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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS XXV SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS SALVADOR, 12 A 15 DE OUTUBRO DE 2003____________________________________________ T91 –A17 UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO EM ESTUDOS DE SUSCETIBILIDADE À EROSÃO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UHE- BARRA DO PEIXE MT/GO Emanuel U.A. Barros Superintendência de Recursos Hídricos / BA RESUMO Este trabalho enfoca o estudo de suscetibilidade à erosão na área de influência da Usina Hidrelétrica Barra do Peixe MT/GO e tem como premissa básica mostrar a perfeita adequabilidade do uso do geoprocessamento como ferramenta em trabalhos desta natureza. Inicialmente elaborou-se mapas básicos do meio físico (geologia, geomorfologia e solos), que, associados aos mapas de textura de solos e relevo, permitiu a elaboração de um mapa de suscetibilidade à erosão. A análise espacial dos dados apresenta um relatório de áreas relativamente à geologia, geomorfologia e solos, juntamente com seus respectivos percentuais associados a tabulações cruzadas. ABSTRACT This work focuses on the erosion susceptibility study in the influence area of the Hydroelectric Plant of Barra do Peixe MT/GO, and has as basic premise to show the perfect adequateness of the use of geoprocessing as a tool for works of this nature. Initially, basic maps of the physical environment (Geology, Geomorphology and Soils) were elaborated, which associated to the soil and relief texture maps, permitted the elaboration of an erosion susceptibility map. The spatial analysis of the data brings a report of the areas according to the geology, geomorphology, and soils, along with their respective percentages associated to cross tabulations.

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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS XXV SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS SALVADOR, 12 A 15 DE OUTUBRO DE 2003____________________________________________ T91 –A17

UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO EM ESTUDOS DE SUSCETIBILIDADE À EROSÃO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UHE-

BARRA DO PEIXE MT/GO

Emanuel U.A. Barros

Superintendência de Recursos Hídricos / BA RESUMO Este trabalho enfoca o estudo de suscetibilidade à erosão na área de influência da Usina Hidrelétrica Barra do Peixe MT/GO e tem como premissa básica mostrar a perfeita adequabilidade do uso do geoprocessamento como ferramenta em trabalhos desta natureza. Inicialmente elaborou-se mapas básicos do meio físico (geologia, geomorfologia e solos), que, associados aos mapas de textura de solos e relevo, permitiu a elaboração de um mapa de suscetibilidade à erosão. A análise espacial dos dados apresenta um relatório de áreas relativamente à geologia, geomorfologia e solos, juntamente com seus respectivos percentuais associados a tabulações cruzadas. ABSTRACT This work focuses on the erosion susceptibility study in the influence area of the Hydroelectric Plant of Barra do Peixe MT/GO, and has as basic premise to show the perfect adequateness of the use of geoprocessing as a tool for works of this nature. Initially, basic maps of the physical environment (Geology, Geomorphology and Soils) were elaborated, which associated to the soil and relief texture maps, permitted the elaboration of an erosion susceptibility map. The spatial analysis of the data brings a report of the areas according to the geology, geomorphology, and soils, along with their respective percentages associated to cross tabulations.

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1 - INTRODUÇÃO O Aproveitamento Hidrelétrico Barra do Peixe, tem como premissa básica, atender às crescentes necessidades de energia elétrica do Estado do Mato Grosso, refletindo as altas taxas de crescimento que ocorre na região. Localiza-se no rio Araguaia, cerca de 8km à sudeste do distrito de Ribeirãozinho, no município de Ponte Branca (MT), distando aproximadamente 1720km da confluência do rio Araguaia com o rio Tocantins, e na mesma latitude da cidade de Goiânia (GO). A Figura 1 apresenta um mapa de localização deste empreendimento.

