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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO ESCOLAR – PDE

A LITERATURA DE MASSA COMO RECURSO PARA O

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM: UM ESTUDO DE CASO DA

EJA FASE II (ALUNOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA)

CURITIBA

2011

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JUCILENE MARIA MARTINS LAMPA

A LITERATURA DE MASSA COMO RECURSO PARA O

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM: UM ESTUDO DE CASO DA

EJA FASE II (ALUNOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA)

Unidade Didática apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR.

CURITIBA

2011

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PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Autor JUCILENE Mª MARTINS LAMPA

Escola de Atuação Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco

Município da escola PINHAIS

Núcleo Regional de Educação ÁREA M. NORTE

Orientador SUELI DE JESUS MONTEIRO

Instituição de Ensino Superior UTFPR

Disciplina/Área (entrada no PDE) LÍNGUA PORTUGUESA

Produção Didático-pedagógica A LITERATURA DE MASSA COMO RECURSO PARA O DESENVOLVIMEMNTO DA LINGUAGEM: UM ESTUDO DE CASO DA EJA FASE II (ALUNOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA)

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

ALUNOS DO CENTRO DE REABILITAÇÃO MANAIN

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

CEEBJA PINHAIS – APED:CENTRO DE REABILITAÇÃO MANAIN / Telêmaco Borba/ Recanto Metodista

ESTRADA DA GRACIOSA S/Nº PAIOL DE BAIXO.

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

A busca pelos princípios que orientam o professor, como profissional da educação de jovens e adultos, parte do estabelecimento das relações humanas com o meio, com o trabalho, com a comunidade e com a Universidade. Isso possibilita analisar a educação e o ensino da literatura como elementos fundamentais da leitura de mundo, a qual se pressupõe ser imprescindível para a interação e a inter-relação.

A teoria formulada sobre esse tema deve ser

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aplicada adequadamente à prática, de modo que a educação cumpra seus objetivos, que são amplos. Esses objetivos consistem no desenvolvimento harmonioso do ser humano, individual e socialmente, o que exige o redirecionamento de nossas capacidades para novos caminhos e outras soluções, as quais sejam eficientes para resolver problemas próprios da realidade atual e surgidos na realidade emergente.

A educação está integrada as nossas atitudes, comportamentos, trabalhos, ações e omissões. Em virtude dessa relevância, surge a preocupação de dar à educação conteúdo ético que se reflita no ensino-aprendizagem e, dessa forma, em todas as situações da vida do indivíduo. Nesse sentido, o objetivo geral desta pesquisa é analisar a prática docente da EJA fase II, para estimular o prazer de ler, mediante o implemento da literatura de massa, especificamente dos livros de auto-ajuda. Analisar a leitura realizada pelo aluno, dependente químico, tentando reconhecer os efeitos de sentido daquela sob ele.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Literatura de massa, dependência química, EJA Fase II.

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APRESENTAÇÃO: orientação do uso da PDP aos professores

A proposta surgida dessa pesquisa pretende discorrer sobre a leitura de textos e

sua importância no ensino da literatura. Sua relevância para a educação está no fato

de ser fruto de uma inquietação ao longo de alguns anos de docência. Nesse

período, analisamos e observamos as dificuldades, a perplexidade e o discurso das

dificuldades em trabalhar com textos de literatura com os alunos do Ensino

fundamental – EJA fase II, particularmente, quando o assunto em pauta é aquele

em torno dos alunos com dependência química.

Por meio dessa reflexão, esta Unidade Didática, juntamente com a discussão

sobre o aluno da EJA fase II e o uso da literatura de massa, visa contribuir para a

prática em sala de aula e para novas pesquisas relacionadas; desenvolver

autonomia do aluno, instigando-o a refletir, investigar e descobrir; ajudando a

pensar,a resolver problemas, usando caminhos es estratégias diversificadas.

