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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA Janaina de Oliveira Brito INFLUÊNCIA DA HIPERTENSÃO NOS AJUSTES INDUZIDOS PELO TREINAMENTO FÍSICO NA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDIOVASCULAR E NO ESTRESSE OXIDATIVO EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE MENOPAUSA E DISFUNÇÃO METABÓLICA SÃO PAULO 2008

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Janaina de Oliveira Brito

INFLUÊNCIA DA HIPERTENSÃO NOS AJUSTES INDUZIDOS PEL O

TREINAMENTO FÍSICO NA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDIOVA SCULAR

E NO ESTRESSE OXIDATIVO EM UM MODELO EXPERIMENTAL

DE MENOPAUSA E DISFUNÇÃO METABÓLICA

SÃO PAULO

2008

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Janaina de Oliveira Brito

INFLUÊNCIA DA HIPERTENSÃO NOS AJUSTES INDUZIDOS PEL O

TREINAMENTO FÍSICO NA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDIOVA SCULAR

E NO ESTRESSE OXIDATIVO EM UM MODELO EXPERIMENTAL D E

MENOPAUSA E DISFUNÇÃO METABÓLICA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Física.

Área de Concentração: Bases Biodinâmicas da Atividade Física.

Orientadora: Profa. Dra. Kátia De Angelis.

SÃO PAULO

2008

Brito, Janaina de Oliveira

Influência da hipertensão nos ajustes induzidos pelo treinamento físico na modulação autonômica cardiovascular e no estresse oxidativo em um modelo experimental de menopausa e disfunção metabólica / Janaina de Oliveira Brito. - São Paulo, 2008.

103 f. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2008. Orientador: Kátia De Angelis

1. Hipertensão. 2. Menopausa. 3. Estresse Oxidativo. 4. Treinamento Físico. I.

De Angelis, Kátia. II. Título

CDD - 613.71

DEDICATÓRIA Dedico aos meus pais, José de Brito e Elza Francisca de Oliveira Brito, não somente esta

dissertação, mas todos os anos de estudo que me proporcionaram. Aproveito para agradecer a

compreensão nos momentos de correria em casa (e de ausência) e por todo o auxílio (com o qual

posso contar sempre). As próximas páginas são resultado de uma longa trajetória, repleta de

esforços e dedicação para que tudo saísse da melhor maneira possível. O conteúdo desta dissertação

é fruto do que, antes de mais ninguém, vocês plantaram!

Dedico também ao meu irmão Sebastião de Brito, meu amigo durante 23 anos da minha

vida! A pessoa que está ao meu lado em vários momentos bons e tristes, me ajudando nas horas

mais difíceis.

Dedico ao meu namorado Emerson Monzani, por compreender as minhas ausências nos

finais de semana, as minhas viagens para Congressos, a troca do “cinema em casa” pelos artigos.

Enfim, por estar ao meu lado desde o início da minha trajetória acadêmica.

Dedico esta dissertação aos meus familiares: meus avós que não estão mais presentes, meus

tios, tias, primos, primas, cunhadas, sogro, sogra, ex-professores e amigos. Todos, mesmo aqueles

que moram longe e encontro pouquíssimo, contribuem para a minha formação enquanto ser

humano.

Dedico aos meus amigos e eternos ANGELITOS : Bruno Rodrigues, Cristiano Mostarda,

Danielle Dias, Demilto Yamaguchi, Diego Figueroa, Geórgia Cândido, Henrique Marchet, Íris

Callado Sanches, Jacqueline Freire, Janaina Paulini, Juliana Francica, Karin Flues, Kátia Ponciano,

Luciana Jorge, Lucinar Flores, Marcelo Heeren, Márcia Val, Marcio Tubaldini, Michelle Sartori e

Renata Juliana. Pessoas que, às vezes, passam mais tempo ao meu lado do que meus próprios pais.

Pessoas com características ímpares, sempre ouvindo o que tenho a falar e me ensinando com suas

próprias experiências. Amigos que ajudam a transformar meus sonhos em realidade!

AGRADECIMENTOS À Professora Doutora Kátia De Angelis, por ter acreditado em mim desde o 2º ano

da graduação, orientando minha pesquisa de Iniciação Científica, meu Trabalho de

Conclusão de Curso, esta dissertação!! Enfim, o meu mais sincero muito obrigada por fazer

parte da minha vida, por passar noites em claro, por ser justa com todos os seus alunos, por

confiar na minha pessoa.

À Professora Doutora Maria Cláudia Irigoyen por estar sempre presente em nosso

grupo, nos auxiliando com o suporte técnico e acrescentando seus conhecimentos em

nossos trabalhos de maneira doce e significativa!

À minha amiga de graduação, companheira de TCC, colega de laboratório e parceira

de todas as horas, Nathalia Bernardes, por me aturar quando estou com muita fome e fico

de mau-humor, por ouvir as minhas diversas histórias com atenção e sempre rir das minhas

palhaçadas....É nada!!

Aos profissionais responsáveis pelos laboratórios e equipamentos da Universidade

São Judas Tadeu, em especial a Leide, Rosana e João Paulo, pela disposição em nos

ajudar e bom humor sempre!

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo

apoio financeiro.

À Universidade São Judas Tadeu (USJT) e todos os professores, coordenadores,

secretários e funcionários que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

trabalho!

“A ciência não pode prever o que vai acontecer.

Só pode prever a probabilidade de algo acontecer.”

César Lattes

“Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você.”

Steve Beckman

“Você nasceu para vencer,

mas para ser um vencedor você precisa planejar para vencer,

se preparar para vencer e

esperar para vencer.”

Zig Ziglar

SUMÁRIO

Lista de figuras

Lista de tabelas e quadros

Lista de abreviaturas

Resumo

Abstract

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Doença Cardiovascular e Gênero: O Impacto da Menopausa........................................... 1

1.2. Doença Cardiovascular e Síndrome Metabólica .............................................................. 4

1.3. Doença Cardiovascular e Disfunção Autonômica............................................................. 10

1.4. Doença Cardiovascular e Estresse Oxidativo ................................................................... 12

1.5. Doença Cardiovascular e Treinamento Físico .................................................................. 15

2. OBJETIVOS.......................................................................................................................... 20

2.1. Objetivo Geral................................................................................................................... 20

2.2. Objetivos Específicos........................................................................................................ 20

3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................. 21

3.1. Amostra............................................................................................................................. 21

3.2. Seqüência Experimental.................................................................................................... 22

3.3. Procedimentos .................................................................................................................. 22

3.3.1. Indução do Modelo Experimental de Síndrome Metabólica....................................... 22

3.3.2. Ooforectomia Bilateral................................................................................................ 23

3.3.3. Teste de Esforço Máximo........................................................................................... 24

3.3.4. Treinamento Físico...................................................................................................... 25

3.3.5. Medida da Glicemia e dos Triglicerídeos Plasmáticos............................................... 27

3.3.6. Canulação.................................................................................................................... 28

3.3.7. Registro de Pressão Arterial ....................................................................................... 30

3.3.8. Avaliação da Modulação Autonômica Cardiovascular............................................... 31

3.3.8.1. Análise da Variabilidade da Pressão Arterial Sistólica......................................... 31

3.3.8.2. Análise da Variabilidade do Intervalo de Pulso..................................................... 31

3.3.8.3. Análise da Sensibilidade Barorreflexa Espontânea (Índice Alfa).......................... 32

3.3.9. Teste de Resistência à Insulina.................................................................................... 32

3.3.10. Eutanásia dos Animais.............................................................................................. 32

3.3.11. Preparação dos Tecidos............................................................................................. 33

3.3.12. Dosagem de Proteínas............................................................................................... 33

3.3.13. Estresse Oxidativo e Enzimas Antioxidantes............................................................ 34

3.3.13.1. Medida de Lipoperoxidação (LPO): Quimiluminescência Iniciada por

t-BOOH (QL).........................................................................................................................

34

3.3.13.2. Razão GSH/GSSG............................................................................................ 35

3.3.13.2.1. Glutationa Total.......................................................................................... 35

3.3.13.2.2. Glutationa Oxidada.................................................................................... 36

3.3.13.3. Superóxido Dismutase (SOD).......................................................................... 36

3.3.13.4. Catalase (CAT)................................................................................................. 37

3.3.13.5. Glutationa Peroxidase (GPx)............................................................................ 38

3.4. Análise Estatística.............................................................................................................. 39

4. RESULTADOS………………….......................................................................................... 40

4.1. Avaliação da Capacidade Física……………………….……………………………..….. 40

4.2. Avaliação do Peso Corporal……………………………………………………………... 41

4.3. Avaliação do Tecido Adiposo………..……………………………………………........... 43

4.4. Avaliações Metabólicas…………………………………………………………….......... 44

4.5. Avaliações Hemodinâmicas……………………………………………………………… 47

4.6. Avaliações da Modulação Autonômica da Freqüência Cardíaca....................................... 49

4.7. Avaliação da Variabilidade da Pressão Arterial................................................................. 53

4.8. Avaliação da Sensibilidade Barorreflexa Espontânea........................................................ 56

4.9. Avaliações de Estresse Oxidativo....................................................................................... 57

4.10. Análise das Enzimas Antioxidantes.................................................................................. 60

5. DISCUSSÃO.......................................................................................................................... 62

5.1. Avaliações da Capacidade Física........................................................................................ 62

5.2. Avaliações Metabólicas e de Pesos Corporal e do Tecido Adiposo................................... 64

5.3. Avaliações Hemodinâmicas e Autonômicas....................................................................... 70

5.4. Avaliações do Perfil Oxidativo........................................................................................... 76

6. CONCLUSÃO........................................................................................................................ 84

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 85

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema geral das principais fontes celulares de produção e metabolização das

ERO. UQH• + ubisemiquinona; GSSG = glutationa oxidada; GSH = glutationa reduzida;

DH2 e D = sistemas redutores de NADP não-específicos; SOD = superóxido dismutase;

GPx = glutationa peroxidase; CAT = catalase; B e BH2 = doadores de hidrogênio........13

Figura 2. Seqüência Experimental do protocolo..............................................................22

Figura 3. Tratamento de D-frutose na água de beber.......................................................23

Figura 4. Etapas de realização da ooforectomia bilateral em ratas..................................23

Figura 5. Correlação entre o consumo de oxigênio (VO2) e a velocidade do teste de

esforço (km/h) em ratas ooforectomizadas.......................................................................24

Figura 6. Fotografia de ratos submetidos ao protocolo de treinamento físico em esteira

ergométrica a USJT...........................................................................................................25

Figura 7. Aparelhos que foram utilizados para análises das concentrações sangüíneas de

glicose e triglicerídeos......................................................................................................28

Figura 8. Esquema do local da canulação da artéria carótida e veia jugular...................29

Figura 9. Foto do animal com a cânula exteriorizada......................................................29

Figura 10. Sistema de registro de pressão arterial e conexão entre a cânula e o transdutor

eletromagnético.................................................................................................................30

Figura 11. Velocidade máxima alcançada no teste de esforço inicial, intermediário (4ª

semana) e final (8ª semana) nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT

(frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário

tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com

frutose)..............................................................................................................................41

Figura 12. Peso corporal dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT

(frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário

tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose)

ao longo das últimas semanas de protocolo......................................................................42

Figura 13. Tecido adiposo dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT

(frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário

tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com

frutose)..............................................................................................................................44

Figura 14. Glicemia nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose

ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com

frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose)..................46

Figura 15. Concentrações sanguíneas de triglicerídeos nos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)...........................................................................43

Figura 16. Constante de decaimento da gliemia (KITT) durante o teste de tolerância à

insulina nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose

ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com

frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose)..................46

Figura 17. Pressão Arterial Média nos grupos FOS (frutose ooforectomizado

sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado

hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado

tratado com frutose)..........................................................................................................47

Figura 18. Freqüência Cardíaca nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário),

FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário

tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com

frutose)..............................................................................................................................49

Figura 19. Variância do intervalo de pulso nos grupos FOS (frutose ooforectomizado

sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado

hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado

tratado com frutose)..........................................................................................................52

Figura 20. Banda de baixa freqüência do intervalo de pulso normalizada nos grupos FOS

(frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)...........................................................................52

Figura 21. Banda de alta freqüência do intervalo de pulso normalizada nos grupos FOS

(frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)..........................................................................53

Figura 22. Variância da pressão arterial sistólica nos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)...........................................................................55

Figura 23. Banda de baixa freqüência da pressão arterial sistólica nos grupos FOS

(frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)...........................................................................55

Figura 24. Índice alfa nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT

(frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário

tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com

frutose)..............................................................................................................................56

Figura 25. Quimiluminescência no tecido cardíaco nos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)...........................................................................58

Figura 26. Razão da glutationa reduzida pela glutationa oxidada (GSH/GSSG) no tecido

cardíaco nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose

ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com

frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose)..................58

Figura 27. Correlação negativa obtida entre a QL no tecido cardíaco e o índice alfa nos

grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado

treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT

(ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).............................................59

Figura 28. Correlação negativa entre a QL no tecido cardíaco e o RMSSD obtida nos

grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado

treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT

(ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).............................................60

Figura 29. Atividade da enzima catalase no tecido cardíaco nos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado

hipertenso treinado tratado com frutose)...........................................................................61

LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabela 1. Velocidade máxima alcançada no teste de esforço inicial, intermediário (4ª

semana) e final (8ª semana) nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário),

FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso

sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado

com frutose).................................................................................................................40

Tabela 2. Peso corporal dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT

(frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário

tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com

frutose) ao início (dia ooforectomia) e ao final do protocolo.....................................43

Tabela 3. Valores sanguíneos de glicose (GLIC), triglicerídeos (TG) e constante de

decaimento da glicemia (KITT) dos grupos FOS (frutose ooforectomizado

sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado

hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso

treinado tratado com frutose) no início e ao final do protocolo..................................45

Tabela 4. Parâmetros hemodinâmicos avaliados em repouso dos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT

(ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).......................................48

Tabela 5. Variabilidade da freqüência cardíaca dos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT

(ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).......................................51

Tabela 6. Variabilidade da pressão arterial sistólica dos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT

(ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).......................................54

Tabela 7. Atividade das enzimas catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e

glutationa peroxidase (GPx) no tecido cardíaco dos grupos FOS (frutose

ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS

(ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT

(ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).......................................61

Quadro 1. Protocolo de treinamento físico para ratas Wistar....................................26

Quadro 2. Protocolo de treinamento físico para ratas SHR.......................................27

Quadro 3. Alterações metabólicas dos grupos controle (CS), ooforectomizada (OS),

ooforectomizada hipertensa (OHS), frutose ooforectomizada (FOS) e frutose

ooforectomizada hipertensa (FOHS)...........................................................................66

Quadro 4. Alterações hemodinâmicas e autonômicas dos grupos controle (CS),

ooforectomizada (OS), ooforectomizada hipertensa (OHS), frutose ooforectomizada

(FOS) e frutose ooforectomizada hipertensa (FOHS).................................................71

LISTA DE ABREVIATURAS %AF = banda de alta freqüência normalizada

%BF = banda de baixa freqüência normalizada

AF = banda de alta freqüência

ATRAMI =Autonomic Tone and Reflexes After

Myocardial Infarction

B e BH2 = doadores de hidrogênio

BF = banda de baixa freqüência

CAT = catalase

CO3HK = bicarbonato potásico

COEP = Comitê de Ética em Pesquisa

CuSO4.= sulfato de cobre

DH2 e D = sistemas redutores de NADP não-

específicos

DM = diabetes mellitus

DNA = ácido desoxirriblonucleico

DTNB = acido ditionitrobenzóico

ERO = espécies reativas de oxigênio

FC = frequência cardíaca

FFT = Transformada Rápida de Fourrier

FOHS = frutose hipertensa ooforectomizada

sedentária

FOHT = frutose hipertensa ooforectomizada

treinada

FOS = frutose ooforectomizada sedentária

FOT = frutose ooforectomizada treinada

GPx = glutationa peroxidase

GSH = glutationa reduzida

GSH/GSSG = razão glutationa reduzida pela

glutationa oxidada

GSSG = glutationa oxidada

H2O = água

HAS = hipertensão arterial sistêmica

HDL = lipoproteína de alta densidade

i.p. = intra-peritonial

IP = intervalo de pulso

KCl = cloreto de potássio

Kitt = constante de queda da glicose plasmática

KNaC4H4O6 = tartarato de sódio e potássio

LPO = lipoperoxidação

Na2HPO4 = fosfato dissódico

NADPH = forma reduzida da nicotinamida

adenina dinucleotídeo fosfato

NaHCO3 = bicarbonato de sódio

NaOH = hidróxido de sódio

NO = óxido nítrico

PA = pressão arterial

PAD = pressão arterial diastólica

PAM = pressão arterial média

PAS = pressão arterial sistólica

PMSF = fluoreto de fenil metil sulfonila

QL = quimiluminescência

RMSSD = raiz quadrada da média dos quadrados

das diferenças entre os intervalos R-R normais

sucessivos

SHR = rato espontaneamente hipertenso

SM = síndrome metabólica

SNA = sistema nervoso autônomo

SOD = superóxido dismutase

t-BOOH = hidroperóxido de tert-butil

UQH• = ubisemiquinona

VAR = variância

VO2 = volume de oxigênio

WHI = Women´s Health Initiative

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento físico (TF) em parâmetros

cardiovasculares e metabólicos, na modulação autonômica cardiovascular e no estresse

oxidativo em ratas fêmeas Wistar e em ratas espontaneamente hipertensas (SHR), ambas

ooforectomizadas submetidas à sobrecarga de frutose na água de beber. Foram utilizadas 40

fêmeas Wistar e SHR divididas em 4 grupos (n=10 em cada grupo) de ratas ooforectomizadas

(remoção bilateral dos ovários) submetidas à sobrecarga de frutose (100g/L de água): sedentária

(FOS), treinada (FOT), hipertensa sedentária (FHOS), hipertensa treinada (FHOT). Os grupos

treinados foram submetidos a um programa de TF em esteira ergométrica (1 hora/dia, 5

dias/semana, 8 semanas, 40-60% da velocidade máxima no teste de esforço). A concentração

sanguínea de glicose e triglicerídeos e o teste de resistência à insulina foram utilizados para

avaliar o perfil metabólico. Ao final do protocolo, os animais foram canulados para registro

direto de pressão arterial (PA). Além disso, avaliou-se a modulação autonômica cardiovascular

no domínio do tempo e da freqüência (análise espectral). O perfil oxidativo foi verificado no

tecido cardíaco avaliando-se a quimiluminescência (QL), a relação glutationa

reduzida/glutationa oxidada (GSH/GSSG), bem como a atividade das enzimas antioxidantes:

superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPx) e a catalase (CAT). O grupo FOS

apresentou redução dos valores de triglicerídeos e do KITT (constante de decaimento da

glicose) no teste de tolerância à insulina quando comparado ao grupo FOT. Os grupos FOHS e

FOHT apresentaram valores de resistência à insulina e valores triglicerídeos semelhantes ao

grupo FOS. Os valores de PA foram maiores nos grupos FOHS e FOHT em relação aos grupos

FOS e FOT. Além disso, os animais do grupo FOHS apresentaram taquicardia de repouso em

relação aos demais grupos estudados. O TF induziu bradicardia de repouso nos grupos

treinados. A hipertensão induziu redução do RMSSD (raiz quadrada da média dos quadrados

das diferenças entre os intervalos R-R normais sucessivos) do intervalo de pulso (IP); e o TF

induziu aumento do RMSSD somente no grupo FOT em relação aos demais grupos estudados.

