utilização de biomarcadores no câncer de prostata

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA Utilização de biomarcadores no diagnóstico e prognóstico do câncer de próstata Aluna: Juliana Dias Louredo

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Trabalho de TCC , apresentado a Universidade Paulista UNIP

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INSTITUTO DE CINCIAS DA SADECURSO DE FARMCIA

Utilizao de biomarcadores no diagnstico e prognstico do cncer de prstata

Aluna: Juliana Dias Louredo

SO PAULO2014

INSTITUTO DE CINCIAS DA SADECURSO DE FARMCIA

Utilizao de biomarcadores no diagnstico e prognstico do cncer de prstata

Aluna: Juliana Dias Louredo

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Paulista - UNIP, como requisito para obteno do ttulo de bacharel em Farmcia

Orientador: Prof. Dr. Jorge L.F. Pinto.

SO PAULO2014

RESUMOO carcinoma da prostata a neoplasia mais comum nos homens e o segundo maior causador de mortes no Brasil. uma doena de evoluo lenta e seu diagnstico muitas vezes acontece quando a doena j apresentou metstases, interferindo em seu prognstico. Quando rastreado precocemente a patologia curvel em 80% dos casos. Os marcadores tumorais so macromolculas produzidas pelos tumores, ou pelo organismo em resposta presena tumoral, e podem ser detectados no sangue, urina ou outros lquidos biolgicos e o seu aparecimento esta relacionado gnese e ao desenvolvimento de clulas neoplsicas. O PSA considerado o marcador mais importante para diagnstico, estadiamento e monitorizao do cncer prosttico. A sua aplicao como biomarcador permitiu grandes avanos na deteco do cncer de prstata, porm ainda existem alguns problemas relacionados com a sua utilizao no que diz respeito a sua sensibilidade e especificidade. Atualmente, muitas novas molculas esto em fase de estudos com o propsito de se obter um marcador que se encaixe nos padres de biomarcador ideal. Desta maneira o presente trabalho tem como objetivo realizar uma reviso da literatura cientfica sobre as principais molculas empregadas no diagnstico e prognstico do cncer de prstata, abordando tambm a triagem, fatores diagnsticos e prognsticos da patologia e novas molculas. Palavras chave: Marcadores tumorais, PSA, Cncer de prstata. 1. INTRODUOAtualmente, o cncer constitui-se de um grupo de doenas que mais causam temor na sociedade devido a sua associao dor e mortalidade.1 uma doena multifatorial caracterizada por uma disfuno celular que interfere no processo normal de diviso e diferenciao celular. Esta disfuno afeta o balano normal entre replicao celular e morte celular, favorecendo o crescimento de clulas alteradas, denominadas clulas neoplasicas.2 Estas clulas dividem-se rapidamente, e tendem a ser muito agressivas e independentes, determinando formao de tumores ou neoplasias malignas.3 Segundo a Organizao Mundial da Sade o cncer constitui um grave problema de sade publica.4 A prstata uma pequena glndula, de aproximadamente 20g, localizada na pelve masculina. Possui importante funo biolgica na fase reprodutora do homem, pois confere proteo e nutrientes essenciais sobrevivncia dos espermatozides. Pode ser acometida por tumores malignos (CaP) ou tumores benignos.5A Hiperplasia Prosttica Benigna (HPB), ocorre na zona transicional da prostata, situada em torno da uretra. Este crescimento local leva ao aparecimento de sintomas miccionais, e estes sintomas resultam de trs mecanismos fisiopatolgicos: 1 obstruo uretral, produzindo sintomas obstrutivos; 2 reao do detrusor obstruo, produzindo sintomas irritativos; 3 estmulos neuronais anormais gerados pela prstata, produzindo tambm sintomas obstrutivos. Pacientes acometidos de HPB podem evoluir com complicaes como reteno urinria, infeco urinria, litase vescal, insuficincia renal e hematria macroscpica. O tratamento da HPB tem por objetivo aliviar as manifestaes clnicas e corrigir as complicaes relacionadas ao crescimento prosttico. A hiperplasia prosttica atinge aproximadamente 10% dos homens na faixa dos 30 anos e encontrada em 90% dos homens com mais de 90 anos de idade.6O cncer de prostata (CaP) a neoplasia mais comum nos homens e o segundo maior causador de mortes no Brasil. Este tipo de cncer raramente produz sintomas at que se encontre em sua forma avanada.4,5Segundo o INCA, o CaP o sexto tipo de neoplasia mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando certa de 10% do total de cnceres. Sua taxa de incidncia cerca de seis vezes maior nos pases desenvolvidos em comparao aos pases em desenvolvimento.3 O aumento observado nas taxas de incidncia pode ser justificado devido ao desenvolvimento de estratgias de deteco precoce e de abordagens teraputicas, assim como a melhoria na qualidade dos sistemas de informao do pas e o aumento na expectativa de vida do brasileiro.4 A estimativa de novos casos de cncer de prstata para 2014 so de 68.800.3 Apesar da elevada incidncia e mortalidade, sabe-se pouco acerca da etiologia do CaP, e diversos fatores de risco tem sido propostos.2 Estudos demonstraram que os fatores epigenticos desempenham um papel importante no risco de desenvolvimento de CaP, porm os principais fatores descritos para o desenvolvimento desta patologia so aumento da idade, etnia e predisposio gentica. 4,7Este tipo de neoplasia limitada prstata nos estgios iniciais e conforme progride, pode invadir rgos prximos como vesculas seminais, uretra, bexiga e rgos distantes como ossos, fgado e pulmes.5O CaP quando triado precocemente, por exames clnicos e laboratoriais como, por exemplo, o toque retal e o doseamento do antgeno prosttico especfico (PSA), curvel em 80% dos casos.5,8 O PSA o principal biomarcador do CaP. 9Os biomarcadores so frequentemente utilizados no rastreio de neoplasias. Rastreio o processo de seleo utilizado com a finalidade de detectar formas precoces da doena, em indivduos assintomticos. So utilizadas trs tcnicas de rastreio para o carcinoma da prstata: toque retal, biopsia guiada por ultrasonografia transretal e a utilizao de biomarcadores tumorais.10,11Esta reviso de literatura cientfica tem por objetivo realizar um levantamento bibliogrfico sobre as principais biomolculas empregadas no diagnstico e prognstico do cncer de prstata.

