vales do curu e aracatiaçu

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Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA Secretaria de Desenvolvimento Territorial - SDT Relatório Analítico Célula de Acompanhamento e Informação (CAI) Território Vales do Curu e Aracatiaçu Equipe: Coordenador: José César Vieira Pinheiro - Eng. Agrônomo/Doutor em Economia Agrária. Colaboradora: Araguacy Paixão Almeida Filgueiras - Economista Doméstica/Doutora em Engenharia Têxtil. Técnicos da CAI: Marciano de Gois Moreira – Eng. Agrônomo. Manoel Alves – Eng. de Pesca. Fortaleza, setembro de 2011

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Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA

Secretaria de Desenvolvimento Territorial - SDT

Relatório Analítico

Célula de Acompanhamento e Informação (CAI)

Território Vales do Curu e Aracatiaçu

Equipe:

Coordenador: José César Vieira Pinheiro - Eng. Agrônomo/Doutor em Economia Agrária.

Colaboradora: Araguacy Paixão Almeida Filgueiras - Economista Doméstica/Doutora em

Engenharia Têxtil.

Técnicos da CAI: Marciano de Gois Moreira – Eng. Agrônomo.

Manoel Alves – Eng. de Pesca.

Fortaleza, setembro de 2011

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₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho é resultado do conjunto de pesquisas que abordam a Política de

Desenvolvimento Territorial, coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial

(SDT) vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). São pesquisas

exploratórias e descritivas (quantitativas e qualitativas) desenvolvidas nos 18 (dezoito)

municípios que compõem o espaço geográfico, político e socialmente construído do

território dos Vales do Curu e Aracatiaçu, no estado do Ceará.

As pesquisas integram o rol de atividades desenvolvidas pela Célula de

Acompanhamento e Informação (CAI). Esta exerce o papel de unidade administrativa e

operacional do Projeto de Monitoramento e Avaliação dos Territórios Rurais Cearenses, sob

a gestão da Universidade Federal do Ceará. A CAI integra o Sistema de Gestão Estratégica

(SGE) da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento

Agrário, disponibilizando um conjunto de informações sobre a dinâmica do território dos

Vales do Curu e Aracatiaçu.

O presente relatório analítico apresenta informações, análises e sugestões para o

aperfeiçoamento da dinâmica territorial a partir de pesquisas/entrevistas com:

i) Membros do Conselho de Desenvolvimento Territorial (CDT) Vales do Curu e

Aracatiaçu – pesquisas sobre Identidade Territorial e Acompanhamento da Gestão do

Colegiado Territorial,

ii) Representantes do poder público dos 18 municípios do Território – pesquisa

sobre Capacidades Institucionais, e

iii) Unidades familiares residentes no Território Vales do Curu e Aracatiaçu –

pesquisa sobre Índice de Condição de Vida (ICV).

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Este documento está organizado em 08 (oito) partes e seus anexos, ordenado da

seguinte forma:

1. Contextualização

Caracterização do Território dos Vales do Curu e Aracatiaçu nas dimensões

geográfica, histórica, demográfica, econômica, infraestrutura, cultura e de

organização político-institucional.

2. Identidade Territorial

Análise da identidade territorial como fator de coesão social, identificando

quais dos elementos investigados/pesquisados aglutinam o território e se eles

de fato determinam a delimitação territorial.

3. Capacidades institucionais

Estabelecer a situação das capacidades institucionais dos municípios e de que

forma se relaciona com o desempenho do Colegiado, com os resultados obtidos

pelos projetos desenvolvidos no território e, não menos importante, em que

medida essas capacidades contribuem para o desenvolvimento territorial, para

a construção de espaços de diálogo, de trabalho conjunto e de organizações da

base.

4. Gestão do colegiado

Avaliar a organização e a gestão social do território, como ocorre a correlação

de forças políticas e como este interfere na condução e no desempenho do

Colegiado como instância representativa.

5. Avaliação dos Projetos

Avaliar os efeitos (eficácia e efetividade) dos investimentos financeiros em

projetos de investimentos da SDT/MDA.

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6. Índice de condição de vida da população territorial

Estabelecer a qualidade de vida na percepção das famílias rurais tendo em

vista a situação do território, indicando em que medida a condição percebida

se relaciona aos indicadores objetivos de desenvolvimento;

Comparar as condições de vida de agricultores familiares com outros tipos de

domicílios, produtivos e não produtivos, levando em conta o contexto

econômico e social do território, indicando os aspectos mais frágeis de cada

segmento. Indicar pontos em comum e aspectos divergentes entre os

segmentos, levantando fatores que possam justificar os resultados obtidos.

7. Análise integradora de indicadores e contexto

Estabelecer a relação entre os indicadores (identidade, capacidades

institucionais, gestão do Colegiado e resultados dos projetos), as

características do Território e as condições de vida da população rural;

Agregar observações e análises que abarquem aspectos específicos do

Território e que não foram contemplados pelos instrumentos definidos.

8. Propostas de ação para o território

Fazer recomendações de novas pesquisas de caráter complementar e/ou

contextualizada, articulada com o colegiado, tendo em vista suprir lacunas de

pesquisa e/ou aprofundar conhecimento sobre o território;

Levantar propostas de ações para qualificação da política territorial da SDT,

com foco no planejamento, gestão e controle social dos territórios.

ANEXOS

1. Validação de instrumentos de pesquisa e seus respectivos procedimentos

2. Registro fotográfico das entrevistas da pesquisa ICV

3. Ilustração dos setores censitários da pesquisa ICV

4. Relatório resumido da situação dos projetos do território

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1 - Contextualização

Síntese das principais características do Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

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Caracterização geográfica

O Território dos Vales do Curu e Aracatiaçu, anteriormente denominado de Território

de Itapipoca, tem uma extensão de 12.094,38 km² e uma população total de 570.908

habitantes, da qual 45,44% residem na área que o IBGE convenciona chamar de zona rural e

54,56% reside na área urbana (tabela 1). Nesse espaço geográfico existem 26.644

estabelecimentos rurais, correspondendo a uma área de 711.221 hectares que abrigam

30.701 agricultores (as) familiares. No tocante a política de colonização e reforma agrária, o

território possui 64 assentamentos federais (3.479 famílias) e 44 estaduais (703 famílias).

A Figura 1 mostra a localização espacial/geográfica do território distribuído em seus

18 (dezoito) municípios. Devido a sua grande extensão territorial aliada ao grande número

de municípios o território foi subdividido em 04 (quatro) microterritórios, a saber:

Microterritório Umirim: Umirim, Uruburetama, Itapajé e Irauçuba;

Microterritório Médio Curu: Pentecoste, Apuiarés, General Sampaio e Tejuçuoca;

Microterritório Itapipoca: Amontada, Itapipoca, Itarema, Miraíma e Tururu;

Microterritório Paraipaba: Paraipaba, São Gonçalo do Amarante, São Luis do Curu,

Paracuru e Trairi.

O território apresenta peculiaridades e especificidades de uma região caracterizada

pela existência de ecossistemas distribuídos em áreas de serras, sertões e litoral. Estes

fatores ambientais se misturam aos elementos socioculturais e econômicos na formação da

identidade territorial.

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Formação histórica

O território dos Vales do Curu e Aracatiaçu possui características particulares a

respeito da ocupação e uso do solo, pois o mesmo apresenta regiões de serra, praia e sertão,

essas singularidades permitiram o surgimento de importantes centros urbanos nesse

território, onde ganha destaque a cidade de Itapipoca com o seu forte comércio e agora

mais recente o município de São Gonçalo do Amarante com o Complexo Portuário do Pecém

(CPP). Outras cidades litorâneas como Paracuru, Paraipaba, Trairi, Amontada e Itarema

apresentam um grande potencial turístico devido suas belas praias e as cidades de General

Sampaio, Pentecoste e Umirim também contribuem com o desenvolvimento do território

devido aos seus importantes recursos hídricos.

A grande maioria das cidades dos Vales do Curu e Aracatiaçu tem seus nomes

relacionados alguns fatores que remontam característica ou fatos históricos vividos nessas

cidades, uma delas foram a presença de alguns aldeamentos indígenas que possibilitaram os

nomes de cidades como Itapipoca (pedra quebrada), Itarema (pedra cheirosa), Itapajé

(pedra do frade), Tejuçuoca (morada do grande lagarto), Irauçuba (amizade), Tururu (local

de caracóis), Uruburetama (lugar dos urubus) e Paracuru (lagarto do mar), as cidades de São

Luís do Curu e São Gonçalo do Amarante tem seus nomes relacionados ao padroeiro de suas

cidades, Pentecoste por conta da primeira missa ter acontecido no dia de Pentecostes (dia

do Espírito Santo) e General Sampaio em homenagem a um herói cearense.

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Figura 01 - Localização do território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Aspectos demográficos

A Política de Desenvolvimento Territorial desenvolvida pelo MDA tem como

prioridade o conjunto de atores sociais que se enquadram nos critérios que definem o

conceito de agricultura familiar, reunindo agricultores de base familiar, pescadores,

mulheres artesãs, pescadores, extrativistas, indígenas, quilombolas, etc. A tabela 1 e 2

mostra os dados da distribuição da população no território.

A demanda social a ser atendida por políticas pública no território é bastante

diversificada, formada por 536.385 habitantes, dos quais 47,1%, ou seja, 252.978 pessoas

vivem em área rural; são 30.701 agricultores e agricultoras familiares, 3.527 famílias

assentadas, 4.536 famílias de pescadores, duas comunidades quilombolas e três terras

indígenas.

Fonte: Instituto de pesquisa e estratégia econômica do Ceará - IPECE (adaptado).

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Características econômicas do território

O território apresenta um grande potencial agropecuário como a cultura da

mandioca, do coco, da banana, do caju, do mamão e hortaliças, além da criação de gado,

ovinos e caprinos, aves, peixes e abelhas melíferas, possui também uma grande atividade

extrativista na exploração da carnaúba, além de contar com a crescente área do turismo e a

produção de artesanato.

As cidades litorâneas além de apresentarem seu potencial turístico, contribuem

ainda na produção de coco e mandioca e seus derivados, já as serras úmidas como Itapipoca,

Itapajé e Uruburetama participam na produção de banana, mamão e outras variedades de

frutas, as cidades que possuem açudes com grande espelho d’água como Pentecoste,

General Sampaio, Umirim e Miraíma apresentam forte atividades de piscicultura e alguns

destas desenvolvem também agricultura irrigada e projetos de apicultura.

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Tabela 2 – Público prioritário da política territorial do MDA.

Fonte: Sistema de Informações territoriais – SIT (MDA/SDT)

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2 - Identidade Territorial

Análise dos fatores que contribuem na coesão social no Território, relacionando os elementos de formação da identidade territorial, assim como, a influência destes aspectos na delimitação do Território.

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INTRODUÇÃO

Conceito de Território: espaço físico definido em termos geográfico, no geral

contínuo, incluindo a cidade e o campo, caracterizados por critérios multidimensionais –

entre eles meio ambiente, economia, sociedade, cultura, política, as instituições e a

população, com grupos sociais relativamente distintos que se relacionam interna e

externamente via processos específicos, onde é possível distinguir elementos indicativos da

identidade e coesão social, cultural e territorial‖ (MDA/SDT. Marco Referencial para Apoio

ao Desenvolvimento de Territórios Rurais, 2005. Documentos Institucionais, 2).

Do ponto de vista operacional a SDT/MDA adota o conceito de identidade da

seguinte forma: “[...] características e os traços - de uma população ou grupo cultural -

distintos que possibilitam que os indivíduos que fazem parte de uma população específica,

reconheçam-se mutuamente, assim como se diferenciem de outras populações ou grupos. A

expressão do grupo, a ação social e coletiva frente a outros grupos, é a manifestação da

identidade.” (manual de identidade territorial – SGE/SDT/MDA, 2011).

Construída a partir de efeitos da história, geografia, biologia, organizações

econômicas e políticas, religião, a identidade manifesta-se pelas influências presentes no

espaço ocupado pela população, que processam e reorganizam seus significados em função

de seus valores, tendências sociais e culturais.

A SDT considera a identidade uma característica do Território, relacionando-a com

suas origens, com os modos de ocupação do espaço e com o contexto social construído.

Definida como um elemento aglutinador, a identidade territorial facilita a construção de um

futuro mais solidário e interdependente, onde se reconhece e se valoriza a diversidade, a

coesão de princípios, a mediação de interesses e a convergência de dinâmicas sociais,

culturais e econômicas.

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METODOLOGIA

A proposta metodológica aqui apresentada visa contribuir com a identificação das

diversas identidades que caracterizam o território dos Vales do Curu e Aracatiaçu. Dessa

forma, foram identificados sete fatores próximos às realidades territoriais que, em maior ou

menor grau, influenciam o desenvolvimento territorial. Esses fatores ou indicadores de

identidade são: Ambiental, Agricultura Familiar, Economia, Pobreza, Etnia, Colonização e

Político. A identificação das identidades permite à SDT/MDA elaborar tipologias de

Territórios que orientam suas ações com relação ao desenvolvimento rural sustentável.

O cálculo dos indicadores de identidade, segundo os fatores mencionados, é feito

pelas Células de Acompanhamento e Informação. Para isso, desenhou-se um instrumento

que indaga os integrantes dos Colegiados sobre sua percepção a respeito da influência de

tais fatores nos seguintes aspectos chave para o desenvolvimento territorial:

i) A delimitação territorial;

ii) A gestão territorial em termos de participação de organizações;

iii) O planejamento relacionado com a visão de futuro, a definição de metas e objetivos

e diagnóstico das características marcantes do Território;

iv) A construção da história comum do Território; e

v) A resolução de conflitos.

Apresentação dos Indicadores de Identidade Territorial

Para elaboração das características que compõem a identidade do Território Vales do

Curu e Aracatiaçu foram definidos os seguintes indicadores ou fatores:

Ambiental - Demonstra o peso que tem os atributos relativos aos recursos naturais, áreas de

proteção, patrimônio natural e problemas ambientais nos aspectos do desenvolvimento

territorial;

Agricultura familiar - Aponta para a influência das condições de desenvolvimento da

agricultura local, suas organizações, os problemas e expectativas dos agricultores;

Economia - Indica o efeito dos processos produtivos, pólos de desenvolvimento, geração de

emprego e da estrutura econômica local;

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Pobreza - Refere-se ao impacto da marginalidade, exclusão social, desigualdade e outras

precariedades econômicas;

Etnia - Mostra a interferência dos grupos que agem baseados em suas crenças e perfis

étnicos;

Colonização - Trata dos processos de ocupação territorial;

Político - Refere-se à influência dos grupos políticos, filiação partidária e das organizações

comprometidas com os processos políticos nos aspectos chaves do desenvolvimento

territorial.

Cada indicador de identidade varia entre 0 (zero) e 1 (um), sendo que, o valor 1(um)

indica maior influência do indicador da identidade nos aspectos chaves de desenvolvimento

do Território, e, 0 (zero), menor influência da identidade. Para efeitos didáticos e para

melhor compreensão dos resultados as respostas em números (0 a 5) foram convertidas em

expressões crescentes do nível de importância dos indicadores da seguinte forma:

Número Nível/grau de importância

0 nenhuma importância

1 pouca importância

2 alguma importância

3 importância (média)

4 muita importância

5 não sabe

Coleta de Dados

A coleta dos dados referentes à identidade territorial é realizada a partir do

Questionário de Identidade Territorial (Q2). Este questionário é composto por 14 perguntas,

onde as sete primeiras correspondem à identificação da entrevista e as outras sete

correspondem aos aspectos chave para o desenvolvimento – definição dos limites

territoriais, gestão territorial, visão de futuro, metas e objetivos, características marcantes,

história e conflitos existentes no Território.

As sete perguntas que tratam dos aspectos chave de desenvolvimento são compostas

por sete itens, a serem avaliados em uma escala de 1(nenhuma importância) a 5(muito

importante) que se referem aos indicadores de identidade: Ambiental, Agricultura Familiar,

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Economia, Pobreza, Etnia, Colonização e Política. Como mencionado anteriormente, mede-

se o efeito de cada característica de identidade em relação aos aspectos chave do

desenvolvimento territorial.

O questionário de Identidade Territorial é aplicado a todos os membros da plenária

do Colegiado Territorial (censo) em cada Território rural. A aplicação do questionário pode

ser realizada de duas formas: i) aplicar o questionário, individualmente, a cada membro do

colegiado.

Cálculo dos Indicadores de Identidade Territorial

O cálculo da identidade territorial é aferido a partir da média aritmética simples dos

itens referentes às características - Ambiental, Agricultura Familiar, Economia, Pobreza,

Etnia, Colonização e Política – em cada uma das perguntas sobre os aspectos chaves de

desenvolvimento.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. DEFINIÇÃO DOS LIMITES DO TERRITÓRIO

O figura 1 mostra o conjunto de gráficos que retratam - na percepção dos membros

colegiado territorial – o grau de importância e contribuição de cada um dos elementos

apresentados pela pesquisa na definição dos limites territoriais. Analisadas as respostas

individualmente, percebe-se que os movimentos sociais foi o setor que mais recebeu a

avaliação do tipo “muito importante” (42% dos entrevistados) na definição do limites do

Território. No outro extremo, os povos/comunidades tradicionais foi o segmento que mais

recebeu a avaliação “nenhuma importância” (12% dos entrevistados).

Aspectos de maior influência na definição dos limites do Território

Quando analisadas os somatórios das respostas “alguma importância”, “importância”

e “muita importância”, pode-se concluir que o setor da agricultura familiar - juntamente com

as atividades econômicas e movimentos sociais - foram os elementos com maior

expressividade no processo de definição dos limites do Território (figura 2).

Aspectos de menor influência na definição dos limites do Território

Verificando o somatório das respostas “pouca importância” e “nenhuma importância”

pode-se observar o segmento dos povos e comunidades tradicionais - junto com os processos

de colonização/ocupação – foram os setores com menor importância na delimitação do

contorno territorial (figura 3).

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Figura 1 – Gráficos comparativos na avaliação do grau de importância dos principais

aspectos na definição dos limites do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

07

05 06

01 02

04 03

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Figura 2 – Gráfico com os segmentos de maior importância na definição dos limites do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Figura 03 – Gráfico com os segmentos de menor importância na definição dos limites do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

1 Somatório percentual das respostas dos entrevistados que responderam: “alguma importância”; “importância” e “muita importância”. 2 Somatório percentual das respostas dos entrevistados que responderam: “pouca importância” e “nenhuma importância”.

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2. PARTICIPAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES NA GESTÃO TERRITORIAL

O segmento organizações de agricultores familiares foi o setor que recebeu o maior

número de avaliações do tipo “muito importante” - percepção de 53% dos entrevistados - no

tocante a sua participação na gestão do Território. Por outro lado, as organizações públicas

junto com as organizações ambientais receberam o maior número de avaliações do tipo

“nenhuma importâcia” ( 6% dos entrevistados) relativo a participação destas nos processos de

gestão territorial.

Aspectos de maior influência na definição dos limites do Território

Quando somados os percentuais das respostas “alguma importância”, “importância” e

“muita importância”, pode-se confirmar que as organizações de agricultores familiares é o

setor de maior importância para gestão territorial (figura 5).

Aspectos de menor influência na definição dos limites do Território

Ao passo que somadas as respostas do tipo “pouca importância” e “nenhuma

importância”, observa-se que as organizações ambientais obtiveram a pior avaliação no

aspecto da gestão do Território (figura 4/gráfico 07).

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Figura 4 – Conjunto de gráficos que avaliam a participação das organizações e movimentos sociais/políticos na gestão territorial.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

01 02

03 04

05 06

07

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│Movimentos e organizações com maior importância na gestão Territorial│

Figura 5 – Gráfico com a comparação entre os setores com maior importância na gestão territorial.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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3. ASPECTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DA VISÃO DE FUTURO DO TERRITÓRIO

O PTDRS é o principal instrumento de planejamento das ações a serem executadas

no território. A partir dos eixos de ação nele definidos é que se operacionaliza os propostas

técnicas que são convertidas em projetos com fins de atender os objetivos a política de

desenvolvimento territorial a partir do PTDRS.

A definição de visão de futuro é o primeiro componente que estrutura o

planejamento propriamente dito no PTDRS. Neste foi definida a seguinte visão de futuro:

“O Território da Cidadania dos Vales do Curu e Aracatiaçu é um

espaço social, político, cultural, econômico e geográfico que

tem reduzido seus índices de miséria, pobreza, analfabetismo e

violência. A geração de trabalho e renda ocorre por meio de um

sistema de produção (rural e urbano) com bases sustentáveis

que melhora a distribuição e geração de renda, visando à

autonomia financeira dos/as trabalhadores/as. As cadeias

produtivas estão articuladas e consolidadas com base nos

princípios da economia solidária. A segurança alimentar e

nutricional está garantida pela produção e revalorização do

consumo dos produtos da agricultura familiar com a

comercialização do excedente. É, portanto, um território com

oportunidades para todos/as e com um ambiente saudável para

esta e para as futuras gerações.” (PTDRS – versão 2011).

Como se percebe, a definição de visão de futuro exposta acima foge do conceito

consolidado nas Ciências da Administração. De forma simples, a visão de futuro define o que

a organização pretende ser no futuro. Ela incorpora as ambições da organização e descreve

o quadro futuro que a organização quer atingir.

Aprofundando os aspectos importantes na visão de futuro, esta identifica as

aspirações da organização, criando um clima de envolvimento e comprometimento dos

participantes com seu futuro. A definição de onde se pretende chegar permite entender com

clareza o que é preciso mudar na organização ou como ela precisa mudar para que a visão

seja concretizada. Uma visão compartilhada une e impulsiona as pessoas para buscarem

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seus objetivos, apesar de todas as dificuldades. Uma organização sem visão é uma

organização sem direção.

Analisando o conceito de visão de futuro (equivocado) do Território Vales do Curu

traz em sua parte inicial do que seria o conceito (o que é o território Vales do Curu e

Aracatiaçu) e os resultados (?) alcançados pelo mesmo (... tem reduzido seus índices de

miséria, pobreza, analfabetismo e violência). No corpo de seu texto traz informações que

consolidam ações em suas áreas de atuação (as cadeias produtivas estão articuladas e

consolidadas com base nos princípios da economia solidária; a segurança alimentar e

nutricional está garantida pela produção e revalorização...). Por fim, em sua parte final versa

sobre o que seria uma proximidade de sua real visão de futuro (... um território com

oportunidades para todos/as e com um ambiente saudável para esta e para as futuras

gerações). Conclui-se que a definição de visão de futuro exposta no PTDRS deve ser

redefinida de forma mais clara e concisa, para que assim os atores sociais percebam qual o

horizonte ideal para o desenvolvimento do território.

Segundo a percepção dos membros do colegiado os elementos de maior importância

para construção da visão de futuro do território foram: agricultura famliar e recursos naturais

(figura 06/gráfico 02 e 03). Estes receberam o maior número de avaliações do tipo “muito

importante”, destacando-se como os setores com maior expressividade neste aspecto.

Os processos de colonização junto com os povos tradicionais são os aspectos com

menor importância na construção de visão de futuro para o Território (figura 06/ gráficos 04 e

07). Estes receberam o maior número de respostas do tipo “nenhuma importância” (8%),

sendo os elementos com menor grau de importância no processo de elaboração da visão de

futuro para o Território. Vale resaltar, que estas comparações entre os graus de importância é

somente didática, pois percebe-se que todos os aspectos abordados na pesquisa foram

avaliados sempre numa escala crescente de importância, sendo que, mesmo somando as

respostas do tipo “pouca importância” e “muita importância” observa-se índices percentuais

muito baixo para os aspectos abordados na pesquisa (ver figura 06/gráficos 01 á 7).

A figura 07 traz uma avaliação geral da importância de cada um dos aspectos chaves

do desenvolvimento territorial. Para efeito comparativos e de identificação dos aspectos mais

importantes na formação da visão de futuro (qual dos aspectos foi mais importante na

construção da visão de futuro?) foram somadas as respostas do tipo: “alguma importância”;

“importância”; e “muita importância”. Os resultados levam a conclusão que o segmento

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agricultura familiar de maior expressividade na construção da visão de futuro para o território.

Em seguida vieram os elementos recursos naturais e atividades econômicas. Por outro lado,

povos tradicionais e os processos de colonização tiveram a “menor” importância quando

comparando com os demais.

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Figura 06 – Conjunto de gráficos comparativos na avaliação dos aspectos importantes na visão de futuro do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

01 02

03 04

05 06

07

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│ Relatório analí co │ Página | 27

Figura 07 - Principais elementos na construção da visão de futuro do Território

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 28

4. PLANEJAMENTO DAS AÇÕES TERRITORIAIS

O principal instrumento de planejamento do Território é o Plano Territorial de

Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS). Este contém as orientações gerais do

desenvolvimento territorial no qual se articulam projetos específicos territoriais. Em torno

de cada projeto específico aglutinam-se instituições que implementam ações e lhes dão

sustentação. Os arranjos congregam instituições que organizam a demanda e articula-se

com outros organismos com vistas à oferta de serviços. Esta rede de organizações, entidades

e instituições formam um sistema complexo e flexível, responsável pela gestão do plano de

desenvolvimento sustentável do Território, bem como dos projetos setoriais nele contidos.

A partir do PTDRS os projetos são concebidos para o Território. Em linhas gerais estes

projetos visam superar ou minimizar as fragilidades sociais, fortalecendo os potenciais do

espaço geográfico - a partir do diagnóstico territorial -, se articulado com a sociedade e com

instrumentos de políticas públicas que os respaldem, que apresentam três características

fundamentais: inovadores, demonstrativos e associativos.

Neste contexto torna-se fundamental a participação do atores sociais e entidades

estatais no processo de planejamento e definição das estratégias de promoção de

desenvolvimento territorial. Neste aspecto a pesquisa buscou identificar o grau de

contribuição de cada uma das representações que compõem o colegiado territorial. A partir

da figura 08 pode-se constatar que a agricultura familiar foi considerada como o aspecto de

maior importância para 83% dos entrevistados. O dado demonstra que a base de

planejamento das ações e projetos para o desenvolvimento do território tem sua matriz

vinculada ao público identificado como agricultores familiares. Outros dois aspectos que

também possuem grande importância neste aspecto foram as atividades econômicas e os

recursos naturais. Neste caso percebe-se a estreita relação e interdependência entre as

atividades econômicas exercidas pelos/as agricultores/as familiares e a utilização de

recursos do meio.

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│ Relatório analí co │ Página | 29

Figura 08 – Conjunto de gráficos que avaliam os aspectos mais importantes do planejamento do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

03

07

04

01 02

05 06

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│Elementos do planejamento Territorial│

Figura 09 – Gráfico com a comparação entre os elementos com maior importância no planejamento territorial.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 31

5. CARACTERÍSTICAS MARCANTES DO TERRITÓRIO

Figura 10 – Conjunto de gráficos que avaliam as características marcantes do Território.