Estimular o processo de leitura para que o aluno possa avaliar constantemente seus

progressos e suas carências, visando a participação mais ativa no mundo, sem o

uso de drogas.

A crença na educação de jovens e adultos nos faz buscar estratégias

metodológicas que contribuam para melhorar a aprendizagem dos estudantes que

não tiveram acesso ou continuidade de estudos na idade própria, principalmente

àqueles que conheceram as drogas no período de estudos. Nesses termos, os

compromissos profissionais no magistério são desafiadores e urgentes, quando nos

referimos aos professores e às professoras de Língua Portuguesa da EJA fase II.

Ensinar a ler e a escrever é, antes de tudo, ensinar a ler o mundo, e a compreender

o contexto como condição para o desenvolvimento social sustentável. Não se trata,

pois, de manipulação mecânica das palavras, mas da relação dinâmica com a

realidade. A responsabilidade que assumimos como educadores torna-se cada vez

mais comprometida com a tarefa de emancipar os educandos.

Nesse sentido, o material apresentado propõe a seguinte organização:

1º – montagem de uma estante literária, o professor de Língua Portuguesa deverá

mobilizar a escola para doação de livros – especialmente de autoajuda;

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2º – a estante deverá ter no mínimo 150 volumes, livros de autoajuda;

3º – listar os livros para o controle do empréstimo;

4º – mobilizar os alunos envolvidos na confecção do espaço e da estante;

5º – reunir os alunos para discutir o tema: Literatura de massa;

6º – diferenciar as diversidades textuais;

7º – confeccionar, caderno para controle dos títulos lidos pelos alunos;

8° - analisar os livros que os alunos leram e o porquê da escolha do tema do livros

de autoajuda;

9º – mediante ao diagnóstico, complementar a estante com títulos da literatura

clássica;

10º – partindo da escolha dos alunos, elaborar discussões a respeito dos temas

abordados nos livros de autoajuda.

Boa leitura!

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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO

1. O tema: A Literatura de massa como recurso para o desenvolvimento da

linguagem: um estudo de caso da EJA fase II (alunos com dependência

química) propõe novas discussões a respeito da leitura? Comente

2. Como desenvolver, a partir de livros de autoajuda, o interesse pela leitura,

principalmente no que tange alunos com dependência química?

3. É interessante analisar, a partir das observações, que os alunos com

dependência química, leem a Bíblia, porém não se interessam por outras

leituras. Mediante ao fato, essa Unidade Didática terá relevância para o

contexto da EJA fase II?

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................9

UNIDADE 01...............................................................................................................11

LEITURA.....................................................................................................................12

UNIDADE 02...............................................................................................................15

O CARÁTER DINÂMICO DA LEITURA......................................................................16

UNIDADE 03..............................................................................................................18

O CARÁTER MERCADOLÓGICO DA LEITURA......................................................19

UNIDADE 04.........................................................................................22

UNIDADE 05.........................................................................................23

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................24

REFERÊNCIAS......................................................................................25

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INTRODUÇÃO

“O livro é a melhor munição que encontrei para esta humana viagem.”

(Montaigne)

A humanidade acumulou conhecimento e o preservou através da escrita, isso

criou a necessidade de produzir, buscar e difundir informações.

O livro constitui um meio de divulgação de informações e de se comunicar

idéias e sentimentos. O papiro do Egito, o primeiro portador material de texto foi

substituído pelo códice, uma espécie de livro com páginas de pergaminho

semelhante aos que folheamos hoje. Este material custava muito caro. Dependendo

do tamanho, era necessário o couro de um rebanho inteiro de carneiros. A evolução

da técnica do livro e a sua popularização foram determinantes para o

desenvolvimento das universidades, e o acesso ao conhecimento tornou-se mais

fácil às camadas mais humildes da sociedade.