2. MARCADORES TUMORAISMarcadores tumorais so macromolculas, em sua maioria, protenas ou fragmentos de protenas, incluindo enzimas, hormnios, antgenos de superfcie celular e protenas citoplasmticas. Elas esto presentes no tumor, sangue ou outros lquidos biolgicos, e seu aparecimento esta relacionado gnese e o crescimento de clulas neoplsicas. Estas substncias funcionam como indicadores da atividade neoplsica, e podem ser produzidas pelo prprio tumor ou pelo organismo, em resposta a presena tumoral.9Os biomarcadores so teis no manejo clinico dos pacientes com cncer, auxiliando nos processos de diagnstico, estadiamento, avaliao de resposta teraputica, deteco de recidivas e prognsticos. Cada marcador tumoral possui um valor de referncia determinado.9,12,13O marcador ideal deve reunir caractersticas como: alta sensibilidade; alta especificidade; fcil determinao; baixo custo; utilidade no diagnostico, estadiamento e monitorizao do tratamento. Porm nenhum marcador at o momento possui todas estas caractersticas, a maioria dos marcadores disponveis no apresentam a sensibilidade e/ou especificidade necessrias

3. MARCADORES TUMORAIS PARA O CNCER DE PRSTATA 3.1. Fosfatase cida e Fosfatase cida Prosttica (PAP)O primeiro marcador tumoral utilizado no cncer de prstata foi a fosfatase cida prosttica. um marcador de utilidade limitada, pois apresenta-se elevado apenas nos estgios avanados do cncer prosttico, no sendo til nos estgios iniciais da doena. Nveis sricos deste marcador podem ser detectados em outras neoplasias, alm de doenas renais, sseas e esquelticas. Aps a descoberta do PSA (Antgeno Prosttico Especfico), o uso clinico da PAP passou a ser questionado e caiu em desuso.9,12

