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    Uso de geotecnologias no Mapeamento de Solos do Municpio deFigueiro- Mato Grosso do Sul.

    Cesar da Silva Chagas(1); Nilson Rendeiro Pereira(1); Silvio Barge Bhering(1); Waldirde Carvalho Junior(1).

    (1) Pesquisador; Embrapa Solos. Rua Jardim Botnico, 1.024 - Jardim Botnico Rio de Janeiro, RJ - Brasil - CEP 22460-000Tel.: (021) 2179 4500 - Fax: (021) 2274 5291. {cesar.chagas ,nilson.pereira, silvio.bhering, waldir.carvalho}@embrapa.br

    RESUMO: O presente estudo refere-se aolevantamento de solos do Municpio de Figueiro,Estado do Mato Grosso do Sul, que abrange umarea aproximada de 4.915 km2, realizado em nvelde reconhecimento de baixa intensidade de acordocom as normas preconizadas pela Embrapa Solos,com a utilizao de geotecnologias e tcnicas demapeamento digital. Consiste na caracterizao dossolos visando contribuir para o planejamento do usoe ocupao das terras de forma racional esustentvel. Os resultados obtidos, alm de permitiruma viso geral sobre as principais caractersticasambientais da rea, contm todos os critriosutilizados para distino e classificao dos solos euma descrio das principais classes de solos darea estudada, cuja distribuio espacial representada em um mapa na escala 1:100.000(figura 1). Este mapa constitudo por 18 unidadesde mapeamento, que compem uma legenda deidentificao dos solos, individualizados at o 5nvel categrico do Sistema Brasileiro deClassificao de Solos (SiBCS), seguido de textura,tipo de horizonte A, fases de vegetao, relevo e,para solos pouco evoludos, substrato geolgico. Asprincipais classes de solos identificadas foram:Argissolos Vermelho-Amarelos; LatossolosAmarelos, Latossolos Vermelhos, NeossolosLitlicos e Neossolos Quartzarnicos, estes ltimosapresentando grande predomnio sobre as demaisclasses da rea.Termos de indexao: mapeamento de solo,modelos digital de elevao, geotecnologias.

    INTRODUO

    O governo do Estado do Mato Grosso do Sul cientedos impactos provenientes da utilizao dosrecursos naturais desvinculado de um planejamentoadequado de uso e ocupao das terras estinvestindo no Projeto Zoneamento Agroecolgico doEstado do Mato Grosso do Sul, coordenado pelaEmbrapa Solos em convnio com o governo doestado, (por meio da Secretaria de Produo deTurismo - SEPROTUR). Desta maneira, no intuitode fornecer subsdios ao Zoneamento Agroecolgicodo Estado de Mato Grosso do Sul a Embrapa Solosvm realizando o Levantamento de Reconhecimento

    Baixa Intensidade dos Solos do Estado na escala1:100.000, sendo o levantamento de solos doMunicpio de Figueiro, em nvel de reconhecimentode baixa intensidade (EMBRAPA, 1995) parte desteestudo.

    MATERIAL E MTODOS

    A etapa inicial do Levantamento de Solos doMunicpio de Figueiro consistiu do inventrio e dainterpretao do material do meio fsico existentepara a regio, em especial os estudos de solos e naavaliao do material cartogrfico bsico disponvelpara o delineamento e apresentao dos estudos dedistribuio e ocorrncia de solos.O material cartogrfico utilizado corresponde ascartas topogrficas, na escala de 1:100.000, quecompem o municpio de Figueiro, disponibilizadasem meio digital pelo governo do Estado do MatoGrosso do Sul. Estas folhas no formato digital foramunidas com relao aos planos de informaohidrografia, curvas de nvel e pontos cotados. A redehidrogrfica foi editada no software Arc/Info (ESRI,1997), para a obteno de uma rede de arcossimples, conectados e orientados na direo doescoamento.Da mesma maneira, o plano de informao decurvas de nvel foi editado para eliminar os errosrelacionados com o posicionamento de curvas queno se fechavam e com valores errados. Almdisso, estas foram ajustadas hidrografia paraassegurar sua coerncia. Os pontos cotadostambm foram checados para eliminar aquelesassinalados erroneamente, conforme procedimentospropostos por Carvalho Jnior (2005).Em seguida, estes planos de informao foramutilizados para a gerao de um modelo digital deelevao (MDE), com resoluo espacial de 30 m,utilizando-se o mdulo TOPOGRID do softwareArc/Info (ESRI, 1997). Este mdulo utiliza ummtodo de interpolao especificamente desenhadopara a criao de um modelo digital de elevaohidrologicamente consistente. baseado noprograma ANUDEM desenvolvido por Hutchinson(1993). A definio do tamanho da clula do grid doMDE foi feita conforme proposto por Hutchinson &Gallant (2000), que adota a raiz quadrada da mdia

