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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL SILVANA ALVES DE ANDRADES ESTUDO DO FATOR DE SEGURANÇA DE UM ATERRO SANITÁRIO TIPO CONVENCIONAL COMPARANDO COM UM ATERRO SANITÁRIO TIPO ENCOSTA DISSERTAÇÃO CURITIBA 2018

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

SILVANA ALVES DE ANDRADES

ESTUDO DO FATOR DE SEGURANÇA DE UM ATERRO SANITÁRIO TIPO

CONVENCIONAL COMPARANDO COM UM ATERRO SANITÁRIO TIPO

ENCOSTA

DISSERTAÇÃO

CURITIBA

2018

SILVANA ALVES DE ANDRADES

ESTUDO DO FATOR DE SEGURANÇA DE UM ATERRO SANITÁRIO TIPO

CONVENCIONAL COMPARANDO COM UM ATERRO SANITÁRIO TIPO

ENCOSTA

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Área de Concentração: Estruturas e Geotecnia

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Luís dos Santos Izzo

Coorientadora: Prof. Drª. Juliana Lundgren Rose

CURITIBA

2018

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação A553e Andrades, Silvana Alves de 2018 Estudo do fator de segurança de um aterro sanitário tipo convencional comparando com um aterro sanitário tipo encosta / Silvana Alves de Andrades.-- 2018. 144 f.: il.; 30 cm.

Disponível também via World Wide Web. Texto em português com resumo em inglês. Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Curitiba, 2018. Bibliografia: p. 116-120.

1. Resíduos sólidos urbanos. 2. Aterro sanitário. 3. Estabilidade. 4. Mecânica do solo. 5. Engenharia civil - Dissertações. I. Izzo, Ronaldo Luis dos Santos, orient. II. Rose, Juliana Lundgren, coorient. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, inst. IV. Título.

CDD: Ed. 22 -- 624

Biblioteca Ecoville da UTFPR, Câmpus Curitiba Bibliotecária Lucia Ferreira Littiere

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

TERMO DE APROVAÇÃO DE DISSERTAÇÃO Nº141

A Dissertação de Mestrado intitulada ESTUDO DO FATOR DE SEGURANÇA DE UM ATERRO

SANITÁRIO TIPO CONVENCIONAL COMPARANDO COM UM ATERRO SANITÁRIO TIPO

ENCOSTA, defendida em sessão pública pelo (a) candidato(a) Silvana Alves de Andrades, no dia 28

de fevereiro de 2018, foi julgada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, área de

concentração Construção Civil, e aprovada em sua forma final, pelo Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA:

Prof(a). Dr(a). Ronaldo Luis dos Santos Izzo- Presidente - UTFPR

Prof(a). Dr(a). Amanda Dalla Rosa Johann - UTFPR

Prof(a). Dr(a). Klaus Dieter Sautter – Uniandrade

A via original deste documento encontra-se arquivada na Secretaria do Programa, contendo a

assinatura da Coordenação após a entrega da versão corrigida do trabalho.

Curitiba, 28 de fevereiro de 2018.

Carimbo e Assinatura do(a) Coordenador(a) do Programa

AGRADECIMENTOS

A Deus, agradeço pela iluminação em todos os momentos. O que seria de mim

sem a fé que eu tenho nele.

Aos meus pais, Adejair e Zenita, não há palavras que expressem o meu

profundo reconhecimento. Agradeço pelo esforço de ambos em priorizar um estudo

de qualidade a mim, pelo incentivo na minha formação pessoal e profissional,

apoiando-me em todas as decisões.

Ao meu marido Paulo Baldi, pelo amor incondicional e companheirismo em

todos os momentos.

Aos meus irmãos Aldieres e Arlon, pelo apoio e incentivo.

Ao meu orientador professor Ronaldo L. S. Izzo que acreditou em mim desde o

princípio, obrigada por ter me concedido a oportunidade de realizar meu sonho.

À professora Juliana Lundgren Rose pela atenção, paciência e pelos

esclarecimentos valiosos.

Ao Engenheiro Ricardo Cortez de Souza e a Engenheira Maria Elisa Palma

Ramos pela amizade, pelas dicas, e por compartilharem seu precioso tempo nas

leituras e colocações. Tenho-os como da minha família.

A todos amigos e colegas de trabalho que estiveram sempre prontamente

dispostos a me ajudar para que eu pudesse realizar esse trabalho. Em especial,

Shaliton Barbosa, Adriano Gonçalves, Gabriel Franco, Vinicius Paes, Antonio Januzzi,

Jéssica Santos.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este sonho se

tornasse realidade. Meu muito obrigada.

Por fim, o agradecimento mais especial, a uma pessoa que ainda não sabe ler

as linhas que escrevo. A minha querida e amada filha, Nathalia, dedico essa

dissertação por completo, pois talvez tenha sido ela quem mais sentiu minha ausência

em sua elaboração. Amo-te incondicionalmente.

RESUMO

ANDRADES, Silvana Alves de. Estudo do fator de segurança de um aterro sanitário tipo convencional comparando com um aterro sanitário tipo encosta. 2018. 144 f. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.

O crescimento da população aliado ao desenvolvimento socioeconômico provocou mudanças nos hábitos da população, principalmente no que se refere ao consumismo exacerbado trazendo problemas relacionados aos rejeitos provenientes das atividades humanas. Em consequência, o gerenciamento e a disposição final tornaram-se um grande problema a ser encarado. Atualmente, um dos principais meios de destinação final dos RSU são os aterros sanitários. Otimizar sua vida útil devido à carência de locais adequados para este fim, principalmente em grandes centros urbanos, e exigências mais rígidas de órgãos controladores e reguladores, tornou-se um dos principais focos dos gestores tanto municipais quanto estaduais. Essas ampliações, se não projetadas e monitoradas corretamente, podem acarretar em deslizamentos de resíduos e consequente impacto ambiental. Em face desse problema, o monitoramento geotécnico dos aterros sanitários é elemento indispensável para averiguar a estabilidade do maciço de resíduos. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a estabilidade dos taludes de um aterro sanitário do tipo convencional e de um aterro sanitário do tipo encosta, por meio de simulações de modelos matemáticos para estimativa do fator de segurança. Como objetivos específicos calcular o fator de segurança para estabilidade do talude de um aterro sanitário localizado na região metropolitana de Curitiba (RMC) e de um aterro sanitário localizado na região metropolitana de São Paulo (RMSP) considerando o período de agosto de 2014 a agosto de 2015, utilizando os softwares Slide 6 e Slope W. Além disso, comparar os valores calculados de fator de segurança com níveis pluviométricos e vazão de lixiviado dos aterros sanitários estudados. O estudo permitiu verificar que apesar da relação causa-efeito ser evidente, o vínculo entre a precipitação, vazão e fator de segurança não é expressivo. Entretanto, foi observada forte correlação entre o nível de chorume e o fator de segurança, uma vez que esta informação compõe dados fundamentais de entrada na modelagem. O aterro sanitário da RMC, de formato tipo convencional, apresentou resultados de fator de segurança mais estáveis do que os resultados apresentados para o aterro sanitário da RMSP, de formato tipo encosta, tanto para a modelagem realizada com o software Slide 6 como para a modelagem realizada com o software Slope w. Palavras-Chave: Resíduos sólidos urbanos. Aterro sanitário. Geotecnia. Fator de segurança. Estabilidade.

ABSTRACT

ANDRADES, Silvana Alves de. Study of the safety factor of an area landfilling method comparison with a slope landfilling method. 2018. 144 f. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil – Federal Technology University – Parana. Curitiba, 2018. The growth of human population allied with the social economic development provided changes in the world habits, specially involving the exacerbated consume of goods that has increased the generation of waste. In consequence, the management and final destination of this waste become a giant issue to be faced. Nowadays one of the most used methods of final disposal are the sanitary landfills. Appropriate places for those sanitary landfills are getting harder to find specially in big urban centers and under the stricter control of Environmental Departments and Environmental Laws. So, optimize the lifetime of the existing sanitary landfills has become one of the main focus of the City and State managers. One strategy used to optimize the lifetime is to extend its area. On a sanitary landfill enlargement it is vital that this extension is projected a monitored correctly, if not, landslides may happen, exposing the waste of the sanitary landfills resulting in an environmental disaster. The most efficient way to decrease this risk is the geotechnical monitoring of the waste mass stability. In face of this situation, this present document presents, using mathematic simulation models a way to estimate the slope stability and safety factor of conventional and hillside sanitary landfills. The specific goals of this document are, to calculate the stability safety factor of the sanitary landfill located at the metropolitan region of Curitiba, and to calculate the stability safety factor of the sanitary landfill at the metropolitan region of São Paulo, both during the period from August 2014 until August 2015, using software Slide 6 and Slope W. As an additional goal of this study, it was stablished a parallel between the safety factor value compared with the precipitation levels and leachate flow of the studied landfills. This study has permitted to state that, although the cause effect relation is clear, the relations between precipitation, leachate flow and safety factor is not expressive. However, there is a significant correlation between the leachate level and the safety factor, once both variables are a fundamental data in the modelling process. The sanitary landfill located at the metropolitan region of Curitiba, constructed under the conventional landfill method, has presented most stable safety factors that the landfill located at the metropolitan region of São Paulo, constructed under the Hillside landfill method. This result was reveal by the modelling made with the software Slide 6 and also by the modeling made using the software Slope W. Keywords: Municipal solid waste. Sanitary landfill. Geotechnics. Factor of safety. Stability.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS RSU EM DIFERENTES IDADES DE BIODEGRADAÇÃO ......... 27

FIGURA 2 – DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES E PÚBLICOS .................................... 43

FIGURA 3 – ESQUEMA OPERACIONAL DE UM ATERRO SANITÁRIO ................................................................. 44

FIGURA 4 – FRENTE OPERACIONAL DE UM ATERRO SANITÁRIO EM OPERAÇÃO ............................................. 44

FIGURA 5 – MÉTODO DA ÁREA OU CONVENCIONAL ..................................................................................... 45

FIGURA 6 – MÉTODO DA TRINCHEIRA ........................................................................................................ 46

FIGURA 7 – MÉTODO DE ENCOSTA ............................................................................................................ 46

FIGURA 8 – GEOMEMBRANA INSTALADA EM ATERRO SANITÁRIO .................................................................. 48

FIGURA 9 – PROTEÇÃO MECÂNICA DA GEOMEMBRANA ............................................................................... 48

FIGURA 10 – EXECUÇÃO DE COBERTURA DIÁRIA EM UM ATERRO SANITÁRIO ................................................ 49

FIGURA 11 – ESQUEMA DE COBERTURA EM ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................... 50

FIGURA 12 – ESQUEMA DE DRENOS DE LÍQUIDOS PERCOLADOS ................................................................. 52

FIGURA 13 – SISTEMA DE DRENAGEM DE GASES E LIXIVIADO ...................................................................... 52

FIGURA 14 – ESQUEMA DE DRENAGEM DE GASES ...................................................................................... 53

FIGURA 15 – DESCIDA HIDRÁULICA IMPLANTADA EM UM ATERRO SANITÁRIO ................................................ 55

FIGURA 16 – MODELO DE MARCO SUPERFICIAL. A (SEÇÃO TRANSVERSAL), B(VISTA DE PLANTA) .................. 56

FIGURA 17 – PIEZÔMETRO VECTOR E DETALHE DE FUNCIONAMENTO .......................................................... 58

FIGURA 18 – MODELO HIDROGEOTÉCNICO DE ATERROS SANITÁRIOS .......................................................... 60

FIGURA 19 – EXEMPLO DE MONITORAMENTO DO COMPORTAMENTO DE FISSURA ........................................ 61

FIGURA 20 – LAMELA DE BISHOP (MÉTODO DE BISHOP SIMPLIFICADO) ........................................................ 64

FIGURA 21 – EXEMPLO DE RUPTURA EM UM ATERRO SANITÁRIO (ATERRO DE ITAPECERICA DA SERRA –

SP/2006) ....................................................................................................................................... 66

FIGURA 22 – EXEMPLO DE DESLIZAMENTOS MORRO DO BUMBA EM NITERÓI – RJ ....................................... 67

FIGURA 23 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO RMC ................................................................................................ 71

FIGURA 24 – AS BUILT DO ATERRO SANITÁRIO RMC .................................................................................. 72

FIGURA 25 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA RMSP ......................................................................................... 75

FIGURA 26 – AS BIULT DO ATERRO SANITÁRIO RMSP ................................................................................ 76

FIGURA 27 – LOCALIZAÇÃO DAS SEÇÕES FIXAS DO ATERRO SANITÁRIO DA RMC ......................................... 78

FIGURA 28 – TRAÇADO DAS SEÇÕES FIXAS DO ATERRO SANITÁRIO DA RMC ............................................... 79

FIGURA 29 – LOCALIZAÇÃO DAS SEÇÕES FIXAS DO ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ....................................... 80

FIGURA 30 – TRAÇADO DAS SEÇÕES FIXAS DO ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ............................................. 81

FIGURA 31 – LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS PIEZÔMETROS ATERRO SANITÁRIO RMC........................................ 84

FIGURA 32 – LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS PIEZÔMETROS ATERRO SANITÁRIO RMSP ..................................... 84

FIGURA 33 – CONFIGURAÇÃO ADOTADA PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADE DAS SEÇÕES DE ESTUDO PELO

SLIDE 6 ........................................................................................................................................... 87

FIGURA 34 – CONFIGURAÇÃO ADOTADA PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADE DAS SEÇÕES DE ESTUDO PELO

SLOPE W ........................................................................................................................................ 89

FIGURA 35 – CÁLCULO FS SOFTWARE SLIDE 6- AGOSTO 2014 ................................................................... 93

FIGURA 36 – CÁLCULO FS SOFTWARE SLOPE W - AGOSTO 2014 ............................................................... 94

FIGURA 37 – VALORES DE FATORES DE SEGURANÇA PARA O ATERRO SANITÁRIO DA RMC .......................... 96

FIGURA 38 – PRECIPITAÇÃO E VAZÃO DE LIXIVIADO MEDIDOS NO ATERRO SANITÁRIO DA RMC ..................... 96

FIGURA 39 – FATORES DE SEGURANÇA E VAZÃO DE LIXIVIADO PARA O ATERRO SANITÁRIO DA RMC ............. 98

FIGURA 40 – RELAÇÃO ENTRE FATORES DE SEGURANÇA E NÍVEIS DE CHORUME MEDIDOS NO ATERRO

SANITÁRIO DA RMC ........................................................................................................................ 99

FIGURA 41 – CÁLCULO FS SOFTWARE SLIDE 6- AGOSTO 2014 ................................................................. 102

FIGURA 42 – CÁLCULO FS SOFTWARE SLOPE W - AGOSTO 2014 ............................................................. 103

FIGURA 43 – VALORES DE FATORES DE SEGURANÇA PARA O ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ...................... 105

FIGURA 44 – PRECIPITAÇÃO E VAZÃO DE LIXIVIADO MEDIDOS NO ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ................. 106

FIGURA 45 – FATORES DE SEGURANÇA E VAZÃO DE LIXIVIADO PARA O ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ........ 108

FIGURA 46 – RELAÇÃO ENTRE FATORES DE SEGURANÇA E NÍVEIS DE CHORUME MEDIDOS NO ATERRO

SANITÁRIO DA RMSP .................................................................................................................... 109

FIGURA 47– COMPARAÇÃO ENTRE O ATERRO SANITÁRIO DA RMC COM O ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ... 111

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RSU GERADOS NO BRASIL .................................................. 26

TABELA 2 – PESO ESPECIFICO DO RSU .................................................................................................... 29

TABELA 3 – TEOR DE UMIDADE DE DIVERSOS COMPONENTES PRESENTES NOS RSU ................................... 30

TABELA 4 – VALORES DE COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE EM RSU ......................................................... 31

TABELA 5 – REVISÃO DOS MÉTODOS PARA MEDIR O COMPORTAMENTO CISALHAMENTO DO RSU .................. 36

TABELA 6 – RESUMO DOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DOS RSU ........................................................... 38

TABELA 7 – DESTINO FINAL DOS RSU NO BRASIL, POR UNIDADE DE DESTINO DOS RESÍDUOS (%) ................ 40

TABELA 8- NÍVEIS DE ALERTA E CRITÉRIOS DE DECISÃO ............................................................................ 57

TABELA 9 – MUNICÍPIOS INTEGRANTES DO CONRESOL (PR) ................................................................... 73

TABELA 10 – QUANTIDADE RELATIVA DE RESÍDUO DISPOSTO NO ATERRO SANITÁRIO (%) ............................. 74

TABELA 11 – MUNICÍPIOS QUE DESTINAM RESÍDUO PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMSP .............................. 77

TABELA 12 –QUANTIDADE DE RESÍDUOS DISPOSTOS NO ATERRO SANITÁRIO DA RMSP (%) ........................ 77

TABELA 13 –VALORES DOS PARÂMETROS PARA OS ATERROS SANITÁRIOS DA RMC E RMSP ...................... 82

TABELA 14 – VALORES DAS LEITURAS DOS POÇOS PIEZÔMETROS PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMC ........... 91

TABELA 15 – VALORES DE FATOR DE SEGURANÇA SEGUNDO NBR 11682 ................................... 92

TABELA 16 – VALORES DE FS PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMC .............................................................. 95

TABELA 17 – DADOS DE FS, PRECIPITAÇÃO, NÍVEL E VAZÃO DE LIXIVIADO PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMC

PARA OS PIEZÔMETROS PZ01A/PZ01B ........................................................................................... 97

TABELA 18 – VALORES DAS LEITURAS DOS POÇOS PIEZÔMETROS PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMSP ...... 100

TABELA 19 – VALORES DE FATOR DE SEGURANÇA SEGUNDO NBR 11682 ................................. 101

TABELA 20 – VALORES DE FS PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMSP .......................................................... 104

TABELA 21 – DADOS DE FS, PRECIPITAÇÃO, NÍVEL E VAZÃO DE LIXIVIADO PARA ATERRO SANITÁRIO DA RMSP

EM RELAÇÃO AO PIEZÔMETRO PZ07 ............................................................................................... 107

TABELA 22 – RESULTADOS DE FS COM O SOFTWARE SLIDE 6 .................................................................. 109

TABELA 23 – RESULTADOS DE FS COM O SOFTWARE SLOPE W ............................................................... 110

LISTA DE ABREVIATURAS

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR – Norma Brasileira

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

MS – Marco Superficial

FS – Fator de Segurança

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

CONRESOL – Consórcio Intermunicipal para Gestão e Gerenciamento de Resíduos

Sólidos Urbanos

PZ – Piezômetro

RMC – Região Metropolitana de Curitiba

RMSP – Região Metropolitana de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16

1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 18

1.1.1 Objetivos Específicos ......................................................................................... 18

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 19

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ..................................................................... 20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 22

2.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................. 22

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................... 23

2.2.1 Quanto aos riscos ambientais do meio ambiente .............................................. 23

2.2.2 Quanto à natureza ou origem ............................................................................ 24

2.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ......... 26

2.3.1 Propriedades físicas do RSU ............................................................................. 26

2.3.2 Propriedades Mecânicas do RSU ...................................................................... 33

2.4 MÉTODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS............. 40

2.4.1 Lixões ................................................................................................................. 40

2.4.2 Aterro Controlado ............................................................................................... 41

2.4.3 Aterro Sanitário .................................................................................................. 42

2.4.4 Métodos de Disposição de Resíduos em Aterros Sanitários ............................ 45

2.5 ELEMENTOS BÁSICOS DE UM ATERRO SANITÁRIO ........................................ 47

2.5.1 Impermeabilização de base ............................................................................... 47

2.5.2 Cobertura de resíduos ....................................................................................... 48

2.5.3 Lixiviado ............................................................................................................. 50

2.5.4 Drenagem de líquidos lixiviados ........................................................................ 51

2.5.5 Drenagem de gases ........................................................................................... 52

2.5.6 Drenagem de águas pluviais ............................................................................. 53

2.6 MECANISMOS DE MONITORAMENTO DE RUPTURA DE TALUDES ................. 55

2.6.1 Marcos Superficiais ............................................................................................ 55

2.6.2 Piezômetros ....................................................................................................... 57

2.6.3 Medidas de Vazão de lixiviado .......................................................................... 59

2.6.4 Inspeções Visuais .............................................................................................. 60

2.7 MÉTODOS DE ESTABILIDADE DE TALUDES ...................................................... 61

2.7.1 Método de Fellenius ou Método Ordinário das Fatias ....................................... 63

2.7.2 Método de Bishop Simplificado.......................................................................... 64

2.7.3 Método de Spencer ............................................................................................ 65

2.7.4 Método de Janbu ............................................................................................... 65

2.7.5 Método de Morgenstern & Price ........................................................................ 65

2.8 ESTABILIDADE DE TALUDES EM ATERROS DE RSU .......................................... 65

2.8.1 Tipos e causas de instabilidade de taludes ....................................................... 67

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 70

3.1 ATERRO SANITÁRIO DE REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – PR ...................... 70

3.1.1 Aspectos gerais e localização............................................................................ 70

3.1.2 Material recebido ............................................................................................... 72

3.2 ATERRO SANITÁRIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO – SP ........................... 75

3.2.1 Aspectos gerais e localização............................................................................ 75

3.2.2 Material recebido ............................................................................................... 76

3.3 SEÇÃO DE ESTUDO ................................................................................................... 77

3.3.1 RMC ................................................................................................................... 77

3.3.2 RMSP ................................................................................................................. 79

3.4 PARÂMETROS GEOTÉCNICOS ..................................................................................... 81

3.5 LEITURAS PIEZOMÉTRICAS .......................................................................................... 83

3.6 PROCEDIMENTOS COMPUTACIONAIS ........................................................................... 85

3.6.1 Slide 6 ................................................................................................................ 85

