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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 108 - Abr/19 V I T R I O L “Homem, conheça-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. (Sócrates)

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Page 1: V I T e conhecerás o universo “Homem, O L · somente passou pelo ritual de iniciação. O ácido sulfúrico foi descoberto pelo alquimista árabe Jabir. Tal ácido tem como seu

ABIM 005 JV Ano XII - Nº 108 - Abr/19

V I T R I O L

“Homem, conheça-te a ti mesmo e conhecerás o universo

e os deuses”.(Sócrates)

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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Editorial

O temário desta edição é mais uma tentativa desta Revista em induzir nossos leitores a real interpretação da pergunta, que se tornou tão corriqueira, no telhamento maçônico, que, pelos mais distraídos, descomprometidos e/ou pseudo-iniciados, enfim, aqueles que, ainda, orbitam na sonolência da iniciação simbólica, recusando-se em transmuta-la em Iniciação Real, preferem o automatismo de responder: “fazer novos progressos...”, sem se dar ao trabalho de buscar seu verdadeiro entendimento, estagnando-se ou até mesmo se desviando pelos ilusórios atalhos de sua caminhada maçônica.

Falar sobre esse alquímico termo, Vitriol, é lançar um convite ao Maçom a reviver o dia mais marcante de sua vida maçônica. É um “retorno” ao útero materno, a seu renascimento. A linguagem simbólica daquele local, embora rica em informações e significados, visa transmitir ao candidato a transição evolucional que ele deverá passar, muito embora, somente com o verdadeiro descartar das vendas da ignorância, que poderá demorar por toda sua trajetória dentro da Ordem, é que o fará compreender, de fato, o porquê, de tanto se perguntar: “o que vindes fazer aqui?”

Queridos leitores, recebam o conteúdo das matérias, aqui publicadas, como mais uma oportunidade de refletir sobre sua própria caminhada evolucional. Ingressar em uma Ordem Iniciática, seja ela qual for, assim como a Ordem Maçônica, e continuar a proceder com mesmos hábitos, vícios e defeitos de um profano, é o mesmo que tomar um banho, se perfumar e vestir as roupas sujas!

Quando o Iniciado, literalmente, vivencia o Vitriol, ou seja, visita seu interior, ele vivencia a Transformação; ao retificar, ao lapidar as arestas, ele passa pela Superação; então, e somente então, encontra a pedra oculta, a pedra filosofal, quando se

dá a Metástase, com o despertar do Mental Superior. Estamos falando de um processo Eucarístico, da busca do seu Deus Interno.

Trata-se de uma Alquimia interna, no seu sentido mais etimológico. Alquimia (na etimologia árabe) ou “Al” (de Allah) e “Kimia” (química) é a Química Divina. A Alquimia trata da “transmutação do metal”, do chumbo em ouro. Iniciaticamente, a “Alquimia” representa a “Transmutação do Mental”, do despertar do Mental Abstrato, no Iniciado, o despertar de sua Quintessência Divina. O Iniciado é aquele que penetra e vivencia esses mistérios, e não aquele que somente passou pelo ritual de iniciação.

O ácido sulfúrico foi descoberto pelo alquimista árabe Jabir. Tal ácido tem como seu principal átomo, o enxofre, aquele que corrói e destrói os metais, com a exceção do ouro, o metal mais nobre. Esse mesmo ácido, mais tarde, recebeu o nome latino de “Óleo de Vitriol”. Filosoficamente, a realização do Vitriol é a transformação interna, com a depuração de nossas impurezas para o despertar da Centelha Divina, que não se corrói, e que habita em cada um de nós, o nosso Cristo Interno.

Que as matérias desta edição sirvam para a elucidação do real papel do Maçom no seu processo iniciático, conscientizando-o da necessidade da transmutação do chumbo em ouro, logo, do profano em um Verdadeiro Iniciado. Da Iniciação Simbólica, na Iniciação Real.

Encontrar-nos-emos na próxima edição!

