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UNIVERSIDADE TUIUTÍ DO PARANÁ FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL Maus tratos a animais de estimação no município de Campo Largo-PR, no ano de 2006 Autoras: Flávia Vieira Fernandes Ribeiro Kurzac Regina Izabel Mores Orientadora: Profa. Dra. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns CURITIBA - PR 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTÍ DO PARANÁ

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL

Maus tratos a animais de estimação no município de Campo Largo-PR, no ano de

2006

Autoras: Flávia Vieira Fernandes Ribeiro Kurzac

Regina Izabel Mores

Orientadora: Profa. Dra. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

CURITIBA - PR

2014

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Prof. Dr. Luiz Guilherme Rangel Santos

Reitor da Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. João Henrique Faryniuk

Diretor da Faculdade de Ciência Biológica e da Saúde

Prof.ª Ana Laura Angeli

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Profa . Msc.Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

Coordenadora do Curso de Especialização em Medicina Veterinária Legal

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FLÁVIA VIEIRA FERNANDES RIBEIRO KURZAC

REGINA IZABEL MORES

MAUS TRATOS A ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO MUNICÍPIO DE CAMPO

LARGO-PR, NO ANO DE 2006

Dissertação apresentada ao Departamento de Pós Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito para a obtenção do certificado de conclusão de curso de especialização em Medicina Veterinária Legal.

Orientadora: Profa. Dra. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

CURITIBA - PR

2014

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MAUS TRATOS A ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO MUNICÍPIO DE CAMPO

LARGO-PR, NO ANO DE 2006

Resumo: A Medicina Veterinária Legal é uma área em crescimento, mas pouco se sabe

sobre as estatísticas de maus tratos a animais no Brasil. A mensuração do grau de bem-

estar por um profissional capacitado em bem-estar animal constitui um potencial auxílio

para verificação de enquadramento das situações nas quais se suspeita de maus-tratos.

Assim, o presente estudo propôs-se a realizar um levantamento dos casos de maus tratos

atendidos em uma clínica veterinária na região de Campo Largo, estado do Paraná. Os

resultados obtidos demonstraram que a intoxicação intencional e a negligência são o

tipo de maus tratos mais comumente praticados, tanto em cães como em gatos.

Palavras-chave: Maus tratos. Cães. Gatos. Medicina Veterinária Legal. Intoxicação.

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................. 02

1.1. Revisão de Literatura .................................................................................... 02

1.1.1. Medicina Veterinária Legal no Brasil e no Mundo ............................... 02

1.1.2. Definição de maus tratos ....................................................................... 02

1.1.3. Avaliação de Bem Estar ....................................................................... 03

1.1.4. Traumatologia Forense .......................................................................... 03

1.1.4.1. Conceitos ....................................................................................... 03

1.1.4.2. Agentes Vulnerantes ...................................................................... 04

1.1.4.2.1. Principais Instrumentos Vulnerantes ..................................... 04

1.1.4.2.2. Lesões geradas por instrumentos vulnerantes ........................ 06

1.1.4.2.3. Outras lesões e agentes vulnerantes físicos e químicos ......... 14

1.1.4.3. Legislação Vigente ........................................................................ 18

2. Material e Método ..................................................................................................... 19

3. Resultados ................................................................................................................. 20

4. Discussão .................................................................................................................. 34

5. Conclusão ………………………………………………………………………….. 36

6. Referências Bibliográficas ……………………………………………………….... 37

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1. INTRODUÇÃO

1.1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1.1. Medicina Veterinária Legal no Brasil e no Mundo

A Medicina Veterinária Legal, especialidade reconhecida pela Resolução CFMV

nº 756, de 17 de outubro de 2003, pode ser conceituada como a ciência que ensina a

aplicação de todos os ramos da medicina veterinária aos fins da lei. Envolve a atuação

do médico veterinário como perito, assistente técnico, consultor ou auditor (ABMVL,

2014).

1.1.2. Definição de maus tratos

A legislação brasileira protege os animais domésticos, os pertencentes à fauna

brasileira, os exóticos e os animais de trabalho ou produção desde 1934, data do Decreto

nº 24.645, de junho daquele ano.

Posteriormente, a Lei Federal de Crimes Ambientais nº 9605 de 16/02 de 1998

reforçou o decreto de 1934 e especificou violações e penalidades para aqueles que

praticam crimes contra os animais. Segundo o artigo 32 desta lei, “praticar ato de

abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados,

nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”

Esta mesma lei também prevê como crime o abandono de animais e a prática de

experimentos científicos que incorram no sofrimento do animal.

Na bibliografia consultada não foi possível encontrar estatísticas sobre o número

de animais que sofrem maus-tratos no Brasil.

Assim, caracterizam maus-tratos o envenenamento; a manutenção de animais em

locais sem condições de higiene e luminosidade; o confinamento em locais pequenos,

desproporcionais ao porte do animal ou que restrinjam sua movimentação; a

manutenção de animais permanentemente presos a correntes; golpear, ferir, torturar e/ou

mutilar animais; a utilização em espetáculos que gerem pânico, estresse ou sofrimento;

o abandono; agressão física e a privação de água, alimento ou cuidados necessários à

boa saúde do animal (Art. 32, da Lei Federal n.º 9.605 de 1998; Art. 3º do Decreto

Federal 24.645/34).

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1.1.3. Avaliação de Bem Estar

A mensuração do grau de bem-estar por um profissional capacitado em bem-

estar animal constitui um potencial auxílio para verificação de enquadramento das

situações nas quais se suspeita de maus-tratos. Especialmente relevante nesse sentido é

o fato de que bem-estar animal pode ser medido de forma objetiva, por meio de um

conjunto de indicadores (BROOM e MOLENTO, 2004) elencados a seguir.

Liberdade nutricional: Comer e beber são os comportamentos naturais que tem

maior efeito na sobrevivência de um indivíduo. Portanto, as avaliações inseridas na

liberdade nutricional buscam identificar a presença de fome, sede e subnutrição.

(KYRIAZAKIS E TOLKAMP, 2011).

Liberdade ambiental: A avaliação da liberdade ambiental busca identificar se o animal

está livre de desconforto por meio de informações do ambiente, como presença de

abrigo e superfícies de contato com o animal (HAMMERSCHMIDT, J. 2012).

Liberdade sanitária: Umas das mais óbvias e sólidas mensurações de bem-estar

(DAWKINS, 2003), a avaliação da liberdade sanitária busca identificar se o animal está

livre de dor, doenças e ferimentos por meio de informações de avaliação física e

questionamentos realizados ao proprietário.

Liberdade comportamental: A avaliação da liberdade comportamental busca

identificar se o animal está livre para executar o seu comportamento natural por meio de

informações referentes ao ambiente que lhe é oferecido e por mensurações diretas do

comportamento animal.

Liberdade psicológica: As observações referentes à liberdade psicológica

objetivam avaliar a reatividade do animal ao ambiente e às pessoas, na tentativa de

identificar medo e distresse. Tanto a avaliação de qualidade de vida de seres humanos

quanto a literatura envolvendo bem-estar animal sugerem abordagens de caráter mental

e de parâmetros externos ao animal. O medo pode ser definido como uma sensação de

desconforto ou constrangimento causada pela proximidade de um objeto ou indivíduo

em particular (BEAVER, 1994).

