urbanismo wanderley de souza define prioridades e planeja 2005 · design gráfico e editoração|...

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Novos veículos online chegam para ampliar difusão de C&T A reformulação do site da FAPERJ e a cria- ção de um boletim eletrônico semanal, am- bos no ar desde 8 de julho, buscam estreitar o relacionamento entre a Fundação e seu público. O site adota práticas consagradas de usabilidade. Já o Boletim da Faperj inova ao adotar linguagem jornalística tradicio- nal em meio eletrônico. Pág. 12 Banco de dados organiza normas de uso do solo Centenas de leis, decretos e resoluções rela- tivas ao uso do solo no Rio e Niterói já estão organizados no Banco de Dados de Nornas Urbanísticas do Rio de Janeiro, trabalho iné- dito da urbanista Raquel Coutinho, da UFRJ, que teve o apoio da FAPERJ. O banco de da- dos será disponibilizado ao público nos pró- ximos meses, via internet. A intenção é abranger todas as cidades do estado. Pág. 11 Inovação - Mapa da Ciência - O passo-a-passo dos editais - Ciências Biológicas Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ - Avenida Erasmo Braga, 118/6º andar – Centro – Rio de Janeiro – CEP.: 20.020-000 Visite nosso site: www.faperj.br Nanoluz: laboratório da PUC-Rio investe em pesquisa sobre Oleds Grupo de pesquisa da PUC-Rio, que tem apoio da FAPERJ, está entre os poucos do Brasil a estudar os Oleds (Organic Light Emitting Diodes), fontes luminosas econômicas e não–poluentes. A técnica é uma aplicação da nanotecnologia. Pág 11 Urbanismo Conheça o impacto da presença feminina no mundo profissional Rede Rio de internet ganha mais velocidade ainda este ano Um jovem talento já brilha na cena internacional Pág. 4 Pág. 9 Pág. 7 Comunicação De volta à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, desde janeiro de 2004, o professor Wanderley de Souza faz um balanço das atividades da Secti em entrevista ao Jornal da FAPERJ. “Nesses primeiros seis meses, buscamos recuperar a credibilidade do sistema estadual de C&T”, afirma. No segundo semestre, o secretário pretende traçar metas para o setor. Serão estruturadas duas grandes comissões para definir prioridades de desenvolvimento. O esforço culminará na primeira grande conferência esta- dual de Ciência e Tecnologia, prepa- ratória para a conferência nacional de C&T, no segundo semestre de 2005. “Quero os cientistas pensando o estado e, também, pensando o Brasil. Que- remos promover parcerias entre se- cretarias e governadores começando por São Paulo“, explica. Pág. 3 Adriana Lorete Wanderley de Souza define prioridades e planeja 2005 São Cristóvão ganha mapa A FAPERJ lança, dia 4 de agosto, a segunda edição do projeto Rio de Janeiro em Mapas. Desta vez, o bairro escolhido é São Cristóvão, cujo mapa foi pintado pelo artista naïf J. Araujo. Entre as construções retratadas está o Museu do Primeiro Reinado, ao lado. Faperjianas – Pág.8 História Arquivo de presídios da Ilha Grande em recuperação Pág. 9

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Novos veículos onlinechegam para ampliardifusão de C&TA reformulação do site da FAPERJ e a cria-ção de um boletim eletrônico semanal, am-bos no ar desde 8 de julho, buscam estreitaro relacionamento entre a Fundação e seupúblico. O site adota práticas consagradasde usabilidade. Já o Boletim da Faperj inovaao adotar linguagem jornalística tradicio-nal em meio eletrônico. Pág. 12

Banco de dadosorganiza normas deuso do soloCentenas de leis, decretos e resoluções rela-tivas ao uso do solo no Rio e Niterói já estãoorganizados no Banco de Dados de NornasUrbanísticas do Rio de Janeiro, trabalho iné-dito da urbanista Raquel Coutinho, da UFRJ,que teve o apoio da FAPERJ. O banco de da-dos será disponibilizado ao público nos pró-ximos meses, via internet. A intenção éabranger todas as cidades do estado. Pág. 11

Inovação - Mapa da Ciência - O passo-a-passo dos editais - Ciências Biológicas Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ - Avenida Erasmo Braga, 118/6º andar – Centro – Rio de Janeiro – CEP.: 20.020-000

Visite nosso site: www.faperj.br

Nanoluz: laboratório da PUC-Rio investe em pesquisa sobre Oleds

Grupo de pesquisa da PUC-Rio, que tem apoio da FAPERJ, está entre os poucos doBrasil a estudar os Oleds (Organic Light Emitting Diodes), fontes luminosaseconômicas e não–poluentes. A técnica é uma aplicação da nanotecnologia. Pág 11

Urbanismo

Conheça o impacto dapresença feminina nomundo profissional

Rede Rio de internetganha mais velocidadeainda este ano

Um jovem talentojá brilha na cenainternacional

Pág. 4

Pág. 9

Pág. 7

Comunicação

De volta à Secretaria de Estado deCiência, Tecnologia e Inovação, desdejaneiro de 2004, o professor Wanderleyde Souza faz um balanço das atividadesda Secti em entrevista ao Jornal daFAPERJ. “Nesses primeiros seis meses,buscamos recuperar a credibilidade dosistema estadual de C&T”, afirma. Nosegundo semestre, o secretário pretendetraçar metas para o setor.

Serão estruturadas duas grandescomissões para definir prioridades dedesenvolvimento. O esforço culminarána primeira grande conferência esta-dual de Ciência e Tecnologia, prepa-ratória para a conferência nacional deC&T, no segundo semestre de 2005.“Quero os cientistas pensando o estadoe, também, pensando o Brasil. Que-remos promover parcerias entre se-cretarias e governadores começandopor São Paulo“, explica. Pág. 3

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Wanderley de Souza defineprioridades e planeja 2005

São Cristóvão ganha mapaA FAPERJ lança, dia 4 de agosto, asegunda edição do projeto Rio de Janeiroem Mapas. Desta vez, o bairro escolhidoé São Cristóvão, cujo mapa foi pintadopelo artista naïf J. Araujo. Entre asconstruções retratadas está o Museu doPrimeiro Reinado, ao lado.

Faperjianas – Pág.8

História

Arquivo de presídiosda Ilha Grande em recuperação Pág. 9

ma das preocupaçõesdo Governo RosinhaGarotinho é o reforçoda infra-estrutura de

ciência e tecnologia do Estadodo Rio de Janeiro. Quem asse-gura é o secretário de Estadode Ciência, Tecnologia e Ino-vação, Wanderley de Souza, oentrevistado desta edição doJornal da FAPERJ. De acordocom o secretário, uma dasorientações prioritárias para aFAPERJ será, justamente, bus-car condições para assegurar acontinuidade dos projetos depesquisa. Wanderley de Souzaadianta que até agosto deve-rão ser liberados mais R$ 10milhões do Programa de Apoioao Desenvolvimento Científico eTecnológico (PADCT) para acompra de equipamentos degrande porte.

Esta edição traz, também, umartigo do diretor-presidenteda FAPERJ, Pedricto RochaFilho, sobre inovação tecno-lógica - um dos temas mais re-levantes no atual cenário daciência e tecnologia. Ex-sub-secretário de Desenvolvimen-to Tecnológico, Rocha Filhodestaca os esforços realizadosna esfera estadual, como a ela-boração do Plano Estratégicode Educação Profissional, em2000, e do Plano de Desenvol-vimento Tecnológico, no anoseguinte, além das iniciativasdo Governo Federal, como oProjeto de Lei de Inovação en-viado ao Congresso em abril.

No panorama apresentadonesta edição para evidenciaras ações da FAPERJ, destaca-mos a pesquisa sobre Oleds

(Organic Light Emitting Diodes)realizadas na PUC-Rio; o inéditobanco de dados de normas ur-banísticas desenvolvido peloPrograma de Pos-Graduaçãoem Urbanismo da Faculdadede Arquitetura e Urbanismoda UFRJ; e o estudo realizadoem conjunto pela Uerj/Iuperjrevelando, entre outros as-pectos, que, ao contrário doshomens, as mulheres estariamdispostas até a renunciar aocasamento para avançar nacarreira profissional.

Outro destaque é a reportagemsobre a reformulação do site daFAPERJ e o lançamento de umnovo veículo de comunicaçãoonline - o Boletim da FAPERJ,no ar desde 8 de julho.

Os Editores

expediente

Ueditorial

Governo do Estado do Rio de JaneiroGovernadora | Rosinha Garotinho

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e InovaçãoSecretário | Wanderley de Souza

FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo àPesquisa do Estado do Rio de Janeiro

Diretor-presidente | Pedricto Rocha FilhoDiretor Científico | Jerson Lima Silva

Diretor de Tecnologia | Marcos CavalcantiDiretora de Administração e Finanças | Maria Carolina Pinto Ribeiro

Conselho Superior Presidente | Reinaldo Felippe Nery Guimarães, vice-presidente |

Jésus Alvarenga Bastos, Angela Maria Cohen Uller, Antônio CelsoAlves Pereira, Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, Carlos

Alberto Dias, Celso Pereira de Sá, César Camacho, EduardoEugênio Gouvêa Vieira, Maria Alice Rezende de Carvalho, Otávio

Guilherme Cardoso Alves Velho e Walter Araújo Zin

Jornal da FAPERJ – ano I – nº 2Publicação bimestral da FAPERJ

Coordenação editorial | Renata MoraesEdição | Marcos Patricio

Redação | Marcos Patricio, Marina Lemle, Paul Jürgens, RenataMoraes e Vinicius Zepeda

Fotografia | Vinícius Sérgio Zepeda, Marcos PatricioDesign gráfico e editoração | Bia Alves Pinto e Tiago Peregrino

Revisão | Marcelo BessaMala-direta e distribuição | André Souza

Núcleo de Difusão Científica e Tecnológica

Coordenação executiva | Renata Moraes Jornalismo | Marcos Patricio, Marina Lemle, Paul Jürgens e

Vinicius ZepedaDesigner | Bia Alves Pinto e Tiago Peregrino

Webdesigner | Mirian DiasProdução | Joseph Lynch e Luzimar Valetim

Secretária executiva | Viviane Lacerda Apoio | André Souza

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação –Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado

do Rio de Janeiro – FAPERJAvenida Erasmo Braga, 118/6º andar – Centro – Rio de Janeiro

CEP: 20.020-000 – Tel.: 3231-2929 – Fax: 2533-4453

Gráfica | Jornal do Commercio – Tiragem: 9.000

cartas para [email protected]

Visite nosso site: www.faperj.br

Semana de C&T

De 18 a 24 de outubro, instituiçõesde pesquisa e universidades de todoo Brasil abrirão suas portas para avisitação pública, realizando ati-vidades que permitam ao públicoter contato direto com a ciência.Iniciativa do MCT, a Semana Na-cional da Ciência e Tecnologiamobilizará todas as esferas degoverno.

