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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E POTENCIAL ORNAMENTAL DE PLANTAS DA RESTINGA DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL: SUBSÍDIOS PARA UM PAISAGISMO SUSTENTÁVEL VALDECI FONTES DE SOUSA Orientador: Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux MACAÍBA - RN DEZEMBRO - 2016

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E POTENCIAL ORNAMENTAL DE PLANTAS DA

RESTINGA DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL: SUBSÍDIOS PARA UM

PAISAGISMO SUSTENTÁVEL

VALDECI FONTES DE SOUSA

Orientador: Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux

MACAÍBA - RN

DEZEMBRO - 2016

I

VALDECI FONTES DE SOUSA

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E POTENCIAL ORNAMENTAL DE PLANTAS DA

RESTINGA DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL: SUBSÍDIOS PARA UM

PAISAGISMO SUSTENTÁVEL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Florestais, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do

Título de Mestre em Ciências Florestais da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UFRN.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux

MACAÍBA - RN

DEZEMBRO - 2016

II

À minha mãe Maria Cecília e minha esposa Rejane, pelo amor, carinho, amizade,

incentivo e por não medirem esforços para que eu chegasse até aqui, aos meus filhos, pelos

momentos de alegria. A José Camilo e Justa Ângelo.

DEDICO.

III

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Escola Agrícola Jundiaí - EAJ

Sousa, Valdeci Fontes de.

Levantamento florístico e potencial ornamental de plantas da

restinga do Rio Grande do Norte, Brasil: subsídios para um

paisagismo sustentável / Valdeci Fontes de Sousa. - Macaíba, 2016.

101f.: il.

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias.

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Orientador: Leonardo de Melo Versieux.

1. APA Bonfim-Guarairas - Dissertação. 2. Espécies nativas -

Dissertação. 3. Flora Potiguar - Dissertação. I. Versieux,

Leonardo de Melo. II. Título.

RN/UF/BSPRH CDU 581.9

IV

“Levantamento florístico e potencial ornamental de plantas da restinga do

Rio Grande do Norte, Brasil: subsídios para um paisagismo sustentável”

VALDECI FONTES DE SOUSA

Dissertação julgada para o título de MESTRE EM CIÊNCIAS FLORESTAIS, na área de

concentração em CIÊNCIAS FLORESTAIS (Linha de Pesquisa em MANEJO E

UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS FLORESTAIS), e aprovada em sua forma final pelo

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (UFRN).

__________________________________________________

Prof. Dr. Mauro Vasconcelos Pacheco

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais

Banca Examinadora:

_____________________________________________

Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux

(UFRN)

____________________________________________

Profª. Drª. Alice de Moraes Calvente Versieux

(UFRN)

____________________________________________

Prof. Dr. Gustavo Heiden

(EMBRAPA)

MACAÍBA - RN

DEZEMBRO - 2016

V

AGRADECIMENTOS

À minha esposa Rejane, pelo amor, carinho, amizade, sempre me apoiando em todas as

horas. Obrigada por fazer parte de minha vida!

À minha mãe, uma pessoa humilde e batalhadora.

Aos meus irmãos, irmãs e a toda minha família.

Ao meu orientador, Leonardo de Melo Versieux, obrigado por me aceitar como seu

orientando, e pelos ensinamentos durante esses dois anos.

À M.Sc. Juliana Leroy que foi parceira nas saídas a campo, o meu muito obrigado pela

amizade e companheirismo e autorização pelo uso de algumas fotografias.

Aos colegas do Laboratório de Botânica Sistemática e Herbário UFRN, por todas as

suas contribuições.

Ao CNPq e ao projeto Reflora, na pessoa da Dra. Rafaela Forzza, pela bolsa de

Desenvolvimento Tecnológico Industrial do CNPq - Nível C concedida.

Às Dras. Alice Calvente e Fernanda Carvalho, pelas sugestões feitas ao Cap. I, quando

do exame de qualificação.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (PPGCFL/UFRN), professores

e discentes, pelas disciplinas e formação oferecidas.

VI

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I

Figura 1. Mapa mostrando o município de Nísia Floresta (verde), RN, destacando os cinco

pontos de amostragem (círculos pretos) que indicam as lagoas no entorno das quais foram

percorridos cerca de 800 m em trilhas para coleta do material botânico. ................................ 28

Figura 2. Caracterização fotográfica das fisionomias amostradas na área de estudo, Lagoas

Amarela, Sete Lagoas, da Juventude e da Ilhota. A. Vegetação de restinga herbácea sobre

dunas na margem da Lagoa Amarela, B. Restinga arbustiva aberta em flanco de duna, Sete

Lagoas, C. Formações de adensamento de arbustos, Sete Lagoas, D. Restinga arbustiva com

predomínio de Guajirú (Chrysobalanus icaco, Chrysobalanaceae), E-F. Aspecto da vegetação

arbustiva em torno das lagoas da Juventude e da Ilhota. (Fotos: A: VF Sousa, B-F: J Leroy).

.................................................................................................................................................. 29

Figura 3. As 13 famílias mais ricas em espécies (em valores relativos) seguidas pelas demais

(outras), na restinga da APA Bonfim-Guarairas, Nísia Floresta, RN, Brasil. .......................... 32

CAPÍTULO II

Figura 1. Mapa mostrando o município de Nísia Floresta (círculo vermelho), RN, destacando

os cinco pontos de amostragem (pontos vermelhos) para coleta do material botânico. ........... 68

Figura 2. Fotografias das espécies indicadas para uso ornamental da APA Bonfim-Guarairas.

A. Anthurium affine (Araceae), B. Aristolochia setulosa (Aristolochiaceae), C.

Chhrysobalanus icaco (Chrysobalanaceae), D. Cissus erosa (Vitaceae), Comolia ovalifolia

(Melastomataceae), F. Lundia longa (Bignoniaceae). (Fotos: VF Sousa). .............................. 80

Figura 3. Fotografias das espécies indicadas para uso ornamental da APA Bonfim-Guarairas.

A. Ipomoea brasiliana (Convolvulaceae), B. Euploca paradoxa (Boraginaceae), C-D.

Anthurium affine (Araceae), E. Tetracera breyniana (Dilleniaceae), F. Philodendron

acutatum (Araceae), G. Pilosocereus catingicola (Cactaceae), H. Lundia longa

(Bignoniaceae). (Fotos: V.F. Sousa, exceto F, de J. Leroy). .................................................... 81

VII

CAPÍTULO III

Figura 1. Geographical distribution map of Justicia thunbergioides in Brazil ........................95

Figura 2. Justicia thumbergioides (Lindau) Leonard. A. Flower; B. Fruit; C. Habitat; D-F.

Floral visitors (Photoed by V.F. de Sousa in August, 2015) .................................................. 96

VIII

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

Tabela 1. Lista de espécies de plantas Lista das espécies de plantas vasculares registradas em

Nísia Floresta, APA Bonfim-Guarairas, RN, Brasil. Hábito: erv = erva, arb = arbusto, subarb

= subarbusto, árv = árvore e trep = trepadeira. Padrão biogeográfico: Ama = Amazônica, Caa

= Caatinga, Cer = Cerrado, Atl = Atlântica e Par = Paranaense. Distribuição geográfica no

Brasil: CA = contínua ampla, CR = contínua restrita, D = disjunta e R = restrita. (*) =

primeira ocorrência para o RN. (†) = endêmica do Brasil. Síndromes de dispersão: AU =

Autocórica, AN = Anemocórica e ZO = Zoocórica. As ocorrências estão indicadas por

vouchers (todos depositados no herbário UFRN)..................................................................... 51

Tabela 2. Comparação entre a riqueza de espécies e de famílias entre alguns estudos sobre a

flora de restinga no Nordeste brasileiro. ................................................................................... 40

CAPÍTULO II

Tabela 1. Atributos utilizados para a avaliação das caractrísticas ornamentais das espécies

nativas da APA Bonfim-Guarairas, RN, com possibilidade de uso no paisagismo. ................ 70

Tabela 2. Lista de plantas nativas de potencial ornamental da APA Bonfim-Guarairas, RN,

indicadas para uso no paisagismo. ............................................................................................ 87

IX

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................ 11

ABSTRACT ............................................................................................................................ 12

INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................................ 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 17

CAPÍTULO I ......................................................................................................................... 21

Levantamento florístico na restinga da APA Bonfim-Guarairas, RN, Brasil ......................... 22

RESUMO ................................................................................................................................ 22

ABSTRACT ............................................................................................................................ 23

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 24

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 26

Área de estudo ......................................................................................................................... 26

Metodologia ............................................................................................................................. 30

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 31

CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 40

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 42

CAPÍTULO II ........................................................................................................................ 61

Potencial ornamental de plantas da restinga do Rio Grande do Norte: subsídios para um

paisagismo sustentável ............................................................................................................ 62

RESUMO ................................................................................................................................ 62

ABSTRACT ............................................................................................................................ 63

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 64

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 66

Área de estudo ......................................................................................................................... 66

Metodologia ............................................................................................................................. 67

X

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 70

CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 78

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 82

CAPÍTULO III – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA PHYTOTAXA ..................... 93

Notes on the ornamental potential and taxonomy of Justicia (Acanthaceae, Justicieae),

including a first record for the Paraíba flora, Brazil

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO ...……..………………………….... 101

11

RESUMO

A dissertação compreende o levantamento florístico de plantas vasculares em fragmentos de

restinga da Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guarairas, no estado do Rio Grande do

Norte, Brasil, na análise e indicação de plantas nativas com potencial ornamental e

possibilidades de uso em projetos paisagísticos. Apresenta-se inicialmente uma caracterização

geral das restingas brasileiras, do objetivo e da justificativa da dissertação, que segue

estruturada em capítulos. O capítulo I apresenta um levantamento florístico das plantas

vasculares ocorrentes em um trecho da APA Bonfim-Guarairas, com base em coletas de

campo, consulta de herbário e literatura e discussão de aspectos fitogeográficos e ecológicos,

na tentativa de se compreender melhor a composição de tais comunidades. Como resultados

deste capítulo destaca-se o reconhecimento de 58 famílias, 131 gêneros e 169 espécies das

quais 23 são novas ocorrências para o Rio Grande do Norte. As angiospermas foram

responsáveis por 166 espécies (98,2% do total), 125 gêneros (97,6%) e 55 famílias (94,8%)

enquanto que as monilófitas incluíram três famílias (5,1%). Registrou-se pela primeira vez a

ocorrência da família Orobanchaceae para a flora Potiguar, representada por Agalinis

hispidula e Buchnera palustris. A maioria das espécies tem padrão de distribuição amplo,

uma vez que ocorrem em províncias biogeográficas adjacentes, confirmando uma origem

diversificada e generalista para a flora das restingas, e um padrão de dispersão

predominantemente autocórico, seguido pelo zoocórico. No capítulo II, é apresentado o

potencial ornamental de plantas nativas de restinga do Rio Grande do Norte, com base na

análise de características estéticas. É apresentada uma lista de plantas com nome científico,

família, hábito, características estéticas e possibilidade de uso em paisagismo. Os resultados

mostram um total de 25 espécies com potencial ornamental, distribuídas em 22 gêneros e 16

famílias. Convolvulaceae (3 spp.), Apocynaceae, Araceae, Cactaceae, Chrysobalanaceae e

Rubiaceae (2 cada) foram as que mais de destacaram. A maioria das espécies indicadas, 17

(81%), é endêmica do Brasil e duas (Aspilia procumbens e Melocactus violaceus) são

consideradas ameaçadas de extinção segundo o Ministério do Meio Ambiente. No capítulo III

é apresentado o potencial ornamental das espécies do gênero Justicia (Acanthaceae) para a

flora da Paraíba. Uma chave dicotômica para identificação das espécies encontrada no

referido estado, além de uma nova ocorrência, (Justicia thunbergioides) e comentários

taxonômicos.

Palavaras chave: APA Bonfim-Guarairas, composição florística, espécies nativas, flora

Potiguar.

12

ABSTRACT

The dissertation includes the floristic survey of vascular plants in fragments of restinga of the

Bonfim-Guarairas Environmental Protection Area, in the state of Rio Grande do Norte, Brazil,

as well as the analysis and indication of native plants with ornamental potential and

possibilities of its use in landscape projects. Initially, we present a general characterization of

the Brazilian „restingas‟, the objectives and justification of the dissertation, which is

structured in chapters. The chapter I provide a floristic survey of vascular plants occurring in

Bonfim-Guarairas Environmental Protection Area, based on field collections, herbarium and

bibliography. The results of this chapter include the recognition of 58 families, 131 genera

and 169 species of which 23 are new occurrences for Rio Grande do Norte. The angiosperms

were responsible for 166 species (98.2% of total), 125 genera (97.6%) and 55 families

(94.8%) and three families (5.1%) were composed of monilophytes. Cyperaceae (11.8% of

species), Poaceae (10.6%), Fabaceae (8.8%), Rubiaceae and Orchidaceae (4.7%) were the

richest families in number of species. Also, the occurrence of the Orobanchaceae represented

by Agalinis hispidula and Buchnera palustris is the first record for the family in the Rio

Grande do Norte flora‟s. A broad distribution pattern was confirmed for most species, which

also occur in adjacent biogeographic provinces, reinforcing the mixed origin of restinga flora.

Aditionally, we found a predominantly autochoric dispersion pattern, followed by zoocoric. In

chapter II we discuss the ornamental potential of native plants from restinga of Rio Grande do

Norte, based on the analysis of their aesthetic characteristics. A list of plants with their

scientific name family, habit, aesthetic characteristics, and possible use in landscaping is

provided. The results show a total of 25 species grouped in 22 genera and 16 families with

ornamental potential. Convolvulaceae (3 spp.), Apocynaceae, Araceae, Cactaceae,

Chrysobalanaceae and Rubiaceae (2 each) are highlighted for their aesthetic characteristics.

Most of the species (17; 81%) are endemic to Brazil and two (Aspilia procumbens and

Melocactus violaceus) are endangered. In chapter III we present and discuss the ornamental

potential of the genus Justicia (Acanthaceae) for the Paraíba flora. Dichotomous key for

identification of species found in that state, in addition to a new occurrence, Justicia

thunbergioides, followed by taxonomic commentaries, are also presented.

Key words: Bonfim-Guarairas Environmental Protected Area, floristic composition, native

species, Potiguar flora.

13

INTRODUÇÃO GERAL

A Floresta Atlântica apresenta elevada diversidade florística e faunística, abrigando

muitas espécies endêmicas, sendo considerada uma das áreas prioritárias para a conservação

da biodiversidade mundial (LAGOS; MULLER, 2007). De acordo com o Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (INPE, 2005‒2008), a Floresta Atlântica é considerada um dos

ambientes mais ameaçados do mundo devido aos constantes riscos de destruição dos habitats

nas suas variadas tipologias, bem como de seus ecossistemas associados. A Floresta Atlântica

está presente tanto na região litorânea como nos planaltos e serras do interior do Brasil, do

Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ao longo de toda costa. A sua área principal está

nas grandes Serras do Mar e da Mantiqueira, abrangendo os Estados de São Paulo, Minas

Gerais, Rio de Janeiro e Espírito do Santo. No Nordeste Oriental, a Floresta Atlântica inclui

as restingas e, principalmente, a formação dos Tabuleiros Costeiros, desde o Rio Grande do

Norte até Alagoas (BARBOSA; THOMAS, 2002). As restingas são um tipo de vegetação

mesoesclerófila, crescendo sobre solos litorâneos arenosos recentes, porosos, em geral ricos

em água, pobres em nitrogênio, que podem incluir comunidades halófilas, xerófilas, hidrófilas

e litófilas, com uma flora cosmopolita tropical (RIZZINI, 1997).

O litoral nordestino possui aproximadamente uma extensão de 3.306 km entre os

estados do Maranhão e Bahia, o que corresponde a 45% da costa brasileira e apresenta grande

diversidade vegetal pouco pesquisada (BRITO et al., 2006). No estado do Rio Grande do

Norte há predominância do domínio Caatinga com 95%; o domínio Floresta Atlântica

representa apenas 5% do territótio (IBGE, 2004). Nas últimas décadas, os estudos com

vegetação foram intensificados enfocando, principalmente, a florística e a fitossociologia

(PEREIRA; ASSIS, 2000), porém o conhecimento sobre os fragmentos vegetacionais do Rio

Grande do Norte ainda é escasso.

As regiões litorâneas em toda a Floresta Atlântica, principalmente as restingas, vêm

sofrendo ao longo dos tempos com a degradação e perdas ambientais em razão da exagerada

especulação imobiliária associada ao fluxo turístico (STEHMANN et al., 2009; SILVA;

MENEZES, 2012), o que causa sérios danos à vegetação nativa (QUEIROZ et al., 2012),

visto que as cidades litorâneas são as que mais crescem e, por consequência, desmatam a

vegetação. No Brasil, as restingas ocorrem ao longo da costa em extensões variadas, podendo

compor um mosaico vegetacional, agrupadas desde áreas florestadas até áreas com vegetação

herbácea (BRAZ et al., 2013).

14

No Nordeste do Brasil, as restingas compreendem uma estreita faixa arenosa ao longo

de toda a costa, desde o rio Parnaíba, no Piauí, até o Recôncavo Baiano (SUGUIO;

TESSLER, 1984). Contudo, devido ao longo tempo de ocupação, as restingas estão parcial ou

totalmente descaracterizadas (ZICKEL et al., 2015). Muitas dessas áreas foram modificadas

pela agricultura, pela intensificação do turismo predatório ou pela especulação imobiliária.

Apesar de sua grande importância ecológica e social, as restingas são os ecossistemas

menos conhecidos em termos de diversidade e conservação (PEREIRA; ARAÚJO, 2000;

FERNANDES; QUEIROZ, 2015) e são ambientes extremamente frágeis e de baixa

capacidade de resiliência (GUEDES et al., 2006). Apesar da fragilidade, sua vegetação exerce

papel fundamental para a estabilização dos sedimentos e manutenção da drenagem natural,

bem como para a preservação da sua fauna residente e migratória (FALKENBERG, 1999). A

rápida devastação da restinga por pressão do setor imobiliário e outras intervenções

antropogênicas, torna urgente a obtenção de dados a fim de subsidiar estratégias

conservacionistas (MARTINS et al., 2008).

De acordo com Scarano (2002), as restingas têm sido negligenciadas, provavelmente

por possuírem baixa diversidade e pouco endemismo, dois critérios fundamentais, utilizados

como parte das iniciativas para conservação. No entanto, estes ecossistemas abrigam diversos

gêneros da fauna e flora nativa, incluindo espécies em risco de extinção.

Muitos estudos têm mostrado que as restingas apresentam uma grande diversidade

ecológica e características próprias quanto à composição florística e estrutura vegetacional

(SUGIYAMA, 1998; ASSUMPÇÃO; NASCIMENTO, 2000; PEREIRA et al., 2001; ASSIS

et al., 2004a,b), e abrigam diversas espécies endêmicas (MORI et al., 1981; BRITTO et al.,

1993; STEHMANN et al., 2009; QUEIROZ et al., 2012).

