utilizaÇÃo das tecnologias da informaÇÃo …...contexto escolar, sua localidade, e também...
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UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICA-
ÇÃO (TIC) COMO FERRAMENTAS DO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM DURANTE UM PROCESSO DE FORMAÇÃO
CONTINUADA NO CONTEXTO DO PDE
Maurício Takahashi dos Santos
Professor PDE – 2010/2012
Orientadora: Profª Ms. Daniela Frigo Ferraz
FOZ DO IGUAÇU-PR
2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICA-
ÇÃO (TIC) COMO FERRAMENTAS DO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM DURANTE UM PROCESSO DE FORMAÇÃO
CONTINUADA NO CONTEXTO DO PDE
Autor: Maurício Takahashi dos Santos1
Orientadora: Profª Ms. Daniela Frigo Ferraz2
RESUMO
Com o desenvolvimento das sociedades contemporâneas, a cultura tecnológica
avança para opções cada vez mais práticas e dinâmicas na facilitação das ações
humanas. Com olhar voltado para a educação, observa-se que as tecnologias
também participam do ambiente escolar, porém ainda não são utilizadas efeti-
vamente como instrumento pedagógico, mas apenas um recurso de apoio, na
maioria das vezes, para incrementar a aula como entretenimento dos alunos.
Haja vista a pouca participação dos professores da rede pública na utilização
das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) em suas aulas, este traba-
lho propõe a exploração das tecnologias informatizadas (programas e mídias)
que já são utilizadas como ferramentas pedagógicas no trabalho de ensinar do
professor e também em cursos de EaD. Por meio de uma abordagem metodoló-
gica pluralista, com o intuito de atender aos diferentes perfis de aprendizagem e
ainda com o objetivo de superação do paradigma tradicional de ensino, a de-
monstração de utilização das TIC, e a capacitação para seu uso serão encami-
nhados nesta proposta. Na implementação foram contemplados orientações me-
todológicas, conhecimentos de programas (softwares) direcionados a educação,
sites educativos, objetos de aprendizagem (OA), e outras mídias encontradas na
Internet, com os quais os professores sujeitos da pesquisa foram capacitados a
1 Mestre em Engenharia de Produção – Graduado em Licenciatura em Biologia - Pro-
fessor PDE – 2010/2012 –– Atua no Colégio Estadual Prof. Mariano Camilo Paganoto – Foz do
Iguaçu-PR. 2 Mestre em Educação – Graduada em Ciências Biológicas – Atua no Grupo de
Pesquisa em Educação em Ciências e Biologia/ GECIBIO / CCBS – UNIOESTE – Campus
Cascavel – PR.
desenvolver suas aulas a fim de utilizá-las como recurso didático. Para a coleta
de dados utilizou-se a entrevista por meio de vídeo, gravado com os participan-
tes. Ao término da implementação, percebe-se nos professores participantes,
dirigidos por uma metodologia pluralista, uma maior familiaridade e desenvoltura
para utilizar as TIC nas suas aulas, e melhor preparados para o desenvolvimento
do trabalho pedagógico. O uso da plataforma moodle mostra-se satisfatório co-
mo ambiente agregador de ferramentas de mídia para trabalhar conteúdos disci-
plinares facilitando o trabalho do professor no ensino de ciências. Desta forma,
os professores buscam nas tecnologias atingir maior interesse e motivação dos
alunos, e com sua aplicação, torna-se agora também disseminador do uso das
tecnologias educacionais.
Palavras chaves: Tecnologias Educacionais; Pluralismo Metodológico; Recursos Didáticos.
ABSTRACT
With the human society development, the technological culture is going even
more to practice and dynamic human actions. With a glance to the education, we
can notice that also technology is inside school environment; however they are
not still used permanently as a pedagogical tool, only as a support, most of the
time, to increase classes as students entertainment. We have noticed a very
small participation of public school teachers about using the CIT (Communication
and Information of Technology) in their classes, and this paper proposes the ex-
ploration of computer technology (programs and media) that are already used as
pedagogical tools in helping teachers work and also in EaD courses. Trough a
pluralistic methodological approach in order to attend different learning profi les
and yet with the intention to overcome the traditional pattern of teaching, the
demonstration of the use of the CIT and the empowerment for its use will be
shown in this proposal. In the implementation were included methodological
guidelines, knowledge of programs (software) directed to the education, educa-
tional sites, objects of collaborative learning (OCL) and other different media from
internet. With which the subject teachers were enable of using them as teaching
sources on planning their classes. Observation interviews and video recording
with the participants were used to collect data for the research. At the end of the
implementation, it can be seen in participant teachers, directed by a pluralist
methodology, a greater familiarity and proficiency of using CIT in classes and al-
so better prepared for the development of its educational work. The use of the
platform moodle is satisfactory as environment aggregator of tools of media to
work with disciplinary contends helping in teaching science. This way, teachers
use technologies seeking to achieve greater interest and motivation from stu-
dents and with their implementation turn out into disseminators of the use of edu-
cational technologies.
Keywords: Educational Technologies, Methodological Pluralism, Teaching Re-
sources.
1. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
No panorama educacional atual há um número significativo de professo-
res desenvolvendo suas atividades didáticas utilizando diferentes tecnologias.
Entretanto, há um número bem maior de professores, principalmente na rede
pública de ensino, que desconhece, não usa ou faz pouco uso de tecnologias em
sala de aula. Ainda há muitas ferramentas a serem adicionadas ao desenvolvi-
mento do trabalho pedagógico, bem como a necessidade de adaptá-los didati-
camente para utilização no processo ensino-aprendizagem.
As tecnologias são utilizadas de modo geral para automatizar processos,
e dessa forma, diminuir o tempo gasto e melhorar a participação do público em
que está inserida. No entanto, do ponto de vista da educação pública, no ensino
regular ainda é utilizada com pouca frequência, em apresentações, ilustrações
de trabalhos, para digitação de textos, pesquisas pela Internet e também para
tornar as aulas mais atrativas e interessantes.
Para González (2004) as TIC (Tecnologias de Informação e Comunica-
ção) funcionam como motor de um modelo social e econômico, já bastante di-
fundida nos países desenvolvidos representando uma ferramenta inquestionável
para o crescimento e desenvolvimento nessas nações. O autor recomenda a to-
dos os países desejosos de alcançar o progresso o uso das TIC, daí a necessi-
dade de promover o acesso às tecnologias aos professores da rede pública es-
tadual.
Disponibilizar técnicas e ferramentas para que o professor tenha acessi-
bilidade ao uso das tecnologias em sala de aula torna-se fundamental para que
haja o interesse do professor na utilização delas no processo de ensino. Tam-
bém é necessário demonstrar que há maneiras menos trabalhosas e mais pro-
veitosas de se trabalhar os conteúdos a ensinar aos alunos.
Propostas para inserção das tecnologias na educação são lançadas já há
algum tempo, como descreve Gonsales (2007, p.71) citando que “em 2002 foi
lançado o EducaRede, com a missão de contribuir com a qualidade da educação
pública no Brasil, tendo como estratégia a inclusão digital”, com o intuito de tra-
balhar com três vetores inter-relacionados: conteúdos pedagógicos, aprendiza-
gem colaborativa em redes virtuais e inclusão digital, a partir do conceito de le-
tramento digital3
Para Buzato (2007) letramento “é um conjunto de práticas sociais, inclu-
sive escolares, em que se constroem e se negociam sentidos, em que se intera-
ge socialmente a partir, através ou com o apoio do texto, da escrita.” Não signifi-
ca simplesmente ler a palavra escrita, mas sim “compreender um conjunto de
práticas sociais que se dão ao redor de um meio, de um sistema semiótico, com
sentidos socialmente compartilhados e interpretáveis a partir dele.”
Pensando no computador não basta simplesmente adquirir equipamentos
e depositá-los na escola. Não está implícito nele qual o conhecimento necessário
para utilizá-lo, principalmente no processo educativo. Colocar o computador na
escola é saber qual sua finalidade pensando em quem vai usá-lo, verificando o
contexto escolar, sua localidade, e também “qual é seu contexto cultural e em
que sentido o computador e o acesso à Internet são relevantes para a comuni-
dade e como ela fará essa mediação tecnológica.” (BUZATO, 2007, p.83).
Foi imprescindível no planejamento deste trabalho tomar os devidos cui-
dados para que houvesse o enquadramento necessário às intenções pretendidas
nos objetivos propostos. Os exemplos trazidos por outros autores em suas obras
serviram de balizas no processo de elaboração e desenvolvimento desta produ-
ção.
O objetivo foi investigar a utilização das tecnologias de informação e co-
municação numa metodologia pluralista para o favorecimento do processo ensi-
no-aprendizagem no trabalho docente.
Para atingir essa meta foi necessário capacitar professores na utilização
da plataforma tecnológica moodle e outros programas de mídia, analisar a utili-
zação das tecnologias educacionais como instrumento motivador do processo
3 Letramento digital - A palavra “letramento” vem se incorporando ao vocabulário da área da Pedago-
gia para conceituar um processo que vai além da decodificação do sistema alfabético da escrita e incorpora a compreensão dos usos sociais da escrita. Letramento digital, portanto, significa não ape-nas saber como utilizar as tecnologias digitais, mas entrar em contato com ele de maneira significati-va, entendendo seus usos e possibilidades em nossa vida social. EDUCAREDE - http://www.educared.org/-educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.informatica_principal&id_inf_escola=744. Acesso em 16/06/2012 às 17:45.
ensino, e repensar as metodologias do ensino focando o pluralismo metodológi-
co.
A revisão das metodologias aplicadas na educação é de interesse neste
trabalho, pois, quando se usa as tecnologias informatizadas como a Internet, o
acesso às informações multiplica-se geometricamente quando se pesquisa al-
gum assunto. Logo, o modo em que se desenvolve o processo educativo não
pode ser único, e muito menos privado no atendimento da diversidade de perfis
dos aprendizes, “todo processo de ensino-aprendizagem é altamente complexo,
mutável no tempo, envolve múltiplos saberes e está longe de ser trivial” (LABURÚ et
al. , 2003), portanto, a intenção do pluralismo é evidenciada objetivando a perspecti-
va da maior abrangência no processo de aprendizagem.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A massificação do uso das tecnologias é uma realidade que deve ser in-
troduzida na educação, seja no decorrer dos anos em que as autarquias venham
se atentar a este fato, ou por força da disposição dos profissionais que já tem
essa visão e querem fazer uso e proveito dessa vantagem.
