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VARIABILIDADE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DO COMPLEXO CATTLEYA LODDIGESII LINDL. E CATTLEYA HARRISONIANA BATEMAN EX LINDL. (ORCHIDACEAE) ATRAVÉS DE MARCADORES MOLECULARES DE ISSR. Tarciso Maia Santos, Paulo Ricardo M. Almeida & Cássio van den Berg Departamento de Ciências Biológicas-UEFS, Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas, Feira de Santana, BA, Brasil. [email protected] O complexo Cattleya loddigesii e C. harrisoniana é formado por duas espécies que ocorrem na região Sudeste do Brasil, ocupando áreas que variam de brejos alagados a planaltos mais secos. Essas duas espécies são caracterizadas por apresentarem semelhanças morfológicas nas estruturas florais, o que tem levado alguns autores a considerar C. harrisoniana como uma variedade de C. loddigesii. O presente estudo analisou a variabilidade genética de doze populações desse complexo, oito de C. loddigesii e quatro de C. harrisoniana. Baseado em marcadores moleculares de ISSR foram gerados 151 diferentes fragmentos de DNA, os quais foram tratados como loci distintos e usados na construção de uma matriz binária de presença/ausência. Nos programas PopGene e GeneAlex foram feitas análises de freqüência alélica e estruturação populacional. Matrizes de distância genética foram geradas através do programa AFLP-SURV e as análises de agrupamento foram conduzidas através do pacote de ferramentas do PHYLIP. A variabilidade genética foi estimada a partir de dois tipos de análises: uma análise para as populações de cada espécie separadamente e uma análise conjunta entre as populações das duas espécies. Tanto na análise conjunta quanto na análise separada as menores e maiores porcentagens de loci polimórfico (P) foram encontradas em populações de C. loddigesii. A variação genética entre as populações (Gst) apresentada na análise conjunto, 0,3062, foi maior que a variação genética encontrada nas análises feitas com as populações de cada espécies, 0,2833 para as populações de C. loddigesii e 0, 2154 para as populações de C. harrisoniana. Esse aumento do Gst na análise conjunta sugere uma diferenciação genética entre as populações ao nível de espécie. Análise molecular de variância (AMOVA) mostrou uma maior variação dentro das populações (66%) indicando uma maior taxa de cruzamento entre os indivíduos dentro das populações, o que corresponde ao padrão de reprodução alogâmico. Na análise de agrupamento foram geradas árvores não enraizadas através do algoritmo de Neighbor-Joining, nas quais, as populações de C. harrisoniana mantiveram-se unidas e proximamente relacionas com as populações de C. loddigesii do estado de São Paulo e extremo sul de Minas Gerais. Esse padrão de agrupamento reflete o compartilhamento de alelos entre populações das duas espécies, sugerindo a ocorrência de eventos de introgressão. (CNPq) Palavras-chave: Orchidaceae, Cattleya, variabilidade genética, ISSR.

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VARIABILIDADE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DO COMPLEXO CATTLEYALODDIGESII LINDL. E CATTLEYA HARRISONIANA BATEMAN EX LINDL.

(ORCHIDACEAE) ATRAVÉS DE MARCADORES MOLECULARES DE ISSR.

Tarciso Maia Santos, Paulo Ricardo M. Almeida & Cássio van den Berg

Departamento de Ciências Biológicas-UEFS, Laboratório de Sistemática Molecular dePlantas, Feira de Santana, BA, Brasil. [email protected]

O complexo Cattleya loddigesii e C. harrisoniana é formado por duas espécies que ocorremna região Sudeste do Brasil, ocupando áreas que variam de brejos alagados a planaltos maissecos. Essas duas espécies são caracterizadas por apresentarem semelhanças morfológicas nasestruturas florais, o que tem levado alguns autores a considerar C. harrisoniana como umavariedade de C. loddigesii. O presente estudo analisou a variabilidade genética de dozepopulações desse complexo, oito de C. loddigesii e quatro de C. harrisoniana. Baseado emmarcadores moleculares de ISSR foram gerados 151 diferentes fragmentos de DNA, os quaisforam tratados como loci distintos e usados na construção de uma matriz binária depresença/ausência. Nos programas PopGene e GeneAlex foram feitas análises de freqüênciaalélica e estruturação populacional. Matrizes de distância genética foram geradas através doprograma AFLP-SURV e as análises de agrupamento foram conduzidas através do pacote deferramentas do PHYLIP. A variabilidade genética foi estimada a partir de dois tipos deanálises: uma análise para as populações de cada espécie separadamente e uma análiseconjunta entre as populações das duas espécies. Tanto na análise conjunta quanto na análiseseparada as menores e maiores porcentagens de loci polimórfico (P) foram encontradas empopulações de C. loddigesii. A variação genética entre as populações (Gst) apresentada naanálise conjunto, 0,3062, foi maior que a variação genética encontrada nas análises feitascom as populações de cada espécies, 0,2833 para as populações de C. loddigesii e 0, 2154para as populações de C. harrisoniana. Esse aumento do Gst na análise conjunta sugere umadiferenciação genética entre as populações ao nível de espécie. Análise molecular de variância(AMOVA) mostrou uma maior variação dentro das populações (66%) indicando uma maiortaxa de cruzamento entre os indivíduos dentro das populações, o que corresponde ao padrãode reprodução alogâmico. Na análise de agrupamento foram geradas árvores não enraizadasatravés do algoritmo de Neighbor-Joining, nas quais, as populações de C. harrisonianamantiveram-se unidas e proximamente relacionas com as populações de C. loddigesii doestado de São Paulo e extremo sul de Minas Gerais. Esse padrão de agrupamento reflete ocompartilhamento de alelos entre populações das duas espécies, sugerindo a ocorrência deeventos de introgressão. (CNPq)

Palavras-chave: Orchidaceae, Cattleya, variabilidade genética, ISSR.