FIGURA 1 – Mapa de Localização da UHE-Barra do Peixe

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2 - METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizados alguns softwares gráficos, sendo iniciado pelo Autocad, no processo de digitalização, cujos arquivos gerados foram inserido em um ambiente de sistema de Informação Geográfica (SIG). As imagens obtidas pelo “Landsat_5” foram processadas por software de sensoriamento remoto que, após os devidos tratamentos, permitiu a sua inserção também em ambiente “SIG”. O produto final, ou seja, os mapas resultantes deste trabalho foram obtidos pela conversão das imagens para o formato “TIF”, que foram trabalhadas no Corel Photo Paint, que em seguida foram importadas pelo CorelDraw, onde se fez a edição final dos mapas. 2.1 - CORTE E REGISTRO DE IMAGEM Como a área em estudo faz parte de duas cenas (WRS 224/71 e 224/72), houve a necessidade de se “cortar” parte destas duas cenas, de forma a compatibilizar a imagem de satélite com a área de estudo. Após este “corte”, as imagens foram registradas, ou seja, corrigida geometricamente para posterior colagem digital. 2.2 - TRATAMENTO DA IMAGEM O tratamento da imagem teve como objetivo, preparar as imagens para uma melhor interpretação. O tratamento de realce aplicado foi o de manipulação dos contrastes por ampliação linear de cada banda da imagem, permitindo a análise em forma de composição colorida, do tipo RGB, onde as bandas são visualizadas em 3 canais (vermelho, verde e azul). 2.3 -CONVERSÃO DOS DADOS DO AUTOCAD (FORMATO DWG) EM “SIG” Como os mapas poligonais foram executados inicialmente em AutoCad, e este, não permite a elaboração de um Sistema de Informação Geográfica (SIG), ou seja, não permite o armazenamento de dados em forma de tabelas associadas à entidades gráficas, e portanto, não possui uma estrutura topológica, houve a necessidade de converter os arquivos em AutoCad (formato DWG), para um software “SIG”

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2.4 -DIGITALIZAÇÃO DE MAPAS POLIGONAIS Após a transferência dos arquivos DWG para um “SIG”, verificou-se uma série de distorções na conversão de dados (no fechamento topológico, excesso de vértices etc.). Além deste fato, verificou-se também que, o mapa geológico e geomorfológico, mostravam incoerências quando confrontado com a realidade da imagem de satélite. Diante deste fato, houve a necessidade de redigitalizar em parte, os mapas temáticos. Esta redigitalização foi feita diretamente na tela, através de interpretação visual da imagem de satélite. 3 - ELABORAÇÃO DO MAPA POR ANÁLISE ESPACIAL O que distingue um "SIG" de outros tipos de sistemas de informação são as funções que realizam análises espaciais. Tais funções utilizam os atributos espaciais e não espaciais das entidades gráficas armazenadas na base de dados espaciais e buscam fazer simulações (modelos) sobre os fenômenos do mundo real. O objetivo destas análises espaciais foi a elaboração de um mapa de suscetibilidade à erosão obtido pelo cruzamento espacial de mapas básicos e mapas analíticos. 3.1 - MAPAS BÁSICOS Mapas Básicos, segundo Zuquetti (1987), são mapas onde se apresentam os componentes do meio físico. Neste trabalho, os mapas básicos considerados foram: Geológico, Geomorfológico e Solos. 3.1.1 - Mapa Geológico O mapa geológico (Anexo A), teve como base um mapa geológico realizado em trabalho pré-existente modificado em função de trabalhos de campo e interpretação das imagens de satélite WRS 224/71 224/72 TM, bandas 3, 4 e 5. 3.1.2 - Mapa Geomorfológico Analogamente ao mapa geológico, o mapa geomorfológico (Anexo B), foi elaborado tendo como base um mapa geomorfológico realizado em trabalho pré-existente, modificado em função da interpretação das mesmas imagens de satélite utilizadas na elaboração do mapa geológico.

