varanda cultural - 11ª edição

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Edição 11 Ano II outubro/2008 foto: Jacob P. Herrmann FOTONOVELA Entrevista com Álvaro Santi ! Meu Amado não-lugar

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Décima primeira edição do jornal de bairro Varanda Cultural

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Page 1: Varanda Cultural - 11ª Edição

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Edição 11 Ano II outubro/2008

foto: Jacob P. Herrmann FOTONOVELA

Entrevista comÁlvaro Santi !

Meu Amado não-lugar

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Varanda Cultural 2

Criação e Execução: Cristiane de Freitas e César CamargoJornalista: Márcia Landsmann (MTB: 30514)Capa: SantiagoRevisão: Fausto BischoffColaboradores: Fraga,Mariah de Oliviéri, Pedro Pastoriz, Jorge Herrmann, Luciano Zoch, Dé Oliveira, Kayser.Todos os artigos estão expressamente autorizados pelos autores. O jornal não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados. Infelizmente os colaboradores e colunistas não possuem vínculo empregatício. CONTATO: [email protected] Tiragem: 10 mil exemplares

EXPEDIENTE

Financiamento

Fraga

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3Varanda Cultural

vergonha de admitir, mas é preciso. Custei a me dar conta de que aquela velha ponte estendida sobre um lago era no mínimo algo esquisito. Como foi que eu nunca tinha me perguntado antes a respeito? A velha ponte parecia não ter finalidade, propósito, parecia um faz-de-conta. Foi então que com um pouco de esforço e

um bocado de vergonha na cara, resolvi atualizar o meu sofrível conhecimento sobre Porto Alegre e tratei de saber afinal onde foram parar as águas que passavam por baixo da ponte dos Açorianos.

Muitos anos mais tarde, organizei junto com meu pai e a historiadora Kátia Lorentz, uma exposição reunindo as fotografias deixadas pelo meu avô, Jacob Prudêncio. Depois de despertar de minha letargia histórica, me dei conta de que aquelas fotos eram um tesouro que tínhamos em casa, e pouco a pouco fui sendo seduzido pelo passado que emanava delas.

Meu avô deixara centenas de negativos que flagra-vam o cotidiano da cidade e da família durante a década de 1930. Ele tinha um olhar que sabia captar, digamos, o silêncio dos momentos. Seus personagens não pareciam pousar, tinham uma naturalidade que gradualmente me assombrava à medida que mergulhava no acervo. Da mesma forma, a composição das cenas e paisagens revelava que por trás da câmera havia um olhar sagaz e intuitivo, que muito provavel-mente percebia a importância do registro daqueles cotidianos.

Durante a exposição, que inaugurou a galeria Virgílio Caligari da Casa de Cultura Mario Quintana, fomos procurados por muita gente,

ansiosa para revelar coisas que nós próprios desconhec í amos a respeito das pessoas e paisagens fotografadas. Outros comentavam a respeito de acervos familiares há muito guardados num canto da casa, outros ainda vinham pedir orienta-ção do que fazer com fotos que súbitamente se revelavam valiosas. Tudo isso, aliado à imensa afluência de público, me fez perce-ber que estávamos servindo de isca para a

manifestação de um anseio coletivo. Senti que havia no ar uma carência de passado, um desconforto talvez com a velocidade das mudanças, com o surgimen-to e o imediato desaparecimento de coisas novas que nem bem chegaram a existir. Senti falta daquela lentidão que as fotos traziam.

A ponte dos Açorianos é uma metáfora. Por baixo dela passava um riozinho simpático e sadio, que hoje conhecemos por Dilúvio, que também

banhava os fundos das ca sa s da rua João Alfredo. O que aconteceu a ele? Para quem sabe, a resposta mais uma vez parecerá óbvia. Mas essa obviedade é relativa, muito relativa...

Em frente ao Colégio Rosário, há um monu-mento composto de quatro estátuas. Um olhar mais atento revela que cada uma tem um nome: Cahy, Gravatahy, Sino e Jacuhy. Eles representam uma evocação, uma

T e n h o

homenagem à nossa geografia. No monumento não há a menor referência do que se trata, de quem é o autor, nada. Uma pesquisa um pouco mais demorada revela que este monumento era bem diferente, que não estava originalmente ali, e que na verdade não era composto de quatro figuras, mas de cinco. O que aconteceu a ele? Qual era a quinta figura?

Os monumentos da Redenção revelam menos ainda. São a bem da verdade, monumentos ao esquecimen-to. O que eles deveriam evocar, é cada vez mais um mistério, e talvez nem uma pesquisa mais profunda revele suas identidades. Seu deterioramento é uma autêntica metáfora do desapego ao lugar e à sua memória.

Dentre as fotos de meu avô, minha preferida é aquela que mostra um menino solitário caminhando entre as colunas de uma magnífica construção. O menino, hoje com oitenta anos, caminha nos arcos do viaduto da Borges, às dez horas da manhã de um domingo de maio de 34. O viaduto é novo, não tem sequer um ano de vida. Há na imagem uma generosa luz, que permitiu ao fotógrafo cuidadoso, transformar a sombra das colunas em degraus. Tudo aí é lento, flui com o sol. Hoje, aquele mesmo sol não alcança mais as colu-n a s . I s s o é normal, assim é

o progresso. A cidade mudou. O menino não existe mais. Mas o velho carrega suas memórias. Talvez convenha ouvi-lo, a s s i m c o m o t o d a s emanações do passado que nos cerca. Sem elas, estaremos vivendo não num lugar chamado Porto Alegre, mas num não-lugar, igual a qualquer não-lugar do mundo.

A lentidão pode ser uma qualidade. O santo é de barro, e talvez nos seja muito útil ali na frente...

Jorge Herrmann é artista plástico e ministra oficinas.

www.jorgeherrmann.com

Jorge HerrmannMEU AMADO NÃO-LUGAR

ponte de pedra sobre o arroio Dilúvio

casas da rua da margem

velho embarcadiço

vendedor ambulante de frutas e legumes

vendedor de amendoins

viaduto Otávio Rocha em janeiro de 1933limpadores de chaminés

Fotos: Porto Alegre / década de 30 - Jacob Prudêncio Herrmann.

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Varanda Cultural

As gravuras em metal que faço hoje são o resultado de muito trabalho que vêm de um longo tempo, que começou a mais de quatro décadas, quando fiz vestibular no

Instituto de Artes. De lá saí bacharel, com especialização em Escultura, tive bons professores (professor Corona), ótimos colegas e amigos.

