uunniiivvveeerrrsssiii dddaaadd eee s ...cac-php.unioeste.br/cursos/toledo/servico_social/...certis...

81
0 U U N N I I V V E E R R S S I I D D A AD D E E E E S S T T A AD D U U A AL L D D O O O O E E S S T T E E D D O O P P A AR R A AN N Á Á C C A AM MP P U U S S D D E E T T O O L L E E D D O O CLAUDETE FRANÇA COLOMBO FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS NA INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA ASSISTÊNCIA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE, TOLEDO PR: PENSANDO O PAPEL DOS AVÓS NA CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO DOS NETOS TOLEDO 2011

Upload: dinhnguyet

Post on 20-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

0

UUUNNNIIIVVVEEERRRSSSIIIDDDAAADDDEEE EEESSSTTTAAADDDUUUAAALLL DDDOOO OOOEEESSSTTTEEE DDDOOO PPPAAARRRAAANNNÁÁÁ

CCCAAAMMMPPPUUUSSS DDDEEE TTTOOOLLLEEEDDDOOO

CLAUDETE FRANÇA COLOMBO

FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS NA

INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA – ASSISTÊNCIA A CRIANÇA E AO

ADOLESCENTE, TOLEDO – PR: PENSANDO O PAPEL DOS AVÓS NA CRIAÇÃO

E EDUCAÇÃO DOS NETOS

TOLEDO

2011

1

CLAUDETE FRANÇA COLOMBO

FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS NA

INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA – ASSISTÊNCIA A CRIANÇA E AO

ADOLESCENTE, TOLEDO – PR: PENSANDO O PAPEL DOS AVÓS NA CRIAÇÃO

E EDUCAÇÃO DOS NETOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais

Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do

Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau

de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Ms. Roseli Odorizzi

TOLEDO

2011

2

CLAUDETE FRANÇA COLOMBO

FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS NA

INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA – ASSISTÊNCIA A CRIANÇA E AO

ADOLESCENTE, TOLEDO – PR: PENSANDO O PAPEL DOS AVÓS NA CRIAÇÃO

E EDUCAÇÃO DOS NETOS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Serviço Social pelo Curso de Serviço

Social Centro de Ciências Sociais Aplicadas da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE/Campus de Toledo – PR, pelos

seguintes componentes da banca examinadora:

______________________________________

Profª. Ms. Roseli Odorizzi

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

______________________________________

______________________________________

Toledo, novembro de 2011

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente, a Deus por estar sempre presente nesta caminhada, proporcionando-

me forças e coragem para que a perseverança estivesse sempre presente durante este período

desafiador em minha vida.

Agradeço ao meu pai Valdomiro, 81 anos idade e, a minha mãe Aurora, 73 anos de idade,

“nono e nona França”, assim, chamados pelos netos. Vocês são exemplos de fé e

perseverança, me ensinaram a ser persistente no enfrentamento dos inúmeros desafios que vão

surgindo no cotidiano da existência. O meu amor por vocês é imenso.

Agradeço a minha sogra Ivanir ,74 anos de idade, pelo carinho e pela compreensão, você é

uma pessoa maravilhosa.

Agradeço ao meu esposo Itacir, pelo apoio, entendendo os momentos em que estive um tanto

ausente. Seu apoio foi muito importante para que pudesse alcançar os objetivos propostos a

quatro anos atrás. O amo muito!

Agradeço ao Anderson e a Andréia, meus queridos filhos pela disponibilidade, pelo apoio

incondicional nos momentos de maior dificuldade. A existência de vocês é parte da motivação

que me impulsiona ao crescimento pessoal e intelectual, levando à superação de muitas

dificuldades, possibilitando a concretização deste trabalho. Amo muito vocês!

Agradeço a Assistente Social Maria Inês G. Borges Mânica, coordenadora técnica da

Instituição Casa de Maria – Assistência a Criança e ao Adolescente, e a Assistente Social

Edmara de Souza que oportunizaram estágio nessa Instituição. Edmara, você contribuiu muito

com a minha formação profissional, como Supervisora de Campo.

Agradeço a senhora Adiles Donadel, era a presidente da Instituição, que através do Termo de

Ciência, formalizou a autorização dessa pesquisa.

Agradeço todos os funcionários, ou seja, todos os profissionais da Instituição Casa de Maria,

pela oportunidade de convivência durante esses dois anos. Agradeço as crianças e

adolescentes que participam do Projeto Social na Casa de Maria, que me possibilitaram

experiências, as quais se estenderão no exercício da Profissão.

Agradeço de modo muito especial, as famílias que participaram dessa pesquisa que ao

receberem o convite para contribuir com a mesma, prontamente disponibilizaram-se. Muito

obrigada mesmo, sem esta colaboração seria impossível a efetivação desse trabalho.

4

Agradeço a todos os docentes do Curso de Serviço Social da Unioeste que contribuíram com

minha formação Profissional.

Agradeço aos meus colegas de turma, e, estejam certos que quatro anos de convivência, houve

momentos bons, momentos de alegrias, como também, desafios em que solidariedade esteve

presente entre os colegas. Agradeço especialmente, “as guerreiras”, Adjaneide e Fábia, pelo

exemplo de persistência diante de tantas adversidades que enfrentaram no decorrer desse

período para garantir, além do título de bacharel em Serviço Social, a sobrevivência.

Agradeço a minha orientadora Profª Ms Roseli Odorizzi, pela dedicação, que a partir do

conhecimento e da experiência acumulados na docência transmite segurança, favorecendo

dessa forma, um maior desempenho do orientando na concretização do Trabalho.

Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção deste trabalho.

5

COLOMBO, Claudete F. Famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na

Instituição Casa de Maria – Assistência a Criança e ao Adolescente, Toledo – PR:

pensando o papel dos avós na criação e educação dos netos.Trabalho de Conclusão de

Curso (Bacharelado em Serviço Social) Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo, 2011.

RESUMO

O presente trabalho monográfico trata do papel dos avós-idosos na criação e educação dos

netos nas famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na Instituição Casa de

Maria – Assistência a Criança e Adolescente, de Toledo – PR e tem como objetivo analisar os

motivos e as circunstâncias que levaram avós-idosos a assumirem a criação e a educação dos

netos. O interesse pela temática é fruto da experiência e reflexão que surgiram no decorrer do

Estágio Supervisionado em Serviço Social, realizado na Instituição no período 2010 – 2011.

Parte-se do pressuposto de que a exposição a fatores que são causa de riscos a integridade das

famílias demandam aos avós a assumirem a criação e a educação dos seus netos. Tanto por

situações socioeconômicas ligadas à falta de condições das mesmas de desenvolverem

estratégias para o enfrentamento e os desafios do cotidiano na luta pela sobrevivência. Como

também, por fatores vinculados às relações familiares em circunstâncias particularidades.

Atendendo a perspectiva do método do materialismo histórico e dialético na

operacionalização da pesquisa, dentro da modalidade de pesquisa de campo, optou – se pelo

método exploratório da abordagem qualitativa de pesquisa e pelo uso das técnicas de

entrevista semi-estruturada e da observação participante. Os instrumentos utilizados na coleta

de dados foi o diário de campo, relatórios produzidos no estágio, formulário, gravador e ficha

sócio-econômica das famílias na Instituição. Os sujeitos da pesquisa foram às famílias cujos

avós-idosos possuem sob sua responsabilidade a criação e a educação dos netos. Os resultados

apontam que na Instituição Casa de Maria as famílias em situação de vulnerabilidade social,

os avós assumiram a educação e criação dos netos porque a família de origem encontrava-se

dissolvida; desprovida de recursos econômicos e pouco acesso a políticas públicas.

Palavras chaves: Família, Pobreza, Idoso, Educação.

6

LISTAS DE GRÁFICOS

Gráficos 1 – Responsáveis pelas crianças e adolescentes ...................................................... 40

Gráfico 2 – Responsáveis pela criação e educação de netos .................................................. 41

Gráfico 3 – Crianças e adolescentes sob responsabilidade de avós ........................................ 42

Gráfico 4 - Faixa etária dos avós responsáveis pelos netos ................................................... 42

Gráfico 5 – Nível escolaridade dos avós responsáveis por seus netos ................................... 43

Gráfico 6 – Situação de trabalho dos avós responsáveis por seus netos ................................. 43

Gráfico 7 – Condição salarial das famílias de avós e netos ................................................... 44

Gráfico 8 – Situação do imóvel das famílias compostas por avós e netos .............................. 45

Gráfico 9 – Benefícios das famílias constituídas por avós e netos ......................................... 45

7

LISTAS DE SIGLAS

APADA Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos

APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Toledo

CERTIs Centros de Revitalização da Terceira Idade

CF Constituição Federal

CMAS Conselho Municipal de Assistência Social

CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

CNAS Conselho Nacional da Assistência Social

CRAS Centro de Referência da Assistência Social

CREAS Centros de Referências de Reabilitação da Assistência Social

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

FMAS Fundo Municipal de Assistência Social

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

LOM Lei Orgânica Municipal

NOB Norma Operacional Básica

ONG Organização Não-Governamental

PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PNAS Política Nacional de Assistência Social

SMAS Secretaria Municipal de Assistência Social

SUAS Sistema Único de Assistência Social

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

INSS Instituto Nacional de Seguro Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10

2 O “LUGAR” DOS AVÓS NAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS PELA POLÍTICA DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO ..................................... 13

2.1 O AUMENTO DA POBREZA NO BRASIL E O IMPACTO NAS FAMÍLIAS EM

SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL ........................................................ 13

2.2 A POLÍTICA DE ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL .................................................................................. 17

2.3 OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES E O “LUGAR” DOS AVÓS ......................... 20

2.4 O “LUGAR” DOS AVÓS-IDOSOS NA FAMÍLIA À LUZ DO ESTATUTO DO IDOSO

E DO ECA ................................................................................................................... 25

3 OS “LUGAR” DOS AVÓS NAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS NA INSTITUIÇÃO CASA DE

MARIA – ASSISTÊNCIA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE DE TOLEDO .... 28

3.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DIRECIONADA ÀS FAMÍLIAS EM

SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL NO MUNICÍPIO ............................ 28

3.2 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DIRECIONADA À CRIANÇA E AO

ADOLESCENTE NA INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA DE TOLEDO..................... 35

3.2.1 A atuação do Serviço Social na Instituição Casa de Maria junto às Famílias em Situação

de Vulnerabilidade Social ........................................................................................... 38

3.3 AS FAMÍLIAS CONSTITUÍDAS POR AVÓS E NETOS ATENDIDOS NA

INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA .............................................................................. 39

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA

PESQUISA .................................................................................................................. 46

4.1 ESTRUTURAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 46

4.2 CONHECENDO OS SUJEITOS DA PESQUISA .......................................................... 50

4.3 RAZÃO PELA QUAL OS AVÓS ESTÃO CRIANDO OS NETOS ............................... 51

9

4.4 ASPECTOS RELACIONADOS À RELAÇÃO/CONVIVÊNCIA ENTRE AVÓS E

NETOS ......................................................................................................................... 57

4.5 ASPECTOS RELACIONADOS ÀS DIFICULDADES E LIMITES NA CRIAÇÃO DOS

NETOS ......................................................................................................................... 61

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 66

APÊNDICES .................................................................................................................. 71

APÊNDICE A – Termo de compromisso para uso de dados em arquivo .......................... 73

APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido .......................................... 75

APÊNDICE C – Formulário de entrevista com avós-idosos que tem sob suas

responsabilidades a criação e a educação de seus netos .................... 78

ANEXO .......................................................................................................................... 79

ANEXO A – Parecer do Comitê de ética na Pesquisa ...................................................... 80

10

1 INTRODUÇÃO

O contexto socioeconômico e cultural, vinculado ao processo de globalização da

economia capitalista, intervém na dinâmica e na estrutura da família, causando sequelas sobre

a população por causa do acirramento e do aumento da pobreza que vem causando.

A história tem mostrado que a família se transforma a partir do movimento histórico

e social a qual esteja inserida, ou seja, ela absorve e sofre as consequências das políticas do

estado capitalista de produção e sua dinâmica vai se modificando conforme as condições

sociais, políticas, culturais e econômicas que este contexto lhe permite. Neste sentido observa-

se que nas últimas décadas a estrutura da família alterou-se consideravelmente, pois, para

adaptar-se às mudanças sociais postas pelo movimento do capital, a família teve que

modificar e se estruturar de forma a responder aos desafios mudando, inclusive, a

configuração e papel de seus membros no interior desta.

Essas novas conformações que exigiram novos arranjos no interior das famílias

atingem principalmente as de baixa renda, consideradas pela política de assistência social com

maior propensão de estar em situação de vulnerabilidade social, que atinge a família, quando

ocorre rebaixamento do trabalho, desemprego, saúde debilitada, moradia insalubre,

desconforto, alimentação insuficiente, fadiga, ignorância. Sinais que indicam a situação de

vida daquelas famílias que são privadas do acesso aos bens indispensáveis para prover as

necessidades básicas dos seus membros.

Dentre os novos arranjos experienciados pelas famílias em situação de

vulnerabilidade social observa-se a conformação da família formada por avós e netos. No

entanto, sabe-se, que os aportes jurídicos pontuam especificamente que na constituição

familiar, os segmentos mais vulneráveis são o da criança e do adolescente e também o do

Idoso. E pelas condições de fragilidades em que estão sujeitos, são segmentos que dependem

do amparo, do apoio da família e de órgãos públicos de forma integral.

O interesse pela temática sobre o papel dos avós-idosos na criação e educação dos

netos pelas famílias em situação de vulnerabilidade social, atendidas na Instituição Casa de

Maria – Assistência a Criança e ao Adolescente, de Toledo – PR; partiu da aproximação com

o objeto de estudo em questão, através da inserção no estágio Supervisionado em Serviço

Social na Instituição, no período de 2010 – 2011, uma vez que no decorrer das atividades esta

pesquisadora observou que entre as 289 famílias assistidas por vulnerabilidade social, um

total de vinte cinco (25) delas são constituídas por avós e netos. Ou seja, os avós são

responsáveis por criar e educar os netos.

11

A partir dessa constatação e experiência no estágio, definiu-se como problema para

esta pesquisa entender quais os motivos e as circunstâncias que levaram os avós a assumirem

a criação e a educação dos netos nas famílias atendidas na Instituição Casa de Maria.

Para responder ao problema em questão elencou-se como objetivo nesta pesquisa:

analisar os motivos e as circunstâncias que levam os avós a assumirem a criação e a educação

de seus netos nas famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na Instituição Casa

de Maria – Assistência a Criança e ao Adolescente.

Deste modo, têm-se como pressuposto que: a exposição a fatores que são causa de

riscos à integridade das famílias demandam aos avós assumir a criação e a educação dos seus

netos. Tanto por situações socioeconômicas ligadas à falta de possibilidades, das mesmas

desenvolverem estratégias para enfrentar os desafios do cotidiano na luta pela sobrevivência,

como também, por fatores vinculados às relações familiares em circunstâncias

particularidades.

Na operacionalização da pesquisa, optou-se pela modalidade de pesquisa de campo,

onde o processo da pesquisa e da análise dos dados foi orientado pelo método dialético, com o

uso da pesquisa exploratória de natureza e abordagem qualitativa e as técnicas da observação

participante e da entrevista semiestruturada. Os sujeitos da pesquisa foram onze (11) famílias,

em que pelo menos um dos avós possui idade igual ou superior a 60 anos, e que tem sob sua

responsabilidade a criação e a educação dos netos, atendidos na Instituição Casa de Maria, em

Toledo – PR, mês de maio de 2011. Para a seleção dos sujeitos optou-se pela amostra

aleatória estratificada, cujos critérios foram famílias em que pelo menos um dos avós possui

idade igual ou superior a 60 anos, ou seja, os sujeitos a serem entrevistados nesta pesquisa

deverão ser avós-idosos que têm sob sua responsabilidade a criação e a educação de netos;

estar entre as famílias que estão sendo atendidas na instituição no período de 2011.

Neste sentido foram selecionados onze (11) avós-idosos, ou seja, avós com idade

igual ou superior a 60 anos de idade, representando desta forma uma percentagem de 44% do

total das famílias sendo os avós responsáveis pela educação e criação dos netos no período

citado.

O presente trabalho foi estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo trata de

aspectos referentes ás transformações ocorridas no âmbito da família na relação com os

problemas sociais, políticos e econômicos da sociedade capitalista. Ressaltando, entretanto, o

contexto histórico em que a família está inserida, porque ela é uma construção social que vai

se modificando conforme a realidade que vivencia, pois todas as mudanças sociais incidem

12

sobre as relações e condições de vida das famílias, principalmente as que se encontram em

situação de vulnerabilidade social.

O segundo capítulo apresenta a Entidade identificada como Casa de Maria -

Assistência a Criança e ao Adolescente, espaço organizacional que possibilitou a

concretização dessa pesquisa. A Entidade Casa de Maria será situada dentro de um contexto

da Política Nacional e Municipal da Assistência Social privilegiando o atendimento à criança

e ao adolescente estabelecendo um panorama da situação das famílias em situação de

vulnerabilidade social, cujos avós assumem a responsabilidade de educar e criar os netos.

No terceiro capítulo será apresentado o processo metodológico percorrido para a

efetivação desta investigação, bem como, o resultado e análise dos dados coletados e a

interpretação dos mesmos.

Espera-se com este Trabalho de Conclusão de Curso, contribuir para que

profissionais da área social sejam motivados a criar novos projetos de intervenção junto às

famílias em vulnerabilidade social, possibilitando assim à conquista de seus direitos como

cidadãos. E também, que este trabalho colabore para uma maior compreensão dos conceitos

tratados nesta investigação, ampliando o conhecimento teórico acadêmico, assim também, de

profissionais do Serviço Social ou outros profissionais que tenham interesse nesta temática.

13

2 O “PAPEL” DOS AVÓS NAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS PELA POLÍTICA DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO

Para tratar do papel dos avós-idosos na criação e educação dos netos nas famílias em

situação de vulnerabilidade social, atendidas na Instituição Casa de Maria – Assistência a

Criança e ao Adolescente, Toledo – PR, será necessário trazermos aspectos referentes às

transformações ocorridas no âmbito da família na relação com os problemas sociais, políticos

e econômicos da sociedade capitalista. Ressaltando, entretanto, o contexto histórico em que a

família1 está inserida, porque ela é uma construção social que vai se modificando conforme a

realidade que vivencia, pois todas as mudanças sociais incidem sobre as relações e condições

de vida das famílias, principalmente as que se encontra em situação de vulnerabilidade social.

2.1 O AUMENTO DA POBREZA NO BRASIL E O IMPACTO NAS FAMÍLIAS EM

SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL

Na globalização2 da economia capitalista em curso no final do século XX e início

deste século, prevalecem às políticas governamentais favoráveis à valorização do capital e se

acentuam o desemprego, o aumento da pobreza e das desigualdades sociais em elevada escala.

Conforme Alencar (2004, p.61 - 62), as mudanças econômicas e políticas que ocorreram no

Brasil, especialmente a partir dos anos 1990, provocaram transformações sociais causando o

aumento da pobreza, do desemprego e as mais diversas situações de precariedade,

consequentemente, ocasionando alterações nas formas de organização da reprodução social

dos trabalhadores e de suas famílias. E neste sentido também Soares (2000, p. 11), aponta que

uma crise global financeira, do comércio internacional e a inflação crônica ligada ao baixo

crescimento econômico, que se prolongou pela década de 1980, provocam, ainda, hoje,

consequências como desequilíbrios macroeconômicos, financeiros e de produtividade. E

soluções para combater os impactos, as consequências da crise se diferenciam entre os países,

são definidas respostas sociais e políticas específicas, dependendo de seus particulares

desenvolvimentos históricos e pela inclusão internacional de sua economia.

1“Família [...] núcleo de pessoas que convivem em um determinado lugar, durante um lapso de tempo, mais ou

menos longo e se acham unidas ( ou não) por laços consangüíneos. È marcado por relações de gêneros e, ou de

gerações, e está dialeticamente articulada com a estrutura social na qual está inserida” (MIOTO, 2000, p. 217). 2Sobre globalização consultar - IANNI, Octavio. A internacionalização do capital. In: _________.Teorias da

globalização. 10ª Ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Cap. 3, p. 54 – 71.

14

Na America Latina, por volta de 1998, buscou-se a solução através de políticas de

ajustes, que foi uma possibilidade de solução para a situação crítica vivida pelos países e suas

populações. Através do chamado Consenso de Washington3, caracterizado como um conjunto

que contêm regras a serem aplicadas envolvendo condições ‘padronizada aos diversos países

e regiões do mundo, para obter o apoio político e econômico dos governos centrais e dos

organismos internacionais. Trata-se também de políticas macroeconômicas de estabilização

acompanhadas de reformas estruturais liberalizantes’ (TAVARES; FIORI, 1993, P.18 apud

SOARES, 2000, p. 16).

Para Teixeira (2010, p. 654) foram postas em prática estratégias que representavam

interpretações, concepções e interesses das classes dominantes, ou seja, colocam-se em

prática proposições neoliberais4. No entanto, os ajustes estruturais

5, não amenizaram as lutas

de classes vividas na conjuntura da crise, foram agravadas mais ainda. Trouxeram soluções

apenas temporárias de âmbito econômico financeiro para as potências centrais do sistema,

porém, pioraram fundamentalmente as condições de vida de classe operária do centro e da

periferia. Por consequência das políticas de ajuste um tanto severas, a pobreza6 se

intensificou e se destacou durante a década de 1990, sendo que Soares (2000, p. 47),

argumenta que:

As Nações Unidas alertavam, em 1990, que a pobreza era a principal causa de morte

na América Latina (aproximadamente 1,5 milhão de mortes por ano), atingindo 2

mil crianças por dia; sendo que as mulheres – responsáveis pela chefia de 40% das famílias na região – são particularmente afetadas, pagando grande parte da carga do

ajuste (SOARES, 2000, p.47).