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3.1.3 - Mapa de Solos O mapa de solos (Anexo C), foi obtido por digitalização do mapa de solos já realizado em trabalho anterior. Todas as sub-classes de solos foram digitalizadas individualmente, entretanto, como algumas classes possuem muitas sub-classes, podendo chegar até 39, o que certamente sobrecarregaria o mapa com muitas cores, optou-se por dar as mesmas cores à todas as sub-classes de uma determinada classe, no sentido de permitir uma melhor visualização das diversas classes de solo, e consequentemente, facilitar o processo de análise. Ex.: todas os Latossolos Vermelho-Escuros (LVd1, LVd2.....LVd38), foram considerados simplesmente como " LVd". 3.2 - MAPAS ANALÍTICOS Mapas analíticos, segundo a "IAEG" - Associação Internacional de Geologia de Engenharia, são mapas que fornecem detalhes e análise dos componentes individuais do ambiente geológico. Os mapas analíticos realizados foram: Textura dos Solos e Relevo, os quais foram elaborados através do método de reclassificação. Este método consiste em reagrupar classes de um único plano de informação associado a uma determinada classe de um determinado atributo, de forma a compor um novo plano de informação. No nosso trabalho, cada tipo de solo, pertence a uma determinada classe ou classes de textura de solo, que por sua vez, está associado à uma determinada classe ou classes de relevo. O que se fez foi reagrupar todos os tipos de solos que apresentava a mesma classe de textura, constituindo desta forma, o Mapa de Textura de solos, e reagrupar todos os tipos de solos que apresentava a mesma classe de relevo, para dar origem ao Mapa de Relevo. 3.2.1 - Mapa de Textura de Solo A textura se reveste de uma importância muito grande por funcionar como aceleradora ou redutora de qualquer processo erosivo. As diferenças texturais, ou seja, as diferentes proporções de argila, areia e silte, estão intrinsecamente ligadas à consistência, estrutura, permeabilidade, infiltração, capacidade de retenção de água e a porosidade de um solo. Por este motivo, optou-se pela elaboração de um mapa de textura do solo, no intuito de dar mais consistência ao mapa de suscetibilidade à erosão. O mapa de textura (Anexo D), foi elaborado pela “reclassificação das classes” de solo, cuja metodologia consiste em reagrupar classes de um único plano de informação de forma a compor um novo plano. No nosso caso, utilizaram-se os dados de solos contidos em trabalhos pré-existentes, onde para cada tipo de solo, é apresentada uma textura correspondente. A descrição adotada para as texturas de solo foi: • Textura arenosa: Compreende as classes texturais com menos de 15%

de argila; • Textura leve: 15 a 20% de argila e 50 a 70% de areia;

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• Textura média: 20 a 35% de argila e mais de 15% de areia; • Textura argilosa: 35 a 60% de argila; • Textura muito argilosa: Compreende classes texturais, tendo na

composição granulométrica mais de 60% de argila; • Textura indiscriminada: Foi utilizada nos casos em que não se pode

determinar uma ou mais classes texturais dominantes dentro da seção de controle do perfil.

3.2.2 - Mapa de Relevo

O relevo também se constitui num fator muito importante, uma vez que, deles dependem a velocidade de escoamento das águas superficiais, responsável direto em qualquer processo erosivo. Analogamente ao Mapa de Textura, o Mapa de Relevo (Anexo E), foi obtido pela reclassificação das classes de solos, cujos dados também fazem parte de trabalhos pré-existentes, onde para cada tipo de solo, existe uma classe ou classes de relevo correspondente. Estas classes estão distribuídas como se segue: • Plano: 0 a 3% de declive; • Suave Ondulado: 3 a 8% de declive; • Ondulado: 8 a 20% de declive; • Forte Ondulado: 20 a 45% de declive; • Montanhoso: 45 a 75% de declive; • Escarpado: >75% de declive.

