uso racional de medicamentos em idosos no município de fernandópolis
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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS
ALLAN VIDOTI DIAS
AMANDA MANZATO VOLPE
ELIZÂNGELA BATISTA DO PRADO
LARISSA GABRIELE BARRETO ANGELO
O IDOSO E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO
DE FERNANDÓPOLIS
FERNANDÓPOLIS
2011
ALLAN VIDOTI DIAS AMANDA MANZATO VOLPE
ELIZÂNGELA BATISTA DO PRADO
LARISSA GABRIELE BARRETO ANGELO
O IDOSO E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE
FERNANDÓPOLIS
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Banca Examinadora do Curso de Graduação em
Farmácia da Fundação Educacional de
Fernandópolis como exigência parcial para obtenção
do título de bacharel em farmácia.
Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira
FERNANDÓPOLIS – SP
2011
ALLAN VIDOTI DIAS AMANDA MANZATO VOLPE
ELIZÂNGELA BATISTA DO PRADO LARISSA GABRIELE BARRETO ANGELO
O IDOSO E O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NO MUNICÍPIO DE
FERNANDÓPOLIS
Trabalho de conclusão de curso aprovado como
requisito parcial para obtenção do título de bacharel
em farmácia.
Aprovado em: 09 de dezembro de 2011.
Banca examinadora Assinatura Conceito
Prof. MSc. Giovanni Carlos de
Oliveira
Profa. Valéria Cristina José Erédia
Fancio
Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli
Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira
Presidente da Banca Examinadora
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, que
nos permitiu a graça da vida, pois sem ele não
estaríamos aqui presentes realizando este trabalho.
Aos nossos pais que depositaram total confiança em
nós e proporcionaram a maravilhosa oportunidade
de ingressar no ensino superior.
Aos familiares que nos apoiaram durante esta fase
tão importante de nossas vidas.
AGRADECIMENTOS
Aos professores, especialmente ao Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira,
pela contribuição, dentro de suas áreas, para o desenvolvimento de nossa
monografia.
Aos familiares, principalmente aos nossos pais, pelo apoio e compreensão,
aos quais devemos todo nosso esforço e dedicação.
Agradecemos a Deus por nos abençoar com sabedoria, inteligência e força
de vontade para concluir a fase final da nossa graduação.
E por fim agradecemos uns aos outros do nosso grupo, pois sem a nossa
união nada seria realizado e não estaríamos preparados para enfrentar as
dificuldades que passamos.
Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembre-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que
parecia impossível.
Charles Chaplin
RESUMO
Os idosos representam o estrato etário com maior utilização de medicamentos na sociedade. Os aspectos farmacocinéticos, doenças crônicas que acometem geralmente esta faixa etária, os medicamentos utilizados nessas doenças são abordados neste trabalho, demonstrando as mudanças fisiológicas e os processos patológicos que ocorrem na terceira idade. Este trabalho tem como objetivo geral verificar o uso racional de medicamentos em idosos, através de pesquisas na rede pública de saúde do município de Fernandópolis. Foi aplicado um questionário abordando 22 perguntas relacionadas ao uso racional de medicamentos e aspectos envolvidos na terapêutica da população idosa, aplicado em forma de entrevista direta com os pacientes idosos. No momento em que eles esperavam por uma consulta médica ou quando passavam pela unidade de saúde para buscar medicamentos. A automedicação tem sido objetivo de muitas pesquisas e assume uma importância maior quando é realizada em idosos, pois geralmente representam um grupo polimedicado. O presente estudo teve relevância para reflexão ao tratamento com os idosos, que juntamente com as crianças, são as classes que mais requer cuidado e atenção. Contudo a prática do uso racional de medicamentos precisa ser exposta cada vez mais, tanto para os profissionais da saúde, que são responsáveis pelo auxílio, atenção e cuidados com a saúde dos pacientes, quanto para a sociedade, que necessita estar sempre informada sobre os cuidados que devem ser adotados na terapêutica medicamentosa dos idosos, para proporcionar a qualidade de vida a esta classe.
Palavras-chave: Uso racional de medicamentos. Qualidade de vida. Idoso. Saúde.
ABSTRACT
The elderly represent the age stratum with greater drug use in society. The pharmacokinetic aspects, chronic diseases that typically affect this age group, the drugs used in these diseases are discussed in this work, demonstrating the physiological and pathological processes that occur in old age. This study aims to verify the general rational use of drugs in the elderly through research in the public health of the city of Fernandópolis. We applied a questionnaire with 22 questions related to the rational use of medicines and therapeutic aspects involved in the elderly population, applied in the form of direct interview with the elderly. The moment they were waiting for a doctor's appointment or when they passed by the health unit to get some medicine. Self-medication has been the subject of much research and assumes greater importance when it is performed in the elderly because they generally represent a group receiving multiple medications. This study has relevance for reflection to treatment with the elderly, who along with children, are the classes that require more care and attention. However the practice of rational drug use must be increasingly exposed both to health professionals who are responsible for their help, support and care for the health of patients and for society, which needs to be kept informed about the care that should be adopted in the drug therapy of the elderly, to the quality of life for this class.
Keywords: Rational use of medicines. Quality of life. Elderly. Health.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Idade dos entrevistados
Figura 2- Sexo dos entrevistados
Figura 3- Escolaridade dos entrevistados
Figura 4- Trabalho da Unidade de Saúde
Figura 5- Questão sobre medicamentos encontrados na rede pública
Figura 6- Uso correto de medicamentos, posologia e tratamento
Figura 7- Uso de medicamentos próximo às refeições
Figura 8- Orientações do farmacêutico e funcionários em relação ao uso dos
medicamentos
Figura 9- Adesão ao tratamento
Figura 10- Problema relacionado a não utilização do medicamento necessário
Figura 11- Uso de medicamentos em doenças crônicas
Figura 12- Classes dos medicamentos utilizados no tratamento das doenças
crônicas
Figura 13- Automedicação
Figura 14- Classes dos medicamentos utilizados na automedicação
Figura 15- Desistência de uso do medicamento por apresentar efeito adverso
Figura 16- Embalagens de medicamentos
Figura 17- Local de armazenamento dos medicamentos
Figura 18- Uso de cigarro e bebida alcoólica
Figura 19- Tipo de líquido ingerido na administração do medicamento
Figura 20- Hábito de leitura da bula
Figura 21- Entendimento da bula
Figura 22- Locais de procura dos medicamentos não encontrados na rede
pública
LISTA DE SIGLAS
ARA II - Antagonista dos Receptores da Angiotensina II
CNS - Conselho Nacional de Saúde
DA - Doença de Alzheimer
DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais da associação
Americana de Psiquiatria
FDA - Food And Drug Administration
GABA - Ácido Gama-aminobutíirico
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
IECAS - Inibidores da Enzima de Conversão da angiotensina
MAO- A - Monoaminoxidase
NAI - Núcleo de Atenção ao Idoso
OMS - Organização Mundial da Saúde
PA - Pressão Arterial
PNAF - Política Nacional de Assistência Farmacêutica
PNM - Política Nacional de Medicamentos
PSF - Programa de Saúde da Família
RAM - Reações adversas a medicamentos
RENAME - Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
SUS - Sistema Único de Saúde
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UNATI - Universidade Aberta da Terceira Idade
USF - Unidade de Saúde da Família
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................... .12 1 QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO................................................................ .16 2 RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS....................................................18 3 ORIENTAÇÃO AO PACIENTE SOBRE O USO DE MEDICAMENTO..........18 3.1 REORIENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA.............................21 3.2 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS........................................................25
3.3 USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS.......................................................25
4 IATROGENIA................................................................................................. ..26
4.1 MEDICAR O IDOSO.....................................................................................26
5 ADESÃO DO PACIENTE AO TRATAMENTO................................................27
5.1 PREVALÊNCIA, FATORES ASSOCIADOS E USO INADEQUADO DE MEDICAMENTOS ENTRE IDOSOS...................................................................28
6 FARMACOLOGIA GERIATRICA....................................................................29
6.1 DEMÊNCIA...................................................................................................29
6.1.1 DOENÇA DE ALZHEIMER........................................................................30
6.2 DIABETE MELITO.........................................................................................30
6.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL..........................................................................32
6.4 DEPRESSÃO................................................................................................33
7 VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS NO IDOSO QUE ALTERAM OS EFEITOS DOS FÁRMACOS........................................................................................................33 7.1 ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS............................................................34 8 PRESCRIÇÕES EM IDOSOS..........................................................................35 8.1 PRINCÍPIOS DE PRESCRIÇÃO DE DROGAS NOS IDOSOS....................35
9 O FUTURO EM RELAÇÃO AO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS EM IDOSO.................................................................................................................36
10 MÉTODO........................................................................................................38
11 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................39
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................61
REFERÊNCIAS.................................................................................................. .63
APÊNDICE..........................................................................................................69
12
INTRODUÇÃO
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
Brasil a população idosa vem crescendo quase oito vezes mais que os jovens e
quase duas vezes mais que a população geral, passando de 6,3%, em 1980, para a
cifra estimada de 14% no ano de 2025, o que em números absolutos posiciona-se
na sexta maior população de idosos do mundo (COSTA et al., 2009).
Com esse elevado aumento da população idosa no Brasil a qual segue uma
tendência já ocorrida em países desenvolvidos, ocorre um aumento de desafios aos
serviços e aos profissionais da saúde. Consequentemente verifica-se um grande
número de patologias encontradas com sintomatologias diversas e, ademais, a
prevalência de doenças crônicas degenerativas, as quais frequentemente dependem
de terapêuticas medicamentosas prolongadas ou contínuas. Por esse motivo, esses
indivíduos tornam-se grandes consumidores de medicamentos sendo,
possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade (ANDRADE; SILVA;
FREITAS, 2009).
Por esse motivo a promoção do uso racional de medicamentos e a educação
terapêutica são indispensáveis nos dias de hoje e a aplicação dessa racionalidade
pode ser feita através de aconselhamentos, os quais permitem um maior
relacionamento entre os profissionais de saúde e o paciente. Isso torna o tratamento
mais eficaz e capacita o idoso a lidar com possíveis efeitos colaterais e interações
medicamentosas contribuindo para a adesão ao tratamento (ANDRADE; SILVA;
FREITAS, 2009).
Refletindo o aumento da população de idosos se observa aumento do
consumo de medicamentos por essa população. Mais de 80% desses indivíduos
utilizam, pelo menos, um medicamento por dia, e cerca de um terço consome cinco
ou mais simultaneamente. Esse público constitui aproximadamente 50% dos
multiusuários, sendo ate considerados o grupo etário que mais consome
medicamentos na sociedade, fato justificado pelo aumento da prevalência de
doenças crônicas relacionadas à idade (COSTA et al., 2009).
13
A chegada da terceira idade traz consigo limitações sobre um corpo já muito vivido. Já não se tem a mesma vitalidade, a rapidez dos movimentos e do raciocínio, a mesma coordenação motora da época da juventude. Há mais tempo disponível, mas os idosos não sabem o que fazer com ele... Acostumados a fazer, não sabem o que é ser (COSTA et al., 2009).
