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29/08/17 Congresso receberá medidas de corte de gasto até amanhã Por Edna Simão | De Brasília O governo vai encaminhar até quarta-feira ao Congresso Nacional todas as medidas anunciadas para contenção de gastos, porque os seus efeitos serão considerados na elaboração do proposta orçamentária de 2018, que precisa ser enviada aos parlamentares até o fim do mês. No dia 15, a equipe econômica anunciou um aumento da meta de primário do governo central que será de R$ 159 bilhões em 2017 e 2018. Além disso, anunciou uma série de medidas para reduzir as despesas e melhorar as receitas do governo. Até amanhã, segundo informações divulgadas pelo Ministério do Planejamento, serão enviados os "instrumentos de alteração legal" para o adiamento por um ano do reajuste dos servidores públicos; cancelamento do aumento de cargos em comissão, funções de confiança, gratificações e funções comissionadas. Somente o adiamento do aumento do funcionalismo federal vai gerar uma economia de R$ 5,1 bilhões em 2018. Uma fonte informou ao Valor que, no caso, do congelamento dos salários dos servidores, a medida já foi encaminhada para Casa Civil. No caso da reestruturação de carreiras, a proposta ainda está sendo trabalhada no Ministério do Planejamento. "A reestruturação das carreiras será enviada ao Congresso nas semanas seguintes", informou oficialmente o ministério. Além disso, será encaminhada a redução de ajuda de custo para servidores que são transferidos para outros Estados e definição de critérios mais restritivos para liberação do auxílio-moradia. Também será enviado até o fim do mês o aumento da alíquota de contribuição previdenciária dos servidores públicos de 11% para 14%. A decisão de enviar as medidas por projeto de lei ou medida provisória é do presidente Michel Temer. Sobre o teto de remuneração dos servidores públicos, a ideia do governo, por enquanto, é apoiar um projeto que já está em tramitação no Congresso Nacional. A ideia é fazer um "pacote", ou seja, encaminhar até amanhã todas as medidas - seja de redução de gasto como também para aumento de receitas. BRASIL Valor Econômico

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Page 1: Valor Econômico BRASIL · Paulo Bernardo, na condição de ministro do Planejamento do governo Dilma Rousseff, pediu R$ 1 milhão para o então diretor da Petrobras Paulo Roberto

29/08/17

Congresso receberá medidasde corte de gasto até amanhã

Por Edna Simão | De Brasília

O governo vai encaminhar atéquarta-feira ao Congresso Nacionaltodas as medidas anunciadas paracontenção de gastos, porque os seusefeitos serão considerados naelaboração do propostaorçamentária de 2018, que precisaser enviada aos parlamentares até ofim do mês.

No dia 15, a equipe econômicaanunciou um aumento da meta deprimário do governo central que seráde R$ 159 bilhões em 2017 e 2018.Além disso, anunciou uma série demedidas para reduzir as despesas emelhorar as receitas do governo.

Até amanhã, segundoinformações divulgadas peloMinistério do Planejamento, serãoenviados os "instrumentos dealteração legal" para o adiamento porum ano do reajuste dos servidorespúblicos; cancelamento do aumentode cargos em comissão, funções deconfiança, gratificações e funçõescomissionadas. Somente oadiamento do aumento dofuncionalismo federal vai gerar umaeconomia de R$ 5,1 bilhões em2018.

Uma fonte informou ao Valor

que, no caso, do congelamento dossalários dos servidores, a medida jáfoi encaminhada para Casa Civil. Nocaso da reestruturação de carreiras,a proposta ainda está sendotrabalhada no Ministério doPlanejamento. "A reestruturação dascarreiras será enviada ao Congressonas semanas seguintes", informouoficialmente o ministério.

Além disso, será encaminhada aredução de ajuda de custo paraservidores que são transferidos paraoutros Estados e definição decritérios mais restritivos paraliberação do auxílio-moradia.Também será enviado até o fim domês o aumento da alíquota decontribuição previdenciária dosservidores públicos de 11% para14%.

A decisão de enviar as medidaspor projeto de lei ou medidaprovisória é do presidente MichelTemer. Sobre o teto de remuneraçãodos servidores públicos, a ideia dogoverno, por enquanto, é apoiar umprojeto que já está em tramitação noCongresso Nacional.

A ideia é fazer um "pacote", ouseja, encaminhar até amanhã todasas medidas - seja de redução degasto como também para aumentode receitas.

BRASILValor Econômico

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29/08/17

Réus no STF, Gleisi e Paulo Bernardonegam ter cometido corrupção

Por Luísa Martins | De Brasília

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministroPaulo Bernardo, prestaramdepoimento, ontem, no SupremoTribunal Federal (STF), e negaramterem sido beneficiados do esquemade corrupção da Petrobrasinvestigado pela Operação Lava-Jato. Eles são réus perante a Corteem um processo que apura se acampanha da petista ao Senado, em2010, foi financiada com dinheiroilegal.

Presidente do partido, Gleisivoltou a dizer a acusação nãodemonstra que ela tenha praticadoirregularidades. "Estou há três anosapanhando nesse processo e não háprovas de que eu tenha cometidoilícitos ou crimes. Estou sendocondenada antecipadamente",declarou a petista a jornalistas nasaída do depoimento, prestado a umjuiz auxiliar do ministro EdsonFachin, relator do caso no Supremo.

Ela afirmou, ainda, que oMinistério Público Federal (MPF) osdenunciou com o único propósito deatender aos apelos da sociedade."Tem um alto grau de politização emuita influência do Judiciário pela

opinião pública, o que é um erro.Tenho que ser julgada pelo devidoprocesso legal", criticou aparlamentar.