1.1.4. Traumatologia Forense:

1.1.4.1. Conceitos

Traumatologia forense é o ramo da Medicina Legal que estuda a ação de uma

energia externa sobre o organismo do indivíduo, ou seja, estuda as lesões e estados

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patológicos, imediatos ou tardios, produzidos sobre o corpo do indivíduo, visando

elucidar a dinâmica dos fatos (EÇA, A. J.; 2003; LUIZ, C.; 2006; DOUGLAS, W.;

KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001; ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO,

V.; 1997).

Trauma é o resultado da ação vulnerante que possui energia capaz de produzir a

lesão (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001); ou seja, é

a atuação de uma energia externa (exógena) sobre o indivíduo, suficientemente intensa

para provocar desvio perceptível da normalidade ou apenas alterar o funcionamento do

organismo (BITTAR, N.; 2014; LUIZ, C.; 2006; MARTINS, C. L.; 2006).

Lesão é a alteração estrutural, temporária ou permanente, proveniente de

agressão ao organismo, visível macroscopicamente ou apenas ao microscópio, seja qual

for a etiologia (EÇA, A. J.; 2003; BITTAR, N.; 2014).

Agentes de lesão são todos os instrumentos ou meios que atuam no organismo

produzindo lesão (BITTAR, N.; 2014; ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997).

1.1.4.2. Agentes Vulnerantes

Os diversos tipos de energias ou agentes vulnerantes (que afetam o organismo)

são classificados, conforme sua natureza em (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.;

1997):

- Meios mecânicos (ou instrumentos);

- Meios físicos (energia térmica, elétrica, luminosa, sonora, radiação ionizante, pressão

atmosférica);

- Meios químicos (substâncias cáusticas ou corrosivas, venenos);

- Meio físico-químico (asfixia);

- Meio bioquímico (inanição).

1.1.4.2.1. Principais Instrumentos Vulnerantes

Os diversos meios mecânicos ou instrumentos vulnerantes são os principais

causadores de lesões corporais (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997). Estes

instrumentos estão classificados, segundo a sua forma de atuação, em:

a) Instrumentos perfurantes: São instrumentos que transferem energia cinética por meio

de uma ponta afiada, que afasta as fibras dos tecidos por pressão para dar passagem a

sua haste, que não possui arestas ou gumes que possam seccionar os tecidos (BITTAR,

N., 2014). Note-se que, se a ponta não for afiada, o instrumento será perfuro-

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contundente, e se a sua haste tiver algum lado que seccione as fibras dos tecidos ao

penetrar, ele será perfuro-cortante (BITTAR, N., 2014). Podem atuar de forma ativa,

quando atingem o corpo em repouso, e de forma passiva, quando o corpo em

movimento se choca contra o instrumento (EÇA, A. J.; 2003). Ex: Adaga, agulha,

flecha, prego, estaca, etc (BITTAR, N., 2014).

b) Instrumentos cortantes: objetos dotados de lâmina apresentando fio, lume ou corte

(DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001). Atuam pelo

deslizamento e leve pressão de uma lâmina sobre uma linha, seccionando os tecidos,

causando ferida incisa (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997). Ex. lâmina de

barbear, bisturi, navalha, faca.

c) Instrumentos contundentes: objetos rombudos que atuam pela transferência da

energia cinética para o corpo por meio de uma superfície, produzindo lesão contusa

(BITTAR, N., 2014; DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G.,

2001)). A transmissão de energia pode se dar por compressão, descompressão, tração,

deslizamento (ação tangencial), percussão, explosão e torção, podendo causar

esmagamento de tecidos e rompimento de vasos sanguíneos e linfáticos (BITTAR, N.,

2014). A ação pode ser direta, quando lesa os tecidos no ponto de contato com o corpo,

ou indireta (contragolpe), quando a lesão ocorre no lado oposto, como nas contusões na

cabeça, em que o cérebro ainda está parado quando a parte óssea (calota craniana) se

desloca por força do golpe (BITTAR, N., 2014; LUIZ, C.; 2006). O cérebro então

ricocheteia nessa caixa óssea, rompendo os vasos do lado oposto ao da incidência do

golpe. Ex: pau pedra, martelo, porrete, solo, pedra arremessada (BITTAR, N., 2014).

d) Instrumentos corto-contundentes: objetos pesados, com superfície de corte,

impulsionados pelo membro do agressor (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A.

V.; DUQUE, F. G., 2001). Associam os mecanismos de ação dos instrumentos cortantes

e contundentes (EÇA, A. J.; 2003). Ex. facão, enxada, machado, foice;

e) Instrumentos perfuro-contundentes: atuam sobre o alvo contundindo-o e perfurando-o

(DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001). Associam os

mecanismos de ação dos instrumentos perfurantes e contundentes. Ex. projétil de arma

de fogo.

f) Instrumentos perfuro-cortantes: Transferem sua energia cinética por pressão, através

de uma ponta, e por deslizamento, por meio de um ou mais gumes que seccionam os

tecidos, produzindo lesão perfuroincisa (BITTAR, N., 2014). Portanto, associam os

mecanismos de ação dos instrumentos perfurantes e cortantes (MARTINS, C. L.; 2006).

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Tais instrumentos podem ter: um gume, como a faca de cozinha e o canivete, dois

gumes, como o punhal, a baioneta e a espada, e mais de dois gumes, como certos tipos

de lima (BITTAR, N., 2014).

1.1.4.2.1. Lesões geradas por instrumentos vulnerantes

Cada tipo de agente vulnerante registra sua ação no corpo, deixando impressas

suas características (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997). Os principais tipos

de lesão traumática são:

a) Lesões contusas ou contundentes - Frutos da ação dos instrumentos

contundentes (LUIZ, C.; 2006). As feridas contusas, em geral, caracterizam-se pela

solução de continuidade (esgarçamento) que atinge todos os planos da pele e tecido

celular subcutâneo (BITTAR, N., 2014), hemorragia difusa e pouco intensa, cicatriz

larga e irregular, dependendo da forma do agente vulnerante utilizado (GOMES, H.;

1968). Entre estas lesões encontramos:

a.1. Equimose - infiltração hemorrágica dos tecidos, sem formar coleções, mas

interpenetrando na malha tissular (EÇA, A. J.; 2003). Reveste-se de particular

importância, pois sua forma, com frequência, denuncia o instrumento e sua coloração é

precioso indicador da idade da lesão (Espectro Equimótico de Legrand du Saulle),

conforme descrito na tabela abaixo (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.;

DUQUE, F. G., 2001).

_________________________________________________

Espectro equimótico Tempo para surgimento da cor

cor vermelho escura minutos à horas

cor violácea 2 a 3 dias

cor azulada 3 a 6 dias

cor esverdeada 6 a 10 dias

cor amarelada 10 a 15 dias

cor amarelada 16 a 20 dias

_________________________________________________

A equimose, de acordo com a forma, recebe diferentes denominações:

Petéquias Sugilação Sufusão

Pontos avermelhados do

tamanho da cabeça de

um alfinete.