3.6.2 Geo-Slope 2016 ................................................................................................. 86

3.6.3 Dados de Entrada .............................................................................................. 87

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................. 90

4.1 ATERRO SANITÁRIO DA RMC ..................................................................................... 90

4.1.1 Leituras piezométricas ....................................................................................... 90

4.1.2 Cálculo do fator de segurança utilizando software Slide 6 e slope W ............... 92

4.1.3 Fatores de Segurança obtidos para o aterro sanitário da RMC ........................ 95

4.1.4 Pluviometria e vazão de lixiviado ....................................................................... 96

4.1.5 Relação entre fatores de segurança, precipitação, nível e vazão de lixiviado .. 97

4.2 O SANITÁRIO DA RMSP ........................................................................................... 100

4.2.1 Leituras piezométricas ..................................................................................... 100

4.2.2 Cálculo do fator de segurança utilizando software Slide 6 e slope W ............. 100

4.2.3 Fatores de Segurança obtidos para o aterro sanitário da RMSP .................... 104

4.2.4 Pluviometria e vazão de lixiviado ..................................................................... 105

4.2.5 Relação entre fatores de segurança, precipitação e vazão de lixiviado ......... 106

4.3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O ATERRO SANITÁRIO DA RMC COM O ATERRO SANITÁRIO

DA RMSP 109

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 113

SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS ................................................................. 115

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 116

APÊNDICE A – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período setembro de 2014 ........................................................................................... 121

APÊNDICE B – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período outubro de 2014 ............................................................................................. 121

APÊNDICE C – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período novembro de 2014 .......................................................................................... 122

APÊNDICE D – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período dezembro de 2014 .......................................................................................... 122

APÊNDICE E – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período janeiro de 2015 ............................................................................................... 123

APÊNDICE F – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período fevereiro de 2015 ............................................................................................ 123

APÊNDICE G – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período março de 2015 ................................................................................................ 124

APÊNDICE H – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período abril de 2015 ................................................................................................... 124

APÊNDICE I – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período maio de 2015 .................................................................................................. 125

APÊNDICE J – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período junho de 2015 ................................................................................................. 125

APÊNDICE K – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período julho de 2015 .................................................................................................. 126

APÊNDICE L – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período agosto de 2015 ............................................................................................... 126

APÊNDICE M – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período setembro de 2014 ......................................................................................... 127

APÊNDICE N – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período outubro de 2014 ............................................................................................ 127

APÊNDICE O – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período novembro de 2014 ........................................................................................ 128

APÊNDICE P – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período dezembro de 2014 ........................................................................................ 128

APÊNDICE Q – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período janeiro de 2015 ............................................................................................. 129

APÊNDICE R – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período fevereiro de 2015 .......................................................................................... 129

APÊNDICE S – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período março de 2015 .............................................................................................. 130

APÊNDICE T – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período abril de 2015 ................................................................................................. 130

APÊNDICE U – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período maio de 2015 ................................................................................................ 131

APÊNDICE V – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período junho de 2015 ............................................................................................... 131

APÊNDICE W – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o

software slope w – Período julho de 2015.................................................................................. 132

APÊNDICE X – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período agosto de 2015 ............................................................................................. 132

APÊNDICE Y – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período setembro de 2014 ............................................................................ 133

APÊNDICE Z – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período outubro de 2014 ............................................................................... 133

APÊNDICE AA – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período novembro de 2014 ........................................................................... 134

APÊNDICE BB – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período dezembro de 2014 ........................................................................... 134

APÊNDICE CC – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período janeiro de 2015 ................................................................................ 135

APÊNDICE DD – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período fevereiro de 2015 ............................................................................. 135

APÊNDICE EE – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período março de 2015 ................................................................................. 136

APÊNDICE FF – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período abril de 2015 .................................................................................... 136

APÊNDICE GG – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período maio de 2015 ................................................................................... 137

APÊNDICE HH – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período junho de 2015 .................................................................................. 137

APÊNDICE II – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período julho de 2015 ................................................................................... 138

APÊNDICE JJ – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período agosto de 2015 ................................................................................ 138

APÊNDICE KK – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período setembro de 2014 .......................................................................... 139

APÊNDICE LL – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período outubro de 2014 ............................................................................. 139

APÊNDICE MM – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período novembro de 2014 ......................................................................... 140

APÊNDICE NN – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período dezembro de 2014 ......................................................................... 140

APÊNDICE OO – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período janeiro de 2015 .............................................................................. 141

APÊNDICE PP – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período fevereiro de 2015 ........................................................................... 141

APÊNDICE QQ – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período março de 2015 ............................................................................... 142

APÊNDICE RR – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período abril de 2015 .................................................................................. 142

APÊNDICE SS – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período maio de 2015 ................................................................................. 143

APÊNDICE TT – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período junho de 2015 ................................................................................ 143

APÊNDICE UU – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período julho de 2015.................................................................................. 144

APÊNDICE VV – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período agosto de 2015 .............................................................................. 144

16

1 INTRODUÇÃO

O crescimento da população aliado ao desenvolvimento socioeconômico

provocou mudanças nos hábitos da população, principalmente no que se refere ao

consumismo exacerbado trazendo problemas relacionados aos rejeitos provenientes

das atividades humanas.

Dessa forma, os resíduos acabam tendo diferentes destinos, dentre eles os

chamados lixões que são implantados sem qualquer critério técnico e sem a utilização

de sistemas de proteção ambiental, interferindo na qualidade de vida da população

(GOMES, 2009). Assim, houve a necessidade de implantar um sistema adequado de

disposição de resíduos sólidos, os aterros sanitários.

Para normalização desta atividade foi criada a NBR 8419 (ABNT, 1992), da

Associação Brasileira de Normas Técnicas. Na norma, é definido aterro sanitário como

“técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à

saúde e à sua segurança minimizando impactos ambientais, método este que utiliza

princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos”.

A opção pelos aterros sanitários deve-se ao fato de esta ser hoje a forma de

disposição mais viável dentro da realidade brasileira tanto do ponto de vista técnico

como do ponto de vista econômico. As características construtivas destas unidades

permitem minimizar os efeitos das principais fontes de poluição: o gás e o líquido

lixiviado gerado pela decomposição dos resíduos (JUCÁ, 2004).

A implantação de aterros sanitários tende a aumentar com a Política Nacional

de Resíduos Sólidos (Lei 12.305)(BRASIL, 2010) marco regulatório que, dentre outros

pontos relacionados à gestão de resíduos, determina que a disposição final deve ser

realizada em aterros sanitários.

É importante frisar que a demanda crescente de áreas para disposição dos

resíduos e a carência de locais adequados próximos aos centros geradores induzem

à exigência de otimizar a capacidade de disposição dos locais disponíveis. Desta

forma, problemas envolvendo operação, funcionamento e estabilidade de aterros

sanitários muitas vezes não são previstos no projeto, sendo de fundamental

importância o monitoramento geotécnico dos mesmos (CARVALHO, 1999).

17

Com a decomposição dos resíduos orgânicos, os aterros sanitários sofrem

recalque e deslocamentos nas direções vertical e horizontal. Se estes deslocamentos

não forem monitorados, há possibilidade de ruptura dos taludes e consequente

impacto ambiental (BENVENUTO, 1991).

Portanto, torna-se fundamental o estudo geotécnico levando em consideração

as peculiaridades dos resíduos sólidos. É importante observar as particularidades de

cada aterro sanitário, a fim de tornar possíveis medidas para aumentar a vida útil do

empreendimento, por questões econômicas, logísticas e ambientais (BOSCOV,

2008).

O monitoramento geotécnico por meio de marcos superficiais

georreferenciados e piezômetros posicionados em regiões de maior risco, bem como

simulações da estabilidade dos taludes são ferramentas para o gerenciamento

adequado, com finalidade de estabelecer prognósticos do deslocamento do maciço

de resíduos (BENVENUTO, 1991).

Neste contexto, no presente trabalho será avaliada a estabilidade dos taludes

de um aterro sanitário localizado na região metropolitana de Curitiba (RMC) e de um

aterro sanitário localizado na região metropolitana de São Paulo (RMSP), efetuando

cálculos do fator de segurança pela utilização do Software Slide 6 e do Software Slope

W. Com os resultados obtidos pretende-se comparar a estabilidade dos taludes do

aterro tipo convencional com o aterro do tipo encosta.

18

1.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a estabilidade dos taludes de um aterro sanitário do tipo convencional

e de um aterro sanitário do tipo encosta por meio de simulações de modelos

matemáticos para estimativa do fator de segurança.

1.1.1 Objetivos Específicos

I. Calcular o fator de segurança para estabilidade do talude para um

aterro sanitário localizado na região metropolitana de Curitiba (RMC)

considerando o período de agosto de 2014 a agosto de 2015, utilizando

os softwares Slide 6 e Slope W.

II. Calcular o fator de segurança para um aterro sanitário localizado na

região metropolitana de São Paulo (RMSP) considerando o período de

agosto de 2014 a agosto de 2015, utilizando os softwares Slide 6 e

Slope W.

III. Estabelecer a relação em termos de estabilidade dos taludes entre os

fatores de segurança obtidos com o tipo de aterro estudado.

IV. Comparar os valores calculados de fator de segurança com níveis

pluviométricos e vazão de lixiviado dos aterros sanitários estudados.

19

1.2 JUSTIFICATIVA

As alterações ambientais provocadas devido ao modo de vida nas grandes

cidades caracterizam-se, principalmente, pela geração maciça de resíduos. Obtendo-

se, na verdade, um confronto entre meio ambiente e desenvolvimento, ao não se

estabelecer patamares sustentáveis de produção e consumo.

Com a saturação e fechamento dos aterros sanitários surge a demanda por

novas áreas, cada vez maiores e inevitavelmente próximas aos centros urbanos. Este

fato gera conflito, pois a população tende a resistir à instalação de aterros, ou outras

construções do gênero, próximas do local onde moram.

Para permitir o projeto e execução de aterros sanitários com cada vez mais

capacidade de armazenamento, mais seguros e mais eficientes no tratamento do

lixiviado e das emissões gasosas, aspectos geotécnicos dos resíduos sólidos urbanos

(RSU) que influenciam no funcionamento do aterro sanitário têm que ser investigados

com mais afinco.

O conhecimento das variáveis que influenciam o comportamento mecânico do

RSU propiciaria melhorias no projeto de aterros sanitários, bem como avaliações mais

precisas de riscos associados à operação de aterros sanitários e até mesmo a

realização de retroanalise de escorregamentos.

Diante desse cenário, torna-se essencial o estudo geotécnico dos aterros

sanitários levando em consideração as peculiaridades dos resíduos sólidos e as

particularidades de cada aterro sanitário, a fim de tornar possíveis medidas que visem

aumentar a vida útil do empreendimento, por questões econômicas, logísticas e

ambientais.

Vários estudos nacionais (BENVENUTO, 1991, DE LAMARE NETO, 2004;

FUCALE, 2005; BOSCOV, 2008, CATAPRETA, 2008) estão direcionados a

compreender melhor o comportamento geotécnico dos resíduos sólidos urbanos, pois

a forma como estes resíduos são dispostos também interferem diretamente sobre o

comportamento dos aterros sanitários, podendo influenciar a sua estabilidade.

Nesta pesquisa, referente ao comportamento de resíduos sólidos foram

identificadas análises de estabilidade de taludes em aterros sanitários realizadas por

diferentes metodologias, apresentando resultados diversos, incluindo os trabalhos de

MAHLER e NETO (2000), OLIVEIRA (2002), BORGATTO (2006), RIBEIRO (2008)

onde foi adotado o método de Bishop Simplificado.

20

Para OLIVEIRA (2002), o método de Bishop Simplificado foi adotado visto que

se trata de um método “consagrado”. Para RIBEIRO (2008), o método de Bishop é

possivelmente o mais utilizado entre os diversos métodos para análise de estabilidade

de taludes, visto que é razoavelmente simples e fornece fatores de segurança

próximos dos obtidos por métodos mais precisos.

Para REMÉDIO (2014), entre os principais softwares relacionados à

modelagem ambiental identificados, o conjunto de programas desenvolvidos pela

Geo-Slope International se destacou por sua praticidade e por possuir versões

gratuitas para estudantes. Além disso, utiliza análises de equilíbrio limite, podendo

modelar tipos heterogêneos de materiais com complexa geometria, considerando

diferentes superfícies de deslizamento e poropressão. Para SCHULER (2010) o

método de Bishop foi adotado em todas as análises realizadas, sendo as simulações

realizadas no software SLIDE 5.0 da Rocscience.

Porém, esses estudos não realizam comparações em termos de estabilidade

geotécnica entre diferentes tipos de aterros sanitários e, normalmente, os cálculos

realizados para obtenção de valores de fator de segurança são para taludes naturais.

Neste contexto, optou-se por avaliar a estabilidade dos taludes de um aterro

sanitário do tipo convencional e de um aterro sanitário do tipo encosta por meio de

simulações de modelos matemáticos para estimativa do fator de segurança.

1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Este trabalho foi dividido em seis capítulos, a fim de facilitar a compreensão

do leitor. No capítulo dois foi apresentada a revisão de literatura, a qual busca situar

o leitor sobre os aspectos gerais dos resíduos sólidos urbanos, incluindo desde

aspectos como geração e destinação até mecanismos de controle de ruptura de

taludes. Ainda neste capítulo são abordados os métodos de estabilidade e também os

tipos e causas de instabilidade em taludes.

No terceiro capítulo, estudo de caso, foram apresentados dados como

localização, tipo de resíduo recebido, quantidade de recebimento mensal dos dois

aterros sanitários estudados.

No quarto capítulo foram abordados os materiais utilizados e a metodologia

empregada, definindo as seções de estudo de cada aterro bem como os parâmetros

geotécnicos adotados para os cálculos.

21

Os resultados dos cálculos de fator de segurança usando os softwares slide

6 e slope w, das leituras dos piezômetros e a análise comparativa entre o aterro

sanitário da RMC com o aterro sanitário da RMSP são expostos no capítulo cinco,

juntamente com as discussões de todos os resultados.

As conclusões e recomendações para trabalhos futuros são abordados no

sexto capítulo. E, por fim, são apresentados as referências bibliográficas e os

apêndices.

22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A questão dos resíduos sólidos no Brasil tem sido amplamente discutida a

partir de vários levantamentos da situação brasileira e perspectivas para o setor. De

forma geral, este assunto permeia por várias áreas do conhecimento, desde o

saneamento básico, meio ambiente, inserção social e econômica dos processos de

triagem e reciclagem dos materiais, até o aproveitamento energético dos gases

provenientes dos aterros sanitários (JUCÁ, 2004).

Constitui-se num fato evidente a expansão do número de municípios que

destinam corretamente os seus resíduos sólidos, dispondo-os em aterros sanitários,

conforme normas e padrões oficiais. Os municípios dos estados das Regiões Sudeste

e Sul, que são os mais desenvolvidos em termos econômicos e sociais no Brasil,

possuem condições favoráveis para que se difunda tal prática, uma vez que os níveis

de educação e de consciência socioambiental da comunidade estão estreitamente

bem correlacionados com os níveis de exigências de qualidade ambiental para seus

espaços urbanos. (BERRÍOS, 2010).

Segundo a NBR 10.004 (ABNT, 2004), resíduos sólidos são

“ resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividade de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola e de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle da poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em

face à melhor tecnologia disponível. ”

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) define resíduos

sólidos como:

“ material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.”

23

Resíduo pode também ser definido como qualquer matéria que é descartada

ou abandonada ao longo de atividades industriais, comerciais, domésticas, ou ainda,

como produtos secundários para os quais não há demanda econômica e para os quais

é necessária disposição (BOSCOV, 2008).

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A classificação de resíduos sólidos é realizada em função de suas

características físico-químicas ou infectocontagiosas. É importante conhecer a origem

do resíduo, ou o processo que o gerou, para que sejam definidas as possíveis

substâncias presentes, e se as mesmas representam risco à saúde ou ao meio

ambiente (PADILLA, 2007).

2.2.1 Quanto aos riscos ambientais do meio ambiente

De acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004), os resíduos sólidos podem ser

classificados em:

“ I. Resíduos Classe I – Perigosos: São resíduos sólidos ou mistura de resíduos que em função de suas características intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade, incidência de doenças ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. II. Classe II A – Não Inertes: são os resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água, não se enquadra na Classe I – Perigosos ou na Classe II B – Inertes. III. Classe II B – Inertes: São quaisquer resíduos que quando amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10.007 (ABNT, 2004) e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme a NBR 10.006 (ABNT, 2004) não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. ”

Landva e Clark (1990) classificaram os resíduos sólidos como orgânicos e

inorgânicos. Os orgânicos são divididos em putrescíveis, que são resíduos que se

decompõem com facilidade como: restos de alimentos, raízes, resíduos de poda e

jardinagem e não putrescíveis, que são de origem orgânica, porém necessitam de um

maior tempo para que se decomponham como: borracha, couro, papéis, tintas,

plásticos. Já os inorgânicos são classificados em degradáveis, compreendendo

24

basicamente os metais, e não degradáveis, os quais possuem baixíssimo potencial

de decomposição como: cerâmicas, vidros, solos, entulho de construção. .

Dixon e Langer (2006) destacam que esta classificação proposta anteriormente

fornece informações detalhadas sobre a degradação e compressibilidade potencial de

componentes, porém não considera a forma ou propriedade do material. Dessa forma,

Dixon e Langer (2006) propuseram uma nova forma de classificação, avaliando o

comportamento mecânico dos resíduos. Os autores consideraram o estado dos

componentes dos RSU em três fases distintas: durante a deposição no aterro, após a

colocação, e a longo prazo, em consequência da degradação. Em cada fase, os

resíduos foram examinados para obter informações sobre o tipo de material, a forma,

o tamanho e o potencial de degradação. Com estas propriedades é possível agrupá-

los em materiais compressíveis, incompressíveis e de reforço.

2.2.2 Quanto à natureza ou origem

A lei 12.305 (BRASIL, 2010) estabelece que os resíduos são classificados

conforme sua origem em:

“a) Resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas; b) Resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; c) Resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; d) Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; e) Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; f) Resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais; g) Resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde; h) Resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; i) Resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; j) Resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; k) Resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.”

Ferraz (2008), traz a seguinte classificação quanto a origem:

25

I. Domiciliar e Comercial: compreendem os resíduos coletados nas

residências, estabelecimentos comerciais e outros. II. Varrição: compreendem os resíduos resultantes de serviços de varrição de ruas logradouros públicos e feiras livres, capinação, roçagem, desobstrução de galerias e bocas de lobo, pintura de guias e remoção de resíduos não coletados pelo sistema regular. III. Saúde: compreendem os resíduos provenientes de estabelecimentos hospitalares, de farmácias, clínicas, consultórios dentários, laboratórios. Casa de detenção, aeroportos, terminais rodoviários e inclusive medicamentos vencidos. IV. Feiras e Mercados: compreendem os resíduos provenientes da limpeza de ruas de feiras e de mercados municipais. V. Entulhos: compreendem os resíduos de classe IIB, tais como: terra. Entulhos de terrenos públicos e privados, escavações, demolições, restos da construção civil e material retirado na operação de desassoreamento de corpos de água. VI. Industriais: compreendem os resíduos gerados pelas indústrias, sendo necessária contratação de serviços de particulares para realizar a coleta de seus resíduos. VII. Especiais e Perigosos: compreendem os resíduos provenientes de limpeza de bueiros, podas de árvores, carcaças de animais mortos, comerciais, domicílios, veículos abandonados, mobiliário em geral, pilhas, lâmpadas, tintas, entre outros.

Verifica-se no Quadro 1 a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos

sólidos urbanos gerados.

Quadro 1 – Responsabilidade pela gestão dos RSU

Origem do resíduo Responsável legal pelo gerenciamento

Domiciliar Prefeitura

Comercial Prefeitura (pequenas quantidades)

Público Prefeitura

Serviços de Saúde Gerador

Industrial Gerador

Portos, Aeroportos e Terminais Gerador

Ferroviários e Rodoviários Gerador

Agrícola Gerador

Entulhos Gerador

Fonte: FERRAZ (2008).

O responsável pelo gerenciamento é em função da origem do resíduo, sendo que o

domiciliar, público e o comercial, em pequenas quantidades, é de responsabilidade da

prefeitura de cada município gerador. Os resíduos de serviços de saúde, industrial, de

portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários, agrícola e entulhos são de

responsabilidade do gerador, mas cabem às prefeituras orientar e fiscalizar a

destinação correta.

26

2.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

2.3.1 Propriedades físicas do RSU

As principais características físicas do RSU são: a composição física ou

gravimétrica, composição granulométrica, peso específico, teor de umidade,

permeabilidade e temperatura.

2.3.1.1 Composição gravimétrica

A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em

relação ao peso total da amostra de resíduo analisada, varia com o local em função

dos hábitos como alimentação e forma de vestir, do nível educacional da população,

da atividade econômica predominante, do desenvolvimento econômico e do clima. O

teor de materiais putrescíveis é particularmente importante, pois influi na geração de

lixiviado, gás, e teor de umidade (BOSCOV, 2008).

Na Tabela 1, observa-se a composição gravimétrica dos resíduos sólidos

urbanos coletados no Brasil.