De acordo com Andrade; Silva; Freitas (2009) em função da presença
frequente de múltiplas patologias, requerendo terapias diferentes, as quais podem
resultar no uso concomitante de vários medicamentos, por isso, o aconselhamento
acerca do uso racional de medicamento é uma pratica importante e essencial tanto
para a população em geral e em especial, para o idoso. Por isso, uma boa estratégia
de administração que diminua os riscos de efeitos colaterais ou adversos e de
interações medicamentosas é muito necessária e muito eficaz. Somam-se a isto
vários fatores, entre outros:
a) automedicação com produtos de venda livre, e aqueles indicados e até
fornecidos por pessoas próximas;
b) a não adesão ao tratamento que aumenta com a idade.
Segundo Andrade; Silva; Freitas (2009) este quadro pode ser agravado por
alterações fisiológicas como:
a) redução da memória, da visão, da destreza manual;
b) não acesso ao (s) medicamento(s);
c) perda da capacidade de reserva funcional de órgãos vitais;
d) deterioração do controle homeostático e,
e) alterações na velocidade e extensão de metabolização do fármaco, com
consequência na ação farmacológica.
Escolheu-se este tema devido à relevância do mesmo em relação à saúde
pública e ao aumento da população de idosos, esse público vem se destacando com
relação a sua expectativa de vida que é cada vez maior.
O uso racional de medicamento em idosos é um assunto muito discutido nos
dias atuais. Por isso, considerou-se fazer uma pesquisa sobre o uso de
medicamentos e outros aspectos ligados a saúde dos idosos, a nível municipal, e
através desta, coletaram-se dados, buscando saber qual a situação dos idosos no
município de Fernandópolis.
Outro fato importante é que com os resultados do trabalho, podem-se
observar vários problemas enfrentados pelos idosos, tanto nas unidades básicas de
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saúde quanto na sua rotina em casa, e os resultados obtidos poderão ser utilizados
na assistência ao idoso, pois sabendo dos problemas enfrentados por eles, ficará
mais fácil orientá-los, contribuindo para melhora da qualidade de vida.
Foi utilizada uma pesquisa exploratória com 22 questões em três unidades
de saúde com 100 pessoas modo a buscar dados para a elaboração do trabalho.
Este trabalho tem como objetivo geral verificar o uso racional de
medicamentos em idosos, através de pesquisas na rede pública de saúde do
município de Fernandópolis.
O estudo tem como objetivos específicos a observação da (s):
Prática de assistência farmacêutica tem influências positivas na
administração dos medicamentos e reafirma quanto à dispensação e
orientação do seu uso;
Saúde e qualidade de vida do idoso: alimentação adequada, atividade física,
uso de álcool e tabaco;
Reações adversas e adesão ao tratamento;
Este trabalho foi dividido em oito capítulos.
Sendo o primeiro, saúde e qualidade de vida do idoso, abordando aspectos
da longevidade, atividades físicas, melhores alimentações, controle de
medicamentos de acordo com suas reais necessidades.
O segundo capítulo relata sobre responsabilidades institucionais, ao
Sistema Único de Saúde (SUS) caberá prover meios para alcance do propósito da
política nacional de saúde do idoso.
No terceiro capítulo apresenta a orientação ao paciente sobre o uso de
medicamento, relacionando a promoção do uso racional com a Política Nacional de
Medicamentos brasileira (PNM). Relata a prática da assistência farmacêutica, as
finalidades de sua reorganização, responsabilidades da PNM e dispensação de
medicamento.
Já no quarto define iatrogenia e os fatores que levam ao acontecimento da
mesma, como é o funcionamento do organismo do idoso e como acertar na
prescrição do medicamento.
O capítulo cinco aborda a adesão ao tratamento, o idoso tem dificuldade de
adesão ao tratamento, observam-se com maior frequência de erros de
administração, fatores sócios econômicos, fatores associados ao mau uso do
medicamento entre idosos.
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De acordo com o capítulo seis exemplifica a farmacologia geriátrica de
algumas doenças mais acometidas nos pacientes idosos, demência como o
Alzheimer, diabete melito, hipertensão arterial e depressão.
No capítulo sete destaca as principais variáveis fisiológicas no idoso que
altera os efeitos dos fármacos, isso decorre devido à idade avançada, tornando o
idoso mais sensível. O fator fisiológico próprios do idoso pode alterar a
farmacocinética e farmacodinâmica.
O capítulo oito tem como tema prescrições em idosos, comentando as
exigências contidas nas bulas dos produtos com orientações sobre o uso em
pacientes acima de 65 anos; os princípios da prescrição e fatores relacionados.
O capítulo nove traz a finalização do desenvolvimento teórico, com o tema o
futuro em relação ao uso racional de medicamentos em idoso, e aborda fatores
relacionados à farmacologia, e ao uso indevido de medicamentos que ocorre com
esta faixa etária. Comenta o que deve ser feito para diminuir o uso inadequado de
medicamentos pelos idosos.
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1 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO
O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade, nas
últimas décadas do século passado, mudaram o perfil demográfico. No Brasil, em
1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7 anos; nos anos 40, de 39 anos;
em 50, aumentou para 43,2 anos e, em 60, era de 55,9 anos. De 1960 para 1980,
essa expectativa ampliou-se para 63,4 anos, isto é, foram acrescidos vinte anos em
três décadas, segundo revela o Anuário Estatístico do Brasil de 1982 (IBGE). De
1980 para 2000, o aumento deverá ser em torno de cinco anos, ocasião em que
cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68 anos e meio. As projeções para o
período de 2000 a 2025 permitem supor que a expectativa média de vida do
brasileiro estará próxima de 80 anos, para ambos os sexos (PINTO et al., 2003).
Segundo Braga (2003) o aumento na expectativa de vida, tem sido
observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado da fecundidade,
levando a um aumento importante da proporção de idosos na população brasileira.
De 1980 a 2000, o grupo etário com 60 anos ou mais deverá crescer, as projeções
apontam para um crescimento de 130% no período de 2000 a 2025. Isso faz com
que se criem algumas diretrizes para cuidar desse público tais como a promoção do
envelhecimento saudável; a manutenção da capacidade funcional; assistência às
necessidades de saúde do idoso; a reabilitação da capacidade funcional
comprometida; o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais; e o apoio a
estudos e pesquisas.
Esse fenômeno delineia uma série de implicações sociais, culturais e
epidemiológicas, uma vez que nesse grupo etário, a prevalência de morbidades e
incapacidades é maior. Apesar disso ainda são escassos os estudos referentes a
idosos de forma a permitir o conhecimento das condições de saúde desse grupo no
país (NOGUEIRA et al., 2010).
O envelhecimento humano provoca modificações no corpo como
consequência de mudanças durante todo o processo evolutivo: alterações
cardiovasculares, metabólicas, respiratórias, na pele, no sistema digestivo, ósseo,
neurológico, gênito-urinário e muscular. No entanto, o poder de percepção destas
alterações não se altera fundamentalmente com idade (ANDRADE; SILVA;
FREITAS, 2009).
17
O envelhecimento passa a ser caracterizado pela incapacidade progressiva
de o organismo adaptar- se às condições variáveis do seu ambiente. Os
mecanismos implícitos neste episódio apresentam as seguintes características: são
progressivos, nocivos, irreversíveis e geralmente comuns a inúmeros organismos,
sendo semelhantes na mesma espécie. Os primeiros sinais que se notam são os
físicos: cabelos brancos, pele enrugada, atividade física diminuída entre outros. Em
geral, à medida que se envelhece os órgãos reduzem o número de células e
diminuem o funcionamento do organismo tendo um impacto significativo nos
aspectos biopsicossocial, espiritual e na multidimensionalidade da sua saúde,
características marcantes na vida do idoso (ANDRADE; SILVA; FREITAS, 2009).
O uso racional de medicamentos contribui com a qualidade de vida dos
idosos, para que o paciente receba o medicamento apropriado à sua necessidade
clínica na dosagem e posologia corretas, por um período de tempo adequado e ao
menor custo, além de diminuir a não adesão ao tratamento farmacológico, reações
adversas, interações entre medicamentos e risco de hospitalização (MOREIRA et al.,
2010).
O envelhecimento da população tende a proporcionar, nas próximas
décadas, desafios cada vez maiores aos serviços de saúde. No bojo desse
processo, o delineamento de políticas específicas para pessoas idosas vem sendo
apontado como altamente necessário, sendo imprescindível o conhecimento das
necessidades e condições de vida desse segmento etário (ANDRADE; SILVA;
FREITAS, 2009).
De acordo com a Portaria 1395/GM- Política de Saúde do Idoso, o apoio
informal e familiar constitui um dos aspectos fundamentais na atenção à saúde
desse grupo populacional Isso não significa, no entanto, que o estado deixa de ter
um papel preponderante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso
nos três níveis de gestão do SUS, capaz de aperfeiçoar o suporte familiar sem
transferir para a família a responsabilidade em relação a este grupo (BRASIL, 1999).
18
2 RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS
A Portaria 1395/GM- Política de Saúde do Idoso dispõe que caberá ao SUS,
de forma articulada e na conformidade de suas atribuições comuns e específicas,
proverem os meios para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde do
Idoso, que é a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria,
ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a
recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter
a sua capacidade funcional restringida (BRASIL, 1999).
3 ORIENTAÇÃO AO PACIENTE SOBRE O USO DE MEDICAMENTO
As orientações sobre medicamentos fornecidas aos pacientes são
fundamentais para o sucesso do tratamento, uma vez que a ausência delas é uma
das principais causas do uso incorreto dos medicamentos. O uso racional de
medicamentos, almejado pela Política Nacional de medicamentos brasileira, é o
processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade oportuna e a
preços acessíveis, a dispensação em condições adequadas e o consumo nas doses
indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo determinado de
medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (OENNING; OLIVEIRA; BLATT,
2011).
A implementação dessa prática tem como objetivo melhorar o padrão de
atendimento, colaborando significativamente com a redução de gastos. Ao contrário,
o uso inadequado de medicamentos pode causar malefícios à saúde dos usuários,
tais como efeitos adversos, eficácia limitada, resistência a antibióticos e
farmacodependência. Entre os fatores que contribuem para o uso inadequado de
medicamentos não pode deixar de ser destacadas às estratégias de promoção e
vendas das empresas farmacêuticas e o papel assumido pelo medicamento na
atualidade. Sendo que, este segundo, está em grande parte relacionado com o
primeiro (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011).
Atualmente, o uso de medicamentos pelos idosos tem gerado preocupação
quanto aos gastos excessivos e aos possíveis efeitos, benéficos ou indesejáveis. O
19
perfil de uso obedece a peculiaridades de idade, gênero, inserção social, estado de
saúde e classe terapêutica. A inadequação traduz-se por quantidade e qualidade
impróprias dos produtos empregados. O aprimoramento da farmacoterapia depende
da atuação no campo da prescrição e no da investigação científica (ROZENFELD,
2003).
Novos produtos surgem de modo permanente. Entre eles, destacam-se os
empregados para o controle das doenças crônicas e aqueles que aprimoram a
qualidade de vida. Assim sendo, é importante criar mecanismos que permitem ao
clínico acompanhar e interpretar a literatura médica, bem como prescrever com base
em evidências epidemiológicas consistentes (ROZENFELD, 2003).