A preparação do material tecnológico para as aulas, geralmente em mí-
dia, a ser utilizado pelo professor, tem como pré-requisito a sua disponibilidade
de tempo e interesse. Em seguida, verificar os recursos tecnológicos na escola
para que possa desenvolver seu trabalho plenamente.
Na obra de Razera et al. (2007) algumas conclusões sobre a informática
na educação são importantes para este trabalho. O autor destaca que a informá-
tica foi um recurso adicional, mas não imprescindível, auxiliou no processo, mas,
apresentou entraves e limitações; as situações de favorecimento foram menores
do que o desejado, consequência de limitações inerentes ao acesso e afinidade
dos alunos aos recursos tecnológicos utilizados; o fator motivacional foi passa-
geiro quando promovido pelos recursos tecnológicos usados de forma indiscrimi-
nada e sem objetivos claros aos alunos, ou seja, não há aproveitamento educa-
cional significativo quando os alunos tem a liberdade para utilizar livremente os
recursos oferecidos pelo professor; os anseios dos alunos foram ultrapassados
no uso da informática para os conteúdos escolares, levando a pensar em apren-
dizagem formal e seu futuro profissional; necessidades específicas e gerais de-
vem ser atendidas pelos professores em seus planejamentos; insucessos e pre-
juízos no ensino podem advir das técnicas de manuseio das ferramentas utiliza-
das pelo professor; o professor é fundamental no resultados de aprendizagem,
alunos tem consciência da função docente; os conteúdos de Biologia são um di-
ferencial dos recursos multimídia, mesmo com limitações de texto e literatura.
Tendo em vista que a escola não está conseguindo desenvolver nem as
competências básicas de leitura e escrita, é preciso construir um novo paradig-
ma, basicamente de mudança da cultura escolar, a começar pelos conteúdos
(MELLO, 2007). O currículo deve servir ao aluno, de forma que o mesmo possa
aplicá-lo agora ou em seu futuro, senão este deve excluído. É importante ter cer-
ta clareza a respeito do mundo em que o jovem vai viver e buscar compreender
como será este mundo, quais as tendências que irão vigorar, que profissões se-
rão criadas e quais serão extintas.
2.1 . A importância das TICS no ensino e a formação de professores
para seu uso.
Nas escolas brasileiras, de modo geral, principalmente nas públicas, pre-
valecem as aulas tradicionais, com uso de quadro negro, giz, e o discurso do
professor. Com o desenvolvimento tecnológico, as TIC foram introduzidas na es-
cola, como a televisão, o vídeo, os computadores, a Internet, os softwares, os
hipertextos/hipermídia, entre outras, tem modificado a forma tradicional de se
ensinar e de aprender, tecnologias que parecem ter inovado esses processos.
“Com o uso da informática num ambiente educacional os alunos se auto-ajudam
e as aulas são mais criativas, motivadoras e dinâmicas, ou seja, potencializam o
envolvimento dos alunos para novas descobertas e aprendizagens” (Tajra, 2001,
apud Razera et al., 2007).
A partir da segunda metade da década de 70 e até os anos 90, com a
Revolução da Informática e o desenvolvimento da industrialização, os procedi-
mentos, métodos e equipamentos utilizados para informar e comunicar foram
denominados Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Estas começa-
ram a diminuir a burocratização e materialização palpável do conteúdo da comu-
nicação, e digitalizaram e ligaram em rede a transmissão e distribuição das in-
formações, configurando-as virtualmente (AFONSO, 2010).
Segundo Pacievitch (2009), a tecnologia da informação e comunicação
(TIC) pode ser definida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados
de forma integrada, com um objetivo comum. As TIC são utilizadas das mais di-
versas formas, na indústria (no processo de automação), no comércio (no geren-
ciamento, nas diversas formas de publicidade), no setor de investimentos (infor-
mação simultânea, comunicação imediata) e na educação (no processo de ensi-
no aprendizagem, na Educação a Distância).
O presidente do Banco Mundial Paul Wolfowitz (Apud Menezes, 2007,
p.35) afirma que:
O mundo tem caminhado na direção de uma revolução constru-
ída a partir do conhecimento, da tecnologia e da informação. Conhec i-mento, se for transferido adequadamente, se for tornado disponível para todos, oferece a maior oportunidade para as pessoas progredirem e lu-tarem contra a pobreza.
A informação e o conhecimento são produtos econômicos, pois são fer-
ramentas importantes para o desenvolvimento das sociedades. Deste entendi-
mento parte a necessidade de gerenciá-los corretamente para serem explorados
com maior eficiência e eficácia, diz Ferreira et al. (2009).
Menezes afirma ainda que:
...com as novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs), surgiu a ‘economia do conhecimento’, caracterizada pela abundância de informação organizada e funcional, levando ao fenômeno que podemos descrever como ‘explosão do conhecimento’. As TICs facilitam a gera-ção, preservação, disseminação, troca e utilização do conhecimento a uma taxa muito alta. (2006, p.35)
Apesar de todas essas características promissoras, o autor ressalva que
as TIC ainda não foram incorporadas ao sistema educacional e, mesmo com seu
visual persuasivo e intrigante, são deixadas de lado.
Gomide (2010), sobre as tecnologias na educação, reflete:
[...] Acreditamos que as tecnologias são um meio para renovar as for-mas de se ensinar. A criança de hoje é educada pela mídia, principal-mente pela TV e por jogos eletrônicos. A relação que tem com essas
mídias é prazerosa, é feita de sedução, de emoção, da exploração sen-sorial, da narrativa, elas aprendem vendo e sentindo, sem precisar fazer esforço.
Essa incorporação das tecnologias no sistema educacional levanta situa-
ções como o domínio pelos jovens do acesso à Internet, onde podem “viajar” por
diferentes fontes de informação, boas ou ruins para sua formação, são vitr ines a
serem policiadas pelos professores quando fazem uso na escola ou em casa pe-
los pais. Talvez ainda por não ter sido observada pelos professores como novas
formas de comunicação, os sites de apresentação (orkut, facebook, messenger,
blog, entre outros) onde há troca diversa de informações, interação entre pesso-
as e muita criatividade sendo exposta a todo momento, ainda gera muito mais
receio do que aproveitamento prático educacional na visão dos professores.
Muitos autores analisam a questão pedagógica das instituições de ensino
quanto ao planejamento curricular. Para Mattos (2005) o planejamento do curr í-
culo escolar não se preocupa com o que os alunos querem aprender, mas sim-
plesmente copia a fórmula de formar pessoas. É caracterizado como a pedago-
gia bancária (FREIRE, 2003 apud MATTOS 2005) de visão tradicional de ensino,
é a coisificação do objeto de estudo (MORIN, 2001, apud MATTOS 2005). O alu-
no não pode decidir em que se formar, não participa da escolha do currículo, fica
a mercê do processo educacional (FAGUNDES, 2005, apud MATTOS 2005).
Os autores citados acima justificam, portanto, tratar o aluno como autor
da sua aprendizagem, ser responsável e comprometer-se com ela. A problemati-
zação (FREIRE, 2003) é a maneira que o sujeito pode analisar sua existência
concreta. Ela possibilita que o aluno utilize os mecanismos disponíveis para rea-
lização do seu aprendizado (pesquisa, investigações, experimentos etc.). Os
Projetos de Ensino trazem prontos os conteúdos a serem ensinados para os alu-
nos, não levando em conta os seus anseios, suas intenções, ficando engessados
dentro do currículo. É a chamada pedagogia tradicional que prevalece nas insti-
tuições de ensino e que deve ser superada. Sua substituição pela pedagogia da
problematização de Freire (2003 apud MATTOS, 2005), o que se caracteriza nos
Projetos de Aprendizagem, preocupa em elevar a importância do olhar do aluno
sobre o conhecimento que está se submetendo. Dessa forma revelará significati-
vidade ao seu aprendizado, despertando interesse, motivação e revelação por
adquirir conhecimento.
A preocupação com a transformação do ensino tradicional para o novo
paradigma da educação tecnológica também acontece na Espanha assim como
no Brasil. Apesar de existir uma equivalência entre a estrutura de ensino em am-
bos, nota-se pela obra de Guzman et al. (2009) que lá o processo é mais demo-
cratizado, haja vista que, o levantamento nas pesquisas do artigo demonstra que
o ensino público é maioria no país e já contempla uma base informatizada. Os
autores demonstram a grande necessidade de realizar a transformação metodo-
lógica para atender essa necessidade contemporânea, que é o uso das tecnolo-
gias no processo ensino-aprendizagem. Apresentam toda a bagagem pronta pa-
ra avançar, mas destacam a falta de trabalho no processo de mudança metodo-
lógica docente. Mattos (2005) afirma que para os educadores não é tarefa fácil
aprender a lidar com as TIC, pois a transformação do paradigma da pedagogia
tradicional deve acontecer. A prática e o currículo escolares devem estar em
permanente construção e reconstrução entre os pares alunos-professores. Sen-
do o aluno protagonista, o construtor de sua aprendizagem, compreendido e res-
peitado pelo professor, de acordo com o tempo e as possibilidades de cada alu-
no.
É necessário refletir com os professores sobre a utilização das TIC, a fim
de vencer a barreira dos “usos e costumes” da didática convencional para a di-
dática tecnológica. Não só transpondo e aplicando os conteúdos na forma infor-
matizada, mas desenvolvendo propostas que articulem as ferramentas com as
diversas formas de apresentá-los no processo de aprendizagem. Também, des-
taca a descoberta dos Objetos de Aprendizagem (OA)4 pelos professores, fican-
do evidente que a maioria não os conhece. Os OA constituem-se em instrumento
de grande interesse como ferramenta do processo de ensino-aprendizagem que
pode ser considerado bastante interessante e significativo como exemplo para
aplicação nas aulas objetivando explorar conteúdos.