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Revista Arte Real nº 108 - Abr/19 - Pg 03

O Acrônimo V I T R I O L

Francisco Feitosa

A princípio, vale registrar que o termo VITRIOL, trata-se de um vocábulo, formado pela redução literal das letras iniciais de uma frase, que se

pronuncia como uma só palavra. A frase latina que lhe dá origem é: “Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem”, que em sua tradução literal, significa: “Visita o interior da Terra, e, retificando, encontrarás a Pedra Oculta”.

Segundo Jules Bouchet, em sua Obra A Simbólica Maçônica, “trata-se de um convite à procura do Ego profundo. Que nada mais é do que a própria alma humana, no silêncio e na meditação”. Ainda, segundo Bouchet, por vezes, poderá ser encontrada como “VITRIOLUM’, atribuindo as duas últimas letras como “Universalem Medicinam”, ou seja, “Medicina Universal”, ou, ainda, “Veras Medicinam”, como a “Verdadeira Medicina”.

Já o saudoso Mestre Raimundo Rodrigues, seminarista maior, estudioso de latim, grego e filosofia, deixou-nos que sua tradução correta seria: “Penetra nos interiores da Terra e, esquadrinhando-os, encontrarás a pedra oculta”. Porém, visitar não é penetrar, visitar é estar de passagem, e penetrar é aprofundar-se, invadir, compreender, descobrir...

Tal frase, adotada pela Maçonaria, provavelmente, quando de sua transformação de Operativa para Especulativa, período em que os “Aceitos”, ou os Maçons não de ofício, tiveram ingresso em nossa Ordem, muitos oriundos de diversas Escolas de Mistérios, proibidas de funcionarem pela “Inquisição da Santa Igreja”, que perseguia, implacavelmente, os livres pensadores.

Sua origem alquímica, vem com a influência rosacruciana. Vale citar que, com a transformação em Maçonaria Especulativa, nossa Ordem foi enriquecida de simbolismo e alegorias, dando uma roupagem ao ingresso à Ordem, da simples recepção do candidato à profundidade do Teatro da Iniciação, hoje, praticado.

Para alguns autores, a origem desse acrônimo que, na maioria das vezes, passa por despercebido pelos candidatos à iniciação, quando, em meditação na Câm∴ das RRef∴, teve sua origem na Obra Literária “L’Azoth des Philosophes” (a matéria prima dos filósofos), do alquimista do século XV, o Basilius Valentinus.

Em 1659, figurou um marco famoso com formula do VITRIOL com a seguinte tradução: “Visite o Interior da Terra, por “moagem”, você encontrará a Pedra oculta”.

“Sede vós transformados de pedras mortas em pedras filosóficas. Sede igual a Deus. Vós ouvis essas coisas, mas não acreditais. Ó Miseráveis mortais, que tão

ansiosamente correm atrás da própria ruína”. (Robert Fludd)

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Anteriormente, em “Paracelsicae Chemiae”, publicado em 1581, p. 144, por Gerhard Dorn, alquimista belga do renascimento, e um dos discípulos de Paracelso, descobrimos ter sido o primeiro a ter explicado o real significado da palavra “vitriol”, como conhecemos hoje: “Visita Interiore Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem”.

Mais anteriormente, encontraremos Abu Muça Jabir ibne Haiane (721 – 815 d. C), também, conhecido pelo nome latino Geber, que foi um alquimista islâmico proeminente, considerado “o pai de química” pelos europeus. Geber, dentre outros inventos, descobriu o ácido sulfúrico, que devido à sua preparação por meio de torra do “vitríolo verde” (sulfato de ferro II) em um destilador de ferro, através do frade alemão Alberto Magno, tido como o maior filósoso e teólogo alemão da Idade Média, passou a ser chamado de “vitríolo” - nome vulgar antigo do ácido sulfúrico concentrado.

O estudo do vitríolo, uma categoria de minerais vítreos a partir dos quais o ácido pode ser derivado, começou na antiguidade clássica (longo período da história da Europa, que se estende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de Homero, à queda do Império Romano do Ocidente no século V d.C., mais precisamente no ano 476). Os sumérios possuíam uma lista de tipos de vitríolo que eles classificavam de acordo com a cor da substância.