Segundo Rozenfeld (2003) há medidas importantes a serem seguidas diante
do paciente idoso: estímulo ao emprego de medidas não farmacológicas;
acompanhamento, com revisão periódica, do conjunto dos medicamentos e de seus
possíveis efeitos adversos; preferência por mono drogas, em detrimento das
associações em doses fixas; preferência por fármacos de eficácia comprovada
através de evidências científicas; suspensão do uso, sempre que possível;
verificação da compreensão da prescrição e das orientações farmacológicas ou não
farmacológicas; simplificação dos esquemas de administração; atenção aos preços.
No Sistema Único de Saúde, o acesso aos medicamentos é mediado pela
apresentação da prescrição, sendo esta uma ordem escrita dirigida ao farmacêutico,
com a definição do medicamento que deverá ser fornecido ao paciente, bem como
com a maneira que este deverá utilizá-lo. A prescrição constitui um documento legal
pelo qual se responsabilizam quem prescreve (médico, dentista) e quem dispensa o
medicamento (farmacêutico), ambos os sujeitos à legislação de controle e a ações
da vigilância sanitária (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011).
O profissional da saúde que dispensa medicamentos exerce um importante
papel na utilização correta deles. A dispensação é uma das últimas oportunidades
de identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos à terapêutica medicamentosa, pois,
além de dispensar o medicamento com qualidade e de maneira correta, o
farmacêutico deve complementar as informações passadas pelo médico ao paciente
sobre os medicamentos prescritos, como os cuidados na administração e as
orientações não farmacológicas, de forma a contribuir com seu uso racional e para a
melhora do quadro clínico do paciente, sem o eventual aparecimento de efeitos
indesejados para este (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011).
20
O padrão de consumo elevado de medicamentos entre os idosos que vivem
na comunidade tem sido descrito tanto no Brasil e no mundo. Em média, 2 a 5
medicamentos são prescritos regularmente a idosos e a prevalência de uso é maior
entre as mulheres independentemente da faixa de idade. É consenso que o
desenvolvimento de medicamentos representa um grande avanço na história da
ciência e que contribui com relevante significância para a melhoria da qualidade de
vida da população. No entanto, a possibilidade de um dano induzido em decorrência
da utilização de fármacos, mesmo quando utilizados nas doses preconizadas e com
indicação terapêutica adequada se constitui em fato real. A população idosa possui
risco elevado o de problemas relacionados a medicamentos (MEDEIROS et al.,
2011).
Segundo Medeiros et al.,(2011) a vulnerabilidade dos usuários de
medicamentos, em especial os idosos, torna-se pronunciada quando se pratica o
uso indiscriminado de medicamentos. A utilização dos medicamentos envolvendo
mau uso e abuso de consumo, e a não adesão a tratamentos importantes tem
provocado impacto sobre as medidas públicas para prevenção de agravos e
promoção da saúde, assim como sobre o ciclo econômico envolvido na prestação
dos serviços de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais da
metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos
inadequadamente, e que, aproximadamente 50% de todos os pacientes não os
utilizam corretamente.
Ao longo do século XX, o medicamento deixou de ser somente um
instrumento de ação terapêutica para converter-se em um elemento complexo –
técnico e/ou simbólico atualmente a prescrição farmacoterapêutica tornou-se quase
que obrigatória nas consultas médicas, sendo o médico avaliado pelo paciente por
esta prática. Assim, a prescrição do medicamento tornou-se sinônimo de boa
conduta médica, justificando sua enorme demanda, portanto, a medicalização da
vida reforça a necessidade por uma abordagem multidimensional do atendimento,
pautada no modelo interdisciplinar aplicado ao envelhecimento e cujo foco está no
sujeito da intervenção (MEDEIROS et al., 2011).
Assistência farmacêutica no Brasil até o ano de 1997, quando foi desativada,
sendo suas atribuições transferidas para diferentes órgãos e setores do Ministério da
Saúde. No que se refere à ampliação do acesso aos medicamentos no Brasil, as
instâncias gestoras e de controle social têm buscado sanar importantes lacunas que
21
foram aprofundadas na década de 90, com o crescente e rápido desenvolvimento
técnico e científico neste campo. A equidade no acesso aos medicamentos no SUS
tem sido discutida a partir da premissa de que o direito à assistência integral
farmacêutica implica a partilha entre os entes federativos das responsabilidades
legais do Estado, de propiciar o acesso igualitário e universal aos medicamentos e
procedimentos terapêuticos para a assistência integral à saúde dos cidadãos. A
necessidade de apontar aos gestores um rumo para a área resultou na formação de
um grupo de profissionais que atuavam na mesma, o qual discutiu os principais
aspectos relacionados aos medicamentos no país. Foi estabelecida, como resultado
dessas discussões, a Política Nacional de Medicamentos, publicada pela Portaria
GM/MS n. 3916, em 1998 (BRASIL, 2002).
Essa política estabelece diretriz e prioridades que resultaram em importantes
avanços na regulamentação sanitária, no gerenciamento de medicamentos e na
organização e gestão da assistência farmacêutica no SUS (BRASIL, 2007).
3.1 Reorientação da assistência farmacêutica
As principais finalidades da reorganização da assistência são:
A garantia da necessária segurança, da eficácia e da qualidade dos
medicamentos;
A promoção do uso racional dos medicamentos;
O acesso da população naqueles medicamentos considerados essenciais.
Destas diretrizes, foram consideradas como prioridades a revisão
permanente da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), a
reorientação da Assistência Farmacêutica, a promoção do uso racional de
medicamentos e a organização das atividades de Vigilância Sanitária de
medicamentos para regular esta área. A implementação dessas diretrizes
demandam ações que vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos (BRASIL, 2007).
Um aspecto importante a ser mencionado em relação à PNM é a
explicitação do caráter sistêmico e multidisciplinar da assistência farmacêutica,
definindo-a como:
22
Grupo de atividades relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e o controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos (BRASIL, 2002).
Para alcançar um dos objetivos prioritários estabelecidos pela PNM,
relacionado à reorientação da Assistência Farmacêutica, faz-se necessário
promover a descentralização da sua gestão, o desenvolvimento de atividades para
assegurar o uso racional dos medicamentos e ações que aperfeiçoem e tornem
eficaz o sistema de distribuição no setor público e iniciativas que possibilitem a
redução nos preços dos produtos (BRASIL, 2002).
Muitas dessas ações foram e estão sendo desenvolvidas na área de
assistência farmacêutica no SUS. É de responsabilidade da PNM:
23
Tabela 1 - Responsabilidade da PNM ______________________________________________________________ Possuir em vista a implementação da política de assistência farmacêutica no SUS; Promover a formulação da política estadual de medicamentos; Prestar cooperação técnica e financeira aos municípios no desenvolvimento das suas atividades e ações relativas à assistência farmacêutica; Coordenar e executar a assistência farmacêutica no seu âmbito; Apoiar a organização de consórcios intermunicipais de saúde destinados à prestação da assistência farmacêutica ou estimular a inclusão desse tipo de assistência como objeto de consórcios de saúde; Promover o uso racional de medicamentos junto à população, aos prescritores e aos dispensadores; Assegurar a adequada dispensação dos medicamentos, promovendo o treinamento dos recursos humanos e a aplicação das normas pertinentes; Participar da promoção de pesquisas na área farmacêutica, em especial aquelas consideradas estratégicas para a capacitação e o desenvolvimento tecnológico, bem como do incentivo à revisão das tecnologias de formulação farmacêuticas; Investir no desenvolvimento de recursos humanos para a gestão da assistência farmacêutica; Coordenar e monitorar o componente estadual de sistemas nacionais básicos para a política de medicamentos; Programar as ações de vigilância sanitária sob sua responsabilidade; Definir a relação estadual de medicamentos, com base na RENAME, e em conformidade com o perfil epidemiológico do estado; Definir o elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente pelo Estado; Investir na infra-estrutura das centrais farmacêuticas, visando garantir a qualidade dos produtos até a sua distribuição; Receber, armazenar e distribuir adequadamente os medicamentos sob sua guarda.
Fonte: BRASIL, 2007.
Em 2003, um amplo debate sobre a assistência farmacêutica foi realizado
com a sociedade na I Conferência Nacional de Medicamentos e, com base nas
propostas nela emanadas, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou e publicou
a Resolução CNS n. 338, de seis de maio de 2004, que estabelece a Política
Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), definindo-a como: Um conjunto de
ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como
coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e seu uso
racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de
medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição,
distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços,
acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de
24
resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL,
2004).
Assegurar o acesso a medicamentos é uma das questões cruciais no SUS,
constituindo a assistência farmacêutica, considerando que estes insumos são uma
intervenção terapêutica muito utilizada, impactando diretamente sobre a
resolubilidade das ações de saúde. Nesta área, em especial após a publicação da
Política Nacional de Medicamentos e da Política Nacional de Assistência
Farmacêutica, muitos foram os avanços e as conquistas (BRASIL, 2007).
Paralelamente à necessidade de se dar acesso aos medicamentos àqueles
que deles necessitam, é preciso ficar alerta para o uso indiscriminado que vem
ocorrendo em nossa sociedade, que tem, entre outras causas, a fragilidade da
regulamentação e a atuação das empresas farmacêuticas. Mesmo com os avanços
no acesso aos medicamentos no SUS, observa-se procura crescente pelo seu
fornecimento por demanda judicial. Estas requerem desde o fornecimento de
medicamentos básicos, não incluídos na Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais, até medicamentos prescritos para indicações não previstas em bula,
experimentais e sem registro no país (BRASIL, 2007).
Segundo Marin et al., (2003) trabalhar de forma conjunta na perspectiva de
uma assistência farmacêutica que, além do acesso, assegure o uso racional dos
medicamentos é papel a ser assumido por todos os gestores, prescritores, órgãos
de vigilância e controle, população em geral.
A seleção de medicamentos é a etapa inicial e provavelmente uma das mais
importantes do ciclo da assistência farmacêutica, sendo seu eixo, pois todas as
outras atividades lhe são decorrentes. É a atividade responsável pelo
estabelecimento da relação de medicamentos a serem disponibilizados na rede
pública, sendo uma atividade decisiva para assegurar o acesso aos mesmos. A
disponibilidade de medicamentos no mercado, a constante introdução de novos
produtos, a influência da propaganda sobre a prescrição médica tornam fundamental
uma seleção racional de medicamentos, de maneira a proporcionar maior eficiência
administrativa e uma adequada resolubilidade terapêutica, além de contribuir para a
racionalidade na prescrição e na utilização de fármacos (MARIN et al., 2003).
25
3.2 Dispensação de medicamentos
A dispensação de medicamentos foi definida na Política Nacional de
Medicamentos como:
É o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a um paciente, geralmente, como resposta a apresentação de uma receita elaborada por um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento. São elementos importantes da orientação, entre outros, a ênfase no cumprimento da dosagem, a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de conservação dos produtos (BRASIL, 2002).