A difusão do livro estimulou duas dimensões nas pessoas: a busca pela

liberdade de expressão e o desejo de controlá-la. A humanidade acumulou

conhecimento e o preservou através da escrita, crescendo a demanda por consumir

e difundir essas informações. A mecanização desse processo à reprodução em

série de uma mesma obra escrita possibilitou o conhecimento portátil e sua difusão

muito mais veloz. E, claro, passou a ser impossível controlar a crescente demanda

pelo acesso às informações, superando os limites das fronteiras entre as nações.

O processo de reprodução da escrita adaptou a tecnologia à universalização

do alfabeto, ao comércio mundial de livros, das diversidades literárias e,

principalmente, das produções livreiras, possibilitando à sociedade maior

compreensão da leitura e o que esta representa na sociedade.

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O livro impresso constituiu-se no informativo, cuja mensagem pode ser

consumida por indivíduos sem contato sonoro e sem vínculo. Sua produção em

série e as diferentes classes de leitores revolucionaram os ditos cânones, também

chamados de clássicos, durante muito tempo, acessíveis apenas à minoria da

sociedade. Com a democratização do alfabeto, diferentes categorias de leitores

passam a atuar no mercado literário. A leitura da literatura de massa, permitindo

grande receptividade popular, é uma maneira criativa de despertar o interesse por

textos clássicos, pois o circuito ideológico de uma obra não se perfaz apenas em

sua produção, mas inclui, além do consumo, a sua compreensão. Ler este tipo

textual é uma maneira de levar à sociedade algumas obras de grande valor literário.

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UNIDADE 01

01 - ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

- Atividade reflexiva: O que é um livro? Qual a importância do livro na

vida profissional do professor?

- O que o livro significa para os professores?

- Quais os livros mais importantes na sua vida de leitor?

- Discutir com os professores (corpo docente) a importância do livro na

escola;

- Analisar os pontos positivos que os livros têm.

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LEITURA

“A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele” (FREIRE, 1983, p.22).

O advento dos computadores, em vez de diminuir a relação dos homens com

a leitura, provocou o aumento. Prova disso foram os programas governamentais de

incentivo à leitura, que valorizam o espaço do leitor. Educadores e autoridades de

todos os níveis são unânimes em afirmar que, por meio da leitura, propiciam-se

instrumentos necessários para aquisição de outros conhecimentos. Os relatos dos

educadores afirmam que os alunos não se interessam por leitura, justamente porque

a prática é insuficiente ou a bibliografia que se apresenta é desconexa da realidade

dos leitores.

Nesse sentido, que benefícios a leitura pode trazer ao leitor? Ao fazer esse

questionamento, vêm-nos à mente a obra Dom Quixote de Miguel de Cervantes, na

qual o protagonista enlouquece, abandonando tudo. À leitura, nesse caso, se atribui

grave delito: ela se transforma e transforma seu leitor. A leitura não se encontra no

fim de sua história, e sim no começo da trajetória individual de seus adeptos, porque

o único temor que a leitura pode inspirar é o de que seus usuários sejam levados a

alterar sua visão de mundo, sonhando com as possibilidades de transformar a

sociedade e não se conformarem ao já existente. É preciso lembrar que os leitores

aqui citados entendem o ambiente do livro como uma opção e não como imposição.

Falar sobre leitura é sempre um desafio. O mais instigante é de formar

leitores em uma sociedade globalizada, que se move freneticamente num circuito de

milhares de informações vindas de muitas fontes e lugares. Toda leitura é

interpretação, assim como toda escritura é suscitada pela leitura de mundo e de

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vida. Por outro lado, há uma perenização de teorias que pacificam a leitura,

coagulando seu sentido. Afinal, “a obra deve estar aberta a múltiplas interpretações

textuais” (ECO, 2002, p.4).

A prática da leitura cria um mecanismo subliminar que facilita associações,

arquivam sensações, seqüências, cenas e fornece aos leitores informações

essenciais que permanecem na memória. Contudo, combinar prazer e desenvoltura

na leitura ainda é central na cultura letrada e escrita.