De acordo com as investigações,Paulo Bernardo, na condição deministro do Planejamento do governoDilma Rousseff, pediu R$ 1 milhãopara o então diretor da PetrobrasPaulo Roberto Costa com o objetivode financiar a campanha eleitoral deGleisi. Em troca, o petista garantiriaa manutenção de Costa no cargo. Odinheiro teria sido operado pelodoleiro Alberto Youssef.

Na audiência de ontem, PauloBernardo disse que nunca pediudinheiro a Costa ou participou dereuniões particulares com oempresário. "Eu o encontrava apenasem reuniões de trabalho no Paláciodo Planalto. Ele nunca me pediuapoio para ser diretor da Petrobrase eu também nunca movi uma palhapara isso", disse aos repórteres.

Ao contrário da mulher, que sedisse "vítima de perseguição política",o ex-ministro dos governos de LuizInácio Lula da Silva e Dilma afirmouque prefere "não fazer esse juízo"."Acho que [a denúncia] se trata deum equívoco. Estou procurando

demonstrar que a acusação não éverdadeira, que não tem elementospara se sustentar", afirmou.

Gleisi e Paulo Bernardo viraramréus em fevereiro, quando o STFrecebeu denúncia do MPF, oferecidacom base nas delações premiadas deCosta e Youssef.

O ex-presidente Lula tambémprestou depoimento no âmbito desseprocesso. Na condição detestemunha de defesa, negou que asenadora e o marido tivesseminfluência na indicação de cargos àPetrobras.

A ação penal, uma das maisadiantadas da Lava-Jato, agora partepara as alegações finais das partes(Gleisi, Paulo Bernardo e MP).Cumprida essa fase, o caso deve ira julgamento pela Segunda Turma daCorte - o colegiado deve decidirsobre a condenação ou absolviçãodos réus. Votam, além de Fachin, osministros Dias Toffoli, RicardoLewandowski, Gilmar Mendes eCelso de Mello.

A expectativa é de que ojulgamento ocorra ainda neste ano.Gleisi ainda é alvo de outros doisinquéritos na Corte.

POLÍTICAValor Econômico

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29/08/17

Relator rejeita emendas aoprojeto que muda metas fiscais

Por Ribamar Oliveira, CristianeBonfanti e Bruno Peres | De Brasília

Pestana: para relator, mudança énecessária diante do "cenário fiscaladverso" e por conta de perspectivasdesanimadoras para as finanças dogoverno.

O relator do projeto de lei quemuda as metas fiscais para 2017 e2018, deputado Marcus Pestana(PSDB-MG), rejeitou todas as 67emendas que foram apresentadaspelos parlamentares e manteve aintegra da proposta encaminhadapelo governo.

O parecer de Pestana, favorávelao projeto, foi divulgado ontem edeverá ser votado hoje pelaComissão Mista de Orçamento doCongresso Nacional (CMO). Nomesmo dia, está prevista a votação

do projeto de mudanças das metaspelo Congresso.

O projeto eleva a meta de déficitprimário do governo central(Tesouro, Previdência e BancoCentral) de R$ 139 bilhões para R$159 bilhões em 2017 e de R$ 129bilhões para R$ 159 bilhões em2018. A aprovação do projeto éindispensável para que o governoconsiga elaborar a propostaorçamentária para 2018, já combase na nova meta fiscal. O prazoconstitucional para que o governoenvie a proposta orçamentária aoCongresso é 31 de agosto.

O ministro da Fazenda, HenriqueMeirelles, disse ontem que, se nãofor aprovada a proposta de revisãodas metas fiscais, a equipeeconômica terá de trabalhar comrestrições "muito severas dedespesas" em relação ao Orçamentoe "talvez com outras medidas na áreada receita".

Meirelles ressaltou que a equipeeconômica anunciou um Orçamento"realista e factível" e que serácumprido. "Propusemos umOrçamento que permitirá melhorfuncionamento da máquina pública e

evitando-se aumento de impostos",disse.

Em seu parecer, o deputadoMarcus Pestana diz que a mudançadas metas "é necessária diante docenário fiscal adverso por que passao país". Ele observa que "asperspectivas para as finanças dogoverno central no mais curto prazosão desanimadoras" e que a baixaatividade econômica vemprejudicando a arrecadação desde2012. Por causa disso, o governoestá cada vez mais dependente dafacilitação do pagamento de valoresem atraso e de receitas patrimoniaisou extraordinárias.

O relator disse que a revisão dosparâmetros econômicos de 2017(menores crescimento, inflação, taxade juros e taxa de câmbio) explicaparte importante da queda dearrecadação neste ano. No parecer,Pestana chama a atenção para afrustração superior a R$ 14 bilhõesem 2017 na previsão da receita,depois da divulgação do relatório deavaliação de receitas e despesasrelativo ao terceiro bimestre, ocorridano dia 22 de julho e que serviu debase para a mudança das metas.

POLÍTICAValor Econômico

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Pactos e pactos

No dia 25 de agosto de 1992,portanto, há 25 anos, alguns dosministros do governo do entãopresidente Fernando Collor, entreeles Marcílio Marques Moreira(Economia, Fazenda ePlanejamento), Celso Lafer(Relações Exteriores), Célio Borja(Justiça) e Jorge Bornhausen(Governo), emitiram comunicado emdefesa da governabilidade,comprometendo-se a permanecerem seus cargos até o fim do eventualprocesso de impeachment.

Com o título “Um pacto degovernabilidade bem-sucedido”, odiplomata e jornalista Pedro LuísRodrigues, que exercera a função desecretário de Imprensa do Paláciodo Planalto até poucos dias antesdessa data, fez um relato daquelesmomentos no blog Diário do Poder.

