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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini Garmatter Roveda Henry Shimabukuro DOCUMENTÁRIO FOTOGRÁFICO FIM DE FEIRA Curitiba 2008

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Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

1

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAacute

Bianca Marchini Garmatter Roveda

Henry Shimabukuro

DOCUMENTAacuteRIO FOTOGRAacuteFICO

FIM DE FEIRA

Curitiba

2008

2

FIM DE FEIRA

CURITIBA

2008

3

BIANCA MARCHINI GARMATTER ROVEDA

HENRY SHIMABUKURO

FIM DE FEIRA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso ao Curso de

Jornalismo da Faculdade de Ciecircncias Sociais

aplicadas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Bacharel em Jornalismo

Orientador Ana Maria Melech

CURITIBA

2008

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo

deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao

pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes

5

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundiacutecie do paacutetio

Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa

Natildeo examinava nem cheirava

Engolia com voracidade

O bicho natildeo era um catildeo

Natildeo era um gato

Natildeo era um rato

O bicho meu Deus era um homem

Manuel Bandeira

6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a

incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para

consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia

dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo

delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees

de palestras e pesquisas de campo

Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

2

FIM DE FEIRA

CURITIBA

2008

3

BIANCA MARCHINI GARMATTER ROVEDA

HENRY SHIMABUKURO

FIM DE FEIRA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso ao Curso de

Jornalismo da Faculdade de Ciecircncias Sociais

aplicadas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Bacharel em Jornalismo

Orientador Ana Maria Melech

CURITIBA

2008

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo

deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao

pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes

5

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundiacutecie do paacutetio

Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa

Natildeo examinava nem cheirava

Engolia com voracidade

O bicho natildeo era um catildeo

Natildeo era um gato

Natildeo era um rato

O bicho meu Deus era um homem

Manuel Bandeira

6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a

incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para

consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia

dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo

delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees

de palestras e pesquisas de campo

Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

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2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

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2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

3

BIANCA MARCHINI GARMATTER ROVEDA

HENRY SHIMABUKURO

FIM DE FEIRA

Trabalho de Conclusatildeo de Curso ao Curso de

Jornalismo da Faculdade de Ciecircncias Sociais

aplicadas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Bacharel em Jornalismo

Orientador Ana Maria Melech

CURITIBA

2008

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo

deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao

pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes

5

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundiacutecie do paacutetio

Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa

Natildeo examinava nem cheirava

Engolia com voracidade

O bicho natildeo era um catildeo

Natildeo era um gato

Natildeo era um rato

O bicho meu Deus era um homem

Manuel Bandeira

6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a

incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para

consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia

dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo

delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees

de palestras e pesquisas de campo

Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo

deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao

pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes

5

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundiacutecie do paacutetio

Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa

Natildeo examinava nem cheirava

Engolia com voracidade

O bicho natildeo era um catildeo

Natildeo era um gato

Natildeo era um rato

O bicho meu Deus era um homem

Manuel Bandeira

6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a

incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para

consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia

dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo

delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees

de palestras e pesquisas de campo

Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

5

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundiacutecie do paacutetio

Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa

Natildeo examinava nem cheirava

Engolia com voracidade

O bicho natildeo era um catildeo

Natildeo era um gato

Natildeo era um rato

O bicho meu Deus era um homem

Manuel Bandeira

6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a

incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para

consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia

dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo

delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees

de palestras e pesquisas de campo

Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

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LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a

incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para

consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia

dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo

delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees

de palestras e pesquisas de campo

Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

7

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO10

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12

22 A FOME NO BRASIL12

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17

251 Fim de feira desperdiacutecio19

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19

3 OBJETIVO21

31 GERAL21

32 ESPECIacuteFICO21

4 JUSTIFICATIVA22

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24

52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO31

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31

542 Fotojornalismo de guerra32

55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34

6 METODOLOGIA36

7 DELINEAMENTO DO PROJETO38

71 FORMATO38

72EQUIPAMENTO38

73 CIRCULACcedilAtildeO38

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

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httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

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httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

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Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

8

9 REFEREcircNCIAS41

ANEXOS47

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

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2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

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INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

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=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
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    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

9

LISTA DE SIGLAS

ODM ndash Objetivos do Milecircnio11

ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11

FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e

Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12

MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13

UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13

IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13

UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14

ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15

FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15

FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15

UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16

APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16

IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16

MD ndash Mini disc24

CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a

produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares

de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo

Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome

Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu

o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho

nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos

Objetivos do Milecircnio

Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio

para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que

reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o

consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do

desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade

Sorrisordquo

As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros

Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila

a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras

improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm

condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam

o sustento de suas famiacutelias

Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para

mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre

representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas

uma forma de linguagem universal

Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e

como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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DIA do Agricultor Disponiacutevel em

