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UNIVALE – UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FADE – FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ECONÔMICAS E ADMINISTRAÇÃO CURSO DE DIREITO Neandra Mendes Oliveira VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODALIDADE DE LICITAÇÃO CONVITE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Governador Valadares – MG Agosto/2009

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UNIVALE – UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FADE – FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ECONÔMICAS E

ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE DIREITO

Neandra Mendes Oliveira

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODALIDADE DE LICITAÇÃO CONVITE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Governador Valadares – MG Agosto/2009

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NEANDRA MENDES OLIVEIRA

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODALIDADE DE LICITAÇÃO CONVITE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito, apresentada à Faculdade de Direito, Ciências Econômicas e Administração da Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador: Fabiano Batista Corrêa.

Governador Valadares – MG Agosto/2009

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NEANDRA MENDES OLIVEIRA

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODALIDADE CONVITE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito, apresentada à Faculdade de Direito, Ciências Econômicas e Administração da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, ________,_______________________de________.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________

Prof. Dr. Fabiano Batista Corrêa

Universidade Vale do Rio Doce

_________________________________________

Professor (a):

_________________________________________

Professor (a):

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus, que me guiou nessa longa caminhada, aos meus amigos

e familiares que sempre me encorajaram e a vocês meus pais, pois de vocês recebi

o dom mais precioso do universo: a vida. Já por isso seria infinitamente grato. Mas

vocês não se contentaram em presentear-me apenas com ela. Revestiram-me de

amor, carinho e dedicação. Cultivaram na criança todos os valores que me

transformou em adulto responsável, consciente. Abriram a porta do meu futuro com o

estudo.

Trabalharam, sacrificaram seus sonhos em favor dos meus, não foram apenas pais,

mas amigos e companheiros, mesmo nas horas mais difíceis. Tantas foram as vezes

que tomaram para vocês meus problemas, incentivando-me a prosseguir e a você

meus irmãos queridos, aos meus avós por serem tão carinhosos e presentes na

minha vida, ao meu orientador que disponibilizou todo o seu conhecimento ao meu

dispor. Agora me resta seguir em frente, buscar meus objetivos, o desconhecido

chamado futuro.

Seguirei com a certeza de que obstáculos virão, mas tenho Deus sempre comigo.

Valeu a pena os dias de angústia, de cansaço, de tédio e exaustão cada momento

vivido nessa louca correria em busca de um sonho que hoje se torna real.

Levarei comigo a certeza de que se quero sou capaz, de que tenho força e vontade

para transformar o mundo.

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RESUMO

O assunto abordado neste trabalho monográfico faz menção a modalidade de licitação convite, uma modalidade mais ágil para comprar, alienar e locar, bens ou materiais para uso Público, pois dispensa alguns requisitos que as demais modalidades licitatórias apresentam. A modalidade em questão comporta menor formalismo, facilitando e acelerando o processo licitatório, o que ocasiona duas vertentes. Positivando o principio da celeridade, essa modalidade é mais rápida trazendo um resultado imediato, sem processo prolixo. Por outro lado traz uma abertura maior para fraudes e atos atentatórios à modalidade administrativa, em detrimento da finalidade pública, desiderato maior de toda atividade administrativa e menor publicidade do ato, dificultando a amplitude do certame.

Palavras-chave: Direito Administrativo. Licitação. Modalidade Convite.

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ABSTRACT

The boarded subject in this monographic work makes mention the licitation modality invitation, a more agile modality to buy, to alienate and to lease, good or materials for Public use, therefore dismissal some qualifications that the too much licitatórias modalities present. The modality in question holds minor formalism, facilitating and speeding up the licitatório process, what it causes two sources. Positivando the beginning of the celeridade, this modality is faster bringing an immediate result, without tedious process. On the other hand it brings a bigger opening for frauds and offensive acts to the administrative modality, in detriment of the public purpose, bigger desideratum of all administrative activity and lesser advertising of the act, making it difficult the amplitude of the certame. Word-key: Administrative law. Licitation. Modality Invitation.

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO........................................................................................... 07 2 NOÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA…..………………………….. 09 2.1 NOÇÕES DE ESTADO.......................................................................... 09 2.2 ELEMENTOS, FINALIDADE , FUNÇÕES E PODERES DO ESTADO 10 2.3 SOCIEDADE.......................................................................................... 11 2.4 GOVERNO............................................................................................. 11 2.5 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA................................................................. 12 2.5.1 Entidades administrativas................................................................... 13 2.5.2 Princípios constitucionais da administração pública........................... 15 3 MODALIDADES DE LICITAÇÃO............................................................. 18 3.1 ASPECTOS GERAIS............................................................................. 18 3.2 CONCORRÊNCIA.................................................................................. 20 3.3 TOMADA DE PREÇOS.......................................................................... 22 3.4 CONCURSO ......................................................................................... 23 3.5 LEILÃO................................................................................................... 24 4 PREGAO X CONVITE.............................................................................. 25 4.1 PREGÃO................................................................................................ 25 4.2 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA MODALIDADE CONVITE 29 5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODALIDADE CONVITE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................

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5.1 CRIMES PREVISTO NA LEI DE LICITAÇÃO........................................ 39 6 CONCLUSÃO........................................................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 45

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1 INTRODUÇÃO

A licitação é o procedimento pelo qual são escolhidos aqueles que

pretendem contratar com a Administração Pública.

Todas as normas legais que disciplinam o procedimento licitatório visam à

escolha da melhor proposta. A lei limita a margem de discricionariedade do agente,

impondo-lhe certos regramentos na escolha do contratado. A decisão final é

precedida de uma série de atos ordenados voltados para o objetivo de permitir à

Administração Pública a tomada racional da decisão. Em contrapartida, há uma

pulverização da responsabilidade, com a participação de vários agentes públicos.

Assim, o procedimento licitatório, na perspectiva do contratado, implica

proporcionar a todos quantos se achem em determinada situação a oportunidade de

contratar com o setor público. Todos são iguais perante a Administração Pública.

Sendo um procedimento administrativo deve possuir uma sucessão

ordenada de atos, pelos quais seja possíveis selecionar a proposta mais vantajosa

para a Administração, dentro dos estritos critérios prefixados no edital ou no convite

como meio vinculante para ambos as partes.

Sabe-se que durante a licitação inúmeras condutas ilegais podem ser

cometidas por parte dos administradores e de licitantes. Buscando punir tais atos, a

legislação pátria tipificou como crimes diversas ações ilegais, atribuindo-lhe sanções

penais.

O presente estudo tem como parâmetro o diploma legal vigente que dita os

rumos das licitações brasileiras, a Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, e posteriores

alterações. Após uma sucinta análise das diversas modalidades de licitações e dos

princípios informadores do procedimento licitatório, perceber-se-á com mais

relevância à apreciação do formalismo representado pela modalidade Convite, para

demonstrar as vantagens e desvantagens da modalidade em tela, no âmbito da

administração pública.

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O segundo capitulo, iniciará com uma breve analise sobre a Administração

Pública, abordando seu conceito, origem e evolução histórica, além de princípios,

finalidades e fundamentos.

No terceiro capitulo, serão expostas todas as modalidades do procedimento

licitatório dando ênfase às semelhanças e diferenças entre as mesmas.

No quarto capitulo faremos uma comparação entre a modalidade Pregão e a

modalidade Convite, e as principais inovações dessa modalidade.

Já o quinto capitulo é o ponto chave de toda a monografia. Nele

abordaremos as vantagens e desvantagens da modalidade de licitação convite na

Administração Pública.

Para a elaboração da presente monografia, buscou-se pesquisas

bibliográficas e em artigos publicados em sites especializados em direito.

Este estudo tem como foco principal o esclarecimento e dúvidas recorrentes

da modalidade Convite, e como é utilizado na Administração Pública, pelos seus

respectivos representantes, é um trabalho que visa retirar da Lei 8.666/93 os

disciplinamentos jurídicos relativos a essa modalidade licitatória.

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2 NOÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1. NOÇÕES DE ESTADO

O Estado é uma pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos,

povo território, e governo soberano. Esses três elementos são indissociáveis e

indispensáveis para a noção de um Estado independente: o povo, num dado

território, organizado segundo sua livre e soberana vontade.

O Estado é um ente personalizado, ou seja pessoa jurídica de direito público,

apresentando-se tanto nas relações internacionais, no convívio com outros Estados

soberanos, como sujeito capaz de adquirir direito e contrair obrigações na ordem

jurídica.

A organização do Estado é matéria de cunho constitucional, especialmente no

tocante à divisão política do seu território, à organização de seus Poderes, à forma

de governo adotada e ao modo de aquisição do poder pelos governantes.