3 Conforme Fiori (1996, p.2-3), Consenso de Washington - em 1998, no International Instituite for Economy, em

washington, reuniram-se intelectuais para pensar segundo à visão norte-americana sobre a condução da política

econômica, em relação aos países periféricos, de forma mais direta para os países da América Latina que

estavam sob a supremacia norte-americana. Foram feitos acordos, um grande consenso que propunha planos de

ordem macroeconômico e microeconômico e, ainda, propostas chamadas de reformas estruturais. 4 O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo seus

defensores, a presença estatal na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. Algumas de suas

características são: abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de

barreiras aos investimentos estrangeiros; amplas privatizações; redução de subsídios e gastos sociais por parte

dos governos; desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas (GEOMUNDO. O que é o Consenso de Washington? Disponível em:<

http://www.geomundo.com.br/geografia-30145.htm>. Acesso em: 03/09/2011. 5 Que seriam a desobrigação fiscal, a flexibilização do mercado de trabalho, a diminuição da carga social com os

trabalhadores, reforma da previdência social, diminuição dos salários, demissões e flexibilização do mercado dos

funcionários públicos, terceirização. Reformas para desregular os mercados, sobretudo o financeiro e o do

trabalho, também, privatizações, abertura comercial, entre outras, conforme Fiori (1996, p.2-3). 6 “A pobreza é [...] estar em condições de vulnerabilidade e a riscos, dado a exposição das populações a todo tipo

de doenças resultantes da falta de acesso a serviços de saneamento, coleta de lixo e, ainda, pela falta de proteção

policial” (BANCO MUNDIAL, 2000, p. 24).

15

A mesma autora (2000, p.49) destaca também que, no início dos anos 90, houve uma

maior concentração de renda, acentuando a desigualdade na distribuição da mesma. Uma

análise em alguns países latino-americanos indicou o aumento da desigualdade na distribuição

da renda, destacando a diferença entre o rendimento dos 10% dos mais ricos que supera em

cerca de dez vezes a renda dos 40% mais pobres.

Portanto, o que ocorreu, na verdade, foi um maior distanciamento entre ricos e

pobres, isto é, poucos privilegiados detêm a maior parcela da renda gerada, enquanto a grande

parte da população é simplesmente marginalizada do processo central de acumulação. Este

processo é liderado pelas grandes corporações, ou melhor, a economia de mercado

estruturalmente não atendeu às necessidades dos mais pobres, pelo contrário, ampliou ainda

mais a pobreza nestes países, inclusive no Brasil. Em outras palavras, é fundamental

entendermos que a pobreza, a fome, a miséria, encontradas por todo o território nacional, são

motivadas por modelos econômicos, políticos e sociais um tanto perversos.

Como consequência, por causa de medidas tomadas para reestruturar o mercado de

trabalho, gerou-se mais desemprego, também houve a transferência do trabalhador de uma

atividade de maior produtividade para outra atividade com produção menor e com renda mais

baixas, aumentando a informalidade do trabalho e o ingresso em serviços precários. Soares

(2000, p.52), ressalta que a presença da mulher no mercado de trabalho aumentou no período,

não necessariamente significando a ampliação na receita familiar, porém, continuando a

discriminação salarial. Uma realidade que obriga as famílias a buscar alternativas de

sobrevivência, obrigando o trabalho da mulher fora do espaço doméstico, sem que houvesse

apoio no cuidado das crianças, através de órgãos que prestassem serviços sociais.

Para Yasbeck (1996, p.62), a pobreza se confirma quando o indivíduo não é capaz de

gerar renda suficiente para ter acesso sustentável aos recursos básicos que garantam uma

qualidade de vida digna. Estes recursos dizem respeito ao acesso à água, saúde, educação,

alimentação, moradia, renda e cidadania. A mesma autora diz que “são pobres aqueles que, de

modo temporário ou permanente, não tem acesso a um mínimo de bens e recursos, sendo,

portanto excluídos, [...] da riqueza social. De acordo com esta autora (YASBECK, 1996, p.62

- 63), “A pobreza é expressão direta das relações sociais vigentes na sociedade e certamente

não se reduz a privações materiais também, atinge o plano espiritual, moral e político dos

indivíduos submetidos aos problemas da sobrevivência”. Yasbek (1996, p. 63) citando

Martins (1991, p.11 – 15) destaca, ainda, “que a pobreza é muito mais que falta de comida e

de habitação, é ‘carência de direitos, de possibilidades, de esperança’. Considera vergonhosa

essa forma de pobreza, ‘que é a pobreza de direitos’”.

16

O relatório do Banco Mundial denominado ‘Vozes dos Pobres’ traz dados

comprovando o agravamento da questão social, na década de 1990, no Brasil. Além de

evidenciar e denunciar a existência de altos índices de pobreza e desigualdade, denuncia

também, o seu crescimento:

Em termos absolutos, os dados revelam que o número de indivíduos abaixo da linha

de pobreza nas regiões metropolitanas cresceu de 10,4 milhões, em 1981 para o

patamar de 12,8 milhões em 1989. Em 1994, o número de pessoas abaixo da linha

de pobreza atingiu 52 milhões, enquanto os 50% mais pobres detinham 11% da renda nacional, atingindo seu ponto mínimo em termos históricos (BANCO

MUNDIAL, 2000, p. 17).

Portanto, o número de pessoas que passaram a sentir o peso dos impactos causados

pelo ajuste é grande. E isso, considerando apenas os aspectos mais aparentes de uma definição

de pobreza extrema medida exclusivamente a partir da renda, sem considerar as dimensões

objetivas e subjetivas. Ou seja, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2009) para se medir a pobreza extrema considera-se o rendimento médio domiciliar

per capita7 de até um quarto de salário mínimo mensal e “achar, [...] que com um quarto, meio

ou até um salário mínimo, [...] o pobre poderá atender suas necessidades básicas [...] é no

mínimo, de uma frieza estática e de um absoluto distanciamento da realidade” (SOARES,

2000, p. 66).

Neste sentido, o ajuste econômico proveniente da década de 90 custou à redução do

valor dos salários, e ainda aumentou o percentual de assalariados em situação de pobreza,

além da diminuição da receita dos trabalhadores informais. Segundo Soares (2000, p.49),

houve aumento no percentual da população em extrema pobreza ou em situação de

indigência, identificados como sendo aqueles em que cuja renda familiar não possibilita

comprar uma cesta básica de alimentos, chegando a representar a metade entre os pobres.

Portanto, no início dos anos 90 acentuou-se a pobreza especialmente em países considerados

maior em tamanho por fator econômico e populacional, e, neste caso, entre eles encontra-se o

Brasil.

De acordo com Yasbek (1996, p. 61), na sociedade brasileira contemporânea

vivenciamos no cotidiano a violência da pobreza, e que os impactos destruidores deixam

sequelas sobre a população empobrecida, como: rebaixamento do trabalho, desemprego,

saúde debilitada, moradia insalubre, desconforto, alimentação insuficiente, fadiga, ignorância.

No entanto, estes são alguns dos sinais que indicam os limites da situação de vida dos

7 A renda mensal familiar per capita é a soma total da renda bruta no mês de todos aqueles que compõem a

família, dividida pelo número de seus integrantes.

17

espojados de bens na sociedade. O impacto dessa realidade no cotidiano das famílias pobres

ainda é maior, e isso é feito sem que alternativas de projetos e ações e/ou políticas sociais

deem realmente conta da situação.

2.2 A POLÍTICA DE ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL

Para Viana e Levcovitz (2005, p.17), a proteção social significa a ação coletiva com

o objetivo de proteger indivíduos contra riscos próprios à vida humana ou a necessidades

geradas em diferentes momentos históricos e relacionados a muitas situações de dependência.

Os sistemas de proteção originam-se pela necessidade de amenizar o impacto de determinados

riscos sobre os indivíduos e a sociedade. A formação de sistema de proteção social é resultado

da ação pública que busca proteger a sociedade dos efeitos que tornam o indivíduo vulnerável

como as doenças, velhice, invalidez, desemprego, e ainda, exclusão por renda, raça, gênero,

etnia e cultura.

Para Offe (1993), citado por Viana e Levcovitz (2005, p.19), a política social é um

direito de cidadania repassada à população pela transferência de dinheiro ou serviços para

compensar a situação de necessidade e risco social para o indivíduo “que goza de tal direito, e

que não consegue acesso a esses mesmos bens com seus próprios recursos”.

Já para Vieira (1992, p.19), a “[...] política social, é compreendida como estratégia

governamental de intervenção nas relações sociais”. Ela surge no capitalismo a partir das

mobilizações operárias sucedidas ao longo das primeiras revoluções industriais. E neste caso,

é fruto de reivindicações dos trabalhadores, registrados em texto Constitucional. Para Fleury

(1994, p.129), a apreensão da proteção social como uma política pública8 exige sua

introdução como estratégia e projeto que se concretizam no âmbito estatal e não só com o

objetivo na reprodução e manutenção das estruturas de poder.

Conforme Behring e Boschetti (2009, p. 51 - 56), as políticas Sociais e a proteção

social são respostas de enfrentamento de forma setorizadas e fragmentadas, das expressões da

questão social, cujo embasamento se encontra nas relações de exploração do capital sobre o

trabalho.

8 Política pública concretiza direitos sociais de forma coletiva, sendo que por intermédio delas distribui ou

redistribui bens e serviços em respostas as necessidades da sociedade envolvendo relações de antagonismo e

reciprocidade com o Estado, conforme Pereira (1996, p.130).

18

O Sistema de Seguridade Social, reconhecida pela Constituição Federal de 1988 faz

parte das políticas públicas. A adoção do conceito de Seguridade Social foi um avanço obtido

nesta Constituição, que a define no Art. 194, como um “conjunto integrado de ações de

iniciativa do poder público e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde,

à previdência e à assistência social” (BRASIL, 2009, p.128). Em termos gerais, ficam

estabelecidos nos incisos I ao VII, os objetivos que devem ser alcançados pelo poder público,

na sua competência de organizar a seguridade social na questão da universalidade, da

cobertura e do atendimento, na uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais, na seletividade e distributividade, na irredutibilidade do valor

dos benefícios, na equidade, a diversidade da base de financiamento e o caráter democrático e

gestão descentralizada, com participação da comunidade, em especial de trabalhadores,

empresários e aposentados. O sistema de Seguridade Social é constituído por três Políticas

que são a de Saúde, a de Assistência Social e a da Previdência Social.

A Política da Saúde, conforme referido no Art. 196 da Constituição Federal de 1988,

“é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco de doenças e de agravos e ao acesso universal e igualitário às ações

e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 2009, p. 130).

Para Boschetti (2000, p. 139), a Política da Previdência Social está submetida ao

seguro social, caracterizada por ser contributiva porque somente será assegurado o direito

mediante prévia contribuição. Os benefícios serão de acordo com a proporção do montante da

contribuição, sendo que alguns benefícios são seletivos e focalizados.

Quanto a Política de Assistência Social, conforme Pereira (1996, p.99 – 100), passou

a ser reconhecida como direito de cidadania a partir da Constituição Federal de 1988, foi

introduzida como direito social e parte da Seguridade Social9 e sendo de responsabilidade do

Estado. A Constituição Federal é referência e oferece oportunidade para a elaboração de

outras leis. Foi o que ocorreu em 7 de dezembro de 1993, quando a Lei Orgânica da

Assistência Social (LOAS), Lei sob o nº 8.742/93 veio para regulamentar os Art. 203 e 204 da

referida Constituição Federal10

.

A LOAS em seu Art. 1o confirma o que diz o Art. 203 da Constituição Federal, que a

Assistência Social não depende da “contribuição à seguridade social”, pois é um direito social

9 “A seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da

sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”( (BRASIL,

2009, p. 128, Art.194). 10

“A assistência social, assim como muitos dispositivos constitucionais, [...] necessita de lei complementar para

sua regulamentação” (RAICHELIS, 1998, nota de roda pé no 2, p.121).

19

à todo o cidadão que “dela necessitar”, provendo os mínimos sociais através de um conjunto

de ações com iniciativa do Estado e da sociedade civil. Neste sentido Pereira (1996, p.106)

ressalta que “[...] todo cidadão que, por razões sociais, pessoais ou de calamidade pública,

esteja em situação de incapacidade ou impedimento permanente ou temporário” do

fornecimento das necessidades básicas para si e sua família, tem o direito ao benefício da

assistência social. Portanto, o atendimento às necessidades básicas de todo cidadão se

constitui na garantia e no acesso à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, vestuário, lazer,

convivência social, transporte e alimentação. Acredita-se que estas são necessidades

indispensáveis para que o cidadão possa desfrutar de um padrão digno de vida.

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) traz em seu texto a forma como a

Política de Assistência Social deve ser organizada no Município, Estado, União e Distrito

Federal. Reforçando assim, o que diz o Art. 204 da Constituição Federal, que esta Política

deve ser organizada de forma descentralizada e participativa, envolvendo representantes da

população nas decisões que se referem a esta Política. O Art. 5º da LOAS se refere a

organização da Assistência Social, que possui características de descentralização e de

democratização. Ressalta que é no âmbito municipal, aonde são executados os serviços,

programas e projetos socioassistenciais, através das instituições sem fins lucrativos, com

recursos financeiros repassados pelo Governo Federal, Estadual e Municipal.

A mesma Lei detalha a forma como deve ocorrer à concretização da Assistência

Social como um direito social e um dever do Estado. E a Política Nacional de Assistência

Social (PNAS) aprovada pelo Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS), em outubro

de 2004, por intermédio da Resolução no

145 materializa o teor da Assistência Social como

parte do Sistema de Proteção Social11

neste país, no campo da Seguridade Social12

.

Desde a aprovação da LOAS em 1993 vem ocorrendo um processo constante de

criação de normas para aperfeiçoar a organização descentralizada e participativa da Política

Pública de Assistência Social. A aprovação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),

criado em 2004, significou um avanço nesta direção, já que estimula a participação e inclusão

popular dando uma direção no aspecto da negociação entre esferas de governo de forma que

as decisões incluam os diversos interesses em todo o país.

11 “[…] consiste no conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo SUAS para

redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais ao ciclo da vida, à dignidade humana e à

família como núcleo básico de sustentação afetiva, biológica e racional”(PNAS/2004 & NOB/SUAS, 2005,

p.90). 12

“[...] se constitui da previdência social, da saúde e da assistência social que devem manter entre si relações de

completude e integração da análise de resultados sobre a incidência de riscos sociais à população

brasileira”(Ibidem, 2005, p. 91)

20

Portanto, o Sistema Único da Assistência Social (SUAS) esclarece as

responsabilidades de cada esfera de Governo, e define aqueles pontos que devem ser

assumidos de forma compartilhada entre a esfera Federal, Estadual e Municipal. Conforme a

Norma Operacional básica do Sistema Único da Assistência Social (NOB/SUAS,2005, p.86)

“o SUAS é um sistema público de caráter não-contributivo, descentralizado e participativo

que tem por função organizar a gestão da Política Assistência Social brasileira, fundamentado

no que é estabelecido pela LOAS/1993 e pela PNAS/2004”.

Para disciplinar a administração da Política de Assistência Social realizada pelos

entes federativos em cada nível e entre si, de acordo com a Constituição Federal de 1988, a

LOAS/1993, a PNAS/2004 e sob o amparo da construção do SUAS, foi aprovada a Norma

Operacional Básica da Assistência Social do Sistema Único da Assistência Social

(NOB/SUAS), pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) através da Resolução

No 130, em 15 de julho de 2005. Conforme NOB/SUAS (2005), a presente Norma retoma as

Normas Operacionais de 1997 e de 1998 formando um novo documento regulador das

diretrizes e princípios da Política Nacional de Assistência Social de 2004 (PNAS/2004) que

direcionam o funcionamento do SUAS.

A Lei que cria o Sistema Único da Assistência Social (SUAS) é aprovada no dia 06

de Julho de 2011. Então, foi instituído o Sistema Único de Assistência Social, através da Lei

n.º 12.435/2011, o sistema passa a ser de responsabilidade da União, Estados e Municípios

que passam a ter a obrigação do financiamento dos serviços, descentralizando, assim, a

execução dos serviços prestados à população.

Dentro do sistema de seguridade social, a proteção social dirigida à família é

realizada pela política de assistência social e recebe atenção especial na atualidade com a

criação dos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS. Essa medida se faz

necessária, uma vez que, o aumento da pobreza e a situação de risco social em que se

encontram muitas famílias, agravada pela má distribuição de renda no modo de produção

capitalista que não garante emprego suficiente e políticas sociais eficientes a colocam, cada

vez mais, em situação de vulnerabilidade social.

2.3 OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES E O “LUGAR” DOS AVÔS

No âmbito familiar, os indivíduos buscam articular alternativa para superar as

situações de precariedade social diante do desemprego ou inserção precária no mundo do

trabalho, na expectativa de melhores condições de vida. Ou seja, na luta cotidiana para

21

satisfazer as necessidades básicas, dependendo das condições de pobreza, mobiliza todos os

membros da família, através do ingresso no mercado de trabalho, do desenvolvimento de

pequenas atividades informais para a obtenção de algum tipo de renda complementar e outras

tantas estratégicas, com as quais os indivíduos tentam suprir uma rede de proteção social

fragilizada.

Mello (2000, p.51 - 52) explica que as transformações no âmbito das relações

familiares, estão vinculadas com as mudanças nas condições de vida da maioria da população,

fazendo com que ela saísse do campo e fosse para a cidade. Além de causar modificações de

caráter socioeconômico, ou político, alterou também as relações familiares. Houve mudanças

no modo de pensar do sujeito sobre si mesmo, como na forma dele representar seu papel no

meio social.

Podemos perceber que a família como instituição social passou por várias

transformações em sua configuração. O que se percebe pela bibliografia estudada, é que a

família foi se adaptando e se estruturando em função das transformações e desafios postos

pelo contexto político, econômico e cultural no qual está inserida. Conforme Gomes e Pereira

(2005), as últimas décadas da história registraram inúmeras mudanças que ocorreram no

âmbito socioeconômico e cultural, vinculadas ao processo de globalização da economia

capitalista, que interferiram na dinâmica e na estrutura da família, obrigando-a a promover

alterações na sua forma de organização.

Netto (1996, p.95), também ressalta que as transformações ocorridas no âmbito da

sociedade influenciaram muito nas mudanças na estrutura da família. Sendo assim, essas

mudanças na composição familiar foram possíveis por causa de uma realidade externa a ela,

que a afetaram decisivamente, transformando-a de maneira inevitável, uma vez que “[...] a

família não é uma totalidade homogênea, mas um universo de relações diferenciadas, e as

mudanças atingem de modo diverso cada uma destas relações [...]” (SARTI, 2000, p.39).

Portanto, momentos históricos, conforme o sistema de produção em que o indivíduo

está inserido é condicionado a determinadas práticas interferindo nas relações interpessoais na

família. No entanto, a estrutura da família não determina a forma como se dá o

relacionamento entre os membros da mesma, sendo que famílias com a mesma composição

podem apresentar modos diferentes de se relacionar. Em se tratando de relacionamento intra

familiar, o que vai contar serão sua história, a cultura e a classe social, a qual esta família

pertence.

Classe social, portanto, é um dos elementos de maior definição dos modos de

relacionamento, pois seus membros carregam culturas próprias, por compartilharem uma

22

história, pela condição de vida vivenciada no seu cotidiano familiar. Portanto, destacamos que

“[...] as mudanças que afetam a vida das famílias está fortemente vinculado com o que

acontece na esfera pública. As condições sociais, advindas da inserção das famílias como

classe social, marcam suas histórias e suas trajetórias” (BAPTISTA et al, 2008, p.16 – 17).

No entanto, segundo estes mesmos autores, as famílias pobres experimentam,

durante suas vidas, rupturas no andamento educacional, trabalho precário, também, emprego

sem estabilidade, sofrem alterações de moradias, até mesmo rompimento relacionais, entre

outros fatores, que marcam sua realidade familiar como os novos arranjos familiares.

No entanto, conforme Calderón e Guimarães (1994, p.27), muitos desses arranjos

contrariam normas, características e princípios fundamentais da família nuclear13

. Como

exemplos há o aumento das famílias monoparentais14

, onde o papel de provedor da família

deixa de ser exclusividade do homem; os vínculos de aliança e consanguinidade passam a ser

dispensáveis na caracterização de grupo familiar. Há também, as famílias constituídas por

casais homossexuais; as famílias monoparentais em que mães/adolescentes são solteiras, as

quais assumem seus filhos; ou então, mulheres que decidem ter filhos, sem o convívio com o

pai da criança e ainda constata-se que há um crescente número de famílias constituídas por

avós e netos, em que os avós estão assumindo a educação e criação de netos.

A realidade brasileira está exigindo um olhar mais atento sobre os papéis dos avós na

vida de seus netos, pois estão ocorrendo dois modelos familiares nesta sociedade em que os

avós vivenciam, conforme salientam Osório e Silva Neto (2008). No primeiro, onde as

famílias são compostas por três gerações, em que ambos os pais ou ao menos um deles reside

com avós e netos. Já no segundo, mais comum a partir da década de 90, os pais estão

ausentes do lar e cabe aos avós todo o cuidado dos netos.