4 – Objetos de Aprendizagem - são recursos educacionais, em diversos formatos e linguagens,
que tem por objetivo mediar e qualificar o processo de ensino-aprendizagem. Uma de suas
principais características é a reusabilidade, que diz respeito à capacidade de reutilização desses
materiais, em diferentes contextos de aprendizagem, nas mais diversas áreas do conhecimento.
Fonte: Portal Linux Educacional - http://webeduc.mec.gov.br/linuxeducacional/curso_le
/modulo4.html
Para Wiley (apud CUNHA e TAROUCO, 2006) uma das formas de definir
objetos de aprendizagem é: “elementos de um novo tipo de instrução baseada
em computador construído sobre o paradigma da orientação a objetos da ciência
da computação.” Elaboradores desses objetos o fazem contextualizando com
pequenos componentes instrucionais os quais podem ser reutilizados em dife-
rentes ambientes de aprendizagem.
Segundo Cunha e Tarouco (2006, p.8) “os objetos de aprendizagem se
configuraram tanto como ferramenta complementar na construção e fixação de
conceitos desenvolvidos em sala de aula...” servindo como um recurso motivador
tanto para o professor como para o aluno. A análise das experiências do uso do
material educacional digital se faz muito significante para que possa atingir bons
resultados quando se procura motivação e aprendizagem.
Ainda os mesmos autores levantam a questão da formação continuada
dos professores de Química, exemplo de seu estudo, caracterizada por cursos
de pequena duração (30 ou 40 horas) que dificulta o aprofundamento teórico-
metodológico, e outros fatores como relação da oferta dos cursos e as necessi-
dades formativas dos professores participantes dos cursos, o que lhes gera de-
sinteresse. Para eles, é preciso ações de formação continuada que aproxime o
saber produzido nas universidades e a prática docente na Educação Básica, dir i-
gidas aos anseios desses professores. Verificou-se que os professores apresen-
tam muitas dificuldades de utilização dos recursos tecnológicos disponibilizados
para o trabalho docente, seja operacionais ou teórico-metodológicas.
Apesar de toda essa transformação na educação trazida pela tecnologia,
Razera et al. (2007) alerta que os recursos da informática não ensinam e nem
fazem aprender, são ferramentas pedagógicas que criam um ambiente interativo
que potencializam a aprendizagem, fazendo com que o aluno investigue, levante
hipóteses, teste-as e refine suas ideias, construindo seu próprio conhecimento.
O grande entrave para essa perspectiva é a falta de formação e qualificação de
professores para utilização da tecnologia como ferramenta de auxílio à aprendi-
zagem.
Sobre as novas tecnologias, Mello (2007) diz que podem ser um recurso
para queimar etapas. E para isso é preciso privilegiar a inclusão digital dos pro-
fessores. Se persistir a ideia de que quem vai usar o computador é a criança,
antes do professor, só se continuará a promover cismas, medos e resistência
dos professores. O mito que o professor não está capacitado a usar a tecnologia,
assim como que ele se intimida porque tem menos destreza do que o aluno. Ele
se intimida porque não sabe o que precisa ensinar e como é melhor ensinar. Ob-
serva-se que em várias situações as crianças têm um bom acesso à informação,
principalmente ao conhecimento factual, mas não têm maturidade para usar o
computador como ferramenta epistemológica. A orientação do professor é ne-
cessária, que precisa entender sua epistemologia para ensiná-las.
É então necessário efetivar o desenvolvimento das habilidades do pro-
fessor na área de tecnologias para que sejam aplicadas à educação. Para Mene-
zes (2007, p.33) “o desenvolvimento deve significar a oferta de conhecimentos
adequados e capacidade para decidir o que é melhor para cada pessoa, permi-
tindo que cada uma possa organizar seu destino e realizar suas metas de vida”.
Como ferramenta principal para proposta de uso das tecnologias no am-
biente escolar, a apresentação das plataformas virtuais de trabalho é uma alter-
nativa, e dentre essas destaca-se o ambiente Moodle. É um software livre, com
código aberto, cuja finalidade é apoio à aprendizagem executado em ambiente
virtual, configurando-se num Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem em
trabalho colaborativo. Como vantagens, além de ser gratuito, ele pode ser insta-
lado em ambientes (Unix, Linux, Windows) que consigam executar a linguagem
PHP, que significa “Hypertext Preprocessor”, uma linguagem de programação de
computadores interpretada, livre e muito utilizada para gerar conteúdo dinâmico
na World Wide Web (www), como por exemplo a Wikipédia
(http://www.abnexo.com.br/linguagem_php.php).
E nesta mesma linha, Moran (2006, p.137) escreve:
Com a internet podemos modificar mais facilmente a forma de
ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos a distância. São muitos caminhos, que dependerão da situação concreta em que o professor se encontrar: número de alunos, tecnologias disponíveis, du-ração das aulas, quantidade total de aulas que o professor dá por se-mana, apoio institucional. Alguns parecem ser, atualmente, mais viáveis e produtivos.
Para Menezes (2007, p.52) a grande questão é, pois: “é possível transfe-
rir isso para o campo educacional?”. Seguida de outro questionamento:
como educadores e comunicadores integrariam seus saberes para transformar esse conjunto de recursos técnicos em sistemas gera-dores de processos comunicativos capazes de garantir maior vitalidade para os projetos educativos?.
Ainda Menezes (2007) propõe às secretarias a promoção das capacita-
ções para introdução dos recursos tecnológicos da comunicação no ensino, mas
de forma conjunta para professores, alunos e membros da comunidade, para que
haja penetração no sistema educativo e participem da política educativa da esco-
la e faça parte dela.
Para Ferreira et al. (2009), o surgimento das Tecnologias da Informação
e o crescimento das redes de computadores são fundamentais para o compart i-
lhamento do conhecimento, levando as organizações tornarem-se dependentes
delas para criação e gerenciamento. Da mesma forma as instituições de ensino
devem adotar a mesma ideologia para criar e gerir seu conhecimento.
O uso da informática na educação, por essa e outras razões, exige maior
e constante esforço dos educadores para transformar a simples utilização do
computador numa abordagem educacional que favoreça o processo de conheci-
mento do aluno (OLIVEIRA; COSTA; MOREIRA, 2001 apud RAZERA et al..
2007).
Para Magdalena; Costa (2003 APUD RAZERA ET AL, 2007) se a rotina
na escola é um dos fatores que contribuem fortemente para o desinteresse do
aluno, as ferramentas da informática educacional aparecem como um caminho
de motivação para a reversão desse quadro, por causa da diversidade de recur-
sos e da forma diferente de se trabalhar.
Winckler et al (2000, p.1) reflete sobre o uso das tecnologias computa-
cional na educação:
Além disso, existem outros requisitos específicos como, por exemplo, interfaces devem ser atrativas para chamar a atenção do usu-ário, estimulantes para lhes prender a atenção, ter uma linguagem com-preensível a alunos não especializados e com diferentes necessidades de aprendizado, manter coerência de representação visual e computa-cional com o domínio do conhecimento que está sendo abordado. A fácil interação é um requisito importante porque o aluno deve utilizar a inter-face para aprender algo novo e não simplesmente aprender a usar a in-terface.
Utilizar novos recursos didáticos é fundamental, uma vez que os alunos
não estão mais satisfeitos com quadro e giz, e também neste contexto tradicional
de educação a aprendizagem dos alunos está deixando a desejar. Destacar o
lúdico como uma maneira de contribuir para motivar os alunos a buscar, pesqui-
sar, construir o conhecimento, trabalhar de forma cooperativa, seria uma forma
de ter o educando na escola, não por obrigação, mas por vontade de aprender
(TIELLET ET AL, 2007).
2.2 O uso das TICS com base em uma proposta metodológica de en-
sino pluralista
Autores que propõe o pluralismo metodológico como Laburú, Carvalho e
Batista (2001) observaram a existência de preferências quanto ao estilo de a-
prendizagem por parte dos alunos, como o holista que tem visão global quando
da resolução de problemas, mas são individualistas; e os serialistas que inte-
gram, passo a passo, uma hipótese por vez, numa postura operacional, e formu-
lam detalhes procedimentais; os de personalidade competitiva que gostam de
mostrar sua intelectualidade e os estudiosos metódicos que mergulham no estu-
do gastando horas. Outros autores como Shade, Swisher & Deyhle e Huber &
Powewardy (apud LABURÚ et al. 2003) alertam sobre as questões étnicas incor-
poradas à aprendizagem, em que as minorias étnicas e linguísticas são prejudi-
cados pelo grupo dominante que tem seu estilo valorizado. Por conseguinte, a
adoção de uma única estratégia de ensino, seja ela qual for, certamente com-
promete o desempenho de uma parcela de alunos por não respeitar as suas dife-
renças individuais, quanto a sua maneira de aprender. É questionável um es-
quema educacional baseado numa única perspectiva, que só daria conta das
necessidades de um tipo particular de aluno ou alunos e não de outros.
Segundo Schlemmer (apud MATTOS,2005) os paradigmas educacionais
atuais partem para uma concepção interacionista/construtivista, em que o co-
nhecimento se faz através de trocas sociais, numa relação de interdependência
entre o sujeito e seu meio, que motivam para o desenvolvimento do pensamento
e da aprendizagem. Logo, sempre haverá um novo conhecimento para emergir,
pois estará sendo produzido pela constante mudança das situações.
Magdalena (ibid) diz que as TIC’s oferecem caminhos inovadores para as
construções de conhecimentos, pois através delas, ampliam-se as perspectivas
de interações entre os alunos e os objetos de estudo.
Carvalho (2005) aponta que o conhecimento dos alunos não pode ser
construído somente por via expositiva, e muito menos simplesmente pela intera-
ção individual ou coletiva, pois cada um tem seus pré-conceitos e seus equívo-
cos grosseiros que vem do empirismo. É ser otimista demais assumir que jovens
estudantes possam construir explicações científicas que evoluíram tardiamente
na história da humanidade, simplesmente observando fenômenos, gerando e
testando hipóteses. (JENKINS, 2000, apud CARVALHO, 2005).
