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1 RENATO AUGUSTO DA SILVA USO DOS RESULTADOS DE AVALIAÇÕES EXTERNAS NA ESCOLA DO JARDIM CONCEIÇÃO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO 2010

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RENATO AUGUSTO DA SILVA

USO DOS RESULTADOS DE AVALIAÇÕES EXTERNAS

NA ESCOLA DO JARDIM CONCEIÇÃO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

2010

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RENATO AUGUSTO DA SILVA

USO DOS RESULTADOS DE AVALIAÇÕES EXTERNAS

NA ESCOLA DO JARDIM CONCEIÇÃO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Universidade Cidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre em Educação, sob orientação da Profª. Dra. Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

2010

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

COMISSÃO JULGADORA

___________________________________________

___________________________________________

___________________________________________

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                                                    Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza . UNICID 

S586u

Silva, Renato Augusto da

Uso dos resultados de avaliações externas na escola do Jardim Conceição: possibilidades e desafios / Renato Augusto da Silva --- São Paulo, 2010.

84p.; anexos

Bibliografia

Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação junto à Universidade Cidade de São Paulo – UNICID sob orientação da Profa. Dra. Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

1. Avaliação escolar. 2. Avaliação do aluno. I.Sousa, Sandra Maria Zákia Lian II. Titulo.

CDD 371.27

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SUMÁRIO

Ficha catalográfica IV

Sumário V

Agradecimentos VI

Resumo VII

Abstract VIII

Lista de Siglas IX

Lista de Anexos X

Introdução, objetivos e justificativa 11

Capítulo 1 - Histórico e cenário da Escola do Jardim Conceição 18

1.1 – A criação da Escola do Jardim Conceição 24

1.2 – A implantação da “avaliação institucional” 27

Capítulo 2 – A Avaliação de desempenho dos alunos induzindo ações na escola Jardim Conceição

36

2.1 – Resultados obtidos na avaliação do ano de 2007, interpretação e ações subsequentes

39

2.1.1 – Ações de natureza administrativa 40

2.1.2 – Ações de natureza pedagógica 43

2.2 – Opinião dos professores sobre formação continuada e avaliação externa 51

Capítulo 3 - As avaliações de desempenho e sua influência na gestão escolar 62

3.1 – A “pressão competitiva” e a concessão de bônus ou reconhecimento 68

Considerações Finais 76

Referências 80

Anexos 84

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para a realização do presente trabalho.

A minha esposa Graziela e ao meu filho Murilo, pelo apoio e passeios que faziam

sozinhos para garantir minha tranquilidade nos finais de semana de estudo.

Aos meus pais, Raimundo e Maria Lujan, que não reclamavam de minhas ausências

nos almoços de família no domingo.

A orientadora Sandra Maria Zákia Lian Sousa, pelo apoio incondicional, pela

generosidade e por mostrar-me quão sublime é a arte de ensinar.

Ao professor Romualdo Luis Portela de Oliveira pela disponibilidade e intervenções

apresentadas durante o Exame de qualificação.

A professora Ecleide Furlanetto pelo incentivo, pelas indicações apresentadas a este

trabalho e pela cessão da sala tranquila para estudos.

A senhora Sônia Regina da Silva Costa pelo apoio constante e confiança.

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RESUMO

Este trabalho analisa a utilização dos resultados de avaliação externa de desempenho

dos alunos aplicada na Escola Fundação Bradesco Jardim Conceição para a gestão

escolar. Identifica, ainda, opiniões dos professores da escola sobre essa avaliação.

Tendo como referência documentos produzidos pela escola, ações que foram

desencadeadas a partir de resultados da avaliação e respostas dos professores a um

questionário, são discutidos possíveis efeitos que a avaliação tem provocado na

organização e na dinâmica do trabalho escolar. As informações coletadas foram

analisadas à luz da literatura da área da avaliação educacional, particularmente as

contribuições relativas a desafios e implicações do uso dos resultados de avaliações

externas para a organização e dinâmica do trabalho escolar.

Palavras chaves: Avaliação de desempenho de aluno, avaliação em larga escala,

gestão escolar

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ABSTRACT

This paper analysis the utilization of the results from student’s achievement tests applied

at Fundação Bradesco Jardim Conceição School and the relationship between those

and school manegement. It also recognizes teacher’s opinion about this assessment.

Considering the documents written by the school, developed actions about the results

from the examination and the answers from a survey applied to the teachers, some

effects are discussed to understand how these results impacts on the school

organization. The collected information was analyzed in the light of educational

examination literature and its contributions and its implications on the using of the

results from the standardized examinations.

Keywords: performance examination, standardized examinations, school examination

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LISTA DE SIGLAS

Aneb Avaliação Nacional da Educação Básica

Anresc Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

BIB Blocos Incompletos Balanceados

BNI Banco Nacional de Itens

Daeb Diretoria de Avaliação da Educação Básica

Enem Exame Nacional do Ensino Médio

Ideb Indicador de Desenvolvimento da Educação Básica

IEO Índice de Eficiência Operacional

Inep Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

Iomo Imprensa Oficial do Município de Osasco

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação e Cultura

ONU Organização das Nações Unidas

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PGE Plano de Gestão Estratégica

Pnud Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Saeb Sistema de Avaliação da Educação Básica

Saep Sistema de Avaliação do Ensino Público

Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância

Unicid Universidade Cidade de São Paulo

USP Universidade de São Paulo

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A Quadro síntese com metas e resultados alcançados pela escola nos últimos anos.

ANEXO B Boletins contendo os resultados da escola na avaliação externa aplicada no ano de 2007.

ANEXO C Plano de Ação de Matemática.

ANEXO D Réguas elaboradas pelos professores para análise da distribuição dos resultados da avaliação aplicada em 2007.

ANEXO E Tabelas confeccionadas pelos professores para análise dos descritores por componente curricular e série.

ANEXO F Questionário aplicado aos professores.

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INTRODUÇÃO, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA

O propósito deste estudo é analisar possíveis efeitos dos resultados da avaliação

externa de desempenho dos alunos aplicada na Escola Fundação Bradesco Jardim

Conceição na gestão do trabalho escolar. Buscou-se também identificar opiniões dos

professores da escola sobre essa avaliação.

A motivação para seu desenvolvimento decorre do fato de exercer a função de

orientador pedagógico1 da referida escola, o que me permitiu identificar que,

crescentemente, a avaliação de desempenho dos alunos tem ocupado lugar central

como suporte de decisões administrativas e pedagógicas, que se explicitam no Plano

de Gestão Estratégica, no Plano de Formação de Professores e na organização de

diferentes modalidades de atendimento aos alunos.

Esta prática de avaliação externa, que vem se consolidando nessa escola, pode

ser situada em um contexto mais amplo, nacional e internacional, de valorização da

avaliação de desempenho dos alunos, cujos resultados se traduzem, entre outras

iniciativas, em estabelecimento de metas e propostas de gestão educacional.

Para ilustrar o movimento internacional cito o artigo quarto da Declaração

Mundial sobre Educação Para Todos (1990), intitulado “Concentrar a atenção na

aprendizagem”, que estabelece a necessidade de definir os níveis de aquisição de

                                                            1 O cargo de orientador pedagógico é similar ao usualmente denominado coordenador pedagógico, não se limitando a esfera de acompanhamento dos alunos, mas também ao planejamento e acompanhamento do trabalho pedagógico desenvolvido na escola.

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conhecimento desejáveis para cada sistema de ensino, os quais serão conferidos pela

aplicação de avaliações, como a seguir explicitado:

A tradução das oportunidades ampliadas de educação em desenvolvimento efetivo – para o indivíduo ou para a sociedade - dependerá, em última instância, de, em razão dessas mesmas oportunidades, as pessoas aprenderem de fato, ou seja, apreenderem conhecimentos úteis, habilidades de raciocínio, aptidões e valores. Em consequência, a educação básica deve estar centrada na aquisição e nos resultados efetivos da aprendizagem, e não mais exclusivamente na matrícula, freqüência aos programas estabelecidos e preenchimento dos requisitos para a obtenção do diploma. Abordagens ativas e participativas são particularmente valiosas no que diz respeito a garantir a aprendizagem e possibilitar aos educandos esgotar plenamente suas potencialidades. Daí a necessidade de definir, nos programas educacionais, os níveis desejáveis de aquisição de conhecimentos e implementar sistemas de avaliação de desempenho. (Unesco, 1990, p.4)

Acompanhando a tendência mundial, no Brasil registra-se a ampliação do uso de

testes educacionais para a gestão educacional, situando-se nos anos finais da década

de 1980 a primeira iniciativa de organização de uma sistemática de avaliação do ensino

fundamental, em âmbito nacional, denominada à época Sistema de Avaliação do

Ensino Público de 1º Grau (Saep)2.

Sousa (2003) destaca que as avaliações em larga escala são apresentadas

como mecanismos privilegiados de promoção da qualidade de ensino:

[...] situa-se nos finais da década de 80 a primeira iniciativa de organização de uma sistemática de avaliação do ensino fundamental e médio, em âmbito nacional. Esta sistemática, denominada pelo Ministério da Educação (MEC), a partir de 1991, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb)3 é

                                                            2 Dirce Nei T. de Freitas (2007) apresenta informações detalhadas sobre a emergência da “medida-avaliação” na educação básica no Brasil. 

3 Caracterização mais detalhada das alterações ocorridas no Sistema de Avaliação da Educação Básica nos estados pode ser consultada em: BONAMINO, Alicia; FRANCO,Creso; BESSA, Nicia (Org.). Avaliação da Educação Básica. Pesquisa e Gestão. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2004 

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apresentada como mecanismo privilegiado de promoção da qualidade de ensino. (Sousa, 2003, p.179)

Desde sua criação o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) passou

por alterações e, a partir de 2005, foi constituído por duas iniciativas: a Avaliação

Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

(Anresc). A primeira é realizada a cada dois anos, por amostragem das redes de ensino

em todos os Estados brasileiros e tem foco nas gestões dos sistemas educacionais,

mantendo as características do Saeb. A segunda, conhecida como Prova Brasil, tem

foco nas unidades escolares urbanas que possuam classes com mais de 20 alunos na

série avaliada e também ocorre a cada dois anos.

A Prova Brasil foi idealizada para produzir informações sobre o ensino oferecido

por municípios e escolas, por meio da verificação do desempenho dos alunos, com o

objetivo de auxiliar os governantes nas decisões e no direcionamento de recursos

técnicos e financeiros, assim como a comunidade escolar no estabelecimento de metas

e implantação de ações pedagógicas e administrativas, visando à melhoria da

qualidade do ensino.

Os resultados da Prova Brasil integram o Indicador de Desenvolvimento da

Educação Básica4 (Ideb) e, em conjunto com dados do Censo Escolar relativos à

aprovação constitui-se em referência para a definição de metas a serem alcançadas

pelas redes públicas de ensino até o ano de 2021.

                                                            4 O IDEB foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao

Ministério da Educação. Para informações mais detalhadas sobre o IDEB consultar http://www.inep.gov.br.

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O Ideb é um indicador que tem alcançado visibilidade e ampla divulgação na

imprensa nacional, o que o transformou em um índice que gradualmente ganha

legitimidade junto à sociedade. Ao funcionar como um indicador comparativo de

qualidade da educação tem por objetivo aumentar a responsabilização das redes de

ensino e das escolas pelos resultados obtidos pelos alunos em provas de Língua

Portuguesa e Matemática. Como explicitado no Plano de Desenvolvimento da

Educação5 (PDE) há a intenção de, com a divulgação do índice, “tentar aumentar a

responsabilização da comunidade de pais, professores, dirigentes e da classe política

com o aprendizado" (PDE, 2007, p.20). Esta iniciativa não se dá sem contestação,

considerando análises que alertam para o seu potencial indutor de ampliação de

desigualdades educacionais e sociais, na medida em que desconsidera as condições

específicas do alunado ao se calcular o Ideb, além de seu potencial de induzir a que se

restrinja a noção de qualidade de ensino ao que é medido nas provas.

É nessa conjuntura de valorização da avaliação do rendimento dos alunos que

escolas privadas, como no caso da Fundação Bradesco Jardim Conceição, passam a

desenvolver sistemáticas próprias de acompanhamento do desempenho dos alunos,

como um dos meios de gestão do trabalho escolar.

Em 2001 a Fundação Bradesco implanta um processo de avaliação denominado

“Avaliação Institucional”, que se constitui de aplicação de provas das disciplinas de

Língua Portuguesa e de Matemática, aplicadas nas séries finais dos ciclos do ensino                                                             5  Em 15 de março de 2007, o Governo Federal publicou um conjunto de medidas em documento denominado Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que inclui um diagnóstico detalhado sobre o ensino público e ações com foco na formação do professor, além de 54 programas em andamento, com o intuito de melhorar a qualidade de ensino no país. 

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fundamental e médio (5º e 9º anos do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio).

A Escola Jardim Conceição passou a adotar a avaliação externa em 2005, conforme os

procedimentos estabelecidos para o conjunto das escolas que integram a Organização

Educacional Fundação Bradesco.

Que uso vem sendo feito dos resultados das avaliações externas para a gestão

do trabalho escolar é a indagação que norteia o presente estudo, focalizando ações

implantadas pela escola da Fundação Bradesco Jardim Conceição. Para responder a

essa questão, buscou-se analisar eventuais efeitos dos resultados das avaliações

externas nas decisões relativas às estratégias de formação continuada oferecidas aos

professores, na oferta de diferentes modalidades de atendimento aos alunos e na

própria administração escolar. Além disso, também se constitui alvo da investigação a

percepção dos professores sobre as estratégias de formação utilizadas pela escola e

sua opinião sobre as avaliações.

Para desenvolvimento deste estudo as seguintes etapas foram percorridas.

Inicialmente procedi à análise de documentos informativos sobre a proposta de

Avaliação Institucional da Fundação Bradesco, para caracterizar os objetivos propostos

e a sistemática de trabalho prevista. Em seguida realizei uma análise do Plano de

Gestão Estratégica para investigar indícios do uso dos resultados da avaliação externa

como suporte da administração escolar e ao atendimento aos alunos.

Com relação ao corpo docente realizei levantamento e caracterização de

iniciativas da coordenação pedagógica direcionadas à divulgação e à análise dos

resultados da avaliação. Elaborei, ainda, um questionário que foi aplicado aos

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professores para coletar informações sobre sua formação e, em especial sobre as

atividades de formação continuada promovidas pela Escola Jardim Conceição, bem

como opiniões sobre a avaliação externa. O estudo abrangeu vinte e cinco professores

da referida escola.