Pontos avermelhados

agrupados (conjunto de

petéquias).

Mancha arroxeada

consequente a sagramento

mais intenso.

(BITTAR, N., 2014)

As equimoses podem aparecer no próprio local da lesão ou a distancia, como na

compressão cervical nos casos de esganadura, em que se formam petéquias na

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conjuntiva ocular (MARTINS, C. L.; 2006). Isso ocorre porque a compressão cervical

pode obliterar as veias que conduzem o sangue que retorna da cabeça, sem afetar a sua

chegada pelas artérias, aumentando a pressão dentro dos vasos da região (BITTAR, N.,

2014).

Com o passar dos dias, as equimoses mudam de cor até desaparecerem, pois o

sangue extravasado para os tecidos vai sendo reabsorvido (BITTAR, N.; 2014). Durante

esse processo, os glóbulos vermelhos se rompem e a hemoglobina contida dentro deles

passa por uma sequência de transformações que ocasionam a mudança de cor até a

resolução total da lesão (BITTAR, N.; 2014).

São exceções as equimoses conjuntivais e as da bolsa escrotal, que permanecem

vermelhas até a cura, e as equimoses de couro cabeludo recentes, no caso de seres

humanos, que são de cor vermelho-escuro, sendo o contorno amarelado se mais antigas

(BITTAR, N.; 2014; LUIZ, C.; 2006).

Quando a vitima morre logo depois dos golpes, as equimoses mantém a cor

original, pois não há reabsorção do sangue (BITTAR, N.; 2014).

Este tipo de lesão tem valor médico legal importante, pois demonstram que

havia vida no momento do traumatismo, pois o extravasamento de sangue depende de

haver circulação (MARTINS, C. L.; 2006). Além disso, podem identificar o agente

causador, quando tomam o seu formato, sugerir o tipo de agressão pela localização e

distribuição no corpo e ainda permitem identificar o tempo decorrido da agressão pelo

exame da coloração (BITTAR, N., 2014).

a.2. Hematoma - coleção líquida sanguínea na intimidade de tecidos moles, decorrente

do extravasamento de um vaso sanguíneo calibroso, sem que ocorra a difusão do sangue

pela malha dos tecidos (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G.,

2001; EÇA, A. J.; 2003). É o sangue extravasado dos vasos rompidos pelo traumatismo

que afasta os tecidos e ocupa espaço próprio, formando uma cavidade, só infiltrando nos

tecidos ao redor da lesão (BITTAR, N., 2014). A contusão representada pelo hematoma

é mais profunda do que a equimose, em geral produz relevo na pele e tem delimitações

mais ou menos nítidas (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G.,

2001; LUIZ, C.; 2006). Seu tempo de reabsorção é muito variável, dependendo

fundamentalmente das dimensões (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997). Se o

hematoma ocorrer internamente, como por exemplo, dentro da cabeça, pode ser fatal

(BITTAR, N., 2014).

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a.3. Bossas sanguíneas ou linfática e hemática - coleção de líquido seroso ou

serossanguinolento decorrente de compressão prolongada (BITTAR, N., 2014). Figura

como uma saliência bem pronunciada na superfície cutânea (DOUGLAS, W.;

KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001). Pode decorrer de traumatismo ou

de um processo fisiológico (BITTAR, N., 2014). Como para se formar a bossa tem de

haver circulação de sangue, a sua presença atesta que o indivíduo estava vivo durante o

ocorrido (BITTAR, N., 2014). Logo, é a compressão prolongada, principalmente de

regiões em que há um contra plano ósseo, como cabeça, que represa o sangue dentro

dos vasos da região provocando a saída de líquido por causa do aumento de pressão

dentro deles (BITTAR, N., 2014). Reabsorve-se em 24 horas (bossa linfática) ou mais

de 20 dias - bossa sanguínea.

a.4. Escoriação - exposição da derme por arrancamento traumático da epiderme

(ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997), resultado da ação tangencial dos meios

contundentes (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001).

No indivíduo vivo, forma-se uma crosta parda avermelhada na zona escoriada em

decorrência da exsudação no local, que vai secando (BITTAR, N., 2014). Depois da

primeira semana, essa crosta começa a descolar a partir da periferia, destacando-se na

segunda semana de evolução (MARTINS, C. L.; 2006). Resulta em cicatriz de cor rósea

esbranquiçada, chamada marca de escoriação, que desaparece com o passar do tempo

(BITTAR, N., 2014). Portanto, o aspecto da crosta pode permitir a avaliação do tempo

de evolução, e sua forma e localização podem dar indícios do tipo de agressão

(BITTAR, N., 2014). No cadáver, como não há eliminação de secreção pela zona

escoriada, uma vez que não há circulação, nem reação inflamatória, não se forma crosta,

ficando a região com aspecto apergaminhado em virtude da maior desidratação local,

pois a solução de continuidade da pele permite uma evaporação mais rápida da água

(BITTAR, N., 2014).

a.5. Lesões profundas - a mesma energia que lesa as estruturas superficiais do corpo

humano, pode ser transmitida às estruturas profundas (EÇA, A. J.; 2003; GOMES, H.;

1968). Dependendo de sua intensidade, da resistência natural das estruturas profundas e

da sua condição momentânea, fisiológica ou patológica, a energia transmitida pode ser

suficiente para dar causa a lesões das estruturas profundas - esmagamentos, entorses,

fraturas ósseas, luxações, rupturas ou contusões de órgãos internos, encravamento,

empalhamento (LUIZ, C.; 2006).

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Esmagamento: Resulta de lesão de todos os planos de um segmento do corpo,

inclusive dos ossos, por agente vulnerante dotado de grande massa e excessiva energia

cinética (MARTINS, C. L.; 2006). Quando há destruição extensa de tecidos, com

liberação de substâncias nocivas aos rins, que levam a morte por insuficiência renal,

chamamos de Síndrome do esmagamento ou Sindrome de Crush (BITTAR, N.; 2014).

Entorse: É o estiramento da cápsula de uma articulação, com ou sem ruptura dos

ligamentos (BITTAR, N.; 2014).

Luxação: É o deslocamento permanente das superfícies articulares dos ossos de

uma articulação, total ou parcial (BITTAR, N.; 2014).

Fratura: É a solução de continuidade do osso, causada por ação direta ou indireta

do agente contundente, como, por exemplo, flexão exagerada, torção, arrancamento ou

esmagamento (BITTAR, N.; 2014).

Rupturas viscerais: Ocorrem por impacto sobre o tórax ou abdome, mais

frequentes neste último porque não há proteção de ossos como no tórax, ou por

compressão forte e progressiva (BITTAR, N.; 2014). O estado fisiológico ou patológico

dos órgãos pode favorecer o rompimento no momento do impacto:

Órgãos ocos Órgãos maciços

Rompem com maior facilidade quando

estão cheios e com parede distendida.

Ex.: bexiga.

Ficam mais vulneráveis quando aumentados

de volume ou friáveis por doença.

