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Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005 VULNERABILIDADE AMBIENTAL DE UMA ÁREA PILOTO NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: TRECHO DA BR-364 ENTRE FEIJÓ E MÂNCIO LIMA, ESTADO DO ACRE 1 Environmental Vulnerability of a Pilot Area in Western Amazonia:BR-364 Highway, Between Feijo and Mancio Lima, Acre Eufran Ferreira do Amaral 2 , João Luiz Lani 3 , Nilson Gomes Bardales 4 e Henrique de Oliveira 5 1 Trabalho convidado. 2 Embrapa Acre, Pós-graduando em Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal de Viçosa – UFV, 36570-000 Viçosa- MG, <[email protected]>; 3 Prof. do Departamento de Solos – UFV, <[email protected]>; 4 Pós-graduando em Solos e Nutrição de Plantas – UFV, <[email protected]>. Embrapa Pantanal, Pós-graduando em Solos e Nutrição de Plantas – UFV, <[email protected]>. Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a vulnerabilidade ambiental de um trecho da BR-364 entre Feijó e Mâncio Lima, no Estado do Acre. Para avaliação da vulnerabilidade adotou-se como metologia a proposta de Crepani et al. (1998) e INPE (1999), com algumas modificações. Na definição dos índices de vulnerabilidade considerou-se a suscetibilidade a diversos temas, como os aspectos geológicos e geomorfológicos (intensidade de dissecação, amplitude altimétrica e declividade), os solos (classes de solos), o tipo de vegetação e o clima. Com pesos diferentes, segundo os critérios adotados, chegou-se ao mapa de fragilidade ambiental. Conclui-se que há vários ambientes com vulnerabilidades diferenciadas, o que pode impactar em diferentes graus. O trecho entre Feijó e Tarauacá deve ser mantido com a cobertura vegetal original e uso sustentável exclusivamente florestal (manejo florestal). O trecho entre Tarauacá e as proximidades de Cruzeiro do Sul suporta um uso mais intensivo, com predominância de cultivos agroflorestais, porém as várzeas do rio Juruá devem ser mais bem avaliadas para o uso mais sustentável. Palavras-chave: Sustentabilidade ambiental, Amazônia, fragilidade ambiental e rio Juruá. Abstract: This work aimed to evaluate the environmental vulnerability along BR-364 highway, between Feijó and Mancio Lima, in the state of Acre. The methodology recommended by Crepani et al. (1998) and INPE (1998) was adopted, with some modifications. For the definition of the vulnerability indices, the geological and geo-morphological aspects (dissection intensity, relief and slopes), soil classes, vegetation types, and climate were considered. In agreement with the adopted criteria, an environmental fragility map was obtained. It was concluded that different environments present differentiated vulnerabilities, causing impacts of different degrees. The area between Feijó and Tarauacá should be maintained with its natural vegetation and exclusively forest sustainable use (forest management). The area between Tarauacá and Cruzeiro do Sul can undertake a more intensive use, with the predominance of agro-forest systems. The Juruá river low lands should be better appraised for a more sustainable use. Key words: Environmental sustainability, Amazon region, environmental vulnerability, and Jurua River. 1 INTRODUÇÃO As questões ambientais extrapolam as áreas de atuação de várias ciências, uma vez que a compreensão das relações do meio ambiente e sua dinâmica requer uma visão integrada dos aspectos físicos e ecológicos de sistemas naturais e de

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87Vulnerabilidade ambiental de uma área piloto na Amazônia ...

Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005

VULNERABILIDADE AMBIENTAL DE UMA ÁREA PILOTO NA

AMAZÔNIA OCIDENTAL: TRECHO DA BR-364 ENTRE FEIJÓ EMÂNCIO LIMA, ESTADO DO ACRE1

Environmental Vulnerability of a Pilot Area in Western Amazonia:BR-364Highway, Between Feijo and Mancio Lima, Acre

Eufran Ferreira do Amaral2, João Luiz Lani3, Nilson Gomes Bardales4 e Henrique de Oliveira5

1 Trabalho convidado.2 Embrapa Acre, Pós-graduando em Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal de Viçosa – UFV, 36570-000 Viçosa-MG, <[email protected]>; 3 Prof. do Departamento de Solos – UFV, <[email protected]>; 4 Pós-graduando em Solose Nutrição de Plantas – UFV, <[email protected]>. Embrapa Pantanal, Pós-graduando em Solos e Nutrição de Plantas – UFV,<[email protected]>.

