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A dinâmica dos instrumento de planeamento territorial João Miranda Professor Auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa - Advogado

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  • A dinmica dos instrumentos de planeamento territorial Joo MirandaProfessor Auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa - Advogado

  • Plano abreviado da exposioI A mutabilidade intrnseca das normas de planeamento urbanstico

    II Delimitao conceitual e regime jurdico

    III A tutela dos particulares perante a dinmica do planeamento e a responsabilidade da Administrao*

  • *I A mutabilidade intrnseca das normas de planeamento urbanstico

    1. A mobilidade como caraterstica das normas de Direito do Urbanismo

    2. O carter temporrio (e datado) dos planos urbansticos

    3. A variabilidade do interesse pblico urbanstico como resultado da renovao peridica dos titulares de rgos autrquicos

    4. A necessidade de adaptao dos instrumentos de planeamento preexistentes face supervenincia de novos planos e regulamentos administrativos

  • II Delimitao conceitual e regime jurdico

    *

  • 1. A alterao dos planos 1.1. Heterogeneidade do conceito de alterao

    Alterao motivada pela evoluo das condies econmicas, sociais, culturais e ambientais que estiveram subjacentes ao plano (arts. 93., 2, a) e 95., n. 2, c) a e) do RJIGT)

    Alterao por adaptao (art. 97. do RJIGT)

    Alterao simplificada (art. 97.-B do RJIGT)

    *

  • 1.2. A alterao motivada pela evoluo das condies econmicas, sociais, culturais e ambientais que estiveram subjacentes ao plano

    Constitui uma modificao parcial do plano, designadamente porque se restringe a uma rea delimitada da sua rea de interveno ou porque incide sobre uma parte apenas do seu regulamento;

    Pode implicar a reclassificao e requalificao do uso do solo, embora tenha de traduzir-se sempre numa modificao de pormenor ou de mbito limitado do plano, sem pr em causa a sua coerncia global.

    *

  • 1.2.1. Causas

    Planos sem eficcia plurisubjetiva - evoluo das perspetivas de desenvolvimento econmico-social (art. 94., n. 1, do RJIGT).

    Planos com eficcia plurisubjetiva- circunstncias excecionais (p. ex. situaes de calamidade pblica e alterao substancial das condies econmicas, sociais, culturais e ambientais art. 95., n. 2, alnea c) do RJIGT);

    *

  • - alteraes resultantes de situaes de interesse pblico (p. ex. instalao de infraestruturas rodovirias ou reconverso de AUGIs art. 95., n. 2, d) do RJIGT);

    - alteraes a planos de ordenamento das reas protegidas decorrentes de alteraes dos limites da rea protegida (art. 95., n. 2, e) do RJIGT).*

  • 1.2.2. Procedimento

    Semelhante ao procedimento da elaborao, aprovao, ratificao e publicao do plano, salvo quanto:

    - ao acompanhamento de alteraes a planos especiais e planos diretores municipais, que facultativo (art. 96., n. 2, do RJIGT);- avaliao de impacto ambiental, que pode ser dispensada no caso de pequenas alteraes aos planos que no tenham efeitos significativos no ambiente (art. 96., n.s 3 a 6, do RJIGT).

    *

  • 1.2.3.Tempo de alteraoPlanos sem eficcia plurisubjetiva a todo o tempo Planos com eficcia plurisubjetiva apenas trs anos decorridos sobre a sua entrada em vigor ou ltima reviso (art. 95., n. 1, do RJIGT), salvo os casos de alterao por adaptao, de alterao simplificada ou de supervenincia de uma causa de alterao (art. 95., n. 2, do RJIGT).Perodo de estabilidade mnima destinado proteo de situaes jurdicas dos particulares e a refrear o impulso de mutabilidade da Administrao.

    *

  • 1.3. A alterao por adaptao

    1.3.1. Causas (art. 95., n. 1, do RJIGT):- supervenincia de leis, regulamentos ou planos hierarquicamente superiores;- incompatibilidade das normas de planos municipais com a superveniente definio da estrutura regional do sistema urbano, das redes, das infraestruturas e dos equipamentos de interesse regional e delimitao da estrutura regional de proteo e valorizao ambiental fixadas em plano regional;- variao total mxima de 3% da rea de construo inicialmente prevista em planos de urbanizao e de pormenor.

