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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES, EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES, EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO

CURITIBA

2007

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ANDRÉA DE SOUZA COSTA

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES, EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO

Dissertação apresentada como requisito final para a obtenção

do grau de Mestre em Tecnologia. Programa de Pós-Graduação

em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger

Co-Orientador: Prof. Dr. Jorge Carlos Corrêa Guerra

CURITIBA 2007

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Aos meus queridos Cassiano,

Adriana, Ana Paula, Willy,

América in memoriam

e meus pais.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus colegas do Departamento de Gestão e Economia (DAGEE), em

especial as minhas amigas Ana Cristina Magalhães, Luci Inês Basseto e Tanatiana

Guelbert pelo incentivo constante.

A o meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger pela oportunidade e confiança

e ao meu co-orientador e amigo Prof. Dr. Jorge Carlos Corrêa Guerra, pela paciência e

motivação constantes, tão necessárias na realização desta pesquisa.

Aos professores convidados para a banca Prof. Dra. Maria de Fátima Ribeiro

Raia Cabreira (DAELT), Prof. Dr. Celso Eduardo Lins de Oliveira (USP) e Prof. Dr.

Herivelto Moreira (PPGTE) pela disposição e contribuições que enriqueceram o

conteúdo deste estudo.

Aos meus colegas, funcionários e professores do Programa de Pós-Graduação

em Tecnologia (PPGTE) que contribuíram direta e indiretamente para a realização

deste trabalho. Ao Diogo, Eduardo e Fabiano colegas e equipe de trabalho de campo

com quem pude contar incondicionalmente.

Aos professores Wilson Koprik (COPEL), Joice Maria Maltauro Juliano (UTFPR

Medianeira), Amauri Massochin (UTFPR Medianeira), Estor Gnoatto (UTFPR

Medianeira) e Maria Fatima Menegazzo Nicodem (Medianeira) pelas importantes

contribuições técnicas.

Ao meu bom amigo Rodrigo pela amizade, paciência e apoio logístico, às

meninas Cristiane, Miroca, Lu, Gleyds, Laura, Cleusa, e Rafaela e também ao meu

amigo Pedro, peço desculpas pelas inevitáveis ausências nas melhores baladas,

reuniões, formaturas perdidas e outros convites que não pude aceitar. Ao Milton pelo

companheirismo e amizade nas divertidas viagens de estudo à Cascavel. Vocês todos

são show!

Aos meus familiares pela paciência e compreensão, em especial para os meus

queridos Célia, Matilde e Bernardino.

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ALTHOUGH EXTRAORDINARY VALOR WAS DISPLAYED BY THE ENTIRE CORPS OF

SPARTANS AND THESPAIANS, YET BRAVEST OF ALL WAS DECLARED THE SPARTAN

DIENEKES. IT IS SAID THAT ON THE EVE OF BATTLE, HE WAS TOLD BY A NATIVE OF

TRACHIS THAT THE PERSIAN ARCHERS WERE SO NUMEROUS THAT, WHEN THEY

FIRED THEIR VOLLEYS, THE MASS OF ARROWS BLOCKED OUT THE SUN. DIENEKES,

HOWEVER, UNDAUNTED BY THIS PROSPECT, REMARKED WITH A LAUGH, 'GOOD.

THEN WE'LL HAVE OUR BATTLE IN THE SHADE'" - HISTORIES, 7.226

HERODOTO

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................... 7

LISTA DE TABELAS....................................................................................................... 8

LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................... 9

RESUMO...................................................................................................................... 10

ABSTRACT 11

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 15

2.1. ESTRUTURAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.................................... 15

2.2. CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL.............................. 25

2.2.1. Eficiência Energética no Mundo ..................................................................... 25

2.2.2. Evolução da Eficiência Energética no Brasil .................................................. 27

2.2.3. Histórico dos Principais Programas Nacionais de Conservação de Energia no

Brasil......................................................................................................................... 29

2.2.4. A Lei de Eficiência Energética ........................................................................ 38

2.2.5. Crise brasileira de abastecimento de energia elétrica no ano de 2001.......... 40

2.2.6. Eficiência Energética em Prédios Públicos .................................................... 44

2.2.7. Considerações gerais sobre a conservação e eficiência energética no Brasil50

2.3. USO RACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA E A ILUMINAÇÃO............................ 52

2.3.1. Considerações Gerais Sobre Sistemas de Iluminação Artificial ..................... 54

2.3.2. Sistemas de Iluminação Artificial .................................................................... 57

2.3.3. Tendências para o futuro: iniciativas das grandes empresas do mercado de

iluminação na busca de inovação em produtos eficientes ....................................... 71

3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 73

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 88

4.1. ANÁLISE DAS FATURAS SOB A PERSPECTIVA FINANCEIRA ........................ 88

4.2. ANÁLISE DAS FATURAS SOB A PERSPECTIVA DA UTILIZAÇÃO ................... 98

4.3. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES GERAIS DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DA

UTFPR CAMPUS CURITIBA...................................................................................... 104

4.4. PROJEÇÕES ECONÔMICAS............................................................................. 114

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 120

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 124

APÊNDICES 131

ANEXOS 147

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 EMPRESAS INSTALADAS NO SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO 23FIGURA 2 RESULTADOS ANUAIS OBTIDOS PELO PROCEL ENTRE 1986-

2004 35

FIGURA 3 CONCENTRAÇÃO DE PRÉDIOS PÚBLICOS NO PAÍS 46FIGURA 4 CONSUMO FINAL DE ENERGIA ÚTIL POR SETOR NO ESTADO

DO PARANÁ 46

FIGURA 5 CONSUMO TÍPICO DE UM PRÉDIO PÚBLICO COMERCIAL 47FIGURA 6 CONSUMO TÍPICO DE UM PRÉDIO PÚBLICO COMERCIAL 48FIGURA 7 PRINCIPAIS BARREIRAS A REALIZAÇÃO DE PROJETOS DE

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 51

FIGURA 8 ADESIVO UTILIZADO NA PRIMEIRA CAMPANHA DO PROJETO PURE

53

FIGURA 9 ILUMINÂNCIAS PARA CADA GRUPO DE TAREFAS VISUAIS 56FIGURA 10 FATORES DETEMINANTES DA ILUMINAÇÃO ADEQUADA 56FIGURA 11 SELO PROCEL INMETRO DE DESEMPENHO 57FIGURA 12 ETIQUETA PARA LÃMPADAS 59FIGURA 13 COMPARAÇÃO ENTRE LÂMPADAS FLUORESCENTES COMUNS

E T8 62

FIGURA 14 ESTRUTURA INTERNA DE UMA LÂMPADA FLUORESCENTE 63FIGURA 15 CARACTERÍSTICAS DAS LÂMPADAS FLUORESCENTES E

INCANDESCENTES 63

FIGURA 16 LÂMPADA FLUORESCENTE COMPACTA COM STARTER 64FIGURA 17 LÂMPADAS FLUORESCENTES COMPACTAS VERSUS

INCANDESCENTES 65

FIGURA 18 EFICIÊNCIA LUMINOSA (lm/W) 66FIGURA 19 POTÊNCIA MÉDIA DE PERDAS EM REATORES DE LÂMPADAS

ESPECIAIS 70

FIGURA 20 POTÊNCIA MÉDIA DE PERDAS EM REATORES PARA LÂMPADAS FLUORESCENTES

70

FIGURA 21 PRINCIPAIS ATIVIDADES DOS BLOCOS DA UTFPR CAMPUS CURITIBA

76

FIGURA 22 ELEMENTOS CONSIDERADOS NO FATURAMENTO DE CONSUMO DA ENERGIA

77

FIGURA 23 DINÂMICA DO FLUXO DE CAIXA LIVRE (ENTRADAS E SAÍDAS) 86FIGURA 24 MODELO DE PLANILHA DE FLUXO DE CAIXA PARA ANÁLISE DE

INVESTIMENTO 86

FIGURA 25 DESEMBOLSOS PARA PAGAMENTO DE FATURAS DE ENERGIA UTFPR

89

FIGURA 26 EVOLUÇÃO DAS TARIFAS DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA UTFPR

94

FIGURA 27 IPCA, PREÇOS ADMINISTRADOS E LIVRES VARIAÇÃO (%) 97FIGURA 28 PREÇOS ADMINISTRADOS ACUMULADOS VARIAÇÃO (%) 97FIGURA 29 EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA (KWH)

UTFPR 98

FIGURA 30 DISPERSÃO DO CONSUMO BRUTO (MWH) E EXPANSÃO DA ÁREA CONSTRUÍDA (M2) DO CAMPUS COM O COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO

99

FIGURA 31 DISPERSÃO DO CONSUMO BRUTO (MWH) E NÚMERO DE USUÁRIOS COM O COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO R2

100

FIGURA 32 EVOLUÇÃO DO FATOR DE CARGA DA INSTALAÇÃO UTFPR 103FIGURA 33 TIPOS DE LÂMPADAS INSTALADAS NA UTFPR (2006) 105FIGURA 34 CONDIÇÕES GERAIS DA ILUMINAÇÃO NATURAL UTFPR 108FIGURA 35 CONDIÇÕES GERAIS DA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL UTFPR 108FIGURA 36 CONDIÇÕES GERAIS DA ILUMINAÇÃO MISTA UTFPR 110FIGURA 37 INDICADORES GLOBAIS DE USO DAS INSTALAÇÕES UTFPR 113

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 ECONOMIA TOTAL DE DERIVADOS DE PETRÓLEO NO PERÍODO

1981-85 EM 10³TEP 30

TABELA 2 DESEMBOLSOS COM ENERGIA ELÉTRICA 2000-06 UTFPR (R$ 1,00)

89

TABELA 3 IMPORTE DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA 2000-06 UTFPR (R$ 1,00)

91

TABELA 4 IMPORTE DE DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA 2000-06 UTFPR 92TABELA 5 OUTROS VALORES PAGOS NA FATURA DE ENERGIA 2000-06

UTFPR (R$ 1,00) 92

TABELA 6 CONSUMO FATURADO DE ENERGIA ELÉTRICA UTFPR 98TABELA 7 DEMANDAS MÉDIAS ANUAIS DE ENERGIA ELÉTRICA UTFPR 101TABELA 8 LÂMPADAS INSTALADAS NA UTFPR (2006) 104TABELA 9 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DA INSTALAÇÃO UTFPR

(2006) 107

TABELA 10 COMPARATIVO ENTRE ILUMINAÇÃO, LUMINÁRIAS E LÂMPADAS 109TABELA 11 RESUMO DOS RESULTADOS APURADOS POR BLOCO E

RESULTADO DA EDIFICAÇÃO 111

TABELA 12 SÍNTESE DOS RESULTADOS ESPERADOS 115TABELA 13 FLUXO DE CAIXA 1 – SUBSTITUIÇÃO DE LUMINÁRIAS

COMERCIAL PLAFONIER TIPO BB 117

TABELA 14 FLUXO DE CAIXA 2 – SUBSTITUIÇÃO DE LÂMPADAS 119

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LISTA DE SIGLAS

ACC Análise do Comportamento de Carga AMFORP American and Foreign Power Empresa Cliente ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica BCB Banco Central do Brasil BEN Balanço Energético Nacional BID Banco Interamericano de Desenvolvimento CBEE Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial CGE Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica CGSE Câmara de Gestão do Setor Elétrico CICE Comissão Interna de Conservação de Energia CIP Contribuição de Iluminação Pública CMBEU Comissão Mista Brasil-Estados Unidos CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica CNPE Conselho Nacional de Política Energética CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COFINS Contribuição Social sobre o Faturamento COPEL Companhia Paranaense de Energia DETR Departamento de Meio Ambiente, Transportes e Regiões DNDE Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético DoE Departamento de Energia Americano EERN Energy Efficiency and Renewable Energy Network EGTD Energia Garantida por Tempo Determinado EPE Empresa de Pesquisa Energética FFE Fundo Federal de Eletrificação GCCE Grupo Coordenador de Conservação de Energia GCOI Grupo Coordenador para Operação Interligada GEF Global Environment Facility GERE Grupo Executivo de Racionalização Energética GLP Gás Liquefeito de Petróleo ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços IDAE Instituto para a Diversificação e Economia Energética INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial IUEE Instituição do Imposto único Sobre Energia Elétrica MIC Ministério da Indústria e Comércio MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MME Ministério das Minas e Energia NBR 5413 Norma Brasileira de Iluminância de Interiores OEE Office of Energy Efficiency PIS Programa de Integração Social PNE Plano Nacional de Energia PND Programa Nacional de Desestatização PPT Programa Prioritário de Termelétricas PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica PROCECON’s Programas de Conservação de Energia nas Concessionárias PROENERGIA Programa Nacional de Racionalização da Produção e Uso de

Energia SE Secretaria Executiva SIN Sistema Interligado Nacional SoP Electricity Standart of Performance UFF Universidade Federal Fluminense UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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RESUMO

No escopo dos debates sobre uso racional e eficiente dos recursos naturais, muito se tem discutido sobre a importância da conservação e eficiência energética como forma de mitigar os impactos ambientais gerados pela expansão da oferta de energia. De acordo com o PROCEL, as edificações públicas e comerciais, por suas características de ocupação e uso, são consideradas potenciais fontes de economia de energia. Este trabalho apresenta os resultados de um estudo realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba, com o objetivo de analisar os atuais padrões de consumo de energia elétrica para iluminação de ambientes de suas instalações. A coleta de dados foi realizada por meio da inspeção de ambientes e análise das faturas de energia elétrica expedidas pela COPEL no período 2000 a 2006. Por meio de indicadores de uso das instalações, foi possível identificar como a unidade se comporta em relação a seus sistemas de iluminação de ambientes. No que diz respeito ao uso de tecnologias eficientes verificou-se significativos potenciais de economia de energia elétrica. Sob a perspectiva econômica, por meio da análise de fluxo de caixa, constatou-se que a baixos investimentos e por meio da substituição de tecnologias obsoletas, é possível obter-se expressivas economias de recursos no pagamento pelo uso da energia destinada à iluminação. Tais resultados indicam que ações de conservação e eficientização poderão contribuir para o melhor aproveitamento dos recursos do Estado, exercer menor pressão sobre o meio ambiente com diminuição do desperdício e oferecer maior conforto para os usuários do Campus. Palavras-Chave: Economia de Energia; Eficiência Energética; Sistemas de Iluminação; PROCEL.

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ABSTRACT

Among many discussions on the rational and efficient use of natural resources, much has been discussed on the importance of energy conservation and efficiency as a way to mitigate environmental impacts created by expanding energy offer. According to PROCEL, public and commercial buildings are considered potential sources of energy economy, due to the pattern of their occupation and use characteristics. This study was carried out at the Technological University of Paraná, Campus Curitiba, and its main goal was to analyze the current pattern of electric energy consumption for lighting in the campus. Data collection was made by means of the inspection of workplaces and by the analysis of electric energy bills issued by the local concessionaire company COPEL in the period between 2000 and 2006. By means of use indicators of the spaces, it was possible to identify how the campus deals with the use of lighting systems. Regarding the use of efficient technologies, significant potentials for electric energy savings were verified. From the point of view of economics, by means of the cash flow analysis, it was noticed that with low investments and replacement of obsolete technologies, it is possible to achieve expressive savings on energy used for artificial lighting. Such results indicate that actions of conservation and efficiency may contribute for the best use of the resources of the State, exerting less pressure on the environment with waste reduction and offering greater comfort for the users of the campus.

Keywords: Energy economy; Energy efficiency; Lighting systems; PROCEL.

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12

1 INTRODUÇÃO

A eficiência energética configura-se como um dos mais importantes elementos

para a conservação de energia, constituindo-se numa variável resultante da interação

entre fatores econômicos, políticos e sociais. Neste contexto, é influenciada

diretamente por mudanças estruturais na economia caracterizadas por alterações nos

padrões tecnológicos e no consumo energético do sistema produtivo como um todo. O

uso racional da energia, hábitos de consumo e o padrão de vida das populações

produzem sensíveis alterações nos níveis de eficiência energética (SAIDEL et al.,

2000).

Conservar energia sem comprometer o crescimento também significa buscar a

consciência da necessidade de mudança do comportamento dos agentes econômicos

e, nessa nova lógica de mercado, destaca-se a importância do papel da indústria,

repensando suas estratégias de negócios, desde a fase de pesquisa e

desenvolvimento de novos produtos até o descarte sustentável ao final de seu ciclo de

vida. O grande desafio da atualidade é equacionar as exigências do mercado e os

interesses dos acionistas versus o atendimento das demandas ambientais. Um

possível caminho já percorrido pelos países desenvolvidos e que o Brasil também já

vem trilhando desde a crise de abastecimento de 2001 é a produção de equipamentos

eficientes e a promoção de uma necessária cultura de economia de energéticos para a

garantia do suprimento e proteção dos recursos naturais.

De acordo com Guimarães Junior (2001), a partir da década de 1990, foram

introduzidas no mercado brasileiro tecnologias mais eficientes para a iluminação

artificial de ambientes. A finalidade de facilitar a entrada de tais produtos no mercado

interno foi o potencial de economia de energia pelo uso de produtos mais econômicos

com o aumento na qualidade da iluminação. Segundo o mesmo autor, a iluminação

pública responde por 3,5% do mercado de energia e por 19% de toda a energia

consumida no setor de iluminação. A economia total de energia elétrica obtida em

1996 para diferentes produtos de iluminação foi de 2,8 TWh, o equivalente a 1,1% do

total da eletricidade consumida no Brasil no mesmo ano. Considerando-se apenas os

produtos de iluminação eficientes vendidos em 1996, a economia de energia foi de

1.000 GWh. Tais indicadores demonstram o potencial de economia que pode ser

alcançado pela substituição de produtos obsoletos e ineficientes.

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No processo de manufatura, diferentes insumos ou fatores de produção são

combinados de forma a produzir o bem ou serviço final (VASCONCELLOS; GARCIA,

2001).

A escolha do método ou processo de produção está diretamente vinculada à sua

eficiência, que pode ser de caráter técnico ou econômico.

Um método é tecnicamente eficiente (eficiência técnica ou tecnológica) quando, comparado com outros métodos, utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente do produto. A eficiência econômica está associada ao método de produção mais barato (isto é, os custos de produção são menores) relativamente a outros métodos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2001, p.58).

A partir das considerações anteriores, apresenta-se a seguinte pergunta de

pesquisa: qual é o padrão de consumo de energia elétrica em iluminação de

ambientes, no prédio público da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,

Campus Curitiba?

O objetivo geral deste estudo é analisar os atuais padrões de consumo de

energia elétrica para iluminação de ambientes, no prédio público da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba. Como objetivos específicos têm-se:

• levantar informações sobre a estrutura de iluminação dos ambientes da

instituição;

• analisar os padrões de consumo de energia elétrica para uso final em

iluminação de ambientes da instituição;

• caracterizar a forma de desembolso com energia elétrica da instituição;

• comparar dados de consumo com a expansão do próprio Campus por meio de

indicadores do uso de energia elétrica;

• fazer projeções econômicas para substituição de luminárias obsoletas por

luminárias ditas eficientes, considerando o retorno do investimento e a

economia gerada na operação, pelo método do fluxo de caixa.

As edificações públicas e comerciais, por suas naturais formas de ocupação e

uso, são consideradas potenciais fontes de economia de energia. O governo federal

ocupa 62% dos prédios públicos existentes segundo a Rede Cidades Eficientes em

Energia Elétrica (2006) e os gestores públicos, a despeito dos programas e incentivos

governamentais para agirem efetivamente na conservação e eficientização destas

edificações, têm demonstrado pouca preocupação com este problema, dados os

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crescentes aumentos nos gastos com a conta de energia elétrica, beirando inclusive o

desperdício, como ocorre nos prédios da administração pública em Brasília.

Entende-se que a universidade é um espaço adequado para se discutir como a

tecnologia pode ser utilizada na solução dos problemas do homem sem agredir o meio

ambiente. Neste sentido, visualizou-se a oportunidade de pesquisar como a

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba, uma edificação de

ensino público federal, faz uso da energia elétrica em iluminação de ambientes. De

acordo com a Companhia Paranaense de Energia - COPEL (2006) verifica-se que do

total global do consumo de energia elétrica de uma típica edificação pública não

climatizada, 70% da energia consumida são destinados à iluminação de ambientes

considerando-se que a instalação não utilize sistema de climatização artificial. Este

dado juntamente com os atuais debates em torno do uso racional da energia elétrica e

as potenciais faltas de suprimento, despertou o interesse por este estudo em constatar

se o Campus responde ou não as necessidades dos usuários de forma eficiente.

No campo teórico, esta pesquisa será relevante para outros estudos correlatos

por colaborar na compreensão das inter-relações entre o setor elétrico brasileiro, a

conservação e eficiência energética e o uso da tecnologia de iluminação com seus

impactos diretos sobre a economia e o meio ambiente. A pesquisa também se propõe

a desenvolver uma abordagem prática, na medida em que contribui com informações

atuais que poderão apoiar gestores na tomada de decisão para otimizar o caixa,

melhorar o conforto dos usuários e contribuir para minimizar os problemas decorrentes

do mau uso da energia elétrica.

A partir destes propósitos é que se desenvolveu a estrutura que dará forma a

esse trabalho. No capítulo dois, buscou-se resgatar no embasamento teórico os

temas: estruturação do setor elétrico brasileiro, conservação de energia e eficiência

energética no Brasil e as relações entre o uso racional de energia elétrica e

iluminação artificial de ambientes. Estes textos auxiliarão na construção dos resultados

pretendidos.

No terceiro capítulo, é apresentado o objeto de estudo, a metodologia

empregada na pesquisa e os procedimentos adotados para a coleta de dados. O

quarto capítulo traz os resultados e discussões. Foram analisados os dados das

faturas de energia elétrica, quantitativos levantados por meio da inspeção de

ambientes e foram realizadas projeções econômicas. No quinto capítulo são tratadas

as considerações finais e sugestões para futuras pesquisas.

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15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo está dividido em três seções. A primeira trata os aspectos históricos

da estruturação do setor elétrico brasileiro, a segunda aborda o tema conservação de

energia e eficiência energética no Brasil e a terceira trata das relações entre o uso

racional de energia elétrica e iluminação artificial de ambientes. Por meio desta

estrutura, buscou-se resgatar como estas discussões têm influenciado na substituição

por tecnologias eficientes para iluminação na busca da eficiência econômica para

melhor gestão dos recursos financeiros de uma instituição pública federal.

2.1. ESTRUTURAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

Na tentativa de se equiparar as economias em franca expansão, especialmente

EUA e Europa, o Brasil buscou estimular o uso das aplicações iniciais da tecnologia de

energia elétrica, já a partir de 1879, logo após o invento do dínamo e da lâmpada

elétrica. Com a instalação do primeiro sistema de iluminação elétrica, foi possível

introduzir os aparelhos e processos de invenção de Thomas Alva Edison no cotidiano

dos cidadãos da época. De acordo com a ELETROBRÁS (1995) a cronologia dos

principais eventos ocorridos entre (1879 e 1892) pode ser assim resumido:

• 1879 - foi inaugurada, na Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II,

atual Estrada de Ferro Central do Brasil, a primeira instalação de iluminação

elétrica permanente;

• 1881 – a Diretoria Geral dos Telégrafos instalou, na cidade do Rio de Janeiro,

a primeira iluminação externa pública do país;

• 1883 - entrou em operação a primeira usina hidrelétrica no país (potência de

52kW), localizada no Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, na

cidade de Diamantina. D. Pedro II inaugurou na cidade de Campos, o primeiro

serviço público municipal de iluminação elétrica do Brasil e da América do Sul;

• 1892 – foi inaugurada, no Rio de Janeiro, pela Companhia Ferro-Carril do

Jardim Botânico, a primeira linha de bondes elétricos instalada em caráter

permanente do país.

Chuahy e Victer (2002), afirmam que, com a implantação da República em 1889,

tornou-se essencial a busca confiável por fontes de energia para satisfazer as

crescentes demandas de eletricidade pública, doméstica e industrial. Neste cenário,

investidores estrangeiros passaram a interessar-se pela exploração dos serviços de

eletricidade em grandes cidades brasileiras, cujo consumo prometia um crescimento

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16

considerável. De acordo com a ELETROBRÁS (1995), em 1899, foi criada em Toronto

(Canadá) a São Paulo Railway Light and Power Co. Ltd., que passou a operar no Rio

de Janeiro, o então Distrito Federal. Fundava-se no mesmo período em Toronto

(Canadá), a Rio de Janeiro Tramway Light and Power C.o Ltd. No mesmo estado, a

LIGHT construiu a usina de Fontes Velha em 1908, na época a maior usina do Brasil e

uma das maiores do mundo. Ao mesmo tempo grupos nacionais locais também

procuravam garantir suas fontes de energia elétrica, inicialmente em pequena escala e

aos poucos com expressiva ampliação (SOLNIK, 2001).

Em 1927 a American and Foreign Power – AMFORP iniciou suas atividades no

Brasil, adquirindo concessionárias que atuavam nos principais centros urbanos não

atendidos pela LIGHT.1 Os autores afirmam que a indústria de eletricidade era

caracterizada por prestação de serviço municipal e seus prazos de concessão

variavam entre 30 e 90 anos, dependendo das relações entre as concessionárias e o

poder concedente; e as concessionárias, por meio da cláusula-ouro, corrigiam suas

tarifas pela depreciação da moeda nacional. Sobre este tema, Chuahy e Victer (2002),

afirmam que, apesar do Decreto 5407 de 1904 estabelecer que os contratos de

concessões somente pudessem prever revisões tarifárias a cada cinco anos, a

instauração da cláusula-ouro em 20 de abril de 1905 – concebida com a finalidade de

proteger as empresas estrangeiras de possíveis desvalorizações cambiais – permitiu

que as tarifas brasileiras passassem a ser geridas no exterior, ficando garantida a

correção plena das tarifas pela variação mensal do ouro no mercado mundial.

Os grupos privados estrangeiros que exploravam os serviços de eletricidade no

Rio de Janeiro e São Paulo, não faziam os investimentos necessários para responder

as demandas de grandes centros urbanos, de modo que, desde o começo do século

passado, as duas principais cidades brasileiras já vinham sofrendo os efeitos de

interrupções, racionamentos e a carência de eletricidade, sobretudo nos bairros de

periferia. Cabe destacar que o preço das tarifas estava mais alto se comparado ao de

outros países. O Brasil chegou em 1930 com uma potência instalada de apenas 779

MW, sendo 630 em hidrelétricas e 149 MW em termoelétricas, um total pouco superior

a uma única das 18 máquinas que atualmente operam na Usina Hidrelétrica de

ITAIPU, demonstrando a ineficiência do modelo e da gestão privada estrangeira

(CHUAHY; VICTER, 2002).

1 As aquisições da AMFORP compreenderam a prestação de serviços de energia elétrica em Recife, Salvador, Natal, Maceió, Vitória, Niterói-Petrópolis, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS; 2002).

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A Revolução de 1930 marcou a modernização do país e foi a referência para

formação do modelo tradicional de atuação do setor elétrico nacional. Em 27 de

novembro de 1933, foi abolida a cláusula-ouro2 e em 1934 foi decretado o Código de

Águas3 que alterou o sistema de concessões vigente, postulando a nacionalização

progressiva de todas as fontes de energia hidráulica existentes e julgadas básicas ou

essenciais à defesa econômica, militar e ambiental do país. Desta forma foi

assegurado ao poder público a possibilidade de um controle mais rigoroso sobre as

concessionárias de energia elétrica. O Código de Águas constituiu-se na primeira

legislação ecológica brasileira, e em decorrência da diminuição dos privilégios até

então outorgados às empresas estrangeiras, a sua aplicação passou a vigorar

somente a partir de 1937 (CHUAHY; VICTER, 2002).

No início da década de 1930, não houve problemas de abastecimento de

energia, por conta da capacidade ociosa do setor. Entretanto, próximo ao início da II

Guerra Mundial, o suprimento passou a apresentar vários problemas como

necessidade de investimentos e falta de recursos externos. Em decorrência da guerra

e da crise energética, em 1939 o Governo criou o Conselho Nacional de Águas e

Energia Elétrica - CNAEE4, cuja preocupação inicial foi coordenar uma política de

racionamento, organizar e desenvolver uma política nacional de energia elétrica

(TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS, 2002).

Na década de 1940 foi formada a Comissão Mista Brasil - Estados Unidos -

CMBEU5, com o objetivo, da parte dos norte-americanos, de convencer o governo

brasileiro a entrar na Segunda Guerra Mundial para apoiar os países aliados. Segundo

Tolmasquim, Oliveira e Campos (2002), até o final desta década, o capital privado

detinha 98% do abastecimento do serviço de energia elétrica no Brasil.

O governo federal ingressou no setor elétrico em 1945, com a criação da

Companhia Hidrelétrica de São Francisco (CHESF)6,7, que foi constituída como

2 Decreto nº 23.501. 3 Decreto nº 26.234. 4 Decreto-lei nº 1.285, de 1939, modificado pelo Decreto-lei nº 1.699, de 1939. 5 A CMBEU foi composta por técnicos, políticos e empresários dos dois países. Suas atividades desenvolveram-se sob a orientação direta do Ministério da Fazenda. O coordenador da equipe brasileira foi Roberto Campos (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS, 2002). 6 Decreto-lei nº 8.031, de 1945. 7 Esse empreendimento [CHESF] foi idealizado nos moldes da Autarquia do Vale do Tenesse (TVA) instituída em 1933, nos Estados Unidos, para desenvolver o Vale do Tenesse. Nesse empreendimento (TVA), o uso múltiplo das águas foi utilizado em prol do desenvolvimento da região com sucesso, gerando benefícios econômicos, sociais e ecológicos. No Brasil o setor elétrico aproveitou essa idéia e implantou o que foi possível não só na CHESF, mas também em outras empresas estatais como a CEMIG, FURNAS, CESP e outras (ABREU, 1999 p.141).

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sociedade de economia mista e vinculada ao Ministério da Agricultura, e entrou em

funcionamento em 1949 com as obras que permitiram a duplicação da capacidade

disponível do Nordeste8.

Gomes et al. (2005) ressaltam que o governo brasileiro, por intermédio da

Assessoria Econômica do Gabinete Civil da Presidência da República, desenvolveu

algumas iniciativas para equacionar a expansão do parque gerador brasileiro. Os

autores destacam alguns projetos de lei que foram encaminhadas ao Congresso

Nacional:

• instituição do Imposto Único Sobre Energia Elétrica (IUEE), de acordo com o

previsto no artigo 15 da Constituição de 1946;

• criação do Fundo Federal de Eletrificação (FFE);

• regulação da distribuição e aplicação das parcelas do imposto arrecadado

que caberiam aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios;

• instituição do Plano Nacional de Eletrificação;

• constituição da Empresa Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

No segundo governo de Getúlio Vargas, Chuahy e Victer (2002) destacam que

foi definida uma política energética, referente ao setor elétrico. “Para que a eletricidade

seja um elemento de progresso e permita o desenvolvimento industrial não é meramente

necessário que seja barata, é indispensável, sobretudo, que seja abundante. A oferta de

energia deve preceder e estimular a demanda” (grifo do autor). Esta mensagem de Getúlio

Vargas, encaminhada ao Congresso Nacional em 1951, retomava os planos de

industrialização do país para equiparar-se aos países desenvolvidos. Para garantir a

oferta de energia elétrica, Getúlio Vargas defendia a participação do Estado na

produção, ressaltando a importância de mecanismos de financiamento que a

garantissem. Ademais, o presidente também defendia a criação de um Ministério de

Minas e Energia, que se responsabilizasse pelo planejamento de longo prazo do setor

elétrico brasileiro. Após a morte de Getúlio Vargas, em 31 de agosto de 1954, foi

promulgada a Lei 2.308, que instituiu a Federal de Eletrificação - FFE9 e o Imposto

Único sobre Energia Elétrica - IUEE e designou o Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico - BNDE, como administrador de ambos. O Plano Nacional de Eletrificação

8 A potência agregada pela CHESF foi de 180 MW, maior que os 110 MW instalados até então (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS; 2002). 9 A FFE constituiu-se na primeira fonte de recursos de caráter fiscal, com alcance nacional, diretamente vinculada a investimentos no setor de energia elétrica (CHUAHY; VICTER; 2002).

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não foi aprovado. Posteriormente suas propostas foram incorporadas à política

governamental de desenvolvimento do setor elétrico.

Em 28 de maio de 1957, Juscelino Kubitschek assinou o Decreto Federal nº

41.066, que criou a Central Elétrica de Furnas, um ambicioso projeto para a época.

“Em um sistema que gerava 3 milhões de quilowatts, FURNAS representaria mais 1

milhão” (SOLNIK, 2001 p.30). O general-presidente Castelo Branco transformou

FURNAS num conglomerado de dez usinas hidrelétricas e duas termelétricas, com 18

mil quilômetros de linhas de transmissão.

O projeto de criação da ELETROBRÁS foi enviado em 1954 ao Congresso

Nacional. Por pressões contrárias das forças antinacionais, durante sete anos

consecutivos, houve interferência na sua aprovação saindo do papel apenas em 1961

no governo de Jânio Quadros, sendo o projeto regulamentado no governo de João

Goulart, que a instalou oficialmente (CHUAHY; VICTER, 2002).