Agropecuária

Em conjunto com a Secretaria deEstado de Ciência Tecnologia eInovação (Secti), a FAPERJ par-ticipou da 45ª Exposição Agro-pecuária e Industrial do NorteFluminense e da 29ª Exposição Agro-pecuária Estadual. Os eventos foramrealizados no Parque de Exposiçõesda Fundação Rural de Campos, de 7a 11 de julho.

III ENITEC

A Sociedade Brasileira Pró–Ino-vação Tecnológica (Protec) pro-moveu o III Encontro Nacional deInovação Tecnológica (III ENITEC),de 7 a 9 de julho, na sede da Firjan.O evento, que contou com apoio daFAPERJ, teve como tema o Papel daInovação Tecnológica na PolíticaIndustrial, Tecnológica e de Co-mércio Exterior.

notas

Na edição online do Jornal da FAPERJ,em www.faperj.br, você encontra linksrelacionados às seguintes matérias:

Arquivo Público recupera documentosdos antigos presídios da Ilha GrandeDados sobre prisões desativadas noRio de Janeiro

FAPERJ recria site e lança boletimeletrônicoSites estrangeiros e brasileirossobre a ciência da usabilidade

Mulheres, lares e mercado de trabalhoPanoramas sobre mulheres no Brasile no mundo

NanoluzesO que há de mais moderno em Oledse as dez tecnologias que podemajudar a salvar a Terra

De Vigário Geral à Universidade de HarvardWagner Seixas da Silva conta suahistória em texto e fotos

Primeiro, pôr a casa em ordem e, a se-guir, apostar na C,T & I em benefícioda sociedade fluminense e brasilei-

ra. Assim pensa o secretário de Ciência,Tecnologia e Inovação do Estado do Riode Janeiro, Wanderley de Souza. O bio-físico, que esteve à frente da Secretaria de1999 a março de 2002 e retornou ao cargono início deste ano, foi titular daSecretaria Executiva do Ministério daCiência e Tecnologia no ano de 2003.

Nesta entrevista ao Jornal da FAPERJ,Wanderley de Souza explica as prio-ridades e metas do governo estadual naárea de ciência, tecnologia e inovação.

Jornal da FAPERJ - Quais são as metas dapolítica de ciência, tecnologia e inovação doEstado do Rio de Janeiro?

Wanderley de Souza – Primeiro, vamosreforçar a infra-estrutura de C&T do Riode Janeiro. Isso é feito basicamente pormeio da FAPERJ, que está priorizando essalinha. Retomamos o projeto do Programade Apoio ao Desenvolvimento Científico eTecnológico (PADCT), iniciado em 2000, eesperamos a liberação, até agosto, de maisde R$ 10 milhões para equipamentos degrande porte, da microscopia eletrônica àespectroscopia de massas.

Jornal da FAPERJ – Qual é o mérito da FAPERJna política de C,T&I do estado?

Wanderley de Souza – Permitir que pesqui-sadores realizem seu trabalho. O programaCientistas do Nosso Estado, por exemplo,teve aumento do número de bolsas de 200para 300. Tivemos também o Pronex (Pro-jetos de Apoio a Núcleos de Excelência) e oedital Pesquisa na Área Médica, além deprogramas voltados para jovens.

Jornal da FAPERJ – Quais são as prin-cipais ações da Secretaria de C, T & I paraa inclusão digital?

Wanderley de Souza – Vamos melhorar ainfra-estrutura de redes no Rio de Janeirofortalecendo a Rede Rio, uma rede decomputação científica pioneira, e oprograma Infovia RJ, capitaneado peloProderj, que dará condições para que ainternet rápida chegue ao interior e aomaior número possível de instituições

educacionais, sobretudo as darede Faetec.

Jornal da FAPERJ –

Existem programas es-pecíficos na área deeducação?

Wanderley de Souza– Estamos inves-tindo em educaçãoa distância em di-ferentes pólos, rees-truturando os que jáexistem e criando no-vos. Também estamoscriando novos cursos.O objetivo é levar rapi-damente cursos a dis-tância para 20 mil alunosde graduação. Outro focoé fortalecer e definir melhor acompetência científica das uni-versidades estaduais.

Apostamos ainda na expansão da educaçãoprofissional. A meta é que a Faetec atinja 250mil alunos em 2005. Já foram autorizadas pelagovernadora Rosinha 15 novas escolas.

Jornal da FAPERJ – Como a C&T fluminen-se impulsionará o desenvolvimento do es-tado e do país?

Wanderley de Souza – Estamos induzindoa criação de microempresas de base tec-nológica. Criamos parcerias com MCT,BNDES, Sebrae e Federação das In-dústrias para melhorar a infra-estruturade parques tecnológicos e incubadorasde empresas e criar novos, sobretudo nointerior. Também queremos contribuircom as diferentes áreas do governo,como a segurança pública. Na agri-cultura apoiamos programas de fru-ticultura e de floricultura. E quero apli-car na produção os programas de bio-tecnologia da FAPERJ, Genoma eProteoma, que ainda estão muitoacadêmicos.

Jornal da FAPERJ –

Quanto já se avan-çou nesse sen-

tido?

Wanderleyde Souza –Ainda esta-mos próxi-mos do zero,mas vamosmarcar deperto a áreado desen-

volvimentotecnológico,

tanto nas ações daSecti como nas da

FAPERJ Secti comoda FAPERJ. Ainda háum bloqueio do setor

científico em rela-ção ao setor ao

empresarial.

Jornal da FAPERJ – Como o edital RioInovação pode contribuir?

Wanderley de Souza – Estamos apostandomuito nesse edital. Tivemos boa resposta:foram mais de cem inscritos. Pela primeiravez, as avaliações não foram feitas só pelaFAPERJ. Todos os secretários de Estadoopinaram sobre os projetos ligados às suasáreas.

Jornal da FAPERJ – Qual é a sua opiniãosobre a Lei de Inovação em tramitação noCongresso Nacional?

Wanderley de Souza – Empenhei-memuito por essa lei quando estava noministério. Ela regulamenta bem asrelações entre universidades e iniciativaprivada e permite a alocação de re-cursos governamentais diretamente emempresas. Também será necessária acriação de uma lei de inovação estadual,mas isso depende da definição da leifederal.

Jornal da FAPERJ – O que pode melhorarna Lei de Inovação?

Wanderley de Souza – A lei ainda nãoprivilegia com clareza a indústria nacional.Gostaria de ver contemplada a regula-mentação do poder de compra do estado.Não adianta estimular a inovação sem asse-gurar a compra do produto feito por umamicroempresa. Sem isso, as multinacio-nais continuam ganhando as concorrências.Já avançamos criando o programa “O Riocompra no Rio”, que isenta de ICMS o pro-duto comprado pelo estado. Na lei flu-minense, quero aproveitar a capacidade decompra oficial para estimular a produção.

Jornal da FAPERJ – Quais são os seusplanos para o segundo semestre?

Wanderley de Souza – A partir de julho,visitarei as instituições de pesquisa. Estamosestruturando duas grandes comissões paradefinir prioridades de desenvolvimento. Oesforço culminará na primeira grande con-ferência estadual de C&T, preparatória paraa conferência nacional de C&T, no segundosemestre de 2005. Quero os cientistas pen-sando o estado e também pensando o Brasil.Queremos promover parcerias entre se-cretarias e governadores, começando por SãoPaulo. Outra prioridade são as ciências domar. Uma terceira linha é a área nuclear -somos o estado nuclear do Brasil. Queremosestimular a produção de radio-fármacos e desubstâncias para a agricultura.

Jornal da FAPERJ – O senhor poderia fazerum balanço do que foi feito na sua gestão?

Wanderley de Souza – Nesses primeirosseis meses, buscamos recuperar a cre-dibilidade do sistema estadual de C&T.Tudo que tínhamos feito antes desabou. Aprioridade é pagar o devido. Apesar de2003 ter sido muito difícil, avançamos comconvênios entre o MCT e a FAPERJ. Várioseditais foram lançados. Havia projetos de2001 e 2002 não pagos ou suspensos. Em2003, a FAPERJ liberou para os pesqui-sadores R$ 1,8 milhão em auxílios. Esteano fechamos junho com cerca de R$ 17milhões pagos. Até setembro devemos terpago em torno de R$ 25 milhões. Tenhocerteza que o ano de 2004 será o melhor dahistória da FAPERJ, melhor que 2001, queera re-ferência. Temos apoio integral dagover-nadora. Em 2005 poderemos fazeruma política voltada para novidades.

Casa em ordem e resgate da credibilidadeO secretário de C,T&I Wanderley de Souza, fala sobre as metas do governo para o setor

entrevista | Wanderley de Souza

3jornal da faperj | nº 2 maio | junho de 2004 | www.faperj.br

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processo de seleção

jornal da faperj | nº 2 4 maio | junho de 2004

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Oinvestimento em inovação pode aju-dar o país a sair da paralisia econô-mica em que se encontra desde o iní-

cio dos anos 1980. É o que pensam especia-listas, estudiosos e consultores, que, de unstempos pra cá, vêm alertando autoridadesem palestras, debates e artigos sobre o riscode o Brasil perder contato com os países derelevo na economia e na política mundiais.A FAPERJ levou o alerta a sério e, apostandoem uma demanda represada por financia-mento de projetos na área de inovação, lan-çou o programa Rio Inovação.

