universo pin-up - capítulos

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13 INTRODUÇÃO O documentário "Universo Pin-up" tem como tema a cultura das mulheres brasileiras contemporâneas que se identificam como pin-ups, figura feminina que surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, conhecidas por sua imagem sensual, porém prezando certo recato. Elas foram um dos primeiros apelos do que chamamos hoje de cultura de massa ou de cultura pop e têm grande responsabilidade sobre o modo como as mulheres começaram a ver a si mesmas após os anos 40. “A pin-up, durante a Segunda Guerra, tomou forma de um produto americano versátil e multiuso a ponto de perpassar as revistas masculinas, as femininas, a propaganda oficial, os musicais, os desenhos animados, os filmes mainstream e música popular.(...) Como pode tornar-se tão potente um gênero visual? (SAGGESE, 2008, PAG 06) De acordo com pesquisas realizadas em sites e blogs, constatamos que há grupos de mulheres contemporâneas que, fugindo dos padrões estéticos atuais, se identificam como verdadeiras pin-ups, adaptando os seus estilos de vida no contexto da cultura contemporânea. Este tema foi escolhido pelo grupo devido ao interesse das integrantes pela estética das pin-ups. Tomamos conhecimento do assunto após celebridades como Katy Perry, Christina Aguilera e Amy Winehouse utilizarem o personagem da pin-up em seus videoclipes e fotografias publicitárias. Logo, o termo se popularizou nas redes sociais e em blogs. Com isso, também começamos a notar que a estética pin- up estava presente em nossas culturas, através do vestuário, maquiagem, objetos, comportamento. Ao realizarmos uma pesquisa específica sobre o tema, notamos que não havia conteúdos audiovisuais sobre o assunto, em especial no cenário nacional. O projeto consiste na produção de um documentário de 15 minutos veiculado no youtube. A plataforma foi escolhida por ser o principal canal utilizado pelas pin-ups para compartilhamento de conteúdos, especialmente tutoriais. Para divulgação, uma fanpage no facebook irá compartilhar, além do documentário, vídeos teasers, fotos de bastidores e das personagens entrevistadas, que já se promovem pela rede social. Selecionamos mulheres que consideramos representativas da cultura pin-up

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"Universo Pin-up" é um documentário de produção universitária que tem como objetivo refletir acerca da cultura de um grupo de mulheres brasileiras contemporâneas que se identificam como pin-ups. Nesse vasto universo, julgamos apropriado escolher algumas pin-ups que são referência no assunto em questão, residentes na grande São Paulo. Nossa indagação reside no sentido de entender por qual motivo estas mulheres contemporâneas se identificam com este perfil feminino construído durante a 2ª Guerra Mundial, e que pode ser considerado antiquado para os dias atuais.Curso: Com. Social - Radio e TVFIAM/FAAM - FMU

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Page 1: Universo Pin-Up  - Capítulos

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INTRODUÇÃO

O documentário "Universo Pin-up" tem como tema a cultura das mulheres

brasileiras contemporâneas que se identificam como pin-ups, figura feminina que

surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, conhecidas por sua imagem sensual,

porém prezando certo recato. Elas foram um dos primeiros apelos do que

chamamos hoje de cultura de massa ou de cultura pop e têm grande

responsabilidade sobre o modo como as mulheres começaram a ver a si mesmas

após os anos 40.

“A pin-up, durante a Segunda Guerra, tomou forma de um produto

americano versátil e multiuso a ponto de perpassar as revistas

masculinas, as femininas, a propaganda oficial, os musicais, os

desenhos animados, os filmes mainstream e música popular.(...)

Como pode tornar-se tão potente um gênero visual? (SAGGESE,

2008, PAG 06)

De acordo com pesquisas realizadas em sites e blogs, constatamos que há

grupos de mulheres contemporâneas que, fugindo dos padrões estéticos atuais, se

identificam como verdadeiras pin-ups, adaptando os seus estilos de vida no contexto

da cultura contemporânea.

Este tema foi escolhido pelo grupo devido ao interesse das integrantes pela

estética das pin-ups. Tomamos conhecimento do assunto após celebridades como

Katy Perry, Christina Aguilera e Amy Winehouse utilizarem o personagem da pin-up

em seus videoclipes e fotografias publicitárias. Logo, o termo se popularizou nas

redes sociais e em blogs. Com isso, também começamos a notar que a estética pin-

up estava presente em nossas culturas, através do vestuário, maquiagem, objetos,

comportamento.

Ao realizarmos uma pesquisa específica sobre o tema, notamos que não

havia conteúdos audiovisuais sobre o assunto, em especial no cenário nacional.

O projeto consiste na produção de um documentário de 15 minutos

veiculado no youtube. A plataforma foi escolhida por ser o principal canal utilizado

pelas pin-ups para compartilhamento de conteúdos, especialmente tutoriais. Para

divulgação, uma fanpage no facebook irá compartilhar, além do documentário,

vídeos teasers, fotos de bastidores e das personagens entrevistadas, que já se

promovem pela rede social.

Selecionamos mulheres que consideramos representativas da cultura pin-up

Page 2: Universo Pin-Up  - Capítulos

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no Brasil e que são influentes no meio: Marilia Skraba é modelo e estilista de roupas

para pin-ups, assim como Larissa Montagner, que além de ter sua própria

confecção, é cantora de uma banda de rockabilly. Cinthia Isabel Alves é jornalista,

modelo pin-up, dançarina exótica e atriz, participando de reencenações históricas.

Daise Alves é produtora de conteúdo de um dos blogs1 mais lidos sobre a cultura

pin-up. Todas elas adotam este estilo de vida integralmente, inclusive como fonte de

renda. A especialista Suzy Okamoto, mestre em Artes Visuais e coordenadora dos

cursos de pós graduação em moda do Senac, reflete acerca da estética e dos

costumes das pin-ups na cultura das mulheres contemporâneas.

Com isso, pretendemos analisar por qual motivo estas mulheres

contemporâneas estão buscando referências culturais por meio de padrões estéticos

considerados antiquados, por grande parte das pessoas, na sociedade atual.

1 www.menteflutuanteretro-up.blogspot.com.br

Page 3: Universo Pin-Up  - Capítulos

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1. TEMA: PIN-UPS

1.1 CONCEITO DE PIN-UP

O termo pin-up deriva do verbo em inglês “to pin up”, que significa pendurar.

Tal expressão está relacionada às representações femininas sexualizadas, que

poderiam ser fotos ou ilustrações e se disseminaram durante a década de 40,

durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse período os militares retiravam estas

imagens das revistas, e as penduravam nas paredes dos dormitórios, tanques e

navios de guerra, dando origem ao termo. Os soldados recebiam as revistas

gratuitamente nos campos de guerra. Com a popularização desta prática, as

namoradas e esposas também começaram a enviar fotos imitando as poses das

modelos das revistas.

(SAGGESE, 2008)

Nesta fase, a pin-up

como perfil de mulher

idealizada é divulgada

amplamente pelas revistas

americanas. As publicações

mais conhecidas são Eyeful,

Wink, Girls, Foolies, e Beauty

Parade1, além da revista Yank,

que tinha a edição realizada

pelo próprio Exército.

FIGURA 1: Capa da revista Beauty Parade Fonte: Livro 1000 Pin-Up girls

1 1000 Pin-up Girls, 2008, Ed. Taschen – Compilação das principais capas de revista com ilustrações pin-up.

Sem autor identificado.

Page 4: Universo Pin-Up  - Capítulos

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Nesta guerra as pinups são componente importante do esforço de guerra americano. (...) A revista Esquire é distribuída gratuitamente nos fronts aos, literalmente milhões. Há também fotografias de estrelas de cinema. (SAGGESE, 2008, PG 03)

De acordo com Saggese, o termo aparece, segundo testemunhos e

documentos da época, exatamente no meio da guerra, em 1942, momento em que

uma série de expressões em inglês, curtas e sonoras, como black out, se consagram

em âmbito mundial. (2008, PAG 04). Portanto, o termo está relacionado diretamente

à Guerra. Anteriormente, tais imagens maliciosas com figuras femininas eram

chamadas de girlie1 ou cheesecake2, devido ao ditado americano: better than

cheesecake, ou melhor do que cheesecake.

Embora a pin-up seja uma figura conhecida por representar a cultura norte-

americana, não se sabe ao certo onde o termo surgiu. Para os ingleses, a palavra é

de invenção americana. Porém, um texto da revista Esquire, demonstra que os

americanos atribuem a expressão aos ingleses.

Aqui, senhores, o que tecnicamente foi chamado de uma pin-up. A pin-up não tem nada de novo, e o termo é uma importação inglesa relativamente recente. Uma pin-up é uma imagem, não importa qual, que um soldado (ou marinheiro, da marinha de guerra o da marinha mercante) almeja ver mais uma vez. Por uma estranha coincidência a pesada maioria dessas imagens representa moças bonitas em poses que não são muito emproadas. Essas imagens podem também se transformar em valores, podendo ser vendidas, trocadas, servir como aposta em jogos de dados. (MARY

3, PG 183)

A pin-up se populariza mundialmente devido ao fato dos soldados

combaterem longe do seu país, em meio a outras culturas. Imagens de pin-ups eram

pintadas nos aviões de guerra, prática que ficou conhecida como nose art. Esta

figura feminina logo se transforma em símbolo do exército norte-americano.

1 S. (gíria) menininha; mulher (gíria ofensiva. Adj de garota, de menina, feminino. Fonte: Dictionarist

2 Sobremesa norte-americana derivada de queijo.

3MARY, Bertrand, La Pin-Up ou la fragile indeferance, Fayard s/d pg. 183.

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FIGURA 2: Avião B-19 com nose art utilizado na Segunda Guerra Mundial Autor: desconhecido

De acordo com Miranda, as pin-ups “se assumem como versátil e multiuso,

não se restringindo ao apelo erótico junto ao público masculino, sendo também

convocada pela publicidade da época”. Sua imagem é usada em diversas

campanhas institucionais, como o caso do pó facial Jersens, que, em 1943, “convida

a mulher a se tornar uma pin-up para o seu companheiro, ao mesmo tempo em que

também é convocada pelo comitê de produção bélica para a campanha de

promoção do trabalho feminino” (MIRANDA, 2012, PG 03)

(...) a pin-up girl logo se transforma em um produto industrial, sujeito a normas fixas e cuja qualidade é tão estável quanto à do peanut butter ou do chiclete. Rapidamente aperfeiçoada, como o jipe... ela é um produto perfeitamente harmonizado às influências raciais, geográficas, sociais e religiosas do momento. (BAZIN, 1971, PG. 158)

Page 6: Universo Pin-Up  - Capítulos

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A figura da pin-up é sensual e provocativa, porém zelando pelo recato,

beirando a inocência. As imagens carregam humor, pois as poses das modelos

sempre são descontraídas e despretensiosas. Se há a exposição de alguma parte

do corpo nu, a tensão sexual tende a ser reduzida com expressões alegres. Tais

características são consideradas o ponto facilitador desta disseminação da cultura

pin-up, e acima de tudo, a aceitação desta imagem por um país conservador, em

que a maioria de sua população é

adepta do protestantismo. Desta

forma, foi possível para a pin-up se

desenvolver em uma escala quase

industrial, apesar da censura

vigente.

FIGURA 3: Pin-up sensual e provocativa Fonte: Gil Elvgren – The complete PinUps. Ed.Taschen

É obvio que os véus que drapejam a pinup girl servem a um duplo propósito: eles cumprem realizam a censura social de um país protestante que de outra forma não permitia que a pinup se desenvolvesse em uma escala industrial e quase oficial; mas ao mesmo tempo tornam impossível o experimento com a censura enquanto tal e seu uso como uma forma adicional de estímulo sexual. O equilíbrio preciso entre os requisitos da censura e a maximização dos benefícios que deles se possa extrair sem deslizar para a indecência e provocar demais a opinião pública definem a existência da pin-up girl e claramente a distingue do erotismo rasgado ou do pornográfico.(BAZIN, 1971, PG 159)

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A pin-up é a idealização do corpo feminino difundido pelos meios de

comunicação de massa. Lipovestky (1999) defende que, com as pin-ups, os modelos

superlativos de feminilidade saem do reino do excepcional e invadem a vida

cotidiana. As revistas femininas e a publicidade exaltam o uso de produtos

domésticos para todas as mulheres. Ao mesmo tempo se desencadeia uma

dinâmica de industrialização e democratização dos produtos de beleza.

FIGURA 4: Pin –up nas revistas de hoje

Fonte:Artigo MIRANDA, Fernanda. Garotas da Capa: Pin-upsisação e identidade cultural nas revistas GQ Brasil e

GQ´Portugal.UFMG. 2014

Além de sua imagem estar ligada ao comércio e publicidade de produtos, a

pin-up também vende o conceito do american way of life, provocando a identificação

do público consumidor com a pin-up.

Por um lado, as garotas pin-up tendem a reverter para a categoria do

imaginário sexual e todas as suas complicações hipócritas; por outro,

para a pós-mobilização das virtudes domésticas. Além disso, nos

Estados Unidos, havia até concursos para “mães pin-up" e “filhos de

pin-up”. E, finalmente, os anunciantes de águas tônicas, chicletes e

cigarros tentando converter os vários excedentes recuperáveis dos

tempos de paz. (BAZIN, 1971, PG. 158)

Neste momento, a pin-up acaba por criar um novo estilo, imposto desta vez

por modelos saudáveis e sorridentes, carregando em si a ambiguidade necessária

para despertar o desejo masculino: a moça recatada, porém provocante. Suas poses

e situações nas fotografias ascendem ao fetiche do voyeurismo, pois são sempre

surpreendidas em situações cotidianas, entendendo que estão sob observação do

sexo oposto. As situações se deslocam ao sabor dos interesses masculinos.

Sua imagem é marcada por reforçar o ideal da mulher norte- americana,

prezando a imagem etérea e quase intocável. Sua pele é pálida, sem marcas ou

Page 8: Universo Pin-Up  - Capítulos

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imperfeições, estabelecendo um diálogo muito próximo com a beleza idealizada das

pinturas.

Fisicamente esta Vênus americana é uma garota alta e vigorosa, cujo

corpo, longo e aerodinâmico, representa de maneira esplêndida uma

raça alta. Distinta do ideal grego, com suas pernas e torso mais

curtos, ela se diferencia claramente das Vênus Europeias. Com suas

ancas estreitas a pin-up não evoca a maternidade. Ao contrário,

devemos ressaltar a firme opulência de seu busto. (BAZIN, 1971,PG

159)

1.2 ILUSTRADORES

A figura da mulher pin-up iniciou-se a partir de ilustrações. Gil Elvgren é

considerado um dos mais importantes ilustradores de pin-ups do século XX. A

carreira que começou em meados de 1930 e durou mais de quarenta anos, foi

direcionada para trabalhos comerciais, em sua maioria.

FIGURA 5:

Gil Elvgren pintando.

Autor desconhecido

O diferencial no trabalho do ilustrador é que ele fotografava modelos reais

para ilustrá-las posteriormente. Baseando-se na fotografia bruta, ele ilustrava de

acordo com os referenciais americanos da proporcionalidade da beleza, fazendo

pequenas imperfeições e salientando atributos como seios e lábios, aumentando

os olhos, corando as bochechas, iluminava as pernas e diminuía o manequim das

mulheres. Algumas de suas modelos, como Myrna Hansen, Myrna Loy, Donna

Reed, Arlene Dahl, Barbara Hale e Kim Novak se tornaram atrizes bem sucedidas

depois de terem trabalhado para ele.

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FIGURA 6: Foto e ilustração de Gil Elvgren

Fonte: Fonte: Gil Elvgren – The complete PinUps. Ed.Taschen

Para criar as suas pin-ups, o artista seguia um critério básico: “as moças

deveriam possuir um rosto de quinze anos em um corpo de vinte”. Além disso, suas

modelos deveriam ter pescoços largos, orelhas pequenas, belas mãos e pernas,

seios não muito fartos e principalmente, uma graciosidade natural e espontânea.

Com mais de 500 peças famosas mundialmente e criadas através da técnica de óleo

sobre tela, Elvgren eternizou o fetiche masculino da sensualidade inocente de suas

pinups quase reais. (MARTIGNETTE, 2008)

Outro grande ilustrador foi Alberto Vargas. Após uma carreira desenhando

cartazes para espetáculos teatrais na Broadway e para produções em Hollywood,

Vargas desenvolveu uma técnica para ilustrar as pin-ups utilizando aquarela e

airbrush1. Vargas ilustrou o calendário de pin-ups da revista Esquire na década de

40 quando passou a assinar com o pseudônimo Varga. O calendário foi um sucesso

imediato. As pin-ups começaram a ser conhecidas pelo público como Varga Girls.

1Airbrush é uma técnica de pintura onde se utiliza uma pequena pistola ligada a um compressor de ar para

produzir jatos de tinta. Vargas sempre negou o uso de tal técnica, afirmando que utilizava apenas em casos de

extrema pressão.

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Suas modelos tinham o costume de realizar apresentações para a tropa

americana, entre elas Marilyn Monroe e Ava Gardner. Com o surgimento da revista

Playboy em 1953, Vargas se tornou um dos principais ilustradores da publicação.

(SAGGESE, 2008)

FIGURA 7: Alberto Vargas pintando

Autor desconhecido

No Brasil, destacamos o trabalho de Vicente Caruso1. Entre as décadas de

1940 e 1970, o paulista desenhava para calendários encomendados e distribuídos

por grandes marcas de forte identificação com o público masculino, como a

Goodyear, que criou a pin-up paulista para o 4ºCentenário de São Paulo. Em seus

trabalhos, mostrava caipirinhas, cafezais, aldeias e outros ícones tipicamente

brasileiros.

1 Revista da Folha de São Paulo, PG. 31, AGOSTO/2014.

Acervo disponível em www.pintorescaruso.com.br

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FIGURA 8: Pin-Up paulista de Vicente Caruso, para campanha publicitária da GoodYear. Fonte: www.pintorescaruso.com.br

Já a revista Cruzeiro, principal publicação da época, tinha a importância de

seguir as tendências norte-americanas, pois acreditava-se que assim daria ares de

modernização ao periódico. Desde sua primeira edição, a revista utilizava em suas

capas figuras femininas. Em

1938, a revista lança a coluna

“As Garotas”, que permaneceu

nas páginas da revista até 1964.