O setor de energia elétrica em 1960 enfrentou graves problemas de

financiamento, devido basicamente a questões tarifárias, fiscais, deterioração do IUEE

causada pela inflação, a falta de uma organização institucional específica e do BNDE,

que não estava priorizando os investimentos na área de infra-estrutura. Com o

desdobramento da política desenvolvimentista do Presidente Juscelino Kubitschek, em

1960 foi criado o Ministério das Minas e Energia – MME. Neste contexto, foi criada em

abril de 1961, a Centrais Elétricas Brasileiras S.A. 10, uma holding alicerçada por

grandes empresas, quais sejam, CHESF e FURNAS sendo-lhes transferidas as

atribuições do BNDE referentes ao financiamento do setor elétrico e à gestão do

Fundo Federal de Eletrificação (CHUAHY; VICTER, 2002).

Devido a uma persistente defasagem entre geração e capacidade de aumento

da demanda, os governos federal e estadual passaram a investir fortemente no setor.

Em 1964 a ELETROBRÁS foi autorizada a adquirir a AMFORP11 e, posteriormente,

em 1965, houve a reorganização do MME. A União transferiu aos estados boa parte

dos serviços de distribuição e de subtransmissão de eletricidade, ficando a geração e

a transmissão a cargo da ELETROBRÁS. De acordo com a ELETROBRÁS (2007), em

dezembro de 1968 foi criada a Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. – ELETROSUL,

na qualidade de empresa subsidiária da ELETROBRÁS. 10 Lei nº 3890-A, de 1961. 11 O processo de nacionalização das empresas do grupo AMFORP foi concluído em 1965, e suas atribuições repassadas as concessionárias estaduais (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS: 2002).

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A década de 1960 foi marcada por um intenso processo de estatização do setor

elétrico e também surgiu a discussão de viabilização de um projeto conjunto entre

Brasil e Paraguai de aproveitamento de energia do rio Paraná – Itaipu Binacional.12

Logo em seguida, o governo brasileiro adquiriu as ações da LIGHT, passando todas

as concessionárias do setor de energia elétrica a ser constituídas por 100% de capital

nacional. Este modelo, para o setor elétrico possibilitou, principalmente na década de

1970, investimentos advindos de recursos externos como autofinanciamento e

empréstimos internos. Entretanto, ao final do período e ao longo da década de 1980, o

modelo começou a apresentar sinais de mau funcionamento, uma vez que o governo

passou a utilizar as estatais como instrumento de captação de financiamentos

externos a juros flexíveis e como instrumento de combate à inflação. Sobre este tema

tem-se a seguinte consideração:

[...] o resultado do descaso governamental quanto ao setor elétrico foi à redução da rentabilidade e conseqüentemente dos recursos próprios para investimentos e o aumento do endividamento a custos exorbitantes (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS, 2002, p.48).

Já a partir do final da década de 1980, com a redução dos investimentos e o

crescimento do consumo de energia elétrica a taxas superiores as da capacidade

instalada, Gomes et al. (2005) consideram que o Grupo Coordenador para Operação

Interligada – GCOI começou a esgotar os reservatórios, nos períodos secos, acima do

nível ótimo operacional. De acordo ainda com os autores, isso só não resultou em

graves problemas de fornecimento de energia, porque na década de 1990 ocorreu um

ciclo hidrológico amplamente favorável. Como resultado destes problemas, em 1985

foi Constituído o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL

com o objetivo de incentivar a racionalização do uso de energia elétrica. Também no

mesmo período, entrou em operação a Usina Termonuclear Angra I, a primeira usina

nuclear do Brasil.

O contexto de privatização das estatais começou a ser amplamente discutido no

governo João Figueiredo, sob o argumento de que as autoridades estavam perdendo

o controle sobre estas empresas. No período compreendido entre 1979 e 1984,

grande parte das empresas vendidas, de acordo com Tolmasquim, Oliveira e Campos

(2002), eram re-privatizações, não incluindo nenhuma das grandes estatais brasileiras,

12 A ITAIPU BINACIONAL foi criada em abril de 1973 através do tratado celebrado entre os dois países e as obras foram iniciadas em 1975, mas sua operação teve início somente em 1983. A instalação da última unidade geradora só ocorreu em 1992 (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS; 2002).

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sendo vendidas neste período 20 empresas, totalizando negócios de US$ 190

milhões.

Em 1990, o presidente Fernando Collor de Mello sancionou a Lei nº 8.031,

criando o Programa Nacional de Desestatização – PND. Além do PND, a Lei das

Concessões tornou-se o marco fundamental de início do processo de privatização. De

acordo com Tolmasquim, Oliveira e Campos (2002), no caso do setor elétrico, o PND

baseou-se na avaliação de que as crises financeiras da União e dos Estados

inviabilizariam a expansão da oferta de eletricidade e a manutenção da confiabilidade

das linhas de transmissão.

O período compreendido entre 2000 e 2002 foi marcado por políticas

neoliberais.13 Durante a gestão do então presidente da república Fernando Henrique

Cardoso, ocorreu o lançamento do Programa Prioritário de Termelétricas - PPT

visando à implantação no país de diversas usinas a gás natural, compra de energia da

Argentina e a instituição do Conselho Nacional de Política Energética14 com a

atribuição de formular e propor as diretrizes da política energética nacional. Em 2001,

o Brasil passou por uma séria crise de energia elétrica, acentuada por condições

hidrológicas bem como por questões políticas e econômicas.

Em 2004, fato importante foram as discussões em torno do novo modelo do

setor elétrico aprovado em março de 2005. As Leis nº 10.847 e nº 10.848 definiram as

regras de comercialização de energia e criaram a Empresa de Pesquisa Energética -

EPE. O novo modelo definiu a oferta de menor tarifa como critério para licitações de

empreendimentos e estabeleceu contratos de venda de energia de longo prazo, além

de condicionar a licitação dos projetos de geração, às licenças ambientais prévias, um

importante avanço na questão da preservação dos recursos naturais (ELETROBRÁS,

2007).

O setor elétrico brasileiro tem passado por profundas alterações estruturais e

institucionais, migrando de um formato centrado no monopólio estatal como provedor

dos serviços e único investidor, para um modelo com a participação de múltiplos

agentes e investimentos compartilhados com a iniciativa privada (ANEEL, 2005). Tal

reestruturação deu-se num contexto das reformas do papel do Estado, iniciadas em

meados da década de 1990 e possibilitadas por dispositivo constitucional de 1998, que

sustentou, inclusive, a execução do processo de privatização de ativos e de serviços

13 Doutrina, em voga nas últimas décadas do século XX, que favorece uma redução do papel do Estado na esfera econômica e social (DICIONÁRIO AURELIO). 14 Lei nº 9.478 agosto-2000.

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de energia elétrica sob controle estadual e federal, esfera onde estão inseridas as

empresas de distribuição de energia elétrica. De acordo com a ANEEL (2005), entre

as principais adequações estruturais pode-se citar a) a exploração dos serviços de

energia elétrica por terceiros mediante licitação; b) o controle e operação dos sistemas

elétricos de forma centralizada; c) o livre acesso e uso das redes elétricas; d) a

segmentação das atividades setoriais (geração, transmissão, distribuição e

comercialização); e) criação e regulamentação da comercialização de energia elétrica

e o aparecimento da figura do consumidor livre.

A regulação do setor de eletricidade é responsabilidade da Agência Nacional de

Energia Elétrica - ANEEL, que foi criada pela Lei nº 9.427 de 26 de dezembro de 1996

e regulamentada pelo Decreto nº 2.335 de 6 de outubro de 1997, cujas principais

funções constituem:

• fiscalizar as concessões para a prestação de serviço público de energia

elétrica;

• zelar pela qualidade e equilíbrio econômico financeiro das concessionárias;

• supervisionar a exploração dos recursos hídricos do país;

• definir a estrutura tarifária e autorizar níveis propostos pelas empresas.

O Sistema Elétrico Nacional é composto pelo Sistema Interligado Nacional - SIN,

formado por empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da

região Norte. O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um

sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas

com múltiplos proprietários (ANEEL, 2005). Segundo ainda a agência, a operação

centralizada do SIN está embasada na interdependência operativa entre as usinas, na

interconexão dos sistemas elétricos e na integração dos recursos de geração e

transmissão para atender o mercado.

O sistema de geração de energia elétrica brasileiro está dimensionado próximo

de 91.714 MW instalados, basicamente de formato hidrotérmico com forte

predominância de usinas hidrelétricas. Essas centrais são objetos de concessão,

autorização e registro, segundo enquadramento realizado em função do tipo de

central, da potência a ser instalada e do destino da energia (ANEEL, 2005). A redução

de impactos ambientais, a promoção do desenvolvimento sustentável e a diminuição

de riscos hidrológicos no suprimento de energia elétrica são objetivos que irão incorrer

na substituição por matrizes energéticas alternativas em médio e longo prazo.

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O sistema de transmissão é dividido em redes de transmissão e sub-

transmissão, em razão do nível de desagregação do mercado consumidor (ANEEL,

2005). A seleção para a concessão de serviço público de transmissão de energia

elétrica (construção, operação e manutenção de instalações de transmissão da rede

básica ao sistema elétrico interligado) é feita por intermédio de licitações. O segmento

tem recebido em média investimentos de 2,5 bilhões a 3,5 bilhões de reais por ano,

dos quais, cerca de 3% são destinados à manutenção (EXAME, 2005). Um dos

principais desafios deste segmento é a garantia da expansão e manutenção do

sistema.

Com respeito à distribuição de energia elétrica, na maioria dos estados

brasileiros, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, a área de concessão das

empresas de distribuição corresponde aos limites geográficos estaduais; em outros,

principalmente São Paulo e no Rio Grande do Sul, existem concessionárias com áreas

de abrangência menores. Os contratos de concessão estabelecem regras a respeito

da tarifa, regularidade, continuidade, segurança, atualidade e qualidade dos serviços e

do atendimento prestados aos consumidores e usuários e definem as penalidades

para possíveis irregularidades (ANEEL, 2005). Observa-se que o maior controle

destas empresas está nas mãos do setor privado conforme mostrado na Figura 1:

Tipo Controle em % Controle privado 84% Controle público 16% Total 100%

FIGURA 1 – EMPRESAS INSTALADAS NO SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO FONTE: ADAPTADO DE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA (2005)

Em média o segmento de distribuição recebe investimentos de 3,7 bilhões de

reais ao ano, determinados pelos contratos de concessão das distribuidoras e até

2008 o montante anual deverá ser da ordem de 6 bilhões de reais. Como principais

desafios estão a melhoria do processo de revisão tarifária e a redução da carga

tributária e dos custos operacionais. Onaga, Salomão e Paul (2005) afirmam que as

fontes mais baratas de geração estão no fim e que o consumo é crescente, de forma

que a tendência das tarifas é subir conforme descrito na seqüência:

• hidrelétricas: os potenciais hídricos disponíveis ficam distantes dos centros

de consumo, o que exige a construção de um sistema de transmissão,

encarecendo a energia;

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• termelétricas: as usinas térmicas usam combustíveis como o gás e óleo

diesel, cujos preços não param de subir. As reservas nacionais são pequenas

e há risco do não abastecimento;

• fontes alternativas: a energia gerada por vento, sol e ondas do mar pode ser

uma opção no futuro, mas ainda é inviável economicamente;

• custos ambientais: movimentos sociais e de defesa do meio ambiente

passaram a exigir maiores compensações para permitir a implantação de

usinas. O custo ambiental saltou de 10% para 20% do investimento;

• regulação: a presença do Estado na regulação do setor e mudanças nas

regras provoca insegurança. A falta de ofertas nos leilões de energia mostra

a insatisfação dos investidores;

• petróleo: as reservas de combustível, além de finitas, estão em uma área do

globo de muitos conflitos.

Num cenário de futura escassez de recursos e pressões sociais e ambientais

cada vez mais acirrados, uma saída para que a economia consiga manter a

produtividade com qualidade e garantia de suprimento ininterrupto são ações do lado

da conservação de energia, com a atuação eficaz dos programas de eficiência

energética. Atualmente o governo tem exigido das empresas do setor elétrico

investimentos em pesquisa e desenvolvimento em eficiência energética, cuja

obrigação foi estabelecida na Lei nº 9.991 de 24 de julho de 2000, conhecida como Lei

de Eficiência Energética, fixando percentuais baseados na Receita Operacional

Líquida (%ROL). Também se ampliou a abrangência de agentes do setor elétrico

comprometidos com investimentos para esta finalidade (ANEEL, 2005).

Isto posto, a participação efetiva dos agentes econômicos no processo de

garantia do fornecimento faz-se imprescindível. Sem uma visão de longo prazo para a

conservação e eficiência energética, o país poderá perder o posto de economia em

desenvolvimento e ponto atrativo de investimentos estrangeiros, haja vista a

importância da energia como principal força motriz da economia.

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2.2. CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL

Verifica-se, nos cenários de crise, que alguns temas anteriormente deixados de

lado ganham maior projeção e espaço na agenda econômica, dentre os inúmeros

problemas de ordem interna e externa dos países. Em 1970, o mundo foi pego de

surpresa pelo primeiro e segundo choques de petróleo, em que dirigentes de

economias desenvolvidas e em desenvolvimento tiveram de repensar suas estratégias

de administração e uso dos energéticos. Neste contexto, discutir as alternativas de

conservação e uso eficiente da energia foi mais do que uma saída estratégica naquele

momento. Cabe entender como os temas conservação e eficiência energética entrou

na agenda do governo brasileiro a partir das iniciativas dos países desenvolvidos, que

foram os pioneiros na adoção desta estratégia para contornar os problemas de

potenciais crises de suprimento.

2.2.1. Eficiência Energética no Mundo

A eficiência energética passou a ser preocupação maior em todos os países a

partir da década de 1970 com a crise do petróleo. Vários países industrializados

organizaram-se e fundos foram levantados para investimentos em projetos de

eficiência energética e fontes renováveis de energia, cujo objetivo era diminuir a

dependência em relação ao petróleo e derivados. Em meados dos anos de 1980, com

a estabilização do preço do petróleo, a preocupação com o suprimento de energia

diminuiu, mas foi retomada ao final do mesmo período, quando o impacto da queima

de combustíveis fósseis na variação climática global entrou na pauta de importantes

discussões em todo mundo. Resultado destas inquietações foi o surgimento do

Protocolo de Kyoto em 1997, acordo internacional em que os países signatários,

estabeleceram metas de redução de emissões de CO2 (HADDAD, 2006). Para atingir

as metas propostas pelo protocolo de Kyoto, tornou-se imperativa a criação de

mecanismos que estimulassem uma maior eficiência em toda a cadeia energética.

Com isto vários países criaram instituições com este objetivo conforme segue:

a) Reino Unido: o país elaborou um plano de governo na área de eficiência

energética, cujos objetivos são a conscientização da população e o gerenciamento de

programas do Departamento de Meio Ambiente, Transportes e Regiões – DETR e do

programa Electricity Standart of Performance – SoP. As principais atividades do DETR

compreendem: implementação de aquecedores de água mais modernos, controle de

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aquecimento e melhorias no isolamento de paredes na construção civil, utilização de

combustíveis alternativos, educação, iluminação eficiente e fomento a

empreendimentos que contribuam com a conservação de energia. O programa SoP

faz esforços no sentido de orientar as concessionárias locais a investirem em projetos

de eficiência energética em pequenos empreendimentos e residências (DEFRA,

2004).

b) França: as atividades em eficiência energética são de responsabilidade da

Agência do Meio Ambiente e da Matriz Energética – ADEME onde se verifica interação

entre políticas ambientais e energéticas. As áreas consideradas prioritárias são:

economia dos resíduos, poluição do ar e matriz energética. Os projetos em eficiência

energética buscam abranger o setor agrícola, transportes e construção civil, com

expressivos esforços para o estímulo de uso das energias renováveis e o

desenvolvimento urbano sustentável (ADEME, 2006).

c) Espanha: a promoção da eficiência energética no país dá-se por meio do

Instituto para a Diversificação e Economia Energética IDAE, entidade pública

empresarial, vinculada ao Ministério da Indústria, Turismo e Comércio. Dentre várias

atividades, lhes compete o fomento ao uso racional da energia e incentivo ao uso de

fontes renováveis. Auditorias energéticas, estímulo ao uso de combustíveis limpos e

substituição de equipamentos obsoletos também são algumas das importantes

iniciativas do instituto (IDAE, 2006).

d) Canadá: a exemplo de outros países, o Canadá iniciou seus programas de

eficiência energética em meados da década de 1970. Em 1995 foi criado o National

Action Program on Climate Change, coordenado pelo Office of Energy Efficiency –

OEE. A política de eficiência dos canadenses está alinhada às preocupações com as

mudanças climáticas do planeta. As principais atividades desenvolvidas são:

programas de eficiência energética na indústria, setor público e transportes,

normalização de equipamentos na indústria de construção civil, programa de etiquetagem de equipamentos eficientes, o Energy Efficient Act, orientação de

consumidores; e estímulo a construção e reformas (retrofits), dentro de padrões e

critérios voltados à conservação de energia (CLIMATE CHANGE, 2006). Dados do

OEE/NRCAN - Natural Resources Canada mostram alguns dos principais resultados

alcançados por meio dos programas de incentivo a conservação e eficiência

energética: uma diminuição em 13% do consumo global de energia entre 1993 e 2003;

uma redução de 16% no consumo da área de transportes no período entre 1993 e

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2003; e uma redução de custos da ordem de C$ 13.4 bilhões no ano de 2003 (EPE,

2007).

e) Estados Unidos: os programas americanos são desenvolvidos pelo

Departamento de Energia Americano – DoE, que atua por meio do Energy Efficiency

and Renewable Energy Network - EERN. O EERN busca estimular a exploração de

fontes renováveis de energia e a competitividade econômica como forma de baixar os

custos e proteger o meio ambiente. O foco são as empresas concessionárias de

energia, a indústria e os setores de transporte e da construção civil (EERE, 2007). O

DoE também investe na pesquisa e desenvolvimento na área de eficiência energética, além da aplicação de mecanismos de mercado como os Programas de

Etiquetagem e Padronização de Equipamentos, cujo objetivo é informar o consumidor

e retirar os equipamentos obsoletos do mercado; e/ou ainda mecanismos de incentivo

como o Programa Energy Star (DoE/EPA). Os resultados alcançados em termos de

redução do Energy Star em 2005 foram: 35 Mton de emissões de CO2; US$ 12

bilhões em economia para os consumidores; 4% do consumo de eletricidade e 28.000

MW de demanda na ponta (EPE, 2007).

f) Outros países: Japão, Noruega, Dinamarca, Suécia, Nova Zelândia e Austrália,

desenvolvem programas similares buscando reduzir desperdícios de energia em todos

os segmentos de consumo, por meio do estímulo da exploração de energias

renováveis, do uso de equipamentos eficientes além da adoção de programas de

etiquetagem e a normalização de produtos, métodos e processos industriais. Nestes

países há um esforço para o uso racional dos recursos energéticos segundo o uso

final e a forte atuação em conscientização da população (STRAPASSON, 2004).

2.2.2. Evolução da Eficiência Energética no Brasil

No mesmo contexto dos choques do petróleo da década de 1970 e princípio da

década de 1980, criou-se no país a percepção de escassez de recursos elevando o

preço dos energéticos e oportunizando a justificativa para novos investimentos no

aumento da produção do petróleo nacional, em conservação e maior eficiência no uso

dos seus derivados e na diversificação de fontes alternativas de energia (MARTINS et

al., 1999).

De acordo com A epe (2007), a cronologia dos principais eventos que deram

início as discussões em torno da conservação e eficiência energética, datam da

década de 1970 e trata-se de uma resposta a crise do petróleo conforme segue:

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• 1973 1º Choque do Petróleo;

• 1975 1º Seminário sobre o tema conservação de energia, realizado em

Brasília, com apoio do MME;

• 1979 2º Choque do Petróleo;

• 1982 Programa de Mobilização Energética (diretrizes para eficiência

energética).

A estratégia adotada para a formulação de uma política de oferta de energia

contemplou as seguintes ações: a intensificação da prospecção de petróleo; o

incremento da produção de carvão no país; o lançamento de um programa nuclear

com vistas à transferência de tecnologia nesta área e a construção de usinas

nucleares para a geração de energia elétrica - que não produziu resultados

significativos em termos de suprimento de energia; a criação do Programa Nacional do

Álcool – PROÁLCOOL; e no setor elétrico, foi dado continuidade à expansão da base

hídrica para geração de eletricidade, resultando em sobra de energia no final dos anos

de 1980 (MARTINS et al., 1999).

Neste sentido, o governo brasileiro passou a focalizar a questão do óleo

combustível consumido na indústria com aumentos de preços a partir de 1980, além

de um corte de 10% e 5%, respectivamente, no fornecimento de óleo combustível e

diesel utilizado na indústria, além da implantação de um sistema de controle de

abastecimento por meio de cotas de combustíveis até o ano de 1983 (MARTINS et.al.,

1999). As medidas foram mal recebidas pelos empresários, e no ano de 1981 o

governo lançou o programa CONSERVE, que tinha como objetivo estimular a

conservação e substituição do óleo combustível consumido na indústria. Esta iniciativa

pode ser encarada como o primeiro esforço expressivo na direção de conservação de

energia no país.

Durante a década de 1980 novos problemas ganharam visibilidade política.

Martins et al. (1999), destacam a crescente utilização da eletricidade para fins térmicos

no setor industrial, fomentada parte pelo CONSERVE e parte pelo programa de

Eletrotermia. Resultado disso, segundo os autores, foi o processo de transferência da

responsabilidade sobre a conservação de energia para o setor elétrico, justificada pelo

crescimento da demanda por energia elétrica para fins térmicos na indústria, que

passou a pressionar a capacidade de oferta do setor, que já estava passando por uma

séria crise financeira.

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Outra pressão sobre a oferta de energia elétrica diz respeito às crescentes

preocupações com o meio ambiente e os questionamentos relativos ao grande

desperdício de energia elétrica verificados. Dessa forma, a saída encontrada frente

àquela conjuntura foi a implementação de uma política de conservação de energia

elétrica (MARTINS et al.,1999) conforme relacionado por Guerreiro (2006).

• 1984 A partir de um protocolo firmado pelo governo (MDIC) com a indústria (ABINEE) foi criado o Programa Brasileiro de Etiquetagem – PBE, coordenado pelo INMETRO

• 1985 Foi criado o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL, vinculado ao MME e com a coordenação executiva da ELETROBRÁS

• 1991 Foi criado o Programa Nacional de Conservação de Petróleo e Derivados – CONPET, também vinculado ao MME e com a coordenação executiva da PETROBRÁS

• 2001 Racionamento: Lei nº 10295 Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia

Cabe salientar que, em 1998, houve a obrigação de investimentos em

programas de conservação pelas concessionárias, sob fiscalização da ANEEL

(ratificado pela Lei nº 9.991 de 2000 e alterações subseqüentes) e que, em 2001, com

o racionamento de energia elétrica, diversas medidas de incentivo foram estimuladas,

com destaque para a Lei nº 10.295 que dispõe sobre a Política Nacional de

Conservação e Uso Racional de Energia (GUERREIRO, 2006).

2.2.3. Histórico dos Principais Programas Nacionais de Conservação de Energia no Brasil

PROGRAMA CONSERVE

De acordo com Martins et al. (1999), o Programa CONSERVE, foi criado no

âmbito do Ministério da Indústria e Comércio – MIC em 1981, constituindo-se como um

esforço de peso em conservação de energia no Brasil, cujo objetivo era atender as

exigências da Portaria MIC/GM46, que referenciava a promoção da conservação de

energia na indústria ao desenvolvimento de produtos e processos energeticamente

eficientes e ao estímulo à substituição de energéticos importados por fontes

alternativas internas. Os resultados mais positivos do CONSERVE foram a divulgação

da conservação de energia no meio industrial e a identificação da capacidade nacional

de levantamento de oportunidades para conservação de energia na indústria.

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[...] o programa permitiu catalisar e direcionar a competência adquirida pelos centros estaduais de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, sobretudo o IPT, em esforços anteriores financiados pela FINEP e pelo Programa de Mobilização Energética – PME para uma atuação junto ao setor produtivo. A constituição formal de uma rede de centros de conservação de energia nos principais estados da federação (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco, dentre outros) facilitou o intercâmbio de informações e aprimoramento dos recursos humanos e o desenvolvimento tecnológico do País nessa área (MARTINS et al., 1999, p.44-45).

Com respeito à economia de energia, o CONSERVE foi responsável por uma

queda em torno de 18% no consumo industrial de óleo combustível já no ano de seu

lançamento. Sob outra perspectiva, Martins et al. (1999), chamam a atenção para

uma análise crítica do Programa, levando-se em consideração primeiro os problemas

de sub-aproveitamento dos recursos alocados, isto é, metade dos recursos à

disposição do CONSERVE não foi utilizada e as empresas que chegaram a pleitear

tais recursos não alcançaram o total de 200, sendo que somente cerca de 80

empresas fizeram uso efetivo do dinheiro disponível; e, segundo, a predominância de

um enfoque em termos de substituição energética, em prejuízo da diretriz primordial

de conservação de energia. A Tabela 1 traz um breve resumo da situação em termos

de economia total de derivados de petróleo no período entre 1981 e 1985.

TABELA 1 - ECONOMIA TOTAL DE DERIVADOS DE PETRÓLEO NO PERÍODO 1981-85 EM 103TEP Setores Conservação Substituição Total Papel e Celulose 155,1 165,8 320,9 Siderurgia 146,7 486,8 633,5 Cimento 0,4 498,6 499,0 Petroquímico 26,6 93,3 119,9 Energético 42,0 7,4 49,4 Metalurgia 2,1 13,9 16,0 Mineração - 8,6 8,6 Agroindústria 1,0 88,8 89,8 Material de Construção - 18,0 18,0 Total 373,9 1.381,2 1.755,1 FONTE: MARTINS et al. (1999, p.46)

Verifica-se que as distorções ocorridas no Programa CONSERVE, juntamente

com os obstáculos por ele enfrentados, como por exemplo, a crise econômica da

década de 1980, impediram que se atingisse o potencial pleno de ação previsto

inicialmente. No ano de 1981 a recessão econômica resultou em ociosidade da

capacidade instalada do parque gerador de energia elétrica, enquanto destacava-se a

necessidade de diminuição do consumo de derivados de petróleo por parte da

indústria face à elevação dos preços no mercado internacional. Neste contexto, foi

criada a Energia Garantida por Tempo Determinado – EGTD, que tinha como alvo o

setor industrial então pressionado pelos altos preços dos derivados de petróleo. A

tarifa era fornecida às empresas dispostas a substituir aquele energético por

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eletricidade a preços até 30% menores. Ademais, a fim de permitir a amortização dos

investimentos na instalação de novos equipamentos elétricos, o fornecimento da

EGTD foi garantido até 1986 (MARTINS et al., 1999).

A despeito do CONSERVE ter obtido resultados satisfatórios dentro de seu

contexto, também foi indiretamente responsável pelo processo de transferência da

responsabilidade da conservação de energia para o setor elétrico, dado o crescimento

da demanda por energia elétrica para fins térmicos do setor industrial. A política de

tarifas de energia elétrica dos anos 80, “irreais” pelo cenário de descontrole

inflacionário e a inviabilidade de financiamento da expansão do setor elétrico,

resultaram na única estratégia possível naquele momento, que foi o governo partir

para a implementação de políticas de conservação do uso da energia elétrica. Reflexo

dessas ações foi a criação do PROCEL, no ano de 1985, sob a coordenação da

ELETROBRÁS.

Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - PROCEL

A Portaria Interministerial nº 1.877, de 10/12/85, foi instituída por iniciativa

conjunta do Ministério de Minas e Energia - MME e do Ministério da Indústria e

Comércio – MIC, cujo objetivo era a criação do Programa de Combate ao Desperdício

de Energia Elétrica – PROCEL. O programa nasceu num contexto onde os esforços

primavam pela expansão da oferta de energia para atender a demanda do

crescimento econômico, por falta de recursos para financiamento de construção de

novas unidades de geração e crescentes preocupações com a escassez de recursos

naturais (MARTINS et al., 1999).

De acordo com a Portaria nº 1.877, o objetivo era: “[...] maximizar seus

resultados e promover um amplo espectro de novas iniciativas, avaliadas à luz de um

rigoroso teste de oportunidade, prioridade e economicidade” (MARTINS et al., 1999,

p.48). O Programa tinha como principal alvo o combate ao desperdício na produção e

no uso da energia elétrica, de forma que um produto ou um serviço qualquer pudesse

ser realizado com menor consumo, em função da maior eficiência energética.

A definição de conservação de energia do próprio PROCEL compreende “[...]

melhorar a maneira de utilizar a energia, sem abrir mão do conforto e das vantagens

que ela proporciona. [...] sem perder, em momento algum, a eficiência e a qualidade

dos serviços” (PROCEL, 2005).

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Eficiência energética pode ser entendida como o conjunto de práticas e políticas,

que reduzem os custos com energia e/ou aumente a quantidade de energia oferecida,

sem alteração da capacidade de geração (MARTINS, 2005).

Sob a ótica da ELETROBRÁS (1994), o uso eficiente de energia deve ser

entendido como o menor consumo possível para obter-se uma mesma quantidade de

produto ou serviço sem comprometimento de sua qualidade, conforto e satisfação. O

conceito da ELETROBRÁS de uso eficiente de energia faz paralelo com conceitos de

eficiência utilizados na economia, que estão relacionados à noção de melhor uso

possível dos recursos econômicos disponíveis para a produção de um determinado

bem.

Em 18 de julho de 1991, por Decreto Presidencial, o PROCEL foi transformado

em programa de governo, desta forma, tendo suas responsabilidades ampliadas, não

se restringindo apenas ao setor elétrico, mas articulando-se com todos os segmentos

da sociedade direta ou indiretamente ligados ao uso e produção de energia elétrica.

Para a implementação do Programa, foram criados o Grupo Coordenador de

Conservação de Energia – GCCE, como órgão de coordenação do PROCEL e a

Secretaria Executiva – SE do GCCE, subordinada da ELETROBRÁS como órgão

Executivo. No período que vai da criação do PROCEL em 1985 até 1989, considerada

a primeira fase da estrutura organizacional e operacional do programa, foram

observadas algumas questões, as quais destacam-se:

• preocupação com a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico;

• o interesse pela incorporação de novas tecnologias ao acervo científico e

tecnológico do país;

• a promoção de assistência tecnológica ao segmento industrial;

• a disposição em promover e fomentar a pesquisa, visando melhor

conhecimento do comportamento do mercado consumidor (uso final) de

energia elétrica, analisando desde os hábitos de consumo até a eficiência

dos aparelhos de uso final de energia elétrica;

• a promoção da conservação de energia elétrica através da normalização,

padronização e certificação de equipamentos empregados no uso final da

energia.

A criação do Programa Nacional de Racionalização da Produção e Uso de

Energia – PROENERGIA pelo Decreto nº 99.250 em 1990, e a instituição do

Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético, levaram a uma mudança de

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enfoque do PROCEL, à medida que sua característica de programa setorialista passou

a ser contrabalanceada pela sua integração em uma política mais ampla de

conservação de energia, baseada nas diretrizes do PROENERGIA (MARTINS et al.,

1999).

Verde (2000) afirma que o PROCEL passou por três fases distintas,

considerando a primeira como a mais ativa e que perdurou até 1991. O programa foi

direcionado para convencer e orientar a sociedade quanto à efetividade das ações de

conservação de energia, realização de trabalhos de levantamento de dados e estudos

sobre o uso de energia pelos consumidores finais, além da montagem e

aparelhamento laboratorial visando ao desenvolvimento das primeiras pesquisas na

busca de melhoria dos índices de eficiência dos equipamentos elétricos utilizados no

Brasil. Pouco avanço ocorreu nesta fase no que diz respeito aos estudos e do

estabelecimento de mecanismos financeiros para o estímulo e incentivo à utilização

racional de energia elétrica.

A segunda fase, caracterizada como pouco ativa, compreendeu o período entre

1991 e 1993, momento em que o PROCEL tornou-se programa do governo federal.

Mesmo com a elevação de status, nem programas nem projetos em andamento foram

continuados por conta das reformas administrativas que ocorriam no Governo

Fernando Collor de Mello. Ademais, a ELETROBRÁS, principal provedora de recursos

necessários à implementação dos projetos, foi submetida a intensos processos de

controle da saída de recursos. Data deste período a criação dos Programas de

Conservação de Energia nas Concessionárias – PROCECON’s, produto de convênio

celebrado entre a ELETROBRÁS e as concessionárias, onde a primeira financiava as

ações de conservação, devidamente acordadas entre as partes, empreendidas pelas

segundas. Tratava-se do primeiro instrumento organizado de um conjunto de projetos

dentro de uma mesma empresa de eletricidade, o que começou a despertar estas

organizações para a necessidade de conservação de energia como uma de suas

funções empresariais e para a preocupação com o desenvolvimento de quadros

técnicos eficazes e inteirados com o assunto conservação e eficiência energética

(VERDE, 2000).

