uso de materiais compósitos para recuperação da capacidade

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USO DE MATERIAIS COMPÓSITOS PARA RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE FLEXÃO EM TUBOS DE AÇO PERFURADOS Felipe Dias Fonseca Projeto de graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Irving D. Hernández Fontes Murilo Augusto Vaz Rio de Janeiro, 30 de março de 2021

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USO DE MATERIAIS COMPÓSITOS PARA

RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE FLEXÃO EM TUBOS DE AÇO PERFURADOS

Felipe Dias Fonseca

Projeto de graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadores: Irving D. Hernández Fontes

Murilo Augusto Vaz

Rio de Janeiro,

30 de março de 2021

USO DE MATERIAIS COMPÓSITOS PARA RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE FLEXÃO EM TUBOS DE AÇO PERFURADOS

Felipe Dias Fonseca

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D.

________________________________________________

Dr. Irving David Hernández Fontes, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Marcelo Caire, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Julio Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO DE 2021

iii

iv

Dedicatória

A minha bisavó Francisca e a minha tia Yara, na certeza de que compartilham, dos

céus, a alegria da conclusão desta etapa.

v

Agradecimentos

A meus pais, Aldenora e Jayme, pelo privilégio do amor, presença e suporte durante

toda minha existência.

A meu irmão, Bruno, por ser meu amigo e apoio nos últimos vinte e seis anos da minha

vida.

A meu companheiro, Gabriel, pelo apoio constante na última década e por ser meu

maior amparo, incentivo e alicerce na elaboração deste projeto de graduação.

Ao meu cachorro, Killua, por ser um ponto de leveza e ânimo nos dias difíceis.

Às minhas tias, Cristina e Marluza, por todo o acolhimento e amor dedicados a mim

em todas as etapas da minha vida.

A meus orientadores, David Hernández e Murilo Vaz, pela paciência, suporte e

conhecimento compartilhado nesse período de elaboração do projeto de graduação, e por me

desafiarem a entregar um trabalho do qual posso me orgulhar. A Jorge Fernández, por

contribuir com este trabalho com seu conhecimento em materiais compósitos.

À Subsea 7, que me cedeu a estrutura necessária para a realização das simulações deste

trabalho.

Às equipes de competição UFRJ Nautilus e Solar Brasil, que resgataram meu gosto

pela Engenharia e me devolveram a avidez para seguir em frente com minha graduação.

À Universidade Federal do Rio de Janeiro, pública, gratuita e de qualidade.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Uso de materiais compósitos para recuperação da capacidade de carga de flexão em

tubos de aço perfurados

Felipe Dias Fonseca

Março/2021

Orientadores: Irving David Hernández Fontes, Murilo Augusto Vaz.

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Com a crescente demanda dos operadores para estender a vida útil das unidades offshore, o

estudo de membros estruturais com dano nas plataformas tem se tornado uma tarefa

importante. Os danos por perfurações representam uma perda de material que, dependendo

da extensão, podem promover o colapso da estrutura. O número de trabalhos na literatura

que abordam este tipo de dano é reduzido, bem como as técnicas de reparo. Tanto as práticas

recomendadas, como as normas de projeto, consideram, de modo geral, a substituição do

membro com perfurações. Este trabalho apresenta um estudo numérico para recuperação da

capacidade de flexão de estruturas tubulares de aço com perfurações devido à corrosão,

fazendo uso de materiais compósitos. Foi modelado um membro tubular de aço considerando

uma perfuração de geometria circular reparado com tecido híbrido de fibra de carbono/vidro

em matriz epóxi. Foi considerado apenas o carregamento de flexão pura, e cargas térmicas,

de pressão ou hidrostáticas foram desconsideradas. Uma equação de projeto empírica foi

obtida a partir de uma regressão linear de segunda ordem a partir de um planejamento das

simulações. Os resultados numéricos apontaram uma recuperação total da capacidade de

flexão dos membros reparados. As predições de capacidade obtidas com a equação proposta

mostraram uma boa correlação com os resultados das simulações.

Palavras-chave: Membros tubulares, estruturas com dano, reparo de estruturas, material

compósito, tubos sob flexão.

vii

Abstract of Undergraduate Thesis presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of the

requirements for the degree of Marine Engineer and Naval Architect.

Use of composite material for pure bending strength recovery of steel perforated

tubes

Felipe Dias Fonseca

March/2021

Advisors: Irving David Hernández Fontes, Murilo Augusto Vaz.

Course: Marine Engineering and Naval Architecture

With the growing demand to extend the service life of offshore units, the study of damaged

structural members has become an important task. Deterioration of such structures,

depending on the extension of the damage, may pose a risk of collapsing the unit. The studies

available in the literature addressing this type of damage are scarce, as well as the repairing

techniques. Recommended practices and design rules, in general, consider the replacement

of the perforated member. This work presents a numerical study to recover the bending

capacity of perforated steel tubular structures by employing composite materials. A tubular

steel member was modelled considering a circular geometry perforation repaired with hybrid

carbon/glass fibre reinforced epoxy. Only pure bending load was considered, and thermal,

pressure or hydrostatic loads were disregarded. An empirical design equation was obtained

from a second order linear regression based on a design of experiments. The numerical results

showed a total recovery of the bending capacity of the repaired samples. The predictions of

the capacity from the proposed equation lies close to the ones obtained through numerical

simulations.

Keywords: Tubular members, damaged structures, structural repair, composite materials,

tubes subjected to bending.

viii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1 Motivação ......................................................................................................................... 2

1.2 Objetivo ............................................................................................................................ 2

1.3 Justificativa ...................................................................................................................... 3

1.4 Revisão bibliográfica ....................................................................................................... 3

1.5 Estrutura do trabalho ...................................................................................................... 7

2 MÉTODOS E MATERIAIS ................................................................................ 9

2.1 Modelo Numérico ............................................................................................................. 9

2.1.1 Modelagem das amostras ................................................................................................................ 9

2.1.2 Materiais ........................................................................................................................................ 12

2.1.2.1 Aço ................................................................................................................................................................. 12

2.1.2.2 Compósito ...................................................................................................................................................... 12

2.1.2.3 Resina ............................................................................................................................................................ 20

2.1.3 Condições de Contorno ................................................................................................................. 22

2.1.4 Malha ............................................................................................................................................. 25

2.2 Casos de Estudo ............................................................................................................. 28

2.2.1 Método de Planejamento Experimental (Design of Experiment – DoE) ....................................... 28

2.2.1.1 Método de Análise de Dados (Response Surface Methodology – RSM)......................................................... 30

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 32

3.1 Tubos intactos (não danificados) .................................................................................. 32

3.2 Tubos danificados sem reparo ...................................................................................... 33

3.3 Tubos reparados ............................................................................................................ 38

3.3.1 Influência da interface adesiva (resina) ......................................................................................... 38

3.3.2 Reparo dos tubos danificados ........................................................................................................ 39

3.3.3 Estimativa da resistência da seção reparada .................................................................................. 48

3.4 Equação de projeto ........................................................................................................ 50

3.4.1 Utilização do RSM e análise variância (ANOVA) ........................................................................ 52

3.4.1.1 Equação do momento fletor dos tubos de aço ................................................................................................ 52

3.4.1.2 Equação do cálculo da espessura do compósito ............................................................................................ 55

4 CONCLUSÕES GERAIS E TRABALHOS FUTUROS ................................ 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 64

ix

ANEXO A – CAPACIDADE DE CARGA DOS MODELOS NUMÉRICOS

REPARADOS COM COMPÓSITO ................................................................................. 70

x

Lista de Figuras

Figura 1: Convés da plataforma Halfdan BB, em operação no Mar do Norte. Fonte: TEKLA

(2013). ....................................................................................................................... 1

Figura 2: Parâmetros geométricos para modelagem das amostras. ...................................... 10

Figura 3: Comprimento da aplicação do material de reparo. ............................................... 11

Figura 4: Curva do aço elástico perfeitamente plástico usado no modelo numérico. .......... 12

Figura 5: Direções principais (1,2,3) da lâmina unidirecional. ............................................ 13

Figura 6: Evolução linear do dano. ....................................................................................... 18

Figura 7: Variável de dano em função do deslocamento equivalente. ................................. 19

Figura 8: Modos de deslocamento da superfície da trinca. Fonte: FARAH (2009). ............ 19

Figura 9: Exemplos de modos de falha de material compósito. Fonte: FARAH (2009). .... 20

Figura 10: Configuração dos materiais (corte transversal na região da perfuração). ........... 21

Figura 11: Deslocamento angular das extremidades do tubo. Fonte: KNUPP (2017). ........ 22

Figura 12: Representação da simetria de um quarto da geometria. ...................................... 22

Figura 13: Simetria das condições de contorno no (a) aço; (b) adesivo; (c) compósito. ...... 23

Figura 14: Restrição TIE entre superfícies: aço e adesivo (esquerda); adesivo e compósito

(direita). ................................................................................................................... 24

Figura 15: Regiões do tubo na representação geométrica completa. ................................... 25

Figura 16: Curva de convergência de malha para geometria com um quarto de simetria. .. 26

Figura 17: Momento em relação ao deslocamento angular para diferentes densidades de

malha. ...................................................................................................................... 26

Figura 18: Estado de tensões para diferentes malhas no instante do carregamento máximo

(ϕ = 60°, D/t = 15). Visualização para a metade da geometria. .............................. 27

Figura 19: Tamanho dos elementos nas arestas da perfuração e das fronteiras (em vermelho)

das regiões (a), (b) e (c), definidas na Figura 15. .................................................... 27

Figura 20: Malha do material compósito. ............................................................................. 28

xi

Figura 21: Comparação entre arranjos experimentais fatorial e OFAT. Fonte: ANDERSON

E WHITCOMB (2015). ........................................................................................... 29

Figura 22: Curva de resistência dos tubos intactos e estado de tensão nos pontos A, B e C.

................................................................................................................................. 32

Figura 23: Tensões normais nos modelos intactos. .............................................................. 32

Figura 24: Curva de capacidade para os tubos D/t 15. ......................................................... 33

Figura 25: Curva de capacidade para os tubos D/t 25. ......................................................... 34

Figura 26: Curva de capacidade para os tubos D/t 35. ......................................................... 35

Figura 27: Perda percentual da resistência em relação ao modelo intacto. .......................... 36

Figura 28: Estado de tensões do modelo ϕ = 15°, D/t = 15 nos pontos A, B e C da Figura 24.

................................................................................................................................. 36

Figura 29: Estado de tensões do modelo ϕ = 60°, D/t = 15, no início da plastificação (a) e (d);

estado intermediário de carregamento (b) e (e); e instante de carregamento máximo

(c) e (f). .................................................................................................................... 37

Figura 30: Estado de tensões do modelo ϕ = 60°, D/t = 35, no início da plastificação (a) e (d);

estado intermediário de carregamento (b) e (e); e instante de carregamento máximo

(c) e (f). .................................................................................................................... 37

Figura 31: Curvas de momento para diferentes espessuras de adesivo, ϕ = 30°, D/t = 25... 38

Figura 32: Curvas dos tubos reparados D/t = 15 .................................................................. 41

Figura 33: Modelo ϕ = 15° / α = 1,0 (a) no ponto de capacidade de carga e (b) no último

ponto da curva. ........................................................................................................ 42

Figura 34: Modelo ϕ = 30° / α = 1,0 nos instantes do (a) pico e (b) dano máximo em todas as

camadas. .................................................................................................................. 42

Figura 35: Estado de dano (compressão na direção 1) para ϕ = 45°, α = 1,0 1,5 e 2,0. ....... 43

Figura 36: Curvas dos tubos reparados D/t = 25. ................................................................. 44

Figura 37: Curvas dos tubos reparados D/t = 35. ................................................................. 46

Figura 38: Estado de tensões do modelo D/t = 35 ϕ = 60°, α = 2,0 (a) antes e (b) depois da

perda de carga. ......................................................................................................... 47

Figura 39: Capacidade de carga dos tubos reparados em relação à condição intacta. Tubos

D/t = 15. ................................................................................................................... 48

xii

Figura 40: Capacidade de carga dos tubos reparados em relação à condição intacta. Tubos

D/t = 25. ................................................................................................................... 49

Figura 41: Capacidade de carga dos tubos reparados em relação à condição intacta. Tubos

D/t = 35. ................................................................................................................... 50

Figura 42: Comparação entre os resultados da equação de projeto e do FEM para o aço. .. 54

Figura 43: Comparação entre os resultados da equação de projeto e do FEM para o

compósito. ............................................................................................................... 57

Figura 44: Superfície de resposta do modelo proposto: a) gráfico de níveis na faixa avaliada,

b) superfície de resposta tridimensional. ................................................................. 58

xiii

Lista de Tabelas

Tabela 1: Condições de contorno no ponto RP-1. ................................................................ 23

Tabela 2: Condições de contorno de simetria. ...................................................................... 24

Tabela 3: Capacidade de carga dos modelos com diferentes densidades de malha. ............ 27

Tabela 4: Matriz de simulações numéricas (DoE-FEM). ..................................................... 31

Tabela 5: Capacidade de carga dos tubos intactos e danificados sem reparo....................... 33

Tabela 6: Equações da reta de resistência a flexão da seção reparada. ................................ 50

Tabela 7: ANOVA considerando todos os parâmetros - Tubos sem reparo. ....................... 52

Tabela 8: Fatores da equação (26) considerando todos os parâmetros – Tubos sem reparo.53

Tabela 9: ANOVA considerando somente parâmetros significativos - Tubos sem reparo. . 53

Tabela 10: Fatores da equação (26) considerando somente parâmetros significativos – Tubos

sem reparo. .............................................................................................................. 54

Tabela 11: ANOVA considerando todos os parâmetros – Compósito. ................................ 55

Tabela 12: Fatores da equação (27) considerando todos os parâmetros – Compósito. ........ 55

Tabela 13: ANOVA considerando somente parâmetros significativos – Compósito. ......... 56

Tabela 14: Fatores da equação (27) considerando somente parâmetros significativos –

Compósito. .............................................................................................................. 56

Tabela 15: Resultados dos ensaios reparados. ...................................................................... 70

1

1 INTRODUÇÃO

A indústria de óleo e gás é altamente competitiva e requer um intensivo e constante

aporte de capital. Com a explotação offshore de petróleo, os desafios de engenharia

demandam aumento de investimentos e diminuição de custos. Na última década, os desafios

econômicos cresceram com a produção de petróleo em águas ultraprofundas e redução do

preço de venda. Este cenário exige soluções menos dispendiosas, fazendo com que a extensão

da vida útil de seus ativos seja preponderante. Em contraste com as condições operacionais

onshore, as atividades offshore encaram condições ambientais muito mais severas, num meio

altamente corrosivo.