Com relação à banda de baixa freqüência do IP (BF), os grupos FOHS e FOHT demonstraram

uma redução exacerbada desses valores em relação aos grupos FOS e FOT. A banda de alta

freqüência do IP (AF) foi menor no grupo FOHT quando comparados ao grupo FOT. A

hipertensão induziu um aumento na VAR-PAS e da banda de BF da PAS. No entanto, o TF

atenuou tais disfunções nos grupos FOT e FOHT. A hipertensão provocou uma redução no

índice alfa, representativa da sensibilidade barorreflexa espontânea que foi atenuada pelo TF

(FOT e FOHT). A QL estava reduzida somente no grupo FOT em relação ao grupo FOS. Já a

relação GSH/GSSG estava maior no grupo FOHT em relação ao grupo FOHS. A atividade da

CAT foi maior nos grupos treinados, mas a atividade da GPx e da SOD foi semelhante entre os

grupos estudados. Observaram-se correlações negativas entre a QL e o RMSSD (r=-0,60) e o

índice alfa (r=-0,63), sugerindo que animais que reduziram o estresse oxidativo cardíaco

apresentavam melhora na modulação autonômica cardiovascular. Concluindo, os resultados

demonstraram prejuízos no perfil metabólico e autonômico em ratas ooforectomizadas

sedentárias normotensas tratadas com sobrecarga frutose, e que a hipertensão induziu

disfunções hemodinâmica e autonômica adicionais nesses animais. Entretanto, o achado mais

importante de nosso trabalho foi que o treinamento físico atenuou algumas dessas disfunções

decorrentes da privação dos hormônios ovarianos e do consumo crônico de frutose, pelo menos

em parte associado à redução do estresse oxidativo; todavia, a presença de hipertensão aboliu

alguns benefícios observados no grupo normotenso treinado.

ABSTRACT

The purpose of this study was to evaluate the effects of physical training on cardiovascular and

metabolic parameters, on autonomic cardiovascular modulation and on oxidative stress in

female rats Wistar and in spontaneously hypertensive rats (SHR), both ovariectomized and

submitted to fructose overload in drinking water. Ovariectomized (bilateral ovary removal)

female Wistar rats and female SHR submitted to fructose overload (100g/L) were divided into 4

groups (n=10 each): sedentary (SOF), trained (TOF), sedentary hypertensive (SHOF), trained

hypertensive (THOF). The trained groups were submitted to an exercise training protocol on a

treadmill (1 hour/day; 5 days/week; 8 weeks; 40-60% of the maximum velocity of the exercise

test). The blood glucose and triglycerides concentrations and the insulin tolerance test were

performed to evaluate the metabolic profile. At the end of the protocol all the rats were

cannulated to arterial pressure (AP) direct recording. Moreover, the cardiovascular autonomic

control was evaluated in the time and the frequency (spectral analysis) domains. The oxidative

profile was verified in the heart tissue by the chemiluminescence (CL), the glutathione

reductase/glutathione oxidase ratio (GSH/GSSG), as well as by the antioxidant enzymes

superoxide dismutase (SOD), glutathione peroxidase (GPx) and catalase (CAT) activities. The

SOF group presented reduced triglycerides values and KITT (constant of glucose reduction) in

the insulin tolerance test when compared with the TOF group. The SHOF and THOF rats

showed similar KITT and triglycerides values when compared to SOF rats. The AP values were

higher in SHOF and THOF groups when compared with SOF and TOF groups. Furthermore,

SHOF rats presented resting tachycardia in relation to the other studied groups. Exercise

training (ET) induced resting bradycardia in the trained groups. The hypertension induced to a

reduction in RMSSD (root mean square of successive differences) of the pulse interval (PI);

and the ET induced an increase in the RMSSD only in the TOF group when compared to the

other studied groups. Regarding the low frequency band (LF) of the PI, the SHOF and THOF

groups showed a exacerbated reduction as compared to SOF and TOF groups. The high

frequency band (HF) of the PI was lower in the THOF group in relation to the TOF group. The

hypertension induced an enhancement in the variance of the PA (VAR-PAS) and the LF band

of the PA. However, the ET attenuated such dysfunctions in the SOF and THOF groups. The

hypertension induced a reduction in the alpha-index (which represents the spontaneous

baroreflex sensitivity), that was attenuated by the ET (TOF e THOF). The CL was reduced in

the TOF rats as compared to the SOF rats. The GSH/GSSG ratio was increased in the SHOF

group in relation to THOF group. The CAT activity was higher in the trained groups, but the

GPx and SOD activities were similar between studied groups. Negative correlations were

obtained between CL and RMSSD (r=-0.60) and the alpha index (r=-0.63), suggesting that

animals that reduced oxidative stress showed improvement in the autonomic cardiovascular

modulation. In conclusion, the results demonstrated impairments in the metabolic and

autonomic profiles in ovariectomized sedentary normotensive rats submitted to fructose

overload, and that hypertension induced additional hemodynamic and autonomic dysfunctions

in these animals. However, the main finding of our study was that the ET had attenuated some

dysfunctions observed in female rats submitted to ovarian hormones deprivation and chronic

fructose overload, at least in part associated with oxidative stress reduction; nevertheless the

presence of hypertension abolished some benefits that were observed in the normotensive

trained group.

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Doença Cardiovascular e Gênero: O Impacto da Menopausa

Atualmente, as doenças cardiovasculares constituem a mais importante causa de

morte em ambos os sexos em todas as regiões do país e no mundo ocidental (CASTANHO

et al., 2001; NAHAS, 2001; BOUCHARD, 2003). A morte devido às doenças

cardiovasculares é maior em homens (39%) do que em mulheres na faixa etária dos 45 a 64

anos. Entretanto, após os 65 anos, a taxa de mortalidade das mulheres por doenças

cardiovasculares ultrapassa à dos homens em até 22% (NATIONAL CENTER FOR

HEALTH STATISTICS, 1997). Além disso, a taxa de mortalidade devido às doenças

cardiovasculares no sexo feminino elevou-se rapidamente nas últimas décadas. Isso

provavelmente ocorreu, pois atualmente, as mulheres estão mais expostas a fatores de risco

como o estresse, o fumo, os maus hábitos alimentares e o sedentarismo, sem contar com a

sua inserção no mercado de trabalho. No Brasil, a prevalência de morte por doença

cardiovascular aumentou de 10 para 25% entre os anos 60 e 70 para o sexo feminino

(CASTANHO et al., 2001).

Castanho et al. (2001) citam como fatores de risco para doença cardiovascular: o

diabetes, o excesso de peso e a obesidade, a inatividade física, o fumo, a

hipercolesterolenia e a hipertensão, sendo estes dois últimos fatores de risco mais

prevalentes em mulheres do que em homens. Neste contexto, vale destacar que a diferença

em mortalidade cardiovascular entre os sexos pode ser devida a vários fatores, como

prevalência diferenciada dos fatores de risco cardiovascular citados acima, bem como

diferenças na modulação autonômica cardiovascular. Estudos clínicos e experimentais

2

parecem concordar que o sexo feminino, antes da privação dos hormônios ovarianos, tem

maior predomínio vagal e maior sensibilidade dos pressorreceptores (o mais importante

regulador da pressão arterial (PA) à curto prazo) e, portanto, maior proteção cardiovascular,

em relação ao sexo masculino (KUO et al., 1999; HUIKURI et al., 1996; GREGOIRE et

al., 1996; LEINWAND, 2003). Entretanto, é importante enfatizar que essa proteção

autonômica cardiovascular apresentada pelo sexo feminino é atenuada após a privação dos

hormônios ovarianos (KUO et al., 1999). Além disto, um estudo demonstrou que 24% das

mulheres com mais de 40 anos de idade apresentam uma marcante diminuição na

sensibilidade dos barorreceptores em relação a mulheres jovens (LAITINEN et al., 1998).

Considerando esses achados, parece razoável supor que a disautonomia cardiovascular

possa estar relacionada à equivalência nas taxas de eventos cardiovasculares entre os sexos

após o advento da menopausa (BRENNER, 1988; NCEP, 2001).

De fato, após a menopausa (a última menstruação da mulher), observaram-se

progressivamente importantes alterações fisiológicas que podem afetar vários locais do

organismo e determinar sinais e sintomas conhecidos por síndrome climatérica e que

podem estar relacionadas a alterações no controle do sistema nervoso autônomo sobre

órgãos e sistemas (GUYTON & HALL, 2002; ANTUNES, MARCELINO & AGUIAR,

2003; DE ANGELIS et al., 2004). Vale destacar que quanto mais cedo ocorrer à parada da

produção dos hormônios femininos, (em especial induzidos cirurgicamente), mais efeitos

negativos são observados, gerando um abrupto aumento do risco de infarto agudo do

miocárdio (COLDITZ et al., 1987). Conforme Schouw et al. (1996) quanto mais cedo o

climatério, maiores os riscos, ou seja, quanto mais precoce a mulher entra no período de

restrição dos hormônios femininos maior é o risco de eventos cardíacos. Neste contexto,

3

estudos vêm demonstrando que os hormônios ovarianos podem ser responsáveis por tais

alterações no risco cardiovascular. Corroborando a importância dos hormônios ovarianos

no controle cardiovascular, estudos demonstram que a PA é mais baixa em mulheres pré-

menopausa e também que se eleva em mulheres menopausadas (STAESSEN et al., 1997;

WEIS, 1972) ou em animais submetidos à privação dos hormônios ovarianos (IRIGOYEN

et al., 2005; RECCKELHOLF et al., 2000).

Trabalhos experimentais vêm colaborando para o melhor entendimento dos

processos envolvidos no aumento do risco cardiovascular após a menopausa

(SHAWAERY et al., 1997; ADAMS et al., 1995). Estudos demonstram disfunção

autonômica relacionada a privação dos hormônios ovarianos (KUO et al., 1999,

LAITINEN et al., 1998; IRIGOYEN et al., 2005; JURCA et al., 2004). Além disto,

trabalhos sugerem que um dos vários mecanismos de cardioproteção dos estrogênios seria a

preservação da função endotelial, através, por exemplo, da inibição da proliferação da

célula muscular lisa, das ações antioxidantes e da melhora na reatividade vascular, os quais

induziriam um melhor equilíbrio na função vasodilatadora/vasoconstrictora com

conseqüente diminuição dos riscos cardiovasculares. Por fim, não se pode esquecer que em

paralelo a privação dos hormônios ovarianos começa a ocorrer mudanças desfavoráveis em

lipídios, na tolerância à glicose (AMODEO & HEIMANN, 2003), aumento do peso

corporal e da prevalência de diabetes e redução na capacidade de exercício, na força

muscular e na massa óssea (SOWERS & LA PIETRA, 1995). Essas alterações aumentam

significativamente o risco de eventos cardiovasculares nesta fase de vida da mulher e

também podem estar relacionadas à disfunção autonômica, uma vez que esses fatores

4

associados podem desencadear o aparecimento de doenças cardiovasculares (SINAGRA &

CONTI, 2007).

1.2. Doença Cardiovascular e Síndrome Metabólica

Nos últimos anos houve um aumento na incidência de doenças crônicas (obesidade,

diabetes, doenças cardiovasculares) e fatores de risco associados para essas doenças (como

tabagismo, estresse, sedentarismo e alimentação inadequada) o que ocasionou o aumento

da morbidade e da mortalidade da população adulta mundial. Estima-se que nos Estados

Unidos a atual prevalência da síndrome metabólica (SM) seja de 21,8% da população

adulta, o que representa cerca de 47 milhões de norte-americanos (GUIMARÃES &

CIOLAC, 2004).

A SM é um termo que tem sido utilizado para relacionar a doença coronariana, a

hipertensão, o diabetes Tipo II (DM2) e a obesidade da porção superior do corpo a

resistência à insulina e à hiperinsulinemia. Essa síndrome foi também denominada

síndrome X e síndrome da civilização. Não está totalmente claro quando essa síndrome

começa, mas foi observado que a obesidade da porção superior do corpo está associada à

resistência à insulina e que esta está relacionada a um maior risco de doença coronariana,

hipertensão e DM2. Essa síndrome tornou-se um importante tópico de pesquisa na década

de 1990, devendo os resultados ajudar-nos a compreender melhor a fisiopatologia dessas

doenças e suas inter-relações (WILMORE & COSTILL, 2001).

A SM foi provavelmente identificada em 1923, quando Kylin notou que a

hipertensão e a hiperglicemia se correlacionavam. Nos anos 60, surgiu uma definição mais

moderna desta síndrome, que incluía obesidade, hipertensão, diabetes, e hiperlipidemia.

5

Investigadores alemães dos anos 70 foram os primeiros a usar o termo “síndrome

metabólica“, começando a explorar a associação da síndrome com a arteriosclerose. Após

os anos 90, Ferrannini e colaboradores (1990) sugeriram que a causa subjacente da

síndrome era resistência à insulina e, por isso, sugeriram o termo “síndrome de resistência à

insulina”.

De fato, há aumento do risco cardiovascular decorrente da associação entre

obesidade, hipertensão arterial e alterações no metabolismo lipídico e glicêmico. Tem sido,

inclusive, demonstrado que a distribuição da gordura no corpo é mais importante do que o

aumento de peso (HALPEN, 1998). Além disto, o acúmulo de gordura abdominal, mesmo

em não obesos, está relacionado a doenças metabólicas comuns na meia-idade. Denominou

esse estado de "Síndrome X" que passou posteriormente a ser chamada de "Síndrome

Plurimetabólica" ou "Metabólica" (REPETTO, 1998).

Além disso, foi demonstrado que as mulheres que apresentaram obesidade

abdominal tinham maior dificuldade na redução da glicemia do que o grupo controle de

mulheres eutróficas e do que um grupo de obesas com gordura localizada perifericamente

(WARRAM et al., 1990). Este fato pode, talvez, ser explicado porque os adipócitos

abdominais são muito maiores e têm aumentada tendência em converter os lipídios em

ácidos graxos, quando comparados aos adipócitos acumulados em outros compartimentos

corporais (WARRAM et al., 1990). Ao liberar rapidamente seu conteúdo de ácido graxo na

corrente sangüínea, os adipócitos viscerais provocam um aumento dos ácidos graxos

circulantes, ocasionando aumento dos níveis séricos de glicose e triglicérides. Ainda, os

ácidos graxos livres dificultam a entrada de glicose nas células musculares, levando à

hiperglicemia com aumento do risco de desenvolvimento de DM2. Esses ácidos graxos têm

6

acesso direto ao fígado pela veia porta, interferindo no metabolismo da insulina e afetando

conseqüentemente a captação celular de glicose, por sua vez levando a resistência à

insulina. Esse estado fisiopatológico é considerado como elemento fundamental na

etiologia da SM (ISSA & FRANCISCO, 1996).

Vários estudos correlacionaram a hiperinsulinemia e resistência à insulina com risco

aumentado para aterosclerose, hipertensão arterial, cardiopatia isquêmica, dislipidemias,

intolerância à glicose, obesidade abdominal e DM2 (ROCCHINI et al.,1989; DALY &

LANDSBERG, 1991). Dessa forma, observa-se que a SM engloba variáveis que aumentam

o risco para as doenças cardiovasculares (LOPES, 2005). Trabalhos recentes têm

demonstrado que pessoas com SM baseados no critério de NCEP/ATP III apresentam

maior risco de diabetes e doenças cardiovasculares (FORD et al., 2004;

DASKALOPOULOU et al 2004; MATSUZAWA, 2005). Vale destacar que a associação

da SM com a doença cardiovascular está aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5

vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes (LAKKA et al., 2002; FORD & GILES,

2003; HAFFNER & TAEGTMEYER, 2003; GANG et al.; 2004; GIRMAM et al., 2004).