Na terceira fase, o programa foi reativado e reestruturado de maneira mais

eficaz. Maior transparência foi dada ao PROCEL por meio de ampla discussão sobre o

tema conservação de energia, com um novo enfoque pela incorporação de ações de

eficiência energética no sistema elétrico como parte das medidas abrangidas pelo

PROCEL (VERDE, 2000).

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Nesta nova perspectiva, pode-se destacar a atuação na redução de perdas dos

sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, e, sobretudo, na

definição objetiva dos potenciais e das prioridades de conservação de energia elétrica

em curto prazo, com a finalidade de alavancar os objetivos de longo prazo do

programa (MARTINS et al., 1999). Segundo os autores, a nova orientação passou a

obedecer as seguintes estratégias:

• coordenar o marketing de combate ao desperdício, em âmbito nacional;

• conscientizar os consumidores sobre o problema do uso inadequado da

energia elétrica, alertando que ela é um bem escasso;

• Promover, junto aos fabricantes, acordos para aumento da eficiência de

equipamentos elétricos;

• implementar projetos de eficientização energética em cada segmento de

consumo, por intermédio de consumidores chaves, que possam vir a atuar

como formadores de opinião em seus respectivos setores;

• buscar, junto aos agentes de financiamento, recursos para viabilização de

projetos de combate ao desperdício;

• tornar as instituições de ensino agentes multiplicadores da idéia do combate ao

desperdício de energia elétrica;

• propor medidas nas áreas de legislação e normalização, no sentido de

estipular padrões mínimos de eficiência energética.

Desta forma, projetos que possibilitassem a redução das perdas do sistema

foram suportados e incentivados pelo PROCEL. Foram assinados acordos de

cooperação com entidades internacionais, Europa e América do Norte, ligados à

eficiência energética.

No âmbito institucional, foi configurada uma rede de eficiência energética –

Grupo de Apoio à Secretaria Executiva do PROCEL, composta por dezenas de

organizações e instituições empresariais, produtivas, de serviço de consultoria,

organizações e associações públicas, laboratórios e institutos de P&D, além das

universidades. O objetivo era discutir, definir e analisar prioridades estratégicas e

rumos do Programa, decidindo sobre a melhor aplicação dos recursos e

implementação de estudos e projetos. Finalizando, Verde (2000), considera que a

partir da estrutura, organização e alocação de recursos, o PROCEL alcançou

resultados positivos.

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Os esforços do PROCEL têm sido grandes nos últimos anos, especialmente

durante a crise de abastecimento ocorrida no ano de 2001, na tentativa de convencer

e buscar aliados para a questão da eficiência energética. Segundo Verde (2000),

grande parte dos resultados alcançados deve-se à acordos com fabricantes de

motores elétricos, equipamentos eletrodomésticos e iluminação. A partir das

mudanças estruturais do setor elétrico, com o novo marco regulatório o país passou a

priorizar a implantação ordenada de projetos de conservação de energia elétrica por

parte de um grupo de empresas concessionárias e distribuidoras.

Os resultados alcançados pelo PROCEL têm sido estimados em termos de

economia anual de energia, expressos em GWh/ano, e na redução de demanda obtida

durante o horário de ponta do sistema, expressa em MW retirado ou deslocado da

ponta. Os indicadores da Figura 2 trazem alguns dos resultados obtidos pelo

PROCEL, no período entre 1986-2004:

1986 a 2000 2001 2002 2003 2004

Investimentos PROCEL (R$ milhões)15 224,3 7,6 6,0 14,2 27,2

Investimentos RGR16 (R$ milhões) 337,3 13,6 36,0 25,1 54,0

Investimentos GEF17 (R$ milhões) - - 0,4 1,0 12,8

Investimentos Totais ( R$ mil) 561,6 21,2 42,4 40,3 94,0

Energia Economizada (GWh/ano) 11.635 2.500 1.270 1.817 2.373

Usina Equivalente (MW) 2.692 600 305 436 569

Redução de Demanda na Ponta (MW) 3.181 690 309 453 622

Investimento Postergado (R$ milhões) 5.194 2.113 1.339 2.007 2.492

FIGURA 2 – RESULTADOS ANUAIS OBTIDOS PELO PROCEL ENTRE 1986-2004 FONTE: PROCEL (2006)

Atualmente, são estabelecidas metas de redução de conservação de energia

que segundo o PROCEL (2005), são consideradas no planejamento do setor elétrico

as quais cabe destacar dentre as mais importantes:

• redução nas perdas técnicas das concessionárias;

• racionalização do uso da energia elétrica;

• aumento da eficiência energética em aparelhos elétricos.

15 Refere-se somente aos recursos orçamentários do PROCEL em cada ano, não sendo considerados salários de pessoal ELETROBRÁS/PROCEL (PROCEL, 2006). 16 Reserva Global de Reversão – RGR, fundo federal constituído recursos das concessionárias, proporcionais aos investimentos de cada uma delas. Utiliza, também, recursos de entidades internacionais (PROCEL, 2006) 17 Global Environment Facility – GEF, agente financiador de projetos na área de eficiência energética.

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Mantendo-se a estrutura atual de consumo e uso da energia, projeta-se uma

necessidade de suprimento, em 2015, em torno de 780 TWh/ano. Diminuindo-se os

desperdícios, estima-se uma redução anual de até 130 TWh - produção aproximada

de duas usinas do porte de ITAIPU. Uma das metas do PROCEL tem sido a redução

das perdas técnicas na transmissão e distribuição das concessionárias para um valor

próximo aos 10% (PROCEL, 2006). De acordo com Jannuzzi (2002), o PROCEL

passou por várias descontinuidades, tendo inclusive sido cogitada a sua extinção em

meados de 1998. A crise de 2001, por sua vez, retomou a importância das iniciativas

para o combate ao desperdício e o PROCEL passou a figurar como um importante

agente mediador entre a indústria, as concessionárias e as atividades do setor público.

Neste sentido, o PROCEL vem instituindo vários programas como o Prêmio

Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, uma iniciativa conjunta da

ELETROBRÁS/PROCEL e da PETROBRÁS/CONPET; o Selo PROCEL, instrumento

promocional concedido anualmente desde 1994 aos equipamentos que apresentam os

melhores índices de eficiência energética dentro da sua categoria; o PROCEL-

EDUCAÇÃO que abrange as escolas de nível fundamental, médio, técnicas de nível

médio, instituições de ensino superior e outras atividades relacionadas a educação; o

PROCEL NA INDÚSTRIA, que tem como foco a redução de perdas nos sistemas

motrizes e que, segundo Poole et al. (2006), no período 2003-2004 dispunha de um

orçamento de R$ 6 milhões; o Programa PROCEL – EDIFICA, que prevê articulação

entre diversas entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de

desenvolvimento, para promover a conservação e o uso eficiente da energia elétrica

por meio do enfoque multisetorial; PROCEL nos Prédios Públicos, com o objetivo de

implementar ações de sensibilização, capacitação, divulgação e parcerias com outros

setores; o PROCEL SANEAR, com o uso eficiente de energia elétrica e gestão de

águas em sistemas de saneamento ambiental; uso eficiente de recursos hídricos e a

universalização dos serviços de saneamento ambiental.

Percebe-se que um cenário promissor em termos de eficiência energética está

vinculado ao estabelecimento de políticas públicas que destaquem prioridades, metas

e planos de ação. A despeito dos esforços do PROCEL e das campanhas publicitárias

alertando quanto ao cuidado com o uso racional de recursos naturais (economia de

água e de energia elétrica), entende-se que um ponto estratégico envolve a educação

para o desenvolvimento da consciência na sociedade de que preservar o meio

ambiente hoje é a garantia de sustentabilidade das gerações futuras.

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Comissão de Conservação de Energia na Administração Federal - CCEAF O PROCEL iniciou suas ações de economia de energia em prédios públicos em

1997 e uma de suas importantes iniciativas foi a criação das Comissões Internas de

Conservação de Energia - CICE, que foram implantadas em órgãos da administração

federal cujo consumo anual de energia elétrica superasse 600 mil MWh/ano. Foram

criadas pelo Decreto Presidencial nº 99.656 de 26 de outubro de 1990 e deveriam ser

implantadas em órgãos de administração federal, seguindo as diretrizes do PROCEL.

Para coordenar as ações das CICE’s, foi instituída, por Decreto, em 22 de fevereiro de

1991 a Comissão de Conservação de Energia na Administração Federal – CCEAF,

composta por diversos setores do Governo Federal; a Presidência da República; a

Secretaria de Ciência e Tecnologia; a Secretaria de Energia; o PROCEL e o Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Secretaria-Executiva

da CCEAF).

Programa Nacional de Racionalização da Produção e Uso de Energia –

PROENERGIA e Grupo Executivo de Racionalização Energética - GERE

O PROENERGIA foi criado pelo Decreto nº 99.250, de 11/05/90 para coordenar

a ação governamental em conservação de energia, por intermédio do Grupo Executivo

de Racionalização Energética – GERE, situado na Secretaria de Ciência e Tecnologia.

No intuito de ampliar o escopo do PROCEL, o PROENERGIA tencionava atuar sobre

todas as formas de energia do lado da demanda e da oferta, abrangendo o setor

público e a iniciativa privada e articulando-se com outros programas setoriais similares

em todo o território nacional. Dentre as prioridades verificadas, incluíram-se: a

identificação de áreas críticas e de medidas de economia energética com boa relação

custo-benefício, a promoção de ganhos de eficiência por avanço tecnológico e de

produtos com maior valor agregado, e aplicação imediata, com o maior número

possível de beneficiados, de práticas de uso racional de energia elétrica (MARTINS et

al., 1999).

De acordo com os autores, foram realizados estudos para a proposição de

normas e padrões de eficiência energética, assim como para a criação de legislação,

programas de fomento e linhas de crédito para eficiência energética. O programa

chegou a contar com 109 profissionais de 64 instituições participantes, envolvidos em

grupos de trabalhos sobre os mais variados temas, destacando-se a racionalização do

uso de energia em órgãos públicos, a comercialização de lâmpadas incandescentes

eficientes, legislação normativa sobre índices de eficiência energética para novas

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edificações dentre outros. Pode-se considerar como principal resultado concreto obtido

pela atuação do GERE, a colocação no mercado nacional de lâmpadas

incandescentes 10% mais econômicas. Em setembro de 1992, o programa mudou de

orientação, com sua passagem para a esfera do MME, sob a responsabilidade do

Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético – DNDE, que definiu novas

linhas estratégicas como eliminar desperdícios em curto prazo, aumento da eficiência

de equipamentos, sistemas e processos produtivos e a promoção da cultura de

racionalização energética permanente.

2.2.4. A Lei de Eficiência Energética

As discussões em torno da disponibilidade de energia têm levantado uma gama

de oportunidades para o aumento da eficiência energética. Têm-se buscado priorizar

um modelo energético capaz de garantir o suprimento necessário compatível com as

necessidades de desenvolvimento, a um custo mínimo e respeitando-se, sobretudo, as

restrições sociais e ambientais. Neste contexto, com o início da privatização das

empresas concessionárias de distribuição de energia elétrica, foram necessários

ajustes para reforçar a importância de políticas de uso racional de energia elétrica

(HADDAD, 2002). Dentre os principais marcos legais institucionais, destacam-se:

• Lei nº 9.478, de 06 de agosto de 1997, que instituiu o Conselho Nacional de

Política Energética – CNPE, destacando, dentre outras competências

“Promover o aproveitamento racional dos recursos energéticos do Pais”;

• Decreto nº 2.335 de 06 de outubro de 1997, cita como competência da

ANEEL “incentivar o combate ao desperdício de energia no que diz respeito a

todas as formas de produção, transmissão, distribuição, comercialização e

uso da energia”;

• em 02 de dezembro de 1999, a ANEEL, pela resolução nº 334, autorizou as

concessionárias de serviço público de energia elétrica a desenvolverem

projetos visando à melhoria do fator de carga;

• em 19 de julho de 2000, a ANEEL, pela Resolução nº 271, estabeleceu os

critérios de aplicação de recursos em ações de combate ao desperdício de

energia elétrica e pesquisa e desenvolvimento tecnológico do setor elétrico

brasileiro;

• em 24 de julho de 2000, foi sancionada pelo Presidente da República a Lei nº

9.991, que dispõe sobre a realização de investimentos em pesquisa e

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desenvolvimento em eficiência energética por parte das empresas

concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica;

• Lei nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, que trata do estabelecimento dos

níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência

energética de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados e

comercializados no país. Cabe observar que motores elétricos e lâmpadas já

foram regulamentados. Encontram-se atualmente em fase de

regulamentação: refrigeradores, freezers, condicionadores de ar, fogões e

aquecedores a gás;

• Lei nº 10.847, 2004, que autorizou a criação da EPE - Empresa de Pesquisa

Energética, e definiu-lhe competência para:

Art. 4º (...)

XV – promover estudos e produzir informações para subsidiarem planos e

programas de desenvolvimento energético ambientalmente sustentável,

inclusive, de eficiência energética.

XVI – promover planos de metas voltadas para a utilização racional e

conservação de energia, podendo estabelecer parcerias de cooperação

para este fim.

A Lei de Eficiência Energética (nº 10.295 de 17 outubro de 2001) é, atualmente,

o principal instrumento legal das ações governamentais. Projeta-se que, em longo

prazo, a sua aplicação deverá melhorar o nível dos equipamentos consumidos pela

população. A operacionalização é realizada por comitês técnicos formados por

entidades como o CONPET, PROCEL, INMETRO, Centros de Pesquisas etc., que

negociam com o governo e fabricantes os índices de eficiência energética dos

produtos comercializados (SAUER, 2005). Inicialmente, a Lei de Eficiência Energética

foi proposta apenas para o setor de eletricidade, mas já têm sua extensão para todos

os segmentos de uso e produção de energia: “[...] o que já encaminhamos na área do

CONPET com o Programa Etiquetagem de Fogões e Aquecedores e o programa que

está sendo desenvolvido em relação aos automóveis leves, inserem-se perfeitamente

dentro do espírito da Lei de Eficiência Energética [...]” (SAUER; VIEIRA; KIRSHINER

2006). A Lei visa promover avanços tecnológicos, e neste sentido já se verifica que os

principais setores beneficiados são os de transporte, da construção civil, e a indústria.

Na construção civil, destaca-se a construção de prédios inteligentes e eficientes com o

aproveitamento de iluminação natural, sistemas de iluminação inteligentes, geração

distribuída, elevadores eficientes e melhor isolamento térmico. A indústria tem

contribuído, dentre outras soluções, com a utilização de sistemas de co-geração para

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obtenção de calor e eletricidade, reduzindo e contribuindo para a redução de emissões

de gases nocivos (CONPET, 2006).

2.2.5. Crise brasileira de abastecimento de energia elétrica no ano de 2001

A despeito da reestruturação do setor elétrico ter obtido uma melhoria na

ampliação do sistema de geração, em 2001 a crise de abastecimento de energia

elétrica ocorreu e o racionamento foi decretado pelo governo. A insuficiência de

investimentos no setor, a falta de planejamento, a escassez de chuvas com o

conseqüente esvaziamento dos reservatórios das barragens, foram alguns dos

principais eventos responsáveis pelo déficit energético. Para Oliveira (2006), o

problema surgiu como decorrência do atraso de obras em construção (geração e

transmissão) e da não implementação de novas usinas necessárias para equilibrar a

oferta e demanda.

De acordo com Parentes18 (2001), citado por Nassif (2006), as principais causas

da crise foram problemas com contratos de reajuste de tarifas, o não deslanche do

mercado atacadista de energia, indefinições regulatórias relacionadas à variação

cambial do gás e empecilhos nos contratos com a PETROBRÁS, além da lentidão do

processo de privatização no setor de energia. A despeito do governo não ter cumprido

sua parte na garantia do fornecimento ininterrupto de energia elétrica, houve

insuficiência de investimento privado, que estava associado à desconfiança dos

agentes econômicos em se engajarem em novos projetos que não se concretizariam

nem na proporção nem no tempo desejável para estes investidores (LEITE, 2006).

Outros fatores que também justificaram a falta de investimentos são analisados na

seqüência:

[...] desconhecer a rigidez orçamentária criada pela Constituição de 1998, que levou ao progressivo achatamento dos gastos em investimento, para abrir espaço para o pagamento de aposentarias e de outros direitos concedidos pela Carta sem a devida preocupação com o custeio dessas despesas (LOYOLA, 2006). [...] o aumento dos investimentos em geração somente poderia ser financiado com mais endividamento, o que implicaria elevar o risco macroeconômico, além do que se poderia considerar razoável. É preciso considerar seriamente que a volta aos bons tempos do investimento estatal tornou-se impossível porque o mercado não estará disposto a voluntariamente aumentar seu crédito para o setor público (LOYOLA, 2006).

18 Pedro Parente foi Ministro Chefe da Casa Civil no governo Fernando Henrique Cardoso. Fez esta declaração na abertura do Seminário Conservação de Energia daquele ano.

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O não investimento da iniciativa privada em geração ocorreu especialmente pela

falta de indicações construtivas e de iniciativas eficazes do governo federal, que não

instalou em tempo o Conselho Nacional de Política Energética, previsto desde 1997,

não estruturou políticas de longo prazo com definição de rumos para os órgãos da

administração pública e para o setor privado, nem compatibilizou as diretrizes da

regulamentação da eletricidade e do gás (LEITE, 2006). Outro indicativo para a falta

de interesse do setor privado, foram às tarifas de geração, que se comparadas em

dólares não eram atrativas, além da perspectiva de poder adquirir usinas já prontas

durante o processo de privatização (ROSA; TOLMASQUIM; D´ARAÚJO, 2000).

Krüger (2001), aponta para a questão de que a geração de energia, a partir de

usinas hidrelétricas, depende do ciclo das águas, isto é, de processos climáticos que

regulam o ciclo de evaporação e precipitação das águas. Em decorrência de

mudanças climáticas verificadas no planeta, especialmente desde 1990, instabilidades

no ciclo das águas tem efeito direto na geração de energia por meio de hidrelétricas.

Desta forma, períodos de seca prolongados, conduzem a níveis de reservatórios mais

baixos, com prejuízos à geração de energia. O nível dos reservatórios, a partir da

década de 1990, de acordo com Tolmasquim, Oliveira e Campos (2002) foi reduzido

até o limite de 19%, e mesmo diante de todas as evidências de uma possível crise, o

governo somente tomou por crítica a situação de abastecimento a partir de março/abril

de 2001, quando decretou oficialmente o racionamento de energia elétrica.

Conforme Sauer, Vieira e Kirchner (2006), os reservatórios da região Sudeste

representavam 68% da capacidade de armazenamento do país. Até o ano de 1993

verificou-se que mais de 95% de sua capacidade estava preenchida ao final do

período chuvoso, em 2001 no mesmo período, encontravam-se abaixo de 34%

Há indícios de que, no período entre 1991 e 2001, a demanda de energia

cresceu em média 4,1% ao ano, enquanto a oferta cresceu apenas 3,3%, sendo a

defasagem acentuada a partir de 1995, superando os 10% acumulados da década.

As chuvas dos dois últimos anos ficaram 12% e 5% abaixo da média histórica.

Entretanto, tais oscilações ainda seriam gerenciáveis caso a operação do sistema de

geração hidrelétrica fosse realizado de acordo com os fundamentos para os quais foi

projetado, e cujos custos de construção e operação estavam sendo refletidos nas

tarifas pagas pelos consumidores. Problemas com a transmissão agravaram a crise

em andamento, e no fim do ano de 2000 e início de 2001, a água em excesso vertida

em ITAIPU poderia ter aliviado a situação, possibilitando a economia nos demais

reservatórios do Sudeste. A inviabilidade deu-se devido à terceira linha de transmissão

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da UHE Itaipu com capacidade de transportar até 2 mil MW para o Sudeste ainda não

estar concluída (SAUER; VIEIRA; KIRCHNER, 2006; NETO, 2007).

O Governo Federal, no intuito de minimizar os impactos do apagão, criou um

plano de racionamento baseado em forte apelo à população e aumento de impostos e

tarifas sobre o preço da eletricidade. Os consumidores foram prejudicados com a

redução da confiabilidade dos serviços, ameaça permanente de racionamento,

mudança forçada de padrões de consumo, além da atividade econômica que arcou

com o estrangulamento do crescimento do país. Sobre este tema tem-se a seguinte

consideração:

O impacto da mudança sistemática foi desigual para os diferentes extratos de consumo, afetando mais aqueles que consumiam até 30kWh e aqueles cujo consumo situava-se imediatamente acima do (novo) limite superior de consumo, pela perda total dos descontos (SAUER; VIEIRA; KIRCHNER, 2006, p.30).

Em resposta à criticada crise de suprimento de energia elétrica em andamento, o

governo federal criou a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica - CGE,

implantada pela Medida Provisória nº 2.147 em 15 de maio de 2001, cuja

responsabilidade passaria pela gestão e superação do problema. Seu objetivo

principal era propor e implementar medidas de natureza emergencial, em face da

situação hidrológica crítica, para compatibilizar a demanda e a oferta, e evitar a

interrupção do suprimento de energia elétrica. A CGE foi instalada na Presidência da

República, sob a direção do Ministro-chefe da Casa Civil (TAVARES, 2003). Por sua

vez, a Câmara criou o Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico19, cujos

objetivos eram propor medidas de correção das disfuncionalidades correntes e

aperfeiçoamentos para o novo modelo do setor elétrico.

De acordo com Sauer, Vieira e Kirshner (2006), o Comitê de Crise foi uma

tentativa emergencial de administração da crise, que deveria minimizar os impactos

macro e microeconômicos, entretanto, não foi capaz de redesenhar e executar as

mudanças necessárias para reorganizar o setor elétrico brasileiro e o maior, senão o

principal problema: a persistente indefinição sobre o marco regulatório. O plano

emergencial divulgado em junho de 2001, repassou o custo da crise para os

consumidores e possibilitou que os investidores do setor elétrico se beneficiassem

com vantagens como socialização do risco cambial e outros benefícios vinculados à

construção das usinas termoelétricas. Sobre este assunto tem-se a seguinte

consideração: 19 Instalado em 27/06/2001 – Resolução nº 18, 2001.

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Outra concessão governamental foi determinar o aumento do valor normativo da geração, o que implicará novos aumentos da tarifa, já alta. A lógica é tornar os preços da eletricidade mais atrativos para o capital privado, não obstante inexistam exigências quanto à contrapartida de investimentos privados, suficientes para garantir a qualidade e confiabilidade (SAUER, VIEIRA, KIRSHNER, 2006, p.33).

De acordo com Tolmasquim, Oliveira e Campos (2002), do ponto de vista dos

consumidores, estes foram grandemente prejudicados não apenas pela redução da

confiabilidade dos serviços e a mudança forçada nos padrões de consumo, mas,

sobretudo, pelo valor das tarifas cobradas no ano de 200120. Tais aumentos, segundo

os autores, foram decorrentes de fatores como: 1) mudança dos critérios de

enquadramento dos beneficiários de tarifas sociais, com redução do limite superior

para desconto; 2) remoção da progressividade na concessão dos descontos, para

consumos superiores ao limite de desconto; 3) redução do nível de desconto por

classe de consumo residencial; 4) correções feitas por uma mistura de IGP-M e dólar.

Para os autores, estas circunstâncias demonstraram que os consumidores arcaram

com o custo do racionamento.

Um ano após a crise de abastecimento, a Confederação Nacional das Indústrias

de São Paulo realizou uma pesquisa publicada na revista Sondagem Industrial com

1.159 pequenas e médias e 238 grandes empresas de todo o Brasil, no período de 27

de junho a 16 de julho de 2002 à qual seguem as principais conclusões:

• 37% entre as pequenas e médias empresas declararam ter reduzido o

consumo de energia elétrica por unidade de produto e entre as grandes o

percentual chegou a 41%;

• o aumento da eficiência no uso da energia elétrica foi mais freqüente nas

regiões de racionamento mais intenso e inferior a 20% na região Sul;

• a compra de máquinas mais eficientes foi a medida adotada com mais

freqüência em praticamente todos os setores;

• no Sul 64% das empresas afirmaram não ter sofrido maiores conseqüências,

participação que cai para 29% na região Sudeste;

20 A tarifa média residencial de 2001 (período janeiro à setembro) foi majorada em 131,5% em relação aos preços médios praticados em 1995. Os demais consumidores também tiveram aumentos acima da inflação, entre 25% e 30%, desde o início das privatizações em 1995 (TOLMASQUIM; OLIVEIRA; CAMPOS: 2002).

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• para mais de 30% das empresas, independentemente do porte a crise não foi

superada. Estas expectativas afetaram as decisões de investimento em

eficiência energética e no uso de geração própria ou fontes alternativas.

Ao final de 2001 e início de 2002, iniciaram-se os procedimentos para finalizar o

programa de racionamento, por meio de um acordo geral do setor, formalizado em

dezembro de 2001 e instituído em 28 de fevereiro de 2002. Pelo Decreto nº 4.261 de

06/06/2002 a CGE foi extinta a partir de 30 de junho de 2002 e seu acervo documental

transferido para a Câmara de Gestão do Setor Elétrico – CGSE, que por força do

mesmo decreto, passou a integrar o Conselho Nacional de Política Energética

(TAVARES, 2003). De acordo com Zimmermann (2006), algumas lições foram

aprendidas com o racionamento de energia de 2001:

• há ainda um grande potencial de eficiência energética em todos os setores

de consumo;

• é fundamental uma política de eficiência energética estruturada;

• consumidores residenciais (e alguns de outros segmentos de consumo, como

prédios e serviços públicos, comércio etc.) não reduziram seu conforto na

proporção da redução do consumo de energia;

• houve relativo impacto na economia em razão das restrições de consumo na

indústria (relativos porque a redução pode ser gerenciada pelo consumidor).

Entende-se que a crise de 2001, independente de suas características

econômicas e institucionais, alertou para a necessidade de introduzir novas fontes

de energia primária na matriz energética nacional. Januzzi (2002) considera que

parte significativa da redução do consumo verificada foi resultado da introdução de

tecnologias mais eficientes, substituição de eletricidade por energia solar e gás (Gás

Natural - GN e Gás Liquefeito de Petróleo - GLP) e também alterações nos padrões

de comportamento do consumidor residencial.

2.2.6. Eficiência Energética em Prédios Públicos

O PROCEL iniciou suas ações de economia de energia em prédios públicos em

1997 e atualmente estão cadastradas junto ao programa 14.800 edificações. As

unidades em âmbito federal, estadual e municipal devem promover a economia de

energia, a melhoria na qualidade dos sistemas de iluminação, refrigeração e

demais sistemas relevantes e a atualização tecnológica em seus laboratórios

(PROCEL, 2006).

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Os prédios públicos federais, atualmente presentes em todo território nacional,

têm as mais diversas destinações de uso, incluindo residências, escritórios, hospitais,

dentre outros. O controle e a gestão deste patrimônio cabe ao Ministério do

Planejamento por intermédio de suas secretarias. É responsabilidade da Secretaria de

Gestão atuar na elaboração, proposição, coordenação e apoio na execução de

programas e projetos de reforma e modernização do aparelho do Estado, incluindo-se

o programa proposto pelo PROCEL para eficientização em prédios públicos (NEXANT;

VIBHAVA; RSC; 2006).

De acordo com o Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAF (2006),

o consumo de energia elétrica do poder público, somando-se Executivo, Legislativo e

Judiciário, cresceu 47% nos últimos quatro anos, sendo em 2005 o maior aumento

desse período. Sobre estes dados tem-se a seguinte consideração:

Para o pagamento do serviço, saíram dos cofres públicos R$ 807 milhões no ano passado. O valor ultrapassa os R$ 659,8 milhões referentes ao total de gastos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de ser superior às aplicações do Ministério de Minas e Energia, que totalizaram R$ 771,7 milhões (SIAFI, 2006). [..] De 2002 a 2005, o total dos dispêndios com energia elétrica dos Três Poderes chegou a R$ 2,5 bilhões [..] (SIAFI, 2006).

Segundo o Programa PROCELEFICIÊNCIA, as edificações públicas,

considerando-se as esferas do governo federal estadual e municipal, representam

aproximadamente 3,2% de toda a energia elétrica consumida no país (CELESC,

2007). Devido as características construtivas e padrões de uso destas edificações,

dentre os maiores consumidores de energia destaca-se a iluminação de ambientes,

onde PROCEL estima um potencial de economia em torno de 20% se ações de

eficientização forem adotadas. Os resultados preliminares do Balanço Energético

Nacional – BEN de 2006, indicam que o consumo final de energia elétrica no setor

público e comercial foi de 89.583 GWh (Anexo–A), um incremento de 3,9% em relação

ao ano de 2005, e 23% do total do consumo final de energia do país (MME, 2007). A

concentração de prédios públicos do país mostrada na Figura 3, evidencia que 62% do

total de edificações públicas são responsabilidade da administração pública federal

(REDE CIDADES EFICIENTES, 2006).

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62%

14%

24%

Governo Federal Governo MunicipalGoverno Estadual

FIGURA 3 – CONCENTRAÇÃO DE PRÉDIOS PÚBLICOS DO PAÍS FONTE: REDES CIDADES EFICIENTES (2006)

Das 7.173 mil toneladas equivalentes de petróleo utilizadas no consumo de

energia útil, o setor industrial participou com 44,2%, o setor de transportes absorveu

25,2%, o setor energético, 11,6%, o setor residencial, 9,0%, o setor agropecuário,

6,0%, o setor comercial, 2,5% e o setor público, 1,5% (COPEL, 2007). Estas relações

são mostradas na Figura 4.

1000 tEP

Fontes Energético Res. Com. Público Agrop. Transp. Ind. Total Gás Natural 78 - - - - 7 92 177 Carvão Mineral

- - - - - - 2 2

Lenha - 153 7 - 164 - 301 625 Cana 438 - - - - - 581 1019 Outras Fontes Primárias

15 - - - - 1009 1024

Óleo Diesel 1 - 2 8 157 1104 18 1290 Óleo Combustível

67 - 2 - - 212 259 540

Gasolina - - - - - 297 - 297 GLP 1 227 12 - 6 - 18 264 Querosene - - - - - 37 1 38 Eletricidade 38 256 155 102 101 - 665 1317 Carvão Vegetal

- 11 3 - - - 3 17

Alcooletílico - - - - - 152 - 152 Outras Fontes Secundárias

190 - - - - - 221 411

TOTAL 828 647 181 110 428 1809 3170 7173 FIGURA 4 – CONSUMO FINAL DE ENERGIA ÚTIL POR SETOR NO ESTADO DO PARANÁ FONTE: COPEL (2007) Nota: tEP – tonelada Equivalente de Petróleo

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O Programa do PROCEL Eficiência Energética nos Prédios Públicos – EPP

previu investimentos de aproximadamente 2 milhões de reais para o ano de 2006, em

prédios que tenham a administração pública como gestora da unidade consumidora.

Essas unidades devem promover a economia de energia, a melhoria na qualidade dos

sistemas de iluminação e demais sistemas relevantes. Medidas técnicas e gerenciais

de baixo investimento podem reduzir o consumo, que significa em termos de energia

conservada uma economia de 1,4 TWh por ano (PROCEL, 2006).

Segundo o Manual de Treinamento da CICE da CEMIG, estima-se que o custo

operacional de um edifício (R$/m2) ao longo de sua vida útil possa superar o custo de

construção, de forma que a energia é um componente importante do custo total e varia

em função de diversos fatores. O consumo de energia elétrica em prédios públicos

está vinculado aos padrões tecnológicos e de eficiência energética dos diversos

equipamentos, arquitetura, clima local, atividade a que se destina e não menos

importante ao comportamento e grau de consciência dos usuários para o uso racional

da energia elétrica.

As edificações públicas e comerciais são fortemente influenciadas pela maior

densidade de usuários, equipamentos e lâmpadas que tendem a gerar

sobreaquecimento dos ambientes. As características de consumo de um típico prédio

público comercial, de acordo com a COPEL (2006), estão mostradas na Figura 5 e na

Figura 6.

Com o uso de condicionadores de ar

48%

13%

24%

15%

Condicionador de ar Elevadores e bombas

Iluminação Equipamentos de escritório

FIGURA5 – CONSUMO TÍPICO DE UM PRÉDIO PÚBLICO COMERCIAL FONTE: COPEL (2006)

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Observa-se que nos prédios públicos onde é feito uso de climatização artificial,

os condicionadores de ar podem consumir até 48% do total da energia elétrica gasta

pela edificação e a iluminação é o segundo maior consumo por uso final da energia

elétrica, respondendo por 24% do total dos gastos da eletricidade.

Sem o uso de condicionadores de ar

14%

70%

16%

Elevadores e bombas Iluminação Equipamentos de escritório

FIGURA 6 – CONSUMO TÍPICO DE UM PRÉDIO PÚBLICO COMERCIAL FONTE: COPEL (2006)

Nas edificações onde não há uso de climatização artificial, os gastos com

energia elétrica destinados à iluminação podem alcançar 70% do valor total do

consumo de energia, o que demonstra um grande potencial de economia com ações

voltadas ao uso correto e racional na iluminação de ambientes.