O uso de membros tubulares nas unidades offshore é uma prática habitual, constituindo,

a título de exemplo, as estruturas treliçadas das jaquetas, flares, ou mesmo o arcabouço dos

conveses das unidades (Figura 1). A escolha de elementos tubulares, e/ou vigas de perfil

circular, para integrar a estrutura das unidades offshore deve-se à melhor distribuição de

tensões que este tipo de estruturas apresenta na seção transversal em relação a perfis com

outras geometrias (MENDANHA et al., 2007), assim como uma maior rigidez torsional do

que seções abertas (CHEN; TOMA, 1995, p. 1), e o nível baixo de resistência lateral

oferecido para ondas e correntes, se comparado à resistência de outras geometrias (HICKS,

2001, p. 98). Não obstante, a operação continuada das unidades no agressivo ambiente

marinho ocasiona, gradualmente, perfurações nos tubos e consequentemente diminui a

capacidade destas estruturas para resistir aos esforços.

Figura 1: Convés da plataforma Halfdan BB, em operação no Mar do Norte. Fonte: TEKLA (2013).

2

Membros estruturais tubulares de plataformas antigas comumente apresentam danos

originados pela corrosão e, dependendo da sua magnitude, podem significar um risco à

integridade estrutural da unidade. Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de métodos

que permitam avaliar a capacidade das estruturas danificadas, bem como determinar a

necessidade do seu reparo, para fornecer as condições que permitam a continuidade das

operações com o mínimo de interrupções. Estes métodos podem ser desenvolvidos a partir

de uma abordagem na qual estudos, baseados em simulações de modelos numéricos de

estruturas tubulares com perfurações idealizadas, permitem que um modelo de reparo possa

ser proposto. Modelos numéricos são vantajosos frente aos estudos de caráter experimental,

uma vez que representam um menor custo econômico e de tempo, permitindo a avaliação de

uma ampla gama de casos.

1.1 Motivação

O presente estudo foi motivado pela possibilidade de determinação da capacidade de

carga de membros tubulares com danos por perfurações devido a efeitos da corrosão, e a

recomendação de estratégias de reparo para recuperação da capacidade perdida e extensão

da vida útil do membro, uma vez que a constante exposição de estruturas tubulares de aço ao

ambiente marinho, aliado a uma proteção inadequada, podem ocasionar perfurações no corpo

das estruturas, diminuindo sua capacidade de carga e, dependendo da extensão e magnitude

do dano, promover o colapso da estrutura ou da unidade offshore.

1.2 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo principal propor uma equação de projeto que

prescreva a espessura de material compósito necessária para restabelecer a capacidade de

flexão de membros tubulares de aço com danos por perfuração localizada na metade do

comprimento. Serão considerados tubos com razões de diâmetro-espessura (D/t) de 15 a 35,

típicas de membros tubulares encontrados em unidades offshore; ângulo de perfuração (ϕ) de

15° a 60°; aço elástico-perfeitamente plástico; material de reparo de tecido bidirecional de

fibra de carbono e fibra de vidro em resina epóxi; e sujeitos a carregamento de flexão pura.

A intenção é identificar critérios de reparo para as diferentes combinações de esbeltez

transversal, momento fletor, diâmetro da perfuração, e espessura mínima de laminado, que

3

sejam capazes de reestabelecer a capacidade de carga do elemento. Os objetivos secundários

do plano de ação a ser seguido são:

• Desenvolver modelos numéricos para diferentes razões de esbeltez transversal,

momento fletor aplicado, e magnitude do dano por perfuração, assim como a

condição intacta do membro tubular, para avaliar a redução de capacidade em cada

caso;

• Quantificar a recuperação da capacidade de carga dos membros perfurados reparados

com o uso de material compósito;

• Propor uma equação de projeto capaz de orientar a escolha da espessura de laminado

na recuperação da capacidade de carga do elemento tubular à condição intacta,

minimamente.

1.3 Justificativa

O estudo do reparo dos membros tubulares danificados é essencial, pois permite a

extensão da vida útil das estruturas offshore, evitando substituições desnecessárias por meio

do reparo dos membros em estado de degradação. Embora os procedimentos de reparo mais

comuns utilizem soldagem a quente, o reparo a frio com compósito tem como principal

vantagem a ausência de aporte térmico, o que aumenta a segurança e evita alterações nas

propriedades da estrutura reparada.

Deste modo, a justificativa para o desenvolvimento do presente trabalho baseia-se na

possibilidade de extensão da vida útil de membros tubulares de aço que integram a estrutura

das unidades offshore a partir da proposição de critérios para avaliar a capacidade

remanescente destes membros, bem como de uma abordagem de reparo por materiais

compósitos que permita diminuir os tempos de reparo e os riscos à integridade das unidades.

1.4 Revisão bibliográfica

O estudo do comportamento de estruturas tubulares pode ser traçado desde meados do

século XX (ARBOCZ; BABCOCK, 1969; BATTERMAN, 1965), mas são poucos os

trabalhos, na última década, que avaliaram a integridade de elementos tubulares perfurados

4

(NAZARI; KHEDMATI; KHALAJ, 2014; KNUPP, 2017; VAZ et al., 2018; ;

HERNÁNDEZ, 2019; KNUPP; VAZ; CYRINO, 2019; FERNANDEZ et al., 2020).

Adicionalmente, em alguns dos estudos mais antigos, ou a quantidade de experimentos é

reduzida e focada na análise do efeito de imperfeições geométricas (ARBOCZ; BABCOCK,

1969), ou não foram usados modelos numéricos e analíticos (OSTAPENKO; PADULA,

1986), diminuindo a robustez das informações. A capacidade de carga remanescente de tubos

perfurados sob carregamento compressivo axial e de flexão foi avaliada por VAZ et al. (2018)

e HERNÁNDEZ (2019). Para isso, realizaram ensaios experimentais e análises numéricas

em tubos de uma ampla gama de esbeltezes longitudinal e transversal, e diferentes tamanhos

de perfurações circulares. HERNÁNDEZ (2019) propôs uma equação empírica para

quantificar a perda de capacidade de carga em função dos parâmetros geométricos do tubo e

do dano por perfuração. Do mesmo modo, KNUPP (2017) e KNUPP et al. (2019) propuseram

uma expressão analítica para descrever a capacidade remanescente da seção a carregamentos

combinados. O resultado foi bastante semelhante ao relatado por OKADA et al. (2004), em

que um método simplificado para quantificar a resistência de tubos sob carregamento

combinado de flexão e compressão axial foi proposto. O modelo analítico de KNUPP (2017)

foi comparado com simulações numéricas de elementos do tipo viga e do tipo casca por DE

FREITAS (2016), e os resultados numéricos apresentaram uma grande aderência entre si. De

acordo com KNUPP (2017), o motivo da discrepância entre as predições dos modelos,

analítico e numérico, foi a consideração apenas do intervalo elástico do material no modelo

analítico. YEH et al. (1999) investigaram o comportamento de tubos de alumínio intactos e

perfurados sob flexão pura nos intervalos de flambagem e pós-flambagem. Foram realizados

ensaios experimentais e verificações numérico-analíticas baseadas em um código de

elementos finitos. Os resultados analíticos apresentaram um desvio pequeno (maior rigidez)

em relação aos resultados experimentais. Este desvio foi atribuído pelos autores à tração

inicial imposta pela bancada de ensaios sobre as amostras de tubo. Em HAN et al. (2006), os

autores concluíram que membros tubulares apresentam menores momentos de flambagem

com a perfuração na metade do comprimento, e na face que sofre compressão. Esta conclusão

também foi realizada por LEE et al. (2017), em seu estudo sobre aberturas em torres de

turbinas eólicas. A estabilidade de tubos perfurados sujeitos a cargas compressivas também

foi investigada por JULLIEN E LIMAM (1998), concluindo que grandes perfurações

5

governam a carga crítica de flambagem, fazendo com que a relação entre força compressiva

e ângulo da perfuração seja linear, não havendo acoplamento entre imperfeições geométricas

e a força de compressão.

As simulações numéricas têm se tornado importantes nas avaliações estruturais, já que

fornecem agilidade para obtenção de predições e um custo menor se comparado a qualquer

campanha experimental. Há pouco mais de três décadas, ferramentas de elementos finitos

eram consideradas “muito caras e complicadas de serem usadas e, por esse motivo,

dificilmente convenientes para a prática de engenharia” (OSTAPENKO; PADULA, 1986).

Não obstante, o uso de soluções numéricas exige ponderação. HAN et al. (2006), em sua

análise sobre tubos sob compressão axial, realizaram um estudo de sensibilidade no

refinamento da malha para avaliar o erro entre a carga crítica de flambagem na teoria clássica

e a apresentada por um modelo numérico linear, estabelecendo assim o tamanho ideal de

malha para seu modelo. Avaliou-se que a perfuração na metade do comprimento do tubo

minimiza a capacidade compressiva. Em um estudo semelhante TAFRESHI (2002) concluiu

que a carga crítica de flambagem aumenta diretamente com a pressão interna e de modo

inverso à extensão da perfuração. Para capturar os modos de flambagem, a DNV (2013)

orienta um tamanho de elemento de três a seis vezes menor que o comprimento da meia onda

de flambagem. Por exemplo, HERNÁNDEZ (2019) considerou o tamanho mínimo do

elemento como 1% da espessura do tubo na região da perfuração.

A presença de perfuração, em geral, representa o estágio avançado de um processo

gradual de dano químico ou mecânico gerado por impactos, degradações, efeitos ambientais

etc. Assim, alguns estudos buscam medir o comportamento de estruturas tubulares antes que

a perfuração ocorra, avaliando, a influência de danos superficiais ou da redução da espessura

na resistência dos tubos. NAZARI et al. (2014) compararam os resultados da sua modelagem

numérica com os experimentos relatados por HEBOR E RICLES (2002) para carregamento

compressivo de tubos intactos e com espessura reduzida devido a efeitos de uma corrosão.

Em ambos os casos, a aderência dos resultados foi satisfatória. JIAO E ZHAO (2004), por

sua vez, caracterizaram o comportamento de tubos intactos de aço de alta resistência sob

flexão pura, em função da esbeltez transversal. Em outro estudo, ELCHALAKANI et al.

(2002) desenvolveram um método analítico para prever o comportamento de tubos intactos

6

de paredes finas sujeitos a flexão, tomando como base uma formulação de GRZEBIETA

(1990) para tubos sob compressão axial. Os resultados analíticos apresentaram concordância

com os experimentais. A influência da variação assimétrica de espessura na parede dos tubos

foi avaliada por LUTES et al. (2001) quando as estruturas estão submetidas a carregamento

axial compressivo. Os autores determinaram que o caso extremo, de variação da

excentricidade também ao longo do comprimento, representa cargas máximas de flambagem

7 % menores do que as apresentadas pela API RP 2A-LRFD (API, 1993) para membros

simétricos, um indicativo de como as normas apresentam fatores de segurança imoderados.

OSTAPENKO E PADULA (1986), investigaram o desempenho de tubos com mossas

carregados sob carga compressiva axial, enquanto ARBOCZ E BABCOCK (1969)

investigaram, por meio de experimentos e modelos analíticos, a influência de imperfeições

axiais e circunferenciais na capacidade de carga compressiva de tubos intactos de cobre.

Assim como em HERNÁNDEZ (2019) e VAZ et al. (2018), a superfície dos tubos foi

reconstruída tridimensionalmente para mapear as imperfeições. As componentes harmônicas

foram utilizadas para propor um modelo de redução da carga de flambagem. BATTERMAN

(1965) desenvolveu um método analítico para tubos de paredes grossas (D/t < 60), com boa

concordância com os experimentos.

Em relação a pesquisas e trabalhos na literatura que estudam o uso de materiais

compósitos, não foram encontrados trabalhos que tratassem do reparo de estruturas tubulares

sob cargas de flexão, e apenas um estudo (FERNÁNDEZ et al., 2020) avaliou numérica e

experimentalmente o reparo de tubos perfurados para recuperação da capacidade de carga

compressiva, no qual os tubos reparados apresentaram resistências maiores do que os

modelos intactos. São recorrentes, contudo, as investigações sobre o reparo de dutos

pressurizados com materiais compósitos, como MABLESON et al. (2000), que atestou a

viabilidade do reparo com laminados de vidro/epóxi. FELIPPES (2010) também estudou o

reparo de dutos pressurizados, usando compósitos para recuperar, nos modelos danificados,

a rigidez e pressão de falha dos pares intactos. PERRUT (2009) investigou o reparo com fibra

de vidro e carbono em matriz epóxi em tubos perfurados. Nestes últimos dois trabalhos, os

resultados experimentais foram comparados com simulações de elementos finitos,

apresentando boa correlação entre si.

7

Por outro lado, são diversas as investigações empíricas e numéricas dos fenômenos de

dano em compósitos, especialmente os compostos de fibras unidirecionais em matriz

polimérica. Entre os estudos sobre critérios de iniciação e evolução do dano em compósitos,

HASHIN (1980), HASHIN E ROTEM (1973) e LAPCZYK E HURTADO (2007) são

fundamentais para a compreensão do fenômeno neste tipo de material. Outros trabalhos

particularizam o estudo para condições de falha específicas e avaliam a energia liberada no

processo. A análise da falha por delaminação é descrita em FARAH (2009), que avalia a

influência da direção do reforço na taxa de liberação de energia de deformação em

compósitos de fibra de carbono/resina epóxi. Outros trabalhos quantificam tenacidade à

fratura para diversos modos de falha: JOSE et al. (2001) analisaram a falha intralaminar e

propagação de trinca em ensaios de compact tension, quantificando a energia de fratura em

função da direção do material de reforço; já SOUTIS et al. (1993) concluíram que a

microflambagem das fibras governa o modo de falha compressiva no compósito de

carbono/epóxi; PINHO et al. (2006), por sua vez, avaliaram a taxa de liberação de energia

crítica da fibra para os modos de falha de tração e compressão da fibra (intralaminar); ZHI et

al. (2016) estudaram a evolução do dano durante os processos de delaminação matriz/fibra

em compósitos sob tração transversal às fibras.

A capacidade de carga, ou resistência à carga de flexão, dos tubos sem reparo foi

definida de maneiras distintas entre os autores. HERNÁNDEZ (2019) definiu a capacidade

máxima de flexão para a condição na qual a seção média do tubo está completamente

plastificada e, no entorno da perfuração, a deformação do material aumenta

substancialmente. DE FREITAS (2016), por sua vez, se vale do momento máximo no gráfico

momento versus curvatura para estabelecer a capacidade dos tubos intacto e danificados,

assim como YEH et al. (1999) e KNUPP (2017); essa será a consideração do presente

trabalho.

1.5 Estrutura do trabalho

O presente trabalho aborda o estudo de estruturas tubulares com dano por perfuração

resultante de um processo prolongado de corrosão na parede externa da estrutura, bem como

a recuperação de sua capacidade de carga à flexão por meio de um reparo com material

8

compósito na região com dano. Cargas térmicas, de pressão ou hidrostáticas não são

consideradas, sendo contabilizado apenas o carregamento de flexão pura.

O trabalho foi dividido em quatro capítulos:

• O capítulo 1 abarca a introdução, motivação, objetivo, e justificativa da

presente pesquisa, bem como uma revisão da bibliografia referente às

estruturas tubulares com dano.