Os dados coletados por meio de análise documental e questionário foram

organizados em quadros, tabelas e gráficos, seguidos de considerações descritivas e

analíticas.

Este trabalho apresenta os resultados sistematizados da pesquisa e está

organizado em três capítulos. O capítulo 1 traça o histórico e cenário da Escola Jardim

Conceição, permitindo conhecer dados do contexto onde se desenvolveu o estudo;

mostra também o início da utilização das avaliações de desempenho dos alunos na

escola. O capítulo 2 apresenta os resultados das avaliações e possíveis efeitos que

estes têm produzido na dinâmica do trabalho pedagógico e administrativo da escola.

Registra como foram utilizados, pela direção, orientadores pedagógicos e professores,

os resultados das avaliações externas para o planejamento das ações e as opiniões

dos professores, coletadas por meio do questionário, sobre formação inicial e

continuada e avaliações externas. O capítulo 3 sistematiza contribuições presentes na

literatura que me auxiliaram na compreensão do significado da avaliação externa,

destacando argumentos presentes nas discussões travadas no Brasil, ao qual se

seguem as Considerações Finais, que retomam as principais evidências trazidas pela

pesquisa, com destaque a contribuições da avaliação externa para o planejamento

escolar, bem como indicação de desafios a serem enfrentados em direção ao seu

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aprimoramento. Nos anexos são apresentados o quadro síntese com metas e

resultados alcançados pela escola nos últimos anos, os boletins contendo os resultados

da escola na avaliação externa aplicada no ano de 2007, o plano de ação para a área

de Matemática, as réguas elaboradas pelos professores para análise da distribuição

dos resultados, as tabelas para análise dos descritores por componente curricular e

série e o questionário aplicado aos professores.

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Capítulo 1

HISTÓRICO E CENÁRIO DA ESCOLA JARDIM CONCEIÇÃO

Neste capítulo apresento um breve histórico da criação da Fundação Bradesco e

o cenário da escola onde a pesquisa se realizou, destacando informações gerais da

instituição e características do bairro Jardim Conceição, região Oeste da Grande São

Paulo.

Conforme registro em livro publicado pela Fundação Bradesco (Fonseca, 2006),

na década de 1950 havia no Brasil uma preocupação com a expansão do ensino para

as camadas populares. A Constituição de 1934 apresenta inovações e avanços no que

se refere à educação em relação ao previsto na Constituição de 1891, trazendo um

capítulo inteiro dedicado à educação. Especialmente, o artigo 149 frisava que a

“educação é direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos poderes

públicos”.

Na Constituição dos Estados Unidos do Brasil promulgada em 1946, em seu

artigo 166, é estabelecido que “a educação é direito de todos e será dada no lar e na

escola”. Declara que esta deve “inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de

solidariedade humana” e, no artigo 168, prevê que o “ensino primário deve ser

obrigatório e gratuito, oferecido pelo Poder Púbico”, mas garante à iniciativa privada a

possibilidade de atuar no ramo educacional, desde que observados os preceitos legais.

O artigo 168 obrigava as empresas industriais, comerciais e agrícolas em que

trabalhassem mais de cem pessoas a manter ensino primário gratuito para os seus

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servidores e os filhos destes. A eficácia deste dispositivo, contudo, somente ocorreu

com a promulgação da Lei 4.440 em 1964, com a instituição do salário-educação que é

uma contribuição patronal criada com a finalidade de suplementar os recursos públicos

destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. Segundo observa Cortes

(1989):

No Brasil, a vigência daquele dispositivo Constitucional só se tomou efetiva com a criação por lei (lei 4440, de 27 de outubro de 1964) da contribuição obrigatória mensal — o Salário-Educação — devida pelas empresas vinculadas à Previdência Social. Esta lei adotou o percentual de 2% sobre o salário mínimo, a ser recolhido pelas empresas em relação a cada empregado, independente do estado civil e do número de filhos. (Cortes, 1989, p.415)

As empresas com mais de cem empregados poderiam deixar de contribuir se

tivessem ensino primário próprio ou distribuíssem bolsas de estudos aos empregados

ou seus filhos mediante convênios firmados com escolas privadas.

A intenção do Estado, segundo o autor, era mobilizar a iniciativa privada a

promover ações que possibilitassem a ampliação da oferta de educação para a

população. Nesta conjuntura é que se situa a iniciativa da criação da Fundação São

Paulo de Piratininga, hoje denominada Fundação Bradesco, assim registrada em seu

histórico:

Enquanto o quadro da educação no Brasil permanecia confuso, Amador Aguiar, diretor-superintendente do Bando Brasileiro de Descontos, há muito acalentava o sonho de proporcionar educação e profissionalização a crianças, jovens e adultos. Sem esperar por medidas governamentais, resolveu concretizar a ideia no dia 22 de novembro de 1956, quando acompanhado por Laudo Natel, então diretor gerente do banco, assinou a escritura de instituição da Fundação São Paulo de Piratininga[...] (Fonseca, 2006).

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As Fundações são instituições autônomas criadas por iniciativa privada ou pelo

Estado, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, com fins altruístico,

beneficente, de interesse ou de utilidade pública ou particular, administradas segundo

as determinações de seus fundamentos. São fiscalizadas pelo Ministério Público do

Estado ou do Distrito Federal, onde estiverem situadas. Pode haver extinção

compulsória de suas atividades caso se torne ilícito o seu objetivo, for impossível a sua

manutenção ou se vencer o prazo de sua existência. Em ocorrência de extinção das

Fundações o seu patrimônio deverá ser destinado a outras Fundações que se

proponham a fins iguais ou semelhantes. Além disso, para que usufruam determinadas

isenções fiscais e outras prerrogativas, devem ser entidades declaradas de utilidade

pública, com cunho exclusivamente filantrópico.

O Banco Bradesco é o instituidor da Fundação São Paulo de Piratininga e faz

uma doação inicial de cem mil cruzeiros. A instituição nasce com a finalidade de:

[...] promover a assistência social a menores, de preferência órfãos, expostos e filhos de funcionários necessitados do Banco Brasileiro de Descontos S.A, sem qualquer distinção de raça, nacionalidade ou credo, encarregando-se do seu abrigo e manutenção, assistir aos menores sob sua guarda e responsabilidade, através da manutenção de cursos profissionais, administrando-lhes, ainda, educação moral e cívica, assistir estudantes de famílias pobres e dignos, sem qualquer distinção. (Fonseca, 2006).

O primeiro prédio próprio da instituição foi construído em 1962 e no dia de sua

inauguração, 29 de junho, havia 289 alunos, 6 salas de aula e funcionava no período

matutino e vespertino atendendo a alunos da 1ª a 4ª séries. Nesta época vigorava a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional número 4.024, sancionada um ano antes,

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em 1961 que, entre outras determinações, obrigava o oferecimento de curso técnico e

normal nas escolas de Ensino Médio.

Desde então vem ampliando o atendimento e, particularmente, a partir da

década de noventa a Fundação Bradesco vem discutindo novas disposições

pedagógicas, reformulando seus currículos, alicerçadas nas demandas socioculturais

do momento histórico, despertando o interesse de pesquisadores em relação ao seu

trabalho de responsabilidade social. Para exemplificar tal interesse, registra-se que no

ano de 2007 a Fundação Bradesco tornou-se tema de estudo de caso da School of

Government John Fitzgerald Kennedy da Universidade de Harvard dos Estados Unidos.

O estudo intitulado “Os desafios da Fundação Bradesco: fazendo a diferença no

sistema educacional brasileiro”6, relata a trajetória dos 50 anos de atividades da

instituição dedicados à educação, mostrando seus diferenciais em relação ao ensino

aplicado no Brasil e traz uma série de vertentes que sinalizam possíveis caminhos a

serem seguidos nos próximos 50 anos. Os pesquisadores passaram mais de um ano

conhecendo a estrutura e o funcionamento da Fundação Bradesco, entrevistando

professores, orientadores, diretores e executivos da organização Bradesco. O estudo

foi desenvolvido por Christine Letts7, Diretora Associada para Educação Executiva da

John Fitzgerald Kennedy School of Government.

                                                            6  The Bradesco Foundation’s Challenge: Making a Difference in Brazil’s Education System. Case 1872.0 pode ser acessado em http://ksgcase.harvard.edu/casetitle.asp?caseNo=1872.0#

7 [email protected] 

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As escolas da Fundação Bradesco trabalham com recursos próprios oriundos

dos dividendos de sua participação acionária no Banco Bradesco, que em 30/06/2010

era da ordem de 9,02%.

Além do ensino, os alunos atendidos atualmente recebem material didático,

alimento, uniforme, assistência médica e odontológica.

No ano de 2009 as quarenta escolas que compõem atualmente a Fundação

atenderam 50.030 alunos nos dois segmentos da Educação Básica, com orçamento

total de R$ 237,7 milhões, segundo dados publicados no Relatório Anual 2009

divulgado no site institucional8. Além da oferta de ensino em escolas próprias, a

Fundação Bradesco implantou, a partir de 2007, por meio do Projeto Educa+Ação, o

atendimento a crianças matriculadas em escolas da rede pública, nos anos iniciais do

ensino fundamental, como relata Neubauer et al. (2010):

[...] valendo-se das suas experiências bem sucedidas, em parceria com o Banco Bradesco, lançou o projeto Educa+Ação, visando a integrar a iniciativa privada e o setor público municipal no esforço de levar o padrão educacional dos alunos nas primeiras séries do ensino fundamental. O Educa+Ação tem como objetivo oferecer condições para que as crianças atendidas pela educação pública aprendam a ler e escrever nos dois primeiros anos do ensino fundamental (de nove anos). (Neubauer et al, 2010, p. 299)

Atualmente a Fundação Bradesco possui, pelo menos, uma escola em cada

Estado da Federação e tem como missão “promover a inclusão social por meio da

educação e atuar como multiplicador das melhores práticas pedagógico-educacionais

                                                            8 http://www.fb.org.br/Institucional/InvestimentoseResultados/RelatoriosAnuais/RelatorioAnual2009.htm <acessado em 26/09/2010.>

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junto à população brasileira socioeconomicamente desfavorecida” 9, e também legitimar

a Organização Bradesco como empresa socialmente responsável.

                                                            9 Relatório de Atividades (2009, p.11) disponível em http://www.fb.org.br/NR/rdonlyres/2AE58D79-435D-41D1-AB19-5936728CC864/0/RelatorioFundacaoBradesco2009.pdf <acessado em 26/09/2010.> 

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1.1 - A criação da Escola Jardim Conceição.

Seguindo o plano de expansão da Fundação Bradesco, que consistia em instalar

pelo menos uma escola em cada estado da Federação com a missão de atender à

comunidade de seu entorno, no dia 15 de março de 2004 foi inaugurada a

quadragésima escola da Fundação Bradesco no Brasil. A nova escola está situada no

Jardim Conceição no município de Osasco, localizada no sudeste do estado de São

Paulo, na região oeste da Região Metropolitana, com área de 66,9 km2 e população de

700 mil habitantes; sendo o 5º maior município do estado e o vigésimo quarto do país.

No estado de São Paulo existiam, até 2003, cinco unidades da Fundação

Bradesco, duas instaladas na matriz do Bradesco, localizada na Cidade de Deus em

Osasco, e as demais nos municípios de Registro, Marília e Campinas. As escolas de

Marília, Campinas e Registro atendiam à comunidade do entorno da escola, exceção à

escola localizada em Osasco que atendia, em sua maioria, filhos de funcionários da

Organização Bradesco. Daí a justificativa de construir-se mais uma unidade em Osasco

para atender, exclusivamente, à população do Jardim Conceição e adjacências. A

escolha do bairro Jardim Conceição foi feita com base em dados de demanda e em

decisão conjunta com a Prefeitura Municipal que realizou a doação do terreno para

construção. A celebração do convênio foi anunciada oficialmente por meio de

publicação na Imprensa Oficial do Município de Osasco no dia 30 de maio de 2003.

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Será de competência da PREFEITURA a viabilização e doação, a título definitivo, de área de terreno com 7500 m² (sete mil e quinhentos metros quadrados), conforme descrito no Anexo I deste Convênio. Uma vez formalizada a doação da área para esse fim específico, a PREFEITURA se exime de toda e qualquer responsabilidade sobre reclamações que possam advir da construção, operação ou manutenção da Unidade, seja a que título for. (Iomo, 2003, p.1.)

O bairro Jardim Conceição localiza-se na zona sul do município e foi formado por

loteamentos que eram oferecidos aos antigos trabalhadores da Companhia Brasileira

de Materiais Ferroviários e da Ferrovia Paulista. Embora os lotes fossem vendidos

havia somente um alvará da prefeitura sem escrituras definitivas e muitos lotes,

inclusive, sem arruamento. O mais antigo loteamento era formado por apenas cinco

ruas e se denominava Jardim Tereza. A partir deste surgiram outros e entre eles o

Jardim Andreoli, que era propriedade da família Munhoz Bonilha onde se originou o

Jardim Conceição.

O bairro tem 1.478 Km2 e passou a pertencer a Osasco a partir de sua

emancipação. Tinha 2.326 moradores em 1970, distribuídos em 420 domicílios, na

década de 1980 o número de moradores passa a 6.034 e 1.245 domicílios. Ao final

desta década a população passa a 11.792 pessoas em 2.723 domicílios.

O número de vagas nas escolas da região não era suficiente para acolher as

crianças e jovens com idade entre cinco e catorze anos que girava em torno de 3.019

pessoas. A Escola Estadual Professor Armando Gaban, fundada em 1979, oferecia

1.170 vagas para o Ensino Fundamental e 670 para o Ensino Médio. A Escola Estadual

Manoel Tertuliano de Cerqueira, fundada em 1974, oferecia 269 vagas e a Escola

Municipal de Ensino Fundamental Renato Fiúza Telles, fundada em 1995, oferecia

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1.564 vagas para os anos iniciais do ensino fundamental. Considerando que no ano

2000 a população do bairro com idade entre cinco e catorze anos era de 4.674

pessoas, constata-se que ainda persistia o déficit de vagas.

A Escola do Jardim Conceição, inaugurada em 2004, abre 1140 vagas para o

Ensino Fundamental, 135 vagas para o Ensino Médio, 800 vagas para a Educação de

Jovens e Adultos e 350 vagas para a formação inicial de trabalhadores e privilegia a

população do entorno da escola estabelecendo, entre os critérios para o ingresso, ser a

residência do aluno próxima a escola.