Para Barthes:

o prazer do texto, é o sentido na medida em que ele é sensualmente produzido”. O significado

abre o percurso lúbrico do texto, suspende-o nos fios vacilantes do prazer: ”o prazer do texto é

o momento em que o meu corpo vai seguir as suas próprias idéias – porque o meu corpo não

tem as mesmas idéias que eu (BARTHES, 2001, p. 23).

A leitura revela-se eficaz para estimular o universo figurado. Ler é mais que

decodificar palavras: é adivinhar, explorar o texto de uma maneira não linear,

desvendar visualmente uma linguagem feita para seduzir a mente através dos olhos.

A exploração do texto só é possível quando corremos o risco de errar, pois ler é

também sair transformado de uma experiência de vida. É esperar que, ao final e

pouco a pouco, o desejo de transformar se torne prazeroso.

É preciso pensar na leitura como uma atividade em transformação. Ela se

preserva, opõe-se, se reinventa, mas enfrenta questões temporais que precisam ser

encaradas, afinal toda sociedade sofre alterações. Ler é muitas vezes fechar-se,

estabelecer relação de tato, olhar de plenitude, ser capaz de transformar a visão do

mundo e as maneiras de sentir e pensar.

A leitura é essencial para a cultura de uma nação, porque requer formação

cultural em processo. Quem lê permanece mais culto e mais preparado. A lógica das

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ações pedagógicas deve ser a transformação do sujeito como integrante na

realidade social.

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UNIDADE 02

02 - ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

Atividade reflexiva:

- O que a leitura significa para você professor?

- Quantas horas/tempo você, professor, reserva para leitura ?

- Quanto tempo faz que você fez a última leitura?

- Como você desenvolveu o gosto pela leitura?

- Discutir com os professores (corpo docente) a importância da leitura.

- Analisar a importância da leitura na realidade social.

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O CARÁTER DINÂMICO DA LEITURA

A leitura é um fenômeno dinâmico, constituindo atividade própria do agir do

ser humano, consciente de sua individualidade e da dos outros membros de sua

comunidade. Em todas as sociedades, das mais primitivas às mais evoluídas, o

homem age intencionalmente, com fins específicos. A leitura é uma atividade cultural

e, mais ainda, condição precípua para uma nova percepção da realidade.

A leitura não é só o ato mecânico de decodificar signos, mas também de

refletir e atuar a respeito do que se está lendo. Tal observação concebe o sistema

pedagógico, literário ou a “leitura,” como especial e privilegiado no cumprimento da

finalidade social da práxis humana. Nesse sentido, o prazer da leitura, segundo

Barthes (2001, p.37), não está associado ao escritor, pois ler é desejar, é fruir os

elementos presentes na obra como complementos para a vida em sociedade. A

leitura como fruição é possibilitadora de uma relação intensa e próxima da realidade

do leitor. Afinal, é uma atividade que se realiza individualmente, mas que se insere

num contexto social, envolvendo disposições atitudinais e capacidades, que vão

desde a decodificação do sistema de escrita até a compreensão e a produção de

sentido para o texto lido. Ler com compreensão inclui a capacidade de fazer

inferências, ler nas “entrelinhas”. O leitor despertará sua sensibilidade em relação ao

mundo ficcional, tornando o real e fictício complementar na constituição da

identidade de leitor.

Essas concepções de leitura entram nas escolas, na educação básica,

confundindo, frequentemente, a compreensão do professor, cuja formação

acadêmica segue a linha tradicional, na qual mais importa o ensino da literatura

clássica, com destaque ao estudo dos gêneros literários e as escolas literárias.

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Certo é que essas concepções podem favorecer o desenvolvimento dos estudos

sobre leitura e literatura.

Desse modo, a leitura de textos de massa, discutida na tradição literária,

ganhou atualmente lugar privilegiado nas pesquisas sobre o ensino de literatura. Ler,

hoje, não é só decodificar palavras, mas interação.