3.2. Antgeno Prosttico Especfico PSAO PSA o marcador tumoral de maior utilidade clinica no diagnstico, prognstico e monitorizao dos tratamentos para o cncer de prstata desenvolvido at o momento.12Trata-se de uma glicoprotena pertencente famlia das calicrenas, produzida pelo tecido da prstata e secretada no lmen dos ductos prostticos. Uma de suas principais funes liquefazer o coagulo seminal. No tecido prosttico encontra-se concentrado, e em condies normais, seus nveis sricos so muito baixos.9,10,13,14 O PSA tem elevada sensibilidade para deteco do CaP porm possui uma baixa especificidade, ou seja, um marcador especfico do rgo mas no especfico da doena, pois sua concentrao srica pode elevar-se em diversas doenas da prstata e situaes distintas. 12,15Acredita-se que uma das principais maneiras do PSA chegar corrente sangunea atravs de rupturas nos mecanismos que o mantm no tecido prosttico, como infartos, isquemias, processos inflamatrios, traumas, HPB e cncer, estas rupturas favorecem a entrada de maiores quantidades de PSA na circulao.10,11,12 Atividade sexual e o exame de toque retal podem causar elevaes discretas na concentrao srica do PSA, mas normalmente no interferem na conduta clnica. Alguns estudos recomendam a coleta somente aps 48h do exame retal e ao menos 24h de abstinncia sexual para uma dosagem mais fidedigna. 11,12O ensaio mais utilizado para a determinao do PSA utiliza anticorpos monoclonais, cujos valores considerados normais no plasma variam de 0,0 a 4,0 ng/ml. Existe uma zona de dvida onde a faixa de valores de PSA considerada de 4.1 a 10.0 ng/ml, e pacientes que apresentem este valor de PSA so considerados suspeitos para o CaP. Recentemente este ponto de corte tem sido definido entre 2,5 e 10,0 ng/ml. Estudos recentes sugerem que, em pacientes jovens com tamanho de prstata pequeno, sem prostatite e valores de PSA acima de 2,5ng/ml, a biopsia prosttica seja considerada.9,12Vrias abordagens e estratgias tm sido propostas para aumentar especificidade do PSA, entre elas esto: a velocidade do PSA, densidade do PSA, PSA ajustado a idade e densidade do PSA da zona de transio. No entanto, o uso destas variveis no parece aumentar significativamente a capacidade discriminativa entre doena maligna e benigna. 12,15Outra abordagem tem sido a avaliao srica das isoformas do PSA. O PSA apresentado sob duas formas moleculares no soro: livre e complexada, estudos demonstram que quanto menor a relao entre o PSA livre e PSA total maior o risco da presena de cncer. 12,15O Instituto Nacional de Cncer e a Sociedade Brasileira de Urologia atualmente recomendam a realizao de exame de toque e de PSA anuais em homens acima de 50 anos e caso haja historia familiar de cncer em parentes de primeiro grau, acima de 40 anos. 8,16A determinao do PSA como mtodo de rastreamento no CaP amplamente utilizado desde a sua introduo na prtica clinica. Durante estes anos obteve grande nfase, e transformou-se no mtodo mais importante para o diagnstico precoce e tratamento dos pacientes com cncer prosttico. de tal magnitude que atribui-se este exame atualmente, o ndice recorde de cncer diagnosticado no homem. Inicialmente, esta tcnica levou a um aumento de aproximadamente 50% na incidncia de CaP em alguns pases.14 A utilizao do PSA tambm levou a uma mudana no padro de diagnstico detectando a doena antes que esta evolusse, resultando num aumento da proporo de doentes submetidos a tratamento com radioterapia ou cirurgia. Estudos recentes demonstraram que, dependendo da idade em que o rastreamento realizado, o diagnstico do CaP pode ser antecipado cerca de 4 a 8 anos.10,16