Ex.: fígado e baço

(BITTAR, N., 2014)

Também a descompressão gerada por queda de certa altura ou desaceleração

brusca lesa os órgãos pela tração gerada no momento em que o corpo pára, mas os

órgãos ainda estão em movimento, forcando e rompendo nos pontos em que estão fixos

(BITTAR, N., 2014; MARTINS, C. L.; 2006).

Encravamento: lesão produzida pela penetração (com permanência) de objeto

afiado em qualquer parte do corpo (BITTAR, N., 2014).

Empalamento: caracteriza-se pela penetração de objeto no ânus ou no períneo

(BITTAR, N., 2014).

b) Lesões incisas (feridas incisas ou cortantes) – causadas por instrumentos cortantes

(ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997; EÇA, A. J.; 2003). Apresentam bordas

regulares e predomínio da extensão sobre a profundidade (BITTAR, N., 2014). Essas

feridas são mais profundas no terço inicial, superficializando-se a seguir, para terminar

em uma escoriação linear ao longo da epiderme, chamada de cauda de escoriação

(BITTAR, N., 2014; MARTINS, C. L.; 2006). Dessa forma, a cauda de escoriação

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aponta para o final do movimento do instrumento, podendo indicar se o agressor é

destro ou canhoto, após a reconstituição do crime, que vai evidenciar as posições do

agressor e da vítima no momento dos golpes ((LUIZ, C.; 2006). Algumas feridas incisas

recebem nomes especiais dependendo da localização (BITTAR, N., 2014):

Esgorjamento - lesão profunda na parte anterior e laterais do pescoço.

Degola - lesão profunda na parte posterior do pescoço.

Decapitação - secção total do pescoço.

Esquartejamento - separação do corpo em quatro partes.

Espostejamento - separação do corpo em diversas partes irregulares.

No cadáver, as feridas são menos abertas porque os tecidos são menos elásticos

e, nas feridas profundas, a retração dos planos musculares está diminuída por causa da

rigidez cadavérica (BITTAR, N., 2014).

No pescoço, a retração é muito grande e, nas regiões palmares e plantares, é

muito pequena, gerando dúvidas quanto a terem sido feitas antes ou depois da morte

(BITTAR, N., 2014).

No individuo vivo, o sangue infiltra os tecidos atingidos, enquanto no morto, por

não haver circulação de sangue, isso não ocorre, podendo a lavagem com água eliminar

qualquer resíduo de sangue existente na ferida feita apos a morte (BITTAR, N., 2014).

Nos ferimentos feitos em vida, embaixo da água, a infiltração de sangue pode ser

discreta (BITTAR, N., 2014).

A gravidade da lesão depende da região atingida, assim como as deformidades

resultantes (BITTAR, N., 2014).

c) Lesões perfurantes - causadas por instrumentos punctórios, finos, alongados e

pontiagudos, de diâmetro reduzido (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.;

DUQUE, F. G., 2001). Há marcado predomínio da dimensão profundidade sobre as

dimensões de superfície - comprimento e largura (LUIZ, C.; 2006). Sua forma é

definida pelas linhas de força da pele do local e pelo calibre e forma do instrumento

(EÇA, A. J.; 2003). Costuma ser circular, elíptica ou triangular (ALVES, D.; XAVIER,

S.; HUGO, V.; 1997).

Instrumentos perfurantes de pequeno calibre: Produzem feridas punctórias, isto

é, um ponto com profundidade variável dependendo da intensidade de penetração

(MIRABETE, J. F.; 2000). Tem-se como exemplos a agulha e o alfinete. A elasticidade

da pele fecha o orifício deixado pelo instrumento, uma vez que as fibras não são

cortadas, apenas afastadas (BITTAR, N., 2014).

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Instrumentos perfurantes de médio calibre: Causam feridas em fenda ou em

botoeira, com bordas regulares e simétricas, que assumem a direção das linhas de força

da pele, como ocorre com o furador de gelo e o estilete (BITTAR, N., 2014). Enquanto

o instrumento perfurante de médio calibre está fincado no corpo da vitima, o orifício de

entrada é circular (BITTAR, N., 2014). Ao ser retirado, a ferida sofre a ação das linhas

de força da pele tomando forma alongada, semelhante à causada pelo instrumento

perfurocortante de dois gumes (punhal) ou forma de botoeira, como a produzida pelo

instrumento de apenas um gume – faca (BITTAR, N., 2014).

Em uma região cujas linhas de força da pele tenham a mesma direção, todas as

lesões provocadas por instrumento perfurante de médio calibre serão tracionadas da

mesma forma, ficando com o mesmo aspecto e com a mesma direção, portanto paralelas

(BITTAR, N., 2014).

Quanto à profundidade, as lesões podem ser superficiais, penetrantes, ou

transfixantes, quando o instrumento entra por um lado e sai pelo outro (BITTAR, N.,

2014).

Os ferimentos causados por instrumentos perfurantes de calibre médio devem

ser cuidadosamente diferenciados dos produzidos por instrumentos perfurocortantes

(BITTAR, N., 2014).

d) Lesões perfuro-incisas ou perfuro-cortantes - produzidas por instrumentos que

possuem ponta e gume como faca, punhal, lima, entre outros (EÇA, A. J.; 2003). Há

predomínio da profundidade, em uma das extremidades, sobre a extensão, daí a

gravidade dessas lesões em função do grau de penetração do instrumento no corpo

(BITTAR, N., 2014). Instrumentos perfuro-cortantes com um gume geram lesão em

botoeira, que tem aspecto de fenda com um ângulo agudo e outro arredondado,

enquanto o de dois gumes produz fenda com os dois ângulos agudos (BITTAR, N.,

2014).

As feridas causadas são parecidas, mas quando houver torção do instrumento,

antes de retirado do corpo atingido, a borda onde torceu o gume apresenta um corte

adicional, denominado entalhe, que vai permitir identificar o número de gumes, pois só

há entalhe no lado em que existir gume cortante (BITTAR, N., 2014).

e) Lesões corto-contusas ou corto-contundentes - podem assumir os mais variados

aspectos, mas têm como características constantes os bordos irregulares e contundidos,

frequentemente lineares (LUIZ, C.; 2006). São as feridas geradas por ações mutilantes

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(LUIZ, C.; 2006). As feridas com retalhos também são exemplos destas lesões (LUIZ,

C.; 2006).

f) Lesões perfuro-contusas ou perfuro-contundentes - são as lesões tipicamente

provocadas por projéteis de arma de fogo (FRANÇA, G. V.; 2008).

Os projéteis de arma de fogo são animados por movimentos que determinam as

características das lesões perfuro-contundentes (FRANÇA, G. V.; 2008). Um dos

movimentos é o de rotação, exclusivo dos projéteis de armas de cano raiado, que

consiste na rotação do projétil em torno de seu eixo longitudinal - responsável pela

estabilidade da trajetória externa (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO, V.; 1997). As

lesões produzidas pelo disparo de arma de fogo são decorrência de ação hidráulica ou

explosiva do projétil, em consequência das ondas de choque que se propagam em

função do elevado teor líquido dos tecidos do corpo atingido (FRANÇA, G. V.; 2008).