Com base nesse pressuposto, podemos dizer que as modalidades

leitura/literatura, sendo objetos desse ambiente construído, serão apreendidas de

forma social. Esse modelo conduz à nova concepção de literatura, de vez que

considera o contexto situacional como determinante do contexto literário da leitura,

na aquisição do conhecimento e na produção do saber. Tudo baseado na concepção

dialética da literatura e na prática social dos intelectuais e dos educadores que

cultivam essa concepção.

A par dos estudos do prazer de ler, aparecem os estudos da importância da

leitura para o conhecimento, para a identificação do ser humano como agente ativo

da sociedade.

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UNIDADE 03

03 - ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

Atividade reflexiva:

- O que a leitura de livros ditos de massa, auto ajuda, significa para você professor?

- Você, professor, lê esse tipo literário? Por quê? Como os escolhe?

Cite as razões que o faz optar. Se não lê, por quê não?

- Você indica esse tipo literário para seus alunos?

- Como você trata o tema “literatura de massa” em sala de aula?

- Discutir com os professores (corpo docente) a importância da

diversidade textual em sala de aula.

- Analisar a importância da leitura de diversos tipos textuais,

principalmente como recurso para despertar o interesse literário.

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O CARÁTER MERCADOLÓGICO DA LEITURA

A leitura é um fenômeno universal, mas diverso em sua realização concreta.

Cada grupo de leitores utiliza uma tipologia textual, variando de indivíduo para

indivíduo o ato de ler. As formas de comportamento e de manifestações sociais

possibilitam ao mercado livreiro produzir uma espécie de estudo sobre os “nichos”,

diferentes “gostos” de leitura e “diferentes” leitores.

Nessa linha de idéia, temos, também, a leitura eletrônica, que é o ler sem sair

de casa, os textos virão ao leitor enquanto, até então, o leitor devia ir ao livro quando

não o possuísse. Ao contrário da postura interativa, da leitura compartilhada, a

leitura eletrônica que enaltece: comunicamo-nos talvez com o universal, mas não

com as pessoas que nos são geograficamente próximas.

A leitura ainda que, na maioria das vezes, influenciada pelo mercado

consumidor, permite o desvio, a subversão, pois mesmo com tentativas de dominar

ideologicamente o gosto do leitor, durante o ato da leitura isso se torna impossível.

Afinal, nesse momento existem apenas dois mundos, o mundo do texto e o mundo

do leitor. Segundo Barthes (2001, p.112), o leitor como sujeito assume vários

papéis: é ele quem interpreta, analisa, se identifica ou fica à deriva. A autonomia

de quem está lendo é essencial para haver prazer na leitura, pois há a necessidade

de se desenvolver uma sensibilidade mais crítica e qualitativa da obra literária.

Sem contrariar as idéias de Barthes, H. A Giroux (1997, p.68) estabelece a

relação entre a reprodução do texto e a distribuição do capital cultural como sendo o

acesso ao desenvolvimento tecnológico que possibilita, na maioria das vezes, a

geração paradoxal de leitura. De um lado, a liberdade de escolha literária e a

infinidade de novos textos; do outro, o sistema capitalista padronizado e imponente,

que oferece novas alternativas textuais à humanidade, sistematizadas pelo gosto,

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pelas atitudes e normas que se aplicam na era do capitalismo. Nesse sentido, a

literatura de massa assume uma dimensão política importante, pois a cultura literária

não é apenas expressão ideológica da sociedade dominante, mas também se refere

à forma estrutural da tecnologia, comunicando as mensagens que estabelecem os

alicerces psicológicos e morais do sistema econômico e político.

