varal do amor

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Literário, sem frescuras! ISSN ISSN ISSN ISSN 1664 1664 1664 1664-5243 5243 5243 5243 Ano 3 Ano 3 Ano 3 Ano 3- Julho Julho Julho Julho- 2012 2012 2012 2012- Edição Especial sobre o Amor 16B Edição Especial sobre o Amor 16B Edição Especial sobre o Amor 16B Edição Especial sobre o Amor 16B

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Literário, sem frescuras! ISSN ISSN ISSN ISSN 1664166416641664----5243 5243 5243 5243

Ano 3Ano 3Ano 3Ano 3---- JulhoJulhoJulhoJulho---- 2012201220122012---- Edição Especial sobre o Amor 16BEdição Especial sobre o Amor 16BEdição Especial sobre o Amor 16BEdição Especial sobre o Amor 16B

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®

ISSN ISSN ISSN ISSN 1664166416641664----5243 5243 5243 5243

LITERÁRIO, SEM FRESCURAS

Genebra, Verão de 2012

Edição Especial Varal do Amor

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Varal do Brasil—julho de 2012

Www.varaldobrasil.com EDIÇÃO ESPECIAL VARAL DO AMOR 4

EXPEDIENTE

Revista Literária VARAL DO BRASIL®

ISSN 1664ISSN 1664ISSN 1664ISSN 1664----5243 5243 5243 5243

Edição Especial Varal do Amor

Julho de 2012— Genebra - CH

Copyright Vários Autores

Site do VARAL: www.varaldobrasil.com

Blog do VARAL:

www.varaldobrasil.blogspot.com

Textos: Vários Autores

Ilustrações: Vários Autores

Capa: © Jeane6e Dietl - Fotolia com

Revisão parcial de cada autor

Revisão geral VARAL DO BRASIL

Composição e diagramação:

Jacqueline Aisenman

Editora-Chefe: Jacqueline Aisenman

A distribuição ecológica, por e-mail, é

gratuita.

Se você deseja par?cipar do VARAL DO

BRASIL:

[email protected]

(peça o formulário!)

ETERNO AMOR

Por Anair Weirich

AMAR É... TE ENCONTRAR, COMO AGORA!

SÓ QUE NA VELHICE, DE BENGALA,

E AINDA ASSIM, SENTIR A MESMA EMOÇÃO

QUE ESTOU SENTINDO NESSA HORA!

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h�p://www.facebook.com/pages/VARAL-DO-

BRASIL/107298649306743

www.varaldobrasi..blogspot.com

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Varal do Brasil—julho de 2012

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Falar de amor é a coisa mais fácil do mundo. Falar de amor é a coisa mais difícil do mun-do. Depende de quem fale ou escreva, pode ser uma das duas opções. Porque o amor está em tudo, faz parte de tudo, é tudo.

O amor nós temos por nós mesmos e é o que nos faz ter forças para viver e enfrentar obstáculos. É o que sentimos por nossos fi-lhos, nossos familiares, nossos amigos; o

amor é o que sentimos por nossos parceiros na vida; pelos animais que convivem conos-

co ou mesmo por toda a natureza e seus ma-ravilhosos reinos.

Ama-se o universo e a fé é um ato de amor. Ama-se com devoção, com paixão, com deli-cadeza, com vigor, com suavidade, com emoção!

Convidamos as pessoas para falar de amor porque falar de amor, seja de que jeito for, é muito importante.

Seriam os cinquenta primeiros inscritos, mas como os últimos dois chegaram ao mesmo tempo, temos então cinquenta e um escrito-res falando de amor!

Neste especial você vai encontrar todos os tipos de amor dos quais falamos acima e ain-da mais. Fizemos uma volta ao mundo do amor.

Amor por uma cidade, amor pelo animal companheiro que partiu, amor pela pessoa que divide a vida conosco, amor por aqueles que colocamos no mundo, amor pelos ocea-nos, pela mãe terra, pela vida.

Nós poderíamos com certeza fazer aqui um especial com mais de duzentas páginas e o assunto não se esgotaria.

O Varal do Amor estende-se hoje e é mais atual do que nunca: falar de amor nunca foi mais importante do que agora, nestes tem-pos de pequenas e devastadoras guerras, revoltas, descasos com o ser humano, co-mos animais, o planeta por inteiro.

Precisamos urgentemente de amor, muito amor, mais amor.

Esta é nossa pequena contribuição. Que ler sobre o amor nos traga alegria e paz!

Sua equipe do Varal

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SONETO DO AMOR MAIOR

Por Vinícius de Moraes*

Maior amor nem mais estranho existe Que o meu, que não sossega a coisa amada

E quando a sente alegre, fica triste E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste O amado coração, e que se agrada

Mais da eterna aventura em que persiste Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere E quando fere vibra, mas prefere Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante Desassombrado, doido, delirante

Numa paixão de tudo e de si mesmo.

* Poeta essencialmente lírico, também conhecido como "poetinha", apelido que lhe teria atribuído Tom Jobim[, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inve-terado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquis-tador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida . (Wikipédia)

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• ALEXANDRA MAGALHÃES ZEINER

• ANA MARIA ROSA

• ANA ROSENROT

• ANAIR WEIRICH

• ANNA BACK

• ANDRÉ VALÉRIO SALES

• ANDRÉ VICCTOR

• ARA MITTA

• CARLOS R. PINA DE CARVALHO

• CHAJA FREIDA FINKELSTEIN

• CLÉO REIS

• DENISE REIS

• DOUGLAS SILVA

• FLAVIA ASSAIFE

• GERMANO DIAS MACHADO

• GILDO P. OLIVEIRA

• GILMA LIMONGI BATISTA

• GLADYS GIMÉNEZ

• GUACIRA MACIEL

• HERNANDES LEÃO

• ISABEL CRISTINA SILVA VARGAS

• IVANE LAURETE PEROTTI

• JACQUELINE AISENMAN

• JOSÉ ALBERTO DE SOUZA

• JOSÉ CARLOS PAIVA BRUNO

• JOSÉ HILTON ROSA

• JOSSELENE MARQUES

• JU PETEK

• LENIVAL NUNES ANDRADE

• LUIZ CARLOS AMORIM

• MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA

• MARIA EUGENIA

• MARIA MOREIRA

• MARINEY K

• MÁRIO REZENDE

• NORÁLIA DE MELLO CASTRO

• ODENIR FERRO

• RAIMUNDO CANDIDO TEIXEIRA FILHO

• RENATA IACOVINO

• ROBERTO ARMORIZZI

• ROSELIS BATISTA R

• SANDRA NASCIMENTO

• SARAH VENTUTIM LASSO

• SILVIO PARISE

• SONIA NOGUEIRA

• URDA ALICE KLUEGER

• VALQUIRIA GESQUI MALAGOLI

• VALDECK ALMEIDA DE JESUS

• VARENKA DE FÁTIMA ARAUJO

• VÓ FIA

• YARA DARIN

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NOITE FELIZ...

Por André Valério Sales

Teus Olhos

Oh!

Teus olhos negros

Ternos e puros.

Duas grandes pétalas

De alegria.

Energia feliz

Emana de teus olhos.

Tua boca miúda

Pede carinho,

Quentura de um beijo molhado.

Calor de corpos ardentes,

Paz de floresta

Ao alvorecer,

Paz de lua

A brincar de lâmpada

Do céu noturno.

Nós, juntos

Num mar de

Sensações e etereidade,

Parecia

Que o sol não ia levantar-se.

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O DESENCARNE DA

CACHORRA PRISCILA

Por Wilton Porto Passam os dias Mas o dia não passa. No repasse de cada dia Sente-se que o dia que passou Por mais que queira passar A todo instante repassa E no repassar de cada dia Faz com que nunca ele passe. Se o dia em que ela passou Pudesse ter só passado Em nós cada passo dado Não teria essa máxima dor. No entanto por mais que o tempo passe Por mais que não queiramos repassar o passado Mais presente é o passado Em cada passo que é dado. Se pudéssemos arrancar O passado que mais presente Talvez a dor que latente Por ela estar ausente Fosse um descontente contente Pois dor já ela não sente. Porém a todo momento Pela casa ela presente E por mais que a gente tente Eliminar o sofrimento Mais sofrimento se sente Já que é no ausente Que ela está presente. Priscila era cachorra Mais agia como gente. Nuca vi entre os viventes Alguém tão inteligente. E se falarmos de amor Aonde quer que a gente vá Não se encontrará superior. Por isso já de antemão

Aos críticos desavisados Antes que usem da mão Pra arremate zonzeado Eu digo que os animais No tocante ao Amor Eles são insuperáveis. Sem falar-se de outros valores Como o da fidelidade. Assim lágrimas sofrimento Desmedido sentimento Por uma simples cachorra. É normal justificável Para os que vivem do Amor. O Sol brilha para todos Para todos a chuva cai Se o amor é parcial Se facilmente se esvai Acredite não é Amor É fumaça ao léu Que só o bobo atrai.

Priscila desencarnou em 19/06/2010 às 17h40 Viveu nove anos.

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Imagem: h�p://themescompany.com

o amor

Por Sarah Venturim Lasso

O amor invade o coração Inunda a alma

Sacrifica o corpo Confunde a mente

O amor chora para ser correspondido

Leva nome de bandido Sofre sem saber o motivo

Intensamente

O amor não te limites Não conhece razão

Não sabe mede distâncias Não usa de preconceitos

O amor gruda no peito

Como catarro de tuberculoso Como ferida aberta e exposta

Para estar lá sem estar

O amor apenas existe Nasce e cresce mesmo não sendo alimentado

Cuidado Nutrido

O amor apenas é O amor.

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AMOR-LOVE-AMORE-LIEBE-AMOUR

Por Vó Fia

Em qualquer idioma usado no planeta terra, o amor tem e faz sentido, porque desde tempos imemori-ais que as pessoas se amam e os motivos são vá-rios: os pais amam seus filhos e os filhos amam seus pais, avós amam seus netos e são amados por eles e tem o amor entre amigos, mas o amor que fala mais alto é e sempre será o amor de um homem por uma mulher e vice versa, porque nes-se a razão vai embora.

A palavra muda de som na pronuncia de po-vos variados, mas quer sempre dizer a mesma coi-sa em qualquer pais e se amar é bom para o corpo e o espírito, devia sempre trazer paz, harmonia e muita alegria entre as pessoas, mas nem sempre isso acontece, porque atrás do amor vem o ciúme e o ciúme carrega junto a desconfiança e muitas vezes a violência pura e simples e ai o amor se desvirtua e fere.

Dilma era uma jovem casada e feliz, porque amava Antonio seu marido e era amada por ele, mas o rapaz amava ainda mais um bom copo de cachaça e tanto bebeu que adoeceu com cirrose e foi levado para um hospital na capital do estado para se tratar e talvez se curar do alcoolismo, mas a morte chegou primeiro e o levou embora; a jo-vem viúva era uma moça linda e muito apreciada naquela vila.

Nos primeiros tempos da viuvez Dilma se vestiu de preto e chorou potes e mais potes de la-grimas, mas passou o tempo e aquela dor deses-perada foi amainando como chuva de verão e pas-sou; a vida voltou a seu caminhar normal e a agora viúva alegre tratou de abandonar os vestidos ne-gros, comprou roupas novas e vistosas e voltou as festas típicas daquela região, mas ela queria mes-mo era um amor novo.

Pretendentes apareceram logo e Dilma podia se dar ao luxo de escolher, mas escolher era fácil e ela queria mais e todos da comunidade esperavam que ela escolhesse o mais rico ou mais bonito; ela falava com todos e as esperanças morriam lo-go, porque a bela viuvinha não se decidia por nin-guém e as pessoas apostavam alto nos seus can-didatos e ela não se resolvia nunca frustrando to-das as expectativas.

Na verdade a viúva já tinha feito sua escolha em segredo, porque estava apaixonada por um irmão do falecido Antonio e na opinião tacanha

daquele povo simples, isso era considerado um verdadeiro incesto, porque cunhado era mesmo que irmão e ninguém de juízo perfeito se apaixona por um parente tão próximo; Santiago o escolhido de Dilma percebeu o discutível interesse da moça e não gostou nada,

Para se livrar do que considerava encrenca na certa, ele arranjou um repentino namoro com Julinha, mas terminou por se apaixonar de verdade pela moça e a falar em se casar com ela; a viúva Dilma se enfureceu com a rejeição e passou a se portar de maneira nada usual naquela recatada vila, onde o amor existia, mas em respeitoso silen-cio e a linda viúva deixou o sigilo de lado e disse que amava o cunhado.

Foi um escândalo que se tornou o assunto preferido dos fofoqueiros de plantão e a namorada do disputado Santiago recebeu o apoio incondicio-nal da população da Vila dos Prazeres; Dilma foi relegada ao ostracismo, mas não se deu por acha-da e continuou a perseguir o cunhado de todas as maneiras possíveis e impossíveis e o desfecho dessa historia aconteceu durante um animado bai-le no pequeno clube local.

Durante o baile a festiva viúva fez de tudo para chamar a atenção de Santiago, se aproximou e o convidou para dançar e foi recusada, empurrou Julinha e deu-lhe um puxão de cabelos; envergo-nhada com aquele inusitado procedimento sua família se retirou, mas ela ficou e foi convidada a se retirar pelo diretor da agremiação, foi um mur-múrio de desaprovação geral quando ela se foi.

Até ai se descontou tudo em cima do coitado do amor que estava na companhia do ciúme; Dilma não foi para casa, esperou em frente ao clube e quando o baile terminou ela tentou falar com Santi-ago e foi empurrada por ele que seguiu em frente, levando Julinha pela mão, quando os dois entra-ram no modesto Fusca, ela encerrou a noite atiran-do pedras apanhadas na rua sobre o carro e gri-tando: eu te amo, te amo.

Como amor não se compra e nem se vende, Dilma perdeu seu tempo, sua dignidade, seu amor próprio e o pior de tudo, perdeu Santiago também;

Julinha e o amado cunhado se casaram meses depois desses lamentáveis acontecimentos e fo-ram muito felizes, mas a alegre e mal compreendi-da viúva se deu muito mal, seus muitos preten-dentes sumiram e ela ficou só e triste, tudo por amar a pessoa errada e no lugar errado, onde o amor é silencioso e o ciúme é amordaçado

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Deixe o amor enterrado!

Por Raimundo Candido Teixeira Filho

Não ressuscite o amor

que um dia foi vida,

deixe-o lá: enterrado!

Quando se exuma

algo tão forte

que um dia morreu

ele reflorirá

desbotado

numa flor dorida

na magoada

relva cinzenta

do tempo passado!