• O capítulo 2 trata da modelagem numérica do problema, métodos, materiais

e variáveis considerados, e planejamento de simulações.

• O capítulo 3 aborda e discorre sobre os resultados das simulações dos

membros intactos, perfurados e reparados sob carregamento de flexão.

• O capítulo 4 apresenta as conclusões gerais do trabalho, e exibe potenciais

trabalhos que podem derivar do presente estudo.

9

2 MÉTODOS E MATERIAIS

O presente capítulo descreve a criação do modelo numérico baseado em elementos

finitos, as considerações do referido modelo e os casos de estudo avaliados neste trabalho,

bem como os métodos, materiais e parâmetros para definir a capacidade de carga

remanescente de tubos estruturais de aço perfurados sob flexão pura, e a restauração da

capacidade estrutural do tubo perfurado com utilização de material compósito.

Na seção 2.1, serão apresentadas as características geométricas dos modelos e os

motivos que levaram à escolha das dimensões do membro tubular, da localização e extensão

da perfuração, e da espessura do reparo. Adicionalmente, serão indicadas as ferramentas

usadas na geração dos modelos numéricos e apresentadas as propriedades do aço, do material

compósito e da resina usados no modelo, assim como os critérios de iniciação e evolução do

dano considerados no material compósito. Por último, serão discutidas a estratégias de

geração de malha e condições de contorno e simetria usados no modelo numérico.

Na seção 2.2, será apresentado o método de planejamento experimental usado para

definir a matriz de simulações e o modelo estatístico de análise de dados que permitirá a

geração da equação de projeto.

2.1 Modelo Numérico

2.1.1 Modelagem das amostras

Para a modelagem numérica, foi empregado o software comercial de elementos finitos

ABAQUS (SMITH, 2010). Os modelos foram gerados a partir de um meta-modelo numérico

baseado em macros na linguagem Python (ROSSUM; DRAKE, 1995), adaptado de um meta-

modelo desenvolvido previamente por HERNÁNDEZ E FERNÁNDEZ (2019). O meta-

modelo não deve ser compreendido como uma simples ferramenta de variação paramétrica,

já que permite a alteração de outras características no modelo além da geometria, entre elas:

propriedades constitutivas dos materiais; condições de contorno, simetria e propriedades de

contato; densidades de malha e regiões de aplicação; algoritmo de geração de malha;

propriedades relacionadas ao método de solução numérica.

10

As amostras possuem comprimento L e diâmetro externo D fixos. A escolha de

trabalhar com comprimento fixado baseou-se nas conclusões de HERNÁNDEZ (2019, p.

76), que apontam que a influência do comprimento L é desprezível na capacidade de flexão.

Além das dimensões de L e D, outros parâmetros da geometria do tubo são o ângulo ϕ,

que representa o ângulo geratriz da perfuração; t, a espessura do tubo; e tc, a espessura do

laminado que envolve circunferencialmente o tubo na região com dano. O parâmetro α

representa a razão entre as espessuras do laminado, tc,e do tubo de aço, α = tc/t. Ele será usado

como parâmetro adimensional na formulação da equação de projeto. Os parâmetros que

definem a geometria das amostras podem ser vistos na Figura 2.

Figura 2: Parâmetros geométricos para modelagem das amostras.

O diâmetro da perfuração Dfuro é definido pelo ângulo de perfuração ϕ, em que

Dfuro = D sen(ϕ). Como referência, foi usado um membro tubular com L = 5859 mm,

D = 610 mm, e t = 17 mm de espessura para gerar os casos de estudo descritos na seção 2.2.

O tubo de referência compõe a estrutura principal do arcabouço treliçado de uma plataforma

jaqueta. Nos casos reparados, o material de reparo foi aplicado em todo o comprimento

circunferencial do tubo, e longitudinalmente em 400 mm (200 mm em cada direção) além do

diâmetro da perfuração (vide Figura 3).

11

Figura 3: Comprimento da aplicação do material de reparo.

A modelagem do material compósito utilizado para o reparo considerou uma interface

adesiva entre o compósito e o substrato. Esta abordagem foi usada por CHAI (1986) apud

PERRUT (2009), que sugeriu um valor de 0,2 mm a 0,3 mm para a espessura ótima da

camada adesiva para diminuir tensões provenientes da diferença entre os coeficientes de

expansão térmica, além de considerar critérios de falha e dano para contabilizar os efeitos de

descolamento. No presente trabalho, não foi considerada qualquer carga de natureza térmica,

hidrodinâmica ou de pressão, nem foram atribuídos critérios de falha ao adesivo, que foi

modelado como material linear elástico e isotrópico. A seção 3.3.1, compreende os estudos

da influência da interface adesiva nos modelos deste trabalho.

Foram avaliados os modelos com esbeltez transversal D/t de 15, 25, e 35; ângulo de

perfuração ϕ de 0° a 60° com incrementos 15º; e razões de espessura de reparo α de 1,0 a 3,0

com incrementos de 0,5. Os casos danificados sem reparo com material compósito (α = 0)

também foram avaliados para determinar da contribuição do reparo no restabelecimento da

capacidade de carga dos modelos.

Para cada valor de esbeltez transversal D/t, foi simulado o caso intacto não perfurado,

os casos perfurados sem reparo, e os casos perfurados reparados com compósito para

diferentes espessuras de laminado. A perfuração foi localizada na posição que promove maior

redução na capacidade de carga do tubo, ou seja, na face do tubo que sofre compressão (HAN

et al., 2006; YEH et al., 1999).

12

2.1.2 Materiais

2.1.2.1 Aço

A estrutura do tubo considerou como material um aço elástico-perfeitamente plástico,

de propriedades equivalentes ao aço utilizado em FERNÁNDEZ et al. (2020), de módulo de

elasticidade E = 200 GPa, coeficiente de Poisson ν = 0,3 e tensão de escoamento

σy = 350 MPa. O comportamento elástico do material é isotrópico, apresentando o mesmo

módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson em todas as direções. Devido à aplicação

monotônica da carga fletora, o modelo plástico utilizado na simulação também foi isotrópico

(isotropic hardening). A deformação máxima εu considerada foi de 20 %, valor da

deformação da resistência última para diversos tipos de aço, inclusive o API 5L grau-B,

usado como base para os modelos do presente estudo. A Figura 4 apresenta a curva tensão-

deformação do material usado no modelo numérico para a estrutura tubular de aço.

Figura 4: Curva do aço elástico perfeitamente plástico usado no modelo numérico.

2.1.2.2 Compósito

Os compósitos são materiais formados pela união de dois ou mais componentes de

diferentes propriedades químicas e físicas, combinados em unidade estrutural a nível

macroscópico. Dessa maneira, as ligas metálicas não são consideradas compósitos, já que a

unidade estrutural ocorre no nível microscópico. No outro sentido, materiais como madeira,

composto de fibra de carbono, ou mesmo os ossos de mamíferos, são formados por materiais

em diferentes fases, combinando as características estruturais dos seus componentes

13

(GIBSON, 1994, p. 2). Em geral, os materiais compósitos mais utilizados na indústria

estruturam-se em duas fases: a matriz, a fase contínua; e o reforço, a fase dispersa. Suas

propriedades são descritas em função da direção da fibra, e apresentam comportamento linear

elástico até a falha (GIBSON, 1994, p. 94).

Para realizar o reparo, foi usado material compósito do tipo FRP (fibre reinforced

plastic) de matriz epóxi reforçado com tecido contínuo bidirecional de fibra de carbono na

direção da urdidura e fibra de vidro na direção da trama. Por convenção, as direções em um

material compósito referem-se às direções de reforço (vide Figura 5): direção 1, longitudinal

às fibras principais do reforço; a direção 2, transversal às fibras principais, no plano da

lâmina; direção 3, na direção de empilhamento do laminado. No presente trabalho, as

direções 1 e 2 representam, respectivamente, as direções da fibra de carbono e da fibra de

vidro. As propriedades do compósito utilizado foram obtidas por ensaio de tração a uma

temperatura de 127 ° Celsius (FERNÁNDEZ et al., 2020), uma vez que o material poderá

será usado no reparo de estruturas tubulares de flares em plataformas. As propriedades da

lâmina são E1 = 38 GPa, E2 = 6,47 GPa, ν12 = 0,44, G12 = G23 = 4,7 GPa, e G13 = 6,3 GPa.

Figura 5: Direções principais (1,2,3) da lâmina unidirecional.

2.1.2.2.1 Critério de Iniciação do Dano

O critério de iniciação de dano usado para o material compósito foi o critério de Hashin

(HASHIN; ROTEM, 1973; HASHIN, 1980; SMITH, 2010). No ABAQUS, seu uso é restrito

a elementos com formulação de estado plano de tensões (casca, casca contínua e elementos

de membrana) em compósitos reforçados com fibras que apresentam comportamento linear

elástico até a falha. Este critério estabelece o início da degradação do material compósito

14

com base em quatro parâmetros os quais dependem da tensão e dos limites de resistência do

material. Os parâmetros variam de zero à unidade, ou maior, se nenhum critério de evolução

de dano for definido, indicando o início da falha do elemento assim que o valor de 1 é

atingido. Embora tenha sido originalmente proposto para o uso em tecidos unidirecionais, o

critério de Hashin mostrou-se representativo na previsão numérica da iniciação do dano para

tecidos tramados bidirecionais, em comparação com resultados experimentais (LIN et al.,

1995; WARREN et al., 2016; ZHOU et al., 2012). Os quatro parâmetros para os modos de

falha de tração e compressão das direções 1 e 2 são expressos nas equações (1) a (4):

𝐹𝑓𝑡 = (

�̂�11

𝑋𝑇 )

2

+ 𝛽 (�̂�12

𝑆𝐿 )

2

(1)

𝐹𝑓𝑐 = (

�̂�11

𝑋𝐶 )

2

(2)

𝐹𝑚𝑡 = (

�̂�22

𝑌𝑇)2

+ (�̂�12

𝑆𝐿 )2

(3)

𝐹𝑚𝑐 = (

�̂�22

2𝑆𝑇)2

+ [(𝑌𝐶

2𝑆𝑇)

2

− 1]�̂�22

𝑌𝐶+ (

�̂�12

𝑆𝐿 )2

(4)

Em que:

𝐹𝑓𝑡 é o critério de iniciação de dano para tração na direção 1 para �̂�11 ≥ 0;

𝐹𝑓𝑐 é o critério de iniciação de dano para compressão na direção 1 para �̂�22 ≤ 0;

𝐹𝑚𝑡 é o critério de iniciação de dano para tração na direção 2 para �̂�22 ≥ 0;

𝐹𝑚𝑐 é o critério de iniciação de dano para compressão na direção 2 para �̂�22 ≤ 0;

𝑋𝑇 é a resistência da lâmina à tração na direção 1;

15

𝑋𝐶 é a resistência da lâmina à compressão na direção 1;

𝑌𝑇 é a resistência da lâmina à tração na direção 2;

𝑌𝐶 é a resistência da lâmina à compressão na direção 2;

𝑆𝐿 é a resistência ao cisalhamento no sentido da direção 1;

𝑆𝑇 é a resistência ao cisalhamento na direção 2;

𝛽 é o coeficiente que determina a contribuição da tensão cisalhante para o critério de

iniciação de dano na fibra sendo tracionada. Para o estudo, foi utilizado o valor de 1;

�̂�11, �̂�22, �̂�12 são as componentes do tensor de tensões efetiva �̂� = 𝑀𝜎;

𝑀 é operador de dano:

𝑀 =

[

1

(1 − 𝑑𝑓)0 0

01

(1 − 𝑑𝑚)0

0 01

(1 − 𝑑𝑠)]

(5)

As variáveis de dano df, dm e ds serão abordadas na seção 2.1.2.2.2.

Os limites de resistência do material compósito usado no reparo foram XT = 256 MPa,

XC = 153 MPa, YT = 132 MPa, YC = 161 MPa, SL = 67 MPa e ST = 48 MPa (FERNÁNDEZ

et al., 2020).

2.1.2.2.2 Critério de Evolução do Dano

O modelo de evolução de dano é utilizado para contabilizar a progressiva diminuição

da resistência do material após o critério de falha atingir o valor de 1. O critério estabelece o

progresso do dano por meio do amolecimento do material e da diminuição de sua rigidez.

Antes da iniciação do dano, a resposta do material na forma matricial é:

16

{𝜎} = [𝐶]{휀} (6)

onde [C] é a matriz de rigidez e { é o vetor deformação. Após a iniciação do dano, a relação

é:

{𝜎} = [𝐶𝑑{휀} (7)

onde [Cd] é a matriz de rigidez danificada.

[𝐶𝑑] =1

∆[

(1 − 𝑑𝑓)𝐸1 (1 − 𝑑𝑓)(1 − 𝑑𝑚)𝜈21𝐸1 0

(1 − 𝑑𝑓)(1 − 𝑑𝑚)𝜈12𝐸2 (1 − 𝑑𝑚)𝐸2 0

0 0 (1 − 𝑑𝑠)𝐺∆

] (8)

onde E1, E2, ν12, ν21 e G representam, respectivamente, os módulos de elasticidade,

coeficientes de Poisson e módulo de cisalhamento do material e Δ = 1 – (1 – df)(1 – dm)ν12ν21.