3. 4. 5. 6. 7.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

06 05

03 04

02 01

07

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│ Relatório analí co │ Página | 32

│Análise das caracterís cas marcantes do Território│

Figura 11 – Gráfico comparativo das características marcantes do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 33

6. HISTÓRIA COMUM DO TERRITÓRIO

O marco operacional da implementação da abordagem de desenvolvimento

territorial rural no Ceará data do ano de 2003, quando a SDT/MDA deu início a uma política

nacional de fortalecimento territorial - com o programa Nacional de Desenvolvimento

Sustentável de Territórios Rurais (PRONAT) – que envolveu na época, além da própria

SDT/MDA, a Delegacia Federal do MDA (DFMDA), governos estaduais (Secretaria de

desenvolvimento agrário, Ematerce, etc.), o Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável

(CEDRS) e o conjunto de organizações e movimentos sociais (sociedade civil organizada) com

vínculo de atuação no meio rural. Tal programa contempla ações centradas no apoio a partir

de uma dada territorialidade definida no estado através de uma ação inicial de mobilização,

organização e capacitação no território e uma fase seguinte baseada na promoção e

integração de políticas públicas e sua consequente implementação.

O processo de implementação do enfoque territorial se deu nos anos de 2003 e 2004.

A SDT realizou diversos eventos nomeados “Oficinas Estaduais de Construção da Estratégia

para o Desenvolvimento Territorial”. O objetivo geral destes eventos consistia em

desencadear e animar um processo de constituição dos territórios no estado, sendo o

território de Itapipoca um dos contemplado nestes eventos. Tal ação contou com a

participação de diversos atores sociais (ONGs, associações, etc.), representantes do

movimento sindical (Sindicatos dos Trabalhadores/as Rurais - STTRs, Federação dos

Trabalhadores/as na Agricultura do Estado do Ceará - FETRAECE), movimentos sociais

(Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, Cáritas diocesana), organizações do poder

público (municipal, estadual e federal), entre outras organizações que direta ou

indiretamente possuem relação com a temática do apoio a organização e desenvolvimento

rural no território.

Nas oficinas, além dos aspectos conceituais sobre desenvolvimento territorial

sustentável, foram definidos grupos de trabalho com representantes do poder público e da

sociedade civil voltados para realização de atividades específicas. Entre estas, pode-se

destacar: a definição de critérios para o mapeamento do território, a mobilização de agentes

do território e a delimitação da territorialidade propriamente dita. Vale destacar que a

expressão “mapeamento do território” é somente didática, visto que o território de

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│ Relatório analí co │ Página | 34

Itapipoca (atualmente Vales do Curu e Aracatiaçu) já existia anterior a este processo,

cabendo os atores sociais identificá-los.

O Território da Cidadania dos Vales do Curu e Aracatiaçu está situado no norte do

estado do Ceará e apresenta peculiaridades e especificidades de uma região caracterizada

por ecossistemas de serra, litoral e sertão. Essa diversidade é um elemento que se incorpora

à identidade do Território, que tem 62% dos municípios inseridos no semiárido legal e que se

integram em termos religiosos, comerciais, culturais e tantos outros.

A noção de identidade está presente nesse Território desde antes das discussões e

incidência de políticas públicas desencadeadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA/SDT). Pode-se dizer que ela se impulsionou a partir de 1971, ano da instalação da

Diocese de Itapipoca que, desmembrada da Arquidiocese de Fortaleza e da Diocese de

Sobral, agregou os municípios de Amontada, Apuiarés, General Sampaio, Irauçuba, Itapagé,

Itapipoca, Itarema, Miraíma, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Gonçalo do Amarante,

São Luis do Curu, Tejuçuoca, Trairi, Tururu, Umirim e Uruburetama. A partir daí, a ação

pastoral e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) contribuíram para a construção de uma

unidade territorial baseada na religiosidade, mas também na cultura e nas lutas comuns,

mantendo o município de Itapipoca (sede da Diocese) como centro de encontro e referência

para o comércio, trocas e debates políticos de uma região que passou a ser reconhecida

como Região de Influência de Itapipoca. Dos 66 entrevistados apenas um relacionou a

origem do território com os movimentos eclesiásticos de base da igreja católica na região.

A constituição de espaços de participação popular é importante para que se amplie a

participação, a diversidade de atores e a identidade territorial. A partir deste espaço,

normalmente um ‘fórum territorial’, constituem-se as institucionalidades deliberativas e

gerenciais.

Nesse contexto, em 2003, foi formada a CIAT – Comissão de Implantação de Ações

Territoriais, com caráter transitório, encarregado de liderar o processo embrionário de

consolidação de uma institucionalidade estável para a gestão do desenvolvimento territorial

por intermédio de um plano estratégico de longo prazo.

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Figura 12 – Gráficos comparativos entre os aspectos mais importantes na história comum do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

06

07

05

01

03 04

02

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│Principais elementos na formação histórica do Território│

Como se percebe na figura 13, o processo de formação histórica do Território Vales

tem marcadamente a participação da agricultura familiar através das diversas entidades e

organizações que apoiam e defendem os interesses desta categoria. Analisando os PTDRS

(versão 2010), percebe-se que as organizações e movimentos filiados estão ligados aos

agricultores/as familiares. As ONGs (CETRA, Instituto SESEMAR, ADEL e SETAH), movimentos

sociais ligados à igreja católica (CÁRITAS diocesana) e os movimentos sociais e sindicais (MST

e FETRAECE) que atuam no Território também possuem relação estreita com esta categoria,

repercutindo diretamente na história comum do Território.

As atividades econômicas - representadas por todas as ações desenvolvidas nas

cadeias produtivas do território – foram percebidas pelos entrevistados como o segundo

elemento de maior importância na composição da identidade territorial. Este resultado é

reflexo direto do grande número de agricultores de base familiar que desenvolvem

atividades produtivas nas cadeias produtivas identificadas como prioritárias no PTDRS

(2010): artesanato, apicultura, mandiocultura, cajucultura e caprinovinocultura.

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│ Relatório analí co │ Página | 37

Figura 13 – Gráfico com a comparação entre os elementos que tiveram maior destaque/importância na formação histórica do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 38

7. PRINCIPAIS CONFLITOS EXISTENTES NO TERRITÓRIO

Figura 14 – Gráficos com o grau de importância dos conflitos existentes nos segmentos do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

01

07

05 06

04 03

02

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│Elementos geradores de conflitos no Território│

Figura 15 – Gráfico comparativo com os setores de maior conflito no Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 40

INDICADORES DE IDENTIDADE TERRITORIAL

A figura 16 mostra os resultados dos sete indicadores da identidade do Território Vales

do Curu e Aracatiaçu, gerados pelo SGE, a partir dos aspectos chave para o Desenvolvimento

Territorial. Como se percebe, o segmento da agricultura familiar é o fator com maior

expressividade na formação da identidade. Os recursos naturais – representado pelo fator

ambiente – é o segundo elemento com maior peso na construção deste aspecto

(identidade).

Comparando os fatores de identidade, percebe-se que os aspectos relacionados à

etnia e os processos de colonização tiveram menor influência nos processo de formação da

identidade territorial.

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│ Relatório analí co │ Página | 41

A figura 17 mostra os resultados gerais dos aspectos com maior expressão na

formação dos traços de identidade do território Vales do Curu e Aracatiaçu. A pesquisa

revelou que o segmento social da agricultura familiar é considerada como o mais importante

aspecto na formação da identidade no território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Figura 17 – Quadro dos gráficos que comparam os fatores que mais contribuiram, assim como, os que menos contribuiram na formação da identidade territorial.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

1 Média aritmética do somatório percentual das respostas dos entrevistados que responderam: “alguma importância”; “importância” e “muita importância”. 2 Média aritmética do somatório percentual das respostas dos entrevistados que responderam: “pouca importância” e “nenhuma importância”.

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Figura 18 – Gráficos comparativos dos indicadores de maior importância na definição da identidade territorial.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 43

Figura 19 – Indicadores de formação da identidade do Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Identidade Territorial

Categorias Valor Classificação Legenda

1. Ambiente 0,811 Alto 0,00 - 0,20 = Baixo

2. Agricultura familiar 0,887 Alto 0,20 - 0,40 = Médio Baixo

3. Economia 0,795 Médio Alto 0,40 - 0,60 = Médio

4. Pobreza 0,749 Médio Alto 0,60 - 0,80 = Médio Alto

5. Etnia 0,669 Médio Alto 0,80 - 1,00 = Alto 6. Colonização 0,675 Médio Alto

7. Político 0,770 Médio Alto

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 44

CONCLUSÕES

A partir da análise da figura 18 e 19 foram identificados os indicadores com maior

influência na formação da identidade territorial. Assim, a agricultura familiar e meio

ambiente foram os aspectos de maior relevância na construção dos elementos de coesão

social dos atores sociais do território. Neste aspecto os critérios de seleção dos territórios a

serem contemplados com política de Desenvolvimento Territorial do MDA/SDT se coadunam

com o principal aspecto da identidade do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu:

Agricultura Familiar.

Por outro lado, os aspectos relacionados à etnia e processos de colonização tiveram a

menor importância na formação da identidade no território.

Por fim, cabe destacar que todos os sete indicadores da pesquisa obtiveram índices

acima de 0,6 (médio alto a alto). Este fato evidencia que são diversos e integrados os

elementos de formação da coesão social do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu. Segue

abaixo as principais conclusões da pesquisa sobre identidade territorial.

Agricultura Familiar

1. Agricultura familiar é o elemento de coesão social mais forte na formação de identidade

territorial, percebido a partir dos membros do Conselho de Desenvolvimento Territorial

Vales do Curu e Aracatiaçu, sendo o principal aspecto:

No planejamento das ações do território (definição de metas e objetivos);

Na definição dos limites do território;

Na história comum do território;

Na definição da visão de futuro para o território;

Na gestão territorial.

2. O segmento da agricultura familiar foi avaliado como sendo o segundo elemento de

maior importância na geração de conflitos sociais no Território. Por ser um elemento

gerador de muitos conflitos sociais a presença e atividade de movimentos sociais

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│ Relatório analí co │ Página | 45

(sindicatos, ONGs, igrejas, etc.) de apoio e defesa a esta categoria é muito intensa no

território;

3. Para todos os aspectos chave de desenvolvimento levantado pela pesquisa, a agricultura

familiar teve grande importância na formação da identidade territorial.

Meio ambiente

1. O fator meio ambiente foi considerado pelos membros do colegiado territorial como a

característica mais marcante na definição do território. A própria mudança do nome do

território - de Itapipoca para Vales do Curu e Aracatiaçu – expressam este aspecto.

2. Os recursos naturais – representados pelo elemento meio ambiente - do Território se

caracterizam como segundo elemento de maior reconhecimento na construção do

Território;

3. Na gestão do Território os órgãos e entidades ambientais tiveram a mais baixa avaliação

sobre sua importância. Segundo os entrevistados as organizações ambientais (Secretaria

Estadual de Meio Ambiente do Ceará - SEMACE, IBAMA) estão ausentes das discussões

sobre desenvolvimento territorial;

Economia

1. Assim como agricultura familiar e meio ambiente, é considerado um dos principais

aspectos que congregam os interesses comuns no território. Destaca-se como elemento de

grande importância na formação histórica do território, assim como na definição de metas e

objetivos para o desenvolvimento territorial.

Política

1. É considerado como o quarto principal indicador da identidade territorial. Este aspecto é

caracterizado pela existência de diversos movimentos e organizações sociais que

defendem e apoiam os interesses da Agricultura Familiar no território.

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│ Relatório analí co │ Página | 46

Problemas sociais

1. Os problemas sociais (pobreza, marginalidade, exclusão social, etc.) têm sido o principal

aspecto na geração de conflitos no Território Vales do Curu e Aracatiaçu;

Povos tradicionais

1. A existência de povos e comunidades tradicionais no território foi o aspecto de menor

importância na formação da identidade territorial;

2. Também foi considerado como o aspecto de menor relevância/influência nos conflitos

existentes no território.

Processos de colonização

1. Os processos sociais vinculados às questões fundiárias (ocupação, colonização e reforma

agrária) foram considerados como o segundo aspecto de menor expressividade na

formação da identidade territorial. Este informação revela que este elemento teve pouca

importância na coesão social entre os atores territoriais.

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│ Relatório analí co │ Página | 47

3 - Capacidades Institucionais

Avaliação das capacidades institucionais dos 18 municípios do Território Vales do Curu e

Aracatiaçu - Ceará

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│ Relatório analí co │ Página | 48

INTRODUÇÃO

Para SDT/MDA o conceito de capacidades institucionais traz o seguinte significado:

“Referem-se às condições e recursos disponíveis às estruturas organizativas do Território -

considerando seu arranjo político-institucional - e às organizações autônomas da sociedade

civil e de representação estatal/social, para a gestão social das políticas públicas, bem como

para a execução dos seus projetos. Especificamente sobre as organizações de gestão dos

territórios rurais, a compreensão das Capacidades Institucionais deve considerar as

principais áreas de desenvolvimento institucional referidas aos territórios rurais no marco da

política de desenvolvimento rural sustentável.” (MDA/SDT/SGE - Manual de Capacidades

Institucionais).

Para Delgado, Bonnal e Leite (2007) o território não é simplesmente um espaço social

propício à “harmonia” política, gerencial e social (sugerida por alguns autores), pelo

contrário, leva à necessidade de projetos políticos participativos e democratizadores que

possam ser compartilhados por atores do setor público e da sociedade civil. Para os autores

isso exige esforço coletivo objetivando reduzir as tensões existentes entre gestão e

democratização resultando em oportunidades de articulação de diferentes instituições e

políticas públicas.

Nesse contexto, entende-se que a gestão de Políticas Públicas necessita da

participação de diversos atores e protagonistas sociais, tendo como pressuposto básico e

constitucional a democracia participativa na promoção dos interesses da coletividade. Um

dos meios para mensuração do “grau” de controle e efetivação das políticas públicas é

através da identificação dos instrumentos e organizações/entidades públicas e da sociedade

civil legitimados para o controle e gestão de políticas públicas.

A pesquisa teve como foco principal as organizações da sociedade civil e

órgãos/entidades do poder público municipal dos dezoito (18) municípios que constituem o

Território Vales do Curu e Aracatiaçu. As fontes de dados que proporcionaram a avaliação

das capacidades institucionais foram coletadas através de entrevistas com representantes

do poder público/administração municipal.

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│ Relatório analí co │ Página | 49

Por meio de questionário elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial

(SDT/MDA) os entrevistados foram indagados sobre diversos aspectos, estes divididos nas

seguintes áreas:

1. Gestão dos Conselhos;

2. Capacidade das Organizações;

3. Serviços Institucionais Disponíveis;

4. Instrumentos de Gestão Municipal;

5. Mecanismos de Solução de Conflitos;

6. Infra-estrutura Institucional;

7. Iniciativas Comunitárias e Participação.

Cada uma destas áreas permite conhecer as capacidades das organizações nos

Territórios, bem como estabelecer diferenças entre eles, gerando informações necessárias a

elaboração do índice de capacidades institucionais dos Territórios Rurais apoiados pela

SDT/MDA. O indicador revela o grau de “maturidade” das organizações públicas e civis na

gestão de políticas públicas.

OBJETIVO

A pesquisa tem como objeto avaliar as capacidades institucionais dos 18 (dezoito)

municípios que compõem o Território dos Vales do Curu e Aracatiaçu. Esta avaliação teve

como base a criação de critérios/indicadores para verificação da capacidade institucional dos

municípios do Território, englobando as organizações/segmentos do Poder Público e da

Sociedade Civil.

Em linhas gerais, buscou-se investigar as principais formas de organização do poder

público municipal e organizações da sociedade civil nos processos de gestão, controle e

implementação de políticas públicas no Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

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METODOLOGIA

Coleta de dados (pesquisa de campo)

As informações primárias da pesquisa foram coletadas a partir do formulário

capacidades institucionais da SDT/MDA. Os 18 (dezoito) entrevistados foram abordados em

seus respectivos municípios com entrevistas individuais orientadas a partir das questões

apresentadas no instrumento de pesquisa. No processo de aplicação do formulário, os

entrevistados tinham a liberdade em responder a partir de sua percepção e de acordo com

seu nível de conhecimento das questões abordadas.

Tabulação e sistematização dos dados

Os dados primários da pesquisa foram lançados no Sistema de Gestão Estratégica

(SGE – SDT/MDA), no ambiente específico da CAI Vales do Curu e Aracatiaçu. Com os dados

no sistema, foram geradas planilhas com os resultados das respostas para cada item

(pergunta) do questionário.

Análise e interpretação dos resultados

Os dados primários da pesquisa são apresentados na forma de gráficos com as

respectivas porcentagens para cada uma das respostas estruturadas no instrumento de

pesquisa. Cada item foi analisado em particular para em seguida correlacionar com os

demais, gerando os indicadores de capacidade institucional para as oito áreas de abordadas

na pesquisa.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para avaliação dos resultados da pesquisa foram definidos 8 (oito) indicadores sobre

a capacidade institucional das organizações públicas e da sociedade civil identificada nos 18

(dezoito) municípios integrantes do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu. Por último,

estes critérios serviram como base para cálculo do índice geral sobre as capacidades

institucionais do Território.

O presente estudo integra informações de outras pesquisas desenvolvidas no

território. Especificamente foram utilizados dados primários das pesquisas sobre

acompanhamento da gestão do colegiado territorial (Q3) e avaliação dos projetos de

investimento (Q5) apoiados pela política de desenvolvimento territorial, sob

responsabilidade da SDT/MDA. Entende-se que a avaliação das capacidades institucionais

dos municípios que compoem o território possa identificar o grau de organização e

capacidade de gestão de políticas públicas no território.

Os resultados são apresentados a partir da análise das respostas/percepção de cada

uma das perguntas do instrumento de pesquisa. Cada bloco de perguntas integra um dos 8

(oito) indicadores e o conjunto destes constitui o indicador geral da Capacidade Institucional

das organizações do poder público (órgãos públicos municipais) e sociedade civil (ONGs,

associações, sindicatos, cooperativas, etc.) identificada no território. O diagrama abaixo

mostra os indicadores que constituem o indicador geral da capacidade institucional.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011. (adaptado)

Indicador de Capacidade Institucional Indicador 01 - Gestão dos Colegiados

Indicador 02 – Capacidades Organizacionais

Indicador 03 - Serviços Institucionais Disponíveis

Indicador 04 - Instrumentos de Gestão Municipal

Indicador 05 - Mecanismos de Solução de Conflitos

Indicador 06 – Infra-estrutura Institucional

Indicador 07 - Iniciativas Comunitárias

Indicador 08 - Participação

Indicador de Capacidade Institucional

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1. GESTÃO DO COLEGIADO

Este primeiro aspecto da pesquisa aborda questões referentes à gestão do colegiado

territorial - representado pelo Conselho de Desenvolvimento Territorial (CDT) dos Vales do

Curu e Aracatiaçu - na gestão dos projetos. Analisam os componentes sociais e ambientais

dos projetos, a atuação em busca por fontes de financiamento e a promoção da integração

dos projetos. As questões que nortearam a identificação deste aspecto se deram a partir da

observação da atuação dos conselhos municipais e o controle social que estes exercem

sobre os investimentos públicos alocados no município como também as estratégias que

visam mobilizar os recursos disponíveis no território – humanos, financeiros e materiais.

1.1 Assessoria técnica ao colegiado territorial

O colegiado territorial dos Vales do Curu e Aracatiaçu (CDT) está organizado em

quatro instâncias: plenária geral com caráter deliberativo; núcleo dirigente com perfil de

gerenciamento; núcleo técnico e conselho fiscal. Toda esta estrutura organizacional conta

com o apoio permanente do assessor territorial. Em linhas gerais este possui as seguintes

atribuições: i) acompanhar as atividades do território rural (reuniões com o núcleo dirigente,

construção do PTDRS, etc.); ii) promover a mobilização e sensibilização do público

destinatário da política territorial; e iii) articulação das organizações do poder público e

sociedade civil na ações desenvolvidas no território (reuniões microterritoriais, plenária

geral, oficinas dos comitês temáticos, etc.). Além da confirmação – por 82% dos

entrevistados - da existência de um assessor técnico – o assessor territorial – que apoia

permanentemente as ações do colegiado, o território ainda possui um acompanhamento

constante através do articulador estadual (governo federal) que representa a SDT/MDA no

território.

Na pesquisa, 17% dos entrevistados afirmaram que o território não possui assessor

no apoio à gestão no território, desconhecendo sobre a existência de assessoria técnica que

preste serviço contínuo na gestão territorial. Vale ressaltar que a presença da assessoria é

fundamental na estratégia de implementação e consolidação do colegiado territorial. A

figura 01 (gráficos 01 e 02) mostra a percepção dos membros do CDT em relação à

assessoria técnica ao colegiado. Atualmente o processo de seleção e definição do assessor

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₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 53

territorial é coordenado pelo núcleo dirigente do colegiado territorial, que define critérios e

a forma de seleção do mesmo. Periodicamente a plenária geral avalia as ações do assessor

territorial. A forma de prestação de conta dos seus serviços prestados ocorre através da

apresentação de relatórios de atividade desenvolvidos. Para maioria dos entrevistados a

assessoria técnica na gestão do colegiado territorial concentra-se na figura do assessor

territorial.

Figura 01 – Assessoria na gestão do colegiado.

Fonte: SGE - MDA/SDT, 2011.

Gráfico 01

Gráfico 02

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│ Relatório analí co │ Página | 54

1.2 Dinâmica de funcionamento do colegiado territorial

A maioria dos membros do colegiado territorial afirma que a principal forma de

seleção e eleição das organizações é através do convite direto às organizações que tenham

interesse em compor o quadro de entidades sócias do Conselho de Desenvolvimento

Territorial (CDT Curu/Aracatiaçu). Outras formas de seleção e eleição entidades foram

apontadas, tais como, a convocatória aberta e a solicitação voluntária (figura 02/gráfico 01).

Este aspecto demonstra a variedade de formas e flexibilidade que oportuniza a inclusão de

um maior número de organizações no processo de gestão de políticas de desenvolvimento

rural na instância territorial.

Os dados da pesquisa ainda apontam para o grande número de reuniões que a

plenária do colegiado realizou desde a sua constituição. Para maioria dos entrevistados

(62,1%) já foram mais de vinte reuniões. De fato, percebe-se no cotidiano do colegiado um

grande número de encontros que se dividem entre reuniões nos quatro microterritórios,

oficinas de construção e qualificação do PTDRS, reuniões dos comitês temáticos e as

plenárias propriamente ditas. Aliado a esta situação, os membros do colegiado responderam

em sua maioria que as plenárias no território acontecem em intervalos bimestrais (figura

01/gráfico 02). Apesar de todos os membros serem indagados sobre o mesmo tema

(mesmas perguntas objetivas), observou-se que não existe uma unidade de coerência nas

respostas dos entrevistados, demonstrando que no colegiado territorial existem “distorções”

de informações sobre sua organização e funcionamento. Segundo relato dos entrevistados,

as reuniões para constituição do colegiado territorial ocorreram a partir da instalação da

comissão de iniciativas das ações territoriais (CIAT), ainda em 2003, dando origem ao fórum

territorial do território de Itapipoca.

No PTDRS, o processo de gestão envolve organização, planejamento, direção,

implementação, monitoramento e avaliação de estratégias e ações planejadas. A ausência do

assessor técnico, fundamental nesse processo, acaba por prejudicar o desenvolvimento das quatro

instâncias anteriormente citadas: a plenária geral, o núcleo dirigente, o núcleo técnico e o conselho

fiscal.

No ano de 2007 surge um novo marco de consolidação do colegiado territorial, que

passou a ser chamado de Conselho de Desenvolvimento Territorial (CDT Curu/Aracatiaçu)

substituindo os usuais termos Território de Itapipoca e CIAT. Este veio a se tornar o primeiro

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│ Relatório analí co │ Página | 55

colegiado territorial com personalidade jurídica de direito privado, aumentando sua

autonomia de articulação e representatividade legal dos interesses do território. A mudança

do nome do território de Itapipoca para Vales do Curu e Aracatiaçu foi sugerida pelos

membros do colegiado com objetivo de valorizar os dois vales (Curu e Aracatiaçu) e

representariam o aspecto comum aos 18 municípios do território.

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│ Relatório analí co │ Página | 56

Figura 02 – Constituição e dinâmica de funcionamento do CDT.

Fonte: SGE - MDA/SDT, 2011.

Gráfico 01

Gráfico 02

Gráfico 03

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│ Relatório analí co │ Página | 57

1.3 Relações de poder no colegiado territorial

Nesta seção a pesquisa buscou evidenciar as relações de poder entre as

representações do poder público e sociedade civil, tendo como objeto identificar o grau de

influência das organizações sobre as deliberações do colegiado territorial. Inicialmente

foram comparadas as relações de poder entre entidades do mesmo setor (poder público e

sociedade civil) para em seguida confrontá-las entre si (poder público x sociedade civil),

identificando como ocorre a “divisão de forças” durante os processos de decisão do

colegiado. Para avaliar a capacidade de decisão das organizações os entrevistados

responderam as questões atribuindo pontos numa escala crescente de 1 (muito baixa) até 5

(muito alta), tendo ainda a opção de responder “não sabe” ou ainda que “não existe”, caso o

entrevistado entenda que a representação não participe das ações do CDT.

Quando avaliados somente as organizações do poder público percebe-se que existe

uma certa paridade de forças entre as três esferas administrativas - federal, estadual e

municipal – (figura 03). Quando indagados sobre o poder de decisão dos representantes das

universidades, metade dos entrevistados responderam que estas não participam das

decisões territoriais. Destaca-se que as universidades ainda estão muito distantes do

processo de fortalecimento do território.

Comparando as organizações da sociedade civil (figura 04) percebe-se que existem

desequilíbrios de forças entre estas representações. Fazendo uma avaliação geral - a partir

da soma percentual das notas 4 e 5 – percebe-se que as representações de associações e

sindicatos junto com as ONGs foram avaliadas como aquelas que possuem maior poder de

decisão/influência sobre os processos decisórios do colegiado. Do outro lado, os

representantes de comunidades tradicionais e das entidades colegiadas tiveram avaliação

mais baixa neste quesito. Esta situação reflete-se na prática, quando constata-se a baixa

participação das entidades colegiadas (CMDRS) nas reuniões do colegiado, o mesmo

acontecendo para os representantes de povos tradicionais no território (quilombolas e

indígenas.). Observa-se também a baixa participação do poder legislativo (municipal e

estadual e federal) e ausência do poder judiciário, apesar destes terem assento junto ao

CDT. Existe ainda uma insatisfação geral dos membros do colegiado acerca da ausência dos

prefeitos nas discussões sobre o território, enviando somente a representação, geralmente a

secretaria de desenvolvimento rural ou similar.

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│ Relatório analí co │ Página | 58

Percebe-se a necessidade de consolidação das instâncias do CDT, principalmente na

definição do seu quadro de organizações efetivas, composição de um núcleo técnico

permanente para avaliação e proposição de projetos com viabilidade econômica e social.