Anunciado em 2 de dezembro passado, oedital foi o primeiro a ser lançado poruma fundação de amparo à pesquisabrasileira com recursos dos FundosSetoriais dentro do Programa de Apoio àPesquisa em Empresas (Pappe). A ini-ciativa obteve ampla resposta da so-ciedade fluminense: 108 propostas forampré-qualificadas para a segunda fase doRio Inovação.

“O estado do Rio pode e deve ter um papelde vanguarda na área de inovação e conhe-cimento dentro da Federação. A primeirafase do edital apenas confirmou o que todosnós, de alguma forma, já desconfiávamos:há enorme potencial no estado para o desen-volvimento nas áreas de inovação, ciência etecnologia”, afirmou o diretor de Tecnologiada FAPERJ, Marcos Cavalcanti.

Destinado a apoiar empresas de base teno-lógica, o programa Rio Inovação, que prevêo investimento de R$ 10 milhões na pri-meira edição, é uma parceria da Secretariade Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação(Secti) – por intermédio da FAPERJ – e aFinep, agência de fomento vinculada ao Mi-nistério da Ciência e Tecnologia (MCT). Paragarantir uma escolha isenta de projetos a se-rem contemplados pelo programa, a FAPERJadotou um criterioso plano de trabalho queprevê consultas e o parecer de instituições eespecialistas ao longo da segunda fase.

Os proponentes, que atualmente preparam odetalhamento de seus respectivos projetos deacordo com roteiro previamente estabelecido

pela Fundação, deverão entregar os docu-mentos exigidos – incluindo um cronogramade trabalho – até o dia 31 de julho. Para au-xiliar os candidatos na formatação dos pro-jetos, a FAPERJ realizou workshop nos dias 14,15, 16 e 17 de junho, do qual participaramtécnicos e assessores da fundação, além dosresponsáveis pelos projetos pré-qualificados.

Ao fim do prazo para entrega dos docu-mentos, a FAPERJ procederá a duas açõessimultâneas: de um lado, submeterá cópiados documentos ao parecer de especialis-tas que farão análise técnica do produto ouprocesso nas diversas áreas do conheci-mento. De outro, encaminhará os projetospara a análise de viabilidade econômica ecomercial, a cargo de instituição com com-provada experiência no assunto.

Comitê indicará contempladosA partir daí, um comitê multiinstitucionalformado por empresários, investidores egestores públicos de notório saber indica-rá, sob coordenação da Diretoria de Tecno-logia da FAPERJ, os projetos a serem con-templados pelo edital. “Esperamos que

esse edital aponte um novo caminho nasrelações do órgão com a sociedade, em queas áreas de ciência e tec-nologia sejam vis-tas como fator essencial para alavancar odesenvolvimento”, diz Cavalcanti.

A expectativa é que se chegue à terceira eúltima fase do edital com cerca de 30 a 40projetos selecionados. Paralelamente ao es-tudo de viabilidade, também serão consul-tados secretários de estado de setoresrelacionados ao tema do edital, como asáreas de saúde, agricultura, energia, de-senvolvimento econômico e planejamento.

A primeira fase do edital não deixoudúvida sobre a existência de um públicoávido por apoio às suas idéias e projetos eque continua à espera de uma parceria –venha ela do estado ou da iniciativa pri-vada. Para aqueles que ficaram de fora dopresente edital, uma boa novidade: a Fun-dação espera lançar um novo edital no se-gundo semestre.

Leia na seção Opinião artigo sobre inovação dePedricto Rocha Filho, diretor-presidente da FAPERJ.

Rio Inovação entra na segunda fase Edital foi lançado pela FAPERJ para apoiar viabilização comercial de novas tecnologias

Rede Rio a caminho da modernização O

primeiro semestre de 2004 trouxe boas notícias para os usuá-rios da Rede Rio de Computadores – rede acadêmica deacesso à internet em alta velocidade, destinada a atender

universidades, centros de pesquisa e órgãos públicos. Financiadapela FAPERJ, a estrutura voltou a ser coordenada este ano pela Fun-dação, que está ampliando os investimentos em sua modernização.A Rede, que tem como coordenador geral Pedricto Rocha Filho,diretor–presidente da FAPERJ, possui atualmente cerca de 400 milusuários, entre pesquisadores, estudantes e servidores públicos.

Recentemente, a FAPERJ repassou cerca de R$ 300 mil à RedeRio. Os recursos foram investidos na compra de dois novosroteadores, equipamentos responsáveis pela distribuição dedados. As máquinas já foram encomendadas e deverãoentrar em operação a partir de agosto. Isso permitirá atendera necessidade de manutenção e expansão, incluindo a cone-xão de algumas instituições no sistema. De acordo comPedricto Rocha, a governadora Rosinha Garotinho autorizouo investimento de R$ 1,3 milhão para o Projeto Giga, pormeio de uma parceria com o projeto Infovia, do Proderj.

A aquisição dos roteadores permitirá que a Rede resolva ademanda reprimida de conectividade. “Com a chegada des-ses equipamentos será possível permitir que algumas insti-tuições já ligadas à Rede Rio tenham aumentadas suas velo-cidades de transmissão, nas conexões com os pontos de pre-sença e, também, atender a solicitações de outras entidades

que desejam se filiar”, explica a coordenadora administrati-va do sistema, Marília Rosa Milan.

De acordo com o coordenador científico da Rede Rio, Luis Felipe deMoraes, o Projeto Giga vai ampliar, em uma primeira fase, a velo-cidade do backbone da Rede para 1 gigabit por segundo (1 Gbps) oque corresponde a cerca de sete vezes a velocidade atual do anelcentral que é de 155 Mbps. Numa fase seguinte, a velocidade deinterligação dos pontos ao anel ótico que forma o backbone daRede deverá passar para 10 Gbps “Com a ampliação dos in-vestimentos, a nova diretoria da FAPERJ está demonstrandoempenho na viabilização do Projeto Giga, que poderá ser im-plantado até o início do próximo ano”, explica Moraes.

Criada em maio de 1992, a Rede Rio foi a primeira rede acadê-mica de acesso à internet do Brasil. “Reconhecendo a rele-vância e o pioneirismo dessa iniciativa, a atual diretoria daFAPERJ vem se esforçando para obter recursos financeiros vi-sando apoiar diversos projetos de atualização tecnológica pre-parados pela coordenação da Rede”, afirma WashingtonBraga, também coordenador administrativo da Rede Rio.Além do Projeto Giga, Braga cita o Projeto DWDM (DenseWavelength Division Multiplexing), que no futuro possibi-litará a expansão do tráfego para até 40 Gbps.

O sistema de multiplexação por comprimento de onda, cuja siglaem inglês é WDM, tem por objetivo aumentar a capacidade decomunicação das fibras óticas. Tecnologia de ponta, a WDMassocia sinais óticos a diferentes freqüências de luz. O métodoconsiste na associação dos canais de comunicação com uma de-terminada cor. Atualmente, a fibra metropolitana da Rede Rioque interliga as diversas instituições do anel funciona com umaúnica cor. A multiplexação desse canal em várias cores permitiráum aumento significativo da capacidade do backbone.

Pedricto Rocha Filho ressaltou que a ampliação da velocidade darede, no futuro, viabilizará uma série de projetos que necessitamde alta velocidade, como ensino à distância, instrumentaçãocientífica remota, consultas médicas e diagnósticos remotos, TVdigital, governo eletrônico, além de oferecer suporte de alto de-sempenho para promover a inclusão digital.

internet

Paul Jürgens

Luis Felipe de Moraes cuida do equipamento

O passo-a-passo de um novo edital

Da gênese ao resultado, um edital paraa seleção de projetos científicos e tec-nológicos é fruto de muito trabalho.

Tudo começa na sua formulação, que podeser induzida pela FAPERJ, a partir de de-mandas apontadas por indicadores esta-duais, ou motivada por convênios comagências de fomento do governo federal.

Caso participe, o governo federal pode in-dicar os rumos tanto com base em análisesprospectivas quanto a partir de acordos comfinanciadores estrangeiros, como o BancoMundial, que exigem contrapartidas esta-duais para contemplar demandas locais.Nesses casos, cabe à FAPERJ elaborar, di-vulgar e executar a versão regional do edi-tal, podendo ou não ter participação no fi-nanciamento. São dessa natureza os convê-nios com a Capes, o CNPq e a Finep, que re-sultam em editais como Pronex, Proep,Pappe e PADCT.

Um edital também pode ser inteiramenteidealizado e desenvolvido pela FAPERJ. Ba-seada em indicadores como os produzidospela Fundação Cide, a Agenda 21 e livrosverdes (guias de referência) ou mesmo apartir de recomendações oriundas de semi-nários, as equipes da Fundação podem con-ceber um edital ou programa de fomento. Éo caso de programas orientados e especiais,como Biodiesel, Proteoma, os InstitutosVirtuais e a Rede Rio de Computadores.

De acordo com Maurício Moutinho, asses-sor da Diretoria Científica da FAPERJ, de-pois de estabelecido o propósito do edital,dá-se início a sua formatação, que envolvequestões de ordem técnica e administrati-va/financeira. A primeira tarefa de ordemtécnica é a definição do público-alvo e dosparâmetros que delimitam o programa, ouseja, quem pode concorrer, com qual tipo deproposta, em quais prazos e para receberqual valor. A seguir, o edital será redigidopara expôr seus objetivos e definições, pú-blico-alvo e critérios de participação, docu-mentação, cronograma, informações sobre oprocesso de seleção, modalidade do finan-ciamento e itens cobertos, entre outros da-dos que possam acrescentar transparência eagilidade aos procedimentos.