As variáveis de dano df, dm e ds caracterizam respectivamente os danos da fibra, matriz

e o dano de cisalhamento; e derivam das variáveis de dano 𝑑𝑓𝑡 , 𝑑𝑓

𝑐, 𝑑𝑚𝑡 e 𝑑𝑚

𝑐 relacionadas aos

quatro modos de falha discutidos no seção 2.1.2.2.1. A relação entre as variáveis é:

𝑑𝑓 = {𝑑𝑓

𝑡 se �̂�11 ≥ 0

𝑑𝑓𝑐 em outro caso

(9)

𝑑𝑚 = {𝑑𝑚

𝑡 se �̂�22 ≥ 0

𝑑𝑚𝑐 em outro caso

(10)

𝑑𝑓 = 1 − (1 − 𝑑𝑓𝑡)(1 − 𝑑𝑓

𝑐)(1 − 𝑑𝑚𝑡 )(1 − 𝑑𝑚

𝑐 ) (11)

Para evitar que os resultados durante o amolecimento do material dependam da malha,

um comprimento característico (𝐿𝑐 ) foi introduzido na formulação para que a equação

17

constitutiva do material compósito seja expressa em uma relação de tensão equivalente e

deslocamento equivalente (LAPCZYK; HURTADO, 2007; SMITH, 2010), como ilustrado

na Figura 6 e na Figura 7. Para cada um dos quatro modos de falha, a tensão e deslocamento

equivalentes são expressos da seguinte forma:

Para tração na direção longitudinal (휀11 e σ̂11 ≥ 0):

𝛿𝑒𝑞𝑓𝑡

= 𝐿𝑐√휀112 + 𝛽휀12

2 (12)

𝜎𝑒𝑞𝑓𝑡

=𝜎11휀11 + 𝛽𝜏12휀12

𝛿𝑒𝑞𝑓𝑡

𝐿𝑐⁄ (13)

Para compressão na direção longitudinal (휀11 e 𝜎11 ≤ 0):

𝛿𝑒𝑞𝑓𝑐

= 𝐿𝑐(−휀11) (14)

𝜎𝑒𝑞𝑓𝑐

=(−𝜎11)(−휀11)

𝛿𝑒𝑞𝑓𝑐

𝐿𝑐⁄ (15)

Para tração na direção transversal (휀22 e σ̂22 ≥ 0):

𝛿𝑒𝑞𝑚𝑡 = 𝐿𝑐√휀22

2 + 휀122 (16)

𝜎𝑒𝑞𝑚𝑡 =

𝜎22휀22 + 𝜏12휀12

𝛿𝑒𝑞𝑚𝑡 𝐿𝑐⁄

(17)

Para compressão na direção transversal (휀22 e σ̂22 ≤ 0):

18

𝛿𝑒𝑞𝑚𝑐 = 𝐿𝑐√휀22

2 + 휀122 (18)

𝜎𝑒𝑞𝑚𝑐 =

(−𝜎22)(−휀22) + 𝜏12휀12

𝛿𝑒𝑞𝑚𝑐 𝐿𝑐⁄

(19)

O símbolo Lc representa o comprimento característico do elemento finito. Sua função

é aliviar a influência do tamanho dos elementos da malha nos resultados de deformação do

material durante a evolução do dano e propagação da trinca. Diversos autores propuseram

diferentes métodos para o cálculo da variável (LAPCZYK; HURTADO, 2007). No

ABAQUS, o comprimento característico Lc é calculado automaticamente para cada elemento

levando em consideração a geometria e a ordem de cada elemento da malha. Após o início

do dano, 𝛿𝑒𝑞 ≥ 𝛿𝑒𝑞0 , a variável de dano para cada um dos modos de falha é:

𝑑 =𝛿𝑒𝑞

𝑓(𝛿𝑒𝑞 − 𝛿𝑒𝑞

0 )

𝛿𝑒𝑞(𝛿𝑒𝑞𝑓

− 𝛿𝑒𝑞0 )

(20)

Figura 6: Evolução linear do dano.

19

Figura 7: Variável de dano em função do deslocamento equivalente.

O valor de 𝛿𝑒𝑞0 , para cada modo de falha, depende da rigidez e limite de resistência do

compósito. Para 𝛿𝑒𝑞𝑓

, o valor deriva da taxa de liberação de energia crítica, 𝐺𝐶, representada

pela área do gráfico na Figura 6. A taxa de liberação de energia crítica é obtida

experimentalmente e depende do modo de falha avaliado.

Os modos de falha em compósitos podem ser classificados, de maneira geral, em

fratura interlaminar ou fratura intralaminar. A fratura interlaminar normalmente ocorre na

forma de delaminação. É o modo de falha mais estudado na literatura, com métodos de

avaliação e ensaios consolidados, como o double-cantilever beam (DCB) para modo I, e end-

notched flexure test (ENF) para o modo II de deslocamento de superfície da trinca (JOSE et

al., 2001), representados na Figura 8.

Figura 8: Modos de deslocamento da superfície da trinca. Fonte: FARAH (2009).

Por sua vez, a fratura intralaminar pode ocorrer com a trinca propagando-se

paralelamente às fibras na direção da espessura, com o rompimento das fibras ou fratura da

matriz quando sujeitas a tração ou compressão. Os corpos de prova do tipo compact tension

20

são usados para avaliar o crescimento de trinca e a energia de fratura da fibra sob tração

(JOSE et al., 2001), enquanto ensaios de compressão são usados no cálculo da energia de

fratura de modos de falha da fibra sob compressão (SHI et al., 2012). Os processos de falha

que envolvem quebra da fibra, seja por tração ou compressão, consomem uma quantidade de

energia muito maior do que os modos de falha que envolvem matriz ou interação matriz-fibra

(descolamento) (PINHO et al., 2006). A Figura 9 apresenta alguns exemplos de modos de

falha.

Figura 9: Exemplos de modos de falha de material compósito. Fonte: FARAH (2009).

As energias de fratura do compósito usado neste trabalho foram obtidas avaliando os

modos de falha de tração e compressão para a fibra, e seus valores para os respectivos modos

de falha são GftC = 10,94 N/mm e Gfc

C = 7,02 N/mm para a direção 1, e GmtC = 17,65 N/mm

e GmcC = 11,44 N/mm para a direção 2.

2.1.2.3 Resina

Polímeros são os materiais mais usados como matriz nos compósitos (GIBSON, 1994).

São classificados em dois grandes grupos: termoplásticos e termorrígidos (ou termofixos).

Os termoplásticos, comumente representados pelas famílias das poli-imidas (PI),

polissulfonas (PSU) e polieteterecetonas (PEEK), apresentam boa resistência ao impacto,

baixa inflamabilidade, baixa absorção de umidade e possibilidade de reprocessamento. Os

polímeros termorrígidos (epóxi, poliéster, resinas fenólicas) são os mais utilizados nos

materiais compósitos. Diferente dos termoplásticos, os termorrígidos apresentam fortes

ligações intermoleculares cruzadas que não enfraquecem a altas temperaturas, além de serem

21

extremamente duráveis, resistentes, e, no caso do epóxi, apresentarem baixa absorção de água

(GIBSON, 1994; SANTANA, 2010).

O uso de materiais termorrígidos é dominante nas indústrias náutica e aeroespacial.

Contudo, nas três últimas décadas, termoplásticos mais avançados têm ganhado mais espaço

no setor aéreo devido à excelente resistência ao dano a altas temperaturas e, a nível industrial,

à facilidade de processamento. A resina epóxi usada no compósito desse trabalho já compõe

as propriedades do material descritas na seção 2.1.2.2. Contudo, também foi considerado,

nos modelos numéricos, a presença de uma interface adesiva contendo apenas as

propriedades da resina. Essa interface une o laminado ao tubo de aço, como ilustrado na

Figura 10.

Figura 10: Configuração dos materiais (corte transversal na região da perfuração).

A estratégia de usar uma interface de resina é semelhante ao usado por PERRUT

(2009), que avaliou a delaminação que poderia ocorrer entre o substrato e o reparo. Neste

trabalho, não foi considerado qualquer critério de falha da interface. A resina foi modelada

como material linear elástico isotrópico. O material usado na interface adesiva é uma resina

epóxi de módulo de elasticidade E = 1,42 GPa, coeficiente de Poisson ν = 0,377 e tensão

última de cisalhamento SR = 20,4 MPa (FERNÁNDEZ et al., 2020). Os ensaios de

caracterização foram feitos a temperatura de 127 °C, uma vez que os tubos reparados podem

compor a estrutura de flares de plataformas de petróleo.

22

2.1.3 Condições de Contorno

As condições de contorno consideradas descrevem a imposição de flexão pura por meio

de deslocamentos angulares incrementais. Esta rotação impõe um momento fletor puro, como

pode ser visto na Figura 11 (vide KNUPP, 2017; DE FREITAS, 2016).

Figura 11: Deslocamento angular das extremidades do tubo. Fonte: KNUPP (2017).

O deslocamento angular foi aplicado no ponto RP-1 (vide Figura 12a), o qual possui

uma restrição de corpo rígido (rigid body) entre o contorno da extremidade do tubo. Esta

restrição estabelece uma relação entre o ponto e os elementos do contorno, transmitindo

movimentos de translação ou rotação do ponto RP-1 para o conjunto de nós do contorno

associado. O ponto RP-1 coincide com o centroide da seção transversal intacta do tubo.

Figura 12: Representação da simetria de um quarto da geometria.

Conforme o carregamento de flexão é incrementado (momento MX na Figura 12a), a

deflexão do membro tubular aumenta, transmitindo o carregamento para o adesivo e para o

23

compósito (realçados em vermelho respectivamente na Figura 12b e Figura 12c). As

condições de contorno devem permitir que o ponto RP-1 se aproxime do centro da viga; neste

sentido, o ponto de referência RP-1 foi mantido livre para se deslocar em Z (U3 livre). A

Tabela 1 resume as condições de contorno no ponto RP-1.

Tabela 1: Condições de contorno no ponto RP-1. Grau de Liberdade RP-1

U1 Fixo

U2 Fixo

U3 Livre

UR1 60 ° (tubos intactos) e 10 ° (demais tubos)

UR2 Fixo

UR3 Fixo

Também foram aplicadas condições de contorno de simetria, que permite o uso do

modelo de um quarto da geometria do tubo completo. A solução reduz o número de

elementos, economizando tempo computacional. A simetria foi aplicada nas arestas que

representam a interseção da geometria com cada um dos planos de simetria XY e YZ. As

condições de simetria podem ser vistas nas Figura 13a, b e c para as geometrias do tubo de

aço, adesivo e compósito, respectivamente. As restrições para as simetrias longitudinal e

transversal podem ser vistas na Tabela 2.

Figura 13: Simetria das condições de contorno no (a) aço; (b) adesivo; (c) compósito.

24

Tabela 2: Condições de contorno de simetria. Grau de Liberdade Simetria transversal Simetria longitudinal

U1 Fixo Livre

U2 Livre Livre

U3 Livre Fixo

UR1 Livre Fixo

UR2 Fixo Fixo

UR3 Fixo Livre

As definições de contato entre as superfícies do compósito, adesivo e aço consideraram

restrições do tipo tie para um contato de superfície-para-superfície (surface-to-surface). Este

tipo de restrição transmite os movimentos de rotação e de translação do domínio

independente (superfície master) para o domínio dependente (superfície slave) dentro do

modelo. Assim, a superfície do tubo de aço transmite as cargas da flexão e as reações da

simetria à superfície do adesivo que, de igual modo, transmite à superfície do compósito. Na

Figura 14, é possível ver os domínios mencionados: master surface, em vermelho, e slave

surface, em rosa.

Figura 14: Restrição TIE entre superfícies: aço e adesivo (esquerda); adesivo e compósito (direita).

No geral, foram definidos dois estágios para as simulações: “Initial” e “Step-1”, o

primeiro para definição das condições de contorno e propriedades iniciais dos modelos, e o

último para aplicação do carregamento, herdando todas as propriedades definidas durante o

primeiro estágio. Todos os modelos consideraram não linearidade geométrica (NLGEOM)

para consideração de grandes deslocamentos e alterações da matriz de rigidez por

deformações elevadas. Os passos de tempo inicial e máximo foram 0,001 e 1,0,

respectivamente, com passo de tempo variável.

25

2.1.4 Malha

A malha do membro tubular, do adesivo e do compósito são formadas por elementos

quadrilaterais de integração reduzida do tipo casca S4R. No tubo de aço, para permitir uma

transição entre regiões da malha com diferentes níveis de refinamento, a geometria foi

dividida em três partes (Figura 15): a região central (a), equivalente à região de reparo, de

comprimento igual ao diâmetro da perfuração mais 400 mm; as regiões de transição (b), de

comprimento equivalente ao diâmetro externo do tubo; e regiões (c), que correspondem às

extremidades do tubo.

Figura 15: Regiões do tubo na representação geométrica completa.

Na Figura 15, a malha na região (a) assume uma distribuição não estruturada (livre)

para facilitar o mapeamento dos contornos que integram a perfuração. A região (b) faz a

transição da malha de uma região com densidade de elementos elevada (perto da perfuração)

para uma de menor refinamento. A malha desta região também possui uma distribuição livre

dos seus elementos. Em ambas as regiões, (a) e (b), foi usado o algoritmo para automação do

processo de geração de malha advancing front, o que permitiu a geração de elementos de

dimensões quase-proporcionais nas transições. Na região (c), foi aplicada uma malha

estruturada. A malha no adesivo seguiu a mesma distribuição de densidade de elementos que

a região de aço unida ao adesivo.

Para definir a quantidade mínima de elementos necessários na malha dos modelos, foi

realizado um estudo de convergência para identificar o nível de erro nas predições numéricas

com relação a um modelo com a maior densidade de elementos possível. Assim, foram

comparadas diferentes densidades de malha para o modelo de membro tubular perfurado com

26

dano ϕ = 60° e D/t = 15. Assim, com uma densidade 1755 elementos (referente a um quarto

da geometria total), a malha P5 foi escolhida por apresentar um erro de 0,16% para o

momento fletor máximo (vide Figura 16). Esta densidade de elementos na malha demonstrou

uma boa correlação com a curva de momento fletor obtida das predições do modelo com a

maior densidade de malha (vide Figura 17).

Figura 16: Curva de convergência de malha para geometria com um quarto de simetria.

Figura 17: Momento em relação ao deslocamento angular para diferentes densidades de malha.

Todas as simulações consideraram simetria nos planos ortogonais XY e ZY na metade

do comprimento, o que permitiu uma importante economia no esforço computacional e

tempo de resolução numérica. Foram comparados a densidade de malha e momento fletor

máximo suportado (vide Tabela 3).

27

Tabela 3: Capacidade de carga dos modelos com diferentes densidades de malha.

Modelo Total de

elementos*

Porcentagem de

elementos por região

(a), (b) e (c) [%]

Capacidade de

carga [kN.m]

Tempo de

simulação [s] Erro [%]

P1 57652 84; 11; 5 1733,3 1795 -

P2 28156 78; 12; 10 1733,3 784 0,00

P3 7610 68; 19; 13 1733,9 122 0,03

P4 3560 60; 21; 19 1734,8 62 0,08

P5 1755 43; 19; 38 1736,1 53 0,16

P6 475 38; 22; 40 1749,0 38 0,90

P7 205 44; 21; 35 1762,8 14 1,65

P8 54 41; 15; 44 1782,2 1 2,82

* Considerando ¼ de geometria

A Figura 18 apresenta o estado de tensões de von Mises quando atingido o

carregamento máximo em cada um dos modelos.

Figura 18: Estado de tensões para diferentes malhas no instante do carregamento máximo (ϕ = 60°,

D/t = 15). Visualização para a metade da geometria.

A partir da malha selecionada, foi determinado um tamanho máximo de elemento de

13 mm na região perto da perfuração, um tamanho máximo de 35 mm foi definido na região

(b), e um tamanho máximo de 50 mm na extremidade da região (c), conforme Figura 19.

Figura 19: Tamanho dos elementos nas arestas da perfuração e das fronteiras (em vermelho) das regiões (a),

(b) e (c), definidas na Figura 15.

28

No material compósito, foi considerada uma distribuição estruturada dos elementos.

Adicionalmente, foi empregado um tamanho de elemento igual a 12 mm, sendo este menor

do que o menor elemento das superfícies do aço e do adesivo. Conforme o manual do usuário

do software ABAQUS (SMITH, 2010), quando usado o contato surface-to-surface tie

constraint, a superfície master deve ter malha menos refinada que a superfície slave.

Figura 20: Malha do material compósito.