O significado político daqueladecisão, relembra , “era o deassegurar aos públicos interno eexterno que a esperadaintensificação das tensões políticasnos meses seguintes não abalaria, emseus fundamentos essenciais, agestão dos assuntos do Estadobrasileiro”.

No comunicado os ministrosobservaram que, “seguros dahonradez de suas vidas”, não temiama ameaça de perderem o respeito deseus concidadãos, “exatamente por

servi-los em hora difícil e emcircunstâncias adversas”. A decisãolembra a atitude tomadarecentemente pelo PSDB nareafirmação do apoio às reformasestruturais, com a permanência deseus ministros no governo Temer,mas com uma diferença fundamental.

Naquela ocasião, os ministros deCollor assumiram uma posiçãoinequívoca, que foi compreendidapelo próprio presidente FernandoCollor, que, como muito bem lembraPedro Luís Rodrigues, poderia nãoaceitar a atitude de seus ministros.

Já o PSDB debateu-se durantemeses em crise interna que chegou aser a mais grave dos últimos temposdentro do partido, pois se dividiuentre os que queriam a saída deTemer — quase metade da bancadavotou a favor do prosseguimento doprocesso — e os que viam namanutenção dos ministros tucanosuma maneira de garantir acontinuidade do programa dereformas estruturais do país.

Como lembra Pedro LuísRodrigues, “estando o bem comumacima dos partidos, dos interesseseleitorais e corporativos, dasrivalidades políticas e de facção, deantipatias políticas e pessoais, ossignatários manifestaram suaconfiança de que a crise seriaresolvida nos foros constitucionais

apropriados, “sem pôr em risco, emnenhum momento, os interessesmaiores e as necessidades presentesda nação brasileira”.

Ele conta ainda que, depois dodesfecho do processo deimpeachment, ouviu do ministro daEconomia Marcílio MarquesMoreira o relato de viagem queacabara de fazer a Washington, ondecolhera “frases de admiração pelofato de uma democracia emergente,como era a brasileira, ter conseguidoconduzir uma séria crise política deforma absolutamente constitucional,sem que a economia tivesse sofridoabalos extraordinários, sem que asreservas internacionais precisassemser tocadas, sem o colapso dasbolsas”.

A diferença de clima políticotambém ajudou muito. Há 25 anos,havia quase uma unanimidade a favordo impeachment do presidenteCollor, e a demissão maciça doMinistério não influiria no resultadofinal e nem a permanência foiconsiderada uma prova de força dopresidente da República.

Os ministros, em sua maioria, nãofaziam parte de partidos políticos,integravam o que se chamou de“Ministério de notáveis”, uma últimatentativa de Collor de manter-se nopoder montando um Ministério peloscritérios meritocráticos, e nãopolíticos.

MERVAL PEREIRAO GLOBO

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Na nossa experiência atual,vemos ministros de diversospartidos, inclusive do PSDB,negociando diretamente com oCongresso a favor do presidenteTemer, e vários deles retornando aseus mandatos na Câmara para votarpela permanência do presidente.Provavelmente essa relação diretaentre os partidos e o presidente daRepública foi o que faltou a Collor, esobrou a Temer.

O que não quer dizer que estatenha sido uma solução melhor parao país do que a de 25 anos atrás. Adiferença é que, naquela ocasião, “osministros consideravam seu deverprosseguir trabalhando, comserenidade, para assegurar aindispensável continuidade daadministração pública, da atividadeprivada e da tranquilidade doscidadãos.” Sem interferir na atuaçãodo Congresso.

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29/08/17

Proposta orçamentária de2018 pode ter receitas infladas

Se Congresso não aprovarmudanças, governo terá de fazer"restrições severas de despesas", dizMeirelles

Martha Beck, Manoel Ventura,Letícia Fernandes e EduardoBarretto

-Brasília- Diante da dificuldadede aprovar a revisão das metasfiscais no Congresso ainda estasemana, a equipe econômica podeacabar apresentando o projeto delei orçamentária (Ploa) de 2018 comreceitas infladas. Por lei, a propostatem de ser apresentada até dia 31deste mês e ser compatível com ocompromisso fiscal em vigor, hoje umdéficit primário de R$ 129 bilhões.

Embora o governo já tenhaproposto aumentar o rombo para R$159 bilhões, o Ploa só poderá serajustado a essa meta após recebersinal verde do Legislativo. Como aoposição promete dificultar avotação da mudança das metas de2017 e 2018 (o governo tambémquer aumentar o rombo deste anode R$ 139 bilhões para R$ 159bilhões), é provável que oOrçamento de 2018 tenha de vircom projeção de receitas maisotimista.

Segundo técnicos da áreaeconômica, depois de aprovada arevisão das metas, o texto seriaajustado para estimativas maisrealistas. Eles explicam que, como ogoverno tem pouca margem pararever projeções de arrecadação deimpostos e contribuições federais(calculadas com base em parâmetroscomo crescimento do ProdutoInterno Bruto e inflação) e dedespesas (a maior parte é compostapor gastos obrigatórios), a saídanormalmente é inflar as projeçõescom recursos extraordinários deconcessões e vendas de ativos.

Ontem, o ministro da Fazenda,Henrique Meirelles, disse que ogoverno espera aprovar as novasmetas "o mais rápido possível"!Segundo ele, se o Congresso nãoaprovar, o governo precisará fazer"restrições severas de despesas ouadotar outras medidas para aumentaras receitas: — O Orçamento seráenviado na data prevista pela lei. Ameta está sendo discutida. Nósesperamos que seja aprovada o maisrápido possível. Mas vamos suporque não seja aprovada a revisão dameta, vamos ter que trabalhar comrestrições muito severas de despesase talvez outras medidas na área dasreceitas.