A literatura1 aponta como principais formas de Estado o Unitário e Federal, o

primeiro tem o poder central como núcleo do poder político e o segundo, coordena

várias centros de poder político autônomo.

No Brasil a estrutura do Estado está definida na Constituição Federal no seu

art. 18:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomo, nos termos desta Constituição.

1CASTRO, Domingos Poubel de. Auditoria e Controle Interno na Administração Pública: Evolução do Controlo Interno no Brasil: do Código de Contabilidade de 1922 até a criação da CGU em 2003: guia para a atuação as auditorias e organização dos controles internos nos Estados, municípios e ONGs: São Paulo: Atlas, 2008.p 09. .

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O Estado Federal é mais democrático, sendo capaz de integrar as diferentes

peculiaridades das unidades federais. Tem como características a descentralização

política, marcada pela convivência, num mesmo território, de diferentes entidades.

2.2 ELEMENTOS, FINALIDADE, FUNÇÕES E PODERES DO ESTADO

Os elementos que constituem o Estado podem ser identificados a partir dos

critérios, de ordem formal, tratando de identificar os elementos constitutivos do

Estado a partir da organização do poder político, do estabelecimento de sua

soberania e autonomia e também de ordem material, pois por este critério é possível

verificar como, de fato, o Estado existe a partir tanto de sua localização espacial,

quanto territorial, como das pessoas inseridas nesse espaço com suas regras de

convivência.

O Estado tem uma finalidade, uma razão de ser que o torne legitimo para as

pessoas que integram a nação presente em seu território.

A legitimação de todos os atos do Estado depende de sua adequação às

finalidades. O Estado visa ao bem comum do povo situado em determinado território.

Logo, o desenvolvimento integral da personalidade dos integrantes desse povo é

que deve ser o seu objetivo.

O Estado é composto de Poderes, que representam uma divisão estrutural

interna, destinada à execução de certas funções estatais. Segundo classificação são

poderes do Estado, o legislativo, o executivo e o judiciário, conforme preceitua a CF

no seu art. 2º.

A Constituição atribui para cada poder a sua função típica: ao Poder

Legislativo é atribuída a função normativa, de elaborações das leis; ao Poder

Executivo, a função de dar execução, diante dos casos concretos; ao Poder

Judiciário, a função de aplicar a lei.

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2.3 SOCIEDADE

A conceituação de sociedade está relacionada com o que caracteriza a

existência do ser humano, uma vez que o homem não pode viver só. Está escrito na

Bíblia (Gn 2,18-24) O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem viva só”.

Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-

aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos

pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos

entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado

geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas

numa comunidade organizada.

O Ordenamento jurídico do Brasil, a Constituição Federal trata da sociedade

já no seu art. 1º quando define em seu parágrafo único que todo o poder emana do

povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos

desta Constituição.

2.4 GOVERNO

Uma vez entendida a formação do Estado e da sociedade, é preciso que

desfaça uma confusão comum entre expressões administração pública e governo,

pois são conceitos distintos.

Governo, pela sua etimologia, significa autoridade, poder de direção, que

preside a vida do Estado e provê as necessidades coletivas, conforme preceitua Hely

Lopes Meirelles:

A expressão governo deve ser analisada em dois sentidos. Em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais. Materialmente, é o complexo de funções estatais básicas. 2

2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24. ed. Atualizada por Eurico Andrade

Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Filho. São Paulo: Malheiros, 2006. p.121.

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A administração é o conjunto de órgãos instituídos, para a consecução

concreta dos objetivos do governo, em sentido formal, e a atividade pública ou

serviço público, em sentido material.

A palavra administração deve ser analisada sob dois aspectos: o subjetivo (formal) e o objetivo (material). Subjetivamente, a administração é o conjunto de órgãos e entidades públicas que exercem atividades administrativas. 3

Em sentido objetivo, administração pública significa a atividade concreta do

Estado, dirigida à consecução das necessidades coletivas de modo direto e imediato.

Em outras palavras, o conjunto das funções necessárias aos servidores públicos em

geral, sendo a própria atividade administrativa.

Administrar é, pois, assegurar a aplicação diária das leis, zelar pelas relações dos cidadãos com a administração central ou local e das diversas administrações entre si. Governar é prover as necessidades de toda a sociedade política, zelar pela observação de sua constituição, pelo funcionamento dos grandes poderes públicos, pelas relações do Estado com as potências estrangeiras, pela segurança interna e externa. 4

2.5 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Na concepção de Silva:

Administração Pública é o conjunto de meios institucionais, materiais, financeiros e humanos, organizados e necessários para executar as decisões políticas. Essa é uma noção simples de administração pública que destaca, em primeiro lugar, que é subordinado ao poder político. Em segundo lugar, que é meio e, portanto, algo de que se serve para atingir fins definidos. Em terceiro lugar, denota seus aspectos: um conjunto de órgãos a serviço do poder político e as operações realizadas, atividades administrativas. 5

3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p 24.

4 MEDAUAR, Odete. O direito Administrativo em Evolução. São Paulo: Revista dos Tribunais,

1992. p.137. 5 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22. ed. São Paulo: Malheiros,

2004.

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A Administração Pública deve ser vista, juridicamente, como contraponto da

administração privada, pois tudo é permitido, exceto o que a lei proíbe, contraria a

área pública que nada é permitido, somente o que a legislação autoriza.

A Administração Pública pode ser ainda entendida em dois sentidos básicos,

são eles: organizacional e funcional.

A Administração Pública Federal atual foi definida pelo Decreto-lei 200/67, que

a dividiu em duas áreas: Administração Direta e Administração Indireta.

A Administração Direta abrange os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e compreende o conjunto de órgãos integrados, responsáveis pela condução da administração da União, como são os ministérios. A Administração Indireta compõe-se do conjunto de entes vinculados a cada Ministério. 6

A estrutura da administração indireta foi criada para dar maior eficiência à

gestão governamental, sendo estas, as autarquias, empresas públicas ou estatais,

fundações públicas e sociedade de economia mista, sobre elas reportemos ao

próximo tópico.

2.5.1 ENTIDADES ADMINISTRATIVAS

As autarquias são entidades criadas por lei, caracterizadas por personalidade

jurídica, patrimônio e receitas próprias, desempenhando atividades típicas da

Administração Pública, mas com gestão administrativa e financeira descentralizada.

Apresentam natureza de pessoa jurídica de direito público, com função pública

própria e típica, autorizada pelo Estado.

As autarquias são criadas por lei para executar, de forma descentralizada,

atividades típicas da administração pública. Têm patrimônio formado por recursos

próprios. Sua organização interna pode vir através de decretos (emanam do poder

6 Embora o Decreto – lei 200/67 seja aplicável à União, seus conceitos foram assimilados pelas

demais esferas de governo. p 110.

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executivo); de portarias (ministérios, secretarias); regimentos ou regulamentos

internos, tem capacidade exclusivamente administrativa.

As autarquias podem ser classificadas em fundacional ou de regime especial,

sendo que a primeira têm finalidades qualificadas pelo Estado como próprias, por

exemplo, as universidades federais e a segunda são aquelas a quem a lei confere

privilégios específicos, com maior autonomia que as fundacionais, sem infrigir os

preceitos constitucionais, exemplo, Banco do Brasil, Comissão Nacional de Energia

Nuclear e outras.

As empresas públicas são entes com personalidade jurídica de direito privado,

patrimônio próprio e capital exclusivo da União. Também são criadas por lei,

objetivando exploração de uma atividade econômica que o governo entenda como

conveniente aos objetivos do Estado. Como exemplos podemos citar o Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e a Caixa Econômica

Federal (CAIXA).

Em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), introduziu uma nova

classificação de empresa estatal: empresa estatal dependente. Aquelas que são

dependentes do orçamento fiscal, as dependentes ficam sujeitas às mesmas regras

da LRF, exemplo é a empresa EMBRAPA.

As fundações públicas realizam atividades que, embora não sejam típicas de

Estado, são de interesse coletivo. As mais comuns atuam nas áreas de educação,

cultura e pesquisa. São também criadas também por lei especifica e estruturadas por

decreto, independente de qualquer registro.

As fundações públicas foram incluídas entre os órgãos da administração

indireta, e definidas como pessoas jurídicas de direito privado. Sendo que tem duas

vertentes, uns defendem a natureza privada de todas as fundações, outros

defendem a personalidade pública ou privada, como modalidade de autarquia.

A sociedade de economia mista trata-se de pessoa jurídica de direito privado,

com participação do poder público e de particulares em seu capital e em sua

administração. Destinam se ao desenvolvimento de atividades econômicas ou de

serviço de interesse coletivo delegado pelo Estado.