Nesse conceito, a dispensação não se configura apenas como o
fornecimento do medicamento prescrito, devendo atender a aspectos técnicos, com
o objetivo de garantir a entrega do medicamento correto ao usuário, na dosagem e
na quantidade prescrita, com instruções suficientes para seu uso adequado e guarda
correta. Entre as orientações a serem repassadas, destaca-se a forma de
administração; a possibilidade de ocorrência de reações adversas; interações com
outros medicamentos e com alimentos. Desta forma, o usuário do medicamento terá
as informações necessárias para seu uso seguro e correto (BRASIL, 2007).
3.3 Uso racional de medicamentos
Sob o aspecto conceitual, a Política Nacional de Medicamentos refere o uso
racional de medicamentos como sendo o processo que compreende a prescrição
apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em
condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e
no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade
(BRASIL, 2002).
A Organização Mundial da Saúde considera que há uso racional de
medicamentos quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas
condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um
período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Lidera, em
conjunto com outras instituições gestoras e de pesquisa, movimentos que buscam a
prescrição e o uso racional de medicamentos, a seleção de medicamentos
26
essenciais e a disponibilização de informações científicas e independentes aos
profissionais de saúde, por meio de boletins e de formulários terapêuticos
(ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA, 2007).
A promoção do uso racional dos medicamentos deve contar com a
participação de diversos atores sociais: pacientes, profissionais de saúde,
legisladores, formuladores de políticas públicas, indústria, comércio e governo. Os
resultados disponibilizados pelos estudos de utilização de medicamentos podem
contribuir com a instrumentalização do profissional para o reconhecimento da
realidade cotidiana que envolve o uso de medicamentos (OENNING; OLIVEIRA;
BLATT, 2011).
4 IATROGENIA
Segundo Lopes et al., (2006) complicações iatrogênicas são definidas como
doenças induzidas pelo médico ou outros profissionais da saúde. A iatrogenia pode
ser produzida por medicamentos, orientações errôneas, como o simples repouso no
leito prolongado, intervenções cirúrgicas e reabilitação inadequada.
Consideram-se como afecções iatrogênicas aquelas decorrentes da
intervenção do médico e∕ou de seus auxiliares, seja ela certa ou errada, justificada
ou não, mas da qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente;
as pesquisas indicam que sua maior ocorrência é em pacientes idosos
hospitalizados. A iatrogenia adquire maior importância nos indivíduos idosos, nos
quais tanto sua incidência como a intensidade de suas manifestações costuma ser
mais acentuadas (GOMES; CALDAS, 2008).
O uso de fármacos em idoso deve receber especial atenção dos
profissionais pelas mudanças que ocorrem na farmacocinética e farmacodinâmica
dos medicamentos no organismo após os 60 anos de idade (LOPES et al., 2006).
4.1 Medicar o idoso
Com o aumento da idade, incidência de reações adversas pode chegar até
sete vezes maiores do que nos jovens. Há modificações nos mecanismos de
absorção, distribuição, metabolização e excreção dos medicamentos no idoso. Há
modificações nos receptores e sítios de ação relacionados ao envelhecimento. Há
27
também modificações nos receptores das drogas. O idoso é mais sensível aos
benzodiazepínicos por alterações nos receptores de ácido gama-aminobutírico
(GABA). Os neurotransmissores também sofrem alterações que podem facilitar a
confusão mental induzida por drogas. Alguns reflexos fisiológicos através dos
baroreceptores e do Sistema Nervoso Central estão diminuídos o que leva a maior
suscetibilidade a hipotensão postural ocasionada por drogas e consequentemente
quedas. A alta prevalência das doenças crônico-degenerativas no idoso leva a
necessidade da utilização de mais de uma droga, o que potencializa o risco de
interações medicamentosas (LOPES et al., 2006).
A população idosa apresenta peculiaridades em relação a uso de
medicamentos, uma vez que as alterações fisiológicas decorrentes do
envelhecimento interferem na farmacocinética e na farmacodinâmica dos
medicamentos e fazem com que eles atuem de forma diferente do que ocorre com
adultos jovens, podendo ocasionar ausência de efeitos farmacológicos esperados,
bem como o aumento do risco de iatrofarmacogenia no idoso (MOREIRA et al.,
(2010).
Várias queixas comuns levam o idoso ao serviço de saúde, como quedas,
perda da memória, confusão mental, lentidão motora podem ser fruto de efeitos
medicamentosos (LOPES et al., 2006).
5 ADESÃO DO PACIENTE AO TRATAMENTO
De acordo com Aizenstein (2010) o idoso tem dificuldade de adesão ao
tratamento, observa-se maior frequência de omissão, erros de administração, super
dosagens intencionais ou acidentais, além de uso incorreto do medicamento, com
validade vencida ou prescrita para outros indivíduos.
Segundo Oenning; Oliveira; Blatt (2011) a falta de informações ou a não
compreensão das informações transmitidas pelos profissionais da saúde aos
pacientes podem trazer consequências como: não adesão ao tratamento, com o
consequente insucesso terapêutico; retardo na administração do medicamento,
agravando o quadro clínico do paciente; aumento da incidência de efeitos adversos,
por inadequado esquema de administração e/ou duração do tratamento; dificuldades
na diferenciação entre manifestações da doença e efeitos adversos da terapêutica; e
28
incentivo à automedicação, bem como outras sérias consequências, que podem
piorar o estado de saúde do paciente.
A falta de adesão pode relacionar se a fatores socioeconômicos e culturais,
ao passo que resulta de uma avaliação do paciente de relação custo beneficio do
tratamento, e representa a maior parte dos casos de falta de adesão. O dialogo
entre os profissionais de saúde e o paciente é hoje considerado de extrema
importância para o envolvimento do paciente no seu próprio tratamento. A prescrição
ao paciente idoso deve considerar inicialmente se a terapêutica é fato necessário e
se existem alternativas não medicamentosas, se for o caso as instruções são
importantes e devem ser feitas de forma clara e pausada, pois os idosos lembram
melhor das primeiras informações, sobretudo se são simples e em pequenos
números (AIZENSTEIN, 2010).
5.1 Prevalência, fatores associados e uso inadequado de medicamentos entre
idosos
Segundo Rozenfeld (2003) as características do consumo dos
medicamentos fornecem elementos para a eleição das prioridades em assistência
farmacêutica e para a regulamentação de produtos. A partir daí, cabe aos gestores
do SUS garantir o acesso aos produtos e a oferta de fármacos com o melhor perfil
quanto à relação benefício versus risco. O potencial para a ocorrência e a gravidade
das reações adversas aos medicamentos, sobretudo em idosos não internados é a
preocupação básica.
As distorções no campo da fabricação traduzem-se no número elevado de
marcas comercializadas com duas, ou mais, substâncias associadas num mesmo
produto. As associações em doses fixas são prática condenada em virtude do seu
potencial de causar reações adversas e da impossibilidade de individualizar as
doses de cada fármaco. Elas só são recomendadas caso se comprove haver
vantagens acumuladas: maior eficácia, melhor cumprimento da prescrição e redução
de custos. Os órgãos de regulamentação, no Brasil denominado vigilância sanitária,
autorizam a comercialização de incontáveis produtos farmacêuticos
insuficientemente testados, sem comprovação satisfatória de eficácia e de
segurança, sem monitoração pós-comercialização e com efeitos similares aos de
outros já registrados. Como resultado, o “cardápio” de produtos, em vez de ir ao
29
encontro das necessidades sanitárias, retrata as motivações econômicas dos
fabricantes (ROZENFELD, 2003).
O uso inapropriado de medicamentos tem se tornado uma preocupação
humanística e econômica. Essa prática pode ocasionar graves conseqüências, como
a elevação dos índices de morbidade e mortalidade (MOREIRA et al., 2010).
Segundo Moreira et al.,(2010) os principais fatores contribuintes para
problemas relacionados aos medicamentos são: polifarmácia, prescrição de
medicamentos inapropriados, má complacência, uso de medicamentos não
prescritos e falta ou inadequação nas orientações aos pacientes e cuidadores sobre
os perigos dos medicamentos.
6 FARMACOLOGIA GERIATRIA
Segundo Pereira (2006) o estudo de farmacologia geriátrica tem especial
interesse nos dias atuais devido ao envelhecimento populacional em todo o mundo.
No Brasil, esse fenômeno tornou-se marcante no ano de 1950, trazendo grandes
desafios, inclusive no campo da saúde.
Paralelamente a essa alteração demográfica, observou-se um processo de
mudança no perfil de morbimortalidade, predominando as doenças crônicas não
transmissíveis. Com o aumento da expectativa de vida, frequentemente a pessoa
idosa é portadora de várias doenças, fazendo uso de diferentes medicamentos
concomitantes. Apesar de constituírem aproximadamente 10% da população,
consomem mais de 205 das drogas prescritas (PEREIRA, 2006).
6.1 Demência
É uma síndrome que se manifesta pela diminuição global das funções
cognitivas, embora não necessariamente de modo uniforme, associada a um estado
preservado da consciência. Demência é definida como um distúrbio adquirido e
persistente das funções intelectuais que compromete pelo menos três atividades
mentais: linguagem, memória, capacidade visoespaciais, personalidade e cognição
(LEVY; MENDONÇA, 2000).
30
A demência é classificada como uma síndrome degenerativa, caracterizada
pela deterioração de habilidades intelectuais previamente adquiridas que interfere na
atividade ocupacional ou social. Afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo
a doença de Alzheimer (DA) a causa mais comum, compreendendo 70% das
demências. As únicas drogas que tem demonstrado eficácia e segurança em grande
escala, através de trabalhos multicêntricos, randomizados, placebo - controlados,
são os inibidores da colinesterase. Eles inibem a degradação da acetilcolina liberada
pelos neurônios colinérgicos pré- sinápticos, aumentando a disponibilidade desse
neurotransmissor na sinapse. As substâncias aprovadas pela Food and Drug
Administration (FDA) são o donepezil, a rivastigmina e a galantamina (PEREIRA,
2006).
6.1.1 Doença de Alzheimer
É considerada a causa mais frequente demência, ocorrendo em 4,4% da
população acima de 65 anos, segundo estatística realizada nos Estados Unidos. A
doença se inicia por alterações de memória, com desorientação têmporo-espacial,
confabulação e falsos reconhecimentos. A seguir se instalam as alterações das
funções simbólicas, outras características da doença. Apraxia construtiva, agnosia
espacial e afasia costumam serem os primeiros achados. Posteriormente, se instala
apraxia de vestir-se, apraxia ideomotora, somatognosias e global comprometimento
das funções cerebrais (LEVY; MENDONÇA, 2000).
6.2 Diabete Melito
De acordo com Pereira (2006) o diabete melito acomete 7,45 da população
brasileira, com maior percentual nos idosos, nos quais entre 60 e 69 anos aumenta
para 17,4%, seis vezes maior que entre 30 e 39 anos. Ocorre pelo aumento da
intolerância aos carboidratos, devido ao aumento da gordura corporal e paralela
diminuição da massa magra, diminuição da atividade física, co-morbidades, maior
ingestão de carboidratos e uso de drogas com ação hiperglicemiante. Concorre para
desencadear essa doença o fator genético diminuição da secreção e aumento da
resistência periférica à insulina e liberação hepática noturna de glicose.