PIB: "CRESCIMENTOBAIXO"

Meirelles estimou, ainda, que oresultado do PIB, que será divulgadopelo IBGE na sexta-feira, devemostrar um crescimento baixo daeconomia brasileira ou mesmo"próximo do equilíbrio.

Já o ministro da Casa Civil, EliseuPadilha, negou que eventual novadenúncia contra o presidente MichelTemer possa atingir a reforma daPrevidência e os demais índiceseconômicos. Numa fala otimista, oministro disse que questões políticasestão "absolutamente desvinculadasda economia. Padilha afirmoutambém que, junto com Meirelles,conversará com deputados paraconstruir um texto consensual.

Já Temer pediu que os ministrosconcentrem esforços e conversemcom deputados de seus partidos paraaprovar o aumento das metas fiscais,a TLP e o novo Refis. E disse quenão abandonará a mudança daPrevidência: — Não vamosabandonar a reforma da Previdência.

Colaboraram Cristiane JungbluteBárbara Nascimento

ECONOMIAO GLOBO

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29/08/17

De olho em R$ 50 bi, governo pode conceder áreas de petróleo

JULIO WIZIACKMARIANA CARNEIRODE BRASÍLIA

Para fazer caixa, o governoestuda conceder para a iniciativaprivada o direito de exploração deaté 7 bilhões de barris de petróleo egás em blocos vizinhos àqueles hojeem produção pela Petrobras.

A medida deverá trazer mais R$50 bilhões ao caixa da União nopróximo ano. A equipe econômica eo Ministério de Minas e Energiapreveem que a decisão seja tomadacom a privatização da Eletrobras,que deve movimentar R$ 13 bilhões.

As duas iniciativas estão entre asprincipais apostas do governo paracumprir a meta de deficit de R$ 159bilhões do próximo ano. Nenhumadelas está prevista no Orçamento e,segundo técnicos que participam dosestudos, existem outras em análise.

Inicialmente, o governo pensouem ampliar o contrato firmado em2010 com a Petrobras. Por ele, a

União decidiu autorizar a estatal aexplorar diversos blocos no pré-sal,limitando-se a 5 bilhões de barris deóleo e gás por ano e assumindocustos e riscos de produção –modeloconhecido como cessão onerosa.

Mas, diante da reestruturação porque passa a Petrobras, dificilmentehaverá uma renegociação docontrato. Por isso, a equipeeconômica e os técnicos de Minas eEnergia trabalham em um novomodelo de concessão para blocosvizinhos àqueles já em exploração.São eles: Franco, Florim, Nordestede Tupi, Sul de Tupi, Sul de Guará,Entorno de Iara e Peroba.

Segundo técnicos do Ministériode Minas e Energia, nessa área já estácomprovado que existe muito maispetróleo do que se imaginava. Porisso, o governo agora quer liberar aexploração.

Não está completamentedescartada a revisão do contrato decessão onerosa. Isso porque, Uniãoe Petrobras discutem o acerto de

contas devido à variação drástica dopreço do petróleo desde 2010.

As duas partes estão perto de umentendimento.

PRIVATIZAÇÃO

As conversas sobre o modelo devenda da participação da União naEletrobras também avançaram.Neste momento, está em avaliaçãoa forma como seria feita a operaçãofinanceira que levará à diluição daparticipação federal na estatal e comosuas ações serão convertidas em uma"super-ação", que dará poderes deveto em assuntos estratégicos.

Outra questão a ser superada éjurídica. A lei que criou a Eletrobrascomo estatal determina que a Uniãoacompanhe qualquer movimento decapitalização da companhia. Mas alei que define o programa dedesestatização afirma o contrário. AAGU (Advocacia-Geral da União)está estudando o caso e ainda nãose posicionou.

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

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PIB crescerá 'ao redor de 3%'em 2018, diz Meirelles

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

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29/08/17

Entrevista : Paulo Caffarelli, presidente do Banco do Brasil

BB vai liberar até R$ 50 bi para concessõesSegundo presidente do banco,

novo modelo de financiamentopara infraestrutura vai destravarprojetos

Murilo Rodrigues Alves eAdriana Fernandes / Brasília

Uma semana depois do anúnciodo novo programa deprivatizações do governo MichelTemer, que incluiu Eletrobrás eoutras estatais, o presidente doBanco do Brasil, Paulo Caffarelli,disse ao Estadão/Broadcast que obanco analisa liberar até R$ 50bilhões em crédito para 18 projetosde infraestrutura. A avaliação deleé que esse setor será o principalindutor de uma retomada maissólida do crescimento econômico.O Banco do Brasil liderou umnovo desenho de financiamentospara as concessões que agradamais ao mercado, diferente doadotado na gestão da ex-presidenteDilma Rousseff, quando houveforte concentração no papel doBNDES nos projetos. Como obanco de fomento não honrouempréstimos de longo prazo quetinham sido acertados, muitosprojetos acabaram naufragando.Agora, segundo Caffarelli, o setordeve ter um novo impulso.

• O governo anunciou umprograma vasto de privatizações.De que forma o BB vai entrarnesses financiamentos?