Fui á luta. Compatibilizei o trabalho profissional com a criação artística. Jamais deixei de desenhar, mesmo quando fui realizar outros desejos. Depois de muito estudo e muitos projetos consegui ser bacharel em Arquitetura. Passei por algumas escolas, dando aulas de desenho, arquitetando e participando de entidades de classe.

Comecei a fazer gravura como mais um setor das Artes Plásticas em que o desenho é o elemento que domina. Fui ao Atelier Livre fazer litografia, essa técnica foi a primeira escolhida, e apesar de gostar muito, tenho limitações físicas para manejar as pedras litográficas. É uma técnica em que os resultados são muito bons, possibilita ao artista passar toda a emoção à superfície da pedra, no ato da execução.

Fui convidada por amigas para fazer gravura em metal nas oficinas do MARGS. Apaixonei-me pela técnica e pela facilidade de manejo da matriz. Faço até hoje todo aquele processo tradicional, que exige muita disciplina, interesse e trabalho constante. Assim, posso tirar proveito da técnica.

Sou limitada pela dimensão da prensa usada, claro que posso concretizar imagens de grandes dimensões através da modulação, das colagens ou da justaposição, mas com qualquer dimensão, mini ou não, para

ser uma gravura, ela deve ter uma matriz gravada, utilizando metal (cobre, zinco, alumínio) ou outros materiais como placas de plástico.

Trabalho muito e gosto de experimentar mais ainda com diferentes técnicas sobre a mesma placa ou cruzando placas diferentes sobre uma mesma imagem.

A imagem final será sempre uma combinação da elaboração mental e emocional e a execução. Ela só estará pronta quando a imagem tiver vida própria como objeto de arte, concretizada sobre o suporte (papel, pano, etc).

Desenvolvo minhas imagens gravadas em série, usando para isso várias placas de vários tamanhos. É difícil descrever todo processo técnico usado em cada placa. Tem uma série continuada até o momento com o tema “novelo” de lã ou linha. Acho que o novelo tem relação com a linha da vida emocional, enrolando, desenrolando, cortando fios, tramando e até tingindo.

Nunca consegui trabalhar em um só tema, gosto de desenvolver vários ao mesmo tempo. Estou finalizando uma série que vou expor no Centro Cultural dos Correios no final de outubro até dezembro, em que a linha do novelo está presente. Esta é a terceira individual que faço no Rio de Janeiro, no mesmo espaço. Também participo de Salões e E x p o s i ç õ e s c o l e t i v o s n a c i o n a i s e internacionais, já ganhei alguns prêmios e menções honrosas.

Tenho minha prensa no Museu do Trabalho, onde estou fazendo gravura e sendo professora, possivelmente vivo convivendo com a arte, rentável ou não, é assunto de

grandes discussões à parte.Agradeço a todos que gostam ou

fazem a arte.

Glaé Macalós

produz a aparição de calos. Pedir para uma pessoa cantar durante uma hora e meia numa apresentação sem contar com noções básicas de técnica vocal é como pedir para quem não tem o hábito de correr que participe de uma maratona. Por isso, para não ficar exausto e desafinado e evitar lesões, o vocalista deve treinar feito um atleta com uma rotina diária de exercícios indicada por um profissional capacitado.

A t é c n i c a s o m a d a a perseverança, então, potencializam o talento. Levando a serio a técnica é impossível não aprimorar a afinação, o timbre e a resistência.

*Lorna Earnshaw é professora de canto popular com formação musical em Buenos Aires e trabalha com cantores de bandas de rock, soul e jazz.

Para marcar sua aula experimental ou esclarecer outras dúvidas, por favor, entre em contato conosco:

Msn: [email protected] e-mail: [email protected]: 54-9953-2902/41-9125-3208

Para soar melhor e cuidar de um instrumento único que não se compra nas lojas: a própria voz.

Quando bem aplicada, a técnica leva a uma evolução no desempenho musical, permitindo o controle e criação do próprio timbre, melhorando a afinação, ampliando a extensão vocal(quer dizer, logrando a emissão de notas mais agudas e mais graves), e incrementando assim as possibilidades de interpretação.

Por outro lado, a utilização das técnicas preserva o físico do cantor, prevenindo complicações e deficiências nas pregas vocais tais como calos e fendas, os quais aparecem devido ao desempenho incorreto do aparelho fonador.

Como professora de canto, tenho observado que a rouquidão pós-show ou pós-ensaio é a reclamação mais freqüente que os alunos iniciantes manifestam durante a primeira aula. Depois da apresentação ou a prática o esforço exagerado da área da laringe no canto sem o preparo físico do diafragma como sustentação para a respiração provocam a disfonia, enquanto a repetição do desgaste desnecessário eventualmente

por Mariah de Oliviéri

Para concorrer ao I Prêmio Gaúcho de Arte Eletrônica o artista deverá pr ime i ro se cadast ra r gratuitamente no portal. Se você já estiver cadastrado no portal, para concorrer basta enviar os dados do seu trabalho pelo formulário abaixo, lembrando o limite de 3 (três) trabalhos por artista.

Os trabalhos não precisam ser inéditos.Nota de Esclarecimento: muitos artistas ficam em dúvida sobre que tipo de

trabalho podem inscrever. Não há nenhum tipo de impedimento, desde que o trabalho esteja online, mas é claro que um cartum escaneado, um texto simplesmente digitado ou uma obra de arte fotografada terão menos chances de conquistar o prêmio do que obras que exploram de alguma forma as novas tecnologias. Nesse sentido, incentiva-se a inscrição de vídeos feitos com manipulações digitais, cartuns animados, apresentações Power Point de literatura ou artes visuais, blogs, flogs e o que mais sua criatividade permitir.