Resumo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a vulnerabilidade ambiental de um trecho da BR-364 entreFeijó e Mâncio Lima, no Estado do Acre. Para avaliação da vulnerabilidade adotou-se como metologia aproposta de Crepani et al. (1998) e INPE (1999), com algumas modificações. Na definição dos índices devulnerabilidade considerou-se a suscetibilidade a diversos temas, como os aspectos geológicos egeomorfológicos (intensidade de dissecação, amplitude altimétrica e declividade), os solos (classes desolos), o tipo de vegetação e o clima. Com pesos diferentes, segundo os critérios adotados, chegou-se aomapa de fragilidade ambiental. Conclui-se que há vários ambientes com vulnerabilidades diferenciadas, oque pode impactar em diferentes graus. O trecho entre Feijó e Tarauacá deve ser mantido com a coberturavegetal original e uso sustentável exclusivamente florestal (manejo florestal). O trecho entre Tarauacá e asproximidades de Cruzeiro do Sul suporta um uso mais intensivo, com predominância de cultivosagroflorestais, porém as várzeas do rio Juruá devem ser mais bem avaliadas para o uso mais sustentável.

Palavras-chave: Sustentabilidade ambiental, Amazônia, fragilidade ambiental e rio Juruá.

Abstract: This work aimed to evaluate the environmental vulnerability along BR-364 highway, betweenFeijó and Mancio Lima, in the state of Acre. The methodology recommended by Crepani et al. (1998) andINPE (1998) was adopted, with some modifications. For the definition of the vulnerability indices, thegeological and geo-morphological aspects (dissection intensity, relief and slopes), soil classes, vegetationtypes, and climate were considered. In agreement with the adopted criteria, an environmental fragilitymap was obtained. It was concluded that different environments present differentiated vulnerabilities,causing impacts of different degrees. The area between Feijó and Tarauacá should be maintained with itsnatural vegetation and exclusively forest sustainable use (forest management). The area between Tarauacáand Cruzeiro do Sul can undertake a more intensive use, with the predominance of agro-forest systems.The Juruá river low lands should be better appraised for a more sustainable use.

Key words: Environmental sustainability, Amazon region, environmental vulnerability, and Jurua River.

1 INTRODUÇÃO

As questões ambientais extrapolam asáreas de atuação de várias ciências, uma

vez que a compreensão das relações domeio ambiente e sua dinâmica requeruma visão integrada dos aspectos físicose ecológicos de sistemas naturais e de

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suas interações com os fatores socioeco-nômicos e políticos (Figura 1). Dessa visãoholística surgiu uma nova disciplina, aEcologia de Paisagem (HAINES-YOUNGet al., 1993).

As unidades de paisagem natural,como unidades territoriais básicas passí-veis de georreferenciamento, contêm umaporção do terreno onde está registradauma combinação de eventos e interações,que imprimem a condição ambiental atual,representando um elo entre a geografia ea ecologia.

Para analisar uma unidade de paisa-gem natural é necessário conhecer suagênese, sua constituição física, sua formae seu estádio de evolução, bem como o tipoda cobertura vegetal que sobre ela sedesenvolve. Estas informações são for-necidas pela geologia, geomorfologia,pedologia e fitogeografia e precisam serintegradas para que se tenha uma visãoreal do comportamento de cada unidadediante de sua exploração. Finalmente, énecessário o auxílio da climatologia para

que se conheçam algumas característicasclimáticas da região onde se localiza aunidade de paisagem, a fim de que seanteveja o seu comportamento em face dasalterações impostas pela ocupação.

A análise morfodinâmica das uni-dades de paisagem natural pode ser feitaa partir dos princípios da ecodinâmica(TRICART, 1977), que estabelecem dife-rentes categorias morfodinâmicas resul-tantes dos processos de morfogênese oupedogênese. Quando predomina a morfo-gênese prevalecem os processos erosivos,modificadores das formas de relevo, equando predomina a pedogênese preva-lecem os processos formadores de solos.

O objetivo principal deste trabalho foiavaliar a vulnerabilidade ambiental deuma área piloto na Amazônia ocidental,trecho da BR 364 entre Feijó e MâncioLima, Estado do Acre, como uma ferra-menta para o processo de ocupação dessaárea.

2 METODOLOGIA

Para definição da vulnerabilidade daárea prioritária adotou-se a proposta deCrepani et al. (1998) e INPE (1998) , comalgumas modificações, uma vez que nestecaso o mapa de unidades de paisagemnatural foi obtido preliminarmente pelaintegração dos cinco produtos temáticosprioritários.

A partir dessa base preliminar, cadatema foi estratificado em classes de vulne-rabilidade, de forma macro (Quadro 1).

A partir da primeira aproximação,estruturou-se uma escala de vulnerabili-dade para situações que ocorram natural-mente. Desenvolveu-se então o modelodefinido (Quadro 2), que estabelece 21classes de vulnerabilidade à erosão, dis-tribuídas entre situações onde há o predo-mínio de processos de pedogênese (às

Figura 1 - Fatores formadores da paisagem, seus atributose relacionamentos. (Factors forming the landscape,its attributes and relationships).