Para Lacey (2008) a pesquisa científica é consistente com o pluralismo
metodológico, ou seja, que a pesquisa adequada sobre alguns objetos deve ser
conduzida de acordo com estratégias que não são redutíveis àquelas que se a-
justam à abordagem descontextualizada. Portanto, se objetivamos a aprendiza-
gem ao estudante, como é possível cercear os processos que podem levá-lo ao
conhecimento, bem como inculcar que a forma com que aprende deve ser única
e reproduzida do mesmo modo. O autor defende que "sem o pluralismo metodo-
lógico, a ciência não pode ter a esperança de tratar de todas as questões – aber-
tas à investigação empírica – que são relevantes para as deliberações sobre a
legitimidade das inovações tecnocientíficas." (LACEY, 2008, p. 11)
Lévy (apud MATTOS, 2005) afirma que as novas tecnologias utilizadas
como ferramentas pedagógicas na escola redefinem a função docente e agre-
gam às práticas de ensino e aprendizagem novos modos de acesso aos conhe-
cimentos. E Rahde (ibid) argumenta que as informações e as mensagens veicu-
ladas pelos meios tecnológicos (neste caso, a Internet), ao serem trazidas para o
contexto educacional e trabalhadas, estudadas e contextualizadas a partir da
realidade e da vivência dos alunos, da curiosidade que eles mostram sobre um
determinado assunto, podem ser transformadas em conhecimentos significativos,
que realmente enriqueçam o seu desenvolvimento intelectual.
Corroborando com as descrições sobre o pluralismo metodológico, tem-
se características existentes no Moodle como ferramenta educacional de traba-
lho colaborativo, onde se pode gerenciar a aprendizagem, e as possibilidades
oferecidas pela informática educacional, parecem propiciar a opção por uma a-
bordagem metodológica pluralista, que se identifica em atender as diferentes
motivações e preferências dos alunos, contrariando os métodos que visam um
único estilo didático, e não contemplam da diversidade de fatores que cerceiam
a individualidade na aprendizagem. Nesse sentido a proposta pedagógica tam-
bém carece de inquietação diante da transformação desejada, desta forma uma
postura metodológica não deveria jamais ser entendida como definitiva e de ca-
ráter geral, principalmente porque não há verdades pedagógicas únicas, aplicá-
veis a todo e qualquer indivíduo (LABURÚ et al. 2003).
Retomando Lévy (apud MATTOS, 2005) argumenta que utilizar os recur-
sos da informática em ambientes educacionais implica a composição de uma
atmosfera interativa, de trocas de idéias, de informações e de conhecimentos,
entre professores e alunos. Neste momento, o educador deve estar atento não
somente a sua prática, e sim às construções de seus alunos, pois novas apren-
dizagens serão desenvolvidas.Para enfrentar a diversidade de problemas da sala
de aula não se pode prescindir de um profissional com perfil curioso, inquieto, de
mente viva e capacitado, pronto a buscar novas soluções nas situações adver-
sas (LABURÚ et al. 2003).
Ainda reafirmando sua proposição Laburú et al. (2003, p.8), revela:
O mestre pluralista não possui a verdade e não admite que a l-guém possa possuí-la, pois a mesma é para cada um o sentido da sua própria situação. Não se recusa a examinar, a inovar, a arriscar e a ex-perimentar qualquer proposta, pois o seu primeiro compromisso racional deveria estar orientado a favor da qualidade da aprendizagem e do sa-ber dos seus alunos, não podendo os mesmos ser imaginados descon-ciliados e deixando de preservar atitudes libertadoras, de vida completa e gratificante.
Portanto, para o autor acima citado o professor não é um doutrinador,
que formaliza hábitos e valores, mas sim trabalha com o “pluralismo de ideias”,
busca mentes criativas e participativas. Para este professor os alunos podem
exercer seus direitos, de questionar e de procurar razões, onde regras e normas
são assimiladas com naturalidade. Privilegia o uso do que foi aprendido através
da compreensão das proposições e justificativa dos argumentos, o que legitima o
julgamento e avaliação do professor, para assim buscar o perfil desejado dos
alunos através da educação.
A preparação do professor para aplicar novos métodos de ensino inclui
uma atitude de espírito disposto para sempre melhorar a prática instrucional, evi-
tando a rotina, superando o ensino monótono e desalentador, duvidando sempre
das soluções prontas dos problemas da educação escolar. A prática pluralista
defende uma forma mais eficiente de tratar as diferenças deixadas de lado pelo
paradigma do tradicionalismo, ou mesmo do construtivismo, para lidar com os
metamórficos, complexos e heterogêneos parâmetros envolvidos da sala de au-
la. Neste perfil não há um método único de ensino que se privilegia, ou que seja
melhor que outros, não há procedimentos metodológicos que atendam a todos
os anseios dos diferentes alunos, a aprendizagem é complexa e está atrelada a
fatores psicológicos e sociais, ligados a idade e amadurecimento dos alunos.
Logo, para escolha do método a ser aplicado na sala de aula, depende de quem
se quer atingir, para tanto, usar o procedimento instrucional mais variado possí-
vel é a solução. Deixa-se claro que quanto mais variado e rico o meio intelectual,
metodológico ou didático fornecido pelo professor, maiores condições de desen-
volver uma aprendizagem significativa para maior parte dos seus alunos (LABU-
RÚ et al., 2003).
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS/DESENVOLVIMENTO DA
PESQUISA
A presente pesquisa tem caráter qualitativo quanto à forma de aborda-
gem. Para Turato (2005), as pesquisas que utilizam o método qualitativo devem
trabalhar com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões.
Não tem qualquer utilidade na mensuração de fenômenos em grandes grupos,
sendo basicamente úteis para quem busca entender o contexto onde algum fe-
nômeno ocorre. Em vez da aferição, seu objetivo é conseguir um entendimento
mais profundo e, se necessário, subjetivo do objeto de estudo, sem preocupar-se
com medidas numéricas e análises estatísticas. Cabe-lhes, pois, adentrar na
subjetividade dos fenômenos, voltando a pesquisa para grupos delimitados em
extensão e território, porém possíveis de serem abrangidos intensamente.
Lüdke e André (1986) dão as características básicas de uma pesquisa
qualitativa:
1. .A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. (...) 2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. (...) 3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. (...) 4. O 'significado' que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. (...) 5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os pesqui-sadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipó-teses definidas antes do início dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam basicamente a partir da inspeção dos dados num pro-cesso de baixo para cima. (p. 11-3).
No método de observação o pesquisador está na perspectiva de mem-
bro, inserido no grupo, mas também influencia o que é observado devido a sua
participação.
As fases da observação participante (SPRADLEY APUD FLICK, 2009)
podem ser explicitadas como:
1. observação descritiva – fornece orientação para o campo de estudo, descrições não específicas, servirá para apreender ao máximo sobre a complexidade do campo e, simultaneamente para desenvolver questões de pesquisa e linhas de visão mais concretas; 2. observação focalizada: - restringe a perspectiva do pesquisador à-queles processos e problemas que forma os mais essenciais para a questão de pesquisa; 3. observação seletiva – ocorre já na fase final da coleta de dados e concentra-se em encontrar mais indícios e exemplos para os tipos de práticas e processos descobertos na segunda etapa.
Aplicando a observação participante no primeiro momento da pesquisa
foi realizada a observação descritiva, em que o pesquisador realizou uma visão
geral do contexto em que está inserido o objeto de estudo, no caso o uso das
TIC pelos professores. Nesta etapa caracterizou-se o ambiente onde os partici-
pantes estão inseridos, sua dinâmica rotineira de trabalho tanto nos aspectos
físicos como sociais. Com essas informações foram levantados os possíveis
questionamentos que fomentaram a problematização desse trabalho.
Na observação focalizada, adentrou-se mais diretamente a caracteriza-
ção das ações sobre o uso das TIC durante o processo de implementação do
projeto de capacitação, as facilidades e dificuldades encontradas, a bagagem
carregada pelos participantes, as impressões sobre o que estavam aprendendo.
Desta forma obteve-se informações mais detalhadas sobre o objeto de estudo,
aproximando as observações do contexto à base dos objetivos desta obra, com a
finalidade de melhor direcionar as questões que compuseram o instrumento de
coleta dos dados a serem analisados.
No decorrer coleta de dados, na etapa de entrevistas, foram levantadas
informações que direcionaram à observação seletiva de alguns aspectos, que
motivaram a acrescentar ou modificar certos questionamentos sobre o objeto de
estudo, objetivando um maior aprofundamento e especificidade de respostas pa-
ra melhor compor análise dos dados.
Lüdke e André (1986) chamam essa técnica de coleta de dados, genera-
lizando como observação e entrevista. Sendo a observação passível de influên-
cia por diversos fatores pessoais dos sujeitos (grupo social que pertence, história
de vida, aptidões entre outros) podem influenciar a análise do observador, le-
vando a privilegiar alguns aspectos. As autoras reiteram que a validação dessa
técnica como instrumento de investigação se dá pelo fato de ser controlada e
sistemática, exigindo um “planejamento cuidadoso do trabalho e preparação rigo-
rosa do observador” (LÜDKE E ANDRÉ, 1986, p.25).
Ressalta-se ainda que utilizou-se a gravação de entrevistas em vídeo dos
participantes, facilitando a coleta de dados. As informações coletadas foram pos-
teriormente filtradas e, por conseguinte, transcritos os dados significativos para
análise do objeto de estudo deste trabalho.