O Banco do Brasil fez umtrabalho muito importante, que foitrazer de volta para osfinanciamentos de infraestrutura osbancos privados. Existia umdescontentamento muito grandedos bancos em relação aose m p r é s t i m o s - p o n t e(financiamentos que eramcontratados num primeiro momentoda concessão até que o crédito delongo prazo, cuja análise é maisdemorada, fosse aprovado) queeles fizeram. Se olharmos, ficarampara trás algumas operações queforam feitas de empréstimos-pontena expectativa de que o BNDESfizesse a operação de longo prazo,o que não aconteceu. Eu fui baterna porta dos bancos para falarcomo a gente desenha um modelode financiamento parainfraestrutura.

• E qual a reação dos bancos?

Eles falaram que só voltariamse acabasse com o empréstimo-ponte. Além disso, fizemos (ogoverno) outras alterações:mudamos o prazo do edital,demos um prazo maior para queas empresas possam analisar oprocesso. O leilão vai acontecernum prazo mais definido. Ocontrato começa a correr a partirdo momento em que a emissãodas debêntures (títulos de créditoemitidos por empresas para

captar recursos) começarem agerar o ingresso de recursos paraa construção definitiva. Nesseperíodo, que é o mais delicado, osbancos vão dar fiança. Quem vaicomprar as debêntures? O BNDES,o FI-FGTS ou um investidorexterno. Nesse primeiro período,os bancos vão dar a garantia que,se acontecer alguma coisa,assumem essa responsabilidade.Em seguida, os bancos saem daoperação e vão dar fiança paraoutro projeto.

• O sr. mapeou o interesse dosbancos nesse modelo?

Com esse modelo, sim. Vai serpor meio de um sindicato debancos. Não vai ter o BB fazendosozinho. Faz um sindicato, o quedura em média quatro ou cincoanos, e depois sai fora e vai fazercom outro. O bom é que, como noBrasil os bancos ainda não têmfunding (fonte de recursos) de

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

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longo prazo, deixa o funding paraquem quer investir no longo prazo,como o BNDES, o FI-FGTS ouinvestidores institucionais (comofundos de pensão).

• O mercado olhou a carteirade concessões meio ressabiado...

Tem muita gente que não vaiprecisar de financiamento. Virácom recursos próprios. Outros, quevão precisar de financiamento,terão um desenho com um avançosignificativo.

• O BB vai emprestar quantocom recursos próprios?

Temos uma carteira de

infraestrutura de R$ 103 bilhões.Dessa carteira, R$ 85,2 bilhõessão de recursos próprios. Hoje,estamos analisando 18 projetos, oque dá R$ 50 bilhões eminvestimento.

• Esses R$ 50 bilhões sãocrédito novo? Vão ajudar a daruma movimentada...

Ajuda muito. Eu acredito muitoque o grande estímulo à retomada(da atividade econômica) maisintensa sejam os processos deinfraestrutura. Não tem nenhumoutro segmento que vá mobilizarde uma forma tão forte como aretomada dos projetos deinfraestrutura.

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Administração federal pode ter ‘apagão’

Dados do Ministério doPlanejamento apontam que semreformas, fatia no Orçamento paragastos não obrigatórios vai cairrapidamente

Idiana TomazelliAdriana Fernandes /

BRASÍLIA

O risco de um "apagão" naadministração federal devecrescer nos próximos anos caso oCongresso Nacional demore paraaprovar a reforma da Previdênciae a reestruturação das carreiras deservidores do Executivo sejatambém adiada.

Sem essas mudanças, o espaçono Orçamento para gastos nãoobrigatórios, como investimentose custeio da administração, cairárapidamente de 8,2% este ano para5,3% em 2020, segundo dados doMinistério do Planejamentoobtidos pelo "Estadão/Broadcast".

A área econômica tem investidona revisão de programas sociaispara detectar pagamentosindevidos e tentar conter o avançodos gastos obrigatórios, o que játrouxe um impacto positivo de R$5,6 bilhões para este ano. Mas aavaliação é de que essa agendasozinha não será capaz de evitarum colapso do Orçamento e,consequentemente, nos serviços

públicos.

Em tese, a fatia de despesas quepodem ser cortadas em caso denecessidade ficará no nível poucosuperior a 5% em 2020 se nãoforem bem-sucedidos os esforçosdo governo na revisãoprevidenciária e do funcionalismopúblico. Mas, mesmo dentro dessegrupo, há gastos essenciais, comoconta de luz e serviços deinformática, que garantem aoperação dos sistemas do governo.

Nessa trajetória, o maisprovável é que o sufocamento naoferta de serviços já percebidoneste ano (com a interrupção deemissão de passaportes, porexemplo) se intensifique e afetecada vez mais atividades comoatendimento em agências do INSS,fiscalizações e a manutenção dosgastos com militares. "Se com8,2% já está difícil, imagina com5,3%.

Por isso falamos que não háalternativa à reforma daPrevidência. Isso vai permitir ogerenciamento mais adequado danossa política orçamentária efinanceira", diz o assessor especialdo Ministério do Planejamento,Arnaldo Lima Junior. Fraudes.

Enquanto a reforma não sai dopapel, o governo tem trabalhado

em medidas para conter o avançonos gastos obrigatórios, o queinclui a detecção de fraudes nosbenefícios e iniciativas parasegurar as despesas com a folhade pessoal e administraçãopública.

Foi criado em maio do anopassado o Comitê deMonitoramento e Avaliação dePolíticas Públicas (CMAP), quereúne Fazenda, Casa Civil, CGUe Planejamento, para tentarimplementar soluções de curtoprazo e melhorar o gasto comprogramas sociais.

Os primeiros resultados jáforam sentidos neste ano a partirda reavaliação de benefícios pagosem auxílio-doença, Bolsa Família,Benefício de Prestação Continuada(BPC) e Fies, que rendeu oimpacto positivo de R$ 5,6 bilhões.

