultado do Teste Kruskall-Wallis para o efeito das classes de tamanho

sobre os grupos funcionais de alimentação no Ribeirão Sobradinho, DF.

Predadores Colet- Catad. Colet- Filtra. Raspadores FragmentadoresX² 2,673 26,651 17,634 21,369 1,077 df 3 3 3 3 3 p ,445 0,000* 0,001* 0,000* ,783

Encontrou-se que a biomassa dos predadores foi maior devido à presença de

organismos de tamanho maior a 20 mm (Classe 4). Em SOBR 01, 03 e 07 os coletores-

catadores e raspadores estiveram representados por organismos com tamanho menor

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que 10 mm. (Classe 1). Os fragmentadores encontrados em SOBR 1 apresentaram

tamanho >10 mm (Classe 2 e 4) (Figura 15).

Figura 15 - Grupos funcionais de alimentação de macroinvertebrados aquáticos com a

variação da biomassa relativa a cada classe de tamanho nas 8 estações de coleta no

Ribeirão Sobradinho. (Classe 1: <10 mm, Classe 2: de 10 mm a 15 mm, Classe 3: de

15 a 20 mm e classe 4: > 20 mm).

classe 1

classe 2

classe 3

classe 4

SO BR 01

0%20%40%60%80%

100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SO BR 03

0%20%40%

60%80%

100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SO BR 05

0%

20%40%60%

80%100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SO BR 02

0%20%40%60%80%

100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SO BR 07

0%20%40%60%80%

100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SO BR 04

0%20%40%60%80%

100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SO BR 06

0%20%

40%60%

80%100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

SOBR 08

0%20%40%60%80%

100%

Pr Col-Ca

Col-Fil

Rasp Frg

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4. Discussão

As alterações antropogênicas, incluindo alterações de hábitats, são

freqüentemente complexas e difíceis de serem descritas em relação às repercussões

ecológicas. Entretanto, sugere-se que seus efeitos poderiam ser avaliados e monitorados

pela análise das comunidades bióticas. Entre essas comunidades, a de

macroinvertebrados aquáticos é a mais amplamente empregada nas avaliações

ambientais (Rosemberg & Resh, 1993).

Diversas características no entorno de um córrego podem influenciar a

distribuição de organismos. Essas características são determinadas por fatores que

variam de forma natural ao longo da bacia, tais quais a distância da cabeceira, a ordem

de grandeza do rio, a geologia e a geomorfologia da bacia; e fatores de antrópicos como

o estado de preservação da vegetação marginal, as alterações físicas dos canais e a

poluição das águas (Baptista, 1998).

Nossa estratégia amostral foi desenvolvida de forma a comparar os principais

impactos que atuam no ribeirão Sobradinho, ou seja, o desmatamento das margens, o

assoreamento dos rios (impactos de natureza ambiental), e o impacto da poluição

orgânica (esgoto) sobre a comunidade de macroinvertebrados aquáticos.

O uso do Protocolo de Avaliação Rápida proposto por Callisto et al. (2002b) das

condições ecológicas e da Diversidade de hábitats em trechos de Bacia hidrográfica

mostrou que, por se tratar de um córrego peri-urbano, a influência antrópica tornou-se

um fator importante para os baixos níveis de preservação das condições ecológicas

encontrados na maioria das estações de coleta ao longo do Ribeirão Sobradinho. A

estação próxima à nascente do Ribeirão Sobradinho encontra-se em condição natural de

preservação, permitindo o desenvolvimento natural da comunidade de

macroinvertebrados aquáticos. Este trecho preservado e seu entorno disponibiliza maior

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fonte de recursos orgânicos e estabilidade do leito do córrego permitindo uma maior

heterogeneidade de hábitats e de substrato para serem colonizados pelos

macroinvertebrados aquáticos (Cummins & Klug, 1979). Trechos do curso de água que

foram considerados como alterados tiveram pontuação próxima da condição de

impactado, mostrando que estão ocorrendo modificações em torno do Ribeirão com

tendência à homogeneidade de hábitats. Segundo Galdean et al. (2000) a avaliação da

diversidade de hábitats é uma importante ferramenta na abordagem da saúde de

ecossistemas aquáticos devido à forte relação entre disponibilidade de hábitats e a

diversidade aquática. Embora protocolos baseados em qualificações visuais sejam

ferramentas de simples aplicação, possibilitando uma caracterização imediata do estado

do corpo d’água, devem ter sua interpretação sempre vinculada a outros estudos que

sejam desenvolvidos concomitantemente (Corgosinho et al., 2004). A combinação da

informação da caracterização física com a análise da qualidade da água proporciona

evidências da capacidade de um córrego em suportar uma comunidade aquática

saudável e à presença de poluição química e orgânica no ecossistema aquático (Barbour

et al., 1999).