Maiores informações pelo site www.artistasgauchos.com.br

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As muitas fases de Enio Lippmann na Galeria Paulo Capelari

Sala Especial que homenageia o artista pode ser visitada até o dia 31 de outubro

A Sala Especial é uma iniciativa do galerista Paulo Capelari, a qual visa focalizar, a cada mês, a obra de um artista, proporcionando uma visão mais detalhada de seus trabalhos, além de proporcionar ao público a fruição estética. Maiores informações: (51) 3312.8558 www.paulocapelari.com.brServiço:O Quê: Sala em homenagem ao pintor Enio Lippmann Onde: Galeria Paulo Capelari (Rua Visconde do Rio Branco, 691), em Porto Alegre.Quando: De 10 a 31 de outubro de 2008, de segunda a sexta-feira, das 09h às 19h e aos sábados das 10 às 13h.Quanto: Entrada franca.Foto Paulo Capelari

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Varanda Cultural 5

RÁDIO DE PILHApor Pedro Pastoriz

Moro em um apartamento razoavelmente confortável na Cidade Baixa, perto de uma sorveteria, de um supermercado e de uma banca de jornal. Na minha casa possuo um chuveiro elétrico 110v, uma televisão velha com boa imagem, uma cafeteira elétrica com que mantenho um relacionamento estável há dois meses, e recentemente tenho acesso à Internet e a todo transbordante mundo de informação útil, fútil e colorido nela contido.

Estou a poucos cliques de distância da filosofia do Oriente, dos textos de Bakunin, de qualquer dica sobre equipamento musical e, se tiver qualquer problema com a língua de origem do site que estiver pesquisando, posso recorrer a algum curso à distância de idiomas pela Internet ou fazer uma fezinha no Google tradutor. Num primeiro momento achei tudo isso seminal, mas no segundo momento, o qual me encontro, vi que o excesso desse ‘mimo’ de fácil informação pode sim ser bem aproveitado, mas dificilmente leva ao aprofundamento de algum assunto. É como ficar fumando

debaixo do chuveiro quente, lembrando de minha mulher ou assoviando. É uma pequena perda de valor do que se usa, do que se busca.

Como é aproveitada a água que se busca em baldes, a pelo menos mil metros de sua casa?

Eu passei por experiência parecida e consegui tomar banho com duas xícaras de 300ml e ainda lavei minhas meias com a água que foi usada.

Aqui em casa, no meio do concreto e em cima dos canos, tomo banhos de 40, 50 minutos, e lavo minhas meias com amaciante ecologicamente incorreto.

Acontece coisa parecida com o uso do vaso sanitário e da Internet: antes de desfrutar da Internet em minha casa a poucos passos de minha cama, pesquisava com discos emprestados, conversava sentindo o cheiro do interlocutor, ou com a presença física de algum livro que ficava sempre me caçando na minha mesa de cabeceira ( e que me perseguia). Eles me perseguiam até que eu o(s) digerisse completamente ou emprestasse para alguém, fingindo exercitar o desapego.

O que acontece é que, assim como alguém que tem dinheiro não se priva de conforto e segurança adquiridos

para voltar ao subúrbio, sei que não venderei meus eletrodomésticos para comprar máquinas de escrever, enciclopédias, vitrolas e discos riscados.

Pergunto-me se esse raciocínio não se aplica às distâncias.

Se você pode ter um carro, porque andar de bicicleta?

Se pode ter dois carros, porque ter apenas um?

Relevante fato para uma conclusão é visto nos bairros Moinhos de Vento e Petrópolis, onde moram famílias com elevado poder econômico que têm dois ou três carros que os levam e trazem do trabalho e engarrafam todas as importantes vias de acesso a esses bairros, e, como conseqüência, também o centro da cidade.Todo esse mimo que o meio pra cima da pirâmide social experimenta é ótimo para as comunicações, encurta distâncias e faz com que nosso paladar fique muito bem anestesiado com lanches rápidos e deliciosos.

Mas o que representa o sedentarismo para um animal que anda ereto?

A gordura mórbida não é um problema estético apenas, mas é prova de que se usa negativamente o mais do que se precisa.

Longe de qualquer possível devaneio, estou deixando vago para livre interpretação uma série de exageros provenientes dessa facilidade, como degrau para atingir o bem estar e no que cada um desses degraus acarreta. É uma relação direta entre o bônus e o ônus.Esse exemplar do Varanda Cultural que você segura em suas mãos, estende sobre a mesa ou a calçada, é mais uma edição de um jornal que insiste nesse formato clássico de papel e que trabalhando como uma máfia, distribui gratuitamente 10.000 exemplares por edição e atua como fonte de informação sobre cultura, debatendo temas de vital importância para a comunidade, mostrando novos talentos das mais variadas cenas, e expondo trabalhos e textos de pessoas que trabalham por acreditar que a informação e a cultura devem vir antes do simples bem-estar individual. O Varanda Cultural é um jornal informativo e direto e não se aceita em ser um meio de comunicação apenas para plataforma de idéias vagas ou pouco aprofundadas, num formato de uma maneira mais colorida, recheado de fotos e com cheiro de Bubaloo. Isso é respeitar a livre interpretação e a inteligência dos leitores.

Escrevo para este jornal por acreditar que se for capaz de verbalizar o que sinto, conseguirei estimular os leitores a encarnarem o espírito da cur iosidade, a sede de ler, de experimentar coisas que habitualmente fugiriam do nosso cotidiano, e provar da reflexão, seja ela com fundo cínico, irônico, sádico ou sarcástico. Tenho dito.

imagem:google

Sharana Devi trabalha como terapeuta corporal desde 1993. Foi certificada por

Stanislav Grof em Respiração Holotrópica em 1996 e a utiliza para facilitar o

crescimento dos que estão em emergência espiritual ou com problemas emocionais.

Estamos vivendo numa época que exige de nós respostas muito rápidas em muitos aspectos de nossas vidas e viver bem neste vórtice depende muito de nosso estado emocional.

Em casa, com nossos pais ou família, aprendemos a nos comportar na mesa usando utensílios para comer, a usar o banheiro, cuidados com higiene do corpo, palavras de cortesia em casa. Na escola aprendemos a falar e escrever direito, a contar, a refletir, a expandir nosso intelecto. Aprendemos um ofício ou uma profissão usando recursos que recebemos desta educação formal. Mas, no entanto, não recebemos nenhuma orientação de como lidarmos com nossas emoções. Não temos a menor noção de onde elas surgem, nem percebemos quando elas chegam, só as notamos quando já estamos mergulhados nelas. Se não conseguimos dar conta delas, as reprimimos, mandando-as para algum lugar que imaginamos que não precisaremos lidar com elas. Geralmente em alguma área de nosso corpo.