A avaliação é de que essenúmero pode crescer ainda mais."Todos os programas tiveramcrescimento real do gasto nosúltimos anos, enquanto passamosa ter queda real de receitas.Identificamos os principais ralosdo gasto público e começamos aatacar", diz o secretário executivoadjunto do Ministério doPlanejamento, Rodrigo ToledoCota, um dos fundadores docomitê.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

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Até agora, a maior fonte deredução de custos para o governotem sido a revisão dos benefíciospagos em auxílio-doença, comganho de R$ 2,6 bilhões, segundoo CMAP. O Ministério doDesenvolvimento Social (MDS)prevê uma economia acumulada deR$ 17 bilhões desde o início dopente-fino no ano passado até ofim de 2018, como mostrou oEstadão/Broadcast.

E ainda está no plano a revisãodas aposentadorias por invalidez.No caso do Bolsa Família, ogoverno detectou um gastoindevido de R$ 1,4 bilhão ecancelou esses benefícios, mas arevisão serviu para que essedinheiro fosse destinado a outrasfamílias que estavam na fila pelaajuda financeira.

"Para não aumentar cargatributária, que os contribuintes járeclamam tanto, é preciso tergovernança adequada dosprogramas sociais", afirma LimaJunior, atual coordenador doCMAP. "O objetivo é fazer umaavaliação permanente para proporredesenho de políticas e não tertanta rigidez do gasto."

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29/08/17

REPÚBLICA EM TRANSE »Hora de punir os "infiéis"

Planalto exoneraapadrinhados de deputados quevotaram a favor da denúncia daPGR contra Temer. Demissões jásomam mais de 140

» NATÁLIA LAMBERT» ROSANA HESSEL

Diante da expectativa de aProcuradoria-Geral da Repúblicaenviar ao Supremo Tribunal Federaluma nova denúncia contra opresidente Michel Temer ainda nestasemana, o governo começou acumprir o prometido aos aliados eexonerou mais de uma centena defuncionários nos terceiro e quartoescalões ligados a deputados quevotaram a favor da primeiraacusação, enterrada em 2 de agosto

pelo plenário. Com o recado, opresidente embarca na manhã dehoje para a China, onde participaráde um encontro com a cúpula doBrics, bloco que reúne Brasil, Rússia,Índia, China e África do Sul (leia maisna página 4).

“É a mensagem que ele estádando aos rebeldes para eles secomportarem durante a ausênciadele. O exemplo de como o governoage com quem o trai”, comenta umaliado que prefere não se identificar.De acordo com informações deassessores palacianos, são mais de140 exonerações pensadas ecalculadas a partir do mapa dosvotos da primeira denúnciaapresentada pelo procurador-geralda República, Rodrigo Janot. Apesar

da cobrança, principalmente, dospartidos do Centrão, o PSDB ficoufora da retaliação, já que o governoespera recuperar o apoio da metadeda bancada que votou peloafastamento de Temer.

A notícia aparece no momento emque o Planalto precisa de apoio emvotações estratégicas no Congresso,como a medida provisória do Refise a revisão da meta fiscal para 2017e 2018 (veja quadro). E a semanaserá atípica. Com a ausência deTemer até 6 de setembro, opresidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ), assume interinamente aPresidência da República e, porcausa da ausência também do vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho(PMDB-MG), quem assumirá ospolêmicos debates em plenário é osegundo vice-presidente da Câmara,André Fufuca (PP-MA), de 28anos. A expectativa da maioria doslíderes é que as votações seconcentrem nas medidas provisórias,já que a reforma política está longede um consenso.

Apesar de já ter criticadoanteriormente a demora do governoem exonerar os infiéis, o líder doPSD, Marcos Montes (MG),aplaudiu a decisão de Temer. “É aação de um governo que quertrabalhar com a base aliada.Qualquer governo tem de fazer issopara ter certeza de quem está ao seulado. Não adianta ter uma maioriafictícia, irreal. Quem está ao lado tem

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Temer passou a segunda-feira reunido com aliados para discutira prioridade da pauta de votações no Congresso

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que ser privilegiado. Não é questãode cargo, mas de justiça, de respeitara quem é leal”, comenta Montes, quedeixa claro que buscará no governoespaços caso algum deputado dalegenda requisite.

Entre os partidos retaliados estáo Solidariedade, em que seis dos 14deputados votaram pela abertura doprocesso de investigação contraTemer. Apadrinhados dos deputadosDelegado Francischini (PR), CarlosManato (ES) e Laércio Oliveira (SE)foram demitidos do Ministério doDesenvolvimento Agrário. O líder dalegenda, Aureo (RJ), afirma queperguntará ao governo o motivo dasexonerações. “Acredito que oPlanalto está compondo a sua base.Vamos aprofundar isso. O governotem suas estratégias, mas isso nãogarante voto nem tira voto. Isso nãomuda o cenário. O voto não podeestar atrelado a cargo”, afirma.

Otimismo

O ministro-chefe da Casa Civil,Eliseu Padilha, minimizou o risco deuma segunda denúncia de Janot serapresentada enquanto Temer estiverna China. “As possibilidades são asmaiores do mundo em todos os tiposde aspectos. Há possibilidade deaprovação das nossas regras e hápossibilidade de surgir uma novadenúncia e, naturalmente, ela tem queser fundamentada”, disse Padilha. Deacordo com o ministro, o governoestá otimista para a aprovação daspautas econômicas. Na véspera daviagem, Temer passou o dia reunido

com os líderes aliados para tratar dasprioridades da agenda.

