uso de n-acetilcisteÍna no controle da mancha aureolada em mudas de cafeeiro
TRANSCRIPT
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL
DE MINAS GERAIS
CAMPUS MUZAMBINHO
Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura
VANDELINO DIAS JUNIOR
USO DE N-ACETILCISTEÍNA NO CONTROLE DA MANCHA AUREOLADA EM
MUDAS DE CAFEEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso Superior de
Tecnologia em Cafeicultura, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Sul de Minas Gerais, Campus
Muzambinho, como requisito para a
obtenção do título de Tecnólogo em
Cafeicultura. Elaborado conforme as
normas da Revista Coffee Science.
Orientador: Prof.ª D.Sc. Roseli dos Reis
Goulart
MUZAMBINHO
2014
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Prof.ª D.Sc Roseli dos Reis Goulart (Orientadora)
__________________________________
Prof.a D.Sc Anna Lygia de Rezende Maciel
___________________________________
Prof. D.Sc Felipe Campos Figueiredo
Muzambinho, 15 de agosto de 2014.
USO DE N-ACETILCISTEÍNA NO CONTROLE DA MANCHA AUREOLADA EM
MUDAS DE CAFEEIRO
Vandelino Dias Junior1, Roseli dos Reis Goulart
1, Leônidas Leoni Belan
2, Helvécio D.
Coletta Filho3, Alessandra A. de Souza
3
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - IFSULDEMINAS – Campus
Muzambinho (MG). [email protected]; [email protected] 2
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Departamento de Fitopatologia. Lavras (MG).
[email protected] 3 Centro de Citricultura Sylvio Moreira, Instituto Agronômico, Cordeirópolis (SP).
[email protected]; [email protected]
RESUMO: A mancha aureolada do cafeeiro é uma doença causada pela bactéria
Pseudomonas syringae pv garcae. O controle desta doença tem se mostrado ineficaz e
inviável, por isso o estudo de novas alternativas que efetivamente reduzam a severidade da
doença e sejam menos tóxicos se faz necessário. Objetivou-se neste trabalho avaliar o
efeito de diferentes concentrações de N-Acetilcisteína (NAC) na incidência da mancha
aureolada em mudas de cafeeiro da variedade Catuaí Vermelho IAC 144. Antes das mudas
serem inoculadas com a bactéria, as plantas foram acondicionadas em câmara úmida, a
qual foi confeccionada com saco plástico transparente, para abertura dos estômatos e
melhor penetração da bactéria. Após dez dias da inoculação quando as plantas
apresentavam os sintomas típicos da doença, distribuídos de maneira uniforme, foi
realizada a primeira pulverização e após 20 dias foi realizada a segunda pulverização. O
uso do N-Acetilcisteína para o controle da mancha aureolada do cafeeiro, de maneira
curativa e via foliar não se apresentou eficiente. As doses de NAC 160, 320, 480 e 540 mg
L agua-1
, assim como a casugamicina 2% na dose de 3 ml L agua-1
não foram capazes de
diminuir a progressão da doença.
Termos para indexação: Pseudomonas syringae pv garcae, bactéria, NAC
USE OF N-ACETYLCYSTEINE IN CONTROLLING THE BACTERIAL BLIGHT
OF COFFEE SEEDLINGS
ABSTRACT: The bacterial blight of coffee is a disease caused by the bacterium
Pseudomonas syringae pv garcae. Control of this disease is inefficient and impractical, so
the study of new alternatives that effectively reduce the severity of the disease and are less
toxic if necessary. The aim of this study was to evaluate the effect of different
concentrations of N-Acetylcysteine on the incidence of bacterial blight of coffee seedlings
Catuaí Vermelho IAC 144. Before the seedlings were inoculated with the bacteria, the
plants were placed in a moist chamber, which was made with transparent plastic bag, for
opening the stomata and better penetration of bacteria. Ten days after inoculation when
plants showed typical symptoms of the disease, spread evenly, the first spraying was
performed and 20 days after the second spraying was performed. The use of N-
acetylcysteine to control the bacterial blight of coffee seedlings, curative foliar way and
did not appear efficient. NAC doses of 160, 320, 480 and 540 mg L water-1
, as well as
casugamicina 2% at a dose of 3 ml L water-1
were not able to slow the progression of the
disease.