No estado do Rio Grande do Norte, as florestas costeiras ocorrem em uma estreita faixa

do litoral oriental (TAVARES, 1960). De acordo com Rizzini (1997), as dunas da região

Leste potiguar estão cobertas por uma vegetação arbustivo-arbórea, sendo que nos vales

podem existir florestas que atingem até 10 m de altura, correspondendo a um dos limites da

Floresta Atlântica. É provável que eventos dinâmicos associados ao transporte da areia pelos

ventos podem ter soterrado partes dessa floresta, a qual deveria já existir antes das formações

das dunas (RIZZINI, 1997). Segundo Oliveira-Filho e Carvalho (1993), em diversas regiões

costeiras do Nordeste, o litoral se confronta com fitofisionomias do Cerrado principalmente

onde as faixas arenosas penetram profundamente no continente. Tais informações nos

fornecem questionamentos sobre a composição e origem da flora das restingas, já que se

15

observa um relacionamento estreito com a Floresta Atlântica, mas também podendo assumir

fisionomias semelhantes ao cerrado.

A fisionomia de uma vegetação varia dentro de uma mesma formação, se essa ocupar

extensas áreas com heterogeneidade de condições ambientais como é a restinga, que se

estende por planícies arenosas da região costeira e dunas; a fisionomia varia de herbáceo

praiano a floresta fechada, a depender, dentre outros fatores, do solo (RIZZINI, 1997).

A escassez de informações florísticas sobre a vegetação de restinga do estado do Rio

Grande do Norte mantem uma grande lacuna de conhecimento botânico. Tais dados, se

disponíveis, poderiam ser úteis em comparações fitogeográficas com outras restingas do

Brasil. Além disso, as restingas apresentam uma flora com componentes sabidamente

ornamentais e úteis ao paisagismo. Famílias como Araceae, Arecaceae, Bromeliaceae e

Cactaceae são muito citadas em levantamentos florísticos de restinga, sendo que estudos sobre

o potencial de espécies dessa vegetação para fins paisagísticos são ainda incipientes.

Entretanto, o emprego de espécies nativas em jardins, é um tema ainda subexplorado no

Brasil, mas já com crescente preocupação em outros países, especialmente em razão da

rusticidade, demanda por menor irrigação e associações com outros organismos, fornecidos

pelas plantas nativas (GODDARD et al., 2009).

Na presente dissertação, selecionou-se como foco de estudo uma área de restinga, às

margens de diferentes lagoas, dentro da APA Bonfim-Guarairas, Nísia Floresta, Rio Grande

do Norte (RN). A área amostrada encontra-se inserida no sistema aquífero Dunas-Barreiras,

onde se estabelece a restinga herbácea e arbustiva. As dunas exercem a transferência das

águas de infiltração em direção aos planos inferiores do Grupo Barreiras. As águas

subterrâneas dentro da APA são utilizadas para abastecimento humano, sendo evidente a

importância da área pelo potencial hídrico. Dentre os impactos ambientais descritos, há

instalação de edificações e supressão da vegetação do entorno das lagoas (IDEMA, 2001). Em

análises de qualidade da água feitas em algumas dessas lagoas, observou-se que pontos de

amostragens próximos a áreas antropizadas (como canaviais) apresentaram parâmetros muito

inferiores de qualidade se comparados aos pontos onde havia vegetação nativa de restinga

cobrindo as margens (DUARTE et al., 1997). Assim, uma das justificativas da dissertação é,

além de lançar luz sobre a composição florística, aprofundar o conhecimento das espécies que

ocorrem em tais ambientes, com a possível utilização das mesmas na recuperação de área

degradadas dentro deste aquífero.

A área é importante como remanescente de vegetação nativa e para a recarga dos

lençois freáticos, devido às extensas lagoas temporárias ou permanentes que ali se encontram.

16

Apesar do crescente desmatamento e fragmentação do habitat, a área de estudo é relevante

para o estabelecimento de metapopulações e corredores ecológicos da Floresta Atlântica do

Rio Grande do Norte, seguindo as restingas arbustivo-arbóreas do litoral, até a cidade de

Natal (MMA, 2012). A diversidade florística da APA é conhecida apenas de dois estudos. O

primeiro trata de um levantamento fitossociológico, onde foram registradas 58 espécies

agregadas em 30 famílias, sendo que Fabaceae (10 spp.) e Myrtaceae (7) foram as mais

representativas em número de espécies (MMA, 2012). O outro é referente ao levantamento

das macrófitas aquáticas dentro da APA, Leroy (2015) encontrou 67 espécies, sendo 13 novas

ocorrências para o RN.

Ressalta-se como justificativa ao trabalho seu impacto na sustentabilidade, tanto pela

listagem e indicação das espécies nativas de potencial ornamental, quanto pela relação direta

entre a preservação e conhecimento da flora local, atrelados à manutenção da qualidade dos

corpos hídricos ali existentes.

Neste sentido, o presente estudo foi delineado tendo como objetivos o levantamento

florístico em um fragmento de restinga, em um trecho da APA Bonfim-Guarairas no

município de Nísia Floresta (RN), visando contribuir para o conhecimento desse tipo

vegetacional no estado e, paralelamente, eleger espécies nativas com potencial ornamental

para elaboração de jardins residenciais, comerciais e espaços públicos.

Dessa maneira, o presente trabalho consta de uma Introdução Geral que contextualiza a

investigação e aborda tópicos relevantes sobre as áreas de restinga; seguida de três capítulos

em forma de artigos correspondentes aos objetivos específicos da proposta de estudo:

Capítulo I – intitulado “Levantamento florístico na restinga da APA Bonfim-Guarairas,

RN, Brasil”, que teve como objetivo inventariar as espécies de plantas vasculares ocorrentes

na APA. Este artigo será submetido à Acta Botanica Brasilica, e o texto apresentado segue a

mesma estrutura exigida pela revista; Capítulo II – intitulado “Potencial ornamental de

plantas da restinga do Rio Grande do Norte: subsídios para um paisagismo sustentável”

teve como objetivo caracterizar espécies nativas da restinga com potencial para uso no

paisagismo. Este artigo será submetido à Landscape Review e o texto apresentado segue a

estrutura exigida pela revista; Capítulo III – intitulado “Notes on the ornamental potential

and taxonomy of Justicia (Acanthaceae, Justicieae), including a first record for the

Paraíba flora, Brazil”, que objetivou indicar o potencial ornamental das pécies de Justicia

(Acanthaceae) para o paisagismo com espécies nativas no bioma Caatinga, o mesmo já

publicado, em 2016, no periódico Phytotaxa.

17

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, A.M.; PEREIRA, O.J.; THOMAZ, L.D. Fitossociologia de uma floresta de restinga

no Parque Estadual Paulo César Vinha, Setiba, município de Guarapari (ES). Revista

Brasileira de Botânica, v. 27, n. 2, p. 349–361, 2004a.

ASSIS, A.M.; THOMAZ, L.D.; PEREIRA, O.J. Florística de um trecho de floresta de

restinga no município de Guarapari, Espírito Santo, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 18, n.

1, p. 191–201, 2004b.

ASSUMPÇÃO, J.; NASCIMENTO, M.T. Estrutura e composição florística de quatro

formações vegetais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, São João da Barra, RJ,

Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 14, n. 3, p. 301–315, 2000.

BARBOSA, M.R.V.; THOMAS, W.W. Biodiversidade, conservação e uso sustentável da

Mata Atlântica no Nordeste. Pp. 19-22. In: ARAÚJO, E.L.; MOURA, A.N.; SAMPAIO,

E.V.S.B.; GESTINARI, L.M.S.; CARNEIRO, J.M.T. (Eds.). Biodiversidade, conservação e

uso sustentável da flora do Brasil. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Sociedade

Botânica do Brasil, Seção Regional Pernambuco. 2002. 262p.

BRAZ, D.M.; JACQUES, E.L.; SOMMER, G.V.; SYLVESTRE, L.S.; ROSA, M.M.T.;

MOURA, M.V.L.P.; FILHO, P.G.; COUTO, A.V.S.; AMORIM, T.A. Restinga de Praia das

Neves, ES, Brasil: caracterização fitofisionômica, florística e conservação. Biota

Neotropica, v. 13, n. 3, p. 315–331, 2013.

BRITO, A.E.R.; MADEIRA, Z.R.; COSTA, FA. P.; NUNES, E.P.; MATIAS, L.Q.; SILVA,

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21

CAPÍTULO I

Levantamento florístico na restinga da APA Bonfim-Guarairas, RN, Brasil1

Valdeci Fontes de Sousa2,3

1 Parte da Dissertação de Mestrado

2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Autor para correspondência

([email protected])

3 Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia - Centro de Biociências, Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Campus Universitário, 59072‒970, Natal - RN, Brasil

*Manuscrito a ser submetido ao periódico Acta Botanica Brasilica

22

Levantamento florístico na restinga da APA Bonfim-Guaraíra, RN, Brasil

Survey floristic in restinga APA Bonfim-Guarairas, RN, Brazil

Valdeci Fontes de Sousa

Resumo

Restinga é um nome luso-brasileiro específico para cordões de areia gerados em fundos de

enseadas ou grandes recortes topográficos de litorais tropicais. Sua vegetação é heterogênea e

composta por fisionomias herbáceas, arbustivas e arbóreas, ainda pouco investigadas quanto

sua riqueza e diversidade no estado do Rio Grande do Norte (RN). O presente estudo

apresenta o levantamento florístico de plantas vasculares em áreas de restinga no município

de Nísia Floresta, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Bonfim-Guarairas, RN,

Brasil. O levantamento foi realizado por meio de coletas não sistematizadas de amostras

férteis entre dezembro de 2015 a setembro de 2016 e por consulta de exsicatas depositadas no

herbário UFRN. A área de estudo caracteriza-se por ser uma formação transicional entre áreas

de restingas, vegetação psamófila sobre dunas e encraves de floresta atlântica, além de possuir

dezenas de lagoas interdunares que abastecem de água dece vários municípios. Um total de

169 espécies pertencentes a 131 gêneros e 58 famílias foi documentado. As angiospermas

foram responsáveis por 166 espécies (98,2% do total), 128 gêneros (97,7%) e 55 famílias

(94,8%) e três famílias (5,1%) restantes foram compostas pelas monilófitas (“pteridófitas”),

cada uma com uma espécie. As famílias mais ricas foram Cyperaceae (11,8% das espécies),

Poaceae (10,6%), Fabaceae (8,8%), Rubiaceae e Orchidaceae (4,7%). Entre as espécies

listadas, 51 (30,1%) são endêmicas do Brasil e 23 (13,6%) são novas ocorrências para a flora

do RN. Confirmou-se um padrão de distribuição amplo para a maioria das espécies, que

também ocorrem em províncias biogeográficas adjacentes e um padrão de dispersão

predominantemente autocórico, seguido por zoocórico. A fragmentação e os impactos

antrópicos verificados na área estudada reforçam a necessidade urgente de medidas de

conservação da flora na APA Bonfim-Guarairas.

Palavras-chave: APA Bonfim-Guarairas, conservação, flora, Floresta Atlântica, psamo-

bioma, riqueza de espécies.

23

Abstract

Restinga is a Luso-Brazilian name specific for sand stripes generated along the back of coves

or bays or large topographic cutouts of tropical coasts. Restinga vegetation is heterogeneous,

and composed by herbaceous, shrubby, and arboreal physiognomies so far poorly investigated

in Rio Grande do Norte state (RN), Northeastern Brazil. This paper aims to fill this gap and

presents an intensive field work floristic survey of the vascular plants from a restinga patch in

Nísia Floresta, an area belonging to the Bonfim-Guarairas Environmental Protection Area

(APA). This survey was based on field work and collection of fertile samples along the study

area from December 2015 to September 2016, as well as on specimens available in UFRN

herbarium collection. The study area is characterized by a transitional formation between

areas of salt marshes, sand dunes vegetation and patches of Atlantic forest, besides having

dozens of interdune lakes, which supply several municipalities with fresh water. A total of

169 species belonging to 131 genera and 58 families were listed. The angiosperms were

responsible for 166 species (98.2% of total), 128 genera (97.7%) and 55 families (94.8%) and

the remaining three families (5.1%), each one with a single species, were composed of

monilophytes. The richest families in number of species were Cyperaceae (11.8% of species),

Poaceae (10.6%), Fabaceae (8.8%), Rubiaceae and Orchidaceae (4.7%). Among the species

listed, 51 (30.1%) are endemic to Brazil and 23 (13.6%) are new records for the Potiguar

flora. A broad distribution pattern was confirmed for most species, which also occur in

adjacent biogeographic provinces and a predominantly autochoric dispersion pattern,

followed by zoocoric. The fragmentation and anthropic impacts verified in the studied area

reinforce an urgent need for conservation of the flora of the APA Bonfim-Guarairas.

Key words: Atlantic Forest, Bonfim-Guarairas Environmental Protected Area, conservation

flora, psamo-biome, species richness.

24

Introdução

Restinga é um nome luso-brasileiro específico para cordões de areia gerados em fundos

de enseadas ou grandes recortes topográficos de litorais tropicais (Ab‟Saber 2006). As

restingas compreendem um mosaico de comunidades que ocorrem em áreas costeiras,

formando estratos herbáceos, arbustivos e arbóreos sobre planícies arenosas, estas resultantes

das regressões e transgressões do mar e cuja datação é do período Quaternário (Suguio &

Tessler 1984; Araújo & Henriques 1984; Souza et al. 2008; Magnago et al. 2013). No Brasil,

as restingas ocorrem ao longo de toda a costa, em extensões variadas, formando desde campos

abertos até áreas florestadas (Braz et al. 2013; Silva et al. 2016). As espécies que se

desenvolvem nesses ambientes são típicas de ecossistemas adjacentes como a Floresta

Atlântica, a Mata de Tabuleiro Litorâneo e a Caatinga, mas com variações fenotípicas devido

às novas condições ambientais (Freire 1990; Oliveira-Filho & Carvalho 1993; Rizzini 1997;

Assumpção & Nascimento 2000), sendo que para os animais, como as aves, por exemplo, a

composição de espécies não se limita à dos biomas vizinhos, sendo bastante heterogênea

(Sick 2001).

Na Região Nordeste, o litoral possui aproximadamente 3.306 km de extensão, entre os

Estados do Maranhão e Bahia, correspondendo a 45% da costa brasileira e com grande

diversidade vegetal ainda pouco pesquisada (Brito et al. 2006). Nas últimas décadas, os

estudos com vegetação de ambientes costeiros foram intensificados enfocando,

principalmente, a florística e a fitossociologia (Pereira & Assis 2000; Almeida Jr. et al. 2007a,

2009; Almeida Jr. & Zickel 2009; Dias & Soares 2008; Silva & Menezes 2012; Menezes et

al. 2012; Almeida Jr. & Zickel 2012; Queiroz et al. 2012; Santos-Filho et al. 2011, 2013;

Fernandes & Queiroz 2015; Serra et al. 2016), porém o conhecimento sobre os fragmentos

vegetacionais do Rio Grande do Norte (RN) e os dados sobre a ocorrência precisa das

espécies ainda são escassos (Freire 1990; Almeida Jr. & Zickel 2009, 2012; Damaso 2009;

Versieux et al. 2013; Magalhães et al. 2014). No RN, a vegetação de restinga e os ambientes

dunares dominam quase toda a paisagem litorânea.

As regiões litorâneas em toda a costa brasileira, principalmente os ambientes de

restingas, vêm sofrendo ao longo do tempo com a degradação e perdas em razão da exagerada

especulação imobiliária associada ao fluxo turístico (Stehmann et al. 2009; Silva & Menezes

2012; Santos-Filho et al. 2013), o que causa sérios danos à vegetação nativa (Queiroz et al.

2012), demandando ações urgentes em prol da conservação para esse ecossistema (Dias &

Soares 2008; Serra et al. 2016).

25

Apesar da grande importância ecológica e social, as restingas são os ecossistemas

menos conhecidos em termos de diversidade e conservação (Fernandes & Queiroz 2015), são

ambientes extremamente frágeis e de baixa capacidade de resiliência (Guedes et al. 2006).

Essa vegetação exerce papel fundamental para a estabilização dos sedimentos e manutenção

da drenagem natural, bem como para a preservação da fauna residente e migratória

(Falkenberg 1999; Scherer et al. 2005).

Estudos recentes têm mostrado que as restingas apresentam uma grande diversidade

ecológica e características próprias quanto à composição florística e estrutura vegetacional

(e.g. Sugiyama 1998; Assumpção & Nascimento 2000; Pereira et al. 2001; Assis et al.

2004a,b), abrigando diversas espécies endêmicas, algumas em risco de extinção (Mori et al.

1981; Britto et al. 1993; Stehmann et al. 2009; Queiroz et al. 2012). Atualmente, a restinga

brasileira abriga 2.471 espécies de angiospermas das quais 295 (11,9%) são endêmicas (BFG

2015). Para a restinga do Rio Grande do Norte, é citada a ocorrência de 501 espécies e 362

gêneros agrupados em 109 famílias (Flora do Brasil 2020).

No Estado do Rio Grande do Norte, as florestas costeiras ocorrem em uma estreita faixa

do litoral oriental (Tavares 1960). As dunas da região leste potiguar estão cobertas por uma

vegetação arbustivo-arbórea, sendo que nos vales podem existir florestas que atingem até 10

m de altura, correspondendo a um dos limites da Floresta Atlântica (Rizzini 1997). É provável

que eventos dinâmicos associados ao transporte da areia pelos ventos podem ter soterrado

partes dessa floresta, a qual deveria já existir antes das formações das dunas (Rizzini 1997).

Em diversas regiões costeiras do Nordeste, o litoral se confronta com fitofisionomias do

Cerrado principalmente onde as faixas arenosas penetram profundamente no continente

(Oliveira & Carvalho 1993). Assim, como observado por Sick (2001), pela sua vegetação, a

restinga pode lembrar o cerrado, em alguns casos chamados de “cerrado do litoral”, sendo que

para o RN foi documentada uma área onde manchas de cerrado estariam vizinhas ao litoral

(Oliveira et al. 2012b).

A escassez de informações florísticas sobre a vegetação de restinga do estado do Rio

Grande do Norte implica em limitadas ações de conservação ou, no caso de unidades de

conservação, no manejo das comunidades remanescentes. Além disso, o conhecimento das

diversidades alfa e beta de tais comunidades poderiam ser úteis em comparações

fitogeográficas com outras restingas do Brasil. Desta forma, tornou-se necessário aprofundar

o conhecimento florístico das restingas do RN, em especial da APA Bonfim-Guarairas, que é

uma área próxima à capital do estado, importante manancial e que vem sofrendo invasões e

perda de hábitats. As perguntas que pretendemos responder no presente trabalho são: Qual é a

26

composição florística da área de estudo? Ela inclui espécies raras, endêmicas ou ameaçadas

de extinção? Qual é a distribuição geográfica das espécies inventariadas na área estudada? As

espécies registradas possuem ocorrências em outros domínios fitogeográficos brasileiros?

