universidade tuiuti do paranÁ aline salete turatti...

22
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Aline Salete Turatti Chiesorin COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE CURITIBA 2011

Upload: lamnhan

Post on 20-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Aline Salete Turatti Chiesorin

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE

RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA

NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE

CURITIBA 2011

2

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE

RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA

NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE

CURITIBA

2011

3

Aline Salete Turatti Chiesorin

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO INDICE DE RECONHECIMENTO DA FALA REALIZADO À VIVA VOZ E COM

MATERIAL GRAVADO EM PACIENTES COM PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de especialização Audiologia Clínica: enfoque prático e ocupacional da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientadora Dra. Ângela Ribas.

CURITIBA

2011

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

2 REVISÃO DE LITERATURA 6

2.1 LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA - LDV 6

2.2 LIMIAR DE DETECTABILIDADE DE VOZ – LDV 7

2.3 LIMIAR DE DESCONFORTO DA FALA – LDF 8

2.4 ÍNDICE DE RECONHECIMENTO DE FALA 9

3 PROCESSAMENTO AUDITIVO 11

4 PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL DESCENDENTE 13

5 MATERIAL E MÉTODO 15

6 RESULTADOS 16

7 DISCUSSÃO 17

CONCLUSÃO 19

REFERÊNCIAS 20

5

1. INTRODUÇÃO

A audição é um é um órgão sensorial importante à vida, pois constitui a

base da comunicação humana.

A audição estende-se a todas as direções e grandes distâncias,

informando-nos acerca da localização e a distância em que se encontra o

indivíduo da fonte sonora, constituindo em um mecanismo de defesa e alerta,

importante para a segurança virtual. Dependendo do indivíduo, os sons podem

provocar as mais diversas reações físicas e emocionais, como: susto, riso,

lágrimas, sensações de prazer e desprazer, participação e segurança, as quais

são partilhadas com os semelhantes, tendo como agente intermediário a

linguagem falada, adquirida principalmente pela audição (RUSSO, 1993).

A ciência que estuda a audição humana é a audiologia, sendo esta

uma das áreas de estudo da Fonoaudiologia. Ela estuda a audição humana

tendo como critérios padrões audiométricos considerados normais. Para isso

utilizam-se testes objetivos e subjetivos que quantificam os limiares auditivos

das pessoas, dentre eles a logoaudiometria (RIBAS e CALLEROS, 2009).

Segundo Ribas, (2009) a logoaudiometria é um exame complementar a

audiometria tonal, de caráter subjetivo, de fácil aplicação e que desperta o

interesse dos profissionais que trabalham na área audiológica, fornecendo

importantes informações sobre a qualidade da percepção auditiva da fala de

indivíduos avaliados audiologicamente.

O exame de logoaudiometria é importante no diagnóstico audiológico, e

tem como objetivo mensurar a habilidade de um indivíduo em perceber os sons

6

da fala (WILSON e STROUSE, 2001; FARFÁN e col., 2002; MOREIRA, 2004)

englobando tanto medidas de sensibilidade como de acuidade auditiva (RIBAS,

2009).

Os testes que compõe o exame de logoaudiometria são os seguintes:

Limiar de Reconhecimento de Fala, Índice de Reconhecimento de Fala, Limiar

de Detectabilidade de Voz e Limiar de Desconforto para a Fala (RIBAS, 2009).

O objetivo deste estudo foi comparar os resultados do Índice de

Reconhecimento da Fala obtidos através da avaliação de adultos com perda

auditiva neurossensorial descendente, em duas situações de avaliação: à viva

voz e com o material gravado. Utilizou-se o CD elaborado pelos profissionais

do curso de Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná (RIBAS, 2009)

2. REVISÃO DE LITERATURA

Cada um desses testes é realizado com uma série de itens, podendo

ser uma lista de palavras ou frases, foneticamente balanceadas e que fazem

parte do vocabulário usual do indivíduo (FRAZZA et al, 2000). Esses testes

podem ser realizados à viva voz, ou por meio de material gravado.

2.1. LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA – LRF

O Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) pode ser definido como a

menor intensidade com a qual o paciente é capaz de repetir corretamente 50%

7

das palavras (MUNHOZ, 2004) e tem como objetivo confirmar limiares tonais

da via aérea (FROTA E SAMPAIO et al, 1998).

O LRF também pode servir de base para testes supraliminares que

fazem o diagnóstico diferencial de perdas auditivas (KRUGER, 2005).