Sendo assim, outro instrumento de coleta de dados que foi utilizado nes-
te trabalho foi a entrevista. Considerado por vários autores como um dos princi-
pais instrumentos para pesquisas das ciências sociais, sendo de grande impor-
tância nos estudos científicos. Para Lüdke e André (1986) “permite a captação
imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de
informante e sobre os mais variados tópicos”, daí seu destaque como instrumen-
to de investigação. Moreira (2002) classifica as entrevistas como: estruturadas,
não estruturadas ou completamente abertas e semi-estruturadas. Destaca-se
aqui apenas a entrevista estruturada que é de interesse nesse trabalho. Nesta o
pesquisador faz questionamentos numa mesma sequência, usando as mesmas
palavras, onde o questionário responde as hipóteses, e o respondente está apto
a fornecer as informações relevantes, tendo os entrevistados o mesmo entendi-
mento sobre as perguntas levantadas. Considera-se a entrevista com o esquema
mais livre, a que mais se apropria aos estudos do ambiente educacional, dando
maior flexibilidade para entrevistar os professores que foram o público alvo deste
trabalho. A entrevista aplicada no projeto buscou captar opiniões do grupo, con-
vergindo para o consenso de respostas fixando as afirmações observadas e
também salientando as divergências significativas, informações estas que foram
fonte de análise neste trabalho. Na entrevista as questões versavam inicialmente
sobre o conhecimento das TIC pelos participantes, sobre o domínio e utilização
das TIC em sala de aula e da importância dada para o uso no processo de ensi-
no-aprendizagem, bem como as dificuldades a serem enfrentadas para aplicá-
las. Outro ponto relevante abordado foi a reflexão sobre a metodologia de ensino
tradicional comparado com a metodologia pluralista utilizando as TIC para traba-
lhar os conteúdos disciplinares. A entrevista finaliza perguntando sobre a impor-
tância da formação do professor, se há interesse pelos participantes de ser ca-
pacitado e ou conhecer mais recursos tecnológicos para aplicar em suas aulas.
Em seguida os entrevistados são estimulados a expressar seu comentário sobre
o uso das TIC na educação.
Caracterizou-se como público-alvo desta pesquisa os professores que a-
tuam no Colégio Estadual Professor Mariano Camilo Paganoto, situado no Jar-
dim Petrópolis, na cidade de Foz do Iguaçu. Professores estes que se identifica-
ram com a proposta dessa pesquisa e aceitaram sua inserção como participan-
tes das atividades desenvolvidas durante a execução do projeto. Houve a parti-
cipação de quatro (4) professores das áreas de ciências, química, matemática e
história, que serão denominados no presente trabalho como A, B, C e D, como
forma de preservar suas identidades.
3.1 - Passos da pesquisa:
3.1.1 - Levantamento do equipamento tecnológico
Inicialmente foi feita uma verificação no ambiente escolar para ve-
rificar qual aparato tecnológico estaria disponível na escola, bem como se
haveria a disponibilidade de uso da internet para o desenvolvimento do
projeto. A escola possui laboratório de informática, projetor (datashow), te-
la para projeção, TV multimídia. E na Internet, uso gratuito da plataforma
de trabalho (moodle) através do portal Gnomio. Todos os itens estavam
disponíveis, o que possibilitou a estruturação e aplicação do projeto entre
os professores participantes.
3.1.2 – Pesquisa de mídias
Buscou-se por ferramentas (OA, atividades, exercícios, tarefas) em
arquivos de mídias disponibilizados por colegas professores, sítios da In-
ternet de cursos que já utilizam modelos para aplicação de atividades de
fixação e avaliação para uso na plataforma moodle. O material buscado ti-
nha como alvo o conteúdo escolhido para compor a aula desejada. Nesse
caso o assunto era sobre organização celular e tecidos.
3.1.3 – Produção didática
Foi desenvolvido um caderno de produção didática no segundo pe-
ríodo do programa PDE com o detalhamento das atividades para imple-
mentação do projeto, em que se iniciou com a apresentação da base teó-
rica para a estruturação do trabalho, que referenciou sobre a importância
do pluralismo metodológico para o desenvolvimento das atividades de en-
sino e depois as atividades de capacitação de uso das mídias para com-
posição de aula na plataforma moodle.
3.1.4 – Abordagem sobre o pluralismo metodológico
O pluralismo metodológico foi apresentado como proposta peda-
gógica a ser utilizada pelos professores no planejamento e implementação
de suas aulas com uso de recursos tecnológicos. Adicionado ao conteúdo
sobre o pluralismo, houve momentos de reflexão com perguntas relativas
aos textos. O intuito foi reconhecer, identificar e caracterizar o pluralismo
como processo inerente ao atual panorama da educação, em que não se
ensina mais utilizando um único método ou técnica, mas sim uma diversi-
dade deles.
3.1.5 - Capacitação para uso do moodle
Para o acesso à plataforma moodle, no laboratório de informática
da escola, foi necessário apresentar o programa, demonstrando seu fun-
cionamento, seus recursos e finalidades para aplicação junto à proposta
do projeto. Também para aprender a inserir e utilizar as mídias (pré-
selecionados) já preparadas com conteúdo do ensino fundamental. Para
compreensão dos participantes, foi demonstrada a plataforma virtual (mo-
odle) já preparada pelo autor já estruturada e finalizada nos moldes dese-
jados para aplicação em aulas com alunos.
3.1.6 - Capacitação em uso de mídias
Para utilização de ferramentas tecnológicas informatizadas (moo-
dle, powerpoint, photofunia, moviemaker) com os materiais (fotos, textos,
OA e outros) já selecionados anteriormente, foi necessário uma capacita-
ção para os professores pudessem aprender a usar os programas utilizan-
do as mídias, pois, a maioria não dominava o processo de produção de a-
tividades com as mídias. Desta forma, os participantes aprenderam:
a) copiar e salvar imagens (fotos, desenhos, ilustrações) arquivan-
do-as para posterior utilização, também foram informados sobre a ques-
tão dos cuidados com os direitos autorais para divulgação de imagens;
b) desenvolver apresentação de slides usando os recursos do po-
werpoint (Microsoft) ou do Linux (apresentação de trabalho);
c) pesquisar OA e como utilizá-los nas suas aulas;
d) como produzir um filme utilizando imagens através do windows
moviemaker;
e) fazer solicitação para utilização do moodle, e editá-lo como plata-
forma de estudos para os alunos, estruturando com conteúdos desejados
para aulas; concluir uma aula contendo apresentação dos conceitos bá-
sicos do conteúdo, texto de contextualização, apresentação de slides
com imagens ou vídeos relacionados aos conteúdos, e atividades de fi-
xação e avaliação dos conteúdos da aula.
3.1.7 - Coleta de informações
As informações da pesquisa foram coletadas por gravação de ví-
deo, através de entrevista estruturada (Moreira, 2002 p.54) sobre a opini-
ão dos professores participantes após a implementação pedagógica e a-
presentação, uso da plataforma moodle juntamente com os programas de
mídia, levantando todas as informações para análise do grupo estudado
sobre as possibilidades de trabalhar o processo de ensinar ut ilizando as
TIC que foram aplicadas neste trabalho.
3.1.8 - Apresentação de mídias produzidas
Os professores participantes apresentaram suas produções relati-
vas ao desenvolvimento de material didático para utilização em suas au-
las. Foi realizado um levantamento com o grupo sobre as potencialidades
e as dificuldades apresentadas na elaboração das suas produções.
3.1.9 - Transcrição das entrevistas
As entrevistas gravadas com o público-alvo caracterizando as con-
clusões sobre a aceitação da utilização das ferramentas tecnológicas edu-
cacionais no processo de ensino foram transcritas neste trabalho, em pe-
quenos trechos, distribuídas de acordo com a ordem de questionamentos
da entrevista.
3.1.10 - Análise e tabulação dos dados
As informações obtidas na entrevista foram rebatidas com o a fun-
damentação teórica levantada neste trabalho, sendo assim analisados pa-
ra discussão dos resultados que são apresentados a seguir.
3.2 - Ideias, vantagens e dificuldades dos professores sujeitos da
pesquisa acerca da utilização das TICs no processo de ensino e aprendiza-
gem.
Ao questionarmos os professores se já conheciam a utilizavam as TIC
(Tecnologias de Informação e Comunicação) em suas aulas obtivemos as res-
postas que seguem.
“Sim, quando fiz um curso de especialização conheci e utilizei a plataforma
moodle além de outras mídias que já utilizo nas minhas aulas.” Professor A.
“Compreendo que as TIC sejam os materiais e equipamentos que já util izamos
como o computador, o celular, o tablet ou outros que conheço e utilizo no dia a
dia.” Professor B.
“Nunca fiz cursos de formação usando uma plataforma de aprendizagem, mas
já usei a TV Pendrive com slides, trechos de filmes e músicas. Tenho dúvidas
quanto ao uso de outras mídias, o computador, por exemplo, pode ser um pro-
blema devido aos inúmeros itens que podem ser acessados quando o usamos.”
Professor C.
“Já aprendi utilizar um programa de matemática chamado GEOGEBRA mas não
tive como dar continuidade para utilizá-lo com os alunos, por falta de tempo,
conhecimento de outros programas e organização da dinâmica da aula com os
equipamentos”. Professor D.
Infere-se que a motivação dos professores para uso das tecnologias no
processo de ensino está na disponibilização de técnicas e ferramentas para que
o professor tenha acessibilidade ao uso das tecnologias em sala de aula, logo,
existe o desejo pela capacitação no uso das TIC. Pelas falas visualiza-se que a
formação dos professores ainda não condiz com a realidade da presença das
tecnologias nas escolas, é preciso privilegiar a inclusão digital dos professores
(MELLO, 2007) em que apenas conhecer não é o suficiente para utilizá-las em
sala de aula. Logo, destaca-se nestas respostas a evidência de que há pouca
mudança do paradigma tradicional do ensino.
Sobre as principais dificuldades para utilização das TIC em sala de aula
os professores responderam:
“A principal dificuldade é a falta de capacitação dos professores para utilização
das TIC, falta de conhecimento para dominar e não ter medo de utilizá-las.”
Professor A.
“As dificuldades estão na formação do professor. Ele deve estar preparado para
saber trabalhar com as tecnologias na sala de aula. Outra dificuldade está no
suporte com equipamentos e apoio (pessoal), pois os alunos já estão informa-
dos sobre as tecnologias e o professor deve adequar-se a elas...” Professor B.
“...há outros empecilhos, como a falta de equipamento que funcione adequa-
damente para não atrapalhar o andamento das aulas, o acesso a Internet tem
que ser eficiente”. Professor C.
“...precisamos de mais cursos que nos habilite a usar as tecnologias sem que
tenhamos ‘medos’ quando estivermos atuando, e também acho que temos que
limitar o uso durante as aulas, para que não tenhamos que evitar o acesso as
redes sociais (orkut, facebook e outros) quando o objetivo for a aula”. Professor
D.