Neste sentido, o presente estudo foi delineado tendo como objetivo realizar o levantamento

florístico na restinga da APA Bonfim-Guarairas no município de Nísia Floresta, no Rio

Grande do Norte, visando contribuir para o conhecimento desse tipo vegetacional no estado

do RN.

A escolha de tal área, inserida dentro da APA Bonfim-Guarairas, justifica-se por sua

importância para a recarga dos lençóis freáticos, devido às extensas lagoas temporárias ou

intermitentes que ali se formam e também por ser urgente a conservação de sua biota. Apesar

do crescente desmatamento e fragmentação do habitat, a área de estudo dada a sua

proximidade com a cidade de Natal, é relevante para o estabelecimento de metapopulações e

corredores ecológicos na Floresta Atlântica do Rio Grande do Norte, seguindo as restingas

arbustivo-arbóreas do litoral, até a capital (MMA 2012).

Material e Métodos

Área de estudo ‒ Os fragmentos de restinga estudados localizam-se dentro da APA Bonfim-

Guarairas no município de Nísia Floresta, Rio Grande Norte (RN), distando cerca de 30 km

de Natal. Foram amostrados cinco pontos de coletas, todos dentro de um raio de cerca de 800

m nos espaços interdunares, amostrando as plantas a partir do limite final da lâmina d´água:

Lagoa Amarela (6°00'15.5"S, 35°09'39.8"W), Lagoa da Juventude (6°00'12.5"S,

35°09'20"W), Sete Lagoas (6°00'46.4"S, 35°07'03.0"W), Lagoa da Ilhota (5°59'27.3"S,

35°07'33.7"W) e Lagoa de Alcaçuz (6°59'46.1"S, 35°08'26.2"W) (Figuras 1 e 2). A área total

de estudo abrangeu 8,24 km2. O clima da região é do tipo AS‟ (quente e úmido), com estação

chuvosa entre os meses de fevereiro até julho, e uma estação seca, com estiagem mais

rigorosa entre outubro e dezembro (Köppen 1948). A temperatura média anual está em torno

de 26°C, com pluviometria média anual de 1.455 mm e umidade relativa média anual de 76%

(IDEC 1991).

A vegetação da APA é dominada por vegetação herbácea esparsamente distribuída em

estreita faixa de praia e sobre as dunas, até arbustiva, mais exuberante, que recobre flancos de

dunas, cordões e planícies interdunares (IDEMA 2008). Em uma avaliação preliminar para

escolha da área, visualmente, observou-se que o componente herbáceo é, aparentemente,

dominado por representantes das famílias Poaceae, Cyperaceae, Fabaceae e Rubiaceae. O

estrato arbustivo é também um elemento importante na fixação e estabilização das dunas. A

27

altura desse componente varia de 2 a 3,5 m e por formar densas populações fornece cobertura

ao solo, protegendo-o dos processos erosivos. A espécie aparentemente mais abundante neste

componente é Chrysobalanus icaco L. (Chrysobalanaceae).

A área da APA abrange os municípios de Nísia Floresta, São José de Mipibú,

Goianinha, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul e Arês (Ministério do Meio Ambiente

2012). Essas lagoas encontram-se inseridas no sistema aquífero Dunas-Barreiras, onde se

estabelece a restinga herbácea e arbustiva; as dunas exercem a transferência das águas de

infiltração em direção aos planos inferiores do Grupo Barreiras. As águas subterrâneas dentro

da APA são utilizadas para abastecimento humano, sendo evidente a importância da área pelo

potencial hídrico (IDEMA 2001). Em torno das lagoas observa-se a instalação de edificações

civis e supressão da vegetação para finalidades turísticas.

28

Figura 1. Mapa mostrando o município de Nísia Floresta (verde), RN, destacando os cinco pontos de amostragem (círculos pretos) que indicam as lagoas no entorno das

quais foram percorridos cerca de 800 m em trilhas para coleta do material botânico.

29

Figura 2. Fisionomias amostradas. A. Vegetação herbácea e arbustiva nas margens das Sete

Lagoas, B. Restinga arbustiva aberta em flanco de duna, Sete Lagoas, C. Formações de

adensamento de arbustos, Sete Lagoas, D. Restinga arbustiva com predomínio de Guajirú

(Chrysobalanus icaco, Chrysobalanaceae), E-G. Aspecto da vegetação arbustiva em torno das

lagoas da Juventude, da Ilhota e de Alcaçuz, H. Vegetação herbácea nas dunas da Lagoa

Amarela. (Fotos: A-F: J. Leroy: G-H: V.F. Sousa).

30

Metodologia ‒ Foram realizadas expedições de coletas mensais entre dezembro

de 2015 e setembro de 2016. Além disso, foram realizados levantamentos de materiais

já depositados do herbário UFRN. As coletas concentraram-se em plantas vasculares

nos pontos delimitados através de caminhadas não sistematizadas. Os espécimes foram

coletados percorrendo toda a área definida por um raio de, aproximadamente, 800 m a

partir das margens de lagoas. O material botânico coletado foi processado de acordo

com os métodos usuais em taxonomia vegetal (Fidalgo & Bononi 1989; Bridson &

Forman 1999) e a identificação foi realizada com o auxílio de literatura especializada,

comparação com material depositado no herbário UFRN e consultas a especialistas.

Os nomes das espécies e os dados sobre a distribuição geográfica foram revistos e

atualizados de acordo com a Flora do Brasil (2020). Exsicatas foram montadas e

depositadas no Herbário UFRN e as duplicatas enviadas aos herbários do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro (RB) e da Universidade Estadual de Feira de Santana

(HUEFS) (acrônimo de acordo com Thiers 2016, continuamente atualizado).

Objetivando-se caracterizar também possíveis mecanismos ecológicos,

biogeográficos e adaptativos que explicassem a composição florística da área, foi feito

um levantamento de dados relativos à dispersão das espécies, padrão de distribuição

geográfica e endemismo, com base em dados compilados da literatura. A dispersão foi

categorizada em anemocórica, zoocórica ou autocórica. Os padrões de distribuição

geográfica foram estabelecidos baseados nos Domínios e Províncias Biogeográficas de

Cabrera & Willink (1980). Foram consideradas contínuas aquelas espécies com conexão

entre as Províncias biogeográficas, enquanto que as espécies disjuntas foram aquelas

que apresentaram um isolamento evidente em sua distribuição espacial, através de uma

barreira física ou geográfica (aqui tal barreira foi caracterizada pela vegetação) e

espécies restritas, aquelas que ocorrem em uma única Província.

Para a classificação de espécies endêmicas e a identificação dos primeiros

registros para o RN foram consultadas diferentes obras na literatura e a Lista de

Espécies da Flora do Brasil (Flora do Brasil 2020). Também foi consultado o livro

Plantas Raras do Brasil (Giulietti et al. 2009) para verificar possível ocorrência de

espécies raras dentre as amostradas na área de estudo.

31

Resultados e Discussão

A flora vascular da vegetação de restinga da APA Bonfim-Guaraíras no município

de Nísia Floresta foi representada por 169 espécies classificadas em 131 gêneros e 58

famílias (Tabela 1). As angiospermas foram responsáveis por 166 espécies (98,2% do

total), 128 gêneros (97,7%) e 55 famílias (94,8%). Dessas, 58 espécies (34,9%), 41

gêneros (32%) e 10 famílias (17,2%) são monocotiledôneas. As Eudicotiledôneas

incluíram 43 famílias (74,1%), 90 gêneros (68,7%) e 108 espécies (65,1%). No grupo

das Rosídeas, que se mostrou o mais rico em famílias, posicionam-se 16 famílias

(27,5%) incluídas em Eurosídeas I e três (5,1%), em Eurosídeas II. O clado Asterídeas

inclui, além das 13 famílias (22,4%) como Euasterídea I e uma família como

Euasterídea II (Asteraceae). Uma espécie, um gênero e uma família (Aristolochiaceae)

posicionam-se dentre as magnoliídeas e outra (Cabombaceae) encontra-se entre as

angiospermas basais, na ordem Nymphaeales. As três famílias (5,1%) restantes foram

compostas pelas monilófitas (samambaias).

O destaque ao número de espécies e famílias dentre as monocotiledêas,

especialmente da ordem Poales, tendo Cyperaceae e Poaceae como grupos mais ricos, e

também ao grupo das Rosídeas, provavelmente se devem às várias adaptações

morfológicas e ecofisiológicas observadas nesses táxons. Dentre as Rosídeas, figuram

ordens ricas em famílias, muitas delas com marcante ocorrência em áreas de restinga,

como as Fabales, Myrtales e Malpighiales. As Rosídeas compõem um grupo bastante

heterogêneo, formado for dois grandes clados, Eurosídeas I e II ou Fabídeas e

Malvídeas, com ordens ricas, destancando-se as Fabales, que integram o único clado de

angiospermas onde há fixação de nitrogênio gasoso nas raízes, sendo essa uma

adaptação para várias espécies crescerem em solos oligotróficos (Soltis et al. 2005).

As famílias melhor representadas em número de espécies foram: Cyperaceae (20),

Poaceae (18), Fabaceae (15), Rubiaceae e Orchidaceae (8 cada), Convolvulaceae e

Lentibulariaceae (5 cada), Apocynaceae, Asteraceae, Euphorbiaceae, Lamiaceae,

Malvaceae e Turneraceae (4 cada), que somaram 60,9% do total da flora amostrada

(Figura 3).

32

Figura 3. As 13 famílias mais ricas em espécies (em valores relativos) seguidas pelas demais (outras), na restinga da APA Bonfim-Guarairas,

Nísia Floresta, RN, Brasil.

33

Os gêneros que apresentaram maior riqueza de espécies foram Utricularia L.

(Lentibulariaceae), com cinco espécies, Bulbostylis Kunth, Eleocharis R. Br. e

Rhynchospora Vahl (Cyperaceae), com quatro, Ipomoea L. (Convolvulaceae),

Paspalum L. (Poaceae), Stylosanthes Sw. (Fabaceae) e Xyris Gronov. ex L.

(Xyridaceae), com três espécies.

Das 58 famílias amostradas, 30 apresentaram uma espécie cada, correspondendo a

20,8% do total de espécies e 51,7% das famílias. Tal distribuição sugere uma

diversidade filogenética considerável para famílias, em termos de composição, mas, ao

mesmo tempo, indica que há um filtro atuando, selecionando poucos táxons de uma

dada família, talvez a depender da presença de adaptações ao ambiente da restinga. Na

área estudada, as espécies herbáceas foram predominantes, sendo a distribuição do

hábito assim representada: ervas (100 espécies; 59,1% do total), arbustos (20; 11,8%),

subarbustos (27; 15,9%), árvores (5; 2,9%) e trepadeiras (17; 10%). Entre as espécies

registradas, 51 (30,1%) são endêmicas do Brasil e 23 (13,6%) são consideradas como

novos registros para a flora Potiguar (Tabela 1), se considerarmos as distribuições

apresentadas na Flora do Brasil (Flora do Brasil 2020). Esta porcentagem de novas

ocorrências deve-se principalmente a escassez de levantamentos florísticos em áreas

litorâneas do RN, mostrando a importância de mais estudos não só de florística como

também taxonômicos e ecológicos.

Cyperaceae foi à família mais abundante em número de taxa (20 spp.) na APA

Bonfim-Guarairas. Resultado semelhante a esse foi encontrado por Silva & Menezes

(2012) na restinga de Massarandupió, Bahia. Ela tem sido apontada como a segunda

família mais importante nos inventários florísticos das restingas do estado do Ceará

(Matias & Nunes 2001; Santos-Filho et al. 2011), Pernambuco (Almeida Jr. et al.

2007a; 2009), Sergipe (Oliveira et al. 2014) e até mesmo no Rio Grande do Norte

(Almeida Jr. & Zickel 2009). Provavelmente, a maior expressividade desta família na

região deva-se à capacidade adaptativa em colonizar áreas abertas, de elevada

salinidade, com estresse hídrico e alta incidência de luz (Cabral-Freire & Monteiro

1993; Bove et al. 2006; Maganago et al. 2011).

A família Poaceae foi a segunda mais abundante em número de espécies (18 spp.).

No levantamento florístico de Freire (1990) realizado no Parque Estadual das Dunas de

Natal, Poaceae também foi a segunda maior família em diversidade. A diversificação

ecológica das Poaceae deve-se principalmente à ampla gama de adaptações

morfológicas e ecofisiológicas a ambientes diversos. A tolerância à dessecação, caules

34

subterrâneos e a capacidade de crescer em lugares secos e abertos são exemplos das

adaptações que as espécies de Poaceae desenvolveram ao longo da sua evolução para

colonizar ambientes xéricos (Kellogg 2001).

Entre as espécies de Poaceae registradas no presente estudo, merece atenção

Paspalum maritimum Trin. que cresce formando densas populações em áreas com

vegetação esparsa, sobre dunas. É uma espécie vigorosa e resistente ao pisoteio e à seca

(Maciel et al. 2009), caracterizada pelo crescimento de rizomas longos e estolhos que

podem alcançar considerável comprimento em ambientes abertos (Oliveira et al. 2013)

tornando-se um elemento muito importante na fixação de dunas (Leite & Andrade 2004;

Araújo et al. 2016).

A ocorrência das espécies de Cyperaceae, como também de Poaceae, em áreas de

restinga pode gerar alta competição entre as espécies e retardar o processo de sucessão

devido ao seu rápido crescimento na cobertura do solo e dificultar a entrada de outras

plantas no ambiente (Santos et al. 2000). No entanto, como os ambientes costeiros são

influenciados por fatores abióticos intensos e extremos, os representantes dessas

famílias são elementos importantes para a formação e caracterização da fisionomia

psamófila-reptante (Almeida Jr. & Zickel 2009).

Embora Fabaceae seja a terceira em números de espécies no presente estudo, ela

tem sido encontrada como a família mais numerosa nas restingas do Ceará (Santos-

Filho et al. 2011), Maranhão (Cabral-Freire & Monteiro 1993), Rio Grande do Norte

(Freire 1990; Almeida Jr. & Zickel 2009), Bahia (Queiroz et al. 2012; Fernandes &

Queiroz 2015), Sergipe (Oliveira et al. 2014) e Piauí (Santos-Filho et al. 2013, 2015) e

a segunda mais importante nos levantamentos feitos em Pernambuco (Silva et al. 2008)

e Bahia (Queiroz 2007). A presença dos representantes desta família nos solos

distróficos de restinga é extremamente importante, uma vez que as suas raízes mantêm

simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio (Faria et al. 1994).

Diferentemente de outros estudos realizados em ambientes de restinga (Freire

1990; Mantovani 1992; Oliveira-Filho & Carvalho 1993; Assumpção & Nascimento

2000; Lemos et al. 2001; Pereira et al. 2001; Assis et al. 2004b; Scherer et al. 2005;

Sacramento et al. 2007; Silva et al. 2008; entre outros), a família Myrtaceae não

apresentou grande riqueza de espécies. Em uma análise correlacionando riqueza de

táxons em famílias e fisionomias vegetais, as Myrtaceae se destacaram como a segunda

melhor família indicadora de vegetação de restinga arbórea (Murray-Smith et al. 2009).

No presente levantamento foram registradas apenas três espécies, número igual àquele

35

encontrado por Almeida & Zickel (2009) na composição florística da praia da Pipa, RN.

Entretanto, no levantamento florístico realizado por Freire (1990) no Parque Estadual

das Dunas do Natal, RN, Myrtaceae esteve representada por 15 espécies, sendo

considerada a terceira família mais diversa e Damaso (2009) registrou a ocorrência de

11 espécies de Myrtaceae na vegetação dunar de Natal.

Apesar da proximidade geográfica entre o Parque Estadual das Dunas e a área de

estudo, variações edáficas, e o predomínio de vegetação arbustiva na área aqui

amostrada (e de manchas de mata no parque), talvez expliquem a menor riqueza, porém

não descartamos a possibilidade de que novos registros para essa família sejam obtidos

com novas idas a campo. A baixa representatividade dessa família, na qual há

predomínio de frutos carnosos zoocóricos, também pode ter afetado os valores

observados para a dispersão por animais na área. Não há como afirmar se tal baixa

riqueza de Mirtáceas arbóreas na área é natural ou consequência de um empobrecimento

antrópico. Entretanto, observam-se várias construções praieiras na região que usam

troncos de Campomanesia dichotoma (O. Berg) Mattos, guarabiraba, sugerindo que

haja corte seletivo de madeira na região da APA.

A lista florística encontrada neste estudo destaca que a riqueza de espécies na

restinga da APA Bonfim-Guarairas é elevada e superior à encontrada em outros estudos

realizados em restingas do Nordeste (Tabela 2), especialmente se for levado em

consideração o tempo e a área amostrada.

O maior número de ervas, subarbustos e arbustos encontrados na área de restinga

da APA Bonfim-Guarairas pode refletir a predominância das fitofisionomias herbácea e

arbustiva (Oliveira et al. 2014). Em um levantamento realizado em áreas de restinga no

Estado do Ceará, a maioria das espécies encontradas pertencia ao estrato herbáceo

(Santos-Filho et al. 2011). Ainda, de acordo com esses autores, a presença do

componente herbáceo em ambientes de restingas reflete a característica pioneira da

vegetação, adaptada aos locais de condições ambientais adversas e abertas. Dentre as

famílias mais ricas e totalmente de herbáceas, destacam-se Poaceae e Cyperaceae. Essas

famílias sempre estão presentes nos levantamentos florísticos de restingas que incluem

o estrato herbáceo em suas análises (Pereira & Assis 2000; Araújo et al. 2009).

Neste estudo registra-se pela primeira vez a ocorrência da família Orobanchaceae

para a flora do RN, representada por duas espécies: Agalinis hispidula (Mart.) D‟Arcy

distribuída na Venezuela, Guianas, Suriname, Honduras, Cuba, Trinidad e Tobago e

Brasil, nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Alagoas, Bahia, Ceará,

36

Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

(Souza & Giulietti 2009; Souza 2015) e Buchnera palustris (Aubl.) Spreng., encontrada

nos campos da Venezuela e Guianas até o Brasil Central, diferindo facilmente das

demais espécies do gênero por suas folhas uninérveas, híspido-escabras e lacínios do

cálice ciliado (Souza & Giulietti 2009). Na região Nordeste esta espécie ocorre apenas

nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí (Souza & Giulietti 2009).

A ecologia da dispersão de diásporos tem sido estudada em diferentes tipos de

vegetação, como na floresta atlântica (e.g. Silva & Tabarelli 2000), no cerrado (e.g.

Mantovani & Martins 1988; Weiser & Godoy 2001) e na caatinga (e.g. Griz &

Machado, 2001; Tabarelli et al. 2003). Para as áreas de restinga, poucos estudos foram

realizados acerca do tema e estes estão mais concentrados no Sudeste do Brasil (Talora

& Morellato 2000; Bencke & Morellato 2002; Medeiros 2005; Almeida Jr. et al.,

2007b; Amaral et al. 2015; Morellato et al. 2000).