2.2 Casos de Estudo

2.2.1 Método de Planejamento Experimental (Design of Experiment – DoE)

O planejamento de experimentos (Design of Experiments ou DoE) é uma metodologia

importante e eficiente na redução da quantidade de ensaios necessários para caracterizar

algum fenômeno ou evento de interesse. Ela consiste na elaboração de um plano com

mudanças sistemáticas nos dados de entrada ou variáveis de uma série de simulações para

observar as contribuições e/ou efeitos correspondentes nos resultados. Em outras palavras, é

a variação paramétrica planejada de um modelo para identificar fatores significativos no

experimento, reduzir a quantidade necessária de experimentos e determinar os efeitos dos

fatores, ou interação entre fatores, na resposta das amostras (HERNÁNDEZ et al., 2018;

REKAB; SHAIKH, 2005).

Um dos objetivos da implementação do DoE é a aquisição e/ou geração eficiente de

dados em um processo sistemático e aplicado a todas as variáveis relevantes ao problema de

estudo. Assim, o DoE representa um modo eficaz e econômico no estudo dos experimentos

(REKAB; SHAIKH, 2005). Adicionalmente, o DoE também permite a geração de modelos

empíricos a partir dos dados de entrada e dos resultados obtidos. Neste trabalho, os casos de

estudo foram definidos considerando-se um arranjo fatorial completo, comumente usados em

29

experimentos com múltiplos fatores, e usualmente referido como uma enumeração de todas

as combinações entre os fatores (MONTGOMERY, 2017 apud HERNÁNDEZ et al., 2018).

A estratégia permite a análise de diversos fatores simultaneamente e demanda um menor

número de experimentos na matriz de ensaios se comparado ao planejamento experimental

em que um fator é fixado enquanto os outros são variados (One Factor at a Time, ou OFAT)

(ANDERSON; WHITCOMB, 2015, cap. 3).

A Figura 21 ilustra a principal diferença entre os arranjos experimentais fatorial e

OFAT. Para um conjunto de experimentos que envolvem dois fatores, e considerando valores

extremos (high e low, como mostra a Figura 21) para cada fator, a matriz de ensaios do

arranjo fatorial contém quatro experimentos, enquanto a OFAT contém seis. A vantagem do

arranjo fatorial fica mais evidente quando o número de fatores aumenta: para um experimento

com fatores A, B e C, o arranjo fatorial requer oito simulações enquanto o OFAT pede

dezesseis. Segundo ANDERSON E WHITCOMB (2015), além da quantidade reduzida de

experimentos/simulações, o arranjo fatorial é representativo para uma área mais ampla do

espaço amostral, além de revelar as interações entre fatores, essencial para a compreensão do

processo analisado. O emprego de grandezas adimensionais é outra estratégia para reduzir o

número de casos testados. Seu uso é recorrente na literatura (ELCHALAKANI et al., 2002;

HAN et al., 2006; HEBOR; RICLES, 2002; HERNÁNDEZ et al., 2018; YEH et al., 1999),

pois reduz a quantidade de experimentos da matriz de ensaios e amplia a aplicabilidade dos

resultados (HERNÁNDEZ et al., 2018).

Figura 21: Comparação entre arranjos experimentais fatorial e OFAT.

Fonte: ANDERSON E WHITCOMB (2015).

30

Como mencionado na seção 2.1.1, a esbeltez longitudinal L/D não influencia ensaios

governados por flexão pura. Assim, preliminarmente, as variáveis dimensionais consideradas

foram o diâmetro (D), a espessura do tubo (t), o ângulo geratriz da perfuração (ϕ) e a

espessura de reparo (tc).

O próximo passo foi definir as variáveis adimensionais: o ângulo geratriz da perfuração

ϕ; a razão D/t, e a relação 𝛼 = tc/t, que permite a variação da espessura de reparo atrelada à

espessura do aço, reduzindo a quantidade de possíveis espessuras do compósito e

consequente redução do número de ensaios.

2.2.1.1 Método de Análise de Dados (Response Surface Methodology – RSM)

Os resultados serão analisados seguindo o Método da Superfície de Resposta (Response

Surface Methodology ou RSM). Trata-se de conjunto de técnicas estatísticas usadas para

definir a influência de variáveis independentes, puras ou combinadas, na resposta de um

modelo paramétrico quadrático. Adicionalmente, o método gera um modelo matemático,

sendo bastante útil para processos preditivos ou de otimização (BAŞ; BOYACI, 2007). O

RSM possui diversas vantagens frente aos métodos clássicos, pois extrai grande quantidade

de informação de um pequeno número de experimentos, comumente desenhados por um DoE

bem planejado. Em outras palavras, o RSM é a ferramenta estatística que avalia as interações

dos parâmetros independentes desenhados pelo DoE. Por esse motivo, o método é

amplamente usado nos campos de estudo da química e bioquímica por permitir a

identificação da importância, insignificância ou interações entre substâncias em variados

processos e requerendo um número reduzido de ensaios. Algumas circunstâncias, porém,

mostram-se desvantajosas para o uso do RSM. Pode-se citar como exemplo a modelagem de

processos para os quais a descrição por equações lineares de segunda ordem é imprecisa, ou

mesmo a resposta para valores extremos dos parâmetros (BAŞ E BOYACI, 2007).

No RSM, a relação entre a resposta e as variáveis independentes é dada pela equação

η = f(𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛) + 휀 (21)

31

onde η é a resposta, f é uma função desconhecida da resposta, 𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛 são as variáveis

independentes e ε é o erro na predição da resposta.

De maneira geral, o modelo para implementação do RSM é uma equação linear de

segunda ordem, considerando interações binárias entre os fatores descrita pela equação (22),

𝑦 = 𝛽0 + ∑𝛽𝑗𝑋𝑗

𝑘

𝑗=1

+ ∑𝛽𝑗𝑗𝑋𝑗𝑗

𝑘

𝑗=1

+ ∑∑𝛽𝑖𝑗𝑋𝑖𝑋𝑗

𝑖<𝑗

+ 휀 (22)

onde 𝛽0 , 𝛽𝑗 , 𝛽𝑗𝑗 e 𝛽𝑖𝑗 são coeficientes de regressão relacionados, respectivamente: à

interceptação com o eixo; aos efeitos lineares; aos efeitos quadráticos; e aos efeitos de

interação binários entre os fatores. Os símbolos 𝑋𝑖 e 𝑋𝑗 indicam as variáveis independentes

relacionadas com cada um dos fatores envolvidos. O remanescente 휀 é o erro estatístico que

representa outras fontes de variação não consideradas pela função quadrática. Corresponde

também à diferença entre o valor 𝑦 observado e o �̂� inferido pelo modelo de aderência.

Assim, a equação (22) pode ser descrita de modo matricial como indicado na equação (23).

[ 𝑦1

𝑦2

..

.𝑦𝑛]

=

[ 1 𝑋11 𝑋12

1 𝑋21 𝑋22

. . .

. . 𝑋1𝑘

. . 𝑋2𝑘

. . .. . .. . .1 𝑋𝑛1 𝑋𝑛2

. . .

. . .

. . 𝑋𝑛𝑘]

[ 𝛽0

𝛽1

..

.𝛽𝑘]

+

[ 휀1

휀2

..

.휀𝑛]

(23)

Na Tabela 4, pode-se consultar a matriz de ensaios a serem simulados.

Tabela 4: Matriz de simulações numéricas (DoE-FEM).

Modelo

Esbeltez

transversal

(D/t) [-]

Meio ângulo da

perfuração (ϕ)

[graus]

Espessura do

reparo

(α) [-]

Quantidade de

modelos

Intacto

15

0

- 1

25 - 1

35 - 1

Danificado

15

15; 30; 45; 60

- 4

25 - 4

35 - 4

Reparado

15

15; 30; 45; 60 1,0; 1,5; 2,0, 2,5, 3,0

20

25 20

35 20

Total: 75

32

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Tubos intactos (não danificados)

Os gráficos de momento fletor com relação ao deslocamento angular para modelos de

tubos intactos e o estado de tensões quando o momento é máximo são apresentados na Figura

22.

Figura 22: Curva de resistência dos tubos intactos e estado de tensão nos pontos A, B e C.

Da Figura 22, é possível observar que os momentos máximos ocorrem nos

deslocamentos angulares de 4º, 6° e 8°, respectivamente para os tubos com D/t = 35, 25 e 15.

A extensão em cinza no estado de tensões representa a região onde σ ≥ σy.

As tensões normais podem ser vistas na Figura 23. A distribuição de tensões é coerente

com uma viga sob flexão pura, na qual as regiões de tração (em vermelho) e compressão (em

azul) estão simetricamente distribuídas em torno da linha neutra (em verde). As figuras A, B

e C representam os pontos evidenciados na Figura 22.

Figura 23: Tensões normais nos modelos intactos.

33

3.2 Tubos danificados sem reparo

As curvas de momento fletor e deslocamento angular para os modelos de tubo com

dano, e uma comparação com o estado intacto, são mostradas na Tabela 5, e na Figura 24,

Figura 25 e Figura 26. Os tubos danificados apresentaram uma redução acentuada da

capacidade de carga quando comparados à condição intacta

Tabela 5: Capacidade de carga dos tubos intactos e danificados sem reparo.

Esbeltez transversal

(D/t) [-]

Meio ângulo da perfuração

(ϕ) [°]

Momento máximo

[kN.m]

Capacidade de carga

remanescente (em relação à condição intacta)

15

0 4578 -

15 4063 88,8 %

30 3281 71,7 %

45 2502 54,7 %

60 1736 37,9 %

0 2886 -

15 2498 86,6 %

25 30 2001 69,3 %

45 1528 52,9 %

60 1094 37,9 %

0 2099 -

15 1748 83,3 %

35 30 1383 65,9 %

45 1050 50,0 %

60 760 36,2 %

Figura 24: Curva de capacidade para os tubos D/t 15.

Na Figura 24, pode-se observar que o modelo intacto D/t = 15 atingiu o momento

máximo a 8° de deslocamento angular, enquanto no modelo com dano ϕ = 15°, o ângulo do

instante de momento máximo caiu mais de três vezes. Em todos os modelos, à medida que o

34

deslocamento aumentou, a perda de capacidade evoluiu de forma pouco acentuada, mesmo

nos modelos com maiores danos.

De modo geral, pode-se caracterizar o comportamento dos tubos perfurados com três

fases durante o carregamento. A primeira fase (A) compreende a primeira ocorrência da

plastificação e localiza-se no início da curva de carregamento; a segunda (B) fase é ponto

máximo da curva, ou seja, a resistência a flexão do membro; a terceira etapa (C) equivale ao

ponto em que a deformação de 20% é atingida. Na ausência de critérios de falha para o aço,

é razoável que se considerem os resultados até o ponto de resistência última, antes da região

de necking.

Figura 25: Curva de capacidade para os tubos D/t 25.

O comportamento dos gráficos de carga dos modelos D/t = 25, na Figura 25, foram

semelhantes aos D/t = 15. Nos modelos danificados, os deslocamentos angulares do pico da

curva foram de três a quatro vezes menores que o deslocamento do modelo intacto, 6,1 °. Em

todos os modelos, o comportamento da curva de carga ocorreu de forma mais acentuada do

que nos casos com D/t = 15.

35

Figura 26: Curva de capacidade para os tubos D/t 35.

Os gráficos dos modelos D/t = 35, na Figura 26, apresentaram quedas acentuadas na

capacidade de carga, após atingido o pico das curvas. No modelo intacto, a capacidade de

carga decresceu rapidamente após atingir o pico da curva. Em comparação com os modelos

intactos D/t = 15 e 25, a curva do modelo intacto D/t = 35 cai de forma bastante acentuada.

Na Figura 27, pode-se comparar o comportamento da capacidade de carga máxima nos

modelos sem reparo. Como ilustrado, para um mesmo valor de ϕ, tubos com D/t maiores

apresentaram uma perda de resistência maior. Essa diferença decresceu à medida que a

perfuração aumentou: enquanto nos tubos com ϕ = 15° a diferença entre os valores

percentuais chegou a 5,5 %, nos tubos com ϕ = 60° a diferença diminuiu para 1,7 %. Outra

característica evidente é o comportamento quase-linear na redução da capacidade de flexão

à medida que o diâmetro da perfuração aumenta. As linhas sólidas da Figura 27 representam

ajustes de curva lineares.

36

Figura 27: Perda percentual da resistência em relação ao modelo intacto.

Figura 28: Estado de tensões do modelo ϕ = 15°, D/t = 15 nos pontos A, B e C da Figura 24.

Nos modelos D/t = 15, a plastificação inicia-se na aresta que forma a perfuração (região

em vermelho na Figura 29a) e, à medida que o carregamento é incrementado, a plastificação

do ponto inicial estende-se (região cinza da Figura 29b) e surge, mais tarde, nas regiões do

tubo sujeitas a tração e compressão (região cinza da Figura 29c). Em relação às tensões

normais, nota-se que a plastificação se inicia nas regiões sob tensões compressivas (Figura

29d e Figura 29e). Posteriormente, a plastificação é iniciada nas regiões sob tração (Figura

29f).

37

Figura 29: Estado de tensões do modelo ϕ = 60°, D/t = 15, no início da plastificação (a) e (d); estado

intermediário de carregamento (b) e (e); e instante de carregamento máximo (c) e (f).

O comportamento é semelhante aos tubos de maiores razões de D/t. Como ilustrado na

Figura 30, a plastificação surge na região vermelha de (a) e estende-se em (b). Diferente do

que ocorre na Figura 29c, na Figura 30c a plastificação não ocorre na região do tubo em

verde, no contorno da perfuração. Como ocorreu na figura anterior, a plastificação no modelo

D/t = 35 também é iniciada nas regiões sob compressão, e só depois surge na região do tubo

sujeita a tensões normais de tração.

Figura 30: Estado de tensões do modelo ϕ = 60°, D/t = 35, no início da plastificação (a) e (d); estado

intermediário de carregamento (b) e (e); e instante de carregamento máximo (c) e (f).

38

3.3 Tubos reparados

3.3.1 Influência da interface adesiva (resina)

Após a aplicação de um material compósito sobre uma superfície, a resina que constitui

o compósito é responsável pela união entre o material de reparo e o substrato. Na modelagem

numérica, a união dos materiais pode ser feita unindo a superfície do compósito diretamente

à do substrato, embora seja comum o uso de uma interface adesiva conectando as superfícies

do laminado à do metal (FELIPPES, 2010; FERNÁNDEZ et al., 2020; PERRUT, 2009).

Nesta seção, foi avaliada a influência da presença da interface adesiva na rigidez do

tubo e na iniciação do dano no laminado. Foram utilizados modelos de razão D/t = 35 e

ângulo de perfuração ϕ = 15° para três valores de espessura de compósito: α = 1,0, 2,0 e 3,0.

As espessuras da interface adesiva testadas foram 0,6 mm, 0,3 mm e 0 (sem adesivo). Os

resultados da influência do adesivo podem ser vistos na Figura 31. Os pontos evidenciados

nos gráficos marcam o momento em que ocorre o primeiro dano em, ao menos, uma camada

do compósito.

