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O USO DO CRACK: UM PROBLEMA SOCIAL RESTRITO ÀS METRÓPOLES?

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Análise sobre conteúdo de serviço social abordando o uso do crack e suas consequências para a sociedade

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O USO DO CRACK: UM PROBLEMA SOCIAL RESTRITO S METRPOLES?

CONTAGEM, MG2015

O USO DO CRACK: UM PROBLEMA SOCIAL RESTRITO S METRPOLES?

CONTAGEM, MG2015

SUMRIO

RESUMO3INTRODUO4DESENVOLVIMENTO5CONCLUSO9REFERNCIAS10

RESUMO

Essa produo traz uma reflexo sobre o uso do crack e o fato de no ser uma preocupao restrita s metrpoles, representando um grave problema social a ser enfrentado tanto pelo poder pblico quanto por toda a sociedade. O referencial terico consistiu numa pesquisa bibliogrfica dos seguintes autores: Alvarez, Scheffer et all, Queiroz e tambm a cartilha de reduo de danos para agentes comunitrios de sade. A abordagem engloba vrias perspectivas, dentre elas a representao social do uso do crack, visto com estigma e preconceito; o trabalho do assistente social nesse impasse, com carter acolhedor e mediador; a origem do problema com a relao histrica da urbanizao resultar numa crescente excluso e acentuando as desigualdades; o papel da famlia dando apoio e auxiliando assim na recuperao do dependente e sua reabilitao na sociedade.

INTRODUO

Este trabalho consiste em uma elaborao de produo textual individual, proposta no primeiro perodo do curso de Servio Social da UNOPAR. A produo tem o objetivo de trazer uma reflexo sobre o uso do crack no ser um problema social restrito s metrpoles, permitindo assim a compreenso de que est presente em todas as regies brasileiras, representando assim um grave problema social a ser enfrentado tanto pelo poder pblico quanto por toda a sociedade.A produo engloba vrias perspectivas das disciplinas vistas no semestre letivo, sob os seguintes aspectos: Representao social do uso do crack na sociedade; Como o trabalho do assistente social pode contribuir para o atendimento da populao; Como ocorreu a relao urbanizao X populao; Quais as consequncias para o dependente qumico e familiares; Qual o papel da famlia no processo de estruturao do dependente qumico.Para o embasamento terico sero analisados os textos de Alvarez, Scheffer et all, Queiroz e tambm a cartilha de reduo de danos para agentes comunitrios de sade.

DESENVOLVIMENTO

O USO DO CRACK:UM PROBLEMA SOCIAL RESTRITO S METRPOLES?