As evidências da literatura levam a crer que a SM resulta da influência do meio

ambiente em indivíduos geneticamente predispostos. Tudo indica que a obesidade central, a

pressão arterial aumentada, o aumento de triglicérides, a glicemia de jejum alterada e o

baixo HDL-colesterol são os principais componentes para definir a SM (LOPES, 2005). A

resistência à insulina, e até mesmo o diabetes, podem não estar presente no paciente com

SM conforme os critérios da NCEP/ATP III (2001). Porém, de acordo com a Organização

Mundial da Saúde (OMS), o ponto de partida para definição da SM é a avaliação da

resistência à insulina ou do distúrbio do metabolismo da glicose (ALBERTI & ZIMMET,

7

1998). De fato, um estudo de Goff e colaboradores (2003) indicaram haver uma correlação

inversa entre sensibilidade à insulina e incidência de hipertensão, independente de idade,

sexo ou etnia.

A associação de disfunções como intolerância à glicose, adiposidade abdominal,

elevação de triglicérides, baixos níveis de colesterol HDL, hipertensão, dislipidemia,

hipertrigliceridemia aumentam ainda mais a doença cardiovascular (KAMITANI et al.,

2005). Contudo, acreditam que resistência à insulina é um fator chave para a patogênese da

SM. Sendo que, a resistência metabólica à insulina constitui a maior disfunção na

patogênese do DM tipo 2 e condições relacionadas, incluindo alterações do tecido

endotelial. Carneiro e colaboradores (2003) citam em seu estudo que a maior prevalência

de hipertensão tem sido atribuída a hiperinsulinemia decorrente da resistência à insulina

presente em indivíduos obesos, principalmente naqueles que apresentam excesso de

gordura na região abdominal. Neste estudo foi observado um aumento significativo na

prevalência da hipertensão relacionada com o aumento do índice de massa corpórea

(CARNEIRO et al., 2003).

A relação entre dislipidemia e doença cardiovascular na população geral está bem

estabelecida, sendo independente do sexo, idade, história de tabagismo e presença de

hipertensão arterial ou DM (BATISTA & RODRIGUES, 2004). Além da hipertensão e da

dislipidemia, o diabetes citado anteriormente representa um importante fator de risco para

desenvolvimento e morte por doença cardiovascular (EDWING et al., 1980; VINIK et al.,

2003; KASETA et al., 1999). Indivíduos com DM do tipo 2 apresentam 2 a 4 vezes mais

risco de doenças cardiovasculares do que não-diabéticos, sendo a doença cardiovascular a

causa de morte em até 80% deles (KANNEL & MCGEE, 1979; STAMLER et al.,1993).

8

O modelo experimental de diabetes por estreptozotocina tem sido utilizado por muitos

investigadores, inclusive por nosso grupo, no estudo das alterações metabólicas e

cardiovasculares, bem como na busca dos benefícios do treinamento físico nesta doença

(MAEDA et al., 1995; DE ANGELIS et al., 2000, 2002; DALL’AGO, 2007; MAEDA et

al., 2007; HARTHMANN et al., 2007). É importante destacar ainda que estudos

demonstram que o diabetes dobra o risco de desenvolvimento das doenças cardio-

circulatória no homem e triplica nas mulheres (MUIR et al., 1992; KASETA et al., 1999).

Nosso grupo recentemente demonstrou que o treinamento físico induziu melhora na função

autonômica associada à redução da mortalidade em ratas ooforectomizadas diabéticas por

estreptozotocina (SOUZA et al., 2007). Todavia, este modelo experimental não apresenta

aumento de peso corporal ou hipertensão, diferenciando-se nestes aspectos de um modelo

de SM.

Neste aspecto, novos modelos experimentais têm sido desenvolvidos para o estudo

da SM, entre eles o modelo de sobrecarga de frutose. Interessantemente, acompanhando o

aumento da epidemia de obesidade e SM, o consumo de frutose na dieta (principalmente

em alimentos industrializados), casualmente ou não, aumentou cerca de 250% nos últimos

15 anos (BASCIANO et al., 2005; BRAY et al., 2004). Dessa forma, recentemente sugeriu-

se que o aumento marcante no consumo de frutose poderia favorecer o ganho de peso e a

obesidade (BASCIANO et al., 2005; ELLIOT et al., 2002). Estudos em humanos

verificaram que o consumo de frutose pode induzir ganho de peso, redução da sensibilidade

à insulina, hipertrigliceridemia e aumento da PA (ELLIOT et al., 2002). Já estudos

experimentais em animais machos, com sobrecarga de frutose na ração ou na água de

beber, verificaram aumento dos triglicerídeos e da insulina plasmática, elevação discreta da

9

PA e resistência à insulina, alterações compatíveis com um quadro inicial de

desenvolvimento de SM (SUZUKI et al., 1997; FARAH et al., 2006; CUNHA et al., 2006;

TEFF et al., 2004; ELLIOT et al., 2002).

Recentemente, um estudo realizado por nosso grupo em camundongos machos

submetidos à sobrecarga de frutose demonstrou intolerância à glicose, além de correlação

entre disfunções renais e as alterações cardiovasculares e autonômicas (CUNHA et al.,

2007). Corroborando os resultados obtidos em machos, resultados recentes de nosso

laboratório evidenciaram que a resistência à insulina estava associada à disfunção

autonômica (redução do tônus vagal) em ratas fêmeas saudáveis submetidas à sobrecarga

de frutose na água de beber de ratas (BRITO et al., 2008). Verificamos também que o

treinamento físico neste modelo em ratas (fase não ovulatória) induziu redução da

resistência à insulina, normalização da PA e do exacerbado efeito simpático cardíaco, além

de aumento do efeito vagal (BRITO et al., 2006).

Estudos recentes do Women´s Health Initiative (WHI) têm mostrado relação das

mudanças metabólicas que ocorrem nas mulheres na transição da pré-menopausa com a

pós-menopausa, diretamente com a falência ovariana ou alternativamente como um

resultado metabólico indireto da redistribuição da gordura central decorrente da deficiência

estrogênica (CARR & BRUNZELL, 2003). Diante desses achados, a detecção da SM é

fundamental para estratificar o risco global do indivíduo, principalmente da mulher e

instituir um tratamento adequado, com o objetivo de controlar todos os distúrbios

fisiológicos presentes.

10

1.3. Doença Cardiovascular e Disfunção Autonômica

Walter Canon por volta de 1920 definiu que o sistema nervoso autônomo (SNA) era

fundamental para manutenção do equilíbrio do organismo, denominando esta situação com

o termo “homeostasia” (CANON, 1939). Atualmente, é consenso na literatura que a

regulação neural do coração ocorre através da integração da atividade nervosa do simpático

e do parassimpático, consistindo na manutenção da função cardíaca. Além disso, a atuação

dos reflexos originados pelos pressorreceptores arteriais e sua integração central, dependem

do controle cardiovascular (MANCIA et al., 1997; IRIGOYEN et al., 2005). Estes reflexos

contribuem para manter a perfusão tecidual adequada, uma vez que a PA não sofra grandes

variações. Contudo, as alterações da atividade nervosa simpática são bem mais conhecidas

e estudadas que as do parassimpático, uma vez que as doenças cardiovasculares

representam uma das mais importantes causas de morte nos países ocidentais (NAHAS,

2001; BOUCHARD, 2003), logo essas alterações constituem as mais fortes evidências da

disfunção autonômica (FRANCHINI & KRIEGER, 1989). Entretanto, vale ressaltar que a

função vagal relaciona-se com a proteção e preservação é benéfica na manutenção da

variabilidade da PA, com conseqüente proteção de lesão de órgão alvo (SU & MIAO,

2001).

Uma das formas que vem sendo muito utilizada para avaliar o controle autonômico

é o estudo da variabilidade da freqüência cardíaca (FC). Até 20 anos atrás, variações do

ritmo cardíaco (ou da PA) eram completamente ignoradas pelos fisiologistas e

cardiologistas. A variabilidade natural de parâmetros cardiovasculares como PA e FC

reflete a interação de diversos fatores que, em sua maioria, envolvem uma influência do

SNA sobre o aparelho cardiovascular (JOAQUIM et al., 2005). Hoje se sabe que

11

irregularidades na variabilidade da FC e da PA significam algum tipo de anormalidade, e

que a diminuição da variabilidade da FC é um mau prognóstico (RIBEIRO & MORAES,

2005).

A avaliação da varibilidade da FC e da PA e de seus componentes também permite

a avaliação da sensibilidade espontânea dos pressorreceptores, que são mecanorreceptores

responsáveis pelo controle da PA através da atividade simpática e parassimpática em um

curto espaço de tempo (DE ANGELIS et al., 2004; IRIGOYEN et al., 2003). Neste

aspecto, vale destacar que recentemente, o controle reflexo da circulação comandado pelos

barorreceptores tem sido reconhecido também como um importante preditor de risco após

evento cardiovascular (TASK FORCE, 1996; LA ROVERE et al., 1998).

De fato, estudos experimentais e clínicos vêm demonstrando que a disautonomia

(disfunções no SNA) está presente em uma série de patologias, tais como a hipertensão

arterial, a insuficiência cardíaca, o diabetes mellitus e outras alterações metabólicas (DE

ANGELIS et al., 2004; IRIGOYEN & KRIEGER, 1998; ZANCHETTI & MANCIA, 1991;

LA ROVERE et al., 1998; EWING et al., 1980; VINIK et al., 2003; DE ANGELIS et al.,

2004, FARAH et al., 2007). Neste contexto, estudos vêm demonstrando de forma

consistente que a hiperatividade simpática aumenta o risco cardiovascular, ao passo que

uma função vagal preservada ou aumentada tem sido considerada um fator de proteção

cardiovascular (TASK FORCE, 1996; KLEIGER et al., 1987). Mais recentemente, o

estudo ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes After Myocardial Infarction) forneceu

evidências clínicas do valor prognóstico da disfunção autonômica cardiovascular na

mortalidade cardíaca pós-infarto do miocárdio (LA ROVERE et al.,1998). Dessa forma,

intervenções no sentido de detectar, prevenir e/ou atenuar a disfunção autonômica

12

cardiovascular tem sido vistas como novas e/ou importantes estratégias no manejo das

doenças cardiovasculares (LA ROVERE et al., 2002). Todavia, os estudos que verificaram

disfunção autonômica foram realizados em sua grande maioria em indivíduos do sexo

masculino. Em contrapartida, é consenso na literatura que machos e fêmeas apresentam

diferenças fisiológicas importantes que merecem ser mais bem estudadas.

1.4. Doença Cardiovascular e Estresse Oxidativo

Os mecanismos pelos quais o estrogênio reduz o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares são multifatoriais e incluem alterações no metabolismo lipídico, ações nos

componentes das paredes vasculares (endotélio, músculo liso e células adventiciais), e em

elementos do sangue (plaquetas e leucócitos), bem como alterações no controle do

autonômico cardiovascular (MILLER, 1999). De uma forma geral, a participação do

estrogênio como cardioprotetor, agindo como um antioxidante, atribui-se a sua estrutura

fenólica que pode agir como neutralizador dos radicais livres (NIKKI, 1990). O

grupamento hidrofenólico do estrogênio doa o hidrogênio para uma molécula instável,

tornando-se um radical menos lesivo; assim o anel da molécula do estrogênio se reorganiza

e se estabiliza, retirando do meio um radical livre. Dessa forma, o estrogênio tem ação

antioxidante importante agindo como “scavenger” de radicais livres, ativando enzimas

antioxidantes, aumentando a expressão da enzima superóxido dismutase (SOD),

aumentando a síntese de mediadores vasoativos derivados do endotélio e diminuindo a

expressão de enzimas pró-oxidantes (NADPH oxidase) (NIKI, 1992; KIM et al., 1996).

Considerando o papel do estrogênio como uma molécula que pode neutralizar as

espécies reativas de oxigênio (ERO), vale lembra que as ERO são substâncias que

13

apresentam alta reatividade para outras biomoléculas, principalmente lipídios e proteínas

das membranas celulares e para o DNA. Todas as células aeróbias possuem mecanismos

para combater os efeitos agressivos das ERO, que incluem as enzimas SOD citada

anteriormente, a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx) e o sistema não

enzimático (DORMANDY, 1978; SIES, 1986). As ERO promovem estresse oxidativo

quando as defesas antioxidantes da célula são insuficientes para deter a produção pró-

oxidante (NORDMANN, 1994).

Observa-se na figura 1 as principais fontes celulares de ERO e sua metabolização.

Figura 1: Esquema geral das principais fontes celulares de produção e metabolização das ERO. UQH• + ubisemiquinona; GSSG = glutationa oxidada; GSH = glutationa reduzida; DH2 e D = sistemas redutores de NADP não-específicos; SOD = superóxido dismutase; GPx = glutationa peroxidase; CAT = catalase; B e BH2 = doadores de hidrogênio (Adaptado de BOVERIS & CHANCE, 1973).

14

Um número crescente de trabalhos tem demonstrado o papel fundamental do estresse

oxidativo na patogênese das doenças cardiovasculares (CAI & HARRISON, 2000). A

geração de ERO em maiores quantidades causa uma diminuição do (NO) biodisponível, o

que induz prejuízo na função endotelial e cardíaca (PANZA et al., 1990). O NO pode ser

destruído pelo radical superóxido e protegido por mecanismos antioxidantes como a

enzima superóxido dismutase (SOD) (RUBANYI & VANHOUTE, 1986; GRYGLEWSKI

et al., 1986). Contudo, pacientes com hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes, fumantes,

e até mesmo no processo fisiológico do envelhecimento demonstraram relação na

disfunção da vasodilatação e do endotélio, por sua vez com o estresse oxidativo (BERRY et

al., 2001; CAI & HARRISON, 2000; ORIEN et al., 1999).

É interessante notar que em trabalhos do nosso grupo, a redução do estresse

oxidativo e o aumento das enzimas antioxidantes têm sido correlacionados com melhora

em parâmetros cardiovasculares e autonômicos, como a sensibilidade dos

pressorreceptores, em ratos machos velhos, com insuficiência cardíaca ou hipertensão e em

ratas fêmeas submetidas à privação dos hormônios ovarianos (DE ANGELIS et al., 1997;

RABELO et al., 2001; IRIGOYEN et al., 2005; BERTAGNOLI et al., 2006). Dessa forma,

o óxido nítríco, e conseqüentemente a redução de sua biodisponibilidade em situações de

aumento de estresse oxidativo, tem sido destacado como um potencial mecanismo que pode

estar envolvido na disfunção dos pressorreceptores, uma vez que é um regulador central da

função autonômica e da sensibilidade dos pressorreceptores (CHOWDHARY et al., 2000;

DE ANGELIS et al., 1999), é um fator que pode alterar a distensibilidade arterial (KASSIS

& AMTORP, 1987), bem como o efeito direto do NO ou do ânion superóxido pode

15

modificar a descarga dos pressorreceptores (LI et al., 1996; SHULTZ & USTINOVA,

1998).

Nosso grupo vem estudando há alguns anos os efeitos do treinamento físico

dinâmico aeróbio em modelos animais, ratos e camundongos machos, como uma

abordagem não farmacológica capaz de induzir alterações favoráveis na regulação

autonômica cardiovascular, bem como tem buscado os possíveis mecanismos, entre eles o

estresse oxidativo, envolvidos nos benefícios dessa abordagem (DE ANGELIS et al., 1997,

1999, 2000, 2004; PARENTE COSTA et al., 2004, BERTAGNOLLI et al., 2006,

HARTHMANN et al., 2007). Todavia, deve-se considerar que a maior parte dos trabalhos

publicados na literatura com relação aos efeitos hemodinâmicos, autonômicos e no estresse

oxidativo em animais e humanos foi realizado em amostras do sexo masculino, ficando a

dúvida se o sexo feminino, em situações fisiológicas, como o climatério, e fisiopatológicas,

como a SM, se adaptaria de forma semelhante. Além disto, é necessária a busca de

alternativas terapêuticas para atenuar e ou tratar as disfunções decorrentes da privação dos

hormônios ovarianos. Neste aspecto, vários estudos têm demonstrado o papel benéfico do

treinamento físico em situações fisiológicas e patológicas.

1.5. Doença Cardiovascular e Treinamento Físico

Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o sedentarismo é um grande fator de

risco para o desenvolvimento da hipertensão e do diabetes não insulino dependente

(NIDDM) (HARDMANN, 1996). Os efeitos benéficos do exercício físico têm sido

demonstrados na prevenção e tratamento da HAS, na resistência à insulina, no DM, na

dislipidemia e na obesidade, no qual são fatores predominantes na síndrome metabólica

16

(NCEP, 2001; TUOMILEHTO et al., 2001; WHELTON et al., 2002; HENRISSEN, 2002;

ROSS et al., 2000; TORJESEN et al., 1997; HOUMARD et al., 2004; KNOWLER et al.,

2002; PAN et al., 1997; BACON et al., 2004; HAGBERG et al., 2000; CARROL &

DUDFIELD, 2004; GUIMARÃES & CIOLAC, 2004).

A prática regular de atividade física é considerada um tratamento não-

farmacológico para o manejo e/ou prevenção de diversas patologias. Nesse contexto, sem

dúvida o estilo de vida adotado pelas sociedades modernas pode colaborar para esses altos

índices de sedentarismo, o qual pode contribuir de forma importante para o

desenvolvimento de doenças crônicas (FRANCISCHI, 2000).