Público-alvoOs editais são definidos conjuntamente pe-las diretorias Científica ou de Tecnologia,seus respectivos assessores e grupos de tra-balho compostos por consultores adhoc. Aodiretor-presidente cabe aprovar o edital eassinar seu lançamento. Um edital é “lança-do” quando os assessores da FAPERJ en-viam comunicados por e-mail a pesquisado-res que já concorreram a editais anteriores ea outros possíveis candidatos que se enqua-drem nos critérios de seleção. Além disso,todo novo edital é amplamente divulgadono site da FAPERJ e por intermédio da gran-de imprensa e da imprensa especializada.

No fim do texto de cada edital, consta onome, e-mail e telefone de um assessor daFAPERJ que tenha sido designado como oresponsável pelo atendimento a candida-tos com dúvidas. “É importante haver umresponsável do outro lado, para o candi-dato se sentir seguro”, explica Moutinho.

Filas no fim do prazoEm qualquer edital, é comum acontecer,nos últimos dias de inscrição, a formaçãode filas na recepção da FAPERJ. Foi assimcom o edital Primeiros Projetos, que atraiuum número recorde de candidatos: 1.135.

Quando a procura é muito grande, podeser decidido o adiamento do prazo para adivulgação dos resultados. Isso ocorre emvirtude do volume de tarefas a serem cum-pridas: cada projeto é avaliado criterio-samente por pesquisadores de nível 1 doCNPq. Normalmente, cada projeto passapor duas ou três instâncias de avaliação,em que é qualificado segundo quesitoscomo: aderência ao edital; currículo dopesquisador; valor científico do projeto -qual seja, seu impacto e o retorno previsto,possibilidade de retroalimentação, rele-vância social ou tecnológica, eventualaplicação, originalidade, perfil inovador eineditismo da abordagem.

Após as análises, o comitê avaliador gerauma ata com a listagem dos aprovados eos contemplados com financiamento.Após a divulgação dos resultados, os can-didatos podem solicitar o resultado daavaliação do seu projeto e aqueles que nãoforam contemplados ou aprovados podementrar com recurso, dentro de prazo má-ximo que varia de um a dois meses. Ao re-correr, o candidato não poderá acrescentarnovas informações ao projeto. Só o que foientregue será reavaliado.

Os editais não são decisivos apenas para acarreira dos pesquisadores. Como aten-dem a demandas específicas da socie-dade, também induzem o desenvolvi-mento de pesquisas e ações de grande im-pacto social. “O acúmulo e a transmissãode conhecimento permitem fundamentarpolíticas públicas adequadas e a custosbastante reduzidos face aos benefíciosobtidos”, conclui Moutinho.

faperj por dentro

5jornal da faperj | nº 2 maio | junho de 2004

Maurício Moutinho, assessor da Diretoria Científica da FAPERJ, participa da formulação de editais

Demandas nacionais e indicadores regionais apontam os caminhos esão decisivos para a formulação dos programas da FAPERJ

CD em Libras

A Editora Arara Azul e o MEC lançaram,em 28 de junho, no Instituto Nacional deEducação de Surdos (INES), o projetoClássico da Literatura em LIBRAS (LínguaBrasileira de Sinais)/Português em CD-Rom. O projeto teve apoio do edital Tec-nologia na Pequena Empresa (TPE) daFAPERJ.

Paleontologia

Os integrantes do Instituto Virtual dePaleontologia (IVP) da FAPERJparticiparam do desfile em comemo-ração aos 171 anos do município deItaboraí, dia 29 de maio. O IVPaproveitou o evento para divulgar oprojeto de revitalização do Parque Pa-leontológico de São José de Itaboraí.

Nanotecnologia

O Instituto Virtual de Nanociência e Nanotec-nologia da FAPERJ promoveu o WorkshopNanomagnetismo: Desafios e Perspectivas,no CBPF, dias 24 e 25 de junho. O eventoserviu para fazer um balanço das atividadesde nanomagnetismo desenvolvidas no Rio eestimular colaborações.

Inauguração

Foram inauguradas, dia 1º de julho, asnovas instalações da Faculdade de Eco-nomia da UFF e de sua biblioteca, emNiterói. O imponente casarão erguidono fim do século XIX foi totalmentereformado. Em 2001, os laboratórios daunidade foram equipados com recursosdo Programa PAI da FAPERJ.

Qorpo–Santo

Editado com apoio da FAPERJ, o livroQorpo–Santo – Miscelânia Quriosarecupera textos publicados em Enciclo-pédia ou seis meses de uma enfermidade,uma das principais obras do autor, maisconhecido pelas comédias teatrais. Olivro apresenta outras facetas deQorpo–Santo, como aforismos e poesias.

Deslizamentos

A FAPERJ apoiou a promoção do IXSimpósio Internacional emDeslizamentos de Encostas, realizado de28 de junho a 2 de julho, no HotelGlória. O evento discutiu as principaiscausas, características, mecanismos eformas de prevenção e reparo de taludesrompidos ou na iminência dedesabamento.

notas

jornal da faperj | nº 2 6 maio | junho de 2004

artigo/ inovação

As últimas políticas econômicas pau-tadas no desenvolvimento industrialno nosso país foram propostas nos

governos militares. Vivenciamos diversosmodelos: o desenvolvimento a qualquerpreço com incentivos às indústrias de bensde consumo – alicerces do chamadomilagre brasileiro –; a política desubstituição de importações em conse-qüência da primeira crise do petróleo e daelevação dos juros internacionais; oincentivo à indústria pesada; a implan-tação de setores de metalurgia, de petro-química e de bens de capital; medidasefetivas de apoio ao setor agrícola; aexpansão do setor energético; o sistemadistorcido de subsídios ao setor privado; apolítica de sobrevivência aos efeitos dosegundo choque do petróleo com grandesincentivos a exportações, entre outraspolíticas.

Após algumas décadas de ocaso no quetange à definição de políticas articuladasde fomento ao desenvolvimento indus-trial, três fatos convergentes sinalizaram aintenção do governo de dar ao país umviés mais competitivo a nossos produtos,processos e serviços, quais sejam: asDiretrizes para Política Industrial,Tecnológica e de Comércio Exterior,documento publicado ao fim de 2003; oenvio da proposta do Projeto de Lei deInovação ao Congresso Nacional, em 29 deabril de 2004; e a criação do Fundo deCiência e Tecnologia (Funtec) na reuniãodo Conselho Nacional de Tecnologia dodia 6 de maio de 2004.

Os principais aspectos da nova políticaindustrial foram definidos pelo governo

federal no documento Diretrizes paraPolítica Industrial, Tecnológica e de Co-mércio Exterior, em que é proposto umarcabouço de diversas ações de fomentotecnológico, financiamento de expansão,políticas tributárias, comércio exterior,poder de compras do estado, entre outras,para viabilizar a competitividade de algunssetores da indústria que foram conside-rados estratégicos para o Brasil, aumen-tando as chances de inserção das empresasbrasileiras no mercado internacional, compossibilidade real de competir com outrospaíses. O cerne dessa política é o estímuloà busca da competitividade, em que a ino-vação é o eixo principal.

O Projeto de Lei de Inovação, enca-minhado ao Congresso Nacional em abrilpara ser votado ainda este ano, estabelecemedidas de incentivo à inovação e àpesquisa científica e tecnológica visando àpromoção do desenvolvimento tecnoló-gico e científico do nosso país. Trata-se deum marco legal que procura resolver osdiversos entraves hoje existentes nasrelações entre as instituições de pesquisa eo setor produtivo nacional. A lei propõe acriação de uma série de mecanismos deintegração, flexibilização e fomento tantopara entidades públicas como para ainiciativa privada no sentido de seestabelecer um ambiente com foco nainovação, propício ao desenvolvimento denovos produtos, processos ou serviços.

A Lei de Inovação proposta estimula odesenvolvimento de parcerias entre asentidades de pesquisa e o setor produtivo,regulamentando o financiamento de pro-jetos, o uso de recursos humanos e infra-estrutura, a transferência e licenciamentode tecnologias, a propriedade intelectual ea participação nos resultados. Especi-ficamente, o Projeto de Lei de Inovação oraem trâmite define, no seu artigo 3º, o papelda União e das agências de fomento noestímulo e apoio para a constituição dealianças estratégicas e o desenvolvimentode projetos de cooperação envolvendo em-presas nacionais, instituições de ciência etecnologia e entidades nacionais de di-reitos privados sem fins lucrativos vol-tadas para atividades de pesquisa queobjetivem a geração de produtos e pro-cessos inovadores. No seu artigo 19, édefinido o incentivo por parte da União edas agências de fomento no desenvol-vimento de produtos e processos inova-dores em empresas e entidades de direitoprivado nacionais, mediante a concessãode recursos financeiros, humanos, ma-teriais ou de infra-estrutura a seremajustados em convênios ou contratosespecíficos. E, no seu artigo 21, a pro-moção de ações de estímulo à inovação nasmicro e pequenas empresas.

Em maio deste ano, o Conselho Nacionalde Tecnologia anunciou a criação doFundo de Ciência e Tecnologia (Funtec),com recursos do BNDES, que deverá seraplicado em áreas elencadas como priori-dade na política industrial (fármacos, com-plexo eletrônico, softwares e bens de ca-pital), assim como em setores estratégicospara o país, tais como o espacial, o nuclear,os recursos do mar e outros temas na-cionais. Os recursos desse fundo são des-tinados a aumentar os meios disponíveispara a promoção da inovação tecnológicado país. Tais recursos poderão ser usados afundo perdido, financiados com jurosequalizados e também como participaçãoacionária em empresa incubada.

É com satisfação, portanto, que vemos ogoverno federal apresentar uma novavertente, de caráter tecnológico, ao grandeesforço que foi empreendido no país nasúltimas décadas para formação de recur-sos humanos na área do conhecimentocientífico, assim como na instauração deuma infra-estrutura de laboratórios, equi-pamentos e sistema de informação. Essaação exitosa acarretou níveis expressivosda produção do conhecimento científico.Existe uma expectativa de que essas novasações venham preencher a lacuna dodesenvolvimento tecnológico, aprovei-tando parte dos recursos humanos e dainfra-estrutura existentes nas entidades deensino e pesquisa para alavancar a ino-vação e novas tecnologias.