Em 2009 a escola atendeu 1.534 alunos na Educação Básica, sendo 1.143

atendidos no Ensino Fundamental, 391 no Ensino Médio e 1001 em Educação de

Jovens e Adultos, além de 501 atendimentos nos cursos de formação inicial e

continuada de trabalhadores.

A previsão para atendimento no ano de 2010 é de 112 alunos na Educação

Infantil, 1.140 no Ensino Fundamental, 400 no Ensino Médio, 45 no Ensino Técnico,

1080 na Educação de Adultos e 486 nos cursos de formação continuada de

trabalhadores, totalizando 3.263 atendimentos.

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1.2. - A Implantação da “Avaliação Institucional”

Neste item apresento uma sucinta retrospectiva da aplicação de avaliações de

desempenho nas escolas que integram a Fundação Bradesco, implantada a partir de

2001, situando-a no movimento mais amplo desencadeado no Brasil de valorização de

resultados de desempenho de alunos para o planejamento educacional.

Cabe esclarecer que a escola denomina “avaliação institucional” a avaliação de

rendimento dos alunos, realizada por meio de provas das disciplinas de Língua

Portuguesa e Matemática, aplicadas no 5º e 9º anos do ensino fundamental e na

terceira série do ensino médio aplicadas por instituição externa à escola.10

Para situar a avaliação institucional da escola em um contexto mais amplo, incluí

referências sobre iniciativas praticadas pelo governo federal brasileiro, com maior

visibilidade a partir dos anos 1990, precedidas de breve menção ao movimento da área

nos Estados Unidos considerando que as experiências deste país inspiram propostas

em curso no Brasil.

A escolha do ano de 1990 como marco da retrospectiva aqui apresentada se

deve à intensificação das recomendações internacionais sobre o assunto, conforme

observa Freitas (2005):

Os anos de 1990 registraram a intensificação das recomendações internacionais em decorrência da aceleração do processo de internacionalização do capitalismo, no bojo do qual se verificou o alargamento da internacionalização do processo decisório e da mundialização das atividades políticas. (Freitas, 2005, p. 90).

                                                            10 Usualmente na literatura da área da educação o termo avaliação institucional é utilizado para referir-se à avaliação global da escola, em suas dimensões administrativas e pedagógicas. No entanto, a Escola do Jardim Conceição utiliza este termo para a avaliação de rendimento dos alunos.

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No Brasil, embora com defasagem de décadas, tem-se, no campo da avaliação

educacional, a influência das iniciativas dos Estados Unidos que desde a década de

1950 vem consolidando esta área de investigação como meio de impulsionar a

qualidade do ensino. Com o lançamento do satélite russo Sputnik I, no ano de 1957 e a

constatação do avanço intelectual e científico dos soviéticos, surge um sentimento de

fragilização da suposta supremacia americana, conforme aponta Worthen, Sanders e

Fritzpatrick (2004, p.65) .

Visando tornar as escolas dos Estados Unidos da América mais eficientes,

principalmente nas áreas das ciências exatas, promulga-se a Lei Educacional de

Defesa Nacional, no ano de 1958, injetando-se milhões de dólares em programas de

desenvolvimento de currículos. Foi com isso que John Fitzgerald Kennedy, presidente

dos Estados Unidos, desencadeou o evento precursor da ideia de responsabilizar as

escolas norte-americanas pelo seu desempenho. Em resposta ao investimento de

bilhões de dólares em educação houve pressão do congresso estadunidense para a

utilização de avaliações formais para os programas de ensino com objetivo de melhorar

os currículos. Os resultados positivos legitimariam o investimento realizado nos

programas educacionais, assegurando credibilidade e transparência nos investimentos.

(Sobrinho, 2003, p. 26).

No ano de 1965 a Lei do Ensino Fundamental e Médio é um marco das

avaliações de larga escala com o objetivo de avaliar os sistemas de ensino. A lei

atrelava o financiamento federal da educação ao preenchimento, pelos educadores, de

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um questionário de avaliação que mostrasse os resultados dos gastos dos fundos

federais.

No Brasil, o impulso que coloca as avaliações em larga escala em destaque foi o

compromisso internacional assumido pelo país em Jomtien, na Tailândia, nos anos

1990. Neste ano, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o

Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

(Unesco) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) realizam a Conferência

Mundial sobre Educação para Todos, que resulta na Declaração Mundial sobre

Educação para Todos. Dentre as proposições constantes desta Declaração tem-se a

afirmação da necessidade de avaliação dos sistemas de ensino:

Abordagens ativas e participativas são particularmente valiosas no que diz respeito a garantir a aprendizagem e possibilitar aos educandos esgotar plenamente suas potencialidades. Daí a necessidade de definir, nos programas educacionais, os níveis desejáveis de aquisição de conhecimentos e implementar sistemas de avaliação de desempenho. (Unesco, 1990, p.4).

As avaliações em larga escala tornam-se condição necessária tanto para o

planejamento como para a gestão da educação básica nos diversos países.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),

no Brasil, em 1996, referências são feitas à implantação de avaliações em âmbito

nacional. No artigo 9º, inciso VI, é dada a União a incumbência de “assegurar processo

nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior,

em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a

melhoria da qualidade do ensino”.

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Freitas (2005) chamou a atenção para o debate sobre a modificação do papel do

Estado, que se encarregaria de fixar qual o saber mínimo a difundir de modo que cada

indivíduo possa prosseguir sua formação por seus próprios meios, observando que:

[...] caberia ao Estado estabelecer a coerência do conjunto. Para isso, necessitaria dispor de instrumentos de avaliação e de controle que permitissem tanto a coerência dos objetivos gerais como o respeito à autonomia dos atores (Freitas, 2009, p.91).

Antecedendo a LDB já se tinha implantado o Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Básica (Saeb). Embora os estudos apontassem para limitações e

implicações educacionais e sociais da avaliação, segundo Sousa (1997), o poder

público recorria à testagem de rendimento do aluno como expressão do desempenho

das escolas e das redes de ensino.

Crescentemente os resultados do Saeb vêm sendo referenciados nos

documentos de formulação de políticas educacionais, como no Plano Nacional de

Educação (2001) que prevê a utilização dos resultados do Saeb para:

[...] assegurar a elevação progressiva do nível de desempenho dos alunos mediante a implantação, em todos os sistemas de ensino, de um programa de monitoramento que utilize os indicadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica e dos sistemas de avaliação dos estados e municípios que venham a ser desenvolvidos. (Brasil, 2001, p. 26).

O Sistema de Avaliação da Educação Básica, conforme estabelece a Portaria n.º

931, de 21 de março de 2005, é atualmente composto por dois processos: a Avaliação

Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

(Anresc). A Aneb é realizada por amostragem das Redes de Ensino, em cada unidade

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da Federação e tem foco nas gestões dos sistemas educacionais e por manter as

mesmas características do Saeb tal como realizado desde o início da década de 1990

recebe o nome do Saeb em suas divulgações. A Anresc tem foco em cada unidade

escolar e recebe o nome de Prova Brasil em suas divulgações.

Os objetivos do Saeb, conforme anunciados pela Diretoria de Avaliação da

Educação Básica – Daeb, órgão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira – Inep, submetido ao Mistério da Educação responsável

por sua realização, são:

“[...] oferecer subsídios à formulação, reformulação e monitoramento de políticas públicas e programas de intervenção ajustados às necessidades diagnosticadas nas áreas e etapas de ensino avaliadas; identificar os problemas e as diferenças regionais do ensino; produzir informações sobre os fatores do contexto socioeconômico, cultural e escolar que influenciam o desempenho dos alunos; proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade uma visão clara dos resultados dos processos de ensino e aprendizagem e das condições em que são desenvolvidos e desenvolver competência técnica e científica na área de avaliação educacional, ativando o intercâmbio entre instituições educacionais de ensino e pesquisa.” (Disponível em: <http://www.inep.gov.br/basica/saeb/perguntas_frequentes.htm>).

Segundo expectativas divulgadas pelo Inep, as informações obtidas a partir dos

levantamentos do Saeb permitem acompanhar a evolução da qualidade da educação

ao longo dos anos, sendo utilizadas principalmente pelo Ministério da Educação e

secretarias estaduais e municipais de educação na definição de ações voltadas para a

solução dos problemas identificados, assim como, no direcionamento dos seus recursos

técnicos e financeiros às áreas prioritárias, visando ao desenvolvimento do sistema

educacional brasileiro e à redução das desigualdades nele existentes.

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Os testes aplicados aos alunos são compostos por questões de múltipla escolha,

elaborados por professores das séries e disciplinas avaliadas, a partir dos descritores

das Matrizes de Referência do Saeb. Depois de elaborados, os itens são submetidos a

uma revisão e a uma testagem estatística para verificar as características de

comportamento das questões após sua aplicação em campo. Com os testes dos itens é

possível estimar a sua capacidade de diferenciar os alunos que conhecem o conteúdo e

já desenvolveram as competências requeridas dos demais, o índice de dificuldade de

cada questão, o que permite equilibrar as provas com questões de diferentes graus de

dificuldade, controlando a probabilidade de acerto ao acaso, que indica a chance de

acerto do item sem o conhecimento e a construção da habilidade requerida.

Os testes do Saeb contêm 169 itens para cada uma das séries e disciplinas

avaliadas a fim de medir as habilidades previstas nas Matrizes de Referência. Para

permitir a aplicação dessa grande quantidade de itens, é utilizado o delineamento

denominado “Blocos Incompletos Balanceados” (BIB). Esse modelo permite que os 169

itens sejam divididos em subconjuntos menores chamados blocos. Cada bloco é

composto por 13 itens, o que faz com que se tenha, ao todo, 13 blocos. Estes 13 blocos

são organizados em grupos de três diferentes combinações. Cada combinação resulta

em um caderno de prova, e todas as combinações em 26 cadernos diferentes.

Esta distribuição assegura que sejam superados fatores intervenientes na

resposta aos itens, como o cansaço do aluno ou a falta de tempo para responder às

questões que aparecem no fim da prova e para garantir a comparabilidade entre os

anos mantêm-se alguns blocos de itens já aplicados em anos anteriores. Já a

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comparabilidade do desempenho dos alunos entre as três séries avaliadas é

assegurada pela aplicação de blocos da 4ª série do ensino fundamental à 8ª série do

ensino fundamental, bem como da 8ª série do ensino fundamental à 3ª série do ensino

médio.

Para garantir a comparabilidade do resultado ao longo dos anos, mantêm-se alguns blocos e/ou itens comuns, já aplicados em anos anteriores. Por sua vez, para garantir a comparabilidade do desempenho dos alunos entre as três séries avaliadas, aplicam-se blocos de 4ª série do ensino fundamental na 8ª série do ensino fundamental, bem como, blocos da 8ª série do ensino fundamental na 3ª série do ensino médio. (Saeb, 2001, p.31)

Sob este ponto de vista as avaliações em larga escala se tornaram um

dispositivo útil para informar a sociedade e as agências nacionais e internacionais sobre

a qualidade da educação brasileira.

Acompanhando este movimento nacional a Fundação Bradesco, desde 2001,

adota um processo de avaliação de desempenho de seus alunos por meio da aplicação

de avaliações externas. No ano de 2007 a Escola de Educação Básica Fundação

Bradesco Jardim Conceição, que é tratada neste trabalho, como Escola Jardim

Conceição, participou desse processo com 390 alunos, sendo 120 do 5º ano, 135 do 9º

ano do Ensino Fundamental e 135 da 3ª série do Ensino Médio.

Esta avaliação externa se realiza ao final dos anos escolares que encerram

ciclos, tal qual estabelecido pelo Saeb, nas disciplinas Língua Portuguesa e

Matemática. A escolha, pela Fundação Bradesco, dessas séries e disciplinas foi feita

em função do interesse em acompanhar e comparar o desempenho dos alunos,

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tomando como referência o desempenho dos alunos brasileiros obtidos por meio do

Saeb.

A Fundação Bradesco contratou a Fundação Cesgranrio, instituição de direito

privado, com finalidades educacionais, culturais, assistenciais e de saúde, sem fins

lucrativos, e reconhecida como Entidade de Utilidade Pública Federal, pelo Decreto

Presidencial nº 91.526, de 12/08/85, para produzir as provas e realizar a correção. A

utilização de itens provenientes do Banco Nacional de Itens (BNI) do Instituto Nacional

de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a calibragem dos itens propiciaram

que os resultados fossem comparados aos demais alunos brasileiros avaliados pelo

Saeb. Entretanto, a utilização dos itens do BNI impediu a divulgação das questões

utilizadas, o que resulta em uma dificuldade em adotar ações pedagógicas destinadas a

melhorar o desempenho dos alunos nas habilidades que apresentaram evidências de

menor domínio pelos alunos. Solicitou-se, então, a Fundação Cesgranrio a elaboração

de um relatório denominado Relatório de Análise Estatística e Pedagógica dos Itens, o

qual foi distribuído às escolas para auxiliar na análise dos resultados. No relatório são

apresentados os dados estatísticos e análise pedagógica dos itens utilizados com os

alunos da Fundação Bradesco.

Estes relatórios têm sido a referência para planejamento das ações pedagógicas

e administrativas adotadas pela escola. Os dados destes relatórios e a apreciação dos

professores sobre as ações de formação propostas a partir deles, objeto da presente

pesquisa, se constituem em elementos para enfrentar o desafio de utilização dos

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resultados das avaliações, compreendendo que o significado de iniciativas de avaliação

está dado pelo uso que se fizer de seus resultados.

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Capítulo 2

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS ALUNOS INDUZINDO AÇÕES NA ESCOLA

JARDIM CONCEIÇÃO

Neste capítulo apresento os resultados do desempenho dos alunos obtidos nas

avaliações externas aplicadas no ano de 2007 e descrevo as ações desencadeadas

para dar publicidade a esses resultados aos professores. Analiso, ainda, os

documentos do Plano de Gestão Estratégica, construído pelos professores, que

mostram as ações previstas a partir do conhecimento dos resultados das avaliações

externas a que a escola foi submetida. Antecedendo, registro informações sobre os

procedimentos adotados para aplicação da prova, estabelecidos pela Fundação

Bradesco, o qual deve ser seguido pelas quarenta escolas que integram a referida

Fundação.