Gregoire e colaboradores (1996) observaram uma maior variabilidade da FC, um

achado associado à menor risco cardiovascular, em mulheres jovens (treinadas e não-

treinadas) e de meia-idade (treinadas e não-treinadas) quando comparadas a homens. As

jovens não-treinadas e as mulheres de meia-idade (treinadas e não-treinadas) tiveram uma

atividade simpática de repouso significativamente menor em relação aos homens nas idades

correspondentes. Além disso, as jovens não-treinadas e as de meia-idade treinadas tiveram

uma maior atividade parassimpática de repouso do que os seus correspondentes do sexo

masculino. Esses dados em conjunto, mesmo indicando melhor modulação autonômica

cardiovascular no sexo feminino do que no masculino, não permitem, entretanto, concluir

sobre os efeitos do treinamento físico na proteção cardiovascular da mulher, pois outros

fatores, como os genéticos poderiam modular esses resultados.

Considerando que a hipertensão é um achado comum em pacientes com SM, é

importante destacar a redução dos níveis pressóricos pós-treinamento observada de forma

consistente tanto em homens como em mulheres hipertensos, pré ou pós-menopausa

17

(WHELTON et al., 2002; KELLEY, 1999; SEALS et al., 1997). Um dos fatores que pode

contribuir para reduzir a PA é reversão da atenuação da disfunção barorreflexa após

treinamento físico dinâmico em indivíduos hipertensos (BRUM et al., 2000;

O´SULLIVAN & BELL, 2000).

Estudos em mulheres no climatério vêm demonstrando que o treinamento físico

também induz melhora no perfil lipídico principalmente em presença de sobrepeso ou

dislipidemia (ASIKAINEN et al., 2004). Sugawara e colaboradores (2004), em estudo em

mulheres após a menopausa, verificaram que o treinamento físico de baixa ou de moderada

intensidade melhorou a complacência arterial. Sabe-se que a redução na complacência

arterial resulta no aumento progressivo da PAS relacionado ao envelhecimento,

aumentando também a função ventricular esquerda, diminuindo a pressão diastólica, e com

isso alterando a perfusão coronariana.

O treinamento físico pode provocar alterações cardiovasculares e autonômicas

importantes tais como bradicardia de repouso (NEGRÃO et al., 1992; DE ANGELIS et al.,

1997, 1999, 2004; KATONA et al., 1982; FRICK, 1967), redução da PA em ratos

espontaneamente hipertensos (SHR) (SILVA et al., 1997; BERTAGNOLLI et al., 2006) e

melhora da sensibilidade dos pressorreceptores em sujeitos normotensos (MC`DONALD et

al., 1993; BARNEY et al., 1988; DE ANGELIS et al., 2004; NEGRÃO et al, 1992;

BEDFORD & TIPTON, 1987) e em ratos SHR e diabéticos (SILVA et al., 1997;

BERTAGNOLLI et al., 2006; HARTHMANN et al., 2007). Além disto, estudos

demonstraram adaptações das enzimas antioxidantes e redução do estresse oxidativo em

resposta ao treinamento físico (JI & FU, 1992; MARGARATIS et al., 1997; VENDITTI E

18

DI MEO, 1997; DE ANGELIS et al., 1997; IRIGOYEN et al., 2005; BERTAGNOLLI et

al., 2006).

Apesar dos vários trabalhos evidenciando os benefícios do treinamento físico, a

grande maioria desses estudos foi realizada em amostras do sexo masculino. Em estudos

mais recentes tem sido demonstrado que treinamento físico aeróbio pode induzir melhora

nos perfis metabólico e lipídico, reduzir a inflamação e as moléculas de adesão (WEGGE et

al., 2004) e aumentar a variabilidade da FC (JURCA et al., 2004) em mulheres

menopausadas (ASIKAINEN et al., 2004), bem como melhorar a resposta da insulina

estimulada pelo teste de tolerância a glicose em ratas ooforectomizadas (LATOUR et al.,

2001). Um trabalho recente de nosso laboratório evidenciou que o treinamento físico

aeróbio em um modelo experimental de menopausa em ratas induziu aumento da

capacidade aeróbia, redução do peso corporal, da PA e da FC de repouso e melhora na

sensibilidade dos pressorreceptores associada à redução no estresse oxidativo e ao aumento

nas defesas antioxidantes no tecido cardíaco (IRIGOYEN et al., 2005).

Por fim, vale destacar que a taxa de mortalidade devido a doenças cardiovasculares

aumentou de 10 para 25% nos anos 60 e 70 em mulheres (CASTANHO et al., 2001) é

eminente a necessidade da busca de alternativas terapêuticas para a prevenção e o

tratamento das doenças cardiovasculares e metabólicas na mulher. Cabe lembrar que

atualmente os efeitos de proteção cardiovascular através da terapia hormonal são altamente

controversos (WRITING GROUP FOR THE WOMEN`S INITIATIVE

INVESTIGATORS, 1996). Em contrapartida, os benefícios obtidos através da atividade

física regular têm cada vez mais reforçando a importância desta abordagem na prevenção e

no tratamento das doenças (PEDERSEN & SALTIN, 2006; MOSCA et al., 2007).

19

Considerando o importante papel da disautonomia como fator de risco de doença

cardiovascular, bem como o possível envolvimento do estresse oxidativo nesta disfunção,

intervenções que reduzam o estresse oxidativo e/ou melhorem a função autonômica tem

sido vistas como potenciais estratégias no manejo do risco cardiovascular. Neste projeto

avaliamos o efeito da sobrecarga de frutose na água de beber (um modelo de disfunção

cardiovascular e metabólico) tanto em ratas fêmeas Wistar como em fêmeas

espontaneamente hipertensas (SHR), ambas ooforectomizadas, na tentativa de

alcançarmos um modelo de SM, e, assim, pudemos avaliar os efeitos do treinamento

físico em diferentes fatores de risco muitas vezes observados de forma concomitante em

mulheres no climatério.

20

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento físico em

parâmetros cardiovasculares e metabólicos, na modulação autonômica cardiovascular e no

estresse oxidativo em ratas fêmeas ooforectomizadas normotensas e hipertensas submetidas

à sobrecarga de frutose.

2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do presente projeto foram avaliar os efeitos do treinamento

físico em ratas fêmeas normotensas e hipertensas submetidas à privação dos hormônios

ovarianos e a ingestão crônica de frutose na água de beber nos seguintes parâmetros:

• peso corporal;

• glicose e nos triglicerídeos sanguíneos;

• resistência à insulina;

• pressão arterial e na freqüência cardíaca;

• variabilidade da frequência cardíaca (RMSSD, VAR-IP, %BF e %AF);

• variabilidade da pressão arterial (VAR-PAS, BF);

• sensibilidade barroreflexa espontânea (Índice alfa);

• estresse oxidativo (QL e GSH/GSSG);

• atividade de enzimas antioxidantes (CAT, SOD e GPx).

21

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

São Judas Tadeu (COEP-USJT) de acordo com os seguintes protocolos: 024/2005,

064/2006 e 01/2008.

3.1. Amostra

Foram utilizadas 20 ratas Wistar fêmeas e 20 ratas SHR (ratas espontaneamente

hipertensas) fêmeas, pesando entre 50-60g, provenientes do biotério da Universidade São

Judas Tadeu e do Biotério da Universidade Federal de São Paulo. Os animais foram

mantidos em gaiolas, contendo no máximo 4 animais em cada uma, em ambiente com

temperatura controlada (220 - 240C) e com luz controlada em ciclo de 12 horas (claro -

escuro, invertido). Os animais foram divididos em 4 grupos experimentais com 10 ratas em

cada grupo:

Grupo I - Frutose ooforectomizada sedentária (FOS) (n=10): ração industrial

para ratos + solução de água com frutose (10%), durante um período de 18 semanas.

Grupo II - Frutose ooforectomizada treinada (FOT) (n=10): ração industrial +

solução de água com frutose (10%), durante um período de 18 semanas, sendo que foram

submetidas à treinamento físico em esteira ergométrica rolante (Imbramed TK-01) a partir

da 9ª semana de protocolo.

Grupo III - Frutose hipertensa ooforectomizada sedentária (FOHS) (n=10):

ração industrial + solução de água com frutose (10%) durante 18 semanas.

Grupo IV - Frutose hipertensa ooforectomizada treinada (FOHT) (n=10): ração

industrial + solução de água com frutose (10%) durante 18 semanas, sendo que foram

22

submetidas à treinamento físico em esteira ergométrica rolante (Imbramed TK-01) a partir

da 9ª semana de protocolo.

3.2. Seqüência Experimental

Os grupos experimentais seguiram a seqüência experimental ilustrada abaixo:

Figura 2: Seqüência Experimental do protocolo.

3.3.PROCEDIMENTOS

3.3.1. Indução do Modelo Experimental de Síndrome Metabólica

Todos os grupos foram submetidos a ingestão de frutose na água de beber (D-

frutose, 100g/L) (SUZUKI et al., 1997). O tratamento foi iniciado após o desmame e

seguiu até o final do protocolo (Figura 3).

Ava

liaçõ

es B

ioqu

ímic

as

(FOT e FOHT)

(FOS e FOHS)

Tratamento com

Frutose

(FOS e FOHS)

Ava

liaçõ

es B

ioqu

ímic

as

(FOT e FOHT)

(FOS e FOHS)

Tratamento com

Frutose

(FOS e FOHS)

23

Figura 3: Tratamento de D-frutose na água de beber.

3.3.2. Ooforectomia Bilateral

As ratas foram anestesiadas com cloridrato de cetamina (Ketalar) e cloridrato de

xilazina (Rompum) e colocadas em decúbito dorsal para que se realize uma pequena

incisão (1cm) em paralelo com a linha do corpo na pele e na musculatura no terço inferior

na região abdominal. Os ovários foram localizados e foi realizada a ligadura dos ovidutos,

incluindo os vasos sangüíneos. Os ovidutos foram seccionados e os ovários removidos. A

musculatura e a pele foram suturadas e uma dose de antibiótico foi administrada

(Benzetacil, 40 000 U/Kg, i.m) (LATOUR et al., 2001; IRIGOYEN et al., 2005) (Figura 4).

Figura 4: Etapas de realização da ooforectomia bilateral em ratas.

24

3.3.3. Teste de Esforço Máximo

O teste de esforço constituiu em um protocolo escalonado com incrementos de

velocidade de 0,3 km/h a cada 3 minutos, até que seja atingida a velocidade máxima

suportada pelos animais. O critério utilizado para a determinação da exaustão do animal e

interrupção do teste foi o momento em que o rato não foi mais capaz de correr mediante o

incremento de velocidade da esteira (BROOKS & WHITE, 1978). Vale ressaltar que

recentemente demonstramos relação entre velocidade do atingida no teste de esforço e a

medida direta do consumo de oxigênio em ratos (RODRIGUES et al., 2007) (Figura 5).

Figura 5: Correlação entre o consumo de oxigênio (VO2) e a velocidade do teste de

esforço (km/h) em ratas ooforectomizadas.

25

3.3.4. Treinamento Físico

O grupo de ratas treinadas foi submetido a um protocolo de treinamento físico (40-

60% da velocidade máxima alcançada no teste de esforço) em esteira ergométrica com

velocidade e carga progressiva durante 8 semanas conforme descrito resumidamente abaixo

(IRIGOYEN et al., 2005, DE ANGELIS et al., 1997, 1999) (Figura 6, Quadro 1 e Quadro

2).

Figura 6: Fotografia de ratos submetidos ao protocolo de treinamento físico em esteira

ergométrica na USJT.

26

Quadro 1: Protocolo de treinamento físico para ratas Wistar

Semana Duração (min) Velocidade (Km/h)

1ª 15 – 23 0,3 – 0,6

2ª 23 – 50 0,3 – 0,8

3ª 47 – 55 0,3 – 0,8

4ª 55 – 60 0,3 – 0,8

5ª 60 0,3 – 1,0

6ª 60 0,3 – 1,0

7ª 60 0,3 – 1,0

8ª 60 0,3 - 1,0

27

Quadro 2: Protocolo de treinamento físico para ratas SHR

Semana Duração (min) Velocidade (Km/h)

1ª 15 – 23 0,3 – 0,9

2ª 23 – 50 0,3 – 1,1

3ª 47 – 55 0,3 – 1,1

4ª 55 – 60 0,3 – 1,2

5ª 60 0,3 – 1,4

6ª 60 0,3 – 1,5

7ª 60 0,3 – 1,5

8ª 60 0,3 - 1,5

3.3.5. Medida da Glicemia e dos Triglicerídeos Sangüíneos

Ao final do protocolo (18 semanas) os animais foram submetidos a jejum de 4 horas

e, após isto foi retirada uma gota de sangue da cauda para análise da glicose plasmática

pelo glicosímetro (Accucheck, Roche) e uma gota para medida dos triglicerídeos

sanguíneos do aparelho Accutrend GTC, Roche (Figura 7).

28

Figura 7: Aparelhos que foram utilizados para análises das concentrações sangüíneas de

glicose e triglicerídeos.

3.3.6. Canulação

Após 18 semanas de protocolo, as ratas foram anestesiadas (i.p.) com cloridrato de

cetamina (50mg/Kg, Ketalar, Parke-Davis) e cloridrato de xilazina (12mg/Kg, Rompum,

Bayer) e colocadas em decúbito dorsal para que se realize uma pequena incisão na região

do pescoço para implantação de uma cânula na artéria carótida em direção ao ventrículo

esquerdo, para registro direto da PA e na veia jugular para administração das drogas. Após

a correta e firme implantação das cânulas na artéria carótida e veia jugular, as extremidades

mais calibrosas das cânulas foram passadas subcutâneamente, exteriorizadas no dorso da

região cervical e fixadas com fio de algodão na pele. As cânulas foram confeccionadas com

tubos de Policloreto de Vinila (Abbott) equivalente ao polietileno PE10 e PE50. Estes

foram soldados por aquecimento e logo após, as cânulas foram preenchidas com solução

fisiológica e mantidas ocluídas com pinos de aço inoxidável (MAEDA et al., 1995; DE

ANGELIS et al.,1999, 2000) (Figura 8 e Figura 9).

29

Figura 8: Esquema do local da canulação da artéria carótida e veia jugular.

Figura 9: Foto do animal com a cânula exteriorizada.

30

3.3.7. Registro de Pressão Arterial

No dia seguinte à canulação, com o animal acordado, a cânula arterial foi conectada

a uma extensão de 20 cm (PE-50), permitindo livre movimentação do animal pela caixa,

durante todo o período do experimento. Esta extensão foi conectada a um transdutor

eletromagnético (Blood Pressure XDCR, Kent© Scientific, Litchfield, CT, EUA)

que, por sua vez, esteve conectado a um pré-amplificador (STEMTECH BPMT-2,

Quintron Instrument© Inc, Milwaukee, EUA). Sinais de PA foram gravados durante um

período de 30 minutos em um microcomputador equipado com um sistema de aquisição de

dados (CODAS, 1Kz, DATAQ Instruments, Akron, OH, EUA), permitindo análise dos

pulsos de pressão, batimento-a-batimento, com uma freqüência de amostragem de 2000 Hz

por canal, para estudo dos valores de PAS, PA diastólica (PAD), PA média (PAM) e FC.

Os valores de FC foram derivados do sinal pulsátil da PA (Figura 10).

Figura 10: Sistema de registro de pressão arterial e conexão entre a cânula e o transdutor

eletromagnético.

31

3.3.8. Avaliação da Modulação Autonômica Cardiovascular

3.3.8.1. Análise da Variabilidade da Pressão Arterial Sistólica A partir do registro basal dos animais acordados, foi possível utilizar a ferramenta

de análise tempo-freqüência da variabilidade da PAS. Os parâmetros para análise no

domínio do tempo consistiram em calcular os valores médios da PAS, sendo a sua

variabilidade quantificada pela variância da PAS.

A análise no domínio da freqüência consistiu-se da decomposição do sistograma

pela Transformada Rápida de Fourier (FFT). Após esse remodelamento matemático, foram

obtidas as potências absolutas da banda de baixa freqüência (BF: 0,20-0,75 Hz) (SOARES

et al., 2004).

3.3.8.2 Análise da Variabilidade do Intervalo de Pulso A variabilidade do intervalo de pulso foi obtida pela análise do tacograma a partir

do registro da PAS, no qual a freqüência dos batimentos foi determinada pelo intervalo

entre dois picos sistólicos. Para essa análise foram utilizados registros estáveis, de no mínimo 5

minutos e com freqüência de amostragem de 2.000 Hz. Também dois componentes foram

obtidos na análise espectral: muito baixa freqüência (MBF: banda de muito baixa freqüência),

baixa freqüência (BF: 0,20-0,75 Hz) e alta freqüência (AF: 0,75-3,0 Hz). O componente BF foi

usado como um índice da atividade simpática. O componente AF foi usado como um índice da

atividade parassimpática. Além disso, avaliou-se também as variáveis % BF (banda de baixa

freqüência do intervalo de pulso), %AF (banda de alta freqüência do intervalo de pulso),

RMSSD (raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos intervalos R-

R normais sucessivos) e VAR-IP (variância do intervalo de pulso) (ISHISE & ASANOI et al.,

1998).

32

3.3.8.3. Análise da Sensibilidade Barorreflexa Espontânea (Índice Alfa)

Valores de batimento a batimento da pressão arterial sistólica e intervalo RR foram usados

para estimar a sensibilidade barorreflexa pelo método de análise espectral, utilizando o índice alfa

da banda BF (0,20–0,75hz). A coerência entre a variabilidade dos sinais de intervalos RR e pressão

arterial sistólica foi realizada pelo método de análise espectral cruzada. O índice alfa foi calculado

somente quando a magnitude da coerência ao quadrado entre os sinais de RR e pressão arterial

sistólica excederam 0,5 (amplitude 0 a 1) na banda BF depois do cálculo da coerência, o índice alfa

foi extraído da raiz quadrada da razão da variabilidade entre RR e PAS nas duas principais bandas

de BF.