Figura 31: Curvas de momento para diferentes espessuras de adesivo, ϕ = 30°, D/t = 25

Para cada razão de espessuras α, o modelo sem interface adesiva apresentou rigidez um

pouco maior que os modelos com adesivo. Isso ocorreu porque a resina possui módulo de

elasticidade menor do que o aço e compósito, contribuindo para a redução da rigidez do

conjunto aço/resina/compósito.

Nos modelos α = 1,0, os tubos com adesivo apresentaram comportamento semelhante

em relação à rigidez da estrutura e ao instante de início do dano (pontos sobrepostos no

39

gráfico). O modelo sem adesivo apresentou a rigidez e o instante de iniciação do dano um

pouco maiores do que os modelos com adesivo. Nos tubos com α = 2,0, o modelo sem

adesivo também apresentou rigidez maior que os modelos com adesivo. Isso gerou tensões

maiores no compósito, ocasionando uma falha repentina e perda súbita da capacidade. O

instante de início do dano ocorreu em um ponto de menor deformação angular, se comparado

aos modelos com adesivo. A resposta dos modelos com espessura da interface igual a 0,3 mm

e 0,6 mm foi semelhante e após o início do dano, não houve perda brusca da capacidade de

carga. Para modelos onde α = 3,0 a espessura do compósito foi suficiente para suportar os

carregamentos sem que houvesse dano, mesmo para maiores deformações angulares. A

ausência da interface gerou uma seção reparada mais rígida, uma vez que o momento

suportado pela seção reparada foi maior no modelo sem adesivo. Na deformação

correspondente a um deslocamento angular de oito graus, o critério de Hashin foi de 0,88

para compressão na fibra no modelo sem adesivo, enquanto nos outros foi de 0,74.

Os modelos deste trabalho consideraram o uso da interface adesiva, visto que os

modelos com adesivo apresentaram momentos de início do dano menores (menos

conservadores) do que os modelos sem adesivo. Adicionalmente, seu uso permitiu a

comparação das tensões com o limite de falha da resina, possibilitando uma avaliação

simplificada da ocorrência de descolamento do reparo. A espessura utilizada foi 0,3 mm,

próxima da proposta por CHAI (1986).

3.3.2 Reparo dos tubos danificados

Antes de apresentar os resultados e discussões, é preciso decidir como considerar a

capacidade de carga dos tubos reparados. Inicialmente, duas hipóteses foram levantadas: o

instante de momento fletor máximo; e o primeiro instante em que o compósito apresenta ao

menos um elemento com dano máximo, igual a 1, para todas as camadas do laminado.

A hipótese de considerar o momento máximo é semelhante à dos modelos intactos e

danificados, pois nesse ponto, os efeitos irreversíveis da plastificação (e, no caso do

compósito, do dano no laminado) já teriam iniciado. Essa hipótese também é consistente com

a ideia de falha global da estrutura usada por FELIPPES (2010, seç. 5.5) nos ensaios

experimentais para determinação da falha em dutos de aço pressurizados e reparados com

40

materiais compósitos. O instante da falha considera o comportamento global do tubo, quando

o óleo vaza e o gráfico de pressão interna e deformação do strain gauge decresce. Esse

instante acontece depois que o rompimento das primeiras fibras é acusticamente identificado,

reforçando a ideia de usar o momento máximo suportado como a capacidade de carga do

tubo, mesmo que os danos já tenham se desenvolvido no compósito. Nos ensaios

experimentais de PERRUT (2009) também foi considerada a pressão de falha como o

momento de vazamento do fluido interno e consequente queda de pressão. Por outro lado,

nas análises numéricas de PERRUT (2009) e FELIPPES (2010), o instante de capacidade foi

assumido como o início da falha da interface adesiva, quando o primeiro elemento da

interface atinge o dano máximo e é deletado, caracterizando-se assim o início da

delaminação. Essa consideração é plausível com a segunda hipótese: assumir a capacidade

de carga no instante em que todas as lâminas apresentam dano maior que 1 para ao menos

um modo de falha. Vale recapitular que o presente trabalho não considera critério de falha

ou dano para a interface de resina, e efeitos de delaminação não são avaliados. Além disso,

o critério nativo do ABAQUS/Standard para a remoção de elementos do compósito é quando

todos os pontos materiais do elemento atingem o valor máximo para todas as variáveis de

dano. Isso significa que mesmo após um elemento atingir o valor máximo de dano para um

modo de falha, ele continuará contribuindo na rigidez do modelo para carregamentos em

outras direções.

A consideração capacidade de carga dos tubos reparados será pautada nos seguintes

critérios, em ordem de prioridade:

• Instante em que todas as camadas apresentarem ao menos um elemento com

dano igual a 1;

o Caso esse instante ocorra após uma perda de carga repentina, o ponto

de capacidade de carga será considerado o pico que antecede o

instante de dano máximo (p. ex., ϕ = 60°; α = 1,0, 1,5 e 2,0 na Figura

32);

• Máximo momento fletor do gráfico momento versus deslocamento angular,

caso não ocorra dano máximo nos elementos de todas as camadas.

41

Nos gráficos desta seção, os pontos no gráfico representam a capacidade de carga de

cada membro reparado. Os quadrados (■) representam o momento fletor máximo quando

algumas camadas não apresentaram elementos com dano máximo. Os círculos (○)

representam os pontos nos quais ocorre dano máximo em todas as camadas do compósito, ou

os instantes anteriores a uma queda brusca e sua ocorrência em todas as camadas.

A Figura 32 representa os gráficos de momento fletor versus deslocamento angular

para os tubos reparados de D/t = 15.

Figura 32: Curvas dos tubos reparados D/t = 15

No ponto de dano máximo do modelo ϕ = 15°, α = 1,0, o dano foi atingido em todas as

camadas para compressão das fibras e dano cisalhante. Os elementos danificados

estenderam-se no sentido do diâmetro da perfuração, na lâmina mais externa, como visto na

Figura 33. Em ϕ = 15°, α = 1,5, o dano máximo foi de 0,33, só ocorrendo em 44 das 152

lâminas no ponto de capacidade máxima. Nos modelos com α = 2,0, 2,5 e 3,0, o maior dano

foi de 0,088, zero e zero, respectivamente. Em nenhum dos modelos houve ocorrência de

dano por tração na direção 1 ou tração/compressão na direção 2 (vide Figura 5).

42

Figura 33: Modelo ϕ = 15° / α = 1,0 (a) no ponto de capacidade de carga e (b) no último ponto da curva.

Nos modelos ϕ = 30° da Figura 32, os pontos de pico marcados nas curvas α = 1,0 e

1,5 precederam os pontos de dano máximo, que ocorreram após a queda brusca do momento

fletor. Nos picos, alguns pontos de integração já apresentavam dano próximo de 1 (Figura

34a), com o dano se estendendo rapidamente enquanto o momento decresce (Figura 34b). A

distribuição do dano na superfície do compósito é semelhante no caso α =1,5, com os

elementos falhando no contorno da perfuração. No modelo α = 2,0 só houve dano até a 32ª

das 102 lâminas, e o dano máximo foi de aproximadamente 0,25 para compressão na direção

1 e cisalhamento. Nos modelos α = 2,5 e 3,0, o critério de Hashin não atingiu a unidade.

Figura 34: Modelo ϕ = 30° / α = 1,0 nos instantes do (a) pico e (b) dano máximo em todas as camadas.

Nos tubos ϕ = 45°, α = 1,0, 1,5 e 2,0 a resistência foi definida nos picos que precederam

a queda brusca de momento fletor e a ocorrência de dano máximo em todas as camadas.

Nestes pontos, o compósito apresentou pouco ou nenhum dano, mas este surge rapidamente

nos elementos que definem o contorno da perfuração, como pode ser observado na Figura

35, que representa o maior valor de todas as camadas para cada elemento. As ilustrações (a),

(b) e (c) representam o estado de dano nos picos das curvas para α = 1,0, 1,5 e 2,0 da Figura

32, enquanto (d), (e) e (f) representam o estado de dano no instante de em que todas as

camadas possuem elementos com dano igual a 1.

43

Figura 35: Estado de dano (compressão na direção 1) para ϕ = 45°, α = 1,0 1,5 e 2,0.

Os modelos ϕ = 60°, α = 1,0, 1,5 e 2,0 apresentaram comportamento semelhante aos

tubos de 45° da Figura 35, com ocorrência dos danos de compressão na direção 1 e de

cisalhamento. Os outros tipos de danos mostraram-se presentes somente após o ponto de

dano máximo.

As tensões na interface adesiva dos modelos D/t = 15 mantiveram-se abaixo de

0,6 MPa para o módulo de cisalhamento em todos os modelos nos pontos de capacidade de

carga. A maior ocorrência da tensão de von Mises foi 6,0 MPa.

Os gráficos de momento fletor versus deslocamento angular para os tubos reparados de

D/t = 25 estão representados na Figura 36.

44

Figura 36: Curvas dos tubos reparados D/t = 25.

Nos modelos ϕ = 15°, α = 1,0 e 1,5, os pontos de dano máximo sucederam quedas de

carga repentinas. O dano máximo ocorreu nos modos de falha de compressão na direção 1 e

cisalhamento. Não houve dano para os outros modos de falha. À medida que o dano

aumentava, os elementos danificados não contornavam o entorno da perfuração, mas se

estenderam no plano do diâmetro do tubo de aço, semelhante ao que ocorreu nos modelos

D/t = 15, ϕ = 15°. Nos modelos α = 2,0, 2,5 e 3,0, o critério de falha não atingiu o valor de 1,

logo, não houve dano.

Nos modelos ϕ = 30°, α = 1,0 e 1,5, os modos de falha cisalhante e de compressão na

direção 1 atingiram a unidade no instante que sucedeu a perda brusca de carga. Diferente dos

modelos ϕ = 15°, o dano estendeu-se no entorno da perfuração. Alguns pontos de integração

apresentaram dano próximo de 1 para os modos de tração e compressão na direção 2, mas

não se estenderam para além de um elemento. O modelo α = 2,0 também atingiu o dano

máximo em todas as camadas para os modos de falha cisalhante e de compressão na direção

1. Não houve dano de outros modos de falha. Os modelos α = 2,5 e 3,0 não apresentaram

dano em nenhum elemento do material compósito.

Os modelos ϕ = 45°, α = 1,0, 1,5 e 2,0 apresentaram dano máximo de compressão na

direção 1 e cisalhamento em todas as camadas pouco após a queda repentina do

45

carregamento. O dano estendeu-se no entorno da perfuração de modo semelhante ao ocorrido

no modelo D/t = 15 (vide Figura 35). O compósito do modelo α = 2,5 apresentou dano em

23 das 152 camadas; o maior valor do dano foi de 0,22, mas este ocorreu em alguns pontos

de integração e não se estendeu para um elemento completo. O modelo α = 3,0 apresentou

Hashin máximo de 0,88 para compressão na direção 1.

Nos quatro modelos ϕ = 60°, α = 1,0, 1,5, 2,0 e 2,5, houve uma perda de carga abrupta

e extensa. Os modos de falha que atingiram o valor máximo de dano em todas as camadas

foram a compressão na direção 1 e o cisalhamento. Dano relacionado a outros modos de falha

ocorreram em dois elementos, mas não se desenvolveram no compósito. No modelo α = 3,0,

o dano máximo foi 0,03 em apenas um elemento.

As tensões na interface adesiva mantiveram-se abaixo de 0,7 MPa para o módulo de

cisalhamento em todos os modelos com esbeltez transversal D/t = 25 nos pontos de

capacidade de carga. A maior ocorrência da tensão de von Mises foi 6,1 MPa.

Os gráficos de momento fletor versus deslocamento angular para os tubos reparados de

D/t = 35 podem ser vistos na Figura 37. O modelo ϕ = 15°, α = 1,0 apresentou uma curva de

momento contínua, mesmo após o ponto de capacidade de carga. Os danos relacionados aos

modos de falha de compressão na direção 1 e cisalhamento ocorreram nos elementos ao longo

do diâmetro da perfuração, da mesma maneira que ocorreu no modelo D/t = 15 (vide Figura

33). No modelo α = 1,5, o dano ocorreu até a 23ª das 65 camadas do laminado, e manteve-se

abaixo de 1 quando a capacidade de carga do modelo foi recuperada à condição intacta. Como

no modelo α = 1,0, não houve ocorrências de outros tipos de dano. Nos modelos α = 2,0, 2,5

e 3,0, a capacidade de carga foi recuperada e não houve ocorrência de dano, e o maior valor

do critério de Hashin foi 0,86 para o modo de falha de compressão na direção 1, no modelo

α = 2,0.

46

Figura 37: Curvas dos tubos reparados D/t = 35.

Os modelos ϕ = 30°, α = 1,0, 1,5 e 2,0 apresentaram dano de compressão na direção 1

e cisalhamento ao longo das camadas e no entorno da perfuração. Picos precederam os

instantes de dano máximo em todas as camadas. Os modelos α = 2,5 e 3,0 não apresentaram

dano, e o reparo foi capaz de recuperar a capacidade de carga e manter a resistência para

deformações angulares maiores do que o modelo intacto suportou.

Nos modelos ϕ = 45°, α = 1,0, 1,5 e 2,0, o surgimento e alastramento do dano ocorreu

durante um súbito decréscimo do carregamento, uma queda mais ampla do que ocorreu nos

modelos com 30° de ângulo de perfuração. Os modos de falha foram cisalhantes e

compressivos na direção 1 do compósito. Alguns pontos de integração desenvolveram dano

no modelo α = 2,5, mas não o suficiente para causar falha em um elemento. No modelo α =

3,0, não ocorreu dano.

A evolução do dano nos modelos ϕ = 60° α = 1,0, 1,5,2,0 e 2,5 comportaram-se de

maneira semelhante aos tubos da Figura 35, com o dano estendendo-se no contorno da

perfuração à medida que a capacidade de carga diminuía. O modelo α = 3,0 não apresentou

dano maior que 0,08.

47

As tensões na interface adesiva mantiveram-se abaixo de 0,8 MPa para o módulo de

cisalhamento em todos os modelos com esbeltez transversal D/t = 35 nos pontos de

capacidade de carga. A maior ocorrência da tensão de von Mises foi 8,9 MPa.

O comportamento dos tubos durante a perda de carga é semelhante ao ilustrado na

Figura 38. No instante que antecedeu a perda de carga (a), as regiões de tração e compressão

do tubo de aço ao longo de todo seu comprimento suportaram a maior parte da tensão. Após

o desenvolvimento do dano no compósito, as tensões diminuíram (b) e o gráfico de momento

fletor decresceu. A camada ilustrada na figura é a mais próxima do tubo de aço, e apresenta

o maior valor e extensão do dano.

Figura 38: Estado de tensões do modelo D/t = 35 ϕ = 60°, α = 2,0 (a) antes e (b) depois da perda de carga.

O mesmo comportamento ocorreu nos modelos com o aço mais espesso, como o

ϕ = 30°, α = 1,5 D/t = 15, mas neste caso o aço sofreu plastificação nas regiões de

tração/compressão antes do momento máximo ser atingido.

A tabela com os valores de resistência a flexão dos modelos reparados pode ser

consultada no ANEXO A – Capacidade de carga dos modelos numéricos reparados com

compósito.