A tais garotas eram ilustrações

de Alceu Penna, sendo

anunciadas como “a expressão

da vida moderna, irrequietas e

endiabradas”. (BONADIO, 2007)

FIGURA 9: Coluna “As Garotas”

Imagem disponível em :http://semioticas1.blogspot.com.br/2013/09/o-cruzeiro-nos-bastidores.html

Page 12: Universo Pin-Up  - Capítulos

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A revista ainda adotou, em 1945, a ideia das folhinhas, trazendo edições

especiais de finais de ano com “As Garotas” estampando calendários. A revista

utilizava o termo pin-up para se designar as

estrelas do cinema, ou para retratar como

Alceu Penna desenhava suas garotas, na

mesma maneira que os artistas norte-

americanos, com modelos reais. A revista

contava semanalmente, com exceção de

edições especiais que tinham capas

alternativas, com belas fotografias ou

ilustrações de lindas mulheres no estilo pin-

up hollywoodianas. (AZEVEDO, 2009.PG

03).

FIGURA 10: Alceu Penna Imagem disponível em:http://aroupaemcena.blogspot.com.br

A arte Pin-up contribuiu na construção de uma nova mentalidade da

mulher, uma mulher que passou a ter uma relação mais saudável

com o seu corpo e com a sua sexualidade. Essa referida mentalidade,

em que “O Cruzeiro” auxiliou a difundir no Brasil, é confirmada ao

observar que no final dos anos 1950 e, principalmente, na década de

1960, é marcado o início de uma revolução no comportamento

feminino, revolução essa, que as Pin-ups podem ter corroborado

para existir. (AZEVEDO, 2009 PAG 08)

Saggese (2008) afirma que houve raros momentos no cinema em que a pin-

up fosse o assunto central. Por outro lado, as estrelas hollywoodianas adaptaram a

estética pin-up como sua própria, para fixar ou ressaltar sua sensualidade em

complemento às imagens da tela do cinema. Logo, as estrelas de cinema

começaram a se assemelhar aos desenhos de Vargas. O cinema também se via

predisposto a usar a pin-up para reforçar o imaginário do público. Para Lipovetsky

(2000), isso se dá devido ao status simbólico da pin-up, fundamentado na tríade

beleza-magreza-juventude, adequados ao compromisso da estética cinematográfica.

Page 13: Universo Pin-Up  - Capítulos

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O ideal feminino refletido na pin-up girl é em última análise (apesar de

seu vigor anatômico aparente) extremamente artificial, ambíguo e

superficial. Surgiu da situação sociológica acidental da guerra, não é

nada mais do que a goma de mascar para a imaginação. Fabricado

na linha de montagem, padronizado por Vargas, esterilizados pela

censura, a pin-up girl certamente representa um retrocesso qualitativo

no erotismo cinematográfico. (BAZIN, 1971, PG 161)

1.3 A PIN-UP GANHA VIDA

É neste momento que podemos considerar que as pin ups saem das

ilustrações de papel, das pinturas e fotos e invadem o mundo real sendo

corporificadas por mulheres do mundo todo. Entre as modelos mais conhecidas,

três se destacaram e se tornaram ícones do gênero. A mais conhecida no início foi

Betty Grable. Na década de 40 era conhecida por suas pernas esculturais,

mostradas em todos os musicais em

Tecnicolor nos quais trabalhou.

Segundo Saggese (2008), a mais

conhecida imagem de Betty, uma foto

em traje de banho, olhando para trás

por sobre o ombro direito, teve uma

distribuição de 20 mil fotos por semana.

A atriz americana ainda era cantora e

bailarina, e participou em mais de 50

filmes, incluindo o intitulado Pin-Up Girl,

de 1944, com John Harvey. Após a

guerra, seguiu participando de musicais

e programas de TV. Em 1960 ela foi

homenageada com uma estrela na

calçada da fama de Hollywood.

FIGURA 11: Betty Grable.

Disponível em: http://memorialdafama.com/

Page 14: Universo Pin-Up  - Capítulos

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Com o mesmo nome, Bettie

Page era conhecida como “a rainha das

curvas”. A modelo foi descoberta pelo

fotógrafo amador Jerry Tibbs,

responsável pela imagem de Bettie, pois

foi ele quem sugeriu que ela cortasse a

franja, dando início ao icônico penteado

das pin-ups.

FIGURA 12: Bettie Page

Fonte: http://www.bettiepage.com

Na década de 50 foi capa da Playboy e no mesmo ano recebeu das mãos

de Hugh Hefner o título de "A Miss Pin-Up Girl do Mundo". Mas foi o fotógrafo Irving

Klaw que consagrou a imagem de Bettie

Page, com as fotos em poses

sadomasoquistas (SWANSON, 1996).

Este episódio a tornou mais conhecida,

pois na época o senador Carey Estes

Kefauver proibiu tais imagens e a

convocou para depor. Logo após, em

1958, Bettie some na vida pública sem

uma razão definida. O fim de sua vida foi

marcado por internações em hospitais

psiquiátricos, depressão e uma repentina

conversão ao cristianismo.

FIGURA 13: Bettie Page em pose sado masoquista

Fonte: http://www.bettiepage.com/

Page 15: Universo Pin-Up  - Capítulos

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Marilyn Monroe começou sua carreira como modelo. Foi descoberta ainda

operária, trabalhando em uma fábrica de armamentos de guerra, pelo fotógrafo

Davis Conover da revista Yank, com quem fez diversos trabalhos fotográficos em

seguida (SAGGESE, 2008). Em pouco tempo, Marilyn se tornava uma modelo

conhecida e se inscreveu em aulas de teatro. Nesta

época ainda era morena e usava seu nome real,

Norma Jean. Após seu primeiro contrato em 1946 com

a 20th Century Fox,

tingiu os cabelos de

loiro e mudou o seu

nome: Monroe era o

sobrenome de sua avó,

e Marylin era o nome

mais sofisticado da

época.

FIGURA 14: Marilyn Monroe

FIGURA 15: Marilyn ainda morena, na fábrica de munições. Fonte: http://cinefilos.jornalismojunior.com.br/marilyn-monroe/

Mais tarde, Marilyn se tornaria capa da primeira revista Playboy, antecipando

o sucesso que faria anos mais tarde como a loira mais famosa dos Estados Unidos,

com uma promissora carreira de atriz, mas sempre envolvida em escândalos. Entre

eles, um romance com o presidente dos EUA John Kennedy. Sua morte é alvo de

boatos e teorias de conspiração, pois apesar dos laudos indicarem que Marylin se

suicidou por envenenamento, aos 36 anos, algumas teorias afirmam que Marylin foi

assassinada, devido ao seu envolvimento com o presidente. (MAILER, 2013)

A imagem é clara e também curvilínea, meio sensual, do mundo

imaginário, isso é uma arma política muito grande, você pode mudar

uma sociedade, a imagem da Marilyn Monroe já diz, quem é que ia ao

evento protocolar com o presidente da republica, quando todo mundo

se veste de uma maneira reta e geométrica e sóbria e aparece com

uma saia plissada, que está dando uma profundidade, que tem um

encantamento... Então você foge do estereótipo, e a força política

dela era tão grande nesse sentido que modifica a história dos

Estados Unidos. (OKAMOTO, 2014)

Page 16: Universo Pin-Up  - Capítulos

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O sucesso em Hollywood, assim como nos dias de hoje, era privilégio para

poucas. Das aspirantes, pouquíssimas conseguiam um papel com crédito. Joan

Crawford servia café em um bar, Jane Russel, secretária de um dentista. Entretanto,

entre elas, havia uma multidão das que passariam anos a animar rodeios

fantasiadas de cowgirl, batizando navios, dançando em maratonas de Charleston1

ou finalmente posando para fotografias. (SAGGESE, 2008, PG 315)

Milhares de moças chegam a Hollywood todos os anos para tentar a

sorte. Lá chegadas procuram os estúdios onde legiões de garotas

desfilam, são fotografadas, medidas e esquadrinhadas de todas as

maneiras. Muitas dessas moças, selecionadas, são penteadas,

depiladas, vestidas; algumas têm o sorriso alinhado por ortodontistas,

outras, o nariz arrebitado por cirurgiões. São assim mantidas sob

contrato pelos estúdios para figuração ou papéis sem falas, sendo

intensamente usadas em fotografias. (MARY2, PG 233)

As pin-ups hollywoodianas, assim como as ilustrações, são produzidas em

escala industrial, quase como uma linha de montagem.

A pin-up hollywoodiana, disseminada pelo cinema americano, tem em

comum o uso dos vestidos clássicos e trajes de gala,

diferente das primeiras pin-ups tradicionalmente

conhecidas, as

cheesecake, que, apesar

do perfil provocativo, tem

um vestuário com

estampas vivas e

alegres, com estampas

florais e frutas.

FIGURA 16: Exemplo de Pin up Hollywoodiana

Fonte: menteflutuante-up.blogspot.com.br

FIGURA 17: Exemplo de Pin up Cheesecake

Fonte: menteflutuante-up.blogspot.com.br

¹Charleston é uma dança que surgiu na Carolina do Sul, EUA, na década de 20. É caracterizada pelos

movimentos dos braços e projeções laterais dos pés e popular nos cabarés na época.

2MARY, Bertrand, La Pin-Up ou la fragile indeferance, Fayard s/d pg. 183.

Page 17: Universo Pin-Up  - Capítulos

29

Porém, a trajetória da pin-up se deu

pelos ensaios fotográficos, em sua maioria,

temáticos. Com isso, outros estilos de pin-up

foram surgindo. Entre os estilos clássicos,

destaca-se o navy, estética influenciada pelo

uniforme da Marinha do Exército, suas cores

básicas são o azul e branco, em listras, com

detalhes em vermelho, fazendo alusão à

bandeira norte-americana. Ainda na estética

litorânea, as pin-ups tikis são influenciadas pelo

estilo havaiano e tropical, com estampas de

hibiscos.

FIGURA 18: Exemplo de Pin-up navy

Fonte: menteflutuante-up.blogspot.com.br

A imagem da pin-up está diretamente

relacionada ao rock. Lipovestky afirma: “A

imagem da pin-up é para estética feminina o

que o rock é para a música: adiante da

sedução feminina estará unida ao culto

moderno do ritmo, do impacto e da juventude

(2000, PG 161).

FIGURA 19: Exemplo de Pin-up tiki

Fonte: menteflutuante-up.blogspot.com.br

Page 18: Universo Pin-Up  - Capítulos

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De acordo com essa concepção,

podemos compreender a estética da pin-up

rockabilly, com saias e calças de cintura alta,

cintos largos, nos cabelos usam topetes e

franjas curtas como de Bettie Page. O estilo de

despontou em meados da década de 50, com o

surgimento do estilo musical assim como os

primeiros subgêneros do rock and roll. O

rockabilly é uma mescla entre o rock e o hillbilly,

um gênero da música country norte-americana.

FIGURA 20: Exemplo de Pin-Up rockabilly

Fonte: menteflutuante-up.blogspot.com.br

Mais adiante na década de 70 surge o psychobilly, uma vertente do

rockabilly, mas já se inserindo na cultura punk. O vestuário é parecido com as pin-

ups rockabilly, porém com influência dos filmes clássicos de terror. Em todas as

versões de pin-up, seus elementos estéticos básicos estão presentes e

entrelaçados.

FIGURA 21: Exemplo de Pin-Up psychobilly

Fonte: menteflutuante-up.blogspot.com.br

Page 19: Universo Pin-Up  - Capítulos

31

Elementos estéticos próprios desse período do passado são

característicos, tais como figurino (salto alto, estampa poá, cintura

alta, frente única, corte evasê) maquiagem ( uso de iluminador, olhos

destacados com traço de delineador tipo gatinho, boca carnuda em

tom avermelhado, bochechas levemente destacadas com blush

rosado) penteado (cabelos soltos com ondas e franja em evidência,

topetes do tipo victory rolls, cabelos presos com lenços), poses (leves

contorções que evidenciam a silhueta, sobretudo, as pernas,

usualmente em situações de desajeito) e por fim, expressões faciais

(traços juvenis com olhar sedutor e boca carnuda contraída de modo

a denotar emoções, tais como surpresas, susto, impaciência,

recorrentemente com ar simpático) (MIRANDA, 2014, PG 05)

A estética pin-up se expressa pelo recato, com ares de boa moça,

características próprias de um contexto onde a mulher possuía compromisso moral e

papel social estratificado. Tal condição começa a ser fortemente criticada pelas

feministas, que vêem na pin-up a representação da mulher-objeto.

Por um lado, uma lógica moderna, que se concretiza na estética do

corpo esbelto, com pernas largas, o keep smiling, um sex appeal

desdramatizado e lúdico. Por outro, uma lógica de essência

tradicional, que recompõe a mulher objeto, definida mediante iscas

eróticas (seios, nádegas e poses provocativas) (LIPOVETSKY, 1999,

PG 162)

1.4 ALVO DE FEMINISTAS

A partir da década de 1960, feministas começam a escrever raivosamente

sobre o assunto. A revista Esquire, na opinião de Maria Buzsek (2006, pag. 252), é

considerada o primeiro esforço eficaz e consciente de organizar um público

masculino. Para Abigail Solomon – Godeau, feminista, a pin-up será “um tipo de

imagem (...) baseado no isolamento de seu motivo feminino através da redução ou

da completa eliminação da narrativa, de alusões literárias ou mitológicas [e da]

descontextualização, redução ou depuração da imagem da feminilidade como um

assunto em si.”

As pin-ups são vistas pelas feministas como mulheres que os homens usam

para realçar sua necessidade de domínio, criando ideais de beleza que as mulheres

devem seguir.

Para Saggese, nesta discussão se faz necessário distinguir entre a produção

e o consumo destas imagens.

A ideia de controle procede, mas se perde quando imagina-se que

este esteja exercido pelo observador, conforme demostraram

posteriormente as próprias feministas. (...) Cabe perguntar: Qual

domínio, sobre qual mulher? A mulher que está nessas imagens

pretende ter existência real? Não será ela a figura mesma da

idealização? (SAGGESE, 2008, PG 27)

Page 20: Universo Pin-Up  - Capítulos

32

A indagação das feministas se

faz presente quando observamos as

mudanças nas ilustrações de pin-up.

Saggese destaca que nas imagens onde

as mulheres estão em ambientes

masculinos, parecem inadequadas ao

local, passando a impressão de que uma

mulher no mercado de trabalho nada

pode fazer além de mostrar as coxas e

biquinhos. As ilustrações revelam a

apreensão masculina. Estas realçam,

com ênfase desmedida, que os homens

são necessários. (2008, PAG 203)

FIGURA 22: Mulheres no mercado de trabalho Fonte: Autor desconhecido

A mensagem foi recebida pelas mulheres de maneira ambivalente. Em

pouco tempo, o uso da saia diminui, a favor do uso de calças compridas. Logo após,

o comprimento das saias também diminui, mostrando as meias-calças. As mulheres

se transformaram. As saias também.

Este momento se dá no fim da Segunda Guerra Mundial. Durante este

período, a carência de mão de obra ampliou a participação feminina no mercado de

trabalho em atividades masculinas. Contudo, a guerra acaba e os homens buscam

seus empregos e suas mulheres.

Os homens retomam sua posição de provedores: mulher deve passar

a roupa e varrer o chão. Entretanto, se os homens queriam expulsar

as mulheres dos espaços masculinos, as novas formas de operar do

capital impeliam ao mercado de trabalho, não apenas as retirando

dos espaços femininos, como também inviabilizando tais espaços,

pois a posição do homem como provedor, mais e mais, se faz

problemática. Nas ilustrações, as moças estão aturdidas: surpresas,

porém, não assustadas. Aceitam seu lugar, oferecem-se ao olhar.

Lava-se roupa de salto, nylon e cinta-liga. (SAGGESE, 2008, PG.

207)

Page 21: Universo Pin-Up  - Capítulos

33

Portanto, apesar da pin-up ser uma mulher idealizada e apropriada pela

indústria cultural, sua imagem ainda causa controvérsia entre feministas. Pois, se há

a apropriação mercadológica de sua imagem, por outro lado, acontece uma

apropriação das fantasias masculinas. Por um outro lado, como afirma Suzy

Okamoto (2014), a imagem da mulher sempre é alvo de idealização.

Sempre existe uma construção de imagem da mulher, se a gente for

avaliar historicamente, pensando nos arquétipos isso remonta a uma

coisa muito antiga: uma imagem cristã, da virgem Maria, da Vênus

Milo, que é gordinha (...) A gente vai à umas imagens que pertencem

a arte, e vamos perceber isso muito claramente: toda imagem de

mulher é uma imagem construída. (OKAMOTO, 2014)

1.5 DECLÍNIO DA IMAGEM PIN-UP

Os movimentos feministas continuaram durante a década de 70, ao mesmo

tempo em que ocorre a popularização da pornografia e do enfraquecimento da

imagem das pin-ups. De acordo com Maria Buszek (2006), as playmates da Playboy

tomaram o espaço das pin-ups e era cada vez mais raro encontrar publicações com

tais figuras, dando espaço à nudez explícita publicada na revista. Bunny Yeager1,

famosa fotógrafa de pin-ups na época, não seguiu esta tendência.

“Fotografia glamour estava mais explícita do que nunca. Eu achei de

mau gosto competir para agradar este mercado fora de controle.

Fotos de mulheres em revistas não eram mais bonitas de se ver. Eu

não queria mais fazer esse tipo de fotografia. Era humilhante para a

mulher” (Bunny Yeager apud BUZEK, 2006, PG 274)

Diante das mudanças sociais e culturais desta época, as feministas

dispararam contra os modelos de Vargas, pois suas ilustrações não acompanhavam

tais mudanças e mantinham os traços caucasianos, de feições europeias, todas

loiras e ruivas. Apesar da descendência latina, Vargas não costumava desenhar

mulheres morenas, fato que desagradava às feministas.