Index terms: Pseudomonas syringae pv garcae, bacterium, NAC
1. INTRODUÇÃO
A mancha aureolada do cafeeiro é uma doença causada pela bactéria Pseudomonas
syringae pv garcae, constatada pela primeira vez em 1955 na região de Garça, no Estado
de São Paulo (GODOY et al., 1997; MACIEL et al., 2012; PATRICIO et al., 2004). Outras
fitobactérias já foram identificadas causando doenças no café (Coffea arabica L.), porém a
Pseudomonas syringae pv. garcae é a mais comum (DESTÉFANO et al., 2010; MACIEL
et al., 2011).
A mancha aureolada ataca o cafeeiro tanto nas fases de formação como de
produção, a doença é favorecida por ventos frios, temperaturas amenas e umidade alta. Na
planta do cafeeiro esta bacteriose ataca folhas, rosetas, chumbinhos e ramos. Os sintomas
são mais severos nas lavouras novas, com 3 a 4 anos, e nas mudas, podendo resultar em
morte do ponteiro ou das plantas (GODOY et al., 1997; MACIEL et al., 2012; PATRICIO
et al., 2004).
Os sintomas desta doença bacteriana são manchas de cores pardas, circundadas por
um halo amarelado, semelhante a uma aureola, por isso o nome mancha aureolada. Quando
as lesões são nas bordas das folhas, estas se desprendem do limbo foliar dando um aspecto
rendilhado (PATRICIO, 2004; POZZA et al., 2010).
A bactéria é considerada oportunista, pois aproveita de lesões presentes nas plantas
para se instalar. Estas lesões podem ser oriundas de chuva de granizo, danos causados pela
colheita ou por ventos frios. Em lavouras implantadas nos locais de maior altitude e sem
quebra ventos ela aparece com maior intensidade (GODOY et al., 1997; MACIEL et al.,
2012; PATRICIO et al., 2004).
Em muitas literaturas a mancha aureolada do cafeeiro é tratada como uma doença
secundária, já que desde o seu primeiro relato, a doença vem causando danos esporádicos e
localizados (CARVALHO et al., 2010). No entanto, nas ultimas safras a mancha aureolada
do cafeeiro ocorreu com grande frequência nas regiões produtoras de café. As epidemias
da doença foram severas nas lavouras situadas em locais de altitudes elevadas, embora a
doença também seja encontrada em locais de menores altitudes (PATRICIO et al., 2012).
Esta maior severidade e danos que vem sendo causados, podem estar relacionadas à
redução do uso de fungicidas cúpricos (MATIELLO et al., 2010), já que o cobre tem
ligeira reposta favorável como bactericida (COSTA & SILVA, 1960). Outro fator pode ser
pela falta de quebra ventos, já que muitos cafeicultores abrem mão desta prática para
facilitar no manejo mecanizado, tendo em vista que o custo com mão de obra está cada dia
mais elevado.
Costa e Silva (1960) realizaram estudo sobre o controle da mancha aureolada do
cafeeiro, utilizando produtos a base de cobre, mancozeb e agrimicina com intervalos curtos
de pulverização e com a reaplicação após as chuvas. Mesmo assim, os autores observaram
que em condições climáticas favoráveis, pouco sucesso se obteve com os tratamentos.
O hidróxido de cobre proporciona redução na severidade da mancha aureolada do
cafeeiro, no entanto, não possui efeito curativo, desta forma, o cobre tem sido utilizado em
mistura com alguns fungicidas, fosfitos e acido salicílico, mas também sem muito sucesso
(DIAS JUNIOR & GOULART, 2013; PATRICIO et al., 2004, 2012). Para mudas ainda no
viveiro, a casugamicina pode ser utilizada (BRASIL, 2003) e tem sido uma das
ferramentas para o manejo desta bacteriose. Após as mudas instaladas no campo a melhor
recomendação é o uso de quebra ventos e poda das partes contaminadas.