Em relação as que conduzem os avós a assumirem essa responsabilidade, pode-se

apontar alguns fatores como a inserção das mulheres no mercado de trabalho dificultando-lhes

o cuidar integral dos filhos; as dificuldades econômicas como desemprego dos pais e

necessidade de ajuda financeira por parte dos avós; as necessidades dos pais trabalharem para

proverem o sustento doméstico; o divórcio do casal com retorno para casa dos pais

juntamente com os netos; também quando ocorre o novo casamento de pais separados e,

ocorre a não aceitação das crianças por parte do cônjuge; gravidez precoce e despreparo para

cuidar dos filhos; morte precoce dos pais devido à violência ou doenças como o câncer e a

13 Conforme Kaslow (2001, p.37) apud Szymanski (2002, p.10), família nuclear é aquela composta por duas

gerações: o casal e filhos biológicos. 14 Segundo Vitale (2002, p. 46), são famílias monoparentais as constituídas por filhos não adultos e um único

progenitor.

23

AIDS; e ainda, incapacidade dos pais decorrente de desordens emocionais ou neurológicas; o

uso de drogas ou envolvimento em programas de recuperação para usuários de drogas; e por

fim, o implicação em situações ilícitas e problemas judiciais.

Conforme Sarti (2005, p. 31), por causa de um conjunto de fatores que provocam

certa instabilidade familiar, as crianças e adolescentes passam ser de encargo de toda a “rede

de sociabilidade” em que a família pertence. Fonseca (2002) apud Sarti (2005, p.31), destaca

que há uma tendência de “[...] coletivização das responsabilidades pelos menores dentro do

grupo de parentesco, caracterizando uma ‘circulação de crianças’. Essa prática popular

inscreve-se dentro da lógica de obrigações morais que caracteriza a rede de parentesco [...]”.

No que se refere ao conceito de família Sarti (2000, p.39) enfatiza que a família é a

concretização de uma forma de viver as relações de parentesco15

.

Referindo-se a família contemporânea, Vitale (2005, p.94) nos traz que as mudanças

nas relações familiares e a vulnerabilidade que atinge as famílias [grifo nosso] exigem dos

avôs novos papeis. Além da relação afetiva com os netos, também, auxiliam na educação e no

sustento dos mesmos. A situação de vulnerabilidade16

social da família pobre se encontra

diretamente ligada à miséria estrutural, agravada pela crise econômica que lança o homem ou

a mulher ao desemprego ou subemprego. No entanto, Gomes e Pereira (2005), enfatizam que

para a família pobre, marcada pela fome e pela miséria, a casa representa um espaço de

privação, de instabilidade e de fragmentação dos laços de afetividade e de solidariedade.

Lopes, Néri e Park (2005), argumentam que é muito significativo para os idosos

tornarem-se avós, que por sua vez assumem uma posição importante na vida dos netos.

Porém, o número de indivíduos de meia-idade e até mesmo idosos que deixam de ser

simplesmente avós para assumirem papeis de pais diante de seus netos, tem aumentado muito

nas últimas décadas. Os efeitos dessa mudança de papeis compõem um quadro amplo e

complexo, que pode compor-se de aspectos positivos, como: satisfação em prover a nova

geração; senso de renovação pessoal e dever cumprido; ter companhia e afastar o sentimento

de solidão. E também, podem ocorrer aspectos negativos: queda na qualidade da saúde física

e emocional, alterações na vida social e familiar, sobrecarga financeira e estresse.

O aumento do número de crianças que vivem com os avós é fato. Para Vitale “a

pobreza, o desemprego, o aumento da desigualdade social, a insuficiência das políticas

15“O parentesco é uma estrutura formal que resulta da combinação de três tipos de relações básicas: a relação de

consangüinidade entre irmãos; relação de descendência entre pai e filho e mãe e filho; e a relação de afinidade

que se dá através do casamento” ( SARTI, 2000, p.40). 16

O termo vulnerabilidade “[...], originário da área dos Direitos Humanos, é utilizado para designar grupos ou

indivíduos fragilizados, jurídica ou politicamente, na promoção, proteção ou garantia de seus direitos de

cidadania” ( MIOTO, 2000, p.217).

24

públicas e sociais podem ter levado ao aumento de sua contribuição na rede familiar. A

precária condição em que vivem os netos tende a mobilizá-los na direção de lhes prestar

atendimento” (VITALE, 2005, p.96).

Portanto, como destaca Vitale (2005, p.100 - 103), as novas configurações

familiares, as mudanças que afetam os laços familiares, como é a situação das famílias

monoparentais destacam-se muito mais os laços intergeracionais e se comprovam a presença

de avós nos espaços familiares. E ressalta ainda que, no caso de famílias expostas a

vulnerabilidades existe a necessidade de desenvolver as trocas intergeracionais para responder

às exigências em diversos momentos vivenciados pela mesma, onde os avós participam de

forma ativa. Em face da fragilidade dos laços conjugais, os avós tendem a ser, para os netos,

uma base de estabilidade familiar.

Conforme, Lopes, Néri e Park (2005), o papel dos avós na educação dos netos pode

estar sendo apresentado sob um novo aspecto na atualidade, baseado em diferentes formas de

organização familiar. Os avós chegam a assumir o cuidado dos netos a ponto de substituir os

pais, como já foi mencionado anteriormente. As alterações sociais influenciaram não só nas

configurações familiares, mas também o tipo de cuidado que os avós dispensam aos seus

netos. Aqueles que antes desempenhavam papeis permissivos passam a ter atribuições de pais,

devendo agora ter que impor limite e regras.

Vicente (1994, p. 51 – 52), ressalta que se a família, independente da sua

composição, não está dando conta de garantir uma vida digna aos seus membros, cabe ao

Estado assegurar aos cidadãos tais direitos. No entanto, em uma sociedade onde predomina o

aumento do desemprego, que torna cada vez mais difícil a obtenção de trabalho formal, a

família vem se tornando, quase a única possibilidade para que o indivíduo possa satisfazer as

necessidades básicas, principalmente diante da escassez de proteção social que levem em

consideração os efeitos sociais dos problemas originados da precarização do trabalho.

Alencar (2004, p.63 -64), confirma que o indivíduo diante do não atendimento ao que

se refere aos direitos sociais, busca na família recursos para lidar com as circunstâncias

atribuladas. Portanto, “as mais diversas situações de precariedade social, desemprego, doença,

velhice tenderão a ser solucionadas na família, como responsabilidade de seus membros”. Em

muitos casos, recaindo a responsabilidade sobre as mulheres sobrecarregando-a no cuidado

dos filhos menores, dos idosos, doentes e deficientes, levando em conta que grande parte das

famílias está sendo chefiadas por mulheres, ou como se pôde constatar, situações em que os

avós tendem a se responsabilizar pela educação e a criação de netos.

25

2.4 O “LUGAR” DOS AVÓS-IDOSOS NA FAMÍLIA À LUZ DO ESTATUTO DO IDOSO

E DO ECA

O Art. 229 da Constituição ressalta que “os pais têm o dever de assistir, criar e

educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar a amparar os pais na

velhice, carência e enfermidade” (BRASIL, 2009, p.147). Já o Art. 230 da mesma

Constituição Federal determina que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar

as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e

bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” (BRASIL, 2009, p.147).

Neste sentido, observa-se que houve um grande avanço em termos de criação de

políticas de proteção social aos idosos brasileiros. A aprovação do Estatuto do Idoso, sob Lei

de nº 10.741/2003, representou um passo importante da legislação Brasileira, que trata dos

direitos fundamentais e das medidas de proteção e de inclusão, destacando a necessidade de

proteção e atenção integral do idoso e a quem cabe realizá-la, como podemos observar já no

Art. 3°:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, à cultura, à dignidade, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à

cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito, à convivência familiar e comunitária

(BRASIL, 2007, p.382).

Nesta legislação, fica explicitado que o idoso ocupa na família, um lugar em que

demanda cuidados na efetivação de seus direitos em absoluta prioridade da parte de seus

familiares. Ou seja, seu filho já criado tem a obrigação de dispor atenção especial ao idoso,

por causa de sua falta de autonomia devido a problemas de saúde e também, pela ausência de

rendimentos. Na falta de condição destes cabe à comunidade, à sociedade, inclusive ao Estado

a obrigação na concretização deste direito estabelecido nesta Norma Institucional.

A Constituição Federal prevê no Art. 201, e o Estatuto do Idoso no Art. 29,

benefícios da previdência social, ou seja, aposentadorias por idade, especificamente para

atender aos idosos. E também, no inciso V do Art. 203 da Constituição e no referido Estatuto,

Art. 34, está definido um salário mínimo ao idoso que comprove não possuir meios de suprir

sua subsistência, e que nem sua família pode provê-la.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontados por

Camarano (2006, p. 9), mostram que a maior parte da renda dos idosos, em 2003, provinha de

benefícios da aposentadoria, pensão por morte e assistência social. A realidade do idoso

26

enquanto chefe de família no Brasil faz com que o filho (a) adulto após a separação conjugal,

acabe voltando para a casa dos pais ou então, acaba por deixar os netos para serem

sustentados pelos avós. Desta forma, os avós-idosos, cada vez mais, está redistribuindo sua

aposentadoria ou pensão entre os seus familiares, onde ocorrem mudanças nas relações

familiares na medida em que eles passam da condição de dependentes para a de provedores da

família.

Já em relação à criança e ao adolescente o Art. 227 da Constituição de 1988 deixa

clara a necessidade de proteção e atenção integral e quem deverá provê-la como podemos

observar:

É dever da família, da sociedade, do estado assegurar à criança e ao adolescente,

com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL,

2009, p. 146).

Neste sentido, em 1990 foi publicado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),

Lei de nº 8.069, cujo pressuposto básico afirma que crianças e adolescentes devem ser vistos

como pessoas em desenvolvimento, sujeitos de direitos e destinatários de proteção integral. O

Art. 4º determina que a família, a comunidade, a sociedade e o Poder Público têm o dever de

assegurar-lhe, “com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao

respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” (BRASIL, 2010, p.7).

Ao longo de seus capítulos e artigos, o Estatuto trata sobre as políticas referentes à

alimentação, a educação, a guarda, etc. Por exemplo, o Art. 22 diz que “aos pais incumbe o

dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores [...]” (BRASIL, 2010, p.11). O ECA

vem para reafirmar e garantir os direitos e deveres de cidadania às crianças e adolescentes,

determinando ainda a responsabilidade dessa garantia aos setores que compõem a sociedade,

sejam estes a família, o Estado ou a comunidade.

Conforme esta política prevalece á responsabilidade dos pais na criação e educação

de seus filhos. Portanto, em ocorrendo a impossibilidade daqueles assumirem seus deveres de

pais, a normatização citada, estabelece a prioridade da família na promoção de direitos e na

proteção da criança e do adolescente. Para tanto, devem ser tomadas às medidas necessárias

que mantenham ou reintegrem estes, na sua família natural17

ou extensa.

17 No ECA, Art. 25, diz que “Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles

e seus descendentes”.

27

Segundo o Parágrafo Único do Art. 25, no ECA, “entende-se por família extensa ou

ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal,

formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém

vínculos de afinidade e afetividade”18

.

Está estabelecido no ECA, no Art. 33, Parágrafo 2º, que a guarda será deferida “fora

dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos

pais ou responsável [...]”. Portanto, a guarda só será concedida aos avós nos casos de crianças

ou adolescente em situação de risco ou impedidas excepcionalmente de permanecer sob os

cuidados dos pais. Neste mesmo Art. da referida Lei deixa claro que “a guarda obriga à

prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a

seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais”.

Portanto, é relevante que a criança ou o adolescente seja “criado e educado no seio

da sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e

comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias

entorpecentes” (BRASIL, 2010, p.10, Art. 19); porque é um direito assegurado na Legislação

Maior como também, na Lei específica referente a esta camada vulnerável da população, pois

a família é o espaço indispensável de garantia de sobrevivência, proteção, repasse de valores e

aportes afetivos, como se pode observar:

A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção

integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da

forma como vem se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e,

sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus

componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é

em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se

aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem

as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. (KALOUSTIAN;

FERRARI, 1994, p. 11- 12).

A família tem sido e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da

personalidade e do caráter das pessoas. No entanto, a realidade vem explicitando que a

garantia à convivência familiar só é possível se houver uma transformação no ambiente

familiar, pois não é suficiente tratar da criança e do adolescente se a família continuar doente,

em situação de fragilidade, ou houver ausências ou perda dos vínculos familiares e até

mesmo, a ausência de políticas públicas e de ações institucionais de apoio ou auxílio a

reestruturação dessas famílias.

18 Parágrafo acrescentado pela Lei nº 12.010, de 29.07.09, entrando em vigor 90 dias após a data da sua

publicação no D.O.U. de 04.08.09.

28

3 O “LUGAR” DOS AVÓS NAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL ATENDIDAS PELA INSTITUIÇÃO CASA DE

MARIA – ASSISTÊNCIA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE DE TOLEDO

Como é realidade em todo o país, também no Município de Toledo ocorre um

grande número de famílias em situação de vulnerabilidade social, reflexo do aumento da

pobreza acentuada nos últimos anos como consequência do próprio sistema econômico,

político e social existente na sociedade mundial, obrigando, inclusive, famílias a buscarem

alternativas outrora improváveis como o de atribuir aos avós o papel de responsável pela

criação e educação de netos.

Assim, considerando o objetivo a que se propõe este trabalho monográfico, este

capítulo tem o objetivo de apresentar o espaço organizacional que possibilitou a consolidação

desta pesquisa, que é a Entidade identificada como Casa de Maria - Assistência a Criança e

Adolescente de Toledo. A Instituição Casa de Maria realiza ações assistenciais visando à

defesa dos direitos de crianças e de adolescentes, às famílias estão em situação de

vulnerabilidade social e estas ações estão pautadas em instrumentos vinculados e reguladores

da Política de Assistência Social. Portanto, faz-se necessário situar a Entidade Casa de Maria,

dentro de um contexto da Política Nacional e Municipal da Assistência Social privilegiando o

atendimento á criança e ao adolescente na Entidade estabelecendo um panorama da situação

das famílias em situação de vulnerabilidade social cujos avôs tomam para si a

responsabilidade de educação e criação dos netos.

3.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O ATENDIMENTO DIRECIONADO Á

CRIANÇA E AO ADOLESCENTE DAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE SOCIAL NO MUNICIPIO

O crescimento acelerado da população e o aumento da pobreza, também na cidade de

Toledo, como uma das expressões da questão social hoje, passam a comprovar o aumento das

desigualdades sociais vividas pelas famílias de baixa renda. A dificuldade para sobreviver

apresentada no interior das famílias tende a prejudicar o processo de convivência familiar e

comunitária, levando as mesmas a buscarem formas alternativas de enfrentamento da pobreza

e a se reorganizarem em torno do círculo familiar. Portanto, o objetivo deste item é apresentar

a Política de Assistência Social no Município de Toledo, destacando a rede de atendimento da

29

criança e do adolescente, cujas famílias estão expostas a situações de vulnerabilidade social

e/ou risco social.

A Política Nacional da Assistência Social (PNAS, 2004) especifica todas as ações

previstas a nível Municipal que deverão ser organizadas de acordo com os tipos de Proteção

Social Básica19

, Especial de Média Complexidade20

e Especial de Alta Complexidade 21

.

Modalidades estas de atendimento ao usuário que são executadas através de uma rede de

serviços socioassistenciais.

O Município de Toledo foi se adequando as novas exigências definidas pela Política

Nacional de Assistência Social e o Governo Municipal, ao longo das últimas décadas, baseado

em instrumentos legais possibilitou a Organização da Política de Assistência Social a nível

Municipal. A Política de Assistência Social no Município de Toledo foi implantada em março

de 1990 a partir da Lei Orgânica Municipal (LOM).

A Assistência Social foi definida como Política Municipal, inicialmente, em 27 de

outubro de 1995, quando foi aprovada a Lei N° 1.781, que dispõe sobre a Política Municipal

de Assistência Social. No entanto, atualmente a lei que rege esta Política é a Lei de No 2.003,

de 16 de julho de 2009 que dispõe sobre a Política Municipal, o Conselho Municipal e o

Fundo Municipal da Assistência Social.

Em seu Art. 2° diz que a Assistência Social será implementada através de serviços,

benefícios, programas e projetos, ”desenvolvidos com a participação governamental e não-

governamental através da sociedade civil organizada, visando prover os mínimos sociais e a

atender as necessidades básicas da população em situação de vulnerabilidade social [...]”

(TOLEDO, 2009)

Estas ações assistenciais serão estabelecidas pela estrutura que está definida no Art.

3o da Política Municipal de Assistência Social, que compreende a Secretaria Municipal, o

Conselho e o Fundo Municipal de Assistência Social: “I-Secretaria Municipal de Assistência

19 A Proteção Social Básica é destinada “à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente

da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social [...]” (Política Nacional de Assistência

Social – PNAS/2004 & Normas Operacional Básica – NOB/SUAS, 2005, p.33). 20 Serviços de Proteção Especial de Média Complexidade são “[...] aqueles que oferecem atendimento às

famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitários não foram

rompidos” (Ibidem, p.38). 21 Serviços de Proteção Especial de Alta Complexidade são “[...] aqueles que garantem proteção integral –

moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem

referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados do seu núcleo familiar e, ou, comunitário”

(Ibidem, p.38).

30

Social (SMAS)22

;II- Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS); e III- Fundo

Municipal de Assistência Social (FMAS)” (TOLEDO, 2009).

A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) é o Órgão Gestor Municipal

da Política Pública de Assistência Social em Toledo e foi regulamentada em 14 de julho de

1997, conforme a Lei Municipal sob o N° 1.800. Portanto, é o órgão municipal responsável

pela organização, efetivação, descentralização e execução da Política de Assistência Social no

Município, atendendo os diversos segmentos da sociedade. Cabe a ela a execução e a

coordenação geral do Sistema Municipal de Assistência, a formulação da Política Municipal

de Assistência Social (PMAS), e a elaboração do Plano Municipal de Assistência Social, que

orienta as ações deste órgão gestor. Compete ainda, a esta Secretaria a organização da rede

socioassistencial23

no Município, composta pela totalidade dos serviços, programas e projetos

de forma direta ou a coordenação da execução realizada pelas Entidades e Organizações da

Sociedade Civil, bem como, a definição de padrões de qualidade e formas de

acompanhamento e controle das ações de Assistência Social no âmbito Municipal.

Portanto, num trabalho articulado se buscar mecanismos entre as três esferas de

Governo e Sociedade Civil, para o trabalho direcionado a crianças e adolescentes, idosos,

pessoas portadoras de necessidades especiais, famílias, entre outras, conforme prevê o Art. 2º

da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Conforme Órgão Gestor Municipal, a Secretaria Municipal de Assistência Social24

(SMAS) que coordena a Política Pública de Assistência Social em Toledo está sendo

efetivada em parceria com a rede socioassistencial no âmbito governamental e da sociedade

civil. São, portanto, ofertados serviços, projetos e benefícios de assistência social através de

equipamentos ou programas. Neste sentido também foram criados no Município os Centros

de Referência da Assistência Social (CRAS) territorializados de acordo com o porte do

Município, conforme propõe a PNAS/2004. Em Toledo foram implantados quatro unidades

CRAS, devidamente localizados em áreas de maior vulnerabilidade Social, onde são

gerenciadas e executadas ações de proteção social básica no território de referência. Neste

22 Anteriormente, sob a Lei N° 1.781, de 27 de outubro de 1995, em seu Art. 3o denominava-se: “Secretaria Municipal da Ação Social e Cidadania”. 23 “A rede socioassistencial é um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e

operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de

proteção social sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade” (PNAS/2004

&NOB/SUAS, 2005, p.94). 24

Informações obtidas no seguinte site: Secretaria Municipal de Assistência Social – SMAS. Disponível em:

http://www.toledo.pr.gov.br/?portal/secretaria-municipal-de-assistencia-socialsmas/secretariamunicipal-de-

assistencia-social. Acesso em: 25/08/2011

31

caso, estas unidades estão assim distribuídas em territórios definidos como: Vila Pioneira,

Jardim Europa, Jardim Coopagro e Jardim Panorama, sendo uma unidade em cada território

citado. Cabe aqui também mencionar o Programa Florir Toledo25

e o Programa Prójovem26

. O

Município conta ainda, com dois Centros de Revitalização da Terceira Idade27

(CERTIs),

localizados na Vila Pioneira e Jardim Coopagro, que fazem um atendimento direcionado à

terceira idade, sendo nesses espaços executados serviços de Proteção Social Básica.

O Art. 100 da Política Municipal de Assistência Social, Lei de No 2.003, de 16 de

julho de 2009, reforça a gratuidade e a universalidade do atendimento da Política de

Assistência Social, que se faz independentemente de contribuição no Município de Toledo e

tem como objetivo a proteção e o amparo à família, à maternidade, à infância, à adolescência,

ao portador de deficiência e à velhice sob a responsabilidade da Secretaria de Assistência

Social, como podemos ver:

A assistência Social será prestada a quem dela necessitar, com recursos do

Município, do Estado e da União, objetivando:

I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II- o amparo às crianças e adolescentes carentes; III- a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV- a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção

de sua integração à vida comunitária.