Quanto à dispersão dos diásporos, os resultados mostraram predominância de

autocoria (53,2%, 90 spp.). Este modo de dispersão é o resultado de mecanismos

próprios das plantas em dispersar os diásporos através de deiscência (muitas vezes

explosiva) de seus frutos secos e posterior queda da semente. A segunda síndrome mais

representativa foi a zoocoria, com 31,3% (53 spp.) das espécies registradas. Nesta

síndrome, as plantas necessitam dos animais para a dispersão e apresentam, em geral,

frutos carnosos. A anemocoria compreende 15,3% (26 spp.). Nesta categoria, as plantas

dependem do vento para dispersar os seus diásporos.

A dispersão zoocórica é a dominante em florestas úmidas tropicais (Tabarelli &

Peres 2002), sendo também esperado que esta proporção ocorra em florestas litorâneas

(Talora & Morellato 2000; Almeida Jr. et al. 2007b; Amaral et al. 2015). No entanto, os

resultados obtidos apontam proporções diferentes daqueles registrados na literatura,

provavelmente porque nessas áreas amostradas, as espécies herbáceas e arbustivas são

predominantes, caracterizando-as como comunidades pioneiras.

O hábito trepador está representado pelas famílias Apocynaceae, Passifloraceae e

Convolvulaceae, Aristolochiaceae, Bignoniaceae, Dilleniaceae, Euphorbiaceae,

Fabaceae, Marcgraviaceae, Orchidaceae, Sapindaceae e Vitaceae (1 cada).

Aristolochiaceae encontra-se representada por Aristolochia setulosa A.A.M. Araújo,

descrita por Araújo & Alves (2013), para as áreas de caatinga e restinga dos estados da

Paraíba e Rio Grande do Norte.

37

De acordo com Gentry (1991), 26 famílias de angiospermas abrangem 85% de

todas as lianas do Novo Mudo, sendo Apocynaceae, Convolvulaceae, Fabaceae,

Bignnoniaceae, Malpighiaceae, Sapindaceae, Passifloraceae e Cucurbitaceae as mais

ricas em espécies. Apesar de sua elevada importância nas florestas tropicais,

levantamentos florísticos envolvendo as trepadeiras ainda são escassos no Brasil,

especialmente na região Nordeste (Oliveira et al. 2012a). No presente estudo, as

famílias mais ricas em número de espécies foram Apocynaceae (3 spp.), Passifloraceae

(2 spp.) e Convolvulaceae (3 spp.). A baixa diversidade listada aqui (17 espécies) é

semelhantes aos dados registrados por Oliveira et al. (2012a) que também encontraram

uma baixa riqueza de trepadeiras (20 spp.) em um fragmento de mata no município de

Parnamirim, vizinho à Nísia Floresta. Ainda, pela fisionomia amostrada ser

predominantemente herbáceo-arbustiva, é de se esperar que o número de trepadeiras não

se destaque.

Foram encontradas três famílias de monilófitas no estrato inferior. Cyclosorus

interruptus (Willd.) H. Ito (Thelypteridaceae) e Ceratopteris thalictroides (L.) Brongn.

(Pteridaceae) crescem em áreas alagadas, entre as espécies de Eleocharis R. Br.

(Cyperaceae). Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. (Polypodiaceae) é

encontrada no interior da floresta, sobre a serrapilheira e próximo ao caule das árvores.

As monilófitas são elementos importantes florística e fisionomicamente em áreas

costeiras. No entanto, o conhecimento deste grupo em áreas de restinga, especialmente

na Região Nordeste ainda é escasso (e.g. Pontual 1972; Barros et al. 1988; Cantarelli et

al. 2012; Queiroz et al. 2012; Oliveira et al. 2014).

Algumas espécies mencionadas neste estudo são consideradas como novas

ocorrências para a flora do RN. No entanto, estas já foram citadas em outros trabalhos

sem, contudo, ocorrer à atualização na plataforma de dados da Lista de Espécies da

Flora do Brasil. São elas: Cenchrus echinatus L. (Poaceae), Anthurium affine Schott

(Araceae), Coccoloba alnifolia Casar (Polygonaceae), citadas em Freire (1990),

Dalechampia convolvuloides Lam. (Euphorbiaceae) em Oliveira et al. (2012a) e

Axonopus complanatus (Nees) Dedecca (Poaceae) que foi registrada em Oliveira et al.

(2012b).

Espécies consideradas ruderais e que ocorrem em outros ecossistemas também

fazem parte da composição do estrato herbáceo na restinga da APA Bonfim-Guaraíras,

tais como Centrosema brasilianum L. (Benth.), Chamaecrista ramosa (Vogel) Irwin &

Barneby, Chamaecrista flexuosa (L.) Greene, Stylosanthes viscosa (L.) Sw.,

38

Mycrostachys corniculata (Vahl) Griseb., Euphorbia hyssopifolia L., Borreria

verticillata (L.) G. Mey., Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud., Cenchrus

echinatus L., Commelina erecta L., Commelina obliqua Vahl e Mollugo verticillata L.

(Leite & Andrade 2004; Pereira et al. 2004; Almeida Jr. et al. 2007a; Silva et al. 2008).

As plantas ditas ruderais apresentam elevada produção de sementes e outras estratégias

de reprodução assexuada, tem alta capacidade de adaptação e são resistentes às

condições adversas do ambiente (Bove et al. 2003) e sua presença em planícies costeiras

(do Brasil ou em outros países) indica quanto o desenvolvimento urbano pode interferir

na composição florística (Rickard et al. 1994; Leite & Andrade 2004).

Cuscuta racemosa Mart. (Convolvulaceae), planta desprovida de raízes e folhas e

Psittacanthus dichroos (Mart.) Mart. (Loranthaceae) foram as espécies parasita e

hemiparasita, respectivamente, registradas na área de estudo. A espécie P. dichroos é

conhecida popularmente como erva-de-passarinho, uma vez que seus frutos são

dispersos por pássaros. É facilmente reconhecida em campo pelas suas folhas semi-

crassas e beleza de suas flores, sempre de coloração intensa (alaranjada).

Nenhuma das espécies inventariadas no presente estudo está incluída na categoria

de espécie rara por Giulietti et al. (2009). No entanto, na lista de espécies da flora

brasileira ameaçadas de extinção, Aspilia procumbens está inserida na categoria

criticamente em perigo (Ministério do Meio Ambiente 2008). A sua ocorrência estava

restrita apenas ao semiárido potiguar, uma área com forte intervenção antrópica, tendo

sua distribuição ampliada para uma comunidade de Cerrado no município de Rio do

Fogo, RN (Oliveira et al. 2012b). Neste estudo é confirmada a sua ocorrência no

ambiente de restinga, pois na revisão taxonômica do gênero Aspilia Thou. para o Brasil,

Santos (1992) registrou uma coleta em dunas costeiras no município de Natal,

considerando-a uma espécie muito importante na fixação das dunas do RN.

Espécies ameaçadas como Cattleya granulosa Lindl. (Orchidaceae), endêmica da

região costeira do nordeste brasileiro (Ministério do Meio Ambiente 2008; Barros et al.

2012; Martinelli & Moraes 2013; Fajardo et al. 2015) e Melocactus violaceus Pfeiff.

(Cactaceae) também são encontradas na APA Bonfim-Guarairas, evidenciando a

urgência da implantação de medidas efetivas, como a criação de unidades de

conservação mais restritivas, o que protegeria não apenas estas, mas também àquelas

com dados insuficientes, tal como a Bromeliaceae endêmica do nordeste brasileiro,

Cryptanthus zonatus (Vis.) Beer (Ministério do Meio Ambiente 2008; Martinelli &

39

Moraes 2013), que recentemente teve sua distribuição ampliada para o RN (Versieux et

al. 2013).

A fragmentação de habitat das restingas ocasionada principalmente pela expansão

imobiliária e a pressão de coleta predatória de plantas, pelo seu valor ornamental, são

considerados aqui fatores de ameaça. A presença de espécies que estão incluídas em

alguma das categorias de plantas ameaçadas de extinção justifica a criação de Unidades

de Conservação de uso mais restritivas dentro da APA Bonfim-Guarairas,

especialmente no município de Nísia Floresta, onde se concentram numerosas lagoas,

cujas águas são usadas no abastecimento humano. Durante o trabalho de campo foram

observadas aberturas de trilhas, retirada de madeira, abandono de resíduos, uso indevido

da área por quadriciclos, vestígios de queimadas e turismo predatório em lagoas. Tais

ameaças devem ser avaliadas no plano de manejo da APA e sugere-se que medidas

eficazes de fiscalização aconteçam.

Nenhuma espécie endêmica de restinga foi encontrada na APA Bonfim-Guarairas,

RN. Rizzini (1997) e Scarano (2002) afirmam que o baixo endemismo das restingas se

deve à sua origem geológica recente, e, portanto, por não ter havido tempo suficiente

para que ocorressem processos de especiação in situ. Pelos dados aqui apresentados,

nota-se que a colonização é dominada por espécies provenientes dos biomas adjacentes,

sendo que a maioria das espécies aqui amostradas apresentam registros de ocorrência

em outros biomas como a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado e a Floresta Atlântica

(Tabela 1). Tal resultado vai de encontro à generalização de que as formações pioneiras

são, em geral, dominadas por espécies de ampla distribuição, que conseguem colonizar

ambientes e ocupar nichos vagos em distintas localidades, apresentando ampla

tolerância aos condicionantes bióticos e abióticos encontrados.

As espécies levantadas apresentam distribuição geográfica contínua ampla (99

spp.; 58,5%), ocorrendo em todos os biomas brasileiros, contínua restrita (37 spp.;

21,9%), representadas em dois ou três domínios fitogeográficos contínuos, restrita (11

spp.; 6,5%) distribuídas apenas em uma província e 21 (12,%) espécies com distribuição

disjunta (Tabela 1). A Província que mais compartilhou espécies na formação da

composição florística da restinga estudada foi a Atlântica (com 144 spp. do total

amostrado; 85,2%), seguida, muito proximamente, do Cerrado (139; 82,2%), da

Caatinga (138; 81,6%) e pela Amazônica (115; 68%). A interpentração de espécies

entre as diferentes fitosionomias tem sido observada por vários autores (e.g. Pereira &

Araújo 2000; Cerqueira 2000; Scarano et al. 2004). Levando em consideração esses

40

resultados e a fisionomia da vegetação, pode-se apresentar a área de restinga da APA

Bonfim-Guarairas como recoberta por um tipo de formação vegetacional em que há

predominância de elementos peculiares à vegetação de Floresta Atlântica, seguidas de

espécies do Cerrado e da Caatinga. Conforme observado por Rizzini (1997), a flora que

se desenvolve na restinga é, de maneira geral, oriunda da Floresta Atlântica. Contudo,

esses resultados reforçam o caráter de espécies generalistas para a restinga, como

observado por Sick (2001) para a avifauna, já que muitas das espécies que ocorrem na

restinga ocorrerão em mais de uma província biogeográfica.

Conclusões

O ambiente de restinga analisado mostrou uma considerável riqueza de espécies

(13,8% da flora de todo o RN), incluindo aí táxons pouco conhecidos, com 23 novas

ocorrências para a flora Potiguar e também espécies ameaçadas. As áreas de restinga do

estado do Rio Grande do Norte são ainda pouco estudadas, tendo em vista que a área é

vizinha à capital do estado que detém o maior herbário da flora potiguar e, ainda assim,

guarda novidades. A maior parte das espécies listadas pertence ao estrato herbáceo,

configurando esta comunidade como pioneira, o que é esperado para áreas dominadas

por neossolos.

Tabela 2. Comparação entre a riqueza de espécies e de famílias entre alguns estudos

sobre a flora de restinga no Nordeste brasileiro.

Estado

No.

Espécies

No.

Famílias

Referências Área Tempo de

amostragem

CE 87 39 Matias & Nunes

(2001)

5.480 ha 12 meses

MA 260 76 Freire & Monteiro

(1993)

15 km 18 meses

PE 124 55 Sacramento et al.

(2007)

147 ha 28 meses

PE 112 43 Almeida Jr. et al.

(2007a)

------ 12 meses

PE 47 20 Leite & Andrade

(2004)

6 km 9 meses

PE 104 54 Silva et al. (2008) 41 ha 18 meses

PE 187 71 Almeida Jr. et al.

(2009)

76,2 ha 2 anos

41

RN 64 29 Almeida Jr. &

Zickel (2009)

2 km 2 anos

RN 264 78 Freire (1990) 30 km² 2 anos

RN 168 58 Presente estudo 8,24 km²

10 meses

Agradecimentos

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por disponibilizar as

dependências do Laboratório de Botânica para a realização deste trabalho. Agradecemos

à MSc. Juliana Leroy pelo auxílio nas expedições a campo. O primeiro autor agradece

ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais pelo seu Mestrado. Às profas.

Alice Calvente e Fernanda Carvalho do Dept. de Botânica e Zoologia pela leitura crítica

de uma versão anterior deste texto. O primeiro autor tem uma bolsa CNPq/Reflora.

LMV agradece ao CNPq pela bolsa de produtividade.

42

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Tabela 1. Lista de espécies de plantas Lista das espécies de plantas vasculares

registradas em Nísia Floresta, APA Bonfim-Guarairas, RN, Brasil. Hábito: erv = erva,

arb = arbusto, subarb = subarbusto, árv = árvore e trep = trepadeira. Padrão

biogeográfico: Ama = Amazônica, Caa = Caatinga, Cer = Cerrado, Atl = Atlântica e Par

= Paranaense. Distribuição geográfica no Brasil: CA = contínua ampla, CR = contínua

restrita, D = disjunta e R = restrita. (*) = primeira ocorrência para o RN. (†) = endêmica

do Brasil. Síndromes de dispersão: AU = Autocórica, AN = Anemocórica e ZO =

Zoocórica. As ocorrências estão indicadas por vouchers (todos depositados no herbário

UFRN).

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

ANACARDIACEAE

(Eurosídea II)

Anacardium occidentale L. árv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

347

ALISMATACEAE

(Monocotiledônea)

Helanthium tenellum

(Mart.) Britton

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU J.A.S. Leroy

30

APOCYNACEAE (Euasterídea I)

† Ditassa crassifolia

Decne.

tre Cer-Atl D AN V.F. Sousa

247

Hancornia speciosa Gomes arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

100

† Mandevilla moricandiana

(A.DC.) Woodson

tre Caa-Cer-Atl CR AN V.F. Sousa

265

Mandevilla scabra

(Hoffmmans. ex Roem. &

Schult.) K. Schum.

tre Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AN V.F. Sousa

214

ARACEAE (Monocotiledônea)

† Anthurium affine Schott erv Caa-Cer-Atl CR ZO V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 293

Philodendron acutatum

Schott

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

438

ARISTOLOCHIACEAE (Magnoliídea)

† Aristolochia setulosa

A.A.M. Araújo

tre Caa-Atl. CR AN V.F. Sousa

446

ASTERACEAE (Euasterídea II)

† Aspilia procumbens

Baker

erv Caa R AN V.F. Sousa

179

† Elephantopus hirtiflorus

DC.

erv Caa-Cer-Atl CR AN V.F. Sousa

230

Emilia sonchifolia (L.) DC.

ex Wight

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AN V.F. Sousa

445

52

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

† Stilpnopappus

trichospiroides Mart. ex

DC.

erv Caa-Cer CR AN V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 307

BIGNONIACEAE (Euasterídea I)

† Lundia longa (Vell.) DC. tre Caa-Cer-Atl CR AN V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 324

BORAGINACEAE (Euasterídea I)

† Euploca paradoxa

(Mart.) J.I.M. Melo &

Semir

erv Caa-Cer CR AU V.F. Sousa

183

Euploca polyphylla

(Lehm.) J.I.M. Melo &

Semir

erv Ama-Caa-Atl D AU V.F. Sousa &

420

Myriopus candidulus

(Miers) Feuillet

sub Caa-Cer CR ZO V.F. Sousa

234

BROMELIACEAE (Monocotiledônea)

† Cryptanthus zonathus

(Vis.) Beer

erv Atl R ZO G.S. Garcia

et al. 135

† Hohenbergia ridleyi

(Baker) Mez

erv Atl R ZO V.F. Sousa

440

CABOMBACEAE (Grado

ANITA)

Cabomba aquatica Aubl. erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

338

CACTACEAE (Eudicotiledônea)

† Cereus jamacaru DC. árv Caa-Cer CR ZO D.S.C.

Morais 01

† Melocactus violaceus

Pfeiff.

sub Caa-Atl CR ZO A.E.C.S.

Melo 24

† Pilosocereus catingicola

(Gürke) Byles & Rowley

arv Caa-Atl CR ZO G.S. Garcia

& L.M.G.

Gonçalves

125

CELASTRACEAE (Eurosídea I)

† Maytenus erythroxyla

Reissek

arb Caa-Cer-Atl CR ZO V.F. Sousa

170

COMMELINACEAE (Monocotiledônea)

Commelina erecta L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 325

Commelina obliqua Vahl erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

405

CONVOLVULACEAE (Euasterídea I)

Cuscuta racemosa Mart. erv Cer-Atl D AU V.F. Sousa

175

† Daustinia montana

(Moric.) Buril & A.R.

Simões

tre Caa-Cer-Atl CA AU V.F. Sousa

407

53

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

Ipomoea asarifolia (Desr.)

Roem. & Schult.

erv Ama-Caa-Atl D AU V.F. Sousa

380

† Ipomoea brasiliana

(Choisy) Meisn.

tre Caa-Cer CR AU G.S. Garcia

193

† Ipomoea rosea Choisy tre Caa-Cer-Atl CR AU V.F. Sousa

408

CHRYSOBALANACEAE (Eurosídea I)

Chrysobalanus icaco L. arb Ama-Atl D ZO V.F. Sousa

108

Hirtella racemosa Lam. arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

95

CYPERACEAE (Monocotiledônea)

Bulbostylis capillaris (L.)

C.B. Clarke

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

112

Bulbostylis conifera

(Kunth) C.B. Clarke

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

169

Bulbostylis junciformis

(Kunth) C.B. Clarke

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

189

Bulbostylis scabra (J. Presl.

& C. Presl.) C.B. Clarke

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa &

LM Versieux

311

Cyperus meyenianus Kunth erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

253

Cyperus ligularis L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

433

† Eleocharis atropurpurea

(Retz.) J. Presl. & C. Presl.

erv Ama-Caa D AU J.A.S. Leroy

62

Eleocharis minima Kunth erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

442

Eleocharis geniculata (L.)

Roem & Schult.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU L.M.

Versieux 594

Eleocharis interstincta

(Vahl) Roem. & Schult.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

357

Fimbristylis cymosa R. Br. erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

209

Fuirena umbellata Rottb. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

168

Kyllinga squamulata Vahl erv Caa-Cer_Atl CR AU R.C. Oliveira

et al. 1697

Kyllinga vaginata Lam. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU E.O. Moura

et al. 239

Lagenocarpus rigidus

(Kunth) Nees

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

182

Rhynhospora aberrans C.B.