Tabela 1 – Composição gravimétrica dos RSU gerados no Brasil

Resíduos Participação (%) Quantidade (t.dia-1)

Material Reciclável 31,9 58.527

Metais 2,9 5.293

Aço 2,3 4.213

Alumínio 0,6 1.079

Papel, papelão e tetrapak 13,1 23.997

Plástico total 13,5 24.847

Plástico filme 8,9 16.399

Plástico rígido 4,6 8.448

Vidro 2,4 4.388

Matéria Orgânica 51,4 94.335

Outros 16,7 30.619

Total 100 183.481

Fonte: Brasil (2011)

27

Percebe-se que o componente mais representativo é a matéria orgânica,

representando 51,4% do total, sendo que 94.335 t.dia-1 de RSU é coletado todos os

dias.

2.3.1.2 Composição granulométrica

A sistemática da determinação da dimensão e distribuição das partículas dos

RSU é limitada em face da grande heterogeneidade e variedade dos resíduos, não

existindo um método padronizado para análise no Brasil. A análise da distribuição do

tamanho das partículas é comumente realizada utilizando-se a análise granulométrica

clássica da mecânica dos solos. Assim, a composição granulométrica dos RSU

caracteriza este como sendo um material predominantemente granular que apresenta

elevado percentual de frações grosseiras (tamanho correspondente a pedregulhos) e

com fração fina inferior a 20% (partículas < 0,075 mm) (BORGATTO, 2006).

Conforme pode ser observado na Figura 1, curvas granulométricas de RSU

com idade variando entre 8 meses a 15 anos são apresentadas, notando-se que o

percentual de materiais com granulação mais fina tende a aumentar com os anos,

resultado da biodegradação do material orgânico.

Figura 1 – Distribuição granulométrica dos RSU em diferentes idades de biodegradação

Fonte: Jessberger (1994, apud DE LAMARE NETO, 2004)

28

Estas características granulométricas podem ser acentuadas caso o sistema

de drenagem interna do aterro seja eficiente, ou seja, não havendo acúmulo de

efluentes líquidos e gasosos. Caso a drenagem interna seja ineficiente ou inexistente,

a dificuldade na eliminação dos efluentes poderá gerar regiões com massas orgânicas

muito moles (DE LAMARE NETO, 2004).

2.3.1.3 Peso específico do RSU

Segundo Silveira (2004), a relação entre o peso e o volume unitário na massa

de resíduos é denominada de peso específico (). O peso específico varia de aterro

para aterro, sendo fator fundamental a composição do resíduo, método de disposição,

envelhecimento induzido, profundidade e teor de umidade local. O mesmo também

sofre uma variação de acordo com cada etapa considerada, desde a geração dos

resíduos sólidos urbanos até a sua destinação final.

No caso dos resíduos sólidos, em função da heterogeneidade da massa, o

estudo do peso específico requer muita atenção, pois a gravimetria e granulometria

variam de acordo com a composição dos resíduos, que sofre a influência de fatores

que vão desde a sazonalidade de eventos, ao poder aquisitivo da população atendida

pela coleta dos resíduos sólidos, até as crises econômicas (SILVEIRA, 2004).

Segundo Boscov (2008), a variação espacial do peso especifico no maciço

sanitário é expressiva, por causa da heterogeneidade da composição, da saturação e

do grau de degradação. Existe uma tendência de aumento do peso específico em

função da profundidade, principalmente em razão da compressão sob o peso das

camadas sobrejacentes. Não há ensaios normalizados para a determinação do peso

especifico do RSU. O que causa uma fonte de variação adicional para esse parâmetro.

Alguns valores de peso específico de RSU reportados na literatura

especializada estão apresentados na Tabela 2.

29

Tabela 2 – Peso Especifico do RSU

Fonte Peso Específico

(KN/m³) Local/Condições

Benvenuto e Cunha (1991) 10 Condição drenada

13 Condição saturada

Santos e Presa (1995) 7 Resíduos recém-lançados

10 Após ocorrência de recalques

Kaimoto e Cepollina (1996)

5 a 7 Resíduos novos, não decompostos e

pouco compactados

9 a 13 Após compactação e ocorrência de

recalques

Mahler e Iturri (1998) 10,5 Seção com 10 meses de alteamento

Abreu (2000)

1,5 a 3,5 Resíduos soltos

3,5 a 6,5 Resíduos medianamente densos

6,5 a 14 Resíduos densos

De Lamare Neto (2004) 3 a 7 Resíduos não compactados

9 a 13 Resíduos com compactação controlada

Carvalho (2006) Entre 9,47 a 16,36 Lixão da cidade de Paracambi

Entre 9,99 a 11,75 Aterro sanitário de Santo André

Fonte: De Lamare Neto (2004); Carvalho (2006); Adaptado de Boscov (2008)

Embora os valores dos dados apresentados pelos diversos autores difiram, a

Tabela 2 permite constatar o aumento do peso específico dos RSU em virtude da

compactação, da degradação e da ocorrência de recalques.

O presente trabalho utilizou o valor igual a 10kN/m³ para o peso específico

citado por Benvenuto e Cunha, (2011), considerando o cenário de boa compactação

utilizando tratores de esteira e rolos de compactação, e também, considerando

condição drenada.

2.3.1.4 Teor de umidade

O teor de umidade de um maciço sanitário é muito importante na velocidade

de degradação de materiais putrescíveis e, consequentemente, na geração de

lixiviado e gás. É um parâmetro difícil de ser determinado, pois seus diversos

componentes possuem diferentes teores de umidade de modo que a distribuição da

30

umidade no maciço é muito heterogênea. O teor de umidade varia com a composição

gravimétrica, profundidade, pluviometria e as condições de drenagem interna e

superficial do maciço (BOSCOV, 2008).

A determinação do teor de umidade em um aterro sanitário é de fundamental

importância para a atividade dos microrganismos que decompõem a matéria orgânica

existente nos resíduos sólidos. Além disso, o teor de umidade influencia no poder

calorífico e no peso específico, além de afetar a eficiência da compactação no aterro.

Esta umidade representa a quantidade relativa de água contida na massa de resíduo

e pode variar pelos seguintes fatores: condições climáticas do local, composição inicial

dos resíduos, existência e eficiência do sistema de drenagem, composição dos

resíduos e estação do ano (PADILLA, 2007).

Na Tabela 3 verificam-se alguns componentes presentes nos resíduos e seu

respectivo teor de umidade, em percentagem. Também é possível examinar dados

típicos e a variação do teor de umidade em função de restos de alimentos e restos de

poda possuem uma variação no teor de umidade de 50-80% e 30-80%,

respectivamente, sendo que esses elementos são os que estão presentes em maior

quantidade e, portanto, são considerados mais representativos na geração do

lixiviado.

Tabela 3 – Teor de umidade de diversos componentes presentes nos RSU

Componentes Teor de umidade (%)

Variação Típico

Restos de Alimentos 50 - 80 70

Papel 4 - 10 6

Papelão 4 - 8 5

Plásticos 1 - 4 2

Têxteis 6 - 15 10

Borracha 1 - 4 2

Couro 1 - 12 10

Restos de poda 30 - 80 60

Madeira 15 - 40 20

Vidro 1 - 4 2

Embalagens de lata 2 - 4 3

Metais não ferrosos 2 - 4 2

Metais ferrosos 2 - 6 3

Terra, cinzas, tijolos 6 - 12 8

Fonte: Padilla (2007)

31

2.3.1.5 Permeabilidade

É a característica de um meio poroso permitir um líquido fluir entre suas

partículas com maior ou menor velocidade. Representa o tempo necessário para que

um líquido percorra os vazios de uma massa de solo, ou de resíduos. O conhecimento

do coeficiente de permeabilidade é de fundamental importância para a concepção e o

dimensionamento dos sistemas de drenagem interna de lixiviado e gás nos aterros de

resíduos sólidos urbanos. Na tabela 4 são apresentados alguns valores de coeficiente

de permeabilidade. A permeabilidade é influenciada pela composição gravimétrica e

também pelo grau de compactação da massa de resíduo (DE LAMARE NETO, 2004).

Tabela 4 – Valores de coeficiente de permeabilidade em RSU

Referência Coeficiente de

Permeabilidade (m/s) Método de

Ensaio Orientação

Ehrlich et al. (1994) 1,00 X10-5 Ensaio in situ

em furo de sondagem

Horizontal

Mariano; Jucá (1998) 1,00 X10-8 a 4,15X10-6 Ensaio in situ

em furo de sondagem

Vertical

Carvalho (1999) 5,00 X10-8 a 8,00X10-6

Ensaio in situ Infiltração em

furo de sondagem

-

Aguiar (2001) 5,00 X10-8 a 1,09X10-6 Permeâmetro

Guelph -

Heiss-Ziegler; Ferher (2003) 8,83 X10-11 a 1,10X10-

7 Ensaio Triaxial Vertical

Carruba; Cossu (2003) 1,00 X10-8 a 1,00X10-4 Ensaio

Oedométrico Vertical

Durmusoglu et al. (2005) 4,70 X10-6 a 1,24X10-4 Ensaio Triaxial Vertical

Munnich et al. (2005) 2,00 X10-9 a 4,00X10-4 Laboratório Vertical

Munnich et al. (2005) 6,00 X10-7 a 2,00X10-3 Laboratório Horizontal

Izzo (2008) 10-2 a 10-6 À carga

constante -

Fonte: Adaptado Izzo (2008)

32

No RSU o coeficiente de permeabilidade varia da ordem de 10-2 m/s a 10-11

m/s. Os principais fatores que influenciam na variação do coeficiente de

permeabilidade em RSU são a composição gravimétrica, o peso específico seco e a

idade do resíduo, valendo observar que a permeabilidade horizontal é maior do que a

permeabilidade vertical em RSU (BORGATTO, 2006).

A permeabilidade é altamente dependente do procedimento de aterramento,

grau de compactação, pressão de sobrecarga, idade e composição do RSU. Portanto,

deve ser determinada em cada caso se necessária, Manassero et al, (1996) sugerem

o uso de um coeficiente de permeabilidade de 10-3cm/s como uma primeira

aproximação.

2.3.1.6 Temperatura

O calor é um dos produtos de processo de biodegradação, juntamente com a

geração de lixiviado e de gás. Assim sendo, a temperatura no interior do maciço de

resíduos é um dos indicadores das reações bioquímicas que estão ocorrendo no

processo de degradação da matéria orgânica (SUZUKI, 2012).

Ainda, segundo Suzuki (2012), as reações aeróbias que ocorrem no início do

processo de degradação são altamente exotérmicas e são responsáveis pelo aumento

da temperatura verificado ao longo dos primeiros anos do processo de decomposição.

Estudos apontam que a velocidade de decomposição mais elevada durante a fase

aeróbia ocorre em temperaturas entre 52 e 60°C. Em temperaturas menores que

estas, a velocidade de decomposição diminui, e em temperaturas maiores ela cessa,

não havendo atividade microbiana aeróbia em temperaturas a cima de 75°C.

Já para o estágio de decomposição anaeróbia as reações estão associadas a

menores liberações de energia, porém verifica-se que ocorre aumento da temperatura

do maciço de resíduos também nesta fase do processo de degradação. Quando o

estado de degradação dos resíduos é mais avançado a temperatura do maciço de

resíduos começa a cair lentamente em um processo que se prolonga por décadas

(HANSON, 2010).

A distribuição de temperaturas não é homogênea no maciço de resíduos e

depende de diversos fatores como: calor de reação, calor especifico da água e dos

resíduos, calor de neutralização, perdas de calor para o ar externo e para o solo,

radiação solar e metabolismo aeróbio (HANSON, 2010).

33

2.3.2 Propriedades Mecânicas do RSU

2.3.2.1 Compressibilidade

De acordo com Cardim (2008), a compressibilidade do RSU se constitui num

importante fator a ser considerado para a previsão das movimentações dos maciços

compactados. A previsão de recalques das massas de resíduos permite uma melhor

avaliação de desempenho dos elementos que fazem parte da estrutura de um aterro

(camadas de cobertura, sistemas de coleta de gases e fluidos, reforço, drenagem

superficial, caixas de passagem, e poços de inspeção). Ademais, a quantificação da

deformabilidade das massas de resíduos auxilia num importante aspecto do

gerenciamento dos resíduos sólidos, que é a melhoria das estimativas de vida útil dos

aterros, uma vez que permite calcular a capacidade volumétrica adicional de

armazenamento que os recalques geram.

Para Oliveira (2002), os aterros sanitários sofrem reduções significativas

durante sua vida útil devido à alta compressibilidade dos resíduos sólidos urbanos. Os

principais mecanismos que condicionam os recalques observados podem ser

resumidos como:

Ações mecânicas (peso próprio, sobrecargas)

Reorientação de partículas, devido à percolação de líquidos;

Transformações físico-químicas dos resíduos (colapsos devidos à

corrosão e oxidação);

Decomposição bioquímica (perda de massa pela produção de gases e

líquidos);

A magnitude e velocidade dos recalques, por sua vez, estão associadas aos

seguintes fatores:

Densidade ou índice de vazios inicial;

Porcentagem de materiais degradáveis;

Altura do aterro;

Trajetória de tensões;

Nível e flutuação do lixiviado;

Parâmetros físicos (umidade, temperatura, presença de gases, etc.);

34

O recalque de aterros sanitários pode ser atribuído a diferentes fenômenos

(Manassero et al., 1996; Abreu, 2000; Carvalho et al., 2000):

Compressão física do resíduo determinada pela distorção, flexão,

esmagamento e reorientação de componentes;

Recalques determinados pela migração de partículas pequenas

para os de maiores vazios;

Parcela devida ao adensamento propriamente dito (dissipação de

pressões neutras, ocorre com a expulsão de líquidos e gases do

interior do maciço e demanda certo tempo);

Parcela determinada por um colapso da estrutura resultante ou de

alguns de seus componentes, graças a fenômenos de corrosão,

oxidação e outros processos de degradação de componentes

inorgânicos;

Parcela governada pela biodegradação dos componentes orgânicos;

Creep: deformação lenta sob carga constante em razão de

fenômenos viscosos, tanto do esqueleto sólido, como de alguns

componentes;

Interação dos mecanismos.

Os parâmetros de compressibilidade do RSU, geralmente, são determinados

por meio de ensaios de laboratório, como o ensaio de compressão confinada de

grandes dimensões; por meio de monitoramento in situ de recalques em aterro

sanitário ou por ensaios de campo.

O maciço de RSU recalca sob peso próprio, entre 10 a 40% da altura original

do aterro, e a maioria dos recalques ocorre nos primeiros anos após a disposição do

resíduo (Carvalho 1999, Abreu 2000).

2.3.2.2 Resistência ao cisalhamento

A resistência ao cisalhamento dos RSU, elemento essencial ao cálculo de

estabilidade de taludes de aterros sanitários, representada pelos parâmetros coesão

(c) e ângulo de atrito interno (φ), apresenta dificuldades em sua determinação devido

às características dos resíduos, como composição heterogênea e elementos de

grandes dimensões, que dificultam a obtenção de amostras representativas

35

(BORGATTO, 2011). Em análises de estabilidade do aterro, o comportamento do RSU

é geralmente baseado em modelos derivados de solos, principalmente o critério de

falha de Mohr-Coulomb, definido pelos parâmetros coesão e ângulo de atrito.

(BAUER; MÜNNICH; FRICKE, 2006).

A estabilidade de um aterro depende da sua resistência ao cisalhamento e de

seus elementos. No que se refere ao material depositado, são fatores diversos que

influenciam as características de resistência, tais como a composição, a idade, a

pressão confinante, os detalhes da operação de aterro, a existência de camadas de

solo, como a cobertura celular de resíduos. A resistência ao corte dos resíduos

determina a inclinação a ser dada às camadas de aterros, o que por sua vez, regula

a capacidade de deposição no aterro.

Para Fucale (2005), os fatores que afetam os parâmetros de resistência são

o teor de matéria orgânica e fibras, a idade e grau de decomposição dos resíduos

sólidos, a época em que se construiu o aterro e o esforço de compactação,

composição e quantidade de solo de cobertura.

A resistência ao cisalhamento dos RSU tem sido determinada por meio de

retroanálises de rupturas reais, ensaios in situ e ensaios de laboratório. Dixon e Jones

(2005) elaboraram um resumo das vantagens e desvantagens associadas aos

métodos atualmente disponíveis para obtenção de informação sobre o

comportamento da resistência dos RSU (TABELA 5).

36

Tabela 5 – Revisão dos métodos para medir o comportamento cisalhamento do RSU

Tipo Método de medida Comentários Referências

Campo

Retroanálise de rupturas de talude

Informação adequada raramente disponível (poro-pressão, forma e posição da superfície de ruptura)

Koerner e Soong (2000)

Retroanálise de experimentos de talude cortado

Grandes deformações observadas, mas sem rupturas

Singh e Murphy (1990), Cowland et al. (1993)

Retroanálise de taludes estáveis existentes

A variável composição do RSU significa que a experiência passada não é um caminho para desempenho futuro

Gotteland et al. (2002)

Ensaio de cisalhamento direto de campo

Dificuldades de execução e os resultados são relacionados a baixos níveis de tensão

Jessberger e Kockel (1993)

SPT, CPT e ensaio de palheta

Não há relação clara entre a resistência à penetração e a resistência ao cisalhamento dos RSU. Poderia fornecer informação em materiais degradados semelhantes a solos

Laboratório

Compressão triaxial

Amostras deformadas, resistências ao cisalhamento de pico não obtidas devido à compressão e densificação da amostra

Jessberger (1994), Grisolia et al. (1995b)

Cisalhamento direto

Exigência de grandes equipamentos, amostras deformadas e grandes deslocamentos exigidos para mobiliar a resistência ao cisalhamento de pico

Kolsch (1995)., Gotteland et al. (2001)

Cisalhamento simples

Exigência de grandes equipamentos, amostras deformadas e informação útil na rigidez cisalhante (usado em análises sísmicas)

Kavazanjian et al. (1999)

Fonte: Dixon & Jones, (2005)

Dixon e Jones (2005) declaram que a melhor metodologia para estudar

propriedades mecânicas de resíduos sólidos é conduzir uma série de ensaios

laboratoriais de grandes dimensões em conjunto com alguns ensaios de campo em

grande escala.

37

A estimativa dos parâmetros de resistência para os RSU no Brasil baseava-

se inicialmente em revisões da literatura internacional, onde constam resultados de

resíduos com características significativamente diferentes das dos resíduos

brasileiros. Retroanálises realizadas a partir de uma ruptura de grandes proporções

ocorrida em 1991 no Aterro Sanitário Bandeirantes constituíram um marco para a

estimativa dos parâmetros utilizados nas análises de estabilidade (Boscov, 2008).

Desde então, projetistas e empreiteiros vêm acumulando informações

baseados nesta e em outras rupturas, além de que pesquisas para estimar os

parâmetros de resistência têm sido desenvolvidas em universidades brasileiras

(Boscov, 2008).

Na Tabela 6 é apresentado um quadro resumo com diversos parâmetros de

resistência.

38

Tabela 6 – Resumo dos parâmetros de resistência dos RSU

Pesquisador

PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA OBSERVAÇÕES

C (kPa) ɸ (°)

Oweiss (1985) 0 26 Limite inferior da resistência, sem haver ruptura, peso específico = 7 KN/m³

Landva & Clark (1986) 16 38 a 42 Resíduos velhos (idade não informada)

Pagottto & Rimoldi (1987)

29 22 Prova de carga em placa

Singh e Murphy (1990) 75 a 110 25 a 36 Sugestão dos autores

Landva & Clark (1990)

16 33 Resíduos velhos decompostos por um ano

23 24 Resíduo novo triturado

10 33 Resíduo madeireiro

19 a 22 24 a 39 Tensão normal = 15 a 480 kPa

IPT (1991) 13,5 22 Retroanálise de escorregamento

Gerber (1991) 25 27 Estudo de aterro sanitário em Maine (EUA)

Richardson e Reynolds (1991)

10 18 a 43 Peso específico = 15 KN/m³

Tensão normal = 14 a 38 kPa

Jessberger & Kockel (1991)

22 17 RSU antigos

Grisolia et al. (1991) 10 17 RSU reconstituídos

Benvenuto & Cunha (1991)

0 38 Sobrecarga de 20 a 60 kPa

20 30 Sobrecarga > 60 kPa

13,5 22 Peso específico = 10 a 13 KN/m³

Grisolia et al. (1991) Howland & Landva

(1992)

22 42 RSU reconstituídos

17 33 RSU com 10 a 15 anos; tensão normal <580 kPa

Grecco e Oggeri (1993) 16 21 Peso específico = 5kN/m³

Cowland et al. (1993) 10 25 Taludes de trincheira profunda

Withiam et al. (1995) 10 30 Resíduos de 3 a 7,5 anos, tensão normal entre 0 e 21kPa

Houston et al. (1995) 5 33 a 35 Cisalhamento direto de grande dimensão

Jessberger (1995) 41 a 51 42 a 49 Resíduos Novos

Kavazanjian et al. (1995) 24 0 Tensão Normal < 20kPa

0 33 Tensão Normal > 20kPa

Gabr & Valero (1995) 16,8 34 RSU antigos; peso específico = 7,4 a 8,2 KN/m³

Grisolia & Napoleoni (1996)

0 22 RSU reconstituídos

Van Impe et al. (1996) 20 0 Sobrecarga, tensão normal 20 kPa

Kaimoto e Cepollina (1996)

16 22 Resíduos recentes, com disposição superior a dois anos, e intensa drenagem interna

16 28 Resíduos recentes, com disposição inferior a dois anos, e intensa drenagem interna

Koda (1998) 20 26 RSU antigos

39

Mazzucato et al. (1999) 22 17 Amostra reconstituída

24 18 Amostra indeformada

Carvalho (1999) 42 a 60 21 a 27 Ensaios de laboratório, 20% deformação axial

Koda (1998) Eid et al. (2000)

150 20 RSU recentes

40 35 Peso específico = 10,2 KN/m³

Caicedo et al. (2002) 78 23 Tensão Normal = 6 a 117 kPa

Vilar et al. (2006) 20 22 Ensaio de laboratório, 10% de deformação axial

Azevedo et al (2006) 10 28 Prova de carga em lisímetro com lixo intacto, 35% de deformação axial

Ribeiro (2007) 10 35 Ensaio de laboratório, deformação entre 15 e 20%; Peso específico = 7 kN/m³

Reddy et al. (2011)

40 28 RSU decompostos

21 8 RSU recentes, deformação de 15%

57 5 RSU decompostos, deformação de 15%

Fonte: Carvalho (1999); Boscov (2008); Adaptado de Benvenuto (2011); Suzuki (2012)

É notável a variabilidade dos parâmetros apresentados na Tabela 6 a coesão

varia de 0 e 150 kPa, e o ângulo de atrito, entre 0° e 49°. Deve-se considerar que a

composição dos RSU é variável e também os métodos de obtenção dos parâmetros.