Os sujeitos, ou objetos, para ser mais preciso, são indolentes,

fetichisticas, vistas de mulheres brancas, pálidas mulheres,

usualmente loiras; o desenho delineia as fronteiras de uma não

existência, uma mulher branca inexistente. (DWORKIN, 2005, PG 20)

1 Fotógrafa e modelo pin-up, foi responsável pelas capas mais icônicas da Playboy na década de 50, incluindo a

edição mais famosa com a pin-up Bettie Page. Fonte: Bunny Yeager´s Pin Up Girls of the 1950s.1ª Ed.

Estados Unidos, Ed. Schieffer Pub Ltd.

Page 22: Universo Pin-Up  - Capítulos

34

A pedido da revista Playboy, Vargas produziu alguns desenhos de mulheres

negras, mas sem entusiasmo. A distinção étnica se dava pelos acessórios e

adereços africanos e o cabelo black

power, pois os traços do rosto continuam

sendo de uma mulher branca.

FIGURA 23:Mulheres negras

Fonte: The Great American Pin-Up. Ed. Regan Books

Se, no início, as modelos se adequam para parecer uma Varga Girl, na

década de 70 Vargas precisa alterar a conformação de suas modelos para se

adequarem ao estilo da revista Playboy: os corpos esguios dão lugar às mulheres

mais curvilíneas.

É neste momento que as pin-ups se encontram em total declínio e tem sua

imagem reaproveitada, porém sem a mesma importância. A pin-up começa a ser

conhecida artisticamente como good girl art, ou gga, sendo designada para as capas

dos pulps, uma espécie de revistas em quadrinhos. A estética da pin-up era usada

como chamariz para as histórias, onde as moças pagavam pela sua inocência com

variados tormentos. (SAGGESE, 2008)

Outras variações surgiram como a gang girl, a vilã das histórias: bandidas,

assassinas, lésbicas. Criada em contraponto, surge a bad girl art, onde as moças

são versões dos super heróis, com vestimentas exóticas, em um território ambíguo

entre o vilanismo e o heroísmo.

Na direção inversa, encontramos o glamour art, que serão ilustrações de

corpo inteiro ou de busto, de mulheres trajando vestidos de gala, em poses mais

discretas do que as encenadas pelas pin-ups. A pretty girl art, por sua vez, será uma

imagem glamourosa feita por um ilustrador de prestígio.

As pin-ups também habitarão uma extensa quantidade de cartoons, onde

contracenam com homens que tentam se aproveitar de sua ingenuidade. A

sexualidade nestes desenhos é território de guerra permanente, feito de ardis e

trapaças, uma fórmula editorial de sucesso recorrente. (SAGGESE, 2008)

Page 23: Universo Pin-Up  - Capítulos

35

1.6 – PIN-UP RESSIGNIFICADA NA CULTURA CONTEMPORÂNEA

As pinups colaboraram para a gradual liberação sexual e social feminina,

porém permaneceram contribuindo com o compromisso da mulher como objeto

estético, mesmo que orientado pelo gênero masculino.

A pin-up sempre se posicionou entre a arte e a comunicação de massa; em

seu ápice, estava presente em todas as vertentes da cultura americana. Foi criada

para ser reproduzida, e até em sua expressão facial convida o interlocutor a

participar e fantasiar, criando assim um envolvimento pessoal.

A pin-up é a cultura de massa em sua fase construtiva, ainda

ingênua, sem o poder avassalador que virá a adquirir.

Eminentemente mainstream, as pin-ups são imagens feitas

para serem afixadas, portanto expostas (...) a pin up caminhou

no fio da navalha, e quando esse equilíbrio se fez impossível, o

gênero feneceu. A liberação dos costumes, movimento que

hoje permite a constituição da pin-up, a extingue ao avançar

em demasia: imagens maliciosas, hoje, estão em toda parte e

perpassam toda a cultura de consumo. O “cheesecake”

contaminou a cultura de massa, que se tornou intensamente

erotizada e a tarefa de excitar se deslocou para a pornografia.

(SAGGESE, 2008, PG 22)

Avançando algumas décadas, vimos, a partir do ano 2000, um fenômeno

cultural de ressurgimento da figura da pin-up, desta vez repaginada e adequando-se

à cultura contemporânea.

Tal reprodução massiva da pin-up assume agora novos contornos, sendo

este imaginário retrô1 constantemente acionado para cosmetização de corpos

contemporâneos. (MIRANDA, 2014)

Embora a mulher moderna tenha se libertado de determinações específicas

sobre como se vestir, bem como sua condição à maternidade ou como objeto

sexual, as coerções estéticas parecem ter se intensificado nesta cultura de

consumo. (LIPOVETSKY, 1999)

A cultura pin-up se tornou uma alternativa para as mulheres que não se

identificam com a imagem feminina na cultura contemporânea.

1 A palavra retrô deriva do prefixo latino “retro” que significa para trás, ou “em tempos passados”

Page 24: Universo Pin-Up  - Capítulos

36

Na sociedade atual, existe uma parcela considerável de mulheres que vivem

em confronto com as ideologias atuais, que foram construídas a partir das

conquistas da mulher perante a sociedade patriarcal, um contexto que foi imposto

durante décadas, e ainda está presente na cultura contemporânea.

Uma cintura fina, é um olho muito marcado, um cabelo estruturado,

uma certa imagem formatada, um estereótipo, aquele é um modelo

de mulher. Hoje, essa retomada é a história de uma volta para um

papel de mulher que andou um pouco meio perdido no meio do

caminho. Hoje, obviamente a gente não pode taxar e dizer „isso é

papel do homem ou isso é um papel de mulher‟, a questão dos

gêneros é convergente, cria vários caminhos, então o que acontece,

talvez, seja uma afirmação feminina. (OKAMOTO, 2014)

Após décadas buscando igualdade perante o sexo masculino, a mulher está

perdida dentro das suas próprias escolhas. As mulheres se vêem em um momento

em que são exigidas alta performance em todos os papéis que desempenha na vida,

porém, expor sua

feminilidade significa expor

sua fragilidade. Muitas

mulheres, ao abandonar o

mercado de trabalho, por

exemplo, mesmo que por

decisão própria, se

sentem com vergonha e

intimidadas por andar na

contramão do progresso

feminista.

FIGURA 24: Modelo Idda Van Munster

Fonte: Acervo pessoal (Facebook)

Page 25: Universo Pin-Up  - Capítulos

37

O movimento Pin-Up surge em resposta a uma necessidade, neste

caso, de gênero. Traz uma representação imposta pela época

vitoriana desestrutura a sociedade patriarcal até então conhecida. Por

um lado se reconhece a mulher com direito à crítica e a tomar as

decisões sobre sua vida. Por outro lado, se difunde publicamente o

direito de se expressar livremente seus desejos e ter o uso de seu

corpo. Pouco a pouco as mulheres se desprendem da negatividade

imposta pela sociedade, revelando-se como seres capazes da

distância da tradição que lhes prendia à cozinha e que identificava o

prazer carnal feminino com o pecado. (CRUZ, 2008, PG 79)

Esteticamente, o culto ao corpo e a idealização da figura feminina mudaram.

Se anteriormente a mulher exaltava sua própria beleza dando destaque a seus

pontos positivos, hoje, com o crescimento das cirurgias plásticas, as mulheres

modificam os corpos de acordo com suas necessidades e vontades. Para Fernanda

Miranda (2014), atualmente observa-se uma imposição do parecer como dimensão

valorizada, sendo que essa autoimagem deve também ser estetizada a partir de

recursos simbólicos e materiais pertinentes a um estilo de vida.

(...) torna-se cada vez mais exaustiva e frustrante a tentativa de se

adequar ao comportamento de gênero tido como adequado, sendo a

mídia capaz de converter a insatisfação com o consumo em mais

consumo: o sentimento de desajuste impulsiona, ciclicamente, a

promoção de revistas que exibem garotas da capa idealizadas e

inalcançáveis. Mas, se a eficácia das vitrines midiáticas constituídas

por corpos pin-upisados depende da autorização social, (...) a

transgressão ou ruptura com a noção de belo sexo também estão

subordinadas a essa condição. (MIRANDA, 2014, PG 17)

É neste momento que uma nova tribo urbana surge em São Paulo, e nas

regiões sul e sudeste do Brasil. São mulheres que começam a se identificar como

pin-ups modernas, ressignificando esta imagem feminina da década de 50 para os

dias atuais. Estas mulheres procuram se vestir e se assemelhar às pin-ups

fisicamente, com uso de maquiagem tradicional e penteados da época.

É possível se concluir que essa representação simbólica vem sendo

instituída como um importante referencial estético para a construção

da identidade feminina, expressa pela noção de identidade. (...) Como

em um supermercado, os indivíduos adquirem outras identidades,

numa constante troca de velhas por novas, sendo esse consumo

simbólico e material orientado por um estilo de vida, promovido e

sustentado pela mídia. (MIRANDA, 2012 PG 13)

Maffesoli afirma que, quando nos referimos aos grupos e tribos formados

pela semelhança e pelos fenômenos da moda, tudo nos leva a dizer que assistimos

Page 26: Universo Pin-Up  - Capítulos

38

ao desgaste da ideia do indivíduo dentro de uma massa, que não sabe mais o que

fazer da noção de identidade (1998).

De fato, a identidade em suas diversas modulações consiste, antes

de tudo, na aceitação de ser alguma coisa determinada. (...) Com

efeito, o que tende a predominar nos momentos de fundação é o

pluralismo das possibilidades, a efervescência das situações, a

multiplicidade das experiências e valores, tudo aquilo que caracteriza

a juventude dos homens e das sociedades. Direi, por meu lado, que

se trata do momento cultural por excelência. (MAFFESOLI, 1998, PG

92)

E a busca pela cultura pin-up, desde seu surgimento, está ligada ao poder

de escolha da mulher. Se antes, em uma sociedade opressora, a pin-up buscava

sua liberdade sexual e seus direitos perante os homens, hoje a busca por essa

cultura tem a ver com a sua liberdade, ainda que considerada por muitos um

estilo que prega o retrocesso

Ela [a pin-up] subverte sutilmente o papel da mulher, porque se a

mulher era uma dona de casa, era praticamente uma reprodutora

digamos assim, a mãe de família, ela passa a ser alguém que

procura, que promove uma diversão, tem um olhar mais leve. Aquela

saia que se levanta, tem um volume, tem um movimento, tem um

corpo, tem curvas. Ela volta por isso, tem um toque afetivo muito

grande. (OKAMOTO, 2014)

A pin-up na cultura atual é a mulher que escolhe ser do jeito que ela é,

valorizando sua feminilidade, sem temor da aparência frágil. Além de valorizar o seu

corpo, ela se identifica com tarefas das quais a mulher se abdicou nas últimas

décadas: costurar e cozinhar, por exemplo.

“O papel atual da mulher na sociedade do século XXI continua sendo

um mistério. A famosa liberação sexual feminina teve sua presença

na legitimação do uso sexual e da imagem feminina nos meios de

difusão massivos. Embora, a mulher que escolhe como modelar

livremente sua sexualidade de forma pública não seja bem vista por

grande parte da sociedade. A autoestima feminina se vê reduzida por

uma sociedade machista que segue vivendo de forma negativa da

experimentação sexual das mulheres. Rebaixando a qualidade de

sua personalidade em função da decisão de sua experiência sexual.

(CRUZ, 2010, PG 90)

Esta nova tribo urbana de pin-ups baseia-se inicialmente nos conceitos

estéticos desta cultura. Mudando seu figurino, ela busca se expressar, de acordo

com os seus gostos, e assumir o seu lugar dentro desta sociedade contemporânea.

Cristiane Mesquita (2004) destaca que a intersecção entre roupa e atitude é uma

Page 27: Universo Pin-Up  - Capítulos

39

ideia muito mais antiga do que se possa imaginar. Nasceu quase com a própria

moda e ganhou força nos anos 1950, quando as roupas passaram a ser produzidas

em maior escala e ser acessíveis a um maior número de pessoas.

A moda é um terreno fértil para estes movimentos, especialmente ao

romper com uma certa unidade estilística presente até a década de

1950, partindo para uma nova pulverização de propostas. Enquanto

isso, as pessoas acreditam cada vez mais estar “criando identidades”

com seus looks (MESQUITA, 2004, PG 19)

A importância da aparência está no vetor de agregação, de experimentar e

de sentir em comum dentro de um grupo. (MAFFESOLI, 1998)

No caso, a estreita conexão que existe entre as grandes obras da

cultura e “aquela” cultura vivida no dia a dia, constitui o cimento

essencial de toda vida social. Essa “cultura”, causa de grande

admiração para muitos, é feito dos conjuntos desses pequenos

“nadas” que, por sedimentação, constituem um sistema significante.

(...) Ela pode ir do fato culinário ao imaginário do eletrodoméstico,

sem esquecer a publicidade, o turismo de massa, o ressurgimento e a

multiplicação das ocasiões festivas. (...) Essa sensibilidade não mais

se inscreve numa racionalidade orientada e teleológica, mas é vivida

no presente, e se inscreve num espaço dado, hic et nunc. E assim

sendo, faz cultura no quotidiano. Permite a emergência de valores

verdadeiros, às vezes surpreendentes ou chocantes, mas que

expressam uma dinâmica inegável. (MAFFESOLI, 1998, PG 34)

Villaça (2009) afirma que a moda, como outros processos culturais, produz

significados, constrói posições de sujeito, identidades individuais e grupais. A pin-up

contemporânea se baseia na livre escolha de expressão de seu corpo, buscando

suas próprias referências ao se vestir, livrando-se das imposições das temporadas

de moda, criando um novo nicho de mercado, ainda que segmentado, porém

significativo, visto que se inseriu na cultura pop.

Como pontua Lagarde, as mulheres criam riqueza social, política, econômica

e cultural em uma compensação direta decorrente do poder de decisão. A nossa

cultura continua patriarcal, porém a mulher contemporânea encontra na pin-up o viés

da mulher possível, em um discurso de autenticidade, que a mídia transforma

novamente em promoção do ideal feminino.

Page 28: Universo Pin-Up  - Capítulos

40

Posto que as “grandes narrativas” foram superadas na pós-

modernidade, a identidade passa a ser transitória e expressa na e

pela corporalidade individual. Em um tempo que deixa de existir uma

“grande sociedade” que orienta os processos de identificação, o

consumo e a mídia passam a assumir, “em certa medida, o papel das

tradições culturais”. (MIRANDA, 2014, PG 04)

Reconhecendo que há um processo de edificação individual feminino, a

mídia tende a intensificar a reapropriação atualizada desta estética expressando-a

em corpos pin-upisados, ou seja, nomeados como pin-up, tanto de celebridades,

quanto de mulheres comuns, estabelecendo os possíveis valores comunicados aos

diferentes públicos. Maffesoli (1998) destaca que este fenômeno é na verdade uma

transmutação, pois nada é criado. A mídia se apropria de um elemento minorizado,

mas que está presente na cultura e assume um significado particular. Assim, a

mulher atual reconhece a pin-up como um influente referencial estético para o

feminino, que pode se encaixar em diferentes culturas.

É neste cenário que a pin-up evidencia-se como um símbolo novamente

apreciado no século XXI em sua cultura pop, destacadamente um dos elementos

mais importantes no conjunto da estética retrô.

Essa questão é potencializada pela proporção alargada que a

presença da mídia na vida social passa a ter nesse início do século

XXI, progressivamente se estabelecendo como uma poderosa

mediação e ambiente da vida. (...) No que diz respeito à promoção do

ideal feminino, muitos são os estudos que coloca a imprensa

especificamente destinada às mulheres em local privilegiado de

influência na construção da identidade do gênero. (MIRANDA, 2012,

PG 02)

A expressão “cultura pop”, de acordo com Velasco (2010), é o diminutivo de

“cultura popular”. Como o surgimento do pop coincide com a consolidação da cultura

de massa e da indústria cultural nos Estados Unidos, existe uma confusão no uso

dos termos cultura popular e cultura pop. Embora haja problemas em se

conceitualizar o que é “popular”, eles não são sinônimos. (pag.117). Stuart Hall

(2006) vê o popular como todas as coisas feitas pelo povo, o que se aproximaria a

um olhar antropológico.

Page 29: Universo Pin-Up  - Capítulos

41

FIGURA 25: Katy Parry O estilo pin-up é praticamente uma assinatura dos looks da cantora , que virou referência de pin-up atual. Imagem Reprodução/Vanity Fair

Podemos considerar que a cultura pop agrega a pin-up em seu contexto,

pois ambas vivem em constante dualidade arte-mercadoria, e esta contradição está

em sua essência. (VELASCO, 2010, PG 118)

(...) é possível observar características comuns nos discursos da

mídia sobre o pop, bem como semelhanças com as características

definidoras da cultura pop no anos 50/60. As ideias de pop como algo

destinado a um grande público é relacionado a um modo jovem de

início de século XX.”(VELASCO, 2010, PG.129)

Há uma discussão quanto à banalização da cultura pin-up, que está firmada

não apenas na figura estética feminina, como é transmitida pela mídia, mas que

também baseia-se em aspectos comportamentais e de identificação.

(...) Na sociedade de consumo, em que a mídia tem papel de

destaque, a identidade é cada vez mais vinculada a uma aparência

pessoal e construída por meio do consumo de kits de subjetividades

que darão o sentimento de pertencimento.(VELASCO,2010, PG 124)

Diante disso, as adeptas da cultura pin-up buscam outros mecanismos além

dos veículos de comunicação tradicionais e encontraram na internet caminhos para

propagar o conceito desta cultura e suas singularidades.

Bertha em “Manifesto de Marx e Engels” descreve em sua teoria que “as

sociedades históricas se conhecem e não são mais do que formas de exploração”.

No século XXI, nos vemos em ascensão do avanço tecnológico e a globalização

entre diversos fatores governamentais e políticos. Logo, o acesso à internet irradia

para diferentes públicos ao redor do mundo, abrangendo outros meios de

comunicação portáteis como aparelhos celulares e tablets. A cultura das pin-ups,

Page 30: Universo Pin-Up  - Capítulos

42

assim como toda a cultura retrô, vem sendo disseminada graças ao avanço da

internet e à facilidade do acesso à criação de blogs e páginas pessoais na web,

assim como os vídeos tutoriais no youtube. Elas não são jornalistas ou críticas de

moda, que se dedicam à análise do assunto como um fenômeno cultural. São, na

verdade, consumidoras que levam as novidades do mercado a uma audiência de

meninas igualmente apaixonadas pelo assunto.

A cultura pin-up sofreu modificações em sua disseminação assim como as

plataformas de comunicação que utilizavam para tal. Se no início as pin-ups podiam

ser vistas nas principais revistas da época, hoje a pin-up migrou para a plataforma

mais abrangente deste momento histórico: a internet. Lagarde1 cita que “as

experiências e seu modo de vida identificam e fazem diferença às mulheres. Mas

seus diferenciais não são tão importantes como para criar novas categorias de

gênero. Compartilham todas da mesma condição histórica”. Através da publicidade e

acessibilidade à internet, a mulher contemporânea tem acesso à identidade cultural

do período histórico da década de 50.

As personagens inseridas neste

cenário digital compõem e contribuem

para a permanência da cultura no âmbito

social, histórico e mercadológico. Hoje o

avanço das redes sociais gera um alcance

maior através da publicidade gerada pelo

próprio usuário, pois são plataformas

gratuitas e de grande alcance. Blogs

como Pin Ups do Brasil2, e Mente

Flutuante3, chegam a alcançar 300 mil

1 Lagarde é etnóloga; PhD em Antropologia; professora da Faculdade de Ciências Políticas Sociais e da

Universidade Nacional Autônoma do México; coordenadora do movimento feminista e antropológico Workshops

Casandra. É consultora de várias organizações internacionais de mulheres na América Latina e na Espanha; é

autora de "As Mulheres cativas: madrastas, freiras, prostitutas, censuradas e loucas” - 'Universidade Nacional

Autônoma do México, México, 1990, e muitos trabalhos de pesquisa sobre a situação da mulher e das mulheres

sobre a política de gênero.

2 Acesso em http://pinupsdobrasil.blogspot.com.br/

3 Acesso em http://menteflutuante-up.blogspot.com.br/

FIGURA 26: Logo do blog Pin Ups do Brasil

FIGURA 27: Logo do blog Menteflutuante Retrô

Page 31: Universo Pin-Up  - Capítulos

43

visualizações, e são dedicados ao conteúdo vintage e retrô, utilizando as

ferramentas online para produzir os looks das pin-ups dos anos 50, adaptando-se à

contemporaneidade.

(...) podemos afirmar que a pin-up é uma representação do feminino apreciada, e por isso, pertinente, que vem sendo acionada como um enquadramento idealizado da mulher. Tecendo, portanto, junto a públicos femininos e masculinos, processos de identificação pelo desejo de querer ser, querer ter, atualizados no modismo retrô em voga no Brasil.(MIRANDA,2015, PG 03 )

Alguns destes blogs são focados em moda, criando uma fidelidade de

usuários por ser escrito por mulheres comuns, que não vivem o padrão de beleza

das mulheres magras e de moda “Fast fashion”. Suzy Okamoto relata que a robustez

feminina é arma política:

Essa retomada desse corpo que é um pouco mais curvilíneo, muito mais sensual, pode ser uma arma política também. A sensualidade pode ser uma arma política, é uma forma de entender esse feminino, falando dessas pessoas que estão nessa imagem e que também subvertem essa imagem. (OKAMOTO, 2014)

Os vlogs, uma vertente midiática audiovisual de compartilhamento de

vídeos, são um dos meios utilizados na cultura pin-up, alguns voltados para a

estética, como por exemplo o vlog de Helo Piercer1, que faz uploads de vídeos de

maquiagem e penteados tradicionais da década de 50.

O paradigma da rede pode, então, ser compreendido como a

reatualização do antigo mito da comunidade. Mito no sentido de que

alguma coisa que, talvez, jamais tenha existido, age com eficácia, no

imaginário do momento. Daí a existência dessas pequenas tribos,

efêmeras em sua realização, mas que nem por isso deixam de criar

um estado de espírito que parece destinado a durar. Devemos ver aí

o trágico e cíclico retorno do mesmo? É possível. Em todo caso, isso

nos obriga a repensar a misteriosa relação que une o “lugar” e o

“nós”. (MAFFESOLI, 1998, PG 208)

Desta maneira a mulher pin-up também ressignifica sua maneira de

comunicar, passando das capas de revistas, onde eram apenas uma imagem, para

os blogs e vídeos, onde têm voz ativa, dividindo conhecimento e experiências.

1 Disponível em https://www.youtube.com/user/Helopiercer

Page 32: Universo Pin-Up  - Capítulos

44

2. GÊNERO: DOCUMENTÁRIO

2.1 DEFINIÇÃO DE DOCUMENTÁRIO

Durante o processo de pesquisa sobre o tema abordado, percebemos que

apesar da pin-up ser um ícone de importância histórica, há pouca pesquisa acerca

do assunto e não encontramos documentários audiovisuais que apresentem ou

questionem algo relacionado ao problema: por qual motivo, mulheres

contemporâneas, mesmo com a democratização dos papéis sociais relacionados ao

gênero, se identificam com o estilo das pin-ups da década de 50, época considerada

opressiva para as mulheres?

Para desenvolver o tema, optamos pelo documentário, pois nos

identificamos com o gênero de produção. Utilizamos o formato de documentário para

internet, porque expõe de uma forma mais acessível o modo de pensar e viver de

um grupo de mulheres reais que seguem a cultura retrô. Utilizamos de entrevistas

com as pin-ups, apresentando seus pontos de vista em relação ao problema

formulado e com os especialistas que refletem de forma interdisciplinar sobre o

tema.

Segundo Nichols, a tentativa de definição de documentário é imprecisa.

Dessa forma ele estabelece uma tentativa de definição por meio de quatro

ângulos: o das instituições, o dos profissionais, o dos textos e o do público.

Ângulo das Instituições: Podemos nos perguntar “O que produzem os

estúdios de Hollywood?”. A resposta que obteríamos seria: “longas-metragens

hollywoodianos.” É o mesmo caso das instituições; elas produzem documentários,

pois são produtoras de documentários (Discovery Channel é um exemplo).

Os documentários podem ser desenvolvidos por organizações que

produzem, distribuem e exibem o conteúdo; por distribuidoras que adquirem os

documentários de terceiros; por agências que dão apoio financeiro para que outros o

produzam, ou por agências que oferecem apoio profissional ao documentarista.

Page 33: Universo Pin-Up  - Capítulos

45

Se não podemos considerar suas imagens o testemunho visível da natureza

de uma parte específica do mundo histórico, podemos considerá-las

testemunho do quê? Ao suprir essa pergunta, a estrutura institucional do

documentário suprime grande parte da complexidade da relação entre

representação e realidade, e também adquire uma clareza ou simplicidade

que deixa subtendido que os documentários tem acesso direto verdadeiro

ao real. Isso funciona como um dos principais atrativos do gênero.

(NICHOLS, 2005, PG. 51).

Ângulo dos Profissionais: são os profissionais que são financiados por

instituições e buscam representar o mundo histórico. Um aspecto importante é que a

nossa compreensão de documentário muda conforme a ideia dos documentaristas

vai se transformando com relação àquilo que fazem. São os profissionais que, em

seu compromisso com as instituições, os críticos, os temas e o público, criam esse

sentimento de dinamismo.

Os profissionais do documentário falam a mesma língua no que diz

respeito a seu trabalho. Como outros profissionais, têm um

vocabulário ou jargão próprio, que pode estender-se da

conformidade de vários tipos de película a diferentes situações até as

técnicas de gravação de som direto, e da ética da observação do

outro à pragmática da localização de distribuidores e da negociação

de contratos de trabalho. (NICHOLS, 2005, PG. 53).

Ângulo dos Textos: Segundo Nichols,o documentário que segue esse viés

tem como características o uso de comentário com voz de Deus, as entrevistas, a

gravação de som direto, os cortes para introduzir imagens que ilustrem a situação

mostrada numa cena e o uso de atores sociais, ou de pessoas em suas atividades e

papéis cotidianos, como personagens principais do filme. Todas estão entre as

normas e convenções comuns a muitos documentários.

A lógica que organiza um documentário sustenta um argumento, uma

afirmação ou uma alegação fundamental sobre o mundo histórico, o que dá

ao gênero sua particularidade. Esperamos nos envolver com filmes que se

Page 34: Universo Pin-Up  - Capítulos

46

envolvem no mundo. Esse envolvimento e essa lógica liberam o

documentário de algumas das convenções em que ele se fia para criar um

mundo imaginário. A montagem em continuidade, por exemplo, que opera

para tornar invisíveis os cortes entre as tomadas numa cena típica de filme

de ficção, tem menos prioridade. (NICHOLS, 2005, PG. 55).

Ângulo do Público: No documentário que utiliza o ângulo do público, o

diretor se preocupa com o que o público espera e a sua receptividade com relação

ao ponto de vista apresentado e o modo como isso é feito.

Neste projeto, optamos pelo ângulo do público para conceituar o conteúdo

audiovisual como documentário, pois como buscamos retratar uma cultura distinta,

nos preocupamos com a receptividade das espectadoras pin-ups, que devem se

sentir representadas no documentário.

Podemos afirmar que o documentário, produto audiovisual não ficcional, não

utiliza atores profissionais, mas pessoas reais.

O documentário engaja-se no mundo pela representação, fazendo isso de

três maneiras. Em primeiro lugar, os documentários oferecem-nos um

retrato e uma representação reconhecível do mundo. Pela capacidade que

têm o filme e a fita de áudio de registrar situações e acontecimentos com

notável fidelidade, vemos nos documentários pessoas, lugares e coisas que

também poderíamos ver por nós mesmos, fora do cinema. Essa

característica, por si só, muitas vezes fornece uma base para a crença:

vemos o que estava lá: diante da câmera; deve ser verdade. Esse poder

extraordinário da imagem fotográfica não pode ser subestimado, embora

esteja sujeito a restrições, porque (1) uma imagem não consegue dizer tudo

o que queremos saber sobre o que aconteceu, e (2) as imagens podem ser

alteradas tanto durante como após o fato, por meios convencionais e

digitais. (NICHOLS, 2005, PG. 28)

Há outras características que constituem o documentário de forma peculiar,

conforme Nichols: como o uso da voz de Deus1, as entrevistas, a gravação de som

direto, os cortes para introduzir imagens e o uso de atores sociais e outros.

1 Voz de Deus: é um narrador onipresente e onisciente que acompanha toda a história, mas que não é um dos

personagens ativos da trama. – . (NICHOLS, 2005)

Page 35: Universo Pin-Up  - Capítulos

47

Os documentários não adotam um conjunto fixo de técnicas, não tratam de

apenas um conjunto de questões, não apresentam apenas um conjunto de

formas ou estilos. Nem todos os documentários exibem um conjunto único

de características comuns. A prática do documentário é uma arena onde as

coisas mudam. Abordagens alternativas são constantemente tentadas e, em

seguida, adotadas por outros cineastas ou abandonadas. Existe

contestação. Sobressaem-se obras prototípicas, que outras emulam sem

jamais serem capazes de copiar ou imitar completamente. Aparecem casos

exemplares, que desafiam as convenções e definem os limites da prática do

documentário. Eles expandem e,às vezes, alteram esses limites.(NICHOLS,

2005, PG. 48).

Segundo Bill Nichols (2005), os documentários podem ser divididos de

acordo com seus traços característicos e representações, que podem ser

classificados em seis gêneros: poético, expositivo, participativo, observativo e

performático.

Nichols lembra que o documentário não precisa se enquadrar por completo

em apenas um modo, pois tudo depende do tema e do propósito de cada obra.

Podemos definir os modos da seguinte forma:

Modo poético: Segundo Nichols (2005), esse modo evidencia a

subjetividade e se preocupa com a estética. Há uma valorização dos planos e das

impressões do documentarista a respeito do universo abordado. Em relação à

construção do texto, podem-se usar poemas e trechos de obras literárias.

Modo expositivo: Ainda segundo Nichols, esse modo preocupa-se mais

com a defesa de argumentos do que com a estética e subjetividade. Os

documentários com essa característica predominante têm como marca diferencial a

objetividade e procuram narrar um fato de maneira a manter a continuidade da

argumentação. Para isso, um dos recursos utilizados é o casamento perfeito entre o

dito e o mostrado.

Modo observativo: o autor postula que no modo observativo, o

documentarista busca captar a realidade tal como aconteceu. Para isso, evita

qualquer tipo de interferência que caracterize falseamento da realidade. Apenas há

um registro dos fatos sem que o documentarista e sua equipe sejam notados. Dessa

Page 36: Universo Pin-Up  - Capítulos

48

maneira, há pouca movimentação de câmera, trilha sonora quase inexistente e não

há narração, uma vez que as cenas devem falar por si mesmas.

Modo participativo: Nichols acrescenta que, como o próprio nome sugere,

é marcado por mostrar a participação do documentarista e sua equipe. Dessa forma,

o diretor torna-se um sujeito ativo no processo de gravação/filmagem, pois aparece

em conversa com a equipe e provoca o entrevistado para que fale. A filmagem

acontece em entrevistas ou outras formas de envolvimento ainda mais direto.

Frequentemente, une-se à imagem de arquivo para examinar questões históricas.

Modo reflexivo: Nichols menciona que o modo reflexivo deixa claro para o

telespectador quais foram os procedimentos da filmagem, evidenciando a relação

estabelecida entre o grupo filmado e o documentarista. Nos filmes em que esse

modo de representação prevalece, nota-se como é a reação do grupo pesquisado

diante da câmera e do seu realizador. Aguça nossa consciência sobre a construção

da representação da realidade feita pelo filme.

Modo performático: Conforme Nichols, caracteriza-se pela subjetividade e

pelo padrão estético adotado, utilizando as técnicas cinematográficas de maneira

livre. Pertencem a esse modo os filmes de vídeo-arte e cinema experimental e

vanguarda.

De acordo com os modos postulados por Nichols, optamos por trabalhar

com o modo expositivo, porque consideramos prioritária a estruturação e

constituição do eixo narrativo do documentário por meio das entrevistas que são

componentes fundamentais da argumentação do documentário. Com relação ao

aspecto estético, entendemos que o tema demanda um tratamento apropriado e

cuidadoso. Haverá a concepção e realização do projeto estético no que diz respeito

à direção de arte e identidade visual do documentário.

Page 37: Universo Pin-Up  - Capítulos

49

2.2 INTERNET E REDES SOCIAIS

Devido ao avanço dos meios de comunicação e as tecnologias da

informação, a internet tornou-se cada vez mais presente em nossas atividades,

transformando-se em peça fundamental da vida cotidiana.

A evolução da sociedade aprimora, em grande parte, a informação

crescente e a rápida convergência do sistema de comunicação graças ao avanço

tecnológico digital.

O processo de avanço tecnológico digital teve início em 1957, quando a ex-

União Soviética projetou no espaço seu primeiro satélite artificial. Não muito atrás,

os Estados Unidos com o mesmo incentivo, criou o ARPA (Advanced Reasearch

Project Agency) e a NASA (National Aeronautics Space Administration). Com o

crescimento da nova tecnologia, o processo satisfazia as necessidades de

comunicação interativa e transmissão de dados. Goethals e Almeida descrevem que

antigamente, havia a utilização de redes do tipo “distribuído” para conectar um

receptor e emissor através do percurso. (GOETHALS E ALMEIDA, 1999)

Uma rede é um conjunto de nós interconectados. A formação de

redes é uma prática humana muito antiga, mas as redes ganharam

vida nova em um novo tempo transformando-se em redes de

informação energizadas. (CASTELLS, 2003, PG.07)

Através do ARPA (Defense Advanced Projects Agency), originou-se em

1969 a Arpanet (Advanced Research Projects Network) em consórcio com

estudantes da Universidade da Califórnia, Utah e Santa Bárbara nos Estados Unidos

para estabelecer e interromper as conexões, buscando criar novas alternativas para

controlar as mensagens usando a rede de telefonia, forums (discussões online),

correio eletrônico e programas utilitários que simplificavam a utilização. Transferiu-se

para DCA (Defense Communication of Agency) a fim de estruturar a comunicação

pelo computador, disponível para todas as forças armadas, criando uma conexão

entre as redes sob seu controle (ALMEIDA, 2005).

Com receio de brechas na segurança, os militares expandiram para

MILNET (Military Network), ferramenta de comunicação de rede destinada à

pesquisa. Logo, a Arpanet tornou-se obsoleta, e partir dos anos 1990 os Estados

Unidos libertou o programa do ambiente militar, proliferando a privatização da rede

Page 38: Universo Pin-Up  - Capítulos

50

global de computadores. Então, a Internet transformou-se em um sistema mundial

público de rede de computadores acessível à população.

À partir do serviço de telecomunicações militar e da segurança nacional,

houve o progresso da rede. Em 1975, o Ministério das Comunicações ocupou-se

com a transmissão de dados, rentabilizou os custos (e ampliou o número de

usuários (BENAKOUCHE, 1995).

No decorrer dos anos, a mídia televisiva e cinematográfica manteve-se no

auge, expandindo o american way of life dos Estados Unidos. À partir da revolução

feminina e mais tarde com a privatização da internet, inicia-se um processo de

transformação contínuo e ininterrupto da comunicação em mídia.

Tratando-se de tecnologia, a internet é a inovação de variáveis econômicas,

públicas, sociais e culturais. (BENAKOUCHE, 1995). Ela engloba informações de

todas as mídias (impressa, televisiva, radio, cinema), integrando-se à outros meios

de comunicação. Mesmo que determinada cultura opte por um veículo para se

comunicar, ele não elimina às outras já existentes. Há uma conveniência relativa, e o

objetivo é ligar simultaneamente o usuário e agregando os meios de comunicação e

integrando e ampliando a potencia da mensagem.

Um exemplo de transmídia é o livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, que

descreve a TV Mural para o ano de 2453, uma televisão com programas interativos e

com estrutura personalizada.

Henry Jenkins (2011) define a estrutura narrativa como partes de uma

história que será direcionada de forma sistemática para múltiplas plataformas de

mídia. Cada elemento de sua história apresenta uma plataforma definida de acordo

com o conteúdo, permitindo que esta informação possa ser expandida. Este

processo atende ao novo foco da indústria: o engajamento do público, uma

estratégia de marketing que tem como finalidade despertar a atenção do público,

com conteúdos popularmente conhecidos como “virais”.