Portanto, na química, vitriol são sais de sulfato de cobre ou enxofre e o seu derivado, o ácido sulfúrico. O nome deriva do latim “vítreo”, dado que o sulfato de ferro contém pedaços de material vítreo esverdeado. O vitriol é simbolizado, alquimicamente, por um “leão verde”, uma substância venenosa, que surge com a degradação do metal pelo ácido. O ácido sulfúrico, ou “óleo de vitriol”, era usado na síntese da “lapis philosophorum” – a pedra filosofal. Uma propriedade

única do ácido sulfúrico, é que ele dissolve metais, todos exceto o ouro, sobre o qual não tem qualquer efeito.

Filosoficamente falando, o acrônimo Vitriol, composto por sete letras, à guisa de tantos misteriosos setenários alquímicos, descortina a frase mais enigmática da vereda iniciática. Sua perfeita compreensão serve como imprescindível “Palavra de Passe” para adentrarmos aos nossos portais internos, na busca de nossa pedra filosofal, nosso Eu Verdadeiro, nossa Quintessência!

Nas palavras de Rui Palmela, tal acrônimo “não só simboliza a constante busca do homem para melhorar a si mesmo, polindo a “pedra bruta” da personalidade humana (o seu ego-inferior), para que um dia brilhe a sua Individualidade (o Eu Superior), que surge como um diamante diáfamo, pela limpeza da alma ou pureza em seu coração (chakra cardíaco ou plexo-solar). Ela vai além do trabalho do homem sobre si mesmo, e significa, também, um Lugar Oculto no Interior da Terra, que é conhecido há milhares de anos pelos Lamas Tibetanos e Mestres Hindus ou Brahmanes como o Reino de Agharta (AG - Fogo; HARTA - Coração = Coração de Fogo), onde vive uma Civilização avançada, sob a luz de um “Sol Central”, que ilumina Shambhalla, a ‘Shangri-lá’, a morada eterna do Rei do Mundo, onde vivem os santos e sábios Homens que de tempos em tempos surgem na superfície para instruir a Humanidade”.

Quantos de nós, após o ingresso na Ordem revisitou a Cam∴ das RRefl∴, a fim de buscar entender, de fato, a riqueza dos ensinamentos que ali se encerra. A Visita que este misterioso acrônimo Vitriol nos sugere é de periodicidade diária, na Cam∴ de nossa consciência, a fim de que possamos, conscientemente, responder à pergunta que, diariamente se sussurra aos nossos ouvidos: “o que vindes fazer aqui?”

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Não Exatamente Uma Palavra!Rui Gonçalves Doca

Vitriol não é exatamente uma palavra. Trata-se de um grupo de palavras formando uma frase de origem latina, com significado de grande

profundidade e muito peculiar. Cada uma das letras corresponde à inicial de uma palavra e o conjunto delas forma a sigla: VITRIOL.

Sigla, segundo está definido em alguns bons dicionários e enciclopédias, é uma espécie de abreviatura formada de iniciais ou primeiras sílabas das palavras de uma expressão, que representa nome de instituição, entidade comercial, industrial, administrativa ou esportiva, como: ONU, por Organização das Nações Unidas; BNDES, por Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; CBD, por Confederação Brasileira de Desportos; PTB, por Partido Trabalhista Brasileiro; DETRAN, por Departamento de Trânsito. Pode designar, também, a letra inicial usada como abreviatura em manuscritos, medalhas e monumentos antigos, ou, ainda, como sinal cabalístico, rubrica, marca, sinal representativo de corporação, firma, profissão, etc.

VITRIOL é, portanto, a sigla composta das iniciais das palavras latinas, que integram a frase: “Visita Interiora Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem”, ou seja, “Visite o Interior da Terra e Retifique Integralmente a Oculta Lápide”. Existe toda uma complexa explanação alquímica, para explicar o

que venha a ser “Oculta Lápide” ou “Pedra Oculta”, também, conhecida como “Pedra Filosofal” ou “Pedra do Sábio”. Nós Maçons, poderíamos chamá-la de “Pedra Cúbica”, ou talvez, até de “Pedra Polida”.