Observa-se uma maior articulação e participação das organizações no período de definição

dos projetos a serem contemplados no território. Situação que não se repete nos processos

de monitoramento e avaliação dos projetos – que ficam restritos ao poder púbico municipal,

(prefeitura e secretarias).

O fato das entidades sócias do CDT (públicas e da sociedade civil) não possuirem uma

cultura sobre processos de acompanhando e sobre a dinâmica de funcionamento do CDT,

nota-se que no nível municipal há maior participação dos Sindicatos do Trabalhadores

Trabalhadores/as Rurais e das secretarias municipais de agricultura, sendo estes setores os

que apresentam maior frequência nas reuniões do colegiado territorial. Representando o

poder público estadual, destacam-se a participação de duas instituições: Instituto Agropolos

do Ceará e EMATERCE. As ONGs (Instituto SESEMAR, ADEL e CETRA), Caritas diocesana são

as principais organizações que atuam nos processos de capacitação sobre temáticas de

Desenvolvimento territorial, assim como, mobilização do atores sociais e na organização das

oficinas e plenárias para elaboração e qualificação do PTDRS. A figura 04 mostra um quadro

geral com a avaliação do poder de decisão de cadas uma das representações do poder

público no colegiado.

Comparando os gráficos das figuras 04 e 05, percebe-se que as organizações da

sociedade civil exercem maior poder de decisão no colegiado (média de 14,9% dos

entrevistados consideram “muito alta” a capacidade de decisão destas organizações)

quando comparadas com a representações do poder público (média de 9,4% para aqueles

que consideram como “muito alta” a capacidade de decisão dos órgãos e entidades do

poder público). Analisando a média das respostas do tipo “muita baixa” para o conjunto de

organizações da sociedade civil obtiveram menor percentual (5%) quando comparadas com

as representações do poder público (11%), confirmando que estas possuem menor

capacidade de decisão no colegiado quando confrontadas com aquelas (sociedade civil).

Os dados mostram uma certa diferença no poder de decisão entre os dois setores

(poder público x sociedade civil), cabe refletir quais os possíveis resultados desta

“desigualdades” no poder decisório.

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│ Relatório analí co │ Página | 59

Figura 03 – Capacidade de decisão das organizações do poder público no colegiado territorial.

Fonte: SGE - MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 60

Figura 04 – Capacidade de decisão das organizações da sociedade civil no colegiado territorial.

Fonte: SGE - MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 61

1.4 Atuação dos conselhos municipais

Dos 18 municípios pesquisados, 17 possuem no mínimo 04 conselhos constituídos. A

média geral de conselhos por município foi de 4,5 (tabela 1).

Tabela 1 – Número mínimo de conselhos por município no território.

Município Número mínimo de conselhos Amontada 05 Apuiarés 04

General Sampaio 06 Irauçuba 04 Itapajé 05

Itapipoca 05 Itarema 05 Miraíma 05 Paracuru 04 Paraipaba 06

Pentecoste 04 São Gonçalo do Amarante 02

São Luís do Curu 04 Tejuçuoca 04

Trairi 05 Tururu 04 Umirim 05

Uruburetama 04 Média = 4,5

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

A tabela 1 nos revela, em termos quantitativos, quais os conselhos municipais

formalmente constituídos e que possuem atuação em suas respectivas áreas. Pode-se

verificar que em todos os municípios do Território já existem conselhos constituídos,

demostrando-se que a fase de estruturação e implantação dos conselhos municipais têm

avançado em todos os dezoito entes federados que compõem o território.

Do ponto de vista formal, os dados destacam a presença majoritária dos conselhos

municipais de saúde (100%), desenvolvimento rural sustentável (94,4%) e o conselho da criança e

adolescente (88,9%). De acordo com o PTDRS, esses conselhos são responsáveis pelo

acompanhamento e controle social de ações e políticas públicas dentro de sua instância/área.

No setor de políticas ambientais, percebe-se o avanço significativo de criação e

atuação dos conselhos de meio ambiente - presente em 66,7% dos municípios do Território.

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│ Relatório analí co │ Página | 62

Situação semelhante pode-se identificar para os conselhos de segurança alimentar e

conselhos da criança e adolescente, presentes em 72,2% e 88,9% dos municípios do

Território Vales do Curu e Aracatiaçu, respectivamente.

Vale destacar que 72,2% dos municípios possuem outros conselhos além dos

idenficados na pesquisa (merenda escolar, idoso, anti-drogas, etc.), demostrando que o

processo de implementação e atuação dos conselhos municipais tem avançado no sentido

de alcançar todas as áreas de prestação de serviços públicos.

Apesar da existência de diversos conselhos municipais no território, a participação

destes no colegiado territorial é muito baixa, restrigindo-se apenas os CMDRS, que por sua

vez, também têm pouca expressividade e atuação no CDT. A realidade dos CMDRSs também

é precária em suas bases de atuação, em sua grande maioria estão desarticulados e

desestruturados, comprometendo sua participação nas instâncias municipal e territorial.

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│ Relatório analí co │ Página | 63

Figura 5 – Conselhos atuantes nos municípios do Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Controle social dos conselhos municipais sobre os investimentos públicos

A figura 2 nos revela o nível de controle exercido pelos conselhos municipais na

aplicação dos investimentos públicos. Segundo os entrevistados, de uma forma geral os

conselhos municipais exercem, no mínimo, algum grau de controle sobre os investimentos

públicos em suas áreas específicas.

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│ Relatório analí co │ Página | 64

Figura 2 – Nível de controle realizado pelos conselhos na aplicação de investimentos públicos.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

2. CAPACIDADES ORGANIZACIONAIS Em síntese, este indicador enfatiza a capacidade de gestão das organizações presentes e

atuantes no Território, tais como: cooperativas, grupos de mulheres, cadeias produtivas,

acordos de comercialização, prestadores de serviços tecnológicos, organizações

comunitárias, entre outras. As questões que nortearam a construção deste indicador foram

as seguintes:

1. Quais segmentos sociais realizam ações de apoio às áreas rurais do município?

2. Os investimentos municipais de estímulo ao desenvolvimento são orientados por

cadeias produtivas?

3. Existem acordos de venda da produção entre os produtores do município e

organizações para comercialização?

4. Quantas instituições de prestação de serviços tecnológicos (para apoio e melhoria

das atividades produtivas) existem no município?

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│ Relatório analí co │ Página | 65

2.1 Organizações sociais atuantes nas áreas rurais do território

Neste aspecto, priorizou-se identificar a quantidade e os tipos de organizações sociais

com algum vínculo de atuação no setor rural. A tabela 2 apresenta a distribuição dos

principais tipos de organizações sociais que apoiam ações na área rural nos municípios do

Território Vales do Curu Aracatiaçu. Em média, cada município conta com seis categorias de

organizações sociais que atuam direta ou indiretamente com o público rural –

principalmente o público da agricultura de base familiar.

Tabela 2 – Distribuição das organizações de apoio às áreas rurais no Território

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Através da figura 03 percebe-se a grande variedade de organizações sociais presentes

nos municípios do território. As associações de agricultores familiares representam o

segmento social com maior presença nas ações de apoio às áreas rurais, presente em todos

os municípios do Território. Neste ponto, ainda pode-se destacar a participação expressiva

de outras formas de organização social, tais como: associação de assentados de reforma

agrária (88,9%), sindicatos (77,8%) e grupos religiosos (77,8%). Os dados ainda nos mostram

a participação significativa de grupos de jovens (83,3%) e de mulheres (66,7%) que também

apoiam iniciativas relacionadas ao meio rural.

Em relação à presença e apoio de grupos étnicos no setor rural, somente 11,1% dos

municípios do território possuem comunidades indígenas (Itarema e São Gonçalo do

Amarante) e quilombolas (Itapajé e Tururu).

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│ Relatório analí co │ Página | 66

Quanto à atuação de organizações cooperativas observou-se o baixo número desta

forma de organização entre os segmentos que apoiam o segmento rural, sendo que somente

o município de Miraíma conta com o apoio de cooperativa de técnicos. Segundo os

entrevistados, as cooperativas de produtores estão presentes em apenas três municípios do

território: Itarema, Paraipaba e Tururu. Por último, vale destacar que os dados refletem o

nível de informação dos entrevistados, podendo estes fornecer informações desatualizadas

ou que não condizem com dados oficiais.

Embora as associações de agricultores familiares e de assentados de reforma agrária

estejam presentes no apoio às áreas rurais em, praticamente, todos os municípios do

território, observa-se que ainda é muito baixa a participação destes na gestão e controle de

políticas públicas no qual estes são os principais beneficiários. Esse fato torna tímidos os

avanços na direção da consolidação de um processo sistemático de controle social dois

projetos territoriais.

Figura 03 – Segmentos sociais de apoio às áreas rurais no Território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 67

2.2 Investimentos municipais nas cadeias produtivas

No tocante aos investimentos públicos no fomento ao desenvolvimento do setor

produtivo/agropecuário, 72,2% (figura 04) dos entrevistados afirmam que os recursos

financeiros são alocados com base nas cadeias produtivas do município. Entende-se que

nestes municípios - através de suas secretarias de agricultura ou similar -, desenvolvem-se

atividades que atendem às diversas cadeias produtivas presentes na região, ficando a cargo

das secretarias, o planejamento e execução das ações a partir dos recursos financeiros

disponibilizados pelo município. Estes dados revelam uma nova postura para maior parte

dos municípios do território, facilitando os processos de planejamento e melhor definição

das áreas de intervenção do pode público local.

Por outro lado, para 27,8% dos entrevistados, estes investimentos municipais para o

setor agropecuário não são executados a partir da organização das cadeias produtivas.

Nessa situação encontram-se aqueles municípios que executam seus investimentos públicos

a partir daquilo que foi definido nos instrumentos orçamentários, sem necessariamente

estar vinculada à determinada cadeia de produção no município.

Quando os investimentos são suscitados pela cadeia produtiva e direcionados à

mesma, a probabilidade para resultados positivos não são garantidas, mas, como um

processo participativo, que envolve todos os elos desta cadeia leva à articulação de

diferentes programas e políticas públicas. Com profissionalismo e adoção de tecnologias

modernas e apropriadas tende a contribuir para a diminuição do custo da produção, permitir

uma margem de lucro satisfatória sob condições de preço de venda viável.

Para Delgado, Bonnal e Leite (2007), a ocorrência dessa realidade pode ser descrita como

importante indício de transformação no meio rural, constituindo-se num modelo de

desenvolvimento mais inclusivo possivelmente à maior consciência do aspecto ambiental. Enfim,

um desenvolvimento multidimensional no desenvolvimento territorial.

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│ Relatório analí co │ Página | 68

Figura 04 – Orientação dos investimentos municipais com base nas cadeias produtivas.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

2.3 Acordos de comercialização da produção

A figura 05 nos traz a informação sobre os acordos existentes nos municípios do

Território para venda da produção – as organizações de comercialização. No Território, 16

municípios (88,9%) já possuem estratégias de mercado para venda da produção através das

organizações de comercialização.

A maioria dos acordos é realizada entre produtores/agricultores familiares e os

programas de compra governamental do Governo Federal. Destes, destacam-se o Programa

Nacional de Alimentação Escolar (PNAE – merenda escolar) e o Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Os acordos de compra

e venda da produção são operacionalizados pelas secretarias de agricultura de cada

município, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará

(EMATERCE) - nos municípios onde esta possui atuação. São beneficiados com os alimentos

do PNAE os estudantes da educação infantil (creches e pré-escolas) e do ensino

fundamental. Apenas dois municípios (11%) não possuem estes tipos de acordo para

comercialização da produção.

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│ Relatório analí co │ Página | 69

Os programas mencionados levam a pontos positivos tanto para o produtor como

para o território. Por um lado, garantir a venda do que for produzido e, por outro, garantir a

fonte de produção. A implantação dessas parcerias tem como objetivo garantir a segurança

alimentar e nutricional da sociedade local e das famílias dos agricultores, por meio da

utilização de produtos próprios do Território e no incremento da merenda escolar e

alimentação em outras instituições.

Figura 05 – Existência de acordo da venda da produção entre produtores e organizações para comercialização.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

2.4 Prestação de serviços tecnológicos

Os entrevistados foram consultados sobre a quantidade de entidades ou

organizações (ONGs, cooperativa de técnicos, empresas de assistência técnica, etc.) que

realizam atividades de apoio às atividades agrícolas no município. Dos dezoito municípios do

Território, dezesseis contam com o apoio tecnológico de pelo menos uma

entidade/organização de assessoria ou assistência técnica às atividades agropecuárias. Dois

municípios afirmam não existir instituições específicas na prestação de serviços tecnológicos.

Vale ressaltar que apesar destes dois municípios que registraram não haver nenhuma

instituição, em ambos existem secretarias de agricultura que deveriam prestam algum tipo

de serviço público na melhoria das atividades produtivas. Acima de 60% dos municípios do

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│ Relatório analí co │ Página | 70

Território possuem de 01 a 03 organizações de apoio aos agricultores em suas atividades

produtivas. Em síntese, a figura 4 revela o quantitativo destas organizações no Território. De

acordo com Delgado, Bonnal e Leite (2007), pode ocorrer repetição de projetos e ou

ausência de inovações uma vez que são poucos técnicos, limitando a criatividade.

Figura 10 – Número de instituições de prestação de serviços tecnológicos

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

3. SERVIÇOS INSTITUCIONAIS DISPONÍVEIS

Este indicador demonstra a disponibilidade de serviços de informação sobre comercialização

da produção, assim como, seus meios/órgãos de acesso. Pode-se ainda relacionar os serviços

prestados pelas organizações no território, tais como: assistências técnicas, apoio

tecnológico, informações sobre preços e etc. A análise dos dados teve como eixo orientador

as seguintes questões:

1. Quem disponibiliza informações comerciais e de mercado no município?

2. Quais os meios de divulgação das informações comerciais e de mercado no

munícipio?

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│ Relatório analí co │ Página | 71

3.1 Informações comerciais

Neste aspecto, foram levantadas informações sobre os meios de divulgação das

informações sobre mercado e as formas de acesso disponíveis aos interessados. Observou-

se que os instrumentos midíáticos (TV e rádio) junto com mídia impresa são os principais

meios utilizados na divulgação de informações comerciais (figura 11).

Figura 11 – Instrumentos de difusão de informações comerciais e de mercado utilizado pelos

municípios do Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

3.2 Acesso as informações comerciais

Quanto aos meios de acesso as informações de mercado, os entrevistados

responderam que as prefeituras municipais e os orgão de assistência técnica são os

principais orgãos na oferta destes serviços (figura 12). Apesar dos dados mostrarem que os

orgãos públicos são os principais meios de acesso as informações sobre mercado, ainda não

se percebe na prática ações efetivas neste sentido. No territóro existe ONGs (instituto

SESEMAR, ADEL, CETRA, etc.) que trabalham no fortalecimento de ações com foco

comercialização dos produtos da agricultura familiar, mobilizando produtores das diversas

cadeias produtivas para inserção de seus produtos no mercado.

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Figura 12 – Instrumentos de acesso as informações sobre mercado nos municípios do

território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

4. INSTRUMENTOS DE GESTÃO MUNICIPAL

Relativo aos instrumentos disponíveis nos municípios para o desenvolvimento de sua gestão,

tais como: ordenamento de uso do solo, utilização de produtos perigosos, manejo de

dejetos, normas sobre impactos ambientais, mapeamento de zonas de risco, planos de

gestão, projetos e estratégias de coordenação com instituições federais e estaduais. No

intuito de identificar estes instrumentos de gestão existentes nos municípios, os

entrevistados foram questionados nos seguintes itens:

1. A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais?

2. Nos últimos dois anos quais normas foram expedidas pela prefeitura com o propósito

de garantir a conservação dos recursos naturais do município?

3. Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município?

4. Quais funções são desempenhadas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou

similar?

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│ Relatório analí co │ Página | 73

4.1 Cadastro de imóveis rurais A figura 13 mostra os resultados sobre a existência de informações nos municípios do

território sobre os imóveis rurais. Percebe-se que pouco mais da metade dos municípios do

território possui banco de dados sobre a situação das propriedades rurais. A ausência de um

banco de dados acarreta diretamente na baixa capacidade de planejamento no

ordenamento agrário e reduz a capacidade arrecadatória dos municípios sobre a cobrança

do imposto sobre a propriedade rural (ITR). Destaca-se que o Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA) é a autarquia federal que possui a responsabilidade

sobre o banco de dados sobre imóveis rurais no Brasil, podendo ser consultada pelos

municípios para ações de planejamento e reordenamento agrário em suas bases territoriais.

Figura 13 – Cadastro de imóveis rurais nos municípios do território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

4.2 Medidas de conservação dos recursos naturais

Outro aspecto abordado nas entrevistas foi sobre a existência de instrumentos legais

que tratem sobre aspectos de preservação e conservação dos recursos naturais. Neste

aspecto, foi observado que a maior parte dos municípios (38,9%) do território não produziu

nenhum tipo de norma que verse sobre a conservação dos recursos naturais. Em termos

gerais, as iniciativas do poder público municipal em prol da preservação dos recursos

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│ Relatório analí co │ Página | 74

naturais têm-se mostrado precária. A figura 14 retrata as iniciativas do poder público

municipal na defesa do meio ambiente

Figura 14 – Instrumentos legais de proteção e conservação dos recursos naturais utilizados pelos municípios do Território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Na aplicação da pesquisa pode-se perceber certa insegurança - por partes dos

entrevistados - ao responder sobre a existência real de documentos formais que versem

sobre mecanismos de proteção e preservação dos recursos ambientais no município.

4.3 Mapeamento de áreas degradadas e de risco ambiental

Segundo o Instituto de Planejamento e Estatística do Ceará – IPECE (2011), o

território possui dez municípios dentro da região semiárida (figura 15), com áreas

degradadas e susceptíveis aos processos de desertificação, com níveis mais críticos (alta

susceptibilidade) nos municípios de Irauçuba, Itapipoca, Amontada, Miraíma, Tejuçuoca e

Itapajé. Diante da situação torna-se importante a construção de instrumentos de

planejamento e gestão de áreas com risco ambiental.

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│ Relatório analí co │ Página | 75

Figura 15 – Municípios semiáridos do território.

Fonte: IPECE. (modificado)

Mesmo aqueles municípios que ainda não sofrem com estes processos, torna-se

necessário que os órgãos municipais e organizações da sociedade civil vinculados ao meio

ambiente se articulem no enfrentamento das questões de degradação ambiental. A figura 16

mostra os municípios do território com áreas degradadas e susceptíveis a desertificação.

Figura 16 - Áreas degradadas susceptíveis aos processos de desertificação no

território.

Fonte: IPECE. (modificado)

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│ Relatório analí co │ Página | 76

As condições edafoclimáticas (solo rasos e pobres, baixa pluviometria, temperaturas

elevadas, etc.) desfavoráveis aliados à atuação antrópica (desatamento, queimadas, etc.) e a

deficiência dos órgãos de fiscalização ambiental fragilizam o delicado ecossistema da

caatinga, presente em todos os municípios do território. É perceptível a ausência de políticas

públicas de proteção ao meio ambiente nestes municípios, onde estes não possuem ações

estratégicas de contenção ou minimização dos fatores que resultam na degradação dos

recursos naturais. Neste contexto, onze municípios afirmaram existir mapas com a

identificação de áreas com riscos ambientais e/ou áreas em processo de degradação (figura

17). Cabe refletir em que medida estes instrumentos são utilizados no planejamento e

resolução das questões ambientais nos municípios. Ainda são pontuais e pouco significativas

as ações no território com foco na preservação dos recursos naturais

Figura 17 – Percentual de municípios do Território com mapas das áreas de risco e

degradação ambiental.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 77

4.4 Atuação das secretarias municipais de agricultura

Todos os municípios do território têm em sua estrutura organizacional secretaria de

agricultura, sendo o principal órgão do poder público municipal de promoção do

desenvolvimento rural no âmbito local. Diversas destas secretarias são polivalentes em suas

funções, assumindo ações estratégicas e integradas nas áreas de desenvolvimento rural,

meio ambiente e recursos hídricos.

Segundo a pesquisa (figura 18), todas as secretarias de desenvolvimento rural do

território possuem programas e projetos articulados com entidades do governo federal e

órgãos estaduais. Na esfera federal se destacam a parceria nos projetos e programas

vinculados as secretarias de Estado (Secretaria de Desenvolvimento Territorial, Secretaria da

Agricultura Familiar e Secretaria de Reordenamento Agrário) do MDA. Ainda no âmbito

federal, diversas destas secretarias desenvolvem projetos em parceria com o Ministério de

Desenvolvimento Social (MDS) e Ministério do Meio Ambiente (MMA). No nível estadual, as

secretarias municipais atuam em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário

(SDA) e órgãos vinculados a esta (EMATERCE, Instituto Agropólos, etc.).

Observa-se ainda que a elaboração de projetos é uma atividade comum em todas

estas secretarias. Ainda segundo os entrevistados, todas as secretarias de desenvolvimento

rural já elaboram seus planos de desenvolvimento rural para o município. Somente a

secretaria de agricultura do município de Uruburetama não promove assistência técnica aos

produtores.

Dentro da política de desenvolvimento territorial da SDT/MDA todos os projetos de

investimento implantados, nos períodos de 2003 á 2008, tiveram como proponentes

(executores) as prefeituras municipais, sob a articulação de suas secretarias de agricultura,

que na maioria dos casos, elaboram os projetos sem a participação dos beneficiários. Alguns

secretários de agricultura também reclamam da demora no empenho dos projetos, levando

um descrédito dos beneficiários em relação às políticas públicas voltadas ao meio rural.

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Figura 18 - Ações desenvolvidas pelas secretarias municipais de desenvolvimento rural.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011. 5. MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

Neste item, foram investigados os principais meios utilizados pela sociedade civil

na resolução dos conflitos, tendo por base o seguinte questionamento: Quais os

mecanismos de negociação e resolução de conflitos são adotados pela sociedade civil, no

município?

5.1 Mecanismos de solução de conflitos no território

No Território, quinze municípios buscam o apoio das autoridades municipais na

deliberação de problemas que geram insatisfação por parte de seus munícipes. Ainda

neste aspecto, nota-se que poder judiciário (juízes, fóruns e tribunais) é o segundo meio

mais utilizado pela comunidade. Metade dos municípios apela aos próprios membros das

comunidades na resolução dos problemas (figura 19). Os dados revelam que o poder

público é principal instância na resolução dos conflitos sociais do território.

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│ Relatório analí co │ Página | 79

Figura 19 – Mecanismos de negociação e resolução dos conflitos no Território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

6. INFRAESTRUTURA INSTITUCIONAL

Refere-se à existência de infraestrutura pública para o desenvolvimento de atividades

econômicas e prestação no Território. Buscou-se identificar nos municípios do Território as

estruturas/equipamentos e espaços públicos disponíveis a população.

Dos indicadores sobre a capacidade institucional dos municípios do território, a

infraestrutura institucional teve a maior média, indicando um avanço significativo dos

municípios do território neste aspecto.

Espaços culturais e recreativos

Na dimensão cultural/recreativa, os principais espaços existentes nos municípios são

os salões de festas e parques (figura 20). Todos os 18 (dezoito) municípios do Território

possuem salões de festas e estes representam o principal meio utilizado pela população para

prática de atividades culturais – mais vinculadas aos aspectos recreativos e de

entretenimento (festas dançantes, festejos religiosos, etc.). Constata-se o pequeno número

de municípios que possuem teatros (5) e cinemas (3).

Relativo as presença de parques, estes estão presentes em 12 (doze) municípios,

sendo os tipos mais comuns os parques de vaquejadas e parques municipais para eventos

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│ Relatório analí co │ Página | 80

festivos do município (festa do município, festas regionais, etc.). Somente o município de

São Gonçalo do Amarante possui parque ecológico.

Figura 20 - Estruturas existentes para as atividades culturais nos municípios do Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Secretarias municipais de apoio ao desenvolvimento rural

Em todos os 18 (dezoito) municípios do Território Vales do Curu e Aracatiaçu existe

órgão da administração direta que tem por finalidade o apoio ao desenvolvimento de

atividades agropecuárias, genericamente denominadas de Secretarias de Agricultura.

Algumas destas secretarias vinculam-se a outras áreas de atuação do Poder público

municipal (meio ambiente, recursos hídricos, etc), incorporando em sua estrutura ações nas

áreas de proteção ao meio ambiente e gestão dos recursos hídricos, recebendo as mais

variadas denominações (Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, de

Agricultura e Desenvolvimento Sustentável, Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos,

etc.).

Segundo os servidores públicos entrevistados, catorze secretarias possuem quadro

de técnicos permanentes (figura 21). Nas outras quatro secretarias, a equipe técnica é

formada por servidores temporários com contratos de trabalho que variam de um a três

anos. Observa-se também que em algumas destas secretarias atuam em parceria com os

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│ Relatório analí co │ Página | 81

escritórios regionais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATERCE), nos

programas de distribuição de sementes e mudas, vacinação contra febre aftosa, biodiesel,

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA/CONAB), etc.

Figura 21 – Situação do quadro técnico das secretarias de Desenvolvimento Rural, ou similares.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Secretarias municipais de planejamento

Segundo os servidores públicos entrevistados, treze municípios do território já

contam em sua estrutura organizacional com secretaria de planejamento - órgão estratégico

que integra todas as ações das secretarias municipais (figura 22). Esta situação indica um

significativo avanço na integração e fortalecimento do planejamento institucional dos

municípios. Em muitos municípios do território não se constatou a existência destas

secretarias, sendo que a função de planejamento municipal vincula-se a outras secretarias

do município (secretaria de finanças, orçamento, etc.).

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Figura 22 – Número de municípios do Território que possuem secretarias municipais de planejamento.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011. 7. INICIATIVAS COMUNITÁRIAS

Corresponde à expressão política territorial, refletindo os diferentes tipos de iniciativas das

organizações sociais frente aos diferentes temas de importância para o desenvolvimento

territorial, assim como a capacidade da população em estabelecer alianças para defender

seus interesses, em especial, projetos e alianças para o desenvolvimento social, produtivo,

cultural, ambiental, turístico, ente outros. Neste item buscou-se identificar quais os projetos

surgidos a partir da iniciativa comunitária em cada um dos municípios do Território.

As questões chaves para análise deste indicador foram:

1. Quais tipos de projetos de iniciativa comunitária ou de produtores são desenvolvidos

no município, sem apoio de governos?

2. Havendo parceria entre organizações de produtores e prefeitura municipal, esta

ocorre com qual finalidade?

7.1 Projetos de iniciativa comunitária

Segundo os entrevistados, os projetos de iniciativa comunitária para o fomento de

atividades produtivas estão presentes nos dezoito municípios do território (figura 23). Os

projetos de apoio à proteção ambiental são as iniciativas comunitárias com menor expressão

nos municípios. Os projetos sociais e culturais estão presentes em mais de 80% dos

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│ Relatório analí co │ Página | 83

municípios do território. Os projetos/iniciativas com foco na proteção ao meio ambiente

possuem menor expressividade nos municípios do território.