Os materiais também variam de resíduos novos a antigos, de resíduos in situ a

amostras trabalhadas em laboratório.

A partir do evento ocorrido no aterro de Bandeirantes em São Paulo, Benvenuto

e Cunha (1991), efetuaram retroanálises considerando condições de pressões neutras

críticas e obtiveram valores de c = 13,5 kPa e φ = 22° que a partir de então, tornaram-

se referência para projetos.

Esses parâmetros foram reavaliados posteriormente com outras hipóteses e

dados complementares. Por exemplo, Kaimoto e Cepollina (1996), levaram em

consideração a idade dos resíduos e sugeriram valores de coesão e ângulo de atrito,

respectivamente, 16 kPa e 22° considerando disposição de resíduos superior a dois

anos e drenagem interna mais intensa. A proposta de considerar a variação dos

parâmetros ao longo do tempo é particularmente adequada para os RSU brasileiros,

pois, apresentam elevado teor de matéria putrescível (Boscov, 2008).

40

2.4 MÉTODOS DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Conforme Gomes (2009), o Brasil produz diariamente cerca de 230 mil

toneladas de resíduos sólidos. Quase a totalidade desses resíduos é disposta no solo,

seja em forma de aterros sanitários, aterros controlados ou lixões.

Os resíduos sólidos necessitam de um gerenciamento adequado a fim de

diminuir os impactos ambientais causados pela disposição imprópria no meio

ambiente. A geração de resíduos e a escolha do método de tratamento são

influenciadas por variáveis demográficas e econômicas. Os fatores, como a geração

e distribuição de resíduos, percentual de recicláveis, percentual incinerado e

destinado a aterro, são informações importantes para avaliar a política de resíduos

sólidos (RAMOS, 2004).

De acordo com a Tabela 7, os lixões constituem o destino final dos resíduos

sólidos em 50,8% dos municípios brasileiros, os aterros controlados representam

22,5% e os aterros sanitários 27,7%.

Tabela 7 – Destino final dos RSU no Brasil, por unidade de destino dos resíduos (%)

Ano Lixão Aterro controlado Aterro sanitário

1989 88,2 9,6 1,1

2000 72,3 22,3 17,3

2008 50,8 22,5 27,7

Fonte: IBGE (2010)

Analisando a Tabela 7, percebe-se evolução no sistema de disposição final

nos últimos 20 anos, porém a atual situação se configura como um cenário de

destinação reconhecidamente inadequado que exige soluções urgentes para o setor.

2.4.1 Lixões

Os lixões são uma prática muito comum de disposição final dos resíduos

sólidos urbanos no Brasil mesmo que tal prática seja proibida. Este processo

caracteriza-se pela simples descarga de resíduos sobre o solo, a céu aberto, sem

qualquer técnica de proteção ao meio ambiente, acarretando problemas de saúde

pública como consequência da proliferação de vetores de doenças. Esta forma de

41

disposição está relacionada à liberação de maus odores e à poluição das águas

superficiais e subterrâneas, pela infiltração do lixiviado (NAGALLI, 2005).

Os lixões são um problema social, por abrigarem um grande número de

catadores que fazem desse local seu dia-a-dia, uma vez que estão em busca de

materiais recicláveis para comercialização. Além de serem um problema de ordem

social, a poluição decorrente da inadequada disposição final do resíduo conduz o

planeta na direção de desequilíbrios ambientais e graves danos à saúde pública

(RAMOS, 2004).

Acrescenta-se a essa situação a ausência de controle quanto aos tipos de

resíduos recebidos nestes locais, verificando-se até mesmo a deposição de dejetos

originados nos serviços de saúde e indústrias. Além disso, como não há nenhum

controle de entrada de pessoas e animais, muitas pessoas fazem desses locais o meio

pelo qual extraem seu sustento (CONSILIU..., 2008).

2.4.2 Aterro Controlado

Conforme Boscov (2008), os resíduos são cobertos com solo e eventualmente

compactados, porém, sem impermeabilização de base, drenagem e tratamento de

lixiviado e gases. É considerado como uma atividade poluente, pois, as medidas-

controle adotadas não são suficientes para evitar a degradação ao meio ambiente,

por isso, tal atividade não é passível de licenciamento ambiental e constitui uma

prática proibida em nosso país.

Conforme Pereira Neto (2007), aterro controlado é um tipo de lixão remediado.

Algumas medidas são tomadas a fim de minimizar os impactos causados ao meio

ambiente. Configuram-se em uma forma de disposição inferior ao aterro sanitário por

não serem utilizadas as medidas de engenharia que permitem o confinamento seguro

dos resíduos.

Por não possuir uma camada de impermeabilização e coleta de lixiviado, essa

técnica de disposição causa contaminação das águas subterrâneas e superficiais, não

sendo indicada como alternativa tecnológica. Caracteriza-se como uma medida

paliativa e não satisfatória, sendo preferível ao lixão, mas não sendo uma técnica

aprovada para o estabelecimento de um sistema de gerenciamento de resíduos

sólidos (RAMOS, 2004).

42

2.4.3 Aterro Sanitário

Os aterros de resíduos sólidos urbanos são processos de destinação final do

resíduo sólido no solo e trata-se de uma obra complexa de engenharia que deve

obedecer a critérios técnicos normatizados que visam o confinamento do resíduo bruto

em menor área e volume possíveis. Quando se pretende dispor de resíduos sólidos

em aterro, vários requisitos devem ser respeitados para o sucesso do

empreendimento, como realizar um diagnóstico da situação atual do município como

base para elaboração do projeto do aterro, considerando as informações ligadas à

sua origem, bem como aos aspectos sociais, econômicos, ambientais e sanitários.

Também é importante obter informações relativas ao sistema de limpeza urbana do

município (PEREIRA NETO, 2007).

Segundo a NBR 8419 (ABNT, 1992) aterro sanitário é

“ Uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde e à sua segurança minimizando impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos a menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário. ”

Os aterros sanitários são locais onde os resíduos sólidos, predominantemente

os domiciliares, são dispostos de acordo com um conjunto de sistemas e técnicas

operacionais. Utilizando esses procedimentos de controle é possível garantir a

proteção do meio ambiente e da saúde pública (CONSILIU..., 2008).

A correta execução e operação de aterros sanitários apontam para critérios

técnicos da engenharia como a adoção de dispositivos de revestimento de fundo para

prevenir a contaminação do subsolo e das águas subterrâneas, sistemas de coleta de

líquidos percolados e gases gerados, sistemas de cobertura final que minimizem a

infiltração e problemas de erosão, dispositivos de drenagem superficial que minimizem

o afluxo de água para o interior da massa de resíduos, distâncias mínimas de 500 m

de núcleos residenciais, 200 m de corpos hídricos, 20 km de aeroportos, 3 m do lençol

freático, distanciamento viável sob o ponto de vista econômico-ambiental da área de

geração de resíduos, disponibilidade de material argiloso para cobertura, vegetação

rasteira ou de pequeno porte e zoneamento ambiental compatível (NAGALLI, 2005).

43

No Brasil os aterros sanitários concentram-se em maior número nas regiões

sudeste e sul enquanto que nas demais regiões a existência de aterros sanitários é

menor devido aos custos de operação e manutenção (IBGE, 2010).

A figura 2 apresenta a destinação final dos resíduos sólidos domiciliares e

públicos no país.

Figura 2 – Destinação final dos resíduos sólidos domiciliares e públicos

Fonte: IBGE (2010)

Está representado na Figura 3, o esquema de um aterro sanitário divididos

em três setores: de preparo, execução e concluído. No setor em preparo, o sistema

de drenagem vertical é implantado; no setor em execução, o sistema de

44

impermeabilização está concluído e assim a área pode receber o resíduo. Após

compactação é realizada a cobertura com uma camada fina de solo; e no setor

concluído, a cobertura se configura como sendo definitiva, e é realizada a cobertura

vegetal.

Figura 3 – Esquema operacional de um aterro sanitário

Fonte: Bahia (2012)

Observa-se na Figura 4 a frente operacional de descarga de resíduo em um

aterro sanitário.

Figura 4 – Frente operacional de um aterro sanitário em operação

Fonte: Aterro Sanitário RMC, 2016

45

2.4.4 Métodos de Disposição de Resíduos em Aterros Sanitários

Os principais métodos de disposição em aterros sanitários são método da

área, também conhecido como convencional; método da trincheira; e método da

encosta.

I. O método da área ou método convencional (Figura 5) é usado se a

topografia local permitir o recebimento dos resíduos sólidos sem a

alteração da configuração natural do terreno onde será instalado o

aterro. Este método é indicado para uma área inadequada à

escavação, que seja plana e onde o lençol freático é muito superficial.

Em alguns casos é necessária a construção de diques de contenção

ou valas de retenção de águas pluviais. Este método tem como

desvantagem a necessidade constante de rebaixamento do lençol

freático, necessidade de drenagem de toda a área antes da construção

e necessidade de construção de diques ao longo da linha costeira ou

de rios, para evitar a contaminação das águas pelo lixiviado (MATEUS,

2005).

Figura 5 – Método da área ou convencional

Fonte: Qian (2002)

II. O método da trincheira ou vala (Figura 6) deve ser utilizado quando

existe uma quantidade adequada de material para a cobertura na área

a ser escavada, o lençol freático não estiver próximo à superfície, e o

local escolhido for plano ou tiver pouca inclinação. É um método

indicado para pequenas comunidades, com poucos recursos, mas que

46

tenha equipamentos adequados à operação de um aterro (MATEUS,

2005).

Figura 6 – Método da trincheira

Fonte: Qian (2002)

III. No método de encosta ou método da rampa (Figura 7) a topografia local

é aproveitada. O resíduo é disposto em locais como rampas,

depressões e áreas de encostas, desde que, o solo natural apresente

boas condições para a escavação e seja possível sua utilização como

cobertura do resíduo. Uma desvantagem deste método é a constante

necessidade de controle da drenagem superficial devido ao fato de

que, normalmente, os resíduos ficam ao longo do caminho natural das

águas (MATEUS, 2005).

Figura 7 – Método de encosta

Fonte: Qian (2002)

47

2.5 ELEMENTOS BÁSICOS DE UM ATERRO SANITÁRIO

2.5.1 Impermeabilização de base

Segundo a NBR 13.896 (ABNT, 1997), a impermeabilização é a deposição de

camadas de materiais artificiais que impeça ou reduza substancialmente a infiltração

no solo dos líquidos lixiviados através da massa de resíduos. Medidas técnicas são

necessárias para garantir a segurança das células de forma a proteger o solo de

possíveis infiltrações que possam vir a contaminar o lençol freático. Geralmente, usa-

se uma camada de argila que pode ser uma camada de solo natural da área do aterro

ou vir de outra jazida, de forma a garantir um grau de impermeabilização ideal de

projeto (PEREIRA NETO, 2007).

A construção do sistema de impermeabilização deve ser realizada para

assegurar que os líquidos lixiviados não infiltrem no subsolo e contamine o lençol

freático. Geralmente, é constituído por uma camada de solo compactado de cerca de

50 cm de espessura, e de uma Geomembrana de Polietileno de Alta Densidade

(PEAD) de 2,0 mm de espessura (ADISAN, 2009).

Conforme Boscov (2008), os sistemas de impermeabilização compostos são

considerados a melhor solução para proteção do subsolo e das águas subterrâneas,

pois promovem: a redução da condutividade hidráulica do sistema em virtude da

atenuação dos defeitos locais das geomembranas e camadas de solo; e a facilitação

do fluxo em direção ao sistema de coleta de percolado.

Um sistema de impermeabilização constituído por geomembrana

sobrejacente a uma camada de solo argiloso compactado com coeficiente de

permeabilidade menor ou igual a 1 x 10-9 m/s tem sido a especificação mais frequente

utilizada em aterros de resíduos no Brasil. Esse valor resulta da aplicação da Lei de

Darcy para percolação sob gradiente hidráulico unitário através de uma camada de

impermeabilização de 1 m de espessura a fim de garantir que o percolado demore no

mínimo 30 anos para atravessar a camada, tempo após o qual o percolado, por

hipótese, não seria mais poluente (BOSCOV 2008).

O sistema de impermeabilização em aterros sanitários objetiva impedir a

infiltração no solo do lixiviado produzido pela decomposição da massa de resíduos e

dos líquidos percolados provenientes da infiltração de água da chuva no corpo do

aterro (REICHERT, 1997).

48

Observa-se na Figura 8 a geomembrana instalada em um aterro sanitário e,

na Figura 9, uma proteção mecânica da geomembrana, necessária para que não se

tenha ocorrência de furos ou rasgos que venham a prejudicar a impermeabilização de

base.

Figura 8 – Geomembrana instalada em aterro sanitário

Fonte: Aterro sanitário RMC, (2016)

Figura 9 – Proteção mecânica da geomembrana

Fonte: Aterro Sanitário RMC, (2016)

2.5.2 Cobertura de resíduos

O sistema de cobertura tem a função de eliminar a proliferação de vetores,

diminuir a taxa de formação de lixiviados, reduzir a exalação de odores e impedir a

49

saída descontrolada do biogás. A cobertura diária é realizada ao final de cada jornada

de trabalho. A cobertura final tem por objetivo evitar a infiltração de águas pluviais,

que resultam em um aumento do volume de lixiviado, bem como o vazamento dos

gases gerados na degradação da matéria orgânica para a atmosfera. A cobertura final

também favorece a recuperação final da área e o crescimento de vegetação (GOMES,

2009).

A cobertura de resíduos pode ser realizada de duas maneiras, conforme

Adisan (2008).

I. Cobertura diária: após um dia de trabalho no aterro, a massa de resíduos é coberta por uma camada fina de solo de aproximadamente 20 cm para selamento sanitário. Essa medida é adotada com o objetivo de evitar o transporte de resíduos leves pelo vento, impedir a atração e disseminação de vetores, reduzir a propagação de odores, e contribuir para a atenuação da geração de líquidos lixiviados, além de favorecer condições adequadas de acesso à célula de disposição aos caminhões compactadores. (Figura 10); II. Cobertura final: logo que uma célula de resíduo é finalizada, aplica-se uma camada definitiva de 60 cm de solo compactado nos taludes e piso superior da célula. Esta cobertura proporciona os mesmos benefícios supracitados da cobertura diária destacando-se o seu caráter permanente. Sob o solo compactado, é comum o plantio de gramíneas que protegem o maciço de infiltrações de águas pluviais, e impede a propagação de gases e odores.

Figura 10 – Execução de cobertura diária em um aterro sanitário

Fonte: ENGEO, (2011)

Observa-se na Figura 11, o esquema de cobertura de resíduos em aterros

sanitários.

50

Figura 11 – Esquema de cobertura em aterro sanitário de resíduos sólidos

Fonte: Bahia (2012)

2.5.3 Lixiviado

Pela norma brasileira NBR-8849, “Processos combinados” (ABNT, 1985), o

lixiviado é definido como sendo o líquido produzido pela decomposição de substâncias

contidas nos resíduos sólidos, de cor escura e mau cheiro.

Já pela NBR-15849, “Aterros Sanitários de Pequeno Porte – Diretrizes para

localização, projeto, implantação, operação e encerramento” (ABNT, 2010), é definido

como o líquido resultante da infiltração de águas pluviais no maciço de resíduos, da

umidade dos resíduos e da água de constituição de resíduos orgânicos liberada

durante sua decomposição no corpo do aterro sanitário.

É caracterizado por ser um líquido escuro, malcheiroso, de alto poder poluidor,

de composição bastante heterogênea, constituído de ácidos orgânicos, de

substâncias solubilizadas e carreadas por meio das águas da chuva, que incidem

sobre a massa de resíduos e, ainda, de substâncias formadas a partir de reações

químicas que ocorrem entre os constituintes dos resíduos, tendo composição e

quantidades variáveis (CATAPRETA, 2008).

51

2.5.4 Drenagem de líquidos lixiviados

Segundo Boscov (2008), o percolado gerado pelos resíduos depositados em

um aterro deve ser coletado e tratado para evitar a contaminação do subsolo e águas

subterrâneas por infiltração no terreno sob o aterro, assim como de corpos de água a

jusante do aterro por escoamento superficial. A drenagem de percolado diminui as

pressões neutras na massa de resíduos, melhorando sua estabilidade geotécnica.

A drenagem do lixiviado pode ser feita através de tubos de Poliestileno de Alta

Densidade (PEAD), concreto, perfurados e drenos cegos de brita nº 1 ou nº 2, sendo

o mais utilizado a do tipo espinha de peixe. Deve apresentar baixa declividade, ente

1% e 2% para facilitar o escoamento. As canaletas ou valas escavadas devem ter

largura de aproximadamente de 60 cm e ser preenchidas com pedra britada

(PEREIRA NETO, 2007).

O sistema de drenagem de líquidos lixiviados pode ser constituído por linhas

de canaletas escavadas diretamente no solo ou sobre a camada de

impermeabilização de base. Nesse caso, deve-se tomar cuidado para não romper ou

rasgar a geomembrana de PEAD, e preenche-las com pedra brita ou rachão. O liquido

é direcionado para a menor cota do aterro para que escoe por gravidade. Esse sistema

é executado na base do aterro sanitário e no desenvolvimento das demais camadas

de células que constituirão o alteamento dos resíduos (CONSILIU..., 2008).

Na camada de base, após a implantação da geomembrana, é construído o

sistema de drenagem de líquidos lixiviados. O sistema de drenagem de gases é

executado conforme o alteamento das camadas de resíduos. Na base do aterro são

implantados poços de inspeção com o objetivo de realizar serviços de limpeza das

tubulações. (Figura 12).

52

Figura 12 – Esquema de drenos de líquidos percolados

Fonte: Adisan (2009)

Na Figura 13 é possível visualizar tanto os drenos de gases (vertical) como os

drenos de lixiviado (horizontal).

Figura 13 – Sistema de drenagem de gases e lixiviado

Fonte: Aterro Sanitário RMC (2016)

2.5.5 Drenagem de gases

Conforme Adisan (2009), a decomposição anaeróbica da fração orgânica dos

resíduos sólidos gera biogás, formado principalmente por metano e gás carbônico,

que deve ser retirado do maciço de resíduos para evitar riscos de explosão, bem como

prejuízos à estabilidade geotécnica do aterro sanitário.

53

Segundo Reichert (1997), o sistema de drenagem de gás é um sistema

convencional de tubos de concreto de 60 cm de diâmetro, perfurados, colocados

verticalmente desde a base do aterro até imediatamente abaixo da camada de

cobertura final. Após a colocação dos tubos, em seu centro, será colocado um tubo

de polietileno perfurado de 100 mm de diâmetro, sendo o espaço restante preenchido

com rachão. Nas saídas dos drenos são instalados dispositivos de queima para o

biogás coletado, evitando que este gás atinja diretamente a atmosfera com

emanações odoríferas e com gases de efeito estufa, como o metano. Para o

espaçamento entre os drenos não existe um critério definido, mas, de modo geral, são

adotadas distâncias entre 50 a 100 m um do outro. São constituídos, normalmente,

em concreto ou PEAD. (CONSILIU, 2008).

É ilustrado na Figura 14 o sistema de drenagem de gases o qual é implantado

desde a base do aterro. Os drenos internos horizontais são responsáveis por conduzir

o gás até os drenos verticais por onde ocorre à saída dos gases.

Figura 14 – Esquema de drenagem de gases

Fonte: Bahia (2012)

2.5.6 Drenagem de águas pluviais

O sistema de drenagem de águas pluviais tem por objetivo coletar águas

oriundas das precipitações que ocorrem na área do aterro sanitário e conduzi-las pelo

sistema até as drenagens naturais, sem o desencadeamento de processos erosivos.

Este sistema de drenagem é muito importante na área de disposição de resíduos

54

sólidos para que a frente de trabalho do aterro, local onde se desenvolve a célula

diária, permaneça em condições adequadas de operação (CONSILIU..., 2008).

Os elementos do sistema disciplinam o escoamento das águas promovendo

um desvio de fluxo captado de modo que não ocorram acúmulos superficiais de águas,

e, deste modo, infiltrações excessivas na massa de resíduos e no solo de cobertura.

Nesse sentido, sua atuação deve minimizar a geração de líquidos lixiviados, bem

como auxiliar na manutenção das condições de estabilidade do maciço de resíduos

sólidos. Esses sistemas consistem em canaletas de berma, denominadas de meia-

cana, caixas de passagem, escadas hidráulicas, gabiões, caixas de sedimentação

entre outros (CONSILIU..., 2008).

