uso de canabinódes no controle da...
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Uso de canabinódes no
controle da espasticidade VII Jornada Gaúcha de Medicina Física e Reabilitação
15 e 16/ Setembro/ 2017
Andréa Thomaz Viana
Agenda
Esclerose múltipla
Tratamentos atuais
Sistema endocanabinoide
Características da medicação
Segurança (a longo prazo)
Indicações para uso de canabinóides
Espasticidade consequente de Esclerose Múltipla (EM)
Dor consequente de espasticidade de EM
Esclerose Múltipla (EM)
Doença neurodegenerativa, crônica, inflamatória e desmielinizante
Cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo
Adultos jovens de 20 a 40 anos
Mulheres > homens
Caucasianos > negros
Incidência
Europa e EUA 60-200 casos/ 100.000 habitantes
Brasil 5-30 casos/ 100.000 pessoas
Alta prevalência em lugares de latitudes mais elevadas
Falta de exposição solar pode ser o fator determinante baixa da
produção de vitamina D.
Características
Lesões (placas) em diversas regiões do SNC (cérebro e/ ou
medula espinhal)
Infiltração de células T + ativação da microglia/macrófagos = estressa a bainha de mielina e os oligodendrócitos processo
inflamatório na perda de oligodendrócitos, desmielinização e
lesão axonal
Desmielinização dos neurônios do sistema nervoso central (SNC) prejudica a capacidade de condução dos sinais
nervosos sintomas motores, sensitivos e cognitivos
Características
Etiologia desconhecida
Hipóteses: viral e autoimune. H
Hipóteses complementares sistema imunológico
com importante papel na fisiopatologia da doença
Sinais e
sintomas
Também:
Tontura ou vertigem
Sensibilidade ao calor
Espasticidade
Variedade de sinais e sintomas que interfere na funcionalidade e qualidade de vida do indivíduo
Espasticidade na EM
Sintomas debilitantes
Rigidez muscular
Comprometimento da marcha , movimento e fala;
Espasmos musculares incontroláveis;
Dor
Consequências
Postura anormal
Deformidades ósseas e articulares
Formas clínicas de Esclerose Múltipla Esclerose Múltipla Remitente Recorrente
Episódios de surtos claramente definidos com remissão parcial ou completa
Mais frequente
Período entre os surtos ausência da progressão da doença
Surtos imprevisíveis que podem ou não deixar marcas permanentes seguidos por períodos de remissão.
Formas Clínicas de Esclerose Múltipla
Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP)
Desde o início é doença progressiva
Não apresenta surtos claramente definidos
Piora do quadro clínico é contínua e gradual, com pequena melhora
temporária
Aumento estável da degeneração, sem surtos.
Formas Clínicas de Esclerose Múltipla
Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP)
Começa como EMSR
Evolui para uma doença progressiva com surtos, platôs e pequenas remissões
Esclerose Múltipla Progressiva com Surtos (EMPS)
Semelhante à EMPP, mas com claros surtos agudos, com ou sem
recuperação e com progressão continua entre os surtos
Quadro clínico mais grave da doença
Tratamentos
Modificadores da
progressão
Tratamentos
complementares
• Reduzir surtos
• Atrasar progressão
• Ação sobre o Sist. Imune: • Supressão
• modulação
Surtos • Corticóides - pulsoterapia
• Plasmaferese
• Reabilitação (FT, TO, FO, etc)
• Medicamentos (sintomáticos)
• Atividade física
• Controle de estresse
• Outros
Espasticidade na EM
Distúrbio de controle muscular músculos com tônus aumetado +
incapacidade de controle voluntário
Importante fator incapacitante na EM pela dor, alteração de sono
e disfunções da bexiga, incapacidade para andar e problemas
com a higiene pessoal;
Afeta preferencialmente MMII e tronco
82-84 % dos pacientes com EM
47-54 % dos pacientes com EM com sintomas moderados ou graves
Objetivos
A resposta do paciente para intervenções tais como medicamentos , reabilitação ou
cirurgia devem ser cuidadosamente monitorizados.
Objetivos típicos no “gerenciamento” de espasticidade em
pacientes com EM
Conforto Aliviar a dor ou desconforto relacionado à rigidez /
espasmos
Facilidade
de cuidados Melhorar a postura, higiene, etc.
Função
• Melhorar a utilização dos membros afetados
• Melhorar a capacidade de realizar atividades do
cotidiano.
Desabilidad
e e QV
Melhorar ou preservar a capacidade de realizar
funções (mobilidade , trabalho, família , atividades de
lazer ) , melhorar ou manter a qualidade de vida.
Equipe multidisciplinar
TERAPIAS
Serviço social
Psicologia
Fisioterapia
Terapia Ocupacional
Fonoaudiologia
Nutrição
Enfermagem
Educação Física
Pedagogia
Protesista
MÉDICO FISIATRA
Médico Coordenador da Equipe de
Reabilitação
Especialidades de Apoio Cardiologia / Neurologia
Urologia / Ortopedia infantil
Ambulatórios de Apoio:
Urodinâmica
Eletroneuromiografia
Laboratório de Marcha
Adaptação em Cadeira de Rodas
Procedimentos Guiados por Ultrassom
Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de
Marcha
Bloqueio Neuroquímico (Fenol e Toxina
Botulínica)
Procedimentos Gerais para Pequeno
Incapacitado
Opções de Tratamento
Farmacológico
(via oral)
• Baclofeno
• Tizanidina
• Diazepam
• Gabapentina
• Clonidina
• Tetrazepam
• Clonazepam
• Dantroleno
• Tolperisona
Spray oral
• Mevatyl®.