Em uma lesão perfuro-contundente pode-se observar também um segundo

mecanismo de lesão, que é a formação de projéteis secundários pela fragmentação do

projétil ou pelo estilhaçamento de estruturas ósseas atingidas (EÇA, A. J.; 2003).

Os disparos de armas de fogo podem gerar lesões do tipo (FRANÇA, G. V.;

2008):

f.1. Tangenciais - que provocam apenas escoriações na área dérmica atingida;

f.2. Perfurantes - que penetram e permanecem no corpo e

f.3. Transfixantes - que apresentam orifício de entrada, trajeto da lesão e orifício de

saída. As lesões transfixantes com orifícios de entrada e de saída promovem a formação

de lesões diferenciadas entre eles e ao longo do trajeto do projétil, conforme descrito a

seguir:

f. I. Ferida de entrada

É a lesão produzida pelo projétil ao penetrar no corpo (GOMES, H.; 1968;

MARTINS, C. L.; 2006). Suas características são:

- forma: circular, quando o projétil incide perpendicularmente e geralmente ovalada

quando o faz obliquamente;

- dimensões: diâmetro transverso menor que o calibre do projétil;

- bordos invertidos: os bordos da ferida habitualmente encontram-se voltados para

dentro;

- orla de contusão e enxugo: a ferida apresenta margens escoriadas e coradas por

impurezas como óleo e resíduos de pólvora, que são carregados pelo projétil e dos quais

ele se limpa ao atravessar a pele;

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- orla de chamuscamento: área de queimadura da pele produzida pelos gases aquecidos

expelidos pela boca da arma (MIRABETE, J. F.; 2000). Presente apenas nos tiros de

curta distância ("queima roupa");

- zona de esfumaçamento: área da pele em que há deposição de fuligem expelida pela

arma (MARTINS, C. L.; 2006). Removível pela lavagem com água e presente apenas

nos tiros de curta distância (FRANÇA, G. V.; 2008);

- zona de tatuagem de pólvora: pequenas partículas de pólvora incombusta ou

parcialmente queimada são expelidos pela arma, logo atrás do projétil e podem se

incrustar na pele em torno do orifício de entrada (MARTINS, C. L.; 2006). É um dos

elementos mais úteis na determinação da direção do tiro (FRANÇA, G. V.; 2008). Não

é removível por lavagem e também só se faz presente nos tiros de curta distância

(FRANÇA, G. V.; 2008);

- câmara de mina ou buraco de mina: quando o disparo é feito com a boca da arma

encostada na pele, os gases e resíduos expelidos penetram pelo orifício feito pelo

projétil. Os gases se expandem e retornam pelo mesmo caminho, dilacerando e

revirando os bordos da ferida de dentro para fora (FRANÇA, G. V.; 2008). Tal fato

confere ao ferimento um aspecto que lembra o solo revolto pela explosão de mina

subterrânea (FRANÇA, G. V.; 2008). Logicamente, neste tipo de ferida, a zona de

tatuagem de pólvora não será encontrada na superfície externa e sim na intimidade dos

tecidos internos (LUIZ, C.; 2006). A presença ou ausência dos elementos buraco de

mina, chamuscamento, esfumaçamento e tatuagem de pólvora permitem classificar os

tiros, quanto à distância com que são disparados, em: tiro encostado (quando presente o

aspecto em buraco de mina), tiro próximo (quando presentes chamuscamento,

esfumaçamento ou tatuagem de pólvora) e tiro à distância - quando ausentes estes

elementos (FRANÇA, G. V.; 2008). A distância que corresponde a cada um desses tipos

de tiros varia em função da arma e da munição utilizadas, mas é relativamente fixa para

a mesma arma e munição (LUIZ, C.; 2006). Chega a um máximo de 70 cm para as

armas civis (MARTINS, C. L.; 2006).

f. II. Trajeto do projétil

É o caminho que une a lesão de entrada e a de saída ou o local onde o projétil se

aloja (EÇA, A. J.; 2003; FRANÇA, G. V.; 2008). Pode ser penetrante, quando termina

em fundo cego ou fundo de saco no qual se aloja o projétil ou transfixante, quando

presente lesão de saída (MIRABETE, J. F.; 2000). Nem sempre é retilíneo, podendo

assumir as formas mais caprichosas em função dos desvios causados pelas variadas

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resistências oferecidas pelos tecidos que atravessa. Os desvios de trajeto são também

função inversa da energia cinética do projétil, a qual depende de sua massa e velocidade

(GOMES, H.; 1968).

f. III. Ferida de saída

É a lesão produzida pelo projétil em sua saída do corpo (LUIZ, C.; 2006). Suas

características são: forma variada em função das deformações sofridas pelo projétil ao

se impactar contra diversas estruturas internas; dimensões maiores ou menores,

dependendo do sítio de saída, que as do orifício de entrada também em função da

deformação do projétil; bordos evertidos e maior sangramento em função da eversão

dos bordos (FRANÇA, G. V.; 2008).

Para elucidação de cada caso, devem ser analisadas a localização e a forma das

lesões (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001). Ainda,

as lesões podem ser “intra vitam” (vítima viva, quando cobrem-se de camada sero-

albuminosa, sangue, crostas) ou “post mortem” - quando não há mais sinais vitais,

resultando em escoriações - por exemplo, o fenômeno do pergaminhamento como couro

ou pergaminho (DOUGLAS, W.; KRYMCHANTOWKI, A. V.; DUQUE, F. G., 2001).

1.1.4.2.3. Outras lesões e agentes vulnerantes físicos e químicos

Os agentes físicos e químicos podem gerar as seguintes lesões traumáticas:

Termonoses - resultado da ação do calor difuso e menos intenso. Pode ser

insolação (por exposição ao sol) ou intermação - por outras fontes de calor

(ESPÍNDULA, A.; 2006).

Queimaduras - resultado da ação de fonte localizada de calor intenso (GOMES,

H.; 1968). Para a qualificação e quantificação das queimaduras, a Medicina Forense

considera as duas seguintes classificações (MARTINS, C. L.; 2006):

- área corporal atingida (Regra dos Noves de Pulaski e Tennisson), que serve para a

caracterização do perigo de vida (quando a extensão da queimadura é superior a 50% da

área corporal, a morte pode ocorrer entre 6 e 16 h);

- grau da lesão (Hoffmann), que caracteriza a profundidade da queimadura (produzida

"in vitam") em 4 graus (EÇA, A. J.; 2003; MIRABETE, J. F.; 2000; MARTINS, C. L.;

2006):

1º grau: Apenas a epiderme é afetada. Caracteriza-se pela presença de eritema

simples (sinal de Christinson), uma reação vital que não deixa cicatrizes. A coagulação

fixa o eritema após a morte;

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2º grau: Há comprometimento da derme. Caracteriza-se pela formação de

vesículas ou flictemas, com líquido amarelo claro em seu interior (sinal de Chambert),

perda de líquido e da barreira natural de proteção contra a invasão bacteriana. No

cadáver estão frequentemente marcadas, formando placas apergaminhadas;

3º grau: A lesão atinge até os planos musculares, com coagulação necrótica de

tecidos moles, formando escaras e destruição da derme, com perda tecidual importante.