Na verdade, esta viagem ao interior da Terra está, também, revestida de profundo simbolismo. Ninguém poderia imaginar uma viagem penetrando, perpendicularmente, rumo ao centro da Terra, onde existe lava incandescente a temperaturas altíssimas! Júlio Verne, talvez. O que, de fato, está proposto é uma busca introspectiva, possivelmente lenta, porém, persistente e gradual, na busca do conhecimento.

No processo ritualístico pelo qual passa o candidato a Aprendiz Maçom, consta sua permanência na “Câm∴ das RRefl∴”. Seria ali, num ambiente sombrio, cercado de um grande número de objetos e símbolos, com tantos significados distintos, que ele empreenderia a dita viagem ao interior de si mesmo? Num momento de extrema tensão, sem saber a razão pela qual estava naquele lugar, senão por suas próprias deduções, nem sempre muito coerentes, devido às circunstâncias, sem saber por quanto tempo permaneceria ali, nem o que estava por vir...

Embora, o nome “Câm∴ das RRefl∴” sugira introspecção, as condições são bastante adversas e o tempo insuficiente para aquela viagem proposta e defendida por Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”. Esta

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busca, além de muita dedicação e estudo, requer um estado de espírito absolutamente sereno, isento de preocupações de qualquer natureza.

A iniciação nos Augustos Mistérios representa, tão somente, um marco decisório, a intenção de perseguir a partir dali o aperfeiçoamento moral, espiritual e o compromisso de buscar o conhecimento, que lhe fará uma pessoa melhor a cada dia. A transformação não acontece num passo de mágica, apenas com a sagração a Aprendiz Maçom.

A sigla VITRIOL, vem sendo usada até mesmo como método de formação e treinamento de empreendedores (vendedores). É o mercantilismo da filosofia onde ela deveria ser tratada com o maior respeito, pois se encontra em seu estado mais sublime e puro. Por ser uma sigla formada a partir de uma expressão em latim, e de fundo profundamente filosófico, ela permite múltiplas interpretações, especulações e divagações...

Sabemos que as traduções nem sempre representam com fidelidade o pensamento contido no texto original, pois as palavras têm conotações próprias para cada idioma. Quando tratamos de coisas subjetivas, alegóricas ou místicas, aí então, fica bem mais difícil uma tradução linear. Quer nos parecer que o mais adequado seria uma versão, ainda, que ela não coincidisse com as letras da sigla, mas que expressasse seu verdadeiro sentido. Algo como: “Busque no interior de si mesmo o aperfeiçoamento de seu caráter”.

Se quisermos divagar um pouco sobre o tema VITRIOL, do ponto de vista maçônico, podemos deduzir que a Câm∴ das RRefl∴ é uma caverna, ou o interior da terra, onde o profano (candidato) passa pelo processo de renascimento. Da morte material para o renascer espiritual. O “retificar-se” pode ser entendido como tornar seu comportamento reto, isento de desvios, ou seja, abolir os vícios, para ser um novo

indivíduo, com novos padrões de conduta. Assim será revelada ao novo homem, a pedra bruta que existe dentro de si e que precisa ser trabalhada.

Não é suficiente ter conhecimento da existência de tal pedra, se nada for feito no sentido de desbastar suas arestas, de remover suas imperfeições. É necessário aprimorá-la na prática de boas ações, no exercício do amor ao próximo, dedicação familiar, fraternidade, humildade, tolerância e respeito. Se a pedra não for trabalhada, de nada vale sabermos que ela existe.

Na frase latina, a palavra “terrae” tem uma conotação bastante distinta do que sugere o significante: Terra, que designa um planeta do sistema solar. Esta mesma palavra pode tomar um sentido conotativo bastante diferente, sendo entendida, simbolicamente, como útero materno - local onde somos gerados. Cabe aqui uma breve explanação sobre significante e significado. A palavra tomada, isoladamente, ou num determinado contexto; sentido denotativo ou conotativo – Exemplo: papagaio = ave da família das psitaciformes; pessoa tagarela, repetitiva; pandorga, pipa; nota promissória; bilhete; exclamação.