As iniciativas comunitárias tem maior expressividade nos projetos produtivos e de

infraestrutura, o que pode indicar uma positiva correlação entre os mesmos. Ainda que

exista elevada dependência destes projetos em relação ao poder público, os dados apontam

para existência de diversas iniciativas do território que surgiram a partir das próprias

comunidades. Na avaliação da pesquisa (capacidades institucionais) o indicador que trata

das iniciativas comunitárias obteve índice acima da média dos demais indicadores,

demonstrando a existência do movimento das organizações de base nas comunidades que

buscam estratégias na resolução de suas dificuldades, que posteriormente estabelecem

parceiras com outras organizações, sejam através poder público ou na sociedade civil.

Figura 23 – Projetos de iniciativa comunitária.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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Figura 24 – Tipos de parcerias entre prefeitura e organizações de produtores.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

8. PARTICIPAÇÃO

Tratam-se, tanto do grau de participação das organizações municipais, no território, quanto

da participação dos beneficiários de projetos locais, na sua demanda, elaboração e gestão.

Neste indicador foram utilizados dados da pesquisa de avaliação dos projetos de

investimento (Q5). As questões diretrizes que avaliaram a participação foram as seguintes:

1. Quantos protestos ou manifestações sociais ocorreram durante o último ano?

2. Houve participação dos beneficiários na elaboração do projeto?

3. Havendo participação dos beneficiários, em que fase ocorreu?

4. Quem participou da definição de critérios para identificação de beneficiários do

projeto?

5. Quais foram as etapas de elaboração dos projetos que houve participação dos

beneficiários?

6. A implementação dos projetos foi acompanhada pelos beneficiários?

Como se percebe, este indicador (da questão 2 a 6) retrata informações sobre o nível de

participação dos beneficiários nas fases de elaboração, execução, monitoramento e

avaliação.

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8.1 Protestos e manifestações sociais

Em linhas gerais, houve um pequeno número de manifestações e protestos da

sociedade civil do território (figura 25). Segundo os entrevistados, em onze municípios (60%)

houveram de 1 a 3 manifestações sociais durante o último ano. Em seis municípios do

território não houve protestos ou manifestações da sociedade civil. Apenas um município

afirmou que ocorreram de 4 a 6 protestos no ano anterior. Este traço característico - baixo

poder de manifestação diante dos problemas que afetam a população em geral – da

população do território pode está relacionado ao baixo grau de formação política, aliado a

uma cultura de pouca participação em movimentos da sociedade civil.

Figura 25 – Número de protestos de manifestações nos municípios do Território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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8.2 Participação dos beneficiários

Observa-se a baixa participação dos beneficiários na etapa de elaboração dos

projetos no território (figura 26). Segundo os entrevistados, em mais da metade dos projetos

executados no território não contou com a participação do público atendido com o projeto.

Este fato contribui com o não comprometimento dos beneficiários na gestão e

responsabilização pelos projetos implantados. De modo geral, a participação na elaboração

do projeto se restringe ao representante da entidade (presidente ou membro da associação

a ser beneficiada) que acompanha junto ao colegiado ou ao órgão executor a tramitação do

projeto para a comunidade. Os projetos são elaborados por técnicos das prefeituras

municipais - e em regra não passam pela avaliação das comunidades a serem beneficiadas.

A participação dos beneficiários é mais comum nas etapas de acompanhamento e

implantação/instalação dos projetos e definição do tipo de projeto demandado pela

comunidade (figura 27). Ainda que haja uma maior participação nestas duas etapas,

geralmente esta é centralizada nas lideranças da comunidade/associação.

A figura 28 mostra que o colegiado territorial e as entidades proponentes são as

instâncias que definem os critérios na definição dos beneficiários do projeto. Esta

informação sugere que estas instâncias possuem autonomia na identificação dos públicos

prioritários a serem beneficiados com os projetos alocados no território.

Ainda segundo os entrevistados, as prefeituras municipais são os principais parceiros

durante a fase de implantação dos projetos. Esta realidade é observada pelo fato de ter a

prefeituras como as principais entidades proponentes dos projetos de investimento no

território. Depois de implementado o projeto, a maioria das prefeituras continuam dando

suporte e apoio técnico as comunidades beneficiadas o que muitas vezes leva a estas

comunidades a tornarem-se totalmente dependentes do poder público municipal.

Quando questionados sobre as fases em que houve participação dos beneficiários,

mais de um terço dos entrevistados (figura 30) afirmam não existir participação dos

beneficiários dos projetos em qualquer fase de implantação do projeto. Nesta questão

ainda afirmam que a maior participação ocorre durante a fase de definição dos beneficiários

do projeto.

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A fase de acompanhamento de implementação dos projetos é acompanhada em

somente metade dos projetos (figura 31), o que pode indicar a baixa participação ou

desconhecimento das comunidades beneficiadas com os projetos no território.

Em linhas gerais, percebe-se que ainda é baixa a participação – em todas as fases de

implantação dos projetos - do público beneficiário, afetando a gestão e sustentabilidade dos

empreendimentos apoiados pela política de desenvolvimento territorial. Cabe as instâncias

territoriais definirem novas formas e metodologias de implementação destes projetos com

objetivo de fortalecer o comprometimento da comunidade com estes empreendimentos.

Dos indicadores da pesquisa sobre as capacidades institucionais demonstram que o

elemento “participação” foi o que teve o menor índice, indicando que ainda são muitos os

desafios em efetivar mecanismos que propiciem um maior envolvimento e participação das

comunidades com os projetos do território.

Figura 26 – Participação dos beneficiários na elaboração dos projetos.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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Figura 27 – Fases dos projetos em que houve a participação dos beneficiários.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Figura 28 – Participantes na definição dos beneficiários do projeto.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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Figura 29 – Parceria na implantação do projetos

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Figura 30 – Etapas de participação dos beneficiários do projeto

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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Figura 31 - Acompanhamento dos beneficiários na fase de implementação dos projetos.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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Figura 32 – Resultados dos indicadores de capacidade institucional.

Indicadores de Capacidades Institucionais Média = 0,467 (MÉDIO)

Indicador Valor Situação

1. Gestão dos colegiados 0,600 Médio Legenda

2. Capacidades organizacionais 0,608 Médio Alto 0,00 - 0,20 = Baixo

3. Serviços institucionais disponíveis 0,363 Médio Baixo 0,20 - 0,40 = Médio Baixo

4. Instrumentos de gestão municipal 0,488 Médio 0,40 - 0,60 = Médio

5. Mecanismos de solução de conflitos 0,426 Médio 0,60 - 0,80 = Médio Alto

6. Infraestrutura institucional 0,632 Médio Alto 0,80 - 1,00 = Alto 7. Iniciativas comunitárias 0,537 Médio

8. Participação 0,309 Médio Baixo

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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4 - Gestão do Colegiado

Avaliar a organização e a gestão social do território a partir da atuação do colegiado territorial na condução da Política de Públicas com foco no Desenvolvimento Territorial.

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INTRODUÇÃO

No momento em se toma a decisão de descentralizar e desconcentrar as ações do

Estado, aumentando o número de decisores independentes, possibilitando a participação

ativa das populações no processo de construção e de gestão do desenvolvimento, cresce o

desafio de propor um modelo de gestão para execução do PTDRS, pois remete à expectativa

desse modelo ser exeqüível e institucionalizado.

A SDT como agente estatal indutor desse processo, dentro e fora do Ministério de

Desenvolvimento Agrário, por meio do PRONAT, assume a missão oficial de apoiar a

organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais locais na gestão participativa

do desenvolvimento sustentável dos territórios rurais e promover a implementação e

integração de políticas públicas. Diante desse quadro e das referências conceituais que

norteiam a dimensão político-institucional do PTDRS, apresenta-se a Gestão Social como

elemento central na proposta de gestão do desenvolvimento territorial.

A Gestão Social é entendida dentro do PRONAT como um processo de gerir assuntos

públicos, por meio da descentralização político-administrativa, redefinindo formas de

organização e de relações sociais com sustentabilidade, transparência e efetiva participação

da sociedade, o que implica na ampliação dos níveis das capacidades humanas, sociais e

organizacionais do Território. A Gestão Social condiz com o empoderamento da sociedade,

com a formulação de compromissos entre o público e o privado, garantindo a participação

social na gestão pública que requer, tal como propõe o PRONAT, sistemas descentralizados,

baseados em forte participação, maior densidade de informação, parcerias e articulações em

rede. Essa forma de gestão também se confunde com o conceito de governança, que

pressupõem envolvimento de atores políticos, sociais e econômicos, como empresas,

organizações da sociedade civil e outras entidades representativas, não deixando a

resolução dos problemas sob responsabilidade exclusiva do Estado, tornando-as cada vez

mais responsáveis pela identificação e busca das soluções, fazendo com que se sintam

verdadeiramente parceiras na condução do processo de desenvolvimento e na negociação

política para sua viabilização.

A tradução destes princípios na prática da gestão do desenvolvimento territorial

proposto pelo PRONAT implica na ruptura das concepções e práticas de gestão

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│ Relatório analí co │ Página | 94

tradicionalmente centralizadoras e pouco participadas que, de forma geral, caracterizam

ainda a administração pública. O processo de gestão do desenvolvimento territorial

proposto pelo PRONAT está fundamentado na visão processual, cíclica e dinâmica

perpassando as fases de: planejamento, organização, monitoramento e avaliação,

conforme a figura ilustrativa apresentada a seguir:

Fonte: PTDRS – Guia para o planejamento/IICA, 2005 (adaptado).

Monitoramento e Avaliação

Organização

Planejamento

Gestão Territorial

Fases do ciclo de gestão territorial

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│ Relatório analí co │ Página | 95

Planejamento

É o momento de tomada de decisões e estabelecimento das diretrizes e das

estratégicas, a partir das capacidades e dos recursos (materiais, humanos, tecnológicos,

financeiros, etc.) mobilizados e de arranjos institucionais, em função das prioridades de

intervenção discutidas para os territórios e materializadas na forma dos PTDRS, objeto deste

guia.

Organização

Realizada a partir dos eixos e ações estratégicas do PTDRS. Nesta face priorizam-se as

definições de papéis, atribuições e tarefas articuladas com todas as atividades. O colegiado

territorial exerce o papel de principal instância do protagonismo territorial, com ações

estratégicas nas negociações verticais e horizontais com os atores sociais, promovendo a

capacitação das organizações locais existentes com objetivo de fortalecer sua capacidade de

intervenção e inserção nos espaços de gestão compartilhada.

Monitoramento e Avaliação

Diz respeito ao acompanhamento e avaliação da execução das ações dentro da

gestão, redirecionando-as em intervalos de curto prazo, na avaliação refere-se a momentos

de aprofundamento sobre os rumos do processo de desenvolvimento e a necessidade de

redirecioná-lo.

OBJETIVOS

A presente pesquisa tem por objeto avaliar os processos de gestão social do

colegiado territorial dos Vales do Curu e Aracatiaçu, compreendendo os processos de

planejamento, organização, direção e controle social das políticas públicas para o

Desenvolvimento Territorial, com foco nas diretrizes que norteiam o Programa Nacional de

Desenvolvimento dos Territórios Rurais da SDT/MDA.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. ASSESSORIA NA GESTÃO DO COLEGIADO TERRITORIAL

A grande maioria dos membros do colegiado territorial reconhece a existência e

atuação de um assessor técnico, responsável pelos processos de gestão e animação dos

eventos territoriais (plenárias, reuniões microterritoriais, reuniões do núcleo dirigente,

reuniões dos comitês temáticos, etc.).

Parte dos entrevistados ainda desconhece ou afirma não existir a figura de um

assessor técnico que desempenhe as funções e atribuições relativas ao apoio na gestão do

colegiado territorial. Aqueles que reconhecem a existência do assessor técnico, quando

indagados sobre o tempo de atuação do assessor técnico de apoio as ações do colegiado,

variaram suas respostas entre: i) 1 e 2 anos; ii) acima de três anos; e iii) outros que não

tinham o conhecimento sobre o período de atuação do mesmo no Território. As figura 1

sintetiza a percepção dos entrevistados sobre a existência e período de atuação do assessor

técnico no Território.

Figura 1 – Percepção dos membros do colegiado territorial sobre a existência e período de atuação da assessoria técnica na gestão do colegiado territorial.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 97

2. FORMAS DE SELEÇÃO E FORMAÇÃO DO COLEGIADO TERRITORIAL

Quando questionados sobre os mecanismos de seleção e eleição dos representantes

para composição do colegiado territorial, os entrevistados reconhecem que existem diversas

formas para tal processo. Segundo os entrevistados, os principais meios utilizados são: i) o

convite direto as organizações selecionadas; e ii) a convocação aberta para escolha de

representantes das entidades/organizações públicas e civis que terão assento no colegiado

territorial. Os resultados demonstram que o colegiado utiliza de variados mecanismos para

garantir a participação das entidades e organizações do Território.

Destacaram-se ainda outras formas que também são utilizadas para o ingresso

formal no Território, podendo haver a solicitação voluntária de organizações, assim como, o

convite direto a aquelas entidades e organizações que tenham interesse em participar da

formação do CDT Vales do Curu e Aracatiaçu. A figura 03 retrata as principais formas de

seleção e eleição dos membros do colegiado territorial.

Figura 3 – Mecanismos de seleção e eleição dos membros do Conselho de Desenvolvimento Territorial (CDT).

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 98

3. CONSTITUIÇÃO E DINÂMICA DE FUNCIONAMENTO DO COLEGIADO TERRITORIAL Figura 4 – Gráfico com o grau de conhecimento dos membros do colegiado sobre a data

de constituição do Colegiado Territorial.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Figura 5 – Gráfico com a percepção dos entrevistados sobre o número de reuniões realizadas pelo colegiado Territorial.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Figura 6 – Gráfico com a percepção dos entrevistados sobre a freguência de reuniões da plenária do colegiado territorial.

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│ Relatório analí co │ Página | 99

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Figura 7 – Formas de tomada de decisão do Colegiado Territorial (CDT).

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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4. ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DAS AÇÕES DO COLEGIADO TERRITORIAL

Diversas são as formas utilizadas pelo colegiado territorial na comunicação e

divulgação de suas ações aos atores territoriais, sendo que, o meio mais utilizado é internet

(email, sites, etc). Destaca-se ainda a comunicação pessoal entre os membros do colegiado,

que divulgam as informações e decisões aos seus pares. Na avaliação dos membros do CDT,

as mídias de massa (rádio, tv, carro de som, etc) são os instrumentos menos utilizados pelo

colegiado territorial. Percebe-se ainda o importatnte papel dos parceiros do poder público e

das organizações civis na divulgação das ações territoriais. Segundo os entrevistados, as

reuniões comunitárias também têm sido uma oportunidade para levar informações sobre a

dinãmica territorial. A figura 8 nos mostra os principais meios de comunicação utilizados

pelo colegiado territorial.

Figura 8 – Formas de divulgação das ações do colegiado territorial à comunidade.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 101

5. INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO TERRITORIAL

Neste item, a pesquisa buscou identificar quais os instrumentos de planejamento existentes

no Território (visão de futuro, diagnóstico territorial e PTDRS). Além disso, buscou-se

determinar em quais etapas houve a participação efetiva dos membros do colegiado na

construção coletiva destes documentos.

5.1 Diagnóstico Territorial

Para SDT/MDA o diagnóstico territorial é um componente fundamental e necessário

na elaboração e qualificação do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável

(PTDRS), podendo ser utilizado pelo colegiado territorial na construção da visão de futuro

para o Território. Trata-se de uma leitura participativa da realidade numa perspectiva

territorial. Trata-se de um documento que aborda a caracterização geral do Território

constituído a partir das dimensões de sustentabilidade (ambiental, sociocultural,

educacional, socioeconômica, política e institucional).

Sobre o diagnóstico territorial, a maior parte dos entrevistados afirmou sobre a

existência deste documento no Território. A figura 9 mostra as etapas onde houve a maior

participação dos membros do colegiado na elaboração deste documento. Verificou-se um

elevado índice de participação dos atores territoriais nas etapas de concepção e elaboração

(84,4%); discussão nas oficinas (84,4%); e revisão (72,7%).

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Figura 09 – Gráfico com as etapas de participação do colegiado territorial na elaboração do diagnóstico territorial.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

5.2 Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS

No processo de fortalecimento da gestão social dos Territórios rurais o Plano

Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS é a ferramenta que auxilia na

consolidação dos colegiados, contribuindo na reflexão e tomada de decisões sobre sua

organização, elaboração e qualificação dos planos, identificação e aprofundamento de

projetos e ações estratégicas e no controle social. O PTDRS é considerado o principal

instrumento construído de forma participativa pelo colegiado em apoio à gestão social do

desenvolvimento territorial.

No Território Vales do Curu e Aracatiaçu o processo de construção e elaboração do

PTDRS tem garantido a participação de seus atores em suas diversas etapas. Verifica-se a

partir da figura 10, uma maior participação dos membros do colegiado nas fases de

concepção e discussão - durante as oficinas de elaboração. Na fase de qualificação/revisão

houve uma menor participação dos membros do CDT. Destaca-se ainda o pequeno índice

(3%) de não participação nos processos de elaboração e qualificação do PTDRS. Outros 3%

dos entrevistados não souberam responder sobre o papel desempenhado pelo colegiado

territorial neste processo.

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│ Relatório analí co │ Página | 103

Figura 10 – Participação do colegiado territorial na elaboração do PTDRS.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

5.3 Visão de futuro para o Território

Segundo a SDT/MDA a visão de futuro do Território possui relação direta com os

sonhos individuais e coletivos das comunidades e sujeitos que fazem parte do Território.

Dito de outra forma, a visão de futuro surge de uma análise sobre a situação atual do

Território, e define um ideal a ser alcançado num universo temporal a ser estabelecido pelo

grupo. Poderá também ser elaborada a partir da analise e reflexão das dimensões do

diagnóstico territorial e considerando os elementos do ambiente interno e externo para ser

confrontado com os grandes sonhos e objetivos dos atores do Território. A partir da análise

os participantes do processo de planejamento poderão se indagar, por exemplo, sobre onde

querem chegar com o território nos próximos dois, cinco ou dez anos.

Quanto à elaboração do documento que contenha a visão de longo prazo para o

território, 72,2% dos entrevistados afirmaram existir um documento. Outros 21,2% dos

entrevistados não souberam responder sobre a elaboração deste documento no território

(figura 11).

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│ Relatório analí co │ Página | 104

Figura 11 – Percepção dos membros do colegiado territorial sobre a elaboração de algum documento que contenha a visão de futuro para o Território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

Quanto ao desempenho dos membros do colegiado, observou-se uma maior

participação durante as etapas de concepção e discussão (figura 12). 21,2% dos

entrevistados não souberam responder sobre o papel do colegiado territorial na construção

de sua visão de futuro.

Figura 12 - Participação do colegiado na visão de futuro do território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 105

6. GESTÃO DE PROJETOS PELO COLEGIADO TERRITORIAL

Os membros do colegiado territorial destacam que existem mecanismos que auxiliam a

gestão dos projetos. As ações ocorrem principalmente na priorização e seleção dos projetos

a partir de critérios – que são definidos pelo próprio colegiado. Estes critérios possuem

relação com os eixos de desenvolvimento definidos no PTDRS. Ainda segundo os

entrevistados outros mecanismos são utilizados, tais como: Avaliação pelos membros do

colegiado sobre a oportunidade e conveniência dos projetos; e a análise de viabilidade

técnica. Das ações apresentadas pela pesquisa, os entrevistados percebem uma maior

carência na disponibilidade de técnicos especializados nas áreas dos projetos priorizados

pelo colegiado territorial. A figura 12 retrata as principais ações do CDT na gestão dos

projetos para o Território.

Figura 13 – Ações desenvolvidas pelo colegiado territorial na gestão dos projetos para o

Território.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 106

7. FORMAÇÃO DOS MEMBROS DO COLEGIADO TERRITORIAL

A pesquisa também buscou identificar o grau de formação/capacitação dos membros

do colegiado em diversas temáticas que possuem relação com as diretrizes da Política de

Desenvolvimento Territorial. De acordo com os entrevistados, a principal temática em que

os membros do colegiado territorial receberam capacitação foi na área de Desenvolvimento

Territorial.

Outro temas também tiveram destaque, tais como: elaboraçao de projetos;

planejamento participativo; e elaboração de planos de desenvolvimento. De acordo com a

pesquisa, as áreas de gestão de conflitos e controle social tiveram menor abordagem nos

processos de capacitação dos atores territoriais. A figura 14 traz a distribuição percentual

para cada uma das áreas em que os membros do CDT receberam capacitação.

Figura 14 – Áreas em que os membros do colegiado receberam capacitação.

Fonte: SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 107

5 - Avaliação de Projetos de Investimento Avaliar os impactos resultantes dos projetos implantados no Território Vales do Curu e Aracatiaçu a partir Programa de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais (SDT/MDA).

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│ Relatório analí co │ Página | 108

INTRODUÇÃO

A partir do ano de 2003, o Governo Federal, através da SDT/MDA, deu iniciativa a

construção de uma Política Pública com foco na promoção do Desenvolvimento dos

Territórios Rurais, tendo como base de ação o Programa Desenvolvimento Sustentável de

Territórios Rurais (Pronat).

O conjunto de ações de fortalecimento dos Territórios Rurais converge para seguintes

objetivos:

1. Promover e apoiar iniciativas das institucionalidades representativas dos territórios

rurais que visem o incremento sustentável dos níveis de qualidade de vida da

população rural;

2. Desenvolver processos de gestão social, envolvendo a organização dos atores sociais,

o planejamento participativo e ascendente nos territórios apoiados, bem como o

controle social das políticas implementadas nesses espaços;

3. Fortalecer as institucionalidades territoriais enquanto sujeitos fundamentais para a

implementação do Pronat;

4. Propiciar espaços para a participação e o protagonismo dos sujeitos sociais (poder

público e sociedade civil) na formulação, implementação e gestão social de políticas

públicas voltadas ao desenvolvimento rural sustentável e qualificar essa participação

por intermédio de processos de formação e capacitação contínuos;

5. Contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar. (manual de

operacionalização do Proinf 2011 – MDA/SDT)

O Pronat apoia, com recursos do Orçamento Geral da União (OGU), ações conjuntas

entre municípios, territórios, estados, União e instituições sem fins lucrativos, na forma de

investimentos em obras e serviços destinados às comunidades rurais e beneficiários do MDA

que estão nos territórios. Estimula o fortalecimento das organizações sociais locais e a

articulação de recursos de diversas fontes e origens que já estejam disponibilizados ou que

podem ser mobilizados em favor do desenvolvimento dos territórios.

O Proinf é uma ação orçamentária que compõe o Pronat, cuja finalidade é financiar

os projetos estratégicos para o desenvolvimento territorial definidos no Plano Territorial de

Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS). Essas demandas são traduzidas em propostas

técnicas que podem ser apoiadas com recursos de investimento em obras, máquinas,

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₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 109

equipamentos e outros bens necessários para o fortalecimento da agricultura familiar, bem

como, recursos de custeio que permitem fortalecer os processos de organização e de

capacitação dos grupos de beneficiários, organizações e demais agentes de desenvolvimento

territorial.

O Proinf tem como foco ações voltadas para a dinamização econômica dos

territórios, o fortalecimento da gestão social e das redes sociais de cooperação, de formação

de agentes de desenvolvimento e estimula uma maior articulação das políticas públicas nos

territórios.

Colegiado Territorial na gestão dos projetos de investimento

O colegiado territorial (também denominado Fórum ou Conselho) é uma

institucionalidade que reúne representantes do poder público e da sociedade civil atuantes

no território, com o objetivo de ampliar a participação social, a representação das

organizações que compõem o território e a articulação necessária para a gestão social das

políticas públicas. Seu principal instrumento na condução e operacionalização da estratégia

de desenvolvimento territorial se expressa nos eixos e projetos estratégicos que compõem o

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS).

Espera-se que esses projetos estratégicos, de caráter abrangente, sejam a fonte das

demandas específicas que irão se transformar em propostas técnicas visando o uso dos

recursos do Proinf. A outra parte dos recursos necessários para a consecução desses

projetos estratégicos deverá ser captada de outras fontes de recursos como outros órgãos

do Governo Federal, o orçamento dos estados e municípios, agentes financeiros e outros.

Monitoramento e avaliação de projetos de investimento

Monitorar e avaliar os projetos de infraestrutura e serviços nos territórios permite

identificar quais atividades estão sendo realizadas estão na direção certa - se os objetivos

propostos estão sendo cumpridos - e o grau de contribuição para o desenvolvimento

territorial. Para isto a SDT desenhou o Sistema de Gestão Estratégica (SGE) cujo módulo

Gestão de Projetos, sistematiza e processa os dados de monitoramento e avaliação de

projetos.

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│ Relatório analí co │ Página | 110

O papel do Colegiado é estratégico neste processo. Além de acompanhar o

monitoramento feito pelas equipes estaduais da SDT, contribui na gestão dos

encaminhamentos gerados a partir do monitoramento. De igual maneira, caso nessa etapa

seja identificado que um projeto foi concluído, mas não está funcionando ou está

funcionando parcialmente, o Colegiado contribuirá na elaboração de um Plano de

Providência cujo objetivo é implementar medidas de adequação para funcionamento dos

projetos definidos pelos próprios colegiados territoriais.

OBJETIVO

Neste contexto estratégico de avaliação e monitoramento dos projetos de

investimento a Célula de Acompanhamento e Informação (CAI) dos Vales do Curu e

Aracatiaçu, sob coordenação da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou a pesquisa de

Avaliação de Projetos de Investimento. Esta teve como objetivo central a análise da situação

dos projetos implantados no território quanto a seus impactos sociais, econômicos, políticos

e culturais, assim como, avaliar os processos de gestão e controle social destes projetos. O

público participante da pesquisa foram os beneficiários do projeto, os executores

(proponentes) e os membros do Conselho de Desenvolvimento Territorial (CDT) dos Vales do

Curu e Aracatiaçu (Conselho territorial).

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│ Relatório analí co │ Página | 111

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os índices gerados pelo SGE - a partir da coleta de dados da pesquisa de avaliação

dos projetos de investimento implantados do território - sintetizam a situação dos projetos

em suas fases de planejamento, execução, gestão e impactos. Na análise dos dados foram

atribuídos escores/valores, de 0 (categorias no extremo negativo) a 1 (categorias no

extremo positivo) às respostas dos entrevistados em cada um dos tópicos propostos pela

pesquisa. Quatro índices gerais foram obtidos a partir de dezesseis indicadores sobre a

situação dos 35 projetos de investimento implementados no território – executados nos

períodos de 2003 a 2009. Todos os projetos tiveram como proponentes das propostas

técnicas as prefeituras municipais. Os instrumentos de pesquisa foram estruturados dentro

de uma concepção cíclica dos projetos, compostos pelas fases de planejamento, execução e

gestão social. A partir disso segue para uma avaliação dos resultados (impactos e benefícios)

gerados no território a partir destes projetos.