Assim criamos o que chamamos de stress. O stress é o resultado da maneira como lidamos com nossas emoções. Estas ficam alojadas em algum lugar em nosso corpo. A forma saudável de lidar é sentir a emoção, deixá-la ir, reconhecê-la como algo que vem e passa, como um bebê faz, e não necessariamente expressá-la ou reprimi-la. O desequilíbrio acontece quando nos identificamos com esta ou aquela emoção, ou seja, achamos que somos esta emoção, que então se transforma em toxina emocional e depois toxina física e que começa a perturbar nosso corpo. Por isso a necessidade de um sistema que nos ajude a lidar com elas, a reconhecê-las, deixar que passem, fazer a escolha de utilizar o que for potencial positivo e eliminar o que for destrutivo. O sistema oriental de Yoga já pesquisou e conseguiu encontrar muitas maneiras de lidar com elas.

Kriya Yoga é um sistema completo de Yoga criado por um grande mestre indiano, Mahavatar Babaji e os Siddhas do Sul da Índia e que é composto

de cinco caminhos, cada um adequado para os 5 níveis de existência humano, físico, vital ou emocional, mental, intelectual e espiritual. Um destes caminhos é Kriya Hatha Yoga, ou sistema de asanas ou posturas feitas para o corpo físico, mas que também atua no vital ou emocional como conseqüência. Esta prática vai estimular a circulação e a e l iminação des tas toxinas pelo movimento, pela posição do corpo, pela contração e relaxamento voluntário da musculatura e órgãos de várias áreas do corpo. As posturas ou asanas, quando executadas combinadas com uma respiração consciente resultam na liberação das toxinas, de onde estiverem alojadas, diretamente na corrente sangüínea para que depois sejam eliminadas pelos órgãos do sistema excretor.

O corpo fica mais relaxado e expandido, e a mente responde com mais calma, conseguindo dar um passo atrás e observar o fluxo de emoções a que somos submetidos o tempo todo. A mente deixa

de ser escrava dessas emoções ou deixa de reprimi-las, começando assim a criar espaços vazios entre uma e outra. E nestes espaços a intuição e a criatividade podem surgir como a expressão da saúde física e mental.

O sistema de Kriya Yoga é bem mais completo que isso, mas este já é um ótimo começo no nosso treino com as emoções.

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6 Varanda Cultural

m o t i v o s p e l o s q u a i s o FUMPROARTE foi reconhecido em prêmios nacionais (Cultura Viva, do MinC e Gestão Pública e Cidadania, da FGV-SP) como um modelo de financiamento à cultura.

A qualidade dos projetos, na minha opinião, reflete a qualificação da CAS, que por sua vez é diretamente p r o p o r c i o n a l à a t u a ç ã o e representatividade das entidades que elegem os seus membros. Mas independente disso, qualquer projeto envolve alguma dose de risco. Nem sempre os melhores projetos resultam nos melhores produtos, ou vice-e-versa. Mas no conjunto, a comissão acerta bem mais do que erra. Mas a falta de um mecanismo similar no Estado gera uma pressão, uma concorrência muito grande ao FUMPROARTE. Nos últimos anos temos uma média de 1 projeto aprovado para cada 5 projetos habilitados (que cumpriram com as exigências do edital). É impossível aprovar todos os bons projetos que aparecem. Tomara que agora o Governo do Estado aproveite a crise na cultura para implantar o Fundo de Apoio à Cultura, inspirado no FUMPROARTE. Foi aprovado por lei há 7 anos e até hoje não saiu do papel.

Varanda - Em se tratando da equipe de avaliação dos projetos (CAS), o

Varanda - Há quanto tempo existe o Fumproarte e quantos projetos foram executados desde então ?

Álvaro - O FUMPROARTE foi instituído em 1993, através da Lei 7328. Em janeiro de 1994, foi lançado o primeiro concurso, mantendo-se desde então regularmente a realização de 2 editais por ano, que aprovaram até agora 601 projetos, que receberam R$ 13,9 milhões.

No momen to e s t á em julgamento o trigésimo concurso, ao término do qual comemoraremos 15 anos de existência.

Varanda - Isso é fato: o Fumproarte é a ponta-de-lança da arte de nossa cidade. Qual sua avaliação nesses anos frente à gerência do Fundo?

Álvaro - Completarei 5 anos na gerência do FUMPROARTE, no final do ano. Antes disso, estive por outros 4 anos como membro da Comissão de Avaliação e Seleção, a CAS, comissão encarregada de escolher os projetos que recebem o patrocínio da prefeitura. Um diferencial que poucos fundos têm, e que considero positivo, é a participação da sociedade civil organizada, que elege 2/3 dos membros da CAS.

Segundo o IBGE, 5% dos municípios brasileiros tinham fundos de cultura (em 2006), porém só a metade desses fundos foi utilizado ao longo dos 2 anos anteriores. E somente 1/3 dos fundos tem o seu destino decidido em instâncias participativas, como a CAS. É um dos

corpo de contratados é suficiente diante da demanda?

Álvaro - Não. A lei que criou o FUMPROARTE fixou o número de 9 titulares e 9 suplentes, mas 9 pessoas teriam muita dificuldade para julgar de 100 a 150 projetos por concurso. Isso de uma maneira criteriosa, como sempre foi feito por nós, cada projeto recebendo a análise de 3 pessoas, depois passando para a etapa de Seleção Final (não como certos editais por aí, que reunem uma comissão com essa quantidade de projetos e decidem em uma tarde...) Então na prática os suplentes acabam trabalhando de igual para igual, na boa vontade, já há bastante tempo. Seria necessário a Câmara de Vereadores alterar a lei para corrigir isso, o que não é difícil, se a comunidade reivindicar. Varanda - A contrapartida de 20% por parte do proponente não seria uma forma de fazer com que profissionais não recebam pelo seu trabalho?

Álvaro - O Decreto que regulamentou o fundo l imi tou em 80% a participação do município nos projetos. Penso que a idéia original é es t imular que o proponente, recebendo dinheiro público, faça um esforço para conseguir recursos em o u t r o l u g a r t a m b é m , c o m patrocinadores, recursos privados que aumentarão o montante destinado à

cultura. Mas podem vir do próprio bolso, por que não? Esta limitação é comum a outros sistemas de financiamento. A maioria dos projetos também geram receita, arrecadam com venda de ingressos, discos, livros, etc. Dessa receita o proponente não precisa prestar contas para nós. Recentemente o decreto foi alterado para permitir uma exceção, que são os projetos de bolsas para criação, formação ou pesquisa em artes. Estas serão financiadas em 100%. O p r i m e i r o e d i t a l d e s s a n o v a modalidade já está disponível no site.

Varanda - A Contrapartida de interesse público em alguns casos não se torna insuficiente?