Clarke

erv Caa R AU V.F. Sousa

101

Rhynchospora barbata

(Vahl) Kunth

erv Ama-Caa-Cer CR AU G.S. Garcia

et al. 27

Rhynchospora

holoschoenoides (Rich.)

Herter.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU J.A.S. Leroy

223

Rhynhospora tenerrima

Nees ex Spreng.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

257

Scleria secans (L.) Urb. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

215

54

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

DILLENIACEAE (Eudicotiledônea)

† Tetracera breyniana

Schltdl.

tre Atl R ZO V.F. Sousa

194

ERIOCAULACEAE (Monocotiledônea)

Eriocaulon cinereum R. Br. erv Ama-Caa-

Cer-Par

D AU J.A.S. Leroy

55

Tonina fluviatilis Aubl. erv Ama-Caa-Atl D AU V.F. Sousa

381

EUPHORBIACEAE (Eurosídea I)

Cnidoscolus urens (L.)

Arthur

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

421

† Dalechampia

convolvuloides Lam.

tre Ama-Caa-Atl D AU V.F. Sousa

237

Euphorbia hyssopifolia L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

366

Microstachis corniculata

(Vahl) Griseb.

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

233

FABACEAE (Eurosídea I)

† Andira fraxinifolia Benth. árv Caa-Cer-Atl CR ZO L.M.

Versieux et

al. 581

† Andira humilis Mart. ex

Benth.

sub Ama-Caa-Cer CR ZO W.M.B. São-

Mateus & D.

Cardoso 117

Centrosema brasilianum

(L.) Benth.

tre Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 328

Chamaecrista ramosa

(Vogel) Irwin & Barneby

sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

103

Chamaecrista flexuosa (L.)

Greene

sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

195

Clitoria laurifolia Poir. arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

352

Crotalaria pallida Aiton sub Ama-Cer-Atl-

Par

CA AU V.F. Sousa

343

† Indogofera microcarpa

Desv.

erv Caa-Atl CR AU V.F. Sousa

391

† Mimosa misera Benth. erv Caa-Cer CR AU

Mimosa somnians Willd. sub Ama-Caa-

Cer-Par

CA AU V.F. Sousa

384

Stylosanthes viscosa (L.)

Sw.

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

390

Stylosanthes angustifolia

Vogel

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

235

Stylosanthes gracilis

Kunth

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

242

† Tephrosia egregia

Sandwith

sub Caa-Atl CR AU V.F.

Sousa348

Zornia latifolia Sm. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

363

GENTIANACEAE (Euasterídea I)

55

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

Schultesia guianensis

(Aubl.) Malme

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 309

KRAMERIACEAE (Eurosídea I)

Krameria tomentosa A.St.-

Hil.

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

226

LAMIACEAE (Euasterídea I)

† Eplingiella fruticosa

(Salzm. ex Benth.) Harley

& J.B. Pastore

sub Caa-Atl CR AU V.F. Sousa

93

Hypenia salzmannii

(Benth.) Harley

erv Caa-Cer-Atl CR AU G.S. Garcia

194

Hyptis brevipes Poit. erv Ama-Cer-Atl-

Par

CA AU V.F. Sousa

443

Marsypianthes chamaedrys

(Vahl) Kuntze

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 304

LENTIBULARIACEAE (Euasterídea I)

Utricularia gibba L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

464

Utricularia cornuta Michx. erv Cer R AU J.A.S. Leroy

41

Utricularia resupinata B.D.

Greene ex Bigelow

erv Ama-Atl D AU J.A.S. Leroy

59

* Utricularia simulans Pilg. erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU G.S. Garcia

et al. 32

Utricularia subulata L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU J.A.S. Leroy

60

LINDERNIACEAE (Euasterídea I)

Torenia thouarsii (Cham. &

Schltdl.) Kuntze

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

212

LOGANIACEAE (Euasterídea I)

† Strychnos parvifolia A.

DC.

arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

460

LORANTHACEAE (Eudicotiledônea)

† Psittacanthus dichroos

(Mart.) Mart.

arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

202

LYTHRACEAE (Eurosídea I)

† Cuphea flava Spreng. sub Atl R AU V.F. Sousa

96

MALPIGHIACEAE (Eurosídea I)

† Byrsonima gardneriana

A. Juss.

arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

116

Byrsonima cydoniifolia A.

Juss.

arb Caa-Cer-Par CA ZO V.F. Sousa

120

† Stigmaphyllon paralias

A. Juss.

arb Caa-Cer_Atl CR AN A.S. Soares

et al. 57

56

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

MALVACEAE (Eurosídea

II)

Pavonia cancellata (L.)

Cav.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

447

Sida brittoni León sub Caa-Atl CR ZO V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 308

Sida linifolia Cav. sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

344

Waltheria indica L. sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

210

MARCGRAVIACEAE (Clado das Asterídeas)

† Schwartzia brasiliensis

(Choisy) Bedell ex Gir.

Cañas)

tre Cer-Atl D ZO V.F. Sousa

117

MAYACACEAE (Monocotiledônea)

Mayaca fluviatilis Aubl. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU J.A.S. Leroy

53

MELASTOMATACEAE (Eurosídea I)

Acisanthera bivalvis

(Aubl.) Cogn.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

118

† Comolia ovalifolia (DC.)

Triana

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

98

MOLLUGINACEAE (Eudicotiledônea)

Mollugo verticilata L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 323

MYRTACEAE (Eurosídea

I)

† Myrcia bergiana O. Berg. arb Caa-Atl CR ZO V.F. Sousa

172

Myrcia guianensis (Aubl.)

DC.

arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

240

Myrciaria floribunda (H.

West. & Willd.) O. Berg

arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

248

NYCTAGINACEAE (Eudicotiledônea)

† Guapira pernambucensis

(Casar.) Lundell

arb Atl R ZO V.F. Sousa

329

OCHNACEAE (Eurosídea

I)

Sauvagesia erecta L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 299

ONAGRACEAE (Eurosídea I)

Ludwigia octovalvis (Jacq.)

P.H. Raven

sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

388

ORCHIDACEAE (Monocotiledônea)

Brassavola tuberculata

Hook.

erv Caa-Cer-Atl CR AN G.S. Garcia

191

57

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

† Cattleya granulosa Lindl. erv Atl R AN M.R.O.

Trindade &

F.S.R. Sousa

41

† * Cyrtopodium flavum

Link & Otto ex Rchb.

erv Cer-Atl D AN G.S. Garcia

& L.M.G.

Gonçalves

108

† Cyrtopodium holstii L.C.

Menezes

erv Ama-Caa-Atl D AN V.F. Sousa

463

† * Encyclia oncidioides

(Lindl.) Schltr.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AN G.S. Garcia

& L.M.G.

Gonçalves

121

† Epidendrum

cinnabarinum Salzm. ex

Lindl.

erv Caa-Cer-Atl CR AN L.M.

Versieux et

al. 589

Prescottia leptostachya

Lindl.

erv Caa-Cer CR AN G.S. Garcia

190

† Vanilla bahiana Hoehne tre Caa-Cer-Atl CR AN V.F. Sousa

461

OROBANCHACEAE (Euasterídea I)

Agalinis hispidula (Mart.)

D‟arcy

erv Ama-Caa-

Cer-Par

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 320

Buchnera palustris (Aubl.)

Spreng.

erv Ama-Caa-

Cer-Par

CA AU V.F. Sousa

109

PASSIFLORACEAE (Eurosídea I)

† Passiflora silvestris Vell. tre Cer-Atl D ZO V.F. Sousa

382

Passiflora foetida L. tre Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

415

PHYTOLACCACEAE (Eudicotiledônea)

Microtea paniculata Moq. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

456

PLANTAGINACEAE (Euasterídea I)

† * Bacopa arenaria (J.A.

Schmidt.) Loefgr. &

Edwall.

erv Ama-Par D AU J.A.S. Leroy

39

Scoparia dulcis L. sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

349

POACEAE (Monocotiledônea)

Andropogon selloanus

(Hack.) Hack.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AN V.F. Sousa

180

Aristida setifolia Kunth erv Caa-Cer-Atl CR AU V.F. Sousa

187

Axonopus capillaris (Lam.)

Chase

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AN V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 315

† Axonopus complanatus

(Nees) Dedecca

erv Ama-Caa-Cer CR AN V.F. Sousa

260

58

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

Cenchrus echinatus L. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

340

Gouinia virgata (J. Presl.)

Scribn.

erv Caa R AU V.F. Sousa

254

Gymnopogon foliosus

(Willd,) Nees

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

432

Hymenachne amplexicaulis

(Rudge) Nees

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

368

Melinis repens (Willd.)

Zizka

erv Caa-Cer-Atl CR AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 313

Mesosetum annuum

Swallen

erv Ama-Caa-Cer CR AN V.F. Sousa

206

Paspalidium geminatum

(Forssk.) Stapf

erv Ama-Caa-Atl-

Par

CA AU V.F. Sousa

426

Paspalum gardnerianum

Nees

erv Ama-Caa-Cer CR AU V.F. Sousa

251

Paspalum maritimum Trin.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 333

Paspalum pumilum Nees erv Ama-Cer-Atl-

Par

CA AU V.F. Sousa

113

Reimarochloa brasiliensis

(Spreng.) Hitch.

erv Ama-Caa-

Cer-Par

CA AU V.F. Sousa

188

Streptostachys asperifolia

Desv.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

197

Trachypogon spicatus (L.f.)

Kuntze

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

178

Trichanthecium parvifolium

(Lam.) Zuloaga & Morrone

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

181

POLYGALACEAE (Eurosídea I)

Asemeia violacea (Aubl.)

J.F.B.Pastore & J.R.Abbott

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

377

† Polygala trichosperma

Jacq.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

252

POLYGONACEAE (Eudicotiledônea)

† Coccoloba alnifolia

Casar.

arb Caa-Atl CR ZO V.F. Sousa

186

Coccoloba ramosissima

Wedd.

arb Ama-Atl D ZO V.F. Sousa

171

POLYPODIACEAE (Monilófita)

Microgramma vacciniifolia

(Langsd. & Fisch.) Copel.

erv Cer-Atl D AN V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 314

PRIMULACEAE (Clado

das Asterídeas)

Myrsine guianensis (Aubl.)

Kuntze

arb Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

458

PTERIDACEAE (Monilófita)

Ceratopteris thalictroides

(L.) Brongn.

erv Atl-Par D AN V.F. Sousa

395

59

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

RUBIACEAE (Euasterídea

I)

Borreria verticillata (L.) G.

Mey.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

397

Diodela apiculata (Willd.

ex Roem. & Schult.)

Delprete

sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

164

Guettarda platypoda DC. arb Ama-Atl D ZO V.F. Sousa

201

† Mitracarpus eichleri K.

Schum.

erv Atl R AU V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 295

Mitracarpus robustus E.B.

Souza & E.L. Cabral

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA AU V.F. Sousa

404

Richardia grandiflora

(Cham. & Schltdl.) Steud.

erv Caa-Cer-Atl-

Par

CA ZO V.F. Sousa

383

Staelia virgata (Link ex

Roem. & Schult.)

K.Schum.

sub Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

97

† Tocoyena sellowiana

(Cham. & Schldtl.) K.

Schum.

arb Ama-Caa-Atl D ZO V.F. Sousa

238

SAPINDACEAE (Eurosídea II)

Serjania glabrata Kunth tre Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AN V.F. Sousa

267

SOLANACEAE (Euasterídea I)

Solanum paludosum Moric arb Ama-Caa-Atl D ZO V.F Sousa

216

THELYPTERIDACEAE (Monilófita)

Cyclosorus interruptus

(Willd.) H. Ito

erv Ama-Cer-Atl CR AN V.F. Sousa

167

TURNERACEAE (Eurosídea I)

† Piriqueta duarteana (A.

St.–Hil., A. Juss. &

Cambess.) Urb.

sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO L.M.

Versieux et

al. 590

Piriqueta viscosa Griseb. sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa &

L.M.

Versieux 298

Turnera melochioides A.

St.–Hil. & Cambess.

erv Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

452

Turnera subulata Sm. sub Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

392

URTICACEAE (Eurosídea I)

Cecropia pachystachya

Trécul

árv Atl-Caa-Cer-

Atl-Par

CA ZO V.F. Sousa

236

VIOLACEAE (Eurosídea

I)

Pombalia calceolaria (L.)

Paula-Souza

erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

300

VITACEAE (Eudicotiledônea)

60

Famílias/Espécies Hábito Padrão

biogeográfico

Distribuição

geográfica

no Brasil

Síndromes

de

Dispersão

Voucher

UFRN

† Cissus erosa Rich. tre Ama-Caa-

Cer-Atl

CA ZO V.F. Sousa

245

XYRIDACEAE (Monocotiledônea)

Xyris anceps Lam. erv Ama-Cer-Atl CR AU J.A.S. Leroy

27

Xyris jupicai Rich. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

99

Xyris savanensis Miq. erv Ama-Caa-

Cer-Atl-Par

CA AU V.F. Sousa

122

61

CAPÍTULO II

Potencial ornamental de plantas da restinga do Rio Grande do Norte: subsídios

para um paisagismo sustentável1

Valdeci Fontes de Sousa2,3

1 Parte da Dissertação de Mestrado

2 Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais. Autor para correspondência

([email protected])

3 Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia - Centro de Biociências, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, 59072‒970, Natal - RN, Brasil

*Manuscrito a ser submetido ao periódico Landscape Review

62

Potencial ornamental de plantas da restinga do Rio Grande do Norte: subsídios

para um paisagismo sustentável

Ornamental potential of restinga plants from Rio Grande do Norte: subsidies to a

sustainable landscaping

Valdeci Fontes de Sousa1

RESUMO

Aliar desenvolvimento e conservação do meio ambiente consiste em um dos maiores

desafios da atualidade. Com o aumento da urbanização e a consequente fragmentação

de habitats naturais, os espaços verdes em áreas urbanas tornam-se uma importante

ferramenta para conservação da biodiversidade. No entanto, para conservar a

biodiversidade em espaços urbanos, é necessário envolver o uso das espécies nativas,

sendo também um método de conservação ex-situ. O presente estudo objetivou

identificar espécies nativas da restinga da APA Bonfim-Guarairas, RN, que tenham

potencial ornamental para ser empregadas em projetos paisagísticos. O levantamento foi

realizado por meio de coletas não sistematizadas de amostras férteis entre dezembro de

2015 a setembro de 2016. Foram selecionadas e analisadas 25 espécies vegetais com

potencial ornamental, distribuídas em 22 gêneros e 16 famílias. As famílias que mais

apresentaram característica estéticas para o uso paisagístico foram Convolvulaceae (3

spp.), Apocynaceae, Araceae, Cactaceae, Chrysobalanaceae, Fabaceae e Rubiaceae (2

cada). Observou-se um predomínio de trepadeiras (10 spp), seguido por herbáceas (4).

A maioria das espécies analisada aqui é citada pela primeira vez quanto ao seu potencial

ornamental.

Palavras-chave: APA Bonfim-Guarairas, biodiversidade, conservação ex situ, espécies

nativas.

63

ABSTRACT

Combining development and conservation of the environment is one of the greatest

challenges of our time. With increasing urbanization and the consequent fragmentation

of natural habitats, green spaces in urban areas become an important tool for

biodiversity conservation. However, to conserve biodiversity in urban areas, it is

necessary to involve the use of native species, also being an ex-situ conservation

method. The present study aimed to identify native species of the restinga of APA

Bonfim-Guarairas, RN, that have ornamental potential to be used in landscape projects.

This survey was based on field work and collection of fertile samples along the study

area from December 2015 to September 2016. Twenty-five species grouped in 22

genera and 16 families with ornamental potential were selected and analyzed. The

families that presented the most esthetic characteristics for landscape use were

Convolvulaceae (3 spp.), Apocynaceae, Araceae, Cactaceae, Chrysobalanaceae,

Fabaceae and Rubiaceae (2 each). A predominance of vines (10 spp) was observed,

followed by herbas (4). Most of the species analyzed here are cited for the first time

concerning to their ornamental potential.

Key-words: APA Bonfim-Guarairas, biodiversity, ex situ conservation, native species.

64

INTRODUÇÃO

Aliar desenvolvimento e conservação do meio ambiente consiste em um dos maiores

desafios da atualidade. Com o avanço da ciência e da tecnologia, a espécie humana

almeja qualidade de vida para o futuro, esquecendo-se, entretanto do presente, gerando

problemas imediatos que afetam o equilíbrio do ambiente. Dados da United Nations

Population Fund (UNFPA, 2007) indicam que cada vez mais a população mundial está

se tornando urbana. Em 2008 atingiu-se a marca de mais de 50% da população do globo

vivendo em ambiente urbano (Goddard et al, 2009).

Com o aumento global da urbanização, o ambiente natural torna-se cada vez mais

fragmentado, evidenciando a importância dos espaços verdes no meio urbano a fim de

conservar a biodiversidade. Embora sujeito às consequências da densidade populacional

humana, as áreas verdes em espaços urbanos estão se tornando refúgios cada vez mais

importantes para a biodiversidade nativa em comparação àquelas antropizadas como

áreas desmatadas, improdutivas, degradadas, ambientes poluídos e de monoculturas

(Goddard et al, 2009).

A vegetação desempenha papel fundamental em ambientes urbanos, fornecendo

alimentos, locais de reprodução e abrigo para fauna local, além de propiciar um

microclima mais agradável (Smith et al, 2006). Dentre os benefícios trazidos pela

convivência em um meio urbano saudável e com áreas verdes ressaltam-se os serviços

fornecidos para o meio ambiente, manutenção da biodiversidade urbana, aumento da

reputação social da cidade, contribuição para a saúde e bem estar, influência da

jardinagem e paisagismo no status social e no preço de imóveis (Goddard et al, 2009).

Macintyre et al (2003) afirmam que as pessoas que vivem no meio urbano sem acesso a

jardins apresentam maiores taxas de sintomas de ansiedade e quadros de depressão.

Em todo o mundo desenvolvido, grande ênfase tem sido dada à biodiversidade de

jardins cultivados dentro de áreas urbanas. No entanto, para conservar a biodiversidade

em espaços urbanos, é necessário envolver o uso das espécies nativas (Isernhagem et al,

2009). Além disso, usar espécies nativas em áreas verdes urbanas é um método de

conservação ex-situ (Reis et al, 2003; Clarkson et al, 2007) e neste sentido enfatiza-se a

utilização de espécies nativas ameaçadas de extinção como forma de incorporar valores

de conservação (Barroso et al, 2007; Isernhagem et al, 2009; Silva e Perelló, 2010). O

emprego de espécies nativas nos espaços urbanos permite alcançar objetivos de

educação ambiental, difundindo a identidade paisagística natural e regional, além de

65

representar custos mais baixos de instalação e manutenção dos espaços e contribuir com

a biodiversidade regional (Silva e Perelló, 2010).