Situação dos projetos de investimento

O território dos Vales do Curu e Aracatiaçu foi o território cearense com maior

número de projetos implantados através do PROINF (Apoio a projetos de infraestrutura e

serviços nos territórios rurais) – MDA/SDT. Dos 18 municípios que compõem o território,

apenas 02 (dois) municípios não tiveram projetos apoiados diretamente pela SDT (Tejuçuoca

e Uruburetama). Na pesquisa de avaliação dos projetos de investimento executados

(concluídos no período entre 2003 a 2008) no território foram visitados na pesquisa 34

(trinta e quatro), distribuídos em 15 municípios do território.

No sistema gestão estratégica (SGE) da SDT/MDA consta a relação de um total de 36

(trinta e seis) projetos concluídos no território. Por ocasião das péssimas condições de

acesso a um dos projetos (açude na comunidade de Almas – Irauçuba/CE) não foi possível

realizar a avaliação do mesmo. No caso específico do município de Itapipoca foi aprovado 01

(um) projeto, que segundo informações de servidores da prefeitura e membros do CDT o

recurso teria retornado pela não execução do projeto pela administração municipal. Neste

caso embora o projeto conste como concluído no SGE, o mesmo não foi executado e

também não foi pesquisado.

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│ Relatório analí co │ Página | 112

Assim dos 36 projetos concluídos no território, 34 foram alvo da pesquisa de

avaliação dos projetos de investimento realizada pela Célula no território. A figura 01 mostra

a situação geral dos projetos apoiados pela SDT/MDA. A pesquisa revelou que a maior parte

dos projetos apoiados possuem dificuldades quanto à gestão, liderança e sustentabilidade

dos empreendimentos. Vale ressaltar que a CAI teve algumas dificuldades na aplicação dos

questionários da pesquisa devido à forma de aprovação e execução dos projetos. Para cada

projeto desdobram-se metas que atendem públicos diferentes. Uma forma de contornar

essa situação foi realizada uma avaliação global para cada projeto visitado, observado cada

uma das metas, comparando-as com execução e funcionamento dos projetos “in locu”.

A situação dos projetos concluídos no território através do PRONAT (Programa

Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais) apresenta na seguinte

situação: 58% dos projetos funcionando; 31% funcionando parcialmente e 11% encontram-

se totalmente parado (figura 01). Diversos são os fatores que contribuem com baixa eficácia

nos resultados destes projetos, dentre eles pode-se destacar a baixa participação dos

beneficiários nas fases de implantação dos projetos. Outro aspecto que pode estar

relacionado aos baixos índices de funcionamento destes projetos em que haja de fato o

envolvimento da comunidade, o empreendimento continuará nas condições anteriores.

As figuras 2 (A) e 2 (B) mostram a situação dos projetos por município do território.

Em oito municípios existem projetos parados (50%); quatro municípios apresentaram

projetos com dificuldade de operacionalização (25%); e em apenas seis municípios (37,5%)

todos os projetos executados encontravam-se em funcionamento. Os resultados apontam

para uma baixa eficiência no funcionamento destes proejtos.

A figura 3 mostra a quantidade de projetos executados no território no período entre

2003 e 2008. Observa-se uma tendência cíclica, com aumento e diminuição intercalados de

projetos de investimento (PROINF). O ano de 2003 – início das ações instalação dos

colegiados territoriais e estruturação da Política de Desenvolvimento Territorial – teve o

maior número de projetos aprovados para o território. Já ano de 2008 foi registrado o

menor número de aprovação de propostas de projeto no território. Vale destacar que nos

anos de 2009 e 2010 foram executados projetos de investimento do território e não

constam na pesquisa de avaliação por estarem numa situação de não concluídos.

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│ Relatório analí co │ Página | 113

Figura 01 – Quadro geral da situação dos projetos no território

Fonte: CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 114

Figura 2 (A) – Situação dos projetos por município

Fonte: CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 115

Figura 2 (B) – Situação dos projetos por município

Fonte: CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 116

Figura 3 – Quantidade anual de projetos aprovados no território

Fonte: CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE – SDT/MDA, 2011.

Áreas atendidas com os projetos

A figura 4 mostra as áreas atendidas com a implantação dos projetos. Percebe-se

uma maior concentração de projetos voltados para apoio as cadeias produtivas do território.

Nota-se ainda que outra significativa parte destes projetos destinam-se as instituições do

território (públicas e da sociedade civil) serviços de assistência técnica e extensão rural

(secretarias de agricultura, ONGs, etc.).

Figura 4 – Áreas atendidas pelos projetos no território

Fonte: CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE – SDT/MDA, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 117

Figura 5 – Situação dos projetos por área de atuação

Fonte: CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE – SDT/MDA, 2011

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│ Relatório analí co │ Página | 118

A figura 5 mostra o quadro geral da situação dos projetos por área de atuação. Pode-

se deduzir que os projetos de infraestrutura (galpões de comercialização, “kits” feiras e

centros de comercialização de produtos artesanais) obtiveram os piores índices de

funcionamento.

1. AVALIAÇÃO DA FASE DE PLANEJAMENTO DOS PROJETOS

Nesta etapa foram avaliadas os elementos o conjunto de ações e atividades que

antecedem a execução propriamente dita dos projetos – fase de planejamento. Neste

aspecto, os entrevistados foram questionados sobre:

1) A participação do beneficiários;

2) Capaciade de planejamento;

3) As atividades atendidas pelo projeto;

4) A função das organizações locais no planejamento do projeto; e

5) As organizações que foram apoidas com o advento do projeto. Para cada uma

destas questões foram gerados os índíces correspondentes.

1.1 Participação dos beneficiários do planejamento do projeto

Os resultados concluiram que os beneficiários em sua maioria não possuem

informações acerca da origem do projeto ou em que instrumento de planejamento foi

definida. Embora estes projetos tenham a orientação da SDT/MDA que sejam definidos

dentro dos eixos de ação do PTDRS, apenas 15,2% dos entrevistados assim responderam.

Parte dos entrevistados entendem que os projetos são demandas apresentadas pela

SDT/MDA.

Mais da metade dos entrevistados afirmam que os projetos implantados não contam

com a participação dos beneficiários, rompendo com a diretriz do PRONAT que orienta que

os projetos tenham a partcipação destes em todas as etapas do projeto. Para 36% dos

entrevistados que afirmaram haver participação dos beneficiários, as principais fases se dão

no acompanhamento de implantação do projeto e na definição do tipo de projeto. Nas

visitas aos projetos, a equipe da CAI pôde perceber que estes apresentam deficiência em

sua gestão (quem e quantos são responsáveis). Neste aspecto somente 14,1% dos

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│ Relatório analí co │ Página | 119

entrevistados confirmaram a participação dos beneficiários nos processos de gestão do

projeto.

No tocante a participação dos beneficiários na fase de elaboração dos projetos,

37,4% dos entrevistados afirmam a etapa em que houve participação foi na definição do

público alvo do projeto. Parte significativa dos entrevistados (31,3%) afirmaram que os

beneficiários não partcipam desta etapa (elaboração dos projetos). Outros 31,3% dos

entrevistados afirma que o público beneficiário participou na definição da área de

investimento do projeto.

1.2 Capacidade de planejamento do projeto

No tocante a capacidade de planejamento dos projetos no território observou-se que

as principais ações utilizadas na fase de planejamento dos projetos foram: as visitas técnicas

e de intercâmbio; o levantamento de informações; e a capacitação. A estratégia de acesso

ao crédito foi a ação menos utilizada durante o processo de planejamento dos projetos, o

que tem dificultado o andamento e a sustentabilidade de alguns projetos implantados no

território (falta de capital de giro).

A participação em acordos é a principal estratégia utilizada pelos projetos no

fortalecimento das cadeias produtivas do território.Para maioria dos entrevistados, os

projetos produtivos instalados no território utilizam o aumento da produtividade, a

diversificação da produção e a redução de custos como os principais meios de aumentar a

competividade de seus produtos.

A pesquisa ainda revela - segundo 39% dos entrevistados - que foram realizados

estudos sobre a viabilidade econômica dos projetos produtivos (que atendem as cadeias

produtivas). Os estudos de demanda e de localização dos projetos também foram apontados

como uma ação presente no planejamento dos projetos. Apenas 29,3% dos projetos foi

realizado algum tipo de estudo ou levantamento sobre comercialização. De modo geral

percebe-se que os projetos produtivos possuem baixo número de estudos sobre a

viabililidade dos empreendimentos e que estes instrumentos ainda são pouco utilizados na

fase de planejamento.

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│ Relatório analí co │ Página | 120

1.3 Atividades socioeconômicas atendidas pelo projeto

Segundo os entrevistados, a grande maioria dos projetos implantados no território

tem uma vinculação com as questões produtivas que promovam a geração de trabalho e

renda para os agricultores familiares. As atividades dos projetos concentram-se em apoio

aos empreendimentos produtivos (vinculados as cadeias produtivas) e sua respectiva

infraestrutura necessária ao funcionamento dos empreendimentos (casa do mel, casa de

farinha, centros de artesanato, etc.).

No tocante aos aspectos econômicos atendidos pelos projetos, percebe-se uma

grande diversidade. Os dados revelam que mais da metade dos projetos executados

possuem uma relação com a geração de renda a partir da comercialização dos produtos

apoiados ou gerados pelo objeto do projeto (mel, farinha, produtos artesanais, etc.).

1.4 Papel das organizações locais no planejamento do projeto

Em regra, o colegiado territorial é a instância máxima no planejamento e definição

dos projetos apoiados pela SDT/MDA. Neste aspecto, os entrevistados foram questionados

sobre o papel desempenhado pelo CDT Curu/Aracatiaçu na definição dos componentes dos

projetos aprovados em plenária geral. Segundo os entrevistados, as principais ações

desempenhadas pelo colegiado são: avaliação do projeto; consulta; e autorização da

liberação dos recursos financeiros para implantação dos projetos. Apenas 16,2% dos

entrevistados afirmamaram que o colegiado co-administra os projetos, o que parece

cmprometer o monitoramento e controle social sobre os projetos. 28,3% dos entrevistados

desconhecem a função do colegiado neste processo.

As entidades do poder público são co-financiadoras na grande maioria dos projetos

aprovados para o território. Vale destacar que em todos os projetos de investimento

implantados no projeto teve como proponente as prefeituras municipais - que também

elaboraram a proposta técnica. Mais da metade dos entrevistados também apontam as

seguintes ações desenvolvidas pelas entidades públicas: i) o apoio técnico de suas

secretarias de agricultura no acompanhamento e execução; e a elaboração da proposta de

projeto. Segundo 65,7% dos entrevistados, as entidades públicas não avaliam os projetos,

fato que compromete os aspectos relacionados a viabilidade e gestão dos mesmos.

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│ Relatório analí co │ Página | 121

1.5 Organizações locais apoiadas pelo projeto

Segundo os entrevistados, as principais organizações apoiadas com os projetos se

concentram nas associações comunitárias - formais e informais. Os empreendimentos

autônomos foi o segundo grupo mais beneficiado com a execução dos projetos. As

entidades do território que prestam serviços foram contempladas mais de 13,1% dos

projetos. 21,2% dos projetos executados apoiam direta ou indiretamente as cooperativas do

território.

2. FASE DE EXECUÇÃO DO PROJETO

Nesta etapa foram avaliadas os aspectos relacionados a execução propriamente dita dos

projetos – participação, instrumentos de controle, capacidades de execução das entidades,

etc. A matriz de análise da etapa de execução dos projetos teve por base as seguintes

questões:

1) Participação dos beneficiários na fase de execução dos projetos;

2) Capacidade de execução dos projetos;

3) Capacidade de execução do projeto;

4) Inexistência de capacidade ociosa do projeto.

2.1 Participação dos beneficiários na fase de execução do projeto

Page 122: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 122

A pesquisa revelou que na fase de implementação, mais da metade dos projetos teve

o acompanhamento direto dos beneficiários. Relacionado a este aspecto, 64% do público

beneficiário detinham informações suficientes da execução do projeto na localidade.

Os entrevistados atribuem a responsabilidade de monitoramento dos projetos

principalmente aos beneficiários, aos técnicos da entidade executora e ao colegiado

territorial. Percebe-se que somente 26,3% dos entrevistados afirmam que os técnicos das

entidades financiadoras (SDT/MDA) possui responsabilidade sobre o acompanhamento da

situação dos projetos implantados.

A maior parte dos entrevistados entende que os projetos tem uma gestão que se

caracteriza pela elevada participação dos beneficiários. Outros 26,3% dos projetos

executados no território estão sob a gestão das prefeituras municipais. Apenas 5,1% dos

entrevistados afirmam existir uma articulação entre colegiado e os beneficiários nos

processos de gestão dos projetos, demostrando a baixa participação do CDT nesse aspecto.

Noutros 14,1 % dos projetos não existe uma gestão bem caracterizada, com indefinição de

quem são os responsáveis pela administração destes.

2.2 Capacidade de execução do projeto

Em relação à existência de instrumentos de acompanhamento financeiro dos

projetos, a maioria (42%) dos entrevistados desconhece sobre a existência de algum tipo de

auditoria. Apenas 15,2% dos entrevistados afirma existir controle social sobre os recursos

financeiros.

Em mais da metade (57%) dos projetos pesquisados, os processos de transferência da

gestão e dos bens – adquiridos ou recuperados – foram legalizados. 22% dos entrevistados

não souberam responder em que situação se encontra este aspecto. No que diz respeito aos

indicadores de acompanhamento, percebe-se que a grande maioria dos entrevistados não

tem conhecimento sobre a existência destes. Somente 27% dos entrevistados asseguraram

existir indicadores de acompanhamento. Ainda neste aspecto, a maioria dos entrevistados

não sabia se estes indicadores existentes eram utilizados no monitoramento

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₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 123

permanente/contínuo dos projetos. Em mais da metade dos projetos (54,5%), as estratégias

utilizadas para o monitoramento e controle social é realizada através de reuniões de

avaliação.

No tocante a sustentabilidade dos projetos, os principais aspectos citados pelos

entrevistados foram: apropriação de novas tecnologias, lideranças locais consolidadas,

definição de acordos na gestão do projeto e envolvimento de todos os beneficiários na

gestão do projeto.

2.3 Inexistência de capacidade ociosa do projeto

Dos projetos de investimento implantados no território, 44,8% estão com sua

estrutura funcionando com capacidade ociosa, demonstrando a baixa eficiência de grande

parte dos projetos. Ainda neste aspecto, percebe que em mais da metade dos projetos do

território existem equipamentos não utilizados, corroborando para os baixos índices de

eficiência dos empreendimentos. Estes resultados se relacionam com baixa capacidade

técnica de dimensionamento da demanda real dos projetos. A pesquisa ainda revela que

34% dos projetos estão funcionando com menos de 40% de sua capacidade instalada. Em

linhas gerais percebe-se que mesmo estando em funcionamento, estes projetos operam

com baixos índices de eficácia e eficiência. Segundo os entrevistados, apenas 16% dos

projetos estão operando com sua capacidade instalada entre 80 e 100%.

3. FASE DE AVALIAÇÃO DO PROJETO/INDÍCIOS DE IMPACTO

Nesta etapa foram analisadas os resultados alcançados com os projetos implantados e em

funcionamento no território. Nesta dimensão, os entrevistados foram abordados nas

seguintes questões:

1) Quais os públicos atendidos pelos projetos?

2) Quais os impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários?

3) Qual o tamanho do mercado coberto pelo projeto?

4) Quais foram os impactos positivos nas condições sócio-político-econômicas

territoriais?

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₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 124

3.1 Públicos atendidos pelos projetos

Como citado anteriormente, as principais organizações beneficiadas com os projetos

de investimento foram as associações comunitárias – com caráter formal e informal.

Também neste rol se encontram os empreendimentos autônomos, que foram apoiados em

28,3% dos projetos executados no território.

Em relação ao atendimento de públicos específicos, foi registrado que a grande

maioria dos projetos tem como público alvo os agricultores familiares (78,8%). Outros

públicos beneficiados foram os jovens, assentados de reforma agrária e mulheres. Estes três

grupos foram citados em mais da metade dos projetos implantados no território.

Comunidades tradicionais (quilombolas e indígenas) foram os grupos menos contemplados.

Pescadores e ribeirinhos foram relacionados como beneficiários em 23,2% dos projetos.

Ainda segundo os entrevistados, dos projetos em funcionamento, 42% destes atendem

outros públicos que não estavam previstos no projeto original. Em linhas gerais, conclui-se

que esses projetos atendem em sua grande maioria aos públicos que se enquadram no

conceito de Agricultura Familiar (MDA), abrangendo além dos agricultores de base familiar,

assentados de reforma agrária, quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos, etc.

3.2 Impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários

Os dados da pesquisa revelam que, 31% dos projetos em funcionamento atendem

menos de 40% do público previsto no plano de trabalho. Segundo a percepção dos

entrevistados, somente 12% dos projetos estão atendendo de 80 a 100% do público descrito

no projeto original. Estes dados reforça aspectos que estão relacionados com a baixa

capacidade de gestão social dos empreendimentos, assim como, no levantamento de

informações e estudos sobre viabilidade social, econômica e política dos projetos.

Quanto aos impactos dos projetos, 34% dos entrevistados avaliaram que os projetos,

após implantados, melhoraram muito a qualidade de vida dos beneficiários; 31% avaliam

que melhorou; e outros 9% não perceberam nenhuma melhoria.

Embora a maioria dos entrevistados avaliem que os projetos melhoraram a qualidade

de vida dos beneficiários, a percepção sobre a melhoria/aumento da renda seguiu uma

tendência contrária, onde 33% dos entrevistados afirmam que os projetos não contribuirão

no aumento da renda das famílias. Apenas 4% dos entrevistados percebem um aumento na

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renda dos beneficiários - entre 70 e 100%. Outros 8% asseguram que houve um aumento

superior a 100%. Quanto a aparente contradição entre melhoria da qualidade de vida e o

não aumento da renda, sugere que os entrevistados não correlacionam qualidade de vida

com aumento da renda.

3.3 Tamanho do mercado coberto pelo projeto

Outra informação levantada na pesquisa foi sobre o aumento a demanda após a

implantação do projeto. Em linhas gerais os entrevistados consideram que o aumento da

demanda foi pequena ou nula. Esta informação tem relação direta com aquela citada

anteriormente, onde se constatou que a maioria dos projetos atende menos de 40% da

demanda prevista no plano de trabalho do projeto. Segundo a percepção de 27% dos

entrevistados não houve alteração na demanda após a execução do projeto. Em

contraponto, outros 24% dos entrevistados afirmam que houve um aumento da procura

pelo projeto – entre 70 e 100%. Este último dado gera a seguinte contradição: Como pode

haver projetos que em sua maioria não chegam a atender 40% do público previsto e por

outro lado estes mesmos projetos aumentarem sua demanda entre 70 e 100%?

Dos projetos implantados no território, 67,7% possuem relação com a

comercialização. Neste contexto, 82% dos projetos atendem aos mercados municipais. Os

produtos gerados a partir dos projetos e que seguem para o mercado. 16% dos produtos

oriundos dos projetos atendem os mercados institucionais (PAA, PNAE, etc.).

3.4 Impactos positivos nas condições sócio-político-econômicas territoriais

Na avaliação geral dos impactos positivos dos projetos no território, os entrevistados

percebem que as cinco principais mudanças foram: i) na melhoria da infraestrutura; ii)

aumento do nível de organização da comunidade; iii) fortalecimento de redes; iv) integração

da cadeia produtiva; e v) maior acesso a mercados.

Em relação aos ganhos institucionais, segundo os entrevistados, os projetos

favorecem uma maior aliança entre as instituições do território e a comunidade, assim

como, aliança entre os próprios produtores.

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ANEXOS Anexo I – Gráficos com avaliação das fases dos projetos de investimento.

1. FASE DE PLANEJAMENTO DO PROJETO

1.1 Participação dos beneficiários na fase de planejamento do projeto

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1.2 Capacidade de planejamento do projeto

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1.3 Atividades socioeconômicas atendidas pelo projeto

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1.4 Papel das organizações locais no planejamento do projeto

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1.5 Organizações Locais apoiadas pelo Projeto

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2. FASE DE EXECUÇÃO DO PROJETO

2.1 Participação dos beneficiários na fase de execução do projeto

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2.2 Capacidade de execução do projeto

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2.3 Inexistência de capacidade ociosa do projeto

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3. FASE DE AVALIAÇÃO DO PROJETO

3.1 Públicos Atendidos pelos Projetos

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3.2 Impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários

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3.3 Tamanho do mercado coberto pelo projeto

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3.4 Impactos positivos nas condições sócio-político-econômicas territoriais

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6 - Índice de Condições de Vida (ICV) Avaliar as condições e aspectos relacionados com a qualidade de vida das famílias do Território dos Vales do Curu e Aracatiaçu.

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INTRODUÇÃO

Os sujeitos representam e simbolizam a sua realidade através da sua percepção, da

intuição, de sensações e de concepções. O universo real é sempre uma realidade para um

indivíduo ou grupos de indivíduos que compartem entre si o sentido dessa realidade.

A vida coletiva dos indivíduos é formada por normas, conceitos, interesses coletivos,

princípios e valores. Para Teves (1992), a concepção de sociedade procede da apreensão da

sua ordem constitutiva, informa sobre a sua organização e o seu funcionamento. Essa ordem

aponta para as realidades de coesão e disputas, cooperação e conflitos, presentes no

contexto social. Pesquisar uma realidade social pressupõe obter um conjunto de

representações, uma estrutura de sentidos e de significados que circulam entre seus

membros, mediante diferentes formas de linguagem e de pensamento, que o autor

denomina como imaginário social.

O Índice de Condições de Vida (ICV) é um indicador que visa representar as mudanças

percebidas, em termos das condições de vida, das famílias nos territórios rurais. Este índice é

um instrumento de análise e acompanhamento das condições de vida das famílias nos

territórios rurais, permitindo as análises comparativas, tanto ao longo do tempo como entre

territórios distintos, sem depender da disponibilidade e atualização dos dados secundários.

O ICV é composto por três dimensões, chamadas de “instâncias”:

1) Fatores que favorecem o desenvolvimento;

2) Características do desenvolvimento; e

3) Efeitos do desenvolvimento.

A cada instância associam-se oito indicadores. Cada indicador baseou a elaboração

de um ou mais quesitos do formulário de pesquisa, que serão utilizados para o cálculo do

ICV do Território Rural. Esses indicadores são avaliações registradas em escalas de cinco

pontos, desde 1=péssimo até 5=ótimo com variações intermediárias (2,3 e 4).

A pesquisa busca a partir da percepção dos membros das famílias identificar os

pontos críticos que afetam na qualidade de vida destas. O que se busca é a percepção desses

indivíduos ou famílias sobre as condições de vida no território rural e as respostas são

anotadas em escalas de valor pré-estabelecidas. Não se pergunta o valor monetário da

renda familiar (que pode ser informada com imprecisão ou viés), mas se a renda é suficiente

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para viver de forma adequada. Em vez de perguntar qual a produtividade da área naquele

ano específico (novamente de difícil mensuração ou sujeita à imprecisão), é indagado se,

para ele, a produtividade da área está boa. As respostas são claramente subjetivas, mas

expressam as percepções dos indivíduos sobre cada um dos 24 indicadores que compõem o

ICV. O que importa é o ponto de vista dos entrevistados, a avaliação feita por eles sobre os

diversos aspectos que compõem o instrumento de captação de dados.

OBJETIVO

A pesquisa visa possibilitar uma reflexão sobre a importância de contribuir na

discussão sobre os aspectos subjetivos da qualidade de vida das famílias do meio rural, mais

especificamente, sobre a percepção dos indivíduos, considerando que a maioria dos estudos

que visam analisar a qualidade de vida, busca a análise de dados e indicadores objetivos, que

se referem exclusivamente às necessidades básicas ou fundamentais dos indivíduos. Este

estudo, parte do princípio que qualidade de vida não se restringe à cobertura ou satisfação

das necessidades básicas (alimentação, educação, moradia, etc.), sendo necessário

considerar os aspectos subjetivos da população (cultura, lazer, segurança, participação, etc.),

que vão além das necessidades básicas, dessa forma, levando em conta a percepção das

famílias em relação às suas condições de vida. O presente estudo tem por objeto avaliar as

condições de vida das famílias rurais do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu, a partir da

percepção dos membros que constituem o grupo familiar. A pesquisa de campo buscou

identificar as características, fatores e resultados das políticas públicas na melhoria das

condições de vida das famílias deste Território.

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METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em dez setores censitários do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, localizados em nove municípios do Território Vales do Curu,

nos meses de janeiro e fevereiro de 2011. A seleção dos setores da pesquisa foi realizada de

forma aleatória pela equipe da SDT/MDA. Em cada setor censitário foram entrevistadas

vinte e sete famílias, totalizando uma amostra de duzentos e setenta domicílios visitados

pelos técnicos da Célula de Acompanhamento e Informação do território dos Vales do Curu e

Aracatiaçu. A tabela abaixo resume as informações sobre os setores censitários da pesquisa.

Tabela 01 – Setores censitários da pesquisa ICV no território dos Vales do Curu e Aracatiaçu.

Município Distrito/setor

censitário

Número de

domicílios

Espaçamento entre

domicílios

1. Amontada Mosquito 27 10,3

2. Irauçuba Juá 27 4,2

3. Itapipoca Itapipoca 27 7,0

4. Itapipoca Bela Vista 27 6,6

5. Itarema Itarema 27 4,3

6. Paracuru Jardim 27 3,4

7. Pentecoste Matias 27 2,6

8. Tejuçuoca Tejuçuoca 27 9,3

9. Trairi Canaan 27 7,4

10. Umirim Umirim 27 10,0

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2010.

O processo para seleção dos domicílios a serem entrevistados também foi realizado

de modo aleatório. Os domicílios abordados respeitavam um espaçamento entre eles

(espaçamento entre domicílios – EED), que variavam de acordo com a densidade

populacional/residencial do setor pesquisado. Este método teve como objetivo preservar

uma distância mínima entre os domicílios visitados - evitando a concentração de

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│ Relatório analí co │ Página | 150

entrevistados num mesmo local -, garantindo uma distribuição espacial homogênea de

entrevistados dentro do setor censitário.

A pesquisa caracteriza-se como qualitativa e quantitativa. No primeiro aspecto

(qualitativo) visa evidenciar a percepção/opinião dos entrevistados, aprofundando sobre

assuntos que possuem relação com a qualidade de vida do meio em que vivem as famílias do

Território (condições de saúde, educação, renda, moradia, etc.). No aspecto quantitativo a

pesquisa buscou informações numéricas das famílias residentes no território (quantidade de

membros na família, de crianças na escola, etc.). As entrevistas foram realizadas de forma

pessoal com questionário estruturado com perguntas objetivas que versam sobre condições

de vida da unidade familiar.