A cicatrização se dá por segunda intenção, deixando cicatrizes proeminentes;

4º grau: Ocorre carbonização parcial ou total do tecido ósseo, com redução do

volume do cadáver, retração dos tecidos moles (riso sardônico) e/ou flexão dos

membros.

Geladuras - lesões produzidas pela exposição a temperaturas extremamente

baixas, muito parecidas com as das queimaduras (ALVES, D.; XAVIER, S.; HUGO,

V.; 1997). A ação generalizada do frio não produz lesões típicas (ESPÍNDULA, A.;

2006). Assim, podem ocorrer: alterações do sistema nervoso central, sonolência;

fraqueza geral; anestesia; convulsão e morte (GOMES, H.; 1968).

Lesões elétricas - são chamadas, quando resultantes de eletricidade cósmica,

fulguração (se há sobrevivência da vítima) ou fulminação - se resulta em morte

(MARTINS, C. L.; 2006). Quando se trata de eletricidade artificial, usam-se os termos

eletrocussão para o evento fatal e eletroplessão para o não fatal (MARTINS, C. L.;

2006).

Dentre as lesões, destacamos as principais:

1) marca elétrica de Jellinek: Lesão de pele de forma circular, elíptica ou estrelada, de

consistência endurecida, bordas altas, tonalidade branco-amarelada - encontrada no

ponto de entrada da corrente (GOMES, H.; 1968);

2) queimadura (escara negra, apergaminhada, de bordas nítidas). Pode ser cutânea,

muscular, óssea e visceral; dependendo do efeito térmico (a passagem de corrente

elétrica através de condutor determina calor) e da Lei de Joule - o calor desenvolvido

por uma corrente elétrica é proporcional à resistência do condutor, ao quadrado da

intensidade e ao tempo durante o qual passa pelo condutor (MIRABETE, J. F.; 2000);

3) surdez, quase sempre unilateral;

4) cegueira, que pode ser reversível (lesão do nervo óptico e catarata);

5) morte, que pode ocorrer por asfixia, acidente vascular cerebral, parada cardíaca ou de

maneira indireta pelo traumatismo.

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Vitriolagem - Vitríolo era o nome empregado para o ácido sulfúrico

(ESPÍNDULA, A.; 2006). Atualmente o termo vitriolagem é empregado para todas as

lesões causadas por substâncias cáusticas ou corrosivas (GOMES, H.; 1968). Os

cáusticos podem produzir 2 tipos de efeitos:

1) efeito coagulante: Desidratação dos tecidos e coagulação das proteínas, produzindo

escaras endurecidas de tonalidades diversas (ESPÍNDULA, A.; 2006). Exemplos: ácido

sulfúrico (escaras inicialmente esbranquiçadas, negras depois); ácido nítrico (escaras

amareladas, podendo causar combustão espontânea); ácido clorídrico (escaras cinza-

escuro); formol (pele apergaminhada, unhas frágeis).

2) efeito liquefacente: Dissolução dos tecidos e saponificação das gorduras, produzindo

escaras úmidas, translúcidas, amolecidas e untuosas (ESPÍNDULA, A.; 2006).

Exemplos: hidróxido / carbonato de potássio; soda cáustica (hidróxido/ carbonato de

sódio).

A importância do estudo dessas lesões decorre da possibilidade de, pelas suas

características, determinar a gravidade da lesão, identificar a substância tóxica e

diferenciar lesões produzidas "in vitam" e "post mortem" (GOMES, H.; 1968).

Asfixia: causada por energias de ordem fisico-química, que por ação mecânica e

alteração bioquímica podem levar o indivíduo a morte de três modos: impedindo a

circulação do ar nas vias aéreas (anóxia de ventilação); inibindo as trocas gasosas

(hematose) nos alvéolos pulmonares (anóxia anêmica ou anóxia de circulação) e

inibindo a respiração celular - anóxia tissular (ESPÍNDULA, A.; 2006; MARTINS, C.

L.; 2006). Nas asfixias mecânicas, em geral, existem certos sinais que, em conjunto,

permitem seu diagnóstico (MIRABETE, J. F.; 2000):

1) Sinais externos: manchas de hipostase (de tonalidade escura, são precoces e

abundantes); congestão da face (máscara equimótica, por estase mecânica da veia cava

superior); equimoses da pele e das mucosas (arredondadas, de pequenas dimensões,

formando agrupamentos); fenômenos cadavéricos (livores mais extensos, mais escuros

e mais precoces; algor de instalação mais lenta; rigor mais lento, mais intenso e mais

prolongado; putrefação mais precoce e acelerada; cogumelo de espuma (bola de finas

bolhas de espuma que cobre a boca, as narinas e o trato respiratório - mais comum no

afogado e no edema agudo de pulmão); projeção da língua e exoftalmia - presente

também na fase gasosa da putrefação (GOMES, H.; 1968).

2) Sinais internos: manchas de Tardieu (equimoses viscerais - pulmões e coração);

alterações sanguíneas (tonalidade escura, viscosidade diminuída, pH ácido;

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hiperglicemia); congestão polivisceral (fígado, mesentério, etc.); distensão e edema

pulmonar (LUIZ, C.; 2006).

3) Sinais de violência: indicativos da modalidade de asfixia (GOMES, H.; 1968).

Segundo GOMES, H.; 1968, as asfixias mecânicas podem ser classificadas em:

1) asfixias puras: manifestadas pela anoxemia e hipercapneia;

a) asfixias em ambientes por gases irrespiratórios: confinamento (lesões produzidas em

ações desesperadas da vitima); asfixia por monóxido de carbono (presença de carboxi-

hemoglobina – mucosas de cor cereja) e asfixias ambientais;

b) asfixias por obstáculos a penetração do ar nas vias respiratórias: sufocação direta

(oclusão externa ou obstrução por corpo estranho); sufocação indireta (por compressão

do tórax / crucificação) - Os sinais são caracterizados pelo aspecto do cadáver (posição

da cabeça, face branca ou arroxeada, língua cianótica e projetada, protrusão ocular,

otorragia, orelha violácea, etc.); sulco do pescoço; sufusões hemorrágicas no pescoço;

equimoses retrofaríngeas; lesões vasculares, da laringe (fratura do osso hioide e das

cartilagens tireoide e cricoide, rotura das cordas vocais) e da coluna vertebral (fraturas e

luxações das vértebras);

c) asfixias por meios líquidos (afogamento - os sinais cadavéricos do afogado real (azul)

estão caracterizados por: temperatura baixa da pele; pele anserina; retração dos

mamilos, saco escrotal e pênis; maceração da epiderme; livores hipostáticos de

tonalidade rósea; cogumelo de espuma; equimoses da face e conjuntivas; mancha verde

de putrefação; embebição cadavérica e lesões "post mortem" produzidas por animais

aquáticos; presença de líquidos nas vias respiratórias, tubo digestivo e ouvido médio;

presença de corpos estranhos (plâncton); enfisema aquoso (entrada de água obstruindo a

saída de ar); diluição e fluidez do sangue; manchas de Paltauf (hemólise aquosa das

manchas de Tardieu); hemorragias temporal e etmoidal; hidremia em coração esquerdo

(LUIZ, C.; 2006).

d) asfixias por meios sólidos ou pulverulentos - no caso de soterramentos ocorrem

lesões comuns às asfixias mecânicas, além de traumatismos externos como escoriações,

contusões e presença de substância pulverulenta nas vias aéreas superiores e boca

(MIRABETE, J. F.; 2000);

2) asfixias complexas: constrição das vias respiratorias, interrupção da circulação

cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço - zonas

reflexógenas (MIRABETE, J. F.; 2000): enforcamento (constrição passiva);

estrangulamento (constrição ativa - os sinais cadavéricos são determinados por meio de

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histodiagnóstico do pescoço: avaliação de epiderme, derme, subcutâneo, camada

muscular e plexos vasculares e nervosos);

3) asfixias mistas: superposição de fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos

(GOMES, H.; 1968).

1.1.4.3. Legislação Vigente

No Brasil, a Lei de Crimes Ambientais 9.605 de 1998, que reforça o Decreto nº

24.645, de junho de 1934 e especifica violações e penalidades para aqueles que

praticam crimes contra os animais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Este é o principal instrumento jurídico em defesa dos animais, e estabelece em seu

Artigo 32 que praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é crime, passível de pena, que é

aumentada caso ocorra a morte do animal (BRASIL, 1998). Esta mesma lei também

prevê como crime o abandono de animais e a prática de experimentos científicos que

incorram no sofrimento do animal. Entretanto, por ser considerado um crime de menor

gravidade do ponto de vista legal (RODRIGUES, 2010), as investigações permeiam a

superficialidade e informações importantes como punição dos responsáveis, número de

denúncias, natureza dos crimes, perfil dos infratores, espécies envolvidas e o grau de

sofrimento dos animais são limitadas. A situação brasileira quanto à existência de

informação sobre denúncias de maus-tratos contra animais é ainda mais incipiente.

As discussões para implantação de delegacias especializadas em proteção animal

no Brasil estão se intensificando, com destaque para Campinas, em São Paulo, cidade

pioneira deste setor exclusivo de investigação. A tendência é que, juntamente com a

consolidação dos órgãos especializados em proteção animal, as ocorrências de maus-

tratos sejam mais frequentemente notificadas, o que permitirá o avanço no

conhecimento do cenário de maus-tratos contra animais.

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2. MATERIAL E MÉTODO

Foi realizado um levantamento da população de cães e gatos atendidos em uma

clínica veterinária do município de Campo Largo (Cães, Gatos & Cia.), estado do

Paraná, durante o ano de 2006, bem como a análise de todas as fichas de atendimento

dessas espécies, a fim de se identificar indícios da prática do crime de maus tratos.

Foram observados os seguintes parâmetros, quando disponíveis: história clínica,

diagnóstico anátomo-patológico, causa mortis e moléstia principal. Uma vez

selecionados os casos de interesse, foram coletadas informações relativas às

características do animal. Estas informações foram registradas e usadas na elaboração

de tabelas e gráficos que permitiram visualizar e avaliar a distribuição da frequência de

casos de crimes contra a fauna de acordo com a espécie, sexo, idade e tipo de energia

vulnerante envolvida no delito.

Além da clínica veterinária em questão, existem muitas outras na região e órgãos de

proteção animal (ONGs, Rede de Proteção Animal de Curitiba, Força Verde, entre

outros). Portanto, os casos atendidos e apresentados neste trabalho representam uma

visão parcial dos casos de maus-tratos em Campo Largo, cuja dimensão completa não

foi possível estimar pela dificuldade de acesso aos dados de outras entidades. Os dados

foram estudados por meio de estatística descritiva.

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3. RESULTADOS

Os resultados obtidos com o levantamento de casos procedido na Clínica

Veterinária Cães, Gatos & Cia. revelaram informações quanto à espécie, sexo e tipo de

energia vulnerante envolvida na prática de maus tratos.

No período de 2006 foi realizado um total de 1056 atendimentos, em diferentes

espécies animais. Deste total, 301 atendimentos foram a gatos e 755 a cães.

Os casos classificados como maus tratos são apresentados a seguir:

a) Cadela com síndrome de Horner após ser agredida pelo proprietário:

Animal foi trazido para atendimento após ser visto apanhando de seu

proprietário, na cabeça, com um pedaço de pau. Observa-se nas Figuras 1 e 2 as pupilas,

uma dilatada e a outra retraída. Isto é característico da síndrome de Horner, quando há

lesão no encéfalo.

Figura 1:

Figura 2:

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b) Cão abandonado com miíase ocular:

O animal foi encaminhado à clinica ao ser visto vagando pela rua. Apresentava o

globo ocular esquerdo prolapsado e a órbita infestada por larvas de Cochliomyia

hominivorax (Figuras 3 e 4). A caracterização do abandono foi possível, pois o animal

utilizava coleira.

Figura 3:

Figura 4:

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c) Cão com fratura não tratada:

O proprietário levou o animal à clinica para avaliação do membro anterior esquerdo,

referindo que ele mesmo havia feito o curativo (Figuras 5 e 6), há três semanas, mas que

o animal não tinha melhorado.

Conforme mostra a Figura 7, o animal apresentava fratura completa aberta do

rádio e ulna. Na figura 8 é possível observar a fratura e a presença de tecido necrosado.

Figura 5:

Figura 6:

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Figura 7:

Figura 8:

d) Cadela agredida com caco de vidro:

O animal foi levado à clinica apresentando lesão incisa, com bordas regulares e

predomínio da extensão sobre a profundidade.

Figura 9:

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e) Cão com lesão no pescoço:

O proprietário refere que encontrou o animal com a lesão ilustrada pela Figura 10. A

ferida apresentava característica corto-contusa, com exposição da camada muscular.

Figura 10:

f) Cadela com lesão por cinto:

A cadela foi trazida à clínica com lesão decorrente da utilização de um cinto

apertado para sua contenção, conforme Figura 11. O ferimento era do tipo corto-

contuso.

Figura 11:

g) Cão com lesão por corda:

Cão, macho, trazido à clínica com lesão no pescoço resultante de uma corda mantida

apertada para contenção do mesmo. A ferida apresentava bordos regulares, áreas de

necrose tecidual e escoriações, conforme apresentado pelas Figuras 12, 13 e 14.

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Figura 12:

Figura 13:

Figura 14:

h) Cão com lesão por corrente:

Cão, macho, trazido à clínica com lesão no pescoço resultante de uma corrente

mantida apertada para contenção do mesmo. A ferida apresentava bordos irregulares,

crostas e áreas de necrose tecidual, conforme apresentado pelas Figuras 15, 16 e 17.

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Figura 15:

Figura 16:

Figura 17:

i) Cão com lesão por elástico

Cão, macho, trazido à clínica com lesão resultante da presença de um elástico ao

redor do pescoço. O ferimento apresentava crostas, secreção purulenta, áreas necrosadas

e exposição da musculatura, conforme apresentado pelas Figuras 18, 19 e 20.