No ano de 2007, na Escola Jardim Conceição, foram aplicadas, provas nos

componentes de Língua Portuguesa e Matemática aos alunos do 5º ano e 9º anos do

Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio, conforme a sistemática prevista

pela Fundação Bradesco, adotada até os dias atuais.

Na semana que antecedeu a aplicação da prova os alunos foram avisados sobre

a data e a importância de comparecimento na avaliação, receberam bilhetes, com

protocolos, para dar ciência aos pais da “obrigatoriedade” de fazer a prova, embora a

mensagem salientasse que esta avaliação era “para avaliar o trabalho escolar”.

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Os professores que aplicaram as provas receberam treinamento por meio de

videoconferência sobre os procedimentos a serem adotados durante a aplicação e

realizaram uma reunião com a direção da escola para organizar o dia da aplicação.

A Escola do Jardim Conceição, no ano de 2007, optou por alterar os horários de

intervalo das turmas que não fariam a prova para que os inspetores ficassem mais

disponíveis para acompanhar alunos ao banheiro e não houvesse barulho, comum aos

horários de intervalo. Além disso, os inspetores ficaram incumbidos de verificar as faltas

nas salas e ligar para casa do aluno perguntando o motivo da falta. Caso a ligação não

fosse atendida deveriam se locomover à casa do aluno para garantir que ausências

ocorressem apenas por motivos justificados.

No dia da aplicação, as provas chegaram à escola em envelopes lacrados,

trazidos por um supervisor educacional da Fundação Bradesco e entregues à direção

da Escola que deveria verificar a integridade e a inviolabilidade dos envelopes.

Nas salas, os alunos foram organizados em fileiras, em ordem numérica, com as

cadeiras dispostas mais distantes uma das outras que nos dias normais de aula. O

supervisor entrou na sala e explicou aos alunos a importância da prova, entregando, em

seguida, o envelope ao professor responsável pela aplicação. Foram indicados para

aplicação das provas professores que não ministravam aula regular na turma avaliada e

nem no componente objeto da prova.

O professor mostrou aos alunos que o envelope estava lacrado e com o auxilio

de uma tesoura abriu, conferiu o conteúdo, fez anotações na lousa em relação aos

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horários de início e término de aplicação dos blocos e em seguida distribuiu os

cadernos com as questões e a folha para registro das respostas.

O supervisor executou o mesmo procedimento nas três salas de prova,

permanecendo no corredor durante sua realização. Em alguns momentos entrava na

sala para verificar o andamento e conferir as anotações feitas na lousa sobre os

horários de início e término dos blocos da prova.

Terminada a aplicação o professor recolheu os cadernos e os colocou sobre a

mesa, em ordem numérica para conferência junto com o supervisor, antes de colocá-las

no envelope de retorno, que continha um dispositivo para garantir a inviolabilidade.

Professor e supervisor verificaram se todos os alunos devolveram as provas e folhas de

resposta e os colocam, junto com a lista de presença no envelope, lacrando-o em

seguida. Os envelopes lacrados foram levados à sede da Fundação Bradesco,

localizada na Cidade de Deus, para posterior encaminhamento à Cesgranrio, para

correção.

Após a correção das provas pela Fundação Cesgranrio e elaboração dos

relatórios correspondentes, os resultados foram recebidos pela escola nas escalas de

desempenho do Saeb.

Diante das medidas tomadas para assegurar o sigilo das provas e a participação

dos alunos, fica evidente que a escola queria garantir que os resultados fossem

fidedignos e que refletissem o que realmente acontece na escola. Registra-se que o

número de alunos ausentes no dia da prova, estatisticamente, não comprometeu a

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validade dos resultados. Segundo informações do supervisor da Cesgranrio que

acompanhava a aplicação da prova, a escola precisaria garantir a presença de, pelo

menos, 80% dos alunos. Os registros das listas de presença, assinadas no dia da

aplicação da prova, indicam que as ausências foram inferiores a este percentual, ou

seja: 4,9% no 5º ano, não houve ausência no 9º ano e 19,4% na 3ª série do Ensino

Médio.

2.1 - Resultados obtidos na avaliação do ano 2007, interpretação e ações

subsequentes.

O Relatório de Análise Estatística e Pedagógica dos Itens, recebido pela Escola

Jardim Conceição, revelava que todas as médias estavam abaixo do esperado para a

série avaliada, o que pode ser observado no Quadro 1, apresentado a seguir. Os

boletins com os resultados pormenorizados constam do Anexo B.

Quadro 1 - Resultado do desempenho dos alunos na avaliação externa aplicada em 2007.

Resultados Língua Portuguesa Matemática

5º ano do Ensino Fundamental 192,20 - (esperado>200) 198,60 - (esperado>225)

9º ano do Ensino Fundamental 253,00 - (esperado>275) 268,80 - (esperado>300)

3ª série do Ensino Médio 283,90 - (esperado>300) 289,00 - (esperado>350)

Fonte: Relatório de Análise Estatística e Pedagógica dos Itens 2007

Com o objetivo de melhorar os resultados na próxima edição da prova, a ser

aplicada no ano de 2009, foram desencadeadas iniciativas que abrangeram, de modo

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articulado, diferentes focos: algumas no aluno, outras na formação do professor e,

ainda, algumas incidiram sobre questões administrativas da escola.

No presente estudo busco sistematizar e analisar essas iniciativas que

evidenciam efeitos da avaliação externa no trabalho escolar.

2.1.1 - Ações de natureza administrativa.

A Fundação Bradesco, para fins de avaliação do trabalho em realização nas

escolas que integram a organização, adota um índice denominado Índice de Eficiência

Operacional (IEO), composto por indicadores administrativos e pedagógicos. Os

resultados obtidos no conjunto dos indicadores são expressos em pontuação, que varia

de zero a dez pontos.

O campo pedagógico é composto pelos indicadores de fluxo, denominado

pirâmide educacional de aprovação e de notas na avaliação externa. O campo

administrativo é composto pelos seguintes indicadores: falta de professores às aulas,

desligamento de professores, problemas de infraestrutura detectados pela supervisão

escolar durante visita à escola e realização orçamentária.

Embora o Índice de Eficiência Operacional seja calculado com base em aspectos

administrativos e pedagógicos, no cálculo final há pesos diferenciados, sendo que os

aspectos pedagógicos representam setenta por cento de sua composição, enquanto os

administrativos representam trinta por cento.

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Até o ano de 2007 o indicador referente à avaliação externa tomava como

referência as notas obtidas por alunos das escolas no Enem. Com a implantação da

avaliação externa pela Fundação, este indicador passa a considerar as notas das

avaliações institucionais, devido a escola acreditar que estas refletem melhor o

resultado de desempenho dos alunos, uma vez que os resultados do Enem, por prever

participação voluntária do aluno, refletem a situação de somente uma parcela dos

matriculados nas terceiras séries do Ensino Médio.

O índice que aparece na planilha de cálculo do IEO, denominado Pirâmide

Educacional, se refere à porcentagem dos alunos que cursam a 3ª série do Ensino

Médio que frequentam a escola desde o 1º ano do Ensino Fundamental. São retirados

desta porcentagem os alunos que se evadiram ou foram reprovados em alguma série.

Detalhes dos pesos de cada item do IEO são mostrados a seguir. (FIGURA1).

FIGURA 1 – Como é calculado o Índice de Eficiência Operacional.

2100,13109,3Realização Orçamentária(%)

35,604Infra-Estrutura

5,144,3Ausências PN II (%)

2,282,0Ausências PN I (%) 5

11,725,1Turn Over PNI e PNII (%)

RH

Gestão

296,3096,40Aprovação (%)

345,120,0Pirâmide Educacional (%)

547,3447,69Enem ( Média Global)

Pedagógicos

PesoFBJardim Conceição

Resultados / 2006Indicadores que compõem o IEO - FB

57,35100,0Acesso ao Ensino Superior

0,580,28Jubilados

3,753,56Retidos

83,2588,28Participação de pais em reunião bimestral

2,681,94Evasão durante o ano letivo

13,4312,90Alunos abaixo da média M.T. - EM

13,4511,46Alunos abaixo da média M.T. - 6º a 9º

8,2212,27Alunos abaixo da média M.T. - 2º a 5º

11,2411,63Alunos abaixo da média L.P.- EM

11,889,98Alunos abaixo da média L.P. - 6º a 9º

9,1914,55Alunos abaixo da média L.P. - 2º a 5º

FBJardim ConceiçãoDemais Indicadores do PGE / 2006

DTE

SETOR DE ESTATÍSTICA E PESQUISA EDUCACIONAL

+= X 0,7 X 0,3IEO

6,59

IEOPedagógico

6,26

ENEM (Média Global) Aprovação Pirâmide

Educacional

IEOGestão

7,37

RH

(Tun Over PNI e PNIIAusências PNI

Ausências PNII)

Infra-Estrutura

(ApontamentosSupervisão)

RealizaçãoOrçamentária

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A substituição do resultado do Enem pelos resultados das avaliações externas é

uma evidência da centralidade que estas tomam nas decisões da escola.

Para calcular o IEO a escola faz o monitoramento dos indicadores e ao observar

índices abaixo da meta estipulada pela organização educacional Fundação Bradesco,

busca alternativas para melhorar estes índices. A elaboração do Plano de Gestão

Estratégica é uma destas iniciativas. Ouve-se também a diretoria da escola para a

compreensão do contexto que possa explicar o resultado obtido.

Para cada índice que se apresenta com valor menor que a meta estipulada é

criado um plano de ação, como registrado no Anexo C, à título de exemplo.

Com o objetivo de elaborar os planos de ação é marcada uma reunião com os

professores e orientadores pedagógicos onde são levantadas as possíveis causas que

impediram atingir a meta. Quando as causas são mensuráveis, contabilizam-se os

números a elas relacionados e em seguida é elaborado o plano, que fica sobre

responsabilidade de um orientador ou da direção da escola. Os professores também

têm tarefas específicas nestes planos de ação, cujas ações têm responsáveis

determinados nominalmente.

As ações referentes a aspectos administrativos são resolvidas com reuniões

particulares com os setores envolvidos, por exemplo, problemas de infraestrutura, são

resolvidos com a zeladoria e com o setor de compras, problemas relacionadas às faltas

de professores, com conversas individuais. Ainda que as ações administrativas sejam

importantes, focalizei na presente pesquisa os aspectos pedagógicos e a percepção

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dos professores sobre o trabalho em realização, pois sobre estes é que incidiram

iniciativas em decorrência das avaliações externas.

O monitoramento das escolas por meio do Índice de Eficiência Operacional

manteve o mesmo delineamento substituindo, como já mencionado, resultados do

Enem por resultados da avaliação externa, o que possibilita aquilatar com maior

precisão o nível de proficiência dos alunos nas disciplinas avaliadas.

2.1.2 - Ações de natureza pedagógica.

A equipe pedagógica, formada pelo diretor da escola e por quatro orientadores

educacionais promoveu, em 2007, após a chegada dos resultados das avaliações

institucionais, cinco reuniões com os professores para que elaborassem planos de ação

com providências que deveriam ser tomadas pela escola para melhorar os resultados.

A análise das atas dessas reuniões permitiu verificar que as ações tomadas pela

escola abarcaram várias frentes do trabalho escolar e não somente a formação de

professores, embora esta tenha tido ênfase na análise dos orientadores pedagógicos.

Na primeira reunião participaram a diretora da escola, os orientadores

pedagógicos educacionais e trinta e cinco professores. A diretora iniciou a reunião

esclarecendo as possibilidades e limites da avaliação aplicada, explicou como se daria

o trabalho e mostrou os resultados aos professores. Explicou como funcionava a

métrica do Saeb, que os itens eram calibrados e descrevem competências, que pontos

da escala podem ser descritos pedagogicamente pelos itens oriundos do BNI e que a

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escala é única permitindo a comparação entre anos e entre séries diferentes. Salientou

que a melhoria da qualidade de ensino estava intimamente ligada a melhoria de

resultados e propôs o estabelecimento de metas a serem atingidas na próxima edição

do exame que seria aplicada em 2009.

Após proceder às explicações solicitou que os professores realizassem um

levantamento das possíveis causas que repercutiram negativamente no desempenho

dos alunos. Surgiu como hipótese que algumas habilidades e competências não

estavam sendo desenvolvidas pelos alunos durante o processo de aprendizagem,

principalmente: a competência leitora, a autonomia de leitura, a habilidade para

argumentar, inferir e interpretar dados, a habilidade para realizar análise e síntese, o

raciocínio lógico e a capacidade de abstração.

Em relação ao trabalho da equipe gestora, pontuou-se que a falta de

acompanhamento sistematizado do processo ensino e de aprendizagem poderia

também interferir no resultado. Estabeleceu-se a elaboração de um plano de formação

dos professores, partindo de suas necessidades e a organização de um plano para

promover o comprometimento aluno/família com a aprendizagem, incentivando o

acompanhamento pelos pais do processo de trabalho da escola.

Na segunda reunião o grupo estudou com mais detalhes a métrica das

avaliações e construiu a tabela para avaliar em quais níveis estavam os alunos da

escola. O objetivo desse trabalho era identificar em que níveis se encontravam os

alunos, visando à proposição de ações específicas para o trabalho com cada grupo. A

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montagem de uma régua foi o recurso utilizado para localizar a quantidade de alunos

em cada nível, bem como a questão e o seu respectivo descritor.

A legenda apresentada no Quadro 2 orienta a leitura das “réguas” elaboradas

para registro do desempenho dos alunos nas provas de Língua Portuguesa e

Matemática. A confecção da legenda se deve ao fato das réguas terem sido montadas

pelos professores durante as reuniões pedagógicas e serem de uso exclusivo da

Escola do Jardim Conceição.

Quadro 2 – Legenda para análise dos resultados das provas

Título e sinalização do componente curricular e série avaliada

ESCALA DE DESEMPENHO EM

( ) MATEMÁTICA ( ) LÍNGUA PORTUGUESA

( ) 5º ano do Ensino Fundamental - ( ) 9º ano do Ensino Fundamental

O número indica o número de alunos no nível

Indica o nível de proficiência

A letra I indica o item, o número da questão

A letra D indica o descritor relacionado ao item

6 14 26 19 23 16

125 150 175 200 225 250

I D I D I D I D I D I D

A título de ilustração incluo a “régua” do 5º ano do ensino fundamental do

componente de Língua Portuguesa, constando do Anexo D as demais, referentes às

outras séries e à disciplina de Matemática.