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    da declividade (em porcentagem) como critrio paradefinio do tamanho ideal do grid. Associado a estecritrio, utilizou-se tambm a comparao visualentre as curvas de nvel originais com as geradas apartir do MDE. Um critrio tambm utilizado foi aadequao resoluo espacial de outros temas,como a imagem do sensor TM do Landsat 5, queoriginalmente possui resoluo de 28,5 m. Sendoassim, todos os temas utilizados possuem resoluoespacial de 30 m.A partir do MDE foram derivados no ArcGIS Desktop9.2 os atributos topogrficos declividade, curvatura endice CTI, que juntamente com a elevao,possibilitaram um melhor conhecimento dascaractersticas do relevo no Municpio e auxiliaram aplanejar as atividades de campo. Dentre os atributostopogrficos, a elevao, a declividade e o aspecto,tm sido reconhecidos como os mais efetivos para arealizao de levantamentos de solos de mdiaescala (MOORE et al., 1993). O aspecto ouorientao da encosta, que define a direo do fluxode gua, est relacionado diretamente comparmetros importantes como a evapotranspirao,insolao, teor de gua no solo econsequentemente sobre os atributos do solo epotencial agrcola (MOORE et al., 1993; WILSON &GALLANT, 2000). No entanto, segundo Mitasova &Hofierka (1993), o aspecto se torna menossignificativo em baixas declividades, como no casodo Municpio de Figueiro, pois clulas comdeclividade menor do que um valor mnimo podemser consideradas como tendo orientao indefinida,exercendo pouca ou quase nenhuma influncia nadiferenciao dos solos e por essa razo no foiutilizada neste estudo.A forma da curvatura de uma encosta podeinfluenciar grandemente a distribuio lateral dosprocessos pedolgicos, hidrolgicos e geomrficose, por conseguinte, os solos que resultam dasinteraes entre estes processos (PENNOCK et al.,1987). A influncia sobre as propriedades dos solostem sido relacionada, principalmente, ao controleque as formas cncava e convexa exercem sobre adistribuio de gua e materiais solveis das partesmais elevadas para as mais baixas.O ndice topogrfico combinado ou ndice deumidade (CTI, sigla em ingls) um atributotopogrfico secundrio, sendo definido como umafuno da declividade e da rea de contribuio porunidade de largura ortogonal direo do fluxo. Estendice foi desenvolvido para ser utilizado em estudode catenas (MOORE et al., 1993). O ndicetopogrfico combinado obtido conformeapresentado na equao 1:

    =tan

    lnsA

    cti (1)

    Onde, As a rea de contribuio (fluxo acumulado+ 1) * tamanho da clula do grid em m2) e adeclividade expressa em radianos.Uma vez definidos os atributos topogrficos,juntamente com os dados sobre a geologia,geomorfologia e das imagens do sensor TM doLandsat 5 da rea foram definidas as atividades decampo, que se iniciaram com uma campanha decorrelao de solos na regio. Com o conhecimentoobtido nesta viagem de correlao foi entoelaborada uma legenda preliminar de identificaode solos que serviu de base para o levantamento desolos.Durante as campanhas de campo foram descritos ecoletadas amostras de perfis de solos em trincheirase coletadas informaes complementares emsondagens com trado holands. Nesta etapa, foramcomplementados tambm os aspectos referentes geologia, geomorfologia, vegetao, pedregosidade,rochosidade, tipos e graus de eroso e drenageminterna dos solos. A descrio completa dos perfisde solos e amostras extras seguiram asrecomendaes propostas por Santos et al. (2005) etodos os pontos foram georreferenciados.As amostras coletadas (terra fina seca ao ar) foramanalisadas no laboratrio da Embrapa Solos, deacordo com a metodologia proposta por Embrapa(1997Com base nas informaes obtidas no campo e nosresultados das anlises fsicas e qumicas, os perfise amostras extras coletados foram classificados deacordo com o Sistema Brasileiro de Classificao deSolos (EMBRAPA, 2006) at o quinto nvelcategrico do SiBCS.