Cumpre ressaltar que a área de inovaçãotecnológica tem merecido uma atençãoespecial do Governo Rosinha Garotinho.Atenção esta iniciada no Governo AnthonyGarotinho que, além de investir em C&T,também implementou diretrizes que resul-taram na revitalização do setor, dando aele um novo rumo. Já em 1999, a Secretariade Estado de Ciência e Tecnologia criou aSubsecretaria de Desenvolvimento Tecno-lógico. Em 2000, como titular dessa subse-cretaria, elaboramos o Plano Estratégico deEducação Profissional. Em nossa visão umdos mais importantes elementos na forma-ção de uma cadeia produtiva de desenvol-vimento tecnológico e o elo com o desen-volvimento social.

Em 2001, à frente da Subsecretaria de De-senvolvimento Tecnológico, elaboramos oPlano de Desenvolvimento Tecnológicopara implantar ações que visam capacitara sociedade fluminense para gerar e distri-buir riqueza por meio da inovação tecnoló-gica. O plano tem por objetivos: a) diag-nosticar a inovação tecnológica com rela-ção aos contextos científico, tecnológico,financeiro, produtivo e legal; b) promoveruma cultura de inovação; c) estabelecerum marco jurídico para conduzir e dar

continuidade ao processo de inovaçãotecnológica; e d) articular adequadamentea interação entre a base do conhecimento,o setor produtivo e o poder público.

Entretanto, para podermos identificar o pa-pel de participação e as formas de incentivosque cabem às agências de fomento estaduais,caso da FAPERJ, no contexto dessa lei, énecessário aguardar a promulgação da Lei deInovação. O ministro da C&T nos temacenado, em várias ocasiões, que as agênciasfederais de fomento – Finep e CNPq – estãoorientadas para intensificar uma política decooperação integrada com os estados, so-mando recursos humanos e financeiros, queseja capaz de multiplicar, com sua capila-ridade e o conhecimento da realidade, do po-tencial e das vocações locais, os recursos libe-rados pelo governo federal para investi-mentos em ciência, tecnologia e inovação.

A definição, o fomento e o mercado degrandes projetos considerados estratégicospara o país devem ser atributos do poderfederal. Cabe ao governo federal iden-tificar nas entidades públicas e privadas aexistência de infra-estrutura, tecnologia ecapacidade de desenvolvimento necessá-rias à execução das metas definidas.Entretanto, a grande parcela da inovaçãose dá nas empresas, pois elas são as prin-cipais forças inovadoras de um país. Nestecontexto, a inovação deve ser entendidacomo sendo movida pelo mercado e nãopela existência da tecnologia. Podemosconcluir que, no sentido mais amplo, osurgimento de um novo produto, processoou serviço acontece em função da exis-tência de um mercado disposto a comprá-lo ou de uma necessidade estratégica.

O Estado do Rio de Janeiro sempre sedestacou por sua vocação para a cultura eas ciências, agregando um número sig-nificativo de instituições de ensino epesquisa, laboratórios e um invejávelcapital intelectual dignos de destaque nocenário nacional. A FAPERJ se orgulha deter contribuído ao longo de sua existênciae continuar contribuindo de forma efetivapara a formação de recursos humanos e oaumento da competência e infra-estruturados nossos núcleos de pesquisa e pro-dução do conhecimento no nosso estado.Com a nova proposta da Lei de Inovação,que quebra entraves da interação entre asinstituições de pesquisa de ciência etecnologia e o setor produtivo, temos a es-perança de que essa integração promoveráo desenvolvimento tecnológico no nossoestado, dando um passo significativo nanossa aspiração de inovar para gerar edistribuir riquezas.

www+ Leia a íntegra deste artigo no siteda FAPERJ

Inovar para gerar e distribuir riquezas

Pedricto Rocha Filho

7jornal da faperj | nº 2 maio | junho de 2004

De Vigário Geral à Universidade de Harvard

Há dez anos, Wagner Seixas da Silvacursava o ensino médio na EscolaFederal de Química. Aluno talento-

so e esforçado, porém sem recursos paraincrementar seus estudos, ele teve umaoportunidade que definiu o rumo de suavida. Em janeiro de 1994, aos 17 anos, foiselecionado para participar dos três cursos deférias para estudantes secundaristas de baixarenda oferecidos pelo Departamento deBioquímica da Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ). Os temas eram contraçãomuscular, respiração e reprodução.

Concebidos pelo professor Leopoldo de Meis,os cursos de férias foram patrocinados inicial-mente pela Fundação Vitae e depois tambémpela FAPERJ. O objetivo dos cursos é engajarna carreira acadêmica estudantes de comuni-dades de baixa renda que demonstram talentoe habilidade para a pesquisa científica. “O pro-fessor de Meis mostra um novo universo aosalunos, apresentando-os a diferentes pesqui-sas e técnicas e ensinando-os a formular e aresponder perguntas”, relata Wagner.

Foi nos laboratórios do Departamento deBioquímica que Wagner, morador de Vigário

Geral, descobriu na ciência uma grandepaixão e sentiu que seu destino estava ali. Eestava mesmo. Após os cursos de férias,candidatou-se e foi aprovado para participarefetivamente das pesquisas do depar-tamento, já como bolsista da Fundação Vitae.Incorporado ao grupo do então doutorandoAntonio Galina Filho, pôde aplicar na práti-ca o que na escola aprendia em teoria.Wagner ajudava Galina na elaboração de suatese e Galina o ajudava na escola.

A aposta em Wagner foi alta – o laboratóriodo professor de Meis pagou seus cursos deinglês e pré-vestibular. O investimento valeua pena. Em 1997, ele ingressou na Faculdadede Biologia da UFRJ e, no ano 2000, já com

três trabalhos publicados em periódicosinternacionais, foi direto para o doutorado.

A FAPERJ também tem papel fun-damental na vida de Wagner, que setornou organizador dos cursos do Depar-tamento de Bioquímica da UFRJ e jáorientou três jovens de comunidades debaixa renda. Além disso, em 2003 obioquímico foi agraciado pelo edital BolsaNota 10 da FAPERJ. “Esta bolsa renovoumeu gás para passar de dez a doze horaspor dia no laboratório”, conta.

Após ter defendido tese de doutorado dia25 de junho, Wagner embarcou paraHarvard, nos Estados Unidos, onde faz

seu pós-doutorado. Sob a orientação doprofessor Antonio Carlos Bianco, Wagnerinvestigará, ao longo de dois a três anos, ometabolismo do hormônio tireoidiano,responsável pela regulação da tempe-ratura corporal e doenças como obesi-dade e diabetes.

Com tantos méritos, o aluno prodígio, hojecom 27 anos e dez trabalhos publicados,conquistou uma das sete bolsas da PewLatin American Fellows Program – um dosmais disputados prêmios destinados acientistas latino-americanos – e receberá, aoretornar de Harvard, US$ 35 mil paramontar seu laboratório no Rio de Janeiro.

E o benefício desse prêmio não será só deWagner. Uma de suas metas é continuarajudando outros jovens a descobrir que épossível fazer ciência no Brasil. “Oscursos de férias e a vivência de alunos deescolas públicas nas universidades sãouma oportunidade de tirar os jovens darua. Mesmo sendo bons alunos, elesconvivem com colegas que usam drogas eoutros problemas sociais, como gravidezprematura”, analisa.

Apoiado pela FAPERJ desde os tempos de colégio, Wagner Seixas da Silva brilha na cena científica internacional

Wagner (ao centro) e dois de seus orientandos, Nattascha Kyaw e Reinaldo Sousa dos Santos

Os processos celulares que originam os diferentes órgãos do corpo sãoum mistério que a ciência está começando a solucionar, e o Riode Janeiro não ficará de fora desse avanço científico. Já está

pronto e equipado o biotério de Xenopus do Laboratório deEmbriologia de Vertebrados (LEV), do Departamento deAnatomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ). A universidade será a primeira no Brasil cominfra-estrutura para desenvolver pesquisas com essegênero de anfíbios. A iniciativa conta com apoio daFAPERJ e receberá, também, recursos da FundaçãoUniversitária José Bonifácio (FUJB), da UFRJ.

O gênero Xenopus foi introduzido na atividade depesquisa há cerca de 30 anos, permitindo inovaçõescruciais nos campos da embriogênese, orga-nogênese, oncogênese e no entendimento deprocessos biológicos celulares. Predominantementeaquático, o Xenopus é de fácil manutenção e produzóvulos em grande quantidade durante o ano todo, a partirde injeções de hormônio gonadotrófico. A visualização emanipulação dos embriões em todas as etapas de desen-

volvimento são feitas com auxílio de lupa ou mesmo a olho nu. Essasvantagens tornam o Xenopus ideal para estudos sobre formação de

tecidos (mapas de destino celulares) e pesquisas envolvendomicroinjeção de moléculas (DNA e RNA) e micromani-

pulação de embriões.

Considerado fauna exótica pelo Ibama, o Xenopus tema sua importação permitida apenas para usocientífico. A UFRJ desenvolverá pesquisas com ogênero graças ao professor José Garcia Abreu,chefe do LEV. “O biotério permite a implantaçãode um modelo experimental novo e original queampliará as fronteiras científicas da comunidadedo estado na crescente área de biologia do de-

senvolvimento e suas interfaces com outras áreas”,afirma José Abreu, pesquisador apoiado pelo pro-

grama Cientistas do Nosso Estado da FAPERJ. Eleacrescenta que vários projetos, mesmo grupos de outros

estados, poderão se beneficiar do biotério, buscando, naembriologia experimental de Xenopus, soluções inovadoras

para problemas fundamentais das ciências biológicas.