Álvaro - A CAS avalia o Retorno de Interesse Público proposto, e pode fazer alterações neste item, ao aprovar o projeto. Na minha opinião o que é insuficiente é nossa estrutura, para dar um destino mais adequado e fazer um acompanhamento da utilização desse retorno, que tem a forma de ingressos, discos , l ivros , apresentações gratuitas, etc. E até um podermos prestar um atendimento mais individualizado a cada projeto. São mais de uma centena de projetos em execução, a cargo de uma equipe com 2 funcionários e 3 estagiários, que se dividem entre estes projetos e a organização do concurso.

Se não fosse o FUMPROARTE (Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural) , com certeza você não estaria lendo este jornal.

Isso vale para muitos projetos culturais de Porto Alegre: se não fosse o Fundo, vários artistas permaneceriam no anonimato, e teríamos que depender da santa boa vontade do empresariado para o financiamento...

Nesta edição, conversamos com o gerente Álvaro Santi, que também é músico e escritor. Na verdade descobrimos suas aspirações artísticas somente agora. Garatuja !

Por fim, nosso abraço a todos da Secretaria de Cultura, em especial aos funcionários do Fumproarte, CAS, estagiários, aos trabalhadores terceirizados, até aos CC’s se existirem por lá, que com pouco pessoal conseguem movimentar um projeto de tamanha magnitude que todo porto-alegrense deveria conhecer.

FUMPROARTE:Incentivando nossos artistas!

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7Varanda Cultural

foto: Kiki Joner

F i n a n c i a d o p e l o FUMPROARTE e produzido por Arthur de Farias.

Você encontra o cd na Bamboletras do Olaria e Guion CD´S.

Varanda - Como gerente do F u m p r o a r t e , c u r i o s i d a d e s dificuldades, algo inusitado.

Álvaro - O momento emblemático do FUMPROARTE acon tece na chamada Seleção Final, reunião que define o resultado do concurso, após uns quatro meses de trabalho. Costuma durar o dia inteiro (uma vez chegou perto da meia-noite). Como todas as reuniões da CAS, é aberta ao público, e nesta quase todos os concorrentes comparecem. Então e x i s t e u m a c e r t a t e n s ã o , principalmente na hora da votação, no final.

Já aconteceu de uma pessoa da comissão ir ao banheiro e ser seguida por alguém que estava concorrendo e queria "dar um recado" em particular. (Os proponentes não têm direito a palavra.)

Outra ocasião, um membro da CAS trouxe o filho pequeno para a reunião. O garoto deitava e rolava, como se estivesse em casa. Risos na platéia. Eu presidia a reunião, e

quando ele, curioso, pediu para usar o meu microfone, deixei e ele usou. Gargalhada geral. Aí o pai tomou providências.

Varanda - Espaço para dizer o que quiser.

Álvaro - Nossa cidade pode se orgulhar de ter uma produção cultural de qualidade, e o município de ter um instrumento de apoio financeiro à altura, ainda que os recursos não dêem conta da demanda. De minha parte, eu me orgulho de viver nesta cidade e de ter dado minha humilde contribuição a o a p e r f e i ç o a m e n t o d o FUMPROARTE, e à sua visibilidade como instrumento de política cultural. O desafio é fazer esta produção chegar lá na ponta, na periferia, àquela parcela da população que nunca foi ao teatro, cinema ou shows, que deve ser melhor atendida pelas políticas públicas de cultura, assim como já é o foco das políticas de saúde ou educação.

FUMPROARTE EM NÚMEROS

Múni é uma das principais intérpretes do Estado. Tarimbada e talentosa, tem fãs das mais diversas tribos, dos undergrounds aos intelectuais 'ortodoxos', e a prova disso são os distintos prêmios que já recebeu:

1988 "Troféu Clave de Sol" do Clube dos Compositores de Porto Alegre - melhor cantora do ano, pelo espetáculo “O Abacaxi”; 2000 “Troféu Açorianos de Música” - como melhor intérprete de MPB; 2001 “Troféu Garagito” do bar Garagem Hermética, 2003 “Prêmio Açorianos de Música” - como melhor intérprete e melhor espetáculo de MPB, por “Tempo sem Tempo”...ufa! Isso só citar alguns.

Conheça parte da trajetória da cantora e apronte-se para recital do dia 22!

Muni/

Natural de Porto Alegre, Muni iniciou sua carreira com os espetáculos teatrais: Marat Sade (1982), o Abacaxi (de 1988 a 1991), A História do Soldado (1991) e Noite Brecht (de 1998 a 1999).

Estreou como cantora em 1985 com o show “Fica Lúcida”, no Bar Porto de Elis, sob a direção de Luciano Alabarse, e em Teatro: Desvairada (1986) direção de Luciano Alabarse, O Abacaxi (1988 a 1991) direção de Delmar Mancuo, Por Que Não (1987) direção de Delmar Mancuso; e “Quem tem um Sonho não Dança” (1987). Participou de vários festivais de música: “1º Carijo da Canção”, Califórnia da Canção e destacamos os três festivais de música Popular Brasileira Carrefour, em nível nacional, onde classificou a música “Portal” de Jerônimo Jardim (1991) no 2º Carrefour, indo para a final no Maracanãzinho, Rio de Janeiro. Em 1999 participa do “3º Porto Alegre em Montevidéu” com o espetáculo teatral “Noite Brecht”.

Em março de 2000 participa do “5º Porto Alegre em Buenos Aires” apresentando, em primeira mão, algumas canções do CD “De Quatro”, entusiasmando os argentinos. Em 30 de novembro de 2000

lança seu CD no show “Múni – de Quatro” na Usina do Gasômetro, inaugurando o piso do teatro Elis Regina.

Em março de 2003 Múni é convidada pela Culturgest, Centro Cultural de Lisboa, para apresentar um show com canções do CD “De Quatro”. Múni, então, monta o espetáculo “Tempo sem Tempo”, com canções do CD e outras canções brasileiras e recebe rasgados elogios da imprensa local:

“Disco e espetáculo começam exactamente do mesmo modo: com o enleio de uma voz grave que se insinua, em busca de palavras , para depois desembocar num rock suave e desafiador. Mas tudo o resto é diferente, desde logo pela forte componente cênica que, em palco, transporta as canções para uma outra dimensão emocional.