O sistema de drenagem é desenvolvido conforme sua utilização no tempo:

I. Sistema de caráter provisório: os elementos de drenagem são

implantados e alterados conforme o avanço da frente de trabalho ou de acordo com o

desenvolvimento das camadas do aterro; e

II. Sistema permanente: os elementos de drenagem são implantados

definitivamente em uma porção já concluída do alteamento de resíduos.

Para Gomes (2009), o sistema de drenagem superficial tem a função de evitar

a entrada de água de escoamento superficial além de impedir a entrada descontrolada

de água no sistema de disposição de resíduos, e caso esses fatores não sejam

controlados ocorrerá um aumento no volume de lixiviados. O escoamento de águas

superficiais gera erosão, o que pode causar a destruição da camada de cobertura e

dos taludes. Para a definição do local e dimensionamento do sistema de drenagem

superficial é fundamental avaliar dados obtidos nos levantamentos topográficos e

climatológicos. Na Figura 15, é apresentado um exemplo de drenagem de agua

pluvial.

55

Figura 15 – Descida hidráulica implantada em um aterro sanitário

Fonte: Aterro sanitário RMC (2016)

2.6 MECANISMOS DE MONITORAMENTO DE RUPTURA DE TALUDES

2.6.1 Marcos Superficiais

Os marcos superficiais são estruturas de referência dispostos na superfície do

aterro cuja função é indicar deslocamentos ocorridos, tanto os horizontais, como os

verticais (CEPOLLINA et al, 2004). São constituídos de uma base de concreto e de

um pino de referência para as medições topográficas, além de receberem uma placa

de identificação.

Estes instrumentos são distribuídos no dique de terra que cercam os aterros

de forma a caracterizar linhas de estudo, com direções de deslocamento esperadas,

para possibilitar um monitoramento da evolução da movimentação do aterro e,

portanto, nortear as ações preventivas que se façam necessárias para se manter o

controle do maciço.

Para efetuar este monitoramento são implantados marcos superficiais

instalados em diques estruturais em áreas periféricas aos aterros, denominados

marcos estáticos, os deslocamentos verticais e horizontais são observados através

56

de levantamento topográfico. Os marcos superficiais são instalados com o objetivo de

medir esforços resultantes do alteamento dos aterros sanitários durante toda vida útil.

A figura 16 detalha as características e dimensões de um marco superficial de

aterros sanitários.

Figura 16 – Modelo de marco superficial. A (seção transversal), B(vista de planta)

Fonte: Cepollina, (2004)

Com base nas leituras de coordenadas e cotas dos marcos superficiais

(sempre em relação aos marcos de referência, localizados fora da área do aterro) são

calculados os deslocamentos diários e totais de cada marco. O deslocamento vertical,

ou recalque, é a diferença entre os valores da cota atual e da inicial (recalque total)

ou entre os valores da cota atual e a da última medição (recalque parcial). O mesmo

se aplica ao deslocamento horizontal, com a diferença de que este é calculado com

as leituras das coordenadas Leste e Norte. A velocidade dos deslocamentos é a razão

entre um deslocamento parcial e o número de dias entre as duas medições (BOSCOV,

2008).

A frequência das leituras topográficas deve ser definida caso a caso, mas não

menos que 1 vez por semana e, se houver dúvidas acerca da estabilidade, a mesma

deve ser diária, preferencialmente no mesmo período do dia, a fim de evitar as

dilatações comuns em aterros pela temperatura. Geralmente, quando os valores dos

deslocamentos fogem dos valores observados regularmente no aterro e ultrapassam

os limites dos critérios atuais e de referência, evidencia-se a necessidade de

inspeções detalhadas nos locais onde ocorreram essas movimentações, com análise

setorizada e histórica, além de medidas corretivas imediatas, se couber

(BENVENUTO, 2011).

57

Em um aterro sanitário, esses instrumentos podem medir deslocamentos em

regimes estáticos ou dinâmicos. Os casos de regime estático geralmente são

observados em monitoramentos de dique de contenção, onde é esperado que não

haja movimentação e, se houver, que seja suficientemente pequena e atrelada aos

erros de precisão dos equipamentos de medição topográfica. Nessa situação, os

instrumentos de controle são nomeados MSD – marco superficial do dique.

Para a análise dos deslocamentos dos resíduos, entretanto, deve ser

considerado o regime dinâmico, como forma de controlar e prever ações corretivas

quando necessário. Neste caso, a frequência das leituras topográficas varia de acordo

com o intervalo de velocidades de deslocamentos observadas nos marcos

superficiais.

Assim, cada intervalo de velocidades é relacionado a um nível de alerta, a

uma periodicidade recomendada para as leituras e a critérios de decisão e ações

preventivas, conforme apresentado na Tabela 8. Os marcos instalados no maciço de

resíduos são nomeados MS – marco superficial. (Aterro Sanitário RMC, 2018).

Tabela 8- Níveis de Alerta e Critérios de Decisão

Fonte: Aterro Sanitário RMC (2018)

2.6.2 Piezômetros

Os piezômetros constituem instrumentos que permitem identificar as medidas

nível dos líquidos e pressão dos gases no interior das células do aterro, subsidiando

a avaliação da estabilidade do maciço de resíduos (COELHO, 2005). Esses

instrumentos podem ser dos tipos simples ("Casagrande") ou de câmara sifonada

("Vector").

1

2

4 Velocidade entre 4,0 e 14,0 Diária Paralisação imediata das operações no

aterro e intervenções localizadas.

5 Velocidade maior do que 14,0 Diária

Definição de estado de alerta,

paralisação imediata das operações,

acionamento da Defesa Civil para as

providências cabíveis.

Velocidade entre 0,25 e 1,0 Semanal Aceitável

3 Velocidade entre 1,0 e 4,0 2 diasVerificação "in situ" de eventuais

problemas.

NÍVEIS DE

ALERTA

VELOCIDADES DOS DESLOCAMENTOS

HORIZONTAL E VERTlCAL (cm/dia)

PERIODICIDADE

RECOMENDADA PARA AS

LEITURAS

CRITÉRIOS DE DECISÃO E AÇÕES

PREVENTIVAS

Velocidade menor do que 0,25 Semanal Estável

58

Os piezômetros tipo Casagrande, em geral, apresentam problemas de

operação em decorrência da presença de gás, que gera borbulhamento e/ou elevação

do volume de líquidos percolados, comprometendo as medidas do nível piezométrico

(CEPOLLINA et al, 2004). Os piezômetros tipo Vector permitem medir as pressões de

gás e de líquidos percolados separadamente (CARVALHO, 1999).

Os piezômetros de câmara sifonada ("Vector") são constituídos de dois tubos

concêntricos, cuja função principal é isolar as leituras de pressão de líquido da

influência dos gases, com a criação de um sifão interno. O sifão, quando cheio com o

líquido percolado (lixiviado), permite a leitura das pressões do liquido e gás através

do tubo interno, por vasos comunicantes, sem a interferência da mistura de

gás/lixiviado. A pressão e nível de lixiviado são lidos pelo tudo interno, sendo o tubo

externo utilizado para a avaliação da pressão no gás (CARVALHO, 1999). A figura 17

apresenta o perfil do piezômetro vector e esquema de funcionamento.

Figura 17 – Piezômetro Vector e detalhe de funcionamento

Fonte: Cepollina, (2004)

As medições nestes instrumentos geralmente obedecem aos mesmos

períodos estabelecidos para os marcos superficiais, uma vez que estes dois

instrumentos estão intimamente ligados no que se refere às movimentações do aterro

e ao seu monitoramento.

59

2.6.3 Medidas de Vazão de lixiviado

Muitas rupturas de taludes de aterros sanitários são causadas pela saturação

do maciço, decorrente da combinação de chuvas fortes com sistema de drenagem

insuficiente ou inexistente, bem como pela compactação insuficiente de resíduos ou

outros fatores (BOSCOV, 2010).

A medição de vazões do percolado em conjunto com medição de precipitação

fornece subsídios para detectar eventual retenção de lixiviado, em desconformidade

com as médias observadas no passado. Isso pode indicar que o aterro apresentará

maiores pressões internas e, portanto, haverá uma redução na estabilidade do maciço

(MARQUES, 2001; BENVENUTO, 2011).

Segundo Boscov (2008), o monitoramento do sistema de drenagem

geralmente é feito de forma indireta, através da análise das pressões neutras de

percolado na massa de resíduos (medidas a partir dos piezômetros) e de sua vazão,

que é medida no ponto de descarga do tubo coletor do reservatório.

Um indicador característico de um aterro pode ser representado como a

relação entre o volume precipitado de chuva sobre a área de disposição dos resíduos

e o volume de percolados medidos no mesmo período. Variações nesse parâmetro

indicam o comportamento dos sistemas de drenagem interna e/ou anomalias

(BENVENUTO, 2011).

A 18 mostra a existência de bolsões de gás e de líquidos, causados pela

deficiência na drenagem de gás e percolado.

60

Figura 18 – Modelo hidrogeotécnico de aterros sanitários

Fonte: Benvenuto (2011)

2.6.4 Inspeções Visuais

As inspeções técnicas de campo têm como objetivo avaliar as condições dos

sistemas de drenagem de águas pluviais, controle de processos erosivos, ocorrência

de trincas nos taludes, "enrugamentos", dentre outras.

A inspeção de campo diária à procura de eventuais trincas e fissuras no aterro

é fundamental. Caso sejam notadas, elas devem ser mapeadas em planta,

procurando detectar, com uma visão mais ampla, se existe um padrão de ocorrência

que possa indicar uma provável cunha de ruptura.

Além desse mapeamento, é necessário avaliar o comportamento dessas

trincas ao longo do tempo e se elas estão se expandindo ou fechando. O formato

também é de total relevância. Caso se forme como uma “meia lua”, pode representar

a iminência de rompimento dessa porção.

A figura 19 destaca a ocorrência de uma fissura superficial.

61

Figura 19 – Exemplo de monitoramento do comportamento de fissura

Fonte: Souza, (2011)

2.7 MÉTODOS DE ESTABILIDADE DE TALUDES

A análise probabilística de estabilidade de taludes permite considerar a

variação dos parâmetros geotécnicos envolvidos, ao contrário da análise

determinística, que adota um valor médio para cada parâmetro de resistência do solo.

Além disso, através do enfoque probabilístico é possível calcular a probabilidade de

ruptura e a confiabilidade do talude, que podem servir como dados auxiliares na

execução de projetos geotécnicos. Os métodos probabilísticos usados na engenharia

geotécnica utilizam algum método determinístico em seus cálculos. A escolha desse

método influência nos resultados das análises probabilísticas (TONUS, 2009).

A análise determinística de estabilidade de taludes divide-se em dois grandes

grupos: métodos baseados em análise de deslocamentos e métodos baseados em

estado de equilíbrio limite. Os métodos de equilíbrio limite, utilizados para a análise

de estabilidade de taludes, se baseiam na hipótese de haver equilíbrio em uma massa

de solo, tomada como corpo rígido, na iminência de entrar em processo de

escorregamento. Esses métodos são amplamente utilizados, devido à facilidade de

aplicação e a experiência acumulada ao longo dos anos (TONUS, 2009).

62

Para Massad (2003), os procedimentos de análise de estabilidade de taludes

se caracterizam pela definição de um fator de segurança, obtido pela relação entre a

resistência ao cisalhamento do solo (s) e a tensão cisalhante atuante ou resistência

mobilizada (t) ao longo da superfície de ruptura, ou seja (Equação 2.1):

𝐹𝑆 = 𝑠

𝑡 (2.1)

Onde s pode ser dado em termos de tensão total (Equação 2.2):

𝜎 = 𝑐 + 𝜎 tan (𝜑) (2.2)

Onde:

c e = coesão e ângulo de atrito de Mohr-Coulomb, respectivamente, em

termos de tensão total.

= tensão total normal ao plano de ruptura.

Ou em termos de tensão efetiva (Equação 2.3):

𝜎′ = 𝑐′ + (𝜎 − 𝜇) tan (𝜑′) (2.3)

Onde:

c’ e ' = coesão e ângulo de atrito de Mohr-Coulomb, respectivamente, em

termos de tensão efetiva;

= poropressão;

- = tensão efetiva.

Para Remédio (2004), as análises de estabilidade de taludes determinísticas

são realizadas com base no fator de segurança (FS), que é definido pela relação entre

as tensões cisalhantes mobilizadas e a resistência ao cisalhamento. Assim, o fator de

segurança pode ser dado pela equação (Equação 2.4):

𝐹𝑠 = 𝜏𝑓

𝜏𝑑 (2.4)

Onde:

FS = Fator de segurança

f = Resistência ao cisalhamento

d = Tensões cisalhantes desenvolvidas ao longo da superfície de ruptura

63

Nesta relação, valores de Fs maiores que 1 indicam condições de

estabilidade, valores iguais a 1 representam o limite da estabilidade e valores menores

que 1 não possuem significado físico (REMÉDIO, 2014).

Vale ressaltar que o fator de segurança pode ser calculado por outros métodos

tomando como parâmetros o momento gerado devido às forças atuantes sobre a

cunha e o momento das forças que tendem a instabilizá-la. Pelo método do equilíbrio

limite, aplica-se um fator de segurança determinado em projeto e calcula-se a

resistência cisalhante requerida para estabilizar o talude e a compara com a tensão

cisalhante avaliada (BORGATTO, 2006).

Todos os métodos de equilíbrio limite adotam uma superfície de ruptura para o

cálculo do coeficiente de segurança, o qual é repetido até que se encontre a superfície

que dará o menor coeficiente de segurança. A forma da superfície de ruptura depende

da geometria do problema, da estratigrafia, das características dos materiais

envolvidos e dos métodos de cálculo disponíveis para a análise (USACE, 2003).

Analisar a estabilidade de taludes em termos de tensões totais ou efetivas é,

teoricamente, equivalente. Considerando tensões efetivas, que é o mais correto

conceitualmente, assume-se que as poropressões são conhecidas ao longo da

superfície de ruptura, por ocasião da mesma. Já no procedimento com tensões totais

admite-se que as poropressões desenvolvidas nos ensaios triaxiais, que tentam

simular as condições de carregamento e drenagem de campo, são iguais às que

existirão no maciço de terra (MASSAD, 2003).

2.7.1 Método de Fellenius ou Método Ordinário das Fatias

Método desenvolvido pelo engenheiro sueco FELLENIUS (1936, apud

BORGATTO, 2006), ficou conhecido como método sueco ou das fatias. Este método

baseia-se na análise estática do volume de material situado acima de uma superfície

potencial de escorregamento de seção circular onde este volume é dividido em fatias

verticais. Assim, determinam-se as forças normais às bases das lamelas (N) e aplica-

se o equilíbrio de forças na direção da normal à base (direção do raio do círculo de

ruptura) (BORGATTO, 2006).

64

2.7.2 Método de Bishop Simplificado

O método proposto por BISHOP (1955, apud BORGATTO, 2006), que

considera a análise da estabilidade de um talude utilizando a divisão da cunha de

escorregamento em diversas fatias. Considera-se, neste método, o equilíbrio de

momento e de forças verticais (Figura 20).

Figura 20 – Lamela de Bishop (método de Bishop simplificado)

Fonte: Borgatto, (2006)

Em que:

l – comprimento da lamela;

Δx – l x cosθ;

P – peso da lamela;

N’ – força atuante na base da lamela;

U – poropressão;

E – forças laterais;

T – resistência ao cisalhamento;

c’ – coesão efetiva;

φ’ – ângulo de atrito efetivo;

F – fator de segurança.

Este método é uma modificação do método das fatias, porém levando-se em

conta as reações entre as fatias adjacentes. De acordo com ROGÉRIO (1977, apud

BORGATTO, 2006), o método das fatias apresenta uma superestimação do fator de

segurança em relação ao método de Bishop, na ordem de 15%.

65

2.7.3 Método de Spencer

Método desenvolvido por SPENCER (1967, apud BORGATTO, 2006),

assume que as forças entre as fatias são paralelas. É considerado um “método exato”,

pois considera em sua formulação o equilíbrio de forças e de momentos em cada fatia.

É considerado um método mais apurado no cálculo do fator de segurança, porém

requer maior tempo computacional. Pode ser utilizado em superfícies de ruptura

circular ou não circular (BORGATTO, 2006).

2.7.4 Método de Janbu

Método utilizado quando as superfícies de escorregamento não são

necessariamente circulares. O fator de segurança calculado pelo método de JANBU

em 1973 é igual ao fator de segurança obtido pelo método de Bishop multiplicado por

um fator de correção. Este fator de correção leva em consideração a geometria da

superfície de escorregamento, depende dos parâmetros de resistência ao

cisalhamento (c e φ) e também considera a influência das forças verticais entre as

fatias.

2.7.5 Método de Morgenstern & Price

Método desenvolvido por Morgenstern & Price em 1965, considera que as

forças entre as fatias podem ter direções variáveis não sendo necessariamente

paralelas. Também é considerado um “método exato”, porém enquanto o método de

Spencer considera o equilíbrio de momento total, Morgenstern & Price considera o

equilíbrio de momentos individualmente. Pode ser utilizado em superfícies de ruptura

circular ou não circular.

2.8 ESTABILIDADE DE TALUDES EM ATERROS DE RSU

Ainda hoje, na mecânica dos resíduos, não existem teorias e modelos que

expressem de forma realista o comportamento dos RSU. Assim, os estudos de

estabilidade em aterros têm sido desenvolvidos utilizando-se as teorias e métodos

utilizados na mecânica dos solos (BORGATTO, 2006).

66

Ainda segundo Borgatto (2006), os cálculos aplicados à geotecnia de resíduos

são baseados na teoria clássica de equilíbrio limite, adotando-se parâmetros de

resistência, coesão (c) e ângulo de atrito interno (φ) para os RSU obtidos,

principalmente, através de bibliografias internacionais, ensaios “in situ”, retroanálises

de escorregamento, e ensaios de laboratório. Porém, as definições destes parâmetros

para os RSU apresentam dificuldades devido à heterogeneidade, a anisotropia

consequente da forma de disposição dos resíduos em camadas e o desconhecimento

da variação de comportamento e característica com o tempo devido ao processo de

degradação.

Conforme Benvenuto (2011), existem dois tipos principais de ruptura:

Ruptura tipo “liquefação” dos resíduos do tipo “corridas de resíduos” com extensão superior à altura do talude, podendo chegar até uma dezena de vezes, chamadas também de rupturas úmidas.

Rupturas sem grandes movimentos, com extensão da ordem da altura do talude, chamadas rupturas secas.

Ambas as rupturas, em geral, estão associadas ao desenvolvimento

excessivo de poropressões internas do maciço, devido às más condições de

drenagem da massa, tendo como consequência o escorregamento de milhares de

metros cúbicos de resíduos. Observa-se na Figura 21 um exemplo de ruptura em um

aterro sanitário.

Figura 21 – Exemplo de ruptura em um aterro sanitário (aterro de Itapecerica da Serra – SP/2006)

Fonte: Benvenuto (2011)

67

Observa-se na Figura 22 um exemplo de deslizamento de terra ocorrido em

um local conhecido como Morro do Bumba em Niterói no local onde havia um antigo

lixão.

Figura 22 – Exemplo de deslizamentos Morro do Bumba em Niterói – RJ

Fonte: Revista IstoÈ (2010)

2.8.1 Tipos e causas de instabilidade de taludes

Sob o nome genérico de taludes compreendem-se quaisquer superfícies

inclinadas que limitam um maciço de terra, de rocha ou de terra e rocha. Podem ser

naturais, casos das encostas, ou artificiais, como os taludes de cortes e aterros

(DYMINSKI, 2008).

Cada vez mais se torna necessário o estudo dos processos de estabilização

de taludes e suas formas de contenção devido a desastrosas consequências que os

escorregamentos acarretam. Pode-se dizer que a ocorrência dos mesmos deve

aumentar, devido principalmente ao aumento da urbanização e do desenvolvimento

de áreas sujeitas a escorregamentos, desflorestamento contínuo destas áreas,

aumento das taxas de precipitação causadas pelas mudanças de clima (DYMINSKI,

2008).

68

Sabe-se que a estabilidade de taludes pode ser assegurada determinando-

se, através dos parâmetros de resistência, coesão e ângulo de atrito interno dos RSU,

a geometria adequada e as condições da fundação do aterro (BORGATTO, 2006).

A análise de estabilidade de maciços sanitários ainda não conta com uma

norma brasileira com base na instrumentação de campo. A norma brasileira de

estabilidade de taludes é a NBR-11682 (ABNT, 1991) e indica modelos, limites e

critérios de avaliação para comportamento de maciços terrosos, porém a grandeza,

distribuição e modo de ocorrência dos deslocamentos e pressões neutras diferem das

apresentadas em maciços de resíduos (BOSCOV, 2008).

Com base no monitoramento geotécnico, Kaimoto Cepollina e Abreu (1999)

propuseram um método para a análise da estabilidade de aterros sanitários, cujos

procedimentos são:

Estabelecimento de parâmetros iniciais de resistência, com base na observação de eventos significativos;

Estabelecimento de um modelo inicial de comportamento mecânico, considerando-se os processos e as etapas operacionais, a geração e a distribuição das pressões neutras;

Verificação das condições de estabilidade, mediante essas hipóteses;

Implantação sequencial de instrumentos de medição das pressões neutras e deslocamentos;

Inserção, iterativa e sequencial, dos dados de monitoramento ao modelo e às análises efetuadas, procedendo-se ao reposicionamento e ajustes necessários; e

Análise conjunta do comportamento teórico e de campo.

Na análise de estabilidade de aterros sanitários, normalmente são definidos

os círculos críticos e o fator de segurança da seção analisada, por meio de programas

computacionais, como Slope W (da Geo-Slope International) e o Slide 6 (da

Rocscience). Esses softwares aplicam métodos de equilíbrio limite, como o de Bishop

simplificado ou de Spencer, nos quais são empregadas, na entrada, as leituras dos

piezômetros e os parâmetros do resíduo e dos solos natural e de cobertura (BOSCOV,

2008).