UFRJ ganha biotério de XenopusAnfíbios desse gênero são ideais para estudos sobre a formação dos órgãos

personagem

infra-estrutura

notas

jornal da faperj | nº 2 8 maio | junho de 2004

São Cristóvão ganha mapa

A FAPERJ lança, no dia 4 de agosto, asegunda edição do projeto Rio de Janeiroem Mapas. Depois do Centro do cidade,

o bairro escolhido agora é São Cristóvão,que abriga construções centenárias comoo Museu Nacional e a Casa da Marquesa

de Santos. O mapa foi pintado peloartista plástico J. Araujo, que, com sua

arte naïf, recriou as principais atrações dolocal, como o antigo Pavilhão de SãoCristóvão (ilustração ao lado), ondefunciona o Centro Luiz Gonzaga de

Tradições Nordestinas. Araujo também éautor das ilustrações do catálogo, quedescreve São Cristóvão e adjacências

(Mangueira e Benfica). O lançamento seráno Centro Cultural Cartola. Depois, as

pinturas de J. Araujo para o projeto serãoexpostas no Museu Internacional de Arte

Naïf do Brasil, no Cosme Velho.

Prevenção às drogasA FAPERJ está promovendo um ciclo depalestras quinzenais sobre prevenção aouso de drogas. As palestras, conduzidaspela professora Erika Asfora, do ConselhoEstadual Antidrogas (Cead), são destina-das aos estagiários da Fundação para aInfância e Adolescência (FIA/RJ).

Primeiros ProjetosNo dia 28 de julho, a FAPERJ promove acerimônia de entrega dos termos de ou-torga do Programa de Apoio à In-fra–estrutura de Ciência, Tecnologia e Ino-vação para Jovens Pesquisadores (Pro-grama Primeiros Projetos). Foram apro-vados 277 projetos, que receberão um totalde R$ 6,7 milhões da FAPERJ e do CNPqem dois anos. O edital recebeu umnúmero recorde de propostas: 1.135.

Desenvolvimento regionalO CNPq e a FAPERJ firmaram convêniopara adesão ao Programa de Desen-volvimento Científico e Tecnológico Re-gional (DCR). O próximo passo será olançamento do edital da versão regionaldo programa, que objetiva atrair e con-tribuir para a fixação de pesquisadorescom nível de doutorado em instituições de

ensino e pesquisa nas regiões Norte e No-roeste Fluminense e na Região dos Lagos.

Movimento estudantilRealizado pelo Instituto de Filosofia eCiências Humanas (IFCH) da Uerj, oprojeto Memória da UNE conta com oapoio FAPERJ. O objetivo é recuperar ahistória da União Nacional dos Es-tudantes, desde a sua fundação, em 1937.

Prêmio internacionalCientista do Nosso Estado, o professorJoão Batista Garcia Canalle, do Institutode Física da Uerj, recebeu o PrêmioExcelência Educativa, do Conselho Ibero-americano em Honra à ExcelênciaEducativa, pela coordenação da Olim-píada Brasileira de Astronomia, que contacom apoio da FAPERJ. A premiação foientregue em Lima, no Peru, em abril.

Jornal Uenf onlineFoi lançado, em 7 de maio, o JornalUniversitário Online da TV Uenf, partedo projeto “TV Universitária”, apoiadopela FAPERJ. O jornal exibe reportagens

em vídeo sobre a produção acadêmica daUenf e notícias sobre o campus. Oendereço é:www.uenf.br/Uenf/Pages/CCH/UESI/jornal_Online/.

Reunião anual da SBPCA FAPERJ participa da 56ª Reunião Anualda Sociedade Brasileira para o Progressoda Ciência (SBPC), que será realizada de18 a 23 de julho, na Universidade Federalde Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá. Emseu estande, na Expociência, a FAPERJdivulgará alguns de seus programas,como Rio Inovação, Cientistas do NossoEstado e RioGene, entre outros.

Universidade na BaixadaComeçam em agosto as aulas da Uni-versidade Pública da Baixada Fluminense,uma iniciativa conjunta da UniversidadeFederal Fluminense (UFF), UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) eCefet de Nova Iguaçu. O projeto ganhouforça em 2003, com as aulas da Escola deGoverno da Baixada Fluminense (EGBF),que foi coordenada pela UFF e contou como apoio da FAPERJ.

Faperjianas

Inova RioA Firjan promove, de 19 a 21 de outubro, emsua sede, a Inova Rio – Mostra Nacional deInovação, com apoio da FAPERJ. Noevento, cujo tema será petróleo e gás, em-presas e instituições tecnológicas vão exporinovações geradas no país nessa área. Ade-sões podem ser feitas até 31 de agosto. Ou-tras informações pelo telefone (21) 2563-4582.

Memória do esporteAo completar 65 anos, a Escola Nacionalde Educação Física e Desportos da UFRJganhou, em abril, o primeiro volume doCD-ROM Memória Documental. O projetofoi realizado com apoio do InstitutoVirtual do Esporte da FAPERJ.

TV PortoRenata Vellozo Gomes e Ana Paula de OliveiraSantos, ex-bolsistas de iniciação científica daFAPERJ, receberam menção honrosa naJornada de Iniciação Científica da UFRJ pe-lo projeto da TV Porto. A TV online traz in-formações sobre as intervenções urbanís-ticas propostas para a Zona Portuária dacidade do Rio e pode ser acessada em:www.rio.org.br/tvporto/.

9jornal da faperj | nº 2 maio | junho de 2004

Cada vez mais presente em capas derevistas internacionais, a mulher bra-sileira pode projetar imagem de eman-

cipação e autoconfiança. Em ‘casa’, no en-tanto, ela ainda enfrenta obstáculos quando oassunto é a participação no mercado de tra-balho e a responsabilidade pelas tarefas do-mésticas. É o que revelou pesquisa inéditarealizada no país pela Universidade do Esta-do do Rio de Janeiro (Uerj) e pelo Instituto Uni-versitário de Pesquisa do Rio de Janeiro(Iuperj), com apoio da FAPERJ. Segundo oestudo, o comportamento das mulheres nopaís vem contribuindo para acelerar um pro-cesso que levaria, de médio a longo prazo, àigualdade de gênero. A pesquisa revelou,também, que ao contrário dos homens, elasestariam dispostas até a renunciar ao altarpara avançar no campo profissional, meio emque os homens vêm perdendo terreno, masno qual ainda mantêm a hegemonia de cargose funções de prestígio e poder.

Coordenado pelo International SocialSurvey Programme, o levantamento éparte de um estudo conduzido em 38 paísese que ouviu 2 mil mulheres e homens no

Brasil. O objetivo central da pesquisa foi ana-lisar o impacto da presença da mulher nomercado de trabalho e em que medida issoafeta a organização familiar. “É a primeiraque se faz uma pesquisa tão ampla sobre oassunto no país”, afirma Clara Maria Araújo,uma das coordenadoras da pesquisa. “Atéentão, apenas o IBGE havia coletado algunsdados sobre o assunto, mas insuficientes paratraçar um quadro mais nítido do tema",esclarece a pesquisadora da Uerj.

Uma primeira análise dos questionários e dasentrevistas revelou um enfraquecimento dosconceitos tradicionais na sociedade brasileiracom relação, por exemplo, ao papel damulher e à importância do casamento. O au-mento gradual do número de divórcios con-firmaria essa tendência. “Os dados coletadoscom a pesquisa não corroboram a idéia,muito disseminada nos últimos anos, de queas mulheres aspirariam a um retorno ao lar eà função de mãe de família”, diz a pesquisa-dora. Ela lembra que apenas 44% das entre-vistadas afirmaram considerar as mulherescasadas mais felizes do que as solteiras. Jáentre os homens, 57% acreditam que os ho-

mens casados sejam mais afortunados. Masquais seriam as razões para tamanha desar-monia de opiniões?

Chefes de famíliaSegundo dados do IBGE, hoje as mulheresrepresentam praticamente metade da popu-lação economicamente ativa do país e che-fiam uma em cada quatro famílias. O esva-ziamento do modelo de homem provedorajudaria a explicar parte dessa dissonânciaem relação ao matrimônio. Sem a necessi-dade de contar com a ajuda financeira docônjuge ou parceiro, elas parecem cada vezmenos dispostas a dobrar o expediente detrabalho, acumulando as tarefas domés-ticas. “As mulheres permanecem como asgrandes responsáveis pelo trabalho domés-tico e, não raro, acabam usando as horas delazer para se ocupar do ‘outro’, seja ele oparceiro, os filhos ou a sogra”, conta Clara.

Os dados levantados pela pesquisa foramdebatidos em seminário realizado emabril, na Uerj. Até o início de 2005, asocióloga da Uerj espera publicar osresultados da pesquisa em livro, com a

ajuda que recebeu da FAPERJ. A pes-quisadora pretende, ainda, fazer umestudo comparativo considerando outrosseis países – México, Chile, Espanha,Portugal, Suécia e Estados Unidos – queparticiparam da pesquisa e espera, até ofim do ano, reunir representantes dessespaíses para um seminário internacional,provavelmente no Rio de Janeiro.

Mulheres, lares e mercado de trabalhoPesquisa busca avaliar o impacto da presença feminina no ambiente profissional

Cenário do romance Memórias docárcere, de Graciliano Ramos – o pró-prio escritor foi um dos prisioneiros –,

o presídio da Ilha Grande foi durantedécadas uma das mais temidas unidadesdo sistema carcerário brasileiro. Em breve,muitas das histórias sobre o presídio po-derão ser reconstituídas. O Arquivo Pú-blico do Estado do Rio de Janeiro (Aperj),com o apoio da FAPERJ, está recuperandoa documentação do Instituto PenalCândido Mendes (IPCM), desativado em1994 para dar lugar a um pólo turístico.

Na verdade, o fundo – nome dado a umgrupo de documentos com origem comum– da Ilha Grande reúne bem mais do que adocumentação do IPCM, criado em 1963.No conjunto, que soma 106 metros lineares,

há material das várias unidades prisionais,como a Colônia Correcional de Dois Rios,que funcionou na Ilha Grande de 1903 a1955, e a Colônia Agrícola do Distrito Fe-deral, criada em 1942. São mapas e plantasdos presídios, prontuários e fichas médicasdos detentos emitidos de 1938 a 1994.