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Amor sem Limites

Por Flávia Assaife

Fogueira que queima em meu peito Ardente por teus beijos

Pelas labaredas de teus dedos ao toque de meus desejos Pelo calor que envolve nossos corpos sem receios

Suor embebido no mais puro vinho da paixão

Brinda nossos corações em erupção Eleva nossas almas em pura sublimação

Volitamos com anjos em ascensão

Ondas de intenso prazer Vem e vão ao encaixe perfeito da sedução

Neste oceano de sussurros e emoção Que nos faz navegar sem bússola ou direção

Amor intenso e verdadeiro

Não há limites e nem ponteiro As horas seguem sem orientação

Brincando com nuvens de algodão...

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Amor: ontem, hoje e sempre!

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CONDUZINDO COM SABEDORIA A VIDA

Por Gildo P. Olive ira

Vamos tocando, céleres,

Com clareza e vontade forte a vida;

pastoreando, com muita luz,

Os instintos, os apetites e as paixões;

Vitalizando a razão, os fins e os propósitos,

com força poderosa previa ,rejuvenescedora,

Para que da viva interação deles façamos surgir

no solo sagrado do coração etérico humano,

o ritmo da verdadeira vida, o amor !

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A UM (A) FILHO (A)

Por Jacqueline Aisenman

Nasceu de mim, ou diria melhor...brotou. Viu a luz pela primeira vez através dos meus braços e foi depois de cortado o laço que a união se fez maior. Não há como separar a criatura que viveu do ventre daquele ventre que a nutriu. Dos balanços dentro de meu corpo surgiram os balanços nos meus braços então inseguros com tanta responsabilidade. Vi seu primeiro sorriso – alguns dizendo que nem era – que poderiam ser apenas caretas. Mas que importa? Vi também suas primeiras caretas e todos os sorrisos que vieram depois. Chorei junto e juntas caíram nossas primeiras lágrimas, pois imaginar a dor de quem não sa-be dizer o que ou onde dói, é pior do que sentir a própria dor. Sequei aquelas e tantas outras lágrimas... Vi seus primeiros passos, fiz festa, tive medo, quis pegar de volta e esconder dentro de mim

antes que o mundo o pegasse, levasse e não me trouxesse. Ah, estes medos de mãe: do tamanho do mundo enquanto aquele que ali dá seus primeiros tropeços mal tem idade para saber que está no mundo! Ouvi suas primeiras palavras! Balbuciando le-tras, tentando formar palavras, depois peque-nas frases. E o jeito de quem já discursa e sa-be que o mundo apenas espera por sua voz! Sofri as penas de seus primeiros tombos, dos arranhões sobre a pele, os cortes rasos ou profundos, as quedas que me levavam junto e faziam de mim a criatura mais miserável da terra! A cada dor, cada gota de sangue, cada choro, quis eu mudar de lugar, me transformar naquele ser que não podia mais ser uno comi-go. Assisti seu crescimento. Via sua infância pas-sar como se fosse um filme breve, tão rápida passou. Tantas informações: a escola, os ami-gos, as festas de aniversário, as brincadeiras, as perguntas, os sonhos, o tudo que se resu-mia no “quando eu crescer...”. Passou tão de-pressa... Depois veio a adolescência, novamente os ri-sos e os choros, mas já os segredos tomavam conta e o tempo dos amigos ganhou sobre o tempo que tínhamos para nós. Egoísmo de mãe eu bem quis em certos momentos, menos amigos... Mas foram pensamentos de segun-dos, logo depois vinha o desejo de cada vez mais amigos, mais bons amigos! Assisti desta vez numa distância precavida e não desejada, choros para os quais não pude emprestar meu ombro e nem doar meu coração. Mas vi tam-bém sorrisos e gargalhadas que encheram a minha vida de esperança e luz. Vi brilhar nos olhos o esplendor do primeiro amor. Com tris-teza também o vi desaparecer e dar lugar ao sombrio desapontamento. Mas, experiência de mãe, ah! que não pode ser repassada pois conselhos não são sempre bem-vindos, sabia que o tempo daria jeito. E deu. Sempre dá.

Imagem: Nachan

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Hoje vejo adulta a pessoa que chamo de filho (a). Continuo seguindo seus passos, nunca estou mais do que um passo atrás. Em al-guns momentos, estou mesmo um passo adi-ante, esperando já, para abrir os braços e amparar. Vejo seu caminhar, admiro sua for-ça, tenho orgulho de quem é. Distâncias acontecem, aproximações tam-bém. É a vida. De repente me dou conta que já estive aqui exatamente neste lugar e vejo como a vida é perfeita. Em outras épocas, estive aqui e era eu que chamavam filha. Era para mim que queriam dar conselhos. Para mim que estendiam os braços. Hoje sou eu quem olha para trás e sorri ten-tando não chorar ao lembrar o quanto já se foi. Sou eu quem olha para diante e, com o pensamento no presente, tenta guardar toda a força para tudo o que der e vier. Um dia, nasceu de mim este (a) filho (a). A vida assim o quis, fosse eu o seu canal para aqui se expandir, crescer, ser o que é. E nin-guém mais do que eu pode dizer o quanto de felicidade sinto por ter sido escolhida. Filho (a), sabe o que é amor? É você! E sen-do você o amor, tudo o que posso dizer da vida é que, graças a ela eu tenho amor. Filho (a), esteja você onde estiver, sempre, saiba apenas de uma coisa: eu estou do seu lado. Olhe bem: eu estou do seu lado! Nunca longe, nunca perto demais: do seu lado! E como eu também sou filho (a), também sou amor. Por isto, ser que de mim brotou, sejamos es-te amor que a vida é um para o outro. Sem-pre! E onde a vida o (a) levar, estique o braço se precisar de ajuda: minhas mãos estarão lá amparando os seus passos exatamente co-mo quando andava nos seus primeiros anos. Seja a sua vida como seus sonhos um dia quiseram que fosse! Sua mãe

Quase dois mil dias contigo

Por Lenival de Andrade

Meu amor Único, Verdadeiro sem tirar nem por Dias maravilhosos você já me proporcionou Minha vida você apimentou, me deu razão para viver e me emocionou Estou me sentindo um doutor do amor Amar você é bom e gostoso a todo mundo eu digo Me tirou e livrou do perigo e castigo Ter você na minha vida a DEUS eu agradeço Nem sei se mereço mais de coração agradeço Por estar a quase dois mil dias contigo

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Aqui jaz um "turbinho"

Por André Victtor

aqui jaz um turbinho que ainda filhote e chorão tinha pêlo brilhante era lindo e bravinho aqui jaz um turbinho cãozinho serelepe jovem, travesso e sempre doidinho aqui jaz um turbinho que adorava ir pro terreno corria o dia todo pulava dentro da piscina e se molhava todinho aqui jaz um turbinho que viu meus filhos crescerem nossa casa ser construída ele era o nosso bichinho aqui jaz um turbinho que ganhou um companheiro um outro cachorro ligeiro guardiões o dia inteiro aqui jaz um turbinho que nunca teve luxo mas tinha sua bela casinha e o seu querido paninho aqui jaz um turbinho que com o tempo envelheceu agora muito velhinho ficou doente e faleceu aqui jaz um turbinho que junto dele levou um pedaço de todos nós e um outro dele deixou ______________________________________

* Homenagem ao nosso cachorrinho que partiu em 04/07/12.

* Beethoven (1999*2012)

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Varal do Brasil—julho de 2012

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Minha vida

Por Isabel C S Vargas

Luz para meus olhos

Fonte de inspiração,

Meu porto seguro,

Âncora nos vendavais

Meu amor, meu tesouro

Tudo de melhor que me aconteceu.

Tua palavra me conforta

Teus braços me aquecem,

Teu olhar é farol luminoso

Que me aponta caminhos

Tuas mãos, instrumento

De transmissão das energias

Sem a qual viver se torna difícil.

Preciso de ti

Para não ser um grão de areia na tempestade

A última gota desperdiçada

Uma lâmpada sem luz

Um cristal despedaçado.

Preciso de tua luz

Porque sem ela não vejo caminho.

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Varal do Brasil—julho de 2012

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O moreno da aquarela

Por Vanessa Clasen

A artista pinga gotas de óleo sobre a tela e retrata você com suaves pinceladas,

Suas formas vigorosamente tomam conta das folhas outrora brancas e opacas,

Moreno sim, singelo nem um pouco,

de linhas fortes e voz de traço rouco,

Elegantemente trajado qual rei,

tal qual este bambino nunca avistei,

Olhos cor de imbuia, pele tal qual a seiva, alva e macia,

Âmbar e cardamomo se fundem a sensualidade latente do gengibre e a força do cedro,

E um forte vento oriental quente sopra da sua pele envolvendo meus sentidos... Sem aviso me quebro!

Desmancha minha inquietação, dissipa minhas duvidas e descortina meus olhos,

Pinceladas de carmim e pétalas sedosas compõe seus robustos lábios,

E num último toque eu te trago a mim, ganhas vida, sais do papel e corres em frente aos meus olhos surpresos,

Meu forte desejo te criou e te tornou real, palpável, doce e estimulante, seguro e forte,

Lindo e perspicaz, maduro e sagaz, sereno e impulsivo, lânguido e caprichoso,

O oceano não te segura, ele não é páreo para nossa sede, e te traz para mim, leve, flutuante, mas não oscilante; fervente nem tampouco latejante, amável e respeitoso, presente e provocan-

te.

Abro meus olhos e você está de volta à tela branca opaca. Se um sonho se fez, por que teu per-fume está grudado a minha tez e teu sorriso teima em não sair do meu olhar com candura e ro-bustez?

Obra do pintor Custave Caillebot-te "Homem Jovem à Janela", de 1876

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Tua ausência em mim

Por Josselene Marques

Tal qual uma onda, Tua imagem vem e volta

Toda vez que escuto aquela melodia... A voz da consciência grita teu nome

E faz coro com o coração, Que pulsa acelerado diante dessa miragem.

Nessas horas, percebo Que meus sonhos ainda estão verdes...

Quando a melodia acaba, Sinto o beijo do teu silêncio.

A lembrança de tuas promessas Povoa-me a mente.

Entre suspiros, respiro o ar da noite... Chego a uma conclusão:

Não estou só... A tua ausência está em mim.

By the shore (Pela orla) by M&I Garmash – 20" x 24" on canvas).

Page 22: Varal do amor

Varal do Brasil—julho de 2012

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Voando pelos aeroportos do mundo

Por Valdeck Almeida de Jesus

Não importa quão longe você vá. Onde quer que resolva parar e viver, as necessi-dades básicas precisam ser satisfeitas.

No aeroporto de Lisboa, ou em qualquer outro, além de comer, descansar, usar sanitários ou internet para se comunicar, algo mais se impõe: o encontro.

Seja um caixa pra trocar dinheiro, uma tomada para recarregar a bateria do celu-lar, ou um canto para sentar e observar ao redor. Outro encontro, este mais valio-so e insubstituível é o olhar avistar e reconhecer alguém que estamos esperando.

O café “Slice of Variety”, em frente à saída de desembarque de passageiros, pro-porciona a quem ali se alimenta por necessidade física ou para ocupar um lugar privilegiado, ampla visão de quem chega de vários lugares do mundo.

Os olhos percorrem curiosos, vigilantes e ansiosos, cada movimento de pessoas, em busca de reconhecer o ente querido ou simplesmente o cliente, o patrão, quem chega. Não importa se negros, mestiços, asiáticos, sul-americanos ou noruegue-ses. O ponto é de encontro, de identificação, de conexão.

Apesar de aeroporto ser um lugar de dispersão, de partida, é, também, lugar de chegada e de passagem, lugar de ninguém, território neutro, lugar nenhum, só se concretiza no encontro, na conexão entre seres afins e que se situam, no momen-to do encontro, em um mundo possível e concreto!

Lisboa, 21 de abril de 2012

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O FILHO DO BOTO COR-DE-ROSA Por Alexandra Magalhães Zeiner “O Filho do Boto Cor-de-Rosa”© Livro bilingüe infanto-juvenil publicado pela Educa Brazil nos Estados Unidos no Ano Internacional das Flo-restas. Autora & Ilustradora: Alexandra Magalhães Zeiner & Judit Fortelny Segue a narrativa de Pedro sobre o amor a primeira vista entre sua mãe e o boto cor-de-rosa Por alguns minutos, todos ficaram a contem-plar as águas do rio. Que fascinação ver aque-la água correr, ouvir a orquestra de pássaros e respirar o doce perfume vindo da mata. A voz de Pedro também soava como música, uma estória sobre a magia da floresta iria come-çar... -“Eles se encontraram pela primeira vez em uma festa. A primeira vez que meu pai, o boto cor-de-rosa viu minha mãe, ele se apaixonou. Todos queriam saber quem era aquele rapaz bonito e atraente, todo vestido de branco, usando um elegante chapéu. Ninguém sabia quem era ele, mas todos admiraram a graça com que ele dançava. Ele só tinha olhos para a moça mais atraente da festa, minha mãe. Ela parecia uma rosa d´água, uma vitória-régia. Ninguém pôde proibir os dois se encontrarem todas as noite na beira do rio. Ela já tinha deci-dido ir morar com ele na cidade mágica, o En-

cantado, quando descobriu que estava espe-rando uma criança. Os dois decidiram que quando eu nascesse eu moraria com meus avós. Algumas pessoas até viram meu pai de-pois do meu nascimento, ele costumava nos visitar...Minha mãe ficou comigo até quando pôde. Ela não era feliz vivendo longe do meu pai. Um dia, ela disse aos meus avós que iria viver com meu pai no Encantado e que eu fica-ria e moraria com eles. Tenho saudades dos meus pais, mas aprendi tudo que sei com meus avós e meus amigos da vila. Alguns bo-tos também se tornaram meus amigos e até nadam comigo, eles são parte da minha família e da minha vida. Todos sabem que sou filho do boto cor-de-rosa, sou parte do rio e da floresta, sou como eles. Eu faria tudo para proteger o rio e a floresta porque aqui nós todos somos um só.”