Parágrafo único. A coordenação e a execução dos programas de assistência social

serão exercidas pelo Poder Público municipal, através de seu serviço social, a partir

da realidade e das reivindicações populares, [...] (TOLEDO, 1990).

O Art. 101 da mesma Lei, deixa claro como se dá a organização da Assistência

Social no Município de Toledo, bem como, as diretrizes pactuadas pelos órgãos

governamentais na execução da rede de atendimento assistencial:

As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos

do orçamento da seguridade social, além de outras fontes, e organizadas com bases

nas seguintes diretrizes:

I-descentralização político-administrativa, cabendo ao Município a coordenação e

execução dos respectivos programas, bem como as entidades beneficentes e de

assistência, observadas as competências da União e do Estado do Paraná;

25Refere-se a um programa de “contraturno escolar com ações direcionadas para aprendizagem em ajardinamento, educação e cidadania”(SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2010). 26 Refere-se ao” programa socioeducativo que tem como objetivo o fortalecimento dos vínculos familiares e

sociais. São ofertados cursos e treinamentos para inclusão dos jovens no mercado de trabalho”(Ibidem). 27 Cujo objetivo é ‘possibilitar aos cidadãos idosos do Município de Toledo ações diferenciadas através dos

CERTI´s, preconizando o favorecimento da qualidade de vida por meio de atividades culturais, educacionais,

físicas, sociais, lazer e atendimentos especializados independente deste ser ou não membro de grupos de idosos’.

(PROJETO DO CERTI, 2007, apud SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Disponível em:

http://www.toledo.pr.gov.br/?q=portal/secretaria-municipal-de-assistencia-social/smas.

Acesso em: 25/08/2011.

32

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na

formulação das políticas e no controle de tais ações.

Parágrafo Único – Para cumprimento do disposto no inciso II do caput deste artigo,

a lei instituirá o Conselho Municipal de Assistência Social, garantindo na sua

composição e representação dos segmentos da sociedade organizada (TOLEDO,

1990).

A população conta ainda com os serviços de Proteção Social Especial efetuados pelo

Conselho Tutelar, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)28

e dois Centros de

Referências de Reabilitação da Assistência Social (CREAS), sendo que um presta serviço

direcionado à “Medidas Socioeducativa” e o outro atende aquele usuário que se encontra com

seus “Direitos Violados”. Esses serviços referem-se à modalidade de Proteção Social de

Média Complexidade. No que se refere à modalidade de Proteção Social de Alta

Complexidade, o Município conta com duas Casas Abrigos, onde são realizados serviços que

garantem proteção integral para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e/ou

em situação de ameaça.

A Assistência Social no Município também se concretiza através de Organizações

Não-Governamentais (ONGS)29

como a Ação Social São Vicente de Paula, o Centro Social e

Educacional Aldeia Infantil Betesda, o Centro Comunitário e Social (DORCAS), a

Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (APADA), a Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais de Toledo (APAE), o Centro Beneficente de Educação Infantil

“Ledi Maas” (LIONS) e a Casa de Maria. Todas estas Entidades, por sua vez, participam

ativamente das deliberações e encaminhamentos no Conselho de Assistência Social no

Município de Toledo, de acordo com a normatização estabelecida pela Política de Assistência

Social.

Da mesma forma, todas as entidades nomeadas propõem atividades específicas

conforme o perfil dos usuários atendidos, que prestam atendimento aos usuários em

contraturno social, oferecendo às crianças e adolescentes diversas atividades pedagógicas,

culturais e recreativas. Todas estas Entidades, por sua vez, participam ativamente das

deliberações e encaminhamentos no Conselho de Assistência Social no Município de Toledo,

de acordo as normatizações estabelecidas pela Política de Assistência Social.

Em se tratando da Política de atendimento à criança e ao adolescente de Toledo, é

relevante destacar as legislações que garantem direitos específicos à criança e ao adolescente

28 Programa este que” visa eliminar as diversas formas de exploração do trabalho infantil” (SECRETARIA DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL, 2010 ). 29 Segundo Paz (1999, p.195), “[...] o termo em si, significa que todas as organizações que não são órgãos ou

instâncias de governo são ONGs, ou seja, todas as entidades da sociedade civil, sem fins lucrativos, que prestam

serviços a um determinado grupo ou comunidade ou , ainda, desenvolvem trabalhos voltados ao enfrentamento

de determinados problemas sociais”.

33

assegurando-lhe o desenvolvimento integral a fim de tornarem-se cidadãos adultos livres e

dignos. Neste sentido, recorremos e enfatizamos o art. 227 da Constituição Federal brasileira

de 1988, que destaca que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar com

absoluta prioridade os direitos da criança e do adolescente estabelecido no Estatuto da Criança

e do Adolescente (ECA), bem como, o de protegê-los contra qualquer forma de violência e

negligência, como podemos ver:

assegurar as crianças e os adolescentes, com a absoluta prioridade, o direito à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária, além de

colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,

violência, crueldade e opressão (BRASIL, 2009, P.146).

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 podemos dizer que foi

possível desenvolver uma Política para a criança e o adolescente Municipal, que tem como

referência o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), regulamentado pela Lei 8.069, de

1990, que em seu Art. 1º trata da proteção integral à criança e ao adolescente tendo como

parâmetro os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana. Assim, como indivíduos em

desenvolvimento, eles têm o direito de receber o devido preparo para o exercício da cidadania

e qualificação para o trabalho. Neste sentido pode-se inferir que só a partir da promulgação do

ECA (1990), que as crianças e adolescentes passaram a serem vistas e entendidas como

sujeitos de direitos e, principalmente, compreendidas legalmente como pessoas em

desenvolvimento psicossocial que necessitam de cuidados e proteção.

O Artigo 204 da Constituição Federal aponta o princípio da descentralização

administrativa no planejamento e execução das políticas sociais. Nesta questão específica da

Política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, e para concretizar ao que

confere a Lei Maior, o Art. 86 do ECA prevê que, esta Política será realizada “através de um

conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios”(BRASIL, 2010, p.29).

O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) no Artigo 88, incisos I ao VI destaca as

diretrizes da referida Política, onde ocorrerá a municipalização do atendimento, a criação de

Conselhos Municipais, Estaduais, Nacionais e do Distrito Federal dos direitos da criança e do

adolescente e a manutenção de Fundos Nacionais, Estaduais e Municipais vinculados aos

respectivos Conselhos. E ainda, neste mesmo artigo encontra-se previstas a “integração

operacional de órgãos do judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselhos Tutelares e

34

encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social [...]” (BRASIL,

2010, p.30).

Portanto, após a implementação do ECA, são efetivados os Conselhos Tutelares nos

diversos Municípios do país, representando assim uma expressão da participação da

comunidade na efetivação dos direitos da criança e do adolescente. O Art. 131 do referido

Estatuto da Criança e Adolescente determina que: “O Conselho Tutelar é o órgão permanente

e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos

direitos da criança e do adolescente, definidos nesta lei” (BRASIL, 2010, p. 47).

Conforme o Art. 5° do ECA “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de

qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão

[...]”, sendo dever constitucional da família, da sociedade e do Estado (BRASIL, 2010, p. 8).

Cabe destacar aqui, que quando a família está em situação de risco ela necessita ser

transformada em público-alvo das políticas sociais, para que sejam previstos e garantidos os

direitos das crianças e dos adolescentes.

Portanto, conforme o Art. 123 da Lei Orgânica do Município (LOM), o Município de

Toledo deverá dar proteção à família numa ação em conjunto com a União e o Estado do

Paraná. O Artigo 124 da mesma lei diz que o Município amparado pela União, o Estado, a

sociedade e a família, “deverá assegurar à criança e ao adolescente os direitos fundamentais

estabelecidos no caput do Art. 227 da Constituição Federal” (TOLEDO, 1990). O Parágrafo

3º do Art. 124 da Lei Orgânica Municipal (LOM), destaca que no atendimento dos direitos da

criança e do adolescente, o Município de Toledo está organizado conforme orienta as

diretrizes desta Política dispostas no Art. 101 desta mesma lei.

Portanto, a política de atendimento aos direitos da criança e do adolescente do

Município de Toledo se concretiza através de serviços, programas e projetos, ou seja, um

conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, com vistas a garantir que

a família tenha acesso às políticas sociais de saúde, educação, assistência social, cultura, além

de garantir o atendimento qualitativo às famílias, para que a partir de então, possam

desempenhar plenamente suas responsabilidades e funções.

Como em todos os lugares do Brasil, no Município de Toledo a rede de atendimento

assistencial à criança e ao adolescente é realizada por instituições governamentais e não-

governamentais legitimadas socialmente para este fim. Portanto, na sequência será

apresentada a Instituição Casa de Maria, destacando os serviços socioassistenciais

direcionados a criança e ao adolescente e suas famílias que estejam em situação de

vulnerabilidade social.

35

3.2 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DIRECIONADA À CRIANÇA E AO

ADOLESCENTE NA INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA DE TOLEDO

A Instituição denominada Casa de Maria – Assistência a Criança e ao Adolescente é

uma Organização Não-Governamental (ONG), afiliada ao Centro Assistencial da Diocese de

Toledo, que é mantenedor da referida executora dos serviços assistenciais.

A Entidade, de acordo com o Art. 91 do Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), possui registro junto ao Conselho Municipal da Criança e Adolescente. Em

conformidade com o Art. 9º da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) a Entidade

também, conta com registro no Conselho Municipal de Assistência Social. Este procedimento

foi condição essencial para a aquisição do Certificado de Fins Filantrópicos junto ao Conselho

Nacional de Assistência Social, sendo que em 1995, foi encaminhada a solicitação de

Utilidade Pública Federal, caracterizando-se como uma Instituição Filantrópica, sendo que a

partir deste procedimento legal passou a fazer parte da Política Social do país, possibilitando

desta forma a captação de recursos públicos com a finalidade do aperfeiçoamento no

atendimento aos usuários.

Conforme o Centro Assistencial da Diocese de Toledo (2009) a atividade social

desenvolvida pela entidade Casa de Maria iniciou em maio de 1992, a partir da iniciativa de

pessoas da comunidade católica, que verificaram a presença de meninas nas ruas e em praças

públicas da cidade, provenientes de famílias em situação de vulnerabilidade social decorrente

da pobreza. A partir de então, sentiu-se a necessidade de desenvolver um trabalho social com

estas meninas, sendo que foram iniciadas atividades atendendo seis (06) delas em uma casa

cedida por um casal de voluntários João e Iolanda Freitas, com aproximadamente 150 m2,

situada à Rua Doutor Flores, n0 887, na cidade de Toledo – PR.

Ao final do primeiro ano de trabalho já estavam sendo atendidas trinta (30) meninas,

que recebiam orientações da área de assistência social, de psicologia e também, de

qualificação profissional. Eram realizadas atividades assistencialistas em benefício a estas

meninas envolvendo o fornecimento de vestuário, alimentação, reforço escolar e trabalhos

manuais, e também atenção direcionada aos seus vínculos familiares.

Devido à grande demanda, a partir do final de 1993, a Instituição foi instalada em

outra residência, construída em uma área de 250 m2, cedida pela Paróquia São Pedro e São

Paulo, localizada na Avenida Maripá, no640, Vila Operária. A Entidade passou a atender neste

momento, 60 meninas, onde a coordenação percebeu a necessidade da ampliação dos recursos

humanos, efetivando a contratação de Pedagogos e Assistente Social.

36

A partir de então, a Entidade baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) e na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) direciona ao atendimento priorizado à

defesa dos direitos do usuário dos serviços institucional. Porque o Art. 6º da LOAS prevê que

as ações na área da assistência social deverão ser organizadas em sistema descentralizado e

participativo, formados pelas Entidades e Organizações. O Art. 3º destaca que são

consideradas Entidades e Organizações de assistência social aquelas que se dispõem ao

atendimento dos usuários sem fins lucrativos, atuando na defesa e garantia dos seus direitos.

Com o passar do tempo a demanda foi se ampliando, da mesma forma também,

foram sendo ampliadas na entidade, as atividades realizadas com os usuários, englobando

além de trabalhos manuais (bordados, costura, tricô, crochê), iniciação musical (violão e

canto), reforço escolar e duas refeições diárias. Os trabalhos foram se desenvolvendo e novas

possibilidades surgiram para implantação de novos projetos no espaço institucional.

Segundo o Centro Assistencial da Diocese de Toledo (2009), o trabalho social

desenvolvido por esta Entidade foi reconhecido pelo poder público e pela sociedade civil,

obtendo no final do ano 1998 uma nova e ampla área, de aproximadamente 2.000 m²,

construída com recursos provindos do Governo Federal, da Igreja Católica da Alemanha e da

comunidade toledana, situada na Rua General Câmera, no833, Jardim Europa, sendo ainda o

seu endereço na atualidade. Naquele mesmo ano, a Entidade estava atendendo 110 meninas,

sendo que no ano de 1999, ampliou o atendimento para 216 meninas.

Para dar continuidade na prestação deste serviço, encaminhou parcerias que

possibilitou a instalação do consultório odontológico e do laboratório de informática.

Também através de parcerias foi possível concretizar o projeto da Brinquedoteca, em pleno

funcionamento desde novembro de 2002.

A partir de 2004 a Entidade por solicitação da própria comunidade passou a atender

meninos. A princípio, eles realizavam atividades específicas em dias alternados, que permitiu

que eles fossem inseridos gradativamente no projeto social da Entidade. Por apresentar

resultados positivos foram-se ampliando diversas atividades, da mesma forma foi ampliado o

espaço físico da Casa de Maria.

Em novembro de 2008, iniciou-se a ampliação de sua estrutura física em 584m²,

onde se localiza o “Espaço Cultural da Casa de Maria”, inaugurado no segundo semestre de

2009. Atualmente, a Instituição conta com uma infra-estrutura de aproximadamente 2600 m²

em área construída, que abrange o Espaço Cultural; o Ambiente Pedagógico subdividido em

dezoito salas; o Setor de Atendimento, em sete salas; o Setor Administrativo, em seis salas, e

o Setor de serviço em sete salas.

37

A equipe técnica é formada por vinte oito funcionários, que desenvolvem

conjuntamente e de forma ativa o Programa “Construindo a Vida”, cujo objetivo é

“possibilitar a criança e ao adolescente em situação de vulnerabilidade social decorrente da

pobreza, a oportunidade de desenvolvimento humano e social, assegurando-lhes um espaço

institucionalizado sadio, que lhes possibilite o despertar de valores, capacidades e talentos”

(TOLEDO, 2009). Programa este composto por quinze projetos desenvolvidos

simultaneamente, na Instituição.

Segundo o Plano de Ação do Centro Assistencial da Diocese de Toledo – Casa De

Maria (2011), a Entidade atualmente desenvolve atendimento diário a 400 crianças e

adolescentes em estado de vulnerabilidade social de 6 a 16 anos de idade e de ambos os sexos,

no período de contra turno escolar, em turmas diferenciadas: das 7 horas 30 minutos às

11horas e 30 minutos e das 13horas e 30 minutos às 17horas e 30 minutos. Neste

atendimento à criança e ao adolescente são desenvolvidas ações educativas e de proteção

social básica e proteção social especial de média complexidade.

Na efetivação deste atendimento a criança e ao adolescente, conforme o Centro

Assistencial da Diocese de Toledo (2009), a metodologia de trabalho está centralizada no

conceito básico de respeito à pessoa, na afetividade e no diálogo, na busca da capacitação da

criança e do adolescente em superar suas dificuldades pessoais e sociais.

Portanto, a Entidade Casa de Maria, diante de inúmeros desafios a enfrentar, não

mede esforços no cumprimento de sua missão institucional que é “Acolher crianças e

adolescente em situação de risco pessoal e social promovendo-lhe o desenvolvimento físico,

mental, espiritual e social, assegurando-lhe o exercício do direito à vida, a dignidade e a

vivência da cidadania, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna”

(TOLEDO, 2009).

Conforme o Plano de Ação (2011), além de possibilitar a estas crianças e

adolescentes a garantia do acesso à escola, a Entidade oferece no período complementar, a

participação em atividades educacionais, espirituais, lúdicas, de saúde, físicas, de lazer, de

iniciação profissional na condição de aprendiz e de desenvolvimento de suas habilidades

pessoais, procurando desta forma garantia dos “direito da criança e do adolescente a uma vida

digna em família, na escola e na comunidade, fortalecendo os vínculos familiares, o convívio

social e o êxito na educação formal” (TOLEDO, 2011). Após as atividades, no final do turno,

as crianças e ou os adolescentes retornam aos seus domicílios junto a seus pais ou

responsáveis. Estes são convidados a participarem de forma ativa do processo sócio-educativo

proposto na Entidade, estando à mesma aberta à participação da família.

38

Como já foi mencionado, a Cidade de Toledo agrega um número significativo de

famílias em situação de vulnerabilidade social, em especial na periferia. Como a Entidade

Casa de Maria situa-se no Bairro denominado Jardim Europa e, segundo Diagnóstico Social

(2010) apud no Plano de Ação do Centro Assistencial da Diocese de Toledo – Casa de Maria

(2011), ele é um dos Bairros em que se concentram um número considerável de famílias que

participam dos Programas Federais Bolsa Família e PETI, confirmando com este fato, a

situação de vulnerabilidade social existente na referida área urbana.

3.2.1 A atuação do Serviço Social na Instituição Casa de Maria junto às Famílias em Situação

de Vulnerabilidade Social

A Instituição iniciou as atividades vinculadas ao Serviço Social a partir da

contratação efetiva de um profissional Assistente Social. A partir de então, toda e qualquer

decisão, bem como, as atividades desenvolvidas passam pelo setor do serviço social, desde o

seu planejamento à sua execução por compreender sua dimensão social, política e ética no

trato das relações sociais.

Dessa forma, percebe-se que a Instituição conta com profissionais de Serviço Social

qualificado e comprometido com a democracia, a liberdade e a justiça social, buscando

promover devidamente a inserção das crianças e adolescentes na reprodução de novos valores

familiares e sociais, onde na maioria das vezes esses valores foram deteriorados pela condição

de vida em que estão inseridas as famílias dos mesmos.

Na instituição, o Serviço Social tem como objetivo a promoção social de crianças, de

adolescentes e de suas famílias, atendendo os mesmos diariamente, no contraturno social,

realizando um trabalho que contribua para a formação do indivíduo nas áreas física,

emocional, intelectual e moral.

O Serviço Social realiza ações que envolvem visitas domiciliares, atendimento social

e através de entrevistas objetiva-se conhecer a realidade socioeconômica das famílias que

procuram os serviços prestados pela Entidade. Além disso, o atendimento social além da

efetivação de matrículas ou solicitação de vagas tem o intuito de fortalecer os vínculos

familiares, intervindo por meio de encaminhamentos e orientações referentes aos serviços

existentes na rede de assistência social do Município. Outras atividades também

desempenhadas pelo Assistente Social são elaboração relatórios, estudos e pareceres sociais

bem como aplicação de palestras, dinâmicas, que proporcionam informações às crianças,

adolescentes e as famílias que frequentam a Entidade.

39

A atuação do profissional de Serviço Social na Instituição Casa de Maria é um

exemplo do fazer profissional, sendo que o mesmo não é apenas um mero executor, mas

alguém capaz de criar realmente programas ou políticas sociais que possam dar uma resposta

às expressões da questão social. Portanto, de acordo com o Art. 4º e inciso I da Lei sob o Nº

8662/93 que regulamenta a profissão, onde diz que é de competência do Assistente Social

“elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração

pública direta ou indireta [...], entidades [...]” (BRASIL, 2007, p. 7).

Conforme o Plano de Ação (2011), no desenvolvimento das ações assistenciais

cotidianas, procura-se dar atenção especial à realidade e ao modo de pensar, da criança, do

adolescente e de sua família, buscando abrir-se a perspectiva de fortalecimento de vínculos

familiares, indispensáveis para a construção de novos projetos de vida rumo ao exercício da

plena cidadania.

Diante disso, pode-se verificar que a atuação da Assistente Social na Casa de Maria

está em consonância com os princípios fundamentais do Código de Ética Profissional do

Assistente Social. Ou seja, no exercício profissional busca-se a “Ampliação e consolidação da

cidadania, considerada tarefa primordial de toda a sociedade, com vista à garantia dos direitos

civis sociais e políticos das classes trabalhadoras” (CFESS, 2007, p. 17). E também, há

compromisso do profissional com a defesa dos direitos humanos e posicionando-se a favor da

igualdade e “justiça social, que a assegure universalidade de acesso aos bens e serviços

relativos aos programas e políticas sociais [...]” (CFESS, 2007, p.17). Da mesma forma, o

profissional de Serviço Social, se compromete com a “qualidade dos serviços prestados à

população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional”

(CFESS, 2007, p. 17).

Portanto, os objetivos traçados para a atuação do Serviço Social, nessa Entidade,

contemplam a promoção e inclusão das crianças e adolescentes e suas famílias garantindo-

lhes o acesso aos bens e serviços sociais básicos com qualidade e contribuição para o efetivo

desenvolvimento das condições de vida dessa população, excluída do pleno exercício de seus

direitos.

3.3 AS FAMÍLIAS CONSTITUÍDAS POR AVÔS E NETOS ATENDIDOS NA

INSTITUIÇÃO CASA DE MARIA

Os dados obtidos referentes às famílias constituídas por avós e netos na Instituição

serão apresentados em forma de gráficos, proporcionando desta forma, um maior

40

conhecimento da realidade vivenciada pelas famílias em situação de vulnerabilidade social

atendidas nesta Instituição, dando maior ênfase para os dados que apontam as famílias cujos

avós assumiram a educação e a criação dos netos.