48

3.3.3 Estimativa da resistência da seção reparada

Nos modelos em que a capacidade de carga foi totalmente recuperada à condição

intacta e não houve dano no compósito, nota-se que o aumento incremental da espessura do

compósito não ocasionou momentos fletores maiores. Isso ocorreu porque o tubo está sujeito

a flexão pura ao longo de todo seu comprimento, e mesmo que a região reparada seja capaz

de suportar momentos maiores sem falhar, as regiões do tubo de aço e adjacentes à região

reparada são capazes de suportar, no máximo, a capacidade do tubo intacto.

Para avaliar a capacidade de flexão da seção reparada, os pontos evidenciados nos

gráficos da Figura 32, Figura 36 e Figura 37 foram representados, respectivamente, na Figura

39, Figura 40 e Figura 41: assim, as linhas contínuas representam a interpolação dos pontos

de capacidade dos modelos reparados (■), obtidos numericamente. De modo a facilitar a

comparação, os momentos foram adimensionalizados pelo momento plástico da seção

intacta, MP = σyD2t.

No início de cada curva, é possível perceber uma tendência linear da contribuição do

reparo à resistência da seção reparada. Tomando como exemplo a curva ϕ = 45°, D/t = 15 da

Figura 39, os pontos α = 1,0, 1,5 e 2,0 podem ser aproximados pela reta pontilhada marrom.

Extrapolando-a, tem-se a reta pontilhada cinza, na qual os círculos ● indicam a estimativa da

resistência da seção reparada para os modelos α = 2,5 e 3,0.

Figura 39: Capacidade de carga dos tubos reparados em relação à condição intacta. Tubos D/t = 15.

49

A regressão linear foi realizada para cada conjunto de pontos ■, dado um ângulo ϕ. Os

pontos considerados na regressão foram dos modelos em que o reparo não foi capaz de

restaurar a resistência à condição intacta (% de capacidade recuperada menor que 1,0). Nos

conjuntos em que havia apenas um ponto abaixo do valor 1,0, foi considerado também o

primeiro ponto ■ com ordenada igual a 1,0. Na Figura 39, por exemplo, os pontos α = 1,0 e

1,5 da curva ϕ = 15° foram interpolados para obtenção dos coeficientes da reta.

Figura 40: Capacidade de carga dos tubos reparados em relação à condição intacta. Tubos D/t = 25.

A partir dos gráficos, observa-se que os tubos com razões D/t maiores precisam de

maiores espessuras relativas de compósito para recuperar a resistência a flexão da condição

intacta. Nos gráficos ϕ = 45 e 60° da Figura 41, foram necessários quatro pontos (α = 1,0,

1,5, 2,0 e 2,5) para definir a reta que estima a capacidade de carga dos modelos enquanto

menos pontos foram necessários para definir os mesmos gráficos ϕ = 45 e 60° na Figura 39

e Figura 40. O mesmo ocorreu para os outros valores de ângulo de perfuração ϕ.

50

Figura 41: Capacidade de carga dos tubos reparados em relação à condição intacta. Tubos D/t = 35.

A Tabela 6 apresenta os coeficientes das equações das retas pontilhadas da Figura 39,

Figura 40 e Figura 41. Cada uma das retas representa a estimativa da capacidade de carga da

seção reparada, em função da espessura relativa do compósito, α.

Tabela 6: Equações da reta de resistência a flexão da seção reparada. Esbeltez transversal

(D/t) [-]

Meio ângulo da perfuração

(ϕ) [°]

Interceptação no

eixo y Inclinação da reta

15

15 0,4858 0,3429

30 0,4004 0,3174

45 0,2859 0,3337

60 0,1439 0,3740

15 0,4465 0,3541

25 30 0,3205 0,3316

45 0,2575 0,3116

60 0,1592 0,3183

15 0,3549 0,4305

35 30 0,2805 0,3308

45 0,1802 0,3227

60 0,1304 0,3151

3.4 Equação de projeto

Para obter a equação de projeto, o momento de flexão foi considerado como a variável

dependente, ou seja, o termo de entrada para a elaboração das expressões

paramétricas/empíricas: dos modelos danificados, foram utilizados os momentos de flexão

numéricos; dos modelos reparados, foram usados os momentos de flexão estimados pelas

regressões e extrapolações da seção 3.3.3.

51

Assumiu-se que o momento do tubo reparado Mreparado é o resultado da soma de dois

momentos independentes: o momento do tubo com dano Maço, sem compósito, e o momento

adicional fornecido pelo reparo com material compósito Mcompósito (vide equação (24)):

𝑀𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜 = 𝑀𝑎ç𝑜 (𝜙,𝐷

𝑡) + 𝑀𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 (𝜙,

𝐷

𝑡, 𝛼) (24)

Para que a expressão a ser gerada pela regressão fosse adimensional, os termos de

entrada (Mreparado) foram divididos pelo momento plástico do tubo intacto MP = σyD2t,

conforme expressão embaixo:

�̅�𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜 =𝑀𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜

𝑀𝑃

=𝑀𝑎ç𝑜 (𝜙,

𝐷𝑡) + 𝑀𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 (𝜙,

𝐷𝑡

, 𝛼)

𝜎𝑦𝐷2𝑡 (25)

Assim dois modelos de regressão linear multivariável pelo RSM podem ser

estabelecidos:

Modelo para os tubos sem qualquer reparo (α = 0):

𝑀𝑎ç𝑜 (𝜙,𝐷

𝑡) = 𝛾0 + 𝛾1𝜙 + 𝛾2 (

𝐷

𝑡) + 𝛾3𝜙 (

𝐷

𝑡) + 𝛾4𝜙

2 + 𝛾5 (𝐷

𝑡)

2

+ 𝜖 (26)

Modelo para cálculo do momento adicional fornecido pelo reparo (α > 0):

𝑀𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 = �̅�𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜 − 𝑀𝑎ç𝑜=

𝛽0 + 𝛽1𝜙 + 𝛽2 (𝐷

𝑡) + 𝛽3𝛼 + 𝛽4𝜙 (

𝐷

𝑡) + 𝛽5𝜙𝛼 + 𝛽6 (

𝐷

𝑡) 𝛼 + 𝛽7𝜙

2 + 𝛽8 (𝐷

𝑡)

2

+ 𝜖

(27)

O termo α2 na equação (27) foi intencionalmente removido da regressão devido a sua

baixa contribuição. Assim, é gerada uma expressão para determinação da espessura de reparo

em função da capacidade adimensional de contribuição do reparo, M̅reparado, e dos parâmetros

da geometria do dano e do tubo, ϕ e D/t.

52

𝛼 (�̅�𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜, 𝜙,𝐷

𝑡) =

𝑀𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 − 𝛽0 − (𝛽1 + 𝛽7𝜙)𝜙 − [𝛽2 + 𝛽4𝜙 + 𝛽8 (𝐷𝑡)] (

𝐷𝑡)

𝛽3 + 𝛽5𝜙 + 𝛽6 (𝐷𝑡)

+ 𝜖 (28)

3.4.1 Utilização do RSM e análise variância (ANOVA)

O programa GraphPad Prism (GRAPHPAD, 2020) foi usado para realizar a regressão

linear por mínimos quadrados e análise de variância (ANOVA) dos dados. Foi considerado

o intervalo de confiança de 95%, em torno da média (2,5 % para cada uma das extremidades

da distribuição).

3.4.1.1 Equação do momento fletor dos tubos de aço

Primeiro, foram usados os dados dos tubos sem reparo (0 ≥ ϕ ≥ 60°, α = 0 ) para obter

os fatores da expressão da capacidade de carga dos tubos com dano (equação (26)). A Tabela

7 exibe os resultados da análise de variância considerando todas as variáveis e interações

entre variáveis. Nota-se que o valor-P dos parâmetros e ϕ : D/t, ϕ2 e (D/t)2 são maiores que o

nível de significância de 5% considerado, e seus valores-F são os menores quando

comparados com os dos outros parâmetros, representando baixa contribuição desses

parâmetros para a análise. Quanto ao parâmetro regressão, o valor-F foi alto (709,9) e o valor-

P ficou abaixo do nível de significância, confirmando que a regressão é representativa.

Tabela 7: ANOVA considerando todos os parâmetros - Tubos sem reparo.

Parâmetro Soma dos quadrados Graus de liberdade Valor-F Valor-P

Regressão 0,6147 5 709,9 <0,0001

Φ 0,02098 1 121,0 <0,0001

D/t 0,001031 1 5,949 0,0375

ϕ : D/t 0,0007127 1 4,111 0,0732

ϕ2 5,433E-05 1 0,3134 0,5893

(D/t)2 0,0007046 1 4,064 0,0746

Residual 0,001560 9

Total 0,6163 14

A Tabela 8 apresenta as constantes da equação, geradas pela aplicação do RSM.

53

Tabela 8: Fatores da equação (26) considerando todos os parâmetros – Tubos sem reparo.

Constante Parâmetro Valor estimado

γ0 Interseção com eixo y 0,7801

γ1 ϕ -0,4716

γ2 D/t 0,0090

γ3 ϕ : D/t -0,0023

γ4 ϕ2 -0,0166

γ5 (D/t)2 -0,0001

A equação (29) é o resultado da regressão linear dos modelos de aço sem reparo,

considerando todos os parâmetros e interações.

𝑀𝑎ç𝑜 (𝜙,𝐷

𝑡) = 0,7801 − 0,4716𝜙 + 0,0090(

𝐷

𝑡) − 0,0023𝜙 (

𝐷

𝑡) − 0,0166𝜙2 − 0,0001(

𝐷

𝑡)2

(29)

Agora, realizando uma nova regressão e ANOVA considerando apenas os parâmetros

estatisticamente significativos da ANOVA da Tabela 7 (isto é, desconsiderando os fatores

ϕ : (D/t), ϕ2 e (D/t)2), tem-se os resultados da Tabela 9.

Tabela 9: ANOVA considerando somente parâmetros significativos - Tubos sem reparo.

Parâmetro Soma dos quadrados Graus de liberdade Valor-F Valor-P

Regressão 0,6133 2 1214 <0,0001

ϕ 0,6130 1 2426 <0,0001

D/t 0,0003 1 1,003 0,3363

Resíduo 0,0030 12

Total 0,6163 14

54

A Tabela 10 apresenta as constantes da equação, geradas pela aplicação do RSM.

Tabela 10: Fatores da equação (26) considerando somente parâmetros significativos – Tubos sem reparo.

Constante Parâmetro Valor estimado

γ0 Interseção com eixo y 0,8934

γ1 ϕ -0,5460

γ2 D/t 0,0005

O modelo linear somente com fatores significativos para os tubos de aço, sem

compósito, é representado pelos efeitos principais dos fatores ϕ e D/t na equação (30).

𝑀𝑎ç𝑜 (𝜙,𝐷

𝑡) = 0,8934 − 0,5460𝜙 + 0,0005 (

𝐷

𝑡) (30)

A comparação dos resultados da equação de projeto e das simulações em elementos

finitos é apresentado na Figura 42. Os quadrados azuis representam a equação (29) enquanto

os círculos vermelhos representam a equação (30). Nota-se uma tendência dos pontos a se

agruparem próximo da reta pontilhada, indicando boa aderência das equações aos resultados

numéricos, além de uma boa concordância entre a equação com todos os parâmetros e a

equação somente com os parâmetros significativos.

Figura 42: Comparação entre os resultados da equação de projeto e do FEM para o aço.

55

3.4.1.2 Equação do cálculo da espessura do compósito

A segunda etapa do RSM consistiu na obtenção da equação de contribuição do reparo

para a resistência à flexão (equação (27)). A Tabela 11 apresenta os resultados da análise de

variância considerando todas as variáveis e suas interações. Pode-se observar que o valor-P

dos parâmetros ϕ, D/t, ϕ : α, (D/t) : α e (D/t)2 foram maiores do que o nível de significância

de 5%. Além disso, os valores-F foram baixos, o que representa a baixa contribuição desses

parâmetros na equação. O parâmetro regressão, o valor-F da regressão foi alto (370) e o valor-

P ficou abaixo no nível de significância, confirmando a representatividade do modelo linear.

Tabela 11: ANOVA considerando todos os parâmetros – Compósito.

Parâmetro Soma dos quadrados Graus de liberdade Valor-F Valor-P

Regressão 2,149 8 370,0 <0,0001

ϕ 0,0004 1 0,5693 0,4545

D/t 0,0001 1 0,1897 0,6653

α 0,1286 1 177,1 <0,0001

ϕ : D/t 0,0415 1 57,21 <0,0001

ϕ : α 0,0017 1 2,391 0,1290

D/t : α 0,0014 1 1,938 0,1707

ϕ2 0,0442 1 60,85 <0,0001

(D/t)2 0,0004 1 0,6001 0,4426

Residual 0,0824 45

Total 1,252 53

A Tabela 12 apresenta as constantes da equação, geradas pela aplicação do RSM.

Tabela 12: Fatores da equação (27) considerando todos os parâmetros – Compósito.

Constante Parâmetro Valor estimado

β0 Interseção com eixo y -0,3503

β1 ϕ -0,0724

β2 D/t 0,0019

β3 α 0,2983

β4 ϕ : D/t -0,0116

β5 ϕ : α -0,0307

β6 D/t : α 0,0010

β7 ϕ2 0,4206

β8 (D/t)2 6,04E-5

A equação (31) é o resultado da regressão linear da contribuição do compósito para a

capacidade de carga do modelo, considerando todos os parâmetros e interações.

𝑀𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 = −0,3503 + [0,0019 − 0,0116ϕ + 0,001α + 0,0006(D/t)](D/t) + ⋯ (31)

56

⋯ + (0,2983 − 0,0307ϕ)α − (0,0724 − 0,4206ϕ)ϕ

Em seguida, uma nova regressão linear foi realizada apenas com os parâmetros

significativos da ANOVA da Tabela 11, com o objetivo de simplificar a equação de projeto

reduzindo a quantidade de termos. Os resultados da ANOVA considerando apenas os

parâmetros significativos estão na Tabela 13.

Tabela 13: ANOVA considerando somente parâmetros significativos – Compósito.

Parâmetro Soma dos quadrados Graus de liberdade Valor-F Valor-P

Regressão 2,098 3 416,6 <0,0001

α 2,080 1 1239 <0,0001

ϕ : D/t 0,0259 1 15,45 0,0003

ϕ2 0,1032 1 61,51 <0,0001

Residual 0,08392 50

Total 2,182 53

A Tabela 14 apresenta as constantes da equação, geradas pela aplicação do RSM.

Tabela 14: Fatores da equação (27) considerando somente parâmetros significativos – Compósito.

Constante Parâmetro Valor estimado

β0 Interseção com eixo y -0,3120

β3 α 0,3020

β4 ϕ : D/t -0,0036

β7 ϕ2 0,1735

O modelo linear para o compósito, considerando somente os fatores significativos, é

representado na equação (32). A medida do ângulo é adimensional, em radianos.

𝑀𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 = −0,312 + 0,302α − 0,0036ϕ(D/t) + 0,1735ϕ2 (32)

A comparação dos resultados da equação de projeto e das simulações em elementos

finitos é apresentado na Figura 43. Os quadrados azuis representam a equação (31) enquanto

os círculos vermelhos representam a equação (32). Nota-se uma tendência dos pontos a se

agruparem próximo da reta pontilhada, indicando boa aderência das equações aos resultados

numéricos, além de uma boa concordância entre a equação com todos os parâmetros e a

equação somente com os parâmetros significativos.

57

Figura 43: Comparação entre os resultados da equação de projeto e do FEM para o compósito.

Para a obtenção da equação de espessura de reparo, a variável α deve ser isolada da

equação (32):

𝛼 =�̅�𝑐𝑜𝑚𝑝ó𝑠𝑖𝑡𝑜 + 0,3120 + 0,0036𝜙 (

𝐷𝑡) − 0,1735𝜙2

0,3020 (33)

Em seguida, a parcela M̅compósito deve ser substituída pelos momentos M̅reparado e M̅aço:

𝛼 =�̅�𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜 − 𝑀𝑎ç𝑜 + 0,3120 + 0,0036𝜙 (

𝐷𝑡) − 0,1735𝜙2

0,3020 (34)

A parcela M̅aço deve ser substituída pela equação simplificada (30), resultando:

𝛼 (�̅�𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜 , 𝜙,𝐷

𝑡) =

�̅�𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑜 − 0,5814 + 0,5460𝜙 − 0,0005 (𝐷𝑡) + 0,0036𝜙 (

𝐷𝑡) − 0,1735𝜙2

0,3020

(35)

58

Considerando que M̅reparado seja igual a 0,8991 (média da capacidade de carga dos três

modelos intactos, adimensionalizados pelos respectivos momentos plásticos), assume-se que

a estrutura recupera a capacidade de carga do tubo intacto. Logo, a espessura de reparo

compósito pode ser estimada como:

𝑡𝑐 = 𝑡𝛼 (𝜙,𝐷

𝑡) = 𝑡 (

0,3177 + 0,5460𝜙 − 0,0005 (𝐷𝑡) + 0,0036𝜙 (

𝐷𝑡) − 0,1735𝜙2

0,3020) (36)

A Figura 44 apresenta a superfície de resposta descrita pela expressão proposta para os

intervalos estudados: razão D/t de 15 a 35; ângulo de perfuração ϕ de 15° a 60°; e razão de

espessuras α de 1,0 a 3,0.

Figura 44: Superfície de resposta do modelo proposto: a) gráfico de níveis na faixa avaliada, b) superfície de

resposta tridimensional.

a)

1.6

1.7

1.8

1.9

2.0

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

2.6

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0

15

20

25

30

35

(rad)

D/t

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

2.0

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

2.6

2.7

b)

59

4 CONCLUSÕES GERAIS E TRABALHOS FUTUROS

A indústria de óleo e gás é um setor de capital intensivo e risco elevado, e que tem

dedicado esforços nos últimos anos para estender a vida útil dos seus ativos. A longevidade

das plataformas de petróleo está diretamente ligada à sua integridade estrutural, e por essa

razão o desenvolvimento de métodos que possibilitem o reparo dos seus elementos estruturais

têm se tornado tão necessários. Membros tubulares compõem a maior parte da estrutura de

plataformas offshore. Logo, é importante que sejam conhecidos os impactos que danos

transpassantes causados por corrosão gerem nas estruturas, assim como os métodos para

recuperar sua integridade estrutural sem a necessidade de substituição do membro.

No presente trabalho, foi realizado um estudo numérico de membros tubulares de aço

intactos e danificados para quantificar a resistência a flexão para diferentes extensões de dano

circular. Em um segundo momento, os tubos danificados foram reparados com diferentes

espessuras de laminado compósito de fibra de carbono/epóxi com o objetivo de restabelecer

a capacidade de carga a flexão à condição intacta. Foram gerados modelos intactos,

danificados, e reparados com compósito. O comprimento e diâmetro externo foram fixados

em todos os modelos. Variando a espessura do aço, foram gerados modelos com razão entre

diâmetro e espessura de aço D/t de 15, 25 e 35. Os ângulos de perfuração ϕ variaram de 0 a

60°, em incrementos de 15°. A espessura do material compósito variou segundo razão α entre

a espessura do compósito aplicado, tc, e a espessura do aço, t. As espessuras α variaram de

1,0 a 3,0, em incrementos de 0,5. Os modelos foram gerados a partir de um meta-modelo

numérico em linguagem Python, que produzia a geometria com um quarto de simetria para

redução do número de elementos da malha e do tempo de simulação. Um estudo de densidade

de malha foi feito para garantir resultados acurados e reduzir ainda mais o tempo

computacional.

Para o aço utilizado no tubo, foi considerado um comportamento elástico-perfeitamente

plástico; para o reparo, foi utilizado material compósito. Ambos foram unidos por uma fina

interface de resina, para permitir uma avaliação preliminar de delaminação por meio das

tensões na interface. As propriedades do compósito incluíram critérios de iniciação e de

evolução de dano para contabilizar a falha progressiva do material.

60

No total, foram gerados 75 modelos: três tubos intactos, doze tubos danificados sem

reparo e sessenta tubos danificados com reparo. A matriz de simulações é resultado de um

planejamento experimental - DoE, que permitiu a proposição de uma equação de projeto para

estimar a espessura de reparo mínima para recuperar a capacidade de carga do membro

tubular. Para a análise de dados, foi usado o Método de Superfície de Resposta – RSM, uma

regressão linear utilizando o método de mínimos quadrados.

Em uma etapa anterior às simulações dos tubos reparados, foi realizado um estudo de

influência da presença da camada adesiva nos resultados das simulações. Os resultados

mostraram que os modelos sem adesivo apresentaram rigidez e momento de início de dano

um pouco maiores do que os modelos sem adesivo. O principal motivo do uso do adesivo foi

permitir a avaliação do estado de tensões na resina e a verificação da ocorrência de falha na

interface. Optou-se pela espessura de 0,3 mm, usada em trabalhos semelhantes.

Nos modelos reparados, o ponto de capacidade de carga foi estabelecido como o

instante em que todas as camadas de compósito apresentassem ao menos um elemento com

dano máximo; nos casos em que o compósito não apresentasse dano, foi considerado o

momento máximo suportado pelo modelo. O dano no compósito distribuiu-se

majoritariamente nos elementos que contornavam a perfuração do tubo de aço. Para ângulos

menores (15°), o dano ocorreu nos elementos localizados na fronteira da condição de

contorno de simetria axial.

Nos modelos em que a capacidade de carga intacta não foi recuperada, o dano no

compósito e a plastificação no aço da seção reparada foram responsáveis pela perda da

capacidade de carga do membro tubular. Já nos modelos em que o reparo foi capaz de

recuperar a capacidade intacta, o aço das regiões adjacentes à seção reparada sofreu

plastificação, fazendo com que os gráficos de momento fletor em relação ao deslocamento

angular fossem limitados ao gráfico da condição intacta. Para estimar a resistência a flexão

da seção reparada, foi aplicada uma regressão linear e posterior extrapolação dos dados de

capacidade de carga dos tubos reparados.

A equação de projeto usou as informações de capacidade de carga dos modelos

numéricos danificados e a resistência estimada (equações extrapoladas) dos modelos

61

reparados para desenvolver um modelo de estimação da espessura de reparo capaz de

recuperar a resistência da condição intacta. A equação proposta foi capaz de recuperar a

capacidade de carga dos modelos, para os quais o erro na estimativa da capacidade de carga

foi de ± 4,5 %.

É importante ressaltar que os resultados apresentados se restringem a tubos de aço de

comportamento aproximadamente elástico-perfeitamente plástico, reparados com material

compósito de matriz epóxi e reforço bidirecional de fibra de carbono e fibra de vidro.

Adicionalmente, a equações de projeto propostas limitam-se a membros tubulares de esbeltez

transversal D/t entre 15 e 35, ângulos de perfuração ϕ entre 15° e 60°.

A partir dos resultados das simulações, foi concluído que:

• A equação se mostrou capaz de estimar a espessura de reparo para recuperação

da resistência a flexão da condição intacta dos tubos de aço. Foram testados

dez modelos dentro do intervalo D/t de 15 a 35 e o maior erro apresentado foi

4,5 %;

• O momento máximo suportado pelo modelo reparado não excedeu o momento

máximo suportado pelo modelo intacto. Isso ocorreu porque, uma vez

recuperada a capacidade de carga da região danificada, a seção transversal do

tubo de aço, imediatamente após a região do reparo, falhou devido a

instabilidade elastoplástica;

• No intervalo de ângulos de perfuração avaliado, a resistência dos tubos à

flexão diminuiu de forma mais acentuada para razões D/t menores.

Adicionalmente, a perda relativa da capacidade de carga seguiu uma tendência

linear (vide Figura 27);

• Quanto menor o tamanho da perfuração, maior a influência da razão D/t na

redução relativa da resistência dos tubos danificados. Ou seja, para ângulos de

perfuração maiores, as capacidades residuais relativas dos tubos danificados

terão valores mais próximos, mesmo para valores diferentes de D/t (vide

Figura 27);

62

• Tubos com razões D/t maiores necessitam de maiores espessuras relativas de

reparo, α, para recuperar o tubo danificado à condição intacta;

• Na maior parte das simulações com modelos reparados, o dano máximo no

material de reparo só foi atingido para duas das cinco (ver seção 2.1.2.2.2)

variáveis de dano, e os elementos da malha continuaram contribuindo, mesmo

que em menor intensidade, para a rigidez da estrutura, podendo

superdimensionar a rigidez do tubo reparado após a primeira perda de carga.

Isso ocorreu porque o critério nativo do ABAQUS/Standard para a remoção

de elementos do compósito requer que todos os pontos materiais do elemento

atinjam o valor máximo para todas as variáveis de dano;

• Nos instantes de capacidade de carga, as maiores tensões no adesivo não

ultrapassaram 0,8 MPa (em módulo) para cisalhamento e 9,0 MPa para tensão

de von Mises, abaixo da tensão última de cisalhamento da resina, 20,4 MPa.

Dessa forma, pode-se considerar que a resina não falhou antes dos pontos de

capacidade de carga dos modelos, e o reparo não descolou do substrato

metálico;

• Os resultados da equação de projeto (30) que estima o momento fletor dos

tubos danificados foram comparados com os resultados numéricos e

apresentaram erros entre -3 % e 4 %;

• O estudo de convergência de malha permitiu uma economia de até 97 % no

tempo de simulação dos modelos sem compósito, em comparação com o

modelo com a malha mais refinada (vide Tabela 3). O erro da capacidade de

carga associado à malha selecionada foi de 0,16 %;

Propõe-se que, em trabalhos futuros, sejam implementadas as seguintes ações:

• Uso da curva verdadeira do aço, ou curva de Ramberg-Osgood na modelagem

do tubo;

• Realização do estudo de densidade de malha para definir acurácia nos

resultados dos modelos reparados e ganho de tempo computacional nos tubos

com compósito;

63

• Modelagem da interface adesiva usando elementos sólidos, tornando possível

a medição da tensão e deslocamento fora do plano e permitindo o uso de

modelos de tração-separação e critérios de falha e dano para o adesivo;

• Realização de ensaios experimentais para avaliação de outros modos de falha

que possam ocorrer no compósito, e o uso de energias de fratura com cada

modo de falha que possam ocorrer;

• Estudo da propagação do dano em laminados de fibra de vidro/carbono

quando sujeitos a carregamentos fletores;

• Avaliação do uso de elementos sólidos para o laminado, que permitem a

consideração de modos de falha fora do plano do compósito;

• Estudo para redefinir o instante de capacidade de carga dos modelos intactos,

danificados e reparados, considerando possivelmente o estado de plastificação

dos modelos intactos e danificados e o comportamento do gráfico de momento

e deslocamento angular nos modelos reparados;

• Avaliação de efeitos combinados de compressão/flexão/torção nos tubos

intactos e perfurados, bem como a influência da direção das fibras do

laminado na resistência a cada um dos carregamentos/combinação de

carregamentos;

• Implementação de uma rotina em Python para remover os elementos quando

atingido o valor de dano máximo para, no mínimo, uma variável de dano. Isso

evitará que elementos danificados continuem contribuindo para a rigidez do

laminado;

• Proposição de uma equação de projeto em função das propriedades de rigidez

e critérios de falha e dano do compósito;

• Uso de planejamento de experimentos (DoE) do tipo CCD, que permite o

refinamento da superfície de resposta em regiões de interesse, capturando

efeitos localizados de curvatura;

64

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70

ANEXO A – CAPACIDADE DE CARGA DOS MODELOS

NUMÉRICOS REPARADOS COM COMPÓSITO

Tabela 15: Resultados dos ensaios reparados.

Esbeltez transversal

(D/t)

[-]

Meio ângulo da

perfuração (ϕ)

[°]

Razão de

espessuras (α)

[-]

Momento máximo

[kN.m]

Capacidade de carga remanescente

(em relação à condição intacta)

15

15

1,0 3794 82,9 %

1,5 4579 100,0 %

2,0 4579 100,0 %

2,5 4578 100,0 %

3,0 4579 100,0 %

30

1,0 3286 71,8 %

1,5 4013 87,6 %

2,0 4579 100,0 %

2,5 4579 100,0 %

3,0 4579 100,0 %

45

1,0 2810 61,4 %

1,5 3654 79,8 %

2,0 4338 94,7 %

2,5 4579 100,0 %

3,0 4579 100,0 %

60

1,0 2365 51,7 %

1,5 3238 70,7 %

2,0 4077 89,1 %

2,5 4580 100,0 %

3,0 4579 100,0 %

25

15

1,0 2311 80,1 %

1,5 2822 97,8 %

2,0 2887 100,0 %

2,5 2887 100,0 %

3,0 2887 100,0 %

30

1,0 1882 100,0 %

1,5 2360 65,2 %

2,0 2887 81,8 %

2,5 2887 100,0 %

3,0 2887 100,0 %

45

1,0 1621 56,2 %

1,5 2136 74,0 %

2,0 2520 87,3 %

2,5 2887 100,0 %

3,0 2887 100,0 %

60

1,0 1364 47,3 %

1,5 1839 63,7 %

2,0 2333 80,8 %

2,5 2731 94,6 %

3,0 2887 100,0 %

35

15

1,0 1649 78,4 %

1,5 2100 100,1 %

2,0 2100 100,1 %

2,5 2100 100,1 %

3,0 2100 100,1 %

30

1,0 1281 61,0 %

1,5 1635 77,9 %

2,0 1975 94,1 %

2,5 2100 100,1 %

3,0 2101 100,1 %

45

1,0 1062 50,6 %

1,5 1381 65,8 %

2,0 1740 82,9 %

2,5 2101 100,1 %

3,0 2101 100,1 %

60

1,0 931 44,4 %

1,5 1260 60,0 %

2,0 1619 77,1 %

2,5 1914 92,1 %

3,0 2101 100,1 %

71