O controle da mancha aureolada do cafeeiro tem se mostrado ineficaz e inviável,
por isso o estudo de novas alternativas que efetivamente reduzam a severidade da doença e
sejam menos tóxicas se faz necessário, como por exemplo, o trabalho realizado por Botrel
(2013), onde foi pesquisado o uso de fungos sapróbios no controle desta bactéria.
O análogo do aminoácido cisteína, N-acetilcisteína (NAC), produto não tóxico a
humanos, já é utilizado na medicina para destruição de biofilme de bactérias patogênicas a
humanos. Estas bactérias formam biofilme provocando doenças no trato respiratório e
placas bacterianas nos dentes (SOUZA et al., 2012). O NAC atua como agente mucolítico
através da quebra das ligações dissulfeto das mucoproteínas, diminuindo a aderência das
secreções tendo assim ação antibacteriana (MURANAKA, 2010; NAKAIE, 1983).
O NAC tem apresentado efeito no controle da bactéria Xylella fastidiosa causadora
do amarelinho ou clorose variegada dos citros (CVC) na cultura do citros (SOUZA et al.,
2012). No caso do CVC, o mecanismo de patogenicidade está associado a sua capacidade
de colonizar e formar um biofilme no xilema das plantas hospedeiras (MURANAKA,
2010; MURANAKA et al. 2013). O biofilme é formado pela multiplicação e crescimento
da bactéria de forma agregada (SOUZA et al., 2012), isto ocorre porque as bactérias
produzem ao seu redor uma cápsula composta por exopolissacarídeos, que ajuda na adesão
da bactéria nas superfícies e a protege contra condições adversas do ambiente (ROMEIRO,
2005).
O uso do NAC em doses acima de 1 mg mL-1
, foi capaz de desestruturar o biofilme
feito por Xylella fastidiosa, reduziu a quantidade de exopolissacarídeo capsular, além
disso, apresentou efeito antimicrobiano (MURANAKA et al.,2013).
Em outro trabalho, plantas de laranja pêra enxertadas e infectadas pela bactéria
Xylella fastidiosa receberam, via solução hidropônica, diferentes concentrações de NAC.
Após três meses as plantas que receberam 120 e 600 mg de NAC apresentaram supressão
dos sintomas (MURANAKA et al. 2013).
Embora o NAC tenha poucos estudos no controle de bacterioses de plantas é um
produto que apresenta potencial para o uso na agricultura. Pois, mostrou-se promissor no
controle de bactérias do citros e, além disso, é uma molécula pequena e segura para o
homem e para os animais (MURANAKA et al., 2013; SOUZA et al., 2012).
Neste intuito, é possível que o NAC aplicado através de pulverização, tenha
resultados positivos no controle da mancha aureolada do cafeeiro. Por isso, objetivou neste
trabalho avaliar o efeito de diferentes concentrações de NAC na incidência da mancha
aureolada em mudas de cafeeiro.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no IFSULDEMINAS, Campus
Muzambinho, local com altitude de 1022 metros, latitude 21º 21’ 05,11’’ e longitude 46º
31’ 16,28’’. Para tal, mudas de cafeeiro da variedade Catuaí Vermelho IAC 144 com 6
pares de folhas, foram transplantadas para vasos plásticos com capacidade de 3 L,
contendo substrato padrão para produção de mudas de cafeeiro em viveiro conforme
recomendado por Matiello et al. (2010). Após a emissão do primeiro par de ramos o
experimento foi instalado no delineamento experimental em blocos casualizados (DBC),
contendo 4 blocos e 7 tratamentos (Tabela 1). Cada parcela experimental foi composta por
2 plantas, totalizando 28 parcelas.
TABELA 1 – Tratamentos, e doses utilizadas para controle da mancha aureolada do
cafeeiro.