Ainda sobre o mercado da leitura, algumas colocações de Lazarsfeld e

Merton (in LIMA, 2002, p.23) são bastante oportunas em relação ao surgimento da

educação popular, como causa de declínio no gosto literário. Grande número de

pessoas desenvolveu o que poderia ser denominado ”capacidade de leitura formal,”

ou seja, uma capacidade de ler, compreender conteúdos elementares e superficiais,

mas uma relativa incapacidade de absorver o sentido global do que leram. Em

suma, desenvolveu-se uma marcante brecha entre a capacidade de leitura e a

compreensão do que foi lido. As pessoas lêem mais e compreendem menos. Um

número maior de pessoas lê. Assimilam, contudo, menos criticamente o que leram.

Isso provoca deficiências no processo de ensino-aprendizagem desses leitores, pois

o que se pretende com a leitura da literatura de massa é expandir o universo textual

de cada um.

Nessa perspectiva de leitura da literatura de massa, também chamada de

popular, objeto de estudo dos pesquisadores em comunicação de massa, existe na

forma dos mais variados tipos literários, todos os grupos de leitores, com suas

instituições, suas técnicas e seus costumes, que dispõem de um sistema de leitura

que permite a compreensão e o gosto por esta tipologia textual. Apesar da leitura ser

universal o entendimento e a interpretação varia entre os leitores.

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UNIDADE 04

04 - ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

Atividade reflexiva:

- “O mercado consumidor consegue atrair o leitor”. Como os

professores poderiam utilizar esse processo mercadológico em favor do

incentivo à leitura na escola?

- Quais as temáticas, atuais, que poderiam ser exploradas, de modo a

despertar o interesse do aluno para o ato de ler?

- Alunos com dependência química: realidade cada vez mais presente

no contexto escolar. Novas possibilidades de leitura para incentivar o

ato de ler. Como identificá-los?

- Discutir com os professores (corpo docente) a importância do

diagnóstico em sala de aula, pois isso permitirá reconhecer os diversos

tipos de leitores, abolindo a leitura padronizada (lista dada pelo

professor da disciplina).

- Analisar a importância da leitura de diversos tipos textuais,

principalmente como recurso para despertar o interesse literário.

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UNIDADE 05

05 - ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:

Reflexão conclusiva:

- O leitor tende a socializar a experiência da leitura do texto,

estimulando o diálogo, compartilhando as vivências passadas e

presentes.

Nesse sentido, acreditamos que é possível explorar as múltiplas

leituras dos alunos, interagindo dialogicamente, pondo-nos como

ouvintes dos relatos dos leitores. A leitura nesse contexto, não será

individual; passará a ter sentido, se for compartilhada, pois permitirá a

socialização, o cotejo e o confronto de gostos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na educação a capacidade de criar é a essência para se construir novos

saberes e reconstruir aquilo que em algum momento não deu certo.

Com base nas análises apontadas nesse trabalho, evidenciamos que o tema

literatura de massa é extremamente instigador. Pudemos observar, em linhas gerais,

o conhecimento e o desconhecimento, por parte de alguns professores, da realidade

escolar, principalmente no que diz respeito ao aluno com dependência química.

Considerando o problema de pesquisa, elaboramos análises que evidenciaram o

incentivo à leitura por meio da literatura de massa. Para tanto, as teorias da literatura

de massa e da leitura mostraram-se eficientes, considerando que o acervo literário

foi uma iniciativa da proposta desta pesquisa, estante literária, arrecadada por meio

de doações de livros, como meio eficaz para o desenvolvimento do hábito de ler e,

principalmente, por contemplar a realidade do estudante com dependência química.

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REFERÊNCIAS

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BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Edições 70, 2001.

BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Duas Cidades/Ed. 34, 2002.

BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.

CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 2000.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências humanas e sociais. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2003.

CONNOR, Steven. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1992.

ECO, Umberto. Seis passeios pelo bosque da ficção. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

FOUCAMBERT, Jean. A criança, o professor e a leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

_________. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

____________. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1983.

GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

KANT, Immanuel. Sobre a pedagogia. 4. ed. Piracicaba: UNIMEP, 2004.

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