O retorno ao útero (visita) significando a possibilidade de um renascimento. Renascer uma pessoa melhor, de caráter reto (retificandoque),

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despido das imperfeições e dos vícios que carregava. Como? Encontrando (invenies) a pedra oculta (occultum lapidem) e trabalhando-a para torná-la justa e perfeita. Estando ciente de que a tal pedra existe e que ela se encontra no interior (interiora) de cada um de nós, está dado o primeiro passo. Depois será a busca do conhecimento.

Quem quer que se empenhe na dura obra do seu aperfeiçoamento espiritual deve penetrar no âmago do seu ser, com o propósito sincero de encontrar e eliminar todas as imperfeições por ventura encontradas. E elas, certamente, não serão poucas. Este caminho a percorrer haverá de levá-lo à descoberta da Pedra Filosofal ou Pedra Polida, que é o princípio, a Centelha Divina que repousa viva dentro de cada um de nós.

Quando nascemos, trazemos algumas características genéticas que podem nos predispor a desenvolvermos certas doenças ou aptidões intelectuais. Entretanto, nosso caráter é uma folha de papel em branco, na qual irá aos poucos sendo impresso tudo aquilo que nos for transmitido. O bem ou o mal não existem em si mesmos, intrinsecamente.

Eles serão desenvolvidos de conformidade com o meio, com os hábitos desenvolvidos, práticas ou costumes, através da educação recebida no lar e da educação formal. Só mais tarde adquirimos um nível de consciência capaz de discernir ou escolher entre o que seria o bem ou o mal, de conformidade com o que tenha sido impresso na folha de papel de que falamos. A tendência natural é preponderar o que tenha maior peso em nosso aprendizado. Nossos valores podem ser modificados mesmo na fase adulta, mas o processo é bem mais complexo e demorado.

Nesses tempos modernos em que vivemos, quando se valoriza sobremodo os bens materiais, superestimando o ter, em detrimento do ser, e somos invadidos todo tempo por uma avalanche de informações, quando os falsos alquimistas nos vendem suas fórmulas mágicas para o enriquecimento, enquanto a ganância de povos e nações promove guerras e agressões à natureza, colocando em risco a existência da humanidade, parece não haver tempo para reflexões. Tudo é urgente. O aqui e agora não nos permite sequer educar convenientemente nossos filhos. A tecnologia, a Internet, os videogames estão a substituir a educação paterna indo aos poucos minando até mesmo culturas milenares como a dos asiáticos. Parece que nos resta gritar por socorro ao espírito de Sócrates, que nos ajude na tentativa desesperada de “conhecermo-nos a nós mesmos!” Logrando tal intento, é nosso dever como Maçons, sermos o sal da terra. Isto é, transmitir esse conhecimento a outras pessoas. Assim estaremos contribuindo para um mundo melhor, mais humano, menos violento, possivelmente mais fraterno, com menos corrupção, mais justo e perfeito.

Portanto, meus irmãos, a prática de uma VITRIOL faz bem, é necessária e não tem contraindicação...

O autor é Membro da Loja Maçônica Liberdade e União 1158, GOB-GO - Oriente de Goiânia - GO.

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No ritual da Iniciação maçônica, templária, rosacruz ou outra do gênero (consignada pela Tradição Hermética das Idades), o neófito/

aprendiz, em dado momento, vê-se confrontado em sua “Câm∴ de RRefl∴”, face à expressão V.I.T.R.I.O.L. e, frequentemente, não tem a menor ideia do que se trata.

A Pedra Filosofal dos antigos alquimistas leva ao entendimento de que, a palavra em si, não é outra coisa, senão a profunda descoberta de si mesmo, na solidão no seio da Terra, ou de outro modo, é o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a Sociedade, em geral.

Efetivamente, o acrônimo VITRIOL, que se escreve com 7 letras, é a frase mais misteriosa e secreta que se conhece, a verdadeira “Palavra-Passe” ou o “Abre-te Sésamo” para o Mundo Oculto dos Deuses ou dos Homens Semideuses, e cujo sentido real e profundo, até hoje, não foi decifrado, senão por Aqueles que têm o direito de adentrar o mais sublime de todos os Tabernáculos localizado no interior da “Terra”.

“Visita Interiorem Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem”, ou seja, “Visita o Interior da Terra, Retificando, Encontrarás a Pedra Oculta”. A “Pedra Oculta” é a Pedra do Sábio, que se pode transformar na Pedra Filosofal, a Pérola da Filosofia Divina, e é esta que torna o homem em um ser sublime, mais evoluído, justo e perfeito, no trajeto da Vida Universal. Tal é o objetivo do verdadeiro iniciado, seja ele Maçom, Templário, Rosacruz ou outro que busca o conhecimento Sagrado e Divino.

Encerramos essa contribuição sobre esse profundo tema, transcrevendo um breve trecho da “Carta aos Maçons”, fruto do pronunciamento do fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, por volta do ano 1960, na Loja Maçônica Beneficente, no Oriente de São Lourenço-MG, revelando-nos outros mistérios, não menos profundos, ligados à nossa ritualística e ao importante simbolismo do Templo maçônico.

(...) Maçons, hoje não conheceis mais a “palavra-passe” egípcia, que era pronunciada à entrada do Templo. Substitui-a, pois, aquela outra latina, que prova estar em justo e perfeito equilíbrio com o Templo, como o obreiro ou o construtor do Edifício Humano. Sim, estar Justus et Perfectus. A mão direita e o pé do mesmo lado firmavam na Terra o Compasso e o Esquadro, além do mais, para dignificar, também, o “Quaternário Terreno”. Este está representado na Tragédia do Gólgota - nas 4 letras JNRJ, que não quer dizer, apenas, “Jesus Nazarenus Rex Judeorum”, enquanto o indeformável Triângulo que figura no Templo Maçônico está no mesmo “Corpo Eucarístico” de Jesus, representado pelas 3 letras “JHS”, entre os “dois ladrões”, onde foi crucificado, ladeado por “Duas Colunas” vivas, Jakim e Boaz, cujas iniciais J e B, também, figuravam nas duas cidades onde o mesmo Jesus nasceu e morreu: Belém e Jerusalém. São, ainda, as mesmas iniciais de João Baptista, seu Arauto ou Anunciador Jokanan. Quanto ao termo “João Baptista” - hoje com significado mais misterioso do que outrora e relacionado com o Culto de Melkisedeque, cumpre esclarecer que se acha estreitamente ligado ao Rito Adonhiramita, de Adam, Hiram, e Ita, Mita ou Mitra (...).

VITRIOL“Existe realmente uma Alquimia de prodígios físicos, como a transformação do chumbo em ouro, por exemplo. Só que este tipo de Alquimia é o que menos nos interessa, principalmente porque sabemos ser impossível a realização destes magníficos feitos se, antes, aquele que se propõe a realiza-los, não tiver se depurado o suficiente a nível interno”. (Cardoso Jr∴)

Rui Palmela

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Hamal

A história da Maçonaria é complexa e em breve tentaremos destrincha-la de maneira clara e simples aos leitores, pois seus símbolos

de origem da Alquimia e da Kabbalah podem ser explicados através da sua história.

O objetivo da Maçonaria é demonstrado claramente ao neófito que tem o contato com a Ordem pela primeira vez: “realização da Grande Obra”. Esse objetivo é expresso através da fórmula alquímica conhecida como VITRIOL. Juntamente com “o que está em cima é como o que está abaixo”, o VITRIOL é, talvez, o mais famoso axioma hermético.

Este axioma é utilizado de duas maneiras nos antigos textos de alquimia, uma delas já mostramos acima e a outra é VITRIOLUM. No caso do VITRIOL são as iniciais de “Visita interiore terrae rectificando invenies occultum lapidem”, já o VITRIOLUM é semelhante, mas terminando com “universalem medicinam“.

Significam: Vitriol - “Visite o interior da terra, retificando-se, encontrarás a Pedra Oculta”, e a outra faz a referência à “Pedra Oculta” como sendo, também, a chave para a “Medicina Universal” ou a “Verdadeira Medicina”. A fórmula mais comum é a VITRIOL.

Primeiramente, devemos esclarecer que não são todos os Ritos e Rituais da Maçonaria que tem as tradições aqui citadas e a que aqui estamos tratando. Aqui, lidamos com os ritos esotéricos, o que é conhecido como Maçonaria Escocesa, que compõe Ritos como o REAA, RER, Adomhiramita, entre muitos outros existentes e já extintos.