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Figura 18:

Figura 19:

Figura 20:

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j) Cão com pelagem embolada:

Cão resgatado da casa de um acumulador de animais. Apresentava enorme

quantidade de ectoparasitas, sujidades e pelagem “embolada” (Figuras 21 e 22),

sugestivo de negligência por parte de seu proprietário.

Figura 21:

Figura 22:

k) Cão com lesão crônica:

O animal foi trazido a clinica com uma lesão no membro anterior esquerdo. Durante

a anamnese, e pelo aspecto da lesão, foi possível verificar que se tratava de processo

crônico, sugerindo negligência do proprietário. Nas figuras 23 e 24 é possível observar a

natureza do ferimento: escoriação, áreas com tecido de granulação e inutilização do

membro.

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29

Figura 23:

Figura 24:

l) Cão resgatado após denúncia de maus tratos

O cão da raça Cocker Spaniel (Figura 25) foi trazido à clinica pela Guarda

Municipal após averiguação de denúncia de maus tratos. O animal, portador de doença

renal crônica, apresentava-se desnutrido, repleto de ectoparasitas, prostrado e com odor

urêmico.

Figura 25:

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m) Filhote abandonada:

O animal, abandonado na porta da clínica, apresentava escoriações e ectoparasitas,

conforme ilustrado pela Figura 26.

Figura 26:

n) Cão atropelado sem tratamento:

Uma testemunha do ocorrido refere que o motorista posicionou o veículo em

direção ao animal; ou seja, com a intenção de atropelá-lo. O cão apresentava

escoriações, fraturas e hematomas, conforme apontado pelas Figuras 27 e 28.

Figura 27:

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Figura 28:

o) Miíase em prolapso de reto de felino:

Felino resgatado da casa de uma acumuladora de animais. Apresentava prolapso de

reto e enorme quantidade de larvas de Cochliomyia hominivorax (Figuras 29 e 30),

sugerindo negligência por parte da proprietária.

Figura 29:

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Figura 30:

p) Facada em região lombar:

Proprietário refere que seu animal levou uma facada do vizinho. A lesão incisa,

compatível com um possível instrumento cortante, apresentava bordos regulares e

hemorragia, conforme as Figuras 31 e 32.

Figura 31:

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Figura 32:

q) Sete casos de envenenamento por aldicarb (chumbinho) em cães:

Foram atendidos sete casos de envenenamento por aldicarb (quatro cães e três

cadelas), em diferentes datas. Os sinais manifestados em todos os casos foram

fasciculação muscular, sialorreia, miose e micção frequente, corroborando com a

suspeita de intoxicação (SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; PALERMO-NETO, J.).

Seis animais apresentaram severa bradicardia e dispneia e acabaram falecendo. A

necropsia constatou que a causa mortis foi edema pulmonar.

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4. DISCUSSÃO

Assim como no ensaio conduzido por MARLET e MAIORKA (2010), os cães

representam a maioria dos casos atendidos no ano de 2006 na Clínica Veterinária Cães,

Gatos & Cia. Este resultado deve-se ao fato de os cães serem mais populares como

animais de companhia (XAVIER, 2008) que os gatos. Apesar da popularidade dos cães,

GARCIA (2009) alerta para o fato de que ocorreu um aumento de cerca de 10% no

número de lares que têm pelo menos um gato, entre 2005 e 2008, devido à facilidade

com que esses animais se adaptam em casas pequenas e apartamentos.

MARLET e MAIORKA (2010) constataram que a proporção de casos de maus

tratos em relação ao tamanho da respectiva população é maior em gatos que em cães.

De acordo com o estudo supra, pode-se inferir que os gatos são animais de eleição para

as práticas de maus tratos. A predominância do número percentual de casos de maus

tratos em gatos está relacionada ao fato de eles possuírem maior facilidade de acesso à

rua e casas vizinhas, o que os torna mais susceptíveis às ações humanas que configuram

práticas de maus tratos. O fato dos gatos tenderem a se isolar quando estão doentes,

pode mascarar um número ainda maior de casos de maus tratos contra eles.

Dentre os casos de maus tratos praticados contra cães (23) atendidos pela clínica

veterinária Cães, Gatos & Cia. no ano de 2006, 65,22% (15) dos casos eram de machos

e 34,78% (8) eram de fêmeas.

Segundo MUNRO e MUNRO (2008) é possível que proprietários potencialmente

violentos prefiram possuir cães machos, ou ainda, que cães machos sejam mais difíceis

de controlar, ou que sejam mais agressivos que as fêmeas, podendo desencadear a

violência de seus proprietários.

O tipo de energia vulnerante mais utilizado na prática de maus tratos contra

animais foi a química, respondendo por 30,43% dos casos de maus tratos em cães

atendidos. A mesma observação foi obtida no trabalho de MARLET e MAIORKA

(2010). Isso pode ser devido à facilidade de aquisição do agente tóxico, bem como à

facilidade de sua administração misturada ao alimento (XAVIER, 2008). O agente

químico mais utilizado nestes casos é o carbamato (XAVIER; RIGHI; SPINOSA,

2007). Segundo o trabalho de XAVIER, RIGHI e SPINOSA (2007), Fatal poisoning in

dogs and cats –16 – year report in a veterinary pathology service, o aldicarb é utilizado

em 89,0% dos casos de intoxicação em cães.

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A negligência representou 30,43% dos casos de maus tratos atendidos na Clínica

Veterinária Cães, Gatos & Cia. no ano de 2006.

Em relação à energia mecânica, deve-se lembrar que os traumatismos podem ser

praticados por pessoas que vivem com o animal e muitas vezes estes casos não são

notificados, levados a tratamento em clínicas veterinárias, ou mesmo para exame

necroscópico, fato que pode mascarar uma casuística maior que a revelada no presente

estudo (MUNRO e MUNRO, 2008; MERCK, 2007).

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5. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos revelaram diversas informações acerca da ocorrência dos

crimes de maus tratos em animais no município de Campo Largo, estado do Paraná: a

negligência e a intoxicação foram as causas mais comuns nos casos caracterizados como

maus tratos na espécie canina; o sexo do cão ou do gato não é fator relevante na eleição

do animal como alvo de maus tratos, quando a pessoa que os pratica não é seu

proprietário.

A energia vulnerante mais comumente empregada na prática de crimes contra a

fauna é a química (intoxicação de animais) e os carbamatos são os agentes tóxicos mais

utilizados para a prática dos crimes de maus tratos contra cães e gatos. O controle

adequado do comércio de carbamatos e de outros agentes químicos, tal como os

cumarínicos, pode reduzir a ocorrência de crimes contra a fauna.

Além disso, é de vital importância que os cursos de Medicina Veterinária

abordem o tema Bem Estar Animal e maus tratos, para que o profissional que vai para o

mercado de trabalho esteja capacitado e possa subsidiar o aprimoramento das

deliberações em casos de suspeita de maus tratos aos animais.

Por fim, a continuidade das pesquisas é condição imprescindível para uma maior

compreensão do tema, especialmente envolvendo dados provenientes das delegacias e

demais órgãos competentes.

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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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