Entre as variáveis físicas e químicas da água analisadas durante o estudo, as

concentrações de sólidos totais dissolvidos, oxigênio dissolvido e alcalinidade assim

como as medidas de condutividade elétrica e turbidez foram significativamente

diferentes entre as estações de coleta (p< 0,05). Estas diferenças podem ser mais bem

explicada por meio da avaliação das variáveis físicas e químicas medidas nas 8 estações

de coleta agrupadas segundo Protocolo de Avaliação Rápida (Callisto et al., 2002b), que

mostrou uma relação existente entre as variáveis com a qualificação visual resultante

do Protocolo.

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A distribuição dos usos da terra em uma bacia hidrográfica influi no

comportamento da condutividade elétrica da água e na turbidez (Pereira-Filho, 2000).

Mas o que mais compromete a qualidade dos cursos de água urbanos é a poluição

orgânica, proveniente dos esgotos domésticos e que causa a eutrofização do sistema

com o aumento, principalmente, de fósforo e nitrogênio (Tundisi, 2003).

O ortofosfato é a principal forma de fosfato assimilada por organismos

aquáticos. As principais fontes artificiais de ortofosfato são os esgotos domésticos e

industriais, como os fertilizantes agrícolas. As reações químicas do nitrogênio são muito

importantes no funcionamento dos ecossistemas aquáticos. A amônia ou nitrogênio

amoniacal, quando presente em altas concentrações, influenciam a dinâmica do

oxigênio dissolvido no meio, podendo inclusive ser tóxica para os organismos

presentes no ambiente (Esteves, 1998). Dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio

(O2) é um dos mais importantes na dinâmica e caracterização de ecossistemas aquáticos.

No caso de impactos antropogênicos, o despejo de efluentes domésticos e agrícolas em

rios aumenta a concentração de matéria orgânica e de nutrientes (principalmente

nitrogênio e fósforo) nestes ecossistemas. A degradação destes compostos pela

microbiota levará a um déficit na concentração de oxigênio dissolvido na água. Como

conseqüência, este déficit poderá resultar na morte de organismos aquáticos como, por

exemplo, peixes e macroinvertebrados. Assim, o decréscimo da concentração de

oxigênio dissolvido tem diversas implicações do ponto de vista ambiental, constituindo-

se em um dos principais problemas de poluição das águas em nosso meio (Von Sterling,

1996).

Isto foi constatado nas estações de coleta consideradas como impactadas onde

foi visível a influência da poluição orgânica sobre os teores de amônia, oxigênio

dissolvido e as medidas de condutividade elétrica da água. No entanto, na estação de

Page 62: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

coleta considerada como natural, a presença da mata ciliar tem a sua importância na

proteção às margens dos rios, hábitat de diversos organismos aquáticos, e junto com a

ausência de alteração antrópica constitui um dos fatores que, em conjunto com outras

práticas conservacionistas, compõem o perfil adequado com a finalidade de garantir a

quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

De acordo com Richard et al. (1996), atributos geológicos em combinação com

o uso da terra podem exercer expressiva influencia na estrutura dos hábitats nos

córregos e conseqüentemente também na biota. Diversos estudos já foram realizados

com o objetivo de avaliar as respostas da fauna em relação ao impacto de despejos

orgânicos e urbanização no Brasil (Buss, 2001; Silveira; 2001; Moreno & Callisto,

2006; Marinho-Fernandes, 2002).

Em nosso estudo, a análise dos táxons, indicou variações temporais e espaciais,

particularmente na densidade e na riqueza de organismos, o que refletiu nos índices de

diversidade, equitabilidade, mas não foi possível a identificação de padrões de

variabilidade. As menores densidades de indivíduos e a riqueza taxonômica nos

períodos chuvosos são decorrentes de chuvas intensas e contínuas que aumentam o

fluxo da água promovendo a retirada e o carreamento dos indivíduos do substrato. Nos

grandes rios tropicais o aumento dos níveis da água é um processo mais lento e gradual

e conseqüentemente as flutuações da fauna são menos acentuadas. Enquanto que em

córregos menores os efeitos das chuvas podem causar distúrbios mais severos e

imprevisívieis. O fato de não se evidenciar um padrão de variação da densidade e

riqueza com a estação chuvosa pode ser um indício de que existam outros fatores, que

possam compensar as perdas ocorridas pelo efeito da precipitação pluvial (Flecker &

Feifarek, 1994).