No Brasil, o paisagista Roberto Burle Marx estimulou a pesquisa de novas plantas

para o emprego ornamental (Abbud, 2006). Burle Marx preocupava-se com a

funcionalidade das composições vegetais, empregando em seus projetos espécies

nativas com as condicionantes bioclimáticas de cada local e o respeito às condições

geomorfológicas encontradas na natureza (Tabacow 1996). Apesar do pioneirismo de

Burle Marx, com a sensibilidade de introduzir várias espécies nativas, adaptadas às

condições locais nos jardins que projetava, pouco avanço tem sido registrado na

pesquisa e produção comercial de mudas de espécies nativas.

No estado Rio Grande do Norte (RN) este quadro não é diferente, se não for pior

do que no restante do Brasil. Em uma análise prévia, foram visitadas quatro lojas de

jardinagem de Natal e, através de entrevista ficou evidente que esses estabelecimentos

revendem plantas oriundas de outras cidades ou estados (indicando a pequena produção

local) e estimando em 80% de fornecimento de espécies exóticas, na maioria dos casos

sem conhecimento de quais são as espécies nativas ou de como distingui-las das

exóticas. Muitas vezes nos estabelecimentos são utilizados estilos paisagísticos que

copiam a urbanização de Los Angeles ou Miami, com paisagismo e arborização urbana

elaborada como resultado de um processo de adaptação ao clima frio, com adoção de

espécies de pequeno porte.

As plantas ornamentais diferenciam-se das demais por suas características

estéticas. Distinguem-se pela duração do florescimento, pela forma e colorido das

folhas, das flores e das inflorescências, bem como, pela aparência e arquitetura da planta

(Lorenzi e Souza, 2001). O Brasil possui uma flora muito rica em espécies e muitas

delas apresentam elevado potencial ornamental, as quais poderiam ser empregadas em

projetos paisagísticos. Entretanto, devido à escassez de estudos voltados ao

conhecimento destas plantas, a sua utilização com esta finalidade ainda é restrita e,

muitas vezes desconhecida (Lorenzi, 2009; Brandão et al, 2011; Santos, 2011; Vale et

al, 2011; Zamith, 2016). De fato, desde a época do Brasil Colonial, as espécies nativas

são substituídas pelas exóticas em decorrência da falta de informações sobre espécies

nativas com potencial ornamental para serem utilizadas em projetos paisagísticos (Leal

e Biondi, 2006).

A prospecção de plantas nativas ornamentais representa um grande potencial de

produção e comercialização para o mercado interno e externo (Heiden et al, 2006). No

66

entanto, prospectar e introduzir espécies nativas ornamentais no mercado da floricultura

demanda investimentos na pesquisa e produção.

No paisagismo moderno, as plantas nativas desempenham importantes funções

destacando a baixa necessidade de manutenção, a valorização da identidade regional

(regionalismo), a preservação da diversidade biológica e habitat para a fauna silvestre

local (Backstrup e Bassuk, 1997; Heiden et al, 2006). As plantas nativas estão adaptadas

às condições ambientais onde se desenvolveram e são resistentes às variações climáticas

e a incidência de pragas e moléstias do seu habitat. Desta forma, a inserção destas

plantas nos espaços verdes urbanos além de criar microclimas agradáveis aos seus

usuários pode minimizar as ameaças de invasões por espécies exóticas e reduzir a

introdução de novos patógenos (Heiden et al, 2006; Heiden e Iganci, 2009).

Em relação ao paisagismo de áreas litorâneas, as plantas nativas com potencial

ornamental são pouco utilizadas (e.g. Favacho et al, 2013; Loges et al, 2013; Zamith,

2016), geralmente devido à escassez de informações. Considerando que o paisagismo

realizado nos jardins de casas de veraneio e mesmo em áreas públicas é dominado por

espécies exóticas, sendo que algumas oferecem risco de invasão biológica, como

Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne. (Apocynaceae), faz-se necessário

indicar espécies potenciais para um uso mais sustentável, que demandem por menos

irrigação e interajam com a fauna local. A introdução de espécies da flora nativa

substitue as exóticas e preserva as características naturais das áreas litorâneas (Loges et

al, 2013) além de salvaguardar a identidade biológica regional (Kabashima et al, 2011).

Ressalta-se também que a substituição das espécies exóticas pelas nativas é uma

tendência no paisagismo (Heiden et al, 2006). Neste sentido, as plantas nativas de áreas

litorâneas, especialmente da restinga são ideais por serem mais adaptadas e,

consequentemente, necessitarem de menor manutenção, água e fertilizantes.

Assim, o presente estudo teve como objetivo identificar espécies nativas da APA

Bonfim-Guarairas com características e potencial de uso semelhante àquele das exóticas

de uso consagrado no paisagismo brasileiro. A apresentação dessas espécies servirá para

subsidiar pesquisas de cultivo e adaptação, para futura implantação em espaços

ajardinados, substituindo espécies exóticas análogas.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo - A seleção e coleta de material foram realizadas em um trecho da APA

Bonfim-Guarairas (Figura 1), em área coberta por vegetação de restinga, no município

67

de Nísia Floresta, RN, distando cerca de 30 km de Natal (capital do Estado). Foram

amostrados cinco pontos de coletas: Lagoa Amarela (6°00'15.5"S, 35°09'39.8"W),

Lagoa da Juventude (6°00'12.5"S, 35°09'20"W), Sete Lagoas (6°00'46.4"S,

35°07'03.0"W), Lagoa da Ilhota (5°59'27.3"S, 35°07'33.7"W) e Lagoa de Alcaçuz

(6°59'46.1"S, 35°08'26.2"W) (Figura 1). A área total de estudo abrangeu 8,24 km2. O

clima é do tipo AS‟ (quente e úmido), com estação chuvosa entre os meses de fevereiro

até julho, e uma estação seca, com estiagem mais rigorosa entre outubro e dezembro

(Köppen, 1948). A temperatura média anual está em torno de 26°C, com pluviometria

média anual de 1.455 mm e umidade relativa média anual de 76% (IDEC, 1991).

Metodologia - A seleção das espécies considerou todos os hábitos (ervas,

subarbustos, arbustos, árvores, epífitas e trepadeiras). Cada planta é apresentada por

família, com seu nome popular (se conhecido), apresentando-se também aspectos

relativos a características vegetativas (caule ereto ou decumbente, folhas perenes ou

caducas, coloração e textura das folhas) ou das porções reprodutivas, como a cor

dominante da flor, inflorescência ou do fruto.

68

Figura 1. Mapa mostrando o município de Nísia Floresta (círculo vermelho), RN, destacando os cinco pontos de amostragem (pontos vermelhos)

para coleta do material botânico.

69

Também foi utilizada a Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas

de Extinção - Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008 - (MMA, 2008),

com o objetivo de avaliar a pertinência da inclusão desses vegetais na seleção, visto que

sua inclusão poderia aumentar o risco de exploração extrativista. Optou-se, assim, por

utilizar espécies de plantas ameaçadas que estivessem incluídas, no máximo, na

categoria vulnerável.

A avaliação do potencial ornamental das plantas nativas foi feita com análise das

características estéticas. As definições das variáveis estéticas como hábito, forma,

simetria, textura e cor foram adaptadas de Stumpf et al (2009), a fim de nortear as

descrições das características ornamentais e eliminar preferências pessoais (Tabela 1). A

simetria nas plantas depende do tipo de esgalhamento ou ramificação que forma a copa

e do direcionamento do seu crescimento (Leal e Biondi, 2006). Em relação à indicação

de uso, as espécies foram categorizadas em plantas de jardim e paisagismo (indicadas na

formação de maciços, cercas-vivas, bordaduras, forrações ou uso isolado em canteiros)

e plantas de vaso (cultivadas em recipientes).

A coleta do material vegetal para identificação das espécies, a avaliação de suas

características estéticas, local de ocorrência e dados de floração foram realizados

durante os meses de dezembro de 2015 a setembro de 2016. Além disso, foi realizado

uma busca no banco de dados SpeciesLink (2016) para consultar materiais já

depositados nos herbários UFRN e MOSS com o objetivo de complementar as

informações sobre os dados da fenofase de florescimento das espécies. O material

botânico coletado foi processado de acordo com os métodos usuais em taxonomia

vegetal (Fidalgo e Bononi, 1989; Bridson e Forman, 1999) e a identificação foi

realizada com o auxílio de literatura especializada e de comparação com material

depositado no herbário UFRN.

Os nomes das espécies e os dados sobre a distribuição geográfica foram revistos e

atualizados de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Flora do Brasil,

2020). Exsicatas foram montadas e depositadas no Herbário UFRN e as duplicatas

doadas aos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e da Universidade

Estadual de Feira de Santana (HUEFS) (acrônimo de acordo com Thiers, 2016,

continuamente atualizado). Aqui, o termo „trepadeiras‟ foi empregado para designar

tanto os indivíduos lenhosos quanto herbáceos (Gentry, 1991; Morellato e Leitão Filho,

1998).

70

Dados sobre o potencial ornamental e uso de espécies nativas são ainda escassos

na literatura, mas a obra de Lorenzi e Mello-Filho (2001), que ressalta as espécies

utilizadas pelo paisagista Burle Marx foi consultada como fonte de dados para se

caracterizar o potencial ornamental das espécies, quando disponíveis.

Tabela 1. Atributos utilizados para a avaliação das características ornamentais das

espécies nativas da APA Bonfim-Guarairas, RN, com possibilidade de uso no

paisagismo.

Atributos Caracterização

Hábito Arbóreo, arbustivo, subarbustivo, herbáceo, trepador,

epifítico.

Forma Verticalizada (altura maior > diâmetro da copa).

Horizontalizada (diâmetro da copa > altura).

Equilibrada (diâmetro da copa semelhante à altura).

Sem forma definida (são modeladas para assumir

diferentes formas).

Simetria dos ramos Simétrico (conformação geral é uniforme);

Assimétrico (quando os ramos se desenvolvem em

diferentes direções).

Textura das estruturas Brilhante/opaca; lisa/rugosa; pilosa/glabra.

Cor das estruturas Determinação visual.

Adaptado de Stumpf et al (2009)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram selecionadas e analisadas 44 espécies vegetais das quais 25 foram consideradas

com potencial ornamental (Tabela 2). As 25 espécies estão distribuídas em 22 gêneros e

16 famílias. As espécies listadas estão incluídas nos grupos das monocotiledôneas

(Hohenbergia ridleyi (Baker) Mez, Anthurium affine Schott e Philodendron acutatum

Schott), três Eudicotiledôneas (Melocactus violaceus Pfeiff., Pilosocereus catingicola

(Gürke) Byles & Rowley, Tetracera breyniana Schltdl.), uma espécie como

magnoliídea (Aristolochia setulosa A.A.M. Araújo), Rosídeas (Cissus erosa Rich.),

Eurosídeas I (Passiflora silvestresVell., Chrysobalanus icaco L., Hirtella racemosa

Lam., Andira fraxinifolia Benth., Chamaecrista ramosa (Vogel) Irwin & Barneby,

Comolia ovalifolia (DC.) Triana), Euasterídeas I (Daustinia montana (Moric.) Buril &

71

A.R. Simões, Euploca paradoxa (Mart.) J.I.M. Melo & Semir, Ipomoea brasiliana

(Choisy) Meisn., Ipomoea rosea Choisy, Hancornia speciosa Gomes, Mandevilla

moricandiana (A. DC.) Woodson, Lundia longa (Vell.) DC., Guettarda platypoda DC.,

Solanum paludosum Moric., Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K. Schum.) e

Euasterídeas II (Aspilia procumbens Baker). As famílias que apresentaram maior

número de espécies com maior potencial ornamental foram Convolvulaceae (3 spp.),

Apocynaceae, Araceae, Cactaceae, Chrysobalanaceae, Fabaceae e Rubiaceae (2 cada).

Em relação ao hábito observou-se um predomínio de trepadeiras (10 spp), seguido por

herbáceas (4). A maioria das espécies analisada é aqui citada pela primeira vez quanto

ao seu potencial ornamental.

Das 25 espécies analisadas, 19 (76%) são endêmicas do território brasileiro e duas

(Aspilia procumbens e Melocactus violaceus) são consideradas como ameaçadas de

extinção pelo Ministério do Meio Ambiente (2008). A maioria das espécies neste estudo

ainda é desconhecida quanto ao seu potencial ornamental. Foram encontradas apenas

citações do potencial ornamental para as espécies Chrysobalanus icaco (Queiroz, 2007;

Silva e Peixoto, 2009), Anthurium affine (Queiroz, 2007; Freitas et al, 2010),

Philodendron acutatum, Hancornia speciosa, Melocactus violaceus, Comolia ovalifolia

e Guettarda platypoda (Queiroz, 2007) e Andira fraxinifolia (Souza et al, 2013),

equivalendo a 38,1% do total das espécies analisadas. No entanto, embora existindo a

indicação destas espécies para o uso ornamental, elas ainda não são comercializadas.

A maioria das espécies analisada (10 spp.; 47,6%) possui porte trepador, podendo

ser usadas em treliças, arcos, pérgulas, caramanchões, alambrados e composição com

arbustos ou árvores.

As cores das folhas das espécies variaram de verde-claro a verde-escuro,

indicando um efeito monocromático. A grande maioria das espécies (17 spp.; 81%)

possui folhas ou folíolos brilhantes, lisos e glabros. Enquanto para as cores das flores

oito espécies (38%) têm flores de cores frias. As espécies com cores de flores quentes

são as mais vistosas, por exemplo, Lundia longa, Dustinia montana e Tocoyena

sellowiana.

Em relação à forma das plantas, sete (33,3%) das espécies foram caracterizadas

com formas verticalizadas e apresentam os ramos simétricos, cujo crescimento está no

sentido de alongamento dos ramos, ótimo para produzir efeitos verticais.

A análise dessas variáveis estéticas é importante para indicar a melhor utilização

destas espécies em projetos paisagísticos. Algumas podem ser empregadas em praças,

72

jardins, canteiros de avenidas e outras como Melocactus violaceus podem ser usados em

jardins e vasos.

Andira fraxinifolia (Fabaceae) é conhecida popularmente como „Angelim doce‟.

Espécie de porte arbóreo que pode atingir até 8 m altura, de forma verticalizada e

assimétrica. Possui folhas dispostas em 5-11 folíolos verde-escuros, brilhantes, lisos e

glabros. Apresenta inflorescências dispostas em panículas axilares e terminais com

flores de coloração rosa e odor adocicado. Devido à folhagem perenifólia, brotações

novas avermelhadas que ocorrem uniformemente em toda copa, de grande efeito visual,

pela copa compacta e levemente arredondada são características que favorecem o seu

uso no paisagismo. Ocorre principalmente em restingas e florestas úmidas (Pennington,

2003). No Rio Grande do Norte, a espécie foi encontrada em florestas estacionais

semideciduais de terras baixas e restinga arbustivo-arbórea (São-Mateus et al, 2013).

Coletada no RN com flores de julho a dezembro.

Anthurium affine (Araceae), conhecida popularmente como „Milho-de-urubu‟

(3C-D). Espécie de porte herbáceo que pode atingir até 1,5 m de altura, de forma

verticalizada e simétrica. Possui folhas dispostas em rosetas, coloração verde-escura,

brilhantes, lisas e glabras. A inflorescência é ereta e pedunculada, verde ou púrpura na

parte apical. Espécie de grande potencial como planta ornamental, já que suas folhas são

atrativas e duradouras, e de aspecto exuberante. Sua propagação efetiva se dá por meio

de perfilhamento ou por sementes.

Aristolochia setulosa (Aristolochiaceae) é conhecida popularmente como

„Jarrinha‟ (Figura 2A). É uma trepadeira volúvel que não apresenta copa definida.

Possui folhas cartáceas, brilhantes, lisas, glabras e de coloração verde-escuro. Apresenta

inflorescência racemosa com flores amareladas. Os frutos são cápsulas cilíndricas e

glabras, de deiscência septicida, e que na maturação abrem-se por fendilhamento do

pedicelo, assumindo forma de cestas pendentes (Capellari Júnior, 2005). São plantas

rústicas, cresce tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins pode ser

usada em pérgulas, caramanchões e alambrados.

Aspilia procumbens (Asteraceae) é conhecida popularmente como „Pirrichea do

mato‟. Caracteriza-se pelo hábito herbáceo e prostrado, com caule arroxeado, de forma

verticalizada e simétrica. Apresenta folhas verde-claras, cartáceas, opacas, glabras e

inflorescência em capítulos solitários no ápice dos ramos com flores amarelas. A

coloração verde-arroxeada dos ramos contrastando com o verde-claro das folhas e o

amarelo das flores são características que favorecem o uso no paisagismo. Em jardins

73

pode ser utilizada como planta de forração. Floresce o ano inteiro fornecendo recurso

floral a fauna local.

Chamaecrista ramosa (Fabaceae) é uma espécie subarbustiva decumbente e

densamente ramificada (Figura 2C) e que apresenta porção aérea horizontalizada e

ramos se desenvolvendo em várias direções (assimétrica). Suas folhas são constituídas

por dois pares de folíolos membranáceos, verde-escuros, opacos, glabros. As flores são

solitárias, de coloração amarela. A combinação das flores amarelas com as sépalas

vermelho-vináceas que contrastam com o verde-claro de seus folíolos caracterizam o

seu uso como ornamental. O fruto é um legume, linear, esparsamente estrigoso e na

maturação apresenta coloração marrom. São plantas rústicas, cresce tanto em solos

secos e úmidos, ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins pode ser usado como

plantas de forração, sempre cultivada a pleno sol.

Chrysobalanus icaco (Chrysobalanaceae) é conhecido popularmente como

„Guajirú‟ (Figura 2E). Ocorre em regiões litorâneas do Brasil. Espécie de porte

arbustivo ou pequena arvoreta que pode atingir até 5 m altura, de forma horizontalizada

e assimétrica. Possui ramos acinzentados e com lenticelas esbranquiçadas, folhas

cartáceas, verde-escuras, brilhantes, lisas e glabras. Apresenta inflorescência em

racemos terminais e axilares, com flores de coloração branca. Os frutos ovoides a

obovoides, lisos e glabros, são de coloração verde-clara quando imaturos tornando-se

vináceo na maturação. Em jardins pode ser utilizada para formar maciços ou

agrupamentos, além de ter um excelente potencial para formação de cercas vivas. É uma

planta rústica, tolerante a ambientes salinos, e que suporta bem o clima quente e os

ventos fortes do litoral do RN. Pode ser plantada para estabilizar dunas e prevenir a

erosão do solo. Floresce e frutifica o ano inteiro. O fruto com polpa branca e adocicada

é comestível. É utilizada também como planta ornamental na América do Norte (Silva e

Peixoto, 2009).

Cissus erosa (Vitaceae) é conhecida popularmente como „Parreira-brava‟ (Figura

2B). É uma trepadeira lenhosa e perene, que não apresenta copa definida. As folhas são

trifolioladas, os folíolos cartáceos, brilhantes, lisos, glabros e de coloração verde-escuro.

Apresenta inflorescência em umbela com pedúnculo esverdeado ou avermelhado

contendo flores vermelhas. Os frutos são bagas oblongas, imaturos verdes, glabros.

Atrai a avifauna local. Em jardins pode ser usada em pérgulas, caramanchões e

alambrados.