3.3.9. Teste de Resistência à Insulina

No dia seguinte das avaliações hemodinâmicas os animais foram submetidos à

jejum de 2 horas, foram anestesiados com pentobarbital sódico (40 mg/kg), e receberam

uma injeção endovenosa de insulina (0,75 U/kg peso corporal). A glicose plasmática foi

medida a partir de amostras de sangue obtidas da veia caudal utilizando-se de um

glicosímetro (Accucheck, Roche) nos tempos 0, 4, 8, 12 e 16 min após a injeção de

insulina. Os valores de glicemia dos minutos 4 a 16 foram usados para calcular a constante

de queda da glicose plasmática (Kitt) de acordo com a descrição de Bonora et al. (1989).

3.3.10. Eutanásia dos Animais

No dia seguinte ao término das avaliações hemodinâmicas, os animais de todos os

grupos foram submetidos a eutanásia por decapitação e os tecidos foram pesados e

congelados para avaliações do estresse oxidativo e das concentrações dos nitritos e nitratos.

33

3.3.11. Preparação dos Tecidos

Após as avaliações citadas acima, os animais foram pesados e mortos através de

decapitação. O coração foi coletado e foi homogeneizado durante 30 segundos em um

homogeneizador Ultra-Turrax, com KCl 1,15% e fluoreto de fenil metil sulfonila (PMSF),

na concentração de 100mmol/L em isopropanol e na quantidade de 10µL/mL de KCl

adicionado. Em seguida, os homogeneizados foram centrifugados por 10 minutos a

3000rpm, em centrífuga refrigerada entre 0 e 4°C (Eppendorf, 5804-R), e o sobrenadante

foi congelado em freezer a -70°C para as dosagens (LLESUY et al., 1985).

3.3.12. Dosagem de Proteínas

As proteínas foram quantificadas pelo método descrito por Lowry e

colaboradores, que utiliza como padrão uma solução de albumina bovina na concentração

de 1mg/mL (LOWRY et al., 1951). Para a realização das dosagens foram utilizados os

seguintes reagentes:

Reativo de Folin Ciocaulteau diluído em água destilada na proporção de 1:3.

Reativo C, que é composto por 50mL do reativo A, 0,5mL do reativo B1 e 0,5mL

do reativo B2, cujos reativos A, B1 e B2 são respectivamente:

• NaHCO3 (bicarbonato de sódio) 2% em NaOH (hidróxido de sódio) 0,1N.

• CuSO4.5H2O (sulfato de cobre) 1%.

• KNaC4H4O6.4H2O (tartarato de sódio e potássio) 2%.

34

Em tubos de ensaio, foram adicionados 20µL de amostra (homogeneizado de

tecido) em 0,78mL de água destilada e 2mL de reativo C preparado a fresco, aguardando-se

10 minutos. Depois, adicionava-se 0,2mL do reativo de Folin Ciocaulteau, aguardando-se

mais 30 minutos. Após, a solução adquiria uma coloração azulada que foi medida em

espectrofotômetro, marca Varian modelo Cary, a 625 nm.

O cálculo foi feito utilizando-se um fator de correção médio calculado a partir da

curva de calibração construída utilizando-se a solução padrão de albumina bovina. Os

resultados foram expressos em mg de proteína.

3.3.13. Estresse oxidativo e enzimas antioxidantes

Para medidas de estresse oxidativo e enzimas antioxidantes foi utilizado um “n” de

7 animais por grupo.

3.3.13.1. Medida de Lipoperoxidação (LPO): Quimiluminescência iniciada por t-

BOOH (QL)

Este método consistiu em adicionar um hidroperóxido orgânico de origem

sintética, o hidroperóxido de tert-butil (t-BOOH), a amostra do homogeneizado de tecido,

avaliando a capacidade de resposta produzida pela amostra. A realização deste tipo de teste

consistiu no fato de que os hidroperóxidos são espécies químicas bastante instáveis,

reagindo com lipídios por um mecanismo radicalar, o qual gera produtos que emitem luz

pela amostra em estudo. Este método é um dos mais sensíveis para a medida de LPO.

35

A QL foi medida em um contador beta (TriCrab 2800TR, PerkinElmer) com o

circuito de coincidência desconectado e foi utilizado o canal de trítio. As determinações

foram realizadas em câmara escura, em frascos de vidro mantidos na penumbra para evitar

a fosforescência ativada pela luz fluorescente. O meio de reação no qual foi realizado o

ensaio consistiu em 3,5 mL de uma solução tampão de fosfatos 20 mmol/L, contendo KCl

140 mmol/L (pH 7,4), à qual foi adicionado 0,5 mL de homogeneizado. Após esse

momento, foi realizada uma leitura inicial, considerada como a emissão basal de luz pelo

homogeneizado. O hidroperóxido de tert-butila foi usado na concentração de 400 mmol/L,

dos quais foram adicionados 30 µL no meio de reação para obter-se uma concentração final

de 3 mmol/L. Foi medida a emissão de luz e desta foi descontada a emissão basal do

homogeneizado para fins de cálculo (GONZALES FLECHA et al., 1991).

3.3.13.2. Razão GSH/GSSG

3.3.13.2.1. Glutationa Total

A glutationa total mediu a reação de óxido redução entre a glutationa reduzida

(GSH) e a glutationa oxidada (GSSG). O meio de reação no qual foi realizado o ensaio

consistiu em uma solução de tampão fosfato 300 mM (Na2HPO4.1H2O), e uma solução de

DTNB (acido ditionitrobenzóico). No momento do ensaio, foi agregado á 1 mL de tampão

fosfato, 100µL de DTNB, foi zerado o espectro (Biospectro) e após foi acrescentado 250

µL amostra (BEUTLER et al., 1963).

36

3.3.13.2.2. Glutationa Oxidada (GSSG)

Foi adicionado a amostra ácido perclórico, os quais foram colocados em ependorf e

centrifugados, posteriormente foi neutralizado com bicarbonato potásico (CO3HK).

Desta foi extraída uma alíquota de 60mL + 60 mL DNTB + 60 mL GSSH e 60 mL

NADPH. A leitura foi realizada em espectrofotômetro 414 nm. Uma vez neutralizada

com CO3HK foi adicionado 5 ml de 2 vinil piridina e deixará repousar por uma hora a

temperatura ambiente. Logo se repetirá o processo anterior. A diferença entre a

primeira e a segunda leitura foi a GSSG (TIETZE, 1969).

A GSH foi calculada a partir da subtração da glutationa total pela GSSG, e em

seguida foi calculada a razão GSH/GSSG.

3.3.13.3. Superóxido Dismutase (SOD)

A enzima SOD catalisa a reação de dois ânions superóxido, com a conseqüente

formação de peróxido de hidrogênio, que é menos reativo e pode ser degradado por outras

enzimas, como a catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx). A velocidade da reação

catalisada pela SOD é 104 vezes maior do que a velocidade da dismutação espontânea em

pH fisiológico (SOUTHORN & POWIS, 1988; BOVERIS, et al. 1983).

22222 2 OOHHOO +⇒++ +−•−•

A técnica utilizada foi baseada na inibição da reação do radical superóxido com o

piragalol. Uma vez que não se consegue determinar a concentração da enzima nem sua

37

atividade em termos de substrato consumido por unidade de tempo, utilizou-se a

quantificação em unidades relativas. Uma unidade de SOD foi definida como a quantidade

de enzima que inibe em 50% a velocidade de oxidação do detector. A oxidação do

pirogalol levou à formação de um produto colorido, e foi detectado

espectrofotometricamente a 420 nm (Biospectro) durante 2 minutos. A atividade da SOD

foi determinada medindo-se a velocidade de formação do pirogalol oxidado. No meio de

reação, foram utilizados 20 µL de homogeneizado, 973 µL de tampão Tris-Fosfato a 50

mmol/L (pH 8,2), 8 µL de pirogalol a 24 mmol/L, 4 µL de CAT a 30 µmol/L. Esta curva

obtida foi utilizada como branco. Foi feito também uma curva padrão utilizando três

concentrações distintas de SOD (0,25U, 0,5U e 1U), através da qual foi obtida a equação da

reta para realização dos cálculos.

3.3.13.4. Catalase (CAT)

A enzima CAT é altamente específica e possui atividade apenas para peróxido de

hidrogênio, hidroperóxidos de metila e etila (WEBSTER & NUNN, 1998). No homem, a

CAT é uma hemoproteína e catalisa a decomposição do peróxido de hidrogênio à água e

oxigênio (BOVERIS & CHANCE, 1973).

A taxa de decomposição do peróxido de hidrogênio foi diretamente proporcional à

atividade da CAT. Desta forma, o consumo de H2O2 pode ser utilizado como uma medida

de atividade da enzima CAT. O ensaio consistiu em medir a diminuição da absorbância a

240nm, comprimento de onda onde houve a maior absorção pelo peróxido de hidrogênio,

utilizando-se cubetas de quartzo. Para a realização das medidas foi usada uma solução

38

tampão constituída de fosfatos a 50 mmol/L em pH 7,4. Foram adicionados 9µL deste

tampão e 10µL de amostra de tecido na cubeta do espectrofotômetro, sendo esta mistura

descontada contra um branco de tampão fosfato. A seguir foram adicionados 35µL de

peróxido de hidrogênio (0,3 mol/L) e foi monitorada a diminuição da absorbância no

espectrofotômetro (Biospectro) (BOVERIS & CHANCE, 1973).

22222 22 OOHOH +⇒

3.3.13.5. Glutationa Peroxidase (GPx)

A enzima GPx catalisa a reação de hidroperóxidos com a glutationa reduzida (GSH)

para formar glutationa oxidada (GSSG) e o produto da redução do hidroperóxido, por isso,

a sua atividade pode ser determinada medindo-se o consumo de NADPH, na presença de

GSH e GR na reação de redução acoplada à reação da GPx. A azida sódica (N3Na) é

adicionada para inibir a catalase (WENDEL, 1981).

OHGSSGROHGSHROOH GPx22 ++→+

A atividade da GPx foi medida em um espectrofotômetro (Biospectro). Foi

monitorada a diminuição de absorbância do NADPH a 340 nm. Na cubeta do

espectrofotômetro, foram adicionados 330 µL de tampão, 50 µL do homogeneizado

(amostra), 500 µL de NADPH, 10 µL de azida sódica, 50 µL de GSH e 10 µL de GR. Foi

registrada a absorbância por um período de aproximadamente 2 minutos, para obtenção da

linha de base. Após esse momento, foram adicionados 50 µL de hidroperóxido de tert-

39

butila, e a diminuição da absorbância devida ao consumo de NADPH foi monitorada por

mais 3 minutos (FLOHÉ & GUNZLER, 1984).

3.4. Análise Estatística

Para análise dos dados foi utilizado o software STATISTICS® 6.0 (Statsoft©). O

teste de Kolmogorv-Smirnov foi utilizado para verificar a normalidade das variáveis. O

teste de análise de variância (ANOVA) two way ou multifatorial seguido do teste

complementar de Student Newman-Keuls foi devidamente aplicado para análise dos dados.

Os resultados são apresentados como média ± erro padrão. Valores de p<0,05 foram

considerados estatisticamente significantes.

40

4. RESULTADOS 4.1. Avaliação da Capacidade Física

O primeiro teste de esforço, realizado antes do período de treinamento físico (10ª

semana), demonstrou não haver diferenças na capacidade física entre os respectivos pares

estudados (FOS: 1,71±0,38; FOT: 1,70±0,15; FOHS: 2,73±0,08; FOHT: 2,79±0,08 km/h).

No entanto, essa diferença pode ser observada quando comparamos os grupos SHR com o

Wistar. Já o teste de esforço realizado após 4 semanas de treinamento físico evidenciou

maior velocidade alcançada pelos animais treinados em relação aos seus pares sedentários e

em relação aos valores dos testes iniciais, caracterizando uma melhora na capacidade física

(FOT: 2,18±0,23 km/h vs. 1,63±0,37 km/h no FOS; FOHT: 3,03±0,07 km/h vs. 2,67±0,08

km/h no FOHS). O mesmo foi observado ao término das 8 semanas de treinamento físico

(FOT: 2,05±0,23 km/h vs. 1,55±0,21 km/h no FOS; FOHT: 3,03±0,03 km/h vs. 2,30±0,12

km/h no FOHS) (Tabela 1 e Figura 11).

Tabela 1: Velocidade máxima alcançada no teste de esforço inicial, intermediário (4ª semana de treinamento) e final (8ª semana de treinamento) nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose)

Teste de esforço

Grupos

Inicial

(Km/h)

Intermediário

(Km/h)

Final

(Km/h)

FOS 1,71±0,38 1,63±0,37 1,55±0,21

FOT 1,70±0,15 2,18±0,23* 2,05±0,23*

FOHS 2,73±0,08* 2,67±0,08* 2,30±0,12*

FOHT 2,79±0,08*# 3,03±0,07*#¥ 3,03±0,03*#¥

Dados representam média ± erro padrão. * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS

41

Figura 11: Velocidade máxima alcançada no teste de esforço inicial, intermediário (4ª semana) e final (8ª semana) nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS; € p<0,05 vs. inicial no mesmo grupo. 4.2. Avaliação do Peso Corporal A seguir são apresentados os resultados dos 4 grupos estudados com relação ao peso

corporal. O desmame foi considerado o início do protocolo. Não houve diferença no

corporal entre os grupos no início do protocolo (66±1,4 g). A partir da ooforectomia os

animais foram pesados até as avaliações hemodinâmicas. No dia da ooforectomia (10ª

semana), os grupos com hipertensão apresentaram uma redução dos valores de peso

corporal quando comparados com os seus respectivos pares estudados (Figura 12 e

Tabela 2).

42

Figura 12: Peso corporal dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose) ao longo das últimas 10 semanas de protocolo.

Os grupos de animais SHR apresentaram menor ganho de peso corporal em relação

aos grupos de animais Wistar ao final do protocolo. Vale salientar que o treinamento físico

foi eficaz em reduzir o peso corporal em seus respectivos pares sedentários (Tabela 2).

43

Tabela 2: Peso corporal dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose) na 10ª semana (dia da ooforectomia) e no final do protocolo.

Dados representam média ± erro padrão.* p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS. 4.3. Avaliação do Tecido Adiposo

A Figura 13 apresenta os valores de tecido adiposo dos 4 grupos estudados ao final

do protocolo. Pode-se observar que o treinamento físico reduziu o tecido adiposo no grupo

FOT (5,00±0,60g) em comparação ao grupo FOS (9,93±0,70g). Interessantemente, os

grupos hipertensos (FOHS: 5,25±0.39 e FOHT: 4,32±0,54g).apresentaram menor

quantidade de tecido adiposo quando comparado ao grupo FOS.

Peso corporal

Grupos

10ª semana

(gramas)

Final

(gramas)

FOS 246±8,9 365±10,9

FOT 248±4,9 329±15,7*

FOHS 192±11,3* 257±9,6*

FOHT 191±8,9*# 245±10,8*#¥

44

Figura 13: Tecido adiposo dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS. 4.4. Avaliações Metabólicas

Na Tabela 3 são apresentados os resultados de glicemia, triglicerídeos e de KITT no

início (10ª semana) e no final do protocolo. Ao final do protocolo os grupos FOS e FOHS

apresentaram maiores valores de glicemia quando comparado aos grupos FOT e FOHT e

aos seus valores iniciais, todavia não foram observadas diferenças na avaliação inicial.

Assim, pode-se afirmar que o treinamento físico reduziu esses valores em ambos os grupos

treinados (Figura 14).

45

Tabela 3: Valores sanguíneos de glicose (GLIC), triglicerídeos (TG) e constante de decaimento da glicemia (KITT) dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose) no início (10ª semana) e no final do protocolo. Variáveis

Grupos

GLIC Inicial

(mg/dL)

GLIC Final

(mg/dL)

TG Inicial

(mg/Dl)

TG Final

(mg/dL)

KITT Inicial

(%/min)

KITT Final

(%/min)

FOS 88±2,63 94±2,06 136±9,39 161±12,81 5,30±0,37 3,34±0,16€

FOT 88±1,15 80±3,30*€ 156±8,10 94±7,26*€ 4,93±0,38 4,55±0,22*

FOHS 88±1,50 88±1,59 162±8,59 145±6,09 3,97±0,18* 3,82±0,17

FOHT 92±2,87 80±1,54*¥€ 163±14,32 147±6,49# 4,00±0,17* 4,05±0,19

Dados representam média ± erro padrão .* p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS; € p<0,05 vs. inicial no mesmo grupo.

Após 10 semanas de consumo crônico de frutose, os grupos apresentaram valores

semelhantes de triglicerídeos independente da presença ou não de hipertensão. Em relação

aos níveis sanguíneos de triglicerídeos ao final do estudo, observou-se uma redução no

grupo FOT quando comparado aos demais estudados (Figura 15).

Os grupos hipertensos apresentaram resistência à insulina (menor KITT) após 10

semanas de consumo de frutose em relação aos grupos normotensos. Ao final do protocolo,

o grupo FOS apresentou menor KITT (constante de decaimento da glicose) no teste de

tolerância à insulina quando comparado ao grupo FOT demonstrando a eficácia do

treinamento físico. O mesmo pode ser observado com o grupo FOHT, quando comparado

com o grupo FOHS ao final do protocolo (Figura 16).

46

Figura 14: Glicemia nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose) ao final do protocolo. * p<0,05 vs. FOS; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

Figura 15: Concentrações sanguíneas de triglicerídeos nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose) ao final do protocolo. * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT.