Tratamentos Dose
Testemunha (sem aplicação de produto). 0
NAC 160 mg L agua-1
NAC 320 mg L agua-1
NAC 480 mg L agua-1
NAC 540 mg L agua-1
Casugamicina 2% 3 mL L agua-1
Solução salina (NaCl) 0,85%
O preparo da suspensão bacteriana para a inoculação das mudas foi realizado no
laboratório de Bacteriologia e Epidemiologia e Controle de Doenças de Plantas, do
Departamento de Fitopatologia (DFP) da UFLA. Foi feito o semeio do patógeno em meio
523 de Kado & Heskett (1970). Após 48 horas, as células bacterianas foram suspendidas
em solução salina estéril (NaCl a 0,85%) e a concentração bacteriana determinada em
espectrofotômetro a 600 nm (OD600), conforme descrito por Oliveira e Romeiro (1990).
Por meio de diluição em solução salina estéril, foi preparada suspensão de células
bacterianas com concentração de 1,0 × 107 UFC/mL (absorbância 0,2).
Antes da inoculação, as plantas foram acondicionadas em câmara úmida, a qual foi
confeccionada com saco plástico transparente de dimensões, 40 cm x 60 cm, onde as
mudas foram tutoradas por estacas de madeira, como descrito por Corrêa et al. (2009),
evitando assim o contato das folhas com o saco plástico. Antes dos vasos serem revestidos
pelo saco plástico as mudas foram bem irrigadas e aspergidas com água, após isso o saco
plástico foi colocado e amarrado para manter alta umidade na folha, durante 24 horas. Esta
etapa objetivou promover um ambiente saturado de umidade para que a planta mantivesse
seus estômatos abertos e facilitasse a entrada das bactérias.
Após este período, os sacos plásticos foram retirados, e as mudas foram inoculadas,
por meio da aspersão da suspensão bacteriana nas folhas, logo em seguida as plantas
voltaram para a câmara úmida, permanecendo por mais 24 horas, conforme realizado por
Mohan et al. (1978) e Zoccoli et al. (2011).
No tratamento com solução salina, as plantas não foram inoculadas com a bactéria,
uma vez, que o objetivo deste tratamento foi verificar a possível presença de queimaduras
no tecido da folha, uma vez que a solução salina poderia provocar estas queimaduras, o
que poderia ser confundido com os sintomas da bacteriose.
Após 10 dias da inoculação quando as plantas apresentavam os sintomas típicos da
doença, distribuídos de maneira uniforme, foi realizada a primeira pulverização (PP) com
os tratamentos descritos na Tabela 1. Após 20 dias da PP foi realizada a segunda
pulverização (SP).
As avaliações foram realizadas nos 3 primeiros pares de folhas do ápice para a base
da planta, ou seja, 6 folhas por planta, determinando-se a incidência da doença nas folhas
(IDF). Todas as avaliações foram realizadas com intervalos de 4 dias, sendo realizadas 5
avaliações após a PP e 5 avaliações após a SP, de forma que o experimento foi conduzido e
avaliado durante 40 dias, iniciando as avaliações em 21/04/2014 até 31/05/2014.
Os dados de IDF foram utilizados no cálculo da Área Abaixo da Curva de
Progresso da Incidência (AACPI). Estes dados foram submetidos ao teste de Tukey (p<
0,05). Os dados de AACPI referente aos tratamentos com NAC foram submetidos ao teste
de regressão no programa estatístico Sisvar (FERREIRA, 2011).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após 11 dias da inoculação das mudas, e antes da aplicação dos tratamentos, todas
as parcelas apresentavam sintomas da doença (Tabela 2), exceto na parcela que recebeu
somente a solução salina. A IDF variou de 25 a 48% nos três pares de folhas avaliados.
TABELA 2 - Incidência de mancha aureolada em mudas de cafeeiro onze dias após a
inoculação.
Tratamento IDF (%) *
Testemunha 41,50 (b)
NAC 160 mg L agua-1
48,00 (b)
NAC 320 mg L agua-1
31,50 (b)
NAC 480 mg L agua-1
25,00 (b)
NAC 540 mg L agua-1
27,00 (b)
Casugamicina 2% 31,25 (b)
Solução salina (NaCl) 0,00 (a)
CV (%) 53,20
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a
5%. * Média das seis folhas avaliadas por planta.
Observando-se os dados médios de incidência da doença antes da aplicação dos
tratamentos e após a aplicação (Tabela 3) observa-se que de 0 para 4 dias após a
inoculação houve um crescimento significativo da IDF. No entanto, de um modo geral,
verifica-se que a doença aumentou com o passar dos dias até os 40 dias após a inoculação.
Ou seja, as diferentes concentrações de NAC, assim como a casugamicina 2%, não tiveram
efeito na paralisação da doença. O NAC 160 mg L agua-1
em algumas avaliações se
destacou dos demais com maior incidência da doença.
TABELA 3 – Incidência de mancha aureolada em mudas de cafeeiro em 11 avaliações com intervalos de 4 dias.
Tratamento
Dias após a inoculação
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
IDF (%) *
Testemunha 41,50(b) 45,75(b) 52,00(b) 54,00(b) 56,00(b) 60,25(b) 66,50(b) 68,75(b) 68,75(b) 68,75(b) 73,00(b)
NAC 160 mg L agua-1
48,00(b) 72,75(c) 72,75(c) 75,00(b) 75,00(b) 79,25(b) 83,25(b) 85,25(b) 87,50(b) 89,50(b) 91,75(c)
NAC 320 mg L agua-1
31,50(b) 54,00(b) 58,25(b) 60,50(b) 60,50(b) 64,75(b) 71,00(b) 71,00(b) 73,00(b) 75,00(b) 75,00(b)
NAC 480 mg L agua-1
25,00(b) 52,25(b) 52,25(b) 52,25(b) 52,25(b) 54,25(b) 58,50(b) 58,50(b) 60,50(b) 60,50(b) 66,75(b)
NAC 540 mg L agua-1
27,00(b) 54,00(b) 54,25(b) 60,50(b) 60,50(b) 62,50(b) 64,75(b) 64,75(b) 64,75(b) 64,75(b) 69,00(b)
Casugamicina 2% 31,25(b) 50,00(b) 54,25(b) 64,75(b) 66,75(b) 66,75(b) 66,75(b) 68,75(b) 68,75(b) 75,00(b) 83,25(c)
Solução salina (NaCl) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a) 0,00(a)
CV (%) 53,20 24,60 21,10 19,69 20,31 19,42 19,12 19,96 20,68 20,20 16,91
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5%. * Média das seis folhas avaliadas por planta.
Quanto à taxa de crescimento da incidência da mancha aureolada ao longo do
tempo (Figura 1) observa-se que a doença cresceu a uma mesma taxa nos diferentes
tratamentos. Somente diferiu das plantas que não foram inoculadas com a bactéria.
FIGURA 1 – Taxa de crescimento da incidência de mancha aureolada em mudas de café.
Com relação à AACPI, calculada a partir da incidência (Tabela 4), observa-se que
os tratamentos com NAC e casugamicina 2% obtiveram resultados semelhantes, com
exceção do NAC 160 mg L agua-1
que foi o tratamento com pior desempenho, com uma
AACPI superior até mesmo ao NAC 0 mg L agua-1
, que foi a testemunha absoluta. A razão
do NAC 160 mg L agua-1
ter este comportamento pode ser pelo fato do mesmo ter
apresentado uma incidência superior aos demais tratamentos inicialmente, já que o NAC é
dose-dependente e está relacionado à quantidade do inóculo (MURANAK et al., 2010).
Mas esta hipótese carece de mais estudos. Nenhum dos tratamentos se mostrou capaz de
parar a progressão da doença.
b b b
b b
b
a 0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
Testemunha 160 mg . Lagua-1
320 mg . Lagua-1
480 mg . Lagua-1
540 mg . Lagua-1
Kasugamicina2%
Soluçãosalina (NaCl)
Taxa
de
cres
cim
ento
da
IDF
TABELA 4 – Área abaixo da curva de progressão da incidência de diferentes tratamentos
com NAC em 11 avaliações com intervalos de 4 dias.
Tratamento AACPI *
Testemunha 23.958 (b)
160 mg L agua-1
31.625 (c)
320 mg L agua-1
25.625 (b)
480 mg L agua-1
21.833 (b)
540 mg L agua-1
23.920 (b)
Casugamicina 2% 25.543 (b)
Solução salina (NaCl) 0,000 (a)
CV (%) 16,40
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a
5%. * Média das seis folhas avaliadas por planta.
Na regressão, analisando somente as diferentes concentrações de NAC, embora
tenha dado efeito significativo para os tratamentos, nenhum modelo se ajustou aos dados.
Muranka et al. (2013) mostrou através do método HPLC que o NAC é absorvido
pelas raízes das plantas através de solução hidropônica, o mesmo não foi observado via
foliar em cafeeiro.
Apesar de este trabalho sugerir que o NAC não é apropriado para aplicação curativa
via folha, o uso do NAC via foliar foi testado por Picchi & Souza (2013), no controle do
cancaro cítrico, causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, neste trabalho, o
NAC foi associado ao cobre e esta combinação resultou na morte total da bactéria e
propiciou uma redução na concentração de cobre.
4. CONCLUSÕES
O uso do NAC para o controle da mancha aureolada do cafeeiro, de maneira
curativa e via foliar não se apresentou eficiente.
As doses de NAC 160, 320, 480 e 540 mg L agua-1
, assim como a casugamicina
2% na dose de 3 ml L agua-1
não foram capazes de curar ou pelo menos diminuir a
progressão da doença.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos posteriores deveriam ser realizados com NAC no cafeeiro. Seja em
associação com outros produtos, ou mesmo em aplicações preventivas via foliar, ou ainda
na modalidade de aplicação via solo.
REFERÊNCIAS
BOTREL, D. A. Fungos sapróbios como agentes de biocontrole da mancha aureolada
(Pseudomonas syringae pv. Garcae) no cafeeiro. 2013. 58 p. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2013.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Coordenação Geral de
Agrotóxicos e Afins/DFIA/DAS. AGROFIT Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários.
2003. Disponível em:
<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons> Acesso em: 27 jul.
2014.
CARVALHO, V. L. de et al. Manejo de doenças do cafeeiro. In: REIS, P. R.; CUNHA, R.
L. da. Café arábica do plantio a colheita. Lavras: EPAMIG, 2010. p. 693-747.
COSTA, A. S.; SILVA, D. M. da. Estudos sobre a mancha aureolada do cafeeiro.
Bragantia, Campinas, v. 19, n. 333, p.63-68, abr. 1960.
CORREA, L. de S. et al. Uso de câmara úmida em enxertia convencional de
maracujazeiro-amarelo sobre três porta-enxertos. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal - SP, v. 32, n. 2, p. 591-598, jun. 2010.
DESTÉFANO, S. A. L. et al. Bacterial leaf spot of coffee caused by Pseudomonas
syringae pv. tabaci in Brazil. Plant Pathology, London, UK, v. 59, p. 1162, 2010.
DIAS JUNIOR, V.; GOULART, R. dos R. Efeito do Tutor em consorcio com Comet e
Cantus no controle da mancha aureolada do cafeeiro (Pseudomonas syringae pv. garcae).
39º congresso Brasileiro de Pesquisa Cafeeira, 2013, Poços de Caldas: PROCAFE,
2013, p. 264 – 266.
FERREIRA, D. F. Sisvar: A computer statistical analyses system. Ciência e
Agrotecnologia. (UFLA), v.35, n.16, p.1039-1042, 2011.
GODOY, C. V. et al. Doenças do cafeeiro – Coffea Arabica L. In: KIMATI, H. et al.
Manual de Fitopatologia. 1997. 3 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995 – 1997.
KADO, C.J.; HESKETT, M.G. Selective media for isolation of Agrobacterium,
Corynebacterium, Erwinia, Pseudomonas and Xanthomonas. Phytopathology, v. 60, p.
969-976. 1970.