3.3. PCA3O PCA3, (do ingls prostate cancer antigen 3 ), tambm conhecido como DD3, (Diifferential Display clone 3), um gene especifico da prstata que apresenta uma super expresso em tecidos acometidos pela neoplasia prosttica. Identificado por volta de 1995, o PCA3, encontra-se no cromossomo 9q21.2, e foi descrito como um RNA no codificante especifico da prstata e que expresso em baixos nveis em amostras de tecidos prostticos no tumorais e altamente super expresso no cncer prosttico. Diferentemente do PSA, os nveis de PCA3 so independente do tamanho da prstata. 2,17O PCA3 foi aprovado pelo FDA, em 2012, como teste diagnostico para o CaP. Tem-se realizado tambm estudos para avaliar a aplicabilidade do ensaio de deteco do PCA3 e sua correlao com a evoluo e prognstico do CaP. Os resultados at o momento sugerem que o PCA3 pode ter um papel importante na tomada de deciso clinica, com relao aos pacientes que devem ser submetidos ao tratamento e os pacientes que devem fazer acompanhamento de vigilncia. 17

4. TRIAGEMO cncer prosttico pode ser rastreado precocemente atravs de mtodos diagnsticos de triagem.16 O objetivo do rastreamento detectar a doena em seu estagio inicial em indivduos assintomticos, possibilitando intervenes mais precoces que conduzam cura, diminuindo assim o nmero de bitos.2Os dois testes de rastreio mais utilizados so o toque retal e a dosagem dos nveis sricos do antgeno especifico prosttico (PSA) .10 Estes mtodos possuem boa sensibilidade, especificidade e apresentam baixo custo.16Desde que foi aprovado, em 1986, pelo FDA (Federal Drug Administration), o PSA tem sido empregado mundialmente no diagnstico e monitoramento do CaP. Este biomarcador mostrou ser uma ferramenta suficientemente boa como mtodo de rastreio, porm apresenta um baixo valor preditivo positivo, resultando em uma relevante proporo de biopsias negativas, isto leva a repetidas medidas do PSA e de novas bipsias. Desta maneira, h necessidade de novos marcadores que tenham uma melhor especificidade, para que sejam utilizados na pratica clinica.7,17O toque retal um exame de fcil execuo e implica um desconforto mnimo ao paciente. Este exame permite uma boa avaliao da forma, tamanho e consistncia da prstata, alm de verificar a existncia de ndulos. Este exame possibilita constatar anormalidades existentes na zona perifrica da glndula, que a zona mais prxima do reto e onde a maioria dos tumores da prstata tem sua origem. Sua sensibilidade varia entre 18% e 35%, porm como o PSA este mtodo no pode ser utilizado isoladamente, pois uma vez que somente tumores palpveis so detectados, cerca de 40% a 50% dos tumores ficam fora do seu alcance.18,19 O ideal a execuo conjunta dos dois exames, pois quando realizado somente o toque retal, este pode apresentar falha no diagnostico em at 40% dos casos, e as determinaes de PSA 20%, porm a combinao dos dois exames deixa de identificar o cncer prosttico em menos de 5% dos pacientes.19O toque retal depende muito da experincia e treinamento do examinador e ainda existe a resistncia e rejeio dos pacientes em relao a este tipo de exame.9,195. DIAGNSTICOO ponto chave para a confirmao do CaP a anlise histopatolgica do material da bipsia da prstata guiada por ultrasonografia transretal (USTR). Esta deve ser indicada a todos os pacientes que apresentem alteraes ao exame clinico e /ou com elevaes dos nveis sricos de PSA. A ultra-sonografia tambm indicada quando resultados duvidosos so apresentados pelos mtodos de triagem. Neste procedimento uma sonda transretal introduzida no nus, fornecendo uma imagem que permite visualizar reas suspeitas direcionando a coleta do material para a biopsia. 19,20Alm da confirmao, o relatrio anatomopatolgico fornece a graduao histolgica do sistema de Gleason, que ir informar sobre a provvel taxa de crescimento do tumor e sua tendncia a metstases, alm de ajudar na determinao do melhor tratamento para o paciente. 21 Se confirmada a existncia de CaP, outros procedimentos podero ser executados para avaliao desde tumor. Mtodos como raios-X, ressonncia magntica, tomografia computadorizada, ecografia excretora, linfadenoctemia e cintilografia ssea podem ser teis como mtodos de escolha.20