47

Figura 16: Constante de decaimento da gliemia (KITT) durante o teste de tolerância à insulina nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose) ao final do protocolo. * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT.

4.5. Avaliações Hemodinâmicas

Os parâmetros hemodinâmicos avaliados em repouso são apresentados na Tabela 4.

Os valores de pressão arterial diastólica, sistólica e média dos animais hipertensos tratados

com frutose (FOHS e FOHT) foram maiores do que dos animais tratado somente com

frutose. O treinamento físico não alterou os valores de pressão arterial (Figura 17).

Além disso, os animais do grupo FOHS apresentaram taquicardia de repouso em

relação aos demais grupos estudados. Os grupos treinados (FOT e FOHT) apresentaram

bradicardia de repouso em relação aos seus respectivos grupos sedentários (Figura 18).

48

Tabela 4: Parâmetros hemodinâmicos avaliados em repouso dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).

Variáveis

Grupos

PAD

(mmHg)

PAS

(mmHg)

PAM

(mmHg)

FC

(bpm)

FOS 93±2,4 129±1,7 109±1,9 358±7

FOT 96±1,5 129±2,6 111±1,4 334±6*

FOHS 153±2,5* 206±3,8* 179±2,9* 394±11*

FOHT 154±1,8*# 210±10,9*# 180±1,6*# 348±6¥

Dados representam média ± erro padrão. PAD: pressão arterial diastólica; PAS: pressão arterial sistólica; PAM: pressão arterial média; FC: freqüência cardíaca. * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS. Figura 17: Pressão Arterial Média nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).* p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

49

Figura 18: Freqüência Cardíaca nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

4.6. Avaliações da Modulação Autonômica da Freqüência Cardíaca

As avaliações da modulação autonômica da freqüência cardíaca no domínio do

tempo e da freqüência são apresentadas na Tabela 5.

A hipertensão induziu redução do DP e do RMSSD no grupo FOHS em relação ao

grupo FOS, mas não alterou a variância do intervalo de pulso (VAR-IP) (Figura 19). O

treinamento físico induziu aumento do RMSSD e da VAR-IP no grupo FOT em relação aos

demais grupos estudados, todavia não atenuou a redução do RMSSD e do DP induzido pela

hipertensão.

Com relação à banda de baixa freqüência do intervalo de pulso (BF), representativa

da modulação simpática, observou-se que os animais que apresentavam hipertensão

50

associada ao consumo de frutose (FOHS e FOHT) apresentraram uma redução exacerbada

desses valores em relação aos grupos normotensos tratados com frutose (FOS e FOT). A

banda de alta freqüência do intervalo de pulso (AF), representativa da modulação

parassimpática, foi menor nos grupos FOHS e FOHT quando comparados ao grupo FOT.

A banda de muito baixa freqüência do intervalo de pulso (MBF) foi menor apenas no grupo

FOHT em relação ao grupo FOT. A banda de BF normalizada foi menor nos grupos

hipertensos em relação ao grupo normotenso sedentário (FOS) (Figura 20). O treinamento

físico reduziu a banda de BF normalizada no grupo FOT quando comparado com o grupo

FOS. Não foram observadas diferenças para a banda de AF normalizada (Figura 21).

51

Tabela 5: Variabilidade da freqüência cardíaca dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).

Grupos

Variáveis FOS

FOT

FOHS FOHT

DP (ms) 7,26±0,56 10,03±0,85 6,80±0,43* 6,29±0,45*#

RMSSD (ms) 4,56±0,23 5,64±0,48* 3,70±0,15* 3,45±0,17*#

VAR-IP (ms2) 41,35±4,44 77,66±11,21* 55,90±5,85 51,22±6,53#

MBF (ms2) 18,27±3,55 25,69±4,71 21,72±3,71 12,52±2,38#

BF (ms2) 4,37±1,44 4,66±0,74 1,74±0,25* 1,42±0,21*#

AF (ms2) 6,49±0,99 8,51±0,82 4,96±0,54 4,14±0,64#

% BF (%) 17,89±2,81 11,31±1,76* 5,93±0,93* 7,78±1,15*

% AF (%) 23,93±1,71 23,59±3,51 17,49±2,81 26,16±3,54

Dados representam média±erro padrão. DP: desvio padrão do intervalo de pulso; RMSSD: raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os intervalos R-R normais sucessivos; VAR-IP: variância do intervalo de pulso; MBF: banda de muito baixa freqüência; BF: banda de baixa freqüência do intervalo de pulso; AF: banda de alta freqüência do intervalo de pulso; % BF: percentual da banda de baixo freqüência do intervalo de pulso normalizada; % AF: percentual da banda de alta freqüência do intervalo de pulso normalizada. * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

52

Figura 19: Variância do intervalo de pulso nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT. Figura 20: Banda de baixa freqüência do intervalo de pulso normalizada nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS.

53

Figura 21: Banda de alta freqüência do intervalo de pulso normalizada nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).

4.7. Avaliação da Variabilidade da Pressão Arterial

Os parâmetros de variabilidade da pressão arterial sistólica avaliados estão

apresentados na Tabela 6.

A hipertensão induziu um aumento na VAR-PAS (FOHS: 74,16±6,63 e FOHT:

49,17±4,86 mmHg2 vs. FOS: 23,13±3,38 e FOT: 23,65±2,09 mmHg2), no entanto o

treinamento físico atenuou tal disfunção, já que a VAR-PAS foi menor no grupo FOHT em

relação ao grupo FOHS (Figura 22). Quanto ao DP da PAS, observou-se um aumento

desses valores nos grupos hipertensos (FOHS e FOHT) quando comparado ao grupo

normotenso treinado (FOT).

Na banda de baixa freqüência da pressão arterial sistólica (BF), representativa da

modulação simpática vascular, os animais com hipertensão associada (FOHS)

54

demonstraram um aumento significativo quando comparado aos grupos FOS e FOT.

Entretanto, o treinamento físico foi eficaz em reduzir essa variável no grupo FOHT em

relação ao FOHS, normalizando-a (Figura 23).

Tabela 6: Variabilidade da pressão arterial sistólica dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).

Grupos

Variáveis VAR-PAS (mmHg2)

BF

(mmHg2)

FOS 23,13±3,38 9,24±1,19

FOT 23,65±2,09 6,10±0,54

FOHS 74,16±6,63* 15,54±2,35*

FOHT 49,17±4,86*#¥ 7,97±1,69¥

Dados representam média±erro padrão.VAR-PAS: variância da pressão arterial sistólica; BF: banda de baixa freqüência da pressão arterial sistólica. * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

55

Figura 22: Variância da pressão arterial sistólica nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

Figura 23: Banda de baixa freqüência da pressão arterial sistólica nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

56

4.8. Avaliação da Sensibilidade Barorreflexa Espontânea

A hipertensão (FOHS: 0,34±0,16 ms/mmHg) provocou uma redução no índice alfa,

representativa da sensibilidade barorreflexa espontânea, das ratas ooforectomizadas

tratadas com frutose (FOS: 0,73±0,08 ms/mmHg). O treinamento físico induziu aumento

na sensibilidade barorreflexa espontânea, representado pelo índice alfa nas ratas

ooforectomizadas treinadas tratadas com frutose (FOT: 1,06±0,09 vs FOS: 0,73±0,08

ms/mmHg) e nas ratas ooforectomizadas hipertensas treinadas tratadas com frutose

(FOHT: 0,56±0,07 vs. FOHS: 0,34±0,04 ms/mmHg) em relação aos seus respectivos

grupos sedentários. Vale destacar que o grupo FOT (1,06±0,09 ms/mmHg) apresentou um

aumento do índice α quando comparado ao FOHT (0,56±0,07 ms/mmHg) e ao grupo

FOHS (0,34±0,04 ms/mmHg), evidenciando ainda prejuízo dos grupos que apresentavam

a hipertensão associada ao tratamento com frutose (Figura 24).

Figura 24: Índice alfa nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS; # p<0,05 vs. FOT; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

57

4.9. Avaliações de Estresse Oxidativo

Para as avaliações do perfil oxidativo foram utilizados 7 animais por grupo.

Os parâmetros de estresse oxidativo avaliados estão apresentados nas Figuras 25 e

26. A hipertensão não induziu aumento adicional dos valores de QL no tecido cardíaco nos

animais submetidos ao consumo crônico de frutose (FOS: 15432±1010 e FOHS:

14914±2159 cps/mg proteína). O treinamento físico reduziu esses valores (FOT:

9270±1438 cps/mg proteína) somente no grupo que não apresentava a hipertensão

associada, demonstrando a eficácia desta abordagem em reduzir o estresse oxidativo. Os

valores de QL foram semelhantes entre os grupos FOHS e FOHT (14914±2159 vs

13337±1118 cps/mg proteína).

Para a razão GSH/GSSG o grupo FOHS (2,72±0,14) apresentou uma diminuição

dos valores quando comparado ao grupo FOHT (4,00±0,45), evidenciando redução do

estresse oxidativo após o treinamento físico. Vale salientar que durante a realização dessas

dosagens nos grupos não hipertensos houve problemas com as medidas, o que permitiu a

análise de apenas dois animais dos grupos FOS e FOT. Apesar do “n” reduzido, o que não

possibilitou a comparação estatística, observou-se que os valores desta relação foram

maiores no grupo FOT em comparação ao grupo FOS (FOS: 1,95±1,02 vs FOT: 7,69±2,82,

n=2 cada grupo).

58

Figura 25: Quimiluminescência no tecido cardíaco nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS

Figura 26: Razão da glutationa reduzida pela glutationa oxidada (GSH/GSSG) no tecido cardíaco nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). ¥ p<0,05 vs. FOHS por Teste t Student; a: grupos constituídos de apenas 2 animais em função de problemas durante a realização dessas dosagens (não foram realizadas comparações estatísticas).

59

Foram observadas correlações negativas entre a QL e o RMSSD (r=-0,63; p<0,05)

(Figura 27) e o índice alfa (r=-0,60; p<0,05) (Figura 28).

Figura 27: Correlação negativa obtida entre a QL no tecido cardíaco e o índice alfa nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).

60

Figura 28: Correlação negativa entre a QL no tecido cardíaco e o RMSSD obtida nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). 4.10. Análise das Enzimas Antioxidantes

A Tabela 7 apresenta as avaliações de enzimas antioxidantes no tecido cardíaco.

Verificou-se que a atividade da enzima catalase foi menor nos grupos sedentários

submetido ao consumo de frutose (FOS), em presença ou não de hipertensão. Portanto, o

treinamento físico foi eficaz de aumentar esses valores da atividade desta enzima tanto no

grupo FOT quanto no grupo FOHT em relação aos seus respectivos grupos sedentários

(Figura 30). Já a atividade da enzima superóxido dismutase (SOD) e a atividade da enzima

glutationa peroxidase (GPx) não apresentaram diferenças significativas entre os grupos

estudados (Tabela 7).

61

Tabela 7: Atividade das enzimas catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPx) no tecido cardíaco dos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose).

Variáveis

Grupos

CAT SOD GPx

FOS 52,39±4,80 12,56±2,09 14,14±1,58

FOT 80,17±8,27* 12,04±0,94 12,68±0,80

FOHS 60,79±4,97 10,53±0,65 15,61±1,29

FOHT 82,35±4,58*¥ 10,72±0,75 14,26±1,34

Dados representam média±erro padrão. * p<0,05 vs. FOS; ¥ p<0,05 vs. FOHS.

Figura 29: Atividade da enzima catalase no tecido cardíaco nos grupos FOS (frutose ooforectomizado sedentário), FOT (frutose ooforectomizado treinado), FOHS (ooforectomizado hipertenso sedentário tratado com frutose) e FOHT (ooforectomizado hipertenso treinado tratado com frutose). * p<0,05 vs. FOS;. ¥ p<0,05 vs. FOHS

62

5. DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento físico em

parâmetros cardiovasculares e metabólicos, na modulação autonômica cardiovascular e no

estresse oxidativo em ratas fêmeas ooforectomizadas normotensas e hipertensas submetidas

à sobrecarga de frutose. Nossos resultados demonstram que associação do consumo de

frutose com a hipertensão, geneticamente determinada nos SHR, possibilitou o estudo das

alterações metabólicas, cardiovasculares e autonômicas em um modelo que apresenta

disfunções semelhantes às observadas na síndrome metabólica. Considerando que essa

síndrome é mais prevalente em mulheres no climatério, neste estudo, a privação dos

hormônios ovarianos possibilitou avaliar as disfunções características da síndrome

metabólica na ausência dos hormônios ovarianos. Por fim, a aplicação do treinamento

físico possibilitou evidenciar os benefícios desta abordagem não farmacológica que, em

parte, parece ser atenuada quando são somados fatores de risco cardiovascular.

5.1. Avaliações da Capacidade Física

Nosso trabalho evidenciou aumento na capacidade física nos grupos que foram

submetidos ao treinamento físico. Recentemente, foi demonstrado por nosso grupo que se

pode estimar o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), ou seja, o transporte, consumo e

utilização de oxigênio, a partir dos resultados do teste de esforço máximo utilizando-se a

equação de regressão linear entre VO2máx e teste de esforço. Além disto, diferenças na

capacidade de exercício podem ser detectadas pelo teste de esforço uma vez que a

velocidade máxima obtida nesse teste foi correlacionada com o VO2 máx em ratos machos

saudáveis (RODRIGUES et al., 2006). De fato, um estudo piloto do nosso grupo em ratas

63

fêmeas ooforectomizadas também demonstrou correlação entre VO2 e velocidade do teste

de esforço.

Vale destacar que os animais SHR apresentaram maior capacidade física em relação

aos animais Wistar, isso se deve à característica hiperativa da linhagem SHR

(TAKAHASHI, 2006). Os grupos FOT e FOHT alcançaram maiores velocidades nos testes

de esforço (intermediário e final) quando comparados aos seus valores no início do estudo,

e aos seus respectivos pares sedentários. Os grupos FOS e FOHS apresentaram manutenção

da velocidade alcançada ao longo do estudo em relação ao teste de esforço inicial. Em

estudo publicado recentemente, demonstramos melhora da capacidade física em ratas

ooforectomizadas após oito semanas de treinamento (IRIGOYEN et al., 2005). Resultados

semelhantes foram obtidos em mulheres pré-menopausa (GREEN et al., 2002),

menopausadas sem (GREEN et al., 2002; KIRWAN et al., 2003; IRVING et al., 2003;

AIELLO et al., 2004) e com reposição hormonal (GREEN et al., 2002; TEIXEIRA et al.,

2003). Protocolos com dieta e treinamento físico, realizando ou não a reposição hormonal,

também evidenciaram melhora de capacidade física (STEFANICK et al.,1998).

Considerando a melhora de performance nos grupos treinado no presente estudo,

vale lembrar que o teste de esforço é um dos exames não-invasivos mais utilizados para

avaliar pacientes com doença cardiovascular. O teste de esforço tem por objetivo submeter

o paciente a estresse físico, com finalidade de avaliar a resposta clínica, hemodinâmica,

eletrocardiográfica e metabólica ao esforço. Essa avaliação permite detectar isquemia

miocárdica, arritmias cardíacas, distúrbios hemodinâmicos esforço-induzidos, avaliar

capacidade funcional, avaliar diagnóstico e prognóstico das doenças cardiovasculares,

prescrever exercícios (NEGRÃO & BARRETO, 2005). Vale lembrar que o VO2máx, o qual

64

foi relacionado a velocidade no teste de esforço em ratos (RODRIGUES et al., 2007),

representa hoje não só um indicador de performance, mas um marcador prognóstico em

cardiopatas (MYERS et al., 1998; ARMOSTRONG et al., 2005).

5.2. Avaliações Metabólicas e dos Pesos Corporal e do Tecido Adiposo

Várias alterações fisiológicas têm sido associadas ao advento da menopausa, dentre

elas: a redução da massa corporal magra, da densidade óssea, da taxa metabólica de

repouso, da capacidade física e o aumento dos depósitos de gordura corporal, marcado por

grande aumento da gordura abdominal. Em conjunto, essas alterações normalmente

induzem aumento do peso corporal total e maior incidência de doenças cardiovasculares e

metabólicas, as quais têm sido relacionadas à restrição hormonal observada no climatério

(SOWERS & PIETRA, 1995; HERNÁNDEZ et al., 2000; TEIXEIRA et al., 2003;

PEIXOTO et al., 2006). Em ratas fêmeas, a retirada dos ovários leva a privação dos

hormônios ovarianos semelhante à observada em mulheres após a menopausa, e induz

aumento da ingestão de alimentos, do peso corporal e da resistência à insulina

(WATTANAPERMPOOL & REISER, 1999; HERNÁNDEZ et al., 2000; LATOUR et al.,

2001; IRIGOYEN et al., 2005). Além disto, estas mudanças podem ficar mais acentuadas

em presença de sedentarismo tanto em mulheres quanto em animais de experimentação

(HASSAGER & CHRISTIANSEN, 1989; DAWSON-HUGES & HARRIS, 1992).

Confirmando esses achados, em nosso laboratório verificamos que ratas

ooforectomizadas sedentárias apresentaram maior peso corporal do que ratas controles

(ciclo estral normal) após 9 semanas de privação dos hormônios ovarianos (FLORES et al.,

2005). Neste aspecto, vários estudos demonstraram que o treinamento físico pode ser uma

65

abordagem favorável para redução e/ou controle do aumento de peso corporal, tanto em

humanos (BOUCHARD, 2003; SHANGOLD, 1990; TEIXEIRA et al., 2003) quanto em

animais de experimentação (DE ANGELIS et al., 1997; MELO et al., 2003). Todavia,

Latour e colaboradores (2001) avaliaram o efeito do treinamento físico em ratas

ooforectomizadas e não verificaram redução do peso corporal.