Os escorregamentos em taludes são causados por uma redução da

resistência interna do material constituinte (solo, RSU) que se opõe ao movimento da

massa deslizante e/ou por um acréscimo das solicitações externas aplicadas ao

maciço, geralmente causadas por mudança nas condições geométricas ou

sobrecargas.

Os movimentos de escorregamento são classificados de acordo com a

velocidade em que ocorrem. São eles:

69

Desmoronamento – movimentos rápidos resultantes da ação da

gravidade sobre a massa que se destaca do resto do maciço e rola

talude abaixo, sendo evidenciado o afastamento da massa deslocada

em relação à parte fixa do talude;

• Escorregamento – separação através de uma cunha que se movimenta

em relação ao resto do maciço segundo uma superfície bem definida;

• Rastejo – movimentos bastante lentos que ocorrem nas camadas

superiores do maciço não existindo uma linha separatória nítida entre a

porção que se desloca e a porção estável remanescente.

Segundo Borgatto (2006), as principais causas de instabilidades são:

Causas externas – ações externas que alteram o estado de tensão

atuante sobre o maciço resultando num acréscimo de tensões

cisalhantes que igualando ou superando a resistência ao cisalhamento,

levam à ruptura. Podem ocorrer devido ao aumento da inclinação do

talude, deposições de material ao longo da crista do talude, efeitos

sísmicos, cortes no pé do talude, etc;

Causas internas – ações internas que atuam reduzindo a resistência ao

cisalhamento, sem alterar visualmente a geometria do maciço. Podem

ocorrer devido ao intemperismo/decomposição, erosão interna, ciclagem

da poropressão, decréscimo da coesão, etc;

Mudanças no regime hidráulico sub-superficial – ações que podem

ocorrer na fundação do maciço devido à elevação do lençol freático,

elevações do artesianismo, empuxo hidrostático da água preenchendo

fendas verticais, etc.

70

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para prever e evitar rupturas de talude e escorregamento da massa de

resíduos é necessário à implantação de um sistema de monitoramento geotécnico nos

aterros sanitários. Na presente pesquisa foi realizada a análise de estabilidade de

taludes, por meio de métodos probabilísticos, utilizando o método de Bishop

Simplificado a fim de garantir a integridade do aterro durante sua vida útil e após seu

encerramento.

A seguir será apresentada uma breve explicação dos instrumentos utilizados

para o monitoramento geotécnico, bem como os métodos utilizados para as suas

corretas interpretações.

3.1 ATERRO SANITÁRIO DE REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – PR

3.1.1 Aspectos gerais e localização

O aterro sanitário está localizado ao sul da capital Curitiba, em uma área de

267,5 hectares, sendo destes, 62 ha são ocupados pelo empreendimento, 123 ha

destinados à área de proteção ambiental e 54 ha destinados à área de reserva legal.

As atividades estão previstas conforme Estudo de Impacto Ambiental elaborado para

20 anos. O mapa de localização da região metropolitana com destaque para capital

Curitiba está apresentado na Figura 23.

71

Figura 23 - Mapa de localização RMC

Fonte: Adaptado de FREITAS (2017)

O aterro sanitário da RMC conta com os seguintes elementos para adequada

operação (CONSILIU, 2008).

I. Isolamento e sinalização;

II. Sistema de impermeabilização;

III. Drenagem superficial e de gases;

IV. Acesso compatível com o tráfego de veículos pesados;

V. Sistema de controle do recebimento e aceite de resíduos;

VI. Sistema de drenagem de águas pluviais;

VII. Sistema de drenagem de liquidos percolados;

VIII. Tanque de armazenamento de lixiviado;

IX. Sistema de monitoramento de águas subterrâneas e superficiais.

Planta do aterro sanitário localizado na RMC (Figura 24).

72

Figura 24 – As built do aterro sanitário RMC

Fonte: Google Earth (2018)

3.1.2 Material recebido

O aterro sanitário está em funcionamento desde novembro de 2010, e

recebe resíduos sólidos urbanos recolhidos pelos serviços municipais de coleta

regular, domiciliares comerciais e os de varrição de ruas e vias públicas dos

municípios da RMC Curitiba (PR). Também são destinados ao aterro os materiais

provenientes de grandes geradores, como shoppings centers, supermercados, lojas

de departamento e estabelecimentos comerciais, a capacidade de recebimento é de

2.500 toneladas por dia.

Os municípios que destinam resíduos para o aterro sanitário fazem parte do

CONRESOL (Consórcio Intermunicipal para Gestão e Gerenciamento de Resíduos

Sólidos Urbanos). A finalidade do Consórcio é a de organizar e proceder a ações e

atividades para a gestão do sistema de tratamento e destinação final dos resíduos

sólidos urbanos, gerados pelos municípios integrantes, obedecida a legislação vigente

e aplicável, além das normas da ABNT.

Na Tabela 9 estão apresentados os 21 municípios que fazem parte do

CONRESOL, e a população total de cada município, com base nos dados do IBGE

2010.

73

Tabela 9 – Municípios integrantes do CONRESOL (PR)

Município População total

Agudos do Sul 8.270

Almirante Tamandaré 103.204

Araucária 119.123

Campina Grande do Sul 38.769

Campo Largo 112.377

Campo Magro 24.843

Colombo 212.967

Contenda 15.891

Curitiba 1.751.907

Fazenda Rio Grande 81.675

Itaperuçu 23.887

Mandirituba 22.220

Piên 11.236

Pinhais 117.008

Piraquara 93.207

Quatro Barras 19.851

Quitandinha 17.089

Rio Branco do Sul 30.650

São José dos Pinhais 264.210

Tijucas do Sul 14.537

Tunas do Paraná 6.256

Fonte: IBGE (2010)

O total de pessoas atendidas diariamente pelo aterro sanitário são 3.089.177

habitantes. Curitiba representa a cidade com maior número de habitantes, com

1.751.907 habitantes, e São José dos Pinhais, com 264.210 habitantes e Colombo

212.967 habitantes, representam o segundo e terceiro, respectivamente, municípios

com maior população.

Observa-se na Tabela 10 a quantidade relativa de resíduos, em %, disposta

mensalmente no aterro sanitário localizado na RMC.

74

Tabela 10 – Quantidade relativa de resíduo disposto no aterro sanitário (%)

Município Quantidade resíduos (%)

Agudos do Sul 0,1

Almirante Tamandaré 2,1

Araucária 3,2

Campina Grande do Sul 0,8

Campo Largo 2,3

Campo Magro 0,5

Colombo 6,0

Contenda 0,2

Curitiba 67,4

Fazenda Rio Grande 2,1

Itaperuçu 0,3

Mandirituba 0,3

Piên 0,2

Pinhais 3,5

Piraquara 1,9

Quatro Barras 0,4

Quitandinha 0,2

Rio Branco do Sul 0,6

São José dos Pinhais 7,6

Tijucas do Sul 0,2

Tunas do Paraná 0,1

Fonte: Aterro Sanitário RMC (2018)

A capital é o município que destina a maior quantidade de resíduos no aterro,

representando 67,4% do total. São José dos Pinhais, com 7,6%, e Colombo, com

6,0%, figuram como segundo e terceiro municípios, respectivamente, que mais

depositam resíduos no aterro. Esse fator é previsível, pois a produção de resíduo é

diretamente proporcional ao número de habitantes de uma cidade, logo as três

cidades com maior população representam também as que mais produzem resíduos.

75

3.2 ATERRO SANITÁRIO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO – SP

3.2.1 Aspectos gerais e localização

O aterro sanitário localiza-se no extremo oeste da Região Metropolitana de

São Paulo (RMSP) (Figura 25). Atualmente, o aterro sanitário opera com autorização

para recebimento de 1200 toneladas de resíduos classe IIA e IIB por dia (ABNT, 2004).

Figura 25 - Mapa de localização da RMSP

Fonte: Adaptado de FREITAS (2017).

O aterro sanitário da RMSP conta com os seguintes elementos para adequada

operação (CONSILIU, 2008).

I. Isolamento e sinalização;

II. Sistema de impermeabilização;

III. Drenagem superficial e de gases;

IV. Acesso compatível com o tráfego de veículos pesados;

V. Sistema de controle do recebimento e aceite de resíduos;

VI. Sistema de drenagem de águas pluviais;

VII. Sistema de drenagem de liquidos percolados;

76

VIII. Tanque de armazenamento de lixiviado;

IX. Sistema de monitoramento de águas subterrâneas e superficiais.

Planta do aterro sanitário localizado na RMSP (Figura 26).

Figura 26 – As biult do aterro sanitário RMSP

Fonte: Google Earth (2018)

3.2.2 Material recebido

O aterro sanitário está em funcionamento desde outubro de 2003, e recebe

resíduos sólidos urbanos recolhidos pelos serviços municipais de coleta regular,

domiciliares comerciais e os de varrição de ruas e vias públicas do município de Itapevi

(SP). Também são destinados ao aterro os materiais provenientes de grandes

geradores, como shoppings centers, supermercados, lojas de departamento e

estabelecimentos comerciais, a capacidade de recebimento é de 1.500 toneladas por

dia. Os municípios que destinam resíduos para o aterro sanitário são Cotia, Jandira

Itapevi, Itapetinga e Mairinque.

Na Tabela 11, estão apresentados os 5 municípios que destinam resíduos

sólidos para o aterro da RMSP e a população total de cada município com base nos

dados do IBGE (2010).

77

Tabela 11 – Municípios que destinam resíduo para aterro sanitário da RMSP

Município População total

Cotia 201.150

Jandira 108.334

Itapevi 200.769

Vargem Grande Paulista 42.997

Mairinque 43.223

Fonte: IBGE (2010)

O total de pessoas atendidas diariamente pelo aterro sanitário são 596.473

habitantes. Cotia, Itapevi e Jandira representam os municípios com maior população,

respectivamente.

Na Tabela 12 é apresentada a quantidade de resíduos, em %, disposta

mensalmente no aterro sanitário da RMSP.

Tabela 12 –Quantidade de resíduos dispostos no aterro sanitário da RMSP (%)

Município Quantidade resíduos (%)

Cotia 40,8

Jandira 13,6

Itapevi 31,1

Vargem Grande 7,8

Mairinque 6,7

Fonte: Aterro sanitário RMSP (2018)

Cotia é o município que destina a maior quantidade de resíduo no aterro,

representando 40,8% do total. Itapevi, com 31,1%, e Jandira, com 13,6%, figuram

como segundo e terceiro municípios, respectivamente, que mais depositam resíduos

no aterro.

3.3 SEÇÃO DE ESTUDO

3.3.1 RMC

Conforme definido no Estudo de Impacto Ambiental elaborado em 2010 pela

Consiliu Meio Ambiente e projetos, o aterro sanitário da RMC possui três seções

sendo 2 fixas denominadas de seção 1 que atravessa o aterro longitudinalmente e de

78

seção 2 que atravessa o aterro transversalmente. Foram definidas na fase de projeto

pelos engenheiros levando em consideração área que possui menor engastamento,

que sofrerá maior esforço e que terá ao longo da vida útil maior altitude (Figura 27).

Figura 27 – Localização das seções fixas do aterro sanitário da RMC

Já a terceira seção é dinâmica e é analisada mensalmente com a evolução

dos aterros sendo traçadas a partir do monitoramento realizado em campo que

compreende inspeção visual para buscar indícios de erosões, trincas, cavidades, e a

partir de dados de levantamento topográfico que levam em consideração o

monitoramento de marcos superficiais, das medições de recalques, das medições de

pressões de percolados e gases.

Optou-se em estudar a seção 1 que atravessa longitudinalmente o aterro da

RMC definida em projeto, pelo fato da seção possuir 2 poços piezômetros próximos,

permitindo um traçado da linha piezométrica com maior confiança.

A seção 1 possui altura do maciço de RSU acima da superfície do terreno de

30,0m com inclinações de taludes de 1V:2H e bermas de 4,0 m de comprimento a

cada 5,0 m de altura.

As seções 1 e 2 têm seus traçados verificados pela equipe de topografia

mensalmente, por mais que essas seções sejam denominadas fixas suas

coordenadas precisam ser levantadas devido à dinâmica do aterro, pois, os taludes e

bermas sofrem alteamento e recalques.

79

A figura 28 apresenta as seções fixas.

Figura 28 – Traçado das seções fixas do aterro sanitário da RMC

3.3.2 RMSP

Conforme definido no Estudo de Impacto Ambiental elaborado em 2002 pela

ADISAN Engenharia e Projetos, o aterro sanitário da RMSP possui três seções sendo

2 fixas denominadas de seção AA que atravessa o aterro longitudinalmente e de seção

BB que atravessa o aterro transversalmente. Também, foram definidas na fase de

projeto pelos engenheiros levando em consideração área que possui menor

engastamento, que sofrerá maior esforço e que terá ao longo da vida útil maior altitude

(Figura 29).

80

Figura 29 – Localização das seções fixas do aterro sanitário da RMSP

A terceira seção é dinâmica e é analisada mensalmente com a evolução dos

aterros sendo traçadas a partir de dados de levantamento topográfico que levam em

consideração o monitoramento de marcos superficiais, inspeções visuais.

Optou-se em estudar a seção AA, que atravessa longitudinalmente o aterro

da RMSP, pelo fato da seção possuir 1 poço piezômetro próximo, permitindo um

traçado da linha piezométrica com maior confiança. Além disso, pelo aterro ser de

encosta na seção BB, o risco de ruptura é menor tendo em vista o cercamento do

aterro por uma área rochosa.

A seção AA possui altura do maciço de RSU, acima da superfície do terreno,

de 70,0 m, com inclinações de taludes de 1V:2H, e bermas de 4,0 m de comprimento

a cada 5,0 m de altura.

As seções AA e BB têm seus traçados verificados pela equipe de topografia

mensalmente, pois, por mais que essas seções sejam fixas, suas coordenadas

precisam ser levantadas devido à dinâmica do aterro, já que os taludes e bermas

sofrem alteamento e recalques. A figura 30 apresenta os traçados das seções fixas.

81

Figura 30 – Traçado das seções fixas do aterro sanitário da RMSP

3.4 PARÂMETROS GEOTÉCNICOS

Para o resíduo foi utilizado o valor igual a 10kN/m³ para o parâmetro de peso

específico tanto para o aterro sanitário de RMC como para o aterro sanitário da RMSP,

levou-se em consideração análises feitas por Benvenuto e Cunha, (2011),

considerando o cenário de boa compactação utilizando tratores de esteira e rolos de

compactação, e também, considerando condição drenada. Para coesão e ângulo de

atrito foram utilizados valores de 16kPa e 22°, respectivamente, levando em

consideração a idade dos resíduos sugeridas por Kaimoto e Cepollina (1996)

considerando disposição de resíduos superior a dois anos e drenagem interna mais

intensa.

Para Remédio (2014) os valores sugeridos por Benvenuto e Cunha (1991) se

mostraram adequados visto que foram definidos com base em retroanálises de

escorregamentos ocorridos no Aterro Bandeirantes, em São Paulo – SP, que assim

como os aterros da RMC e da RMSP são composto por resíduos urbanos.

Schuler (2010) realizou um estudo do comportamento geomecânico de um

aterro localizado no estado do Rio de Janeiro. O autor efetuou o monitoramento do

aterro utilizando instrumentação geotécnica, incluindo piezômetros, inclinômetros,

82

pluviômetros e marcos superficiais. O autor realizou 03 análises de estabilidade

(retroanálises) em casos de ruptura observados durante o monitoramento. Nas

retroanálises, Schuler (2010), adotou o peso específico de 11kN/m3 e o coeficiente

de poropressão de 0,7, obtendo 27º de ângulo de atrito de e 15 kPa de coesão para

resíduos mais recentes e 25º de ângulo de atrito e 40 kPa de coesão para resíduos

mais antigos. O método de Bishop foi adotado em todas as análises realizadas, sendo

as simulações realizadas no software SLIDE 5.0 da Rocscience.

Já para o solo foram utilizados valores diferenciados levando em

consideração que as características do solo de cada região são distintas. Para o aterro

sanitário da RMC foram utilizados peso especifico igual a 25 kN/m³, coesão igual a

9,8 kPa e ângulo de atrito igual a 29° por se tratar de um solo argiloso, conforme

definido no Estudo de Impacto Ambiental elaborado em 2010 pela Consiliu Meio

Ambiente e projetos.

Para o aterro sanitário da RMSP foram utilizados peso especifico igual a 17

kN/m³, coesão igual a 30kPa e ângulo de atrito igual a 35° por se tratar de um solo

silto-argiloso, conforme definido no Estudo de Impacto Ambiental elaborado em 2002

pela ADISAN Engenharia e Projetos.

A Tabela 13 é uma tabela resumo dos valores dos parâmetros de peso

especifico, coesão e ângulo de atrito adotados para o aterro sanitário da RMC e para

o para o aterro sanitário da RMSP.

Tabela 13 –Valores dos parâmetros para os aterros sanitários da RMC e RMSP

Material Peso

Específico (KN/m³)

Coesão (kPa) Ângulo

de Atrito (°)

RMC Resíduo

10 16 22

RMSP 10 16 22

RMC Solo

25 9,8 29

RMSP 17 30,0 35

83

3.5 LEITURAS PIEZOMÉTRICAS

A medição dos piezômetros foi feita com o auxílio de um sensor de nível de

percolado, para medir os níveis de lixiviado, de um manômetro, para medir a pressão

de gás. Também foi utilizada uma trena, para medir a saliência, que é a distância da

berma ao topo do piezômetro. As leituras piezométricas iniciaram-se com a medição

do nível de lixiviado, que é realizada no tubo interno do piezômetro. Estando o registro

da câmara de gás fechado, o sensor foi introduzido pelo tubo interno e, quando em

contato com o lixiviado, o emitiu um sinal sonoro. Retirou-se, então, o equipamento e,

com auxílio da trena, mediu-se a profundidade em que se encontrava o lixiviado,

anotando o valor encontrado. Ainda nessa leitura houve o procedimento de medida

de saliência.

Tendo medido o nível de líquido com o registro fechado, foi feita a medição

da pressão do gás. Estando ele inicialmente fechado, a mangueira com manômetro

foi acoplada, por meio de uma luva. O registro foi então aberto e anotada a pressão

medida. Em seguida o registro foi fechado novamente. Após desacoplar a mangueira,

o registro foi aberto e repetiu-se o procedimento para medição de nível de percolado

anotando o resultado.

Foi considerado, como entrada de dados no modelo, a hipótese de um nível

piezométrico de percolado no interior do maciço de resíduos aplicado a partir do

traçado da linha piezométrica no modelo, de acordo com os valores medidos em

campo. Essa hipótese implica na saturação da região abaixo da linha, podendo

resultar em valores de poro-pressão muito mais elevados e, consequentemente,

fatores de segurança mais baixos do que o real. Trata-se de um método conservador

quando se considera a influência da saturação nas tensões resistivas do material.

O aterro sanitário da RMC possui dois piezômetros simples e um duplo,

denominados: PZ01 (duplo – PZ01A e PZ01B), PZ02 e PZ03 (simples). Os

piezômetros possuem ranhuras com profundidades médias de 12,50 m, 8,60 m, 8,30

m e 4,20 m, respectivamente, e profundidades totais equivalentes a 17,50 m, 13,60

m, 13,30 m e 9,20 m.

Observam-se, na Figura 31 a localização destes instrumentos ao longo do

aterro sanitário. Para o aterro sanitário da RMC foi analisado somente os dados de

monitoramento dos poços piezômetros PZ1A e PZ1B por estarem mais próximos da

seção 1, estando estes localizados na 4° camada.

84

Figura 31 – Localização dos poços piezômetros aterro sanitário RMC

O aterro sanitário da RMSP possui 3 piezômetros simples, denominados:

PZ07A, PZ08A, PZ09A. Os piezômetros possuem ranhuras com profundidades

médias de 15,0 m, 15,0 m, 10,0 m respectivamente, e profundidades totais

equivalentes a 20,0 m, 20,0 m, 15,0 m respectivamente.

Figura 32 – Localização dos poços piezômetros aterro sanitário RMSP

Para o aterro sanitário da RMSP foi analisado os dados de monitoramento do

poço piezômetro PZ07A, também, por estar mais próximos da seção AA. Conforme

ilustrados na figura 32.

85

Os dados analisados correspondem ao período de agosto de 2014 a agosto

de 2015 para ambos os aterros.

3.6 PROCEDIMENTOS COMPUTACIONAIS

Para a análise da estabilidade de aterros sanitários foram utilizados

programas computacionais da Geotecnia, como o Slide 6 (da Rocscience), e o Geo-

Slope 2016 que aplicam métodos de equilíbrio limite para a determinação dos fatores

de segurança mínimos das seções em estudo.

Na pesquisa referente ao comportamento de resíduos sólidos foram

identificadas análises de estabilidade de taludes em aterros sanitários realizadas por

diferentes metodologias, apresentando resultados diversos, incluindo os trabalhos de

Mahler e Neto (2000), Oliveira (2002), Borgatto (2006), Ribeiro (2007) e Schuler

(2010), onde foi adotado o método de Bishop Simplificado.

Para Ribeiro (2007), o método de Bishop é possivelmente o mais utilizado

entre os diversos métodos para análise de estabilidade de taludes, visto que é

razoavelmente simples e fornece fatores de segurança próximos dos obtidos por

métodos mais precisos. RIBEIRO (2007) adotou o método de Bishop na determinação

dos parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito) de resíduos sólidos através

de retroanálises em ensaios de laboratório sendo utilizado o software SLOPE/W, da

Geo-Slope International, na aplicação do método.