Page 63: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

O modelo sazonal da abundância de invertebrados em córregos tropicais é difícil

de ser delineado. Estudos realizados com a sazonalidade das populações de insetos

aquáticos nos trópicos sugerem a necessidade de coleta de informações por períodos

longos de tempo (acima de quatro anos) (Ramirez & Pringle, 2001). Embora diversos

autores tenham encontrado maiores densidades na estação seca, a hipótese da influencia

da sazonalidade sobre as comunidades de macroinvertebrados aquáticos em córregos

tropicais precisa ser melhor investigada para seu entendimento, uma vez que córregos

são caracterizados pelas suas águas com temperaturas mais elevadas e contínuas que nas

áreas temperadas, proporcionando condições favoráveis para a reprodução continua

(Jackson & Sweeney, 1995).

O Ribeirão Sobradinho apresentou riqueza de táxons coincidente com os

observados por outros autores em córregos com similares influências antropogênicas.

Entre eles destacam-se os trabalhos de Lima (2002)- 34 famílias, Guereschi (2004)- 36

famílias, Kleine (2003)- 43 famílias. É importante ressaltar que esses trabalhos foram

realizados com métodos e áreas geográficas diferentes, o que impossibilita comparações

faunísticas.

Dos táxons de macroinvertebrados aquáticos encontrados ao longo do Ribeirão

Sobradinho, os organismos pertencentes aos grupos Chironominae e Oligachaeta

apresentaram uma distribuição mais ampla. A família Chironomidae foi o táxon mais

abundante de toda a comunidade e responsável por grande parte da variação quantitativa

na comunidade de macroinvertebrados coincidindo com resultados encontrados em

estudos de impacto de despejos orgânicos e urbanização (Guereschi, 2004; Lima, 2002;

Egler, 2002; Fagundes & Shimizu, 1997).

Chironomidae é reconhecida na literatura como a família mais abundante em

córregos expostos a interferências antrópicas, como desmatamento (Sponseller et al.,

Page 64: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

2001; Hawkins et al., 1982) e mais comumente alterações direta na qualidade da água

pela entrada de poluentes orgânicos, decorrentes de despejos domésticos (Cairns &

Pratt, 1993; Reice & Wohlenberg, 1993).

A maior riqueza de táxons, particularmente o maior número de famílias da

Ordem Odonata, Coleoptera e Trichoptera foram observadas no trecho considerado

como natural comparado com os trechos impactados e alterados, o que provavelmente

esteja relacionado com as características físicas e estruturais do local. Esses resultados

indicam a importância da mata ciliar para a proteção da biodiversidade local.

Foi observada a presença de táxons indicadores de baixa qualidade d’agua

(Chironomidae, Oligochaeta, Planorbidae, Planariidae) nas estações consideradas como

impactadas. Estes organismos são descritos com sendo de grande resistência às

alterações antrópicas tais como lançamento de esgoto doméstico ou industrial e ausência

de mata ripária (Marques et al., 1999; Martins-Silva & Barros, 2001; Barbosa et al.,

2001; Medeiros, 1997).

Os resultados da distribuição da fauna por estação de coleta mostram que o tipo

de uso ou ocupação do solo em cada trecho parece proporcionar condições específicas

que determinariam o aparecimento de diferentes biótipos. A comunidade presente num

certo local reflete a totalidade de fatores que intervêm no seu desenvolvimento. Assim,

num ecossistema em equilíbrio as condições bióticas são diversificadas e desenvolvem

relações complexas entre os organismos e o meio permitindo que essas comunidades

continuem estáveis (Odum, 2001). Se as condições do local se modificarem, irá haver

imediatamente, a médio ou em longo prazo, alterações físicas e químicas da água e

conseqüentemente o rompimento do equilíbrio existente. As mudanças que se sucedem

na estrutura das comunidades aquáticas alternam-se de complexas e diversas com

organismos próprios de águas limpas, a simples e de baixa diversidade, com organismos

Page 65: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

próprios de águas poluídas, variando facilmente com o efeito da poluição (Pérez, 1992;

Ward, 1992).