Ressaltamos, entretanto que, os dados do gráfico nº 1, referem-se às famílias das

crianças e adolescentes conforme constava no arquivo cadastral da Entidade, no mês de

outubro/2010 e maio/2011, especificamente, pois dado á rotatividade no atendimento das

famílias pela entidade, os desligamentos de crianças e adolescentes, imediatamente, são

preenchidos as vagas abertas, buscando atender parte da demanda reprimida na Instituição.

Nos gráficos abaixo podemos observar a composição das famílias atendidas através

dos serviços socioassistenciais oferecidos na Entidade durante o mês de outubro/2010 e

aquelas que estavam no mês de maio/2011, observando dessa forma, os responsáveis pela

criação e educação das crianças e adolescentes que participam do contra turno social na

Instituição. Assim, é possível estabelecer, um comparativo relacionado às mudanças na

constituição familiar ocorridas entre os referidos períodos, para destacar as famílias

constituídas por avós e netos:

GRÁFICOS 1 – RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

Observando os dados cadastrais dessas famílias na Entidade, a Instituição Casa de

Maria, no mês de outubro/2010 atendia 290 famílias, e no mês de maio/2011 atendia

aproximadamente 289 famílias. Os gráficos mostram quem são os responsáveis pela proteção

integral das crianças e dos adolescentes atendidos na Instituição Casa de Maria e pode-se

observar que entre 2010 e 2011 o número de famílias em que os avós são os responsáveis

principais por crianças e adolescentes aumentaram. É uma realidade que a cada ano se faz

presente nas famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas pela Instituição.

Ainda, neste gráfico, percebem-se os tipos de constituição familiar. Entre eles o

mais frequente é o tipo denominado nuclear, ou seja, a família constituída por pai, mãe e

41

filhos. Observamos também que no período da pesquisa ocorreu uma redução de 18% das

famílias nucleares. Portanto, em outubro/2010 havia um total de 170 representando 59% do

total do referido tipo de família, porém, em maio/2011, foi constatado 139, representando

48% das famílias atendidas na Entidade, sob o modelo nuclear.

Podemos observar também, a existência dos novos arranjos familiares, ou seja, as

famílias reconstituídas. Estas famílias são formadas por: filhos, a mãe e o padrasto, ou então,

filhos, o pai e a madrasta ou apenas por filhos e um dos cônjuges, e ainda famílias formadas

por crianças e adolescentes e outros (irmãos, tios, padrinhos) e, famílias constituídas por avós

e netos. Os gráficos apontam que em outubro/2010 havia 120 com essas diferentes

composições e, em maio/2011, já eram 150 famílias.

No caso das famílias constituídas por avós e netos observamos que em outubro/2010

havia vinte famílias e em maio/2011 houve um aumento desse tipo de família para vinte

cinco. Neste sentido, do total de famílias atendidas na Instituição Casa de Maria, no mês de

maio/2011, aproximadamente, 9% delas são compostas por avós e netos. Assim, nesse

período 2010 á 2011 houve um aumento de 25% no total de famílias formadas por avós e

netos atendidas na Instituição.

Nos gráficos seguintes podemos observar o perfil do conjunto das vinte cinco

famílias constituídas por avôs e netos atendidas na Instituição. O perfil traz dados referentes à

composição familiar, á faixa etária, o nível de escolaridade, a situação de trabalho, a questão

salarial da família, moradia e o recebimento de auxílios através de programas sociais.

O gráfico nº 2 nos permite identificar se é o casal de avós ou se é apenas a avó que

assumiu a responsabilidade em sustentar e educar os netos:

GRÁFICO 2 – RESPONSÁVEIS PELA CRIAÇÃO E EDUCAÇÃO DE NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

Dentre as famílias atendidas na Instituição chefiadas pelos avós observa-se que é

mais comum os avós, por parte da mãe, assumirem a responsabilidade de criar e educar o(s)

neto(s). Observa-se que em 60% dessas famílias, é o casal de avós os responsáveis pelos

netos, ou seja, em um conjunto de vinte cinco famílias, quinze delas além da avó, contam

42

também, com a presença do avô. No caso das famílias que os netos contam somente com a

avó, corresponde a dez, ou seja, 40% das famílias são constituídas por avó e netos.

O Gráfico nº3 aponta que em maio/2011, a quantidade de crianças e adolescentes que

estavam sob os cuidados de seus avós:

GRÁFICO 3 – CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOB RESPONSABILIDADE DE AVÓS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria

Como observado no Gráfico nº 3, em um total de quarenta e cinco netos criados por

avós, nove são adolescentes, enquanto que trinta e seis são crianças, ou seja, 80% do total dos

netos criados por avós são crianças.

O Gráfico n°4 apresenta a faixa etária dos avós nas famílias em que avós-idosos

assumiram a responsabilidade da criação e da educação de seus netos:

GRÁFICO 4 – A FAIXA ETÁRIA DOS AVÓS RESPONSÁVEIS PELOS NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

Portanto, podemos observar que, do total de 25 famílias, onze delas, tem avós-idosos

criando e educando os netos, em sua maioria, ainda, os avós estão numa faixa etária de até 59

nos de idade. No entanto, podemos também observar que o número de avós-idosos, cuja idade

é igual ou superior á 60 anos é grande e tende a aumentar.

Salientamos que, segundo a política Nacional do Idoso, no Art.2°, é considerada

idosa aquela pessoa com idade igual ou superior a 60 anos de idade. Portanto, identificar aqui,

as famílias com avós-idosos responsáveis por crianças ou adolescentes, foi um procedimento

necessário, porque se optou nesse trabalho, por entrevistar apenas avós que fossem idosos.

43

Observa-se então, que a amostragem foi composta por 44% das famílias constituídas por avós

e netos.

O Gráfico nº 5 mostra o nível de escolaridade dos avós que têm sob suas

responsabilidade a criação e a educação de netos. Neste sentido, observa-se que apenas dois

avós possuem ensino fundamental completo, 30 avós com o ensino fundamental incompleto e

nove deles, os quais correspondem 22%, não são sequer alfabetizados.

GRÁFICO 5 – NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS AVÓS RESPONSÁVEIS POR SEUS NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

De um modo geral, podemos observar que há um nível muito baixo de escolaridade

entre os avós, inclusive, nos defrontamos com um índice de analfabetismo acentuado entre os

mesmos, que estão cuidando dos netos.

No Gráfico no 6 podemos verificar a situação de trabalho em que se encontram os

avôs e as avós que são responsáveis pela criação e educação dos netos, trabalho esse que

possibilita dar o sustento básico para os netos e a si mesmos. Podemos observar também a

quantidade de avós que estão trabalhando formalmente e de forma autônoma, dos que

recebem benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou ainda, dos que se

encontram desempregados:

GRÁFICO 6 – SITUAÇÃO DE TRABALHO DOS AVÓS RESPONSÁVEIS POR SEUS NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

44

Portanto, verificando a situação de trabalho em que se encontram os avós que

assumiram os netos para criá-los e educá-los, percebemos que oito avós, ou seja, 20% deles

desenvolvem trabalhos de forma autônoma, e apenas dez deles, 25% trabalham formalmente,

e a mesma quantidade é aposentada e que temos também, onze senhoras avós, ou seja, 28%

do total de que compõem esse quadro, permanecem ocupadas com os afazeres domésticos

além, dos cuidados com os netos, e ainda, observamos um avô desempregado.

No Gráfico no 7 destaca-se a condição salarial das famílias constituídas por avós e

netos e nesse sentido podemos constatar que 44% delas possui um orçamento aproximado, em

torno de um à dois salários mínimos, correspondendo ao total de onze famílias, e uma

quantidade de doze famílias, ou seja, 48% delas, com uma condição salarial superior à dois

salários mensais. Percebe-se também, que há duas famílias que sobrevivem com menos de um

salário mínimo:

GRÁFICO 7 – CONDIÇÃO SALARIAL DAS FAMÍLIAS DE AVÓS E NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

Observa-se que mesmo com as condições físicas um tanto comprometidas, com

problemas de saúde um tanto agravados devido a idade avançada, os avós se utilizam da

aposentadoria ou de algum benefício social para sustentarem os netos que estão sob sua

responsabilidade. Há casos ainda, em que avós recorrem a trabalhos informais para prover o

sustento dos netos.

Em virtude da omissão ou impossibilidade dos pais quanto aos deveres em relação

aos filhos, os avós têm assumido o encargo de suprirem a lacuna em relação à sobrevivência e

educação dos netos.

O Gráfico no 8 explicita a situação do imóvel aonde reside a família composta por

avós e netos. Podemos observar que 15 delas possuem residência própria, 05 moram em

residência alugada e 05 delas estão pagando financiamento dessas residências:

45

GRÁFICO 8 – SITUAÇÃO DO IMÓVEL DAS FAMÍLIAS COMPOSTAS POR AVÓS E NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

Podemos observar a quantidade de famílias residindo em casas financiadas, outras

em casas alugadas e há aquelas famílias que residem em casa própria. Portanto, Constata-se

que 60% do total de vinte cinco famílias, ou seja, quinze dessas famílias estão residindo em

casa própria e 20% destas famílias residem em imóvel financiado. Também, 20% dessas

famílias estão na condição de residência alugada.

O Gráfico no 9 apresenta a vinculação e a dependência dessas famílias em relação a

programas do governo Federal que beneficiam famílias em vulnerabilidades social:

GRÁFICO 9 - BENEFÍCIO DAS FAMILIAS CONSTITUIDAS POR AVÓS E NETOS

Fonte: Dados obtidos no arquivo cadastral junto à Instituição Casa de Maria.

Portanto, podemos perceber no Gráfico no 9 que entre as famílias, cujos avós têm

sob suas responsabilidades a criação e a educação de netos, há as que recebem auxílio do

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), e ainda, há aquelas que são auxiliadas

pelo Programa Bolsa Família, também, há as que não recebem nenhum benefício. Portanto,

quinze das famílias, correspondendo a 60%, não recebem auxílios através de Programas

Sociais. E que 12%, apenas três famílias, são auxiliadas através do Programa de Erradicação

do Trabalho Infantil (PETI), e que, sete famílias recebem benefício através do Programa

Bolsa Família correspondendo uma percentagem de 28% do total de vinte cinco, cujos avós

são responsáveis por netos.

46

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

Considerando o objetivo dessa pesquisa, que é o de analisar os motivos e as

circunstâncias que levam avós-idosos a assumirem a criação e a educação de seus netos nas

famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na Instituição Casa de Maria –

Assistência a Criança e ao Adolescente, de Toledo – PR, neste capítulo, será apresentado o

processo metodológico percorrido para a efetivação desta investigação.

4.1 ESTRUTURAÇÃO DA PESQUISA

O desenvolvimento de uma pesquisa exige um conjunto de procedimentos

metodológicos, caminhos que garantam uma investigação científica do objeto em questão.

Conforme Minayo (2002, p.16), transcorrem pela metodologia, além do método e um

conjunto de técnicas, também a criatividade do pesquisador, onde a teoria e a metodologia

caminham juntas, em uma relação inseparável. No entanto, a metodologia, como conjunto de

técnicas precisa contar com um instrumental eficiente capaz de resolver os desafios da

pesquisa.

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo analisar os motivos e as

circunstâncias que levam avós-idosos a assumirem a criação e a educação de seus netos nas

famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na Instituição Assistencial Casa de

Maria de Toledo – PR.

Na efetivação desta pesquisa foi utilizada a modalidade de pesquisa de campo.

Conforme salienta Minayo (1996, p. 105), entende-se como campo de pesquisa um espaço

que o pesquisador delimita representando uma realidade empírica a ser estudada, a partir de

certo conhecimento, que corresponde ao objeto a ser estudado. Conforme Neto (2002, p.51),

em se tratando de pesquisa qualitativa, o trabalho de campo aparece como uma possibilidade

de adquirir tanto uma aproximação com aquilo que queremos pesquisar, como criar

conhecimento a partir da realidade daquele espaço.

Para uma interpretação real dos fatos e fenômenos desta pesquisa e análise dos dados

optou-se pelo método materialismo histórico e dialético. Segundo Gadotti (2004, p.97-105), é

um método que dará sustentação na apreensão da realidade do fato em sua totalidade, ou seja,

possibilitará uma apropriação em pormenor da realidade do objeto da pesquisa. O fenômeno

será visto de uma forma mais ampla, e em contínua transformação. E ainda, porque a estrutura

do pensamento dialético parte do princípio da contradição, onde existem forças buscando a

47

unidade e ao mesmo tempo a oposição, sendo que por esse motivo ocorre à transformação da

realidade. Afirma ainda, que “o materialismo dialético não considera a matéria e o

pensamento como princípios isolados, sem ligações, mas como aspectos de uma mesma

natureza que é indivisível”. (GADOTTI, 2004, p.101).

Na abordagem dos dados, optou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa, que

possibilita uma maior aproximação com o sujeito. Esta abordagem assume características de

maior variedade e flexibilidade, não possui regras precisas, proporcionando ao pesquisador

uma maior compreensão da realidade. Uma vez que a abordagem qualitativa de pesquisa

aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas30

.

O método específico utilizado foi o da pesquisa exploratória que “[...] são

investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões [...]” com

intenções do pesquisador de familiarizar-se “[...] com um ambiente, fato ou fenômeno para a

realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos”

(LAKATOS e MARCONI, 1999, P.87). A pesquisa exploratória é a primeira aproximação

com o tema. São pesquisas “[...] desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de

tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado

especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele

formular hipóteses precisas e operacionalizáveis” (GIL, 1999, p.43).

Foram utilizadas nessa pesquisa as seguintes técnicas de coleta de dados: a

observação participante e a entrevista semiestruturada. A observação Participante possibilita

um contato direto do pesquisador com o fato que está sendo pesquisado. Conforme Minayo

(1996, p.134), a observação Participante é parte de suma importância no trabalho de campo na

pesquisa qualitativa. Define-se a observação participante como sendo ‘[...] um processo pelo

qual se mantém a presença do observador numa situação social, com a finalidade de realizar

uma investigação científica’ (SCHWARTZ & SCHWARTZ, 1955, p. 355 apud

MINAYO,1996, p.135). Buford Junker (1971) citado por Ludke & André (1986, p.28),

destaca quatro modalidades de observação e, que o pesquisador deve fazer sua opção entre

elas, tendo claro seu propósito de investigação. Este pesquisador decidiu, pela modalidade

denominada de observador como participante, por ser

[...] um papel em que a identidade do pesquisador e os objetivos do estudo são

revelados ao grupo pesquisado desde o início. Nessa posição, o pesquisador pode ter

30

“A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um

nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes [...]” (MINAYO, 2002, p.21-22).

48

acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidencias, pedindo

cooperação ao grupo. Contudo, terá em geral que aceitar o controle do grupo sobre o

que será ou não tornado público pela pesquisa (BUFORD JUNKER,1971 apud

LÜDKE & ANDRÉ,1986, p.29).

Na efetivação desta técnica os dados obtidos foram através do Diário de Campo. No

Diário de Campo registram-se as “[...] observações sobre conversas informais,

comportamentos, cerimoniais, festas, instituições, gestos, expressões que digam respeito ao

tema da pesquisa” (MINAYO, 1996, p.100). Foram utilizados relatórios elaborados por esta

acadêmica no decorrer do estágio curricular I e II (2010 e 2011), também, documentos da

Instituição Casa de Maria, como: Relatório Interno 2009, o Plano de Ação 2011 e o Projeto

Político Pedagógico da Entidade 2010 e ainda, as Fichas Cadastrais das crianças e dos

adolescentes atendidos na Instituição.

Outra técnica utilizada na realização da pesquisa foi a Entrevista Semiestruturada.

Entre as várias vantagens deste instrumento, ela “[...] pode ser utilizada com qualquer

segmento da população (inclusive analfabetos) e permite, a partir da interação que se

estabelece entre pesquisador e informante, o esclarecimento de dúvidas e a obtenção de

informações com maior profundidade” (ALCONFORADO, 2009, p. 733). Para essa pesquisa

a escolha foi pela entrevista semiestruturada, porque conforme Neto (2002, p.58), o

investigador pode articular duas formas de entrevista com a estruturada, que é aquela em que

o investigador segue um roteiro com perguntas formuladas antecipadamente. Na entrevista

não estruturada, o assunto é abordado livremente. Para a entrevista semiestruturada, foi

utilizado um Formulário, que ‘[...] é o nome geral usado para designar uma coleção de

questões que serão perguntadas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face

com outra pessoa’ (SELLTIZ,1965,172 apud LAKATOS e MARCONI, 1999,114). Também,

de um gravador, garantindo assim, a fidedignidade das informações possibilitando uma

melhor qualidade nos resultados da pesquisa.

Para a efetivação desta pesquisa, este investigador providenciou o Termo de

Compromisso para Uso de Dados em Arquivo (Apêndice A) em duas vias e assinados pelo

responsável e pelo colaborador da pesquisa, ficando uma via na Instituição e a outra com o

pesquisador colaborador. O referido documento é um instrumento que possibilita o contato

com documentações na Instituição disponibilizadas para o pesquisador. Posteriormente, por

intermédio de dados registrados nos arquivos, fazer um levantamento do perfil referente às

famílias atendidas na Entidade.

49

O referido levantamento constatou que entre as famílias atendidas na Instituição Casa

de Maria, há aquelas em que avós têm sob sua responsabilidade a criação e educação de seus

netos, representando um conjunto formado por vinte cinco (25) famílias. A opção quanto ao

tipo de amostragem recaiu para a amostra aleatória estratificada, porque conforme Barros e

Lehfeld (2008, p.59) o estrato constitui-se baseado em critérios atribuídos aos sujeitos, como:

idade, sexo, etnia, etc.. Por isso, para aplicar a entrevista semiestruturada, foram selecionadas

onze (11) famílias em que pelo menos um dos avós é idoso, ou seja, onde pelo menos um dos

avós possui idade igual ou superior a 60 anos de idade, que tem sob sua responsabilidade a

criação e a educação dos netos, esses atendidos na Instituição Casa de Maria, em Toledo –

PR, no período de maio a agosto de 2011.

Antecedendo a entrevista, este pesquisador entrou em contato com a família via

telefone apresentando a pesquisa e agendando a mesma. No dia e horário marcados através de

visita no domicílio do sujeito da pesquisa foi realizada a entrevista. No momento da visita, o

pesquisador forneceu um documento chamado, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Apêndice B), sendo que cada entrevistado foi devidamente esclarecido sobre o objetivo da

pesquisa, bem como sobre todo o processo que envolveria o pesquisado e pesquisador na

entrevista, inclusive, que poderia a qualquer momento desistir da pesquisa sem implicações de

qualquer natureza. Ao pesquisado, estando ciente sobre todos os procedimentos, foi solicitada

a assinatura do documento em duas vias, anteriormente já assinado pelos pesquisadores.

Ambas as parte envolvidas na pesquisa ficaram com uma cópia do referido documento,

explicitando que no momento da entrevista, o investigador faria perguntas ao sujeito de

acordo com o formulário (Apêndice C), sendo que as respostas do informante seriam

gravadas, com a autorização do mesmo. Após a visita feita para a entrevista, foi produzido um

relatório por família, registrando observações desta pesquisadora, direcionadas aos objetivos

deste estudo.

Posteriormente, em um momento oportuno as informações foram transcritas,

analisadas e interpretadas minuciosamente, respeitando as respostas dadas pelos entrevistados.

Destacando que os dados foram submetidos à análise e a uma interpretação, atendendo uma

abordagem qualitativa de pesquisa e fundamentada teoricamente. Destacando que para

preservar a identidade dos sujeitos da pesquisa, os mesmos foram identificados por códigos,

ou seja, pela letra “F” seguidos por algarismo arábico escolhido de forma aleatória.

Portanto, os procedimentos de coleta e análise de dados da presente pesquisa

atenderam as exigências do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos/UNIOESTE,

assim como ao que salienta o Código de Ética Profissional do Assistente Social em seu Cap V

50

e Art. 16, onde diz que “o sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo que o assistente social

tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional” (CFESS, 2007,

p. 22). Neste trabalho o sujeito pesquisado terá a garantia do sigilo das informações

resguardado e a devolução dos resultados da pesquisa.

4.2 CONHECENDO OS SUJEITOS DA PESQUISA

Neste item serão explicitados de forma descritiva alguns dados referentes ao perfil

das famílias pesquisadas: a faixa etária e estado civil dos avós, quantos netos e qual a faixa

etária destes, e ainda, sob qual condição esses netos estão morando com os avós.

Os sujeitos entrevistados nesta pesquisa possuem idade igual ou superior a sessenta

anos, portanto, de acordo com o Estatuto do Idoso pode-se afirmar que são idosos, ou seja,

avós-idosos que assumiram a criação e a educação de netos. Conforme os dados coletados em

relação à faixa etária dos avós-idosos, consta que 45% deles encontram-se na faixa entre 60 à

64 anos de idade, 36% entre 65 à 69 anos e 18% deles estão com mais de 70 anos de idade. A

longevidade destes avós permite que eles ocupem um lugar muito importante na vida de seus

netos.

Quanto ao estado civil dos sujeitos da pesquisa, foi constatado que 18% estão na

condição de amasiados, 9% casados, também, 9% divorciados e 64 % são viúvos. Ou seja,

27% dos avós-idosos, é o casal, 73% são apenas mulheres viúvas ou divorciadas que

assumiram a criação de netos.