A maior parte do fundo foi recolhida peloAperj, em 2002, no presídio Vicente Pira-gibe, em Bangu, para onde foram transfe-ridos os detentos do IPCM. A outra partedos documentos está em poder da Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),que mantém um campus avançado ondefuncionou o complexo da Ilha Grande e fir-mou convênio com o Aperj para a recupe-ração do material. Os documentos foramdescobertos sob os escombros do presídio,

em 2002, durante um trabalho de camporealizado pela equipe da pesquisadoraMyrian Sepúlveda dos Santos.

Os documentos estão em processo de lim-peza e higienização. Antes de ficarem dis-poníveis para consulta, ainda passarão poruma etapa de identificação arquivística.“Muitas vezes é um trabalho lento, emvirtude do estado precário de parte dadocumentação”, explica Carla Freitas,responsável pela Divisão de Gestão do Aperje uma das coordenadoras do trabalho.

Os relatos existentes nos prontuários dospresos ajudarão a entender melhor atransformação da política carcerária brasi-leira e ver como o perfil dos detentos envia-dos à ilha foi se modificando com o passardo tempo. Documentos relativos à primeiracolônia de presos que funcionou na região,inaugurada em 1893, dão conta de que olocal era destinado a receber vagabundos,vadios e capoeiras.

Presos políticosDurante o Estado Novo, na década de 1930,o presídio passou a receber presos políticos,o que voltou a ocorrer em 1969, com a edi-

ção da Lei de Segurança Nacional. Criadoem 1963, o IPCM era destinado a presos dealta periculosidade. O convívio entre crimi-nosos e presos políticos, a partir da dita-dura de 1964, teria dado origem a organiza-ções criminosas, como o Comando Ver-melho. “A população carcerária mudou deacordo com o contexto histórico e a lógicado governo. As práticas e normas dos pre-sídios mostram a visão de ordem de cadagoverno”, explica Lana Lage da GamaLima, também coordenadora do trabalho.

A equipe do Arquivo Público já recuperoucerca de seis metros lineares de documenta-ção, o que equivale a 30 caixas. Nesse trechoestão contidos cerca de 200 códices, 84plantas e mapas do presídio, que podem serconsultados. Foram localizadas, também, fi-chas de ex-detentos que marcaram época,como João Francisco dos Santos, que ficouconhecido como Madame Satã, o ex-policialMariel Mariscot, Lúcio Flávio e o traficanteJosé Carlos dos Reis Encina, o Escadinha. “Ovalor da documentação não é apenas his-tórico, pois ela atende também à pesquisaprobatória”, explica Lana Lage. Os docu-mentos podem ser usados pelas famílias dosex-detentos em processos de indenização.

Arquivo Público recuperadocumentos dos antigospresídios da Ilha Grande

comportamento

memória

Clara Araújo foi uma das coordenadoras da pesquisa

AFAPERJ acaba de lançar a terceiraedição do Mapa da Ciência do Estadodo Rio de Janeiro, com informações

atualizadas e 19 novos verbetes. O mapacomeçou a ser publicado em 1999 com ointuito de promover mais integra-ção entreos diversos setores da sociedade eo meio científico. A publicaçãomostra quais são as instituiçõesligadas a C&T e onde elas estãolocalizadas no mapa do estado, dacapital e do Centro do Rio. Estanova edição ganhou tiragem de 5mil exemplares e idêntico númerode cópias em sua versão para CD-ROM.

O guia, bilíngüe, em portu-guês/inglês, é uma excelente fer-ramenta para a consulta de pes-quisadores, nativos e visitantes,estudantes, turistas e curiosos, queprocuram informações sobre acer-vos, bibliotecas, laboratórios e cen-tros de estudo em todo o Estadodo Rio de Janeiro. A obra trazinformações básicas sobre asatividades de cada uma das ins-tituições, bem como um pequenohistórico sobre suas origens.

De 1999 para cá, o mapa recebeuum volume adicional de infor-mações da ordem de 30%. Entre asinstituições fluminenses que ga-nharam menção no novo guiaestão o Núcleo de Pesquisas Ecológicas deMacaé, unidade avançada de ensino,pesquisa e extensão do Instituto deBiologia da Universidade Federal do Riode Janeiro (UFRJ), e a Fundação Instituto

de Pesca do Estado do Rio de Janeiro(Fiperj), voltada para a realização detrabalhos para o desenvolvimento dossetores da aqüicultura e da pesca.

Informações adicionaisJá na cidade do Rio de Janeiro, o EspaçoCiência Viva, no bairro da Tijuca, a Com-panhia de Pesquisa de Recursos Minerais,

na Urca, e a Escola de Cinema DarcyRibeiro, no Centro, passam a partir de ago-ra a fazer parte da lista. Outros recém-che-gados são o Centro de Memória daElericidade e o Instituto Antonio CarlosJobim.

No texto de apresentação do vo-lume, a governadora RosinhaGarotinho destaca que “os inves-timentos e iniciativas em ciência,tecnologia e cultura no Rio deJaneiro foram, e continuam sendo,uma prioridade estratégica denosso governo”. A inclusão dequase duas dezenas de novas ins-tituições à lista parece confirmar adeterminação do governo doEstado em apoiar o setor. Deacordo com o diretor-presidenteda Fundação, Pedricto RochaFilho, a FAPERJ cumpre, com apublicação do mapa, “sua tarefaprecípua de fomento e divulgaçãocientífica, democratizando o aces-so a informações básicas sobreciência, tecnologia e cultura no Riode Janeiro”.

O mapa, em breve, poderá seracessado e impresso pelos vi-sitantes no site da FAPERJ, emwww.faperj.br. A distribuição doguia e de sua versão digital deverácontemplar bibliotecas, escolaspúblicas, universidades, bienais

de livros e eventos que contam com aparticipação da Fundação. Os interessadosem obter um exemplar do mapa devemencaminhar solicitação para o endereç[email protected].

editoração

jornal da faperj | nº 2 10 maio | junho de 2004

Um novo Mapa da Ciência Publicação da FAPERJ chega à terceira edição com versão em CD-ROM

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Quem estuda ouapenas curtefigueiras, ár-

vores tão presentesna paisagem brasi-leira, ganha umbom presente como lançamento de Fi-gueiras no Brasil,inventário minu-cioso sobre a pre-

sença de 50 espécies de Ficus em solobrasileiro. O volume foi publicado com oapoio da FAPERJ.

No livro de Jorge Pedro Pereira Carauta eBenjamin Ernani Diaz, dois dos maioresespecialistas no assunto, o leitor encontradescrição pormenorizada de 25 espéciesnativas e de 25 exóticas, oriundas daAmérica do Norte, Oceania, África eÁsia. Estima-se em mais de mil o númerototal de espécies existentes.

“No passado, os livros de botânica nãousavam fotos. Já nosso livro as usa deforma extensa, um exemplo de como sepode descrever uma planta com o auxíliode imagens em cores”, explica ErnaniDiaz. Cada uma das 50 espécies dogênero Ficus mereceu seis fotos notrabalho.

No Rio, as figueiras podem ser vistas emlocais como o Campo de Santana, um dospontos de maior concentração de Ficus nacidade. Nas praias de Botafogo e doFlamengo, existem aléias de Ficusmicrocarpa entremeadas de Ficus ben-jamina – ambas espécies exóticas. NoLeblon, há muitos exemplares de Ficusreligiosa – também exótica. Um dos prin-cipais responsáveis pela disseminação douso de plantas nativas em paisagismo nopaís foi Roberto Burle Marx.

“No Brasil existem 80 espécies nativas ecerca de 40 exóticas. Meu sonho é repetira dose com mais 50 delas num novo li-vro”, entusiasma-se Ernani Diaz. Quemsabe, no próximo volume, o pesquisadornos brinde com as agradáveis e har-moniosas formas de espécies amazôni-cas, que não entraram no primeiro tra-balho porque o acesso à região ainda ébastante difícil.

As figueiras no BrasilLivro descreve e registra emfoto 50 espécies da árvore

América LatinaLançado em 24 de junho, o livro Mundolatino e mundialização (FAPERJ/Mauad)discute a política externa e a condiçãobrasileira na América Latina. A obra éresultado de três dias de debates e reúne21 trabalhos sobre diversos temas, comoa Alca versus Mercosul, entre outros.

É o número de títulos editados peloPrograma de Editoração da FAPERJ, de1999 a junho de 2004.

RestingasO resultado da expedição RestingasBrasileiras, realizada em 1999 por 20pesquisadores da Uerj, agora pode serconhecido por meio de uma coleção de dezprogramas em vídeo (Uerj/FAPERJ). Asérie traz imagens das principais áreas derestinga do país.

notas

282

11jornal da faperj | nº 2 maio | junho de 2004

nanociência

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Em futuro não muito distante, ananotecnologia – tecnologia dami-=niaturização – será empre-

gada tanto na produção de luz fria,a fonte luminosa não poluente e nãoagressiva aos olhos utilizada nas sa-las de cirurgia, como na iluminaçãode um painel de automóvel. Em am-bos os casos, estaremos em contatocom os Oleds (Organic Light EmittingDiodes), cuja produção foi apontadapela revista Time como uma das deztecnologias que ajudarão a salvar aTerra.

Os Oleds são fontesluminosas econô-micas produzidas àbase de compostosorgânicos. Os com-postos químicos uti-lizados para fabricá-los têm baixo pesomolecular e podemser depositados emforma de filme fino.Potencialmente,poderão ser produ-zidos em qualquertamanho e sobre umaampla variedade de substratos, in-clusive plásticos. A expectativa é que,já em 2005, a maioria das telas decelulares, notebooks e de outrosdispositivos será feita com Oleds.

Os Estados Unidos são os líderes daspesquisas sobre Oleds. Os estudoscomeçaram na Kodak, que possui 80%das patentes mundiais de Oleds. NoBrasil, existem cinco grupos com proje-tos na área, alguns ligados a universi-dades por meio da Rede de Nanotec-nologia Molecular e Interfaces. Um des-ses está na Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), écoordenado pelo físico Marco Cremonae apoiado pelo Instituto Virtual deNanotecnologia da FAPERJ.