Modificações na estrutura e composição da comunidade de macroinvertebrados

aquáticos podem ocorrer devido a mudanças na viabilidade de recursos tróficos

(Barbour et al., 1999; Callisto et al., 2001). Em relação aos grupos funcionais de

alimentação, para Kerans & Karr (1994), o impacto antrópico, principalmente da

poluição orgânica, aumenta a percentagem de organismos coletores e diminui a

percentagem de organismos predadores e fragmentadores. Organismos especializados,

como os fragmentadores, são mais sensíveis e pode se encontrar em maior densidade em

ambientes saudáveis. Organismos generalistas, como os coletores, têm um maior

amplitude de aceitabilidade de recursos alimentares que os especialistas. Desta forma

são mais tolerantes à poluição que pode alterar a disponibilidade de certas fontes

alimentares (Cummins & Klug, 1979). Uma resposta similar tem sido observada em

outros estudos (Hachmöller et al., 1991; Ortiz et al., 2005; Roy et al., 2003).

Em nosso estudo, a densidade do grupo dos organismos coletores-catadores

predominou em todos os trechos do ribeirão Sobradinho. Isto foi observado

principalmente na estação de coleta SOBR 5, onde o nível de poluição orgânica foi

maior e onde o grupo funcional dos organismos coletores- catadores foi o dominante.

De fato a mais importante mudança na composição dos táxons em áreas próximas a

fontes pontuais de poluição orgânica é o incremento na densidade de Chironomidae, que

são considerados principalmente coletores-catadores (Hynes, 1974; Paul & Mayer,

2001).

Nas estações de coleta SOBR 1, 4 e 6, o grupo dos predadores apresentou

densidades similares às encontradas para os organismos coletores catadores. Na estação

de coleta SOBR 1, caracterizada como ambiente com condições ecológicas próximas a

Page 66: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

natural, foi encontrada também maior densidade de organismos fragmentadores.

Enquanto que nas estações SOBR 1 e 4, a guilda de organismos predadores esteve

representada pela Ordem Odonata, na estação SOBR 6 esta guilda esteve representada

pelos hirudíneos do filo Annelida .

Esperávamos encontrar uma menor densidade de organismos predadores nas

estações de coleta SOBR 4 e 6, por estarem submetidas a impactos antropogênicos. No

entanto, a estação de coleta SOBR 4 apresentou um nível intermediário de impacto, e a

presença de indivíduos da Ordem Odonata como grupo dominante de predadores, pode

estar refletindo esta condição. Segundo Peruquetti (2004), a riqueza em espécies de

Odonata em áreas alteradas pela retirada da mata ciliar pode estar significativamente

aumentada, mas com perda de espécies consideradas importantes para o sistema e a

possibilidade de invasão de outras espécies no sistema alterado. Vários autores

ressaltam a importância dos representantes da ordem Odonata como indicadores

biológicos e como uma ferramenta potencial de monitoramento ambiental,

principalmente na fase larval e a nível específico (Clark & Samways, 1996; Solimini, et

al., 1997). A presença da classe Hirudinea em elevada densidade reflete as

características de ambientes de baixa qualidade de água (McDonald, et al., 1990), o que

foi constatado na estação de coleta SOBR 6, classificada como impactada.

Em relação ao estudo da biomassa de macroinvertebrados aquáticos, as

diferenças entre os trechos do ribeirão não seguiram o mesmo padrão observado para os

valores de densidade. Além disso no período de chuva a biomassa foi menor que no

período de seca, sendo o mês de agosto o mês com biomassa maior, contrário aos

valores encontrados quando analisada a densidade. Segundo Ortiz (2005) o uso da

biomassa pode ser mais confiável que a densidade para estudos de biomonitoramento

focalizados sobre os aspectos funcionais do ecossistema de rios.

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Nossos resultados mostraram que a hipótese de Kerans & Karr (1994) não

poderia ser aplicada para o estudo da biomassa relativa. Um exemplo das diferenças que

podem ser obtidas usando-se biomassa versus número pode ser observado com as larvas

de quironomídeos (Diptera: Chironomidade). Numericamente, mais de 50% dos

macroinvertebrados em uma amostra são documentados como quironomídeos, mas a

biomassa total deles é normalmente inferior a 20% (Eaton, 2003).

