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Uso de Contêineres na
Arquitetura Brasileira
Iniciação Tecnológica Voluntária – Edital PIBIT 2014/2015
Prof. Dr. Antonio M. N. Castelnou Nt (DAU-UFPR)
Projeto: Manual para reciclagem arquitetônica de containers BANPESQ/THALES: 2014015430
Vanessa F. Tavares Pereira
Objetivos:
CONTRIBUIR ao projeto intitulado “Manual para reciclagem arquitetônica
de contêineres” (PIBIT 2014/15), por meio do estudo de casos brasileiros
de construções em contêineres.
ANALISAR funcional, técnica e esteticamente obras nacionais de
distintos programas de necessidades, propostas em contêineres e já
executadas.
Metodologia:
Pesquisa de caráter teórico-conceitual e cunho exploratório
Revisão web e bibliográfica
Estudo descritivo e analítico de 03 (três) exemplares, cujos critérios de
seleção foram relevância e diferenciação entre programas:
1. Residência de alto padrão (Curitiba PR) - Danilo Corbas
2. Loja Decameron (São Paulo SP) - Marcio Kogan
3. Tetris Hostel (Foz do Iguaçu PR) - Carlos Salamanca e Karin
Niiside
Introdução:
A arquitetura realizada com base no reaproveitamento de CONTÊINERES
(containers) é recente e vem ganhando notoriedade, seja por questões
econômicas, devido ao seu baixo custo, disponibilidade e rapidez de
execução, seja pelos aspectos sociais e estético-formais que envolve.
Torna-se conveniente para obras temporárias, de assistência humanitária
ou arquitetura de eventos, bem como àquelas de APELO
SUSTENTÁVEL, incluindo moradias e outros programas, que visam
experimentar pressupostos projetuais: modulação, readequação e
reciclagem de estruturas.
No BRASIL, já ocorrem tais experimentações, embora em menor
quantidade quando comparado a países como França, Alemanha, Japão e
EUA, onde há projetos extensamente divulgados e que se enquadram na
vertente de arquitetura sustentável contemporânea.
Questões criticas quanto ao uso dessa tecnologia no Brasil.
Revisão de Literatura:
Os autores pesquisados (KOTNIK, 2008; FOSSOUX et CHEVRIOT,
2013) demonstram concordância quanto ao potencial da adaptação e
REUSO ARQUITETÔNICO de contêineres como tecnologia construtiva
quanto aos desafios encontrados em sua utilização.
Os trabalhos anteriores vinculados ao grupo de pesquisa em Teoria e
Historia do Ambiente Construído – THAC da UFPR, além da principal
fonte bibliográfica consultada nesta pesquisa (SLAWIK et al., 2010),
também chegaram às seguintes conclusões:
Vistas exterior e interior de um container padrão ISO (KOTNIK, 2008)
VANTAGENS (+)
1) Baixo custo relativo
(Disponibilidade e acesso)
2) Rapidez de execução
(construção seca)
3) Maior sustentabilidade
(Reaproveitamento)
4) Elemento autoportante
(Limitações: empilhamento em
até 4 andares e assentamento
pelas arestas - nós)
Flexibilidade e modularidade dos containers
(Adaptado de SLAWIK et al., 2010)
5) Modularidade, flexibilidade e adaptabilidade do sistema
Vistas explodidas de container de carga adaptado
para a construção (SLAWIK et al., 2010
Containers adaptados para a construção
(FOSSOUX et CHEVRIOT, 2013)
DESVANTAGENS (-)
1) Necessidade de limpeza prévia
por tratamento químico
2) Isolamento termoacústico
questionável (requer a aplicação
de revestimentos adequados)
3) Realização de recortes, molduras
e reforços estruturais para seu
uso digno e confortável
Cabe ao arquiteto tornar
seu reuso arquitetônico
viável e adequado a padrões
satisfatórios de QUALIDADE
e HABITABILIDADE.
Estudo de Casos:. 1
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RESIDENCIA DE ALTO PADRÃO 2013 – Curitiba PR
Projeto: Arq. Danilo Corbas
Interiores: Priscila Ferstenberg / Execução: Delta Containers
Área: 240 m2 / 06 contêineres High Cube 40’ISO (2,4m x 12m x 2,9m) 1
Setorização: Pav. Térreo: Área social e serviços
Pav. Superior: Setor íntimo
(JAZRA, 2013)
1) Uso do container high cube: pé-direito alto
(criação de ambientes mais amplos)
2) Elementos externos em madeira (solicitação
dos proprietários): afastamento da estética
industrial
3) Bom aproveitamento espacial em terreno
estreito: implantação em condomínio fechado
4) Deslocamentos a aproximadamente 1/3 do
tamanho do conteiner: geração de varandas
e jardins
5) Isolamento em lã-de-rocha e revestimentos
intrenos em drywall
LOJA DECAMERON 2011 – São Paulo, SP
Projeto e Execução: Studio MK 27 – Arq. Marcio Kogan
Área: 256 m2 / 06 contêineres, sendo
02 Box (2,9m x 2,9m x 2,9m) e 04 High Cube 40’ISO (2,4m x 12m x 2,9m) 2
1) Primeira loja do Brasil executada
com contêineres: implantação em
região nobre de São Paulo SP
2) Houve visitas constantes ao Porto
de Santos SP e detalhes
resolvidos no canteiro de obras
(STUDIO MK27, 2015)
3) Premissa de ocupação leve do
solo (terreno alugado): partido
como um “túnel” de conteineres
4) Volume em concreto com vão livre:
abriga móveis e eventos
5) Cobertura em painéis
impermeabilizados com manta
asfáltica
6) Ambientes vazios: integração e
fluidez espaciais
(STUDIO MK27, 2015)
TETRIS CONTAINER HOSTEL 2013/14 – Foz do Iguacu, PR
Projeto: Karin Niiside e Carlos Salamanca
Área: 498 m2 / 15 conteineres High Cube 40’ISO (2,4m x 12m x 2,9m)
3
(TETRIS CONTAINER HOSTEL, 2015)
1) Considerado o maior Hostel Container do
mundo (BRASIL TURISMO, 2013):
Empilhamento e rotação de elementos geram
espaços de convivência.
