urbanismo moderno

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1 PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL I O URBANISMO MODERNO CONCEITOS E CRÍTICA ATUAL PROFESSORAS DENISE SCHULER E MONICA BONGESTABS SÉCULO XIX – CIDADE INDUSTRIAL/LIBERAL A FORMA DA CIDADE – vincula-se exclusivamente ao lucro, ou seja, cada empreendimento é desenvolvido considerando a maior possibilidade de lucro, sem considerar traçados reguladores ou outros instrumentos de controle urbanístico que viessem a colaborar com a circulação, com a infra-estrutura, ou com a estética das cidades. Esses empreendimentos são totalmente baseados na repetição, e na densificação, criando ambientes monótonos e com tendência a criação de condições desfavoráveis em termos de salubridade. A partir de um certo momento, a qualidade de vida de todas as classes fica comprometida, fazendo com que tanto representantes das classes abastadas como do proletariado, passassem a discutir novas formas de intervenção pública. Neste momento, surgem propostas utópicas e outras formas de experimentação urbanística que tentam resolver o problema das cidades. Gradativamente a Cidade Liberal tem fim, dando espaço para grandes intervenções coordenadas pelo estado e para a regulamentação urbanística, ou seja, para leis que regulam o crescimento e as modificações na cidade.

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Page 1: Urbanismo Moderno

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PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL I

O URBANISMO MODERNOCONCEITOS E CRÍTICA ATUAL

PROFESSORAS DENISE SCHULER E MONICA BONGESTABS

SÉCULO XIX – CIDADE INDUSTRIAL/LIBERAL

A FORMA DA CIDADE – vincula-se exclusivamente ao lucro, ou seja, cada empreendimento é desenvolvido considerando a maior possibilidade de lucro, sem considerar traçados reguladores ou outros instrumentos de controle urbanístico que viessem a colaborar com a circulação, com a infra-estrutura, ou com a estética das cidades.

Esses empreendimentos são totalmente baseados na repetição, e na densificação, criando ambientes monótonos e com tendência a criação de condições desfavoráveis em termos de salubridade.

A partir de um certo momento, a qualidade de vida de todas as classes fica comprometida, fazendo com que tanto representantes das classes abastadas como do proletariado, passassem a discutir novas formas de intervenção pública.

Neste momento, surgem propostas utópicas e outras formas de experimentação urbanística que tentam resolver o problema das cidades.

Gradativamente a Cidade Liberal tem fim, dando espaço para grandes intervenções coordenadas pelo estado e para a regulamentação urbanística, ou seja, para leis que regulam o crescimento e as modificações na cidade.

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OS IMENSOS LOTEAMENTOS DA CIDADE INDUSTRIAL

OS IMENSOS LOTEAMENTOS DA CIDADE INDUSTRIAL

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RETRATO DA VIDA NAS VILAS OPERÁRIAS DO SÉCULO XIX

RETRATO DA VIDA NAS VILAS OPERÁRIAS DO SÉCULO XIX

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RESIDÊNCIAS DA BURGUESIA – SÉCULO XIX

A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: GRANDES MUDANÇAS ESTRUTURAIS DAS CIDADES

MODELO CULTURALISTA / HUMANISTARuskin (A poesia da arquitetura) Morris (Notícias de lugar nenhum) Geddes (Cidades em evolução) Mumford (A cidade na história - A condição do homem) Sitte (A construção das cidades segundo seus princípios artísticos) Howard (Cidades jardins do amanhã)

MODELO PROGRESSISTARobert Owen (Nova vista da sociedade e outros ensaios) Fourrier (Falanstério) Godin (Familistério) Le Corbusier (Por uma arquitetura) Gropius (fundador da Bauhaus)

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URBANISMO MODERNO

A CIDADE MODERNA: RUPTURA RADICAL NA ESTRUTURA, NA FORMA, NA ORGANIZAÇÃO DISTRIBUTIVA E NOS CONTEPUDOS

E PROPÓSITOS DA URBANISTICA E DA CIDADE.