4 - ELABORAÇÃO DO MAPA DE SUSCETIBILIDADE À EROSÃO

A suscetibilidade à erosão, objeto maior deste trabalho, diz respeito ao desgaste que a superfície do solo poderá sofrer quando submetida a qualquer uso, sem medidas conservacionistas. Esta depende em grande parte, das condições climáticas (especialmente do regime pluviométrico), condições do solo (textura, estrutura, permeabilidade, profundidade, capacidade de retenção da água, presença ou ausência de camadas compactas), condições de relevo (declividade, extensão das encostas) e pela cobertura vegetal. Para a elaboração do Mapa de Suscetibilidade à Erosão (Anexo F), criou-se um arquivo de ponderação. As regras deste arquivo consideram os planos de Geologia, Geomorfologia, Solos, Relevo e Textura dos Solos. Estes arquivos representam os elementos necessários e responsáveis pelo entendimento por parte do computador, no sentido de realizar as análises espaciais. A seguir,

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apresenta-se uma listagem parcial do arquivo de regra utilizado, onde são mostrados os planos de informação com seus respectivos pesos, associados às suas diversas classes com seus respectivos valores. A listagem total não foi colocada, em virtude do grande número de páginas necessárias para sua ilustração.

#egeo 5; PI de geologia com peso 5, contendo 8 classes: %1 10; valor da classe TQ, igual a 10; %2 20; valor da classe JKsg, igual a 20; %3 30; valor da classe Ppd, igual a 30; %4 50; valor da classe Ca, igual a 50; %5 40; Valor da classe Dpg, igual a 40; %6 20; valor da classe Df, igual a 20; %7 30; valor da classe Jb, igual a 30; %8 5; valor da classe cristalino, igual a 5. Os pesos representam a importância relativa que cada plano tem em relação ao fenômeno de interesse. O valor de cada classe representa a sensibilidade que cada classe tem em relação ao tema em estudo. Assim podemos dizer que o valor “50” para a formação Aquidauana o coloca como bem mais suscetível à erosão que os solos das coberturas Detríto Laterítica, cujo valor atribuído foi “10”. Os pesos dados para cada plano, juntamente com os valores de cada classe, são de caráter subjetivo, e foram dados sobretudo, em função do conhecimento que se tem sobre a área em estudo. A tabela 1 apresenta os valores dos pesos das classes para os planos de informação "geologia" e "geomorfologia". O fato de se ilustrar apenas os PI’s de geologia geomorfologia deve-se a limitação do número de páginas a serem apresentadas. Portanto, não se apresenta neste trabalho, o valor dos pesos das classes de Relevo, Textura do Solo e Solos.

TABELA 1 – Valor dos pesos das classes dos PI’s P. de Informação Classe Valor Descrição sucinta Geologia = 5 TQ

JKsg Ppd Ca Dpg Df Jb Cristalino

10 20 30 50 40 20 30 5

Solo laterizado; Solo de basalto; Intercalações de siltitos e folhelhos; Solo de alteração arenoso; Intercalações de siltitos e folhelhos; Arenitos compactos, maciços; Arenitos eólicos; Rocha

Geomorfologia =20 PStc Psse Peb RE SC SD Sdia Domo SF Rr

10 20 70 50 30 40 40 60 50 80

Superfície tabular; Relevo suavemente ondulado; Superf. Erosiva de borda de planalto; Morros uniformes Sup. Ondul. C/ rebordos escarpados; Espigões e vales; Interflúvios abaulados; Estrutura dômica; Sup. Fluviais; alargamento de vale; Morros e vales fort. Encaixados.