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2.5.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os princípios da administração pública estão definidos no art. 37 da

Constituição Federal.

Art. 37. A administração pública direita e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Por este preceito constitucional, a administração pública está sujeita a um

regime jurídico especial. Trata-se do denominado regime de direito público ou regime

jurídico-administrativo.

O primeiro princípio da Administração é o da Legalidade que diferente da vida

privada, em que tudo é permitido, menos proibido. Na área pública inverte-se: tudo é

proibido, se não for expressamente permitido, exige-se regulamentação legal para

tudo.

A legalidade significa que o administrador público está sujeito às leis que

regem a Administração Pública, e delas não podem se afastar ou desviar, sob pena

de praticar ato invalido, expondo-se à responsabilidade disciplinar civil e criminal,

conforme o caso.

O principio da legalidade deve ser visto em conjunto com o da finalidade do

Estado. Hely Lopes Meirelles, ao abordar o tema em relação ao Estado, lembra que:

A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. [...] As leis administrativas são normalmente, de ordem pública e seus preceitos não podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vez que contêm verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos. Por outras palavras, a natureza da função pública e a finalidade do Estado impedem que seus agentes deixem de exercitar os poderes e de cumprir os deveres que a lei impõem.7

7 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24. ed. Atualizada por Eurico Andrade

Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Filho. São Paulo: Malheiros, 2006.p. 142.

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O segundo principio a ser abordado é o da Impessoalidade, estando

relacionado com a própria finalidade pública. A Administração não pode atuar com

vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas. O interesse público deve

nortear atuação da Administração, daí por que o ente em nome do qual o

administrador age é o Município, o Estado ou União e não a pessoa do seu

administrador. Como conseqüência, este principio veda a autopromoção, razão pela

qual a Constituição incorporou no seu parágrafo 1º do art. 37, a proibição no sentido

de que não constem nomes, símbolos ou imagens que caracterizem a promoção

pessoal em publicidade de atos, serviços ou campanhas feitas com dinheiro público.

O próximo principio a ser comentado é o da Moralidade e da Probidade

Administrativa, sendo que alguns autores discordam quanto à natureza do princípio,

pois o considera absorvido pelo da legalidade. Outros os consideram autônomos,

defendendo que, em matéria administrativa, sempre que se verificar que o

comportamento da Administração, mesmo em consonância com a lei, ofende a

moral, os bons costumes, as regas de boa administração, os princípios de justiça e

equidade, a idéia comum de honestidade estará havendo ofensas ao principio da

moralidade, administrativa. O principio refere-se à disciplina interna, da

Administração, enquanto o da legalidade alcança a moral institucional, no âmbito do

Poder Judiciário.

A concretização destes princípios dá-se em diversos pontos da Constituição.

O § 4º do art. 37, postula que os atos de improbidade administrativa implicarão na

suspensão dos direitos políticos, na perda da função pública, na indisponibilidade

dos bens e ressarcimento ao erário na forma e gradação previstas em lei, sem

prejuízo da ação penal cabível.

A probidade administrativa não foi citada no caput do art. 37 da Constituição

Federal, mas consta de seus parágrafos, pois é uma forma de moralidade. A

probidade administrativa consiste no dever de o “funcionário servir a Administração

com honestidade, procedendo no exercício das suas funções, sem aproveitar os

poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem

queira favorecer”. A improbidade é tratada com mais rigor, por entrar no

ordenamento constitucional como causa de suspensão dos direitos políticos do

ímprobo.

Outro principio a ser citado é o da Publicidade, que se refere à divulgação

oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses previstas na Constituição.

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A publicidade sempre foi tida como um princípio administrativo, porque entende-se

que o Poder Político, por ser público deve agir com a maior transparência possível,

afim de que os administrados tenham, a toda hora conhecimento do que os

administradores estão fazendo.

O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de

assegurar seus efeitos externos, visa propiciar conhecimento e controle pelos

interessados diretos e pelo povo em geral.

E por último vale ressaltar o principio da Eficiência, que trata de um conceito

econômico. Não qualifica normas; qualifica atividades. Numa idéia muito geral,

eficiência significa fazer acontecer com racionalidade. Busca estimular e conseguir

os melhores resultados com os meios de que dispõe ao menor custo.

Na primeira dimensão do princípio da eficiência, insere-se a exigência de

economicidade, sendo o desperdício a idéia oposta imediata. Trata-se da eficiência

como qualidade da ação administrativa que maximiza recursos na obtenção de

resultados previstos. O princípio da eficiência pode ser equiparado ao princípio

tradicional da boa administração. Na Administração Pública, este princípio veio

reforçar a tese de que não basta ao administrador atuar apenas de forma legal e

neutra, é fundamental que atue com alto rendimento, maximizando a relação

beneficio/custo.

No próximo capitulo estudaremos sobre as modalidades de licitação, fazendo

uma análise sobre suas características e principais diferenciais uma das outras, para

a Administração Pública.

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3 MODALIDADES DE LICITAÇÃO

3.1 ASPECTOS GERAIS

O art.37 da CR/88, fala sobre as disposições gerais no órgão da

Administração Pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Neste capitulo vamos retratar as modalidades de licitação, trazidas pela Lei

Federal nº8.666/93, que é o meio de condução dos processos administrativos

licitatórios, obedecendo-se aos parâmetros legais. O Estatuto das Licitações, em seu

art. 22, traz cinco modalidades de licitação, conforme dispõe:

Art. 22. São modalidades de licitação: I – concorrência; II – tomada de preços; III – convite; IV – concurso; V – leilão.

A Lei nº 10.520 de 17/07/2002 instituiu uma nova modalidade de licitação

denominada pregão, destinada à aquisição de bens e serviços comuns relativos a

qualquer valor, cuja análise se dá em audiência pública por meio de lances. Trata-se

de modalidade de célere tramitação, mais utilizadas nas licitações de compras feitas

na Administração Pública.

A Administração Pública pode escolher através das diferentes modalidades

a que melhor atenda ao interesse público.

As três primeiras modalidades (concorrência, tomada de preços e convite)

são as mais utilizadas, decorrem apenas do valor estimado pela pesquisa de preços

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realizada pela Administração com, no mínimo, três orçamentos em empresas que

trabalhem com o objeto da licitação.

A Comissão de Licitação é instituída pela Administração com a função de

promover em todas as suas etapas o procedimento licitatório, máxime quando se

tratar das modalidades de Concorrência e Tomada de Preços.

A Comissão só poderá ser permanente ou especial. Será permanente

quando tem como objetivo realizar todos os procedimentos licitatórios da entidade,

durante o período de um ano, sendo vedada à recondução da totalidade de seus

membros para a mesma Comissão no período subseqüente, com a finalidade de

dificultar as fraudes, não raras vezes ocorrentes nestes procedimentos

administrativos. Denomina-se Comissão Especial de Licitação quando se destina à

realização de apenas um ou alguns certames.

A Comissão é composta, no mínimo, por três membros, sendo pelo menos

dois deles servidores qualificados da Administração.

Os atos dos procedimentos administrativos de licitação, depois de autuados

e protocolados, deverão ser numerados, possuir capa padronizada, trazendo as

informações que facilitem a identificação do processo, tais como: objeto, número do

processo administrativo, exercício financeiro, unidade solicitante, modalidade da

licitação, número do convite, tomada de preços, concorrência, da dispensa ou da

inexigibilidade, tipo da licitação, histórico do objeto, dotação orçamentária e certidão

de autuação.

Todos os membros da Comissão respondem solidariamente pelos atos por

ela praticados, devendo qualquer membro que discordar de decisão tomada pela

Comissão, manifestar sua irresignação expressamente, seja em ata ou documento

avulso, sob pena de responder, juntamente com os demais membros por eventual

irregularidade contida no ato impugnado.

No caso das modalidades Convite e Pregão, a comissão só poderá ser

substituída por um único responsável, formalmente designado pela autoridade

competente pra desenvolver as atividades.

Julgadas as propostas, homologada a licitação adjudicado o seu objeto ao

vencedor, proceder-se à formalização do contrato administrativo, que obedecerá aos

parâmetros contidos na minuta elaborada quando do início do certame. Este

documento conterá todas as cláusulas imprescindíveis para o desenvolvimento do

negócio realizado pelo erário público, conforme preceitua Hely Lopes Meirelles:

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20

[...] Contrato Administrativo é o ajuste que a Administração Pública agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra entidade administrativa para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela própria Administração. 8

O art. 61 da lei de licitações dispõe que:

Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e à cláusulas contratuais. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte à sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvada o disposto no art. 26 desta lei (LEI FEDERAL 8.666/93).