O espetáculo, viu-se anteontem na Culturgest, é o lugar certo para revelar o exacto brilho de Muni, uma gaúcha que há dezessete anos percorre palcos (teatro e música) e que só em 1999 registrou o primeiro disco em seu nome.

A envolver a voz, de forte personalidade tímbrica e recorte irrepreensível, há uma figura andrógena: cabelo louro curto, fraque preto, pose refinada e elegante, Muni lembra as estrelas do melhor ‘cabaret’ alemão.

(...) Quanto a Muni, a retirada final não a livrou, tal a pressão dos aplausos, do fa ta l ‘encore’ .” Jornal Público, crítica musical de Nuno Pacheco. Lisboa.

Em junho do mesmo ano, “Tempo sem Tempo” é apresentado no Theatro São Pedro com a participação da compositora portuguesa Mafalda Veiga.

Múni canta Portugal

Em outubro de 2008 Múni apresentará o recital “Muni Canta Portugal”, com canções de compositores do cenário pop português como: Mafalda Veiga (Restolho e Lisboa de Mil Amores) e Pedro Abrunhosa (Momento e Quem me Leva os Meus Fantasmas), entre outras. Des tacamos , t ambém, “Can tora d’Alfama” de Raul Ellwanger, “Um Fado” de Ivan Lins e “Vira Virou” de Kleiton Ramil. Para mostrar estas canções emocionantes, Múni convidou o pianista Michel Dorfman para acompanhá-la e conta, ainda, com auxílio luxuoso do Diretor Delmar Mancuso e Déa Mancuso.

Ficha Técnica:Recital: Múni Canta PortugalMúsicos: Múni (voz) e Michel Dorfman (piano)Preparo Vocal: Déa MancusoPreparo de Expressão: Delmar MancusoLocal: Solar dos Câmara (Av. Duque de Caxias, 968) - Porto Alegre.Data: 22 de outubro de 2008Hora: 18h30minEntrada Franca

CD “De Quatro”

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A história do jazz e a influência que o estilo musical ganhou em terras gaúchas vão ganhar uma vitrine. O festival Jazz às Pampas, evento que terá sua primeira edição realizada no Theatro São Pedro, na Capital, entre os dias 21 e 23 de outubro, vai reunir os melhores artistas locais do clássico, fusion, afro,

brasillian, latin e free jazz, em doze apresentações.

O Jazz às Pampas 2008 prestará homenagem à Ivone Pacheco, a dama do jazz de Porto Alegre. A pianista e acordeonista recebe a reverência pelos 26 anos do

Take Five - uma espécie de clube secreto que desde 1982 reúne músicos apaixonados pelo estilo, no porão da casa da artista. Por lá deram canjas nomes como Luis Fernando Verissímo , Renato Borghetti, Elton Saldanha, Gelson de Oliveira, Contras te Combo, Ul t ramen, Petrarco, Andy Boy, Marcos Ungaretti e Adão Pinheiro.

D e a c o r d o c o m o s organizadores, o intuito do projeto é fomentar o mercado deste estilo musical. Por isso, no próximo ano, o festival ganhará edições no Interior, em municípios como Santa Maria e Passo Fundo. O Jazz às Pampas também terá eventos paralelos integrados, entre eles caravanas musicais que percorrerão o Estado. Contará com a participação de convidados internacionais e também incluirá artista iniciantes e amadores em sua programação. Informações sobre o evento no e-mail [email protected]

O espetáculo de teatro "O bairro" será mostrado, ainda em processo de criação (scratch night), ao público em 03 noites de outubro no Espaço OX do Ocidente.

sobre o autor:Gonçalo M. Tavares nasceu

em 1970. Desde 2001 publicou romances, poesia, teatro e pequenas ficções. Recebeu, entre outros, o Prêmio José Saramago em 2005 pelo romance "Jerusalém".

Os seus livros deram origem à peças de teatro, objetos de artes p l á s t i c a s , b e m c o m o t e s e s acadêmicas em Portugal, no Brasil e na Itália.

Vinte e um dos seus livros estão sendo publicados em vinte países.

Em 2002 começou a publicar a série "O bairro". Desde então, lançou o Sr. Brecht, o Sr. Valéry, o Sr. Henri, o Sr. Juarroz, o Sr. Calvino, o Sr. Kraus e o Sr. Walser habitantes deste bairro.

8

O bairro

scratch nights noEspaço OX - Ocidente

João Telles esquina Osvaldo Aranha

dias 15, 22 e 29 de outubro às 22h

Festival celebra o jazz gaúcho

Nomes confirmados Noite de Abertura: * Ivone Pacheco e Ricardo Arenhaldt Ramiro e Luciano Kersting * Caixa Preta com participação de Andréa Cavalheiro (Hard Working Band), * Camerata Brasileira participação Plauto Cruz, Dionara Schneider trio e cantora Cema, * Adão Pinheiro e grupo. Segunda Noite: * Sexteto Blazz com participação de Solon Fishbone, * Quarteto Instrumental - Formado por James Liberato e Thiago Colombo, nos violões e guitarra. Presença de Ana Paula Freire, no contrabaixo, e Luis Jakka, na percussão. . * Tonda Y Su Combo (Raiz de Pedra e Alegre Corrêa Grupo) - com participação de Jorginho do Trumpete e Cláudio Sander, César Audi (Raiz de Pedra). Terceira Noite: * Trio de Janeiro - com lançamento do CD Cenário Urbano, * Quartchêto - com participação de Arthur de Faria, * Geraldo Flach , Marcelo Corsetti - Xquinas, * Big Band do Mestre Garoto – com participações de Cláudio Sander, Luizinho Santos

Mais longas-metragens em competição, duas sessões internacionais e p e r f o r m a n c e s f a z e m p a r t e d a programação, que este ano exibe 98 filmes em sete mostras e 70 sessões diferentes

Neste próximo sábado, dia 11 de outubro, é dada a largada para a quinta edição do CineEsquemaNovo 2008 – Festival de Cinema de Porto Alegre (CEN). A cerimônia oficial de abertura acontece a partir das 17h30 no Centro Cultural Usina do Gasômetro, com recepção para convidados e show da Musical Amizade. Às 19h iniciam-se as sessões da Mostra de Curtas e Médias-metragens, seguida por debate com os diretores. Às 21h30, será exibido o

primeiro programa da Mostra de Longas-metragens.