Uma pessoa com perda auditiva, mesmo que mínima ou restrita às

frequências altas, pode apresentar problemas de compreensão, pois a

intensidade reduzida do som dificulta a correta interpretação da mensagem

pelo sistema nervoso central (RIBAS E MARTINS, 2009).

Wilson e Strouse (2001) relatam que os processos que reduzem as

redundâncias da mensagem sonora criam incertezas nos indivíduos sob teste e

quanto mais incertos ele estiver sobre a condição de escuta pior o seu

desempenho auditivo.

2.2. LIMIAR DE DETECTABILIDADE DE VOZ – LDV

O Limiar de Detectabilidade de Voz (LDV) significa revelar, por meio de

testes específicos, o início da sensibilidade auditiva de sons vocais de um

determinado indivíduo. Desta forma, o sujeito sob teste deve sinalizar se está

ou não sentindo a presença de um som vocal, sem necessariamente

reconhece-lo (RIBAS e KLAGENBERG, 2009).

O objetivo deste teste, segundo Ribas e Klagenberg (2009), é determinar

qual a menor quantidade de intensidade necessária para causar sensação

auditiva em um indivíduo, utilizando-se sons vocais.

8

É realizado normalmente em indivíduos que não conseguem responder

aos demais testes de logoaudiometria e na seleção do aparelho de

amplificação sonora individual (RIBAS e KLAGENBERG, 2009).

2.3. LIMIAR DE DESCONFORTO DA FALA – LDF

O Limiar de Desconforto para a Fala (LDF) entende-se o início da

sensibilidade quase dolorosa frente a determinado estímulo auditivo.

O objetivo é determinar o limiar de desconforto para sons vocais, de um

determinado indivíduo. Serve para avaliar basicamente presença do fenômeno

do recrutamento (RIBAS, 2009).

Pessoas com perda auditiva sensórioneural podem apresentar o

fenômeno do recrutamento, onde há percepção aumentada para a sensação

de intensidade. Nestes casos o limiar auditivo está alterado e o limiar de

desconforto não, o que provoca a redução do campo dinâmico da audição.

Sons fortes podem, então causar desconforto e dor (RIBAS, 2009).

A presença do recrutamento, normalmente associado a lesões

endococleares é fundamental para o diagnóstico audiológico bem como a

definição das condutas necessárias (ALMEIDA, 1998).

9

2.4. ÍNDICE DE RECONHECIMENTO DE FALA

O Índice de Reconhecimento de Fala (IRF) é a medida da fala em uma

intensidade fixa na qual o indivíduo consegue repetir corretamente o maior

número de palavras (FROTA E SAMPAIO et al, 1998).

É uma medida supraliminar que utiliza palavras monossílabas para

determinar a habilidade do individuo em compreender a fala em condições

ideais de escuta (PENROD, 1999).

Por ser um teste de fácil aplicação, baixos custos e simples

interpretações, é um dos testes mais utilizados em clínicas de audiologia

(CASARIN, ROSSI e CECHELLA, 2000).

De acordo com Casarin, Rossi e Cechella (2000), através da avaliação

e da análise de desempenho auditivo com diferentes materiais de fala, é

possível não só identificar as dificuldades perceptuais apresentadas por

indivíduos com perda auditiva, como também traçar um perfil mais sensível e

determinado das suas habilidades auditivas e predizer como será o seu

comportamento auditivo em situações diárias de comunicação.

O examinador irá apresentar um total de 25 palavras diferentes para

cada orelha, cada acerto representa 4% do total, assim, os valores de acertos

podem variar de 0 a 100%. Para o início do teste acrescentam-se 40 dB acima

da média tritonal.

Segundo Ventura e Guedes (2003), primeiramente, é apresentada uma

lista de vocábulos monossílabos. Se a porcentagem for menor que 88 % aplica-

se a lista de dissílabos. Nos casos de perdas severas com queda em agudos

10

ou em pacientes que apresentem porcentagem muito baixas com

monossílabos, utiliza-se a lista de trissílabos.

As palavras monossílabas estabelecem com precisão o grau de

discriminação e são mais sensíveis, e palavras dissílabas apresentam um grau

de dificuldade médio para seu reconhecimento (POTMANN e PORTMANN,

1993). Na literatura consultada (JERGER, SPEAKS e TRAMMEL, 1968) os

valores do IRF são mensurados de acordo com as dificuldades que o indivíduo

apresentou durante o teste, conforme o quadro 1.