O uso de drogas ilcitas um problema que atinge todas as camadas sociais e regies do Brasil, causando grande impacto na sociedade brasileira e representando um problema de dimenses alarmantes. necessrio que seja enfrentado pelo poder pblico em conjunto com a sociedade, pensando em medidas que possibilitem trabalhar em todos os mbitos para o combate ao trfico e tratamento dos dependentes.No caso particular do uso do crack a questo ainda mais preocupante, visto que esta droga mais potente que a cocana, mais barata e acessvel que outras drogas e assustadoramente causando cada vez mais dependentes.A droga, de uma maneira generalizada, quando associada ao crime, ou seja, ao trfico, provoca ainda a desagregao social. Ainda por cima ela tambm prejudicial sade do sujeito que a consome. Segundo Alvarez, a droga um problema que deve ser tratado com represso policial apenas quando se trata de enfrentar e coibir o trfico, visto que o usurio de drogas um dependente qumico e isso uma doena que precisa de tratamento, representando um grave problema de sade pblica, conforme aborda Scheffer et all em seu artigo.Conforme abordado na cartilha de reduo de danos para agentes comunitrios de sade, o usurio de drogas visto na sociedade como uma pessoa improdutiva, marginal, fora da lei e pouco confivel, ou seja, a representao social do uso do crack, vulgarmente a maneira como a populao compreende esse problema, vista com estigma e preconceitos, ligando a droga ao crime e misria e culpabilizando o sujeito que dependente. Esse pensamento repassa a idia de que no h como ajudar o usurio de droga, pois isso depende unicamente da vontade dele e com isso a sociedade se isenta da responsabilidade de contribuir para mudar esse quadro.Porm o que nos esquecemos que a problemtica das drogas, focando na dependncia em relao ao crack, o reflexo de uma sociedade com problemas, uma sociedade doente, e no apenas um nico indivduo. Segundo a cartilha estudada, [...] a vulnerabilidade e a marginalidade que acompanham o dependente qumico podem tornar-se barreiras intransponveis se no manejadas com foco no acolhimento. Sendo assim, considerando a drogadio uma das expresses da questo social e sendo a questo social o objeto de estudo do Servio Social, o trabalho do Assistente Social pode contribuir para o atendimento populao no sentido de preparar o acolhimento desse dependente qumico, desenvolvendo um trabalho que conquiste a confiana desse indivduo, o que facilita a adeso e aceitao do tratamento. Historicamente a relao de urbanizao versus populao gerou muitos conflitos e desigualdades. As camadas mais pobres acabam sendo marginalizadas e com isso acabam entrando num estado de vulnerabilidade social, estando mais propcias aos atos de violncia, abuso de drogas e criminalidade. Com isso ocorre um processo de excluso crescente, medida que ocorre a expanso urbana no Brasil.Com a chegada da Famlia Real no Brasil, em 1808, as casas da rea central e as casas em melhores condies foram desocupadas para receber a corte. Temos um processo semelhante ocorrendo em 1903/1904, com as reformas de Pereira Passos, quando houve a desocupao da rea central do Rio de Janeiro, sob um discurso higienista que camuflava uma proposta elitista de expurgar o pobre de reas centrais e l estabelecer os ricos. J em So Paulo o processo de urbanizao ocorreu de forma diferente, sendo caracterizado por vrias ocupaes irregulares, que a medida que iam crescendo obtinham melhoras na infraestrutura, o valoriza gradativamente essas ocupaes. Com essa valorizao, o morador inicial no consegue se manter financeiramente naquele local, mudando-se para uma nova ocupao irregular. As crises no planejamento urbano seguem assim uma lgica puramente mercadolgica, conforme aborda Nakano (2011).Independente da forma como ocorreu essa diviso social e o contexto ou poca que desencadeou esse processo, uma caracterstica comum marcadamente predominante: a excluso. Excluso essa predominante em todos os diferentes momentos de expanso urbana brasileira, fazendo com que essa populao excluda se tornasse cada vez mais vulnervel, inclusive ao abuso de drogas.Segundo Scheffer et all (2010), o incio do consumo de substncias pode ocorrer por diversos motivos como: hedonismo, curiosidade, alvio da dor e sofrimento que, provavelmente, persistiro aps a dependncia [..], o que um quadro preocupante. O dependente qumico se sente compensado ao usar a droga, esquecendo sua misria e problemas, anestesiado pelos efeitos da droga em seus organismos. Geralmente dependentes qumicos apresentam quadros depressivos e de baixa estima, muitas vezes sendo agravado pelo histrico familiar de dependncia qumica. A famlia tem um importante papel no processo de estruturao emocional e afetiva desse dependente qumico, uma vez que com seu apoio ser mais fcil enfrentar o desafio de abandonar o uso de drogas.Conforme abordado na cartilha de reduo de danos para agentes comunitrios de sade a descoberta pela famlia de um de seus integrantes como dependente qumico gera um profundo impacto sobre aquele sistema familiar. Muitas vezes no prprio ncleo familiar que se inicia o processo de marginalizao e excluso, que posteriormente ampliado na sociedade. As famlias tm dificuldade de trabalhar e cuidar de questes nesse sentido e a que torna ainda mais necessria a atuao do Assistente Social, acolhendo tanto o dependente, quanto sua famlia, promovendo uma interao e apoio que o ajude a enfrentar seu vcio e voltar a se reintegrar na famlia e na sociedade. de suma importncia que a famlia se envolva no processo de recuperao, construindo em conjunto estratgias para auxiliar na percepo do que necessrio para o dependente largar o vcio, no rotulando e nem julgando, de forma a valorizar os pontos positivos e investir na reabilitao dessa pessoa, o que muitas vezes ofuscado ou mesmo esquecido. Segundo Queiroz (2001), o ponto central do sistema de tratamento era a inculcao e o encorajamento de um profundo sentimento de auto-respeito e dignidade [...], sentimentos esses muitas vezes perdidos devido ao preconceito e estigmatizao, que podem e devem ser recuperados atravs de tratamentos apropriados e tambm do apoio familiar.Alvarez aborda o problema do uso do crack atravs do pensamento da recuperao do indivduo. Ele afirma que a cracolndia s poder ser extinta caso os dependentes de crack possam ser recuperados. Essa recuperao s ser possvel mediante a interveno da rede de sade pblica associada a oportunidades de educao, cultura e oportunidades de gerao de renda, a fim de diminuir as desigualdades e excluso social.

CONCLUSO

O abuso de drogas, sobretudo o uso de crack, uma temtica presente em grande parte do Brasil, com reflexos em todos os tipos de municpios, quer sejam grandes ou pequenos, assim como afetando todas as classes sociais.O meio social exerce grande impacto e influencia tanto no envolvimento quanto na recuperao da dependncia das drogas. O meio social modela atitudes e contraditoriamente acentua preconceitos e discriminaes que podem piorar o quadro. O mesmo ocorre no ncleo familiar do indivduo. O meio social responsvel por modelar atitudes apropriadas ou no ao uso de drogas. Por sua vez a famlia e companheiros influenciam esse meio social e tambm os fatores psicolgicos do envolvido. um ciclo complicado e o assistente social deve pensar medidas que atendam a reintegrao e recuperao do dependente na sociedade de no meio familiar, tratando no somente do dependente, mas de todas as suas relaes e contextos, atuando, portanto, como um mediador de conflitos em busca de minimizar as desigualdades existentes e tambm fatores como preconceito e estigmas.

REFERNCIAS

ALVAREZ, Gilberto. A cracolndia no um caso de polcia. Newton Lima. Disponvel em: . Acesso em: 09 mai. 2015.NAKANO, Kazuo. A crise do planejamento urbano de So Paulo. 2011. Disponvel em: Acesso em: 11 mai. 2015.QUEIROZ, Isabela Saraiva de. Os programas de reduo de danos como espaos de exerccio da cidadania dos usurios de drogas. Psicol. cienc. prof., v. 21, n. 4., 2001. Disponvel em: . Acesso em: 09 mai. 2015.SCHEFFER, Morgana; PASA, Graciela Gema; ALMEIDA, Rosa Maria Martins de. Dependncia de lcool, cocana e crack e transtornos psiquitricos. Psic.: Teor. e Pesq., v. 26, n. 3, p. 533-541, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10 mai. 2015.VIVA COMUNIDADE. Cartilha de reduo de danos para agentes comunitrios de sade. Disponvel em: Acesso em: 11 mai. 2015.10