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Encontro Inesperado

Por Ana Rosenrot

Mesmo com o ar condicionado deixando o ambiente quase gelado, eu sentia um calor insuportável, uma constrangedora gota de suor insistia em deslizar por minhas costas, tudo o que eu queria era estar bem longe, em casa, sentada no sofá com um livro nas mãos, talvez vendo televisão ou mesmo sem fazer nada, somente aproveitando a tranquilidade e a se-gurança que só sentimos no aconchego de nossa casa...Casa...Que casa...Acabei de sa-ber que teremos que vendê-la, devido à parti-lha dos bens, em nosso acordo “amigável” de divórcio. Como sempre, Célio, agora meu ex-marido, fizera tudo da forma mais organizada possível: chamou-me, após o jantar - formal e requintado −, para dar a notícia de sua decisão, com os do-cumentos e o acordo prontos, até a audiência no fórum já estava mar-cada; fico a imaginar por quanto tempo ele viveu ao meu lado, men-tindo, fingindo que estava tudo bem, enquanto elaborava, nos mí-nimos detalhes, o golpe final em nosso casamento de dezenove anos. Agora, aqui estou, no segun-do andar do fórum da cidade – onde nem em sonhos imaginei que um dia estaria−, esperando pela audiência que definirá legal-mente o que me pertence ou não, como se ca-da objeto, com suas lembranças e familiarida-des, não passassem de valores num acerto de contas de negócios; acho que meu casamento se resumiu exatamente nisso: um simples ne-gócio. Mas, mesmo não sendo perdidamente apaixonada por meu ex- marido − coisa estra-nha e difícil de acostumar−, sinto-me derrota-da, perdida, sem saber o que fazer, completa-mente aparvalhada... Para tentar esfriar um pouco a cabeça, desço ao primeiro andar do prédio, onde está sendo exibida uma exposição de arte, descen-do as escadas, vejo pinturas a óleo maravilho-sas; quem sabe com isso consigo esquecer o que me aguarda... Ando pelo salão iluminado,

observo cada detalhe das pinturas, as cores, a beleza dos traços, lindo e estranhamente fami-liar; tento ler quem assina os quadros, não consigo reconhecer o nome e pergunto a um rapaz ao meu lado se ele conhece o artista, sorrindo, ele indica uma mesa, do outro lado do salão, onde o pintor está sentado, começo a atravessar o salão lotado para poder cumpri-mentá-lo e ao me aproximar um pouco mais, consigo ver seu rosto de perfil e imediatamente paro, quase perco os sentidos; não pode ser Luis Claudio, meu grande amor da juventude, seria muita ironia, depois de vinte anos... en-contrá-lo justamente hoje... É tudo tão irreal, como se eu estivesse vendo um fantasma do meu passado, ali, há poucos metros de distância... Luis Clau-dio...com uma aparência jovem, elegante, bem sucedido− incrivelmente diferente do rapaz po-bre que conheci na adolescência, a cabeça

cheia de sonhos e a carteira vazia−; vejo que conseguiu realizar seus sonhos artísti-cos, ficou famoso, tornou-se profissional. Sua presença me faz mergulhar nas lembranças, nossos encontros proibidos, quando eu te esperava, ansi-osa, atrás do muro da escola, com medo de que alguém nos visse; nosso amor era tão pu-

ro, éramos jovens e inocentes, para nós, tudo era tão simples, sonhávamos com um futuro cheio de amor, beleza e arte; ele queria ser um pintor famoso e eu uma can-tora de sucesso; sonhos que minha família achava impossíveis, apenas tolices de um ra-paz miserável, que estava tentando dar o gol-pe do baú, numa moça rica e boba como eu, que poderia ter uma carreira promissora, uma vida brilhante. Meus pais nos perseguiam, tornando o namoro cada dia mais difícil, ameaçaram matá-lo se eu insistisse em continuar o romance, então, para salvá-lo, decidi acabar com tudo, aceitando as imposições familiares, me formei no que queriam e pior, me casei− como meus pais desejavam−, com um rapaz “adequado”; que hoje vai divorciar-se de mim, sem maiores explicações.

... uma cons-

trangedora go-

ta de suor in-

sistia em desli-

zar por minhas

costas...

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Descobri da pior forma, que o casamento sem amor é uma prisão sem muros, enquanto Célio galgava posições nas empresas de meu pai e colecionava namoradas, eu me tornei uma pessoa fria, uma dona de casa frustrada; a tris-teza fez com que eu nunca mais conseguisse cantar; fui ficando murcha, seca; observando as rugas destruírem meu rosto e minha alma morrer um pouco a cada minuto. E hoje, o destino resolveu torturar-me ainda mais, colocando meu único amor nova-mente em meu caminho; preciso sair daqui an-tes que Luis Claudio veja a mulher horrível que me tornei, não suportaria receber, depois de tantos anos; de alguém que nunca pude es-quecer, um olhar de pena, ou repulsa; sei que se isso acontecesse, eu morreria aqui mesmo, no meio do salão− causando um enorme es-cândalo−, o que uma mulher da minha “posição”, não poderia se dar ao luxo. Tento desviar das pessoas e encontrar a saída, fugir, correr, desaparecer, mas o local está muito cheio e sou obrigada a andar deva-gar, quando finalmente chego às escadas, sin-to um toque gentil em meu ombro, paro, sa-bendo exatamente quem está atrás de mim, giro o corpo lentamente, não há como escapar; ele sorri, ficamos assim, parados, olhos nos olhos, vinte anos de amor perdido girando em nossas mentes; todo meu temor desaparece diante de seu olhar doce, nostálgico, não me sinto mais feia, nem miserável, sou novamente a menina cheia de sonhos; estamos mudos, pois, não haveria palavras para descrever o que sentimos, nossos corpos estão tão próxi-mos, sinto a iminência de um beijo, me entrego aos sentimentos, seguro suas mãos e me aproximo mais, pronta para destruir as barrei-ras; mas o encanto é quebrado pelo som dos autofalantes chamando-me para a audiência; lhe solto as mãos e vou subindo as escadas com lágrimas nos olhos, antes de chegar ao último degrau, ouço-lhe a voz ecoando no sa-lão: −Maria Helena, saiba que eu não te es-queci e que você está mais linda do que nun-ca! Não respondo, subo correndo em dire-ção à sala de audiências, mas, algo de repente mudou dentro de mim, a tristeza e a sensação de desamparo que eu sentia desapareceram,

suas palavras, as únicas depois de tantos anos, foram tão poderosas que livraram minha alma do desespero, sinto-me confiante e com coragem para iniciar uma nova vida, enfrentar o divórcio e voltar a viver, talvez a amar nova-mente, ou reatar uma antiga paixão. Somente o tempo, meu amigo e carrasco é que poderá dizer.

Amor à Amizade

Por Maria Moreira

Amigos adorados, agradeço! A alegria alcançada atualmente

Adornos de almas e apreço De amores altaneiros o presente

Abençoados antes da aurora! Ah! São aves alçadas em voo

Atentas aladas se alvora Amante das artes em revoo

Ao nascer do dia é planta A noite brilha o perfume

Antes do amanhecer encanta, A aurora de amores e lumes.

Amores que vem e se vão Na aurora de dias vividos Mas amor a amizade não

Estes perpetuam com vida!

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ONDE?

Por chajafreidafinkelsztain Preciso de uma linda flor vermelha

Para enviar a quem mais quero Que seja bela , perfeita e muito perfumada e... que Transmita todo o meu sentimento... Onde ... poderia encontrá-la? Preciso de um belo vestido, sensual e arrojado Quero sapatos e bolsa adequados, brincos e um Colar combinando... preciso estar muito bela para Quando encontrá-lo... Preciso olhar a folhinha e escolher dia e hora Do nosso encontro... e a partir disso ficarei planejando... Planejarei dia e noite... enquanto a insônia Não for vencida! Quero sonhos belos com flores, correndo com cenas Lindas... quero personagens ... mais belos ainda... Preciso esquecer das dores que apertam e me magoam Ah! se pudesse escolher... Optaria por outro lugar... onde ... Tanta coisa aconteceria! Os sinos repicariam sons seguidos Anunciando o encontro... os ares soprariam uma brisa tão Leve ! tão leve! l- e- v -í- s- s- i- m- a... Cada qual saindo de um ponto , se encontrariam nesse Local onde as flores emprestariam a paisagem o colorido Diversificado e marcante, e o sol seria a testemunha. A partir daqui... o destino tomaria as rédeas... e a ninguém Mais importaria a vida deles! No canto ancorado, o amor desabrocharia, sem medos e Sem culpas... No tempo marcado tudo aconteceria, Só não sei onde ?

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Hino de Amor

Por Sonia Nogueira

Quando a noite no silêncio ronda Levando a canção aos namorados

Eu sinto meu pulsar em sons alados Buscando amor, encanto ao teu lado.

É música afinada em sintonia

Trocando na distância as vontades O mesmo acorde vem em liberdades

Inebriando o mote em agonia.

As notas dançam, riem debruçadas, Vibrando cada tom em meu sonhar

Querendo teu sonhar no meu pensar Nas cordas do violão extasiadas.

E nesta emoção as notas vibram Quase desmaiada eu seu acorde Envolta da emoção quase recorde Duas notas dão-se e se cativam.

Hino de encanto que me desnuda Em cada emoção pranto contido No mudo coração, jardim banido, Vai nesta poética a canção muda.

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AMANDO

Por Cléo Reis

Amar é conjugar o mesmo verso ,

viver o mesmo sonho

Compartilhar mistérios ,

dividir dúvidas e passar o tempo

na mesma espera

É querer o mesmo amanhã

Desejar o impossível, mas estar

juntos na realidade cósmica

Viver o êxtase no olhar

Ir até onde é permitido

e ficar feliz com pouco

Amar é ter o mesmo objetivo:

encher o mundo de amor.

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A Carta

Por Douglas Silva

Um dia escrevi uma carta de amor tão simples, pois por mais que eu tentasse gritar as palavras

pronunciadas jamais conseguiria transmitir todo o meu sentimento.

Foi um momento mágico escrever cada palavra que se uniram as minhas lágrimas que rolavam

pelo meu rosto, quando debruçado sobre minha alma procurava eu unir as humildes palavras ao

meu sentimento, na tentativa de simbolizar todo o significado do que eu sentia por você.

Após todo aquele momento de entusiasmo, na qual me perdi completamente, sem saber a real

explicação de tamanha emoção em compor tão singelos versos, eu que não sou dono de nada

me dei conta da magnitude do meu silêncio que junto às lágrimas fizeram com que as palavras

que um dia jamais entreguei ficassem eternamente gravadas em meu coração.

Foi ai que de um jeito muito especial passei a acreditar que o amor pode ser verdade. Por isso,

não sei bem o quanto as palavras significam, mas o importante é que nesse exato momento

seus olhos me olham sem aquela indiferença, que talvez nunca existisse, pois ser alguém espe-

cial é acreditar que a perfeição só existe quando um amor tão grande, oculto dentro da gente po-

de conseguir ir mais além que a intensidade simbolizada pelas palavras que insistem quase

sempre sem sucesso descrever o que é o amor. E que só foi percebida quando os olhos pude-

ram ultrapassar o que estava descrito no papel. Transformando a simplicidade da fala transmiti-

da pela a força do coração em um momento que ultrapassou a realidade de um sonho, sonho de

amar e ser amado.

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Outra história de amor: Sibila

(um amor canino)

Por Guacira Maciel

Ao escrever histórias de amor venho

sendo perseguida pela certeza de que esta

também é uma delas. Um amor novo, mas

nem por isso de menor valor, muito pelo con-

trário, ele me tem servido como forte referenci-

al para as análises que hoje faço sobre esse

sentimento que dizem ser privilégio dos seres

humanos. Será?

Sibila é uma cadelinha insuportável, de

seis meses de idade; uma linda vira-lata que

virou princesa, mas por não ter uma ascendên-

cia registrável sofre preconceitos por parte de

seres humanos, os únicos que se dizem capa-

zes de amar. Minha filha e eu vimos morar nu-

ma casa e assim ela pode realizar o sonho de

ter um cachorro. Nós ganhamos Sibila de uma

veterinária que lhe buscava uma família, por-

que a tinha encontrado na rua e não podia

adotar mais um filho.

Nos foi entregue desidratada, magrinha,

doente e infestada de pulgas. Logo percebi ne-

la a fragilidade própria dos que não creem; dos

que aceitam o abandono como destino, e a

consequente solidão. Diante desse quadro,

precisamos interná-la numa clínica, e quando

retornou a nós, iniciamos uma verdadeira ma-

ratona com uso de medicamentos e alimenta-

ção adequada para que se recuperasse.

Essa cachorrinha nos causava momen-

tos hilariantes quando era chegada a hora de

tomar os antibióticos, administrados por via

oral com seringas, pelo estado de euforia em

que ficava, só ao lhes sentir o cheiro; adorava

esses momentos e saía me lambendo as

mãos para aproveitar os menores vestígios do

remédio.

Pois, como nosso objeto de análise é o amor,

esse sentimento tão controverso e maltratado,

posso afirmar jamais ter observado um amor

tão sem reservas, tão puro, tão espontâneo,

sem máscaras e incondicional, o que me levou

a pensar que os nossos próprios filhos, não

nos dão para sempre e com tanta intensidade,

essa sensação, essa segurança, por precisa-

rem um dia alçar seus próprios voos, o que

acho normal nessas circunstâncias.

Ao voltar para casa à noite, após um cansativo

dia de trabalho, às vezes desesperançosa e

com receio de estar só, sou recebida por ela,

logo que abro o portão de casa, com uma ma-

nifestação de felicidade, de saudade acumula-

da, que chega a me parecer um desvario, um

acesso de loucura...

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Então, começa a correr de um lado para ou-

tro, desenfreada, sem cuidado e sem medo

de se machucar, dando a impressão de es-

tar chorando de felicidade com a minha pre-

sença. Quando saio do carro, pula sobre

mim, me arranha, me puxa a roupa numa

demonstração de extravasamento, de entre-

ga sem limites e sem cobrança pelo fato de

tê-la abandonado por todo o dia; aí, se deita

aos meus pés pedindo um carinho e isso a

faz feliz...e isso basta...

Outro dia, ao falar sobre esse assun-

to com um amigo, me veio a resposta de

que essa demonstração eufórica não seria

amor, porque os animais são irracionais; e

se não pensam, não amam; seria apenas

instinto. Mas que definição, que conceito te-

mos de amor? o que seria amar? o que nós,

seres humanos, sabemos sobre isso? por

que, pretensiosamente, nos achamos os

únicos seres capazes abrigar esse senti-

mento? Nós, que somos considerados ani-

mais superiores, somos capazes de ferir em

nome dele, em nome do amor, oferecendo

uma incontestável prova de irracionalidade!

Não creio que o amor espontâneo e

puro que vejo em Sibila possa estar aprisio-

nado na racionalidade. E se os cães são ca-

pazes de amar, das duas uma: ou eles não

são irracionais ou os homens, que ferem in-

vocando o seu nome é que o são...

Ah, o amor!!!

Por Ju Petek

Ah o amor!!!

esse que envolve a todos nós,

que nos abriga e nos embriaga

que nos tece

e desce rumo e fundo ao coração. ah! a alma nossa de cada dia

que clama o pão do sustento,

que reza a prece do porvir do amor. ah! cada traço, cada linha,

todo esse belíssimo em dizer ..

amo amar

minha alma eleva-se ao amar,

meus traços escrevem o amar ...

meus braços abrem-se ao amar

doce amar de todo esse encanto

em simplesmente

naturalmente

singelamente

ternamente

... amar ....