    Em seguida, para o estabelecimento e subdivisodas classes de solos e fases de unidade demapeamento foram utilizados as normas e oscritrios constantes em Embrapa (1979), Embrapa(1988a), Embrapa (1988b) e Embrapa (2006).A fase final dos trabalhos constou da delimitaodas unidades de mapeamento e elaborao final domapa de solos do Municpio de Figueiro. Umaadaptao importante feita neste estudo e que diferedo procedimento normalmente utilizado nolevantamento de solos tradicional est relacionadacom a delimitao das unidades de mapeamento.No levantamento tradicional esta delimitao feitaatravs da interpretao visual de fotografiasareas, as vezes com apoio adicional de imagensde satlite em formato analgico, e em seguidaestes limites so transferidos para baseplanialtimtrica para posterior digitalizao. Nopresente estudo, os limites das unidades demapeamento foram traados diretamente na tela docomputador no ArcGIS Desktop 9.2, tendo comodados bsicos os pontos amostrais (perfis e

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    amostras extras) e as variveis ambientaisrepresentadas pelos atributos do terreno elevao,declividade, curvatura e ndice CTI, com resoluoespacial de 30 m e pelas imagens do sensor TM doLandsat 5 do ano de 2010, com resoluo espacialde 30 m.Em funo do nvel de levantamento realizado(reconhecimento de baixa intensidade) e dascondies locais, foram estabelecidas dois tipos deunidades de mapeamento: as unidades simples, naqual ocorre uma nica classe de solo; e as unidadescompostas, com dois ou mais componentes.

    RESULTADOS E DISCUSSONo levantamento de solos do Municpio de Figueiroforam identificadas 22 unidades de mapeamento,considerando-se o quinto nvel categrico doSistema Brasileiro de Classificao de Solos(EMBRAPA, 2006).As classes de solo identificadas no Municpio deFigueiro e representadas pelos perfis e amostrasextras coletados no foram: Argissolos Vermelho-Amarelos; Argissolos Vermelhos; LatossolosAmarelos; Latossolos Vermelhos; NeossolosLitlicos e Neossolos Quartzarnicos.Predominam no Municpio de Figueiro os solos dasclasses dos Neossolos Quartzarnicos rticos,identificados em 85,26% da rea total do municpio,seguido dos Latossolos Vermelhos e NeossolosLitlicos que perfazem respectivamente, 5,86 e4,07% das terras do municpio, todos relacionadoscom arenitos das Formaes Botucatu, Caiu,Pirambia e Santo Anstacio e em menor proporocom basaltos da Formao Serra Geral.A maior parte das terras do municpio ocupada porpastagens em vrios estgios de degradao e osprincipais fatores que condicionam a degradaodestas pastagens so a baixa capacidade dereteno de umidade dos solos e a baixssimafertilidade dos solos, em sua grande maioriahiperdistrficos e licos.

    Figura1: Mapa de Solos do Municpio de Figueiro

    CONCLUSES

    As classes de solo identificadas no Municpio deFigueiro e representadas pelos perfis e amostrasextras coletados no foram: Argissolos Vermelho-Amarelos; Argissolos Vermelhos; LatossolosAmarelos; Latossolos Vermelhos; NeossolosLitlicos e Neossolos Quartzarnicos.Predominam no Municpio de Figueiro os solos dasclasses dos Neossolos Quartzarnicos rticos,identificados em 85,26% da rea total do municpio,seguido dos Latossolos Vermelhos e NeossolosLitlicos que perfazem respectivamente, 5,86 e4,07% das terras do municpio.A maior parte das terras do municpio ocupada porpastagens em vrios estgios de degradao e osprincipais fatores que condicionam a degradaodestas pastagens so a baixa capacidade dereteno de umidade dos solos e a baixssimafertilidade dos solos, em sua grande maioriahiperdistrficos e licos.Finalmente, os resultados obtidos com este estudo,juntamente com outros estudos do meio fsico esocioeconmico, possibilitaram a realizao doZoneamento Agroecolgico do Municpio deFigueiro, que por sua vez ser instrumento

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    primordial para o planejamento de uso das terras domunicpio.

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