Ao final do protocolo, as ratas ooforectomizadas hipertensas tratadas com frutose

apresentaram menor peso corporal do que as ratas ooforectomizadas normotensas tratadas

com frutose. Isso se deve às características da linhagem SHR, que possui um porte físico

relativamente pequeno (CICOGNA et al., 1997). Vale ressaltar que o consumo de frutose

não induziu ganho de peso corporal adicional no grupo ooforectomizado hipertenso em um

estudo realizado previamente em nosso grupo (SANCHES, 2007). De fato, estudos que

utilizaram sobrecarga de frutose não detectaram alterações no peso corporal ao final do

protocolo (KOTCHEN et al., 1997; BEZERRA et al., 2001; CATENA et al., 2003; SONG

et al., 2004; D´ANGELO et al., 2005). Todavia, existem alguns trabalhos que associam o

consumo de frutose a maior ganho de peso corporal em humanos e animais (TORDOFF &

ALLEVA, 1990; ANDERSON et al., 1989). Estudos anteriores de nosso laboratório

demonstraram que ratas Wistar saudáveis ou ooforectomizadas submetidas ao tratamento

de sobrecarga de frutose apresentam aumento do peso corporal e do tecido adiposo,

acompanhado de aumento da glicemia e triglicerídeos sanguíneos (PONCIANO et al.,

2006; BRITO et al., 2008).

No presente estudo, apesar de não termos alteração no peso corporal entre os grupos

sedentários, observamos que o grupo FOS apresentou aumento do tecido adiposo em

relação à ratas somente ooforectomizadas (PONCIANO, 2006). Novamente, o treinamento

66

físico promoveu redução do peso corporal, induzindo diminuição desta variável no grupo

FOT em relação ao grupo FOS. Interessantemente, o tecido adiposo estava reduzido nos

grupos hipertensos, o que provavelmente está relacionado ao menor peso corporal, maior

metabolismo e conseqüentemente melhor resposta no teste de esforço em relação a animais

Wistar (RICHARD et al., 1987).

O quadro 3 ilustra as alterações metabólicas induzidas pela privação dos hormônios

ovarianos (OS), em ratas saudáveis (CS), bem como as alterações adicionais induzidas pela

adição de fatores de risco como hipertensão (OHS), consumo crônico de frutose (FOS) e

associação desses 2 fatores de risco (FOHS) em fêmeas ooforectomizadas (OS) com

relação à glicemia, triglicerídeos sanguíneos e KITT.

Quadro 3: Alterações metabólicas dos grupos controle (CS), ooforectomizada (OS),

ooforectomizada hipertensa (OHS), frutose ooforectomizada (FOS) e frutose

ooforectomizada hipertensa (FOHS).

Grupos

Variáveis

CS x OS

OS x OHS

OS x FOS

OS x FOHS

Glicemia (mg/dL) ↑ 7% ↑4% ↑14% ↑8%

Triglicerídeos (mg/dL) ↑ 5% ↑10% ↑ 30% ↑22%

KITT (%/min) ↓15% ↑25% ↓ 11% ↑ 2%

Dados obtidos de Dissertações de Mestrado (SANCHES, 2007; PONCIANO, 2006; FLORES,

2005) e artigos científicos (IRIGOYEN et al., 2005; SOUZA et al., 2007; LIMA et al., 2007).

67

Observe que o consumo de frutose induziu aumento nas concentrações de

triglicerídeos desde a 10ª semana até o final do protocolo em relação à dados obtidos por

Ponciano, 2006 e Flores, 2005. Esse achado pode ser decorrente do fato da frutose ser

rapidamente absorvida e metabolizada pelo fígado, e estar diretamente relacionado à rápida

estimulação da lipogênese e ao acúmulo de triglicérides, favorecendo a redução da

sensibilidade à insulina, a resistência à insulina hepática e a intolerância à glicose

(BASCIANO et al., 2005). Apesar de existir controvérsia com relação ao consumo de

frutose e o aumento no ganho de peso, um achado consistente na literatura em ratos e

camundongos machos é que a sobrecarga de frutose induz hipertrigliceridemia, aumento da

glicemia, hiperinsulinemia e resistência à insulina (CUNHA et al., 2007; FARAH et al.,

2006; GALIPEAU et al., 2002; TAKAGAWA et al., 2002; SONG et al., 2004).

A hipertensão associada ao consumo de frutose não induziu aumento adicional nas

concentrações de triglicerídeos. Contudo, o aumento dos níveis sanguíneos de triglicerídeos

nos grupos FOS, FOHS e FOHT pode estar relacionado com a diminuição do número de

receptores insulínicos, desta forma, reduzindo a sensibilidade à insulina (BIEGER et al.,

1984 ). Por sua vez, o treinamento físico induziu redução dos triglicerídeos sanguíneos

somente no grupo não hipertenso (FOT), sugerindo que apesar da hipertensão não agravar a

disfunção no perfil lipídico impede o benefício do treinamento físico.

Além disto, discreta alteração de glicemia foi observada em função da privação dos

hormônios ovarianos, que não foi mais agravada de forma significativa pela somatória de

fatores de risco como a hipertensão ou a sobrecarga de frutose (Quadro 3). No presente

estudo, o treinamento físico promoveu redução do peso corporal, além de redução da

glicemia plasmática nas ratas FOT e FOHT quando comparadas aos grupos FOS e FOHS,

68

reforçando a importância dessa abordagem na melhora do perfil metabólico na privação

dos hormônios ovarianos com sobrecarga de frutose associado ou não a hipertensão.

A privação dos hormônios ovarianos tem sido relacionada à resistência à insulina e

maior prevalência de diabetes (SOWERS & LA PIETRA, 1995). Observe no Quadro 3 que

a ooforectomia em ratas induziu redução do KITT (15%) obtido após a sobrecarga de

insulina (ITT). O consumo de frutose induziu prejuízo adicional (↓11%) nas ratas

ooforectomizadas. Neste aspecto, apesar de agudamente a frutose não provocar aumento

nos níveis de insulina, em longo prazo esta substância pode induzir hiperinsulinemia e

obesidade através de mecanismos indiretos. Trabalhos demonstraram que a dieta rica em

frutose induziu resistência à insulina em roedores (HALLFRISCH et al., 1979; REISER &

HALLFRISCH, 1977; ZAVARONI et al., 1980) e cães (MARTINEZ et al., 1994). Em

ratos submetidos a uma dieta com 66% de frutose por 2 semanas, o RNA mensageiro para o

receptor de insulina e o próprio receptor de insulina no músculo esquelético e no fígado

estavam significativamente diminuídos quando comparados aos ratos com dieta normal

(ração padrão). Em um outro estudo, ratos tratados com frutose por 28 dias não

apresentaram alterações na concentração de receptores de insulina, mas a autofosforilação

estimulada pela insulina, um mecanismo necessário para a ação da insulina, estava reduzida

em 72% no fígado. Somado a isso, observou-se uma redução na fosforilação dos substratos

do receptor de insulina (IRS), outro passo fundamental para a ação insulínica, no fígado e

no músculo de animais submetidos a sobrecarga de frutose (UENO et al., 2000). Há ainda

fortes evidências sugerindo que o aumento dos AGLs nos modelos tratados com frutose

desempenhem um importante papel na resistência à insulina. Se os AGLs não são

removidos dos tecidos, como ocorre na resistência à insulina nos modelos tratados com

69

frutose, há um aumento no fluxo de AGL e que leva a um aumento na secreção de

triglicerídeos. A resistência à insulina também tem sido correlacionada com os estoques de

triglicerídeos celular, os quais estão envolvidos em lipotoxicidade e falha das células beta,

levando ao diabetes (ZIEGLER et al., 2001).

Além disso, há algumas diferenças importantes entre as rotas metabólicas da glicose

e da frutose. A absorção gástrica de ambas, glicose e frutose, é realizada através da veia

porta ao fígado. Acredita-se que o fígado, ao metabolizar altas doses de frutose,

rapidamente direciona esta substância para a rota glicolítica. Neste aspecto, parece de

fundamental importância à habilidade da frutose passar às etapas regulatórias da glicólise,

ou seja, esta molécula é convertida de glicose-6-fosfato em frutose 1-6-difosfato pela

fosfofrutoquinase (PFK). O fato da PFK ser um dos passos limitantes da rota glicolítica, e a

frutose ser rapidamente convertida por esta enzima explicaria, pelo menos em parte, a

rápida incorporação desta molécula ao metabolismo glicolítico. Assim, enquanto o

metabolismo de glicose é negativamente regulado pelo fosfofrutoquinase, a frutose pode

continuamente entrar na rota glicolítica. Nesse sentido, a frutose pode incontrolavelmente

produzir glicose, glicogênio, lactato e piruvato, fornecendo glicerol e acil para a formação

de moléculas de acilglicerol, promovendo uma super produção de triglicerídeos (MAYES,

1993), conforme observado no presente estudo no grupo hipertenso ooforectomizado

tratado com frutose.

Interessantemente, a presença de hipertensão associado à presença dos hormônios

não induz alteração no KITT de forma significativa, pelo contrário, até melhora. Esse fato

pode estar relacionado ao aumento do metabolismo em SHR (RICHARD et al., 1987;

TAKAHASHI, 2006). Todavia, observa-se no Quadro 3 que o consumo de frutose no

70

grupo hipertenso induziu aumento neste índice de resistência à insulina de mais de 20%.

Tais achados sugerem que a adição de fatores de risco aumenta a resistência à insulina.

Além disto, vale lembrar que o KITT já estava aumentado após 10 semanas de tratamento

nos grupos hipertensos, o que não foi observado nos grupos normotensos, demonstrando

que a hipertensão induz aparecimento precoce das disfunções metabólicas induzidas pela

sobrecarga de frutose.

No presente estudo observou-se um aumento da sensibilidade à insulina somente

no grupo FOT em relação ao grupo FOS, evidenciando o papel do treinamento físico. De

forma semelhante, Latour e colaboradores (2001) observaram melhora na resposta da

insulina após estimulação pelo teste de tolerância de glicose após treinamento físico de oito

semanas em ratas ooforectomizadas. Todavia, vale destacar que a presença de hipertensão

associada ao tratamento com a frutose e a privação dos hormônios ovarianos aboliu os

benefícios do treinamento físico na resistência à insulina, já que os grupos FOHS e FOHT

apresentaram valores semelhantes de KITT.

5.3. Avaliações Hemodinâmicas e Autonômicas

O início da equivalência nas taxas de eventos cardiovasculares entre os sexos

coincide com o advento da menopausa e, conseqüentemente, da privação estrogênica.

Estudos vêm demonstrando que mulheres menopausadas com mais de 55 anos apresentam

aumentado risco para doenças cardiovasculares, parte do qual tem sido atribuído a

disfunções do endotélio vascular, que parecem estar associadas ao aumento da pressão

arterial.

71

O Quadro 4 ilustra as alterações hemodinâmicas e autonômicas induzidas pela

privação dos hormônios ovarianos (OS), em ratas saudáveis (CS), bem como as alterações

adicionais induzidas pela adição de fatores de risco como hipertensão (OHS), consumo

crônico de frutose (FOS) e a associação desses 2 fatores de risco (FOHS) em fêmeas

ooforectomizadas (OS).

Quadro 4: Alterações hemodinâmicas e autonômicas dos grupos controle (CS),

ooforectomizada (OS), ooforectomizada hipertensa (OHS), frutose ooforectomizada (FOS)

e frutose ooforectomizada hipertensa (FOHS).

Grupos Variáveis

CS x OS

OS x OHS

OS x FOS

OS x FOHS

PAM (mmHg) ↑ 11% ↑ 25% ↓ 10% ↑ 32%

RMSSD (ms) ↑ 3% ↓ 22% ↓ 40% ↓ 51%

VAR-IP (ms2) ↑ 8% ↑ 8% ↓ 44% ↓ 24%

BF (ms2) ↓12% ↓35% ↓ 28% ↓71%

AF (ms2) ↓ 15% ↓39% ↓ 57% ↓67%

VAR-PAS (mmHg2) ↑ 40% ↑ 24% ↓ 41% ↑ 47%

BF-PAS (mmHg2)

↑ 51% ↓14% ↑ 36% ↑ 62%

Índice Alfa (ms/mmHg) ↓ 25%

↓ 26%

↓ 32%

↓ 68%

Dados obtidos de Dissertações de Mestrado (SANCHES, 2007; PONCIANO, 2006; FLORES,

2005) e artigos científicos (IRIGOYEN et al., 2005; SOUZA et al., 2007; LIMA et al., 2007).

72

Interessantemente, os grupos submetidos à sobrecarga de frutose (FOS e FOT), não

apresentaram aumento da pressão arterial no presente estudo. Existem evidências na

literatura de um papel importante do simpático e do SRA nas alterações cardiovasculares

induzidas pelo tratamento com frutose. A simpatectomia atenuou o desenvolvimento da

hipertensão em ratos tratados com frutose (VERMA et al., 1999). O tratamento com frutose

também aumentou a excreção urinária de catecolaminas e expressão de receptores

adrenérgicos (KAMIDE et al., 2002). Somado a isto, estudos demonstraram aumento na

expressão de receptores de Angiotensina na vasculatura e no efeito depressor de

antagonistas do receptor de Angiotensina em ratos (KATOVICH et al., 2001; HSIEH,

2005) e ativação do SRA em camundongos (SHINOZAKI et al., 2004). Farah e

colaboradores (2004) evidenciaram níveis aumentados de Angiotensina II em camundongos

que consumiram frutose (60 dias).

Além da ingestão de frutose induzir à ativação do sistema SRA, estudo de nosso

laboratório demonstrou que ratas submetidas à ooforectomia também apresentaram

ativação deste sistema. Assim é possível que os animais dos grupos FOS e FOT

apresentassem um aumento expressivo do sistema SRA, com conseqüente maior atividade

da ECA2 levando à maior produção da angiotensina 1-7, cujo efeito é vasodilatador. Esta

hipótese poderia explicar a não alteração da PA nos grupos FOS e FOT. Corroborando esta

hipótese Farah e colaboradores (2004) observaram atividade da ECA2 aumentada em

animais AT1 knockout submetidos à sobrecarga de frutose.

No entanto, como já era de se esperar, observamos um aumento dos valores de PAD,

PAS e PAM nos animais hipertensos tratados com frutose (FOHS e FOHT) em relação aos

animais tratados somente com frutose sem a hipertensão associada (FOS e FOT). Com isso,

73

pode-se perceber que a associação da ooforectomia à hipertensão espontânea dos animais

SHR (FOS) possibilitou a avaliação de alterações hemodinâmicas e autonômicas induzidas

pela privação dos hormônios ovarianos na presença de hipertensão estabelecida, como

muitas vezes verifica-se em mulheres. De fato, estudos demonstram que a PA de mulheres

é mais baixa do que a de homens até a faixa etária dos 50-60 anos. Após essa fase, que

coincide com o advento da menopausa, a PA (particularmente a sistólica) aumenta nas

mulheres e a hipertensão torna-se mais prevalente (STAMLER et al., 1976) ou, pelo menos,

igualmente prevalente entre homens e mulheres, sugerindo que os hormônios ovarianos

possam ser responsáveis pela PA mais baixa em mulheres pré-menopausa e a sua ausência

pelo aumento da PA em mulheres menopausadas (STAESSEN et al., 1997). Em

camundongos tratados com frutose na ração foi observado um aumento da PA, que foi

atribuído ao aumento da VAR-PAS e conseqüentemente ao aumento da banda de BF

(representativa da modulação simpática) (FARAH et al., 2006).

O aumento da PA em ratos SHR tem sido relacionado a hiperatividade simpática e ao

prejuízo na sensibilidade do barorreflexo (SILVA et al., 1997; GAVA et al.,1995).

Confirmando esses achados verificamos aumento da banda de BF da PAS, indicando um

aumento da atividade simpática vascular que poderia explicar o aumento da resistência

vascular periférica, bem como alterações estruturais e/ou funcionais, que podem estar

relacionadas à hipertensão e a atenuação do barorreflexo (IRIGOYEN et al., 2003;

IRIGOYEN et al., 2005). Adicionalmente, provavelmente associada à redução da

sensibilidade barorreflexa espontânea (índice alfa), a VAR-PAS mostrou-se aumentada no

grupo hipertenso ooforectomizado sedentário tratado com frutose no presente estudo.

Observe no Quadro 4 que o consumo de frutose em ratas hipertensas induz aumento

74

adicional da pressão arterial, provavelmente relacionado a disfunção associada da VAR-

PAS, da banda de BF da PAS e do índice alfa nesse grupo. Vale destacar que o treinamento

físico reduziu a modulação simpática vascular e atenuou a aumentada variabilidade da PAS

no grupo hipertenso submetido ao consumo crônico de frutose (FOHT).

O tratamento com frutose no grupo hipertenso ooforectomizado sedentário (FOHS)

induziu também taquicardia de repouso. A taquicardia nos animais hipertensos

provavelmente deve estar associada ao aumento da atividade simpática cardíaca,

evidenciada pela redução exacerbada do componente de BF do intervalo de pulso e do

componente de BF do intervalo de pulso normalizado, o que tem sido relacionado a

hiperatividade simpática. Apesar de em um primeiro momento parecer estranho associar a

redução da banda de BF a um aumento da modulação simpática cardíaca, estudos têm

evidenciado que o fato da atividade simpática estar extremamente exacerbada (saturada)

em determinadas condições patológicas faz com que a modulação (variação) deste

componente seja reduzida, o que tem sido relacionado inclusive à pior prognóstico (VAN

DE BORNE et al., 1997; MORTARA et al., 1994). Adicionalmente, a diminuição da banda

de AF e do índice RMSSD do intervalo de pulso possivelmente desempenham um

importante papel na taquicardia observada no grupo sedentário hipertenso tratado com

frutose (FOHS). Assim, nossos resultados demonstram que a variabilidade da freqüência

cardíaca, avaliada no domínio do tempo e da freqüência, confirma o prejuízo vagal e o

predomínio simpático no coração das ratas hipertensas ooforectomizadas tratadas com

frutose (FOHS).