31
O diabetes melito é uma síndrome decorrente de alterações metabólicas
caracterizadas pela hiperglicemia inapropriada, em consequência da ausência da
ação biológica da insulina. Este fato ocorre por deficiência de sua secreção ou por
impossibilidade de desencadear os eventos resultantes da interação da insulina com
seu receptor (MARCONDES; THOMSEN, 2000).
O diabete melito tipo 2 é o mais comum entre os idosos, ocorrendo maior
freqüência de complicações macrovasculares. Essas compreendem o acidente
vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio e doença vascular periférica,
comprometendo a qualidade de vida dessas pessoas, justificando o investimento no
tratamento. As manifestações clínicas podem ser inespecíficas, como fraqueza,
adinamia, estado confusional agudo, incontinência urinária e hipotensão postural. O
diagnóstico é feito como nos jovens adultos (PEREIRA, 2006).
Segundo Pereira (2006), para a população idosa é necessário definir metas
de tratamento. Geralmente fazem-se o controle glicêmico adequado para
desacelerar a progressão das complicações crônicas e, para os indivíduos
cronicamente doentes, com expectativa de vida curta, manter o controle glicêmico
não rigoroso, evitando sintomatologia de complicações agudas. Para esse último
grupo estão incluídos os pacientes portadores de quadro demencial em fase
avançada, aqueles com insuficiência renal crônica, cirróticos, alcoolistas, e aqueles
com alto grau de dependência ou restrição alimentar. Para eles o controle glicêmico
visa facilitar a cicatrização, prevenir a desidratação, sintomas de hiper ou
hipoglicemia e a perda de peso. Devido à diminuição da função renal, o limiar de
excreção da glicose apresenta-se alterado, aumentando os riscos de hipoglicemia
por elevar a vida média das drogas. Pelo mesmo motivo, a monitorização pela
glicofita perde sua utilidade.
No tratamento com os antidiabéticos orais estão as sulnolinureias. Dá se
preferência neste grupo para a glicazida e a glipizida, por terem curto tempo de ação
não gerarem metabólitos ativos. A clorpropamida e contra-indicada no idoso pelo
seu tempo muito prolongado de ação. A glibenclamida e a glimepirida exigem
cuidado no uso, devido à maior chance de desencadear hipoglicemia pelos seus
metabólitos ativos. As metiglinidas (repaglinida e nateglinida) são seguras para o
idoso. Agem na primeira fase de secreção da insulina, cerca de 30 minutos após a
ingestão alimentar. A metformina, representante das biguanidas, é indicada em
pacientes com excesso de peso. Deve ser evitada nos idosos com idade maior de
32
80 anos. Tem maior risco de desencadear acidose lática, principalmente sob
estresse orgânico pré e pós-operatório, desidratação, infarto agudo do miocárdio,
entre outras situações. As glitazonas (rosiglitazona e pioglitazona) aumentam a
sensibilidade da insulina no músculo. Podem fazer retenção hídrica e ganho de
peso, não estando indicadas nos pacientes com insuficiência cardíaca. A acarbose é
um anti-hiperglicemiante por inibir a alfa-glicosidase. Pode ser associado aos
secretagogos de insulina nos pacientes com pouca adesão à dieta. A insulinoterapia
é realizada quando o controle metabólico não é alcançado com medidas dietéticas e
medicamentos orais (PEREIRA, 2006).
6.3 Hipertensão Arterial
De acordo com Pereira (2006) a diminuição da pressão arterial (PA) é efetiva
em reduzir eventos cardiovasculares fatais e não fatais nos idosos, como
demonstram ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, placebo-controlados.
Devido à grande variabilidade da PA nos indivíduos essa faixa etária, deve-se tomar
os seguintes cuidados: com o paciente relaxado, medir PA três vezes, com intervalo
mínimo de 5 minutos entre as variaçõe, medir PA nas posições deitada e sentada,
observar a rigidez da parede arterial devido à calcificação. A pressão arterial obtida
pode não ser a mesma da pressão intra-arterial, alterando a conduta terapêutica.
Para o tratamento da hipertensão arterial em idosos, deve se levar em conta
os níveis de PA, os fatores de risco cardiovasculares (idade acima de 60 anos,
tabagismo, dislipidemia e história familiar de doença cardiovascular) e as lesões e
órgão-alvo (PEREIRA, 2006).
Segundo Carvalho Filho; Pasini; Papaléo Netto (2000) o conceito de
hipertensão arterial na pessoa idosa exigiu a análise de levantamentos realizados
em grupos populacionais de diferentes, faixas etárias, com o intuito de estabelecer
os limites máximos normais das pressões arteriais sistólica e diastólica, bem como
suas variações com o avançar dos anos. Possibilitando definir os níveis, a partir dos
quais pode se considerar o paciente como hipertenso. Entre 40 a 70 anos a pressão
arterial sistólica aumenta em média 25 a 35mmHg e a diastólica 5 a 10mm Hg.
Baseando-se em estudos, a OMS considerou os valores 140 a 160x90 a 95
mmHg como limítrofes em adultos. Estabeleceu também que o idoso é considerado
hipertenso quando, em posição supina, apresenta pressão sistólica igual ou superior
33
a 160 mmHg e/ou pressão sistólica igual ou superior a 95 mmHg (CARVALHO
FILHO; PASINI; PAPALÉO NETTO, 2000).
6.4 DEPRESSÃO
É uma desordem funcional do cérebro devido à deficiência de
neurotransmissores (noradrenalina, serotonina e dopamina). Segundo o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de
Psiquiatria (DSM-IV), a depressão maior é definida por humor deprimido na maior
parte do dia, com marcada diminuição de interesse ou prazer em atividades antes
agradáveis, durante pelo menos 2 semanas. Simultaneamente, somam-se quatro
dos seguintes sintomas: perda ou ganho de peso, insônia, retardo psicomotor,
fadiga, perda de energia, sensação de culpa excessiva, dificuldade de concentração,
indecisão, pensamentos recorrentes de morte e planos específicos para suicídio
(PEREIRA, 2006).
7 VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS NO IDOSO QUE ALTERAM OS EFEITOS DOS
FÁRMACOS
Segundo Aizenstein (2010), o declínio funcional em vários órgãos e sistemas
decorre da idade avançada, tornando o idoso mais sensível em situações de
sobrecarga. Embora ocorra envelhecimento variável entre indivíduos, alguns fatores
fisiológicos próprios do idoso podem alterar a farmacocinética e a farmacodinâmica.
Dentre os principais:
Diminuição dos líquidos corpóreos
Aumento da gordura corpórea
Diminuição das proteínas plasmáticas
Diminuição da massa muscular
Diminuição no metabolismo hepático
Diminuição da velocidade e do volume de filtração glomerular
Diminuição do fluxo sanguineo renal
34
Diminuição da secreção tubular
Diminuição funciona (absorção, secreção e motilidade) e morfológica
(atrofia) do trato gastrintestinal
Aumento do ph gástrico
Diminuição do fluxo sanguineo gastrintestinal
Diminuição da resposta imune
Redução da eficiência respiratória
Intolerância a carboidratos (diabetes)
Diminuição da sensibilidade nos centros da fome e da sede.
7.1 Aspectos farmacocinéticos
A medicina preventiva, em nosso meio, é pouco praticada, os idosos
acumulam doenças e utilizam múltiplas medicações simultaneamente, aumentando
a chance de interações não desejadas. Além disso, as modificações orgânicas
fisiológicas, próprias do envelhecimento, alteram a farmacocinética (a absorção,
distribuição, metabolismo e excreção) e a farmacodinâmica (local e mecanismo de
ação, relação entre dose e efeito e variação da resposta) das drogas, obrigando a
realização de estudos apropriados para essa faixa etária, o que muitas vezes não é
feito pelos laboratórios. Quando o conjunto desses fatos não é considerado, os
medicamentos tendem a ser prescritos da mesma forma que são para adultos,
podendo levar à iatrogenia. Essa é classificada como um dos “Cinco Gigantes da
Geriatria” acompanhada por imobilidade, instabilidade postural, incontinência
esfincteriana, insuficiência cerebral, problemas comuns da velhice, difíceis de
diagnosticar e tratar, que comprometem a qualidade de vida do paciente idoso
(PEREIRA, 2006).
A mudança no perfil farmacocinético em idosos pode predispor os pacientes
a reações adversas a medicamentos, resultantes de interações farmacológicas, que
se apresentam com maior gravidade em idosos quando comparados aos adultos
não idosos. Estudos mostram que os idosos com idade superior a 80 anos são os
maiores prejudicados pela ocorrência de tratamentos farmacológicos múltiplos e
reações adversas a medicamentos, quadro se agrava quando há aumento do
consumo de medicamentos decorrente de doenças do envelhecimento. A
35
racionalidade da prescrição é indispensável para diminuir esses efeitos adversos
relacionados da terapia farmacológica (AIZENSTEIN, 2010).
8 PRESCRIÇÕES EM IDOSOS
Segundo Witzel (2001) pacientes idosos recebem uma quantidade
desproporcional de medicamentos, cerca de um terço de todas as prescrições de
medicamentos. Aumentando-se a idade do paciente verifica-se que aumentam os
custos de internação, tempo de hospitalização, e o risco de reações adversas a
medicamentos (RAM).
O FDA passou a exigir que os fabricantes de medicamentos incluam uma
subseção na bula dos produtos com orientações sobre o uso em pacientes acima de
65 anos, com especial atenção a oito grupos de drogas: psicotrópicos,
antiinflamatórios não esteroidais, digoxina, antiarritimico, bloqueadores de canal de
cálcio, hipoglicemiantes orais, anticoagulantes e quinolonas (WITZEL, 2001).
8.1 Princípios de Prescrição de Drogas nos Idosos
1- Avaliar a necessidade de farmacoterapia: sempre que possível deve-se
tentar lançar mão de terapias não medicamentosas.
2- Traçar um histórico cuidadoso sobre hábitos e uso de medicamentos:
devem-se incluir drogas prescritas, não prescritas, fitoterápicos, álcool,
cafeína, e outras informações dietéticas e sobre alergias.
3- Conhecer a farmacologia das drogas: aprofundar-se nas drogas mais
utilizadas no paciente idoso.
4- Geralmente as drogas prescritas devem ser menores: especialmente para
doenças crônicas, onde o controle, e não a cura, é o objetivo.
5- Monitorar níveis plasmáticos de drogas e sua resposta farmacológica: os
pacientes devem ser continuamente questionados sobre o efeito das drogas
em relação à eficácia e efeitos colaterais.
6- Simplificar os regimes terapêuticos e encorajar a adesão ao tratamento:
pacientes idosos normalmente apresentam déficits de memória e quanto
mais simples forem os regimes posológicos, menor será o risco de
esquecimento e trocas de medicamentos.
36
7- Revisar regularmente o plano terapêutico e descontinuar as drogas
desnecessárias: acompanhamento constante garante melhores resultados
terapêuticos.
8- Recordar das drogas que podem causar doenças: efeitos adversos de
drogas podem apresentar-se atipicamente nos idosos ou podem mimetizar
doenças (WITZEL, 2001).