Quadro 1: resultados do IRF em relação à dificuldade para compreender a fala

DIFICULDADES PORCENTAGEM DE ACERTO

Nenhuma 90 a 100%

Ligeira 75 a 90%

Moderada 60 a 75%

Acentuada para Conversação 50 a 60%

Incapaz de acompanhar conversação < 50%

Fonte: Jerger, Speaks e Trammel, 1968

O resultado do IRF de acordo com Russo, Lopes, Borgianni e Brasil

(2009), é imprescindível para fornecer o topo diagnóstico, ou seja, a localização

de lesões específicas do sistema auditivo; prediz o prognóstico de uma cirurgia

otológica; prediz o valor terapêutico de procedimentos, tais como: leitura labial

e treinamento auditivo; confirma os limiares tonais; avalia a adequação social e

efetividade da comunicação do indivíduo; orienta o planejamento e avaliação

dos programas de reabilitação aural e avalia a possibilidade de seleção e

adaptação das próteses auditivas, através da determinação do campo dinâmico

de audição.

11

Ribas e Rosa (2009) sugerem que indivíduos com limiares auditivos

normais devem acertar entre 88% a 100%, já que o nível de intensidade

utilizado irá suplantar a lesão que se encontra na externa ou média;

Em perdas neurossensoriais, mesmo com elevação da intensidade,

aparece maior comprometimento na inteligibilidade de fala, pois a lesão

encontra-se em nível de orelha interna ou nervo auditivo. Espera-se, portanto,

um resultado de IRF abaixo de 88%, devendo piorar na medida em que pioram

a configuração e o grau da perda.

Em perdas mistas a pontuação pode ser a mesma encontrada nas

perdas condutivas ou nas neurossensoriais, dependendo da curva

audiométrica e do grau da perda auditiva.

Portanto, o IRF auxilia no diagnóstico diferencial ou aponta para

possíveis achados.

3. PROCESSAMENTO AUDITIVO

O processamento auditivo é um conjunto de habilidades auditivas que

o indivíduo necessita para interpretar o que ouve, refere-se, ao que fazemos

com aquilo que ouvimos.

Este processo não envolve apenas a percepção dos sons, e sim os

mecanismos que são utilizados para tornar a mensagem mais clara, para

localizar o sinal percebido, a análise realizada desta informação acústica, a

forma de armazenamento utilizada e a estratégia de recobrar esta informação

auditiva (BELLIS, 2003).

12

Segundo a American speech-Language-Hearing Association (ASHA),

(1996), o processamento auditivo depende dos mecanismos do sistema

auditivo e do fenômeno comportamental que o acompanha: localização e

lateralização do som; discriminação auditiva; reconhecimento de padrões

auditivos; aspectos temporais da audição, incluindo – resolução temporal,

mascaramento temporal, integração temporal, ordenação temporal;

desempenho com sinais acústicos competitivos e desempenho com sinais

acústicos degradados.

Estes mecanismos e processos são aplicados a estímulos verbais e

não verbais e podem afetar diferentes áreas, incluindo fala e linguagem.

A dificuldade em um ou mais níveis das habilidades auditivas é

possível de ser classificada como uma desordem do processamento auditivo

(DPA), esta pode estar ligada ou associada com as dificuldades em linguagem,

aprendizado e funções de comunicação.

Quando aplica-se o teste de IRF exige-se do indivíduo sob teste a

habilidade de discriminação, ou seja, de perceber pequenas diferenças entre

um e outros estímulos verbais.

Por discriminação auditiva entende-se que é a habilidade de detectar

diferenças entre os padrões de estímulo sonoros. Podem-se detectar

diferenças mínimas de frequências, intensidades e de duração de um som

(PEREIRA, 1998).

13

4. PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL

A audição é fundamental para o processo de comunicação, e para a

interação interpessoal, permitindo a transmissão de conteúdos, informações,

pensamentos e desejos por meio de códigos comuns. O indivíduo com perda

auditiva tem uma diminuição na sua qualidade de vida, em decorrência da

incapacidade e da desvantagem auditiva.

A incapacidade auditiva refere-se a qualquer restrição ou falta de

habilidade para desempenhar uma atividade dentro de uma faixa considerada

normal para o ser humano, por exemplo: percepção de fala em ambientes

ruidosos, televisão, rádio, cinema, sinais sonoros de alerta, música e sons

ambientais.