6. PROGNSTICOAps o diagnostico da doena, essencial avaliar o estdio da neoplasia para que as decises teraputicas sejam tomadas. 20,22. Para o prognostico do CaP, os parmetros clnico-patolgicos mais utilizados so: valor do PSA, Escore de Gleason e o estadiamento. 22, 23 O PSA, como exposto anteriormente, um marcador tecidual, porm no especifico da neoplasia, desta forma no possvel utilizar este mtodo isoladamente. Entretanto o PSA pode fornecer informaes importantes na avaliao primria da doena, pois quanto maior o teor do PSA, maior o risco da presena de metstases. (Tabela 1)Tabela 1 : Utilizao do PSA no prognostico do CaP.PSA - Prognstico

PSA < 4 ng/ml80% de chance da doena estar restrita ao rgo

PSA 50 ng/mlrisco significante de doena metasttica distncia

O PSA tambm utilizado na monitorizaro do tratamento, assim, se a taxa de PSA no desce a nvel indetectvel aps prostatectomia radical, em muitos pacientes, isso pode estar relacionado com recorrncia da doena.24O grau histolgico do CaP classificado atravs do escore de Gleason, sistema desenvolvido em 1974 por Donald F. Gleason, e recomendado pela OMS em 1993. Este escore permite classificar a agressividade e o grau de diferenciao da neoplasia. Segundo este sistema a neoplasia prosttica classificada em 5 graus, onde o primeiro apresenta tumores bem diferenciados e o ultimo apresenta indiferenciao glandular. 20, 22Os patologistas atribuem uma graduao de 2 a 10 baseando-se nos padres de arquitetura dos tecidos. Quanto maior a graduao maior ser a agressividade do tumor (FIGURA 1). 23

Figura 1 - Diagrama do padro de Gleason.Fonte: http://disiciencia.wordpress.com/2013/08/27/el-experimento-medico-fallido-la-prueba-psa-de-deteccion-del-cancer-de-prostata/

O estadiamento clinico tambm tem papel importante na classificao da doena, pois ele permitir a melhor escolha de tratamento. O sistema de estadiamento mais utilizado o sistema TNM, preconizado pela Unio Internacional Contra o Cncer (UICC). Este sistema baseado na descrio anatmica da doena levando em conta: caracterstica do tumor primrio (T); ausncia ou presena de metstases nos gnglios linfticos regionais (N); ausncia ou presena de metstases distncia (M). 2,25Este sistema foi adotado a partir de 1994, e seu objetivo descrever a extenso anatmica da doena e a orientao da melhor modalidade teraputica individualizada para cada paciente. 18,19 Estes parmetros podem recebem graduaes numricas e alfabticas, e estas indicam a extenso da doena maligna e o nvel de evoluo do tumor. Quando agrupadas em combinaes pr-estabelecidas, as categorias TNM ficam em estdios que variam de I a IV. 2,18,25

7. NOVAS MOLCULASO principal objetivo do rastreamento do CaP detectar os tumores numa fase inicial onde a cura ainda possvel. Para alcanar este objetivo preciso desenvolver biomarcadores, que no sejam apenas um indicativo de presena de cncer, mas tambm reflita sua agressividade e risco de morte. 10, 26O que se espera de um biomarcador ideal que este seja especifico para o rgo, fcil de ser detectvel em fluidos de fcil acesso, que seja capaz de diferenciar entre tecido normal, HBP, tecido prosttico neoplsico, neoplasia intra-epitelial da prstata, e ainda poder medir-se atravs de um ensaio reproduzvel e com especificidade e sensibilidade elevadas. 10Alguns biomarcadores tem se demonstrado promissores na avaliao do rastreio e diagnostico do cncer de prstata, entre eles se destacam: PCA3, AMACR, TMPRSS2-ERG, GSTP1, EPCA e EPCA2. 2, 17, 26