As tecnologias digitais de comunicação e informação pertencem às novas

mídias, repartidas entre várias plataformas. Portanto, não somente o que está entre

os meios de comunicação, mas o que interage com eles, neles interfere e é

influenciado (GOSCIOLA, 2010). Observa-se que nas tecnologias digitais o

espectador é um usuário e um interator ou vice-versa, transformando a história

através de habilidades ou como um produtor.

Page 39: Universo Pin-Up  - Capítulos

51

Segundo Castell (2003), a praticidade nos leva a comunicação e a internet

faz parte do modo como nos comunicamos, tornando-se indispensável no século

XXI. A Internet atualmente é um múltiplo canal de distribuição de lazer, trabalho e

cultura. A Navegg1 revela em sua pesquisa de 2013 a relevância da Internet e

alcance no Brasil de aproximadamente 102 milhões de internautas, sendo entre eles

jovens entre idade de 18 e 24 anos.

A comunicação consciente (linguagem humana) é o que faz a especificidade

biológica da espécie humana. Como nossa prática é baseada na

comunicação, e a Internet transforma o modo como nos comunicamos,

nossas vidas são profundamente afetadas por esta nova tecnologia da

comunicação. por outro lado, ao usá-la de muitas maneiras, nós

transformamos a própria internet. Um novo padrão sociotécnico que emerge

dessa interação. (CASTELL, 2003, PG.10).

A Internet como narrativa hipermídia esboça a transformação tecnológica, a

reticularidade, a estrutura textual e sequencial entre os meios e linguagens com

participação ativa dos usuários. O internauta usufrui criando um produto quer seja

foto, vídeo ou texto, e, compartilha como meio de unificar, coordenar seus ideais por

intermédio das redes sociais. Hunt (2010) afirma que as redes são como tribos onde

os indivíduos encontram-se por um denominador comum.

Uma vez que comunidades on-line se tornam uma fonte cada vez

mais forte de informação de consumo, suas vendas serão dirigidas

pela maneira com o qual você será recebido por elas. (HUNT, 2010,

PG 07).

O acesso às redes sociais tornou o usuário independente e livre de escolhas

e decisões diante de sua identidade com as comunidades. É possível se identificar

com determinado público, reconhecendo seus fatores históricos, semelhanças e

senso comum, a partir da cultura particular de cada usuário.

1 Navegg - Empresa de tecnologia que estuda o comportamento humano para descobrir padrões e antecipar tendências. Atua

em parceria com agências e portais para aproximar marcas e pessoas no ambiente digital

Page 40: Universo Pin-Up  - Capítulos

52

Elas funcionam como uma “teia de relacionamento” na internet, que

permite interação entre usuários, onde eles podem se comunicar,

criar comunidades e compartilhar informações, objetivos e interesses

em comum na web. Como as redes sociais na internet ampliaram as

possibilidades de conexões, ampliaram também a capacidade de

difusão de informações que esses grupos tinham. No espaço offline,

uma notícia só se propaga na rede através das conversas entre as

pessoas. Nas redes sociais online, essas informações são muito mais

amplificadas, reverberadas, discutidas e repassadas. Assim, dizemos

que essas redes proporcionaram mais voz às pessoas, mais

construção de valores e maior potencial de espalhar informações.

(RECUERO, 2009, PG 25)

Para Recuero (2009), a rede social online vem a ser um meio de amplificar a

informação, e dentro deste contexto midiático, a veiculação deste documentário será

concebida para duas mídias sociais, buscando gerar um alcance que proporcione

aos usuários a oportunidade de intervir com o produto audiovisual.

Farias e Lebon (2011) afirmam que os acessos a softwares e plataformas

livres permitem ao indivíduo criar o seu material de interesse, dentre eles blogs,

vídeos, sites, que existem atualmente na “rede” devido à iniciativa e autoria por

intermédio dos mesmos.

Os canais de transmissão online utilizados para o documentário são o

Youtube e o Facebook, plataformas de publicação, pesquisa, reprodução de vídeo,

áudio e interação expositiva com o público. O Youtube, possui como slogan a

expressão “Broadcasting Yourself“, cujo significado é “transmita você mesmo”. Além

de ser uma plataforma de armazenamento de vídeos popular, ainda dá a

possibilidade ao usuário de acessar pelo celular ou qualquer aparelho móvel,

através de um aplicativo gratuito.

O grupo optou por criar uma fanpage na rede social “Facebook” como meio

de proximidade com o público-alvo, visando a possibilidade de compartilhar

informações do produto audiovisual, e acompanhar o feedback dos espectadores

através dos comentários. O Facebook é uma rede social desenvolvida para interagir

com as pessoas de curta ou longa distância. O seu funcionamento, simples e prático

de utilizar, permite que o usuário compartilhe conteúdos pessoais ou publicações de

outros sites e participe de grupos de interesse. Com um cronograma elaborado para

a veiculação de conteúdo, contamos com publicações diárias em horários

Page 41: Universo Pin-Up  - Capítulos

53

estratégicos. Além disso, através do facebook, os espectadores podem compartilhar

o conteúdo da fanpage, transmitindo o documentário para seu círculo social.

Utilizamos estas redes sociais, pois como afirma Chris Anderson (2006),

existe uma transformação do mercado de massa, dando lugar a uma cultura de

nichos. O objetivo deste documentário é utilizar as novas mídias para projetar as

pin-ups, transmitindo a informação para o público alvo específico, de mulheres pin-

ups na cultura contemporânea, porém buscando interagir com demais usuários que

desconhecem o assunto, consolidando o produto audiovisual em várias plataformas,

mas em uma única rede. Trata-se de acrescentar ao nível do internauta uma

resposta fortalecedora de impacto significativo sobre o conteúdo da narrativa.

Page 42: Universo Pin-Up  - Capítulos

54

3. UNIVERSO PIN-UP – DOCUMENTÁRIO

3.1 APRESENTAÇÃO

"Universo Pin-up" é um documentário que tem como objetivo refletir acerca

da cultura de um grupo de mulheres pin-ups brasileiras contemporâneas que se

identificam como pin-ups. Nesse vasto universo, julgamos apropriado escolher

algumas pin-ups que são referência no assunto em questão, residentes na grande

São Paulo.

Nossa indagação reside no sentido de entender por qual motivo estas

mulheres contemporâneas se identificam com este perfil feminino construído durante

a 2ª Guerra Mundial, e que pode ser considerado antiquado para os dias atuais.

A partir de entrevistas com mulheres pin-ups, dentre elas modelos, estilistas,

produtoras de conteúdo e estudiosos, buscamos estabelecer um panorama desta

cultura, procurando entender também quais as ressonâncias sociais e

antropológicas deste grupo para o segmento de mercado da moda contemporânea,

que faz uso de seus elementos e iconografia para a construção de novas

tendências.

Além disso, essas mulheres pin-ups fazem uso corrente da internet, por

meio de blogs e redes sociais, para divulgação de sua cultura e estilo pin-up. Dessa

forma, nos deparamos com um paradoxo: elas usam as ferramentas

contemporâneas para sua inserção no mundo, entretanto, fazem parte de um grupo

social, criado na década dos anos cinqüenta, que tem hábitos e valores desse

contexto ancestral.

Portanto, o "Universo Pin-Up" busca analisar a construção da autoimagem

feminina, a partir de uma referência histórica em que o cenário era opressivo para a

mulher acima de uma idealização do estereótipo da mulher dos anos 50, e a partir

dos depoimentos das pin-ups e da opinião de especialistas em moda e

comportamento.

Page 43: Universo Pin-Up  - Capítulos

55

3.1.1 PROBLEMA

Por qual motivo, mulheres contemporâneas, mesmo com a democratização

dos papéis sociais relacionados ao gênero, se identificam com o estilo das pin-ups

da década de 50, época considerada opressiva para as mulheres?

3.1.2 HIPÓTESE

A mulher contemporânea se sente oprimida com a cobrança da sociedade

(ainda que velada), que espera que a mulher seja altamente eficiente em âmbito

profissional e familiar. Assim, a busca pelo estilo de vida das pin-ups é uma fuga.

Faltam referências estéticas na atualidade que destaquem a mulher real.

“Constata-se a veiculação exclusiva de imagens que figuram corpos femininos

adequados ao compromisso do capital estético, fundamentado na tríade beleza-

magreza-juventude, que toma o rosto do papel principal na constituição do belo.”

(LIPOVETSKY, 2000, pag. 131)

Page 44: Universo Pin-Up  - Capítulos

56

4. PROCESSOS DE PRODUÇÃO

4.1 OBJETIVOS

- Pesquisar acerca da cultura pin-up como opção estética e comportamental

nas vidas de mulheres contemporâneas.

4.1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Refletir sobre a constituição da autoimagem da mulher pin-up e sua relação

com o corpo.

- Compreender se a referência da cultura pin-up na vida da mulher

contemporânea também se manifesta no comportamento feminino e em sua

identidade, além do impacto da cultura no mercado da moda contemporânea.

-Divulgar a cultura pin-up no Brasil a partir do documentário para internet.

4.2 PÚBLICO ALVO

O documentário é destinado ao público feminino em geral, por tratar da

identificação de gênero e autoimagem feminina. Porém, visto que as pin-ups

representam um grupo com características próprias, entendemos que o target deste

produto audiovisual tem suas especificações.

Portanto, consideramos o público-alvo deste documentário as mulheres de

classe B e C, devido ao forte apelo ao consumo e preço elevado do vestuário típico

das pin-ups; entre a faixa dos 18 aos 35 anos que fazem uso recorrente das redes

sociais e plataformas de vídeo.

O documentário também é destinado aos apreciadores da cultura retrô e

vintage no Brasil, profissionais e estudantes de moda, comunicação social e ciências

sociais.

4.3 GÊNERO, FORMATO E DURAÇÃO

Documentário gravado digitalmente em formato widescreen 1.920 x 1.080

(16x9) / (Full HD), com duração de trinta minutos (versão estendida) e quinze

Page 45: Universo Pin-Up  - Capítulos

57

minutos (versão de apresentação). Para sua reprodução na internet, será composto

por três blocos de aproximadamente dez minutos.

4.4 CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA

Seguindo os conceitos de avaliação de acordo com a legislação vigente (Lei

10.359/2000, decreto 5.535/2005), o documentário não apresenta conteúdos

determinantes para a recomendação da programação à idade superior a 10 anos,

como conteúdo violento, sexual, drogas ou linguagem inadequada ou obscena.

Portanto, consideramos o documentário como classificação livre para todos os

públicos.

4.5 JUSTIFICATIVA

4.5.1 DO TEMA

A pin-up é uma figura feminina que, desde o seu surgimento e auge na

década de 40, esteve inserida na cultura de massa em âmbito mundial. Apesar de

da imagem da pin-up perder sua força com o passar dos anos, devido ao surgimento

da pornografia, o feminismo e até mesmo as tendências de moda marcantes dos

anos 70 e 80, que foram diluindo a estética pin-up, vemos que nos últimos anos a

pin-up vem sendo ressignificada por mulheres comuns e celebridades na mídia. A

pin-up voltou a se tornar popular e seu estilo é marcante na publicidade e impacta no

mercado do vestuário, influenciando no corte das roupas, estampas e temáticas.

Para Fernanda Miranda (2012, pag. 13), a pin-up passa a ser apropriada pelo

mercado globalizado, a partir de um movimento reflexivo de influência, estando a

serviço da moda, beleza e publicidade, para a promoção dessa estetização

diferenciada do corpo-produto.

Além de sua importância comercial, o visual das mulheres dos anos 50 está

ressurgindo e notamos a ressonância na autoimagem e na estética feminina de

algumas mulheres. Mulheres contemporâneas, mesmo com os avanços sociais,

estão incorporando integralmente a cultura pin-up e vivem como uma típica mulher

da época.

Estas apreciadoras do estilo de vida pin-up se transformaram em uma tribo

urbana, onde se comunicam por redes sociais, compartilhando conteúdo

especializado e convivem em espaços onde a cultura retrô é reverenciada. De

Page 46: Universo Pin-Up  - Capítulos

58

acordo com Reynolds (2011), o habitual retorno ao passado como fonte de

referência estética se diferencia de sua atual glorificação, identificada como

retromania.

4.5.2 DO GÊNERO: DOCUMENTÁRIO

Apesar da importância histórica da pin-up e de sua influência na atualidade, de

acordo com as pesquisas realizadas, não encontramos algum documentário que

aborde o tema. E devido ao ineditismo de abordagem do tema nesse gênero

decidimos realizar o documentário.

A escolha do gênero documentário se dá pela necessidade de representar a

cultura das pin-ups. De acordo com Nichols,“os documentários de representação

social são o que normalmente chamamos de não ficção. Esses filmes representam

de forma tangível um mundo que já ocupamos e compartilhamos.Tornando visível e

audível, de maneira distinta, a matéria de que é feita a realidade social, de acordo

com a seleção e a organização realizadas pelo cineasta”. (2005, pg.26).

Além disso, em um documentário, com o recurso de entrevistas, as próprias

pin-ups expõem seus pontos de vista acerca do problema em questão, além de sua

cultura.

Portanto, o "Universo Pin-Up" busca representar a cultura da pin-up

contemporânea no Brasil, mais precisamente de um grupo de pin- ups que vivem na

Grande São Paulo, e sua influência na moda e sociedade brasileira atual.

Page 47: Universo Pin-Up  - Capítulos

59

4.5.3 REFERÊNCIAS DE CONTEÚDO

Nossa principal referência para a criação deste documentário é o canal no

youtube da videorepórter e documentarista Carol Thomé1, que produzia vídeos

curtos em formato de reportagem sobre subculturas urbanas, inclusive abordando o

tema das pin-ups. Seu canal ganhou destaque e posteriormente foi anexado ao

programa “A noite é uma criança”, com Otávio Mesquita, em 2011. Com isso,

notamos que há campo mercadológico para um produto com esta temática.

Utilizamos como referência de linguagem o programa “Cultura Pop

Brasileira”2, veiculado no canal de TV Warner Channel e produzido pela Contente

Produções. O programa traz diariamente um documentário de 30 minutos sobre

entretenimento e cultura, com uma linguagem ágil e direta, dando destaque aos

entrevistados, em planos fechados realizados em estúdio e inserts ilustrando o

assunto.

Outro programa veiculado na TV paga que nos serviu de referência pela

temática retrô é o “Caos”3, do History Channel. A série, também com 30 minutos de

duração e produzida pela Zeppelin Filmes, aborda o dia a dia de uma loja de

antiguidades localizada na rua Augusta, em São Paulo, especializada em objetos

vintage relacionados à cultura pop. Por este motivo, acreditamos que é um produto

que se adapta ao mesmo público-alvo para qual o documentário “Universo Pin-Up”

está destinado.

Para a contextualização da moda, usamos como referência o documentário

“Mas isto é moda?”4, de Cristiane Mesquita, pelas definições da construção da

imagem a partir do vestuário.

Inspiramos-nos no programa “Trato Feito”5 (Título Original: Pawn Stars),

também do History Channel, para compor o videografismo do nosso produto, com o

uso de “janelas” que contextualizam o espectador por meio de dados históricos

explicativos. Assim, criamos uma linguagem mais ágil e dinâmica adequada ao

público jovem.

1 Disponível em: www.youtube.com/user/carolthome/featured

2 Teaser disponível em www.contente.com/jobs/cultura-pop-brasileira

3 Teaser disponível em www.zeppelin.com.br/conteudo/79702665/

4 Disponível na íntegra em www.youtube.com/watch?v=xuKQW9xkl8

5 Disponível na íntegra em www.seuhistory.com/programas/trato-feito

Page 48: Universo Pin-Up  - Capítulos

60

Para a composição da fotografia, utilizamos como referência filmes clássicos

da década de 50, que utiliza tons pastéis contrastantes com cores fortes.

Em “Juventude Transviada” 1(1955), usamos como inspiração o contraste

entre o verde e cores sóbrias com o laranja e vermelho.

FIGURA 28: Cena do filme Juventude Transviada (1955)

Já em “Cinderela em Paris” 2(1956), observamos o uso dos tons de rosa

com branco, cores bastante usadas pelas pin-ups, inclusive pelas personagens

durante a entrevista. No longa, o rosa se destaca em contraste com cores primárias,

já dando indícios da moda do pop art que viria a seguir.

FIGURA 29: Cenas do filme Cinderela em Paris (1956)

1 Título original: Rebel Without a Cause / Direção: Nicholas Ray / EUA - 1955 / 111 min.

Fonte: www.imdb.com/title/tt0048545/ 2 Título original: Funny Face / Direção: Stanley Donen / EUA – 1956 / 103 min.

Fonte: www.imdb.com/title/tt0050419/

Page 49: Universo Pin-Up  - Capítulos

61

FIGURA 30: Cenas do filme Cinderela em Paris (1956)

Utilizamos também filmes mais recentes, mas que abordam a temática da

década de 50. Em “Grease: Nos tempos da brilhantina” 1(1977) e na videobiografia

da pin-up “Bettie Page”2 (2006) buscamos usar como referência o uso da fotografia

desaturada, em tons pasteis.

FIGURA 31:Cena do filme Grease (1977)

1 Título original: Grease / Direção: Randal Kleiser / EUA – 1977 / 110 min.

Fonte: www.imbd.com/title/tt077631/ 2 Título original: The Notorious Bettie Page / Direção: Marry Harron / EUA – 2006 / 91 min.

Fonte: www.imdb.com/titlr/tt040402/

Page 50: Universo Pin-Up  - Capítulos

62

FIGURA 32: Cena do filme Bettie Page (2006)

Para a sonoplastia, nos identificamos com a trilha sonora do filme

“Burlesque1", de 2010, que tem como tema as apresentações de dança dos cabarés.

O filme tem como trilha jazz instrumental e versões de canções dos musicais da

década de 40.

4.6 ROTEIRO

Assim como afirma Puccini, acreditamos que o roteiro do documentário é

aberto, podendo ser reformulado durante o processo de produção e gravação. Neste

procedimento o documentarista deve considerar o que Puccini chama de acaso do

mundo histórico, pois grava-se as entrevistas e cenas que não foram produzidas. A

partir disso, elabora-se um pré-roteiro de edição, onde se delimita a estrutura

narrativa do roteiro, mas o roteiro final do documentário surge na ilha de edição.