Dedicado a apresentar o que de mais instigante vem sendo feito na produção cinematográfica e audiovisual b r a s i l e i r a c o n t e m p o r â n e a , o CineEsquemaNovo vai exibir 98 filmes, espalhados por sete diferentes mostras e 70 sessões. São produções de todas as regiões do Brasil e também do exterior, no caso de produções nacionais feitas fora do País ou de estrangeiros que rodaram em locações brasileiras.

A programação do CEN é toda gratuita e se desenrola na Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro, no Cine Santander Cultural e nas Universidades Famecos-PUCRS, ESPM, Ulbra e

Fabico-UFRGS. Além da exibição dos filmes, contempla diversas sessões comentadas e debates com a participação dos diretores, oficinas e eventos paralelos.

Mais Longas-metragens

A ampliação do espaço para os longas-metragens é uma das principais novidades desta edição do festival. Serão seis filmes, contra

quatro em 2007, exibidos na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro e no Cine Santander Cultural. A Mostra de Longas recebe troféus do Júri de Premiação, do Júri Popular e dos alunos da Oficina de Crítica Cinematográfica. Em competição, por ordem de exibição, os seguintes filmes:Anabazys, do casal Paloma Rocha e Joel P izz in i (RJ ) , Sábado à Noi t e , documentário de Ivo Lopes Araújo (CE), Redemoinho-Poema, de Gabriel Sanna e Lúcia Castello Branco (MG), O Fim da Picada, de Christian Saghaard (SP), Meu Nome é Dindi, de Bruno Safadi (RJ) e Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader (SP).

D e s d e 2 0 0 3 , o CineEsquemaNovo é reconhecido como uma das primeiras mostras do país a derrubar a distinção formal entre cinema e vídeo, bem como de gêneros e linguagens, promovendo também as novas mídias como formatos cinematográficos legítimos e autônomos. Todos os suportes, da película ao telefone celular, são aceitos em pé de igualdade. O objetivo do CEN é promover a inevitável renovação audiovisual proporc ionada pela tecnologia e pela mistura de gêneros que cada vez mais marca a produção contemporânea.

Detalhes e a descrição de todos os programas e atividades do

festival, bem como a grade por dia e horários, estão disponíveis

no site www.cineesquemanovo.org

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9Varanda Cultural

O show de MPB e humor, "Um banquinho, um violão, um cantor e um bobalhão", protagonizado pelos atores-cantores Beto Herrmann e Rogério Hoch, continua pelo mês de outubro, às 20h, na Cia. de Arte (Andradas, 1780), em Porto Alegre. A cada semana, o ator Rogério Hoch desfilará seu engraçadíssimo personagem, Mocorongo Soares, conversando com a p l a té i a e en t rev i s t ando a r t i s t as especialmente convidados. Beto Herrmann interpretará um repertório selecionado de canções nacionais, internacionais e de própria autoria, interagindo com o público.

O QUÊ: show de MPB e humor, "Um banquinho, um violão, um cantor e um bobalhão", com Beto Herrmann e Rogério Hoch. Convidado: Grupo Camaleão

ONDE: Cia. de Arte (Andradas, 1780), em Porto Alegre

QUANDO: toda sexta-feira, até o final de outubro.

QUANTO: R$ 15,00. Desconto de 50% para idosos, estudantes e classe artística.

CENSURA: 16 anos Estacionamento próximo (Rua

Senhor dos Passos)

"UM BANQUINHO, UM VIOLÃO,

UM CANTOR E UM BOBALHÃO”

O projeto da exposição surgiu durante o curso de extensão Construção de Portfolio, tutorada por Jacqueline Joner. A intenção do trabalho era aplicar diferentes olhares e conceitos sobre um mesmo objeto, no caso, a modelo Graziela, em um mesmo território: um casarão antigo no centro de Porto Alegre.

Assim, temos os retratos

conceituais de Ana Porto Alegre e seu “Jardim”, onde o cultivo da auto-imagem aparece na forma de membros plantados no solo. Anna Carolina de Oliveira explora as formas da modelo, em contraste com as linhas arquitetônicas frias. Gui lherme Pacheco busca uma alegoria para a vaidade humana, b u s c a n d o s e m p r e imagens onde o corpo mostra-se como algo i l u s ó r i o . L e o n a r d o Remor re t ra ta uma mulher que se esconde s o b a m a q u i a g e m , utilizando-se de sombras e silhuetas para criar o clima obscuro de suas obras. Marco Antonio Filho inspira-se em passagens

bíblicas para criar um Cristo sensual e feminino. O fotógrafo Marcus Duprat nos apresenta uma mulher enclausurada em sua própria insanidade, presa à angústia da vida em um ambiente claustrofóbico. Rafael Rech transforma Graziela em um ser envolvido na sujeira, dividida entre a beleza de flores e a podridão dos restos humanos e Rodrigo Góes explora o detalhe, a beleza das pequenas imperfeições de um olhar próximo e inusitado.

O olhar de oito fotógrafos sobre

u

/

Marco Antonio Filho

Rodrigo Góes

No dia 08 de outubro, quarta-feira, às 16h, foi inaugurada a Escola de Circo Girassol. O evento foi prestigiado por um dos grandes palhaços do mundo, Marcos Casuo, ex integran-te do Cirque du Soleil, pelas crianças, pelos adultos da comunidade e convidados. O sonho de uma Escola de Circo na Vila Bom Jesus, acalentado ao longo de oito anos pelo diretor e autor Dilmar Messias, já é uma realidade.

O novo espaço está situado na rua Dr. Sinval Saldanha, 286, no coração do bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. Ali, o grupo pretende dar continuidade aos projetos comunitários, a exemplo do que vem acontecendo na sede do grupo, localizada à rua João Inácio, no bairro Navegantes. A idéia é manter os dois projetos, com atividades permanentes (oficinas e apresentações artísticas) voltadas à comunidade.

A sede foi erguida com recursos próprios e finalizada com verba proveniente do projeto "Arrumando a Casa", da Prefeitura de Porto Alegre e foi equipada com recursos do Governo Federal, via Lei Rouanet. "Este espaço é uma conquista importante para a estabilidade do grupo, como para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Para a comunidade, um espaço necessário de formação, de manifestação artística, inter-relação e inclusão através de sua expressão cultural", comenta Messias.

Desde agosto, a Escola de Circo Girassol mantém oficinas gratuitas para mais de 40 crianças e adolescentes, entre 06 e 20 anos, com recursos da Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Coordenação de Descentralização. Bruno Henrique Rodrigues, de 11 anos, aluno da Escola Estadual Coelho Neto, é um dos mais novos aprendizes. Ele entrou para a escola sonhando em ser um trabalhador de circo. O colega Leonardo Lul, de 10 anos, está curioso e cheio de expectativa quanto às aulas.