A publicação do resumo de todo contrato administrativo na Imprensa Oficial

é condição essencial para a sua validade. Esta publicação deverá ocorrer no prazo

de 20 (vinte) dias, contados do quinto dia útil seguinte ao da assinatura do

instrumento, não importando qual seja a forma de licitação adotada. Esta publicação

é muito importante, principalmente no caso da modalidade convite, em que seus atos

não gozam da mesma publicidade das demais modalidades de licitação.

3.2 CONCORRÊNCIA

É a modalidade de licitação para a transação de grande vulto, razão por que

exige a mais ampla publicidade, consistente em publicação de Edital em veículo da

imprensa particular bem como divulgação pela Imprensa Oficial.

Podem participar do certame quaisquer interessados, cadastrados ou não,

desde que satisfaçam as condições do Edital. Esta modalidade está prevista no art.

8 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006,

p. 211.

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21

22, I, enfocando os casos em que será obrigatória a sua adoção. Consoante Carlos

Pinto Coelho Motta:

Concorrência é a modalidade apropriada para valores de grande vulto, para a alienação de bens móveis, concessão de direito real de uso e concessão de obra pública (§ 1º do art. 22). Qualquer interessado pode participar, desde que habilitado na fase inicial. 9

Esta modalidade será obrigatória nos casos previstos no art. 23, § 3º, que

elucida sobre os valores para obras serviços de engenharia superiores a um milhão

e quinhentos mil reais e para as compras e serviços que não sejam de engenharia,

de valor superior a seiscentos e cinqüenta mil reais, também nas alienações de bens

imóveis, nas concessões de direito real de uso e licitações internacionais.

O prazo para a publicação do Edital será de no mínimo 30 (trinta) dias para

a concorrência do tipo menor preço e mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias para

concorrência do tipo melhor técnica e preço. A publicidade será feita no Diário Oficial

e jornais de grande circulação da região. Os prazos iniciam-se a partir do último dia

da publicação do aviso contendo o edital resumido ou da disponibilidade total e seus

respectivos anexos, prevalecendo sempre o que ocorre por último.

Se houver qualquer modificação nos termos do Edital, é obrigatória a

publicação do mesmo novamente, restituindo-se o prazo integralmente aos

interessados.

Registra-se, também, a existência da modalidade de Concorrência

Internacional, aberta aos interessados constituídos por pessoas físicas ou jurídicas

estrangeiras, isoladamente ou em consórcio com empresas nacionais. Este

procedimento é o mesmo adotado pela concorrência normal e não poderá ferir

nenhum princípio contido na norma de regência e na Constituição Federal.

9 MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e Contratos. 10ª ed. Belo Horizonte: Del Rey,

2008, p. 194.

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22

3.3 TOMADA DE PREÇOS

É um procedimento licitatório que condiciona as transações de valores

dentro dos limites dispostos no art. 22, II do Estatuto das Licitações, ocorrendo

redução do prazo de publicidade e restrições quanto à participação apenas de

interessados previamente cadastrados.

Para Antônio Cecílio Moreira Pires a tomada de preços é:

É a licitação realizada entre interessados previamente cadastrados ou não, que obtenham até três dias antes do inicio da licitação atestado oficial de que preencham todas as exigências para cadastramento, devendo ser convocados mediante aviso publicado na imprensa oficial e em jornal particular, contendo as informações essenciais da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. 10

O cadastramento será elaborado pela Administração. Os interessados

devem se inscrever, discriminando os bens e serviços que se comprometem a

fornecer, bem como as obras que se comprometem a executar. Cuida-se de

procedimento mais simplificado que o da concorrência, em que existe uma análise

prévia da qualificação dos licitantes já cadastrados e a ser comprovada no momento

do julgamento.

Todos os fornecedores não cadastrados e interessados na participação do

certame, terão prazo de até três dias antes do recebimento das propostas para se

inscreverem e participarem da licitação. Se o cadastramento for negado, diante da

falta de qualquer documento não apresentado no ato, os inabilitados terão o direito

de recorrer da decisão, em um prazo de 5 (cinco) dias úteis, para apresentarem seus

documentos pendentes de habilitação.

O prazo de publicação do Edital será, no mínimo, de 15 (quinze) dias antes

do recebimento das propostas. Se a licitação tiver como tipo a melhor técnica, ou

melhor técnica e preço, o prazo será, no mínimo, de 30 (trinta) dias. Necessária,

também, a publicação no diário Oficial e jornais de Grande circulação da região.

10

PIRES, Antônio Cecílio Moreira. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: WVC, 2002, p. 72.

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3.4 CONCURSO

O concurso é a modalidade de licitação para escolher de trabalho técnico,

científico ou artístico, com a instituição de prêmio ou remuneração ao vencedor, com

base em critério estabelecido no edital que é publicado no diário oficial. É

comumente utilizado na seleção de projeto, onde se busca a melhor técnica, e não o

menor preço. Não prevalece, nestas hipóteses, o princípio do julgamento objetivo,

pela própria natureza do objeto a ser licitado.

A modalidade concurso está regida no Art. 22, IV, pressupondo regulamento

próprio, acessível no local indicado no Edital. Seu julgamento será feito por comissão

composta por pessoas habilitadas para a realização do ato. Estas pessoas podem

ser ou não servidores da Administração.

O concurso dever ter ampla divulgação pela Imprensa Oficial e Particular,

com a antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias para a realização do

evento. A qualificação exigida dos participantes será estabelecida por um

regulamento próprio do concurso, com as diretrizes e a forma de apresentação do

trabalho, com ênfase, nas condições de realização e nos prêmios ou remuneração a

serem concedidos.

O julgamento é realizado por uma comissão especial, integrada por pessoas

de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria. Esse julgamento será

realizado com base nos critérios fixados pelo regulamento do concurso. O

pagamento do prêmio ou remuneração pode ser condicionado à cessão, por parte do

autor do projeto, dos direitos a ele relativos, a fim de que a Administração possa

utilizá-lo de acordo com o prescrito no regulamento ou no ajuste para sua

elaboração.

3.5 LEILÃO

O leilão é realizado quando a Administração Pública se dispõe a vender

bens móveis inservíveis ou produtos legalmente apreendidos, a quem oferecer maior

lance, desde que igual ou superior ao previamente avaliado. O procedimento é

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24

adotado, também, para a venda de bens móveis cuja aquisição tenha derivado de

procedimentos judiciais. Esta modalidade de licitação está prevista no Art. 22, V, da

Lei 8.666/93.

Ressalta-se aqui que os bens móveis inservíveis não são aqueles

deteriorados, mais sim bens que não tem utilidade para a Administração Pública.

Com relação aos bens decorrentes de penhoras, houve uma impropriedade do

legislador, já que a penhora ocorre em procedimento judicial e a sua alienação esta

regulada pelas leis processuais.

Os lances no leilão são verbais, ou através de envelopes fechados,

constituindo-se em uma disputa pública entre ofertantes, oportunidade em que

aquele que oferecer o maior lance, valor igual ou superior ao da avaliação previa,

arremata o objeto da licitação.

A licitação no caso de convite envolve menores valores em relação às

demais formas de licitação (art. 22, III). Esta modalidade merece destaque especial

por constituir o objeto desse trabalho. No próximo capítulo retrataremos sobre suas

principais diferenças com a modalidade pregão, que também será estudada

posteriormente.

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25

4 PREGÃO X CONVITE

4.1 PREGÃO

Administração Pública e a Sociedade clamam por mudanças na Lei Federal

nº. 8666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta as licitações do setor público.

Diante das fraudes descobertas em licitações públicas as mudanças na legislação

são urgentes para evitar problemas na utilização de recursos públicos. Com isso foi

aprovada a Lei 10520/2002, que institui a modalidade pregão.

A palavra pregão corresponde ao ato de apregoar, significado proclamação

pública. A nova modalidade pode ser usada para qualquer valor estimado de

contratação. Pode ser Presencial ou na forma Eletrônica. Sendo que a sua instituição

teve como finalidade desburocratizar os processos administrativos atuais em prol de

uma revolução no mundo da licitação, segundo assevera Álvaro César dos Santos

Neto:

Ao contrario das modalidades instituídas pela Lei 8.666/93, em que, apresentada a proposta, o licitante não pode mais modifica-la, o pregão tem a característica de permitir, conhecidos os preços ofertados, que os participantes, em lances verbais e sucessivos, continuem a diminuir o preço inicial até que se consiga efetivamente o menor preço para a Administração Pública. 11

Os diferenciais desta modalidade em relação às já existentes são a celeridade

na fase externa do processo, a inversão de fases, ocorrendo primeiro o julgamento

das propostas para depois analisar os documentos de habilitação. Criou a

11

SANTOS NETTO, Álvaro César dos. Direito Administrativo I, guia de aulas. 1ª ed. Campinas: Komedi, 2005, p. 167.

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possibilidade de alteração no valor das propostas através de lances verbais ou por

meio de comando eletrônico. A compra sempre será pelo menor preço para qualquer

valor, a fase recursal é motivada.

A modalidade pregão reside na agilidade com que a Administração consegue

ultimar as licitações. E essa agilidade ocorre, sobretudo, em tributo à inversão das

fases do processo licitatório, tal qual dispostas na Lei nº 8.666/93.

Nela, antes de analisar as propostas, analisam-se os documentos de habilitação, isto

é, se os licitantes são ou não aptos para cumprirem o objeto licitado.

A título ilustrativo, imagine-se que numa licitação haja vinte licitantes. Nas

modalidades tradicionais, é necessário verificar documento por documento de cada

um dos vinte.

Suponha-se que os documentos para a habilitação de cada um deles alcance,

em média, cem laudas, o que não é raro. A comissão de licitação terá, pois, que

analisar duas mil laudas de documentos. Ademais, por praxe, cada um dos licitantes

pode verificar os documentos apresentados pelos demais e, em seguida, demonstrar

a sua intenção de interpor recurso, cabendo ao pregoeiro juntamente com a equipe

de apoio aceitar ou não, aceitando o recurso dispõe o prazo para a interposição dos

recursos administrativos, que, por sua vez, devem ser encaminhados à autoridade

competente. Corre-se o risco de que, após a decisão da autoridade competente,

algum licitante, insatisfeito, recorra ao Poder Judiciário e obtenha liminar que

suspenda o processo licitatório. Isso, evidentemente, atrasa em muito a conclusão

da licitação pública, a assinatura do contrato e a satisfação das demandas

administrativas.

Com o pregão, como dito acima, primeiro julgam-se as propostas, apurado o

licitante o autor da melhor proposta, passa-se à análise dos documentos de

habilitação dele e só dele. Os documentos de todos os demais não são sequer

analisados. Se os documentos do autor da melhor proposta atendem ao pedido no

edital, a disputa praticamente se encerra o que confere ostensiva agilidade às

licitações regidas sob a modalidade pregão, mormente se comparadas às regidas

pelas modalidades tradicionais da Lei nº 8.666/93. Conforme indica a experiência

prática, enquanto licitação realizada através do pregão é concluída em torno de

quinze ou vinte dias, as realizadas sob as modalidades tradicionais, com bastante

freqüência, arrastam-se por meses e meses.

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27

Outro ponto favorável ao pregão relaciona-se à economicidade, haja vista que

a Administração consegue obter, quando utiliza o pregão, sensível redução de

preços. Os licitantes consoantes critérios definidos em lei são convidados a

oferecerem novas propostas, dando-se oportunidade para que cada um deles cubra

o preço oferecido pelos outros, até que se alcance o menor preço. É evidente que

essa sistemática de julgamento fomenta a redução de preços, o que, realmente, vem

acontecendo na prática.

O pregão também atrai elogios porque ele minimiza a possibilidade de litígios,

porquanto os licitantes dispõem de apenas uma oportunidade para interporem

recursos administrativos, que ocorre logo após a decisão do pregoeiro sobre a

habilitação. Além disso, para interporem o recurso, devem estar presentes à sessão

do pregão e manifestar motivadamente a intenção de recorrer.

Essa modalidade de licitação se desenvolve em duas etapas, sendo uma

fase preparatória e a outra externa. Na primeira justifica-se a necessidade de

contratação, definindo-se o objeto do certame, as exigências de habilitação, critérios

de aceitação das propostas, sanções aplicáveis e a designação do pregoeiro. Já na

fase externa será realizada a divulgação do pregão, por meio de aviso no Diário

Oficial e em Jornal diário de grande circulação, podendo ser feita, também, por meio

eletrônico.

A lei dispõe que o pregão poderá ser realizado por meio de utilização de

recursos da tecnologia da informação nos termos de regulamentação especifica,

sendo possível a participação de bolsas de mercadorias organizadas na forma de

sociedade civil sem fins lucrativos e corretoras que operem em sistemas eletrônicos

unificados.

Da publicidade dos avisos, em local previamente designado, serão

especificados o local, o horário, e o período em que exemplares, na íntegra do Edital,

poderão ser retirados. Deste edital constarão todas as informações sobre o

procedimento, como: justificativa da necessidade de contratação, definição do objeto,

os documentos necessários para a habilitação, critérios de aceitação, sanções por

inadimplemento, cláusulas de contrato, fixação dos prazos de fornecimento, normas

disciplinares do procedimento e minuta do contrato.

Todos os interessados podem adquirir o Edital. A data de publicação do

aviso não poderá ser inferior a 8 (oito) dias úteis para a realização da licitação. No

momento assinalado, o pregoeiro receberá todas as propostas em envelopes e as

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analisará. O destaque para essa modalidade, é que tanto o autor da proposta mais

baixa e como aqueles que tenham feito propostas de até 10% (dez por cento)

superiores podem fazer lances verbais na licitação.

A Lei criou duas formas de pregão, “presencial e eletrônico”. O Pregão

Presencial exige a presença física dos licitantes no dia e local determinado no ato

convocatório. Este tipo de licitação é o mais recomendável, tendo em vista que o

comércio local é beneficiado, assim como a região, evitando que os recursos sejam

destinados para outras partes do País. No Pregão Eletrônico todos os atos são feitos

por meio da tecnologia da informação (internet), inclusive a sessão pública, bem

como envio de propostas e lances, impugnações e recursos. Desta forma qualquer

empresa de qualquer parte do país pode participar.

As entidades de classe e órgãos representativos deverão prestar

esclarecimentos aos licitantes, informando-os das responsabilidades e os efeitos

jurídicos de seus lances em licitações na modalidade pregão.

Como não é raro que se planeje, durante o exercício orçamentário, consumir

certa quantidade de um bem, o que possibilita a adoção, por exemplo, da

modalidade convite e, posteriormente, sente-se necessidade de aumentar os

quantitativos acima dos 25% admitidos em lei, o que força a realização de uma nova

licitação. Nesses casos, somando-se os valores do primeiro com o do segundo

contrato, costuma ocorrer que se ultrapasse o limite da modalidade adotada

inicialmente, no exemplo, o convite, desenhando situação cujo efeito pode redundar

em acusação de fracionamento da licitação, a teor do prescrito no § 5º do artigo 23

da Lei nº 8.666/93.

A modalidade pregão sepulta tais contra-tempos, já que ela, como afirmado,

não depende do valor estimado do futuro contrato, mas sim da natureza do bem

licitado, que precisa ser qualificado como bem e serviço comum. Por conseqüência,

é possível que, durante o mesmo exercício orçamentário, faça-se várias licitações

sob a modalidade pregão, para o mesmo objeto, sem se preocupar minimamente

com os valores dos contratos.

Esta modalidade tende de ser mais usada nos futuros contratos

administrativos, já que o objeto da licitação é a proposta mais vantajosa.

Evidentemente que se trata de modalidade desburocratizada do procedimento

licitatório administrativo, apontando para uma revolução no mundo da licitação.

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4.2 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA MODALIDADE CONVITE

A modalidade convite é o procedimento mais simples dentre as modalidades

de licitação instituídas pelo Estatuto das Licitações em seu art. 22, § 3º, conforme

Carlos Antônio Bandeira de Mello pontifica:

O convite é a modalidade licitatória cabível perante relações que envolverão os valores mais baixos, na qual a Administração convoca para disputa pelo menos três pessoas que operam no ramo pertinente ao objeto, cadastrado ou não, e afixa em local próprio cópia do instrumento do ramo pertinente ao objeto que hajam manifestado seu interesse até 24 horas antes da apresentação das propostas. 12

Nesta modalidade, o instrumento convocatório dos interessados é a Carta-

convite, uma forma mais simples de edital, que dispensa uma ampla publicidade. O

instrumento é enviado diretamente aos proponentes convidados pela própria

repartição interessada. Dela consta, necessariamente, a identificação do objeto da

licitação, a fixação, com clareza, das condições estabelecidas pela Administração,

com a delimitação dos critérios de julgamento, bem como os recursos admissíveis.

Todavia, nada impede que outros interessados, além de convidados, se inscrevam

no certame, desde que esteja cadastrado e opere no mesmo ramo do objeto da

licitação. Também não há impedimento que o órgão ou agente encarregado da

licitação convide mais de três licitantes.

