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VAMOS CONVERSAR SOBRE PROTAGONISMO JUVENIL NA ESCOLA?

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VAMOS

CONVERSAR

SOBRE

PROTAGONISMO

JUVENIL

NA ESCOLA?

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Sobre o NIAP

O Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares da Secretaria Municipal de Educação, constituído por assistentes sociais, professores e psicólogos, é responsável pelas ações interdisciplinares de apoio à Rede Municipal do Rio de Janeiro.

O trabalho desenvolvido pelo NIAP distribui-se em três linhas de ação: PROJETOS CONJUNTOS

Ações interdisciplinares planejadas com outros setores da SME e desenvolvidas em parceria com as escolas, numa perspectiva participativa.

FORMAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS

Criação de espaços de reflexão/debates, com diversos profissionais da educação, sobre as questões que perpassam o cotidiano escolar.

AÇÃO INTERSETORIAL e ARTICULAÇÃO

Planejamentos conjuntos, envolvendo o NIAP, Unidades Escolares, setores da SME e outras instituições governamentais ou não governamentais para aprimoramento das respostas necessárias às diversas situações do território que se expressam no âmbito da Educação.

Sobre esse material

Reconhecemos, nesse material, uma oportunidade de, em diálogo com professores e outros profissionais da educação, ampliarmos o debate e as ações para atingirmos os objetivos da campanha “Aqui é um lugar de Paz”.

Para nós, reflexão também significa mudança de direção ou sentido; transformação; capacidade de observar ou modificar estruturas não aparentes.

Desse modo, esperamos que este material provoque "diálogos", porque é nessa esfera que, com (des)encontros, realizamos Reflexão.

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Olá, Profissionais da Educação!

Vamos conversar sobre Protagonismo Juvenil?

Infância e a juventude são fases da vida repletas de descobertas, energia, ideias, ousadias e utopias. Por isso, a experiência de conviver e trabalhar com crianças e adolescentes nos provoca afetos, inquietações, estranhamentos e nos mobiliza a falar tanto sobre eles, além do estudo de diferentes teorias, análises e propostas a eles dirigidas... Mas, o que ELES dizem sobre si mesmos, sobre a escola, sobre o mundo? Como criar, em nossas Unidades Escolares, espaços em que crianças e adolescentes possam expressar suas ideias e exercitarem o protagonismo nos lugares em que circulam?

Antônio Carlos Gomes da Costa destaca a origem da palavra protagonista: “A palavra protagonismo é formada por duas raízes gregas: proto, que significa ‘o primeiro, o principal’; agon, que significa ‘luta’. Agonistes, por sua vez, significa ‘lutador’. Protagonista quer dizer, então, lutador principal, personagem principal, ator principal.” (COSTA, 2007)

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É IMPORTANTE SABER

Apesar da discussão acerca da participação juvenil datar das décadas de 1920 e 1930 no Brasil (FERRETTI, ZIBAS,

TARTUCE. 2004), essa questão ganhou maior amplitude após o período de ditadura militar e com a promulgação da

Constituição Brasileira de 1988. Outras legislações também corroboram para reforçar a importância de pensarmos sobre

outros modos de colaboração, participação e decisão frente à realidade da qual o adolescente faz parte. Dentre elas

destacamos o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Estatuto da Criança e do Adolescente

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade: Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: (...) II - opinião e expressão; (...) V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; (...)

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CONCEPÇÕES IMPORTANTES

Promover e consolidar uma efetiva participação dos jovens dentro das escolas se constitui em um grande desafio para toda a comunidade escolar. Para tal, é importante ter em mente algumas concepções e conceitos, além de ter um olhar voltado para as especificidades do trabalho com este público e estar abertos ao diálogo.

Destacamos aqui alguns apontamentos significativos de autores que abordam esta temática:

“Apesar de haver um discurso unificante que considera a juventude indistintamente como um grupo homogêneo,

não devemos incorrer numa generalização que desvaloriza as diversas formas de experiência de juventude,

desconsiderando o fator que circunscreve os diferentes sujeitos jovens, a saber, a classe social na qual estão

inseridos.” (CUNHA, 2014)

“O termo Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação educativa é a criação de espaços e condições

capazes de possibilitar aos jovens envolverem-se em atividades direcionadas à solução de problemas reais,

atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso. [...] O cerne do protagonismo, portanto, é a

participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla.”(COSTA,

apud Silva, p. 34. 2009)

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ALGUMAS QUESTÕES

Ao se pensar um trabalho cujo principal viés é o protagonismo dos jovens estudantes, algumas questões se fazem presentes. As respostas a essas questões não estão dadas a priori. Elas surgem ao longo do percurso, podendo ganhar contornos e sentidos diferentes a cada momento do processo.