Conforme as respostas levantadas observa-se que o professor se intimi-
da porque não sabe o que precisa ensinar e como é melhor ensinar usando as
tecnologias, pois não domina a questão epistemológica do processo (MELLO,
2007). A súplica pela formação para o uso das tecnologias é marcante na fala
dos participantes, é preciso ações de formação continuada que aproxime o saber
produzido nas universidades e a prática docente na Educação Básica, dir igidas
aos anseios desses professores (CUNHA; TAROUCO, 2009), logo fica evidente
esse déficit na formação dos professores.
Quanto ao uso das TIC na educação e a participação delas no cotidiano
escolar, obteve-se as seguintes respostas:
“No futuro elas estarão presentes na escola e os professores estarão se capaci-
tando, buscando conhecimento para utilizar no seu trabalho.” Professor A.
“Acho que já utilizamos as TIC e ela traz um melhor aprendizado, um melhor
desenvolvimento para pesquisas e assimilação melhor do conteúdo, ampliação
do seu conhecimento, e esteja mais interessado, pois visualiza, não é só o
quadro e giz...” Professor B.
“...desperta-se o interesse, logo, teremos alunos mais motivados. Então, não há
porque as TIC não estarem presentes agora e no futuro da educação ...” Profes-
sor C.
“...já usamos as tecnologias no nosso dia a dia, tanto fora quanto dentro da es-
cola, falta direcioná-las melhor para o processo educativo.” Professor D.
Nestes depoimentos pode-se correlacionar as ideias à Guzman et al.
(2009) quando cita a grande necessidade de realizar a transformação metodoló-
gica para atender essa necessidade contemporânea, que é o uso das tecnologi-
as no processo ensino-aprendizagem e a falta de mudança no processo metodo-
lógico docente. Corroborando as mesmas ideias, as mídias utilizadas são objetos
motivadores tanto do professor quanto do aluno (CUNHA E TAROUCO, 2006),
logo, as TIC devem prevalecer na realidade da escola hoje e futuramente. A falta
de motivação dos alunos no contexto tradicional de educação contrasta com o
uso das TIC que contribuem para motivá-los a estudar e construírem o conheci-
mento, de forma cooperativa, com vontade de aprender (TIELLET et al. 2007).
Para Cunha e Tarouco (2006) seguindo a análise das experiências o uso
do material educacional digital se faz muito significante para que possa atingir
bons resultados quando se procura motivação e aprendizagem, logo, as TIC têm
atribuições positivas quanto aos seus objetivos educacionais no cotidiano esco-
lar. De modo geral é clara a percepção dos professores participantes da existên-
cia e aplicabilidade das tecnologias voltadas para educação, e que no futuro elas
permearão livremente o ambiente educacional.
Quando perguntados sobre as vantagens que consideram importantes
para utilização das TIC nas aulas, foram dadas as respostas:
“Pra mim ajudaria bastante, pois na disciplina de Química que eu leciono ficaria
mais claro para o aluno quando ele estiver vendo a imagem ou um vídeo...
quando falo de reação química, por exemplo, poderia mostrar a imagem desta
reação num laboratório, facilitaria a compreensão pelo aluno.” Professor D.
“Vejo um melhor aproveitamento no aprendizado do aluno, com essas tecnolo-
gias ele tem mais facilidade na busca de fazer suas atividades, suas pesquisas,
quando usa o visual ele assimila melhor o conteúdo...” Professor A.
“Até mesmo quando temos que mostrar algumas fórmulas e para contextualizar
o uso do cálculo matemático, é muito mais fácil se utilizarmos uma imagem que
propõe a conexão entre a teoria que se estuda e a prática onde aplicamos o
conhecimento apreendido. Então é bem mais vantajoso usar as TIC.” Professor
C.
“Ao prepararmos uma aula utilizando a apresentação de slides, em que pode-
mos colocar os itens que são mais importantes, os quais queremos (sic) que o
aluno fixe, além das figuras e pequenas animações que ajudam a entreter e
chamar atenção do aluno, certamente, com o pouco que temos das TIC, elas já
representam grande vantagem aplicadas à sala de aula.” Professor B.
Fica claro o interesse como vantagem no uso das TIC nas aulas dos pro-
fessores participantes, para Gomide (2010) a relação da criança com as mídias é
prazerosa, podem aprender vendo e sentindo sem extrapolar esforços para ima-
ginar ou prever situações que os professores querem demonstrar. Magdalena;
Costa (2003 APUD RAZERA ET AL, 2007) aponta que as ferramentas da infor-
mática educacional são motivadoras devido a diversidade de recursos e da for-
ma diferente de se trabalhar, quebrando a rotina na escola que contribui para o
desinteresse do aluno, visão essa que corrobora com a declaração dos professo-
res, portanto, marcando a vantagem do uso das TIC no processo ensino-
aprendizagem.
As respostas dos entrevistados sobre os problemas podem que atrapa-
lhar o processo de ensino quando se usa as TIC, foram:
“...algum problema com o aparelho da escola, se tiver algum problema técnico
não saberia resolver...” Professor A.
“Não se pode usar sempre da mesma maneira, procurar diversificar o uso das
TIC, ela deve ser usada não de uma única forma, pois pode cair na rotina e a-
cabar atrapalhando o interesse dos alunos.” Professor B.
“Temos que nos preocupar também com a liberdade para uso das tecnologias,
enquanto estamos tentando ensinar os conteúdos, os alunos podem estar a-
cessando outros sites de seu interesse, é preciso disciplinar o uso da Internet e
outros recursos que podem ser usados durante a aula.” Professor C.
“A liberdade para usar as TIC deve ser regulamentada como os proced imentos
didático-pedagógicos que já são previstos Regimento Escolar de cada escola,
para que não seja utilizado de forma inadequada, pois a disciplina é importante
para o desenvolvimento das aulas, e hoje existem celulares, tablets, smartpho-
nes que também dão acesso à Internet e são tecnologias que os alunos usam
para entretenimento, em horário de aula, isso atrapalha bastante. Sabemos que
é possível disciplinar esse uso, por isso acho importante regular o acesso às
tecnologias para que o objetivo da aula seja o principal interesse.” Professor D.
Razera et al. (2007) diz que os recursos de informática são ferramentas
pedagógicas que potencializam a aprendizagem, fazendo com que o aluno inves-
tigue, levante hipóteses, teste-as e refine suas ideias, mas também evidencia
que não há aproveitamento educacional significativo quando os alunos tem a
liberdade para utilizar livremente os recursos oferecidos pelo professor. O mes-
mo autor vê que o grande entrave está na preparação dos professores e a falta
de formação e qualificação para utilização da tecnologia como auxílio na apren-
dizagem. Comparando com as declarações dos professores, observa-se que o
domínio sobre as tecnologias é importante para o professor atuar e resolver os
pequenos problemas dos equipamentos tecnológicos na escola, que realmente
podem atrapalhar o uso das TIC nas aulas. Menezes (2007) questiona como os
educadores integrariam seus saberes para transformar esse conjunto de recur-
sos técnicos em sistemas geradores de processos comunicativos dentro da edu-
cação. A fala dos entrevistados demonstra também essa preocupação, mas no
sentido da facilidade que os estudantes têm de utilizar as tecnologias para diver-
são ou passatempo, o que propõe vistas aos professores a conjugar esse inte-
resse para as tecnologias com a aprendizagem.
Na abordagem sobre o conhecimento tecnológico dos professores, espe-
cificamente sobre o uso do computador e mídias, observa-se de forma generali-
zada a utilização desses recursos pela maioria, incluindo a TV Pendrive e uso de
filmes ou animações. O fator preocupante é que a maioria não tem domínio so-
bre essas tecnologias na manipulação, formatação para o uso, e muito menos na
produção ou elaboração de recursos de mídia para usar em suas aulas. Configu-
ra-se dessa forma a importância da formação digital para esses professores,
considerando que estamos no limiar da superação tecnológica sobre a o material
pedagógico obsoleto que ainda prevalece na maioria das escolas brasileiras. Pa-
ra que os professores estejam dentro do contexto do aluno é preciso estar atua-
lizado com as tecnologias, se aproximar da realidade que a sociedade convive,
pode-se concordar que é necessário preparar para as tecnologias no meio edu-
cacional, cada vez mais e sempre no meio educacional.
Portanto, cursos que habilitam e promovem a prática educacional com
uso das tecnologias devem permear a formação dos professores, e alimentar e
incentivar as práticas tecnológicas para que também sejam testados como ele-
mentos da construção do conhecimento. Pois, “Compete aos profissionais que
atuam na educação abandonar a pergunta sobre a aceitabilidade ou não da mí-
dia para voltar-se ao modo como esta se relaciona com as diversas esferas da
vida, entre elas o espaço educativo.” (Sartori; Roesler, 2007, p. 99). Nessa afir-
mativa prosseguirmos para adaptação da atuação das tecnologias no processo
de ensino e aprendizagem, assim como se estabelece o uso de outros modelos
didáticos (materiais ou instrumentos didáticos) já utilizados para o mesmo fim, é
preciso reconhecer que “O desafio aos educadores é entender a mídia como
produtora de cultura, conhecer as linguagens e reconhecê-las como um constitu-
inte da prática pedagógica.” (ibdem, p. 102).
Perguntados sobre a opinião pessoal quanto a possibilidade de uso das
TIC em suas aulas, após a participação no projeto de implementação, os partici-
pantes responderam:
“Sim, eu acho que estou mais segura para poder passar um slide na TV, por
exemplo, até então era necessário chamar o agente de apoio educacional para
ajudar, agora eu já sei fazer e posso resolver os pequenos problemas que sur-
gem na hora da aula, ainda mais que eu preparei a aula nos slides, vídeo ou
computador, estou mais segura...”Professor A.
“Quando utilizamos principalmente a imagem há uma maior participação do a-
luno, se interessam e participam mais, com essa interação a aprendizagem é
facilitada, portanto, a preparação do professor é essencial para que vença os
pequenos obstáculos que interferem na decisão do professor ao usar as TIC em
aulas. Ainda falta mais tempo pra se dedicar a preparar aulas com as TIC, mas
a insegurança já não é tão grande.” Professor B.