2 MOMENTOS:

1)PERÍODO ENTRE GUERRAS:

- período heróico; de formação de teorias e experimentações

- oposição à urbanística formal

- avanço na tecnologia, nas ciências, máquinas, movimentos sociais

- a urbanística existente (tradicional) não fornecia respostas eficazes aos

problemas do século XX

- destruição e abandono do quarteirão, da rua, da praça

- TIPOLOGIA DE BLOCOS, torres;

- zoneamento rígido elimina a “mistura funcional” da cidade tradicional

URBANISMO MODERNO

2) PERÍODO PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL ATÉ OS ANOS 1970:

- reconstrução das cidades e as grandes necessidades habitacionais –necessidade de habitação, bairros e cidades novas e reconstrução dos centros

- grandes conjuntos habitacionais – monótonos

- higiene e salubridade – grandes espaços verdes entre os blocos

- preponderância do sistema viário

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URBANISMO MODERNO

O PÓS GUERRA E A ADOÇÃO DO URBANISMO MODERNO

- até 2ª GM coexistiam na Europa: urbanismo formal com experiências modernas

- a partir dos anos 1950: necessidade de reconstrução rápida, a menores custos e máxima quantidade de alojamentos, dando novas condições de vida à população

- a possibilidade de projetar e construir a cidade por sistemas independentes (vias, infra-estrutura, prédios, equipamentos) revela-se de grande eficácia – trabalhar com rapidez

- as vias serviam de circulação; os prédios implantavam-se livremente no terreno; os terrenos que sobravam ligavam as entradas dos edifícios às vias de acesso

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“ As novas formas urbanas rompiam, em termos ambientais e ideológicos, com os antigos sistemas

urbanos, permitindo o ar, o sol e o verde –indispensáveis à higiene e salubridade e favoráveis à

cura do traumatismo psicológico da Guerra.”

LAMAS, 2004

URBANISMO MODERNO

FUNCIONALISMO E ZONEAMENTO

Crítica à cidade oitocentistas e novecentista – mistura funcional

-“boa arrumação” e distribuição dos usos do solo

- CARTA DE ATENAS: isolar, separar e arrumar as principais funções na cidade: HABITAR, TRABALHAR, RECREAR-SE E CIRCULAR

- delocamentos: prioridade ao automóvel

- cidades e bairros “dormitórios” – grandes conjuntos habitacionais

-É mais fácil projetar edifícios com programas repetitivos em todos os pisos do que a sobreposição de funções

-É mais fácil organizar um bairro só habitacional do que com misturas de usos

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“Essas regras de zoneamento funcionalista retirariam às cidades a complexidade distributiva e

conseqüentemente a complexidade formal, gerando a monotonia visual e a falta de significação dos espaços”

LAMAS, 2004

Crítica à cidade funcionalista

URBANISMO MODERNO

RUPTURA COM A HISTÓRIA

-Romper com as formas tradicionais de construção de edifícios e cidades

- Não apenas estabelecer diferenças nos processos construtivos e materiais ou estilos, mas construir uma arquitetura diferente, liberta e oposta a qualquer continuidade histórica

NOVOS MATERIAIS E TECNOLOGIAS

-ferro, aço, concreto armado, vidro, industrialização da construção

- ruptura com as formas e escalas

- a cidade era “construída” pela arquitetura

-CARTA DE ATENAS (1941):

-“Edifícios altos, que conquistam a vista, a luz, o ar, espaçados entre si, tornam-se as únicas formas corretas de construção moderna”.

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URBANISMO MODERNO

A metodologia da concepção moderna da cidade é compl etamente diferente.

- Na cidade tradicional, a dimensão e a organização do alojamento resultam da forma do edifício, e esse da forma do lote e da sua posição no quarteirão;

- Para o urbanismo moderno, a célula habitacional é o elemento-base da formação da cidade.

-As relações da cidade tradicional entre lote, quarteirão e cidade são substituídas pela relação entre alojamento, edifício, bairro e cidade.