Ao darmos lugar ao exercício do protagonismo juvenil, em nossas escolas, apresentamos algumas perguntas que ajudam na reflexão sobre a participação dos alunos nas questões escolares:

Qual o tipo de participação dos jovens na sua escola?

É possível ampliar essa participação, buscando alcançar um nível onde os alunos participem da decisão, do planejamento, da execução, da avaliação e da apropriação dos resultados das ações?

Quais são os espaços legitimados e valorizados para a colaboração e participação dos jovens na sua escola?

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Assim, com o objetivo de provocar outras reflexões e problematizar o protagonismo, no campo escolar, disponibilizamos mais algumas questões e indicações que podem compor este caminho:

Incentivar o protagonismo juvenil significa atender todas as reivindicações feitas pelos estudantes? “Fomentar o protagonismo não representa deixar a prática educativa nas mãos dos estudantes. Essas práticas

pretendem facilitar a inserção dos jovens no exercício da participação social, desenvolvendo valores como:

solidariedade, comprometimento social e autonomia. A educação que preconiza este processo se dá por meio de

experiências de diálogo, negociação e convivência com as diferenças sociais, através de intervenções concretas tendo no

horizonte a construção de uma comunidade mais justa e ainda mais democrática.” (CUNHA, 2014)

A escola é um espaço de exercício de democracia e cidadania?

Ainda que a educação não ‘seja’ precondição da democracia e da participação (...) é parte, fruto e expressão do processo de sua constituição. (ARROYO, apud CRUZ. 2017).

Protagonismo juvenil e participação são a mesma coisa?

“(...) a revisão bibliográfica sobre o tema indica que o ‘protagonismo dos jovens/alunos’ é um conceito passível de diferentes interpretações e, além disso, imbrica outros conceitos igualmente híbridos, como ‘participação’, ‘responsabilidade social’, ‘identidade’, ‘autonomia’ e ‘cidadania’. Nem mesmo a distinção conceitual entre ‘participação’ e ‘protagonismo’ é clara na bibliografia consultada. Ou seja, um autor pode-se referir a ‘protagonismo’ em contextos em que outro falaria de ‘participação’, e vice-versa, havendo, ainda, casos em que as duas expressões são usadas como sinônimos.” (FERRETTI, ZIBAS, TARTUCE. 2004)

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AINDA MERECE DESTAQUE!

Falar sobre protagonismo juvenil supõe ainda que os profissionais da escola considerem, em sua prática cotidiana, alguns pressupostos importantes:

“Estar atento às reivindicações dos jovens estudantes por motivação, contextualizando as suas realidades sociais às suas necessidades pedagógicas é imprescindível para a escola que pretende fazer de si uma ocasião viável de acolhimento/inclusão de diferenças com vias a efetivar em seus alunos mobilidades sociais concretas.” (CUNHA, 2014)

“A participação, na escola, implica, portanto, na disponibilidade e abertura para outras formas de lidar com suas questões, as quais não possuem um manual pronto de como fazer. Por ser um processo construído na legitimação do ponto de vista do outro, no enfrentamento das tensões e dilemas inerentes às relações entre adultos, crianças e jovens, a participação esbarra em resistências e dificuldades.” (CASTRO, p. 61)

“(...) Cunningham nos traz algo valioso: a aposta no desconhecido, no incerto. Um percurso que estará

sujeito a erros e falhas, a partir dos quais seriam vislumbradas e tecidas novas possibilidades, tanto para estudantes, quanto para professores. Certamente não serão realizadas grandes transformações e grandes objetivos, mas micro mudanças, engendradas no dia a dia, na sala de aula.” (CASTRO, p. 61)

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SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O TRABALHO COM O PROTAGONISMO JUVENIL

Sabemos que cada Unidade Escolar já possui e utiliza cotidianamente estratégias no exercício e na atenção ao protagonismo juvenil no espaço escolar.

Por isso, temos o cuidado de aqui relacionar apenas algumas sugestões, entendendo que, ao tratar o protagonismo juvenil na escola, abre-se caminho para o imprevisto, para a criatividade e para um trabalho que é essencialmente autoral. Nossa intenção é tão somente compartilhar estratégias criativas, que bem sabemos, já circulam em nossas Unidades Escolares:

• Exercitar espaços de debates.

• Incentivar a participação dos alunos nos Conselhos de Classe, nas reuniões do CEC, nas Assembleias Escolares.