O Manual de Treinamento das Cices da CEMIG traz uma lista de características

comuns das edificações. A má utilização de energia elétrica em prédios públicos pode

estar relacionada à:

• uso de lâmpadas incandescentes e fluorescentes;

• inexistência de seccionamento de circuitos de iluminação;

• manutenção deficiente do ar condicionado e iluminação;

• falta de equipamentos de monitoramento de energia;

• desconhecimento total de técnicas de controle energético;

• mudanças contínuas no layout das instalações prediais;

• falta de compromisso com as despesas energéticas.

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Neste sentido, ações para maximizar o uso da energia elétrica são prioritárias

sob as perspectivas técnica e econômica e se entende que os administradores de

prédios públicos devam buscar maior aproximação com o PROCEL, e também a

observância das recomendações mínimas, propostas pelo programa., que podem

contribuir para minimizar os impactos negativos decorrentes do mau uso das

instalações.

O governo brasileiro tem realizado algumas iniciativas isoladas com o objetivo de

viabilizar a implementação da Eficiência Energética em prédios públicos, como

exemplo pode-se citar:

• o Programa de Eficiência Energética na Esplanada dos Ministérios, no

período de 1995 a 1998 que atuou em 17 edifícios da esplanada dos

ministérios, proporcionando uma economia anual de R$ 1.750.000,00,

representando uma redução de 25% das despesas anuais com energia

elétrica dos ministérios participantes;

• em 06 de janeiro de 2000, foi publicado o Decreto - Lei nº 3.330 que definiu

meta de redução de consumo de energia elétrica, pelos órgãos públicos, no

montante mínimo de 20% até dezembro de 2002.

De acordo com Magalhães (2001), as edificações públicas apresentam

oportunidades significativas de redução de custos e de economia de energia elétrica

pelo gerenciamento da instalação, adoção de equipamentos tecnologicamente mais

eficientes, emprego da arquitetura bioclimática e conscientização dos usuários da

edificação. Estimativas extraídas do Plano Nacional de Energia - PNE-2030 (EPE,

2007) indicam um potencial de eficiência energética para o setor público em torno de

1,6 TWh, correspondentes a R$ 205 milhões em economia.

Iniciativas objetivando a economia de energia em prédios públicos devem ser

precedidas da constituição de um programa interno de conservação de energia, que

deverá ser iniciado com intensiva sensibilização dos usuários, passando ao uso do

marketing interno e divulgação constante e maciça de dicas de economia. A atuação

da alta administração é de grande relevância neste processo, cabendo-lhe estabelecer

os papéis e objetivos claros para o programa, enfatizar sua importância, aprovar e

estabelecer metas a serem atingidas no período e efetuar rigoroso acompanhamento.

Melhores resultados serão auferidos se a organização delegar a coordenação do

Programa de Conservação de Energia a uma Comissão Interna de Conservação de

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Energia – CICE. As CICE’s foram instituídas na administração pública federal pelo

Decreto 99.656 de 26 de outubro de 1990, e, embora dirigidas a prédios públicos

federais, sua concepção aplica-se a todo tipo de edificação, seja ele federal, municipal,

estadual e se for de interesse, da iniciativa privada (PROCEL, 2005).

Verifica-se também a falta de atualização e disponibilidade de dados referentes a

resultados obtidos com a eficientização em prédios públicos. Razão disso, segundo a

ELETROBRÁS (2006) são dificuldades em contratar estudos em função da burocracia

das compras públicas e na obtenção junto a ANEEL das informações a respeito dos

Prédios Públicos. Ademais, alguns dados são considerados confidenciais e a nova

apresentação no Balanço Energético Nacional – BEN contribuiu para a alteração do

detalhamento das informações.

2.2.7. Considerações gerais sobre a conservação e eficiência energética no Brasil

O MME (2006) por meio do PNE 2030 aponta que os agentes de consumo foram

receptivos às medidas de conservação, especialmente após o racionamento de 2001-

2002, mas os estudos subseqüentes demonstram que ainda existe espaço para um

potencial significativo de conservação. Segundo dados do PNE 2030, o valor total do

montante de energia elétrica previsto a ser conservado até o ano de 2015,

considerando-se que se efetivem ações e políticas com esse objetivo, corresponde a

um consumo de 56.303 GWh, o que em termos de carga de energia que deixará de

ser requerida das fontes de geração, equivale a aproximadamente 7.200 MW médios

anuais.

A despeito das preocupações com o meio ambiente e, no caso brasileiro, a

insegurança premente no suprimento de energia elétrica, algumas barreiras ainda

impedem que as ações e políticas em andamento surtam os reais e necessários

efeitos desejados. Dentre os principais obstáculos e barreiras ao avanço da

conservação, apontados por Reis e Silveira (2000) destacam-se:

• barreiras técnicas e econômicas;

• barreiras relacionadas com os produtores, distribuidores e fabricantes de

equipamentos;

• barreiras relacionadas com os consumidores;

• barreiras sociais, políticas e econômicas.

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Na seqüência, se encontram descritas algumas das principais barreiras à

eficiência energética de acordo com o EPE (2007):

• tecnológicas: os equipamentos eficientes precisam ter custos mais

competitivos; existe uma clara defasagem na indústria nacional;

• culturais: existe uma tendência ao desperdício, as decisões de compra são

baseadas no custo inicial e verifica-se uma falta de conhecimento das

técnicas de uso eficiente dos equipamentos;

• econômicas: o preço da energia tende a crescer nos próximos anos, mas

ainda assim constitui-se uma barreira a projetos de eficiência energética e o

custo de capital para alguns projetos ainda é muito alto;

• institucionais: o mercado de eficiência energética é ainda muito imaturo e

some-se a este fato que não existe uma única visão para a questão da

eficiência entre usuário e construtor, por exemplo.

Na pesquisa de Poole et al. (2006), foi apontado por provedores especializados

um ranking das principais barreiras à implementação de projetos de eficiência

energética, conforme descrito na Figura 7.

Dificuldades de financiamento, elevadas taxas de juros 1 Consumidor acredita que pode ele mesmo executar o projeto 2 Consumidor não prioriza melhoramentos em eficiência energética 3 Processo de tomada de decisão do cliente é complexo 3 Pessoal responsável por Organização e Métodos sente-se ameaçado pelo provedor do serviço de eficiência energética

5

Baixa compreensão dos potenciais benefícios 6 Baixo custo da energia 6 Em geral, provedores de serviços têm baixa credibilidade. 8

FIGURA 7 - PRINCIPAIS BARREIRAS À REALIZAÇÃO DE PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA FONTE: POOLE et. al. (2006)

Segundo Sauer (2005), verifica-se que as “ações de eficiência energética, em

geral na área de derivados de petróleo, de gás natural e de energia elétrica, sofrem

um conjunto de barreiras que tem a ver com a própria natureza da ação e

conservação”. Há de considerar-se que grupos empresariais interessados em

resultados econômicos pressionam em favor da produção de montantes adicionais de

energia, para tanto, disponibilizando mais pontos, o que não vai ao encontro das

políticas para redução e racionalização do consumo de energia.

O desafio é buscar a convergência de todas as cadeias produtivas que envolvem

o uso mais intenso de energia, de novas tecnologias, da consciência dos usuários e da

disponibilidade de profissionais capazes de ter, nesta ação, um exercício relevante.

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2.3. USO RACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA E A ILUMINAÇÃO Dados da pesquisa de Tupiassú e Pinho (2006) demonstraram que a utilização

de energia elétrica tem crescido exponencialmente nos últimos anos. No período

compreendido entre 1973 e 2000, a participação da eletricidade na utilização final de

energia no mundo passou de 9,6% para 15,%. De acordo ainda com os autores, no

Brasil, em 2002, a eletricidade participava com 15,8% da energia secundária, sendo

que no setor público, 76% da energia consumida eram em eletricidade. Levando-se

em conta que o metro quadrado de construção custa cerca de US$ 250, e que para

suprir esta mesma edificação em energia elétrica, o setor energético investe US$

400/m2, a iluminação converte-se num item relevante na análise e conseqüente

tomada de decisão de investidores.

As edificações públicas apresentam oportunidades expressivas de redução de

custos e economia de energia por meio do uso de produtos tecnologicamente mais

eficientes e modernos, ações de conscientização de seus usuários ou ainda pela

implantação de sistemas de gerenciamento da energia utilizada. A observância dos

novos conceitos da arquitetura bioclimática e de eficiência energética, desde a fase de

projeto das novas edificações e/ou nos de adequação de ambientes já existentes,

contribuem para melhorar o desempenho técnico e econômico destas edificações

(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997).

Neste sentido, vale exemplificar algumas iniciativas como o Programa para Uso

Eficiente de Energia na USP - PURE e o convênio de cooperação técnica e financeira

ocorrido em 2001 entre a Universidade Federal Fluminense – UFF e a Concessionária

Ampla (RJ),

O Programa Permanente para Uso Eficiente de Energia Elétrica na USP –

PURE, criado em 1997 pela portaria GR número 3062 (15/05/97), pode ser

considerado um caso de sucesso no âmbito de propostas oriundas de órgãos públicos.

Nascido da iniciativa de professores e pesquisadores do Departamento de Engenharia

de Energia e Automação Elétricas – PEA, Escola Politécnica da USP, inicialmente teve

por objetivo, a compreensão entre professores e pesquisadores da não utilização e

aproveitamento dos conceitos e ensinamentos propostos em sala de aula no que dizia

respeito a conservação de energia. Diante disso, foi proposto o projeto de pesquisa à

Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo - FAPESP, objetivando

identificar potenciais brechas para a aplicação dos princípios da conservação de

energia elétrica dentro da Universidade. Resultado desta primeira iniciativa foi o

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primeiro diagnóstico sobre o uso de energia elétrica que embora parcial, permitiu

chegar-se a potenciais de economia de energia de 20% em quase todas as

instalações. Neste contexto o PURE implantou um conjunto de medidas visando

promover a cultura, uso eficiente e racional da energia elétrica em todas as instalações

da Universidade (PURE, 2007). A Figura 8 mostra o primeiro adesivo utilizado no

marketing do programa:

FIGURA 8 – ADESIVO UTILIZADO NA PRIMEIRA CAMPANHA DO PROJETO PURE FONTE: PURE (2007)

O PURE de sua criação até a atualidade está comprometido com a

implementação de ações de economia de energia e conscientização da comunidade

universitária sobre a eficiência energética e a necessidade de se ter uma consciência

ecológica e atenção no uso racional dos recursos da Universidade. Os atuais projetos

na área de Gestão Energética da USP (PURE, 2007) são:

• SISGEN - sistema de monitoramento de uso de energia elétrica na

Universidade;

• implementação de projetos para reformas de instalações das unidades;

• CONTALUZ - sistema web de armazenamento de dados de energia elétrica e

gerenciamento de faturas;

• ações de aperfeiçoamento técnico de funcionários e de divulgação;

• ações que visam gerenciar os contratos de fornecimento de Energia;

• Multa Zero - projeto que visa eliminar multas das faturas de energia elétrica.

Outra fonte de benchmarking é o convênio de cooperação técnica e financeira

ocorrido em 2001 entre a Universidade Federal Fluminense – UFF e a concessionária

Ampla (RJ), onde foi sinalizada como uma das principais oportunidades de economia

de energia elétrica naquela edificação, a substituição do sistema de iluminação por

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alternativa mais eficiente (MONTEIRO, 2005). A despeito das questões econômicas e

financeiras, a iluminação é uma variável importante a ser analisada, dado que “[...] o

bem estar subjetivo e a condição emocional das pessoas que trabalham em

escritórios, são influenciadas pela luz artificial” (DEHOFF, 2006, p.70). Dentre os

resultados e benefícios alcançados com o projeto da UFF, verificou-se: “[...] melhoria

do desempenho dos alunos e professores, decorrente da adequação do nível de

iluminação ao estabelecido pela norma e da redução do ruído de fundo, devido à troca

de reatores convencionais por reatores eletrônicos” (MONTEIRO, 2005, p.74).

2.3.1. Considerações Gerais Sobre Sistemas de Iluminação Artificial

A preocupação com o uso racional e eficiente da energia elétrica tem tomado

cada vez mais espaço nas discussões dos problemas estruturais do país. Alvarez

(1998) afirma que comumente os gestores das edificações públicas incorrem no erro

de escolher um sistema de iluminação considerando apenas seu custo inicial,

ignorando as análises econômicas, os custos relacionados com o consumo de energia

elétrica, substituição, manutenção e especialmente a perda ou redução de

produtividade dos usuários destes ambientes. O Manual de Eficiência Energética na

Indústria da Companhia Paranaense de Energia - COPEL (2005), descreve que um

sistema de iluminação depende essencialmente de cuidados que se iniciam no projeto

elétrico e que envolvem informações gerais sobre luminárias, perfil de utilização, tipo

de atividade a ser exercida no local, dentre outras. Os novos projetos de iluminação,

segundo a COPEL (2005), devem considerar os pontos abaixo relacionados, para

obtenção de maior eficiência luminosa21:

• máximo aproveitamento da luz natural e determinação de áreas efetivas de

utilização;

• nível de iluminação adequado ao trabalho solicitado, conforme recomenda a

Norma Brasileira NBR-5413 Iluminância de Interiores;

• circuitos independentes para utilização de iluminação parcial e por setores;

• iluminação localizada em pontos especiais como: máquinas operatrizes ou

pranchetas de desenho;

• sistemas que permitam desviar o calor gerado pela iluminação para fora do

ambiente, visando reduzir a carga térmica dos condicionadores de ar;

21 É a relação entre a quantidade de lumens produzidos por uma lâmpada e a potência (watts) da lâmpada (COPEL, 2005).

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• seleção cuidadosa de lâmpadas e luminárias, buscando conforto visual com mínima carga térmica ambiental;

• utilização de relés fotoelétricos para controlar o número de lâmpadas acesas,

em função da luz natural no local.

Com respeito ao desempenho e ao conforto visual, a iluminação melhora a

produtividade, evitando baixa velocidade e falta de precisão no trabalho, cansaço dos

funcionários e a redução da motivação. Entenda-se por conforto visual:

[...] a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais, com o máximo de acuidade e precisão visual, com o menor esforço, com menor risco de prejuízos à vista e com reduzidos riscos de acidentes (LAMBERTS, DUTRA, PEREIRA, 1997, p.44).

Observa-se um número crescente de estudos que relacionam a influência da

iluminação sobre o bem estar dos trabalhadores, com destaque para as pesquisas

sobre ergonomia que, dentre outros quesitos, chamam a atenção para a variável

iluminação. A boa iluminação deve possuir um conjunto de atributos como

direcionamento adequado, intensidade suficiente sobre o local de trabalho e

proporcionar boa definição de cores e ausência de ofuscamento (LAMBERTS,

DUTRA, PEREIRA, 1997). Estas características é que permitirão o desenvolvimento

das tarefas visuais com maior eficiência e produtividade. A correta determinação da

iluminação do ambiente de trabalho não é apenas fator fundamental para a execução

das atividades visuais, mas fator de decisão no investimento de recursos na melhoria

do ambiente de trabalho (SILVA et al., 2006).

O nível de iluminância ideal está diretamente relacionado com o tipo de tarefa

visual e com a idade do usuário. Para tanto, a Norma Brasileira de Iluminância de

Interiores – NBR 5413 possibilita a determinação destes valores com base em três

variáveis: acuidade visual do observador, velocidade e precisão requerida no trabalho

e condições de refletância da tarefa. A Figura 9 relaciona os valores de referência que

deveriam ser consultados e utilizados pelos projetistas. Tais valores de iluminância

referenciados são classificados em: mínimo, médio e máximo para três faixas de

atividades, A, B e C, cada uma, subdivididas em três níveis, que complementados com

as referências da Figura 10, auxiliarão o projetista no cálculo ponderado das variáveis

que determinarão a escolha da iluminância mínima, média ou máxima para cada

ambiente.

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FAIXA ILUMINÂNCIA (LUX)

TIPO DE ATIVIDADE

20 30 50

Áreas públicas com arredores escuros

50 75 100

Orientações simples para permanência curta

A

Iluminação geral para áreas usadas ininterruptamente ou com tarefas visuais simples. 100

150 200

Recintos não utilizados para trabalho contínuo, depósitos.

200 300 500

Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de

maquinaria, auditórios. 500 750

1.000

Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de

maquinaria, escritórios

B

Iluminação geral para Área de trabalho

1.000 1.500 2.000

Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria

de roupas. 2.000 3.000 5.000

Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica de pequeno tamanho.

5.000 7.500 10.000

Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica.

C

Iluminação adicional para tarefas visuais difíceis.

10.000 15.000 20.000

Tarefas visuais muito especiais, cirurgia.

FIGURA 9 – ILUMINÂNCIAS PARA CADA GRUPO DE TAREFAS VISUAIS FONTE: NBR 5413 (1982)

Cabe observar que os valores recomendados em manuais, normas técnicas,

informações de fabricantes de equipamentos de iluminação e publicações científicas,

variam entre si, cabendo ao projetista o bom senso na especificação do nível de

iluminação dentro das faixas recomendadas. Tal uso de critérios sem embasamento

técnico e escolhas incoerentes pode incorrer em riscos de projetos mal dimensionados

com prejuízo ao usuário do local de trabalho e aumento do consumo de energia

elétrica.

PESO Características da

tarefa e do observador -1 0 +1

Idade Inferior a 40 anos 40 a 55 anos Superior a 55 anos

Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica

Refletância do fundo da tarefa22

Superior a 70% 30% a 70% Inferior a 30%

FIGURA 10 – FATORES DETERMINANTES DA ILUMINAÇÃO ADEQUADA FONTE: NBR 5413 (1982)

22 Refletância: relação entre o fluxo luminoso refletido e o fluxo luminoso incidente sobre a superfície. É medida geralmente em porcentagem (COPEL, 2005)

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2.3.2. Sistemas de Iluminação Artificial

Um projeto de iluminação deve considerar, criteriosamente, as componentes de

luz natural como as janelas e os recursos artificiais a serem utilizados, tais como

lâmpadas, luminárias, reatores, sistemas de controle e acessórios, observando-se

padrões de qualidade, a tecnologia empregada e os atuais selos de certificação

emitidos pelo PROCEL para equipamentos considerados eficientes. Um projeto

luminotécnico poderia ser resumido em:

• escolha de lâmpadas e luminárias adequadas;

• cálculo da quantidade de luminárias;

• disposição das luminárias no recinto e cálculo da viabilidade econômica.

Com respeito ao uso de novas tecnologias, produtos certificados com o Selo

PROCEL têm ganhado projeção por representarem racionalidade quanto ao uso da

energia elétrica. O Selo Procel abrange os equipamentos que apresentam os

melhores índices de eficiência energética dentro da sua categoria e também tem por

finalidade estimular a fabricação nacional de produtos mais eficientes no item

economia de energia elétrica e orientar consumidores no ato da compra a adquirirem

equipamentos que apresentem melhores níveis de eficiência energética.

O PROCEL concede o chamado Selo Verde a vários equipamentos tais como

lâmpadas, refrigeradores, reatores e outros, e atualmente estuda a viabilidade de

conceder o selo a outros produtos como bombas centrífugas, ventiladores de teto,

dentre outros. No caso particular das lâmpadas, o PROCEL instituiu o Selo Procel Inmetro de Desempenho, que deve estar sempre afixado às lâmpadas eficientes,

conforme demonstrado na Figura 11.

FIGURA 11 - SELO PROCEL INMETRO DE DESEMPENHO FONTE: PROCEL (2005, p.21)

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O Selo PROCEL Inmetro de Desempenho é concedido, anualmente, desde

novembro de 1998, aos produtos nacionais ou estrangeiros, etiquetados pelo

Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE desde que atendam aos níveis mínimos de

eficiência e qualidade definidos pelo programa (PROCEL, 2006).

Em 1984, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

- INMETRO, iniciou a discussão com a sociedade sobre o tema eficiência energética,

com a finalidade de racionalizar o uso dos diversos tipos de energia no país. Uma das

maneiras foi informar os consumidores sobre a eficiência energética de cada produto,

estimulando-os a fazer compras conscientes e econômicas. O Programa Brasileiro de

Etiquetagem - PBE é decorrente do Protocolo firmado em 1984 entre o então

Ministério da Indústria e do Comércio e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e

Eletrônica - ABINEE, com a interveniência do MME atualmente existem 22 programas

de etiquetagem, e a previsão do desenvolvimento de mais 20 programas para os

próximos anos. O Programa de Conservação de Energia atua por meio de etiquetas

informativas, com o objetivo de alertar o consumidor quanto a eficiência energética de

alguns dos principais eletrodomésticos nacionais. De acordo com o INMETRO (2007)

o principal objetivo do programa é “[...] através de etiquetas informativas, alertar o

consumidor quanto a eficiência energética de alguns dos principais eletrodomésticos

nacionais”.

Para cada linha de itens certificados o INMETRO dispõe de etiqueta própria, só

mudando as características técnicas de cada produto. As letras constantes nas

etiquetas indicam a respectiva eficiência energética. Por exemplo, um produto com a

etiqueta com a letra A é mais eficiente que um com a letra C. No caso das lâmpadas a

etiqueta garante que a eficiência energética já foi testada em laboratório e o fabricante

devidamente certificado pelo período de um no. A Figura 12 ilustra um modelo de

etiqueta para lâmpadas de num produto certificado. Fica disponível na Internet no site

do INMETRO, tabelas que relacionam todos os produtos aprovados no PBE e que,

estão autorizados a ostentar a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia - ENCE.

Segundo o INMETRO (2007) as tabelas são atualizadas periodicamente e

representam o estágio atual em termos de consumo de energia e/ou de eficiência

energética dos diversos produtos enfocados. As informações são de responsabilidade

dos fabricantes e encontram-se à disposição dos usuários/consumidores como fonte

de orientação e auxílio na escolha do melhor produto em termos de consumo elétrico

e/ou eficiência energética.

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FIGURA 12 – ETIQUETA PARA LÂMPADAS FONTE: INMETRO (2007)

O INMETRO, que de forma voluntária, vinha estabelecendo programas de

etiquetagem, passou a ter a responsabilidade de estabelecer programas de avaliação

da conformidade compulsórios na área de desempenho energético, passando a

desempenhar papel fundamental na implementação da Lei de Eficiência Energética.

Destaca-se a importância da ELETROBRÁS e da PETROBRÁS como parceiros

estratégicos na promoção da eficiência energética como a melhor forma de consumo

racional e econômico (INMETRO, 2007).

Como resultado desta iniciativa, percebe-se que os fabricantes têm investido

na melhoria contínua e no desenvolvimento de produtos que se enquadrem dentro das

exigências do INMETRO e PROCEL e, simultaneamente, respondam aos desejos dos

consumidores. Cabe ressaltar o investimento de US$ 2,1 milhões, realizado pela

ELETROBRÁS/PROCEL, com recursos do Global Environment Facility – GEF e do

Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, na ampliação da infra-estrutura de

cinco laboratórios. Esta iniciativa possibilitará o início dos trabalhos para a concessão

da etiquetagem e do Selo Procel para luminárias (PROCEL, 2006).

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LÂMPADAS

Após a descoberta da eletricidade e a invenção da lâmpada, a iluminação

artificial se tornou inseparável da edificação, dados os benefícios decorrentes como o

aumento da produtividade e extensão das horas de lazer. Da lâmpada romana em

terracota as atuais tecnologias a LED, o maior desafio dos projetistas de iluminação é

o emprego eficiente da luz artificial. “[...] iluminação é para pessoas e não para a

edificação” (RODRIGUES, 2005 p.10). Atualmente existem diferentes tipos de

lâmpadas com as mais variadas aplicações para uso em edificações residenciais,

comerciais, iluminação externa dentre outras. Lamberts, Dutra e Pereira (1997),

classificam as lâmpadas em dois grupos: a) irradiação por efeito térmico: as lâmpadas

incandescentes; b) descarga em gases de vapores, fluorescentes, vapor de mercúrio,

de sódio etc.

Lâmpadas Incandescentes

A lâmpada incandescente comum é o modelo mais simples e ainda o mais

utilizado dentre os disponíveis no mercado. Sua vida útil é curta, cerca de 1.000 horas,

apresenta baixas eficiências energética e luminosa, apresentando-se em bulbos claros

ou leitosos e é de baixo custo o que a torna um produto popular. A grande vantagem

no uso deste tipo de lâmpada é que dispensa o uso de aparelhagem auxiliar (exceto

os modelos de lâmpadas halógenas) e seu tamanho é reduzido. De acordo com Dias

(2005), a lâmpada incandescente foi concebida no final do século XIX e emitia uma luz

branca de tom levemente amarelado. Seu princípio de funcionamento é produzir luz

pela elevação da temperatura de um filamento, na maioria das vezes o tungstênio, ao

ser submetido à corrente elétrica (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997). Este tipo de

lâmpada é comumente utilizado em edificações residenciais e comerciais

Os fabricantes têm tido a preocupação de melhorá-las tecnologicamente,

investindo no aumento da vida útil. Uma lâmpada convencional de 100 Watts pode ser

substituída por uma lâmpada econômica especial de 90 Watts sem prejuízo do nível

de iluminância (COPEL, 2005). As lâmpadas incandescentes espelhadas possuem um

refletor interno para melhorar o direcionamento da luz, funcionando a área espelhada,

como uma espécie de luminária. “O refletor pode ter um perfil parabólico ou elíptico,

sendo este último especialmente importante quando a lâmpada está embutida numa

luminária de corpo profundo e aletas antiofuscantes” (LAMBERTS, DUTRA; PEREIRA,

1997, p.76).

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A lâmpada halógena é uma lâmpada incandescente na qual é substituída a

atmosfera no interior do bulbo por um elemento halógeno, quase sempre o iodo.

Possui luz branca e brilhante, que possibilita realçar as cores e os objetos, com

eficiência energética maior em relação às lâmpadas incandescentes comuns. Sua

característica construtiva permite uma redução do seu tamanho (cerca de 10 a 100

vezes) se comparada às similares convencionais. Em termos de economia, oferece

mais luz com potência menor ou igual à das incandescentes comuns. Sua eficiência é

da ordem de 15lm/W a 24lm/W e sua vida útil é mais longa, variando entre 2.000 e

4.000 horas. São lâmpadas de 12V que necessitam de transformadores para uso na

rede elétrica. As lâmpadas halógenas emitem mais radiação ultravioleta que as

lâmpadas incandescentes normais, entretanto, os níveis presentes são inferiores aos

da luz solar, de modo que não causam risco à saúde se não houver exposição

prolongada de partes sensíveis do corpo (KAISER, 2006).

Lâmpadas de Descarga Gasosa

As lâmpadas de descarga gasosa podem ser utilizadas em edificações

comerciais e residenciais, basicamente lâmpadas fluorescentes comuns, as

compactas e as lâmpadas de vapor de mercúrio.

A luz é produzida pela radiação emitida pela descarga elétrica, através de uma mistura gasosa composta de gás(es) inerte(s) e vapor(es) metálico(s). A mistura gasosa encontra-se confinada em um invólucro translúcido (tubo de descarga) em cujas extremidades encontram-se inseridos eletrodos (hastes metálicas ou filamentos) que formam a interface entre a descarga e o circuito elétrico de alimentação (KAISER, 2006 p.313).

De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (1997), devido ao seu princípio de

funcionamento, estas lâmpadas necessitam de dispositivos auxiliares, como reatores e

starters23. Apresentam também algumas desvantagens como o efeito estroboscópico24

que se produz em razão de as lâmpadas piscarem na mesma freqüência da tensão de

alimentação (60 Hz). As lâmpadas de descarga podem ser ainda classificadas pela

pressão interior do tubo com a lâmpada em funcionamento, basicamente as lâmpadas

de descarga de baixa pressão e as de descarga de alta pressão.

23 Starter é um dispositivo que funciona como um interruptor automático, fechando o circuito de preaquecimento dos filamentos nos eletrodos da lâmpada fluorescente. Assim que o gás é ionizado e a lâmpada dá a partida, o starter abre, deixando de alimentar os filamentos da lâmpada (COPEL, 2005). 24 Alteração da velocidade de um objeto devido à visão ou à fotografia intermitente de uma sucessão de objetos exatamente iguais que causa uma tremulação na tela.

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Atualmente pode-se encontrar uma melhor qualidade do gás e do revestimento no

interior destas lâmpadas, o que resulta em melhoria na reprodução das cores, na

redução do tamanho das lâmpadas e em técnicas eficientes de economia de energia.

Lâmpadas Fluorescentes

Data do período de 1940 o aparecimento das primeiras lâmpadas fluorescentes

também conhecidas no mercado como lâmpada tubular fluorescente. Tal

nomenclatura advém da geometria do seu tubo de descarga sendo utilizada em

praticamente todos os campos da iluminação (HENDERSON; MASDEN, 1972). A

lâmpada fluorescente utiliza descarga elétrica através de gás e consiste num bulbo

cilíndrico de vidro revestido de material fluorescente (cristais de fósforo), contendo

vapor de mercúrio à baixa pressão em seu interior e em suas extremidades eletrodos

de tungstênio. Seu funcionamento depende de equipamentos auxiliares como um

reator, cuja finalidade é fornecer alta voltagem inicial para iniciar a descarga de forma

rápida e limitar a corrente para manter a descarga em segurança; e um starter que tem

a finalidade de ligar e desligar os eletrodos, no caso de reatores de partida

convencional. Com respeito à irradiação de cores, pode ser encontrada em diversas

tonalidades, dependendo do fabricante e da finalidade de uso.

As lâmpadas fluorescentes disponíveis no mercado utilizam bulbos de vidro

transparente, designados pela letra T (de tubular) seguida de um número que indica

seu diâmetro máximo em oitavo de polegadas. No geral as lâmpadas fluorescentes

possuem boa eficiência luminosa e maior vida útil média se comparada às lâmpadas

incandescentes conforme observado na Figura 13. A baixa luminância configura-se

como vantagem, pois reduz o ofuscamento (KAISER, 2006).

MODELO POTÊNCIA DIÂMETRO CONSUMO

T-8 16 e 32 W 26 mm 80%

Fluorescente comum T-12 20 e 40W 38 mm 100%

FIGURA 13 – COMPARAÇÃO ENTRE LÃMPADAS FLUORESCENTES COMUNS E T8 FONTE: ADAPTADO DE LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA (1997, p.78)

As principais vantagens das lâmpadas T-8 é uma potência entre 20% e 30%

respectivamente menor para reproduzir o mesmo nível de luminância. O seu menor

volume resulta em melhor estética e numa reprodução de cores satisfatória, com

menor obstáculo à reflexão das luminárias.

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A Figura 14 ilustra um esquema de estrutura interna e o princípio de

funcionamento de uma lâmpada fluorescente tubular.

FIGURA 14 – ESTRUTURA INTERNA DE UMA LÂMPADA FLUORESCENTE FONTE: KAISER (2006, p.315)

A Figura 15 apresenta algumas importantes características de lâmpadas

fluorescentes e incandescentes. Observa-se que as lâmpadas fluorescentes são

aproximadamente 6.000 vezes mais eficientes que as incandescentes e apresentam

vida útil 8 vezes superior às incandescentes. O índice de reprodução de cores, no

entanto, permanece inferior se comparado às lâmpadas incandescentes, o que não a

descaracteriza como produto eficiente. Cabe observar que a eficiência luminosa das

lâmpadas fluorescentes é cerca seis vezes maior em relação às incandescentes.

FLUORESCENTES TIPO DE LÂMPADA T-12 T-8

INCANDESCENTES

Potência (W) 40 36 60 100

Fluxo luminoso (lm) 3150 3275 730 1380

Eficiência luminosa lm/W 78,7 90,9 12 13,8

Vida útil (h) 8000 8000 1000 1000

Índice reprodução de cores 62 82 100 100

FIGURA 15 – CARACTERÍSTICAS DAS LÃMPADAS FLUORESCENTES E INCANDESCENTES FONTE: KAISER (2006, p.317)

As lâmpadas fluorescentes podem ser utilizadas em edificações comerciais,

industriais e residenciais, podendo também ser empregadas na iluminação de

interiores. Não oferecem riscos à saúde, dado que a quase totalidade da radiação

ultravioleta emitida pela descarga é absorvida pelo pó fluorescente e pelo vidro do

tubo descarga (KAISER, 2006).

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Lâmpadas Fluorescentes Compactas As fluorescentes compactas possuem baixa potência (5 a 36 W) e podem ser

utilizadas em diversas situações onde tradicionalmente utilizam-se lâmpadas

incandescentes. São compostas basicamente por um pequeno bulbo fluorescente,

com comprimento variando entre 104mm a 234mm, possuindo em alguns modelos os

dispositivos de partida (reatores e starters) incorporados ao seu invólucro compacto.

Estas lâmpadas têm uma vida útil estimada em 5.000 horas e podem ser encontradas

no mercado basicamente em quatro formatos:

• forma circular com diâmetro padrão (26mm), com starter e reator

incorporado;

• forma compacta com dois ou mais tubos paralelos interconectados, com

starter e reator incorporados;

• forma compacta com invólucro adicional, com reator e starter incorporados;

• forma compacta com dois ou mais tubos paralelos interconectados, sem

dispositivos de partida incorporados.