74

Comolia ovalifolia (Melastomataceae) é caracterizada pelo porte subarbustivo,

formando pequenas moitas de até de 1 m altura, de forma verticalizada e simétrica.

Apresenta folhas cartáceas, verde-escuras, brilhantes, rugosas, ásperas e esparsamente

pilosas. Suas flores são de coloração rosa a púrpura. A coloração acinzentada a

ferrugínea dos ramos mais jovens contrastando com o verde-escuro das folhas e o rosa a

púrpura das flores, dos estames e dos filetes são características que promovem o uso no

paisagismo. É uma planta própria para jardins com fontes de água ou localizados em

terrenos alagadiços. Além disso, a espécie atrai várias espécies de abelhas como

visitantes florais (Oliveira-Rebouças e Gimenes, 2004).

Daustinia montana (Covolvulaceae) é uma espécie de trepadeira herbácea que

apresenta copa não definida. Seus ramos são lanosos, as folhas simples, cartáceas,

verde-claro, opacas, lanosas. As flores estão agrupadas em cimeiras capituliformes com

cerca de sete flores, de coloração amarela. Os frutos são cápsulas globosas de deiscência

septicida. São plantas que crescem tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes.

Em jardins podem ser usadas em estruturas leves como treliças, grades, arcos e

composição com arbustos. Pode ser cultivada a pleno sol.

Euploca paradoxa (Boraginaceae) é caracterizada pelo porte herbáceo, prostrado

(Figura 3B), de forma horizontalizada e assimétrica. Apresenta folhas cartáceas a

subcarnosas, verde-escuras, opacas, lisas e pilosas. Suas flores são solitárias, situada na

axila da folha e de coloração amarela. A coloração verde-escuro das folhas e o amarelo

intenso das flores promovem o uso no paisagismo. É uma planta própria para jardins

com fontes de água ou localizados em terrenos úmidos. Pode ser usada como planta de

forração.

Guettarda platypoda (Rubiaceae), conhecida popularmente como „Angélica‟.

Ocorre em regiões litorâneas do Brasil (Pereira e Barbosa, 2004). É uma espécie de

porte arbustivo que pode atingir até 4 m altura, de forma verticalizada e simétrica.

Possui folhas cartáceas, verde-escuras, brilhantes, lisas e glabras. Apresenta

inflorescência em cimeiras escorpioides, multifloras, com flores de coloração branca. A

coloração acinzentada a ferrugínea dos ramos contrastando com o verde das folhas,

flores brancas com aroma adocicado são característica favoráveis para o uso no

paisagismo. Em jardins pode ser utilizada para formar maciços ou agrupamentos, além

de ter um excelente potencial para formação de cercas vivas. É uma planta rústica, que

tolera bem o clima quente e os ventos fortes do litoral do RN. Floresce e frutifica o ano

inteiro.

75

Hancornia speciosa (Apocynaceae) é conhecido popularmente como „Mangaba‟.

É um arbusto ou arvoreta de até 5 metros de altura, com ramos acinzentados, glabros,

látex branco, de forma horizontalizada e assimétrica. Possui folhas opostas, cartáceas,

brilhantes, lisas, glabras e de coloração verde-escuro. Inflorescências racemosas,

axilares, com uma a cinco flores de coloração branca. O fruto é uma baga, arredondada,

amarelo-esverdeada com máculas ferrugíneas a avermelhada na maturação, glabra. São

plantas rústicas, crescem tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins

pode ser usada isolada ou em agrupamentos.

Hirtella racemosa (Chrysobalanaceae) é caracterizada pelo porte arbustivo ou

arvoreta de até 5 m de altura, de forma horizontalizada e assimétrica. Apresenta folhas

verde-escuras, coriáceas, brilhantes, lisas e glabras e inflorescência em racemos

terminais e axilares com flores rosa. A coloração acinzentada dos ramos contrastando

com o verde-escuro das folhas e o rosa das flores, estames e filetes são característica

que favorecem o uso no paisagismo. Em jardins pode ser utilizada como planta de

destaque ou mesmo para compor agrupamentos. O seu fruto é de formato elipsoide, liso

e glabro, verde quando imaturo e vináceo na maturação. Além disso, atrai várias

espécies de abelhas como visitantes florais.

Hohenbergia ridleyi (Bromeliaceae) caracteriza-se pelo porte herbáceo (Figura

2F), folhas coriáceas, verdes, esverdeado-flavescentes, flavescentes ou castanhas,

dispostas em rosetas amplamente funelformes ou crateriformes, inflorescência laxo-

piramidal, ereta, algumas vezes pendente, esparsamente branco-lanado ou flavo-lanado,

características que a tornam atraente para ser empregada no paisagismo como

ornamental. Além disso, a espécie atrai beija-flores como visitantes florais (Siqueira

Filho e Machado, 1998). Em jardins pode ser usado de maneira isolada ou agrupada,

podendo ser cultivada a pleno sol ou a meia sombra. A presença de espinhos nas

margens das folhas requer certo cuidado na escolha do lugar onde será colocada a

planta, sendo mais indicado, um local de circulação restrita.

Ipomoea brasiliana (Covolvulaceae) é uma espécie de trepadeira volúvel (Figura

3A) e lenhosa que apresenta copa não definida. Suas folhas são cartáceas, verde-claro,

opacas, vilosas. As flores podem ser solitárias ou em dicásios com três flores, de

coloração rosa. A floração intensa que contrasta com o verde-claro de suas folhas e o

verde-cinéreo de seus ramos são características que a qualificam como ornamental. Os

frutos são cápsulas globosas e glabras, de deiscência septicida. São plantas rústicas,

76

crescem tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins podem ser usadas

em pérgulas, caramanchões, alambrados e composição com árvores.

Ipomoea rosea (Covolvulaceae) é uma espécie de trepadeira herbácea (figura 2D)

que apresenta copa não definida. Suas folhas são trifolioladas, membranáceas, verde-

claro, opacas, glabras. As flores são dicásios com até oito flores, de coloração rosa. Os

frutos são cápsulas subglobosas e glabras, de deiscência septicida. São plantas que

crescem tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins podem ser usadas

em estruturas leves como treliças, grades, arcos e composição com arbustos. Pode ser

cultivado a pleno sol.

Lundia longa (Bignoniacee) é uma espécie de trepadeira volúvel (Figura 3H) com

ascensão por gavinhas e que apresenta copa não definida. Suas folhas são bi a

trifolioladas, os folíolos cartáceos, brilhantes, de coloração verde-escuro, lisos e glabros.

Apresenta inflorescência em dicásio terminal ou axilar com exuberantes flores de

coloração magenta ou avermelhada. Os frutos são cápsulas lineares planas, coriáceas,

lisas e glabras, verde-escuro quando imaturas e marrom-claro quando maduras. São

plantas rústicas, crescem tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Nos jardins

podem ser usadas em pérgulas, caramanchões, alambrados, coroamento de muros e

composição com árvores. Floresce e frutifica o ano inteiro. Atrai a avifauna local.

Mandevilla moricandiana (Apocynaceae) é uma trepadeira herbácea com látex

branco (Figura 2G), que não apresenta copa definida. Possui folhas opostas, cartáceas,

brilhantes, lisas, glabras e de coloração verde-escuro. Inflorescências racemosas,

axilares, com duas a seis flores de coloração rosa. O fruto é um folículo, verde-escuro

quando imaturo e marrom na maturação, glabro. São plantas rústicas, crescem tanto em

solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins pode ser usada em pérgulas,

alambrados e composição com arbustos.

Melocactus violaceus (Cactaceae) é conhecido pelo nome popular de „coroa-de-

frade‟ (Figura 2H). Habita formações florestais ou campestres (Floresta Atlântica e

Restinga) ocorrendo principalmente sobre substratos arenosos (Menezes et al.,

2012). Encontra-se na lista de plantas vulneráveis à extinção (MMA, 2008). É uma

planta suculenta de porte subarbustivo, subgloboso e espinhoso, apresentando forma

equilibrada e simétrica, podendo alcançar 20 cm de altura. Apresenta um cefálio de

cerdas avermelhadas e brancas onde se desenvolvem as flores e frutos de coloração

rosa. Por suas características ornamentais, pode ser usada isoladamente ou em grupo, e

por se tratar de planta suculenta adaptada às condições semiáridas, mostra-se adequada

77

para ser cultivado a pleno sol. Por outro lado, o pequeno porte favorece o seu cultivo em

vasos. A presença de espinhos, no entanto, requer critério na escolha do lugar onde será

colocada a planta, sendo mais indicado, um local de circulação restrita.

Passiflora silvestris (Passifloraceae) é uma trepadeira herbácea com gavinhas, que

não apresenta copa definida. Possui folhas coriáceas, brilhantes, lisas, glabras e de

coloração verde-escuro. Apresenta flores solitárias, sépalas verde-claras, pétalas brancas

e estames amarelos. O fruto é uma baga deiscente, obovoide e glabra. São plantas

rústicas, cresce tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins pode ser

usada em pérgulas, caramanchões e alambrados e composição com arbustos e árvores.

Philodendron acutatum (Araceae) é popularmente conhecida como „Imbé‟ (Figura

3F). É uma espécie hemiepífita, escandente, com exsudato marrom, e que não apresenta

copa definida. As folhas são cartáceas, sagitadas, brilhantes, lisas, glabras e de

coloração verde-escuro. Em jardins pode ser usada em pérgulas, caramanchões e

alambrados e composição com árvores. As espécies de Philodendron Schott têm sido as

mais populares plantas utilizadas em interiores, porque, a grande maioria resiste a

baixos níveis de luminosidade e proporciona uma destacada coloração verde (Coelho,

2000). Devido a estas características Philodendron acutatum pode ser utilizada em

ambientes de meia-sombra.

Pilosocereus catingicola (Cactaceae) é uma espécie perene de hábito arbustivo a

arbóreo (Figura 3G), e dependendo do habitat pode atingir 6 metros de altura e que

apresenta copa verticalizada e simétrica. É uma espécie que possui cladódios colunares,

eretos, costelas não segmentadas, de coloração verde-escuro; os espinhos são

cilíndricos, aciculados e pungentes. Apresenta flores isoladas, grandes e esbranquiçadas.

Os frutos são subglobosos, verde-escuros quando imaturos, e vermelhos a magenta na

maturação. Os frutos são consumidos por pássaros e as sementes dispersas pela

avifauna. São plantas rústicas, cresce tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes.

Em jardins pode ser usada de forma isolada, semple a pleno sol. Assim como

Melocactus violaceus, a presença de espinhos requer que o seu plantio seja feito em um

local de circulação restrita.

Solanum paludosum (Solanaceae) é conhecida pelo nome popular de “Jurubeba-

roxa” (Figura 2I). Tem porte arbustivo que pode atingir até 4 m de altura, de forma

horizontalizada e assimétrica. Os ramos são providos de acúleos ferrugíneos, folhas

cartáceas, verde-escuras, brilhantes, lisas e pilosas. Apresenta inflorescência em

cimeiras simples, com 5 a 15 flores, de coloração violácea ou púrpura e os frutos são

78

bagas com epicarpo verde-variegado a marrom-ferrugíneo durante a maturação. A

coloração acinzentada a ferrugínea dos ramos jovens contrastando com o verde das

folhas, flores púrpura são característica que favorecem o uso no paisagismo. Em jardins

pode ser utilizada para formar cortinas ou pequenos agrupamentos, além de ter potencial

para formação de cercas vivas por causa da presença de acúleos. É uma planta que

tolera bem o clima quente do litoral do Potiguar.

Tetracera breyniana (Dilleniaceae) é uma espécie de trepadeira volúvel e lenhosa

(Figura 3E) que apresenta copa não definida. Possui ramos marrons, folhas simples,

coriáceas, brilhantes, de coloração verde-escuro, lisas e glabras. Apresenta

inflorescência paniculada com flores pequenas esbranquiçadas. Os frutos contêm de 1-6

folículos, piriformes, coriáceos, dispostos em forma de estrela, verde-escuro quando

imaturos e castanhos na maturação, sementes com arilo vermelho. São plantas rústicas,

cresce tanto em solos ricos quanto pobres em nutrientes. Em jardins pode ser usada em

pérgulas, caramanchões e coroamento de muros.

Tocoyena sellowiana (Rubiaceae), é conhecida popularmente como „Jenipapo-

bravo‟. Geralmente é encontrada na mata úmida e em outros ambientes litorâneos

(Pereira e Barbosa, 2004). É uma espécie de porte arbustivo a arbóreo que pode atingir

até 6 m de altura, de forma horizontalizada e assimétrica. Possui folhas cartáceas, verde-

escuras, brilhantes, lisas e glabras. Apresenta inflorescência em dicásio composto

terminal e pedunculado, com flores vistosas de coloração amarela. Os frutos são

globosos, glabros e passam do verde até o negro durante a maturação. Pela arquitetura

diferenciada, a coloração das folhas, flores e frutos, e pelo longo período de floração e

frutificação, mostra plenas condições para uso no paisagismo. Em jardins pode ser

utilizada como planta de destaque ou mesmo para compor pequenos agrupamentos.

Ainda que apresente deciduidade marcada, seu uso na arborização urbana pode ser

considerado também. Sua forma permite o uso em terrenos irregulares, atribuindo ideia

de amplitude e horizontalidade aos espaços. Além disso, a espécie atrai mariposas e

outros visitantes florais. Apresenta floração conspícua e contrastante, devido ao forte

amarelo-alaranjado de suas flores.

CONCLUSÕES

Espécies nativas ocorrentes em áreas ameaçadas pelo crescente processo de urbanização

(como é o caso dos ambientes de restinga) podem ser extintas antes que o seu potencial

79

seja utilizado e a introdução destas em cultivo pode ser uma ferramenta muito

interessante de conservação e valorização da biodiversidade.

Neste sentido, as espécies aqui indicadas apresentam características estéticas

apropriadas para o seu emprego no paisagismo. De acordo com Halevy (1999),

estabelecer características ornamentais desejáveis é o primeiro passo no

desenvolvimento de estratégias para inserir uma nova planta no mercado, e as espécies

listadas no presente estudo merecem a atenção da pesquisa no sentido de desenvolver

técnicas de multiplicação e manejo, com vistas à produção comercial.

Todas as espécies aqui listadas poderão ser usadas como plantas de pleno sol,

sendo que Hohenbergia ridleyi, Anthurium affine, Philodendron acutatum podem ser

empregadas como plantas de meia-sombra. Todas apresentam grande potencial

ornamental para diversos usos e efeitos paisagísticos e a indicação delas reforça e

estimula o uso de espécies nativas do ecossistema restinga em projetos de paisagismo.

80

Figura 2. Fotografias das espécies indicadas para uso ornamental da APA Bonfim-

Guarairas. A. Aristolochia setulosa (Aristolochiaceae), B. Cissus erosa (Vitaceae), C.

Chamaecrista ramosa (Fabaceae), D. Ipomoea rosea (Covolvulaceae), E.

Chhrysobalanus icaco (Chrysobalanaceae), F. Hohenbergia ridleyi (Bromeliaceae), G.

Mandevilla moricandiana (Apocynaceae), H. Melocactus violaceus (Cactaceae), I.

Solanum paludosum (Solanaceae). (Fotos: V.F. Sousa).

81

Figura 3. Fotografias das espécies indicadas para uso ornamental da APA Bonfim-

Guarairas. A. Ipomoea brasiliana (Convolvulaceae), B. Euploca paradoxa

(Boraginaceae), C-D. Anthurium affine (Araceae), E. Tetracera breyniana

(Dilleniaceae), F. Philodendron acutatum (Araceae), G. Pilosocereus catingicola

(Cactaceae), H. Lundia longa (Bignoniaceae). (Fotos: V.F. Sousa, exceto F, de J.

Leroy).

82

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87

Tabela 2. Lista de plantas nativas de potencial ornamental da APA Bonfim-Guarairas, RN, indicadas para uso no paisagismo. (♯): Espécie

endêmica do Brasil.

Espécies Família Hábito Cor Textura Forma Simetria Uso

♯ Andira

fraxiniffolia

Benth.

Fabaceae Arbóreo Folíolos verde-

escuros; flores

rosa; frutos verde-

escuros.

Folíolos

cartáceos,

brilhantes, lisos

e glabros; caule

rugoso; frutos

glabros.

Verticalizada Assimétrica Jardim

♯ Anthurium

affine Schott

Araceae Herbáceo Folhas verde-

escuras.

Folhas

subcoriáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Verticalizada Simétrica Jardim/Vaso

♯ Aristolochia

setulosa

A.A.M. Araújo

Aristolochiaceae Trepador Folhas verde-

escuras; flores

amarelas.

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

♯ Aspilia

procumbens

Baker

Asteracae Herbáceo Folhas verde-

claras; flores

amarelas.

Folhas cartáceas,

opacas, ásperas e

pilosas.

Verticalizada Simétrica Jardim

Chamaecrista Fabaceae Subarbustivo Folíolos verde- Folíolos Horizontalizada Assimétrica Jardim

88

Espécies Família Hábito Cor Textura Forma Simetria Uso

ramosa (Vogel)

H.S. Irwin &

Barneby

claros; flores

amarelas; frutos

marrons quando

maduros.

membranáceos,

opacos, lisos e

glabros.

♯ Cissus erosa

Rich.

Vitaceae Trepador Folíolos verde-

escuros; flores

vermelhas.

Folíolos

cartáceos,

brilhantes, lisos

e glabros.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

Chrysobalanus

icaco L.

Chrysobalanaceae Arbustivo/Arbóreo Ramos

acinzentado, com

lenticelas brancas;

folhas verde-

escuras; flores

brancas.

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Horizontalizada Assimétrica Jardim

♯ Comolia

ovalifolia (DC.)

Triana

Melastomataceae Subarbustivo Caule e ramos

quadrangulares;

folhas verde-

escuras; flores

rosas.

Folhas cartáceas,

brilhantes,

rugosas, ásperas

e esparsamente

pilosas.

Verticalizada Simétrica Jardim

89

Espécies Família Hábito Cor Textura Forma Simetria Uso

♯ Daustinia

montana

(Moric.) Buril

& A.R. Simões

Convolvulaceae Trepador Folhas verde-

claras; flores

amarelas.

Folhas cartáceas,

opacas, rugosas

e pilosas.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

♯ Euploca

paradoxa

(Mart.) J.I.M.

Melo & Semir

Boraginaceae Herbáceo Folhas verde-

escuras; flores

amarelas.

Folhas cartáceas

a subcorácea,

opacas, lisas e

pilosas.

Horizontalizada Assimétrica Jardim

♯ Guettarda

platypoda DC.

Rubiaceae Arbustivo Ramos castanho a

ferrugíneos;

folhas verde-

escuras; flores

brancas; frutos

brancos na

maturação.

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Verticalizada Simétrica Jardim

Hancornia

speciosa

Gomes

Apocynaceae Arbustivo/Arbóreo Folhas verde-

escuras; flores

brancas; frutos

amarelo-

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Horizontalizada Assimétrica Jardim

90

Espécies Família Hábito Cor Textura Forma Simetria Uso

esverdeados.