7.1. Calicrena Humana 2 (HK2)A calicrena humana 2 (human kallicrein 2 hK2) uma protena que apresenta uma semelhana de cerca de 80% ao PSA.12 A HK2 esta associada expresso de tumor, diferente do PSA que tambm se altera em outras situaes.5 Especula-se que a determinao dos nveis sricos da HK2 poderia contribuir para melhorar a acurcia do diagnstico do cncer de prstata. 127.2. AMARCA enzima a-metilacil-coenzima A racemase (AMACR) tambm um biomarcador identificado a partir de perfis de expresso de molculas de RNA.17 conhecida como a protena codificada pelo gene P504S, e apresenta importante papel na beta-oxidao e biossntese de cidos graxos de cadeia ramificada e outros derivados. 26 A AMACR tem demonstrado alta sensibilidade e especificidade, em nveis acima de 90% quando testada como marcador tumoral diagnstico em amostras de tecido de bipsia. 2,17Alguns estudos tm avaliado a possibilidade de correlao do gene da AMACR com tumores malignos de prstata hereditrios, visto haver relao destes com a regio 5p13, mesma regio de codificao da racemase. 26Por possuir alta sensibilidade e especificidade a AMACR apresenta-se promissora para o diagnstico do cncer de prstata comparado aos mtodos convencionais. 2,17,267.3. TMPRSS2- ERGEm 2005 foi descrito o primeiro evento de translocao em cncer de prstata, envolvendo um gene da famlia de fatores de transcrio ETS denominado ERG, localizado no cromossomo 21q22.2. e o gene TMPRSS2, localizado no cromossomo 21q22.3. 2,27 As fuses gnicas TMPRSS2-ERG constituem-se em um dos eventos genticos mais comuns no cncer de prstata e corresponde a 90% das fuses gnicas. Estas fuses so especificas para o cncer prosttico e so detectadas at mesmo em leses precursoras, se estas estiverem prximas ou em continuidade a regies de CaP. Um estudo realizado com mais de 13.000 homens demonstrou que a combinao do PCA3 e da fuso TMPRSS2-ERG em amostras de urina, melhorou a performace destes marcadores em relao ao PSA srico para o diagnostico de CaP. 2,17O gene TMPRSS2 regulado por andrognio e expresso no epitlio normal. Levando-se em conta que a famlia ETS regula diversos genes envolvidos na carcinognese e progresso carcinognica, estas fuses podem explicar, em partes, a superexpresso anormal de ETS no CaP andrgeno-dependente. Deve-se, ento, enfatizar que estes produtos de fuso representam biomarcadores cncer-especficos e, portanto, apresentam promessa na melhoria do diagnostico do CaP, sendo utilizado em conjunto com outros biomarcadores sensveis porm menos especficos como por exemplo o PSA. 17, 27

7.4. GSTP1O gene GSTP1 (glutationa S-tranferase PI 1), localiza-se no cromossomo 11 e codifica uma isoenzima denominada GST , que pertence famlia de enzimas glutationa-S-tranferases. 28 As enzimas da famlia das glutationas S-tranferases apresentam diversas funes no metabolismo celular, pois catalisam a conjugao da glutationa com compostos eletroflicos potencialmente reativos e citotxicos ao DNA. 17,23,28Hipermetilao no promotor do gene GSTP1 foi identificada em amostras de tecido de CaP. Tambm foi observada diminuio na expresso de GSTP1 associada ao CaP, ao contrario de alta expresso de GSTP1 no epitlio prosttico normal. Estudos como estes levaram hiptese de que enzimas codificadas por este gene servem como supressores tumorais das clulas prostticas. Todavia, a hipermetilao do promotor de GSTP1 tem sido observada em mais de 90% de tumores da prstata, o que torna esta alterao a mais frequente modificao no DNA associada com a neoplasia prosttica. 17

7.5. EPCA e EPCA2O antgeno precoce do cncer de prstata (EPCA) uma protena da matriz nuclear descoberta por Dhir et al.(2004). Mudanas em seus componentes proticos tem sido associadas com transformaes malignas identificadas no desenvolvimento do CaP e tambm relacionados com as caractersticas de mau prognstico. Estudos tm evidenciado que o EPCA tem se mostrado um biomarcador especfico e precoce, que poder auxiliar na identificao de doentes com CaP com maior chance de progresso, tornando-se na pratica clinica um potencial preditor prognostico na progresso de CaP. 29