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quais se atribuem valores próximos de 1,0),passando por situações intermediárias (àsquais se atribuem valores próximos de 2,0)

e situações de predomínio dos processosde morfogênese (as quais se atribuemvalores próximos de 3,0).

Quadro 1 - Avaliação da estabilidade das categorias morfodinâmicas (Evaluation of the stability of the morphodynamic categories)

Categoria Morfodinâmica Relação Pedogênese/Morfogênese Valor

Estável Prevalece a pedogênese 1,0

Intermediária Equilíbrio pedogênese/morfogênese 2,0

Instável Prevalece a morfogênese 3,0

Quadro 2 - Representação da vulnerabilidade e, ou, estabilidade das unidades de paisagem natural (Representation of the vulnerability and, or stability of the natural landscape units)

Unidade de Paisagem Média Grau de Vulnerabilidade

U1 3,0

U2 2,9

U3 2,8

U4 2,7

Vulnerável

U5 2,6

U6 2,5

U7 2,4

U8 2,3

Moderadamente vulnerável

U9 2,2

U10 2,1

U11 2,0

U12 1,9

U13 1,8

Medianamente estável/vulnerável

U14 1,7

U15 1,6

U16 1,5

U17 1,4

Moderadamente estável

U18 1,3

U19 1,2

U20 1,1

U21

VU

LN

ER

AB

ILID

AD

E�

1,0

EST

AB

ILID

AD

E�

Estável

AMARAL, E.F. et al.90

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O modelo foi aplicado individualmenteaos temas (geologia, geomorfologia, solos,vegetação e clima) que compõem cada uni-dade de paisagem natural (Figura 2), querecebe posteriormente um valor final,resultante da média aritmética dos valoresindividuais segundo uma equação mate-mática, que busca representar uma esti-mativa da posição desta unidade dentro daescala de vulnerabilidade natural à erosão:

5

)( CVSRGVu

++++=

em que Vu = vulnerabilidade da unidadede paisagem; G = vulnerabilidade para otema geologia; R = vulnerabilidade para otema geomorfologia; S = vulnerabilidadepara o tema solos; V = vulnerabilidade parao tema vegetação; e C = vulnerabilidadepara o tema clima.

Figura 2 - Fluxograma metodológico para definição de áreas ambientais frágeis e sensíveis ao uso dos recursos naturais.(Methodological fluxogram for definition of environmental areas vulnerable and sensitive to natural use).

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Em razão dos resultados obtidos paraa vulnerabilidade foi realizada uma estra-tificação, considerando os valores máximose mínimos obtidos, de modo a definir cincoclasses de fragilidade ambiental. O maparesultante permite a visualização regionalde graus de sensibilidade a alteraçõesantrópicas dentro da área prioritária.

Para elaboração das cartas na escalade 1:100.000, o fator clima não foi inse-rido no cruzamento entre os mapas temá-ticos, pois, em razão de sua variabilidade,decorrente da baixa densidade de esta-ções, não permitiu isolar sua influênciae condicionava a criação de polígonosirregulares, dando um aspecto irreal aomapa final.

3 RESULTADOS

3.1 Geologia

A contribuição da geologia para aanálise e definição da categoria morfodi-nâmica das unidades de paisagem naturalcompreende as informações relativas àhistória da evolução do ambiente geológicoe as informações relativas ao grau de coe-são das rochas que a compõem. O grau decoesão das rochas é a informação básicada geologia a ser integrada a partir daecodinâmica, uma vez que em rochaspouco coesas prevalecem os processosmodificadores de formas de relevo, en-quanto nas rochas bastante coesas pre-valecem os processos de formação de solos(Figura 3).

Por ser toda a área prioritária cobertapor rochas sedimentares, a geologia évulnerável e representa grande instabi-lidade ambiental, se exposta às condiçõesclimáticas atuais. Conforme pode serconstatado, no setor noroeste há umamancha de maior vulnerabilidade quecorresponde aos arenitos inconsolidadosda Formação Cruzeiro do Sul.

3.2 Geomorfologia

A geomorfologia oferece as informa-ções relativas à morfometria, que influen-cia de maneira marcante os processosecodinâmicos. As informações morfomé-tricas utilizadas são a amplitude de relevo,a declividade e o grau de dissecação da uni-dade de paisagem. Essas informaçõescaracterizam a forma de relevo da unidadede paisagem natural e permitem quese quantifique empiricamente a ener-gia potencial disponível para o runoff(MORISAWA, 1968), isto é, a transfor-mação de energia potencial em energiacinética, responsável pelo transporte demateriais que esculpem as formas derelevo. Desta maneira, pode-se concluirque em unidades de paisagem natural queapresentam valores altos de amplitude derelevo, declividade e grau de dissecaçãoprevalecem os processos morfogenéticos,enquanto em situações de baixos valorespara as características morfométricaspredominam os processos pedogenéticos(Figura 4, Quadro 2).