Além disso, vale destacar que o treinamento físico aumentou a VAR do IP e reduziu

a banda de BF do IP na ausência de hipertensão associada (FOT vs. FOS), sendo que tal

75

benefício não foi evidenciado no grupo treinado que apresentava hipertensão (FOHT). A

redução da taquicardia no grupo FOHT em relação ao grupo FOHS provavelmente foi

decorrente de uma melhora discreta do balanço simpato/vagal (aumento da modulação

vagal sem diferença significativa) no grupo FOHT em relação ao grupo FOHS. Além disto,

a melhora do índice alfa também poderia estar relacionada a redução da atividade simpática

(BRUM et al., 2000), e conseqüente redução da freqüência cardíaca nesse grupo treinado

hipertenso.

Com relação a sensibilidade barorreflexa espontânea (índice alfa), observou-se que

esta mostrou-se adicionalmente reduzida nos grupos com hipertensão associada ao

consumo crônico de frutose (FOHS e FOHT), o que provavelmente está relacionado à

elevação da PA, ao aumento da variabilidade da PA (aumento do DP-PAS e da VAR-PAS).

Vale destacar que a piora na sensibilidade barorreflexa em SHR tem sido associada

a aumentos na variabilidade da pressão arterial e ao favorecimento de lesões em órgãos

alvos (SHAN et al., 1999). Neste aspecto, um trabalho recente de nosso grupo demonstrou

em camundongos tratados dois meses com frutose que as alterações na modulação

autonômica cardiovascular estavam associadas a prejuízos estruturais e funcionais no tecido

renal (CUNHA et al., 2007). Neste aspecto vale ressaltar que o treinamento físico foi eficaz

em melhorar a sensibilidade barorreflexa em ambos os grupos treinados (FOT e FOHT) em

relação aos seus respectivos grupos sedentários, além de reduzir os valores de VAR-PAS e

da BF-PAS no FOHT em comparação ao grupo FOHS. Todavia, mesmo após a melhora do

índice alfa, a sensibilidade barorreflexa espontânea permaneceu reduzida no grupo FOHT

em relação aos grupos normotensos (FOS e FOT).

76

5.4. Avaliações do Perfil Oxidativo

Atualmente, confere-se aos radicais livres participação em diversos processos

patológicos e também nas alterações verificadas durante o envelhecimento. Os radicais

livres de oxigênio, chamado também de espécies reativas de oxigênio (EROs), são

produzidos naturalmente em nosso organismo através dos processos metabólicos oxidativos

e, muitas vezes, são de extrema utilidade, como nas situações em que há necessidade de

ativação do sistema imunológico, na desintoxicação de drogas e nos processos que

desencadeiam o relaxamento dos vasos sanguíneos em resposta a atividade do óxido

nítrico, que é um radical livre (HALLIWELL, 1992). A produção de radicais livres e de

outras substâncias altamente reativas em decorrência do metabolismo do oxigênio (EROs) é

contrabalanceado por muitos mecanismos de defesa antioxidante para limitar os níveis e

impedir a indução de danos celulares (SIES, 1993).

O desequilíbrio entre a produção de moléculas oxidantes e a capacidade de inativação

dos mecanismos antioxidantes, que resulta na indução de danos celulares pelos radicais

livres, tem sido chamado de estresse oxidativo, ou seja, quando há um desequilíbrio entre

ações pró-oxidantes e a defesa antioxidante (EO) (SIES, 1993). Os danos oxidativos

induzidos nas células e tecidos têm sido relacionados com a etiologia de várias doenças

degenerativas tais como as cardiopatias, aterosclerose e problemas pulmonares (AMES et

al., 1993; WITZUM, 1994; STAHL & SIES, 1997). Esse importante papel no

desenvolvimento de patologias vinculado aos radicais livres se deve a razão de que todos os

componentes celulares são suscetíveis à ação das EROs. No entanto, vale salientar que o

estrogênio tem ação antioxidante e sua ausência acarreta danos no perfil oxidativo (NIKKI

et al.,1990, KIM et al., 1996). Em um estudo de Hernándes e colaboradores (2000) foi

77

avaliado se a ausência do estrogênio estava associada a aumento do estresse oxidativo e

diminuição do NO. Nesse estudo foi observado que a reposição estrogênica em ratas

ooforectomizadas preveniu a perda dos níveis de nitritos/nitratos, a redução do nível

antioxidante e o aumento de lipoperóxidos. Nossos resultados, anteriormente publicado,

realmente demonstram aumento do estresse oxidativo, o qual pode ser revertido pela

reposição com 17β- estradiol (LIMA et al., 2007). Outro trabalho demonstra ainda que o

estrogênio reduz a hipercolesterolemia em suínos e a lipoperoxidação em humanos (TANG,

1996).

Além disso, o consumo crônico de frutose tem sido associado ao aumento de estresse

oxidativo, resultado do desenvolvimento de hiperglicemia, hiperinsulinemia e resistência à

insulina (THIRUNAVUKKARASAU & ANURADHA, 2004). Assim, uma conseqüência

direta dessas anormalidades metabólicas, o estresse oxidativo, parece constituir um ponto

inicial para as complicações cardiovasculares associadas com à síndrome metabólica

(OUDOT et al., 2008). De fato, o consumo de frutose promove um aumento das EROS

reduzindo a biodisponibilidade por inativação do NO peroxinitrito (OUTDOT et al., 2008).

Estudos demonstraram que a utilização desse açúcar altera a produção de radicais livres e a

defesa antioxidante em ratos, conduzindo para um aumento suscetível de lipoperoxidação

(BUSSEROLLES et al., 2002). Dessa forma, postula-se que a membrana plasmática é uma

das estruturas mais atingidas, fato esse reconhecido como peroxidação lipídica ou

lipoperoxidação, que acarreta alterações na estrutura e na permeabilidade das membranas

celulares (MELLO FILHO et al., 1983). Sabe-se que a lipoperoxidação está associada ao

aumento da morbidade cardiovascular em indivíduos velhos (PATRICO et al., 2002) e com

diabetes (LIGUORI et al., 2001). Thirunavukkarasau e colaboradores (2004) mostraram um

78

aumento da lipoperoxidação em ratos que consumiam frutose. Tal fato pode estar

relacionado com a associação do aumento da circulação da glicose. Por sua vez, a

hiperglicemia tem efeito direto na oxidação lipídica e modificação da proteína assim como

na formação de radicais livres durante o processo da glicação.

De fato, no presente estudo observamos aumento da QL no grupo FOS se

comparado a dados anteriormente publicados por nosso grupo (IRIGOYEN et al., 2005). É

importante salientarmos que a lipoperoxidação se inicia com o seqüestro do hidrogênio do

ácido graxo poli-insaturado da membrana celular promovendo, dessa forma, a perda da

seletividade na troca iônica e liberação do conteúdo de organelas, e formação de produtos

citotóxicos culminando com a morte celular (HERSHKO, 1989).

Outro importante agente antioxidante presente na maioria das células é a glutationa

reduzida (GSH). A GSH pode ser considerada um dos agentes mais importantes do sistema

de defesa antioxidante da célula, protegendo-a contra a lesão resultante da exposição a

agentes como o íon ferro, a radiação e à luz utravioleta. Quando exposta ao agente

oxidante, ocorre sua oxidação e forma-se a glutationa oxidadada (GSSG). A recuperação da

GSH é feita através da enzima glutationa redutase, etapa essencial para manter íntegro o

sistema de proteção celular (GILBERT & MC LEAN, 1990).

Em situações em que o sistema de óxido-redução está integro, haverá recuperação

da GSH. Entretanto, sob condições de excesso de agentes oxidantes e/ou deficiência do

sistema protetor, haverá desequilíbrio entre o consumo de GSH e a produção de GSSG, o

que caracteriza o estresse oxidativo (HALLIWELL, 1993). Dessa forma, a magnitude do

estresse oxidativo pode ser monitorada pela razão GSH/GSSG. De forma semelhante ao

observado com as outras enzimas antioxidantes, estudos demonstram que o treinamento

79

físico também produz efeitos sobre a enzima glutationa reduzida. Entretanto, os dados

ainda são muito controversos, tendo o aumento e/ou a diminuição da GSH nos diferentes

tipos musculares sido encontrados em diversos estudos.

O estresse oxidativo pode ainda contribuir para o início e manutenção da

hipertensão através da inativação do NO (GIRARD et al., 2006). No presente estudo, a

razão GSH/GSSG mostrou-se reduzida no grupo FOHS em relação ao grupo FOS,

indicando maior estresse oxidativo decorrente da associação de fatores de risco. Assim,

esses resultados sugerem o aumento da produção EROS com conseqüente inativação da NO

em decorrência da hipertensão arterial (SAGAR et al., 1992; SUZUKI et al., 1998).

Todavia, o achado mais importante deste estudo foi a redução da QL cardíaca no

grupo FOT em comparação ao grupo FOS, bem como o aumento da razão GSH/GSSG nos

grupos treinados (apesar de não termos a comparação estatística entre os grupos FOS e

FOT por problemas de “n”), demonstrando que esta abordagem foi eficaz em reduzir o

estresse oxidativo. Tal achado provavelmente está associado à melhora autonômica nesse

grupo (FOT), já que inclusive observamos correlações da QL com o RMSSD e o índice

alfa. Essa correlação com a sensibilidade barorreflexa espontânea baseia-se no fato que a

redução do estresse oxidativo poderia induzir alterações na complacência arterial, alterando

a aferência do barorreflexo. Segundo o conceito mecâno-elástico aplicado sobre os

barorreceptores, quanto maior a complacência vascular sob a mesma pressão de pulso,

maior será a ativação dos pressorreceptores (KIRCHHEIM, 1976) e, portanto melhora o

controle barorreflexo arterial. Relacionado a este paradigma, o treinamento físico tem se

mostrado eficaz em aumentar a complacência vascular tanto em ratos (KINGWELL et al.,

80

1997) como em humanos saudáveis (CAMERON & DART, 1994) e, mais especificamente,

em ratos geneticamente hipertensos (ULRIKA et al., 2004). Assim, é possível sugerir que

após o treinamento físico, a complacência arterial estaria melhorada nos leitos vasculares,

incluindo as artérias aorta e carotídeas, aprimorando a transdução mecânica dos

pressorreceptores e, conseqüentemente, o controle barorreflexo arterial.

Nesse sentido, Bertagnolli e colaboradores (2006) demonstraram, em ratos

espontaneamente hipertensos, que após 10 semanas de treinamento físico ocorria uma

expressiva melhora no estresse oxidativo da artéria aorta, possivelmente, aumentando a sua

complacência. Além disso, esses autores (BERTAGNOLLI et al., 2006) observaram

associação direta entre a diminuição no estresse oxidativo e o aumento no controle

barorreflexo da freqüência cardíaca desses animais. Recentemente demonstramos também

melhora da sensibilidade barorreflexa associada a redução do estresse oxidativo e aumento

das enzimas antioxidativas (IRIGOYEN et al., 2005). Outros estudos abordam redução de

estresse oxidativo como forma de alteração benéfica da sensibilidade barorreflexa atuando

no aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico, que em mulheres pós menopausa pode

estar comprometido devido a privação dos hormônios ovarianos (HERNANDEZ et al.,

2000; MULLAN et al., 2002).

Sabe-se, ainda, que a hipertensão arterial leva, ao longo do tempo, a importantes

alterações nas estruturas vasculares, tais como, o espessamento da parede vascular e

conseqüentemente o lúmen do vaso arterial (HEERKENS et al., 2007). Alguns autores

(WIJNEN et al., 1991; HUONKER et al., 1996) documentaram que indivíduos saudáveis

treinados possuem a espessura intima média e a razão parede/luz reduzidas quando

comparados aos seus pares sedentários. Na hipertensão arterial experimental, estudos

81

realizados em animais geneticamente hipertensos tem mostrado que 13 semanas de

treinamento físico aeróbio promovem um positivo remodelamento do leito vascular dos

pacientes hipertensos e que essas adaptações estariam envolvidas, de fato, na melhora da

complacência vascular desses pacientes (AMARAL et al., 2000; MELO et al., 2003).

Entretanto, não podemos excluir a possibilidade de que a melhora desse reflexo

esteja associada a outras alterações nos componentes centrais do ramo barorreflexo. Neste

aspecto, Pan e colaboradores (2007) verificaram que o treinamento físico preveniu a

disfunção barorreflexa provocada pela administração central de angiotensina II em ratos

previamente saudáveis. Especificamente na hipertensão arterial, Felix e colaboradores

(2007) observaram recentemente que o treinamento físico normaliza os elevados níveis

centrais de RNA mensageiro do angiotensinogênio em ratos espontaneamente hipertensos.

Esses autores sugerem que a normalização dos níveis do RNA mensageiro do

angiotensinogênio pode ser um possível mecanismo relacionado à melhora do controle

barorreflexo arterial observado na hipertensão arterial após o treinamento físico.

Adicionalmente, Kishi e colaboradores (2003) demonstraram que o aumento na produção

de óxido nítrico sintase endotelial na região do bulbo ventrolateral rostral melhorava o

controle barorreflexo da freqüência cardíaca de ratos espontaneamente hipertensos.

A diminuição do estresse oxidativo tem sido vinculada à melhora da atividade das

enzimas antioxidantes e conseqüente melhora do perfil oxidativo (SCHENEIDER &

OLIVEIRA, 2004). O treinamento físico diminuiu a peroxidação lipídica, sendo sua

melhora associada ao aumento da CAT e manutenção da concentração da enzima SOD no

músculo esquelético (ALESSIO & GOLDFARB, 1988). A enzima SOD é o principal

mecanismo de inativação do radical superóxido durante o exercício e/ou após o exercício.

82

Estudos já demonstraram de forma consistente que a atividade da SOD está aumentada

após uma sessão de exercício (JI et al., 1990; QUINTANILHA et al., 1983) bem como após

um período de treinamento físico (HIGUSHI et al., 1985; SEN et al., 1992). Essa resposta

aumentada verificada na atividade da SOD é considerada uma adaptação do sistema para a

aumentada produção de superóxido induzido pelo exercício físico (JI, 1993). No presente

estudo não encontramos diferenças entre os grupos estudados na atividade da enzima SOD.

Este fato é interessante, pois a sobrecarga de frutose (10%) pode induzir uma redução na

atividade da SOD em animais machos (BUSSEROLLES et al., 2003; BUSSEROLLES et

al., 2002; GIRARD et al., 2006)

Outra enzima atuante no balanço redox da célula é a glutationa peroxidase GPx,

considerada uma das enzimas chaves que fazem parte das defesas antioxidantes primárias

(MILLS, 1957; MILLS, 1960). A família das glutationas peroxidases (GPx) removem o

H2O2 acoplando sua redução à água com a oxidação da glutationa reduzida (GSH). A GPx

se utiliza de uma variedade de doadores de elétrons e também de glutationa reduzida

(GSH), esta por sua vez pode ser oxidada (GSSG) pelo peróxido de hidrogênio,

removendo-o e formando água. A glutationa peroxidase também catalisa a redução de

lipoperóxidos, prevenindo, desta forma, a lipoperoxidação, ou seja, impedindo assim a fase

de propagação desse processo (DEL MAESTRO, 1980; SOUTHORN & POWIS, 1988). A

GPx tem alta afinidade no fígado e nos eritrócitos, moderada atividade no coração e nos

pulmões e baixa atividade no músculo (MILLS, 1960). Estudos demonstraram que o

consumo de frutose ou a hipertensão espontânea podem promover uma redução da

atividade da GPx, associada com um aumento da TBARS e com uma diminuição da

atividade da SOD no sangue (KOJO, 2004; CHAUDIERRE & FERRARI, 1999). Nossos

83

resultados demonstraram não haver diferença significativa entre os grupos estudados na

atividade da GPx no tecido cardíaco, de acordo com resultados obtido no tecido cardíaco de

fêmeas somente ooforectomizadas (IRIGOYEN et al., 2005)

Adicionalmente, entretanto, de forma um pouco menos consistente, estudos

demonstram um aumento na atividade da enzima CAT em reposta a uma sessão aguda de

exercício (JI et al., 1992) e também ao treinamento físico (QUINTANILHA et al., 1984;

OH-TSHI et al., 1997). No presente estudo, observamos que os grupos FOT e FOHT

apresentaram um aumento na atividade da enzima CAT em relação ao grupo FOS,

reforçando o papel do treinamento físico no aumento das defesas antioxidantes com

conseqüente melhora do perfil oxidativo.

84

6. CONCLUSÃO

Concluindo, os resultados demonstraram prejuízos no perfil metabólico e

autonômico em ratas ooforectomizadas sedentárias normotensas tratadas com sobrecarga

frutose, e que a hipertensão induziu disfunções hemodinâmica e autonômica adicionais

nesses animais.

Entretanto, o achado mais importante de nosso trabalho foi que o treinamento físico

atenuou algumas dessas disfunções decorrentes da privação dos hormônios ovarianos e do

consumo crônico de frutose, pelo menos em parte associado à redução do estresse

oxidativo; todavia, a presença de hipertensão aboliu alguns benefícios observados no grupo

normotenso treinado.

85

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