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4.1 -CÁLCULO DA MÉDIA PONDERADA Para cada posição (x,y), temos um valor relativo de média ponderada, que pode ser expressa segundo a equação:

VV P

Prc pi

pi( )

.=

(1) Onde: Vr x y( , ) = Valor relativo de média ponderada numa posição (x,y);

Vc = Valor de média ponderada de uma determinada classe numa posição (x,y); Ppi = Peso de um determinado plano de informação Para um melhor entendimento, é dado um exemplo a seguir: Numa determinada posição (x,y), na unidade geomorfológica “superfície Tabular” esculpida em capeamentos terciários (PStc), cujo valor de classe é igual a “10”, qual o seu valor relativo de média ponderada? De acordo com o arquivo de regras, os pesos dos planos de informação (PI’s) são: geologia (peso 5); geomorfologia (peso 20); solo (peso 30); textura do solo (peso 20) e relevo (peso 20). Portanto, a somatória é igual a 95. O valor da classe, como dito acima é igual a 10. Colocando os valores na equação acima, obtem-se: Vr(x,y) = 10 (valor da classe) x 20 (peso do plano de geomorfologia) 95 (somatória dos PI’s) Verificamos então, que nesta situação o valor relativo de média ponderada numa posição (x,y), é bem mais significativo. Portanto, reflete melhor a sua influência em relação à suscetibilidade à erosão. A somatória então, de todos os valores relativos, incluindo todos os planos de informação, nos dá um valor resultante numa posição (x,y), de média ponderada dos planos “j” de informação envolvidos no processo. Este valor resultante pode ser representado pela seguinte equação:

VP xV

Pf x y

j

n

j c x y

jj

n( , )

( , )

= =

=

∑1

1

(2)

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A seguir, na Tabela 2, para um melhor entendimento, são apresentados os planos de informação com seus respectivos pesos e valores relativos de média ponderada. TABELA 2: Planos de informação e seus respectivos pesos e valores relativos

de média ponderada. PLANOS DE INFORMAÇÃO GEOMOR. (20)

GEOLOGIA (5) SOLO (20) RELEVO (30) TEXTURA (20)

Classe Valor Classe

Valor Classe Valor Classe Valor Classe Valor

PStc 2.1 TQ 0.5 Latoso. 14.7 20 a 75

25.2 Indisc. 2.1

Psse 4.2 JKsg 1.1 Podzol. 25.7 20 a 45

22.1 M.argil. 2.1

Peb 14.7 Ppd 1.6 PET 18.4 8 a 45 18.9 Argilosa 4.2 RE 10.5 Ca 2.6 Camb. 33.1 8 a 20 15.8 Med/arg

. 6.3

SC 6.3 Dpg 2.1 SR 33.1 3 a 20 12.6 Média 7.4 SD 8.4 Df 1.1 HI/Al 7.4 3 a 8 9.5 Leve 8.4 Sdia 8.4 Jb 1.6 CO 22.1 0 a 8 6.3 Ar/leve 9.5 Domo 12.6 Crist. 0.3 AQ 33.1 0 a 3 2.1 Arenosa 10.5 SF 10.5 Litóli. 33.1 Rr 2.1 5 - RESULTADOS E ANÁLISES Concluído os mapas poligonais, deu-se início a análise espacial da base de dados. Inicialmente foi feito um relatório de áreas relativamente à geologia, geomorfologia e solos, consubstanciado nas áreas das classes de cada plano de informação, juntamente com seus respectivos percentuais (Tabela 3). De posse desse relatório, realizou-se tabulações cruzadas, de modo a permitir uma melhor visualização e interpretação dos dados espaciais (Tabelas 4, 5 e 6).

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TABELA 3 – Relatório de Áreas SOLOS GEOMORFOLOGIA GEOLOGIA CLASSE ÁREA

(ha) % CLASSE ÁREA

(ha) % CLASSE ÁREA

(ha) %

Lva 101104 8.71 PStc 3957 0.35 TQ 41908 3.60 Lvd 403969 34.80 Psse 80035 6.99 JKsg 32958 2.83 Led 173233 14.92 PEB 30737 2.68 Ppd 116165 9.99 LRd 2721 0.23 RE 34913 3.05 Ca 664087 57.10 Pva 27156 2.34 SC 269727 23.56 Dpg 201128 17.29 Pve 60100 5.18 SD 648563 56.64 Df 101888 8.76 Pvd 19588 1.69 Sdia 27065 2.36 Jb 3035 0.26 PET 37286 3.21 Domo 13472 1.18 Cristalino 1897 0.16 Ca 38213 3.29 SF 11879 1.04 TOTAL 1163066 100.0 Cd 15007 1.29 Rr 26644 2.15 Ce 14693 1.27 TOTAL 1144992 100.0

SR 20153 1.74 Hi 8171 0.70 Ad 477 0.04 Ae 5527 0.48 CO 6818 0.59 AQ 83075 7.16 Ra 86303 7.43 Rd 57324 4.94 TOTAL 1160918 100.0

TABELA 4 TABULAÇÃO CRUZADA – Solo x Geologia (ha)

GEOLOGIA SOLOS

TQ JKsg Ppd Ca Dpg Df Jb Crist. TOTAL Lva 70 105 4577 74969 17191 2338 1854 10110Lvd 9271 5284 32434 22533 41694 847 40396Led 3111 11059 54310 14337 61111 201 1101 17323LRd 1002 513 991 215 2721 Pva 8973 13912 3632 639 27156 Pvd 872 1807 7015 33013 17393 60100 Pve 378 18999 211 19588 PET 16064 17257 3596 369 37286 Ca 1029 568 9417 26712 487 38213 Cd 4383 3160 2449 3987 985 43 15007 Ce 3647 4834 4607 962 643 14693 SR 211 18868 1074 20153 Hi 8171 8171 Ad 477 477 Ae 5527 5527 CO 6618 6618 AQ 2462 58781 2456 19376 83075 Ra 2489 28553 21218 16163 17880 86303 Rd 2436 2110 6488 44348 185 1757 57324 TOTAL 4163 32950 11615 66342 21014 10076 2956 1897 11609

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TABELA 5

TABULAÇÃO CRUZADA – Solo x Geologia (%) GEOLOGIA SOLOS

TQ JKsg Ppd Ca Dpg Df Jb Crist. TOTAL

Lva 0.17 0.32 3.94 11.30 8.55 2.32 28.65 97.73 8.71 Lvd 28.14 4.55 48.89 11.20 41.38 28.65 34.80 Led 74.74 33.56 46.76 2.16 30.38 0.20 37.25 LRd 2.41 1.56 0.85 0.03 0.23 Pva 1.35 6.92 3.60 21.62 2.34 Pvd 2.09 5.48 6.04 4.98 8.65 5.18 Pve 0.33 2.86 0.10 1.69 PET 2.42 8.58 3.57 12.48 3.21 Ca 3.12 0.49 1.42 13.28 0.48 3.29 Cd 13.30 2.72 0.37 1.98 0.98 1.29 Ce 8.76 4.16 0.69 0.48 0.64 1.27 SR 0.64 2.84 0.53 1.74 Hi 8.11 0.70 Ad 0.07 0.04 Ae 0.83 0.48 CO 1.03 0.59 AQ 7.47 8.86 1.22 19.23 7.16 Ra 5.98 24.58 3.20 8.04 17.75 7.43 Rd 5.85 6.40 5.59 6.68 0.09 1.74 4.94 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00

TABELA 6 TABULAÇÃO CRUZADA – Solo x Geologia (%) GEOLOGIA SOLOS

TQ JKsg Ppd Ca Dpg Df Jb Crist. TOTAL

Lva 0.07 0.10 4.53 74.15 17.00 2.31 1.83 100.00 Lvd 2.29 1.31 80.29 5.58 10.32 0.21 100.00 LEd 17.96 6.38 31.35 8.28 35.28 0.12 0.64 100.00 LRd 36.82 18.85 36.42 7.90 100.00 Pva 33.04 51.23 13.37 2.35 100.00 Pvd 1.45 3.01 11.67 54.93 28.94 100.00 Pve 1.93 96.99 1.08 100.00 PET 43.08 46.28 9.64 0.99 100.00 Ca 2.69 1.49 24.64 69.90 1.27 100.00 Cd 29.21 21.06 16.32 26.57 6.56 0.29 100.00 Ce 24.82 32.90 31.36 6.55 4.38 100.00 SR 1.05 93.62 5.33 100.00 Hi 100.00 100.00 Ad 100.00 100.00 Ae 100.00 100.00 CO 100.00 100.00 AQ 2.96 70.76 2.96 23.32 100.00 Ra 2.88 33.08 24.59 18.73 20.72 100.00 Rd 4.25 3.68 11.32 77.36 0.32 3.07 100.00 TOTAL 3.59 2.84 10.01 57.15 17.33 8.68 0.25 0.16 100.00

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6 - CONCLUSÕES O reservatório da UHE – Barra do Peixe está implantada basicamente sobre as rochas da Formação Ponta Grossa e Formação Aquidauana, totalizando 74.48% da área; Os solos que predominam na região são os Latossolos Vermelho-amarelos, com 34.8% e secundariamente os Latossolos Vermelho-Escuros, com 14.9%; Os solos que interferem com o reservatório tem uma tendência mais arenosa. Sem dúvida, este fator contribui significativamente no potencial erosivo da região; O Domo de Araguainha se constitui no maior problema relativamente à suscetibilidade erosiva. Uma área bastante significativa que interfere diretamente no reservatório apresenta classe de suscetibilidade à erosão, forte. Este fato deve-se sobretudo ao relevo movimentado, apresentando declividades que variam de 8 a 75% de declive; O geoprocessamento se constitui ferramenta imprescindível no trato das questões ambientais à nível regional. A sua visão sinótica propiciada pelo Sensoriamento Remoto, associada aos recursos do Sistema de Informação Geográfica, diminui consideravelmente os custos empreendidos em trabalhos dessa natureza.

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARROS, Emanuel U. A & RIBEIRO A.C. Oliva (1990). Fenômeno de

Relaxação pelo Entalhamento do Vale na UHE – Barra do Peixe. 6ºSimpósio de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fudações. Salvador, BA, pp. 199 -206;

2. DEARMAN, WR (1991). Engineering Geological Mapping, Butterworth –

Heinemann, Oxford, 387p; 3. GRANT K. (1975). The PUCE Programe for Terrain Evaluation for

Engineering Purposes – II. Procedures for Classification, Division of Applied Geomechanics Techincal Paper Nº 19, Astrália, 71p;

4. GRANT K. (1975). The PUCE Programe for Terrain Evaluation for

Engineering Purposes – I. Principles, Division of Applied Geomechanics Techincal Paper Nº 15, Astrália, 12p;

5. SOUZA, N.M. (1994). Contribuição à cartografia geotécnica com uso de

geoprocessamento: Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas. 2V – Tese de Doutorado EESC, São Carlos, SP, 189p;

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6. SOUZA, N. M. & GANDOLFI N. (1993). Geoprocessamento para

Cartografia Geotécnica, 7º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, pp. 25 – 31;

7. The ARC/INFO METHOD (1990). Undestanding GIS, Environmental

Systems Research Institute; 8. ZUQUETTI, L. V. (1993). Análise Crítica da cartografia metodológica para

as condições brasileiras. 3V. Tese de Doutorado, EESC/USP, São Carlos, SP,673p.

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ANEXO A

S 17 21'0 53 15'

S 16 27'O 52 07'

COBERTURAS DETRÍTICO LATERÍTICA

GRUPO PASSA DOIS - SIiltitos cinzas, arenitos finos e

FORMAÇÃO AQUIDAUANA - Arenitos vermelhos de granulação fina a média, feldaspatos, arenitos róseos e

FORMAÇÃO FURNAS - Arenitos claros, médios e grosseiros, mal selecionados, feldspáticos, caulínicos e

FORMAÇÃO PONTA GROSSA - Arenitos finos de cores variadas, bem selecionados, micáceos, com intercalações de arenitos médios, às vezes conglomeráticos, siltitos cinza