“Já havia produzido algumas aulas em slides, mas precisei pagar por elas, ago-
ra já sei como pra fazer minhas aulas sozinha, e estou mais animada e prepa-
rada para usá-las na escola. Sei que ainda falta aprender muito, mas já demos
o primeiro passo, vou continuar”. Professor D.
“Ainda não consegui tempo para preparar aulas e utilizá-las. Espero conseguir
realizar um desejo de professor, que é usar um programa que usa cálculos de
álgebra e geometria, mas preciso me dedicar mais a aprender a usá-lo, pra de-
pois partir para proposta de usar com os alunos. Acho possível chegar até lá.”
Professor C.
É notável que professores têm interesse em usar as TIC no processo en-
sino-aprendizagem, e que para isso é necessário estar preparado e integrado ao
que o sistema educacional oferece no ambiente escolar para que ele possa atuar
de forma condizente com a atualidade tecnológica de sua comunidade. Bastou
uma capacitação para que despertasse o interesse em querer mais das TIC, a-
daptados aos recursos tecnológicos que dispõe para ter segurança e aplicá-los
nas suas aulas. Recorrendo a Razera et al (2007), diz que insucessos e prejuí-
zos no ensino podem advir das técnicas de manuseio das ferramentas utilizadas
pelo professor; o professor é fundamental no resultados de aprendizagem, alu-
nos tem consciência da função docente.
No questionamento dos entrevistados quanto a comparação entre a me-
todologia tradicional, que prevalece o ‘discurso do professor e o uso do quadro
negro e giz’ para expor as aulas, com o uso da metodologia plural ista com dife-
rentes formas de trabalhar os conteúdos e ‘utilização das TIC’, que vantagens ou
dificuldades são consideradas no trabalho do professor em preparar e aplicar os
conteúdos disciplinares, bem como para os alunos, que expectativas poderiam
ser previstas comparando esses métodos e didáticas diferentes, as respostas
foram:
“No pluralismo temos mais formas de mostrar para o aluno, dele poder visuali-
zar usando as tecnologias, mas o sistema tradicional não pode ser deixado de
lado pois é a forma que dominamos para ensinar (...) o pluralismo mostra que a
diversificação é necessária para atender as diversidades dos alunos, e as tec-
nologias vêm ajudar a fazer isso, mas o tradicional ainda permanece...” Profes-
sor A.
“Já trabalhamos de uma forma diversificada, como atividades em grupo, a ex-
posição por cartazes ou mapas, debates e seminários, e as tecnologias vem
somar trazendo mais formas de apresentar os conteúdos. Mesmo assim, acho
que o quadro e giz, ainda por muito tempo, vão estar presentes nas nossas au-
las.” Professor B.
“O ensino tradicional ainda existe, não conseguimos contextualizar todos os
conteúdos curriculares escolhidos para ensinar, pois falta tempo e meios para
transformar o antigo paradigma do “quadro e giz”. Mas estamos tentando, prin-
cipalmente pela necessidade de motivar os alunos a aprender. É difícil.” Pro-
fessor C.
“O pluralismo é o processo de diversificação dos métodos de ensino, com as
tecnologias ele torna-se mais evidente nas salas de aula. As TIC permitem uma
maior abrangência nos meios de desenvolvimento das aulas, tantos quantos
pudermos buscar na nossa imaginação, o caminho é esse.” Professor D.
Conforme Mattos (2005) o planejamento do currículo escolar não se pre-
ocupa com o que os alunos querem aprender, mas simplesmente copia a fórmula
de formar pessoas ditada pela pedagogia tradicional, a pedagogia bancária de
Freire, para superação deste Mattos (op. cit.) aponta os projetos de aprendiza-
gem, que desperta interesse, motivação e revelação pelo conhecimento. Mello
(2007) defende os modelos sistêmicos para o paradigma do conhecimento, mo-
delo sistêmico de conhecimento, que funciona de forma interdisciplinar, não é
estático. Aires; Lambach (2010) é preciso uma reflexão com os professores so-
bre a utilização das TIC, a fim de vencer a barreira dos “usos e costumes” da
didática convencional, para a didática tecnológica, não só transpondo e aplican-
do os conteúdos na forma informatizada, mas desenvolvendo propostas que art i-
culem as ferramentas com as diversas formas de apresentá-los no processo de
aprendizagem. Para Tiellet et al. (2007) o lúdico para motivar a buscar, pesqui-
sar, construir e trabalhar de forma cooperativa, são expressões próprias da von-
tade de aprender do aluno. Conclui-se que uma postura metodológica não deve-
ria jamais ser entendida como definitiva e de caráter geral (LABURÚ et al 2003),
o mestre pluralista não se recusa a examinar, a inovar, a experimentar qualquer
proposta, orientado a favor da qualidade da aprendizagem e do saber dos alu-
nos. Corroborando com os autores acima citados, as respostas dos professores
participantes revelam que, de modo geral, não há procedimentos metodológicos
que atendam a todos os anseios dos diferentes alunos, a aprendizagem é com-
plexa e está atrelada a fatores psicológicos e sociais, ligados a idade e amadu-
recimento dos alunos. Conclui-se que a prática pluralista existe, não em toda
prática da sala de aula, mas em dosagens homeopáticas, na medida em que o
professor descobre formas diferentes de lidar com os metamórficos, complexos e
heterogêneos parâmetros (LABURÚ et al. 2003) que permeiam o ambiente esco-
lar.
Sobre o pluralismo metodológico na apresentação do projeto aos profes-
sores, destaca-se que a maioria desconhecia o termo, mas o compreendia bem.
Distante de seguir uma única linha pedagógica para o ensino, de modo geral, os
professores estão diversificando seu modo de trabalhar os conteúdos em sala de
aula. Observa-se uma prática pedagógica de cunho “sócio-interacionista” Vy-
gotsky (apud OLIVEIRA et al. 2004), em que a interação com o outro e o meio
através da linguagem, que gera a aprendizagem, é adotada como preferência
dentre os professores. E neste perfil dá-se o uso de diferentes maneiras de se
abordar os conteúdos e fazer a transposição de conteúdos aos alunos. Ocorre
que a maioria não se “dá conta” que já faz uso da diversificação de métodos de
trabalho dos conteúdos para ensinar os alunos, ou seja, faz uso do pluralismo
metodológico e considera que atualmente é a alternativa para atender as diferen-
tes características dos aprendizes que temos em sala de aula, também como
forma de atrair o interesse para os conteúdos. Enfim, na entrevista com os pro-
fessores pode-se verificar a aceitação do pluralismo metodológico para atuar no
processo de ensino, com a finalidade de atrair maior atenção dos alunos e tam-
bém atingir os diferentes perfis de personalidade da mesma forma que existem
diferentes inteligências.
Os professores participantes foram questionados ainda sobre o desejo de
ser capacitado ou conhecer mais tecnologias para utilizar as TIC para trabalhar
com suas aulas e qual opinião pessoal sobre este tipo de capacitação. As res-
postas foram:
“Foi muito boa a capacitação, pois antes disso eu não sabia fazer o que apren-
di, a preparar minhas aulas, já posso usar as TIC com mais firmeza, mais do-
mínio. Os cursos de capacitação nas tecnologias da educação são necessários
e bem-vindos para os professores, temos que nos preparar sempre e estar atu-
alizados.” Professor A.
“Gostei muito de participar, pois não tenho muita habilidade com essas tecnolo-
gias, e tudo que aprendemos vale a pena e contribui para nossa formação.
Tendo maior aproveitamento para elaboração e aplicação das minhas aulas.”
Professor B.
“Muito proveitoso, ajudou bastante a utilizar as mídias, mas acho importante
que haja continuidade, para que estejamos sempre à altura com o uso das tec-
nologias pelos alunos, nas suas devidas proporções e objetivos.” Professor C.
“Agora já posso fazer muitas coisas no computador ao invés de pedir para outro
fazer. Espero aprender mais fazendo meus próprios trabalhos e outros cursos
nessa área.” Professor D.
Segundo Mattos (2005) a prática e o currículo escolares devem estar em
permanentes construções e reconstruções entre os pares alunos-professores,
assim a formação continuada é necessária e desejada pela inquietação daqueles
que sempre busca a atualização e estar e manter-se contextualizado no trabalho
com a sociedade. Menezes (2007) relata que a intencionalidade de que às secre-
tarias de educação promovam capacitações para recursos tecnológicos da co-
municação no ensino, tanto para professores, como para alunos e membros da
comunidade, sendo inserida no sistema educativo e da política educativa da es-
cola.
Finalizando as questões da entrevista, foi solicitado aos participantes que
expressassem seu comentário sobre o uso das TIC na educação, assim respon-
deram:
“Hoje as tecnologias já fazem parte da educação, mas nem todos a utilizam,
são poucos os professores que usam, futuramente não haverá como ‘fugir’ das
tecnologias elas estarão presentes o tempo todo nas aulas, e o professor tem
que acompanhar para não ficar ‘fora disso’...” Professor A.
“As tecnologias estão no nosso dia a dia, e vão cada vez mais melhorar nossos
afazeres, trazendo vantagens para nosso trabalho pedagógico. E sempre esta-
rão surgindo novas tecnologias e devemos estar sempre nos atualizando para
que estejamos compartilhando com o conhecimento que nossos alunos preci-
sam e convivem.” Professor B.
“Temos que sempre nos atualizar quanto as tecnologias, tanto como profissio-
nais na educação como pessoas na sociedade, senão ela acaba nos engolindo,
ou seja, seremos excluídos tecnologicamente por não saber utilizar esses re-
cursos. Assim como já vemos pessoas tem dificuldade em usar um caixa ele-
trônico de banco, e nós que não usamos os recursos que um telefone celular
tem, por não saber manusear ou acessar tais recursos. É a realidade, quem es-
tá mais adaptado consegue ir mais além. E a escola não pode ficar pra trás.”
Professor C.