A divulgação do certame será concretizada com a fixação de uma cópia do

Convite em quadro de avisos do órgão ou entidade, localizado em lugar de ampla

divulgação. Evidentemente que esta modalidade de licitação exige o mínimo de

publicidade, justificada pelo fato de se tratar de contratação menos onerosa para os

cofres públicos, dispensando-se a divulgação dos atos em jornais de grande

circulação ou no Órgão Oficial de Imprensa. Sobre a publicação, Carlos Pinto Coelho

Motta recomenda o seguinte procedimento:

12

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 18ª ed. São Paulo: Editores Malheiros, 2005, p. 524.

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Reconhecemos que, sobretudo após a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Administração deve atentar para o custo elevado de seus controles. Sob esse aspecto, a publicação do aviso do convite poderia ser substituída pela divulgação na internet; outra opção é a divulgação nas entidades de classe, por meio de afixação de aviso. 13

Todavia, a publicação na Imprensa Oficial e em jornais de grande

circulação, ou, até mesmo, na internet vem sendo utilizada tão-somente para os

certames que demandam licitações nas modalidades tomada de preços,

concorrência e pregão.

No que tange à escolha dos convidados, a Administração atua dentro de sua

competência discricionária, o que pressupõe alta dose de cautela por parte do

administrador.

Se a escolha ocorre em decorrência de preferências subjetivas, o que não é

raro caracteriza-se em sua modalidade desvio de poder.

A modalidade convite atende às licitações de pequeno vulto econômico.

Nesta senda, tem-se que a concorrência é a modalidade para todos os objetos e

para compras e serviços acima de R$: 650.00,01 (seiscentos e cinqüenta mil reais e

um centavo). Esta é também a modalidade licitatória para obras e serviços de

engenharia iguais ou acima de R$: 1.500.000,01 (um milhão quinhentos mil reais e

um centavo). A tomada de preços para compras e serviços entre R$: 80.000,01

(oitenta mil reais e um centavo) e R$: 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais),

e em caso de obras e serviços de engenharia vai de R$: 150.000,01 (cento e

cinqüenta mil reais e um centavo) até R$: 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil

reais). A modalidade pregão pode ser promovida em qualquer que seja o valor

estimado para contratação, diferenciando-se das outras modalidades de licitação.

O convite é realizado em licitações cujo valor varia, para obras e serviços de

engenharia, entre R$: 15.000,01 (quinze mil reais e um centavo) e R$: 150.000,00

(cento e cinqüenta mil reais), e para comprar e serviços em geral, entre R$: 8.000,01

(oito mil reais e um centavo) a R$: 80.000,00 (oitenta mil reais). Em grande parte das

compras, apesar de previsão de inexigibilidade de licitação, está modalidade dever

13

MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e Contratos. 10ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 198.

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ser utilizada, também, para valores inferiores a R$: 8.000,00 (oito mil reais) ou R$

15.000,00 (quinze mil reais).

A Administração tem que promover, no mínimo, 3 (três) convites, podendo

ser endereçados a pessoa física ou jurídica, enviando-os aos prováveis

interessados, conforme Maria Adelaide de Campos França afirma:

A Administração envia uma convocação para no mínimo três interessados apresentarem suas propostas, mas essa convocação-convite deverá ser afixada em local apropriado, podendo qualquer empresa, interessada em participar, solicitar também sua carta-convite para apresentar sua proposta em, com antecedência de até 24 horas da data estabelecida para a abertura das propostas. 14

As Cartas-convites serão enviadas no mínimo a três interessados no ramo

que pertence o objeto do contrato, as quais são livremente escolhidas pelo

Administrador.

A exigência de número mínimo de participantes não quer dizer que a

licitante tem que promover apenas três convites, na verdade a forma correta de

realizar um serviço seria o envio máximo de convites a licitados que operem com a

finalidade pretendida.

Escolhidos os participantes do certame, no dia designado, a abertura e

julgamento das propostas poderão ser realizados, ainda que só compareçam dois

dos convidados.

A Sumula nº248 do TCU prescreve que se não obter o número mínimo de

três propostas aptas a seleção, na licitação na modalidade convite, impõem se a

repetição do ato, convidado outros possíveis interessados. Para se evitar tais

hipóteses, a solução seria a maior amplitude de publicidade dos atos nesta

modalidade, prevendo a própria lei a publicação na imprensa Oficial, em Jornal de

grande circulação local e internet, oportunizando uma maior competição entre os

interessados, em prol de um contrato mais vantajoso para a coletividade.

Por outro lado, em não comparecendo nenhum dos licitantes convidados,

tem-se por prejudicada a licitação. Neste caso, a Administração poderá dispensar

14

FRANÇA, Maria Adelaide de Campos. Comentários à lei de licitações e contratos da administração pública: de acordo com a Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993 atualizada pela Lei nº 8.883. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 37

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nova licitação, se houver interessado em contratar nas mesmas condições previstas

no Convite originário. Este, aliás, é o entendimento sufragado pela doutrina,

consoante leciona Diógenes Gasparini:

Se nenhum dos convidados atender ao convite, tem-se licitação deserta, o que leva, em princípio à dispensa de nova licitação, podendo a Administração Pública licitante contratar, nas mesmas condições do convite deserto, com qualquer interessado, se a convocação do novo procedimento causar-se prejuízo.15

Na hipótese de nenhum dos prováveis licitantes não ocorrer ao Convite

enviado, ocorrerá uma situação problemática. Cuida-se de hipótese de desinteresse

pelo objeto da licitação, e a entidade poderá dispensar nova licitação. Nessa

hipótese, o órgão responsável deverá fundamentar a dispensa de nova licitação,

através de justificativa expressa quanto às limitações do mercado ou manifestação

de desinteresse por parte dos convidados, nos termos previstos no Art. 22, § 7º, do

Estatuto de Licitações.

Se existir na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo convite,

de objeto idêntico ou semelhante, deve-se convidar no mínimo mais de um,

enquanto haverem cadastrado ou não na última carta convite. Cuida-se de propiciar

a todos os interessados oportunidades iguais, em observância ao princípio da

igualdade ou isonomia. Nesta senda pontua Hely Lopes Meireles:

A cada novo convite, realizado para objetivo idêntico ou assemelhado, deverá ser convidado pelo menos outro fornecedor que não participou da licitação imediatamente anterior, enquanto existirem cadastrados não convidados. 16

O edital delimita o conjunto de regras da licitação, sendo exigido para

licitações nas modalidades de tomada de preços e de concorrência. O Convite pode

ser considerado um edital resumido ou ato convocatório, devendo conter uma

15

GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 6ª ed. Ver. Amp; e aum. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 459. 16

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 307.

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disciplina mínima do certame. No caso da licitação na modalidade convite, não se

exige a publicação de Edital, na dicção do § 3º do art. 22, que prevê apenas a

afixação do instrumento convocatório em local apropriado:

§ 3º. Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

O instrumento convocatório é a própria Carta-convite, contendo os anexos

que definem as condições do certame.

Contudo, é recomendável que a Comissão Permanente de Licitação ou o

responsável pelo convite, elabore o edital para determinados objetos, mesmo se

tratando da modalidade convite.

Optando o ente Público por seguir a regra imposta pela lei, sugere-se um

melhor detalhamento do convite, dando a ele o perfil de um Edital, para ampliar o

detalhamento das regras para um julgamento objetivo da comissão ou do

responsável pelo convite.

A dispensa do Edital e outros instrumentos permitidos na modalidade

convite, com vistas a uma maior celeridade do certame, não contribui para a

observância do princípio da transparência.

O veículo de publicação pode ser a afixação em mural de amplo acesso ao

público e o prazo entre a publicação e o recebimento da proposta deve ser de 5

(cinco) dias úteis. Esta prática presume a lei, basta atender ao princípio da

publicidade, não se fazendo qualquer outra exigência.

Outra característica importante da licitação na modalidade convite, que a

torna mais rápida, é a possibilidade de se dispensar alguns documentos de

habilitação. A própria Lei de Licitações no art. 32, § 1º dispõe:

§ 1º - A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, em todo ou em parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.

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Os documentos de habilitação poderão ser dispensados em parte ou todos

no procedimento licitatório na modalidade convite. Já o Art. 195, § 3º da Constituição

Federal declara:

Art. 195 – A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, dos Distritos e dos Municípios, e das seguintes constituições sociais: ............................................................................ § 3º - As pessoas jurídicas em débito com o sistema de seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem ele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

Tem-se, pois, que a dispensa prevista na Lei de Licitações não abrange a

documentação de regularidade previdenciária prevista na Constituição Federal, vez

que se trata de mandamento dotado do mais alto grau hierárquico no ordenamento

jurídico. Nesse diapasão, ainda que se dispensem documentos de habilitação, é

obrigatória a apresentação de Certidão Negativa de Débitos com a Seguridade

Social (INSS), sendo este tema tratado na Decisão n° 705/94-TCU-Plenário.