Vale destacar que a proposta desta pesquisa foi tentar delimitar estas variáveis de

uma forma abrangente, por isso, buscou-se a opinião das pessoas tendo por um grande

universo de questões – desde as condições de trabalho até a participação política -, desta

forma, foi necessário utilizar-se de um instrumento metodológico quantitativo, o

questionário. Todavia, este foi utilizado somente como meio, considerando que o objeto da

pesquisa e a análise busca identificar aspectos qualitativos e subjetivos sobre as condições e

qualidade de vida da população do território.

Todos os indicadores possuem uma variação numérica de 0 a 1. Quanto mais próximo

do valor um, maior o grau de satisfação nas temáticas abordadas pela pesquisa. Em nossas

análises consideramos como referencial de comparação o valor 0,7 - sendo este um valor

que objetivamente indica satisfação das famílias.

O aspecto metodológico utilizado na leitura dos resultados será feito a partir da

leitura gráfica (em percentuais) dos 24 indicadores, de forma sucinta e objetiva, que

compõem as três instâncias. Após a análise particular de cada um dos indicadores serão

analisadas, de forma global, as instâncias que abordam os fatores, características e efeitos

do desenvolvimento presentes ou não nas famílias do território dos Vales do Curu e

Aracatiaçu. Por fim, serão feitas conclusões e proposições para qualificação das políticas

públicas no território.

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│ Relatório analí co │ Página | 151

DISCUSSÃO E RESULTADOS 1. FATORES QUE FAVORECEM O DESENVOLVIMENTO

Este primeiro indicador reflete os fatores de promoção do desenvolvimento das famílias

entrevistadas e teve sua análise e reflexão a partir das seguintes indagações:

1. Quantas pessoas fazem parte da família e moram neste estabelecimento/domicílio?

2. Quantas dessas pessoas trabalham apenas neste estabelecimento/domicílio?

3. Quantas dessas pessoas trabalham apenas fora do estabelecimento/domicílio?

4. Quantas dessas pessoas trabalham no estabelecimento/domicílio e também em

outro local, permanente ou temporário?

5. Em sua opinião, em relação à quantidade de pessoas de sua família que está

trabalhando a situação está...

6. Em relação às características da mão de obra da família que está trabalhando, acha

que a situação está...

1.1 Mão-de-obra familiar em atividade dentro ou fora da unidade

A pesquisa sobre as condições de vida da das famílias do território caracteriza-se

como qualitativa e quantitativa. No primeiro aspecto (qualitativo) visa evidenciar a

percepção/opinião dos entrevistados, aprofundando sobre assuntos que possuem relação

com a qualidade de vida do meio em que vivem as famílias do Território (condições de

saúde, educação, renda, moradia, etc.). No aspecto quantitativo a pesquisa buscou

informações numéricas das famílias residentes no território (quantidade de membros na

família, de crianças na escola, etc.). As entrevistas foram realizadas de forma pessoal com

questionário estruturado com perguntas objetivas que versam sobre condições de vida da

unidade familiar.

Vale destacar que a proposta desta pesquisa foi tentar delimitar estas variáveis de

uma forma abrangente, por isso, buscou-se a opinião das pessoas tendo por um grande

universo de questões – desde as condições de trabalho até a participação política -, desta

forma, foi necessário utilizar-se de um instrumento metodológico quantitativo, o

questionário. Todavia, este foi utilizado somente como meio, considerando que o objeto da

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│ Relatório analí co │ Página | 152

pesquisa e a análise têm como foco os aspectos qualitativos e subjetivos da qualidade de

vida da população do território.

Figura 01 – Quantitativo e situação de trabalho dos membros das famílias do território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Analisando a percepção dos entrevistados sobre as características da mão-de-obra

familiar, a maioria (42,2%) considera que o número de membros da família que trabalham

está regular, o que pode indicar uma situação de instabilidade na manutenção destas

famílias, e que seria mais seguro para estas um maior número de membros trabalhando.

Outra significativa parte das famílias do território avalia que esta situação

(trabalhadores/família) encontra-se numa situação mais confortável (boa), sugerindo que

estas famílias possuem maior estabilidade no provimento das condições básicas da unidade

familiar quando comparadas com as que se encontram em situação regular.

Outra informação levantada pela pesquisa diz respeito das condições gerais – de

saúde, idade, motivação e disposição física, grau de escolaridade para o trabalho, etc -

daqueles que exercem atividades laborais na família. Neste item, a maioria das famílias

01 02

03 04

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│ Relatório analí co │ Página | 153

considera entre boa e regular. Muitas das famílias consideram que para o exercício de

atividades no meio rural são necessárias a saúde física e disposição.

O grau de escolaridade não foi considerado um elemento importante para o exercicio

das atividades no domicílio. Esta informação indica que na percepção dos membros das

famílias que o trabalho exercido nas unidades produtivas (agricultura, criação de animais,

etc) não se exige graus avançados de escolaridade. As atividades nos domícilios rurais ainda

se concentram na figura do (a) “chefe” da família, sendo que os demais membros são

citados como auxiliares. A maioria das famílias entrevistadas possui de 01 a 02 membros que

trabalham na manutenção da unidade familiar (figura 1 – gráfico 3).

A pesquisa revelou que apenas 9,3% das famílias do território possui pelos menos 01

(um) membro da família trabalha na própria unidade e também fora da propriedade (figura

1 – gráfico 2). A situação mais comum identificada no território foi aquela em que a força de

trabalho das famílias é utilizada na própria propriedade. Esta realidade é reforçada pela

baixa oferta de oportunidades de trabalho no meio rural assiciada a baixa escolaridade dos

membros das famílias.

No que concerne a quantidade e as características da mão de obra familiar a pesquisa

revelou que a maior parte dos entrevistados variaram suas respostas entre “boa” e “regular”

(figura 2 – gráficos e 1 e 2). Esta realidade pode ser interpretada no sentido de que a baixa

oferta de trabalho no meio rural gera um sentimento de conformidade com a situação,

levando estas famílias alocarem seus membros na própria propriedade até surgirem uma

melhor oportunidade de trabalho.

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Figura 02 – Percepção das famílias do Território sobre a mão-de-obra familiar.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

1.2 Caracterização das unidades produtivas (estabelecimento/domicílio)

Na caracterização das atividades produtivas das famílias do território, o primeiro

aspecto abordado foi sobre a existência ou não de produção (vegetal, animal,

beneficiamento, artesanato, etc.) no estabelecimento. A partir desta questão a pesquisa

dividiu-se em dois grupos: i) famílias com produção; e ii) famílias sem produção. Das famílias

que se caracterizam com produção subdividiram-se – a partir de critérios que se enquadram

na categoria agricultura familiar – em dois outros grupos: agricultura familiar1 e produção

não familiar2.

No tocante à produção nos domicílios familiares, os dados da pesquisa revelaram que

76,3% dos domicílios rurais do território exercem algum tipo de atividade produtiva,

podendo ser em caráter permanente ou temporário, sendo este o mais comum (agricultura

de sequeiro).

01

02

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│ Relatório analí co │ Página | 155

Figura 03 – Distribuição percentual das famílias rurais com e sem produção.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Das famílias que desempenham atividades agropecuárias (com produção), quase que

a totalidade (99%) destas possui áreas produtivas com tamanho inferior a quatro módulos

fiscais (um dos critérios necessários ao enquadramento na categoria de agricultor/a

familiar).

Em relação à mão de obra utilizada na produção, constatou-se que em 99% dos

domicílios entrevistados, a principal fonte de mão de obra é formada pelas pessoas da

própria família (mão de obra familiar). Verificou-se que em todos os domicílios rurais

pesquisados a gestão é realizada pelos próprios membros da família. Desta forma, percebe-

se que a famílias do território são os responsáveis tanto pelos aspectos da gestão, assim

como na execução das atividades cotidianas no domicílio/propriedade.

No que concerne à utilização de empregados permanentes na produção, verificou-se

que 93,2% das famílias não possuem empregados em suas atividades produtivas,

demonstrando que o perfil da agricultura no território caracteriza-se pelo regime de

trabalho familiar.

1. Agricultura familiar - todos os domicílios que atendem simultaneamente às seguintes condições:

i) Área de produção menor que quatro módulos fiscais; ii) A gestão do domicílio (produção) é feita pelos membros da família;

ii) Não possui acima de dois empregados permanentes; iv) A maior fonte de renda tenha origem da unidade produtiva.

2. Produção não familiar – todos os domicílios que não atendem pelo menos uma das condições citadas acima (i, ii, iii e iv).

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No aspecto da destinação final da produção verificou-se que 61,2 % das famílias

utilizam a produção para o consumo interno/familiar; e 38,8% são utilizados com dupla

finalidade (comercialização e consumo). Em nenhum estabelecimento rural foi identificada

produção com finalidade exclusiva para a venda. Constata-se que a maioria das famílias

possui uma lógica de produção voltada para o consumo interno baseando-se nas premissas

apontadas pela segurança alimentar, garantindo os alimentos básicos na manutenção da

família, comercializando aquilo que excede a produção ou aqueles produtos que não tem

utilização freguente na alimentação da família (castanha de caju, mel, etc.).

As famílias rurais do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu, apresentam

percepções diversas em relação qualidade da área utilizada para a produção. 47,6% das

famílias avaliam como boas as condições de suas áreas produtivas. Para estas, o tamanho,

qualidade do solo e as demais características de suas unidades produtivas satisfazem suas

expectativas. Outras 34,0% das famílias entrevistadas já as consideram essas áreas regulares

para a produção, demostrando certo grau de insatisfação que variam desde o tamanho e

qualidade da propriedade até as condições de exploração.

Por fim, foi abordado sobre a contribuição da produção na geração de renda para

manutenção da família. Neste aspecto, notou-se que mais da metade (64,6%) das famílias do

Território afirmaram que a principal fonte de renda é oriunda da produção agropecuária. As

outras 35,4% das famílias utilizam a produção agropecuária como complemento das demais

receitas da família - através da comercialização - ou para o consumo familiar (segurança

alimentar). Para aquelas famílias que não têm na atividade produtiva sua principal fonte de

renda, estes provêm suas necessidades a partir dos programas assistenciais dos governos

federal e estadual (bolsa família, benefício assistencial – LOAS, garantia safra, etc.) ou de

algum benefício previdenciário (pensão, aposentadoria, etc.). A figura 04 sistematiza as

principais características dos domicílios rurais do território.

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│ Relatório analí co │ Página | 157

Figura 04 – Caracterização das unidades produtivas do Território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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1.3 Escolaridade

Numa avaliação geral das condições de escolaridade da família, a maioria dos

entrevistados (45,1%) percebe que esta situação é boa. Os responsáveis pelas famílias

entendem que o fato de seus filhos estarem matriculados na escola – oportunidade que

muitos deles não tiveram – gera uma satisfação ao avaliarem sobre a qualidade de estudo da

família. Neste aspecto, a situação escolar de crianças e adolescentes no meio rural mostra-se

satisfatória quando se percebe o grande número de matriculados e que frequentam

regularmente a escola (94,2%). Vale destacar que esta situação (crianças matriculadas e com

freguencia escolar) é um dos critérios exigidos pelo Programa Bolsa-Família, “forçando” os

país a garantir a matrícula de seus dependentes.

Do lado oposto, a pesquisa demonstrou que a grande maioria dos adultos que vivem

no meio rural possuem baixos índices de escolaridade, sendo que somente 13,7% do adultos

chegaram a concluir o ensino fundamental.

Os dados sobre a escolaridade das famílias do território ainda revelaram que 56,1%

dos membros com idade superior a quinze anos são alfabetizados. Os outros 43,9% estão na

situação de não alfabetizados, com ausencia total de habilidades para escrita e leitura. Neste

grupo encontram-se parte dos membros da família que não concluiram o ensino

fundamental. A figura 05 traz o quadro da situação educacional das famílias residentes no

meio rural do Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Essa realidade tem gerado, ao longo dos anos, a situação de precariedade em que

vive a educação no meio rural, com resultados pedagógicos insuficientes e altos índices de

analfabetismo no meio rural.

Os dados demostram que a população adulta do território é a que possui os menores

indíces de alfabetização. Esse fato reflete diretamente com questões sobre a baixa

capacidade de gerenciamento de projetos ou na capacidade de planejamento das

organizações a qual estão vinculados. A situação exposta sugere uma maior atuação de

políticas públicas (programas e projetos de educação) voltados para alfebetização de adultos

no meio rural. O gráfico revela dados preocupantes, segundo esse, 86,3% dos pesquisados

responderam que nem todos os adultos da familia completaram o ensino fundamental (1º

Grau) e somente 13,7% dos adultos concluiram o ensino fundamental (1º grau).

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│ Relatório analí co │ Página | 159

Embora o número de estudantes que frequentam a escola no meio rural do território

seja superior aqueles que não frequentam, cabe-nos refletir e buscar-mos avaliar sobre a

qualidade e condições de ensino-aprendizagem e projetos pedagógicos estão adequados

suficientemente adequados a realidade e valoração do espaço rural. A figura 06 mostra as

informações sobre a escolaridade das famílias do território.

Figura 05 – Gráficos com a situação e percepção sobre escolaridade da famílias rurais do

Território Vales do Curu e Aracatiaçu.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 160

1.4 Condições de moradia

Quando questionados sobre as condições de moradias, 44,7% das famílias

pesquisadas sentem-se satisfeitas com suas moradias, apesar de serem registrados casos de

total miserabilidade (anexo 01). Parte desta percepção, apesar das poucas condições de

conforto das residências, baseia-se não somente nas condições materiais, mas também em

questões sobre a segurança e tranquilidade do espaço em que vivem. Vale resaltar que

como a pesquisa atinge um público rural com baixos índices de escolaridade, não permitindo

uma avaliação mais crítica ou referencial, isso pode acarretar em um maior número de

respostas do tipo boa, quando na realidade percebe-se condiçoes precárias de suas

moradias. A pequena minoria dos entrevistados, cerca de 5,8% e 2,4% , acreditam que a

situação de moradia encontra-se ruim e péssima, respectivamente. A figura 07 mostra a

percepção dos entrevistados sobre as condições de moradia de suas famílias.

Figura 06 – Percepção ds famílias sobre as condições de moradia.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

As famílias também foram questionadas sobre a existência de itens básicos em suas

residências (infraestrutura, eletrodomésticos, etc.), sendo constatados um significativo

avanço no acesso aos serviços de energia e acesso à água, presentes em mais de 80% dos

domicílios entrevistados. Nas duas últimas décadas os programas de eletrificação rural têm

avançado de forma bastane significativa no meio rural, com dados que se aproximam da

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│ Relatório analí co │ Página | 161

universalização deste serviço no território. A figura 08 destaca os principais itens presentes

nos domicílios rurais.

Figura 07 – Itens presentes nos domicílios das famílias entrevistadas.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

1.5 Acesso aos mercados A maioria das comunidades rurais do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu não

possui estratégias de divulgação e inserão de seus produtos no mercado. Neste aspecto

observou-se que a estratégia mais comum de comercialização se dá por meio de

intermediários (atravessadores). De acordo com a pesquisa, observou-se que a maioria dos

trabalhadores estão filiados a alguma associação ou cooperativas, mas não exploram de

maneira correta a força do trabalho em grupo para divulgação de seus produtos. Os

resulatados revelam que 96,6% dos agricultores nunca venderam seus produtos por

intermédio de cooperativas ou associações. Somente 3,4% responderam que às vezes

realizam esse tipo de venda. Vale lembrar que não houveram respostas para a opção de

sempre vender os produtos para cooperativas ou associação. Outro dado interessante foi a

percepção dos entrevistados sobre a atuação de atravessadores na comercialização dos

produtos. Para mais da metade dos entrevistados a atuação deste é benéfica, mesmo diante

da exploração dosbaixa remuneração paga pelos seus produtos. Para muitos dos

entrevistados á idéia é a seguinte: “ruim com o atravessador, pior sem ele”. Isto reflete que

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│ Relatório analí co │ Página | 162

aqueles que vendem sua produção aos atravessadores só enxergam nestes como o único

meio de venda de seus produtos, aliados a comodidade de não terem que se deslocar até as

sedes dos municípios na tentativa de comecializarem seus produtos.

A pesquisa revelou ainda que mais da metada das famílias considera que as

condições gerais para venda dos produtos é boa, que tendo produção

Figura 08 – Condições e estratégias de mercado e comercialização das famílias do território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

As comunidades rurais dos Vales dos Curu e Aracatiaçu sentem uma certa dependência dos

intermediários ou atravessadores, pois para eles tornam-se mais cômodos venderem seus

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│ Relatório analí co │ Página | 163

produtos a uma pessoa e assim não se preocuparem em buscarem mercados que julgam

incertos. De acordo com o gráfico, quando perguntados sobre a atuação dos intermediários

50,8% acreditam que atuação deste está mais para boa, e os 49,2 % restantes pensam de

maneira diferente, achando que atuação desses atravessadores prejudica de alguma forma o

desenvolvimento de seu negócio e a valorização de seus produtos.

De acordo com o gráfico, muito dos produtores rurais dos Vales do Curu e Aracatiaçu

não avaliam a ida ao mercado como sendo uma dificuldade ou um problema, pelo contrário,

56,1% deste acreditam que as condições de acesso aos mercados estão relativamente boas e

43,9% avaliam que a situação não pareça tão favorável. Quando observarmos a forte

influencia dos intermediários fica a indagação de que deve ser feito para que os produtores

possam valorizar seus produtos, pois muitos ainda preferem entregar sua mercadoria a

essas pessoas.

A grande dificuldade enfrentada pela maioria dos pequenos produtores é a falta de

apoio técnico para melhor utilização dos poucos recursos existentes. A falta de recursos

naturais e principalmente de recursos financeiros acabam por se tornarem um entrave na

produção desses agricultores. Segundo 51,5% dos entrevistados, a compra de insumos, para

a melhoria na produção, torna-se uma das principais barreiras encontrada pelos pequenos

produtores, por esses não disporem de recursos suficientes para adequação de seus

negócios. No entanto, 48,5% acreditam que as condições para a compra de insumos são

boas, por se tratar de elementos essenciais e de uso obrigatório para o bom desempenho e

qualidade da produção.

A grande maioria dos produtores dos Vales do Curu e Aracatiaçu não encontram

dificuldades para venderem seus produtos, pois quase sempre existem atravessadores que

facilitam o processo. O preocupante é que muitos desses agricultores deixam de receberem

um pouco mais por aquilo que produziram. De acordo com o gráfico 51,2% dos pesquisados

avaliam como positiva a venda de seus produtos e cerca 48,8%, acreditam que a situação

não está tão boa assim e que condições de venda precisa de uma considerável mudança

para que os produtores possam receber justamente pela sua produção.

De acordo com a percepção dos entrevistados, as condições de acesso aos mercados

são de certa forma tranquila, pois 36,4% deste avaliam como regular as condições para se

chegar aos mercados e 34,5% acreditam que as condições de entrada são relativamente

boas. De acordo com as demais pessoas que opinaram, cerca de 15,0% destas, julgam como

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│ Relatório analí co │ Página | 164

ruim as condições para acessar os mercados, 7,8% consideram péssimas essas condições e

somente 6,3% dos entrevistados acharam ótimas as condições de entrarem nos mercados.

1.6 Acesso a políticas públicas

Grande parte das famílias entrevistadas participa ou já participou de algum programa

do governo, pois boa parte desse Território encontra-se dentro de áreas castigadas pela

seca. Essa característica proporciona um maior investimento de recursos públicos para

tentar amenizar a situação de sofrimento dessa gente. Segundo o gráfico, 92,2% afirmaram

terem participado ou participam de algum programa do governo e somente 7,8% deste,

negaram qualquer participação em programas do governo.

Figura 09 - Participação e percepção das famílias do território sobre os programas de governo.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Os programas sociais juntamente com outras políticas públicas possibilitaram de

certa forma o aumento do poder de compra dessas famílias. De acordo com a percepção de

31,6% dos entrevistados, deles, acreditam que as condições de acesso a esses programas são

mais ou menos fáceis de conseguir, já 29,6% creditam ser complicada a participação nesses

programas. A pesquisa mostra ainda que 21.8% acreditam ser simples a participação nessas

políticas pública e 15,5% dizem serem muito complicadas as condições exigidas para

participarem nesses programas. Aquelas pessoas que optaram por responderem que não

sabiam sobre as condições ou que essas seriam muito simples, representam

respectivamente 1,0% e 0,5% dos entrevistados.

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│ Relatório analí co │ Página | 165

1.7 Acesso a crédito e assistência técnica

A maioria das famílias percebe que o acesso às políticas de crédito rural ainda são

complicadas. Esta percepção é condicionada por uma série de fatores que vão desde a

burocratização e demora na liberação dos recursos até a falta de conhecimento sobre a

disponibilidade deste serviço. Segundo relato das famílias, as diversas barreiras burocráticas

acabam desestimulando o pequeno produtor rural, pois mesmo cumpridas todas as

exigências, esses ainda tem que aguardar longas datas para aprovação do crédito. Apesar da

disponibilidade de linhas especiais de crédito do Programa Nacional de Apoio a Agricultura

Familiar (PRONAF) - com as menores taxas de juros do mercado, bônus de adimplência,

maiores prazos de carência – as famílias tem dificuldade de acesso a estas políticas. Dos 24

indicadores da pesquisa, as políticas de crédito rural e assistência técnica foram os aspectos

de pior avaliação na percepção dos entrevistados, indicando a necessidade de aprimoração

destes serviços. Em linhas gerais, as famílias desconhecem ou nunca receberam assistência

técnica em seus domicílios. A figura 10 mostra os resultados da percepção dos entrevistados

sobre crédito e assistência técnica.

Figura 10 - Percepção dos entrevistados sobre crédito e assistência técnica no apoio a produção.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Grande parte das secretarias de agricultura dos municípios dos territórios dos Vales

do Curu e Aracatiaçu apresenta deficiências em seu corpo técnico. De acordo com a maioria

dos entrevistados (36,9%) consideram que as condições para receber assistência técnica em

seus domicílios são complicadas e 26,2% acham essas condições mais ou menos, ou seja,

nem simples, nem complicadas. A pesquisa mostra também que 22,8% dessas pessoas

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│ Relatório analí co │ Página | 166

acreditam que as condições pra se conseguirem assistência técnica são muito complicadas,

13,6% acham simples e somente 0,5% acreditam que as condições são muito simples.

1.8 Presença de instituições que favorecem o desenvolvimento rural

As instituições públicas e organizações da sociedade civil (sindicatos, ONGs,

associações, etc.) têm papéis fundamentais no apoio ao desenvolvimento das áreas rurais do

território, contribuindo com a prestação de serviços de natureza pública (educação, saúde,

assistência técnicas às unidades produtivas), fomentando atividades de geração de renda e

incentivo as manifestações culturais. Neste aspecto as famílias rurais foram questionadas

sobre a atuação destas organizações em suas localidades. A maioria destas avaliou como boa

a atuação destas em sua localidade. No outro extremo, parcela significante dos

entrevistados (20,9%) avalia como péssima esta atuação, indicando insatisfação das famílias

com os serviços de natureza pública. Em linhas gerais, os entrevistados tinham dificuldade

em avaliar esta questão, pois na maioria dos casos, desconheciam que tipos de organizações

e quais os serviços eram prestados em sua localidade. Somente 9,2% das famílias

consideraram ótimas. A figura 11 revela a percepção das famílias sobre a prestação de

serviços de organizações na localidade.

Figura 11 – Avaliação da atuação de entidades na localidade.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 167

Existe em nosso país uma má distribuição de renda, onde a pequena minoria detém

grande parte dos recursos e a grande maioria se contenta com tão pouco. No Território dos

vales do Curu e Aracatiaçu a situação não poderia ser diferente, por estar localizada em uma

área castigada pela seca a situação torna-se ainda mais agravante. De acordo com as famílias

pesquisadas, 48,5% acham a situação de sua renda regular, 19,4% avaliam como boa as suas

situações, 15,0% acreditam ser ruim, 13,1% falaram ser péssima e somente 3,9% disseram

ser ótima a situação de sua renda familiar.

2. CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO 2.1 Renda familiar

O primeiro aspecto abordado na pesquisa como atributo de desenvolvimento foi o

fator renda. Neste item, 48,5% das famílias do território avaliaram que os ganhos em

dinheiro da família são regulares, numa situação mediana. Apenas 19,4% consideram boas

estas condições. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas com foco na geração

de renda meio rural.

Figura 12 – Percepção sobre a situação e as fontes de renda das famílias do território.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

2.2 Produtividade do trabalho

Os resultados da figura 12 mostram a percepção das famílias rurais do território

sobre os resultados alcançados com a produção em relação à mão-de-obra utilizada.

Segundo 41,7% destas famílias a produtividade do trabalho é regular, resultado que pode

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│ Relatório analí co │ Página | 168

está vinculada ao pequeno tamanho das áreas produtivas (minifúndios), descapitalização e

baixa utilização de técnicas que aumentam a produção agrícola. Figura 13 – Percepção das famílias sobre a produtividade do trabalho.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

2.3 Produtividade da terra

Em relação à produtividade (produção/área) dos domicílios entrevistados, os

resultados da pesquisa evidenciam que 30,6% destes consideram como bom. Já para maioria

das famílias entrevistadas (46,6%), os resultados da produção são regulares. Vale ressaltar

que 99% das famílias entrevistadas exploravam áreas com menos de 04 módulos fiscais

(minifúndios), com solos de baixa produtividade aliados a baixa utilização de técnicas

agrícolas para o aumento da produtividade (conservação e manejo de solos, irrigação,

adubação, etc.). Mesmo diante desta situação, 25,2% das famílias julgam como boa a

produtividade que obtém das atividades agropecuárias – levando em conta a área utilizada.

A figura 13 mostra o gráfico com os diversos graus de percepção dos entrevistados sobre

esta questão.

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│ Relatório analí co │ Página | 169

Figura 14 - Produtividade das áreas utilizada pelas famílias do território

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

2.4 Diversificação da produção agropecuária

Figura 15 - Diversidade da produção das unidades produtivas.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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2.5 Diversificação das fontes de renda

Segundo dados da pesquisa a grande maioria das famílias rurais do território ainda

dependem das políticas assistenciais do governo federal (bolsa família). A principais fontes

de renda destas famílias são oriundas do programas de tranferência de renda e produção

agrícola. As condições de baixa oferta de trabalho no meio rural aliado as pequenas

propriedades comprometem a diversidade de fontes de rendas desta famílias. (figura 16).

Figura 16 - Diversidade das fontes de renda das famílias no território

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

As famílias também tiveram a oportunidade de opinar sobre a diversidade das fontes

de renda, entendendo que quanto mais diversas forem as fontes de renda (provenientes de

mais uma pessoa ou trabalho), maior a estabilidade diante das possíveis situações de crise e

imprevistos. Os resultados apontam que 40,8% das famílias do território consideram suas

fontes de ganhos pouco variadas, refletindo a situação de baixa empregabilidade ou falta de

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│ Relatório analí co │ Página | 171

oportunidades de trabalho no meio rural, gerando esta percepção por parte das famílias

entrevistadas. A figura 17 a opinião das famílias do território sobre este aspecto.