Prestigie a nova sede: Escola de Circo Girassol (Sinval

Saldanha, 286, bairro Bom Jesus), Porto Alegre.

um mesmo objeto:Leonardo RemorMarcus DupratRafael RechAna Porto AlegreRodrigo GóesMarco Antônio FilhoGuilherme M. PachecoAnna Carolina Oliveira

Galeria dos Arcos – Térreo Usina do Gasômetro

Av. Pres. João Goulart, 551Abertura da exposição: 09 de

outubro de 2008 às 19 horasPeríodo: de 10 de outubro a 09 de

novembroHorários de visitação: de terças a

domingos, das 09 às 21 horas Informações Coordenação de Cinema, Vídeo e

FotografiaFone 3289 8133www.portoalegre.rs.gov.br

A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia convida para abertura da exposição Graziela, brasileira, viúva, RG 1023330102, dia 09 de outubro de 2008, às 19 horas, na Galeria dos Arcos, térreo da Usina do Gasômetro.

foto: Marco Antonio Filho

CIRCO GIRASSOLGANHA NOVA

SEDE

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10

Porto Alegre dorme... E o ícone do Estado repousa placidamente...

Varanda Cultural

O SEQUESTRODO LAÇADOR!

...é a saudade da chinoca e do mate amargo.

Aparecer...aparecer...

Símbolo cultural dos gaúchos, adianta seu olhar para o infinito...

olhar viril...

Q u a n d o d e repente, o ícone desaparece !

Não consigo trabalhar...

Depois da última noite de chuva,

chorando e esperando...

Líderes do movimento cultural se unem, como o músico “Thédio sem Correia”...

Telespectadores, é inacreditável,

mas...

E depois de muitas procuras...encontraram....

Cheega !

Roubaram o Laçador!

Arrancaram a cultura

gaúcha do meu coração!

Cala a boca que eu quero dormir !!

“Luis Augusto Não Cai a Ficha”...

O sequestro lembra

um livro que escrevi e fez muuito

sucesso....

O povo se organiza em defesa da cultura...

Sequestraram minhas

tradições...

E as autoridades se mobilizam !

o número de suicídios pelo sequestro do

Laçador triplicou esse mês...

A comoção é geral...

E a autoridade toma atitudes...

Dou 10 mil em precatórios para

quem encontrar o sequestrador !

Era uma prenda !!

Não consigo pedir esmola...

Com:André OliveiraLuciano ZochCris FreitasCésar Camargo

Page 11: Varanda Cultural - 11ª Edição

11Varanda Cultural

Como a prenda havia derretido o ícone do Estado para comprar cigarros “Potro” em Uruguaiana, a

autoridade toma providências...

hum...

tem razão...

samba...ok...

tem razão...

diversidade...

Coloquem uma estátua provisória até refazermos o

Laçador!

- hipnose no tratamento do pânico, fobias, depressão, distúrbios sexuais, stress pós-traumático, na preparação para concursos/vestibular.

- Cursos intensivos de auto-hipnose, para leigos.

- Avaliação sem custo.

E o samba?

Não aguento mais!O valor da nossa cultura não está só no pampa!

...e reconhecer nossa

diversidade cultural !

Devemos valorizar

os artistas da nossa cidade...

E a sensibilidade feminina? E as

poetisas?

hum...

E o Capitão

Gay ?

Deveríamos ter a estátua de uma

prenda também...

Capitão Gay?

Poetisas?

Estátua de uma prenda?

bum !

plaft !

E assim, Porto Alegre descansa diante de seu mais novo símbolo

da cultura!

FIM

O Gordo e o Magro menos cômicos e mais existenciais

A peça segue temporada sextas, sábados e domingos até 26 de outubro. O Gordo e o Magro vão para o céu, de Paul Auster, apresenta uma releitura da obra do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, publicada originalmente no livro “Da mão para a boca”, em 1977. Dois grandes ícones do cinema, o Gordo e o Magro, transpostos para um lugar indefinido que pode ser o céu, a terra ou os campos

elísios, com uma tarefa definida: construir um muro com 18 pesadas pedras. O trabalho a ser feito é constantemente vigiado e obriga que eles sejam eficientes em suas funções, que não é mais apenas fazer rir.

Ficha Técnica Direção - Liane Venturella e Nelson Diniz

Atuação - Carlos Ramiro Fensterseifer e Heinz Limaverde Iluminação - Nara Maia

Trilha sonora - Álvaro Rosa Costa Cenário, figurinos - Rodrigo Nahas

Produção - Marco Mafra Produção Executiva - Maria Aparecida Herok e Carlos Ramiro Fensterseifer

Quando: de 3 a 26 de outubro (sextas, sábados e domingos) às 20h Onde: sala 302 da Usina do Gasômetro (Av. Presidente João Goulart, 551)

Ingresso: R$ 10 (desconto de 50% para estudantes, idosos, classe artística e assinantes do Correio do Povo)

E o Hip-hop?

E os cartunistas?

plaft !

Page 12: Varanda Cultural - 11ª Edição

Varanda Cultural

IDEL MENDA

De 08 a 30 de setembro, a Galeria de Arte Paulo Capelari homenageia o pintor Antônio Soriano com uma Sala Especial em sua sede, na Rua Visconde do Rio Branco, 691, em Porto Alegre. Sob o título de "Brindando a Primavera", a sala reúne oito telas de várias dimensões, tendo a natureza como tema.

Pintor gaúcho com destaque nacional, Antônio Soriano (Santo Ângelo, 15 de janeiro de 1944) iniciou suas atividades nos anos 60. Atuou na publicidade, atividade que lhe rendeu diversos prêmios. Sua pintura possui uma definição estilística na qual a paisagem é o tema dominante, com a luminosidade exercendo papel fundamental em sua linguagem. Vive e reside em Porto

Alegre, onde mantém seu atelier.

Maiores informações: (51) 3312.8558

www.paulocapelari.com.br

Serviço:

O quê: Sala em homenagem ao pintor Antônio Soriano.

Onde: Galeria Paulo Capelari (Rua Visconde do Rio Branco, 691), em Porto Alegre.

Quando: De 08 a 30 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h e aos sábados das 09 às 12h..

Quanto: Entrada franca.

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