• Apoiar o Grêmio Estudantil na movimentação da escolha dos representantes de turma e na organização uma agenda

de encontros em que possam planejar e executar juntos ações que envolvam toda a escola.

• Estimular formação de grupos de monitores/multiplicadores para atuar nas diferentes ações que acontecem na escola.

• Incentivar pesquisas na Sala de Informática ou na Sala de Leitura acerca do tema e de experiências já existentes.

• Apoiar a criação de diferentes recursos de comunicação dentro das unidades escolares, que possam ser alimentados

pelos alunos com trocas de informação, tais como: murais, jornais, exposição de trabalhos, calendários de reuniões, ou

outras mídias e recursos tecnológicos.

• Fomentar espaços de movimento e de expressões artísticas como: festivais de poesia, exposições de artes, mostras de

dança, show de músicas, apresentações de teatro, festival de cenas curtas/vídeos, cine clube, produção de paródias,

desenhos, animações, slogans, esquetes, produzidos pelos alunos na escola voltados para e/ou envolvendo os pais e

responsáveis, a fim de favorecer as diferentes formas de expressão.

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SE QUEREMOS...

“(...) que os jovens aprendam que eles podem ter mais controle sobre suas vidas e que eles

possam coletivamente melhorar sua qualidade de vida e a dos outros, nós devemos deixá-los

praticar. Dando aos estudantes uma chance real de se envolverem significa que eles

cometerão erros. Lidar com os equívocos e erros que eles cometem faz parte de um esforço

genuíno de desenvolver a participação.”(Cunningham, apud CASTRO, p. 61 )

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PARA SABER MAIS...

Sites Blog Protagonismo Juvenil: http://protagonismojuvenil.blogspot.com.br/

Livros e Artigos para pesquisa Livros: CASTRO, LUCIA RABELLO DE (org.) “Falatório” Participação e Democracia na Escola. Disponível em: file:///D:/Users/02546976/Downloads/texto_livro1.pdf FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa. 25ª edição, Editora Paz e Terra, 2002. Disponível em: http://www.apeoesp.org.br/sistema/ck/files/4%20Freire_P_%20Pedagogia%20da%20autonomia.pdf

Artigos: COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Educação: Tendências e Desafios no Século XXI. Disponível em: http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20Continuada/Artigos%20Diversos/costa-educacao.pdf _________. O Adolescente como Protagonista. Junho de 2007. Disponível em: http://protagonismojuvenil.blogspot.com.br/2007/06/o-adolescente-como-protagonista.html FERRETTI, Celso J., ZIBAS, Dagmar M. L., TARTUCE, Gisela Lobo B. P. Protagonismo Juvenil na Literatura Especializada e na Reforma do Ensino Médio. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 122, p. 411-423, maio/ago. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n122/22511 PINI, Francisca Rodrigues de Oliveira, TOMCHINSKY, Julia. Direitos Humanos e Ecopedagogia - os desafios da participação ativa de crianças e adolescentes nos processos educacionais. Disponível em: http://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/4157/1/FPF_PTPF_01_0814.pdf RAMOS, Tacyana Karla Gomes – UFS. As Crianças no Centro da Organização Pedagógica: O que os Bebês nos Ensinam? Qual a Atuação de suas Professoras? Agência Financiadora: CNPq. Disponível em: http://www.anped.org.br/sites/default/files/gt07-2325_res.pdf SILVA, Thais Gama da. Protagonismo na Adolescência: A Escola como Espaço e Lugar de Desenvolvimento Humano. Curitiba 2009. Disponível em: http://www.ppge.ufpr.br/teses/M09_gamasilva.pdf

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FICHA TÉCNICA

Secretaria Municipal de Educação Subsecretaria Municipal de Ensino Coordenadoria de Educação Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (NIAP) Gerência do NIAP Mercia Cabral de Oliveira Kátia Regina de Oliveira Rios Pereira dos Santos Coordenação Técnica do NIAP Barbara Pinto Pereira Bittar Kátia Regina de Oliveira Rios Pereira dos Santos Selma Ribeiro Martins Peres Colaboraram na produção deste material Andreia Santos de Carvalho Denise Cruz Candido Miranda de Souza Erika da Silva Philippini Gisela Schermann de Rezende Teresa Cristina de Araújo Oliveira Redação final Barbara Pinto Pereira Bittar Glaucia Cristina Eller dos Santos Kátia Regina de Oliveira Rios Pereira dos Santos Selma Ribeiro Martins Peres Revisão Maria de Nazareth Machado de Barros Vascocellos

Rio de Janeiro – maio de 2017