As desvantagens relacionadas aos aspectos não auditivos, resultantes

da deficiência e da incapacidade auditiva, são limitações ou impedimentos do

sujeito de desempenhar adequadamente suas atividades de vida diária e fatos

que comprometem suas relações familiares, profissionais e sociais (RUSSO,

2004).

Silva et al. (2007) alertam para a noção de que a audição é um dos

canais básicos de informação do homem e por isso deve ser privilegiada como

um fator de vital importância para a qualidade de vida das populações,

constituindo uma das responsáveis pela aquisição da linguagem, processo que

envolve desenvolvimento de pensamento, memória e raciocínio.

A deficiência auditiva não apenas limita a capacidade de percepção e

discriminação dos sons, mas também influi diretamente na aquisição da

linguagem nos processos psicológicos de integração de experiências, afetando

o equilíbrio e a capacidade normal de desenvolvimento da pessoa, ensejando,

14

consequentemente, efeitos deletérios sobre a evolução social, emocional,

cognitiva e acadêmica dos indivíduos (CASTRO et al. 2002).

A perda auditiva é uma patologia que ocorre em diferentes ciclos de

vida. Seja qual for à faixa etária em que a audição se torna comprometida, ela

trará consequências em maior ou menor grau para o indivíduo, pois a perda

auditiva presente desde o nascimento ou estabelecida no período pré-lingual

irá interferir significativamente no desenvolvimento da criança. Por outro lado,

numa pessoa adulta ou idosa leva a uma sensação de isolamento, podendo

torná-la dissociada de sua comunidade (SOARES, 2010).

A perda auditiva sensorioneural resulta de desordens que comprometem

a cóclea, mais precisamente o órgão de Corti e está associada a uma distorção

dificilmente compensável da sensação auditiva.

Neste trabalho enfocaremos a perda auditiva neurossensorial

descendente, muito comum na presbiacusia, mas que também afeta pacientes

jovens em decorrência de exposições a agentes otoagressores.

As mudanças da audição no envelhecimento incluem progressiva

degeneração sensorial, neural, estrial e de suporte das células da cóclea, além

do processamento neural central. Os efeitos da idade no sistema auditivo

periférico e central interagem com mudanças na diminuição do suporte

cognitivo, diminuição da percepção e elevação de limiares, redução da

compreensão de fala no ruído e ambientes reverberantes, com a consequente

interferência na percepção das mudanças rápidas na fala, e na localização do

som (BARALDI et al, 2007).

Como agentes otoagressores temos o ruído, drogas ototóxicas, fumo,

álcool, e doenças degenerativas (RUSSO, 2004).

15

5. MATERIAL E MÉTODO

O presente estudo foi realizado com 30 indivíduos, de ambos os sexos,

com idade entre 30 a 60 anos, idade média de 50 anos. Todos com

audiograma apresentando perda auditiva sensórioneural com configuração

audiométrica em padrão descendente bilateral.

Foi realizada inicialmente uma anamnese, otoscopia, audiometria tonal

limiar por via aérea e por via óssea e aplicação do IRF por viva voz e por meio

de material gravado, através de uma lista de palavras monossílabas e

dissílabas.

Foi utilizada uma cabine audiométrica devidamente avaliada, um

audiômetro da marca AVS 500, um otoscópio da marca TK MISSOURI, um CD

player acoplado ao modo auxiliar do audiômetro e um CD gravado (RIBAS,

2009) com as listas de palavras em anexo.

As listas de palavras foram apresentadas separadamente a cada orelha

em 40dBNS acima do limiar médio de audibilidade.

Os dados foram registrados em planilha eletrônica e as respostas

obtidas foram organizadas em tabelas e gráficos com a finalidade de

determinar se houve ou não diferença de resultados na aplicação do IRF.

Para os resultados do material gravado e a viva voz, foi aplicado o teste

estatístico de diferença de proporções com nível de significância considerando

p = 0,03.

16

6. RESULTADOS

De acordo com Longone (apud CASARIN, ROSSI e CECHELLA, 2000),

considera-se uma curva audiométrica com padrão descendente quando ocorre

um aumento progressivo do limiar de audibilidade das baixas para altas

frequências. Todos os sujeitos da amostra possuem perda auditiva com esta

configuração.