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As “réguas” permitiram conhecer a distribuição dos alunos nos diversos níveis, a

partir de seu desempenho nas provas. Essa análise dos dados de desempenho

subsidiou os professores no planejamento do trabalho a ser desenvolvido, o que

resultou em propostas de ensino específicas para os alunos com baixo desempenho,

com desempenho na média e com alto desempenho. Esta classificação não significou

uma separação física do grupo de alunos, mas foi tomada como referência para

planejamento de propostas diversificadas de trabalho contemplado, inclusive, aulas no

contra turno escolar. Os professores se valeram da tabela de análise de descritores

(Anexo E) para selecionar os conteúdos e identificar as habilidades que seriam

trabalhadas com os alunos. Confrontando as habilidades com o Referencial Curricular

selecionavam os conteúdos a serem trabalhados.

ESCALA DE DESEMPENHO EM ( ) MATEMÁTICA ( x ) LÍNGUA PORTUGUESA

( x ) 5º ano do Ensino Fundamental - ( ) 9º ano do Ensino Fundamental - ( ) 3ª série do Ensino Médio

A divisão dos alunos que realizaram as provas foi feita do seguinte modo:

- GRUPO I – alunos que estão na habilidade inferior à desejada para a série e precisam

de um atendimento emergencial. Para este grupo, além do trabalho em sala de aula,

6 14 26 19 23 16 11 1 1

125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 I D I D I D I D I D I D I D I D I D I D I D I D I D I D4 7 15 7 2 4 6 1 5 4 14 4 1 5

24 1 3 6 8 9 9 13 17 14 29 6

28 1 7 12 13 13 16 13 30 3

10 9 19 11 18 3

20 7 22 3 21 2

25 5 23 2

27 8 26 6

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foram montadas aulas de reforço escolar. Neste grupo estavam alunos com nível

inferior a cento e cinquenta em Língua Portuguesa e inferior a cento e setenta e cinco

em Matemática.

- GRUPO II – formado por alunos com níveis superiores a cento e cinquenta e cento e

setenta e cinco em Língua Portuguesa e Matemática, respectivamente. Trabalhariam

com ênfase em atividades de recuperação contínua nos componentes de Língua

Portuguesa e Matemática. Os professores deveriam realizar atividades diferenciadas

em sala de aula e anotar o rendimento destes alunos nas aulas, para acompanhamento

do Setor de Orientação Pedagógica Educacional.

- GRUPO III – Formado por alunos com as melhores notas da escola. Estes alunos

passariam a realizar atividades extras em sala de aula, aulas suplementares para o

segundo ano do Ensino Médio, aos sábados, a partir do 2º semestre, atividades com

problemas desafiadores de lógica, gincanas e olimpíadas nos componentes de

Matemática e Língua Portuguesa em todos os anos.

Na terceira reunião o grupo analisou os descritores trabalhados em cada prova,

uma vez que as questões utilizadas eram mantidas em sigilo, pois pertenciam ao banco

de itens do Inep. Com a análise dos descritores de cada série/ano/componente

curricular o objetivo era entender a elaboração das provas e o que elas avaliavam. A

produção dos professores nesta reunião foi a elaboração de quadros com a análise dos

itens e descritores. Inclui-se aqui o quadro referente ao 5º ano do Ensino Fundamental

do componente de Língua Portuguesa, tal como elaborado pelos professores,

constando do Anexo E os relativos às outras séries e a disciplina de Matemática.

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Ao lado da indicação de cada item da prova foi registrado o nível de proficiência

que ele avaliava e a definição de cada descritor, conforme matriz do Saeb.

TABELA 1. Tabela de Análise dos descritores, por componente curricular e série.

ANALISE DOS DESCRITORES DO COMPONENTE - (X) Língua Portuguesa ( ) Matemática

(X) 5º ano do Ensino Fundamental ( ) 9º ano do Ensino Fundamental ( ) 3ª série do Ensino Médio.

ITEM NÍVEL DESC DESCRIÇÃO 1 300 5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.). 2 175 4 Inferir uma informação implícita em um texto. 3 175 6 Identificar o tema de um texto. 4 125 7 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. 5 225 4 Inferir uma informação implícita em um texto. 6 200 1 Localizar informações explícitas em um texto 7 175 7 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por, conjunções, advérbios, etc. 8 200 9 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros 9 225 13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

10 175 9 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros 11 Questão sem nível 12 Questão sem nível 13 200 13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. 14 250 4 Inferir uma informação implícita em um texto 15 150 7 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. 16 225 13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. 17 250 14 Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. 18 225 3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. 19 200 11 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. 20 175 7 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. 21 225 2 Estabelecer relações entre partes de um texto. 22 200 3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão 23 225 2 Estabelecer relações entre partes de um texto 24 150 1 Localizar informações explícitas em um texto 25 175 5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.). 26 225 6 Identificar o tema de um texto. 27 175 8 Estabelecer relação causa /consequência entre partes e elementos do texto. 28 150 1 Localizar informações explícitas em um texto 29 300 6 Identificar o tema de um texto. 30 250 3 Inferir o sentido de uma palavra ou expressão

No quarto encontro se estabeleceram ações específicas para o componente de

Matemática, e se decidiu que na Reunião Pedagógica os professores reavaliariam os

planos de ensino visando adequá-los aos níveis de desempenho que as séries

apresentaram. Também para o componente de Matemática, dois professores e uma

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das coordenadoras pedagógicas buscariam formação complementar específica em

palestras ou cursos de curta duração patrocinados pela escola. Embora a escolha do

curso fosse responsabilidade do professor ele deveria submeter uma proposta à

direção da escola que se manifestaria favoravelmente ou não à sua participação no

curso. Uma das condições impostas aos professores era que ele deveria, em reunião

de planejamento coletivo, socializar o conteúdo aprendido com os demais. Ao término

do curso o professor deveria realizar uma avaliação de sua participação e envolvimento

com o curso, solicitação feita sempre que um professor tem o curso patrocinado pela

escola.

Visando ainda a formação continuada dos professores se iniciariam no mês de

abril encontros semanais com a assessoria da professora Maria José Nóbrega, mestre

em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), para os

professores da 2ª e 5ª série do Ensino Fundamental e de Língua Portuguesa.

Foram sugeridas, ainda nesta reunião, a busca de parcerias com universidades

para que alunos universitários pudessem ser monitores de turmas, atendidas em

horário contrário ao das aulas regulares, evidenciando uma iniciativa de gestão que foi

iniciada a partir da formação para o uso e entendimento dos resultados.

Além disso, buscou-se potencializar o procedimento de observação de aulas,

pelos orientadores pedagógicos, já adotado pela escola. Com tal propósito, os

coordenadores, em conjunto com os professores, estabeleceram os critérios a serem

privilegiados na observação, estudaram a finalidade e técnicas de condução da

observação e alternativas para uso das informações resultantes da aplicação deste

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procedimento. Foi realçada a importância de que as informações oriundas das

observações permitissem, entre outros aspectos: detectar necessidades de formação;

aprimorar a sistemática interna de aplicação e tabulação dos resultados de avaliações

aplicadas aos alunos; intensificar e sistematizar conteúdos por meio de listas de

exercícios e de planejamento de estudos; aprimorar as estratégias de recuperação

contínua, em cada um dos componentes curriculares e elaborar um programa de

educação continuada que utilizaria as reuniões de planejamento individual e coletivo

para formação dos professores.

Na quinta reunião, de planejamento coletivo, continuando os estudos, a equipe

pedagógica apresentou aos professores a versão final dos materiais produzidos e

reorganizados. Nas reuniões de Conselho de Classe posteriores, os professores

refletiram sobre os dados apresentados, propondo novas ações a serem implantadas e

refletindo criticamente sobre os procedimentos adotados até então. Reuniram-se por

área e readequaram seu planejamento anual para que fossem contempladas atividades

com todos os descritores das matrizes do Saeb, de Língua Portuguesa e Matemática.

As decisões e ações aqui relatadas, impulsionadas pelos resultados das

avaliações externas, ocorreram no ano de 2008 e vêm tendo continuidade, na mesma

direção, nos anos subsequentes. Os parâmetros das ações de formação de professores

têm sido, desde então, pautados pela intencionalidade de melhoria do desempenho dos

alunos nos componentes de Língua Portuguesa e Matemática.

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2.2 - Opinião dos professores sobre a formação continuada e a avaliação externa

Considerando que as estratégias para oferta de formação continuada propiciada

pela escola vêm sendo pautadas pelos resultados da avaliação externa e, também, o

crescente lugar que vem sendo ocupado por esta avaliação na organização do trabalho

escolar, no ano de 2009 os professores foram consultados, no âmbito da presente

pesquisa, por meio de questionário, sobre: sua percepção a respeito de sua formação

em nível de graduação, as estratégias de formação continuada implementadas pela

escola, os sentimentos em relação à divulgação dos resultados da avaliação de

desempenho dos alunos e como o resultado da avaliação externa vinha influenciando

sua prática docente.

Na elaboração do questionário procurei apresentar as perguntas de forma clara,

direta, limitada a um só problema e nunca de forma negativa. Coloquei uma introdução

escrita, explicando a finalidade da coleta de informações, embora tenha apresentado,

aos professores, oralmente a intenção da aplicação do questionário. Segundo Carmo e

Ferreira (1998, p. 137), há que se considerar na elaboração de questionários “o cuidado

a ser posto na formulação das perguntas e a forma mediatizada de contactar com os

inquiridos”.

Na fase preliminar consultei a professora Dra. Célia Maria Haas11, da

Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), sobre bibliografias que pudessem me

                                                            11 A Profa. Dra. Célia Maria Haas foi a docente responsável pela orientação desta dissertação até a fase de coleta de dados.

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auxiliar na elaboração do questionário e contivessem orientações a respeito de sua

aplicação. A professora me instruiu que ao construir as perguntas verificasse se as

questões estavam em número adequado, compreensíveis, sem ambiguidades,

discretas e pertinentes.

Após a elaboração da versão preliminar do questionário, apliquei-o a dois

professores de outra escola, que apresenta características similares às da escola do

Jardim Conceição, com o intuito de validar as questões e reformulá-las caso alguma

não atendesse aos critérios identificados acima. A versão final do instrumento é

apresentada no Anexo F.

Para aplicar o questionário utilizei uma reunião de planejamento coletivo em que

estavam presentes todos os professores. Iniciei explicando o procedimento e entreguei

cópia a todos os presentes, indicando que os questionários poderiam ser entregues em

branco e que havia garantia do anonimato aos respondentes. Expliquei que os

resultados seriam utilizados para uma pesquisa e os dados seriam divulgados de forma

compilada, sem identificação individual. Posteriormente à aplicação do questionário foi

iniciada a análise dos dados.

Na data de aplicação do questionário estavam presentes 35 professores: 21 que

ministravam aulas para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio e

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14 que atuavam nos anos iniciais do ensino fundamental12. Do total de professores

presentes, 25 retornaram o questionário respondido.

Embora não tenha conseguido identificar as razões que levaram dez dos

professores presentes a não responderem ao questionário, esta é, em si, uma

informação importante. Em relação às questões relativas à avaliação externa, a opção

por não expressar sua opinião, pode indicar sua discordância ou receio em relação a

esta prática instituída pela escola. Não cabe aqui fazer extrapolações, mas registrar que

a ausência de resposta merece atenção, sendo oportuno buscar aprofundar, na

continuidade do trabalho na escola, o significado que as avaliações vêm assumindo

para cada um e para o coletivo dos professores.

Em relação à análise de sua formação inicial, 10 dos 25 professores que

responderam ao questionário afirmaram que tiveram uma ótima formação, 14 que

tiveram uma boa formação e apenas 1 assinalou ter tido uma formação regular. Este

resultado permite afirmar que os professores julgam satisfatoriamente a formação que

receberam, informando ainda que as instituições que os formaram gozam de boa

reputação perante a sociedade. Mais precisamente, 9 afirmam que a instituição onde

concluíram a formação inicial tem ótima reputação na sociedade e 16 que a instituição

formadora tem boa reputação.

                                                            12 Na descrição e análise das respostas não foi possível apreciar se haviam diferenças entre as manifestações de professores dos anos iniciais e finais do ensino fundamental e também em relação aos professores do ensino médio, pois não foi solicitado que indicassem a série/etapa de atuação.

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Em relação à apreciação que fazem dos professores que ministraram aulas

durante a sua graduação, 19 dos respondentes julgaram ter tido 80% de bons

professores e 20% de ruins. Cinco deles disseram que a proporção 70% bons e 30%

ruins é a que melhor expressa seu julgamento sobre os professores da graduação,

enquanto um deles afirmou que 60% eram bons professores e 40% ruins. Com estes

dados podemos inferir que é bom ou ótimo o julgamento que fazem de seus

professores da graduação.

No que se refere à formação complementar indagou-se sobre a realização de

cursos relacionados à área da Educação após a conclusão do curso de graduação.

Com exceção de um professor que informou não ter realizado curso na área, todos

informaram ter participado de cursos.

Conforme registros disponíveis no cadastro de funcionários da escola, constata-

se que destes 25 professores seis realizaram pós-graduação stricto-sensu nas áreas de

sua atuação, ou seja, relacionados ao campo de conhecimento em que atuam. Há

ainda, três professoras que estão realizando o doutorado, respectivamente em Língua

Portuguesa, História e Física. É possível afirmar que há um movimento do corpo

docente em busca de seu aprimoramento.

Para avaliar qual a percepção dos professores em relação às ações de formação

que vinham sendo propiciadas pela escola, formulei algumas questões com o intuito de

identificar quais práticas eram consideradas mais eficazes pelos educadores. Há que

se registrar que as ações desenvolvidas têm se pautado pelos resultados das

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avaliações externas, mesmo para aquelas disciplinas que não são diretamente

contempladas nas provas. Um exemplo desse trabalho foi a realização de uma oficina

desenvolvida com os professores em horário de planejamento coletivo denominada “Ler

e Escrever: compromisso de todas as áreas”, baseada no livro de mesmo nome escrito

por Neiva Otero Schaffer. Após a oficina os professores de todas as áreas tinham que

preparar atividades relacionadas a leitura, escrita e interpretação de texto de seu

componente curricular. Do mesmo modo, para matemática, os professores preparariam

atividades de interpretação de gráficos, tabelas ou medidas.