FORMAÇÃO BOTUCATU - Arenitos eólicos róseos avermelhados

FORMAÇÃO SERRA GERAL - Sills e intrusões de diabásio

COMPLEXO CRISTALINO - Rocha de caráter brechóide com feldspatos, biotita, matriz constituída por material

Drenagem principal

Falha geológica

S 16 27'O 52 07'

MAPA GEOLÓGICO(Anexo A)

20 40 60km0

UHE - BARRA DO PEIXE

Coordenada Geográfica

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ANEXO B

UHE - BARRA DO PEIXE

SUPERFÍCIES DISSECADAS -Superfícies dissecadas em espigões, morros tabulares, semi-tabulares com vales podendo se apresentar

SUPERFÍCIES CONSERVADAS - Superfícies tabulares ou semi tabulares com topos ondulados e rebordos escarpados

SUPERFÍCIE ESTRUTURAL DE CIMEIRA de relevo tabular ou levemente ondulado

SUPERFÍCIE TABULAR esculpida nos capeamentos terciários do topo do planalto

SUPERFÍCIE EROSIVA DE BORDA DE PLANALTO resultante da remoção das camadas superiores

RELEVOS ESTRUTURAIS compostos por morros ruiniformes,

D O M O D E A R A G U A I N H A

SUPERFÍCIES FLUVIAIS - Superfícies dissecadas em patamares de

RELEVOS EROSIVOS ruiniformes compostos por morros e vales fortemente encaixados

Drenagem principal

S 16 27'O 52 07'

S 17 21'O 53 15'

S 16 27'O 52 07'

MAPA GEOMORFOLÓGICO(Anexo B)

0 60km4020

C o o r d e n a d a G e o g r á f i c a

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ANEXO C

UHE - BARRA DO PEIXE

Latossolo Vermelho - Amarelo

Latossolo Vermelho - Escuro

Latossolo Roxo

Solos Podzólicos

Solos Petroplínticos

Cambissolos

Solos Rasos Cascalhentos

Solos Aluviais

Solos Hidromórficos

Solos coluviais

Solos Litólicos

Drenagem principal

Areiais Quartzosas

Coordenadas Geográficas

S 16 27'O 52 07'

S 17 21'O 53 15'

S 16 27'O 52 07'

0 20 40 60km

MAPA DE SOLOS(Anexo C)

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ANEXO D

UHE - BARRA DO PEIXE

ARENOSA

ARENOSA / MÉDIA

LEVE

MÉDIA

MÉDIA / ARGILOSA

INDISCRIMINADA

DRENAGEM PRINCIPAL

ARGILOSA

MUITO ARGILOSA

Coordenadas Geográficas

S 16 27'O 52 07'

S 16 27'O 52 07'

S 17 21'O 53 15'

MAPA DE TEXTURA DO SOLO(Anexo D)

0 20 40 60km

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ANEXO E

UHE - BARRA DO PEIXE

Plano - 0 a 3% de declividade

Suave Ondulado a Ondulado - 3 a 20%

Fortemente Ondulado - 20 a 45%

Fortemente Ondulado a Montanhoso - 20 a 75%

Drenagem principal

Ondulado a Fortemente Ondulado - 8 a 45%

Ondulado - 8 a 20%

Suave Ondulado - 3 a 8%

Plano a Suave Ondulado - 0 a 8%

Coordenadas Geográficas

S 16 27'O 52 07'

S 17 21'O 53 15'

S 16 27'O 52 07'

0 20 40 60km

MAPA DE RELEVO(Anexo E)

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ANEXO F

DRENAGEM PRINCIPAL

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

UHE BARRA DO PEIXE

BAIXA SUSCETIBILIDADE

S 16 27'O 52 07'

S 17 21'O 53 15’

S 16 27'O 52 07'

MÉDIA SUSCETIBILIDADE

ALTA SUSCETIBILIDADE

0 20 40 60km

SUSCETIBILIDADE À EROSÃO

(Anexo F)