Segundo dados nesta pesquisa, em 45% das famílias há dois netos sob a

responsabilidade de avós-idosos, sendo que 80% deles são irmãos, e numa percentagem bem

menor, de 20% são primos. Foi constatado que em 55% das famílias em que avós-idosos

assumiram a criação dos netos, tem apenas um neto por família. Nessas famílias pesquisadas

foi observado também, que do total de netos sob os cuidados dos avós 56% deles são do

gênero feminino e, 44% do gênero masculino.

Em relação à faixa etária dos netos que estão sob a responsabilidade de avós-idosos,

foi levantado nessa pesquisa que 50% deles são crianças e os outros 50% são adolescentes.

Segundo o ECA, no Art. 2º, pessoa com idade até doze anos incompletos é considerado

crianças, e adolescente aquele entre doze e dezoito anos de idade.

Este trabalho também verifica sob qual condição os netos estão morando com os

avós e foi constatado que 45% das famílias, os avós-idosos têm a guarda dos netos. E

51

logicamente 55% das famílias, os avós assumiram a educação e a criação dos netos sem a

condição de guarda concedida pelo juiz.

4.3 RAZÃO PELA QUAL OS AVÔS ESTÃO CRIANDO OS NETOS

Antes de analisarmos as razões pelas quais os avós assumiram a criação dos netos,

veremos desde quando essas crianças ou adolescentes moram com os avós.

Os dados da pesquisa apontam que do total das crianças e adolescente que estão sob

a responsabilidade dos avós-idosos 46% deles moram com os avós de forma definitiva a partir

do nascimento; 14% deles passaram a morar com os avós a partir dos primeiros meses de

vida; 20% deles passaram a morar com os avós somente a partir dos primeiros anos de vida; e,

20% deles moraram com os avós a partir do nascimento por um pequeno período de tempo,

depois vão residir com pai e madrasta e outros ainda, com a mãe e padrasto, e retornam a

morar com os avós ficando sob a responsabilidade desses. Há casos, em que crianças estavam

sendo criadas pelos avós, a mãe foi buscá-los, abandonando-os logo em seguida, por isso

foram encaminhadas para abrigos, para depois então, retornar sob os cuidados dos avós

definitivamente.

Podemos observar estas situações logo abaixo:

“Desde quando eles nasceram eles moram comigo” (F 1).

“Mora desde que nasceu” (F 5).

“Desde pequenininha mora comigo” (F 9).

“Mora comigo desde que nasceu” (F 10).

“Eles moram aqui desde pequeno. Esse aqui [o mais novo] nasceu aqui” (F11).

“Ah, um com treis meses de vida, desde pequenininho, o outro com treis anos”(F 2).

“O piá desde que nasceu. A menina tinha dois anos [...]” (F 3).

“Ele [o neto] tinha um meis e pouco eu criei ele na mamadeira, porque ela [a mãe]

trabalhava de doméstica não podia cuidar dele. Daí, ela me deu ele. A menina eu

peguei ela com dois anos [...]. Até dois anos ela ficava com a avó [materna] pra mãe

dela ir trabalhá” (F 6).

“Ele tá morando comigo, com a guarda, faz dois anos que ele veio morar definitivo.

Porque antes, ele tava aqui até dois anos [de vida]” (F 4).

“Não to bem lembrada, acho que faiz quase um ano” [que o neto está morando

definitivamente com so avó]” (F 7).

“Esta neta quando ela nasceu, dois méis ela ficou comigo, a mãe dela sumiu.

Depois a mãe dela veio levou ela e abandonou... e depois levaro num abrigo. Mas

eu já lutei com essa menina [...] agora o responsável [por ela] é eu.” (F8).

52

Assim, considerando os percentuais dos netos que moram com os avós desde que

nasceram de forma definitiva, aqueles que passaram a morar com os avós a partir dos

primeiros meses de vida, e ainda os que moravam ao nascer, saem de junto dos mesmos e

retornam certo tempo depois, formam um conjunto de 80% das crianças e adolescentes que

estavam sob seus cuidados desde o início de suas vidas, significando que os pais

apresentavam alguma limitação, seja por questões econômicas e de saúde que os

impossibilitaram de cuidar dos filhos desde então.

Após analisarmos o tempo de permanência dessas crianças e adolescentes com os

avós e observarmos que, em sua maioria moram com eles desde o nascimento, veremos a

seguir os motivos e as circunstâncias em que incide essa realidade.

Ao realizar essa investigação com famílias constituídas por avós e netos foram

observados diversas razões ou motivos que os levaram a tomarem a decisão de assumir a

educação e criação de seus netos. Dentre os aspectos podemos citar: doenças da mãe, algumas

levando, inclusive, a morte da mãe de forma precoce; pai ter outra família; separação dos pais;

casos de violência da parte de padrastos e/ou madrastas; pai que não assume a paternidade;

situação de abandono da parte mãe; gravidez precoce; situação de envolvimento com drogas.

Entres os aspectos apontados nesse estudo que levaram os avós a assumirem a

criação dos netos, está o motivo de doenças da mãe, que no caso dessa família pesquisada,

houve rejeição da parte da mãe em relação ao bebê, devido a uma depressão pós-parto e, até

mesmo no caso de doenças como tuberculose, observado nas falas que seguem:

“A mãe dela [da neta] teve rejeição pós-parto, uma depressão. Ela não teve

condições de ficá com a menina. Eu levei ela [a neta] tava com doze dias, a mãe tava

doente. Ela teve uma rejeição... ela não aceitava a menina. Agora ela [a mãe da

neta] fala que qué levá a menina com ela, mas ela nem conhece a menina. Mas, ela

[a neta] não qué ir embora. As veis eu falo: ‘você não quer ir morar com sua mãe

biológica?’ Daí, ela diz ‘minha mãe é você, eu não tenho outra mãe’ O pai, ela [ a

neta] não conhece” (F1).

“Ela [a mãe do bebê] pediu pra mim cuidá dele. Ela tava doente, ela descobriu que

tava com tuberculose. Ela [a mãe] era muito doente e ele [o bebê] tava muito doente

também. Uma diarréia que nada cortava, nada cortava a diarréia dele. Ela[ a mãe]

morava perto de mim, dava pra ir a pé. Eu morei lá a quatro anos, ela [a mãe] veio lá

duas veis vê ele, dentro de quatro ano. Isso é uma mãe que quer um filho? O pai tem outra família, tinha uma menina na idade dele [desse menino]. Daí, pra ela [a

madrasta] cuidar de duas meninas mais o bebezinho dela [filhas do casal], e ainda,

ele [o enteado] pequeno, ficava difícil” (F1).

No primeiro relato trata-se de uma mãe adolescente, que deu a luz a uma menina

prematura e com vários outros problemas de saúde. A mãe, também estava muito doente,

devido a uma depressão pós-parto. Segundo a avó, ela não tinha condições de cuidá-la. Por

53

isso, essa avó que morava em outra cidade foi buscar a neta para dar a proteção necessária até

que a mãe se recuperasse. Ressaltando também, que nesse caso o pai não assumiu a

paternidade. Devido a situações como à distância geográfica e a situação de pobreza em que

sempre viveu esta família, houve dificuldades em manter o contato frequente entre avó que

estava criando, a neta e a mãe. No entanto, a mãe somente passou a entrar em contato com a

filha quando essa já era adolescente. A neta não pretende sair de junto da avó porque dedica a

ela toda a consideração de mãe.

No segundo caso, a avó relata que a mãe também não tinha as mínimas condições de

cuidar do filho, pois estava com tuberculose e o bebê também estava muito doente. Então, o

neto ficou sob os cuidados da avó desde os primeiros meses de vida. No entanto, a mãe nunca

mais voltou para buscá-lo, deixando-o definitivamente com a avó. Já o pai não assumiu a

criação do menino, porque ele tinha outra família, tinha outros filhos e, inclusive uma filha

com a mesma idade dele, por isso, sua esposa atual teria dificuldades para cuidar de mais uma

criança, justifica a avó.

Outro motivo que fez com que avós assumissem a criação e educação dos netos é a

morte da mãe. Então, devido a doenças, em que mães foram acometidas de câncer, enfarto e,

também, sofreram acidentes, os quais foram causas de mortes precoces de mães. Uma

realidade que podemos observar em depoimentos dos sujeitos, que veremos a seguir:

“A mãe faleceu quando eles era pequeno. Ela tinha problema de câncer. Eu procurei

justiça, porque ele [o pai] não tava nem aí, não deixava dinheiro, não deixava nada e não cuidava deles nunca, nunca se interessou com nada. Daí, eu ponhei na lei. Aí o

juiz deu a guarda deles pra mim. Ele não se interessa nem de vir buscá eles no fim

de semana. E o dia que vem, ainda, a esposa dele só fica maltratando eles,

xingando... A mais grande já nem qué ir” [ficar com o pai nos finais de semana]

(F2).

“A mãe dela arrumou ela fora do casamento. Tava separada do marido fazia tempo

[...] Aí, como ela tinha um monte de filho para cuidá e tava sozinha. Daí, essa aqui

[referindo-se a neta] ficou comigo. Daí, essa [neta] veio morar comigo e se criou

comigo até hoje, desde que ela nasceu. Definitivo mesmo desde que a mãe dela

morreu. Porque ela ficava comigo e ficava com a mãe dela. Mas, ela não parava lá.

Faiz dois anos que morreu a mãe dela, morreu de infarto. O pai, ela não conhece e nem quer conhecer” (F9).

“A mãe morreu lá, acidente debaixo do carro” (F7).

Como podemos ver no depoimento acima do sujeito identificado por F2, a avó

materna assumiu os cuidados dos netos a partir do momento em que a mãe adoeceu devido

um câncer que a levou ao óbito posteriormente. Como o pai não deu nenhuma assistência aos

filhos, a avó ficou com a guarda dos netos. O pai reconstitui uma nova família e os

54

infreqüentes finais de semana que os filhos ficam na companhia dele, sofrem maus tratos da

parte da madrasta.

No relato subseqüente, a neta fica sob a responsabilidade da avó definitivamente,

após o falecimento da mãe, por problemas cardíacos. Nesse caso, observar-se que a neta

estava sob os cuidados da avó ao nascer porque na época, a mãe tinha vários filhos do

primeiro casamento para cuidar sozinha, pois a mesma estava separada do pai deles. A partir

do momento em que a mãe reconstituiu outra família, a menina morava em espaço alternado,

às vezes, ficava com a avó outras com a mãe. No entanto, devido ao falecimento da mãe, há

dois anos, a neta ficou definitivamente sob a responsabilidade da avó. Esta adolescente

desconhece o pai.

Conforme depoimento de avós, chefes de famílias, o aspecto separações dos pais, foi

outra razão ou motivo que consequentemente levou-os a assumir o sustento e educação dos

seus respectivos netos, como podemos observar logo abaixo:

“[...] quando os pais se separaram eles tinha só os dois. Sempre tinha uma coisa de

um lado e de outro, daí começaram brigá. Aí dexaram o piá comigo. Depois veio a

menina. Daí... entregô a menina tamém, pra mim. Um dia lá, brigaram e eu tive que

entrá no meio. Daí me deram a guarda, ela assinô, ele assinô e eu assinei em baixo...

Agora, a mãe mora em Curitiba e o pai mora em Cascavel. Eles tem outra família”

(F3).

“Os pais, é que eles se separaram. Daí, a minha nora morava em Londrina eu fui lá

ver os gêmeos. Daí, as crianças tinham muita bronquite. Daí ficaram na UTI uma

semana. A bronquite quase matou essas crianças. Ele [o neto] tinha um méis e poco,

eu criei ele na mamadeira, porque ela [a mãe] trabalhava de doméstica não podia

cuidar dele. Daí, ela me deu ele. Daí, eu fui criando ele novinho, novinho, agora tá um baita de um molecão, ah, ah, ah ... A menina eu peguei ela com dois anos, ta aí

moçona já. Até dois anos ela ficava com a avó [materna] pra mãe dela ir trabalhá. Agora... o pai arrumou uma mulher e foi pra Foz. Foi bom porque ele me

incomodava muito, agora eu tô sussegada...Incomodava muito, vixi! A mãe [dos

netos] mora perto daqui... Quem ajuda no sustento da casa é minha filha, tia dos

netos” (F6).

Como se percebe nesses relatos acima, o motivo pelo qual os avôs assumiram a

criação dos netos foi porque houve separação dos pais. No primeiro, pais e filhos moravam

com a avó. A partir do momento em que ocorreu a separação dos pais, os netos permaneceram

residindo com a avó sob a guarda de forma definitiva, enquanto pai e mãe buscaram

reconstituir, cada um, outra família.

Na outra narrativa acima vemos que, com a separação do casal, as crianças, gêmeas,

ficaram sob os cuidados da mãe. Como o pai não assumiu devidamente o sustento dos filhos,

a mãe precisava trabalhar para garantir sua sobrevivência, e isso a impossibilitou de ao

mesmo tempo cuidar das crianças, acabou por entregá-los aos cuidados dos avôs. Uma das

55

crianças ficou com a avó materna e a outra com a avó paterna. Alguns anos mais tarde a avó

paterna, assumiu a criação e a educação da outra criança também, pois a menina não estava

recebendo cuidados adequados que necessitava para desenvolver normalmente.

Outro aspecto levantado nessa pesquisa, que foi considerado motivo para que os avôs

tivessem que assumir a criação e educação dos netos, foram os casos em que crianças eram

vítimas de violências por parte de padrastos e também de madrastas por haver rejeição em

relação aos filhos do cônjuge em uma reconstituição familiar, como podemos ver:

“O pai dele é de Santa Catarina. Essa minha filha veio de lá pra cá grávida, mas ele

não assumiu o filho. Ele veio duas veis pra Toledo e não registro ele. Ela registrô só

no nome dela. Ela [a mãe] casô, foi morá com outro. E daí, depois de um ano, acho,

deu umas confusão. Daí, entregô o piá pra irmã [a tia]. Daí, ela [a mãe] veio pra cá.

Daí, quando a irmã [a tia da criança] veio morá aqui, aquela que tava com o piá, daí,

eu falei: ‘dexa ele comigo, eu moro sozinha pode dexá ele comigo’. Só que, daí, depois, ela [a mãe do menino] disse:`não mãe eu quero ele comigo`. Daí, ela levou

ele, e fico com ele dois a treis meis. Daí, ele, o padrasto ligou pra mim e disse: `Ó

[...] vem buscá seu neto eu não suporto ele’. Daí, eu fui lá buscá ele. Daí, a mãe falo

que ele [o padrasto] tinha que se acostumá com esse menino. Aí novamente, ele

ficou dois ou três meis. Daí de novo o padrasto ligou:`Ah, eu não posso ficá com

esse piá´. Aí eu fui buscá de novo. Fui buscá treis veis. No fim, sei lá o que, que

aconteceu lá, o padrasto começô a batê nele. Daí, os vizinho entregô ele pro

Conselho. Daí, então, ele [o neto] veio morar comigo. E o juiz me deu a guarda

dele” (F4).

“Ele [o pai] gosta da menina, mas não tem como ficá com ela. Por causa da muié

[madrasta] que batia muito nela [na enteada]. A última vez, ela tentou enforcar ela. E aquele dia eu tava lá. E eu não vi, ela tava na cozinha e eu na sala assistindo o BO e

eu nem vi. Aí... de tarde ela me contou. Quando a menina me contou eu não falei

nada pra ela [madrasta] fiquei esperando meu filho vortá [do trabalho]. Daí, ele

chegou - ‘Oh meu fio queria falar com você porque a menina tá machucada no

pescoço. Eu não sei o que que é, quero falar com você. Depois, eu vou falar na

escola. Primeiro vou falá com ocê que é o pai pra sabê o que acontece. Se ela foi

estrangulada na escola ou na estrada’. Daí, ele ficou assustado porque ela não

mostrava pra ninguém. Quando ela ia pra aula a muié passava batom para não

aparecê a mancha. A escola sabe tudo. Ela [a madrasta] já tava na justiça cinco ano

por judiá da menina. O Conselho sabe tudo. Aí, eu peguei ela [a neta], porque uma

hora ela [a madrasta] mata a menina. Ela [a neta] qué ficá comigo, não quer ir pra outro canto. Quando era pequininha meu filho lutou para que alguém da família dela

[da mãe] cuidasse dela [da filha], mas, ninguém quis. Agora que ela tá grande,

querem levá ela. Ninguém vai conseguir tirá ela de mim” (F7).

No primeiro depoimento percebe-se uma situação em que o padrasto tratava com

violência o enteado. É um caso em que o neto já havia morado com a avó por um determinado

tempo, a partir do nascimento, passando a morar de forma definitiva há apenas dois anos. Isso

porque a mãe dele a partir do momento em que deu a luz permaneceu na casa da avó da

criança por certo tempo. Quando a mãe casou-se levou o filho consigo. No entanto, a criança

passou a ser vítima de maus tratos por parte do padrasto. Isso ocorreu até o momento em que

o Conselho Tutelar recebeu denúncias contra esse padrasto. A partir daí, a avó assumiu

56

definitivamente a guarda do neto. Salientando que essa criança fora rejeitada pelo suposto pai

biológico que nem ao menos a registrou.

Está explicitado no segundo relato acima, o caso em que madrasta maltratava a

enteada. Percebe-se que nessa família, a neta morava com pai e madrasta. No entanto, sofria

maus tratos por parte da madrasta na ausência do pai. A avó ao perceber a situação de

violência em que vivia a neta, levou-a para morar com ela, assumindo desta forma a criação e

educação dela a partir de então. A mãe faleceu por ter sofrido um atropelamento em

Rondônia, algum tempo atrás. A avó pretende adquirir a guarda para que ajam maiores

garantias de uma vida estável para essa neta, ou seja, que não volte a sofrer tratamentos que

prejudiquem seu desenvolvimento físico e psíquico.

Outro aspecto presente nessa pesquisa tido como motivo que levou avós a assumirem

a criação e educação dos netos, foi por gravidez precoce, ou seja, mãe adolescente adicionada

ao despreparo no cuidado de seus filhos, e, além disso, acontece também, envolvimento dos

pais com drogas, como pode ser observado nos relatos abaixo:

“É porque minha filha engravidou e morava aqui dentro de casa. Daí, ela [a neta]

ficó comigo, cuidei desde o nascimento, a mãe dela não sabia cuidá. Ela tinha caído no tráfico, na droga. O pai dela é morto, mataram o pai dela faz muitos anos já.

Então, hoje a mãe dela tá casada. Só que ela não qué morá com a mãe. Por mim eu

até queria que fosse, mas ela não qué ir. Ela vai na casa da mãe dela só se eu vou”

(F5).

“Porque a mãe dela é sortera. Daí, ela [a neta] ficou comigo. Eu morava sozinha, eu

e meu esposo. Daí, ela é minha companhia. Daí, eu tô criando ela até eu aguentá... A

mãe dela agora, casô tá com outro marido. E o pai dela tá por aí, nem sei onde ele

tá” (F10).

No relato, cujo sujeito foi identificado como F5, a avó assumiu a criação e educação

da neta desde o seu nascimento porque a mãe era uma adolescência, e ainda, a mãe era usuária

de drogas, sem as devidas condições para cuidar da filha. Porém, agora está reabilitada e

constituiu uma família e possui outros filhos. No entanto, a neta quer continuar a morar com a

avó porque se sente mais segura ao lado dela. A menina visita a mãe apenas em companhia

da avó. Conforme disse a avó, o pai da menina foi assassinado há alguns anos atrás.

Noutra família pesquisada ocorre uma situação semelhante. Avôs assumiram a

educação da neta também a partir do seu nascimento, porque a mãe era solteira e residia com

ela. Quando esta mãe constituiu família, a menina continuou sob a responsabilidade da avó,

porque ela necessitava que a neta lhe fizesse companhia. O pai, a menina não o conhece.

Outro aspecto levantado nessa pesquisa que está entre os motivos que levaram avós a

assumirem a criação e educação dos netos é o abandono da criança pela mãe. A criança foi

57

criada pela avó até o segundo mês de vida, porque a mãe levou-a embora, posteriormente,

abandonou-a. Porém, após tirar a neta de abrigos na condição de guarda assume o sustento e a

educação dela, definitivamente, como pode ser observado a seguir:

“Quando ela nasceu dois meis ela ficou comigo. A mãe dela sumiu... Depois no fim,

a mãe dela veio, pegou ela, largou ela lá [abandonou a menina]. Daí, a outra [a

madrasta] pegou, porque o meu filho era responsável por ela. Ela [a neta] não tem

pai, ela não era filha do meu filho, ele só registrô. E a madrasta dela ponhou lá num

abrigo [isso em outra cidade]. Ela queria dá pra uma vizinha aqui [nesta cidade].

Nóis foi no Conselho. Daí, eles levaro ela no abrigo aqui. Daí, eu falei: - ‘eu vou achá onde é esse abrigo’. Daí eu achei e ia visitá ela, levava as coisas. Daí, ponhei

nas mãos do advogado da Casa de Maria. Daí, nóis teve reunião, nóis foi no fórum.

Lutei até que consegui ganhá a guarda dela. Como tem o sobrenome do avô dela, o

sobrenome do meu filho, daí, eu vou ser responsável por ela. Esse meu filho que

tava como pai dela, nunca comprô um pacote de leite pra ela, foi tudo a avó. O que

eu cômo, ela come, não vô deixá morrê de fome.. Porque ela não tem ninguém no

mundo, não conhece os parente dela. Eu vou lutar por ela até o fim, que ela me ama.