O estudo dos Leds – espécie depai dos Oleds – começou na dé-cada de 1960. Os Leds têm brilho

intenso, mas gastam menos ener-gia, são capazes de iluminar gran-des áreas e são muito utilizados emsinalização de aeroportos, painéisde carros e iluminação de ambien-tes. Já os Oleds, surgidos há 15anos, têm os mesmos usos dos Leds,mas com várias vantagens. Entreelas a de poderem ser aplicados emgrandes áreas e sobre materiais fle-xíveis como plástico. “O Oled podeter o tamanho da superfície em quefor aplicado. A maior tela de Ledsdo mundo, no prédio da Bolsa Nas-daq, em Nova York, tem 18.677.760

dispositivos de Leds.Com Oleds, seriamnecessários três ouquatro”, explicaCremona. O físicoestuda os Oleds po-liméricos – feitospor polímeros decomplexas ligaçõesquímicas – e os for-mados por peque-nas moléculas. NoBrasil só há maisum grupo estudan-do o segundo tipo.“Nosso grupo tra-

balha na fabricaçãodesses dois tipos, do início até o fun-cionamento. Não em nível indus-trial, claro. Chegar a essa etapa éraro no Brasil, pois ainda depen-demos de colaboração interna-cional.”

A produção de Oleds é cara. Parabarateá-la é necessário investir nasíntese de materiais, divulgar parao mercado as suas várias apli-cações e popularizar o seu uso,além de parcerias com incuba-doras e grandes empresas.

A FAPERJ vai liberar, ainda esteano, R$ 500 mil PADCT-Rio para ogrupo coordenado por MarcoCremona. O pesquisador tambémfoi um dos vencedores do edital doPrograma Primeiros Projetos, quevai liberar R$ 34 mil nos próximosdois anos para seu trabalho.

Instituto Virtual de Nanotecnologiaapresenta fontes luminosas orgânicas

e não poluentes - os Oleds

Nanoluzes

Uma amostra de Oled

urbanismo

Compreender o conjunto denormas que regulam o par-celamento, o uso e a ocu-

pação do solo sempre foi um de-safio para arquitetos e técnicosda administração pública. So-bretudo em municípios como oRio de Janeiro, onde vigoramcerca de 400 normas urbanís-ticas entre leis, decretos, resolu-ções, portarias e instruções nor-mativas embaralhadas em trêsgrandes volumes. Entretanto, oque até agora parecia ser uminterminável quebra-cabeçaestá prestes a ser reunido emum ágil e inédito banco de da-dos desenvolvido por pesqui-sadores da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Banco de Dados de NormasUrbanísticas para os Municípiosdo Estado do Rio de Janeiroreúne em meio digital e deforma sistematizada as maisdiversas leis, que tratam detemas que vão desde o tipo deatividade que pode ser explo-rada em uma determinada ruaao número de vagas de gara-gem que um edifício deve ter. Otrabalho, que começou a serdesenvolvido em 2001, é coor-denado pela professora-doutoraRachel Coutinho, coordenadorado Laboratório de Urbanismo eAmbiente Urbano, do Programade Pós-graduação em Urba-nismo da FAU/UFRJ.

Segundo Rachel Coutinho, obanco de dados referente às nor-mas urbanísticas do municípiodo Rio está praticamente con-cluído e deverá ser lançado nospróximos meses. Sua equipe estátrabalhando, também, em umprotótipo de banco de dadospara a cidade de Niterói, que de-verá ser entregue à prefeitura lo-cal para testes em julho de 2004.A idéia é concluir o CD-ROMcom as cerca de 175 normas deNiterói até o fim deste ano.

Sistema de buscaAs informações do banco dedados poderão ser consultadasde diversas formas. Repro-duzidas integralmente, as nor-mas são agrupadas por tema,data, vigência, tipo de legis-lação (lei, decreto, portaria ouinstrução normativa), númeroda legislação ou por área deabrangência (a unidade detrabalho são os bairros). Tudopara facilitar a localização dasnormas pelo público-alvo dobanco de dados – principal-mente técnicos da administra-ção pública que trabalham nasáreas de planejamento (revisãoda legislação) e de licencia-mento de obras.

Decifrando normasO sistema de busca do banco dedados agilizará a localização dasnormas, que nem sempre sãosimples de decifrar. Há casos emque cada quadra de uma mesmarua é regulamentada por legisla-ções diferentes. “Muitas vezes, asleis são incoerentes entre si e obanco de dados pode auxiliar ostécnicos da administração públi-ca a monitorar possíveis contra-dições”, explica Rachel Cou-tinho, que também é professorado Curso de Arquitetura e Urba-nismo da PUC–Rio.

Modelos urbanísticosO projeto do banco de dadosnasceu a partir de uma outrapesquisa desenvolvida por

Rachel Coutinho, cuja propostaera verificar como os modelosurbanísticos são absorvidospelas normas e como a legisla-ção refletirá na configuração doespaço urbano.

“Percebi que a sistematização dasnormas em um banco de dadoscontribuiria para o trabalho deplanejamento das prefeituras”,explicou Rachel Coutinho, cujotrabalho foi selecionado pelo Pro-grama Cientista do Nosso Estado,da FAPERJ.

A pesquisadora investiu os recur-sos do programa da FAPERJ naaquisição de equipamentos e desoftwares, além de contratar pro-fissionais da área de informá-tica para desenvolver o protó-tipo e adaptar o conteúdo para aInternet. A proposta é colocar obanco de dados à disposição naInternet. O projeto também con-ta com bolsistas da FAPERJ ecom apoio do Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Cientí-fico e Tecnológico (CNPq), pormeio de bolsas e de recursos doEdital Universal.

Ao concluir os bancos de dados dacapital do Rio e de Niterói, aequipe deverá iniciar os de outrosmunicípios da Região Metro-politana. “A idéia é fazer convê-nios com outras prefeituras e ór-gãos públicos para o desenvolvi-mento de novos projetos”, adiantaRachel Coutinho.

Banco de dados organizaleis urbanísticas do Rio

Rachel Coutinho também sistematiza normas de Niterói

Marcos Patricio

Vinicius Zepeda

FAPERJ recria site e lança boletim eletrônico Veículos online poderão ampliar e melhorar a comunicação da Fundação com o público

comunicação

jornal da faperj | nº 2 12 maio | junho de 2004

AFAPERJ lançou, em julho, dois novos produtos de comunicação: o sitereformulado e o Boletim da FAPERJ, via correio eletrônico. A criação e amanutenção destes novos produtos, a cargo da equipe de jornalistas e

designers do Núcleo de Difusão Científica e Tecnológica, está inserida nummovimento mais amplo da Fundação que tem como objetivo conferir maistransparência e agilidade no relacionamento com os seus usuários. Oendereço do site é www.faperj.br

Com o boletim eletrônico, a expectativa é sistematizar o envio de conteúdosjornalísticos privilegiando as informações sobre a FAPERJ, mas incluindo,também, notícias em geral na área de ciência, tecnologia e inovação. A metaé enviar o boletim semanalmente ao maior número possível de pessoas –bolsistas, pesquisadores, estudantes, jornalistas e integrantes dos governos,entre outros. Uma das características do boletim é a aplicação da linguagemtradicional da diagramação jornalística a um veículo de internet.

Baseadas em estudos de usabilidade na internet, as mudanças no site daFAPERJ foram muito além do visual: a arquitetura da informação foiamplamente reformulada para oferecer uma navegação mais direta eintuitiva. A usabilidade é uma nova ciência que visa à construção de sitesmais amigáveis para o visitante. Ela analisa o modo como as pessoas captame compreendem as informações na tela do computador e propõe soluções dedesign e estruturação do conteúdo. Quanto maior a usabilidade de um site,maior a satisfação do usuário.

Mais de mil páginasNo novo site foram aplicadas práticas consagradas de usabilidade tendo emvista diversos fatores: a análise das estatísticas de acesso dos serviços online;o estudo das dúvidas recebidas por e-mail, que indicaram falhas em termosde navegação e exposição do conteúdo nas páginas, além de impressões eobservações manifestadas espontaneamente por usuários. A reestruturação da arquitetura do site teve como objetivo facilitar o acessoao seu vasto conteúdo, com mais de mil páginas. Com isso, o menu – que éo espelho do conteúdo de um site - foi reformulado para oferecer acessomais rápido e intuitivo às informações que o usuário deseja. No site anterior,as informações estavam organizadas em três níveis de menu. Agora, estãoexplícitas num único nível, isto é, ao passar o mouse sobre o menu vermelho,todas as opções se abrem automaticamente. Por exemplo, na versão antiga,as informações sobre modalidades de bolsas ou auxílios – as mais buscadasdo site - ficavam dentro de Política de Fomento > Programa Básico > Bolsas.Só então as diversas opções eram visualizadas. Agora, estas modalidadessão expostas de forma direta, sob as opções Bolsas e Auxílios.

Além de o usuário chegar com facilidade às informações que procura, éfundamental que ele saiba onde está, por onde passou e para onde pode ir.Para isso, existe a chamada “migalha de pão”, que são links no topo de cadapágina que mostram em que página e seção ele se encontra. Na lateralesquerda das páginas, também há links para as demais opções dentro decada seção.

Cores sóbriasOutro recurso para ajudar o usuário a se localizar é o novo mapa do site,situado no rodapé, que revela o fluxograma da informação e dá acesso atodas as seções. Mas, se mesmo assim, o visitante continua sem achar o quequer, pode recorrer à busca por palavra-chave, caixa localizada no topo dapágina.

Em relação ao novo visual, foram fixados dois objetivos básicos: a escolhade cores sóbrias, porém atraentes, e a redução do excesso de informação napágina inicial. As novas cores – vermelho, preto, cinza e branco – forameleitas com base em estudos de percepção de cor. O vermelho, usado paradestacar as informações principais no menu de navegação, foi escolhido porser estimulante e motivador, além de ser uma das cores da comunicaçãovisual do Governo do Estado.