Oliveira (2002) realizou um estudo de estabilidade de aterros sanitários onde

realizou retroanálises em uma seção experimental executada em um aterro sanitário

e em um escorregamento ocorrido em um aterro controlado, ambos localizados no

município de Salvador – BA. Na obtenção dos parâmetros de resistência dos resíduos

foram utilizadas sondagens com ensaios de penetração dinâmica, ensaios de

penetração do cone e provas de carga. Nas análises realizadas, foi adotado o método

de Bishop Simplificado, um método “consagrado”, sendo utilizado o software

SLOPE/W, da Geo-Slope International, na aplicação do método.

3.6.1 Slide 6

A versão do software slide 6 utilizada na presente pesquisa é a versão

completa a qual possui amplos recursos de análise probabilística, pode-se atribuir

86

distribuições estatísticas a alguns parâmetros de entrada, incluindo propriedades do

material, propriedades de suporte. O índice de confiabilidade é calculada e fornece

um valor objetivo do risco de ruptura associada a um projeto de inclinação. Nessa

versão é possível analisar a estabilidade de taludes em aterros sanitários, barragens

de terra, barragens de mineração, paredes de retenção, etc.

Este software foi utilizado por proporcionar capacidade de importação de

arquivos contendo as coordenadas da seção de estudo, obtidas através do

levantamento topográfico. Este processo é mais preciso na descrição do perfil do

talude e potencialmente evita erros na digitação das coordenadas. Além disso, a

definição da superfície de pesquisa como o desenho das grades e raios é feita

automaticamente pelo software que leva em consideração a região com maior risco

de ruptura a partir dos dados de projeto inseridos.

3.6.2 Geo-Slope 2016

Nas análises de estabilidade de taludes identificadas na literatura durante a

etapa de pesquisa bibliográfica, verificou-se o uso frequente de softwares

especializados na modelagem dos corpos analisados. Entre os principais softwares

relacionados à modelagem ambiental o conjunto de programas desenvolvidos pela

Geo-Slope Internacional se destacou por sua praticidade e por possuir versões

gratuitas para estudantes.

Entre as ferramentas no pacote da Geo-Slope International, o SLOPE/W é o

produto utilizado para calcular o fator de segurança através de diversas metodologias

que utilizam análises de equilíbrio limite, podendo modelar tipos heterogêneos de

materiais com complexa geometria, considerando diferentes superfícies de

deslizamento e poropressão (GEO-SLOPE INTERNATIONAL).

Para o desenvolvimento das análises de cada uma das seções foi utilizado o

programa computacional Slope W da Geo-Studio versão estudante. O Slope W tem

como função resolver problemas de estabilidade de taludes, encostas naturais de terra

e rocha; escavações inclinadas; aterros, estruturas de retenção, etc. É possível

realizar análises determinísticas, através dos métodos de Fellenius, Bishop

Simplificado, Janbu Simplificado, Spencer, Morgenstern-Price.

Em cada uma dessas análises disponíveis, é possível considerar diferentes

materiais, geometrias, superfícies de ruptura complexas, a influência das pressões

87

neutras. Outro tipo de análises disponível para o usuário é a análise probabilística,

que funciona a partir de uma análise determinística considerada. Nessa versão, a

definição da superfície de pesquisa como o desenho das grades e raios é feita

manualmente pelo programador que precisa levar em consideração a região com

maior risco de ruptura a partir dos dados de projeto inseridos.

3.6.3 Dados de Entrada

Esses métodos consideram que a ruptura está prestes a ocorrer ao longo de

uma superfície conhecida. Neles são feitas as comparações entre a resistência ao

cisalhamento requerida para manter uma condição de equilíbrio no limite, e a

resistência ao cisalhamento disponível no material estudado, o que oferece um

coeficiente de segurança ou fator de segurança ao longo da superfície potencial de

ruptura, a qual é representada por círculos críticos.

Para que as análises sejam possíveis através dos softwares, foi realizada a

importação de dados referentes às regiões escolhidas, sendo eles:

(i) As seções dos taludes obtidos através do levantamento topográfico;

(ii) Os parâmetros geotécnicos dos materiais (solo e resíduos);

(iii) A linha piezométrica, definida a partir de cenários de saturação no

interior do maciço de resíduos.

Nesse estudo a linha piezométrica foi traçada iniciando aproximadamente

onde o dreno de base está localizado, de acordo com a direção esperada do fluxo do

líquido percolado. Este ponto foi ligado, por uma reta, à região do piezômetro, cuja

profundidade adotada foi àquela medida em campo.

Obtém-se com os resultados dessas simulações uma distribuição de

probabilidade do fator de segurança, e considera-se como probabilidade de ruptura

um fator de segurança menor que a unidade.

Figura 33, exemplo de configuração adotada para a análise de estabilidade

pelo programa slide 6.

Figura 33 – Configuração adotada para a análise de estabilidade das seções de estudo pelo slide 6

88

Já na Figura 34, exemplo de configuração adotada para a análise de

estabilidade pelo programa slope w.

89

Figura 34 – Configuração adotada para a análise de estabilidade das seções de estudo pelo slope W

Depois de obter os resultados dos cálculos dos fatores de segurança,

realizou-se comparação entre os valores encontrados para o aterro sanitário da RMC

e para o aterro sanitário da RMSP. Essa comparação tem a finalidade de estudar a

relação entre a estabilidade de um aterro convencional em relação a estabilidade de

um aterro do tipo encosta.

Além disso, realizou-se comparação entre os valores calculados de fator de

segurança com os níveis pluviométricos e vazão de lixiviado referente ao período

vigente. Essas comparações foram possíveis por meio da importação dos dados

medidos nas estações meteorológicas instaladas nos aterros sanitários e, também,

por meio de dados de vazão de lixiviados medidos nos aterros sanitários, tendo a

finalidade de estudar a relação entre eles.

90

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Esta seção apresenta a análise dos dados obtidos através das leituras dos

poços piezômetros, e fatores de segurança calculados na análise de estabilidade.

4.1 ATERRO SANITÁRIO DA RMC

4.1.1 Leituras piezométricas

A tabela 14 está apresentado as leituras dos piezômetros PZ1A e PZ1B no

período de agosto de 2014 a agosto de 2015. Os valores médios das leituras foram

utilizados para traçar a linha piezométrica tanto no software slide 6 como no software

slope W.

91

Tabela 14 – Valores das leituras dos poços piezômetros para aterro sanitário da RMC

Tabela de Monitoramento dos Piezômetros - PZ01/PZ1B

Piezômetro Data Saliência

(m) Profundidade

Total (m)

Profundidade Média Câmara de Carga (m)

Nível de Lixiviado (m)

Registro Aberto

PZ1A 21/08/2014 1,43 17,50 12,50 8,69

PZ1A 18/09/2014 1,43 17,50 12,50 8,43

PZ1A 09/10/2014 1,46 17,50 12,50 8,58

PZ1A 13/11/2014 1,46 17,50 12,50 8,91

PZ1A 11/12/2014 1,49 17,50 12,50 8,41

PZ1A 26/01/2015 1,51 17,50 12,50 10,07

PZ1A 27/02/2015 1,51 17,50 12,50 10,40

PZ1A 12/03/2015 1,51 17,50 12,50 10,10

PZ1A 10/04/2015 1,54 17,50 12,50 10,26

PZ1A 22/05/2015 1,56 17,50 12,50 10,40

PZ1A 22/06/2015 1,57 17,50 12,50 9,01

PZ1A 05/07/2015 1,57 17,50 12,50 9,72

PZ1A 14/08/2015 1,57 13,60 8,60 8,58

PZ1B 21/08/2014 1,43 13,60 8,60 5,04

PZ1B 18/09/2014 1,43 13,60 8,60 5,01

PZ1B 23/10/2014 1,46 13,60 8,60 5,22

PZ1B 06/11/2014 1,46 13,60 8,60 4,70

PZ1B 18/12/2014 1,49 13,60 8,60 5,15

PZ1B 23/01/2015 1,51 13,60 8,60 5,75

PZ1B 28/02/2015 1,51 13,60 8,60 4,88

PZ1B 28/03/2015 1,51 13,60 8,60 5,20

PZ1B 29/04/2015 1,54 13,60 8,60 5,77

PZ1B 30/05/2015 1,56 13,60 8,60 5,10

PZ1B 22/06/2015 1,57 13,60 8,60 6,33

PZ1B 10/07/2015 1,57 13,60 8,60 4,86

PZ1B 21/08/2015 1,57 13,60 8,60 5,04

Não há critérios de alerta estabelecidos para os dados provenientes dos

piezômetros, porém, sabe-se que a estabilidade geotécnica aumenta com a

diminuição do nível do líquido, medido a partir do topo do piezômetro. Desta forma,

quanto maior o valor mais distante o nível do chorume está da superfície.

O piezômetro PZ01B, por ser menos profundo, apresentou níveis de

aproximadamente 5 metros da superfície, enquanto o PZ01A apresentou níveis de

mais 10 metros da superfície, cuja profundidade é maior. A menor distância entre o

92

nível de líquido lixiviado e a superfície do aterro sanitário foi medida no piezômetro

PZ01B, sendo de 5,01 m, no mês de setembro de 2014.

4.1.2 Cálculo do fator de segurança utilizando software Slide 6 e slope W

Os cálculos dos fatores de segurança do aterro sanitário da RMC durante

agosto de 2014 a agosto de 2015 foram realizados pelo método de Bishop

simplificado. Nele foram considerados os níveis de lixiviado medidos nos piezômetros

próximo da seção, utilizando-se as leituras com registro da câmara de gás aberto.

A seguir são apresentados um cálculo de FS referente ao mês de agosto de

2014 utilizando o software Slide 6 (Figura 35) e um cálculo de FS referente ao mês de

agosto de 2015 (Figuras 36).

Os demais cálculos encontram-se nos APÊNDICE A ao APÊNDICE X.

Os valores de fator de segurança obtidos foram comparados ao recomendado

pela Norma Técnica NBR 11682 – Estabilidade de Taludes (ABNT, 2009), ou seja,

F.S. ≥ 1,5. Conforme tabela 15.

Tabela 15 – VALORES DE FATOR DE SEGURANÇA SEGUNDO NBR 11682

Fonte: Norma técnica NBR 11682 (ABNT, 2009)

FATOR DE SEGURANÇA

ALERTA 1 BOM

ALERTA 2 ATENÇÃO

ALERTA 3 ALERTA

ALERTA 4 INTERVENÇÃO

FS > 1,5 1,3 < FS < 1,4 1,2 < FS < 1,3 1,0 < FS < 1,2

93

Figura 35 – Cálculo FS software slide 6- agosto 2014

94

Figura 36 – Cálculo FS software Slope W - agosto 2014

.

95

4.1.3 Fatores de Segurança obtidos para o aterro sanitário da RMC

Na tabela 16 estão apresentados os valores obtidos para os FS do aterro

sanitário da RMC utilizando os softwares estudados.

Tabela 16 – Valores de FS para aterro sanitário da RMC

Aterro Sanitário da RMC

FS - Slide 6 FS - Slope W

ago/14 1,710 1,625

set/14 1,757 1,686

out/14 1,728 1,687

nov/14 1,796 1,672

dez/14 1,731 1,718

jan/15 1,850 1,696

fev/15 1,855 1,700

mar/15 1,904 1,777

abr/15 1,875 1,703

mai/15 1,860 1,789

jun/15 1,882 1,793

jul/15 1,859 1,697

ago/15 1,845 1,818

Média 1,819 1,720

Desvio 0,066 0,057

Nota-se que os valores obtidos, com o software slide 6, apresentou média

anual igual a FS=1,819, já utilizando o software slope w os valores apresentaram-se

inferiores, com média anual de FS = 1,720. Contudo os programas empregados para

os cálculos de estabilidade apresentaram-se em conformidade com o mínimo

recomendado pela NBR 11862, dessa forma, o aterro sanitário da RMC é considerado

estável do ponto de vista geotécnico. O desvio padrão obtido com o software slide 6

apresentou valor de 0,066 enquanto para software slope w foi de 0,057.

Na figura 37 os valores dos fatores de segurança são apresentados

graficamente. Nota-se que para todo o período estudado os resultados dos valores de

fator de segurança calculados pelos dois softwares apresentaram valores

satisfatórios.

96

Figura 37 – Valores de fatores de segurança para o aterro sanitário da RMC

4.1.4 Pluviometria e vazão de lixiviado

Segundo dados medidos no aterro sanitário da RMC, a precipitação

acumulada entre agosto de 2014 a agosto de 2015 foi de 2.353,5 mm.

Na figura 38 é apresentado gráfico de precipitação e vazão de lixiviado em

função do tempo, onde é possível ver que ambos seguiram a mesma tendência.

Figura 38 – Precipitação e vazão de lixiviado medidos no aterro sanitário da RMC

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Fato

r d

e S

egu

ran

ça

FS Ideal = ≥ 1,5 FS - Slide 6 FS - Slope W

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000P

reci

pit

ação

(m

m)

Vaz

ão d

e L

ixiv

iad

o (

m³/

s)

Vazão de Lixiviado (m³/mês) Precipitação (mm)

97

O mês de julho de 2015 apresentou o maior volume de precipitação e de

vazão de lixiviado, 334 mm e 24.136 m³/mês, respectivamente.

4.1.5 Relação entre fatores de segurança, precipitação, nível e vazão de lixiviado

Os valores de precipitação, vazão e nível de lixiviado foram comparados aos

resultados dos cálculos dos fatores de segurança obtidos com os softwares slide 6 e

slope w.

Na tabela 17 estão apresentados a relação entre os fatores de segurança,

precipitação, nível de lixiviado e vazão de chorume para o aterro sanitário da RMC,

para o período analisado.

Tabela 17 – Dados de FS, precipitação, nível e vazão de lixiviado para aterro sanitário da RMC para os piezômetros PZ01A/PZ01B

mês/ano Precipitação

(mm)

Vazão de Lixiviado (m³/mês)

Nível de Lixiviado

(m)

Fator de Segurança

Slide 6 Slope W

ago/14 99,3 10990,0 6,87 1,710 1,625

set/14 253,1 13041,3 6,72 1,757 1,686

out/14 121,6 15392,6 6,90 1,728 1,687

nov/14 210,7 13508,3 6,81 1,796 1,672

dez/14 298,0 16741,0 6,78 1,731 1,718

jan/15 179,5 17902,0 7,91 1,850 1,696

fev/15 270,2 19317,7 7,64 1,855 1,700

mar/15 255,2 20030,7 7,65 1,904 1,777

abr/15 84,4 13616,2 8,02 1,875 1,703

mai/15 128,4 13850,6 7,75 1,860 1,789

jun/15 86,1 15638,9 7,67 1,882 1,793

jul/15 334,0 24136,7 7,29 1,859 1,697

ago/15 33,0 14049,1 6,81 1,845 1,818

Para correlacionar os dados da tabela 18 é preciso levar em consideração

alguns fatores que fazem parte da complexidade que é construir e operar aterros

sanitários.

Para a análise da variação do nível de chorume nos piezômetros com a

precipitação e vazão de líquido lixiviado, é importante considerar a localização da

frente de operação durante o período de estudo. Por serem regiões onde os resíduos

98

são dispostos e, posteriormente, compactados e cobertos com terra, geralmente,

essas regiões possuem maiores contribuições para a geração de chorume, pois por

elas a percolação das águas pluviais é mais fácil, se comparada com as áreas já

finalizadas.

A comparação entre os parâmetros citados indica que há evidências de que o

fator de segurança aumenta para meses em que as vazões de chorume apresentaram

valores menores. Conforme ilustrado na figura 39.

Figura 39 – Fatores de segurança e vazão de lixiviado para o aterro sanitário da RMC

Normalmente com elevada precipitação há um aumento do volume da vazão

de lixiviado gerado nos aterros sanitários, assim, com o maciço saturado os valores

de fatores de segurança tendem a ser menores. No aterro sanitário da RMC, para o

período estudado, os meses de fevereiro, março e julho de 2015, foram os 3 meses

em que se registrou as maiores vazões de lixiviado e, contudo, os fatores de

segurança obtidos pelos softwares estudados apresentaram-se aceitáveis, ou seja

superior a FS=1,5, (APÊNDICE F, APÊNDICE G, APÊNDICE K, APÊNDICE R,

APÊNDICE S, APÊNDICE W), dessa forma, há indícios que o sistema de drenagem

do aterro em questão encontra-se satisfatório.

Em julho de 2015, com o aumento da precipitação e vazão de lixiviado foi

notada uma sensível queda no nível de lixiviado medido, esse comportamento pode

ser devido ao aumento na drenagem do liquido lixiviado em direção aos tanques de

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Vaz

ão d

e L

ixiv

iad

o (

m³/

s)

Fato

r d

e s

egu

ran

ça

Fator de Segurança Slide 6 Fator de Segurança Slope W

Vazão de Lixiviado (m³/mês)

99

armazenamento em função das fortes chuvas como forma de prevenir o aumento no

nível e, consequentemente, a não redução da estabilidade do maciço (Figura 40).

Figura 40 – Relação entre fatores de segurança e níveis de chorume medidos no aterro sanitário da RMC

Nota-se que quanto menor o nível de chorume medido há um decréscimo no

fator de segurança, ou seja, para valores de nível de chorume menores significa que

o chorume está mais próximo de bermas e taludes, caso medidas de controle não

sejam tomadas o lixiviado pode aflorar e trazer problemas de ordem operacional e de

estabilidade para o maciço de resíduos.

A segurança do maciço depende, entre outros fatores, do bom desempenho

do sistema de drenagem que têm por finalidade controlar a correta migração de

lixiviado e de gases, como também, as pressões neutras dentro do maciço. Os

sistemas de drenagem podem sofrer perda de eficiência por formação de trincas,

redução da permeabilidade por colmatação, mudança de declividade ou

descontinuidades, por exemplo.

Boscov (2008) aponta que essas falhas podem ocorrer na fase do projeto

como erros na declividade para correta de drenagem, na fase da construção como

preparação inadequada da base ou utilização de materiais de qualidade inferior, na

fase da operação do aterro sanitário, como rupturas de drenos pela entrada excessiva

de aguas pluviais.

6.00

6.50

7.00

7.50

8.00

8.50

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Nív

el d

e li

xivi

ado

(m

)

Fato

r d

e s

egu

ran

ça

Fator de Segurança Slide 6 Fator de Segurança Slope W Nível de Lixiviado (m)

100

4.2 O SANITÁRIO DA RMSP

4.2.1 Leituras piezométricas

A tabela 18 está apresentado as leituras dos piezômetros PZ7 no período de

agosto de 2014 a agosto de 2015. Os valores médios das leituras foram utilizados

para traçar a linha piezométrica tanto no software slide 6 como no software slope W.

Tabela 18 – Valores das leituras dos poços piezômetros para aterro sanitário da RMSP

Tabela de Monitoramento do Piezômetro - PZ07

Piezômetro Data Saliência Profundidade

Total (m)

Profundidade Média Câmara de Carga (m)

Nível de Lixiviado (m)

Registro Aberto

PZ07 15/08/2014 1,77 20,00 15,00 5,1

PZ07 19/09/2014 1,78 20,00 15,00 5,7

PZ07 06/10/2014 1,80 20,00 15,00 5,6

PZ07 12/11/2014 1,80 20,00 15,00 6,2

PZ07 17/12/2014 1,80 20,00 15,00 6,9

PZ07 05/01/2015 1,83 20,00 15,00 6,5

PZ07 05/02/2014 1,83 20,00 15,00 10,6

PZ07 12/03/2015 1,84 20,00 15,00 6,5

PZ07 03/04/2014 1,85 20,00 15,00 11,5

PZ07 21/05/2015 1,85 20,00 15,00 5,2

PZ07 10/06/2015 1,85 20,00 15,00 5,1

PZ07 16/07/2015 1,87 20,00 15,00 12,1

PZ07 05/08/2015 1,87 20,00 15,00 11,5

A menor distância entre o nível lixiviado e a superfície do aterro sanitário foi

medida no mês de agosto de 2014 e junho de 2015, sendo de 5,10 m.

4.2.2 Cálculo do fator de segurança utilizando software Slide 6 e slope W

Os cálculos dos fatores de segurança do aterro sanitário da RMSP durante

agosto de 2014 a agosto de 2015 foram realizados pelo método de Bishop

simplificado. Nele foram considerados os níveis de lixiviado medidos nos piezômetros

próximos das seções, utilizando-se as leituras com registro da câmara de gás aberto.

101

A seguir são apresentados um cálculo de FS referente ao mês de agosto de

2014 utilizando o software Slide 6 (Figura 41) e um cálculo de FS referente ao mês de

agosto de 2015 (Figura 42).

Os demais cálculos encontram-se nos APÊNDICE Y ao APÊNDICE VV.

Os valores de fator de segurança obtidos foram comparados ao recomendado

pela Norma Técnica NBR 11682 – Estabilidade de Taludes (ABNT, 2009), ou seja,

F.S. ≥ 1,5. Conforme Tabela 19.

Tabela 19 – VALORES DE FATOR DE SEGURANÇA SEGUNDO NBR 11682

Fonte: Norma técnica NBR 11682 (ABNT, 2009)

FATOR DE SEGURANÇA

ALERTA 1 BOM

ALERTA 2 ATENÇÃO

ALERTA 3 ALERTA

ALERTA 4 INTERVENÇÃO

FS > 1,5 1,3 < FS < 1,4 1,2 < FS < 1,3 1,0 < FS < 1,2

102

Figura 41 – Cálculo FS software slide 6- agosto 2014

103

Figura 42 – Cálculo FS software Slope W - agosto 2014

104

4.2.3 Fatores de Segurança obtidos para o aterro sanitário da RMSP

Na tabela 20 estão apresentados os valores obtidos para os FS do aterro

sanitário da RMSP utilizando os softwares estudados.