- Menospreza o potencial dos espaços urbanos para a VIDA COLETIVA .

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URBANISMO MODERNOCIDADE FUNCIONALISTA

-4 funções principais (chaves do urbanismo moderno):

Habitar, trabalhar, recrear-se e circular

- a cada função a sua área de solo exclusiva

- A área residencial ocupa lugar principal no urbanismo, enquanto a circulação deverá organizar a cidade existente

- O grande objetivo será circular bem, em vias hierarquizadas que privilegiem o deslocamento e separem os percursos entre o pedestre e o automóvel

“FUNÇÕES BEM ARRUMADAS EM LUGARES PRÓPRIOS ,

SEM SOBREPOSIÇÕES”

URBANISMO MODERNOCIDADE FUNCIONALISTA

-áreas centrais vazias à noite e cidades “dormitórios ”

- necessidade de circular rapidamente: destruição de bairros e tecidos sociais, lançando vias e nós desnivelados, alargand o ruas, destruindo edifícios

- hoje: necessidade de “domesticação” do automóvel

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URBANISMO MODERNO

CRÍTICA AO QUARTEIRÃO, À RUA E À MORFOLOGIA DA CIDADE TRADICIONAL

Gropius – estudos de distância entre edifícios, a sua altura e os ganhos de solo público

-A organização das edificações não se “encaixava” com a divisão tradicional de quarteirões e ruas

- higiene, salubridade e funcionamento

- inconvenientes de trânsito (ruídos, poeiras, gases)

- necessidade de insolação

TUDO ISSO CONDENAVA O ALINHAMENTO DOS EDIFÍCIOS AO LONGO DAS VIAS

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O URBANISMO MODERNO

ZONEAMENTO FUNCIONAL – local de morar, de trabalhar, comércio, bancos, hotéis...

EDIFÍCIOS COMO UNIDADES AUTÔNOMAS INSERIDOS EM UM E SPAÇO ABERTO COM OBJETIVOS HIGIÊNICOS – inversão do esquema de figura-fundo da cidade tradicional – ao invés dos espaços verdes estarem restritos às praças e aos pátios das casas, propõe-se a ocupação do espaço de forma mais densificada, ou seja em grandes edifícios em altura, permitindo a liberação do solo.

DESCONSIDERAÇÃO DOS PRECEDENTES EM TERMOS DE FORMA URBANA E EM TERMOS DE CARACTERÍSTICAS FUNDIÁRIAS – super-quadras.

A ESCALA DOS PERCURSOS VOLTA-SE AO AUTOMÓVEL – praticamente ignora o pedestre – ruas a cada 400m e em alguns casos ruas complementares nos 200m intermediários; número de ruas deveria ser diminuído em 2/3, o que diminuiria o número de cruzamentos e tornaria mais ágil a circulação; eliminar cruzamentos.

PROPOSIÇÃO DE UM SISTEMA VIÁRIO HIERARQUIZADO DE FO RMA A PROPICIAR MAIOR VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO – vias rápidas e vicinais, vias locais, vias coletoras

CONSIDERAÇÃO DA ORIENTAÇÃO SOLAR COMO UMA DAS PRIOR IDADES DE PRODUÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO – higienização e salubridade.

PROPOSTA DE LE CORBUSIER PARA O RIO DE JANEIRO

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PROJETO PÓS-GUERRA DE RENOVAÇÃO DE LONDRES

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PROJETO DE REURBANIZAÇÃO DA ÁREA DO MORRO SANTO ANT ÔNIO/RIO 1948

AMBIENTE GERADO, INSPIRADO NO PROJETO (O MORRO FOI ARRASAD O)

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PLANO PILOTO BRASÍLIA

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UMA DAS ZONAS COMERCIAIS E DE HOTÉIS DE BRASÍLIA

ASA NORTE – ZONA RESIDENCIAL

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ASA SUL – ZONA RESIDENCIAL

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COMO CONSEQUÊNCIA DA CIDADE MODERNA, QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DA CIDADE

CONTEMPORÂNEA?

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