    *

  • 1.3.2.Procedimento (artigo 97., n.s 2 e 3 do RJIGT):Realizao das adaptaes pela entidade responsvel pela elaborao do plano, no prazo de 90 dias, mediante a reformulao das peas escritas e desenhadas do plano;

    Em caso de plano municipal, a alterao por adaptao aprovada pela assembleia municipal, na sequncia de proposta da cmara municipal;

    A alterao por adaptao publicada no Dirio da Repblica e depositada na Direo-Geral do Territrio.

    *

  • 1.4. Alterao simplificada (de planos municipais) Art. 97.-B do RJIGT

    1.4.1. Causas: necessidade de integrao de lacuna originada pela cessao de restries e servides de utilidade pblica ou pela desafetao de bens do domnio pblico ou dos fins de utilidade pblica a que se encontravam adstritos.

    Exemplos: alterao dos limites da REN, extino de servido ferroviria, desafetao de rea de caminho pblico municipal ou no utilizao de terrenos destinados a equipamentos coletivos.

    *

  • Pressupostos (art. 97.-B, n. 1, alneas a) e b) do RJIGT:- Insero da rea em permetro urbano;- Dimenso da rea igual ou inferior da maior parcela existente na rea envolvente e existncia de uma unidade harmoniosa que garanta a integrao do ponto de vista urbanstico e a qualidade do ambiente urbano.

    Disciplina aplicvel rea objeto de alterao: a das normas dos planos das reas confinantes (art. 97.-B, n. 2, do RJIGT).

    *

  • 1.4.2. Procedimento (artigo 97.-B, n.s 3 a 6 do RJIGT):- Deliberao da cmara municipal com a proposta de aplicao das normas previstas para as parcelas confinantes;- Publicitao e divulgao da proposta para que, num prazo no inferior a 10 dias, sejam apresentadas reclamaes, observaes ou sugestes;- Ponderao pela cmara municipal da participao pblica e reformulao do plano na parte afetada;- Emisso de parecer final da CCDR;- Aprovao pela assembleia municipal, aps proposta da cmara municipal;- Publicao no Dirio da Repblica e depsito na Direo-Geral do Territrio.

    *

  • 2. A reviso dos planos2.1. Conceito e naturezaConceito legal: A reviso dos instrumentos de gesto territorial implica a reconsiderao e reapreciao global, com carter estrutural ou essencial, das opes estratgicas do plano, dos princpios e objetivos do modelo territorial definido ou dos regimes de salvaguarda e valorizao dos recursos e valores territoriais (art. 93., n. 3, do RJIGT).

    Elementos do conceito legal:- reponderao das solues globais ou da economia geral do plano;

    *

  • - a reapreciao interfere com a classificao e a qualificao dos solos concretamente prevista no plano;

    - salvo no caso da reviso confirmativa do PDM, opera-se uma modificao do contedo do plano;

    - o conceito aplica-se apenas aos planos com eficcia plurisubjetiva. Crtica opo do legislador.

    Reviso confirmativa do PDM: periodicamente, de dez em dez anos, o PDM obrigatoriamente revisto (art. 98., n. 3, do RJIGT), podendo o procedimento aberto para o efeito conduzir manuteno integral do contedo do plano em vigor.*

  • 2.2. Causas de reviso

    Adequao evoluo, a mdio e longo prazos, das condies econmicas, sociais, culturais e ambientais, tendo por base a avaliao do plano (art. 98., n. 1, a) do RJIGT);

    Suspenso do plano e necessidade de adequao do plano prossecuo dos interesses pblicos que a determinaram (art.98., n. 1, b) do RJIGT)

    *

  • 2.3. Procedimento de reviso

    Idntico ao procedimento estabelecido para a elaborao, a aprovao, a reviso e a suspenso do plano (art. 96., n. 7, do RJIGT)*

  • 2.4.Tempo de reviso

    A todo o tempo, quando tiver por base uma deciso de suspenso do plano.

    Ao fim de trs anos sobre a sua entrada em vigor ou ltima reviso, pode ser determinada pelo rgo competente, nos demais casos.