Inicialmente solicitou-se aos respondentes uma apreciação das diversas

atividades realizadas na escola direcionadas à sua formação continuada. As atividades

usualmente promovidas são:

- videoconferências ou palestras presenciais, ministradas por profissionais

contratados para falar sobre temas específicos de cada componente curricular, de

temas relacionados a projetos desenvolvidos na escola ou relacionados aos temas

transversais descritos nos Parâmetros Curriculares Nacionais;

- reuniões de planejamento individual, com o orientador pedagógico, que

ocorrem semanalmente e tem duração de uma hora aula;

- reuniões de planejamento coletivo, que têm duração de duas horas e também

são semanais;

- reuniões semestrais de planejamento e replanejamento, com duração de seis

horas;

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- cursos em instituições externas, pagos pela Instituição, que são solicitados pelo

professor, cuja frequência se dá após a aprovação da direção da escola.

Além disso, indagou-se aos professores sobre sua avaliação sobre cursos

realizados em instituições externas custeados por ele próprio.

Na Tabela 01 são apresentadas as respostas dadas pelos professores que

informam seu julgamento sobre as estratégias de formação continuada.

TABELA 01: Opinião dos professores sobre estratégias de formação continuada

Estratégias de formação Uma ótima

oportunidade de formação

Uma boa oportunidade de formação

Uma péssima oportunidade de formação

Nunca participei

Palestras 12 13 Reuniões de Planejamento Coletivo 10 15 Videoconferência 5 17 3 Reuniões individuais com o orientador 11 14 Reunião de planejamento e 9 16 Cursos externos pagos pela instituição 13 3 9* Cursos externos pagos pelo próprio 19 6 * Computadas respostas múltiplas.

Observando os resultados indicados na Tabela 1 verifica-se que, com exceção

de videoconferências, todas as estratégias foram julgadas pelos professores como

ótimas ou boas oportunidades de formação. Destaque positivo foi dado aos cursos

externos, realizados por iniciativa dos próprios professores.

Indagou-se ainda se as ações de formação propiciadas pela escola são tidas

como complementares à sua formação inicial, no sentido de agregar novos

conhecimentos. As respostas dadas indicaram duas tendências: aqueles professores

que consideram ter tido uma excelente formação inicial que vem sendo complementada

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pela escola (15 professores) e os que julgam ter tido boa formação inicial e, também,

reconhecem que a escola tem proporcionado complementação a formação inicial (10

professores). Ao que parece, as manifestações evidenciam, de modo dominante,

valorização das iniciativas promovidas pela escola, embora algumas sejam julgadas

mais eficientes que outras, como sugerem os dados da Tabela 1.

Perguntados se os estudos realizados na escola visavam atender sua

necessidade ou a necessidade da instituição, 5 professores responderam que visam

atender a necessidade da instituição, enquanto 13 afirmam que os estudos visam

atender à necessidade do professor. Como a questão apresentava apenas duas

alternativas, 3 professores assinalaram as duas, referindo-se que os estudos

relacionados às avaliações externas buscavam atender tanto as necessidades da

escola quanto as dos professores. Um deixou a resposta em branco.

Além de conhecer a percepção dos professores sobre a sua formação inicial e

continuada, algumas questões buscaram obter sua opinião sobre a avaliação externa e

o modo como vem se dando a divulgação de seus resultados.

Uma das perguntas questionava como os professores se sentiam após a

divulgação dos resultados pela Instituição. O constrangimento por ministrar aulas em

uma série com rendimento abaixo do esperado foi citado por 4 dos entrevistados.

Outros 5 alegaram que a cobrança em relação aos resultados abaixo do esperado

causava nervosismo, 6 disseram estar desmotivados por não alcançar os resultados e

20 registraram disposição para estudar e para melhorar sua prática, conforme registro

no Gráfico 1.

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Embora se constate sentimentos de nervosismo, constrangimento e

desmotivação, para a maioria dos professores, segundo suas manifestações, os

resultados das avaliações tendem a impulsioná-los na busca de aprimoramento de sua

prática.

Gráfico 01: Sentimentos dos professores após a divulgação dos resultados das avaliações externas

10,81% 10,81%

16,22%

62,16%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

constrangimento por ter ministradoaula na sala que teve resultadoruim.

nervosismo por sentir‐se cobradopela instituição pelo resultado daturma. 

desmotivação por sentir que otrabalho ministrado não surtiuefeito direto no resultado daavaliação. 

disposição para estudar osresultados e tentar melhorar suaprática. 

 

 Considerando que a divulgação dos resultados do conjunto de escolas da

Fundação Bradesco se dá de modo comparativo, indagamos aos professores que

sentimento vem à tona ao cotejar os resultados obtidos por seus alunos com resultados

de alunos das outras unidades escolares que tiveram melhor desempenho. No Gráfico

02 é possível visualizar as respostas obtidas.

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59

 

Gráfico 02: Sentimentos dos professores quando comparam os resultados da escola com outras.

6,90%

41,38% 41,38%

10,34%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%6,90% dos professores sente queo resultado abaixo do esperado éresponsabilidade exclusivamentesua.

41,38% dos prfessores sente queo resultado abaixo do esperado éresponsabilidade do grupo deprofessores que já ministrouaulas para o aluno.

41,38% dos professores senteque o resultado abaixo doesperado é responsabilidade doaluno que não vê relevância noresultado e por esse motivo nãose concentra durante a prova.

10,34% dos professores senteque o resultado abaixo doesperado é responsabilidade dainstituição que elaborou a prova,não considerando a diferençasócio cultural dos alunos.

 

Nota-se que tendem a atribuir os resultados obtidos ao grupo de professores ou

aos alunos, sendo pouco frequentes as menções à sua atuação individual ou à

inadequação do instrumento de avaliação aplicado pela Instituição, embora estes sejam

aspectos também mencionados.

Quanto ao potencial de rankings virem a motivar ou não alunos e escola a

aprimorarem seu trabalho, 20 entrevistados afirmaram que a divulgação do ranking

motiva alunos e escolas a buscarem melhores colocações, enquanto 4 alegam que esta

prática tende a desmotivá-los. Um professor assinalou as duas alternativas. Vinte

professores reconhecem, ainda, que os resultados das avaliações trazem informações

novas sobre os alunos, o que indica um reconhecimento de que a avaliação tem

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potencial para trazer subsídios à prática docente ao revelar lacunas nas proficiências

avaliadas.

Identificar a ocorrência de mudança das estratégias de trabalho na sala de aula

em decorrência dos resultados das avaliações também foi motivo de investigação por

meio do questionário. A totalidade dos professores afirmou que houve alteração nas

estratégias de trabalho na sala de aula após as reuniões de estudos promovidas com a

chegada do resultado da escola, como registrado no Gráfico 3.

Gráfico 03: Estratégias modificadas nas aulas após a divulgação dos resultados das avaliações externas.

16,24% 16,24%17,09%

14,53%

11,97%

10,26%

13,68%

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

20,00%

¨ o trabalhocom os

descritores foiintensificado.

¨ o trabalhocom

interpretaçãode textos foiintensificado.

¨ o trabalhocom resoluçãode problemas

foiintensificado. 

¨ o trabalhocom temas docotidiano foiintensificado.

¨ o trabalhocom

interpretaçõesde gráficos foiintensificado.

¨ o trabalhoenvolvendo osconteúdos da

série foiintensificado.

¨ o trabalhoenvolvendo osconteúdos dosreferenciais da

FundaçãoBradesco foiintensificado.

Pode-se notar que a análise dos resultados das avaliações vem induzindo os

professores a introduzirem alterações em suas propostas de ensino, segundo seus

depoimentos.

Apesar de todo o meu comprometimento com a pesquisa, os questionários como

forma de recolhimento de dados estão sujeitos a erros seja em relação à formulação

das perguntas, ao viés das respostas impulsionado pelo conhecimento dos

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entrevistados sobre a posição que ocupo na escola ou na escolha e extensão da

amostra pesquisada. Outros fatores tais como grau de formação e personalidade do

respondente, a presença do observador durante o preenchimento das respostas e

fatores pessoais passageiros, como indisposição, fadiga ou distração também podem

interferir nos resultados, embora se tenha buscado minimizá-los.

A presença de mecanismos de defesa social no respondente também não foi

descartada durante a formulação, aplicação e análise das respostas conforme alerta Gil

(2006) em relação às defesas de fachada:

“A defesa de fachada: Quando o respondente acredita estar correndo o risco de julgado reage oferecendo respostas defensivas, estereotipadas ou socialmente desejáveis encobrindo sua real percepção a cerca do fato. (Gil, 2006, p.135)

Ou, ainda, as defesas em relações às perguntas personalizadas que tendem a

ser respondidas com “recusas ou hesitações” e a tendência de respostas indicadoras

de conformismo. (Gil, 2006, p.136).

De qualquer modo há que se reconhecer que as respostas obtidas dos

professores que se dispuseram a colaborar com a pesquisa trazem pistas para o

planejamento de ações futuras de formação a serem definidas no âmbito da escola, por

exemplo, quando alegam que as videoconferências não são um bom meio para a oferta

de formação continuada, o que suscita o debate e reflexão sobre as metodologias

utilizadas pela escola para prover formação.

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62

 

Capítulo 3

AS AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO E SUA INFLUÊNCIA NA GESTÃO ESCOLAR

O propósito deste capítulo é apresentar discussões presentes na literatura

acerca do uso de resultados das avaliações externas como subsídios para a gestão

escolar, nas dimensões administrativa e pedagógica, cotejando com as informações

oriundas da presente pesquisa. A partir dos elementos trazidos pelos autores que se

dedicaram a discutir o tema, procura-se estabelecer um diálogo entre os pontos

destacados na literatura e as evidências trazidas pelo estudo realizado na Escola do

Jardim Conceição.

Cada vez com mais visibilidade diante da sociedade as avaliações externas

trazem consigo, além da informação sobre desempenho dos alunos, um processo de

responsabilização de gestores de sistemas, escolas, professores e alunos pelos

resultados que apresentam. Desse modo, é possível observar a tendência de que seus

resultados venham, cada vez mais, incidir na organização e dinâmica do trabalho

escolar.

Encontra-se referência a essa responsabilização na literatura sobre o termo

accountability, cujo conceito assemelha-se com a ideia de responsabilidade fiscal,

embora não se restrinja ao caráter financeiro. Sua tradução literal não é fácil, havendo

os que, mesmo analisando profundamente o conceito, não conseguiram encontrar uma

tradução satisfatória do termo para a Língua Portuguesa.

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Conforme Campos (1990, p. 30-50) descreve na Revista da Administração

Pública há autores que definem o termo como "responsabilidade pela prestação de

contas" ou "responsabilidade pela eficiente gerência de recursos públicos".

Essa responsabilização, dentre outras consequências, pode fazer recair sobre os

alunos a culpa pelas mazelas sociais a que muitos estão submetidos. Eles passam a

acreditar que o problema da não aprendizagem é exclusivamente seu, desconsiderando

fatores condicionantes que decorrem de um contexto social desigual e excludente, que

tende a se reproduzir em concepções e práticas dominantes na organização escolar.

Esta ótica, quando assimilada por professores e gestores, resulta em atribuir o

sucesso ou fracasso escolar ao aluno. Para além dos alunos, é usual a culpabilização

dos professores individualmente pelos insatisfatórios resultados escolares.

Quanto à tendência a culpabilização de alunos ou professores por resultados

insatisfatórios nas avaliações externas, no caso da Escola Jardim Conceição

constatamos essa tendência ao observar as respostas dos professores ao questionário

aplicado nesta pesquisa, já que a maioria deles atribui a responsabilidade pelos

resultados na avaliação de desempenho ao aluno ou ao professor, sendo que apenas

10,34% dos respondentes mencionam a prova ou as suas peculiaridades como

responsáveis. Por esse viés podemos considerar que há um sentimento de

responsabilidade pelos resultados obtidos pelos alunos, sendo que a busca por cursos

de aperfeiçoamento, observado também por meio das respostas registradas no

questionário pode não ser oriunda apenas do desejo de aprimoramento profissional,

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mas, também, um indício de que professores vêm assumindo, ao menos em parte, a

culpa pelos resultados insatisfatórios.

O desafio é superar uma perspectiva de culpabilização individual e tomar os

resultados das avaliações, dentro de suas possibilidades e limites, como um dos

subsídios para o aprimoramento do trabalho escolar. Ou seja, embora se reconheçam

os limites dessas avaliações, no sentido de não possibilitar uma análise mais

abrangente do desempenho dos alunos e de seu processo de aprendizagem, acredita-

se que os resultados dessas podem ser utilizados para detectar algumas das

necessidades dos alunos e para subsidiar a escola em relação ao planejamento do

ensino de dados conteúdos curriculares.

O uso destes resultados é possível e a experiência mostrada neste trabalho pode

servir como uma contribuição às escolas e professores em direção a se buscar uma

utilização que possa contribuir para o aprimoramento do trabalho escolar.

Nesse processo, a atenção e compromissos da equipe escolar devem se dar não

apenas na direção de se buscar aumentar a média de desempenho da escola no

decorrer dos anos e/ou também em comparação com outras escolas. O que se torna

necessário não é simplesmente fazer os resultados médios alcançarem patamares

maiores, mas garantir que a distribuição dos alunos na escala esteja contida em um

intervalo cada vez menor, com menores discrepâncias entre alunos de uma mesma

escola.

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A escola que conhece a distribuição de seus alunos nos diferentes níveis de

proficiência pode procurar as razões para tal distribuição e, com este diagnóstico,

buscar metodologias para se trabalhar com os alunos contemplando especificidades

evidenciadas, por meio da elaboração de planos de trabalho diversificados.

Entre as iniciativas observadas na Escola do Jardim Conceição, identifiquei a

separação dos alunos em grupos distintos, o que permitiu à escola organizar-se para

atendê-los segundo suas especificidades. As réguas produzidas pelos professores

mostravam como os alunos estavam distribuídos entre os níveis de proficiência,

permitindo a proposição de trabalhos específicos para cada grupo. Mesmo sem a

separação física dos alunos, os professores mantinham registros que permitiam o

acompanhamento individualizado, o que poderia, pelo menos por hipótese, trazer uma

melhoria de resultado.

Conhecendo a distribuição dos alunos nos níveis de proficiência se pode

identificar quem são os alunos que estão nas pontas das escalas e sugerir iniciativas

específicas, como orienta Oliveira (2008), “quer encaminhando-os para um trabalho de

recuperação paralela, quer para atendimento específico no horário letivo.”.