Padilha não comentou se há riscode uma nova derrota de Temer noCongresso durante a viagem, comoocorreu quando o presidente estevena Europa na votação da reformatrabalhista no Senado. Ele pretendeficar no Brasil para coordenar asarticulações para que as pautasprioritárias do governo avancem noLegislativo. O ministro da Fazenda,Henrique Meirelles, também não vaipara o país asiático participar dacúpula dos países do Brics.

Semana atribulada

Além da expectativa com achegada de uma nova denúncia daProcuradoria-Geral da Repúblicacontra o presidente Michel Temer, oCongresso se debruça sobre temasessenciais para o governo e para osparlamentares. Confira:

Reforma políticaSem consenso na maioria dos

temas, deputados e senadoresprecisam aprovar a reforma políticaaté o início de outubro para que asnovas regras passem a valer a partirdo ano que vem. As principaispolêmicas envolvem a criação de umfundo de financiamento público decampanha e a mudança do sistemaeleitoral majoritário.

Meta fiscalO governo precisa aprovar a

revisão da meta fiscal na Lei deDiretrizes Orçamentárias (LDO),

aumentando o deficit das contaspúblicas deste ano em

R$ 20 bilhões, passando a ser R$159 bilhões. O deficit da meta fiscalde 2018 também seria ampliadopara o mesmo valor — antes era deR$ 129 bilhões. A intenção noPlanalto é que o Congressoreferende o novo valor até 31 deagosto, quando tem de enviar oProjeto de Lei Orçamentária Anual(PLOA) de 2018 à Comissão Mistade Orçamento com os novosparâmetros.

Taxa de Longo Prazo (TLP)O Congresso precisa aprovar a

Taxa de Longo Prazo (TLP), a novataxa de juros do BNDES, até 6 desetembro. A medida perde a validadeno próximo dia 9. A Câmaraaprovou o texto-base na semanapassada e falta a discussão de trêsdestaques.

MP do RefisO Planalto precisa chegar a um

acordo com os congressistas nestasemana sobre a medida provisóriado novo Refis. O prazo para adesãoao novo programa vence em 31 deagosto e o governo já cogita umanova prorrogação. As negociaçõesdo governo são para o envio de umsubstitutivo ao relatório do deputadoNewton Cardoso Jr. (PMDB-MG),que concedeu perdão para 90% dasmultas e dos juros, reduzindo aprevisão de arrecadação de R$ 13bilhões para menos de R$ 500milhões neste ano.

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Retomada da economia em pauta

» ROSANA HESSEL

O presidente Michel Temerconvocou todos os ministros paraparticipar de uma reunião no Paláciodo Planalto na tarde de ontem como intuito de aparar as arestas, afinaro discurso e tratar de umcronograma para acelerar osinvestimentos e projetos deconcessão em cada pasta doprimeiro escalão. A ideia é que,quando retornar ao país, em 6 desetembro, as autoridadesapresentem dados concretos paraestimular a economia, segundofontes palacianas.

Após a reunião, os ministrosEliseu Padilha (Casa Civil) eHenrique Meirelles (Fazenda) foramescalados por Temer para comentara pauta. Eles tentaram mostrarotimismo com a retomada daeconomia brasileira ainda neste ano.Meirelles voltou a afirmar que serápossível registrar avanço do PIBsuperior a 2,5% no ano que vem,apesar de ter anunciado

recentemente uma revisão naprevisão de crescimento do ProdutoInterno Bruto (PIB) de 2018,reduzindo a taxa de 2,5% para 2%.Segundo ele, na média, ficará em2% porque é um “número maissólido e responsável”. “É umcrescimento com viés de alta, masque não deve ser incorporado aoOrçamento, mas devemos estarpreparados ao ritmo do últimotrimestre deste ano e que vaiacontecer durante o ano todo de2018”, afirmou o titular da Fazenda.

Padilha, que inicialmente integravaa comitiva rumo à China, ficará nopaís com a responsabilidade decomandar as negociações do Planaltocom os congressistas para garantiraprovação das pautas econômicas,como a MP da TLP (nova taxa doBNDES) e a mudança da meta fiscal.“Vou usar uma expressão que eutenho ouvido muito. A economiadescolou da política e está andandocom suas próprias pernas. E vamosdar o mesmo tratamento no caso, semerecido, no Congresso”, afirmou.

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REPÚBLICA EM TRANSE »Viagem à China em busca de parcerias

Temer embarca hoje para umaviagem ao país asiático para vendera imagem do Brasil e estimular aeconomia. O presidente tambémparticipará da reunião de cúpula doBrics

» HAMILTON FERRARIESPECIAL PARA O CORREIO» ROSANA HESSEL

O presidente Michel Temerembarca hoje para a China parauma série de reuniões com osintegrantes do Brics (Brasil, Rússia,Índia, China e África do Sul). O paísasiático foi o primeiro a ser visitadopelo peemedebista como efetivo nocargo, logo após o impeachment deDilma Rousseff, há praticamente umano. De olho em votaçõesimportantes no Congresso e noestímulo da economia, Temerdeixará no Brasil o chefe da CasaCivil, Eliseu Padilha, o ministro daFazenda, Henrique Meirelles, e osecretário-geral da Presidência,Moreira Franco. O ministro doPlanejamento, Dyogo Oliveira, deveembarcar só depois da análise dameta fiscal.

O primeiro encontro oficialocorrerá na sexta-feira. Temer realizauma visita a Pequim a convite dopresidente da China, Xi Jinping.Temer também se reunirá com oprimeiro-ministro chinês, Li Keqiang,com o qual está prevista a assinaturade atos bilaterais em áreas comoinfraestrutura, saúde, cultura etecnologia. A China é o principalparceiro comercial do Brasil. OPlanalto está otimista com a retomadada economia e de um novo recordena balança comercial com dados deagosto.