Vamos analisar por partes: é uma palavra composta por 7 letras do alfabeto latino, devido ao

próprio significado desse número na alquimia, pois toda a Obra se desenvolve na operação dos 7 metais e dos 7 planetas.

Esse axioma é uma referência direta aos antigos mistérios – alquimia, kabbalah, hermetismo – e, também, é a porta da espiritualidade maçônica. O maçom é chamado a conhecer e praticar os antigos mistérios, despertando seu lado espiritual, a buscar e contemplar os motivos da sua existência. É chamado a tornar-se um cientista em sua própria vida, a transmutar o que há de defeitos em virtudes, enterrar os vícios e se erguer em virtudes.

As três primeiras palavras, “visita interiore terrae”, dizem respeito ao conhecer o que está em seu interior. É a primeira fase da alquimia, chamada Putrefação, onde as carnes são separadas dos ossos, acontecendo a morte do maçom. Significa que as aparências são deixadas de lado, que devemos buscar o que está no interior, o que está oculto. Por esse motivo outro símbolo que acompanha a fase da putrefação é o negro, a escuridão, representação de um local oculto que devemos encarar e descobrir dentro de nós.

“Quando a mente do homem começa a entender a ordem e a relação de tais impressões de sentido, ele passa da escuridão da ignorância para a luz branca da sabedoria. (…) Para fazer isso ele deve, dentro de si mesmo, possuir o divino dom do desejo do saber, pois é através dessa faculdade que ele se eleva acima das preocupações da vida. O homem, cuja curiosidade o leva a contemplação da manifestação à contemplação das suas causas é aquele, cujos instintos o estão preparando para empreender a Grande Obra”. (Por S.S.D.D.)

Alquimia & Maçonaria

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No centro do axioma temos a palavra “rectificando”. Assim como não é “coincidência” termos 7 palavras, não é por acaso que esta se encontra no centro. Retificar significa “fazer reto”, do latim rectus + facĕre, é uma referência direta ao simbolismo do Esquadro. Quando dizemos que “estamos esquadrando” dizemos que estamos corrigindo os erros, tirando o que não é necessário e deixando o essencial, livrando-se do que é ruim e ficando com o bom, etc. É o que um pedreiro faz em uma pedra bruta quando esquadra suas arestas. Esquadra a pedra bruta para torna-la cúbica, deixando-a perfeita para ser utilizada em uma obra.

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As três últimas palavras “invenies occultum lapidem” refere-se à essência do nosso ser. Após termos arrancado a carne dos ossos para descobrirmos o que é necessário em nós e o que não o é, e termos retificado todo o encontrado, chegamos à recompensa: a Pedra Oculta.

Essa Pedra Oculta é, também, outro nome para a “Pedra Filosofal” tão procurada pelos Alquimistas. Ou seja, é algo que existe dentro de nós, e não no exterior. A transmutação alquímica, o lapidar da pedra bruta, o retificar, são sinônimos para uma total reestrutura espiritual, mental e física.

Na maçonaria, o processo de retificação é chamado, também, de Arte Real, cujo objetivo final é a realização da Grande Obra. A Grande Obra é o resultado da Arte Real, quando alcançamos a verdadeira e livre espiritualidade, quando nos comunicamos conscientemente com a centelha divina interior (achamos a Pedra Oculta).

Somos convidados a escrever nosso testamento e presenciar a própria morte, cada vez que desejamos penetrar em nosso interior e nos retificar. Isso é, reconhecer o que nos prende aos vícios e morrer para essas atitudes. Portanto, vemos no VITRIOL, um chamado ao conhecimento das coisas existentes na Terra, no Universo e dentro de nós mesmos. Iniciado é aquele que penetra e vivencia esses mistérios, e não aquele que, somente, passou pelo ritual de iniciação.Compilação do texto “Alquimia na Maçonaria” publicado no Blog “Esoterismo DeMolay”, em Setembro de 2014.

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Irmão Feitosa - Editor Responsável