“Vejo futuramente as tecnologias dentro da educação assim como as crianças e
jovens entram num vídeo-game ou numa rede social, sempre estão se reno-
vando. A educação fica atrasada por que ainda não foi dedicado tempo especi-
ficamente para que as tecnologias sejam usadas na educação, esse processo
já começou mas ainda está muito acanhado, pois, quando se fala em educação
sempre existe a questão do investimento, o qual os resultados são demorados
e ficam despercebidos. Veja, quem se forma num curso superior é porque estu-
dou, mas não é relevante levantar os métodos pelos quais chegou até lá.
Quando se inventa uma tecnologia, investe-se bastante, e o retorno vem atra-
vés da venda e divulgação dessa tecnologia, os resultados são claros e mensu-
ráveis. A educação e a tecnologia vão estar atreladas, mesmo que demore cer-
to tempo.” Professor D.
Na fala do professor A, nota-se o reconhecimento de sua parte que os
professores identificam as tecnologias no ambiente escolar, mas ainda fazem
pouco uso. Mas parece intrínseca a ideia de que todos terão que se preparar
para o uso das tecnologias no meio educacional, substituindo o quadro e giz que
ainda vigora atualmente. Também há certo receio de que aqueles que não se
atualizarem quanto ao uso das tecnologias educacionais estarão descontextual i-
zados com o futuro do trabalho pedagógico. Nota-se que os professores obser-
vam que a presença das tecnologias entre os alunos faz parte da realidade que
vivem, e que o professor também deve compartilhar desse reconhecimento e
assumir posto de transformador do processo educativo com o uso das tecnologi-
as (professores B e C). E que, para fazer parte do contexto social, cultural e tec-
nológico, os professores precisam se atualizar dos conhecimentos tecnológicos,
principalmente aqueles que já figuram no seu dia-a-dia, como o aparelho celular,
a internet, os videogames ou o caixa eletrônico, não conceber as tecnologias
também na educação será reconhecer o atraso da educação (professor D).
Para uma concepção de uma educação reanimadora e fortalecida no seu
potencial de exortar à criatividade através dos resultados do processo de apren-
dizagem deve-se ter uma atitude pró-ativa diante das possibilidades de convívio
das tecnologias e os objetivos educacionais desejados. O confronto entre as TIC
e a educação existe e haverá a oposição à inserção delas, que deverá ser supe-
rada para que não se perca a oportunidade de reflexão sobre essa prática no
espaço coletivo educacional; porém a simples aceitação, sem expressá-la com a
prática pedagógica pode elevá-la a instrumento solucionador dos problemas e-
ducacionais, o que não é. Educadores necessitam compreender os aspectos es-
pecíficos da contribuição das TIC para o processo de ensino-aprendizagem, por-
tanto, devem aprender a preparar, formatar e usar suas atribuições para esse
fim.
As tecnologias, sobretudo com o uso da internet, oferecem uma rede de
conexões em uma variedade múltipla para navegações, inferências e modifica-
ções, o professor deve conceber essa situação comunicacional e a partir dela
desenvolver suas possibilidades práticas para fazer a interação entre essa opor-
tunidade e as capacidades almejadas na formação dos aprendizes, desenvol-
vendo assim seu método didático. Ao usar as TIC, o professor deve ser o inter-
rogador, coordenador das atividades planejadas e sistematizador de experiên-
cias, para que os alunos também sejam autores da comunicação, pela facilitação
que as tecnologias proporcionam à adquirir informações e pela agilidade de co-
locar em prática os conhecimentos assimilados.
Conclui-se que a insistência na formação e capacitação de professores
para utilização das TIC no processo educativo é a via de adaptação das tecnolo-
gias ao meio educacional. A passos lentos da vinda das tecnologias à educação,
o professor não deve se acomodar no “achismo” de que elas estão chegando
somente para àqueles que já a dominam ou que “gostam” de usá-las. Mas sim,
devem inspirar-se nos portais de conhecimento abertos pelo desenvolvimento
tecnológico, e aprender a conviver com essa transformação contextual izadora da
educação. Pois não é o professor que prepara o cidadão para o mundo, mas sim,
o “meio” é que dá forma a humanidade, mesmo sendo o próprio homem o res-
ponsável pela modificação e transformação do estado em que vive. Desta forma,
a sociedade deve ser imitada pela educação, para evitar que a escola esteja
formando cidadãos do passado.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados apurados através dos entrevistados fica visível que
o projeto é relevante para os objetivos propostos. Nota-se que os professores
participantes, pela satisfação demonstrada nas entrevistas, realmente encontra-
ram uma dimensão bem maior das TIC no desenvolvimento das atividades peda-
gógicas para o intuito de ensinar. A análise das entrevistas e aplicação do proje-
to apontam vários aspectos, destacados nos tópicos analisados. Desde a eviden-
te presença das tecnologias na sociedade incluindo na educação, comprovando
que as escolas estão recebendo as tecnologias para que compartilhem da con-
temporaneidade, até a transparente realidade da educação pública que prevale-
ce sobre a formação dos professores, não preparados para fazer uso correspon-
dente às tecnologias que detêm dentro das escolas.
É certo afirmar que mesmo tendo tecnologias como TV pendrive, projetor
de imagens (datashow) e laboratório de informática, esses equipamentos tam-
bém tem seus requisitos primordiais para sua utilização, como a instalação cor-
reta, a manutenção, os acessórios para que funcionem, e no caso específico dos
computadores há exigência quase que periódica para solucionar diversos pro-
blemas que acometem seu funcionamento adequado, incluindo aí o uso da inter-
net. Estes são o primeiro obstáculo dos professores para que façam uso dessas
tecnologias, pois além desses, o maior problema a ser superado pelos professo-
res é a falta de preparo para lidar com os equipamentos. A falta de domínio do
conhecimento tecnológico básico para manuseá-los, e de um aprofundamento
mínimo necessário para que possa produzir seu material didático informatizado
para o uso em aulas. Logo, evidencia-se a pouca ou ausente capacitação dos
professores para o uso das tecnologias nas suas aulas, a fim de que adquiram a
segurança necessária para desenvolver seu trabalho de ensinar utilizando as
TIC com o mesmo domínio que o fazem com os recursos que já pratica nas au-
las. Fica claro que, ao serem preparados a desenvolver mídias informatizadas,
preparando slides, adaptando planilhas eletrônicas, simuladores virtuais, anima-
ções em desenho, trechos de vídeos ou de filmes, e ambientes virtuais de a-
prendizagem como o moodle, começa-se a firmar alicerces que asseguram o
professor a lançar mão da sua zona de conforto, das técnicas que já domina,
para aplicar as TIC como ferramentas que o auxiliarão a ensinar. Percebe-se que
esse trabalho de capacitação não é tão longo quanto parece, visto que aproxi-
madamente três meses de efetivas aulas para uso dos programas e mídias, em
encontros semanais, foi possível que alguns professores se sentissem mais à
vontade para fazer das TIC verdadeiras ferramentas de trabalho docente.
Observa-se que, na análise dos relatos, com o uso das TIC é possível
para os professores vencer o paradigma tradicional do quadro e giz e a dialética
do discurso verbal entre professor e alunos, partindo para uma proposta mais
independente e diversificada para os aprendizes, em que há inúmeras e inesgo-
táveis maneiras de abordagens cognitivas, ou seja, o pluralismo metodológico.
Este tem o propósito de ampliar as ofertas de compreensão dos conhecimentos
estabelecidos, e desperta para superação e busca de novos conhecimentos. En-
tende-se que as tecnologias permitem muito mais quando de uma forma pluralis-
ta, busca-se atender a diversidade dos perfis de aprendizes presentes nas esco-
las, pois elas ultrapassam os limites dos recursos já conhecidos pela pedagogia
tradicional, do livro didático e dos cadernos dos educandos.
Para os participantes, nota-se em suas respostas, que é palpável o inte-
resse dos estudantes pelas tecnologias, e logicamente, deseja-se que corres-
pondam aos estímulos da aprendizagem apresentados através das tecnologias
usando as mesmas para reproduzir conhecimentos ou produzir novos. Assim
como fazem com os videogames, a manipulação dos celulares e das redes soci-
ais, em que dominar seus recursos é trivial, até que chegue outra novidade tec-
nológica.
As TIC estão no dia a dia da sociedade contemporânea e praticamente
temos muitas dificuldades quando nos faltam algumas, como controlar as contas
bancárias, fazer compras sem dinheiro em espécie ou comunicarmos com pes-
soas distantes de qualquer ponto que esteja numa cidade sem usar um aparelho
celular. As tecnologias devem continuar adentrando o ambiente escolar continu-
amente, para que também possam fazer parte do processo educativo, como fer-
ramenta do arcabouço didático e pedagógico do ensino e da aprendizagem. O
que fazer com aquelas que já estão presentes no ambiente escolar senão usá-
las para os fins a que foram propostas. Ou esperamos que as tecnologias sejam
dominadas pela sociedade e dentro das escolas ainda prevaleçam os livros didá-
ticos, o giz e o quadro unicamente, e o professor com a velha didática inerente
ao perfil construído empírica e historicamente por aqueles que não ousaram a se
buscar diferentes maneiras de transcender seus conhecimentos.
Enfim, o advento das tecnologias está para todos os segmentos sociais e
é preciso dominá-las para que estejamos contextualizados com a sociedade, e
para isto é necessário que haja uma política determinada a proporcionar aos do-
centes a preparação e recursos financeiros adequados para a introdução das
TICs como ferramentas do seu domínio profissional. Praticar as TIC na educação
é manter aquecida a intenção de equilibrar o desnível entre o conhecimento es-
colar e o que vigora na sociedade, cada vez que nos afastamos das tecnologias
mais se intensifica essa diferença. Enfim, o uso das TIC na educação, tendo o
professor agente de ação de suas atribuições, é tão essencial quanto a presença
das tecnologias na escola, pois um sem o outro não se justificam. Se não há pro-
fessor usando as TIC, não há necessidade de equipamentos tecnológicos, mas
estes são essenciais quando existem professores capacitados. As tecnologias aí
estão, nos resta fazer bom uso e aproveitar suas qualidades, para que seu des-
tino seja condizente com os investimentos a elas destinados, ou seja, promovam
a educação de qualidade.
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