Procedimentos
• Toxina botulínica A
• Fenol
• Bomba de Baclofeno intratecal
(ITB)
Não farmacológico • Fisioterapia
• Cirurgia
Sistema endocanabinóide e
Espasticidade na Esclerose Múltipla
Estudos experimentais têm demonstrado que o sistema endocanabinóide parece ser significativamente alterado durante eventos espásticos.
Estudos semelhantes mostraram uma redução nos endocanabinóides AEA e 2-AG.
Estas observações podem ser consequência de sinalização neuronal anormal e /ou efeitos neurodegenerativos em nervos danificados, características de EM e a causa dos sintomas da doença
Sistema endocanabinóide (SE)
Sistema Endocanabinóide
Recetores canabinóides
Endocanabinóides (ECs)
Enzimas envolvidas no seu metabolismo
Transportador membranar
Funcionamento distinto de outros neurotransmissores
Síntese nos neurônios pós-sinápticos
Sob demanda (não armazenados em vesículas)
Nos neurônios pós-sinápticos
Ecs atravessam as membranas por difusão atingem os
receptores nos neurônios présinápticos ↓ influxo de cálcio no
axônio ↓ liberação de neurotransmissores na fenda sináptica
Canabinóides
Os canabinóides ligam-se a e modulam a atividade de receptores de canabinóides. Eles são classificados da seguinte forma:
Endocanabinóides: os ligantes naturais dos receptores de canabinóides , produzidas pelo corpo (ex.: AEA e 2-AG);
Canabinóides sintéticos: alguns tipos disponíveis, fora do Brasil (ex.: dronabinol e nabilone);
Fitocanabinóides: compostos naturais derivados de Cannabis spp
Ambos os efeitos agonistas e antagonistas (THC + CBD).
Receptores canabinóides
Os canabinóides THC e CBD interagem com os receptores de canabinóides, dos quais dois tipos são conhecidos atualmente:
receptores CB1
receptores CB2
Esses receptores estão envolvidos na regulação de um grande número de processos corporais;
O sistema canabinóide age como um mecanismo neuromodulador que regula a transmissão de impulsos nervosos.
Receptores canabinóides
Receptores CB1: distribuídos por todo o SNC,
principalmente em áreas do cérebro envolvidas com: Movimento e controle postural
Dor e percepção sensorial
Memória, cognição e emoção Funções autonômicas e endócrinas
Controle do apetite (ex: hipotálamo e centros de
recompensa, ex: sistema límbico)
Receptores CB2: Regulação da liberação de citocinas a partir de células
imunológicas Migração de células imunológicas
Indica reduzir a inflamação e certos tipos de dor
Interação CBD e THC
THC representa os principais efeitos dos derivados de cannabis;
Acredita-se CBD atue sinergicamente com THC aumentando
assim os benefícios e aliviando os efeitos adversos do mesmo;
THC é um agonista parcial dos receptores CB1 e CB2;
CDB atua como um antagonista do receptor CB1.
Cannabis sp.
- Cannabis indica; Cannabis sativa; Cannabis ruderalis - (Maconha x
Cânhamo)
- Relato escrito da Cannabis: 2727 a.C. (Imperador Num Sheng,
China)
Processo de fabricação altamente controlado
Plantas idênticas
(clones)
Condições de
secagem
Processo de
extração
Processos de
produção
certificados (BPF)
automatizados
Envaze e rotulagem
certificados (BPF)
automatizados
Empacotamento (BPF)
inclui dados do produto,
cuidados e medidas anti-
falsificação
Níveis séricos máximos Sativex® vs. Marijuana fumada
Guy & Stott In Parnham et al. (eds) Milestones in drug therapy: cannabinoids as therapeutics, 2005.
Qualidade
Composição
Não contaminação
Regulamentação
Segurança
Curto termo
Longo termo
Efetividade
Uso legal
Requisitos para uma medicação 32
0
20
40
60
80
100
120
0 60 120 180 240 300 360
Vaporised
Tetranabinex®
(THC BDS)
Oro-mucosal
Sativex®
Mean
TH
C P
lasm
a C
on
cen
trati
on
(ng
/ml)
Time (Minutes) *Mean Dose in Study GWPK0114#Mean Dose in Study GWPk0215
Comparison of THC plasma levels following administration of
6.65mg* of vaporised THC or 4 sprays of Sativex®
(10.8mg THC & 10mg CBD#)
SIDE
EFFECTS
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Questões importantes
• “End-of-the-Road”
• Terapia “add on”
indicada para
pacientes que não
tiveram melhoras
substanciais ou não
toleraram os eventos
adversos das
terapias conhecidas
• A New Treatment
• Pressure to prescribe
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Doenças cardiovascular
Hipotensão postural
Arritmias
Doença respiratória
Estágios avançados de DPOC
Função hepática e renal
Administração bem
controlada pelo paciente
Sem interações conhecidas
Atentar para efeitos aditivos
Co-Morbidades: cuidados especiais
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Epilepsia mal controlada
Psicose, depressão endógena
(não secundária à EM),
distúrbios de personalidade
Alterações cognitivas
Demência
Adição/ abuso/ problemas com
álcool
Co-Morbidades de SNC
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O paciente já usou cannabis...
Aceitável
Uso recreativo quando “jovem”
Fumar para aliviar sintomas “a noite”
Inaceitável
Fumar 6x/dia
Uso recreativo regular
Histórico de abuso/dependência
Eventos adversos
Eventos comuns
Tontura
Vertigem
Sensação de “Cabeça leve”
Importância da Titulação
deitar e repousar – efeitos passam em cerca de 2-3 horas