O que eu quero de bom pra mim, quero pra ela... Agora soube notícia que mataram a

mãe dela” (F8).

Neste depoimento acima, a avó assumiu o sustento e educação da menina porque a

mesma fora abandonada pela mãe biológica, e a madrasta a levou a abrigo. O pai que a

registrou como tal, não assumiu a responsabilidade de proteger menina, alegando não ser o

pai biológico. A avó mesmo não sendo sua neta biológica a tirou do abrigo, obtendo a guarda

da mesma depois de muita persistência. Há pouco tempo receberam a notícia que a mãe dessa

menina fora assassinada.

Ao se analisar os motivos e as circunstâncias em que avós assumiram a criação e a

educação dos netos percebe-se, na maioria dos depoimentos, que além de haver a falta da mãe

na vida dessas crianças e adolescentes, houve uma grande incidência de abandono do pai, ou

seja, na maioria dos casos houve a indiferença do pai diante do compromisso em assumir

realmente o sustento e a educação dos filhos. Nesse sentido, tem-se 83% dos pais que não

assumiram o papel de provedor dos filhos; desses pais 25% nem registraram o filho e 17%

visitam e auxiliam no sustento do filho. A partir dessas considerações verifica-se que a

maioria dos pais diante do compromisso da paternidade, agiu com indiferença.

4.4 ASPECTOS RELACIONADOS À RELAÇÃO/CONVIVÊNCIA ENTRE AVÓS E

NETOS

Nesse item pretende-se salientar aspectos relacionados à convivência e a relação

entre avós e seus netos, ou seja, as relações interpessoais no cotidiano das famílias

58

constituídas por avós e seus netos. Nesse sentido, os aspectos constatados e destacados nessa

pesquisa foram: a relação maternal e filial, de companheirismo entre avós e netos; de

obediência dos netos em relação aos avós; de respeito; de compromisso; de amizade, e

também, a relação de conflito de gerações.

Em relação à convivência familiar, conforme dados da pesquisa podemos destacar

uma relação maternal, filial, de companheirismo e ainda, de amizade entre avós e os seus

netos como podemos observar:

“Não tenho com o que reclamá. Eles são como meus filho para mim. São como

meus filho não como meus netos. Ultimamente, agora é a companhia que eu tenho”

(F1).

“Mema coisa que nem filho. Que nem mãe e filho. Eles (os netos) são companhia

pra mim. Eles nem dão muito trabalho. Coloco eles ajudá, lavá o chinelo. Mando

eles arrumá as coisas bem arrumadinho [...]. Tem que ensiná, né?” (F3).

“Ela é uma excelente menina. Muito boa, nos damos muito bem como neta e vó e

como amiga. Não tenho o que dizer dela, de jeito nenhum. Pra mim ela é a filha do

coração” (F9).

Os laços familiares entre avós e netos, são mediados pelo afeto e que na falta dos

pais, os avós chegam a assumir o cuidado dos netos a ponto de substituir os progenitores. A

partir disso, é que se desenrolam as relações de companheirismo e cooperação entre os

membros da família.

Em outros depoimentos observamos que no relacionamento familiar está presente a

obediência dos netos em relação aos seus avós, o respeito entre os membros da família e o

compromisso dos mesmos em ensinar valores de boa convivência aos seus netos, como se

pode ver logo abaixo:

“Agora comigo ele obedece... Ensino ele a lava o chinelo. Isso é coisinha que ele vai

aprendendo. Ele obedece bem eu não tenho quexa” (F4).

“Até aqui não, porque ela é obediente, ela cumpre horário. Ela é uma menina que

até hoje, não deu dor de cabeça e nem dá, porque o dia que tem aula ela tá na aula

quando não tem aula tá em casa, que nem hoje. Ela fica direto comigo me fazendo

companhia. Ela é obediente ela me respeita, nóis se damo muito bem” (F9).

“A gente tá ensinando fazê o serviço. Daí tem compromisso: ir prô colégio, ir pra

escola, pra Casa de Maria [...]. Hoje a gente se preocupa mais. Lá fora as coisa tá

mais difícil, eu me preocupo muito... Sempre sou uma mulher batalhadora quero o

melhor pros filhos e pros netos tamém”(F5).

“Pra mim eles não incomoda, não... Na verdade eu nunca precisei batê nos meus filho. E esses netos nunca precisei batê. Esse daí, tá ficando home, agora ... depois

que começou a ir na Casa de Maria foi uma benção, mudou bastante [...]” (F11).

59

É possível identificar nesses relatos a preocupação dos avós em transmitir valores e

reforçá-los constantemente para conservar e reproduzir aquilo que eles acreditam ser bastante

significativo para a educação dos netos.

Em outros relatos dos sujeitos dessa pesquisa explicitam também, relações de

conflitos entre avós e seus netos, como se pode observar:

“Ela [a neta] meia teimosa ... mas toda a criança são teimosa, né? Tem veis que eu

pergunto pra eles, as veis [ a neta] fica nervosa, eu pergunto se ela qué morar com o

pai dela ou não. [...] mas os netos é mais complicado, porque tudo o que vê qué,

acha que tem que comprá. E qué, e qué...” (F2).

“Ah, nóis conversa. De vez enquanto nóis briga. De veis enquanto eu bato, porque é

muito teimosa” (F8).

“Ela é meia nervosa, eu quero ver o seu tamanho, tem que comê muito feijão”

(F10).

“Responder, ela não responde. Eu acho assim, pra fazê as coisas de casa faiz muito

devagá. No colégio ela tá indo bem, o boletim ta tudo com nota boa, graças a Deus.

Só é muito devagá, muito lento pra fazê as coisas. Daí eu fico meio brava”(F5).

No ponto de vista dos avós, na relação intergeracional evidenciam-se alguns

conflitos. São atitudes de intolerância, falta de paciência e incompreensões. A desavença entre

a geração mais nova em relação a mais velha está no fato dos jovens não tolerarem algumas

restrições decorrentes da forma de pensar dos avós-idosos.

Em alguns depoimentos observa-se aspectos relacionados à convivência familiar em

que aparecem traços na forma dos avós educarem os seus netos em comparação a forma que

educaram os seus filhos, como podem verificar:

“Do mesmo jeito que eu criei os meu filho, não vejo diferença não. O que eu pude

fazê eu fiz, criei eles no caminho certo [...]. O caminho que eu entendo que é certo”

(F1).

“Ah, muito diferente, vixe! Com os netos é mais complicado, porque tudo o que vê

qué, acha que tem que comprá.” (F2).

“[...] eu procuro educar ele mais ou menos como eu eduquei os meus filhos. Claro

que exatamente, não tem como, porque os tempo modificaram, não tem como fazê

igual. E eu tava no sítio. Mas é assim, eu dô regra se ele não faz, eu chamo ele de

volta...” (F4)

“Eu ensinei os meus filhos que não é pra mexer no que é dos outros. Tratar os outros

bem, porque é a riqueza da gente se dá com todo mundo. Pra mim é um prazer. A

gente quer a felicidade, e educá os netos da mesma forma”(F6).

“Não tem diferença porque pra mim ela é filha duas veis” (F9).

Nos relatos acima, observa-se que as transmissões educacionais dos avós em relação

aos seus netos não são de fato, um conjunto isolado, por que elas perpassam ao processo

60

educativo entre as gerações, ou seja, os avós procuram educar os netos da mesma forma que

educaram os filhos, no entanto, o movimento histórico se encarrega de transformar a forma

em que acontecem essas relações entre as gerações. Portanto, ambas as gerações se

influenciam e se educam mutuamente.

Analisando outros aspectos vinculados à convivência familiar e relação entre avós e

seus netos, observamos como os netos se expressam quando se referem aos avós e obtivemos

os seguintes resultados: 64% das famílias pesquisadas os netos os chamam de avós; 18% dos

avós eram chamados pelos netos, quando eles eram pequenos, de pai ou mãe, somente alguns

anos depois os netos passaram a chamá-los de avós; 9% deles sempre foram e ainda são

chamados de mãe ou pai; e, também, 9% deles são chamados as vezes de mãe e outras vezes

de avó, como podemos observar logo abaixo:

“Eles chama de vó”(F3).

“Ela chama de vó”(F5).

“Ela chama de vó” (F8).

“Ela chama de vó”(F9).

“Ela chama eu de vó” F10

“Eles chama de vó e vô”(F11)

“Ele me chama de vó. Nos primeiros dias ele dizia: `então agora eu tenho que

chamá você de mãe´? Eu falei: ‘não! Pode me chamá de vó. Você vai sempre ser

meu neto, eu sempre vou ser sua vó. Eu faço a parte da mãe, parte de pai e mãe, mas

eu não sou mãe, você sabe disso’” (F4).

“Chama de vó. Primeiro, eles chamava de mãe. Aí, eles viram os outros netos

chamá de vó, aí... começaram a chamar de vó” (F6).

“Primeiro ela chamava de mãe, mas depois meu neto me chama de vó. Agora ela

chama de vó” (F7)

“Eles me chamam de mãe” (F1).

“Sempre a [neta] me chamava de vó. Às vezes o [neto] me chama de mãezinha.

‘Por que, que chama a avó de mãe?’ - ‘Ah, porque a avó agora é minha mãe,

porque não tenho mãe’”(F2).

O lugar dos avós na família ultrapassa a afeição, geralmente atribuída aos netos,

frequentemente eles são a proteção afetiva e financeira dos netos. Os avós muitas vezes são

chamados de "mãe" ou de "pai", porque eles estão ao lado e mesmo, como nesses casos

analisados, à frente da educação e criação de seus netos, assumindo a responsabilidade em

preencher a falta da figura dos pais na continuidade da geração.

61

4.5 ASPECTOS RELACIONADOS ÀS DIFICULDADES E LIMITES NA CRIAÇÃO DOS

NETOS

Nesse item pretende-se salientar aspectos relacionados às dificuldades e limites

enfrentados pelos avós na criação e educação dos netos. Nesse sentido, os aspectos relevantes

nessa pesquisa foram: a questão da idade avançada vinculada com problemas de saúde dos

avós; problema de saúde dos netos; o baixo poder aquisitivo das famílias; garantir aos netos a

devida proteção contra violência.

Em algumas falas observa-se que entre os aspectos ligados às dificuldades e limites

está a questão da idade avançada e de problemas de saúde dos avós, como podemos ver logo

abaixo:

“Tem veis que a gente sofre muito, por causa que da minha idade, e tem horas que a

gente não tá com vontade de fazê as coisa, mas tem que fazê, né? Porque tem que

continuar cuidando” (F2).

“A minha saúde hoje tá difícil, tô muito cansada, muito esgotada. Cuidei dos meus

três filhos, depois cuidei dela. Dela e mais duas irmãzinhas delas” (F5).

“É difícil educá neto, é difícil hoje educá neto, como é pra educá filho. E eu tenho

probrema de saúde, de coração. Eu fui consurtá segunda-feira, tô aí, tomando um

monte de remédio. Tá muito difícil cuidá filho hoje, né? Tão difícil a vida, né? Tão difícil pra gente criá os netos. É difícil educá neto, é difícil hoje educá neto, como é

pra educá filho” (F10).

Através dos relatos acima, percebe-se que muitos avós não hesitam em aceitar o

cuidado dos seus netos para si, cientes ou não das possíveis dificuldades a serem enfrentadas.

Ou melhor, são avós-idosos enfrentando limitações vinculadas a problemas de saúde

agravadas pelo próprio processo do envelhecimento, para criar e educar aqueles netos que não

podem contar com a proteção dos próprios pais.

Entre os aspectos apontados nesse estudo relacionados às dificuldades e limites

enfrentados pelos avós encontramos também, os problemas de saúde dos netos:

“Quando eles eram pequenininhos, difícil de cuidar quando eles ficavam doentes

tinha que sair de noite caçá médico e pra mim trabalhá tamém, era difícil, eu tinha

que trabalhá e cuidar deles. Agora não, agora eles sabem cuidar deles mesmos. Ah... eu tenho que cuidá, tenho que ajudá eles, mostrá o caminho certo... o caminho que

eu entendo que é certo. O probrema que quando era pequeno, tudo doente quando

eles nasceu” (F1).

“E na hora que tão doente que nem o [neto] é muito doente sempre tem que tá

cuidando, tem que levá pra cá e pra lá, tem que levá no fono, tudo. Daí, tem horas

que fica complicado. [...] agora com os netos a gente sofre muito assim, porque o

[neto] é imperativo demais e pra ele ficá só dentro desse quadrinho assim, não tem

quem güenta... tem dia que ele é manhoso chora [...]” (F2).

62

Nesses relatos acima, percebe-se que os avós se depararam com dificuldades devido

à falta de saúde dos netos, principalmente quando eram pequenos. Além disso, eles

trabalhavam para suprir as necessidades materiais básicas desses netos.

Em alguns depoimentos dos sujeitos dessa pesquisa observa-se outro aspecto que é o

baixo poder aquisitivo das famílias chefiadas por avós, como podemos ver logo abaixo:

“É dificil, também, que tem que levá tudo controladinho pra podê... Porque

remédio, material escolar, roupa, calçados tudo por minha conta. Daí vai

controlando... as coisas. Fome, fome nunca passemo, mais as veis, tem dias que não

dá pra comprar muita coisa que eles querem. Tem que controlar, tem que ter dinheiro pras doença primeiro, né?”(F2.

“A gente tem que controlar, é que ele precisa das coisa. Ah... ele precisa das roupa.

A gente não tem. Eu tenho só um salário, né. Então, eu tenho que controlá muito

bem”(F4).

Nos depoimentos acima, constata-se que as famílias pesquisadas passam por

dificuldades devido ao baixo recurso financeiro dessas famílias, onde avós para não

excederem ao orçamento familiar, precisam fazer um planejamento extremamente rigoroso.

Outro aspecto apontado nesse estudo relacionado às dificuldades e limites

enfrentados pelos avós está o de garantir aos netos, a devida proteção contra violência

presente no ambiente social, como podemos observar nas seguintes falas:

“Porque hoje em dia se a gente não levá muito seguro, fica meio difícil, a gente tem

que traze mais seguro um poco, não deixa ir pra rua, as coisas tá muito perigoso”

(F6).

“A maior dificuldade, sabe que eu acho de violência, que seja estrupada. Porque

esses piá são fogo, não é só os piá, as menina também, não é flor de se cheirá, não.

Eu sempre falo: ‘se cuida, não dá confiança pra piazada. Vai na escola e vorta, não

fica matando aula’. Eu quero tudo de bom pra ela, que estude, que vai na igreja e

vorta pra casa. Pode brincar com as amigas, mais sabê brincá” (F8).

“Esse mundo lá fora tá uma violência. Eu falo sempre pra ela que tem que vigiar

com quem anda. Se é pra ficar com a gente, tá aí, mas tem colégio e não dexo ela

ficar na rua. De casa vai pro colégio e do colégio vai pra casa e vai na Casa de Maria [...]” (F5).

“[...} não gosto de nada errado...horário pra chegá, horário pra sair. Se eles tão

demorando eu já vô no portão olhá. Tenho medo! Tenho medo que acontece uma

coisa ruim. Então, eu cuido deles: da menina e do piá” (F3).

Observamos nos sujeitos da pesquisa que o ato de cuidar somente surge quando uma

pessoa tem importância para a outra. Os avós, em seus relatos, demonstram a preocupação em

proteger os seus netos contra a violência presente no espaço social. Em muitos casos, eles

manifestam esse sentimento através de atitudes cuidadosas ou zelosas para com seus

sucessores. Portanto, uma atitude de cuidado tem sentido de responsabilidade dos avós sobre

os seus netos.

63

5 CONCLUSÃO

Com o intuito de buscar respostas para a indagação apresentada nesse trabalho que é

saber quais os motivos e as circunstâncias que levavam os avós a assumirem a criação e a

educação de seus netos realizou-se a pesquisa junto as famílias em situação de vulnerabilidade

social atendidas na Instituição Casa de Maria – Assistência a Criança e ao Adolescente.

O pressuposto/hipótese elencado inicialmente foi de que a exposição a fatores que

são causa de riscos a integridade das famílias demandam aos avós assumir a criação e a

educação dos seus netos. Riscos esses que podem se dá tanto por situações socioeconômicas

ligadas à falta de possibilidades das mesmas desenvolverem estratégias para enfrentar os

desafios do cotidiano na luta pela sobrevivência, como também, por fatores vinculados às

relações familiares em circunstâncias particularidades.

Neste sentido, podemos afirmar que os objetivos dessa pesquisa foram alcançados e

o pressuposto/hipótese de trabalho foi confirmado, pois de fato a realidade presenciada nesse

espaço empírico, onde os avós estão vivenciando modelos de famílias em que desempenham

papeis de fundamental relevância na vida de seus netos, ocorre porque os pais ausentes na

vida dos filhos por fatores diversos, delegam aos avós o cuidado dos netos.

Os avós-idosos ao se expressarem em seus depoimentos possibilitaram-nos a

percepção de que há diversidades de razões que levam os avós assumirem a educação e

criação dos netos. Em relação às causas que conduzem os avós a assumirem essa

responsabilidade, foram apontados fatores, que tem relação com a falta de recursos

econômicos, somando-se a insuficiência de políticas públicas no atendimento das famílias em

situação de vulnerabilidade social.

De fato, mudanças ocorridas no sistema econômico e político do país provocaram

transformações sociais causando o aumento da pobreza, do desemprego ocasionando

alterações nas formas de organização da reprodução social das famílias. Em uma sociedade

desigual que promove uma pobreza cada vez mais visível, observa-se que estas crianças ficam

sob a proteção dos avós porque também, as mães sofreram problemas referentes a falta de

saúde que, em alguns casos, chegaram ao óbito. Também, ocorreram situações como gravidez

precoce, o uso ilícito de drogas, onde a mãe não estava em condições de proteger um ser

recém nascido. Além, disso constata-se uma grande incidência de pais, gênero masculino, que

não assumiram a paternidade e, há casos, também de crianças em que os avós assumem os

cuidados de seus netos para protegê-los da violência do padrasto ou da madrasta.

64

Para a família atribuí-se o fator proteção aos seus membros, no entanto, para que ela

possa dar conta dessa função, será necessário que tenha condições econômicas e emocionais

para isso. Portanto, diante das mudanças ocorridas no mundo do trabalho ou exigências feitas

para a inclusão do trabalhador nesse espaço, dificultam um emprego que garanta renda

suficiente para suprir as necessidades básicas dos membros de uma família.

Ficou evidente que problemas econômicos influenciam na estrutura da família,

porque ao enfrentarem privações como a falta de alimento, de saneamento básico, de

emprego, tornam-nas vulneráveis. A base de tudo isso está no sistema social e econômico da

sociedade, que não permite um acesso igualitário aos bens sociais, sejam materiais ou

simbólicos. As famílias pobres experimentam rupturas no andamento educacional e

instabilidade na forma de buscar a sobrevivência que passa de geração em geração. Elas

vivenciam situações que dificultam a convivência familiar ocasionando alterações na sua

configuração.

As políticas sociais de suporte familiar no Brasil não têm apresentado um resultado a

ponto de causar alteração no quadro de pobreza e exclusão de parcela significativa da

população brasileira. Ao contrário, observa-se a cada década a ampliação das taxas de

desigualdade social, ao mesmo tempo em que a concentração de renda atinge índices cada vez

maiores.

Os dados dessa pesquisa confirmam a urgência da sociedade e governos de

perceberem a importância da efetivação de políticas públicas, embasadas em investigação

dessa natureza, para que a população pobre, ou seja, que as famílias sejam amparadas em suas

necessidades básicas. Sabe-se que políticas sociais são implantadas apenas para dar

atendimento de forma fragmentada, sem considerar que o indivíduo convive em sociedade,

que faz parte de um contexto social. Inclusive deve-se entender que a família necessita de um

atendimento que se estenda a todos os membros

Os dados dessa pesquisa apontam que avós-idosos, apesar da idade, continuam com a

condição de provedor da família e, isto está associado à impossibilidade das políticas públicas

promoverem suporte suficiente e melhores condições de sobrevivência das famílias recaindo

aos avós a responsabilidade no sustento e educação dos netos.

Portanto, nesse sistema onde políticas públicas atendem apenas parte da demanda, a

carência de recursos acaba interferindo na forma como as famílias estão se organizando,

produzindo novos arranjos familiares. Porém, devemos atentar para o fato de que isso não é

um benefício, porque o idoso tem mais um encargo para suportar na sua velhice. Pois, além

65

dos problemas de saúde, próprio dessa idade, ocorre ainda, o fato de terem seus netos que

dependem de seus cuidados como provedor e educador.

Acredita-se que as dificuldades enfrentadas pela família em seu cotidiano, seja um

indicador da urgência em seu atendimento através de ações que correspondam as suas

necessidades, além de curativas sejam também, direcionadas para a questão da prevenção de

uma diversidade de situações.

Torna-se necessário a intervenção do Estado mediante a implementação de

programas e políticas sociais que atendam a demanda das famílias. Que sejam realizadas

ações em conjunto com a sociedade levando em consideração o cuidado especial à família.

E o profissional em Serviço Social poderá contribuir na formulação e na execução de

projetos visando alterar a realidade vivenciada pela família na sociedade. De acordo com

Mioto (1997, p. 124 – 125) a família sempre esteve inserida na área de atuação do Serviço

Social, porém, na maioria dos serviços, ela vem sendo contemplada de maneira fragmentada,

ou seja, cada integrante da unidade familiar é visto de forma individualizada, fora de um

contexto e portadora de um problema.