A Figura 16 ilustra uma lâmpada fluorescente compacta com dois tubos

independentes, mostrando um de seus filamentos e o percurso de descarga no seu

interior.

FIGURA 16 – LÂMPADA FLUORESCENTE COMPACTA COM STARTER FONTE: KAISER (2006, p.318)

A Figura 17 mostra uma comparação entre as lâmpadas fluorescentes

compactas e as incandescentes. Aquelas, por serem lâmpadas de descarga, chegam

a poupar até 80% da energia. Essas lâmpadas só são realmente econômicas quando

têm uma vida útil mais longa.

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Assim, deve-se analisar na hora da compra, qual sua durabilidade em horas,

posto que existem lâmpadas compactas, especialmente as eletrônicas de uso

doméstico, com vida útil de 15.000 horas até inexpressivas 3.000 horas. Lâmpadas

com menos de 5.000 horas de vida útil não chegam a ser economicamente viáveis

(OSRAM, 2006).

LÂMPADAS FLUORESCENTES COMPACTAS Reator integrado (com base E27)

LÂMPADAS INCANDESCENTES

Potência Lâmpada (Watt)

Potência total (incluindo reator/(Watt)

Fluxo Luminoso (lúmen)

Potência (Watt)

Fluxo Luminoso (lúmen)

5 10 250 25 220 7 11 400 40 470 9 12 600 60 780 11 14 900 75 980 13 17 900 75 980 23 27 2700 100 1620

FIGURA 17 – LÃMPADAS FLUORESCENTES COMPACTAS VERSUS INCANDESCENTES FONTE: COPEL (2005 p. 48)

Dentre as lâmpadas de descarga, existem modelos cujas principais

características e aplicações, com base nas descrições de Lamberts; Dutra e Pereira

(1997) e adaptado da COPEL (2005) estão na seqüência relacionadas:

• vapor de mercúrio: operam como as fluorescentes por meio de descarga

elétrica numa mistura de vapor de mercúrio com pequena quantidade de

argônio, atingindo altas pressões internas durante o funcionamento.

Necessitam para seu funcionamento de um reator e, em alguns casos, de

ignitor. Possuem vida útil estimada em 6.000 a 9.000 horas, luminância

média, pequeno volume e boa eficiência luminosa, (45 a 65 lm/W), a luz tem

aparência branco-azulada, além de serem oferecidas em potências elevadas.

São recomendadas para uso na iluminação pública, pátios, estacionamentos,

áreas livres, depósitos e ambientes que não requeiram excelência no grau de

reprodução de cores. Como desvantagens, podem-se considerar seu alto

custo inicial e o tempo longo para atingir o fluxo luminoso máximo;

• multivapor metálico: lâmpadas de mercúrio à alta pressão, que emitem luz

branco-prateada e têm melhor reprodução de cores em relação à lâmpada de

mercúrio comum, com maior eficiência luminosa. Também requerem

equipamentos auxiliares tais como um reator e ignitor. São utilizadas em

auditórios e iluminação de exteriores tais como monumentos, vias rápidas,

pontes, viadutos, túneis e outros do gênero;

• lâmpada mista: é composta de um tubo de descarga a vapor de mercúrio,

conectada em série com um filamento de tungstênio, ambos encapsulados

por um bulbo ovóide recoberto internamente com uma cama de ítrio. Podem

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ser alojadas em luminárias próprias para lâmpadas incandescentes e,

comparadas com estas, apresentam eficiência luminosa superior e vida útil

média mais longa. São recomendadas para uso em ambientes internos e

externos. Importante consideração: só operam na tensão de 220 Volts;

• vapor de sódio à alta pressão: consiste de um tubo de descarga de óxido de

alumínio, sintetizado, contendo sódio a alta pressão, encapsulado por um

bulbo tubular ou ovóide recoberto por uma camada de pó difusor. Dependem

da utilização de um sistema externo de ignição, embora alguns modelos mais

modernos o dispensem. Uma de suas desvantagens é que levam de cinco a

oito minutos para atingir 80% de seu fluxo luminoso máximo. Têm vida longa

média de 6.000 a 9.000 horas e altíssima eficiência luminosa.

Com respeito à eficiência luminosa, as lâmpadas se diferenciam não só por

diferentes fluxos luminosos que irradiam, mas também pelas diferentes potências que

consomem. A Figura 18 mostra a eficiência luminosa (lm/W) de um grupo de lâmpadas

dos quais alguns modelos foram anteriormente descritos:

FIGURA 18 – EFICIÊNCIA LUMINOSA (lm/W) FONTE: OSRAM (2006, p. 5)

Observa-se que tem crescido a preocupação com a eficiência energética dos

produtos não apenas em cumprimento as exigências do Programa de Etiquetagem,

mas, sobretudo, pela imagem que procuram passar ao mercado consumidor. A

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competitividade está alicerçada não apenas em preços mais baixos, mas em produtos

sustentáveis, seguros e ambientalmente corretos.

Uma lâmpada fluorescente, enquanto estiver intacta, não oferece risco. No

entanto, se rompida, liberará vapor de mercúrio, que pode contaminar pelos pulmões

quem a manuseia. No caso de rompimento, o mercúrio existente em seu interior (da

ordem de 20mg) é liberado sob a forma de vapor, por um período de tempo que varia

em função da temperatura do ambiente e que pode se estender por várias semanas. O

impacto sobre o meio ambiente causado por uma única lâmpada é relativamente

desprezível, no entanto, o somatório das lâmpadas descartadas anualmente (cerca de

40 milhões só no Brasil), representa um risco ambiental a considerar-se (ATIYEL,

2001). Diante disso, produtos competitivos devem oferecer, sobretudo, segurança aos

usuários em função dos riscos potenciais que podem causar prejuízos à saúde

humana e ao meio ambiente.

LUMINÁRIAS

Para Rodrigues (2005), as luminárias são equipamentos que recebem a fonte de

luz (lâmpadas) e modificam a distribuição espacial do fluxo luminoso. Ghisi e Lamberts

(1998) entendem que por meio da seleção do material e da forma apropriada, a

luminária pode ser mais eficiente diminuindo a carga total de iluminação.

Segundo Alvarez (1998), um dos parâmetros mais importantes da luminária é a

sua eficiência, que na prática, corresponde à porcentagem de luz irradiada pela

lâmpada que efetivamente é emitida pela luminária. Observações indicam que, quanto

maior a eficiência da luminária, menor a probabilidade de conforto visual e vice versa,

pois o excesso de fluxo luminoso pode causar ofuscamento. Segundo Szokolay25

(1980), citado por Lamberts, Dutra e Pereira (1997), a eficiência de uma luminária

pode ser obtida pela fração de sua emissão de luz (ou FEL) ou rendimento, dada pela

relação entre luz emitida pela luminária dividida pela luz emitida pela lâmpada em

valores percentuais.

De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (1997), o valor da fração de emissão

da luz da luminária, depende dos materiais utilizados na sua fabricação, da refletância

das suas superfícies, forma, dispositivos de proteção das lâmpadas e do seu estado

de conservação. Os autores ainda chamam a atenção para o fato de que a luminária

25 SZOKOLAY, S.V. [1987]. Thermal design of buildings. RAIA Education Division, Red Hill, Australia.

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pode modificar (controlar, distribuir e filtrar) o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas:

desviá-lo para outras direções (defletores) ou reduzir a quantidade de luz em outras

direções para diminuir o ofuscamento (difusores).

Os componentes de uma luminária, segundo Rodrigues (2002), podem ser

divididos em:

• receptáculo para fonte luminosa: elemento de fixação que funciona como

contato elétrico entre o circuito de alimentação externo e a lâmpada. As

partes isolantes são constituídas em porcelana vitrificada, as condutoras

devem ser de latão e as partes que possuem efeito de mola, em bronze

fosforoso. Recomenda-se verificar a resistência à temperatura de

funcionamento e a estabilidade de fixação da lâmpada quando a luminária

estiver sujeita à intensa vibração mecânica, o que necessariamente obrigará

o uso de soquetes tipo antivibratórios;

• refletores: dispositivos que servem para modificar a distribuição espacial do

fluxo luminoso de uma fonte. Cada tipo de refletor possui sua aplicação

específica. Sua arquitetura pode ser em vidro ou plásticos espelhados,

alumínio polido, chapa de aço esmaltado ou pintado de branco;

• refratores: dispositivos que modificam a distribuição do fluxo luminoso de

uma fonte utilizando o fenômeno da transmitância. Em muitas luminárias, tal

dispositivo tem como finalidade principal a vedação, protegendo a parte

interna contra elementos externos (poeira, chuva, outros) e impactos;

• difusores e colméias: os difusores são elementos translúcidos, foscos ou

leitosos, colocados em frente à fonte de luz com a finalidade de diminuir sua

luminosidade reduzindo as possibilidades de ofuscamento.

• carcaça, órgãos de fixação e de complementação: as luminárias podem ter

sua estrutura básica construída com diversos materiais. No caso das

luminárias para lâmpadas fluorescentes, a carcaça é o próprio refletor, de

chapa de aço, e acabamento em tinta esmaltada branca. A espessura da

chapa deverá ser compatível com a rigidez mecânica do aparelho. Há

recomendações para as luminárias utilizadas no tempo ou em ambientes

úmidos, dando-se preferência a carcaças de alumínio ou plásticos,

devidamente estabilizados contra radiações;

• equipamentos auxiliares: podem ser divididos em reator eletromagnético ou

reator eletrônico, ignitor, sensor de presença, sistema por controle

fotoelétrico, minuterias e dimmers.

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Com respeito aos requisitos que uma luminária deve possuir, a COPEL (2005)

relaciona:

• alto rendimento inicial, conseguindo passar ao ambiente o máximo do fluxo

luminoso que a lâmpada emite;

• correta distribuição luminosa, com orientação adequada do fluxo luminoso

sobre o plano de trabalho;

• boa conservação do fluxo luminoso no decorrer do uso;

• pouca interferência com a lâmpada.

REATORES

Segundo Kaiser (2006), a maioria das instalações que utilizam lâmpadas

fluorescentes é alimentada em corrente alternada na freqüência usual de rede (50 ou

60 Hz). Para a ignição e a estabilização da corrente da lâmpada, o dispositivo utilizado

é o reator. O reator deve realizar basicamente três funções: a) possibilitar a ignição da

lâmpada; b) estabilizar a corrente da lâmpada no seu valor nominal de operação e c)

atender as especificações da forma de onda normatizada para a corrente da

lâmpada26.

As lâmpadas a vapor de mercúrio e a vapor de sódio também necessitam, para

seu funcionamento, de instalação de reatores, dado que apresentam perdas de

aquecimento e magnetização. Reatores de boa qualidade poderão reduzir o consumo

de energia e as perdas. Nos produtos de qualidade inferior, as perdas podem chegar

até 60% do consumo final da instalação. Sua vida útil média é de 10 anos ou superior

para os produtos de boa qualidade (COPEL, 2005).

A Figura 19 apresenta a potência média das perdas de reatores das lâmpadas

de vapor de mercúrio e vapor de sódio.

26 As normas de lâmpadas fluorescentes especificam que a corrente na lâmpada, operando em regime permanente, deve ter um fator de crista inferior a 1,7. O fator de crista é o quociente do valor de pico da forma de onda pelo seu valor eficaz (KAISER, 2006).

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LÂMPADA POTÊNCIA (W) PERDAS REATOR (W) 80 13 125 14 250 21

Vapor de Mercúrio 400 23 50 13 70 13 150 21 250 32

Vapor de Sódio

400 40 FIGURA 19 – POTÊNCIA MÉDIA DE PERDAS EM REATORES DE LÂMPADAS ESPECIAIS FONTE: COPEL (2005 p. 53)

A Figura 20 mostra a potência média das perdas de reatores das lâmpadas

fluorescentes com reatores eletromagnéticos e eletrônicos. Note-se que os reatores

eletrônicos provocam perdas mais baixas ou quase nulas em alguns casos.

TIPO DE REATOR

LÂMPADAS

(Qtde x Watts)

TIPO CONVENCIONAL COM STARTER

(perdas em Watts)

TIPO PARTIDA

RÁPIDA (perdas em

Watts) 1 x 20 7 12

Simples 1 x 40 13 15 2 x 20 14 24

Duplo 2 x 40 20 22 1 x 16 - 11 1 x 32 - 13 1 x 85 - 26

Simples 1 x 110 - 32 2 x 16 - 13 2 x 32 - 21 2 x 85 - 32

E L E T R O M A G N E T I C O

Duplo 2 x 110

-

48

1 x 16 - 1 1 x 28 - 4

Simples

1 x 31 - 2 2 x 16 - 2 2 x 28 - 8

ELETRÔNICO Duplo

2 x 32 - 4 FIGURA 20 – POTÊNCIA MÉDIA DE PERDAS EM REATORES PARA LÂMPADAS FLUORESCENTES FONTE: COPEL (2005 p. 53)

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2.3.3. Tendências para o futuro: iniciativas das grandes empresas do mercado de iluminação na busca de inovação em produtos eficientes

Uma das empresas líderes de mercado em equipamentos de iluminação vem

investindo em produtos de alta tecnologia, desenvolvendo com sucesso a

comercialização de uma vasta linha de LEDs (light emitting diodes), a luz sem

lâmpadas, produzida por semicondutores, produto com várias aplicações como

iluminação interna de automóveis, painéis eletrônicos, celulares, laptops e

equipamentos de sinalização. O sucesso desta nova geração de semicondutores

deve-se à sua longa durabilidade e à sua eficiência energética em relação às

lâmpadas convencionais.

Em termos de iluminação, de acordo com LUME (2005), a tecnologia de LEDs

obtém maior tempo de vida útil, aproximadamente 50 mil horas, contra mil, em média,

de uma lâmpada incandescente, uma intensidade e qualidade da luz gerada que não

apresenta traços de infravermelho ou ultravioleta, e ainda demonstra pureza de cores

e tamanho ultra compacto. Este mercado está no estágio inicial e as gigantes deste

segmento pretendem continuar a liderar as novas descobertas para o uso de LEDs,

avançando também em aplicações que sirvam para iluminarem ambientes (LUME,

2005).

A mais recente tendência do mercado de iluminação são as pesquisas com as

Lâmpadas Sólidas, futura geração dos atualmente conhecidos LEDs De acordo com a

revista eletrônica Inovação Tecnológica (2005): “as fontes de luz de estado sólido, que

estão em fase de desenvolvimento, têm o potencial não apenas de uma eficiência

energética muito superior as já comuns lâmpadas fluorescentes compactas, ou PL,

como também poderão abrir campos de aplicação inimagináveis para suas

antecessoras".

Em artigo publicado pela Revista Science, os pesquisadores Schubert e Kim

(2005) discutem a aplicação generalizada das chamadas lâmpadas inteligentes.

Essas tecnologias poderão transformar por completo o mercado de iluminação pelas

inúmeras possibilidades de uso, que deverão impactar diretamente em áreas como a

medicina, imagens de corpos e objetos, a área de transportes e comunicações e até

mesmo a agricultura. Segundo os pesquisadores, a capacidade de controlar as

propriedades básicas da luz permitirá que essas lâmpadas ajustem-se aos seus

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ambientes, desempenhando funções que hoje são impossíveis às tradicionais

lâmpadas fluorescentes e incandescentes. As pesquisas com os LEDs já confirmam

que estes oferecem vantagens em termos de economia de energia quando

comparados com as atuais fontes de luz. De acordo com a pesquisa de Schubert e

Kim (2005), as lâmpadas de estado sólido podem ter a mesma luminosidade de uma

lâmpada comum de 60W, gastando apenas 3W e auferindo benefícios como:

• permitem uma luminosidade, que segundo os pesquisadores, pode beneficiar a

saúde, o humor e a produtividade humana;

• ganhos de melhoria em aplicações médicas e de pesquisa, pela melhor

definição de imagens;

• o controle da composição espectral de luzes poderá permitir a criação de

ambientes mais adequados ao crescimento de frutas e vegetais fora de suas

estações naturais ou em climas inapropriados ao cultivo.

As campanhas para promoção do uso racional da energia elétrica têm aberto um

novo mercado para os produtores de lâmpadas e acessórios de iluminação, que para

atender a nova demanda, estão investindo em produtos da mais alta tecnologia,

visando alcançar eficiência em iluminação com menores custos e melhor

adaptabilidade ao ser humano.

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3 METODOLOGIA

A abordagem adotada neste estudo é descritiva do tipo levantamento

quantitativo. Para Oliveira (2002), a pesquisa descritiva possibilita desenvolver

análises em que é permitido identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua

ordenação e classificação. [...] “não há interferência do investigador, que apenas

procura descobrir, com o necessário cuidado, a freqüência com que o fenômeno

acontece” (OLIVEIRA, 2002, p.128).

A pesquisa foi realizada nas dependências da Universidade Tecnológica Federal

do Paraná, no Campus Curitiba, um típico prédio da administração federal destinado

ao ensino, existente desde janeiro de 1910 quando da instalação da antiga Escola de

Aprendizes de Artífices. Atualmente está localizado na Avenida 7 de Setembro, 3165,

bairro Rebouças, ocupando uma área total de 48.392 m2 com intensa atividade

acadêmica, administrativa e outras voltadas à comunidade nacional e internacional.

Estavam empregados pela instituição, no ano de 2006, 700 docentes, 261 técnicos

administrativos, 266 estagiários e 77 colaboradores terceirizados. O mapa geral da

edificação mostrado no Anexo B – Mapa de Setores da UTFPR Campus Curitiba

permite visualizar a dimensão do objeto de pesquisa e das áreas úteis consideradas

nas análises.

O Campus Curitiba adota ações em conservação e eficiência energética em uso

final de iluminação por meio de substituição de tecnologias obsoletas desde o ano de

1997. Também contava com apoio de uma Comissão Interna de Conservação de

Energia Elétrica - CICE, conforme previsto na legislação, atualmente inativa. De

acordo com relatório interno operacional da mesma Comissão 2004, as principais

ações realizadas com este objetivo foram:

• projeto de melhoria da iluminação do bloco C e D com a utilização de

luminárias eficientes;

• melhoria da eficiência da luminosidade na biblioteca, ambiente de alta

concentração de carga e consumo de energia elétrica;

• instalação de sensores de presença, para a redução do tempo de utilização

da iluminação artificial em ambientes com pouca circulação e carga

concentrada e inspeção e identificação dos quadros de energia;

• uso de lanternim no ginásio de esportes, para um melhor aproveitamento da

iluminação natural, com conseqüente redução do consumo de energia

elétrica.

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Com respeito a ações da promoção do tema conservação e eficiência energética

realizados pela CICE, destacaram-se a realização de palestras, utilização intensiva de

cartazes abordando o tema uso eficiente das instalações, exposições e treinamento

para servidores e terceirizados. Também forram promovidos workshops internos com

o mesmo objetivo propiciando a participação e interação com outras entidades. Deve-

se considerar a importância da participação efetiva dos alunos do curso de

Eletrotécnica na promoção do tema conservação e eficiência energética. Outras ações

importantes foram implementadas como a oferta de um curso de especialização em

eficiência energética direcionado às necessidades da indústria e a criação do

Laboratório de Eficiência Energética. Até a data de conclusão desta pesquisa, a

comissão encontrava-se inativa no aguardo da nomeação de novos integrantes.

O procedimento de coleta de dados compreendeu um levantamento por inspeção

onde se obteve informações sobre as características físicas e os hábitos de uso das

instalações da UTFPR do Campus Curitiba. Nesta fase, foi montada uma equipe de

trabalho que inspecionou todos os ambientes do Campus com a utilização do

instrumento conforme exemplificado no Apêndice-A. Foram transcritas em cada

planilha individualmente (Apêndice-A) as características gerais dos ambientes,

conforme descrito na seqüência. Foram inspecionados todos os blocos da edificação

em suas áreas internas e externas conforme o mapa do Apêndice-B.

a) Características físicas da ocupação: - identificação do ambiente (bloco, andar, número de salas etc.);

- área útil (m2);

- quantidade de acionamentos (nº de interruptores);

- quantidade de usuários;

- horário de funcionamento.

b) Sistema de iluminação - condições de iluminação: natural artificial e mista Escala: A = Boa ; B = regular e C= ruim27

Em relação às condições de aproveitamento da iluminação natural, artificial e

mista do Campus Curitiba os critérios adotados seguiram esta orientação:

27 Cabe destacar que o critério foi embasaso especialmente na opinião dos usuários a partir de sua percepção quanto as condições de iluminação dos ambientes.

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• Iluminação NATURAL Boa, Regular e Ruim: disponibilidade e limpeza

das janelas, entrada de luz natural, possibilidade de executar tarefas com

conforto visual em atividades que não requeiram o uso de equipamentos

e máquinas ligados à energia elétrica;

• Iluminação ARTIFICIAL Boa, Regular e Ruim: disponibilidade do sistema

(manutenção);

• Iluminação MISTA Boa, Regular e Ruim: uso conjunto e independente

dos sistemas naturais e artificiais para iluminação do ambiente com

conforto visual para o usuário.

- relação W/m2;

- modelo e quantidades de luminárias instaladas;

- quanto à disponibilidade se o sistema encontra-se inoperante;

- a potência nominal (quantidade de lâmpadas e a potência total).

Foram retiradas informações das faturas de consumo de energia elétrica

expedidas pela concessionária local COPEL. Estes documentos forneceram

informações importantes sobre o uso da energia elétrica da edificação, constituindo-se

uma base de dados confiável e de fácil acesso.

As principais informações disponíveis em faturas de energia elétrica são:

- consumo medido na ponta e fora da ponta [kWh];

- consumo faturado na ponta e fora da ponta [kWh];

- demanda medida na ponta e fora da ponta [kW];

- demanda contratada na ponta e fora da ponta [kW];

- demanda faturada na ponta e fora da ponta [kW];

- demanda de ultrapassagem na ponta e fora da ponta [kW];

- consumo excedente reativo [kWh];

- demanda excedente reativo [kW];

- encargo capacidade emergencial [R$] ;

- valores das tarifas [R$];

- valor do ICMS destacado [R$].

A Figura 21 relaciona a metragem (m2), potência total instalada em iluminação e

a descrição das principais atividades (ocupação) de cada bloco inspecionado:

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LOCAL PRINCIPAIS ATIVIDADES ÁREA (m2)

INSPECIONADA (W) INSTALADA

ILUMINAÇÃO

A Salas de aula e laboratórios 2.389 49.101

B Salas de aula Departamento de Informática Departamento de Eletrotécnica

1.527

32.100

C

Salas de aula Áreas destinadas aos cursos de pós graduação (mestrado e doutorado)

1.983

37.706

D Salas de aula e laboratórios 2.293 29.179

E

Salas de aula Instalações da CEF Banco do Brasil Departamento de Matemática Departamento de Comunicação Expedição e Protocolo Departamento de Gestão e Economia

3.386

44.649

F

Departamento da Construção Civil Laboratório de hidráulica Departamento de Desenho Industrial Departamento de Estudos Sociais

971

13.064

G

Marcenaria Laboratórios Oficina de apoio

934

16.666

H Departamento de Projetos Outras atividades administrativas

450 5.342

I Sala de videoconferência Laboratórios

313 5.475

J Atividades administrativas diversas 2.561 37.728 K Secretaria

Atividades administrativas diversas 639 6.470

L

Biblioteca Departamento de Mecânica Pátio coberto

2.017

28.987

M

Marcenaria Salas de aula Cantina

1.622

18.955

N

Gráfica Ambulatório Departamento de Física Departamento de Química e Biologia Departamento de Línguas Salas de aula e laboratórios

3.243

44.202

P Atividades administrativas diversas 150 1.492

Q Hotel Tecnológico Departamento de Eletrônica Salas de aula e laboratórios

3.667

40.620

GINÁSIO Área esportiva externa 782 10.527 QUADRA Área esportiva coberta 1.424 7.938

PISCINA e ACADEMIA

Área esportiva coberta 1.052 10.451

MINI GINÁSIO Área esportiva coberta 568 8.000 CORREDORES Áreas comuns 2.501 20.442

PÁTIOS Áreas externas 3.154 2.324 TEATRO Área coberta 1.126 3.416 TOTAIS 38.753 474.832

FIGURA 21 - PRINCIPAIS ATIVIDADES DOS BLOCOS DA UTFPR CAMPUS CURITIBA

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As faturas de energia elétrica fornecem informações em horários do dia (ponta e

fora da ponta) e em períodos do ano (seco e úmido) ver Apêndice-B. Observa-se que

as informações disponíveis nas faturas de energia elétrica são calculadas para um

período de aproximadamente 30 dias, e a série histórica utilizada para a pesquisa

compreendeu o período entre 2000 e 2006. O Anexo-C exibe um exemplo de fatura

de energia elétrica para um consumidor horo-sazonal – tarifa azul/verde padrão

COPEL.

As condições gerais de faturamento para a concessionária local, estão descritas

no Apêndice-B. A Figura 22 ilustra as principais variáveis que influem diretamente no

valor das tarifas faturadas proporcionalmente aos períodos do ano, horas do dia e mês

de reajuste.

H

O

R

Á

R

I

O

(FP)

FORA DA PONTA

(P)

NA PONTA

(FP)

HORA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

(PU)

PERÍODO ÚMIDO

(PS)

PERÍODO SECO

PU JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

FIGURA 22 – ELEMENTOS CONSIDERADOS NO FATURAMENTO DA ENERGIA FONTE: ADAPTADO DE PANESI (2006)

Os principais termos utilizados nas faturas de energia elétrica encontram-se na

seqüência descritos, para auxiliar no entendimento e análise das grandezas medidas e

faturadas. As definições utilizadas seguem o padrão adotado pela concessionária

COPEL (2006), de acordo com a Resolução 456 da ANEEL:

(a) demanda (kW): potências médias elétricas ativas num período de 15 minutos,

solicitadas ao sistema elétrico pela parcela de carga instalada em operação na

unidade consumidora;

(b) demanda medida (kW): maior demanda verificada por medição em todos os

intervalos de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento;

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78

(c) demanda contratada (kW): demanda de potência ativa a ser disponibilizada

continuamente pela concessionária, mediante contrato de fornecimento e que

deverá ser integralmente paga, seja ou não utilizada, durante o período de

faturamento;

(d) encargo de capacidade emergencial: adicional tarifário de natureza

operacional, tributária e administrativa, (Lei 10.438 de março de 2002), relativo

à aquisição de energia elétrica (kWh) e a contratação de capacidade de

geração ou potência (kW) pela Comercializadora Brasileira de Energia

Emergencial - CBEE. O adicional é atribuído a todas as classes de

consumidores finais atendidos pelo sistema elétrico nacional interligado,

inclusive consumidores livres;

(e) fator de carga: relação entre a demanda média num intervalo de tempo

determinado (ano, mês, dia, etc.) e a demanda máxima;

(f) fator de potência: valor obtido das leituras dos valores de energia ativa e

reativa, através dos respectivos aparelhos de medição. Também é usado como

indicador da eficiência do uso da energia elétrica em um sistema;

(g) fatura de energia elétrica: nota fiscal que apresenta a quantia total que deve

ser paga pela prestação do serviço público de energia elétrica, referente a um

período especificado, discriminando as parcelas correspondentes;

(h) tarifa de consumo (kWh): valor (R$) por kWh de energia utilizada;

(i) tarifa de demanda (kWh) : valor (R$) por kW de demanda;

(j) tarifa de ultrapassagem (kW): tarifa aplicável sobre a diferença positiva entre a

demanda medida e a contratada, quando exceder os limites estabelecidos pelo

contrato.

Como complemento desta análise, foi utilizada a Análise de Correlação cujo

objetivo é a determinação de um número que expresse uma medida numérica do grau

de relação encontrada entre as variáveis consumo de energia elétrica em MWh e a

expansão da área construída do Campus Curitiba (m2); e consumo de energia elétrica

em MWh e a expansão do número de usuários.

A correlação pode ser definida como “[...] a dependência existente entre variáveis

aleatórias, onde o valor assumido por uma das variáveis, favorece a ocorrência de um

conjunto de valor (res) da(s) outras variável (eis)” (MUCELIN, 2006, p.105). Para Bruni

e Famá (2004), denomina-se simples a análise de correlação ou de regressão linear

que envolve apenas duas variáveis. Nesse caso, a amostra é formada por um conjunto

de pares de valores.

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79

O resultado da análise de correlação linear é expresso na forma de coeficiente

de correlação – número que quantifica o grau de relação linear obtido para os pares de

valores das variáveis que formaram a amostra analisada. O grau de relação numérica

linear entre duas variáveis contínuas é feito pelo coeficiente de correlação linear

simples denominado “r de Pearson”. O r é calculado pela expressão:

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−⋅

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⋅−

=∑∑∑∑

∑∑∑

2222

2

ny

ny

nx

nx

ny

nx

nxy

r (01)

Onde:

n = número de pares de valores na amostra analisada.

r = coeficiente de correlação linear simples para amostra.

De acordo com Mucelin (2006), o campo de variação do coeficiente r situa-se

entre -1 e + 1. O coeficiente de correlação indica o grau da reação numérica linear

obtida, ou o grau de ajuste de uma reta ao conjunto de pontos da amostra.

Faixa de variação de r : - 1 ≤ r ≤ 1

• quanto mais próximo r estiver de + 1, mais próximos estarão os pontos de ajuste integral a uma reta crescente;

• quanto mais próximo r estiver de -1, mais próximos estarão os pontos de ajuste integral a uma reta decrescente;

• se r = 0, não foi identificada relação numérica linear para os pares de valores da amostra analisada. Para Bruni e Faimá (2004) o coeficiente de determinação r2, expressa o

quadrado do coeficiente de correlação de Pearson e representa a relação entre a

variação explicada pelo modelo e a variação total. A equação para o cálculo do

coeficiente de determinação r2 é:

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80

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−⋅

⎥⎥

⎢⎢

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⋅−

=∑∑∑∑

∑∑∑

2222

2

2

ny

ny

nx

nx

ny

nx

nxy

r (02)

O coeficiente de determinação expressa quanto da variação em relação à média

é explicado pelo modelo linear construído. Os valores de r2 podem variar de 0 a 1.

Quando a medida de r2 é exatamente igual a 1, tal fato significa que a qualidade do

ajuste é excelente, quando é igual a 0, tal fato indica que a qualidade do ajuste linear é

péssima, não havendo relação numérica linear para os pontos da amostra analisada.

De acordo com Bruni e Faimá (2004) de modo geral, para valores de r2 iguais ou

superiores a 0,60, diz-se que o ajuste linear apresenta boa qualidade.

A partir das informações coletadas no levantamento por inspeção e na análise

das faturas de energia elétrica, foi possível quantificar o consumo de energia em

(kW/h) para uso final em iluminação de ambientes do Campus Curitiba. A

representação matemática pode ser apresentada como:

∑ += TPRTLTI WWW (03)

Onde:

WTI = Potência Total Instalada em Iluminação dado em Watts.

WTL= Potência Total Instalada em Lâmpadas dado em Watts.

WTPR = Potencia Total da Perda do Reator dado em Watts.

Para os conjuntos que utilizam lâmpadas fluorescentes foi considerado o

consumo das lâmpadas, somadas as perdas do reator; para os sistemas com

lâmpadas especiais adotou-se o mesmo procedimento; as lâmpadas compactas já

possuem o valor da perda do reator tabelado e lâmpadas incandescentes não

possuem sistemas auxiliares. A partir deste dado foi possível chegar ao valor do

consumo mensal de energia elétrica no uso final de iluminação (kWh/mês) por meio da

expressão:

000.1

),()( cbaTI

MSdhW

C⋅⋅

= (04)

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81

Sabendo que:

CMS = Consumo mensal do sistema.

WTI = Potência total instalada em iluminação expresso em Watts.

h(a) = Horas de uso de iluminação no dia.

d(b,c) = Dias de uso de iluminação no mês.

Sobrescritos:

(a) foram consideradas 12,5 horas úteis diárias para atividades nos ambientes de sala de

aula e 5 horas úteis para utilização dos laboratórios;

(b) foram consideradas 10 horas úteis diárias para atividades nos ambientes

administrativos;

(c) foram consideradas 3 horas úteis diárias para atividades no ginásio, quadra de

esportes e piscina, 2 horas úteis diárias para uso do mini-ginásio e do teatro e 4 horas

úteis diárias para uso dos corredores.

As horas úteis foram estipuladas com base nas atividades verificadas durante o

levantamento de campo e comparadas com a média de horas úteis trabalhadas em

outras universidades. O critério de dias de uso no mês foi de 22 dias úteis que se

aproxima da média dos dias letivos dos cursos da UTFPR Campus Curitiba e também

da média de dias úteis trabalhados na maior parte dos meses do ano, já considerados

feriados e recessos.