Os resultados do IRF nas duas condições de aplicação encontram-se

descritos nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1 – Comparativo do IRF realizado com monossílabos

% de Acertos Viva Voz Material Gravado

OD OE OD OE

60 a 76% 20,00% 16,67% 16,67% 13,33%

80 a 88% 33,33% 40,00% 36,67% 33,33%

92 a 100% 46,67% 43,33% 53,33% 56,67%

TOTAL 100% 100% 100% 100% Tabela 2 – Comparativo do IRF realizado com dissílabos

% de Acertos Viva Voz Material Gravado

OD OE OD OE

60 a 76% 6,67% 3,33% - -

80 a 88% 33,33% 36,67% 30,00% 30,00%

92 a 100% 60,00% 60,00% 70,00% 70,00%

TOTAL 100% 100% 100% 100%

17

Tabela 3 – Comparação dos resultados com CD e a viva voz

CONDIÇÃO DE APRESENTAÇÃO

MONOSSÍLABOS DISSÍLABOS

OD OE OD OE

60 a 76% 0,2000 0,2500

80 a 88% 0,0909 0,2000 0,1111 0,2222

92 a 100% 0,1250 0,2353 0,1429 0,1429 MÉTODO DE DIFERENÇA DE PROPORÇÕES AO NÍVEL DE SIGNIFICANCIA DE P=0,3, DE VIVAVOZ EM RELAÇÃO AO MATERIAL GRAVADO.

Considerando a diferença de proporções, verifica-se não existe uma

diferença significativa entre os resultados do IRF aplicado à viva voz e com

material gravado com pacientes com perda auditiva descendente.

7. DISCUSSÃO

Ao comparar os resultados da tabela 1 e 2 podemos nitidamente

observar que o material gravado obteve um número maior de acerto apesar de

não atingir o valor estatístico proposto.

A Logoaudiometria pode ser aplicada tanto a viva voz quanto com

material gravado, porém o melhor resultado é obtido quando se usa a

gravação, (ADAMS, BOIES, PAPARELLA, In: RIBAS, 2009).

Quando a Logoaudiometria é realizada à viva voz, o efeito de diferentes

falantes pode afetar a confiabilidade dos testes (SONCINI, 2003 In: RIBAS,

2009). A qualidade vocal de uma determinada pessoa pode variar, e tal

modificação pode ser observada em função da quantidade e qualidade dos

harmônicos produzidos nas cavidades de ressonância de seu trato vocal ou do

18

padrão vibratório das pregas vocais por maior ou menor tensão muscular na

região glótica.

Os resultados revelam que os sujeitos tiveram desde uma dificuldade

moderada até nenhuma dificuldade para compreender a fala, classificados de

acordo com Jerger, Speaks e Trammell (1968), para monossílabos. Para

dissílabos com material gravado a dificuldade para compreender a fala foi

ligeira/discreta, e encontramos à viva voz 6,67% para orelha direita e 3,33%

para orelha esquerda com uma dificuldade moderada para compreender a fala.

Alguns dos indivíduos com perda auditiva descendente apresentaram o

Índice de Reconhecimento da Fala dentro dos limites da normalidade, sem

nenhuma dificuldade para compreender a fala principalmente em dissílabos

que a viva voz foi de 60% e com material gravado de 70% em ambas as

orelhas. Estes resultados estão de acordo com as afirmações de SCHOCHAT

(2001). In: CASARIN, ROSSI e CECHELLA (2000), segundo as quais nos

testes os estímulos dissílabos oferecem pistas semânticas e linguísticas que

facilitam o seu reconhecimento.

As palavras monossílabas são muito mais sensíveis e permitem

estabelecer com precisão o grau de discriminação, enquanto as palavras

dissilábicas oferecem uma dificuldade média para seu reconhecimento

(PORTMANN E PORTMANN, 1993).

É importante que na Logoaudiometria, obtenha-se resultados cada vez

mais fidedignos para ganhar credibilidade na avaliação audiológica (OLIVEIRA

E CORONA, 2006; In: RIBAS, 2009).

19

CONCLUSÃO

Segundo o estudo feito com indivíduos com perda auditiva

neurossensorial podemos concluir que, no teste de diferença de proporções, o

nível de significância foi de 0,3, o que nos levou a verificar que não existe

diferença significativa entre os resultados do IRF apresentados a viva voz ou

com material gravado, apesar do método com material gravado o nível de

acertos para monossílabos e dissílabos mostrar-se maior em relação ao

método de viva voz.