Figura 17 – Percepção das famílias sobre a diversidade das fontes de renda.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

2.6 Uso e preservação da água No aspecto de conservação dos recursos naturais a maioria (48,5% - figura 18) das

famílias entrevistadas entende que as fontes hídricas que abastecem seus estabelecimentos

encontram-se em boa situação de preservação. Outras 17% das famílias avaliaram como

ótimas as condições de integridade e segurança deste recurso natural (água). Esta percepção

“boa” sobre conservação das fontes hídricas pode está relacionada com as políticas de

sustentabilidade hídrica no território (cisternas de placa, cisternas calçadão, etc.).

Figura 18 - Conservação dos recursos hídricos

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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│ Relatório analí co │ Página | 172

2.7 Uso e preservação do solo Referente à preservação das áreas produtivas em suas propriedades, grande parte

das famílias (38,3% - figura 19) considera que estas estão em boas condições. Já para mais

da metade das famílias citaram que suas propriedades as respostas variaram entre regular e

péssima. Este fato pode indicar que os processos de degradação das áreas produtivas ainda

é uma constante no meio rural. A maior parte destas famílias não possuem acesso à

tecnologias ou orientação técnica sobre conservação de seus recursos naturais.

Figura 19 - Conservação das áreas de produção.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

2.8 Uso e preservação da vegetação nativa

A figura 20 mostra os resultados da percepção das famílias sobre a conservação das

matas nativas em suas propriedades e no seu entorno. A maior parte destas famílias

(35,44%) percebe como "boa" a situação de preservação/conservação das áreas nativas.

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Figura 19 - Conservação das áreas de vegetação nativa.

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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COMPARAÇÃO ENTRE FAMÍLIAS COM PRODUÇÃO E SEM PRODUÇÃO Numa das etapas da pesquisa sobre as condições de vida as famílias do território -

com produção e sem produção - foram comparadas quanto aos efeitos de desenvolvimento

nos seguintes aspectos: alimentação, saúde, situação da mão de obra familiar, situação

econômica, situação ambiental, participação política e participação cultural). O objetivo

desta comparação era identificar a existência ou não de diferenças na qualidade de vida

entre as famílias com produção e aquelas que não desenvolviam nenhum tipo de atividade

agropecuária. Para todos estes aspectos pesquisados pode-se constatar que não houve

diferenças significativas entre estas duas categorias. Os gráficos abaixo demonstram esta

comparação (figuras 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 26).

Figura 20 - Condições de alimentação

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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Figura 21 - Condições de saúde

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Figura 22 - Mão de obra familiar fora do domicílio

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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Figura 23 - Situação econômica

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Figura 24 - Situação ambiental

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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Figura 25 - Participação política

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

Figura 26 - Participação cultural

Fonte: SGE – MDA/SDT, 2011.

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CONCLUSÕES ÍNDICE GERAL SOBRE AS CONDIÇÕES DE VIDA DAS FAMÍLIAS DO TERRITÓRIO

Neste aspecto foram considerados somente os dados coletados junto às famílias que

tinham como característica comum a produção em seus domicílios rurais (agricultura

familiar e produção não familiar). As famílias caracterizadas como não produtivas não serão

avaliadas neste aspecto, tão somente quanto aos efeitos do desenvolvimento (3ª instância

da pesquisa). Abaixo segue uma conclusão dos pontos de maior relevância em cada um dos

oito indicadores.

Os dados gerados pelo SGE resumem a situação para cada um indicadores gerais da

pesquisa ICV (figura 27). Numa primeira avaliação percebe-se que o índice geral de

condições de vida percebido pelas famílias do território foi média (0,574), demostrando uma

situação insatisfatória dos aspectos subjetivos sobre qualidade de vida. Diante da grande

dívida histórica que a sociedade tem para com os camponeses, podemos considerar uma

situação mais próxima de satisfação quando o índice atingir o patamar de 0,7. Analisando as

três dimensões abordadas na pesquisa pode-se perceber que os fatores e características de

desenvolvimento foram os elementos que tiveram menor contribuição na formação do

índice geral, demonstrando a situação de exclusão social e econômica que ainda vive

população rural do território e precariedade de serviços públicos básicos (acesso a terra,

educação, moradia, crédito, etc.).

Por outro lado, os efeitos do desenvolvimento (situação real em vivem os

entrevistados) teve o resultado de médio alto (0,669), apresentando como o elemento mais

próximo do grau de satisfação (0,7) na qualidade de vida das famílias do território. Este

resultado demostra que mesmo na ausência ou baixa eficiência do Estado com políticas

públicas básicas (educação, saúde, moradia, etc.), as famílias consideram boa sua situação

de vida nas questões sobre alimentação, aumento da renda, melhoria das condições

ambientais e participação. Estes resultados apontam para uma maior autonomia das famílias

em garantir uma melhor condição de vida para seus membros, mesmo diante da

ausência/ineficiência de políticas públicas para o meio rural. Estes dados ajudam na reflexão

de políticas públicas a partir da percepção dos beneficiários, servindo como orientador para

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os gestores públicos na qualificação e ampliação de suas ações e programas de

desenvolvimento rural.

Figura 27 - Indicadores gerais do ICV no território.

Fonte: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu.

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│ Relatório analí co │ Página | 180

1. FATORES DE DESENVOLVIMENTO

Figura 28 – Indicadores dos fatores de desenvolvimento

Fonte: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu.

1.1 Mão de obra familiar em atividade dentro ou fora da unidade

A maioria dos estabelecimentos rurais do território possui sua composição familiar

formada por mais de cinco membros. Estes desempenham atividades no próprio domicílio.

Este indicador revelou que a mão de obra utilizada nos domicílios rurais é oriunda das

próprias famílias, e que a quantidade de membros que trabalham é suficiente no

atendimento da demanda de trabalho nas propriedades – sem necessidade de contratação

de mão de obra.

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│ Relatório analí co │ Página | 181

1.2 Área da unidade de produção familiar

Caracterizam-se como pequenas unidades de produção (áreas produtivas com

tamanho inferior a quatro módulos fiscais) em 99% dos domicílios pesquisados. Os

processos de gestão/administração da propriedade são realizados pelos próprios membros

da unidade familiar, assim como, as atividades propriamente ditas.

1.3 Escolaridade

Quanto à escolaridade as famílias do território, a maioria percebe que as condições

de escolaridade estão boas, apesar de grande parte dos adultos serem analfabetos ou não

chegaram a concluir o ensino fundamental. Os resultados indicam que o grau de satisfação

das famílias está relacionado com a situação em que as crianças e adolescentes em idade

escolar estão matriculados e frequentam a escola. Mesmo diante das dificuldades e

precariedade das escolas no meio rural, há uma percepção positiva das famílias sobre este

serviço. A escolaridade das famílias foi o segundo melhor indicador avaliado pelas famílias,

demonstrando que estas possuem acesso à educação, seja na área urbana ou nas

comunidades rurais. Convém observar que os entrevistados - geralmente o pai ou a mãe -

avaliam a melhoria de condições de acesso á escola comparada a sua situação remota.

Assim, estes consideram que seus filhos atualmente têm mais condições de acesso as

escolas em comparação às gerações passadas. Pode-se observar que esta comparação serviu

como base dos entrevistados, considerando que as atuais gerações possuem mais

oportunidades de acesso à educação formal.

1.4 Condições da moradia

No tocante as condições de moradia, percebe-se que a maioria das famílias avaliaram

estas suas condições como satisfatórias. Mesmo diante de residências com infraestrutura

precária, as respostas dos moradores sugerem que suas avaliações subjetivas não estão

relacionadas somente a infraestrutura física, e sim, em outros elementos subjetivos, tais

como o sentimento de segurança e de identidade/pertencimento ao local. Durante as

entrevistas foram constatadas situações de extrema pobreza, e mesmo diante desta

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│ Relatório analí co │ Página | 182

situação estas famílias entendiam que suas moradias atendem suas expectativas. Esta

percepção positiva pode está relacionada com a melhoria e acesso destas famílias aos

serviços de energia elétrica e abastecimento de água - já presente na grande maioria das

moradias. O acesso a estes serviços desdobram num maior estímulo para aquisição de itens

para sua moradia (eletrodomésticos, eletrônicos, etc.) contribuindo no aumento da

autoestima destas famílias e melhoria da qualidade de vida. Esse foi o indicador com melhor

avaliação pelas famílias do território, o que pode demonstrar a satisfação das famílias em

seus ambientes de moradia.

1.5 Acesso a mercados

Grosso modo, a maioria das famílias entrevistadas, considera que as condições de

venda de produtos, assim como, meios de acesso ao mercado - tanto na compra como

venda - são boas. Foi verificado ainda que a maior parte das famílias do território não possui

estratégias nos processos de comercialização de seus produtos, tendo como agente desse

processo os atravessadores/intermediadores. Assim, as famílias avaliam que a presença de

atravessadores como única opção para venda de seus produtos.

Os programas institucionais de compra da produção familiar (PAA, PNAE) foram

identificados em todos os municípios do território – através de secretarias de agricultura

e/ou Ematerce – sendo um meio alternativo de comercialização de seus produtos.

1.6 Acesso a políticas públicas

A grande maioria das famílias do território participa ou já participou dos programas

de governo. Boa parte das famílias considera complicado o acesso às políticas públicas. Este

indicador ficou abaixo de 0,5 sugerindo que os programas de governo não satisfazem as

expectativas das famílias do território.

1.7 Acesso a crédito e assistência técnica

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Foi o indicador mais baixo na avaliação das famílias do território, indicando a

insatisfação da população do território com os serviços de assistência técnica em suas

unidades produtivas. O acesso ao crédito foi o segundo pior indicador nos fatores de

desenvolvimento. Assim, assistência técnica e acesso a crédito são políticas de fomento ao

desenvolvimento rural que necessitam ser ampliadas e consolidadas no território.

1.8 Presença de instituições que favorecem o desenvolvimento rural

A presença de instituições e desenvolvimento rural nas localidades não foi percebida

pela maioria das famílias entrevistadas. Este fato sugere que as comunidades rurais

percebem um distanciamento entre estas instituições da realidade vivenciada no campo.

2. CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO

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Figura 29 – Indicadores das características de desenvolvimento

Fonte: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu.

2.1 Renda familiar

Este indicador ficou abaixo da média geral, demostrando que há uma insatisfação da

maioria das famílias com sua situação de renda. Este indicador está relacionado com o

indicador 12 que revela a baixa diversificação das fontes de renda das famílias do território.

Relaciona-se ainda com as poucas oportunidades de trabalho no meio rural, ficando a renda

restrita aos bons períodos de colheita na agricultura de sequeiro (período chuvoso restrito

as culturas anuais – feijão, milho, mandioca, etc.), aos benefícios assistenciais do governo

federal e estadual (bolsa família, seguro safra, etc.). Vale destacar que este foi o pior

indicador dentro daqueles que compõem a dimensão que versa sobre as características do

desenvolvimento, demostrando a urgência da intervenção estatal em questões de geração

de emprego e renda do meio rural. O baixo índice deste indicador aponta para formulação

de políticas públicas que tenha como escopo o apoio aos mecanismos de geração de

oportunidades de trabalho nos meios rurais.

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│ Relatório analí co │ Página | 185

2.2 Produtividade do trabalho

Os aspectos relacionados a produtividade do trabalho indicaram que as famílias

demonstraram satisfação média em relação a quantidade e as condições de trabalho dos

membros da família na propriedade.

2.3 Produtividade da terra

Neste aspecto a maior parte das famílias (46,6%) do território percebem que a

produtividade de suas unidades produtivas encontras-se em situação regular. Em quase a

totalidade (99%) das famílias visitadas na pesquisa possuem propriedades que se

caracterizam como minifúndios (áreas menores de quatro módulos fiscais) e utilizam a

própria mão de obra familiar na execução das atividades de exploração destas áreas. Em

30,6% das famílias entrevistas consideraram como boa a produtividades em suas

propriedades.

2.4 Diversificação da produção agropecuária

Para maior parte das famílias do território (43,7%) percebem que a diversidade das

atividades em suas unidades produtivas é boa, indicando que apesar das dificuldades

encontradas na manutenção das atividades agropecuárias em suas propriedades, estes

demonstram uma relativa satisfação na variedade de atividades desenvolvidas.

2.5 Diversificação das fontes de renda

Constatou-se que ainda são poucas as alternativas de geração de renda disponíveis

para as famílias do território. Este indicador revelou-se um dos mais baixos, demonstrando a

dificuldade famílias e a dependência delas dos programas assistências do governo.

2.6 Uso e preservação da água

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│ Relatório analí co │ Página | 186

A conservação dos recursos hídricos foi o melhor indicador da dimensão sobre

características do desenvolvimento, sendo o mais próximo do satisfatório. Este aspecto

relaciona-se com o aumento da disponibilidade e acesso a água nos municípios do território

a partir de políticas públicas de saneamento e abastecimento de água no meio rural -

programas e estratégias de armazenamento de água (cisternas de placa, cisternas calçadão,

etc.), construção grandes reservatórios públicos. Este aspecto tem significativa importância

para região que historicamente sofre com as condições de escassez de agua nos períodos de

seca. Este indicador aponta para um avanço significativo no cumprimento do direito básico

de acesso a água em quantidade e qualidade suficiente. Aliado as ações governamentais de

acesso à água, percebe-se uma maior articulação da sociedade civil através dos comitês

regionais de bacias hidrográficas presentes no território. No território atuam dois comitês de

bacia – Curu e Acaraú – onde todos os municípios do território possuem assento. Nestes

espaços colegiados, os poderes públicos e representantes de organizações da sociedade civil

discutem e propõem estratégias de uso e conservação dos recursos hídricos.

2.7 Uso e preservação do solo

Em linhas gerais as famílias percebem que a utilização e a preservação dos solos em

seus domicílios são boas. Apesar da grande maioria dos agricultores não disporem de terras

férteis, percebe-se que o sentimento de satisfação das famílias está relacionado ao

pertencimento e identidade com o local.

2.8 Uso e preservação da vegetação nativa

Este indicador ficou acima da média geral, o que pode indicar uma maior

sensibilização da população do território sobre a importância da manutenção e preservação

dos recursos naturais.

3. EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO

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│ Relatório analí co │ Página | 187

Este foi o elemento de maior contribuição do indicador geral sobre as condições de

vida da população do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu. Para efeito de análise

comparativa, creditamos o valor 0,7 como uma situação hipotética de satisfação das famílias

em relação a sua qualidade de vida. Desta forma, percebe-se que apenas a situação em que

os membros das famílias permanecem no domicílio alcançou o patamar de satisfação

(0,827), indicando uma possível diminuição do êxodo rural no território. Segue uma síntese

para cada um dos indicadores.

Figura 30 – Indicadores de efeitos de desenvolvimento

Fonte: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu.

3.1 Condições de alimentação da família

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│ Relatório analí co │ Página | 188

Este foi o terceiro pior indicador dos efeitos de desenvolvimento no território. Esta

realidade sugere que muitas famílias do meio rural permanecem sem acesso as condições

básicas de alimentação nos aspectos quantitativos e qualitativos.

3.2 Condições de saúde da família

Caracterizou-se como o segundo pior indicador dos efeitos de desenvolvimento.

Pode-se inferir que este resultado é reflexo da precariedade de políticas de saúde no meio

rural.

3.3 Permanência dos membros da família da unidade de produção

Este foi o melhor indicador dos efeitos do Desenvolvimento no território. Este fato

pode indicar uma diminuição dos movimentos de migração do campo para os grandes

centros urbanos.

3.4 Mudanças na situação econômica da família

Os aspectos econômicos se caracterizam pela baixa oferta de serviços no meio rural e

a maior parte da renda das famílias tem origem na produção e dos programas assistências

do governo.

3.5 Mudanças na situação ambiental da unidade

Apesar de o público pesquisado residir num território em que se identificam diversos

problemas ambientais (áreas em processos de desertificação, queimadas, desmatamento,

assoreamento de recursos hídricos, etc.) estes consideram que nos últimos anos há uma

maior sensibilização da população em torno desta questão – fortalecida pela mídia – e

respectiva melhoria das condições ambientais no entorno de seu estabelecimento ou

localidade. Este foi o pior indicador apontado pela pesquisa no tocante aos efeitos do

desenvolvimento. Para uma grande parte das famílias a percepção é que os recursos

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│ Relatório analí co │ Página | 189

naturais têm sofrido um processo de intensificação da degradação dos recursos naturais ao

longo do tempo.

3.6 Participação social

Dentro da concepção sobre o que vem a ser participação social, as famílias avaliaram

como “boa” a participação social no meio e que vivem. A participação social destas famílias

está relacionada ao envolvimento em eventos religiosos e festas tradicionais em sua

localidade e seu entorno.

3.7 Participação política

Em relação à participação política, a maioria das famílias percebe esta como sendo

boa ou ótima. Sobre isso, as respostas dos entrevistados mostraram que as famílias avaliam

sua participação política satisfatória. Grosso modo, percebe-se que as famílias entendem

que uma boa participação política está relacionada com sua participação dos processos de

eleição municipal, estadual e federal, gerando um sentimento e entendimento do

cumprimento de sua obrigação cívica. Foram poucas as famílias que ampliaram o conceito

de participação política para além dos processos eleitorais, tais como: participação em

conselhos e sindicatos, das decisões em sua comunidade através das associações, etc.

3.8 Participação cultural

As famílias do território avaliaram sua participação cultural como satisfatória. A

maioria das famílias entende que a sua participação nos eventos da comunidade

(festividades religiosas, festas dançantes, reisados, “farinhadas”, etc.) por si já são elementos

que demonstram o seu efetivo envolvimento dos aspectos culturais em suas localidades.

Percebe-se que nas comunidades rurais um enfraquecimento na manutenção e valorização

dos aspectos culturais locais, com dificuldades em perpetuar estes elementos com as novas

gerações.

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7 - Análise integradora de indicadores e

contexto

ANÁLISE INTEGRADORA DAS PESQUISAS

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A partir da conclusão do primeiro ciclo de pesquisas da CAI Vales do Curu e

Aracatiaçu (2010/2011) pode-se identificar uma enorme variedade de informações sobre o

desenvolvimento e construção do território, assim como, os aspectos positivos e

dificuldades no avanço de uma Política de Desenvolvimento Territorial Sustentável. Nessa

etapa do documento, desenvolveremos uma avaliação sistemática a partir das cinco

primeiras pesquisas realizadas no Território dos Vales do Curu e Aracatiaçu, destacando os

principais aspectos e características da gestão territorial - desde a formação e dinâmica do

colegiado territorial e seu respectivo controle e comprometimento com a Política de

Desenvolvimento Territorial.

1. Identidade x Gestão do colegiado

No aspecto da formação da identidade no território os resultados indicam que a

Agricultura Familiar é o principal elemento de coesão social entre os participantes do

colegiado territorial. Este aspecto é reforçado ao se analisar que a grande maioria das

organizações (poder público e sociedade civil) do colegiado territorial é formada por

entidades que trabalham direta ou indiretamente na defesa e apoio ao público enquadrado

no conceito de Agricultura Familiar. Neste aspecto observa-se um grande envolvimento dos

movimentos sociais – podendo citar a atuação STTRs e ONGs que têm neste público seu

principal foco de ação.

Percebe-se ainda que o segmento Agricultura Familiar no Território também tem sido

o principal público beneficiado com as políticas de Desenvolvimento Rural desenvolvidas

pelas entidades que representam o poder público municipal, estadual e federal - através das

secretárias de agricultura e similares; Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do

Ceará (SDA) e Empresa de assistência técnica e extensão rural do Ceará (Ematerce); e

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Assim observa-se que o segmento da

Agricultura Familiar relaciona-se diretamente com a gestão territorial por ser o principal

público alvo da Política de Desenvolvimento Territorial, onde há um consenso no colegiado

territorial no sentido de que a políticas públicas alocadas no território devem ter como

prioridade ações de fortalecimento da Agricultura Familiar.

Outro aspecto que pode comprovar esta identidade é o fato de todos os projetos de

investimento executados no território atendem o público da Agricultura Familiar,

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│ Relatório analí co │ Página | 192

contemplando grupos organizados em entidades com caráter associativo. Todos estes fatos

reforçam a identidade territorial tendo como principal elemento este público. Tanto

organizações da sociedade civil como do poder público concordam que agricultura familiar é

o principal elemento motivador das discussões no território, gerando as propostas de

projeto para o fortalecimento social e econômico das comunidades do território. A

agricultura familiar é um dos critérios obrigatórios para aprovação dos projetos junto à

plenária territorial, demonstrando a interdependência existente entre o principal elemento

da identidade (agricultura familiar) e a gestão de projetos. A plenária possui autonomia para

definir – respeitando as diretrizes gerais da política territorial – quais projetos e cadeias

produtivas serão contempladas no território, tendo como critério comum em todos os

projetos aprovados a caracterização do público beneficiado ser obrigatoriamente grupos

organizados de agricultores/as de base familiar.

2. Gestão do colegiado x Avaliação de projetos

No tocante a gestão do colegiado observou-se deficiências que vão desde a definição

das entidades sócias do colegiado territorial até a formação de suas respectivas instâncias

que exerça o controle/monitoramento e avaliação dos projetos no território. Percebe-se o

baixo controle social e acompanhamento das instâncias territoriais nas fases de implantação

dos projetos. A falta de um núcleo técnico para o apoio na elaboração e análise das

propostas técnicas compromete a boa gestão dos projetos alocados no território, assim

como o alcance das metas e objetivos propostos pela política territorial. Assim, percebe-se

que a deficiência na gestão do colegiado compromete a eficiência e eficácia dos resultados

projetos de investimento. Nota-se ainda a ausência de acompanhamento pelas instâncias

colegiadas da situação dos empreendimentos apoiados quanto aos resultados e impactos

sobre as comunidades atendidas. Outro aspecto percebido e citado por muitos membros

que compõem o núcleo dirigente do colegiado territorial (CDT) é a dificuldade de o conselho

territorial prover recursos financeiros para manutenção da própria entidade e animação dos

eventos (plenárias, reuniões dos comitês temáticos, etc.). Esta realidade compromete a

gestão territorial em todas suas instâncias, enfraquecendo a dinâmica territorial.

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8 - Propostas de ação para o Território

PROPOSTAS E RECOMENDAÇÕES

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│ Relatório analí co │ Página | 194

Com a conclusão do primeiro ciclo de pesquisas no território dos Vales do Curu e

Aracatiaçu (2010/2011) a célula de pesquisa disponibiliza para todos os agentes territoriais

(poder público e sociedade civil) um conjunto de informações que podem auxiliar na

avaliação dos impactos efetivos das políticas públicas - com viés no Desenvolvimento

Territorial Sustentável – junto aos seus respectivos beneficiários. Com objetivo de contribuir

no processo de aperfeiçoamento destas políticas públicas, a CAI Vales do Curu e Aracatiaçu,

sob a coordenação do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do

Ceará identificou alguns pontos críticos – a partir dos resultados das pesquisas e do

acompanhamento da dinâmica territorial – que dificultam a boa gestão dos projetos e o

efetivo controle social das políticas públicas alocadas no território.

A partir da avaliação dos resultados das pesquisas cumpre destacar alguns pontos

que consideramos de grande valia para melhoria da qualidade de vida das famílias do

território dos Vales do Curu e Aracatiaçu. As propostas são apresentadas nos seguintes eixos

estratégicos: fortalecimento da gestão territorial e projetos de investimento.

Fortalecimento da gestão territorial

1. Consolidar e fortalecer as instâncias do colegiado territorial (núcleo dirigente, comitês

temáticos e núcleo técnico) com foco na discussão e priorização dos projetos estratégicos

para o território definidos em seus instrumentos de planejamento (diagnósticos, planos

de cadeias produtivas, PTDRS, etc.);

2. Articulação do colegiado territorial com instâncias/representações do poder público

municipal e estadual com foco na integração de políticas públicas para o desenvolvimento

territorial;

3. Construir mecanismos de operacionalização e acompanhamento das ações propostas no

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – PTDRS.

Projetos de investimento

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│ Relatório analí co │ Página | 195

1. Avaliar a situação dos projetos implantados no território (2003-2010) com a finalidade de

identificar os principais aspectos que comprometem a sustentabilidade dos projetos;

2. Criar estratégias de monitoramento e avaliação dos projetos implantados no território;

3. Elaborar propostas de projetos a partir de estudos e/ou avaliação técnica e social da

viabilidade e sustentabilidade dos projetos apoiados no território, evitando o desperdício

de recursos públicos, aumentando assim a eficiência e eficácia das políticas públicas para

o território;

4. Aprovar projetos a partir de critérios objetivos, tais como: identificando a capacidade de

gestão dos empreendimentos; existência de lideranças comprometidas; e capacidade

empreendedora dos beneficiários.

5. Celeridade e eficiência na aprovação e execução dos projetos de investimento,

minimizando as etapas (trâmites) burocráticas na operacionalização dos projetos

(PROINF).

6. Criar mecanismos de participação dos beneficiários nas fases dos projetos (concepção,

diagnóstico, definição de beneficiários, elaboração, execução, acompanhamento e

avaliação).

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│ Relatório analí co │ Página | 196

ANEXOS

Anexo 1 - Validação dos instrumentos de pesquisa

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│ Relatório analí co │ Página | 197

Obs.: Todos os questionários das pesquisas (Q1, Q2, Q3, Q4 e Q5) foram aplicados com o

acompanhamento e orientação dos técnicos da CAI Vales do Curu e Aracatiaçu - com base

nas orientações da SDT e os respectivos manuais de cada pesquisa. Acreditamos que a

adoção deste método - entrevista estruturada a partir dos formulários – gerou maior

credibilidade a pesquisa. Não optamos pelo método de aplicação de questionário em

grupo/plenária. Valorizando as entrevistas individuais por acreditar que este método possuir

um maior controle e seriedade nas respostas, possibilitando ainda o esclarecimento dos

entrevistados acerca de possíveis dúvidas das questões abordadas pelos instrumentos de

pesquisa.

Segue abaixo as considerações da CAI Vales do Curu e Aracatiaçu sobre os questionários do

primeiro ciclo de pesquisas realizadas no território (2010/2011).

Pesquisa Q1 - CAPACIDADES INSTITUCIONAIS

Nas questões que continham a opção "outro" foram nominadas no papel/questionário,

porém não apareceram depois de tabulado no SGE.

Questionário de aplicação rápida e sem grandes dificuldades de compreensão dos

entrevistados.

Q1_P8: Quais Conselhos e/ou Consórcios Público estão atuando no Município?

No SGE não apareceram informações dos "outros" conselhos existentes no município;

Q1_P10: Quais segmentos sociais realizam ações de apoio às áreas rurais do município?