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CANÇÃO DE AMOR...

Por Luiz Carlos Amorim

Não quero falar do inverno, de solidão, de saudade. Quero falar de aconchego, de carinho, de ternura. Quero falar de seu sorriso, dos seus olhos castanhos, da sua companhia. Pois eu gosto de acordar com o seu beijo, de dizer-lhe "eu te amo", assim, de maneira simples, descomplicada e sincera. Gosto das coisas simples: de um sorriso de criança, de um rio de águas claras, de flores, cam-pos e praças. E gosto do meu amor. Gosto da sua companhia, na noite quente ou fria, na tarde de chuva ou de sol. Também gosto de poesia, seja com rima ou sem ela. Mas gosto mesmo é dela, meu poema mais bonito... Gosto de natureza, simplicidade, pureza, da flor do jacatirão, de terra, mar e de sol. E gosto mesmo é dela. De segurar sua mão, de sussurrar no seu ouvido, de misturar nossos eus. Gosto do sol na pele, mas gosto mais da luz dos seus olhos castanhos a aquecer minha alma. Gosto de sonhar, viajar, a bordo do seu sorriso. Ele me embala, me enleva; me leva de encontro ao seu coração. Se embarco numa saudade, numa lágrima, numa dor, que falta eu sinto dela: me perco pelo caminho, à procura da passagem, que é a janela do sorriso, o sorriso da chega-da. Aqueles olhos castanhos, brilhantes pedaços de sol, entraram pelos meus e nunca mais saí-ram... Aqueles olhos castanhos - meigos, brejeiros, malandros, sinceros - são as luzinhas ace-sas na janela do seu rosto, convite irresistível que me atrai para o aconchego carinhoso do seu/nosso coração. E eu me sinto em casa, com todo amor que há lá dentro. Só saio pra ver de no-vo aquelas luzes castanhas convidando-me a entrar. E eu me refaço em nós. Sou eu, completo, por inteiro, sou nós, sou ser. Ela é parte de mim, in-divisível, é coração que pulsa no meu peito, é luz a brilhar no meu olhar, é música a tocar nossa canção, é ternura de mãos entrelaçadas, é carinho ao tocar de peles.

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Hernandes Leão Nós... não somos Seres beligerantes... Rivais, de um mundo, mergulhado no caos E muito menos, Almas perdidas... e ignorantes Somos, sim, responsáveis pelos nossos atos... Mas, ainda existe uma "luz no final do túnel"... uma esperança! Ora! Somos a derradeira oportunidade de Gaia Basta que deixemos a benção Divina impregnar-nos, dia a dia... E quando percebermos, estaremos por completo, em sintonia com a bem-aventurança! É necessário uma íntima reflexão E com a razão compungida, caminhar... e nunca esmorecer! Com as emoções aspergidas, pela latente essência da Criação E abandonar os corrosivos vícios, obliterando paulatinamente o nosso Ser... Somos, Seres errantes... que estão destinados à evolução! Somos chispas, da Grande e Onisciente Eterna Luz! Somos pontes de energia, que ao Todo, conduz... Somos, peregrinos em busca da perfeição... ...Enfermos, sedentos pela benção do manancial da vida! Cuja expiação, segue o constante curso dos patamares Almejamos a regeneração dos sentimentos coletivos e singulares Em prol, do amadurecimento cintilante, dos nossos passos nessa jornada! Afim, de vislumbrar um mundo portentosamente melhor Onde, as pessoas são equânimes e serenas, pela conduta Vivendo na mais benéfica reciprocidade

absoluta Calcada, na contrição dos atos de outrora... resultando no verdadeiro Amor! Cuja proficiência exaltada, será a plena harmonia! E não mais, um tabu utópico, ante as nações... A humanidade sentirá orgulho de seu progresso moral... sim, haverá esse dia! Que o pássaro da pacificidade dos povos, coroará todos os vossos corações! E ainda nesse dia, a população consagrada, erguerá as mãos numa mutra de paz! Em louvor à Grande Providência... e, vivenciará o sublime Paraíso - tão almejado! Malgrado; essa data demasiadamente especial, será o começo de um novo tempo consagrado Onde, o arco-íris verificar-se-á como uma ponte sublimada e celeste... aquele que for pertinaz... O Mundo, o nosso planeta... tem sentimentos... tem clamor! E nesse momento, ele pede pelo mais distinto Amor... ...O Amor da infinita bondade, igualdade e comum felicidade! Ora! Necessita, da salutar e já ensinada, Crística Fraternidade!...

FRATERNIDADE

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Deságio do flerte... Um pequeno lembrete! Por José Carlos Paiva Bruno Harmonia da via, vida terapia sorria... Espia magia pista, despista, conquista. Pique esconde das almas, explique... Um, dois, três é o pique, piquenique! Verdade que resiste; toalha voar que existe... Imaginação do paraíso, anjos quase com juízo, Brincadeiras de amor em quase louvor, Encontros sem pudor, talvez quase amor... Interrogo minha prece, ópera de luz... Certeza de corpos e mentes, limites latentes, Infinita alma, sem as travas da calma, alva, Alvo do gozo, delírio dum ponto, infinito pesponto... Encontro, ligação do riso e do pranto... Misterioso recanto... Conjunção do céu e da vontade! Encanto onde as metades transformam-se no todo... Confusão profusão do criador e criatura... Denodo? Sei que são momentos de verdadeira embriaguez... Alcance de tocar o astral... Melodia animal... Crepúsculo da semelhança... Kabuki poente lembrança... Truque muito rápido... Intrépido tornassol ácido! Então entorna seus entornos... Quentes e mornos... Gueixa que seduz... Atmosfera da era guardando a Terra! Combinações e lembranças fugidias daquela trança... Todo o sempre naquele momento... Idas e vindas ao pó... Porque o que contém, conduz... Dimensão além, almadraque da luz... Almanaque de estarmos vivos, Contidos ventres ativos...

Imagem: Maytê

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AMOR DE MÃE

Por Mariney K Há alguns anos atrás, eu tinha uma casa em Cabo Frio. O paraíso dos meus filhos adolescentes. Recebíamos muitos amigos. Era sagrado passarmos, ali,nossas férias dos meses de janeiro e fevereiro e os grandes feria-dos como Carnaval e Páscoa. Embora eu tivesse em minha sala um quadro entalhado, escrito: "A dona da casa TAMBÉM está em férias", em muitas ocasiões eu ia dormir no hotel, tal a lotação da casa que não me permitia nem entrar e ir para o meu quarto. Num destes feriados, o de Carnaval, recebemos um casal amigo e seus filhos. Eram dois adolescentes e um menino, ainda pequeno, o temporão. Eu, também, tinha o meu temporão: o meu filho mais novo, na época com 6 anos. O filho deles tinha 7. Eu me preparava para ir ao clube, da cidade, para pular o carnaval. Meu filho, sentado numa cadeirinha de praia (daquelas tipo "espreguiçadeira") via televisão. O filho dos meus amigos chegou por trás da cadeira e a puxou pra cima. A cadeira destravou e fechou. No ímpeto de não cair, meu filho apoiou a mão na cadeira que fechava e o pior aconteceu. A cadeira, ao fechar, arrancou a unha do seu dedo polegar. Foi um corre-corre danado. Por fim, recoloquei no lugar o "toco" de unha e prendi com espara-drapo. Dei algumas gotas de analgésico e ele foi dormir. Eu fui ao baile. No meio da noite, o meu polegar começou a latejar. E continuou, tão insuportavelmente, que decidi voltar pra casa. No dia seguinte, sem ter conseguido pregar o olho, com tanta dor, o meu dedo inchou e ficou preto. Mais alguns dias e minha unha caiu. Nem preciso dizer que meu filho jamais chorou de dor pelo machucado sofrido. Aproveitou as férias, como sempre, intensamente. Acho que amor de mãe é pra isso...rsrs. Nossos filhos não podem sofrer.

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SAUDADE DO MEU PAI Por Mário Rezende Senta aqui meu pai, pertinho de mim. Põe o pé no banco, ou senta aí na cadeira de balanço. Tenho uma coisa pra conversar, falar da minha infância que vai longe, das brincadeiras que a gente fazia; meu coração saltitando de alegria por ser seu filho, meu pai. Galgava o corpo do meu herói e sobre os seus ombros, confiante, a melhor fruta eu alcançava. Como era bom dormir nas suas costas, embalado pelo sobe e desce do respiramento do meu paizão ou, na fresca da tarde, no balanço da rede esticada no pomar. Bons tempos que não voltam não é meu pai? Aonde você ia, na certa eu estava atrás. Que segurança você me dava, quando em sua mão me apoiava e com toda a ternura me abraçava. Senta aqui meu pai, agora eu sei o que você sentia. Eu quero te envolver num longo e bem apertado abraço. Encosta a cabeça no meu peito, na sua face eu quero dar um beijo. O mais simples gesto de agradecimento deste homem que por você foi feito.

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MÃE TERRA

Por Norália de Mello Castro

Amores buscados,

Suportes catados, abismos caídos.

Por detrás dos carros ou através das janelas,

ou mesmo em passos firmes, a longitude de tudo:

são tiriricas no descampado, desordeiros do caminho,

terra solta ou socada, sem manchas de asfal-to – o artificial –

contornados pelo verde de árvores e matas, cintilados de azul.

Refazem aos olhos o sentido desse existir.

Numa tarde, a resposta foi encontrada:

As argilas falaram entranhadas lá no fundo:

- Tu és barro, tu és terra

Tu és dessa Mãe Terra que te moldou

e te pôs a descobrir púrpuras raízes sopradas de teu âmago.

E a Mãe Terra se mostrou:

fez ventanias, fez tormentas e também

noites serenas com estrelas a entrelaçar dos ventos

– ares amenos e brabos,

a emitir torrões de paladares

dos mais apetitosos aos mais sofisticados alimentos.

Mãe Terra sorriu,

acolheu e acalantou sua cria desgarrada.

Postada então em reverência,

sentiu o mais alto dos animais

a correr pelos prados, montanhas, rios e florestas:

num sopro interligado às folhas, flores e frutos,

a dinossauros, leopardos e onças;

a bem-te-vis, beija-flores e corujas;

a peixes, baleias e pirarucus;

todas as piracemas da vida, sua missão:

ser mulher junto a outras mulheres.

Ser homem junto a outros homens.

Ser animal junto a outros animais.

Todos e tudo: a correr pelas pedras,

a cantar pelos ventos.

a se pôr ereto quantas vezes necessário,

principalmente a dançar todas as músicas que possa ouvir.

Sempre com as mãos cheias de terra. Sempre.

De coração aberto a quem perto estivesse. Sempre.

A mão estendida num afago e beijos estalados,

quer seja gente feito a gente,

quer seja a orquídea, até mesmo a espinhadeira,

quer seja animal, feito o rinoceronte.

Sou argila maravilhosamente

trabalhada, detalhada, esculpida

por esta Mãe Terra portentosa,

que vibra ao som mais alto deste Desconhe-cido..

Mãe Terra vibra, respira acolhe e enternece

a cada estalo de um gesto de filho seu.

Não há pedra ou penhasco,

não há mistério

que impeça tamanho despertar:

Amor

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Outras vidas Por Renata Iacovino

Amor meu, sempre penso: em outra vida

(mui antes desta aqui, pois, existir),

comungavam destinos que hão de vir.

Por quê? Pra quê, se nas crenças caídas

as máculas se tornam o porvir?

Se não te mantivesses escondida,

se o passado foi sem a despedida,

é porque algo faltou a construir.

Por isso nesta vida te encontrei,

pra resgatar algum elo que havia

e, ah! Como saber?... Nunca eu saberei...

Mas pressinto que aquilo que nos guia

será cumprido tal qual uma lei

e isto independe, até, no que se fia.

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Planeta Terra

Por Yara Darin

Nossa Terra , tão amada... Com o seu calor nos envolve, Com o seu amor, nos acolhe,

Nos dá imensa fartura, A beleza do mar,

As ondas que se agitam, Na claridade do luar.

A suavidade dos campos, A singeleza dos pássaros,

A abundância dos alimentos, A imponência das montanhas. Planeta amado, te agradeço

Neste tão nobre gesto, De me trazeres aqui à morar, À viver nesta intensa energia

tão abrangente... Neste sol que me aquece,

As estrelas dos meus sonhos, O luar dos meus encantos,

Que em noites claras me banho. Pelas águas que me saciam,

As chuvas que lavam a m"alma, Pelos amores que me amaram,

Pelos filhos que me fizeram, A mulher mais feliz deste planeta.

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AMOR NÃO HÁ

Por Roberto Armorizzi

Como o amor é perdível,

desmancha-se no mero esperar,

acaba-se ao ver-se invencível,

ou perde-se no começar.

Como o amor é volátil,

dispersa-se ao se firmar,

esfuma-se ao se ver tátil,

deságua-se em seu chorar.

Como o amor é sofrível,

termina-se quando é louvável,

esboroa-se quando é crível,

esparsa-se no mero afável.

Como o amor é passível,

espraia-se aqui e acolá,

encontra-se no impossível,

conclui-se que amor não há ...

Mas ele ainda há de chegar.

Imagem: Khimaereus

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NASCEMOS PARA O AMOR

Por Carlos Roberto Pina de Carvalho

Nascemos para o amor

E para o mistério das palavras

Que ouvimos e pronunciamos.

Nascemos para o amor

E para a paz do quarto

Onde está a mulher amada.

Nascemos para o amor

E para o amor renascemos

Todos os dias!

Uma carta necessária

Por Maria Eugênia

Destinatário: O amor

Quem és tu, amor que eu tanto busco?

Estive tentando detê-lo junto ao meu corpo num abraço quente, mas parece que nunca conheci realmente a tua face, parece que ela, ficou de mim escondida.

Talvez, nesse abraço desesperado eu tenha de-sejado possuí-lo mais que compreendê-lo e por isso, porque és filho da liberdade amor, tu me deixaste.

Abandonaste-me, deixando-me sentada no chão da sala. Foste para algum lugar incerto e distante.

Ai amor, não me deixaste só abandonada, me deixaste órfã, sem referência, sem endereço.

E passado tanto tempo, descobri que moras sempre na felicidade. Eu, por não estar contigo, fui despejada. E num ato vil de vingança colo-quei em teu lugar várias paixões. Fui tola ao pensar que um número sem fim de paixões su-plantaria o verdadeiro amor.

E perambulei como que bêbada, caindo de abraço em abraço, voltando para casa só, olhando-me no espelho e vendo-me como que vazia. Sem me conhecer, dia após dia tornei-me outra, até reconhecer que não posso possuí-lo, somente cultivá-lo em mim.

Assim, eu me curvo amor, diante do teu poder e te peço, uma vez que tens esse poder infinito: "Traga para perto do meu coração o Meu Queri-do"!

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MINHA MÁXIMA CULPA, MEU AMOR MÁXIMO Por Ivane Laurete Perotti Zelinha era uma daquelas mulheres que sabe sorrir com a alma. Bom, melhor dizer o que ela mesma diz: _ Eu sabia sorrir! Sabia! Segundo as falas de Zelinha, sua alma trans-bordara em sorrisos, alegria, boas amizades e todo o restante das manifestações que fazem a vida valer a pena ser vivida. Zelinha sabia viver, até o dia em que decidiu desposar Aure-liano. Existe um axioma popular que determina o iní-cio dessa história ainda real: _ Água e vinho não se misturam, minha filha. Não se misturam! _ Ora, minha mãe! Não é água e vinho. É água e óleo! _ Que seja! Estou dizendo que muitas mistu-ras não dão certo. _ Mas ele é tão bonzinho... _ Bonzinho não é a palavra certa. _ Mas... é honesto. _ Sim! É! _ Então, mamãe! Se ele é a água e eu o vi-nho... _ O óleo! _ Não! Prefiro o vinho... _ Hum!!! _ Talvez a mistura faça bem para nós dois. _ Desde quando você gosta de água tingida? _ Você está sendo severa, mãe! _ Melhor você pensar... agora ainda dá tempo de desistir. _ Eu gosto dele! _ ... _ Às vezes ele me lembra o papai. _ Nunca! Seu pai gostava de vinho puro e... _ E, o que? _ Seu pai era um homem vivo! _ Mamãe!? _ E sabia abrir a boca para conversar. _ ... Esse era um ponto. Zelinha pensava que por trás do silêncio de

Aureliano estava uma grande, absoluta e qua-se intocável timidez. Timidez essa que a ale-gria contagiante expressada em sorrisos, bom gosto musical, inclinação para as danças quentes e movimentadas fariam por cavoucar, extrair, arrancar. _ Você não é tímido! _ ... _ Você é egoísta! _... _ Meu Deus, Aureliano. Você não abre a boca nem mesmo para se defender? _ ... _ Eu respeito o seu jeito, mas nós dois preci-samos conversar. _ ... _ Você é o meu parceiro, eu quero conversar com você! _ ... _ Casei com você para sempre! Nós vamos envelhecer e precisar um do outro... _ Estou me sentindo sozinha! _... _ Está bem que você não goste de nem de vinho, nem de água, nem de óleo, nem de azeite... _ ... _ Eu não sei do que você gosta! _ ... _ Aureliano, olha para mim! _ ... Quarenta e oito anos depois, com um rol de diálogos traduzidos pelo silêncio de Aureliano e as tentativas de Zelinha ela entendeu o in-compreensível: _ Você não sabe se está vivo, Aureliano. _ Au! Au! Au! _ Bonitos vocês dois! Diz para o seu cachorro que eu não quero que ele se meta na conver-sa! _ Au! Au! Au! _ Desisto! De acordo com Zelinha, desistir também era uma forma de aceitar o que não poderia mu-dar. Tentara, e quem a conhecia sabia do es-forço que fizera durante mais de quatro déca-das.

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Esforçara-se para descobrir do que Aureliano gostava. Incentivara-o a participar do que ela gostava. Tentara descobrir com ele novos gos-tos. Buscara amigos que gostavam deles e queriam ajudar na empreitada de devolver a alegria à mulher que soubera sorrir. Buscara ajuda para Aureliano descobrir sozinho. Nada! Ou melhor: tudo estava perfeito da forma que estava, para o Aureliano, claro! Ele vivia da forma que gostava. Vivia bem, se-gundo olhares externos. Não mostrava sinais de qualquer tristeza, de enfado, de desconcer-to, de cansaço... tanto quanto não apresentava qualquer outro sinal. Aureliano vivia. Simples-mente vivia, como que sugando o ar que lhe passava sem pressa e preço pela frente das narinas. E parecia viver ainda melhor desde o dia em que descobrira sua afinidade visceral com os mamíferos da raça canina. _ Eu não quero esse cachorro na nossa cama! _ … _ Não quero! _ Au! Au! Au! _ Ora! Você pare de latir que a conversa ainda não chegou aí. Chegara! A conversa chegara até o universo canino dos vira-latas que Aureliano trouxera de algum lugar. Chegara e fazia efeito sobre as percepções do bicho. _ Pode uma coisa dessas? O seu cachorro me responde e você, depois de todos esses anos continua sem falar nada! _ Au! Au! Au! Era demais para Zelinha. Tudo bem aceitar o marido mudo, quieto e parado já que não havia escolha. Mas deixar um cachorro ocupar o seu lugar na cama, já era demais até para ela, es-colada em paciência e boa vontade! Conversou com o filho que a apoiou incontes-te. Era também difícil para ele conviver com aquele pai silencioso que em nada expressava estar ciente da vida que levava. _ Ele não é doente, mamãe! Simplesmente é o jeito dele! _ Que ele não é doente, eu sei. Mas eu estou

ficando! Sabia disso! Não havia dúvidas sobre a distância que Zeli-nha e Aureliano mantinham vivendo juntos há tanto tempo. Quem os conhecia lamentava a situação que sombreava dia a dia o semblante antes iluminado de Zelinha. Ela deixara de dançar, para não ofender a hon-ra de Aureliano e a sua própria: mulher casada deve ficar com o marido. Sim, ela ficara! Deixara de sorrir, por que fora perdendo o viço que lhe subia da alma. Sorrir sozinha? Para quem e por que motivo? Mulher casada se comporta como mulher casada! Deixara de ir a festas porque Aureliano não a acompanhava. Mulher de família acompanha o marido. Ela acompanhara, na solidão em que sua vida se transformara. O filho, como todo filho, cresceu rápido demais e tomou o próprio rumo. Zelinha só tivera um filho, um único filho para alegrar sua existên-cia. Nem sabia exatamente como e por qual milagre o tivera, pois Aureliano também esque-cia de comparecer em suas obrigações mari-tais. _ A partir de hoje, vou dormir em quarto sepa-rado. _ ... _ Ouviu, Aureliano? _ Au!Au!Au! _ Você, eu sei que ouviu, não é? _ Au!Au!Au! _ Mas é claro! A cama agora é toda sua! _ Au!Au!Au! _ Minha nossa! Estou conversando com um cachorro! Acho que fiquei maluca! _ Au!Au!Au! _ Você não acha nada, Totó! Nada! Para garantir a sua sanidade mental, Zelinha esmerou-se em organizar o novo quarto. Com a ajuda do filho e da nora, pintou as paredes de uma cor viva, alegre, aberta. Comprou uma cama de viúva... _ Mamãe! _ Meu filho, eu sou realista! Realista!

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Com o apoio da nora, instalou um computador, conectou-se a todas as redes sociais disponí-veis, assinou canais pagos de televisão, refor-mou o antigo aparelho de som e... _ Estou virando gente! _ Não exagera, mãe! _ Isso é pouco, meu filho. Muito pouco. Ainda com a ajuda da esposa do filho, apren-deu a acessar as músicas que gostava via in-ternet, a enviar e-mails com anexo em alta ve-locidade e a usar a câmera do computador. _ Mamãe, será que precisa instalar essa câ-mera? _ Por que não? _ E por que sim? _ Deixe sua mãe, meu amor. Ela está se rela-cionando com o mundo. Deixe. _ Ah! Vocês duas... _ Cuidado, meu filho. Um percentual seu é do Aureliano. _ Ô!, mamãe, só estou preocupado com a sua segurança! _ Há quase cinquenta anos estou segura de-mais! Demais! _ Mãe... _ Você sabe que tenho razão! Zelinha tinha razão. A última vez em que arris-cara em alguma situação na vida fora no dia em que, a despeito de todas as falas de sua mãe e conhecidos, aceitara casar com Aurelia-no. Arriscara e descobrira que suas tendências

para a sorte, segundo ela mesma, não se des-tinavam ao universo marital. Sorte no amor? E quem imaginaria ser possível arriscar em um contexto tão... tão... _ Tão improvável! Movediço! _ Mamãe! Eu sou o resultado de seu casa-mento. _ Para ter você eu não precisaria ter casado... _ Mãe!? _ Não se faça de desentendido, meu filho! É isso mesmo! Eu casei sem conhecer o seu pai. _ Está vendo? A responsabilidade também é sua. _ Eu nunca disse que não era. Se eu soubes-se o que sei hoje, teria mandado o seu pai pa-ra a p... _ Mamãe! _ Palavrões fazem bem à saúde. Limpam a garganta e desanuviam a alma. _ Você também deveria dizer alguns vez ou outra. Faz bem! _ Você mesma me ensinou o contrário. _ Erros de percurso, meu filho. Erros de per-curso. Zelinha montou o quarto a seu gosto e prazer completo. Nada faltava na fase da indepen-dente convivência com Aureliano e seu ca-chorro vira-latas. O cachorro, pobre animal, não poderia ser pe-nalizado pelo dono que o representava. Verdade verdadeira, ela não sabia exatamente quem comandava quem, quem representava quem, mas na dúvida, a responsabilidade legal recaía sobre o de duas patas. Dos dois, sua apreciação tendia, em momentos de silêncio e paz, a quedar-se sobre o Totó, ser iracional, indefeso, sem muitas escolhas. Um vira-lata cuja fidelidade ela admirava. Olhar para dentro daquela alma canina a levava a conjecturas sobre as atitudes de Aureliano: teria levado o cachorro para a cama de casal por que dese-java que ela, Zelinha, deixasse o leito? Porque preferia a companhia do cachorro a dela? Não tinha dúvidas sobre a assertiva das duas questões, mas será que Aureliano usara o ca-chorro para economizar o contato verbal? Sim, pois o visual era manifestação inválida na vida dele desde há muito e muito tempo.

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O quarto era um espaço próprio, único, inde-pendente. Sua identidade amarfanhada agora tinha um lugar para resgatar-se. Vivia sozinha a dois fazia tanto tempo que dar-se o luxo de não sofrer mais quase, quase, quase gerou culpa. Gerou, mas tratou de empurrar o senti-mento que surgia em situações específicas para a “ilha” de quadros passados e presentes que amparavam os movimentos de sua liberta-ção. Ilha essa que ainda sofria Maremotos com algumas lembranças e pre-senças de sua condição de “mulher do Aurelia-no”. Em algum lugar da cidade, por todas as ra-zões que explicam uma cidade pequena, uma família grande e pessoas interessadas na vida alheia, havia alguém pronto para perguntar-lhe: _ E o Aureliano, melhorou? _ E ele estava mal? _ Como assim? Você é a mulher dele e não sabe como ele está? _ Saber eu sei, mas não foi isso que você per-guntou. _ Mas, vocês não moram juntos há cinquenta anos? _ Pois é, para você ver. A casa é muito gran-de. _ ... O olhar espanto-julgamento-condenação não falhava. Mudava de rosto, alterava a duração e o comprimento, mas estava lá! Infalível! Falar do marido na rua? Superara essa fase. Aprendera que ao falar de Aureliano vivencia-va novamente a situação que contava, tama-nha a frustração acumulada pelas décadas de desencanto. E ainda, precisava lidar com um outro olhar, o do tipo “eu não disse?”, sem sa-ber qual das duas situações a enfurecia mais. Dessa forma, optara por se fazer de desenten-dida, desinformada, desconhecedora de qual-quer assunto relativo ao marido. _ Sou uma viúva de marido vivo. _ Não seja tão radical, sogra. _ Mas é a pura verdade, Olívia. _ É...

_ É! _ A senhora já tentou, com jeitinho, com muito jeitinho, fazer com que ele... _ Com jeitinho, com jeitão, com carinho, com gritos, com pedidos, com ameaças... _ É difícil. O sogro é um pouquinho distante! _ Um pouquinho? Minha filha, reveja o seu conceito sobre distância! _ É... _ É só isso. Eu já aceitei. Mas não vou dividir o caixão com ele. Ainda mais um caixão cheio de pelos. _ Sogra! Não fale assim. Aqui é sua casa. _ Minha casa está fechada há muito tempo, Olívia. Mas não vou ajudá-lo a me enterrar vi-va também! _ Ai!, sogra! Vamos parar com essa conversa pesada. Zelinha tentava, mas ainda era pega pelas ar-madilhas que ela mesma criava. Falar do Au-reliano era mais comum do que desejava. Decidiu que o marido não entraria em seu es-paço. _ Quero vocês dois longe de minha porta. _ ... _ Au!Au!Au! _ Entenderam? _ ... _... O silêncio de Totó poderia ser uma negação. Não!, ele não entendera; não!, ele não queria entender; não!,ele entendera e não obedeceria e, portanto o problema estaria instalado mais uma vez. _ Eu vou colocar você para fora, Totó! Me res-peita ou eu lhe deixo no olho da rua! _ Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Era a prova de sua desconfiança. Teria outros problemas com o cachorro além dos atuais. _ Vou marcar meu território. _ Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! _ Faço xixi aí se for preciso. Mas daqui você não passa! A delimitação por dedo em riste e a linha ima-ginária traçada de uma parede a outra exigiu correção material após a primeira saída de Ze-linha.

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_ Quem mandou você sujar o meu tapete? _ Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! _ Tal dono tal cão! Novamente Zelinha encheu-se de vontade e aumentou o espaço de seu espaço. Tomou como território particular a pequena sala que antecedia o seu quarto. Tomou, particularizou e colocou uma porta segura para garantir que nada além dela e de quem convidasse pudes-se se aproximar do território recém conquista-do. _ Ninguém mais vai me fazer passar pelo que eu não quero. Nem mesmo você, Totó! Nem mesmo você! Espaço ampliado, consciência expandida. Zelinha gostou da ideia de aumentar seus do-mínios e resolveu comemorar a nova conquis-ta: _ De grão em grão a galinha enche o papo. _ Não entendi, mamãe! _ É simples: aos poucos, como quem não quer nada... _ Mamãe! _ Você está exagerando, meu filho! Sou sua mãe! _ É! Ainda bem que você lembra! A esposa de Aureliano convidou as duas ami-gas mais chegadas, companheiras de infortú-nios semelhantes em número, grau e gênero, casadas com outros Aurelianos da vida para inaugurarem sua sala de visitas. _ Uma sala só para você? _ É só uma salinha... _ Mas é para você! _ Com certeza! Aqui ninguém entra a não ser que eu queira. _ Quando você vai tomar o resto da casa? _ Bem, a cozinha não me interessa. Afinal, o Aureliano faz comida como ninguém. E a la-vanderia... humfp! Deixa lá para ele pensar que ainda tem a maior parte! _ Mas... _ Devagar, minha amiga! Devagar! A novidade se espalhou. Afinal, como já dizia

antigas peças da tragicomédia: “muda-se o palco, mas os personagens são os mesmos em histórias que se repetem”. Zelinha foi chamada para várias reuniões em grupos de mulheres interessadas na solução pacífica das diversidades domésticas. De reunião em reunião ela dividia parte de sua história, especialmente a que explica co-mo deixara de fazer o que gostava e agora se recuperava aprendendo a fazer coisas novas. Zelinha conheceu mulheres com histórias pa-recidas com a sua. Conheceu outros Aurelia-nos que apesar de não expressarem direta-mente o descontentamento que sentiam, dei-xavam claro que ela poderia ter permanecido onde estava por mais tempo. Criou um blog onde escreve suas impressões diárias, responde dúvidas, opina, expõe con-selhos, dita receitas de como manter-se a sal-vo da invasão de identidade em casamentos que amadurecem sem crescer para lado al-gum. Zelinha hoje completa 82 anos de idade e mais e mais algumas décadas de Aureliano. Totó morreu de velho. Zelinha, compadecida, presenteou seu marido com uma cachorrinha peluda e cheia de vontades. Aureliano tomou-se de tal arrebatamento dian-te do novo cachorro que tentou esboçar um sorriso de agradecimento. Zelinha entendeu: quem não tem gato, dorme com cachorro. E afinal, a culpa era dela, só dela se, aos qua-se noventa anos Aureliano ainda era o mes-mo. _ Minha culpa, meu filho. Minha máxima cul-pa! _ Mamãe!...

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MEU BEM

Por Anna Back

Há tanto tempo te amo, e nem cansei! Há tanto tempo te conheci, nem percebi.

Que o tempo passou... Que os filhos vieram...

Cresceram, estudaram, amaram... E nós paramos!...

Paramos para lamber as crias, Planejar a educação, a formação,

De cada um e de todos. E eles foram, alçaram seus voos.

De sonhos e buscas, encorajados por nós. Foram e vieram, para a escola, para a vida.

E nós, mais uma vez, paramos. Paramos para achá-los lindos,

Presentes dos céus, os maiores. E os melhores troféus...

E vieram os netos, tesouros ímpares. E o amor na família, redobrado foi!

Os meninos viraram homens, E a menina, mulher já é.

E nós paramos! Voltados um para o outro.

Percebemos o quanto nos deixamos levar, Na correnteza da vida e do nosso amor. Vivência e convivência, cumplicidade...

Nos sentimos ainda no início, No estremecer da primeira vez,

Com a experiência de milhares de vezes, Na cama e na vida, a idade não é empecilho.

Pois temos o espírito empreendedor, Queremos sonhar, para nós e para os filhos.

E viver...viver... Meu bem!

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Déjà-vu

Por Ana Maria Rosa

Ia passando por uma rua próxima, quando sentiu o desejo irresistível de rever aquela ca-sa. Parou o carro e deixou que suas pernas a levassem à rua das mangueiras. Era melhor vol-tar; uma mulher de trinta anos parecendo uma adolescente; iria apenas passar como quem não quer nada, só para dar uma olhada. De longe avistou a casa amarela; parou tentando recupe-rar a respiração; ainda havia tempo de voltar; seu corpo impulsionou-se até o número 25; que-dou-se observando: a fachada imponente, a porta entalhada, o muro de pedra, o jardim de ro-sas, a grade alta... Em que momento tudo se acabara? Antes, entrava sem se anunciar, agora não podia sequer tocar a campainha; precisava desistir; dobrou a esquina e viu o portãozinho do quintal, aberto; olhou para os lados e entrou.

Experimentou o trinco da porta da cozinha; arrodeou a casa; uma janela aberta; volte, Marina, volte... escutou o silêncio da casa, o coração aos pulos. Estava louca. Uma mulher ca-sada com um deputado, mãe de dois filhos – escondida – espreitando o interior de uma casa! Assomou a cabeça à janela e viu a sala de jantar parada no tempo: a mesa grande, as cadeiras de veludo verde, os quadros, o lustre; as cortinas eram novas – cor de vinho; mulherzinha de mau gosto. Fechou os olhos; calculou a altura da janela – como da primeira vez que dormira com ele – agarrou-se ao parapeito e pulou.

Ouviu o chuveiro e a voz dele vinda de longe – quem é?

Entrou no quarto; escondeu-se atrás da cortina; ficou a espiá-lo – belo e viril – enxugando o cabelo; ouviu a ordem – Marina, saia daí!

Marina fundiu-se ao corpo nu e desejou morrer; não queria acordar em sua cama ao lado do marido. A mulher dele viajara com os filhos; podia passar a noite ali; dessa vez não estava sonhando. Era real.

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O BOUQUET Por Roselis BATISTAR

O bouquet que me brindou o barão era vasto

Como se os vários varões assinalados que insinuava

fossem uma flor!

E que exangues

por travessia dos mares

buscassem os lares

os cantares

e as cantigas de amigo!

O bouquet era como beijo latente

Como o copo de leite

Com o ajeito de caules

de cores

De supor que eram glórias

Pelas vencidas vitórias que um calendário marcava!

Mas era só uno o bouquet

Ramalhete mais que nobre de um sentir tão premente.

E a cada flor de magia

escollheria a caricia que demonstraria depois...

Assim num binômio a dois

Duplicamos a profecia que vem

deslizando dia a dia

Num arco íris de amores!

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Amar

Por Denise Reis

Amar é sussurrar emoções e cintilar desejos no ar sem estampar consternações com a indiferença do olhar. Amar é desfolhar encantos com igualdade e alinho então derramar o pranto na surpresa do espinho. Amar é garimpar sonhos e alegrias nos céus e mares da ternura é lapidar ausências com pétalas de brandura. Amar é amanhecer carinhos no entardecer da lida sem fatigar caminhos com os desígnios da vida. Amar é plantar confiança na inquietude das magoas E Propiciar esperança aos anseios e fráguas. Amar é rimar canduras na rotina solitária das dores e descobrir a cura Na essência de seus valores. Amar é um tesouro onipotente guardado pelo fogo da paixão seu brilho fulgura a gente e transcende a emoção.

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Natal Permanente Hoje: DO AMOR

Por Germano Dias Machado

No coração do tempo, nasceu Jesus.

No tempo do coração do Pai no Espírito, Jesus nasceu No tempo e pelo coração, Jesus desceu...

Grande pergunta neste Natal de 2012:

No coração do nosso tempo Jesus nasceu? No tempo do coração do Pai no Espírito, Jesus nasceu em nós?

No tempo e pelo coração Jesus desceu em nós?

Cada um se interrogue: Diante do Natal de Jesus você pretende nascer?

Um Natal permanente hoje Ou apenas uma fantasia?

SÓ COM AMOR

AMOR É O JESUS QUE SE QUER HOJE...

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Resiliência Por Gilma Limongi Batista

Reza a lenda que, na ânsia pela busca de seu MUIRAQUITÃ da felicidade, a vitória-régia partiu para o cerrado de solidão. Ele parecia estar lá esperando-a. Tinha que vir.

Trouxe consigo o tremor da malária na alma e, na memória a poesia de Shakespeare “inferno é viver longe daqueles a quem ama-mos”.

No impacto da chegada, como aprender a viver em desérticas paisagens à beira de águas que não chegam em lugar algum? A po-eira é fétida, seu cheiro invade e torna tudo de pegajoso vermelho. Para a falta de ar, ela pensou até em enlatar ou engarrafar um pou-co de umidade, junto com chei-ro de mato, para trazer de sua longínqua Amazônia.

Por fim, entre o estranha-mento do frio e do calor extre-mos, ficou literalmente no meio, central. Distanciamento de si mesma. Começou a olhar em sua volta. Nesse ponto, passou a aceitar, de certa forma, a mudança: a pirâmide no meio desse deserto era um túmu-lo, só que não era o seu!

Mais que balzaqueana, a cinquentona, ain-da, mantem seus encantos de deslumbrantes ocasos, a cor da sua beleza preservada em espaços a ela dedicados. No inicio, tinha a im-pressão de haver aterrissado em outra galáxia naquele tempo, pouco se presenciava das de-sumanidades tão comuns a outras paragens.

Desobedecendo o sino, amanhece antes de-le soar. A luminosidade gritando, entra insidi-osa pelas frestas da cortina. Ao escurecer as luzes das cidades rodeiam os 360º, formam uma auréola. Poder-se-ia mesmo pensar que o entorno é um contorno de piscante brilho, uma coroa iluminada para cobrir a miséria, a doen-ça e a lama.

Gente, que falta me fazem as pessoas amontoadas em cidades barulhentas (as entre-

vistas na televisão são feitas geralmente no mesmo lugar, será que só tem gente lá?). E a falta da pronúncia mastigadinha de farinha, sou caboquinha-cunhã, falo nhengatú.

Nas linguagens confusas diferenças mistura-das, precisou incorporar novas palavras e ex-pressões. RESILIÊNCIA: muito além de sobre-vivente, “dá conta” de suportar superar ou con-tinuar a viver, simplesmente...

Na vegetação careca sobre a grama, tanta grama foram implantadas muitas árvores de caules magrinhos e folhas fraquinhas. Como as vitórias régias submersas em igapós pro-fundos, elas resistem. O verde, apavorado transveste-se em ressecado marrom, porém, logo vem à tona, sem medo assim que lhes oferecem a segurança do solo molhado.

Novidade antiga: choveu fora do tempo. A poeira sacudida, levantada, encon-trou e varreu as estrelas, muito acima da solidão, vou me juntar a elas.

Quanto mais seco, parece que as flores mais se esforçam, em do-res, para aparecer e oferecer suas pétalas em coloridos apelos. Exis-te uma flor parecida com tulipa vermelho-alaranjado ou pequenas mãos que rezam para os céus fica-rem branquinhos, pingando.

Se eu sou flor, também posso fazer igual, raciocinou a vitória régia. Não sei se consigo amar, mas vou me acostumar com o cheiro da poeira, deixar de cumprir pena, só, na sauda-de. Deixo a lama para a política.

Com seu MUIRAQUITÃ agora achado, era de pedra e se quebrou, dividido em dor insu-portável e alegrias inenarráveis, ela sobrevive. Tornou-se RESILIENTE.

Como aquelas pessoas que deixam para o final o melhor da refeição, pedacinhos ao redor do prato, ela degusta em cada um deles as de-licias da vida, momento a minuto, quem sabe quando será a última vez?

Ofereço estes rabiscos às minhas duas cabo-quinhas-candanguinhas, Felicidade e Benção, ou vice-versa que como aquelas estátuas sím-bolos, continuarão abraçadas pela vida afora, dentro do meu amor.

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OCEANOS Por Urda Alice Klueger

Eu sou uma pessoa do Oceano Atlântico. Pen-so que já o vi de quase todos os jeitos, em quase todas as suas possibilidades, menos sob um furacão, e a minha vida sempre foi muito ligada a ele. Conheço o Oceano Atlânti-co desde as beiradas do Rio Grande do Sul até as incomparáveis praias de Cayo Largo, lá já longe, no Caribe. Já vi o Oceano Atlântico verde como esmeralda, ou profundamente azul, ou delicadamente azul como se fosse o céu, emendando-se ou se confundindo com ele, ou cinzento e violento, ou escuro e sujo como imagino a alma de um sujeito como Hi-tler, em dias de lestada no sul do Brasil, ou parecendo uma caixa de joias preciosas nas tarde de verão em que o vento nordeste o en-crespa todo e o deixa assim com jeito de que-rido e amado, e também nas manhãs de terral, quando ele fica tão lisinho e encolhido que se tem a sensação de se poder patinar sobre sua superfície.

Para mim, a parte mais fantástica do Oceano Atlântico é o Caribe, onde se podem ver coi-sas como a Playa Blanca de Cartagena das Índias, na Colômbia, onde, numa praia só, o mar tem 17 cores, variando desde o mais ex-tremo verde translúcido até o mais intenso ro-xo, passando por todas as outras variedades dos verdes mais maravilhosos, dos rosas e dos lilases, e onde a gente nada bem devaga-rinho, com muito cuidado, para se ter certeza de não fazer nenhum movimento mais violento e machucar algum dos milhões de peixinhos de todas as cores que nadam junto com a gente, sem nenhum medo daqueles seres es-tranhos chamados humanos que entram no seu ambiente sem pedir licença. Eu não acre-dito que possa existir no mundo outra praia mais bonita do que a Playa Blanca de Carta-gena – talvez até possa ter outra tão bonita, mas mais que aquela, acho impossível.

Também falar sobre a transparência das águas do Caribe é redundância, e ninguém iria

entender mesmo – as pessoas que não o co-nhecem iriam começar dizendo que na praia tal, no Estado tal, tem uma praia onde se con-segue ver os seus pés, ou mergulhar e ter uma visibilidade de dez metros – tudo coisa pouca para quem conhece o Caribe. Não dá para explicar o Caribe: há que se ir lá e vê-lo para se poder entender.

Já andei, também, pelas margens do Índico, mas foi coisa de pouca demora e estava muito frio – mal e mal tirei sapatos e meias para di-zer que entrei dentro dele por um instante, lá na acolhedora e doce cidade de Maputo/Moçambique, e o Índico era um mar bem azul naquele dia, muito bonito e suave, apesar do frio.

E então um dia também conheci uma das bei-radas do Pacífico, lá na cidade de Lima, Peru. Também estava frio, e intensa cerração vinda da corrente de Humboldt quase que mo es-condia, e havia que se descer uma boa rampa desde a cidade até a praia. Aquilo me desen-corajou, e acabei não indo tomar a bênção do Pacífico.

Algum tempo depois, no entanto, voltei ao Pa-cífico, desta vez no ponto onde ele, todo mági-co e cheio de rochedos, se encontra com o Deserto do Atacama, no Norte do Chile. Ai, foi lindo! Por um dia inteiro viajei pela sua beira-da, deserto de um lado e mar profundamente azul do outro, e pequenas colônias de pesca-doras parecendo pinçadas de calendários ca-nadenses instaladas em cenários desérticos na beira das praias de rochas negras! E de tarde cheguei a Iquique, balneário chileno que é também um oásis, e havia tanta coisa para ver em Iquique, desde uma greve de funcioná-rios públicos até um fantástico museu de Ar-queologia num centro histórico parecido fugido do século XIX – e nessa cidade tão colorida e mágica fiquei hospedada num hotel luxuoso, onde tinha uma enorme janela que me permi-tia ver, à minha frente, toda a grandiosidade do Oceano Pacífico vestido do mais profundo azul! Então fiquei namorando o Pacífico, e passei uma mensagem eletrônica para meu sobrinho Mteka, dizendo: “Entra na página do hotel tal e encontre o de Iquique. Lá, no quarto andar, olhando para o mar, a tua tia está te abanando!”

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Então, começou a vir a noite, e o sol, ali, se punha, bem por detrás do grande oceano. Desci para a praia quase deserta, onde um casal de namorados chilenos trocava arru-lhos, e até conversei um momento com eles. Depois eles se foram, e fiquei por ali, catando conchas um pouco quebradas, não tão bonitas quanto as que eu tenho do Atlântico, espiando se aparecia mais al-guém, porque eu queria fazer uma coisa bem grandiosa e não queria ninguém por perto. Daí, quando a claridade do dia quase que se ia de vez, bem naquele balneário roubado do colorido Deserto do Atacama, sozinha diante do grandioso Oceano Pacífi-co, eu gritei – do fundo das minhas forças e do meu coração, eu gritei para o Oceano o quanto amava você! Meu grito ecoou lá pe-las distâncias desertas, e talvez tenha che-gado até Honolulu. Pelo menos, eu tinha a consciência que o lugar mais próximo, dali para a frente, seria Honolulu. Talvez em Ho-nolulu também tenham ficado sabendo o quanto eu amo você! E não gritei secreta-mente: gritei seu nome todinho, e então tal segredo deixou de ser segredo, pois se até o imenso Oceano Pacífico ficou sabendo!

Num dos banheiros da minha casa, hoje, tenho um aquário de vidro onde conservo as conchas que tinha colhido naquele mo-mento. Elas não são muito bonitas, e eu bo-tei um peixinho de plástico e algumas péro-las entre elas. Então, a cada vez que entro naquele banheiro, eu tenho certeza de que não sonhei – e também me certifico que o meu amor é tão grande que até o Oceano Pacífico ficou sabendo!

Viver o amor

Por José Hilton Rosa

Para o sonho no infinito

Imagino cantar somente o amor

Sem tristeza e sem choro à morte

É preciso ter fé em nosso coração

É tão simples viver

É tão longe o fim

Vamos então viver juntos

No mesmo planeta, respirando o mesmo ar

Quem é maior? Porquê?

Quem merecerá mais?

Viveremos alegres

Vamos cantar, dar as mãos

Todos por um

Este um, por todos

É nosso este planeta terra, enfim!!!

Viver o amor, amar a vida

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A casa Amarela

Por Varenka de Fátima Araujo

Em tempos idos e louvados

Portugal com um rei poderoso

Tão querido e amado por todos

E por mandado seu, uns portugueses

Por mares navegaram a descobrirem terras

Avistam uma bela e tropical

Sendo a mãe pátria do Brasil

Os lusos aportaram na terra rica

Construíram a cidade de Salvador na Bahia

Com semelhança da capital de Portugal

O Pelourinho e o Carmo no centro histórico

Com arquitetura igual a Lisboa tropical

Aqui é a nova Lisboa, tão festejada

Neste novo tempo vibramos no pelourinho

Com tambores coloridos e musicas contagiantes

Daqui canto, elevando e meu amor por Portugal.

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Conspiração dos desejos

Por Gladys Giménez

A cidade a seu pés. Refletia sobre os últimos acontecimentos de sua vida. Maravi-lhado com o belo espetáculo que o entardecer lhe proporcionava, sentia-se extasiado com tanta beleza que aquelas colinas lhe propiciavam. Inexplicável, fatalidade do destino, pensou- passan-do os dedos entre os platinados de seus fios que teimavam em tornar-se visíveis pelos anos que já vivera.

De repente, por impulso de seus corpos, seus olhares se cruzaram e aqueles olhos verdes, como duas pequenas pepitas de jade lhe queimava o ser. Chegou devagarinho, inconse-quentemente, qual anjo descido de algum afresco medieval.

Contaram os anos, permaneceram em silêncio. Tempo demais - calou ele, tempo de-mais, caladas nas dores da alma, disse ela baixinho. Num lampejo de consciência quase in-consciente, na loucura do vento, na aragem úmida da noite, aproximaram-se um do outro. Seus hálitos, suas peles, seus poros, olhos fixos um no outro, centelha inconfessável de amor contra-ditório e na conspiração dos desejos murmuraram: Já não somos os mesmos.

O coração bateu descompassadamente, quiseram enfrentar os quatro ventos, os sete mares, quiçás, desbravar os cinco continentes, faltou-lhes coragem. Faltou-lhes o ar, as pala-vras, faltou-lhes o conluio secreto do Cosmo. E no encontro mergulhado em silêncio paradoxal; não me esqueças suplicava. Buscou rapidamente em suas memórias, vasculhou até o fundo de sua alma e não encontrou em nenhum momento de seus anos sentimento mais contraditório, tão intenso e perturbador, não se reconheciam, estavam os dois ali frente a frente, sem nome, sem sobrenome, só os dois.

Um momento de encantamento, um momento de magia irracional, dúbio e inconfes-sável sentimento, estava ali, ao seu lado, viva, úmida à espera, diante desse silêncio magistral – Amava-a.

Num fulgor rápido, sentiu dentro de si a verdade que tentara soterrar naquelas terras de verde profundo, de colinas enfeitiçadas: esperara-a toda uma vida e esperaria toda uma eter-nidade, como aquelas colinas esperam o sol ao final da tarde para mansamente acostarem-se sob o manto cúmplice da noite. E no silêncio dos lábios descobriram-se.

Amor sem argumento, escreveu bem mais tarde em seu opúsculo, se me deixares de querer, deixa de querer-me em gotas homeopáticas, não existem culpados, pois o outono já chega à minha janela, apenas deixa que me esconda uma única vez em teus braços e forja em teu coração: dos amores, fostes meu último amor .

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O MEU PRIMEIRO AMOR

Por Silvio Parise

Todos nós devemos amar O nosso Criador espiritual

Porque, se pensarmos bem, Foi Ele quem nos amou primeiro.

Daí, poder dizer sem medo Que Jesus é e eternamente será

O meu primeiro Amor.

Uma noite

Por Ara Mitta

O tato, o contato, os lábios...

A dor no ardor do desejo Minha vida a teus pés Meus brios no chão E eu, ardente e feliz.

O contato, o ato, a paixão Nos unindo em leviana ilusão...

E na volúpia do ato Enleita-te em meu quarto

Minha cama, Meu espaço, Minha vida.

Por momentos, Nossa vida,

Nosso espaço, Nossa cama,

Nosso quarto... E depois da despedida

Busco nos panos jogados O resto do seu perfume

Temendo o tédio e as trevas Da solidão e saudade.

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Oui, monsieur

Por Sandra Nascimento

Se algum dia em uma tarde qualquer eu conseguisse sentar num banco da Place des Vosge, em Paris para descansar meus pensamentos, à sombra daquelas árvores antigas... Talvez, ainda quisesse ver você chegando... Sorrindo... Com o reflexo de algum raio de Sol clareando os seus cabelos,

envelhecendo o seu semblante... Senta aqui, eu diria – em português, porque a emoção iria impedir que eu gastasse o meu francês caprichado – E você se deixaria ficar ali para dividir as impressões do lugar... E um bom vinho de gargalo longo Depois me contaria – como costuma – todas as histórias que faz... As que leu e as que gosta de ouvir... E eu poderia conjugar pra você O verbo mais importante das línguas... Que tal? Em primeira pessoa e em todos os tempos... Eu amo... No embalo das letras dormiríamos ali... E então, no dia seguinte – antes que saíssemos pela manhã – você balbuciaria: Ainda me ama? Oui, monsieur. Oui – eu diria – Se os grandes amores são possíveis...

h�p://mry.blogs.com/

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NOSSO SANTO GRAAL INTERIOR

Por Odenir Ferro

Amar é sabermos como nos encontrar median-te um amplo estágio espiritual de abnegado e refulgente sublimado esplendor! Quando impri-mimos na alma, as páginas emocionais cons-tantes no histórico emocional pregresso do nosso amor. Fazendo um importante elo entre nossa vida vibrando-se dentro da harmonia expressa nos compassos rítmicos, das batidas dissonantes do nosso coração, perante o es-petáculo tão inconstante, tão insolúvel, que as narrativas emocionais da natureza humana, sempre nos dispõem, ao vivenciarmos dentro das nossas experiências de vida, os afetos e desafetos que vão espelhando-nos uns nos outros, formando um elo sequenciado. Dentro dum aprendizado sem fim. Aprendizado que vai se tornando aos poucos, embora gradativamente, o merecedor dos nos-sos mais incansáveis e sempre tão valorosos enleios pelos quais vamos desnudando os an-seios dos nossos emotivos sonhos espectado-res deste lírico estado de amor. Amor que se torna um mensageiro fiel deste nosso impetuoso e espirituoso estado de amar. Amar é poder encontrar-se feliz, ao deparar-se com as portas abertas perante uma lógica vis-lumbrada entre as atitudes irracionais dos nos-sos sentimentos comparados aos nossos de-sejos práticos, objetivos e diretos – ao equili-brá-los laboriosa e pacientemente, com os nossos prazeres despertos entre as razões que sempre nos mostram a realidade de se seguir em frente – caminhando com os pés fincados no chão e sempre atento às pegadas deixadas nos rastros do passado. Enquanto seguindo em frente, avançamos mi-rando nossos objetivos materializarem-se cada

vez mais próximos da nossa atualidade. En-quanto vamos olhando para os afetos que se encontram e se concentram ainda, no futuro da nossa realidade porvir e que vão demons-trando, desnudando-se e instintivamente, sen-sivelmente, apontando-nos o percurso a se-guir, dentro da direção certeira dos nossos passos que vão os seguindo. Certos, coeren-tes, cadenciados e seguros, rumo aos incógni-tos deste futuro – enquanto ao mesmo tempo vamos deixando-nos livres, impressos dentro das mais sonoras, numas horas, e noutras mais silentes, entonações pulsantes e mais vivas ou mais sangrentas do nosso impulsivo, ditoso ou abstraído coração abnegando-se! Ou sublimando-se, extrapolando-se, através de todas as essências impressas nestas perfuma-das páginas impregnadas de forças cênicas! Por atuarem explosivas em tão belos e poéti-cos enredos que se expressam nas lógicas mais irracionais que se imprimem dentro das nossas sempre muito apaixonantes atitudes para com o bem-estar da Humanidade inteira!

Podendo desta forma, viver a satisfação emo-cional perante as lógicas emocionais e inspira-tivas, concentradas no todo do inconsciente coletivo; aonde, através do qual, nós podemos

fazer da criatividade da vida, algumas expres-sivas liberdades, ao recontarmos as venturas e desventuras das histórias humanas entrela-çadas com as outras mais diversificadas histó-rias que acontecem nos enredos dos demais reinos! Traduzindo em palavras, as emoções expressadas nos ritmos das vivências que vão se sucedendo através da riqueza apaixonável que atua em cada existência. E das quais, po-demos com certa dose de habilidade inspirati-va e emocional, recriá-las ao recontá-las atra-vés das Artes! Usando dos recursos dos dons que temos, aproveitando através das Artes, as construções literárias, que vão se formando através da trajetória da nossa existência ...

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... E desta maneira, usar estes dons para fa-zermos da nossa própria vida, uma alavanca, uma ferramenta de trabalho, uma haste, um apêndice, para que possamos dar uma conti-nuidade ou amparo aos demais enredos de outras vidas que se seguem esperançosas iguais a nós. E então, gerarmos inúmeras pos-sibilidades de forças criativas para encontrar-mos uma saída satisfatória para solucionarmos de uma vez por todas, os inúmeros conflitos existenciais que andam acontecendo por este mundo afora! Penso obstinado e esperançoso, de que isto possa ser possível ainda, apesar de tudo. Apesar das muitas crises existenciais que se perduram por aí, dentro do nosso con-vívio social... Devido acima de tudo, a esta muita falta de amor que anda acontecendo por aí... Amar é um fenômeno que criamos através da interpretação dos nossos sentimentos em rela-ção a algo ou a alguém. Assim como o desa-mor também é um fenômeno que se apresenta em aspectos desorganizados, fazendo com que os nossos desajustes e desassossegos se tornem um mar bravio em noites escuras de fortes tempestades acontecendo em alto-mar. Amar é calmaria, é resplendor de alma. São encantos manifestados em pureza sobressaí-da de pedaços vivos da Eternidade acontecen-do em torno de nós. É como se o jardim do Éden estivesse sobre os nossos pés e as co-res vivas da vida fossem apenas as exuberân-cias advindas das belezas etéreas das árvores e das flores harmonizadas em muitas tonalida-des de cores e difusas fragrâncias esparrama-das pelos ventos acariciando as resplandecên-cias refulgentes das luzes das nossas eternas essências primaveris vivenciadas nesta caden-ciada calmaria embalada de profundo êxtase desenvolto num forte clima de encantadora paixão! Cultivando, através das nossas, as outras mui-tas histórias; que virtuosas e venturosas, vêm-

se se assomando junto às nossas expectativas de melhorias em qualidade de vida. Fazendo-nos então, com que sejamos uma ponte, um elo, um fio, um termo equilibrado da passagem verdadeira das mensagens que vibram perpé-tuas entre nós! Humanos que somos harmoni-zando-nos com as majestosas forças imperiais da Natureza. Centralizada nas essências plu-ralizadas que se encontram no Éter, dentro das primícias mais sensíveis do Sublime, no Eterno espaço atemporal aonde reinam as mú-sicas mais belas – arquitetadas dentro das be-líssimas ressonâncias da musicalidade eterna – que se derrama harmônica e melodiosa, através do Etéreo vibracional lírico do estado de Amor!

Amar é podermos conquistar a felicidade de se ter o poder da prazerosa força da comunica-ção nas mãos. E dentro da alma do coração, poder reproduzi-la, ao privilegiadamente ler, sonhar, amar, interpretar as mais puras e as mais belas intraduzíveis emoções plenas de anseios ricos de valorosos amores vivos, for-tes, dramáticos e reais. Impressos dentro da poética essencial e existencial de todos os se-res humanos que ainda se preocupam com as belezas entremeadas de extremados encantos vindos do amor, da paz, da união, da melhoria da qualidade de vida do Planeta, da amizade, da família, enfim, de tudo o que for bom, belo e duradouro para a harmonia e o equilíbrio da vida. Demonstrando todas essas dignas es-sências, nos ímpetos mais belos! Extraídos de dentro da própria alma, ao transpô-los para o papel – enquanto tecem as construções da ló-gica poética impressa na dialética – sobrevin-das de dentro das mais profundas essências mais belas! E que se concentram no lírico e tão sublime estado de amar que se demonstra envolto ou desenvolto na alma emocional do espírito de cada um.

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Criando-se, desta forma, uma complexa ca-deia de boas atitudes que possam espalhar e espelharem-se através dos labirintos dos nos-sos mais profundos sentimentos. Como se fos-sem eles, uma inesgotável fonte de água pura, límpida e cristalina. Onde nela e através dela, somente concentrassem-se, extraídos dos mais sublimes anseios amorosos de todos nós – somente o que fosse o bom, o belo e o dura-douro – e numa fórmula mágica que nenhuma razão compreendida dentro do nosso mundo quântico tridimensional pudesse ser desmistifi-cada – esta poção milagrosa fosse somente sentida, vivenciada, saboreada através desta água milagrosa que viesse a tornar-se cada vez mais, uma forte poção mágica de saciável e tonificante fonte de consumo que miraculo-samente, pudesse então, melhorar a qualidade de vida da Humanidade inteira! E assim, através desta fórmula, através desta seiva extraída de dentro do Cálice do nosso Santo Graal interior, pudéssemos equipararmo-nos, equilibrando-nos na reflexiva balança das nossas razões e emoções! Espelhando-nos diante de todos nós, através dos nossos espelhos refletindo-se nos reflexos espalhados pelo mundo, possibilitando a nós todos, visua-lizarmo-nos com todo o apaixonante contexto dos históricos das nossas memórias emocio-nais, na intensa espiritualidade múltipla exis-tente nas qualidades mais sublimes e amoro-sas residentes na alma de cada um de nós! Formando um gigantesco elo abrangente, en-volvente, mediante a um comum acordo feito a partir do interior de nós mesmos. Ao integrar-mo-nos com a totalidade dos humanos habi-tantes nos demais diversos lugares deste nos-so gigantesco Planeta Terra! Criando-se assim, a harmonia da beleza con-dutora, no fio magnético das vidas. Numa cha-ma iluminada que se desperta numa realidade profusa. Encontrada na equiparada comunhão entre a vida essencial com a lógica do após morte. Depositando nas chamas vivas da es-perança, os teores da fé essencial baseada nas forças das crenças. Numa profunda e imensurável realidade concentrada numa con-tinuidade vivencial espiritual, através dos es-paços etéreos da Eternidade! Criando-se assim, entre todos os povos, a possibilidade assegurada da harmonia equili-

brada de vivenciarmos a partir de nós e por nós todos, a tão sonhada Paz Mundial! E desta maneira, criarmos e recriarmos numa ordem cronológica e cadenciada, a essenciali-dade fundamental de se amar com toda a de-voção e fervor os entrelaçados históricos de-senhados nos Registros das páginas da vida de cada um. Fazendo acontecer entre nós, à realidade deste manifesto, num sentimento que se resplandece em cada profundo íntimo de alma! Acalentando-nos com uma pura co-moção, na formalidade dos laços contínuos da felicidade geradora, acima de tudo, das forças mais expressivas da União humana – basean-do-se na confiança recíproca entre todos os seres humanos que se predispuserem a amar – ao criarem e recriarem para si e para o seu próximo, o bem-estar que sempre advém da bem-aventurança que se concentra dentro das inexplicáveis forças que se desprendem da lírica emocional do livre estado de se viver in-condicionalmente, de se ser amado e de amar e amar-se, acima de tudo e apesar de tudo! Tal como as primaveras concisas nas expres-sividades mais históricas de todas as Eras, aonde em cada ano, em todos os Continentes, em todos os Hemisférios, por todos os recan-tos do Planeta – em cada época diferente, de cada tempo, num local ou noutro do Planeta, ela renasce e renova-se nas forças carismáti-cas e mais belas da Natureza – assim devere-mos que procedamos nós todos, diante aos tão enigmáticos, prazerosos e belos enredos que geramos através dos ímpetos emotivos do amor!

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UM PANACA NA PAQUERA

Por José Alberto de Souza

Enquanto subia a travessa do Calçadão, aqueles versos simplórios afloravam ao seu pensamento. Não sabia por que cargas d’água meditava naquela bobageira lida no Álbum de Sonetos de Dona Celeste, numa hora em que folgara o trabalho. Fazia anos que ela era sua colega de serviço acostumada a lhe confiar até mesmo suas inconfidências. Uma autêntica tiete, nutrindo-lhe tremenda gamação e procu-rando de todas as formas demonstrar seu cari-nho. Bastava aparecer com um mal de fígado ou outra função qualquer, ela sempre tinha à mão um chazinho milagroso. E nestas horas, ele não deixava de comentar: “Dona Celeste, a senhora é uma mãe para mim!” E ela se irrita-va sem que ele soubesse o motivo: “Seu Ma-noel, estamos de relações cortadas”... Como se pode deduzir, o relacionamento entre am-bos apenas beirava às raias da intimidade, pois, apesar de trabalharem juntos já um boca-do de tempo atendendo o público ali no Cartó-rio Eleitoral, ainda permaneciam naquele pin-gue pongue de senhorias.

Assim, um belo dia, Dona Celeste confi-denciou-lhe sua troca de cartas mais de vinte anos com um jovem poeta do Maranhão, vindo a noivar com o dito cujo por correspondência. Só não haviam concretizado o ato platônico por razões econômicas e outras evasivas. Mo-ravam longe um do outro, eram pobretões, não havia maneira de se encontrarem fisicamente. Ela cansou de ser enrolada e desistiu, mas dessa comunicação ficara um volumoso dossiê de cartas amorosas recheadas de lânguidos e ardentes sonetos a que ela se dera o trabalho de compilar naquele álbum, mostrando-o a es-se colega todo gentilezas talvez com a inten-ção de provar que já fora musa inspiradora de um vate ainda futuroso.

Pois bem, tentando não ser indelicado e desatencioso, ele apenas abrira uma página qualquer do álbum e lera em voz alta aquela “Súplica”, provocando nela suspiros enternece-dores. Agora, aquelas rimas bobas e choças estavam ali lhe martelando a cuca, meio se pa-

recendo a um destas rezas dos crentes chate-arem a paciência do Santo:

“Eu te suplico um olhar pelo menos

Que seja lenitivo aos dissabores

De amargos momentos nunca serenos

Sem prazeres, alegrias, só temores”...

Neste estado de espírito, já ia desembo-cando com a Travessa do Calçadão em plena Rua Principal, seu olhar atingindo sem querer aquela dama a se movimentar despercebida entre a multidão. Alguma coisa despertava-lhe o interesse naquela mulher não muito jovem, mas ainda atraente, podia ser a sua pele quei-mada puxando a caramelo. Os olhos dela des-pretensiosos também o reparavam e ele sentiu-se como censurado naquele ato ingênuo, pro-curando desviar suas vistas a outras paragens. Mas aquela não era uma mulher fácil de es-quecer, muito mais ainda com os diabinhos da sua imaginação atiçando-o a ousados vôos. O dia era uma sexta-feira – estava com o bolso forrado pelo salário recém recebido, já des-compromissado com os companheiros do cho-pe no final de tarde – propício pois a um pro-grama diferente.

“É hoje, vai lá!” – repetiam matreiros os diabinhos. Era como uma estrela cadente esti-vesse indicando novos rumos ao seu destino: retrocedeu então no caminho andado e buscou fazer a triagem daquela jóia misturada no trigal dos transeuntes, não demorando muito até ela se tornar visível a seus olhos; decidiu segui-la discreto à distância a fim de resguardar a sua privacidade. De outro lado, ficava pensando ser aquela a ocasião na qual ofereceria moti-vos plausíveis àqueles que viviam jogando Do-na Celeste contra si para acabar de vez com a conversinha mole e sem graça de formarem eles um par perfeito.

Volta e meia dava uma paradinha, pro-curando conferir no reflexo das vitrinas sua aparência para melhorá-la: acinturava o abdô-men; erguia a calça quase caída, pondo por dentro a camisa solta; entrevia a rebelião dos cabelos sobreviventes e buscava ordená-los a esfregar de um lado e do outro da cabeça na inutilidade do pente, as mãos espalmadas e

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umedecidas por cuspidinha providencial. In-certo surtisse algum efeito tal disfarce no seu jeito bonachão, o senso do ridículo flagrava-o desprevenido e os diabinhos se afastavam por um momento cautelosos, seu pensamento re-tomando a idéia anterior – era o soneto mise-rável voltando insistente:

...”Se me deres esse olhar ainda quero

Ver na tua face um amável sorriso

Assim tão sugestivo quanto espero,

Desejo que satisfazer preciso”...

Seguia distraído quando se deu conta ter perdido de vista aquela silhueta conduzindo-o por um trajeto incerto e se desencontraria de uma vez por todas não fosse ela voltar-se olhando para trás, logo ali bem a seu alcance, toda amistosa com um sorriso jovial, infantil até, deixando-a tão meiga como uma menini-nha. Mas a razão conflitava-o como se quises-se controlar as suas atitudes, afinal escaldado com tantas desilusões chegou a duvidar da-quela miragem, pensando tratar-se de uma... Cortou: indignava-o por admitir semelhante ab-surdo, tentando se justificar através de tais de-duções com a cor marrom-alaranjada, caracte-rística de certa livraria, do pacote que ela leva-va de encontro ao peito, daí tratar-se de pes-soa com costume de boas leituras e, portanto, de refinadas maneiras.

Parecia ser-lhe proporcionada a oportu-nidade de encontrar a parceira ideal, chegando esta na sua vida nem cedo nem tarde demais. Se não tivesse Dona Celeste o adotado com seu zelo semi fraterno semi maternal, ele se sentiria mais ainda carente de uma afeição profunda quanto esperava receber adorando aquela imagem, não que ele fosse inabilitado para tanto, pois ainda haviam as Verônicas, as Cândidas, as Angélicas e as Inocências a sus-pirarem pelo monopólio de sua companhia. Neste momento, suas defesas tornavam-se frágeis e os diabinhos alvoroçados se prevale-ciam da sua condição de bobo alegre para ati-çá-lo com picante ironia: “Vê se não perde mais esta caindo de madura!” Aí ele tomava um fôlego e mais assanhado resolvia tomar uma iniciativa arrojada: apressando seu passo

e fingindo indiferença a deixaria para trás a uma prudente distância, entretanto permane-ceria à espera de sua passagem na esquina mais adiante como tímido canalha na espreita.

“Lá vem ela, não deixa escapar!” – cla-mavam os diabinhos malucos. Porém, questão de instantes, ele fugia de si não querendo ser tomado pela emoção desconhecida e procura-va se dominar, a concentração voltada a ou-tras figuras menos perturbadoras, nesse átimo de segundo ocorrendo-lhe a composição poéti-ca daquele sujeitinho lá do Maranhão:

...”Contudo nem isso seria suficiente

Enquanto não visse em teus lábios brotar

Uma palavra meiga, sincera, quente”...

Foi despertado dessa distração com a chegada dela nesse ponto de espera, os senti-dos aguçados ao máximo para não acreditar estivesse ela ali presente, sem o pretexto de não a ter ouvido direito quando ela o saudou discreta: “Olá, tudo bem?” – “Tu-u-do...” – Mal e mal ele balbuciava esticadas aquelas sílabas iniciais, deixando a frase incompleta e ambí-gua, pois nem conseguia mover o queixo caído e nem tinha qualquer reflexo para o gesto invo-luntário de esconder com a mão sua boca es-cancarada e vulnerável. A esta altura do jogo, os diabinhos impertinentes retorciam-se em sofridas convulsões, tão aflitos estavam com aquela expectativa angustiante. E ela cruzou de relance, apanhando-o naquela postura de atônita perplexidade e desvanecendo sua pre-sença tão suave quanto o apagar da chama de um lampião. Mas ele teve condições de se re-compor e sair daquele estado de catalepsia a que fora reduzido por ela irradiado

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E os diabinhos juntavam suas energias residuais para levar a termo sua missão, im-plorando-lhe em desespero de causa: “Reage, cara, ainda está em tempo”.

Desta forma, percebia-a dobrando na-quela esquina e então saindo desta imobilida-de, ele resolvera ir até as últimas consequên-cias para verificar tal sorte da sua loteria exis-tencial. Retomando o caminho desconhecido, estudava a melhor estratégia de abordagem, compondo um palavreado conveniente de usar na ocasião. Como dizer o quanto curtia a sua solidão nas horas vazias recolhido naquele ambiente fumando-espero-a-mulher-que-mais-quero do quarto de pensão compartilhado com sua consciência, por sinal uma chata a bisbi-lhotar cada um dos seus passos, tão ciumenta a ponto de conferir até resultado de futebol. Que, para se ver livre dessa depressão, valia-se do artifício de recorrer ao seu Del Vecchio, dedilhando suas cordas cúmplices no propósi-to de calar aquela voz interior. E que nem sen-tia o tempo passar, vendo seus dedos ágeis quais bailarinos-equilibristas a saltitarem nos cabos esticados, obstinando-se no solo de um tema melódico – La-ra... La-la... La-ri... La-ra-la-ra-ra... – Aí um corte de cena para o da-nado do sonetinho intruso ressurgir e bagun-çar as suas idéias:

...”Mais além outra coisa não pediria

- uma amizade que, para ganhar,

Somente teu coração permitiria”.

Esse devaneio não chegou a desviá-lo do alvo de seu cuidado, agora voltado para uma fila de pessoas aguardando embarque numa condução para o Bairro. Ela estaria no último lugar não fosse ele arrogar para si tal posto. E foi chegando de mansinho, passos curtos e cruzados, ombros jogados para dian-te, braços gingando manemolentes, a voz saía anasalada quase fanhosa quando lhe sussur-rou meloso: “Ô minha, posso falar contigo?” Ela até se assustou, mas logo se refez para atingi-lo no contragolpe:

- Ah, Manequinha, tu não estás me re-conhecendo, eu sou tua amiga lá da terrinha, Berenice, filha do Mourão, não lembras?

José Alberto de Souza nasceu em Ja-guarão, RS.

Em 1989, participou da Oficina de Cria-ção Literária da PUCRS, coordenada por Luiz Antônio de Assis Brasil, tendo integrado a an-tologia “Contos de Oficina 5” (Ed. Acadêmica), com três contos. Fez parte do grupo Fábula, quando publicou mais três contos na antologia “Mais ao Sul do que eu pensava” (AGE, 1993).

Colaborou com trabalhos nas coletâ-neas “Julinho 100 anos de história” (AGE, 2000), “Olhares sobre Jaguarão” (Evangraf, 2010) e Varal Antológico (Design Editora, 2011).

De sua autoria, tem publicados “Lá pe-las tantas”/crônicas (Independente, 2010) e “Para Não Dizerem Que Passei em Brancas Nuvens”/contos (WS Editor, 2010).

É editor do blogue:

http://poetadasaguasdoces.blogspot.com/.

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A Metalinguagem do Amor

Por Marcelo de Oliveira Souza

Substantivo comum E Abstrato que habita o íntimo da pessoa;

Lembrando que o ser é humano E não pode ser desumano.

O amor: substantivo primitivo,

Que deriva muitas outras palavras E mantém o desejo...

De ver o ser amado sempre bem.

Se possível sempre bem próximo Onde o substantivo é abstrato,

Conduzindo ao concreto Que é o sentimento eterno.

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