Na análise da densidade de macroinvertebrados ao longo do ribeirão, foi

encontrada uma maior representatividade do grupo dos organismos coletores-catadores

na maioria das estações de coleta, mas quando foi analisada a distribuição da biomassa

dos macroinvertebrados ao nível dos grupos alimentares funcionais, foi observada que a

biomassa dos organismos predadores foi mais representativa nas estações a montante da

estação de coleta SOBR 5. Esta diminuição na biomassa dos outros grupos alimentares

pode ter sido produzida pela presença de predadores com tamanho corporal maior que

os consumidores primários (> 20mm). Sendo os Chironomidae o grupo representativo

dos consumidores, pode significar que apesar de terem maior rotatividade de biomassa

(Benke, 1998), apresentam também maior susceptibilidade a predação (Wallace &

Webster, 1996), provavelmente devido ao pequeno tamanho do corpo (<10 mm em

nosso estudo) e baixa mobilidade (Roque, et al., 2004).

A estação de coleta SOBR 5 foi a única que apresentou maior biomassa do

grupo dos organismos coletores-catadores. Num ambiente com baixas concentrações de

oxigênio dissolvido e altas concentrações de amônia, estes organismos estão mais bem

adaptados às extremas situações ambientais relacionadas ao conteúdo de matéria

orgânica no sedimento, baixa concentração de oxigênio dissolvido (Cranston, 1995) e

amônia (Abílio et al., 2005).

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A jusante da estação SOBR 5 (estação SOBR 7 e 8) foi observado também

representatividade da biomassa de organismos predadores e em menor percentagem dos

organismos raspadores. Sendo estas estações classificadas como de condições

ecológicas alteradas, esta informação é importante para a avaliação do ambiente

aquático. A contribuição do grupo dos organismos raspadores não foi visível quando

analisado os grupos alimentares funcionais ao nível de densidade. Segundo Barbour et

al. (1999), os organismos mais especializados como raspadores e fragmentadores são

grupos mais sensíveis e devem ocorrer associados às áreas de maior integridade.

Um grande obstáculo para a elaboração de índices bióticos é a identificação de

bons indicadores, devido à sensibilidade variada dos táxons. Esta sensibilidade varia de

acordo com diferentes fases do ciclo de vida, idade ou entre populações (Graça &

Coimbra, 1998; Benke et al., 1999). Além disso, os potenciais bioindicadores podem

responder de maneira diversa a diferentes estressores. Numa escala mais ampla,

interações bióticas e condições ambientais, como a temperatura (Galli & Dubose, 1990),

também podem afetar a sobrevivência e/ou a tolerância a condições estressantes.

Portanto, a aplicação de um índice desenvolvido para outra região geográfica e para

diferentes tipos de poluição pode ser questionável. Deste modo, a adaptação de índices

pré-desenvolvidos e/ou a criação de novos índices é de suma importância para uma

nova região geográfica a ser avaliada (Silveira, 2004).

Outros estudos já foram realizados no Distrito Federal com o objetivo de

avaliar as respostas da fauna em relação ao impacto de despejos orgânicos e

urbanização (Marinho-Fernandes, 2002; Martins-Silva & Barros, 2001;Medeiros, 1997).

Entretanto, este trabalho é o primeiro que tem como objetivo o estudo da estrutura da

comunidade dos macroinvertebrados aquáticos tanto na sua densidade, abundância,

diversidade e biomassa, como na sua relação com as características do hábitat e

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qualidade da água, e deve ser considerado, sobretudo, em seus aspectos descritivos,

como um esforço de tentar compreender as respostas da fauna aos impactos

antropogênicos.

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5. Conclusões O Protocolo de Avaliação Rápida utilizado mostrou ser eficaz na caracterização

do grau de preservação dos trechos do córrego estudado, ressaltando as diferenças

encontradas devido à influência antrópica. Quando as características de preservação

foram vinculadas ao estudo das variáveis físicas e químicas de qualidade da água, nosso

estudo mostrou uma relação existente destes parâmetros com a qualificação visual

realizada através do Protocolo. Mediante a análise da água pudemos constatar a

influência da poluição orgânica (esgoto) e a ausência dela sobre os teores de alguns

parâmetros como medidas de condutividade elétrica e concentrações de oxigênio

dissolvido e amônia no córrego.