8. DISCUSSOO CaP uma das neoplasias mais prevalentes na populao masculina com idade superior aos 50 anos.3 Devido s altas taxas de mortalidade e morbidade associadas a esta neoplasia, o Instituto Nacional do Cncer e a Sociedade Brasileira de Urologia recomendam que todo homem acima dos 50 anos seja rastreado. O rastreamento favorece o diagnostico ainda em estgios precoces, o que pode significar melhor qualidade de sobrevida para o paciente.8,16Sabe-se pouco acerca da etiologia do CaP, e muitos fatores tem sido propostos, entre eles esto o ambiente, dieta, estilo de vida, idade, etnia e histrico familiar . 2,22Apesar dos vrios fatores ambientais, genticos e biolgicos serem associados ao desenvolvimento do CaP, existe uma variao nas taxas de incidncia em todo o mundo, e isto pode estar relacionado as diferenas no acesso a tcnicas de rastreio. 2Os mtodos de rastreio comumente utilizados so o toque retal e a determinao do antgeno especifico prosttico (PSA).10 Estes exames so simples, de baixo custo e possuem sensibilidade e especificidade adequada, reduzindo assim a incidncia de doena tardia, diminuindo desta maneira, as taxas de mortalidade.16O toque retal a maneira mais simples para diagnosticar o tumor prosttico e tambm o principal mtodo de diagnostico em homens com mais de 40 anos. um mtodo altamente especifico, porm pouco sensvel e normalmente os tumores detectados deste modo encontram-se em estgios avanados.30Os marcadores tumorais destacam-se por sua aplicabilidade no diagnostico precoce do CaP. Eles auxiliam no acompanhamento do cncer prosttico, avaliao da resposta teraputica, localizao de metstases, deteco precoce de recorrncia e recidivas.19O PSA o melhor biomarcador para deteco, e tem sido utilizado como marcador srico no diagnstico do CaP, no planejamento teraputico e na avaliao prognostica da doena. Sua determinao considerada o recurso mais eficaz para o diagnstico precoce e acompanhamento dos pacientes com CaP.31Apesar de possuir alta sensibilidade, o PSA tem baixa especificidade para o CaP, e isto um motivo de grande discusso, pois para se manter taxas aceitveis de diagnstico, muitos pacientes so submetidos a biopsias desnecessrias.11,16,17 Mesmo com as controvrsias, o teste de PSA no soro ainda o mais importante biomarcador para a deteco e acompanhamento do CaP. Alm de ser bem tolerado, este teste barato, rpido e padronizado. Outro ponto a favor desta prtica que os mdicos j esto familiarizados com os resultados destes testes e com eles so capazes de predizer, com certa segurana, o nvel de risco para a doena ou progresso tumoral.24Estudos em andamento buscam encontrar biomarcadores ainda mais sensveis e especficos que possam aprimorar a habilidade de estratificar o risco de CaP e de seu prognstico. O intuito que estas biomolculas sejam capazes de evitar biopsias e procedimentos desnecessrios, alm de identificar tumores significativos. 17

9. CONCLUSO

Este trabalho ressaltou a importncia da utilizao de biomarcadores no diagnstico e no prognstico do cncer de prstata. Alm de serem fundamentais no diagnstico precoce da doena, sua utilizao associada aos mtodos prognsticos, possibilita o direcionamento da terapia mais adequada a cada paciente, proporcionando maiores chances de controle e cura da doena.Concluiu-se tambm, que mesmo no possuindo todas as caractersticas de um biomarcador ideal, a superioridade do PSA frente a outros marcadores incontestvel, notada sua eficcia no s em diagnosticar o CaP mas tambm outras doenas relacionadas a prstata. A utilizao deste marcador, juntamente a outros mtodos de rastreamento, permite diagnosticar um maior nmero de casos ainda no estgio inicial da doena, aumentando a incidncia de homens que podem ser submetidos teraputica com inteno curativa.

REFERNCIAS

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