Com base nestas informações foram gerados indicadores de uso da energia

elétrica no intuito de retratar o padrão de consumo da instalação. Tais indicadores

poderão ser utilizados: para o acompanhamento dos resultados das medidas de uso

racional e eficiente de energia elétrica implementadas, para avaliar a evolução das

instalações com respeito a sua eficiência; para planejar ações futuras e corrigir as

atuais em andamento, minimizando custos e maximizando resultados, especialmente

pela economia de recursos que poderão ser aplicados na melhoria das condições

gerais do Campus. Na seqüência é apresentada a relação de fórmulas empregadas no

cálculo dos indicadores globais de uso da instalação do Campus Curitiba da UTFPR.

(a) área útil levantada por inspeção expressa em m2

∑= UInsUL AA (05)

Onde:

AUL = Área útil levantada por inspeção em m2.

AUIns = Área útil inspecionada em m2.

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(b) potência instalada em iluminação por área iluminada que considera a

tecnologia empregada no sistema de iluminação (lâmpadas e sistemas

auxiliares se houver) sem considerar o respectivo hábito de uso da

instalação.

∑∑=

UL

TIIIAI A

WW (06)

Onde:

WIIAI = Potencia instalada em iluminação por área iluminada dado em Watts.

WTI = Potencia total em iluminação dado em Watts.

AUL = Área útil levantada em m2.

(c) potência total instalada em iluminação por número de interruptores tem por

objetivo analisar os acionamentos dos sistemas de iluminação no intuito de

verificar sua eficiência.

∑=

nWW TI

IINI (07)

Onde:

WIINI = Potência instalada em números de interruptores da em Watts.

WTI = Potencia total em iluminação dado em Watts.

n = Número de interruptores.

(d) área útil iluminada por número de interruptores.

∑=

nWA TI

AUINI (08)

Onde:

AAUINI = Área útil iluminada expressa em m2.

WTI = Potencia total em iluminação dado em Watts.

n = Número de interruptores.

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83

(e) consumo mensal em iluminação por área útil, para se comparar instalações

com atividades semelhantes, expresso em kWh/mês.m2 é dado por:

∑∑=

UL

MSMIAU A

CC (09)

Onde:

CMIAU = Consumo mensal em iluminação por área útil expresso em kWh/mês.m2.

CMS = Consumo mensal do sistema expresso em kWh/mês.

AUL = Área útil levantada dado em m2.

(f) porcentagem de luminárias eficientes.

100% ⋅=∑

∑CTLI

CTLCELE (10)

Onde:

LE = Luminárias eficientes.

CTLCE = Conjunto total de luminárias consideradas eficientes.

CTLI = Conjunto total de luminárias instaladas.

(g) sistemas inoperantes objetivou analisar o estado de conservação do

sistema geral de iluminação. De acordo com a literatura, valores acima de

5% indicam problemas de manutenção.

100% ⋅=∑∑

CTLICTLD

SI (11)

Onde:

SI = Sistemas inoperantes.

CTLD = Conjunto total de luminárias defeituosas.

CTLI = Conjunto total de luminárias instaladas.

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(h) porcentagem de lâmpadas econômicas instaladas.

100% 32 ⋅=∑

∑Lamp

LampLamp W

ECO (12)

Onde:

LampECO = Lâmpadas fluorescentes econômicas.

Lamp32W = Lâmpadas fluorescentes de 32W.

Lamp = Total de lâmpadas fluorescentes instaladas no sistema.

(i) Consumo mensal de energia elétrica em iluminação por área útil por

docente ativo (ano base 2006).

∑∑=

nDAC

C MIAUMIDA (13)

Onde:

CMIDA = Consumo mensal de energia elétrica em iluminação por docente ativo

dado em kWh/mês.m2.

CMIAU = Consumo mensal em iluminação por área útil expresso em kWh/mês.m2.

nDA = Número de docentes ativos.

(j) consumo de energia elétrica em iluminação por área útil por aluno

matriculado (ano base 2006).

∑∑=

nAMC

C MIAUMIAM (14)

Onde:

CMIAM = Consumo mensal de energia elétrica em iluminação por aluno

matriculado dado em kWh/mês.m2.

CMIAU = Consumo mensal em iluminação por área útil expresso em kWh/mês.m2.

nAM = Número de alunos matriculados.

(k) gasto total anual com energia elétrica por m2 construído (ano base 2006).

∑∑=

cAGEE

GTAE (15)

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Onde:

GTAE = Gasto total anual de energia elétrica expresso e Reais (R$).

GEE = Gato anual de energia elétrica expresso em Reais (R$).

AC = Área construída expresso em m2.

(l) o fator de carga da instalação, para verificar o quanto eficiente a energia

está sendo utilizada. O fator de carga considerado no estudo é a média

anual dos valores efetivamente destacados na fatura de energia elétrica da

Concessionária.

hkWDemandatotalConsumoFCmédio 730)( ⋅

= (16)

Onde:

FCmédio = Fator de carga médio.

Uma importante função do responsável pela área financeira de qualquer

organização é realizar, da melhor maneira possível a administração do caixa e para

tanto deve realizar análises dos benefícios econômicos e financeiros. Pode-se

considerar como uma das decisões mais estratégicas para a organização, aquelas

relacionadas a investimentos, que consiste na alocação de recursos em propostas,

cujos benefícios são esperados em períodos futuros. Como esses benefícios não são

conhecidos com absoluta certeza, as propostas de investimento sempre envolvem

algum risco, que deve ser avaliado em relação ao retorno ou benefício previsto.

Na visão do empresário privado os investimentos são realizados na expectativa

de retorno financeiro sobre ele. No caso de uma instituição pública, além das

economias e retornos proporcionados esperam-se outros resultados como maior

produtividade, e qualidade dos serviços prestados.

Neste sentido, pretendeu-se analisar as faturas de energia elétrica expedidas

pela COPEL no período entre 2000 à 2006, para verificar as questões operacionais

como: evolução do preço das tarifas, os desembolsos anuais com energia elétrica,

evolução do montante de pagamentos de encargos e multas por atraso e outras

informações relacionadas à gestão de curto prazo dos recursos direcionados ao

pagamento das contas de energia elétrica.

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86

Para avaliar o retorno econômico pela substituição de sistemas de iluminação

eficientes (entenda-se por eficiente o conjunto luminária com refletor de alumínio,

reator eletrônico e lâmpada econômica de 32W), foi utilizado o método do fluxo de

caixa também conhecido por cash flow.

De acordo com Rebelatto (2004), tal análise consiste no estudo de fluxos de

caixa, desembolsos de capital (saídas de caixa) e retornos de investimentos (entradas

de caixa) de um projeto para avaliar a sua viabilidade econômica no longo prazo (10

anos). O fluxo de caixa pode ser apresentado conforme na Figura 23 ou comumente

na forma de tabela conforme mostrado na figura 24.

(ENTRADAS)

(SAÍDAS) FIGURA 23 – DINÂMICA DO FLUXO DE CAIXA LIVRE (ENTRADAS E SAÍDAS)

Em (R$) 2007 2008 2009 2010 2011 Investimento (-) Manutenção (-) Custo de Operação (-) Desembolso Total (-) Recebimento Total (+) Fluxo Líquido (=)

FIGURA 24 – MODELO DE PLANILHA DE FLUXO DE CAIXA PARA ANÁLISE DE INVESTIMENTO

Trata-se de um instrumento de grande utilidade para a administração financeira

e, principalmente, para a análise de investimentos. Um fluxo de caixa bem projetado

poderá indicar se os investimentos previstos são compatíveis com a capacidade da

instituição de obter os recursos necessários bem como se o retorno é compatível com

os valores mínimos esperados pelos gestores. O fluxo de caixa é muito utilizado para

a previsão de recebimentos e desembolsos de uma alternativa de investimento, mas

pode ser empregado como instrumento de planejamento e/ou avaliação de qualquer

atividade ou programa, ou até da instituição como um todo.

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O Fluxo de Caixa 1 considerou a substituição de Luminárias do tipo Comercial

Plafonier BB por luminárias com refletor de alumínio para duas lâmpadas de 32W e

reator eletrônico e o o Fluxo de Caixa 2 considerou a substituição das lâmpadas de

40W instaladas indevidamente nas luminárias consideradas eficientes.

As premissas adotadas para a elaboração dos fluxos de caixa (atualização dos

valores das economias geradas) foram:

a) inflação média de 3% a.a. para os próximos 10 anos de acordo com o

Ministério do Planejamento do Banco Central do Brasil;

b) reajuste real do preço da energia elétrica 5% a.a., dados estimados pela

ELETROBRÁS e demais agentes envolvidos no mercado energético;

c) utilização média dos sistemas de iluminação 12 horas diárias;

d) consumo estimado para 22 dias úteis;

e) substituição das lâmpadas fluorescentes a cada dois anos;

f) as luminárias possuem vida média útil em torno de 10 anos;

g) a composição de uma tarifa média com 73% do valor calculado em horário de

ponta e 27% em horário fora de ponta, válidas para o mês de dezembro de

2006, no sistema de tarifação horo-sazonal verde.

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88

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo está dividido em quatro seções. A primeira analisou as faturas de

energia elétrica sob a perspectiva financeira, isto é, como se comportaram os padrões

de desembolsos para pagamento pelo uso da energia elétrica; a segunda, analisou as

faturas e verificou o comportamento da edificação na utilização da energia, a terceira

subseção analisou as condições gerais dos sistemas de iluminação explorando

cuidadosamente os dados extraídos do instrumento de coleta de dados apresentando

como produto final os indicadores de uso das instalações e a quarta seção traz uma

análise dos benefícios econômicos auferidos pela substituição de tecnologias

obsoletas.

4.1. ANÁLISE DAS FATURAS SOB A PERSPECTIVA FINANCEIRA

A edificação do Campus Curitiba possui 15 blocos distribuídos em atividades

administrativas e de ensino, áreas esportivas e áreas comuns de circulação (pátios e

corredores). Os valores cobrados pelo uso da energia elétrica são realizados por meio

de fatura expedida pela concessionária COPEL. A análise das faturas concentrou-se

na evolução dos valores pagos em (R$) pelo consumo efetivo de energia, nos

consumos expressos em kWh e no esclarecimento de questões relacionadas à gestão

de tarifas. O objetivo foi compreender as possíveis causas do comportamento destes

padrões de consumo do Campus que geraram os desembolsos relacionados na

Tabela 2. Outra análise importante foi a evolução dos valores das tarifas praticadas

pela COPEL.

A série histórica utilizada é anual e o período refere-se a 2000-06. Observe-se

que entre os anos de 2000 até agosto de 2006 o Campus Curitiba estava enquadrado

no Grupo A4 entre 2,3 à 25 kV consumidor de alta tensão (Anexo-C). Adotou-se o

critério de faturamento bruto e faturamento líquido (para dados de consumo em R$)

para que fosse possível desagregar das faturas, os valores que não estavam

relacionados ao consumo direto da eletricidade. O faturamento bruto diz respeito ao

valor total da fatura em (R$) pago à COPEL, incluídos valores com multas e juros por

atraso de pagamentos, encargos de capacidade emergencial e outros. O faturamento

líquido considera apenas a energia elétrica efetivamente utilizada pela instalação. De

acordo com a área financeira da UTFPR do Campus Curitiba, em 2006 o valor total do

orçamento para custeio das atividades da universidade foi de R$ 6.170.000,00 (seis

milhões, cento e setenta mil reais).

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89

TABELA 2 – DESEMBOLSOS COM ENERGIA ELÉTRICA 2000-06 UTFPR

Ano Faturamento Bruto(R$)

Faturamento Líquido(R$) Variação

anual (%)

2000 320.220,00 315.957,00 - 2001 390.036,00 383.340,00 21% 2002 487.489,00 469.924,00 23% 2003 485.911,00 466.760,00 -1% 2004 600.935,00 574.191,00 23% 2005 721.976,00 706.660,00 23% 2006 739.243,00 726.267,00 3%

TOTAL 3.745.810,00 3.643.099,00 - FONTE: COPEL (2000-06)

Em 2006, note-se que foram gastos 11,77% do orçamento para pagamento de

faturas de energia elétrica. As variações percentuais são comparadas sempre em

relação ao ano anterior e referem-se a coluna faturamento líquido. De acordo com a

Tabela 2 observou-se que nos anos de 2001 e 2002 houve expressivas variações

positivas nos valores pagos e no ano de 2003 houve uma variação negativa de 1%. O

aumento de desembolsos nos anos de 2001 e 2002 está relacionado a pagamentos de

valores extras na fatura como multas e encargos por atraso de pagamento, o que não

ocorreu no ano de 2003. Nos anos de 2004 e 2005 as variações mantiveram-se em

23% destacando-se que no ano de 2004 foram pagos valores de importe por

ultrapassagem, conforme mostrado na Tabela 5. O ano de 2006 apresentou uma

variação discreta de 3% em relação ao ano de 2005 nos valores pagos à

concessionária conforme observado na figura 25.

R$ 300.000

R$ 400.000

R$ 500.000

R$ 600.000

R$ 700.000

R$ 800.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Faturamento Bruto Faturamento Líquido

FIGURA 25 - DESEMBOLSOS PARA PAGAMENTO DE FATURAS DE ENERGIA UTFPR FONTE: COPEL (2000-06)

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Os valores brutos faturados para energia elétrica vêm crescendo

significativamente, verificando-se uma variação de 131% se comparado o ano de 2000

em relação a 2006. Durante o período da crise de abastecimento no ano de 2001, não

houve variação expressiva nos valores mensais desembolsados com energia. O

menor valor pago ocorreu em janeiro de 2001 (R$ 25.525,00), no entanto, janeiro é um

típico mês de férias, e o maior, em julho de 2001 (R$ 36.709,00) mês subseqüente ao

reajuste tarifário previsto na legislação. O valor médio pago no ano de 2001 de R$

31.945,00 (Apêndice-C) foi considerado dentro da média daquele ano, se for levado

em conta a situação de racionamento naquela época. Não houve discrepância em

relação aos valores mensais pagos durante todo o ano de 2001 até fevereiro de 2002

quando o suprimento de energia voltou à normalidade. Este padrão de consumo pode

ser justificado pelo fato de a região Sul não ter sido seriamente afetada pelo

racionamento da energia elétrica como foram outras regiões do país como no Norte e

Nordeste. Há de considerar-se que neste período a CICE do Campus Curitiba

implementou programas de eficiência energética e campanhas de sensibilização dos

usuários, no entanto, estas iniciativas não possuem registros para que se possa

utilizar como embasamento nesta análise.

Quando se comparou a evolução dos valores desembolsados para pagamento

de energia elétrica com a expansão do próprio Campus, observou-se que no ano de

2000 havia 42.903 m2 de área útil construída28 contra os atuais 43.624 m2, um

crescimento de 1,68% se comparado o ano de 2000 ao ano de 2006 (Apêndice-D).29

Entende-se que não há relação entre a discreta expansão do Campus e o aumentos

dos valores desembolsados para pagamento das faturas de energia. Na verdade a

infra-estrutura disponível manteve-se enquanto os valores pagos aumentaram

expressivamente no período.

Com relação ao número total de usuários regulares (total de professores na

ativa, alunos matriculados regularmente, técnicos administrativos na ativa e os

estagiários), a variação foi de 66% ao se comparar o ano de 2000 ao ano de 2006

(Apêndice-D).

28 Entenda-se por área útil construída salas de aula, laboratórios, outros ambientes de ensino como biblioteca e sala de professores, ambientes administrativos, ambientes esportivos e o teatro. Este critério é adotado no relatório de prestação de contas da UTFPR Campus Curitiba junto ao Tribunal de Contas da União. 29 A área construída no ano de 2006 considerou 42.903 m2 e o ano de 2003 considerou 43.620 m2. Esta metragem foi ajustada em relação às informações disponíveis no Relatório de Prestação de Contas da UTFPR Campus Curitiba (2000 – 03) porque a fonte apresentou informações discrepantes e incongruentes que poderiam comprometer as análises pretendidas.

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Pode-se dizer que há uma relação direta entre os valores pagos pelo consumo de

energia elétrica e o aumento do número de usuários do Campus. Enquanto o número

de usuários quase duplicou no período, os valores desembolsados variaram 131% se

comprados o ano de 2000 ao ano de 2006. Como dado complementar, a média anual

de gastos com energia por aluno matriculado para a série estudada foi de R$ 45,00 e

para os docentes R$ 773,00 não se considerando no caso dos alunos, os períodos em

que estão matriculados nem o regime de trabalho (Apêndice-D). Trata-se de um

indicador seco que levou em consideração os desembolsos de consumo bruto da

eletricidade. Em 2006 cada aluno consumiu 6,63 kWh mês em iluminação, os

docentes 151,82 kWh mês e demais usuários 200 kWh mês.

A Tabela 3 relaciona como ocorreram os importes de consumo anuais utilizados

pela instalação onde se constatou que na média, 73% do consumo total de energia

elétrica foram registrados fora da ponta (as horas restantes do dia fora do horário de

ponta) quando o valor da tarifa é menor.

TABELA 3 – IMPORTE DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA 2000-06 UTFPR

Ano Importe (R$) Consumo (P)

Importe (R$) Consumo (FP)

Consumo Total (R$)

Variação Anual (%)

2000 37.094,00 106.400,00 143.494,00 74% 2001 39.039,00 120.538,00 159.577,00 76% 2002 55.447,00 153.721,00 209.168,00 73% 2003 53.110,00 151.682,00 204.792,00 74% 2004 68.320,00 200.011,00 268.331,00 75% 2005 84.140,00 257.946,00 342.086,00 75% 2006 163.837,00 295.633,00 459.470,00 64%

VARIAÇÃO MÉDIA DA SÉRIE HISTÓRICA 73% FONTE: COPEL (2000-06)

Observando a Tabela 4 verifica-se que, na média, 73% do importe total de

demanda30 foi registrado em horário de ponta quando o valor da tarifa é

caracteristicamente maior. Esta demanda de ponta (entre 18 e 22h) está associada à

taxa de ocupação das áreas úteis da instalação, que a noite representa 57% do total

de ambientes em uso no Campus (Apêndice-D). Adicionalmente, a partir do horário

das 18:00 o sistema é pressionado pelo uso de energia elétrica para as mais variadas

atividades nas residências, iluminação pública, setor de serviços (shopping centers) e

algumas indústrias. 30 O conceito de demanda diz respeito a média das potências ativas ou reativas, solicitadas ao sistema elétrico pela parcela de carga instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de 15 minutos (COPEL, 2006).

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TABELA 4 – IMPORTE DE DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA 2000-06 UTFPR

Ano Importe (R$) Demanda (P)

Importe (R$) Demanda (FP)

Demanda Total (R$) Variação %

2000 126.608,00 45.600,00 172.207,00 74% 2001 164.392,00 59.193,00 223.585,00 74% 2002 191.433,00 69.215,00 260.648,00 73% 2003 192.385,00 69.499,00 261.884,00 73% 2004 230.004,00 75.337,00 305.341,00 75% 2005 276.715,00 87.599,00 364.314,00 76% 2006 177.274,00 89.265,00 266.539,00 67%

VARIAÇÃO MÉDIA DA SÉRIE HISTÓRICA 73% FONTE: COPEL (2000-06)

Em relação aos outros valores pagos na fatura de energia, que não consumo

direto de eletricidade, na Tabela 5 tem-se para o período em análise o montante de R$

102.710,00, ou 3% do total de todos os valores pagos entre 2000 e 2006. Entre março

de 2002 à dezembro de 2005, foi instituído o encargo de capacidade emergencial que

tinha por finalidade a contratação e manutenção de Usinas Térmicas Emergenciais

caso houvesse risco de apagão (AGPB, 2007). Estes valores representaram 70% do

total de todos os outros valores pagos em energia elétrica, 16% foram atribuídos ao

pagamento de juros e multas por atraso na quitação das faturas e os demais 14% para

pagamento de extras que não consumo efetivo de eletricidade.

TABELA 5 – OUTROS VALORES PAGOS NA FATURA DE ENERGIA 2000-06 UTFPR

Ano Multas (1,00 R$)

Seguro Apagão (1,00 R$)

C.I.P (1,00 R$)

Importe Ultrapassagem

(1,00 R$)

Aquisição Energia (1,00 R$)

I.D.D.C. (1,00 R$)

Total (1,00 R$)

2000 4.262 - - - - - 4.263

2001 6.696 - - - - - 6.696

2002 4.001 13.563 - - - - 17.565

2003 - 19.095 55 - - - 19.151

2004 - 23.557 60 2.359 766 - 26.744

2005 - 15.244 71 - - - 15.316

2006 1.293 - 75 - - 11.607 12.976

TOTAIS 16.254 71.462 261 2.359 766 11.608 102.710

FONTE: COPEL (2000-06) (a) C.I.P. – Contribuição para Iluminação Pública (b) I.D.D.C. – Importe de Diferenças de Demanda Contratada

Excetuando-se os encargos de capacidade emergencial, também conhecidos

como seguro apagão, observou-se desperdícios de recursos pelos pagamentos

realizados em atraso, que ocorreram com maior freqüência entre os anos de 2000 à

2002, voltando a ocorrer somente em 2006. Os atrasos na aprovação e liberação do

orçamento são documentados pela imprensa e confirmados pela Câmara dos

Deputados e pelo Senado. Embora estes eventos possam ser entendidos como fatos

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isolados, há que considerar-se que os valores poderiam ser direcionados para a

melhoria das instalações do Campus ou ampliar o escopo do programa da CICE.

A definição e o reajuste tarifário é competência da ANEEL que tem por maior

desafio alinhar os interesses das concessionárias aos dos usuários. Estão embutidos

no valor da fatura os custos de geração, transporte, os encargos (Contribuição de

Iluminação Pública – CIP, de natureza municipal) e tributos (de natureza estadual e

federal). A COPEL, por meio de acordo firmado com a Prefeitura Municipal de Curitiba,

faz a cobrança da CIP na fatura de energia elétrica desde fevereiro de 2005. Cabe

destacar que este valor é um acordo local podendo não ocorrer em outros estados. Os

tributos relacionados pela COPEL (2006) são: a Contribuição para o Programa de

Integração Social – PIS e a Contribuição Social sobre o Faturamento - COFINS que

juntas totalizam 5,9% mais o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços e

sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicações - ICMS cuja alíquota para o Estado do Paraná é de 27%, embutidos no

preço final a pagar, apresentando-se de forma destacada na fatura. Desagregando a

fatura de energia elétrica, conforme a COPEL (2006) têm-se a seguinte composição

do preço da energia para o usuário31:

• 33,7% geração

• 0,1% transmissão

• 21,9% distribuição

• 44,3% encargos e tributos

Observa-se que a maior participação no valor final de uma fatura de energia

concentra-se nos encargos e tributos obrigatórios. De acordo Rachid (2007) a carga

tributária brasileira somando-se todas as esferas de governo atingiu 37,37% do

Produto Interno Bruto - PIB em 2005 (último dado disponível). Segundo o autor, atual

Secretário da Receita Federal, o aumento deveu-se à maior eficiência e gestão da

cobrança dos tributos uma vez que não foram criados novos tributos nem foram

alterados os que estavam em vigência no ano de 2005. No caso da energia elétrica,

não existe possibilidade de não recolhimento dos tributos devidos por parte dos

usuários, pois o contrato de prestação de serviço público de energia elétrica prevê a

suspensão dos serviços conforme disposto na cláusula quinta – da suspensão do

fornecimento - de todos os contratos de adesão. 31 A composição dos valores da fatura aparece em todas as contas das pessoas físicas discriminada em (R$). Trata-se de uma obrigatoriedade imposta as concessionárias. Nas faturas de consumidores de alta tensão esta informação ainda não se encontra disponível, mas segundo a COPEL deve ser regulamentada em breve (COPEL, 2006).

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Em relação à evolução dos valores das tarifas tem-se um cenário de

crescentes aumentos. De acordo com a ANEEL (2007) o período tarifário inicia em 1º

de julho do ano de publicação das tarifas até 30 de junho do ano subseqüente. Para

esta análise foram consideradas as tarifas da COPEL vigentes no período de janeiro

de 2000 a agosto de 2006. A partir de setembro de 2006 houve mudança do sistema

tarifário, passando de horo-sazonal tarifa azul para horo-sazonal tarifa verde

(Apêndice-F). Os meses de setembro a dezembro de 2006 não foram considerados

nesta análise para evitar-se distorções no resultado final da série histórica.

De acordo com Panesi (2006), a análise energética de uma instalação deve

começar pelo estudo das tarifas de energia elétrica, dado que essa é a forma de

energia mais consumida nos processos produtivos. A tarifa de consumo reflete o valor

da moeda corrente, do kWh de energia utilizada em determinado segmento horo-

sazonal32. A Figura 26 mostra que a evolução das tarifas de consumo na ponta,

expressas em kWh variou entre R$ 0,10288, o menor valor verificado no ano de 2000 ,

e R$ 0,21595, em julho de 2005. Fora da ponta o menor valor apareceu em julho de

2000 R$ 0,04891 e o maior em julho de 2005 R$ 0,11834.

R$ 0,00000

R$ 0,05000

R$ 0,10000

R$ 0,15000

R$ 0,20000

R$ 0,25000

jul/00 jul/01 jul/02 ago/03 jul/04 jul/05 jul/06

Consumo (kWh) Na ponta Consumo (kWh) Fora da ponta

FIGURA 26 – EVOLUÇÃO DAS TARIFAS DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA UTFPR FONTE: COPEL (2000-06)

Observe-se que no ano de 2006 as tarifas decresceram discretamente em

relação ao ano de 2005. Quando a concessionária foi questionada a este respeito,

obteve-se a seguinte justificativa:

32 A Portaria 466/98/DNAEE (12 de novembro de 1997) – estabelece as condições gerais de fornecimento de energia elétrica e serem observadas tanto pelas concessionárias quanto pelos consumidores.

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No reajuste anterior, ocorrido em 24/06/2005, o componente financeiro incorporado correspondeu a 9,05% da tarifa aplicada, com vigência até 23/06/2006. No reajuste aplicado em 24/06/2006, foram excluídos da base tarifária aqueles 9,05% concedidos no ano anterior, e aplicado o novo índice de reajuste de 5,12% (KOPRIK, 2007) 33.

A ANEEL tem aplicado diferentes índices de reajuste a cada nível de tensão, em

função do processo de realinhamento tarifário que objetiva eliminar os subsídios

cruzados existentes nas tarifas dos consumidores enquadrados nas classes de baixa

tensão em relação aos consumidores atendidos em alta tensão. Este processo deverá

ser concluído em 2007, com a finalidade de que todos os consumidores paguem o

mesmo valor pela energia adquirida e valores diferenciados pelos encargos de uso

dos sistemas de transmissão e distribuição proporcionalmente à utilização destes

sistemas (KOPRIK, 2007).

Vale destacar que a ANEEL, na condição de agência reguladora deve estimular

a organização dos Conselhos de Consumidores e das Comissões de Fiscalização

criadas pelas Leis 8631 de 04 de março de 1993 e 8987 de 13 de fevereiro de 1992.

De acordo com a ANEEL (2007), a Lei 8631 determinou no artigo 13º que as

concessionárias de serviço público, criassem no âmbito de sua área de concessão os

Conselhos de Consumidores. Tais conselhos são de caráter consultivo e devem

concentrar esforços na orientação, análise e avaliação de questões ligadas ao

fornecimento, tarifas e outros assuntos relacionados a adequação dos serviços

prestados ao consumidor final. A escolha dos membros é realizada, pelas entidades

que representam as classes indicadas, por exemplo, industrial, poder público,

PROCON e, Ministério Público, que a convite da concessionária, participam da reunião

de formação indicando as pessoas da comunidade que melhor os representam.

Silva (2007) destaca que os principais mecanismos para a interação da Agência

com os Conselhos são:

• Encontro Anual – Fórum dos Conselhos de Consumidores;

• reuniões periódicas entre Conselhos – Agência – Distribuidores;

• treinamentos promovidos pela ANEEL sobre revisão tarifária;

• troca de informação sobre as ações dos Conselhos;

• interação entre os Conselhos que atuam nas mesmas regiões.

33 Wilson Koprik é responsável pela área de tarifas da COPEL e prestou informações à pesquisadora em uma reunião para esclarecimentos de dúvidas sobre o processo de tarifação, que ocorreu no dia 22/01/2007 nas dependências da COPEL em Curitiba (PR).

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As Audiências Públicas de responsabilidade da ANEEL34 é um importante

instrumento de apoio à Diretoria Colegiada da agência na tomada de decisões.

Também funcionam como um canal de comunicação entre a sociedade e o governo,

quando aquela é consultada sobre a elaboração, alterações ou ajustes nas

regulamentações relacionadas ao processo tarifário do setor elétrico. Entende-se que

além de instrumento legal da ANEEL, trata-se também de um ato de cidadania e

fortalecimento da imagem da agência junto a sociedade. As audiências públicas

devem ser publicadas em Diário Oficial da União e outros meios de comunicação.

Os principais resultados esperados do processo de interação da agência com os

conselhos, de acordo com Silvia (2007) são:

• Contribuição ao processo regulatório;

• Interação com outros órgãos de defesa do consumidor;

• Divulgação e compreensão do papel das instituições do setor;

• Educação dos consumidores por meio de mecanismos das entidades

indicadoras dos Conselheiros – sobre direitos e deveres, tarifas

quantidade do serviço.

O processo de definição, revisão e outros assuntos pertinentes a gestão das

tarifas de energia elétrica é competência da ANEEL, mas há espaço para que a

sociedade se mobilize em favor de tarifas mais justas e adequadas a realidade de

consumo e renda dos agentes econômicos.

De acordo com o Banco Central do Brasil - BCB (2007), a energia elétrica é um

serviço cujo preço é administrado pelo governo por meio da ANEEL, razão pela qual é

insensível a variação da oferta e demanda de mercado. Outra importante variável que

impacta diretamente no preço das tarifas é a influência da variação do câmbio, dado

que em torno de 24% da energia total consumida no Brasil são gerados por ITAIPU e

precificados em dólares.

A Figura 27 mostra os valores acumulados para os diferentes indicadores de

reajustes de preços. Observa-se que os preços administrados foram maiores se

comparados aos preços que flutuam livremente no mercado.

34 Lei 9.427, de 26 de dezembro de 1996 (Capítulo I, artigo 4, Inciso 3); Decreto 2.335, de 06 de outubro de 1997 (Sessão II, Capítulo V, artigo 21).

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Indicadores 1995-1998 1999-2006 (jun) 1995-2006 (jun)

IPCA 43,5 76,5 153,3

Preços Administrados 88,0 138,4 348,2

Preços Livres 36,1 57,9 114,9

FIGURA 27 – IPCA, PREÇOS ADMINISTRADOS E LIVRES VARIAÇÃO (%) FONTE: BCB (2007)

A Figura 28 relaciona os valores acumulados para os diferentes indicadores de

reajustes de preços administrados. Observa-se que de depois das tarifas de telefonia

fixa e gás de cozinha, a eletricidade acumulou um dos maiores reajustes no período

em analise.

Preços Administrados 1995-1998 1999-2006 (jun) 1995-2006 (jun)

Tarifas de telefonia fixa 309,7 117,0 788,8

Gás de cozinha 121,1 250,1 674,5

Eletricidade 89,6 178,9 428,7

Ônibus urbano 97,8 131,9 358,7

Gasolina 51,5 208,5 367,3

Tarifas de água e esgoto 84,5 130,3 324,9

Seguro de saúde 126,6 86,3 322,3

FIGURA 28 – PREÇOS ADMINISTRADOS ACUMULADOS VARIAÇÃO (%) FONTE: BCB (2007)

Os preços administrados de modo geral cresceram mais do que os preços livres

nos últimos anos conforme mostrado na Figura 27, com destaque para os valores dos

preços da eletricidade (BCB, 2006). São diversas as justificativas para esses números,

que de acordo com o Banco Central do Brasil, estão relacionados aos recentes

processos de privatização de alguns setores públicos, ao aumento dos preços do

petróleo a partir de 1999, eliminação de subsídios a partir de meados da década de

1990 além dos efeitos naturais do Plano Real que pressionaram as taxas de câmbio.

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4.2. ANÁLISE DAS FATURAS SOB A PERSPECTIVA DA UTILIZAÇÃO

Na análise dos consumos em kWh se verificou resultados bem diferenciados em

relação aos valores pagos em (R$). Enquanto aqueles variaram 131% no período

analisado, o consumo em kWh variou negativamente 10% (Tabela 6). Em relação ao

ano de 2000, no ano de 2006 o Campus Curitiba desembolsou mais unidades

monetárias consumindo menos energia elétrica em kWh. Estas considerações podem

ser visualizadas na Figura 29.

0

300.000

600.000

900.000

1.200.000

1.500.000

1.800.000

2.100.000

2.400.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Consumo kWh Faturado (P) Consumo kWh Faturado (F) Consumo kWh TOTAL (kWh)

FIGURA 29 – EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA (kWh) UTFPR FONTE: COPEL (2000-06)

Os resultados de consumo do Campus Curitiba, medidos em kWh, se

comportaram de maneira inversa se comparados aos indicadores de expansão do

Campus, que foi apenas de 1,69% no período 2000-06, enquanto o consumo (kWh) de

energia elétrica registrou variação negativa em 10%. A Tabela 6 mostra os valores

verificados nas faturas e as respectivas variações anuais. Note-se que as variações

foram calculadas em relação ao ano anterior ∆ t = t1 – t2.