Não foi possível a identificação de padrões de variabilidade entre os períodos de

chuva e seca de 2004/2005 para a estrutura e composição da comunidade de

macroinvertebrados aquáticos, apesar do estudo ter mostrado que existem variações

temporais entre os meses de coleta, o que pode ser indício da existência de outros

fatores que possam compensar as perdas ocorridas pelas diferenças pluviométricas

observadas entre a estação chuva e seca. Estudos hidrológicos se fazem necessários para

complementar este tipo de análise.

A informação obtida através do estudo da distribuição da abundância,

diversidade, riqueza de táxons da comunidade de macroinvertebrados aquáticos

mostraram que o tipo de uso ou ocupação do solo em cada trecho do córrego

proporcionaram condições específicas que determinaram o aparecimento de diferentes

biótipos.

Os resultados da análise de biomassa de macroinvertebrados aquáticos não

seguiram o mesmo padrão observado para os valores de densidade, mas quando

focalizados sob o ponto de vista dos grupos alimentares funcionais obtivemos respostas

Page 71: “Variação temporal e espacial e importância ecológica de ... · comunidade de macroinvertebrados mostrou que o tipo de uso ou ocupação do solo em ... Em ecossistemas aquáticos

que deram maior informação sobre as relações tróficas que podem estar acontecendo

nos trechos do córrego considerados como alterados. Em ecossistemas aquáticos

submetidos a influência antrópica como a maioria dos córregos periurbanos brasileiros,

as interações bióticas e condições ambientais afetam a comunidade de

macroinvertebrados aquáticos e o uso da biomassa pode se tornar uma ferramenta

importante no esforço de tentar compreender a resposta da fauna aos impactos

antropogênicos.

6. Considerações finais

O Ribierão Sobradinho ao ser um importante córrego do Distrito Federal e

principal curso de água da Cidade de Sobradinho precisa de medidas de saneamento e

tratamento de água que possam melhorar as condições de qualidade de água. Isto terá

como conseqüência, melhoras na sub-bacia como um todo seguido de revitalização das

comunidades aquáticas. Junto a estas medidas é importante estabelecer programas de

monitoramento a longo prazo ao longo do Ribeirão, como o fim de obter um manejo

mais eficiente, recuperação dos ambientes já degradados e preservação dos locais menos

alterados pela influência antrópica. Sendo o Sobradinho um córrego periurbano é

importante destacar que para o ecossistema aquático alcançar uma boa qualidade de

água e com as condições ecológicas de entorno preservados não só os tomadores de

decisão devem estar envolvidos no processo mas também a sociedade local, o que e

base do conceito de desenvolvimento sustentável.

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7. Referências bibliográficas

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Anexo A - Densidade média (ind/m²) e desvio padrão dos táxons encontrados nas oito estações de coleta amostradas no Ribeirão Sobradinho, DF Estações de Coleta

Táxons SOBR 01 SOBR 02 SOBR 03 SOBR 04 SOBR 05 SOBR 06 SOBR 07 SOBR 08 Platyhelminthes Turbellaria Tricladida Planariidae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 20,70 ± 58,55 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Annelida Oligochaeta 2,15 ± 1,99 1,88 ± 3,89 8,06 ± 15,62 4,30 ± 5,51 640,05 ± 1483,03 12,37 ± 24,51 12,37 ± 19,26 1,88 ± 1,79 Hirudinea 1,08 ± 1,63 0,00 ± 0,00 1,08 ± 3,04 0,54 ± 1,00 15,05 ± 38,42 56,99 ± 77,52 1,34 ± 2,55 1,08 ± 1,99 Mollusca Gastropoda Mesogastropoda Planorbidae 0,81 ± 1,60 0,27 ± 0,76 1,34 ± 3,03 0,81 ± 1,60 18,28 ± 49,15 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 Physidae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Thiaridae Melanoides tuberculatus 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 5,91 ± 6,37 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,00 0,00 ± 0,00 Bivalvia Sphaeriidae 1,08 ± 2,30 0,54 ± 1,00 4,03 ± 10,56 0,54 ± 1,00 0,00 ± 0,00 1,08 ± 1,63 6,45 ± 16,54 0,54 ± 1,52 Arthropoda Arachnoidea Hydracarina 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Insecta Ephemeroptera Caenidae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 Leptophlebiidae 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,88 ± 5,32 0,00 ± 0,00 Baetidae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 6,18 ± 15,78 1,61 ± 3,20 Odonata Calopterygidae 1,61 ± 2,51 0,00 ± 0,00 0,81 ± 1,60 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 Coenagrionidae 3,76 ± 1,52 0,54 ± 1,00 0,00 ± 0,00 1,61 ± 2,23 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,81 ± 1,60 1,34 ± 2,28 Gomphidae Aphylla 1,88 ± 3,13 2,69 ± 3,40 1,34 ± 1,60 2,96 ± 5,51 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 3,23 ± 3,98 0,27 ± 0,76 n.i.* 4,03 ± 2,68 3,49 ± 7,44 4,57 ± 6,65 2,42 ± 4,05 0,00 ± 0,00 1,08 ± 1,63 0,27 ± 0,76 0,27 ± 0,76 Libellulidae Libellula 4,57 ± 4,05 1,88 ± 2,92 2,15 ± 3,64 3,23 ± 9,12 0,00 ± 0,00 1,34 ± 1,60 1,34 ± 1,97 1,34 ± 1,60 Hemiptera Nepidae 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Corixidae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,54 ± 1,52 0,27 ± 0,76 Belostomatidae 1,88 ± 3,13 1,08 ± 2,30 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,00