9 FUTURO EM RELAÇÃO AO USO RACIONAL DE MEDICAMENTO EM IDOSO
Novos produtos surgem de modo permanente. Entre eles, destacam-se os
empregados para o controle das doenças crônicas e aqueles que aprimoram a
qualidade de vida. Assim sendo, é importante criar mecanismos que permitem ao
clínico acompanhar e interpretar a literatura médica, bem como prescrever com base
em evidências epidemiológicas consistentes (ROZENFELD, 2003).
De acordo com Rozenfeld (2003) no campo da investigação, é preciso
conhecer o perfil dos usuários, segundo as diferentes realidades sociais, geográficas
e sanitárias; avaliar a qualidade do conjunto dos produtos consumidos e, ao mesmo
tempo, identificar os principais preceptores do uso indevido. É com base nesses
últimos que será possível propor estratégias de correção, sejam elas na forma de
programas educativos para profissionais ou para leigos, seja como sugestões para
regulamentação, controle de qualidade e fiscalização de fabricantes e de produtos.
Entre os indicadores da qualidade da terapia dos idosos destacam-se:
• número de produtos empregados por pessoa;
• a proporção de produtos com associações em doses fixas;
• a proporção dos fármacos contra-indicados; sem efeitos benéficos
comprovados; eficazes, mas empregados em formas farmacêuticas, doses,
duração de tratamento ou indicação terapêutica impróprias; com potencial
inaceitável de provocar interações;
• uso redundante de fármacos da mesma classe terapêutica.
O conhecimento dos padrões de uso e de prescrição entre os idosos
constitui uma medida indireta da ocorrência dos efeitos danosos. É o primeiro passo
para se conhecerem os riscos subjacentes à terapêutica farmacológica. No entanto,
37
isso não é suficiente. É preciso conhecer o perfil das reações adversas, dimensioná-
las, identificar os seus impactos clínicos, sociais e monetários (ROZENFELD, 2003).
38
10 MÉTODO
Para execução deste trabalho, utilizou-se uma pesquisa exploratória, entre
homens e mulheres acima de 60 anos de idade que buscavam atendimento na rede
pública de saúde do município de Fernandópolis.
Participaram do questionário 100 idosos, dos quais 54 eram do sexo
masculino e 46 do sexo feminino, respondendo sobre uso racional de
medicamentos.
Foi aplicado um questionário abordando 22 perguntas relacionadas ao uso
racional de medicamentos e aspectos envolvidos na terapêutica da população idosa.
As entrevistas foram realizadas através do contato direto com os pacientes
idosos. No momento em que eles esperavam por uma consulta médica ou quando
passavam pela unidade de saúde para buscar medicamentos.
As unidades de saúde onde foram realizadas as entrevistas foram no Projeto
Saúde da Família (PSF) Heitor Maldonado no bairro Jardim Araguaia, PSF Antônio
Pivato no bairro Jardim Paulista e PSF Waltrudes Baraldi no bairro Jardim Planalto,
na cidade de Fernandópolis- SP, durante o período do dia 20 de junho a 11 de
agosto de 2011.
39
11 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 mostra que 40% dos entrevistados têm idade entre 66 anos e 70
anos, 30% entre 71 e 80 anos, 28% entre 60 e 65 anos e apenas 2% tem idade
maior que 80 anos.
Estes dados são semelhantes aos resultados de um estudo proposto a
caracterizar as necessidades de saúde entre idosos da área de abrangência de uma
Unidade de Saúde da Família (MARIN; CECÍLIO, 2009).
O presente estudo aponta que quase a metade dos idosos entrevistados se
encontrava na faixa etária dos 60 a 69 anos.
Como mostra a Figura 2, 54% dos idosos entrevistados na pesquisa, eram
do sexo masculino e 46% do sexo feminino.
Estes dados se diferem aos resultados obtidos no mesmo estudo realizado
em idosos da área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família Além de
demonstrar a idade dos idosos entre 60 a 69 anos, também demonstrou o predomínio do
sexo feminino, retratado nos estudos epidemiológicos sobre o processo de
envelhecimento. Também relatam que na velhice, atribui-se ao sexo feminino,
quando comparado ao sexo masculino, maior vulnerabilidade no estado de saúde
em relação a risco de quedas, presença de múltiplas doenças, uso de múltiplos
medicamentos, obesidade, pobreza e dependências diversas. Destaca-se também
quanto ao estado marital que 93 (50%) mulheres vivem sem o companheiro,
enquanto apenas 18 (15,7%) homens vivem sós (MARIN; CECÍLIO, 2009).
40
Figura 1 – Faixa etária dos entrevistados (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Figura 2 - Sexo dos entrevistados (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Dos entrevistados 55% possuem o ensino fundamental incompleto, 14%
ensino fundamental completo, 26% são analfabetos e 5% possuem ensino médio
incompleto (Figura 3).
28%
40%
30%
2%
Entre 60 e 65 anos
Entre 66 e 70 anos
Entre 71 e 80 anos
Acima de 80 anos
54%
46% masculino
Feminino
41
Comparando esses dados de alfabetização dos idosos com o estudo na
Unidade de Saúde da Família, a porcentagem de idosos analfabetos tem um índice
maior, porém a questão da alfabetização é semelhante, já que a maioria dos idosos
de ambas as pesquisas não concluíram o tempo de escolaridade suficiente.
O estudo demonstra que a baixa escolaridade dos idosos apresenta-se
como um aspecto importante a ser considerado na implementação das ações de
saúde, à medida que se constatou que 68,1% são analfabetos ou tiveram pouco
tempo de escolaridade (MARIN; CECÍLIO, 2009).
Figura 3 - Escolaridade dos entrevistados (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Quando foi perguntado aos entrevistados sobre o trabalho das unidades de
saúde, foi constatado que vem sendo feito um bom trabalho por parte das unidades,
82% dos entrevistados responderam positivamente a pergunta, apenas 18%
consideraram que o trabalho da unidade não é bom (Figura 4).
26%
55%
14%
5%
Analfabeto
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio incompleto
42
Figura 4 - Trabalho da unidade de saúde (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Um problema que a entrevista apontou é a falta de medicamentos nas
unidades de saúde, pois 54% dos entrevistados relataram não encontrar todos os
medicamentos que são receitados pelo médico, e 46% relataram encontrar na rede
pública os medicamentos que necessitam (Figura 5).
A maioria dos idosos entrevistados utiliza medicamentos disponíveis no
sistema público de saúde, tendo acesso aos medicamentos por meio dos programas
de farmácia básica e popular, que vem sendo implantado no país, mas esse sistema
ainda não consegue suprir todas as necessidades, pois a maioria não é encontrada.
82%
18%
Sim
Não
43
Figura 5 - Questão sobre medicamentos encontrados na rede pública (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Quando foi perguntado aos idosos sobre o uso racional de medicamentos, a
resposta foi unânime, pois como mostra a Figura 6, 100% dos entrevistados
responderam que fazem o uso correto dos medicamentos.
Estudos mostram que 25% das pessoas com mais de 65 anos apresentam
perda auditiva. Esta perda é correlacionada com disfunção cognitiva em pacientes
idosos, e presumivelmente com suscetibilidade a erros de medicação. Deficiência é
o déficit sensorial mais comum nesta população, com 90% necessitando de lentes
corretivas. Perto de 20% dos idosos com mais de 80 anos de idade mostram-se
incapazes de ler um jornal, mesmo com óculos, ou de enxergar as gotas dos
medicamentos que precisam medir. Doenças crônicas como artrite e parkinsonismo
podem interferir na capacidade de segurar a colher de medida do medicamento,
abrir um blister de alumínio ou um frasco com tampa. A diminuição da audição pode
interferir no entendimento das instruções sobre o tratamento (SÃO PAULO, 2003).
46%
54%
Sim
Não
44
Figura 6 - Uso correto de medicamentos, posologia e tratamento (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 7 mostra que 57% dos entrevistados relataram não fazer uso de
medicamentos próximo as refeições, respeitando as orientações médicas. Já 43%
fazem uso de medicamentos perto das refeições, pois, muitas vezes, mesmo sendo
bem orientados, não possuem conhecimento sobre as possíveis interações que
podem ocorrer administrando certos fármacos perto das refeições.
100%
Sim
45
Figura 7- Uso de medicamentos próximo às refeições (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Em relação às informações sobre o uso dos medicamentos dispensados, foi
perguntado aos entrevistados se eles recebiam algum tipo de informação do
farmacêutico ou de outro funcionário sobre o uso correto de medicamentos, onde
77% dos entrevistados afirmaram receber orientações, 15% relataram receber
algumas vezes e 8% relataram não receber informações (Figura 8).
Estes dados são semelhantes a um estudo realizado com idosos, em
atendimento em um Ambulatório Privado de Especialidades Médicas, na cidade de
Ribeirão Preto, que apontou dados mais elevados.
Quando indagados se haviam recebido informação sobre uso dos
medicamentos, 97,9% responderam afirmativamente, sendo que destes, 88,4%
mencionaram tratar-se de orientação médica e 10,5% seguiam orientações do
médico e enfermeiro. Sobre o tipo de orientação recebida, 81,1% referiram a ter
recebido de uma forma verbal e escrita e 14,7% de forma escrita, 78% negaram ter
ficado com dúvidas sobre o uso da medicação, após a orientação (FREIRE, 2009).
43%
57%
Sim
Não
46
Figura 8 - Orientações do farmacêutico e funcionários em relação ao uso dos
medicamentos (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 9 mostra que, a maioria, ou seja, 86% dos entrevistados não
desistem do tratamento, mesmo quando há falta de orientação relacionada ao uso
do medicamento pelos profissionais da saúde, 8% algumas vezes desistem e
apenas 6% não aderem ao tratamento devido a falta de orientação sobre o uso do
medicamento.
Em geral, os idosos aderem melhor a tratamento do que os indivíduos
jovens, porém muitos fatores podem levar a uma baixa adesão, resultando em falhas
na terapêutica. Estes fatores podem ser intencionais: por não gostar de tomar
comprimidos, do sabor do medicamento, por acreditar que o medicamento pode ser
uma química, não tolerar bem os efeitos do medicamento. Ou não-intencionais como
diminuição da memória, da visão, da audição, da capacidade mental, dificuldade em
deglutir os comprimidos, polifarmácia, esquemas terapêuticos complicados,
ausência de auxílio de familiares e deficiência física. Estudos demonstram que cerca
de 40% a 75% dos idosos não tomam seus medicamentos nos horários e
quantidades certas (SÃO PAULO, 2003).
Os dados de um estudo relacionado à adesão a prescrição médica em
idosos, o qual fez parte do Projeto Idosos da Prefeitura do município de Porto
Alegre, em parceria com o Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia
77%
8%
15%
0
Sim
Não
As vezes
Nunca
47
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, se diferem aos deste estudo, pois em
relação à classificação da adesão, 37,1% dos idosos se auto-relataram aderentes e
62,9%, não-aderente (ROCHA et al., 2008).