TABELA 6 – CONSUMO FATURADO DE ENERGIA ELÉTRICA UTFPR

CONSUMO FATURADO (kWh) Ano Na Ponta Fora da Ponta Total Variação (%) 2000 334.037 2.051.122 2.385.159 - 2001 270.286 1.789.128 2.059.414 -14% 2002 326.113 1.936.684 2.262.797 10% 2003 297.734 1.882.421 2.120.155 -6% 2004 300.999 1.788.395 2.089.394 -1% 2005 308.227 1.809.230 2.117.457 -1% 2006 299.013 1.852.993 2.152.006 -2%

TOTAL 2.136.409 13.109.973 15.186.382 - FONTE: COPEL (2000-06)

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A menor variação percentual negativa de consumo (kWh) faturado ocorreu nos

anos de 2004 e 2005, e a maior em 2001 quando caiu em 1.820.899 kWh o consumo

total de energia elétrica para este ano. Para a série histórica em análise, o valor

máximo de consumo foi registrado no ano de 2000 e o valor mínimo no ano de 2001,

situando-se a mediana no ano de 2003. Este comportamento pode estar associado às

ações e campanhas da CICE para a sensibilização dos usuários quanto ao uso

adequado da energia elétrica, substituições de tecnologias ineficientes e/ou aquisição

de produtos mais eficientes pela área de compras, mas não há registros que

comprovem estas hipóteses. Cabe ressaltar que em 2001 a Portaria MPOG nº 110, de

29.05.2001 estabeleceu procedimentos de redução de consumo de energia elétrica

nos imóveis públicos dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta,

autárquica e fundacional (MCT, 2007). A CICE da UTFPR já vinha reduzindo

sensivelmente o consumo de energia elétrica e conseguiu justificar o não cumprimento

imediato de metas propostas pelo Decreto nº 3.818, de 15 de maio de 2001. Por meio

da análise da correlação e regressão, procurou-se verificar a relação entre as variáveis

de evolução do consumo de energia elétrica (MWh) e a expansão da área construída

(m2) no período 2000-06. As constatações apontaram uma correlação muito fraca

entre as variáveis, com coeficiente de determinação de –R2 0,2918 (explicando que a

relação entre estas variáveis é de 29,18%) e coeficiente de correlação r= 0,5402

conforme mostrado na Figura 30.

R2 = 0,2918

41000

42000

43000

44000

45000

2000 2100 2200 2300 2400 2500

Consumo (MWh)

FIGURA 30 - DISPERSÃO DO CONSUMO BRUTO (MWH) E EXPANSÃO DA ÁREA CONSTRUÍDA (M2) DO CAMPUS COM O COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO R2

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100

Quando consideradas as variáveis evolução do consumo de energia elétrica

(MWh) e a expansão do número de usuários do Campus, período 2000-06, verificou-

se um coeficiente de determinação -R2 0,2724 e o coeficiente de correlação de 0,5219,

indicando igualmente uma correlação fraca entre estas variáveis conforme mostrado

na Figura 31. Observe-se que a correlação linear é negativa e que a despeito do

aumento significativo no número de usuários do Campus, em torno de 66%, o

consumo em MWh variou negativamente 10% demonstrando que a Universidade foi

capaz de atender a um maior número de usuários em 2006 praticamente com a

mesma infra-estrutura disponível no ano de 2000.

R2 = 0,2724

9000

11000

13000

15000

17000

2000 2100 2200 2300 2400 2500

Consumo (MWh)

Usu

ário

FIGURA 31 - DISPERSÃO DO CONSUMO BRUTO (MWH) E NÚMERO DE USUÁRIOS COM O COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO R2

Os resultados discutidos corroboraram as considerações de que as economias

geradas pela diminuição de consumo se perderam em meio a pagamentos

compulsórios, problemas de gestão do orçamento público e aos aumentos das tarifas

de energia elétrica que superaram as correções dos preços livres de mercado e o

Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)35.

35 Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE representa a variação de preços da totalidade dos produtos e serviços disponíveis para o consumo pessoal. A pesquisa é realizada com uma amostra de famílias com rendimento monetário compreendido entre 1 e 40 salários mínimos e abrange 9 Regiões Metropolitanas do País (Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Belém, Salvador, Rio de Janeiro), além do município de Goiânia e o Distrito Federal (IPEA, 2007).

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101

A instituição está investindo na substituição de tecnologias obsoletas e mantém ações

de conscientização dos usuários, mas poderia ser mais efetiva se conseguisse

fortalecer e restaurar a sua Comissão Interna de Conservação de Energia Elétrica –

CICE.

Os resultados verificados para as médias de demanda faturada em (kW) estão

indicados na Tabela 7. Foi verificado importe de ultrapassagem em 2004 que foi

responsável por 2,3% do total geral dos outros valores pagos (Tabela 5) que não o

consumo efetivo da energia elétrica. No caso do Campus Curitiba que estava sendo

faturado pelo sistema horo-sazonal azul durante quase todo o período analisado, até

agosto de 2006, verificou-se que a instalação operou dentro das faixas estipuladas em

contrato em quase todos os anos da série histórica, exceto 2005.

TABELA 7 – DEMANDAS MÉDIAS ANUAIS DE ENERGIA ELÉTRICA UTFPR

MÉDIA DAS DEMANDAS (KW)

Contratada Medida Faturada

Ano

Ponta Fora Ponta Ponta Fora Ponta Ponta Fora Ponta

2000 600 650 554 594 602 650

2001 600 650 470 518 603 650

2002 600 650 540 527 600 650

2003 571 621 522 527 573 621

2004 523 527 508 527 530 536

2005 520 533 530 543 540 549

2006 525 535 517 539 543 554 FONTE: COPEL (2000-06)

Quando comparadas as médias das Demandas Contratadas com as médias das

Demandas Medidas em horário de ponta, a variação da demanda medida para a série

histórica ficou na média 7,2% abaixo dos valores contratados em horário de ponta,

com a mediana situando-se em 8%. A mesma comparação para o horário fora de

ponta demonstrou uma variação média de 8,6% abaixo dos valores contratados, com

a mediana situando-se em 9%. Diante disso, conclui-se que a instalação está

deixando de utilizar em média 7% da demanda contratada. A demanda deve ser

supervisionada e controlada permanentemente, visto o alto custo das tarifas de

ultrapassagem, especialmente em horário de ponta.

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102

O controle de demanda da UTFPR no Campus Curitiba era feito até setembro de

2006 por meio da utilização do software ACC – Análise do Comportamento de Carga,

um produto disponibilizado pela concessionária a custo zero, que fornece informações

adicionais dos valores de potência ativa e reativa, consumo ativo e reativo e fator de

potência. As informações eram disponibilizadas por meio de gráficos, relatórios e

simulações, possibilitando maior conhecimento e melhor controle das instalações

elétricas.

Com a mudança do sistema tarifário, atualmente o monitoramento da demanda é

feito pela própria COPEL, que se encarrega de emitir um extrato do consumo mensal

indicando se está próximo dos 10% tolerados pelo contrato. Acima destes 10% a

COPEL cobra proporcionalmente as ultrapassagens medidas. A área de manutenção

do Campus Curitiba é responsável pelo controle da conta de energia elétrica. Quando

perguntada sobre os procedimentos para controle de demanda respondeu:

No momento a UTFPR não tem nenhum procedimento para desligamento de setores, porque o medidor é único para todos os blocos e/ou equipamentos. A demanda é controlada de uma forma que não ultrapasse os 10% de tolerância que a COPEL permite (UTFPR CAMPUS CURITIBA, 2007).

Com base no exposto, entende-se que ações efetivas do lado do controle da

demanda são mais difíceis de conseguir, a menos que seja mudada a estrutura de

instalação elétrica do Campus. O mercado dispõe de diversos produtos como os

chamados controladores de demanda, bem como há empresas especializadas que

ofertam este serviço. Caberia um estudo mais detalhado para se verificar a viabilidade

ou não da instalação de um sistema para melhor acompanhamento desta variável.

O fator de carga (FC) é um importante indicador das condições de uso da

energia elétrica disponibilizada ao usuário. É constituído por um valor entre 0 (zero) e

1 (um) e aponta a relação entre o consumo de energia elétrica e a demanda de

potência máxima em determinado espaço de tempo, convencionado em 730 horas por

mês. Um fator de carga próximo de 1 significa que a energia está sendo utilizada de

forma eficiente, o que quer dizer que a demanda média está próxima da demanda

máxima, portanto uma curva de carga sem picos e vales. De acordo com Panesi

(2006, p. 46) “[..] um fator de carga muito baixo indica que ocorreu uma concentração

no consumo de energia elétrica em um período curto de tempo [..].

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103

Conforme a Figura 32 o fator de carga geral médio foi de (0,45). A média do

fator de carga registrado na ponta foi de 0,75 e fora da ponta 0,43. Mesmo com a

mudança do sistema tarifário a partir de setembro de 2006, o fator de carga geral

continuou mantendo seu padrão de comportamento em (0,45), ou seja,

insatisfatoriamente baixo.

0,000,100,200,300,400,500,600,700,800,90

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Fator de Carga (P) Fator de Carga (F) Fator de Carga Geral

FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DO FATOR DE CARGA DA INSTALAÇÃO UTFPR FONTE: COPEL (2000-06)

Estes resultados podem estar diretamente associados ao padrão de

funcionamento do Campus, que concentra maior número de usuários e equipamentos

a partir das 18:00 quando cerca de 57% dos ambientes são ocupados em diversas

atividades que se estendem até aproximadamente 22:30 para laboratórios e 22:50

para ambientes de sala de aula. Note-se que a demanda de energia destinada à

iluminação é expressivamente mais alta, dado que, não é possível a utilização de luz

natural neste período do dia.

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104

4.3. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES GERAIS DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DA UTFPR CAMPUS CURITIBA

Todas as informações referentes às análises subseqüentes estão relacionadas

na Tabela 11. A área total útil levantada por meio de inspeção foi de 38.753 m2 Foram

inspecionados 436 ambientes sendo 50% deles utilizados para atividades acadêmicas,

distribuídos em salas de aula, sala de professores e laboratórios. O levantamento por

inspeção identificou 150 modelos distintos de sistemas de iluminação instalados,

incluindo-se 5.853 luminárias e 10.896 lâmpadas de potências variadas, sendo em

95% utilizadas lâmpadas fluorescentes. O maior número de sistemas de iluminação

instalados foi identificado nos blocos D, N e Q onde a quase totalidade das atividades

são acadêmicas: salas de aula, laboratórios e sala de professores. O bloco D possui o

maior número de luminárias instaladas 690 conjuntos para uma área útil inspecionada

de 2.293 m2. O bloco Q possui 3.667 m2 (a maior área útil verificada) para 578

conjuntos instalados, uma diferença de 112 conjuntos de iluminação a menos

disponíveis comparativamente ao bloco D que possui uma área menor.

Foram encontradas 1.240 lâmpadas instaladas no bloco N para iluminar o total

de 57 ambientes, dos quais 35% são destinados a atividades acadêmicas. O segundo

maior número de lâmpadas instaladas estão concentradas no bloco Q para iluminar 56

ambientes sendo 68% deles direcionados a atividades acadêmicas. Em ordem

crescente os maiores blocos concentradores de lâmpadas instaladas são bloco N

(1.240), bloco Q (1.104) e bloco E (1.048). O maior número de lâmpadas econômicas

de 32W foi encontrado nos blocos F (97%) e D (94%). Este dado refere-se apenas à

lâmpada econômica e não ao conjunto luminária eficiente. A desagregação da

potência total instalada em lâmpadas pode ser visualizada na Tabela 8 e na Figura 33.

TABELA 8 – LÂMPADAS INSTALADAS NA UTFPR (2006)

Modelo da Lâmpada

Quantidade Instalada (un)

Participação (%)

Incandescentes 151 1%

Compactas 250 2%

Fluorescentes 32 W 5.783 53%

Fluorescentes 40 W 2.861 26%

Fluorescentes 65 W 1.541 15%

Lâmpadas especiais 128 1%

Outras 182 2%

TOTAL 10.896 100%

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105

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Especiais Incandescente Compacta Fluorescente20W

Fluorescente65W

Fluorescente40W

Fluorescente32W

FIGURA 33 – TIPOS DE LÂMPADAS INSTALADAS NO CAMPUS DA UTFPR (2006)

Verifica-se que o Campus Curitiba faz maior uso de lâmpadas fluorescentes de

32W (53%), 40W (26%) e 65W (15%). As incandescentes representam apenas 1% do

total de lâmpadas instaladas e na sua maioria são destinadas aos banheiros e aos

postes de iluminação externa localizados nos pátios. O maior uso de lâmpadas

fluorescentes compactas, que também são substitutas eficientes das lâmpadas

incandescentes, ocorreu no bloco J, uma área estritamente de ambientes

administrativos. Esta tecnologia representa apenas 2% do total das lâmpadas

instaladas na edificação (Apêndice-G). Cabe ressaltar que do total de 53% de

lâmpadas de 32W, as mais econômicas e recomendadas para uso conjunto em

luminárias com refletor de alumínio e reator eletrônico, 14% estão sendo utilizadas de

forma incorreta ou em luminárias não consideradas eficientes ou conjuntamente com

lâmpadas de 40W. Este expediente ocorre na tentativa de manter o sistema de

iluminação operante, dado que a compra de produtos em órgãos públicos ocorre por

meio de licitações que são processos demorados. Para atender à necessidade do

usuário, a área de manutenção acaba utilizando as lâmpadas disponíveis em estoque

mesmo que estas não sejam as mais adequadas sob a perspectiva econômica e

técnica que leva em conta o melhor uso do conjunto luminária, lâmpada e reator.

Do total das luminárias verificadas, 49% foram consideradas eficientes. O

critério de luminária eficiente considerou sistemas com refletor de alumínio, reator

eletrônico com duas lâmpadas de 32W. A seleção das luminárias eficientes com base

nas características acima descritas, foi embasada no estudo de Ghisi e Lamberts

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(1998). De acordo com os autores o refletor e a forma da luminária são os

componentes determinantes na eficiência da luminária. O reator eletrônico é

considerado eficiente dado que sua perda é quase nula (PANESI, 2006).

O maior percentual de luminárias eficientes está concentrado nos blocos F (95%)

onde 67% das áreas são para atividades acadêmicas e D (92%) para 65% de áreas

utilizadas para a mesma finalidade. O bloco Q onde está localizado o maior número de

salas de aula, (68% no total) possui apenas 76% de sistemas de iluminação

considerados eficientes. No bloco G não foram encontrados sistemas eficientes,

embora se trate de uma área que dispõe de 2 laboratórios, uma oficina de apoio e a

marcenaria do departamento de construção civil. O bloco E, o segundo maior em área

útil, com 3.386 m2 e o terceiro maior em ambientes de ensino (57%), possui apenas

23% de luminárias eficientes. Este bloco concentra o maior número de lâmpadas de

40W (24% no total) que juntamente com as lâmpadas de 65W (4% no total) utiliza um

dos sistemas de iluminação mais antigos, luminária comercial Plafonier tipo BB para 2

lâmpadas de 40W; 3 lâmpadas de 40W e/ou 4 lâmpadas de 40W. Também podem ser

utilizadas lâmpadas de 20W neste sistema. Os blocos A, B e C juntos utilizam 1.427

lâmpadas de 65W, razão pela qual, dentre os blocos que concentram o maior número

de ambientes destinados ao ensino, são os menos eficientes, 23%; 25% e 28%

respectivamente.

Com respeito às lâmpadas especiais verificou-se que nos ginásios, quadras de

esportes e piscina a iluminação é considerada muito boa, com o uso de equipamentos

corretos. Os pátios poderiam ser melhores iluminados à noite e as áreas de corredores

possuem 22% de luminárias eficientes.

Uma questão importante que a pesquisa se propôs a responder, era quantificar a

participação da iluminação no consumo global de energia elétrica da instalação. A

potência total instalada em iluminação para o Campus Curitiba considerando os

sistemas levantados entre os dias 08/09/2006 até 20/10/2006 foi de 474.832W. A

potência instalada em iluminação expressa em kWh/mês para a edificação foi de

106.278 kWh/mês. A média de consumo mensal da instalação no ano de 2006 era de

179.334 kWh/mês, conforme mostrado na Tabela 9. O consumo médio da instalação

destinado à iluminação representou 59% do consumo global faturado pela COPEL

em 2006. Este percentual está abaixo da média do consumo típico de um prédio

público comercial sem uso de climatização artificial (COPEL, 2006) e abaixo dos 80%

estimados na pesquisa de Krüger, Miranda e Cervelin (2002).

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107

TABELA 9 – CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DA INSTALAÇÃO UTFPR (2006)

Consumo na Ponta (kWh) Consumo Fora da Ponta (kWh) Mês/2006 Medido Faturado Medido Faturado

GERAL

Janeiro 9.337 103.003 112.340 Fevereiro 27.093 169.013 196.106 Março 19.419 130.536 149.955 Abril 27.477 161.122 188.599 Maio 29.443 160.603 190.046 Junho 27.708 160.934 188.642 Julho 28.702 154.570 183.272 Agosto 23.842 145.901 169.743 Setembro 26.723 170.165 196.888 Outubro 29.343 163.714 193.057 Novembro 25.157 172.166 197.323 Dezembro

9.337 27.093 19.419 27.477 29.443 27.708 28.702 23.842 26.723 29.343 25.157 24.769 24.769

103.003 169.013 130.536 161.122 160.603 160.934 154.570 145.901 170.165 163.714 172.166 161.266 161.266 186.035

Soma 299.013 299.013 1.852.993 1.852.993 2.152.006Média 179.334

FONTE: COPEL (2006)

Considerando-se que desde 1997 a CICE vinha atuando na eficientização das

instalações por meio de várias medidas, dentre elas, substituição de luminárias,

utilização de sensores de presença nos banheiros dentre outros, a participação da

iluminação no global do consumo do Campus Curitiba pode ter reduzido em 25%, se

comparado aos 80% da pesquisa anteriormente citada. Essa redução da participação

da iluminação nos gastos totais de energia, pode estar associada à continuidade do

uso de sistemas de iluminação mais eficientes e lâmpadas econômicas de 32W, além

da melhor percepção dos usuários da necessidade de evitar-se desperdícios de

energia elétrica.

Como dado complementar, a relação consumo em iluminação por área útil

(kWh/m2) variou entre 5,7 no bloco B (o maior indicador) e 2,7 no bloco Q (o menor

indicador) considerados os blocos que têm uma maior área útil destinada a atividades

acadêmicas (Tabela 11). Entende-se que quanto menor a relação kWh/m2, melhor a

utilização da instalação. O consumo de energia elétrica em iluminação por aluno

matriculado (ano base 2006) foi 7,07 kWh/mês e por docente ativo (ano base 2006) foi

151,83 kWh/mês. Igualmente estes indicadores são secos. A média anual de consumo

de energia por aluno matriculado no ano de 2000 foi 273 kWh e em 2006 143 kWh. A

variação em relação ao ano de 2005 foi 10% negativa, isto é, aumentou o número de

alunos matriculados, mas a média de consumo diminuiu. O mesmo ocorre se for

considerada a média de consumo por docente, que em 2000 era 3.417 kWh e em

2006 caiu para 3.074 kWh. A variação em relação ao ano de 2005 foi 1,5% negativos.

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Cabe observar que nesta análise foi levada em consideração a percepção do

usuário quanto ao critério de conforto visual uma vez que não foi realizado

procedimento de medição direta. As condições gerais de iluminação natural dos

ambientes do Campus Curitiba foram consideradas 54% boas em relação ao total de

ambientes inspecionados, conforme a Figura 34. Não foram consideradas nesta

análise as áreas do ginásio, quadras abertas e ambientes de corredores e o teatro, por

serem áreas com finalidades atípicas. As melhores condições de iluminação natural

foram verificadas no bloco Q (88%), A (73%) e C (77%). As piores condições foram

verificadas no bloco I (14%). Este resultado do bloco I pode estar associado às

características dos ambientes como sala de videoconferência, laboratórios de

pneumática e automação que requerem maior cuidado com sua iluminação.

32%

54%

14%

BOA REGULAR RUIM

FIGURA 34 – CONDIÇÕES GERAIS DA ILUMINAÇÃO NATURAL UTFPR

As condições gerais de iluminação artificial dos ambientes do Campus Curitiba

foram consideradas 88% boas, se comparadas ao total de ambientes inspecionados

conforme Figura 35.

11% 1%

88%

BOA REGULAR RUIM

FIGURA 35 – CONDIÇÕES GERAIS DA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL UTFPR

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Igualmente não foram consideradas nesta análise as áreas do ginásio, quadras

abertas e ambientes de corredores e o teatro por serem áreas com finalidades

atípicas. Considerando o baixo índice de sistemas inoperantes, em torno de 1% do

total de sistemas instalados no Campus, este indicador justifica-se. De acordo com o

resultado do levantamento por inspeção os ambientes com a melhor iluminação

artificial foram encontrados nos blocos A (95%); B (97%); C (97%); F (94%); M e N

(93%).

A Tabela 10 traz um comparativo entre os percentuais de boas condições de

iluminação artificial destes blocos, os percentuais de luminárias eficientes e lâmpadas

econômicas encontradas nos mesmos ambientes:

TABELA 10 – COMPARATIVO ENTRE ILUMINAÇÃO, LUMINÁRIAS E LÂMPADAS

Blocos A B C F M N

Iluminação BOA

95% 97% 97% 94% 93% 93%

Luminárias EFICIENTES Instaladas

23%

25%

28%

95%

56%

68%

Lâmpadas ECONÔMICAS Instaladas

26%

30%

18%

97%

49%

73%

Quando comparadas às boas condições da iluminação artificial com a

disponibilidade de luminárias eficientes, verifica-se que excetuando-se o bloco F, nos

demais blocos não há relação direta entre as variáveis. A primeira impressão é que um

grande número de luminárias em funcionamento garante boas condições de

iluminação artificial. Esta situação se confirma desde que desconsideradas a eficiência

e a economia de tais sistemas.

As condições gerais de iluminação mista dos ambientes do Campus foram

consideradas 65% boas quando comparadas ao total de ambientes inspecionados de

acordo com a Figura 36. Igualmente não foram consideradas nesta análise as áreas

do ginásio, quadras abertas e ambientes de corredores e o teatro pelas características

de uso que são atípicas.

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110

26%

9%

65%

BOA REGULAR RUIM

FIGURA 36 – CONDIÇÕES GERAIS DA ILUMINAÇÃO MISTA UTFPR

Este resultado justifica-se pela maior participação de condições regulares e ruins

quando os sistemas foram avaliados conjuntamente. Os blocos que apresentaram as

melhores condições de iluminação mistas foram o B; C; H; I; K; L e o bloco Q. Nestes

ambientes não foram verificadas condições ruins na iluminação mista.

Os sistemas de iluminação artificial do Campus Curitiba estavam em pleno

funcionamento (99%) durante o período analisado. Foram considerados todos os

ambientes inspecionados, inclusive os sistemas de iluminação especial como do

teatro, quadras, ginásio e mini-ginásio. O bloco M e N apresentaram os maiores

números de sistemas inoperantes, em média 8 luminárias em funcionamento parcial

ou 17 lâmpadas a substituir. De acordo com Alvarez (1998), taxas acima de 5% para

sistemas inoperantes sinalizam a falta de programa efetivo de manutenção da

instalação.

A potência instalada em iluminação por número de interruptores mostrou que a

instalação possui 1.425 interruptores mais os quadros de acionamento de iluminação,

como no caso do ginásio, mini-ginásio e áreas de subsolo. Os quadros de

acionamento da iluminação não foram identificados porque esta atividade não fazia

parte do escopo desta pesquisa, mas durante a inspeção verificou-se que existem

alguns destes sistemas para acionar a iluminação. O maior número de acionamentos

foi encontrado no bloco J (205 interruptores); bloco N (172 interruptores); bloco D (155

interruptores); bloco Q (143 interruptores) e no bloco E (132 interruptores).

Excetuando-se o bloco J que concentra essencialmente atividades administrativas, os

demais blocos citados possuem em média 50% dos ambientes destinados a atividades

acadêmicas.

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TABELA 11 - RESUMO DOS RESULTADOS APURADOS POR BLOCO E RESULTADO DA EDIFICAÇÃO

TOTAIS Bl.A Bl.B Bl.C Bl.D Bl.E Bl.F Bl.G Bl.H Bl.I Bl.J Bl.K Bl.L Bl.M Bl.N Bl.P Bl.Q Ginasio Quadra Piscina Minig. Corredores Pátios Teatro RES. EDIFICAÇÃOÁrea útil (m2) 2.389 1.527 1.983 2.293 3.386 971 934 450 313 2.561 639 2.017 1.622 3.243 150 3.667 782 1.424 1.052 568 2.501 3.154 1.126 38.753Amb.inspecionados 36 31 35 20 49 18 8 7 7 47 7 7 15 57 2 56 8 2 5 1 9 9 0 436Amb. ensino 24 22 26 13 28 12 6 0 5 0 0 3 6 35 0 38 0 1 0 0 0 0 0 219Modelos lumin. 8 5 5 3 12 6 2 5 3 22 5 11 8 15 3 17 2 3 3 0 3 0 9 150Luminárias instaladas 431 291 373 690 395 247 191 132 72 497 112 457 289 599 33 578 29 18 89 0 299 0 31 5.853Lum. eficientes inst. 98 73 106 637 90 234 0 21 24 79 89 341 161 407 14 396 3 0 0 0 66 0 30 2.869% Lum. eficientes 23% 25% 28% 92% 23% 95% - 16% 33% 16% 79% 75% 56% 68% 42% 69% 10% - - - 22% - - 49%Lâmpadas instaladas 808 537 587 875 1.048 396 380 146 163 1.078 194 826 495 1.240 50 1.104 101 50 157 20 537 28 76 10.896Lamp. Fluor. (32W) 26% 30% 18% 94% 29% 97% 19% 25% 42% 27% 87% 81% 49% 73% 56% 76% 24% 28% 25% - 67% - 45% 53%(W) Iluminação 49.101 32.100 37.706 29.179 44.649 13.064 16.666 5.342 5.475 37.728 6.470 28.987 18.955 44.202 1.492 40.620 10.527 7.938 10.451 8.000 20.442 2.324 3.416 474.832Relação W/m2 20,55 21,02 19,01 12,73 13,19 13,45 17,84 11,87 17,51 14,73 10,12 14,37 11,69 13,63 9,95 11,08 13,46 5,57 10,02 14,08 8,17 0,74 3,03 12,25Interruptores instalados 96 84 66 155 132 64 20 35 27 205 31 65 59 172 9 143 20 6 16 - 8 4 8 1.425(W) ilum./nr. interrup. 511 382 571 188 338 204 833 153 203 184 209 446 321 257 166 284 526 1.323 659 - 2.555 581 427 333Área Ilum. p/nr. interrup. 25 18 30 15 26 15 47 13 12 12 21 31 27 19 17 26 39 237 66 - 313 788 141 27Sistemas Inoperantes 2 2 3 11 8 2 1 1 3 9 - 3 17 17 1 6 - - 1 1 1 - 9 98(kWh/mês) Iluminação 12.809 8.647 10.141 6.748 11.332 3.229 4.016 1.175 1.089 8.300 1.423 7.546 4.451 10.514 410 10.032 695 524 690 352 1.799 205 150 106.278(W) Ilum. Salas aula 10.037 7.923 9.228 3.596 7.544 2.780 3.501 0 787 0 0 5.846 1.403 6.708 0 7.557 695 524 690 352 1.799 205 150 71.323(W) Ilum. Laboratórios 0 0 0 390 0 201 350 0 273 0 0 0 0 552 0 415 - - - - - - - 2.182(W) Ilum. Administração 2.773 724 913 2.762 3.788 248 165 1.175 29 8.300 1.423 1.700 3.048 3.255 410 2.060 - - - - - - - 32.773Consumo área útil kWh/m2 5,4 5,7 5,1 2,9 3,3 3,3 4,3 2,6 3,5 3,2 2,2 3,7 2,7 3,2 2,7 284,0 0,9 0,4 0,7 0,6 0,7 0,1 0,1 2,7

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Durante a fase de tabulação dos dados verificou-se que um único interruptor (ou

no máximo dois) é responsável pelo acionamento de um grande conjunto de

luminárias na maioria dos ambientes inspecionados. Não foi encontrado um indicador

padrão ou referencial ou norma para o número ideal de interruptores ou acionamentos

para as edificações. A recomendação da COPEL (2005) é que sejam instalados

interruptores objetivando facilitar as operações liga/desliga de acordo com a

necessidade do local, e dependendo das características do ambiente a utilização de

timers. Outra sugestão para otimizar a instalação, seria a divisão dos circuitos de

iluminação de tal forma que seja possível utilizá-los parcialmente mantendo-se a

comodidade para o usuário. Além disso, os circuitos também poderiam ser

posicionados de acordo com as janelas dos ambientes, para que durante o dia as

lâmpadas próximas às janelas possam ser desligadas independentemente das outras

lâmpadas no interior destas áreas. Neste aspecto do levantamento verificou-se que há

um potencial de economia se este ponto fosse melhorado em futuros retrofits. Ensaios

de laboratório de Alvarez (1998) apontaram um potencial de economia de 49%

confirmando a eficácia da medida. A potência instalada em iluminação por número de

interruptores (W de iluminação / número de interruptores) foi igual a 333 e a área (m2)

iluminada por número de interruptores (quantidade) é 27,19 desconsiderando os

quadros de acionamento para ambas as análises.

As condições gerais do sistema de iluminação na UTFPR Campus Curitiba

podem ser consideradas satisfatórias. Cabe observar que não foram feitas medições

diretas de modo que as análises estão embasadas unicamente nas observações dos

ambientes inspecionados e nas informações retiradas das faturas expedidas pela

concessionária local.

• 59% do total global da fatura de energia elétrica (kWh/mês) são

destinados à iluminação de ambientes ou 106.278 kWh/mês;

• a potência instalada em iluminação por área iluminada é de 12,25 W/m2;

• o consumo por área útil da instalação é de 2,7 kWh /m2 mês;

• 49% é a taxa de sistemas de iluminação eficientes encontrados no

Campus Curitiba;

• 95% das lâmpadas utilizadas são fluorescentes, no entanto apenas 53%

do total das lâmpadas instaladas são econômicas (32W);

• 88% da iluminação artificial do Campus Curitiba são satisfatórias se

considerar-se a baixíssima taxa de sistemas inoperantes (1%);

• A distribuição dos interruptores pode ser considerada ruim: um único ou

no máximo dois acionamentos para um grande conjunto de luminárias.

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A partir das análises anteriores, foi possível a elaboração de um conjunto de

indicadores globais de uso das instalações conforme a Figura 34. Conhecer os

padrões de consumo de energia elétrica da instalação para o uso final de iluminação

poderá auxiliar na tomada de decisão em substituição de tecnologias obsoletas,

potenciais de economia por melhoria das condições gerais dos ambientes, novos

programas de manutenção e conservação das instalações, dentre outras

possibilidades. Os principais indicadores propostos pela pesquisa e outros

complementares de igual importância estão relacionados na Figura 37.

Indicadores Globais de Uso da Instalação Grandeza/Unidade Resultado Área útil levantada por inspeção m2 38.753

Total de ambientes inspecionados Quantidade 436

Total de ambientes destinados a ensino Quantidade 219

Potência total instalada em iluminação W 474.832

Consumo total em iluminação

kWh/mês

106.278 ou 59% na média mensal

(ano base 2006) Potência instalada em iluminação por área iluminada

W Iluminação/m2 12,25

Total de interruptores instalados Quantidade 1.425 Potência total instalada em iluminação por número de interruptores

W Iluminação/ N Interruptores

333

Área iluminada por número de interruptores m2 /N Interruptores 27,19

Iluminação natural boa Porcentagem 54%

Iluminação artificial boa Porcentagem 88%

Iluminação mista boa Porcentagem 65%

Total de luminárias instaladas Quantidade 5.853

Total de luminárias eficientes Porcentagem 49%

Sistemas inoperantes Porcentagem 1%

Total de lâmpadas instaladas (*) Quantidade 10.896

Total de lâmpadas econômicas instaladas (**) Porcentagem 53%

Consumo mensal em iluminação por área útil kWh/mês m2 2,74

Consumo de energia elétrica em iluminação por docente ativo (ano base 2006)

kWh/mês 151,83

Consumo de energia elétrica em iluminação por aluno matriculado (ano base 2006)

kWh/mês 7,07

Gasto total com energia elétrica por m2 construído (ano base 2006)

Reais (R$) R$ 16,95

Gasto mensal com energia elétrica destinada a iluminação (em dezembro 2006) tarifa horo-sazonal verde, período úmido.

(kWh/mês

iluminação x tarifa)

R$ 27.253,00 ou 46% do valor da fatura

daquele mês Participação (%) dos gastos com energia elétrica no orçamento do Campus Curitiba (PR)

(%)

11,77%

FIGURA 37 – INDICADORES GLOBAIS DE USO DAS INSTALAÇÕES UTFPR

(*) A desagregação por lâmpada empregada ver Figura 30. (**) Não se considerou se estão sendo utilizadas adequadamente nas luminárias eficientes.

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4.4. PROJEÇÕES ECONÔMICAS

Antes de se passar à análise dos fluxos de caixa, cabe definir o conceito de fluxo

de caixa livre e payback ou período de recuperação do investimento.

Um aspecto importante na tomada de decisão de investimento de capital é a

determinação do fluxo de caixa livre do projeto. O fluxo de caixa livre é “o fluxo de

caixa líquido do projeto após os ajustes de gastos que não envolvam saída de caixa

(depreciação, amortização, financiamentos não onerosos entre outros)” (LEMES

JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2005 p. 152).

O período de recuperação do investimento ou payback é definido pelo número

de anos necessários para a recuperação do capital investido no projeto. Trata-se de

uma ferramenta de avaliação de fácil entendimento e foi o primeiro método formal de

avaliação de projetos (BRIGHAM; HOUSTON, 1999). É frequentemente utilizado pelos

empresários como indicador principal ou complementar dependendo da complexidade

do investimento e da decisão envolvida.

O fluxo de caixa 1 considerou a substituição das luminárias modelo Comercial

Plafonier Tipo BB para 2 ou 4 lâmpadas de 40W ou ainda de 20W. Estas luminárias

estão concentradas nos blocos E, N, Q e R. Cabe ressaltar que o bloco E é o maior

concentrador de ambientes de ensino utilizados no período da noite e que utilizam

estes sistemas antigos, com 22 salas teóricas e duas salas de desenho. Os

investimentos compreendem a compra de luminárias de sobrepor, com corpo em

chapa de aço fosfatizada e pintada eletrostaticamente, refletor facetado em alumínio

de alta pureza e refletância, sem aletas. O modelo proposto já é utilizado no Campus e

está ilustrado no Anexo-D. A luminária requer o uso de 2 lâmpadas de 32W e reator

eletrônico. Foi feito um levantamento de preços em Curitiba (PR), entre os dias 26 e

27 de fevereiro de 2007, verificando-se o preço médio unitário de R$ 44,14 para a

luminária, o reator R$ 25,25 e R$ 6,30 para cada lâmpada fluorescente de 32W,

totalizando o valor de R$ 81,99 o conjunto completo. Nestes valores já estão incluídos

os impostos. Será necessária a substituição de 350 luminárias completas. O custo de

mão de obra foi fixado em R$ 10,00 por unidade instalada, já considerados os

encargos trabalhistas envolvidos.

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O fluxo de caixa 2 considerou apenas a substituição das lâmpadas de 40 W por

lâmpadas de 32W que estavam instaladas indevidamente nas luminárias eficientes.

Verificou-se a necessidade da substituição de 850 lâmpadas. A síntese dos principais

elementos considerados nas projeções econômicas por meio da técnica do fluxo de

caixa aparecem relacionadas na Tabela 12. TABELA 12 - SÍNTESE DOS RESULTADOS ESPERADOS

1. Investimento Inicial Fluxo Caixa 1 Fluxo Caixa 2 1.1. Troca de Luminárias 2 x 32W (350 un) (R$ 32.197) - 1.2. Troca de Lâmpadas de 40W-32W (850 un) - (R$ 14.450) 1.3. Troca de Lâmpadas de 40W-32W (750 un) ao término vida útil (R$ 36.771) - 1.4. Troca de Lâmpadas de 40W-32W (850 un) ao término vida útil - (R$ 44.652) 1.5. Depreciação (R$ 4.201) (R$ 1.220) 2. Economias Iniciais Geradas 2.1. Diferença de W entre lâmpada de 40W-32W (economia) (16W) (8W) 2.2. Diferença de W reator ineficiente (10W) - 2.3. Economias geradas pela substituição tecnologia obsoleta (19.500W) (6.800W) 2.4. Economia total no primeiro ano (R$) R$ 25.966 R$ 12.011 2.5. Economia acumulada no décimo ano (R$) R$ 52.558 R$ 24.313 3. Fluxo de Caixa Livre 3.1. Fluxo de caixa livre no ano 1 R$ 22.746 R$ 11.076 3.2. Fluxo de caixa livre no ano 10 R$ 313.641 R$ 94.901

a) Análise dos benefícios auferidos pela substituição do conjunto completo

luminária, reator e 2x32W.

Os totais dos investimentos aparecem destacados em vermelho no item 1

Investimentos conforme o Fluxo de Caixa 1 mostrado na Tabela 12, e consideraram a

compra de todo o material necessário (luminárias, lâmpadas, reatores), os custos de

mão de obra e as lâmpadas de reposição. O tempo de vida útil estimado pelos

fabricantes para as lâmpadas fluorescentes, é de 8.000 horas e a substituição se daria

a cada dois anos considerando-se apenas a exaustão do produto (fim da vida útil).

Não foram considerados aumentos nos preços das lâmpadas, dado que há a

tendência de queda pelo incremento da escala de produção dos fabricantes. O período

projetado foi de 10 anos levando-se em conta a depreciação física das lâmpadas. As

luminárias, de acordo com o manual do fabricante, possuem vida útil estimada acima

de 10 anos.

Do lado das economias geradas, considerou-se um preço médio de R$ 15,00

para um conjunto com duas lâmpadas fluorescentes de 40W contra R$ 13,00 o

conjunto de duas lâmpadas de 32W.

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A perda dos reatores ineficientes conforme tabelas e informação dos fabricantes

foi estimada em 10W para cada conjunto de duas lâmpadas. A diferença de consumo

entre as lâmpadas é de 8W (40W - 32W) totalizando 16W. O potencial de consumo de

energia pela substituição da luminária seria 26W (somadas as economias pela

diferença de consumo das lâmpadas mais a perda do reator do conjunto ineficiente)

para uma utilização média de 12h diárias e 22 dias úteis ao mês. O potencial de

economia ficou em 3.881 kWh/mês totalizando uma economia no primeiro ano de R$

25.966. O fluxo de caixa livre apresentou-se positivo para os anos projetados

chegando ao décimo ano com R$ 313.641 de resultado positivo, isto é, consideradas

as economias geradas pela diminuição do consumo em relação aos investimentos

necessários para mantê-los em funcionamento, incluindo-se a troca das lâmpadas ao

término da vida útil, e diferença de preço entre as lâmpadas de 40W e 32W, sendo as

primeiras mais caras em relação às segundas.

Observe-se que o retorno aparece já a partir do segundo ano, pois na medida

em que a luminária é substituída já começa a gerar economia pela diminuição do

consumo de energia. Cabe salientar que se trata de um estudo que considerou a

substituição de apenas um modelo de luminária por outra substituta equivalente. A

coleta de dados evidenciou que existem ainda 900 luminárias ineficientes de diversos

modelos, mas para um estudo de viabilidade de substituição destas caberia um novo

trabalho levando em conta os aspectos da luminotécnica, a variedade das

características específicas de cada ambiente e as necessidades dos usuários.

O fluxo de caixa 1 (Tabela 13) demonstrou que a substituição é favorável ao

investidor com retorno positivo já a partir do segundo ano se mantidas as premissas

adotadas para preço dos produtos, correção anual do preço da energia e metas de

inflação do governo.

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TABELA 13 - FLUXO DE CAIXA 1 – SUBSTITUIÇÃO DE LUMINÁRIAS COMERCIAL PLAFONIER TIPO BB

PERÍODO PROJETADO (ANUAL) ITEM ATIVIDADE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 Investimentos R$ 1,00 (R$ 3.220) (R$ 3.316) (R$ 15.673) (R$ 3.518) (R$ 3.624) (R$ 15.989) (R$ 3.844) (R$ 3.960) (R$ 16.336) (R$ 4.201) 1.1. Luminária completa * (2x32W) 81,99 1.2. Mão de obra instalação 10,00 Total da substituição 350 sistemas R$ 32.197 Depreciação física R$ 3.220 (R$ 3.220) (R$ 3.316) (R$ 3.416) (R$ 3.518) (R$ 3.624) (R$ 3.732) (R$ 3.844) (R$ 3.960) (R$ 4.079) (R$ 4.201) 1.3. Fim vida útil das lâmpadas 700 Conjunto (2x32W) + M.O. R$ 17 Total da troca lâmpadas R$ 11.900 (R$ 12.257) (R$ 12.257) (R$ 12.257) 2 Economias R$ 1,00 R$ 25.966 R$ 28.082 R$ 30.371 R$ 32.846 R$ 35.523 R$ 38.418 R$ 41.549 R$ 44.935 R$ 48.598 R$ 52.558 2.1. 2 lâmpadas 40W R$ 15 2 lâmpadas 32W R$ 13 Substituição de 750 lâmpadas R$ 10.500 Economia substituição cada 2 anos R$ 2.825 R$ 2.825 R$ 2.825 Consumo reator ineficiente 10W Diferença consumo lâmpadas (40W - 32W * 2) 16W Consumo total conj. ineficiente 26W 2.2. Economia W (reator+lamp) 14.700 2.3. Utilização média 12 h 176.400 Em kWh (1000) 176 Consumo 22 dias úteis (kWh) 3.881 Tarifa ** R$ 0,55757 2.4. Total das economias anuais R$ 25.966 3 FLUXO DE CAIXA LIVRE R$ 22.746 R$ 47.512 R$ 65.035 R$ 94.363 R$ 126.262 R$ 151.516 R$ 189.220 R$ 230.196 R$ 265.283 R$ 313.641 * Conjunto luminária com refletor de alumínio, para duas lâmpadas de 32W com reator eletrônico; ** Composição de tarifa na ponta e fora da ponta na tarifa verde (ano base dez-2006)

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b) Análise dos benefícios auferidos pela substituição das lâmpadas de 40W por

lâmpadas de 32W instaladas em luminárias eficientes.

O Fluxo de Caixa 2 mostrado na Tabela 14 considerou a substituição de 850

lâmpadas de 40W instaladas indevidamente ou conjuntamente em luminárias

consideradas eficientes. Foram mantidas as mesmas premissas adotadas na

elaboração do Fluxo de Caixa 1 na Tabela 13.

Neste caso, o retorno aparece já no primeiro ano com economias de 6.800W de

potência instalada em lâmpadas. O fluxo de caixa livre no primeiro ano pagaria os

investimentos iniciais e haveria sobra de caixa para o segundo ano. Estes recursos

poderiam ser redirecionados para a substituição das outras luminárias consideradas

ineficientes. Cabe enfatizar que os benefícios econômicos devem ser considerados

juntamente com o maior conforto do usuário pela utilização de sistemas de iluminação

adequados, no entanto este aspecto não faz parte do escopo desta pesquisa.

No caso do fluxo de caixa 2, substituição somente das lâmpadas, verificou-se

que os blocos D, H, J, L, M, N e Q concentram um grande número de lâmpadas de 40

W a serem substituídas. Os blocos Q e N seriam amplamente beneficiados,

considerando as taxas de ocupação para ambientes destinados a ensino. Ainda que

subjetivamente há de se considerar como benefícios esperados maior produtividade

dos usuários pelo conforto auferido pelos novos sistemas. Diante disso, o fluxo de

caixa 2 igualmente apresenta-se favorável com retornos positivos para o investidor.

Reiterando, os estudos e análises desta pesquisa estão embasados nos

resultados das observações do levantamento por inspeção, dados disponíveis nas

faturas de energia elétrica do Campus Curitiba e informações coletadas em órgãos

oficiais ligados a área de energia. Não foram feitas medições diretas nos ambientes.

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TABELA 14 - FLUXO DE CAIXA 2 – SUBSTITUIÇÃO DE LÂMPADAS

PERÍODO PROJETADO (ANUAL) ITEM ATIVIDADE 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 Investimentos R$ 1,00 (R$ 935) (R$ 963) (R$ 15.875) (R$ 1.022) (R$ 1.052) (R$ 15.967) (R$ 1.116) (R$ 1.150) (R$ 16.068) (R$ 1.220) 1.1. Lâmpada de 32W R$ 6,00 1.2. Mão de obra instalação R$ 5,00 Total da substituição de 850 lamp. R$ 9.350 1.3. Depreciação física R$ 935 (R$ 935) (R$ 963) (R$ 992) (R$ 1.022) (R$ 1.052) (R$ 1.084) (R$ 1.116) (R$ 1.150) (R$ 1.184) (R$ 1.220) 1.4. Fim vida útil das lâmpadas 850 Conjunto (2x32W) + M.O. R$ 17 Total da troca lâmpadas R$ 14.450 (R$ 14.884) (R$ 14.884) (R$ 14.884) 2 Economias (**) R$ 1,00 R$ 12.011 R$ 12.990 R$ 14.049 R$ 15.194 R$ 16.432 R$ 17.772 R$ 19.220 R$ 20.786 R$ 22.480 R$ 24.313 2.1. 1 lâmpada 40W R$ 7,5 Economia substituição cada 2 anos (8.326) (8.326) (8.326) 2.2. Diferença consumo lâmpadas (40W - 32W * 2) 8W 2.3. Economia (W) lâmpadas 6.800 2.4. Utilização média 12 h 81.600 Em kWh (1000) 82 Consumo 22 dias úteis (kWh) 1.795 Tarifa R$ 0,55757 2.5. Total das economias anuais R$ 12.011 3 FLUXO DE CAIXA LIVRE R$ 11.076 R$ 23.104 R$ 12.951 R$ 27.124 R$ 42.504 R$ 35.982 R$ 54.085 R$ 73.722 R$ 71.808 R$ 94.901

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho pretendeu enfatizar a importância da lógica da conservação

e eficiência energética por meio de uma revisão bibliográfica abrangente e atual sobre

o tema e uma aplicação prática que analisou os atuais padrões de consumo de

energia elétrica para iluminação de ambientes, no prédio público federal da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba.

Para se verificar como a edificação de uma universidade pública se comporta em

padrões de consumo de energia elétrica, foi idealizado este estudo donde foi possível

chegar a resultados que pode contribuir significativamente no planejamento de futuras

ações e projetos em eficiência energética com a finalidade reduzir seu consumo.

A primeira pergunta a ser respondida pela pesquisa está relacionada aos

padrões de consumo de energia elétrica com a iluminação de ambientes, dadas as

indicações que este uso final é o mais expressivo nos prédios públicos que não

utilizam sistemas de climatização artificial. O Campus Curitiba no período entre 2000 a

2006 reduziu a participação dos gastos relacionados à iluminação. Estimativas no ano

de 2000 (Krüger, Miranda, Cervelin, 2002), indicaram que em torno de 80% da energia

elétrica consumida eram destinados à iluminação de ambientes. A pesquisa revelou

que em 2006 a iluminação consumiu em torno de 106.278 kWh/mês, considerando os

sistemas atualmente disponíveis, representando 59% do total do consumo de energia

elétrica medido pela COPEL. As campanhas de conscientização para manter as luzes

apagadas ao sair dos ambientes, por exemplo, foram importantes no processo de

mudança de hábitos de consumo.

A estrutura geral de iluminação dos ambientes foi considerada boa, com a

utilização de 49% de sistemas de iluminação36 eficientes. Este dado revela que existe

um expressivo potencial de economia e que ações na melhor eficientização do

Campus são viáveis. A Universidade vem adotando desde 1997 por meio da sua

Comissão Interna de Conservação de Energia - CICE ações para a melhoria das

condições da iluminação dos ambientes e embora não se possa comprovar que os

resultados obtidos estão relacionados às suas iniciativas, entende-se que as

campanhas, estudos e substituições de equipamentos obsoletos podem ter tido uma

participação considerável na redução do consumo de energia elétrica.

36 Luminária com refletor de alumínio, sem aletas, com uso de reator eletrônico e lâmpada econômica (2x32 W).

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Em relação aos padrões de consumo, observou-se que o Campus expandiu

discretamente a infra-estrutura em 2006 comparativamente ao ano de 2000. O número

de docentes e alunos aumentou e investimentos para ampliação e melhoria dos

ambientes de ensino demandaram mais energia. No entanto, quando comparados os

desembolsos realizados com os consumos medidos e faturados pela concessionária,

observou-se a redução do consumo em kWh e aumento dos desembolsos realizados

em reais (R$) para pagamento das faturas. Ocorreu uma relação inversa entre ganhos

de economia no consumo em kWh mês e o aumento de valores a pagar. O Campus

tem obtido êxito nos esforços de geração de economias, mas este diferencial de

ganho têm se perdido em meio a tarifas em ascensão, a burocracia típica da gestão de

instituições públicas e os dispositivos governamentais que garantem arrecadação de

recursos para financiar problemas estruturais do setor elétrico, como no caso dos

encargos de capacidade emergencial cobrados diretamente nas faturas dos

consumidores de todas as categorias, que custou à Universidade no período 2002-05

o correspondente a R$ 71.462 ou 70% do total de outros valores pagos que não

consumo direto de energia.

A CICE é um importante programa interno de combate ao desperdício, no

entanto, em muitos segmentos do governo não se tem alcançado resultados

desejáveis, desta forma sendo necessária a restauração de sua importância bem

como intercâmbio e troca destas práticas com a iniciativa privada, a qual está muito à

frente quando o assunto é economia de energia. No caso da CICE do Campus

Curitiba, verificou-se esforços dos participantes da comissão anterior na tarefa de

promover o uso racional, eficiente e consciente das instalações, entretanto, em

conversa informal com ex-componentes, verificou-se que faltaram recursos financeiros

e pessoas para melhor conduzir as ações em planejamento.

A partir dos dados disponíveis sobre as instalações e os sistemas de iluminação

em uso, foi possível gerar um conjunto de indicadores que refletem como a instituição

utiliza a energia elétrica e como impacta na iluminação de ambientes. Alguns

indicadores já são mencionados na literatura e outros são frutos de pesquisas

realizadas em outras instituições. Outros indicadores ainda foram construídos pela

disponibilidade de informações deste trabalho.

Dentre os indicadores relacionados vale ressaltar a participação da iluminação

natural dos ambientes, que foi considerada 54% boa na maioria dos casos. Os

sistemas artificiais foram considerados 88% bons, refletindo um bom grau de

satisfação quanto à disponibilidade. Verificou-se que o item mais crítico de todo o

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sistema é a disponibilidade de acionamentos das luminárias. No geral, há apenas um

ou no máximo dois interruptores por ambiente que acendem um grande conjunto de

luminárias, desta forma obrigatoriamente consumindo mais energia do que o

efetivamente necessário. Por outro lado, o baixo percentual de sistemas inoperantes

revela que a área de manutenção do Campus é ágil na substituição de lâmpadas

queimadas e luminárias defeituosas. Um problema considerado crítico é a utilização

de lâmpadas de 40W em substituição às econômicas de 32W. Tal situação

compromete a eficiência do sistema pelo aumento do consumo de lâmpadas de maior

potência. A estrutura é grande e a gestão pode ser considerada satisfatória dada as

condições de disponibilidade de pessoal e materiais de reposição. O controle do

consumo da energia elétrica realizado pela área de manutenção pode ser considerado

efetivo, pois estes dados são monitorados permanentemente por meio de extratos

emitidos pela COPEL e outras informações disponíveis em seu website. Outras

melhorias possíveis independem de ações diretas dos responsáveis, pois estão

relacionadas a preços de tarifas ou decisões de nível estratégico do Campus. Os

demais indicadores relacionados podem ser utilizados como parâmetros no auxílio em

novos projetos, retrofits, planejamento de manutenção e outras atividades objetivando

otimizar o uso da energia elétrica destinada à iluminação.

As projeções econômicas revelaram rápido retorno do capital investido, em torno

de dois anos, e benefícios econômicos positivos no horizonte de 10 anos. No caso dos

gestores manifestarem interesse em ampliar o escopo das ações de eficiência

energética do Campus, estes indicadores são ponto de partida para análises mais

detalhadas. Entende-se que os resultados da pesquisa poderão contribuir, na

elaboração de um projeto mais estruturado e de acordo com as exigências da

concessionária, para uma futura solicitação junto a COPEL, de recursos para ampliar o

escopo dos programas de eficientização da iluminação artificial das instalações.

O fluxo de caixa positivo do primeiro ano, pela substituição das luminárias do tipo

Comercial BB, pagaria os investimentos iniciais para a troca das lâmpadas de 40W

que estão sendo indevidamente usadas no lugar das lâmpadas econômicas de 32W.

Entende-se que este recurso só é utilizado pela demora nos processos de compras,

que na esfera pública dependem de licitações de acordo com a Lei 8.66637, de forma

que na reposição de lâmpadas defeituosas é utilizado o material disponível no estoque

independentemente de ser a melhor alternativa em eficiência e economia. Vale 37 Lei n0 8.666, 21 de junho de 1993 que estabelece as normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços (inclusive de publicidade), compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

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destacar que os benefícios econômicos verificados não levaram em conta o aumento

de produtividade dos usuários o que de forma subjetiva valoriza as ações de

eficientização das instalações.

O mapeamento construído durante este estudo (ver Tabela 11) revelou que há

espaço para outras ações que podem contribuir na redução de gastos e na melhoria

das condições de iluminação dos ambientes. A eficientização em prédios públicos,

além de propiciar economia ao Estado, promove a cultura da poupança de recursos, e

no caso de prédio público de uma universidade, pode despertar o interesse em

pesquisas de novos produtos com tecnologias mais eficientes e ambientalmente

corretas. O uso racional de energia elétrica na administração pública, mais do que um

problema de economia, é uma questão de respeito pelo dinheiro do contribuinte que

financia parte das atividades destas instituições por meio do pagamento de tributos. A

contrapartida esperada, é a agilidade e a disponibilidade dos serviços a tempo de

resolver as necessidades dos usuários. Como sugestões para futuras pesquisas

destacam-se:

• estudo de melhor aproveitamento da iluminação natural dos ambientes da

instalação;

• estudo de redistribuição de circuitos para a melhoria da disponibilidade de

acionamentos das luminárias;

• ampliação do escopo dos indicadores nos demais usos finais da energia

elétrica da instalação;

• estudo de potencial de conservação de energia elétrica pela substituição de

tecnologias obsoletas;

• medição da iluminação para cada função afim de se verificar se estão de

acordo com a NBR 5413. A partir destes resultados análise de cenários com

novas tecnologias disponíveis no mercado em sistemas de iluminação artificial;

O estudo mostrou que as ações de eficiência energética, quando planejadas e

estruturadas pela parte interessada, trazem ganhos aos usuários, ao caixa da

instituição, ao governo e meio ambiente. Nas instituições públicas, diferentemente das

empresas privadas, a mudança cultural é mais demorada mas deve ser perseguida

pois os ganhos são positivos quando o desperdício é eliminado cedendo lugar a

práticas racionais de uso dos recursos públicos.

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APÊNDICE – A INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

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COLETA DE DADOS POR INSPEÇÃO

Identificação do Ambiente Data:

Responsável:

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA OUCUPAÇÃO

Área Nº de Interruptores Quantidade de Usuários Horário de Funcionamento (h)

Total (m²) Interna [ ] 2ª a 6ª Feira Fim de Semana 2ª a 6ª Feira Fim de Semana

Externa [ ]

SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

Condições de Iluminação Relação W/m² Observações

A = Boa Natural

B = Regular Artificial

C = Ruim Mista

Modelo Quantidade Potência Nominal Reator Consumo

Luminária/Iluminação Total Inoperante Qtde de Lâmpadas Potência (W) (W)

--

Observações

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APÊNDICE B – CONDIÇÕES GERAIS DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA

A Resolução 456 de 29 de novembro de 2000 da ANEEL estabelece as

condições gerais de fornecimento de energia elétrica, que deve ser seguida pela

concessionária que é o agente titular de concessão ou permissão federal para prestar

o serviço público de energia elétrica, no caso do estado do Paraná, a Companhia

Paranaense de Energia – COPEL., que entrou em atividade em 26 de dezembro de

1954, por meio do Decreto n° 14.947. A COPEL atende diretamente 393 municípios e

1.110 localidades (distritos, vilas e povoados), incluindo-se nesse total 2,5 milhões de

lares, 55 mil indústrias, 275 mil estabelecimentos comerciais e 327 mil propriedades

rurais, empregando cerca de 8 mil colaboradores.

A ANEEL estabelece qual é o nível de tensão de fornecimento para a unidade

consumidora, observando os limites dispostos na Resolução 456 (2000). Entenda-se

por estrutura tarifária: “o conjunto de tarifas aplicáveis aos componentes de consumo

de energia elétrica e/ou demanda de potência, de acordo com a modalidade de

fornecimento” (ANEEL, 2005 p.11). O Campus Curitiba até meados de agosto de 2006

estava enquadrado no Grupo A4 entre 2,3 a 13, kV, portanto um consumidor de alta

tensão.

TABELA – GRUPO DE CONSUMIDORES

Grupo A – Alta tensão Grupo B – Baixa Tensão

A-1 - 230 kV ou mais A-2 - 88 a 138 kV A-3 - 69 kV A-3a - 30 a 44 kV A-4 - 2,3 a 13,8 kV A.S. - 2,3 a 13,8 kV (Subterrâneo)

B-1 – Residencial B-1 - Residencial Baixa Renda B-2 - Rural B-3 - Não Residencial Nem Rural B-4 - Iluminação Pública

FONTE: ADAPTADO DA RESOLUÇÃO 456 DA ANEEL (2000, p. 7-8)

Em estudos realizados nos anos oitenta, constatou-se que o perfil de

comportamento do consumo ao longo do dia encontra-se vinculado aos hábitos do

consumidor e às características próprias do mercado de cada região. Baseando-se

nestas características originou-se, em 1982 a Estrutura Tarifária Horo-Sazonal, cujas

tarifas tem valores diferenciados segundo: horários do dia e períodos do ano

De acordo com a COPEL (2006), o sistema tarifário convencional é caracterizado

pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência

independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano; ou Horo-

Sazonal com a aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de

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demanda de potência, de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos de

ano, podendo ser classificadas em tarifas azul e verde.

DIVISÃO DO DIA

Horário de Ponta - Corresponde ao intervalo de 3 horas consecutivas, ajustado de comum acordo entre a concessionária e o cliente, situado no período compreendido entre as 18h e 21h e durante o horário de verão e das 19h à 22h.

Horário Fora de Ponta - Corresponde às horas complementares ao horário de ponta. DIVISÃO DO ANO

Período Seco - Compreende o intervalo situado entre os meses de maio a novembro de cada ano (sete meses).

Período Úmido - Compreende o intervalo situado entre os meses de dezembro de um ano a abril do ano seguinte (cinco meses).

ESTRUTURA TARIFÁRIA HORO-SAZONAL FONTE: ADAPTADO DA RESOLUÇÃO 456 DA ANEEL (2000, p. 6-7)

(1) a tarifa azul, aplica-se aos grandes consumidores (>500 kW) a qual o

Campus Curitiba estava enquadrado no período janeiro 2000 até agosto de 2006, (2) a

tarifa verde aplica-se aos médios consumidores (50 a 500 kW) a qual o Campus

Curitiba passou a enquadrar-se a partir de setembro de 2006.

TARIFA AZUL TARIFA VERDE

I – Demanda de potência (kW) a) um preço para horário de ponta (P) b) um preço para horário fora de ponta (F) II – Consumo de energia (kWh) a) um preço para horário de ponta em período úmido (PU); b) um preço para horário fora de ponta em período úmido (FU); c) um preço para horário de ponta em período seco (PS); d) um preço para horário fora de ponta em período seco (FS)

I – Demanda de potência (kW) a) um preço único II – consumo de energia (kWh) a) um preço para horário de ponta em período úmido (PU); b) um preço para horário fora de ponta em período úmido (FU); c) um preço para horário de ponta em período seco (PS); d) um preço para horário fora de ponta em período seco (FS)

ESTRUTURA TARIFÁRIA AZUL E VERDE FONTE: ADAPTADO DA COPEL (2006)

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APÊNDICE – C DESEMBOLSO COM ENERGIA ELÉTRICA

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APÊNDICE – D RESUMO DAS VARIÁVEIS EM ESTUDOS

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APÊNDICE – E UTILIZAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

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APÊNDICE – F EVOLUÇÃO DOS REAJUSTES ANUAIS DAS TARIFAS

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APÊNDICE – G POTÊNCIA INSTALADA POR BLOCOS EM LÃMPADAS

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APÊNDICE – H CONDIÇÕES GERAIS DE ILUMINAÇÃO POR BLOCO

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ANEXO – A RESULTADOS PRELIMINARES DO

BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL

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SELEÇÃO DE INDICADORES ENERGÉTICOS

ESPECIFICAÇÃO UNIDADE 2005 2006 %06/05 Estrutura (%) 2005

Estrutura (%) 2006

OFERTA INTERNA DE ENERGIA mil tep 218.663 225.744 3,2 100,0 100,0 PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO E TRANSFORMAÇÃO mil tep 22.754 23.256 2,2 10,4 10,3 CONSUMO FINAL mil tep 195.909 202.488 3,4 89,6 89,7

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E ÓLEO DE XISTO mil m³ 94.997 100.093 5,4COMÉRCIO EXTERNO LÍQUIDO DE PETRÓLEO E DERIVA mil m³ 1.647 -3.197 -294,1Nota: sinal negativo representa exportação líquida

PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL milhões m³ 17.699 17.706 0,0IMPORTAÇÃO DE GÁS NATURAL milhões m³ 8.998 9.789 8,8PRODUÇÃO DE LÍQUIDOS DE GÁS NATURAL mil m³ 4.602 5.013 8,9

OFERTA TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA GWh 441.980 459.640 4,0 100,0 100,0 GERAÇÃO INTERNA PÚBLICA GWh 363.156 376.817 3,8 82,2 82,0 HIDRÁULICA GWh 325.053 335.076 3,1 73,5 72,9 TÉRMICA GWh 38.038 41.505 9,1 8,6 9,0 EÓLICA GWh 65 236 263,1 0,0 0,1 GERAÇÃO INTERNA DE AUTOPRODUTOR GWh 39.782 41.668 4,7 9,0 9,1 HIDRÁULICA GWh 12.404 12.744 2,7 2,8 2,8 TÉRMICA GWh 27.378 28.924 5,6 6,2 6,3 IMPORTAÇÃO GWh 39.042 41.155 5,4 8,8 9,0

OFERTA TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA GWh 441.980 459.640 4,0 100,0 100,0 PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO GWh 66.787 70.032 4,9 15,1 15,2 CONSUMO FINAL GWh 375.193 389.609 3,8 84,9 84,8

PRODUÇÃO DE ÁLCOOL mil m³ 16.040 17.764 10,8 100,0 100,0 ANIDRO mil m³ 8.208 7.913 -3,6 51,2 44,5 HIDRATADO mil m³ 7.832 9.851 25,8 48,8 55,5EXPORTAÇÃO DE ÁLCOOL mil m³ 2.494 3.460 38,7 15,6 19,5

ADIÇÃO DE ÓLEO VEGETAL AO DIESEL mil m³ 0 45

CONSUMO FINAL DE ENERGIA mil tep 195.909 202.488 3,4 100,0 100,0 INDUSTRIAL mil tep 73.496 76.522 4,1 37,5 37,8 TRANSPORTES mil tep 52.459 53.589 2,2 26,8 26,5 RESIDENCIAL mil tep 21.827 21.923 0,4 11,1 10,8 OUTROS mil tep 48.126 50.454 4,8 24,6 24,9

CONSUMO RODOVIÁRIO - CICLO OTTO mil tep 22.270 23.243 4,4CONSUMO DE DIESEL mil m³ 40.421 40.318 -0,3

CONSUMO FINAL DE ENERGIA ELÉTRICA GWh 375.193 389.609 3,8 100,0 100,0 INDUSTRIAL GWh 175.370 182.062 3,8 46,7 46,7 RESIDENCIAL GWh 83.193 85.848 3,2 22,2 22,0 COMERCIAL E PÚBLICO GWh 86.223 89.583 3,9 23,0 23,0 OUTROS GWh 30.407 32.116 5,6 8,1 8,2

USOS DO GÁS NATURAL milhões m³ 26.697 27.495 3,0 100,0 100,0 NÃO APROVEITADO E REINJEÇÃO milhões m³ 5.460 5.022 -8,0 20,5 18,3 E&P E REFINO DE PETRÓLEO (Setor Energético) milhões m³ 3.500 3.544 1,3 13,1 12,9 GERAÇÃO ELÉTRICA milhões m³ 4.505 4.305 -4,5 16,9 15,7 PRODUÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO milhões m³ 1.179 1.609 36,5 4,4 5,9 INDUSTRIAL milhões m³ 8.209 8.688 5,8 30,7 31,6 TRANSPORTES milhões m³ 1.945 2.304 18,5 7,3 8,4 OUTROS milhões m³ 1.899 2.024 6,6 7,1 7,4 TABELA – RESULTADOS PRELIMINARES DO BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL

FONTE: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME (2007)

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ANEXO – B MAPA DE SETORES DA UTFPR CAMPUS CURITIBA

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ANEXO – C MODELO DE FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA

DA UTFPR CAMPUS CURITIBA PADRÃO COPEL

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ANEXO – D MODELO DE LUMINÁRIA

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