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*pupa não identificado

Estações de coleta Táxons SOBR 01 SOBR 02 SOBR 03 SOBR 04 SOBR 05 SOBR 06 SOBR 07 SOBR 08

Naucoridae 1,61 ± 2,51 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 27,15 ± 32,96 0,27 ± 0,76 1,88 ± 2,92 Veliidae 0,54 ± 1,00 0,54 ± 1,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 Trichoptera Hydropsychidae 3,23 ± 4,60 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,08 ± 2,30 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 1,08 ± 3,04 4,57 ± 10,37 Hydroptilidae 0,81 ± 2,28 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,81 ± 2,28 0,00 ± 0,00 Calamoceratidae Phylloicus 1,88 ± 3,89 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Leptoceridae 2,15 ± 3,81 0,00 ± 0,00 0,81 ± 2,28 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 2,15 ± 5,27 1,88 ± 2,42 Polycentropodidae 0,81 ± 1,60 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Glossomatidae 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Trichoptera n.i.* 1,08 ± 1,63 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Lepidoptera Pyralidae Petrophila 1,61 ± 3,77 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 Coleoptera Hydrophilidae (Larva) 0,00 ± 0,00 1,08 ± 2,30 0,27 ± 0,76 1,08 ± 3,04 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Hydrophilidae (Adulto) 0,54 ± 1,00 5,91 ± 7,25 0,27 ± 0,76 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 Dytiscidae (Larva) 1,61 ± 3,77 1,34 ± 1,60 0,54 ± 1,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,54 ± 1,00 0,00 ± 0,00 Dytiscidae (Adulto) 2,69 ± 3,20 1,88 ± 2,42 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 Elmidae (Larva) 2,69 ± 2,99 0,27 ± 0,76 0,54 ± 1,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 2,42 ± 2,68 7,53 ± 15,47 13,17 ± 12,35 Elmidae (Adulto) 0,27 ± 0,76 0,27 ± 0,76 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,34 ± 2,28 7,80 ± 22,05 4,30 ± 5,14 Diptera Tipulidae 1,61 ± 3,77 0,27 ± 0,76 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,00 0,54 ± 1,00 0,27 ± 0,76 Simuliidae 1,34 ± 3,80 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Ceratopogonidae 6,99 ± 9,03 2,42 ± 3,53 3,23 ± 5,63 4,03 ± 6,84 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,00 3,76 ± 5,72 2,15 ± 4,45 Chironomidae chironominae 33,87 ± 41,65 88,44 ± 178,71 227,15 ± 396,24 15,32 ± 16,23 1920,16 ± 2292,65 34,68 ± 38,48 138,44 ± 178,10 9,68 ± 12,49 Tanypodinae 4,30 ± 6,50 22,85 ± 62,06 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 3,76 ± 4,26 18,28 ± 34,33 0,54 ± 1,52 Empididae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,81 ± 2,28 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,54 ± 1,52 Psychodidae 0,27 ± 0,76 0,81 ± 2,28 0,27 ± 0,76 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 Tabanidae 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,27 ± 0,76 1,08 ± 3,04 0,00 ± 0,00 Diptera n.i.* 2,42 ± 3,34 3,23 ± 5,75 4,30 ± 7,62 0,81 ± 1,11 115,59 ± 145,31 1,08 ± 2,30 10,22 ± 19,63 0,27 ± 0,76

Anexo A - (continuação)