20

REFERÊNCIAS

ADAMS, G. L.;BOIES, L. R.; PAPARELLA, M. M. Otorrinolaringologia. In:

RIBAS, ANGELA. Logoaudimetria: utilizando material padronizado e gravado

na avaliação da percepção auditiva da fala. Curitiba: Coordenadoria de edição

científica, 2009.

ASSOCIATION (ASHA). Central auditory processing: current status of research

and implications for clinical pratice. Am. J. Audiol., Rockville, v. 5, n. 2, p. 41-54,

jul. 1996.

BARALDI, G. S; ALMEIDA, L. C; BORGES, A. C. L. C. Perda auditiva e

hipertensão: Achados em um grupo de idosos. Rev Bras Otorrinolaringol. v. 70,

n.5, 640-4, set./out. 2004.

BELLIS, T.J Assesment and management of central auditory processing

disorders in the educational setting: from Science to practice. San Diego:

Singular, 1996. 2. Ed., 2003.

CASARIN; ROSSI; Avaliação do reconhecimento de fala em adultos com perda

auditiva neurossensorial. Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia. 1:4-7, 2000.

FRAZZA. Audiometria Tonal e Vocal. In. MUNHOZ e cols. Audiologia Clínica.

São Paulo: ateneu, 2003.

FROTA, S.; SAMPAPAIO, F. Logoaudiometria. In: FROTA, S. Fundamentos em

fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1998.

JERGER J, SPEAKS C,TRAMMELL J. A new approach to speech audiometry.

J. Speech hear. Desord., 1968, 33:318.

LOPES,M.S.C.W.O. Avaliação de um programa de triagem de processamento

auditivo central em escolares. Dissertação (mestrado). PUC-SP, São

Paulo,2000.

21

MOREIRA, R. R; FERREIRA JUNIOR, M. Testes de fala: aplicação em

portadores de perda auditiva por ruído. Pró-fono. 16:293-300, 2004.

MUNHOZ, M. S.L.; CAOVILLA, H. H.; SILVA, M. L. G.; GANANÇA, M. M.

Audiologia clínica. São Paulo: Atheneu, 2003.

OLIVEIRA, M. G.; CORONA, A.P. Limiar de recepção de fala nas diferentes

configurações audiométricas. In: RIBAS, ANGELA. Logoaudimetria: utilizando

material padronizado e gravado na avaliação da percepção auditiva da fala.

Curitiba: Coordenadoria de edição científica, 2009.

PENROD,J.P. Testes de discriminação vocal. In: KATZ,J. Tratado de

audiologia clínica. São Paulo: Lovise, 1997.

PORTMANN, M.; PORTMANN, C. Tratado de audiologia clínica. São Paulo:

Rocca, 1993.

RIBAS, ANGELA. Logoaudimetria: utilizando material padronizado e gravado

na avaliação da percepção auditiva da fala. Curitiba: Coordenadoria de edição

científica, 2009.

RUSSO, I.C.P. Acústica e Psicoacústica. Aplicadas à Fonoaudiologia. São

Paulo: Ed. Lovise Ltda. 1993.

RUSSO I. C. P. Intervenção audiológica no idoso. In: FERREIRA, L. P. (Org.).

Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004.

RUSSO,I.C.P.; LOPES, L.Q.; BORGIANNI,L.M; BRASIL, L.A. Logoaudiometria.

In: RUSSO, I.C.P.; SANTOS,T.M.M. A prática da audiologia clínica. São Paulo:

Cortez, 2007.

SOARES, M.D.A.; Características da Perda Auditiva na Terceira Idade.

Fortaleza - CE, 2010.

SONCINI, F; COSTA, M; OLIVEIRA, TMT. Correlação entre limiares de

reconhecimento de sentenças no silêncio e limiares tonais. In: RIBAS, A.

22

Logoaudimetria: utilizando material padronizado e gravado na avaliação da

percepção auditiva da fala. Curitiba: Coordenadoria de edição científica, 2009.

SCHOCHAT, E. Percepção da fala. In: CASARIN; ROSSI; Avaliação do

reconhecimento de fala em adultos com perda auditiva neurossensorial. Jornal

Brasileiro de Fonoaudiologia

VENTURA; GUEDES. Avaliação Auditiva – Testes Básicos. In: MOR, R.

Conhecimentos Essenciais para entender uma avaliação audiológica básica.

São José dos Campos: Pulso, 2003.

WILSON, RH; STROUSE, AL. Audiometria com estímulos de fala. In: Musiek

FE, Rintelmann WF. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. São Paulo:

Manole; 2001.