A dispensa de alguns documentos decorre da simplicidade inerente ao

procedimento na modalidade Convite. Todavia, quando se forem exigidos os

documentos, deverão ser apresentados, sob pena de invalidade da proposta.

Importante dizer que é vedada a exigência de quaisquer outros documentos

que não esteja expressamente previsto na lei, e que possa, de qualquer forma,

impedir ou dificultar a participação de qualquer interessado no certame.

A comissão de licitação ou responsável deve certificar a idoneidade de todos

os documentos exigidos na carta-convite, bem como conferir a autenticidade das

informações disponibilizadas em sistema informatizado de consulta, os quais

deverão ser atualizados fielmente pelo órgão competente.

O próprio administrador pode delegar poder para um servidor específico

designar o ato necessário para desenvolver o trabalho.

O servidor delegado terá que exercer sua atividade dentro dos poderes

delegados, sem deles exorbitar, sob pena de incorrer em abuso de poder, por

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excesso ou desvio, padecendo os atos praticados nessas condições do vício de

nulidade. Os atos praticados com desvio de finalidade sujeitam o delegado às

sanções pertinentes, podendo a responsabilidade ser pessoal ou solidária com o

delegante.

O seu prazo é o menor de todas as modalidades. As empresas ou pessoas

físicas não cadastradas interessadas em participar do processo terão um prazo de

24 horas, contando-se o prazo, minuto a minuto.

A questão do prazo de vinte e quatro horas configura um movimento

inconstitucional, permite apenas a participação dos interessados que manifestarem

sua vontade durante o prazo estabelecido, já que aqueles que não o fizeram não

poderão participar do certame.

A Carta-convite deve ser enviada e recebida pelo licitante pelo menos 5

(cinco) dias antes da data assinada para apresentação das propostas. Conforme

Maria Sylvia Zanella di Pietro:

“É a única modalidade de licitação em que a lei não exige publicação de edital, já que a convocação se faz por escrito, com antecedência de 5 dias úteis, por meio da chamada carta-convite”.17

Consoante assinalado supra, a Administração envia os convites aos

interessados, fixando o prazo de no mínimo 5 (cinco) dias úteis para a entrega da

proposta. Se houver inabilitação, o interessado terá 2 (dois) dias para interpor

recurso, diferentemente das outras modalidades que prevêem um prazo recursal de

5 (cinco) dias.

A habilitação é presumida, já que o órgão ou responsável pela licitação

convida os interessados no ramo pertinente ao objeto através da carta-convite,

presumindo-se que o faz àqueles considerados capacitados e idôneos para

execução do objeto a ser licitado, e que satisfaçam todos os requisitos formais.

No próximo capitulo demonstraremos as vantagens e desvantagens dessa

modalidade no desenvolvimento dos certames licitatórios, na Administração Pública.

17

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 326.

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5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODALIDADE CONVITE NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A modalidade de licitação convite é o tema a ser abordado, trazendo as

vantagens e desvantagens para a Administração Pública.

Por ser uma modalidade mais simples, requer da unidade administrativa que

escolha e convide no mínimo três possíveis interessados, do ramo pertinente do

objeto, cadastrados ou não no órgão da Administração Pública. O convite estende-se

aos demais cadastrados do ramo que manifestem interesse até 24 horas antes da

apresentação das propostas. Essa possibilidade da participação de um interessado,

não formalmente convidado é sem dúvida um reforço para a participação de todos os

interessados.

Todavia a cópia do instrumento convocatório é afixada em local apropriado,

tais como quadro de avisos do órgão público, o que diminui o índice de concorrentes,

porque a lei não obriga uma maior amplitude na divulgação, como nas demais

modalidades licitatórias.

Devido a essa falta de amplitude da divulgação, o principio da publicidade,

contida na CF/88, fica restringido, pois o edital não é divulgado em jornais de grande

circulação, tão pouco nos Diários do Estado e da União. Com essa diminuição de

participantes no certame licitatório, ocasiona um maior favorecimento aos licitantes

convidados pela Administração Pública.

Sendo poucos participantes, é mais fácil ocorrer fraudes, as tão famosas

“cartas marcadas”, como o nome diz isso significa que a Administração Pública,

representada pelo Ordenador da Despesa, juntamente com a CPL (Comissão

Permanente de Licitação), aponta o licitante ganhador, que na maioria das vezes é

para tirar proveitos e vantagens pessoais, infringido o principio da supremacia do

interesse público, segundo o qual se sobrepõe àquele que melhor atenda ao

interesse da coletividade frente ao interesse particular.

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Por outro lado, a modalidade convite, beneficia a Administração Pública com a

facilidade e com menos rigidez aos meandros do processo licitatório. Marçal Justen

Filho justifica o procedimento simplificando do Convite assinalando que:

O Convite é o procedimento mais simplificado dentre as modalidades comuns de licitação. Tal como se passou com a tomada de preços, a Lei introduziu alterações para permitir mais ampla participação nas licitações desenvolvidas sob a modalidade convite. 18

Vale lembrar que o princípio da celeridade é muito adotado na modalidade

citada, pois o certame é realizado em menor prazo, sendo que a compra e um

serviço deve ser célere sem prejuízos para a Administração Pública.

Outro grande princípio que norteia a referida modalidade é o princípio da

economicidade, pois não é obrigatório que publique em vários meios de

comunicação o instrumento convocatório, o que diminui vários gastos para os cofres

públicos.

Mas o processo além de ser célere e econômica, tem que atender as

necessidades da Administração, com eficiência nos serviços ou produtos adquiridos

através de processo licitatório.

A lei não obriga o ente Público a elaborar um edital, mas sugere-se um melhor

detalhamento do convite, dando a ele um perfil de instrumento convocatório, pois

assim facilita e permite maior amplitude e detalhamento das regras para um

julgamento objetivo.

Outra característica que facilita e desenvolve um trabalho mais célere na

modalidade convite é a possibilidade de se dispensar alguns documentos de

habilitação exigidos na lei 8.666/93, conforme preceitua o art. 32§1º, os documentos

poderão ser dispensados em parte ou todos no procedimento licitatório.

O primordial na Administração Pública é o interesse em beneficiar a

coletividade, sendo necessário que os representantes, desenvolvam o seu trabalho e

a sua administração, da melhor forma possível para a sociedade.

18 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Li de Licitações e Contratos Administrativos. 8ª ed. São Paulo: Dialética, 2002, p. 200.

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Insurge do mandamento legal que os licitantes são convidados segundo a

competência discricionária da Administração. Contudo, essa discricionariedade deve

ser exercitada com o máximo de cautela pelo agente público responsável pelo ato.

Se a escolha do convidado se embasa em motivos de índole subjetiva, caracteriza-

se violação ao princípio constitucional da impessoalidade ou da finalidade pública do

ato administrativo, configurando-se, via de regra, desvio de poder.

A modalidade de licitação carta-convite é para contratos de pequeno valor;

porém, é comum, algumas entidades confundirem os valores, realizando diversas

compras diretas do mesmo fornecedor com o mesmo objeto, com valores inferiores

ao mínimo, que é R$ 8.000,00(oito mil reais), frustrando assim, a admissibilidade de

uma licitação. Pois uma vez ultrapassado o valor mínimo, para aquele fornecedor,

sempre deverá ser utilizada a licitação na modalidade convite, sendo essa

modalidade empregada para compras e serviços, de menor vulto, conforme observa-

se os valores limites da modalidade de licitação, estabelecidos no art. 23 da lei

8.666/93.

A licitação é processada e instrumentalizada por uma comissão, conforme

determina o art. 51 da Lei 8.666/1993; poderá ser permanente, isto é, julgará todos

os processos de licitação por um período determinado de tempo, que não poderá

exceder a um ano (art. 51, § 4°), ou especial para determinado processo. Será

composta por no mínimo 03 (três) membros, devendo 02 (dois) deles serem

servidores qualificados e permanente, a recondução é possível, mas não de todos os

membros para o período subseqüente. Todavia quando for a modalidade convite, a

comissão pode ser substituída por um único servidor nas pequenas unidades

administrativas e com pouco pessoal, conforme dispõe o art. 51, § 1°, da Lei n°

8.666/1993.

Para concluir, temos que no convite o procedimento é simplificado, sendo uma

modalidade adequada a contratações, cujo objeto não contenha maiores

complexidades e sejam de pequeno valor. A sua celeridade em relação às demais

modalidades licitatórias, faz com que seja a mais utilizada, devendo, por

conseguinte, observar fielmente a Lei n° 8.666/1993, sob pena de se anular parcial

ou total a licitação, além das demais sanções de praxe.