Na intervenção profissional, o Assistente Social, deve trabalhar com a família num

aspecto da totalidade, para que seu ingresso em políticas sociais alcance o resultado almejado,

ou seja, nas ações sejam incluídos todos os segmentos existentes na sociedade: a criança, o

adolescente, o jovem, o homem, a mulher, o idoso e a pessoa portadora de deficiência. Esta

percepção de família possibilita promover a inclusão social de forma mais ampla, pensando

nas dificuldades do grupo social e não separadamente de cada indivíduo.

As mudanças que ocorrem no processo de apreensão da família, da parte do

profissional de Serviço Social, resultam em alterações no processo de intervenção. Em vez de

buscar soluções para um problema localizado, deve-se ajudar a família a perceber a origem de

suas dificuldades e então, propor alternativas que possibilitem mudanças na situação familiar.

Assim, o desafio que se apresenta na atualidade ao Assistente Social é estimular sua

capacidade investigativa para perceber a realidade, e construir propostas de trabalho que

observem e realizem direitos que surgem das demandas cotidianas.

Podemos afirmar que essa situação em que vivem as famílias pobres é fruto do

contexto político-econômico vigente, no qual as políticas públicas são pontuais e visam,

prioritariamente, à solução de problema de forma imediata, e não das questões que são a

origem. Portanto, a intervenção profissional deve incluir ações direcionadas à formulação e à

implantação de políticas sociais que deem maior acesso e possibilidades de sobrevivência a

esse grupo social que é a família.

66

REFERÊNCIAS

ALCOFORADO, Mirtes Guedes. Elaboração de projetos de pesquisa. In: ABEPSS/CFESS

Serviço Social: direitos e competências profissionais. Brasília: Conselho Federal de Serviço

Social e Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, v. 1, 2009. p. 719-

760.

ALENCAR, Mônica M. T. Transformações econômicas e sociais no Brasil dos anos 1990 e

seu impacto no âmbito da família. In: SALES, M. A.; MATOS, M. C.; LEAL, M. C. (orgs)

Política social, família e juventude: uma questão de direitos. São Paulo: Cortez, 2004.

Cap.3, p. 61 – 78.

BANCO MUNDIAL. Vozes dos pobres: Brasil. Relatório Nacional, 2000. Disponível em: <

http://siteresources.worldbank.org/brazilpr.pdf >. Acesso em: 05/09/2011.

BAPTISTA, M. V. et al. A necessidade de conhecer as famílias e os caminhos percorridos. In:

FÁVERO, E. T; VITALE, M. A. F.; BAPTISTA, M. V. (orgs). Famílias de crianças e

adolescentes abrigados: quem são, como vivem, o que desejam. São Paulo: Paulus, 2008.

p.13 – 17.

BARROS, Aidil de Jesus Paes de e LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de

pesquisa: propostas metodológicas. 18ª edição. Petrópolis, Vozes, 2008.

BEHRING, Elaine R; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. 6ª Ed.

São Paulo: Cortez, 2009. Biblioteca básica de Serviço Social. v. 2.

BOSCHETTI, Ivanete S. As políticas brasileiras de seguridade social: assistência social. In:

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (Brasil) et al. Capacitação em serviço

social e política social. Brasília: CFESS/ABEPSS: CEAD-UNB, 2000. p.135 - 151. m. 3.

Política social.

BRASIL. Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Lei n° 8.742 de 07 de dezembro de 1993, publicada no DOU de 08 de dezembro de 1993.

_______. Constituição Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. In: Constituição

Federativa do Brasil: atualizada até a Ementa Constitucional n° 57, de 18/12/2008. São

Paulo: Editora Escala, 2009. 194 p.

_______. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Lei n° 8.069, de 13/07/90. In: ARNS,

Flávio. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: SEEP – Secretaria Especial de

Editoração e Publicações do Senado Federal, 2010. 82 p.

_______. Lei nº 10.741, de 1º/10/2003. Institui o Estatuto do Idoso. In: PONCHECK, D. do

R.; WITIUK, I. L.; SOUZA, G. S. de (Orgs.). Legislação social: cidadania, políticas públicas

e exercício profissional. 2 ed. rev. e atual. Curitiba: CRESS 11ª Região, 2007. p.382 – 405.

_______. Lei Nº 8.662/93 - Regulamenta a profissão de Assistente Social. In: PONCHECK,

D. do R.; WITIUK, I. L.; SOUZA, G. S. de (Orgs.). Legislação social: cidadania, políticas

públicas e exercício profissional. 2 ed. rev. e atual. Curitiba: CRESS 11ª Região, 2007. p.7 –

12.

67

_______. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004 & Normas Operacional

Básica – NOB/SUAS. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome/Secretaria

nacional de Assistência Social. Brasília: [s.n], Nov. 2005.

CALDERÓN, Adolfo I; GUIMARÃES, Rosamélia F. Família: crise de um modelo

hegemônico. Serviço Social e Sociedade, São Paulo: Cortez, n. 46, dez. 1994. p.21 – 34.

CAMARANO, Ana Amélia. Mecanismos de proteção social para a população idosa

brasileira. Rio de Janeiro: IPEA, 2006. (Texto para Discussão, nº 1179).

Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Disponível em: <

http://www.ibge.gov.br/estatistica/populacao/censo2010/populacao_municipio> Acesso em:

27/03/2011.

CENTRO ASSISTENCIAL DA DIOCESE DE TOLEDO – CASA DE MARIA. Plano de

Ação. Toledo: [s.n], 2011. Não paginado.

_______________________________________________ – CASA DE MARIA.

Relatório Informativo. Toledo: [s.n], 2009. Não paginado.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Resolução CFESS nº 273/93, de

13 de mar. De 1993 com alterações introduzidas pelas Resoluções CFESS nº 290/94 e 293/94.

Institui o Código de Ética profissional dos Assistentes Sociais e da outras providencias. In:

PONCHECK, D. do R.; WITIUK, I. L.; SOUZA, G. S. de (Orgs.). Legislação social:

cidadania, políticas públicas e exercício profissional. 2 ed. rev. e atual. Curitiba: CRESS 11ª

Região, 2007. p.13 – 25.

FIORI, J. L. Consenso de Washington (palestra). Centro Cultural Banco do Brasil: FEBRAE,

04 de setembro 1996. Disponível em: <

http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/textos/consenso_w.htm>. Acesso em:

27/08/2011. 16 p.

FLEURY, Sônia. Estado sem cidadãos: seguridade social na América Latina. Rio de Janeiro:

Fiocruz, 1994.

GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Práxis. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2004.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas da pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GOMES, Mônica Araújo; PEREIRA, Maria Lúcia Duarte. Família em situação de

vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n2/a13v10n2.pdf>. Acesso em: 15/08/2011.

IBGE. Síntese dos indicadores sociais. 2009, v.26. Disponível em: <

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticia/visualiza.php> Acesso em: 12/08/2011.

KALOUSTIAN, Sílvio M.; FERRARI, Mário. In: KALOUSTIAN, Sílvio M. (org.). Família

brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez-Unicef. 1994. p. 11-15.

68

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Técnica de pesquisa: planejamento e execução de

pesquisa, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 4

ed. São Paulo: Atlas, 1999.

LOPES, Ewellyne S. de L.; NÉRI, Anita L.; PARK, Margareth B. Ser avós ou ser pais: os

papéis dos avós na sociedade contemporânea. Textos Envelhecimento, Rio de Janeiro, v.8,

n.2, 2005. Disponível em: <http://www.unati.uerj.br/tse/scielo.php?script=sci_arttext&pid>.

Acesso em: 18/10/2010.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. Métodos de coleta de dados: observação, entrevista e

análise documental. In: __________. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São

Paulo: E. P. U, 1986. p. 25 – 44.

MELLO, Sylvia L. Família: perspectiva teórica e observação factual. In: CARVALHO, Maria

do C. B.(org.). A família contemporânea em debate. 3 ed. São Paulo: EDUC/Cortez, 2000.

p. 51 - 96.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social.

In: _________. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 20ª ed. Petrópolis: Vozes,

2002. p. 9 - 29 .

_________, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em

saúde. 4 ed. São Paulo: Editora Afiliada, 1996.

MIOTO, R. C. T. Cuidados sociais dirigidos à família e segmentos sociais vulneráveis. In:

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (Brasil) et al. Capacitação em serviço

social e política social. Brasília: CFESS/ABEPSS: CEAD-UNB, 2000. p.217-224. m. 4. O

trabalho do assistente social e as políticas sociais.

________, R. C. T. Família e Serviço Social: contribuições para o debate. Serviço Social e

Sociedade. São Paulo: Cortez, XVII, nº55, nov. 1997. p.114 -130.

NETO, Otávio Cruz. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, Maria

Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20ª ed. Petrópolis:

Vozes, 2002. p. 51- 66.

NETTO, J. P. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma análise

prospectiva da profissão no Brasil. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, nº 50, ano

XVII, abril, 1996. p. 87 - 129.

OSÓRIO, Neila B; SILVA NETO, Luiz S. Terceira idade: o valor dos avós na sociedade

brasileira. P@rtes Revista Virtual, 22 de outubro de 2008. Disponível em: <

http://www.partes.com.br/terceiraidade/ovalordosavos.asp> Acesso em: 11/09/2011.

PAZ, R. D. O. As organizações não-governamentais e o trabalho do assistente social. In:

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (Brasil) et al. Capacitação em serviço

social e política social. Brasília: CFESS/ABEPSS: CEAD-UNB, 1999. p. 194 – 202. m. 2.

Crise contemporânea, questão social e Serviço Social.

PEREIRA, Potyara A. P. A assistência social na perspectiva dos direitos: críticas aos padrões

dominantes de proteção aos pobres no Brasil. Brasília: Thesaurus, 1996.

69

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS, aprovada pelo Conselho

Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução no 145, de 15 de outubro de 2004

e publicada no Diário Oficial da União – DOU do dia 28 de outubro de 2004. P. 7 – 8.

RAICHELIS, Raquel. Esfera pública e Conselhos de assistência social: caminhos da

construção democrática. São Paulo: Cortez, 1998. p.121.

SARTI, Cynthia A. Famílias enredadas. In: ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria Amália

F.(org.). Família: redes, laços e políticas públicas. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 21- 36.

________, Cynthia A. Família e indidualidade: um problema moderno. In: CARVALHO,

Maria do C. B.(org.). A família contemporânea em debate. 3 ed. São Paulo: EDUC/Cortez,

2000. p. 39 – 49.

SOARES, Laura T. Os custos sociais do ajuste neoliberal na América Latina. São Paulo:

Cortez, 2000. Coleção questões da nossa época, v. 78.

SPOSATI, Aldaíza de O. Vida urbana e gestão da pobreza. São Paulo: Cortez, 1988.

SZYMANSKI, Heloisa. Viver em família como experiência de cuidado mútuo: desafios de

um mundo em mudanças. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, nº 71, set. 2002. p.

9 - 23.

TEIXEIRA, R.V. Uma crítica da concepção de política social do Banco Mundial na cena

contemporânea. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, Ano XXX, Trimenstral, nº

104, nov. 2010. p. 650 - 680.

TOLEDO. Lei No 1.781, 27 de outubro de 1995. Dispõe sobre a Política Municipal de

Assistência Social. Disponível em:< http://www.toledo.pr.gov.br/legislacao/posts/list/214.>

Acesso em: 04/07/2011. Conteúdo Jurídico.

________. Lei Nº 1.800, de 14 de julho de 1997. Regulamenta a Secretaria Municipal de

Assistência Social. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/523702/lei-1800-

97-toledo-pr. >Acesso em: 10/06/2011. Conteúdo Jurídico.

________. Lei No 2.003, de 16 de julho de 2009. Dispõe sobre a Política Municipal de

Assistência Social. Disponível em: < http://www.toledo.pr.gov.br/legislacao/posts/list/1202.>.

Acesso em: 04/06/2011. Conteúdo Jurídico.

________. Lei Orgânica Municipal (LOM). 27 de março de 1990. Disponível em: <

http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/orglaw.pl?city=Toledo&state=pr.> Acesso em:

12/08/2011. Conteúdo Jurídico.

________. Programas da Secretaria de Assistência Social. Toledo: [s.n], 2010. Não paginado.

________. Secretaria Municipal de Assistência Social – SMAS. Disponível em:

http://www.toledo.pr.gov.br/?q=portal/secretaria-municipal-de-assistencia-

socialsmas/secretariamunicipal-de-assistencia-social. Acesso em: 25/08/2011.

VIANA, Ana L. d’Ávila; LEVCOVITZ, Eduardo. Proteção social: introduzindo o debate. In:

VIANA, Ana L. d’Ávila; ELIAS, Paulo E, M.; IBAÑEZ, Nelson (orgs). Proteção social:

dilemas e desafios. São Paulo: Hucitec, 2005. p. 15 – 55.

70

VICENTE, Cenise M. O direito à convivência familiar e comunitária: uma política de

manutenção de vínculos. In: KALOUSTIAN, Sílvio M. (org.). Família brasileira: a base de

tudo. São Paulo: Cortez-Unicef. 1994. p. 49 – 57.

VIEIRA, Evaldo. Democracia e política social: polêmicas do nosso tempo. nº 49. São Paulo:

Cortez, 1992.

VITALE, Maria Amália F. Avós: velhas e novas figuras da família contemporânea. In:

ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria Amália F.(org.). Família: redes, laços e políticas

públicas. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 93 - 105.

_________, Maria Amália Faller. Famílias monoparentais: indagações. Serviço Social e

Sociedade. São Paulo: Cortez, nº 71, set. 2002. p. 45 - 61.

YASBEK, Carmelita M. Classes subalternas e assistência social. 2 ed. São Paulo: Cortez,

1996.

NORMAS TÉCNICAS CONSULTADA NA APRESENTAÇÃO DESSE TRABALHO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e

documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 7 p.

___________________________________________________. NBR 14724: informação e

documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. 3 ed. Rio de Janeiro, 2011. 11 p.

___________________________________________________. NBR 6023: informação e

documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p.

___________________________________________________. NBR 6024: informação e

documentação: numeração progressiva das seções de documento escrito: apresentação. Rio de

Janeiro, 2003. 3 p.

___________________________________________________. NBR 6027: informação e

documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 2 p.

71

APÊNDICES

72

APÊNDICE A - Termo de compromisso para uso de dados em arquivo

73

TERMO DE COMPROMISSO PARA USO DE DADOS EM ARQUIVO

Título do projeto: Famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas pela Instituição

Assistencial Casa de Maria de Toledo – PR: pensando o papel dos avós na criação e educação

dos netos.

Pesquisadore(s): Roseli Odorizzi

Claudete França Colombo

O(s) pesquisador(es) do projeto acima identificado(s) assume(m) o compromisso de:

1. Preservar a privacidade dos sujeitos da pesquisa cujos dados serão coletados;

2. Que as informações serão utilizadas única e exclusivamente para a execução do projeto em

questão e de possível publicação de artigos científicos;

3. Que as informações somente serão divulgadas de forma anônima, não sendo usadas iniciais

ou quaisquer outras indicações que possam identificar o sujeito da pesquisa;

4. Que serão respeitadas todas as normas da Resolução 196/96 e suas complementares na

execução deste projeto.

5. Este Termo será feito em duas vias, uma via para a instituição e outra via para o

pesquisador.

6. Ao final desta pesquisa disponibilizaremos uma copia para a Instituição Assistencial Casa

de Maria.

Toledo, ___ de ________ de 2011

Roseli Odorizzi _______________________

Nome e Assinatura do Pesquisador Responsável

Claudete França Colombo ___________________

Nome(s) e Assinatura(s) do pesquisador colaborador

74

APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido

75

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas pela Instituição

Assistencial Casa de Maria de Toledo – PR: pensando o papel dos avós na criação e educação

dos netos.

Pesquisador responsável: Roseli Odorizzi

Pesquisador colaborador: Claudete França Colombo

Prezado(a) Senhor(a)

- Está sendo convidado (a) a participar como entrevistado (a) de uma pesquisa para um

Trabalho como Conclusão de Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do

Paraná – UNIOESTE,Campus/Toledo, sobre o papel dos avós na criação e educação dos

netos.

- Estará colaborando com esta pesquisa que tem por objetivo analisar os motivos e

circunstâncias que levam avós-idosos a assumirem a criação e a educação de seus netos nas

famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na Instituição Assistencial Casa de

Maria de Toledo – PR.

- Solicitamos sua autorização para que suas respostas às questões referentes ao assunto

possam ser gravadas, porque o registro das informações de forma mais fiel possível é muito

importante para o resultado da pesquisa.

- O senhor (a) após a entrevista poderá solicitar a gravação para ouvir, retirar e/ou acrescentar

quaisquer informações. Se achar necessário poderá interferir a qualquer momento nesta

pesquisa, isso não vai lhe causar nenhum prejuízo.

- Se desejar desistir da pesquisa, poderá fazê-lo qualquer momento, entrando em contato com

o Comitê de Ética pelo telefone 32203272 ou entrar em contato com o pesquisador

colaborador através dos números (45) 99745075 ou (45)99414773 ou então, entrar em contato

com o pesquisador responsável através do número (45)99616433.

- Se durante a sua participação no projeto ocorrer algum imprevisto, alterando seu estado de

saúde, entraremos em contato com ajuda médica e se necessário acionaremos os serviços do

Corpo de Bombeiro.

- Esta Pesquisa poderá trazer benefício como a criação de projetos de intervenção junto às

famílias atendidas na entidade Casa de Maria.

76

- Todas as informações coletadas nesta pesquisa serão mantidas de forma confidencial e,

somente serão utilizadas para o Trabalho de Conclusão de Curso e possivelmente em Artigos

Científicos, onde o informante não será identificado.

- Os resultados desta pesquisa serão anônimos, ou seja, na divulgação dos resultados não será

citado nomes, nem usadas iniciais ou quaisquer outras indicações que possam identificar o

sujeito da pesquisa.

- Caso for necessário, se ocorrer algo relacionado com a entrevista ou para o esclarecimento

de alguma dúvida entrar em contato, a cobrar, com a pesquisadora colaboradora pelo telefone

(45)99745075 ou (45)99414773 ou com o Pesquisador Responsável pelo telefone

(45)99616433.

- Ao término da pesquisa, disponibilizaremos uma cópia do Trabalho de Conclusão de Curso

para a Instituição Casa de Maria, e apresentaremos os resultados para os avós participantes da

pesquisa. Neste sentido, entende-se que a devolução dos resultados ao senhor(a) o valoriza,

demonstrando respeito na utilização dos dados na pesquisa.

- Sua participação nesta entrevista será voluntária, não receberá pagamento e nem mesmo,

pagará nada.

- Caso aceite participar da entrevista basta assinar este Termo, o qual está em duas vias, uma

para o entrevistado (a) e outra para pesquisador.

- Declaro que fui informado/a dos objetivos da pesquisa de forma detalhada. E também, como

proceder se desejar solicitar novas informações e/ou modificar minha decisão. Depois do que

foi exposto desejo participar desta pesquisa.

LOCAL E DATA: Toledo, ___de __________ de 2011

Nome do Sujeito Participante: _________________________________________

Assinatura: ________________________________________________________

Nós Prof Orientador Roseli Odorizzi e a aluna Claudete França Colombo, declaramos que

fornecemos todas as informações referentes ao projeto ao participante.

_____________________ _____________________

Prof Orientador: Roseli Odorizzi Aluna: Claudete França Colombo

Pesquisador Responsável Pesquisador colaborador

Fone: (45) 99616433 Fone: (45) 9941-4773

ou(45)99745075

77

APÊNDICE C – Formulário de entrevista com avós-idosos que tem sob sua responsabilidades

a criação e a educação de seus netos

78

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA COM AVÓS-IDOSOS QUE TEM SOB SUAS

RESPONSABILIDADES A CRIAÇÃO E A EDUCAÇÃO DE SEUS NETOS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO

PROFESSORA ORIENTADORA DE TCC: Roseli Odorizzi

ACADÊMICO (A): Claudete França Colombo OBJETIVO GERAL DA PESQUISA: analisar os motivos e circunstâncias que levam avós-idosos a

assumirem a criação e a educação de seus netos nas famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas na

Instituição Casa de Maria, Toledo – PR.

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: entrevista semi-estruturada

SUJEITOS DA PESQUISA: avós-idosos que tem sob suas responsabilidades a criação e a educação de seus

netos.

DATA DA ENTREVISTA: ____/____/2010

Nº DA ENTREVISTA: _____________

1. Idade do entrevistado:

2. Estado civil do entrevistado:

3. Quantos netos moram com vocês?

4. Qual é idade da Criança ou adolescente?

5. Em que condições o neto está com vocês: ( ) Tem a Guarda ( ) Não tem Guarda

6. Desde quando mora com os avós?

7. Qual foi o motivo que fez com que o neto viesse a morar com a avó ou avôs?

8. Qual a situação socioeconômica familiar dos pais biológicos?

9. Porque os netos permanecem com vocês?

10. Como é a convivência entre você e o neto no dia-a-dia?

11. Quais as dificuldades que sentem para cuidar, educar os netos?

12. Tem alguma diferença na relação familiar pelo fato de serem avós e não os pais?

13. Como os netos costumam chamá-lo quando se referem a vocês?

79

ANEXO

80

ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa