utilizaÇÃo de biomassa para
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UTILIZAÇÃO DE BIOMASSA PARA
GERAÇÃO DE ENERGIA: ESTUDO DE
CASO EM UMA INDÚSTRIA
MADEIREIRA DE ARIPUANÃ-MT
Anderson Gheller Froehlich
(UNEMAT)
Gelciomar Simão Justen
(UNEMAT)
Lierge Luppi
(UNEMAT)
Suzana de Moraes
(UNEMAT)
Resumo Atualmente a preocupação com a gestão ambiental faz cada vez mais
parte do cotidiano das empresas. As indústrias madeireiras, por
exemplo, no seu processo de produção, geram uma grande quantidade
de resíduos necessitando de um gerenciamentto adequado desses
resíduos para diminuir seus impactos ambientais. Neste contexto, este
trabalho apresenta uma abordagem sobre a utilização dos resíduos
sólidos gerados no setor madeireiro. A pesquisa foi realizada através
de estudo de caso em uma indústria madeireira no município de
Aripuanã-MT. O estudo teve como objetivo identificar as principais
vantagens que a empresa pode obter com a reutilização dos resíduos
de produção para a geração de energia. Pretendeu-se demonstrar
como a empresa pode diminuir significativamente os seus custos ao
reutilizar os resíduos para geração de energia própria, além de obter
receita adicional ao fornecer excedente de energia para terceiros.
Também foi possível mostrar como o reaproveitamento dos resíduos
(biomassa) pode contribuir para a diminuição de resíduos no meio
ambiente. A metodologia utilizada para coleta de dados foi observação
simples no local, aplicação de entrevista estruturada com o
proprietário, bem como pesquisa bibliográfica. A pesquisa demonstrou
que após a implantação da usina termoelétrica na empresa para
geração de energia para consumo próprio e comercialização do
excedente, os custos diminuíram significativamente, além de evidenciar
a importância da receita obtida com a comercialização da energia
elétrica.
Palavras-chaves: Gestão Ambiental, Resíduos Sólidos, Biomassa
8 e 9 de junho de 2012
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil as questões ambientais estão sendo tratadas de forma mais
rigorosa comparadas ao passado. A cobrança vinda do cenário internacional está se
intensificando em relação à preservação das riquezas naturais existentes nos países,
principalmente em se tratando dos recursos florestais que, no caso do Brasil, têm em
abundância. Além dos recursos naturais que são comercializados nacional e
internacionalmente, o país é um grande gerador de resíduos florestais que na maioria das
vezes recebem tratamento inadequado, ficando expostos ao meio ambiente.
Estudos afirmam que cerca de 40 a 60% do volume total de uma tora seja aproveitado,
ou seja, de cada dez árvores cortadas apenas cinco são aproveitadas em sua totalidade. O
desperdício de matéria-prima é muito grande. As sobras não aproveitadas são os chamados
resíduos que no setor madeireiro podem ser: serragem, maravalhas, costaneiras, aparas,
refilos, cascas e outros.
O estado de Mato Grosso tem um grande potencial de produtos comercializados
originários do setor madeireiro, é um dos estados que possui um dos maiores níveis de
desmatamento no Brasil, fica atrás apenas do estado do Pará. Dados dos relatórios do Sistema
de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) revelam que no ano de 2010, o Estado do Pará desmatou uma área
equivalente a 981,6 Km². Mato Grosso ficou com 645,8 Km² de área desmatada seguido pelo
Estado de Rondônia que por sua vez desmatou o equivalente a 287,6 Km².
Segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), entre o período de fevereiro
de 2006 a novembro de 2010, o setor madeireiro do estado Mato Grosso obteve um total de
R$ 7.720.621.024,73 em vendas. O comércio de resíduos de madeira obteve receitas no valor
de R$ 48.623.164,15. Esses valores correspondem a vendas tanto internas quanto externas.
O município de Aripuanã está localizado na região noroeste do estado de Mato
Grosso, e a maior parte de sua economia é originária da extração, industrialização e
comercialização da madeira. Os resíduos gerados no processo de industrialização da madeira
na maioria das vezes não são reaproveitados. A dificuldade em comercializar essas sobras
devido a questões como logística faz com que estes resíduos fiquem armazenados em locais
abertos ou são queimados trazendo ainda mais prejuízos ao meio ambiente.
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A cidade está localizada em uma região em que os recursos naturais, nesse caso, a
madeira, são abundantes. Esse é um dos motivos pelo qual muitas vezes, os resíduos, não são
reaproveitados sendo desperdiçados ou descartados no meio ambiente.
Atualmente, muitos estudos tem se destinado a buscar opções viáveis em reduzir os
desperdícios ou reaproveitar os recursos naturais que cada vez mais estão ficando distantes e
escassos, tornando indispensável a necessidade de uma gestão eficaz no tratamento desses
resíduos.
Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo apontar os principais
benefícios que a uma indústria madeireira pode obter com a reutilização dos resíduos da sua
produção para a geração de energia. Para tanto, foi necessário averiguar se há redução de
gastos com energia a partir da implantação da termoelétrica; verificar se a empresa poderia
obter uma receita adicional caso comercializasse excedente de energia; e analisar os principais
benefícios ambientais da reutilização de resíduos de madeira para a geração de energia.
A presente pesquisa foi realizada em uma empresa do segmento madeireiro no
município de Aripuanã/MT, a qual faz a gestão de seus resíduos sólidos utilizando-os como
biomassa para geração de energia.
Os dados principais forma fornecidos pelo gestor da empresa através de uma
entrevista. O estudo foi realizado somente em uma empresa por ser esta a única que possui
geração própria de energia a partir da utilização de biomassa na localidade em que se
encontra.
De acordo com os objetivos propostos pela pesquisa, a mesma se classifica como
exploratória, pois foi realizada em um contexto no qual se tem pouco conhecimento
sistematizado, proporcionando neste caso um desafio explorar determinada realidade para
buscar dados relevantes a estudos. Por favorecer a descrição de um fato, como a utilização da
biomassa para a geração de energia, possibilitando o conhecimento de algo ainda
desconhecido, a pesquisa também é de caráter descritivo. (GIL, 2006)
A pesquisa de campo foi realizada a partir de observações in loco na empresa
estudada, compreendendo também a aplicação da entrevista com o gestor da madeireira, tudo
com o intuito de se coletar o máximo possível de dados relevantes para validar os objetivos
propostos. A entrevista foi estruturada com questões abertas, na qual o pesquisador perguntou
ao entrevistado e este respondeu com suas próprias palavras. Todas as etapas da pesquisa são
também embasadas por seu cunho bibliográfico a partir da análise de material já publicado em
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livros, revistas e artigos científicos, os quais abordam a temática do trabalho. (MARCONI;
LAKATOS, 2009)
Os dados coletados foram abordados de forma qualitativa, ou seja, analisados a fundo,
sem necessidade de tratamento estatístico, pois os mesmos são advindos de uma única
entrevista com o gestor da empresa e também de observações realizadas. Neste sentido, os
dados foram tratados a partir de sua análise, interpretação e descrição.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Gestão Ambiental
Atualmente, a gestão ambiental vem sendo muito discutida em diversos setores
empresarias acerca da importância e da necessidade de uma gestão eficiente no que concerne
a diminuição dos impactos ambientais causados pelo desenvolvimento.
Tinoco e Kraemer (2008) definem Gestão Ambiental como:
Gestão ambiental é o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para
desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política
ambiental. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos
provocados no ambiente por suas atividades (TINOCO E KRAEMER, 2008, p.
114).
Descrevem gestão ambiental como: “a forma pela qual a organização se mobiliza,
interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada”. Enfatizam ainda
que “ela consiste em um conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto
ambiental de uma atividade”.
Esses conceitos de gestão ambiental demonstram que este é um processo que envolve
todas as atividades da organização, desde o planejamento até a execução final dos processos.
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Para tanto, é preciso que a política das empresas esteja voltada para questões relacionadas ao
meio ambiente.
Em Epelbaum (2004) apud Vilela Júnior e Demajorovic (2006, p. 116) “a gestão
ambiental pode ser entendida como a aplicação dos princípios de planejamento e controle na
identificação, avaliação, controle, monitoramento e redução dos impactos ambientais a níveis
predefinidos”.
Já Antonius (1999) apud Tinoco e Kraemer (2008, p. 114) expõem que o
gerenciamento ambiental pode ser conceituado como a integração de sistemas e programas
organizacionais que permitem: controlar e reduzir impactos ambientais; cumprir leis e normas
ambientais; desenvolver e utilizar de tecnologias para minimizar ou eliminar resíduos
industriais; monitorar e avaliar os processos e parâmetros ambientais; eliminar ou reduzir os
riscos ao meio ambiente e ao homem; utilizar tecnologias limpas, visando minimizar os gastos
de energia e materiais; melhorar o relacionamento entre a comunidade e o governo; e
antecipar sobre as questões ambientais que possam causar problemas ao meio ambiente e,
principalmente à saúde humana.
São notáveis os benefícios que uma gestão ambiental eficaz pode trazer, tanto para o
meio ambiente quanto para a sociedade, para tal é preciso que as empresas mudem suas
práticas e adotem a gestão ambiental como uma filosofia de vida da organização.
Além disso, Tinoco e Kraemer (2008, p. 125) destacam alguns benefícios da Gestão
Ambiental, entre eles: redução do consumo de água, energia e outros insumos; reciclagem,
venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes; redução de multas e
penalidades por poluição; aumento da demanda para produtos que contribuam para a
diminuição da poluição; aumento da produtividade; melhoria das relações com os órgãos
governamentais, comunidades e grupos ambientalistas, entre outros.
O aproveitamento de resíduos é um dos fatores importantes que pode e deve ser
trabalhado na gestão ambiental.
2.2 Resíduos sólidos
Vilela Júnior e Demajorovic (2006, p. 57) descrevem que “resíduos devem ser
entendidos como efluentes líquidos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos”.
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A Secretaria do Meio Ambiente - SEMA conceitua resíduos sólidos como os restos
das atividades humanas, consideradas pelos gestores como inúteis, indesejáveis ou
descartáveis. Apresentam-se geralmente sob estado sólido, semi-sólido ou semi-líquido.
Podem ser classificados por sua natureza física: seco e molhado; por sua composição química:
matéria orgânica e matéria inorgânica; e pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos,
não inertes e inertes.
Segundo dados da SEMA o lixo industrial é originário das diferentes atividades
industriais, podendo ser composto de: cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos,
plástico, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas, etc.
De acordo com Hueblin, 2001 apud Coronel et al. 2007, os principais resíduos das
indústrias madeireiras são: a serragem, originária do processo de serragem da madeira, que
representa cerca de 12% do volume total de matéria-prima; os cepilhos ou maravalhas
derivados das plainas que podem chegar a 20% do total de matéria-prima; e a lenha ou
cavacos compostas por costaneiras, aparas, refilos, cascas entre outros, podendo chegar a 50%
do volume total de matéria-prima nas serrarias e laminadoras. Estima-se que do volume total
de uma tora cerca de 40% a 60% seja aproveitado, ou seja, de cada dez árvores cortadas
apenas cinco são aproveitadas em sua totalidade.
Nesse contexto pode-se afirmar que apesar das tecnologias existentes ainda há muitos
desperdícios de matéria-prima neste setor. Assim surgem muitos estudos que abordam essa
problemática com o intuito de reduzir os desperdícios e agregar valor à indústria geradora dos
resíduos.
Segundo Dias (2006) apud Dolens et al. (2010, p. 03) o aproveitamento dos resíduos
pode trazer alguns benefícios financeiros às empresas madeireiras, como: menores gastos com
matéria-prima, energia e disposição dos resíduos; redução ou eliminação de custos futuros
decorrentes de processos de despoluição causados por esses resíduos; menores complicações
legais, com o não pagamento de multas ambientais; menores custos operacionais de
manutenção; menores riscos atuais e futuros à funcionários, público e meio ambiente e,
consequentemente, menores despesas.
Assim, a gestão dos resíduos sólidos torna-se primordial quando se trata do
aproveitamento de resíduos de produção.
2.3 Biomassa como alternativa de aproveitamento dos resíduos florestais
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O uso energético da lenha e do carvão faz parte da história social da humanidade.
Cavalcanti (2009, p. 354) afirma que “o aproveitamento da força hidráulica primeiro pelos
aquedutos e canais, depois pelas rodas d’água e moinhos, vem das civilizações mais
importantes de todos os continentes, por exemplo, o império Asteca, a Mesopotâmia, os
romanos, os chineses”. Aborda ainda que nos dias de hoje utilizamos esses mesmos recursos
de uma forma muito específica, em grandes quantidades e dimensões, mas baseando-se nos
seguintes processos elementares: a queima da madeira como fonte de calor para fundir metais;
a queima do álcool como combustível; a roda hidráulica e sua energia mecânica disponível
para outros fins.
A partir do século XIX iniciou-se as “eras da eletricidade e do petróleo”, criando-se
condições jamais vividas anteriormente, para os transportes, para as comunicações e para a
fabricação de produtos. Cavalcanti (2009, p. 355) descreve que na percepção do
relacionamento entre as atividades humanas e a natureza, foi predominando um tipo de visão
exploratória do conjunto de recursos naturais, aumentando-se cada vez mais a escala, as
dimensões e as potências das realizações materiais, tanto as construtivas quanto as destrutivas.
Segundo o autor, a história social e ambiental do capitalismo, da qual fazemos parte,
tem sido uma história da intensificação da produção e do uso da energia. A eletricidade e o
combustível deixam de ser apenas novas formas de energia, e estão se tornando cada vez mais
mercadorias energéticas valiosas, estratégicas, elementos relevantes dos ciclos econômicos,
da realização de lucros e da acumulação de capital.
De acordo com Cortez et al. (2008, p. 15) a maioria dos países, desenvolvidos ou não,
está promovendo ações para que as energias alternativas renováveis tenham participação
significativa em suas matrizes energéticas. Segundo o autor, a motivação para essa mudança
de postura é a necessidade de redução do uso de derivados de petróleo, pois estes emitem
gases que promovem o efeito estufa, e também pela redução da dependência energética desses
países em relação aos países exportadores de petróleo.
Neste trabalho o estudo foi realizado num enfoque voltado para a biomassa como
forma de geração de energia tanto para o consumo próprio da madeireira, assim como para
comercialização do excedente gerado pela indústria.
Segundo Cortez et al. (2008, p. 15) a biomassa tem origem em resíduos sólidos
urbanos, sejam eles, animais, vegetais, industriais e florestais, e que são voltados para fins
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energéticos, abrange a utilização desses diversos resíduos para a geração de fontes alternativas
de energia.
De acordo com Decicino (s.d.), biomassa é um material constituído por substâncias de
origem orgânica (vegetal, animal e microorganismos). Plantas, animais e seus derivados são
biomassa. A utilização desses materiais como combustível pode ser feita a partir de sua forma
bruta, como madeira, produtos e resíduos agrícolas, resíduos florestais, resíduos pecuários,
excrementos de animais e lixo.
Segundo o autor, uma das primeiras utilizações da biomassa pelo homem para a
obtenção de energia se deu através do uso do fogo. A madeira foi por muito tempo a principal
fonte de energia utilizada pelo homem seguido dos óleos vegetais e animais.
Por volta de 1850, a biomassa representava cerca de 85% do consumo mundial de
energia, antes disso, era a única forma de energia utilizada pelo homem, além da força dos
ventos e pequenas quantidades de carvão para uso residencial. (Goldemberg, 2009). A partir
desse período o petróleo e o gás tornaram-se dominantes.
Goldemberg (2009) afirma que existe um grande número de tecnologias de conversão
energética da biomassa para aplicação em pequena e grande escala. Neste incluem
gaseificação, método de produção de calor e eletricidade, recuperação de energia de resíduos
sólidos urbanos, gás de aterros sanitários, além de biocombustíveis para o setor de transportes,
ou seja, etanol e biodiesel.
Devido ao crescente aumento dos preços de óleo e gás natural, o gás de aterros
sanitários, bagaço de cana-de-açúcar, biodiesel, madeira de reflorestamento estão se tornando
opções atrativas de biomassa. Segundo Goldemberg (2009), com base nas atuais tendências
no desenvolvimento tecnológico, estima-se que os custos de recuperação de energia de
biomassa se reduzam em até dois terços em 20 anos.
Peixer (2007) faz uma breve abordagem sobre biomassa:
A biomassa florestal (resíduos de serraria), é o potencial mais promissor no
momento, por ser fonte alternativa e renovável de energia estando disponível
localmente. O resíduo constitui um problema ambiental a ser adequadamente
solucionado, a sua utilização para co-geração de energia (elétrica e térmica) é
conveniente e necessária para o segmento das serrarias e para a sociedade em geral,
contribui para a diminuição da concentração do CO2 na atmosfera, se baseada em um
sistema de produção florestal sustentada, gerará muitos empregos locais e regionais,
entre outros (LIMA, 2000) apud (PEIXER, 2007).
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As sobras geradas no desdobramento da madeira quando utilizadas para geração de
energia podem trazer grandes benefícios para a empresa, pois esta se tornará auto-suficiente,
tornando-se mais competitiva no mercado e ainda irá diminuir seus custos no que concerne à
energia.
2.3.1 Tipos de Biomassa no Brasil
Segundo Cortez et al. (2008, p. 19), as primeiras biomassas no Brasil são: resíduos
vegetais, resíduos sólidos urbanos, resíduos industriais, resíduos animais e resíduos florestais:
Os resíduos vegetais são produzidos no campo, derivados das atividades da colheita
dos produtos agrícolas. Os resíduos agrícolas são constituídos de palha, folhas e caules.
Os resíduos sólidos urbanos são resultantes das atividades domiciliares e comerciais.
Já os resíduos industriais, são aqueles provenientes do beneficiamento de produtos
agrícolas e florestais, do uso de carvão vegetal no setor siderúrgico e do gás de alto-forno a
carvão vegetal.
Cortez et al. (2008, p. 19) descreve que a indústria madeireira produz resíduos a partir
do beneficiamento de toras. Os tipos de resíduos produzidos são casca, cavaco, costaneira, pó
de serra, maravalha e aparas. Já as indústrias de alimentos e bebidas produzem resíduos na
fabricação de sucos e aguardente, no beneficiamento de arroz, café, trigo, milho, coco da
Bahia, amendoim, castanha-de-caju etc.
Os resíduos animais são determinados pela capacidade de produção de excrementos
das criações. De acordo com Cortez et al. (2008, p. 23), “Os mais importantes resíduos
gerados pela atividade biológica são os do gado bovino, suíno, caprino e ovino, que são
criações relevantes e justificariam seu aproveitamento energético”. Além dos usos
energéticos, os dejetos de suínos são utilizados como fertilizantes, diminuindo a poluição e
melhorando as características físicas, químicas e biológicas do solo.
E por último, os resíduos florestais, que segundo Cortez et al. (2008, p. 24), “são
constituídos por todo aquele material deixado para trás na coleta de madeira, tanto em
florestas e bosques naturais como em reflorestamento, e pela serragem e aparas produzidas no
processamento da madeira”.
Muitos são os resíduos gerados desde o início do processo até a etapa final, ou seja,
desde o corte da árvore até a transformação da matéria-prima no produto acabado, pronto para
a comercialização. Grande parte desses resíduos pode ser utilizado para geração de energia,
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principalmente aqueles gerados no processo de transformação da madeira, ou seja, na
madeireira, pois normalmente estes resíduos estão mais próximos das usinas de geração de
energia do que os aqueles gerados no local de extração da madeira.
2.3.2 Geração de energia elétrica através da biomassa
Dados do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) apontam que a biomassa
tem sido usada de forma crescente no mundo como insumo energético; muito utilizada para
usos finais como energia térmica, mas também de forma bem significativa como geradora de
energia elétrica.
No Brasil a produção de energia elétrica da biomassa é estimada em cerca de 3% da
energia elétrica total, pesquisa realizada em 1999. Segundo o CGEE a produção de energia
elétrica a partir de biomassa apresenta duas características importantes: o conteúdo energético
da biomassa exige coleta e transporte para concentrar o insumo, portanto, os custos do insumo
crescem com a capacidade da unidade de conversão e as tecnologias de conversão para
energia elétrica convencionais, essencialmente termoelétricas, apresentam forte economia de
escala, assim, o investimento por unidade de insumo cai e as eficiências de conversão
aumentam, com a capacidade.
Investimentos em tecnologia têm buscado aumentar a eficiência na utilização da
biomassa para reduzir custos de coleta e transporte. Para reduzir o custo de transporte, podem
ser utilizados: resíduos de outros usos de biomassa que já estejam concentrados no local de
uso, tendo o custo do transporte absorvido pelo custo do produto principal (bagaço de cana,
palha de arroz, restos em serrarias, casca de árvores na indústria de celulose, etc); resíduos de
outros usos de biomassa que possam ser coletados e transportados a baixo custo, exemplo,
parte da palha da cana; e plantações específicas para a produção de energia, exemplo,
florestas comerciais.
Segundo o CGEE os principais tipos de biomassa existentes em maior quantidade no
Brasil são: bagaço de cana-de-açúcar, casca de madeira, palha.
Os resíduos de madeira podem ser utilizados através da queima em usinas
termoelétricas com a finalidade de gerar energia elétrica na própria indústria madeireira.
2.3.3 Usinas termoelétricas
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De acordo com Reis (2003) apud Costa (2009, p. 10) são consideradas usinas
termoelétricas as que utilizam como combustível para geração de energia: carvão, óleo, gás,
energia nuclear e biomassa, onde o processo de funcionamento está baseado na transformação
de energia térmica em energia mecânica que por sua vez é transformada em energia elétrica.
No entanto, segundo a ANEEL (2008) apud Costa (2009, p. 11) a biomassa é uma das
fontes com maior potencial de crescimento nos próximos anos e apesar da boa flexibilidade,
ainda é uma opção em maturação com representação pouco expressiva na matriz nacional.
Segundo informações da Companhia Paranaense de Energia (COPEL), as
termoelétricas podem operar em ciclo simples, em ciclo combinado ou em co-geração:
- Ciclo simples: a queima de um determinado combustível em caldeiras simples,
turbinas ou em motores, fornece a energia mecânica para o gerador de energia elétrica;
- Ciclo combinado: a queima do combustível fornece energia mecânica para o gerador
de energia elétrica, e os gases da queima do combustível são direcionados a uma caldeira de
recuperação de calor para produzirem vapor, e este vapor irá movimentar uma turbina a vapor
que estará ligada a outro gerador de energia; e
- Co-geração: é semelhante ao sistema combinado, no qual o vapor produzido na
caldeira de recuperação de calor será também utilizado no processo industrial de alimentos,
papel, bebida, aquecimento ambiente, etc.
O combustível utilizado para a obtenção do calor necessário para o processo, pode ser:
gás natural, derivados de petróleo, carvão mineral e vegetal, resíduo de madeira e da produção
agrícola, bagaço de cana-de-açúcar, lixo doméstico e urânio.
Desta forma, os resíduos de madeira gerados na empresa são utilizados na usina
termoelétrica para geração de energia própria.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A empresa estudada está no mercado desde 2004, é composta por dois sócios, possui
55 funcionários no total, sendo operários e administrativos. O setor de produção funciona em
dois turnos. Sua capacidade produtiva é de 600 m³ mensais de madeira beneficiada.
A produção da empresa é totalmente comercializada para uma empresa do município,
no entanto, 70% da produção é direcionada para exportação. A madeireira compradora se
encarrega de vender os produtos para o comércio exterior. Os principais produtos exportados
são: s4s e decking. O s4s são as madeiras mais curtas e o decking são as madeiras mais longas
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que normalmente são utilizadas para fazer pisos. Assim, 30% dos produtos são vendidos para
utilização do mercado interno.
Os resíduos gerados na produção são reaproveitados na própria empresa para a
geração de energia. Os resíduos reaproveitados são os casqueiros, ou seja, as sobras de
madeiras no processo de produção e a maravalha que é um resíduo muito parecido com o pó
de serra, é derivado do processo de aplainagem da madeira muito utilizada para exportação. A
maravalha é um resíduo que gera grande aquecimento na usina sendo de grande valia para
geração de energia. Somente o pó de serra gerado na produção ainda não é reaproveitado pela
empresa. Este resíduo é armazenado em um local na própria madeireira.
Os resíduos gerados variam de um total de 9 m³ a 18 m³ por dia dependendo da
espécie de madeira que está sendo serrada. Os resíduos são colocados diretamente na usina,
não necessita de nenhum tipo de processamento antes de ser utilizados para geração de
energia.
A empresa possui um mecanismo de geração de energia utilizando os próprios
resíduos da produção, entretanto, ela utiliza resíduos de madeira de outras duas indústrias
madeireiras da região. A capacidade de energia gerada na empresa é de 1.500 KVa1, o
suficiente para atender a demanda da madeireira e um excedente que pode atender mais onze
empresas madeireiras do mesmo porte. Com esse excedente, a empresa já comercializa a
energia gerada para outras oito madeireiras. Para tanto, para uma empresa comercializar
energia é necessário obter a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
A ANEEL foi instituída pela Lei N. 9.247/96 e constituída pelo Decreto n. 2.335/97,
com as atribuições de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica, zelando pela qualidade dos serviços prestados,
pela universalização do atendimento e pelo estabelecimento das tarifas para os
consumidores finais, preservando a viabilidade econômica e financeira dos e da
indústria. (COSTA, 2009, p. 14-15).
No caso da empresa estudada, esta já possui a licença para geração e comercialização
de energia elétrica desde 14 de junho de 2009.
1 KVa é uma medida de potência elétrica, chamada potência aparente e é igual a potência ativa dada em Watt.
Ex: 1 KVa = 1000 Volts. Fonte: Clube do Hardware, disponível em: http://forum.clubedohardware.com.br/kva-
duvida/555261?s=6a3cce5f2f24b69f540869d7bc10a7a0&p=3149056. Acesso em: 04 mai. 2011.
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Para demonstrar como ocorrem os processos de transformação da madeira em tora até
o acabamento do produto final, foi elaborado um fluxograma2 da madeireira, como pode ser
observado na figura 01.
O Fluxograma mostra a sequência desde o princípio do processo até o produto final,
iniciando com a chegada da tora no pátio da madeireira. A seguir a tora é desembarcada do
caminhão e seguida é encaminhada para o local de estocagem no pátio da madeireira. Para
iniciar a transformação da tora no produto final, esta é encaminhada para a serraria, onde
ocorre o processo de serragem da madeira. Depois da serragem, a madeira passa pela
alinhadeira, processo pelo qual retira-se os defeitos nas laterais e realiza-se o alinhamento da
mesma. Em seguida é encaminhada para estopadeira onde a madeira é cortada retirando-se
também as partes defeituosas nas pontas da peça e para que fique no tamanho desejado. Nos
processos de serragem, alinhamento e estopo, são gerados os resíduos que serão
encaminhados direto para a caldeira da usina termoelétrica, parte destes resíduos, o pó de
serra, é retirado do local de serragem e depositado próximo da madeireira e posteriormente é
encaminhado para o local de armazenamento na própria madeireira.
2 “Fluxograma é uma técnica de representação gráfica que se utiliza de símbolos previamente convencionados,
permitindo a descrição clara e precisa do fluxo, ou seqüência, de um processo, bem como sua análise e
redesenho” (D’ASCENSÃO, 2007, p. 110).
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Figura 01. Fluxograma da produção da empresa, adaptações de Cury (2007).
Depois de beneficiada, a madeira passa pelo processo de empacotamento, e em
seguida é estocada. A partir daí o produto está pronto para a comercialização e embarque.
Para um melhor entendimento da rotina do processo de geração de energia, também
foi elaborado um fluxograma da Usina Termoelétrica conforme mostra a figura 02.
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Figura 02. Fluxograma da Usina Termoelétrica, elaborado pela pesquisadora, adaptações de Cury (2007).
A partir da chegada dos resíduos oriundos do processo de serragem, alinhamento e
estopo, estes são depositados na frente da caldeira, que é alimentada manualmente por dois
funcionários, conforme mostra a figura 03.
A maravalha, resíduo gerado no processo de beneficiamento da madeira, é colocada
por uma máquina sobre uma rosca que possui um motor acoplado. Esse motor gira a rosca e
empurra o resíduo para dentro da fornalha, de acordo com a necessidade de aquecimento.
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Depois da queima dos resíduos, a água que circula por tubulações dentro da caldeira é
aquecida ocorrendo a geração de vapor. Esse vapor faz girar uma turbina, que por sua vez,
aciona um gerador transformando o vapor em energia elétrica. Depois desse processo, a
energia passa pelo transformador, seguindo para o quadro de comando, onde é distribuída
tanto para a própria empresa, quanto para as outras três madeireiras.
Para um melhor entendimento desse método, a figura 03 mostra de forma mais
resumida como ocorre o processo de funcionamento de uma usina termoelétrica para geração
de energia.
Figura 03: Processo de funcionamento de uma usina termoelétrica. Disponível em:
<http://www.ebanataw.com.br/roberto/energia/ener8.htm>. Em 13/04/2001. Atualizado em 12/12/2009. Acesso
em 07 Fev. 2011.
Para o funcionamento de uma termoelétrica é necessário dispor de um reservatório de
água para geração de vapor na caldeira. O vapor é um condicionante que movimenta a turbina
e aciona o gerador gerando a energia. Após esse processo, o último passo é a distribuição da
energia elétrica.
Diante do exposto, para o funcionamento da usina termoelétrica é necessária grande
disponibilidade de água. Na usina termoelétrica da empresa, diariamente são utilizados cerca
de 30.000 litros de água. Por isso, a empresa possui um grande reservatório com capacidade
de 65.000 litros, conforme mostram as figura 05 e 06.
Esse reservatório é abastecido tanto com água de um poço artesiano construído
próximo à usina termoelétrica quanto com água do fornecimento municipal. São utilizados do
poço artesiano aproximadamente 18.000 litros de água e do fornecimento municipal, 12.000
litros de água.
Antes de implantar o sistema de geração de energia, a madeireira possuía um gasto
com energia equivalente a R$ 45.000,00 mensais. Depois da implantação, esse custo deixou
de existir, pois a partir daí a empresa consome somente a energia produzida na própria
termoelétrica. Contudo, para o funcionamento permanente da usina é necessário constante
manutenção, além de funcionários trabalhando o tempo todo para que o processo flua
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harmoniosamente. Visto isto, a madeireira teve que contratar 13 funcionários, sendo um
encarregado, seis operadores e seis auxiliares de operadores. Os funcionários trabalham em
dupla, cada turno trabalham seis horas por dia. Além da contratação, a empresa precisou
capacitá-los para o exercício de suas funções. Assim, a empresa não possui gastos com
energia, mas por outro lado, tem despesas com a manutenção da usina e com pessoal, o que
equivale aproximadamente a 50% dos gastos com energia antes da implantação da
termoelétrica. De acordo com o proprietário, os investimentos realizados pela empresa para
implantar o sistema de geração de energia com o reaproveitamento dos resíduos de madeira
representam 50% do patrimônio atual da mesma.
Além disso, a empresa tem planos de fazer modificações na máquina para reaproveitar
também o pó de serra, que até o momento fica armazenado na empresa. Esse resíduo não tem
outra utilidade na empresa e é visível a grande quantidade armazenada tornando necessário
um local adequado e extremamente grande para o armazenamento.
Quando da instalação da usina termoelétrica o objetivo principal da empresa era a
minimização dos custos com energia elétrica, mas não deixando de considerar os benefícios
financeiros que poderia obter através da receita de venda de seu excedente. Outro fator não
menos importante é a destinação dos resíduos que deixariam de ser um problema tanto para a
empresa quanto para o meio ambiente.
A madeireira gera aproximadamente cerca de 310m³ de resíduos mensais. Com
exceção do pó de serra, que corresponde a 15% deste total, os demais resíduos são todos
utilizados na usina termoelétrica. Além de consumir esses resíduos, a usina ainda aproveita
25% de resíduos de outras madeireiras. Diante disto, pode-se considerar que a empresa está
contribuindo com a diminuição do desperdício desses insumos. Além de diminuir os
problemas que poderia ter com a armazenagem desses resíduos, ainda contribui para que estes
não fiquem expostos ao meio ambiente.
Conforme Tinoco e Kraemer (2008, p. 114) a gestão ambiental é o sistema que inclui
toda a estrutura de uma organização, englobando planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos a fim de desenvolver, implementar, atingir e manter a política
ambiental. Enfatiza ainda, é aquilo que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos
negativos provocados no ambiente decorrentes de suas atividades.
Destacam também, alguns benefícios da Gestão Ambiental, entre eles: redução do
consumo de água, energia e outros insumos; reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos
e diminuição de efluentes; redução de multas e penalidades por poluição; aumento da
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demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição; aumento da
produtividade; melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidades e grupos
ambientalistas, entre outros.
O autor descreve que um dos benefícios da gestão ambiental é a redução de consumo
de água, esse é um fator que pode ser considerado como desvantagem do ponto de vista
ambiental, pois para o funcionamento de uma usina termoelétrica é necessário um grande
volume de água que é consumido diariamente.
Desta forma, o impacto ambiental causado pelo funcionamento de termoelétricas é
bem menor comparado às hidrelétricas, e em contrapartida, as usinas termoelétricas ajudam a
diminuir os desperdícios dos resíduos de produção de diversos setores, como o setor agrícola
que pode ser utilizada a palha, bagaço da cana-de-açúcar, no setor industrial, os resíduos de
madeira, etc.
Callenbach (1993) apud Tinoco e Kraemer (2008, p. 136), destaca que “o objetivo do
gerenciamento ecológico é minimizar o impacto ambiental e social das empresas, e tornar
todas as suas operações tão ecologicamente corretas quanto possível”.
De acordo com informações do proprietário da madeireira, a empresa vem buscando
diminuir constantemente esses impactos causados ao meio ambiente, reutilizando os resíduos
na usina, e com isto, ainda obtém receita adicional com a venda de seu excedente, sendo essa
receita aproximadamente 27% do lucro líquido da empresa.
De acordo com Savitz (2007, p. 28), a empresa sustentável conduz seus negócios, de
forma a obter naturalmente benefícios para todos, incluindo empregados, clientes, parceiros
de negócios, acionistas e a comunidade.