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5.1 CRIMES PREVISTO NA LEI DE LICITAÇÃO

Entende-se, segundo o art. 89 da Lei de Licitações como crime:

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

O tipo penal prevê três condutas puníveis: dispensar licitação; inexigir

licitação; e deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou

inexigibilidade de licitação.

Neste artigo busca-se proteger a moralidade administrativa, a lisura nas

licitações. Assim, visa-se impedir que as hipóteses de dispensa e inexigibilidade

sejam alegadas.

O sujeito ativo será o servidor público, contudo, não é qualquer servidor, mas

sim aquele competente, ou seja, que receba ditas atribuições da lei.

Em se tratando do parágrafo único, o sujeito ativo será o particular que se

beneficia com a ilegalidade e contrata ou pretende contratar sem licitação, já o

sujeito passivo é a entidade obrigada a licitar.

O tipo criminoso se consuma no que diz respeito à dispensa, dispensabilidade

ou inexigibilidade de licitação, com a edição de ato administrativo que libera a

Administração Pública da realização dessa espécie de certame, independentemente

da celebração do contrato.

Na inobservância das formalidades dos procedimentos de dispensa ou

inexigibilidade, o crime ira se consumar com a prática do ato administrativo de

dispensa ou inexigibilidade de licitação, sem o atendimento prévio das formalidades

nos prazos previstos ou após o vencimento do prazo para sua pratica.

Para o crime do parágrafo único, a infração se consumará no momento da

celebração do contrato, isto é, da assinatura do ajuste quando for exigido em termo

de contrato ou ocorrer à aceitação ou retirada do instrumento equivalente.

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A tentativa neste artigo é possível, embora seja difícil sua ocorrência na

prática. Porém, se a infração constituir na falta de comunicação à autoridade

superior, a tentativa é impossível.

As penas cominadas para este delito é a de detenção de 3 a 5 anos e multa,

aplicadas cumulativamente. Deste modo, não é cabível a suspensão condicional do

processo.

Tal pena poderá agravada de 1/3 quando cometida por ocupante de cargo em

comissão ou de função de confiança em órgão da Administração Pública direta, ou

em autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações

públicas, ou outras entidades controladas direta ou indiretamente pelo Poder

Público.

O servidor público acusado do cometimento ou tentativa de tal crime poderá

perder o cargo, emprego, função ou mandato eletivo.

É válido também ressaltar que a pena de detenção prescreve em 12 anos,

bem como a pena de multa.

Conforme art. 90 da Lei de Licitações é crime:

Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

O tipo pune duas condutas: frustrar ou a de fraudar.

Por frustrar entende-se com enganar, tornar inútil, no caso à competitividade

da licitação. Há ai, uma ação comissiva onde frusta-se o caráter competitivo da

licitação.

Já fraudar quer dizer enganar, iludir, no caso em estudo, também a

competitividade da licitação.

A frustração e a fraude devem ocorrer mediante ajuste, combinação ou

qualquer outro expediente. É preciso que exista uma ação ajustada ou combinada

para alcançar a intenção da fraude e das frustrações, entre, no mínimo duas

pessoas. Os interesses envolvidos devem ser ajustados voluntariamente.

Protege-se com a previsão de tal tipo penal a moralidade administrativa, a

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correção do procedimento licitatório. Tutela-se aqui o amparo à regularidade da

licitação, especialmente no que diz respeito à observância do principio da

competitividade.

O sujeito ativo será concorrente que pratica as condutas punidas pelo artigo,

valendo-se de outro concorrente ou de servidor público ou mesmo agindo sozinho.

Já como sujeito passivo tem-se a entidade obrigada a licitar.

Este delito se consuma com a realização da licitação frustrada ou fraudada na

sua competitividade. A tentativa é admitida, já que se trata de um crime material

dotados de ato de execução.

A pena aplicada ao crime é a de detenção, de 2 a 4 anos e multa, cominadas

de forma cumulativa. A suspensão condicional da pena é cabível, bem como a

conversão da pena de detenção em restritivas de direito. Se o autor do crime é

ocupante de cargo em comissão ou função de confiança a pena é aumentada 1/3.

Patrocinar interesse privado dispõe o art. 91 de Lei de Licitações: Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena -detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Este delito em muito se assemelha ao tipo penal previsto no art 321 do Código

Penal, chamado de advocacia administrativa. Ambos os tipos

abrangem todo e qualquer patrocínio de interesse junto à Administração Pública,

mas unicamente os ligados à instauração de licitação e à celebração de contrato.

Por patrocinar

entende-se o mesmo que advogar, facilitar, tutelar, proteger. Sabe-se que o

legislador neste artigo, tutelou a moralidade administrativa e protegeu a atuação do

servidor que deve sempre estar voltada unicamente em favor do interesse público.

Entende-se o art. 92 da Lei de Licitações, como crime:

Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário,

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durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

Três são as condutas do caput do artigo: admitir, possibilitar ou dar causa a

qualquer modificação ou vantagem em favor do adjudicatário.

Busca-se com esse tipo, proteger, tutelar a moralidade administrativa no

particular aspecto da correta execução dos contratos que a Administração Pública

celebra com terceiros.

O sujeito ativo do caput é o servidor público que dá causa à modificação ou à

vantagem ilegal. Já o agente do parágrafo único será contratado, ou seja, a pessoa

física ou jurídica signatária do contrato com a Administração Pública.

A vitima do crime continua sendo a União, os Estados, os Municípios, o

Distrito Federal, as autarquias, as fundações, empresas publicas, sociedade de

economia mista, bem como as entidades controladas pela Administração Publica

direta e indiretamente.

O crime se consuma no instante em que se verifica a modificação contratual,

vantajosa para o adjudicatário, ou quando a fatura vier a ser paga antecipadamente.

Em qualquer das situações o delito é de perigo, aperfeiçoando-se mesmo que não

ocorra qualquer prejuízo para a Administração Pública. Já a tentativa é admissível

tanto no caput como no parágrafo único.

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6 CONCLUSÃO

O tema estudado tem como escopo demonstrar as vantagens e desvantagens

da modalidade convite na Administração Pública.

A modalidade em tela traz agilidade e praticidade para desenrrolar os

meandros do processo, o qual facilita o trabalho das Comissões de Licitação.

A publicidade do Convite é outro elemento do processo muito importante, já

que a sua dispensa de publicidade em diários oficiais e jornais de grande circulação

pode tornar o Convite restritivo, entretanto, também gera uma economia ao

processo, visto que a publicação em meios de comunicação tem um valor elevado,

gerando um custo maior à Administração.

Por outro lado a modalidade convite quando de alguma forma, direciona o

produto ou serviço ligando marcas ou fornecedores, muitas vezes dificultando a

participação de outros concorrentes, desvincula o objetivo principal da licitação que é

o interesse público.

Quando publicado em local impróprio, de difícil acesso para todos os

interessados, muitas vezes propositalmente, ou até não publicado, com o intuito do

administrador burlar a lei, pois nessa modalidade, não há obrigatoriedade da

publicação em diário oficial e jornais de circulação regional.

Quando feita sem a presença dos participantes, abre a possibilidade de

ocorrerem fraudes, é o momento propício para o administrador mal intencionado

burlar o Processo Licitatório, tornando o resultado ineficaz, o despreparo da

comissão de licitação pode pôr em risco toda a idoneidade do processo, além de

gerar atrasos e prejuízo ao erário.

As licitações devem merecer especial atenção dos profissionais do direito,

uma vez que tal assunto está profundamente ligado às prerrogativas de cidadania,

proporcionando a todos, a oportunidade de participar das decisões administrativas,

contribuindo de modo efetivo para o aperfeiçoamento dos costumes e das práticas

administrativas.

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Desde modo, há muito tempo a sociedade brasileira já exigia do legislador

pátrio uma legislação que incriminasse certos comportamentos tidos como imorais,

relacionados com as contratações realizadas pela Administração Pública Direta e

Indireta nos três poderes do governo, Legislativo, Executivo e Judiciário.

Hoje a sociedade está diante de um Direito Administrativo que procura novos

caminhos no plano da normatividade, da doutrina, da jurisprudência e no cotidiano

nas relações da Administração. Novas figuras, fórmulas, concepções e conceitos

surgem com o objetivo de disciplinar todo o processo de mutação que vem

ocorrendo na Administração Pública e principalmente nos processos licitatórios.

Tudo isto almejando o desenvolvimento de efetivas medida que assegurem uma

sociedade mais solidária e justa, fazendo com que a administração pública se torne

mais transparente para a população.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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