Na área prioritária, a geomormologiaapresenta-se de medianamente estávela estável, uma vez que as amplitudesaltimétricas são pequenas, ocorre baixadeclividade e a intensidade de dissecaçãoé muito pequena, condicionando uma su-perfície muito estável, do ponto de vistageomorfológico (Quadro 3).

Ressalta-se aqui que o detalhamentodo mapa temático, com a inclusão de uni-dades homogêneas menores, vai resultarem melhor estratificação na segunda fasedo ZEE e permitirá a geração de mapas devulnerabilidade mais detalhados.

3.3 Pedologia

Os solos participam da caracterizaçãomorfodinâmica das unidades de paisagemnatural, fornecendo um indicador básico

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da posição ocupada pela unidade dentro daescala gradativa da ecodinâmica: a matu-ridade dos solos. A maturidade dos solos,produto direto da morfogênese/pedogê-nese, indica claramente se prevalecem osprocessos erosivos da morfogênese quegeram solos jovens, pouco desenvolvidos,ou se, no outro extremo, as condições deestabilidade permitem o predomínio dosprocessos de pedogênese, gerando solos

maduros, lixiviados e bem desenvolvidos(Figura 5, Quadro 4).

Por se tratar de um mapa de reconhe-cimento, o mapa de solos apresenta-secom unidades de mapeamento em asso-ciações de duas ou três classes de solos, oque demanda que o cálculo da vulnera-bilidade seja realizado com média ponde-rada.

Figura 3 - Vulnerabilidade do tema geologia da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Vulnerabilityof the geology of the pilot area (BR-364, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

Figura 4 - Vulnerabilidade do tema geomorfologia da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre).(Geomorphology vulnerability in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

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Os solos mais vulneráveis são osNeossolos Flúvicos, por serem mais jovense estarem em equilíbrio muito instável emcondições naturais, pelo seu caráter depo-sicional sazonal e situação na paisagem,acompanhando os grandes rios e igarapés.

Os Cambissolos, por se tratarem desolos muito jovens, estão em uma escalade vulnerabilidade alta e representam osegundo grupo de maior vulnerabilidade,estando expressos nas manchas amare-ladas no sudeste da área prioritária.

As áreas tabulares onde ocorrem osLatossolos Amarelos apresentam-se com

um grau de estabilidade elevado e estãorepresentadas pelas manchas em verde-escuro no noroeste da área prioritária.

Enfim, os solos, de modo geral, sãomais jovens ou estão em equilíbrio damorfogênese/pedogênese, o que explica apresença de solos rasos e com baixa idaderelativa.

3.4 Vegetação

A cobertura vegetal representa a de-fesa da unidade de paisagem contra osefeitos dos processos modificadores das

Figura 5 - Vulnerabilidade do tema pedologia da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Pedologyvulnerability in the pilot area (BR-364, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

Quadro 3 - Definição da vulnerabilidade do tema geomorfologia na área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre) (Definition of the geomorphology vulnerability in the pilot area (BR-364, between Feijó and Mâncio Lima, Acre)

Polígono Intensidade de

Dissecação Amplitude Altimétrica Declividade

Vulnerabilidade Geomorfologia

1 1,0 1,0 1,0 1,0 2 1,4 1,2 1,1 1,2 3 2,3 1,9 1,6 1,9 4 1,0 1,0 1,0 1,0

AMARAL, E.F. et al.94

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formas de relevo (erosão). A ação da cober-tura vegetal na proteção da paisagem sedá de diversas maneiras:

a) Evita o impacto direto das gotas dechuva contra o terreno, o que promove adesagregação das partículas.