O termo sustentabilidade está ligado ao alcance de várias dimensões, envolve todas as
atividades humanas. Segundo Dias (2009, p.38), o consumo sustentável significa o
fornecimento de serviços e produtos, que preencham as necessidades básicas e dêem uma
melhor qualidade de vida, e ao mesmo tempo diminui o uso de recursos naturais e de
substâncias tóxicas, minimizando as emissões de resíduos e de poluentes durante o ciclo de
vida do serviço e do produto, com a finalidade de não se ameaçar as necessidades das
gerações futuras.
Desta forma, pode-se afirmar que os principais benefícios que uma empresa do ramo
madeireiro pode obter com a implantação de um sistema de aproveitamento dos resíduos
gerados na sua produção para geração de energia são as seguintes: a) redução dos custos com
energia para manter a sua produção; b) aumento da receita através da comercialização do
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excedente para terceiros; c) elimina problemas com a armazenagem desses resíduos; d)
diminui os impactos ambientais causados pelo desperdício, e e) contribui com a
racionalização da matéria-prima, a madeira.
Além disso, Dias (2006) apud Dolens et al. (2010, p. 03) afirmam que o
aproveitamento dos resíduos pode trazer alguns benefícios financeiros às empresas
madeireiras, como: menores gastos com matéria-prima, energia e disposição dos resíduos;
redução ou eliminação de custos futuros decorrentes de processos de despoluição causados
por esses resíduos; menores complicações legais, com o não pagamento de multas ambientais;
menores custos operacionais de manutenção; menores riscos atuais e futuros à funcionários,
público e meio ambiente e, conseqüentemente, menores despesas.
Diante do exposto, são notórias as inúmeras vantagens que uma empresa pode obter ao
reutilizar os resíduos gerados na sua produção, seja ela, uma madeireira, ou qualquer outra
empresa que produza resíduos ao desenvolver suas atividades.
E no caso da empresa estudada, os benefícios do aproveitamento de resíduos de
produção para geração de energia são: redução dos custos com energia para manter a sua
produção; aumento da receita através da comercialização do excedente para terceiros;
eliminação de problemas com a armazenagem desses resíduos; diminuição dos impactos
ambientais causados pelo desperdício, e contribuição com a racionalização da matéria-prima,
a madeira.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se entender que a gestão ambiental está ligada a todos os setores de qualquer
empresa, é um processo que envolve todas as atividades da organização, desde o
planejamento até a execução final dos processos. Um dos fatores importantes ligados a gestão
ambiental, é o aproveitamento dos resíduos gerados em sua produção.
Diante da questão pode-se destacar os principais benefícios que a indústria madeireira
estudada pode obter com a reutilização dos resíduos da sua produção para a geração de
energia, sendo: redução dos custos com energia para manter a sua produção; aumento da
receita através da comercialização do excedente para terceiros; eliminação de problemas com
a armazenagem desses resíduos; diminuição do desperdício dos resíduos, e contribuição com
a racionalização da matéria-prima, a madeira.
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A empresa pode obter receita adicional ao fornecer o excedente para terceiros, pois a
madeireira além de produzir energia suficiente para manter as suas atividades ainda possui
uma capacidade de abastecer mais onze empresas madeireiras do mesmo porte, inclusive já
comercializa parte de seu excedente para outras oito madeireiras. Após a implantação da usina
e com a comercialização da energia, a empresa passou a obter aproximadamente 27% a mais
de receita sobre o lucro líquido.
Destaca-se também que o reaproveitamento dos resíduos para geração de energia
contribui para diminuir o impacto ambiental no município, pois a empresa, além de utilizar
todos os seus resíduos com exceção do pó de serra, utiliza resíduos de outras duas madeireiras
do município. Apesar dessa afirmação, não foi realizado um estudo sobre impacto ambiental
para detectar o percentual que essa ação contribui para a diminuição do mesmo. A falta deste
estudo, não desmerece, portanto, a contribuição que essa ação praticada pela empresa trás de
benefício ao meio ambiente.
Verificou-se que ao reutilizar os resíduos para geração de energia própria, a empresa
teve uma diminuição de 100% com gastos de energia. Contudo, há despesas com manutenção
e funcionamento da usina, cujos números não foram informados pelo entrevistado, os quais
merecem outros estudos mais aprofundados.
Todavia, a e pesquisa teve algumas limitações, sendo principalmente a não obtenção
de dados referentes a valores do investimento realizado pela empresa para implantação da
usina de energia, visto que essa informação é importante para fazer uma análise mais
completa das vantagens e desvantagens da implantação desse sistema nas indústrias
madeireiras.
Este estudo traz como sugestão de estudos futuros a investigação detalhada quanto à
valores de investimento para implantação de uma usina de energia com base no
aproveitamento dos resíduos gerados pela setor madeireiro, bem como, uma pesquisa na área
financeira para averiguar os custos desse processo, a fim de se determinar se tais práticas são
ou não sustentáveis.
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