    Ao fim de dez anos, obrigatria no caso do PDM.*

  • 3. Correes materiais (art. 97.-A, n.s 1 a 3 do RJIGT)

    Tipos de correes materiais:- Acertos de cartografia determinados por incorrees de cadastro e de transposio de escalas e por discrepncias entre plantas de condicionantes e plantas de ordenamento- Correes de erros materiais, patentes e manifestos, na representao cartogrfica- Correes de regulamentos ou de plantas determinadas por incongruncias entre si

    *

  • Procedimento das correes materiaisRealizao, a todo o tempo, atravs de declarao pela entidade responsvel pela elaborao do plano;

    Comunicao prvia da declarao ao rgo competente para a aprovao do plano e CCDR;

    Publicao no Dirio da Repblica na mesma srie em que foi publicado o plano objeto da correo;

    Depsito na Direo-Geral do Territrio.

    *

  • 4. As retificaes (art. 97.-A, n.s 4 e 5 do RJIGT)

    Objeto:

    Correo de lapsos gramaticais, ortogrficos, de clculo ou de natureza anloga;

    Correo de erros materiais decorrentes de divergncias entre o ato original e o ato efetivamente publicado no Dirio da Repblica.*

  • Prazo para a publicao da retificao:

    At 60 dias aps a publicao do ato retificando, no caso de plano publicados na 1. srie do Dirio da Repblica (PNPOT, plano regional, plano especial, plano setorial )

    A todo o tempo, no caso de plano publicados na 2. srie do Dirio da Repblica (planos intermunicipais e planos municipais).*

  • 5. A suspenso dos planos

    5.1.Conceito: paralisao por um perodo de tempo certo dos efeitos de todo o plano ou de parte dele, quer em termos espaciais, quer em termos materiais.

    Durao da suspenso nos planos sem eficcia plurisubjetiva: a lei no estabelece limite de prazo.

    Durao da suspenso nos planos com eficcia plurisubjetiva:- Suspenso de planos municipais por deliberao da assembleia municipal acompanhada da adoo de medidas preventivas prazo de dois anos prorrogvel por mais um ano (arts. 100., n. 8, e 112., n. 1, do RJIGT) ;*

  • Demais casos de suspenso de planos: a lei no estabelece limite de prazo.

    5.2. Causas:- em geral, alterao significativa das perspetivas de desenvolvimento econmico-social incompatveis com a concretizao das opes do plano (arts. 99., n. 1, e 100., n. 1, do RJIGT);- nos planos especiais, alterao da realidade ambiental que esteve na base do plano (arts. 100., n. 1, in fine, do RJIGT);- nos planos municipais, a supervenincia de casos excecionais de reconhecido interesse nacional ou local e situaes de fragilidade ambiental (art. 100., n. 2, do RJIGT).*

  • 5.3.Forma do ato:

    Nos planos sem eficcia plurisubjetiva, o ato de suspenso reveste a mesma forma do ato de adoo do plano (art. 99., n. 2, do RJIGT);

    Nos planos com eficcia plurisubjetiva, idntica regra, salvo no caso de suspenso de planos municipais determinada pelo Governo, que adotada por Resoluo de Conselho de Ministros, aps audio das cmara municipais das autarquias abrangidas (art. 100., n. 2, a) do RJIGT)

    *

  • 5.4. Princpio da proporcionalidade como limite suspenso dos planos:

    Adequao: a suspenso deve revelar-se apta para a prossecuo do interesse pblico que se visa tutelar;

    Necessidade: na definio do mbito material e temporal da suspenso, deve ser imposto o menor sacrifcio possvel dos interesses dos sujeitos privados e pblicos afetados (p. ex. municpios em caso de suspenso governamental de planos municipais);

    Equilbrio: necessidade de justa ponderao entre os interesses a tutelar e os que so sacrificados.*

  • 5.5. O problema da constitucionalidade da suspenso governamental de planos municipais

    Tpicos fundamentais:Impossibilidade de discusso da questo em abstrato;Necessidade de apreciao do problema luz dos princpios da coordenao, da subsidiariedade e da proporcionalidade.

    Campo privilegiado de aplicao da suspenso:Casos de omisso ilcita de alterao dos planos municipais pelos municpios para adaptao a planos supralocais supervenientes.*

  • III A tutela dos particulares perante a dinmica do planeamento e a responsabilidade da Administrao

    1. As posies dos particulares frente alterao e reviso dos planos (por ordem crescente de relevncia):- A garantia da estabilidade do plano durante o prazo de trs anos;

    - A garantia da manuteno da classificao e qualificao do plano durante o prazo de cinco anos;*

  • As situaes subjetivas em que o particular pode exigir a alterao ou reviso do plano;

    Os direitos conferidos por atos de licenciamento de operaes urbansticas e por outros atos constitutivos de direitos;

    A garantia da existncia das edificaes.*

  • A garantia da estabilidade do plano durante o prazo de trs anos: necessidade de demonstrao pela Administrao do carter excecional para justificar a alterao ou reviso do plano.