Quadro 4 - Determinação da vulnerabilidade das unidades de mapeamento que ocorrem na área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre) (Determination of the vulnerability of the mapping units in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre)

Vulnerabilidade Componente Unidade de Mapeamento

1 2 3

Vulnerabilidade (Unidade de

Mapeamento)(1)

ARGISSOLO VERMELHO Distrófico latossólico + ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico

1,7 1,9 - 1,8

ARGISSOLO VERMELHO Distrófico latossólico + ALISSOLO CRÔMICO argilúvico típico

1,7 2,0 - 1,8

ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico + LUVISSOLO HIPOCRÔMICO Órtico típico + ARGISSOLO VERMELHO Amarelo alumínico alissólico

1,9 2,1 1,9 1,9

ARGISSOLO AMARELO distrófico 2,0 - - 2,0

ARGISSOLO AMARELO distrófico + Alissolo Crômico argilúvico 2,0 2,0 2,0

ARGISSOLO AMARELO distrófico + Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico argissólico

2,0 1,0 - 1,7

ARGISSOLO AMARELO Distrófico latossólico + LATOSSOLO AMARELO distrófico típico+NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico típico

1,8 1,0 3,0 1,9

ARGISSOLO AMARELO Distrófico latossólico + ARGISSOLO AMARELO distrófico + CAMBISSOLO HÁPLICO alumínico

1,8 2,0 2,5 2,0

ARGISSOLO AMARELO distrófico + LATOSSOLO AMARELO distrófico típico + ARGISSOLO AMARELO distrófico

2,0 1,0 2,0 1,8

ARGISSOLO AMARELO eutrófico plíntico + ALISSOLO CRÔMICO argilúvico + CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico

2,0 2,0 25 2,1

ARGISSOLO AMARELO eutrófico plíntico + ARGISSOLO VERMELHO Amarelo eutrófico + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico saprolítico

2,0 2,0 2,1 2,0

ARGISSOLO AMARELO eutrófico típico + NITOSSOLO VERMELHO Eutrófico típico + ARGISSOLO AMARELO distrófico

2,0 2,2 2,0 2,0

LUVISSOLO HIPOCRÔMICO Ortico Típico + ALISSOLO CRÔMICO Órtico típico 1,9 2,0 - 1,9

ALISSOLO CRÔMICO argilúvico + ARGISSOLO AMARELO distrófico

2,0 2,0 - 2,0

ALISSOLO CRÔMICO argilúvico típico + ARGISSOLO AMARELO Eutrófico 2,0 2,0 - 2,0

ALISSOLO HIPOPOCRÔMICO Argiluvico Típico + CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico Gleico

2,0 2,5 2,2

CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrofico vértico + LUVISSOLO HIPOCRÔMICO Órtico típico + CAMBISSOLO HAPLICO Ta Eutrófico tipico

2,5 1,9 2,5 2,4

GLEISSOLO HÁPLICO Ta eutrófico + ARGISSOLO AMARELO Distrófico plíntico

3,0 2,3 2,8

GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico + GLEISSOLO HÁPLICO Ta alumínico

3,0 3,0 3,0 3,0

GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico + GLEISSOLO HÁPLICO Ta alumínico + NEOSSOLO FLÚVICO Ta Eutrófico

3,0 3,0 3,0 3,0

GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico + NEOSSOLO FLÚVICO Ta Eutrófico

3,0 3,0 3,0

(1) Média ponderada.

95Vulnerabilidade ambiental de uma área piloto na Amazônia ...

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b) Impede a compactação do solo, o quediminui a capacidade de absorção deágua.

c) Aumenta a capacidade de infiltraçãodo solo, pela difusão do fluxo de água dachuva.

d) Suporta a vida silvestre, que pelapresença de estruturas biológicas comoraízes de plantas, perfurações de vermese buracos de animais aumenta a porosi-dade e a permeabilidade do solo.

Em última análise, compete à cober-tura vegetal um papel importante notrabalho de retardar o ingresso das águasprovenientes das precipitações pluviaisnas correntes de drenagem, pelo aumentoda capacidade de infiltração, pois o ingres-so imediato provoca o incremento dorunoff (massas de água em movimento),com o conseqüente aumento na capaci-dade de erosão pela transformação deenergia potencial em energia cinética.

Dessa forma, a participação da cober-tura vegetal na caracterização morfodi-nâmica das unidades de paisagem naturalestá diretamente ligada à sua capacidadede proteção. Assim, os processos morfo-genéticos relacionam-se às coberturas

vegetais de densidade (cobertura do ter-reno) mais baixa, enquanto os processospedogenéticos ocorrem em situaçõesonde a cobertura mais densa permite odesenvolvimento e a maturação do solo(Figura 6).

Em função das tipologias florestaispredominantes, as áreas sem ação antró-pica possuem de moderada a alta estabi-lidade, uma vez que conferem ao solo umaexcelente proteção aos efeitos erosivos daprecipitação. No entanto, no Acre, em fun-ção dos sedimentos, ocorre uma condiçãomuito peculiar, onde a floresta avançousobre solos jovens de baixa permeabi-lidade, que quando expostos sofrem degra-dação muito rápida, principalmente emfunção de sua mineralogia, o que lhesconferem alta capacidade de expansão econtração (Quadro 5).

3.5 Clima

As informações climatológicas neces-sárias à caracterização morfodinâmicadas unidades de paisagem natural repre-sentam o contraponto ao papel de defesadesempenhado pela cobertura vegetal.Estas informações, relativas à pluviosidade

Quadro 5 - Determinação da vulnerabilidade das unidades de mapeamento de vegetação que ocorrem na área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre) (Determination of the vulnerability of the vegetation mapping units in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre)

Vulnerabilidade Tipologia

Tipologia 1 Tipologia 2

Vulnerabilidade da Unidade de Mapeamento

Floresta aberta com bambu dominante 1,2 - 1,2

Floresta aberta com bambu + Floresta aberta com palmeira 1,2 1,2 1,2

Floresta aberta com palmeira em área aluvial 1,2 - 1,2

Floresta aberta com palmeira 1,2 - 1,2

Floresta aberta com palmeira + Floresta densa 1,2 1,0 1,1

Floresta densa + Floresta aberta com palmeira 1,0 1,2 1,1

Floresta aberta com palmeira + Floresta aberta com bambu 1,2 1,2 1,2

Floresta aberta com bambu aluvial 1,2 - 1,2

Área antrópica 2,9

AMARAL, E.F. et al.96

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anual e à duração do período chuvoso, quedefinem a intensidade pluviométrica,permitem a quantificação empírica dograu de risco a que está submetida umaunidade de paisagem, pois situações deintensidade pluviométrica elevada, isto é,alta pluviosidade anual e curta duração doperíodo chuvoso, podem ser traduzidascomo situações em que a quantidade deágua disponível para o runoff é muitogrande e, portanto, é maior a capacidadede erosão. Essas situações reúnem asmelhores condições para o desenvolvi-mento dos processos morfogenéticos cujovetor principal é o runoff. De forma inver-sa, a baixa pluviosidade anual distribuídaem um maior período de tempo, caracteri-zando intensidade pluviométrica reduzida,leva a situações de menor risco para aintegridade da unidade de paisagem, poisé menor a disponibilidade de água nosistema para o runoff.

A baixa densidade da rede de estaçõesmeteorológicas no Estado do Acre contri-bui para a baixa resolução das isolinhasde intensidade pluviométrica, porém per-mite perceber que as áreas situadas noextremo leste da área prioritária estãomais vulneráveis que as áreas situadasa oeste, indicando ser este atributo, mes-mo em uma pequena extensão, um bomparâmetro para estratificar os ambientes(Figura 7).

3.6 Vulnerabilidade ambiental

Para a representação cartográfica davulnerabilidade das unidades de paisagemforam selecionadas 21 categorias de cores,obtidas a partir da combinação das trêscores primárias aditivas (azul, verde evermelho), de modo que se associasse acada classe de vulnerabilidade sempre amesma cor, obedecendo ao critério de queo valor de menor vulnerabilidade (1,0) seassocia à cor azul, o valor de vulnerabi-lidade intermediária (2,0) se associa à cor

verde e o valor de maior vulnerabilidade(3,0) à cor vermelha.

Na definição dessas cores procurou-se obedecer aos critérios de comunicaçãovisual que buscam associar cores “quen-tes” e seus matizes (vermelho, amarelo elaranja) a situações de emergência, e ascores “frias” e seus matizes (azul, verde)a situações de tranqüilidade.

Analisando o histograma defreqüência de pixels, observa-se que omapa de vulnerabilidade possui a maiorparte dos pixels no grau de vulnerabilidade1,86 a 1,84, o que lhes confere a classe demedianamente vulnerável.

Em 84% dos pixels encontra-se aclasse 2 de vulnerabilidade e apenas 2%dos pixels estão enquadrados como mode-radamente vulnerável. Estes valoresrevelam uma realidade de relativa estabi-lidade, que é imposta pela vegetação quereveste o solo e o material de origem, dandoproteção para a dissecação do relevo, umavez que dimunui a erosividade das chuvas(Figura 8).

O mapa resultante revela que as áreasmais vulneráveis estão associadas aosterraços aluviais dos grandes rios, nasáreas de solos jovens e relevo mais movi-mentado, como as dos Cambissolos e nasáreas antrópicas (Figura 9).

Uma vez que a vegetação representao tema que está condicionando maiorestabilidade ao sistema, pode-se retirar otema vegetação e fazer uma simulaçãodrástica na qual ocorra uma ação antrópicaem toda a extensão da área prioritária(Figura 10).

Na simulação, o histograma revelaque 100% dos pixels ficaram com grausde vulnerabilidade superior a 2,1 e maisde 20% da área se enquadra como modera-damente vulnerável, de forma que umaocupação desordenada dessa área pode

97Vulnerabilidade ambiental de uma área piloto na Amazônia ...

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Figura 6 - Vulnerabilidade do tema vegetação da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Vegetationvulnerability in the pilot area (BR-364 highway, entre Feijó and Mâncio Lima, Acre).

Figura 7 - Vulnerabilidade do tema clima da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Climatevulnerability in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

comprometer o ambiente de maneirasignificativa e em graus diferenciados,de acordo com a resiliência do sistema(Figura 11).

3.7 Fragilidade ambiental

Partindo-se dos dados de vulnerabili-dade, e para estratificar de forma maissimplificada, foi construída uma tabela de

correlação com os limites de graus de vul-nerabilidade com uma escala de classesde fragilidade, de modo a se ter uma visãomacro das condições de resiliência daárea prioritária (Quadro 6).

A partir dessa correlação foi gerado ummapa com cinco categorias de fragilidade,de acordo com as condições ambientaisespecíficas da área de estudo (Figuras 12 e13).

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Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

Núm

ero

de p

ixel

s

1.72

1.76

1.8

1.84

1.88

1.92

1.96

2 2.04

2.08

2.12

2.16

2.2

2.24

2.28

2.32

2.36

2.4

2.44

2.48

2.52

2.56

Vulnerabilidade (lim. superior)

Figura 8 - Distribuição de freqüência dos pixels do mapa de vulnerabilidade natural da área prioritária (BR-364, entreFeijó e Mâncio Lima, Acre). (Pixels frequency distribution of the natural vulnerability map in the pilot area (BR-364highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

Figura 9 - Mapa de vulnerabilidade natural da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Naturalvulnerability map in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

99Vulnerabilidade ambiental de uma área piloto na Amazônia ...

Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005

Figura 10 - Mapa de vulnerabilidade natural da área prioritária, considerando a retirada da vegetação natural (BR-364,entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Natural vulnerability map in the pilot area, considering the removal of thenatural vegetation (BR-364 highway, betwen Feijó and Mâncio Lima, Acre).

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

Núm

ero

de p

ixel

s

1.76 1.79 1.82 1.85 1.88 1.91 1.94 1.97 2 2.03 2.06 2.1 2.13 2.16 2.19 2.22 2.25 2.28 2.31 2.34 2.37 2.41 2.44 2.47 2.5 2.53 2.56

Graus de vulnerabilidade (lim. superior)

Figura 11 - Distribuição de freqüência dos pixels do mapa de vulnerabilidade natural com a retirada da cobertura vegetalda área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Distribution of pixel frequency in the naturalvulnerability map with the removal of vegetal cover in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and MâncioLima, Acre).

AMARAL, E.F. et al.100

Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005

Os meios excessivamente frágeis sãoaqueles nos quais a morfogênese coman-da a intensidade e a natureza dos proces-sos morfogenéticos e o sentido da evolução.A estabilidade estrutural dos solos édecisiva nos fenômenos de escoamentosuperficial e a constituição do materialsedimentar no qual está assentado o con-junto solo-floresta é extremamente instá-vel. A granulometria comanda o modeladode acumulação. Nessas áreas o uso agro-nômico é marginal, portanto o critério deescolha deve ser mais de conservar para

proteger, principalmente, as áreas situa-das a jusante dos cursos d’água.

Os meios mais frágeis são aqueles nosquais a pedogênese é incipiente e os fenô-menos de evolução da paisagem sãocontrolados prioritariamente pela morfo-gênese. São áreas constituídas por meiosde elevada sensibilidade, onde o equilíbrionatural é rapidamente alterado, a resi-liência do ecossistema é baixa. Represen-tam, principalmente, as grandes áreasaluviais que estão distribuídas na áreaprioritária. Nestas áreas o uso agronô-mico é restrito, a agricultura ribeirinhaexistente e as atividades extrativistasdevem ser o maior grau de alteração e de-veriam ser priorizadas para conservação,principalmente, naquelas áreas situadasa jusante dos centros urbanos.

Os meios acentuadamente frágeis sãoaqueles nos quais a pedogênese é de inci-piente a moderada e os processos demodelagem da paisagem são intensos. Sãoáreas constituídas por meios de altasensibilidade, onde o equilíbrio natural émantido, principalmente, pela coberturavegetal. Se a cobertura vegetal é degrada-da, há rápida liquidação dos solos, atravésde processos de erosão acelerada e petro-plintização, fenômenos resultantes daprecipitação pluviométrica elevada, mate-rial de origem de caráter pelítico e soloscom argila de atividade alta. Nessas áreas,a geomorfologia atua como condicionadorda intensidade dos processos de alteraçãoe como fator de transformação dos demaisfatores. Sua atividade agronômica é res-trita e estas áreas deveriam ser prioriza-das para uso controlado e, ou, conservação,principalmente aquelas situadas emáreas de influência direta da rede hidro-gráfica.

Os meios frágeis são aqueles nosquais há um balanço relativamente está-vel da morfogênese e pedogênese. Nesses

43%

34%

15%

7% 1%

Ambientes moderadamente frágeisAmbientes frágeisAmbientes acentuadamente frágeisAmbientes fortemente frágeisAmbientes excessivamente frágeis

Figura 12 - Quantificação das classes de fragilidade ambientalda área de estudo (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima,Acre). (Quantification of the environmental vulnerabilityclasses in the study area (BR-364 highway, between Feijóand Mâncio Lima, Acre).

Quadro 6 - Classes de fragilidade ambiental para a área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre) (Environmental vulnerability classes for the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre)

Graus de Vulnerabilidade Classe de Fragilidade

Min. Max.

Excessivamente frágil 2,090 2,184

Fortemente frágil 2,184 2,278

Acentuadamente frágil 2,278 2,372

Frágil 2,372 2,466

Moderadamente frágil 2,466 2,560

Fonte: Zonneveld (1972).

101Vulnerabilidade ambiental de uma área piloto na Amazônia ...

Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005

meios a intensidade de dissecação fracaa moderada condiciona a complexidade damodelagem da paisagem e as caracterís-ticas dos solos. São comuns o carátervértico e plíntico, nos quais há uma restri-ção severa de drenagem, onde a coberturavegetal permite manter o equilíbrio. Osargilitos e siltitos condicionam umacamada de restrição natural ao processoevolutivo. Nessas áreas o uso agronômicointensivo é restrito e as práticas agroflo-restais devem ser adotadas em pequenasáreas, de forma a manter a cobertura dosolo e evitar a degradação irreversível.

Os meios moderadamente frágeis sãoaqueles nos quais há ligeira predominân-cia dos processos de pedogênese. Nessasáreas a pedogênese é moderada e os pro-cessos e fatores de formação já condiciona-ram solos mais desenvolvidos. São áreasde solos mais profundos, com dissecaçãofraca à moderada e com uma resiliênciado ecossistema moderada. Nestas áreas ouso agronômico é regular; o uso maisintensivo deve ser precedido de uma ava-liação em escala local.

4 CONCLUSÕES

A região, devido ao isolamento e àsdificuldades de acesso, teve sua ocupaçãodirecionada em razão da abertura daBR-364, o que fez com que fossem utili-zadas áreas com distintos graus de vulne-rabilidade.

A variação da vulnerabilidade condi-ciona diferentes impactos ambientais egraus de resiliência dos ecossistemas.

O trecho entre Feijó e Tarauacá deve-ria ser mantido com a cobertura vegetaloriginal e o uso sustentável, exclusi-vamente florestal (manejo florestal).

No trecho entre Tarauacá e as proxi-midades de Cruzeiro do Sul prevê-se umuso mais intensivo, devendo predominarpráticas agroflorestais.

As áreas de várzeas do rio Juruá de-vem ser mais bem estudadas, para quese tenha definido o seu verdadeiro poten-cial e um planejamento de ocupaçãoordenada e sustentável.

Figura 13 - Mapa de fragilidade ambiental da área prioritária (BR-364, entre Feijó e Mâncio Lima, Acre). (Environmentalvulnerability map in the pilot area (BR-364 highway, between Feijó and Mâncio Lima, Acre).

AMARAL, E.F. et al.102

Natureza & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 87-102, 2005

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CREPANI, E. et al. Sensoriamento remoto egeoprocessamento aplicados ao zoneamentoecológico-econômico. São José dos Campos:INPE, 1998. 65 p.

HAINES-YOUNG, R.; GREEN, D. R.;COUSINS, S. Landscape ecology and spatialinformation systems. In: HAINES-YOUNG, R.;GREEN, D. R.; COUSINS, S. Landscapeecology and spatial information systems.Bristol: Taylor and Francis, 1993. cap. 1,p. 3-8.

INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE.Projeto de estimativa do desforestamento brutoda Amazônia. Relatório 1999-2000. Disponívelem: <http://www.inpe.br/informações_escritas/amz1999_2000/Prodes.2002>. 17 fev. 2005.

MORISAWA, M. Streams: their dynamics andmorphology. New York: McGraw-Hill Book,1968. 175 p.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro:IBGE-SUPREN, 1977. 91 p. (Recursos Naturaise Meio Ambiente)

ZONNEVELD, I. S. Land evaluation and land(scape) science. ITC Textbook ofphotointerpretation. Enschede: ITC 106.1972. v. 7.