E em relação à formação continuada dos professores houve, em decorrência da

análise dos resultados da avaliação externa, a intensificação do uso do procedimento

de observação de aulas pelos orientadores pedagógicos, que após assistirem as aulas

entregavam relatórios escritos aos professores e realização uma reunião de devolutiva,

em que, após a leitura do relato da aula, o coordenador fazia algumas perguntas ao

professor relacionadas à intencionalidade de suas ações na sala de aula. Observavam

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também se a aula dada era a descrita no plano, com o objetivo de se evitar improvisos

durante a aula. O coordenador, algumas vezes, sugeria atividades ao professor. As

observações de aula tinham um foco previamente definido e combinado com o

professor, ora se observava a metodologia utilizada pelo professor, ora se observava a

participação dos alunos ou de determinado aluno na aula e em algumas vezes os

registros realizados pelos alunos no caderno e no livro, bem como, se haviam

intervenções escritas pelo professor. Essas intervenções nas produções dos alunos não

poderiam ser vistos ou carimbos, mas deveriam ser sobre o que o aluno fez, mostrando

que estava no caminho certo ou o que deveria ser feito para se chegar à resposta

esperada. A intensificação das observações de aula, garantindo um mínimo de uma

observação por professor e por bimestre, parece-me uma evidência da contribuição da

avaliação para a formação continuada dos professores.

Embora reconhecendo contribuições oriundas da avaliação, é importante estar

atento ao risco de limitar o olhar sobre o currículo aos seus resultados. A divulgação

dos baixos resultados de estudantes brasileiros obtidos em avaliações externas pode

levar a que se estabeleça como meta o alcance de conteúdos mínimos, limitando-se às

expectativas relacionadas ao desenvolvimento dos alunos. Desse modo, tende a se

esvaziar a discussão em torno de propostas de avaliação que incidam sobre aspectos

da formação do aluno que não sejam mensuráveis por meio de provas. Sacristan

(2000) alerta para o risco do empobrecimento dos currículos a partir dessas avaliações.

Qualquer avaliação que se faça desde fora, pretendendo fixar-se no básico, acaba ocupando-se inevitavelmente de aprendizagens relacionadas com objetivos curriculares empobrecidos, ainda que só sejam pelo fato de que são os mais fáceis de comprovar e medir. Outras metas como o desenvolvimento de

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atitudes, habilidades e processos educativos menos fáceis de constatar pelo avaliador externo ficarão relegadas. (Sacristan, 2000, p. 320)

A matriz de referência utilizada para elaboração da prova tornou-se um norteador

para o que será selecionado para ensinar, tornando os descritores prioridade de ensino,

embora estes sejam compostos de conteúdos básicos e mínimos, não abarcando todos

os componentes do currículo escolar e dimensões não cognitivas que são trabalhadas

na escola, como, por exemplo, os conteúdos atitudinais.

No artigo denominado Avaliação para as aprendizagens e formação de

professores, publicado na revista A página da Educação, edição 154, o professor

Domingos Fernandes, da Universidade de Lisboa alerta:

A avaliação pode contribuir para que as escolas enriqueçam o currículo mas também pode contribuir para que o empobreçam ou reduzam a uma expressão simplista e redutora. Tudo depende das concepções que se sustentam. Se a concepção preponderante dá ênfase às funções de classificação, selecção ou certificação e aos resultados da avaliação externa, então é natural que haja um estreitamento e empobrecimento do currículo. Neste caso a tendência das escolas e dos professores é a de se centrarem na preparação dos alunos para os exames ou para os testes que, por natureza, não podem abranger todos os domínios relevantes do currículo. Se, por outro lado, predomina uma concepção que dá ênfase às funções de regulação, melhoria ou desenvolvimento, integrando de forma mais equilibrada os resultados da avaliação externa, então podemos estar perante um currículo mais enriquecido. (Fernandes, 2006, p.31)

Conhecer as lacunas na aprendizagem por meio da avaliação externa é uma

possibilidade que, se utilizada na dose correta, pode auxiliar, mas cuja utilização como

principal ou único procedimento de acompanhamento do desenvolvimento do aluno

pode levar ao empobrecimento do currículo.

No caso da Escola Jardim Conceição, as provas aplicadas buscam mensurar o

desempenho dos alunos em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, o que

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certamente não dá conta da amplitude do currículo vivenciado. Estar-se atento a tal

limitação é fundamental para não cair na ilusão de que resultados de provas dão conta

de expressar a qualidade do trabalho escolar. O Projeto Pedagógico da Escola

estabelece diretrizes e objetivos que extrapolam a capacidade de medida das provas.

Na escola do Jardim Conceição foi observada a ênfase no trabalho com os

Referenciais Curriculares em uma tentativa de se evitar que os professores se voltem

para preparar os alunos para a participação na prova. O argumento era que a matriz de

referência para confecção da prova eram os Referenciais Curriculares, sendo assim, se

o trabalho fosse realizado dentro da proposta da escola, consequentemente os

resultados melhorariam. Observei que embora houvesse esta preocupação da equipe

de coordenação em reforçar a utilização do Referencial Curricular, 16,24% dos

professores que responderam ao questionário disseram que intensificaram o trabalho

com os descritores das provas, enquanto 13,68% atestaram basear o trabalho nos

conteúdos do Referencial Curricular.

3.1 – A pressão competitiva e a concessão de bônus ou reconhecimento.

Políticas descentralizadas de gestão de sistema implicam, também, em uma

redefinição no papel do Estado obrigando a formulação de ações que permitam avaliar

os resultados para tomar decisões e realizar políticas públicas e de distribuição de

recursos para melhorar os índices nas diferentes regiões do país, entretanto, como

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alerta Sousa (2001), pode ser temerário uma avaliação que tenha com o indicador

nuclear o rendimento do aluno.

[...] mesmo partindo da constatação de que é necessário compreender os problemas e sucessos que a realidade brasileira apresenta, consideramos temerário um sistema de avaliação cujo indicador nuclear seja o rendimento do aluno (Sousa, 2001.p.88)

A implantação pelo governo federal das avaliações externas possibilita o

monitoramento da rede e classificação das instituições de ensino; tem-se como

tendência, no caso das administrações públicas, ações que revelam a expectativa de

que estas venham a buscar alternativas para melhorar o desempenho nas avaliações

(Sousa e Oliveira, 2007), podendo induzir que escolas de uma mesma rede, ao invés

de buscarem empreender ações e reivindicações coletivas, venham a se colocar como

concorrentes. Nesse caso o compromisso do Estado se limita a fiscalizar e regular a

Educação, como destaca Afonso (1999), impelindo as escolas a competir.

[...] esta combinação especifica de regulação do Estado e de elementos de mercado no domínio público que, na nossa perspectiva, explica que os governos da nova direita tenham aumentado consideravelmente o controle sobre as escolas (nomeadamente pela introdução de currículos e exames nacionais) e simultaneamente, tenham promovido a criação de mecanismos como a publicação dos resultados escolares, abrindo espaço, para a realização de pressões competitivas no sistema educativo. (Afonso, 1999.p.160)

Podemos diante desta “pressão competitiva” entre escolas e redes de ensino e a

intenção de atrelar aos resultados a distribuição de prêmios aos melhores do ranking,

verter recursos para as melhores posicionadas em detrimento das que tem piores

posições nessa classificação e que, supostamente, demandariam mais investimentos.

Teríamos, então, as melhores tendo condições de se perpetuar entre as melhores e as

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piores condenadas as últimas posições, sem incentivos, pondo em xeque o princípio da

equidade na prestação dos serviços públicos a todos os cidadãos.

No estado de São Paulo há experiência de pagamento de bônus atrelados a

resultados como podemos observar no texto extraído do sítio oficial da Secretaria do

Estado da Educação.

Os professores e demais profissionais da educação cujas escolas tiveram bom desempenho no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) vão receber, no pagamento a ser realizado no próximo dia 25 de março, o Bônus por Resultado. No total, o Governo do Estado vai pagar R$ 655 milhões na premiação, um crescimento de 10,9% em relação aos R$ 590,6 milhões utilizado no Bônus pago em 2009. “O valor expressivo do Bônus mostra a valorização e o respeito que o Governo do Estado tem pelos professores e profissionais da educação. (http://www.educacao.sp.gov.br/noticias _2010/2010_ 22_03_ bonus_a.pdf acessado 26/09/2010)

Embora o trecho acima trate de bônus financeiro, não praticado na Escola do

Jardim Conceição, o mero reconhecimento pelos melhores resultados pode ser

encarado pelos professores como uma espécie de “bônus” e também intensificar a

competição para atingirem melhores resultados, mesmo entre os diferentes segmentos

dentro da escola.

Sobre a competição, antagonizando com o direito a todos por educação, Sousa

(2003) alerta que:

“O princípio é o de que a avaliação gera competição e a competição gera qualidade. Nessa perspectiva assume o Estado a função de estimular a produção da qualidade. As políticas educacionais ao contemplarem em sua formulação a realização a comparação, a classificação e a seleção incorporam, consequentemente, como inerentes aos seus resultados a exclusão, o que é incompatível com o direito de todos à educação.” (Souza, 2003, p.188).

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71

 

No caso da presente pesquisa temos que ter o cuidado de não transpor

linearmente as análises que tratam de usos, efeitos ou impactos das avaliações

externas no âmbito de sistemas públicos para o contexto de uma rede de escolas

administradas por uma fundação de âmbito privado. Recorremos, portanto, a tais

análises para iluminar a leitura do contexto em análise, reconhecendo sua

especificidade.

Mas, a associação de premiação ou reconhecimento pelo desempenho dos

alunos aos resultados das avaliações externas pode intensificar a seletividade social na

escola. Alunos que revelem probabilidade de insucesso nas avaliações poderiam ser

estimulados a deixar a escola com retenções sucessivas para que não cheguem até a

série avaliada.

A Escola do Jardim Conceição adota uma ferramenta de controle de fluxo

chamada “pirâmide educacional” que tem o objetivo evitar que este mecanismo de

exclusão aconteça, pois um dos indicadores que avalia a escola é a porcentagem de

alunos que está na série adequada à idade. Reprovações, sejam sucessivas ou não,

impactam na nota atribuída a escola, o que pode desestimular reprovações com caráter

excludente e fazer com que se busque soluções para diminuir o índice de evasão.

Este procedimento tende a induzir as escolas da rede a buscarem medidas que

garantam a permanência do aluno e sucesso escolar, pois no julgamento de seu

desempenho esses fatores são igualmente relevantes.

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Razões para a utilização dos resultados das avaliações de rendimento escolar

como instrumentos de gestão educacional são destacados por Sousa (2001, p.85).

Entre as citadas, observamos: a possibilidade de compreender e intervir na realidade

educacional; a necessidades de controle de resultados pelo Estado; o estabelecimento

de parâmetros para comparação e classificação das escolas; o estímulo a escola e ao

aluno por meio de premiação; e a possibilidade de controle público do desempenho do

sistema escolar.

Parece-me que a adoção de outros indicadores para compor o Índice de

Eficiência Operacional da escola, tende a não induzir uma interpretação dos resultados

obtidos pela escola exclusivamente aos alunos ou aos seus docentes. Quando se utiliza

para compor o IEO notas nas avaliações externas, problemas de infraestrutura, falta de

professores e a realização orçamentária tem-se uma avaliação mais ampla da escola

que somente a fornecida pelos resultados das avaliações.

No entanto, a garantia de que os resultados das avaliações externas, aplicadas

no âmbito da rede de escolas da Fundação, venham a servir a propósitos de inclusão,

de professores e alunos, e não de sua exclusão, está na dependência do uso que se

vier a fazer de seus resultados.

Oliveira (2008), no artigo denominado Avaliações externas podem auxiliar o

trabalho pedagógico da escola?, orienta que desde que a escola acolha e reflita sobre

os resultados, eles podem ser subsídios relevantes para o aprimoramento do trabalho

escolar. Diz o autor:

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A avaliação consiste em um processo mais amplo que pode tomar a medida como uma de suas dimensões, mas se associa à elaboração de juízos de valor sobre a medida e a proposição de ações a partir dela. De uma medida, proporcionada por uma testagem, para chegar a um processo avaliativo, é necessário que se reflita sobre seus significados e as possíveis ações a serem desenvolvidas a partir daí. Assim sendo, se os gestores dos sistemas educacionais e a comunidade escolar nada fizerem a partir do conhecimento de dada realidade propiciada pelas testagens, não teremos um processo de avaliação. (Oliveira, 2008, p.231)

Logo, a utilização dos resultados passa necessariamente pelo entendimento que

a equipe gestora da escola e os professores tiverem dos mecanismos utilizados para

elaboração e correção da prova, bem como, do tratamento estatístico utilizado para se

chegar à interpretação dos resultados. Descrevemos neste trabalho o esforço

empreendido pela Escola Jardim Conceição para compreender os resultados das

avaliações, tendo sido organizadas reuniões pedagógicas exclusivamente com este fim.

No Plano de Gestão Estratégica da escola, um dos indicadores avaliados

(ANEXO A) é o índice de presença de pais às Reuniões de Pais. A participação dos

pais é vista, pela escola, como uma forma de fortalecer o acompanhamento dos alunos,

garantindo a frequência escolar. Nas reuniões, os pais são informados sobre os

resultados das avaliações e recebem o boletim do aluno, com dados sobre a avaliação

interna e faltas às aulas. Os resultados das avaliações externas são tratados de forma

geral. Os professores apresentam gráficos com o resultado geral da escola sem

especificar as turmas para os pais.

No ambiente da escola nota-se a presença de murais com os dados, há também

um “totem” eletrônico na entrada principal da escola com os dados das quarenta

escolas da Fundação Bradesco. As informações são atualizadas sem a interferência da

escola, o que garante transparência na cessão de informação à comunidade a respeito

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74

 

dos resultados. O livre acesso às informações pelas famílias aumenta o sentimento de

responsabilidade da escola em relação aos seus resultados.

Contrapondo as avaliações de sistemas e as avaliações internas, Fernandes

(2007, p.28) ressalta que “os resultados advindos da aplicação dos instrumentos são

provisórios e não definitivos” e o que o estudante não demonstrou conhecer em um

determinado momento poderá vir a conhecer em outro. Deste modo a avaliação pontual

deve ser cercada por uma visão crítica e a utilização de outros instrumentos de

avaliação pode propiciar uma avaliação diferente da tradicional.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no artigo 24, recomenda que

“a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação

contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de

eventuais provas finais...” mostrando claramente a predileção por procedimentos de

avaliação não pontuais.