Para a produção do documentário, inicialmente pesquisamos acerca da

questão da inserção das pin-ups na cultura contemporânea. A partir disso,

realizamos uma pesquisa sobre o tema a partir da revisão bibliográfica. “O texto da

proposta é resultado de uma primeira etapa de pesquisa. Sua função é garantir

condições para o aprofundamento dessa pesquisa, para que só então possa ser

iniciada a etapa de filmagem.” (PUCCINI, 2011, PAG 31)

1 Fonte: www.imdb.com/title/tt1126591/

Page 51: Universo Pin-Up  - Capítulos

63

4.6.1 ARGUMENTO

O documentário “Universo Pin-Up” aborda o estilo de vida das mulheres

contemporâneas brasileiras, residentes da região da Grande São Paulo, que se

identificam com a cultura das pin-ups, figura feminina que surgiu na década de 40 e

que é conhecida por sua imagem sensual e provocativa, porém com ares de

ingenuidade e delicadeza. Nossas personagens são mulheres que se apropriaram

desta estética retrô e que fizeram desta imagem suas carreiras: Larissa Montagner é

estilista e proprietária de uma loja de vestuário retrô, assim como a Marilia Skraba,

que além de ser proprietária de uma loja, também trabalha como modelo pin-up.

Daise Alves é publicitária e produtora de conteúdo do blog MenteFlutuante Retrô,

um dos mais visitados dentro do segmento. Cinthia Isabel Alves é modelo pin-up, e

também se apresenta em números de dança vintage e em reencenações históricas.

Para uma reflexão acadêmica, convidamos a coordenadora dos cursos de pós

graduação em moda do Senac, Suzy Okamoto. Todas as entrevistadas residem na

Grande São Paulo, onde este documentário foi gravado entre maio e outubro de

2014, em locações específicas que dialogassem com o tema retrô: a lanchonete Joe

Burger, um dinner ambientado nos anos 50; a Casa Juisi, especializada em locações

de vestuário de diversas épocas, localizado em uma casa do início do século

passado; no lounge do bar La Revolucion, que mantém móveis originais da década

de 50; além das residências das entrevistadas, decoradas na estética retrô.

A estrutura narrativa do documentário será constituída por entrevistas e de

imagens de arquivo, o contexto histórico do surgimento das pin-ups e seu retorno

nos dias atuais; por que estas mulheres se identificam com esta figura feminina;

como é seu estilo de vida; como é o mercado retrô e a importância da internet como

meio de comunicação para esta tribo urbana e como ela é constituída.

Buscamos analisar, por este documentário, por que as mulheres atuais

estão se identificando com esta estética das pin-ups, que apesar de ter surgido em

um contexto histórico bastante conservador, se mantém ressignificada e ainda

atende às necessidades das mulheres contemporâneas.

Page 52: Universo Pin-Up  - Capítulos

64

4.6.2 ESTRUTURA DA NARRATIVA - PRÉ ROTEIRO DE EDIÇÃO

O pré-roteiro será elaborado a partir das decupagens e transcrições das

entrevistas realizadas. A partir desta etapa, selecionaremos as respostas, seguindo

o critério dos temas que buscamos abordar no documentário, que será dividido em

três blocos.

1º bloco: contextualização

- Pin-ups – o que é, de onde surgiu, contextualização: com informações das

entrevistadas e informações de especialistas.

- Pin-ups apresentam sua cultura, mesclando trechos das entrevistas.

Especialista contextualiza com o que acontecia nos anos 40, 50

- Pin-ups e especialista falam sobre a imagem da mulher na mídia no

surgimento das pin-ups e nos dias atuais.

2º bloco: Pin-ups no mercado de moda

- Estilistas Pin-ups falando de suas confecções.

- Especialista de moda fala sobre a influência dessa cultura no mercado

convencional de moda, história do vestuário etc.

- Mercado brasileiro X mercado americano

- Mercado brasileiro de moda para pin-ups.

- O retrô virou um nicho de mercado?

3º bloco: Beleza, blogs, tribo urbana

- Blogueira fala sobre a busca das mulheres atuais por informações sobre

pin-ups, e como as pin-ups usam as redes sociais para criar uma “comunidade”.

- Especialista fala sobre as mudanças das revistas masculinas dos anos 50,

como cultura de massa, para a internet, mas desta vez, se apropriando do estilo

como contracultura.

- Finaliza com trechos das Pin-ups falando de sua visão como mulher na

cultura atual.

Page 53: Universo Pin-Up  - Capítulos

65

4.6.3 ROTEIRO FINAL

TIMECODE AUDIO VÍDEO

00'00"00 BLACK

00'03"01 ENTRA TRILHA BG "LOLYPOP"

00'06"11 ABERTURA

00'27"08 INSERT QUADROS

00'31"17 OFF LARISSA "EU ME CONSIDERO SIM UMA PIN-UP"

INSERT LARISSA LIGANDO JUKEBOX

00'41"03 ENTRA TRILHA BG "DIAMONDS"

LARISSA: "DE UMA FORMA ATUAL, DE UMA FORMA QUE ISSO CONSIGA CABER NO DIA-A-DIA

01'04"22 CINTHIA: "DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL"

01'29"06 LARISSA: AS PIN-UPS DE ÉPOCA, ELAS FAZIAM PERFORMANCES"

01'36"00 INSERT ARTE MARILYN MONROE COM OS SOLDADOS

01'41"13" CINTHIA: " A BETTY PAGE"

01'59"13 INSERT ARTE BETTY PAGE

02'04"15 CINTHIA " ERA AQUELE NEGÓCIO, ALGUMAS ATRIZES DE HOLLYWOOD COMEÇARAM COMO MODELOS

02'11"06 INSRT ARTE ATRIZES

02'16"14 CINTHIA "ENTÃO ELAS COMEÇARAM A CARREIRA"

02'21"08 CINTHIA: "SÓ QUE AÍ,O QUE ACONTECE, ALGUNS ELES IMAGINAVAM ESSAS MULHERES"

02'36"16 INSERT ARTE ILUSTRAÇÕES

02'42"21 MARILIA "A GENTE NÃO CONSEGUE BUSCAR MUITA REFERÊNCIA"

02'57"14 CINTHIA "AS PIN-UPS FAZEM PARTE DE UMA CULTURA TOTALMENTE AMERICANA

03'08"07 INSERT ARTE "PIN-UPS BRASILEIRAS"

03'15"20 SUZY "ENTÃO TEM ESSA IDEIA DE QUE ESTÁ FORA DO CONTEXTO DOMÉSTICO"

03'34"13 CINTHIA "AS MULHERES QUE FAZIAM POSES"

03'43"09 SUZY "PORQUE SE A GENTE TÁ PENSANDO EM UMA COISA CONTEMPORÂNEA"

03'54"12 LARISSA "EU FAÇO TRABALHOS COM FOTOS"

Page 54: Universo Pin-Up  - Capítulos

66

TIMECODE AUDIO VÍDEO

04'34"01 OFF MARILIA "PARA MIM SER PIN-UP"

INSERT "COZINHA"

04'43"01 MARILIA "VOLTAR ELA PARA OS DIAS DE HOJE"

05'09"20 OFF DAISE "É UM ESTILO MUITO VISUAL"

INSERT DAISE LENDO

05'20"15 DAISE "ALGUMAS PESSOAS VÃO ACHAR LEGAL"

05'37"07 INSERT COZINHA + OFF MARILIA "EU SOU UMA PIN-UP BEM TRADICIONAL"

05'39"19 ENTRA TRILHA BG "WHY DONT YOU DO RIGHT"

05'49"09 LARISSA "É UMA CULTURA DE MULHERES VOLTADAS À CASA"

05'58"00 SUZY "A GENTE PODE PENSAR UM POUCO PELA HISTÓRIA"

06'31"01 CINTHIA " MUITO POR CONTA DE ALGUMAS ARTISTAS DO MUNDO POP"

06'48"06 SUZY "O OLHO MARCADO, A CINTURA MARCADA"

07'17"00 CINTHIA "O PROPRIO VISUAL, A QUESTÃO DO CABELO PRINCIPALMENTE"

07'49"00 DAISE "EU ACREDITO QUE É A BUSCA PELO FEMININO"

08'07"05 CINTHIA "NO COMEÇO DA NOSSA ADOLESCENCIA"

08'31"12 MARILIA "EU ME IDENTIFICO COM ALGUNS TIPOS DE PIN-UP"

08'52"11 OFF CINTHIA "EU ME IDENTIFICO MAIS COM AS PIN-UPS BOMBSHELLS"

INSERT CINTHIA DANÇANDO

09'01"06 CINTHIA "O GLAMOUR, O LUXO"

09'13"11 OFF DAISE "E A CLÁSSICA"

INSERT DINER

09'18"19 DAISE "ROCKABILLY, SAIA DE CINTURA ALTA"

09'41"07 MARILIA "NÃO ME VISTO ASSIM TODO DIA"

09'52"00 CINTHIA "É MUITO DIFICIL HOJE NO BRASIL" + INSERT TATUAGEM

10'05"20 DAISE "SE A GENTE TÁ FAZENDO UMA RELEITURA"

Page 55: Universo Pin-Up  - Capítulos

67

TIMECODE AUDIO VÍDEO

10'06"20 OFF DAISE "UMA BUSCA DO PASSADO"

INSERT TATUAGEM

10'16"11 OFF LARISSA "QUANDO A MULHER VE UMA PIN-UP"

INSERT LARISSA TATUAGENS

10'22"11 LARISSA "POXA AS PIN-UPS FAZIAM PENTEADOS

10'30"10 SUZY "ESSA IMAGEM DA PIN-UP TEM A VER COM AS MULHERES QUE SÃO MAIS CHEINHAS"

10'41"21 LARISSA "A MY BOY DEAN"

11'03"23 OFF MARILIA "SE EU VEJO QUE A CLIENTE ESTÁ PEDINDO UMA PEÇA COM BOJO"

INSERTS ATELIE

11'12"03 MARILIA "OU EM CIMA DO CORPO DA MULHER BRASILEIRA"

11'33"09 SUZY "ESTA QUESTÃO DELAS FAZEREM AS PRÓPRIAS ROUPAS"

11'40"04 OFF SUZY "UMA MODELAGEM MUITO AJUSTADA"

INSERT VESTIDOS

11'47"14 OFF MARILIA PORQUE É UMA PEÇA CONFORTÁVEL"

INSERT VESTIDOS ATELIE

11'53"03 MARILIA "TEM A CINTURA ALTA"

11'58"11 CINTHIA "NEM TODAS AS MARCAS ELAS TEM PRODUTOS E PUBLICO ESPECIFICO"

12'04"07 ENTRA TRILHA BG "BUT I AM A GOOD GIRL"

12'08"09 DAISE "ESTÁ CRESCENDO O ASSUNTO"

12'06"01 OFF DAISE ADQUIRIR O LIVRO É CARO"

INSERT BLOG

12'44"04 CINTHIA "AQUI EXISTE UM GRUPO DE PESSOAS"

12'57"05 LARISSA "AS MENINAS SE CONHECEM"

13'05"57 DAISE "TEM UMAS FESTAS EM SÃO PAULO TAMBÉM"

Page 56: Universo Pin-Up  - Capítulos

68

TIMECODE AUDIO VÍDEO

13'24"19 ENTRA TRILHA BG "HE´S A TRAMP"

13'28"06 CINTHIA "É UMA MULHER COM CLASSE"

13'41"13 OFF MARILIA "EXISTE UM CERTO PRECONCEITO"

INSERT MARILIA COZINHA

14'03"19 LARISSA "É MUITO DIFICIL VOCÊ AFIRMAR O QUE É UMA VERDADEIRA PIN-UP"

14'28"23 TRILHA "LOLYPOP" FADE OUT 03"

14'31"18 ARTE CRÉDITOS FINAIS

Page 57: Universo Pin-Up  - Capítulos

69

4.6.4 PERFIS DAS ENTREVISTADAS

Larissa Montagner: Aos 27 anos, é estilista e proprietária da marca “My

Boy Dean”, especializada em roupas retrô, cantora na banda de rockabilly “Lady

CatandtheTramps” e apresentadora do programa de web TV “Rockerama”. Faz

trabalhos como modelo pin-up e, além disso, casou-se em Las Vegas com Anderson

Napoles, proprietário da Barbearia 9 de Julho, inspirada nas barbearias dos anos 50.

Mora em São Paulo, no bairro da Mooca e é formada em Rádio e TV.

FIGURA 33: Larissa Montagner e apresentadora do Rockerama FIGURA 34: Larissa Montagner de Pin up militar

FIGURA 35: Larissa Montagner com banda “Lady CatandtheTramps”

Fonte: Acervo pessoal (Facebook)

Page 58: Universo Pin-Up  - Capítulos

70

Daise Alves: Criadora e escritora do Blog “Mente Flutuante Retrô”,

referência brasileira em conteúdo retrô e vintage. Formada em publicidade, também

trabalha como modelo pin-up. Mora em Francisco Morato, interior de São Paulo.

FIGURA 35: Daise Alves FIGURA 36: Daise Alves

Fonte: Acervo pessoal (Facebook)

FIGURA 37:Página inicial do Blog menteflutuante-up.blogspot.com.br

Page 59: Universo Pin-Up  - Capítulos

71

Marilia Skraba: Estilista e proprietária da marca “Sundae Inc” de roupas pin-

up e artigos de decoração retrô. Trabalha como modelo para as próprias coleções e

também para outras marcas. Mora em Guarulhos, SP, mas começou a carreira em

Curitiba/ PR. É formada em Letras, mas desistiu da profissão para se aprofundar no

mundo da costura.

FIGURA 38:Marilia Skraba FIGURA 39: Marilia Skraba

Fonte: Acervo Pessoal (Facebook)

FIGURA 40: Página inicial da loja virtual Sundae Inc

Page 60: Universo Pin-Up  - Capítulos

72

Cinthia Isabel Alves: Usa o nome artístico “Aurora D‟ Vine”. Modelo pin-up,

dançarina de tap dance, feather fan, jazz, fetish e glamour (danças burlescas). Cover

brasileira oficial da modelo Dita Von Teese. Também integra o grupo de encenação

histórica Monte Castelo. Jornalista, trabalha na assessoria de imprensa da prefeitura

de Santo André/SP, e está escrevendo um livro sobre o teatro de revista e as musas

da Era de Ouro do Rádio e início da TV brasileira.

FIGURA 41: Cinthia Isabel Alves FIGURA 42: Cinthia Isabel Alves

Fonte: Acervo pessoal (Facebook)

FIGURA 43: Cinthia Isabel Alves

Page 61: Universo Pin-Up  - Capítulos

73

Suzy Okamoto: Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP

(2004). Graduada em Bacharelado em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da

UNESP (2000). Atualmente é coordenadora dos cursos de pós-graduação lato-

sensu e dos cursos de extensão em moda do SENAC-Faustolo – SP. Professora do

curso de Design de Moda e de Negócios de Moda da Universidade Anhembi-

Morumbi.

FIGURA 44:Suzy Okamoto

Fonte: Acervo pessoal (Facebook)

FIGURA 45: entrevista de Suzy Okamoto

Fonte: imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 62: Universo Pin-Up  - Capítulos

74

4.7 PRÉ ENTREVISTAS E CASTING

Durante o processo de pesquisa, fizemos uma entrevista de campo com

possíveis personagens para o documentário, no evento Miss Pin-Up The Sailor,

realizado em maio de 2014. Nesta ocasião, pudemos nos aprofundar no universo

das pin-ups em seu círculo social. De acordo com Puccini, as pré- entrevistas “são

úteis tanto para fornecer informações, ou aprofundar outras já coletadas, quanto

para servir de teste para avaliar os depoentes como possíveis personagens do filme

no que tange ao comportamento de cada um diante da câmera” (PUCCINI, 2011, PG

33).

Após esta etapa, selecionamos os perfis das garotas que mais viviam dentro

do estilo e cultura pin-up, que pudessem agregar de fato o conteúdo do

documentário, seguindo o requisito de que cada uma tivesse um perfil diferente,

assim, teríamos uma variação de tipos de pin-ups.

Para dar uma opinião especializada sobre moda e comportamento,

procuramos uma profissional de destaque dentro do segmento que tivesse

disposição em participar do projeto.

4.8 DIREÇÃO

No documentário, optamos pelo uso do recurso das entrevistas como

principal componente na constituição do eixo narrativo. Assim as próprias pin-ups

poderiam dar sua opinião e falar sobre sua cultura. “Esse momento da entrevista

constrói um personagem que se revela na interação com o entrevistador (muitas

vezes, o próprio diretor do filme) – não em situação de ação, mas numa exposição

oral, que pode descrever ações de uma narrativa ou simplesmente exteorizar

comentários.” (PUCCINI, 2011, PG 42)

O maior desafio na direção deste documentário foi conseguir as respostas

necessárias para a construção da narrativa durante as entrevistas, pois, apesar da

conversa ser direcionada por uma pauta, que foi elaborada a partir das pesquisas

realizadas, muitas vezes as personagens se intimidavam e não respondiam com

clareza. Assim, as perguntas usualmente eram redirecionadas de maneira que a

entrevistada falasse mais sobre o assunto em questão.

Page 63: Universo Pin-Up  - Capítulos

75

Também produzimos com as pin-ups encenações do seu dia-a-dia, em

atividades do seu cotidiano, para ilustrar o estilo de vida da personagem. Com isso,

conseguimos dar mais dinâmica e ritmo à edição. Além disso, capturamos inserts do

ambiente, pois as locações também foram produzidas de forma que o ambiente

dialogasse com o tema e conteúdo da entrevista e também de acordo com o perfil

da personagem. Assim conseguimos elaborar a composição do enquadramento,

sem deixar que o fundo se destacasse mais do que o “objeto” principal da imagem: a

entrevistada.

4.9 DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA

Todas as gravações foram realizadas com câmera HDSLR Canon 60D. Para

o enquadramento das entrevistas, utilizamos uma lente zoom 18-135 mm com

abertura variável, e para os inserts utilizamos uma lente fixa 50mm. Em alguns

inserts ajustamos o foco da lente 50mm para controlarmos a perspectiva,

controlando a relação entre o fundo e o primeiro plano das imagens.

Todos os enquadramentos foram feitos em plano médio, oscilando entre

primeiro plano e close up durante a entrevista, sempre com câmera fixa.

Na primeira externa, com Marilia Skraba, usamos como locação sua

residência, que tinha pouca iluminação. Por isso, usamos um painel de led e luz

rebatida nas cenas da cozinha. Nas cenas do ateliê, ainda utilizamos a luz natural

rebatida que vinha pela janela, com a filtragem de luz da câmera (White balance) em

automático. Nos inserts, plano detalhe da personagem manipulando o manequim,

plano geral dela nos ambientes, e panorâmica em objetos de decoração pela casa.

Na externa com Larissa Montagner também gravamos em sua residência e

tivemos o mesmo problema de iluminação fraca. Usamos um setlight de 1000w, com

gelatina azul #70 (nile blue), que é utilizada normalmente para “esfriar” o ambiente. A

luz foi rebatida para o teto, assim tivemos uma iluminação sem sombras, clareando

todo o ambiente, com filtragem de luz da câmera (White balance) em 3000 kelvin.

Nos inserts, plano americano da personagem ao lado da juke box, plano detalhe da

mão escolhendo a música.

Na externa com Daise Alves, utilizamos como locação uma lanchonete estilo

dinner anos 50, com luminárias direcionadas para as mesas além da iluminação

Page 64: Universo Pin-Up  - Capítulos

76

geral do estabelecimento. A gravação foi realizada no fim da tarde, portanto ainda

aproveitamos a luz natural que vinha da janela ao lado da mesa em que a

entrevistada foi posicionada. Porém ainda havia muita sombra e utilizamos o mesmo

recurso do setlight de 1000w rebatido para o teto. Para inserts, imagens da Daise

lendo um livro, em plano médio desfocando o fundo do ambiente e imagem em

plano de 1/4 da personagem usando o computador, com foco na tela com o blog.

A gravação realizada com a Cinthia Alves foi realizada em um lounge de um

bar, que por este motivo havia muita luz indireta, disposta em luminárias. Além disso,

a parede que ficaria no fundo da entrevistada era repleta de espelhos, o que seria

um problema, porém, utilizamos os espelhos para rebater a iluminação. O setlight de

1000w ficou posicionado diretamente no enquadramento do vídeo, suavizado com o

rebatedor posicionado na frente do refletor. Do lado esquerdo da entrevistada,

posicionamos um espelho que rebateu a luz para o perfil do rosto e braço. A luz

indireta das luminárias do local criou um ambiente convidativo, que condiz com o

perfil da personagem, que usava um figurino clássico. Entrevista em plano

americano oscilando entre plano médio e close, com insert das tatuagens, elementos

do vestuário, e objetos da decoração.

Na gravação com Suzy Okamoto pudemos utilizar bastante a luz natural que

vinha das janelas, pois a locação era um casarão com grandes vitrôs que podiam ser

fechados de acordo com a necessidade, além disso o sol estava à pino quase ao

meio dia. Então optamos por manter os vitrôs fechados, deixando apenas dois deles

abertos, que iluminavam a estante que ficava ao fundo e deixava uma leve luz

indireta natural na entrevistada. Para auxiliar, o setlight de 1000w ficou posicionado

diretamente no enquadramento do vídeo. Poucos inserts em plano detalhe dos

objetos de cena.

4.10 EDIÇÃO E PÓS PRODUÇÃO

Para facilitar o processo de edição, após as gravações, realizamos a

decupagem das entrevistas, com exceção da gravação da Suzy Okamoto, pois como

utilizamos sua entrevista no texto do trabalho escrito, fizemos uma transcrição

completa da gravação.

Page 65: Universo Pin-Up  - Capítulos

77

Inicialmente, realizamos uma edição do material bruto das entrevistas, onde

selecionamos as respostas que seriam pertinentes para a narrativa do documentário,

deixando os melhores takes já marcados para inseri-los na edição final.

Após a edição de todas as entrevistas, a partir do pré-roteiro de edição,

começamos a unir todas as entrevistas dentro do eixo narrativo, sem se preocupar

com o tempo final de duração. . Após esta etapa, discutimos com os professores e

verificamos quais os pontos de corte para ajustar à duração final determinada pela

norma do TCC ( até 15 minutos). Ao definirmos o 2º. corte inserimos as imagens de

insert captadas nas gravações e contamos com a ajuda de fotografias selecionadas

na internet que contribuíssem com a ilustração do contexto histórico.

Fizemos uma correção de cor específica em cada entrevistada, que

destacasse os pontos principais da personagem e do enquadramento. No próprio

programa de edição (Adobe Premiere CS6), utilizamos a ferramenta “RGB Curves”

para ajustar os níveis de claridade e constraste das cores básicas (red, green, blue).

Assim, também são corrigidos os níveis de branco, preto e cinza. Para dar

tonalidade na pele, usamos a ferramenta “Fast Color Corrector”.

Para “esquentar” a imagem, usamos a ferramenta “Red Giant Looks”, onde

usamos uma máscara em forma de elipse em volta da entrevistada para que a

opção seja aplicada no interior dela, com suavidade nas bordas. Assim o efeito

espalhou pela cena. As últimas duas ferramentas usadas foram: “Misfire Vignette”

para escurecer suavemente as bordas da imagem (efeito vinheta), e a “Cosmo”, para

suavizar os traços da pele das entrevistadas.

Os padrões de cor utilizados foram: cenas com Marília Skraba em tons

rosados/ alaranjados; com Suzy Okamoto não houve alteração, apenas correção,

mantendo os tons terrosos e sóbrios; com as cenas da Larissa Montagner houve

correção do tom azulado, destacando mais tons vermelhos/laranja; nas cenas de

Daise Alves apenas correção e mantendo os tons avermelhados; na entrevista com

Cinthia Alves apenas correção. Buscamos manter em todas as entrevistas cores

mais quentes em tons de rosado/laranja e vermelho para destacar os traços

femininos e causar uma sensação maior de afetividade.

Na equalização dos áudios, utilizamos o mesmo programa que editamos o

vídeo, Adobe Premiere CS6, alterando o "audio gain" de cada clipe em separado,

diminuindo todos em -6db (decibéis). Para disfarçar os ruídos provenientes do

Page 66: Universo Pin-Up  - Capítulos

78

ambiente de gravação, utilizamos o programa Adobe Audition CS6, utilizando a

ferramenta “Noise Reduction/ Restoration”, que captura o padrão do ruído (chiado) e

o reduz. Os ruídos que não foram suavizados o suficiente, serão minimizados com

trilha sonora de background.

Os inserts das fotografias foram inseridos com o programa Adobe After

Effects CS6. As imagens menores foram inseridas com transparência e usamos

transição de in e out CC Page Turn, que faz com que a imagem seja exibida como

um papel sendo colado na parede, dentro do enquadramento ao lado da

entrevistada. O pin também foi inserido com o After Effects, apenas com modificação

de scale.

Após este processo, inserimos uma abertura e finalizamos esta versão

estendida do documentário, que a partir desta, reduzimos até se chegar à duração

de apresentação (15 minutos).

Os créditos finais foram inseridos por último nas duas versões, pois tivemos

que verificar após a finalização dos produtos quais imagens de internet foram

utilizadas para dar os devidos créditos.

Page 67: Universo Pin-Up  - Capítulos

79

4.11 SONOPLASTIA

Para a concepção da sonoplastia, fizemos uma pesquisa acerca das artistas

e músicas populares da década de 40 e 50, além de artistas contemporâneas que

utilizam a temática retrô.

Para a abertura, selecionamos a música "Lolypop" do quarteto feminino "The

Chordettes", formado em 1946, que tem grande importância no cenário musical. A

mesma música também é utilizada durante os créditos finais.

A trilha incidental deveria transmitir classe e glamour, mas ser discreta para

dar destaque às entrevistas. Para isso, selecionamos canções em versão

instrumental de grandes interpretes.

Para o início, selecionamos as músicas "He´s a tramp" e "Why don´t you do

right?", de Peggy Lee, famosa atriz e cantora de jazz da década de 40. Também

selecionamos um trecho da versão instrumental de "Diamonds are a girl's best

friend", interpretada por Marylin Monroe em 1953 no filme "Os homens preferem as

loiras".

Das cantoras contemporâneas, selecionamos a canção "But I am a good

girl", trilha sonora do filme "Burlesque", de 2010, interpretada por Christina Aguilera

que tem como temática a dança burlesca dos cabarés. Da mesma cantora,

selecionamos a canção "Candyman", de 2007, que é uma releitura da canção

"Boogie Woogie Bugle Boy" do grupo musical feminino "The Andrews Sisters", de

1941. Esta canção também foi regravada pelas cantoras "The Puppini Sisters" em

2006, e também faz parte da trilha sonora deste documentário.

Não utilizamos nenhum tipo de efeito sonoro além da trilha incidental.

Também não localizamos trilha "branca" sem direitos autorais para utilização, que

tivessem as características necessárias para este produto audiovisual.

Page 68: Universo Pin-Up  - Capítulos

80

4.12 DIREÇÃO DE ARTE

4.12.1 Definição Estética

O conceito de direção de arte foi elaborado com base em cenários e cores

distintas para cada personagem e que de alguma forma caracteriza sua

personalidade ou seu ambiente próprio. Buscamos locações com conceito

retro/vintage ou que pudessem representar de alguma forma ambientes

característicos dos anos 40 e 50.

Deixamos a critério das entrevistadas a escolha de seus figurinos, para que

elas pudessem representar seu estilo e sua personalidade.

4.12.2 Cenários / Locações

Na entrevista com Marilia Skraba no seu ateliê, utilizamos e reorganizamos

alguns objetos para compor o cenário, onde há uma arara de roupas, ao lado uma

estante com acessórios e objetos de decoração que também são vendidos em sua

loja online. Para caracterizar mais o ambiente posicionamos um manequim o qual

ela utiliza para fazer os ajustes nas peças.

A composição do cenário em seu ateliê teve por objetivo ilustrar o ambiente

de trabalho dela, que é a loja online. Na entrevista foram tratados assuntos do

mercado da moda pin-up.

FIGURA 46:Cenário ateliê da Marilia Skraba

Fonte: imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 69: Universo Pin-Up  - Capítulos

81

Nas cenas nas quais a Marília fala sobre seu estilo de vida pin-up, e seu

ponto de vista acerca dessa cultura, ambientamos em sua própria cozinha, que tem

todos os armários e eletrodomésticos em rosa, exceto, sua geladeira que ela mesma

pintou de verde água, tom que combina muito com o rosa, em uma mesa em que a

ela mesma já havia preparado com elementos caracteristicos da cultura: uma roda

com cupcakes, bandejinhas de bicoitos e suco em copo rosa e canudo de papel

listrado. Temos ao lado da porta uma parede com diversos quadros com imagens

de pin ups em preto e branco.

FIGURA 47:Cenário cozinha da Marilia Skraba

Fonte: imagem gerada durante gravação deste documentário

FIGURA 48: Cenário cozinha da Marilia Skraba

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 70: Universo Pin-Up  - Capítulos

82

Na entrevista com a Larissa Montagner montamos o set de gravação em

volta de sua Jukebox original da década de 1940 que ela tem na sua sala de estar.

Para compor o cenário, utilizamos uma luminária, um telefone antigo e uma

escultura de bonecos que ela mesma já tinha em sua sala e até a cadeira em que

está sentada é vintage, da década de 40.

FIGURA 49: Entrevista Larissa Montagner

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

FIGURA 50: Cenário sala de Larissa Montagner

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 71: Universo Pin-Up  - Capítulos

83

Na parede ao fundo temos alguns quadros com fotos dela e da família e

outros quadros de motos e automóveis de garotas dos anos 40/50.

FIGURA 51: Larissa Montagner e a Jukebox

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

FIGURA 52: Larissa Montagner e a Jukebox

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 72: Universo Pin-Up  - Capítulos

84

Nas cenas da entrevista com a blogueira Daise Alves, buscamos uma locação que

fosse mais despojada, a lanchonete Joe Burger, onde poderia ser um local onde ela

iria bater papo com as amigas ou mesmo tomar um milk-shake e escrever em seu

blog. Para compor o enquadramento, usamos objetos já existentes no local, como a

caixa de Diner da Coca-Cola e a mini-gelaleira retrô.

FIGURA 53:Cenário entrevista com Daise Alves

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

FIGURA 54:Lanchonete Joe Burger

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 73: Universo Pin-Up  - Capítulos

85

O Joe Burger é um ambiente todo em tons fortes de vermelho, azul, branco e

preto, com móveis em estilo de lanchonetes dos anos 40. Na parede, quadros com

ilustrações de pin-up ou em temas retrô, que utilizamos para compor os inserts.

FIGURA 55:Lanchonete Joe Burger Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Por questões técnicas como aproveitar iluminação natural e ter acesso às

tomadas, optamos por utilizar a primeira mesa ao lado da janela. Além disso, a mesa

era maior e deixaria a entrevistada melhor posicionada.

FIGURA 56:Gravando entrevista com Daise Alves Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 74: Universo Pin-Up  - Capítulos

86

Na entrevista feita com Cinthia Alves, buscamos uma locação que tivesse

um ambiente mais glamouroso, já que ela se identifica com o estilo das pin-ups

Hollywoodianas, com ar mais sofisticado. O local escolhido foi um lounge do

restaurante La Revolucion Bar.

FIGURA 57: Lounge do restaurante La Revolucion Bar Fonte: http://www.larevolucionbar.com.br/index.php/galeria/lounge

O espaço é todo composto por parede de tijolos à vista e há muitas cadeiras e sofás

originais de época. O sofá escolhido foi o vermelho bordô em veludo, que dialoga

com o figurino da entrevistada.

FIGURA 58:Cenário da entrevista com Cinthia Alves

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 75: Universo Pin-Up  - Capítulos

87

Nas paredes temos diversos espelhos que reforçam a mensagem do

glamour, além de algumas placas com ilustrações de pin-ups, que escolhemos para

compor o fundo junto aos espelhos.

FIGURA 59:Cenário da entrevista com Cinthia Alves

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Na entrevista com Suzy Okamoto, o contexto de cenário já mudou, deixou

de ser algo pessoal ou característico para ser um cenário mais formal: uma sala com

cores mais neutras, mas não deixando de ter elementos que remetem a cultura pin-

up.

FIGURA 60:Cenário da entrevista com Suzy Okamoto

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 76: Universo Pin-Up  - Capítulos

88

FIGURA 61:Cenário da entrevista com Suzy Okamoto

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

A locação escolhida foi uma sala da Casa Juisi, localizada na região do

centro velho de São Paulo, em uma casa construída no início do século XX que

ainda mantém os mesmos padrões da construção. Utilizamos o cômodo usado como

escritório, em que havia uma grande estante cheia de artigos vintages,uma poltrona

e uma cadeira estilo provençal e entre elas uma mesinha com pés de palito estilo

anos 50. Sobre a mesa fizemos um compose de objetos com um relógio que faz

remeter ao tempo/ passado, rádio antigo e em vermelho e bege para dar uma cor na

composição e o principal, a máquina de costura que tem tudo a ver com o assunto

moda que é comentado pela especialista, nela também temos uma caixinha de

baralho com figuras pin ups original da década de 40. Este objeto foi o ponto de

referência às pinturas de pin-ups.

FIGURA 62:Objetos de destaque da entrevista com Suzy

Okamoto

Fonte:imagem gerada durante gravação deste documentário

Page 77: Universo Pin-Up  - Capítulos

89

4.13 IDENTIDADE VISUAL

FIGURA 63: Logo

A partir de uma pesquisa iconográfica, nos inspiramos em criar um logo que

remetesse às placas vintage de estabelecimentos da época. O fundo com arabescos

foi escolhido para lembrar os papeis de paredes que eram muito utilizados nos anos

40.

FIGURA 64: Placas vintage usadas como referência

Page 78: Universo Pin-Up  - Capítulos

90

FIGURA 65: Esboço com teste de cor e tipografia

Na tabela de cores, utilizamos tons de verde, remetendo aos uniformes dos

militares durante a Segunda Guerra, período no qual tivemos a origem das pin-ups,

porém buscando a suavidade feminina, trazendo para um tom de verde turquesa

(Código Pantone: 15-6123/ #63B991), contrastando com o tom de rosa da escrita,

(Código Pantone: 14-1521/ #F4A8A3), que também remete à delicadeza, com efeito

em degradê para dar noção de movimento e brilho metalizado trazendo sofisticação.

Para a moldura e demais inscrições, utilizamos o prata (Código Pantone: 15-6304/

#B1AFA5) com efeito em degradê e metal.

FIGURA 66: Cores-base do logo

Para a tipografia, após realizarmos testes, escolhemos a fonte "antsypants"

que tem uma forma mais arredondada e fluida, mas remetendo ao divertimento,

característica das pin-ups, quebrando o ar de sobriedade que o fundo em arabescos

proporcionou. Já a fonte das inscrições “universo” e “documentário” utilizamos a

fonte: "anklepants", mais quadrada, porém de fácil visualização e entendimento.

Buscamos utilizar nos layouts, gc‟s e abertura, uma escala de cores claras e

delicadas nos mesmos tons de rosa e verde, com as letras em prata e chumbo para

dar destaque.

O nome “Universo Pin-Up” foi criado após as pesquisas bibliográficas e

entrevistas com as pin-ups. Descobrimos que estas mulheres possuem uma cultura

muito distinta, que abrange não apenas o vestuário, mas também o gosto musical,

os filmes específicos da época, a decoração das casas, os carros antigos, além do

Page 79: Universo Pin-Up  - Capítulos

91

comportamento influenciado pelas mulheres da década de 40 e 50. Assim, julgamos

adequado chamar esta cultura de um “universo” próprio, com um leque de

informações que podem ser abordadas em próximos episódios ou outros

documentários remanescentes deste produto inicial.

4.14 PROJETO DE EXIBIÇÃO E DIVULGAÇÃO

O documentário estará disponível no canal do YouTube, pois é a plataforma de

maior popularidade. Também criamos a fanpage do projeto no Facebook, pois é a

rede social mais utilizada no Brasil e com recursos que possibilitam divulgação de

qualquer tipo de mídia: vídeos, fotos, textos e links; assim conseguiremos

administrar melhor uma única plataforma de divulgação.

Serão divulgadas duas chamadas, com duração de 30 segundos, a cada

semana anterior à publicação do documentário, que será composto por três blocos,

para facilitar a visualização do espectador. Os três blocos serão lançados

simultaneamente, para que possam ser assistidos no mesmo dia.

No facebook, buscamos criar uma conexão com o público alvo, visando sua

fidelidade para possíveis trabalhos posteriores, derivados deste projeto. Para isso,

vamos postar na página conteúdos informativos relacionados ao tema, que sejam de

interesse dos seguidores da fanpage: filmes que influenciaram a concepção visual

do documentário; livros utilizados como referência bibliográfica; curiosidades

históricas sobre as pin-ups; músicas e imagens de referência, além das fotos dos

bastidores da produção do documentário.

Também faremos a divulgação dos perfis das entrevistadas, bem como seus

trabalhos fotográficos, e divulgar as lojas Sundae Inc. e My Boy Dean, que

pertencem à Marilia Skraba e Larissa Montagner, respectivamente. Assim, as

mesmas também irão compartilhar o conteúdo relacionado às marcas.

O documentário também será divulgado no blog Menteflutuante Retrô, em

parceria com a entrevistada Daise Alves. Com isso, buscamos atingir um maior

número de espectadores dentro do nosso público alvo.

Page 80: Universo Pin-Up  - Capítulos

92

4.15 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o início este projeto foi um grande desafio para nós. Apesar da

imagem da pin-up ter relevância na cultura mundial, não é um assunto muito

abordado no Brasil. Por este motivo tivemos muita dificuldade em encontrar

bibliografias em português sobre o tema e grande parte dos textos utilizados

tivemos que traduzir do inglês. Além disso, tivemos que nos adaptar à escrita

acadêmica, que nos levou a outro nível de exigência quanto aos textos produzidos

neste trabalho escrito.

Durante a produção do documentário, nos deparamos com inúmeras

dificuldades. Nossa equipe foi composta apenas por três pessoas, o que refletiu

durante a produção em todos os procedimentos, causando sobrecarga de tarefas.

Mas o que poderia ser um fator estressante acabou se tornando extremamente

enriquecedor, pois nos atribuímos funções que não estávamos habituadas e muitas

coisas tivemos que aprender na prática durante as gravações e edição.

Apesar de todas as dificuldades encontradas, o projeto todo foi produzido

com muita leveza. As pesquisas e gravações foram prazerosas, pois estávamos

lidando com um tema que muito nos interessava. E as descobertas e evoluções que

fizemos foram além do nível profissional: o processo fortaleceu nossas relações de

amizade, construímos novos vínculos e conhecemos muitas pessoas legais que

apoiam nosso projeto.

Além disso, com as pesquisas realizadas e conversas com as entrevistadas,

acabamos nos aprofundando não apenas no "universo pin-up", mas no universo

feminino, onde acabamos refletindo também sobre a construção da nossa própria

autoimagem e nosso papel como mulher na sociedade atual.

Ao final do processo pudemos perceber que este trabalho de conclusão de

curso se tornou um processo de descoberta sobre nossa realidade profissional;

sobre o tema proposto; mas principalmente, uma descoberta sobre nós mesmas.

Page 81: Universo Pin-Up  - Capítulos

93

4.16 ORDENS DO DIA E PAUTAS

ORDEM DO DIA 24/05

Gravação: Concurso Miss Pin Up

FUNÇÃO PROFISSIONAL

Dir. Produção Ackemy

Produção Amanda

Cinegrafista / Fotografia Fabio

Operador de áudio Danielle

IMAGENS

Concurso Bandas Apresentações Inserts

Início Hotzilla (sem entrevista) Fascinatrix Fachada e imagens do local

Desfile Bellatrix (sem entrevista) Aurora Divine Imagens do público

Finalista Imagens dos jurados

ENTREVISTADOS

Marilia Skraba Paula Renata Cinthia/Aurora

Karla Stevanatto Ava Portman Walace (organizador)

Srta. Tata Fernanda Alves (homens da plateia)

Tati Nurmi Graziela Barduco Madame Sher

Shirley Sk Marie Cherie

PAUTA

Organização - Por que foi criado este concurso? - Por que buscaram atrair este tipo de público (pinups)? - Houve muitas inscrições? Vocês se surpreenderam? - Como vai ser o concurso? Premiação, jurados, processo de seleção.

Participantes - Qual estilo de pinup você se identifica? - Por que você começou a se vestir assim? O que te atraiu na cultura pinup? - Você se veste assim no dia a dia? Sente alguma discriminação das pessoas? - Pra você, ser pinup é...? (não vale dizer inocência/sensual)

(Apresentações) - Falar o que fazem - mesmas perguntas das participantes

CHEGADA NO SET

(EXTERNA) 18h

ÍNÍCIO DO

EVENTO

20h

TÉRMINO 22:00h

LOCAÇÃO

The Sailor Pub

Endereço: Av. Faria Lima, 2776

Previsão do tempo

Chuva – o dia todo

Page 82: Universo Pin-Up  - Capítulos

94

ORDEM DO DIA 03/08

Gravação: Cozinha/ Ateliê Marilia Skraba

FUNÇÃO PROFISSIONAL

Dir. Produção Ackemy

Produção Amanda

Cinegrafista / Fotografia Fabio

Operador de áudio Danielle

Imagens

Inserts

Fachada e imagens da cozinha/ateliê

Imagens de Guarulhos

Imagens dos cômodos

Imagens das roupas

Imagens do entrevistado: detalhes/caminhando pelos cômodos/rua

Entrevistada

Marilia Skraba

Pauta

ENTREVISTA COZINHA - Com qual estilo de pinup você se identifica? - Por que você começou a se vestir assim? O que a atraiu na cultura pinup? - Você se veste assim no dia a dia? Sente alguma discriminação das pessoas? - Pra você, ser pinup é...? (não vale dizer inocência/sensual) - O que os amigos/família acham do seu estilo, das fotos? - Fale um pouco sobre sua casa, compra dos móveis retrô (teve dificuldade para encontrar, alguma coisa é importada?)

ENTREVISTAATELIÊ -Como é o mercado para este nicho pinup? Você consegue comprar no Brasil? É de fácil acesso? - Como surgiu a idéia da marca e a loja de vestuário voltado para pinups? - Como é o processo de criação e produção das roupas? - E por que online? - Há muita procura? Quem compra mais: os homens ou as mulheres? Quais os produtos mais procurados? -Como é o mercado para este nicho pinup? - Influências brasileiras (Estampas, corte) que é diferente do mercado americano.

CHEGADA NO SET

(EXTERNA) 11h

ÍNÍCIO DA

GRAVAÇÃO

11h30

TÉRMINO 13h

LOCAÇÃO

Endereço: Rua José Gomes Jardim, 481 – Vila Flórida - Guarulhos

Previsão do tempo

Sol com algumas nuvens – não chove

Page 83: Universo Pin-Up  - Capítulos

95

ORDEM DO DIA 11/09

Gravação: Larissa Montagner

FUNÇÃO PROFISSIONAL

Dir. Produção Ackemy

Produção Amanda

Cinegrafista / Fotografia Eduardo

Operador de áudio / produção Danielle

Imagens

Inserts

Imagens do ateliê

Imagens dos cômodos

Imagens das roupas

Imagens do entrevistado: detalhes / caminhando pelos cômodos / Se arrumando

Entrevistada

Larissa Montagner

Pauta

1. Como a cultura retrô influencia na sua vida? (Pergunta de apresentação) 2. Você se considera uma pin-up? Por que você se identifica com este estilo?

3. Para você, qual a principal diferença entre a pin-up dos anos 40,50 para a pin-up dos dias atuais?

4. Ultimamente vemos que a cultura pin-up se popularizou e vem conquistando novas adeptas. Você acha que isso está acontecendo por qual motivo?

5. Como surgiu a ideia da marca?

6. Como é o seu processo de criação e produção das roupas?

7. E por que online? Já pensou em ter uma loja física?

8. Há procura das suas peças por mulheres comuns? O que elas procuram nas peças retrô?

9. Há influências brasileiras nas peças, como estampas, cortes?

10. Os EUA é considerado o berço das pin-ups. No quesito mercadológico, qual a principal diferença dos EUA com o Brasil? 11. Para você, o que é ser uma verdadeira pin-up?

CHEGADA NO SET

(EXTERNA) 16h

ÍNÍCIO DA

GRAVAÇÃO

17h

TÉRMINO 19h

LOCAÇÃO

Endereço: Rua Catarina Cortez, 21 Mooca

Previsão do tempo

Sol sem nuvens – não chove (16º a 30º)

Page 84: Universo Pin-Up  - Capítulos

96

ORDEM DO DIA 12/09

Gravação: Suzy Okamoto

FUNÇÃO PROFISSIONAL

Dir. Produção Danielle

Dir. Arte / Produção Amanda

Cinegrafista / Fotografia Ernesto Pedroso

Operador de áudio / produção Danielle

Imagens

Inserts

Roupas, acessórios e objetos de decoração

Entrevistada

Susy Okamoto

Pauta

1. O contexto histórico / social engendra a moda em quais aspectos?

2. A vestimenta ou indumentária é componente do comportamento e da autoimagem feminina? Explicar.

3. Onde podemos notar características/traços da moda dos anos 50 nas peças de roupas atuais?

4. As pequenas confecções (como das estilistas pin-ups) causam algum impacto no mercado convencional de moda, no que diz respeito à criação?

5. Quando as mulheres buscam referências de moda em outras épocas, é apenas por estética ou também há outros motivos? Quais?

CHEGADA NO SET

(EXTERNA) 11h

ÍNÍCIO DA

GRAVAÇÃO

11h30

TÉRMINO 13h

LOCAÇÃO

Casa Juisi Endereço: RuaRoberto Simonsen, 108 - Sé

Previsão do tempo

Sol com nuvens – não chove (14º a 29º)

Page 85: Universo Pin-Up  - Capítulos

97

ORDEM DO DIA 20/09

Gravação: Daise Alves

FUNÇÃO PROFISSIONAL

Dir. Produção Ackemy

Dir. Arte / Produção Amanda

Cinegrafista / Fotografia Danielle / Fabio

Operador de áudio / produção Amanda

Imagens

Inserts

Decoração

Daise lendo o livro

Daise no blog

Entrevistada

Daise Alves

Pauta

1. Onde você pesquisa conteúdo para as matérias

do blog? Você sente que o assunto é bem explorado no Brasil?

2. Qual o perfil das pessoas que leem o blog e qual

a diferença que você sente entre as pin-ups mais antigas e as garotas que buscam entrar neste meio?

3. Explique os tipos de pin-ups e a diferença entre

elas. No Brasil, qual é o tipo mais conhecido? Com qual estilo você se identifica?

4. Dos estilos de pin-ups que você já entrevistou ou

tem escrito sobre elas no blog, qual é a mais procurada pelas leitoras ou com qual estilo elas mais se identificam?

5. O nome do seu blog faz

referência ao retrô. Como surgiu esse

nome? Qual a diferença entre o retrô e

o vintage?

6. Como você vive entre estes dois

estilos, você consegue viver neste

estilo 24 horas por dia? Para você, foi

uma busca estética ou pessoal?

7. Por que você acha que mulheres e

jovens que estão entrando na vida

adulta, que estão em busca de um

referencial, se identificam com a

estética pin-up? Essa influencia se

estende ao comportamento, ao estilo

de vida?

CHEGADA NO SET

(EXTERNA) 16h

ÍNÍCIO DA

GRAVAÇÃO

16h30

TÉRMINO 18h

LOCAÇÃO: Joe Burger

Endereço: Rua Domingos de Moraes, 3108

Previsão do tempo

Nublado – prev. chuva (16º a 24º)

Page 86: Universo Pin-Up  - Capítulos

98

ORDEM DO DIA 21/10

Gravação: Cinthia Alves / Aurora D’Vine

FUNÇÃO PROFISSIONAL

Dir. Produção Ackemy

Produção Amanda / Danielle

Cinegrafista / Fotografia Fabio

Operador de áudio Danielle

Imagens

Inserts

Detalhes de corpo da entrevistada

Detalhes do local

Entrevistada

Cinthia Alves

Pauta

- Como eram as pin-ups no seu surgimento? Como eram essas mulheres? - O que as pin-ups significaram para as mulheres naquela época e qual a sua importância nos dias de hoje? - As pin-ups fazem parte da cultura e do imaginário norte-americano. Como você identifica, no Brasil, quem a imagem da pin-up foi inserida? - Quando você começou a se identificar com o estilo das pin-ups? - E quando você sentiu que existia um mercado para isso? - Você sente que nos últimos tempos tem mais procura por modelos pin-ups em peças publicitárias?

- Essa procura se estende a outros produtos ou apenas no universo retrô? - Outros segmentos estão se apropriando da imagem da pin-up? - Como é seu dia-a-dia? Você vive 100% o estilo de vida retrô? - Quais os tipos de apresentação você faz? - E seu trabalho com o livro? - Por que você acha que existe atualmente este resgate, principalmente das meninas mais novas, pelo estilo pin-up? - O que é ser pin-up para você? - Com qual estilo se identifica?

CHEGADA NO SET

(EXTERNA) 19h

ÍNÍCIO DA

GRAVAÇÃO

20h

TÉRMINO 21h

LOCAÇÃO : La Revolucion Bar

Endereço: Av. Kennedy, 699 - Anchieta, São Bernardo do Campo / Tel 4121-5700

Previsão do tempo

Nublado, sem chuva. Min 15º Max 18º

Page 87: Universo Pin-Up  - Capítulos

99

5 . PRODUÇÃO EXECUTIVA

5.1 ORÇAMENTO REAL

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100

1.1.02. Alimentação (referente à gravação dia 20/09/2014 para Daise)

1.1.03. Táxi (referente ao transporte das entrevistadas e locomoção dos

equipamentos da FMU aos dias de gravação:

11/08 Larissa Montagner (ida e volta ao campus Liberdade);

12/08 Suzy Okamoto (ida e volta ao campus Liberdade, locação e residência);

20/08 Daise Alves (ida e volta ao campus Liberdade e à locação);

21/10 Cinthia Alves (ida e volta ao campus Morumbi).

1.1.04. Combustível (referente ao trajeto até as locações: o Concurso Miss Pin

Up no The Sailor e La Revolución Bar, retirada de equipamentos na FMU campus

Morumbi e Liberdade e à Locadora HDVloc.

1.1.05. Spot Light LED (referente à locação de equipamento de iluminação para

gravação na residência de Marilia Skraba 03/08).

1.1.06. Microfone (referente à locação de equipamento de aúdio para gravação

na residência de Marilia Skraba 03/08).

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5.2 ORÇAMENTO DE MERCADO

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5.3 CRONOGRAMAS

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5.4 FICHA TÉCNICA

DIREÇÃO: Danielle Abreu

DIREÇÃO DE ARTE: Amanda Domingues

ASSISTENTE DE DIREÇÃO: Ackemy Bressa

CONTINUÍSTA: Ackemy Bressa

ROTEIRISTA: Danielle Abreu / Amanda Domingues / Ackemy Bressa

PRODUÇÃO EXECUTIVA: Ackemy Bressa

PRODUÇÃO DE BASE: Danielle Abreu / Amanda Domingues / Ackemy Bressa

PRODUÇÃO DE ELENCO: Danielle Abreu

CENOGRAFIA/ PRODUÇÃO DE OBJETOS: Amanda Domingues

PRODUÇÃO DE LOCAÇÃO: Ackemy Bressa

SONOPLASTIA/ SONORIZAÇÃO: Danielle Abreu

EDIÇÃO/ FINALIZAÇÃO E AUTORAÇÃO: Danielle Abreu / Fabio Dias

VIDEOGRAFISMO: Fabio Dias

DIRETOR DE FOTOGRAFIA: Fabio Dias

CINEGRAFISTA: Fabio Dias / Danielle Abreu

OPERADOR DE AUDIO: Danielle Abreu

ASSISTENTE TÉCNICA: Danielle Abreu / Amanda Domingues

TRABALHO ESCRITO: Ackemy Bressa/ Danielle Abreu/Amanda Domingues

PRODUÇÃO REDES SOCIAIS: Danielle Abreu (teasers) / Ackemy Bressa

(fotografias)

Danielle Abreu / Ackemy Bressa (textos) / Amanda Domingues (layout)

Page 116: Universo Pin-Up  - Capítulos

128

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Congresso Internacional. 2012

BAZIN, André. What is cinema? Vol. II. 1ª Edição, University of California Press

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BENAKOUCHE, Tamara. Redes Técnicas / Redes Sociais: a pré- história da

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BRIAN, Johnson. The new american Pin-Up –Tattoed e pierced.1ª Edição.

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BUNNY, Yeager; Bunny Yeager´s Pin Up Girls of the 1950s.1ª Edição.

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CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios

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CRUZ, Ana Alëhia Rico.Influência Da Estética Pin-Up Nos Canais Atuais - 1ª

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ECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009

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GARRITY, Bronwyn; VON TEESE, Dita. Burlesque and the art of the teese.

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Informação: História da Internet, Faculdade de Engenharia da Universidade do

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GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as Novas Mídias. 3ª edição. Senac, 2010

HUNT, Tara. O poder das redes sociais: como o Fator Whuffie – seu valor no

mundo digital – pode maximizar os resultados de seus negócios. São Paulo: Editora

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LIPOVETSKY, Gilles. A terceira Mulher – Permanência e revolução do feminino.

1ª Edição. Barcelona, Editora Anagrama S.A. 1999

LIPOVETSKY,Gilles. O Império do Efêmero – A moda e seu destino nas

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MAILER, Norman. Marilyn. Rio de Janeiro. Editora Record, 2013.

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MESQUITA, Cristiane. Moda Contemporânea. Quatro ou cinco conexões

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Desafios Metodológicos. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, 2013.

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PUCCINI, Sergio. Roteiro de documentário: Da pré produção à pós produção. 3ª

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SAGGESE, Antonio Jose. Imaginando a Mulher: Pin-Up, da chérette à Playmate.

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