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2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

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Acesso em 4 mar 2008

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

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httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

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PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

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SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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mar 2008

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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

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otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

11

2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA

Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos

Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na

cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a

tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)

No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute

cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o

enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve

panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e

Ecoloacutegica de Curitiba

21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO

O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero

que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o

feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem

o mercado interno e externo (BATISTA 2007)

Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo

que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano

dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas

baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)

Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel

cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a

inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de

2006 (PESQUISA 2006)

Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em

1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar

assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila

Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo

conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o

crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

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SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

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otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

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Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

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Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
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    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
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    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

12

progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo

estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes

Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de

uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores

Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior

produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)

22 A FOME NO BRASIL

A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de

brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram

fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S

Paulo (Gomide Soares 2003)

Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a

mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do

Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo

de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de

assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes

Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por

ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os

recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil

de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)

A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a

publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro

[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

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httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

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2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

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tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

13

No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no

Brasil

eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)

Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute

mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de

nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)

Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu

junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em

1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade

Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice

de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)

Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo

governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o

Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres

23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3

Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de

novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo

Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica

ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de

Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da

Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart

Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar

e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou

3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

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4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

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otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

14

Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980

sob anistia

Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas

(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate

agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o

problema da fome

Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)

Nesse mesmo artigo ele afirma

No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)

A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio

dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e

contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada

como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome

e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade

Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de

esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita

pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro

nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de

accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social

Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo

chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

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Acesso em 12 abr 2008

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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mar 2008

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2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

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SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

15

a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de

forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir

comida para quem tem fome

Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de

alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome

foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas

em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs

cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por

Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso

diversifica todos os anos o tema da campanha da fome

24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA

Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de

pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada

cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio

Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade

(ORBIS 2006)

Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda

per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social

(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)

25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4

Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou

ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e

bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns

em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e

planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da

4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e

PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

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Reportagens

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Documentaacuterios

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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
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Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

16

violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de

imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)

Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes

e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos

Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua

economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava

O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento

sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da

Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que

levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um

franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens

Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos

logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os

cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram

versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes

Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do

povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para

Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)

No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista

francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica

e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou

virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional

que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes

Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade

Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor

planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento

Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)

Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do

paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo

o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma

tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri

trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros

para entidades assistenciais

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

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Documentaacuterios

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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
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    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

17

No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade

preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em

planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos

caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a

separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15

anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na

colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande

quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo

reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados

carrinhos colaborando com a cidade

O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os

moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos

grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares

civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato

Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo

curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute

meio salaacuterio miacutenimo

251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5

Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga

Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais

ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A

popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI

com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e

ervas eram produtos muitos procurados

Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem

europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade

Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que

comercializam 900 toneladas de frutas e verduras

5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de

Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

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Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
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Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

18

Endereccedilos das feiras livres

Terccedila-feira

Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)

Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)

Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)

Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)

Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)

Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)

Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)

Quarta-feira

Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco

Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)

Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)

Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru

Rua Boliacutevia (Bacacheri)

Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)

Rua Raul Leite (Bairro Alto)

Rua Cascavel (Xaxim)

Quinta-feira

Rua Colombo (Ahuacute)

Rua D Pedro II (Batel)

Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)

Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)

Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)

Sexta-feira

Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)

Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)

Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)

Rua do Herval (Cristo Rei)

Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade

Saacutebado

Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)

Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)

Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

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LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

19

Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)

Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)

Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)

Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)

Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)

Domingo

Rua Francisco Nunes (Prado Velho)

Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)

Rua Rio do Sul (CIC)

Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)

Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)

Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)

Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)

252 Fim de feira desperdiacutecio

Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em

caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo

expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo

vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de

algumas pessoas

Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo

coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras

26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO

Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes

capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo

ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda

Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da

cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por

que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

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2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

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INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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mar 2008

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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

20

Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam

do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do

que eacute descartado

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

21

3 OBJETIVO

31 GERAL

Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por

isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para

a venda) em feiras livres

32 ESPECIacuteFICO

- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba

- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de

qualidade

- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a

inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave

- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila

alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos

- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas

- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

22

4 JUSTIFICATIVA

Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos

restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas

estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia

eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida

sensibilidade nas imagens

O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas

cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos

Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler

Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a

relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio

O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente

exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio

uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve

ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata

para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se

cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema

Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a

cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus

carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes

das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As

pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma

resposta Natildeo lhes interessam

O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado

sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos

premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as

classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e

econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da

Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim

com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e

buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar

um debate na sociedade

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

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httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

23

Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para

encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de

inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo

Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba

satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se

auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas

sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com

cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos

Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o

meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma

linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender

o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

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httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

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2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

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tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