Figura 9 - Adesão ao tratamento (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 10 mostra que 69% dos entrevistados não apresentam problemas
por não utilizarem os medicamentos que necessitam, pois, relataram que antes
mesmo de acabar o medicamento administrado, vão até as unidades de saúde para
pegar mais medicamento, para não ocorrer interrupção do tratamento. Entre esses
28% afirmaram ter problemas por não utilizar o medicamento necessário e 3%
algumas vezes tem problemas pela não utilização do medicamento.
6%
86%
8%
Sim
Não
As vezes
48
Figura 10 - Problema relacionado a não utilização do medicamento
necessário (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Doenças crônicas fazem parte da vida dos idosos, e demonstrando isso, a
Figura 11 aponta que 74% dos entrevistados fazem uso regular de medicamentos
para o tratamento de doenças crônicas e 26% não fazem uso de medicamentos para
doenças crônicas.
Estes resultados são semelhantes aos encontrados no estudo realizado
junto à população do ambulatório do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da
Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI), da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ).
A percepção de morbidade, a resposta à pergunta se tem alguma doença
segue o que se poderia esperar de uma população idosa, praticamente todos com
exceção de dois casos de idosos neste estudo, têm a percepção de que há algum
distúrbio ou doença crônica em suas vidas. Observa-se que apenas 20% dos
pacientes declaram apenas uma doença crônica. A maioria relata apresentar dois ou
três problemas de saúde (SAYD; FIGUEIREDO; VAENA, 2000).
A Figura 12 mostra que 48% dos entrevistados sofrem de hipertensão
arterial e fazem uso de anti-hipertensivos, para manter a pressão estável. Dos
demais 24% utilizam outras classes de medicamentos para tratamento de demais
doenças crônicas, 11% utilizam hipoglicemiantes, 8% antidepressivos, 6%
antissecretores, 2% antiparkinsonianos e apenas 1% insulina.
28%
69%
3%
Sim
Não
As vezes
49
Um estudo realizado com o objetivo de caracterizar as classes mais
prescritas de anti-hipertensivos aos idosos que utilizam os serviços de diferentes
Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Marília mostrou que entre os
idosos cujos prontuários foram analisados, a proporção daqueles que utilizam anti-
hipertensivos foi em média de 69% entre as quatro unidades onde foi realizado o
estudo. Esses dados assemelham-se à prevalência constatada no Brasil, em que
60% dos idosos são hipertensos (MARCHIOLI et al., 2010).
Entre as consequências decorrentes do envelhecimento estão às múltiplas
patologias e a ingestão de medicamentos diversos. Em um estudo realizado com
idosos residentes na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família,
localizada na região central de Marília, as doenças cardiovasculares foram que mais
incidiram.
Como as doenças cardiovasculares lideram as causas de morbi-mortalidade
em indivíduos idosos, os medicamentos que atuam nesse sistema são os mais
prescritos (MARIN et al., 2008).
Porém várias doenças além das cardiovasculares acometem os idosos, e o
estudo realizado na USF em Marília, demonstrou várias outras classes de
medicamentos que os idosos administram através do uso contínuo.
Os anti-hipertensivos lideraram com 20,4%, seguido dos diuréticos com
9,7%. Dentre os idosos participantes do estudo, 4,9% se medicavam com insulina e
agentes antidiabéticos, 4,4% com antidepressivos, 3,4% com antissecretores, 0,6%
com antiparkinsonianos, 19,9 se medicavam com outras classes de medicamentos
para doenças crônicas.
Esses valores se diferem ao do presente estudo, o dado semelhante é a
prevalência do uso de anti-hipertensivos pelos idosos, já que a hipertensão acomete
grande parte da população idosa.
50
Figura 11 - Uso de medicamentos em doenças crônicas (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Figura 12 - Classes dos medicamentos utilizados no tratamento das doenças
crônicas (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
A automedicação tem sido objetivo de muitas pesquisas e assume uma
importância maior quando é realizada por idosos, pois geralmente representam um
grupo polimedicado.
74%
26%
Sim
Não
48%
11% 1%
8% 2%
6%
24% Antihipertensivos
Hipoglicemiantes orais
Insulina
Antidepressivos
Antiparkisonianos
Antissecretores
Outros
51
A Figura 13 mostra dados alarmantes, pois 60% dos entrevistados relataram
possuir hábitos de automediação, o que pode levar vários riscos a saúde. Dos
demais 37% não se automedicam e 3% afirmaram se automedicar às vezes.
Os resultados deste estudo se assemelham ao estudo que foi realizado para
avaliar a automedicação em idosos participantes de grupos da terceira idade
localizados em uma cidade do sul do Brasil.
Segundo Cascaes; Falchetti; Galato (2008) o estudo no sul do Brasil foi
baseado em entrevistas com idosos participantes de grupos da terceira idade, sendo
solicitados além de dados do perfil, informações sobre os problemas de saúde,
medicamentos prescritos, prática da automedicação e as alternativas utilizadas na
mesma. Dos 77 idosos entrevistados, 87% foram mulheres, com idade média de
69,9 anos, viúvos (51,9%) e com baixo grau de instrução. Estes possuíam diversos
problemas de saúde (3,5) e utilizavam em média 4,1 medicamentos.
A Figura 14 mostra que 40% se automedicam com analgésicos, 34% com
antipiréticos, 12% antiinflamatórios, 6% antibióticos, 6% usavam outras classes de
medicamentos e apenas 2% utilizavam anti-histamínicos.
O uso indiscriminado de analgésicos é hábito não somente dos idosos, mas
também de grande parte das pessoas com outra faixa etária, o que também pode
ser constatado no estudo em idosos participantes de grupos da terceira idade
localizados em uma cidade do sul do Brasil.
A maioria (80,5%) se automedicava, em especial com medicamentos de
venda livre (analgésicos) e por plantas medicinais. Sendo estas alternativas
adotadas principalmente pela praticidade e pelo fato dos problemas de saúde ser
considerados simples. A influência descrita pelos idosos para esta prática é
principalmente exercida pelos amigos, vizinhos e familiares (55,9%). Não foi
observado associação entre o perfil dos idosos e a automedicação. Os idosos
mesmo sendo uma população polimedicada realizam a automedicação sem a
orientação de profissionais da saúde, adotando principalmente plantas medicinais e
medicamentos de venda livre por considerarem mais prático para o manejo dos
problemas de saúde que identificam como simples (CASCAES; FALCHETTI;
GALATO, 2008).
52
Figura 13 – Automedicação (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Figura 14 - Classe dos medicamentos utilizados na automedicação (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 15 mostra que 67% não desistem do tratamento medicamentoso
por sentirem algum efeito adverso e 33% dos entrevistados interromperam o
tratamento medicamentoso devido aos efeitos adversos. Isso é um dado
significativo, pois nem sempre as pessoas que interrompem o tratamento buscam
outro tipo de medicamento, o que pode levar ao agravamento da patologia.
60%
37%
3%
Sim
Não
As vezes
34%
40%
6%
12%
2%
6%
Antipiréticos
Analgésicos
Antibióticos
Antiinflamatórios
Anti histamínicos
outros
53
Figura 15 - Desistência de uso do medicamento por apresentar efeitos adversos
(n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Um problema enfrentado por muitos idosos é a confusão com as
embalagens de medicamentos durante o uso, pois a grande maioria utiliza mais de
um medicamento.
A deficiência visual dificulta a leitura das bulas, receitas, rótulos, há
medicamentos que apresentam embalagens semelhantes. A perda da discriminação
correta das cores pode levar a erros de administração (SÃO PAULO, 2003).
No entanto, a maioria, 86% dos entrevistados afirmam nunca ter se
confundido, apenas 11% relataram já ter se confundido e 3% às vezes se
confundem com embalagens de medicamentos (Figura 16).
33%
67%
Sim
Não
54
Figura 16 - Embalagens de medicamentos (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Foi questionado aos entrevistados, locais onde ocorre o armazenamento dos
medicamentos em casa.
Uma pesquisa com idosos inseridos em dois projetos para idosos no Rio de
Janeiro, Universitário e municipal, demonstrou que foram encontrados nas visitas,
medicamentos acondicionados com perfumes, talcos, abertos em cima de
geladeiras, em caixas de sapatos e também guardados em gavetas fechadas sem
ventilação. Além desses locais, outro local preferido para manter os medicamentos é
na cozinha e geralmente perto de fogões (SILVA et al., 2002).
O que se assemelha com os dados mostrados na Figura 17, onde 52% dos
entrevistados armazenam seus medicamentos na cozinha, 43% no quarto, 4% em
outros locais da casa e 1% no banheiro.
11%
86%
3%
Sim
Não
As vezes
55
Figura 17 - Local de armazenamento dos medicamentos (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Sobre o tabagismo e alcoolismo, 72% dos idosos não fazem uso de
nenhuma das substâncias relacionadas, 17% fazem uso de cigarro, somente 10%
consomem bebida alcoólica, e apenas 1% dos idosos fazem uso de ambos (Figura
18).
Estes resultados se diferem aos encontrados no estudo realizado junto à
população do ambulatório do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da Universidade
Aberta da Terceira Idade (UNATI), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ).
Apenas dez entrevistados são fumantes, cerca de 6% do total, sem
diferença significativa entre os sexos. Quanto à ingestão de bebidas alcoólicas,
verifica-se uma freqüência maior entre o sexo masculino, mais da metade respondeu
positivamente à pergunta se tem o hábito de beber, contra apenas 1/4 do sexo
feminino. Na pesquisa 31% fazem uso de bebida alcoólica e 69% não fazem uso
(SAYD; FIGUEIREDO; VAENA, 2000).
A diferença da porcentagem de idosos que fazem uso de álcool e tabaco é
significativamente relevante entre os estudos, uma vez que o consumo de álcool é
maior entre os idosos do NAI, e o consumo de tabaco é maior entre os idosos
entrevistados nas unidades de saúde do município de Fernandópolis.
52%
1%
43%
4%
Cozinha
Banheiros
Quarto
Outros
56
Figura 18 - Uso de cigarro e bebida alcoólica (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Foi perguntado aos entrevistados como eles faziam a administração dos
medicamentos, a Figura 19 mostra que 77% dos entrevistados utilizam água para
administrar os medicamentos, indicando que fazem a administração correta do
fármaco com o líquido ideal, 15% utilizam leite, relacionando este dado com a falta
de conhecimento dos idosos sobre as interações que ocorrem com certos fármacos
e o leite, 6% utilizam suco e 2% refrigerante.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza- CE, não se deve
administrar medicamentos com água mineral gasosa, sucos ácidos, café, leite,
bebidas alcoólicas e chá. Eles podem diminuir ou potencializar o efeito dos
medicamentos. Como exemplo pode-se citar a tetraciclina que quando administrada
com leite faz com que o cálcio contido no leite, precipite o princípio ativo deste tipo
de antibiótico, que não funciona como deveria.
É interessante ressaltar que é comum as pessoas usar sucos, café e chás
para administrarem suas medicações. Essa informação é importante que seja
divulgada, que o correto é administrar medicamentos sempre com água (SIQUEIRA,
2008).