    A garantia da manuteno da classificao e qualificao do plano durante o prazo de cinco anos: decorrido este prazo sem que o particular concretize o aproveitamento urbanstico conferido pelo plano, a reviso deste instrumento no lhe confere direito a qualquer indemnizao (art. 143., n. 3, do RJIGT).

    As situaes subjetivas em que o particular pode exigir a alterao ou reviso do plano: dever de alterao dos planos para adaptao a leis, regulamentos e planos*

  • supervenientes; por ex. dever de reviso dos planos para receo dos critrios de preveno do rudo previstos no Regulamento Geral do Rudo, caso tal implique uma reponderao global do plano;Os direitos conferidos por atos de licenciamento de operaes urbansticas e por outros atos constitutivos de direitos (tpicos fundamentais):- princpio geral da irrevogabilidade dos atos constitutivos de direitos, sem prejuzo da sua caducidade por desconformidade com a nova disciplina do plano (arts. 143., n. 3, in fine do RJIGT e 71. do RJUE);- discusso sobre a admissibilidade de revogao de licenas urbansticas, como sucede noutros

    *

  • ordenamentos jurdicos;- exemplos de outros atos constitutivos de direitos: informao prvia favorvel e aprovao do projeto de arquitetura (respetivamente, arts. 17., n. 1, e 20., n.s 1 a 3, do RJUE);

    A garantia da existncia ou proteo do existente das edificaes (art. 60. do RJUE): - o plano apenas produz efeitos para o futuro, devendo respeitar as edificaes existentes data da sua entrada em vigor, desde que realizadas legalmente (garantia da existncia passiva);- o direito do particular a realizar obras de reconstruo ou de alterao contrrias s normas legais e regulamentares supervenientes se essas obras no

    *

  • agravarem a desconformidade com as normas em vigor e se melhorarem as condies de segurana e de salubridade da edificao (garantia da existncia ativa).*

  • A COMPENSAO DOS PARTICULARES PELAS RESTRIES DOS SEUS DIREITOS DECORRENTE DA ALTERAO, REVISO OU SUSPENSO DE PLANOS

    2.1. Preferncia pela previso de mecanismos de perequao compensatria nos prprios planos:- Estabelecimento de um ndice mdio de utilizao (art. 139. do RJIGT);- Estabelecimento de uma rea de cedncia mdia (art. 141. do RJIGT);- Repartio dos custos de urbanizao (art. 142. do RJIGT).*

  • 2. A responsabilidade da Administrao como instrumento supletivo de compensao dos particulares

    2.2. Tpicos fundamentais:- Fundamento da responsabilidade da Administrao: princpio da igualdade na repartio de encargos pblicos;

    - Medidas expropriativas do plano como restries singulares s possibilidades objetivas de aproveitamento do solo (art. 143., n. 2, do RJIGT);*

  • - A imputao da responsabilidade entidade que aprova o plano que determina, direta ou indiretamente, os danos indemnizveis (art. 143., n. 6, do RJIGT);

    - A indemnizao pelos danos decorrentes do plano abarca os danos do plano (diminuio do valor do solo devido privao ou limitao da utilizao para fins de construo art. 143., n. 2, do RJIGT) e os danos da confiana (encargos suportados pelo particular com atos preparatrios, p. ex. honorrios de arquitetos e despesas para obteno de financiamento art. 143., n. 5, do RJIGT);

    - O valor da indemnizao apurado atravs de uma avaliao concreta do dano, calculada nos termos do*

  • Cdigo das Expropriaes (art. 143., n. 4, do RJIGT).

    Indemnizabilidade apenas em caso de consolidao do direito na esfera jurdica do particular mediante um ato individual e concreto ou se a privao do direito abstrato de construir conferido pelo plano no ocorrer antes de decorridos cinco anos sobre a entrada em vigor do plano ou sobre a sua ltima reviso (art. 143., n. 3, do RJIGT).*

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