24

5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O

seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila

Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam

ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica

51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6

A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis

grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida

por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um

documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade

que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em

teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)

Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era

mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia

por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem

idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas

plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria

Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus

desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)

Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na

academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine

Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo

menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto

de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens

em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz

Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de

prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia

6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)

2007 e BAURET 1992

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

25

O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por

seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos

posteriores e distintos

Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde

utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro

resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma

placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira

fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou

um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma

cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava

quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que

dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas

e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um

retrato

Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele

utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo

atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo

de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a

popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos

junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e

teacutecnicas da eacutepoca

O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em

Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos

oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias

foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como

parte do curriacuteculo

Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George

Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo

Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a

profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar

apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta

Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves

menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da

imagem

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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DIA do Agricultor Disponiacutevel em

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2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

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2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

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PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

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otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

26

Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O

processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores

Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se

aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar

No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash

maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz

do dia

Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da

imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo

em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas

de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo

como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para

captar a luz

Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera

natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo

analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz

em fotografias digitais

A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled

device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava

fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em

uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica

(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta

gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho

fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um

sensor digital de 13 megapixels

522 A tecnologia fotograacutefica7

Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo

perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave

7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

27

eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal

Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar

era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o

enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta

apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio

de recursos computarizados)

O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para

ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela

eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas

analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar

quiacutemicos e enviar por via telefoto

Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio

acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para

chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro

que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma

atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem

53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES

Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o

ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente

A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre

como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca

ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras

formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute

comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses

movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que

a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da

comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)

Para Martine Joly

O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

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abr 2008

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2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

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tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

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CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

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DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

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mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

28

Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases

a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos

percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro

mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito

da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua

forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela

relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara

ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)

Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma

representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma

que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p

19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo

Para o fotojornalista Milton Guran

A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)

O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a

reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido

pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe

sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra

algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A

linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI

2000)

O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a

fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico

(1952 citado por BAURET 1992 p29)

Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade

foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e

trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A

pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

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LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

29

consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter

resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker

recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e

Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o

celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)

O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como

As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)

54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS

FOTOJORNALISMO

A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente

desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma

ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)

A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como

objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim

sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos

ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito

(ibid p 23)

Para Jorge Pedro de Sousa

As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)

Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e

jornaliacutestica

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

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Reportagens

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Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
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Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

30

Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)

Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista

obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)

Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a

antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o

cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no

seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias

pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus

foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi

soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de

janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune

perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)

Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com

fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho

compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)

A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o

processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura

razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no

Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897

Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais

precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em

Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

31

incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a

atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos

criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais

especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura

impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as

ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que

alcanccedilou a venda de grandes tiragens

No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente

alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse

motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes

Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News

conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que

tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)

Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira

uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo

depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa

nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca

de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas

informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso

as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH

p36 p 37)

Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a

fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem

teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo

tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes

agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN

1992 p52)

541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8

Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e

conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e

8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

32

eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais

lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro

Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos

arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um

banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e

colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro

exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador

ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita

de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo

No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil

fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas

fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos

40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou

por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro

influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados

da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico

Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros

Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida

como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do

trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-

se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a

chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o

trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento

tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem

A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O

fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam

pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos

evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca

Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era

o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a

decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens

542 Fotojornalismo de guerra

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

33

Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de

informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas

poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha

A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e

durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para

manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas

(JEHOVAH 1965)

Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as

limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca

As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)

Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do

jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland

de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de

frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito

principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos

ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a

cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem

aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem

Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato

momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A

foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a

ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)

De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o

fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos

fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia

que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense

feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de

1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

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2008

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Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

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43

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2008

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GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

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Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

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PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

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PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

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=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

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otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

34

54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL

O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social

para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto

Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples

acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os

fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade

No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma

Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)

Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as

fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no

Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams

Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do

Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias

A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma

arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra

medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra

Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo

Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima

era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado

do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam

por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele

ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias

verdadesrdquo (GABASSI 2005)

A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute

interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde

impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada

Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida

pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)

35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

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httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
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35

Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)

Lima ainda assegura que

O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)

Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do

profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para

o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse

conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo

Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

36

6 METODOLOGIA

O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de

reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e

produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de

hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades

do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A

equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda

entre os relacionados

Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao

desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de

frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos

que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees

A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que

consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O

conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao

constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos

descartados e improacuteprios para a venda

A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas

feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias

que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo

possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho

As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente

quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os

improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam

simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a

fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco

a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas

ateacute que a confianccedila fosse restabelecida

Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma

observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo

semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e

Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio

37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
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37

Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias

artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos

A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que

compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para

retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso

optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos

objetivos

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

38

7 DELINEAMENTO DO PROJETO

71 FORMATO

A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute

acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual

72 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram

Cacircmeras

Canon EOS 650

Canon Rebel XT

Nikon FM 2

Nikon Coolpix 5200

Objetivas

Canon EF-S 18-55mm 135-56

Nikkor 75-300mm 14-4530

Sigma Zoom 28-200mm 135-56

73 CIRCULACcedilAtildeO

A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como

bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas

74 VIABILIDADE ECONOcircMICA

Salaacuterio jornalistas R$ 366558

Filmes fotograacuteficos R$ 3150

Revelaccedilatildeo R$ 2535

Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

39

Total 377763

75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES

- Material e serviccedilos fotograacuteficos

Ticcolor

Diafilme

- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo

Nuacutecleo de Fotojornalismo 56

Petrobraacutes

Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba

Ongs ligadas a causas sociais

Lei de incentivo a cultura

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

40

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a

dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees

oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas

bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade

Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob

inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas

Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato

contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta

desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser

considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o

desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa

Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir

famiacutelias carentes

A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o

engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia

O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo

encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se

subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a

grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia

A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade

dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no

observador

Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema

do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

41

9 REFEREcircNCIAS

Livros

ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed

Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988

BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992

BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996

BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)

CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo

Melhoramentos 1982

DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus

1999

FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba

Univer Cidade 2003

Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998

GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio

Fundo 1992

JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia

Editora Iacuteris 1965

JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992

JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

42

LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo

1988

PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo

Paulo Editora SENAC 2000

REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993

SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA

4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005

KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc

Editorial 2002

KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora

Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)

Internet ndash sites ndash arquivos online

ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em

httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12

abr 2008

A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em

httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul

2008

BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede

Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em

httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

43

BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em

httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-

tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008

CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4

abr 2008

CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr

Acesso em 12 fev 2008

DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em

httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4

mar 2008

DIA do Agricultor Disponiacutevel em

httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar

2008

FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008

GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12

abr 2008

GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes

diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml

Acesso em 4 mar 2008

HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm

Acesso em 12 abr 2008

INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em

httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

44

JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em

httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008

MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em

httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em

12 abr 2008

MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em

wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008

ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008

ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel

em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008

OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em

httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr

2008

PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus

Disponiacutevel em

httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em

4 abr 2008

PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em

httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4

mar 2008

PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio

2008

PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em

4 abr 2008

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

45

PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr

Acesso em 4 abr 2008

PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia

Acesso em 12 ar 2008

SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso

em 3 mar 2008

SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel

em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12

mar 2008

UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em

httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id

=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008

VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr

Acesso em 3 mar 2008

KODAK Disponiacutevel em

httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f

otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr

2008

ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou

Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-

FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008

Reportagens

ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo

Documentaacuterios

46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

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13 - 14 -

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15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
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46

ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor

ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor

Entrevistas

CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida

a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008

CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista

concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008

RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro

ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista

concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008

SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a

Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008

VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro

em 4 de agosto de 2008

Artigos

GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

50

13 - 14 -

51

15 - 16 -

17 - 18 -

19 - 20 -

52

21 -

22 - 23 ndash

24 - 25 -

53

Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 47: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

47

ANEXOS

Fotos

1 - 2 -

3- 4 -

5 - 6 -

48

7 - 8 -

9 -

49

10 - 11 -

12 -

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22 - 23 ndash

24 - 25 -

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Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
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Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

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    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
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Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

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    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
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Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

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    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
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Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

irmatildes

9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

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17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

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    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
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1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

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3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

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9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

digna

14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

para a casa

15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O

almoccedilo de domingo eacute bem diferente

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17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

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    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
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Legendas

1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba

2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes

3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas

4 ndash A variedade de produtos eacute imensa

5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos

6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos

7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra

8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e

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9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para

casa Os alimentos duram um mecircs

10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que

alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira

11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma

antiga barraca de frutas que estava no local

12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas

13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo

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14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de

vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento

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almoccedilo de domingo eacute bem diferente

16 ndash

17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da

sociedade

18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos

feirantes

19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas

20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo

21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue

22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias

54

23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha

24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes

quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela

nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

55

C E R T I F I C A D O

Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas

Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

Realizaccedilatildeo Apoio Institucional

  • capa+tcc
    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
Page 54: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bianca Marchini …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_DOCUMENTA... · 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos que de alguma forma

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nunca perde a vaidade

25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta

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Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

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    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008
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Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute

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    • GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio Fundo 1992
    • PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2000
    • SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA 4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
    • FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
    • OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr 2008
    • PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia Acesso em 12 ar 2008