Devemos ter em mente ao analisar os resultados das avaliações que a educação

é um bem público e deve servir à sociedade, como defende Sobrinho (2003, p. 102),

"[...] a universidade e demais instituições educativas devem ser concebidas como

instituições da e para a sociedade, sendo uma avaliação ética e democrática, pois a

educação é um bem público, que deve servir a toda a sociedade".

Todavia, sem ter uma visão ingênua sobre as avaliações em larga escala, uma

vez que "toda avaliação opera com valores, nenhuma é desinteressada e livre das

referências valorativas dos distintos grupos sociais". (Sobrinho, 2003, p.113), é possível

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utilizá-las a favor do desenvolvimento de todos os alunos, como mostram algumas

iniciativas da Escola do Jardim Conceição. Com isso não quero dizer que não há a

necessidade de aprimoramento de seus usos e, mesmo, de se ampliar a prática de uma

avaliação sistemática para outras dimensões do trabalho escolar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por objetivo analisar que uso vem sendo feito dos resultados

avaliações externas para a gestão do trabalho escolar na Escola da Fundação

Bradesco Jardim Conceição, uma vez que as avaliações são vistas no âmbito da

Fundação como propulsoras da qualidade do ensino.

Para tanto, buscou-se analisar eventuais efeitos dos resultados das avaliações

externas nas decisões relativas às estratégias de formação continuada oferecida aos

professores, na oferta de diferentes modalidades de atendimento aos alunos e na

própria administração escolar. Além disso, também se constituiu alvo da investigação a

percepção dos professores sobre as estratégias de formação utilizadas pela escola.

Se por um lado foi possível identificar contribuições trazidas pelas avaliações

externas para o planejamento escolar, por outro, há indícios de que estas venham a

reforçar posturas competitivas no interior da escola, bem como da escola em relação ás

outras instituições de ensino.

No caso da perspectiva competitiva no âmbito da gestão do ensino público,

Sousa e Oliveira (2003) observam que:

[...] uma alternativa de gestão que superasse a dicotomia gestão "estatal-centralizada-burocrática-ineficiente" de um lado, "mercado-concorrencial-perfeito" de outro (...) a alternativa encontrada foi a de introduzir concepções de gestão privada nas instituições públicas sem alterar a propriedade das mesmas”. (Sousa, 2003, p. 876)

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Na Fundação Bradesco a inserção de concepções e práticas pautadas na lógica

do mercado tende a encontrar respaldo, uma vez que em sua cultura organizacional a

prática da competição esta enraizada e, as escolas a ela vinculadas acabam por

assimilar tal cultura.

A preocupação constante com a melhoria na qualidade da educação motivou

meus estudos especialmente em relação à Escola do Jardim Conceição onde trabalhei

como orientador pedagógico no período de compreendido entre agosto 2006 a junho de

2009. Este trabalho apresentou a oportunidade de pesquisar as avaliações externas e

verificar uma possibilidade de uso de seus resultados e permitiu, ao conhecer autores

que se dedicaram a escrever sobre o tema, refletir sobre as avaliações e a forma de

utilizá-las.

Mesmo tendo contato com as críticas à sua aplicação, contudo, foi possível tirar

proveito dos indícios que seus resultados trazem para definir caminhos a serem

tomados na escola.

Além da relevância pessoal que essa pesquisa adquiriu em minha carreira

docente, pode representar uma contribuição para o aprimoramento do trabalho da

Fundação Bradesco. Espera-se que traga subsídios relevantes, em particular para a

população atendida pela escola, uma vez que a melhoria na qualidade de ensino

representa ação direta sobre 1623 crianças que diariamente frequentam a escola e

podem se beneficiar diretamente com os resultados desse trabalho, indiretamente suas

famílias e a comunidade onde estão inseridas.

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O desafio que se apresenta é, além da melhoria das médias da escola, a

diminuição das desigualdades apresentadas pelos alunos garantindo-se que todos

saibam o conteúdo adequado à série em que estudam. Embora possa se discutir qual o

nível esperado para cada unidade escolar, a escola foco deste estudo aderiu às metas

do Compromisso Todos pela Educação13, que impõe como desempenho adequado,

tendo como referência a matriz do SAEB, os seguintes valores:

- 4ª série do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa: acima de 200 pontos;

Matemática: acima de 225 pontos.

- 8ª série do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa: acima de 275 pontos.

Matemática: acima de 300 pontos.

- 3ª série do Ensino Médio - Língua Portuguesa: acima de 300 pontos. Matemática:

acima de 350 pontos.

A garantia de que todos os alunos cheguem minimamente a estes valores e que

a discrepância entre os valores atingidos pelos alunos não seja grande tem motivado a

escola pela busca de alternativas de aprimoramento de seu trabalho, algumas delas

                                                            13 O Todos Pela Educação é um movimento criado em 2006 e financiado exclusivamente pela iniciativa privada, que congrega sociedade civil organizada, educadores e gestores públicos que tem como objetivo “contribuir para que o Brasil garanta a todas as crianças e jovens o direito à Educação Básica de qualidade”. Segundo o compromisso do Todos Pela Educação até o ano de 2022, ano do Bicentenário da Independência do Brasil há cinco metas estipuladas que deverão ser atingidas. São elas: 1)Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola, 2)Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos, 3) Todo aluno com aprendizado adequado à sua série, 4)Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos e 5) Investimento em Educação ampliado e bem gerido.

 

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registradas neste estudo. Espero que os leitores possam utilizar as tentativas de

soluções apresentadas como inspiração para novas pesquisas no campo educacional.

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80

 

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janeiro de 2001.

_______. Ministério da Educação - Plano de Desenvolvimento da Educação: Razões,

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_______. Ministério da Educação, Plano Nacional de Educação. Brasília, DF, 2001, p.

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SOBRINHO, José Dias Educação e avaliação: técnica e ética. In: DIAS SOBRINHO,

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_____________. Avaliação da educação superior. Petrópolis: Vozes, 2000.

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SOUSA, Sandra M. Zákia Lian. Possíveis impactos das políticas de avaliação no currículo escolar. Cadernos de Pesquisa 119, julho 2003.

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84

 

WORTHEN, Blaine R. Avaliação de programas: concepções e Praticas. As Origens da Moderna avaliação de Programas. São Paulo, Editora Gente, 2004 , Cap. 2, p. 59-

71.

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.

ANEXO A

Quadro síntese com metas e resultados alcançados pela escola nos últimos anos.

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ANEXO B

Boletins contendo os resultados da escola na Avaliação Externa aplicada no ano de 2007

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ANEXO C

Plano de ação de Matemática

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ANEXO D

Réguas elaboradas pelos professores para análise da distribuição dos resultados da avaliação 2007.

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ANEXO E

Tabelas confeccionadas pelos professores para análise dos descritores por componente curricular e série

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113

 

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114

 

ANEXO F

Questionário aplicado aos professores.

 

 

 

 

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QUESTIONÁRIO

Este questionário visa coletar informações para análise dos aspectos

relacionados a sua formação inicial e continuada, além de sondá-lo a respeito do seu

sentimento em relação aos resultados das avaliações externas aplicadas nas turmas

em que ministra aulas. As informações aqui coletadas servirão de subsídio para

elaboração de uma dissertação do programa de mestrado em Educação da

Universidade Cidade de São Paulo - Pró-reitoria Adjunta de Pesquisa e Pós-graduação

intitulada Os possíveis efeitos das avaliações externas no planejamento das ações de

formação continuada de professores desenvolvida pelo pesquisador Renato Augusto da

Silva sob orientação da Professora Drª Célia Maria Haas. Esclareço que as informações

serão divulgadas de forma compilada e que há garantia do anonimato.

Agradeço a sua colaboração. 

 

 

 

 

 

2009

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Este questionário é composto de dezessete questões objetivas e possui em seu início

quatro perguntas filtro identificadas pela numeração PF01, PF02, PF03 e PF04 e

servem para selecionar as pessoas que deverão responder o questionário até o final.

Caso responda SIM a qualquer das perguntas filtro não há necessidade de responder o

questionário até o final.

PF01) Existe algum grau de parentesco entre você e seus professores da graduação?

Sim.

Se responder sim a esta pergunta não há necessidade de continuar a responder o questionário.

Não.

Se responder não a esta pergunta siga para a pergunta filtro número 2.

PF02) Existe algum grau de parentesco entre você e o mantenedor da universidade ou faculdade em que

cursou a graduação?

Sim.

Se responder sim a esta pergunta não há necessidade de continuar a responder o questionário.

Não.

Se responder não a esta pergunta siga para a pergunta filtro número 3.

PF03) Existe algum grau de parentesco entre você e o pesquisador que lhe entregou este questionário?

Sim.

Se responder sim a esta pergunta não há necessidade de continuar a responder o questionário.

Não.

Se responder não a esta pergunta siga para a pergunta filtro número 4.

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PF04) Existe algum grau de parentesco entre você e os diretores da escola em que você trabalha?

Sim.

Se responder sim a esta pergunta não há necessidade de continuar a responder o questionário.

Não.

Se responder não a esta pergunta siga para a primeira pergunta do questionário.

01) Em relação a instituição que você concluiu sua graduação você a considera.

Ótima Boa Regular Péssima

02) Em sua opinião qual é a imagem que a instituição em que você concluiu a graduação tem junto a

sociedade.

Ótima reputação Boa reputação Péssima Reputação

03) Qual é a relação que mais se aproxima da instituição em que concluiu a graduação, sob seu ponto de

vista, considerando os professores.

20% de professores bons e 80% de professores

ruins

80% de professores bons e 20% de professores

ruins

30% de professores bons e 70% de professores

ruins

70% de professores bons e 30% de professores

ruins

40% de professores bons e 60% de professores

ruins

60% de professores bons e 40% de professores

ruins

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04) Após o término de sua graduação você fez algum curso relacionado com Educação?

Não Sim

Caso tenha respondido sim indique a quantidade aproximada no quadro ao lado da modalidade do curso,

mesmo que incompleto.

Palestras, cursos de curta duração, congressos e seminários.

Cursos de Extensão Universitária

Pós-graduação Lato Sensu

Pós-graduação Stricto Sensu

05) Em relação a formação recebida na escola através de palestras você considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

06) Em relação a formação recebida na escola através de reuniões de planejamento coletivo você considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

07) Em relação a formação recebida na escola através de palestras por intermédio de videoconferência você

considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

08) Em relação a formação recebida na escola através de reuniões de planejamento individual você considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

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119

 

09) Em relação a formação recebida na escola através de reunião de planejamento e re-planejamento você

considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

10) Em relação a formação recebida na escola através de cursos pagos pela escola você considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

nunca participei de curso pago pela instituição

11) Em relação a formação continuada através de cursos pagos por você . Considera.

uma ótima oportunidade de

formação

uma boa oportunidade de

formação

uma péssima oportunidade de

formação

nunca participei de curso pago.

12) Classifique colocando números de 1 a 7 nos tipos de formação que considere mais eficiente. Onde o número

um representa a mais eficiente e 7 o menos eficiente.

Palestras. Reunião de planejamento individual.

Reunião de planejamento coletivo. Reunião de planejamento e re-planejamento.

Cursos pagos por você. Cursos financiados pela escola.

Palestra por intermédio de videoconferência.

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120

 

13) Profissionalmente você se considera.

um professor com excelente formação inicial e com formação complementada na escola.

um professor com excelente formação inicial e sem formação complementada na escola.

um professor com boa formação inicial e com formação complementada na escola.

um professor com boa formação inicial e sem formação complementada na escola.

um professor com péssima formação inicial e com formação complementada na escola.

um professor com péssima formação inicial e sem formação complementada na escola.

14) Após a divulgação dos resultados das avaliações externas a escola propõe uma série de estudos

relacionados a avaliação. Esses estudos, segundo seu ponto de vista:

visam atender de sua necessidade que precisa entender melhor a avaliação.

visam a necessidade da instituição que deseja a melhoria dos resultados.

15) Após receber os resultados de seus alunos nas avaliações exteriores e compará-lo com escolas que tiveram

melhor desempenho, você:

sente que o resultado abaixo do esperado é responsabilidade exclusivamente sua.

sente que o resultado abaixo do esperado é responsabilidade do grupo de professores que já ministrou aulas

para o aluno.

sente que o resultado abaixo do esperado é responsabilidade do aluno que não vê relevância no resultado e

por esse motivo não se concentra durante a prova.

sente que o resultado abaixo do esperado é responsabilidade da instituição que elaborou a prova, não

considerando a diferença sócio cultural dos alunos.

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16) Em relação ao sentimento que sente após a divulgação dos resultados das avaliações exteriores. O que mais

se aproxima do que sente é:

constrangimento por ter ministrado aula na sala que teve resultado ruim.

nervosismo por sentir-se cobrado pela instituição pelo resultado da turma.

desmotivação por sentir que o trabalho ministrado não surtiu efeito direto no resultado da avaliação.

disposição para estudar os resultados e tentar melhorar sua prática.

17) Colocar os resultados das escolas em forma de ranking pode, sob seu ponto de vista:

motivar escola e alunos a buscar melhores posições no ranking.

desmotivar escola e alunos uma vez não atingida a posição esperada.

18) Em relação a divulgação dos resultados da avaliações externas que a escola realiza para os professores.

Você afirmaria que

a escola divulga os resultados de maneira eficaz.

a escola não divulga os resultados de maneira eficaz.

19) Houve reuniões para estudo e reflexão dos resultados das avaliações externas na escola.

sim

não.

Caso tenha respondido sim a questão 19 enquadre como elas favoreceram sua formação.

as reuniões trouxeram informações novas que eu desconhecia.

as reuniões não trouxeram informações novas.

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20) Após as reuniões houve alteração nas estratégias de trabalho na sala de aula.

sim.

não.

Caso tenha respondido sim a questão 20 assinale quais tipos, dentre os descritos.

o trabalho com os descritores foi intensificado.

o trabalho com interpretação de textos foi intensificado.

o trabalho com resolução de problemas foi intensificado.

o trabalho com temas do cotidiano foi intensificado.

o trabalho com interpretações de gráficos foi intensificado.

o trabalho envolvendo os conteúdos da série foi intensificado.

o trabalho envolvendo os conteúdos dos referenciais da Fundação Bradesco foi intensificado.