No SGE não apareceram informações dos "outros" segmentos sociais existentes no

município;

Q1_P11: Os investimentos municipais de estímulo ao desenvolvimento são orientados por

cadeias produtivas?

Faltou à opção "não sabe". Seria interessante o entrevistado mencionar em qual

instrumento se comprova que estes investimentos são realmente orientados por cadeia

produtiva. O entrevistado não tendo convicção da existência ou não pode fornecer uma

informação falsa para pesquisa.

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│ Relatório analí co │ Página | 198

Q1_P12: Existem acordos de venda da produção entre os produtores do município e

organizações para comercialização?

Faltou a opção/espaço para o entrevistado citar os programas ou organização que atuam

nestes acordos. (PAA, PNAE, Base de serviços, etc).

Q1_P13: Quantas instituições de prestação de serviços tecnológicos (para apoio e melhoria

das atividades produtivas) existem no município?

Seria interessante, se possível, um espaço para o entrevistado citar os nomes destas

instituições (poder público x organizações da sociedade civil).

Q1_P16: A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais?

Faltou à opção "não sabe". Caso a resposta fosse afirmativa, poderia ser feita a seguinte

pergunta: As informações são disponíveis em que meio\qual a sua utilização pela

administração?

Q1_P18: Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município?

Faltou à opção "não sabe". Qual a utilização destes mapas?

Q1_P20: Quantos protestos ou manifestações sociais ocorreram durante o último ano?

Estes protestos estavam relacionados ao meio rural (ocupação de terras, passeatas, etc.) ou

zona urbana (greve, sem teto, etc.).

Q1_P21: Indique as estruturas existentes para as atividades culturais no município:

Faltou à opção não existe. Os "outros" citados por extenso não estão disponíveis no SGE.

Q1_P22: O município possui Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar?

Poderia ampliar esta pergunta na identificação das secretarias existentes no município.

Assim como foi para os tipos de conselhos.

Q1_P23: A Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar, possui quadro de técnicos

permanente?

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│ Relatório analí co │ Página | 199

Nesta pergunta deveria ter ficado mais claro se estes técnicos eram servidores públicos

efetivos (concursados) ou se eram servidores temporários (contratados).

Q1_P27: Há neste município Secretaria Municipal de Planejamento?

Complemento da pergunta: ...ou que exerça função similar. Poderia formular uma única

pergunta sobre as secretarias existentes nos municípios.

Pesquisa Q2 - IDENTIDADE TERRITORIAL

Devido às perguntas possuírem caráter subjetivo, este foi o questionário com maior

dificuldade de compreensão por parte dos entrevistados. Como mudavam somente as

perguntas do “cabeçário” (os itens das "bolinhas" eram os mesmos) havia uma tendência de

marcar os mesmos itens (na mesma intensidade), principalmente aqueles entrevistados que

possuíam menor capacidade de subjetividade ou baixo conhecimento sobre o território;

Necessidade de definição com idéias chave ou exemplos de cada um dos itens a marcar

(p.e.: processos de colonização = reforma agrária, ocupação de terras, colonos, etc.).

Q2_P9: Na gestão do território, como é avaliada a participação das seguintes instituições:

Neste item, ouve duplo sentido na interpretação: i) avaliar a participação das organizações

ambientais; ou ii) avaliar qual a importância da participação das organizacionais ambientais

na gestão do território (independente de estas estarem ou não participando do colegiado).

Proposta: durante os encontros nacionais das CAIs, reservar um dia específico para

esclarecimento dos itens do formulários das próximas pesquisas.

Q2_P10: Quanto a visão de futuro do território, como você avalia a importância dos

seguintes aspectos:

Poderia ser mais objetivo nesta pergunta. Da seguinte forma: Numa visão de futuro para o

território, qual a importância dos recursos naturais; agricultura familiar... etc.

Q2_P11: Na definição das metas e objetivos de desenvolvimento propostos pelo território,

qual a importância dos seguintes aspectos:

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│ Relatório analí co │ Página | 200

Outra opção de texto, tornando mais claro para os entrevistados: Para o planejamento

(metas e objetivos) territorial qual a importância dos recursos naturais; agricultura familiar...

etc.

Q2_P13: Que importância tem tido cada um dos seguintes aspectos na história comum do

território:

Outra opção de texto: Na história comum do território, qual foi a importância dos recursos

naturais; da agricultura familiar...etc.

Q2_P14: Que importância tem os seguintes aspectos, nos principais conflitos existentes no

território:

Esta foi a pergunta de maior dificuldade de entendimento e também para esclarecer os

entrevistados. Sugestão: Para cada item citar exemplos práticos (processos de

colonização=ocupação de terras).

Pesquisa Q3 – ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO DOS COLEGIADOS TERRITORIAIS

Este foi o questionário com menor dificuldade para os entrevistados e também o que levou

menor tempo de aplicação;

Nas questões que constavam opções do item "outro" não apareciam nos formulários

tabulados no SGE.

Q3_P9: Existe um assessor técnico que apoie permanentemente a gestão do Colegiado?

Não há necessidade da opção "não se aplica". Não entendi a diferença entre "não" e "não se

aplica".

Q3_P13: Você sabe qual a data de constituição do Colegiado?

Não percebi a diferença entre as opções ( ) Não ( ) Não sabe ( ) Não se aplica.

Não deveria ser somente as opções "sim" e "não"?

Q3_P16: Como é avaliada a capacidade de decisão de cada um dos seguintes membros do

colegiado?

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│ Relatório analí co │ Página | 201

"Representantes dos agricultores familiares" se confundem com "Representantes de

associações e sindicatos". Especificar ou esclarecer que tipo de sindicato (rural, servidores,

etc.) e associações (de agricultores, de técnicos agrícolas, etc.).

Q3_P18: Indique o ano de constituição do Colegiado?

Faltou a opção "não sabe" (no nosso caso, grande parte dos entrevistados não sabiam).

Q3_P19: Com que frequência cada um dos seguintes temas são tratados no Colegiado?

A opção "Nunca é tratado - 1" confunde-se com a opção "não se aplica". Por exemplo: se o

tema saúde nunca é tratado poderia ser respondido das duas formas: não se aplica e nunca

é tratado.

Acrescentar turismo na opção "lazer" = lazer e turismo ou lazer/turismo.

Q3_P22: Foi elaborado algum documento que contenha uma visão de longo prazo do

território (visão de futuro)?

A opção "não se aplica" não tem utilidade como opção de resposta. Para esta pergunta,

entendo haver somente 3 possibilidades de resposta (sim, não e não sabe).

Pesquisa Q4 - ÍNDICE DE CONDIÇÕES DE VIDA (ICV)

Pesquisa com nível médio de interpretação e entendimento das famílias do território. Vinte

minutos foi o tempo médio para realização da entrevista com formulário "cheio" (pesquisa

em domicílios com produção). Nos casos "sem produção" o tempo médio foi de oito

minutos;

Nos setores onde deveriam aplicar os questionários para dois grupos (AF e demais) gerava

uma "falta de espontaneidade/aleatoriedade" e desperdício de tempo em campo - na

procura de residências que se enquadram no grupo restante. Por exemplo: finalizados a

aplicação da pesquisa para AF, teríamos que sair abordando de "casa em casa" os que se

caracterizavam no grupo dos "demais". Ao abordar a família, convidar para entrevista,

fazíamos as primeiras perguntas e só depois de 10 minutos era que saberíamos se a

entrevista iria prosseguir ou não - caso respondesse que tinha produção, automaticamente

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│ Relatório analí co │ Página | 202

teria que encerrar a pesquisa, o que gerava certo constrangimento entre entrevistador e

entrevistado, pois muitos entrevistados se sentiam orgulhosos em estar participando de

uma pesquisa para o governo federal.

q4_p16: vii) Você tem alguma produção* no seu domicílio ou estabelecimento?

A pesquisa foi realizada no período não chuvoso, sem produção - pois na maioria dos

domicílios se caracterizavam pela agricultura de sequeiro/anual. Desta forma, surgiram duas

situações: agricultores que responderam que não tinha produção atualmente, pois ainda

estava no período de chuva. Outros responderam ter produção, ou seja, independente do

tempo (com inverno ou sem inverno) estes consideram que possuem produção.

q4_p17: Responda: x) A renda da família vem da principalmente dessa produção?

As respostas foram ponderadas da seguinte forma: quando se tem um bom inverno (chuva

em quantidade, em frequência e no tempo certo), a principal fonte de renda vem da

produção, resultados da boa safra. Caso contrário, a produção não será a principal fonte de

renda. Questão: O mesmo produtor (com menos de 4 módulos fiscais, sem empregados,

gestão e trabalho na propriedade realizado pela família) que teve safra em um ano se

caracterizou como Agricultor familiar, caso no próximo ano ocorra uma seca e sua principal

fonte de renda não venha da produção, este não será mais agricultor familiar? Esta situação

descrita foi muito comum em nosso território.

q4_p17: Responda: xii) Tem até dois empregados permanentes?

Gerou certa confusão de interpretação. Sugestão: Tem mais de dois empregados

permanentes?

q4_p30: 5) Na sua opinião, as condições de acesso aos mercados são...

Esclarecer, dar exemplos do que se entende por "condições de acesso".

Nas questões que expressavam a percepção nos graus de muito simples, simples, regular,

complicado e muito complicado foram utilizados termos de maior familiaridade dos

entrevistados: muito fácil, fácil, mais ou menos, difícil e muito difícil.

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│ Relatório analí co │ Página | 203

As questões abaixo também poderiam ser utilizadas para avaliação da qualidade de vida

das famílias sem produção (estas só responderam as questões a partir da terceira

instância)

Primeira instância:

q4_p20: 1.1) Na sua opinião, em relação à quantidade de pessoas de sua família que está

trabalhando* a situação está...

q4_p21: 1.2) Em relação às características da mão de obra da família que está trabalhando,

acha que a situação está...

q4_p23:3.a) Todos os membros da família maiores de 15 anos são alfabetizados?

3.b) Todos os adultos completaram o ensino fundamental (Primeiro Grau)?

q4_p24: 3.c) Todas as crianças e adolescentes em idade escolar estão matriculados e

frequentam regularmente a escola?

q4_p25: 3) Sobre a escolaridade dos membros da família, você acha que a situação está...

q4_p26: 4.a) A casa da família tem...

q4_p27: 4) O que você acha das condições de moradia da família?

Segunda instância

q4_p31: 6.a) A família participa ou já participou de algum programa do Governo?

q4_p40: A renda ou os gastos em dinheiro de sua família vêm de...

q4_p41: 13) As fontes de renda ou ganhos em dinheiros em sua família são...

q4_p42: 14) A conservação da(s) fonte(s) de água que abastece(m) seu estabelecimento

está(ão)...

q4_p44: 16) A preservação da vegetação nativa, em seu estabelecimento está...

q4_p32: 6) Sobre os programas do Governo, acha que as condições para conseguir participar

são:

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│ Relatório analí co │ Página | 204

q4_p33: 7.1) Sobre as condições para ter crédito/financiamento para a sua produção, acha

que são...

q4_p35: 8) Como avalia a atuação de instituições e organizações em sua localidade?

Pesquisa Q5 - AVALIAÇÃO DOS PROJETOS DE INVESTIMENTO

Questionário objetivo e de fácil compreensão pelos entrevistados. Em média, a aplicação

durou 40 minutos/questionário.

Q5_P18: Qual critério foi utilizado para definir a abrangência do projeto dentro do

território?

Esclarecer, citar exemplos ( ) Político/Administrativo(?)

Em termos gerais, não houve dificuldades de compreensão na aplicação e interpretação das

questões;

Em alguns casos, foram aplicados mais de um questionário (de projetos diferentes) a mesma

pessoa.

Exemplo: O município de Umirim foi contemplado com cinco projetos de investimento. O

representante da entidade executora (prefeitura municipal) teve que avaliar os cinco

projetos do município, ou seja, respondeu cinco questionários, um para cada projeto.

Anexo 2 - Registro fotográfico das entrevistas da pesquisa ICV

Page 205: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 205

Município: Amontada/distrito de mosquito

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Irauçuba/distrito de Juá

Page 206: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 206

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Itapipoca

Page 207: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 207

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Itapipoca/distrito de Bela Vista

Page 208: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 208

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Itarema

Page 209: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 209

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Trairi/distrito de Canaan

Page 210: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 210

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Tejuçuoca

Page 211: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 211

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Umirim

Page 212: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 212

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Paracuru/distrito de Jardim

Page 213: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 213

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Município: Pentecoste/distrito de Matias

Page 214: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 214

Amostra: 27 domicílios pesquisados

Fotos: SGE/CAI Vales do Curu e Aracatiaçu

Anexo 3 - Distribuição dos setores censitários da pesquisa ICV

Page 215: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 215

Figura 01 - Distribuição dos setores censitários da pesquisa ICV no território.

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 02 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Irauçuba/CE.

Território Vales do Curu e Aracatiaçu

Page 216: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 216

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 03 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Itarema/CE.

Page 217: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 217

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 04 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Itapipoca/CE.

Page 218: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 218

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 05 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Itapipoca/CE.

Page 219: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 219

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 06 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Amontada/CE.

Page 220: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 220

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 07 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Trairi/CE.

Page 221: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 221

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 08 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Tejuçuoca/CE.

Page 222: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 222

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 09 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Tejuçuoca/CE.

Page 223: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 223

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 10 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Umirim/CE.

Page 224: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 224

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Figura 11 – distribuição dos domicílios entrevistados no município de Paracuru/CE.

Page 225: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 225

Fonte: IPECE (adaptado); CAI Vales do Curu e Aracatiaçu; SGE/SDT/MDA.

Anexo 4 - Situação dos projetos de investimento no território dos Vales do Curu e

Aracatiaçu

Page 226: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 226

MUNICÍPIO DE APUIARÉS

Situação: Funcionando

Objetivo/meta: Aquisição de veículos utilitários e equipamentos de informática

Valor total: R$ 51.663,54

Observações: Foi o único projeto contemplado no município. Porém, os veículos e

equipamentos de informática estão sob a gestão do CETRA (ONG com sede em Itapipoca e

atuação no território).

Registro fotográfico: sem foto

MUNICÍPIO DE GENERAL SAMPAIO

Situação: Funcionando

Page 227: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 227

Objetivo/Metas: Construção de mini-fábrica de ração; aquisição de equipamentos;

construção de abatedouro para aves; e capacitação.

Valor total: R$ 94.073,15

Observações:

1. O abatedouro de aves e a mini-fábrica de ração estão instalados nos mesmo terreno,

possibilitando a integração entre os vendedores de aves para o abatedouro e a compra

de ração;

2. A gestão dos empreendimentos tem a parceria entre a prefeitura municipal e a federação

das associações comunitárias do município;

3. A fábrica de ração possui dificuldades para formação de capital de giro para ampliação do

empreendimento;

Registro fotográfico:

MUNICÍPIO DE GENERAL SAMPAIO

Situação: Funcionando

Page 228: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 228

Objetivo/meta: Construção de viveiro de mudas com equipamentos

Valor: R$ 23.611,08

Observações:

1. O viveiro está sendo utilizado na produção de mudas nativas da caatinga e exóticas para

doação em ações de reflorestamento, embelezamento e sombreamento (sabiá, nim,

aroeira, etc.). Além das mudas nativas, são produzidas mudas de frutíferas da região

(caju, goiaba, etc.) que atendem os municípios do microterritório Vales do Curu (General

Sampaio, Apuiarés, Tejuçuoca e Pentecoste).

Registro fotográfico: sem foto

MUNICÍPIO DE GENERAL SAMPAIO

Situação: Funcionando parcialmente

Page 229: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 229

Objetivo: Aquisição de trator, sulcador, roçadeira, beneficiadora de milho, beneficiadora de

feijão e máquina de engraxar.

Observações:

1. O trator está sendo utilizado pela Secretaria de Agricultura de General Sampaio, em

transporte de produtos da agricultura (madeira e forragem);

2. Até a data da pesquisa, faltavam alguns equipamentos do projeto inicial (grade

sulcadora e roçadeira).

Valor: R$ 118.000,00

Registro fotográfico:

MUNICÍPIO DE PENTECOSTE

Situação: Funcionando parcialmente.

Page 230: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 230

Objetivos/metas: Construção da sede do Posto Avançado da Cooperativa de Crédito de

Itapipoca (PAC); aquisição de motocicleta; aquisição de equipamentos de informática.

Observações:

1. A instalação da COOCREDI junto com os equipamentos de informática foi concluída. No

entanto, o projeto continua parado e sem perspectivas de reativação;

2. As motocicletas ficaram a serviço da prefeitura municipal de Pentecoste (secretaria de

agricultura) e do projeto Agência de Comercialização (base de serviços de

comercialização), sob a gestão do Instituto SESEMAR (Itapipoca – CE).

Valor total: R$ 74.868,70

Registro fotográfico:

MUNICÍPIO DE PENTECOSTE

Situação: Parado

Page 231: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 231

Objetivo/metas: Construção de passagem molhada, bueiro e pavimentação da estrada que

liga a sede do Projeto de Assentamento Eva Moura; mini-fábrica de ração; infraestrutura e

equipamentos para sede da CREDIVALE (Cooperativa de crédito).

Observações:

1. A construção da passagem molhada, bueiro e pavimentação da estrada do PA Eva Moura

foi executadas. Atualmente a passagem molhada encontra-se em estado precário, devido

à utilização constante pelos transportes de passageiros, chuvas intensas e falta de

manutenção pela administração municipal;

2. A CREDIVALE foi criada juridicamente, mas nunca teve atuação efetiva;

3. A mini-fábrica de ração atualmente está desativada. Veio a funcionar parcialmente nos

anos de 2009 e 2010 sob a gestão da Agência de Desenvolvimento Econômico Local -

ADEL (ONG). Em 2011 foi desativada devido sua localização em espaço urbano, gerando

transtornos sonoros à vizinhança pelos equipamentos e máquinas. Atualmente existe

uma articulação da ADEL e prefeitura municipal com objetivo de deslocar os

equipamentos para alguma comunidade (associação) rural.

Valor total: R$ 184.731,29

Registro fotográfico:

Page 232: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 232

MUNICÍPIO DE PENTECOSTE

Situação: Funcionando

Objetivos/metas: Construção de casa de mel; aquisição de maquina de sache; aquisição de

kit móvel de armazenamento de forragem; e aquisição de motocicletas.

Valor total: R$ 95.027,82

Observações:

1. O empreendimento está funcionando sob a gestão da Associação Comunitária dos

Apicultores de Três Lagoas - ACAPI (Pentecoste – CE), beneficiando diretamente 35

famílias da comunidade;

2. A ACAPI possui um projeto para ampliação da unidade de processamento do mel, com

objetivo de atender as regulamentações sanitárias e adequação do espaço para

implantação da máquina de sache.

3. O kit móvel de forragem tem sua utilização em capacitações sobre estratégias de

armazenamento de forragem (técnicas produção de feno e silagem) promovidas pela

secretaria de agricultura de Pentecoste e ADEL.

Page 233: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 233

Registro fotográfico:

Page 234: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 234

MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE

Situação: Funcionando

Objetivo: Cercamento do perímetro do jardim botânico.

Valor total: R$ 110.221,38

Observações:

1. O projeto foi implantado com cercas do tipo arame galvanizado em todo o perímetro do

Parque Ecológico. O espaço é o único do território dos Vales do Curu e Aracatiaçu, que

serve para educação ambiental, produção de mudas de plantas ornamentais. A gestão

fica a cargo da Secretaria de Meio Ambiente de São Gonçalo do Amarante. Situado numa

área com 19,8 hectares foi entregue à sociedade cearense em 14 de dezembro/2002, mas

seu diploma legal data de 08 de março de 2003, através do Decreto Municipal N° 799/03.

Registro fotográfico:

Page 235: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 235

MUNICÍPIO DE PARACURU

Situação: Parado

Objetivo: Construção da central de abastecimento; aquisição de equipamentos; e

capacitação dos agricultores.

Valor total: R$ 216.333,48

Registro fotográfico:

Page 236: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 236

MUNICÍPIO DE PARAIPABA

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição de equipamentos para implantação de unidade processamento da casca

do coco; e construção da unidade de processamento da casca do coco.

Valor total: R$ 133.846,84

Registro fotográfico:

Page 237: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 237

MUNICÍPIO DE TRAIRI

Situação: Parado (somente as motos funcionam)

Objetivo: Aquisição de equipamento de informática, motocicleta, estrutura da sede ? E

implantação unidade central de ?

Valor: R$ 72.945,51

Registro fotográfico:

Page 238: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 238

MUNICÍPIO DE TRAIRI

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição de computadores e motocicletas

Valor total: R$ 53.283,68

Registro fotográfico: sem fotos

Page 239: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 239

MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS DO CURU

Situação: Parado

Objetivos/metas: Construção de um centro de artesanato e capacitação para artesãos/ãs

Valor total: R$ 166.077,03

Registro fotográfico:

Page 240: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 240

MUNICÍPIO DE UMIRIM

Situação: Funcionando

Objetivo: Pavimentação em pedra tosca do acesso a escola agrícola na sede do município.

Valor: R$ 134.931,30

Registro fotográfico:

Page 241: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 241

MUNICÍPIO DE UMIRIM

Situação: funcionando parcialmente

Objetivo: Implantação unidade central de beneficiamento do pedúnculo do caju, maquina e

equipamentos.

Valor: R$ 14.587,01

Registro fotográfico:

Page 242: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 242

MUNICÍPIO DE UMIRIM

Situação: Funcionando

Objetivo: Adequação de escola de educação básica (Escola Agrotécnica de Umirim) e

aquisição de material de consumo.

Valor: R$ 43.943,13

Registro fotográfico:

Page 243: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 243

MUNICÍPIO DE UMIRIM

Situação: Funcionando

Objetivo: Implantação ou melhoria de obras de infraestrutura, aquisição de motocicleta e

equipamentos.

Valor: R$ 135.293,84

Registro fotográfico:

Page 244: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 244

MUNICÍPIO DE UMIRIM

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição de veículo; aquisição motocicletas; aquisição de computador, birô,

cadeira giratória, gelágua e ar condicionado.

Valor: R$ 46.090,74

Registro fotográfico:

Page 245: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 245

MUNICÍPIO DE UMIRIM

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição de mobiliário, máquina e utensílios para escola de educação básica do

campo e aquisição de veiculo caminhão

Valor: R$ 281.619,44

Registro fotográfico: sem fotos

Page 246: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 246

MUNICÍPIO DE TURURU

Situação: Parado

Objetivo: Implantação da unidade de beneficiamento do caju e construção de área de

secagem; e construção do laboratório de fitoterápicos.

Valor: R$ 147.820,79

Registro fotográfico:

Page 247: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 247

MUNICÍPIO DE TURURU

Situação: Parado

Objetivo: Aquisição de equipamentos e utensílios para unidade laboratorial; e de kit de

irrigação e insumos agrícolas.

Valor: R$ 140.699,93

Registro fotográfico:

Page 248: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 248

MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA

Situação: Parado (projeto não executado)

Objetivo: aquisição de barracas, veículos, caixas plásticas e estrados de madeira.

Valor: R$ 237.697,95

Registro fotográfico: sem foto

Page 249: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 249

MUNICÍPIO DE ITAPAJÉ

Situação: Funcionando

Objetivo: construção e pavimentação da estrada da banana (pavimentação em pedra tosca).

Valor: R$ 189.239,65

Registro fotográfico:

Page 250: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 250

MUNICÍPIO DE ITAPAJÉ

Situação: Parado

Objetivo: Aquisição de kit feira

Valor: R$ 25.913,10

Registro fotográfico:

Page 251: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 251

MUNICÍPIO DE ITAPAJÉ

Situação:Funcionando

Objetivo: Construção de minifábrica de beneficiamento/processamento de frutas

Valor: R$ 123.132,89

Registro fotográfico:

Page 252: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 252

MUNICÍPIO DE IRAUÇUBA

Situação: Funcionando

Objetivo: Reconstrução e ampliação do açude almas.

Valor: R$ 157.469,32

Registro fotográfico: sem fotos

MUNICÍPIO DE IRAUÇUBA

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição veículo utilitário

Valor: R$ 53.965,46

Registro fotográfico:

Page 253: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 253

MUNICÍPIO DE IRAUÇUBA

Situação: Funcionando

Objetivo: Construção da casa do mel; aquisição máquina de sachê.

Valor: R$ 55.000,00

Registro fotográfico:

Page 254: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 254

MUNICÍPIO DE IRAUÇUBA

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição de tanques de resfriamento de leite construção de prédios para

armazenamento do leite

Valor total: R$ 55.000,00

Registro fotográfico:

Page 255: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 255

MUNICÍPIO DE AMONTADA

Situação: Parado

Objetivo/meta: construção de casa de farinha e aquisição de equipamentos.

Observações: O projeto encontra-se totalmente parado e sem perspectivas de revitalização.

Segundo informações de lideranças da comunidade, a infraestrutura do prédio apresenta

rachaduras nas paredes e o telhado apresenta-se problema de sustentação. Os

equipamentos (motores) para processamento da farinha encontram-se inutilizados.

Valor total investido: R$ 85.860,42

Registro fotográfico:

Page 256: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 256

MUNICÍPIO DE AMONTADA

Situação: Parado

Objetivo: Capacitação; Construção de depósito e aquisição de equipamentos para

processamento do pedúnculo de caju; Construção do centro de artesanato.

Valor: R$ 120.252,68

Registro fotográfico:

Page 257: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 257

MUNICÍPIO DE AMONTADA

Situação: Funcionando

Objetivo: Construção da casa de mel, aquisição de máquina de sachê e de 02 motocicletas.

Valor: R$ 73.000,00

Registro fotográfico:

Page 258: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 258

MUNICÍPIO DE ITAREMA

Situação: Parado (açude arrombou)

Objetivo: Construção de açude no projeto de assentamento pachicu.

Valor: R$ 160.075,28

Registro fotográfico:

Page 259: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 259

MUNICÍPIO DE ITAREMA

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição de kit volante para gado leiteiro; aquisição de barracas e balanças.

Valor: R$ 25.447,88

Registro fotográfico:

Page 260: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 260

MUNICÍPIO DE ITAREMA

Situação: Funcionando

Objetivo: Aquisição veículos.

Valor total: R$ 163.885,24

Registro fotográfico: sem fotos

Page 261: Vales do Curu e Aracatiaçu

₪ Território Vales do Curu e Aracatiaçu Célula de Acompanhamento e Informação ₪

│ Relatório analí co │ Página | 261

MUNICÍPIO DE MIRAÍMA

Situação: Funcionando

Objetivos/metas: Construção de casa de mel; aquisição de maquina de sache; e aquisição de

motocicletas.

Observações: Casa do mel construída fora dos padrões técnicos para realizações de todas as

operações de processamento de mel. O espaço interno pequeno dificulta a realização das

operações com a máquina e sachê. O empreendimento atende apicultores do assentamento

Boa Vista – Miraíma/CE.

Valor total: R$ 79.090,71

Registro fotográfico: