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XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

V-011 - DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E AMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO LAJEADO FRAGOSOS - CONCÓRDIA - SC

Cláudio Rocha de Miranda(1)

Engenheiro Agrônomo pela Faculdade de Agronomia da Universidade de Passo Fundo.Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFCH /URGS).Pesquisador II da Embrapa Suínos e Aves - Concórdia - SC.Carlos Cláudio PerdomoDoutor em Reprodução Animal pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).Pesquisador III da Embrapa Suínos e Aves - Concórdia - SC.Nelson Frederico SeiffertDoutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina.Pesquisador III da Embrapa Suínos e Aves - Concórdia - SC.Doralice P. de PaivaDoutora em Parasitologia Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Pesquisador III daEmbrapa Suínos e Aves Concórdia - SC.Adroaldo Pagani da SilvaMestrando em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal de Santa Catarina. Técnico Especializado daEmbrapa Suínos e Aves - Concórdia - SC.

Endereço(1,): Embrapa Suínos e Aves. CP. 21 - Distrito de Tamanduá - Concórdia - SC - CEP: 89700-000 - Brasil -Tel: (49) 442-8555 - e-mail: [email protected]

RESUMOA região oeste catarinense através do modelo de desenvolvimento agropecuário e agroindustrial com base napequena propriedade agrícola familiar e na produção integrada de suínos e aves construiu em apenas algumasdécadas uma história de riqueza, servindo de modelo de desenvolvimento para outras regiões. Porém, o“modelo” a partir dos anos 80, chegou ao limite do crescimento e, entrou em fase de decadência, emconseqüência da exploração excessiva dos recursos naturais, da degradação ambiental causadas pelasatividades agropecuárias.A necessidade da busca de ferramentas modernas e mecanismos adequados para execução de ações em buscade um desenvolvimento agropecuário sustentado, levou a elaboração do Diagnóstico Sócio-Econômico eAmbiental da Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos - Concórdia, SC.O exercício metodológico desenvolvido na Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos, pretende servir de suporte asautoridades públicas e privadas, em ações de gestão e intervenções na Sub-bacia. O trabalho realizado serviráde marco referencial metodológico para trabalhos semelhantes em outras as bacias hidrográficas comatividades agropecuárias e problemas ambientais semelhantes à estudada.

PALAVRAS-CHAVE: Microbacia Hidrográfica, Dejetos Suínos, Controle da Poluição, Diagnóstico Sócio-Econômico e Ambiental, Suinocultura, Agricultura Familiar, Região Oeste Catarinense.

INTRODUÇÃOCom a intensificação da produção de suínos na Região oeste catarinesne, o volume e a concentração de dejetosaumentou de forma linear, contribuindo para a degradação dos recursos hídricos e do solo, gerando focos deproliferação de insetos e representando riscos para a saúde do homem e dos animais. Estima-se que só aRegião Oeste produz cerca de 30 mil metros cúbicos de dejetos por dia. Como parte expressiva dos produtoresnão possuem estruturas de armazenagem ou tratamentos adequadas, muitas vezes os dejetos são lançados narede de drenagem causando sérios problemas de poluição das águas.

Os órgãos de proteção ambiental enquadram a suinocultura como de “Grande Potencial Poluidor” e asociedade exige soluções imediatas para a questão ambiental. A região da Associação dos Municípios do AltoUruguai Catarinense (AMAUC) possui a maior concentração na produção de suínos no Estado de SantaCatarina. Apresentando somente 5% da área agrícola estadual e detendo 22% do total do efetivo de suínos do

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Estado. Tal situação faz com que ocorra uma grande produção de dejetos que não conseguem seradequadamente aproveitados, ocasionando sérios problemas de poluição dos recursos naturais

A característica de pequena propriedade, relevo acidentado, escassez de áreas agrícolas mecanizadas e a baixacapacidade de investimento do produtor, são agravantes para a implantação de sistemas mais exigentes deutilização dos dejetos suínos, ainda que os produtores, aloquem recursos com elevada eficiência na produçãode suínos, confirmada pela liderança no setor. A resolução n° 20 da legislação Ambiental Estadual,supervisionada pela FATMA, proibindo o lançamento de efluentes que alterem as características físico-química dos receptores d’água, aumentou a responsabilidade dos produtores, que na impossibilidade deatendimento dessas exigências, baixa remuneração do setor e desconhecimento de técnicas racionais, vemabandonando a atividade e aumentando os bolsões de pobreza na periferia das cidades.

O poder público procurou trazer soluções emergenciais para os criadores, a exemplo do programa queestimulou a criação de esterqueiras e bioesterqueiras para armazenamento dos dejetos suínos e valorizaçãoagronômica do resíduo. Embora, muitos produtores tenham aderido ao programa, a ótica continua sendo a doarmazenamento e distribuição não atendendo as exigências atuais de reversão do nível crítico de degradaçãoambiental que a região apresenta.

O planejamento e execução de ações em busca de um desenvolvimento sustentado só são factíveis mediante adisponibilidade de informações que fundamentem tomadas de decisão que se façam necessárias. É portantoindispensável o conhecimento da situação, tanto do ponto de vista físico como sócio-econômicos e dosrecursos naturais disponíveis, na área em que se pretende atuar.

O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios técnicos aos agricultores, profissionais e autoridades envolvidasno planejamento e execução de ações na Sub-bacia, de maneira a orientar o uso racional dos recursos naturaise a sustentabilidade da atividade econômica, aumentando a renda e a qualidade de vida da família rural.

MATERIAIS E MÉTODOSO presente diagnóstico foi realizado através do levantamento de dados primários e secundários de maneira aestabelecer uma caracterização dos aspectos físicos, bioclimáticos, sócio-econômicos e da qualidade da águana área estudada.

Para o inventário sócio-econômico e ambiental foram aplicados questionários semi-estruturados à totalidadedos agricultores residentes na área da Sub-bacia. O trabalho aconteceu em duas etapas distintas: na primeira,realizada nos meses de agosto e setembro de 1998, foram entrevistados 58 suinocultores residentes no terçosuperior e médio da Sub-bacia; a segunda etapa, aconteceu de julho a setembro de 1999 e envolveu o restantedos produtores, independente de serem suinocultores ou não, totalizando um levantamento de 195estabelecimentos rurais. Os dados coletados abrangem informações relacionadas à demografia, estrutura eocupação do solo, situação da produção agropecuária, uso atual da terra, manejo dos dejetos, saneamentobásico e questões relacionadas a percepção dos produtores sobre a problemática ambiental.

O levantamento da qualidade da água foi realizado de 05/08/98 a 06/11/99 com periodicidade quinzenal. Osdados foram coletados em oito pontos de amostragem na calha do rio, previamente determinados pelos eventospoluidores existentes .

As variáveis hidrológicas registradas foram a precipitação pluviométrica (mm) local em três pontos, nascente,terço médio e foz do Lajeado dos Fragosos, e a vazão (l/s) do mesmo. A precipitação foi registrada mediante oemprego de pluviomêtros colocados a 1,5m do nível do piso e leitura diária as 9 horas e a vazão, através debaldes graduados (para seções de baixa vazão) ou pela determinação da seção média (m2) e velocidade médiada água (m/s) obtida mediante a determinação do tempo gasto por um elemento flutuante de isopor parapercorrer um percurso fixo de 10m de calha do rio.

As variáveis físicas determinadas foram a temperatura (ºC), pH e a turbidez (UNT - unidades nefelométricasde turbidez). O instrumental utilizado para a temperatura foi um oxídimetro digital com sensor paratemperatura de imersão tomados no local de coleta e a turbidez, por turbidimêtro em laboratório.

As variáveis químicas registradas foram o Oxigênio Dissolvido (mg 02/l) através de oxidímetro digital no local(na seção média do rio nos locais de coleta de amostra de larvas de borrachudo), a Demanda Bioquímica de

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Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO) em mg 02/l, Nitrato (mg N/l), Fósforo (mg P/l),Sólidos Totais (mg ST/l) e fixos ou matéria mineral (mg SF/l), foram determinados em laboratório paraamostras de água dos cursos de água, segundo o Standard Methods (EPA).

A variável biológica representada pelos níveis de Coliformes Fecais foi determinada em laboratório(UFC/100ml - unidades formadoras de colônia por 100 ml de amostra) com utilização de placas de petri-film apartir de amostras coletadas na calha do rio e acondicionada em frascos previamente esterilizados etransportadas sob refrigeração.

A carga de ST, DBO5, N, P e K foram estimadas com base no tamanho e peso da população animal e humanaexistente, mediante o emprego dos coeficientes constantes do AGRIICULTURAL WASTE MANAGEMENTFIELD BOOK (1992).

RESULTADOSASPECTOS SÓCIO ECONÔMICO E AMBIENTALA Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos (Latitude 27º 10´ a 27º 16´ Latitude sul, 52º 12´a 52º 02´longitude OesteGreevich), com 64 Km2 de área de drenagem compreende dois distritos, oito comunidades rurais e dois bairrosresidenciais abrangendo uma área de 64 quilômetros quadrados o que corresponde a cerca de 8,0% da áreatotal do município de Concórdia.

Na Sub-bacia existem áreas residenciais urbanas, agroindústrias, escolas e atividades comerciais, embora aatividade predominante continue sendo a atividade agropecuária.

Com a expansão da área urbana do município de Concórdia o trecho superior da Sub-bacia do Lajeado dosFragosos, na sua margemesquerda, que outrora era exclusivamente composto por estabelecimentos rurais, estágradativamente sendo ocupada por loteamentos residenciais.

A população ruralEntre os 195 estabelecimentos rurais levantados constatou-se um total de 690 pessoas, o que representa umamédia de 4,13 pessoas por estabelecimento rural. Destes, 408 estão na faixa etária superior aos 14 e menor doque de 60 anos, 74 pessoas possuem idade superior a 60 e 173 são jovens com idade igual ou inferior a 14anos, sendo a idade de 50 anos a média dos responsáveis pelos estabelecimentos rurais.

A estrutura fundiáriaOs dados da estrutura fundiária da Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos não se diferenciam da média da regiãooeste catarinense nem das demais áreas do município de Concórdia, denotando uma situação de predomínio depequenas propriedades agrícolas de base familiar.

A estrutura fundiária dos produtores residentes na Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1: Estrutura fundiária da Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos - 1999.Area (ha) Nº de estabelecimentos Percentual Freqüência acumulada

O - 10 44 26,3 26.310,1 - 20 58 34,7 61.120,1 - 50 51 30,5 91.650,1 - 100 10 6,0 97.6+ de 100 4 2,4 100Total 167 100

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Atividade agrícolaComo é tradicional na região oeste catarinense os produtores da Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos têm nacultura do milho sua principal atividade agrícola, muito embora se constate que anualmente a área desse cerealvenha diminuindo.

A Tabela 2 apresenta o uso atual da terra segundo as informações recolhidas através das entrevistas (1998/99).

Tabela 2: Ocupação do solo na Sub-bacia do Lajeado Fragosos - 1999.Culturas Área (ha) %

Area total 3775,0 100Lavoura temporária 1054,0 27,9Lavoura permanente 85,3 2,2Pastagem perene (potreiro) 1506,2 38,0Reflorestamento 75,53 2,0Mata 352,0 9,3Capoeira 1580,0 41,8

A produção animalAs três principais atividades pecuárias desenvolvidas no âmbito da Sub-bacia Lajedo dos Fragosos são asuinocultura, avicultura e a bovinocultura. A Tabela 3 apresenta o número total, a média de cabeças existentese a densidade animal dos três tipos de rebanhos.

Tabela 3: Situação da atividade pecuária na Sub-bacia do Lajeado Fragosos.Espécies N.º de

criadoresRebanho efetivo

(nº cabeças)Média (nº) Densidade

por haSuinos 119 40.539 337.8 6.58Bovinos 184 4.467 24.3 0.73Aves 60 730.080 12168.0 118.60

Em termos de atividade pecuária a suinocultura constitui-se na principal atividade econômica entre osprodutores da Sub-bacia, seguida da bovinocultura de leite e da avicultura. Cento e dezenove estabelecimentosdedicam-se a atividade suinícola, ou seja, aproximadamente 60% do total dos produtores; a avicultura épraticada por 33% dos estabelecimentos, a bovinocultura, apesar de 96% dos estabelecimentos possuírembovinos, constitui-se numa atividade de importância comercial para cerca de 70% desse total.

Aproximadamente 90% da atividade suinícola acontece através do sistema de integração agroindustrial, noqual os produtores integrados responsabilizam-se em criar os suínos dentro de determinados padrõestecnológicos estabelecidos pelas agroindústrias e estas, por sua vez, comprometem-se a fornecer a assistênciatécnica, parte dos insumos e a receber a totalidade da matéria prima ofertada. As modalidades de criação desuínos são produtores de ciclo completo, unidades de produção de leitões e terminação (parceria).

A tabela 4 apresenta o número de produtores segundo a modalidade de produção e a empresa integradora.

Tabela 4: Número de produtores por categoria e empresa integradora - 1999.Categoria desuinocultor

Nº produtores

% N.ºMatrizes

Sadia Aurora Ceval Independent.

Ciclo completo 32 26.9 967 19 6 3 4UPL 34 28.6 3101 12 14 4 4Terminador 53 44.5 15377* 35 11 5 2Total 119 100 - 66 31 12 10

*Refere-se ao número de suínos em crescimento ou terminação

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A ARMAZENAGEM, DISTRIBUIÇÃO E APLICAÇÃO DOS DEJETOS SUÍNOSA partir do número total de matrizes e animais existente estimamos a carga total de dejetos suínos existentesna Sub-bacia Lajeado dos Fragosos, bem como avaliamos a situação relacionada armazenagem dos dejetos edo seu uso na fertilização das áreas agrícolas.

Para estimarmos o total de dejetos produzidos nos diferentes sistemas de produção existentes (UPL, CC eterminadores) consideramos os seguintes valores de produção de dejetos: Ciclo Completo - 100 l/dia/matriz;Unidade de Produção de Leitões - 60 l/dia/matriz e Terminação - 7,5 l/dia/animal (Perdomo, 1998), segundoesses valores a produção anual de dejetos gerada na Sub-bacia é da ordem de 143.310 metros cúbicos anos(vide Tabela 5).

Tabela 5: Estimativa da produção de dejetos por categoria de produtor.Categoria desuinocultor

Nº produtores Nº matrizes Produção diária dejetos(m3)

Produção anualdejetos (m3)

Ciclo completo 32 967 96 34.812UPL 34 3101 186 66.980Terminador 53 15377 115 41.518Total 119 395 143.310

No entanto, para que se tenha uma idéia real da carga orgânica gerada no âmbito da Sub-bacia torna-senecessário acrescentar a produção de dejetos gerada pela atividade avícola e pela bovinocultura.

No caso da bovinocultura considerando-se uma produção diária de esterco por animal da ordem 20 Kg (pesomédio de 226 Kg/animal) e multiplicando-se esse valor pelo rebanho total (4.467 cabeças) obteremos umaprodução anual de 32.609 toneladas.

Por sua vez a avicultura com um plantel efetivo da ordem total de 730.080 cabeças, considerando-se umaprodução anual de dejetos por ave de 2.12 Kg e realizando-se 6 lotes anos, produz anualmente uma quantidadede dejetos da ordem de 9.286.6 toneladas.

Capacidade de uso das terrasA análise fisiográfica efetuada constata que somente 1.820 ha; portanto 29,5% da área da Sub-bacia possuicondições adequadas de solo e de relevo para recebimento de dejetos como prática de incorporação de matériaorgânica e aporte de nutrientes ao solo. Este valor provém de 25% da área das Encostas erosionais-coluviais(classe de aptidão de uso do solo 3dp+4e); 90% das Encostas em patamar (classe 2dp); 10% das Encostaserosionais (classe 4ppr); 90% das Encostas coluviais-erosionais (classe 2pd+2d); 90% das Encostas coluviais(classe 1 e 2) e zero dos Fundos de vale erosionais-coluviais e área hurbana. Salientamos que esta áreapotencial não leva em consideração o tipo de acesso à área a ser aplicado e nem o fator econômico nadistribuição de dejetos, apenas as condições físicas para recebimento.

Armazenagem e distribuição dos dejetosA estratégia da armazenagem e distribuição como controle da poluição não tem sido totalmente correta, poisrevela um distanciamento da realidade, necessidade e interesse dos produtores. A maioria das esterqueirasexistentes na Sub-bacia possui sérios problemas de construção, além de estarem subdimensionadas, nãoatendendo ao que preconiza o Decreto Estadual nrº..14.250, de 05.06.81, ocasionando o despejo dos excessosna rede de drenagem natural, o que tem sido freqüente. A proximidade das esterqueiras com os cursos d’águapotencializa os problemas de poluição, na medida em que, em caso de transbordamento, os dejetos alcançam arede de drenagem de maneira muito rápida.

Admitindo-se que todo o volume de dejetos produzidos na suinocultura seja utilizado como fertilizanteorgânico na própria Sub-bacia ou exportados para outras regiões, há um déficit de 16.400 m3 na capacidadetotal de estocagem.

Do ponto de vista técnico a estratégia recomendada para a utilização dos dejetos tem sido a do seuarmazenamento em esterqueiras ou bioesterqueiras para posterior utilização em áreas de lavoura como

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fertilizante. Para que tal prática ocorra com o mínimo comprometimento dos recursos naturais, principalmentedo solo e da água, a mesma deve respeitar as condições da cultura agrícola e do tipo de solo onde seráaplicada. Apesar de inexistência de estudos que determinem de forma segura a capacidade máxima de aportedejetos para cada tipo de solo da região, considerando-se como parâmetro de avaliação os valores médios deaplicação recomendados para a cultura do milho de 60 metros cúbicos por hectare (Rolas, 1996).

No caso da Sub-bacia constata-se que essa relação é superavitária, uma vez que mesmo considerando-se umasituação hipotética, na qual os dejetos poderiam ser aplicados na totalidade da área da propriedade, a taxamédia de aplicação por hectare seria da ordem de 51,6 metros cúbicos, portanto muito próxima da média anualaceitável. Na hipótese de considerarmos uma situação mais realista onde apenas 30% da área total daspropriedades dos suinocultores seria passível de recebimento dos dejetos para uso como fertilizante agrícola,tal relação se elevaria para taxas médias anuais 172 metros cúbicos por hectare.

Para resolver essa situação existe a possibilidade que os suinocultores transfiram parte dos dejetos excedentepara áreas agrícolas dos seus vizinhos, mas mesmo nesse caso a situação continua sendo preocupante, uma vezque mesmo somando-se as áreas de lavoura temporária, lavoura permanente e de reflorestamento, obtidasatravés das informações dos agricultores (1.215 ha), como passíveis de recebimento dos dejetos, a taxa anualde aplicação seria da ordem de 87, 4 metros cúbicos por hectare.

.Considerando-se o volume total de efluentes da produção de suínos representa algo em torno de 143.000m3/ano e que toda a área passível de recebimento de dejetos (1.820 ha) fosse utilizada para a cultura do milho(aplicação média de 45 m3/ha/ano de dejetos), o volume excedente seria de 61.0 m3/ano, portanto, 42,6% dototal de dejetos produzidos. Este dado de certa forma preocupante implica de imediato em um programa dereordenamento da produção e de tratamento do volume excedente.

A percepção dos problemas ambientaisO conhecimento da percepção dos agricultores sobre as questões ambientais é um aspecto fundamental caso sequeira implementar políticas de intervenção ambiental conseqüentes. Com esse objetivo realizamos uma sériede perguntas que procuravam levantar as concepções dos produtores quanto aspectos relacionados aosprincipais problemas ambientais existentes no âmbito da Sub-bacia do Lajeado dos Fragosos.

Através da leitura da Tabela 6 observa-se que os dejetos suínos foram lembrados por 70% dos entrevistadoscomo o problema ambiental de primeira importância existente na região, seguido pelos agrotóxicos,borrachudos, esgoto urbano e poluição das águas. Como esta questão foi realizada de forma aberta é possívelque quando os produtores se referem a poluição das águas também estejam considerando aquela provocadapelos dejetos suínos, mas como em alguns casos além dos dejetos suínos os entrevistados faziam alusão aoscontaminastes de uma foram mais genérica, optamos por deixar essa resposta como um problema específico.Por sua vez quando os produtores comentam sobre a poluição por esgoto urbano, estão se referindo aosefluentes provenientes dos loteamentos urbanas existentes na parte superior da Sub-bacia do Lajeado dosFragosos.

Tabela 6: Os principais problemas de poluição existentes na região - 1999.Problemas Resposta única % Resposta múltipla %

Dejetos suínos 80 48,5 115 69,7Agrotóxicos 26 15,7 70 42,0Borrachudos 22 13,3 39 23,6Esgoto urbano 7 4,2 26 15,7Poluição das águas 6 3,6 16 9,7

A importância da poluição provocada pelos dejetos suínos foi reforçada quando os entrevistados quando foramquestionados acerca dos principais problemas de poluição existentes especificamente na Sub-bacia do Lajeadodos Fragosos. Apareceu, novamente, a poluição por dejetos suínos em primeiro lugar com 71% das indicações,em segundo lugar ficou a poluição provocada pelos esgotos urbanos. A Tabela 7 apresenta a freqüência dasrespostas apresentadas, tanto em resposta única quanto múltipla.

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Tabela 7: Principais fontes de contaminação do lajeado Fragosos - 1999.Problemas Resposta única % Resposta múltipla %

Dejetos suínos 117 70,9 141 42,46Esgoto urbano 16 9,7 53 15,96Odor 12 7,2 20 6,02Agrotóxicos 7 4,2 34 10,24Resíduos industriais 4 2,4 37 11,14Lixo 4 2,4 16 4,81Outras respostas 5 3,0 31 0,93

Os agricultores também foram ouvidos para saber em ordem de importância sobre quem seriam os principaisresponsáveis para solucionar os problemas de poluição existentes no âmbito da Sub-bacia, principalmenteaqueles relacionados diretamente aos dejetos suínos. As respostas dessa pergunta estão sistematizadas naTabela 8.

Tabela 8: Principais responsáveis pela solução dos problemas ambientais.Responsáveis pela solução problemas

ambientais1º 2º 3º > 4º Soma de

respostasAgricultores 29 9 5 5 48Prefeitura Municipal 13 17 9 4 43Agroindústrias 12 16 10 2 40Gov. Estado/Epagri 6 6 8 10 30Fatma 1 6 6 8 21

Percebe-se que os produtores têm consciência da sua responsabilidade na solução dos problemas ambientais,no entanto, exigem a participação de outros atores envolvidos com o problemas. Nesse sentido a administraçãopública municipal, as agroindústrias e o governo do Estado, principalmente através do órgão de extensão rural(Epagri), foram lembrados como outros atores decisivos para essa questão.

QUALIDADE DA ÁGUAPrecipitação pluviométricaA precipitação anual média observada na Sub-bacia durante este período foi de 2.157mm, com estiagem emnovembro/1998 (22mm), março (38,6mm) e maio/1999 (65mm).O comportamento da precipitação anualobtida no período foi considera normal quando comparada com a média histórica de 1.888mm/ano e oseventos mensais registrados pela Estação Meteorológica da Embrapa (1991 a 1999) situada em Concórdia e,distante cerca de 10km da bacia. A nascente apresentou a maior taxa de precipitação média anual (2654mm), oterço médio (1673mm) a menor e a foz (2145mm), intermediária.

A diferença de precipitação entre a parte alta da Sub-bacia (760m) e a baixa (340m) foi da ordem de 409mm(19%). As maiores precipitações ocorreram no período de setembro (308,6mm) e outubro/1998 (280mm) ejaneiro/1999 (259,3mm). Estes resultados reforçam a preocupação com o estabelecimento de critérios maisrigorosos para a implantação de cultivos anuais e práticas de mobilização do solo junto a nascente, por causado seu decisivo papel na recarga dos aqüíferos, regularização da vazão e controle da erosão.

VazãoA vazão média anual na foz do Lajeado dos Fragosos foi de 959 l/s e apresenta estreita relação com aprecipitação pluviométrica, como consequência da baixa capacidade de retenção dos solo (predominância desolos com < 0,50m de profundidade), escassa cobertura vegetal nas margens e da topografia acidentada,mesmo em períodos de baixa precipitação. A vazão máxima obtida foi 2741l/s e a mínima de 178 l/s na foz doLajeado.

A amplitude observada na vazão do Lajeado dos Fragosos medida na foz foi de 2.563l/s, ou seja, o picomínimo de vazão foi cerca de 1.339% inferior a vazão máxima no período estudado. De uma forma geral, isso

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sugere que a capacidade de depuração do Lajeado dos Fragosos em função da sua baixa vazão (média emínima), da alta carga animal instalada e do modelo tecnológico praticado, pode ser considerada limitada.

TemperaturaA temperatura média anual da água do Lajeado dos Fragosos foi de 18,2ºC com máxima absoluta de 26,4ºC noverão e mínima de 9,1ºC no outono, refletindo a magnitude das variações climáticas incidentes. Estes valoresforam semelhantes as do corpo receptor (Rio Jacutinga - média anual de 20ºC).

Indicadores de poluiçãoO s principais indicadores de poluição levantados no monitoramento da qualidade da água do LajeadoFragosos estão apresentados na Tabele 7.

pHO pH apresentado pelo Lajeado dos Fragosos variou de 5,5 a 7,8, apresentando uma amplitude de 2,3. Amédia anual foi de 6,89 e similar ao do corpo receptor (Rio Jacutinga - 6,77). Sob condições de baixa vazãoobservou-se uma tendência de elevação do pH.

Estes valores, de uma forma geral, podem ser considerados normais em relação as exigências (6 a 9) daResolução CONAMA - nr.º20 e Portaria Nr.º36/GN do Ministério da Saúde para Rios de classe 1 e 2.

Carga CarbonáceaOs valores de DBO5 variaram de 0,5 a 20mg/l, apresentando uma amplitude considerada elevada (19,5mg/l). Amédia anual foi de 3,80mg/l inferior ao limite máximo de 5mg/l estabelecidos pela Resolução CONAMA -nr.º20 e Portaria Nr.º36/GN do Ministério da Saúde para Rios de classe 2. Observou-se uma tendência deelevação da taxa de DBO5 da nascente a foz como reflexo da crescente contribuição de dejetos.

Apesar da taxa média estar abaixo do limite máximo sugerido pela legislação, os valores máximos registradossuperam o limite estabelecido pelas exigências (6 a 9) da Resolução CONAMA - nr.º20 e Portaria Nr.º36/GNdo Ministério da Saúde para Rios de classe 1 e 2, caracterizando um quadro típico de contaminação orgânica.De uma forma geral, o comportamento da DQO é similar ao registrado para a DBO5 e guarda estreita relaçãocom a crescente contribuição de dejetos ao longo do percurso. Os valores de DQO variaram de 1 a 37mg/Lcom média de 11,02mg/L. Os valores máximos também configuram um quadro de poluição.

Oxigênio DissolvidoA taxa de Oxigênio Dissolvido do Lajeado dos Fragosos variou de 4,37 a 13 mgO2/L, com amplitude (8,63mgO2/L), sendo considerada elevada para as características da bacia. A média foi de 7,37 mgO2/L similar a docorpo receptor, todos superiores a taxa mínima recomendada para rios de Classe 2 (Resolução CONAMAnº20).

Aparentemente, estes dados poderiam sugerir uma situação ambiental satisfatória para o Lajeado, no entanto,devem ser considerados como um reflexo da acentuada contribuição da declividade existente entre a nascentee a foz (420m ) e do turbilhamento apresentado pelo local de amostra, condicionado pela prioridade de coletade larvas de borrachudos (pontos de encachoeiramento).

NitratoA variação de nitrato observada no Rio Fragosos foi de 0,4 a 108mgN/L e (16,9mgN/L) superior aos valoresencontrados nos cursos de água receptor (Rio Jacutinga - 1,61mgN/L) e ao limite máximo (10mgN/L)estabelecido pelo CONAMA para rios Classe 2. A amplitude foi considerada elevada e reflete ocomportamento irregular de lançamento de efluentes na calha do rio e com tendência de aumento daconcentração nos picos de vazão.

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Os valores médios e, especialmente os máximos, refletem um quadro preocupante de contaminação por nitratoda nascente á foz do Lajeado Fragosos e requerem medidas urgentes de controle.

FósforoA taxa de fósforo observada no Lajeado Fragosos variou de 0,10 a 7mgP/L e a média anual foi de 1,03mg P/L,portanto com valor superior ao limite máximo (0,025gP/L) estabelecido pelo CONAMA para rios Classe 3.

O nível médio de fósforo apresenta um incremento de 0,17mgP/L entre a nascente (0,74mgP/l) e a foz(0,91mgP/L) como conseqüência da contribuição dos efluentes animais ao longo do percurso. Sob condiçõesde baixas vazões ocorreram elevações significativas dos níveis de P na maioria dos pontos de coletas. Estesvalores configuram também, um quadro alarmante de emissão de fósforo na rede de drenagem e que requeremintervenções.

TurbidezA turbidez variou de 1,2 a 204 UNT e apresentou média anual de 16,3 UNT. Os valores máximos encontradosna seção média da bacia, ultrapassam os limites de 100 UNT estabelecidas como padrão para rios de classe 2 e3 e, sugerem que o maior número de emissários da suinocultura nesta região seja responsável pela maiorconcentração de materiais em suspensão.

Coliformes FecaisO nível médio anual de coliformes fecais observado no Lajeado Fragosos foi de 15000 UFC/100ml, cerca de30% superior ao do corpo receptor (Rio Jacutinga - 10500 UFC/100ml). A variação anual oscilou entre 1900 a187300 UFC/100ml, sendo considerada elevada (9 858%) e os valores médios e máximos estão muito acimados limite máximo de 4000 UFC/100ml estabelecido pelo CONAMA.

O maior número de coliformes fecais é apresentado pelo terço médio da Sub-bacia, onde ocorre o efeitoacumulado de contribuição da suinocultura.

Sólidos totais, voláteis e fixosA média anual de sólidos totais do Lajeado Fragosos foi de 145mg ST/L, superior ao do rio receptor(128mgST/l ) e ambas inferiores ao limite máximo estabelecido para o consumo humano (1000mgST/L). Avariação observada durante o ano oscilou de 4 a 390mgST/LA média anual de sólidos fixos no Lajeado Fragosos foi de 89mgSF/L (variação de 2 a 258mgSF/L), superiora do corpo receptor (79mgSF/L). A percentagem de sólido fixos em relação aos totais no lajeado (62,5%) foiconsiderada normal e semelhante a do corpo receptor (61,7%).

Tabela 9: Indicadores da qualidade da água do Lajeado Fragosos.Indicadores Média Valor Mínimo Valor Máximo PH 6,89 5,5 7,8DBO5 (mg/L) 3,8 0,5 20,0DQO (mg/L) 11,02 1,0 37,0Oxigênio Dissolvido 7,37 4,37 13,0Nitrato (mg/L) 16,9 0,4 108Fósforo (mg/L) 1,03 0,10 7Turbidez (UNT) 16,3 1,2 204Coliformes fecais (NMP/100 ml) 15.000 1.900 187.300Sólidos totais (mg/L) 145 4 390Sólidos fixos (mg/L) 89 2 258Temperatura (ºC) 18,2 9,1 26,4

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PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOSQualidade da águaA principal alteração da condição física, química e bacteriológica da água do Lajeado dos Fragosos é causadapor influentes originários da pecuária em função da elevada carga animal instalada e da baixa vazão média dorio (959 l/s). a suinocultura, face a presença de 119 criadores (representando 61 % do total de agricultores) e otamanho do rebanho é a mais importante fonte de contribuição de contaminantes, sendo responsável por 57;55; 51; 61 e 52% da emissão de ST; DBO5; N; P e K, respectivamente.

Estima-se que a contribuição da pecuária e dos centros urbanos na bacia do Lajeado dos Fragosos seja daordem de 12.403 ton./ano, para Sólidos totais, 3.157 ton./ano de DBO5, 688ton./ano de Nitrogênio, 217ton./ano de Fósforo e 350 ton./ano de Potássio (Tabela 10).

Tabela 10: Emissão de poluentes (Kg/dia)de acordo com o tipo de ocupação - Lajeado Fragosos (ton).Parâmetros Suínos Aves Bovinos Humano Total

População (nº) 40.539 730.080 4.458 4.000 779.077ST 14.392 10.951 8.471 166 33.980DBO5 4.722 2.792 1.070 65 8.649N 953 602 321 10 1.886P 363 186 45 1 595K 499 252 205 4 960

Ano: 1998/1999

Esta alta carga de poluente instalada na Sub-bacia quando relacionada a tipologia de produção adotada pelosprodutores (uso e destino dos efluentes) e a baixa vazão média do Lajeado dos Fragosos, configuram umquadro de extrapolamento da capacidade de depuração do rio. A taxa média de nitrato, fósforo e coliformesfecais confirmam o quadro efetivo de contaminação do Lajeado dos Fragosos.

O fato dos índices de qualidade da água na calha do rio não refletirem a alta carga incidente na Sub-bacia, aexemplo da taxa de OD, pode ser explicado pela acentuada declividade do Lajeado dos Fragosos (420m entrea foz e a nascente), responsável pela sua intensa oxigenação (média de 7,39g de O2/l) na maior parte da calha.

É evidente, que esta situação de alta depuração não é permanente, pois a medida que o tempo avançaaumentam as possibilidades de saturação do solo e dos recursos hídricos.

BorrachudosO problema com os borrachudos detectados na área da Sub-bacia decorre de um desequilíbrio ecológico queenvolve diversas variáveis e que tem na exploração animal uma importante contribuição. Como o insetodesenvolve parte do ciclo de sua vida na forma aquática, à medida que aumenta a poluição dos rios por dejetosanimais (aumento da DBO), aumenta a população do inseto pela maior oferta de alimento. Ocorre também umdecréscimo na população de peixes predadores das larvas que necessitam de mais oxigênio dissolvido na água,o que beneficia o maior aumento da população de borrachudos. Sua população chega a atingir níveisinsuportáveis para o ser humano e até mesmo para os animais domésticos.

Outras AtividadesQuanto à bovinocultura, embora sua contribuição não deva ser desconsiderada na questão ambiental, suaatividade não ainda não alcançou maiores problemas, face ao efetivo existente e o sistema de criação extensivoou semi-extensivo praticado na área. A utilização dos dejetos orgânicos para a recuperação das áreasdegradadas ou como nutriente de plantas (potreiros e áreas de pastagens) para a produção de massa verde,constitui uma grande possibilidade de intensificar o uso de dejetos na propriedade. Evidentemente, suautilização requer estudos prévios.

A intensificação da bovinocultura leiteira, enquanto alternativa de diversificação econômica da pequenapropriedade, dada a precariedade de espaço, acaba muitas vezes, ocupando áreas de preservação permanentepara instalação de pastagens e abrigos, aumentando o processo de degradação ambiental. A assistência

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técnica deve orientar e coibir procedimentos inadequados que, provocam o desequilíbrio ambiental, comoconseqüência, proliferação de borrachudos entre outras.

A exploração de frangos de corte constitui a segunda fonte mais importante de emissão de poluentes. Noentanto, diferenciam-se do problema representado pelos dejetos suínos, face ao sistema de armazenagem nopróprio local em que é produzido (cama de aviário) e pela maior facilidade de transporte e incorporação aosolo. No entanto, esses não devem ser desconsiderados, em função do seu expressivo volume, poder poluente(patógenos, minerais...) e alta relação carbono; nitrogênio (>25) e que necessitam de adequado tratamento.

Outro problema existente diz respeito a poluição provocada pelos efluentes urbanos do Bairro Natureza ecomunidades instaladas na Sub-bacia, cujo sistema de tratamento não está funcionando de forma adequada,provocando desconforto da população devido ao seu odor desagradável e emissão de efluentes na rede dedrenagem do Lajeado dos Fragosos. Além disso grande parte das residências urbanas e rurais não possuemsistemas de tratamento adequados, costumando lançar seus efluentes em sumidouros ou diretamente na rede dedrenagem, provocando assim um agravamento da situação ambiental no âmbito da Sub-bacia.

CONCLUSÕESOs encaminhamentos para os problemas relacionados ao controle da poluição existente e a sustentabilidade daatividade no âmbito da Sub-bacia, pressupõe a implementação de um programa que tenha como pressupostosum maior envolvimento das agroindústrias e administrações municipais, adoção de práticas de fiscalizaçãomais eficientes, estímulo econômico aos agricultores para a adoção de práticas ambientalmente corretas e deuma política de educação ambiental adequada.

Nesse sentido, a adoção de medidas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida dos produtores, domeio ambiente, da produção animal e vegetal, dentro de um enfoque de modelo regional sustentado, precisacontar obrigatoriamente com as ações coordenadas dos atores do setor público e privado.

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