10%
17%
1%
72%
Bebida alcoolica
Cigarros
Ambos
Nenhum
57
Figura 19 - Tipo de líquido ingerido na administração do medicamento (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
A Figura 20 mostra que 59% dos entrevistados não possuem o hábito de ler
a bula dos medicamentos, demonstrando que muitas pessoas utilizam
medicamentos sem saber as informações necessárias e 41% relataram não possuir
o hábito de ler a bula.
Foi questionado para os entrevistados que relataram ler a bula se entendiam
as informações contidas nela, 66% dos entrevistados relataram não entender as
informações contidas na bula, pelo fato de não serem claras. Relataram possuir
dificuldades na compreensão das bulas, seja devido aos anos de escolaridade e ao
nível de educação dos idosos. Dentre esses 34% entendem as informações
contidas na bula.
O fato dos medicamentos dispensados na rede pública não possuírem bula
influencia nas respostas para esta questão.
Há também o fato de a maioria dos entrevistados possuírem ensino
fundamental incompleto, isso dificulta na compreensão das informações contidas na
bula.
Para avaliar o nível de educação dos idosos participantes, não basta apenas
identificar quantos anos frequentaram a escola. Os idosos têm experiência de vida e
maior oportunidade de abstrair sobre o mundo, quando comparados aos adultos
mais jovens. A cultura adquirida ao longo da vida também se relaciona diretamente
na forma de como é realizada a leitura e quais os conhecimentos prévios o leitor
utiliza no momento da leitura das bulas (DIDONET, 2007).
77%
15%
6%
2% 0
Água
Leite
Suco
Refrigerante
outros
58
Foi realizado um estudo entre idosos que participavam de um grupo de
atividades, no município de Porto Alegre, entre esses grupos estão duas unidades
básicas de atenção e saúde e uma fundação que desenvolve programas e serviços
para a população em vulnerabilidade social.
Segundo Didonet (2007) nesse estudo foi elaborado um questionário para
avaliar a compreensão dos idosos em relação à bula, e 78% declararam ler toda
bula que acompanha os seus medicamentos e 22% declararam ler algumas partes
dela.
Os dados do estudo realizado entre idosos em Porto Alegre se diferem ao do
presente estudo. Ao modo que a porcentagem de idosos que possuem o hábito de
ler a bula é mais elevada.
Figura 20 - Hábitos de leitura da bula (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
41%
59%
Sim
Nâo
59
Figura 21- Entendimento da bula (n=100)
Fonte: Elaboração própria.
Dos entrevistados 57% buscam os medicamentos que não são encontrados
na rede pública em drogarias, 26% na farmácia popular, 10% em farmácias de
manipulação, 5% através de outras fontes, e 2% não buscam (Figura 22).
Muitos idosos vivem de aposentadorias com apenas um salário mínimo, o
que dificulta o acesso a compra de medicamentos, principalmente os de custo mais
elevados. Esse fato pode interferir na terapia medicamentosa dos idosos. Existem
casos de abandono do tratamento devido à dificuldade de obtenção do
medicamento.
Estes dados são semelhantes a um estudo realizado com idosos, em
atendimento em um Ambulatório Privado de Especialidades Médicas, na cidade de
Ribeirão Preto.
O estudo evidencia que 56,7% dos entrevistados relataram obter os
medicamentos por meio de recursos próprios e 35,1% por meio de mais de uma
fonte, 4,1% relataram obter os medicamentos na Rede Pública e 4,1% por meio de
doações (FREIRE, 2009).
Quando os medicamentos são obtidos através de recursos próprios, o local
de acesso são as drogarias, onde tem disponibilidade de todos os medicamentos
que não são encontrados na rede pública.
34%
66%
Sim
Não
60
Figura 22 - Local de procura de medicamentos não encontrados na rede pública
(n=100)
Fonte: Elaboração própria.
10%
26%
57%
5%
2%
Farmácia de manipulação
Farmacia popular
Drogarias
Não busca
Outros
61
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa, observou-se a necessidade do cuidado e atenção em
idosos com relação ao uso racional de medicamentos, pois o farmacêutico
desempenha um papel importante neste aspecto, juntamente com os demais
profissionais da saúde que visam diminuir os efeitos adversos e minimizar as
possíveis interações medicamentosas.
Aspectos relevantes foram observados, em relação às características dos
idosos e quanto ao uso de medicamentos.
Apesar das limitações apresentadas pelos idosos a grande maioria relatou
aderir aos tratamentos medicamentosos, possivelmente motivados pelo medo que
sentem em relação ao agravo da saúde.
Os efeitos colaterais são fortes preditores para a adesão ao tratamento
medicamentoso.
A falta de acesso a certos medicamentos que não estão disponíveis na rede
pública é um dos problemas que os idosos enfrentam. Grande parte dos idosos vive
de aposentadorias com apenas um salário mínimo, isso dificulta na compra de
medicamentos, interferindo consequentemente na terapêutica de certos
medicamentos, que por não serem disponibilizados na rede pública, precisam ser
comprados pelos usuários idosos.
Durante a prática da pesquisa, pode ser observado todos os problemas que
os idosos enfrentam para realizar o tratamento medicamentoso que necessitam.
O contato direto com o paciente idoso revelou a carência que muitos
sentem, em relação à atenção especial que devem receber. Existem situações em
que os cuidados que devem ser prestados a essa classe não são praticados.
Necessitam de cautela e paciência, na maneira de falar, de entender, e isso requer
atenção por parte dos profissionais da saúde, tanto em relação aos cuidados com o
bem estar quanto à saúde.
A falta de grau de escolaridade dos idosos entrevistados influencia também
no conhecimento que eles possuem sobre o uso dos medicamentos, tratamento,
posologia, informações contidas na bula. É uma dificuldade enfrentada por parte da
população idosa do Brasil.
O aumento da população de idosos e suas morbidades exigem dos
profissionais de saúde conhecimentos específicos para a prática do uso racional de
62
medicamentos nessa faixa etária. O entendimento das mudanças fisiológicas que
ocorrem no idoso e suas consequências nos processos farmacocinéticos e
farmacodinâmicos são fundamentais. A prescrição cuidadosa, reduzindo a
polifarmácia quando possível, e a concordância e participação do paciente, aderindo
ao tratamento, são de extrema valia para o sucesso terapêutico (AIZENSTEIN,
2010).
O presente estudo teve relevância para reflexão ao tratamento com os
idosos, que juntamente com as crianças, são as classes que mais requer cuidado e
atenção.
O uso racional de medicamentos não deve ser realizado somente pelos
idosos, mas por todos. O hábito de automedicação está na rotina das pessoas, que
administram medicamentos não tendo conhecimento dos possíveis efeitos,
interações ou reações adversas que possam acontecer.
Contudo a prática do uso racional de medicamentos precisa ser exposta
cada vez mais, tanto para os profissionais da saúde, que são responsáveis pelo
auxílio, atenção e cuidados com a saúde dos pacientes, quanto para a sociedade,
que necessita estar sempre informada sobre os cuidados que devem ser adotados
na terapêutica medicamentosa dos idosos, para proporcionar a qualidade de vida a
esta classe.
63
REFERÊNCIAS
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ANDRADE, M. A.; SILVA, M. V. S.; FREITAS, O. Assistência farmacêutica como estratégia para o uso racional de medicamentos em idosos. Paraná, 2009. Disponível em: < http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/3626 >. Acesso em: 02 maio 2011.
ARAÚJO, A. L. A. et al. Perfil da assistência farmacêutica na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Ciência saúde coletiva, vol.13, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v13s0/a10v13s0.pdf >. Acesso em: 12 set. 2011
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 1395/GM, de 10 de dezembro de 1999. Aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Medicamentos, de 1998. 6ª Reimpressão. 40p. II - (Série C. Projetos, Programas e Relatórios, n. 25). Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
BRASIL. Ministério da saúde. Estatuto do idoso. Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras providências, de 01 de outubro de 2003. Brasília: MS, 2003.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 06 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Seção 1, n. 96, 20 de maio de 2004. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL, Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Assistência Farmacêutica no SUS. Coleção para entender a gestão do SUS, vol. 7. Brasília: CONASS, 2007. Disponível em: <http://www.conass.org.br/arquivos/file/miolo%20livro%207.pdf>. Acesso em 20 set.
2011.
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64
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69
APÊNDICE
Questionário
Uso Racional de Medicamentos em Idosos na Rede Pública
1 – Qual a sua idade?
( ) Entre 60 e 65 anos
( ) Entre 66 e 70 anos
( ) Entre 71 e 80 anos
( ) Acima de 80 anos
2 – Sexo:
( ) Masculino
( ) Feminino
3 – Grau de escolaridade:
( ) Analfabeto
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Graduado
( ) Pós-graduado
4 – Você acha que a Unidade de Saúde está fazendo um bom trabalho?
( ) Sim
( ) Não
5 – Você encontra todos os medicamentos que procura na Rede Pública?
( ) Sim
( ) Não
6 – Você faz uso correto dos medicamentos? Respeita a posologia e os dias do
tratamento prescrito?
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
7– Faz uso de medicamentos perto das refeições?
( ) Sim
( ) Não
8 – Recebe informação do farmacêutico ou funcionário sobre o uso dos
medicamentos?
70
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
( ) Nunca
9 – A má ou falta de orientação prestada na entrega dos medicamentos pode
resultar na não adesão ao tratamento?
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
10 – Apresenta algum problema por não utilizar o medicamento que necessita?
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
11– Faz uso de medicamento para tratamento de doenças crônicas (diabetes,
hipertensão, etc)?
( ) Sim
( ) Não
12 – Em caso de resposta afirmativa, qual a classe do medicamento?
( ) Anti-hipertensivos
( ) Hipoglicemiantes orais
( ) Insulina
( ) Antidepressivos
( ) Antiparkinsonianos
( ) Antissecretores (Ranitidina, Omeprazol, etc.)
( ) Outros:__________________________________________________________
13 – Possui o hábito de se automedicar?
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
14 – Em caso de resposta afirmativa, quais classes de medicamentos?
( ) Antitérmicos
( ) Analgésicos
( ) Antibióticos
( ) Antiinflamatórios
( ) Anti histamínicos
( ) Outros:__________________________________________________________
71
15 – Deixou de tomar o medicamento prescrito por ter ocorrido algum efeito
adverso?
( ) Sim
( ) Não
16 – Já se confundiu com embalagens de medicamentos utilizando-o de forma
repetida?
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
17 – Em que local você armazena seus medicamentos em casa?
( ) Cozinha
( ) Banheiro
( ) Quarto
( ) Outros:__________________________________________________________
18 – Faz uso de:
( ) Bebida alcoólica
( ) Cigarro
( ) Ambos
( ) Nenhum
19 – Toma os medicamentos com:
( ) Água
( ) Leite
( ) Suco
( ) Refrigerante
( ) Outros:__________________________________________________________
20 – Tem o hábito de ler as informações contidas na bula?
( ) Sim
( ) Não
21 – Em caso afirmativo, apresenta dificuldade para entender a bula?
( ) Sim
( ) Não
22 – Onde você busca os medicamentos que não são encontrados na rede pública
gratuitamente:
( ) Farmácia de manipulação
( ) Farmácia popular
( ) Drogarias
( ) Amostras grátis
72
( ) Amigos
( ) Não busca
( ) Outros:__________________________________________________________