2) Edificação em que foi realizada a CASA FOZ
DESIGN (2013), completamente
reaproveitada: cobertura verde, captação e
reuso de águas pluviais, sistema de
tratamento de águas cinzas (rega de jardins),
utilização de madeira plástica e pisos
drenantes, reaproveitamento de outros
elementos (pallets e caixas de
supermercado).
3) Possui bares e piscina feita com conteiner
impermeabilizado, cozinha coletiva, sala
comum, varandas e um mirante.
4) Contato com tecnologia x dificuldades no
Brasil (mão-de-obra qualificada, fornecedores
e materiais adequados para uso em
contêineres).
Disposição dos Contêineres (CASA FOZ DESIGN, 2015)
Resultados:
Constatou-se os PONTOS POSITIVOS identificados em pesquisas
anteriores: contribuições à sustentabilidade, versatilidade compositiva,
economia, resistência, rapidez e redução do impacto construtivo.
Nota-se nos três casos estudados diferentes níveis de complexidade
compositiva (CHING, 2008):
• Composições simples, por adição e translação de módulos,
como e o caso da residência e da Loja Decameron
• Composições mais complexas, obtidas por subtração e
interpenetração de elementos, como o Tetris Container Hostel.
Como consequência, nota-se a versatilidade de implantação e adequação
ao uso em terrenos estreitos. Percebeu-se a modulação, a articulação e a
combinação dos contêineres, que, aliados a outras técnicas construtivas e
acabamentos, possibilitam a geração de espaços intermediários e
vazios nas três obras analisadas, ressaltando o POTENCIAL PLÁSTICO
desses elementos construtivos.
Considerações Finais:
No reuso arquitetônico de contêineres, há a necessidade de cuidado
referente às QUESTÕES TERMOACÚSTICAS E VISUAIS, o que conduz
à adoção de revestimentos e acabamentos adequadamente especificados
conforme as intenções estéticas do cliente/empresa, o acesso a
fornecedores e a disponibilidade de mão-de-obra especializada.
Especialmente no BRASIL, as desvantagens colocam essa tecnologia
como de domínio restrito: a dificuldade de execução, devido à qualificação
de mão-de-obra e de fornecedores de acabamento, o que causa a
retenção do conhecimento por poucas empresas especializadas neste tipo
de construção.
Destaca-se o papel da UNIVERSIDADE como facilitadora da
disseminação tecnológica desse sistema em contêineres.
Principais Referências:
BRASIL TURISMO. Hostel em Foz do Iguacu e sinonimo de sustentabilidade.
Disponivel em: <http://www.brasil.gov.br/turismo/2015/01/hostel-em-foz-do-iguacu-pr-e-sinonimo-de- sustentabilidade>. Acesso em: 05/05/2015.
CHING, F. D. K. Arquitetura: Forma, espaco e ordem. Sao Paulo: Martins Fontes, 2008 CASA FOZ DESIGN. A casa (2013). Disponivel em:
<http://www.casafozdesign.com.br/a- casa/>. Acesso em: 05/05/2015 JAZRA, G. Casa de 240 m2 feita com cointêineres é inaugurada no Paraná (2013).
Disponível em: <http://piniweb.pini.com.br/ construcao/arquitetura/casa-de-240-m-feita-com-conteineres-e-inaugurada-no-276965-1.aspx>. Acesso em: 23/02/2015.
KOTNIK, J. Container architecture. Barcelona: Links Books, 2008. FOSSOUX, E.; CHEVRIOT, S. Construire sa maison container. 2. ed. Paris: Eyrolles,
2013. SLAWIK, H.; BERGMANN, J.; BUCHMEIER, M.; TINNEY, S. Container Atlas: A practical
guide to container architecture. 4. ed. Berlin: Gestalten, 2010. STUDIO MK27. Decameron. Disponivel em:
<http://www.studiomk27.com.br/p/decameron/>. Acesso em: 10/02/2015. TETRIS CONTAINER HOSTEL. Disponivel em: <http://tetrishostel.com.br/>. Acesso em:
05/05/2015.