Hirtella

racemosa Lam.

Chrysobalanaceae Arbustivo/Arbóreo Ramos

acinzentado;

folhas verde-

escuras; flores

rosas.

Folhas coriáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Verticalizada Assimétrica Jardim

♯ Hohenbergia

ridleyi (Baker)

Mez

Bromeliaceae Herbáceo Folhas verde-

escuras a verde-

amarelas; flores

roxas.

Folhas coriáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Verticalizada Simétrica Jardim

♯ Ipomoea

brasiliana

(Choisy) Meisn.

Convolvulaceae Trepador Folhas verde-

claras; flores rosa.

Folhas cartáceas,

opacas, rugosas

e pilosas.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

♯ Ipomoea

rosea Choisy

Convolvulaceae Trepador Folhas verde-

escuras; flores

rosa.

Folhas

membranáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

♯ Lundia longa

(Vell.) DC.

Bignoniaceae Trepador Folhas verde-

escuras; flores

Folíolos

cartáceos,

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

91

Espécies Família Hábito Cor Textura Forma Simetria Uso

magenta. brilhantes, lisos

e glabros.

♯ Mandevilla

moricandiana

(A.DC.)

Woodson

Apocynaceae Trepador Folhas verde-

escuras; flores

rosas.

Folhas

brilhantes, lisas e

glabras.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

♯ Melocactus

violaceus

Pfeiff.

Cactaceae Subarbustivo Cladódio verde-

escuro; flores

rosa; frutos rosa.

Brilhante;

espinhos

acinzentados.

Equilibrada Simétrica Jardim/Vaso

♯ Passiflora

silvestris Vell.

Passifloraceae Trepador Folhas verde-

escuras; flores

brancas.

Folhas coriáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim.

♯ Pilosocereus

catingicola

(Gürcke) Byles

& Rowley

Cactaceae Arbustivo/Arbóreo Flores

esbranquiçadas.

Cladódios lisos. Verticalizada Simétrica Jardim

Philodendron

acutatum

Schott

Araceae Trepador Folhas verde-

escuras.

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

92

Espécies Família Hábito Cor Textura Forma Simetria Uso

Solanum

paludosum

Moric.

Solanaceae Arbustivo Folhas verde-

escuras; flores

violáceas a

púrpuras.

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

esparsamente

pilosas.

Horizontalizada Assimétrica Jardim

♯ Tetracera

breyniana

Schltdl.

Dilleniaceae Trepador Ramos

amarronzado;

folhas verde-

escuras; flores

esbranquiçadas.

Folhas coriáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Sem forma

definida

Assimétrica Jardim

♯ Tocoyena

sellowiana

(Cham. &

Schltdl.) K.

Schum.

Rubiacee Arbóreo Ramos marrom,

rugoso; folhas

verde-escuras;

flores amarelo-

pálidas; frutos

verdes, negro na

maturação.

Folhas cartáceas,

brilhantes, lisas e

glabras.

Horizontalizada Assimétrica Jardim

93

CAPÍTULO III

“Notes on the ornamental potential and taxonomy of Justicia (Acanthaceae,

Justicieae), including a first record for the Paraíba flora, Brazil”

Publicado, em 2016, no periódico Phytotaxa 270: 203-209

94

P h y t o t a x a 270 (3): 203–209 Article ISSN 1179-3155 (print edition)

Copyright © 2016 Magnolia Press ISSN 1179-3163 (on line edi tion)

http://www.mapress.com/j/pt/ PHYTOTAXA

http://dx.doi.org/10.11646/phytotaxa.270.3.4

Notes on the ornamental potential and taxonomy of Justicia (Acanthaceae,

Justicieae), including a first record for the Paraíba flora, Brazil

VALDECI FONTES DE SOUSA1 & LEONARDO M. VERSIEUX1, 2 1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN 160 - Km 03 - Distrito

de Jundiaí, 59280-000, Macaíba, Rio Grande do Norte, Brazil

2 Departamento de Botânica e Zoologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 59072-970,

Rio Grande do Norte, Brazil

* Author for correspondence, E-mail: [email protected]

Abstract

Justicia thunbergioides (Acanthaceae, Justicieae) is reported for the first time from Paraíba State, northeastern Brazil. It was

collected in the municipality of Cuité, Agreste region, a transitional area between the ―Zona da Mata‖ and ―Sertão‖. This new

occurrence in Paraíba extends its range approximately 140 km from the closest population and it was found in hypoxe-rophytic

caatinga, forming dense clumps in open but shaded areas, under scrub vegetation and on stony soil. Acanthaceae in general has a

great ornamental potential and this species, in particular, may be used in native plant gardens since it is adapted to semi-arid

weather conditions and also attracts local fauna. Description, taxonomic comments, distributional map and im-ages are presented

for this taxon. Additionally, a key to distinguish the native species of Justicia in Paraíba is provided. Keywords: Agreste region, Brazil Flora Group, Municipality of Cuité, Native ornamental species

Introduction

Acanthaceae comprises approximately 240 genera and 3,250 species of herbs, shrubs, climbing herbs or, less often,

small trees (Wasshausen & Wood 2004). The family has a pantropical distribution, with centers of diversity in

Africa, Indo-Malaysia, Brazil, and México-Central America (Daniel 2000). In Brazil there are about 40 genera and

450 species distributed in all habitats, the most prominent being Justicia Linnaeus (1753: 15), Ruellia Linnaeus

(1753: 634) and Aphelandra Brown (1810: 475) (Profice et al. 2015). The family has a great potential as ornamental

plants (Sartin et al. 2014). Justicia consists of more than 700 species worldwide (Daniel & Lott 2009) and it is cited in the literature as one

of the largest and taxonomically most complex genus in the family (Wasshausen & Wood 2004). In Brazil, it is

represented by 128 species occurring all over the Brazilian territory with only 26 species recorded for the

Northeastern region (Profice et al. 2015). Regarding the conservation, six species are considered to be threatened

(Profice et al. 2013): Justicia clausseniana (Nees 1847: 111) Profice (1996: 2), J. genuflexa Nees & Martius (1823:

57), J. paranaensis (Rizzini 1952: 162) Wasshausen & Smith (1969: 122), J. polita (Nees 1847: 109) Profice (1996:

30), J. ramulosa (Morong 1893: 194) Ezcurra (1988: 350) and J. tijucensis Graham (1988: 601). Six species including three native species, Justicia aequilabris (Nees 1847: 134) Lindau (1895: 350), J. comata

(Linnaeus 1759: 850) Lamarck (1785: 632) and J. laevilinguis (Nees 1847: 120) Lindau (1894: 20) and three

cultivated species, Justicia gendarussa Burman f. (1768: 10), J. carnea Lindley (1831: 1397) and J. pectoralis

Jacquin (1760: 11) may be recorded in Paraíba state in on-line databases (SpeciesLink network 2015). However, the

Brazilian Plants Checklist (Profice et al. 2015) does not record any species in that state.

Brazil is world renowned for its rich biodiversity, and outstanding ornamental plants whose commercial value

has been practically unexplored (Almeida & Aki 1995, Romão et al. 2015). Native plants have an important role in

modern garden landscape, mainly because of their lower maintenance costs as well as for conserving biological

diversity in urban gardens thus providing habitat and resources for the local fauna (Buckstrup & Bassuk 2015,

Heiden et al. 2006). In caatinga dry woodland, native species with ornamental potential have rarely been explored

(Versieux et al. in press).

Accepted by Yunfei Deng: 28 Jul. 2016; published: 19 Aug. 2016 203

95

By documenting new records of families known to have ornamental potential and by making such plants known to

the community this scenario could be changed. A recent account indicates that at least 273 species occurring in

caatinga and distributed in 61 families have ornamental potential (Versieux et al. in press). Additionally, a recent

survey has identified the species of Acanthaceae used for ornamental purposes in Brazil as totaling 69 species in 27

genera (Sartin et al. 2014) in which the genus Justicia was represented by five species. In Brazil, native species of Justicia have been cultivated and domesticated due to their easiness to grow and to

be propagated. Usually bearing conspicuous and colored bracts, which may attract hummingbirds, e.g. J. carnea

Lindley (1831: 17) and J. scheidweileri Graham (1988: 617) this genus has elevated ornamental potential (Lorenzi &

Mello Filho 2001). In this paper, Justicia thunbergioides (Lindau 1895: 350) Leonard (1959: 10) is reported in

Paraíba state for the first time. Description and illustration of the taxon, as well as data on its geographical

distribution and ecology are provided. Furthermore, an identification key for the native species of Justicia found in

Paraíba is presented.

Figure 1. Geographical distribution map of Justicia thunbergioides in Brazil.

Materials and Methods

Cuité (Figure 1), is located at the central-north portion of the state of Paraíba, in the Agreste, a region dominated by

dry woodlands (caatinga biome), at the coordinates 06°29‘06‖S, 36°09‘25‖W. The Agreste region comprises a

transitional area between the ―Zona da Mata‖ and ―Sertão‖ (Rizzini 1979), which flat areas and elevated surfaces of

the eastern portion of the Borborema Plateau (Pereira et al. 2002). Lourenço & Barbosa (2003) argue that the physi- 204 • Phytotaxa 270 (3) © 2016 Magnolia Press SOUSA & VERSIEUX

96

cal differences found in this environment are reflected in the floristic composition of the remaining caatinga

fragments.

The municipality has a mean altitude of 667 m.a.s.l. (Mascarenhas et al. 2005) and according to Köppen‘s

classification (1948), the climate type is hot and semi-arid (BSh). Cuité has two distinct seasons, a rainy season from

February to June and a pronounced dry season between July and January. The vegetation type in Cuité varies from

low and sparse shrub to trees, growing in sandy, rocky or sandy-stony soils (Velloso et al. 2002).

Justicia thunbergioides was observed in ‗Horto Florestal Olho d‘Água da Bica‘, in stony soil and sunny open

habitat, in scrub vegetation. This 75 hectare area belongs to the Federal University of Campina Grande and the

‗Horto Florestal Olho d‘Água da Bica‘ is located in the southern side of the hillside of Cuité Plateau (Sousa et al.

2014). This specimen was photographed in the field (Figure 2 A‒F), then collected and deposited in Herbaria of the

Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN) and Herbarium of the Federal University of Paraíba (EAN). The

species was identified following descriptions and keys published by Wasshausen & Wood (2004) and Côrtes &

Rapini (2013). In addition, comparisons with other specimens deposited in herbarium MOSS and UFRN were

performed.

Figure 2. Justicia thunbergioides (Lindau) Leonard. A. Flower; B. Fruit; C. Habit; D.–F. Floral visitors (Photoed by V.F. de Sousa in

August, 2015).

Taxonomy

Justicia thunbergioides (Lindau) Leonard (1959: 10). Basionym: Beloperone thunbergioides Lindau (1905: 372).

TYPE:—Brazil. Mato Grosso, Malme 3026 (holotype B, destroyed, F photo 8949; isotype S). Notes on Justicia Phytotaxa 270 (3) © 2016 Magnolia Press • 205

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Synonym: Justicia allocota Leonard (1959: 7). Type:—Brazil. Rio de Janeiro, forested area near Ribeirão Cristalino, 34 km east of

Formoso, E. Yale Dawson 15023 (R, isotype US!).

Subshrub, 0.8–2 m tall. Stems ascending, branches subtetragonal, puberulous to sparsely hairy, trichomes simple.

Leaves chartaceous, petiolate; petioles 2‒5 mm long, hairy; leaf blade ovate, 1.5‒4.5 × 0.7‒2 cm, base attenuate,

apex acute to attenuate, margins entire, with simple trichomes. Flowers 1‒2, axillary or terminal, sessile to

subsessile; bracts 12‒15 × 1‒1.5 mm, lanceolate, green, leaf-like, minutely tomentose; bracteoles 6‒12 × 1‒1.3 mm,

lanceolate, puberulous; calyx ca. 1.5 cm long, 5-lobed, lobes ca. 1 cm long, lanceolate, puberulous. Corolla 2.5‒3 cm

long, 2-lipped, lilac, tube subcylindrical for 1.5‒2.0 cm long, 3‒5 mm in diam., upper lip ca. 1‒1.3 cm long, shortly

bilobed, lower lip 1.2‒1.5 cm long, 3-lobed, lobes oblong. Stamens 2, exserted, filaments ca. 6 mm long, anthers ca.

3.5 mm long, thecae oblique. Ovary ca. 2 mm long, oblong, glabrous; style ca. 2.5 mm long. Capsule 1‒1.2 mm

long, oblong, glabrous. Seeds 4, suborbicular, smooth. Specimens examined:—BRAZIL. Paraíba: Cuité, Sítio Olho d‘Água da Bica, 20 August 2015, V.F. de Sousa 61

(UFRN, EAN); same locality, 18 August 2015, V.F. de Sousa 91 (UFRN, EAN).

Discussion

Justicia thunbergioides is characterized by having 1‒2 flowers axillary or terminal, the lanceolate bracts, lilac corolla with

light-colored markings on lower lip, white and exserted stamens, white and oblique anther thecae and the glabrous

capsules. The following key is provided for the native species of Justicia in Paraiba, Northeastern Brazil:

1. Subshrubs, erect to suberect, 0.8‒1.8 m tall ........................................................................................................................ 2 - Herbs, 0.2‒0.6 m tall ....................................................................................................................................................... 3 2. Flowers 1–2, axillary or terminal; blades ovate, apex acute to attenuate; bracts lanceolate; corolla lilac ............. J. thunbergioides -. Inflorescence of dense, terminal or axillary, pedunculate spikes; blades ovate-lanceolate, apex acute to acuminate, bracts ovate;

corolla red ..................................................................................................................................................... J. aequilabris 3. Blades narrowly lanceolate; corolla purple with light-colored on lower lip; seeds tuberculate ................................ J. laevilinguis - Blades ovate to lanceolate; corolla purplish white; seeds papillose............................................................................ J. comata

Justicia thunbergioides occurs in Argentina, Paraguay, Bolivia and Brazil (Wasshausen & Wood 2004). It was

originally described by Lindau (1905) as Beloperone thunbergioides based on the specimens collected from the state

of Mato Grosso. Currently, it is reported from the states of Alagoas, Bahia, Pernambuco, Distrito Federal, Goiás,

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais and São Paulo (Profice et al. 2015). It is now recorded from the

Paraíba state, northeastern Brazil for the first time. It grows preferentially in dry forests at low altitudes in areas of

limestone outcrops (Wasshausen & Wood 2004), and was observed to be blooming in summer to autumn and

fruiting from the late autumn and in winter (Côrtes & Rapini 2013). In the municipality of Cuité, Justicia thunbergioides grows in dense clumps in open but shaded areas, under

scrub vegetation and on stony soil. The flower anthesis occurs between 06:30 AM and 04:00 PM, period in which

the corolla lobes are fully recurved. Its flowers are visited often by butterflies and wasps (Figure 2 D‒F). Flowering

and fruiting occurs from February to August during the rainy season. The fruit is dry and the seeds are directly

dispersed from the mother plant (autochory). In Justicia thunbergioides, the lilac color with white nectar guides on the lower lip contrasts with the green of

the leaves producing an ornamental effect, and it may be used in native plant gardens. Its use should be encouraged

since it is also a resource to the local fauna. The collection of J. thunbergioides from Cuité municipality represents

the first record of this species for the state of Paraíba, extending its distribution approximately 140 km south of

Equador municipality, in Rio Grande do Norte state. Currently, there is no record of a threatening situation for the

species or direct evidence of population decline. Lourenço & Barbosa (2003) assert that few floristic studies were carried out in the Agreste region, in Paraíba

state. Probably, this species has been overlooked due to the scarcity of floristic studies so far carried out in this

region. Although not mentioned in Brazilian Plants Checklist (Profice et al. 2015), Justicia aequilabris is another

species found in caatinga areas in the state of Paraíba, growing in moist and shady environments on the slopes,

inside the forests with records previously documented in the literature (Pontes & Agra 2001, Agra et al. 2004, Sales-

Rodrigues et al. 2014). This first record of J. thunbergioides for the state of Paraíba helps to increase the knowledge about the biogeography

206 • Phytotaxa 270 (3) © 2016 Magnolia Press SOUSA & VERSIEUX

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of this species and to update the data on the Flora of Paraíba as well as to increase the native Acanthaceae taxa with

ornamental potential available for landscape designers in this dry biome to five (Versieux et al. in press).

Conclusion

There are few floristic studies on the Agreste region, a transition area between the ―Zona da Mata‖ and ―Sertão‖ in

Paraíba state. The new finding of Justicia thunbergioides in the municipality of Cuité, Paraiba, reinforces the need

for floristic surveys in this transitional area. In addition, it increases options for landscape designers to use caatinga

native and locally adapted species in dry areas gardens.

Acknowledgments

We are grateful to Federal University of Campina Grande, Campus Cuité, for making available the dependences of

Botany Laboratory to perform this work as well as the Herbarium UFRN. The first author thanks the Programa de

Pós-Graduação em Ciências Florestais for his master‘s graduate program. The first author has a CNPq/Reflora

fellowship. LMV thanks CNPq for his productivity grant. We thank Rob and Barbara Murray for their careful

proofreading of this text and editor and reviewers for their much valuable comments.

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Notes on Justicia Phytotaxa 270 (3) © 2016 Magnolia Press • 2

101

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação avançou o conhecimento florístico de uma área de restinga dentro da APA

Bonfim-Guaraíra, RN, revelando não apenas a diversidade local, com novas ocorrências, mas

também aspectos importantes para a conservação e valorização dos recursos vegetais.

As áreas amostradas, dominadas por restinga arbustiva, indicaram uma dominância de espécies

de ambientes abertos, como Poales, e o número de espécies encontradas (168), que quase se

aproxima de 10% de toda a Flora citada para o RN, revelando a importância da área e a

necessidade de se repetir estudos desse tipo em outras UC‟s estaduais.

A falta de registros botânicos e de conhecimento básico sobre a composição de espécies limita

estudos de cunho fitogeográfico. Neste trabalho conseguiu-se avançar no conhecimento da flora

das restingas como um todo, ao se analisar as províncias biogeográficas e atributos ecológicos,

e se observar que a maior parte das espécies amostradas é de ampla distribuição.

Além de novos registros, observou-se em campo que algumas das áreas amostradas sofrem com

desmatamento e queda da qualidade ambiental, o que exigirá das autoridades competentes

maior vigilância da APA.

Ficou evidenciado o potencial e que deve ser incentivado o emprego de espécies de plantas

nativas de restinga no paisagismo. Novos estudos envolvendo a produção de mudas de plantas

adaptadas ao ambiente costeiro podem ter impacto muito positivo, tanto nos aspectos bióticos

como para economia e conservação, almejando-se o paisagismo sustentável e a recuperação de

áreas degradadas, como as margens das lagoas desse aquífero.

Conforme demonstrado no Cap. 3, o bioma da caatinga também apresenta espécies de elevado

potencial ornamental e que podem ser empregadas em jardins. Integrar o conhecimento da

biologia/botânica à exploração sustentável pode ser um caminho para a conservação de plantas

no Brasil.