MACIEL, K. W. et al. Caracterização serológica de Pseudomonas syringae pv. Garcae,
agente causal da “mancha aureolada do cafeeiro”. In: 45º Congresso Brasileiro de
Fitopatologia, 2012, Manaus: SBFITO, 2012. p. 510 - 511.
MATIELLO, J. B. et al. Cultura de café no Brasil: Manual de Recomendações. 2010.
Varginha e Rio de Janeiro: Procafé, 2010. 542 p.
MOHAN, S. K. et al. Resistência em germoplasma de coffea ao crestamento bacteriano
incitado por Pseudomonas garcae. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, 13 (nº1),
p. 53 – 64, 1978.
MURANAKA, L. S. Mecanismos envolvidos com a sobrevivência de Xylella fastidiosa
em condições de estresse e efeito de N-Acetil-L-Cisteína em seu biofilme. 2010. 161 p.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.
MURANAKA, L. S. et al. N-Acetylcysteine in Agriculture, a Novel Use for an Old
Molecule: Focus on Controlling the Plant–Pathogen Xylella fastidiosa. PLOS ONE, San
Francisco, California, USA, v. 8, aug. 2013.
NAKAIE, C. M. A. et al. Drogas mucolíticas e expectorantes. Revista Pediatria, São
Paulo, v. 5, p. 339 – 346, jul. 1983.
OLIVEIRA, J.R.; ROMEIRO, R.S. Reação de folhas novas e velhas de cafeeiros a
infecção por Pseudomonas cichorii e P. syringae pv. garcae. Fitopatologia Brasileira,
v.15, p.355-356, 1990.
PATRÍCIO, F. R. A. et al. Subsídios para o manejo da cercosporiose e da mancha
aureolada do cafeeiro. In: X Reunião Itinerante De Fitossanidade do Instituto Biológico
- Café, 2004, Mococa: Instituto Biológico, 2004. p. 129 - 137.
PATRICIO, F. R. A. et al. Aplicação Mecanizada de Fungicidas Visando O Controle Da
mancha aureolada e outras Doenças Do Cafeeiro. In: 7° Simpósio de Pesquisa dos Cafés
do Brasil, 2011, Araxá, MG 2011. Anais Brasília, D.F: Embrapa - Café, 2011. p. 143 -145.
PATRICIO, F. R. A. et al. Avaliação de eficiência de fungicidas cúpricos no controle da
mancha aureolada em mudas de café. In: 38° Congresso Brasileiro De Pesquisas
Cafeeiras, 2012, Caxambu, MG 2012. p. 291 – 292.
PICCHI, S. C.; SOUZA, A. A. de. N-acetil-cisteína (NAC): uma molécula com
potencial antimicrobiano para o manejo do cancro cítrico. 2013. Bolsas no Brasil -
Pós-Doutorado/FAPESP. Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/142784/n-
acetil-cisteina-nac-uma-molecula-com-potencial-antimicrobiano-para-o-manejo-do-cancro-
citrico/>. Acesso em: 12 ago. 2014.
POZZA, E. A. et al. Sintomas de injurias causados por doenças em cafeeiro. In:
GUIMARAES, R. J.; MENDES, A. N. G.; BALIZA, D. P. Semiologia do cafeeiro:
sintomas de desordens nutricionais, fitossanitárias e fisiológicas. Lavras: UFLA, 2010.
P. 69 – 101.
RODRIGUES, L. M. R. et al. mancha aureolada do cafeeiro Causada Por
Pseudomonas syringae PV. garcae: Boletim Técnico IAC 212. Campinas, S.P.: IAC,
2013. p. 5.
ROMEIRO, R. S. 2005. Bactérias Fitopatogênicas. 2ª Ed. Editora UFV. 417 p.
SOUZA, A. A.; GHILARDI, A. A.; FILHO, H. D. C.; SIMONETTI, L. M.; BASTIANEL,
M. 2012. Avanços nas pesquisas para o controle do CVC. Informativo Centro de
Citricultura. Cordeirópolis, número 200.
ZOCCOLI, D. M. et al. Ocorrência de mancha aureolada em cafeeiros na Região do
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Bragantia, Campinas, v. 70, n. 4, p.843-849, 2011.