Tabela 20 – Valores de FS para aterro sanitário da RMSP

Aterro de RMSP

Período FS - Slide 6 FS - Slope W

ago/14 1,851 1,537

set/14 1,722 1,321

out/14 1,604 1,511

nov/14 1,691 1,458

dez/14 1,633 1,323

jan/15 1,591 1,512

fev/15 1,639 1,575

mar/15 1,649 1,605

abr/15 1,617 1,521

mai/15 1,571 1,537

jun/15 1,716 1,678

jul/15 1,783 1,625

ago/15 1,776 1,603

Média 1,680 1,524

Desvio 0,085 0,106

Nota-se que os valores obtidos, com o software slide 6, apresentou média

anual igual a FS=1,680, já utilizando o software slope w os valores apresentaram-se

inferiores, com média anual de FS = 1,524. Percebe-se que nos meses de setembro,

novembro e dezembro de 2014 os fatores de segurança apresentaram valores

inferiores aos recomendados de FS > 1,5 usando o software slope W. O desvio padrão

obtido com o software slide 6 apresentou valor de 0,085 enquanto para software slope

w foi de 0,106.

Contudo os resultados dos programas slide 6 empregados para os cálculos

de estabilidade apresentaram-se em conformidade com o mínimo recomendado pela

NBR 11862, FS=1,5, dessa forma, o aterro sanitário da RMSP é considerado estável

do ponto de vista geotécnico.

105

Na figura 43 os valores dos fatores de segurança são apresentados

graficamente.

Figura 43 – Valores de fatores de segurança para o aterro sanitário da RMSP

Os meses de agosto, outubro de 2014 e os meses de janeiro e abril de 2015

apresentaram fatores de segurança próximo ao mínimo de FS=1,5, por isso, são

meses considerados estáveis.

O software slide 6 apresentou resultados mais satisfatórios e mais seguros

em comparação aos resultados do software slope W, nos dois aterros sanitários

estudados.

4.2.4 Pluviometria e vazão de lixiviado

Segundo dados medidos no aterro sanitário da RMSP, a precipitação

acumulada entre agosto de 2014 a agosto de 2015 foi de 1.776,8 mm.

Na figura 44 é apresentado um gráfico de precipitação e vazão de lixiviado em

função do tempo.

1.200

1.300

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Fato

r d

e S

egu

ran

ça

FS Ideal = ≥ 1,5 FS - Slide 6 FS - Slope W

106

Figura 44 – Precipitação e vazão de lixiviado medidos no aterro sanitário da RMSP

Percebe-se que a variação entre vazão de lixiviado e precipitação é bastante

elevada. Por exemplo, em fevereiro de 2015 a precipitação registrada foi de 361mm e

o volume de lixiviado registrado foi de 11.719 m³/mês já em março de 2015 a

precipitação registrada foi de 184mm e o volume de lixiviado registrado foi de 11.869

m³/mês, (Tabela 21), volume pouco superior ao registrado no mês anterior sendo que

a precipitação foi cerca de 50% menor. Dessa forma, para o período estudado não é

possível estabelecer uma relação entre vazão de lixiviado e precipitação para os

dados do aterro sanitário da RMSP.

Uma hipótese para o fato de não haver relação entre vazão de lixiviado e

precipitação, para esse aterro em questão, está na forma como é medida a geração

de chorume, a vazão só é computada quando o lixiviado é encaminhado para uma

estação de tratamento, assim, se a precipitação for elevada em um determinado

período o aumento do volume na geração de chorume pode levar dias para ser

calculado.

4.2.5 Relação entre fatores de segurança, precipitação e vazão de lixiviado

Os valores de precipitação e vazão de chorume foram comparados aos

resultados dos cálculos dos fatores de segurança obtidos com os softwares slide 6 e

slope w.

0.0

50.0

100.0

150.0

200.0

250.0

300.0

350.0

400.0

0.0

2,000.0

4,000.0

6,000.0

8,000.0

10,000.0

12,000.0

14,000.0

ago

/14

set/

14

ou

t/1

4

no

v/1

4

de

z/1

4

jan

/15

fev/

15

mar

/15

abr/

15

mai

/15

jun

/15

jul/

15

ago

/15

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Vaz

ão d

e L

ixiv

iad

o (

m³/

s)

Vazão de Lixiviado (m³/mês) Precipitação (mm)

107

Na tabela 21 estão apresentados a relação entre os fatores de segurança,

precipitação, nível de lixiviado e vazão de chorume para o aterro sanitário da RMSP.

Tabela 21 – Dados de FS, precipitação, nível e vazão de lixiviado para aterro sanitário da RMSP em relação ao piezômetro PZ07

mês/ano Precipitação

(mm)

Vazão de Lixiviado (m³/mês)

Nível de Lixiviado

(m)

Fator de Segurança

Slide 6 Slope W

ago/14 51,0 10.491,8 5,08 1,851 1,537

set/14 75,0 9.733,2 5,71 1,722 1,321

out/14 35,0 7.879,7 5,64 1,604 1,511

nov/14 192,0 7.951,7 6,20 1,691 1,458

dez/14 287,0 9.616,4 6,91 1,633 1,323

jan/15 223,0 9.335,6 6,48 1,591 1,512

fev/15 361,0 11.719,0 10,60 1,639 1,575

mar/15 184,1 11.896,0 6,50 1,649 1,605

abr/15 78,5 10.624,1 11,50 1,617 1,521

mai/15 79,8 9.805,8 5,20 1,571 1,537

jun/15 34,4 9.674,4 5,10 1,716 1,678

jul/15 142,0 9.912,7 12,10 1,783 1,625

ago/15 34,0 9.469,6 11,50 1,776 1,603

A comparação entre os dados do parâmetro citado indica que há evidências,

na maioria dos meses, de que o fator de segurança aumenta para meses em que as

vazões de chorume apresentaram valores menores. Os meses com vazão de lixiviado

superior a 10.000m³/mês foram os meses de agosto de 2014, fevereiro, março e abril

de 2015, destoam por apresentarem vazões de lixiviado elevadas e, mesmo assim,

os resultados de fator de segurança foram considerados satisfatórios, ou seja,

superior a FS=1,5, (Figura 39, Figura 40, APÊNDICE DD, APÊNDICE PP, APÊNDICE

EE, APÊNDICE QQ, APÊNDICE FF, APÊNDICE RR). Esse fato pode ser evidenciado

quando há uma boa eficiência no sistema de drenagem do aterro. Portanto, o volume

de agua que entrou no maciço foi direcionado para os tanques de armazenamento de

lixiviado e, por isso, houve aumento no volume de lixiviado (Figura 45).

108

Figura 45 – Fatores de segurança e vazão de lixiviado para o aterro sanitário da RMSP

A medição do nível de lixiviado é realizada da berma em direção ao sistema

de drenagem de chorume localizado na base do aterro sanitário, assim, quanto maior

o nível de lixiviado mais seco o aterro encontra-se e os fatores de segurança tendem

a serem maiores.

Nota-se que quanto menor o nível de lixiviado medido há um decréscimo no

fator de segurança, ou seja, para valores de nível de lixiviado menores significa que o

lixiviado está mais próximo de bermas e taludes. Caso medidas de controle não sejam

tomadas o lixiviado pode aflorar e trazer problemas de ordem operacional e de

estabilidade para o maciço de resíduos (Figura 46).

6,000

7,000

8,000

9,000

10,000

11,000

12,000

13,000

1.200

1.300

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Vaz

ão d

e L

ixiv

iad

o (

m³/

s)

Fato

r d

e s

egu

ran

ça

Fator de Segurança Slide 6 Fator de Segurança Slope W

Vazão de Lixiviado (m³/mês)

109

Figura 46 – Relação entre fatores de segurança e níveis de chorume medidos no aterro sanitário da RMSP

4.3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O ATERRO SANITÁRIO DA RMC COM O

ATERRO SANITÁRIO DA RMSP

A tabela 22 apresenta os resultados dos fatores de segurança adquiridos com

o software slide 6.

Tabela 22 – Resultados de FS com o software Slide 6

mês/ano Aterro de RMC Aterro de RMSP

ago/14 1,710 1,851

set/14 1,757 1,722

out/14 1,728 1,604

nov/14 1,796 1,691

dez/14 1,731 1,633

jan/15 1,850 1,591

fev/15 1,855 1,639

mar/15 1,904 1,649

abr/15 1,875 1,617

mai/15 1,860 1,571

jun/15 1,882 1,716

jul/15 1,859 1,783

ago/15 1,845 1,776

Média 1,819 1,680

Desvio 0,066 0,085

0.00

2.00

4.00

6.00

8.00

10.00

12.00

14.00

1.200

1.300

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Nív

el d

e L

ixiv

iad

o (

m)

Fato

r d

e s

egu

ran

ça

Fator de Segurança Slide 6 Fator de Segurança Slope W

Nível de Lixiviado (m)

110

O aterro da RMC, de formato convencional, apresentou valores de fator

segurança mais estáveis, na ordem de FS = 1,819, que os apresentados com o

mesmo software para o aterro da RMSP, de formato encosta, que foi na ordem de FS

= 1,680.

O mês de agosto de 2014, para o aterro da RMC, e o mês de maio de 2015,

para o aterro da RMSP, foram os meses mais instáveis, com os menores fatores de

segurança calculados pelo software Slide 6 (Figura 33, APÊNDICE GG).

A Tabela 23 apresenta os resultados dos fatores de segurança adquiridos com

o software Slope W.

Tabela 23 – Resultados de FS com o software Slope W

mês/ano Aterro de RMC Aterro de RMSP

ago/14 1,625 1,537

set/14 1,686 1,321

out/14 1,687 1,511

nov/14 1,672 1,458

dez/14 1,718 1,323

jan/15 1,696 1,512

fev/15 1,700 1,575

mar/15 1,777 1,605

abr/15 1,703 1,521

mai/15 1,789 1,537

jun/15 1,793 1,678

jul/15 1,697 1,625

ago/15 1,818 1,603

Média 1,720 1,524

Desvio 0,057 0,106

Nesse caso, também, o aterro da RMC de formato convencional apresentou

valores de fator segurança mais estáveis que os apresentados com o mesmo software

para o aterro da RMSP de formato encosta. Sendo FS= 1,720, contra um FS = 1,524,

respectivamente.

O mês de agosto de 2015 no aterro da RMC, (APÊNDICE W), e o mês de

junho de 2015 (APÊNDICE TT), no aterro da RMSP foram os meses mais estáveis,

com os maiores fatores de segurança calculados pelo software slope W.

Na Figura 47 conseguimos identificar alguns pontos abaixo do FS ideal.

111

Figura 47– Comparação entre o aterro sanitário da RMC com o aterro sanitário da RMSP

Os meses de setembro, (APÊNDICE KK), novembro, (APÊNDICE MM), e

dezembro de 2014, (APÊNDICE NN), para o aterro sanitário da RMSP, presentam

valores de FS inferiores ao FS > 1,5 recomendado pela norma 11682 (ABNT, 2009).

Recomenda-se que algumas ações sejam tomadas, como inspeções técnicas

semanais em campo, novas leituras nos poços piezométricos, e ações de drenagem

mais intensa, como construção de descidas de aguas provisórias a fim de retirar

quantidades excessivas de agua do interior do maciço de resíduos. Essas ações

objetivam diminuir quantidade de líquidos percolados pelo interior do maciço, e, assim,

evitar rupturas e deslocamentos de massa.

No Brasil, alguns casos são registrados na literatura como o escorregamento

do Aterro Controlado de Salvador - BA (Oliveira, 2002) e o escorregamento do Aterro

Sanitário Bandeirantes, localizado no município de São Paulo (Benvenuto e Cunha,

1991). Na concepção de Schuler (2010) as principais causas dos escorregamentos

em aterros de resíduos sólidos são a redução da resistência interna dos materiais e/ou

um acréscimo das solicitações externas, geralmente causadas por mudança nas

condições geométricas ou sobrecargas.

Mahler e Neto (2000) realizaram a análise da estabilidade de um vazadouro

em Petrópolis, sendo adotados, para os resíduos sólidos, parâmetros de coesão e

ângulo de atrito, obtidos na bibliografia nacional e internacional. Os autores admitiram

como constantes o peso específico em 10 kN/m ³ e o ângulo de atrito em 25°, fazendo

1.200

1.300

1.400

1.500

1.600

1.700

1.800

1.900

2.000

Fato

r d

e S

egu

ran

ça

FS Ideal = ≥ 1,5 Aterro de RMC FS - Slide 6

Aterro de RMC FS - Slope W Aterro de RMSP FS - Slide 6

Aterro de RMSP FS - Slope W

112

variar os valores de coesão entre 0 kPa e 30 kPa. Nas análises de estabilidade

realizadas, foi utilizado o software SLOPE/W, da Geo- Slope International, sendo

adotado o método de Bishop Simplificado. Os resultados obtidos mostraram valores

de fator de segurança variando entre 0,812 e 1,965.

Jesus (2008) realizou estudo de retroanálise adotando o método de análise

por equilíbrio limite de Bishop Simplificado e a ferramenta computacional Slope w. A

análise teve como objetivo estudar cinco casos históricos de escorregamentos

ocorridos na cidade de Salvador - Bahia, através do levantamento e tratamento dos

dados preexistentes. A retroanálise foi realizada a partir das geometrias de cada uma

das encostas, antes e após a ruptura, adotando peso especifico variável entre 16,5

kN/m ³e 19 kN/m ³, ângulo de atrito variando entre 24° e 38°, e valores de coesão

entre 0 kPa e 42 kPa. Obtendo resultados de fatores de segurança obtidos variaram

entre 0,696 e 2,062.

Na presente pesquisa os valores de fatores de segurança variaram entre FS=

1,323 para o aterro sanitário da RMSP utilizando o software slope w e FS=1,904 para

o aterro sanitário da RMC utilizando o software slide 6.

Para Borgatto (2006), entre os principais fatores que influenciam a

estabilidade de aterros sanitários e a variedade dos resultados dos fatores de

segurança obtidos destacam-se: parâmetros geotécnicos dos resíduos, geometria do

aterro, altura e inclinação dos taludes, poropressões na base do aterro, sistema

hidrogeológico do local do aterro, interface das forças de cisalhamento entre os

materiais geossintéticos, interface das forças de cisalhamento entre geossintéticos e

solo, controle, operação e monitoramento do aterro.

113

5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração os resultados dos fatores de segurança obtidos

conclui-se que o aterro sanitário da região metropolitana de Curitiba, do tipo

convencional, pode ser considerado mais estável do ponto de vista geotécnico em

relação ao aterro sanitário da região metropolitana de São Paulo, do tipo encosta. Os

valores obtidos tanto utilizando o software slide 6 como utilizando o software slope w

apresentaram-se superiores e consequentemente mais estáveis para o aterro

sanitário da RMC.

É importante salientar que a análise apresentada neste estudo é baseada nos

dados de apenas um ano de monitoramento. Neste contexto, os resultados obtidos

para este período podem diferir daqueles observados em períodos maiores, inclusive

considerando a variação temporal das propriedades do aterro e o crescente acúmulo

de resíduos.

Considerando os resultados obtidos, recomenda-se estudos futuros que

contemplem um número maior de pontos de monitoramento de piezômetros. Os

piezômetros devem ser preferencialmente dispostos em alinhamento de uma seção

considerando, também, distintas camadas. Uma alternativa, considerando maior

disponibilidade de dados, é realizar o tratamento para camadas individualmente ao

invés de considerar o ambiente saturado.

Outro destaque se dá aos potenciais bolsões de lixiviado e gás presentes na

massa de resíduos que conferem maior heterogeneidade e comprometem a

estabilidade. Apesar da inspeção dessas características serem complexa, um maior

número de piezômetros dispostos no aterro pode auxiliar a caracterizar essas feições

na seção de análise.

Considerando a norma ABNT NBR 11682 que define valores de fator de

segurança mínimos para projetos de taludes e encostas, pode-se afirmar que os

aterros de RMC e da RMSP atendem aos requisitos de segurança e de estabilidade

do maciço, pois, obtiveram valores de fatores de segurança superior a 1,50, na maioria

dos meses para o período de estudo, conforme estabelecido.

A implementação dos métodos de análise de estabilidade de taludes no

software slope w, apesar das limitações impostas em sua versão gratuita, se mostrou

uma boa ferramenta, visto que foi possível realizar as análises de estabilidade para

os aterros sanitários utilizando apenas dados básicos de investigação, como plantas

114

topográficas, seções de estudo, dados de campo, propostas literárias. Estas

informações correspondem a informações de fácil obtenção e baixo custo,

compatíveis com o orçamento da maioria dos administradores de aterros sanitários.

Com respeito à modelagem utilizando o software slide 6 cabe salientar que o

programa proporciona resultados confiáveis e também facilidade na importação de

dados. O software slide 6 foi considerado mais seguro, por proporcionar capacidade

de importação de arquivos contendo as coordenadas da seção de estudo, obtidas

através do levantamento topográfico.

Este processo é mais preciso na descrição do perfil do talude e

potencialmente evita erros na digitação das coordenadas. Além disso, a definição da

superfície de pesquisa como o desenho das grades e raios é feita automaticamente

pelo software slide 6 que leva em consideração a região com maior risco de ruptura a

partir dos dados de projeto inseridos. Já no software slope w o desenho das grades e

raios é realizada manualmente podendo interferir negativamente nos valores

encontrados.

É importante levar em consideração na análise de estabilidade de taludes a

ocorrência de precipitação, assim, é possível concluir que os taludes permaneceram

estáveis mesmo após a ocorrência de eventos pluviométricos com maiores volumes

de água. O fato da estabilidade se manter está associado com as características das

geometrias dos taludes, sendo menos acentuados, e também aspectos da topografia

regional facilitando o escoamento superficial da água da chuva. Dessa forma, os

valores medidos de precipitação pluviométrica durante o período do monitoramento

não foram suficientes e determinantes para a ocorrência de deslizamentos nos

taludes.

115

SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS

1. Realizar estudo sobre ângulo de atrito e coesão sobre diversos

geosintéticos aplicados ao projeto. Como por exemplo GCL, geotêxtil

tipo Bidim de 600 gr/m²;

2. Realizar estudo sobre o coeficiente de atrito do solo do aterro com a

geomembrana lisa;

3. Realizar estudo sobre o coeficiente de atrito do solo do aterro com a

geomembrana corrugada;

4. Realizar o mesmo estudo considerando as seções dinâmicas que são

determinadas mensalmente conforme evolução operacional dos

aterros.

5. Realizar estudo utilizando leitura de nível de lixiviado de mais do que 1

piezômetro assim, o traçado da linha piezométrica será mais real e

confiável.

6. Realizar cálculos de fator de segurança utilizando outros métodos

como Spencer, Jambu para efeitos de comparação com o método de

Bishop Simplificado.

116

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121

APÊNDICE A – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período setembro de 2014

APÊNDICE B – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período outubro de 2014

122

APÊNDICE C – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período novembro de 2014

APÊNDICE D – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período dezembro de 2014

123

APÊNDICE E – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período janeiro de 2015

APÊNDICE F – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período fevereiro de 2015

124

APÊNDICE G – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período março de 2015

APÊNDICE H – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período abril de 2015

125

APÊNDICE I – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período maio de 2015

APÊNDICE J – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período junho de 2015

126

APÊNDICE K – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período julho de 2015

APÊNDICE L – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slide 6 – Período agosto de 2015

127

APÊNDICE M – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período setembro de 2014

APÊNDICE N – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período outubro de 2014

128

APÊNDICE O – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período novembro de 2014

APÊNDICE P – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período dezembro de 2014

129

APÊNDICE Q – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período janeiro de 2015

APÊNDICE R – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período fevereiro de 2015

130

APÊNDICE S – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período março de 2015

APÊNDICE T – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período abril de 2015

131

APÊNDICE U – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período maio de 2015

APÊNDICE V – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período junho de 2015

132

APÊNDICE W – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o

software slope w – Período julho de 2015

APÊNDICE X – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMC utilizando o software

slope w – Período agosto de 2015

133

APÊNDICE Y – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período setembro de 2014

APÊNDICE Z – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período outubro de 2014

134

APÊNDICE AA – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período novembro de 2014

APÊNDICE BB – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período dezembro de 2014

135

APÊNDICE CC – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período janeiro de 2015

APÊNDICE DD – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período fevereiro de 2015

136

APÊNDICE EE – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período março de 2015

APÊNDICE FF – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período abril de 2015

137

APÊNDICE GG – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período maio de 2015

APÊNDICE HH – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período junho de 2015

138

APÊNDICE II – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período julho de 2015

APÊNDICE JJ – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slide 6 – Período agosto de 2015

139

APÊNDICE KK – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período setembro de 2014

APÊNDICE LL – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período outubro de 2014

140

APÊNDICE MM – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período novembro de 2014

APÊNDICE NN – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período dezembro de 2014

141

APÊNDICE OO – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período janeiro de 2015

APÊNDICE PP – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período fevereiro de 2015

142

APÊNDICE QQ – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período março de 2015

APÊNDICE RR – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período abril de 2015

143

APÊNDICE SS – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período maio de 2015

APÊNDICE TT – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período junho de 2015

144

APÊNDICE UU – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período julho de 2015

APÊNDICE VV – Cálculos FS referente ao aterro sanitário da RMSP utilizando o

software slope w – Período agosto de 2015