De acordo com o porta-voz daRepública, Alexandre Parola, Temertem como objetivo mostrar aosinvestidores chineses que o Brasil éuma boa opção para aplicar o capital.“Brasil e China mantêm parceriaestratégica global. São duas grandeseconomias fortemente interligadas. OBrasil é destino seguro parainvestimentos chineses e importanteprovedor de alimentos e insumospara a China, nosso principalparceiro comercial”, afirmou o porta-voz.

Avaliações

Cláudio Porto, presidente da

Macroplan, disse que existe umgrande interesse no mercado e quedeve ser um bom negócio para oBrasil e a China. “Para o Brasil, quenão tem capacidade financeira degerenciar mais estes ativos. E para aChina que vai adquirir um pacotevalioso, bem regulado e comperspectiva de crescimento forte”,destacou.

Entre 3 e 5 de setembro, Temerparticipará da 9ª Cúpula do Brics,na cidade de Xiamen, a pouco maisde 2 mil km da capital chinesa.“Brasil e China compartilhamprioridades sobre temas como adefesa do multilateralismo, aresistência ao protecionismo e ocombate ao aquecimento global”,destacou o porta-voz da Presidência.

O Novo Banco deDesenvolvimento (NDB), criadopelo Brics, também será pauta. Elefoi feito para financiar projetosaliados à sustentabilidade. O gerentede comércio exterior daConfederação Nacional da Indústria,Diego Bonomo, quer que a instituiçãotenha um escritório regional no Brasilpara aproximar o setor empresarialdo país do banco.

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Seja o que Deus quiser

Governo vai para o tudo ounada e tenta se apegar aos bonsindicadores da economia pararebater as novas denúncias contraMichel Temer

por Vicente [email protected]

O governo está preparado parao tudo ou nada. Na expectativa deuma nova denúncia contra opresidente Michel Temer pelaProcuradoria-Geral da República(PGR) ainda nesta semana, a ordemdo Palácio do Planalto é unificar odiscurso e se apegar, o quanto forpossível, às notícias boas que vêmda economia. Na próxima sexta-feira, o Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE)divulgará o resultado do ProdutoInterno Bruto (PIB), e tudo o queTemer quer é um número positivo.

Na China, para onde embarcahoje, o peemedebista tentarámostrar que, mesmo com toda a suafragilidade política, é a opção menostortuosa para que o país chegue aofim de 2018 de pé. O governocolheu, nos últimos dias, indicadoresa fim de reforçar o discurso de quea economia saiu efetivamente darecessão e que, se houver surpresas,

elas serão positivas. O recado nessadireção foi explicitado pelo ministroda Fazenda, Henrique Meirelles. Elejá fala em crescimento de 3% para oProduto Interno Bruto (PIB) em2018.

Não custa lembrar que o mesmoMeirelles foi o primeiro a dizer, logoapós a posse de Temer, que o paíssairia rapidamente da recessão,puxado pela política econômicaresponsável que passaria a serexecutada a partir daquele momento.Muitos acreditaram no discursoufanista, que foi mostrando-se vazioa cada número tornado público.Descobriu-se que a equipe técnicaapresentada como a salvadora dapátria não foi capaz de arrumar ascontas públicas. Preferiu continuartapando buraco e deixar o serviçopara o próximo governo.

Desta vez, contudo, é possívelque não haja frustração. Mas nãoporque o governo tenha feito a partedele. Na verdade, famílias eempresas preferiram se descolar dapolítica e tocar a vida. A recessãogravíssima na qual o Brasil mergulhoufez o trabalho sujo e corrigiu partedos erros cometidos pelaadministração de Dilma Rousseff.Derrubou a inflação, o que melhorou

o poder de compra dostrabalhadores, abriu espaço para aqueda dos juros e forçou a reduçãodo endividamento. A vida real faloumais alto.

BandalheiraResta torcer para que a política

dê uma mãozinha. Há questõesimportantes que precisam seraprovadas no Congresso o maisrapidamente possível, a começar pelamudança das metas fiscais deste anoe de 2018. Até quinta-feira, ogoverno terá que enviar aoLegislativo a proposta de Orçamentopara o ano que vem. Sem as novasmetas, tudo ficará capenga. Temeracredita que, mesmo de longe, serácapaz de evitar o pior. Para isso,remanejou pelo menos 140 cargosde segundo e terceiro escalões.Amaciou a ala mais fisiológica dabase aliada.

“Faz parte do roteiro o governomostrar confiança. Para nós, noentanto, o que realmente importa éque a economia real se mantenhadescolada de Brasília. Cansamos detanta bandalheira”, diz umempresário. “Se a inflaçãopermanecer baixa, o queacreditamos, e os juros continuarembaixando, já será um ótimo negócio.

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De confusão política, estamoscheios. Queremos ver o consumo ea produção crescendo”, acrescenta.Para o empresário, certamente anova denúncia da PGR contra Temertenderá a ser pesada. “Isso, porém,já está no preço. Vida que segue.”

Mais do que a nova denúnciacontra Temer, o que realmenteimporta para os donos do dinheiro éo resultado das eleições de 2018. “Oatual governo é de curto prazo, vaiacabar logo. O que precisamos é deuma visão de longo prazo. Aincapacidade de vislumbrar o quesairá das urnas, sim, é um grandeproblema”, reforça o mesmoexecutivo. Como bem ele ressalta,nunca é demais lembrar que tudopode piorar.